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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
ERIVALDO TELES DOS SANTOS JÚNIOR
SOLO-CIMENTO NA ARQUITETURA
SANTOS/SP
2015
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ERIVALDO TELES DO SANTOS JÚNIOR
SOLO-CIMENTO NA ARQUITETURA
Materiais Artificiais e Naturais
Trabalho acadêmico de dependência à
disciplina de Materiais Artificiais e
Naturais da Universidade Paulista de
Santos.
Professora: Zildete Prado
SANTOS/SP
2015
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ____________________________________________________________ 4
1 SOLO-CIMENTO, SOLUÇÃO PARA A ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE _____ 5
1.1 CASA POPULAR FEITA COM TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO
1.2 MODOS DE UTILIZAÇÃO _______________________________________________ 6
1.3 APLICAÇÕES DO SOLO-CIMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL ______________ 7
1.4 COMPONENTES UTILIZADOS NO SOLO-CIMENTO_______________________ 8
1.5 TESTANDO O SOLO ___________________________________________________ 8
1.6 PREPARO DO SOLO CIMENTO _________________________________________ 9
2 FABRICAÇÃO DE TIJOLOS: LANÇAMENTO, COMPACTAÇÃO E CURA _____ 11
2.1 PRENSA MANUAL PARA TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO __________________ 11
2.2 USANDO OS TIJOLOS ________________________________________________ 12
CONCLUSÃO ___________________________________________________________ 13
REFERÊNCIAS _________________________________________________________ 14
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INTRODUÇÃO
O solo cimento é uma mistura composta por terra, cimento e água.
É utilizada na construção de casas populares. A terra ideal para a mistura deve ser
arenosa contendo entre 70% a 80% de areia.
Solo-cimento é o material obtido pela mistura de solo, cimento e água. O tijolo deste
material é feito pela prensa, manual ou automatizada, dessa mistura. Após a prensa ele passa
pela cura e secagem, não sendo necessária sua queima.
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1. SOLO-CIMENTO, SOLUÇÃO PARA ECONOMIA E
SUSTENTABILIDADE
O solo-cimento é um material alternativo de baixo custo, obtido pela mistura de solo,
água e um pouco de cimento. A massa compactada endurece com o tempo, em poucos dias
ganha consistência e durabilidade suficientes para diversas aplicações na construção civil,
indo de paredes e pisos até muros de arrimo.
O solo-cimento é uma evolução de técnicas de construção do
passado, como o adobe e a taipa. A vantagem é que os aglomerantes
naturais, de características variáveis e instáveis, foram substituídas
pelo cimento, produto industrializado e de qualidade controlada.
O solo-cimento está por aí há décadas, mas seu uso ainda é bem restrito. Com isto,
florestas inteiras são devastadas para produzir tijolos cerâmicos que, além de tudo, são mais
caros. Conheça as características do solo-cimento e procure utilizá-lo, a natureza agradece (e
seu bolso também).
Muito se tem falado em sustentabilidade, de suas premissas e também de sua
necessidade imediata. Aqui mesmo, no Fórum da Construção, uma das matérias mais lidas
fala sobre o tema. Mas pouco se fala nas soluções, além das óbvias reciclagens de água e
economia de energia, que deveriam ser preocupação de qualquer cidadão.
As autoridades só se preocupam com o barateamento da construção popular, para
produzir mais habitações com menos verba, e logo pensam em economizar nas paredes e
materiais de acabamento, mas parece que o solo-cimento vem sendo negligenciado, não
entendemos muito bem porquê.
1.1 CASA POPULAR FEITA COM TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO
Há duas grandes áreas onde o solo-cimento pode ser uma solução muito interessante.
A primeira está nos loteamentos populares, onde a própria comunidade pode produzir tijolos e
pisos com maquinário simples e a baixíssimo custo. Outra área, mais sofisticada e tão
importante quanto, são os condomínios onde a ecologia e a sustentabilidade ditam regras.
Nestes empreendimentos, o solo-cimento pode ser produzido igualmente no local, diminuindo
o custo da construção, agredindo muito menos o meio ambiente, usando mão-de-obra da
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região e, de quebra, produzindo habitações com um conforto térmico insuperável, ajudando a
diminuir a necessidade de ar condicionado e calefação, novamente, ajudando o meio-ambiente
e diminuindo a demanda por energia.
1.2 M
O D
O S
DE UTILIZAÇÃO
Na construção civil, o solo-cimento
pode ser usado de quatro maneiras diferentes: em tijolos ou blocos, nos pisos e contra pisos,
em paredes maciças e também ensacado.
Vejamos:
Tijolos ou blocos -- São produzidos manualmente ou em pequenas prensas,
dispensando a queima em fornos. Eles só precisam ser umedecidos para se tornar muito
resistentes e com excelente aspecto.
Paredes maciças – Técnica similar à taipa de pilão usada no período colonial. A a
massa é compactada diretamente na forma montada no próprio local da parede, em camadas
sucessivas, no sentido vertical, formando painéis inteiriços sem juntas horizontais.
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Pavimentos -- O solo-cimento também é compactado no local, com o auxílio de
formas, mas em uma única camada. No final, o piso fica constituído por placas maciças,
totalmente apoiadas no chão.
Ensacado – A mistura de solo-cimento, em formato de uma “farofa úmica”, é colocada
em sacos que funcionam como formas. Os sacos têm a boca costurada, depois são colocados
na posição de uso, onde são imediatamente compactados, um a um. O resultado é similar à
construção de muros de arrimo com matacões, isto é, como grandes blocos de pedra.
A tabela a seguir mostra os diversas tipos de obra que podem ser feitas com solo-
cimento:
1.3 APLICAÇÕES DO SOLO-CIMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
BENFEITORIA APLICAÇÃO
Edificações
Fundação. Baldrame, sapata corrida ou parede maciça
apoiada diretamente sobre o solo.
Alvenaria, com tijolos e blocos ou então em paredes maciças.
Piso e contra-piso, pavimentação.
PaisagismoPiso e contra-piso de passeios e calçadas;
Pátios e terreiros.
Pavimentação Base e sub-base de ruas e estradas.
Contenção de
encostasMuro de arrimo com solo-cimento ensacado.
Contenção de
córregos
Revestimento dos taludes e canais com solo-cimento
ensacado ou em parede maciça.
Pequenas barragens Dique com solo-cimento ensacado.
Cabeceiras de
pontes, pontilhões,
bocas de galerias
Muro de arrimo com solo-cimento ensacado.
1.4 COMPONENTES UTILIZADOS NO SOLO-CIMENTO
Conforme já dissemos, o solo-cimento nada mais é do que uma mistura de cimento,
água e solo. Mas não é qualquer solo, o ideal é usar areia argilosa, onde a maior é areia e a
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menor é de argila. A areia pura não contém argila, assim não é adequada para o solo-cimento,
na verdade, estaríamos produzindo blocos de concreto ao invés de tijolos de solo-cimento.
O solo argiloso, que contém mais argila do que areia, também não é adequado pois
requer uma quantidade maior de cimento, sendo difícil de misturar e compactar. Mas este tipo
de solo pode ser corrigido, basta adicionar areia. Claro que há limites econômicos e técnicos
para isso, por isto é melhor fazer alguns testes e colocar na ponta do lápis até que ponto é
interessante corrigir um solo inadequado ou partir logo para blocos de concreto ou cerâmicos
tradicionais.
O solo para a mistura deve estar limpo, sem galhos, folhas, raízes ou material
orgânico. Aliás, solos com muito material não servem para a produção de solo-cimento.
1.5 TESTANDO O SOLO
Antes de iniciar a produção é preciso saber se o solo é adequado ao solo-cimento,
técnica e economicamente falando. Para saber, existe um teste bem simples, apelidado de
“teste da caixa”, que consiste em fazer um corpo de prova da seguinte maneira:
1 -- Retira-se uma amostra de aproximadamente 4kg do solo que está em avaliação.
Não usar a camada superficial, que sempre contém matéria orgânica. A amostra de solo deve
ficar secando até que possa passar por peneira com malha entre 4 a 6mm;
2 -- Misturar água aos poucos, até que a mistura, ao ser pressionada com uma colher
de pedreiro, comece a grudar na lâmina;
3 -- Colocar o solo já umedecido em uma caixa de madeira com as dimensões internas
de 60 x 3,5 x 8,5 cm, conforme figura ao lado. A parte interna da caixa deve ser untada com
óleo ou desformante comercial.;
4 -- Encher totalmente a forma, pressionando e alisando a superfície com a colher de
pedreiro, certificando-se de não criar nenhum espaço vazio no interior da massa;
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5 -- Deixar a caixa em ambiente fechado, protegida do sol e da chuva durante 7 dias,
molhando-a todos os dias. Depois disto, medir a retração ocorrida no sentido do comprimento
da caixa e também nos dois lados da mesma. Some as três medidas. Se o valor ficar abaixo de
2 cm e se não aparecerem trincas no corpo de prova então o solo é adequado e pode ser usado.
Certamente, o ideal é usar solo retirado do próprio local da obra. Caso ele não passe no
teste da caixa será preciso procurar solo mais adequado em outro local. Aliás, o local de
retirada do solo é denominado “jazida”. Por questões econômicas, a jazida deve ficar o mais
próximo possível da obra, já que o custo do transporte pode inviabilizar economicamente o
projeto.
Assim, pode-se estudar várias misturas, com diferentes quantidades de cimento, e água
e de adição de areia até conseguir um traço que atenda aos requisitos do teste da caixa de
maneira a utilizar o solo do próprio local ou próximo a ele.
1.6 PREPARO DO SOLO-CIMENTO
O traço da massa, ou seja, a dosagem dos componentes, deve ser estudada com
cuidado fazendo quantos corpos de prova forem necessários. Em geral, nas obras de pequeno
porte usa-se o traço padrão de 1 para 12, ou seja, uma parte de cimento para cada 12 partes de
solo adequado, aquela mistura que aprovamos no teste da caixa.
Em obras de maior porte o solo-cimento pode ser produzido em usinas ou centrais de
mistura, com prensas manuais ou hidráulicas. Em obras de pequeno porte, a mistura é feita
manualmente pois a mistura em betoneira é difícil pois o material tem muita liga.
Antes de fazer a mistura é preciso passar o solo por uma peneira de malha entre 4 a 6
mm para retirar pedras e outras impurezas. Depois, esparramar o solo sobre uma superfície
lisa e impermeável, numa camada com 20cm a 30cm de altura. Espalhar cimento sobre o solo
peneirado e revolver bem, até a mistura ficar com coloração uniforme. Novamente, espalhar a
mistura numa camada com 20cm a 30cm de altura e adicionar água, aos poucos, de
preferência com um regador com crivo, misturando tudo novamente.
Os componentes devem ser misturados até que a massa fique parecendo uma farofa
úmida de coloração uniforme, próxima à cor do solo utilizado mas levemente escurecida
devido à presença da água.
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Entretanto, atenção: é muito importante que a quantidade de água da mistura seja
dosada com atenção. Muita água faz com que o material perca resistência e tenda a trincar.
Com pouca água a compactação fica difícil e o solo-cimento ficará com menos resistência.
Mas como saber se a proporção está certa? Bem, existem alguns pequenos testes práticos:
Encha bem a mão com a mistura e aperte com força. Logo em seguida abra a mão e o
bolo formado deve apresentar perfeitamente a marca dos dedos. Se isto não acontecer, a
mistura está com pouca água.
A seguir, levante o bolo até uma altura de 1 m e deixe cair. No impacto o bolo deve se
desmanchar, caso contrário é porque a mistura está com muita água. Nesse caso, esparrame e
revolva bastante a mistura, para que o excesso de água evapore, ou então adicione mais solo e
cimento. Repita o teste, até estar certo de que a quantidade de água está adequada.
A mistura do solo-cimento começa a endurecer rápido, devendo ser usada em no
máximo duas horas após o preparo. Por isto, deve-se evitar preparar mais solo-cimento do que
for ser utilizado nesse intervalo de tempo.
2 FABRICAÇÃO DE TIJOLOS: LANÇAMENTO, COMPACTAÇÃO E CURA
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Numa condição mais rudimentar, os tijolos podem ser feitos em pequenas formas de
madeira com adensamento manual. Para agilizar o processo, a produção de pequenos volumes
de tijolos pode ser feita com uma prensa manual, leve e de baixo custo. Cada prensa pode
facilmente produzir 1500 tijolos por dia. O procedimento é simples:
2.1 PRENSA MANUAL PARA PRODUÇÃO DE TIJOLOS DE SOLO-
CIMENTO
1 -- Abrir a tampa da forma da prensa e preenchê-la com a mistura de solo-cimento
previamente preparada;
2 -- Nivelar a mistura, retirando o excesso, e depois fechar a tampa da forma da
prensa;
3 -- Acionar a prensa para compactar a mistura;
4 -- Acionar a alavanca da prensa para retirar os tijolos da forma.
Após esta desforma, retirar cuidadosamente os tijolos da prensa. Eles devem ser
empilhados em local protegido do sol e do vento, tomando o cuidado de fazer pilhas com no
máximo 1,5m de altura. Feita a produção, é preciso cuidar da cura do cimento.
A cura é feita nos tijolos recém produzidos, no local onde devem ficar armazenados,
sem movimentação, pelos tempo em que dura o processo. Molhar os tijolos ao menos 3 vezes
ao dia, durante os 7 primeiros dias. Após essa fase os tijolos estarão prontos para serem
armazenados ou outro local ou usados imediatamente.
As
prensas manuais não produzem blocos de solo-cimento, apenas tijolos. Mas as prensas
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hidráulicas podem fabricar tanto tijolos quanto blocos de solo-cimento, com grande volume
de produção, mas o preço do equipamento é elevado e só se justifica em obras de grande
porte.
2.2 USANDO OS TIJOLOS
Depois de fabricados e curados, os tijolos de solo-cimento podem ser usados
normalmente, como se fossem tijolos comuns. A instalações hidráulicas e elétricas também
são executadas do mesmo modo que nas construções convencionais.
Não há necessidade de revestir as paredes feitas com solo-cimento, mas convém fazer
uma pintura de impermeabilização à base de latex, esmalte ou técnica similar, para aumentar
sua durabilidade, novamente, da mesma forma que se faz com alvenaria de tijolos comuns.
CONCLUSÃO
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A técnica do solo-cimento é muito interessante e tem inúmeras aplicações. Mostramos
aqui apenas o básico para você conhecer alguma coisa dos procedimentos, mas consideramos
de grande importância pesquisar o assunto e pensar, além das vantagens econômicas, também
no lado social e da não-agressão ao meio-ambiente, ou seja, na sustentabilidade de seu
empreendimento ou ação social.
REFERÊNCIA
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Solo_cimento
http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=23&Cod=124
http://tellus.arq.br/blog/casa-sustentavel-tijolo-solo-cimento
http://www.bioarquiteto.com.br/arquitetura/projetos/residencia-pedro-
bonequini/
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