Trab. Escrito de Sementes Florestais Pronto

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NORTE DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA DISCIPLINA DE SILVICULTURA GERAL SEMENTES FLORESTAIS: BENEFICIAMENTO, ARMAZENAMENTO E ANÁLISE Gracieli Manfrin da Silva Marlo Adriano Bison Pinto Lucas Henrique Ciotti Tiago Hammel Pias Pedro Ruwer Luis Paulo Schmitt Edvar M. Junior Carlos Rodrigo Bigolin

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NORTE DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA

DISCIPLINA DE SILVICULTURA GERAL

SEMENTES FLORESTAIS: BENEFICIAMENTO, ARMAZENAMENTO E ANÁLISE

Gracieli Manfrin da Silva

Marlo Adriano Bison Pinto

Lucas Henrique Ciotti

Tiago Hammel Pias

Pedro Ruwer

Luis Paulo Schmitt

Edvar M. Junior

Carlos Rodrigo Bigolin

Frederico Westphalen, RS, Brasil

2011

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SEMENTES FLORESTAIS: BENEFICIAMENTO, ARMAZENAMENTO E ANÁLISE

por

Gracieli Manfrin da Silva

Marlo Adriano Bison Pinto

Lucas Henrique Ciotti

Tiago Hammel Pias

Pedro Ruwer

Luis Paulo Schmitt

Edvar M. Junior

Carlos Rodrigo Bigolin

Trabalho apresentado à disciplina de Silvicultura Geral, curso de Agronomia da Universidade

Federal de Santa Maria, campus de Frederico Westphalen – RS, como requisito parcial para

obtenção de nota.

Orientadores: Prof. Oscar Augustín Torres Figueredo,

Prof. Luciano Denardi

Frederico Westphalen, RS, Brasil

2011

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..........................................................................................................................4

1. BENEFICIAMENTO DE SEMENTES: EXTRAÇÃO E LIMPEZA................................4

1.1. EXTRAÇÃO DE SEMENTES....................................................................................4

1.1.1. FRUTOS SECOS DEISCENTES.........................................................................5

1.1.2. FRUTOS SECOS INDEISCENTES.....................................................................5

1.1.3. FRUTOS CARNOSOS.........................................................................................5

1.2. EXTRAÇÃO DE SEMENTES DE PINUS.................................................................6

1.3. EXTRAÇÃO DE SEMENTES DE EUCALYPTUS....................................................7

1.4. EXTRAÇÃO DE SEMENTES DE ACÁCIA.............................................................7

1.5. BENEFICIAMENTO DAS SEMENTES....................................................................7

2. ARMAZENAMENTO DE SEMENTES FLORESTAIS....................................................8

2.1. LONGEVIDADE E DETERIORAÇÃO DE SEMENTES.........................................9

2.2. CONDIÇÕES PARA O ARMAZENAMENTO........................................................11

2.3. EMBALAGENS PARA ARMAZENAMENTO.......................................................14

2.4. TRATAMENTOS PARA O ARMAZENAMENTO.................................................14

3. ANÁLISE DE SEMENTES FLORESTAIS.....................................................................15

3.1. AMOSTRAGEM.......................................................................................................16

3.1.1. DENOMINAÇÃO DAS AMOSTRAS...............................................................16

3.2. PROCEDIMENTOS E CUIDADOS NA AMOSTRAGEM.....................................17

3.2.1. PESO MÍNIMO DAS AMOSTRAS..................................................................18

3.3. TESTES......................................................................................................................18

3.3.1. ANÁLISE DE PUREZA.....................................................................................18

3.3.2. DETERMINAÇÃO DA UMIDADE..................................................................19

3.3.3. ANÁLISE DE GERMINAÇÃO.........................................................................20

3.3.4. DETERMINAÇÃO DO VIGOR........................................................................21

3.4. MÉTODOS INDIRETOS PARA A DETERMINAÇÃO DA VIABILIDADE........22

3.4.1. TESTES DE RESISTÊNCIA.............................................................................22

REFERÊNCIAS........................................................................................................................23

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INTRODUÇÃO

Dada a importância das espécies florestais para o equilíbrio e mantença dos

ecossistemas se justifica os estudos realizados em relação a propagação dessas plantas, sendo

que há uma crescente demanda por plantios florestais, para fins de recuperação de áreas

degradadas, reconstituição de matas ciliares, reposição da reserva legal e também para

produção de madeira para usos variados.

Desse modo se observa a necessidade de informações quanto a processos que vão

desde a coleta até a semeadura de sementes florestais, considerando que a propagação via

sementes é essencial para a manutenção e formação de florestas naturais e comerciais.

Assim os processos de beneficiamento, armazenagem e análise de sementes assumem

grande importância, sendo que cada espécie apresenta suas peculiaridades e necessitam de

tratamentos e condições específicas para que sua viabilidade seja mantida. De encontro a essa

pendência o presente trabalho objetiva apresentar informações e especificações quanto a esses

processos aplicados a espécies populares.

1. BENEFICIAMENTO DE SEMENTES: EXTRAÇÃO E LIMPEZA

Sementes de qualidade e com caracteres apropriados para a comercialização são

resultantes da adequada realização de determinados processos, os quais vão desde a colheita

das mesmas até o seu beneficiamento, observando que para cada espécie há uma forma

particular de ser realizada cada etapa deste processo.

1.1. EXTRAÇÃO DE SEMENTES

Esta etapa varia em função da natureza do fruto, ou seja, quanto à sua deiscência e do

tipo do fruto (fruto seco, pequeno, grande, etc.).

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1.1.1. FRUTOS SECOS DEISCENTES

Este tipo de fruto necessita de determinados cuidados quanto à época de sua colheita,

devido à deiscência dos mesmos. Estes deverão ser colhidos de forma que sua maturação se

complete após sua colheita, sendo colhidos e posteriormente colocados sobre uma lona ou

plástico onde que, quando maduros, ocorra a liberação das sementes de forma natural e em

condições onde as sementes possam ser recolhidas com relativa facilidade.

Como exemplos deste tipo de espécie se pode citar: Tabebuia spp. (Ipê), Luhea

divaricata (Açoita-cavalo), Caesalpinia echinata (Pau-brasil) e Piptadenia spp. (Angicos).

(AGUIAR et al., 1993).

1.1.2. FRUTOS SECOS INDEISCENTES

Para frutos secos indeiscentes, a extração das sementes deve ser de forma manual,

utilizando-se de ferramentas como tesouras, facões e marte, cuidando para não danificar as

sementes durante o corte de seus frutos.

Como exemplos deste tipo de fruto se pode citar: Peltophorum dubium (canafístula)

e a Tipuana tipu (tipuana).

1.1.3. FRUTOS CARNOSOS

Este tipo de fruto deve sofrer despolpamento, o que evitará a fermentação e a

decomposição de sua polpa e, assim, por consequência danos às sementes.

Para isso, segundo Aguiar et al, (1993) os frutos deverão ser deixados de molho em

água (sendo o tempo variável entre espécie), com o objetivo de amolecer sua polpa. Após,

dependendo da constituição de sua polpa, deverão ser amassados, sobre uma peneira e lavados

em água corrente, afim de que sua polpa seja desprendida do contorno das sementes, sendo

posteriormente depositados em um recipiente com água (tanque ou caixa de fibra), onde como

última etapa, as sementes serão separadas dos frutos por flutuação (sementes boas afundam,

sementes ruins e restos de polpa flutuam). As sementes boas deverão ser postas para secar,

preferencialmente, em temperatura natural, sobre lonas e ao ar livre.

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Outra forma que também pode ser utilizada é, segundo Machado, (1998), colocar os

frutos em uma câmara fecha, induzindo a fermentação anaeróbica e conseqüente

afrouxamento do pericarpo, dessa forma, não necessitando mais a permanência dor frutos em

molho d’água. Durante a realização desta segunda prática, deverá ser tomado o cuidado para

que durante a fermentação a temperatura não se eleve significativamente, a ponto de

inviabilizar as sementes.

1.2. EXTRAÇÃO DE SEMENTES DE PINUS

Para espécies do gênero pinus, os cones podem ser escolhidos já em estádio de

maturação bastante evoluído, devido à maioria dos pinheiros exóticos cultivados apresentarem

frutificação regular.

Quando colhidos, os cones de Pinus spp. possuem teor de umidade elevado, se

expostos imediatamente a uma fonte de calor, poderão secar apenas na sua superfície,

enquanto que a parte central permanecerá úmido, nesse caso os cones não se abrirão

satisfatoriamente (Carneiro, 1982). Para evitar que isto aconteça, realiza-se uma pré-secagem

à sombra, até que ocorra a completa maturação (a duração deste processo variará de acordo

com a condição de umidade do cone e das condições do ambiente onde é realizado o

processo). Esta pré-secagem deverá, portanto, ser realizada em local onde ocorra boa

circulação de ar (galpões, varandas, etc.) e durará o tempo necessário para que as sementes

sejam liberadas, gradualmente, à medida que os cones se abram. Para acelerar essa operação,

os cones devem ser revolvidos diariamente, sendo feita a retirada dos cones abertos. Como a

liberação das sementes não é totalmente espontânea, é necessário que haja a agitação dos

cones para a liberação das sementes que ainda permanecem presas. Esta agitação pode ser

realizada de várias formas, entre as quais colocando-se os cones em uma bolsa plástica e,

posteriormente, batendo sobre esta com um pedaço de madeira.

Como as sementes de Pinus spp. são aladas, o maior inconveniente para a semeadura

são as suas asas, devendo ser desaladas antes da semeadura. Este processo pode ser mecânico,

onde as sementes entram em uma unidade onde há um cilindro com escovas, que gira,

comprimindo levemente as sementes contra uma parede cilíndrica de borracha, as sementes

então entram num compartimento de aspiração, onde o ar separa as asas das sementes ou,

manual, onde as sementes são esfregadas com as mãos contra o fundo de uma peneira,

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fazendo com que as asas destas sejam removidas. Neste ultimo processo, a remoção das asas

de junto das sementes é feita com o auxilio do vendo.

1.3. EXTRAÇÃO DE SEMENTES DE EUCALYPTUS

Seus frutos são colhidos num determinado estádio de maturação, onde que

colocados em lonas ou bandejas expostas ao sol, devido à presença de fendas radiais na parte

superior (valvas), durante a secagem abrem-se e liberam as sementes que estão no interior das

cápsulas. Após a liberação, são retirados os frutos e as sementes são colocadas para secagem

ao sol ou estufa. No Brasil, segundo Cavalcanti e Gurgel, (1973), são necessárias, em média,

de 24 a 36 horas de secagem em estufa à temperatura de 45°C, para as espécies aqui

cultivadas.

1.4. EXTRAÇÃO DE SEMENTES DE ACÁCIA

A maior parte da coleta de sementes desta espécie é realizada em formigueiros, uma

vez que as formigas após retirarem parte do arilo (Surge do funículo (pedúnculo do óvulo) e

envolve o óvulo parcial ou totalmente, após a fecundação.) da semente de acácia depositam

estas no solo, podendo armazenar até 3kg por formigueiro (Embrapa Florestas, 2003). Oura

forma de coleta é na arvora ou no chão, podendo logo após coletadas, serem acondicionadas

em recipientes, onde permanecerão refrigeradas ou a temperatura ambiente, sob a ausência de

luz e umidade, até a sua semeadura.

1.5. BENEFICIAMENTO DAS SEMENTES

Depois de colhidas, as sementes contêm materiais indesejáveis (como restos de

frutos, galhos, sementes chochas e de outras espécies, etc.), os quais devem ser removidos do

conjunto para facilitar a secagem, o armazenamento e a semeadura. Para isto, deve ser feita

uma limpeza e classificação das sementes, o que aumenta a qualidade do lote de sementes,

devido à homogeneização no tamanho, peso e forma das sementes, além de aumentar

longevidade do lote e o seu valor de comercialização.

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Esta limpeza pode ser realizada mecânica ou manualmente, onde dentre os processos

envolvidos estão: pré-limpeza, onde são removidos os materiais maiores e menores que as

sementes do lote e limpeza propriamente dita, a qual é o processo mais preciso de separação,

que compreende a separação das asas das sementes (pinus spp.). Este processo deve ser

realizado, uma vez que sementes aladas tendem a emergir para a superfície do solo, podendo

posteriormente serem transportadas pelo vento.

Os princípios do beneficiamento das sementes são: remoção do material indesejável,

evitar perder sementes (principalmente sementes boas), remoção de sementes de má qualidade

e eficiência de trabalho.

2. ARMAZENAMENTO DE SEMENTES FLORESTAIS

Na maioria das vezes as sementes quando coletadas não são prontamente utilizadas, o

que faz com que seja necessário o emprego de técnicas de armazenagem para uma futura

utilização, com o mínimo de perdas de viabilidade. Considerando que as espécies nativas

apresentam ciclicidade de produção de sementes, ou seja, um ano de alta produção seguido de

um ou dois de produção baixa, o armazenamento apropriado de cada espécie se torna uma

ferramenta de grande importância para se garantir a manutenção da espécie.

Dessa forma, o armazenamento de sementes visa garantir a integridade física,

fisiológica e sanitária das mesmas, de modo a conservá-las para obtenção de um dossel de

plantas sadias após a germinação. Sabe-se que as sementes apresentam mecanismos que

impedem sua germinação em condições desfavoráveis de ambiente, baseando-se nesse

princípio é que surgem as técnicas de armazenamento e conservação de sementes florestais,

na tentativa de imitar as condições favoráveis e desfavoráveis da natureza para o

desenvolvimento do embrião.

As sementes de diversas espécies podem ser armazenadas por longos períodos sem

nenhum problema, já outras necessitam de tratamentos e condições de armazenagem

específicas, tentando reproduzir as peculiaridades do seu local de origem, sendo este o que

apresenta as condições ótimas para a conservação e perpetuação da espécie.

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Desse modo observa-se a necessidade de conhecer os fatores que afetam a manutenção

da viabilidade das sementes florestais pelo maior período de tempo possível e os métodos

adequados de armazenamento de cada espécie.

2.1. LONGEVIDADE E DETERIORAÇÃO DE SEMENTES

O período entre a coleta e a semeadura das sementes, em que as mesmas permanecem

viáveis, varia de espécie para espécie, sendo de forte dependência das condições ambientais.

Desse modo, segundo Hoppe (2004), espécies que estão a mais tempo estabelecidas no

local (pioneiras) conservam sua viabilidade com teores de umidade de 8 a 12 %,

possibilitando seu armazenamento em condições de baixa temperatura e baixa umidade do ar,

sendo pouco suscetível a deterioração por agentes bióticos e pelo consumo de suas reservas.

Já as espécies chamadas clímax, conservam sua viabilidade em umidades de 30 a 40 %, por

curtos períodos de tempo, o que dificulta o seu armazenamento sendo que as sementes dessas

espécies devem ser semeadas logo após sua colheita e beneficiamento.

Quanto a sua viabilidade em condições naturais, as sementes foram classificadas por

Ewart (1908) em três categorias:

Microbióticas – viabilidade < 3 anos (maioria das recalcitrantes);

Mesobióticas – viabilidade entre 3 e 15 anos;

Macrobióticas – período de vida superior a 15 anos.

Devido a alterações fisiológicas que ocorrem nas sementes quando estas são retiradas

das condições naturais, a classificação de Ewart não é aplicável as condições artificiais, sendo

válida somente para sementes recém colhidas e armazenadas de forma adequadas (GALVÃO,

2000).

Assim, a fim de aumentar a longevidade das sementes armazenadas, a redução da

luminosidade, umidade e temperatura do ambiente e das sementes é de um modo geral

eficiente, apesar da rapidez de deterioração ser dependente de características de ambiente e de

cada espécie, o efeito dessas medidas acarretam na diminuição do metabolismo das sementes

e redução da ação de microorganismos que as deterioram.

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Além disso, a composição das sementes também afeta sua longevidade, sendo que

sementes que apresentam óleos como reserva, por exemplo, podem sofrer auto-deterioração

rapidamente, por este ser um constituinte de alta instabilidade comparado ao amido. Espécies

que apresentam suas sementes envoltas em frutos carnosos, também podem apresentar

deterioração rápida por estes servirem como meio de cultura para microorganismos.

Segundo Galvão (2000), quanto ao comportamento das sementes frente às condições

de armazenamento, as mesmas podem ser divididas em três classes:

Ortodoxas - que podem ser armazenadas com umidade inferior a 10% mantendo ou

ampliando sua longevidade (ex.: Bracatinga);

Recalcitrantes - as quais não podem ser desidratadas a umidades menores de 25 a

50%, sendo que sofrem redução de viabilidade à medida que se perde umidade. Geralmente

não suportam perdas superiores a 5 % da umidade de colheita, sendo possível seu

armazenamento por 2 a 3 meses apenas (ex.: Pinheiro-do-Paraná, Pessegueiro-bravo);

Intermediárias - são aquelas que podem ser secas a teores de umidade moderados

entre 10 e 15% sem que haja perda de viabilidade (ex.: Uva-japonesa).

Sendo o processo de deterioração o somatório de todas as alterações fisiológicas,

químicas, físicas e bioquímicas que acontecem nas sementes, as quais levam a perda total da

sua viabilidade, os fatores que estão relacionados a esse processo e a longevidade das

mesmas, de acordo com Hoppe (2004) são:

Umidade – geralmente quanto menor o teor de umidade nas sementes, menor a sua

atividade fisiológica e menor é a atividade dos agentes deteriorantes. No caso de sementes

recalcitrantes, o baixo teor de umidade pode levar a sua deterioração e conseqüente morte do

embrião.

Teor de óleo das sementes – em comparação ao amido os óleos são mais instáveis o

que acelera o processo de deterioração das sementes.

Tempo de armazenamento – em conseqüência do tempo de armazenamento pode

ocorrer diminuição da velocidade de crescimento de plântulas, redução da atividade

enzimática, aumento da suscetibilidade a estresses, alteração nas reservas alimentícias,

coloração e velocidade de síntese de compostos orgânicos, além de aumentar a

permeabilidade da membrana citoplasmática, tudo isso como resultado do processo de

envelhecimento.

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Temperatura – a diminuição da temperatura diminui a atividade fisiológica das

sementes assim como a dos agentes deteriorantes, porém em sementes recalcitrantes baixas

temperaturas podem acelerar o processo de deterioração e posterior morte do embrião.

Luminosidade – o processo de deterioração é acelerado na presença de luz, já que esta

favorece a oxidação e a alteração de substancias presentes na semente.

Quantidade de substâncias de reserva da semente – quanto menor a semente,

menos substâncias de reserva ela possui, desse modo menor sua longevidade.

Deterioração do DNA embrionário – ocorre degeneração das proteínas dos núcleos

das células embrionárias das sementes, acarretando em alterações cromossômicas que

impedem a sua germinação.

Dessa forma a deterioração das sementes é parcialmente controlada com o uso de

métodos adequados de produção, colheita, secagem, beneficiamento e armazenagem das

mesmas.

2.2. CONDIÇÕES PARA O ARMAZENAMENTO

O armazenamento de sementes é baseado em 8 princípios:

O armazenamento apenas mantém a qualidade das sementes;

Altas temperaturas e umidade no armazenamento aceleram a atividade fisiológica da

semente e a sua deterioração;

O efeito da umidade é maior que o da temperatura;

A umidade da semente é dependente da umidade relativa do ar e em menor escala de

temperatura;

Para o armazenamento de sementes ortodoxas a melhor condição é a de frio seco;

Sementes imaturas e danificadas não resistem bem à armazenagem;

O potencial de armazenamento varia de acordo com a espécie;

Toda e qualquer semente sofre deterioração com o passar do tempo.

Porém esses princípios nem sempre se aplicam a sementes recalcitrantes, sendo que

cada espécie apresenta exigências específicas.

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Além disso a longevidade pode ser afetada por fatores como qualidade inicial das

sementes, teor de umidade da semente, tempo entre a colheita e o armazenamento,

tratamentos fitossanitários e térmicos aplicados, tipo de embalagem, temperatura e umidade

relativa de armazenamento.

As condições de armazenamento dependem de cada espécie e das características de

suas sementes, sendo que as mais utilizadas são:

Armazenamento seco com baixa temperatura – indicado para sementes ortodoxas,

onde se faz uso de câmaras frias e desumidificadores, mantendo a temperatura em torno de 3 a

5ºC para sementes temperadas e em torno de 10 a 20 ºC para sementes tropicais, e umidade

relativa do ar de 45 %.

Armazenamento úmido com baixa temperatura – usado para sementes

recalcitrantes que requerem ambiente úmido (ex.: Araucaria angustifólia), utiliza câmaras

frigoríficas ou refrigeradores, a temperatura é mantida entre -3ºC e 5ºC para sementes

temperadas e entre 7 e 17ºC para as tropicais. A umidade é mantida entre 98 e 99%.

Armazenamento à umidade e temperatura ambientais – usado em sementes de

tegumento duro (ex.: bracatinga e flamboyant), por um curto período de tempo. Necessita do

uso de embalagens semi ou impermeáveis, dependendo da espécie.

Criopreservação – usado para sementes ortodoxas em longo prazo (bancos de

germoplasma), faz uso de temperaturas entre -80ºC e -196ºC, através de nitrogênio líquido.

Quanto ao período de armazenamento e demais condições de armazenagem as

recomendações para sementes florestais estão apresentadas na Tabela a seguir.

Tabela 1. Recomendações para armazenamento de sementes florestais.

Período de armazenamento

Até 6 meses Até 5 anos Mais de anos

Sementes ortodoxas1

Teor de umidade da

semente (%)5 – 10 5 – 10 5 – 10

Temperatura (ºC) 0 – 5 0 – 5 - 18

Embalagem Fibra de madeira ou

lata com

Fibra de madeira ou

lata com

Fibra de madeira ou

lata com

Page 13: Trab. Escrito de Sementes Florestais Pronto

revestimento de

plástico ou alumínio

revestimento de

plástico ou alumínio

revestimento de

plástico ou alumínio

Sementes recalcitrantes2

Teor de umidade da

semente (%)30 – 40 30 – 40 30 – 40

Temperatura (ºC) 0 – 5 1 – 3 -

Embalagem

De plástico (0,025

mm) ou qualquer

outra que permita

trocas gasosas

De plástico (0,025

mm) ou qualquer

outra que permita

trocas gasosas

-

1 Recomenda-se a combinação de temperatura (ºC) e de umidade relativa (%) com soma menor que 100.

2 Armazenamento de sementes recalcitrantes acima de 3 anos é possível somente em casos isolados.

Fonte: Fowler (2000).

Dessa forma, para fins de exemplificação a seguir estão apresentadas as condições de

armazenamento de algumas espécies florestais (Tabela 2).

Tabela 2. Recomendações para armazenamento de sementes de algumas espécies florestais.

Espécie Condições de armazenamento

Apuleia leiocarpa (Grapia) Câmara seca, em embalagem de papel Kraft por 19 meses.

Araucaria angustifólia (Pinheiro-do-paraná) Câmara fria, em embalagem de polietileno herméticamente fechada por 12 meses.

Cabralea graberrima (Canjarana) Câmara fria em embalagem de vidro herméticamente fechada por 45 dias.

Cedrela odorata (Cedro-vermelho) Câmara fria seca (Temperatura 10ºC e umidade relativa 65%), em embalagem de pano, papel Kraft, madeira ou plástica por 345 dias.

Cordia trichotoma (Louro-pardo) Câmara fria seca (temperatura 11ºC e umidade relativa 26%), em embalagem de pano, papel Kraft ou madeira por 150 dias.

Page 14: Trab. Escrito de Sementes Florestais Pronto

Mimosa scabrella (Bracatinga) Câmara fria (temperatura 4ºC ± 1ºC e umidade relativa 89% ± 1%), em embalagem de fibra de madeira por 6 anos.

Parapiptadenia rígida (Angico-gurucaia) Câmara fria e embalagem de polietileno (24 micras) por 12 meses.

Peltophorum dubium (Canafístula) Câmara seca (temperatura 12ºC e umidade relativa 50%), em embalagem de papel Kraft por 25 meses.

Tabebuia heptaphylla (Ipê-roxo) Câmara seca (12ºC e U.R. 50%) por 15 meses.

Fonte: Galvão, 2000.

2.3. EMBALAGENS PARA ARMAZENAMENTO

As embalagens podem ser:

Abertas – para sementes que necessitam de aeração;

Fechadas – para sementes sensíveis a variação de umidade e que não necessitam de

aeração.

Além disso, quanto à permeabilidade as embalagens podem ser:

Permeáveis e semipermeáveis – sacolas de papel e plásticas de pequena espessura, as

quais permitem trocas gasosas e de umidade com o meio, são usadas para conservação de

sementes ortodoxas de tegumento duro e recalcitrantes que requerem aeração.

Impermeáveis – usada para sementes ortodoxas por longos períodos (2 a 10 anos) em

temperaturas de 0 a 10 ºC, com umidade de 8 a 10 % (ex.: vidro, plástico espesso ou metal).

2.4. TRATAMENTOS PARA O ARMAZENAMENTO

Secagem de sementes – utilizada para sementes ortodoxas, em bandejas ao ar livre e

sob cobertura, sendo um local ventilado, podendo ser efetuado também em estufa. Em

sementes intermediárias a desidratação pode ser feita até certo ponto sem prejudicar a

viabilidade. A secagem geralmente potencializa o vigor e a longevidade das sementes, sendo

necessária para evitar a degradação e alterações químicas nas mesmas durante o

armazenamento.

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Liofilização de sementes – método que proporciona a desidratação a teores de

umidades muito baixos, mantendo a maioria das propriedades bioquímicas da semente. O

método faz uso de um aparelho chamado liofilizador, após o processo as sementes devem ser

armazenadas em embalagens impermeáveis e opacas, já que o material sofre deterioração

quando iluminado.

Peletização de sementes – é um processo físico-químico em que as sementes

pequenas são recobertas por um material inerte (pó de fosfato de rocha ou de calcário) com

auxílio de um adesivo, com a finalidade de homogeneizar a forma e aumentar o tamanho das

sementes, o que facilita a manipulação e a semeadura das mesmas.

3. ANÁLISE DE SEMENTES FLORESTAIS

Através da análise de sementes são obtidos dados que possibilitam expressar a

qualidade física e fisiológica do lote de sementes, para fins de semeadura e armazenamento.

Além de estabelecer parâmetros de comparação entre diferentes lotes, bem como, as

condições adequadas de armazenamento.

A grande diversidade na morfologia dos frutos e sementes de espécie florestais nativas

e exóticas tem comprometido e, muitas vezes, causado muita insegurança quanto à

confiabilidade dos resultados obtidos.

Para que a linguagem da análise de sementes fosse facilmente entendível e

reproduzível por todos os laboratórios, foram criadas as Regras Internacionais para Análise de

Sementes, que deram subsídios para que no Brasil chegássemos a elaborar as Regras para

Análise de Sementes.

As Regras de Análise de Sementes, conhecidas como RAS (Brasil, Ministério da

Agricultura, 1982), reúnem um conjunto de procedimentos, técnicas e prescrições que

norteiam o tecnologista na realização da análise. Com sua adoção, é possível a padronização

da metodologia empregada para uma dada espécie.

3.1. AMOSTRAGEM

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A qualidade dos lotes de sementes é avaliada com o auxílio de testes de laboratório,

onde são utilizadas pequenas quantidades de sementes, denominadas de amostras, que devem

representar o lote de sementes. (AGUIAR et al., 1993).

A quantidade de sementes analisadas é, em geral, muito pequena em relação ao

tamanho do lote que representa. É essencial que as amostras sejam retiradas com todo cuidado

e em conformidade com os métodos estabelecidos nas presentes Regras para Análise de

Sementes – RAS, a fim de se obter resultados uniformes e precisos em análise de sementes,

Por mais criterioso que seja o procedimento técnico empregado na análise, os resultados não

podem indicar senão a qualidade das sementes contidas na amostra submetida a exame,

conseqüentemente, todos os esforços devem ser feitos para assegurar que a amostra enviada

para análise represente, corretamente, a composição do lote em questão. Do mesmo modo, ao

reduzir essa amostra no laboratório, toda a precaução deve ser tomada pelo analista a fim de

que as amostras a serem usadas nas diversas determinações, sejam por sua vez representativas

da amostra remetida ao laboratório de análise de sementes.

Para seu acondicionamento, são empregados diversos tipos de recipientes como saco

de algodão, tamborete de papelão e caixa de madeira. O lote pode ser constituído por um ou

vários recipientes (AGUIAR et al., 1993).

3.1.1. DENOMINAÇÃO DAS AMOSTRAS

É uma quantidade definida de sementes, identificada por letra, número ou combinação

dos dois, da qual cada porção é, dentro de tolerâncias permitidas, homogênea e uniforme para

as informações contidas na identificação.

3.1.1.1. AMOSTRAS

Amostra Simples - É uma pequena porção de sementes retirada de um ponto do lote.

Amostra Composta - É a amostra formada pela combinação e mistura de todas as

amostras simples retiradas do lote. Esta amostra é usualmente bem maior que a necessária

para os vários testes e normalmente necessita ser adequadamente reduzida antes de ser

enviada ao laboratório.

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Amostra Média - É a própria amostra composta ou subamostra desta, com tamanho

mínimo especificado nestas Regras para Análise de Sementes. É a recebida pelo laboratório

para ser submetida à análise.

Amostra Duplicata - É a amostra obtida da amostra composta e nas mesmas

condições da amostra média e identificada como “Amostra Duplicata”. É obtida para fins de

fiscalização da produção e do comércio de sementes, no caso da necessidade de uma

reanálise.

Amostra de Trabalho - É a amostra obtida no laboratório, por homogeneização e

redução da amostra média até os pesos mínimos requeridos e nunca inferiores aos do Quadro

1.2, para os testes prescritos nestas RAS.

Sub-amostra - É a porção de uma amostra obtida pela redução da amostra de

trabalho.

3.2. PROCEDIMENTOS E CUIDADOS NA AMOSTRAGEM

O processo de amostragem inclui as técnicas de homogeneização do lote e das

amostras, retirada e redução das amostras.

Homogeneização - se faz necessária, uma vez que os componentes mais pesados do

lote tendem a se depositar na parte inferior do recipiente. Em todas as etapas do processo de

amostragem e obtenção das amostras simples é necessária a homogeneização do lote,

manualmente ou com uso de equipamentos.

Retirada - pode ser efetuada manualmente ou com uso de amostradores. Dependendo

do tamanho do lote, as RAS determinam a intensidade da amostragem. Para lotes de 1.000 kg

deve ser obtida uma amostra simples a cada 300 kg, porém, não menos que 5 amostras

simples. Os recipientes devem ser amostrados ao acaso.

Redução - São empregados divisores de solo ou únicos de menor tamanho, ou réguas,

quando efetuada manualmente. A porção a ser reduzida é passada no equipamento onde é

dividida em duas frações, sendo uma desprezada. Com a fração restante repete-se o

procedimento até a obtenção da amostra do tamanho desejado. Com o uso de réguas, a

amostra é subdividida consecutivamente, sendo uma das porções sempre desprezada. É

amostrado somente um lote por vez e a cada nova amostragem, os instrumentos e

equipamentos empregados devem ser limpos, para evitar a mistura de sementes de diferentes

lotes ou mesmo, de diferentes espécies.

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3.2.1. PESO MÍNIMO DAS AMOSTRAS

As RAS prescrevem o tamanho mínimo das amostras médias e de trabalho. No

entanto, para a maioria das espécies florestais, esses padrões não constam nas RAS e existem

diferenças em relação às espécies agrícolas, o que dificulta o seu estabelecimento.

Figliolia & Piña-Rodrigues (1993) propuseram o tamanho da amostra média para

várias espécies florestais, baseados em pesquisas prévias e no número de sementes necessário

para os testes de pureza, germinação e umidade.

3.3. TESTES

3.3.1. ANÁLISE DE PUREZA

Após recepção e catalogação da amostra média, o laboratório de análise de sementes

passará a efetuar análises para controle de qualidade física ou fisiológica de sementes. A

primeira análise a ser efetuada é a de pureza, que visa determinar a composição da amostra, e,

por conseguinte, do lote que lhe deu origem dividindo-a cm 3 (três) classes de material:

sementes puras, outras sementes e material inerte; além disso, os componentes de cada classe

serão identificados. As observações feitas em cada etapa desta análise serão anotadas em

boletim ou ficha de análise especifica.

Sementes puras - Segundo as RAS, são consideradas como sementes puras todas as

pertencentes à espécie e variedade indicadas pelo remetente e presentes em uma proporção

superior a 6% do pelo da amostra. Também serão consideradas como puras todas as sementes

de tamanho inferior ao normal enrugadas, imaturas, trincadas ou em inicio de germinação,

desde que possam ser identificadas como sendo de espécie a cultivar em questão. Além

destas, também serão incluídas nesta classe as sementes quebradas, cujos fragmentos sejam

maiores que a metade do tamanho original da semente.

Outras sementes - Nesta porção estão incluídas todas as sementes de plantas

cultivadas a e as sementes e outras estruturas de propagação vegetativa, de plantas

reconhecidas como daninhas de: qualquer espécie de planta que não seja daquela em exame.

Material inerte - Além ele outros detalhes específicos, descritos nas RAS, desta

porção constam às sementes da espécie considerada em análise ou de outras plantas cultivadas

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que se encontrem quebradas ou danificadas, cujos fragmentos sejam iguais ou inferiores a

metade do tamanho original da semente. Enquadram-se também nesta porção os seguintes

materiais: pedras, poeiras, palhas, restos de plantas, expansões aladas de algumas espécies

florestais, escamas de cones, óvulos não fecundados (como em amostras de eucalipto),

lenientes de algumas coníferas; sem tegumento, além de sementes alteradas pelo

desenvolvimento de carvão ou galhas de nematóides.

Depois de obtidas as frações, calcula-se a porcentagem de sementes puras através da

fórmula:

Pureza % = (Peso das sementes puras x 100%)/ Peso total da amostra original

3.3.2. DETERMINAÇÃO DA UMIDADE

O teor de umidade de uma semente ê um fator de extrema importância para a

manutenção de sua qualidade fisiológica. A exceção de sementes de algumas essências

florestais e frutíferas, cuja conservação requer teores de umidade elevados, o armazenamento

prolongado da maioria das sementes requer baixas umidades propiciando a manutenção da

viabilidade e do vigor das mesmas.

Por serem higroscópicas as sementes absorvem umidade do meio ambiente, tornando

intensa sua atividade respiratória, consumindo energia e liberando calor, tornando o ambiente

de armazenamento favorável ao aparecimento de microrganismos e insetos; este fato contribui

grandemente para o decréscimo da viabilidade das sementes.

O conhecimento do teor de umidade inicial é fundamental para a escolha da

temperatura e tempo de secagem das sementes.

Na comercialização, onde a umidade das sementes é critério para estabelecimento de

preços, grandes somas em dinheiro podem estar em jogo, quando matéria seca está sendo

comercializada como a água ou vice-versa.

Os métodos existentes para esta determinação estão agrupados da seguinte forma:

métodos diretos ou básicos e métodos indiretos ou práticos.

Nos métodos diretos, a água é retirada por aquecimento da amostra e medida por perda

de peso (diferença), diretamente pelo volume de água condensada ou por processos químicos.

As RAS (Regras para Análise de Sementes) citam as seguintes indicações:

- Método de estufa a baixa temperatura constante: 103º C± 2ºC;

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- Método de estufa a alta temperatura constante: 130º C ± 3ºC;

- Método de estufa a 105ºC ± 3ºC.

O método mais utilizado no Brasil, devido às condições de adequação aos laboratórios,

é a determinação em estufa a 105ºC ± 3ºC, podendo ser utilizado para sementes de qualquer

espécie.

Nos métodos indiretos, os resultados são obtidos com base em dois princípios:

resistência à passagem da corrente elétrica oferecida pela semente em função de sua umidade

e as propriedades dielétricas da matéria orgânica. Estes métodos são utilizados normalmente

no campo, devido à rapidez de determinação.

3.3.3. ANÁLISE DE GERMINAÇÃO

O teste de germinação visa fornecer informações sobre a viabilidade das sementes

permitindo calcular-se a quantidade de sementes necessária para a semeadura em viveiro. É

um importante parâmetro a ser considerado na compra de um lote de sementes.

A fiscalização do comercio de sementes e também efetuada com base em padrões

estabelecidos pelas instituições governamentais, que fixam, para o caso das espécies

florestais, valores mínimos de germinação e pureza, abaixo dos quais a semente não pode ser

comercializada.

3.3.3.1. PRINCÍPIOS BÁSICOS

Os testes ele germinação são conduzidos fornecendo as condições ideais de luz,

umidade e temperatura, altamente favoráveis para a espécie testada; O teste deve ser

padronizado de modo que, analistas de diferentes regiões possam obter o mesmo resultado, de

um mesmo Lote.

3.3.3.2. CONDIÇÕES PARA O TESTE DE GERMINACAO

O ambiente que a semente vai ser pasta para germinar deve fornecer as condições

mínimas para seu desenvolvimento.

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Umidade - O substrato deve ser umedecido com quantidade suficiente de água que

permita o desenvolvimento do embrião.

Temperatura - Os equipamentos utilizados na germinação (câmaras e germinadores)

devem manter uma temperatura uniforme em seu interior. O analista deve efetuar um controle

diário da temperatura no germinador.

Luz - Embora importante, algumas espécies podem apresentar uma menor exigência

em relação à luminosidade. Nos testes de germinação a qualidade da luz é bastante

importante.

Substrato - O meio em que a semente é posta para germinar tem a função manter a

umidade, preservando as condições ideais para que esta ocorra. É prioritário que não ofereça

barreiras ao crescimento da plântula, e seja inerte.

A análise pode ser dada pela fórmula:

% GERMINAÇÃO= (Número total de sementes germinadas/Número total de

sementes da amostra) x 100

3.3.4. DETERMINAÇÃO DO VIGOR

Em sementes em germinação, de uma amostra de semente postas para germinar,

resultam plântulas com diferenças marcantes quanto à velocidade de crescimento e

desenvolvimento total atingido.

A avaliação da qualidade das semente por meio dos teste de germinação permite que

elas expressem sua máxima germinação sob condições favoráveis. Entretanto, em situações

naturais, as sementes estão submetidas a uma série de pressões, como variações na umidade

do solo, radiação e competição, condições desfavoráveis para que a semente expresse todo seu

potencial germinativo (Hilhorst et al., 2001). Os primeiros testes de vigor surgiram com o

objetivo de identificar os lotes com melhor comportamento no campo.

Os métodos de avaliação do vigor podem ser classificados em diretos, quando

realizados no campo ou em condições de laboratório que simulem fatores adversos de campo,

ou indiretos, quando realizados em laboratório, mas avaliando as características físicas,

fisiológicas e bioquímicas que expressam a qualidade das sementes.

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3.4. MÉTODOS INDIRETOS PARA A DETERMINAÇÃO DA VIABILIDADE

3.4.1. TESTES DE RESISTÊNCIA

Envelhecimento acelerado (EA) - Dentre os métodos indiretos pode-se citar o teste

de envelhecimento, no qual consiste em simular condições de estresse nas sementes, gerando

uma alta taxa de respiração e consumo das reservas e acelerando os processos metabólicos

que levam à sua deterioração.

Teste de frio - O teste de frio foi desenvolvido para simular condições desfavoráveis

em regiões temperadas. Atualmente, seu uso tem por base o príncipio de que sementes mais

vigorosas resistem a condições adversas (Marcos-Filho, Cícero e Silva,1987; Vieira e

Carvalho, 1994).

Testes de vigor com base na análise de germinação - Os testes mais simples para

determinação de vigor são os de velocidade de desenvolvimento, cujos resultados podem ser

obtidos pela análise-padrão de germinação. Os mais utilizados são o tempo médio de

germinação, o índice de velocidade de germinação, a primeira contagem do teste de

germinação e a análise de plântulas. Todos esses testes são classificados como indiretos por

serem realizados em condições de laboratório. O princípio desses testes baseia-se no

pressuposto de que sementes mais vigorosas germinarão mais rapidamente do que outras em

condições inferiores (Vieira e Carvalho, 1994).

CONCLUSÃO

A utilização das sementes de espécies florestais geralmente não ocorre logo após a

coleta das mesmas. Por esse motivo os processos de beneficiamento e armazenagem

realizados adequadamente são essenciais para garantir a viabilidade das sementes, a qual é

avaliada através de métodos e ferramentas de análise, que indicam a efetividade dos

procedimentos de extração, beneficiamento e armazenagem.

Contudo observa-se a relevância de estudos científicos a fim de satisfazer a

necessidade de manter a viabilidade de sementes por períodos maiores de tempo,

principalmente em relação a sementes recalcitrantes. Desse modo a criação de novas

tecnologias de beneficiamento e armazenagem é de grande utilidade as ciências florestais,

garantindo a conservação de uma gama maior de espécies.

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