TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de...
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1º COLOCADO NO TEMA II
ESTRUTURA PRODUTIVA FLUMINENSE, ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS, AMBIENTE DE
NEGÓCIOS E FORMALIZAÇÃO
TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS CARIOCAS
MARCELO NÉRI
2RESUMO
Utilizando inicialmente os microdados do Censo 2000 fazemos um zoom
sobre a situação do trabalho nos morros cariocas, em particular nas comunidades de
Cidade de Deus, Jacarezinho, Rocinha, Maré, Complexo do Alemão comparando
com as demais áreas do município do Rio de Janeiro. Optamos por realizar um
contraste deste grupo de regiões administrativas (RAs) com o de RAs de renda mais
alta compostas por Lagoa, Barra da Tijuca, Botafogo, Copacabana e Tijuca. A renda
média do trabalho é cerca de 5,3 vezes maior no grupo das áreas mais ricas. Agora
ao contrário do estereótipo do malandro do morro carioca, a jornada de trabalho
média lá é cinco horas semanais a mais do que no asfalto. O fator fundamental é a
desigualdade de escolaridade: média de 11,9 anos completos de estudo de um
trabalhador nos bairros de luxo contra 6,2 anos nas comunidades de baixa renda.
Como existe retorno crescente de educação, cada ano a mais de escolaridade rende
mais aos ocupados dos bairros de alta renda: 180,5 reais por cada ano de estudo de
um ocupado nos bairros ricos contra 65,9 reais dos pobres. Os resultados confirmam
que os diferenciais controlados de renda per capita de pessoas nas cinco
comunidades de baixa renda analisadas são até 115.8% menores do que na região
administrativa da Lagoa, aquela que apresenta a maior renda. Ou seja, os dados
comprovam a existência de um viés de renda contra o favelado. Um fato que chama
a atenção é que apesar de todas as adversidades enfrentadas pelo trabalhador das
comunidades de baixa renda, a renda do trabalho desempenha lá um papel mais
fundamental: cerca de 81% de todas as fontes de renda nestas áreas advém do
trabalho contra 63% das áreas de renda mais alta. Este resultado é confirmado por
equações mincerianas de renda domiciliar per capita onde a dummy favela explica
cerca de metade dos diferencial explicado por outras variáveis observáveis.
3Posteriormente, fazemos um experimento de diferença em diferença usando os
microdados das PNADs 1996 a 2008 para o município do Rio de Janeiro abertos
neste estudo, separando os aglomerados sub-normais, como aproximação das
favelas e comparando com as demais áreas da cidade. O exercício permite testar e
analisar a evolução recente do viés contra os favelados. O diferencial é maior na
renda total (-0,49) do que na renda do trabalho (-0,4). Ou seja, apesar das agruras
da vida privada das favelas cariocas, a maior carência parece ser a de Estado no
que tange a políticas redistributivas que caracterizam o país nos últimos anos. Por
outro lado, a análise de diferença em diferença demonstra que estes diferenciais
vem caindo ao longo do tempo. A renda de todas as fontes nas favelas vis a vis as
demais áreas tem desempenho qualitativamente similar porém com menor
crescimento relativo do que o do trabalho nos últimos anos. Se a chegada de novos
programas assistenciais como o Bolsa Familia as comunidades de baixa renda da
Cidade do Rio de Janeiro pode explicar parte do resultado. a maior parte da melhora
relativa (e o maior crescimento relativo) das favelas mais uma vez advém da renda
do trabalho.
4Trabalho e Condições de Vida nas Favelas Cariocas
1. Favelas . 2. Metrópoles . 3.Informalidade. 4.Cidades. 5. Rio de Janeiro
1. Introdução
O Rio é um estado voltado mais para fora do que para dentro. Os nomes dos
principais jornais locais, “Jornal do Brasil” e “O Globo”, refletem o interesse
cosmopolita fluminense. O título dos jornais de outros estados faz, em geral,
referência à respectiva unidade da federação. No caso dos pesquisadores do Rio,
ou melhor dos “Tres Rios”, o ato de olhar para o futuro da Região Metropolitana, da
cidade e do Estado, é atípico. O Rio tem vocação para questões nacionais. A
recíproca também é verdadeira. Os olhos do Brasil e do mundo também se voltam
com freqüência para o Rio. Isto desde os tempos em que o Rio era sede da Corte
Portuguesa. A presença da sede da Rede Globo reforça a visibilidade da vitrine
carioca. As imagens do Rio, nem sempre aquelas que causam orgulho local, como
da violência e o desemprego nas favelas cariocas, são transmitidas ao vivo e em
cores para o resto do país.
O Rio é o Estado mais metropolitano da federação, 76% da população
fluminense mora numa metrópole. Não há nenhum estado que chegue perto disso.
No período 1997 a 2003, vivemos no Brasil uma grande crise metropolitana. As
áreas metropolitanas não são as áreas mais pobres, mas foram as localidades onde
a renda caiu mais. São Paulo, o maior município brasileiro, foi entre os mais de 5 mil
municípios do Brasil onde a pobreza aumentou mais entre os censos de 1991 e
2000, o que dá idéia de como tamanho de cidade e sua evolução social se
relacionaram na década de 1990. Tem sido patente a incapacidade do Estado
brasileiro nos seus três níveis em lidar com a crise metropolitana, em particular no
5tema trabalho. De forma que a experiência das grandes favelas cariocas quer pelo
problema mais substantivo local, quer pelo seu simbolismo nacional, permite-nos
olhar a partir de um dos epicentros da crise metropolitana pregressa tirar lições
potencialmente valiosas para a crise iniciada em setembro de 2008.
O Censo 2000 aplicado ao Rio pela sua data e abertura geográfica propiciada
por seus dados permitem talvez um dos melhores ângulos para traçar uma fotografia
estatística da chamada crise metropolitana. O presente estudo descreve o nível e a
evolução das condições de trabalho e de vida no Rio de Janeiro dando destaque à
análise das grandes favelas cariocas, tais como Complexo do Alemão, Jacarezinho
e Rocinha bem como de reassentamentos urbanos como os da Cidade de Deus e
Maré. O foco nessas comunidades ilustra talvez o lado mais difícil da crise
metropolitana brasileira, o surgimento e crescimento de uma nova pobreza muito
próxima de áreas de alta riqueza e desassistida pelo Estado. Inovamos ao trabalhar
com microdados da PNAD abertos para aglomerados subnormais como
aproximação das comunidades de baixa renda e as demais comunidades do
município do Rio de Janeiro para oferecer uma visão mais recente da saída desta
situação de decadência das grandes cidades brasileiras até 2008. Estes dados
permitem situar a composição de renda do município do Rio frente as demais
capitais e as periferias das grandes metrópoles brasileiras.
O plano do trabalho é o seguinte: As três seções iniciais analisam a partir do
Censo Demográfico a situação de trabalho e moradia das seis maiores favelas e
reassentamentos cariocas. A seção 2 analisa alguns aspectos não trabalhistas das
condições de vida nas grandes favelas cariocas. As seções três e quatro estuda as
condições de trabalho e o diferencial de renda entre as áreas cariocas. As seções
cinco e seis detalham a partir dos microdados da PNAD os diferenciais de renda do
6trabalho e total entre aglomerados sub-normais e as demais áreas cariocas. detalha
a comunidade da Rocinha, analisamos rapidamente as principais características
sócio-demográficas e as atividades empresariais lá exercidas. A seção sete busca
contextualizar as análises através de uma retrospectiva da crise social recente nas
grandes metrópoles brasileiras vis à vis a adoção de novas políticas sociais. As
principais conclusões são deixadas para a última seção.
2. Cidade de Deus: O Reassentamento
Cidade de Deus, o filme brasileiro com maior número de indicações da
história do Oscar, tem como cenário uma comunidade que protagonizou uma valiosa
experiência sobre efeitos de reassentamentos urbanos a partir da remoção de
favelas. O relativamente longo período da existência da comunidade, cuja criação
remonta a 1966, na cidade do Rio de Janeiro, permite extrair lições úteis para o
desenho de um menu de políticas alternativas de provisão de infra-estrutura pública
em áreas desfavorecidas — sem a remoção de famílias para outras áreas, como
preconiza o programa Favela-Bairro, em execução na cidade — ou de regularização
fundiária, em pauta no debate político, função da crise metropolitana brasileira em
curso. Mais metropolitano e favelizado estado da federação, o Rio de Janeiro é um
privilegiado laboratório de políticas habitacionais.
A realocação de comunidades marginalizadas é um exercício complexo de
economia política que pode ser enxergado a partir de diferentes perspectivas dos
diversos tipos de atores envolvidos no processo. Em primeiro lugar, a dos antigos
vizinhos da favela, no coração da Zona Sul carioca, que perceberam um ganho de
capital derivado da valorização imobiliária. Em segundo, as perspectivas do setor
público, aí incluindo aspectos políticos e financeiros imediatos e futuros, como
7custos de remoção ou mudanças prospectivas na arrecadação de impostos, como o
Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Por último, e mais importante na
perspectiva da pobreza, a ótica dos reassentados, que se confunde com a narrativa
perseguida no filme.
É a partir dessa última perspectiva que iremos analisar as condições de
habitação, trabalho e vida dos moradores da Cidade de Deus. Em particular, até que
ponto a comunidade compartilha os mesmos problemas sociais de outras favelas de
grande porte da cidade do Rio de Janeiro, como Rocinha, Complexo do Alemão,
Jacarezinho e Maré11. Essas comunidades constituem cinco das 32 regiões
administrativas cariocas e podem ser analisadas em detalhe a partir do Censo 2000
do IBGE2. A comparação desses retratos sociais fornece impressões iniciais sobre
possíveis implicações dos reassentamentos.
Comecemos por alguns indicadores ligados à habitação, relacionados à
própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio
(82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades (73,2%) e mesmo de
outras do Estado do Rio de Janeiro. O volume de financiamento habitacional (6,9%)
é bem superior ao das quatro comunidades (1,5% da média), o que legitima a idéia
de que acesso a crédito e maior formalidade dos direitos de propriedade fundiária
caminha de mãos dadas. O acesso das famílias a bens duráveis de alto valor, mais
sujeito a restrições de crédito, é maior na Cidade de Deus que nas demais
comunidades — máquinas de lavar (55,4% contra 38,3%), automóveis (19,3% contra
12,8%), televisores (99,1% contra 97, 4%) e gravadores de videocassete (61%
contra 53,6%) —, o que permitiu à quase-totalidade de seus habitantes assistirem à
1 Apesar de não ser considerada favela — tecnicamente falando, por ser objeto de planejamento urbano —, os habitantes da Maré a tratam pelo nome de favela.
8cerimônia do Oscar e permitirá a mais da metade deles assistir ao filme no conforto
de seus lares23.
Além de financiamento habitacional e títulos de propriedade, um sinal da
presença do Estado na vida dos moradores da Cidade de Deus é o acesso a alguns
serviços públicos. A comparação, no entanto, revela números próximos aos das
outras comunidades analisadas: rede geral de água (98,2% contra 97,7%),
canalização no domicílio (98,3% contra 96.2%) e iluminação (99,1% contra 99,4%).
O lixo coletado é o único item a apresentar maior discrepância favorável à
comunidade: (79,1% contra 52,4% das outras quatro comunidades).
Como vimos na tabela da seção anterior, das cinco comunidades analisadas,
a da Cidade de Deus tem a maior renda média do trabalho: R$439 contra R$396 da
média das outras quatro, embora a jornada de trabalho fique em nível idêntico: 45,8
horas semanais. O diferencial salarial pode ser explicado pela maior escolaridade
média dos ocupados (7,2 anos completos de estudo), também a mais alta entre as
quatro comunidades analisadas (6,1 anos). Como a taxa histórica brasileira demora
cerca de uma década para que escolaridade média suba um ano, a Cidade de Deus
está cerca de uma década à frente da das demais favelas, mas 10 anos atrás da
totalidade do estado. No item taxa de desemprego, os 22,3% registrados pela
comunidade representam o recorde entre as grandes favelas cariocas (média de
19,1%) e de todas 32 regiões administrativas da cidade ou dos 92 municípios do
estado. A alta taxa de desemprego não resulta de maior atividade econômica, de
vez que a Cidade de Deus tem a menor taxa de participação no mercado de trabalho
entre as favelas consideradas (67,9% contra 70,2% da média). A diferença
2 Dos habitantes da Cidade de Deus, 24,2% têm renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo, índice idêntico à média das demais comunidades de baixa renda analisadas. Consistentemente com as imagens do filme, a Cidade de Deus é a região administrativa carioca com maior presença de pessoas que se consideram negros ou pardos (62%), mas — diferentemente do nome — é a terceira em proporção de pessoas sem religião.
9fundamental na renda percebida no grupo de comunidades é a maior participação
de transferências pelo estado, que é mais importante na Cidade de Deus (25,3%
contra 19,4%). As condições de moradia da comunidade estão mais próximas das
observadas nas grandes favelas cariocas do que no resto da cidade. No entanto, a
carência de Estado aparece um pouco menos ali do que nas demais favelas.
Obviamente, simples comparações de retratos de comunidades diversas
tiradas num dado ponto do tempo não são capazes de determinar relações de
causalidade entre reassentamentos e condições de moradia e de trabalho dos
envolvidos. Para isso, era preciso ter uma seqüência de fotografias, de modo a
permitir comparar as mesmas pessoas antes e depois da mudança3, ou
preferivelmente um filme que acompanhasse a história de vida dessas pessoas4.
3 A programa Favela Bairro, recentemente empreendida pelo Instituto Pereira Passos é um excelente exemplo deste tipo de metodologia. 4 Janice Perlman realiza agora nova pesquisa de campo, entrevistando novamente moradores (e seus familiares) de algumas favelas cariocas, o que faz há cerca de 35 anos. Entre eles, ex-moradores da favela da Catacumba, removida da Lagoa Rodrigo de Freitas para a Cidade de Deus. Há cerca de um ano encontrei Janice no aeroporto de uma cidade do Nordeste, onde estava em busca de ex-moradores que tinham regressado à terra natal.
Transferências
Água rede geral
Canalização domicílio
Iluminação elétrica
Lixo coletado
% da Renda Não Trabalho
Cidade de Deus 98.2% 98.3% 99.1% 79.1% 25.3%
Média das demais 4 favelas 97.7% 96.2% 99.4% 52.4% 19.4%
Maré 99.5% 97.5% 99.6% 85.0% 17.9%
Rocinha 95.3% 96.4% 98.3% 10.7% 18.0%
Complexo do Alemão 97.6% 92.9% 99.9% 48.8% 18.2%
Jacarezinho 98.5% 97.9% 99.7% 64.8% 23.5%
UF (Rio de Janeiro) 81.8% 92.9% 98.9% 83.0% 31.9%
Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE.
Acesso a Serviços Públicos
Serviços e Transferências Públicas
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3. O Trabalho nos Morros Cariocas
Os dois temas mais presentes em pesquisas de opinião feitas nos últimos
anos sobre os principais problemas brasileiros são acima de tudo metropolitanos:
desemprego e violência, invariavelmente. Neste processo, a violência carioca tem
figurado nas páginas policiais nacionais, em especial a das grandes favelas como
Complexo do Alemão, Maré, e Rocinha. Em que medida a atual onda de violência
nos morros cariocas é acompanhada por um mau desempenho trabalhista?
O Censo 2000 permite analisar o desempenho trabalhista nas principais
favelas cariocas. Note que em função de diferenças metodológicas, estes dados não
são comparáveis àqueles de outras bases de dados como a Pnad, a PME e mesmo
do Censo 1991, inviabilizando análises temporais. Trabalhamos aqui com as três
favelas citadas acima, mais Cidade de Deus e Jacarezinho que constituem 5 das 32
regiões administrativas (RAs) cariocas. Optamos por realizar um contraste deste
grupo de RAs com o de RAs de renda mais alta compostas por Lagoa, Barra da
Tijuca, Botafogo, Copacabana e Tijuca. Utilizamos aqui o banco de dados do Mapa
do Fim da Fome II para fazer um zoom sobre a situação do trabalho nos morros
cariocas.
Financiamento Habitacional
Regularização Fundiária
Tem máquina de la
var
Tem automóvel
Tem televisãoTem videoc
asseteDomicílio próprio
pagandoTerreno próprio
Cidade de Deus 55.4% 19.3% 99.1% 61.0% 6.9% 82.8%
Média das demais 4 favelas 38.3% 11.9% 97.4% 53.6% 1.5% 73.1%
Maré 38.0% 14.3% 97.1% 49.6% 4.2% 67.3%
Rocinha 35.6% 8.9% 96.9% 54.1% 0.4% 71.7%
Complexo do Alemão 38.3% 15.2% 97.6% 53.9% 0.8% 82.6%
Jacarezinho 41.2% 9.0% 98.0% 56.7% 0.7% 71.0%
UF (Rio de Janeiro) 52.1% 34.2% 97.4% 57.6% 5.7% 70.6%
Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE.
Acesso a Bens Duráveis
Duráveis e Moradia
11 A renda média do trabalho é cerca de 5,3 vezes maior no grupo das áreas
mais ricas. Agora ao contrário do estereótipo do malandro do morro carioca, a
jornada de trabalho média lá é cinco horas semanais a mais do que no asfalto. O
resultado destes dois vieses torna os diferenciais de salário-hora superiores aos
observados na renda mensal: 11,8 reais-hora contra 1,99 reais-hora. Um fator é a
diferença de cerca de onze anos de idade média entre os dois universos analisados,
os jovens têm menos experiência - o que prejudica os salários e mais predisposição
a trabalhar mais horas. Outro é a diferença na taxa de informalidade que libera os
mercados do piso de salário e do teto de horas impostos pela legislação trabalhista
explicando parte dos contrastes. A taxa de cobertura previdenciária entre os
ocupados que moram nos bairros de alta renda é de 74,5% contra 68,9% das
comunidades de baixa renda. Informalidade trabalhista e fundiária parecem
caminhar lado a lado. Já as taxas de participação não são muito diferentes nas
áreas observadas. Cerca de 70% das pessoas em idade ativa em ambas as áreas
estão economicamente ativas, isto é trabalhando ou procurando trabalho. A taxa de
desemprego representa relevante diferencial entre morro e asfalto: 9,9% nos bairros
de alta renda contra 19,1% nas favelas em questão, resultado qualitativamente
consistente ao de uma série de pesquisas de campo nos morros cariocas pela
Ence/IBGE contratada pela Secretaria Municipal do trabalho. O excesso de oferta de
mão de obra gera uma pressão para baixo no rendimento do trabalho local.
Obviamente, as taxas de participação, informalidade e desemprego tanto quanto as
taxas de salários são variáveis endógenas, mesmo no curto prazo.
O fator fundamental é a desigualdade de escolaridade: média de 11,9 anos
completos de estudo de um trabalhador nos bairros de luxo contra 6,2 anos nas
comunidades de baixa renda. Como existe retorno crescente de educação, cada ano
12 a mais de escolaridade rende mais aos ocupados dos bairros de alta renda: 180,5
reais por cada ano de estudo de um ocupado nos bairros ricos contra 65,9 reais dos
pobres.
Os vieses observados na renda, jornada e retorno do estudo das pessoas em
favelas pode ser sintetizada através do diferencial de salário-hora por ano de estudo
de cerca de 307% entre os dois grupos de localidades. Um fato que chama a
atenção é que, apesar de todas as adversidades enfrentadas pelo trabalhador das
comunidades de baixa renda, a renda do trabalho desempenha lá um papel mais
fundamental: 81% de todas as fontes de renda nestas áreas advêm do trabalho
contra 63% das áreas de renda mais alta. Apesar das agruras da vida privada das
favelas cariocas, a maior carência parece ser a de estado.
MAPA TRABALHISTASubdistritos do Rio de JaneiroPopulação Ocupada
Subdistrito Renda emReais
Mensais
Jornadaem HorasSemanais
Salário-Hora
Educaçãodos
Ocupados
Salário porAno deEscola
Grandes Favelas Cariocas 405 46.0 1.99 6.2 65.9Rio de Janeiro Jacarezinho 368 46.0 1.81 6.6 55.6
Maré 395 46.6 1.91 6.0 65.3
Complexo do Alemão 396 45.0 1.99 6.1 65.2
Rocinha 434 45.8 2.14 5.7 76.4
Cidade de Deus 440 45.8 2.17 7.2 60.8
Bairros de Renda Alta Cariocas 2145 40.8 11.82 11.9 180.5Lagoa 2766 41.2 15.18 12.3 224.7
Barra da Tijuca 2664 42.3 14.21 11.2 238.5
Botafogo 1913 40.3 10.73 12.3 155.4
Copacabana 1761 40.7 9.77 11.8 149.1
Tijuca 1631 40.0 9.22 11.8 137.7
Estado do Rio de Janeiro 736 43.4 3.83 8.2 89.3 Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo Demográfico de 2000/IBGE,
13
Equação de Renda: Há um viés contra o favelado?
É importante precisar se apenas atributos pessoais como gênero, raça, idade,
escolaridade, etc. explicam a totalidade dos diferenciais de renda, ou se existe
discriminação contra o favelado, no sentido de que pessoas com atributos
observáveis similares têm acesso a oportunidades de trabalho e de renda diferentes.
Uma forma de fazer isso é comparar a renda familiar per capita de todas as fontes
de moradores das favelas com os moradores de outras regiões com os mesmos
atributos observáveis (sexo, raça, e polinômios de idade e escolaridade). Os
resultados confirmam que os diferenciais controlados de renda per capita de
pessoas nas cinco comunidades de baixa renda analisadas são até 115.8%
menores do que na região administrativa da Lagoa, aquela que apresenta a maior
renda. Ou seja, os dados comprovam a existência de um viés de renda contra o
favelado.
MAPA TRABALHISTASubdistritos do Rio de JaneiroPopulação Ocupada
Subdistrito% da
Renda doTrabalho
Taxa deDesemprego
Taxa deParticipação
IdadeTx de
Formalidade
Grandes Favelas Cariocas 80.6 19.1 70.1 27.3 68.92Rio de Janeiro Jacarezinho 76.5 21.5 69.4 29.1 67.77
Maré 82.1 18.2 70.6 27.0 67.77
Complexo do Alemão 81.9 19.5 68.5 27.2 65.77
Rocinha 82.0 17.2 72.5 26.0 73.60
Cidade de Deus 74.7 22.3 67.9 29.0 71.34
Bairros de Renda Alta Cariocas 62.9 9.9 71.2 38.3 74.53Lagoa 63.0 8.7 71.6 38.8 75.20
Barra da Tijuca 74.8 10.4 71.0 31.9 70.42
Botafogo 63.1 9.2 72.7 39.5 76.48
Copacabana 50.8 10.3 70.4 43.0 72.94
Tijuca 61.0 11.4 69.5 38.8 76.75
Estado do Rio de Janeiro 68.1 17.1 66.7 31.0 64.5 Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo Demográfico de 2000/IBGE,
14 Diferenciais de Renda Familiar Per Capita (base Jacarezinho)
População entre 15 e 65 anos de idade
Estimativas Estimativas Não Controladas Controladas**
Complexo do Alemão -1.74% 3.39% Jacarezinho 0.00% B 0.00% B
Maré 7.88% * 12.98% * Santa Cruz 9.69% * 1.72% Guaratiba 10.44% * 5.96% * Cidade de Deus 14.52% * 9.69% * Rocinha 18.31% * 25.11% * Pavuna 26.00% * 11.73% * Bangu 34.76% * 18.14% * Portuária 36.34% * 27.67% * Campo Grande 38.41% * 18.78% * Anchieta 45.15% * 22.63% * Realengo 49.80% * 25.31% * Penha 51.47% * 25.65% * São Cristovão 57.02% * 32.39% * Madureira 61.27% * 28.96% * Inhaúma 64.08% * 31.01% * Ramos 68.55% * 35.64% * Rio Comprido 68.75% * 35.89% * Irajá 76.40% * 37.36% * Ilha de Paquetá 78.78% * 51.89% * Jacarepaguá 82.65% * 46.82% * Santa Teresa 85.54% * 47.54% * Ilha do Governador 96.06% * 53.75% * Méier 101.43% * 50.03% * Centro 113.17% * 66.26% * Vila Isabel 147.78% * 75.43% * Tijuca 155.25% * 78.91% * Barra da Tijuca 172.05% * 103.61% * Botafogo 182.60% * 97.29% * Copacabana 183.49% * 99.32% * Lagoa 205.29% * 115.80% * Fonte: CPS/FGV/IBRE a partir dos microdados do Censo Demográfico 2000.
B: Todos os dados estão em comparação com o Jacarezinho (variável omitida na regressão).
* Estatisticamente significante ao nível de confiança de 95%.
** Controlada pelas variáveis: sexo, cor ou raça, idade, educação, uf e tamanho de cidade.
De maneira geral, os vieses observados na renda, jornada e retorno do
estudo das pessoas em favelas pode ser sintetizada através do diferencial de
salário-hora por ano de estudo de cerca de 307% entre os dois grupos de
localidades. Um fato que chama a atenção é que apesar de todas as adversidades
enfrentadas pelo trabalhador das comunidades de baixa renda, a renda do trabalho
15 desempenha lá um papel mais fundamental: cerca de 81% de todas as fontes de
renda nestas áreas advém do trabalho contra 63% das áreas de renda mais alta.
Agora quando estendemos a análise para a periferia do Grande Rio notamos áreas
onde a renda total e a aquela proveniente de transferências do Estado se situam
ambas a níveis de 20 a 25% menores que as das grandes favelas cariocas5. Ou
seja, apesar das agruras da vida privada das favelas cariocas, e da periferia
fluminense, a maior carência parece ser a de estado.
4. Evolução Recente da Renda os Aglomerados Subnormais Cariocas a partir
das PNADs
Dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar nos
permitem avaliar alguns indicadores de renda e trabalho nas favelas cariocas até
2007. Neste caso note que estamos abrindo a parte de município do Rio de Janeiro
pela PNAD o que não é normalmente aberto nas divulgações do IBGE a não ser no
âmbito do convênio com a Prefeitura do Rio que é o único com este tipo de
convênio. Outro ponto é que neste caso a aproximação para as favelas seria os
setores censitários formados de aglomerados subnormais que são características
atribuídas pelo próprio IBGE aos setores antes de ir para o campo, não sendo
totalmente satisfatória do ponto de vista empírico e diferente das grandes favelas e
reassentamentos urbanos que são áreas que correspondem a Regiões
Administrativas isoladas no Censo 2000. No te diferenças dos questionários do
Censo e da PNAD. Feitas estas ressalvas, conforme podemos observar nos gráficos
abaixo, a taxa de ocupação nos aglomerados subnormais cariocas atinge o nível
5 O exemplo mais marcante é Engenheiro Pedreira, distrito de Japeri, que apresenta o maior déficit per capita de pobreza de todo estado superando inclusive o de áreas com São Francisco de Itabapoana no Norte Fluminense (veja o detalhamento a nível de regiões administrativas cariocas e subdistritos fluminenses. De toda a forma a taxa de pobreza nestes locais é menos da metade a de municípios mais pobres brasileiros como Centro do Guilherme no Maranhão.
16 mais baixo em 2001 com 39,1% assumindo trajetória ascendente a partir de então
atingindo 44,8% em 2006, mas caindo no último ano para 41,2%. Em 2007, a taxa
de ocupação nestas localidades está 3,77 pontos de percentagem inferior ao nível
apresentado nas demais localidades cariocas em 2007. Numa perspectiva de longo
prazo, se olharmos o avanço dos últimos 11 anos, a proporção de ocupados
residentes nas favelas manteve-se praticamente constante (41,7% em 1996 contra
42,36% em 2007).
Taxa de Ocupação - Município do Rio de Janeiro
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Nesse mesmo intervalo de 11 anos, a escolaridade média do carioca ocupado
sobe 1,34 anos de estudo, sendo este avanço relativo pouco maior nas favelas (1,5
contra 1,17 nos demais lugares). Em 2007, a escolaridade média do carioca
ocupado atinge 10,9 anos de estudos (7,5 entre os moradores de favelas).
17 Educação Média dos Ocupados - Município do Rio de Janeiro
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Em termos de evolução da renda do trabalho, os dois grupos apresentaram queda
desde o início das séries. A redução de salário dos cariocas foi de 18,5% no período
entre 1996 e 2007, esta menos sentida nas favelas (cai 15,7% contra de 20,4% dos
outros locais). Ao incluímos outras fontes de renda individuais, observamos trajetória
semelhante, conforme podemos ver no segundo gráfico abaixo.
Renda do Trabalho dos Ocupados - Município do Rio de Janeiro
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
18 Renda dos Ocupados - Município do Rio de Janeiro
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
5. Renda Domiciliar: Decomposição em Diferentes fontes.
A seguir apresentamos a decomposição da renda dos ocupados cariocas em
diferentes fontes. Optamos por analisar aqui a renda domiciliar per capita, ou seja, a
renda socilaizada no interior dos domicílios, já que incluimos fontes diversas
alternativas ao trabalho, tais como transferências públicas de programas sociais e
aposentadorias. Os dados mostram que a renda do trabalho é relativamente mais
importante nas favelas (87,7% contra 83,7% nas demais localidades). Em termos de
transferencias públicas, os programas sociais respondem por 0,52% da renda nas
favelas cariocas (0,59% no resto do Rio), enquanto que a previdência até 1 salário
mínimo contribui com 4,5% (1,06%). Já quando avaliamos a previdência acima de 1
salário mínimo destacamos as demais localidades (16,08% da renda).
19 Decomposição de Renda Domiciliar per Capita Por Fontes de Renda
Nível de Rendimentos Ocupados Município do Rio
Categoria Ano
Renda todas
as fontes
Renda todos os trabalhos
Outras rendas
privadas
Transferências Pública - BF*
Piso Previdencia
- SM*
Previdencia
Pós-piso > SM*
Não especial 2007 1075,7 900,31 14,37 6,3 11,39 143,32
Aglomerado subnormal
2007 358,63 314,67 2,43 1,87 16 23,66
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Decomposição de Renda Domiciliar per Capita Por Fontes de Renda
Participação (%) das Diferentes Fontes Ocupados Município do Rio
Categoria Ano
Renda todas
as fontes
Renda todos os trabalhos
Outras rendas
privadas
Transferências Pública - BF*
Piso Previdencia
- SM*
Previdencia
Pós-piso > SM*
Não especial 2007 100 83,70 1,34 0,59 1,06 13,32
Aglomerado subnormal
2007 100 87,74 0,68 0,52 4,46 6,60
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Equações de Renda: Como anda o viés contra o favelado?
Os dados mais recentes confirmam qanalisados nas duas últimas seções
confirmam que apesar de toda precariedade trabalhista, precariedade ainda maior
se refere a presença do setor público nos aglomerados subnormais. Mas será que
esta diferença tem se mantido, aumentado ou diminuido no período recente?
20 Equação Minceriana
A equação minceriana de salários serve de base a uma vasta literatura empírica de economia do trabalho. O modelo salarial de Jacob Mincer (1974) é o arcabouço utilizado para estimar retornos da educação, entre outras variáveis determinantes do salário. Mincer concebeu uma equação para rendimentos que seria dependente de fatores explicativos associados à escolaridade e à experiência, além de possivelmente outros atributos, como sexo, por exemplo.
Essa equação é a base da economia do trabalho em particular no que tange aos efeitos da
educação. Sua estimação já motivou centenas de estudos, que tentam incorporar diferentes custos educacionais, como impostos, mensalidades, custos de oportunidades, material didático, assim como a incerteza e a expectativa dos agentes presentes nas decisões, o progresso tecnológico, não-linearidades na escolaridade etc. Identificando os custos da educação e os rendimentos do trabalho, viabilizou o cálculo da taxa interna de retorno da educação, que é a taxa de desconto que equaliza o custo e o ganho esperado de se investir em educação -- a taxa de retorno da educação, que deve ser comparada com a taxa de juros de mercado para determinar a quantidade ótima de investimento em capital humano. A equação de Mincer também é usada para analisar a relação entre crescimento e nível de escolaridade de uma sociedade, além dos determinantes da desigualdade.
O modelo econométrico de regressão típico decorrente da equação minceriana é:
ln w = β0 + β1 educ + β2 exp + β3 exp² + γ′ x + є onde
w é o salário recebido pelo indivíduo; educ é a sua escolaridade, geralmente medida por anos de estudo; exp é sua experiência, geralmente aproximada pelo idade do indivíduo; x é um vetor de características observáveis do indivíduo, como raça, gênero, região; e є é um erro estocástico.
Este é um modelo de regressão no formato log-nível, isto é, a variável dependente - o salário - está em formato logaritmo e a variável independente mais relevante - a escolaridade - está em nível. Portanto, o coeficiente β1 mede quanto um ano a mais de escolaridade causa de variação proporcional no salário do indivíduo. Por exemplo, se β1 é estimado em 0,18, isso quer dizer que cada ano a mais de estudo está relacionado, em média, com um aumento de salário de 18%. Matematicamente, tem-se que:
Derivando, encontramos que ( ∂ ln w / ∂ educ ) = β1
Por outro lado, pela regra da cadeia, tem-se que:
(∂ ln w / ∂ educ) = (∂ w / ∂ educ) (1 / w) = (∂ w / ∂ educ) / w)
Logo, β1 = (∂ w / ∂ educ) / w, correspondendo, portanto, à variação percentual do salário decorrente
de cada acréscimo unitário de ano de estudo.
21 Aplicamos exercícios de diferença em diferença a fim de captar o
desempenho relativo das favelas frente às demais localidades do município do Rio
de Janeiro. Analisamos a renda domiciliar per capita carioca em diferentes pontos do
tempo: 1996, 1999, 2001, 2005 e 20086.
Estimador de diferenças-em-diferenças Exemplo de metodologia aplicada a dois períodos distintos
Em economia, muitas pesquisas são feitas analisando os chamados experimentos. Para
analisar um experimento natural sempre é preciso ter um grupo de controle, isto é, um grupo que não foi afetado pela mudança, e um grupo de tratamento, que foi afetado pelo evento, ambos com características semelhantes. Para estudar as diferenças entre os dois grupos são necessários dados de antes e de depois do evento para os dois grupos. Assim, a amostra está dividida em quatro grupos: o grupo de controle de antes da mudança, o grupo de controle de depois da mudança, o grupo de tratamento de antes da mudança e o grupo de tratamento de depois da mudança.
A diferença entre a diferença verificada entre os dois períodos, entre cada um dos grupos é a diferenças-em-diferenças, representada com a seguinte equação:
g3 = (y2,b – y2,a) – (y1,b – y1,a) Onde cada Y representa a média da variável estudada para cada ano e grupo, com o número
subscrito representando o período da amostra (1 para antes da mudança e 2 para depois da mudança) e a letra representando o grupo ao qual o dado pertence (A para o grupo de controle e B para o grupo de tratamento). E g3 é a estimativa a partir da diferenças-em-diferenças. Uma vez obtido o g3, determina-se o impacto do experimento natural sobre a variável que se quer explicar.
Apresentamos abaixo os resultados estimados a partir de uma equação do
log da renda domiciliar per capita total e de todas as fontes aplicadas ao município
do Rio de Janeiro. Além de vários controles sócio-demográficos incluimos entre as
variáveis de tratamento o fato da pessoa estar ou não residindo em uma residência
situada num agregado sub-normal, como aproximação de favela. Outra variável de
interesse é a variável dummy ano que interagindo com a dummy de agregado sub-
normal. Corroborando o que vimos nas seções acima, a renda controlada dos
agregados sub-normal é menor (-0,49), porém ela está menos distante da renda das
outras localidades quando observamos a renda proveniente do trabalho (-0,40). Este
resultado é robusto quando analisamos a renda individual para as pessoas 6 Optamos por excluir da análise os anos 2004 e 2006 para fugirmos do que chamamos de “efeito suplemento”. Melhor explicando, nesses dois anos a parte suplementar do questionário da PNAD se refere a perguntas detalhadas sobre as fontes renda. Acreditando que esta diferença pode influenciar nas respostas das pessoas, o que prejudicaria as comparações temporais, decidimos por não incluí-los na análise.
22 ocupadas em idade ativa, ou seja, sem a hipótese de socialização intra-domiciliar.
A análise de diferença em diferença indica que há um crescimento relativo da renda
do trabalho nos aglomerados subnormais em relação aos demais em particular a
partir de 2005 chegando a 0,14 em 2008 (era 0,06 em 2005). A renda de todas as
fontes tem desempenho qualitativamente similar porém com menor crescimento
relativo nos últimos anos chegada de novos programas assistenciais como o Bolsa
Familia as comunidades de baixa renda da Cidade do Rio de Janeiro mas que
grande parte da melhora e o crescimento relativo das favelas vem da renda do
trabalho. A regressão completa pode ser encontrada no anexo.
Os resultados mostram acúmulo relativo favorável às favelas ao longo dos
anos. Analisando por partes os resultados da regressão, percebemos:
1- Renda da favela inferior às demais localidades (-0,49).
2- Maiores níveis de renda em 1996. Apesar da queda, essa distância foi
diminuindo ao longo do tempo a partir de 2005 quando era 0,14 menor que
a de 1996. Atinge em 2008, a renda inferior em 0,06 quando comparado a
1996.
3 - Há crescimento relativo das favelas ao longo dos anos, captado pelos
sinais positivos das dummies interativas. Estamos em 2008 na melhor situação
relativa (menor distancia entre favelas e o restante) em particular a partir de 2005
chegando a 0,93 em 2008 (era 0,039 em 2005). .
Os efeitos são parecidos quando analisamos a renda do trabalho.
23 Equação renda domiciliar per capita Município do Rio de Janeiro
Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites
de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-
Quadrado
asubnormal Sim -0.4910 0.0228 -0.5358 -0.4463 462.50 <.0001
asubnormal ZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
anoo 1999 -0.1036 0.0128 -0.1287 -0.0785 65.21 <.0001
anoo 2001 -0.1394 0.0129 -0.1647 -0.1141 116.63 <.0001
anoo 2005 -0.1402 0.0130 -0.1657 -0.1147 116.15 <.0001
anoo 2008 -0.0619 0.0132 -0.0877 -0.0361 22.11 <.0001
anoo 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo Sim 1999 0.0844 0.0321 0.0214 0.1473 6.90 0.0086
asubnormal*anoo Sim 2001 0.0129 0.0329 -0.0517 0.0774 0.15 0.6958
asubnormal*anoo Sim 2005 0.0391 0.0334 -0.0263 0.1045 1.37 0.2418
asubnormal*anoo Sim 2008 0.0938 0.0342 0.0268 0.1609 7.53 0.0061
asubnormal*anoo Sim 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 1999 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 2001 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 2005 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 2008 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
Equação renda domiciliar per capita do trabalho Município do Rio de Janeiro
Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites
de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-
Quadrado
asubnormal Sim -0.4043 0.0247 -0.4526 -0.3559 268.80 <.0001
asubnormal ZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
anoo 1999 -0.1372 0.0143 -0.1652 -0.1092 92.34 <.0001
anoo 2001 -0.1804 0.0144 -0.2085 -0.1522 157.83 <.0001
anoo 2005 -0.1828 0.0144 -0.2111 -0.1545 160.18 <.0001
anoo 2008 -0.0778 0.0147 -0.1065 -0.0491 28.18 <.0001
anoo 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo Sim 1999 0.0982 0.0349 0.0299 0.1665 7.94 0.0048
asubnormal*anoo Sim 2001 0.0757 0.0359 0.0053 0.1460 4.44 0.0350
asubnormal*anoo Sim 2005 0.0616 0.0364 -0.0097 0.1329 2.87 0.0905
asubnormal*anoo Sim 2008 0.1443 0.0375 0.0709 0.2178 14.85 0.0001
asubnormal*anoo Sim 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 1999 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 2001 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 2005 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 2008 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE
24 4. Zoom sócio-demográfico na Rocinha
A miséria atinge 19.45% da população fluminense e 14,57% dos cariocas em
2000. Importante destacar que apesar de possuir a menor proporção de pobres, a
cidade do Rio dada a sua população é a que mais contribui para a pobreza total do
Estado (30,35%), isso se deve ao fato de grande parte da população fluminense aí
residir. Dividindo o município em Regiões Administrativas, ela varia desde menos de
4% nas RAs de Botafogo, Copacabana e Lagoa até 29.4% no Complexo do Alemão.
Outras favelas e ressentamentos como Jacarezinho (27,54%), Cidade de Deus
(26,02%), Maré (25.235) e Rocinha (21.89%) se destacam entre as regiões mais
miseráveis do município. Dessa forma, o conjunto das cinco grandes favelas
cariocas se equipara a periferia metropolitana fluminense (25,87% contra 24,73% de
miseráveis), sendo a segunda acompanhada de maior desigualdade, enquanto nas
favelas o índice de gini varia de 0.31 a 0.34, na periferia metropolitana é 0.48.
Nas tabelas do apêndice encontramos o custo da erradicação da miséria no
Estado, município do Rio e em todas as regiões administrativas. Os dados mostram
que seriam necessários na melhor das hipóteses R$ 14,04 em média, por pessoa
mês, para acabar com a pobreza no estado, totalizando um custo de R$ 109 milhões
mensais e R$ 1.3 bi anuais. Analisamos o custo da erradicação da miséria sob
outras duas perspectivas, como por exemplo: cada miserável fluminense deveria
receber, em média R$ 39,24; por outro lado cada não miserável deveria contribuir
com R$ 9,47, para que a miséria fosse totalmente aliviada. No conjunto de favelas, o
recebimento médio por miserável seria R$ 40,67 (R4 1,21 acima da periferia
fluminense), enquanto a contribuição dos que estão acima da linha, R$ 14,17 (R$
0,79 a mais). Os dados permitem a população em nível de localidades enxergarem a
25 sua vizinhança desde uma perspectiva própria. Por exemplo, o déficit social da
Rocinha é de 575 mil reais mensais, o que daria cerca de 3,56 reais mensais por
cada não miserável da região administrativa vizinha da Lagoa (inclui Ipanema e
Leblon), a mais rica da cidade. Portanto, a renda média fluminense (ou mesmo da
Zona Sul Carioca) oculta a riqueza da Bélgica, a miséria da Índia e a violência da
Colômbia.
MAPA DO FIM DA FOME DA POPULAÇÃO TOTALRio de Janeiro - Medidas de Miséria
Transferências Mínimas para Erradicar a Miséria
R$ pessoa R$ total mêsR$ não
miserávelR$ miserável
Brasil 33.15 14.04 2,371,086,203 21.00 42.35UF - Rio de Janeiro 19.45 7.63 109,159,553 9.47 39.24 Periferia Metropolitana 24.73 9.81 48,251,803 13.38 39.46
Município do Rio de Janeiro 14.57 5.89 34,172,061 6.90 40.45
Grandes Favelas Cariocas 25.87 10.47 3,237,898 14.17 40.67 Cidade de Deus 26.02 11.57 439,851 15.64 44.48
Complexo do Alemão 29.40 11.84 769,867 16.77 40.28
Jacarezinho 27.54 9.91 360,977 13.67 35.97
Maré 25.23 9.62 1,091,600 12.87 38.14
Rocinha 21.89 10.22 575,604 13.09 46.70
Fonte: CPS/IBRE/FGV processando os microdados da amostra do Censo Demográfico 2000/IBGE.
% Miseráveis
Detalhamos agora um perfil dos moradores da Rocinha tendo como base os
dados do Censo Demográfico de 2000. Apresentamos na tabela a seguir as
principais características dos moradores de uma das comunidades de baixa renda
mais conhecidas, através dos seguintes atributos sócio-demográficos: gênero, faixa
etária, posição na família, escolaridade, raça, religião, estado civil, natureza da
união. Incluímos também algumas variáveis de natureza econômica como setor de
atividade e contribuição previdenciária.
Realizamos a seguir uma breve análise desta população comparando às
características sócio-demográficas dos cariocas e dos cariocas em situação de
miséria. Identificamos 56307 moradores na Rocinha, destes, 38,49% ocupam a
posição de filhos nos domicílios, e 31,64% são chefes. Quando olhamos os
26 domicílios dos cariocas em situação de miséria vemos que neste caso aqueles que
ocupam a posição de filhos representam 48,12%. Um dado importante é a questão
etária, o maior grupo na Rocinha é daqueles que têm entre 20 e 24 anos (12,12%), o
número de pessoas idosas, é relativamente baixo, ou seja, na Rocinha temos
majoritariamente mais crianças e jovens. Entre os miseráveis o grupo mais
representativo é o das crianças de 0 a 4 anos (15,52%), seguido pelo grupo
daqueles que têm entre 5 a 9 (13,78%) e de 10 a 14 anos (11,45%). Quando
olhamos o total de cariocas (pobres e não pobres), notamos que, diferente da
Rocinha e dos lugares pobres, o grupo etário mais significativo é o dos idosos
(12,76%).
Na Rocinha e no município do Rio como um todo, a maioria das pessoas se
denominou de cor branca, 53,86% e 58,4% respectivamente, já entre os cariocas
miseráveis, a maior parte deles (44,03%) se autodenominaram de cor parda e
39,78% de cor branca.
Um dos quesitos mais importantes a ser analisado é a posição na ocupação,
nos 3 universos em análise a maior parcela da população é composta por inativos:
39,35% entre os miseráveis; 37,26% entre o total dos cariocas, e 28,96% na
Rocinha. Na Rocinha o grupo dos empregados com carteira também é bastante
representativo: 26,93%.
Uma outra variável social de grande importância é o nível de educação, a
maioria dos cariocas (33.34%) tem de 8 a 11 anos de estudo, na Rocinha o grupo
mais numeroso, 31,75%, têm de 4 a 7 anos de estudo; por outro lado, na Rocinha,
aqueles que não têm nenhum grau de instrução representam o segundo grupo mais
relevante. Quando nos voltamos para o grupo dos cariocas miseráveis, a situação
27 muda, a maior parte deles não tem grau de instrução, comprovando a forte ligação
existente entre miséria e baixa educação.
Sendo assim, as variáveis que mais distinguem estes três grupos são a
escolaridade, a faixa etária e a raça. Resumidamente, a Rocinha é composta por
crianças e jovens, que ocupam a posição de filhos no domicílio, a maioria se
denomina de brancos e depois de pardos, por um lado temos um grupo numeroso
que têm um nível de educação relativamente razoável (de 4 a 7 anos ) contrastando
com um grupo também significativo cujo nível de educação é extremamente baixo
(sem instrução ou menos de 1 ano de estudo). Vimos também que a maior parte dos
moradores da Rocinha é inativa e trabalhadores com carteira assinada. Podemos
dizer que a Rocinha apresenta certas características similares ao conjunto do
município e outras que a assemelham às localidades pobres do município.
28 Apresentamos abaixo a tabela completa dos Retratos Sociais da Rocinha e
também detalhamos numa outra tabela esse Retrato detalhado por faixas etárias.
R E T R A T O S O C I A L
U n i v e r s o : M e m b r o s e f e t i v o s n o d o m i c í l i o
M u n i c í p i o d o R i o d e J a n e i r o . R o c i n h aT o t a l M i s e r á v e l T o t a l
N º d e P e s s o a sC o m p o s i ç ã o
V e r t i c a l ( % )N º d e P e s s o a s
C o m p o s i ç ã o
V e r t i c a l ( % )N º d e P e s s o a s
C o m p o s i ç ã o V e r t i c a l
( % )
T o t a l 5 7 9 8 3 6 1 1 0 0 . 0 0 8 4 4 5 8 2 1 0 0 . 0 0 5 6 3 0 7 1 0 0 . 0 0
S e x oM a s c u l i n o 2 7 2 1 0 6 4 4 6 . 9 3 3 8 9 2 9 0 4 6 . 0 9 2 7 7 1 9 4 9 . 2 3
F e m i n i n o 3 0 7 7 2 9 7 5 3 . 0 7 4 5 5 2 9 3 5 3 . 9 1 2 8 5 8 8 5 0 . 7 7
P o s i ç ã o n a F a m í l i aC h e f e 1 9 1 9 5 4 1 3 3 . 1 0 2 3 8 2 5 8 2 8 . 2 1 1 7 8 1 7 3 1 . 6 4
C ô n j u g e 1 1 6 9 1 9 7 2 0 . 1 6 1 2 9 1 1 0 1 5 . 2 9 1 1 1 0 2 1 9 . 7 2
F i l h o ( a ) 2 2 1 2 7 6 4 3 8 . 1 6 4 0 6 4 3 9 4 8 . 1 2 2 1 6 7 2 3 8 . 4 9
P a i , m ã e , s o g r o ( a ) 8 5 9 0 0 1 . 4 8 5 3 6 1 0 . 6 3 3 4 7 0 . 6 2
N e t o ( a ) 1 6 7 6 0 2 2 . 8 9 3 9 0 1 9 4 . 6 2 1 8 0 4 3 . 2 0
I r m ã o , i r m ã 7 9 9 1 8 1 . 3 8 8 1 4 4 0 . 9 6 1 2 7 0 2 . 2 6
O u t r o p a r e n t e 1 2 7 5 8 0 2 . 2 0 1 5 4 3 5 1 . 8 3 1 6 8 9 3 . 0 0
A g r e g a d o 3 5 8 5 9 0 . 6 2 2 8 1 7 0 . 3 3 6 0 8 1 . 0 8
F a i x a e t á r i a0 a 4 4 4 7 0 6 3 7 . 7 1 1 3 1 0 9 8 1 5 . 5 2 6 1 3 8 1 0 . 9 0
5 a 9 4 3 3 3 3 2 7 . 4 7 1 1 6 3 5 9 1 3 . 7 8 5 3 9 9 9 . 5 9
1 0 a 1 4 4 4 1 6 1 3 7 . 6 2 9 6 6 8 6 1 1 . 4 5 4 6 8 0 8 . 3 1
1 5 a 1 9 5 0 1 5 4 6 8 . 6 5 8 4 3 1 6 9 . 9 8 5 4 0 4 9 . 6 0
2 0 a 2 4 5 0 7 4 0 6 8 . 7 5 6 7 6 6 0 8 . 0 1 6 8 2 6 1 2 . 1 2
2 5 a 2 9 4 6 3 7 9 8 8 . 0 0 5 9 9 2 6 7 . 1 0 6 0 4 8 1 0 . 7 4
3 0 a 3 4 4 3 9 1 2 1 7 . 5 7 5 9 7 6 1 7 . 0 8 5 3 4 3 9 . 4 9
3 5 a 3 9 4 5 4 4 2 6 7 . 8 4 5 9 0 4 6 6 . 9 9 4 4 9 9 7 . 9 9
4 0 a 4 4 4 3 1 4 4 2 7 . 4 4 4 8 2 7 1 5 . 7 2 3 6 1 7 6 . 4 2
4 5 a 4 9 3 8 0 7 9 0 6 . 5 7 3 4 2 3 9 4 . 0 5 2 6 9 8 4 . 7 9
5 0 a 5 4 3 1 5 8 5 9 5 . 4 5 2 4 2 2 6 2 . 8 7 1 9 9 6 3 . 5 4
5 5 a 5 9 2 4 2 0 6 9 4 . 1 7 1 7 3 0 3 2 . 0 5 1 1 6 4 2 . 0 7
6 0 o u m a i s 7 3 9 8 9 6 1 2 . 7 6 4 5 6 9 0 5 . 4 1 2 4 9 5 4 . 4 3
C o r o u r a ç aB r a n c a 3 4 0 0 2 9 8 5 8 . 6 4 3 3 6 0 0 2 3 9 . 7 8 3 0 3 2 6 5 3 . 8 6
P r e t a 5 4 1 9 9 6 9 . 3 5 1 2 3 5 7 7 1 4 . 6 3 4 8 8 8 8 . 6 8
A m a r e l a 1 2 9 1 6 0 . 2 2 1 7 6 0 0 . 2 1 0 0 . 0 0
P a r d a 1 7 8 5 6 8 0 3 0 . 8 0 3 7 1 8 7 4 4 4 . 0 3 2 0 5 0 1 3 6 . 4 1
I n d í g e n a 1 5 3 4 5 0 . 2 6 2 4 7 7 0 . 2 9 4 0 0 . 0 7
O u t r a s 4 2 1 2 7 0 . 7 3 8 8 9 2 1 . 0 5 5 5 3 0 . 9 8
R e l i g i ã oS e m r e l i g i ã o 7 7 1 8 0 6 1 3 . 3 1 1 7 4 9 4 3 2 0 . 7 1 7 6 0 8 1 3 . 5 1
C a t ó l i c a 3 5 4 6 7 6 7 6 1 . 1 7 4 3 5 3 4 8 5 1 . 5 5 3 8 9 2 5 6 9 . 1 3
E v a n g é l i c a 1 0 6 7 7 2 2 1 8 . 4 1 2 0 1 4 3 1 2 3 . 8 5 8 4 4 6 1 5 . 0 0
E s p i r i t u a l i s t a 2 0 3 2 8 4 3 . 5 1 8 2 0 4 0 . 9 7 2 4 0 0 . 4 3
A f r o - b r a s i l e i r a 1 0 1 9 4 7 1 . 7 6 1 1 9 5 7 1 . 4 2 3 4 5 0 . 6 1
O r i e n t a i s 5 6 9 1 7 0 . 9 8 2 5 4 5 0 . 3 0 1 8 1 0 . 3 2
O u t r a s 4 9 9 1 8 0 . 8 6 1 0 1 5 6 1 . 2 0 5 6 2 1 . 0 0
A n o s d e E s t u d oS e m i n s t r u ç ã o o u m e n o s 9 4 5 4 1 6 1 6 . 3 0 2 6 6 9 3 8 3 1 . 6 1 1 5 2 4 5 2 7 . 0 7
1 a 3 6 6 1 1 0 0 1 1 . 4 0 1 5 5 1 9 5 1 8 . 3 8 1 1 1 4 7 1 9 . 8 0
4 a 7 1 4 0 5 5 1 5 2 4 . 2 4 2 4 8 0 0 5 2 9 . 3 6 1 7 8 7 5 3 1 . 7 5
8 a 1 1 1 9 3 3 3 8 3 3 3 . 3 4 1 5 8 2 7 6 1 8 . 7 4 1 0 3 9 1 1 8 . 4 5
1 2 o u m a i s 8 3 3 3 9 5 1 4 . 3 7 1 3 0 5 2 1 . 5 5 1 2 2 4 2 . 1 7
i g n o r a d o 1 9 5 5 1 0 . 3 4 3 1 1 8 0 . 3 7 4 2 6 0 . 7 6
N a t u r e z a d a ú l t i m a C a s a m e n t o c i v i l e 1 4 4 7 7 1 5 2 4 . 9 7 9 2 1 6 7 1 0 . 9 1 5 6 2 1 9 . 9 8
S ó c a s a m e n t o c i v i l 6 4 0 3 9 9 1 1 . 0 4 7 4 1 4 1 8 . 7 8 5 9 0 1 1 0 . 4 8
S ó c a s a m e n t o r e l i g i o s o 3 4 5 0 0 0 . 5 9 4 1 9 9 0 . 5 0 8 4 0 1 . 4 9
U n i ã o c o n s e n s u a l 1 0 9 2 0 9 7 1 8 . 8 3 1 9 6 2 8 0 2 3 . 2 4 1 7 0 7 2 3 0 . 3 2
N u n c a v i v e u 1 7 0 3 2 5 5 2 9 . 3 7 2 3 0 3 3 9 2 7 . 2 7 1 5 3 3 6 2 7 . 2 4
I g n o r a d o 8 8 0 3 9 6 1 5 . 1 8 2 4 7 4 5 7 2 9 . 3 0 1 1 5 3 7 2 0 . 4 9
E s t a d o C i v i lC a s a d o ( a ) 1 7 7 0 4 4 5 3 0 . 5 3 1 5 2 8 9 8 1 8 . 1 0 1 1 7 4 1 2 0 . 8 5
D e s q u i d a d o ( a ) 1 3 2 1 0 0 2 . 2 8 1 0 9 0 2 1 . 2 9 6 1 2 1 . 0 9
D i v o r c i a d o ( a ) 1 4 9 0 7 7 2 . 5 7 9 3 0 3 1 . 1 0 4 9 4 0 . 8 8
V i ú v o ( a ) 3 2 9 6 2 8 5 . 6 8 2 4 4 9 9 2 . 9 0 1 4 7 5 2 . 6 2
S o l t e i r o ( a ) 2 5 3 6 7 1 6 4 3 . 7 5 3 9 9 5 2 4 4 7 . 3 0 3 0 4 4 8 5 4 . 0 7
I g n o r a d o 8 8 0 3 9 6 1 5 . 1 8 2 4 7 4 5 7 2 9 . 3 0 1 1 5 3 7 2 0 . 4 9
P o s i ç ã o n a O c u p a ç ã oD e s e m p r e g a d o 4 4 1 4 4 2 7 . 6 1 1 3 6 5 2 2 1 6 . 1 6 4 9 2 1 8 . 7 4
I n a t i v o 2 1 6 0 4 3 3 3 7 . 2 6 3 3 2 3 6 0 3 9 . 3 5 1 6 3 0 4 2 8 . 9 6
F u n c i o n á r i o P ú b l i c o 1 6 7 5 4 3 2 . 8 9 1 8 0 5 0 . 2 1 3 2 2 0 . 5 7
E m p r e g a d o c o m c a r t e i r a 1 1 1 4 6 8 2 1 9 . 2 2 5 1 6 6 0 6 . 1 2 1 5 1 6 4 2 6 . 9 3
E m p r e g a d o s e m c a r t e i r a 4 3 5 1 9 2 7 . 5 1 4 2 5 9 7 5 . 0 4 4 4 5 6 7 . 9 1
C o n t a - p r ó p r i a 4 9 7 6 2 0 8 . 5 8 3 0 2 1 1 3 . 5 8 3 4 1 6 6 . 0 7
E m p r e g a d o r 8 8 3 2 0 1 . 5 2 2 7 2 0 . 0 3 1 3 4 0 . 2 4
N ã o - r e m u n e r a d o 1 1 2 4 7 0 . 1 9 1 3 3 6 0 . 1 6 2 3 0 . 0 4
P r ó p r i o c o n s u m o 1 4 8 6 0 . 0 3 3 6 2 0 . 0 4 3 1 0 . 0 6
I g n o r a d o 8 8 0 3 9 6 1 5 . 1 8 2 4 7 4 5 7 2 9 . 3 0 1 1 5 3 7 2 0 . 4 9
C o n t r i b u i a p a r a C o n t r i b u i 1 6 0 6 5 4 8 2 7 . 7 1 6 0 9 3 7 7 . 2 2 1 7 0 9 6 3 0 . 3 6
N ã o C o n t r i b u i 7 0 9 5 4 4 1 2 . 2 4 6 7 3 0 6 7 . 9 7 6 4 5 0 1 1 . 4 6
I g n o r a d o 8 8 0 3 9 6 1 5 . 1 8 2 4 7 4 5 7 2 9 . 3 0 1 1 5 3 7 2 0 . 4 9
F o n t e : C P S / F G V p r o c e s s a n d o o s m i c r o d a d o s d o C e n s o D e m o g r á f i c o 2 0 0 0 / I B G E
29 5. Os Empresários da Rocinha
O principal objetivo desta seção do trabalho é subsidiar a aplicação de
políticas locais de incremento das atividades micro-empresariais nas áreas de baixa
renda. Em particular, empreendemos um estudo de caso dos micro-empresários da
favela Rocinha. Mais forte do que a escassez nas favelas de recursos privados, seja
de capital físico, humano ou social, é a escassez de serviços e políticas públicas.
Neste sentido o universo aqui analisado constitui num laboratório privilegiado acerca
dos constrangimentos e carências que devem ser combatidos através da ação
pública e de suas possíveis interações com ações privadas.
a. Perfil dos micro-empresários da Rocinha
Segundo a tabela 1 abaixo, podemos verificar que os micro-empresários da
Rocinha geralmente pertencem mais ao sexo masculino (existem 8,2% mais homens
do que mulheres), são casados ou apresentam união livre (65.4%) e apresentam
faixa etária de 26 a 50 anos, visto que 70,23% da população concentram-se nesta
faixa de idade. Esta participação dos indivíduos em prime-age é bastante similar às
encontradas segundo a PNAD. De acordo com esta última pesquisa, 69.31% dos
contas-próprias e 68.71% dos empregadores de empresas com até cinco
empregados se situavam nesta faixa etária.
30 DADOS GERAISPopulação (%)
Sexo Masculino 54.10
Feminino 45.90
Idade 15 Anos ou Menos 0.60
16 a 20 Anos 4.71
21 a 25 Anos 6.21
26 a 30 Anos 12.22
31 a 35 Anos 15.03
36 a 40 Anos 18.24
41 a 45 Anos 12.32
46 a 50 Anos 12.42
51 a 55 Anos 8.12
56 a 60 Anos 4.61
61 a 65 Anos 3.51
66 a 70 Anos 1.10
Mais de 70 Anos 0.90
Estado CivilSolteiro 23.50
Casado/União Livre 65.40
Separado/Divorciado 7.80
Viúvo 3.30
Fonte : Rocinha
De acordo com a tabela 2 abaixo, nota-se que entre os micro-empresários da
Rocinha predomina a baixa escolaridade, pois o analfabetismo abrange 11,81% da
população e 66,56% da população era alfabetizado, mas possuía apenas o 10 grau
(completo ou incompleto). De acordo com a PNAD de 1996 existia entre os contas-
próprias cariocas 6,34% de analfabetos e 51.53% de alfabetizados com até o 10 grau
completo. Estas mesmas estatísticas sobem respectivamente para 2.41% e 49.17%
entre empregadores com até cinco empregados.
O baixo nível de educação dos micro-empresários da Rocinha pode ser
também captado pela baixa participação relativa daqueles com 20 grau completo:
8.9% entre os micro-empresários da Rocinha contra 12.66% e 24.89% com superior
incompleto entre os contas-próprias e empregadores com até cinco empregados
cariocas. A escassez de capital humano entre os micro-empresários da Rocinha
31 pode se apresentar como um importante redutor da taxa de retorno dos outros
tipos de capital utilizados pelos micro-empresários.
Os micro-empresários da Rocinha normalmente possuem imóvel próprio
(82,68%). Embora a pesquisa não apresente a participação de direitos formais de
propriedade que poderiam facilitar o uso do imóvel como colateral de empréstimos.
Apenas 14.21% habitam imóveis alugados.
Quanto à ocupação dos micro-empresários da Rocinha, eles geralmente são
biscateiros ou dedicam-se à produção doméstica (33,4%), são micro ou pequeno
proprietário (43,8%), ou ainda são autônomos, do tipo, chofer, caminhoneiro,
pedreiro, corretor, técnico, professor particular (14,63%), conforme a tabela 2.
A variável econômica síntese da pesquisa talvez seja a renda familiar desses
micro-empresários. Nota-se que a renda mensal familiar concentra-se na faixa de
200 a 800 reais, visto que enquanto 45,81% dos micro-empresários da Rocinha se
inserem nesta faixa, somente 15,57% dos micro-empresários recebe de 1000 a 1500
reais como renda mensal familiar e apenas 17,56% ganha mais de 1.500 reais. (vide
tabela 2)
Quanto às características de fecundidade: 80,10% dos micro-empresários da
Rocinha têm filhos: 78,35% têm até 3 filhos e 87,7% dos seus domicílios são
constituídos por até 5 pessoas.
Em resumo, os atributos pessoais predominantes entre os micro-empresários
da Rocinha são os seguintes:
(i) 54.1% são homens;
(ii) 70.23% encontram-se na faixa de idade de 26 a 50 anos;
(iii) 65.4% são casados/união livre;
(iv) 80.1% têm filhos;
32 (v) 82.68% moram em imóvel próprio;
(vi) 78.37% possuem apenas até o primeiro grau completo;
(vii) 66.87% pertencem à faixa de renda familiar até 1.000 reais;
(viii) 33,4% são biscateiros ou dedicam-se à produção doméstica, 43,8% são micro
ou pequeno proprietários, 14,63% são autônomos do tipo, chofer, caminhoneiro,
pedreiro, corretor, técnico, professor particular.
33 DADOS PESSOAIS E FAMILIARES
População (% )Nível Escolar
Analfabeto 11.81
1º Grau Completo 53.75
1º Grau Incompleto 12.81
2º Grau Completo 4.10
2º Grau Incompleto 10.41
2º Grau Técnico Incomp./Comp 2.30
Superior Incomp./Comp 4.80
OcupaçãoFuncionário de Alto/Médio Escalão 1.24
Funcionário de Baixo Escalão 2.18
Profissional Liberal com Curso Superior 0.73
Autônomos (corretor, técnico, prof. particular) 4.67
Autônomos ( chofer, caminhoneiro, pedreiro) 9.96
Biscateiro, Produção domética 33.40
Médio ou grande proprietário 0.21
Pequeno proprietário 16.29
Micro proprietário 27.59
Empregados domésticos 1.04
Outros 2.70
Renda Mensal FamiliarAté 200 reais 9.28
200 a 400 reais 14.97
400 a 600 reais 16.47
600 a 800 14.37
800 a 1000 11.78
1000 a 1500 15.57
1500 a 2000 9.08
Mais de 2000 8.48
Nº de Pessoas no DomicílioAté 2 Pessoas 22.40
3 Pessoas 26.20
4 Pessoas 23.10
5 Pessoas 16.00
6 Pessoas 5.00
7 Pessoas ou mais 7.30
Tem Filhos 80.10
Quantos Filhos 1 Filho 33.42
2 Filhos 28.66
3 filhos 16.27
4 Filhos 11.14
5 Filhos ou mais 10.51
Tipo de DomicílioImóvel próprio 82.68
Imóvel alugado 14.21
Imóvel de familiares 2.80
Outros 0.30
Fonte : Rocinha
34 b. Perfil dos Empregados em Micro-empresas da Rocinha
A fim de completar a análise dos recursos humanos das micro-empresas da
Rocinha analisamos o perfil dos empregados e dos familiares ocupados nestes
empreendimentos.
Ao todo, 56,9% das micro-empresas da Rocinha não recebem qualquer ajuda
da família, segundo a tabela 3. Ou seja, 43,1% dos micro-empresários são
auxiliados por suas respectivas famílias, revelando a importância relativa da célula
básica do tecido social, a família, como insumo das atividades microempresariais
locais. 38,42% do total de micro-empresários recebem auxílio familiar por intermédio
do trabalho de seus membros, principalmente do cônjuge (20%) e de seus filhos
(16,20%) e somente 3,3% dos micro-empresários recebe dinheiro da família como
forma de ajuda.
As micro-empresas da Rocinha geralmente não contam com a ajuda de mais
nenhum funcionário em seus empreendimentos, além de seus próprios familiares
(76,82%). 18,1% das micro-empresas da Rocinha possuem 1 ou 2 pessoas
auxiliando suas atividades, enquanto 5.1% possuem três ou mais funcionários.
A maior parte dos funcionários contratados pelas micro-empresas da Rocinha
são fixos (81,7%) e quando decidem empregar trabalhadores ocasionais, os micro-
empresários normalmente contratam apenas um funcionário (73,81%). Além disso,
nota-se que normalmente as micro-empresas decidem contratar apenas 1
funcionário fixo (53,61%) ou no máximo de 2 a 5 funcionários fixos (39,7%), mas
muito dificilmente elas contratam mais de 5 funcionários (1,3%).
A faixa etária dos funcionários das micro-empresas da Rocinha situa-se entre
19 a 35 anos de idade, pois tal faixa de idade representa 54,44% dessa população.
Portanto, como somente 22,22% dos funcionários das micro-empresas situam-se na
35 faixa etária de 35 a 50 anos, podemos dizer que os funcionários são relativamente
jovens.
Nesse sentido, ao compararmos os dados referentes à idade dos micro-
empresários e de seus funcionários (respectivamente, tabelas 1 e 3), podemos
concluir que os funcionários das micro-empresas sejam mais jovens que os seus
patrões, uma vez que:
(i) de um lado, 44,34% dos funcionários situam-se na faixa de idade até os 25
anos, tal porcentagem cai para 11,52%, ao considerarmos os proprietários das
micro-empresas.
(ii) por outro lado, 47,03% dos funcionários situam-se na faixa de idade de 26
a 50 anos, tal porcentagem sobe para 70,03%, ao considerarmos os proprietários
das micro-empresas.
Em suma, a análise do trabalho adicional em relação ao desenvolvido pelos
proprietários revela a importância do trabalho dos cônjuges e de filhos, evidenciando
a relevânciado chamado capital social aqui representado através da família na
operação destes empreendimentos. As micro-empresas da Rocinha geralmente não
contam com a ajuda de mais nenhum funcionário em seus empreendimentos, além
de seus próprios familiares (76,82%), sendo 18.3% destes funcionários ocasionais e
em geral jovens (44,34% até 25 anos de idade). Apenas 5.1% das micro-empresas
possuem três ou mais funcionários.
36 DADOS DOS FUNCIONÁRIOS DAS MICRO-EMPRESAS
População (%)Ajuda Familiar
Não tem 56.90
Dinheiro 3.30
Trabalho 38.42
Filhos 16.20
Cônjuge 20.00
Pais 3.10
Outros Parentes 11.70
Outra forma de Ajuda 1.38
Compra Produto p/negócio 0.43
Entrega encomendas 0.26
Divulgação 0.26
Outros 0.43
nº de Pessoas que Ajudam na Atividade além do FamiliaresNenhuma 76.82
1 Pessoa 12.99
2 Pessoas 5.09
3 a 5 Pessoas 3.80
Mais de 5 Pessoas 1.30
FuncionáriosFixos 81.70
1 Funcionário 53.61
2 Funcionários 22.16
3 a 5 Funcionários 17.53
Mais de 5 Funcionários 6.70
Ocasionais 18.30
1 Funcionário 73.81
Mais de 2 Funcionários 26.19
Faixa de Idade dos Funcionários
Menores de 14 Anos 1.85
14 a 18 Anos 12.96
19 a 25 Anos 29.63
26 a 35 Anos 24.81
35 a 50 Anos 22.22
Maiores de 50 Anos 8.52
Fonte : Rocinha
37 c. Perfil das Micro-empresas da Rocinha
De acordo com a tabela 4 abaixo, constatamos que as micro-empresas da
Rocinha apresentam como atividades principais a venda de produtos alimentícios
(21,93%), a posse de bar/birosca (18,94%) e a realização de serviços diversos
(13,16%). Em termos mais genéricos, a atividade de vendas supera a atividade de
serviços nas micro-empresas da Rocinha.
A maioria dos micro-empresários da Rocinha não tem outra atividade e
dedica-se apenas a sua atividade principal (87,75%), e entre os 12,25% que
desempenham uma atividade empresarial complementar, nota-se mais da metade
destas atividades extra (6,57% do total) se refere à venda de produtos alimentícios,
roupas e acessórios e 25% (3% do total) se refere a biscates e serviços diversos.
Em consonância com os dados do último parágrafo, a grande maioria dos
micro-empresários pobres da Rocinha não tem acesso a outras fontes de renda
(74,47%) e apenas 16,92% desses micro-empresários possuem outro negócio ou
um emprego como outra fonte de renda. As aposentadorias e pensões
complementam a renda de apenas 2,6% da população.
Quanto à intensidade das atividades microempresariais 94,71% se ocupam
durante os 12 meses por ano, 73,27% operam em mais de 5 dias por semana e
91.5% dedicam acima de 5 por dia à atividade.
Quanto à sazonalidade dos negócios, apesar de 30,40% dos micro-
empresários não considerar que existam melhores épocas para o trabalho, mas
45,5% consideram sub-períodos do verão carioca representados por itens como mês
de dezembro, o fim de ano, o ano novo e o verão os melhores períodos do ano para
o desempenho de suas atividades. Este tipo de informação explorado nos últimos
38 dois parágrafos pode ser útil na formulação do fluxo de pagamento dos contratos
de crédito.
Os micro-empresários da Rocinha realizam tal atividade entre 1 a 5 anos
(37,75%), mas nota-se que enquanto 74,47% da população desempenham essa
atividade a menos de 10 anos, apenas 19,72% a desempenham há 11 anos ou
mais.
39 DADOS OCUPACIONAIS
População (% )Atividade Principal
Serviços Diversos 13,16
Biscates, Chaveiro, Etc 10,27
Costura 4,29
Diarista/Babá/Cozinheira/Chofer 11,47
Bar/Birosca 18,94
Venda, Roupas e Acessórios 9,17
Venda de Produtos Alimentícios 21,93
Venda Diversos 10,77
Outra Atividade Não tem outra Atividade 87,75
Serviços Diversos 1,39
Biscates, Chaveiro, Etc 1,59
Costura 0,50
Diarista/Babá/Cozinheira/Chofer 0,70
Bar/Birosca 0,70
Venda, Roupas e Acessórios 2,49
Venda de Produtos Alimentícios 4,08
Venda Diversos 0,80
Tempo que realiza a atividadeMenos de 1 ano 21,61
1 a 5 anos 37,35
6 a 10 anos 18,43
11 a 15 anos 7,57
16 a 20 anos 6,77
21 a 25 anos 2,89
26 a 30 anos 3,09
Mais de 30 Anos 2,29
Outras Fontes de RendaNão tem Outras Fontes de Renda 74,47
Outro Negócio 7,31
Emprego 9,61
Aluguel 5,11
Outros 3,30
Aposentadoria e Pensões 2,60
Não Sabe/Não Respondeu 0,20
Horas Por Dia que Dedica a AtividadeAté 4 Horas 8,50
5 a 8 Horas 28,20
9 a 12 Horas 47,60
Mais de 12 Horas 15,70
Dias Por Semana que se Dedica a AtividadeAté 5 Dias 26,73
Mais de 5 Dias 73,27
Meses Por Ano que de Dedica a AtividadeAté 11 Meses 5,29
12 M eses 94,71
Melhores Épocas para o TrabalhoNão Existe 30,40
Início do Mês 3,10
Final do Mês 2,54
Dezembro 4,76
Fim de Ano e Ano Novo 21,13
Inverno 3,32
Verão 19,59
Outros 15,16
FONTE: ROCINHA
40 6. Conclusões e extensões
As diversas safras de microdados colhidas comprovaram que na virada da
década passada uma crise social se instalou nas metrópoles brasileiras7. Como
exemplo extremo, a taxa de miséria no município de São Paulo aumenta cerca de
50% entre 1991 e 2000. No município do Rio de Janeiro a miséria cai 19% neste
período, o que representa uma inversão da decadência de desempenho relativo
frente a São Paulo, observada nas décadas anteriores. No período 2000-02
observamos a continuidade desta tendência: a taxa de miséria baseada em renda do
trabalho sobe 1,57% no município de São Paulo e cai 1,68% no do Rio. Neste
mesmo período a taxa de miséria sobe mais nas periferias destas capitais, 10,4% e
18,3%, o que faz com que o aumento da miséria na Grande São Paulo seja inferior a
do Grande Rio, 5,3% contra 7,3% (média móvel de 12 meses segundo cálculos
feitos sobre os microdados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME/IBGE)).
O ônus da crise se concentra no espaço metropolitano, já o bônus dos novos
programas sociais se dirige para os grotões de miséria. Isto vale para a implantação
de programas constitucionais como a Previdência Rural e o Benefício de Prestação
Continuada; para programas ad hoc emergenciais do final da década de 90 como as
frentes de trabalho contra a seca no Nordeste; para as bolsas do projeto Alvorada
(Escola, Alimentação etc) implantados a partir de 2000, para as ações do Fome
Zero. Mais recentemente o Bolsa Família começa a contemplar de maneira mais
intensiva as áreas metropolitanas com destaque para as periferias.
7 Néri (2006) demonstra que a chamada crise metropolitana pelo menos no que tange a indicadores sociais baseados em renda como pobreza se prolonga até 2003 sofrendo uma reversão desde então.
41 A pesquisa indica que a miséria atinge 14,57% dos cariocas em 2000 varia desde
menos de 4% nas RAs de Botafogo, Copacabana e Lagoa até 29.4% no Complexo
do Alemão. Outras favelas e ressentamentos como Jacarezinho (27,54%), Cidade
de Deus (26,02%), Maré (25.235) e Rocinha (21.89%) se destacam entre as regiões
mais miseráveis do município. Os dados permitem a população no nível de
localidades enxergar a sua vizinhança desde uma perspectiva própria. Por exemplo,
o déficit social da Rocinha é de 575 mil reais mensais, o que daria 3,56 reais
mensais por cada não miserável da região administrativa vizinha da Lagoa (inclui
Ipanema e Leblon), a mais rica da cidade. Portanto, a renda média da zona sul
carioca oculta a riqueza da Bélgica, a miséria da Índia e a violência da Colômbia.
a. Extensões
Pesquisas de opinião apontam o desemprego e a violência como os dois
problemas a ocupar mais as preocupações dos brasileiros. Os números do
desemprego e da violência brasileira têm a cara dos jovens periferias e das favelas
metropolitanas. Marcos Lisboa e Mônica Viegas exploram a relação entre as duas
variáveis8. Eles demonstraram que as condições de desemprego durante a
8 Richard Freeman mostra que se incorporássemos à relativamente baixa taxa de desemprego americana, o contingente de presidiários, a mesma mudaria de patamar, ficando mais próximas das congêneres européias.
MAPA DO FIM DA FOME DA POPULAÇÃO TOTALRio de Janeiro - Medidas de Miséria - Linha de R$79*
Transferências Mínimas para Erradicar a Miséria
R$ pessoa R$ total mêsR$ não
miserávelR$ miserável
Brasil 33.15 14.04 2,371,086,203 21.00 42.35UF - Rio de Janeiro 19.45 7.63 109,159,553 9.47 39.24
Município do Rio de Janeiro 14.57 5.89 34,172,061 6.90 40.45
Lagoa 3.99 1.78 299,310 1.85 44.55
Rocinha 21.89 10.22 575,604 13.09 46.70
Fonte: CPS/IBRE/FGV processando os microdados da amostra do Censo Demográfico 2000/IBGE.
SubdistritoRio de Janeiro%
Miseráveis
42 juventude são determinantes da probabilidade de o indivíduo ser vítima de
homicídio. Esta probabilidade é maior durante todo o ciclo de vida do sujeito, e não
apenas durante a fase que o desemprego está alto. Os jovens tragados para
atividades criminosas tendem a não mudar de vida mesmo que a macroeconomia
reaja favoravelmente. Estes custos permanentes do desemprego se aplicam em
particular às grandes metrópoles brasileiras que, nos últimos anos, foram, e
continuam sendo o epicentro da nossa crise econômica e social. Nesse sentido, as
mudanças na política social, ocorridas na última década, como a expansão da
previdência rural patrocinada pela Constituição de 1988, o projeto Alvorada de
Fernando Henrique, ou mesmo o Fome Zero de Lula são altamente meritórias, mas
não compensam este quadro. Pois o bônus das novas ações foi para os grotões de
miséria, enquanto o ônus das crises recentes está concentrado nas grandes
cidades. Os números do desemprego e da violência brasileira têm a cara dos jovens
das periferias. A taxa de desemprego entre 15 e 29 anos é 22.6%, quatro vezes e
meia maior do que as do grupo de 35 a 39 anos de idade. Cabe lembrar que a taxa
de desemprego dos jovens quadruplicado entre 1989 e 2001. Apesar do quadro de
desespero inercial traçado acima, os novos tempos trazem bons augúrios que talvez
permitam à sofrida juventude metropolitana reverter esta tendência.
Steven Levitt, o autor do best-seller Freaknomics causou espanto ao revelar
como a principal causa da redução da criminalidade em estados americanos em
meados da década de 90, a lei de aborto promulgada duas décadas antes. A idéia é
tão simples quanto politicamente incorreta como muitas vezes a vida é (embora não
gostemos disso): o fato de a lei diminuir o nascimento de filhos indesejados de
pobres mulheres solteiras gerou uma redução da oferta de criminosos duas décadas
depois! No Brasil, a contrapartida feminina da predisposição de jovens homens
43 solteiros a atividades criminosas9 é a incidência da gravidez precoce que sobe de
7,97% para 9.1% entre 1980 e 2000 enquanto a taxa de fecundidade para todos os
grupos etários cai de 4.4 para 2.3 filhos por mulher. Em particular, enquanto a taxa
de fecundidade entre as moradoras de 40 a 45 anos de favelas cariocas é duas
vezes maior que aquelas em bairros de alta renda, entre as adolescentes dos
morros cariocas a taxa é cinco vezes maior que as adolescentes dos bairros de alta
renda (0,27 filhos por menina entre 15 a 19 anos na Rocinha contra 0,054, na Lagoa
respectivamente). Se o Brasil não revolucionar a educação reprodutiva dos jovens
em áreas de alta violência, vamos colher mais e mais tragédias como as recentes
noticiadas. A Rocinha é a região administrativa da cidade com o menor nível de
educação da população em geral e da população ocupada entre todas do municio
do Rio de Janeiro.
No que tange ao último aspecto, paises e pais que cuidam de suas crianças,
desde a sua idade mais tenra, viabilizam seu futuro. James Heckman, o Nobel de
Economia, Flávio Cunha nos brindam com suas mais recentes descobertas sobre a
importância da Educação na Primeira Infância. Elas demonstram que crianças que
tiveram a oportunidade de freqüentar o equivalente a creches e pré-escolas,
apresentaram na idade adulta renda mais alta e probabilidades mais baixas de
prisão, de gravidez precoce e de depender de programas de transferência de renda
do estado no futuro. Ou seja, acaba sendo mais produtivo do ponto de vista social e
fiscal, prevenir do que remediar, investindo desde a primeira infância. A educação
nesta primeira fase da vida constitui o verdadeiro custo de oportunidade social –
qual seja a oportunidade de investimento com maior retorno social disponível. E
9 Neri (2004) isola fatores de risco associados à chance de cada indivíduo estar ou não presidiário, comparando-se pessoas com as
demais características iguais exceto uma. Por exemplo: comparamos homens e mulheres com atributos iguais, isto é descontando o fato de
que mulheres, na média, têm mais educação do que homens entre outras características. O exercício confirma que o principal fator de risco é
o sexo. Os homens têm 46.3 vezes mais chance de estarem presidiários do que as mulheres, considerando as demais características iguais.
Em seguida, a léguas de distancia, está o estado civil. Ser solteiro é um importante fator de risco 4.8 vezes maior que os demais. Depois vem
o fator idade.
44 mais: quanto menor for a idade da criança objeto do investimento educacional
recebido, mais alto será o retorno percebido.
Observamos abaixo uma visão local através de gráfico com as regiões
administrativas do município do Rio de Janeiro, plotando a relação entre a proporção
de crianças de 4 a 6 anos na pré-escola e a proporção de empregadas domésticas
morando na respectiva localidade. Entre as mulheres adultas da Rocinha 21% são
domésticas (ou 47% das ocupadas). Notamos em lugares mais pobres, nas favelas
em particular, a proporção de domésticas em idade ativa cai com o aumento da taxa
de crianças na pré-escola. Estas pobres mulheres vão cuidar dos filhos de outras e
deixam os seus filhos em casa, fora da pré-escola.
% Domésticas na População Feminina em Idade Ativa
O chamado jeitinho brasileiro perpassa várias esferas das nossas vidas
privadas, mas está presente acima de tudo nas relações econômicas com o estado,
aí incluindo aquelas de natureza trabalhista, consumidora e empresarial. É sempre
bom rever conceitos e cifras relativas à evasão tributária que constitui junto com o
futebol, o esporte nacional. A diferença é que a maioria dos brasileiros é apenas
% Pré-Escola x % Domésticas
% Pre = -1.2905 %Dom + 86.969
R2 = 0.4919
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 3 5 8 10 13 15 18 20 23
Complexo do Alemão
LagoaBotafogo
Rocinha
45 tele-espectadora do esporte bretão enquanto uma parcela substancial e
desconhecida da nossa população é praticante da informalidade. Na verdade, a
característica essencial da evasão tributária é ter poucos espectadores. A
informalidade está associada a encargos fiscais crescentes imprimidos pelos vários
níveis de governo, sem que correspondentes benefícios sociais sejam percebidos
coletiva ou individualmente. A taxa de informalidade elétrica em favelas e outras
ocupações ilegais é de 41.2% diante de 4.43% dos condomínios de casas e
apartamentos, o que evidencia uma correlação forte entre informalidades fundiária e
elétrica. A taxa de informalidade varia substancialmente entre as regiões
metropolitanas pesquisadas, indo de 3.27%, em Belo Horizonte, a 16.2%, em
Salvador. No Sudeste, o Rio de Janeiro é a que apresenta a taxa mais próxima dos
níveis nordestinos, com 10.6%. Esse resultado seria consistente com a alta
informalidade trabalhista observada no mercado de trabalho do Rio10. A comparação
revela ainda que a chance de um morador do Rio ser gato é 98.96% acima dos
paulistanos. Agora, quando comparamos moradores dessas duas metrópoles com
características, como as citadas acima, exatamente iguais, essa estatística cai para
97.57%. Ou seja, a alta informalidade de energia elétrica consumida pelos
moradores do Rio é pouco explicada pela posse de características associadas aos
“gatos” e mais um atributo específico da região.
A informalidade previdenciária é principalmente um fenômeno de evasão
fiscal fornecendo indícios sobre o não pagamento de impostos e encargos
trabalhistas. Esta última escolha se deve ao fato da amostra do Censo Demográfico
2000 permitir analisar a informalidade previdenciária no nível de cada municipalidade
isolada, pela alta taxa de amostragem utilizada (cerca de 10% da população) vis a
10 Entretanto, a relação entre informalidade laboral e energética não é muito expressiva: entre aqueles domicílios cujo chefe contribui com a previdência, a informalidade elétrica é de 10.9% ante 9.4% das demais.
46 vis a de outras pesquisas. Segundo dados do Censo Demográfico 2000, existem
63,4% dos trabalhadores ocupados fluminenses contribuem para a Previdência
Social. Não se devem olhar os diversos tipos de informalidade (trabalhista,
previdenciária, empresarial, fundiária e mesmo elétrica) de maneira isolada, mas
quantificar complementaridades e substituições entre diferentes tipos. Por exemplo,
se tomarmos as cinco maiores regiões administrativas cariocas, as grandes favelas
cariocas como Complexo do Alemão, Jacarezinho, Rocinha e Maré, que figuram
entre as mais pobres da cidade, não figuram entre as cinco mais informais. Ou seja,
as informalidades fundiária e previdenciária não andam de mãos dadas nesse caso,
conforme se poderia esperar. Analisando internamente o município do Rio de
Janeiro, Vila Isabel é líder em formalização (77,24%). Em seguida, Botafogo
(76,54%), Lagoa (76%), Tijuca (75,51%) e Méier (73,80%). Entre os cinco menos, 4
são da zona oeste do município. Guaratiba com 53,56% é o mais informal.
Ocupados - % Contribui
� Mais o Vila Isabel 77.24 o Botafogo 76.54 o Lagoa 76.00 o Tijuca 75.51 o Méier 73.80
� Menos
o Guaratiba 53.56 o Ilha de Paquetá 53.92 o Santa Cruz 60.87 o Campo Grande 63.41 o Bangu 63.57
47 Um banco de dados da sociedade
O Mapa do fim da fome II é um banco de dados georreferenciado permitindo a localização física dentro de estados e municípios das áreas sujeitas às condições sociais mais adversas. Contém um amplo conjunto de informações sobre riquezas e carências das localidades. Estas informações podem ser estendidas em diversas direções desejadas e são passíveis de serem levantadas em qualquer estado ou município brasileiro, constituindo num poderoso instrumento para que a sociedade e governos possam elaborar programas focados de desenvolvimento social.
B a r r a d a T i j u c a L a g o a
T i j u c a
0 . 0 0 5 - 0 . 1 6 6 0 . 1 6 6 - 0 . 3 3 1 0 . 3 3 1 - 0 . 5 2 2 0 . 5 2 2 - 0 . 7 5 1 0 . 7 5 1 - 1 . 1 8 3
F o n t e : C P S / I B R E / F G V a p a r t i r d o s m i c r o d a d o s C e n s o d e m o g r á f i c o d e 2 0 0 0 / I B G E
R a n k i n g P o r S u b d s i s t r i t o - R i o d e J a n e i r o M é d i a d e A u t o m ó v e l
I l h a d e P a q u e t á
R o c i n h a
J a c a r é z i n h o
48
0 - 7.927.92 - 17.76617.766 - 31.86531.865 - 61.18761.187 - 100
Guaratiba
Rocinha
Centro
Botafogo
Cidade de Deus
Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo demográfico de 2000/IBGE
Taxa de Moradores em Favelas (%)Regiões Admnistrativas - Rio de Janeiro
MaréComplexo do Alemão
Jacarézinho
49 Conclusão (sumário executivo)
Utilizando inicialmente os microdados do Censo 2000 fazemos um zoom
sobre a situação do trabalho nos morros cariocas, em particular nas comunidades de
Cidade de Deus, Jacarezinho, Rocinha, Maré, Complexo do Alemão comparando
com as demais áreas do município do Rio de Janeiro. Optamos por realizar um
contraste deste grupo de regiões administrativas (RAs) com o de RAs de renda mais
alta compostas por Lagoa, Barra da Tijuca, Botafogo, Copacabana e Tijuca. A renda
média do trabalho é cerca de 5,3 vezes maior no grupo das áreas mais ricas. Agora
ao contrário do estereótipo do malandro do morro carioca, a jornada de trabalho
média lá é cinco horas semanais a mais do que no asfalto. O fator fundamental é a
desigualdade de escolaridade: média de 11,9 anos completos de estudo de um
trabalhador nos bairros de luxo contra 6,2 anos nas comunidades de baixa renda.
Como existe retorno crescente de educação, cada ano a mais de escolaridade rende
mais aos ocupados dos bairros de alta renda: 180,5 reais por cada ano de estudo de
um ocupado nos bairros ricos contra 65,9 reais dos pobres. Os resultados confirmam
que os diferenciais controlados de renda per capita de pessoas nas cinco
comunidades de baixa renda analisadas são até 115.8% menores do que na região
administrativa da Lagoa, aquela que apresenta a maior renda. Ou seja, os dados
comprovam a existência de um viés de renda contra o favelado. Um fato que chama
a atenção é que apesar de todas as adversidades enfrentadas pelo trabalhador das
comunidades de baixa renda, a renda do trabalho desempenha lá um papel mais
fundamental: cerca de 81% de todas as fontes de renda nestas áreas advém do
trabalho contra 63% das áreas de renda mais alta. Este resultado é confirmado por
equações mincerianas de renda domiciliar per capita onde a dummy favela explica
cerca de metade dos diferencial explicado por outras variáveis observáveis.
50 Posteriormente, fazemos um experimento de diferença em diferença usando os
microdados das PNADs 1996 a 2008 para o município do Rio de Janeiro abertos
neste estudo, separando os aglomerados sub-normais, como aproximação das
favelas e comparando com as demais áreas da cidade. O exercício permite testar e
analisar a evolução recente do viés contra os favelados. O diferencial é maior na
renda total (-0,49) do que na renda do trabalho (-0,4). Ou seja, apesar das agruras
da vida privada das favelas cariocas, a maior carência parece ser a de Estado no
que tange a políticas redistributivas que caracterizam o país nos últimos anos. Por
outro lado, a análise de diferença em diferença demonstra que estes diferenciais
vem caindo ao longo to tempo o que pode ser resultado da chegada de novos
programas assistenciais como o Bolsa Familia as comunidades de baixa renda da
Cidade do Rio de Janeiro. A renda de todas as fontes tem desempenho
qualitativamente similar porém com menor crescimento relativo do que o do trabalho
nos últimos anos. Se a chegada de novos programas assistenciais como o Bolsa
Familia as comunidades de baixa renda da Cidade do Rio de Janeiro pode explicar
parte do resultado a maior parte da melhora relativa (e o maior crescimento relativo)
das favelas mais uma vez vem da renda do trabalho.
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VELOSO, F. et al. (2009) Educação básica no Brasil: Construindo o país do futuro. Ed. Campus Elsevier.
53
MAPA DA RENDA Rio de Janeiro - Informações dos Domicílios
Rendas Médias de Todos*
Subdistrito Índice Gini Nº pessoas na família Familiar per capita Trabalho principal Demais trabalhos
Total da UF 0.54 3.15 413.99 281.78 11.70Areia Branca 0.38 3.24 227.54 165.79 4.07Nova Aurora 0.35 3.47 143.43 111.84 2.44Jardim Redentor 0.35 3.43 169.08 130.89 2.04Parque São José 0.34 3.42 160.25 123.88 2.54Lote XV 0.39 3.42 189.88 147.26 1.37Japeri 0.37 3.36 184.04 132.09 2.00Engenheiro Pedreira 0.38 3.43 144.29 113.47 3.66Centro de Queimados 0.40 3.25 248.49 177.46 9.33Nordeste 0.34 3.58 135.56 102.49 2.33Oeste 0.35 3.47 161.01 122.62 1.20Portuária 0.39 3.12 283.52 204.20 3.04Centro 0.41 2.25 632.06 411.93 21.15Rio Comprido 0.47 3.05 481.76 324.58 13.78Botafogo 0.47 2.46 1497.24 945.28 53.54Copacabana 0.48 2.27 1632.09 828.46 46.89Lagoa 0.52 2.58 2227.16 1401.97 68.26São Cristovão 0.42 3.05 363.37 249.02 6.47Tijuca 0.47 2.78 1181.33 721.14 41.97Vila Isabel 0.45 2.82 1005.54 640.90 46.88Ramos 0.44 3.00 427.55 290.88 7.55Penha 0.44 3.10 360.33 253.92 6.42Méier 0.45 2.92 619.76 402.35 18.43Irajá 0.42 3.10 450.26 306.39 8.11Madureira 0.42 3.05 388.12 250.52 8.19Jacarepaguá 0.48 3.14 527.38 378.21 14.81Bangu 0.41 3.20 286.95 205.26 5.96Campo Grande 0.44 3.25 304.30 215.85 7.66Santa Cruz 0.40 3.34 212.18 150.28 3.86Ilha do Governador 0.49 3.08 615.96 415.35 18.74Ilha de Paquetá 0.40 2.76 457.61 233.62 16.22Anchieta 0.40 3.19 310.10 208.28 6.28Santa Teresa 0.49 2.80 573.70 406.38 18.34Barra da Tijuca 0.55 3.01 1694.51 1268.08 57.20Pavuna 0.38 3.28 247.85 178.75 4.05Guaratiba 0.43 3.32 232.91 171.22 5.80Inhaúma 0.41 3.09 400.22 277.67 6.50Rocinha 0.34 3.16 219.95 180.33 3.66Jacarezinho 0.31 3.14 177.98 136.23 2.18Complexo do Alemão 0.34 3.38 177.31 145.13 1.07Maré 0.33 3.25 187.25 153.78 1.77Realengo 0.43 3.15 339.67 237.67 7.10Cidade de Deus 0.34 3.20 207.56 155.13 1.88
Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo Demográfico de 2000/IBGE.
* Os valores referentes as rendas são médias em que aos valores missing são atribuídos zeros (existe imputação).
54
MAPA DA RENDA Tabela 3 - Rio de Janeiro - Informações dos Domicílios
Rendas Médias de Todos*
Subdistrito Apos. e pensã
o Aluguel Transf. Privadas Transf. Pública
s Outras Todas as font
es Total da UF 91.68 12.36 6.79 0.98 8.71 413.99Areia Branca 45.40 5.53 2.05 0.88 3.82 227.54Nova Aurora 23.33 1.34 1.60 0.72 2.17 143.43Jardim Redentor 28.06 3.05 2.14 0.75 2.16 169.08Parque São José 26.27 2.22 1.51 0.87 2.96 160.25Lote XV 32.42 2.59 2.62 1.11 2.51 189.88Japeri 39.55 2.88 1.32 0.95 5.25 184.04Engenheiro Pedreira 22.51 1.52 1.02 0.29 1.82 144.29Centro de Queimados 42.94 5.94 1.86 1.00 9.96 248.49Nordeste 25.04 1.29 1.53 1.02 1.87 135.56Oeste 25.16 1.83 1.21 0.84 8.14 161.01Portuária 60.89 5.16 3.26 1.63 5.35 283.52Centro 163.06 13.65 12.73 1.16 8.39 632.06Rio Comprido 114.90 11.17 9.99 1.22 6.13 481.76Botafogo 363.00 56.26 36.18 2.08 40.91 1497.24Copacabana 551.51 93.51 44.22 1.68 65.83 1632.09Lagoa 427.63 135.41 62.06 1.65 130.19 2227.16São Cristovão 86.67 11.05 4.33 1.07 4.75 363.37Tijuca 336.53 36.56 20.61 1.57 22.96 1181.33Vila Isabel 262.56 22.57 16.05 0.93 15.63 1005.54Ramos 107.27 9.64 5.35 1.17 5.70 427.55Penha 82.11 7.31 4.76 0.82 5.00 360.33Méier 166.40 11.81 10.40 1.03 9.34 619.76Irajá 114.63 8.36 5.91 0.81 6.05 450.26Madureira 107.73 7.26 5.53 1.14 7.74 388.12Jacarepaguá 105.24 11.93 7.81 1.12 8.26 527.38Bangu 62.78 4.42 3.69 0.90 3.95 286.95Campo Grande 65.53 5.97 3.98 1.00 4.31 304.30Santa Cruz 48.01 2.59 3.03 0.95 3.46 212.18Ilha do Governador 136.94 18.65 9.47 1.28 15.52 615.96Ilha de Paquetá 172.35 26.23 9.19 0.00 0.00 457.61Anchieta 77.25 5.35 3.90 1.10 7.93 310.10Santa Teresa 102.93 22.64 8.67 1.89 12.83 573.70Barra da Tijuca 231.59 66.09 33.06 1.49 37.00 1694.51Pavuna 54.04 4.31 2.64 1.09 2.97 247.85Guaratiba 43.85 5.06 2.18 0.69 4.11 232.91Inhaúma 99.82 6.31 3.40 1.38 5.14 400.22Rocinha 21.28 9.90 1.28 0.91 2.60 219.95Jacarezinho 30.97 2.72 1.58 1.87 2.43 177.98Complexo do Alemão 24.82 1.95 1.40 1.62 1.32 177.31Maré 21.96 4.93 1.51 1.06 2.23 187.25Realengo 82.12 5.30 3.25 0.84 3.37 339.67Cidade de Deus 41.99 2.93 1.26 0.83 3.54 207.56
Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo Demográfico de 2000/IBGE.
* Os valores referentes as rendas são médias em que aos valores missing são atribuídos zeros (existe imputação).
55
Panorama das Favelas Cariocas ??
A pesquisa se vale de panoramas estatísticos e simuladores de modelos
multivariados aplicado ao conjunto de pequenos negócios operantes nestas
comunidades de baixa renda. Estes dispositivos versam sobre geração de
trabalho e renda, acesso a serviços públicos como luz, esgoto e água, e
dinâmica demográfica (migração), entre outras.
O panorama pode ser acessado no link:
http://www.fgv.br/ibrecps/Credi_FavelasRJ/index.htm. Nele podemos observar uma série
de estatísticas trabalhistas em diferentes grupos socioeconômicos nas
principais favelas cariocas.
Nas tabelas abaixo geradas a partir do dispositivo acima podemos ver o
perfil da população ocupada nessas localidades. Na primeira coluna
observamos o total das comunidades. Apresentamos uma síntese do perfil
destes ocupados comprado ao perfil da população em idade ativa nestas
comunidades. Os dados mostram que 59,44% dos ocupados nas favelas são
mulheres (na PIA, elas representam 51,42% da população), 53,57% dos
ocupados são chefes de família (42,2% na PIA), 18,37% tem entre 30 e 35
anos (15,46%), 43,96% são brancos (43,65%) e 37,37% têm entre 4 e 7 anos
de estudo (39,43%),
56Caracterizando melhor o tipo ocupação, 57,51% dos ocupados nas
favelas são empregados com carteira de trabalho assinada, 21,11% são sem
carteira e 18,35% conta-própria. Do total, 68,52% contribuem para previdência.
Estas e outras observações podem ser encontradas no dispositivo
construído.
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Ocupados - População
População Total
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
Total 100 100 100 100 100 100
Ocupados - População
Sexo
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
Masculino 59,44 58,52 57,92 61,43 61,54 52,04 Feminino 40,56 41,48 42,08 38,57 38,46 47,96
Ocupados - População
Posição na Família
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
Chefe 53,57 54,97 53,07 53,49 54,08 50,02 Cônjuge 21,98 22,54 22,46 22,01 21,79 21,09 Filho(a) 17,04 13 18,66 19,25 15,93 22,25 Pai, mãe, sogro(a) 0,29 0,21 0,3 0,4 0,25 0,37 Neto(a) 0,68 0,3 0,86 0,74 0,66 1,11 Irmão, irmã 2,28 3,48 1,87 1,36 2,4 1,89 Outro parente 3,14 3,57 2,31 2,41 3,62 2,94 Agregado 0,79 1,81 0,46 0,34 0,72 0,33 Pensionista 0,2 0,13 0 0 0,46 0 Empregado(a) doméstico(a) 0,02 0 0 0 0,05 0 Individual em domicílio coletivo 0,01 0 0 0 0,03 0
Ocupados - População
Faixa Etária
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
15 a 19 6,71 6,83 5,97 6,75 7,18 5,59 20 a 24 16,8 18,31 14,41 16,78 17,24 15,17 25 a 29 16,3 17,14 15,69 15,35 17,32 13,68 30 a 35 18,37 19,48 16,88 18,03 17,94 19,92 36 a 39 10,58 9,96 10,61 9,94 11,08 11,14 40 a 44 11,26 11,41 11,94 10,94 10,86 12,27 45 a 49 8,48 7,52 9,85 9,12 8,38 7,97 50 a 54 5,96 5,29 8,17 7,12 4,95 6,21 55 a 59 3,11 2,23 3,65 3,28 2,86 4,64 60 ou mais 2,43 1,82 2,82 2,69 2,2 3,41
Ocupados - População
Cor ou raça
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
Branca 43,96 53,96 40,67 42,75 42,31 37,45 Preta 12,26 9,2 17,63 13,52 10,34 16,36 Amarela 0,18 0 0 0,26 0,15 0,61 Parda 42,47 35,88 40,99 42,25 45,93 44,41 Indígena 0,35 0,14 0,07 0,53 0,48 0,26
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Ocupados - População
Anos de Estudo
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
Sem instrução ou menos de 1 ano 6,94 10,14 6,51 7,79 5,97 3,45 1 a 3 15,5 18,29 10,53 15,3 16,26 13,46 4 a 7 37,37 37,61 36,16 36,68 39,94 30,87 8 a 11 36,5 29,41 43,43 37,31 34,2 48,09 12 ou mais 3,01 3,75 2,87 2,07 2,88 4
Ocupados - População
Imigração - UF ou País
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
Menos de 1 ano 0,49 0,41 0,47 0,18 0,82 0,08 De 1 a 5 anos 8,33 13,69 4,72 3,79 11,16 1,25 De 6 a 10 anos 6,19 9,97 3,83 4,11 7,22 2,22 Mais de 10 anos 28,87 32,35 24,98 30,66 30,68 17,48 Não migrou 56,12 43,58 66 61,25 50,12 78,97
Ocupados - População
Imigração - Município
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
Menos de 1 ano 0,8 0,75 0,68 0,22 1,39 0,08 De 1 a 5 anos 9,96 16,27 6,14 4,86 13,04 1,63 De 6 a 10 anos 6,84 11,1 3,96 4,61 7,91 2,71 Mais de 10 anos 30,01 32,49 26,84 33,69 31,19 18,36 Não migrou 52,39 39,4 62,39 56,61 46,47 77,22
Ocupados - População
Posição na ocupação
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
Funcionário público 2,13 1,35 1,6 2 2,41 3,36 Empregado com carteira 57,51 64,95 56,11 52,65 56,04 59,46 Empregado sem carteira 21,11 18,8 20,08 22,2 21,89 21,7 Conta-própria 18,35 14,14 21,26 21,95 18,79 14,91 Empregador 0,65 0,53 0,65 0,95 0,66 0,27 Não-remunerado 0,21 0,1 0,3 0,25 0,19 0,31 Próprio consumo 0,03 0,13 0 0 0,02 0
Ocupados - População
Religião
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
Sem religião 15,39 12,3 20,37 16,44 15,26 14,32 Católica 62,79 72,52 49,42 58,85 64,4 60,89 Evangélica 18,65 12,14 25,9 21,87 17,92 19,47 Espiritualista 0,81 0,56 1,2 0,92 0,44 1,9 Afro-brasileira 0,86 0,63 1,22 0,72 0,64 1,88 Orientais 0,21 0,31 0,33 0,09 0,19 0,2 Outras 1,29 1,54 1,56 1,11 1,15 1,34
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Ocupados - População
Situação Conjugal
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
Acompanhado(a) 60,35 60,18 58,73 62,78 61,62 53,75 Solitário(a) 39,65 39,82 41,27 37,22 38,38 46,25
Ocupados - População
Quintil
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
1º 5,74 3,82 6,79 7,71 5,82 4,29 2º 14,91 11,22 15,79 16,93 15,79 13,9 3º 19,92 19,51 21,54 19,96 20,27 17,75 4º 26,01 24,82 26,89 24,79 27,53 24,35 5º 33,42 40,63 29 30,6 30,6 39,71
Ocupados - População
Situação Conjugal-Detalhamento
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
Casamento civil e religioso 15,09 11,4 17,03 17,94 15,03 14,7 Só casamento civil 13,44 12,41 14,99 15,26 12,82 12,51 Só casamento religioso 0,9 1,57 0,73 0,87 0,86 0,14 União consensual 30,92 34,79 25,99 28,71 32,91 26,4 Separado(a) 3,07 3,15 3,41 3,33 2,95 2,55 Desquitado(a) 1,16 0,92 1,44 1,19 1,06 1,61 Divorciado(a) 0,99 0,63 1,78 1,18 0,88 0,84 Viúvo(a) 1,73 1,57 2,48 1,88 1,41 2,07 Solteiro(a) 32,69 33,56 32,16 29,64 32,09 39,18
Ocupados - População
Maternidade
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
É mãe 28,18 28,71 29,81 27 26,96 31,74 Não é mãe 12,16 12,45 12,02 11,45 11,25 16,09
Ocupados - População
Contribuia para previdência (apenas ocupados)
Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré
Cidade de Deus
Contribui 68,52 73,18 67,12 64,92 67,71 70,88 Não contribui 31,48 26,82 32,88 35,08 32,29 29,12
Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE
60Simulador de Renda das Favelas Cariocas
O simulador de renda das favelas cariocas pode ser acessado no link:
http://www.fgv.br/ibrecps/rio/simulafavelas. Nele podemos estimar a renda das
principais favelas e compará-las com outras regiões administrativas do
município do Rio de Janeiro.
Passos para utilização:
Selecione as suas características e local de moradia no formulário.
Clique em Simular.
O gráfico apresenta a renda domiciliar per capita simulada. Uma das
barras representa o Cenário Atual (resultado a partir das características
selecionadas) e a outra o Cenário Anterior (apresenta a simulação anterior).
61Modelos utilizados para simular a renda
Equação do Log da RFPC para 15<=IDADE<=65
Rio de Janeiro (Com controle)
Estimated Regression Coefficients
Parameter EstimateStandard
Error t Value Pr > |t|Intercept 5.0385212 0.01473651 341.91 <.0001RA Anchieta 0.4515214 0.01700251 26.56 <.0001RA Bangu 0.3476105 0.01567581 22.17 <.0001RA Barra da Tijuca 1.7204583 0.01934092 88.95 <.0001RA Botafogo 1.8259525 0.01682180 108.55 <.0001RA Campo Grande 0.3841006 0.01559714 24.63 <.0001RA Centro 1.1317031 0.02262469 50.02 <.0001RA Cidade de Deus 0.1451603 0.02213247 6.56 <.0001RA Complexo do Alem -0.0173823 0.01943698 -0.89 0.3712RA Copacabana 1.8349436 0.01808703 101.45 <.0001RA Guaratiba 0.1044393 0.01851074 5.64 <.0001RA Ilha de Paquetá 0.7878292 0.06040195 13.04 <.0001RA Ilha do Governad 0.9605552 0.01697291 56.59 <.0001RA Inhaúma 0.6407837 0.01752430 36.57 <.0001RA Irajá 0.7640033 0.01667985 45.80 <.0001RA Jacarepaguá 0.8265424 0.01578693 52.36 <.0001RA Lagoa 2.0528543 0.01855022 110.66 <.0001RA Madureira 0.6127003 0.01581345 38.75 <.0001RA Maré 0.0787874 0.01718512 4.58 <.0001RA Méier 1.0142838 0.01590403 63.78 <.0001RA Pavuna 0.2599792 0.01660603 15.66 <.0001RA Penha 0.5146628 0.01608459 32.00 <.0001RA Portuária 0.3633952 0.02186312 16.62 <.0001RA Ramos 0.6854664 0.01759233 38.96 <.0001RA Realengo 0.4979972 0.01633643 30.48 <.0001RA Rio Comprido 0.6874869 0.02102887 32.69 <.0001RA Rocinha 0.1831349 0.01952819 9.38 <.0001RA Santa Cruz 0.0968507 0.01599817 6.05 <.0001RA Santa Teresa 0.8553710 0.02504690 34.15 <.0001RA São Cristovão 0.5702347 0.01974212 28.88 <.0001RA Tijuca 1.5525012 0.01777077 87.36 <.0001RA Vila Isabel 1.4778141 0.01734263 85.21 <.0001RA zzJacarezinho 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE
62Equação do Log da RFPC para 15<=IDADE<=65
Rio de Janeiro (Com controles sócio-demográficos)
Estimated Regression Coefficients
Parameter EstimateStandard
Error t Value Pr > |t|Intercept 4.8964495 0.01849143 264.80 <.0001SEXO Homem 0.0550576 0.00262816 20.95 <.0001SEXO Mulher 0.0000000 0.00000000 . .fxcor Afro -0.2347782 0.00283680 -82.76 <.0001fxcor nAfro 0.0000000 0.00000000 . .IDADE -0.0271907 0.00057767 -47.07 <.0001idade2 0.0005167 0.00000738 70.05 <.0001educa 0.0404978 0.00123497 32.79 <.0001educa2 0.0045064 0.00007013 64.26 <.0001UF Rio de Janeiro 0.0000000 0.00000000 . .Tipo Capital - Região 0.0000000 0.00000000 . .RA Anchieta 0.2263050 0.01627398 13.91 <.0001RA Bangu 0.1814262 0.01507793 12.03 <.0001RA Barra da Tijuca 1.0360519 0.01719547 60.25 <.0001RA Botafogo 0.9728850 0.01596632 60.93 <.0001RA Campo Grande 0.1877888 0.01499041 12.53 <.0001RA Centro 0.6626204 0.02124429 31.19 <.0001RA Cidade de Deus 0.0969338 0.02121472 4.57 <.0001RA Complexo do Alem 0.0338567 0.01860276 1.82 0.0688RA Copacabana 0.9931607 0.01685740 58.92 <.0001RA Guaratiba 0.0596453 0.01748839 3.41 0.0006RA Ilha de Paquetá 0.5188936 0.04947631 10.49 <.0001RA Ilha do Governad 0.5375362 0.01586541 33.88 <.0001RA Inhaúma 0.3101307 0.01655297 18.74 <.0001RA Irajá 0.3735617 0.01589546 23.50 <.0001RA Jacarepaguá 0.4682171 0.01505265 31.11 <.0001RA Lagoa 1.1580391 0.01700700 68.09 <.0001RA Madureira 0.2896177 0.01518704 19.07 <.0001RA Maré 0.1298418 0.01678968 7.73 <.0001RA Méier 0.5003498 0.01520276 32.91 <.0001RA Pavuna 0.1173429 0.01587379 7.39 <.0001RA Penha 0.2565451 0.01537925 16.68 <.0001RA Portuária 0.2766879 0.02059310 13.44 <.0001RA Ramos 0.3564274 0.01651097 21.59 <.0001RA Realengo 0.2531116 0.01561041 16.21 <.0001RA Rio Comprido 0.3588662 0.01858739 19.31 <.0001RA Rocinha 0.2511355 0.01922998 13.06 <.0001RA Santa Cruz 0.0172302 0.01538210 1.12 0.2627RA Santa Teresa 0.4753880 0.02163588 21.97 <.0001RA São Cristovão 0.3239387 0.01831885 17.68 <.0001RA Tijuca 0.7891425 0.01647918 47.89 <.0001RA Vila Isabel 0.7542602 0.01621056 46.53 <.0001RA zzJacarezinho 0.0000000 0.00000000 . .
Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE
63
Simulador Recente da Renda Carioca
Com base nos microdados da PNAD/IBGE processamos modelos
estatísticos que estimam a renda do carioca até 2008. Os resultados da
regressão podem ser encontrados a seguir, ou podem ser acessados de forma
interativa e amigável no link http://www.fgv.br/ibrecps/rio/renda. Nele podemos
simular a renda dos habitantes do Rio de Janeiro, incluindo as favelas cariocas
até o ano 2008.
Passos para utilização:
Selecione as suas características e local de moradia no formulário.
Clique em Simular.
O gráfico apresenta a renda domiciliar per capita simulada. Uma das
barras representa o Cenário Atual (resultado a partir das características
selecionadas) e a outra o Cenário Anterior (apresenta a simulação anterior).
64 Equação renda individual - 2008
Município do Rio de Janeiro
Parameter Estimate Standard
Error
Wald 95% Confidence
Limits Chi-Square Pr > ChiSq
Intercept 7.4669 0.3013 6.8764 8.0574 614.19 <.0001
SEXO Homens 0.2578 0.0207 0.2172 0.2984 154.86 <.0001
SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
fxage 10 a 14 -1.6034 0.1354 -1.8689 -1.3380 140.17 <.0001
fxage 15 a 19 -1.1385 0.0651 -1.2660 -1.0110 306.29 <.0001
fxage 20 a 24 -0.9476 0.0502 -1.0459 -0.8492 356.76 <.0001
fxage 25 a 29 -0.7357 0.0452 -0.8243 -0.6472 265.38 <.0001
fxage 30 a 35 -0.5677 0.0432 -0.6523 -0.4830 172.78 <.0001
fxage 36 a 39 -0.4532 0.0484 -0.5481 -0.3584 87.73 <.0001
fxage 40 a 44 -0.4187 0.0443 -0.5056 -0.3319 89.38 <.0001
fxage 45 a 49 -0.3824 0.0444 -0.4694 -0.2954 74.23 <.0001
fxage 50 a 54 -0.3534 0.0424 -0.4365 -0.2703 69.47 <.0001
fxage 55 a 59 -0.1868 0.0435 -0.2721 -0.1015 18.43 <.0001
fxage 60 ou mais 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
edu 1 a 3 -0.1460 0.2459 -0.6279 0.3359 0.35 0.5526
edu 12 ou mais 1.0174 0.2427 0.5417 1.4931 17.57 <.0001
edu 4 a 7 -0.0321 0.2432 -0.5088 0.4445 0.02 0.8949
edu 8 a 11 0.3032 0.2423 -0.1717 0.7780 1.57 0.2108
edu Sem instrução ou menos de 1 ano -0.2379 0.2461 -0.7203 0.2445 0.93 0.3337
edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
cor Amarela -0.1443 0.1649 -0.4676 0.1790 0.77 0.3816
cor Branca 0.2204 0.0326 0.1565 0.2842 45.81 <.0001
cor Indígena -0.1962 0.2585 -0.7029 0.3104 0.58 0.4478
cor Parda 0.0414 0.0344 -0.0261 0.1089 1.45 0.2292
cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
migra 5 a 9 Anos 0.1694 0.0716 0.0292 0.3097 5.60 0.0179
migra Ignorado -0.0309 0.0429 -0.1151 0.0532 0.52 0.4716
migra Mais de 10 Anos 0.0494 0.0255 -0.0006 0.0993 3.75 0.0527
migra Menos de 4 Anos 0.2541 0.0662 0.1244 0.3838 14.74 0.0001
migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
CHAVPO Conta-Própria -0.2289 0.1651 -0.5525 0.0947 1.92 0.1657
CHAVPO Desempregado -1.6650 0.7519 -3.1386 -0.1913 4.90 0.0268
CHAVPO Empreg. Agrícola -0.4340 0.4493 -1.3147 0.4467 0.93 0.3341
CHAVPO Empreg. Doméstico -0.4139 0.1699 -0.7469 -0.0808 5.93 0.0149
CHAVPO Empreg. com carteira -0.2640 0.1677 -0.5928 0.0648 2.48 0.1155
CHAVPO Empreg. sem carteira -0.2696 0.1666 -0.5961 0.0570 2.62 0.1057
CHAVPO Empregador 0.3543 0.1728 0.0157 0.6930 4.21 0.0403
CHAVPO Func. Público 0.1136 0.1686 -0.2169 0.4440 0.45 0.5006
65
Parameter Estimate Standard
Error
Wald 95% Confidence
Limits Chi-Square Pr > ChiSq
CHAVPO Inativo -0.1765 0.2266 -0.6206 0.2676 0.61 0.4360
CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.2587 0.1338 -0.5208 0.0035 3.74 0.0531
CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4755 0.0533 -0.5798 -0.3711 79.70 <.0001
CONTRIBU Desempregado 0.1072 0.7420 -1.3472 1.5615 0.02 0.8851
CONTRIBU Ignorado -0.7264 0.0621 -0.8482 -0.6046 136.62 <.0001
CONTRIBU Inativo -0.7852 0.1685 -1.1154 -0.4549 21.71 <.0001
CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal Sim -0.1474 0.0321 -0.2103 -0.0844 21.07 <.0001
asubnormal ZZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
Scale 0.7234 0.0069 0.7100 0.7371
Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE
66Equação renda domiciliar per capita - 2008
Município do Rio de Janeiro
Parameter Estimate Standard
Error
Wald 95% Confidence
Limits Chi-Square Pr > ChiSq
Intercept 6.7347 0.2675 6.2104 7.2590 633.89 <.0001
SEXO Homens -0.0469 0.0187 -0.0836 -0.0102 6.26 0.0123
SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
fxage 0 a 4 -0.2482 0.1228 -0.4889 -0.0075 4.08 0.0433
fxage 10 a 14 -0.3580 0.0449 -0.4459 -0.2700 63.66 <.0001
fxage 15 a 19 -0.4774 0.0419 -0.5595 -0.3953 129.85 <.0001
fxage 20 a 24 -0.6132 0.0448 -0.7010 -0.5253 187.16 <.0001
fxage 25 a 29 -0.5850 0.0427 -0.6687 -0.5014 187.92 <.0001
fxage 30 a 35 -0.6524 0.0414 -0.7336 -0.5713 248.56 <.0001
fxage 36 a 39 -0.5786 0.0468 -0.6704 -0.4868 152.55 <.0001
fxage 40 a 44 -0.5996 0.0425 -0.6828 -0.5164 199.40 <.0001
fxage 45 a 49 -0.5078 0.0419 -0.5900 -0.4256 146.69 <.0001
fxage 5 a 9 -0.2776 0.1194 -0.5117 -0.0435 5.40 0.0201
fxage 50 a 54 -0.4738 0.0413 -0.5548 -0.3929 131.69 <.0001
fxage 55 a 59 -0.2803 0.0434 -0.3653 -0.1953 41.79 <.0001
fxage 60 ou mais 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
edu 1 a 3 -0.0170 0.2334 -0.4746 0.4405 0.01 0.9418
edu 12 ou mais 1.2060 0.2318 0.7518 1.6603 27.08 <.0001
edu 4 a 7 0.1505 0.2319 -0.3041 0.6051 0.42 0.5165
edu 8 a 11 0.4670 0.2311 0.0140 0.9200 4.08 0.0433
edu Sem instrução ou menos de 1 ano -0.0219 0.2341 -0.4808 0.4369 0.01 0.9253
edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
cor Amarela 0.1034 0.1687 -0.2272 0.4341 0.38 0.5398
cor Branca 0.3741 0.0298 0.3158 0.4325 157.84 <.0001
cor Ignorado 0.4113 0.2356 -0.0504 0.8730 3.05 0.0808
cor Indígena 0.1494 0.2039 -0.2502 0.5489 0.54 0.4637
cor Parda 0.0466 0.0314 -0.0150 0.1082 2.19 0.1386
cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
migra 5 a 9 Anos 0.2433 0.0684 0.1092 0.3774 12.64 0.0004
migra Ignorado -0.0247 0.0405 -0.1042 0.0547 0.37 0.5416
migra Mais de 10 Anos 0.0952 0.0261 0.0440 0.1464 13.27 0.0003
migra Menos de 4 Anos 0.3651 0.0609 0.2458 0.4845 35.96 <.0001
migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
CHAVPO Conta-Própria 0.1600 0.1116 -0.0587 0.3788 2.06 0.1517
CHAVPO Desempregado -0.3248 0.3607 -1.0317 0.3821 0.81 0.3678
CHAVPO Empreg. Agrícola -0.7071 0.4925 -1.6724 0.2582 2.06 0.1511
CHAVPO Empreg. Doméstico 0.0021 0.1201 -0.2332 0.2374 0.00 0.9859
CHAVPO Empreg. com carteira -0.0156 0.1155 -0.2420 0.2108 0.02 0.8923
67
Parameter Estimate Standard
Error
Wald 95% Confidence
Limits Chi-Square Pr > ChiSq
CHAVPO Empreg. sem carteira 0.0533 0.1138 -0.1697 0.2762 0.22 0.6395
CHAVPO Empregador 0.5033 0.1256 0.2571 0.7495 16.05 <.0001
CHAVPO Func. Público 0.2117 0.1173 -0.0181 0.4415 3.26 0.0710
CHAVPO Ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
CHAVPO Inativo 0.1890 0.2027 -0.2082 0.5862 0.87 0.3511
CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.2138 0.1531 -0.5139 0.0862 1.95 0.1625
CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4563 0.0605 -0.5749 -0.3378 56.95 <.0001
CONTRIBU Desempregado -0.5984 0.3527 -1.2898 0.0929 2.88 0.0898
CONTRIBU Ignorado -0.6809 0.0701 -0.8183 -0.5436 94.39 <.0001
CONTRIBU Inativo -0.8358 0.1832 -1.1949 -0.4766 20.81 <.0001
CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal Sim -0.4305 0.0271 -0.4837 -0.3774 252.07 <.0001
asubnormal ZZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
Scale 0.8305 0.0062 0.8183 0.8428
Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE
68
Equação renda individual do trabalho - 2008
Município do Rio de Janeiro
Parameter Estimate Standard
Error
Wald 95% Confidence
Limits Chi-Square Pr > ChiSq
Intercept 6.0257 0.7360 4.5833 7.4681 67.04 <.0001
SEXO Homens 0.3129 0.0232 0.2674 0.3583 182.21 <.0001
SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
fxage 10 a 14 -1.1807 0.4011 -1.9669 -0.3945 8.66 0.0032
fxage 15 a 19 -0.5634 0.0748 -0.7100 -0.4168 56.74 <.0001
fxage 20 a 24 -0.3898 0.0573 -0.5020 -0.2775 46.28 <.0001
fxage 25 a 29 -0.1742 0.0521 -0.2763 -0.0720 11.16 0.0008
fxage 30 a 35 -0.0142 0.0502 -0.1126 0.0842 0.08 0.7774
fxage 36 a 39 0.1126 0.0546 0.0057 0.2196 4.26 0.0390
fxage 40 a 44 0.1124 0.0511 0.0121 0.2126 4.83 0.0280
fxage 45 a 49 0.1128 0.0516 0.0116 0.2140 4.77 0.0289
fxage 50 a 54 0.0643 0.0518 -0.0372 0.1658 1.54 0.2144
fxage 55 a 59 0.0669 0.0570 -0.0448 0.1786 1.38 0.2406
fxage 60 ou mais 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
edu 1 a 3 -0.1038 0.2501 -0.5941 0.3865 0.17 0.6782
edu 12 ou mais 0.9522 0.2449 0.4723 1.4321 15.12 0.0001
edu 4 a 7 0.0373 0.2457 -0.4442 0.5187 0.02 0.8794
edu 8 a 11 0.2737 0.2444 -0.2053 0.7527 1.25 0.2628
edu Sem instrução ou menos de 1 ano -0.0693 0.2508 -0.5608 0.4222 0.08 0.7822
edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
cor Amarela -0.1248 0.1811 -0.4798 0.2301 0.48 0.4906
cor Branca 0.1692 0.0368 0.0970 0.2414 21.08 <.0001
cor Indígena -0.2261 0.3096 -0.8329 0.3807 0.53 0.4652
cor Parda -0.0016 0.0384 -0.0768 0.0736 0.00 0.9667
cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
migra 5 a 9 Anos 0.1712 0.0739 0.0265 0.3160 5.37 0.0204
migra Ignorado 0.0155 0.0500 -0.0826 0.1136 0.10 0.7563
migra Mais de 10 Anos 0.0914 0.0301 0.0324 0.1504 9.22 0.0024
migra Menos de 4 Anos 0.2537 0.0665 0.1235 0.3840 14.58 0.0001
migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
CHAVPO Conta-Própria 0.7287 0.6892 -0.6221 2.0795 1.12 0.2904
CHAVPO Empreg. Agrícola 0.7480 0.7956 -0.8113 2.3074 0.88 0.3471
CHAVPO Empreg. Doméstico 0.5444 0.6908 -0.8094 1.8983 0.62 0.4306
CHAVPO Empreg. com carteira 0.6689 0.6895 -0.6825 2.0203 0.94 0.3320
CHAVPO Empreg. sem carteira 0.7241 0.6891 -0.6264 2.0747 1.10 0.2933
CHAVPO Empregador 1.3912 0.6907 0.0374 2.7450 4.06 0.0440
69
Parameter Estimate Standard
Error
Wald 95% Confidence
Limits Chi-Square Pr > ChiSq
CHAVPO Func. Público 1.1097 0.6896 -0.2420 2.4614 2.59 0.1076
CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.3948 0.1272 -0.6441 -0.1456 9.64 0.0019
CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4937 0.0508 -0.5932 -0.3942 94.56 <.0001
CONTRIBU Ignorado -0.8556 0.0596 -0.9725 -0.7387 205.74 <.0001
CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal Sim -0.0915 0.0345 -0.1591 -0.0239 7.03 0.0080
asubnormal ZZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
Scale 0.6871 0.0077 0.6722 0.7024
Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE
70
Equação renda domiciliar per capita do trabalho - 2008
Município do Rio de Janeiro
Parameter Estimate Standard
Error
Wald 95% Confidence
Limits Chi-Square Pr > ChiSq
Intercept 5.8415 0.3021 5.2495 6.4336 373.98 <.0001
SEXO Homens -0.0443 0.0211 -0.0857 -0.0029 4.40 0.0358
SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
fxage 0 a 4 0.4429 0.1403 0.1678 0.7180 9.96 0.0016
fxage 10 a 14 0.2392 0.0538 0.1337 0.3446 19.74 <.0001
fxage 15 a 19 0.1408 0.0496 0.0436 0.2380 8.06 0.0045
fxage 20 a 24 -0.0963 0.0519 -0.1980 0.0053 3.45 0.0632
fxage 25 a 29 -0.0950 0.0493 -0.1917 0.0016 3.71 0.0539
fxage 30 a 35 -0.1529 0.0476 -0.2461 -0.0597 10.34 0.0013
fxage 36 a 39 -0.0486 0.0531 -0.1526 0.0555 0.84 0.3605
fxage 40 a 44 -0.0634 0.0489 -0.1591 0.0324 1.68 0.1945
fxage 45 a 49 0.0122 0.0485 -0.0829 0.1073 0.06 0.8011
fxage 5 a 9 0.3843 0.1366 0.1166 0.6520 7.92 0.0049
fxage 50 a 54 -0.0014 0.0486 -0.0966 0.0939 0.00 0.9778
fxage 55 a 59 0.0062 0.0519 -0.0956 0.1079 0.01 0.9051
fxage 60 ou mais 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
edu 1 a 3 0.1819 0.2647 -0.3369 0.7007 0.47 0.4920
edu 12 ou mais 1.2293 0.2628 0.7143 1.7443 21.89 <.0001
edu 4 a 7 0.3322 0.2630 -0.1833 0.8476 1.60 0.2066
edu 8 a 11 0.5664 0.2621 0.0528 1.0801 4.67 0.0307
edu Sem instrução ou menos de 1 ano 0.1847 0.2657 -0.3360 0.7054 0.48 0.4870
edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
cor Amarela 0.2047 0.1876 -0.1631 0.5724 1.19 0.2753
cor Branca 0.4019 0.0335 0.3362 0.4675 144.09 <.0001
cor Ignorado 0.2809 0.2667 -0.2419 0.8036 1.11 0.2923
cor Indígena 0.1655 0.2264 -0.2782 0.6093 0.53 0.4647
cor Parda 0.0777 0.0352 0.0088 0.1466 4.88 0.0272
cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
migra 5 a 9 Anos 0.3398 0.0747 0.1935 0.4861 20.71 <.0001
migra Ignorado 0.0255 0.0462 -0.0650 0.1161 0.31 0.5806
migra Mais de 10 Anos 0.1300 0.0305 0.0704 0.1897 18.23 <.0001
migra Menos de 4 Anos 0.3455 0.0661 0.2159 0.4752 27.30 <.0001
migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
CHAVPO Conta-Própria 0.2973 0.1258 0.0507 0.5438 5.59 0.0181
CHAVPO Desempregado -0.2458 0.4019 -1.0335 0.5419 0.37 0.5408
CHAVPO Empreg. Agrícola -0.3846 0.5157 -1.3953 0.6261 0.56 0.4558
71
Parameter Estimate Standard
Error
Wald 95% Confidence
Limits Chi-Square Pr > ChiSq
CHAVPO Empreg. Doméstico 0.1005 0.1340 -0.1621 0.3630 0.56 0.4532
CHAVPO Empreg. com carteira 0.1031 0.1293 -0.1503 0.3566 0.64 0.4251
CHAVPO Empreg. sem carteira 0.2164 0.1278 -0.0340 0.4668 2.87 0.0904
CHAVPO Empregador 0.8262 0.1397 0.5523 1.1000 34.96 <.0001
CHAVPO Func. Público 0.4104 0.1310 0.1536 0.6672 9.81 0.0017
CHAVPO Ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
CHAVPO Inativo 0.2372 0.2403 -0.2337 0.7081 0.97 0.3235
CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.2867 0.1598 -0.5998 0.0265 3.22 0.0728
CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4797 0.0634 -0.6041 -0.3554 57.17 <.0001
CONTRIBU Desempregado -0.6919 0.3923 -1.4607 0.0770 3.11 0.0778
CONTRIBU Ignorado -0.8028 0.0737 -0.9473 -0.6583 118.60 <.0001
CONTRIBU Inativo -0.9525 0.2180 -1.3797 -0.5252 19.09 <.0001
CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal Sim -0.2940 0.0301 -0.3531 -0.2349 95.11 <.0001
asubnormal ZZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
Scale 0.8656 0.0070 0.8519 0.8795
Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE
72 Equação domiciliar per capita do trabalho
Município do Rio de Janeiro Com dummy interativa FAVELA * ANO
Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites
de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-
Quadrado
Intercept 6.5558 0.2412 6.0831 7.0285 738.92 <.0001
SEXO Homens -0.0280 0.0080 -0.0436 -0.0123 12.22 0.0005
SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
fxage 0 a 4 0.4277 0.2580 -0.0780 0.9333 2.75 0.0974
fxage 10 a 14 0.4433 0.2288 -0.0052 0.8917 3.75 0.0527
fxage 15 a 19 0.2698 0.2287 -0.1785 0.7181 1.39 0.2382
fxage 20 a 24 0.1875 0.2288 -0.2609 0.6359 0.67 0.4125
fxage 25 a 29 0.1785 0.2288 -0.2699 0.6270 0.61 0.4352
fxage 30 a 35 0.1398 0.2287 -0.3085 0.5880 0.37 0.5412
fxage 36 a 39 0.1294 0.2289 -0.3191 0.5780 0.32 0.5717
fxage 40 a 44 0.1672 0.2287 -0.2811 0.6155 0.53 0.4648
fxage 45 a 49 0.2828 0.2288 -0.1656 0.7311 1.53 0.2164
fxage 5 a 9 0.4730 0.2578 -0.0323 0.9783 3.37 0.0665
fxage 50 a 54 0.4135 0.2288 -0.0349 0.8619 3.27 0.0707
fxage 55 a 59 0.5621 0.2289 0.1134 1.0108 6.03 0.0141
fxage 60 ou mais 0.7528 0.2285 0.3049 1.2006 10.85 0.0010
fxage Ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
edu 1 a 3 -0.8086 0.0595 -0.9252 -0.6921 184.90 <.0001
edu 12 ou mais 0.5026 0.0587 0.3876 0.6177 73.36 <.0001
edu 4 a 7 -0.6399 0.0586 -0.7547 -0.5250 119.18 <.0001
edu 8 a 11 -0.2401 0.0582 -0.3541 -0.1260 17.02 <.0001
edu Sem instrução ou menos
de 1 ano
-0.8584 0.0602 -0.9763 -0.7405 203.49 <.0001
edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
cor Amarela 0.2941 0.0879 0.1218 0.4664 11.19 0.0008
cor Branca 0.3835 0.0129 0.3582 0.4087 885.33 <.0001
cor Ignorado 0.6474 0.1619 0.3301 0.9647 15.99 <.0001
cor Indígena 0.1140 0.1041 -0.0901 0.3180 1.20 0.2737
cor Parda 0.0251 0.0138 -0.0020 0.0521 3.30 0.0691
cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
migra 5 a 9 Anos 0.1511 0.0307 0.0908 0.2113 24.16 <.0001
migra Ignorado 0.0429 0.0189 0.0059 0.0799 5.16 0.0231
73
Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites
de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-
Quadrado
migra Mais de 10 Anos 0.0809 0.0110 0.0594 0.1024 54.28 <.0001
migra Menos de 4 Anos 0.2203 0.0289 0.1636 0.2769 58.05 <.0001
migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
CHAVPO 11 -2.5256 0.8218 -4.1364 -0.9149 9.44 0.0021
CHAVPO Conta-Própria 0.1965 0.0468 0.1048 0.2882 17.62 <.0001
CHAVPO Desempregado -0.2900 0.1710 -0.6252 0.0452 2.88 0.0899
CHAVPO Empreg. Agrícola -0.1713 0.2102 -0.5833 0.2407 0.66 0.4152
CHAVPO Empreg. Doméstico -0.0097 0.0505 -0.1086 0.0893 0.04 0.8480
CHAVPO Empreg. com carteira 0.0346 0.0487 -0.0609 0.1301 0.50 0.4778
CHAVPO Empreg. sem carteira 0.1114 0.0478 0.0176 0.2051 5.42 0.0199
CHAVPO Empregador 0.6207 0.0534 0.5161 0.7253 135.17 <.0001
CHAVPO Func. Público 0.2216 0.0493 0.1251 0.3181 20.24 <.0001
CHAVPO Ignorado 0.1469 0.1361 -0.1198 0.4136 1.17 0.2803
CHAVPO Inativo 0.0558 0.0889 -0.1184 0.2299 0.39 0.5304
CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.0861 0.0695 -0.2223 0.0500 1.54 0.2151
CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.3428 0.0274 -0.3964 -0.2892 157.06 <.0001
CONTRIBU Desempregado -0.4420 0.1685 -0.7723 -0.1117 6.88 0.0087
CONTRIBU Ignorado -0.5256 0.0309 -0.5862 -0.4649 288.36 <.0001
CONTRIBU Inativo -0.4768 0.0823 -0.6381 -0.3156 33.59 <.0001
CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal Sim -0.4910 0.0228 -0.5358 -0.4463 462.50 <.0001
asubnormal ZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
anoo 1999 -0.1036 0.0128 -0.1287 -0.0785 65.21 <.0001
anoo 2001 -0.1394 0.0129 -0.1647 -0.1141 116.63 <.0001
anoo 2005 -0.1402 0.0130 -0.1657 -0.1147 116.15 <.0001
anoo 2008 -0.0619 0.0132 -0.0877 -0.0361 22.11 <.0001
anoo 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo Sim 1999 0.0844 0.0321 0.0214 0.1473 6.90 0.0086
asubnormal*anoo Sim 2001 0.0129 0.0329 -0.0517 0.0774 0.15 0.6958
asubnormal*anoo Sim 2005 0.0391 0.0334 -0.0263 0.1045 1.37 0.2418
asubnormal*anoo Sim 2008 0.0938 0.0342 0.0268 0.1609 7.53 0.0061
asubnormal*anoo Sim 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 1999 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 2001 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
74
Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites
de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-
Quadrado
asubnormal*anoo ZZNão 2005 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 2008 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
Scale 0.8204 0.0027 0.8152 0.8257
Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE
Equação domiciliar per capita do trabalho Município do Rio de Janeiro
Com dummy interativa (favela * ano)
Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites
de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-
Quadrado
Intercept 6.4743 0.3333 5.8210 7.1275 377.36 <.0001
SEXO Homens -0.0286 0.0089 -0.0461 -0.0112 10.31 0.0013
SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
fxage 0 a 4 0.3422 0.3450 -0.3340 1.0185 0.98 0.3212
fxage 10 a 14 0.3596 0.3237 -0.2748 0.9940 1.23 0.2665
fxage 15 a 19 0.1322 0.3237 -0.5021 0.7666 0.17 0.6829
fxage 20 a 24 -0.0033 0.3237 -0.6377 0.6311 0.00 0.9919
fxage 25 a 29 0.0127 0.3237 -0.6217 0.6472 0.00 0.9686
fxage 30 a 35 -0.0046 0.3236 -0.6389 0.6298 0.00 0.9888
fxage 36 a 39 -0.0044 0.3238 -0.6390 0.6302 0.00 0.9892
fxage 40 a 44 0.0231 0.3237 -0.6113 0.6575 0.01 0.9432
fxage 45 a 49 0.1031 0.3237 -0.5313 0.7376 0.10 0.7500
fxage 5 a 9 0.3756 0.3449 -0.3004 1.0516 1.19 0.2762
fxage 50 a 54 0.1226 0.3237 -0.5119 0.7571 0.14 0.7050
fxage 55 a 59 0.1640 0.3239 -0.4708 0.7989 0.26 0.6125
fxage 60 ou mais 0.1625 0.3236 -0.4717 0.7966 0.25 0.6156
fxage Ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
edu 1 a 3 -0.6451 0.0636 -0.7698 -0.5204 102.83 <.0001
edu 12 ou mais 0.5042 0.0626 0.3814 0.6270 64.80 <.0001
edu 4 a 7 -0.5123 0.0626 -0.6349 -0.3897 67.04 <.0001
edu 8 a 11 -0.1829 0.0620 -0.3045 -0.0613 8.69 0.0032
edu Sem instrução ou menos
de 1 ano
-0.6805 0.0645 -0.8070 -0.5541 111.34 <.0001
edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
cor Amarela 0.3077 0.0950 0.1216 0.4939 10.50 0.0012
75
Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites
de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-
Quadrado
cor Branca 0.4210 0.0142 0.3931 0.4490 874.61 <.0001
cor Ignorado 0.7064 0.1749 0.3637 1.0491 16.32 <.0001
cor Indígena 0.1939 0.1134 -0.0285 0.4162 2.92 0.0874
cor Parda 0.0423 0.0152 0.0126 0.0720 7.77 0.0053
cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
migra 5 a 9 Anos 0.2076 0.0327 0.1435 0.2716 40.32 <.0001
migra Ignorado 0.1105 0.0216 0.0682 0.1529 26.15 <.0001
migra Mais de 10 Anos 0.1200 0.0126 0.0952 0.1447 90.37 <.0001
migra Menos de 4 Anos 0.2914 0.0309 0.2308 0.3520 88.83 <.0001
migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
CHAVPO Conta-Própria 0.2967 0.0525 0.1939 0.3995 31.98 <.0001
CHAVPO Desempregado -0.2361 0.1996 -0.6274 0.1552 1.40 0.2369
CHAVPO Empreg. Agrícola 0.0242 0.2255 -0.4178 0.4663 0.01 0.9144
CHAVPO Empreg. Doméstico 0.0770 0.0560 -0.0328 0.1867 1.89 0.1693
CHAVPO Empreg. com carteira 0.0987 0.0543 -0.0077 0.2051 3.30 0.0691
CHAVPO Empreg. sem carteira 0.1933 0.0534 0.0886 0.2979 13.09 0.0003
CHAVPO Empregador 0.8553 0.0590 0.7395 0.9710 209.86 <.0001
CHAVPO Func. Público 0.3430 0.0548 0.2355 0.4505 39.13 <.0001
CHAVPO Ignorado 0.1721 0.1491 -0.1201 0.4644 1.33 0.2483
CHAVPO Inativo -0.1377 0.1037 -0.3409 0.0654 1.77 0.1839
CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.2125 0.0726 -0.3548 -0.0702 8.57 0.0034
CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4034 0.0286 -0.4595 -0.3474 199.13 <.0001
CONTRIBU Desempregado -0.5861 0.1965 -0.9713 -0.2010 8.90 0.0029
CONTRIBU Ignorado -0.6764 0.0324 -0.7398 -0.6129 436.17 <.0001
CONTRIBU Inativo -0.4106 0.0956 -0.5980 -0.2232 18.44 <.0001
CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal Sim -0.4043 0.0247 -0.4526 -0.3559 268.80 <.0001
asubnormal ZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
anoo 1999 -0.1372 0.0143 -0.1652 -0.1092 92.34 <.0001
anoo 2001 -0.1804 0.0144 -0.2085 -0.1522 157.83 <.0001
anoo 2005 -0.1828 0.0144 -0.2111 -0.1545 160.18 <.0001
anoo 2008 -0.0778 0.0147 -0.1065 -0.0491 28.18 <.0001
anoo 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo Sim 1999 0.0982 0.0349 0.0299 0.1665 7.94 0.0048
76
Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites
de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-
Quadrado
asubnormal*anoo Sim 2001 0.0757 0.0359 0.0053 0.1460 4.44 0.0350
asubnormal*anoo Sim 2005 0.0616 0.0364 -0.0097 0.1329 2.87 0.0905
asubnormal*anoo Sim 2008 0.1443 0.0375 0.0709 0.2178 14.85 0.0001
asubnormal*anoo Sim 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 1999 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 2001 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 2005 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 2008 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
asubnormal*anoo ZZNão 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .
Scale 0.8501 0.0030 0.8443 0.8559
Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE
77
Evolução Recente das Condições de Vida no Município do Rio de Janeiro
A Geografia da Pobreza
Entre 2003 e 2008 houve uma redução de 43.03% da pobreza o que
corresponde à saída de 19,3 milhões de pessoas da miséria com uma renda
abaixo de 137 reais em termos domiciliares per capita. Entre as 27 capitais das
Unidades de Federação brasileiras e as periferias das seis maiores metrópoles
o destaque da redução no período 2003 a 2008 foi o município de Palmas (-
80,9%) e nas menores reduções temos o município do Rio (-34,8%). Já em
termos dos níveis das séries em 2008, o município Rio ocupa a 21 primeiro
lugar no ranking das maiores taxas de miséria (10,18% da população), duas
posições abaixo da periferia (11,15%). % Classe E
% % % Var (%) Var (%)
rank 2008 2008 rank 2007 rank 2003 rank 2007/2008 rank 2003/2008
18 Periferia do Rio de Janeiro - RJ 11.15 22 12.88 25 18.00 22 -13.43% 4 -38.06%21 Rio de Janeiro - RJ 10.18 15 16.34 29 15.62 34 -37.70% 1 -34.83%
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD
Na passagem do Ano I D.C. (um ano depois da crise) no dia 15 de
setembro quando a crise irrompeu as bolsas de valores lá fora, o que podemos
dizer dos seus efeitos no bolso do carioca pobre? (não confundir com (pobre
carioca). Damos seqüência aqui, com dados até julho de 2009, ao
monitoramento da evolução da composição da população em seus diversos
estratos econômicos. A PME permite um olhar destes tipos de áreas o período
pós-crise (leia-se na PME renda do trabalho no âmbito das seis maiores
metrópoles apenas). No período Julho de 2008 quando comparado a Julho de
2009 a pobreza trabalhista caiu -0,6% na capital do Rio de Janeiro.
78 Classes Econômicas Locais
O líder da renda média no Brasil (R$ 1249 por mês e da participação das
classes ABC é o município de Florianópolis (92,6% da população de lá). A
chamada cidade maravilhosa tem 75,3% nas classes ABC (7ª entre as 27
capitais) e cada carioca ganha 1015 reais (6ª maior). % Classe ABC
% % % Var (%) Var (%)
rank 2008 2008 rank 2007 rank 2003 rank 2007/2008 rank 2003/2008
7 Rio de Janeiro - RJ 75.32 12 67.90 5 66.24 7 10.93% 33 13.71%17 Periferia do Rio de Janeiro - RJ 63.98 15 62.27 14 53.45 25 2.75% 31 19.70%
Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD
Julho de 2009, nove meses após a chegada da crise aqui, já há uma
visão clara dos seus efeitos na renda dos trabalhadores brasileiros nas seis
maiores metrópoles do país. Uma síntese pode ser encontrada na soma das
classes ABC, que subiu 1,81% no período de crise e 25,7% na auspiciosa fase
anterior à chegada da crise no Brasil, embora a crise já estivesse presente nos
países desenvolvidos desde meados de 2007. Um aspecto inovador foi abrir as
periferias e capitais. Como exemplo deste processo veja que o desempenho do
município do Rio de Janeiro, que teve aumento de 1,16%.
Fontes de Rendas e Mudanças
Se algo mudou o segundo esforço é saber: Por que mudou? Mudou em
que? Estas últimas perguntas sugerem as duas linhas complementares de
resposta aqui exploradas, a saber: a primeira olha para os determinantes
próximos da distribuição de renda e para os componentes primários da renda
das pessoas, o papel de pensões e aposentadorias, programas sociais e
trabalho.
A análise da participação de diferentes tipos de renda por classe
econômica pode ser útil para aferir os impactos prospectivos de diferentes
instrumentos de política pública sobre a distribuição de renda, tais como, por
exemplo, as medidas adotadas no bojo da crise externa iniciada em setembro
de 2008, senão vejamos:
79Aumentos do Bolsa Família e de outros programas não previdenciários
tendem a beneficiar predominantemente a classe E brasileira que tem 16,25%
de seus proventos desta modalidade de renda. A classe C é aquela que
percebe a maior proporção de benefícios previdenciários totais 20,73%. Agora
se optamos por separar a renda de benefícios previdenciários em rendimentos
individuais percebidos até 1 salário mínimo e benefícios acima deste piso, pois
a diferenciação de reajustes destas faixas foi a tônica da política de reajustes
desde 1998. O maior beneficiário de reajuste do piso previdenciário é a classe
D com 12,66% das rendas vinculadas ao piso. Finalmente, o reajuste de
pensões e aposentadorias acima deste piso beneficia acima de tudo a classe
AB com 18,94% de seus proventos associados a esta fonte. Esta medida está
em debate hoje para ser implementada.
As Capitais das Rendas
O Rio ficou como a capital dos aposentados cujas rendas correspondem
a 28,8% do bolso do carioca, a mais alta proporção de todas 27 capitais. Em
termos de renda do trabalho o município do Rio ficou com a última posição
(67,98% do total)
80Participação das diferentes fontes de renda no total (%) – 2008
Capitais e Periferias Metropolitanas
Renda todos
os trabalhos
Outras
rendas
privadas
Transferênci
as Pública -
BF*
Previdencia
Pós-piso >
SM*
Piso
Previdencia
- SM*
% % % % %
2008 2008 2008 2008 2008
Porto Velho - RO 81.95 1.63 1.43 2.33 12.66
Rio Branco - AC 82.51 3.60 0.95 2.74 10.20
Manaus - AM 84.80 1.27 1.75 2.13 10.05
Boa Vista - RR 86.11 1.19 3.11 3.53 6.06
Belém - PA 75.98 2.19 2.00 3.39 16.44
PA Periferia 81.09 2.14 3.34 3.79 9.64
Macapá - AP 86.74 1.02 3.15 2.29 6.80
Palmas - TO 88.31 3.35 1.26 1.39 5.68
São Luís - MA 82.62 0.87 1.68 3.30 11.53
Teresina - PI 71.67 4.54 1.55 3.43 18.81
Fortaleza - CE 75.75 2.58 1.85 3.58 16.24
CE Periferia 75.83 1.29 3.85 10.53 8.50
Natal - RN 78.89 2.47 1.50 3.57 13.56
João Pessoa - PB 73.92 2.61 2.37 2.84 18.27
Recife - PE 71.53 2.83 2.90 3.22 19.52
PE Periferia 72.38 1.78 2.15 7.07 16.63
Maceió - AL 80.36 2.47 1.94 3.61 11.63
Aracaju - SE 79.67 1.18 0.75 2.96 15.44
Salvador - BA 77.69 2.49 1.46 2.80 15.57
BA Periferia 81.89 2.08 1.95 4.31 9.76
Belo Horizonte - MG 75.49 2.82 1.28 2.42 17.98
MG Periferia 81.29 1.28 1.48 4.82 11.12
Vitória - ES 69.97 2.57 0.46 1.64 25.35
Rio de Janeiro - RJ 67.98 2.34 0.86 1.60 27.22
RJ Periferia 72.51 0.77 0.66 4.28 21.78
São Paulo - SP 80.51 2.39 2.18 1.56 13.36
SP Periferia 80.93 1.58 1.88 2.64 12.97
Curitiba - PR 77.13 2.43 2.38 1.54 16.52
PR Periferia 85.16 1.13 1.33 3.62 8.76
Florianópolis - SC 77.00 2.12 2.17 1.41 17.30
Porto Alegre - RS 72.26 2.49 1.20 1.65 22.39
RS Periferia 76.90 1.56 1.47 3.95 16.13
Campo Grande - MS 82.75 3.16 1.48 2.49 10.12
Cuiabá - MT 81.54 1.74 0.72 2.03 13.97
Goiânia - GO 79.07 3.10 1.75 2.33 13.75
Brasília - DF 79.62 1.62 1.48 0.85 16.43 Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD