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    Lngua Portuguesa 1

    LNGUA PORTUGUESA

    Interpretao de texto: informaes literais e inferncias possveis. Ponto de vista do autor - significado contextual de palavras e expresses. Estruturao do texto: relaes entre idias e recursos de coeso. Conhecimento da lngua: Ortografia/acentuao; diviso silbica; sinnimo, antni-mo, homnimos e parnimos, notaes lxicas. Pontuao. Classes de palavras: definies, classificaes, formas, flexes, funes e usos. Estrutura da orao e do perodo: aspectos sintticos e semnticos. Concordncia verbal e nominal; Regncia verbal e nominal. Ocorrncia de crase.

    INTERPRETAO DE TEXTO: INFORMAES LITE-RAIS E INFERNCIAS POSSVEIS. PONTO DE VISTA DO AUTOR - SIGNIFICADO CONTEXTUAL DE PALA-

    VRAS E EXPRESSES. ESTRUTURAO DO TEXTO: RELAES ENTRE IDIAS E RECURSOS DE COESO.

    INTERPRETAO DE TEXTO

    Interpretar um texto no simplesmente saber o que se passa na cabea do autor quando ele escreve seu texto. , antes, inferir. Se eu disser: Levei minha filha caula ao parque., pode-se inferir que tenho mais de uma filha. Ou seja, inferir retirar informaes implcitas e ex-plcitas do texto. E ser com essas informaes que o candidato ir resolver as questes de interpretao na prova.

    H de se tomar cuidado, entretanto, com o que cha-mamos de conhecimento de mundo, que nada mais do que aquilo que todos carregamos conosco, fruto do que aprendemos na escola, com os amigos, vendo televiso, enfim, vivendo. Isso porque muitas vezes uma questo leva o candidato a responder no o que est no texto, mas exatamente aquilo em que ele acredita.

    Vamos a um exemplo.

    mundialmente reconhecida a qualidade do champa-nhe francs. Imaginemos, ento, que em um texto o autor trate do assunto bebidas finas e escreva que na regio de Champagne, na Frana, produzido um champanhe muito conhecido. Mais tarde, em uma questo, a banca pergunta qual foi a abordagem do texto em relao ao tema e coloca, em uma das alternativas, que o autor afir-ma que o melhor champanhe vendido no mundo o da regio de Champagne, na Frana. Se voc for um candi-dato afoito, vai marcar essa alternativa como correta, cer-to?, sem parar para pensar que o autor no havia feito tal afirmao e que, na verdade, o que ele assegurou foi que h um champanhe que muito conhecido e que produ-zido na Frana. O fato de possivelmente ser o melhor do mundo uma informao que voc adquiriu em jornais, revistas etc. Entendeu a diferena?

    Propositadamente, a banca utiliza trechos inteiros idn-ticos ao texto s para confundir o candidato, e ao final, coloca uma afirmao falsa. Cuidado com isso!

    Contudo, no basta retirar informaes de um texto pa-ra responder corretamente as questes. necessrio

    saber de onde tir-las. Para tanto, temos que ter conheci-mento da estrutura textual e por quais processos se passa um texto at seu formato final de dissertao, narrao ou descrio.

    Como o tipo mais cobrado em provas de concurso a dissertao, vamos entender como ela se estrutura e em que ela se baseia.

    Quando dissertamos, diz-se que estamos argumentan-do. Mas argumentando o qu? A respeito de qu?

    Para formular os argumentos, antes necessitamos de uma tese, algo que vamos afirmar e defender, a respeito de um determinado assunto.

    Ento, por exemplo, se o assunto Aquecimento glo-bal imperativo apresentar uma tese baseada nele. Po-de-se escrever O aquecimento global tem sido motivo de preocupao por parte dos cientistas, ou A populao deve preocupar-se com o superaquecimento do planeta etc. O importante que na tese esteja claro aquilo que dever ser sustentado por meio de argumentos.

    O prximo passo estabelecer quais argumentos po-dero ser utilizados para tornar a afirmao feita na tese cada vez mais slida.

    Apresentados os argumentos, basta concluir a disser-tao.

    Tudo o que aqui foi exposto apenas ilustrativo para que se tenha ideia de como um texto estruturado e, a partir da, estudar o texto apresentado e procurar no lugar certo a resposta para cada questo.

    Vejamos:

    Normalmente, a tese explicitada na primeira frase do primeiro pargrafo, coincidindo com o que chamamos de tpico frasal, aquela sentena que usamos para chamar a ateno em um texto e apresent-lo de forma clara. Mas ela pode aparecer tambm na ltima frase do primeiro pargrafo.

    Disso decorre que sempre que precisar encontrar a te-se do texto para responder a questes sobre o que o autor pensa, por exemplo, deve-se procur-la no primeiro par-grafo.

    Todavia, se a banca quiser saber em que o autor se fundamentou para fazer tal afirmao, basta procurar a resposta nos pargrafos em que forem apresentados os argumentos.

    Por exemplo, na ltima prova do MPU, cargo Analista Processual, da banca Fundao Carlos Chagas, foi per-guntado aos candidatos o que revelava a argumentao do autor. Dentre as alternativas apresentadas, bastava saber qual era fundamentalmente um argumento utilizado pelo autor e o que ele demonstrava.

    , portanto, muito importante conhecer a estrutura de um texto para saber trabalh-lo de forma a fazer com que ele seja um aliado na conquista de um cargo pblico. Ra-chel Costa - http://www.grupoescolar.com/

    Tipologia textual

    Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre.

    Tipologia textual a forma como um texto se

    apresenta. As tipologias existentes so: descrio, narrao, dissertao, exposio, injuno, dilogo e

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    entrevista. importante que no se confunda tipo textual com gnero textual.

    Tipos

    Explicao

    O objetivo do texto passar conhecimento para o leitor. Nesse tipo textual, no se faz a defesa de uma ideia. Exemplos de textos explicativos so os encontrados em manuais de instrues.

    Informativo

    Texto informativo, tem a funo de informar o leitor a respeito de algo ou algum, o texto de uma notcia de jornal, de revista, folhetos informativos, propagandas. Uso da funo referencial da linguagem, 3 pessoa do singular. 3 pessoal do plural.

    Descrio

    Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produo o adjetivo, pela sua funo caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se at descrever sensaes ou sentimentos. No h relao de anterioridade e posterioridade. Significa "criar" com palavras a imagem do objeto descrito. fazer uma descrio minuciosa do objeto ou da personagem a que o texto se refere.

    Narrao

    Modalidade em que se conta um fato, fictcio ou no, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. H uma relao de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante o passado. Estamos cercados de narraes desde as que nos contam histrias infantis, como o Chapeuzinho Vermelho ou a Bela Adormecida, at as picantes piadas do cotidiano.

    Dissertao

    Dissertar o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto de apresentao cientfica, o relatrio, o texto didtico, o artigo enciclopdico. Em princpio, o texto dissertativo no est preocupado com a persuaso e sim, com a transmisso de conhecimento, sendo, portanto, um texto informativo. Quando o texto, alm de explicar, tambm persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, temos um texto dissertativo-argumentativo.

    Exposio

    Apresenta informaes sobre assuntos, expe ideias; explica, avalia, reflete. (analisa ideias).

    1. Estrutura bsica: 2. ideia principal; 3. desenvolvimento; 4. concluso.

    Uso de linguagem clara. Ex: ensaios, artigos cientficos, exposies,etc.

    Injuno

    Indica como realizar uma ao. tambm utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos so, na sua maioria, empregados no modo imperativo. H tambm o

    uso do futuro do presente. Ex: Receita de um bolo e manuais.

    Dilogo

    Dilogo uma conversao estabelecida entre duas ou mais pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral, como pausas e retomadas.

    Entrevista

    Entrevista uma conversao entre duas ou mais pessoas (o entrevistador e o entrevistado), na qual perguntas so feitas pelo entrevistador para obter informao do entrevistado.

    Hoje, admite-se seis tipos textuais, a saber: narrativo, argumentativo-dissertativo, expositivo-explicativo, descritivo, dialogal-conversacional e injuntivo-instrucional.

    A narrao est presente quando o texto fornece

    informaes sobre o tempo e espao do fato narrado, sempre h comeo meio e fim. Alm disso, comum aparecerem nomes de personagens e um "clmax" em determinado momento. H, portanto, o desenvolvimento da histria, um momento de tenso, e a volta estabilidade. Um exemplo clssico de narrativa so os contos de fada.

    Dissertao

    A todo instante nos deparamos com situaes que exigem a exposio de ideias, argumentos e pontos de vista, muitas vezes precisamos expor aquilo que pensamos sobre determinado assunto. Em muitas situaes somos induzidos a organizar nossos pensamentos e ideias e utilizar a linguagem para dissertar.

    Mas o que dissertar?

    Dissertar , atravs da organizao de palavras, frases e textos, apresentar ideias, desenvolver raciocnio, analisar contextos, dados e fatos. Neste momento temos a oportunidade de discutir, argumentar e defender o que pensamos atravs da fundamentao, justificao, explicao, persuaso e de provas.

    A elaborao de textos dissertativos requer domnio da modalidade escrita da lngua, desde a questo ortogrfica ao uso de um vocabulrio preciso e de construes sintticas organizadas, alm de conhecimento do assunto que se vai abordar e posio crtica (pessoal) diante desse assunto. A atividade dissertadora desenvolve o gosto de pensar e escrever o que pensa, de questionar o mundo, de procurar entender e transformar a realidade.

    Passos para escrever o texto dissertativo

    O texto deve ser produzido de forma a satisfazer os objetivos que o escritor se props a alcanar. H uma estrutura consagrada para a organizao desse tipo de texto. Consiste em organizar o material obtido em trs partes: a introduo, o desenvolvimento e a concluso.

    - Introduo: A introduo deve apresentar de maneira clara o assunto que ser tratado e delimitar as questes, referentes ao assunto, que sero abordadas. Neste momento pode-se formular uma tese, que dever ser discutida e provada no texto, propor uma pergunta, cuja resposta dever constar no desenvolvimento e explicitada na concluso.

    - Desenvolvimento: a parte do texto em que as ideias, pontos de vista, conceitos, Nos textos descritivos,

    o autor descreve um momento especifico , a descrio e

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    superficial, ou seja, o emissor supe que o receptor tenha conhecimento do assunto.

    No texto explicativo, o emissor supe que o receptor

    no tem conhecimento do assunto, ocorre uma descrio detalhada, um exemplo de explicativo so os livros didaticos.

    Os textos injuntivos, por sua vez, so aqueles que

    indicam procedimentos a serem realizados. Nesses textos, as frases, geralmente, so no modo imperativo. Bons exemplos desse tipo de texto so as receitas e os manuais de instruo.

    muito importante no confundir tipo textual com

    gnero textual. Os tipos, como foi dito, aparecem em nmero limitado. J os gneros textuais so praticamente infinitos, visto que so textos orais e escritos produzidos por falantes de uma lngua em um determinado momento histrico. O gneros texuais, portanto, so diretamente ligados s prticas sociais. Alguns exemplos de gneros textuais so carta, bilhete, aula, conferncia, e-mail, artigos, entrevistas, discurso etc.

    Assim, um tipo textual pode aparecer em qualquer gnero textual, da mesma forma que um nico gnero pode conter mais de um tipo textual. Uma carta, por exemplo, pode ter passagens narrativas, descritivas, injuntivas e assim por diante.

    Gneros textuais so tipos especificos de textos de

    qualquer natureza, literrios ou no-literrios.

    Modalidades discursivas constituem as estruturas e as funes sociais (narrativas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser considerados exemplos de gneros textuais: anncios, convites, atlas, avisos, programas de auditrios, bulas, cartas, cartazes, comdias, contos de fadas, crnicas, editoriais, ensaios, entrevistas, contratos, decretos, discursos polticos, histrias, instrues de uso, letras de msica, leis, mensagens, notcias. So textos que circulam no mundo, que tm uma funo especfica, para um pblico especfico e com caractersticas prprias. Alis, essas caractersticas peculiares de um gnero discursivo nos permitem abordar aspectos da textualidade, tais como coerncia e coeso textuais, impessoalidade, tcnicas de argumentao e outros aspectos pertinentes ao gnero em questo.

    Obtida de "http://pt.wikipedia.org/w/

    Texto Literrio: expressa a opinio pessoal do autor

    que tambm transmitida atravs de figuras, impregna-do de subjetivismo. Ex: um romance, um conto, uma poesia...

    Texto no-literrio: preocupa-se em transmitir uma

    mensagem da forma mais clara e objetiva possvel. Ex: uma notcia de jornal, uma bula de medicamento.

    Linguagem Verbal - Existem vrias formas de

    comunicao. Quando o homem se utiliza da palavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita,dizemos que ele est utilizando uma linguagem verbal, pois o cdigo usado a palavra. Tal cdigo est presente, quando falamos com algum, quando lemos, quando escrevemos. A linguagem verbal a forma de comunicao mais presente em nosso cotidiano. Mediante a palavra falada ou escrita, expomos aos outros as nossas idias e pensamentos, comunicando-nos por meio desse cdigo verbal imprescindvel em nossas vidas. ela est presente em textos em propagandas;

    em reportagens (jornais, revistas, etc.); em obras literrias e cientficas; na comunicao entre as pessoas; em discursos (Presidente da Repblica, representantes

    de classe, candidatos a cargos pblicos, etc.); e em vrias outras situaes.

    Linguagem No Verbal

    Observe a figura abaixo, este sinal demonstra que proibido fumar em um determinado local. A linguagem utilizada a no-verbal pois no utiliza do cdigo "lngua portuguesa" para transmitir que proibido fumar. Na figura abaixo, percebemos que o semforo, nos transmite a idia de ateno, de acordo com a cor apresentada no semforo, podemos saber se permitido seguir em frente (verde), se para ter ateno (amarelo) ou se proibido seguir em frente (vermelho) naquele instante.

    Como voc percebeu, todas as imagens podem ser facilmente decodificadas. Voc notou que em nenhuma delas existe a presena da palavra? O que est presente outro tipo de cdigo. Apesar de haver ausncia da palavra, ns temos uma linguagem, pois podemos decifrar mensagens a partir das imagens. O tipo de linguagem, cujo cdigo no a palavra, denomina-se linguagem no-verbal, isto , usam-se outros cdigos (o desenho, a dana, os sons, os gestos, a expresso fisionmica, as cores)

    Fonte: www.graudez.com.br

    Pressuposio

    o contedo que fica margem da discusso, o con-tedo implcito. Assim, a frase "Pedro parou de fumar" veicula a pressuposio de que Pedro fumava antes; "Pe-dro passou a trabalhar noite" contm a pressuposio de que antes ele trabalhava de dia, mas contm tambm a

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    pressuposio de que ele no trabalhava antes, depen-dendo da nfase colocada em passar a ou em noite.

    Vale lembrar que, nestes exemplos, a pressuposio marcada lingisticamente pela presena dos verbos parar de, passar a. Existem tambm pressuposies que no

    apresentam marca lingstica; estes tipos de pressuposi-o denominam-se inferncias.

    Inferncias

    So informaes normais que no precisam ser explici-tadas no momento da produo do texto; so tambm chamadas de subentendidos. O exemplo seguinte ajuda a entender esta noo: "Maria foi ao cinema, assistiu ao filme sobre dinossauros e voltou para casa." Lendo esta frase, o ouvinte/leitor recupera os conhecimentos relativos ao ato de ir ao cinema: no cinema existem cadeiras, tela, bilheteria; h uma pessoa que vende bilhetes, outra que os recolhe na entrada; a sala fica escura durante a proje-o, etc. Enfim, isto no precisa ser dito explicitamente. Se assim no fosse, que extenso teriam nossos textos para fornecer, sempre que necessrio, todas estas informa-es? Da a importncia das inferncias na interao verbal. Se quisssemos dizer que Maria no conseguiu ver o filme at o final, isto teria que ser explicitado, porque, normalmente, a pessoa v o filme inteiro.

    Implicatura

    um sentido derivado, que atribumos a um enunciado depois de constatar que seu sentido literal irrelevante para a situao. Se perguntamos: "Qual a funo de Pedro no jornal?" e ouvimos "Pedro o filho do chefe", podemos depreender dessa resposta que Pedro no tem funo nenhuma que Pedro no faz nada ou que Pedro no precisa fazer nada.

    Nem as implicaturas nem as pressuposies fazem par-te do contedo explicitado. A diferena entre elas est no fato de que, com respeito s pressuposies, a estrutura lingstica nos oferece os elementos que permitem depre-end-las; j com as implicaturas isto no acontece -- o suporte lingstico menos bvio e, portanto, elas depen-dem principalmente do conhecimento da situao, com-partilhado pelo falante e pelo ouvinte. As pressuposies fazem parte do sentido literal das frases, enquanto as implicaturas so estranhas a ele.

    Ponto De Vista Do Autor

    Modos de narrar - na obra Para entender o texto: leitu-ra e redao, de Plato & Fiorin, o autor afirma que as frases ou os enunciados que lemos ou ouvimos chegam at ns como uma forma pronta e acabada, mas eviden-te que esses enunciados no sugiram do nada: eles foram produzidos por algum. Dessa forma, qualquer enunciado aquilo que foi dito ou escrito pressupe algum que o tenha produzido.

    Com base nesses dados: a) aquilo que foi escrito ou dito por algum chamare-

    mos enunciado; b) o produtor de enunciado, responsvel pela organi-

    zao do texto, chamaremos narrador. O narrador no se confunde com o autor do texto ou

    com o escritor, tanto verdade, que o narrador pode ser um personagem, aparecendo nos prprios enunciados.

    O autor uma pessoa de carne e osso; o narrador faz

    parte do texto, quem relata a partir de seu ponto de vista.

    Pode at mesmo ocorrer que autor e narrador tenham viso de mundo e ideologia completamente opostas entre si. O narrador no revela necessariamente as ideias, pre-ferncias e os pontos de vista do autor.

    H dois modos bsicos de narrar: ou o narrador intro-

    duz-se no discurso, produzindo-o, ento em primeira pes-soa, ou ausenta-se dele, criando um discurso em terceira pessoa. Narrar em terceira pessoa ou em primeira pessoa so os dois pontos de vista fundamentais do narrador.

    O narrador em terceira pessoa pode assumir duas po-

    sies diante do que narra: 1) Ele conhece tudo, at os pensamentos e sentimen-

    tos dos personagens. Comenta, analisa e critica tu-do. como se pairasse acima dos acontecimentos e tudo visse. chamado narrador onisciente (que sabe tudo).

    2) O narrador tambm conhece os fatos, mas no in-vade o interior dos personagens para comentar seu comportamento, intenes e sentimentos. Essa po-sio cria um efeito de sentido de objetividade ou de neutralidade. como se a histria se narrasse sozinha. O narrador pode ser chamado observador.

    O narrador em primeira pessoa est presente na narra-

    tiva. Pode ser o personagem principal ou um personagem secundrio:

    1) Quando personagem principal, ele no tem aces-so aos sentimentos, pensamentos e intenes dos outros personagens, mas pode relatar suas percep-es, seus sentimentos e pensamentos. a forma ideal de explorar o interior de um personagem. o que ocorre em O Ateneu, de Raul Pompeia.

    2) Quando o narrador um personagem secundrio, observa de dentro os acontecimentos. Viveu os fa-tos relatados, conta o que viu ou ouviu e at mes-mo se serve de cartas ou documentos que obteve. No consegue saber o que se passa na cabea dos outros. Pode apenas inferir, lanar hipteses e po-de ou no comentar os acontecimentos.

    O modo de narrar em primeira pessoa cria um efeito de

    subjetividade maior que o modo em terceira pessoa. Este produz um efeito de sentido de objetividade, pois o narra-dor no est envolvido com os acontecimentos.O narrador pode projetar uma imagem do leitor dentro da obra e dia-logar com esse leitor, prevendo suas reaes. Esse leitor instalado no texto no se confunde com o leitor real. RELAO ENTRE IDEIAS E RECURSOS DE COESO

    COESO E COERNCIA TEXTUAL DIOGO MARIA DE MATOS POLNIO

    Introduo

    Este trabalho foi realizado no mbito do Seminrio Pe-daggico sobre Pragmtica Lingustica e Os Novos Pro-gramas de Lngua Portuguesa, sob orientao da Profes-sora-Doutora Ana Cristina Macrio Lopes, que decorreu na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

    Procurou-se, no referido seminrio, refletir, de uma

    forma geral, sobre a incidncia das teorias da Pragmtica Lingustica nos programas oficiais de Lngua Portuguesa, tendo em vista um esclarecimento terico sobre determi-nados conceitos necessrios a um ensino qualitativamente mais vlido e, simultaneamente, uma vertente prtica pedaggica que tem necessariamente presente a aplica-

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    o destes conhecimentos na situao real da sala de aula.

    Nesse sentido, este trabalho pretende apresentar su-

    gestes de aplicao na prtica docente quotidiana das teorias da pragmtica lingustica no campo da coerncia textual, tendo em conta as concluses avanadas no refe-rido seminrio.

    Ser, no entanto, necessrio reter que esta pequena

    reflexo aqui apresentada encerra em si uma minscula partcula de conhecimento no vastssimo universo que , hoje em dia, a teoria da pragmtica lingustica e que, se pelo menos vier a instigar um ponto de partida para novas reflexes no sentido de auxiliar o docente no ensino da lngua materna, j ter cumprido honestamente o seu papel.

    Coeso e Coerncia Textual

    Qualquer falante sabe que a comunicao verbal no se faz geralmente atravs de palavras isoladas, desligadas umas das outras e do contexto em que so produzidas. Ou seja, uma qualquer sequncia de palavras no constitui forosamente uma frase.

    Para que uma sequncia de morfemas seja admitida

    como frase, torna-se necessrio que respeite uma certa ordem combinatria, ou seja, preciso que essa sequn-cia seja construda tendo em conta o sistema da lngua.

    Tal como um qualquer conjunto de palavras no forma

    uma frase, tambm um qualquer conjunto de frases no forma, forosamente, um texto.

    Precisando um pouco mais, um texto, ou discurso,

    um objeto materializado numa dada lngua natural, produ-zido numa situao concreta e pressupondo os participan-tes locutor e alocutrio, fabricado pelo locutor atravs de uma seleo feita sobre tudo o que dizvel por esse locutor, numa determinada situao, a um determinado alocutrio1.

    Assim, materialidade lingustica, isto , a lngua natural

    em uso, os cdigos simblicos, os processos cognitivos e as pressuposies do locutor sobre o saber que ele e o alocutrio partilham acerca do mundo so ingredientes indispensveis ao objeto texto.

    Podemos assim dizer que existe um sistema de regras

    interiorizadas por todos os membros de uma comunidade lingustica. Este sistema de regras de base constitui a competncia textual dos sujeitos, competncia essa que uma gramtica do texto se prope modelizar.

    Uma tal gramtica fornece, dentro de um quadro for-

    mal, determinadas regras para a boa formao textual. Destas regras podemos fazer derivar certos julgamentos de coerncia textual.

    Quanto ao julgamento, efetuado pelos professores, so-

    bre a coerncia nos textos dos seus alunos, os trabalhos de investigao concluem que as intervenes do profes-sor a nvel de incorrees detectadas na estrutura da frase so precisamente localizadas e assinaladas com marcas convencionais; so designadas com recurso a expresses tcnicas (construo, conjugao) e fornecem pretexto para pr em prtica exerccios de correco, tendo em conta uma eliminao duradoura das incorrees observa-das.

    Pelo contrrio, as intervenes dos professores no

    quadro das incorrees a nvel da estrutura do texto, per-mite-nos concluir que essas incorrees no so designa-das atravs de vocabulrio tcnico, traduzindo, na maior parte das vezes, uma impresso global da leitura (incom-preensvel; no quer dizer nada).

    Para alm disso, verificam-se prticas de correo algo

    brutais (refazer; reformular) sendo, poucas vezes, acom-panhadas de exerccios de recuperao.

    Esta situao pedagogicamente penosa, uma vez

    que se o professor desconhece um determinado quadro normativo, encontra-se reduzido a fazer respeitar uma ordem sobre a qual no tem nenhum controle.

    Antes de passarmos apresentao e ao estudo dos

    quatro princpios de coerncia textual, h que esclarecer a problemtica criada pela dicotomia coerncia/coeso que se encontra diretamente relacionada com a dicotomia coerncia macro-estrutural/coerncia microestrutural.

    Mira Mateus considera pertinente a existncia de uma

    diferenciao entre coerncia textual e coeso textual. Assim, segundo esta autora, coeso textual diz respei-

    to aos processos lingusticos que permitem revelar a inter-dependncia semntica existente entre sequncias textu-ais:

    Ex.: Entrei na livraria mas no comprei nenhum livro. Para a mesma autora, coerncia textual diz respeito

    aos processos mentais de apropriao do real que permi-tem inter-relacionar sequncias textuais:

    Ex.: Se esse animal respira por pulmes, no peixe. Pensamos, no entanto, que esta distino se faz ape-

    nas por razes de sistematizao e de estruturao de trabalho, j que Mira Mateus no hesita em agrupar coe-so e coerncia como caractersticas de uma s proprie-dade indispensvel para que qualquer manifestao lin-gustica se transforme num texto: a conectividade2.

    Para Charolles no pertinente, do ponto de vista tc-

    nico, estabelecer uma distino entre coeso e coerncia textuais, uma vez que se torna difcil separar as regras que orientam a formao textual das regras que orientam a formao do discurso.

    Alm disso, para este autor, as regras que orientam a microcoerncia so as mesmas que orientam a macrocoe-rncia textual. Efetivamente, quando se elabora um resu-mo de um texto obedece-se s mesmas regras de coern-cia que foram usadas para a construo do texto original.

    Assim, para Charolles, microestrutura textual diz respeito

    s relaes de coerncia que se estabelecem entre as fra-ses de uma sequncia textual, enquanto que macroestrutura textual diz respeito s relaes de coerncia existentes entre as vrias sequncias textuais. Por exemplo:

    Sequncia 1: O Antnio partiu para Lisboa. Ele dei-xou o escritrio mais cedo para apanhar o comboio das quatro horas.

    Sequncia 2: Em Lisboa, o Antnio ir encontrar-se com amigos.Vai trabalhar com eles num projeto de uma nova companhia de teatro.

    Como microestruturas temos a sequncia 1 ou a se-

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    quncia 2, enquanto que o conjunto das duas sequncias forma uma macroestrutura.

    Vamos agora abordar os princpios de coerncia textu-

    al3: 1. Princpio da Recorrncia4: para que um texto seja co-

    erente, torna-se necessrio que comporte, no seu desenvol-vimento linear, elementos de recorrncia restrita.

    Para assegurar essa recorrncia a lngua dispe de v-

    rios recursos: - pronominalizaes, - expresses definidas, - substituies lexicais, - retomas de inferncias. Todos estes recursos permitem juntar uma frase ou uma

    sequncia a uma outra que se encontre prxima em termos de estrutura de texto, retomando num elemento de uma sequncia um elemento presente numa sequncia anterior:

    a)-Pronominalizaes: a utilizao de um pronome torna possvel a repetio, distncia, de um sintagma ou at de uma frase inteira.

    O caso mais frequente o da anfora, em que o referen-

    te antecipa o pronome. Ex.: Uma senhora foi assassinada ontem. Ela foi encon-

    trada estrangulada no seu quarto. No caso mais raro da catfora, o pronome antecipa o

    seu referente. Ex.: Deixe-me confessar-lhe isto: este crime impressio-

    nou-me. Ou ainda: No me importo de o confessar: este crime impressionou-me.

    Teremos, no entanto, que ter cuidado com a utilizao

    da catfora, para nos precavermos de enunciados como este:

    Ele sabe muito bem que o Joo no vai estar de acordo com o Antnio.

    Num enunciado como este, no h qualquer possibilida-

    de de identificar ele com Antnio. Assim, existe apenas uma possibilidade de interpretao: ele dir respeito a um sujeito que no ser nem o Joo nem o Antnio, mas que far parte do conhecimento simultneo do emissor e do receptor.

    Para que tal acontea, torna-se necessrio reformular

    esse enunciado: O Antnio sabe muito bem que o Joo no vai estar de

    acordo com ele. As situaes de ambiguidade referencial so frequentes

    nos textos dos alunos. Ex.: O Pedro e o meu irmo banhavam-se num rio. Um homem estava tambm a banhar-se. Como ele sabia nadar, ensinou-o. Neste enunciado, mesmo sem haver uma ruptura na

    continuidade sequencial, existem disfunes que introdu-zem zonas de incerteza no texto:

    ele sabia nadar(quem?), ele ensinou-o (quem?; a quem?) b)-Expresses Definidas: tal como as pronominaliza-

    es, as expresses definidas permitem relembrar nomi-nalmente ou virtualmente um elemento de uma frase numa outra frase ou at numa outra sequncia textual.

    Ex.: O meu tio tem dois gatos. Todos os dias caminha-mos no jardim. Os gatos vo sempre conosco.

    Os alunos parecem dominar bem esta regra. No entanto,

    os problemas aparecem quando o nome que se repete imediatamente vizinho daquele que o precede.

    Ex.: A Margarida comprou um vestido. O vestido colo-rido e muito elegante.

    Neste caso, o problema resolve-se com a aplicao de

    deticos contextuais. Ex.: A Margarida comprou um vestido. Ele colorido e

    muito elegante. Pode tambm resolver-se a situao virtualmente utili-

    zando a elipse. Ex.: A Margarida comprou um vestido. colorido e muito

    elegante. Ou ainda: A Margarida comprou um vestido que colorido e muito

    elegante. c)-Substituies Lexicais: o uso de expresses definidas

    e de deticos contextuais muitas vezes acompanhado de substituies lexicais. Este processo evita as repeties de lexemas, permitindo uma retoma do elemento lingustico.

    Ex.: Deu-se um crime, em Lisboa, ontem noite: estran-gularam uma senhora. Este assassinato odioso.

    Tambm neste caso, surgem algumas regras que se

    torna necessrio respeitar. Por exemplo, o termo mais gen-rico no pode preceder o seu representante mais especfico.

    Ex.: O piloto alemo venceu ontem o grande prmio da Alemanha. Schumacher festejou euforicamente junto da sua equipa.

    Se se inverterem os substantivos, a relao entre os e-

    lementos lingusticos torna-se mais clara, favorecendo a coerncia textual. Assim, Schumacher, como termo mais especfico, deveria preceder o piloto alemo.

    No entanto, a substituio de um lexema acompanhado

    por um determinante, pode no ser suficiente para estabe-lecer uma coerncia restrita. Atentemos no seguinte exem-plo:

    Picasso morreu h alguns anos. O autor da "Sagrao da Primavera" doou toda a sua coleo particular ao Museu de Barcelona.

    A presena do determinante definido no suficiente

    para considerar que Picasso e o autor da referida pea sejam a mesma pessoa, uma vez que sabemos que no foi Picasso mas Stravinski que comps a referida pea.

    Neste caso, mais do que o conhecimento normativo te-

    rico, ou lexico-enciclopdico, so importantes o conheci-mento e as convices dos participantes no ato de comuni-cao, sendo assim impossvel traar uma fronteira entre a semntica e a pragmtica.

    H tambm que ter em conta que a substituio lexical se pode efetuar por

    - Sinonmia-seleo de expresses lingusticas que tenham a maior parte dos traos semnticos idnti-ca: A criana caiu. O mido nunca mais aprende a cair!

    - Antonmia-seleo de expresses lingusticas que tenham a maior parte dos traos semnticos oposta: Disseste a verdade? Isso cheira-me a mentira!

    - Hiperonmia-a primeira expresso mantm com a

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    Lngua Portuguesa 7

    segunda uma relao classe-elemento: Gosto imen-so de marisco. Ento lagosta, adoro!

    - Hiponmia- a primeira expresso mantm com a se-gunda uma relao elemento-classe: O gato arra-nhou-te? O que esperavas de um felino?

    d)-Retomas de Inferncias: neste caso, a relao feita

    com base em contedos semnticos no manifestados, ao contrrio do que se passava com os processos de recorrn-cia anteriormente tratados.

    Vejamos: P - A Maria comeu a bolacha? R1 - No, ela deixou-a cair no cho. R2 - No, ela comeu um morango. R3 - No, ela despenteou-se. As sequncias P+R1 e P+R2 parecem, desde logo, mais

    coerentes do que a sequncia P+R3. No entanto, todas as sequncias so asseguradas pela

    repetio do pronome na 3 pessoa. Podemos afirmar, neste caso, que a repetio do pro-

    nome no suficiente para garantir coerncia a uma se-quncia textual.

    Assim, a diferena de avaliao que fazemos ao analisar

    as vrias hipteses de respostas que vimos anteriormente sustenta-se no fato de R1 e R2 retomarem inferncias pre-sentes em P:

    - aconteceu alguma coisa bolacha da Maria, - a Maria comeu qualquer coisa. J R3 no retoma nenhuma inferncia potencialmente

    deduzvel de P. Conclui-se, ento, que a retoma de inferncias ou de

    pressuposies garante uma fortificao da coerncia tex-tual.

    Quando analisamos certos exerccios de prolongamento

    de texto (continuar a estruturao de um texto a partir de um incio dado) os alunos so levados a veicular certas infor-maes pressupostas pelos professores.

    Por exemplo, quando se apresenta um incio de um tex-

    to do tipo: Trs crianas passeiam num bosque. Elas brin-cam aos detetives. Que vo eles fazer?

    A interrogao final permite-nos pressupor que as crian-

    as vo realmente fazer qualquer coisa. Um aluno que ignore isso e que narre que os pssaros

    cantavam enquanto as folhas eram levadas pelo vento, ser punido por ter apresentado uma narrao incoerente, tendo em conta a questo apresentada.

    No entanto, um professor ter que ter em conta que es-

    sas inferncias ou essas pressuposies se relacionam mais com o conhecimento do mundo do que com os ele-mentos lingusticos propriamente ditos.

    Assim, as dificuldades que os alunos apresentam neste

    tipo de exerccios, esto muitas vezes relacionadas com um conhecimento de um mundo ao qual eles no tiveram aces-so. Por exemplo, ser difcil a um aluno recriar o quotidiano de um multimilionrio,senhor de um grande imprio industri-al, que vive numa luxuosa vila.

    2.Princpio da Progresso: para que um texto seja coe-

    rente, torna-se necessrio que o seu desenvolvimento se faa acompanhar de uma informao semntica constante-mente renovada.

    Este segundo princpio completa o primeiro, uma vez

    que estipula que um texto, para ser coerente, no se deve contentar com uma repetio constante da prpria matria.

    Alguns textos dos alunos contrariam esta regra. Por e-

    xemplo: O ferreiro estava vestido com umas calas pretas, um chapu claro e uma vestimenta preta. Tinha ao p de si uma bigorna e batia com fora na bigorna. Todos os gestos que fazia consistiam em bater com o martelo na bigorna. A bigorna onde batia com o martelo era achatada em cima e pontiaguda em baixo e batia com o martelo na bigorna.

    Se tivermos em conta apenas o princpio da recorrncia,

    este texto no ser incoerente, ser at coerente demais. No entanto, segundo o princpio da progresso, a produ-

    o de um texto coerente pressupe que se realize um equilbrio cuidado entre continuidade temtica e progresso semntica.

    Torna-se assim necessrio dominar, simultaneamente,

    estes dois princpios (recorrncia e progresso) uma vez que a abordagem da informao no se pode processar de qualquer maneira.

    Assim, um texto ser coerente se a ordem linear das se-

    quncias acompanhar a ordenao temporal dos fatos des-critos.

    Ex.: Cheguei, vi e venci.(e no Vi, venci e cheguei). O texto ser coerente desde que reconheamos, na or-

    denao das suas sequncias, uma ordenao de causa-consequncia entre os estados de coisas descritos.

    Ex.: Houve seca porque no choveu. (e no Houve seca porque choveu).

    Teremos ainda que ter em conta que a ordem de per-

    cepo dos estados de coisas descritos pode condicionar a ordem linear das sequncias textuais.

    Ex.: A praa era enorme. No meio, havia uma coluna; volta, rvores e canteiros com flores.

    Neste caso, notamos que a percepo se dirige do geral

    para o particular. 3.Princpio da No- Contradio: para que um texto seja

    coerente, torna-se necessrio que o seu desenvolvimento no introduza nenhum elemento semntico que contradiga um contedo apresentado ou pressuposto por uma ocorrn-cia anterior ou dedutvel por inferncia.

    Ou seja, este princpio estipula simplesmente que i-

    nadmissvel que uma mesma proposio seja conjuntamen-te verdadeira e no verdadeira.

    Vamos, seguidamente, preocupar-nos, sobretudo, com o

    caso das contradies inferenciais e pressuposicionais6. Existe contradio inferencial quando a partir de uma

    proposio podemos deduzir uma outra que contradiz um contedo semntico apresentado ou dedutvel.

    Ex.: A minha tia viva. O seu marido coleciona relgios de bolso.

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    Lngua Portuguesa 8

    As inferncias que autorizam viva no s no so re-

    tomadas na segunda frase, como so perfeitamente contra-ditas por essa mesma frase.

    O efeito da incoerncia resulta de incompatibilidades

    semnticas profundas s quais temos de acrescentar algu-mas consideraes temporais, uma vez que, como se pode ver, basta remeter o verbo colecionar para o pretrito para suprimir as contradies.

    As contradies pressuposicionais so em tudo compa-

    rveis s inferenciais, com a exceo de que no caso das pressuposicionais um contedo pressuposto que se en-contra contradito.

    Ex.: O Jlio ignora que a sua mulher o engana. A sua esposa -lhe perfeitamente fiel.

    Na segunda frase, afirma-se a inegvel fidelidade da

    mulher de Jlio, enquanto a primeira pressupe o inverso. frequente, nestes casos, que o emissor recupere a

    contradio presente com a ajuda de conectores do tipo mas, entretanto, contudo, no entanto, todavia, que assina-lam que o emissor se apercebe dessa contradio, assume-a, anula-a e toma partido dela.

    Ex.: O Joo detesta viajar. No entanto, est entusiasma-do com a partida para Itlia, uma vez que sempre sonhou visitar Florena.

    4.Princpio da Relao: para que um texto seja coerente,

    torna-se necessrio que denote, no seu mundo de represen-tao, fatos que se apresentem diretamente relacionados.

    Ou seja, este princpio enuncia que para uma sequncia

    ser admitida como coerente7, ter de apresentar aes, estados ou eventos que sejam congruentes com o tipo de mundo representado nesse texto.

    Assim, se tivermos em conta as trs frases seguintes 1 - A Silvia foi estudar. 2 - A Silvia vai fazer um exame. 3 - O circuito de Adelaide agradou aos pilotos de Frmu-

    la 1. A sequncia formada por 1+2 surge-nos, desde logo,

    como sendo mais congruente do que as sequncias 1+3 ou 2+3.

    Nos discursos naturais, as relaes de relevncia factual

    so, na maior parte dos casos, manifestadas por conectores que as explicitam semanticamente.

    Ex.: A Silvia foi estudar porque vai fazer um exame. Ou tambm: A Silvia vai fazer um exame portanto foi estudar.

    A impossibilidade de ligar duas frases por meio de co-

    nectores constitui um bom teste para descobrir uma incon-gruncia.

    Ex.: A Silvia foi estudar logo o circuito de Adelaide agra-dou aos pilotos de Frmula 1.

    O conhecimento destes princpios de coerncia, por par-

    te dos professores, permite uma nova apreciao dos textos produzidos pelos alunos, garantindo uma melhor correo dos seus trabalhos, evitando encontrar incoerncias em textos perfeitamente coerentes, bem como permite a dina-mizao de estratgias de correo.

    Teremos que ter em conta que para um leitor que nada

    saiba de centrais termo-nucleares nada lhe parecer mais incoerente do que um tratado tcnico sobre centrais termo-nucleares.

    No entanto, os leitores quase nunca consideram os tex-

    tos incoerentes. Pelo contrrio, os receptores do ao emis-sor o crdito da coerncia, admitindo que o emissor ter razes para apresentar os textos daquela maneira.

    Assim, o leitor vai esforar-se na procura de um fio con-

    dutor de pensamento que conduza a uma estrutura coeren-te.

    Tudo isto para dizer que deve existir nos nossos siste-

    mas de pensamento e de linguagem uma espcie de princ-pio de coerncia verbal (comparvel com o princpio de cooperao de Grice)8 estipulando que, seja qual for o discurso, ele deve apresentar forosamente uma coerncia prpria, uma vez que concebido por um esprito que no incoerente por si mesmo.

    justamente tendo isto em conta que devemos ler, ava-

    liar e corrigir os textos dos nossos alunos. Anotaes: 1- M. H. Mira Mateus, Gramtica da Lngua Portugue-

    sa, Ed. Caminho, 19923, p.134; 2- M. H. Mira Mateus, op. cit., pp.134-148; 3- "Mta-regles de cohrence", segundo Charolles, In-

    troduction aux problmes de la cohrence des tex-tes, in Langue Franaise, 1978;

    4- "Mta-regle de rptition", segundo Charolles (op. cit.);

    5- "Les dficitivisations et les rfrentiations dictiques contextuelles", segundo Charolles (op. cit.);

    6- Charolles aponta igualmente as contradies enun-ciativas. No entanto, vamos debruar-nos apenas sobre as contradies inferenciais e pressuposicio-nais, uma vez que foi sobre este tipo de contradies que efetuamos exerccios em situao de prtica pe-daggica.

    7- Charolles refere inclusivamente a existncia de uma "relation de congruence" entre o que enunciado na sequncia textual e o mundo a que essa sequncia faz referncia;

    8- Para um esclarecimento sobre este princpio, ver O. Ducrot, Dire et ne pas dire, Paris, Herman, 1972 e tambm D. Gordon e G. Lakoff, Postulates de con-servation, Langages n 30, Paris, Didier-Larousse, 1973.

    COERNCIA E COESO

    1. Coerncia: Produzimos textos porque pretendemos informar, diver-

    tir, explicar, convencer, discordar, ordenar, ou seja, o texto uma unidade de significado produzida sempre com uma determinada inteno. Assim como a frase no uma sim-ples sucesso de palavras, o texto tambm no uma sim-ples sucesso de frases, mas um todo organizado capaz de estabelecer contato com nossos interlocutores, influindo sobre eles. Quando isso ocorre, temos um texto em que h coerncia.

    A coerncia resultante da no-contradio entre os di-

    versos segmentos textuais que devem estar encadeados logicamente. Cada segmento textual pressuposto do seg-mento seguinte, que por sua vez ser pressuposto para o que lhe estender, formando assim uma cadeia em que todos

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    Lngua Portuguesa 9

    eles estejam concatenados harmonicamente. Quando h quebra nessa concatenao, ou quando um segmento atual est em contradio com um anterior, perde-se a coerncia textual.

    A coerncia tambm resultante da adequao do que

    se diz ao contexto extraverbal, ou seja, quilo o que o texto faz referncia, que precisa ser conhecido pelo receptor.

    Ao ler uma frase como "No vero passado, quando esti-

    vemos na capital do Cear Fortaleza, no pudemos aprovei-tar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar", perce-bemos que ela incoerente em decorrncia da incompatibi-lidade entre um conhecimento prvio que temos da realiza-da com o que se relata. Sabemos que, considerando uma realidade "normal", em Fortaleza no neva (ainda mais no vero!).

    Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantstica, o

    exemplo acima poderia fazer sentido, dando coerncia ao texto - nesse caso, o contexto seria a "anormalidade" e prevaleceria a coerncia interna da narrativa.

    No caso de apresentar uma inadequao entre o que in-

    forma e a realidade "normal" pr-conhecida, para guardar a coerncia o texto deve apresentar elementos lingusticos instruindo o receptor acerca dessa anormalidade.

    Uma afirmao como "Foi um verdadeiro milagre! O

    menino caiu do dcimo andar e no sofreu nenhum arra-nho." coerente, na medida que a frase inicial ("Foi um verdadeiro milagre") instrui o leitor para a anormalidade do fato narrado.

    2. Coeso: A redao deve primar, como se sabe, pela clareza, ob-

    jetividade, coerncia e coeso. E a coeso, como o prprio nome diz (coeso significa ligado), a propriedade que os elementos textuais tm de estar interligados. De um fazer referncia ao outro. Do sentido de um depender da relao com o outro. Preste ateno a este texto, observando como as palavras se comunicam, como dependem uma das ou-tras.

    So Paulo: Oito pessoas morrem em queda de avio

    Das Agncias Cinco passageiros de uma mesma famlia, de Maring,

    dois tripulantes e uma mulher que viu o avio cair morreram Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma

    mesma famlia e dois tripulantes, alm de uma mulher que teve ataque cardaco) na queda de um avio (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da cidade de Maring (PR). O avio (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro sobrados da Rua Andaquara, no bairro de Jardim Marajoa-ra, Zona Sul de So Paulo, por volta das 21h40 de sbado. O impacto (2) ainda atingiu mais trs residncias.

    Estavam no avio (1) o empresrio Silvio Name Jnior

    (4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito de Maring nas ltimas eleies (leia reportagem nesta pgina); o piloto (1) Jos Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antnio da Silva Jnior, de 38; o sogro de Name Jnior (4), Mrcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Mrcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), Joo Izidoro de Andrade (7), de 53 anos.

    Izidoro Andrade (7) conhecido na regio (8) como um dos maiores compradores de cabeas de gado do Sul (8) do pas. Mrcio Ribeiro (5) era um dos scios do Frigorfico Navira, empresa proprietria do bimotor (1). Isidoro Andra-de (7) havia alugado o avio (1) Rockwell Aero Commander 691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a So Paulo assistir ao velrio do filho (7) Srgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um assalto e ser baleado na noite de sexta-feira.

    O avio (1) deixou Maring s 7 horas de sbado e pou-

    sou no aeroporto de Congonhas s 8h27. Na volta, o bimo-tor (1) decolou para Maring s 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do nmero 375 da Rua Andaquara, uma es-pcie de vila fechada, prxima avenida Nossa Senhora do Sabar, uma das avenidas mais movimentadas da Zona Sul de So Paulo. Ainda no se conhece as causas do acidente (2). O avio (1) no tinha caixa preta e a torre de controle tambm no tem informaes. O laudo tcnico demora no mnimo 60 dias para ser concludo.

    Segundo testemunhas, o bimotor (1) j estava em cha-

    mas antes de cair em cima de quatro casas (9). Trs pesso-as (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avio (1) ficaram feridas. Elas (10) no sofreram ferimentos graves. (10) Apenas escoriaes e queimaduras. Eldia Fiorezzi, de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no Pronto Socorro de Santa Ceclia.

    Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avi-

    o envolvido no acidente. Ele foi retomado nove vezes du-rante o texto. Isso necessrio clareza e compreenso do texto. A memria do leitor deve ser reavivada a cada instante. Se, por exemplo, o avio fosse citado uma vez no primeiro pargrafo e fosse retomado somente uma vez, no ltimo, talvez a clareza da matria fosse comprometida.

    E como retomar os elementos do texto? Podemos enu-

    merar alguns mecanismos: a) REPETIO: o elemento (1) foi repetido diversas

    vezes durante o texto. Pode perceber que a palavra avio foi bastante usada, principalmente por ele ter sido o veculo envolvido no acidente, que a notcia propriamente dita. A repetio um dos principais elementos de coeso do texto jornalstico fatual, que, por sua natureza, deve dispensar a releitura por par-te do receptor (o leitor, no caso). A repetio pode ser considerada a mais explcita ferramenta de coe-so. Na dissertao cobrada pelos vestibulares, ob-viamente deve ser usada com parcimnia, uma vez que um nmero elevado de repeties pode levar o leitor exausto.

    b) REPETIO PARCIAL: na retomada de nomes de

    pessoas, a repetio parcial o mais comum meca-nismo coesivo do texto jornalstico. Costuma-se, uma vez citado o nome completo de um entrevistado - ou da vtima de um acidente, como se observa com o elemento (7), na ltima linha do segundo pargrafo e na primeira linha do terceiro -, repetir somente o(s) seu(s) sobrenome(s). Quando os nomes em questo so de celebridades (polticos, artistas, escritores, etc.), de praxe, durante o texto, utilizar a nominali-zao por meio da qual so conhecidas pelo pblico. Exemplos: Nedson (para o prefeito de Londrina, Nedson Micheletti); Farage (para o candidato pre-feitura de Londrina em 2000 Farage Khouri); etc. Nomes femininos costumam ser retomados pelo pri-meiro nome, a no ser nos casos em que o sobre-nomes sejam, no contexto da matria, mais relevan-

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    Lngua Portuguesa 10

    tes e as identifiquem com mais propriedade. c) ELIPSE: a omisso de um termo que pode ser fa-

    cilmente deduzido pelo contexto da matria. Veja-se o seguinte exemplo: Estavam no avio (1) o empre-srio Silvio Name Jnior (4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito de Maring nas ltimas eleies; o piloto (1) Jos Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antnio da Silva Jnior, de 38. Perceba que no foi necessrio repetir-se a palavra avio logo aps as palavras piloto e co-piloto. Numa matria que trata de um acidente de avio, obvia-mente o piloto ser de avies; o leitor no poderia pensar que se tratasse de um piloto de automveis, por exemplo. No ltimo pargrafo ocorre outro e-xemplo de elipse: Trs pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avio (1) ficaram feridas. Elas (10) no sofreram ferimentos graves. (10) Ape-nas escoriaes e queimaduras. Note que o (10) em negrito, antes de Apenas, uma omisso de um e-lemento j citado: Trs pessoas. Na verdade, foi omi-tido, ainda, o verbo: (As trs pessoas sofreram) Ape-nas escoriaes e queimaduras.

    d) SUBSTITUIES: uma das mais ricas maneiras de

    se retomar um elemento j citado ou de se referir a outro que ainda vai ser mencionado a substituio, que o mecanismo pelo qual se usa uma palavra (ou grupo de palavras) no lugar de outra palavra (ou grupo de palavras). Confira os principais elementos de substituio:

    Pronomes: a funo gramatical do pronome jus-tamente substituir ou acompanhar um nome. Ele po-de, ainda, retomar toda uma frase ou toda a ideia contida em um pargrafo ou no texto todo. Na mat-ria-exemplo, so ntidos alguns casos de substituio pronominal: o sogro de Name Jnior (4), Mrcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Mrcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), Joo Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus retoma Name Jnior (os filhos de Name Jnior...); o prono-me pessoal ela, contrado com a preposio de na forma dela, retoma Gabriela Gimenes Ribeiro (e o marido de Gabriela...). No ltimo pargrafo, o pro-nome pessoal elas retoma as trs pessoas que esta-vam nas casas atingidas pelo avio: Elas (10) no sofreram ferimentos graves.

    Eptetos: so palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo que se referem a um elemento do texto, qualificam-no. Essa qualificao pode ser co-nhecida ou no pelo leitor. Caso no seja, deve ser introduzida de modo que fique fcil a sua relao com o elemento qualificado.

    Exemplos: a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando Henrique

    Cardoso. O presidente, que voltou h dois dias de Cuba, entregou-lhes um certificado... (o epteto pre-sidente retoma Fernando Henrique Cardoso; poder-se-ia usar, como exemplo, socilogo);

    b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempe-nho do Brasil. Para o ex-Ministro dos Esportes, a se-leo... (o epteto ex-Ministro dos Esportes retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-se-iam, por exemplo, usar as formas jogador do sculo, nmero um do mundo, etc.

    Sinnimos ou quase sinnimos: palavras com o

    mesmo sentido (ou muito parecido) dos elementos a serem retomados. Exemplo: O prdio foi demolido s 15h. Muitos curiosos se aglomeraram ao redor do e-

    difcio, para conferir o espetculo (edifcio retoma prdio. Ambos so sinnimos).

    Nomes deverbais: so derivados de verbos e reto-

    mam a ao expressa por eles. Servem, ainda, como um resumo dos argumentos j utilizados. Exemplos: Uma fila de centenas de veculos paralisou o trnsito da Avenida Higienpolis, como sinal de protesto con-tra o aumentos dos impostos. A paralisao foi a maneira encontrada... (paralisao, que deriva de paralisar, retoma a ao de centenas de veculos de paralisar o trnsito da Avenida Higienpolis). O im-pacto (2) ainda atingiu mais trs residncias (o nome impacto retoma e resume o acidente de avio notici-ado na matria-exemplo)

    Elementos classificadores e categorizadores: re-

    ferem-se a um elemento (palavra ou grupo de pala-vras) j mencionado ou no por meio de uma classe ou categoria a que esse elemento pertena: Uma fila de centenas de veculos paralisou o trnsito da Ave-nida Higienpolis. O protesto foi a maneira encontra-da... (protesto retoma toda a ideia anterior - da para-lisao -, categorizando-a como um protesto); Quatro ces foram encontrados ao lado do corpo. Ao se a-proximarem, os peritos enfrentaram a reao dos a-nimais (animais retoma ces, indicando uma das possveis classificaes que se podem atribuir a e-les).

    Advrbios: palavras que exprimem circunstncias,

    principalmente as de lugar: Em So Paulo, no hou-ve problemas. L, os operrios no aderiram... (o advrbio de lugar l retoma So Paulo). Exemplos de advrbios que comumente funcionam como ele-mentos referenciais, isto , como elementos que se referem a outros do texto: a, aqui, ali, onde, l, etc.

    Observao: mais frequente a referncia a elementos

    j citados no texto. Porm, muito comum a utilizao de palavras e expresses que se refiram a elementos que ainda sero utilizados. Exemplo: Izidoro Andrade (7) co-nhecido na regio (8) como um dos maiores compradores de cabeas de gado do Sul (8) do pas. Mrcio Ribeiro (5) era um dos scios do Frigorfico Navira, empresa propriet-ria do bimotor (1). A palavra regio serve como elemento classificador de Sul (A palavra Sul indica uma regio do pas), que s citada na linha seguinte.

    Conexo:

    Alm da constante referncia entre palavras do texto, observa-se na coeso a propriedade de unir termos e ora-es por meio de conectivos, que so representados, na Gramtica, por inmeras palavras e expresses. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpao do sentido do texto. Abaixo, uma lista dos principais elementos conectivos, agrupados pelo sentido. Baseamo-nos no autor Othon Moacyr Garcia (Comunicao em Prosa Moderna).

    Prioridade, relevncia: em primeiro lugar, antes de

    mais nada, antes de tudo, em princpio, primeiramen-te, acima de tudo, precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo, a priori (itlico), a poste-riori (itlico).

    Tempo (frequncia, durao, ordem, sucesso, an-terioridade, posterioridade): ento, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo aps, a princpio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, ante-riormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente agora atualmente, hoje, frequente-mente, constantemente s vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, no

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    Lngua Portuguesa 11

    raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse n-terim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quando, antes que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, ca-da vez que, apenas, j, mal, nem bem.

    Semelhana, comparao, conformidade: igual-mente, da mesma forma, assim tambm, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamen-te, por analogia, de maneira idntica, de conformida-de com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual, tanto quanto, como, assim como, como se, bem como.

    Condio, hiptese: se, caso, eventualmente.

    Adio, continuao: alm disso, demais, ademais, outrossim, ainda mais, ainda cima, por outro lado, tambm, e, nem, no s ... mas tambm, no s... como tambm, no apenas ... como tambm, no s ... bem como, com, ou (quando no for excludente).

    Dvida: talvez provavelmente, possivelmente, qui,

    quem sabe, provvel, no certo, se que.

    Certeza, nfase: decerto, por certo, certamente, in-dubitavelmente, inquestionavelmente, sem dvida, inegavelmente, com toda a certeza.

    Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopina-damente, de sbito, subitamente, de repente, impre-vistamente, surpreendentemente.

    Ilustrao, esclarecimento: por exemplo, s para

    ilustrar, s para exemplificar, isto , quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber, ou seja, alis.

    Propsito, inteno, finalidade: com o fim de, a fim

    de, com o propsito de, com a finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para.

    Lugar, proximidade, distncia: perto de, prximo a ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais adiante, aqui, alm, acol, l, ali, este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a.

    Resumo, recapitulao, concluso: em suma, em sntese, em concluso, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse modo, lo-go, pois (entre vrgulas), dessarte, destarte, assim sendo.

    Causa e consequncia. Explicao: por conse-

    quncia, por conseguinte, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com e-feito, to (tanto, tamanho) ... que, porque, porquanto, pois, j que, uma vez que, visto que, como (= por-que), portanto, logo, que (= porque), de tal sorte que, de tal forma que, haja vista.

    Contraste, oposio, restrio, ressalva: pelo con-trrio, em contraste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, posto, conquanto, se bem que, por mais que, por menos que, s que, ao passo que.

    Ideias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora.

    ORTOGRAFIA OFICIAL

    - Ortografia DLSON CATARINO especial para o Fovest Online

    A palavra Ortografia formada por "orto", elemento de

    origem grega, usado como prefixo, com o significado de direito, reto, exato e "grafia", elemento de composio

    de origem grega com o significado de ao de escrever; ortografia, ento, significa ao de escrever direito.

    fcil escrever direito? No!! , de fato, muito difcil co-nhecer todas as regras de ortografia a fim de escrever com o mnimo de erros ortogrficos. Hoje tentaremos facilitar um pouco mais essa matria. Abaixo seguem algumas frases com as respectivas regras sobre o uso de , s, ss, z, x... Vamos a elas: 01) Uma das intenes da casa de deteno levar o que cometeu graves infraes a alcanar a introspec-o, por intermdio da reeducao.

    a) Usa-se em palavras derivadas de vocbulos termi-nados em TO:

    intento = inteno canto = cano exceto = exceo junto = juno b) Usa-se em palavras terminadas em TENO refe-rentes a verbos derivados de TER:

    deter = deteno reter = reteno conter = conteno manter = manuteno c) Usa-se em palavras derivadas de vocbulos termi-nados em TOR:

    infrator = infrao trator = trao redator = redao setor = seo d) Usa-se em palavras derivadas de vocbulos termi-nados em TIVO:

    introspectivo = introspeco relativo = relao ativo = ao intuitivo intuio e) Usa-se em palavras derivadas de verbos dos quais se retira a desinncia R:

    reeducar = reeducao importar = importao repartir = repartio fundir = fundio f) Usa-se aps ditongo quando houver som de s: eleio traio 02) A pretensa diverso de Creusa, a poetisa vence-dora do concurso, implicou a sua expulso, porque ps uma frase horrorosa sobre a diretora Lusa.

    a) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em NDER ou NDIR:

    pretender = pretenso, pretensa, pretensioso defender = defesa, defensivo compreender = compreenso, compreensivo repreender = repreenso expandir = expanso fundir = fuso confundir = confuso b) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em ERTER ou ERTIR:

    inverter = inverso

  • TJ MG

    Lngua Portuguesa 12

    converter = converso perverter = perverso divertir = diverso c) Usa-se s aps ditongo quando houver som de z: Creusa coisa maisena d) Usa-se s em palavras terminadas em ISA, substanti-

    vos femininos: Lusa Helosa Poetisa Profetisa Obs: Juza escreve-se com z, por ser o feminino de juiz, que tambm se escreve com z. e) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em CORRER ou PELIR:

    concorrer = concurso discorrer = discurso expelir = expulso, expulso compelir = compulsrio f) Usa-se s na conjugao dos verbos PR, QUERER, USAR:

    ele ps ele quis ele usou g) Usa-se s em palavras terminadas em ASE, ESE, ISE, OSE:

    frase tese crise osmose

    Excees: deslize e gaze. h) Usa-se s em palavras terminadas em OSO, OSA:

    horrorosa gostoso

    Exceo: gozo 03) I -Teresinha, a esposa do campons ingls, avisou que cantaria de improviso.

    II -Aterrorizada pela embriaguez do marido, a mu-lherzinha no fez a limpeza.

    a) Usa-se o sufixo indicador de diminutivo INHO com s

    quando esta letra fizer parte do radical da palavra de origem; com z quando a palavra de origem no tiver o radical terminado em s: Teresa = Teresinha Casa = casinha Mulher = mulherzinha Po = pozinho b) Os verbos terminados em ISAR sero escritos com s

    quando esta letra fizer parte do radical da palavra de origem; os terminados em IZAR sero escritos com z

    quando a palavra de origem no tiver o radical terminado em s: improviso = improvisar anlise = analisar pesquisa = pesquisar terror = aterrorizar

    til = utilizar economia = economizar c) As palavras terminadas em S e ESA sero escritas com s quando indicarem nacionalidade, ttulos ou no-mes prprios; as terminadas em EZ e EZA sero escri-

    tas com z quando forem substantivos abstratos provin-dos de adjetivos, ou seja, quando indicarem qualidade: Teresa Campons Ingls Embriaguez Limpeza 04) O excesso de concesses dava a impresso de compromisso com o progresso.

    a) Os verbos terminados em CEDER tero palavras derivadas escritas com CESS:

    exceder = excesso, excessivo conceder = concesso proceder = processo b) Os verbos terminados em PRIMIRtero palavras deri-vadas escritas com PRESS:

    imprimir = impresso deprimir = depresso comprimir = compressa c) Os verbos terminados em GREDIRtero palavras derivadas escritas com GRESS:

    progredir = progresso agredir = agressor, agresso, agressivo transgredir = transgresso, transgressor d) Os verbos terminados em METERtero palavras deri-vadas escritas com MISSou MESS:

    comprometer = compromisso prometer = promessa intrometer = intromisso remeter = remessa 05) Para que os filhos se encorajem, o lojistacome jilcom canjica.

    a) Escreve-se com j a conjugao dos verbos terminados em JAR:

    Viajar = espero que eles viajem Encorajar = para que eles se encorajem Enferrujar = que no se enferrujem as portas b) Escrevem-se com j as palavras derivadas de vocbu-los terminados em JA:

    loja = lojista canja = canjica sarja = sarjeta gorja = gorjeta c) Escrevem com j as palavras de origem tupi-guarani. Jil Jibia Jirau 06) O relgioque ele trouxe da viagemao Mxicoem uma caixade madeira caiu na enxurrada.

    a) Escrevem-se com g as palavras terminadas em GIO, GIO, GIO, GIO, GIO:

    pedgio

  • TJ MG

    Lngua Portuguesa 13

    sacrilgio prestgio relgio refgio b) Escrevem-se com g os substantivos terminados em GEM:

    a viagem a coragem a ferrugem

    Excees: pajem, lambujem c) Palavras iniciadas por ME sero escritas com x:

    Mexerica Mxico Mexilho Mexer

    Exceo: mecha de cabelos d) As palavras iniciadas por EN sero escritas com x, a

    no ser que provenham de vocbulos iniciados por ch: Enxada Enxerto Enxurrada Encher provm de cheio Enchumaar provm de chumao e) Usa-s x aps ditongo: ameixa caixa peixe

    Excees: recauchutar, guache

    ACENTUAO GRFICA

    ORTOGRAFIA OFICIAL

    Por Paula Perin dos Santos O Novo Acordo Ortogrfico visa simplificar as regras

    ortogrficas da Lngua Portuguesa e aumentar o prestgio social da lngua no cenrio internacional. Sua implementa-o no Brasil segue os seguintes parmetros: 2009 vi-gncia ainda no obrigatria, 2010 a 2012 adaptao completa dos livros didticos s novas regras; e a partir de 2013 vigncia obrigatria em todo o territrio nacional. Cabe lembrar que esse Novo Acordo Ortogrfico j se encontrava assinado desde 1990 por oito pases que falam a lngua portuguesa, inclusive pelo Brasil, mas s agora que teve sua implementao.

    equvoco afirmar que este acordo visa uniformizar a lngua, j que uma lngua no existe apenas em funo de sua ortografia. Vale lembrar que a ortografia apenas um aspecto superficial da escrita da lngua, e que as diferen-as entre o Portugus falado nos diversos pases lusfo-nos subsistiro em questes referentes pronncia, voca-bulrio e gramtica. Uma lngua muda em funo de seus falantes e do tempo, no por meio de Leis ou Acordos.

    A queixa de muitos estudantes e usurios da lngua escrita que, depois de internalizada uma regra, difcil desaprend-la. Ento, cabe aqui uma dica: quando se tiver uma dvida sobre a escrita de alguma palavra, o ideal consultar o Novo Acordo (tenha um sempre em fcil acesso) ou, na melhor das hipteses, use um sinnimo para referir-se a tal palavra.

    Mostraremos nessa srie de artigos o Novo Acordo de uma maneira descomplicada, apontando como que fica estabelecido de hoje em diante a Ortografia Oficial do Portugus falado no Brasil.

    Alfabeto

    A influncia do ingls no nosso idioma agora oficial. H muito tempo as letras k, w e y faziam parte do nosso idioma, isto no nenhuma novidade. Elas j apa-reciam em unidades de medidas, nomes prprios e pala-vras importadas do idioma ingls, como:

    km quilmetro, kg quilograma Show, Shakespeare, Byron, Newton, dentre outros. Trema

    No se usa mais o trema em palavras do portugus. Quem digita muito textos cientficos no computador sabe o quanto dava trabalho escrever lingustica, frequncia. Ele s vai permanecer em nomes prprios e seus derivados, de origem estrangeira. Por exemplo, Gisele Bndchen no vai deixar de usar o trema em seu nome, pois de origem alem. (neste caso, o l-se i)

    QUANTO POSIO DA SLABA TNICA

    1. Acentuam-se as oxtonas terminadas em A, E, O, seguidas ou no de S, inclusive as formas verbais quando seguidas de LO(s) ou LA(s). Tambm rece-bem acento as oxtonas terminadas em ditongos abertos, como I, U, I, seguidos ou no de S

    Ex.

    Ch Ms ns

    Gs Sap cip

    Dar Caf avs

    Par Vocs comps

    vatap pontaps s

    Alis portugus rob

    d-lo v-lo av

    recuper-los Conhec-los p-los

    guard-la F comp-los

    ris (moeda) Vu di

    mis cu mi

    pastis Chapus anzis

    ningum parabns Jerusalm

    Resumindo:

    S no acentuamos oxtonas terminadas em I ou U, a no ser que seja um caso de hiato. Por exemplo: as palavras ba, a, Esa e atra-lo so acentuadas porque as semivogais i e u esto tnicas nestas pala-vras.

    2. Acentuamos as palavras paroxtonas quando termi-nadas em:

    L afvel, fcil, cnsul, desejvel, gil, incrvel.

    N plen, abdmen, smen, abdmen.

  • TJ MG

    Lngua Portuguesa 14

    R cncer, carter, nctar, reprter.

    X trax, ltex, nix, fnix.

    PS frceps, Quops, bceps.

    (S) m, rfs, ms, Blcs.

    O(S) rgo, bno, sto, rfo.

    I(S) jri, txi, lpis, grtis, osis, miostis.

    ON(S) nilon, prton, eltrons, cnon.

    UM(S) lbum, frum, mdium, lbuns.

    US nus, bnus, vrus, Vnus.

    Tambm acentuamos as paroxtonas terminadas em ditongos crescentes (semivogal+vogal):

    Nvoa, infncia, tnue, calvcie, srie, polcia, residn-cia, frias, lrio.

    3. Todas as proparoxtonas so acentuadas. Ex. Mxico, msica, mgico, lmpada, plido, plido,

    sndalo, crisntemo, pblico, proco, proparoxtona. QUANTO CLASSIFICAO DOS ENCONTROS

    VOCLICOS

    4. Acentuamos as vogais I e U dos hiatos, quando:

    Formarem slabas sozinhos ou com S

    Ex. Ju--zo, Lu-s, ca-fe--na, ra--zes, sa--da, e-go-s-

    ta. IMPORTANTE

    Por que no acentuamos ba-i-nha, fei-u-ra, ru-im, ca-ir, Ra-ul, se todos so i e u tnicas, portanto hia-tos?

    Porque o i tnico de bainha vem seguido de NH. O

    u e o i tnicos de ruim, cair e Raul formam slabas com m, r e l respectivamente. Essas consoantes j soam forte por natureza, tornando naturalmente a slaba tnica, sem precisar de acento que reforce isso.

    5. Trema

    No se usa mais o trema em palavras da lngua portu-guesa. Ele s vai permanecer em nomes prprios e seus derivados, de origem estrangeira, como Bndchen, Mller, mlleriano (neste caso, o l-se i)

    6. Acento Diferencial

    O acento diferencial permanece nas palavras: pde (passado), pode (presente) pr (verbo), por (preposio)

    Nas formas verbais, cuja finalidade determinar se a 3 pessoa do verbo est no singular ou plural:

    SIN-GULAR

    PLURAL

    Ele tem Eles tm

    Ele vem Eles vm

    Essa regra se aplica a todos os verbos derivados de

    ter e vir, como: conter, manter, intervir, deter, sobrevir, reter, etc.

    DIVISO SILBICA

    No se separam as letras que formam os dgrafos CH,

    NH, LH, QU, GU. 1- chave: cha-ve

    aquele: a-que-le palha: pa-lha manh: ma-nh guizo: gui-zo

    No se separam as letras dos encontros consonantais

    que apresentam a seguinte formao: consoante + L ou consoante + R

    2- emblema: reclamar: flagelo: globo: implicar: atleta: prato:

    em-ble-ma re-cla-mar fla-ge-lo glo-bo im-pli-car a-tle-ta pra-to

    abrao: recrutar: drama: fraco: agrado: atraso:

    a-bra-o re-cru-tar dra-ma fra-co a-gra-do a-tra-so

    Separam-se as letras dos dgrafos RR, SS, SC, S,

    XC. 3- correr: passar: fascinar:

    cor-rer pas-sar fas-ci-nar

    desam: exceto:

    des-am ex-ce-to

    No se separam as letras que representam um diton-

    go. 4- mistrio:

    crie: mis-t-rio c-rie

    herdeiro:

    her-dei-ro

    Separam-se as letras que representam um hiato.

    5- sade: rainha:

    sa--de ra-i-nha

    cruel: enjoo:

    cru-el en-jo-o

    No se separam as letras que representam um triton-

    go. 6- Paraguai: saguo:

    Pa-ra-guai sa-guo

    Consoante no seguida de vogal, no interior da pala-

    vra, fica na slaba que a antecede. 7- torna: tcnica: absoluto:

    tor-na npcias: np-cias tc-ni-ca submeter: sub-me-ter ab-so-lu-to perspicaz: pers-pi-caz

    Consoante no seguida de vogal, no incio da palavra,

    junta-se slaba que a segue 8- pneumtico: pneu-m-ti-co

    gnomo: gno-mo psicologia: psi-co-lo-gia

    No grupo BL, s vezes cada consoante pronunciada

    separadamente, mantendo sua autonomia fontica. Nesse caso, tais consoantes ficam em slabas separadas. 9- sublingual: sublinhar: sublocar:

    sub-lin-gual sub-li-nhar sub-lo-car

    Preste ateno nas seguintes palavras:

    trei-no so-cie-da-de gai-o-la ba-lei-a des-mai-a-do im-bui-a ra-diou-vin-te ca-o-lho te-a-tro co-e-lho du-e-lo v-a-mos a-mn-sia gno-mo

  • TJ MG

    Lngua Portuguesa 15

    co-lhei-ta quei-jo pneu-mo-ni-a fe--ri-co dig-no e-nig-ma e-clip-se Is-ra-el mag-n-lia

    SINAIS DE PONTUAO

    Os sinais de pontuao so sinais grficos emprega-dos na lngua escrita para tentar recuperar recursos espe-cficos da lngua falada, tais como: entonao, jogo de silncio, pausas, etc...

    Diviso e emprego dos sinais de pontuao:

    PONTO ( . )

    a) indicar o final de uma frase declarativa.

    Ex.: Lembro-me muito bem dele.

    b) separar perodos entre si.

    Ex.: Fica comigo. No v embora.

    c) nas abreviaturas.

    Ex.: Av.; V. Ex.

    DOIS-PONTOS ( : )

    a) iniciar a fala dos personagens:

    Ex.: Ento o padre respondeu:

    - Parta agora.

    b) antes de apostos ou oraes apositivas, enumera-es ou seqncia de palavras que explicam, resumem idias anteriores.

    Ex.: Meus amigos so poucos: Ftima, Rodrigo e Gil-berto.

    c) antes de citao.

    Ex.: Como j dizia Vincius de Morais: Que o amor no seja eterno posto que chama, mas que seja infinito en-quanto dure.

    RETICNCIAS ( ... )

    a) indicar dvidas ou hesitao do falante.

    Ex.: Sabe...eu queria te dizer que...esquece.

    b) interrupo de uma frase deixada gramaticalmente incompleta.

    Ex.: - Al! Joo est?

    - Agora no se encontra. Quem sabe se ligar mais tar-de...

    c) ao fim de uma frase gramaticalmente completa com a inteno de sugerir prolongamento de idia.

    Ex.: Sua tez, alva e pura como um foco de algodo, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa... (Ceclia- Jos de Alencar)

    d) indicar supresso de palavra (s) numa frase transcri-ta.

    Ex.: Quando penso em voc (...) menos a felicidade. (Canteiros - Raimundo Fagner)

    PARNTESES ( () )

    a) isolar palavras, frases intercaladas de carter expli-cativo e datas.

    Ex.: Na 2 Guerra Mundial (1939-1945), ocorreu inme-ras perdas humanas.

    "Uma manh l no Cajapi ( Joca lembrava-se como se fora na vspera), acordara depois duma grande tormen-ta no fim do vero. (O milagre das chuvas no nordeste- Graa Aranha)

    Os parnteses tambm podem substituir a vrgula ou o travesso.

    PONTO DE EXCLAMAO ( ! )

    a) Aps vocativo.

    Ex.: Parte, Heliel! ( As violetas de Nossa Sra.- Hum-berto de Campos).

    b) Aps imperativo.

    Ex.: Cale-se!

    c) Aps interjeio.

    Ex.: Ufa! Ai!

    d) Aps palavras ou frases que denotem carter emo-cional.

    Ex.: Que pena!

    PONTO DE INTERROGAO ( ? )

    a) Em perguntas diretas.

    Ex.: Como voc se chama?

    b) s vezes, juntamente com o ponto de exclamao.

    Ex.: - Quem ganhou na loteria?

    - Voc.

    - Eu?!

    VRGULA ( , )

    usada para marcar uma pausa do enunciado com a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou orao, no formam uma unidade sinttica.

    Ex.: Lcia, esposa de Joo, foi a ganhadora nica da Sena.

    Podemos concluir que, quando h uma relao sintti-ca entre termos da orao, no se pode separ-los por meio de vrgula.

    No se separam por vrgula:

    predicado de sujeito;

    objeto de verbo;

    adjunto adnominal de nome;

    complemento nominal de nome;

    predicativo do objeto do objeto;

    orao principal da subordinada substantiva (desde que esta no seja apositiva nem aparea na ordem inver-sa).

    A vrgula no interior da orao

    utilizada nas seguintes situaes:

  • TJ MG

    Lngua Portuguesa 16

    a) separar o vocativo. Ex.: Maria, traga-me uma xcara de caf.

    A educao, meus amigos, fundamental para o pro-gresso do pas.

    b) separar alguns apostos. Ex.: Valdete, minha antiga empregada, esteve aqui ontem.

    c) separar o adjunto adverbial antecipado ou intercala-do.

    Ex.: Chegando de viagem, procurarei por voc.

    As pessoas, muitas vezes, so falsas.

    d) separar elementos de uma enumerao.

    Ex.: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestre-de-obras.

    e) isolar expresses de carter explicativo ou corretivo.

    Ex.: Amanh, ou melhor, depois de amanh podemos nos encontrar para acertar a viagem.

    f) separar conjunes intercaladas.

    Ex.: No havia, porm, motivo para tanta raiva.

    g) separar o complemento pleonstico antecipado. Ex.: A mim, nada me importa.

    h) isolar o nome de lugar na indicao de datas.

    Ex.: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001.

    i) separar termos coordenados assindticos.

    Ex.: "Lua, lua, lua, lua, por um momento meu canto contigo compactua..." (Caetano Veloso)

    j) marcar a omisso de um termo (normalmente o ver-bo).

    Ex.: Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omisso do verbo preferir)

    Termos coordenados ligados pelas conjunes e, ou, nem dispensam o uso da vrgula. Ex.: Conversaram sobre futebol, religio e poltica.

    No se falavam nem se olhavam./ Ainda no me decidi se viajarei para Bahia ou Cear.

    Entretanto, se essas conjunes aparecerem repeti-das, com a finalidade de dar nfase, o uso da vrgula pas-sa a ser obrigatrio.

    Ex.: No fui nem ao velrio, nem ao enterro, nem missa de stimo dia.

    A vrgula entre oraes

    utilizada nas seguintes situaes:

    a) separar as oraes subordinadas adjetivas explicati-vas.

    Ex.: Meu pai, de quem guardo amargas lembranas, mora no Rio de Janeiro.

    b) separar as oraes coordenadas sindticas e assin-dticas (exceto as iniciadas pela conjuno e ). Ex.: Acor-dei, tomei meu banho, comi algo e sa para o trabalho. Estudou muito, mas no foi aprovado no exame.

    H trs casos em que se usa a vrgula antes da con-juno:

    1) quando as oraes coordenadas tiverem sujeitos di-ferentes. Ex.: Os ricos esto cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.

    2) quando a conjuno e vier repetida com a finalidade de dar nfase (polissndeto). Ex.: E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.

    3) quando a conjuno e assumir valores distintos que no seja da adio (adversidade, conseqncia, por e-xemplo) Ex.: Coitada! Estudou muito, e ainda assim no foi aprovada.

    c) separar oraes subordinadas adverbiais (desenvol-vidas ou reduzidas), principalmente se estiverem antepos-tas orao principal.

    Ex.: "No momento em que o tigre se lanava, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o gan-cho."( O selvagem - Jos de Alencar)

    d) separar as oraes intercaladas. Ex.: "- Senhor, dis-se o velho, tenho grandes contentamentos em a estar plantando..."

    Essas oraes podero ter suas vrgulas substitudas por duplo travesso. Ex.: "Senhor - disse o velho - tenho grandes contentamentos em a estar plantando..."

    e) separar as oraes substantivas antepostas prin-cipal.

    Ex.: Quanto custa viver, realmente no sei.

    PONTO-E-VRGULA ( ; )

    a) separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petio, de uma seqncia, etc.

    Ex.: Art. 127 So penalidades disciplinares:

    I- advertncia; II- suspenso; III- demisso; IV- cassao de aposentadoria ou disponibilidade; V- destituio de cargo em comisso; VI- destituio de funo comissionada. ( cap. V das pe-nalidades Direito Administrativo)

    b) separar oraes coordenadas muito extensas ou o-raes coordenadas nas quais j tenham tido utilizado a vrgula.

    Ex.: O rosto de tez amarelenta e feies inexpressi-vas, numa quietude aptica, era pronunciadamente vultuo-so, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite crnica de que sofria desde moo se foi trans-formando em opressora asma cardaca; os lbios grossos, o inferior um tanto tenso (...) " (O visconde de Inhomerim - Visconde de Taunay)

    TRAVESSO ( - )

    a) dar incio fala de um personagem.

    Ex.: O filho perguntou:

    - Pai, quando comearo as aulas?

    b) indicar mudana do interlocutor nos dilogos.

    - Doutor, o que tenho grave?

    - No se preocupe, uma simples infeco. s tomar um antibitico e estar bom.

    c) unir grupos de palavras que indicam itinerrio.

  • TJ MG

    Lngua Portuguesa 17

    Ex.: A rodovia Belm-Braslia est em pssimo estado.

    Tambm pode ser usado em substituio virgula em expresses ou frases explicativas.

    Ex.: Xuxa a rainha dos baixinhos ser me.

    ASPAS ( )

    a) isolar palavras ou expresses que fogem norma culta, como grias, estrangeirismos, palavres, neologis-mos, arcasmos e expresses populares.

    Ex.: Maria ganhou um apaixonado sculo do seu ad-mirador.

    A festa na casa de Lcio estava chocante.

    Conversando com meu superior, dei a ele um feed-back do servio a mim requerido.

    b) indicar uma citao textual.

    Ex.: Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, s pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz a mala. ( O prazer de viajar - Ea de Queirs)

    Se, dentro de um trecho j destacado por aspas, se fi-zer necessrio a utilizao de novas aspas, estas sero simples. ( ' ' )

    Recursos alternativos para pontuao: Pargrafo ( ) Chave ( { } ) Colchete ( [ ] ) Barra ( / ) Autoria: Monoel Jorge Franca http://www.coladaweb.com/

    CRASE

    Crase a fuso da preposio A com outro A. Fomos a a feira ontem = Fomos feira ontem. EMPREGO DA CRASE

    em locues adverbiais: vezes, s pressas, toa... em locues prepositivas: em frente , procura de... em locues conjuntivas: medida que, proporo que... pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles,

    aquelas, aquilo, a, as Fui ontem quele restaurante. Falamos apenas quelas pessoas que estavam no

    salo: Refiro-me quilo e no a isto.

    A CRASE FACULTATIVA

    diante de pronomes possessivos femininos: Entreguei o livro a() sua secretria . diante de substantivos prprios femininos: Dei o livro (a) Snia.

    CASOS ESPECIAIS DO USO DA CRASE

    Antes dos nomes de localidades, quando tais nomes admitirem o artigo A:

    Viajaremos Colmbia. (Observe: A Colmbia bela - Venho da Colmbia) Nem todos os nomes de localidades aceitam o artigo:

    Curitiba, Braslia, Fortaleza, Gois, Ilhus, Pelotas, Porto Alegre, So Paulo, Madri, Veneza, etc.

    Viajaremos a Curitiba.

    (Observe: Curitiba uma bela cidade - Venho de Curi-tiba).

    Haver crase se o substantivo vier acompanhado de adjunto que o modifique.

    Ela se referiu saudosa Lisboa. Vou Curitiba dos meus sonhos. Antes de numeral, seguido da palavra "hora", mesmo

    subentendida: s 8 e 15 o despertador soou. Antes de substantivo, quando se puder subentender as

    palavras moda ou "maneira": Aos domingos, trajava-se inglesa. Cortavam-se os cabelos Prncipe Danilo. Antes da palavra casa, se estiver determinada: Referia-se Casa Gebara. No h crase quando a palavra "casa" se refere ao

    prprio lar. No tive tempo de ir a casa apanhar os papis. (Venho

    de casa). Antes da palavra "terra", se esta no for antnima de

    bordo. Voltou terra onde nascera. Chegamos terra dos nossos ancestrais. Mas: Os marinheiros vieram a terra. O comandante desceu a terra. Se a preposio AT vier seguida de palavra feminina

    que aceite o artigo, poder ou no ocorrer a crase, indi-ferentemente:

    Vou at a ( ) chcara. Cheguei at a() muralha A QUE - QUE Se, com antecedente masculino ocorrer AO QUE, com

    o feminino ocorrer crase: Houve um palpite anterior ao que voc deu. Houve uma sugesto anterior que voc deu. Se, com antecedente masculino, ocorrer A QUE, com o

    feminino no ocorrer crase. No gostei do filme a que voc se referia. No gostei da pea a que voc se referia. O mesmo fenmeno de crase (preposio A) - prono-

    me demonstrativo A que ocorre antes do QUE (prono-me relativo), pode ocorrer antes do de:

    Meu palpite igual ao de todos Minha opinio igual de todos.

    NO OCORRE CRASE

    antes de nomes masculinos: Andei a p. Andamos a cavalo.

    antes de verbos: Ela comea a chorar. Cheguei a escrever um poema.

    em expresses formadas por palavras repetidas: Estamos cara a cara.

    antes de pronomes de tratamento, exceto senhora, senhorita e dona: Dirigiu-se a V. Sa com aspereza. Escrevi a Vossa Excelncia. Dirigiu-se gentilmente senhora.

    quando um A (sem o S de plural) preceder um nome plural: No falo a pessoas estranhas. Jamais vamos a festas.

    SIGNIFICAO DAS PALAVRAS

  • TJ MG

    Lngua Portuguesa 18

    Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre.

    Sinnimo Sinnimo o nome que se d palavra que tenha

    significado idntico ou muito semelhante outra. Exemplos: carro e automvel, co e cachorro.

    O conhecimento e o uso dos sinnimos importante para que se evitem repeties desnecessrias na construo de textos, evitando que se tornem enfadonhos.

    Eufemismo Alguns sinnimos so tambm utilizados para minimizar

    o impacto, normalmente negativo, de algumas palavras (figura de linguagem conhecida como eufemismo).

    Exemplos:

    gordo - obeso

    morrer - falecer Sinnimos Perfeitos e Imperfeitos Os sinnimos podem ser perfeitos ou imperfeitos. Sinnimos Perfeitos Se o significado idntico. Exemplos:

    avaro avarento,

    lxico vocabulrio,

    falecer morrer,

    escarradeira cuspideira,

    lngua idioma

    catorze - quatorze Sinnimos Imperfeitos Se os signIficados so prximos, porm no idnticos. Exemplos: crrego riacho, belo formoso Antnimo Antnimo o nome que se d palavra que tenha

    significado contrrio (tambm oposto ou inverso) outra. O emprego de antnimos na construo de frases pode

    ser um recurso estilstico que confere ao trecho empregado uma forma mais erudita ou que chame ateno do leitor ou do ouvinte.

    Pala-vra

    Antnimo

    aberto fechado

    alto baixo

    bem mal

    bom mau

    bonito feio

    demais de menos

    doce salgado

    forte fraco

    gordo magro

    salga-do

    insosso

    amor dio

    seco molhado

    grosso fino

    duro mole

    doce amargo

    grande pequeno

    sober- humildade

    ba

    louvar censurar

    bendi-zer

    maldizer

    ativo inativo

    simp-tico

    antiptico

    pro-gredir

    regredir

    rpido lento

    sair entrar

    sozi-nho

    acompa-nhado

    con-crdia

    discrdia

    pesado leve

    quente frio

    pre-sente

    ausente

    escuro claro

    inveja admirao

    Homgrafo Homgrafos so palavras iguais ou parecidas na

    escrita e diferentes na pronncia. Exemplos

    rego (subst.) e rego (verbo);

    colher (verbo) e colher (subst.);

    jogo (subst.) e jogo (verbo);

    Sede: lugar e Sede: avidez;

    Seca: pr a secar e Seca: falta de gua. Homfono Palavras homfonas so palavras de pronncias iguais.

    Existem dois tipos de palavras homfonas, que so:

    Homfonas heterogrficas

    Homfonas homogrficas Homfonas heterogrficas Como o nome j diz, so palavras homfonas (iguais na

    pronncia), mas heterogrficas (diferentes na escrita). Exemplos

    cozer / coser; cozido / cosido; censo / senso consertar / concertar conselho / concelho pao / passo noz / ns