Todas as Parabolas de Jesus

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Instrues parablicas em Apocalipse Bibliografia ndice de assuntos INTRODUO Em todo o mbito literrio no h livro mais rico em m a t e r i a l alegrico e em parbolas do que a Bblia. Onde, por exemplo, podemosencontrar parbolas, emblemas ou figuras de linguagem comparveisquelas que os grandes profetas da antigidade dentre os quais Jesus,o maior de todos eles empregavam quando discursavam aos de s u a poca? Sabendo do poder e do fascnio da linguagem pictrica, usavame s s e r e c u r s o p a r a a u m e n t a r o e f e i t o d e s e u ministrio oral. Comod e s c o b r i r e m o s e m n o s s o e s t u d o s o b r e a s p a r b o l a s d a B b l i a , especialmente as t r a n s m i t i d a s p e l o S e n h o r J e s u s , v e r e m o s q u e s o o mais perfeito exemplo de linguagem figurada para mostrar e reforar asverdades divinas.Em outro livro meu, All the miracles of the Bible [Todos os milagresda Bblia], tratamos das diferenas entre milagres parbolas em ao e parbolas milagres em palavras. N a d a h d e m i r a c u l o s o n a s parbolas, que, na maior parte, so naturais e indispensveis, chamandoa ateno para a graa e para o juzo. Os milagres manifestam poder emisericrdia. Westcott, no estudo The gospels [Os evangelhos], afirmaq u e a p a r b o l a e o m i l a g r e " s o p e r f e i t a m e n t e c o r r e l a t o s e n t r e si; nap a r b o l a , v e m o s a p e r s o n a l i d a d e e o p o d e r d o G r a n d e O b r e i r o ; n o milagre, a ao geral e constante da Obra [...] naquela, somos levados aa d m i r a r a s m l t i p l a s f o r m a s d a Providncia e n e s t e , a r e c o n h e c e r a instruo vinda do Universo". No debate acerca dos vrios aspectos do desenvolvimento e da de-m o n s t r a o do mtodo parablico encontrado na Bblia, interessante observar quantos escritores do assunto mencionam, d e forma elogiosa, a abrangente pesquisa de Trench em seu Notes on the p a r a b l e s [ A n o t a e s s o b r e a s p a r b o l a s ] . O d r . G o r d o n L a n g , p o r exemplo, no "Prefcio" do seu livro esclarecedor The parables of Jesus[As parbolas de Jesus], afirma que o trabalho do dr. Trench foi o nico q u e e l e c o n s u l t o u a o p r e p a r a r a s u a o b r a . " S e r i a s i m p l e s m e n t e u m atrevimento tentar escrever alguma coisa sobre as parbolas", diz o dr. Lang, "sem a orientao que advm da percia e da grande percepo dodr. Trench". Outros estudiosos de parbolas,2

entre os quais me incluo, s o u n n i m e s e m r e c o n h e c e r q u e d e v e m muito ao dr. Trench. Parao r i e n t a r p r e g a d o r e s e e s t u d i o s o s , a p r e s e n t a m o s a s e g u i r u m a indispensvel i n t r o d u o q u e t r a t a d o s m a i s v a r i a d o s a s p e c t o s d a parbola. A longevidade do mtodo de parbolas Embora o uso das parbolas tenha sido caracterstica mpar do en-sino popular de Jesus, visto que "Sem parbolas no lhes falava", no foiCristo o criador desse recurso didtico. As parbolas so utilizadas desdea antigidade. Embora Jesus tenha contribudo para os escritos sagradoscom parbolas inigualveis e tenha elevado esse mtodo de ensino ao mais alto grau, era sabedor da existncia milenar desse m t o d o d e apresentar a verdade. Na poca e na regio em que Jesus apareceu, asp a r b o l a s e r a m , c o m o a s f b u l a s , u m m t o d o p o p u l a r d e instruo, ei s s o e n t r e t o d o s o s p o v o s o r i e n t a i s . O d r . S a l m o n d , no manual The p a r a b l e s o f o u r Lo r d [ A s p a r b o l a s d o n o s s o S e n h o r ] , f a z l e m b r a r , n o pargrafo que trata do "Encanto da linguagem figurada", que a utilizaodesse tipo de linguagem exercia: ... atrao especial sobre os povos orientais, para quem a i m a g i n a o e r a m a i s r p i d a e t a m b m m a i s a t i v a q u e a faculdade lgica. A grande famlia das naes conhecidas comosemitas, aos quais pertencem os hebreus, junto com os rabes,os srios, os babilnios e outras raas notveis j demonstrarama e s p e c i a l t e n d n c i a i m a gi n a o , c o m o t a m b m u m g o s t o particular por ela. A antigidade desse mtodo disseminado de l i n g u a g e m s e confirma pelo fato de figurar no AT em larga medida e sob diferentesformas. A primeira parbola, registrada, em forma de fbula, mostrarvores e scolhendo para si um rei, retrato d que aconteceria entre o p o v o ( J z 9 ) . J o t o u s o u e s s a f b u l a c o m o objetivo de convencer osh a b i t a n t e s d e S i q u m s o b r e a t o l i c e d e t e r e m e s c o l h i d o p o r r e i o perverso Abimeleque. As parbolas e os smiles do AT, abordados nestaseo, mostram que era muito comum o mtodo de instruo por meiod e p a r b o l a s . P a r a u m a m e l h o r c o m p r e e n s o d a m a n e i r a e m q u e o s escritores judeus da antigidade usavam o mundo visvel para ilustrar oreino espiritual, o leitor precisa consultar o captu lo muito interessantede Trench, chamado "Outras parbolas que no as das Escrituras". Emnota de rodap, cita-se a declarao dos judeus cabalis-tas, segundo aqual "a luz celestial nunca desce at ns sem um vu [...] impossvelq u e u m r a i o d i v i n o b r i l h e s o b r e n s , a m e n o s q u e v e l a d o p o r u m a diversidade de revestimentos sagrados".Graas sua infinidade, Deus tinha de utilizar aquilo com que os seres humanos estivessem familiarizados, com o objetivo de comunicar finita mente humana a sublime revelao de sua vontade. A revelaode preceitos fundamentais era revestida de parbolas e analogias. Hillele Shammai foram os mais ilustres professores a usar parbolas antes deCristo. Depois de Jesus veio ainda Meir, com quem, segundo a tradio, acapacidade de criar parbolas declinou consideravelmente. A figueira dopovo judeu secou e no pde mais produzir frutos.Quando o Senhor Jesus apareceu entre os homens, como Mestre,tomou a parbola3

e honrou-a, usando-a como veculo para a maissublime de todas as verdades. Sabedor de que os mestres j u d e u s ilustravam suas doutrinas com o auxlio de parbolas e c o m p a r a e s , Cristo adotou essas antigas formas de ensino e deu -lhes renovao deesprito, com a qual proclamou a transcendente glria e excelncia des e u e n s i n o . D e p o i s d e J e s u s , a s p a r b o l a s p o u c a s v e z e s foram usadasp e l o s a p s t o l o s . N o e x i s t e m pa r b ol as em At os , m as , com o mostraremos quanto ao NT, as epstolas e o A p o c a l i ps e c o nt m impressionantes exemplos da v e r d a d e d i v i n a r e v e s t i d a e m t r a j e s humanos.Embora os apcrifos faam grande uso das figuras de linguagem, no h parbolas nos evangelhos apcrifos. Entre os pais da igreja haviau m o u d o i s q u e s e u t i l i z a v a m d e p a r b o l a s c o m o m e i o d e e x p r e s s o . Trench fornece uma seleo desses primeiros escritores da igreja, cujostrabalhos eram ricos em comparaes. Entre os exemplos citados, esteste excerto dos escritos de Efraem Siros: Dois homens iniciaram viagem a certa cidade, localizada ac e r c a d e 6 k m . U m a vez percorridos os primeiros quinhentosmetros, encontraram um lugar junto estrada, em que havia b o s q u e s e r v o r e s f r o n d o s a s , a l m d e r i a c h o s ; l u g a r m u i t o agradvel. Ambos olharam ao redor, e um dos dois viajantes,com a inteno de continuar a caminhada r u m o c i d a d e d o s seus desejos, passou apressado por aquele local; mas o outro p r i m e i r a m e n t e p a r o u p a r a o l h a r m e l h o r e d e p o i s r e s o l v e u permanecer um pouco mais. Mais tarde, quando comeava aq u e r e r d e i x a r a s o m b r a d a s r v o r e s , t e m e u o c a l o r e assimd e t e v e - s e u m p o u c o m a i s . A o m e s m o t e m p o , a b s o r t o e encantado com a beleza da regio, foi surpreendido por umafera selvagem que assombrava a floresta, sendo capturado e arrastado at a caverna do animal. Seu companheiro, que no se descuidou em sua viagem, nem se permitiu demorar naquelel u g a r , s e d u z i d o p e l a b e l e z a d a s r v o r e s , s e g u i u d i r e t a m e n t e para a cidade. Comparada com as parbolas da Bblia, essa que acabamos de verparece um tanto sem graa e infantil. Como demonstraremos mais tarde,as parbolas de Jesus so magnficas na aplicabilidade, na conciso, na beleza e no poder de atrao. Embora Cristo no tenha criado o recursod i d t i c o d a p a r b o l a , c e r t a m e n t e o d o t o u d e e l e v a d a o r i g i n a l i d a d e , conferindo-lhe profunda importncia espiritual, com dimenses at entodesconhecidas. O significado do termo parbola Embora estejamos inclinados a limitar o significado de parbola sparbolas de Jesus encontradas nos trs primeiros evangelhos, na verda-de o vocbulo tem uma flexibilidade de emprego, pois abarca diferentesaspectos da linguagem figurada, como os smiles, as comparaes, os ditados, os provrbios e assim por diante.No AT a palavra hebraica traduzida por parbola m_sh_l, que sig-n i f i c a p r o v r b i o , a n a l o g i a e p a r b o l a . C o m a m p l a g a m a d e e m p r e g o s , essa palavra "cobre diversas formas de comunicao feitas de modo pi-toresco e sugestivo todas aquelas em que as idias so4

apresentadasnuma roupagem figurada. Em virtude de sua aplicao ser to variada,encontra-se na verso portuguesa diferentes tradues". A idia central de m_sh_l "ser como" e muitas vezes refere-se a "frases constitudasem forma de parbola", caracterstica da poesia hebraica. O vocbulo n u n c a u s a d o n o s e n t i d o t c n i c o e e s p e c f i c o d e s e u c o r r e s p o n d e n t e neotestamentrio.Pode ser encontrado no discurso figurado de Balao: Ent o p ro f e r i u B al a o a s u a p al a vr a . .. ( Nm 2 3 : 7 , 1 8 ; 24:3,15). O mesmo termo usado em ditados proverbiais c u r t o s e substanciais: Pelo que se tornou em provrbio: Est tambm Saul entre os profetas? (ISm 10:12). Salmond observa que "nesse sentido a palavra usada em refern-cia s mximas de sabedoria contidas no livro conhecido como Provr -bios"; essas mximas se apresentam em larga medida na forma de com-parao, como quando se diz: Os tesouros da impiedade de nada aproveitam, mas a jus-tia livra da morte (10:2).M_sh_l o termo traduzido por provrbios e m 1 : 1 , e m 1 0 : 1 e n a frase: . . . a s s i m o p r o v r b i o n a b o c a d o s t o l o s ( 2 6 : 7 , 9 ; v . l R s 4:32). Tambm usado com respeito frase de sabedoria tica de J: Prosseguiu J em seu discurso... (27:1; 29:1). tambm usado em referncia aos ditados obscuros, declaraes enigmticas e enigmas: ... decifrarei o meu enigma na harpa (Sl 49:4);... proporei enigmas da antigidade (Sl 78:2). E usado ainda como correspondente de figura ou alegoria: Fala aos filhos de Israel... (Nm 17:2; 24:3). C . W . E m m e t , n o D i c t i o n a r y o f t h e g o s p e l s [ D i c i o n r i o d o s evangelhos], organizado por Hastings, observa que "h cinco passagensn o A T g e r a l m e n t e citadas como a mais prxima representao da'parbola' no sentido tcnico do termo. Cumpre salientar que em nenhuma dessas passagens se encontra a palavra parbola. C o m o j vimos, quando temos a referncia "no temos o referente (a parbola propriamente dita); de igual modo, quando temos o referente, n o encontramos a referncia".As parbolas de Nata (2Sm 12:1-4) e de Joabe (2Sm 14:6) so umtanto semelhantes, tendo uma histria real com uma aplicao forte. Aprimeira corresponde Parbola do credor e dos devedores, e a de Joabetraz mente a Parbola do filho prdigo. A5

Parbola do profeta ferido (lRs 20:39) conta com o auxlio de umad r a m a t i z a o . " E m t o d a s a s t r s p a r b o l a s " , d i z E m m e t , " o o b j e t i v o comunicar a verdade da histria e condenar o ouvinte mediante os co-mentrios impensados que saem de sua prpria boca". Nos ltimos doisc a s o s , o m t o d o t a l v e z i n c l u a a s u s p e i t a de trapaa, modalidade no u t i l i z a d a p e l o n o s s o S e n h o r ; a aplicao da Parbola dos lavradoresmaus (Mt 21:33) tem sua origem em Isaas 5:1-6.A Parbola da vinha do Senhor (Is 5:1-7) verdadeira, embora ape-nas pouco desenvolvida, e serve de exemplo da relao entre a parbolae a metfora. A linha divisria entre a parbola e a alegoria estreita (SI80:8). A Parbola do lavrador (Is 28:24-28) apresenta uma comparaoe n t r e o m u n d o n a t u r a l e o e s p i r i t u a l , e n o h n a r r a o . Conseqentemente, o AT faz grande uso das p a r b o l a s , m o s t r a n d o algumas vezes serem iguais em esprito, em forma e em linguagem, comnotveis semelhanas, s parbolas do NT. Nossa exposio acerca dasparbolas do AT revela que podem ser divididas em trs classes: narrativas, das quais a das Arvores um exemplo (Jz 9:7-15); predicantes, conforme a encontrada na da Vinha do Senhor (Is5:1-7); simblicas, ilustrada pela Parbola dos dois pedaos de pau (Ez 37:15-22).No NT, o termo "parbola" assume uma variedade de significados eformas, sem se restringir s longas narrativas dos Evangelhos que co-n h e c e m o s c o m o p a r b o l a s d e C r i s t o . H n o g r e g o d u a s p a l a v r a s traduzidas por "parbola". O termo mais comum parbola, que ocorre48 vezes nos evangelhos sinpticos sem nunca encontrar definio. Os e u s i g n i f i c a d o s s e p o d e c o n j e c - t u r a r , t e n d o s i d o a p r o v e i t a d o d a Septuaginta, que geralmente traduz o vocbulo hebraico "parbola" por parabol_. H sobretudo duas idias presentes na raiz da primeira palavra, a saber, "representar ou significar algo"; "semelhana ou aparncia". Esset e r m o g r e g o significa "ao lado de" ou "lanar ou atirar", transmitindoidia de proximidade, num cotejamento que visa a verificar o grau d e semelhana ou de diferena. Uma "semelhana" ou "pr uma coisa ao l a d o da outra". Certo escritor disse que o vocbulo original significa comandar ou6

governar, c o m o u m p r n c i p e c u j o s p r e c e i t o s e o r d e n s d e justia devem ser obedecidos pelo povo. O outro vocbulo traduzido como "parbola" paroimia, ques i g n i f i c a " a d g i o , d i t a d o e n i g m t i c o , p r o v r b i o , a p r e s e n t a o q u e sed i s t i n g u e d o s m e i o s n o r m a i s d e c o m u n i c a o " . E s s e t e r m o praticamente prprio de J o o , q u e o u s a q u a t r o v e z e s ( J o 1 6 : 6 - 1 8 , 2 5 ; 15:1-18). Esse apstolo nunca usa o primeiro termo, parabol__, q u e o n i c o d o s d o i s u s a d o s p o r M a t e u s , p o r M a r c o s e p o r Lu c a s . Paroimia, usado na Septuaginta e por Joo, denota um provrbio (ou p a r b o l a ) "tirado dos acontecimentos e objetos do dia-a-dia, disponvel para o usopblico e para esse fim destinado. O que se dizia uma vez em qualquercaso poderia ser repetido sempre nas mesmas circunstncias".Encontra-se flexibilidade no uso do termo "parbola" quando aplica-do a ditos proverbiais concisos: S e m d v i d a m e d i r e i s e s t e p r o v r b i o ( p a r b o l a ) : M d i c o , cura-te a ti mesmo (Lc 4:23);Disse-lhes uma parbola (Lc 6:39; 14:7) tambm usado em referncia a comparaes ou afirmaesi l u s t r a t i v a s s e m a p r e s e n a d e n a r r a t i v a . P o r e x e m p l o , o c e g o conduzindo outro cego: "Explica-nos essa parbola" (Mt 15:15; Lc 6:39). Alm disso h ainda a figueira e seu sinal evidente: "Aprendei agora estaparbola da figueira" (Mt 24:32,33). As palavras de Jesus Cristo sobre asc o i s a s q u e p r o f a n a m s o c i t a d a s c o m o " p a r b o l a s " : " S e u s d i s c p u l o s perguntaram-lhe a respeito da parbola" (Lc 7:123). Na nossa verso, otermo "parabol_ " traduzido por figura: "... e da [Abrao] tambm emfigura [parbola] o recobrou" (Hb 11:19).Muitas das figuras de linguagem usadas por Jesus contm a semen-te da parbola. Outras, chamadas parbolas, so simplesmente smilesou comparaes maiores. Pense sobre esta parbola embrionria: "Podeo c e g o g u i a r o c e g o ? " ( L c 6 : 3 9 ) . F a i r b a i r n d i z q u e p r e c i s a m o s a p e n a s desenvolver esta pequena indicao, para termos uma histria perfeita." D o i s c e g o s s o v i s t o s l e v a n d o u m a o o u t r o p e l a e s t r a d a e , depois del u t a r e m c o n t r a a s d i f i c u l d a d e s , a m b o s c a e m n o fosso ao lado daestrada". Nesse provrbio sucinto e i l u s t r a t i v o d e J e s u s , t e m o s a substncia, embora no a forma, da parbola. Nos episdios acima, osaspectos comuns da vida so empregados para ressaltar uma verdademais sublime.S e e n t e n d e r m o s o u s o d o s t e r m o s j c i t a d o s , e s t a r e m o s p r o n t o s para responder pergunta "O que exatamente ma parbola?" O queela no ser compreendido quando examinarmos sua natureza. "O usoc o n s t a n t e d e u m termo com o significado de semelhana,7

t a n t o n o hebraico como no grego, torna evidente que uma caracterstica essenciald a p a r b o l a e s t e m u n i r d u a s c o i s a s d i f e r e n t e s , d e f o r m a q u e u m a ajude a explicar e a ressaltar a outra". O estudo das parbolas de Criston o s c o n v e n c e d e q u e e r a m m a i s q u e u m a b o a e s c o l h a d e i l u s t r a e s acerca da verdade que ele queria transmitir. A parbola j foi explicadacomo "um smbolo externo de uma realidade interna". E tambm o "seu O outro vocbulo traduzido como "parbola" paroimia, ques i g n i f i c a " a d g i o , d i t a d o e n i g m t i c o , p r o v r b i o , a p r e s e n t a o q u e sed i s t i n g u e d o s m e i o s n o r m a i s d e c o m u n i c a o " . E s s e t e r m o praticamente prprio de J o o , q u e o u s a q u a t r o v e z e s ( J o 1 6 : 6 - 1 8 , 2 5 ; 15:1-18). Esse apstolo nunca usa o primeiro termo, parabol__, q u e o n i c o d o s d o i s u s a d o s p o r M a t e u s , p o r M a r c o s e p o r Lu c a s . Paroimia, usado na Septuaginta e por Joo, denota um provrbio (ou p a r b o l a ) "tirado dos acontecimentos e objetos do dia-a-dia, disponvel para o usopblico e para esse fim destinado. O que se dizia uma vez em qualquercaso poderia ser repetido sempre nas mesmas circunstncias".Encontra-se flexibilidade no uso do termo "parbola" quando aplica-do a ditos proverbiais concisos: S e m d v i d a m e d i r e i s e s t e p r o v r b i o ( p a r b o l a ) : M d i c o , cura-te a ti mesmo (Lc 4:23);Disse-lhes uma parbola (Lc 6:39; 14:7) tambm usado em referncia a comparaes ou afirmaesi l u s t r a t i v a s s e m a p r e s e n a d e n a r r a t i v a . P o r e x e m p l o , o c e g o conduzindo outro cego: "Explica-nos essa parbola" (Mt 15:15; Lc 6:39). Alm disso h ainda a figueira e seu sinal evidente: "Aprendei agora estaparbola da figueira" (Mt 24:32,33). As palavras de Jesus Cristo sobre asc o i s a s q u e p r o f a n a m s o c i t a d a s c o m o " p a r b o l a s " : " S e u s d i s c p u l o s perguntaram-lhe a respeito da parbola" (Lc 7:123). Na nossa verso, otermo "parabol_ " traduzido por figura: "... e da [Abrao] tambm emfigura [parbola] o recobrou" (Hb 11:19).Muitas das figuras de linguagem usadas por Jesus contm a semen-te da parbola. Outras, chamadas parbolas, so simplesmente smilesou comparaes maiores. Pense sobre esta parbola embrionria: "Podeo c e g o g u i a r o c e g o ? " ( L c 6 : 3 9 ) . F a i r b a i r n d i z q u e p r e c i s a m o s a p e n a s desenvolver esta pequena indicao, para termos uma histria perfeita." D o i s c e g o s s o v i s t o s l e v a n d o u m a o o u t r o p e l a e s t r a d a e , depois del u t a r e m c o n t r a a s d i f i c u l d a d e s , a m b o s c a e m n o fosso ao lado daestrada". Nesse provrbio sucinto e i l u s t r a t i v o d e J e s u s , t e m o s a substncia, embora no a forma, da parbola. Nos episdios acima, osaspectos comuns da vida so empregados para ressaltar uma verdademais sublime.S e e n t e n d e r m o s o u s o d o s t e r m o s j c i t a d o s , e s t a r e m o s p r o n t o s para responder pergunta "O que exatamente ma parbola?" O queela no 8

ser compreendido quando examinarmos sua natureza. "O usoc o n s t a n t e d e u m termo com o significado de semelhana, t a n t o n o hebraico como no grego, torna evidente que uma caracterstica essenciald a p a r b o l a e s t e m u n i r d u a s c o i s a s d i f e r e n t e s , d e f o r m a q u e u m a ajude a explicar e a ressaltar a outra". O estudo das parbolas de Criston o s c o n v e n c e d e q u e e r a m m a i s q u e u m a b o a e s c o l h a d e i l u s t r a e s acerca da verdade que ele queria transmitir. A parbola j foi explicadacomo "um smbolo externo de uma realidade interna". E tambm o "seu uma mesma mo, crescendo a partir da mesma raiz e sendo constitudop a r a o mesmo fim. Todos os amantes da verdade r e c o n h e c e m prontamente essas misteriosas harmonias e a fora de argumentos quedelas resultam. Para eles, as coisas da terra so cpias das do cu".D a t a l e n t o s a p e n a d e u m v e r d a d e i r o p r o f e t a c r i s t o , o d r . J o h n Pulsford, selecionamos a seguinte contribuio, encontrada em seu livro Loyalty to Christ [Lealdade a Cristo]: "As parbolas no so ilustraesforadas, mas refl exos das coisas espirituais. Terra e cu so obras do n i c o D e u s . T o d o s o s e f e i t o s naturais esto ligados s suas causasespirituais e suas causas e s p i r i t u a i s e s t o l i g a d a s a o s s e u s e f e i t o s naturais. Os mundos espirituais e os mundos naturais concordam, como o interno e o externo". J nos detivemos o suficiente sobre o assunto das a n a l o g i a s existentes entre as obras de Deus na natureza e na providncia, e suaso p e r a e s p e l a g r a a . U m a c o n c l u s o a p r o p r i a d a p a r a e s s a i n e g v e l correspondncia em muitas das parbolas, quem d William M. Taylor,em Parables ofour Savior [As parbolas do nosso Salvador] : "O mundon a t u r a l v e i o e m s u a f o r m a p r i m i t i v a e a i n d a s u s t e n t a d o p e l a m o daquele que criou a alma humana; e a a d m i n i s t r a o d a P r o v i d n c i a continua sendo feita por Aquele que nos deu a revelao de sua vontaden a s S a g r a d a s E s c r i t u r a s , e n o s o f e r e c e u a s a l v a o p o r s e u F i l h o . Portanto, talvez encontremos um princpio de unidade que percorra e s s a s t r s r e a s d e s u a a d m i n i s t r a o ; e o c o n h e c i m e n t o d e s u a s operaes em qualquer uma delas pode ser til em nossa investigao arespeito das demais".C o m o o t e r m o g e r a l m e n t e t r a d u z i d o p o r " p a r b o l a " s i g n i f i c a p r ladoa l a d o , transmitindo a idia de comparao, a parbola literalmente pr ao lado ou comparar verdades terrenas com verdadescelestiais, ou uma semelhana, ou ilustrao entre um assunto e outro.A s p a r b o l a s d e m o n s t r a m : o q u e h f o r a d e n s o e s p e l h o e m q u e podemos contemplar o espiritual e o interno, como M i l t o n n o s r e v e l a nestas linhas: E se a terraE apenas a sombra do cu e das coisas que nele h,E um se parece com o outro mais do que se supe na terra? As vrias divises da linguagem figurada So vrias as figuras de linguagem que a Bblia emprega, e todas so necessrias para ilustrar verdades divinas e profundas. Como nossat e n d n c i a a g r u p a r t o d a s e s s a s p a l a v r a s s e m d i s t i n g u i r u m a s d a s outras, c a d a f o r m a , p a r e c e - n o s , m e r e c e a t e n o e s p e c i a l . B e n j a m i n Keach, na sua obra antiga e um tanto difcil,9

The metaphors [As metfo-ras], apresenta uma dissertao introdutria a respeito da distino dec a d a f i g u r a d e l i n g u a g e m . H t a m b m o c a p t u l o s o b r e " A s f i g u r a s d e linguagem da Bblia", do dr. A. T. Pierson. Insisto com o leitor para que leia a obra de Trench, de elevada percia, On the definition of the parable [Sobre a definio da parbola] , e m q u e d i f e r e n c i a a p a r b o l a d a alegoria, da fbula, do provrbio e do mito.S MILE . O v o c b u l o smile significa parecena ou semelhana, exemplificado no Salmo dos dois homens: "Ser como a rvore plantada junto a ribeiros de guas [...] Os mpios [...] so como a m o i n h a q u e o vento espalha" (Sl 1:3,4).O smile difere da metfora p o r s e r a p e n a s u m e s t a d o d e semelhana, enquanto a metfora transfere a representao de formam a i s v i g o r o s a , c o m o p o d e m o s v e r n e s t a s d u a s p a s s a g e n s : " T o d o s o s homens so como a erva, e toda a sua beleza como as flores do campo.Seca-se a erva, e caem as flores..." (Is 40:6,7); "Toda a carne como aerva, e toda a glria do homem como a flor da erva. Seca-se a erva, e caia sua flor..." (lPe 1:24).No smile, a mente apenas repousa nos pontos de concordncia e nas experincias que se combinam, sempre alimentadas pela descobertade semelhanas entre coisas que diferem entre si. O dr. A. T Pierson ob-s e r v a q u e " a p a r b o l a a u t n t i c a , n o u s o d a s E s c r i t u r a s , u m s m i l e , geralmente posto em forma de narrativa ou usado em conexo com al-gum episdio". Portanto, parbolas e smiles se parecem.P ROVRBIO . Ainda que os princpios da parbola estejam presentes emalguns dos pequenos provrbios, das declaraes profticas enigmticase d a s m x i m a s e n i g m t i c a s da B b l i a ( I S m 1 0 : 1 2 ; S I 7 8 : 2 ; P v 1 : 6 ; M t 24:32; Lc 4:23), no entanto, diferem do provrbio propriamente dito, que em geral breve, trata de assuntos menos sublimes e no se preocupaem contar histrias. Os apcrifos renem parbolas e provrbios num sgrupo: "Os pases maravilhar-se-o diante de seus provrbios e parbo-l a s " ; " E l e b u s c a r o s s e g r e d o s d a s s e n t e n a s10

i m p o r t a n t e s e e s t a r f a - miliarizado com parbolas enigmticas" (Ec 47:17; 39:3).Embora parbola e provrbio s e - j a m t e r m o s p e r m u t v e i s n o N T , Trench ressalta "que os chamados provrbios do evangelho de Joo ten-dem a ter muito mais afinidade com a parbola do que com o provrbio,e so de fato alegorias. Dessa forma, quando Cristo demonstra que o relacionamento dele com o seu povo se assemelha ao pastor c o m a s ovelhas, tal demonstrao denominada provrbio, embora os nossostradutores, mais fiis ao sentido que o autor pretendia, a tenham traduzi-d o p o r parbola (Jo 10:6). No difcil explicar essa troca de palavras.Em parte deve-se a um termo que no hebraico significa ao mesmo tempop a r b o l a e p r o v r b i o " . ( C f . P v 1 : 1 c o m IS m 1 0 : 1 2 e E z 1 8 : 2 . ) D e m o d o geral, provrbio um dito sbio, uma expresso batida, um adgio.M ETFORA . A Bblia rica em linguagem metafrica. A metfora afir -ma de modo inconfundvel que uma coisa outra totalmente diferente. Otermo origina-se de dois vocbulos gregos que significam estender. Umobjeto equiparado a outro. Aqui temos dois exemplos do uso de me-tforas: Pois o Senhor Deus sol e escudo (Sl 84:11);Ele o meu refgio e minha fortaleza (Sl 91:2). Dessa forma, como pode ser observado, metfora um termo co-n h e c i d o p o r n s " n a r e a d a e x p e r i n c i a q u e f a z s e n t i d o , e i n d i c a q u e determinado objeto, possuidor de propriedades especiais, transfere-as ao u t r o o b j e t o p e r t e n c e n t e a u m a r e a m a i s e l e v a d a , d e m o d o q u e o anterior nos d uma idia mais completa e realista das propriedades queo l t i m o d e v e t e r " . N a s p a s s a g e n s s u p r a c i t a d a s , t u d o o q u e r e - lacionado ao Sol, ao escudo, ao refgio e fortaleza transferido para oSenhor. O Sol, por exemplo, fonte de luz, calor e poder. A vida na Terradepende das propriedades do Sol. Portanto, o Senhor como Sol a fontede toda a vida.No evangelho de Joo no existem parbolas propriamente ditas,mas h, entretanto, uma srie de metforas impressionantes como: Eu sou o bom pastor (Jo 10:11).Eu sou a videira verdadeira (Jo 15:1).Eu sou a porta (Jo 10:7).Eu sou o po da vida (Jo 6:35).Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14:6). A LEGORIA . No fcil distinguir entre11

parbola e alegoria. Esta ltiman o u m a metfora ampliada e dela difere p o r n o c o m p o r t a r a transferncia de qualidades e de propriedades. Tanto as parbolas comoas metforas abrangem expresses e frases, servindo para desvendar ee x p l i c a r a l g u m a s v e r d a d e s o c u l t a s q u e n o p o d e r i a m s e r f a c i l m e n t e compreendidas sem essa roupagem. Num verbete de Fairbairn sobre as" p a r b o l a s " , e m s u a r e n o m a d a Biblical enciclopaedia [Enciclopdiabblica], ele diz: "A alegoria corresponde rigorosamente ao que s e encontra na origem da palavra. E o ensinamento de uma coisa por outra,d a se gun d a pe l a p ri m ei r a; d ev e ex i s t i r u m a s e m e l h a n a d e propriedades, uma seqncia de a c o n t e c i m e n t o s s e m e l h a n t e s d e u m lado e de outro; mas a primeira no toma o lugar da segunda; as duas semantm inconfundveis. Considerada dessa forma, a alegoria, em sentidomais amplo, pode ser tida como um gnero, do qual a fbula, a parbolae o que geralmente chamamos alegorias so espcies". A. alegoria, explica o dr. Graham Scroggie, "... uma declarao defatos supostos que aceita interpretao literal, mas ainda assim exige ouadmite, com razo, interpretao moral ou figurada". A alegoria difere daparbola por conter aquela menos mistrios e coisas ocultas que esta. Aalegoria se interpreta por si s e nela "a pessoa ou objeto, ilustrado por algum objeto natural, imediatamente identificado com esse objeto". Dizo dr. Salmond: "Quando nosso Senhor conta a grande alegoria da vinha,do agricultor e dos ramos, em que ensina aos seus discpulos a verdade sobre o relacionamento que ele prprio tinha com Deus, comea dizendoque ele prprio a videira verdadeira e seu Pai, o agricultor (Jo 15:1).D e s e j a n d o u m a m e l h o r c o m p r e e n s o d a s f i g u r a s d e l i n g u a g e m mencionadas na Bblia, recomendamos ao leitor a obra de grande flegod o dr. E. W. Bullinger sobre o assunto, a qual, sem dvida, o melhorestudo j feito sobre o mtodo figurado empregado pela B b l i a . O d r . Bullinger lembra que h grande controvrsia sobre a defi nio e signifi-c a d o e x a t o d e alegoria e d e c l a r a q u e , n a v e r d a d e , o s s m i l e s , a s metforas e as alegorias so todos baseados na comparao. Smile a comparao por semelhana.Metfora a comparao por correspondncia. Alegoria a comparao por implicao. Na primeira, a comparao afirmada;12

na segunda, substituda; na terceira, subentendida. A alegoria ento diferente da parbola, pois esta um smile continuado, enquanto aquela representa algo ou da entender que alguma coisa outra.H u m a alegoria a q u e P a u l o s e r e f e r e d e m o d o i n e q u v o c o : " . . . Abrao teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por pro-messa. O que se entende por alegoria..." (coisas que ensinam ou dizemmais do est escrito v. Gl 4:22,24). Bullinger chega a provar que a ale-goria pode algumas vezes ser fictcia; no entanto, Gaiatas 4 mostra que u m a h i s t r i a v e r d a d e i r a p o d e s e r a l e g o r i z a d a ( o u s e j a , p o d e m o s t r a r algum ensinamento alm daquele que, na verdade, se observa), sem noentanto anular a verdade da histria. A alegoria sempre apresentadano passado e nunca no futuro. Dessa forma, distingue-se da profecia. Aa l e g o r i a o f e r e c e o u t r o ensinamento com base nos acontecimentos dop a s s a d o , e n q u a n t o a profecia t r a t a d e a c o n t e c i m e n t o s f u t u r o s e corresponde exatamente ao que se diz.Hillyer Straton, em seu A guide to the parables of Jesus [Guia das p a r b o l a s d e J e s u s ] , comenta que "a alegoria uma d e s c r i o codificada. Ela personifica coisas abstratas; no pe uma coisa ao ladod a o u t r a , m a s f a z a s u b s t i t u i o d e u m a p e l a o u t r a . C a d a aspecto daalegoria se torna importante". O dr. Straton, ento, acaba por citar amais famosa alegoria de toda a literatura, O peregrino, em que JohnBunyan usou a sua imaginao notavelmente f r t i l p a r a r e s s a l t a r a verdade da peregrinao crist.F BULA . A f b u l a u m a n a r r a o f i c t c i a q u e p r e t e n d e i l u s t r a r u m princpio ou uma verdade (Jz 9:8-15; 2Rs 14:9). A misso primordial dafbula reforar o conceito da prudncia. A fbula, usada poucas vezesnas Escrituras, est a quilmetros de distncia da parbola, embora umap o s s a , e m a l g u n s m o m e n t o s , s e r s e m e l h a n t e o u t r a nos aspectos13

externos. Comparando qualquer das fbulas de Esopo com as parbolasd e J e s u s , p e r c e b e - s e q u e a f b u l a u m t i p o i n f e r i o r d e l i n g u a g e m figurada e trata de assuntos menos elevados. Est associada terra efocaliza a vida e os negcios comuns a todos. Tem por funo transmitirlies de sabedoria prudente e prtica e gravar nas mentes dos ouvintesas virtudes da prudncia, da diligncia, da pacincia e do autocontrole. T a m b m t r a t a d o m a l c o m o l o u c u r a e n o c o m o p e c a d o , a l m d e ridicularizar as falhas e desdenhar os vcios, escarnecendo deles ou ostemendo. Essa a razo por que a fbula faz grande uso da imaginao,dotando plantas e animais de faculdades humanas, fazendo-os raciocinare falar. A parbola, no entanto, age numa esfera mais s u b l i m e e espiritual e nunca se permite a zombaria ou a s t i r a . T r a t a n d o d a s verdades de Deus, a parbola naturalmente sublime, com ilustraesque correspondem realidade nunca monstruosas ou anti-natu-rais.Na parbola, nada existe contra a verdade da natureza. Fairbairn diz: "Aparbola tem um objetivo mais admirvel [...] A parbola poderia tomaro lugar da fbula, mas no o contrrio". Desejando informaes acerca da narrativa mtica, o leitor deve ler o pargrafo "Os mitos", de Trench. T IPO . Significa marca ou impresso e tem a fora da cpia ou do pa-dro (ICo 10:1-10,11 "exemplos"; na margem "tipos"). As parbolasunem os tipos de um lado, e os milagres de outro. Todas as figuras delinguagem que a Bblia emprega so elos de uma corrente unida de for -ma inseparvel; os elos como um todo s podem ser desvinculados emdetrimento de alguns. O s muitos tipos da Bblia constituem um estudo independente e fascinante.P ARBOLA . Apesar de j termos tratado da natureza da parbola, retornamos a ttulo de resumo. Na parbola, a imagem do mundo visvel emprestada e se faz acompanhar de uma verdade do mundo invisvelou espiritual. As parbolas so os portadores, os canais da doutrina e daverdade espiritual. Cumpre ressaltar que as parbolas no foram feitasp a r a s e r i n t e r p r e t a d a s d e u m a n i c a f o r m a . E m a l g u m a s , h g r a n d e s disparidades e aspectos que no podem ser aplicados espiritualmente.E s t o s e m p r e l i g a d a s a o d o m n i o d o p o s s v e l e d o v e r d a d e i r o . O s discursos e as frases, cheios de sabedoria espiritual e de verdade, sochamados parbolas14

por dois motivos:1. por infundir um senso de culpa e a compreenso da autoridadedivina;2. por ser a pedra de toque da verdade normas que, portanto,devem ser seguidas.A parbola j foi definida como "a bela imagem de uma bela men-te". A parbola tambm a justaposio de duas coisas que divergem namaioria dos seus aspectos, mas concordam em alguns. "Os milagres", dizo d r . A . T. Pierson, "ensinam sobre as foras da criao; as parbolas,s o b r e a s formas da criao. Quando a parbola for proftica, estar externos. Comparando qualquer das fbulas de Esopo com as parbolasd e J e s u s , p e r c e b e - s e q u e a f b u l a u m t i p o i n f e r i o r d e l i n g u a g e m figurada e trata de assuntos menos elevados. Est associada terra efocaliza a vida e os negcios comuns a todos. Tem por funo transmitirlies de sabedoria prudente e prtica e gravar nas mentes dos ouvintesas virtudes da prudncia, da diligncia, da pacincia e do autocontrole. T a m b m t r a t a d o m a l c o m o l o u c u r a e n o c o m o p e c a d o , a l m d e ridicularizar as falhas e desdenhar os vcios, escarnecendo deles ou ostemendo. Essa a razo por que a fbula faz grande uso da imaginao,dotando plantas e animais de faculdades humanas, fazendo-os raciocinare falar. A parbola, no entanto, age numa esfera mais s u b l i m e e espiritual e nunca se permite a zombaria ou a s t i r a . T r a t a n d o d a s verdades de Deus, a parbola naturalmente sublime, com ilustraesque correspondem realidade nunca monstruosas ou anti-natu-rais.Na parbola, nada existe contra a verdade da natureza. Fairbairn diz: "Aparbola tem um objetivo mais admirvel [...] A parbola pod eria tomaro lugar da fbula, mas no o contrrio". Desejando informaes acerca da narrativa mtica, o leitor deve ler o pargrafo "Os mitos", de Trench. T IPO . Significa marca ou impresso e tem a fora da cpia ou do pa-dro (ICo 10:1-10,11 "exemplos"; na margem "tipos"). As parbolasunem os tipos de um lado, e os milagres de outro. Todas as figuras delinguagem que a Bblia emprega so elos de uma corrente unida de for -ma inseparvel; os elos como um todo s podem ser desvinculados emdetrime nto de alguns. Os muitos tipos da Bblia constituem um estudo independente e fascinante.P ARBOLA . Apesar de j termos tratado da natureza da parbola, retornamos a ttulo de resumo. Na15

parbola, a imagem do mundo visvel emprestada e se faz acompanhar de uma verdade do mundo invisvelou espiritual. As parbolas so os portadores, os canais da doutrina e daverdade espiritual. Cumpre ressaltar que as parbolas no foram feitasp a r a s e r i n t e r p r e t a d a s d e u m a n i c a f o r m a . E m a l g u m a s , h g r a n d e s disparidades e aspectos que no podem ser aplicados espiritualmente.E s t o s e m p r e l i g a d a s a o d o m n i o d o p o s s v e l e d o v e r d a d e i r o . O s discursos e as frases, cheios de sabedoria espiritual e de verdade, sochamados parbolas por dois motivos:1. por infundir um senso de culpa e a compreenso da autoridadedivina;2. por ser a pedra de toque da verdade normas que, portanto,devem ser seguidas.A parbola j foi definida como "a bela imagem de uma bela men-te". A parbola tambm a justaposio de duas coisas que divergem namaioria dos seus aspectos, mas concordam em alguns. "Os milagres", dizo d r . A . T. Pierson, "ensinam sobre as foras da criao; as parbolas,s o b r e a s formas da criao. Quando a parbola for proftica, estar 5. preserva a verdade. Ao escrever acerca desse mrito emparticular, Cosmo Lang disse: "Quando as pessoas p e n s a m p o r s i mesmas, nunca esquecem; o exerccio da mente produz esse efeito.Alm do mais, a linguagem dos smbolos e x p r e s s a p o r a q u i l o q u e o olho pode ver e construda na imaginao mais poderosa e de efeitom a i s d u r a d o u r a d o q u e a l i n g u a g e m q u e u t i l i z a s o m e n t e p a l a v r a s abstratas. Ela comunica e traz de volta mente o significado interior c o m r a p i d e z e s e g u r a n a ; t r a z c o n s i g o u m a m e n s a g e m r i c a e m sugestes e associaes". As palavras mudam constante mente des i gn i fi cad o , ao p as s o q u e o s s m b o l o s us ad o s p ara a v i d a e p a r a a natureza, como os que foram empregados pelo S e n h o r e m s u a s p a r - bolas, so to duradouros quanto a prpria natureza e a vida.A o c o m e n t a r a c e r c a d a s p a r b o l a s d e M a t e u s 1 3 , F i n i s D a k e , e m sua Annotated reference Bible [Bblia de referncias anotada], apresentasete benefcios do uso das parbolas:1. revelar a verdade de forma interessante e despertar maior inte-resse (Mt 13:10,11,16);2. tornar conhecidas novas verdades a ouvintes interessados (Mt13:11,12,16,17);3. tornar conhecidos os mistrios por comparaes com coisas jconhecidas (Mt 13:11);4. ocultar a verdade de ouvintes desinteressados e rebeldes decorao (Mt 13:11-15);5. acrescentar mais conhecimento da verdade aos que a amam eanseiam mais dela (Mt 13:12);6. afast-la do alcance dos que a odeiam ou que no a desejam (Mt 13:12);7. cumprir as profecias (Mt 13:14-17,35). A misso da parbola Os intuitos e a misso da parbola esto intimamente ligados aosseus mtodos de ensino. Quais so as funes ou os objetivos da par -b o l a ? J t r a t a m o s r a p i d a m e n t e d o s e u p o d e r d e a t r a o , m a s p o r q u e Cristo16

usou esse mtodo? Para iluminar, exortar e edificar. No prefcio d e s e u livro esclarecedor L e c t u r e s o n o u r Lo r d ' s p a r a b l e s [ P r e l e e s sobre as parbolas do nosso Senhor] , o dr. John Cumming diz que:A profecia u m e s b o o d o f u t u r o , q u e s e r p r e e n c h i d o p e l o s eventos; os milagres so pr-atos do futuro, realizados em pequena e s c a l a n o presente; as parbolas s o a p r e f i - g u r a o d o f u t u r o , projetadas em uma pgina sagrada. Todos os trs crescem diariamente em esplendor, interesse e valor.Em breve, o Sol Meridional os far transbordar! Espero que estejamosprontos! Fazendo uso da parbola, Jesus procurou confiar as verdadesespirituais do seu R eino ao entendimento e ao corao dos homens. Ao a d o t a r u m m t o d o r e c o n h e c i d o p e l o s m e s t r e s j u d e u s , C r i s t o a t r a i u mentes e prendeu atenes. Os homens tinham de ser conquistados, e a 5. preserva a verdade. Ao escrever acerca desse mrito emparticular, Cosmo Lang disse: "Quando as pessoas p e n s a m p o r s i mesmas, nunca esquecem; o exerccio da mente produz esse efeito.Alm do mais, a linguagem dos smbolos e x p r e s s a p o r a q u i l o q u e o olho pode ver e construda na imaginao mais poderosa e de efeitom a i s d u r a d o u r a d o q u e a l i n g u a g e m q u e u t i l i z a s o m e n t e p a l a v r a s abstratas. Ela comunica e traz de volta mente o significado interior c o m r a p i d e z e s e g u r a n a ; t r a z c o n s i g o u m a m e n s a g e m r i c a e m sugestes e associaes". As palavras mudam constantemente des i gn i fi cad o , ao p as s o q u e o s s m b o l o s us ad o s p ara a v i d a e p a r a a natureza, como os que foram empregados pelo S e n h o r e m s u a s p a r - bolas, so to duradouros quanto a prpria natureza e a vida.A o c o m e n t a r a c e r c a d a s p a r b o l a s d e M a t e u s 1 3 , F i n i s D a k e , e m sua Annotated reference Bible [Bblia de referncias anotada], apresentasete benefcios do uso das parbolas:1. revelar a verdade de forma interessante e despertar maior inte-resse (Mt 13:10,11,16);2. tornar conhecidas novas verdades a ouvintes interessados (Mt13:11,12,16,17);3. tornar conhecidos os mistrios por comparaes com coisas jconhecidas (Mt 13:11);4. ocultar a verdade de ouvintes desinteressados e rebeldes decorao (Mt 13:11-15);5. acrescentar mais conhecimento da verdade aos que a amam eanseiam mais dela (Mt 13:12);6. afast-la do alcance dos que a odeiam ou que no a desejam (Mt 13:12);7. cumprir as profecias (Mt 13:14-17,35). A misso da parbola Os intuitos e a misso da parbola esto intimamente ligados aosseus mtodos de ensino. Quais so as funes ou os objetivos da par-b o l a ? J t r a t a m o s r a p i d a m e n t e d o s e u p o d e r d e a t r a o , m a s p o r q u e Cristo usou esse mtodo? Para iluminar, exortar e edificar. No prefcio d e s e u livro esclarecedor17

L e c t u r e s o n o u r Lo r d ' s p a r a b l e s [ P r e l e e s sobre as parbolas do nosso Senhor] , o dr. John Cumming diz que:A profecia u m e s b o o d o f u t u r o , q u e s e r p r e e n c h i d o p e l o s eventos; os milagres so pr-atos do futuro, realizados em pequena e s c a l a n o presente; as parbolas s o a p r e f i - g u r a o d o f u t u r o , projetadas em uma pgina sagrada. Todos os trs crescem diariamente em esplendor, interesse e valor.Em breve, o Sol Meridional os far transbordar! Espero que estejamosprontos! Fazendo uso da parbola, Jesus procurou confiar as verdadesespirituais do seu Reino ao entendimento e ao corao dos homens. Aoa d o t a r u m m t o d o r e c o n h e c i d o p e l o s m e s t r e s j u d e u s , C r i s t o a t r a i u mentes e prendeu atenes. Os homens tinham de ser conquistados, e a parbolas! Muitos so culpados de aplicar certas parbolas de formaa r t i f i c i a l e d e f o r a r u m s i g n i f i c a d o q u e o s s e u s a u t o r e s j a m a i s s o - nharam! H dois extremos que devem ser evitados na interpretao daparbola. Um extremo dar-lhe muita importncia o outro atribuir-lhe pouca importncia. Cumming, em seu livro Lectures [Prelees], tratou desse erro duplo desta forma: H dois grandes erros na interpretao das parbolas: umc o n s i s t e e m a r r a n c a r s i g n i f i c a d o d e c a d a p a r t e , c o m o s e n o houvesse nada secundrio; o outro, em considerar boa parte da parbola secundria, mera tapearia. O primeiro repreensvel, p o i s a p a r b o l a e a s u a v e r d a d e n o s o , c o m o j d i s s e m o s , duas retas que se encontram em todos os pontos, mas sim umareta e uma esfera que se tocam em grandes momentos. Cada parbola materializa um grande propsito, que notoriamenteo p r i n c i p a l e o m a i s n o b r e , e i s s o sempre deve ser levado emconta na interpretao de todos os aspectos secundrios daBblia. O segundo v pouco sentido na p a r b o l a ; p e r c e b e e m boa parte dela mera inteno de inventar uma histria, sendoseus componentes meros cone ctivos que mais prejudicam quea p r e s e n t a m a f i n a l i d a d e d a p a r b o l a . E s t e l t i m o t i p o destrimuitas das riquezas das Escrituras. Cada parte da parbola,c o m o e m q u a l q u e r t r e c h o d a B b l i a , t e m s e u s i g n i f i c a d o e importncia. Uma pintura perfeita no tem p a r t e s q u e n o contribuam para o resultado geral, e cada parte a vida brilha eresplandece de tal forma que a ausncia da menor delas j seriauma deficincia. Desejando um tratamento mais aprofundado acerca dos prs e dos contras

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da interpretao, o interessado deve ler o captulo " T h e interpretation of parables" ["A interpretao das parbolas"], da obraincomparvel de Trench, The parables of our Lord [As parbolas do n o s s o S e n h o r ] , e " M et h ods o f i nt e rp re t a t i on " [ "M t o d os d e interpretao"], da obra de Ada Habershon, T h e s t u d y o f p a r a b l e s [ O estudo das parbolas] . Trench, referindo-se aos extremos acima, diz quetem havido exageros nos dois sentidos."Os defensores da interpretaosuperficial e no detalhada esto confortavelmente satisfeitos com suam x i m a f a v o r i t a . T o d a c o m p a r a o deve ser interrompida em algumponto". Trench cita um ditado de T e o f i l a c t o : " A p a r b o l a , s e f o r s u s - tentada em todos os seus aspectos, no ser parbola, mas o aconteci-mento que a gerou".Quanto ao outro extremo da interpretao, "H o perigo de, comuma mente frtil, deixar de atribuir o devido valor Palavra de Deus, am e n o s q u e o p r a z e r q u e o i n t r p r e t e s e n t e n o e x e r c c i o d e s s a "fertilidade", admirada que por tantos, no lhe tire de vista que as a n t i f i c a o d o c o r a o p e l a v e r d a d e o p r i n c i p a l o b j e t i v o d a s Escrituras".Muitos dos pais da igreja, buscando alegorizar passagens tanto do Antigo como do NT, foram muito extremistas. Se estavam ou no erradosem pensar que havia um significado para todas as coisas o que se temdebatido h sculos.Agostinho um exemplo notvel dos que espremiam as parbolas p a r a e n s i n a r algo totalmente fora dos limites. Ao tratar do e n s i n o tradicional da igreja (considerando as parbolas alegorias, em que cadat e r m o r e p r e s e n t a v a o c r i p t o g r a m a d e u m a i d i a , d e m o d o q u e o t o d o precisava ser decodificado em cada termo), C. H. Dodd, em The parablesof the kingdom [As parbolas do reino], cita a interpretao de Agostinhoda Parbola do bom samaritano:D e s c i a u m h o m e m d e J e r u s a l m p a r a J e r i c o s e r i a u m a referncia ao prprio Ado; J e r u s a l m a c i d a d e c e l e s t i a l d a p a z , c u j a b n o A d o perdeu; J e r i c a l u a e r e p r e s e n t a a n o s s a m o r t a l i d a d e , p o r q u e nasce, cresce, mngua e morre;os assaltantes so o diabo e seus anjos;os quais o despojaram, i.e., lhe retiraram a imortalidade;e, espancando-o, persuadindo-o a pecar;d e i x a n d o - o m e i o m o r t o , p o r q u e , q u a n d o o h o m e m compreende e conhece a Deus, vive; mas, quando se entrega,s e n d o o p r i m i d o p e l o p e c a d o , e s t m o r t o ; p o r c a u s a d i s s o , chamado meio morto;o sacerdote e o levita, que o viram e passaram de largo,r e p r e s e n t a m o s a c e r d c i o e o m i n i s t r i o d o A T , q u e n o continham a riqueza da salvao;o s a m a r i t a n o s i g n i f i c a o g u a r d i o , e o p r p r i o J e s u s conhecido por esse nome;atou-lhe as feridas o resgate do pecado;o leo o consolo da esperana;o vinho a exortao para trabalhar com ardor;a cavalgadura era a carne, por meio da qual Jesus veio atns; p o n d o - o s o b r e a s u a c a v a l g a d u r a a c r e n a n a encarnao de Cristo;a h o s p e d a r i a a i g r e j a , e m q u e o s v i a j a n t e s r e c e b e m refrig-rio no retorno da peregrinao ptria celestial;o outro dia significa o perodo posterior ressurreio doSenhor;os dois denrios so os dois mandamentos do amor, ou a promessa desta vida e da que est por vir;o hospedeiro o apstolo Paulo.19

O arcebispo Trench segue as linhas mestras de Agostinho, com umdetalhamento ainda mais frtil. Outro exemplo desse tipo de interpre -tao se encontra entre os intrpretes da Reforma e os catlicos roma -nos, que encontraram um grande significado para o leo da Parbola das Antigo como do NT, foram muito extremistas. Se estavam ou no erradosem pensar que havia um significado para todas as coisas o que se temdebatido h sculos.Agostinho um exemplo notvel dos que espremiam as parbolas p a r a e n s i n a r algo totalmente fora dos limites. Ao tratar do e n s i n o tradicional da igreja (considerando as parbolas alegorias, em que cadat e r m o r e p r e s e n t a v a o c r i p t o g r a m a d e u m a i d i a , d e m o d o q u e o t o d o precisava ser decodificado em cada termo), C. H. Dodd, em The parablesof the kingdom [As parbolas do reino], cita a interpretao de Agostinhoda Parbola do bom samaritano:D e s c i a u m h o m e m d e J e r u s a l m p a r a J e r i c o s e r i a u m a referncia ao prprio Ado; J e r u s a l m a c i d a d e c e l e s t i a l d a p a z , c u j a b n o A d o perdeu; J e r i c a l u a e r e p r e s e n t a a n o s s a m o r t a l i d a d e , p o r q u e nasce, cresce, mngua e morre;os assaltantes so o diabo e seus anjos;os quais o despojaram, i.e., lhe retiraram a imortalidade;e, espancando-o, persuadindo-o a pecar;d e i x a n d o - o m e i o m o r t o , p o r q u e , q u a n d o o h o m e m compreende e conhece a Deus, vive; mas, quando se entrega,s e n d o o p r i m i d o p e l o p e c a d o , e s t m o r t o ; p o r c a u s a d i s s o , chamado meio morto;o sacerdote e o levita, que o viram e passaram de largo,r e p r e s e n t a m o s a c e r d c i o e o m i n i s t r i o d o A T , q u e n o continham a riqueza da salvao;o s a m a r i t a n o s i g n i f i c a o g u a r d i o , e o p r p r i o J e s u s conhecido por esse nome;atou-lhe as feridas o resgate do pecado;o leo o consolo da esperana;o vinho a exortao para trabalhar com ardor;a cavalgadura era a carne, por meio da qual Jesus veio atns; p o n d o - o s o b r e a s u a c a v a l g a d u r a a c r e n a n a encarnao de Cristo;a h o s p e d a r i a a i g r e j a , e m q u e o s v i a j a n t e s r e c e b e m refrig-rio no retorno da peregrinao ptria celestial;o outro dia significa o perodo posterior ressurreio doSenhor;os dois denrios so os dois mandamentos do amor, ou a promessa desta vida e da que est por vir;o hospedeiro o apstolo Paulo. O arcebispo Trench segue as linhas mestras de Agostinho, com umdetalhamento ainda mais frtil. Outro exemplo desse tipo de interpre-tao se encontra entre os intrpretes da Reforma e os catlicos roma -nos, que encontraram um grande significado para o leo da Parbola das narrativa completa, apresenta apenas um ponto de comparao. No ha inteno de que os detalhes tenham um significado independente. Jna alegoria, cada detalhe uma metfora independente, com significadop r p r i o " . D o d d e n t o d um dos dois exemplos desse princpio, entre e l e s a Parbola do semeador: " A b e i r a d o c a m i n h o e o s p s s a r o s , o s espinhos e o cho pedregoso no so criptogramas da perseguio, doengano das riquezas e assim por diante. Esses smbolos esto ali paraevocar um quadro da grande quantidade de20

trabalho desperdiado, queo fazendeiro precisa enfrentar, e assim fazer sentir o alvio da colheita,a p e s a r d e t o d o o t r a b a l h o " . N o s e u c a p t u l o " T h e m e t h o d o f interpretation" ["O mtodo da interpretao"] , Ada Habershon, em Thestudy of the parables [O estudo das parbolas], expressa a opinio deque "pode ser verdade que cada detalhe (da parbola acima) tinha umsignificado, e devemos estar bem preparados para descobrir que algu-mas delas tinham diversos [...] Nenhuma explicao esgotar os signi-f i c a d o s d a m a i s s i m p l e s p a r b o l a p r o f e r i d a p o r J e s u s e , s e reconhecermos isso, tambm estaremos prontos para tirar de cada uma" t o d a s o r t e d e d e s - p o j o s " . O c a m i n h o m a i s s e g u r o p a r a l i d a r c o m a parbola procurar o pensamento central ou a idia principal, em tornoda qual todos os elementos subordinados se agrupam. A idia principaln o d e v e p e r d e r - s e e m m e i o a u m e m a r a n h a d o d e a c e s s r i o s c o m - plexos, mesmo que estes tenham significado espiritual. As parbolas nodevem ser tratadas como se fossem um repositrio de textos. Cada par-bola deve ser vista por suas particularidades, e qualquer analogia feitadeve ser real, n o imaginria, sempre subordinada lio principal daparbola".Outros aspectos da interpretao, tratados de forma completa pela Biblical enciclopaedia [Enciclopdia da Bblia], de Fausset, so:1. a parbola, em sua forma externa, deve ser bem compreendida(e.g., o amor de um pastor do Oriente Mdio para com suas ovelhas);2. a situao no comeo da parbola, como em Lucas 15:1,2, o ponto de partida das trs parbolas do captulo;3. as caractersticas que, interpretadas de forma literal, contrari-am as Escrituras, do um colorido ao texto, e.g., o nmero das virgensprudentes era igual ao das insensatas (Mt 25:1-13).Em seu captulo "Place and province of the parables" ["O local e ocampo das parbolas"], o dr. A. T. Pierson afirma: "As parbolas bblicas s o n a r r a t i v a s f a c t u a i s o u fictcias, usadas para transmitir verdades e e n s i n a m e n t o s m o r a i s e e s p i r i t u a i s . P o d e m s e r h i s t r i c a s , t i c a s e alegricas ao mesmo tempo; mas, se o significado mais elevado se perden o m e n o s e l e v a d o o u p o r e l e o b s c u r e c i d o , a s s i m c o m o n o c a s o d o espiritual em relao ao literal, perdem -se tambm o seu objetivo e o s e u significado. Em geral a parbola se faz acompanhar de c e r t a s indicaes de como deve ser interpretada. A lio central o principalobjeto de interesse; o restante pode ser sec undrio, como a cortina e ocenrio de um teatro". As mltiplas formas da parbola Quanta diversidade h nas parbolas bblicas! Na verdade, s o inigualveis nas suas imagens descritivas. Sob a orientao do EspritoSanto, os escritores da Bblia exploraram todos os veculos apropriados,para expressar a verdade divina. De fato, precisaram de todos eles parailustrar a inigualvel maravilha da Palavra de Deus, que radiante em sua riqueza de material parablico. O resumo que o dr. Graham Scroggiefaz das parbolas do NT aqui aplicado para que entendamos o alcancedas parbolas bblicas como um todo. A medida que formos explicandoas parbolas, remeteremos o leitor para o campo em que cada uma seenquadra.1. Reino espiritual:21

p a r b o l a s a s s o c i a d a s c o m c u , i n f e r n o , querubins e anjos;2. Feimenos naturais: parbolas relacionadas com sol, luz, raios,terremotos, fogo, nuvens, tempestade e chuva;3. Mundo animado: parbolas relacionadas com criaturas (cavalos,a n i m a i s s e l v a g e n s , l e e s , g u i a s , c a m e l o s , b o i s , o v e l h a s , c o r d e i r o s , lobos, jumentos, raposas, porcos, ces, bodes, peixes, pssaros e ser -p e n t e s ) ; p a r b o l a s i l u s t r a d a s p o r p l a n t a s e r v o r e s , e s p i n h o s , c a r d o s , figos, oliveiras, sicmoros, amndoas, uvas, juncos, lrios, anis, menta,vinha, cedro e condimento de amoras pretas;4. Mundo mineral: parbolas simbolizadas por metais (ouro, prata,bronze, ferro e lato);5. Vida humana: A variedade de ilustraes parablicas muito ampla: fsica ( c a r n e , s a n g u e , o l h o , o u v i d o , m o s , p s ; f o m e , s e d e , sono, doena, riso, choro e morte); domstica (casas, lmpadas, cadeiras, alimento, forno, cu -l i n r i a , p o , s a l ; n a s c i m e n t o , m e s , e s p o s a s , i r m s , i r m o s , f i l h o s , afazeres, casamento e tesouros); pastoral (campos, vales, pastores, ovelhas, agricultores, solo, semente, cultivo, semeadura, crescimento, colheita e vinhas); comercial (pescadores, alfaiate, construtor, negociante, ba -lana, talentos, dinheiro e dvidas); de interesse pblico (escravido, roubo, violncia, julgamento,punio e impostos); social (casamento, hospitalidade, festas, viagens e saudaes); religiosa (tabernculo, templo, esmolas, dzimos, jejuns, oraoe o sbado).A s p g i n a s s e g u i n t e s s e r v i r o p a r a m o s t r a r q u e a s p a r b o l a s d a Bblia so comparaes ilustrativas extraordinrias que nos falam sobrea verdade divina. Podem ser definidas como "narrativas criadas com o o b j e t i v o especfico de representar uma verdade religiosa de f o r m a pictrica". PRIMEIRA PARTE AS PARBOLAS DOANTIGO TESTAMENTO INTRODUO lamentvel que quase todos os livros referentes s parbolas seatenham apenas nas que proferiu o nosso Senhor, esquecendo-se do queo resto da Bblia alm dos quatro evangelhos apresenta em matriade linguagem figurada. Perde tempo quem procura um estudo expositivod a s m u i t a s p a r b o l a s d o A T . G . H . La n g , em22

The parabolic teaching of Scripture [O ensino parablico das Escrituras], dedica cinco pginas aoassunto. O melhor tratamento dado s parbolas do AT que conheo Miracles and parables ofthe Old Testament [Milagres e parbolas d o Antigo Testamento], p u b l i c a d o p e l a p r i m e i r a v e z e m 1 8 9 0 e a g o r a reimpresso pela Baker Book House, de Grand Rapids, EUA. Certamentealguns dicionrios bblicos trazem uma sinopse do ensino parablico do AT, onde o termo m_sh_ l empregado com ampla gama de significados.C o m o j d e i x a m o s p r e v e r , h a p e n a s c i n c o t e x t o s t i d o s c o m o o e q u i - valente mais prximo da "parbola" em sentido estrito, a comear pela parbola do profeta Nata. Ainda assim, como demonstrar o estudo quese segue, o AT faz amplo uso das ilustraes parablicas. Talvez o estudo mais completo e esclarecedor sobre o simbolismodo AT seja o de Ada Habershon, em seu livro muito instrutivo The study o f t h e p a r a b l e s [ O e s t u d o d a s p a r b o l a s ] , s n t e s e d a q u i l o q u e n o s propusemos na presente obra. Aquele que "falou-lhes de muitas coisaspor meio de parbolas" o mesmo que inspirou "homens santos da partede Deus" a escrever o AT; portanto, podemos encontrar a mesma linhade pensamento em todos os livros. Muitas das parbolas, dos tipos e dasvises do AT ilustram e esclarecem os do Novo, provando a maravilhosau n i d a d e d a s E s c r i t u r a s . O s q u e o u v i r a m a s p a r b o l a s d e Jesus tinhama l g u m a p e r c e p o d o e n s i n o q u e e m g e r a l s e r v i a d e b a s e a o r i t u a l levtico e identificavam o sentido espiritual existente nas cerimnias quedeviam realizar.Os judeus certamente se lembraram do man de Deuteronmio 8quando Jesus, em Joo 6, referiu -se a si mesmo como "o man", e tam-bm quando disse, em Mateus 4, que "no s de po vive o homem".A casa construda sobre a rocha com certeza reportou os ouvintes de Jesus ao cntico de Moiss, em que Deus considerado a Rocha (Dt32:4).A Parbola dos lavradores maus lhes trazia mente a Parbola dav i n h a d o S e n h o r , n u m a e s t r u t u r a t e x t u a l p r a t i c a m e n t e i d n t i c a d e Isaas 5. Compare tambm Isaas 27:3 com Joo 15.A s f e s t a s d e L e v t i c o 2 3 d e v e m s e r estudadas cuidadosamente, junto com as parbolas de Mateus 13. H m u i t a s a n a l o g i a s e n t r e a s festas anuais e esse grupo de parbolas.A lei sobre os animais puros e impuros (Lv 11; Dt 14) passou a ter um sentido mais profundo quando Pedro viu aquele lenol descer do cu.A figura da casa por demolir encontra correspondente no NT (cf. Jr33:7 e Ez 36:36 com At 15:15-17 e Rm 11:1,2).A instruo a respeito da ovelha perdida um maravilhoso comple-mento da Parbola do Salvador (cf. Dt 22:1-3 com Lc 15).Muitos acontecimentos da vida de Jos so ilustraes da vida e doreinado de nosso Senhor.A narrativa da vinha de Nabote nos faz lembrar da Parbola dos la-vradores maus, retratada por Jesus.A Parbola do juiz inquo assemelha-se experincia da sunamita(2Rs 8), que clamou ao rei pela sua terra e pela sua casa.A compra de um campo (Jr 32) vincula-se Parbola do tesouro es-condido23

(Mt 13).A vestimenta do profeta Josu em forma de parbola (Zc 3) pode ser posta lado a lado com a Parbola do filho prdigo (Lc 15).A v i s o d e Z a c a r i a s d o e f a c o r r e s p o n d e e m m u i t o s aspectos Parbola do fermento. Sobre o simbolismo dos Salmos, 78:2 pode ser associado a Mateus 13:34,35, o Salmo 1 a Mateus 24:45-51 e o Salmo 2 Parbola dos lavra-dores maus. O Salmo 23 fica ainda mais precioso ao lado de Joo 10. O S a l m o 4 5 , que descreve uma noiva e o seu atavio e n c a n t a d o r , corresponde s Bodas do Cordeiro (Ap 19). O Salmo 19, em que o noivosai de seu quarto e se alegra, como um homem forte que participa deu m a c o r r i d a , r e m e t e e n c a r n a o d o V e r b o e a o r e t o r n o g l o r i o s o d o nosso Senhor Jesus.A m a i s b e l a d e t o d a s a s p a r b o l a s a da Pequena cidade, emEclesiastes 9:13-17, uma maquete do mundo, atacado por Satans, masliberto pelo Senhor Jesus. interessante observar, nos livros de Provr-b i o s e Eclesiastes, que muitos versculos contm a mesma l i n g u a g e m simblica das parbolas de nosso Senhor. Compare Provrbios 12:7, 24:3e 14:11 com Mateus 7 e ICorntios 3. Os versos finais de Provrbios 4 nosfazem lembrar de muitas parbolas do Senhor, especialmente daquelaque ensina aos discpulos que a corrupo brota no daquilo que entra pela boca em forma de alimento, mas do que sai da boca, em palavras.Em meio s palavras de Salomo, existem referncias semeadura e sega. Compare Provrbios 11:24 com 2Corntios 9:6; Provrbios 11:18 e2 2 : 8 c o m G a i a t a s 6 : 7 ; P r o v r b i o s 1 1 : 4 , 2 8 c o m a P a r b o l a d o r i c o e Lzaro, e m Lu c a s 1 6 ; P r o v r b i o s 1 2 : 1 2 c o m J o o 1 5 ; P r o v r b i o s 2 8 : 1 9 c o m a Parbola do filho prdigo; Provrbios 13:7 faz referncia ao quevendeu tudo o que tinha para que pudesse comprar o campo e a prola.Alm das parbolas propriamente ditas e daquilo que se aproximado que chamamos parbolas, h centenas de expresses, versculos epalavras de natureza parablica. Seria muito proveitoso nos deter-mosnos muitos ttulos dados a Deus no AT, como "Um Pequeno Santurio","Fortaleza", "Me" etc, procurando mostrar o sentido espiritual dessasf i g u r a s d e l i n g u a g e m . E s p e r a m o s q u e o s e x e m p l o s q u e s e s e g u e m estimulem o estudo mais profundo desse aspecto envolvente da verdadebblica. AS PARBOLAS DOS LIVROS HISTRICOSParbola do monte Mori (Gn 22; Hb 11:17-19)E o Esprito Santo quem nos autoriza a classificar como parbola oepisdio em que Abrao oferece seu filho Isaque a Deus. O inspirado au-tor da carta aos Hebreus diz que, depois do ato de obedincia de Abrao,D e u s " e m f i g u r a o r e c o b r o u " ( 1 1 : 1 9 ) . A p a l a v r a t r a d u z i d a p o r " f i g u r a " nesse versculo a mesma traduzida por "parbola" nos evangelhos. A24

Verso Revisada ( e m i n g l s ) d i z : " e m p a r b o l a o r e c o b r o u " . O a t o d e depositar Isaque sobre o altar uma representao parablica da morteparbola em gestos, no em palavras, e sua libertao foi, portanto,uma representao da ressurreio de Cristo. A realizao figurada doa t o p a s s a p a r a a n a r r a t i v a h i s t r i c a : " P e g o u n o c u t e l o p a r a i m o l a r o filho..." (Gn 22:10). Essa frase, e o fato de que Abrao cria que Deus erac a p a z d e r e s s u s c i t a r I s a q u e d a m o r t e , r e v e l a a g r a n d i o s i d a d e d o sacrifcio que o patriarca foi chamado a fazer. interessante observarq u e I s a q u e o n i c o n a s E s c r i t u r a s , a l m d e J e s u s , a s e r c h a m a d o "unignito" (Gn 22:2; Hb 11:17).A f d e u a A b r a o o p o d e r d e a t e n d e r o r d e m d i v i n a a i n d a q u e implicasse a morte de Isaque. At o tempo de Abrao, ningum jamais h a v i a r e s s u s c i t a d o d a morte, mas o pai da f, crendo na promessa de D e u s , t i n h a a confiana de que seu filho, uma vez morto, p o d e r i a r e s s u s c i t a r . A s s i m , q u a n d o Is a q u e e s t a v a s o b r e o a l t a r , n a s o m b r a d a morte, Abrao recebeu-o de volta vida, pela graa de Deus. Quando op a t r i a r c a d i s s e a o s s e u s s e r v o s " v o l t a r e m o s a v s " ( G n 2 2 : 5 ) , u s o u o idioma da f. Abrao nunca duvidou da onipotncia de Deus.E s t a narrativa uma figura impressionante da oferta do F i l h o unignito de Deus, que foi por escolha prpria entregue "por todos ns"( R m 8:32) e foi recebido de entre os mortos pelo Pai! (lTm 3:16) Adivergncia, entretanto, nessa parbola em ao, o fato de que, vendeu tudo o que tinha para que pudesse comprar o campo e a prola.Alm das parbolas propriamente ditas e daquilo que se aproximado que chamamos parbolas, h centenas de expresses, versculos epalavras de natureza parablica. Seria muito proveitoso nos deter-mosnos muitos ttulos dados a Deus no AT, como "Um Pequeno Santurio","Fortaleza", "Me" etc, procurando mostrar o sentido espiritual dessasf i g u r a s d e l i n g u a g e m . E s p e r a m o s q u e o s e x e m p l o s q u e s e s e g u e m estimulem o estudo mais profundo desse aspecto envolvente da verdadebblica. AS PARBOLAS DOS LIVROS HISTRICOSParbola do monte Mori (Gn 22; Hb 11:17-19)E o Esprito Santo quem nos autoriza a classificar como parbola oepisdio em que Abrao oferece seu filho Isaque a Deus. O inspirado au-tor da carta aos Hebreus diz que, depois do ato de obedincia de Abrao,D e u s " e m f i g u r a o r e c o b r o u " ( 1 1 : 1 9 ) . A p a l a v r a t r a d u z i d a p o r " f i g u r a " nesse versculo a mesma traduzida por "parbola" nos evangelhos. A Verso Revisada ( e m i n g l s ) d i z : " e m p a r b o l a o r e c o b r o u " . O a t o d e depositar Isaque sobre o altar uma representao parablica da morteparbola em gestos, no em palavras, e sua libertao foi, portanto,uma representao da ressurreio de Cristo. A realizao figurada doa t o p a s s a p a r a a n a r r a t i v a h i s t r i c a : " P e g o u n o c u t e l o p a r a i m o l a r o filho..." (Gn 22:10). Essa frase, e o fato de que Abrao cria que Deus erac a p a z d e r e s s u s c i t a r I s a q u e d a m o r t e , r e v e l a a g r a n d i o s i d a d e d o sacrifcio que o patriarca foi chamado a fazer. interessante observarq u e I s a q u e o n i c o n a s E s c r i t u r a s , a l m d e J e s u s , a s e r c h a m a d o "unignito" (Gn 22:2; Hb 11:17).A f d e u a A b r a o o p o d e r d e a t e n d e r o r d e m d i v i n a a i n d a q u e implicasse a morte de Isaque. At o tempo de Abrao, ningum jamais h a v i a r e s s u s c i t a d o d a25

morte, mas o pai da f, crendo na promessa de D e u s , t i n h a a confiana de que seu filho, uma vez morto, p o d e r i a r e s s u s c i t a r . A s s i m , q u a n d o Is a q u e e s t a v a s o b r e o a l t a r , n a s o m b r a d a morte, Abrao recebeu-o de volta vida, pela graa de Deus. Quando op a t r i a r c a d i s s e a o s s e u s s e r v o s " v o l t a r e m o s a v s " ( G n 2 2 : 5 ) , u s o u o idioma da f. Abrao nunca duvidou da onipotncia de Deus.E s t a narrativa uma figura impressionante da oferta do F i l h o unignito de Deus, que foi por escolha prpria entregue "por todos ns"( R m 8:32) e foi recebido de entre os mortos pelo Pai! (lTm 3:16) Adivergncia, entretanto, nessa parbola em ao, o fato de que, o trio, com o altar do holocausto e a pia de bronze,o Santo Lugar, com a mesa dos pes da proposio, o candelabro deouro e o altar do incenso,o Santo dos Santos, c o m a a r c a d a a l i a n a s o b r e a q u a l e s t a v a o propiciatrio.Nem precisa muita imaginao para vermos, nessas caractersticase x p r e s s a s , u m a p a r b o l a s o b r e a o b r a d e C r i s t o n a o r d e m e m q u e s e deu, desde o seu sacrifcio vicrio na cruz at a descida do Esprito Santoregenerador e santificador, passando por toda a sua jornada como Luzdo mundo, Po da vida e nosso Intercessor alm do vu, na presena deDeus.O t a b e r n c u l o p o d e t a m b m s e r c o n s i d e r a d o u m a p a r b o l a q u e mostra como o crente pode aproximar-se de Deus em Cristo.O trio passa a idia de dois estados: remisso dos pecados pelosangue da expiao e regenerao do esprito pela Palavra de Deus epelo Esprito Santo condies da comunho.O Santo Lugar ilustra as trs formas da comunho a vida de luzcomo testemunho, a sistemtica consagrao interna e a vida de cons-tante orao.O Santo dos Santos retrata o ideal eo objetivo da comunho, emque "a obedincia perptua se parece com uma tbua inquebrvel da lei,a beleza do Senhor nosso Deus est sobre ns e todos os seus atributosesto em perfeita harmonia com os nossos sentimentos e atividades".Uma anlise mais completa desse fascinante aspecto do estudo da B-blia, o leitor encontrar no "Old Testament symbolism" ["O simbolis mod o A n t i g o T e s t a m e n t o " ] , c a p t u l o d o l i v r o T h e s t u d y o f p a r a b l e s [ O estudo das parbolas], de Ada Habershon. Essa talentosa autora tem umpequeno livro, Studies on the tabernacle [Estudos sobre o tabernculo],26

com muitos esboos claros e bblicos que mostram como os detalhes dotabernculo foram "sombra dos bens futuros" e "figuras das coisas que esto no cu" (Hb 10:1; 9:23; Cl 2:17; Jo 5:45). As parbolas de Balao (Nm 22; 23:7,18; 24:3,15,20-23)Seis das dezoito ocorrncias da palavra "parbola" no AT esto as-sociados aos pronunciamentos de Balao. George H. Lang comenta que"as declaraes profticas de Balao so chamadas parbolas. So assimc h a m a d a s p o r q u e o s p r o j e t o s e o s f a t o s l i g a d o s a I s r a e l s o a p r e - sentados por meio de comparaes, compostas na maioria de elementosno-humanos". Por estranho que parea, as parbolas profticas desseinsignificante profeta esto entre as mais inconfundveis e admirveis doAT. Todas elas "do testemunho do chamado de Israel para ser o povo e s c o l h i d o d e J e o v , " d i z F a i r b a i r n , " e d a s b n o s q u e e s t a v a m r e s e r - vadas para esse povo, as quais nenhum encantamento, fora adversa ou maldio poderia tirar; tambm do testemunho da Estrela que des pontaria de Jac e da destruio de todos os que a ela se opusessem".Q u a l e r a o p a s s a d o d e B a l a o , d e P e t o r , e c o m o v e i o a c o n h e c e r Balaque? Balao praticava a adivinhao, que compreendia a leviandadee o e n g a n o t o c o m u n s n o s p a s e s i d o l a t r a s . O fato de ser ganancioso fica claro quando ele declara que "o preo dos encantamentos " estava n a s suas mos e nas dos seus cmplices. Balao "amou o prmio dai n j u s t i a " . F o i e s s e h o m e m q u e B a l a q u e p r o c u r o u p a r a r e c e b e r i n - formaes. Os israelitas, seguindo viagem rumo a Cana, armaram suastendas nas regies frteis da Arbia. Alarmados com o nmero e com acoragem dos hebreus, que haviam recentemente derrotado o rei Ogue, d e B a s , o s m o a b i t a s t e m e r a m t o r n a r - s e a p r x i m a p r e s a . B a l a q u e , ento, foi at os midianitas, seus vizinhos, e consultou os seus ancios, mas as informaes que recebeu eram de grande destruio.Esse caso, em que Deus faz uso de um falso profeta para proferirparbolas divinamente inspiradas prova inequvoca do seu amor e dosseus desgnios para o seu povo, mostra que o Senhor, se necessrio,lana mo do melhor instrumento que puder encontrar, ainda que esseinstrumento contrarie a sua natureza divina. Deus disse a Balao: "Vaic o m e s s e s , m a s f a l a s o m e n t e o q u e e u t e m a n d a r " . A o e n c o n t r a r Balaque, Balao, j orientado por Deus, disse: "Porventura poderei euagora falar alguma coisa? A palavra que Deus puser na minha boca, essaf a l a r e i " . Q u a n d o c e n s u r a d o p o r B a l a q u e , r e i d e M o a b e , p o r t e r a b e n - o a d o Is r a e l , B a l a o r e s p o n d e u : " C o m o a m a l d i o a r e i o q u e D e u s n o amaldioou? E como denunciarei a quem o Senhor no denunciou? [...]P o r v e n t u r a n o t e r e i c u i d a d o d e f a l a r o q u e o S e n h o r p s n a m i n h a boca?".E n t o , c o m p e l i d o a d e c l a r a r o q u e t e r i a a l e g r e m e n t e o m i t i d o , Balao irrompe num rompante de poesia parablica e prediz a bnoindiscutvel do povo para cuja maldio fora contratado. Suas parbolasso de fcil identificao.N a p r i m e i r a , o p e n s a m e n t o principal a s e p a r a o p a r a D e u s , a fim de cumprir os seus desgnios:27

"Vejo um povo que habitar parte, eentre as naes no ser contado" (Nm 23:9).Essa escolha divina de Israel era a base das reivindicaes de Deussobre o povo e a razo de todos os ritos e instituies singulares que eledecretara para serem observados, pois dissera: "Eu sou oS e n h o r v o s s o D e u s q u e v o s s e p a r e i d o s p o v o s . P o r t a n t o f a r e i s distino entre os animais limpos e os imundos [...] Sereis para mimsantos, porque eu, o Senhor, sou santo, e vos separei d o s p o v o s p a r a serdes meus" (Lv 20:24-26).H tambm o cumprimento do antigo propsito, pelo qual Deus "fi-x o u o s l i m i t e s d o s p o v o s , s e g u n d o o n m e r o d o s f i l h o s d e Is r a e l " ( D t 32:8). Nessa parbola, que trata da separao de Israel, uma ilustrao extrada do solo a b a i x o d o s n o s s o s p s : " Q u e m p o d e c o n t a r o p d e Jac...?" (Nm 23:10). Aqui temos uma referncia ao imenso nmero dos d e s c e n d e n t e s de Abrao, anteriormente comparados areia e s estrelas (Gn 22:17). Alguns comentaristas vem no p e na areia uma referncia figurada a Israel os descendentes terrenos de Abrao, enas estrelas, um a re f e r n c i a s i m bl i c a i gr ej a de De us o s descendentes espirituais de Abrao. Mas, como George H. Lang afirma:"Fao uma advertncia contra o tratamento fantasioso das parbolas edos smbolos, pois por trs vezes Moiss usa as estrelas como smbolo doIsrael terreno (Dt 1:10; 10:22; 28:62; v. lCr 27:23).De uma coisa estamos certos: a mesma escolha separadora e sobe-rana de Deus o fundamento do chamado cristo nesta dispensao dag r a a . F o m o s " c h a m a d o s p a r a s e r santos", ou seja, separados. Fomoseleitos em Cristo "antes da fundao do mundo". Fomos salvos e chama-dos "com uma santa convocao [...] segundo o seu propsito e a graa,q u e n o s f o i d a d a e m C r i s t o J e s u s a n t e s d o s t e m p o s e t e r n o s " . E s s a s e outras referncias caractersticas compem a verdadeira igreja. Sepa -rados do mundo, devemos viver nele como forasteiros e peregrinos.A p a r b o l a s e g u i n t e ressalta a justificao do povo separado. Percebesse a progresso dos pronunciamentos e das predies parabli-c a s d e B a l a o n a f r a s e " E n t o p r o f e r i u B a l a o a s u a p a l a v r a " , q u e s e repete cinco vezes. Ao escolher Israel, Deus no poderia voltar atrs ems u a d e c i s o ; e n t o e n c o n t r o u B a l a o e p s n a s u a b o c a e s t a p a l a v r a para Balaque: "Deus no homem para que minta, nem filho do homempara que se arrependa. Porventura tendo ele dito no o far, ou tendo falado no o realizar? Recebi28

ordem de abenoar; ele abenoou, e no oposso revogar. No vi iniqidade em Jac, nem desventura observei emI s r a e l . O S e n h o r s e u D e u s e s t c o m e l e , e e n t r e e l e s s e o u v e m aclamaes ao seu r e i " ( N m 2 3 : 1 9 - 2 1 ) . A h i s t r i a d o p o v o e s c o l h i d o mostra que havia i n i q i d a d e , d a q u a l o v e r d a d e i r o J a c e s t a v a d o - lorosamente c o n s c i e n t e ; e h a v i a t a n t a p e r v e r s i d a d e e m Is r a e l , q u e o mundo pago ao redor ficava surpreso. Mas a maravilha disso tudo queo s o l h o s d e D e u s estavam sobre o seu povo pela luz que emanava dagraa divina, d e p o i s p e l o s a n g u e d o s s a c r i f c i o s o f e r t a d o s p e l o p o v o a favor de si mesmo e por fim pela morte expiatria do seu muito amado Filho.A natureza novamente contribui para a inspirada e instrutiva par-b o l a d e B a l a o , p o i s r e f e r e - s e a D e u s c o m o " f o r a s [ . . . ] c o m o a s d o unicrnio", enquanto Israel retratado com a fora do boi selvagem e a n a t u r e z a a s s u s t a d o r a d o l e o e d a l e o a ( N m 2 3 : 2 2 , 2 4 ; 2 4 : 8 , 9 ) . T e n d o sido justificados gratuitamente pela graa divina, justificados pelo san -gue de Jesus, justificados pela f e, portanto justificados de todas as coi-sas, ns, os cristos, no temos fora em ns mesmos. Nossa fora est na graa de Jesus Cristo, nosso Senhor (2 Tm 2:1).Na terceira parbola, Balao declara que produzir frutos para Deus o resultado inevitvel de sermos separados para ele e j u s t i f i c a d o s perante ele. Quo bela e expressiva essa explicao inspirada sobre op o v o e s c o l h i d o d e D e u s ! " Q u e b o a s s o t u a s t e n d a s , J a c ! E a s t u a s moradas, Israel! Como vales que se estendem, como jardins ao lado deum rio, como rvores de sndalo que o Senhor plantou, como os cedros j u n t o s guas!" (Nm 24:3-14). A linguagem figurada que B a l a o empregou forma um estudo parte. O soberano do cu comparado a uma estrela (cf. Nm 24:17 com Ap 2:28; 22:16). O cetro, smbolo comumda realeza, refere-se poderosa soberania do Messias de Israel. O ninho posto na penha fala da segurana dos quenitas (Nm 24:21). Os navios que vinham da costa de Quitim eram uma aluso proftica s vitrias deAlexandre, o Grande (Nm 24:24).E m b o r a d e c e p c i o n a d o , D e u s a i n d a a s s i m t i n h a t o d o o direito decontar com os frutos do seu povo no deserto. No os tinha escolhido,redimido e abenoad o, fazendo deles seu tesouro p a r t i c u l a r ? Q u a n t o mais no espera de ns, que fomos comprados com o precioso sangued e s e u q u e r i d o F i l h o ? S e r q u e n o o g l o r i - f i c a r e m o s q u a n d o d a m o s muitos frutos? (Jo 15:8). No somos exortados a estar cheios do fruto da j u s t i a ? ( F p 1 : 1 1 ) . N o t e m u m v a l o r e x t r e m a m e n t e p r t i c o o f a t o d e sermos separados para ele e justificados pela graa diante dele? A nossaposio privilegiada no deveria resultar em sermos frutferos em toda boa obra? (Cl 1:10).No pertinente que a parbola seguinte se volte para a segundavinda de Cristo? A coroa de vitria o adorno para a fronte daquele quechamou, separou, justificou e abenoou o seu povo. "V-lo-ei, mas noagora; contempl-lo-ei, mas no de perto. Uma estrela proceder de J a c , e d e Is r a e l s u b i r u m c e t r o " ( N m29

24:17). Segundo certo co -mentarista: "A estrela refere -se sua p r i m e i r a v i n d a ; o c e t r o , s u a segunda vinda; e, como o falso profeta no o via como salvador, proferea prpria condenao". Trata-se do dia do juzo para os inquos, pois "Umd o m i n a d o r s a i r d e J a c , e d e s t r u i r o s s o b r e v i v e n t e s d a c i d a d e " . A destruio ser arrasadora e terrvel, como diz Balao: "Ai, quem viver,quando Deus fizer isto?" (Nm 24:23). Parbola das rvores (Jz 9:7-15)Essa parbola contada aos homens de Siqum por Joto, filho maisnovo de Gideo e nico sobrevivente do massacre de seus 70 irmos porAbimeleque (outro irmo) outra profecia em forma de parbola, umavez que se cumpriu. Abimeleque, filho bastardo de Gideo, aspirava a s e r r e i e p e r s u a d i u o s h o m e n s d e S i q u m a m a t a r t o d o s o s 7 0 f i l h o s legtimos de seu pai (exceto o que escapou) e o proclamarem rei. Joto,o sobrevivente, subindo ao monte Gerizim, proferiu a parbola ao rei e ao povo, fugindo em seguida.Muitos estudiosos discordam da natureza parablica do pronuncia-mento de Joto. Por exemplo, o dr. E. W. Bullinger, em Figures ofspeech[Figuras de linguagem] , diz: "No se trata de parbola, porque no h n e n h u m a comparao, na qual uma coisa equiparada a outra [ . . . ] Quando rvores ou animais falam ou pensam, temos uma fbula; e,q u a n d o e s s a f b u l a e x p l i c a d a , t e m o s u m a alegoria. S e n o f o s s e a orao explicativa 'fazendo rei a Abimeleque' (9:16), o que a torna uma alegoria, teramos uma fbula". O dr. A. T. Pierson refere-se a ela como" a p r i m e i r a e m a i s a n t i g a a l e g o r i a d a s E s c r i t u r a s [ . . . ] U m a d a s m a i s lindas, de todas as fbulas ou aplogos de todo o universo literrio". O professor Salmond igualmente refere-se a ela como "um e x e m p l o legtimo de fbula [...] os elementos grotescos e i m p r o v v e i s q u e a tornam um meio inadequado para expressar a m a i s s u b l i m e v e r d a d e religiosa".Ellicott comenta: "nesse captulo temos o primeiro 'rei' israelita e oprimeiro massacre de irmos; dessa forma, temos aqui a primeira fbula.A s f b u l a s s o e x t r e m a m e n t e p o p u l a r e s n o O r i e n t e , o n d e s o m u i t a s vezes identificadas com o nome do escravo-filsofo Lokman, o congnered e Esopo [...] A 'fbula' uma narrativa imaginria usada para fixarp r u d n c i a m o r a l n a s m e n t e s " . J u n t o c o m o u t r o s c o m e n t a r i s t a s , entretanto, inclino-me para o aspecto parablico do discurso de Joto, oqual, como disse Stanley, "falou como o autor de uma ode inglesa". Langtambm.v o discurso como uma parbola e faz trs observaes: 1 . o m a t e r i a l d a p a r b o l a p o d e s e r v e r d a d e i r o , a s s i m como as rvores so objetos reais;2 . o u s o d e s s e m a t e r i a l p o d e s e r c o m p l e t a m e n t e imaginrio; como quando mostra as rvores em uma reunio, propondo a eleio de um rei e convidando aquelas que esto em30

crescimento a oliveira, a figueira, a videira e o es-pinheiro a reinar sobre as rvores mais altas, como o cedro;3 . o s d e t a l h e s i m a g i n r i o s p o d e m c o r r e s p o n d e r exatamente aos homens que precisavam ser instrudos e aoss e u s f e i t o s [ . . . ] O c e d r o e r a o m a i s a l t o e i m p o n e n t e ; a s s i m tambm eram os homens de Siqum, que foram f o r t e s o s u f i - ciente para levar adiante o terrvel massacre. Ainda, quanto diferena entre interpretao e aplicao, cumpredizer que a primeira se relaciona com o problema em questo, a saber, arelao entre Israel e Abimeleque, sendo histrica e local; a segunda p r o f t i c a , e dispensacional. A interpretao imediata da parbola de Joto seria: as diferentes rvores so apresentadas em 'busca de um n o v o r e i ' , e s u c e s s i v a m e n t e a p r e s e n t a m - s e a o l i v e i r a , a f i g u e i r a , a videira e, por ltimo, o espinheiro. Nessas rvores desejosas de um rei,t e m o s a apresentao figurada do povo de Siqum, que e s t a v a descontente com o governo de Deus e ansiava por um lder nominal ev i s v e l , c o m o t i n h a m a s n a e s p a g a s v i z i n h a s . O s f i l h o s mortos deG i d e o s o c o m p a r a d o s a A b i m e l e q u e , c o m o a s r v o r e s b o a s a o espinheiro. A palavra traduzida por reina sobre d a idia de pairar ee n c e r r a t a m b m a i d i a d a f a l t a d e s o s s e g o e d e i n s e g u r a n a . K e i l e Delitzsch, em seus estudos sobre o AT, afirmam: "Quando Deus no era a base da monarquia, ou quando o rei no edificava as fundaes de seureinado sobre a graa divina, ele no passava de uma rvore, pairando s o b r e o u t r a s s e m l a n a r r a z e s p r o f u n d a s e m s o l o f r u t f e r o , s e n d o completamente incapaz de produzir frutos para a glria de Deus e para obem dos homens. As palavras do espinheiro, 'vinde refugiar-vos debaixoda minha sombra', contm uma profunda ironia, o que o povo de Siqumlogo descobriria". Ento, como observaremos, a vida da nao israelita retratada p e l a semelhana com as rvores citadas na parbola, cada qual c o m propriedades especialmente valiosas ao povo do Oriente. Muito poderiaser dito a respeito das rvores, sendo a vida de cada uma diferente umad a outra. Embora todas recebam sustento do mesmo solo, cada umat o m a d a t e r r a o q u e c o m p a t v e l c o m a s u a p r p r i a n a t u r e z a , p a r a produzir os respectivos frutos e atender s suas necessidades. So as r v o r e s d i f e r e n t e s n o q u e s e r e f e r e a o t a m a n h o , f o r m a e a o v a l o r . Cada rvore possui glria prpria. As fortes protegem as mais fracas docalor intenso e das tempestades ferozes (v. Dn 4:20,22 e Is 32:1).A oliveira uma das rvores mais valiosas. Os olivais e r a m numerosos na Palestina. Winifred Walker, em seu livro l i n d a m e n t e ilustrado Ali the plants of the Bible [Todas as plantas da Bblia],31

diz que"uma rvore adulta produz anualmente meia tonelada de leo". O leop r o p o r c i o n a v a a l u z a r t i f i c i a l ( x 2 7 : 2 0 ) e e r a u s a d o c o m o a l i m e n t o , sendo tambm um ingrediente da oferta de manjares. O fruto tambme r a c o m i d o , e a m a d e i r a , u s a d a e m c o n s t r u e s ( l R s 7 : 2 3 , 3 1 , 3 2 ) . A s folhas da oliveira simbolizam a paz.A figueira, famosa por sua doura, era tambm altamente aprecia-da. Seu fruto era muito consumido, e seus ramos frondosos forneciamum excelente abrigo (ISm 25:18). Ado e Eva usaram folhas de figueira para cobrir a sua nudez (Gn 3:6,7). Os figos so os primeiros frutos men-cionados na Bblia.A videira era igualmente estimada por causa dos seus imensoscachos de uva, q u e p r o d u z i a m o v i n h o g r a n d e f o n t e d e r i q u e z a n a Palestina (Nm 13:23). O "vinho, que alegra Deus e os homens". Sentar-sedebaixo da prpria figueira ou videira era uma expresso prover-bial quedenotava paz e prosperidade (Mq 4:4).O cedro, a maior de todas as rvores bblicas, era famosa por sua n o t v e l a l t u r a , p o i s m u i t a s v e z e s " m e d i a 3 7 m d e a l t u r a e 6 m d e d i - metro". Por causa da qualidade da madeira, o cedro foi usado na cons -t r u o d o t e m p l o e d o p a l c i o d e S a l o m o . A l t i v o s e f o r t e s , e l e s s i m - bolizavam os homens de Siqum, poderosos o suficiente para levar adi -ante o terrvel massacre dos filhos de Gideo. Lang fez a seguinte apli-cao: "Assim como um espinheiro em chamas poderia atear fogo numaf l o r e s t a d e c e d r o s e a s s i m c o m o u m c e d r o e m c h a m a s c a u s a r i a a destruio de todos os espinheiros sua volta, tambm Abimeleque e oshomens de Siqum eram mutuamente destrutivos e trocaram entre si a recompensa da ingratido e da violncia das duas partes".O espinheiro um poderoso arbusto que cresce em qualquer solo. No produz frutos valiosos, e sua rvore, da mesma forma, no serve deabrigo. Sua madeira usada pelos habitantes como combustvel. O dr. A. T. Pierson lembra-nos que "o espinheiro o sanguinheiro ou ramno"