TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de...

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1 1º COLOCADO NO TEMA II ESTRUTURA PRODUTIVA FLUMINENSE, ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS, AMBIENTE DE NEGÓCIOS E FORMALIZAÇÃO TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS CARIOCAS MARCELO NÉRI

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1º COLOCADO NO TEMA II

ESTRUTURA PRODUTIVA FLUMINENSE, ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS, AMBIENTE DE

NEGÓCIOS E FORMALIZAÇÃO

TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS CARIOCAS

MARCELO NÉRI

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2RESUMO

Utilizando inicialmente os microdados do Censo 2000 fazemos um zoom

sobre a situação do trabalho nos morros cariocas, em particular nas comunidades de

Cidade de Deus, Jacarezinho, Rocinha, Maré, Complexo do Alemão comparando

com as demais áreas do município do Rio de Janeiro. Optamos por realizar um

contraste deste grupo de regiões administrativas (RAs) com o de RAs de renda mais

alta compostas por Lagoa, Barra da Tijuca, Botafogo, Copacabana e Tijuca. A renda

média do trabalho é cerca de 5,3 vezes maior no grupo das áreas mais ricas. Agora

ao contrário do estereótipo do malandro do morro carioca, a jornada de trabalho

média lá é cinco horas semanais a mais do que no asfalto. O fator fundamental é a

desigualdade de escolaridade: média de 11,9 anos completos de estudo de um

trabalhador nos bairros de luxo contra 6,2 anos nas comunidades de baixa renda.

Como existe retorno crescente de educação, cada ano a mais de escolaridade rende

mais aos ocupados dos bairros de alta renda: 180,5 reais por cada ano de estudo de

um ocupado nos bairros ricos contra 65,9 reais dos pobres. Os resultados confirmam

que os diferenciais controlados de renda per capita de pessoas nas cinco

comunidades de baixa renda analisadas são até 115.8% menores do que na região

administrativa da Lagoa, aquela que apresenta a maior renda. Ou seja, os dados

comprovam a existência de um viés de renda contra o favelado. Um fato que chama

a atenção é que apesar de todas as adversidades enfrentadas pelo trabalhador das

comunidades de baixa renda, a renda do trabalho desempenha lá um papel mais

fundamental: cerca de 81% de todas as fontes de renda nestas áreas advém do

trabalho contra 63% das áreas de renda mais alta. Este resultado é confirmado por

equações mincerianas de renda domiciliar per capita onde a dummy favela explica

cerca de metade dos diferencial explicado por outras variáveis observáveis.

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3Posteriormente, fazemos um experimento de diferença em diferença usando os

microdados das PNADs 1996 a 2008 para o município do Rio de Janeiro abertos

neste estudo, separando os aglomerados sub-normais, como aproximação das

favelas e comparando com as demais áreas da cidade. O exercício permite testar e

analisar a evolução recente do viés contra os favelados. O diferencial é maior na

renda total (-0,49) do que na renda do trabalho (-0,4). Ou seja, apesar das agruras

da vida privada das favelas cariocas, a maior carência parece ser a de Estado no

que tange a políticas redistributivas que caracterizam o país nos últimos anos. Por

outro lado, a análise de diferença em diferença demonstra que estes diferenciais

vem caindo ao longo do tempo. A renda de todas as fontes nas favelas vis a vis as

demais áreas tem desempenho qualitativamente similar porém com menor

crescimento relativo do que o do trabalho nos últimos anos. Se a chegada de novos

programas assistenciais como o Bolsa Familia as comunidades de baixa renda da

Cidade do Rio de Janeiro pode explicar parte do resultado. a maior parte da melhora

relativa (e o maior crescimento relativo) das favelas mais uma vez advém da renda

do trabalho.

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4Trabalho e Condições de Vida nas Favelas Cariocas

1. Favelas . 2. Metrópoles . 3.Informalidade. 4.Cidades. 5. Rio de Janeiro

1. Introdução

O Rio é um estado voltado mais para fora do que para dentro. Os nomes dos

principais jornais locais, “Jornal do Brasil” e “O Globo”, refletem o interesse

cosmopolita fluminense. O título dos jornais de outros estados faz, em geral,

referência à respectiva unidade da federação. No caso dos pesquisadores do Rio,

ou melhor dos “Tres Rios”, o ato de olhar para o futuro da Região Metropolitana, da

cidade e do Estado, é atípico. O Rio tem vocação para questões nacionais. A

recíproca também é verdadeira. Os olhos do Brasil e do mundo também se voltam

com freqüência para o Rio. Isto desde os tempos em que o Rio era sede da Corte

Portuguesa. A presença da sede da Rede Globo reforça a visibilidade da vitrine

carioca. As imagens do Rio, nem sempre aquelas que causam orgulho local, como

da violência e o desemprego nas favelas cariocas, são transmitidas ao vivo e em

cores para o resto do país.

O Rio é o Estado mais metropolitano da federação, 76% da população

fluminense mora numa metrópole. Não há nenhum estado que chegue perto disso.

No período 1997 a 2003, vivemos no Brasil uma grande crise metropolitana. As

áreas metropolitanas não são as áreas mais pobres, mas foram as localidades onde

a renda caiu mais. São Paulo, o maior município brasileiro, foi entre os mais de 5 mil

municípios do Brasil onde a pobreza aumentou mais entre os censos de 1991 e

2000, o que dá idéia de como tamanho de cidade e sua evolução social se

relacionaram na década de 1990. Tem sido patente a incapacidade do Estado

brasileiro nos seus três níveis em lidar com a crise metropolitana, em particular no

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5tema trabalho. De forma que a experiência das grandes favelas cariocas quer pelo

problema mais substantivo local, quer pelo seu simbolismo nacional, permite-nos

olhar a partir de um dos epicentros da crise metropolitana pregressa tirar lições

potencialmente valiosas para a crise iniciada em setembro de 2008.

O Censo 2000 aplicado ao Rio pela sua data e abertura geográfica propiciada

por seus dados permitem talvez um dos melhores ângulos para traçar uma fotografia

estatística da chamada crise metropolitana. O presente estudo descreve o nível e a

evolução das condições de trabalho e de vida no Rio de Janeiro dando destaque à

análise das grandes favelas cariocas, tais como Complexo do Alemão, Jacarezinho

e Rocinha bem como de reassentamentos urbanos como os da Cidade de Deus e

Maré. O foco nessas comunidades ilustra talvez o lado mais difícil da crise

metropolitana brasileira, o surgimento e crescimento de uma nova pobreza muito

próxima de áreas de alta riqueza e desassistida pelo Estado. Inovamos ao trabalhar

com microdados da PNAD abertos para aglomerados subnormais como

aproximação das comunidades de baixa renda e as demais comunidades do

município do Rio de Janeiro para oferecer uma visão mais recente da saída desta

situação de decadência das grandes cidades brasileiras até 2008. Estes dados

permitem situar a composição de renda do município do Rio frente as demais

capitais e as periferias das grandes metrópoles brasileiras.

O plano do trabalho é o seguinte: As três seções iniciais analisam a partir do

Censo Demográfico a situação de trabalho e moradia das seis maiores favelas e

reassentamentos cariocas. A seção 2 analisa alguns aspectos não trabalhistas das

condições de vida nas grandes favelas cariocas. As seções três e quatro estuda as

condições de trabalho e o diferencial de renda entre as áreas cariocas. As seções

cinco e seis detalham a partir dos microdados da PNAD os diferenciais de renda do

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6trabalho e total entre aglomerados sub-normais e as demais áreas cariocas. detalha

a comunidade da Rocinha, analisamos rapidamente as principais características

sócio-demográficas e as atividades empresariais lá exercidas. A seção sete busca

contextualizar as análises através de uma retrospectiva da crise social recente nas

grandes metrópoles brasileiras vis à vis a adoção de novas políticas sociais. As

principais conclusões são deixadas para a última seção.

2. Cidade de Deus: O Reassentamento

Cidade de Deus, o filme brasileiro com maior número de indicações da

história do Oscar, tem como cenário uma comunidade que protagonizou uma valiosa

experiência sobre efeitos de reassentamentos urbanos a partir da remoção de

favelas. O relativamente longo período da existência da comunidade, cuja criação

remonta a 1966, na cidade do Rio de Janeiro, permite extrair lições úteis para o

desenho de um menu de políticas alternativas de provisão de infra-estrutura pública

em áreas desfavorecidas — sem a remoção de famílias para outras áreas, como

preconiza o programa Favela-Bairro, em execução na cidade — ou de regularização

fundiária, em pauta no debate político, função da crise metropolitana brasileira em

curso. Mais metropolitano e favelizado estado da federação, o Rio de Janeiro é um

privilegiado laboratório de políticas habitacionais.

A realocação de comunidades marginalizadas é um exercício complexo de

economia política que pode ser enxergado a partir de diferentes perspectivas dos

diversos tipos de atores envolvidos no processo. Em primeiro lugar, a dos antigos

vizinhos da favela, no coração da Zona Sul carioca, que perceberam um ganho de

capital derivado da valorização imobiliária. Em segundo, as perspectivas do setor

público, aí incluindo aspectos políticos e financeiros imediatos e futuros, como

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7custos de remoção ou mudanças prospectivas na arrecadação de impostos, como o

Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Por último, e mais importante na

perspectiva da pobreza, a ótica dos reassentados, que se confunde com a narrativa

perseguida no filme.

É a partir dessa última perspectiva que iremos analisar as condições de

habitação, trabalho e vida dos moradores da Cidade de Deus. Em particular, até que

ponto a comunidade compartilha os mesmos problemas sociais de outras favelas de

grande porte da cidade do Rio de Janeiro, como Rocinha, Complexo do Alemão,

Jacarezinho e Maré11. Essas comunidades constituem cinco das 32 regiões

administrativas cariocas e podem ser analisadas em detalhe a partir do Censo 2000

do IBGE2. A comparação desses retratos sociais fornece impressões iniciais sobre

possíveis implicações dos reassentamentos.

Comecemos por alguns indicadores ligados à habitação, relacionados à

própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio

(82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades (73,2%) e mesmo de

outras do Estado do Rio de Janeiro. O volume de financiamento habitacional (6,9%)

é bem superior ao das quatro comunidades (1,5% da média), o que legitima a idéia

de que acesso a crédito e maior formalidade dos direitos de propriedade fundiária

caminha de mãos dadas. O acesso das famílias a bens duráveis de alto valor, mais

sujeito a restrições de crédito, é maior na Cidade de Deus que nas demais

comunidades — máquinas de lavar (55,4% contra 38,3%), automóveis (19,3% contra

12,8%), televisores (99,1% contra 97, 4%) e gravadores de videocassete (61%

contra 53,6%) —, o que permitiu à quase-totalidade de seus habitantes assistirem à

1 Apesar de não ser considerada favela — tecnicamente falando, por ser objeto de planejamento urbano —, os habitantes da Maré a tratam pelo nome de favela.

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8cerimônia do Oscar e permitirá a mais da metade deles assistir ao filme no conforto

de seus lares23.

Além de financiamento habitacional e títulos de propriedade, um sinal da

presença do Estado na vida dos moradores da Cidade de Deus é o acesso a alguns

serviços públicos. A comparação, no entanto, revela números próximos aos das

outras comunidades analisadas: rede geral de água (98,2% contra 97,7%),

canalização no domicílio (98,3% contra 96.2%) e iluminação (99,1% contra 99,4%).

O lixo coletado é o único item a apresentar maior discrepância favorável à

comunidade: (79,1% contra 52,4% das outras quatro comunidades).

Como vimos na tabela da seção anterior, das cinco comunidades analisadas,

a da Cidade de Deus tem a maior renda média do trabalho: R$439 contra R$396 da

média das outras quatro, embora a jornada de trabalho fique em nível idêntico: 45,8

horas semanais. O diferencial salarial pode ser explicado pela maior escolaridade

média dos ocupados (7,2 anos completos de estudo), também a mais alta entre as

quatro comunidades analisadas (6,1 anos). Como a taxa histórica brasileira demora

cerca de uma década para que escolaridade média suba um ano, a Cidade de Deus

está cerca de uma década à frente da das demais favelas, mas 10 anos atrás da

totalidade do estado. No item taxa de desemprego, os 22,3% registrados pela

comunidade representam o recorde entre as grandes favelas cariocas (média de

19,1%) e de todas 32 regiões administrativas da cidade ou dos 92 municípios do

estado. A alta taxa de desemprego não resulta de maior atividade econômica, de

vez que a Cidade de Deus tem a menor taxa de participação no mercado de trabalho

entre as favelas consideradas (67,9% contra 70,2% da média). A diferença

2 Dos habitantes da Cidade de Deus, 24,2% têm renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo, índice idêntico à média das demais comunidades de baixa renda analisadas. Consistentemente com as imagens do filme, a Cidade de Deus é a região administrativa carioca com maior presença de pessoas que se consideram negros ou pardos (62%), mas — diferentemente do nome — é a terceira em proporção de pessoas sem religião.

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9fundamental na renda percebida no grupo de comunidades é a maior participação

de transferências pelo estado, que é mais importante na Cidade de Deus (25,3%

contra 19,4%). As condições de moradia da comunidade estão mais próximas das

observadas nas grandes favelas cariocas do que no resto da cidade. No entanto, a

carência de Estado aparece um pouco menos ali do que nas demais favelas.

Obviamente, simples comparações de retratos de comunidades diversas

tiradas num dado ponto do tempo não são capazes de determinar relações de

causalidade entre reassentamentos e condições de moradia e de trabalho dos

envolvidos. Para isso, era preciso ter uma seqüência de fotografias, de modo a

permitir comparar as mesmas pessoas antes e depois da mudança3, ou

preferivelmente um filme que acompanhasse a história de vida dessas pessoas4.

3 A programa Favela Bairro, recentemente empreendida pelo Instituto Pereira Passos é um excelente exemplo deste tipo de metodologia. 4 Janice Perlman realiza agora nova pesquisa de campo, entrevistando novamente moradores (e seus familiares) de algumas favelas cariocas, o que faz há cerca de 35 anos. Entre eles, ex-moradores da favela da Catacumba, removida da Lagoa Rodrigo de Freitas para a Cidade de Deus. Há cerca de um ano encontrei Janice no aeroporto de uma cidade do Nordeste, onde estava em busca de ex-moradores que tinham regressado à terra natal.

Transferências

Água rede geral

Canalização domicílio

Iluminação elétrica

Lixo coletado

% da Renda Não Trabalho

Cidade de Deus 98.2% 98.3% 99.1% 79.1% 25.3%

Média das demais 4 favelas 97.7% 96.2% 99.4% 52.4% 19.4%

Maré 99.5% 97.5% 99.6% 85.0% 17.9%

Rocinha 95.3% 96.4% 98.3% 10.7% 18.0%

Complexo do Alemão 97.6% 92.9% 99.9% 48.8% 18.2%

Jacarezinho 98.5% 97.9% 99.7% 64.8% 23.5%

UF (Rio de Janeiro) 81.8% 92.9% 98.9% 83.0% 31.9%

Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE.

Acesso a Serviços Públicos

Serviços e Transferências Públicas

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3. O Trabalho nos Morros Cariocas

Os dois temas mais presentes em pesquisas de opinião feitas nos últimos

anos sobre os principais problemas brasileiros são acima de tudo metropolitanos:

desemprego e violência, invariavelmente. Neste processo, a violência carioca tem

figurado nas páginas policiais nacionais, em especial a das grandes favelas como

Complexo do Alemão, Maré, e Rocinha. Em que medida a atual onda de violência

nos morros cariocas é acompanhada por um mau desempenho trabalhista?

O Censo 2000 permite analisar o desempenho trabalhista nas principais

favelas cariocas. Note que em função de diferenças metodológicas, estes dados não

são comparáveis àqueles de outras bases de dados como a Pnad, a PME e mesmo

do Censo 1991, inviabilizando análises temporais. Trabalhamos aqui com as três

favelas citadas acima, mais Cidade de Deus e Jacarezinho que constituem 5 das 32

regiões administrativas (RAs) cariocas. Optamos por realizar um contraste deste

grupo de RAs com o de RAs de renda mais alta compostas por Lagoa, Barra da

Tijuca, Botafogo, Copacabana e Tijuca. Utilizamos aqui o banco de dados do Mapa

do Fim da Fome II para fazer um zoom sobre a situação do trabalho nos morros

cariocas.

Financiamento Habitacional

Regularização Fundiária

Tem máquina de la

var

Tem automóvel

Tem televisãoTem videoc

asseteDomicílio próprio

pagandoTerreno próprio

Cidade de Deus 55.4% 19.3% 99.1% 61.0% 6.9% 82.8%

Média das demais 4 favelas 38.3% 11.9% 97.4% 53.6% 1.5% 73.1%

Maré 38.0% 14.3% 97.1% 49.6% 4.2% 67.3%

Rocinha 35.6% 8.9% 96.9% 54.1% 0.4% 71.7%

Complexo do Alemão 38.3% 15.2% 97.6% 53.9% 0.8% 82.6%

Jacarezinho 41.2% 9.0% 98.0% 56.7% 0.7% 71.0%

UF (Rio de Janeiro) 52.1% 34.2% 97.4% 57.6% 5.7% 70.6%

Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE.

Acesso a Bens Duráveis

Duráveis e Moradia

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11 A renda média do trabalho é cerca de 5,3 vezes maior no grupo das áreas

mais ricas. Agora ao contrário do estereótipo do malandro do morro carioca, a

jornada de trabalho média lá é cinco horas semanais a mais do que no asfalto. O

resultado destes dois vieses torna os diferenciais de salário-hora superiores aos

observados na renda mensal: 11,8 reais-hora contra 1,99 reais-hora. Um fator é a

diferença de cerca de onze anos de idade média entre os dois universos analisados,

os jovens têm menos experiência - o que prejudica os salários e mais predisposição

a trabalhar mais horas. Outro é a diferença na taxa de informalidade que libera os

mercados do piso de salário e do teto de horas impostos pela legislação trabalhista

explicando parte dos contrastes. A taxa de cobertura previdenciária entre os

ocupados que moram nos bairros de alta renda é de 74,5% contra 68,9% das

comunidades de baixa renda. Informalidade trabalhista e fundiária parecem

caminhar lado a lado. Já as taxas de participação não são muito diferentes nas

áreas observadas. Cerca de 70% das pessoas em idade ativa em ambas as áreas

estão economicamente ativas, isto é trabalhando ou procurando trabalho. A taxa de

desemprego representa relevante diferencial entre morro e asfalto: 9,9% nos bairros

de alta renda contra 19,1% nas favelas em questão, resultado qualitativamente

consistente ao de uma série de pesquisas de campo nos morros cariocas pela

Ence/IBGE contratada pela Secretaria Municipal do trabalho. O excesso de oferta de

mão de obra gera uma pressão para baixo no rendimento do trabalho local.

Obviamente, as taxas de participação, informalidade e desemprego tanto quanto as

taxas de salários são variáveis endógenas, mesmo no curto prazo.

O fator fundamental é a desigualdade de escolaridade: média de 11,9 anos

completos de estudo de um trabalhador nos bairros de luxo contra 6,2 anos nas

comunidades de baixa renda. Como existe retorno crescente de educação, cada ano

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12 a mais de escolaridade rende mais aos ocupados dos bairros de alta renda: 180,5

reais por cada ano de estudo de um ocupado nos bairros ricos contra 65,9 reais dos

pobres.

Os vieses observados na renda, jornada e retorno do estudo das pessoas em

favelas pode ser sintetizada através do diferencial de salário-hora por ano de estudo

de cerca de 307% entre os dois grupos de localidades. Um fato que chama a

atenção é que, apesar de todas as adversidades enfrentadas pelo trabalhador das

comunidades de baixa renda, a renda do trabalho desempenha lá um papel mais

fundamental: 81% de todas as fontes de renda nestas áreas advêm do trabalho

contra 63% das áreas de renda mais alta. Apesar das agruras da vida privada das

favelas cariocas, a maior carência parece ser a de estado.

MAPA TRABALHISTASubdistritos do Rio de JaneiroPopulação Ocupada

Subdistrito Renda emReais

Mensais

Jornadaem HorasSemanais

Salário-Hora

Educaçãodos

Ocupados

Salário porAno deEscola

Grandes Favelas Cariocas 405 46.0 1.99 6.2 65.9Rio de Janeiro Jacarezinho 368 46.0 1.81 6.6 55.6

Maré 395 46.6 1.91 6.0 65.3

Complexo do Alemão 396 45.0 1.99 6.1 65.2

Rocinha 434 45.8 2.14 5.7 76.4

Cidade de Deus 440 45.8 2.17 7.2 60.8

Bairros de Renda Alta Cariocas 2145 40.8 11.82 11.9 180.5Lagoa 2766 41.2 15.18 12.3 224.7

Barra da Tijuca 2664 42.3 14.21 11.2 238.5

Botafogo 1913 40.3 10.73 12.3 155.4

Copacabana 1761 40.7 9.77 11.8 149.1

Tijuca 1631 40.0 9.22 11.8 137.7

Estado do Rio de Janeiro 736 43.4 3.83 8.2 89.3 Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo Demográfico de 2000/IBGE,

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Equação de Renda: Há um viés contra o favelado?

É importante precisar se apenas atributos pessoais como gênero, raça, idade,

escolaridade, etc. explicam a totalidade dos diferenciais de renda, ou se existe

discriminação contra o favelado, no sentido de que pessoas com atributos

observáveis similares têm acesso a oportunidades de trabalho e de renda diferentes.

Uma forma de fazer isso é comparar a renda familiar per capita de todas as fontes

de moradores das favelas com os moradores de outras regiões com os mesmos

atributos observáveis (sexo, raça, e polinômios de idade e escolaridade). Os

resultados confirmam que os diferenciais controlados de renda per capita de

pessoas nas cinco comunidades de baixa renda analisadas são até 115.8%

menores do que na região administrativa da Lagoa, aquela que apresenta a maior

renda. Ou seja, os dados comprovam a existência de um viés de renda contra o

favelado.

MAPA TRABALHISTASubdistritos do Rio de JaneiroPopulação Ocupada

Subdistrito% da

Renda doTrabalho

Taxa deDesemprego

Taxa deParticipação

IdadeTx de

Formalidade

Grandes Favelas Cariocas 80.6 19.1 70.1 27.3 68.92Rio de Janeiro Jacarezinho 76.5 21.5 69.4 29.1 67.77

Maré 82.1 18.2 70.6 27.0 67.77

Complexo do Alemão 81.9 19.5 68.5 27.2 65.77

Rocinha 82.0 17.2 72.5 26.0 73.60

Cidade de Deus 74.7 22.3 67.9 29.0 71.34

Bairros de Renda Alta Cariocas 62.9 9.9 71.2 38.3 74.53Lagoa 63.0 8.7 71.6 38.8 75.20

Barra da Tijuca 74.8 10.4 71.0 31.9 70.42

Botafogo 63.1 9.2 72.7 39.5 76.48

Copacabana 50.8 10.3 70.4 43.0 72.94

Tijuca 61.0 11.4 69.5 38.8 76.75

Estado do Rio de Janeiro 68.1 17.1 66.7 31.0 64.5 Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo Demográfico de 2000/IBGE,

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14 Diferenciais de Renda Familiar Per Capita (base Jacarezinho)

População entre 15 e 65 anos de idade

Estimativas Estimativas Não Controladas Controladas**

Complexo do Alemão -1.74% 3.39% Jacarezinho 0.00% B 0.00% B

Maré 7.88% * 12.98% * Santa Cruz 9.69% * 1.72% Guaratiba 10.44% * 5.96% * Cidade de Deus 14.52% * 9.69% * Rocinha 18.31% * 25.11% * Pavuna 26.00% * 11.73% * Bangu 34.76% * 18.14% * Portuária 36.34% * 27.67% * Campo Grande 38.41% * 18.78% * Anchieta 45.15% * 22.63% * Realengo 49.80% * 25.31% * Penha 51.47% * 25.65% * São Cristovão 57.02% * 32.39% * Madureira 61.27% * 28.96% * Inhaúma 64.08% * 31.01% * Ramos 68.55% * 35.64% * Rio Comprido 68.75% * 35.89% * Irajá 76.40% * 37.36% * Ilha de Paquetá 78.78% * 51.89% * Jacarepaguá 82.65% * 46.82% * Santa Teresa 85.54% * 47.54% * Ilha do Governador 96.06% * 53.75% * Méier 101.43% * 50.03% * Centro 113.17% * 66.26% * Vila Isabel 147.78% * 75.43% * Tijuca 155.25% * 78.91% * Barra da Tijuca 172.05% * 103.61% * Botafogo 182.60% * 97.29% * Copacabana 183.49% * 99.32% * Lagoa 205.29% * 115.80% * Fonte: CPS/FGV/IBRE a partir dos microdados do Censo Demográfico 2000.

B: Todos os dados estão em comparação com o Jacarezinho (variável omitida na regressão).

* Estatisticamente significante ao nível de confiança de 95%.

** Controlada pelas variáveis: sexo, cor ou raça, idade, educação, uf e tamanho de cidade.

De maneira geral, os vieses observados na renda, jornada e retorno do

estudo das pessoas em favelas pode ser sintetizada através do diferencial de

salário-hora por ano de estudo de cerca de 307% entre os dois grupos de

localidades. Um fato que chama a atenção é que apesar de todas as adversidades

enfrentadas pelo trabalhador das comunidades de baixa renda, a renda do trabalho

Page 15: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

15 desempenha lá um papel mais fundamental: cerca de 81% de todas as fontes de

renda nestas áreas advém do trabalho contra 63% das áreas de renda mais alta.

Agora quando estendemos a análise para a periferia do Grande Rio notamos áreas

onde a renda total e a aquela proveniente de transferências do Estado se situam

ambas a níveis de 20 a 25% menores que as das grandes favelas cariocas5. Ou

seja, apesar das agruras da vida privada das favelas cariocas, e da periferia

fluminense, a maior carência parece ser a de estado.

4. Evolução Recente da Renda os Aglomerados Subnormais Cariocas a partir

das PNADs

Dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar nos

permitem avaliar alguns indicadores de renda e trabalho nas favelas cariocas até

2007. Neste caso note que estamos abrindo a parte de município do Rio de Janeiro

pela PNAD o que não é normalmente aberto nas divulgações do IBGE a não ser no

âmbito do convênio com a Prefeitura do Rio que é o único com este tipo de

convênio. Outro ponto é que neste caso a aproximação para as favelas seria os

setores censitários formados de aglomerados subnormais que são características

atribuídas pelo próprio IBGE aos setores antes de ir para o campo, não sendo

totalmente satisfatória do ponto de vista empírico e diferente das grandes favelas e

reassentamentos urbanos que são áreas que correspondem a Regiões

Administrativas isoladas no Censo 2000. No te diferenças dos questionários do

Censo e da PNAD. Feitas estas ressalvas, conforme podemos observar nos gráficos

abaixo, a taxa de ocupação nos aglomerados subnormais cariocas atinge o nível

5 O exemplo mais marcante é Engenheiro Pedreira, distrito de Japeri, que apresenta o maior déficit per capita de pobreza de todo estado superando inclusive o de áreas com São Francisco de Itabapoana no Norte Fluminense (veja o detalhamento a nível de regiões administrativas cariocas e subdistritos fluminenses. De toda a forma a taxa de pobreza nestes locais é menos da metade a de municípios mais pobres brasileiros como Centro do Guilherme no Maranhão.

Page 16: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

16 mais baixo em 2001 com 39,1% assumindo trajetória ascendente a partir de então

atingindo 44,8% em 2006, mas caindo no último ano para 41,2%. Em 2007, a taxa

de ocupação nestas localidades está 3,77 pontos de percentagem inferior ao nível

apresentado nas demais localidades cariocas em 2007. Numa perspectiva de longo

prazo, se olharmos o avanço dos últimos 11 anos, a proporção de ocupados

residentes nas favelas manteve-se praticamente constante (41,7% em 1996 contra

42,36% em 2007).

Taxa de Ocupação - Município do Rio de Janeiro

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Nesse mesmo intervalo de 11 anos, a escolaridade média do carioca ocupado

sobe 1,34 anos de estudo, sendo este avanço relativo pouco maior nas favelas (1,5

contra 1,17 nos demais lugares). Em 2007, a escolaridade média do carioca

ocupado atinge 10,9 anos de estudos (7,5 entre os moradores de favelas).

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17 Educação Média dos Ocupados - Município do Rio de Janeiro

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Em termos de evolução da renda do trabalho, os dois grupos apresentaram queda

desde o início das séries. A redução de salário dos cariocas foi de 18,5% no período

entre 1996 e 2007, esta menos sentida nas favelas (cai 15,7% contra de 20,4% dos

outros locais). Ao incluímos outras fontes de renda individuais, observamos trajetória

semelhante, conforme podemos ver no segundo gráfico abaixo.

Renda do Trabalho dos Ocupados - Município do Rio de Janeiro

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Page 18: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

18 Renda dos Ocupados - Município do Rio de Janeiro

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

5. Renda Domiciliar: Decomposição em Diferentes fontes.

A seguir apresentamos a decomposição da renda dos ocupados cariocas em

diferentes fontes. Optamos por analisar aqui a renda domiciliar per capita, ou seja, a

renda socilaizada no interior dos domicílios, já que incluimos fontes diversas

alternativas ao trabalho, tais como transferências públicas de programas sociais e

aposentadorias. Os dados mostram que a renda do trabalho é relativamente mais

importante nas favelas (87,7% contra 83,7% nas demais localidades). Em termos de

transferencias públicas, os programas sociais respondem por 0,52% da renda nas

favelas cariocas (0,59% no resto do Rio), enquanto que a previdência até 1 salário

mínimo contribui com 4,5% (1,06%). Já quando avaliamos a previdência acima de 1

salário mínimo destacamos as demais localidades (16,08% da renda).

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19 Decomposição de Renda Domiciliar per Capita Por Fontes de Renda

Nível de Rendimentos Ocupados Município do Rio

Categoria Ano

Renda todas

as fontes

Renda todos os trabalhos

Outras rendas

privadas

Transferências Pública - BF*

Piso Previdencia

- SM*

Previdencia

Pós-piso > SM*

Não especial 2007 1075,7 900,31 14,37 6,3 11,39 143,32

Aglomerado subnormal

2007 358,63 314,67 2,43 1,87 16 23,66

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Decomposição de Renda Domiciliar per Capita Por Fontes de Renda

Participação (%) das Diferentes Fontes Ocupados Município do Rio

Categoria Ano

Renda todas

as fontes

Renda todos os trabalhos

Outras rendas

privadas

Transferências Pública - BF*

Piso Previdencia

- SM*

Previdencia

Pós-piso > SM*

Não especial 2007 100 83,70 1,34 0,59 1,06 13,32

Aglomerado subnormal

2007 100 87,74 0,68 0,52 4,46 6,60

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Equações de Renda: Como anda o viés contra o favelado?

Os dados mais recentes confirmam qanalisados nas duas últimas seções

confirmam que apesar de toda precariedade trabalhista, precariedade ainda maior

se refere a presença do setor público nos aglomerados subnormais. Mas será que

esta diferença tem se mantido, aumentado ou diminuido no período recente?

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20 Equação Minceriana

A equação minceriana de salários serve de base a uma vasta literatura empírica de economia do trabalho. O modelo salarial de Jacob Mincer (1974) é o arcabouço utilizado para estimar retornos da educação, entre outras variáveis determinantes do salário. Mincer concebeu uma equação para rendimentos que seria dependente de fatores explicativos associados à escolaridade e à experiência, além de possivelmente outros atributos, como sexo, por exemplo.

Essa equação é a base da economia do trabalho em particular no que tange aos efeitos da

educação. Sua estimação já motivou centenas de estudos, que tentam incorporar diferentes custos educacionais, como impostos, mensalidades, custos de oportunidades, material didático, assim como a incerteza e a expectativa dos agentes presentes nas decisões, o progresso tecnológico, não-linearidades na escolaridade etc. Identificando os custos da educação e os rendimentos do trabalho, viabilizou o cálculo da taxa interna de retorno da educação, que é a taxa de desconto que equaliza o custo e o ganho esperado de se investir em educação -- a taxa de retorno da educação, que deve ser comparada com a taxa de juros de mercado para determinar a quantidade ótima de investimento em capital humano. A equação de Mincer também é usada para analisar a relação entre crescimento e nível de escolaridade de uma sociedade, além dos determinantes da desigualdade.

O modelo econométrico de regressão típico decorrente da equação minceriana é:

ln w = β0 + β1 educ + β2 exp + β3 exp² + γ′ x + є onde

w é o salário recebido pelo indivíduo; educ é a sua escolaridade, geralmente medida por anos de estudo; exp é sua experiência, geralmente aproximada pelo idade do indivíduo; x é um vetor de características observáveis do indivíduo, como raça, gênero, região; e є é um erro estocástico.

Este é um modelo de regressão no formato log-nível, isto é, a variável dependente - o salário - está em formato logaritmo e a variável independente mais relevante - a escolaridade - está em nível. Portanto, o coeficiente β1 mede quanto um ano a mais de escolaridade causa de variação proporcional no salário do indivíduo. Por exemplo, se β1 é estimado em 0,18, isso quer dizer que cada ano a mais de estudo está relacionado, em média, com um aumento de salário de 18%. Matematicamente, tem-se que:

Derivando, encontramos que ( ∂ ln w / ∂ educ ) = β1

Por outro lado, pela regra da cadeia, tem-se que:

(∂ ln w / ∂ educ) = (∂ w / ∂ educ) (1 / w) = (∂ w / ∂ educ) / w)

Logo, β1 = (∂ w / ∂ educ) / w, correspondendo, portanto, à variação percentual do salário decorrente

de cada acréscimo unitário de ano de estudo.

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21 Aplicamos exercícios de diferença em diferença a fim de captar o

desempenho relativo das favelas frente às demais localidades do município do Rio

de Janeiro. Analisamos a renda domiciliar per capita carioca em diferentes pontos do

tempo: 1996, 1999, 2001, 2005 e 20086.

Estimador de diferenças-em-diferenças Exemplo de metodologia aplicada a dois períodos distintos

Em economia, muitas pesquisas são feitas analisando os chamados experimentos. Para

analisar um experimento natural sempre é preciso ter um grupo de controle, isto é, um grupo que não foi afetado pela mudança, e um grupo de tratamento, que foi afetado pelo evento, ambos com características semelhantes. Para estudar as diferenças entre os dois grupos são necessários dados de antes e de depois do evento para os dois grupos. Assim, a amostra está dividida em quatro grupos: o grupo de controle de antes da mudança, o grupo de controle de depois da mudança, o grupo de tratamento de antes da mudança e o grupo de tratamento de depois da mudança.

A diferença entre a diferença verificada entre os dois períodos, entre cada um dos grupos é a diferenças-em-diferenças, representada com a seguinte equação:

g3 = (y2,b – y2,a) – (y1,b – y1,a) Onde cada Y representa a média da variável estudada para cada ano e grupo, com o número

subscrito representando o período da amostra (1 para antes da mudança e 2 para depois da mudança) e a letra representando o grupo ao qual o dado pertence (A para o grupo de controle e B para o grupo de tratamento). E g3 é a estimativa a partir da diferenças-em-diferenças. Uma vez obtido o g3, determina-se o impacto do experimento natural sobre a variável que se quer explicar.

Apresentamos abaixo os resultados estimados a partir de uma equação do

log da renda domiciliar per capita total e de todas as fontes aplicadas ao município

do Rio de Janeiro. Além de vários controles sócio-demográficos incluimos entre as

variáveis de tratamento o fato da pessoa estar ou não residindo em uma residência

situada num agregado sub-normal, como aproximação de favela. Outra variável de

interesse é a variável dummy ano que interagindo com a dummy de agregado sub-

normal. Corroborando o que vimos nas seções acima, a renda controlada dos

agregados sub-normal é menor (-0,49), porém ela está menos distante da renda das

outras localidades quando observamos a renda proveniente do trabalho (-0,40). Este

resultado é robusto quando analisamos a renda individual para as pessoas 6 Optamos por excluir da análise os anos 2004 e 2006 para fugirmos do que chamamos de “efeito suplemento”. Melhor explicando, nesses dois anos a parte suplementar do questionário da PNAD se refere a perguntas detalhadas sobre as fontes renda. Acreditando que esta diferença pode influenciar nas respostas das pessoas, o que prejudicaria as comparações temporais, decidimos por não incluí-los na análise.

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22 ocupadas em idade ativa, ou seja, sem a hipótese de socialização intra-domiciliar.

A análise de diferença em diferença indica que há um crescimento relativo da renda

do trabalho nos aglomerados subnormais em relação aos demais em particular a

partir de 2005 chegando a 0,14 em 2008 (era 0,06 em 2005). A renda de todas as

fontes tem desempenho qualitativamente similar porém com menor crescimento

relativo nos últimos anos chegada de novos programas assistenciais como o Bolsa

Familia as comunidades de baixa renda da Cidade do Rio de Janeiro mas que

grande parte da melhora e o crescimento relativo das favelas vem da renda do

trabalho. A regressão completa pode ser encontrada no anexo.

Os resultados mostram acúmulo relativo favorável às favelas ao longo dos

anos. Analisando por partes os resultados da regressão, percebemos:

1- Renda da favela inferior às demais localidades (-0,49).

2- Maiores níveis de renda em 1996. Apesar da queda, essa distância foi

diminuindo ao longo do tempo a partir de 2005 quando era 0,14 menor que

a de 1996. Atinge em 2008, a renda inferior em 0,06 quando comparado a

1996.

3 - Há crescimento relativo das favelas ao longo dos anos, captado pelos

sinais positivos das dummies interativas. Estamos em 2008 na melhor situação

relativa (menor distancia entre favelas e o restante) em particular a partir de 2005

chegando a 0,93 em 2008 (era 0,039 em 2005). .

Os efeitos são parecidos quando analisamos a renda do trabalho.

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23 Equação renda domiciliar per capita Município do Rio de Janeiro

Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites

de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-

Quadrado

asubnormal Sim -0.4910 0.0228 -0.5358 -0.4463 462.50 <.0001

asubnormal ZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

anoo 1999 -0.1036 0.0128 -0.1287 -0.0785 65.21 <.0001

anoo 2001 -0.1394 0.0129 -0.1647 -0.1141 116.63 <.0001

anoo 2005 -0.1402 0.0130 -0.1657 -0.1147 116.15 <.0001

anoo 2008 -0.0619 0.0132 -0.0877 -0.0361 22.11 <.0001

anoo 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo Sim 1999 0.0844 0.0321 0.0214 0.1473 6.90 0.0086

asubnormal*anoo Sim 2001 0.0129 0.0329 -0.0517 0.0774 0.15 0.6958

asubnormal*anoo Sim 2005 0.0391 0.0334 -0.0263 0.1045 1.37 0.2418

asubnormal*anoo Sim 2008 0.0938 0.0342 0.0268 0.1609 7.53 0.0061

asubnormal*anoo Sim 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 1999 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 2001 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 2005 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 2008 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Equação renda domiciliar per capita do trabalho Município do Rio de Janeiro

Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites

de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-

Quadrado

asubnormal Sim -0.4043 0.0247 -0.4526 -0.3559 268.80 <.0001

asubnormal ZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

anoo 1999 -0.1372 0.0143 -0.1652 -0.1092 92.34 <.0001

anoo 2001 -0.1804 0.0144 -0.2085 -0.1522 157.83 <.0001

anoo 2005 -0.1828 0.0144 -0.2111 -0.1545 160.18 <.0001

anoo 2008 -0.0778 0.0147 -0.1065 -0.0491 28.18 <.0001

anoo 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo Sim 1999 0.0982 0.0349 0.0299 0.1665 7.94 0.0048

asubnormal*anoo Sim 2001 0.0757 0.0359 0.0053 0.1460 4.44 0.0350

asubnormal*anoo Sim 2005 0.0616 0.0364 -0.0097 0.1329 2.87 0.0905

asubnormal*anoo Sim 2008 0.1443 0.0375 0.0709 0.2178 14.85 0.0001

asubnormal*anoo Sim 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 1999 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 2001 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 2005 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 2008 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

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24 4. Zoom sócio-demográfico na Rocinha

A miséria atinge 19.45% da população fluminense e 14,57% dos cariocas em

2000. Importante destacar que apesar de possuir a menor proporção de pobres, a

cidade do Rio dada a sua população é a que mais contribui para a pobreza total do

Estado (30,35%), isso se deve ao fato de grande parte da população fluminense aí

residir. Dividindo o município em Regiões Administrativas, ela varia desde menos de

4% nas RAs de Botafogo, Copacabana e Lagoa até 29.4% no Complexo do Alemão.

Outras favelas e ressentamentos como Jacarezinho (27,54%), Cidade de Deus

(26,02%), Maré (25.235) e Rocinha (21.89%) se destacam entre as regiões mais

miseráveis do município. Dessa forma, o conjunto das cinco grandes favelas

cariocas se equipara a periferia metropolitana fluminense (25,87% contra 24,73% de

miseráveis), sendo a segunda acompanhada de maior desigualdade, enquanto nas

favelas o índice de gini varia de 0.31 a 0.34, na periferia metropolitana é 0.48.

Nas tabelas do apêndice encontramos o custo da erradicação da miséria no

Estado, município do Rio e em todas as regiões administrativas. Os dados mostram

que seriam necessários na melhor das hipóteses R$ 14,04 em média, por pessoa

mês, para acabar com a pobreza no estado, totalizando um custo de R$ 109 milhões

mensais e R$ 1.3 bi anuais. Analisamos o custo da erradicação da miséria sob

outras duas perspectivas, como por exemplo: cada miserável fluminense deveria

receber, em média R$ 39,24; por outro lado cada não miserável deveria contribuir

com R$ 9,47, para que a miséria fosse totalmente aliviada. No conjunto de favelas, o

recebimento médio por miserável seria R$ 40,67 (R4 1,21 acima da periferia

fluminense), enquanto a contribuição dos que estão acima da linha, R$ 14,17 (R$

0,79 a mais). Os dados permitem a população em nível de localidades enxergarem a

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25 sua vizinhança desde uma perspectiva própria. Por exemplo, o déficit social da

Rocinha é de 575 mil reais mensais, o que daria cerca de 3,56 reais mensais por

cada não miserável da região administrativa vizinha da Lagoa (inclui Ipanema e

Leblon), a mais rica da cidade. Portanto, a renda média fluminense (ou mesmo da

Zona Sul Carioca) oculta a riqueza da Bélgica, a miséria da Índia e a violência da

Colômbia.

MAPA DO FIM DA FOME DA POPULAÇÃO TOTALRio de Janeiro - Medidas de Miséria

Transferências Mínimas para Erradicar a Miséria

R$ pessoa R$ total mêsR$ não

miserávelR$ miserável

Brasil 33.15 14.04 2,371,086,203 21.00 42.35UF - Rio de Janeiro 19.45 7.63 109,159,553 9.47 39.24 Periferia Metropolitana 24.73 9.81 48,251,803 13.38 39.46

Município do Rio de Janeiro 14.57 5.89 34,172,061 6.90 40.45

Grandes Favelas Cariocas 25.87 10.47 3,237,898 14.17 40.67 Cidade de Deus 26.02 11.57 439,851 15.64 44.48

Complexo do Alemão 29.40 11.84 769,867 16.77 40.28

Jacarezinho 27.54 9.91 360,977 13.67 35.97

Maré 25.23 9.62 1,091,600 12.87 38.14

Rocinha 21.89 10.22 575,604 13.09 46.70

Fonte: CPS/IBRE/FGV processando os microdados da amostra do Censo Demográfico 2000/IBGE.

% Miseráveis

Detalhamos agora um perfil dos moradores da Rocinha tendo como base os

dados do Censo Demográfico de 2000. Apresentamos na tabela a seguir as

principais características dos moradores de uma das comunidades de baixa renda

mais conhecidas, através dos seguintes atributos sócio-demográficos: gênero, faixa

etária, posição na família, escolaridade, raça, religião, estado civil, natureza da

união. Incluímos também algumas variáveis de natureza econômica como setor de

atividade e contribuição previdenciária.

Realizamos a seguir uma breve análise desta população comparando às

características sócio-demográficas dos cariocas e dos cariocas em situação de

miséria. Identificamos 56307 moradores na Rocinha, destes, 38,49% ocupam a

posição de filhos nos domicílios, e 31,64% são chefes. Quando olhamos os

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26 domicílios dos cariocas em situação de miséria vemos que neste caso aqueles que

ocupam a posição de filhos representam 48,12%. Um dado importante é a questão

etária, o maior grupo na Rocinha é daqueles que têm entre 20 e 24 anos (12,12%), o

número de pessoas idosas, é relativamente baixo, ou seja, na Rocinha temos

majoritariamente mais crianças e jovens. Entre os miseráveis o grupo mais

representativo é o das crianças de 0 a 4 anos (15,52%), seguido pelo grupo

daqueles que têm entre 5 a 9 (13,78%) e de 10 a 14 anos (11,45%). Quando

olhamos o total de cariocas (pobres e não pobres), notamos que, diferente da

Rocinha e dos lugares pobres, o grupo etário mais significativo é o dos idosos

(12,76%).

Na Rocinha e no município do Rio como um todo, a maioria das pessoas se

denominou de cor branca, 53,86% e 58,4% respectivamente, já entre os cariocas

miseráveis, a maior parte deles (44,03%) se autodenominaram de cor parda e

39,78% de cor branca.

Um dos quesitos mais importantes a ser analisado é a posição na ocupação,

nos 3 universos em análise a maior parcela da população é composta por inativos:

39,35% entre os miseráveis; 37,26% entre o total dos cariocas, e 28,96% na

Rocinha. Na Rocinha o grupo dos empregados com carteira também é bastante

representativo: 26,93%.

Uma outra variável social de grande importância é o nível de educação, a

maioria dos cariocas (33.34%) tem de 8 a 11 anos de estudo, na Rocinha o grupo

mais numeroso, 31,75%, têm de 4 a 7 anos de estudo; por outro lado, na Rocinha,

aqueles que não têm nenhum grau de instrução representam o segundo grupo mais

relevante. Quando nos voltamos para o grupo dos cariocas miseráveis, a situação

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27 muda, a maior parte deles não tem grau de instrução, comprovando a forte ligação

existente entre miséria e baixa educação.

Sendo assim, as variáveis que mais distinguem estes três grupos são a

escolaridade, a faixa etária e a raça. Resumidamente, a Rocinha é composta por

crianças e jovens, que ocupam a posição de filhos no domicílio, a maioria se

denomina de brancos e depois de pardos, por um lado temos um grupo numeroso

que têm um nível de educação relativamente razoável (de 4 a 7 anos ) contrastando

com um grupo também significativo cujo nível de educação é extremamente baixo

(sem instrução ou menos de 1 ano de estudo). Vimos também que a maior parte dos

moradores da Rocinha é inativa e trabalhadores com carteira assinada. Podemos

dizer que a Rocinha apresenta certas características similares ao conjunto do

município e outras que a assemelham às localidades pobres do município.

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28 Apresentamos abaixo a tabela completa dos Retratos Sociais da Rocinha e

também detalhamos numa outra tabela esse Retrato detalhado por faixas etárias.

R E T R A T O S O C I A L

U n i v e r s o : M e m b r o s e f e t i v o s n o d o m i c í l i o

M u n i c í p i o d o R i o d e J a n e i r o . R o c i n h aT o t a l M i s e r á v e l T o t a l

N º d e P e s s o a sC o m p o s i ç ã o

V e r t i c a l ( % )N º d e P e s s o a s

C o m p o s i ç ã o

V e r t i c a l ( % )N º d e P e s s o a s

C o m p o s i ç ã o V e r t i c a l

( % )

T o t a l 5 7 9 8 3 6 1 1 0 0 . 0 0 8 4 4 5 8 2 1 0 0 . 0 0 5 6 3 0 7 1 0 0 . 0 0

S e x oM a s c u l i n o 2 7 2 1 0 6 4 4 6 . 9 3 3 8 9 2 9 0 4 6 . 0 9 2 7 7 1 9 4 9 . 2 3

F e m i n i n o 3 0 7 7 2 9 7 5 3 . 0 7 4 5 5 2 9 3 5 3 . 9 1 2 8 5 8 8 5 0 . 7 7

P o s i ç ã o n a F a m í l i aC h e f e 1 9 1 9 5 4 1 3 3 . 1 0 2 3 8 2 5 8 2 8 . 2 1 1 7 8 1 7 3 1 . 6 4

C ô n j u g e 1 1 6 9 1 9 7 2 0 . 1 6 1 2 9 1 1 0 1 5 . 2 9 1 1 1 0 2 1 9 . 7 2

F i l h o ( a ) 2 2 1 2 7 6 4 3 8 . 1 6 4 0 6 4 3 9 4 8 . 1 2 2 1 6 7 2 3 8 . 4 9

P a i , m ã e , s o g r o ( a ) 8 5 9 0 0 1 . 4 8 5 3 6 1 0 . 6 3 3 4 7 0 . 6 2

N e t o ( a ) 1 6 7 6 0 2 2 . 8 9 3 9 0 1 9 4 . 6 2 1 8 0 4 3 . 2 0

I r m ã o , i r m ã 7 9 9 1 8 1 . 3 8 8 1 4 4 0 . 9 6 1 2 7 0 2 . 2 6

O u t r o p a r e n t e 1 2 7 5 8 0 2 . 2 0 1 5 4 3 5 1 . 8 3 1 6 8 9 3 . 0 0

A g r e g a d o 3 5 8 5 9 0 . 6 2 2 8 1 7 0 . 3 3 6 0 8 1 . 0 8

F a i x a e t á r i a0 a 4 4 4 7 0 6 3 7 . 7 1 1 3 1 0 9 8 1 5 . 5 2 6 1 3 8 1 0 . 9 0

5 a 9 4 3 3 3 3 2 7 . 4 7 1 1 6 3 5 9 1 3 . 7 8 5 3 9 9 9 . 5 9

1 0 a 1 4 4 4 1 6 1 3 7 . 6 2 9 6 6 8 6 1 1 . 4 5 4 6 8 0 8 . 3 1

1 5 a 1 9 5 0 1 5 4 6 8 . 6 5 8 4 3 1 6 9 . 9 8 5 4 0 4 9 . 6 0

2 0 a 2 4 5 0 7 4 0 6 8 . 7 5 6 7 6 6 0 8 . 0 1 6 8 2 6 1 2 . 1 2

2 5 a 2 9 4 6 3 7 9 8 8 . 0 0 5 9 9 2 6 7 . 1 0 6 0 4 8 1 0 . 7 4

3 0 a 3 4 4 3 9 1 2 1 7 . 5 7 5 9 7 6 1 7 . 0 8 5 3 4 3 9 . 4 9

3 5 a 3 9 4 5 4 4 2 6 7 . 8 4 5 9 0 4 6 6 . 9 9 4 4 9 9 7 . 9 9

4 0 a 4 4 4 3 1 4 4 2 7 . 4 4 4 8 2 7 1 5 . 7 2 3 6 1 7 6 . 4 2

4 5 a 4 9 3 8 0 7 9 0 6 . 5 7 3 4 2 3 9 4 . 0 5 2 6 9 8 4 . 7 9

5 0 a 5 4 3 1 5 8 5 9 5 . 4 5 2 4 2 2 6 2 . 8 7 1 9 9 6 3 . 5 4

5 5 a 5 9 2 4 2 0 6 9 4 . 1 7 1 7 3 0 3 2 . 0 5 1 1 6 4 2 . 0 7

6 0 o u m a i s 7 3 9 8 9 6 1 2 . 7 6 4 5 6 9 0 5 . 4 1 2 4 9 5 4 . 4 3

C o r o u r a ç aB r a n c a 3 4 0 0 2 9 8 5 8 . 6 4 3 3 6 0 0 2 3 9 . 7 8 3 0 3 2 6 5 3 . 8 6

P r e t a 5 4 1 9 9 6 9 . 3 5 1 2 3 5 7 7 1 4 . 6 3 4 8 8 8 8 . 6 8

A m a r e l a 1 2 9 1 6 0 . 2 2 1 7 6 0 0 . 2 1 0 0 . 0 0

P a r d a 1 7 8 5 6 8 0 3 0 . 8 0 3 7 1 8 7 4 4 4 . 0 3 2 0 5 0 1 3 6 . 4 1

I n d í g e n a 1 5 3 4 5 0 . 2 6 2 4 7 7 0 . 2 9 4 0 0 . 0 7

O u t r a s 4 2 1 2 7 0 . 7 3 8 8 9 2 1 . 0 5 5 5 3 0 . 9 8

R e l i g i ã oS e m r e l i g i ã o 7 7 1 8 0 6 1 3 . 3 1 1 7 4 9 4 3 2 0 . 7 1 7 6 0 8 1 3 . 5 1

C a t ó l i c a 3 5 4 6 7 6 7 6 1 . 1 7 4 3 5 3 4 8 5 1 . 5 5 3 8 9 2 5 6 9 . 1 3

E v a n g é l i c a 1 0 6 7 7 2 2 1 8 . 4 1 2 0 1 4 3 1 2 3 . 8 5 8 4 4 6 1 5 . 0 0

E s p i r i t u a l i s t a 2 0 3 2 8 4 3 . 5 1 8 2 0 4 0 . 9 7 2 4 0 0 . 4 3

A f r o - b r a s i l e i r a 1 0 1 9 4 7 1 . 7 6 1 1 9 5 7 1 . 4 2 3 4 5 0 . 6 1

O r i e n t a i s 5 6 9 1 7 0 . 9 8 2 5 4 5 0 . 3 0 1 8 1 0 . 3 2

O u t r a s 4 9 9 1 8 0 . 8 6 1 0 1 5 6 1 . 2 0 5 6 2 1 . 0 0

A n o s d e E s t u d oS e m i n s t r u ç ã o o u m e n o s 9 4 5 4 1 6 1 6 . 3 0 2 6 6 9 3 8 3 1 . 6 1 1 5 2 4 5 2 7 . 0 7

1 a 3 6 6 1 1 0 0 1 1 . 4 0 1 5 5 1 9 5 1 8 . 3 8 1 1 1 4 7 1 9 . 8 0

4 a 7 1 4 0 5 5 1 5 2 4 . 2 4 2 4 8 0 0 5 2 9 . 3 6 1 7 8 7 5 3 1 . 7 5

8 a 1 1 1 9 3 3 3 8 3 3 3 . 3 4 1 5 8 2 7 6 1 8 . 7 4 1 0 3 9 1 1 8 . 4 5

1 2 o u m a i s 8 3 3 3 9 5 1 4 . 3 7 1 3 0 5 2 1 . 5 5 1 2 2 4 2 . 1 7

i g n o r a d o 1 9 5 5 1 0 . 3 4 3 1 1 8 0 . 3 7 4 2 6 0 . 7 6

N a t u r e z a d a ú l t i m a C a s a m e n t o c i v i l e 1 4 4 7 7 1 5 2 4 . 9 7 9 2 1 6 7 1 0 . 9 1 5 6 2 1 9 . 9 8

S ó c a s a m e n t o c i v i l 6 4 0 3 9 9 1 1 . 0 4 7 4 1 4 1 8 . 7 8 5 9 0 1 1 0 . 4 8

S ó c a s a m e n t o r e l i g i o s o 3 4 5 0 0 0 . 5 9 4 1 9 9 0 . 5 0 8 4 0 1 . 4 9

U n i ã o c o n s e n s u a l 1 0 9 2 0 9 7 1 8 . 8 3 1 9 6 2 8 0 2 3 . 2 4 1 7 0 7 2 3 0 . 3 2

N u n c a v i v e u 1 7 0 3 2 5 5 2 9 . 3 7 2 3 0 3 3 9 2 7 . 2 7 1 5 3 3 6 2 7 . 2 4

I g n o r a d o 8 8 0 3 9 6 1 5 . 1 8 2 4 7 4 5 7 2 9 . 3 0 1 1 5 3 7 2 0 . 4 9

E s t a d o C i v i lC a s a d o ( a ) 1 7 7 0 4 4 5 3 0 . 5 3 1 5 2 8 9 8 1 8 . 1 0 1 1 7 4 1 2 0 . 8 5

D e s q u i d a d o ( a ) 1 3 2 1 0 0 2 . 2 8 1 0 9 0 2 1 . 2 9 6 1 2 1 . 0 9

D i v o r c i a d o ( a ) 1 4 9 0 7 7 2 . 5 7 9 3 0 3 1 . 1 0 4 9 4 0 . 8 8

V i ú v o ( a ) 3 2 9 6 2 8 5 . 6 8 2 4 4 9 9 2 . 9 0 1 4 7 5 2 . 6 2

S o l t e i r o ( a ) 2 5 3 6 7 1 6 4 3 . 7 5 3 9 9 5 2 4 4 7 . 3 0 3 0 4 4 8 5 4 . 0 7

I g n o r a d o 8 8 0 3 9 6 1 5 . 1 8 2 4 7 4 5 7 2 9 . 3 0 1 1 5 3 7 2 0 . 4 9

P o s i ç ã o n a O c u p a ç ã oD e s e m p r e g a d o 4 4 1 4 4 2 7 . 6 1 1 3 6 5 2 2 1 6 . 1 6 4 9 2 1 8 . 7 4

I n a t i v o 2 1 6 0 4 3 3 3 7 . 2 6 3 3 2 3 6 0 3 9 . 3 5 1 6 3 0 4 2 8 . 9 6

F u n c i o n á r i o P ú b l i c o 1 6 7 5 4 3 2 . 8 9 1 8 0 5 0 . 2 1 3 2 2 0 . 5 7

E m p r e g a d o c o m c a r t e i r a 1 1 1 4 6 8 2 1 9 . 2 2 5 1 6 6 0 6 . 1 2 1 5 1 6 4 2 6 . 9 3

E m p r e g a d o s e m c a r t e i r a 4 3 5 1 9 2 7 . 5 1 4 2 5 9 7 5 . 0 4 4 4 5 6 7 . 9 1

C o n t a - p r ó p r i a 4 9 7 6 2 0 8 . 5 8 3 0 2 1 1 3 . 5 8 3 4 1 6 6 . 0 7

E m p r e g a d o r 8 8 3 2 0 1 . 5 2 2 7 2 0 . 0 3 1 3 4 0 . 2 4

N ã o - r e m u n e r a d o 1 1 2 4 7 0 . 1 9 1 3 3 6 0 . 1 6 2 3 0 . 0 4

P r ó p r i o c o n s u m o 1 4 8 6 0 . 0 3 3 6 2 0 . 0 4 3 1 0 . 0 6

I g n o r a d o 8 8 0 3 9 6 1 5 . 1 8 2 4 7 4 5 7 2 9 . 3 0 1 1 5 3 7 2 0 . 4 9

C o n t r i b u i a p a r a C o n t r i b u i 1 6 0 6 5 4 8 2 7 . 7 1 6 0 9 3 7 7 . 2 2 1 7 0 9 6 3 0 . 3 6

N ã o C o n t r i b u i 7 0 9 5 4 4 1 2 . 2 4 6 7 3 0 6 7 . 9 7 6 4 5 0 1 1 . 4 6

I g n o r a d o 8 8 0 3 9 6 1 5 . 1 8 2 4 7 4 5 7 2 9 . 3 0 1 1 5 3 7 2 0 . 4 9

F o n t e : C P S / F G V p r o c e s s a n d o o s m i c r o d a d o s d o C e n s o D e m o g r á f i c o 2 0 0 0 / I B G E

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29 5. Os Empresários da Rocinha

O principal objetivo desta seção do trabalho é subsidiar a aplicação de

políticas locais de incremento das atividades micro-empresariais nas áreas de baixa

renda. Em particular, empreendemos um estudo de caso dos micro-empresários da

favela Rocinha. Mais forte do que a escassez nas favelas de recursos privados, seja

de capital físico, humano ou social, é a escassez de serviços e políticas públicas.

Neste sentido o universo aqui analisado constitui num laboratório privilegiado acerca

dos constrangimentos e carências que devem ser combatidos através da ação

pública e de suas possíveis interações com ações privadas.

a. Perfil dos micro-empresários da Rocinha

Segundo a tabela 1 abaixo, podemos verificar que os micro-empresários da

Rocinha geralmente pertencem mais ao sexo masculino (existem 8,2% mais homens

do que mulheres), são casados ou apresentam união livre (65.4%) e apresentam

faixa etária de 26 a 50 anos, visto que 70,23% da população concentram-se nesta

faixa de idade. Esta participação dos indivíduos em prime-age é bastante similar às

encontradas segundo a PNAD. De acordo com esta última pesquisa, 69.31% dos

contas-próprias e 68.71% dos empregadores de empresas com até cinco

empregados se situavam nesta faixa etária.

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30 DADOS GERAISPopulação (%)

Sexo Masculino 54.10

Feminino 45.90

Idade 15 Anos ou Menos 0.60

16 a 20 Anos 4.71

21 a 25 Anos 6.21

26 a 30 Anos 12.22

31 a 35 Anos 15.03

36 a 40 Anos 18.24

41 a 45 Anos 12.32

46 a 50 Anos 12.42

51 a 55 Anos 8.12

56 a 60 Anos 4.61

61 a 65 Anos 3.51

66 a 70 Anos 1.10

Mais de 70 Anos 0.90

Estado CivilSolteiro 23.50

Casado/União Livre 65.40

Separado/Divorciado 7.80

Viúvo 3.30

Fonte : Rocinha

De acordo com a tabela 2 abaixo, nota-se que entre os micro-empresários da

Rocinha predomina a baixa escolaridade, pois o analfabetismo abrange 11,81% da

população e 66,56% da população era alfabetizado, mas possuía apenas o 10 grau

(completo ou incompleto). De acordo com a PNAD de 1996 existia entre os contas-

próprias cariocas 6,34% de analfabetos e 51.53% de alfabetizados com até o 10 grau

completo. Estas mesmas estatísticas sobem respectivamente para 2.41% e 49.17%

entre empregadores com até cinco empregados.

O baixo nível de educação dos micro-empresários da Rocinha pode ser

também captado pela baixa participação relativa daqueles com 20 grau completo:

8.9% entre os micro-empresários da Rocinha contra 12.66% e 24.89% com superior

incompleto entre os contas-próprias e empregadores com até cinco empregados

cariocas. A escassez de capital humano entre os micro-empresários da Rocinha

Page 31: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

31 pode se apresentar como um importante redutor da taxa de retorno dos outros

tipos de capital utilizados pelos micro-empresários.

Os micro-empresários da Rocinha normalmente possuem imóvel próprio

(82,68%). Embora a pesquisa não apresente a participação de direitos formais de

propriedade que poderiam facilitar o uso do imóvel como colateral de empréstimos.

Apenas 14.21% habitam imóveis alugados.

Quanto à ocupação dos micro-empresários da Rocinha, eles geralmente são

biscateiros ou dedicam-se à produção doméstica (33,4%), são micro ou pequeno

proprietário (43,8%), ou ainda são autônomos, do tipo, chofer, caminhoneiro,

pedreiro, corretor, técnico, professor particular (14,63%), conforme a tabela 2.

A variável econômica síntese da pesquisa talvez seja a renda familiar desses

micro-empresários. Nota-se que a renda mensal familiar concentra-se na faixa de

200 a 800 reais, visto que enquanto 45,81% dos micro-empresários da Rocinha se

inserem nesta faixa, somente 15,57% dos micro-empresários recebe de 1000 a 1500

reais como renda mensal familiar e apenas 17,56% ganha mais de 1.500 reais. (vide

tabela 2)

Quanto às características de fecundidade: 80,10% dos micro-empresários da

Rocinha têm filhos: 78,35% têm até 3 filhos e 87,7% dos seus domicílios são

constituídos por até 5 pessoas.

Em resumo, os atributos pessoais predominantes entre os micro-empresários

da Rocinha são os seguintes:

(i) 54.1% são homens;

(ii) 70.23% encontram-se na faixa de idade de 26 a 50 anos;

(iii) 65.4% são casados/união livre;

(iv) 80.1% têm filhos;

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32 (v) 82.68% moram em imóvel próprio;

(vi) 78.37% possuem apenas até o primeiro grau completo;

(vii) 66.87% pertencem à faixa de renda familiar até 1.000 reais;

(viii) 33,4% são biscateiros ou dedicam-se à produção doméstica, 43,8% são micro

ou pequeno proprietários, 14,63% são autônomos do tipo, chofer, caminhoneiro,

pedreiro, corretor, técnico, professor particular.

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33 DADOS PESSOAIS E FAMILIARES

População (% )Nível Escolar

Analfabeto 11.81

1º Grau Completo 53.75

1º Grau Incompleto 12.81

2º Grau Completo 4.10

2º Grau Incompleto 10.41

2º Grau Técnico Incomp./Comp 2.30

Superior Incomp./Comp 4.80

OcupaçãoFuncionário de Alto/Médio Escalão 1.24

Funcionário de Baixo Escalão 2.18

Profissional Liberal com Curso Superior 0.73

Autônomos (corretor, técnico, prof. particular) 4.67

Autônomos ( chofer, caminhoneiro, pedreiro) 9.96

Biscateiro, Produção domética 33.40

Médio ou grande proprietário 0.21

Pequeno proprietário 16.29

Micro proprietário 27.59

Empregados domésticos 1.04

Outros 2.70

Renda Mensal FamiliarAté 200 reais 9.28

200 a 400 reais 14.97

400 a 600 reais 16.47

600 a 800 14.37

800 a 1000 11.78

1000 a 1500 15.57

1500 a 2000 9.08

Mais de 2000 8.48

Nº de Pessoas no DomicílioAté 2 Pessoas 22.40

3 Pessoas 26.20

4 Pessoas 23.10

5 Pessoas 16.00

6 Pessoas 5.00

7 Pessoas ou mais 7.30

Tem Filhos 80.10

Quantos Filhos 1 Filho 33.42

2 Filhos 28.66

3 filhos 16.27

4 Filhos 11.14

5 Filhos ou mais 10.51

Tipo de DomicílioImóvel próprio 82.68

Imóvel alugado 14.21

Imóvel de familiares 2.80

Outros 0.30

Fonte : Rocinha

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34 b. Perfil dos Empregados em Micro-empresas da Rocinha

A fim de completar a análise dos recursos humanos das micro-empresas da

Rocinha analisamos o perfil dos empregados e dos familiares ocupados nestes

empreendimentos.

Ao todo, 56,9% das micro-empresas da Rocinha não recebem qualquer ajuda

da família, segundo a tabela 3. Ou seja, 43,1% dos micro-empresários são

auxiliados por suas respectivas famílias, revelando a importância relativa da célula

básica do tecido social, a família, como insumo das atividades microempresariais

locais. 38,42% do total de micro-empresários recebem auxílio familiar por intermédio

do trabalho de seus membros, principalmente do cônjuge (20%) e de seus filhos

(16,20%) e somente 3,3% dos micro-empresários recebe dinheiro da família como

forma de ajuda.

As micro-empresas da Rocinha geralmente não contam com a ajuda de mais

nenhum funcionário em seus empreendimentos, além de seus próprios familiares

(76,82%). 18,1% das micro-empresas da Rocinha possuem 1 ou 2 pessoas

auxiliando suas atividades, enquanto 5.1% possuem três ou mais funcionários.

A maior parte dos funcionários contratados pelas micro-empresas da Rocinha

são fixos (81,7%) e quando decidem empregar trabalhadores ocasionais, os micro-

empresários normalmente contratam apenas um funcionário (73,81%). Além disso,

nota-se que normalmente as micro-empresas decidem contratar apenas 1

funcionário fixo (53,61%) ou no máximo de 2 a 5 funcionários fixos (39,7%), mas

muito dificilmente elas contratam mais de 5 funcionários (1,3%).

A faixa etária dos funcionários das micro-empresas da Rocinha situa-se entre

19 a 35 anos de idade, pois tal faixa de idade representa 54,44% dessa população.

Portanto, como somente 22,22% dos funcionários das micro-empresas situam-se na

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35 faixa etária de 35 a 50 anos, podemos dizer que os funcionários são relativamente

jovens.

Nesse sentido, ao compararmos os dados referentes à idade dos micro-

empresários e de seus funcionários (respectivamente, tabelas 1 e 3), podemos

concluir que os funcionários das micro-empresas sejam mais jovens que os seus

patrões, uma vez que:

(i) de um lado, 44,34% dos funcionários situam-se na faixa de idade até os 25

anos, tal porcentagem cai para 11,52%, ao considerarmos os proprietários das

micro-empresas.

(ii) por outro lado, 47,03% dos funcionários situam-se na faixa de idade de 26

a 50 anos, tal porcentagem sobe para 70,03%, ao considerarmos os proprietários

das micro-empresas.

Em suma, a análise do trabalho adicional em relação ao desenvolvido pelos

proprietários revela a importância do trabalho dos cônjuges e de filhos, evidenciando

a relevânciado chamado capital social aqui representado através da família na

operação destes empreendimentos. As micro-empresas da Rocinha geralmente não

contam com a ajuda de mais nenhum funcionário em seus empreendimentos, além

de seus próprios familiares (76,82%), sendo 18.3% destes funcionários ocasionais e

em geral jovens (44,34% até 25 anos de idade). Apenas 5.1% das micro-empresas

possuem três ou mais funcionários.

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36 DADOS DOS FUNCIONÁRIOS DAS MICRO-EMPRESAS

População (%)Ajuda Familiar

Não tem 56.90

Dinheiro 3.30

Trabalho 38.42

Filhos 16.20

Cônjuge 20.00

Pais 3.10

Outros Parentes 11.70

Outra forma de Ajuda 1.38

Compra Produto p/negócio 0.43

Entrega encomendas 0.26

Divulgação 0.26

Outros 0.43

nº de Pessoas que Ajudam na Atividade além do FamiliaresNenhuma 76.82

1 Pessoa 12.99

2 Pessoas 5.09

3 a 5 Pessoas 3.80

Mais de 5 Pessoas 1.30

FuncionáriosFixos 81.70

1 Funcionário 53.61

2 Funcionários 22.16

3 a 5 Funcionários 17.53

Mais de 5 Funcionários 6.70

Ocasionais 18.30

1 Funcionário 73.81

Mais de 2 Funcionários 26.19

Faixa de Idade dos Funcionários

Menores de 14 Anos 1.85

14 a 18 Anos 12.96

19 a 25 Anos 29.63

26 a 35 Anos 24.81

35 a 50 Anos 22.22

Maiores de 50 Anos 8.52

Fonte : Rocinha

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37 c. Perfil das Micro-empresas da Rocinha

De acordo com a tabela 4 abaixo, constatamos que as micro-empresas da

Rocinha apresentam como atividades principais a venda de produtos alimentícios

(21,93%), a posse de bar/birosca (18,94%) e a realização de serviços diversos

(13,16%). Em termos mais genéricos, a atividade de vendas supera a atividade de

serviços nas micro-empresas da Rocinha.

A maioria dos micro-empresários da Rocinha não tem outra atividade e

dedica-se apenas a sua atividade principal (87,75%), e entre os 12,25% que

desempenham uma atividade empresarial complementar, nota-se mais da metade

destas atividades extra (6,57% do total) se refere à venda de produtos alimentícios,

roupas e acessórios e 25% (3% do total) se refere a biscates e serviços diversos.

Em consonância com os dados do último parágrafo, a grande maioria dos

micro-empresários pobres da Rocinha não tem acesso a outras fontes de renda

(74,47%) e apenas 16,92% desses micro-empresários possuem outro negócio ou

um emprego como outra fonte de renda. As aposentadorias e pensões

complementam a renda de apenas 2,6% da população.

Quanto à intensidade das atividades microempresariais 94,71% se ocupam

durante os 12 meses por ano, 73,27% operam em mais de 5 dias por semana e

91.5% dedicam acima de 5 por dia à atividade.

Quanto à sazonalidade dos negócios, apesar de 30,40% dos micro-

empresários não considerar que existam melhores épocas para o trabalho, mas

45,5% consideram sub-períodos do verão carioca representados por itens como mês

de dezembro, o fim de ano, o ano novo e o verão os melhores períodos do ano para

o desempenho de suas atividades. Este tipo de informação explorado nos últimos

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38 dois parágrafos pode ser útil na formulação do fluxo de pagamento dos contratos

de crédito.

Os micro-empresários da Rocinha realizam tal atividade entre 1 a 5 anos

(37,75%), mas nota-se que enquanto 74,47% da população desempenham essa

atividade a menos de 10 anos, apenas 19,72% a desempenham há 11 anos ou

mais.

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39 DADOS OCUPACIONAIS

População (% )Atividade Principal

Serviços Diversos 13,16

Biscates, Chaveiro, Etc 10,27

Costura 4,29

Diarista/Babá/Cozinheira/Chofer 11,47

Bar/Birosca 18,94

Venda, Roupas e Acessórios 9,17

Venda de Produtos Alimentícios 21,93

Venda Diversos 10,77

Outra Atividade Não tem outra Atividade 87,75

Serviços Diversos 1,39

Biscates, Chaveiro, Etc 1,59

Costura 0,50

Diarista/Babá/Cozinheira/Chofer 0,70

Bar/Birosca 0,70

Venda, Roupas e Acessórios 2,49

Venda de Produtos Alimentícios 4,08

Venda Diversos 0,80

Tempo que realiza a atividadeMenos de 1 ano 21,61

1 a 5 anos 37,35

6 a 10 anos 18,43

11 a 15 anos 7,57

16 a 20 anos 6,77

21 a 25 anos 2,89

26 a 30 anos 3,09

Mais de 30 Anos 2,29

Outras Fontes de RendaNão tem Outras Fontes de Renda 74,47

Outro Negócio 7,31

Emprego 9,61

Aluguel 5,11

Outros 3,30

Aposentadoria e Pensões 2,60

Não Sabe/Não Respondeu 0,20

Horas Por Dia que Dedica a AtividadeAté 4 Horas 8,50

5 a 8 Horas 28,20

9 a 12 Horas 47,60

Mais de 12 Horas 15,70

Dias Por Semana que se Dedica a AtividadeAté 5 Dias 26,73

Mais de 5 Dias 73,27

Meses Por Ano que de Dedica a AtividadeAté 11 Meses 5,29

12 M eses 94,71

Melhores Épocas para o TrabalhoNão Existe 30,40

Início do Mês 3,10

Final do Mês 2,54

Dezembro 4,76

Fim de Ano e Ano Novo 21,13

Inverno 3,32

Verão 19,59

Outros 15,16

FONTE: ROCINHA

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40 6. Conclusões e extensões

As diversas safras de microdados colhidas comprovaram que na virada da

década passada uma crise social se instalou nas metrópoles brasileiras7. Como

exemplo extremo, a taxa de miséria no município de São Paulo aumenta cerca de

50% entre 1991 e 2000. No município do Rio de Janeiro a miséria cai 19% neste

período, o que representa uma inversão da decadência de desempenho relativo

frente a São Paulo, observada nas décadas anteriores. No período 2000-02

observamos a continuidade desta tendência: a taxa de miséria baseada em renda do

trabalho sobe 1,57% no município de São Paulo e cai 1,68% no do Rio. Neste

mesmo período a taxa de miséria sobe mais nas periferias destas capitais, 10,4% e

18,3%, o que faz com que o aumento da miséria na Grande São Paulo seja inferior a

do Grande Rio, 5,3% contra 7,3% (média móvel de 12 meses segundo cálculos

feitos sobre os microdados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME/IBGE)).

O ônus da crise se concentra no espaço metropolitano, já o bônus dos novos

programas sociais se dirige para os grotões de miséria. Isto vale para a implantação

de programas constitucionais como a Previdência Rural e o Benefício de Prestação

Continuada; para programas ad hoc emergenciais do final da década de 90 como as

frentes de trabalho contra a seca no Nordeste; para as bolsas do projeto Alvorada

(Escola, Alimentação etc) implantados a partir de 2000, para as ações do Fome

Zero. Mais recentemente o Bolsa Família começa a contemplar de maneira mais

intensiva as áreas metropolitanas com destaque para as periferias.

7 Néri (2006) demonstra que a chamada crise metropolitana pelo menos no que tange a indicadores sociais baseados em renda como pobreza se prolonga até 2003 sofrendo uma reversão desde então.

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41 A pesquisa indica que a miséria atinge 14,57% dos cariocas em 2000 varia desde

menos de 4% nas RAs de Botafogo, Copacabana e Lagoa até 29.4% no Complexo

do Alemão. Outras favelas e ressentamentos como Jacarezinho (27,54%), Cidade

de Deus (26,02%), Maré (25.235) e Rocinha (21.89%) se destacam entre as regiões

mais miseráveis do município. Os dados permitem a população no nível de

localidades enxergar a sua vizinhança desde uma perspectiva própria. Por exemplo,

o déficit social da Rocinha é de 575 mil reais mensais, o que daria 3,56 reais

mensais por cada não miserável da região administrativa vizinha da Lagoa (inclui

Ipanema e Leblon), a mais rica da cidade. Portanto, a renda média da zona sul

carioca oculta a riqueza da Bélgica, a miséria da Índia e a violência da Colômbia.

a. Extensões

Pesquisas de opinião apontam o desemprego e a violência como os dois

problemas a ocupar mais as preocupações dos brasileiros. Os números do

desemprego e da violência brasileira têm a cara dos jovens periferias e das favelas

metropolitanas. Marcos Lisboa e Mônica Viegas exploram a relação entre as duas

variáveis8. Eles demonstraram que as condições de desemprego durante a

8 Richard Freeman mostra que se incorporássemos à relativamente baixa taxa de desemprego americana, o contingente de presidiários, a mesma mudaria de patamar, ficando mais próximas das congêneres européias.

MAPA DO FIM DA FOME DA POPULAÇÃO TOTALRio de Janeiro - Medidas de Miséria - Linha de R$79*

Transferências Mínimas para Erradicar a Miséria

R$ pessoa R$ total mêsR$ não

miserávelR$ miserável

Brasil 33.15 14.04 2,371,086,203 21.00 42.35UF - Rio de Janeiro 19.45 7.63 109,159,553 9.47 39.24

Município do Rio de Janeiro 14.57 5.89 34,172,061 6.90 40.45

Lagoa 3.99 1.78 299,310 1.85 44.55

Rocinha 21.89 10.22 575,604 13.09 46.70

Fonte: CPS/IBRE/FGV processando os microdados da amostra do Censo Demográfico 2000/IBGE.

SubdistritoRio de Janeiro%

Miseráveis

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42 juventude são determinantes da probabilidade de o indivíduo ser vítima de

homicídio. Esta probabilidade é maior durante todo o ciclo de vida do sujeito, e não

apenas durante a fase que o desemprego está alto. Os jovens tragados para

atividades criminosas tendem a não mudar de vida mesmo que a macroeconomia

reaja favoravelmente. Estes custos permanentes do desemprego se aplicam em

particular às grandes metrópoles brasileiras que, nos últimos anos, foram, e

continuam sendo o epicentro da nossa crise econômica e social. Nesse sentido, as

mudanças na política social, ocorridas na última década, como a expansão da

previdência rural patrocinada pela Constituição de 1988, o projeto Alvorada de

Fernando Henrique, ou mesmo o Fome Zero de Lula são altamente meritórias, mas

não compensam este quadro. Pois o bônus das novas ações foi para os grotões de

miséria, enquanto o ônus das crises recentes está concentrado nas grandes

cidades. Os números do desemprego e da violência brasileira têm a cara dos jovens

das periferias. A taxa de desemprego entre 15 e 29 anos é 22.6%, quatro vezes e

meia maior do que as do grupo de 35 a 39 anos de idade. Cabe lembrar que a taxa

de desemprego dos jovens quadruplicado entre 1989 e 2001. Apesar do quadro de

desespero inercial traçado acima, os novos tempos trazem bons augúrios que talvez

permitam à sofrida juventude metropolitana reverter esta tendência.

Steven Levitt, o autor do best-seller Freaknomics causou espanto ao revelar

como a principal causa da redução da criminalidade em estados americanos em

meados da década de 90, a lei de aborto promulgada duas décadas antes. A idéia é

tão simples quanto politicamente incorreta como muitas vezes a vida é (embora não

gostemos disso): o fato de a lei diminuir o nascimento de filhos indesejados de

pobres mulheres solteiras gerou uma redução da oferta de criminosos duas décadas

depois! No Brasil, a contrapartida feminina da predisposição de jovens homens

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43 solteiros a atividades criminosas9 é a incidência da gravidez precoce que sobe de

7,97% para 9.1% entre 1980 e 2000 enquanto a taxa de fecundidade para todos os

grupos etários cai de 4.4 para 2.3 filhos por mulher. Em particular, enquanto a taxa

de fecundidade entre as moradoras de 40 a 45 anos de favelas cariocas é duas

vezes maior que aquelas em bairros de alta renda, entre as adolescentes dos

morros cariocas a taxa é cinco vezes maior que as adolescentes dos bairros de alta

renda (0,27 filhos por menina entre 15 a 19 anos na Rocinha contra 0,054, na Lagoa

respectivamente). Se o Brasil não revolucionar a educação reprodutiva dos jovens

em áreas de alta violência, vamos colher mais e mais tragédias como as recentes

noticiadas. A Rocinha é a região administrativa da cidade com o menor nível de

educação da população em geral e da população ocupada entre todas do municio

do Rio de Janeiro.

No que tange ao último aspecto, paises e pais que cuidam de suas crianças,

desde a sua idade mais tenra, viabilizam seu futuro. James Heckman, o Nobel de

Economia, Flávio Cunha nos brindam com suas mais recentes descobertas sobre a

importância da Educação na Primeira Infância. Elas demonstram que crianças que

tiveram a oportunidade de freqüentar o equivalente a creches e pré-escolas,

apresentaram na idade adulta renda mais alta e probabilidades mais baixas de

prisão, de gravidez precoce e de depender de programas de transferência de renda

do estado no futuro. Ou seja, acaba sendo mais produtivo do ponto de vista social e

fiscal, prevenir do que remediar, investindo desde a primeira infância. A educação

nesta primeira fase da vida constitui o verdadeiro custo de oportunidade social –

qual seja a oportunidade de investimento com maior retorno social disponível. E

9 Neri (2004) isola fatores de risco associados à chance de cada indivíduo estar ou não presidiário, comparando-se pessoas com as

demais características iguais exceto uma. Por exemplo: comparamos homens e mulheres com atributos iguais, isto é descontando o fato de

que mulheres, na média, têm mais educação do que homens entre outras características. O exercício confirma que o principal fator de risco é

o sexo. Os homens têm 46.3 vezes mais chance de estarem presidiários do que as mulheres, considerando as demais características iguais.

Em seguida, a léguas de distancia, está o estado civil. Ser solteiro é um importante fator de risco 4.8 vezes maior que os demais. Depois vem

o fator idade.

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44 mais: quanto menor for a idade da criança objeto do investimento educacional

recebido, mais alto será o retorno percebido.

Observamos abaixo uma visão local através de gráfico com as regiões

administrativas do município do Rio de Janeiro, plotando a relação entre a proporção

de crianças de 4 a 6 anos na pré-escola e a proporção de empregadas domésticas

morando na respectiva localidade. Entre as mulheres adultas da Rocinha 21% são

domésticas (ou 47% das ocupadas). Notamos em lugares mais pobres, nas favelas

em particular, a proporção de domésticas em idade ativa cai com o aumento da taxa

de crianças na pré-escola. Estas pobres mulheres vão cuidar dos filhos de outras e

deixam os seus filhos em casa, fora da pré-escola.

% Domésticas na População Feminina em Idade Ativa

O chamado jeitinho brasileiro perpassa várias esferas das nossas vidas

privadas, mas está presente acima de tudo nas relações econômicas com o estado,

aí incluindo aquelas de natureza trabalhista, consumidora e empresarial. É sempre

bom rever conceitos e cifras relativas à evasão tributária que constitui junto com o

futebol, o esporte nacional. A diferença é que a maioria dos brasileiros é apenas

% Pré-Escola x % Domésticas

% Pre = -1.2905 %Dom + 86.969

R2 = 0.4919

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 3 5 8 10 13 15 18 20 23

Complexo do Alemão

LagoaBotafogo

Rocinha

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45 tele-espectadora do esporte bretão enquanto uma parcela substancial e

desconhecida da nossa população é praticante da informalidade. Na verdade, a

característica essencial da evasão tributária é ter poucos espectadores. A

informalidade está associada a encargos fiscais crescentes imprimidos pelos vários

níveis de governo, sem que correspondentes benefícios sociais sejam percebidos

coletiva ou individualmente. A taxa de informalidade elétrica em favelas e outras

ocupações ilegais é de 41.2% diante de 4.43% dos condomínios de casas e

apartamentos, o que evidencia uma correlação forte entre informalidades fundiária e

elétrica. A taxa de informalidade varia substancialmente entre as regiões

metropolitanas pesquisadas, indo de 3.27%, em Belo Horizonte, a 16.2%, em

Salvador. No Sudeste, o Rio de Janeiro é a que apresenta a taxa mais próxima dos

níveis nordestinos, com 10.6%. Esse resultado seria consistente com a alta

informalidade trabalhista observada no mercado de trabalho do Rio10. A comparação

revela ainda que a chance de um morador do Rio ser gato é 98.96% acima dos

paulistanos. Agora, quando comparamos moradores dessas duas metrópoles com

características, como as citadas acima, exatamente iguais, essa estatística cai para

97.57%. Ou seja, a alta informalidade de energia elétrica consumida pelos

moradores do Rio é pouco explicada pela posse de características associadas aos

“gatos” e mais um atributo específico da região.

A informalidade previdenciária é principalmente um fenômeno de evasão

fiscal fornecendo indícios sobre o não pagamento de impostos e encargos

trabalhistas. Esta última escolha se deve ao fato da amostra do Censo Demográfico

2000 permitir analisar a informalidade previdenciária no nível de cada municipalidade

isolada, pela alta taxa de amostragem utilizada (cerca de 10% da população) vis a

10 Entretanto, a relação entre informalidade laboral e energética não é muito expressiva: entre aqueles domicílios cujo chefe contribui com a previdência, a informalidade elétrica é de 10.9% ante 9.4% das demais.

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46 vis a de outras pesquisas. Segundo dados do Censo Demográfico 2000, existem

63,4% dos trabalhadores ocupados fluminenses contribuem para a Previdência

Social. Não se devem olhar os diversos tipos de informalidade (trabalhista,

previdenciária, empresarial, fundiária e mesmo elétrica) de maneira isolada, mas

quantificar complementaridades e substituições entre diferentes tipos. Por exemplo,

se tomarmos as cinco maiores regiões administrativas cariocas, as grandes favelas

cariocas como Complexo do Alemão, Jacarezinho, Rocinha e Maré, que figuram

entre as mais pobres da cidade, não figuram entre as cinco mais informais. Ou seja,

as informalidades fundiária e previdenciária não andam de mãos dadas nesse caso,

conforme se poderia esperar. Analisando internamente o município do Rio de

Janeiro, Vila Isabel é líder em formalização (77,24%). Em seguida, Botafogo

(76,54%), Lagoa (76%), Tijuca (75,51%) e Méier (73,80%). Entre os cinco menos, 4

são da zona oeste do município. Guaratiba com 53,56% é o mais informal.

Ocupados - % Contribui

� Mais o Vila Isabel 77.24 o Botafogo 76.54 o Lagoa 76.00 o Tijuca 75.51 o Méier 73.80

� Menos

o Guaratiba 53.56 o Ilha de Paquetá 53.92 o Santa Cruz 60.87 o Campo Grande 63.41 o Bangu 63.57

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47 Um banco de dados da sociedade

O Mapa do fim da fome II é um banco de dados georreferenciado permitindo a localização física dentro de estados e municípios das áreas sujeitas às condições sociais mais adversas. Contém um amplo conjunto de informações sobre riquezas e carências das localidades. Estas informações podem ser estendidas em diversas direções desejadas e são passíveis de serem levantadas em qualquer estado ou município brasileiro, constituindo num poderoso instrumento para que a sociedade e governos possam elaborar programas focados de desenvolvimento social.

B a r r a d a T i j u c a L a g o a

T i j u c a

0 . 0 0 5 - 0 . 1 6 6 0 . 1 6 6 - 0 . 3 3 1 0 . 3 3 1 - 0 . 5 2 2 0 . 5 2 2 - 0 . 7 5 1 0 . 7 5 1 - 1 . 1 8 3

F o n t e : C P S / I B R E / F G V a p a r t i r d o s m i c r o d a d o s C e n s o d e m o g r á f i c o d e 2 0 0 0 / I B G E

R a n k i n g P o r S u b d s i s t r i t o - R i o d e J a n e i r o M é d i a d e A u t o m ó v e l

I l h a d e P a q u e t á

R o c i n h a

J a c a r é z i n h o

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48

0 - 7.927.92 - 17.76617.766 - 31.86531.865 - 61.18761.187 - 100

Guaratiba

Rocinha

Centro

Botafogo

Cidade de Deus

Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo demográfico de 2000/IBGE

Taxa de Moradores em Favelas (%)Regiões Admnistrativas - Rio de Janeiro

MaréComplexo do Alemão

Jacarézinho

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49 Conclusão (sumário executivo)

Utilizando inicialmente os microdados do Censo 2000 fazemos um zoom

sobre a situação do trabalho nos morros cariocas, em particular nas comunidades de

Cidade de Deus, Jacarezinho, Rocinha, Maré, Complexo do Alemão comparando

com as demais áreas do município do Rio de Janeiro. Optamos por realizar um

contraste deste grupo de regiões administrativas (RAs) com o de RAs de renda mais

alta compostas por Lagoa, Barra da Tijuca, Botafogo, Copacabana e Tijuca. A renda

média do trabalho é cerca de 5,3 vezes maior no grupo das áreas mais ricas. Agora

ao contrário do estereótipo do malandro do morro carioca, a jornada de trabalho

média lá é cinco horas semanais a mais do que no asfalto. O fator fundamental é a

desigualdade de escolaridade: média de 11,9 anos completos de estudo de um

trabalhador nos bairros de luxo contra 6,2 anos nas comunidades de baixa renda.

Como existe retorno crescente de educação, cada ano a mais de escolaridade rende

mais aos ocupados dos bairros de alta renda: 180,5 reais por cada ano de estudo de

um ocupado nos bairros ricos contra 65,9 reais dos pobres. Os resultados confirmam

que os diferenciais controlados de renda per capita de pessoas nas cinco

comunidades de baixa renda analisadas são até 115.8% menores do que na região

administrativa da Lagoa, aquela que apresenta a maior renda. Ou seja, os dados

comprovam a existência de um viés de renda contra o favelado. Um fato que chama

a atenção é que apesar de todas as adversidades enfrentadas pelo trabalhador das

comunidades de baixa renda, a renda do trabalho desempenha lá um papel mais

fundamental: cerca de 81% de todas as fontes de renda nestas áreas advém do

trabalho contra 63% das áreas de renda mais alta. Este resultado é confirmado por

equações mincerianas de renda domiciliar per capita onde a dummy favela explica

cerca de metade dos diferencial explicado por outras variáveis observáveis.

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50 Posteriormente, fazemos um experimento de diferença em diferença usando os

microdados das PNADs 1996 a 2008 para o município do Rio de Janeiro abertos

neste estudo, separando os aglomerados sub-normais, como aproximação das

favelas e comparando com as demais áreas da cidade. O exercício permite testar e

analisar a evolução recente do viés contra os favelados. O diferencial é maior na

renda total (-0,49) do que na renda do trabalho (-0,4). Ou seja, apesar das agruras

da vida privada das favelas cariocas, a maior carência parece ser a de Estado no

que tange a políticas redistributivas que caracterizam o país nos últimos anos. Por

outro lado, a análise de diferença em diferença demonstra que estes diferenciais

vem caindo ao longo to tempo o que pode ser resultado da chegada de novos

programas assistenciais como o Bolsa Familia as comunidades de baixa renda da

Cidade do Rio de Janeiro. A renda de todas as fontes tem desempenho

qualitativamente similar porém com menor crescimento relativo do que o do trabalho

nos últimos anos. Se a chegada de novos programas assistenciais como o Bolsa

Familia as comunidades de baixa renda da Cidade do Rio de Janeiro pode explicar

parte do resultado a maior parte da melhora relativa (e o maior crescimento relativo)

das favelas mais uma vez vem da renda do trabalho.

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52 PERO, V. . O papel dos segmentos formais e informais no Rio de Janeiro. In:

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53

MAPA DA RENDA Rio de Janeiro - Informações dos Domicílios

Rendas Médias de Todos*

Subdistrito Índice Gini Nº pessoas na família Familiar per capita Trabalho principal Demais trabalhos

Total da UF 0.54 3.15 413.99 281.78 11.70Areia Branca 0.38 3.24 227.54 165.79 4.07Nova Aurora 0.35 3.47 143.43 111.84 2.44Jardim Redentor 0.35 3.43 169.08 130.89 2.04Parque São José 0.34 3.42 160.25 123.88 2.54Lote XV 0.39 3.42 189.88 147.26 1.37Japeri 0.37 3.36 184.04 132.09 2.00Engenheiro Pedreira 0.38 3.43 144.29 113.47 3.66Centro de Queimados 0.40 3.25 248.49 177.46 9.33Nordeste 0.34 3.58 135.56 102.49 2.33Oeste 0.35 3.47 161.01 122.62 1.20Portuária 0.39 3.12 283.52 204.20 3.04Centro 0.41 2.25 632.06 411.93 21.15Rio Comprido 0.47 3.05 481.76 324.58 13.78Botafogo 0.47 2.46 1497.24 945.28 53.54Copacabana 0.48 2.27 1632.09 828.46 46.89Lagoa 0.52 2.58 2227.16 1401.97 68.26São Cristovão 0.42 3.05 363.37 249.02 6.47Tijuca 0.47 2.78 1181.33 721.14 41.97Vila Isabel 0.45 2.82 1005.54 640.90 46.88Ramos 0.44 3.00 427.55 290.88 7.55Penha 0.44 3.10 360.33 253.92 6.42Méier 0.45 2.92 619.76 402.35 18.43Irajá 0.42 3.10 450.26 306.39 8.11Madureira 0.42 3.05 388.12 250.52 8.19Jacarepaguá 0.48 3.14 527.38 378.21 14.81Bangu 0.41 3.20 286.95 205.26 5.96Campo Grande 0.44 3.25 304.30 215.85 7.66Santa Cruz 0.40 3.34 212.18 150.28 3.86Ilha do Governador 0.49 3.08 615.96 415.35 18.74Ilha de Paquetá 0.40 2.76 457.61 233.62 16.22Anchieta 0.40 3.19 310.10 208.28 6.28Santa Teresa 0.49 2.80 573.70 406.38 18.34Barra da Tijuca 0.55 3.01 1694.51 1268.08 57.20Pavuna 0.38 3.28 247.85 178.75 4.05Guaratiba 0.43 3.32 232.91 171.22 5.80Inhaúma 0.41 3.09 400.22 277.67 6.50Rocinha 0.34 3.16 219.95 180.33 3.66Jacarezinho 0.31 3.14 177.98 136.23 2.18Complexo do Alemão 0.34 3.38 177.31 145.13 1.07Maré 0.33 3.25 187.25 153.78 1.77Realengo 0.43 3.15 339.67 237.67 7.10Cidade de Deus 0.34 3.20 207.56 155.13 1.88

Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo Demográfico de 2000/IBGE.

* Os valores referentes as rendas são médias em que aos valores missing são atribuídos zeros (existe imputação).

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MAPA DA RENDA Tabela 3 - Rio de Janeiro - Informações dos Domicílios

Rendas Médias de Todos*

Subdistrito Apos. e pensã

o Aluguel Transf. Privadas Transf. Pública

s Outras Todas as font

es Total da UF 91.68 12.36 6.79 0.98 8.71 413.99Areia Branca 45.40 5.53 2.05 0.88 3.82 227.54Nova Aurora 23.33 1.34 1.60 0.72 2.17 143.43Jardim Redentor 28.06 3.05 2.14 0.75 2.16 169.08Parque São José 26.27 2.22 1.51 0.87 2.96 160.25Lote XV 32.42 2.59 2.62 1.11 2.51 189.88Japeri 39.55 2.88 1.32 0.95 5.25 184.04Engenheiro Pedreira 22.51 1.52 1.02 0.29 1.82 144.29Centro de Queimados 42.94 5.94 1.86 1.00 9.96 248.49Nordeste 25.04 1.29 1.53 1.02 1.87 135.56Oeste 25.16 1.83 1.21 0.84 8.14 161.01Portuária 60.89 5.16 3.26 1.63 5.35 283.52Centro 163.06 13.65 12.73 1.16 8.39 632.06Rio Comprido 114.90 11.17 9.99 1.22 6.13 481.76Botafogo 363.00 56.26 36.18 2.08 40.91 1497.24Copacabana 551.51 93.51 44.22 1.68 65.83 1632.09Lagoa 427.63 135.41 62.06 1.65 130.19 2227.16São Cristovão 86.67 11.05 4.33 1.07 4.75 363.37Tijuca 336.53 36.56 20.61 1.57 22.96 1181.33Vila Isabel 262.56 22.57 16.05 0.93 15.63 1005.54Ramos 107.27 9.64 5.35 1.17 5.70 427.55Penha 82.11 7.31 4.76 0.82 5.00 360.33Méier 166.40 11.81 10.40 1.03 9.34 619.76Irajá 114.63 8.36 5.91 0.81 6.05 450.26Madureira 107.73 7.26 5.53 1.14 7.74 388.12Jacarepaguá 105.24 11.93 7.81 1.12 8.26 527.38Bangu 62.78 4.42 3.69 0.90 3.95 286.95Campo Grande 65.53 5.97 3.98 1.00 4.31 304.30Santa Cruz 48.01 2.59 3.03 0.95 3.46 212.18Ilha do Governador 136.94 18.65 9.47 1.28 15.52 615.96Ilha de Paquetá 172.35 26.23 9.19 0.00 0.00 457.61Anchieta 77.25 5.35 3.90 1.10 7.93 310.10Santa Teresa 102.93 22.64 8.67 1.89 12.83 573.70Barra da Tijuca 231.59 66.09 33.06 1.49 37.00 1694.51Pavuna 54.04 4.31 2.64 1.09 2.97 247.85Guaratiba 43.85 5.06 2.18 0.69 4.11 232.91Inhaúma 99.82 6.31 3.40 1.38 5.14 400.22Rocinha 21.28 9.90 1.28 0.91 2.60 219.95Jacarezinho 30.97 2.72 1.58 1.87 2.43 177.98Complexo do Alemão 24.82 1.95 1.40 1.62 1.32 177.31Maré 21.96 4.93 1.51 1.06 2.23 187.25Realengo 82.12 5.30 3.25 0.84 3.37 339.67Cidade de Deus 41.99 2.93 1.26 0.83 3.54 207.56

Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo Demográfico de 2000/IBGE.

* Os valores referentes as rendas são médias em que aos valores missing são atribuídos zeros (existe imputação).

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Panorama das Favelas Cariocas ??

A pesquisa se vale de panoramas estatísticos e simuladores de modelos

multivariados aplicado ao conjunto de pequenos negócios operantes nestas

comunidades de baixa renda. Estes dispositivos versam sobre geração de

trabalho e renda, acesso a serviços públicos como luz, esgoto e água, e

dinâmica demográfica (migração), entre outras.

O panorama pode ser acessado no link:

http://www.fgv.br/ibrecps/Credi_FavelasRJ/index.htm. Nele podemos observar uma série

de estatísticas trabalhistas em diferentes grupos socioeconômicos nas

principais favelas cariocas.

Nas tabelas abaixo geradas a partir do dispositivo acima podemos ver o

perfil da população ocupada nessas localidades. Na primeira coluna

observamos o total das comunidades. Apresentamos uma síntese do perfil

destes ocupados comprado ao perfil da população em idade ativa nestas

comunidades. Os dados mostram que 59,44% dos ocupados nas favelas são

mulheres (na PIA, elas representam 51,42% da população), 53,57% dos

ocupados são chefes de família (42,2% na PIA), 18,37% tem entre 30 e 35

anos (15,46%), 43,96% são brancos (43,65%) e 37,37% têm entre 4 e 7 anos

de estudo (39,43%),

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56Caracterizando melhor o tipo ocupação, 57,51% dos ocupados nas

favelas são empregados com carteira de trabalho assinada, 21,11% são sem

carteira e 18,35% conta-própria. Do total, 68,52% contribuem para previdência.

Estas e outras observações podem ser encontradas no dispositivo

construído.

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Ocupados - População

População Total

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

Total 100 100 100 100 100 100

Ocupados - População

Sexo

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

Masculino 59,44 58,52 57,92 61,43 61,54 52,04 Feminino 40,56 41,48 42,08 38,57 38,46 47,96

Ocupados - População

Posição na Família

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

Chefe 53,57 54,97 53,07 53,49 54,08 50,02 Cônjuge 21,98 22,54 22,46 22,01 21,79 21,09 Filho(a) 17,04 13 18,66 19,25 15,93 22,25 Pai, mãe, sogro(a) 0,29 0,21 0,3 0,4 0,25 0,37 Neto(a) 0,68 0,3 0,86 0,74 0,66 1,11 Irmão, irmã 2,28 3,48 1,87 1,36 2,4 1,89 Outro parente 3,14 3,57 2,31 2,41 3,62 2,94 Agregado 0,79 1,81 0,46 0,34 0,72 0,33 Pensionista 0,2 0,13 0 0 0,46 0 Empregado(a) doméstico(a) 0,02 0 0 0 0,05 0 Individual em domicílio coletivo 0,01 0 0 0 0,03 0

Ocupados - População

Faixa Etária

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

15 a 19 6,71 6,83 5,97 6,75 7,18 5,59 20 a 24 16,8 18,31 14,41 16,78 17,24 15,17 25 a 29 16,3 17,14 15,69 15,35 17,32 13,68 30 a 35 18,37 19,48 16,88 18,03 17,94 19,92 36 a 39 10,58 9,96 10,61 9,94 11,08 11,14 40 a 44 11,26 11,41 11,94 10,94 10,86 12,27 45 a 49 8,48 7,52 9,85 9,12 8,38 7,97 50 a 54 5,96 5,29 8,17 7,12 4,95 6,21 55 a 59 3,11 2,23 3,65 3,28 2,86 4,64 60 ou mais 2,43 1,82 2,82 2,69 2,2 3,41

Ocupados - População

Cor ou raça

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

Branca 43,96 53,96 40,67 42,75 42,31 37,45 Preta 12,26 9,2 17,63 13,52 10,34 16,36 Amarela 0,18 0 0 0,26 0,15 0,61 Parda 42,47 35,88 40,99 42,25 45,93 44,41 Indígena 0,35 0,14 0,07 0,53 0,48 0,26

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Ocupados - População

Anos de Estudo

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

Sem instrução ou menos de 1 ano 6,94 10,14 6,51 7,79 5,97 3,45 1 a 3 15,5 18,29 10,53 15,3 16,26 13,46 4 a 7 37,37 37,61 36,16 36,68 39,94 30,87 8 a 11 36,5 29,41 43,43 37,31 34,2 48,09 12 ou mais 3,01 3,75 2,87 2,07 2,88 4

Ocupados - População

Imigração - UF ou País

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

Menos de 1 ano 0,49 0,41 0,47 0,18 0,82 0,08 De 1 a 5 anos 8,33 13,69 4,72 3,79 11,16 1,25 De 6 a 10 anos 6,19 9,97 3,83 4,11 7,22 2,22 Mais de 10 anos 28,87 32,35 24,98 30,66 30,68 17,48 Não migrou 56,12 43,58 66 61,25 50,12 78,97

Ocupados - População

Imigração - Município

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

Menos de 1 ano 0,8 0,75 0,68 0,22 1,39 0,08 De 1 a 5 anos 9,96 16,27 6,14 4,86 13,04 1,63 De 6 a 10 anos 6,84 11,1 3,96 4,61 7,91 2,71 Mais de 10 anos 30,01 32,49 26,84 33,69 31,19 18,36 Não migrou 52,39 39,4 62,39 56,61 46,47 77,22

Ocupados - População

Posição na ocupação

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

Funcionário público 2,13 1,35 1,6 2 2,41 3,36 Empregado com carteira 57,51 64,95 56,11 52,65 56,04 59,46 Empregado sem carteira 21,11 18,8 20,08 22,2 21,89 21,7 Conta-própria 18,35 14,14 21,26 21,95 18,79 14,91 Empregador 0,65 0,53 0,65 0,95 0,66 0,27 Não-remunerado 0,21 0,1 0,3 0,25 0,19 0,31 Próprio consumo 0,03 0,13 0 0 0,02 0

Ocupados - População

Religião

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

Sem religião 15,39 12,3 20,37 16,44 15,26 14,32 Católica 62,79 72,52 49,42 58,85 64,4 60,89 Evangélica 18,65 12,14 25,9 21,87 17,92 19,47 Espiritualista 0,81 0,56 1,2 0,92 0,44 1,9 Afro-brasileira 0,86 0,63 1,22 0,72 0,64 1,88 Orientais 0,21 0,31 0,33 0,09 0,19 0,2 Outras 1,29 1,54 1,56 1,11 1,15 1,34

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59

Ocupados - População

Situação Conjugal

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

Acompanhado(a) 60,35 60,18 58,73 62,78 61,62 53,75 Solitário(a) 39,65 39,82 41,27 37,22 38,38 46,25

Ocupados - População

Quintil

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

1º 5,74 3,82 6,79 7,71 5,82 4,29 2º 14,91 11,22 15,79 16,93 15,79 13,9 3º 19,92 19,51 21,54 19,96 20,27 17,75 4º 26,01 24,82 26,89 24,79 27,53 24,35 5º 33,42 40,63 29 30,6 30,6 39,71

Ocupados - População

Situação Conjugal-Detalhamento

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

Casamento civil e religioso 15,09 11,4 17,03 17,94 15,03 14,7 Só casamento civil 13,44 12,41 14,99 15,26 12,82 12,51 Só casamento religioso 0,9 1,57 0,73 0,87 0,86 0,14 União consensual 30,92 34,79 25,99 28,71 32,91 26,4 Separado(a) 3,07 3,15 3,41 3,33 2,95 2,55 Desquitado(a) 1,16 0,92 1,44 1,19 1,06 1,61 Divorciado(a) 0,99 0,63 1,78 1,18 0,88 0,84 Viúvo(a) 1,73 1,57 2,48 1,88 1,41 2,07 Solteiro(a) 32,69 33,56 32,16 29,64 32,09 39,18

Ocupados - População

Maternidade

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

É mãe 28,18 28,71 29,81 27 26,96 31,74 Não é mãe 12,16 12,45 12,02 11,45 11,25 16,09

Ocupados - População

Contribuia para previdência (apenas ocupados)

Categoria Todos Rocinha Jacarezinho Complexo do Alemão Maré

Cidade de Deus

Contribui 68,52 73,18 67,12 64,92 67,71 70,88 Não contribui 31,48 26,82 32,88 35,08 32,29 29,12

Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE

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60Simulador de Renda das Favelas Cariocas

O simulador de renda das favelas cariocas pode ser acessado no link:

http://www.fgv.br/ibrecps/rio/simulafavelas. Nele podemos estimar a renda das

principais favelas e compará-las com outras regiões administrativas do

município do Rio de Janeiro.

Passos para utilização:

Selecione as suas características e local de moradia no formulário.

Clique em Simular.

O gráfico apresenta a renda domiciliar per capita simulada. Uma das

barras representa o Cenário Atual (resultado a partir das características

selecionadas) e a outra o Cenário Anterior (apresenta a simulação anterior).

Page 61: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

61Modelos utilizados para simular a renda

Equação do Log da RFPC para 15<=IDADE<=65

Rio de Janeiro (Com controle)

Estimated Regression Coefficients

Parameter EstimateStandard

Error t Value Pr > |t|Intercept 5.0385212 0.01473651 341.91 <.0001RA Anchieta 0.4515214 0.01700251 26.56 <.0001RA Bangu 0.3476105 0.01567581 22.17 <.0001RA Barra da Tijuca 1.7204583 0.01934092 88.95 <.0001RA Botafogo 1.8259525 0.01682180 108.55 <.0001RA Campo Grande 0.3841006 0.01559714 24.63 <.0001RA Centro 1.1317031 0.02262469 50.02 <.0001RA Cidade de Deus 0.1451603 0.02213247 6.56 <.0001RA Complexo do Alem -0.0173823 0.01943698 -0.89 0.3712RA Copacabana 1.8349436 0.01808703 101.45 <.0001RA Guaratiba 0.1044393 0.01851074 5.64 <.0001RA Ilha de Paquetá 0.7878292 0.06040195 13.04 <.0001RA Ilha do Governad 0.9605552 0.01697291 56.59 <.0001RA Inhaúma 0.6407837 0.01752430 36.57 <.0001RA Irajá 0.7640033 0.01667985 45.80 <.0001RA Jacarepaguá 0.8265424 0.01578693 52.36 <.0001RA Lagoa 2.0528543 0.01855022 110.66 <.0001RA Madureira 0.6127003 0.01581345 38.75 <.0001RA Maré 0.0787874 0.01718512 4.58 <.0001RA Méier 1.0142838 0.01590403 63.78 <.0001RA Pavuna 0.2599792 0.01660603 15.66 <.0001RA Penha 0.5146628 0.01608459 32.00 <.0001RA Portuária 0.3633952 0.02186312 16.62 <.0001RA Ramos 0.6854664 0.01759233 38.96 <.0001RA Realengo 0.4979972 0.01633643 30.48 <.0001RA Rio Comprido 0.6874869 0.02102887 32.69 <.0001RA Rocinha 0.1831349 0.01952819 9.38 <.0001RA Santa Cruz 0.0968507 0.01599817 6.05 <.0001RA Santa Teresa 0.8553710 0.02504690 34.15 <.0001RA São Cristovão 0.5702347 0.01974212 28.88 <.0001RA Tijuca 1.5525012 0.01777077 87.36 <.0001RA Vila Isabel 1.4778141 0.01734263 85.21 <.0001RA zzJacarezinho 0.0000000 0.00000000 . .

Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE

Page 62: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

62Equação do Log da RFPC para 15<=IDADE<=65

Rio de Janeiro (Com controles sócio-demográficos)

Estimated Regression Coefficients

Parameter EstimateStandard

Error t Value Pr > |t|Intercept 4.8964495 0.01849143 264.80 <.0001SEXO Homem 0.0550576 0.00262816 20.95 <.0001SEXO Mulher 0.0000000 0.00000000 . .fxcor Afro -0.2347782 0.00283680 -82.76 <.0001fxcor nAfro 0.0000000 0.00000000 . .IDADE -0.0271907 0.00057767 -47.07 <.0001idade2 0.0005167 0.00000738 70.05 <.0001educa 0.0404978 0.00123497 32.79 <.0001educa2 0.0045064 0.00007013 64.26 <.0001UF Rio de Janeiro 0.0000000 0.00000000 . .Tipo Capital - Região 0.0000000 0.00000000 . .RA Anchieta 0.2263050 0.01627398 13.91 <.0001RA Bangu 0.1814262 0.01507793 12.03 <.0001RA Barra da Tijuca 1.0360519 0.01719547 60.25 <.0001RA Botafogo 0.9728850 0.01596632 60.93 <.0001RA Campo Grande 0.1877888 0.01499041 12.53 <.0001RA Centro 0.6626204 0.02124429 31.19 <.0001RA Cidade de Deus 0.0969338 0.02121472 4.57 <.0001RA Complexo do Alem 0.0338567 0.01860276 1.82 0.0688RA Copacabana 0.9931607 0.01685740 58.92 <.0001RA Guaratiba 0.0596453 0.01748839 3.41 0.0006RA Ilha de Paquetá 0.5188936 0.04947631 10.49 <.0001RA Ilha do Governad 0.5375362 0.01586541 33.88 <.0001RA Inhaúma 0.3101307 0.01655297 18.74 <.0001RA Irajá 0.3735617 0.01589546 23.50 <.0001RA Jacarepaguá 0.4682171 0.01505265 31.11 <.0001RA Lagoa 1.1580391 0.01700700 68.09 <.0001RA Madureira 0.2896177 0.01518704 19.07 <.0001RA Maré 0.1298418 0.01678968 7.73 <.0001RA Méier 0.5003498 0.01520276 32.91 <.0001RA Pavuna 0.1173429 0.01587379 7.39 <.0001RA Penha 0.2565451 0.01537925 16.68 <.0001RA Portuária 0.2766879 0.02059310 13.44 <.0001RA Ramos 0.3564274 0.01651097 21.59 <.0001RA Realengo 0.2531116 0.01561041 16.21 <.0001RA Rio Comprido 0.3588662 0.01858739 19.31 <.0001RA Rocinha 0.2511355 0.01922998 13.06 <.0001RA Santa Cruz 0.0172302 0.01538210 1.12 0.2627RA Santa Teresa 0.4753880 0.02163588 21.97 <.0001RA São Cristovão 0.3239387 0.01831885 17.68 <.0001RA Tijuca 0.7891425 0.01647918 47.89 <.0001RA Vila Isabel 0.7542602 0.01621056 46.53 <.0001RA zzJacarezinho 0.0000000 0.00000000 . .

Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE

Page 63: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

63

Simulador Recente da Renda Carioca

Com base nos microdados da PNAD/IBGE processamos modelos

estatísticos que estimam a renda do carioca até 2008. Os resultados da

regressão podem ser encontrados a seguir, ou podem ser acessados de forma

interativa e amigável no link http://www.fgv.br/ibrecps/rio/renda. Nele podemos

simular a renda dos habitantes do Rio de Janeiro, incluindo as favelas cariocas

até o ano 2008.

Passos para utilização:

Selecione as suas características e local de moradia no formulário.

Clique em Simular.

O gráfico apresenta a renda domiciliar per capita simulada. Uma das

barras representa o Cenário Atual (resultado a partir das características

selecionadas) e a outra o Cenário Anterior (apresenta a simulação anterior).

Page 64: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

64 Equação renda individual - 2008

Município do Rio de Janeiro

Parameter Estimate Standard

Error

Wald 95% Confidence

Limits Chi-Square Pr > ChiSq

Intercept 7.4669 0.3013 6.8764 8.0574 614.19 <.0001

SEXO Homens 0.2578 0.0207 0.2172 0.2984 154.86 <.0001

SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

fxage 10 a 14 -1.6034 0.1354 -1.8689 -1.3380 140.17 <.0001

fxage 15 a 19 -1.1385 0.0651 -1.2660 -1.0110 306.29 <.0001

fxage 20 a 24 -0.9476 0.0502 -1.0459 -0.8492 356.76 <.0001

fxage 25 a 29 -0.7357 0.0452 -0.8243 -0.6472 265.38 <.0001

fxage 30 a 35 -0.5677 0.0432 -0.6523 -0.4830 172.78 <.0001

fxage 36 a 39 -0.4532 0.0484 -0.5481 -0.3584 87.73 <.0001

fxage 40 a 44 -0.4187 0.0443 -0.5056 -0.3319 89.38 <.0001

fxage 45 a 49 -0.3824 0.0444 -0.4694 -0.2954 74.23 <.0001

fxage 50 a 54 -0.3534 0.0424 -0.4365 -0.2703 69.47 <.0001

fxage 55 a 59 -0.1868 0.0435 -0.2721 -0.1015 18.43 <.0001

fxage 60 ou mais 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

edu 1 a 3 -0.1460 0.2459 -0.6279 0.3359 0.35 0.5526

edu 12 ou mais 1.0174 0.2427 0.5417 1.4931 17.57 <.0001

edu 4 a 7 -0.0321 0.2432 -0.5088 0.4445 0.02 0.8949

edu 8 a 11 0.3032 0.2423 -0.1717 0.7780 1.57 0.2108

edu Sem instrução ou menos de 1 ano -0.2379 0.2461 -0.7203 0.2445 0.93 0.3337

edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

cor Amarela -0.1443 0.1649 -0.4676 0.1790 0.77 0.3816

cor Branca 0.2204 0.0326 0.1565 0.2842 45.81 <.0001

cor Indígena -0.1962 0.2585 -0.7029 0.3104 0.58 0.4478

cor Parda 0.0414 0.0344 -0.0261 0.1089 1.45 0.2292

cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

migra 5 a 9 Anos 0.1694 0.0716 0.0292 0.3097 5.60 0.0179

migra Ignorado -0.0309 0.0429 -0.1151 0.0532 0.52 0.4716

migra Mais de 10 Anos 0.0494 0.0255 -0.0006 0.0993 3.75 0.0527

migra Menos de 4 Anos 0.2541 0.0662 0.1244 0.3838 14.74 0.0001

migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

CHAVPO Conta-Própria -0.2289 0.1651 -0.5525 0.0947 1.92 0.1657

CHAVPO Desempregado -1.6650 0.7519 -3.1386 -0.1913 4.90 0.0268

CHAVPO Empreg. Agrícola -0.4340 0.4493 -1.3147 0.4467 0.93 0.3341

CHAVPO Empreg. Doméstico -0.4139 0.1699 -0.7469 -0.0808 5.93 0.0149

CHAVPO Empreg. com carteira -0.2640 0.1677 -0.5928 0.0648 2.48 0.1155

CHAVPO Empreg. sem carteira -0.2696 0.1666 -0.5961 0.0570 2.62 0.1057

CHAVPO Empregador 0.3543 0.1728 0.0157 0.6930 4.21 0.0403

CHAVPO Func. Público 0.1136 0.1686 -0.2169 0.4440 0.45 0.5006

Page 65: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

65

Parameter Estimate Standard

Error

Wald 95% Confidence

Limits Chi-Square Pr > ChiSq

CHAVPO Inativo -0.1765 0.2266 -0.6206 0.2676 0.61 0.4360

CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.2587 0.1338 -0.5208 0.0035 3.74 0.0531

CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4755 0.0533 -0.5798 -0.3711 79.70 <.0001

CONTRIBU Desempregado 0.1072 0.7420 -1.3472 1.5615 0.02 0.8851

CONTRIBU Ignorado -0.7264 0.0621 -0.8482 -0.6046 136.62 <.0001

CONTRIBU Inativo -0.7852 0.1685 -1.1154 -0.4549 21.71 <.0001

CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal Sim -0.1474 0.0321 -0.2103 -0.0844 21.07 <.0001

asubnormal ZZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

Scale 0.7234 0.0069 0.7100 0.7371

Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE

Page 66: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

66Equação renda domiciliar per capita - 2008

Município do Rio de Janeiro

Parameter Estimate Standard

Error

Wald 95% Confidence

Limits Chi-Square Pr > ChiSq

Intercept 6.7347 0.2675 6.2104 7.2590 633.89 <.0001

SEXO Homens -0.0469 0.0187 -0.0836 -0.0102 6.26 0.0123

SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

fxage 0 a 4 -0.2482 0.1228 -0.4889 -0.0075 4.08 0.0433

fxage 10 a 14 -0.3580 0.0449 -0.4459 -0.2700 63.66 <.0001

fxage 15 a 19 -0.4774 0.0419 -0.5595 -0.3953 129.85 <.0001

fxage 20 a 24 -0.6132 0.0448 -0.7010 -0.5253 187.16 <.0001

fxage 25 a 29 -0.5850 0.0427 -0.6687 -0.5014 187.92 <.0001

fxage 30 a 35 -0.6524 0.0414 -0.7336 -0.5713 248.56 <.0001

fxage 36 a 39 -0.5786 0.0468 -0.6704 -0.4868 152.55 <.0001

fxage 40 a 44 -0.5996 0.0425 -0.6828 -0.5164 199.40 <.0001

fxage 45 a 49 -0.5078 0.0419 -0.5900 -0.4256 146.69 <.0001

fxage 5 a 9 -0.2776 0.1194 -0.5117 -0.0435 5.40 0.0201

fxage 50 a 54 -0.4738 0.0413 -0.5548 -0.3929 131.69 <.0001

fxage 55 a 59 -0.2803 0.0434 -0.3653 -0.1953 41.79 <.0001

fxage 60 ou mais 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

edu 1 a 3 -0.0170 0.2334 -0.4746 0.4405 0.01 0.9418

edu 12 ou mais 1.2060 0.2318 0.7518 1.6603 27.08 <.0001

edu 4 a 7 0.1505 0.2319 -0.3041 0.6051 0.42 0.5165

edu 8 a 11 0.4670 0.2311 0.0140 0.9200 4.08 0.0433

edu Sem instrução ou menos de 1 ano -0.0219 0.2341 -0.4808 0.4369 0.01 0.9253

edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

cor Amarela 0.1034 0.1687 -0.2272 0.4341 0.38 0.5398

cor Branca 0.3741 0.0298 0.3158 0.4325 157.84 <.0001

cor Ignorado 0.4113 0.2356 -0.0504 0.8730 3.05 0.0808

cor Indígena 0.1494 0.2039 -0.2502 0.5489 0.54 0.4637

cor Parda 0.0466 0.0314 -0.0150 0.1082 2.19 0.1386

cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

migra 5 a 9 Anos 0.2433 0.0684 0.1092 0.3774 12.64 0.0004

migra Ignorado -0.0247 0.0405 -0.1042 0.0547 0.37 0.5416

migra Mais de 10 Anos 0.0952 0.0261 0.0440 0.1464 13.27 0.0003

migra Menos de 4 Anos 0.3651 0.0609 0.2458 0.4845 35.96 <.0001

migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

CHAVPO Conta-Própria 0.1600 0.1116 -0.0587 0.3788 2.06 0.1517

CHAVPO Desempregado -0.3248 0.3607 -1.0317 0.3821 0.81 0.3678

CHAVPO Empreg. Agrícola -0.7071 0.4925 -1.6724 0.2582 2.06 0.1511

CHAVPO Empreg. Doméstico 0.0021 0.1201 -0.2332 0.2374 0.00 0.9859

CHAVPO Empreg. com carteira -0.0156 0.1155 -0.2420 0.2108 0.02 0.8923

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67

Parameter Estimate Standard

Error

Wald 95% Confidence

Limits Chi-Square Pr > ChiSq

CHAVPO Empreg. sem carteira 0.0533 0.1138 -0.1697 0.2762 0.22 0.6395

CHAVPO Empregador 0.5033 0.1256 0.2571 0.7495 16.05 <.0001

CHAVPO Func. Público 0.2117 0.1173 -0.0181 0.4415 3.26 0.0710

CHAVPO Ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

CHAVPO Inativo 0.1890 0.2027 -0.2082 0.5862 0.87 0.3511

CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.2138 0.1531 -0.5139 0.0862 1.95 0.1625

CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4563 0.0605 -0.5749 -0.3378 56.95 <.0001

CONTRIBU Desempregado -0.5984 0.3527 -1.2898 0.0929 2.88 0.0898

CONTRIBU Ignorado -0.6809 0.0701 -0.8183 -0.5436 94.39 <.0001

CONTRIBU Inativo -0.8358 0.1832 -1.1949 -0.4766 20.81 <.0001

CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal Sim -0.4305 0.0271 -0.4837 -0.3774 252.07 <.0001

asubnormal ZZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

Scale 0.8305 0.0062 0.8183 0.8428

Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE

Page 68: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

68

Equação renda individual do trabalho - 2008

Município do Rio de Janeiro

Parameter Estimate Standard

Error

Wald 95% Confidence

Limits Chi-Square Pr > ChiSq

Intercept 6.0257 0.7360 4.5833 7.4681 67.04 <.0001

SEXO Homens 0.3129 0.0232 0.2674 0.3583 182.21 <.0001

SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

fxage 10 a 14 -1.1807 0.4011 -1.9669 -0.3945 8.66 0.0032

fxage 15 a 19 -0.5634 0.0748 -0.7100 -0.4168 56.74 <.0001

fxage 20 a 24 -0.3898 0.0573 -0.5020 -0.2775 46.28 <.0001

fxage 25 a 29 -0.1742 0.0521 -0.2763 -0.0720 11.16 0.0008

fxage 30 a 35 -0.0142 0.0502 -0.1126 0.0842 0.08 0.7774

fxage 36 a 39 0.1126 0.0546 0.0057 0.2196 4.26 0.0390

fxage 40 a 44 0.1124 0.0511 0.0121 0.2126 4.83 0.0280

fxage 45 a 49 0.1128 0.0516 0.0116 0.2140 4.77 0.0289

fxage 50 a 54 0.0643 0.0518 -0.0372 0.1658 1.54 0.2144

fxage 55 a 59 0.0669 0.0570 -0.0448 0.1786 1.38 0.2406

fxage 60 ou mais 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

edu 1 a 3 -0.1038 0.2501 -0.5941 0.3865 0.17 0.6782

edu 12 ou mais 0.9522 0.2449 0.4723 1.4321 15.12 0.0001

edu 4 a 7 0.0373 0.2457 -0.4442 0.5187 0.02 0.8794

edu 8 a 11 0.2737 0.2444 -0.2053 0.7527 1.25 0.2628

edu Sem instrução ou menos de 1 ano -0.0693 0.2508 -0.5608 0.4222 0.08 0.7822

edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

cor Amarela -0.1248 0.1811 -0.4798 0.2301 0.48 0.4906

cor Branca 0.1692 0.0368 0.0970 0.2414 21.08 <.0001

cor Indígena -0.2261 0.3096 -0.8329 0.3807 0.53 0.4652

cor Parda -0.0016 0.0384 -0.0768 0.0736 0.00 0.9667

cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

migra 5 a 9 Anos 0.1712 0.0739 0.0265 0.3160 5.37 0.0204

migra Ignorado 0.0155 0.0500 -0.0826 0.1136 0.10 0.7563

migra Mais de 10 Anos 0.0914 0.0301 0.0324 0.1504 9.22 0.0024

migra Menos de 4 Anos 0.2537 0.0665 0.1235 0.3840 14.58 0.0001

migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

CHAVPO Conta-Própria 0.7287 0.6892 -0.6221 2.0795 1.12 0.2904

CHAVPO Empreg. Agrícola 0.7480 0.7956 -0.8113 2.3074 0.88 0.3471

CHAVPO Empreg. Doméstico 0.5444 0.6908 -0.8094 1.8983 0.62 0.4306

CHAVPO Empreg. com carteira 0.6689 0.6895 -0.6825 2.0203 0.94 0.3320

CHAVPO Empreg. sem carteira 0.7241 0.6891 -0.6264 2.0747 1.10 0.2933

CHAVPO Empregador 1.3912 0.6907 0.0374 2.7450 4.06 0.0440

Page 69: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

69

Parameter Estimate Standard

Error

Wald 95% Confidence

Limits Chi-Square Pr > ChiSq

CHAVPO Func. Público 1.1097 0.6896 -0.2420 2.4614 2.59 0.1076

CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.3948 0.1272 -0.6441 -0.1456 9.64 0.0019

CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4937 0.0508 -0.5932 -0.3942 94.56 <.0001

CONTRIBU Ignorado -0.8556 0.0596 -0.9725 -0.7387 205.74 <.0001

CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal Sim -0.0915 0.0345 -0.1591 -0.0239 7.03 0.0080

asubnormal ZZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

Scale 0.6871 0.0077 0.6722 0.7024

Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE

Page 70: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

70

Equação renda domiciliar per capita do trabalho - 2008

Município do Rio de Janeiro

Parameter Estimate Standard

Error

Wald 95% Confidence

Limits Chi-Square Pr > ChiSq

Intercept 5.8415 0.3021 5.2495 6.4336 373.98 <.0001

SEXO Homens -0.0443 0.0211 -0.0857 -0.0029 4.40 0.0358

SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

fxage 0 a 4 0.4429 0.1403 0.1678 0.7180 9.96 0.0016

fxage 10 a 14 0.2392 0.0538 0.1337 0.3446 19.74 <.0001

fxage 15 a 19 0.1408 0.0496 0.0436 0.2380 8.06 0.0045

fxage 20 a 24 -0.0963 0.0519 -0.1980 0.0053 3.45 0.0632

fxage 25 a 29 -0.0950 0.0493 -0.1917 0.0016 3.71 0.0539

fxage 30 a 35 -0.1529 0.0476 -0.2461 -0.0597 10.34 0.0013

fxage 36 a 39 -0.0486 0.0531 -0.1526 0.0555 0.84 0.3605

fxage 40 a 44 -0.0634 0.0489 -0.1591 0.0324 1.68 0.1945

fxage 45 a 49 0.0122 0.0485 -0.0829 0.1073 0.06 0.8011

fxage 5 a 9 0.3843 0.1366 0.1166 0.6520 7.92 0.0049

fxage 50 a 54 -0.0014 0.0486 -0.0966 0.0939 0.00 0.9778

fxage 55 a 59 0.0062 0.0519 -0.0956 0.1079 0.01 0.9051

fxage 60 ou mais 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

edu 1 a 3 0.1819 0.2647 -0.3369 0.7007 0.47 0.4920

edu 12 ou mais 1.2293 0.2628 0.7143 1.7443 21.89 <.0001

edu 4 a 7 0.3322 0.2630 -0.1833 0.8476 1.60 0.2066

edu 8 a 11 0.5664 0.2621 0.0528 1.0801 4.67 0.0307

edu Sem instrução ou menos de 1 ano 0.1847 0.2657 -0.3360 0.7054 0.48 0.4870

edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

cor Amarela 0.2047 0.1876 -0.1631 0.5724 1.19 0.2753

cor Branca 0.4019 0.0335 0.3362 0.4675 144.09 <.0001

cor Ignorado 0.2809 0.2667 -0.2419 0.8036 1.11 0.2923

cor Indígena 0.1655 0.2264 -0.2782 0.6093 0.53 0.4647

cor Parda 0.0777 0.0352 0.0088 0.1466 4.88 0.0272

cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

migra 5 a 9 Anos 0.3398 0.0747 0.1935 0.4861 20.71 <.0001

migra Ignorado 0.0255 0.0462 -0.0650 0.1161 0.31 0.5806

migra Mais de 10 Anos 0.1300 0.0305 0.0704 0.1897 18.23 <.0001

migra Menos de 4 Anos 0.3455 0.0661 0.2159 0.4752 27.30 <.0001

migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

CHAVPO Conta-Própria 0.2973 0.1258 0.0507 0.5438 5.59 0.0181

CHAVPO Desempregado -0.2458 0.4019 -1.0335 0.5419 0.37 0.5408

CHAVPO Empreg. Agrícola -0.3846 0.5157 -1.3953 0.6261 0.56 0.4558

Page 71: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

71

Parameter Estimate Standard

Error

Wald 95% Confidence

Limits Chi-Square Pr > ChiSq

CHAVPO Empreg. Doméstico 0.1005 0.1340 -0.1621 0.3630 0.56 0.4532

CHAVPO Empreg. com carteira 0.1031 0.1293 -0.1503 0.3566 0.64 0.4251

CHAVPO Empreg. sem carteira 0.2164 0.1278 -0.0340 0.4668 2.87 0.0904

CHAVPO Empregador 0.8262 0.1397 0.5523 1.1000 34.96 <.0001

CHAVPO Func. Público 0.4104 0.1310 0.1536 0.6672 9.81 0.0017

CHAVPO Ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

CHAVPO Inativo 0.2372 0.2403 -0.2337 0.7081 0.97 0.3235

CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.2867 0.1598 -0.5998 0.0265 3.22 0.0728

CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4797 0.0634 -0.6041 -0.3554 57.17 <.0001

CONTRIBU Desempregado -0.6919 0.3923 -1.4607 0.0770 3.11 0.0778

CONTRIBU Ignorado -0.8028 0.0737 -0.9473 -0.6583 118.60 <.0001

CONTRIBU Inativo -0.9525 0.2180 -1.3797 -0.5252 19.09 <.0001

CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal Sim -0.2940 0.0301 -0.3531 -0.2349 95.11 <.0001

asubnormal ZZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

Scale 0.8656 0.0070 0.8519 0.8795

Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE

Page 72: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

72 Equação domiciliar per capita do trabalho

Município do Rio de Janeiro Com dummy interativa FAVELA * ANO

Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites

de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-

Quadrado

Intercept 6.5558 0.2412 6.0831 7.0285 738.92 <.0001

SEXO Homens -0.0280 0.0080 -0.0436 -0.0123 12.22 0.0005

SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

fxage 0 a 4 0.4277 0.2580 -0.0780 0.9333 2.75 0.0974

fxage 10 a 14 0.4433 0.2288 -0.0052 0.8917 3.75 0.0527

fxage 15 a 19 0.2698 0.2287 -0.1785 0.7181 1.39 0.2382

fxage 20 a 24 0.1875 0.2288 -0.2609 0.6359 0.67 0.4125

fxage 25 a 29 0.1785 0.2288 -0.2699 0.6270 0.61 0.4352

fxage 30 a 35 0.1398 0.2287 -0.3085 0.5880 0.37 0.5412

fxage 36 a 39 0.1294 0.2289 -0.3191 0.5780 0.32 0.5717

fxage 40 a 44 0.1672 0.2287 -0.2811 0.6155 0.53 0.4648

fxage 45 a 49 0.2828 0.2288 -0.1656 0.7311 1.53 0.2164

fxage 5 a 9 0.4730 0.2578 -0.0323 0.9783 3.37 0.0665

fxage 50 a 54 0.4135 0.2288 -0.0349 0.8619 3.27 0.0707

fxage 55 a 59 0.5621 0.2289 0.1134 1.0108 6.03 0.0141

fxage 60 ou mais 0.7528 0.2285 0.3049 1.2006 10.85 0.0010

fxage Ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

edu 1 a 3 -0.8086 0.0595 -0.9252 -0.6921 184.90 <.0001

edu 12 ou mais 0.5026 0.0587 0.3876 0.6177 73.36 <.0001

edu 4 a 7 -0.6399 0.0586 -0.7547 -0.5250 119.18 <.0001

edu 8 a 11 -0.2401 0.0582 -0.3541 -0.1260 17.02 <.0001

edu Sem instrução ou menos

de 1 ano

-0.8584 0.0602 -0.9763 -0.7405 203.49 <.0001

edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

cor Amarela 0.2941 0.0879 0.1218 0.4664 11.19 0.0008

cor Branca 0.3835 0.0129 0.3582 0.4087 885.33 <.0001

cor Ignorado 0.6474 0.1619 0.3301 0.9647 15.99 <.0001

cor Indígena 0.1140 0.1041 -0.0901 0.3180 1.20 0.2737

cor Parda 0.0251 0.0138 -0.0020 0.0521 3.30 0.0691

cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

migra 5 a 9 Anos 0.1511 0.0307 0.0908 0.2113 24.16 <.0001

migra Ignorado 0.0429 0.0189 0.0059 0.0799 5.16 0.0231

Page 73: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

73

Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites

de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-

Quadrado

migra Mais de 10 Anos 0.0809 0.0110 0.0594 0.1024 54.28 <.0001

migra Menos de 4 Anos 0.2203 0.0289 0.1636 0.2769 58.05 <.0001

migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

CHAVPO 11 -2.5256 0.8218 -4.1364 -0.9149 9.44 0.0021

CHAVPO Conta-Própria 0.1965 0.0468 0.1048 0.2882 17.62 <.0001

CHAVPO Desempregado -0.2900 0.1710 -0.6252 0.0452 2.88 0.0899

CHAVPO Empreg. Agrícola -0.1713 0.2102 -0.5833 0.2407 0.66 0.4152

CHAVPO Empreg. Doméstico -0.0097 0.0505 -0.1086 0.0893 0.04 0.8480

CHAVPO Empreg. com carteira 0.0346 0.0487 -0.0609 0.1301 0.50 0.4778

CHAVPO Empreg. sem carteira 0.1114 0.0478 0.0176 0.2051 5.42 0.0199

CHAVPO Empregador 0.6207 0.0534 0.5161 0.7253 135.17 <.0001

CHAVPO Func. Público 0.2216 0.0493 0.1251 0.3181 20.24 <.0001

CHAVPO Ignorado 0.1469 0.1361 -0.1198 0.4136 1.17 0.2803

CHAVPO Inativo 0.0558 0.0889 -0.1184 0.2299 0.39 0.5304

CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.0861 0.0695 -0.2223 0.0500 1.54 0.2151

CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.3428 0.0274 -0.3964 -0.2892 157.06 <.0001

CONTRIBU Desempregado -0.4420 0.1685 -0.7723 -0.1117 6.88 0.0087

CONTRIBU Ignorado -0.5256 0.0309 -0.5862 -0.4649 288.36 <.0001

CONTRIBU Inativo -0.4768 0.0823 -0.6381 -0.3156 33.59 <.0001

CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal Sim -0.4910 0.0228 -0.5358 -0.4463 462.50 <.0001

asubnormal ZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

anoo 1999 -0.1036 0.0128 -0.1287 -0.0785 65.21 <.0001

anoo 2001 -0.1394 0.0129 -0.1647 -0.1141 116.63 <.0001

anoo 2005 -0.1402 0.0130 -0.1657 -0.1147 116.15 <.0001

anoo 2008 -0.0619 0.0132 -0.0877 -0.0361 22.11 <.0001

anoo 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo Sim 1999 0.0844 0.0321 0.0214 0.1473 6.90 0.0086

asubnormal*anoo Sim 2001 0.0129 0.0329 -0.0517 0.0774 0.15 0.6958

asubnormal*anoo Sim 2005 0.0391 0.0334 -0.0263 0.1045 1.37 0.2418

asubnormal*anoo Sim 2008 0.0938 0.0342 0.0268 0.1609 7.53 0.0061

asubnormal*anoo Sim 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 1999 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 2001 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

Page 74: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

74

Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites

de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-

Quadrado

asubnormal*anoo ZZNão 2005 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 2008 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

Scale 0.8204 0.0027 0.8152 0.8257

Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE

Equação domiciliar per capita do trabalho Município do Rio de Janeiro

Com dummy interativa (favela * ano)

Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites

de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-

Quadrado

Intercept 6.4743 0.3333 5.8210 7.1275 377.36 <.0001

SEXO Homens -0.0286 0.0089 -0.0461 -0.0112 10.31 0.0013

SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

fxage 0 a 4 0.3422 0.3450 -0.3340 1.0185 0.98 0.3212

fxage 10 a 14 0.3596 0.3237 -0.2748 0.9940 1.23 0.2665

fxage 15 a 19 0.1322 0.3237 -0.5021 0.7666 0.17 0.6829

fxage 20 a 24 -0.0033 0.3237 -0.6377 0.6311 0.00 0.9919

fxage 25 a 29 0.0127 0.3237 -0.6217 0.6472 0.00 0.9686

fxage 30 a 35 -0.0046 0.3236 -0.6389 0.6298 0.00 0.9888

fxage 36 a 39 -0.0044 0.3238 -0.6390 0.6302 0.00 0.9892

fxage 40 a 44 0.0231 0.3237 -0.6113 0.6575 0.01 0.9432

fxage 45 a 49 0.1031 0.3237 -0.5313 0.7376 0.10 0.7500

fxage 5 a 9 0.3756 0.3449 -0.3004 1.0516 1.19 0.2762

fxage 50 a 54 0.1226 0.3237 -0.5119 0.7571 0.14 0.7050

fxage 55 a 59 0.1640 0.3239 -0.4708 0.7989 0.26 0.6125

fxage 60 ou mais 0.1625 0.3236 -0.4717 0.7966 0.25 0.6156

fxage Ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

edu 1 a 3 -0.6451 0.0636 -0.7698 -0.5204 102.83 <.0001

edu 12 ou mais 0.5042 0.0626 0.3814 0.6270 64.80 <.0001

edu 4 a 7 -0.5123 0.0626 -0.6349 -0.3897 67.04 <.0001

edu 8 a 11 -0.1829 0.0620 -0.3045 -0.0613 8.69 0.0032

edu Sem instrução ou menos

de 1 ano

-0.6805 0.0645 -0.8070 -0.5541 111.34 <.0001

edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

cor Amarela 0.3077 0.0950 0.1216 0.4939 10.50 0.0012

Page 75: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

75

Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites

de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-

Quadrado

cor Branca 0.4210 0.0142 0.3931 0.4490 874.61 <.0001

cor Ignorado 0.7064 0.1749 0.3637 1.0491 16.32 <.0001

cor Indígena 0.1939 0.1134 -0.0285 0.4162 2.92 0.0874

cor Parda 0.0423 0.0152 0.0126 0.0720 7.77 0.0053

cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

migra 5 a 9 Anos 0.2076 0.0327 0.1435 0.2716 40.32 <.0001

migra Ignorado 0.1105 0.0216 0.0682 0.1529 26.15 <.0001

migra Mais de 10 Anos 0.1200 0.0126 0.0952 0.1447 90.37 <.0001

migra Menos de 4 Anos 0.2914 0.0309 0.2308 0.3520 88.83 <.0001

migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

CHAVPO Conta-Própria 0.2967 0.0525 0.1939 0.3995 31.98 <.0001

CHAVPO Desempregado -0.2361 0.1996 -0.6274 0.1552 1.40 0.2369

CHAVPO Empreg. Agrícola 0.0242 0.2255 -0.4178 0.4663 0.01 0.9144

CHAVPO Empreg. Doméstico 0.0770 0.0560 -0.0328 0.1867 1.89 0.1693

CHAVPO Empreg. com carteira 0.0987 0.0543 -0.0077 0.2051 3.30 0.0691

CHAVPO Empreg. sem carteira 0.1933 0.0534 0.0886 0.2979 13.09 0.0003

CHAVPO Empregador 0.8553 0.0590 0.7395 0.9710 209.86 <.0001

CHAVPO Func. Público 0.3430 0.0548 0.2355 0.4505 39.13 <.0001

CHAVPO Ignorado 0.1721 0.1491 -0.1201 0.4644 1.33 0.2483

CHAVPO Inativo -0.1377 0.1037 -0.3409 0.0654 1.77 0.1839

CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.2125 0.0726 -0.3548 -0.0702 8.57 0.0034

CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4034 0.0286 -0.4595 -0.3474 199.13 <.0001

CONTRIBU Desempregado -0.5861 0.1965 -0.9713 -0.2010 8.90 0.0029

CONTRIBU Ignorado -0.6764 0.0324 -0.7398 -0.6129 436.17 <.0001

CONTRIBU Inativo -0.4106 0.0956 -0.5980 -0.2232 18.44 <.0001

CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal Sim -0.4043 0.0247 -0.4526 -0.3559 268.80 <.0001

asubnormal ZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

anoo 1999 -0.1372 0.0143 -0.1652 -0.1092 92.34 <.0001

anoo 2001 -0.1804 0.0144 -0.2085 -0.1522 157.83 <.0001

anoo 2005 -0.1828 0.0144 -0.2111 -0.1545 160.18 <.0001

anoo 2008 -0.0778 0.0147 -0.1065 -0.0491 28.18 <.0001

anoo 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo Sim 1999 0.0982 0.0349 0.0299 0.1665 7.94 0.0048

Page 76: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

76

Parametro Estimativa Erro Padrão Wald 95% Limites

de Confiança Qui-Quadrado Pr > Qui-

Quadrado

asubnormal*anoo Sim 2001 0.0757 0.0359 0.0053 0.1460 4.44 0.0350

asubnormal*anoo Sim 2005 0.0616 0.0364 -0.0097 0.1329 2.87 0.0905

asubnormal*anoo Sim 2008 0.1443 0.0375 0.0709 0.2178 14.85 0.0001

asubnormal*anoo Sim 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 1999 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 2001 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 2005 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 2008 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

asubnormal*anoo ZZNão 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

Scale 0.8501 0.0030 0.8443 0.8559

Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE

Page 77: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

77

Evolução Recente das Condições de Vida no Município do Rio de Janeiro

A Geografia da Pobreza

Entre 2003 e 2008 houve uma redução de 43.03% da pobreza o que

corresponde à saída de 19,3 milhões de pessoas da miséria com uma renda

abaixo de 137 reais em termos domiciliares per capita. Entre as 27 capitais das

Unidades de Federação brasileiras e as periferias das seis maiores metrópoles

o destaque da redução no período 2003 a 2008 foi o município de Palmas (-

80,9%) e nas menores reduções temos o município do Rio (-34,8%). Já em

termos dos níveis das séries em 2008, o município Rio ocupa a 21 primeiro

lugar no ranking das maiores taxas de miséria (10,18% da população), duas

posições abaixo da periferia (11,15%). % Classe E

% % % Var (%) Var (%)

rank 2008 2008 rank 2007 rank 2003 rank 2007/2008 rank 2003/2008

18 Periferia do Rio de Janeiro - RJ 11.15 22 12.88 25 18.00 22 -13.43% 4 -38.06%21 Rio de Janeiro - RJ 10.18 15 16.34 29 15.62 34 -37.70% 1 -34.83%

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD

Na passagem do Ano I D.C. (um ano depois da crise) no dia 15 de

setembro quando a crise irrompeu as bolsas de valores lá fora, o que podemos

dizer dos seus efeitos no bolso do carioca pobre? (não confundir com (pobre

carioca). Damos seqüência aqui, com dados até julho de 2009, ao

monitoramento da evolução da composição da população em seus diversos

estratos econômicos. A PME permite um olhar destes tipos de áreas o período

pós-crise (leia-se na PME renda do trabalho no âmbito das seis maiores

metrópoles apenas). No período Julho de 2008 quando comparado a Julho de

2009 a pobreza trabalhista caiu -0,6% na capital do Rio de Janeiro.

Page 78: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

78 Classes Econômicas Locais

O líder da renda média no Brasil (R$ 1249 por mês e da participação das

classes ABC é o município de Florianópolis (92,6% da população de lá). A

chamada cidade maravilhosa tem 75,3% nas classes ABC (7ª entre as 27

capitais) e cada carioca ganha 1015 reais (6ª maior). % Classe ABC

% % % Var (%) Var (%)

rank 2008 2008 rank 2007 rank 2003 rank 2007/2008 rank 2003/2008

7 Rio de Janeiro - RJ 75.32 12 67.90 5 66.24 7 10.93% 33 13.71%17 Periferia do Rio de Janeiro - RJ 63.98 15 62.27 14 53.45 25 2.75% 31 19.70%

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD

Julho de 2009, nove meses após a chegada da crise aqui, já há uma

visão clara dos seus efeitos na renda dos trabalhadores brasileiros nas seis

maiores metrópoles do país. Uma síntese pode ser encontrada na soma das

classes ABC, que subiu 1,81% no período de crise e 25,7% na auspiciosa fase

anterior à chegada da crise no Brasil, embora a crise já estivesse presente nos

países desenvolvidos desde meados de 2007. Um aspecto inovador foi abrir as

periferias e capitais. Como exemplo deste processo veja que o desempenho do

município do Rio de Janeiro, que teve aumento de 1,16%.

Fontes de Rendas e Mudanças

Se algo mudou o segundo esforço é saber: Por que mudou? Mudou em

que? Estas últimas perguntas sugerem as duas linhas complementares de

resposta aqui exploradas, a saber: a primeira olha para os determinantes

próximos da distribuição de renda e para os componentes primários da renda

das pessoas, o papel de pensões e aposentadorias, programas sociais e

trabalho.

A análise da participação de diferentes tipos de renda por classe

econômica pode ser útil para aferir os impactos prospectivos de diferentes

instrumentos de política pública sobre a distribuição de renda, tais como, por

exemplo, as medidas adotadas no bojo da crise externa iniciada em setembro

de 2008, senão vejamos:

Page 79: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

79Aumentos do Bolsa Família e de outros programas não previdenciários

tendem a beneficiar predominantemente a classe E brasileira que tem 16,25%

de seus proventos desta modalidade de renda. A classe C é aquela que

percebe a maior proporção de benefícios previdenciários totais 20,73%. Agora

se optamos por separar a renda de benefícios previdenciários em rendimentos

individuais percebidos até 1 salário mínimo e benefícios acima deste piso, pois

a diferenciação de reajustes destas faixas foi a tônica da política de reajustes

desde 1998. O maior beneficiário de reajuste do piso previdenciário é a classe

D com 12,66% das rendas vinculadas ao piso. Finalmente, o reajuste de

pensões e aposentadorias acima deste piso beneficia acima de tudo a classe

AB com 18,94% de seus proventos associados a esta fonte. Esta medida está

em debate hoje para ser implementada.

As Capitais das Rendas

O Rio ficou como a capital dos aposentados cujas rendas correspondem

a 28,8% do bolso do carioca, a mais alta proporção de todas 27 capitais. Em

termos de renda do trabalho o município do Rio ficou com a última posição

(67,98% do total)

Page 80: TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS ......própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio (82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades

80Participação das diferentes fontes de renda no total (%) – 2008

Capitais e Periferias Metropolitanas

Renda todos

os trabalhos

Outras

rendas

privadas

Transferênci

as Pública -

BF*

Previdencia

Pós-piso >

SM*

Piso

Previdencia

- SM*

% % % % %

2008 2008 2008 2008 2008

Porto Velho - RO 81.95 1.63 1.43 2.33 12.66

Rio Branco - AC 82.51 3.60 0.95 2.74 10.20

Manaus - AM 84.80 1.27 1.75 2.13 10.05

Boa Vista - RR 86.11 1.19 3.11 3.53 6.06

Belém - PA 75.98 2.19 2.00 3.39 16.44

PA Periferia 81.09 2.14 3.34 3.79 9.64

Macapá - AP 86.74 1.02 3.15 2.29 6.80

Palmas - TO 88.31 3.35 1.26 1.39 5.68

São Luís - MA 82.62 0.87 1.68 3.30 11.53

Teresina - PI 71.67 4.54 1.55 3.43 18.81

Fortaleza - CE 75.75 2.58 1.85 3.58 16.24

CE Periferia 75.83 1.29 3.85 10.53 8.50

Natal - RN 78.89 2.47 1.50 3.57 13.56

João Pessoa - PB 73.92 2.61 2.37 2.84 18.27

Recife - PE 71.53 2.83 2.90 3.22 19.52

PE Periferia 72.38 1.78 2.15 7.07 16.63

Maceió - AL 80.36 2.47 1.94 3.61 11.63

Aracaju - SE 79.67 1.18 0.75 2.96 15.44

Salvador - BA 77.69 2.49 1.46 2.80 15.57

BA Periferia 81.89 2.08 1.95 4.31 9.76

Belo Horizonte - MG 75.49 2.82 1.28 2.42 17.98

MG Periferia 81.29 1.28 1.48 4.82 11.12

Vitória - ES 69.97 2.57 0.46 1.64 25.35

Rio de Janeiro - RJ 67.98 2.34 0.86 1.60 27.22

RJ Periferia 72.51 0.77 0.66 4.28 21.78

São Paulo - SP 80.51 2.39 2.18 1.56 13.36

SP Periferia 80.93 1.58 1.88 2.64 12.97

Curitiba - PR 77.13 2.43 2.38 1.54 16.52

PR Periferia 85.16 1.13 1.33 3.62 8.76

Florianópolis - SC 77.00 2.12 2.17 1.41 17.30

Porto Alegre - RS 72.26 2.49 1.20 1.65 22.39

RS Periferia 76.90 1.56 1.47 3.95 16.13

Campo Grande - MS 82.75 3.16 1.48 2.49 10.12

Cuiabá - MT 81.54 1.74 0.72 2.03 13.97

Goiânia - GO 79.07 3.10 1.75 2.33 13.75

Brasília - DF 79.62 1.62 1.48 0.85 16.43 Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD