Trabalho Final MOC

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO E DA ADMINISTRAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL DOMÍNIO COGNITIVO E MOTOR Estratégias/Actividades e Recursos na Educação Especial em Crianças com Atraso Psicomotor Disciplina: Modelos de Organização Curricular em Educação Especial Docente: Patrícia Ribeiro Trabalho realizado por: Andreia Dias (6911) TURMA A – BAIÃO 6ª Edição

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO E DA

ADMINISTRAÇÃO

PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL

DOMÍNIO COGNITIVO E MOTOR

Estratégias/Actividades e Recursos na

Educação Especial em Crianças com Atraso

Psicomotor

Disciplina: Modelos de Organização Curricular em Educação Especial

Docente: Patrícia Ribeiro

Trabalho realizado por:

Andreia Dias (6911)

Lúcia Oliveira (7162)

Sandrine Cunha (6794)

Sílvia Ribeiro (6715)

TURMA A – BAIÃO

6ª Edição

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Soraia Leal (7226)

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 3

1 – Enquadramento Teórico - Atraso Psicomotor 4

1.1 – Definição 4

1.2 - Fundamentos Base 7

1. 2. 1- Tonicidade 8

1. 2. 2- Equilibração 10

1. 2. 3- Lateralização 10

1. 2. 4- Noção de Corpo 11

1. 2. 5- Estruturação Espácio- temporal 12

1. 2. 6- Praxia Global 16

1. 2. 7- Praxia Fina 18

2 – Avaliação em Psicomotricidade 19

2.1 – A Bateria de Observação em psicomotricidade 20

3 – Áreas de Actuação em Psicomotricidade 21

3.1 – Estimulação Psicomotora 21

3.2 – Educação Psicomotora 22

3.3 – Reeducação Psicomotora 23

3.4 – Terapia Psicomotora 24

4 – Estratégias para Alunos com Atraso Psicomotor nas Escolas

Regulares28

4.1 – Propostas de actividade 31

CONCLUSÃO 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58

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INTRODUÇÃO

A partir do nascimento, o corpo e todos os seus movimentos assumem uma

importância vital no pleno desenvolvimento da criança, possibilitando-lhe a

construção e a aplicação do(s) conhecimento(s) nos vários domínios,

nomeadamente cognitivo e linguístico. Tal só é concretizável, de forma plena e

harmoniosa, pela vivência dos elementos psicomotores, devidamente íntegros

e funcionais, nos contextos linguísticos, socioculturais e afectivos significativos,

garantindo a exequível aprendizagem de conceitos formais aliados à

aprendizagem de conceitos em situações diárias.

A Psicomotricidade procura aprofundar a interacção de duas

componentes importantes do comportamento humano: o “psiquismo”,

entendido como um funcionamento de uma actividade mental, composta de

dimensões sócio afectivas e cognitivas; e a “motricidade”, compreendida como

um sistema dinâmico que subentende a organização de um equipamento

neurobiológico sujeito a um desenvolvimento e maturação (Associação

Portuguesa de Psicomotricidade, 2008).

Quando essas componentes não se encontram sistemática e

devidamente, integradas surge uma disfunção psicomotora: dispraxia, que se

traduz num síndrome, cuja etiologia não é especificamente orgânica,

traumática ou hereditária, tratando-se de um efeito ou reflexo corporal, postural

práxico ou condutivo de uma perturbação ou dificuldade psicológica que tende

a manifestar-se, em termos de desenvolvimento e de aprendizagem ou de

adaptação psicossocial do indivíduo (Fonseca, 2007).

Neste contexto, avaliar dinamicamente o potencial neuropsicomotor de

uma criança com vista à optimização da intervenção levada a cabo pelos

diferentes técnicos, impera-se como crucial no processo de aprendizagem.

No presente trabalho, pretendemos apresentar uma abordagem história

da evolução do conceito da psicomotricidade e procedendo-se à clarificação

conceptual de certos conceitos comuns neste domínio, nomeadamente, os

fundamentos da psicomotricidade (Tonicidade, Equilibração, Lateralização,

Noção de Corpo, Estruturação Espacio-Temporal, Praxia Global, Praxia Fina),

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a avaliação na respectiva área, com particular destaque, para a Bateria de

Observação Psicomotora de Vítor da Fonseca, um instrumento de referência

para a avaliação do atraso psicomotor. Finaliza-se o respectivo trabalho com

uma descrição e análise das áreas de intervenção em Psicomotricidade e com

algumas estratégias de acção para trabalhar esta problemática.

1 - Enquadramento Teórico

1.1 - Definição

Segundo Fonseca, o conceito de psicomotricidade foi evoluindo ao longo

do tempo. Esta evolução prende-se com a forma como o corpo foi sendo

encarado pelo Homem.

Antigamente não se valorizava a reabilitação física, ou seja, cria-se que

não seria possível desenvolver capacidades numa criança com atraso

psicomotor. (Fonseca, 1992).

Por outro lado, hoje em dia já se fala num movimento de reeducação

psicomotora. “Dirigida às crianças que sofrem perturbações instrumentais

(dificuldades ou atrasos psicomotores)”. (Meur e Staes, 1989:21)

É comum confundir-se os conceitos de psicomotricidade e motricidade,

mas convém distingui-los. Enquanto a motricidade está relacionada com as

perturbações motoras e neurológicas, a psicomotricidade advém de um

conjunto de factores de ordem biológica, psicológica, psicanalítica, sociológica

e linguística.

Foi apenas, no século XIX, através do “primado científico” (neurologia e

psiquiatria) e da sua forte necessidade para compreender as estruturas

cerebrais e explicar determinadas perturbações motoras, que o estudo do

corpo assume uma importância distintamente valiosa.

Com o desenvolvimento das pesquisas lideradas pelo neuropsiquiatra

Ernest Dupré, em 1909, surge pela primeira vez, o conceito de

psicomotricidade, posteriormente, reformulado em 1920, após refutação da

ideia inicial: a inexistência de uma correspondência biunívoca entre a

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localização neurológica e as perturbações motoras da infância, bem como

entre debilidade mental e motora (Oliveira, 2008).

A investigação evoluiu do eixo neurológico e psiquiátrico para o

fisiológico, onde se inserem a abordagem de Head sobre o esquema postural e

de Schilder sobre a imagem do corpo; e para o eixo psicológico, onde se

encontram os contributos de Wallon sobre a correlação entre carácter e

motricidade (Simão, 2008).

Para Wallon (1928), o desenvolvimento da personalidade não pode

ocorrer de forma separada das emoções e o tónus é o pilar de todo e qualquer

acto motor, encontrando-se intrinsecamente correlacionado com as emoções e

vice-versa. A esta relação entre tónus postural e tónus emocional, tendo a

emoção como elo entre o orgânico e o social, o autor designou de “diálogo

corporal” e, constitui o prelúdio da comunicação verbal. Inicialmente, a criança

apresenta uma “agitação orgânica e hipertonicidade global”, gerando uma

relação difusa e desorganizada com o meio.

Gradualmente, começa a expressar-se através dos gestos, intimamente

relacionados com a esfera afectiva e génese do mundo da representação

(Oliveira, 2008).

O final da década de 40 ficou também marcado pelas assombrosas

contribuições de Piaget, consideradas por vários autores como os alicerces da

construção teórica no campo da motricidade. Para ele, a motricidade está

relacionada com a inteligência antes da aquisição da linguagem; e a

inteligência é uma adaptação ao meio ambiente, que apenas poderá ocorrer se

o indivíduo explorar o meio, onde se insere (Oliveira, 2008).

Para Piaget, a psicomotricidade deve servir, em primeira instância uma

acção educativa ao invés da sua limitação à acção reeducativa. Ela suporta

todas as aprendizagens essenciais para o sucesso escolar, nomeadamente,

tomada de consciência do corpo, lateralidade, localização no espaço e no

tempo, coordenação de gestos e movimentos, entre outros, como

investigações recentes comprovam (Oliveira, 2008),

Na década de 70, a psicomotricidade adquire um novo rumo, na qual as

práticas aproximam-se da prática global do indivíduo e se organizam, com a

utilização do exame psicomotor e da reeducação psicomotora aplicadas por

profissionais como Ajuriaguerra, Le Bouch, Lapierre, Defontaine, entre outros.

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Ajuriaguerra (1975), saindo do dualismo cartesiano define a

Psicomotricidade como uma técnica que, por intermédio do corpo e do

movimento, dirige-se ao indivíduo na sua totalidade, visando uma relação

harmoniosa com o meio que o rodeia (Simão, 2008).

Igualmente significativo é o contributo de Le Bouche in Oliveira (2008),

defensor acérrimo da ideia de que a educação psicomotora é, sem grandes

contestações, uma forma de ajudar crianças com dificuldades de adaptação a

participar na vida escolar, desenvolvendo potencialidades em qualquer idade.

Atribuindo-se maior importância à relação, à afectividade e ao emocional;

concomitantemente passa a existir uma diferença entre reeducação e terapia.

Partilhando desta visão, surge o conceito de psicomotricidade de

Defontaine (1980), resultado de uma triangulação: corpo, espaço e tempo,

onde se delineiam dois componentes: psico (elemento do espírito sensitivo) e

motricidade (traduzida pelo movimento) (Simão, 2008).

Os surpreendentes avanços da ciência e da tecnologia, permitiram que a

Psicomotricidade fosse reconceitualizada e obtivesse, finalmente, o estatuto de

unificadora e mediadora da vida psíquica, de estruturadora da personalidade e

do carácter, subjacentes nas investigações de Vítor da Fonseca, considerado o

“pai” da psicomotricidade em Portugal. Na sua óptica clínica, “…a

psicomotricidade pode ser definida como o campo transdisciplinar que estuda e

investiga as relações e as influências recíprocas e sistémicas” (Fonseca, 2005,

p.15) entre o psiquismo (funcionamento de uma actividade mental composta de

dimensões socioafectivas e cognitivas) e a motricidade (sistema dinâmico que

subentende a organização de um equipamento neurobiológico sujeito a um

desenvolvimento e maturação).

A Psicomotricidade existe nos menores gestos e em qualquer actividade

que envolva a motricidade da criança, destinando-se ao conhecimento e ao

domínio do seu corpo. De acordo com as sensações experimentadas em cada

situação, a criança vai tomando consciência das realidades externas, do seu

corpo e das possibilidades de se expressar através dele, localizando-se no

tempo e no espaço.

O movimento é construído em função de um objectivo e transforma-se

em comportamento significante, a partir de uma intenção como expressividade

íntima.

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Tais concepções realçam a importância crucial do desenvolvimento

psicomotor nos três primeiros anos de vida. Andar, correr, saltar, falar, enfim

utilizar o corpo como meio privilegiado de expressão, que gradualmente vai

integrando funções neuro e perceptivo-motoras que estão na base de muitas

aprendizagens escolares.

Actualmente, por vários motivos, nomeadamente, dinâmicas familiares,

excesso de actividades extra-curriculares e de tempo dedicado ao computador

e às consolas, as crianças são cada vez mais sedentárias e não desenvolvem

adequadamente os pré-requisitos psicomotores, essenciais para o processo de

aprendizagem de competências como a leitura e a escrita (Fávero, 2004).

A realização consistente, sistemática e estruturada de uma considerável

panóplia de actividades psicomotoras, desenvolvidas ao ar livre, no ginásio, em

meio aquático, individualmente, em pares ou em grupo, sobretudo no período

pré-escolar, permite às simbólicas ou cognitivas. Ou seja, partindo de uma

matriz teórica original, multi e transdisciplinar, a psicomotricidade debruça-se,

também, sobre “…as complexas relações recíprocas e sistémicas da

motricidade com o todo que caracteriza o indivíduo…” (Fonseca, 2005, p. 26).

O verdadeiro conhecimento da pessoa, só se torna possível, através do

cruzamento de várias contribuições científicas (psicologia, sociologia,

psiquiatria…) devidamente integradas.

1.2 - Fundamentos Base

O desenvolvimento motor define-se como um processo contínuo, que

ocorre desde o nascimento até à morte e caracteriza-se por mudanças

progressivas, no sentido cefalo-caudal e próximo-distal, resultantes da

maturação de certos tecidos nervosos, da complexibilidade do sistema nervoso

central, do crescimento dos ossos e dos músculos.

À medida que o processo evolutivo da criança vai ocorrendo, assistimos

a uma íntima relação entre influências internas e externas, responsáveis pela

integridade e maturação do Sistema Nervoso Central e, respectivo

estabelecimento de conexões com os estímulos do meio ambiente, típico do

desenvolvimento perceptivo-motor normal.

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Cada criança apresenta um padrão específico de desenvolvimento,

fortemente condicionado, pelos factores de hereditariedade, pelas estruturas

orgânicas e pelo meio ambiente, o que em certa medida, explica a considerável

variabilidade que existe no desempenho motor individual de crianças da

mesma faixa etária e de diferentes faixas etárias (Campos, Santos &

Gonçalves, 2005).

Segundo os mesmos autores, as bases para construir um desempenho

motor eficiente surgem nos três primeiros anos de vida (chamado um dos

“período crítico de desenvolvimento”) e incluem a capacidade para manter uma

postura estável e o equilíbrio para realizar o movimento voluntário e, a

capacidade de planear e executar o acto motor pretendido, de forma controlada

e coordenada.

Ao longo do seu desenvolvimento, a criança usará essa base, para

realizar e repetir uma diversidade de actividades, com diferentes posturas e

situações; para estabelecer um jogo recíproco entre acção muscular, força,

flexibilidade e resistência, que permita uma amplitude de movimentos

articulares e crie um grau de coordenação e controle, crucial para a execução

de actividades mais sofisticadas, individualmente e em grupo.

Desta forma, a estimulação sensório-motriz deve iniciar-se

precocemente, numa vertente preventiva, evitando que as crianças que tenham

carências de estímulos corporais e ambientais venham a apresentar

dificuldades noutras fases do desenvolvimento, chegando ao período escolar

com deficits acumulados, condenando o processo de aprendizagem.

Progressivamente, a dimensão subjectiva da motricidade vai sendo

destituída pela dimensão objectiva do movimento, que para Fonseca (2007)

abrange o desenvolvimento funcional de sete factores psicomotores

independentes: a tonicidade, a equilibração, a lateralidade, a noção corporal, a

estruturação espácio-temporal, as praxias fina e global.

Seguindo esta linha de pensamento, descrevem-se os sete factores

psicomotores, que constituem a base da Bateria Psicomotora, um instrumento

de avaliação psicomotora, que explicaremos adiante, que visa detectar as

dificuldades de aprendizagem das crianças.

1.2.1 - Tonicidade

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Page 9: Trabalho Final MOC

Os músculos são estruturas distribuídas à volta dos ossos e contraem-se

quando há um encurtamento do comprimento de alguns segmentos do corpo.

Para cada grupo muscular que se contrai e se movimenta, existe, do lado

oposto, outro grupo muscular que entra em funcionamento, no sentido

contrário.

A tonicidade está directamente relacionada com a medula vertebral, eixo

principal do nosso corpo, e com a tensão muscular. Mesmo encontrando-se em

repouso, o músculo apresenta um estado de relativa tensão, de origem

essencialmente reflexa e de variável intensidade, designado de tono ou tónus

muscular, que para Le Bouche referido por Oliveira (2008, p.27), constitui “o

alicerce de todas as actividades práticas”. Distingue duas formas de tonicidade:

a de repouso, de carácter permanente e a de actividade, de ruptura da atitude,

que se encontram em permanente interacção de reciprocidade com complexos

sistemas de referência, que fundamentam a integração da psicomotricidade em

níveis mais hierarquizados do cérebro.

A tonicidade estabelece-se no primeiro ano de vida e reflecte o primeiro

grau de maturidade neurológica do ser humano, suportando os padrões anti-

gravitacionais e toda a actividade e estruturas motoras futuras (Fonseca, 2007).

Assim, partindo da premissa de que toda a motricidade parte de uma

tonicidade, preparando-a, apoiando-a, inibindo-a e regulando-a, é impossível

separar motricidade de tonicidade e postura de atitude de movimento

voluntário. Da mesma forma é erróneo conceber que a acção resulta de um

músculo isolado e acreditar que é possível determinar a partir de que

movimento o deslocamento de um segmento corporal, sobre o qual agem os

músculos, corresponde a uma variação do tónus ou a um movimento real

(Fonseca, 2007). Todo o movimento está relacionado com o tónus, que por sua

vez, apresenta fortes ligações com a esfera emocional (Simão, 2008).

A tonicidade é a livre expressão corporal do nosso interior, que pode

variar consoante a estimulação externa.

A forma como as pessoas se relacionam com o seu corpo, com as

outras pessoas e com as situações podem ser percebidas pela tonicidade do

corpo. O toque, o afecto parecem ser indicadores de corpos saudáveis, felizes

e auto-confiantes, por contraste, conflitos emocionais são geradores de

tensões, responsáveis por alterações na postura do corpo e da mente.

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Page 10: Trabalho Final MOC

A observação atenta e cuidada de sinais atípicos na tonicidade da

criança poderá ajudar o educador a compreender vários problemas de

desenvolvimento psiconeurológico, uns mais relacionados com a aprendizagem

simbólica e outros mais, com a psicomotricidade (Fonseca, 2007).

1.2.2 - Equilibração

A equilibração, é definida como uma condição básica da organização

psicomotora, encarregue dos ajustes posturais anti-gravitacionais e do auto-

controle nas posturas estáticas e dinâmicas (locomoção).

Segundo Fonseca (2001), o controle dos padrões posturais desenvolve-

se, na postura bípede, entre o primeiro e o segundo ano de vida e vão

complexificando e aprimorando ao longo da infância, conseguindo aos sete

anos manter-se em equilíbrio, de olhos fechados.

Para Bueno (1988), o equilíbrio, base de toda a coordenação dinâmica

global, resulta de um processo neuro-esquelético activo (de levantar o corpo,

nomeadamente a cabeça e projectar a face para a frente) por contracção de

determinados músculos extensores anti-gravitacionais. Essa contracção é

originada a nível do complexo vestibular, induzido pelas aferências do córtex

visual, dos fusos musculares cervicais, do cerebelo (lobo flóculo nodular e parte

do verme) e, especialmente do labirinto.

O sistema vestibular é assim, definido como um órgão especializado da

equilibração e apresenta duas componentes: uma funcional periférica situada

no ouvido interno e uma outra funcional interna localizada nos núcleos do

tronco cerebral (Fonseca, 2007).

As sensações provocadas pela gravidade surgem assim, como uma

base referencial para todas as informações sensoriais e perceptivas envolvidas

na aprendizagem.

A equilibração e a tonicidade constituem a organização motora que

sustenta a lateralização, a noção do corpo (somatognosia), a estruturação

espácio-temporal e as praxias,.

1.2.3 - Lateralização

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Page 11: Trabalho Final MOC

Da perspectiva da motricidade, a lateralização retrata o predomínio

operacional que domina todas as formas de orientação do indivíduo (Fonseca,

2007), ou seja, é a propensão que o ser humano tem para utilizar

preferencialmente mais um lado do corpo do que o outro, em tarefas

desempenhadas com a mão (a lateralização surge no primeiro ano de vida,

mas apenas se estabelece, por volta dos quatro, cinco anos), com o pé, o olho

e o ouvido (sequência referida por Fonseca, 2007).

1.2.4 – Noção do corpo

O corpo é, indiscutivelmente, uma forma de expressão da

individualidade de cada ser humano, sendo imprudente e leviano, reduzi-lo ao

seu aspecto biológico e orgânico. Encerra em si, uma fonte de inúmeras

emoções e estados interiores, essenciais para o desenvolvimento e realização

plena do indivíduo.

Assim, entende-se que o desenvolvimento do esquema corporal é a

representação que cada indivíduo tem do seu corpo, à medida que o descobre,

utiliza e controla, permitindo-lhe situar-se na realidade onde se insere. Essa

representação constrói-se a partir de variadíssimas informações sensoriais,

proprioceptivas, extra e interceptivas, que facultam ao indivíduo ter consciência

do seu corpo e das suas possibilidades, na relação com os outros e com o

meio.

A imagem corporal é uma impressão subjectiva que temos de nós

próprios (Morais; Santos in Oliveira, 2007), é uma espécie de “conhecimento

geográfico” baseada em percepções internas e externas (como a altura, o

peso, a força muscular), enquanto que o esquema corporal representa a

experiência que cada um tem do seu corpo, em movimento ou estático, em

relação com o meio (Defontaine in Oliveira, 2008).

Por conseguinte, o conceito de corpo envolve, simultaneamente, um

conhecimento consciente e intelectual do mesmo e das funções dos seus

órgãos constituintes.

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Page 12: Trabalho Final MOC

A posse deste conhecimento concede ao indivíduo a capacidade de se

reconhecer como um objecto no seu próprio campo perceptivo, de onde

emerge a auto-estima, a auto-confiança e o auto-controle.

Definindo-se como a organização das sensações relativas ao seu corpo

relacionado com os dados do mundo exterior, a organização do esquema

corporal tem um papel importante no desenvolvimento da criança, visto que

nele tem origem as mais variadas e diversificadas acções e cria uma sensação

de confiança e de domínio, à medida que o corpo obedece à criança.

Segundo Le Bouche (1988), o desenvolvimento do esquema corporal

processa-se em 3 etapas: o corpo vivido (dos 0 aos 3 anos), o corpo percebido

ou descoberto (dos 3 aos 7 anos) e o corpo representado (7 aos 12 anos).

À medida que a criança cresce, vai explorando o meio e adquirindo

experiências que permitem destronar a ideia de fusão e prolongamento do

meio.

Esta fase de vivência corporal é caracterizada por uma intensa

actividade de investigação e de exploração, vivenciada na primeira pessoa e,

constantemente, se ajusta para melhor compreender o meio. Entre os 3 e os 7

anos, na etapa do corpo percebido ou descoberto, a criança percebe as

tomadas de posição e relaciona o seu corpo com os objectos do dia-a-dia.

A representação mental do corpo, somente reprodutora e constituída

pela associação entre os dados visuais e os cinestésicos, transforma-se num

objecto do espaço, base da descentralização.

Como esclarece Fonseca (2007, p. 201), a noção do corpo revela a

capacidade única do indivíduo de reconhecer como um objecto no seu campo

perceptivo, de onde emergirá a autoconfiança e a auto-estima e “ …é também

o resultado de uma integração sensorial cortical, que participa na planificação

motora de todas as actividades conscientes, pois por meio dela atingimos a

matriz espacial das nossas percepções e das nossas acções.”

1.2.5 – Estruturação espácio-temporal

Os conceitos de organização espacial e organização temporal surgem

na sequência da noção do corpo, anteriormente descrita.

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Page 13: Trabalho Final MOC

Para a criança compreender a posição dos objectos no espaço, precisa,

impreterivelmente, de ter uma boa imagem corporal, para poder usar o seu

corpo como ponto de referência. Envolverá quer o espaço relativo ao corpo,

directamente acessível, quer o espaço circundante, finito, enquanto lhe é

familiar e o infinito, em relação ao universo, perdendo-se no tempo (Neto,

2002).

A criança toma consciência da situação dos elementos entre si e como

tal, fica possibilitada a organizar-se perante o mundo que a cerca e a organizar

esses elementos, colocando-os no lugar adequado ou movimentando-os.

Como estudou Piaget (1948), o espaço restrito pelo campo visual e pelas

possibilidades motoras da criança, nos primeiros meses de vida vai-se

expandindo. As experiências vão se multiplicando e diversificando, permitindo a

definição dos conceitos de forma e de dimensão; de relações de separação, de

ordem e de continuidade entre os elementos (Fonseca, 2007).

Assim, a criança entre os 3 e os 7 anos, que domina bem o seu corpo no

espaço através da movimentação corporal e da exploração motora, dominará

as noções de orientação (em cima, em baixo, frente/atrás, direita/esquerda), de

situação (dentro/fora), de tamanho (grande/pequeno, alto/baixo) e direcção

(aqui/ali) (Oliveira, 2008).

Toda a informação relacionada com o espaço é, necessariamente,

interpretada pelo corpo. Através dele estima-se o número de movimentos

precisos para explorar o espaço e os elementos que o compõe e, por

consequência disso, conhecesse a distância a que estão localizados ou que

percorreram no espaço.

Como explica, Fonseca (2007), a organização espacial intervém nos

processos de localização, de orientação, de reconhecimento visuoespacial; da

conservação da distância, da superfície, do volume e da velocidade e constitui

a base da formulação de determinados conceitos matemáticos.

É por assim dizer, que a organização espacial constitui o primeiro passo

para a abstracção. Transformamos o conhecimento do corpo em conhecimento

do espaço, primeiro intuitivamente, depois lógica e conceptualmente.

Somos capazes de situarmo-nos no meio em que vivemos através das

relações espaciais que estabelecemos entre as coisas, à base de observações

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Page 14: Trabalho Final MOC

e comparações e, à medida que, aperfeiçoamos as nossas capacidades de

generalização e abstracção.

Apesar de não se ensinar nem se aprender mas sim descobrir, como

defende Lampierre (1986), é fundamental que o educador/professor, esteja

devidamente sensibilizado para a evolução do conceito de estruturação do

espaço, proporcionando os meios mais efectivos e assertivos para essa

descoberta (Simão, 2008).

A criança age, desde cedo, de maneira diferenciada, na realização de

actividades como o brincar, o vestir e o comer, escolhendo, ordenando e

classificando objectos, roupas, brinquedos, entre outros, num determinado

tempo e espaço.

O espaço deverá ser, primeiramente, organizado em relação ao outro e

aos objectos para posteriormente, se desenvolverem noções relacionadas com

a percepção temporal.

Assim se entende que, a estruturação espacial é inseparável da

estruturação temporal nos processos de aprendizagem, como advoga Fonseca

(2007). Estão ligadas a todo o instante, a cada movimento.

A estruturação temporal pressupõe uma dimensão lógica (com o

conhecimento da ordem e da duração dos factos), uma dimensão convencional

(relativa a segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos) e um

aspecto de vivência, prévio aos dois anteriores e com percepção e memória da

sucessão e da duração dos acontecimentos na ausência dos elementos

convencionais (Neto, 2002).

Os momentos de mudança são referenciados pela palavra tempo e nós

estamos inseridos nesses momentos. A nossa vida é uma sequência de

mudanças e as nossas actividades estão directamente ligadas à estruturação

temporal.

A organização temporal constrói-se consoante a assimilação das ideias

de duração e velocidade. A localização dos factos passados ou o planeamento

de acontecimentos futuros só será exequível a partir da construção do conceito

do tempo, que requer um desenvolvimento cognitivo mais avançado (Fonseca,

2007).

Através de um trabalho mental, a criança selecciona, compara, agrupa,

extrai e classifica os objectos. Passa a tomar consciência das relações no

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Page 15: Trabalho Final MOC

tempo: das noções e relações de ordem, de sucessão, de duração e de

alternância entre objectos e acções, das noções dos momentos exactos do

tempo, como o instante, o momento exacto e a simultaneidade.

Pela representação mental dos momentos do tempo e das suas

relações, a criança atinge uma maior orientação temporal e adquire a

capacidade de trabalhar a nível simbólico.

A aquisição de conceitos como a simultaneidade, a ordem e a

sequência, a duração dos intervalos, a renovação cíclica de certos períodos e o

ritmo constituem o pilar de aprendizagem de vários conceitos linguísticos orais

e escritos (Oliveira, 2008).

Enfatize-se a função do ritmo, uma espécie de pré-requisito presente em

várias áreas do comportamento humano, como a motricidade (coordenação de

movimentos), a audição (o reconhecimento de estímulos auditivos), a visão (a

exploração e o envolvimento com o ambiente) e as aprendizagens académicas

(a leitura, escrita e o cálculo), preconizando a sua relevância na

Psicomotricidade (Fonseca, 2007).

Para Le Bouche; De Meur e Staes in Oliveira (2008), os problemas de

espacio-temporal, acarretam principalmente, dificuldades: na assimilação de

termos espaciais e temporais e como tal, confusão na noção de lugar, na

orientação na sala de aula e no recreio; dificuldades a nível da escrita e da

leitura (como alteração do ritmo de leitura, no espaço entre letras/palavras, na

ordenação de elementos de uma sílaba/frase, na conjugação verbal das

acções e na orientação das letras); dificuldades no cálculo, como a orientação

dos números, os conceitos e símbolos envolvidos nas operações matemáticas,

na combinação de formas para fazer construções geométricas, entre outros);

na existência de um padrão rítmico constante; de organização do espaço e do

tempo, não conseguindo prever as actividades, o tempo e o espaço

necessários para as realizar; nas relações existentes entre as diversas

orientações juntas; nas relações de simetria, de reversibilidade e de

transposição.

Um educador atento perceberá que quando a criança é organizada no

tempo mas não no espaço, torna-se uma pobre leitora: demora muito tempo

para ler e torna-se muito dependente do contexto. Ao inverso tornar-se-á uma

repetidora de palavras: identifica-as mas não consegue integrá-las no tempo,

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Page 16: Trabalho Final MOC

cometendo omissões, adições e inversões, que necessitam uma intervenção

efectiva e assertiva.

Em síntese, através das tarefas de organização, de estruturação

dinâmica, de representação topográfica e de estruturação rítmica, como

subfactores da estruturação espácio-temporal obtêm-se dados relativos ao

pensamento relacional, às capacidades de organização e de ordenação, de

sequencialização da informação, de retenção e de revisualização, de

representação, de quantificação e de categorização (Fonseca, 2007).

A organização espacial diz respeito “à capacidade espacial concreta de

calcular as distâncias e os ajustamentos dos planos motores necessários para

os percorrer, pondo em jogo as funções de análise espacial, de processamento

e de julgamento da distância e da direcção, planificação motora e verbalização

simbólica da experiência” (Fonseca, 2007, p. 225).

1.2.6 – Praxia global

Entende-se por praxia, a capacidade para planificar ou levar a efeito

uma actividade pouco habitual e, que por conseguinte, implica a realização

intencional de uma sequência de acções para atingir um fim (Ayres in Fonseca,

2008). Não é um automatismo, mas sim um movimento voluntário e consciente,

resultado de um planeamento cortical e de um sistema de auto-regulação, ao

qual corresponde uma resposta motora harmoniosa e rítmica (Mendes &

Fonseca in Fonseca, 2007).

Para se relacionar com os objectos da cultura em que vive, o indivíduo

precisa mover-se no espaço com desenvoltura, habilidade e equilíbrio; dominar

os gestos e manusear os instrumentos. Essa capacidade é dividida em dois

grupos: praxia ou coordenação global e praxia ou coordenação fina.

A praxia global é aperfeiçoada entre os cinco e os seis anos, idade em

que se assiste ao desenvolvimento das coordenações óculo-manual e óculo-

pedal e à integração rítmica dos movimentos (Fonseca, 2007).

Observando a qualidade da execução de uma tarefa motora e das suas

diferentes formas de realização, poder-se-á obter valiosas informações sobre a

organização psicomotora e consequentemente, auferir sobre as suas

repercussões no desenvolvimento motor, afectivo e cognitivo (Fonseca in

16

Page 17: Trabalho Final MOC

Fonseca, 2007). A criança vai experimentando vários movimentos globais, que

progressivamente, vão sendo dissociados. São executados diversos

movimentos simultaneamente por diferentes membros do corpo, mantendo a

conservação da unidade do gesto. Por exemplo, quando alguém toca piano,

são combinados três movimentos diferentes para realizar de forma harmoniosa,

uma única tarefa: a mão direita executa a melodia, a mão esquerda

acompanha e o pé direito fica sustento (Oliveira, 2008).

Para além disso, uma série de factores, responsáveis pela integração da

praxia, auxilia na realização dessa actividade, como o tónus, o equilíbrio, a

lateralização, as noções de corpo, de espaço e de tempo, evidenciando a

integridade do cérebro, desde o tronco cerebral até aos hemisférios.

No caso de tal não se verificar e de se observar, uma dismetria,

discronia exagerada e mal inibida, devido a uma desorganização cerebral, ou

seja, de uma descoordenação de vários centros envolvidos na planificação

motora, estamos perante uma dispraxia (Fonseca, 2007).

No seu aspecto global, a dispraxia alude claramente a uma disfunção

psiconeurológica da organização táctil, vestibular e proprioceptiva, com

repercussões negativas na capacidade de planificar as acções, condicionando

o comportamento sócioemocional e o potencial de aprendizagem (Fonseca,

2007).

O educador/professor deve incentivar a criança a agir de forma global

perante uma situação, sem a sua intervenção excessiva, despertando a sua

espontaneidade, a sua disponibilidade corporal e mental e contribuindo para o

aprimoramento da praxia global. Na presença de sinais dispráxicos, como

dismetrias, dissincronias, distonias, entre outros, aconselha-se a observação

de determinados aspectos, segundo, por exemplo, as tarefas dos subfactores

de coordenação óculo-manual, de coordenação óculo-pedal, de dismetria e de

dissociação (Fonseca, 2007).

A coordenação óculo-manual e a coordenação óculo-pedal envolvem a

coordenação apendicular do membro dominante superior ou inferior,

respectivamente (praxia global) com as capacidades perceptivo-visuais de

avaliação da distância e de precisão do lançamento, de acordo com as

características do objecto a lançar e do alvo (planeamento motor) (Fonseca,

2007).

17

Page 18: Trabalho Final MOC

A capacidade de individualizar vários segmentos do corpo que

participam na planificação e na execução motora de um ou vários gestos

sequencializados é denominada, pelo mesmo autor, como dissociação.

1.2.7 – Praxia fina

A praxia fina encontra-se relacionada com a progressiva evolução da

coordenação óculo-manual, integrada no desenvolvimento motor e na

aprendizagem (Neto, 2000). Está adstrita à função de coordenação dos

movimentos oculares durante a fixação da atenção e durante a manipulação de

objectos que exige controlo visual, para além de abranger as funções de

programação, de regulação e de verificação das actividades preensivas e

manipulativas mais finas e complexas (Fonseca, 2007).

Integra todos os parâmetros da praxia global, a um nível mais complexo

e diferenciado, uma vez que engloba a micromotricidade e a perícia manual.

Sendo a mão, um órgão de apropriação e de interacção com o meio,

capacita a criança para realizar diversas acções como sentir, segurar,

manipular, discriminar, bater, lançar, apanhar, riscar, puxar, empurrar, entre

outras, primordiais para a aprendizagem escolar. A zona do córtex responsável

pelo controle dos movimentos da mão é, comparativamente maior, em relação

às outras partes do corpo. O mesmo acontece com o polegar e os restantes

dedos, o que patenteia a importância dos movimentos das mãos nas

actividades voluntárias (Brandão in Oliveira, 2008). Esses movimentos são

acompanhados meticulosamente pela visão, sobretudo em actividades de

velocidade precisão e coordenação dinâmica manual (Oliveira, 2008).

Para Fonseca (2008), estas actividades exigem a coordenação

apendicular dos membros superiores com as capacidades perceptivo-visuais

de avaliação da distância e de precisão de lançamento e de outras

características do alvo a atingir.

Esta estreita relação entre a praxia fina e a percepção visual é de capital

importância para o desenvolvimento psicomotor e para as aprendizagens

académicas, como a leitura, a escrita e o cálculo, como é salientada por vários

autores, nomeadamente Fonseca (2007) e Oliveira (2008).

18

Page 19: Trabalho Final MOC

Com o ingresso no 1º Ciclo do Ensino Básico, a criança irá aperfeiçoar

actividades de recorte, de encaixe, de colagem, de pintura, de grafismo, que

iniciou anteriormente, no jardim-de-infância, como propedêutica para a leitura e

escrita.

2 – Avaliação em psicomotricidade

A avaliação em psicomotricidade é, inquestionavelmente, um momento

importante para o processo terapêutico. Porém, apesar da tentativa de

realização de uma avaliação muito completa e abrangente, nem sempre se

consegue conhecer o que está na origem da disfunção psicomotora.

Neste âmbito colocam-se várias questões, nomeadamente, o quê, como

e quando avaliar para traçar um perfil psicomotor adequado e orientar a

intervenção terapêutica, potencializando o desenvolvimento da criança em

causa.

Para Fonseca (2007), a avaliação psicomotora envolve um processo de

colecta de dados, utilizada para esclarecer e identificar a existência de

dificuldades nas áreas cognitivas e motoras, frequentemente por repercussões

a nível do desempenho académico, na personalidade, no relacionamento social

e até mesmo na linguagem.

Quando bem compreendido, o processo de avaliação para além de

proporcionar dados que dêem subsídios a investigações mais profundas sobre

o desenvolvimento motor das crianças, fornecem o perfil individual ou de uma

população específica de acordo com os objectivos do investigador e o

propósito do instrumento (Medina, Rosa & Marques, 2006).

Após a recolha dos dados de identificação e relativos ao

desenvolvimento da criança (anamnese), o investigador poderá optar por uma

avaliação quantitativa ou qualitativa do desempenho psicomotor, utilizando os

diversos instrumentos que estão disponíveis para tal, não descurando os

objectivos dessa mesma avaliação e consequente obtenção de resultados

fiáveis, que orientarão a estrutura da intervenção.

19

Page 20: Trabalho Final MOC

2.1 - A bateria de observação psicomotora

A compilação de toda esta informação, cientificamente comprovada e

fruto de um intenso e árduo trabalho prático na área da avaliação e da

intervenção psicomotora com crianças com dificuldades de aprendizagem,

desenvolvida por Vítor da Fonseca, concretizou-se na criação da Bateria de

Observação Psicomotora, que será brevemente descrita.

A Bateria de Observação Psicomotora (BPM) é uma bateria de

observação, que permite ao educador, professor, psicólogo, terapeuta observar

vários componentes do comportamento psicomotor da criança, dos 4 aos 12

anos, de uma forma estruturada e não estereotipada e traçar o seu perfil

psicomotor (em deficitário, dispráxico, normal, bom ou superior) (Fonseca,

2007).

Assim, através de uma panóplia de tarefas, o técnico pode observar as

estruturas tónico-musculares das articulações proximais e distais, o controle

vestibular e proprioceptivo postural, a segurança gravitacional, o domínio

manual, a somatognosia, o grau de organização táctil-cinestésica do corpo, a

orientação e a organização espacial, a recepção e a memorização do ritmo, a

dissociação, a planificação e a sequencialização dos movimentos, a preensão

e a motricidade fina.

Paralelamente, este instrumento de avaliação também, permite observar

défices de atenção, as aquisições de processamento da informação visual e

auditiva, as orientações espacial e temporal, a estrutura cognitiva da criança e

o comportamento emocional.

Permite, a identificação do grau de maturidade psicomotora da criança

bem como a detecção de sinais desviantes que possam ajudar a compreender

as discrepâncias evolutivas de muitas crianças em situação de aprendizagem

pré-escolar e escolar (Fonseca, 2007).

A BPM não pretende ser uma escala ou um teste tradicional que procura

medir ou avaliar apenas o produto motor, mas sim um conjunto de situações ou

tarefas que procuram apreciar a qualidade dos processos psíquicos que estão

na origem da integração, da elaboração e da expressão motora da criança em

desenvolvimento, seja ela “normal” ou apresentando alguma deficiência ou

dificuldade (Fonseca, 2007). Apesar de não ser objectivo da BPM, a avaliação

20

Page 21: Trabalho Final MOC

dos aspectos somáticos e morfológicos, dos desvios posturais e do controlo

respiratório, o seu criador considerou o seu registo crucial para uma

caracterização global, para comparar com os perfis psicomotores e estabelecer

possíveis correlações.

Os desvios posturais como a cifose, a lordose, a escoliose, entre outros

e os sinais de raquitismo, distonia, pé boto são também objecto de cuidada

observação e registo na BPM.

O mesmo autor destaca, ainda, a importância de verificar os aspectos do

controlo respiratório reflexo e o consciente, como a amplitude torácica, a

coordenação toracoabdominal, a ritmicidade respiratória, os sinais de

fatigabilidade ou as manifestações asmáticas, entre outras, quer na abordagem

inicial quer ao longo da avaliação.

3 – Áreas de actuação da psicomotricidade

O conceito de psicomotricidade sofreu ao longo dos tempos

modificações, reflexo das ideologias dos estudiosos desta temática e do

contributo de várias ciências.

Numa perspectiva actual, define-se como o campo transdisciplinar

dedicado às relações e às influências recíprocas e sistémicas entre o

psiquismo e a motricidade (Associação Portuguesa de Psicomotricidade, 2008).

Baseando-se numa visão holística do ser humano, a intervenção em

psicomotricidade poder-se-á desenvolver em quatro vertentes distintas: a

estimulativa, a educativa, a reeducativa e a terapêutica; sendo que estas duas

últimas, são as mais aplicadas em Portugal (Wikipedia, 2010).

Sendo um dos objectivos, deste trabalho uma proposta de intervenção

na área da psicomotricidade, para a criança seleccionada no estudo de caso,

considerou-se de particular interesse descrever sucintamente, as quatro áreas

de actuação da psicomotricidade.

3.1 – Estimulação motora

Dirigida, prioritariamente, a recém-nascidos e a crianças em idade pré-

escolar, a estimulação psicomotora refere-se a um conjunto de actividades

21

Page 22: Trabalho Final MOC

seleccionadas de acordo com as necessidades e características do indivíduo,

que procuram despertar o corpo e os afectos através dos movimentos e dos

jogos, numa harmonia constante.

3.2 – Educação psicomotora

A educação psicomotora surgiu em França, na segunda metade da

década de 60, com o professor de Educação Física Le Bouche, que dotado de

uma visão vanguardista, outorgava um duplo papel à psicomotricidade: o

desenvolvimento global do indivíduo através do movimento e a prevenção de

problemas de aprendizagem, de relacionamento com o outro e o mundo

(Oliveira, 2008). Para Le Bouche in Oliveira (2008, p.36), a educação

psicomotora é como uma educação básica para as crianças em idade pré-

escolar e escolar, condicionando substancialmente, as suas aprendizagens,

como se constata na seguinte afirmação:

“A educação psicomotora, utilizando o suporte de acção associado à

simbolização, privilegiando a experiência vivida pela criança e levando em

conta a cronologia das etapas do desenvolvimento representa uma ajuda

insubstituível para atingir as funções mentais mais elevadas no decorrer da

escolaridade primária.”

Defensor acérrimo da sua inclusão na educação, este autor traça um

percurso do domínio do corpo desde a infância até à vida adulta, propondo

uma acção educativa com actividades diferenciadas, de acordo com os graus

académicos.

Para este autor em parceria com Picq (1988), a educação psicomotora

visa a aquisição de competências psicomotoras, como a consciência do corpo,

o domínio do equilíbrio, o controle e, posteriormente, a eficácia das diversas

coordenações gerais e segmentares, a organização do esquema corporal, a

orientação no espaço e, finalmente, melhores possibilidades de adaptação ao

mundo exterior (Oliveira, 2008).

Assim, sob esta perspectiva, a psicomotricidade actua proporcionando

ambientes que estimulem as vivências corporais, desafiando os alunos a

desenvolverem corpo e mente, como um todo harmoniosa e equilibrado.

22

Page 23: Trabalho Final MOC

Do educador espera-se uma grande flexibilidade e criatividade na

consecução de tais objectivos, dotando as crianças dessas capacidades para

além das motoras. Direccionada basicamente a crianças normais, sem

qualquer tipo de patologia do desenvolvimento, a educação psicomotora

pretende potenciar ao máximo o desenvolvimento psicomotor, processando-se

por etapas progressivas e específicas, consoante o desenvolvimento geral de

cada indivíduo. Podendo-se realizar em todos os momentos da vida e em

qualquer contexto: escolar, familiar, social, a educação psicomotora poderá

contemplar as áreas da reeducação, estimulação e terapia. Através da

motricidade, a criança apropria-se de um conjunto de informações que,

progressivamente, aprende a usar tornando-se num adulto realizado a

diferentes níveis, nomeadamente pessoal, profissional e social.

Assim, num âmbito profiláctico, a prática psicomotora visará o

desenvolvimento de capacidades básicas a nível sensorial, perceptivo e motor

e propicia uma organização adequada de comportamentos adaptativos,

envolvidos na aprendizagem.

Essa ampla perspectiva da educação psicomotora também, marca

presença actualmente, no trabalho desenvolvido com pessoas com

necessidades educativas especiais, contribuindo para a sua autonomia no

meio, para a melhoria das interacções sociais e o incremento da expressão

corporal na comunicação.

3.3 – Reeducação psicomotora

O trabalho desenvolvido a este nível destina-se, segundo Alves (2007),

ao alívio do problema, à redução do sintoma e à adaptação ao problema,

através da execução de técnicas específicas, jogos e exercícios psicomotores.

Ou seja, a sua população-alvo é constituída por crianças, adolescentes ou

adultos que apresentam perturbações ou distúrbios psicomotores, com ou não

co-morbilidade de outras patologias, nomeadamente, a nível cognitivo,

psiquiátrico, neurológico, relacional e afectivo.

Desenvolvido apenas com um indivíduo ou em pequenos grupos, o

reeducador privilegia a expressão livre e harmoniosa do corpo, tendo como

23

Page 24: Trabalho Final MOC

objectivo retomar as vivências anteriores com falhas ou as fases de educação

ultrapassadas inadequadamente em etapas anteriores.

A reeducação psicomotora, deve assim, possibilitar ao indivíduo com

perturbação psicomotora, reviver o seu processo de maturação psicológica,

ajudando-o a alcançar aspectos do desenvolvimento decisivos para a criação,

a reflexão e o pensamento operatório como a descentralização, o simbolismo e

a comunicação (Prebianch; Bicudo; Levin in Gonzaga et al., 2007).

Deve iniciar-se o mais precocemente possível, recorrendo ao uso de um

exame psicomotor que permita diagnosticar fidedignamente a patologia e,

consequentemente, delinear os objectivos do programa de reeducação

psicomotora. Saliente-se a importância equitária, quer do método de aplicação

em si, quer da atitude e da qualidade da relação do examinador com o

examinado nas conclusões obtidas. A metodologia sustenta-se na

sistematização de condutas psicomotoras mais adequadas, ao nível da idade e

da patologia em si, como por exemplo, no controle postural, no equilíbrio

estático e dinâmico, nas sincinésias, no conhecimento e na integração corporal,

na estruturação espácio-temporal, no tónus, na lateralidade, no grafismo, na

expressão verbal, entre outros (Alves, 2007).

O papel do reeducador pode ser directivo, sendo ele a decidir sobre a

estratégia e o método a adoptar ou, não directivo, tendo o indivíduo um papel

determinante na escolha dos objectivos e materiais, a trabalhar (Alves, 2007).

Dado o seu carácter (re)habilitativo, deparamo-nos como uma

confluência de áreas e profissionais da saúde e da educação, como os

professores de educação física e ensino especial, fisiatras, terapeutas

ocupacionais, fisioterapeutas, terapeutas da fala, técnicos de psicomotricidade,

entre outros, que visam auxiliar o indivíduo, através de um intercâmbio

relacional e afectivo (Ferronatto, 2006).

3.4 – Terapia psicomotora

Através de uma linguagem pré-verbal, do movimento e da sua

expressividade, como meios terapêuticos, procura-se melhorar os processos

de integração, de elaboração e de realização da actividade motora.

24

Page 25: Trabalho Final MOC

É uma terapia a nível corporal que tende a modificar uma organização

patológica, em que o indivíduo revive situações afectivas e emocionais através

de jogos regressivos, no corpo através da ludicidade, do jogo simbólico, da

transferência, do relaxamento, entre outras técnicas terapêuticas (Alves, 2007).

Não é uma “ginástica correctiva ou rítmica especializada”, mas sim uma

nova abordagem, distinta dos métodos tradicionais e técnicas clássicas, que

partindo de um aspecto básico e essencial, ajuda o indivíduo nas várias acções

de adaptação à vida (Fonseca, 2001). A terapia psicomotora, pretende

readaptar a criança à actividade mental que preside à elaboração do

movimento, melhorar as estruturas psíquicas pela transmissão, execução e

controle de movimentos, através de um melhor reconhecimento espácio-

temporal com base numa maior disponibilidade corporal.

Destina-se a indivíduos com dificuldades e conflitos mais profundos na

relação eu-outro-objecto, ou seja, a indivíduos com desorganização total da

sua harmonia corporal e pessoal, como os quadros de hipercinese associados

a outras dificuldades, agressividade acentuada, pulsões motoras incontroladas,

casos excepcionais e dificuldades de relacionamento corporal, transtornos

psicomotores associados a distúrbios de personalidade.

Recomenda-se começar a reeducar, assim que o problema seja

identificado, pois com o passar do tempo, os esquemas assimilados de forma

incorrecta vão-se enraizando mais profundamente, sendo mais difícil e moroso,

o processo de neutralização indispensável e anterior à aprendizagem dos

novos e adequados esquemas.

O essencial na terapia psicomotora é o tipo de relacionamento corporal e

afectivo estabelecido, que se deve ajustar ao ritmo do indivíduo e não do

terapeuta, caso contrário, surtirá um efeito nefasto.

Apesar dos termos reabilitação, reeducação e terapia (terapia

educacional ou pedagogia terapêutica) terem significações etimológicas

distintas, todas convergem numa metodologia que pretende recuperar,

remediar, melhorar, optimizar o potencial de aprendizagem e de adaptabilidade

psicossocial da criança (Fonseca, 2007).

É imprescindível, primeiro observar e só depois intervir em consonância,

pois só assim, será passível fomentar uma melhoria na organização

25

Page 26: Trabalho Final MOC

neuropsicomotora do indivíduo, no maior número de contextos possíveis

(Fonseca, 2001).

Diagnosticar adequadamente para traçar um plano de intervenção eficaz

impõe-se como um paradigma actual em qualquer área, e em especial, nesta.

Encontradas as razões explicativas e os fundamentos sistémicos sobre a

natureza das perturbações psicomotoras, torna-se essencial, seleccionar as

situações-problema a construir nas sessões de intervenção, as estratégias de

mediatização, sejam elas preventivas, (re)educativas ou terapêuticas, a adoptar

no processo relacional entre o técnico e o bebé/criança/adolescente/adulto.

Entende-se que independentemente da área (estimulação, educação,

reeducação ou terapia), o processo de modificabilidade psicomotora confina-

se, profundamente, à confiança e clareza na relação estabelecida entre pelo

menos duas pessoas.

Partilhando da opinião de Fonseca (2001, p. 33), o técnico, mediatizador

por excelência, deve imperiosamente, intervir nas funções emocionais e

afectivas do(s) indivíduo(s), recorrendo “…as estratégias de intencionalidade,

de reciprocidade, de significação, de transcendência, de novidade e

complexidade, de segurança, de conforto, de sentimento, de competência, de

busca e de satisfação de objectivos, de transferência, de metacognição, etc.”

de modo a fortificar, a contribuir e a despoletar a plasticidade e a

modificabilidade dos potenciais psicomotores dos indivíduos sujeitos à sua

intervenção. Assim, se entende claramente, que a função do técnico será

essencialmente, um verdadeiro desafio, a orientar, sugerir e promover um

trabalho cooperativo com a criança ou com o grupo, de acordo com as

necessidades, num ambiente, onde a atmosfera de liberdade e uma

organização estruturada do envolvimento e das situações, se combinam

equilibradamente e o material apresentado é leve, colorido, personalizado,

versátil e de fácil transporte.

Na maior parte do tempo, a intervenção psicomotora visa organizar

acções elementares de carácter global. A possibilidade de obter a participação

do indivíduo e de torná-lo mais activo durante as diversas fases do plano de

intervenção, depende da

adequada selecção de actividades, das necessidades e das finalidades reais

de determinado sujeito e da sua patologia.

26

Page 27: Trabalho Final MOC

O crucial não são as acções em si ou os movimentos, mas sim o acto

planificado, semantizado e simbolizado, orientado para um fim, para uma

reacção adaptativa, facilitando a organização do cérebro da criança e, por

conseguinte a ajudála a funcionar melhor em termos motores, emocionais e

cognitivos (Fonseca, 2007).

Procurando intervir nas estruturas psiconeurológicas responsáveis pela

transmissão, execução, controlo e referência do movimento, através de uma

integração espácio-temporal e somatognósica, a reabilitação psicomotora

surge como uma resposta terapêutica, sem possibilidade de se confundir com a

fisioterapia ou com a ginástica correctiva.

Ela promove a auto-actualização, o desenvolvimento da atenção

voluntária, a organização da actividade motora e da actividade mental, a

integração e a significação da experiência, a auto-satisfação e a auto-direcção

do potencial habilitacional que interferem na organização neurológica da

criança (Fonseca, 2007).

A reabilitação não pode visar, o desenvolvimento da percepção visual,

da linguagem, da motricidade ou de outra área desenvolvimental, de forma

separada, mas sim integrar um modelo multidisciplinar ou até mesmo

transdisciplinar, que possa facilitar a organização das unidades funcionais e,

consequentemente, promover o potencial de aprendizagem como um todo.

Como defende o autor supracitado a reabilitação psicomotora, “isolada

de uma estimulação da fala, da expressão plástica, do desenvolvimento

perceptivo intermodal, da estimulação da leitura, da grafomotricidade ou da

estimulação psicolinguística” (Fonseca, 2007, p. 328) não atingirá as mudanças

na estrutura e nos substractos neurológicos, necessárias para superar os

problemas de aprendizagem.

Por conseguinte, é fundamental, que actualmente, o modelo de

reabilitação psicomotora a adoptar, como proposto por Fonseca (2007), permita

para além da atribuição de um diagnóstico, a delineação de um perfil intra-

individual de aquisições básicas, a definição e a implementação de um plano

reabilitacional com objectivos, situações de aprendizagens, actividades,

materiais, estratégias e reforços devidamente

formulados, que possam ser avaliados continuamente para se proceder aos

devidos reajustes.

27

Page 28: Trabalho Final MOC

Apesar de não ser possível, a aplicação, na íntegra deste modelo, no

presente estudo, foi nele que se tentou encontrar uma solução através da

psicomotricidade para resolver determinadas patologias na área da

comunicação e da linguagem.

4 – Estratégias/actividades para Alunos com Atraso Psicomotor

Para a criança, o seu corpo constitui o “canal” mais adequado para a

comunicação com o exterior. O corpo converte-se, assim, num veículo de

estruturação da vida mental. São, de facto, as sensações percebidas, os

movimentos realizados e o reconhecimento corporal que facilitam um

conhecimento preciso de si próprio. Alguns autores defendem que o esquema

corporal define-se como o conhecimento e representação global simbólica do

próprio corpo, estando esta noção construída sobre impressões tácteis,

cinestésicas, proprioperceptivas e visuais. Estas impressões são então o

resultado de uma ajustada relação entre o indivíduo e o meio ambiente.

(Schmilovich &Cordero & Ramírez, 1997)

Como vimos anteriormente, o esquema corporal não fica totalmente

construído durante o período da infância, não obstante as principais etapas da

sua estruturação decorrem antes dos 6 anos. Esta é a causa de que certas

perturbações motoras gerais possam originar dificuldades ou perturbações no

esquema corporal, e que por sua vez, uma deficiente imagem corporal

provoque transtornos noutros sectores da psicomotricidade. (Schmilovich

&Cordero & Ramírez, 1997)

A educação psicomotora deve partir sempre de um diagnóstico que,

claramente, especifique o nível psicomotor da criança. Assim os exercícios que

geralmente se realizam em relação às dificuldades que são observadas nas

crianças podem resumir-se em:

Motricidade global. Exercícios que requerem a participação do

conjunto do corpo, quer seja livremente quer em relação a um objecto,

procurando dar ao sujeito os meios com os quais possa perceber melhor

o seu corpo, mediante experiências motoras que lhe permitam explorar e

conhecer as suas possibilidades corporais.

Estáticos. Equilíbrio, eixo corporal, verticalidade, etc..

28

Page 29: Trabalho Final MOC

Dinâmicos. Locomoção, postura, agilidade, etc..

Evolução da percepção do próprio corpo. Utiliza-se, normalmente, o

método descritivo: apontar, tocar, utilizar, falar, etc., sobre cada uma das

partes do corpo.

Exercícios de lateralidade.

Exercícios de simetria corporal.

Exercícios de coordenação. Actividades psicomotoras associadas que

podem ser globais e segmentares.

Exercícios de preensão. Desenvolvem a habilidade, o domínio e o

ajustamento da motricidade ligeira: mãos, pés, etc.. São exercícios de

simples manipulação e visão, de pintura, desenho e grafismo.

Exercícios espácio-temporais. Partindo do próprio corpo, estes

exercícios favorecem a percepção e a organização espácio-temporal:

distâncias, itinerários, situação em relação aos objectos, ritmo a nível do

próprio corpo, cadências temporais.

Exercícios para educação perceptiva. Experiências sensoriais: visão,

audição, tacto, olfacto e paladar.

Exercícios de expressão. Dança, dramatização, grafismo, pintura e

desenho.

O trabalho sobre o esquema corporal, não deve resumir-se a um simples

exercício muscular sem outro objectivo para além da coordenação de

movimentos, mas, pelo contrário, deve tirar partido dos vectores de maturação

neuromotora da criança e favorecer:

O conhecimento adequado do seu corpo;

O controle psicotónico do mesmo.

Este trabalho deve ser desenvolvido de uma forma coordenada, integrada

num contexto educativo mais amplo, que evite a avaliação e o exercitar da

educação corporal por si mesma, em desconexão com os restantes conteúdos

da programação. Em situação de sala de aula, as actividades mais empregues

na estruturação do esquema corporal são:

a) Actividades de distinção ou enumeração das diferentes partes do

corpo:

Eixo corporal central;

29

Page 30: Trabalho Final MOC

Cabeça, ombros, braços, mãos;

Peito, ventre, costas;

Pernas e pés.

b) Actividades para o conhecimento dos órgãos sensoriais e

articulações:

Olhos;

Nariz;

Boca;

Orelhas;

Dedos;

Pescoço;

Ombros, cotovelos, pulsos;

Cintura, cintura pélvica, joelho, tornozelo.

c) Actividades de respiração;

d) Actividades de equilíbrio estático e dinâmico;

e) Actividades de deslocações e posturas;

f) Actividades de imagem corporal no espelho;

g) Actividades sobre coordenadas espaciais;

Acima e abaixo;

Adiante e atrás;

Direita e esquerda.

h) Actividades de reprodução gráfica, modelagem, pintura, etc..

O recurso a materiais educativos é muito importante quando se trata da

realização das actividades. Os materiais que são usados com maior frequência

neste tipo de actividades são:

Espelhos;

Flanelógrafos;

Ardósias;

Jogos rítmicos;

Encaixáveis;

Baloiços;

Figuras auto-adesivas;

Manequins articulados;

Puzzels corporais;

Materiais recortáveis;

Tabuleiros;

Bolas;

Argolas;

Tacos;

Lenços;

etc..

30

Page 31: Trabalho Final MOC

4.1 – Propostas de actividades

Actividades que visam o desenvolvimento da expressão corporal. Estas

actividades deverão ser realizadas dentro de uma situação colectiva (grupo

turma), mas a execução será individual. (Schmilovich &Cordero & Ramírez,

1997)

NOÇÃO DO CORPO

a) POSTURAS

O indicado seria que cada criança realize todos os exercícios ao mesmo

tempo que os restantes companheiros da sala, contudo é importante que seja

dada atenção redobrada à execução dos mesmos por parte da criança com

atraso psicomotor. Muitas destas actividades poderão ser integradas nas aulas

de Educação Física. (Schmilovich &Cordero & Ramírez, 1997)

ACTIVIDADE 1 – Posições de base

Objectivo Desenvolver uma imagem corporal correcta e positiva.

Material / EspaçoNão necessita de material específico.

Espaço amplo. Actividade de exterior ou interior.

Descrição da actividade O Professor indicará em voz alta a posição a adoptar pelos

alunos, colocando-se a si próprio em lugar visível e na

posição desejada:

- deitados (fig.1);

- sentados (fig.2);

- de pé (fig.3);

- de joelhos (fig.4);

- deitados no chão, (de barriga para baixo), (fig.5);

- de cócoras (fig.6);

- deitados de lado (fig.7).

Depois de exemplificar as posições e das mesmas terem

sido compreendidas por todos, o professor propõe uma

situação:

“Estamos na praia, descansados e a brincar na areia.

31

Page 32: Trabalho Final MOC

Vamos movendo-nos e colocando-nos em posições

diferentes. Agora, sou eu que indico as posições e

mudaremos de posição. Por exemplo digo :

- SENTADOS! E bato com as mãos, então vocês colocam-

se na posição que eu vos disse, rapidamente.”

Depois da explicação, fazer uma sequência de posições.

Depois serão os alunos a escolher posições ao acaso e

serão eles que alternadamente irão liderar o grupo ou

escolhem um colega em particular.

Esquema

(fig.1) (fig.2) (fig.3)

(fig.4) (fig.5)

(fig.6) (fig.7)

ACTIVIDADE 2 – Jogo de imitação

Objectivo Desenvolver uma imagem corporal correcta e positiva.

Material / EspaçoNão necessita de material específico.

Espaço amplo. Actividade de exterior ou interior.

Descrição da actividade O professor dirá o nome de um animal e os alunos

(orientados pelo professor) irão imitar a sua forma de andar.

- Somos cãezinhos e andamos com quatro patas. (fig.8);

- Somos patinhos e andamos de cócoras (fig.9);

- Somos cobras e arrastamo-nos pelo chão (fig10).

Uma variação desta actividade é a substituição dos nomes

de animais por outros de pessoas, seres imaginários, etc..

- Somos pequeninos, andamos de gatas (fig.11);

- Somos gigantes, andamos em pontas de pés e com os

braços muito esticados;

- Somos crescidos e andamos em pé (fig.12);

32

Page 33: Trabalho Final MOC

- Somos velhinhos e andamos com bengala (fig.13).

Esquema

(fig.8) (fig.9)

(fig.10) (fig.11)

(fig.12) (fig.13)

ACTIVIDADE 3 – Representação de posturas

Objectivo Desenvolver uma imagem corporal correcta e positiva.

Material / EspaçoNão necessita de material específico.

Espaço amplo. Actividade de exterior ou interior.

Descrição da actividade

O professor nomeará uma acção e os alunos indicarão a

posição que deverá adoptar-se ao realizá-la e representá-

la-ão:

- Quando comemos -> sentamo-nos numa cadeira (fig.14);

- Quando dormimos -> deitamo-nos (fig.15);

- Quando andamos -> estamos de pé (fig.16);

- Quando dançamos ->… (fig.17).

Em seguida, serão os alunos a propor as acções,

representando as posturas que lhes correspondam, por

exemplo:

- Andar como um caranguejo (fig.18);

- Conduzir um automóvel (fig.19);

- Voar (fig.20);

- Apanhar flores (fig.21).

Esquema

(fig.14) (fig.15) (fig.16)

33

Page 34: Trabalho Final MOC

(fig.17) (fig.18) (fig.19)

(fig.20) (fig.21)

Avaliação e observação das actividades propostas

- O professor deverá observar as posições dos alunos, tanto a facilidade

de execução como a postura final; nos alunos com atraso de

desenvolvimento ao nível da psicomotricidade, provavelmente,

observar-se-ão dificuldades graves ou impossibilidade de realização de

algumas tarefas.

- As principais dificuldades que poderão ser observadas são relativas à

velocidade no estabelecer da postura; a dificuldade de precisão de

movimentos e o prolongamento da manutenção da postura.

- O professor não deve forçar posições nem deve estabelecer posições

complexas.

- Estas actividades podem deverão repetir-se várias vezes, de forma a

permitir a memorização do nome de cada uma das actividades por

parte dos alunos.

Actividades complementares

- Repetir algumas das actividades marcando um

ritmo determinado, marcado pelo bater de palmas,

um tambor, um apito, etc..

- Os alunos poderão reproduzir algumas das

posições com um boneco articulado (fig.22).

- Modelar com plasticina ou desenhar uma figura

humana que reproduza as posições aplicadas.

(fig.22)

34

Page 35: Trabalho Final MOC

b) PARTES DO CORPO

As actividades que se seguem não deverão ser realizadas num mesmo dia,

nem deverá ser dedicado muito tempo a cada uma delas. Para que surtam

resultados o ideal é que estes exercícios sejam repetidos ao longo de várias

aulas ou sessões.

A forma mais adequada de como estes exercícios deverão ser expostos é:

a um ritmo lento, transmitindo regras de forma clara e repetindo cada proposta

de actividade, duas ou três vezes antes de passar à seguinte.

O desenvolvimento destas actividades deve partir da cabeça e só depois

estender-se às outras partes do corpo, de cima para baixo, ou do centro para a

periferia. Pode ser utilizado um boneco articulado e para trabalhar sobre o rosto

é conveniente utilizar uma cara de boneco, da qual se possam destacar os

elementos mais significativos, com a possibilidade de nela os tirar e pôr

facilmente (fig.23) (Schmilovich &Cordero & Ramírez, 1997)

(fig.23)

ACTIVIDADE 4 – Localização de elementos

Objectivo Desenvolver uma imagem corporal correcta e positiva.

Material / Espaço

Cara de boneco com elementos destacáveis. (fig.23)

Boneco articulado de madeira ou papel (fig.24)

Sala de aula, actividade de interior.

Descrição da actividade O Professor pergunta:”Onde está(estão)…?” dizendo ao

acaso alguma parte da cabeça (exemplo: o nariz). Depois

pede ao aluno que as assinale, primeiro em si e, depois, no

boneco. Esta actividade também pode ser desenvolvida em

pequenos grupos e o aluno depois de assinalar em si

próprio pode indicar num colega.

35

Page 36: Trabalho Final MOC

Da mesma forma poder-se-á trabalhar com as restantes

partes do corpo.

Esquema

(fig.24)

ACTIVIDADE 5 – Canções mímicas

Objectivo Desenvolver uma imagem corporal correcta e positiva.

Material / Espaço

CD com música (se disponível).

Leitor de CD.

Sala de aula, ginásio ou recreio.

Actividade de interior ou exterior.

Descrição da actividade

Cantar canções que fazem referência às diferentes partes

do corpo, utilizando gestos que ajudem a identificar as

partes do corpo.

ACTIVIDADE 6 – À descoberta do corpo

Objectivo Desenvolver uma imagem corporal correcta e positiva.

Material / Espaço

Não necessita nenhum material específico.

Sala de aula, ginásio ou recreio.

Actividade de interior ou exterior.

Descrição da actividade Propor ao aluno (ou à turma) exercícios que obrigam a

trabalhar individualmente as diferentes partes do corpo.

Propor os seguintes exercícios:

- A cara:

Passar os dedos por toda a superfície da cara;

Passar os dedos pelo perfil dos olhos, do nariz da boca e

das orelhas;

Mover a língua, o nariz e as sobrancelhas;

36

Page 37: Trabalho Final MOC

Encher de ar as bochechas.

- A cabeça e o pescoço:

Tocar em toda a cabeça;

Mover a cabeça;

Tocar no cabelo;

Tocar no pescoço.

- Os ombros:

Mover os ombros com as mãos;

Mover os ombros: para cima e para baixo, em círculos, etc..

- Os braços:

Percorrer o braço com a mão;

Levantar e baixar os braços;

Mover os cotovelos, os pulsos e as mãos;

Relaxar os braços, descaindo-os ao longo do corpo, dar

voltas, arqueá-los, cruzá-los, etc..

- As mãos:

Percorrer a mão com um dedo;

Mover casa dedo de modo independente;

Mover livremente as mãos;

Juntar, agarrar, entrecruzar, apertar…as duas mãos.

- O Peito:

Tocar no peito com as mãos;

Notar como incha e desincha ao respirar;

Apreciar como o peito se move quando nos rimos;

Tentar encolher e dilatar o peito o mais possível.

- As costas:

Tocar as próprias costas com as mãos;

Tocar as costas do professor ou de um colega;

Dobrar o corpo e notar como é que as costas se movem;

Mover livremente as costas;

Colocar as costas no chão, na posição de deitados e sentir

o seu contacto com o solo;

O mesmo na posição de pé, colocando as costas contra

uma parede.

- A barriga:

Tocar a barriga (ventre) com as mãos;

Procurar dilatar e encolher a barriga.

- Os pés:

Passar as mãos desde os tornozelos até aos dedos dos

pés (descalço de preferência);

37

Page 38: Trabalho Final MOC

Mover livremente os pés;

Mover apenas os dedos dos pés;

Pôr um pé diante do outro, um em cima do outro, etc..

Avaliação e observação das actividades propostas

- A avaliação destas actividades far-se-á em função da compreensão e

identificação de cada uma das zonas do corpo, por parte do aluno.

- O ritmo da execução destas actividades deve ser lento, para que os

alunos interiorizem adequadamente o esquema corporal.

- Sempre que necessário deverá ser permitido aos alunos a interrupção

da actividade para que possa esclarecer quaisquer dúvidas que surjam

durante a execução da mesma.

- Geralmente com a repetição destes exercícios os alunos conseguem

superar as dificuldades que inicialmente são detectadas.

Actividades complementares

- Desenhar ou pintar figuras ou elementos corporais.

- Construir através do recorte e colagem a figura humana.

- Construir através da modelagem a figura humana.

- Identificar as partes do corpo do próprio aluno em fotografias ou

gravações de vídeo.

- Realizar alguns movimentos corporais bloqueando algumas

articulações (exemplo: sentar e levantar sem separar os braços do

corpo).

LATERALIDADE

a) SIMETRIA CORPORAL

O objectivo principal destas actividades é a percepção da coluna vertebral

como eixo divisório entre os dois lados do corpo, iguais mas com capacidade

de movimento autónomo. (fig.25)

38

Page 39: Trabalho Final MOC

(fig.25)

Estas actividades requerem, por parte do professor uma grande atenção e

uma observação cuidada pelo que é conveniente serem feitas de forma

individual ou em pequeno grupo (cinco a seis alunos).

As actividades de lateralização não devem provocar o predomínio de uma

parte do corpo sobre outra (exemplo: esquerda sobre a direita), mas deverá

favorecer e acima de tudo potenciar o estabelecimento do domínio de ambas

partes, sem prejuízo do domínio manifestado naturalmente. (Schmilovich

&Cordero & Ramírez, 1997)

ACTIVIDADE 7 – Canções mímicas

Objectivo Iniciar e confirmar a definição da própria lateralidade.

Material / EspaçoSala de aula, ginásio ou recreio.

Actividade de interior ou exterior.

Descrição da actividade O aluno estará em pé enquanto observa o professor que vai

nomeando e movendo cada parte do corpo e a sua

simetria. O aluno irá imitar o professor. Esta actividade

também pode ser realizada em grupo.

O professor diz:

- Uma mão – outra mão (fig.26)

- Um pé – outro pé (fig.27)

- Um braço – outro braço (fig.28)

- Uma perna – outra perna

- Um cotovelo – outro cotovelo

- Um joelho – outro joelho

- Um ombro – outro ombro

Ao nomear a cabeça e o tronco, os alunos deverão tocá-los

com as mãos e indicarão as diferentes partes da cabeça

com um dedo:

- Um olho – outro olho

- Uma orelha – outra orelha

39

Page 40: Trabalho Final MOC

- Um nariz

- Uma boca

- Uma língua

- Uns dentes

- Uma cabeça

Esquema (fig.26) (fig.27)

(fig.28)

Avaliação e observação das actividades propostas

- A correcção dos erros ou incompreensões do aluno deverá fazer-se no

decorrer dos exercícios, não permitindo que as dúvidas persistam.

- É importante que se focalize bem a diferença entre direita e esquerda

(nos alunos até aos cinco anos é suficiente falar de um lado outro lado.

- A avaliação faz-se através da observação do grau de compreensão da

simetria nas actividades propostas.

Actividades complementares

- Pintar em si próprio, por exemplo: uma mão, uma orelha, um olho de

cor vermelha e o outro lado de cor azul. Seguidamente observa diante

de um espelho as simetrias estabelecidas através da pintura.

b) ESQUERDA E DIREITA

As actividades para o desenvolvimento da lateralidade devem ser

organizadas de forma a proporcionarem aos alunos a consciência de que têm

maior ou menor dificuldade (precisão ou força) de um dos lados do corpo.

(Schmilovich &Cordero & Ramírez, 1997)

ACTIVIDADE 8 – Imitar gestos

40

Page 41: Trabalho Final MOC

Objectivo Iniciar e confirmar a definição da própria lateralidade.

Material / Espaço

Sala de aula, ginásio ou recreio.

Actividade de interior ou exterior.

Pode ser realizada em grande grupo.

Descrição da actividade

O professor coloca-se diante do aluno e pede-lhe que imite

os seus gestos. Inicialmente fará os gestos com uma mão e

depois com a outra.

- Vamos pintar (simula pintar a parede);

- Vamos comer (simula comer sopa);

- Vamos coser.

Depois de cada gesto, o professor pergunta ao aluno com

que mão lhe parece mais fácil a realização das tarefas

sugeridas.

Avaliação e observação das actividades propostas

- A lateralidade não se manifesta apenas nos membros superiores e

inferiores, mas também nos órgãos sensoriais duplos (olho e ouvido),

por isso é importante observar a evolução da lateralidade destes

órgãos.

- É importante que o professor nunca interfira ou tente modificar a

tendência natural, quer seja direita ou esquerda, quando a lateralidade

estiver claramente definida.

Actividades complementares

- Realizar com ambas as mãos movimentos diversificados:

apanhar/largar; pôr/tirar; abrir/fechar; tapar/destapar; etc..

- Gesticular de forma a mimar actos de higiene pessoal, tendo o cuidado

de observar a lateralidade natural do aluno, mas procurando promover

o uso de ambas as mãos para algumas tarefas: abotoar/desabotoar;

escovar os dentes; pentear-se; lavar-se; vestir-se/despir-se;

calçar-se/descalçar-se; etc..

EQUILIBRAÇÃO

a) MANTER O EQUILÍBRIO COM OBSTÁCULOS

41

Page 42: Trabalho Final MOC

Estas actividades visam a manutenção do equilíbrio e da postura, através da

utilização de objectos que dificultem a estabilidade. Os materiais utilizados são

de fácil acesso e variados: cadeiras, arcos, colchões, mesas, cordas, caixas,

sacos, bancos, escadas, pneus, paus, etc.. Estes exercícios costumam ser de

agradável execução para os alunos, como tal não é necessário fazer

motivação. Estas actividades podem apresentar alguns riscos, daí que se

devam prevenir os acidentes proporcionando um clima calmo de repouso.

(Schmilovich &Cordero & Ramírez, 1997)

ACTIVIDADE 9 – O caminho

Objectivo Desenvolver o equilíbrio e o controle da postura.

Material / Espaço

Sala de aula, ginásio ou recreio.

Actividade de interior ou exterior.

Também pode ser realizada em grande grupo.

Descrição da actividade

Construir um percurso com vários objectos e indicar ao

aluno que o percorra flanqueando os objectos. (Por

exemplo: uma cadeira, uma bola, um arco, caixas, caixotes,

pau, etc..)

ACTIVIDADE 10 – Caminho com cadeiras e mesas

Objectivo Desenvolver o equilíbrio e o controle da postura.

Material / Espaço

Sala de aula, ginásio ou recreio.

Actividade de interior ou exterior.

Também pode ser realizada em grande grupo.

Descrição da actividade

Fazer uma fila de cadeiras e dizer ao aluno que ande pelo

túnel por elas formado.

Ainda com a mesma fila de cadeiras propor ao aluno que

caminhe por cima delas.

Afastar as cadeiras de maneira que o aluno as atravesse

subindo e descendo alternadamente.

ACTIVIDADE 11 – Caminho com escada

Objectivo Desenvolver o equilíbrio e o controle da postura.

Material / Espaço Ginásio ou recreio.

42

Page 43: Trabalho Final MOC

Actividade de interior ou exterior.

Também pode ser realizada em grande grupo.

Descrição da actividade

Pôr uma escada de mão no chão e propor diferentes

formas de andar sobre a escada.

- Andar entre os degraus;

- Caminhar sobre os degraus;

- Andar pelas barras laterais da escada.

- Saltar a pés juntos entre os degraus;

- Saltar ao pé coxinho entre os degraus.

Avaliação e observação das actividades propostas

- Estas actividades poderão ser acompanhadas de música ou a um ritmo

marcado pelo professor com algum instrumento de percussão.

- Nos exercícios de equilíbrio é importante avaliar a prática pela

segurança dos movimentos do aluno, a agilidade e a flexibilidade.

Actividades complementares

- Realizar os exercícios propostos aos pares e da mãos dadas quando a

actividade o permitir.

ESTRUTURAÇÃO ESPÁCIO-TEMPORAL

a) ITINERÁRIOS

ACTIVIDADE 12 – Caminhos

ObjectivoDeslocar-se no espaço próximo, seguindo traçados e

itinerários simples.

Material / Espaço

Pau para desenhar no chão, giz (Recreio).

Corda para desenhar o caminho (Ginásio/Sala).

Actividade de interior ou exterior.

Também pode ser realizada em grande grupo.

Descrição da actividade Indicar ao aluno:

- Vamos percorrer os caminhos marcados no chão

lentamente, sem sairmos das marcas.

Uma vez que o aluno consiga fazer a primeira actividade

sem dificuldade o professor propõem-lhe:

- Agora vamos percorrê-lo mais rápido.

Quando o aluno já estiver familiarizado com o percurso

43

Page 44: Trabalho Final MOC

poderá percorrê-lo de gatas, ao pé coxinho, de cócoras

dando saltos, etc..

Quanto o aluno já não apresentar dificuldades em seguir o

caminho, pode reduzir-se até ficar apenas um risco.

ACTIVIDADE 13 – Não pisar o chão

ObjectivoDeslocar-se no espaço próximo, seguindo traçados e itinerários

simples.

Material / Espaço

Círculos de papel com aproximadamente 25 cm de diâmetro.

Actividade de interior ou exterior.

Também pode ser realizada em grande grupo.

Descrição da

actividade

Colocar os círculos no chão a uns 20 ou 30 cm uns dos outros em

várias disposições. Pedir ao aluno que percorra os diferentes

caminhos sem pisar no chão, apenas no centro dos círculos.

Esquema

Em linha recta:

Em ziguezague:

Em semicírculo:

Em espiral

44

Page 45: Trabalho Final MOC

Avaliação e observação das actividades propostas

- Como estas actividades requerem alguma coordenação visiomotora, o

professor deverá previamente avaliar as condições do aluno antes de

lhe propor as actividades.

- Para evitar acidentes, deve ter-se em consideração a estabilidade dos

objectos utilizados como obstáculos.

- A avaliação ser+a feita através da observação da adequada execução

das tarefas bem como do reconhecimento, por parte do aluno, do

esquema ou gráfico que representa o itinerário seguido.

Actividades complementares

- Introduzir códigos no percurso:

No caminho ____________, andar;

No caminho ………………., salta;

No caminho xxxxxxxxxxxx, ir de cócoras;

No caminho ~~~~~~~~~~~, andar de costas, etc.. (fig.29)

(fig.29)

b) ORDEM

ACTIVIDADE 14 – Um passeio

ObjectivoIdentificar e descrever a ordenação espacial de objectos

situados na proximidade.

Material / Espaço Cartolina com desenho. (fig.30)

Pau ou giz para reproduzir desenho no chão.

45

Page 46: Trabalho Final MOC

Actividade de exterior.

Também pode ser realizada em grande grupo.

Descrição da actividade

Fazer uma cartolina com o desenho da figura 30.

Reproduzir esse desenho no chão

Colocar o aluno no ponto X, enquanto o professor aponta

esse mesmo ponto na cartolina.

O professor conta a seguinte história, enquanto assinala na

cartolina os lugares que vai nomeando, ao mesmo tempo, o

aluno coloca-se sobre o desenho do chão e reproduz a

narração do professor.

“Um(a) menino(a) vive na casinha X, levanta-se de manhã

e vai, primeiro para a escola, onde estuda; depois brinca no

recreio, passeia pela praça do município, observa as

cegonhas no velho castelo, vai visitar um amiguinho que

está doente no hospital e, depois, vai brincar para o rio,

passando a ponte, antes de voltar a casa para jantar.”

O professor assinala sempre sobre a cartolina cada um dos

movimentos, enquanto o aluno percorre o itinerário

proposto.

Seguidamente o aluno poderá movimentar-se livremente

sobre o desenho e narrar a sua própria história.

Esquema

(fig.30)

Avaliação e observação das actividades propostas

- Importa certificar-se de que o aluno foi capaz de estabelecer

adequadamente a relação entre o mural e o plano representado no

46

Page 47: Trabalho Final MOC

chão.

- As noções de ordenamento estabelecer-se-ão em relação ao relato e à

localização dos edifícios significativos do mural.

- Na avaliação deve ser tida em conta a observação adequada, por parte

do aluno, das ordens do professor.

Actividades complementares

- Podem ser estabelecidos novos percursos. O aluno pode simular que conduz um

automóvel e que circula pelas ruas.

- Podem envolver-se outros alunos.

- Ordenar as acções, os movimentos e os acontecimentos, quer por escrito, quer

graficamente.

c) MUITO/POUCO TEMPO

A noção de quantidade de tempo decorrido numa acção, ou o tempo

necessário para o crescimento, estabelece-se precisamente em torno das

próprias actividades:

- Tempo cronológico do crescimento;

- Tempo gasto em itinerários;

- Tempo gasto em movimentos;

- Tempo imaginário em histórias contadas pelo aluno ou pelo professor.

O muito/pouco tempo é uma avaliação subjectiva, pelo que se deverá insistir

nisso, mediante o uso de múltiplas actividades que façam apelo a estes

conceitos. (Schmilovich &Cordero & Ramírez, 1997)

ACTIVIDADE 15 – Faz tempo

ObjectivoPerceber a duração dos acontecimentos e as variações que

experimenta.

Material / EspaçoNão necessita de material específico

Sala de aula.

Descrição da actividade Dialogar com o aluno, utilizando frases tipo que dêem azo à

verbalização de conceitos temporais e à quantificação

inicial de tempo.

Frases tipo que poderão servir de estímulo:

- Há muito tempo, quando éramos bebés muito

pequeninos…

47

Page 48: Trabalho Final MOC

- Daqui a muito tempo, quando chover ou fizer frio…

- Ainda há muito pouco tempo nos levantámos…

- Dentro de pouco tempo, quando formos para casa…

- Estivemos a trabalhar um pouco com os números, e,

agora, vamos descansar um pouquinho…

Repetir estas frases com alguma frequência ao longo de

diversas sessões, sem propor no entanto uma situação de

aprendizagem concreta.

Avaliação e observação das actividades propostas

- Na realização de exercícios em que há um tempo estipulado ter em

atenção que não se aproximem demasiado os tempo curtos dos longos

para facilitar a distinção.

- Antes da realização de actividades com tempo determinado o professor

deverá esclarecer verbalmente se o espaço de tempo será curto ou

longo, para que o aluno avalie a informação antes da actividade dar

início.

Actividades complementares

- Pode usar um esquema de representação gráfica do tempo de forma que possibilite

ao aluno a observação e comparação dos tempos gastos em diferentes tarefas.

d) REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO TEMPO

As seguintes actividades deverão ser realizadas em grupo.

ACTIVIDADE 16 – Os símbolos

ObjectivoPerceber acções sucessivas e desenvolver a noção de

sucessão.

Material / Espaço

Quadro e giz ou cartolina.

Tambor ou apito.

Sala de aula.

Descrição da actividade Colocar os alunos frente ao quadro, de maneira que

possam observar as imagens e ao mesmo tempo

movimentar comodamente braços e pernas.

Explicar aos alunos o código de símbolos propostos.

(fig.31)

Para o começo da actividade escolher apenas dois

48

Page 49: Trabalho Final MOC

símbolos e utilizar um instrumento de percussão ou um

apito.

Desenhar no quadro uma sequência com dois símbolos

explicando o significado de cada um.

O professor aponta com o dedo os símbolos a um ritmo

lento e os alunos vão executando os movimentos

associados a cada símbolo. Seguidamente começa a

aumentar o ritmo e em vez de indicar com o dedo será o

toque do tambor ou do apito que marca a passagem ao

ritmo seguinte.

Uma vez escolhidos os símbolos, por exemplo: palmas e

bater o pé, propõe-se uma sequência. (fig.32)

Esquema

Palma

Bater o pé

Braços para baixo

Abrir as pernas

Braços cruzados

Saltar

Levantar uma perna

Estar quieto

(fig.31)

(fig.32)

49

Page 50: Trabalho Final MOC

Avaliação e observação das actividades propostas

- Sublinhar verbalmente a acção simultânea ou sucessiva das

actividades durante a execução dos alunos.

- Observar a realização da actividade, sob o ponto de vista da sequência

das acções e não da perfeição ou rapidez da execução das mesmas.

- A correcta discriminação, por parte do aluno, das noções de sucessão e

simultaneidade deverá ser valorizada no decorrer da actividade.

Actividades complementares

- Propor actividades semelhantes mas substituir os símbolos por gestos ou sons.

PRAXIA GLOBAL E FINA

a) CONTROLE MOTOR GLOBAL

Estas actividades podem ser realizadas em sala de aula, quer

individualmente quer em pequeno grupo. Será necessário que o professor

observe com atenção a participação do aluno. Ao materiais que poderão ser

utilizados são: instrumentos musicais, quadro giz, esponja, papel lápis de cera

ou de cor, etc.. (Schmilovich &Cordero & Ramírez, 1997)

ACTIVIDADE 17 – Movimentos sobre a mesa

Objectivo

Adquirir um adestramento – controle motor global – de

braços, mãos e dedos, que permita a produção de

mensagens gráficas.

Material / Espaço

Mesa, instrumento musical, tiras de papel, objecto

disponível na sala (bola, lápis, etc..)

Sala de aula.

Descrição da actividade - Enquanto o professor faz soar um instrumento, pede ao

aluno que bata na mesa com a palma da mão, com os nós

dos dedos, com as pontas dos dedos (um a seguir ao

outro). Quando termina a música deixar de mover as mãos

ou os dedos. Assim que a música recomece, voltar a

movimentar as mãos.

- Repetir o exercício anterior mas agora sem música e

aumentando gradualmente o ritmo. Ao ouvir um

50

Page 51: Trabalho Final MOC

determinado sinal começa a diminuir o ritmo ou frequência

das pancadas.

- Colocar um objecto sobre a mesa (no lado direito). Ao

mesmo tempo que o professor toca um ritmo, relativamente

rápido, com um instrumento musical, o aluno deslizará a

mão estendida sobre a mesa, desde a extremidade

esquerda até chegar em frente do objecto. Insistir que este

movimento de deslocação se deve efectuar de uma só vez

e sem levantar a mão da mesa, com uma certa rapidez, da

esquerda para a direita (trabalhando assim

simultaneamente a direccionalidade da leitura e da escrita)

e que a mão deve parar justamente quando chega à frente

do objecto.

- Cortar uma tira comprida e estreita de papel. Colocá-la do

lado direito da mesa. O aluno deve deslocar sobre a mesa

as pontas dos dedos, de forma sucessiva, desde a

extremidade esquerda até chegar à tira de papel, na qual

não pode tocar. Insistir que o dedo não deve levantar-se da

mesa e a trajectória deve ser horizontal e o movimento

deve efectuar-se com certa rapidez.

ACTIVIDADE 18 – Movimentos no quadro

Objectivo

Adquirir um adestramento – controle motor global – de

braços, mãos e dedos, que permita a produção de

mensagens gráficas.

Material / EspaçoQuadro, giz, esponja, instrumento musical ou apito.

Sala de aula.

Descrição da actividade - No quadro o professor desenha um risco horizontal, o

aluno deverá repassar esse risco ou desenhar outro

paralelo, primeiro com a mão, depois com o dedo indicador,

tendo o cuidado de não ultrapassar os limites do risco.

Repetir o exercício com um risco na vertical. Os

movimentos deverão ser sempre da esquerda para a direita

e de cima para baixo. O aluno não deve levantar a mão ou

o dedo durante o exercício.

- Desenhar uma linha vertical na parte direita do quadro. O

aluno desliza a mão ou os dedos sobre o quadro, no

sentido esquerda -> direita, traçando várias linhas

horizontais, mas sempre sem roçar ou passar a linha da

direita. Repetir o mesmo exercício mas desta vez com uma

51

Page 52: Trabalho Final MOC

linha horizontal na base do quadro e os movimentos far-se-

ão de cima para baixo.

- Com giz o aluno traça uma linha horizontal no quadro

enquanto durar um determinado som (instrumento musical

ou apito), deve parar quando o som parar. Repetir o

exercício traçando linhas verticais.

Avaliação e observação das actividades propostas

- As principais dificuldades detectadas nestes exercícios devem-se ao

excesso ou defeito da inibição motora.

b) CONTROLE MOTOR ESPECÍFICO

A coordenação visual específica não intervém apenas no momento de

realizar grafismos sobre o papel. Existem muitas tarefas que requerem

precisão de movimentos dos dedos e das mãos e adequação com os dados

fornecidos pela vista.

Estas técnicas devem ser treinadas de forma prévia e paralela ao controle

dos grafismos, constituindo a melhor preparação do aluno à escrita. As

técnicas são: a colagem, o rasgar, o recorte (seja à mão, com tesoura, através

do picotado ou do ponteado).

ACTIVIDADE 19 – Rasgar, beliscar, recortar

Objectivo

Adquirir um adestramento – controle motor específico – de

mãos e dedos, que possibilite o progressivo domínio do

traço e dos signos gráficos.

Material / Espaço

Folhas de papel (de preferência jornais ou revistas velhas),

tesoura de pontas redondas.

Sala de aula.

Descrição da actividade - Rasgar tiras de papel livremente, em sentido vertical.

- Rasgar tiras de papel livremente, em sentido horizontal (a

mão não dominante segura o papel)

- Fazer franjas: rasgar papel na horizontal ou vertical até

um dado limite assinalado.

- Rasgar papel por linhas previamente assinaladas.

- Rasgar um papel quadrado na diagonal formando quatro

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triângulos (pode depois colar e fazer uma composição)

- Rasgar papel por linhas curvas ou onduladas previamente

traçadas.

- Beliscar papel: a diferença desta técnica para a técnica de

rasgar prende-se com o facto de apenas utilizar as pontas

dos dedos como pinças e retirar pequenas quantidades de

papel.

- Recortar livremente com a tesoura.

- Recortar tiras verticais.

- Recortar franjas.

- Recortar sobre linhas com forma de caracol.

- Recortar sobre linhas rectas, curvas ou irregulares.

- Recortar figuras geométricas.

- Recortar contornos ou silhuetas (desenhos ou fotografias).

- Recortar e compor (figuras do Tangram).

ACTIVIDADE 20 – Colorir, traçar, pontear

Objectivo

Adquirir um adestramento – controle motor específico – de

mãos e dedos, que possibilite o progressivo domínio do

traço e dos signos gráficos.

Material / Espaço

Folhas de papel com imagens impressas.

Lápis de cor ou lápis de cera.

Sala de aula.

Descrição da actividade

Neste caso trata-se de pintar o interior das silhuetas ou

figuras dadas cobrindo a totalidade ou parte da superfície

com uma das três técnicas: colorir, traçar ou pontear.

A técnica do tracejado prevê que o aluno cubra uma

determinada superfície com linhas numa dada direcção,

enquanto que a técnica do ponteado se assemelha ao

picotado, trata-se de cobrir com pontos uma superfície,

batendo no seu interior com um utensílio (geralmente o

lápis) colocado na posição vertical.

Esquema - Pontear com cores diferentes; vermelho, as asas;

amarelo, o rosto; azul, o corpo.

- Colorir o rosto, pontear as pétalas e tracejar as folhas e o

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caule.

- Colorir o caracol como se indica, seguindo as direcções

das setas.

ACTIVIDADE 21 – Actividades de coordenação visiomotora

Objectivo

Adquirir um adestramento – controle motor específico – de

mãos e dedos, que possibilite o progressivo domínio do

traço e dos signos gráficos.

Material / Espaço

Folhas de papel com imagens impressas.

Lápis de cor ou lápis de cera.

Sala de aula.

Descrição da actividadeO aluno deve seguir as indicações das setas e fazer os

percursos indicados.

Esquema - Traçar linhas no sentido indicado

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CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objectivo principal, abordar as Estratégias/Actividades

e Recursos na Educação Especial em Crianças com Atraso Psicomotor.

Inicialmente realizamos um trabalho de pesquisa bibliográfica sobre a

Psicomotricidade, partindo de estudos feitos por vários autores e das perspectivas

defendidas pelos mesmos.

Porém, ao longo do trabalho direccionamos a nossa atenção e as nossas

investigações para as possíveis estratégias/actividades a implementar nos momentos

de integração nas turmas do ensino regular.

Após este processo de intensa procura, concluímos que só é possível melhorar

a qualidade de vida das pessoas com atraso psicomotor se forem desenvolvidas

capacidades e competências.

Para desenvolver uma correcta intervenção, devemos ter em conta as

especificidades de cada criança, por isso deve ser analisada individualmente.

Devemos avaliar os seus pontos fortes e fracos para que a nossa intervenção vá de

encontro às suas dificuldades e capacidades.

Para se ensinar eficazmente alunos com atraso psicomotor, o professor deve

proporcionar uma organização do método de trabalho, incluindo a sala de aula, de

maneira que os alunos entendam onde ficar, o que fazer e como fazê-lo, de forma

mais independente possível.

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Page 58: Trabalho Final MOC

BIBLIOGRAFIA

De Meur, A. & Staes, L.(1991). Psicomotricidade Educação e Reeducação

Níveis Maternal e Infantil. S. Paulo: Editora Manole.

Fonseca, V. (2001). Psicomotricidade - Perspectivas Multidisciplinares. Lisboa:

Âncora Editora.

Fonseca, V. (2005). Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Lisboa:

Âncora Editora.

Fonseca, V. (2007). Manual de Observação Psicomotora Significação

Psiconeurológica dos Factores Psicomotores. Lisboa: Âncora Editora.

Fonseca, V. (2008). Dificuldades de Aprendizagem: Abordagem

neuropsicológica e psicopedagógica ao insucesso escolar. 4ª Edição. Lisboa:

Âncora Editora.

Medina, J. & Rosa, G. & Marques, I. (2006). Desenvolvimento da

Organização Temporal de Crianças com dificuldades de Aprendizagem In

Revista de Educação Física. Nº 1, pp. 106-117. Maringá: Universidade Federal

do Paraná.

Neto, F et al. (2007). Desenvolvimento Motor de Crianças com Indicadores de

Dificuldades na Aprendizagem Escolar. In Revista Brasileira de Ciência e

Movimento, nº 15, pp. 45-51.

Oliveira, G. de C.(2008). Psicomotricidade: Educação e Reeducação num

enfoque psicopedagógico.13ª Edição. Petrópolis: Editora Vozes.

Schmilovich, P. & Cordero, M. & Ramírez, J. (1997). Enciclopédia de Educação

Infantil – Recursos para o desenvolvimento do currículo escolar – Volume I. Rio

de Mouro: Nova Presença.

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Page 59: Trabalho Final MOC

WEBGRAFIA

www.appsicomotricidade.org, Associação Portuguesa de Psicomotricidade.

www.psicomotricidade.com.br/ Psicomotricidade

www.crda.com.br/tccdoc/12.pdf, Psicomotricidade: Desenvolvimento Infantil e

Distúrbios de Aprendizagem SIMÃO, M. (2008).

www. pt.wikipedia.org/wiki/Psicomotricidade, Psicomotricidade.

www.ppe.uem.br/resumos/resumos/2005. Desenvolvimento Psicomotor e

Aprendizagem da Escrita; FÁVERO, (2004).

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