Trabalho de Hidroconformação
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O processo de hidroconformação de tubos
O processo de hidroconformação consiste na obtenção de peças metálicas por
conformação a partir da aplicação simultânea de pressão hidrostática de fluido e
esforços de compressão sobre o material a ser conformado (chapas, ou tubos). Seu
campo de aplicação é muito variado, por permitir a fabricação de peças das mais
complexas geometrias, com significativos aumentos da relação resistência
mecânica/peso e da economia de mão de obra e material. O sucesso das peças
hidroconformadas se deve a diversos fatores, dependentes de características inerentes
ao material, dos parâmetros adotados, da geometria da peça, etc. Entre as maiores
limitações do processo estão os fenômenos de falhas por estricção, enrugamento e
ruptura, ilustrados adiante, além de certo desconhecimento das melhores relações
entre os parâmetros do processo.
A compressão na extremidade do tubo tem por finalidade mover o material
na direção da conformação evitando que ocorra uma redução excessiva da espessura,
simultaneamente ocorre aumento da pressão interna, que pode atingir até 600 MPa,
sendo reservado ao final do processo à calibração da peça com as pressões mais
elevadas para garantir que esta tenha todos os detalhes da ferramenta. O valor da
pressão interna na etapa de calibração depende da relação entre o raio interno da peça
e a espessura da parede do tubo. A pressão de conformação é gerada através de fluído,
normalmente se utiliza uma unidade externa de pressão comandada pela posição do
cilindros de compressão ou então pela força de compressão.
As peças hidroconformadas mais complexas são obtidas através de tubos
previamente dobrados que serão submetidos à pressão interna no interior das
ferramentas. Algumas peças não apresentam variação de comprimento, somente
modificação de suas seções transversais, neste caso a compressão das extremidades é
feita somente para garantir a vedação do fluído que fará a conformação, porém deve
ser observado que cada seção transversal da peça tenha o mesmo perímetro da seção
transversal do tubo que a dará origem.
Os parâmetros do processo
Na hidroconformação devem-se ser determinadas as forças de conformação e
de fechamento, a pressão necessária para início do escoamento e os valores de
deformação na qual irá ocorrer a instabilidade plástica do processo. A força de
conformação é uma soma dos esforços de compressão, de atrito e da pressão interna.
Falhas típicas inerentes ao processo
Durante o processo de hidroconformação de tubos e chapas, há basicamente
três classes de defeitos devido à má manipulação dos parâmetros do processo:
enrugamento, estricção e ruptura ou fissura.
Flambagem/Enrugamento: ocorre em tubos, sendo mais freqüente
principalmente nas zonas de expansão, quando o deslocamento dos cilindros axiais for
muito rápido face ao nível da pressão interna associada. A flambagem ocorre num
aspecto generalizado, enquanto que o enrugamento é o fenômeno da flambagem
localizada. Na figura abaixo é apresentado um exemplo de flambagem e um de
enrugamento em peças hidroconformadas.
Estricção: pode ocorrer em tubos e chapas, provocada pelo estiramento
excessivo devido à pressão interna elevada, com redução significativa da espessura da
chapa ou da parede do tubo. A estricção pode ser generalizada, quando ocorre por
toda a área de deformação, ou localizada, quando ocorre em regiões concentradas. O
segundo tipo de estricção é o mais preocupante, pois sua ocorrência leva rapidamente
o material à ruptura.
Ruptura ou fissura: pode ocorrer em tubos e chapas, provocada pela pressão
interna excessiva, e se verifica quase sempre após a estricção localizada. A figura
abaixo mostra uma fissura de peça hidroconformada. Estas falhas podem acontecer
devido à instabilidade do material sob carregamentos inadequados, produzidos por
certas relações entre o deslocamento dos cilindros axiais e a pressão interna,
principalmente. Essa limitação é ilustrada na figura abaixo.
No gráfico abaixo se observa que nas regiões onde a pressão interna é muito
maior do que o deslocamento axial, a vedação falha. Nas regiões onde tanto pressão
quanto os deslocamento são baixos, não há escoamento do material da peça. Quando
o deslocamento axial é maior do que a pressão interna, pode ocorrer enrugamento
e/ou flambagem, e quando ambos são muito altos, fissura e/ou estricção podem
ocorrer. Assim, o processo está limitado à faixa ótima, centro do gráfico.
Vantagens
As vantagens que este processo oferece sobre os processos convencionais de
fabricação estão as seguintes:
Economia das etapas do processo de fabricação: o processo de
hidroconformação permite obter peças de geometrias complexas em uma só
etapa, com boa precisão dimensional.
Economia em material: nos processos em que o componente é estampado e a
seguir soldado, a hidroconformação elimina desperdícios de material,
principalmente os perdidos na forma de recortes, rebarbas e fundidos.
Preservação das propriedades originais do material: os componentes
soldados possuem uma zona afetada pela solda; já que o componente
hidroconformado, embora possa apresentar encruamento por ser realizado a
frio, conserva seu material com propriedades mecânicas mais próximas às
originais, pois não apresenta grandes mudanças microestruturais se comparado
ao primeiro caso. Além disso, o encruamento pode ser interessante, pois
aumenta a resistência mecânica.
Diminuição de número de componentes de um conjunto: a hidroconformação
permite obter peças muito mais complexas do que as obtidas pelos processos
clássicos.
Limitações no comportamento mecânico
O material a ser conformado por esse processo deve ter grande capacidade de
resistir a esforços multiaxiais, e principalmente deve apresentar ductilidade. Também
é desejável no material índice de anisotropia elevado para aumentar a capacidade de
resistir a possíveis reduções de espessura. No exemplo da junta em “T”, o tubo
também deve apresentar pequenas tolerâncias dimensionais no diâmetro, forma e
espessura, pontas do tubo escovadas por problemas de vedação durante o processo e
extremidades perpendiculares ao eixo longitudinal. Na hidroconformação existem
diferentes estados de deformação em cada região da peça. No exemplo adotado, a
região da conformação central, no eixo perpendicular ao eixo natural do tubo e
compressão na parede superior e compressão no sentido da espessura; já na região das
extremidades, as paredes são comprimidas contra o molde, enquanto a pressão de
fluido tende a aumentar seu diâmetro. A figura abaixo representa estes estados de
deformações.
Assim, durante o processo o material sofre esforços de estiramento (tração
biaxial) e embutimento (tração em um eixo, compressão em outro) simultaneamente.
Ainda deve ser mencionado o atrito no processo de hidroconformação, pois reduz a
capacidade de deformação do material e prejudica seu escoamento no interior da
matriz, restringindo o processo. Na hidroconformação em tubos “T” este fator,
associado à alta pressão aplicada, ainda pode aumentar o desgaste da ferramenta,
forças axiais, riscos de flambagem da peça e afetar a variação das espessuras.
Para minimizar o efeito do atrito, devem ser aplicados lubrificantes ao
processo que sejam capazes de resistir a pressões oscilantes e sejam compatíveis com
o meio utilizado para transmitir pressão.
O esforço de compressão envolvidos no processo tem por finalidade facilitar
o escoamento do material na direção da conformação, evitando que ocorra uma
redução excessiva de espessura tratando-se de tubos, ou segurar o blanck para que não
forme rugas (prensa-chapas), no caso de chapas.