TR e Lactato Judo

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Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 5 – Set/Out, 2004 339 1. Laboratório de Fisiologia e Farmacodinâmica, Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento-IP&D, Universidade do Vale do Paraíba (Univap), São José dos Campos, SP. 2. Laboratório de Biodinâmica, Faculdade de Ciências da Saúde, Univap. 3. Depto. de Matemática, Faculdade de Educação, Univap. Recebido em 10/11/03. 2 a versão recebida em 17/6/04. Aceito em 17/7/04. Endereço para correspondência: Rodrigo Alvaro B. Lopes Martins, Ph.D. – Grupo de Pesquisas em Fisiologia e Farmacodinâmica, Instituto de Pes- quisa & Desenvolvimento-IP&D, Universidade do Vale do Paraíba – Univap. Av. Shishima Hifumi, 2.911 – Urbanova – 12244-000 – São José dos Cam- pos, SP. E-mail: [email protected] Estudo da correlação entre a velocidade de reação motora e o lactato sanguíneo, em diferentes tempos de luta no judô Elessandro Váguino de Lima 1 , Charli Tortoza 2 , Luiz Carlos Laureano da Rosa 3 e Rodrigo Alvaro Brandão Lopes-Martins 1 ARTIGO ORIGINAL Palavras-chave: Ácido láctico. Fadiga muscular. Tempo de reação simples. Palabras-clave: Ácido láctico. Fatiga muscular. Tiempo de reacción simple. RESUMO A velocidade de reação motora humana ou tempo de reação (TR) é uma capacidade física importante para judocas, sendo ob- servada na reação aos ataques ou pegadas do adversário, a fim de realizar um contragolpe ou uma esquiva. Durante uma luta de alta intensidade, há um aumento considerável na concentração de lac- tato sanguíneo (LS), relacionado à fadiga muscular, podendo inter- ferir na capacidade de reação do atleta. Fisiologicamente, a fadiga pode ocorrer em diferentes níveis, desde a percepção do sinal externo, até a contração muscular. O objetivo deste trabalho foi de verificar a influência das concentração do LS, após estímulo de luta (Randori) de 1min e 30s, 3min e 5min, no TR em atletas de judô de alto nível. Foram analisados 11 indivíduos masculinos, com- petidores, saudáveis, com idade média de 23,4 anos ± 2 anos. Para o registro do TR simples foi utilizado o sistema Cybex Reac- tor. Para os registros do LS foi utilizado um lactímetro Accusport ® , com fitas Boehringer Mannheim ® . A análise da variância (Kruskal- Wallis) mostrou diferença significativa entre o LS antes e após a luta (p < 0,05) e na comparação do número de erros (NE) em re- pouso, imediatamente após as lutas e após 3min do final (p < 0,05), demonstrando a correlação significativa entre estas variáveis (p < 0,05; r = 0,9341). Entretanto, não houve diferença significativa entre os registros de TR pré e pós-lutas (p > 0,05). Conclui-se que a concentração de LS não influencia a capacidade dos atletas de re- agir rapidamente ao estímulo visual, mas faz com que haja uma diminuição na eficiência na tarefa de TR, provavelmente devido a diminuição na capacidade de concentração dos atletas de judô após condição fatigante de luta. RESUMEN Estudio de la correlación entre la velocidad de reacción moto- ra y el lactato sanguíneo en distintos tiempos de lucha en el judo La velocidad de reacción motora humana o el tiempo de reac- ción (TR) es una capacidad física importante para luchadores de judo que se observa en la reacción a los ataques o golpes del ad- versario con contragolpeos o esquivos. Durante una lucha de alta intensidad, hay un aumento considerable en la concentración de lactato sanguíneo (LS) que se relaciona a la fatiga muscular, pu- diendo interferir con la capacidad de reacción del atleta. En térmi- nos fisiológicos, la fatiga puede ocurrir en niveles diferentes, des- de la percepción de la señal externa hasta la contracción muscular. El objetivo de este trabajo es averiguar la influencia de las concen- traciones del LS tras el estímulo de lucha (Randori) de 1min y 30s, 3min y 5min, en el TR de atletas de judo de alto nivel. Se evaluaron 11 individuos masculinos, competidores, saludables, con prome- dio de edad de 23,4 años ± 2 años. Para el registro del TR simple se utilizó el sistema Cybex Reactor. Para los registros del LS se empleó un lactómetro Accusport ® , con cintas Boehringer Mann- heim ® . El análisis de la variancia (Kruskal-Wallis) indicó una diferen- cia significativa entre el LS anteriormente y posteriormente a la lucha (p < 0,05) y en la comparación del número de errores (NE) en reposo, inmediatamente después de las luchas y después de 3 min. del final (p < 0,05), lo que demuestra una correlación signifi- cativa entre estas variables (p < 0,05; r = 0,9341). Sin embargo, no hubo una diferencia significativa entre los registros de TR anterio- res y posteriores a la lucha (p > 0,05). Se concluye que la concen- tración del LS no tiene influencia sobre la capacidad de reacción inmediata de los atletas al estímulo visual, pero contribuye para la disminución en la eficiencia en la función de TR, que probablemen- te se debe a la reducción de la capacidad de concentración de los atletas de judo tras una situación fatigante de lucha. INTRODUÇÃO As lutas de judô são desenvolvidas em alta intensidade de es- forço, em períodos intermitentes de atividade e repouso (1) , em que é requerido alto desenvolvimento da capacidade anaeróbia láctica. Isso pode ser observado em alguns estudos que verificaram altas concentrações de lactato no sangue após o desenvolvimento das mesmas (2-4) . A capacidade de reação a estímulos externos, conhecida como velocidade de reação motora ou tempo de reação (TR), é o interva- lo de tempo entre o momento da apresentação do sinal externo e o início da resposta muscular apropriada (5) , sendo essencial para competidores de judô. Ao mesmo tempo em que o judoca define estratégias de ataque no decorrer de uma luta, ele deve estar atento às ações do adversário, devendo reagir apropriadamente aos seus golpes a fim de responder com um contragolpe ou simplesmente executar uma esquiva, o que depende de um alto grau de aten- ção (6) e da velocidade de sua resposta após o sinal ser apresenta- do. Com o acúmulo de elevadas concentrações de lactato no san- gue durante a luta, pode haver uma interferência no desempenho do judoca, principalmente se sua capacidade de eliminá-las for len- ta, já que no próximo combate ele terá maior chance de sucesso quanto mais rápida for a remoção do lactato. Com este compro- metimento do rendimento, o TR pode ser uma das capacidades físicas que serão afetadas negativamente nessa etapa. Se o atleta

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Pesquisa que demonstra relação entre o lactato sanguineo e o tempo de reação no Judo.

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  • Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, N 5 Set/Out, 2004 339

    1. Laboratrio de Fisiologia e Farmacodinmica, Instituto de Pesquisa eDesenvolvimento-IP&D, Universidade do Vale do Paraba (Univap), SoJos dos Campos, SP.

    2. Laboratrio de Biodinmica, Faculdade de Cincias da Sade, Univap.3. Depto. de Matemtica, Faculdade de Educao, Univap.Recebido em 10/11/03. 2a verso recebida em 17/6/04. Aceito em 17/7/04.Endereo para correspondncia: Rodrigo Alvaro B. Lopes Martins, Ph.D. Grupo de Pesquisas em Fisiologia e Farmacodinmica, Instituto de Pes-quisa & Desenvolvimento-IP&D, Universidade do Vale do Paraba Univap.Av. Shishima Hifumi, 2.911 Urbanova 12244-000 So Jos dos Cam-pos, SP. E-mail: [email protected]

    Estudo da correlao entre a velocidadede reao motora e o lactato sanguneo,em diferentes tempos de luta no judElessandro Vguino de Lima1, Charli Tortoza2, Luiz Carlos Laureano da Rosa3

    e Rodrigo Alvaro Brando Lopes-Martins1

    ARTIGO ORIGINAL

    Palavras-chave: cido lctico. Fadiga muscular. Tempo de reao simples.

    Palabras-clave: cido lctico. Fatiga muscular. Tiempo de reaccin simple.

    RESUMO

    A velocidade de reao motora humana ou tempo de reao(TR) uma capacidade fsica importante para judocas, sendo ob-servada na reao aos ataques ou pegadas do adversrio, a fim derealizar um contragolpe ou uma esquiva. Durante uma luta de altaintensidade, h um aumento considervel na concentrao de lac-tato sanguneo (LS), relacionado fadiga muscular, podendo inter-ferir na capacidade de reao do atleta. Fisiologicamente, a fadigapode ocorrer em diferentes nveis, desde a percepo do sinalexterno, at a contrao muscular. O objetivo deste trabalho foi deverificar a influncia das concentrao do LS, aps estmulo deluta (Randori) de 1min e 30s, 3min e 5min, no TR em atletas dejud de alto nvel. Foram analisados 11 indivduos masculinos, com-petidores, saudveis, com idade mdia de 23,4 anos 2 anos.Para o registro do TR simples foi utilizado o sistema Cybex Reac-tor. Para os registros do LS foi utilizado um lactmetro Accusport ,com fitas Boehringer Mannheim. A anlise da varincia (Kruskal-Wallis) mostrou diferena significativa entre o LS antes e aps aluta (p < 0,05) e na comparao do nmero de erros (NE) em re-pouso, imediatamente aps as lutas e aps 3min do final (p < 0,05),demonstrando a correlao significativa entre estas variveis (p 0,05). Conclui-se que aconcentrao de LS no influencia a capacidade dos atletas de re-agir rapidamente ao estmulo visual, mas faz com que haja umadiminuio na eficincia na tarefa de TR, provavelmente devido adiminuio na capacidade de concentrao dos atletas de jud apscondio fatigante de luta.

    RESUMEN

    Estudio de la correlacin entre la velocidad de reaccin moto-ra y el lactato sanguneo en distintos tiempos de lucha en eljudo

    La velocidad de reaccin motora humana o el tiempo de reac-cin (TR) es una capacidad fsica importante para luchadores dejudo que se observa en la reaccin a los ataques o golpes del ad-versario con contragolpeos o esquivos. Durante una lucha de altaintensidad, hay un aumento considerable en la concentracin delactato sanguneo (LS) que se relaciona a la fatiga muscular, pu-diendo interferir con la capacidad de reaccin del atleta. En trmi-

    nos fisiolgicos, la fatiga puede ocurrir en niveles diferentes, des-de la percepcin de la seal externa hasta la contraccin muscular.El objetivo de este trabajo es averiguar la influencia de las concen-traciones del LS tras el estmulo de lucha (Randori) de 1min y 30s,3min y 5min, en el TR de atletas de judo de alto nivel. Se evaluaron11 individuos masculinos, competidores, saludables, con prome-dio de edad de 23,4 aos 2 aos. Para el registro del TR simplese utiliz el sistema Cybex Reactor. Para los registros del LS seemple un lactmetro Accusport, con cintas Boehringer Mann-heim. El anlisis de la variancia (Kruskal-Wallis) indic una diferen-cia significativa entre el LS anteriormente y posteriormente a lalucha (p < 0,05) y en la comparacin del nmero de errores (NE) enreposo, inmediatamente despus de las luchas y despus de 3min. del final (p < 0,05), lo que demuestra una correlacin signifi-cativa entre estas variables (p < 0,05; r = 0,9341). Sin embargo, nohubo una diferencia significativa entre los registros de TR anterio-res y posteriores a la lucha (p > 0,05). Se concluye que la concen-tracin del LS no tiene influencia sobre la capacidad de reaccininmediata de los atletas al estmulo visual, pero contribuye para ladisminucin en la eficiencia en la funcin de TR, que probablemen-te se debe a la reduccin de la capacidad de concentracin de losatletas de judo tras una situacin fatigante de lucha.

    INTRODUO

    As lutas de jud so desenvolvidas em alta intensidade de es-foro, em perodos intermitentes de atividade e repouso(1), em que requerido alto desenvolvimento da capacidade anaerbia lctica.Isso pode ser observado em alguns estudos que verificaram altasconcentraes de lactato no sangue aps o desenvolvimento dasmesmas(2-4).

    A capacidade de reao a estmulos externos, conhecida comovelocidade de reao motora ou tempo de reao (TR), o interva-lo de tempo entre o momento da apresentao do sinal externo eo incio da resposta muscular apropriada(5), sendo essencial paracompetidores de jud. Ao mesmo tempo em que o judoca defineestratgias de ataque no decorrer de uma luta, ele deve estar atentos aes do adversrio, devendo reagir apropriadamente aos seusgolpes a fim de responder com um contragolpe ou simplesmenteexecutar uma esquiva, o que depende de um alto grau de aten-o(6) e da velocidade de sua resposta aps o sinal ser apresenta-do.

    Com o acmulo de elevadas concentraes de lactato no san-gue durante a luta, pode haver uma interferncia no desempenhodo judoca, principalmente se sua capacidade de elimin-las for len-ta, j que no prximo combate ele ter maior chance de sucessoquanto mais rpida for a remoo do lactato. Com este compro-metimento do rendimento, o TR pode ser uma das capacidadesfsicas que sero afetadas negativamente nessa etapa. Se o atleta

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    diminuir a capacidade em reagir rapidamente e sua capacidadeanaerbia lctica for insuficiente para manter sua performance, provvel que diminua as chances de executar uma esquiva ou decontragolpear o adversrio.

    Chmura et al.(7) verificaram o comportamento do TR em diferen-tes cargas de esforo e concentraes de lactato. Os resultadosmostraram uma reduo inicial no TR at valores de 6mM/l de lac-tato no sangue, com aumento exponencial a partir desses valores.Johnson et al.(8) relacionaram o TR complexo com o aumento gra-dual da freqncia cardaca (FC) entre 80, 115, 145, e 175 bati-mentos por minuto (bpm). Eles verificaram o menor TR na FC de115bpm e o maior TR na FC de 175bpm. Quando o indivduo exe-cuta cargas leves de exerccio, gerado um efeito de aquecimen-to e conseqentemente isso aumenta a temperatura central(6,9).Nestas condies o SNC ativado, provocando estado de alerta eateno, e melhora do desempenho(6). Isso tambm resulta numaumento na dissociao do oxignio da hemoglobina, maior fluxosanguneo nos msculos, um declnio na viscosidade muscular eum aumento na velocidade de conduo dos potenciais de ao(6,9).Estes fatores devem ter sido os responsveis pela melhora inicialno TR.

    Com o objetivo de observar o comportamento do TR do judoca,sob condies de esforo gradual gerado por diferentes temposde luta de jud, foi desenvolvido um protocolo experimental emque se induziu o aumento da concentrao de lactato no sangue, oque pode levar diminuio do desempenho, devido acidosecausada pelo acmulo de H+ que foi dissociado do cido lctico(10).

    METODOLOGIA

    O trabalho foi desenvolvido no Laboratrio de Biodinmica daFaculdade de Cincias da Sade, na Universidade do Vale do Para-ba, de So Jos dos Campos. Participaram do experimento 11 ju-docas do sexo masculino, competidores h pelo menos 10 anos,assduos aos treinamentos universitrios desta instituio, comidade mdia de 23,4 2,4 anos, que foram esclarecidos sobre otrabalho e assinaram um termo de consentimento para sua partici-pao. Todo o protocolo experimental foi submetido e aprovadopelo Comit de tica em Pesquisa da Universidade do Vale do Pa-raba (Protocolo No A011/2003/CEP).

    Todo experimento foi realizado em um nico dia, dividido emtrs etapas, com intervalo de quatro horas entre elas. Em cadaetapa os atletas executaram a tarefa de TR no aparelho Cybex Reac-tor, que capaz de medir o TR por meio da deteco da alteraode presso no solo(11,12). Para o registro do TR o atleta foi instrudoa permanecer em p e estvel sobre duas plataformas, de frentepara o monitor, aguardando a apresentao do sinal no monitor,que foi ora para o lado esquerdo ora para o direito, devendo res-ponder ao sinal visual o mais rapidamente possvel. A tarefa podeser observada nas figuras 1 e 2. Alm do TR, fizeram a coleta desangue da polpa do dedo para verificao do lactato sanguneo nolactmetro porttil Accusport e fitas de anlise Boehringer Man-nheim. As coletas destas variveis foram realizadas em repousoe, aps aquecimento de 10 minutos, os atletas foram submetidosa um estmulo de luta de jud. Imediatamente aps a luta os atle-tas realizaram uma tarefa de TR. Aps trs minutos do trmino daslutas, foi verificada a concentrao de lactato e novamente medi-do o TR. As etapas da coleta tiveram tempos de luta diferentes:1min e 30s, 3min e 5min, s 8, 12 e 16 horas, respectivamente, asquais foram desenvolvidas em alta intensidade pelos atletas. Paracada uma das situaes realizadas, cada sujeito executou trs re-peties para o lado esquerdo e trs para o lado direito das plata-formas, totalizando 18 repeties. Foram consideradas erradas astentativas com resultado inferior a 0,130 segundos, pois indica pro-vvel antecipao, e os que no foram registrados pelo equipa-mento, pela falta de estabilidade durante a apresentao do est-mulo.

    Os dados registrados foram exportados para uma planilha ele-trnica. Foi considerado para o TR em repouso a mdia entre osmenores valores de TR entre as sadas para o lado esquerdo e odireito, pois os mesmos no so significativamente diferentes (p =0,64). Para o TR imediatamente aps as lutas e aps trs minutosdo trmino, foi considerado o menor valor entre as sadas para olado esquerdo e o direito. Os registros de lactato tambm foramorganizados em uma planilha eletrnica para a anlise posterior.

    Foi utilizado o mtodo da anlise da varincia Kruskal-Wallis eem todos os testes o nvel de significncia aplicado foi de p < 0,05,em que se verificou a diferena do TR pr e ps-lutas, com sadapara o lado esquerdo e para o direito das plataformas, e foi analisa-da a soma do nmero de erros de tentativas na execuo da tarefade TR, em repouso, imediatamente aps as lutas e aps 3min dofinal da luta. Verificou-se tambm a diferena nas concentraesde lactato sanguneo em repouso e aps as lutas. Foram correla-cionados o nmero de erros de coletas de TR com a concentraode lactato, em repouso e aps 3min do final da luta, atravs docoeficiente de correlao de Pearson.

    Fig. 1 Indivduo estabilizado sobre as plataformas do Cybex Reactor, aguar-dando sinal luminoso

    Fig. 2 Indivduo reagindo ao sinal luminoso que foi apresentado no moni-tor

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    RESULTADOS

    O grfico 1 mostra os valores do lactato sanguneo em repousoe na condio aps as lutas de 1min e 30s, 3min e 5min. Estesresultados demonstraram que a concentrao de lactato sangu-neo ps-lutas aumentou expressivamente, em comparao com aconcentrao de lactato em repouso (p = 0,00). No houve dife-rena significativa entre as concentraes de lactato em repouso(p = 0,41), ou nas condies ps-lutas (p = 0,97), entre os comba-tes de 1min e 30s, 3min e 5min.

    o gerado pelas lutas, tanto imediatamente ao trmino da luta,quanto depois de 3min, comparado com o nmero de erros emrepouso.

    0

    3

    6

    9

    12

    15

    L

    acta

    to (m

    M/l)

    Tempo de luta

    130 3 5

    Antes das lutas

    Ps-lutas

    * * *

    Grfico 1 Mdia e desvio padro do grupo para as concentraes delactato sanguneo em repouso (antes das lutas) e aps os trs tempos deluta

    * Valores significativamente maiores em relao ao de repouso (P < 0,05)

    No grfico 2 esto sendo mostrados os menores valores de re-gistros coletados de TR em repouso, imediatamente aps as lutase aos 3min do trmino das lutas. De modo geral, todos os atletasconseguiram executar a tarefa proposta, embora tenham sido en-contrados valores de TR relativamente diferentes (desvio mdiodo grupo 0,05s).

    Para verificar os efeitos entre cada tempo de luta sobre o TR,foram comparados o TR em repouso e o TR imediatamente apsas lutas de 1min e 30s, 3min e 5min (p = 0,91), e o TR em repousocom o TR aps 3min do trmino das lutas (p = 0,77), no demons-trando qualquer diferena significativa (grfico 2).

    Grfico 2 Mdia e desvio padro do grupo para o TR em repouso,imediatamente ps-lutas e aps 3min do trmino das lutas de 1min e30s, 3min e 5min

    Mesmo a tarefa de TR sendo executada satisfatoriamente, foiobservado que houve aumento do nmero de erros durante suaexecuo aps as lutas em relao aos registros de repouso. Onmero de erros na execuo da tarefa pode ser observado nogrfico 3.

    Estes valores demonstraram que houve variao significativa (p= 0,03) da quantidade total de erros em funo do tempo de esfor-

    Grfico 3 Nmero total de erros do grupo obtidos durante o teste de TRem repouso, logo aps as lutas e 3min aps o final

    Para verificar a influncia da concentrao de lactato aps aslutas na execuo da tarefa, as variveis foram analisadas conjun-tamente em teste de correlao. Como resultado, foi observadacorrelao significativa entre a concentrao de lactato sanguneoe o nmero de erros de registros do TR, em repouso e aps 3mindo encerramento das lutas (p = 0,006; r = 0,9341).

    DISCUSSO

    Neste trabalho foi verificado o TR em repouso e em condio dealtas concentraes de lactato sanguneo, induzidas por diferen-tes tempos de luta no jud. Foi analisada a concentrao de lacta-to sanguneo antes do incio de cada fase de luta, primeiramente,para averiguar os valores de repouso e, nas duas etapas seguin-tes, para confirmar o retorno aos valores iniciais de lactato, essen-cial para que ele iniciasse a luta subseqente com baixas concen-traes de lactato, j que as coletas foram realizadas em um nicodia. No foi encontrada diferena significativa entre os valores derepouso, demonstrando que o intervalo de quatro horas entre cadaluta foi o suficiente para que os indivduos tivessem a concentra-o de lactato retornado aos valores iniciais(13).

    Constatou-se aumento significativo na concentrao de lactatono sangue aps as lutas de 1min e 30s, 3min e 5min, em relao concentrao de lactato em repouso. Estes resultados demonstra-ram que o esforo provocado pelas lutas foi suficiente para elevarsignificativamente o lactato para altas concentraes, como espe-rado e observado em outros(2-4). De acordo com Linnamo et al.(14),aumentos significativos da concentrao de lactato, acima de10mmol/l, indicam grande percentual de utilizao de fibras rpi-das durante o esforo e, portanto, pode ser um bom indicador dapotncia anaerbia(15), tornando relevante o desenvolvimento des-ta capacidade para o melhor desempenho do judoca.

    Os diferentes tempos de luta no induziram um aumento gra-dual ou com diferena significativa na concentrao de lactatosanguneo. Chmura et al.(7) controlaram a carga do esforo em ci-cloergmetro e obtiveram o aumento gradual da concentrao delactato. Estas diferenas devem-se, provavelmente, a possvelconhecimento por parte do atleta, com base em experincias an-teriores, do modo como dosar a intensidade do esforo durante aslutas. Aparentemente, estes atletas realizaram esforo mais inten-so nas lutas mais breves e esforo menos intenso nas mais lon-gas, j que eles foram informados previamente sobre a duraodos combates, de modo a compensar o volume pela intensidadede esforo, obtendo valores semelhantes de lactato sanguneo.

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    No foi encontrada diferena significativa no TR em altas con-centraes de lactato, diferentemente dos resultados encontra-dos por Chmura et al.(7), que demonstraram que o aumento acen-tuado da concentrao de lactato no sangue (6mmol/l ou mais) fazcom que o TR seja maior. Alm disso, o desempenho no TR no foidependente do lado do membro que ir executar a tarefa (direitoou esquerdo), ao contrrio dos resultados encontrados por Mori etal.(16), que verificaram diferena significativa entre os lados, obser-vao que corrobora com Coronel et al.(17), que demonstraram po-der existir influncia da especializao do hemisfrio cerebral emtarefas de TR. De modo geral, entende-se que a posio espacialdo estmulo(18), o tipo de resposta requerida (unilateral ou bilateral)e posio do sujeito podem ser determinantes e influenciar o tem-po de reao. No protocolo aplicado por Mori et al.(16), os sujeitospermaneciam sentados e reagiam ao sinal visual com os membrossuperiores apertando uma tecla que registrava o TR, ora com amo esquerda ora com a direita, fazendo com que no houvesseinterferncia de um dos lados, quando o outro tivesse que respon-der, providenciando um TR distinto para cada lado de execuo datarefa. Neste protocolo, os sujeitos realizavam o teste de TR emp e reagiam ao sinal com os dois membros inferiores simultanea-mente; no entanto, eram informados de que os estmulos seriamapresentados na esquerda ou na direita do monitor. Desse modo,aps a apresentao do sinal, o tempo de resposta foi obtido apsuma mudana de presso no solo pelos dois ps, para se move-rem o mais rpido possvel em direo plataforma apresentadano monitor, independente do lado em que fosse apresentado oestmulo, sendo, portanto, o motivo provvel de no ter sido en-contrada diferena significativa nos resultados da anlise entre oslados de sada.

    Na observao dos registros de TR, foi verificado que houveaumento do nmero de erros de execuo da tarefa de TR ps-lutas em relao ao repouso, apesar da manuteno dos valoresde TR. Uma provvel dificuldade de concentrao dos sujeitos ps-lutas fez com que as sadas fossem antecipadas ou que eles noficassem completamente estabilizados sobre as plataformas. Ob-servou-se, contudo, que o nmero de erros foi ainda maior imedia-tamente ps-lutas quando comparado com os valores obtidos trsminutos aps o trmino da luta.

    Com o intuito de verificar o comportamento entre a concentra-o de lactato sanguneo e o nmero de registros errados de TR,foi feita uma anlise de correlao destas variveis em dois mo-mentos: em repouso e aps 3min do final da luta, obtendo resulta-do significativo. Isso demonstra que o aumento de lactato em lu-tas de jud pode interferir no desempenho durante a manutenoda resposta correta na capacidade de reao.

    Diversos fatores podem estar relacionados ao nmero de errosem cada fase do teste. O momento da coleta do sangue, trs mi-nutos aps o trmino das lutas, no necessariamente representa afase de maior concentrao de lactato no msculo ou de maioracidose muscular, mas sim a dinmica entre a produo de cidolctico muscular, sua dissociao em lactato e ons H++ e sua re-moo(19), enquanto, imediatamente aps as lutas, a condio me-tablica pode variar em decorrncia de sua durao e intensidade.Estes resultados mostram que, para se manter uma tarefa em ti-mo desempenho, necessria a manuteno do nvel de concen-trao do indivduo aps e durante esforos de alta intensidade, eque est relacionado capacidade de suportar os efeitos agudosdo exerccio sobre o aparato muscular. Aparentemente, como osatletas mantiveram os valores de TR durante todas as fases decoleta inalterados significativamente, mas diminuram o desempe-nho do TR indiretamente, ao no conseguirem a manuteno nacapacidade de executar a tarefa, os efeitos metablicos observa-dos podem produzir diferentes respostas adaptativas do organis-mo, de modo a preservar a capacidade motora em detrimento dashabilidades especficas requeridas em cada tarefa.

    Alm da concentrao de lactato, sabe-se que diversos fatorespodem contribuir para a diminuio da capacidade de contrao domsculo e tambm influenciar no resultado obtido em tarefasmotoras.

    Primeiramente, entendemos que possa ter ocorrido uma acido-se muscular causada pelo acmulo de H+(20-22) que foi dissociadodo lactato, a partir do cido lctico. A diminuio dos nveis deenergia e tambm de CP para a ressntese de ATP, relacionadacom o aumento dos nveis de Pi no sarcoplasma, pode ter limitadoa capacidade de contrao do msculo(23). Um complexo formadopela interao de Pi e Ca++ pode provocar uma precipitao destecomplexo para dentro do retculo sarcoplasmtico, reduzindo aquantidade de Ca++ livre disponvel no sarcoplasma, causando me-nor afinidade com os stios de ligao da troponina(24-27), podendoreduzir a fora de ligao das pontes cruzadas entre actina e miosi-na no final da fase de contrao muscular. Um outro ponto impor-tante que uma resposta inibitria pode ser desencadeada pelacondio fatigante no msculo, mandando um sinal aferente re-gio supra-espinhal e posteriormente ao neurnio motor(28), ou poruma inibio direta que parte do prprio neurnio motor em dire-o fibra muscular(23), fazendo com que seja reduzido o nmerode sinais fibra muscular, como uma espcie de economia de es-tmulos, para que o msculo prolongue o trabalho, mesmo queesteja diminuindo a fora de contrao(28). Esta condio que estfatigando o msculo pode providenciar um sinal aos comandos cen-trais conhecido como feedback inibitrio aferente(20). Alm disso,pode ocorrer uma falha no mecanismo de transmisso do impulsoeltrico do neurnio motor para a fibra muscular, pela excessiva efreqente chegada de estmulo juno neuromuscular, resultan-do na limitao da liberao da acetilcolina pela terminao(29,30).

    Esses fatores associados podem ter auxiliado a interferir na per-formance dos indivduos, levando-os a errarem mais ao executa-rem a tarefa, o que influenciaria sua motivao, que est relaciona-da percepo e ao processamento das informaes no SNC(31).

    Com base nos resultados, concluiu-se que existe uma distinoentre o tempo de reao e a capacidade de reagir corretamente,fatores que podem ser decisivos em uma luta de jud. Foi obser-vado que aps esforos de alta intensidade a concentrao de lac-tato tende a ser elevada, independente da durao do combate, eque leva o atleta fadiga, influenciando negativamente em suacapacidade de acerto ao reagir a um estmulo.

    O trabalho mostrou que mesmo com altas concentraes delactato sanguneo aps as lutas, foi mantida a capacidade de rea-o do atleta, mas a freqncia com que esta performance acon-teceu foi diminuda, resultando em respostas erradas, porm alea-trias. Esta incapacidade de manuteno do desempenho em todasas fases de reao durante uma luta intensa um fator que deveser considerado durante o treinamento. De modo geral, o desen-volvimento da capacidade anaerbia lctica essencial para quena luta os judocas suportem altas concentraes de lactato no san-gue e nos intervalos tenham a capacidade de reabsoro do lacta-to acumulado e entrem para as lutas subseqentes capazes dereagir aos golpes adversrios com maior freqncia de acertos.

    Apesar deste trabalho evidenciar alguns aspectos fundamentaispara o bom desempenho do judoca, ele no verifica com precisotodos os fatores envolvidos na anlise do tempo de reao. Sabe-se que o fracionamento do tempo de reao em percepo doestmulo, processamento da informao, propagao do sinal ata contrao muscular, caracterizando o incio da resposta, podeexplicar em que nvel do sistema motor as deficincias ocorrem.Observamos ainda que a determinao explcita da durao doscombates pode ter interferido demasiadamente no modo como osatletas dosaram a intensidade do esforo, pois fenmeno similarno acontece durante a competio. Desse modo, sugerimos queestudos complementares sejam realizados com o intuito de me-lhor analisar as relaes entre a fadiga neuromuscular e o tempode reao.

  • Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, N 5 Set/Out, 2004 343

    Todos os autores declararam no haver qualquer potencial conflitode interesses referente a este artigo.

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  • O arquivo disponvel sofreu correes conforme ERRATA publicada no Volume 10 Nmero 6 da revista.