TOMÁŠ HALÍK - fnac-static.com · 3 1. A PORTA DOS FERIDOS Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o...

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  • TOMÁŠ HALÍKT E M P L E T O N P R I Z E 2 0 1 4

    VASCO PINTO DE MAGALHÃES , SJPREFÁCIO DE

  • Título original: Dotkni se ran© 2008, Tomáš Halík – Praga

    Tradução © 2015, Paulinas EditoraTradutor Artur Morão

    Capa Gito LimaPré-impressão Paulinas Editora – Prior Velho

    Impressão e acabamentos Artipol – Artes Tipográficas, Lda. – ÁguedaDepósito legal 389 477/15

    ISBN 978-989-673-441-1(edição original 978-80-7106-979-9)

    © Março 2015, Inst. Miss. Filhas de São PauloRua Francisco Salgado Zenha, 112685-332 Prior VelhoTel. 219 405 640 – Fax 219 405 649e-mail: [email protected]

    SEM VALOR COMERCIAL

    COLEÇÃO

    POÉTICAS DO VIVER CRENTESÉRIE LINHAS DE RUMO

    O presente é um entrançado de linhas múltiplas e descontínuasque se cruzam, dando forma ao que os nossos olhos hoje veem.Dentre elas, porém, algumas apontam já os caminhos de sabe-doria que nos conduzem profeticamente ao amanhã.

    Coordenação da coleção: José Tolentino Mendonça

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    1. A PORTA DOS FERIDOS

    Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o Gémeo, nãoes tava com eles quando Jesus veio. Diziam-lhe os outros dis-cípulos: «Vimos o Senhor!» Mas ele respondeu-lhes: «Se eunão vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meudedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, nãoacredito.» Oito dias depois, estavam os discípulos outra vezdentro de casa e Tomé com eles. Estando as portas fechadas,Jesus veio, pôs-se no meio deles e disse: «A paz seja convosco!»Depois, disse a Tomé: «Olha as minhas mãos: chega cá o teudedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejasincrédulo, mas fiel.» Tomé respondeu-lhe: «Meu Senhor emeu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Por que me viste, acreditaste.Felizes os que creem sem terem visto!

    Jo 20,24-29

    Li este Evangelho até ao fim, retirei-me do ambãoe fui novamente ocupar o meu lugar. Era de manhãzi -

  • nha e a Catedral de Madrastata [Índia] estava aindamergulhada na penumbra, silenciosa e quase vazia. AÍndia estendia-se diante de mim como um multicolorta pete de flores, ornado e guarnecido de muitos lu ga -res sagrados – ali estava eu, a caminho de Bodh Gaya,o lugar da iluminação de Buda, de Sarnat, onde oIluminado fez o primeiro discurso aos seus discípulos,de Varanasi, nas margens do Ganges, o destino maissa grado de peregrinação dos Hindus, de Mathura, acidade natal de Krishna –, mas aqui em Madrastata,no coração do cristianismo local, onde desde semprefoi venerado o túmulo do apóstolo Tomé, padroeirodas Índias, senti-me realmente, por um instante,como em casa – graças também ao texto já familiar.

    Nesse momento, ainda captei e entendi a perícoperecitada do Evangelho de S. João como sempre antes apercebera e como habitualmente é interpretada: Jesus,pela sua aparição, livrou de todas as dúvidas o após-tolo cético, sobre a realidade da sua ressurreição; do«in crédulo Tomé» fez-se, de súbito, o crente. […]

    Conta-se acerca de S. Martinho que, um dia, Sa -tanás lhe apareceu até sob a figura de Cristo. Mas osanto não se deixou enganar: «Onde estão as tuaschagas?», perguntou. […]

    Naquela tarde, em Madrasta, ainda outra coisachamou a minha atenção: possivelmente, as dúvidas do

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  • apóstolo Tomé eram de um tipo muito diferente dasque nós – netos da época cientificista e positivista – pa -decemos de vez em quando e que, apressados, projeta-mos nesta história; o Apóstolo não era, pro va velmente,um «materialista» lerdo e pesadão, incapaz de se abrirao mistério que não conseguia «apreender». […]

    «A incredulidade de Tomé é mais útil à nossa fé doque a fé dos discípulos que acreditam», escreveu opapa S. Gregório Magno, na homilia sobre este textoevangélico.

    2. SEM DISTÂNCIA

    Se alguém não consegue encontrar Cristo noambiente tradicional que as Igrejas oferecem, nos seussermões, atos de culto e catecismos, para ele continuaainda sempre aberta esta outra possibilidade: encon-trá-lo onde os seres humanos sofrem. Não disse, pois,Jesus: «Sempre que fizestes isto a um destes meusirmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes»?

    E ainda: podemos até encontrá-lo nas profundezasda nossa própria dor.

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    3. MISTÉRIO DO CORAÇÃO

    «As chagas do corpo deixam ver o íntimo docoração, escreveu o místico S. Bernardo de Claraval.Reconheço que, por uma série de razões, precisei demuito tempo para ter a coragem de escrever sobre estearcanum – é «um mistério demasiado grande», é real-mente um mysterium tremendum et fascinans, o misté-rio de uma atração cativante, mas ao mesmo tempote merosa, que incute terror e medo. […]

    A veneração piedosa das cinco Chagas de Cristo,do seu Sagrado Coração, das Sete Dores de Maria, dasSete Palavras de Cristo na cruz, do Véu da Verónica,do Sudário de Turim, das estações da Via-Sacra, dosMistérios dolorosos do Rosário – tudo isto pode ouin troduzir nas profundezas da história da Páscoa oupermanecer igualmente ligado a exterioridades, naágua volúvel das lágrimas e dos lamentos das mulhe-res, que Jesus admoestou no seu caminho da cruz(«Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, choraiantes por vós mesmas e pelos vossos filhos!»), ou levar,inclusive, a afundar-se na lama venenosa de fantasiassadomasoquistas.

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    4. O VÉU RASGADO AO MEIO

    Segundo o Evangelho, no momento da morte deJesus, o véu do Templo rasgou-se em dois, e ficouassim exposta a nudez, a escuridão e o vazio do recintocentral do Templo de Jerusalém. […]

    Durante séculos, os cristãos, como se vê, não refle-tiram muito sobre o modo como o misticismo do véurasgado iria afrontar os seus irmãos e irmãs maisvelhos na fé, os Judeus. De facto, o rasgar do véu nãosignifica que o Judaísmo se tornou nulo e inválido? E,a partir desta ideia, não pode tirar-se a conclusão deque os Judeus enquanto judeus (se não se converteremao Cristianismo), em rigor, já aqui não deveriam estar?E desde esta ideia (felizmente, quase nunca pensadaou proferida até ao fim) não haverá apenas um passopara aquela passividade com que muitos cristãos assis-tiram (ou viraram a cara), quando o neopaganismoantijudeu e anticristão militante do nacional-socialis -mo tentou efetivamente levar a cabo a «Solução Final»– a extinção dos Judeus e do Judaísmo na história?

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    5. O DEUS QUE DANÇA

    Richard Kearney relembra que um dos conceitosfulcrais da antiga teologia trinitária cristã, a perichore-sis (o recíproco «adentrar-se» e o mútuo enlaçar-se dasPessoas da Santíssima Trindade), está ligado ao con-ceito de dança. […] Esta visão deveras inabitual de-sencadeou em mim, como um raio, duas associações:a dança dos dervixes que, no ano passado, testemu -nhei na cidade turca de Konya, na festa comemorativaem honra do místico islâmico Rumi (Maulana), numarepresentação corpórea e sugestiva do amor dinâmicode Deus provinda do tesouro da mística sufi; em se -guida, a frase de Nietzsche de que ele «só acreditarianum Deus que soubesse dançar». […]

    Poderá Jesus – e o Deus uno e trino que nele senos revela – ser um Deus que dança?

    6. A ADORAÇÃO DO CORDEIRO

    Conta-se que, na noite antes da batalha da Pontede Mílvio, apareceu no céu ao imperador romanoConstantino o sinal da Cruz, e ele ouviu a frase:«Com este sinal vencerás!» Mandou, então, afixar umacruz nos escudos das suas tropas, derrotou os seus ini-migos e, por gratidão, concedeu à Igreja, até aí perse-

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    guida, a legitimidade e vários privilégios. Por fim,acabou por fazer-se do Cristianismo a religião estataldo Império Romano. […]

    Não me sai da cabeça esta questão: qual a configu-ração da história do Cristianismo, da Europa e domundo, se o imperador Constantino tivesse entendidoaquele fenómeno extraordinário com maior discer -nimento? […] Talvez a Igreja, sem as regalias de Cons -tan tino, não tivesse conseguido desenvolver, com tantarobustez, o seu potencial cultural; talvez o Cristianismo,se não tivesse conseguido expandir-se no espaço públicodaquele Império, no lado soalheiro e lu minoso dopoder, não tivesse também imbuído a so ciedade do seupoder terapêutico. Não teria erigido quaisquer institui-ções educativas e sociais, e não poderia obter, ao longodos milénios, uma rica colheita dos frutos benéficos dasua influência. Talvez. No entanto, nesta versão impe-rial do Cristianismo, talvez algo de essencial tenha sidoesquecido, sem se desenvolver e des dobrar – ou atétenha sido atraiçoado e desfigurado.

    7. ESTIGMAS E PERDÃO

    O já falecido arcebispo de Praga, cardeal Tomášek,que, se não me engano, foi testemunha ocular do

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    atentado contra João Paulo II, na Praça de S. Pedroem Roma, falou-me, uma vez, de uma conversa com oPapa ferido, quando o foi visitar ao hospital romano,cerca de dez dias após o crime. À questão habitualsobre como estava e se sentia, o Papa, deitado na suacama de enfermo, indicou-lhe, com os olhos, as suasmãos enfaixadas, ligadas aos aparelhos, e o seu abdó-men envolvido por ligaduras, e disse, com um sorriso:«Agora, sim, já sou estigmatizado!»

    O que me tocou e comoveu foi que justamenteeste Papa abrisse a porta para o novo milénio, e ofizesse com as mãos estigmatizadas. Não terá sido oatentado contra ele um sinal profético?

    8. PANCADAS NA PAREDE

    «Dois prisioneiros em celas contíguas que, compancadas na parede, comunicam entre si. A parede é oque os separa, mas é também o que lhes permitecomunicar um com o outro. O mesmo se verifica con-nosco e com Deus. Cada separação é um vínculo»,anotava Simone Weil.

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    9. CORPOS

    Há já alguns anos, um casal, numa cidade alemã,apresentou uma proposta para que o crucifixo fosseretirado da parede das salas de aula, pois o seu filhonão podia contemplar um objeto tão repelente. Surgiuassim, pouco a pouco, um caso que, por fim, confluiunuma deliberação do Tribunal Constitucional, emKarlsruhe, para que as cruzes desaparecessem das esco-las públicas. Alguns anos depois, por seu turno, o le -gis lador francês […] chegou à deliberação de que nasescolas francesas deveriam ser proibidos tanto o véudas islâmicas como as cruzes («ostensivas») nos pesco-ços cristãos e os kippas nas cabeças judaicas. […] Namesma altura, os representantes da Europa unida con-cordaram em tirar a expressão «cristianismo» dopreâmb ulo do projeto para a Constituição Europeia.

    […] A Europa, sem dúvida, não se tornará maisou menos cristã se esta palavra aparecer, ou não, naConstituição, e o Espírito que Cristo prometeu sopraonde quer, e certamente não o deterão nem prescri-ções oficiais nem zelosos mestres-escola à entrada dases colas francesas ou alemãs. Provavelmente, eu tam -bém não faria parte da manifestação dos católicos bá -va ros que, em Karlsruhe, agitavam cruzes à frente doedifício do tribunal, embora entenda os sentimentos

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    desta geração de alemães que, já uma vez, tinha expe-rimentado a retirada das cruzes das paredes das esco-las; no dia seguinte, em seu lugar estava penduradauma fotografia oficial do homem com o bigodinho e arisca ao lado.

    10. NOIVA FORMOSA, IGREJA LASTIMOSA

    Recordemos, mais uma vez, a lenda de S. Mar ti -nho que na aparição radiosa de Cristo – em virtude daausência das chagas – reconheceu o disfarce ardilosodo Anticristo.

    Se eu viesse a encontrar uma Igreja bem sucedida emuito influente que, em virtude dos seus indiscutíveisméritos no campo da caridade, da política, da cultura,com dirigentes, teólogos e gestores insensatos, que sealegram com a alta estima e o respeito de todos, umaIgreja sem sombras, sem manchas, sem arranhões e ci -catrizes dolorosas, eu afastar-me-ia horrorizado, poisestaria certo de que se tratava de um truque diabólico.[…] Se viesse a encontrar uma Igreja evangelicamentepobre, cheia de coragem e santidade de todos os seusmembros, não oferecendo a ninguém um motivo dein dignação, sim, aquela bela noiva, «aquela Igreja san -ta, esplêndida, sem mancha» da qual lemos na Escri -

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    tu ra, teria de reconhecer que, desta vez, ainda nos te -ría mos de incomodar mais com uma maquilhagemdiabólica. «Onde estão as tuas chagas», perguntariaeu? Onde estão todos os sinais da nossa fraqueza hu -ma na, da nossa pecaminosidade e da pouca fé; ondeestá a terra sempre poeirenta e lamacenta da nossa hu -manidade, em que Deus depositou a semente da suaPal avra e a partir da qual formou o homem; onde estáa terra eternamente impura e desarrumada para ondeenviou a sua Palavra e ordenou que ela se fizesse carne,o seu Filho, e a partir da qual formou também o seuCorpo místico, a Igreja – homens, como vós e eu?

    11. PEQUENO É O LUGAR DA VERDADE

    Há alguns anos, participei num debate, que étrans mitido na televisão checa, todos os domingos,por volta do meio-dia. Além de mim, participaram osvice-presidentes dos dois grandes partidos políticos daRepública Checa. Depois de terminada a emissão, umdos vice-presidentes e eu estivemos a sós, por momen-tos, na escadaria, e fiz-lhe uma pergunta; fiquei a saberque, por causa dela, ele me consideraria provavelmen -te como um extraterrestre que, por descuido, se extra-viou no mundo dos que sabem e têm experiência; no

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    entanto, eu estava muito ansioso pela sua resposta.«Senhor Vice-presidente, estamos aqui sozinhos. Sabemuito bem que aquilo que afirmou diante das câma-ras, e durante todo o tempo, não é verdade?» O polí-tico olhou-me de alto a baixo, numa mescla de com-paixão e desprezo, como um Golias faustosamentearmado para o jovem insolente que, por um mo men -to, lhe barrou o caminho. «Verdade!?», repetiu ele,com horror, esta palavra, tal como se me tivesse per-mitido dizer diante dele algo de indecente. «Meu carosenhor, eu falo às minhas gentes e você às suas.»

    12. VERÓNICA E A MARCA DO ROSTO

    Quando o Ressuscitado veio ter com os discípulos,ainda deprimidos com o medo, a tristeza, a desilusão,e abatidos pela sombra da cruz e por causa do seu pró-prio fracasso, portanto, com homens que cobarde-men te o abandonaram e fugiram, dirigiu-se-lhes,antes de mais, com a linguagem das suas chagas. Maso que aconteceu com as mulheres?

    Elas não o abandonaram, não fugiram, acompa-nha ram-no no caminho da cruz e persistiram, até aoúl timo momento, aos pés da cruz – e foram tambémas primeiras que descobriram o túmulo vazio, o seio

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    aberto do mistério da manhã de Páscoa. O Evangelhore gista o nome de algumas delas, e as representaçõesmedievais relativas à Páscoa falam das três Marias;uma infinidade de imagens e estátuas que, ao longo demuitos séculos, representaram a crucificação, mos-tram sobretudo duas: a Virgem Mãe e também a an ti -ga prostituta de Magdala, da qual Jesus expulsou setede mónios, que o amava sem limites e que estavamuito próxima do seu coração.

    13. FERIDAS TRANSFORMADAS

    Onde estão os postos de primeiros socorros donosso mundo? […]

    «Vede as minhas mãos e os meus pés», diz Cristo,hoje, com o olhar sobre todos os indigentes e feridos,os que estão perto e os que estão longe. «Vede asminhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo. Tocai-mee olhai que um espírito não tem carne nem ossos,como verificais que Eu tenho.»

    «Os homens e as mulheres são carne e osso, mãos epés, o lado trespassado de Cristo» – o seu Corpo Mís -tico, acrescenta o autor que se esconde atrás do pseu-dónimo Monge da Igreja Oriental, «neles, através danossa ação, podemos levar a cabo a realidade da res-

  • surreição». Ele convida a que vejamos Cristo não sónos socialmente indigentes, nos doentes, pobres,aban donados, mas sobretudo nos homens que nos sãoestranhos e antipáticos: «em muitos destes homens emulheres – em homens maus e criminosos – Cristofoi, de novo, aprisionado. Liberta-o, de modo que o re -conheças pacífica e silenciosamente e neles o adores.»

    Duras e exigentes são estas palavras. Quem podeouvi-las?

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  • 16 MARÇOnas liv

    rarias

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