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Prof. Dr. Roberto Kochen – Diretor de Infraestrutura do Instituo de Engenharia e Diretor Técnico da GeoCompany – Tecnologia, Engenharia & Meio Ambiente [email protected]
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Túneis no Brasil pelo Método Austríaco
MAIO/2014
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Túneis, sejam em solos ou rochas, exercem um grande fascínio sobre a humanidade,
desde a época em que nossos ancestrais habitavam cavernas.
O primeiro túnel escavado pelo ser humano data do século VI AC, na ilha grega de
Samos, escavado em rocha para adução de água.
Na década de 1950, o Prof. Rabcewicz introduziu os conceitos básicos e a
metodologia do NATM (New Austrian Tunnelling Method), viabilizado tecnicamente
pelo advento do concreto projetado.
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TÚNEIS NO BRASIL
Como exemplo de linha metroviária totalmente subterrânea pelo NATM, pode-se citar,
entre outros casos, a Linha 2 (Paulista) do Metrô São Paulo, em particular as
Estações Brigadeiro e Trianon, construídas sob a Av. Paulista, com baixíssima
cobertura de solo (apenas 4 metros), sem que o tráfego de veículos precisasse ser
interrompido por 1 único dia sequer, durante a construção.
A Foto 1 mostra uma perspectiva das Estações Brigadeiro e Trianon, ilustrando a sua
disposição tridimensional.
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Foto 1 – Perspectiva das Estações Brigadeiro e Trianon (CBT, 2006)
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A Foto 2 mostra uma vista do túnel de acesso à calota superior da Estação Brigadeiro
durante a construção. Todos os acessos às Estações Brigadeiro e Trianon, durante a
construção, foram feitos por ruas laterais, evitando-se interferência na Av. Paulista.
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Foto 2 – Vista do túnel de acesso à calota superior da Estação Brigadeiro durante a
construção (CBT, 2006).
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Nesta mesma linha, foram construídas com igual sucesso a Estação Consolação
(Foto 3), Estação Vila Madalena (Foto 4), e na Linha 1 (Norte - Sul) do Metrô São
Paulo, a Estação Jardim São Paulo (Foto 5).
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Foto 3 – Vista do Interior da Estação Consolação durante a escavação (CBT, 2006)
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Foto 4 – Vista do Interior da Estação Vila Madalena durante a escavação (CBT, 2006)
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Foto 5 – Vista do Interior da Estação Jardim São Paulo durante a escavação (CBT,
2006)
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Da mesma forma, pode-se citar, na Linha 1 do Metrô de Salvador, a Estação Campo
da Pólvora. A Foto 6 mostra o poço de acesso, duplo, escavado na praça de mesmo
nome em Salvador, e a Foto 7 mostra a vista dos emboques dos túneis no interior do
poço de acesso da Estação Campo da Pólvora.
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Foto 6 – Poço de Acesso Duplo na Estação Campo da Pólvora, Metrô de Salvador
(CBT, 2006)
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Foto 7 – Vista dos Emboques dos Túneis no Interior do Poço de Acesso, Estação
Campo da Pólvora (CBT, 2006)
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Já no Metrô de Brasília, DF, foram construídas 8 estações subterrâneas na Asa Sul,
inclusive com passagens por fundações profundas pelo interior do túnel.
A Foto 8 mostra uma vista de uma das estações já escavadas, com o emboque do
túnel sob a Asa Sul em andamento.
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A Foto 9 mostra um trecho do túnel via dupla do Metrô de Brasília já com o
revestimento final, parte em concreto moldado in loco, parte em concreto projetado.
E a Foto 10 mostra a passagem do túnel sob estrutura com fundação profunda
(Galeria dos Estados), na Asa Sul, que requereu técnicas especiais de tratamento do
solo, realização de estrutura de transferência de carga por dentro do túnel, e corte
dos tubulões.
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Foto 8 – Vista de Estação na Asa Sul, com emboque do túnel já escavado, Metrô DF
(CBT, 2006)
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Foto 9 – Túnel Via Dupla com Revestimento Secundário já acabado (CBT, 2006)
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Foto 10 – Passagem do Túnel de Via do Metrô DF sob estrutura com fundação
profunda (CBT, 2006)
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No NATM, há um grande número de recursos de projeto, construção e tratamento do
maciço que permite a escavação do túnel em praticamente qualquer condição de
solo (Fig. 5), e através de qualquer obstrução, incluindo fundações profundas.
Isto também é verdade para a escavação de grandes obras subterrâneas, como
estações de metrô, com cobertura mínima, de modo a não se ter impacto na
superfície (que sofreria grandes perturbações usando método de escavação a céu
aberto).
Com o NATM, recursos atualmente disponíveis permitem escavar qualquer tipo de
solo com segurança, como mostra a Fig. 5
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Figura 5: Recursos do NATM (Sauer, 2003)
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LR(TYP)
FACE SUPPORT:Stabilization of the Face with Earth Wedge (1). Stabilization of the Face with 2" Flashcrete (9).
Pocket Excavation Method (10).
Dewatering of the Excavation Area, (if necessary with Vacuum Lances ( 8)).
Spiling with Various Elements like Rebars, Cement Bonded Rebars (GSA),
Grouted Pipe Spiling, Metal Sheeting, etc., (3a).
Barrel Vault Method (BVM), Length approx. 35 to 60m ( 3b).
Horizontal Jet Grouting Method, maximum Length approx. 20m each ( 3c).
Grouting of Face Area Ahead of the Excavation.
Excavation under Compressed Air. Excavation in Frozen Ground (Ground Freezing Method).
Doorframe Slab Method (DSM). Barrel Vault Method (BVM) ( 3b). Micro Tunneling Methods, etc.
Increasing the Width of the Shotcrete Foundation (4) (If viable).
Improving the bearing capacity at springline with Grouting, Grouted Pipe Spiling or GSA ( 6).
SIDE WALL IMPROVEMENT:
Increasing the Thickness of Shotcrete (2). Increasing the Number of Rockbolts
Increasing their Length (5). Installing a Temporary Shotcrete Invert in the
Top Heading (7). Grouting of the Entire Surrounding Ground.
PRE-SUPPORT:
CD
1
Top Heading
4
5
3b
8
9
6
7
TEMP.
BACKFILL
C TUNNEL10
L
HTH
3a
Invert
BenchSD
2
3c
5
Invert
2
OTHER SPECIAL METHODS:
Multiple Drift Method (reducing excavated area) i.e.
Top Heading, Bench, Invert or Half Top Heading (HTH),
Bench Invert/Side Wall Excavation Method/
Multiple Drift Invert Support (Shotcrete),
Decrease Invert Closure Distance.
Decrease Length of Round (LR).
Subdivision of Cross Section
-Side Wall Drift (SD)
-Center Drift (CD)
-Multiple Drift
Continuous Excavation/
Support Rate 24 hours
GEOMETRY & PROGRESS:
ANNULAR SUPPORT:
PRE-SUPPORT up to 60m or more
(TYP)
Bench
LR
1
Heading
3a
Top
(TYP)
7
LR
9
3b,c
8
Rev. Date: August 10, 2004
File: G:\Project Graphics\Natm062104.dwg
EMERGENCY INTERVENTIONS:1. High pressure PU steel bottles with 3m lances.
2. Timber or Steel beams (various sizes for bracing).
3. Crushed gravel (20 cy face support backfill,
coarse grained, 3" to 8" diameter).
4. Pre-mixed dry shotcrete bags for immediate support.
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O NATM é um método observacional, e consequentemente a monitoração (medição
in-situ) da deformação no maciço, e das tensões no revestimento inicial (concreto
projetado) é essencial para verificação da adequação do suporte, e da estabilidade
do maciço.
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A Evolução dos Projetos (Do Empirismo à Modelagem Numérica)
No Século 19, o Projeto de Túneis era realizado de forma 100 % empírica, por
tentativa e erro. Existiam na época os métodos Belga, Alemão, e Austríaco Antigo de
escavação, entre outros. Desta época, destaca-se o 1º túnel em shield, projetado
pelo engenheiro inglês Brunel.
Trata-se do túnel sob o Rio Tamisa, que levou 25 anos na sua execução (!), utilizando
um shield retangular de madeira, para escavar cerca de 400 m na argila rija de
Londres. No início do século 20, surgem os primeiros shields modernos, com anel de
ferro fundido, e os primeiros túneis imersos.
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Na década de 1950, o Prof. Rabcewicz inaugura o NATM – Novo Método Austríaco,
tirando partido do alívio de tensões na escavação e da resistência do maciço
rochoso. Os Túneis pelo NATM resultam em revestimentos mais leves, escavação
mais rápida, e são mais econômicos e flexíveis.
Os Métodos de Análise da época de Rabcewicz são Teóricos e Empíricos, usando o
Método da Convergência - Confinamento (que considera Deformação
Unidimensional, Radial, do Maciço Rochoso). Na Década de 1960, surgem as
primeiras análises pelo MEF (Método dos Elementos Finitos), permitindo calcular com
maior precisão deslocamentos do maciço, recalques, esforços no revestimento,
estabilidade da escavação, etc.
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MODELAGEM NUMÉRICA – RODOANEL
Na análise do Túnel 1 do Rodoanel de São Paulo, Elo Oeste, foram formulados
modelos matemáticos para várias seções do Túnel 1, com parâmetros estabelecidos
de acordo com a compartimentação geológico-geomecânica do Maciço Rochoso.
Foram estudadas a seção de transição solo-rocha e seção em rocha, presente nos
emboques do túnel, e mais duas seções em rocha ao longo do túnel (Kochen &
Castro, 2004).
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Figura 7 – Substratos rochosos para a seção de transição solo rocha.
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Figura 8 – Momentos fletores para o revestimento de 2ª Fase
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ESTUDO DA PERCOLAÇÃO DE ÁGUA NO REVESTIMENTO
Para verificar se a espessura do revestimento calculado satisfaz a condição de
estanqueidade foi realizado um estudo de percolação de água no revestimento dos
túneis. Foi criado um modelo representativo da seção do túnel, com geometria e
cobertura próximas da situação real. Foi considerado revestimento de concreto para
o túnel, e maciço saturado no entorno do mesmo.
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Para o concreto projetado foi adotado coeficiente de permeabilidade igual a
1,0x10-7cm/s, valor esse considerado médio segundo estudos de retroanálise de
infiltrações em vários túneis.
A seguir serão apresentados os diagramas gerados pela modelagem numérica.
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Figura 9 – Malha de diferenças finitas, para o estudo da percolação de água
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Figura 10 – Linha de fluxo para o regime permanente
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Para os parâmetros acima, a vazão máxima no revestimento do túnel é igual a
4,6x10-7 m3 / s / m, ou seja, 0,81 litros / dia / m2. Essa vazão é aceitável para o
revestimento do túnel, uma vez que não acarretaria infiltrações excessivas ou
ocorrência de gotejamentos de água.
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Conclusões – o Futuro dos Túneis no Brasil
Com a evolução recente das técnicas de projeto, construção e monitoração de túneis,
tornou-se possível realizar obras subterrâneas em grande número de locais que,
anteriormente, em decorrência de condições geológico-geotécnicas ou de
interferências urbanas, requeriam a utilização de outros métodos, como valas a céu
aberto, linhas em superfície, ou em elevando, causando grandes distúrbios e
elevados impactos na construção, principalmente em regiões urbanas.
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Conclusões – o Futuro dos Túneis no Brasil
Os próximos anos irão permitir aos cidadãos brasileiros usufruir de grande número de
obras subterrâneas de infraestrutura, como metrô, linhas férreas, sistemas de
saneamento, dutos, e empreendimentos assemelhados, que serão construídos sem
interferir com o meio urbano. De forma rápida e segura, proporcionando significativa
melhoria na qualidade de vida de todos nós.
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Referencias Bibliográficas
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York: A Joint Conference, ASCE Metropolitan Section Geotechnical Group, The
Deep Foundations Institute, and ADSC: The International Association of
Foundation Drilling (New York City, May 6 & 7, 2003).
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Institution of Civil Engineers, Thomaz Telford, Londres, Inglaterra, 1996.
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Referencias Bibliográficas
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Health and Safety Executive – HSE, Research Report 453, Londres, Inglaterra,
2006.
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(http://www.geocompany.com.br/ftp/sucessos2008.pdf).
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Referencias Bibliográficas
“Gerenciamento de Riscos em Obras Subterrâneas de Engenharia”, Roberto
Kochen, Revista Engenharia no. 595, Instituto de Engenharia, São Paulo, SP,
2008. (http://www.geocompany.com.br/ftp/gros.pdf ).
“Revestimento de 2ª Fase de Túnel com base no Mapeamento Geológico durante
a Escavação”, Roberto Kochen e Gerson Rodrigues de Castro, Revista
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(http://www.geocompany.com.br/ftp/Artigo11.pdf)
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