Trabalho Final Imprensa Regional

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Instituto Politécnico de Viseu Escola Superior de Educação de Viseu TRABALHO FINAL IMPRENSA REGIONAL – A NOTÍCIA, AS SUAS CARATERÍSTICAS E O SEU CONTEÚDO Trabalho escrito final de Jornalismo Especializado Docentes: Pedro Coutinho e Joana Martins Aluno: Jorge Lopes, n.º 9978 Licenciatura em Comunicação Social 3.º ano – Turma A (Ano letivo 2014/2015)

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Instituto Politécnico de ViseuEscola Superior de Educação de Viseu

TRABALHO FINALIMPRENSA REGIONAL – A NOTÍCIA, AS SUAS CARATERÍSTICAS E O

SEU CONTEÚDO

Trabalho escrito final de Jornalismo EspecializadoDocentes: Pedro Coutinho e Joana Martins

Aluno: Jorge Lopes, n.º 9978Licenciatura em Comunicação Social

3.º ano – Turma A (Ano letivo 2014/2015)

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ÍNDICE

Introdução P. 2

Revisão da literatura P. 2

Objetos de estudo P. 3

Esclarecimento metodológico P. 3

Apresentação dos resultados P. 3

Conclusão P. 8

Bibliografia P. 9

INTRODUÇÃO

Este trabalho final pretende explorar, tal como no primeiro trabalho individual (que foi sobreo mesmo tema), a temática da notícia e das suas caraterísticas na imprensa regional, maisconcretamente através da análise de dois jornais da cidade de Viseu: o “Jornal do Centro” e o“Notícias de Viseu”.

Com este trabalho, pretende-se apresentar uma análise concreta e clara sobre a temática daimprensa regional, nomeadamente na análise do conteúdo das notícias publicadas nas ediçõesanalisadas e, com isso, apurar as formas de como a notícia é tratada nos dois jornais e percebercomo o conteúdo contribui para o tratamento da notícia, inclusive diferenças eventualmenteencontradas nas edições dos dois jornais.

Espero que este trabalho final satisfaça aquilo o que é exigido nesta unidade curricular, talcomo todos os trabalhos individuais que foram feitos ao longo do semestre.

O capítulo que se segue é uma transcrição integral do capítulo de revisão da literatura noprimeiro trabalho individual.

REVISÃO DA LITERATURA

A imprensa regional/local é considerada como uma das formas mais ativas do jornalismo,dada a sua natureza e o seu impacto junto do público em geral. A imprensa regional trata dosassuntos de uma região ou de um determinado local, seja ela uma cidade, uma vila ou até umacomunidade paroquial. Se esta é a definição comum do que é a imprensa regional, já o mesmo nãose pode escrever sobre uma definição científica. Segundo Ferreira (2005: 850), a tarefa teria sidofacilitada “caso se conhecessem as características intrínsecas do sector”. Ora, isso não acontece pelofacto de não existirem trabalhos sobre estas matérias (Idem, Ibidem).

Não obstante a incerteza sobre a definição científica e de facto, segundo o preâmbulo doEstatuto da Imprensa Regional, esta desempenha “um papel altamente relevante, não só no âmbitoterritorial a que naturalmente mais diz respeito, mas também na informação e contributo para amanutenção de laços de autêntica familiaridade entre as gentes locais e as comunidades deemigrantes dispersas pelas partes mais longínquas do Mundo” (Decreto-Lei n.º 106/88, 1988). Aimprensa regional tem também “sabido desempenhar uma função cultural a que nenhum órgão decomunicação social pode manter-se alheio” (Ibidem).

No entanto, a imprensa regional está agora com obstáculos. Esses obstáculos, contudo, foramantecipados pelos próprios jornais. Segundo Martins e Gonçalves (coord., 2010: 91), as principaispreocupações dos jornais do distrito de Viseu eram sobre as questões político-partidárias e aconcorrência desleal entre as tiragens das publicações auditadas e as das publicações não auditadas.Para além destes obstáculos, também se destacam as relações de dependência económica e deindependência perante os órgãos autárquicos (Idem, Ibidem: 109), a fragilidade económico-

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financeira dos jornais e a relação entre publicidade comercial e publicidade institucional (Idem,Ibidem: 107), e o acesso às fontes de informação (Idem, Ibidem: 109). Estes e outros obstáculospodem ser refletidos na altura da análise dos conteúdos analisados no âmbito deste trabalho, sendoque certos desses obstáculos são – do meu ponto de vista – vistos claramente na análise das notícias.

Mas apesar dos obstáculos referenciados, também há oportunidades para o jornalismoregional de hoje. As tendências que Martins e Gonçalves (Idem, Ibidem: 111) apresentam para ojornalismo regional são as seguintes: a existência de projetos editoriais distribuídos exclusivamentena Internet, a existência de estratégias multi-meio usadas por algumas entidades que desenvolvematividades de comunicação social a nível regional e a integração em grupos de comunicação socialcom diferentes meios e com partilha de know-how e sinergias de escala. Para além destastendências, também posso acrescentar a continuidade da importância da imprensa regional comoalgo que deve ser considerado no futuro como menciona Carlos Camponez (in Ferreira, 2005: 851):“as especificidades da imprensa regional e local resultam, fundamentalmente, do seu compromissocom a região e do seu projecto editorial. É nesse compromisso que frutifica ou fracassa, sediversifica ou homogeneíza a comunicação”.

Assim sendo, posso concluir que a imprensa regional é um jornalismo de proximidade maispróximo possível, com os seus riscos e obstáculos mas que também pode seguir um outro caminhofavorável. A análise que se segue reflete bem esse facto.

OBJETOS DE ESTUDO

Os objetos de estudo foram a edição do “Jornal do Centro” publicada no dia 9 de janeiro de2015 e a edição do “Notícias de Viseu” publicada no dia 11 de dezembro de 2014. Dentro destasedições impressas, foram analisadas as notícias publicadas nas diversas secções dos dois jornais eos seus conteúdos.

É de notar que o atraso na atualização da edição do “Notícias de Viseu” foi um revés nosentido de se pretender comparar as notícias atualizadas na semana da publicação quando foiiniciado a elaboração deste presente trabalho final.

ESCLARECIMENTO METODOLÓGICO

Tal como no trabalho individual sobre este mesmo tema da imprensa regional, a metodologiausada no trabalho foi baseada numa análise qualitativa dos conteúdos das notícias publicadas nasedições acima referenciadas. A análise foi feita através da leitura e análise crítica das notícias, cujosresultados foram elaborados com a máxima atenção possível.

As edições analisadas eram as últimas disponíveis na altura do início da elaboração destetrabalho final.

No capítulo seguinte, o conteúdo vai ser apresentado de uma maneira diferente face àapresentação dos resultados mostrada no trabalho original.

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Antes de avançar com a análise dos jornais, eu queria sublinhar que aquilo o que pretendofazer neste capítulo é uma análise simples, clara e comparativa de entre os resultados apresentadosno primeiro trabalho individual e entre os resultados que irão ser apresentados daqui por diante.

Começo este capítulo com a análise do “Jornal do Centro”. No trabalho original (o primeirotrabalho individual sobre a imprensa regional), este jornal apresentava artigos e reportagens comuma enorme profundidade de conteúdo e com uma forte dinâmica jornalística, devidoprincipalmente à estratégia informativa, à extensão das páginas da edição analisada no trabalhoindividual e à diversidade dos temas analisados na mesma edição (do jornal).

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Ao que parece na edição analisada neste presente trabalho final, a investigação continua a serum fator privilegiado. Entre as páginas 2 a 4, aparece uma notícia em que são mostrados dadosestatísticos referenciados junto do Instituto Nacional de Estatística sobre o distrito de Viseu, com otítulo “A região em números”. Esta notícia é um artigo que, apesar de estar ligado a uma instituiçãooficial, demonstra uma maior vitalidade investigativa e apreciativa ao analisar dados e outrasinformações importantes sobre o estado do distrito de Viseu.

Não aparece nenhum lead, uma vez que o texto introdutório constitui -se como um texto queresume alguns dos dados obtidos nos documentos consultados pela redação do “Jornal do Centro”.Eis um excerto deste texto: “Sabia que a Câmara Municipal de São João da Pesqueira foi aautarquia que, em 2013, gastou mais dinheiro com a cultura e que no desporto Penedono, Oliveirade Frades e Aguiar da Beira estão no top três das câmaras que mais investiram? Ou que, em 2012,os trabalhadores por conta de outrem em Oliveira de Frades eram os que ganhavam mais?”.

Em comparação com o trabalho original e de uma maneira semelhante, o “Jornal do Centro”publicou na edição que fora aí analisada uma notícia com o título “Investir no imaterial”, queaparece logo nas primeiras páginas e que dá conta de um documento sobre o diagnóstico dos 14concelhos que faziam parte da comunidade intermunicipal Viseu Dão Lafões e as propostas quedevem ser feitas nesse sentido até ao ano de 2020 em áreas como cultura, turismo e agricultura.Para exemplificar isso, um excerto:

“Cultura e empreendedores criativos – Criação da Rede Factory DVL [ou VDL], viveiros depequeno formato onde artistas e criativos partilham as infraestruturas, equipamentos e serviços, comoutros criadores e empresários, com o fim de desenvolver e potenciar indústrias culturais e criativas.As Factory, a distribuir pelo território de Viseu Dão Lafões, nascem com a vocação de transformar-se em espaços de trabalho partilhados e centros de formação e conselho empresarial para os novosempreendedores relacionados com o mundo das artes, a cultura, os conteúdos digitais, o turismo e acomunicação”.

Voltando à notícia das estatísticas publicada na edição analisada neste presente trabalho final,aparece na página 3 um título informativo cujo conteúdo é o seguinte: “Das mais de 500 páginas dorelatório, cuja divulgação se iniciou na primeira metade da década de 90, e que podem serconsultados na página da Internet do INE [Instituto Nacional de Estatística], retiramos algunsparâmetros relacionados com a população, saúde, desporto e cultura”. O corpo da notícia consistebasicamente em dados retirados dos anuários estatísticos regionais do INE relativamente aos anosde 2012 e de 2013, como população, mercado de trabalho e cultura. O tratamento da notícia é vistode uma forma investigativa, uma vez que se pretendia apresentar uma análise sobre dados queforam considerados importantes por parte da jornalista que redigiu a notícia e que representam,segundo a jornalista, a realidade do distrito de Viseu. Eis um dado para colocar como exemplo:

“Mais de 2400 partos em 2013 – Dos 2407 partos registados no ano de 2013, no total dos 25municípios, 2381 foram realizados em estabelecimentos hospitalares, 16 no domicílio e 10 numoutro local. A região de Dão Lafões foi a que reuniu o maior número de partos. Quanto a municípiosViseu foi onde se realizaram mais (755), seguindo de Lamego (158), Cinfães (139), Tondela (138) eMangualde (137)”.

Uma outra notícia que gostaria de sublinhar na edição do “Jornal do Centro” (e que tambémdemonstra praticamente a sua estratégia informativa) é um artigo publicado na página 9, com otítulo “Meia centena desempregados e sem saber o futuro”. O subtítulo – que melhor descreve oconteúdo do corpo da notícia – é o seguinte conforme transcrito na sua íntegra: “O processo defalência da Moviflor arrastou-se por meses a fio a nível nacional, entre 2013 e 2014. Na loja deViseu chegaram a ser 70 os trabalhadores de um quadro que foi sendo reduzido. Hoje, todosdesempregados, continuam à espera dos prometidos salários em atraso e indemnizações”. Otratamento que se aplica a esta notícia é feita com base na revolta, na contestação e no sentimentode luta depois da insolvência do empregador, conforme se pode ver no lead, no subtítulo, no corpoda notícia e na fotografia. No corpo da notícia, o lead faz uma análise retrospectiva sobre os temposda Moviflor e a sua decadência: “A Moviflor já foi uma marca importante no comércio de móveis e

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decoração a nível nacional e na cidade de Viseu. A declaração de morte deste negócio surgiu em2013 quando a cadeia nacional soçobrou perante fatores que ainda hoje não são conhecidos”.

De seguida, aparece uma outra frase que mostra o evoluir dos acontecimentos sobre aMoviflor em Viseu: “A empresa manteve durante largos anos uma loja em Viseu, na avenida daBélgica. O negócio era florescente e chegou a ter necessidade de empregar cerca de 70trabalhadores [que foi, entretanto, reduzido para 50] para fazer face à procura. As dificuldadeseconómicas que o grupo começaria a atravessar levaram a que fossem dispensados trabalhadores eque, em outubro de 2013, a administração da empresa visse aprovado um Plano Especial deRevitalização, do qual fazia parte a liquidação de dívidas a trabalhadores, a manutenção daatividade das lojas e a garantia de 500 postos de trabalhos, dos mais de mil que haviam composto oquadro geral”. De seguida, a notícia dá conta dos problemas da loja viseense da cadeia Moviflor eda insolvência desta em 2014.

Um artigo que será comparada com a notícia da Moviflor é a notícia publicada na edição do“Jornal do Centro” analisada no trabalho original, com o título “E tudo o reboque levou”. A notíciarelatava a história do reboque de uma carrinha que estava estacionada no meio de uma rotunda emCastro Daire e do buraco que lá ficou e que passou a ser ocupado durante dias inteiros pelosproprietários de um terreno que esteve na origem de um conflito entre estes e a autarquia local. Anotícia também é tratada no sentido de se mostrar a contestação e a revolta. Um excerto destanotícia segue-se agora:

“A carrinha estacionada no meio da feixa de rodagem na rotunda da avenida Maria Alcina, emCastro Daire, foi retirada esta semana. O automóvel que dava visibilidade ao litígio entre privados eautarquia foi removido do local por ordem do município. Ainda assim, o diferendo entre as partesno direito à propriedade vai continuar na barra da justiça, até que seja determinado o verdadeirodono do buraco que ficou por asfaltar, no interior da via na rotunda da obra 'quase pronta', naavenida Maria Alcina”.

Ainda uma outra notícia que gostaria de destacar do “Jornal do Centro” na página 33 tem otítulo de “Domingo de jogo grande para Viseu 2001”. O lead é o seguinte:

“O Pavilhão Cidade de Viseu recebe, este domingo, dia 11, pelas 17 horas, um jogo que podeser decisivo para as aspirações do Viseu 2001 na série C da II Divisão Nacional de futsal”. Ora, estelead leva-nos a crer que oViseu 2001 tem um grande trabalho para defrontar uma equipa que poderáser superior relativamente à qualidade da sua própria equipa. Segundo o corpo da notícia, essaequipa concorrente é a equipa do segundo classificado do campeonato, o Centro Social São João. Oque se segue no corpo foi uma ideia matemática sobre a possível evolução do Viseu 2001 nocampeonato onde estavam inseridos à data da publicação da edição. Assim sendo, nós podemosachar que esta notícia representa a ideia de que o Viseu 2001 tem a necessidade de ganhar, uma vezque o jogo poderá ser decisivo e importante para os seus rumos no torneio onde está a competir.

A notícia mostra um tratamento informativo, uma vez que não contém entrevistas nem outrascitações de fontes consultadas pelo jornal, mas também analítico, uma vez que o artigo analisaaquilo o que a equipa do Viseu 2001 deve fazer para continuar a fazer um bom desempenho nocampeonato.

Esta mesma notícia poderá ser comparada com a notícia de título “Continuar a sonhar com a IDivisão”, em que equipas como a do Viseu 2001 são apresentadas aos leitores do “Jornal doCentro” antes do início da mesma II Divisão Nacional de Futsal. Desta vez, esta notícia continhaentrevistas e uma fotografia da equipa. Já por sua vez, a notícia do jogo entre o Viseu 2001 e oCentro Social São João mostra apenas uma foto genérica de um jogador de futsal a jogar com abola. Conclui-se, assim, a análise do “Jornal do Centro”.

Avançando para a análise do “Notícias de Viseu”, é de sublinhar que, no trabalho original,este jornal era caraterizado por ser uma publicação com uma informação mais ligada às instituiçõesque marcam a região e, por isso, notícias mais institucionais e formais com uma devida dedicação aórgãos e instituições como a Câmara Municipal e os Bombeiros, como se vai perceber nascomparações entre as notícias analisadas neste presente trabalho e as notícias analisadas no trabalho

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original.Assim sendo, vou começar com uma notícia publicada na página 3 de título “Município de

Viseu apoia a arte e cultura com quatrocentos mil euros para projetos”. Esta notícia tem o seguintelead:

“Iniciativa pioneira visa financiar projetos e eventos culturais em 2015. Almeida Henriques[presidente da Câmara Municipal de Viseu] refere que '[o] concurso abre um novo paradigma noapoio à cultura” ao ao lançar o 1º concurso à cultura e à criatividade”. Esta notícia – apesar de serconsideravelmente institucional – demonstra um pouco da vitalidade jornalística, com citações defontes importantes para a credibilidade da notícia (ex.: Almeida Henriques, o edil viseense, aproferir as declarações numa conferência de imprensa) e uma informação mais completa o possívelpara despertar o interesse do leitor, e ainda mais quando está em causa a cultura na região de Viseu.

Avançando um pouco mais à frente no corpo da notícia, Almeida Henriques afirma a seguintecitação ao “Notícias de Viseu”: “Para o Presidente da Câmara, Almeida Henriques, 'este concursoabre um novo paradigma no apoio à cultura em Viseu e é uma inovação no país. Damos maiorenfoque estratégico à política cultural municipal e tornamos a atribuição dos apoios mais acessível etransparente. Estimulamos ainda a lógica do cofinanciamento e das parcerias'”. Esta notícia tem umtratamento relacionado com o estímulo, o contributo e a esperança para com a cultura e a suaimportância para a cidade de Viseu.

Ora, esta notícia poderá ser comparada com aquela que foi analisada no trabalho original cujotítulo era “Município de Viseu lança programa para diversificar formações e modernizar educaçãolocal”. Embora esta notícia não seja uma semelhança direta com a outra notícia (que tem a ver coma cultura local), apresentam-se algumas semelhanças relativas à forma como a notícia foi criada:convite para um evento organizado pelos órgãos de poder local, anúncio ou inauguração de umaobra desenvolvida pela autarquia, a presença do Presidente da Câmara, planos estratégicos daautarquia desenvolvidos para o bem da cidade e dos seus habitantes, etc. Segue-se agora um excertodessa notícia:

“O Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Almeida Henriques, apresentou o programa'Viseu Educa', na reunião pública do Conselho Municipal de Educação, um órgão consultivo e decoordenação das políticas educativas locais. (...) O programa 'Viseu Educa' define três grandes áreasde intervenção: a qualificação de infraestruturas e recursos de apoio; a articulação da ofertaformativa, o apoio às famílias e a modernização da gestão; a diversificação de formações e serviçoseducativos e a promoção do mérito”.

Voltando à notícia da cultura local (e apesar de esta ter o maior destaque), o corpo da notíciacontém referências a uma Rede Portuguesa das Autarquias Participativas, que tem como objetivofomentar a democracia participativa a nível local em Portugal, e a adesão de Viseu a esta rede. Mas,como a cultura é prioridade na notícia, o destaque serve mesmo para o concurso que a autarquiaviseense vai realizar para atribuir apoios financeiros. Num excerto do corpo da notícia, o artigoafirma que serão “prioridades na atribuição de apoios municipais projetos ligados ao patrimóniomaterial e imaterial; à dança, som e teatro de rua; de inclusão social e formação de novos públicos;de criação para importantes eventos municipais como a 'Feira de São Mateus', assim como grandeseventos ou festivais com potencial de impacto nacional ou internacional e atração relevante devisitantes”. Assim sendo, esta notícia dá conta de que os apoios que serão atribuídos no concursoserão canalizados para acontecimentos que eventualmente poderão trazer um enorme impacto nacultura e na sociedade viseenses.

A segunda notícia que será analisada na edição do “Notícias de Viseu” é uma notíciapublicada na página 4, com o título “Autarquia de Sátão entrega cabazes de Natal a famíliascarenciadas”. A notícia – que se constitui como se fosse uma breve – consiste no relato anunciadode um acontecimento que vai acontecer, como o seguinte excerto exemplifica:

“A Câmara Municipal de Sátão vai associar-se ao Banco BPI na entrega de cabazes de Natal afamílias carenciadas do concelho. A iniciativa decorre na Casa da Cultura de Sátão, no dia 17 dedezembro de 2014, às 14h00”. Assim sendo, esta notícia demonstra um sentimento de solidariedade

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com as pessoas que não possuem grandes recursos para se sustentarem. Além disso, esta notíciaainda apresenta as caraterísticas de a sua origem ter sido num convite ou comunicado provenientedo poder local e a presença do Presidente da Câmara local, tal como a anterior notícia analisada.Para além disto tudo, a Câmara de Sátão não se encontra sozinha em ajudar os seus habitantes, umavez que tem um banco, uma instituição financeira para apoiar a autarquia na ação.

Comparada com a notícia do mesmo jornal com o título “Bombeiros Voluntários de Viseu têmnova viatura de comando operacional” (que foi analisada no trabalho original), as diferenças esemelhanças demonstram-se no seguinte: uma grande diferença entre o protagonismo dosbombeiros na noticia do trabalho original e o protagonismo da autarquia na notícia deste presentetrabalho; a solidariedade e a procura pelo bem-comum (a proteção e a segurança na notícia dotrabalho original e a ajuda e entre-ajuda entre as pessoas comuns na notícia deste presente trabalho);a realização feita da cerimónia na notícia do trabalho original e a realização por fazer da iniciativa –segundo o corpo da notícia – no artigo deste presente trabalho; e, finalmente, o suporte à ajuda dequem necessita (os bombeiros, no caso da notícia do trabalho original (com a realização de umacampanha de donativos realizada pela população para suportar a compra da viatura pelosbombeiros), e as pessoas carenciadas, no caso da notícia deste presente trabalho (através da entregade cabazes de Natal)).

No fundo, estas duas notícias representam a solidariedade e o lado de responsabilidade sociale solidária das instituições que mais as pessoas confiam no dia-a-dia a nível local, por um lado osbombeiros e do outro a autarquia local. A notícia da Câmara do Sátão representa também um factoparticular que não queria deixar de lado neste caso: o facto de o ato de solidariedade acontecer numpequeno concelho do distrito de Viseu – como Sátão – representar um reforço ainda maior da forteproximidade que existe entre a população e a Câmara Municipal, um lugar onde as pessoasdemonstram de facto que podem expressar os problemas e assumir todos os seus atos deresponsabilidade para com a localidade onde vivem num concelho pequeno (esta tendência reforça-se ainda mais além quando se fala das juntas de freguesia).

Finalmente, a última notícia analisada neste presente trabalho do “Notícias de Viseu” seráaquela que está publicada na página 8 com o título “Atletas de Mundão em destaque”,correspondendo esta uma das duas notícias de desporto na edição do jornal. A notícia é um simplesrelato daquilo do que aconteceu no Torneio de Abertura da Associação de Ténis de Mesa do Distritode Viseu. A cobertura poderá ter sido principiada por uma opção da redação do “Notícias de Viseu”em cobrir o evento com base nos convites enviados pela organização do evento. O lead é o seguinte:

“Realizou-se no passado sábado, dia 29 de novembro, no pavilhão da EB 2, 3 de Mundão oTorneio de Abertura da Associação de Ténis de Mesa do Distrito de Viseu. A prova contou commais de 100 atletas nos vários [?] de formação e ainda em seniores femininos”. De seguida, o corpoda notícia faz um relato concreto sobre o que aconteceu no torneio e os resultados dos jogosrealizados naquela competição, com alguma análise crítica no meio. A seguir, dois exemplos paracomprovar esta tese:

“Mais uma vez, os atletas da APEE do AE Mundão alcançaram excelentes resultadosconseguindo vários pódios. No escalão de iniciados masculinos o atleta João Santo conseguiu umexcelente 2º lugar, tendo perdido numa final extremamente equilibrada com o atleta Pedro Ferreirada AV Lamego”; “Na fase de grupos o Miguel Pereira [atleta do Académico de Viseu] vence oRodrigo Mendes [atleta do Mundão], no mapa final o Rodrigo Mendes venceu o Miguel tendo esteido para o mapa dos derrotados encontrando-se de novo os dois na final. Nesta, o Miguel venceu oRodrigo obrigando á [à] disputa de uma finalíssima onde o Rodrigo esteve a vencer por 1-0 e teve o2º set na mão (10-8) tendo-o deixado fugir. O Miguel acabou por vencer por 3-1. Nota menospositiva nesta final de nível nacional é que foi jogada para 10 pessoas”.

Em comparação com a notícia analisada no trabalho original sobre o evento do CaramuloMotorfestival, esta notícia apresenta uma diferença substancial: o facto de a notícia cobrir apenasum torneio competitivo de ténis de mesa. Já a notícia do trabalho original falava sobre um eventomultifacetado de automobilismo com competição e ações de lazer e turismo mas, ao contrário da

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notícia deste presente trabalho, apresentava citações de fontes contactadas pelo jornal. As duasnotícias mostram apenas estas duas diferenças, uma vez que ambas fazem relato dosacontecimentos, apresentam os resultados da competição realizada e fazem alguma (se não pouca)análise crítica sobre a perspetiva de tudo o que terá acontecido.

Para termos um exemplo, eis um excerto da notícia analisada no trabalho original:“Apesar da chuva que se fez sentir no Sábado e Domingo passados, a nona edição do

Caramulo Motorfestival, que decorreu nos dias 5, 6 e 7 de setembro, registou uma grande adesão dopúblico e de pilotos, confirmando, assim, a fidelidade dos aficionados e famílias ao evento” (nestecaso, estamos perante um caso em que o jornal confirma o entusiasmo que já estava a anteciparsobre o eventual sucesso do evento, podendo fazer, assim, parte da análise crítica).

Concluída a análise do “Notícias de Viseu” e tendo em conta a análise do “Jornal do Centro”,foi possível apurar diferenças e outros pontos destacáveis que, entretanto, serão mais desenvolvidosno capítulo seguinte, o da conclusão.

CONCLUSÃO

Antes de avançar para as conclusões propriamente ditas, gostaria de sublinhar que todo otrabalho feito com a análise das notícias e a sua apreciação crítica foi complementado cominformação já adicionada no trabalho original, o que ajudou a permitir um trabalho enriquecido coma necessária recolha de dados e outras informações que foram bastante preciosas para odesenvolvimento deste presente trabalho.

Embora as conclusões sejam geralmente iguais face às conclusões retiradas do trabalhooriginal, existem reparações que foram feitas nos jornais entre o trabalho original e este presentetrabalho. Em primeiro lugar, pode-se perceber que o “Jornal do Centro” continua a apresentar umamplo e diversificado leque de artigos informativos e noticiosos, com várias notícias de produçãoprópria e onde investigação, relato, depoimento e análise são apresentados e, por vezes, combinados(isto para além da presença de uma grande entrevista). No entanto, o jornal também continua apublicar algumas notícias com base em comunicados de imprensa ou outro tipo de documentosregularmente enviados para as redações como forma de comunicação entre as entidades e acomunicação social, como convites.

Em segundo lugar, o “Notícias de Viseu” apresenta notícias geralmente institucionais eformais mas, com uma análise mais precisa da edição analisada neste presente trabalho, já apresentaalgum progresso na produção de notícias próprias onde, para além das notícias da coluna policial eda secção de saúde, inclui – desta vez – reportagens de natureza turística sobre as localidades deMonsaraz e de Ribeiradio/Sejães. A extensão das páginas da edição é significativa, relativamente àextensão das páginas no “Jornal do Centro” (12 páginas do “Notícias de Viseu” vs. 40 páginas do“Jornal do Centro”).

Apesar das dificuldades e dos problemas mencionados no capítulo da revisão da literatura(exs.: fragilidade económico-financeira dos jornais, independência perante os órgãos autárquicos eacesso às fontes de informação), o “Jornal do Centro” e o “Notícias de Viseu” conseguem fazer umtrabalho de pesquisa e de redação que é claramente visto nas páginas de cada uma das suasrespetivas edições (com as devidas opiniões e diferenças). Claramente, isso reflete-se no conteúdodas notícias.

Assim sumariamente, as conclusões que se tiram do trabalho são as seguintes: Diferenças nas caraterísticas que marcam o conteúdo das notícias publicadas nas

edições do “Jornal do Centro” e do “Notícias de Viseu”; Diferenças nas formas de tratamento e interpretação dos protagonistas e dos temas

em causa nas notícias analisadas do “Jornal do Centro” e do “Notícias de Viseu”; Ideias diferentes relativamente à prática da estratégia de agenda-setting de ambos os

jornais (com a análise apresentada no capítulo anterior e com as reflexões tiradas nosparágrafos anteriores);

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Concentração do relato propriamente dito no “Notícias de Viseu” e extensão daatividade jornalística com os campos referenciados no segundo capitulo destecapítulo no “Jornal do Centro”;

Reflexão das notícias nos problemas que a imprensa regional atravessa; e Diferenças substanciais a nível de cobertura noticiosa devido à dimensão, à extensão

das páginas das edições e – possivelmente – à estratégia informativa entre o “Jornaldo Centro” e o “Notícias de Viseu”.

Com todos estes elementos que foram feitos e que são mostrados ao longo deste presentetrabalho, foi possível um bom trabalho com a devida atenção e com o devido cuidado necessários.

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