Túmulo de Tutu (TA 8)repositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/26/Anexo_Tutu- TA 8.pdf · 5 Fig. 3...
Transcript of Túmulo de Tutu (TA 8)repositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/26/Anexo_Tutu- TA 8.pdf · 5 Fig. 3...
1
Túmulo de Tutu (TA 8)
Fachada
1, 2 − Entrada. Lintel e ombreiras. Pls. XV (esq.),
XIII (dir.), XXXV (centro, dir.).
Entrada
3 − Espessura. A família real adora Aton. Em
baixo, Tutu, ajoelhado, entoa um hino. Pls. XVI,
XXXV (esq.).
4 − Espessura. Tutu, ajoelhado, entoa um hino a
Aton. Pl. XV (dir.).
Tecto. Pl. XIV (centro).
Sala dos pilares
5, 7 − Parte superior: o funcionário diante do casal
régio. Pls. XVII, XVIII (esq.).
6, 7 − Parte inferior: Oração. Pl. XIX (dir.).
8 − Parte superior: Tutu com oficiais e servos, no
regresso a casa. Pl. XVIII (dir.).
9, 11 − Em cima. Recompensa de Tutu. Pls. XIX
(esq.), XX (dir.).
10, 11 − Em baixo. Oração. Pls. XXI.
12, 13 − Em cima. Tutu regressa a casa. Pls. XX
(centro e esq.).
14, 15 − Entablamento. Tutu adora as cartelas de
Aton. Pls. XII (inf. esq.).
16, 17 − Coluna com cena da família real adorando
Aton. Pls. XIV (esq.)
Arquitraves. Pl. XIV (dir.).
Tecto. Pl. XII (dir.)
Fig. 1 − Distribuição das cenas ao longo do túmulo. Equivalência entre a classificação usada (Porter e Moss,
TBAE, vol. IV, p. 220) e a classificação de Davies, RTEA, vol. VI, Pl. XI.
2. Cargos
imy-xnt
Camareiro da corte
bAk-tpy n Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra m …pr-Itn m Axt-Itn
Chefe dos servidores de Neferkheperuré na …Casa de Aton em Akhetaton
bAk-tpy n Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra n wiA
Chefe dos servidores de Neferkheperuré, na barca
2
3
imy-r wDwt nbt n nb tAwy
Superintendente de todas as comissões do senhor das Duas Terras
imy-r kAwt nbt n Hm.f
Superintendente de todos os trabalhos de Sua Majestade
imy-r HD nbw n nb tAwy
Superintendente da prata e do ouro do senhor das Duas Terras
imy-r pr-HD … pA Itn m pr Itn m Axt-Itn
Superintendente da Casa da Prata (do tesouro) … de Aton, na Casa de Aton em Akhetaton
r Hry n tA r Dr r.f
O primeiro arauto da terra inteira é a sua boca1
im(y)-r w
Governador de distrito
3. Breve notícia sobre as suas características arquitectónicas
Os construtores deste túmulo escolheram uma meseta de rocha isolada e abriram-na quase
até ao seu limite mas como ela não era suficientemente elevada, o chão do túmulo foi talhado
abaixo do nível exterior e uma longa entrada, com a mesma espessura que o portal, cortada para
fazer a união mas, como este caminho não foi prolongado até ao declive da colina, permaneceu uma
área afundada para a qual se desce por um pequeno declive2.
A entrada é do tipo normal. Foi deixado um espaço livre nas ombreiras para sete colunas
verticais mas do lado direito só cinco delas foram cortadas e só a metade mais baixa da sexta e da
1 Título ambíguo. Tutu poderá ter sido o representante-chefe do Egipto, seu porta-voz diante do rei, ou,
inversamente, o chefe dos arautos reais. 2 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 7.
4
sétima3. As princesas com os sistros, as aias, flabelíferos e escribas acompanham o casal régio e
provavelmente também Mutnedjemet. Acima desta cena há uma fila de hieróglifos que corre de
ambos os sentidos a partir do centro, desejando longa vida a Aton (segunda fórmula), ao rei e à
rainha.
Interior (Pls. XI-XIV, XXXV, XXXVII)
De acordo com as suas características principais, o interior corresponde ao tipo geral dos
grandes túmulos, com a grande câmara dividida longitudinalmente em três naves por duas filas de
colunas, doze no total4. Cada fila de seis termina por pilastras que aqui não foram terminadas, pois o
canto oriental da sala está por escavar até metade da sua altura5.
O processo de escavação do túmulo está aqui bem visível: dividir a massa rochosa em
blocos por meio de trincheiras profundas e depois afastá-los6. Os altares para estátuas estão ainda
num estado mais avançado neste túmulo, o portal da capela média é simples
Fig. 2 − Entablamento do portal da capela média, do túmulo TA 8. Davies, RTEA, vol. VI, Pl. XII.
O revestimento com painéis foi completamente planeado em escultura (cf. III, IX). Todavia,
os desenhos que deviam ter preenchido os painéis só foram aplicados a tinta. Consistem na segunda
fórmula do deus e no casal régio a ser adorados pelo morto7.
A característica mais original do túmulo está na disposição da nave central pois esta parte
da câmara está isolada do resto por uma parede, dotada de cornija, que une ttodas as colunas entre si
e à parede, exceptuando as colunas centrais8.
3 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 7. 4 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 7. 5 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 7. 6 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 7. 7 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 8. 8 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 8.
5
Fig. 3 − Secção transversal do túmulo TA 8, mostrando o arranjo das colunas. Davies, RTEA, vol. VI, Pl.
XII.-B
Para enfatizar o carácter separado do espaço assim delimitado, ele foi levemente alteado
acima do chão da sala. A face exterior de cada uma das ombreiras foi adornada com três painéis
esculpidos, dos quais os dois superiores mostram o rei, a rainha e Meritaton adorado Aton e o
inferior representa Tutu.
A superfície do tecto e dos intradorsos está demasiado desgastada para reter traços e cores.
As três columas de hieróglifos que se estendem ao longo do tecto da nave estão quase ilegíveis (Pl.
XII). As do tecto da entrada estão no entanto bem preservadas (Pl. XIV). A segunda câmara
invariavelmente planeada mas raramente executada nestes túmulos não está em melhor situação
aqui, sendo uma simples galeria cavada no seu total comprimento nas só até metade da altura. À
retaguarda, mostra-se o inicio do trabalhos de edificação das colunas9.
Colunas e arquitraves (Pl. XIV)
Embora a ornamentação que é possível recuperar a partir das colunas do túmulo seja
surpreendentemente rica, elas são pouco atraentes, na sua condição actual. O único exemplar que
está de pé não foi acabado e as suas cores e muito da sua forma inicial já se perderam. Quatro
colunas foram inteiramente removidas, duas ainda estão meio presas na rocha, duas outras
imperfeitamente talhadas e as restantes três foram deixadas com o fuste não decorado. Fragmentos
de duas das colunas destruídas ainda se encontram no túmulo e provam que a sua ornamentação
estava ainda mais ou menos completa. Traços de oito caules na base vazia do lado norte da nave
mostram que uma destas colunas decoradas estaria aí localizada e que a outra seria a sua gémea, do
lado sul10.
No ábaco da nossa coluna (fig.4) está uma linha de hieróglifos entre duas filas de pétalas,
descriminando os nomes reais a sul e os da segunda fórmula do nome de Aton a oeste. Os caules do
capitel têm no topo os sinos nHH e abaixo dele uma fila formada por uma flor e um botão alternado
com outras vista de face inteira. Como as folhas de revestimento de papiro podem ser vistas na base
9 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 8. 10 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 8.
6
de cada. As oito secções representando caules embutidos estão aqui dedicadas à ornamentação.
Primeiro, encontramos uma fila de uraei, uma linha de pétalas e, finalmente, frutos de perseia e
centáureas11. Abaixo o pescoço da coluna, o motivo floral é novamente utilizado entre bandas lisas.
Segue-se uma banda de três ou quatro conjuntos de cinco patos, cada um com a cabeça pendendo
sobre uma mesa formada por dois feixes de cangas atadas12. Cada grupo de patos é separado do
seguinte por um ramo semelhante mas vertical. A cena mostra o casal régio e Meritaton, adorando
Aton.
Fig. 4 − Coluna e as suas inscrições. Davies, RTEA, vol. VI, Pl. XIV.
Abóbada da câmara funerária (Pl. XVII)
Este túmulo, como quase todos os outros, mostra sinais de uma solução improvisada para o
local do enterro13. Uma escada foi embutida entre as últimas colunas na extremidade Norte da sala,
e considerável trabalho dispendido no intuito de produzir um sepulcro inviolável14. Uma escadaria
com vinte degraus, passando por debaixo do chão de rocha no sexto degrau curvando ligeiramente
para sul para um patamar, vira para oeste num ângulo recto e no 34 degrau alcança uma câmara
11 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 9. 12 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 9. 13 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 9. 14 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 9.
7
pequena, A partir do nível desta, a escada continua e no 54 degrau alcança um grosseira cavidade na
qual podia ser feito um enterro adequado.
4. Cenas e inscrições
Espessura da parede sul (Pl. XV)
A mutilação que esta parede sofreu pode ser avaliada pelo facto de, das 15 colunas que
cobriam a metade interior da base ao topo, só alguns signos espalhados sobreviveram.
Afortunadamente, o texto é recuperável através de cópias e moldes anteriores.
Fig. 5 − Orações de Tutu. Espessura da parede Sul. Davies, RTEA, vol. VI, Pl. XV.
5.2.5. Akhenaton e Nefertiti, fazendo oferendas a Aton. Espessura da parede norte (fig.6)
Esta cena é habitual nestes túmulos. As cabeças do rei e da rainha e as figuras das princesas
estão perdidas devido à queda de blocos inseridos com vista à execução mais fina destas partes
importantes. O vaso que está sobre o segundo suporte foi removido pela mesma razão. Embora o
nome da princesa cuja figura sobreviveu tenha sido destruído, é fácil reconhecer nela a imagem de
Mutnedjemet15. Abaixo da cena localiza-se o texto do pequeno Hino a Aton. Atrás de Tutu pode ler-
se «o camareiro Tutu, ele diz…». Este enverga a pele de leopardo dos sacerdotes, da qual se
distingue uma pata debaixo do braço16
15 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 10. 16DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 10.
8
Fig. 5 − O rei e a rainha fazem uma oferenda de alimentos e incenso. Espessura da parede norte,
Davies, RTEA, vol. VI, Pl. XVI.
Tutu é recebido no palácio. Parede oeste, lado norte. (Pls. XVII, XVIII
O tema da recompensa de Tutu ocupa a totalidade da parede oeste. Os discursos,
infelizmente, estão incompletos17. As cenas ocupam só cerca de 2/3 do comprimento total da parede
em cada lado mas estendem-se até á entrada encontrando-se lá, no centro. Nas partes superiores, o
relevo está quase apagado devido á acção dos morcegos. Uma boa metade da cena de cada lado é
devotada ao rei, à sua família e ao seu palácio.
Na Pl. XVII, casal régio é aqui mostrado, não à janela mas sentado em bancos, no exterior.
A cercadura de uraei à volta do toucado real não é a habitual18. A parte superior do corpo da rainha
desapareceu coma pedra onde tinha sido gravada. Aparentemente embalava três das suas filhas nos
17 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 10. 18 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 10.
9
joelhos, uma vez que vemos os pés de duas delas e percebemos pelos seus nomes que eram a mais
velha e a mais nova19.
Novamente aparece a princesa Mutnedjemet com os seus dois anões. Tutu está de pé diante
do rei e o pátio, atrás dele cheio de uma multidão de espectadores, duas bigas e dois bois gordos.
Estes últimos podem vir dos domínios reais, destinados ao sacrifício, ou serem presentes oferecidos
pelo rei, ao seu funcionário. Estão decorados com fitas e plumas nos cornos e são acompanhados
por portadores de comida e de bebida (Pl. XVIII) a assistência compreende de cima para baixo, os
representantes estrangeiros, soldados com os seus estandartes, cortesãos escribas e oficiais,
incluindo o governador da cidade e o portador do leque, crook e machado. Temos sorte em saber o
diálogo que se travava entre o rei e o seu súbdito em ocasiões como estas, o mesmo chegou até nós
em excertos … Tutu replica a este gracioso discurso com uma torrente da mais rebuscada lisonja…
Depois da sua audiência com o rei, Tutu retira-se para além do pátio, onde as sentinelas
estão sentadas nos seus postos com os estandartes regimentais plantados num suporte (registo
superior, Pls. XX). Aqui também os carros dos grandes oficiais esperam para os levar a casa. Uns
poucos servidores e um bando de mulheres músicas preparam-se para acompanhar os servos do
palácio que conduzem quatro bois gordos e transportam os vasos e as comidas oferecidas pelo rei.
Antes de voltar para casa, Tutu dirige-se aos oficiais seus companheiros. Possivelmente o desenho
completar-se-ia com a casa de Tutu ou o templo de Aton. A região inferior da parede contém apenas
uma curta oração, separada por um espaço em branco da figura de Tutu, de é e com as mãos
erguidas
Recompensa de Tutu. Parede ocidental, lado sul (Pls. XIX-XXI)
Neste caso, a pintura associada da última cena, o casal régio recebe o seu servidor junto à
varanda almofadada do qual se debruçam para lhe conferir os seus presentes. O discurso que o rei
teria proferido na ocasião está disposto em duas colunas.
Por este anúncio formal, Tutu é elevado à classe sacerdotal, num lugar logo abaixo do
sumo-sacerdote. Sandálias e colares de ouro são trazidos e adaptados ao seu corpo. Entretanto ele
faz um longo discurso de resposta, pródigo em encómios ao rei.
Esta explosão de sentimentos de lealdade é partilhada pelos assistentes e um pequeno
espaço é destinada a cada grupo (Pl. XX). Os estrangeiros, de pé e numa atitude de respeito, falam
através do intérprete egípcio. Os soldados empunham os seus estandartes, entre os quais o
estandarte bHt.
19 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. V, p. 10.
10
Fig. 6 − Tutu é recompensado pelo rei. Parede ocidental, lado sul, parte superior, (Pl. XIX-XX).
Junto da porta lateral do pátio estão as duas bigas e os seus condutores juntam-se ao louvor geral.
Fig. 7 − Discurso do condutor do carro de Tutu, que aguarda o seu amo.
Segue-se uma outra cena: Tutu abandona o pátio e vai juntar-se a uma multidão de amigos e
servidores que esperavam lá fora para o acompanhar a casa (fig. 8). Esta aprece fazer parte do
complexo do templo ou estar perto dele. A pintura conta a história de um modo muito confuso mas
uma breve análise mostra que é no templo que se concentra a acção principal. No topo da parede
vemos o posto militar que se encontra no exterior do palácio. Dois regimentos parecem estar de
guarda e mostram os seus estandartes em plataformas a altares.
11
Um oficial está a recolocar dois deles ou a removê-los para ir tomar parte na cerimónia.
Perto estão estacionados dois carros. Os cavalos foram desatrelados e, aos pares, comem nas suas
manjedouras.
Fig. 8 − Felicitações e comentários dos amigos de Tutu (Pl. XX).
Os dois registos inferiores parecem representar cenas passadas antes da cerimónia, diante
dos portões do palácio. Servos e soldados entram e saem dele, transportando mensagens. O
mordomo está à porta e pede notícias aos que chegam. Como de costume. uma grande quantidade
de comida e de bebida está empilhada num compartimento à esquerda, protegida do vento e da
poeira. Funcionários retiram inúmeros bens, destinados a Tutu. Ei-lo que regressa do palácio, em
toda a sua glória, empossado que foi nas suas funções. É entusiasticamente recebido pelos seus
subordinados que dançam excitados e tombam a seus pés. Tutu dirige-se-lhes20 e deles recebe uma
resposta lealista. Sobe para o carro e continua o seu caminho, acompanhado por destacamentos de
polícia, grupos de amigos e as mulheres da sua casa. Os servos do templo recebem-no á entrada do
edifício e Tutu novamente invoca a bênção de Aton sobre o rei.
A figura de Tutu em oração e o texto da mesma constituem a única decoração da parte mais
baixa da a parede (Pl. XXI) provavelmente foi aqui colocada para encher espaço.
20 Ver p. 18
12
Fig. 8 − Discurso de Tutu, a caminho do templo.
Textos
Tecto da ante-câmara, (Pl. XII)
A
1
… … …rdi.kw (p)r- anx pH.n.k kA rdi.n.k nb.k n.k
… … … foste nomeado para a Casa da Vida. Possa o ka, que te foi concedido pelo teu senhor 21,
2
bAk-tp(y) n Itn m Axt-Itn (a)qA.k (n nb.k?) … … … bH…
ó chefe dos servidores de Aton em Akhetaton, (possas tu garantir) a tua lealdade (ao teu senhor?)
…
21 A frase original tem lacunas. O duplo determinativo A1*B1 é difícil de entender, seria mais lógico se
representasse o rei (Akhenaton) que efectivamente nomeou Tutu para os seus cargos. Foi isto que se admitiu.
13
3
… … … .i? … … tw.i … … ir …
… … … eu… … … fazer …
4
nD Axrwt.k dwAt n kA n imy-xnt mri n nb tAwy
perguntando, de manhã, aos teus akheru22. Pelo ka do camareiro da corte, amado pelo senhor das
Duas Terras
5
imy-r pr-HD … pA Itn m pr Itn m Axt-Itn Twtw
o Superintendente da Casa da Prata (do tesouro) … de Aton, na Casa de Aton em Akhetaton, Tutu.
B
7
… … … .k Dt bn xpr … … … (n kA n) imy-xnt n nb tAwy
… … … ?- te eternamente, não passará, … … (Pelo ka) do camareiro do senhor das Duas
Terras,
imy-r w Twtw
o governador de distrito, (Tutu).
C
22 Akheru. Não foi possível encontrar a tradução deste substantivo.
14
8
… … … rn.k mn r nHH bn HHy.f Hr iry
… … … o teu nome permanecerá para sempre, sem ter de ser procurado, entre os que foram
designados (por…)
9
… … … pr.k m Axt iw imy-r nsw im …
… … … a tua casa no horizonte existirá, enquanto o Superintendente do rei lá estiver …
10
n kA n imy-xnt n nb tAwy… … m Axt-Itn Twtw
Pelo ka do camareiro do senhor das Duas Terras … … em Akhetaton, Tutu
Porta exterior. Umbral direito, (Pl. XIII)
1ª Coluna
11
dwA anx Ra-@r-Axty Hay m Axt
Adoração (ao) vivo Ré-Horakhti, que rejubila no horizonte,
m rn.f (m) Sw nty m Itn Di anx Dt nHH
no seu nome de «A luz que está no disco solar», dotado de vida eternamente, para sempre,
12
15
nsw-bit(y) anx m mAat nb-tAwy Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra sA Ra anx m mAat
nb Xaw
(e ao) rei do Alto e do Baixo Egipto, que vive em Maet, o senhor das Duas Terras Neferkheperuré
Uaenré, filho de Ré, que vive em Maet, o senhor das coroas,
Ax-n-Itn aA m aHaw.f
Akhenaton, grande no seu tempo de vida,
13
Hmt-nsw wrt mrit.f Nfr-nfrw-Itn Nfrt-ity Anxt Dt (n)HH
(e à) grande esposa real, sua amada, Neferneferuaton Nefertiti, viva eternamente e para
sempre23.
2ª Coluna
14
iiy.n.i m iAw n stwt.k pA Itn anx
Vim para adorar os teus raios, ó Aton vivo
waw
e único.
15
ntk (n)HH At pt Hwt-nTr.k xaai.k im.s ra-nb
Tu és a continuidade do momento e o céu é o teu templo. Quando te ergues lá, todos os dias
23 Reconstrução através de uma fotografia de Mariette. Ver SANDEMAN, op. cit., p. 71.
16
16
r msi sA.k pri HAw.k
para engendrar o teu filho que saiu do teu corpo,
17
nsw-bit(y) Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra… pA Itn anx
o rei do Alto e do Baixo Egipto, Neferkheperuré -Uaenré … … o Aton vivo.
18
n kA n imy-xnt Twtw mAa-xrw
Pelo ka do camareiro Tutu, justificado.
3ª Coluna
19
iiy n.i n.k iw r Xr MAat pA Itn anx.k
Vim até ti com a boca (plena) de Maet24, pela qual tu vives, ó Aton
20
iw sSms.i sA.k ir.n.i m bitw.f Wa-n-Ra
eu segui o teu filho, agi de acordo com o seu carácter. Uaenré é
21
24 Isto é, com um discurso digno, justo e equilibrado.
17
HqA MAat sA nHH pA Itn anx nsw-bit(y) Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra di.f …
…
o governante de Maet, o filho da continuidade, o Aton vivo, o rei do Alto e do Baixo Egipto,
Neferkheperuré Uaenré, que ele dê … …
22
… … … m kA.k m-bAH.i Dt (n)HH n kA n imy-xnt
… … … com o teu ka, diante de mim, eternamente e para sempre. Pelo ka do camareiro
Twtw mAa-xrw
Tutu, justificado.
4ª Coluna
23
iiy.n.k iw awy Hr dwA.k
Vim até ti com as (minhas) mãos (erguidas) para te adorar
24
iw irty .i Hr ptry.k bn Abw
e os meus olhos estão a contemplar-te, sem cessar.
25
ntk TAw… … w … … anx …
Tu és a brisa … … … vida …
26
18
di.f qrst nfrt m Dw n Axt.Itn st(- MAat)
Que ele garanta um belo funeral, na montanha de Akhetaton, o lugar (de Maet).
27
n kA n imy-xnt Twtw mAa-xrw
Pelo ka do camareiro Tutu, justificado.
5ª Coluna
28
iiy.n.k pA Itn
Vim até ti, ó Aton.
29
pA qmA m sw msi.k sA.k …
o que se criou a si mesmo. Tu engendras o teu filho …
30
… … … tw … … … n.f mi Hsyw
… … … … … … dele, como os favoritos.
31
n kA n imy-xnt Twtw mAa-xrw
Pelo ka do camareiro Tutu, justificado.
19
Entrada. Inscrições do tecto, (Pl. XIV)
Norte
32
aHa.k dwA(t) m st.k nt (n)HH r mAA Itn xaai.f
Possas tu erguer-te de manhã, neste teu lugar de continuidade, para ver Aton quando ele aparece em
glória,
33
wab.k tw Ssp mnxt mi sxr
purificares-te e receber roupa (lavada), tal como estava estabelecido25
n wnn.k Hr tA
quando estavas na terra.
34
n kA n Hsy n nTr-nfr imy-xnt Twtw
Pelo ka do favorito do deus bom, o camareiro Tutu.
Centro
35
25 De acordo com o significado de sxr, «plano, resolução, estado». Ver BONNAMY et SADEK, op. cit., pp.
580-581.
20
dwA.k Itn di.f n.k Taw swAD stwt.f
Adora Aton para que ele te dê a brisa e os seus raios revigorem
Haw.k
os teus membros.
36
Tsy.k tw smx.k wrd anx.f
Fica erguido e esquece o cansaço, ele vive
Hr.k m ptry.f
na tua face quando é contemplado26.
37
n kA n bAk-tpy n Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra n wiA
Pelo ka do chefe dos servidores de Neferkheperuré, na barca,
imy-xnt Twtw mAa-xrw
o camareiro Tutu.
Sul
38
Sms.k Itn mi Hsyw.f m wsxt Hwt.bnbn
26 Isto é, a luz do Sol dá a vida a quem o contempla.
21
Segue Aton, como os seus favoritos, no pátio da Casa do Benben,
39
iry.k sn tA stwt.f wnn.k m st MAat
realiza (a cerimónia de) «beijar a terra» aos seus raios, quando estiveres no lugar de Maet,
n kA n imy-xnt Twtw mAa-xrw
pelo ka do camareiro Tutu.
Arquitrave – Inscrições (Pl. XIV)
Início de cada arquitrave
40
Anx it.ianx Ra-@r-Axty Hay m Axt
Viva meu pai, o vivo Ré-Horakhti, que rejubila no horizonte,
41
m rn.f (m) Sw nty m Itn Di anx Dt nHH
no seu nome de «A luz que está no disco solar», dotado de vida eternamente, para sempre,
42
nsw bit(y) anx m MAat nb tAwy Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra sA Ra anx m mAat
nb Xaw
22
e o rei do Alto e do Baixo Egipto que vive em Maet, o senhor das Duas Terras, Neferkheperuré
Uaenré, filho de Ré, que vive em Maet, o senhor das coroas
Ax-n-Itn aA m aHaw.f
Akhenaton, grande no seu tempo de vida,
43
Hmt-nsw wrt Nfr-nfrw-Itn Nfrt-ity anx ti Dt (n)HH
(e a) grande esposa real, Neferneferuaton Nefertiti, que viva eternamente e para sempre.
Sul
44
iw pA HqA msw pA Itn mn r (n)HH mi qdnw.f
o governante nascido de Aton e estável ao longo do tempo futuro, como o seu criador,
45
Hr irt pA HH n Hb-sd wDw n.f
e que está a celebrar um milhão de jubileus por decreto dele
46
pA Itn anx di anx Dt r na HH
o Aton vivo, dotado de vida eternamente e para sempre.
Norte
Relativamente a Nefertiti
23
47
iw.s Hr ptry pA HqA mnt iw bn Abw
Ela vê o soberano diariamente, sem cessar,
48
mi pA Itn pAy it rwd anx (n)HH nb tAwy
(pois ele é) como seu pai Aton, vigoroso e vivo na continuidade, o senhor das Duas Terras
49
Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra Di anx Dt r-nA HH
Neferkheperuré Uaenré, dotado de vida, eternamente e para sempre
Oeste
50
iAw (n.k pA) Itn anx m irt.k nbt
Louvores (a ti, ó) Aton vivo, por toda a tua obra!
51
dwA.sn tw mi ir.k.sn anx.sn mi m.k r (n)HH sw
Eles adoram-te pois que os fizeste e vivem, através de ti, ao longo da sua eternidade
52
… … … qmA. n.k nbt irt Tntt Hr psd Hr Haw.sn
24
… … …criaste toda (?) e fizeste uma plataforma elevada27 para (do alto dela) bri-lhares sobre
os seus corpos.
53
wbn.k n.i ptry tw anx.i
Brilha (também) para mim, para que possa ver-te e viver.
Porta exterior. Umbral esquerdo, (Pl. XV)
1ª Coluna − Como em lns. 39-43
2ª Coluna
54
iiy n.i n.k pA Itn anx iw MAat ir st.s im.i
Vim até ti, ó Aton porque Maet fez o seu lugar em mim;
55
bw awn.i bw ir.i grgw
eu não sou ávido nem pratiquei a mentira,
56
bw ir.i msdd(y)t.k sA.k …
não fiz o que é odioso ao teu filho …
57
di.k n.i mw TAw n di kA nsw
Concede-me a água e a brisa, como dádiva do ka do rei.
58
n kA n imy-r wDwt nbt n nb tAwy Twtw mAa-xrw
Pelo ka do superintendente de todos os decretos do senhor das Duas Terras, Tutu, justificado
3ª Coluna
59
iiy n.i n.k pA Itn
Vim até ti, ó Aton
27 O céu.
25
60
iry.k sn (tA n stwt.k anw)
para fazer a cerimónia de beijar [a terra (diante dos) teus belos raios]
61
di.k tw Hr sA.k awy.i ii(w)y iiwy
que tu dás ao teu filho. As minhas mãos (estão erguidas no gesto de) “Bem-vindo, bem-vindo!”
62
n nfrw stwt.k m nb (n)HH r anx wDA snb
(à beleza dos teus raios, como senhor da continuidade com a vida, prosperidade e saúde
63
di.k sA Ra Ax-n-Itn aA m aHaw.f
(que) concedes ao filho de Ré), Akhenaton, grande no seu tempo de vida28.
64
di.k Ssp snw m Hwt-bnbn
Concede a recepção de oferendas de alimentos na Casa do Benben
65
n kA n imy-r kAwt nbt n Hm.f Twtw mAa-xrw
Pelo ka do superintendente de todos os trabalhos de Sua Majestade, Tutu, justificado
4ª Coluna
66
iiy n.i n.k pA Itn
Vim até ti, ó Aton!
67
28 A tradução das lns. 62-63 segue a reconstrução de Murnane. Ver MURNANE, op. cit., p. 188.
26
ink bAk sxpr (n) nb tAwy m kA.f
Eu sou o servo que o senhor das Duas Terras trouxe à existência através do seu ka,
68
ntf ir.wi rr anx m MAat n.i m xt.f
logo, ele é que fez de mim (um homem) de “ O que vive em Maet” 29. Eu tenho, do seu património,
69
pA … … mi Itn aA Df(A)w
o (meu sustento ?) tal como Aton, grande (em) provisões.
70
sA Ra Ax-n-Itn aA m aHaw.f di.k n.i kA.k mAa-xrw (n)HH Dt
(Ó) filho de Ré, Akhenaton, grande no seu tempo de vida, concede-me (através de) o teu ka (ser)
justificado para sempre e eternamente
71
n kA n imy-r HD nbw n nb tAwy Twtw mAa-xrw
Pelo ka do superintendente da prata e do ouro do senhor das Duas Terras, Tutu, justificado
5ª Coluna
72
iiy n.i n.k pA Itn dwA.i nfrw.k …
Vim até ti, ó Aton, para adorar a tua beleza …
73
… … sA.k pr.f im.k sA Ra Ax-n-Itn aA m aHaw.f
… … o teu filho que saiu de ti, o filho de Ré, Akhenaton, grande no seu tempo de vida
74
di.k … … … ptry.k mnt
permite (que eu possa) ver-te diariamente.
29 Segundo a reconstrução de Murnane e os fracos indícios da Pl. XV.
27
75
n kA n imy-xnt Twtw mAa-xrw
Pelo ka do camareiro da corte Tutu, justificado.
6ª Coluna
76
… … sA Ra Ax-n-Itn aA m aHaw.f
… … o filho de Ré, Akhenaton, grande no seu tempo de vida.
77
di.k … … nb … nHH Dt
Concede … tudo … para sempre e eternamente.
78
n kA n imy-xnt Twtw mAa-xrw
Pelo ka do camareiro da corte, Tutu, justificado.
Base
79
… … … n ir.f m … Itn di.f sw wbn …
… … … ele fez (como?) Aton. Ele concedeu-lhe a alvorada.
80
Hr r.k Hr mAat … ra n.k …a …
Tu estás satisfeito e em maet …
81
pr n.k im.f ir.k aHw.f
Tu saíste dele e cumpres o seu tempo de vida
82
m (Htp) Hr w… pAy.k … r st ra-nb
em (paz) sobre … o teu … para o (seu?) lugar, diariamente.
28
83
di.f … … m sDm.s Wa-n-Ra di.k … rn.i nmi (n)HH
Que ele (me) permita … a escutá-la. Uaenré concede … que o meu nome seja gritado (proclamado
em voz alta) para sempre!
84
n kA n imy-xnt Twtw mAa-xrw
(Pelo ka do camareiro da corte Tutu, justificado.)
Espessura da parede sul, (Pl. XV)
Hino de Tutu
85
iAw n kA.k
Louvores ao teu ka,
anx Ra-@r-Axty Hay m Axt m rn.f (m) Sw nty m Itn
(ó) vivo Ré-Horakhti, que rejubila no horizonte, no seu nome de «A luz que está no disco
solar»,
Di anx Dt (n)HH
dotado de vida, eternamente e para sempre,
86
Hsy.k nsw anx m MAat nb tAwy Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
(e ao) teu favorito, o rei que vive em Maet, o senhor das Duas Terras, Neferkheperuré Uaenré,
87
pAy.k Sri pri m stwt.k
29
o teu filho30 que saiu dos teus raios.
88
smn.k sw m iAtw.k n nsw-bit(y) m HqA
Tu estabeleceste-o no teu (seu) ofício de rei do Alto e do Baixo-Egipto e como soberano
Snnt Itn
de (tudo aquilo) que Aton encerra.
89
di.k n.f (n)HH mi ir.k tw sA.k tit.k r ir …n
Dá-lhe a continuidade, tal como fazes para ti próprio, (pois ele é o) teu filho e a tua imagem, a fim
de cumprir
90
pAy.k aHa(w) sA Ra Ax-n-Itn aA m aHa(w).f
o teu tempo de vida, o filho de Ré, Akhenaton, grande no seu tempo de vida,
91
Hmt-nswt wrt Nfr-nfrw-Itn Nfrt-ity anx Dt (n)HH
e a grande esposa real, Neferneferuaton Nefertiti, que vive eternamente e para sempre.
92
(wbn.k) sHD.k tAwy stw(t).f Hr sA.k mry.k
(Quando te ergues) para iluminar as Duas Terras, os teus raios estão sobre o teu amado filho
iw Drt.k hr anx wAs
e a tua mão vem conferir(-lhe) vida e domínio.
93
mrwt.k wr ti aA ti stHn
O teu amor, abundante e grande, faz resplandecer
30 O termo Sri tem, normalmente, como determinativo uma criança com o dedo na boca.
30
94
Tm inm.k Spsw baHi.n.k
a tua nobre tez, (assim que) inundaste
pt tA m nfrw.k
o céu e a terra com a tua beleza
95
dwA tw sA.k pr Haw.k
O teu filho, que saiu do teu corpo, adora-te
96
sDm.k n.f nty m ib.f iri.k st mi pri m r.f
e tu escuta-lo e ao que está no seu coração e fazes isso, tal como sai da sua boca.
97
mry.k sw di.k sw mi Itn
Ama-o, faz com que ele seja como Aton!
98
iw.k pt stwt.k Hr.f sA Ra nsw-bit(y) anx m MAat
Quando estás no céu os teus raios estão sobre ele, o filho de Ré e rei do Alto e do Baixo Egipto, que
vive em Maet
nb tAwy Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
o senhor das Duas Terras, Neferkheperuré Uaenré.
99
msy.k Hm.f mi msy.k tw ra-nb bn irt Ab
que foi dado à luz (n)a majestade dele, tal como te dás à luz a ti mesmo, todos os dias sem cessar.
100
31
bw iw qd.n.k sw m stwt.k Ds.k
Formaste-o com os teus próprios raios,
r irt aHaw n Itn
para cumprir o tempo de vida de Aton.
101
DAI pt iw irt.f Hr nfrw.k
Quando atravessas o céu, o seu olho está sobre a tua beleza
102
Haw m rSwt n ptr.k pA Itn anx
e rejubila de alegria ao contemplar-te. Ó Aton vivo,
103
Hsy.k sw nty Xr pt r-r-a.s ptriw nb
Favorece-o com o que está debaixo do céu, até ao seu limite. Que tudo o que é visto
104
stwt.k iw n sA.k mi ir.k st
pelos teus raios pertença ao teu filho, tal como tu o fizeste,
iai.f ib.k im.sn
e lava (= alegra) o teu coração com isso.
105
sA Ra anx m MAat nb xaw Ax-n-Itn aA m aHa(w).f
(Ó) filho de Ré, que vive em Maet, senhor das coroas, Akhenaton, grande no seu tempo de vida,
106
ii.n.i m iAw n pA Itn
eu vim em adoração de Aton,
32
107
pA nTr anx waw nb stwt ir HDDwt
o único deus vivo, o senhor dos raios que fez a claridade,
108
wbn m pt sHD tAwy
que se ergue no céu, para iluminar as Duas Terras,
109
sAnx n.f qmA n.f nb rwi.f kkw
para dar vida a partir dele, para criar tudo a partir dele, e para expulsar as trevas.
110´
di.f stwt.f tA nb mH m mrwt.f
Ele dá os seus raios a toda a terra e enche-a com o seu amor.
111
smw Snw Hr wnwny n Hr.k
Ervas e árvores oscilam diante de ti,
112
imyw mw Hr ftft n xaa(w).k
e os que estão nas (os habitantes das) águas saltam à tua aparição.
113
irt nb aHaw Hr st.st wab Haw.sn
Todas as criaturas estão erguidas e no seu lugar. Lavam os seus corpos,
Sspw wnxw
pegam (nos seus trajes) e vestem-se.
114
kAwt nbt irw Hnwt.sn
33
Todos os trabalhadores cumprem os seus deveres,
115
hA srs.n.k tAwy n wbn.k n xprw.k n Itn anx
− ó (tu que) acordaste as Duas Terras, no momento da tua aurora, na tua forma de Aton vivo! −
116
r.sn mH m kA n di.k
e as suas bocas estão cheias do alimento que é tua dádiva.
117
Awt nb Htp Hr smw.sn
Todos os rebanhos (pastam) em paz as suas ervas
118
Rwy(.n).k Dw(t) di.n.k snb
(pois) tu fizeste cessar o mal e deste a saúde.
119
Hr nb Tsw n wbn.k mAA.n.sn nb.sn xaa.f
Toda a gente está de pé quando te ergues, para ver o seu senhor quando ele aparece em glória.
120
sA.k wa pr m Xt.k inq.k sw m stwt.k
(Quanto ao) teu único filho que saiu do teu corpo, tu envolve-lo nos teus raios
121
… … … nb pt … … … psd m xprw.k n Itn anx
… … … senhor do céu … brilhando na tua forma de Aton vivo.
122
tA nb Hr ktkt n wbn.k stwt.k xr HH m Hbw-sd
A terra inteira estremece quando te elevas e os teus raios transportam um milhão de jubileus
34
123
n sA.k anx m MAat nsw bit(y) Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
do (destinados ao) teu filho que vive em Maet, o rei do Alto e do Baixo Egipto Neferkheperuré
Uaenré,
124
pAy.i nTr qd.i sxpr.i di.k n.i irt.i
o meu deus que me forma e me cria. Permite que o meu olho
Hr ptr.f
o contemple,
125
awy.i dwA.f msDr m xrw.f
que as minhas mãos o adorem, que o meu ouvido escute a sua voz
126
kA.f m-bAH.i iw bn Abw nw.k
e o seu ka esteja na minha presença sem cessar.
127
bAk Hsy n (nb.f) sbAyt.f bitw.f
Sou um servidor favorecido pelo seu amo. O seu ensinamento e as suas boas qualidades
128
m Xt.i bn Ab … … ra.f m (X)r-a.f m Hr…
estão dentro de mim, incessantemente … … sob a sua autoridade em …
129
iw r Dd.i m MAatw n Hm.f
Eu falarei de Sua Majestade, de acordo com os preceitos de Maet
130
35
Iw.i rx.kwi anx.f im.s
pois sei que ele vive nela.
131
bAk-tpy n Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra m …pr-Itn m Axt-Itn
O chefe dos servidores de Neferkheperuré Uaenré na …Casa de Aton em Akhetaton,
132
imy-xnt Twtw Dd.f
o camareiro da corte, Tutu, ele diz:
133
pAy nb anx m mAat Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra ink bAk(.f) …
Meu senhor, que vives em maet, Neferkheperuré Uaenré, eu sou (o teu) servidor …
134
… … …nb pA Wa-n-Ra m di anx mi pA Itn
… … …tudo, ó Uaenré, dotado de vida como Aton,
135
pAy.k it rwd.k mi qd.f
o teu pai divino. Sê inteiramente vigoroso!
136
bw ir.i msddyt Hm.f bwt grg
Eu não fiz o que é odioso a Sua Majestade, a minha abominação é a mentira,
m Xt.i bwt aAt n Wa-n-Ra
(sei) no meu íntimo (que é) a grande abominação de Uaenré.
137
sar.n.i mAatw n Hm.f iw rx.s kwi
36
eu apresentei coisas maéticas31 a Sua Majestade, porque sei que
anx.f im.s
ele vive nessas coisas.
138
ntk Ra msi MAat iw di.n.k …
Na verdade, tu és Ré, nascido de Maet, tu concedeste …
139
… … … r ptn bw (q)Aw …
… … … para estes, não foi elevada …
140
… … … xrw.i m pr n nsw bw wsx.i m aH
(não levantei) a minha voz na casa do rei, não me armei em poderoso, no palácio.
141
bw Ssp.i fq(A) grg dr mAaty n
Não recebo a recompensa da falsidade por destruir aquilo que é verdadeiro
DAw wpw- Hr irt MAat n nsw
mas, pelo contrário, (sempre) procedi para com o rei de acordo com Maet.
142
ir.i m wDw.f m Hr.i wsr.n.i m kA n Wa-n-Ra
Procedi de acordo com as suas ordens, diante de mim, e tornei-me poderoso através do ka de
Uaenré
143
31 No sentido de «coisas correctas, justas, equilibradas» ou de um trabalho impecavelmente executado.
37
ss(Ai.) n.i m fq(A)w rdi.f n.i … … … iw … ..s
e satisfiz-me32 com as recompensas que ele me concedeu.
144
… … … f b(w?) … … pAy nb m-a Dw m rx.i
… … … ele33 e não (ofendo?) o meu senhor com maldade e com o meu conhecimento34,
145
Bw di.i grg m Xt.i iw.i … m-bAH.f
nem ponho a mentira no meu íntimo, quando estou diante dele,
146
m ah m … … Hsyw iw wnwt w(bn).f
no palácio em (companhia dos) favoritos, no momento em que ele (o rei) se ergue
147
r sbA.i ra-nb n aAw n ir.i sbAyt.f
para me ensinar, todos os dias. Zeloso, executo o seu ensinamento.
148
bw gmwt spi.i m Dwt nb(t) …
Não foi encontrada a minha ocasião em qualquer mal35 …
149
sbAyt nb tAwy ink mty mAa
(Eu sigo?) o ensinamento do senhor das Duas Terras. Sou (tido por) leal e justo
m rx n nsw wAD(.i) …
no conhecimento do rei e prospero …
32 Normalmente grafado como ssAi. 33 O rei. 34 Isto é, Tutu não provocou de forma consciente qualquer dano ao seu rei. 35 Isto é, «em nenhuma ocasião eu fui encontrada a (praticar) o mal»:
38
150
… … … anx.i m dwA Hm.f iw Sms.f
… … … vivo na adoração de Sua Majestade, (porque) estou na sua comitiva.
151
di.k sAi.i n ptry.k nHt ib.f
Possas tu saciar-me de ver-te, é a prece do meu coração.
152
wD.k n.i qrst nfrt
Possas tu ordenar, para mim, um belo funeral
153
m-xt iAw m pA Dw n Axt-Itn …
depois da velhice, na montanha de Akhetaton …
154
… … … f sn.i TAw.k nDm n mHyt
… … … seu, e respirar a doçura do vento norte.
155
Xnm.f m sntr n tA (sic) Hnt
(Possa eu) inalar o incenso do serviço de
Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra pAy nTr
Neferkheperuré Uaenré, este deus soberano.
156
wADw nsw n ir.f Hsswt n it.f … …
Quão afortunado é um rei que faz o que é louvável, por seu pai,
157
39
[pA Itn (anx?)] … … … ra
[o Aton (vivo?)] … … … o dia (?)
158
di.k n.i rn.i mn Hr iry.k
Concede-me que o meu nome perdure sobre (tudo) aquilo que fizeste
159
bw HHy n rn.i pAy.k Hsy
e não (seja necessário) procurar (longamente) o nome o teu favorito36.
160
iry.k mnw dm tw Hr rn n …
Possas tu fazer um monumento que mencione o nome de …
161
wADwy sw Hsy.k m st.f nb(t) …
Quão próspero é o teu favorito, em qualquer cargo (que ocupe) …
162
… … … Htpw n pA Itn m Axt-Itn
… … … as oferendas de Aton, em Akhetaton.
163
sSw nb n nsw rx Hnt.sn
(Ó vós,) todos os escribas reais que conhecem a sua profissão
164
nty ib.sn arq m Ax xt Tsi
e cujos corações são sábios em coisas úteis, a todos os que subirem
165
36 Isto é, que a recordação do nome de Tutu esteja imediatamente presente, sem que seja necessária uma longa
pesquisa nos arquivos, para se saber quem ele foi.
40
r swtwt Hr pA … … … pA Itn anx Dd.tn n.f
para ir ao (túmulo?) … … o Aton vivo, dizei dele (em sua intenção):
166
im-ma sw r nHH pA Itn anx msi sw
“Dá-lhe a continuidade ó Aton vivo que se engendrou a si mesmo,
167
ntk nHH sA.k mitt Wa-n-Ra pr m Haw.f
pois tu és contínuo, como o teu filho Uaenré que saiu do seu (teu) corpo e
168
TAw nDm n di kA.n nsw
a doce brisa que é dádiva do ka do rei.
169
n kA n imy-xnt (Twtw mAa-xrw)
para o ka do camareiro da corte (Tutu, justificado.)
41
Fig. 2. O rei e a rainha fazem uma oferenda de alimentos e incenso. Espessura da parede norte, (Pl.
XVI)
Protocolo de Aton
170
anx Ra-@r-Axty Hay m Axt
Viva Ré-Horakhti, que rejubila no horizonte,
m rn.f (m) Sw nty m Itn Di anx Dt nHH
no seu nome de «A luz que está no disco solar», dotado de vida eternamente, para sempre.
171
Itn anx wr imy Hbw-sd nb Snw nb Itn nb pt nb tA
Aton vivo e poderoso, o que está (perpetuamente) em jubileus, o senhor de tudo (o que está contido)
no circuito de Aton, senhor do céu, senhor da terra,
42
Hr(y)-ib(y) m Axt-Itn
o que está em Akhetaton.
Os reis estão acompanhados por uma princesa cujo nome está apagado. Segundo Davies tratar-se-ia
da irmã da rainha, Mutendjemet37
Região inferior
Pequeno Hino a Aton. Acompanha-o a seguinte legenda:
172
imy-xnt Twtw mAa-xrw
O camareiro da corte Tutu, justificado, ele diz:
173
sDm Ddtw sA.k Wa-n-Ra pA Itn msi sw
Escuta o que é dito pelo teu filho Uaenré, ó Aton que o engendraste
174
im-ma sw r (n)HH
e condu-lo à continuidade.
O «Pequeno Hino a Aton»
É conhecido em cinco versões nos túmulos de Meriré (I), interior da porta, parede leste, Tutu,
interior da porta, parede norte, registo inferior, Mahu, parede norte e sul da porta, estelas da parede
norte e sul da sala principal, Api, duas cópias, nas paredes e na zona a oeste da entrada, e Ani,
interior da porta, parede oeste. O Pequeno Hino foi traduzido a partir da versão gravada no túmulo
de Api e inserta na obra, já referida, de Pierre Grandet. Utilizaram-se paralelamente as versões de
Miriam Lichtheim e de Bernard Mathieu38.
Preâmbulo
175
dwA anx Ra-@r-Axty Hay m Axt
Adoração. Que viva Ré-Horakhti, que rejubila no horizonte
176
m rn.f m Sw nty m Itn di anx d.t nHH
no seu nome de «A luz que está no disco solar», dotado de vida, eternamente, para sempre.
37 DAVIES, op. cit., VI, p. 10 38 GRANDET, Hymnes de la Religion d'Aton, p. 73.
43
177
in nsw-[bit(y)] anx m m3at nb T3wy Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
Pelo rei [do Alto e Baixo Egipto] que vive em Maet, senhor das Duas Terras, Neferkheperuré
Uaenré39,
178
sA Ra anx m MAat nb xAaw Ax-n-Itn aHa(w).f
filho de Ré, que vive em Maet, Akhenaton, senhor das coroas, grande no seu tempo de vida,
di anx d.t nHH
dotado de da vida eternamente, para sempre40.
179
xai.k nfr p3 Itn anx nb nHH
Belo te ergues, ó Aton vivo, senhor da eternidade!
180
iw.k TiHn.T an.ti wsr.T
Tu és resplandecente, tu és belo, tu és poderoso!
181
mrwt.k wrt.T aA.ti
O teu amor é majestoso, imenso41!
39 O título de «rei do Alto e Baixo Egipto» não está expresso, contudo mantivemo-lo na transliteração e na
tradução, admitindo que se trata de um erro do escriba. Contrariamente ao Grande Hino, Maet aparece com o
determinativo deusa, razão porque escrevemos a palavra com maiúscula. Note-se também um fenómeno de
haplografia: no nome do rei, o símbolo antecede igualmente a primeira parte do nome, Neferkheperuré, e a
segunda, Uaenré. 40 A grande esposa real, Nefertiti, não é mencionada.
41 aAi (ser grande). P. Grandet traduz como «o amor que inspiras é grande e o primeiro», M.
Lichtheim por «grande e profundo é o teu amor» e B. Mathieu por «o teu amor é majestoso e grande».
44
182
Stwt.k twk.(w) sw n Hr nbw
Os teus raios (estão sobre) os rostos de todos (nós)42,
183
inm.k wbx(w) Hr.s anx HAtyw
a tua pele resplandecente dá vida aos corações43,
184
mH n.k Tawy m mrwt.k
tu encheste as Duas Terras com o teu amor.
185
p3 ntr Spsi qd(w).sw ds.f
Ó nobre deus que a ti mesmo te fizeste!
186
ir t3 nb.k qm3(w) nty Hr.f
Tu criaste toda a terra, fizeste tudo o que está sobre ela:
187
m rmt mnmnt awt nb(t)
os seres humanos, os rebanhos e todos os animais44.
188
Snw nb rwd(w) Hr s3tw
Todas as árvores que crescem sobre a terra
42 Cf. P. Grandet, «os teus raios, a todos acariciam os rostos»; M. Lichtheim, B. Mathieu, «os teus raios
iluminam todos os rostos». 43 P. Grandet: «a tua brilhante aparência faz viver os peitos», HAtyw «corações, peitos»; M. Lichtheim: «a tua
tez brilhante dá vida aos corações»; B. Mathieu, «a tua tez brilhante vivifica os corações».
44 Cf. Grande Hino, p. 18, linha 65.
45
189
anx.sn wbn.k.sn
vivem quando nasces para elas.
190
ntk mwt it n iry.k
(Na verdade), tu és mãe e pai de tudo aquilo que criaste45,
191
irywt.sn wbn.k ptr.sn im.k
quando nasces, os olhos deles vêem graças a ti46.
192
sHD n stwt.k t3 r- Dr.f
(Assim que) os teus raios iluminaram a terra inteira47,
193
ib nb Haaw n m3(3).k
todos os corações exultam por te ver,
194
iw.k xa. T m nb.sn
quando tu apareces em glória, como seu senhor.
45 Cf. B. Mathieu: «tu és a mãe e o pai daqueles a quem fizeste os olhos».
46 ptr (ver).
47 sHD (iluminar, tornar claro) r-Dr.f (inteira). P. Grandet: «Assim que a terra,
no seu conjunto, pelos teus raios está iluminada»; M. Lichtheim: «Quando os teus raios iluminam toda a
terra»; B. Mathieu: «Assim que os teus raios iluminaram o país inteiro».
46
195
Htpt.k m Axt imn.t nt pt
Quando te pões, a ocidente do céu,
196
sdr.sn mi sxrw nty m(w)t(w)
eles jazem, como se estivessem mortos.
197
iw tpw.sn Hbs(w) fndw Db3(w)
As cabeças (estão) cobertas, os narizes bloqueados
198
r xpr wbn.k dw3t
até regressarem à existência, assim que nasces, de manhã48,
199
m 3xt i3btt nt pt
no horizonte oriental do céu.
200
Awy.sn m i3w n k3.k
(Então) os seus braços adoram o teu ka,
201
s anx n.k H3tyw m nfrw.k anx.tw
(porque) fizeste viver os corações com a tua beleza. Vive-se (por ti).
48 dwAt, «manhã».
47
202
dn.k stwt.k t3 nb m Hb
(Desde que) enviaste os teus raios, toda a terra está em festa49,
203
Hsw šmaw nhmw m ršwt
cantores e músicos estão exultantes de alegria50,
204
m wsxt n Hwt-bnbn
no átrio do Templo do Benben51
205
Hwt ntr nb(t) m 3xt-Itn
e em todos os templos de Akhetaton,
206
st m3at hry n.k im.s
no lugar da maet, onde te deleitaste52.
207
Hw Df3w Htpw m Xnw.s
49 Hb, «festa», aparece escrito no texto sob a forma .
50 Hsw, «cantor»; Sma, «fazer música».
51 O benben é o nome da pedra divina de Heliópolis e uma manifestação do deus Atum ou melhor, da
primitiva colina sobre a qual este se ergueu. Tinha a forma de um cone e era guardada no santuário interior do
templo de Ré. A associação de cones e pirâmides a Atum-Ré, Amon-Ré ou qualquer forma divina solarizada
prende-se com a analogia entre as arestas da pirâmide ou a geratriz do cone e a divergência dos raios solares a
partir de um ponto. Ver ARAÚJO, «Benben», Dicionário do Antigo Egipto, pp. 147-148. 52 Cf. P. Grandet: «o lugar verdadeiro onde te agrada estar»; M. Lichtheim: «o lugar da verdade em que te
comprazes»; B. Mathieu: «o lugar de verdade onde te deleitaste». Note-se o arranjo gráfico de em vez
de .
48
Alimentos (e) provisões são oferecidos no seu interior,
208
s3.k wabw Hr irt Hss(w)t.k
e o teu filho, purificado, está a fazer o que tu louvas.
209
p3 Itn-anx m haayw.f
Ó Disco vivo nas suas gloriosas aparições,
210
iry.k nb Hr ib n Hr.k
todas a(s) tua(s) criatura(s) saltam de alegria diante da tua face!
211
s3.k špsy haaw ib.f m ršwt
O teu augusto filho está exultante, o coração (pleno) de alegria!
212
p3 Itn-anx hrw m pt ra nb
Ó Aton vivo, que todo o dia está alegre no céu
213
msy.f s3.f špsy
para dar à luz o seu filho sublime53,
214
53 msy, «dar à luz».
49
wa-n-Ra mi-qd.f nn irt 3b s3 Ra wts(w) nfrw.f Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
o único (filho) de Ré, ele mesmo, o filho de Ré que não cessa de exaltar a sua beleza (de Ré),
Neferkheperuré Uaenré54.
215
ink s3.k 3x(w) n.k wts rn.k
Na verdade, eu sou teu filho! O que é útil para ti, o que exalta o teu nome!
216
pHty.k wsr.k mnw m ib.i
A tua força e o teu poder estão firmes no meu coração55.
217
ntk Itn- anx nHH tit.k
Na verdade, tu és o Aton vivo e a eternidade é a tua imagem!
218
iw ir n.k pt w3t r wbn im.s
Fizeste o céu longínquo para nele brilhares,
219
r m33 iri.k nb iw.k waw.ti
para contemplares tudo o que fizeste. Tu és único
220
54 mi-qd.f, «inteiro, o próprio».
55 mn, «estar firme».
50
iw HHw n anx im.k r s anx.sn
(mas) milhões com a vida estão em ti, para que os faças viver56.
221
t3w n anx r fndw m3(3) stwt.k wnn
O sopro da vida (dirige-se) para os (seus) narizes57, ver os teus raios é viver58.
222
Hrrt nb(t) anx.t rwdw Hr iwtn
Todas as flores estão vivas, (como tudo) o que brota do solo59,
223
srwd n wbn.k
tu (as) fazes crescer, quando brilhas60,
224
tx.sn n Hr.k
ébrias da tua face61.
56 P. Grandet: «A vida, nos seus milhões de formas, possui em ti a sua fonte para animar os seres»; M.
Lichtheim: «mas milhões de vidas estão em ti»; B. Mathieu: «enquanto milhões de vidas estão em ti para
serem vivificadas». O que aqui está afirmado é a existência potencial de todo o ser vivo em Aton. O ser
descerá ao mundo da matéria depois de ser vivificado mediante o sopro da vida. Compare-se esta ideia com a
narrativa de Génesis II. 57 M. Lichtheim: «para que as suas narinas recebam o sopro da vida»; P. Grandet: «o sopro da vida dirige-se
para os narizes». 58 P. Grandet: «ver os teus raios é ser»; B. Mathieu: «ver os teus raios é o sopro da vida para as narinas»,
segundo a versão do túmulo de Tutu.
59 iwtn «chão», escrito sem determinativo no texto. Observe-se a grafia de rwd
«crescer», escrita sem determinativo e, no texto, com em vez de . Cf. P. Grandet: «e aquilo que
cresce sobre o solo»; M. Lichtheim: «os rebentos que crescem do chão»; B. Mathieu: «que crescem sobre o
solo».
60 srwd, «fazer crescer». Novamente em vez de .
61 Verbo txi (estar embriagado). Tal como em Actos 2,13-15, o êxtase religioso é assemelhado à
embriaguês. Curiosamente, neste caso, são os animais e as plantas que «bebem» a luz do Sol. Em FAULKNER,
A Concise Dictionary of Middle Egyptian, p. 8, o substantivo plural iAwt é traduzido
51
225
i(A)wt nb(t) hr tbh n Hr rdwy.sn
Todos os animais se erguem, caminhando sobre as suas patas,
226
3pdw wn(w) m sšA p3w m ršw
as aves voam para fora dos ninhos, com alegria.
227
dnHw.sn wn(w) inq(w) pdw m iAw
As suas asas, (antes) dobradas, estão erguidas em louvor62
228
n p3 Itn-anx irr(w).st
ao Aton vivo, seu criador.
por «rebanhos». Segundo JUNGE, Late Egyptian Grammar, p. 322, o termo pode designar animais
domesticados ou selvagens. Utilizámos esta última tradução. Note-se a anteposição do signo X1, talvez por
motivos estéticos, bem como o uso do signo O44, representando o emblema erigido no exterior do templo de
Min. Ver GARDINER, Egyptian Grammar, p. 497. 62 Compare-se com o Grande Hino (GH), verso 38: dnHw.sn m iAw n k3.k «…as asas delas
(erguem-se) em louvor ao teu ka», tendo em conta inq, «rodear, abraçar» e pdw,
«erguido, erecto». Ver FAULKNER, A Concise Dictionary of Middle Egyptian, p. 96. Tal como no GH há uma
analogia entre as asas dos pássaros e as mãos erguidas dos homens que fazem o gesto iAw, diante dos
deuses. No PH, a ideia é reforçada, mediante o verbo Inq que veicula a imagem de asas dobradas que se
abrem num acto de louvor. As traduções de P. Grandet, M. Lichtheim e B. Mathieu vão neste sentido: «e eis
que as suas asas, que antes estavam fechadas se encontram abertas como em adoração»; «as suas asas que
estavam fechadas, abrem-se numa prece» e «as suas asas que estavam dobradas abrem-se em adoração».
52
Fig. 3. Tutu é recebido pelo casal régio, sentado no pátio. Nefertiti, cujo rosto desapareceu tinha
originalmente três filhas ao colo. Sobre todos eles, Aton derrama os seus raios. Parede ocidental.
Lado norte, (Pls XXVII-XVIII).
Protocolo deAton
229
anx Ra-@r-Axty Hay m Axt
Viva Ré-Horakhti, que rejubila no horizonte,
m rn.f (m) Sw nty m Itn Di anx Dt nHH
no seu nome de «A luz que está no disco solar», dotado de vida eternamente, para sempre,
230
Itn anx wr imy Hbw-sd nb Snw nb itn
Aton vivo e poderoso, o que está (perpetuamente) em jubileus, senhor do disco solar,
231
53
nb pt nb tA nb n Pr-Itn m Axt-Itn
senhor do céu, senhor da terra, senhor do templo de Aton, em Akhetaton.
O rei e a rainha mantêm os protocolos habituais
Protocolos das princesas
232
sAt nsw n Xt.f mrit.f Mrit-Itn msi(t) n Hmt-nsw wr(t ) mrit.f
nbt-tAwy
Filha do rei, do seu corpo, sua amada Meritaton, nascida da grande esposa real, sua amada,
senhora das Duas Terras
Nfr-nfrw-Itn Nfrt-ity anx ti Dt nHH
Neferneferuaton Nefertiti, que ela viva eternamente e para sempre.
E o mesmo para a princesa anxs-n-pA Itn, «Ankhsenpaaton».
Também a irmã da rainha, Mutendjemet, se encontra presente na companhia de dois anões. A
referência ao seu nome e status desapareceu.
Discurso do rei:
233
Ddt n nsw bit(y) anx m mAat nb tAwy Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
O que foi dito pelo rei do Alto e do Baixo Egipto que vive em maet, o senhor das Duas Terras,
Neferkheperuré Uaenré:
234
srw (m-)HAtyw n mSaw nty aHa m-bAH pr-aA anx wDA snb
(Ó nobres) e comandantes de soldados, que estais diante do faraó − vida, prosperidade, saúde 63 −
63 A presente tradução procura seguir o texto original que está muito deteriorado. Sandmann apresenta uma
outra versão:
… iAw (p)atw n mSAw … «saudações, patrícios dos soldados…».
Isto, para além de não ter sentido, afasta-se do que ainda é possível ler no original.
Davies traduz a mesma frase por: «O [great ones] and heads of soldiery…». Ver DAVIES, op.cit., VI, p. 11. A
versão de Murnane é «[O officials(?)] and chief men of the army …». Ver MURNANE, op. cit., , p. 193.
54
235
ib.i r irt pA sp tnt xAw pw …sy
A minha intenção é fazer esta ocasião excepcional de recompensas (conferir uma recompensa
especial), igual a um milhar (de vezes?)
… … … n rmT
(o que se costuma dar) à gente comum.
236
bw sDm.f Hsw.f irw n ky sr.f iri sw n imy-xnt
Ele não ouve (não há memória de) que uma (tal) recompensa (do rei) tenha sido dada a (qualquer)
outro seu oficial (mas eu) concedo-a ao camareiro
237
Twtw n mryt.f n pr-aA anx wDA snb pA.f nb
Tutu, pelo seu amor pelo faraó − vida, prosperidade, saúde − seu senhor.
238
Hr di.k n.i r … … … n biAy… … mAat
Concedo-te (vindo) de mim … … dos (guardiães?) do cobre… … genuíno.
239
Hryw pDwt imyw-r ssmwt sSw-nsw
Capitães das tropas, comandantes dos cavalos (dos carros de guerra), escribas reais,
imyw-r mSaw
generais,
240
imyw-r iwayt nb n xAst nbt (Sms)w n prw n pr-aA anx wDA snb
55
comandantes dos soldados de todas as terras estrangeiras, (companheiros) das casas do faraó − vida,
prosperidade, saúde −
241
bAk n Itn nb n pA Itn m r (-pr.f)… …
e a todos os sacerdotes de Aton, pertencendo a Aton no (seu templo) … …
242
… … … Smaw tA-mHw wD pr-aA anx wDA snb pA.f nb nfr
… … …Alto e Baixo Egipto. Ordena o faraó − vida, prosperidade, saúde − seu senhor perfeito,
243
Di srw nb HAwt n tA r Dr.f di.n.d
manda que todos os oficiais, chefes da terra inteira, lhe dêem
244
HD nbw mnmnt Hbsw Hnw n biA
prata, ouro, (gado), vestes e vasos de cobre
245
iw Hr (nt)tn mi SAyt … … …
(as coisas que recaem) sobre vós, como impostos
246
… … … sxr nty pr-aA anx wDA snb ir.f n pA bAk aA n pr-aA anx wDA snb
… … … a vontade que o faraó − vida, prosperidade, saúde – está a fazer para o grande servidor
do faraó − vida, prosperidade, saúde –
247
bw rx ir r.f n Tn(w).f iry gm. tw.f r.f m
nenhum «conhecido (do rei)» alcançou isto (a recompensa régia) por sua própria distinção, foi
encontrado para ele nos
rnpwt bAkw imy-r Twtw Hr sDm.f min
56
anos de serviço do superintendente Tutu64 e estamos a ouvir (falar disto) hoje65.
248
ptri pr-aA anx wDA snb pA.f nb nfr
Vede, o faraó − vida, prosperidade, saúde – o seu senhor perfeito
Hr (r)dit nAw.f srw aAw
está a colocar os seus grandes oficiais
249
m mitt sr nb qd pr-aA anx wDA snb m tA r-Dr
e também a todos os oficiais, na terra inteira, que o faraó − vida, prosperidade, saúde – cria,
250
r di.n.f HD nbw Hbsw Hnw n biA mnmnt
a fim de lhes dar prata, ouro, vestuário, vasos de cobre e gado,
Tnw rnpt
todos os anos.
Discurso de Tutu
251
Ddt n bAk-tpy n nsw bit(y) Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
O que foi dito pelo primeiro servidor do (rei do Alto e do Baixo Egipto), Neferkheperuré Uaenré,
imy-xnt Twtw
o camareiro Tutu:
64 Esta fraseologia confusa é objecto de traduções muito diferentes. A versão de Davies é «No noble knoweth
how to do it unto his [favourite? He is found in the (?) seat of the Servitors (?)]». Ver DAVIES, op. cit., VI, p.
11. Murnane traduz como: «No official can do it for his own distinction (?) − or emending the order of the
signs, «for his fellow» − but it is found out through years of service (?)». Ver MURNANE, op. cit., p. 193 e nota
105. A presente versão procura transmitir a ideia que parece estar na mente de Akhenaton: de futuro as
recompensas do rei destinam-se a premiar, não a distinção (posição social?) de um funcionário mas os seus
anos de bom e leal serviço. Isto inclui, naturalmente, a fidelidade às ideias religiosas do rei.
65 Habitualmente escreve-se min, «hoje».
57
252
pAy nb nfr HqA qd aSAw xt aA n aHaw(.f) wr mnw
Ó meu bom senhor, governante de virtude, abundante em coisas, grande no (seu) tempo de vida e
grande em monumentos.
253
r wD.k nb xpr.sn mi Itn nb
Tudo o que tu decretas acontece, à semelhança de Aton, o senhor,
254
pA Itn anx r wDw.f m pt ra-nb
o Aton vivo, que faz os seus decretos no céu, todos os dias.
255
ntk pAy.i anx snb.i m ptr.k
Tu é que és a minha vida e a minha saúde vem de contemplar-te.
256
HH n Hapy pA(y) nb wADyw pA di sw m ib.f
Ó (meu) milhão de Hapi (=Nilos), (ó) meu senhor, quão próspero é quem o põe no seu coração!
257
pA r-sfy Apdw … r tr nb aA Hsw m HD nbw
Ó apanhador de aves66 (que vem à existência) todas as estações, grande em recompensas de prata e
ouro,
258
r di.f r fAi tw Hr rmn
mais do que ele pode carregar ao ombro.
259
wbn n.k pA Itn anx r iai ib.k
O Aton vivo ergue -se para ti, para lavar (para alegrar) o teu coração
260
66 Na verdade, o rei é um Hórus, o deus-falcão.
58
Mnt pA Wa-n-Ra any mi Itn
diariamente. Ó Uaenré, tu és belo como Aton,
261
rwd anxw (Dt) nHH
vigoroso e vivo, (eternamente) e para sempre.
262
pA Itn pAy.k it wbx msi tw
Aton, teu resplandecente pai que te engendrou
di.f n.k wbn.f
concede-te a sua alvorada.
263
Xrw ta ptri stwt.f n rmT
Os que estão na terra e contemplam os seus raios, nomeadamente as pessoas comuns,
264
m iwAt nbt dgA nb Hr rdwy.sn
todos os rebanhos e tudo aquilo que anda sobre as suas duas patas.
265
Ptr.sn Itn wbn tn…
Eles vêem Aton erguer-se …
266
… … … (r ) aA r Hbw(?) wD(b)w
… … … maior para ti que as festas67 (que se realizam) nas margens
n itrw
67 Deve tratar-se de um erro do escriba. A tradução efectuada parece possível.
59
do rio,
267
rx(t)w n pn nt(y) Say dgi.i n Swt
e que o número destes (grãos de) areia que eu vejo numa pena,
268
iw n.k mri pA Itn …
eles pertencem-te, ó amado de Aton …
269
… … … aA aHaw.f iw.k mn ti m iAt.f r (n)HH
… … … grande no seu tempo de vida e tu permanecerás estável no teu cargo, para sempre,
pA Ra msw pA Itn
ó Ré, a quem Aton engendrou!
270
Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra sxpr.k DAmw m Hfnw
Neferkheperuré Uaenré, tu crias novas tropas em centenas de milhar,
271
ir.k … … … b bw iTwt bw ii tw m Aw
tu fizeste … … … elas não foram conquistadas, não regressaram longo tempo (depois)
bw msw n HH n DAmw
e não foi dado à luz um (novo?) milhão de tropas
272
60
Iw.k Hwn ti mi pA Itn anx ti Dt (n)HH
mas tu és jovem68 como o Aton, que possas viver eternamente e para sempre!
Tutu dirige-se agora ao seu pessoal:
273
imy-xnt Twtw Dd.f
O camareiro da corte, Tutu, ele diz:
274
nn … … … w nb … … … .f …
… … … u todo … … … seu …
… … … pr.k nHH
… … … a tua casa para sempre.
275
(wD) pr-aA anx wDA snb Hryw pDwt imyw-r ssmwt imyw-r (mSaw)
(Ordena) o faraó − vida, prosperidade, saúde − aos capitães das tropas, aos comandantes dos
cavalos (dos carros de guerra), aos (generais?),
276
bAk n Itn nb n pA Itn m r (-pr.f)…
e a todos os sacerdotes de Aton , pertencendo a Aton no (seu templo) …
277
… … … (sr)w m tA r Dr.f bAk n Itn nb n pr Itn
… … … (aos oficiai)s na terra inteira, a todos os sacerdotes de Aton, na Casa de Aton,
68 Tanto Davies como Murnane consideram haver aqui um erro do escriba que pretendeu escrever
Hwn, «(ser) jovem». Ver DAVIES, op. cit., p. 11; MURNANE, op. cit., pp. 193-194.
As lns. 251-252 afiguram-se de difícil compreensão.
61
rmT (nbt)
e a todos os súbditos:
278
(wD) pr-aA anx wDA snb pAy (.tn nb dit) aAt
(Ordena) o faraó − vida, prosperidade, saúde − (que seja concedida) uma grande (recompensa)
279
nA Hsw n Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra n pAy.f bAk
(como) recompensa de Neferkheperuré Uaenré, ao seu servidor
280
nty Hr sDm sbAyt nfrt n anx
que escuta o belo ensinamento69 de vida.
281
iry nA n xt rdi.n.i m Htr Hr … …
Por isso, as coisas que ele me deu, na qualidade de imposto sobre …
282
… … … nA … … … ir.f nw.tn
… … … isso … … … ele fez para eles e
283
r tni.i m Hswt r Hsy.f nb
para me favorecer com recompensas, mais do que a qualquer seu favorito.
69 Repare-se nesta grafia desordenada. Escreve-se sbAyt, «ensinamento».
62
Fig. 4. Tutu é recompensado pelo rei. Parede ocidenta, lado sul, parte superior, (Pl. XIX-XX).
284
( Ddt n nsw bit(y))anx m MAat nb tAwy Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
(O que foi dito pelo rei do Alto e do Baixo Egipto) que vive em Maet, o senhor das Duas Terras,
Neferkheperuré Uaenré
285
n imy-xnt Twtw Dd.f mak wi Hr di.k n.i
ao camareiro da corte, Tutu: “ Vê, estou a nomear-te
286
r bAk-tpy n Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra m Pr-Itn m Axt-Itn
para o cargo de primeiro servidor de Neferkheperuré Uaenré, na Casa de Aton em Akhetaton.
287
r iri sw n.k n mry.k r Dd ntk pAy.i sDm-aS aA
63
Concedo-te isto por amor de ti, digo, porque és o meu servidor
288
nty sDm sbAyt sp-sn (ity?)70
que escuta o meu ensinamento (bis).
289
ipt nb(t) nty tw.k Hr ir.s
Quanto a qualquer missão que realizares,
HAty.i Hr hry Hr.s
o meu coração estará contente com ela.
290
rdi.i n.k iAt r-Dd wnm.k aqw
Concedo-te o cargo nestes termos: “Come as provisões
n pr-aA anx wDA snb pAy.k nb m pr-Itn
do faraó − vida, prosperidade, saúde − teu senhor, na Casa de Aton!”
Segundo discurso de Tutu
291
Ddt n imy-xnt Twtw
O que foi dito, pelo camareiro da corte, Tutu:
292
(pA) HqA iri mnw n it.f wHm.f st
(Ó) soberano que faz monumentos para (o seu pai) − e os fazes de novo −
293
sxpr.k DAmw m DAmw…
70 Talvez uma forma incorrecta de iti, «tomar conta de, tomar posse de».
64
que crias gerações de gerações …
… … … (ra-nb ?) …
… … … (todos os dias?) …
294
Wa-n-Ra m Ra m pA Itn anx mswt iw.k r irt
(Ó Uaenré), tu és Ré, sob a forma do Aton vivo, tu és engendrado por ele para alcançar
295
pAy.f aHa(w) qA(i) iw wbn.f m pt msi.k
o seu longo tempo de vida, enquanto se eleva no céu para te dar à luz.
296
pAy.i nb arq mi it siA
Ó meu senhor, sábio como o pai, pleno de discernimento,
297
mty Dar HAtyw Drty.k mi stwt Itn
escrupuloso, pesquisador de corações, as tuas mãos são como os raios de Aton
298
r qd.k rmT bitw
quando moldas o povo de acordo com as (suas várias) qualidades.
299
pAy.i nb di n.k pA Itn na n Hbw.sd
Ó meu senhor, que este Aton te conceda jubileus
knw wADw.f n.k
em abundância e a sua prosperidade para ti,
300
65
ntk pAy.f Sri pri.n.k im.f
(pois) tu é que és o seu filho e saíste dele.
301
Wa-n-Ra tit Ra (n)HH Tsi Ra htp Itn
Ó Uaenré, imagem de Ré para sempre, que exaltas Ré e satisfazes Aton,
302
Di am tA m pA ir st
que fazes com que a terra tome consciência (d)o que a fez
303
sHD.k rn.f n rxyt xrp.k n.f
que iluminas o seu (régio) nome para os súbditos e administras para ele
304
bAkw stwt.f n hm(hm).f n.k
os impostos devidos aos seus raios, que ele (Aton) te aclame71
305
n pt n rSwt m hr(w) xay.k im.f
alegremente no céu, no dia da tua aparição nele,
ktkt n.k
estremecendo (de orgulho) em ti.
306
tA r Dr.f ¢Arw KASy tAw nbw
(N)a terra inteira (e em) todas as terras, de Kharu (Palestina) até Kuch (Etiópia),
307
71 O verbo hmhm significa «rugir», o substantivo hmhmt, que lhe está associado, refere-se ao «grito de
guerra». Optou-se por «aclamar», de algum modo mais próximo da nossa tradição.
66
Awy.sn m.k m iAw n kA.k dbdH.sn
as suas mãos elevam-se para ti em adoração ao teu ka, suplicando
308
anx n nmH wnn.sn
a vida, na orfandade em que estão:
309
Hr imi n.n aHaw Sari Hryt Hr (H)ryt.k fndw
− Dá-nos o sopro da vida (porque) o terror de ti está a tapar os (nossos) narizes
310
arq(y).sn Hr wDA.sn m ak bAw.k im.sn
e o último dia da sua prosperidade72, vê o teus bau estão neles
311
m xs(f)t… Aq n hmhmt.k
como uma punição73. Aniquilados pelo teu grito de guerra
312
Haw.sn mi xt wnm.st
(estão) os seus corpos, como o fogo que os devora.
313
iw nA stwt n pA Itn wbn Hr.k r (n)HH
Os raios do disco solar erguer-se-ão para sempre sobre ti
72 O verbo arq significa «perceber, ser instruído». A tradução «apercebem-se da sua prosperidade» é
perfeitamente legítima, mas não está de acordo com o resto da frase. Considerou-se então que o escriba
poderia ter querido dizer arq(y) « o último dia do mês» e, neste caso, faz todo o sentido que os inimigos,
esmagados pelo fogo dos bau do rei, julgassem ter chegado o seu último dia de prosperidade … e de vida.
Esta é a tradução deMurnane. Ver MURNANE, op. cit., p.195.
73 Note-se a forma como está escrita a palavra. A grafia correcta é xsft, «castigo, punição».
67
314
iri mnw.k mi mn pt xaay im.sn r (n)HH
para dotar os teus monumentos com a estabilidade do céu (que) se manifesta eles, para sempre.
315
wnn pA Itn wnn.k anx ti rnpi r (n)HH
Tal como Aton existe, assim tu existes e serás para sempre vivo e jovem.
68
Fig. 5. Felicitações e comentários dos amigos de Tutu
Discurso dos estrangeiros
316
bAkw n xAst nbt
Os servos de todos os países estrangeiros dizem:
317
69
pA Ra anx Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra iw.(n) Xr … r (n)HH Dt
Ó Ré vivo, Neferkheperuré Uaenré, nós estamos sob (o teu domínio?) para sempre e eternamente.
Discurso dos soldados
318
Hbsw bht nty m Smswt
Os porta-estandartes que estão na comitiva da (Sua) Pessoa,
319
pA any Hr anx tw m ptr.f Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
o de belo rosto à vista do qual se vive, Neferkheperuré Uaenré.
Discurso dos oficiais
320
srw HAwt n mSAw nty aHa m-bAH pr-aA anx wDA snb r Dd.sn
Os oficiais e os chefes do exército que estão diante do faraó – vida, prosperidade,
saúde – e o que eles dizem:
321
pA HqA wbn pA Itn aSA Xt … … rHw
− O soberano resplandece (em) Aton; muitas são as coisas (que ele faz pelos) homens.
Discurso dos escribas
322
nA n sSw … … sDd.sn ssnb Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
Estes são os escribas de … … e dizem: − Dá saúde a Neferkheperuré Uaenré,
323
pA Itn … … ir rmT sxpr DAmw
ó Aton … … que fizeste a humanidade e crias as gerações!
Discurso do vizir e dos grandes dignitários
324
70
Dd-mdw srw Smsw nfry st nAw.k shrw
Palavras ditas pelos oficiais e companheiros: − Quão perfeitos são os teus planos
Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
Neferkheperuré Uaenré,
325
wADy sw pA nty m … … .k pA Sri nfr
como é próspero o que está na tua … … Ó belo filho
n pA Itn
de Aton,
326
iw.k r sxpr n DAmw iw.k r (n)HH mi Itn
tu criarás gerações, tu existirás para sempre como Aton!
Fig. 6. Discurso do condutor do carro de Tutu, que aguarda o seu amo
327
Dd-mdw pA kDnw…
Palavras ditas pelo cocheiro …
328
any mi pA Itn pA msi sw Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
− Belo como o Aton que o engendrou é Neferkheperuré Uaenré,
329
71
pA qd rmT sxpr DAmw
Tu fazes a Humanidade e crias as gerações,
330
iw.f mnw mi pt iw Itn im.s
tu serás duradouro como o céu, quando Aton está nele.
Discurso de Tutu aos seus subordinados
331
iAw n nsw bit(y) Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra in imy-xnt Twtw
Adoração do rei do Alto e do Baixo Egipto, Neferkheperuré Uaenré, pelo camareiroTutu
332
dhnw r bAk-tpy n Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
(que foi) nomeado para (o cargo) de primeiro sacerdote de Neferkheperuré Uaenré,
m … m pr-Itn m Axt-Itn
na … e na Casa de Aton, em Akhetaton.
333
Ddy imy-xnt Twtw n nAw.f rwDw aAw
O que foi dito pelo camareiro Tutu aos seus grandes administradores:
334
ptry nfry n nAw irw n.i pr-aA anx wDa snb
−− Vede as belas coisas que foram feitas para mim (pelo) faraó – vida, prosperidade,
saúde –
335
… … … n.i Hr nfr(y) (mty) Dd mAawt tm int (si)Awt
72
… … …de mim, ao que era bom e correcto 74, um que disse o que era justo, sem recorrer a
trapaças75
336
m ipt nb n pAy.i nb Hr hAb im.s
em todas as missões diplomáticas do meu senhor na(s) quais fui enviado
337
iw r ir.i m prt m r.f
e continuarei a proceder de acordo com o que sai da sua boca.
Resposta dos subordinados
338
pA HqA ir mnw n it.f wHm.f ssnb(.f)
Ó soberano que fez monumentos a seu pai – e o repete – possa ele gozar de saúde,
(pA) Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
(ó), Neferkheperuré Uaenré!
339
pA Itn im-ma n.f HH n Hb-sd pAy.k Sri
Ó Aton, concede-lhe um milhão de jubileus, ao teu filho
340
qd.f mi qd.k di.k iri it.f pAy.k aHaw …
(porque) o seu76 carácter é como o teu carácter. Permita o seu pai que ele seja dotado do teu (seu)
tempo de vida …
74 No original, . Considerou-se a possibilidade de erro do escriba. 75 É uma tradução possível, dada a confusa grafia das palavras. 76 No original está o signo Y1 em vez de I9. Admitiu-se um erro do escriba.
73
Fig. 7. Discurso de Tutu, a caminho do templo
341
bAk-tpy n Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra m Pr-Itn m Axt-Itn
O primeiro servidor de Neferkheperuré Uaenré, na Casa de Aton em Akhetaton,
imy-xnt Twtw Dd(.f)
o camareiro Tutu, (ele) diz:
342
pA HqA ir mnw n it.f wHm.f …
Ó soberano que fez monumentos a seu pai – e (os) torna a fazer – …
343
… … … pA Itn … … … iw … … …
… … … Ó Aton … … … está … … …
Parede occidental. Lado norte, parte inferor, (Pl XIX)
344
imy-xnt Twtw Dd(.f)
74
O camareiro Tutu, ele diz:
345
i sSmw irt nb rmT sSw nb rx Hnw.sn
− Ó dirigentes de todo o povo e vós, todos os escribas que sabem do seu ofício,
346
wabw aAw n pr Itn bAkw n Itn
chefes dos sacerdotes de mãos puras da Casa de Aton, sacerdotes de Aton,
347
srw (iqrw) irt nb (r-rxtw nsw)
oficiais (excelentes) e todos os (conhecidos do rei)77 e
348
Abi nb pHy i(A)w smA-tA qrst nfrt
todos os que desejam alcançar a velhice, um bom enterro78 e um belo funeral
349
iw tw sAi m anx
quando se estiver saciado em vida (farto de viver).
350
sDm.i n.tn aqw r Hwt.i ptr aAw
Escutai-me79 (ó) vós que entrardes no meu túmulo e vede as grandes coisas
iryt n.i
que foram feitas para mim.
351
ink bAk n Wa-n-Ra pA HqA anx m mAatw
Eu era um servidor de Uaenré, o soberano que vive segundo o que é justo.
77 Seguindo a reconstrução deMurnane. Ver MURNANE, op. cit., p. 196. 78 Lit. «uma união com a terra». 79 A forma correcta seria sDm.tn n.i.
75
352
Smsy.i sw iwAw.f Hsi.i
Quando o seguia, ele erguia-se cedo para me recompensar
n iri.i prt m r.f
porque eu procedia (de acordo com) o que saía da sua boca.
353
bw sdx.i Hr sp n aDA m ipt nb n Hm.f
Não ocultei (factos) em caso de mau procedimento nos negócios de Sua Majestade,
354
Iw m Hr Hry-pt n ta r-Dr.f m mSaw kAwt
quando era chefe dos porta-vozes da terra, na sua totalidade − em expedições militares e
construções,
Hmwt irt nbt rmT anxt m mitt m -xwt
e (nas) artes, de todos os vivos e dos mortos.
355
imyw-r mSaw wpwt n xAst nbt ink smi.i mdw.sn
(Quanto aos) comandantes das expedições e aos embaixadores de todas as terras estrangeiras, era eu
quem anunciava as suas palavras
r aH
ao palácio,
356
iw.i m(-bAH.f) ra-nb
quando estava na (sua presença), todos os dias.
357
76
pri.i n.sn m wpwty n nsw Xry
Fui-lhes enviado como mensageiro do rei,
358
Xry tp rdwy nb n Hm.f
estando na posse de todas as instruções de Sua Majestade.
359
Xrp.i kAwt m mnw.f iw.i m tp m iAt
Dirigi os trabalhos nos seus monumentos, quando desempenhava o cargo
360
imy-xnt wab (bA)k n Wa-n-Ra…
de camareiro puro e (servidor) de Uaenré80 …
Parede ocidental, lado sul, zona inferior, (Pl XXI)
361
… … … wbn … Sri n pA Itn
… … … (quando) brilhas … (para) o filho de Aton,
362
Ra anx wr mrwt anx tA m wD.f
Ré vivo, grande em amor, por cujo decreto a terra vive,
363
wn.k irty.k wsr tA m xt mdw.k
quando abres os teus olhos, a terra é rica em coisas (através) das tuas palavras,
364
iw ntk mwt mst bw nb rmT mH d(w) HHw m kA.k
pois tu és, efectivamente, a mãe que concebeu toda a humanidade e fazes nutrir milhões por meio
do teu ka.
80 O original apresenta apenas o signo k que não permite ler wabk. Faz, porém, todo o sentido que Tutu se
diga, uma vez mais, bAk n Wa-n Ra, «servidor de Uaenré» e admitiu-se que o escriba tenha esquecido o
signo G29..
77
365
Sfwt.k sbty n biA n sw HHw n(y) sw mH
O teu renome é uma muralha de cobre de um milhão de côvados
366
inHw.n.k tAw m pHty ky r-a(wy) stwt Itn
Pois, com a tua força, rodeaste as terras (de muralhas) até ao limite dos raios de Aton.
367
nsw bit(y) Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra mryty aA
(Ó) rei do Alto e do Baixo Egipto, Neferkheperuré Uaenré, ó governante amado, grande
368
biAywt twt inmt nfrw Haw.k
em prodígos. Belo na tez e na perfeição do teu corpo,
369
mi nAw stwt it.k
como estes raios de teu pai,
370
iw.f Hr wbn pA Itn anx sHD tw kmA
quando se está a erguer (sob a forma d)o Aton vivo para iluminar tudo o que criou
371
… … … (qd.k) mi qd.f pri(.f)?…
… … … (a tua natureza) é como a tua natureza, quando sai (?) …
372
… … … i … … … .f tw m i … Haw.f
78
… … … … … … seu (?) … os seus membros,
373
mi any m iwf.f … … … wnn.f wnn.k (n)HH
tal como é belo na sua carne… … … enquanto ele existir, tu existirás para sempre.
374
pA Itn ntk sA.k mry.f
(No que respeita a Aton), tu é que és o seu amado filho, porque da mesma natureza que ele
376
nhmwt n.k r pt …
e as tuas aclamações (estendem-se) até ao céu …
377
… … … aHaw di.f tw r (n)HH wnn.k Dt
… … … tempo de vida. Possa ele fazer com que tu existas para sempre e que eternidade te
pertença,
378
Iri.k Hbw-sd msytw pA Itn (r-)tnw(-sp) xaai.f
que celebres jubileus e sejas engendrado por Aton, todas as vezes que ele aparece em glória
379
wbn.f m pt r sHD.n.k tA nb…
para se erguer no céu e iluminar a terra inteira para ti …
380
… … … ¢Arw KAS stA
… … … Kharu (Palestina) e Kuch (Etiópia)
381
79
stAw n.k ksw
são arrastados81 até ti, curvados, até Akhetaton
382
rswt mHwt sn.sn n.k tA iri.sn iAw …
e os do sul, como os do norte, beijam a terra diante de ti e prodigalizam(-te) louvores …
383
… … … mstw pA Ra nb SA(w) iri aHaw
… … … progenitura deste Ré, o senhor do destino que faz o tempo de vida.
384
Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra pt Xr Itn anx TAw im.s
(Ó) Neferkheperuré Uaenré, o céu transporta o Aton vivo e os ventos nele (no céu)
385
rdi.k sw Srt n Hsyw.k …
e tu dá-los (os ventos) ao nariz dos teus favoritos …
386
… … … (wDHw n) Itn Hr awt
… … … (a mesa de oferendas de) Aton,
387
Hr awt m ss Apd nb bw Abw
contendo gado miúdo e toda a espécie de aves assadas, sem (limite).
388
i … … … w(nn) im.f
81 Recontrução de Davies. Ver DAVIES, op. cit., vol.VI, p. 27.
80
Ó … … … (que está) nele.
389
(w)di(.f) tA.f~mH m xt aSA m anxw
Ele planta a sua terra e enche-a de coisas abundantes em vida
390
Hns r xbt nb(t) … … … mAA im.sn
e com restrições (no que se refere a) toda a colecta de impostos82 … … … é visto neles.
391
Itn wbn.f m pt … r wD.k
(Quando) Aton se ergue no céu … por tua ordem,
392
Hsyw.k nb Hr ptry.f im Hr wbn
todos os teus favoritos estão a vê-lo aí a ascender,
393
iw xbt nb r nmt n …
enquanto todo os extorcionários vão para o ergástulo de …
394
… … … iw pA Ra qd r iqr n bw nbw
… … … pois este Ré tem uma natureza excelente para toda a gente.
395
Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra … … … w qd.k sw r Sm.ny.f
82 xbi está ligada à ideia de « deduzir, colectar impostos» e Hns significa «estreitar, limitar». Parece pois que
o texto se refere a terras que o rei mandou cultivar e talvez encher de animais (aves?). Essas terras estariam
sob um regime fiscal mais benéfico. O texto, parcialmente destruído, não permite conclusões mais extensivas.
Outras traduções:
«Being cut off from any reduction», MURNANE, op. cit., p.197; « barred again any spoliation», DAVIES, op.
cit., vol. VI, p. 27.
81
(Ó) Neferkheperuré Uaenré, … … … tu construíste-lo para que ele viajasse
396
Hr wAt m ib wHa (m)i … … … w …
na estrada, com o coração liberto83 como … … (plur.) …
397
… … … tkA nt 6 nt xAw m xt
… … … uma tocha com o comprimento de seis khet 84
398
Haw Hbs n mnxt wsr m kA.k
e o corpo envolvido numa peça de tecido, poderoso no teu ka.
399
pr mH … … … .sn r ias r wa m xA wbnw ntf nai
A casa está acabada … lhes (?) e recorrer ao que é único num milhar. (Quanto a)o que está erguido,
ele navega.
400
m ma.k wiA nt(y) S MAat Xr iswt
na tua posse está a barca, no Lago de Maet, com uma tripulação
401
Aprw m … … … w ny…w
equipada com … …(plural)
402
83 A grafia normal é wHa, «liberto». O original, fragmentado, apresenta o signo Aa11 em vez de V1,
o que se considerou ter sido um erro do escriba. A presente tradução acompanha a de Murnane. Ver
MURNANE, op. cit., p. 197.. Davies traduz por «campo», o que corresponderia a AHt, o que parece
ainda mais distante do original. Ver DAVIES, op. cit., VI, p. 27. 84 Unidade de comprimento correspondente a 100 côvados, cerca de 52,5 m. Estamos então perante uma tocha
de 315 m, o que só pode significar algum tipo de liberdade poética. A menos que se refira ao Sol…
82
Xr wD pA HqA qd …
Com o decreto do governante que constrói …
403
sA Ra Ax-n-Itn aA m aHa(w).f
o filho de Ré, Akhenaton, grande, no seu tempo de vida
404
Hmt-nswt wrt Nfr-nfrw-Itn Nfrt-ity anx(t) Dt nHH
(e a) grande esposa real, Neferneferuaton Nefertiti, viva eternamente, para sempre.
405
imy-xnt Twtw Dd.f
O camareiro da corte, Tutu, ele diz:
406
(s)Dd.i … … … nb … … … (x)t di.k (n) ib.i
Eu relato … … tudo(?) … as coisas que tu puseste (no) meu coração
407
… … … di.k m Xt.i di.(n).i … n.i … … … y …
… … … puseste no meu corpo e deste(?)-me (?) …
(?) m.i a Nbw … … … Anx.tn
em mim todas as dádivas (?) … … … vós viveis.
408
bi(A)iw wDAwy sbAyt n Wa-n-Ra n rdi m ib.i
Quão maravilhoso e benéfico é o ensinamento de Uaenré, o qual me ordenou
r iri.sr ir(?) …
que praticasse …
83
409
pA Itn ms sw p(?) …
Aton engendrou-o …
410
sDm.f MAat r aHa m xt r tnw n
Ele presta mais atenção a maet do que a um monte de bens, mais do que a uma quantidade de …
411
… … … sDm.i … … … w …
… … … eu escuto … … (plural) …
412
(m) Axt iAbtt … … …HHw pA Ra anx m MAat
(no) horizonte ocidental … milhões, o Ré que vive em maet,
Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
Neferkheperuré Uaenré.
413
Smsy sw nb sDm.tn sbAyt sp sn
Vós, todos que o seguis e escutais o seu ensinamento (repetir duas vezes)
414
wa-n-(ra anx m) MAat …
do que é o único de (Ré e vive em) maet …
415
… … … Ds sdA …
… … … o próprio que faz tremer …
416
84
(Xfty nTr p)n hAi.f n Sad Ht
(Quanto ao inimigo deste deus), ele desce(rá) ao matadouro e o fogo
417
wnm.f Haw(.f) iw wbn pA Itn
come(rá) os seus membros, enquanto Aton se eleva
418
… ptr.k ra HHy …
… para que possas ver o dia e procurar …
419
… … … iry xt n irt nbt irty.ky Hr wTs.f
… … … o que pertence ao corpo de toda a gente.. Os teus olhos estão erguidos
420
Ptr Snyt Itn xai wbn m xAst Axt-Itn
(para) ver o circuito de Aton, quando ele aparece em glória, erguendo-se sobre os penhascos de
Akhetaton.
421
… … … w imw Dd (.sn) … … … iw.sn n Xt
… … … (plur.) os que estão lá, eles dizem … eles pertencem ao (nosso ) grupo (eles pertencem-
nos).
422
HAp tA wAwy pA HqA Hr wDa.f(.sn)
Misteriosa85 é a terra para os que estão longe mas o governante julga-os
423
… … … ptr stwt Itn …
… … … contemplar os raios de Aton …
85 O signo t não faz sentido na palavra. Pode tratar-se de um erro.
85
424
sDm smi … … … iw m r n ky r… w … .f aA …
ouvir um relatório … quando ele está na boca de outro para que (?) ele (o apresente) aqui (?)86…
425
… … … n itn(w) xpr.f m sbii itnw HAp m …
… … … do inimigo, ele transforma-se no que traz inimigos para esconder em …
426
… r Sm…wpw-Hr n …
… para ir … à excepção de …
426
… … … xt rn.tn mnw Hr.sn
… … … as coisas e o nosso nome perdura nelas,
427
Xr wD pA HqA any … … …anx …
por decreto do belo governante … … … vida …
428
… … … n Dw Hr st … … xarw kAS …
… … … na montanha, no lugar … … Kharu (Palestina) e Kuch (Etiópia) …
429
… … … mn tw imi wat pn d(w) r pHy sw
… … …é estabelecida esta oferenda única, colocada para alcançá-lo.
430
86 No original san, o que não faz sentido. Seguiu-se a reconstrução de Murnane. Ver MURNANE, op.
cit., p. 198.
86
mt(r)yw n.f … … … .k r … … … .f mAat …
As testemunhas dele … … … .tu … para … … … ele … maet …
431
… … … Itn mi d… … iw.f r (n)HH Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra
… … …Aton como … … tu existes para sempre, (ó) Neferkheperuré Uaenré.
432
imy-xnt Twtw Dd.f
O camareiro da corte, Tutu, ele diz:
433
pAy.i nb wa m Itn wTs rn.f sA.f …
Ó meu senhor, único de Aton, que elevas o seu nome e és filho dele …
434
… … … Hm.f … … … Hm.f …
… … … Sua Majestade … … … Sua Majestade …
435
… … … ssn TAw n anx
… … … respirar a brisa da vida,
436
pA ptry.f (m) mnt Wa-n-Ra tAy.i … … …ra-nb
o que o contempla diariamente, Uaenré, o meu … … … de todos os dias
437
(iAS) rn.i pAy.i (nb) n aHAw m
(e chamares pelo) meu nome, ó meu (senhor) do tempo de vida, em87
87 Reconstrução possível, com base no original.
87
… … … nsw
… … … o rei,
439
ntf sbaw.i makwi Hr sDm n.tn
ele foi quem me instruiu. Vede, eu estou a dizer-vos (isto)
440
nfr sDm iry pA HqA Sw n Hr-nb …
e é bom escutar. Quanto ao soberano, ele é a luz de toda a gente88 …
… … … pA … … … iw …
… … … o … … … iu …
441
… … … pA qrst wDA pA nDn-ib
… … … o funeral, a prosperidade e a alegria.
442
di.f n (.tn Hswt.f ) it.f Itn anx …
Possa ele conceder(-vos o favor) de seu pai, (o) Aton vivo 89 …
443
Ntf rS(w) sw n … … … .f ra … … … i …
É ele que o satisfaz com … … … -lhe o dia …
444
iw.f Hr wbn ir.f bAw rx m nn sbAyt.f
quando ele (Aton) está a erguer-se para usar o seu poder divino (contra aquele) que não conhece o
seu ensinamento.
88 Reconstrução de Sandemann. Ver SANDEMANN, op. cit., p. 86. 89 A partir da reconstrução de Murnane. Ver MURNANE, op. cit., p. 198.
88
445
Hswt.f n rx sw xt.f sDm.k n nsw n pA nb.k
O seu favor é para aquele que o conhece e às suas coisas, tu ouves ao rei, ao teu senhor
446
wSbw m stwt n pA Itn pA Sps
as respostas (que provêem) nos (dos) raios de Aton, o augusto,
pA HqA iw.f xai wDa
o governante, quando ele aparece em glória e prosperidade.
447
wHa Hapy Hii.f tAwy
No início das cheias, (quando o Nilo) inunda as Duas Terras
448
(i)d(b)w m Hb …
e os campos estão em festa …
449
… … … Apdw waw iri …
… … … só as aves fazem …
450
… … … (r) -Hrw i(w) Hr bnw.i m xt.f
… … … lá em cima, a fazer-me renascer90 com o seu poder.
451
iw(.sn) m rSwt xbdt nb(t) …
Eles estão em júbilo e tudo o que é detestável91 …
90 Admitiu-se que o termo se refe à ave bnw, «Fénix». Uma vez que no capítulo 13 do «Livro dos
Mortos», o defunto manifesta o desejo de «renascer» como esta ave, a tradução apresentada tem alguma razão
de ser. Ver «Benu», ARAÚJO, Dicionário do Antigo Egipto, pp. 148-149
91 No original, .
89
452
… … … di.f it.f (pA) Itn.
… … … conceda o seu pai, Aton.