Trabalho de História · ... em 1789, já demonstrava a ... um anseio latente por um processo de...
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Trabalho
de
História Componentes: Ana Karoline Faria Marques
Anna Paula Rodrigues
Brenda Laura
Bruna Loisy Machado
Carolina Cassiano
Cássia Rocha
Cristina Borges da Silva
Iully Oliveira
Letícia Cristina Moraes
Lucas Nogueira
Monique Ansine Borges
Série: 2º Turma: A Exatas Sala: 04
Professora: Eliana Fonseca Borges
Escola: E. E. “José Alexandre Miziara”
Tema: Brasília – Patrimônio da Humanidade
Brasília – Patrimônio da Humanidade
"Deste Planalto Central, desta solidão em que breve se transformará em cerébro das mais
altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta
alvorada, com uma fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino".
Juscelino Kubistchek
História da Cidade de Brasília
Brasília é a capital da República Federativa do Brasil e sua quarta maior cidade. Sua
população foi estimada em 2.606.885 de habitantes. Inaugurada em 21 de abril de 1960, pelo então
presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, Brasília é a terceira capital do Brasil, após Salvador e
Rio de Janeiro. A transferência dos principais órgãos da administração federal para a nova capital
foi progressiva, com a mudança das sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário federais.
Brasília continua sendo uma das mais belas e a mais moderna cidade do país. Mas a sua
história começa há mais tempo do que a maioria das pessoas imaginam.
O Começo do Sonho
Desde a época do Brasil Colônia, já se pensava em construir uma nova capital.
O Brasil tinha um imenso território e, além das escaramuças de piratas e contrabando de
pau-brasil, muitas nações européias foram tornando constantes os seus ataques à costa
brasileira, desafiando a Coroa Portuguesa.
De nada valeram os esforços de D. João III em tentar criar um sistema de
policiamento da costa do Brasil. Os ataques estrangeiros foram ficando cada vez mais
frequentes e revelavam a intenção de algumas nações em ocupar partes do território
brasileiro.
Basta lembrar que Salvador, a primeira capital do Brasil, sofreu diversos ataques de
piratas ingleses e foi tomada pelos holandeses liderados pelo almirante Willenkens.
Os invasores só foram expulsos da capital brasileira um ano depois. Aos poucos,
alguns brasileiros começaram a perceber que o Brasil estava de costas para o Brasil. Era um
povo agrupado no litoral, lançando um olhar nostálgico para o continente europeu.
Surgiriam, então, as primeiras vozes a defender a interiorização do país. Uma nova
capital, no interior do Brasil, teria muito mais segurança longe do litoral e dos ataques de
canhões das naus inimigas,.
Essa idéia foi defendida pelo Marquês de Pombal, em 1761. A Inconfidência
Mineira, em 1789, já demonstrava a insatisfação dos brasileiros com a Coroa portuguesa e
um anseio latente por um processo de interiorização do Brasil.
Entre os planos dos inconfidentes estava a transferência da capital do Rio de Janeiro
para São João Del Rei. Em 1808, o jornalista Hipólito José da Costa defendia a
independência política do Brasil e fundou no exílio, em Londres, o jornal "Correio
Braziliense".
Hipólito José da Costa pregava a mudança da capital para o interior do país, que ele
chamava de "paraíso terreal".
A Independência do Brasil, em 1822, trouxe mais ânimo para os defensores da
interiorização.
Na Assembléia Constituinte de 1823, José Bonifácio defendeu a construção de uma
nova capital que, segundo ele, seria uma grande chance de estimular a economia e o
comércio. Essa foi a tese que José Bonifácio apresentou no documento que se intitulou
"Memória sobre a necessidade e meios de edificar no interior do Brasil uma nova capital".
José Bonifácio chegou a sugerir dois nomes para a nova cidade, que ele imaginou
no Planalto Central: Petrópolis e Brasília.
O diplomata e historiador Francisco Adolfo de Varnhagem, Visconde de Porto
Seguro, também foi outro importante defensor da mudança da capital. Ele chegou a realizar
estudos e também concluiu que a região do Planalto Central seria o local ideal para a nova
capital.
Em 1891, na elaboração da primeira constituição republicana, a transferência da
capital voltou a ser discutida. Foi aprovada a emenda do deputado catarinense Lauro
Müller, que estabeleceu a demarcação de uma área no Planalto Central de 14 mil
quilômetros para a construção da nova capital da República.
Aquele foi o primeiro passo constitucional para a mudança. Mas, se você
acompanhar os próximos capítulos, verá que houve uma longa jornada, cheia de acidentes
políticos, que percorreram a Primeira e a Segunda República.
A Assembléia Constituinte de 1891 aprovou a emenda do deputado Lauro Müller,
que propunha a mudança da capital para o interior do país. Coube então ao novo governo
republicano organizar uma missão de reconhecimento e demarcação da área do futuro
Distrito Federal.
O diretor do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, Luís Cruls, foi
encarregado de chefiar a missão.
Construção de Brasília
Brasília foi construída (as obras começaram em novembro de 1956, depois de
Juscelino sancionar a lei nº 2.874) a fim de ser a nova capital do Brasil. A idéia era
transferir a capital do Rio de Janeiro para o interior do país. Ao transladar a capital para o
interior, o governo pretendia povoar aquela região. Pessoas de todo o país, especialmente
do nordeste (chamadas de candangos, que quer dizer ordinários), foi contratada para a
construção da cidade, inaugurada no dia 21 de abril de 1960 por Juscelino Kubitschek.
Nesta época, o centro cívico da cidade já tinha sido totalmente construído (Palácio do
Governo, Catedral, Edifícios dos Ministérios, Parlamento, Palácio da Justiça, etc.).
Brasília custou cerca de um bilhão de dólares. Este custo extremamente elevado
deveu-se, em parte, a ausência de estradas de ferro e de rodovias bem traçadas para levar o
material de construção. A solução foi transportar o material de construção por via aérea,
fato que encareceu muito o custo das obras.
A construção de Brasília demorou quase quatro anos, mas depois de três anos a
maioria dos seus principais edifícios estava pronta, dentre os quais o Palácio da Alvorada,
primeiro prédio da capital construído em concreto armado, a primeira construção de
estrutura metálica (material trazido dos Estados Unidos) foi o Brasília Palace Hotel.
A partir de 1960, iniciou-se a transferência dos principais órgãos do Governo
Federal para a nova capital com a mudança das sedes dos poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário. Lúcio Costa foi o principal urbanista da cidade. Oscar Niemayer, amigo
próximo de Lúcio, foi o principal arquiteto da maioria dos prédios públicos e Roberto Burle
Marx foi o responsável pelo paisagismo.
Kubitschek, que foi um governante de orientação socialista, reuniu um grupo de
profissionais de uma mesma tendência política. Este grupo tentou desenvolver um modelo
de cidade utópica onde se pretendia eliminar as classes sociais. Por este motivo a cidade
ficou conhecida como capital da esperança (nome dado pelo escritor francês André
Malraux. É claro que tal objetivo não foi cumprido, mas, durante a construção da cidade,
foi uma realidade, visto que todos compartilhavam a mesma comida e os mesmos
acampamentos.
Em 1957, Niemeyer abre um concurso público para o plano piloto da nova capital
Brasília. O projeto vencedor é o apresentado por Lúcio Costa, seu amigo e ex-patrão.
Niemeyer, arquiteto escolhido por Juscelino, seria responsável pelos projetos dos edifícios,
enquanto Lúcio Costa desenvolveria o plano da cidade.
Brasília foi um grande desafio; a cidade foi construída na velocidade de um
mandato, e Niemeyer teve de planejar uma série de edifícios em poucos meses para
configurá-la. Entre os de maior destaque estão a residência do Presidente (Palácio da
Alvorada), o Edifício do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), a
Catedral de Brasília, os prédios dos ministérios, a sede do governo (Palácio do Planalto)
além de prédios residencias e comerciais. A determinação de Kubitschek foi fundamental para a construção de Brasília, levando para frente
sua intenção de desenvolver o centro despovoado do Brasil, ao exemplo da marcha do oeste norte-
americana): povoar o interior e levar o progresso Brasil adentro.
O projeto de Lúcio Costa, vencedor do concurso, punha em prática os conceitos
modernistas de cidade: o automóvel no topo da hierarquia viária, facilitando o deslocamento na
cidade, os blocos de edifícios afastados, em pilotis sobre grandes áreas verdes. Brasília possui
diretrizes que remetem aos projetos de Le Corbusier na década de 20 e ainda ao seu projeto para a
cidade de Chandigarh, pela escala monumental dos edifícios governamentais. A cidade de Lúcio
Costa também possui conceitos semelhantes aos dos estudos de Hilberseimer.
Primeiras Concretizações
Em 9 de Junho de 1892, os vinte e dois membros da missão Cruls partiram de trem,
com destino a Uberaba, Minas Gerais. Eles levavam quase dez toneladas de equipamentos,
como lunetas, teodolitos, sextantes, barômetros e material fotográfico para demarcar a área
da futura capital no Planalto Central.
A partir de Uberaba, a expedição seguiu em cavalos e mulas, passando por Catalão,
Pirenopólis e Formosa. A missão formada por biólogos, botânicos, astrônomos, geólogos,
médicos e militares percorreu mais de quatro mil quilômetros.
Foram sete meses de muitas caminhadas e trilhas percorridas a pé ou em mulas,
descobrindo a imensidão do Planalto Central do país.
Através dos relatórios da Missão Cruls, o Brasil pôde, pela primeira vez, conhecer
em detalhes o clima, o solo, os recursos hídricos, minerais, a topografia, a fauna e a flora do
Planalto Central. Cruls destacou a qualidade do solo pesquisado, suas possibilidades para a
agricultura e fruticultura e também o clima da região.
"É inegável que até hoje o desenvolvimento do Brasil tem-se sobretudo localizado
na estreita zona de seu extenso litoral, salvo, porém, em alguns dos seus Estados do sul, e
que uma área imensa de seu território pouco ou nada tem se beneficiado com este
desenvolvimento. Existe no interior do Brasil uma zona gozando de excelente clima com
riquezas naturais, que só pedem braços para serem exploradas."
O Arquivo Público do Distrito Federal mantém os documentos originais da
expedição. É emocionante verificar os diários, as anotações e dados científicos misturados a
pequenos bilhetes de amor dos integrantes da missão endereçados às suas esposas e
namoradas.
O Presidente Epitácio Pessoa, amparado na constituição de 1891, lança a pedra
fundamental da nova capital do Brasil, no Morro do Centenário, em Planaltina, no estado
de Goiás.
O Presidente atendia ao pedido de alguns deputados, entre eles um de nome bastante
curioso: Americano Brazil, que disse: "a pedra fundamental, em Planaltina, é um alento
para a fibra adormecida do ideal nacional." Americano Brazil seguiu sua cruzada,
discursando no Congresso Nacional em defesa da mudança da capital. Ele até lançou um
título para a dura caminhada "rumo ao Planalto." Mas nada aconteceu durante um longo
tempo.
Juscelino Kubitschek
Juscelino Kubitschek de Oliveira foi prefeito de Belo Horizonte, governador de Minas
Gerais, e presidente do Brasil entre 1956 e 1961. Foi o primeiro presidente do Brasil a nascer no
século XX e foi o último político mineiro eleito para a presidência da república pelo voto direto. Foi
o responsável pela construção de uma nova capital federal, Brasília, executando assim o antigo
projeto, já previsto em três constituições brasileiras, da mudança da capital para promover o
desenvolvimento do interior do Brasil e a integração do país.
Durante todo o seu mandato como presidente da república, o Brasil viveu um período de
notável desenvolvimento econômico e relativa estabilidade política. Com um estilo de governo
inovador na política brasileira, Juscelino construiu em torno de si uma aura de simpatia e confiança
entre os brasileiros.
Em seu mandato presidencial, Juscelino lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento,
também chamado de Plano de Metas, que tinha o célebre lema "Cinquenta anos em cinco".
O plano tinha 31 metas distribuídas em 5 grandes grupos: Energia, Transportes,
Alimentação, Indústria de base, Educação, e, a meta principal ou meta-síntese: Brasília. O Plano de
Metas visava estimular a diversificação e o crescimento da economia brasileira, baseado na
expansão industrial e na integração dos povos de todas as regiões do Brasil através da nova capital
localizada no centro do território brasileiro, na região do Brasil Central.
A estratégia do Plano de Metas era corrigir os "pontos de entrangulamento" da economia
brasileira, em termos atuais "reduzir o custo brasil", que poderiam estancar o crescimento
econômico brasileiro (por falta de estradas e energia elétrica) e reduzir a dependência das
importações, no processo chamado de "substituição de importações", já que o Brasil padecia de
uma crônica falta de divisas externas (dólares).
A promessa de construir Brasília foi feita, por JK, no dia 4 de abril de 1955, em um
comício, em Jataí, no estado de Goiás, quando, no final do comício, JK resolveu ouvir perguntas de
populares, e, o estudante para tabelião Antônio Soares Neto, o Toniquinho, perguntou a JK se este
iria cumprir toda a constituição do Brasil de 1946, inclusive o artigo referente a nova capital.
O Congresso Nacional, mesmo com descrença, aprovou a Lei n° 2.874, sancionada por JK,
em 19 de setembro de 1956, determinando a mudança da Capital Federal e criando a Companhia
Urbanizadora da Nova Capital — Novacap.
As obras, lideradas pelos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer começaram com
entusiasmo em fevereiro de 1957. Mais de 200 máquinas e de 30 mil operários exerceram um
regime de trabalho ininterrupto, dia e noite, para construir e concluir Brasília até a data prefixada de
21 de abril de 1960, em homenagem à Inconfidência Mineira.
As obras terminaram em tempo recorde de 41 meses — antes do prazo previsto. Já no dia
da inauguração, em pomposa cerimônia, Brasília era considerada como uma das obras mais
importantes da arquitetura e do urbanismo contemporâneos.
Além da obediência à Constituição, a construção da Nova Capital visava a integração de
todas as regiões do Brasil, a geração de empregos, absorvendo o excedente de mão-de-obra da
região Nordeste do Brasil e o estímulo ao desenvolvimento do interior, desafogando a economia
saturada do centro-sul do País.
Minissérie em Homenagem à Juscelino Kubitschek
JK foi uma minissérie brasileira de televisão exibida pela Rede Globo de 3 de
janeiro a 24 de março de 2006, com 47 capítulos. Baseada na biografia do ex-presidente do
Brasil Juscelino Kubitschek. A minissérie foi escrita pela dramaturga Maria Adelaide
Amaral, conhecida por se envolver em produções do gênero, e por Alcides Nogueira, além
de Geraldo Carneiro, com a colaboração de Letícia Mey e Rodrigo Arantes do Amaral.
Trama
A minissérie é dividida em duas fases e acompanha a vida de Juscelino Kubitschek desde a
infância, sendo que no primeiro episódio é retratada a morte de seu pai, João César Oliveira, quando
ele ainda era um garoto. Logo, porém, a minissérie avança para a vida adulta de Juscelino que,
tendo se formado em Medicina e se casado com uma jovem aristocrata, passa a participar da vida
política de Belo Horizonte e Minas Gerais. Grande parte do apelo dramático da minissérie se
encontra, durante este momento, na tensão entre o desejo reprimido de Juscelino em lançar-se à
vida pública e sua relação com a esposa, Sarah, que não deseja que o marido se torne político como
seu pai. Na segunda fase, estando a família Kubitschek já acostumada à vida pública de Juscelino,
focaliza-se a ascensão política de Juscelino e, segundo previsões, o desafio enfrentado por ele para
chegar à presidência e a construção daquele que seria seu maior e mais criticado empreendimento, a
cidade de Brasília.
Um dos pontos mais polêmicos da produção, porém, segundo algumas das críticas
publicadas pela imprensa, foi o da inclusão de todo um conjunto de personagens fictícios que,
segundo a minissérie, possuiria relações familiares com o protagonista, Kubitschek. Este conjunto
de personagens criou um segundo núcleo dramático à minissérie, sendo muitas vezes mais
focalizado que o núcleo principal durante diversos episódios e que contribui para atribuir um tom
relativamente folhetinesco à produção, que do contrário ficaria restrita aos acontecimentos
pretensamente históricos.
Era Juscelino
No dia 2 de outubro de 1956, pousou numa pista improvisada, no Planalto Central,
um avião da FAB trazendo o Presidente Juscelino Kubitscheck. Na comitiva presidencial
estavam o Ministro da Guerra, General Lott, o Governador da Bahia, Antonio Balbino, o
Ministro da Viação, Almirante Lúcio Meira, o arquiteto Oscar Niemeyer, a diretoria da
Novacap e ajudantes do presidente.
Eles foram recepcionados pelo Governador de Goiás, Juca Ludovico e por Bernardo
Sayão. O avião aterrisou às 11:45h, numa manhã de outubro.
Olhando as fotografias daquele ensolarado dia, dá para imaginar o desafio que se
apresentava aos olhos do Presidente: o vasto e imenso horizonte de um cerrado virgem,
longe de tudo e de todos, sem estradas, sem energia ou sistemas de comunicação.
Juscelino, em seu livro "Por que construí Brasília", conta que "de todos os
presentes, o General Lott era o que se mostrava mais desconcertado.
Distanciado-se dos presentes, deixou-se ficar à beira da pista. O presidente lembra
em sua obra: " Ao me aproximar dele, não se conteve e perguntou: O senhor vai mesmo
construir Brasília, Presidente ?"
Juscelino escreveu no livro de ouro de Brasília: "Deste Planalto Central, desta
solidão em que breve se transformará em cerébro das mais altas decisões nacionais, lanço
os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada, com uma fé
inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino".
A primeira visita do Presidente Juscelino Kubitschek ao Sítio Castanho, escolhido
para sediar a futura Capital, não foi apenas simbólica. Na ocasião, foram determinados o
local para construção do aeroporto de Brasília, a restauração e melhoria das estradas para
Goiânia e Anápolis, a construção das estradas entre os canteiros de obras, dos prédios
provisórios para os operários e a elaboração do projeto do Palácio da Alvorada.
Mas, antes da conclusão do projeto do Alvorada, um grupo de amigos de Juscelino
resolveu presentear o Presidente com uma residência provisória no Planalto.
Nascia, assim, o "Catetinho", primeiro prédio de Brasília, um palácio de tábuas
projetado por Oscar Niemeyer.
O nome veio do diminutivo do palácio presidencial no Rio, Palácio do Catete.
Niemeyer elaborou um projeto simples, apenas com o uso da madeira e que pudesse ser
executado em dez dias. Apesar da simplicidade de seu projeto, o Catetinho traz os traços da
arquitetura moderna brasileira.
É como se Niemeyer tivesse criado uma maquete de sua futura e imensa obra na
Capital. O Catetinho é um símbolo dos pioneiros, um palácio de tábuas, mas que serviu
como a primeira residência de Kubitschek e foi também a primeira sede do Governo na
Capital. Foi construído próximo à sede da antiga Fazenda do Gama, onde Juscelino
descansou e tomou o seu primeiro cafezinho no Planalto.
Houve quem acreditasse em Brasília e, tão logo a notícia se espalhou, surgiria na
poeira do cerrado um herói anônimo: o candango. A expressão candango, que no ínicio teve
um tom pejorativo, aos poucos, passou a ser a marca dos pioneiros que se engajaram na
aventura de construir Brasília.
A nova capital abria a chance de uma vida melhor. Os candangos foram chegando e
erguendo barracos e casas de madeira na cidade provisória. Em dezembro de 1956 eram
apenas mil habitantes; em maio de 1958 já havia mais de trinta e cinco mil.
O movimento era frenético, jipes e tratores cortando o cerrado. Um trabalho duro,
sem domingo nem feriado. Israel Pinheiro organizou suas equipes de trabalho com uma
disciplina de guerra. Dia e noite, sol ou chuva, Brasília não parava.
No dia 19 de setembro de 1956, foi lançado o edital para o concurso do plano piloto,
que estabelecia o prêmio de um milhão de cruzeiros para o autor do projeto vencedor.
A nova capital nascia sob o signo de uma grande aventura e havia a expectativa de
se encontrar um projeto que imprimisse a contemporaneidade e a ousadia esperada de
Brasília.O arquiteto Oscar Niemeyer foi escolhido para chefia do Departamento de
Urbanística e Arquitetura, sendo encarregado de abrir concurso para escolha do plano-
piloto; assim, em março de 1957, uma comissão julgadora constituída por sir William
Halford, Stano Papadaki, André Sive, Oscar Niemeyer, Luís Hildebrando Horta Barbosa e
Paulo Antunes Ribeiro escolheu o projeto do arquiteto Lúcio Costa.
Oscar Niemeyer
Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho é um arquiteto brasileiro,
considerado um dos nomes mais influentes na Arquitetura Moderna internacional. Foi
pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado. Ele
tem sido exaltado pelos seus admiradores como grande artista e um dos mais importantes
arquitetos de sua geração. Aqueles que não o admiram dizem que é vaidoso, frívolo e
contraditório. Ironicamente, estes últimos deram-lhe a alcunha de "arquiteto oficial", graças
ao seu grande prestígio junto aos políticos. Seus trabalhos mais conhecidos são os edifícios
públicos que desenhou para a cidade de Brasília.
PALÁCIO DA ALVORADA
Inaugurado em 1958, tem colunas que podem
ser facilmente desenhadas por crianças
É impossível dissociar Oscar Niemeyer de Brasília. O Plano Piloto, realizado a
partir do projeto de Lucio Costa, valoriza particularmente a arquitetura de Niemeyer, pois
as grandes avenidas, perspectivas e parques permitem ver os edifícios de vários ângulos e
de forma desimpedida. Provavelmente, nenhuma cidade na história teve um arquiteto
"oficial" com tantas realizações e tanto poder. O resultado é um conjunto impressionante,
com melhores e piores momentos, a meio caminho entre a irracionalidade dos que veneram
Niemeyer cegamente e a daqueles que o criticam automaticamente, ancorados numa
suposta dificuldade de viver e trabalhar dentro dos prédios por ele construídos.
Niemeyer foi escolhido para projetar todas as edificações monumentais da nova
capital por decisão de Juscelino Kubitschek. Prefeito de Belo Horizonte, no início dos anos
1940 ele já havia pedido ao arquiteto desenhos para as principais instalações da Pampulha,
um novo bairro da cidade. Juscelino viu sua realização estampada nos jornais, nas revistas e
nas principais publicações de arquitetura do mundo. Entendeu, rapidamente, que a
arquitetura de Niemeyer, por ser popular e de qualidade, podia trazer ganhos políticos.
Juscelino queria o mesmo para a capital federal. Os desafios, no entanto, eram
incomparáveis: a escala era muito maior, havia pouco prazo para projetar um grande
número de obras com funções diferentes. Era necessário criar um novo monumentalismo
que simbolizasse ao mesmo tempo uma sociedade jovem, ousada, dinâmica e democrática.
Era muita coisa. Juscelino não tinha tempo para concursos e debates, e, como conhecia a
capacidade de Niemeyer de criar formas marcantes e atraentes, deu-lhe a tarefa. Com a
fama – nacional e internacional – estabelecida, parecia natural a escolha do arquiteto para o
desafio de Brasília.
Depois da Pampulha, Niemeyer havia rapidamente provado que seu talento não se
limitava a apenas um grande êxito – em poucos anos já era reconhecido como um dos
maiores arquitetos de sua geração. Mostrara-se capaz de ter papel de destaque no projeto da
sede das Nações Unidas (1947), em Nova York; de realizar construções de grande escala
como o Edifício Copan (1951) e o Parque do Ibirapuera (inaugurado em 1954), ambos em
São Paulo; ou ainda o Edifício Niemeyer (1954), em Belo Horizonte. Projetos domésticos
como a Casa Cavanelas (1954), em Petrópolis, e sua própria casa no Rio (Casa das Canoas,
1952) completavam, em pouco mais de dez anos, uma lista que os grandes arquitetos
raramente conseguem reunir em uma carreira.
As realizações mais notáveis de Niemeyer em Brasília são as do chamado período
heroico, do início da construção, em 1957, à inauguração, em 1960. Heroico ante os
sacrifícios pessoais de trabalhar em condições insalubres, no meio do nada, como dizia
Juscelino. E ali, na poeira vermelha do cerrado, nasceram da prancheta do arquiteto
projetos que se tornariam ícones da arquitetura mundial. O Congresso, o Palácio do
Planalto, o Supremo e a Catedral. O Alvorada, cujas portas se abriram em 1958, havia sido
projetado antes mesmo da escolha do Plano Piloto. Outra obra-prima do arquiteto na
cidade, o Palácio Itamaraty foi projetado depois do governo Juscelino e terminado no fim
dos anos 1960, já com os militares no poder.
Com esses edifícios, que apresentavam soluções e formas ao mesmo tempo
variadas, chamativas e elegantes, e com uma arquitetura que conseguia transmitir ao
conjunto uma rara coerência, Niemeyer tornou-se definitivamente uma estrela. Firmou-se
então a percepção, pressentida por Juscelino, de que era um arquiteto diferente dos outros
grandes arquitetos, admirado por seus pares, pela crítica especializada, pelo público mais
culto e pelo "homem comum".
A arquitetura de Brasília está hoje firmada no imaginário brasileiro. As colunas do
Alvorada são um dos símbolos do país, adotadas até nas fachadas de casas simples do
interior. A entrada de honra do Planalto levou à expressão "subir a rampa". Niemeyer, ao
contrário da maioria de seus colegas, nunca fez "arquitetura para arquitetos". Seus edifícios
são criados de maneira que tenham qualidades perceptíveis em diferentes dimensões, a
depender do observador, do mais ingênuo ao mais exigente. A saber, os quatro passos
fundamentais, gradativos, para entender Niemeyer:
1. Os prédios, para quem os vê de relance, apresentam formas marcantes, belas e simples;
2. Para aqueles que os observam com maior atenção e um pouco mais de tempo, novas
características se revelam, sobretudo as notáveis diferenças segundo o ângulo pelo qual o
conjunto está sendo visto;
3. Entrar nas obras – eis o segredo do terceiro momento – é um passeio por soluções
originais, principalmente no tocante aos acessos (escadas, rampas, pontes); e
4. Uma quarta dimensão é destinada aos observadores com maior interesse nas artes, que
podem se deleitar com o detalhamento engenhoso, as ideias inesperadas e a contribuição de
diferentes artistas, cujas intervenções são desenvolvidas em conjunto com o arquiteto.
CAPELA DO PALÁCIO DA ALVORADA
A transparência, por meio de imensos vidros, como
sinônimo
de inventividade
O apelo popular da arquitetura niemeyeriana vem das duas primeiras dimensões:
com apenas um olhar ou uma foto, o edifício é reconhecível, é um marco, é um ícone. O
próprio Niemeyer traduziu essa condição: "Quando me pedem um prédio público, procuro
fazer diferente, criar surpresa, porque sei que os pobres poderão, ao menos, passar e ter um
momento de prazer ao ver uma coisa nova". As colunas do Alvorada, as cúpulas do
Congresso Nacional e a rampa externa do novo Museu Nacional (2006) podem ser
facilmente desenhadas por crianças, apesar de sua complexidade e sofisticação. O arquiteto
criou uma ponte entre suas obras e aquelas pessoas que, geralmente, são indiferentes à
arquitetura. Na realidade, eliminou a distância que a maioria dos arquitetos estabelece com
o público.
A terceira dimensão é perceptível por meio da circulação entre os espaços. A
entrada do Alvorada, por exemplo, é claramente indicada pela ruptura do ritmo das colunas,
que dá acesso a um hall de pé-direito alto. Sobe-se por uma rampa que dirige o olhar para
uma parede de azulejos dourados, para chegar aos salões que abrem caminho a uma
varanda de piso preto que reflete a colunata ininterrupta. Nesse trajeto, a sensação de que se
está entrando em um palácio é muito clara. A transparência, a originalidade das colunas e a
forma de circular em seu interior mostram uma grande inventividade. O Alvorada é,
indiscutivelmente, o primeiro palácio do movimento moderno: país nenhum tinha posto
antes de 1958 seu presidente numa caixa de vidro. A mesma atenção à circulação – como se
fosse um rito de iniciação – pode ser sentida na Catedral: a entrada é feita por uma rampa
que desce em um túnel negro, de maneira a tornar ainda maior o impacto de ver a claridade
do interior do templo e a leveza da estrutura. Circular pelo Congresso ou pelo Planalto
provoca sensações similares.
A quarta dimensão, a mais complexa, está particularmente presente no Palácio
Itamaraty, onde jardins de Roberto Burle Marx e obras de Athos Bulcão, Bruno Giorgi,
Maria Martins e tantos outros artistas podem ser contemplados em espaços imensos e
estruturalmente ousados, com iluminação e ventilação naturais. A escadaria curva da
entrada está entre as mais belas do século XX. O acabamento excepcional, que associa o
concreto aparente aos melhores materiais, contribui para que seja impossível a indiferença.
PALÁCIO ITAMARATY
A escadaria curva da entrada está entre as mais belas do século
XX
Apesar de Niemeyer sempre ter favorecido a importância da intuição ao se referir à
forma de trabalhar, seus edifícios são o resultado de um talento inegável, polido por um
longo processo de formação e ampla cultura. Nas suas melhores obras, as quatro dimensões
de sua arquitetura recebem grande atenção. Nas realizações mais recentes, como o Museu
Nacional e a Biblioteca, ambos no Setor Cultural Sul, ou quando o projeto é mal executado,
como o "minhocão" da Universidade de Brasília ou o Museu do Índio, não é o caso: apenas
duas ou três camadas de percepção se verificam.
Mas mesmo quando os projetos não estão entre os mais bem-sucedidos há um
padrão de qualidade. Impõem-se, portanto, admiração e carinho pelo que representam para
nossa história os edifícios do início da aventura brasiliense. A descoberta mais atenta dos
melhores edifícios de Niemeyer na capital está certamente entre as experiências mais
enriquecedoras da cultura de nosso tempo.
ITAMARATY
Reúne arquitetura ao paisagismo de Burle Marx e a obras de Athos Bulcão,
Maria Martins e Bruno Giorgi
CONGRESSO NACIONAL
Com apenas um olhar ou uma foto, o edifício é
reconhecível,
é um marco, um ícone.
Sonho realizado
Cabe lembrar que a arquitetura moderna brasileira despontara a partir de 1927 com
a construção da primeira casa modernista de Warchavchik, em São Paulo. Rino Levi, Lúcio
Costa, Álvaro Vital Brazil, o polêmico Flávio de Carvalho e Oscar Niemeyer deram grande
impulso à criação da arquitetura moderna no país.
Era grande a influência das idéias de arquitetos como Mies Van der Rohe, Frank
Loyd Wright, Gropius e, sobretudo, o grande mestre Le Corbusier, que teve imensa
importância na formação e avanço da moderna arquitetura no Brasil.
Até o dia 11 de março de 1957, a comissão julgadora do concurso tinha recebido 26
projetos, num total de 63 inscritos. Dentre os jurados estavam o arquiteto Oscar Niemeyer,
um representante do Instituto de Arquitetos do Brasil, outro do Clube de Engenharia do
Brasil, bem como o urbanista inglês William Holford, o francês André Sive e o americano
Stamo Papadaki. Havia projetos ousados e até mesmo curiosos como o de M.M.M Roberto,
que previa uma cidade construída em sete módulos circulares com 72.000 habitantes em
cada módulo.
No projeto de Rino Levi, Cerqueira Cezar e Carvalho Franco, seriam construídos
superblocos de 300 metros de altura, que abrigariam 288.000 pessoas.
O projeto escolhido foi o de Lúcio Costa, que nasceu do gesto primário de quem
assinala um lugar, promovendo o encontro de dois eixos. Um conceito simples e universal.
Lúcio Costa foi o vencedor, não pelo seu detalhamento, que era pobre perto de
outros concorrentes, que apresentaram maquetes, croquis e estatistícas, mas pela concepção
urbanística e pela fantástica descrição de seu estudo. Não deixa de ser curioso que num
concurso urbanístico, as palavras tenham vencido o detalhamento técnico.
Mas Lúcio Costa tratava as palavras com a precisão de um poeta, era a obra de um
ser livre que se permitiu sonhar. O próprio Lúcio Costa destaca, entre os "ingredientes" da
concepção urbanística de Brasília, as lembranças dos gramados ingleses de sua infância,
das auto-estradas americanas, dos altiplanos da China e da brasileríssima Diamantina.
Lúcio Costa planejou uma Brasília moderna, voltada para o futuro, mas ao mesmo
tempo "bucólica e urbana, lírica e funcional".
Ele eliminou cruzamentos para que o tráfego dos automóveis fluísse mais
livremente, concebeu os prédios residenciais com gabarito uniforme e construídos sobre
pilotis para não impedir a circulação de pessoas.
Uma cidade rodoviária com amplas avenidas e vasto horizonte, valorizando o
paisagismo e os jardins. O plano de Lúcio Costa foi, contudo, vago no que se referia à
expansão imobiliária e à criação de bairros operários.
Ele diz na memória descritiva do Plano Piloto: deve-se impedir a enquistação de
favelas tanto na periferia urbana quanto na rural. Cabe à Companhia Urbanizadora prover,
dentro do esquema proposto, acomodações decentes e econômicas para a totalidade da
população.
Não foi preciso que muitos anos se passassem para que surgissem problemas
ligados à habitação popular que, durante a própria construção da capital foram chamados de
invasões e se multiplicaram.
Todos os dias, novos barracos eram erguidos na chamada Cidade Livre, hoje Núcleo
Bandeirante, e também próximos aos canteiros de obras. Os operários, que trabalhavam na
construção da cidade, não pretendiam abandonar a Capital depois de sua inauguração.
As cidades satélites não surgiram como fruto de um plano detalhado, conforme o
que regia a construção do Plano Piloto, mas pela urgência imposta pelas invasões. Em
junho de 1958, nascia a primeira cidade satélite, propriamente dita: Taguatinga, construída
às pressas para abrigar 50.000 pessoas, em sua maioria operários com suas famílias.
As Satélites, aos poucos, se transformariam em importantes centros econômicos.
Depois de Taguatinga, Israel Pinheiro iniciou a construção de outras Satélites: Sobradinho,
Paranoá e Gama.
Durante três anos, Brasília viveu um ritmo de trabalho alucinante. O Presidente
Juscelino Kubitscheck vistoriava as obras pessoalmente com Israel Pinheiro.
Os partidos de oposição alegavam que Brasília não ficaria pronta no prazo e
insistiam para que adiassem a transferência da Capital.
Brasília, vencendo os prognósticos pessimistas da oposição, foi inaugurada em 21
de abril de 1960, com toda pompa que a capital merecia .
Hoje, Brasília é uma bela cidade como no sonho de um homem que um dia
vislumbrou o futuro de olhos bem abertos.
O primeiro dia da capital recém-nascida
O CHOQUE DO NOVO
Mesas ao ar livre, garçons e muita elegância na quente noite de
Brasília depois do parto
Praça dos Três Poderes - 21 | 4 | 1960
Impaciente como o fundador da cidade, o primeiro dia da nova capital da República
começou na véspera. Faltavam cinco minutos para a meia-noite quando, na Praça dos Três
Poderes, aos olhos de 30 000 pessoas, o cardeal português dom Manuel Gonçalves
Cerejeira, representante do papa João XXIII, deu início à celebração de uma missa solene.
Sobre o altar, erguia-se a cruz de ferro que, 460 anos antes, abençoara a primeira missa em
terra brasileira, rezada por frei Henrique de Coimbra, capelão da esquadra de Pedro Álvares
Cabral. Trazida do museu da Sé de Braga, em Portugal, a velha cruz não foi a única relíquia
incorporada à solenidade: minutos mais tarde, no instante da Consagração, repicou o sino
cujo toque teria anunciado em Vila Rica a execução de Tiradentes em outro 21 de abril, o
de 1792. Nesse momento, as luzes da praça, até então apagadas, se acenderam teatralmente,
ao mesmo tempo em que dois portentosos holofotes miraram o céu, cortando com seus
fachos coloridos o breu da noite planaltina. Não é de espantar que na primeira fila o
presidente Juscelino Kubitschek tenha caído no choro, cobrindo o rosto com a mão direita.
A foto estará em todos os jornais – menos na Tribuna da Imprensa, do oposicionista-mor
Carlos Lacerda, que optará por outro flagrante, no qual JK confabula com João Goulart,
para insinuar que o presidente e seu vice passaram
a missa cochichando.
Lacerda, claro, não está em Brasília. Jânio
Quadros, candidato da oposição que vencerá as
eleições presidenciais de outubro, também não.
Mas outros antimudancistas deram as caras, ainda
que meio amarradas. Nenhum deles demonstrará
mais fair play do que Juracy Magalhães, o
governador da Bahia. Ele havia apostado com JK
que Brasília não ficaria pronta a tempo. Bom
perdedor, trouxe uma gravata e a entregou ao
presidente no dia 20. Made in USA, tem pequenos
quadrados pretos e brancos e custou 5 dólares. JK
vai usá-la neste dia 21, quando receber o corpo
diplomático, e em seguida, na primeira reunião
com seu ministério.
Antes disso, porém, ele terá outros compromissos. Na sua agenda para esta quinta-feira
praticamente não há respiros. O presidente esteve na Praça dos Três Poderes até pelo menos
1 da manhã, pois aos 47 minutos do dia 21, terminada a missa, ouviu-se uma saudação de
João XXIII diretamente de Roma, pelas ondas da Rádio Vaticano. Às 8 da matina, lá estava
ele outra vez na praça, para ouvir o toque de alvorada pela banda do Batalhão de Guardas.
Cinco minutos mais tarde, ali mesmo, coube-lhe hastear a bandeira brasileira, já ostentando
a novidade de uma 22ª estrela, correspondente ao recém-criado estado da Guanabara.
Acervo Gabriel Gondim
CREDENCIAL
O crachá de trabalho dos jornalistas
BOM PERDEDOR
Juracy Magalhães, governador da Bahia, tinha apostado com JK que Brasília
não ficaria pronta a tempo. Bom perdedor, entregou a gravata com pequenos
quadrados pretos e brancos que o presidente usaria nas festas.
Às 8h30, agora sim, com a gravata de Juracy Magalhães, JK vai receber 55
embaixadores estrangeiros no Palácio do Planalto, solenidade que não poderá se estender
além de sessenta minutos, pois para as 9h30 está marcada a instalação simultânea dos três
poderes da República, cada qual na sua casa. Fecho do discurso de JK na rápida reunião
ministerial: "Neste dia – 21 de abril – consagrado ao alferes Joaquim José da Silva Xavier,
o Tiradentes, ao 138º ano da Independência e 71º da República, declaro, sob a proteção de
Deus, inaugurada a cidade de Brasília, capital dos Estados Unidos do Brasil". Primeiro ato
do Executivo, assinado em seguida: mensagem ao Congresso Nacional propondo a criação
da Universidade de Brasília.
Em outro canto da praça, à entrada do
prédio do Supremo Tribunal Federal, uma foto
vai registrar a cena dos ministros chegando em
revoada, com suas togas negras agitadas pelo
vento. No Congresso Nacional, contará a Folha
de S.Paulo, "o ambiente geral era de euforia e
admiração". De deslumbramento até, pode-se
dizer: acostumados ao mobiliário pesado e
vetusto do Palácio Monroe, no Rio de Janeiro,
"os senadores, sentados em suas cadeiras,
faziam-nas girar, examinando o funcionamento
de tudo e apreciando a decoração do plenário e
das galerias". Alguns, "mais expansivos,
pareciam crianças examinando a nova casa e
reencontrando companheiros". Os oposicionistas,
como era de esperar, se opunham – "diversos
achavam que a decoração do plenário carecia de
suficiente solenidade, ou faziam reparos sobre o
funcionamento da casa".
Contrariando previsões de que alguns
parlamentares teriam como cama uma "folha de
jornal", que nem no samba O Orvalho Vem
Caindo, de Noel Rosa, nenhum deles ficou sem
pouso. Mas ocorreram problemas, alguns dos
quais resolvidos de maneira pouco ortodoxa.
Como ainda não existiam acomodações para todos e o Brasília Palace Hotel estivesse
lotado, houve deputados e senadores dividindo um mesmo teto, no que a Tribuna da
Imprensa classificou de "coletivismo". O sufoco imobiliário contribuiu para estressar o
deputado maranhense José Neiva Moreira, responsável pela mudança da Câmara e do
Senado, que baixou no hospital.
EMOÇÃO DE PRESIDENTE
A foto do choro de JK na missa estará
em todos os jornais, menos na Tribuna
da Imprensa, do oposicionista-mor
Carlos Lacerda
Brasília - 21 | 4 | 1960
LUZES TEATRAIS
Depois do repicar do sino, portentosos holofotes iluminam o breu da noite
planaltina na véspera do grande dia
Brasília - 20 | 4 | 1960
O deputado cearense Ozires Pontes, tendo encontrado sem mobília o apartamento
que lhe foi destinado, "saiu para a rua com um revólver" (o relato é do jornalista José
Amádio, da revista O Cruzeiro, simpática a JK), "parou um caminhão e ‘requisitou’ os
móveis que iam nele", reservados para seu colega paraense Océlio Medeiros. Outro, contou
ainda José Amádio, "figura de prestígio na República", mandou um avião buscar
travesseiros e cabides no Rio de Janeiro. Muita gente reclamou da espera nos três únicos
restaurantes de nível em funcionamento, mas também do sanduíche de mortadela a 70
cruzeiros. (O salário mínimo era de 5 900 cruzeiros, ou 392 dólares, que em 2009
corresponderão a 735 reais.)
A TURMA DANÇOU POUCO
No baile de gala houve mais interesse pelo Palácio do Planalto do que
pela orquestra de Bené Nunes
Brasília - 21 | 4 | 1960
Correndo de lá para cá, de compromisso em compromisso, em meio a fraques,
casacas, cartolas e uniformes militares, foram poucos os eventos a que o presidente JK não
compareceu. Esteve na cerimônia de instalação da Arquidiocese de Brasília, quando tomou
posse o primeiro arcebispo da cidade, dom José Newton de Almeida Baptista; na sessão
conjunta do Congresso Nacional, aplaudido de pé durante intermináveis minutos; na
inauguração do Monumento Comemorativo da instalação do governo federal em Brasília,
ao lado do "Príncipe dos Poetas Brasileiros", Guilherme de Almeida, que desfiou os versos
de sua "Prece Natalícia a Brasília"; na parada militar; no desfile em homenagem aos 60 000
candangos que construíram a cidade, e que agora, com sua família e suas roupas de
domingo, por ela passea-vam, orgulhosos, misturados a cerca de 150 000 visitantes
segundo alguns cálculos, ou 250 000, segundo outros.
EXCURSÕES
As estimativas vão de 150 000 a 250 000 pessoas na jornada
inaugural
Brasília - 21 | 4 | 1960
Às 22h30, quando já rolava no Eixo Monumental uma grande festa popular, JK
vestiu casaca para, com dona Sarah, recepcionar 3 000 convidados num baile no Palácio do
Planalto, ao som da orquestra do pianista Bené Nunes. "Nunca verei um espetáculo mais
chique do que a inauguração de Brasília", exagerou na revista Manchete o colunista Jacinto
de Thormes. Em O Cruzeiro, José Amádio informará que "a turma dançou pouco", mas
"comeu e bebeu muito". Às 2 da manhã do dia 22, o presidente bateu em retirada, não sem
antes recomendar às filhas, Márcia e Maria Estela, que não passassem das 3. Depois de ter
conseguido antecipá-lo em alguns minutos, JK prolongara por duas horas o dia mais
glorioso de sua vida.
VISITANTES
Antes da chegada de deputados e senadores, o passeio público no
Congresso Nacional
Brasília - 21 | 4 | 1960
Discurso
JK vai ao púlpito do Palácio do
Planalto. Ali, em janeiro do ano
seguinte, ele passaria o cargo a
Jânio Quadros
Brasília - 21 | 4 | 1960
Realidade
O dia seguinte
Para deflagrar um hábito e antecipar um mau costume, o cotidiano de Brasília
começou com um feriadão e tentativas (malsucedidas) de CPIs. Mas o Grande Prêmio JK
de velocidade foi um tremendo sucesso.
RAPIDEZ
"O circuito era sem graça, mas foi especial pelo momento histórico e
também
porque recebi o troféu das mãos de Juan Manuel Fangio", disse o
brasileiro
nascido em Paris Jean-Louis Lacerda Soares, vencedor da prova
Eixo Rodoviário - 23 | 4 | 1960
Brasília fez-se Brasília, ou ao menos a Brasília do poder, no dia seguinte ao cortar
de fita. Começou com um feriadão – sexta-feira, 22; sábado, 23; e domingo, 24 –, porque
ninguém é de ferro e os deputados e senadores tinham mais que fazer no Rio com promessa
de sol. Nem bem começara a vida da nova capital e já brotara a "campanha do retorno". Um
grupo de dezenove senadores da oposição liderada pela UDN de Carlos Lacerda reabriu
simbolicamente o Palácio Monroe, na Cidade Maravilhosa. Em Brasília, só voltariam à
labuta no fim de maio. Na segunda-feira, 25 de abril, primeira jornada útil, a Câmara dos
Deputados não teve quórum para sessão e um dos ministros do Supremo Tribunal Federal
foi à imprensa para explicar por que se recusara a permanecer no cerrado. A revista Time
americana relatou a reprimenda de JK ao ministro da Saúde, Mário Pinotti, que retornou ao
Rio. "Se o senhor não voltar, melhor renunciar." Pinotti deu o pinote, e logo estava em
Brasília.
Depois da festa – ao fim do Grande Prêmio Juscelino Kubitschek de automobilismo
nas avenidas e do Campeonato Brasileiro de Barcos no Paranoá –, e como o cotidiano se
anunciasse árido, houve debandada geral. Pelo menos 500 000 pessoas acompanharam as
festas no 21 de abril de 1960. Muitas chegaram antes, gradativamente, hospedando-se nas
cidades-satélite, em casas de família, ou mesmo em lugares distantes. O 22 de abril foi o
caos, porque quem chegara de avião queria retornar do mesmo modo, e rápido, mas não
havia espaço para todos. O Ministério da Aeronáutica teve de instalar uma força-tarefa.
Nem tudo eram andaimes. Deu-se prioridade à Praça dos Três Poderes e à
Esplanada dos Ministérios, embora o anexo central do Congresso (o prédio em forma de
"H") e os edifícios dos ministérios não pudessem funcionar plenamente. Nos setores
residenciais, apostou-se na Asa Sul – mas ali também, na inauguração, apenas 11,8% de um
total de noventa superquadras planejadas estava terminado. Havia um jeitão de Casa Cor:
desde 1959, quando fora inaugurado o primeiro edifício de seis andares, a Novacap
mobiliou um dos apartamentos para mostrar o estilo de vida que Brasília reservava ao
futuro, um futuro que a rigor só chegou em 1970, já durante o governo Médici.
Um passeio pelos jornais daqueles dias – os de oposição, claro – dá o tom do vazio
criado depois da euforia. Correio da Manhã de 21 de abril: "Brasília é um pandemônio".
Diário Carioca do mesmo dia: "Brasília se inaugura sem depósito de lixo: o que havia
virou favela". Tribuna da Imprensa: "Senadores pedirão a volta do Congresso: Brasília é
um caos". As reportagens eram unânimes – e nesse caso mesmo entre os órgãos favoráveis
a JK – em destacar a poeira que sobrara depois de a poei-ra baixar e o lixo que se
acumulara. O Jornal do Brasil resumiu o ambiente: "Deputados sem ter onde morar
começam hoje mesmo a voltar ao Rio".
Quem ficou, para não perder o costume, ou para inaugurá-lo, tentou emplacar uma
CPI. No ano da inauguração, nove comissões foram registradas no Diário do Congresso
Nacional. Uma delas, publicada no periódico em 25 de agosto daquele ano, foi criada para
investigar as condições da construção de Brasília, da organização e regulamentação de seus
serviços públicos. A comissão, de autoria do deputado Seixas Dória, udenista de Sergipe,
estava prevista para funcionar por noventa dias, mas não chegou a nenhuma conclusão.
Fracassou também a tentativa de alcançar o governo de JK com a CPI do Vidro Plano,
montada em 1959 para descobrir como o casamento dos imensos janelões do modernismo
na arquitetura com os interesses dos empreiteiros encarecera a construção. Não avançou, e
ficou por isso mesmo.
Com plenários vazios, e à falta de restaurantes para
frequentar, ia-se ao cinema. No Cine Brasília, desenhado
por Oscar Niemeyer no Plano Piloto, com 1 200 lugares,
os destaques da primeira semana foram Anáguas a
Bordo, com Cary Grant e Tony Curtis; O Discípulo do
Diabo, com Kirk Douglas e Burt Lancaster; e A Canoa
Furou, com Jerry Lewis. Na Cidade Livre – o atual
Núcleo Bandeirante –, roíam-se unhas com o faroeste A
Lei do Mais Valente e a aventura Tempestade em
Sangolândia. Difícil, quase impossível, era conseguir
ingresso. "Brasília não era uma capital, nem mesmo uma
cidade, à época de sua inauguração", afirma Márcio de
Oliveira, do Departamento de Ciências Sociais da
Universidade Federal do Paraná, estudioso daqueles dias
de corajoso pioneirismo.
Nesta nova cidade projetada, levou-se em conta o ideal socialista, onde todas as moradias
pertenceriam ao governo e seriam utilizadas pelos funcionários públicos. Nesta visão, todos os
funcionários, fossem serventes ou parlamentares, deveriam habitar os mesmos prédios. A
construção de Brasília foi controversa; os preceitos do urbanismo modernista já sofriam críticas
antes mesmo do início de sua construção, devido a sua escala monumental e à prioridade dada ao
automóvel. Brasília cresceu de forma não prevista e cidades-satélite surgiram para acomodar a
crescente população. Atualmente, apenas uma pequena parcela dos habitantes do Distrito Federal
habita na área prevista pelo plano piloto de Lúcio Costa.
Edifícios de Brasília
Igrejinha da 307/308 Sul
Em maio de 1958 inaugurou-se o primeiro templo de alvenaria em Brasília, a Igrejinha da
307/308 Sul, construída em 100 dias.
ANÁGUAS A BORDO
A comédia com Tony Curtis e
Dina Merrill foi um dos
destaques do Cine Brasília,
projetado – evidentemente – por
Niemeyer
""…quem for a Brasília, pode gostar
ou não dos palácios, mas não pode
dizer que viu antes coisa parecida. E
arquitetura é isso – invenção."
— Oscar Niemeyer
Palácio da Alvorada
O Palácio da Alvorada foi o primeiro edifício público inaugurado em Brasília, em
junho de 1958. Nesta obra Niemeyer desenha pilares em um formato inusitado. A forma
dos pilares da fachada deu origem ao símbolo e emblema da cidade, presente no brasão do
Distrito Federal.
Palácio do Planalto
O Palácio do Planalto foi inaugurado no dia da transição da capital, em 21 de abril de 1960.
Durante a construção do edifício, a sede do Governo funcionou no Catetinho, um sobrado de
madeira, nos arredores de Brasília. É um dos edifícios da Praça dos Três Poderes, sendo os demais o
Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional.
Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida
Marcante por sua arquitetura singular, a Catedral Metropolitana é uma das obras
mais expressivas de Brasília. O acesso à nave se dá através de uma passagem subterrânea,
intencionalmente escura e mal-iluminada, visando o contraste com o interior que recebe
iluminação natural intensa. Foi inaugurada em 1960.
Edifício do Congresso Nacional
O edifício do Congresso Nacional do Brasil inaugurado em 1960 localiza-se no centro do
Eixo Monumental, a principal avenida de Brasília. À frente há um espelho d'água e um grande
gramado e na parte posterior do edifício se encontra a Praça dos Três Poderes. É um dos edifícios
mais importantes do Brasil. É composto de duas semiesferas, que abrigam o Câmara dos Deputados
e o Senado. Entre as semiesferas há dois blocos de escritórios.
Casa do Cantador
Uma edificação moderna para homenagear a comunidade nordestina que habita o Distrito
Federal. Localizada na cidade-satélite de Ceilândia, a Casa é a sede do cantador repentista, do poeta
cordelista, do coquista embolador e de um sem-número de artistas do improviso e da literatura de
cordel, verdadeiros representantes da cultura popular. Inaugurada a 9 de novembro de 1986, a Casa
do Cantador tem sido palco de grandes manifestações culturais, a exemplo dos Festivais Nacionais
de Cantadores Repentistas e Poetas Cordelistas que acontecem a mais de 22 anos. Nestes eventos a
Casa abre suas portas para a arte e a cultura e recebe de bom grado toda a mistura de brasileiros que
reside no Distrito Federal.
Conclusão
Em 1761 o Marquês de Pombal, então primeiro-ministro de Portugal, propunha mudar a
capital do império português para o interior do Brasil Colônia. O jornalista Hipólito José da Costa,
fundador do Correio Brasiliense, primeiro jornal brasileiro, editado em Londres, em 1813 redigiu
artigos em defesa da interiorização da capital do país, para uma área "próxima às vertentes dos
caudalosos rios que se dirigem para o norte, sul e nordeste".
José Bonifácio, o Patriarca da Independência, foi a primeira pessoa a se referir à futura
capital do Brasil, em 1823, como "Brasília".
Desde a primeira constituição republicana, de 1891, havia um dispositivo que previa a
mudança da Capital Federal do Rio de Janeiro para o interior do país, determinando como
"pertencente à União, no Planalto Central da República, uma zona de 14.400 quilômetros
quadrados, que será oportunamente demarcada, para nela estabelecer-se a futura Capital Federal".
Fato interessante dessa época foi o sonho "premonitório" tido pelo padre italiano São João
Bosco, no qual disse ter visto uma terra de riquezas e prosperidade situada próxima a um lago e
entre os paralelos 15 e 20 do Hemisfério Sul. Acredita-se que o sonho do padre seria a futura capital
brasileira, pelo qual o padre, posteriormente canonizado, se tornou o padroeiro de Brasília.
No ano de 1891 foi nomeada a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil,
liderada pelo astrônomo Luís Cruls e integrada por médicos, geólogos e botânicos, que fizeram um
levantamento sobre topografia, o clima, a geologia, a flora, a fauna e os recursos materiais da região
do Planalto Central. A área ficou conhecida como Quadrilátero Cruls e foi apresentada em 1894 ao
Governo Republicano. A comissão designava Brasília com o nome de "Vera Cruz".
Em 1922, no ano do Centenário da Independência do Brasil, o Deputado Americano do
Brasil apresenta um projeto à Câmara incluindo entre as comemorações a serem celebradas o
lançamento da Pedra Fundamental da futura Capital, no Planalto Central. O então Presidente da
República, Epitácio Pessoa, baixa o decreto nº 4.494 de 18 de janeiro de 1922, determinando o
assentamento da Pedra Fundamental e designa para a realização desta missão, o engenheiro
Balduino Ernesto de Almeida, Diretor da estrada de ferro de Goiás com sede em Araguari, Minas
Gerais. No dia 7 de setembro de 1922, com uma caravana composta de 40 pessoas é assentada a
Pedra Fundamental no Morro do Centenário, na Serra da Independência, situada a nove quilômetros
da cidade de Planaltina.
Esboço de Vera Cruz - Comissão de Localização da Nova Capital Federal.
Marechal José Pessoa.
Em 1954 o Marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque foi convidado pelo presidente
Café Filho para ocupar a presidência da Comissão de Localização da Nova Capital Federal,
encarregada de examinar as condições gerais de instalação da cidade a ser construída. Em seguida,
Café Filho homologou a escolha do sítio da nova capital e delimitou a área do futuro Distrito
Federal, determinando que a comissão encaminhasse o estudo de todos. A Comissão de
Planejamento e Localização da nova Capital, sob a Presidência de José Pessôa, a responsável pela
exata escolha do local onde hoje se ergue Brasília.
A idealização do plano-piloto, também foi obra da mesma comissão que em robusto
relatório, redigido pelo Marechal José Pessôa, de título "Nova Metrópole do Brasil", entregue ao
Presidente Café Filho, detalhou os pormenores do arrojado planejamento que se realizou.
Marechal José Pessôa não imaginou o nome da capital como Brasília, mas sim Vera Cruz,
caracterizando o flamejante sentimento de um povo que nasceu sob o signo da Cruz de Cristo e
estabelecendo ligação com o primeiro nome dado pelos descobridores portugueses. O plano
elaborado respeitava uma determinada interpretação da História e não descaracterizava as tradições
brasileiras. Grandes avenidas chamar-se-iam "Independência", "Bandeirantes" etc., diferentes,
portanto, das atuais siglas alfas-numéricas de Brasília, como W-3, SQS, SCS, SMU e outros.
Juscelino Kubitschek
Por discordâncias com o Presidente Juscelino Kubitschek, o Marechal José Pessoa
abandonou a presidência da Comissão, tendo sido sucedido pelo Coronel do Exército Ernesto Silva,
que era o Secretário da Comissão. Ernesto Silva, que também era médico, foi nomeado na
sequência presidente da Comissão de Planejamento da Construção e da Mudança da Capital Federal
(1956) e Diretor da Companhia Urbanizadora da Nova Capital - NOVACAP (1956/1961), tendo
Ernesto Silva assinado o Edital do Concurso do Plano Piloto, em 1956, publicado no Diário Oficial
da União no dia 30 de setembro de 1956.
Apenas no ano de 1955, durante um comício na cidade goiana de Jataí, o então candidato à
presidência, Juscelino Kubitschek, foi questionado por um eleitor se respeitaria a Constituição,
interiorizando a Capital Federal, ao que JK afirmou que iria transferir a capital. Eleito presidente,
Juscelino estabeleceu a construção de Brasília como "meta síntese" de seu "Plano de Metas".
O traçado de ruas de Brasília obedece ao plano piloto implantado pela empresa Novacap a
partir de um anteprojeto do arquiteto Lucio Costa, escolhido através de concurso público nacional.
O arquiteto Oscar Niemeyer projetou os principais prédios públicos da cidade. Para fazer a
transferência simbólica da capital do Rio para Brasília, Juscelino fechou solenemente os portões do
Palácio do Catete, então transformado em Museu da República, às 9 da manhã do dia 21 de abril de
1960, ao que a multidão reagiu com aplausos. A cidade de Brasília foi fundada no mesmo dia e mês
em que se lembra a execução de Joaquim José da Silva Xavier, líder da Inconfidência Mineira, e a
fundação de Roma.
Oscar Niemeyer na época da construção de Brasília
O princípio básico das estratégias políticas de Juscelino Kubitschek, segundo o próprio, era
apropriado do moralista francês Joubert, para quem "não devemos cortar o nó que podemos
desatar". Com base nessa máxima, Kubitschek viabilizou a construção de Brasília, oferecendo
várias benesses à oposição, criando fatos consumados e queimando etapas. Apesar de a cidade ter
sido construída em tempo recorde, a transferência efetiva da infra-estrutura governamental só
ocorreu durante os governos militares, já na década de 1970. Todavia, ainda no início do Século
XXI, muitos órgãos do governo federal brasileiro continuam sediados na cidade do Rio de Janeiro.
Um fato que mostra o impacto provocado pelo modernismo da cidade recém construída foi
a frase dita pelo cosmonauta Yuri Gagarin, primeiro homem a viajar para o espaço, que ao visitar
Brasília em 1961, disse: "Tenho a impressão de que estou desembarcando num planeta diferente,
não na Terra".
Eixo monumental ao amanhecer.
Alguns dos fatores que mais influenciaram a transferência da capital foram a segurança
nacional, pois acreditava-se que com a capital no litoral ela estava vulnerável a ataques estrangeiros
(argumento militar-estratégico que teve como precursor Hipólito José da Costa), e uma
interiorização do povoamento e do desenvolvimento e integração nacional, já que devido a fatores
econômicos e históricos a população brasileira concentrou-se na faixa litorânea, ficando o interior
do país pouco povoado. Assim a transferência da capital para o interior forçaria o deslocamento de
um contingente populacional e a abertura de rodovias, ligando a capital às diversas regiões do país,
o que levaria a uma maior integração econômica.
Planejada para ter uma população de 600 mil habitantes no ano 2000, a população do
Distrito Federal já atingia os 2,6 milhões de habitantes em 2009. Brasília, considerando-se todo o
Distrito Federal, atualmente é a quarta capital mais populosa do Brasil.
“Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo
de vencer.”
Mahatma Gandhi