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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA-CT
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO-DPET
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
SEGURANÇA NA PERFURAÇÃO DE POÇOS TERRESTRES
Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Orientador: Profº Msc. Gustavo Arruda Ramalho Lira
Junho, 2015
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
2 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Tarcísio de Moura Fernandes Neto
SEGURANÇA NA PERFURAÇÃO DE POÇOS TERRESTRES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como parte dos requisitos para obtenção do
Grau em Engenharia de Petróleo pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Aprovado em _____de_______________de 2015
XProfº Msc. Gustavo Arruda Ramalho Lira
Orientador
XMarcio Francisco Alves de Souza
Membro externo: PETROBRAS
XMarcos Allyson Felipe Rodrigues
Membro Examinador - UFRN
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
3 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
DEDICATÓRIA
Dedico primeiramente à realização deste trabalho, ao meu querido Deus, sem
Ele nada seria possível.
Dedico especialmente aos meus pais, Francisco Sétimo e Maria Dalvanira e as
minhas irmãs, Niara Fernandes e Nadja Fernandes por terem me apoiado e ajudado de
todas as formas, principalmente quando precisei de ajuda emocional pra seguir
batalhando em busca de uma formação profissional.
“A dor é passageira. Desistir dura pra sempre.”
Lance Armstrong
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
4 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
AGRADECIMENTOS
Aos meus tios/pais Francisco Décimo e Graça Medeiros por terem me dado total
suporte durante minha formação acadêmica e por ter me acolhido de forma tão especial
em seu lar.
Ao meu professor orientador do trabalho de conclusão e supervisor de estágio
Gustavo Lira.
À Petrobras S/A pela oportunidade de estágio e aos colegas de sala do meu
estágio: Gustavo Lira, Márcio Francisco, Antônio Inácio, Aluísio Filho, Alípio Murata,
Jefferson Pordeus, Emílio Cavalcante, Sérgio de Miranda, Dinarte Marinho e Daniel
Soares que contribuíram de forma significativa com meu aprendizado.
Aos meus amigos de curso Felipe Maia, Thiago Morgado, Eduardo Carvalho,
Glen Martin e Pedro André que fizeram uma batalha difícil se tornar prazerosa.
Aos meus primos e amigos, Matheus Luis, Gustavo Medeiros, Laerte Medeiros,
José Rodrigo, Xavier Neto, Gláucio Medeiros, Glênio Medeiros, Filipe Fernandes, que
me acompanharam e motivaram durante toda a graduação.
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
5 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
FERNANDES NETO, Tarcísio de Moura – Segurança na perfuração de poços
terrestres. Trabalho de Conclusão de Curso, Departamento de Engenharia de Petróleo,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal – RN, 2015.
Orientador: Profº Msc. Gustavo Arruda Ramalho Lira
RESUMO
A segurança de poços na perfuração tem se tornado um dos temas de grande relevância
na indústria do petróleo, devido a perfuração de poços de petróleo sempre envolver
grandes riscos, estes associados a desastres ambientais e até possíveis perdas humanas.
Este trabalho é uma revisão bibliográfica do tema Segurança na perfuração de poços
terrestres e apresenta uma planilha desenvolvida no Excel, que tem por objetivo mostrar
como é feito a atualização das informações prévias em uma sonda de perfuração on-
shore. Com a entrada de dados referentes ao esquema mecânico do poço, fluido de
perfuração, pressão de teste de revestimento, pressão de fratura na sapata, informações
sobre as bombas e o kick, a planilha manterá para o usuário as informações prévias
atualizadas e fornecerá os procedimentos operacionais a serem tomados no método do
sondador, para caso em que o kick aconteça. Os métodos de controle de poço possuem a
finalidade de expulsão do fluido invasor e retornar ao controle primário do poço, caso
contrário, desastres ambientais, perdas de trabalhadores e equipamentos podem vir a
ocorrer.
Palavras-chaves: Revisão bibliográfica, kicks, controle de poço.
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
6 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
ABSTRACT
Security wells drilling has become one of the most relevant issues in the oil industry due
to drilling oil wells always involve major risks associated with these environmental
disasters and even possible loss of life. This work is a literature review in Security
drilling of onshore wells and has developed a spreadsheet in Excel, which aims to show
how it's done updating previous information in an on-shore drilling rig. With the data
entry for the mechanical layout of the well, drilling fluid coating test pressure, fracture
pressure at shoe, information about the bombs and the kick, the spreadsheet will keep to
the user updated background information and provide procedures operating driller to be
taken in the method for the case where the kick occurs. Well control methods have the
purpose of expulsion of the invading fluid and return to the primary control of the well,
otherwise, environmental disasters, loss of workers and equipment can occur
Keywords: Literature review, kicks, well control.
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
7 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Sumário 1. Introdução .......................................................................................................................... 15
1.1 Objetivos ..................................................................................................................... 16
2. Aspectos Teóricos .............................................................................................................. 18
2.1 Sistemas de sonda de perfuração ................................................................................. 18
2.1.1 Sistema de sustentação de cargas ............................................................................ 18
2.1.2 Sistema de movimentação de cargas ....................................................................... 19
2.1.3 Sistema de rotação ................................................................................................... 20
2.1.4 Sistema de circulação .............................................................................................. 23
2.1.5 Sistema de segurança de controle de poço .............................................................. 23
2.1.6 Sistema de monitoramento ...................................................................................... 24
2.1.7 Sistema de geração e transmissão de energia .......................................................... 25
2.2 Pressões geradas pelo fluido de perfuração ................................................................. 25
2.2.1 Fluido estático - Pressão hidrostática .................................................................. 25
2.2.2 Fluido dinâmico – Equivalent Circulating Density (ECD) ................................. 26
2.3 Geopressões ................................................................................................................. 26
2.3.1 Pressão de sobrecarga .......................................................................................... 27
2.3.2 Pressão de poros .................................................................................................. 28
2.3.3 Pressão de colapso ............................................................................................... 29
2.3.4 Pressão de fratura ................................................................................................ 29
2.3.5 Janela operacional ............................................................................................... 30
2.4 Controle de poço ......................................................................................................... 30
2.4.1 Causas de kicks ....................................................................................................... 30
2.4.1.1 Falta de ataque ao poço ........................................................................................... 31
2.4.1.2 Pistoneio .................................................................................................................. 32
2.4.1.3 Perda de circulação .................................................................................................. 32
2.4.1.4 Massa específica de lama de perfuração insuficiente .............................................. 33
2.4.1.5 Corte de lama por gás .............................................................................................. 34
2.4.2 Detecção e indícios de kicks ................................................................................... 34
2.4.3 Pressões de fechamento (Shut-in Drill Pipe Pressure e Shut-in Casing Pressure) e
Pressão Reduzida de Circulação ............................................................................................. 35
2.4.4 Procedimentos de fechamento do poço ................................................................... 35
Procedimento para fechamento de poço na perfuração ................................................ 36
2.4.5 Informações do kick ................................................................................................ 36
2.4.6 Métodos de controle de kicks .................................................................................. 38
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
8 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
2.4.6.1 Método do sondador ................................................................................................ 38
2.4.6.2 Método do engenheiro ............................................................................................. 42
2.4.6.3 Método volumétrico estático ................................................................................... 43
3.0 Metodologia ................................................................................................................... 48
3.1 Relevância das informações prévias............................................................................ 48
3.2 Equações pertinentes ao controle do kick ................................................................... 48
3.2.1 Máximas pressões permissíveis no choke ............................................................... 49
3.2.2 Cálculos das seções tubulares.................................................................................. 50
3.2.3 Dados das bombas ................................................................................................... 51
3.2.4 Pressão Reduzida de Circulação – PRC .................................................................. 52
3.2.5 Pressão Inicial de Circulação – PIC ........................................................................ 53
3.2.6 Pressão Final de Circulação – PFC ......................................................................... 53
4.0 Resultados ...................................................................................................................... 55
5.0 Conclusões / Recomendações .............................................................................................. 63
6.0 Bibliografia .......................................................................................................................... 65
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
9 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Lista de figuras
Figura 1: Guincho ....................................................................................................................... 19
Figura 2: Bloco de coroamento ................................................................................................... 20
Figura 3: Catarina e gancho ........................................................................................................ 20
Figura 4: Mesa rotativa ............................................................................................................... 21
Figura 5: Kelly quadrado............................................................................................................. 21
Figura 6: Top Drive ..................................................................................................................... 22
Figura 7: Motor de fundo ............................................................................................................ 22
Figura 8: Swivel ........................................................................................................................... 23
Figura 9: Painel do sondador (Sistema de monitoramento) ........................................................ 24
Figura 10: Esquema de estimativa da pressão de sobrecarga ...................................................... 28
Figura 11: Janela operacional ...................................................................................................... 30
Figura 12: Perda de circulação .................................................................................................... 33
Figura 13: Gráfico de pressões estabilizadas .............................................................................. 37
Figura 14: Evolução da pressão no método do sondador ............................................................ 39
Figura 15: Detalhamento do comportamento do kick e pressões 1 ............................................. 41
Figura 16: Detalhamento do comportamento do kick e pressões 2 ............................................. 42
Figura 17: Comparação entre as pressões geradas pelo método do sondador e do engenheiro,
variando também o volume do kick ............................................................................................. 43
Figura 18: Pressão no choke na primeira fase ............................................................................. 44
Figura 19: Pressão no fundo do poço na primeira fase ............................................................... 44
Figura 20: Pressão no choke na segunda fase.............................................................................. 46
Figura 21: Pressão no fundo do poço na segunda fase ................................................................ 46
Figura 22: Ilustração dos espaços anulares ................................................................................. 50
Figura 23: Desenho esquemático dos dados do estudo de caso .................................................. 56
Figura 24: Identificação do poço ................................................................................................. 57
Figura 25: Inserção dos dados do revestimento e flluidos .......................................................... 57
Figura 26: Resultado da máxima pressão permissível no choke (gás abaixo da sapata) ............. 58
Figura 27: Composição da coluna de perfuração ........................................................................ 58
Figura 28: Resultado do VTP e VS ............................................................................................. 59
Figura 29: Dados das bombas ..................................................................................................... 59
Figura 30: Resultado da quantidade de strokes para cada seção do poço .................................. 60
Figura 31: Cálculos de PIC, PFC e lama de matar ...................................................................... 60
Figura 32: Resultados do procedimento do método do sondador ............................................... 61
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
10 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Lista de tabelas
Tabela 1: Tabela contendo informações para identificação do poço .......................................... 55
Tabela 2: Informações referentes a coluna de perfuração ........................................................... 55
Tabela 3: Informações referentes ao último revestimento .......................................................... 55
Tabela 4: Dados das bombas ....................................................................................................... 56
Tabela 5: informações sobre o kick ............................................................................................. 56
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
11 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Lista de Símbolos gregos
σov = Pressão de sobrecarga ou Overburden psi
ρb = Massa específica da formação lb/gal
ρw = Massa específica da água lb/gal
ρf = Massa específica do fluido de perfuração lb/gal
ρfc = Massa específica do fluido cortado por gás lb/gal
ρtampão = Massa específica do tampão de manobra lb/gal
ρk = Massa específica do kick lb/gal
ρfm = Massa específica do fluido de matar lb/gal
ΔZ = Profundidades das formações m
ΔH = Nivel de fluido de fluido devido operação de tampão de manobra m
ΔP = Queda de pressões devido deslocamento/corte de lama por gás m
η = Eficiência volumétrica da bomba %
δMP = Deslocamento real da bomba
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
12 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Nomenclatura e abreviações
BOP = Blowout Preventer
ESCP = Equipamento do Sistema de Controle de Poço
ECD = Equivalent Circulating Density lb/gal
PH = Pressão Hidrostática psi
g = Constante gravitacional m/s²
h = Altura vertical da coluna de um fluido m/ft
PV = Profundidade vertical do poço m/ft
Pan = Queda de pressão no anular devido a uma certa vazão de bombeio psi
Z = profundidade m/ft
GP = Gradiente de pressão psi/m ou psi/ft
Cpoço ou rev = Capacidade do poço ou coluna bbl/m
ID = Diâmetro interno in
OD = Diâmetro externo in
DEScol = Deslocamento da coluna devido a retirada de aço do poço bbl/m
Vtampão = Volume de tampão de manobra bbl
Vaço ret = Volume de aço retirado do poço devido à manobra bbl
Lret = Comprimento da tubulação retirada do poço m
HPHT = High Pressure and High Temperature
MR = Mesa rotativa
SIDPP = Shut In Drill Pipe Pressure psi
SICP = Shut In Case Pressure psi
Pmáx,EQ = Menor valor de pressão entre a de teste e a de resistência à pressão interna do
último revestimento descdido no poço psi
Pmáx,BOP = Pressão de teste psi
Pmáx,REV = Valor de 80% da resistência a pressão interna do último revestimento descido
no poço psi
RPI = Resistência a Pressão Interna
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
13 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
PRC = Pressão Reduzida de Circulação psi
VRC = Velocidade Reduzida de Circulação
BHA = Bottom Hole Assembly
PIC = Pressão Inicial de Circulação psi
PFC = Pressão Final de Circulação psi
Hk = Altura do kick m/ft
WB = Peso de barintina lb
VLS = Volume de lama no sistema bbl
Vlm = Volume de lama nova para gerar queda de 100 psi no choke no top kill bbl
C = Capacidade do poço bbl/m
Pckmáx = Máxima pressão registrada no choke quando o gás atinge a superfície no top kill
do método volumétrico estático psi
Pmáx, frat = Pressão de fratura da formação na profundidade do último revestimento psi
DC = Drill collars
HW = Heavy Weight Drill Pipes
DP = Drill Pipes
VBombeado = É o volume real de fluido bombeado gal/stroke
D = É o diâmetro interno da camisa da bomba in
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
14 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
___________________________________
CAPÍTULO I
Introdução
___________________________________
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
15 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
1. Introdução
O tema controle de poço tornou-se um dos temas particularmente mais
importantes na industria petrolífera, por várias razões como: Desperdício dos recursos
naturais, contaminação de meio ambiente, indenizações e a possível perda de vidas
humanas quando influxos indesejáveis e explosões ocorrem. Devido aos incidentes
passados um número crescente de regulamentações governamentais e restrições
colocadas na indústria petroleira tem crescido.
A técnica de construção de poços de petróleo mais usada atualmente consiste
basicamente em aplicar rotação e peso sobre uma broca que está situada na extremidade
de uma coluna de perfuração. Os mecanismos de corte da broca sobre as rochas,
fragmentam-as em pedaços que simultaneamente são carreados por um fluido de
perfuração bombeado pelo interior da coluna e retorna pelo espaço anular entre o poço
aberto e a coluna até atingir uma determinada profundidade. Em seguida a coluna de
perfuração é retirada do poço e uma coluna de revestimento de aço de diâmetro inferior
ao da broca é descida e cimentada e assim segue até chegar ao alvo pré-determinado.
O fluido de perfuração possui várias funções, porém uma das mais importantes é
exercer pressão hidrostática no poço, se a lama de perfuração não cumprir este papel,
poderá resultar na infiltração de fluidos indesejáveis no poço, que poderá causar um
descontrole no interior do poço podendo até chegar à perda total do mesmo.
Vários acidentes já ocorreram na indústria do petróleo ao longo dos anos,
causando grandes prejuízos ambientais e socioeconômicos. Um dos mais lembrados e
de maior repercussão, foi o blowout no Golfo do México em abril de 2010, quando
ocorreu uma explosão na plataforma de perfuração Deepwater Horizon, de propriedade
da empresa Transocean, operando para a British Petroleum - BP, sendo considerado um
dos mais graves acidentes do setor de Exploração e Produção de Petróleo. Este acidente
resultou na morte de 11 pessoas e num vazamento entre 12 e 25 mil de barris por dia.
(Salatiel, José Renato: Desastre ambiental: Consequências do vazamento de petróleo no
golfo do México. Disponível em: < http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-
disciplinas/atualidades/desastre-ambiental-consequencias-do-vazamento-de-petroleo-
no-golfo-do-mexico.htm> Acesso em: maio de 2015)
Letbetter (1975) fala que reconhecendo os riscos da perfuração, as empresas
como Shell, Petrobras entre outras, começaram a simular situações de influxos dos
fluidos das formações produtoras para dentro do poço com o intituito das equipes
operacionais da sonda adquirir experiência com a situação, já que historicamente alguns
influxos que poderiam ser controlados tornaram-se desastres, por falta de competência
e/ou treinamento das equipes.
Este trabalho apresenta ao leitor um estudo voltado para as operações de
controle de poço de petróleo terrestres e parâmetros relevantes, os quais devem ser
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
16 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
monitorados para que seja possível evitar a ocorrência de influxos de fluidos
provenientes da formação para o poço e em seguida apresentará cálculos para
elaboração da planilha de informações prévias e discute os elementos-chave que podem
ser usados para controla-los.
1.1 Objetivos
O trabalho tem como principal objetivo fazer uma revisão bibliográfica sobre o
tema e elaborar uma planilha de controle de poço, com os procedimentos a serem
tomados caso um kick venha a ocorrer.
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
17 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
___________________________________
CAPÍTULO II
Aspectos Teóricos
___________________________________
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
18 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
2. Aspectos Teóricos
Neste capítulo é apresentada uma vasta revisão bibliográfica, dividida da
seguinte estrutura:
• Revisão envolvendo os principais os sistemas de sonda;
• Pressões geradas pelo fluido de perfuração parado e circulando;
• Conceitos relacionados à geopressões e definições de kicks e blowouts;
• Revisão das causas, indícios e método do controle de poço
2.1 Sistemas de sonda de perfuração
Existem dois tipos de sondas, em relação ao objetivo da operação, as sondas de
perfuração e as sondas de produção. As sondas de perfuração são estruturas compostas
por equipamentos e sistemas que possibilitam a perfuração de poços, os quais dão
acessos aos reservatórios, enquanto que as sondas de produção proporcionam realizar a
equipagem do poço (deixando-o capaz de produzir) ou executar alguma operação de
intervenção. Neste trabalho o foco será dado à parte de perfuração.
Para realizar a perfuração são necessários recursos e equipamentos específicos, o
agrupamento de equipamentos é conhecido como sistema de uma sonda. A sonda possui
sete principais sistemas para fíns didáticos mais ou menos difundidos, são eles:
2.1.1 Sistema de sustentação de cargas
O sistema de sustentação de cargas é constituído do mastro ou torre, da
subestrutura e da base ou fundação. A carga correspondente ao peso da
coluna de perfuração ou revestimento que está no poço é transferida para o
mastro ou torre, que, por sua vez, e descarrega para a subestrutura esta para a
fundação ou base. Em perfurações marítimas pode não existir fundações [...].
(THOMAS et al, 2001, p.55)
Ainda de acordo com THOMAS et al. (2001), o mastro é uma estrutura de aço e
em forma piramidal e deve ter espaço suficiente para a execução de manobras, já a torre
é montada peça a peça, montada na posição horizontal e posteriormente elevada a
posição vertical.
Outro constituinte deste sistema é a subestrutura, que são vigas de estruturas de
aço, posicionadas sobre a fundação. Estas fundações são “[...] estruturas rígidas
construídas em concreto, aço ou madeira, que apoiadas sobre o solo resistente, suportam
com segurança as deflexões, vibrações e deslocamentos provocados pela sonda.”
(THOMAS et al, 2001, p.57)
Um dos critérios para escolha da sonda terrestre (para sondas que atuam no mar
existem vários critérios adicionais, como altura lâmina d’água, temperatura do fundo ) é
baseada pela capacidade que a mesma tem em suportar pesos compostos pela coluna de
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
19 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
perfuração e ainda deixar uma folga para uma eventual overpull (margem de segurança
que indica o quanto de tensão um operador pode utilizar para remover um tubo de
perfuração preso sem rompê-lo) caso se tenha problemas com o poço.
2.1.2 Sistema de movimentação de cargas
É o conjunto de equipamentos responsáveis por prover toda movimentação
vertical de equipamentos que irão ser descidos no poço. É composto por gancho,
guincho, catarina, bloco de coroamento e cabo de perfuração.
O guincho tem o controle do cabo de perfuração, que faz com que a catarina
suba ou desça, para a realização de movimentos de equipamentos no interior do poço,
além de controlar o peso sobre broca acionado pelos freios nela existentes, como
também da torque em chaves flutuantes para conexões ou desconexões e controlar
equipamentos leves como registradores de inclinação.
Figura 1: Guincho
Fonte: THOMAS et al, 2001
THOMAS et al (2001) define que o bloco de coroamento é o conjunto de polias
localizadas no topo do mastro ou torre, que são responsáveis por suportar o peso que o
cabo de perfuração está tracionando. A catarina também é um conjunto de polias, porém
são móveis, sustentadas por o cabo de perfuração que passam alternadamente entre o
bloco de coroamento e a catarina. Na parte inferior da catarina ainda possui um gancho
que ameniza as vibrações da carga, não deixando passar para a catarina.
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
20 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Figura 2: Bloco de coroamento
Fonte: THOMAS et al, 2001
Figura 3: Catarina e gancho
Disponível em: < http://www.worldoils.com>: Acesso em maio de 2015
2.1.3 Sistema de rotação
São os equipamentos que promovem a rotação da broca. Existem basicamente
três maneiras de promover rotação:
Através do conjunto mesa rotativa e bucha do kelly: Em sondas
convencionais utiliza-se a mesa rotativa e bucha do kelly. A mesa rotativa é o
equipamento responsável por girar toda a coluna de perfuração, aplicando
torque em uma coluna de formato quadrado ou hexagonal, conhecida como
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
21 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
bucha do kelly e essa por sua vez transmite para a coluna de perfuração.
(THOMAS et al 2001)
Figura 4: Mesa rotativa
Fonte: THOMAS et al (2001)
Figura 5: Kelly quadrado
Disponivel em: < http://portuguese.alibaba.com>: Acesso em maio de 2015
Por meio do top drive: Em sondas equipadas com Top drive, que é um motor
acoplado a catarina, que desliza sobre um trilho fixo e emite o torque na
parte superior a coluna de perfuração. Uma das vantagens de se usar o top
drive é que a perfuração pode ser realizada de três a três tubos, ao invés de
somente um (mesa rotativa e kelly) e em poços de alta profundidade pode
descer ou retirar coluna girando e circulando fluido simultaneamente, o que
evita e/ou soluciona problemas com o poço. (THOMAS et al, 2001, p.64).
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
22 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Figura 6: Top Drive
Disponível em: <http://www.bizearch.com> Acesso em maio de 2015
Através de motor de fundo: Uma das aplicações deste equipamento é em
poços de altas profundidades quando a rotação da coluna se torna critica, um
motor de fundo é acoplado acima da broca, à potência do fluido de perfuração
é o responsável pelo giro que o motor promove a broca. (Fundamentos de
perfuração, PETROBRAS, 2002, p.10). O motor de fundo também é utilizado
em inicio de uma fase do poço quando não se tem peso sobre broca suficiente e
em brocas que precisam de alta rotação.
Figura 7: Motor de fundo
Disponivel em: <http://www.tecnicodepetroleo.ufpr.br>: Acesso em maio de 2015
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
23 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
O Swivel é o equipamento responsável por direcionar o fluido de perfuração
bombeado dos tanques para o interior da coluna, também liga as partes rotativas das
fixas. A parte superior permanece estacionária enquanto que a inferior fica girando.
Figura 8: Swivel
Disponível em: <http://www.oilfield.com>: Acesso em maio de 2015
2.1.4 Sistema de circulação
É constituído por equipamentos responsáveis pela a produção do fluido de
perfuração até o devido tratamento. São eles: Tanques, bombas, swivel e sistema de
tratamento. Os fluidos são produzidos e armazenados em tanques e em seguida são
succionados por bombas alternativas para o interior da coluna até passar pelos jatos de
brocas, em seguido o fluido retorna pelo anular carreando os cascalhos gerados pela
perfuração, ao chegar na superfície esse fluido passará extratores de sólidos e ainda
podem ir a desgaseificadores para remoção do gás que pode ter ficado incorporado ao
fluido. O condicionamento do mesmo é dado pela a adição de produtos para que o
mesmo adquira características reológicas iniciais ou suficientes para seguir a
perfuração. (Fundamentos de perfuração, PETROBRAS, 2002)
2.1.5 Sistema de segurança de controle de poço
Durante a perfuração, pode ocorrer a produção indesejada de fluido da
formação, então esse sistema presente na sonda tem a finalidade de controlar o influxo
caso o mesmo eventualmente aconteça. É composto por um conjunto de válvulas para
fechamento do poço Blowout Preventer (BOP) / Equipamento do Sistema de Controle
de Poço (ESCP) / unidade acumuladora/ acionadora, painéis remotos de controle, linhas
de matar, choke e choke manifold.
Os preventores são acionados sempre que houver ocorrência de um kick,
fluxo indesejável do fluido contido numa formação para dentro do poço. Se
este fluxo não for controlado eficientemente poderá se transformar num
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
24 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
blowout, ou seja, poço fluindo totalmente sem controle, acidentes pessoais,
perda parcial ou total do reservatório, poluição e dano ao meio ambiente, etc.
(THOMAS et al, 2001,p. 67)
Segundo THOMAS et al. (2001) quando o influxo é identificado o BOP é
acionado, desta maneira fluido hidráulico contido em baterias armazenadoras sob
pressão (Unidades acumuladoras) são bombeados para acionar algum elemento do BOP,
esta é uma maneira de acionamento, porém o BOP também pode ser acionado pelos
painéis remotos de controle de forma pneumática, normalmente por questão de
segurança existem dois, um próximo a sonda e outro afastado da zona de risco.
Se acionado o BOP, o fluxo de lama é desviado das peneiras para a linha do
choke. Essa linha interliga o choke manifold (Conjunto de válvulas) ao poço e que por
sua vez tem a função de controlar fluxos e pressões do poço. A linha que possibilita a
injeção de fluidos pelo anular é chamada de linha de matar.
2.1.6 Sistema de monitoramento
São os equipamentos que permitem acompanhar e registrar parâmetros à
perfuração, tais como peso sobre broca, rotação, vazão e pressão de bombeio, drags
entre outros.
Figura 9: Painel do sondador (Sistema de monitoramento)
Disponível em: <http://www.petroleo.ufsc.br/palestras/2004_08_05.pdf>: Acesso em junho de 2015
Com o progresso da perfuração observou-se que um máximo de eficiência e
economia seria atingido quando houvesse uma perfeita combinação entre os vários
parâmetros da perfuração. Disto surgiu a necessidade do uso de equipamentos para o
registro e controle destes parâmetros. Eles podem ser classificados em indicadores, que
apenas indicam o valor do parâmetro em consideração, e registradores, que traçam
curvas dos valores medidos.
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
25 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
2.1.7 Sistema de geração e transmissão de energia
Tem a finalidade de gerar e distribuir energia para todos os equipamentos
constituintes da sonda. Geralmente são fornecidos por motores à diesel devido
usualmente se perfurar poços em áreas remotas sem distribuição de energia. Em
localidades que há uma grande produção de gás e este iria para o queimador, pode ser
usados para gerar energia para os equipamentos, porém esse seria um sistema a parte
não fazendo parte do sistema de geração e transmissão de energia da sonda.
2.2 Pressões geradas pelo fluido de perfuração
2.2.1 Fluido estático - Pressão hidrostática
É definido como a pressão devido a uma altura hidrostática de um fluido.
Depende diretamente da massa específica do fluido e da altura vertical. Pode ser
calculada pela expressão abaixo:
𝐏𝐇 = 𝝆𝒇 ∗ 𝐠 ∗ 𝐡
(1)
Onde :
PH = pressão hidrostática;
ρf = massa específica do fluido;
g = constante gravitacional;
h = altura vertical da coluna de fluido;
Na indústria do petróleo devido as unidades de campo e utilizar unidades
americanas, a equação (1) se resume a:
𝐏𝐇 = 𝟎,𝟏𝟕𝟎𝟒 ∗ 𝝆𝒇 ∗ 𝐏𝐕
(2)
Onde :
PH = pressão hidrostática em psi;
ρf = massa específica do fluido lb/gal;
PV = profundidade vertical do poço em m;
E o 0,1704 é a constante para conversão de unidades;
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26 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
2.2.2 Fluido dinâmico – Equivalent Circulating Density (ECD)
Quando o fluido de perfuração está circulando através da coluna de perfuração, a
pressão do fundo do poço será maior do que a pressão hidrostática da lama. A pressão
adicional é devido à pressão de atrito necessária para bombear o fluido da saída da
broca até retornar a superfície pelo anular, no caso da circulação direta. Esta pressão de
atrito deve ser adicionada à pressão hidrostática para obter uma representação
verdadeira da pressão que atua contra a formação no fundo do poço.
𝐄𝐂𝐃 = 𝝆𝒇 +𝐏𝐚𝐧
𝟎,𝟏𝟕𝟎𝟒 ∗ 𝐏𝐕
(3)
Onde:
ECD = Dado em lb/gal;
ρf = Massa específica do fluido de perfuração dada em lb/gal;
Pan = Queda de pressão no anular em psi devido a uma certa vazão de bombeio;
PV = Profundidade do poço em ft;
0,1704 é a constante de conversão de unidades;
A densidade de circulação equivalente do fluido deve ser monitorizada
continuamente para assegurar que a pressão na formação abaixo da sapata, devido ao
ECD do fluido e sistema, não exceda a pressão de absorção da formação.
2.3 Geopressões
A definição dada por ROCHA e AZEVEDO (2009) engloba no termo
geopressões todas as pressões e tensões existentes no subsolo, e todas aquelas que são
impostas às formações que podem, inclusive, levar à falha da rocha.
“Recentes estudos comparativos realizados pela Petrobras e por outras
operadoras identificaram que kicks, perdas de circulações e instabilidade de poços,
todos os problemas relacionados a geopressões, estão entre as principais causas de
tempos perdidos na perfuração[...]” (ROCHA e AZEVEDO, 2009).
Não há dúvidas da relevância do termo “Geopressões” para o tema deste
trabalho, já que muitos problemas operacionais que podem acarretar em influxos para o
interior do poço são decorridos devido a estimativas equivocadas ou do
desconhecimento das geopressões.
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27 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
As geopressões são estimadas de acordo com os estudos realizados para o
conhecimento das pressões de poros, fratura e colapso o que acarretará na janela
operacional (limites máximos e mínimos de peso de fluido de perfuração para cada
profundidade com a finalidade de não fraturar a formação ou deixá-la colapsar ou ainda
tomar um eventual influxo indesejado) e assentamento das colunas de revestimento.
2.3.1 Pressão de sobrecarga
É a pressão a uma determinada profundidade exercida pelo peso total das
camadas sobrejacentes incluindo os fluidos, também é conhecida por pressão de
Overburden. Devido ter atuação em uma matriz da rocha (plano) e ser exercida não
somente por fluidos (possui direção de atuação), o termo tensão é mais apropriado e
pode ser calculado com a equação seguinte:
𝛔𝐎𝐕 = 𝛒𝐛
𝐙
𝟎
∗ 𝐠 ∗ 𝐝𝐙
(4)
Onde :
σOV = pressão de sobrecarga;
Z = profundidade;
ρb = massa específica das formações;
g = constante gravitacional;
A
(4 com a integral discretizada e com unidades de campo torna-se:
𝛔𝐎𝐕 = 𝟏,𝟒𝟐𝟐 𝛒𝐰𝐙𝐰 + 𝛒𝐛𝚫𝐙
𝐧
𝟎
𝐩𝐬𝐢𝐚
(5)
Onde :
ρw = massa específica da água (geralmente adotada com o valor 1,03 g/cm3);
Zw = profundidade da lâmina d’água em metros;
ρb = massa específica das formações em g/cm3 (varia entre 1,90 a 2,50 g/cm3);
ΔZ = profundidade das formações em metros;
1,422 é a constante de conversão de unidades;
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28 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Ainda nas equações (4) e (5), possuem o termo do ar, conhecido como Air gap,
mas devido a massa específica do ar ser muito pequena, este termo foi considerado
como zero.
Figura 10: Esquema de estimativa da pressão de sobrecarga
Fonte: Adaptado (ROCHA e AZEVEDO, 2009)
As profundidades e a constante gravitacional não são problemas, mas as massas
específicas das rochas são as incógnitas da equação. Nota-se que o a rochas superficiais
onde as informações sobre elas são quase que inexistentes, mas por outro lado, é sabido
que essas rochas são mais porosas, devido se ter um menor efeito da compactação, desta
maneira geralmente usa-se um valor entre 1,50 a 1,95g/cm³. Os demais valores são
medidos de forma direta, por testemunhagem e/ou perfis de densidade ou ainda por
correlações.
2.3.2 Pressão de poros
De acordo com ROSA (2006) uma rocha é composta por partículas sólidas,
espaços vazios e fluidos preenchendo os espaços vazios. Normalmente esse fluido é
água, óleo ou gás ou ainda os três juntos de forma imiscível e a porcentagem de cada
fluido é conhecida como saturação.
A pressão de poros, também conhecida como pressão da formação ou pressão
estática, é a pressão exercida pelos fluidos que saturam os espaços porosos da rocha.
ROCHA e AZEVEDO (2009).
Uma das mais importantes funções do fluido de perfuração é exercer uma
pressão no poço superior a pressão dos fluidos contidos nos poros das
formações [...]. Se, por algum motivo a pressão no poço se tornar menor que
a pressão de uma formação e se esta possuir permeabilidade suficiente,
deverá haver fluxo do fluido da formação para o interior do poço. A esse
fluxo da-se o nome de kick [...].
(SANTOS, 2013, p.17)
Vale ressaltar da citação acima, que esse influxo é controlável, caso torne-se
incontrolável, tem-se a situação de blowout. Um blowout tem como definição o fluxo
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
29 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
descontrolado da formação para o poço e deste para a superfície, no caso de poços
terrestres. Caso o fluido chegue a superfície pelo interior do poço chama-se de blowout,
se for através de fraturas das rochas denomina-se crateramento e se o influxo for para
uma formação não revestida tem-se um underground blowout. (SANTOS, 2013).
Para um projeto de um poço de petróleo é de grande importância a determinação
da pressão de poros das formações, pois a massa específica mínima do fluido de
perfuração a ser utilizado deve ser estabelecida de modo a prover uma pressão interna
no interior do poço suficiente, para que não haja fluxo dos fluidos da rocha para dentro
do poço. Ela é também muito importante na análise de estabilidade, pois interfere no
cálculo da pressão efetiva.
Sua classificação é dividida em:
Anormalmente baixa (Pressão de poros < Pressão hidrostática);
Normal (Pressão de poros = Pressão hidrostática);
Anormalmente alta (Pressão hidrostática < Pressão de poros < 90% da
pressão sobrecarga);
Alta sobrepressão (Pressão de poros > 90% Pressão de sobrecarga);
O nível de referência para cálculo da pressão hidrostática é sempre em relação à
mesa rotativa.
2.3.3 Pressão de colapso
É a pressão que ocasiona a falha da rocha por cisalhamento, sob efeito de tensões
de compressão. Tanto pode ocorrer devido ao baixo peso de fluido (colapso inferior),
como também devido a um alto valor para fluido de perfuração (colapso superior).
ROCHA e AZEVEDO (2009).
Problemas de instabilidade de poço são facilmente notados, devido causar à
redução do diâmetro do poço e consequentemente altos drags e/ou aprisionamento de
coluna por acunhamento. Outro agravante é o desmoronamento da parede do poço o que
pode prender a coluna por incapacidade de limpeza do anular.
2.3.4 Pressão de fratura
É a pressão que ocasiona falha a rocha por tração. As falhas por tração ocorrem
quando a tensão se torna negativa, porém com maior em modo absoluto que a
resistência à tração da rocha. Assim como a pressão de colapso, é ocasionado pelo baixo
peso do fluido (fratura inferior) e por o alto peso (fratura superior). As conseqüências
podem ser desmoronamento de poço de poço, perda de circulação, etc. ROCHA e
AZEVEDO (2009).
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
30 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
2.3.5 Janela operacional
O conjunto de geopressões gera uma janela operacional para limitar o peso do
fluido de perfuração para cada profundidade. Esta janela operacional é bem importante,
pois é um dos critérios de assentamento das sapatas para manter a integridade do poço.
Figura 11: Janela operacional
Fonte: ROCHA e AZEVEDO (2009)
2.4 Controle de poço
Pode ser definido como uma série de procedimentos e passos executados com a
finalidade evitar o kicks e blowouts e consequentemente danos materias, de recursos
humanos e desastres ambientais, lembrando ainda que a imagem da empresa pode ser
prejudicada caso alguns desses danos supracitados aconteçam. AIRD (2009) divide
esses procedimentos em três tipos:
Controle primário: Deve-se ao fato da pressão hidrostática exercida pelo
fluido de perfuração seja superior a pressão de poros das zonas produtoras,
caso isso não aconteça, o kick ocorrerá e diz-se que o controle primário foi
perdido.
Controle secundário: No caso de já se ter perdido o controle primário, o
controle secundário deverá ser executado por um conjunto de equipamentos
com a finalidade de evitar o blowout.
Controle terciário: Algum método especial deve ser introduzido para que
mantenha-se o controle do poço, caso contrário, o poço entrará em blowout.
2.4.1 Causas de kicks
Como já explicado em tópicos anteriores, o kick é causado geralmente pelo
princípio da redução do nível da lama de perfuração ou do peso específico do fluido e
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31 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
que a formação tenha permeabilidade suficiente para produção. Vários são os motivos
causadores dessas reduções, abaixo são apresentados os principais causadores mostrado
por SANTOS (2013).
Falta de ataque ao poço
Pistoneio
Perda de circulação
Massa específica da lama de perfuração insuficiente
Corte de lama por gás
2.4.1.1 Falta de ataque ao poço
Pode definir a falta de ataque ao poço pela falha em manter o poço abastecido
durante a remoção da coluna de perfuração. Um exemplo são as manobras, a retirada da
coluna de perfuração removerá um volume de aço que causa rebaixamento do nível de
fluido do poço, diminuindo desta maneira a pressão hidrostática, o que poderá causar o
kick.
Para evitar o possível influxo, é feito um acompanhamento do volume do tanque
de manobra, caso o volume do tanque seja menor do que o previamente calculado, deve-
se desligar as bombas e interromper a manobra imediatamente para realizar um flow
check (checagem para ver se o poço está em fluxo) em caso de fluxo, fechar o poço
imediatamente. O volume de aço retirado é o mesmo do volume que deve ser
adicionado ao poço e pode ser calculado da seguinte forma:
VAço ret = Lret ∗ DEScol
(6)
Onde:
VAço ret é dado em bbl;
Lret é o comprimento da tubulação que foi retirada em m;
O termo DEScol é o deslocamento da coluna e é dado em bbl/m;
A queda de pressão pode ser calculada pela equação 7 abaixo:
∆P =0,1704 ∗ ρf ∗ VAço ret
Cpoço ou rev − DEScol
(7)
Onde:
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32 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
ΔP é a redução de pressão devido à retirada do volume de aço em psi;
ρf é o peso especifico do fluido de perfuração em lb/gal;
VAço ret é o volume de aço retirado do poço em bbl;
Crev ou poço é a capacidade do revestimento ou do poço em bbl/m;
2.4.1.2 Pistoneio
É o acontecimento de um efeito pistão no poço durante a retirada da coluna o
que ocasiona uma redução de pressão no fundo do poço, pode ser exprimido de duas
maneiras: SANTOS (2013).
Mecânico: Queda do nível de fluido devido a retirada mecânica do fluido
pela restrinção do espaço anular. A restrinção do espaço anular pode ser dada
pelo enceramento de broca, packer ou poço delgado. E seus principais
indícios são o retorno de fluido e um provável aumento do peso da coluna na
retirada.
Hidráulico: Redução de pressão devido a perda de carga induzida pelo
movimento do fluido que irá ocupar o espaço deixado pela broca na retirada
da coluna.
2.4.1.3 Perda de circulação
Segundo MITCHELL e MISKA (2011) é a perda de fluido que esta sendo
bombeado para o interior da formação, seja na perfuração, completação ou workover.
Pode ser de dois tipos: Parcial quando é notada somente a diminuição do retorno de
fluido para os tanques e total, quando o fluido se perde completamente na formação.
Este problema afeta diretamente a economia, visto que a reposição dos materiais,
serviços e tempo de sonda adicional são bastante representativos em um orçamento de
projeto de poço.
Outra questão importante é a segurança, caso a perda se dê em uma formação
profunda, as zonas mais rasas poderão entrar em kick, ou seja, a perda de fluido pode ser
ocasionada por uma alta massa específica que irá fraturar uma formação resultando na
diminuição da pressão hidrostática no interior do poço.
Levando para o lado ambiental, a invasão de pasta de cimento ou um fluido de
perfuração podem contaminar aqüíferos ou mesmo danificar reservatórios.
Os principais motivos para a ocorrência da perda são as zonas com altas
permeabilidades, que podem ser: Zonas permeáveis, fraturas naturais, formações
inconsolidadas, falhas ou mesmo pelo overbalance e o peso do fluido utilizado na
operação.
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33 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Quando a perda ocorrer, os procedimentos que devem ser tomados é saber o
intervalo da perda, o tipo de formação e a severidade.
Uma das possíveis soluções é aumentar o teor de sólidos da lama de perfuração
para formar parede de reboco no poço, porém controlar o peso do fluido para que não
exerça uma grande pressão nas paredes do poço e tentar manter taxa mínima de
bombeio, mas que assegure a limpeza do poço.
Figura 12: Perda de circulação
Fonte : MITCHELL & MISKA (2011)
2.4.1.4 Massa específica de lama de perfuração insuficiente
Este problema normalmente ocorre não por falha projeto do fluido, mas sim por
falta da informação, como por exemplo, de que o poço é High Pressure and High
Temperature (HPHT) o que faz com que o peso do fluido se torne insuficiente
particularmente em zonas com pressão de poros anormalmente alta. Essas zonas HPHT
são locais que possuem gradiente de pressão e temperatura maiores que os previstos de
acordo com a profundidade.
Outras situações que reduzem a peso da lama:
Sedimentação de barintina no poço e nos tanques de lama;
Remoção sem recomposição da barintina pelas centrífugas e mud cleaners;
Aumento da temperatura do fluido (poços HT);
Perfuração de áreas com injeção de fluido (recuperação secundária) sem as
devidas práticas recomendadas (fechamento de poços injetores antes da
perfuração);
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34 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
2.4.1.5 Corte de lama por gás
O fenômeno de corte de lama por gás, nada mais é que a redução do peso do
fluido (lama de perfuração juntamente com fluido da formação que contém quantidades
de gás) devido à redução da pressão quando trazido a superfície, causando a expansão
do gás e consequentemente redução da massa específica do fluido de perfuração.
A queda de pressão hidrostática no poço pode ser calculada pela equação 8, mas
embora a massa específica do fluido seja reduzida a valores significativos, esse efeito de
redução no poço não é o mesmo, pois a expansão do gás é muito maior quando o fluido
chega a superfície.
ΔP = 34,5 ∗ ρf
ρfc− 1 ∗ log
PH
14,7
(8)
Onde:
ΔP = Redução de pressão em um ponto avaliado, em psi;
ρf = Massa específica do fluido de perfuração, lb/gal;
ρfc = Massa específica do fluido cortado, lb/gal;
PH = Pressão hidrostática no poço, no ponto avaliado, dado em psia;
2.4.2 Detecção e indícios de kicks
SANTOS (2013) evidencia a importância da detecção rápida de um kick, pois o
pico de pressão gerada e o tempo gasto para controlar o poço dependerão diretamente
do volume do influxo. É válido salientar que para a detecção prévia de um kick, as
sondas devem ser dotadas de equipamentos avançados e equipes bem treinadas para
detectar previamente e fechar o poço o mais rápido possível.
Existem indicadores primários que podem alertam sobre kicks, os principais são:
Fluxo com bombas desligadas: No caso de não haver fluxo para dentro do
poço e o fluido está retornando, o poço deve imediatamente ser fechado,
porém a equipe deve fica atenta ao motivo do retorno de fluido, pois pode ser
devido a diferença hidrostática entre o interior da coluna e o anular, ou ainda
retorno de fluido que tinha invadido a formação.
Poço aceitando volume indevido durante manobras: O poço não aceita um
volume de fluido igual ao volume de aço retirado ou o poço devolve mais
volume de fluido do que o de aço que foi adicionado. Estes volumes são
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controlados via tanques de manobra e deve ser acompanhado por planilhas de
enchimento do poço
Aumento da vazão de retorno: O poço devolve mais fluido do que o que
deveria, para um caso de vazão de perfuração constante.
Aumento do volume dos tanques de lama: Este é um forte indicador
primário de kick, se os tanques de lama de perfuração estão com os níveis
maiores que o deveriam e se nenhum fluido de perfuração foi adicionado no
mesmo, isto indica um possível kick.
Os indicadores secundários são parâmetros de perfuração que dependem de
muitos fatores (são vários os motivos para alteração do parâmetro), por isso podem
gerar falsos alertas sobre kicks ou alertar que um kick esta para ocorrer, desta maneira é
recomendado realizar um flow check, que é desligar as bombas e avaliar se a fluxo de
fluido no poço, se ocorrer o fluxo o poço deve ser fechado rapidamente. São alguns
deles:
Taxa de perfuração;
Redução da pressão de bombeio;
Variação na leitura de gás de fundo, conexão e manobra;
Corte de gás e/ou óleo e alga salgada no fluido de perfuração ;
2.4.3 Pressões de fechamento (Shut-in Drill Pipe Pressure e Shut-
in Casing Pressure) e Pressão Reduzida de Circulação
SANTOS (2013) define Shut-in Drill Pipe Pressure como a pressão de
fechamento registrado no tubo bengala, é abreviada como SIDPP. Já a pressão de
fechamento registrada a montante do choke e é abreviada a como SICP.
A Pressão Reduzida de Circulação é a pressão registrada quando a bomba atinge
a velocidade de 30 ou 40 spm (conhecida como Velocidade Reduzida de Circulação –
VRC) para poços com BOP terrestres. O uso da VRC é devido:
Causar menor erosão dos equipamentos;
Gerar menores pressões de bombeio;
Possibilitar maior tempo para manipulação do choke;
2.4.4 Procedimentos de fechamento do poço
Após a detecção do kick há duas escolhas possíveis a se fazer: A primeira fechar
o poço imediatamente (mais recomendada) e a segunda realizar o flow check. A
realização do flow check exige um tempo adicional para a operação, podendo gerar um
aumento do volume do kick. Mas existem casos em que os indícios e a detecção de
influxo são muito difíceis, então recomenda-se realizar flow check para estas situações.
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
36 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Para poços HPHT, onde existe o risco de prisão de coluna, aconselha-se manter
girando a coluna de perfuração, pois o tempo da realização da checagem é no mínimo
de 15 minutos e vai até a confirmação ou não se está ocorrendo o influxo. Essa operação
de manter a coluna girando, além de minimizar os riscos de prisão por diferencial de
pressão como já mencionado anteriormente, ainda quebra o desenvolvimento da força
gel, o que poderia dá um falso valor para as pressões de fechamento na superfície.
(SANTOS, 2013)
O modo de fechamento do poço pode ser de duas maneiras: O fechamento lento
(Soft) e o fechamento rápido (Hard), a diferença entre os dois é que no primeiro tipo de
fechamento, o choke e o BOP são mantidos abertos nas operações normais de
perfuração e são fechados somente quando o kick é detectado, já no fechamento rápido
o choke já fica na posição fechada enquanto que o BOP é fechado somente após a
detecção do influxo, gerando um menor volume de kick menor.
Considerando o modo de fechamento rápido e para poços em terra, os
procedimentos para fechamento dependerá da operação em que se está realizando no
poço. São eles:
Perfurando ou circulando no poço
Manobrando tubos de perfuração
Manobrando comandos
Poço sem coluna
Descendo revestimento
Neste trabalho, o procedimento rápido para fechamento de poço terrestre na
operação de perfuração esta descrito abaixo.
Procedimento para fechamento de poço na perfuração
1. Parar mesa rotativa (se possuir top drive, elevar primeiro a coluna um tool joint
acima da mesa rotativa - MR).
2. Elevar o Kelly um tool joint acima da MR, sem deixar que um conector fique na
gaveta vazada.
3. Parar bomba de lama.
4. Abrir a HCR.
5. Fechar BOP anular.
6. Observar pressão máxima de permissível no manômetro do choke.
7. Ler as pressões estabilizadas de fechamento no tubo bengala e no choke, são
respectivamente a SIDPP e SICP.
8. Aplicar o método do sondador (será visto mais adiante).
2.4.5 Informações do kick
Após o fechamento do poço, ocorrerá à elevação das pressões no tubo bengala e
no choke e posteriormente as estabilizações, são chamadas respectivamente de SIDPP e
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
37 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
SICP. Normalmente a SICP possui valores superiores ao da SIDPP, pois o fluido
invasor irá para o anular. Se no interior da coluna não existir fluido invasor, a SIDPP é a
diferença entre a pressão da formação e a pressão hidrostática da coluna e esta pressão
independe do volume do kick, diferentemente da SICP que está diretamente ligada à
quantidade de fluido invasor no espaço anular.
O procedimento de determinação das pressões SIDPP e SICP é feito visualmente
traçando um gráfico através dos registros dos manômetros do tubo bengala e do choke a
cada minuto nos 15 primeiros minutos e em diante a cada 5 minutos, gerando o gráfico
da Figura 13: Gráfico de pressões estabilizadas.
O período de estabilização é o tempo em que as pressões no interior do poço se
iguala a pressão da formação, não há um tempo fixo, pois depende de vários fatores, tais
como permeabilidade da formação, porosidade, diferença de pressão. Este período de
estabilização corresponde ao tempo de fechamento.
Figura 13: Gráfico de pressões estabilizadas
Fonte: SANTOS, 2013
O trapeamento de pressões ocorre quando o poço é fechado antes das bombas
serem paradas totalmente ou o fato da migração do gás no interior do poço e das
movimentações da coluna, então o poço deve-se ser aliviado, drenando pequenos
volumes de fluido e fechando o choke até que a pressão no tubo bengala pare de cair,
após isso o registro das pressões são SIDPP e SICP.
Sobre o volume do kick, é importante atentar que quando a bomba é desligada
ocorrerá um retorno de fluido para os tanques, e esse volume deverá ser diminuído do
volume ganho nos tanques, pois o volume errado de kick será registrado, dificultando o
processo de controle de poço
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38 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
2.4.6 Métodos de controle de kicks
Quando existe gás no poço, o controle é bem mais difícil devido o
comportamento de expansão dos gases quando se reduz as pressões. O poço deve ser
fechado logo após a detecção do kick, mas não pode ser fechado indefinidamente, já que
o processo de expansão do gás aumentará as pressões a níveis em que o poço não
resistirá, sendo necessário abrir o poço e aliviar a pressão hidrostática (devido a
expulsão do fluido de perfuração causada pela expansão do gás), mas se o poço passar
muito tempo aberto, a hidrostática ficará bem menor que a pressão da formação,
podendo tomar outro kick e consequentemente perder o controle do poço.
Uma ponderação entre o tempo em que deixará o poço fechado e o tempo que o
poço ficará aberto deve ser feita, para que a migração do fluido invasor seja de forma
controlada, mantendo a pressão do fundo do poço constante na operação de expulsão do
fluido invasor.
O objetivo principal dos métodos é a expulsão do fluido invasor e retomar o
controle primário do poço, utilizando o princípio da pressão constante no fundo do
poço, sem causar danos aos equipamentos e a integridade do poço (fraturar sapata do
último revestimento descido) e também sem tomar kicks adicionais. SANTOS (2013).
Para a indústria petroleira, são usados basicamente três métodos de controle, o
método do sondador (será descrito detalhadamente, pois é o objeto de estudo deste
trabalho), do engenheiro e o método volumétrico estático. O método do sondador
consiste em duas etapas, primeiro circula-se todo fluido invasor com o fluido original
no poço e posteriormente troca-se o fluido de perfuração por uma lama de
amortecimento. Já o método do engenheiro realiza-se essas duas etapas de uma única
vez, enquanto se injeta o fluido de amortecimento, circula-se e elimina-se o kick. A
diferença básica entre o método volumétrico e os dois explicados anteriormente, é que
por alguma razão (coluna entupida ou coluna fora do poço), não se pode circular a lama
no poço, então faz-se vários processos de migração e expansão controlada do fluido
invasor para fora do poço drenando a pressão gerada do pelo fluido invasor e em
seguida substitui pelo fluido de amortecimento.
2.4.6.1 Método do sondador
Procedimento de expulsão do fluido invasor com a lama original, chamada de
primeira circulação: SANTOS (2013).
1. Manter a pressão do choke constante até a bomba atingir a VRC, após a isso a
leitura do bengala torna-se a PIC e a mantém constante até circular o volume
equivalente do anular com VRC, sempre observando as pressões máximas
permissíveis no choke.
2. Quando circular o equivalente do espaço anular, deve-se parar a bomba e
nesse momento as pressões do anular e do bengala devem ser iguais a SIDPP.
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
39 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Neste momento, já ocorreu o fim da primeira circulação, os passos seguintes são
adicionar ao poço a nova lama, chama de lama de matar.
3. Bombear a lama de matar pelo interior da coluna com pressão igual à SIDPP
até a lama chegar à broca, no inicio do bombeio a pressão é PIC e se reduzirá
até a pressão final de circulação (PFC) quando o fluido chegar a broca.
4. Circular a lama de matar com PFC até a lama de matar chegar a superfície.
5. Parar a bomba e fechar o choke, neste momento as pressões do choke e do
tubo bengala deverão ser zero.
6. Abrir o poço e verificar se há fluxo.
7. Se ocorrer o fluxo, realizar as operações anteriores novamente.
Na Figura 14, pode-se relatar algumas causas do comportamento das pressões no
choke, no tubo bengala e na sapata. Os eventos foram divididos em 16 partes e serão
explicados a seguir.
Figura 14: Evolução da pressão no método do sondador
Fonte: Adptado SANTOS (2013)
1. Quando a bomba é acionada, no tubo bengala a pressão parte de SIDPP e vai
crescendo (devido as perdas de cargas de PRC) até a PIC, quando a bomba
atinge a VRC, enquanto que no choke e na sapata as pressões são mantidas
constantes (ausência da perda de carga no anular).
2. Topo do gás atinge o topo dos Drill Collars - DC’s, o que aumentará a área
seccional e reduzirá o comprimento da altura do gás.
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
40 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
3. Base do gás atinge o topo dos DC’s, ocasionará a expansão controlada (até o
evento 6) do gás e terá um acréscimo de pressão no choke e na sapata,
enquanto que a pressão no bengala continuará constante até o término da
primeira circulação (evento 9).
4. Topo do gás chega a sapata, este é o momento de pressão máxima na sapata
do último revestimento, a partir deste instante a pressão na sapata começa a
decrescer em virtude da diminuição da altura de gás abaixo da sapata.
5. Base do gás ultrapassou o topo da sapata, neste instante a pressão máxima
permissível, passa a ser os valores observados no choke.
6. Topo do gás atinge a superfície, o que causará aumento da pressão
hidrostática, mas será compensado com abertura do choke que reduzirá
significativamente as pressões no choke.
7. Base do kick chega até a superfície, neste instante, a pressão no choke torna-
se o valor da SIDPP e fica constante. As demais pressões permanecem
constantes.
8. As bombas são paradas, o que gera uma queda de pressão no bengala devido
a diminuição das perdas de carga do sistema. Ao término as pressões no
bengala e choke deverão ser iguais a SIDPP, se não houver pressão trapeada
ou ou gás no poço.
9. Fim da primeira circulação e expulsão do fluido invasor. Note que a primeira
circulação, bombea-se a quantidade de strokes necessária para circular o
volume do anular.
10. Início da segunda circulação e a bomba começa a acelerar até atingir a VRC
e a pressão PIC, após este instante o poço começa a ser amortecido pelo
interior da coluna, o fluido de matar gera a redução da PIC até PFC (mantém-
se PFC até o final da circulação, evento 15). A pressão na sapata é constante
devido ser desconsiderado as perdas de carga no anular.
11. A lama de matar chega até a broca, neste instante o poço começa a ser
amortecido pelo anular e ocorrerá uma queda de pressão na sapata e no choke,
pois o mesmo é aberto de forma a compensar a circulação de uma lama mais
densa no espaço anular com o intuito de manter a pressão de fundo constante.
12. Lama de matar atinge o topo dos DC’s o que causará uma taxa de redução
menor na sapata e no choke, devido uma maior área seccional transversal.
13. Lama de matar atinge a sapata, neste instante a pressão na sapata torna-se
constante.
14. Lama chega na superfície, devido o choke está totalmente aberto a pressão vai
a zero.
15. As bombas são paradas, o que gera uma queda de pressão no bengala devido
a diminuição das perdas de carga do sistema. Ao término as pressões no
bengala e choke deverão ser iguais a zero.
16. Fim da segunda circulação.
As Figura 15 e Figura 16 mostram detalhadamente como os fluidos se deslocam
gerando as curvas de pressões da Figura 14. Ressaltando que o kick é de gás e que se
fosse de água os comportamentos das pressões seriam de outra maneira.
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
41 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Figura 15: Detalhamento do comportamento do kick e pressões 1
Fonte: Elaborado pelo autor
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42 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Figura 16: Detalhamento do comportamento do kick e pressões 2
Fonte: Elaborado pelo autor
2.4.6.2 Método do engenheiro
Este método pode substituir o método do sondador, a diferença é que terá apenas
uma única circulação e esta só começará após o adensamento do fluido de perfuração. A
pressão no choke não pode ser mantida constante, já que o gás no interior do anular
deverá se expandir, desta maneira, o choke deve ser regulado de forma a manter a
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
43 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
pressão no tubo bengala igual à PIC, quando a bomba atingir a VRC e cair até PFC
quando a nova lama atingir a broca.
O método do engenheiro exige menores valores de pressões na circulação (ver
Figura 17), pois antes do kick atingir a superfície a lama adensada atinge a broca. Outro
fator positivo ao método é ser mais rápido que o método do sondador, mas em
contrapartida possui maiores dificuldades operacionais.
Figura 17: Comparação entre as pressões geradas pelo método do sondador e do engenheiro, variando
também o volume do kick
A melhor maneira de controlar a pressão no tubo bengala é fazer uma tabela de
pressão em função do número de strokes bombeados, quando a pressão chegar em PFC
se manterá constante até o final da circulação
2.4.6.3 Método volumétrico estático
Como já citado anteriormente, o método é utilizado quando por alguma razão
não se pode circular o poço, dessa maneira a pressão no fundo do poço é mantida
constante e a um valor de pressão da formação acrescido de 100 psi para margem de
segurança.
O método consiste primeiramente em migrar o influxo em expansão de forma
controlada, com períodos de migração e períodos de drenagem. O segundo passo,
chamado de top kill, é a fase de injeção de fluido adensado no poço pela linha de matar,
ou kill line, já que não é possível circular pela coluna.
Na primeira parte do método, fecha o choke para que ocorra o aumento de 150
psi (100 psi da margem de segurança e 50 psi de margem operacional), logo em seguida
drena-se um volume de lama que reduza 50 psi (ver equação (9) tentando manter a
pressão no choke constante, após reduzir em 50 psi a pressão, fecha o choke novamente
e esperar ganhar 50 psi e isso é refeito até que o gás chegue a superfície.
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
44 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
V𝑙𝑚 = 294C
ρf
(9)
Onde:
ρf = Massa específica do fluido de perfuração, lb/gal;
C = Capacidade do poço, bbl/m;
É importante lembrar que a pressão no fundo do poço ficará variando a valores
entre 100 e 150 psi a mais que a pressão da formação e a pressão no choke sempre irá
aumentar e terá valores máximos quando o gás chegar à superfície (ver Figura 18 e Figura
19).
Figura 18: Pressão no choke na primeira fase
.
Fonte: SANTOS, 2013
Figura 19: Pressão no fundo do poço na primeira fase
Fonte: SANTOS, 2013
Trabalho de Conclusão de Curso-DPET/UFRN
45 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
O procedimento operacional do top kill é dado da seguinte forma: SANTOS
(2013).
1. Injetar um Vlm até que a pressão no choke aumente em 100 psi, registrar o
valor e calcular o ganho de pressão no fundo do poço, através da equação (10).
2.
ΔP = 0,1704 ∗ ρfm ∗Vlm
C
(10)
Onde:
ρfm = Massa específica do fluido de matar, lb/gal;
C = Capacidade do poço, bbl/m;
Vlm = Volume de lama nova que gere aumento de 100 psi no choke
A massa específica do fluido de matar pode se estimada pela equação (11.
𝜌fm =Pckmax ∗ C
0,1704 ∗ Vg
(11)
Onde:
Vg = É o volume de gás, em bbl;
Pckmax = É a máxima pressão no choke quando o gás chega na superfície, em psi;
3. Permitir a segregação do fluido adensado a uma taxa de três minutos por
barril.
4. Drenar o gás pelo choke até que a pressão no choke reduza para Pck – ΔP (ΔP
da equação (10)).
5. Repetir o ciclo a partir do passo 2, até que o poço esteja completamente
preenchido com a lama de perfuração adensada.
O comportamento das pressões no fundo do poço e no choke podem ser
observados nas (Figura 20 e Figura 21).
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46 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Figura 20: Pressão no choke na segunda fase
Fonte: SANTOS, 2013
Figura 21: Pressão no fundo do poço na segunda fase
Fonte: SANTOS, 2013
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47 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
___________________________________
CAPÍTULO III
Metodologia
___________________________________
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48 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
3.0 Metodologia
Neste tópico será apresentado os cálculos pertinentes a elaboração da planilha,
assim como alguns conceitos básicos e suportados pelo tópico dos aspectos teóricos.
3.1 Relevância das informações prévias
Após a detecção do kick, o poço deverá ser fechado imediatamente, para que o
volume do influxo indesejável seja o menor possível e o controle do poço seja retomado
mais “facilmente”.
As informações prévias da planilha devem sempre estar atualizadas,
independente da ocorrência de kick ou não. O motivo é simplesmente devido as
operações de circulação do kick e de amortecimento do poço dependerem das
informações das antes e durante o kick.
O tempo que levaria para ir atrás das informações prévias somente após a
ocorrência do kick poderia ser crucial para a perda total do controle do poço, e o que era
kick torna-se blowout.
3.2 Equações pertinentes ao controle do kick
Considerações:
O volume de kick é o mesmo volume ganho nos tanques;
A massa específica do kick,é estimada pela equação (12);
𝜌𝑘 = 𝜌𝑓 +SIDPP + SICP
0,1704 ∗ H𝑘
(12)
Onde:
ρk = Massa específica do kick (lb/gal);
ρf = Massa específica do fluido de perfuração (lb/gal);
Hk = Altura do kick (m);
SIDPP e SICP em psi;
a. Massa específica do fluido de matar é dada pela fórmula abaixo:
𝜌𝑓𝑚 = 𝜌𝑓 +SIDPP
0,1704 ∗ PV
(13)
Onde:
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ρfm = Massa específica da lama de matar (lb/gal);
ρf = Massa específica do fluido de perfuração (lb/gal);
PV = Profundidade vertical do poço (m);
SIDPP em psi;
b. Quantidade de barintina necessário para adensar o fluido até chegar o peso da
lama de matar.
WB = 1500 ∗ VLS +ρfm − ρf
35,8 − 𝜌𝑓𝑚
(14)
Onde:
ρfm = Massa específica da lama de matar (lb/gal);
ρf = Massa específica do fluido de perfuração (lb/gal);
WB = Peso de barintina necessária a adicionar ao sistema (lb);
VLS = Volume de lama no sistema (bbl);
3.2.1 Máximas pressões permissíveis no choke
A máxima pressão permissível no choke (Pmáx, EQ): É o menor valor obtido entre:
a. Pressão de teste do BOP (Pmáx, BOP).
b. Valor de 80% da resistência a pressão interna do revestimento (Pmáx, REV).
PMáx ,REV = 0,8 ∗ RPI
(15)
Onde RPI é a Resistência a Pressão Interna do último revestimento descido ao
poço, em psi;
c. Pressão de fratura da formação na profundidade do último revestimento
(Pmáx, frat).
PMáx ,Frat = 0,1704 ∗ ρ𝑓𝑟𝑎𝑡
− ρ𝑓 ∗ PV𝑆𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎
(16)
Onde:
ρfrat = Massa específica equivalente de fratura da formação frente ao último
revestimendo descido (lb/gal);
PVSapata = Profundidade Vertical da sapata (m);
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50 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
3.2.2 Cálculos das seções tubulares
Capacidades: A capacidade do anular e da coluna de perfuração é o volume do
anular ou coluna por unidade de comprimento, geralmente expresso na indústria do
petróleo em bbl/m. O cálculo é feito pela equação (17).
Ccoluna = 3,19 ∗ 10−3 ∗ (ID𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎2 )
(17)
Onde ID é diâmetro interno dos elementos da coluna de perfuração (DC’s, HW’s
e DP’s) expresso em in;
Para o cálculo da capacidade do anular, é necessário saber se o elemento de
coluna de perfuração está inserido no poço aberto ou revestimento.
Figura 22: Ilustração dos espaços anulares
Fonte: Elaborado pelo autor
CREV −coluna = 3,19 ∗ 10−3 ∗ IDREV2 − ODelemento de coluna
2
(18)
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51 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Cpoço −coluna = 3,19 ∗ 10−3 ∗ IDpo ço2 − ODelemento de coluna
2
(19)
Volumes: Os volumes da coluna e dos espaços anulares podem ser calculados
de acordo com a geometria do poço. O volume pode ser encontrado apenas
multiplicando as respectivas capacidades pelos respectivos comprimentos de cada
seção. O volume é dado em bbl.
V = C ∗ L
(20)
3.2.3 Dados das bombas
As bombas são equipamentos rotativos utilizados para converter energia
mecânica em energia hidráulica (vazão) em fluidos pressurizados, podendo aumentar
sua velocidade (energia cinética) com o objetivo de efetuar ou manter o deslocamento
de um líquido por escoamento. A ação mecânica cria um vácuo parcial na entrada da
bomba, permitindo que a pressão atmosférica force o fluido do tanque, através da linha
de sucção, a escoar. A bomba, por sua vez, passará o fluido para a abertura de saída,
forçando-o sob pressão através do sistema hidráulico. (O que é Bombas hidráulicas.
Disponível em: < http://www.cimm.com.br/portal/verbetes/exibir/625-bombas-
hidraulicas >. Acesso em junho de 2015).
Para o desenvolvimento da planilha de informações prévias é importante saber:
Eficiência volumétrica (η);
Deslocamento teórico fornecido pelo fabricante;
Deslocamento real (δMP);
δMP = η ∗ Deslocamento teórico
(21)
Volume real bombeado
VBombeado = 0,0102 ∗Cursos ∗ D2 ∗ η
100
(22)
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52 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
Onde:
VBombeado = É o volume real de fluido bombeado (gal/stroke);
D = É o diâmetro interno da camisa da bomba (in);
Número de ciclos
Nstrokes = 42 ∗Va ser bombeado
VBombeado
(23)
Onde:
Nstrokes = É o número de strokes necessário para se bombear uma certa
quantidade de fluido (strokes);
Va ser bombeado = É o volume de fluido necessário ser bombeado (gal/stroke);
42 = É a constante de conversão de gal/stroke para bbl/stroke;
Volume Total do Sistema (VS);
VS = Vtanques + Vpoço
(24)
Onde Vpoço é a soma do volume contido no interior da coluna de perfuração com
o fluido presente nos espaços anulares, caso o volume do sistema aumente, é um indício
que o poço esteja em kick.
3.2.4 Pressão Reduzida de Circulação – PRC
A definição de PRC já foi introduzida nos aspectos teóricos, mas a forma de
calcular não, assim tem-se que a PRC é:
PRC = ∆Psistema
(25)
O qual ΔPsistema são as perdas de carga do sistema quando a bomba atinge a
VRC. PRC é dada em psi, assim como as perdas de carga.
Quando deve-se medir:
i. Quando ocorrer troca de turno de operadores.
ii. Quando ocorrer troca de fluido.
iii. Quando houver mudança da composição da coluna de perfuração.
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3.2.5 Pressão Inicial de Circulação – PIC
É a pressão com que irá expulsar o fluido invasor do poço, como no método do
sondador a expulsão do kick é feita com o fluido original, a PIC deverá ser um valor que
seja no mínimo igual ao valor da pressão de poros frente a formação que está em kick.
Ressaltando que no interior da coluna temos apenas fluido de perfuração cujo o valor é
conhecido e no anular temos a mistura do fluido invasor (massa específica não
conhecida) e fluido de perfuração, por este motivo não pode-se estimar o valor da PIC
pelo anular, então tem-se que:
PIC = PRC + SIDPP
(26)
3.2.6 Pressão Final de Circulação – PFC
É a pressão a ser mantida no tubo bengala, durante a circulação do kick após a
lama de matar chegar a broca até chegar a superfície. Pode ser calculada pela equação
(27).
PFC = PRC ∗ρ
lm
ρf
(27)
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54 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
___________________________________
CAPÍTULO IV
Resultados
___________________________________
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4.0 Resultados
Desenvolvida a planilha de informações prévias e a planilha do método do
sondador, o passo seguinte é a validação da mesma através de um estudo de caso. Os
dados referentes ao caso estão nas Tabela 1, Tabela 2, Tabela 3,
Tabela 4 e Tabela 5 além da Figura 23 que resume todos os dados.
Tabela 1: Tabela contendo informações para identificação do poço
IDENTIFICAÇÃO DO POÇO Unidades
Nome do poço:
7-UF-10-RN
Sonda: DRILLING 7 Data: 10/06/2015 Profundidade do poço: 1050 metros TVD: 1050 metros Fase atual: 8 3/4 pol Pressão de teste E.S.C.P. 5000 Psi
Tabela 2: Informações referentes a coluna de perfuração
ELEMENTOS DA COLUNA DE PERFURAÇÃO
TIPO Comprimento da seção (m)
DP’s 1 4 1/2"; 16,6 lb/ft 500 DP’s 2: 4 1/2"; 20 lb/ft 340 HW’s 5 1/2"; 57 lb/ft 120 DC’s 1: 6 3/4"; 101,3 lb/ft 60 DC’s 2: 7 3/4"; 136,1 lb/ft 30
Tabela 3: Informações referentes ao último revestimento
REVESTIMENTO Unidades
Tipo: 9 5/8"; 47 lb/ft; P-110 PVsapata 500 m ρfrat 24,8 lb/gal ρf 9,8 lb/gal
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Tabela 4: Dados das bombas
DADOS DAS BOMBAS Unidades
Fabricante: B-850-PT Curso: 9 in Diâmetro do camisa: 6 1/4 in η 97 % VRC 30 SPM PRC 100 psi
Tabela 5: informações sobre o kick
INFORMAÇÕES SOBRE O KICK
Unidades
Volume do influxo: 15 bbl SICP registrada: 350 psi SIDPP registrada: 280 psi
Figura 23: Desenho esquemático dos dados do estudo de caso
Fonte: Elaborado pelo autor
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Após todos os dados serem inseridos na planilha elaborada, os resultados foram
os seguintes:
Figura 24: Identificação do poço
A Figura 24 mostra informações sobre a identificação do poço, é de extrema a
importância esta identificação, pois é com base no poço que serão armazenadas todos
dados relacionados a esquema mecânico, fluido e pressões.
Figura 25: Inserção dos dados do revestimento e flluidos
Na Figura 25 tem-se em amarelos os valores para diâmetro interno e RPI do
último revestimento descido no poço, nota-se que esses valores são automaticamente
preenchidos na planilha visto que a mesma possui uma base de dados para cada
revestimento, esses valores servirão para cálculo das máximas pressões permissíveis no
choke quando o gás estiver abaixo e após a sapata (ver Figura 26).
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Figura 26: Resultado da máxima pressão permissível no choke (gás abaixo da sapata)
Na Figura 27 tem-se a composição da coluna de perfuração, assim como na
seleção do revestimento, podemos selecionar os diâmetros dos DC’s, HW’s e DP’s. Os
valores dos diâmetros internos e externos preenchidos automaticamente com a base de
dados, servirão para os cálculos de capacidades e volumes. O espaço pra selecionar
“Rev” ou “Poço” é para identificar se o elemento de coluna está inserido dentro do
revestimento ou esta em poço aberto. A seta em azul mostra o sentido o poço vai
aprofundando. Os espaços em brancos servem para fazer combinações com vários
diâmetros de DP’s, HW’s e DC’s.
Figura 27: Composição da coluna de perfuração
Na Figura 28 tem-se o resultado do volume do poço por seções, devido por
devido o método do sondador necessitar saber a quantidade de fluido do espaço anular
para o término da primeira circulação e expulsão do kick, como também contabilizar o
volume de fluido que deve ser bombeado para PIC se tornar PFC e ter-se um melhor
controle das pressões no poço.
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Figura 28: Resultado do VTP e VS
As Figura 29 e Figura 30 mostram os dados da bomba do estudo de caso e o
resultado da quantidade de strokes bombeados para cada seção do poço. Com os dados
das bombas e volumetria do poço, pode-se calcular a quantidade de ciclos necessários
para expulsar o fluido invasor, calcular o volume de lama nova que deve ser bombeada
até a broca com PIC no tubo bengala e depois bombear o volume de fluido suficiente
para a lama de matar sair da broca e chegar até a superfície, mantendo a PFC.
Figura 29: Dados das bombas
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Figura 30: Resultado da quantidade de strokes para cada seção do poço
Com mais alguns cálculos realizados pode-se estimar valores de PIC, PFC e
lama de matar (ver Figura 31). O resultado final com os procedimentos para controle de
poço utilizando-se do método do sondador, pode ser visualizado na Figura 32.
Figura 31: Cálculos de PIC, PFC e lama de matar
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Figura 32: Resultados do procedimento do método do sondador
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CAPÍTULO V
Conclusões / Recomendações
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5.0 Conclusões / Recomendações
O trabalho apresentou o desenvolvimento de uma planilha na ferramenta Excel
para registro e atualização das informações prévias e caso um kick venha a ocorrer, os
procedimentos operacionais estão descritos detalhadamente na planilha, relacionado ao
método do sondador.
É notório que a planilha elaborada não é um simulador, a mesma realiza somente
cálculos de capacidades, volumes, quantidades de strokes para bombear certos volumes,
volume total de fluido no sistema, atualização de informações prévias e o detalhamento
do procedimento operacional do método do sondador.
Para um controle de poço eficaz, é necessário não somente bons equipamentos
de detecção de kicks, mas possuir também equipes dotadas de treinamentos para que
tomem as melhores ações o mais rápido possível, tentando prever o comportamento das
pressões, vazões e volumes gerados durante a execução de algum método de controle de
poço.
Em trabalhos futuros, fica a recomendação do desenvolvimento de um software
que consiga modelar os fluidos existentes no poço e assim calcular as perdas de cargas
mais próximas da situação principalmente quando os fluidos forem não-newtonianos,
levando em consideração a influência da temperatura no modelo reológico do fluido e
que consiga uma interface do programa amigável com o usuário.
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64 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
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CAPÍTULO VI
Bibliografia
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65 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
6.0 Bibliografia
AIRD, P. Drillind & Well Engineering: Introduction to Well Control, 2009.
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SANTOS, Otto Luiz Alcântara. Segurança de poço na perfuração. São Paulo:
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66 Tarcísio de Moura Fernandes Neto
SANTOS, Raphael Pádua: Implementação de um Modelo Numérico para a
Simulação da Circulação de um Kick de Gás pelo Método do Sondador – Rio de
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