Trabalho e Medo

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Trabalho e Medo Primeiro devemos diferenciar o medo da angústia, pois o foco do texto é o medo. A angústia representa conflito intrapsíquico, ou seja, a contradição entre dois impulsos diferentes, sendo a angustia algo analisado pela psicanalise, em uma produção individual. Já o medo não é propriamente psicanalítico, já que responde um aspecto concreto da realidade e exige sistemas defensivos específicos, sendo a relação do homem com a realidade e os medos que envolvem esta relação. Considerando que o medo esta presente em todos os tipos de ocupação profissionais, das mais simples as mais complexas. Considerando que o medo envolve a maioria das vezes os riscos a integridade física, considerando todos os riscos ao corpo do individuo, sendo estes os diversos riscos exteriores que existem no ambiente de trabalho. O risco ele pode ser tanto coletivo afetando diversos trabalhadores como mais personalizado. Sendo diferenciado dois tipos principais de risco, o risco real que é aquele totalmente claro e objetivo e o risco suposto, que envolve probabilidades do que pode acontecer, ainda que não tenha um a confirmação plena, sendo um dos grandes geradores de defesa contra o medo nos trabalhadores. “Contra este medo e a impressão dolorosa de que deve ser, bem ou mal, assumida individualmente, os trabalhadores elaboram defesas especificas.” Há diversos sinais diretos do medo, expressos no risco apresentado pelo trabalho à saúde física, caracterizando as

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Trabalho e Medo

Primeiro devemos diferenciar o medo da angústia, pois o foco do texto é o medo. A

angústia representa conflito intrapsíquico, ou seja, a contradição entre dois impulsos

diferentes, sendo a angustia algo analisado pela psicanalise, em uma produção individual. Já o

medo não é propriamente psicanalítico, já que responde um aspecto concreto da realidade e

exige sistemas defensivos específicos, sendo a relação do homem com a realidade e os medos

que envolvem esta relação. Considerando que o medo esta presente em todos os tipos de

ocupação profissionais, das mais simples as mais complexas.

Considerando que o medo envolve a maioria das vezes os riscos a integridade física,

considerando todos os riscos ao corpo do individuo, sendo estes os diversos riscos exteriores

que existem no ambiente de trabalho. O risco ele pode ser tanto coletivo afetando diversos

trabalhadores como mais personalizado. Sendo diferenciado dois tipos principais de risco, o

risco real que é aquele totalmente claro e objetivo e o risco suposto, que envolve

probabilidades do que pode acontecer, ainda que não tenha um a confirmação plena, sendo

um dos grandes geradores de defesa contra o medo nos trabalhadores. “Contra este medo e a

impressão dolorosa de que deve ser, bem ou mal, assumida individualmente, os trabalhadores

elaboram defesas especificas.”

Há diversos sinais diretos do medo, expressos no risco apresentado pelo trabalho à

saúde física, caracterizando as chamadas doenças profissionais. Uma dessas se deve as fontes

claras de perigo para o trabalhador e seu corpo, seja barulho demasiados, risco de queimadura

nas caldeiras, intoxicação por vapores ou outros, tudo aquilo que envolve a relação do corpo

com condições de trabalho. Sendo que tudo em uma empresa remete a probabilidade de algum

acidente, evocando inevitavelmente o medo, fora que muitas vezes a própria indústria ou

empresa em si já tem uma aparência hostil. Sendo o risco ainda que seja real, não pode ser

medido de uma maneira qualificado, só pelo fato dele ele existir já gera o medo. Além de

aspectos da tensão nervosa que pode gerar nos trabalhadores e de como representam o medo

dentro do seu âmbito de trabalho, como se pode ver nas citações a seguir:

“Todo mundo sabe que trabalhamos sobre um barril de pólvora.”

“A fábrica é como um vulcão em cujas encostas nós batalhamos, sem saber em que

momento pode entrar em erupção.”

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“A fábrica é como um animal enorme que a gente, bem ou mal, faz andar, sem saber o

que se passa no interior do seu corpo, e que pode a qualquer momento ficar furioso e destruir

tudo o que está construído à sua volta.”

Dentre os sinais indiretos do medo, existe uma ideologia defensiva de modo a

esconjurar o medo, como no caso de operários da construção civil, que de modo a

conseguirem desempenhar seu serviço devem se expor ao perigo, de modo muitas vezes

temerário, zombando de atitudes covardes ou de novatos, ou qualquer coisa que lhe podem

conjurar a ideia do medo, por isso, até mesmo o uso de equipamento de proteção é descartado.

Na verdade se tratando de uma fachada, dramática em si, que serve para mascarar o medo, de

modo a conseguirem trabalhar direito e poderem produzir adequadamente, o que não seria

possível sem esta estratégia defensiva, indicando o que seria a pseudoconsciência do perigo.

Trata-se muitas vezes de uma estratégia simbólica coletiva, de modo que todos naquela

equipe não devem demonstrar medo, e aquele que o fizer deve ser excluído, para justamente

não lembrar daquilo que querem esquecer.

Outro sinal indireto do medo esta justamente ligado as cadências do trabalho

repetitivo, ou seja, as tarefas submetidas a determinados ritmos de trabalho que podem

conduzir a adoecimentos psiconeuróticos e nervosos dos trabalhadores. Ligado ao medo em

si, será gerada a ansiedade, que terá diversos aspectos, um deles também indica a relação com

o outro dentro do âmbito profissional, especialmente os jogos perversos feito em hierarquias

verticais com os trabalhadores, muitas vezes gerando mal estrar no aspecto social do trabalho.

A ansiedade em si estará ligada com o medo das relações sociais, e o degenerar do

funcionamento mental e o equilíbrio das relações psicoafetivas, também a ansiedade relativa

aos perigos que podem causar prejuízos ou danos orgânico, ou seja, perigos físicos do âmbito

de trabalho, risco de morte, aleijamento ou qualquer risco que cause mal físico ao corpo, e por

fim a chamada ansiedade gerada pela “disciplina da fome”, que se trata de uma questão da

sobrevivência na sociedade atual, por tanto se o individuo não tem um trabalho, não consegue

sobreviver no mundo capitalista, sofrendo da ansiedade que envolve o medo que envolve tal

problemática.