Timothy Zhan - Star Wars - Trilogia de Thrawn - Livro I - Herdeiros do Império

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UMA HISTORIA FUTURISTA EXTREMAMENTE HUMANA, NUM GENIAL CENRIO DE AVANO CIENTFICO E TE CNOLGICOA milhares de anos-luz de distncia, o ltimo guerreiro do Imprio assume o comando da frota e descobre segredos capazes de abalar a frgil Repblica que se inicia, com o apoio do jovem heri Jedi, Luke Skywalker. O resultado Herdeiros do Imprio, um pico alucinante, em que Timothy Zhan mescla ao, criatividade e mistrio, num espetculo em escala galctica. Um mestre da fico cientfica, Timothy Zhan. retoma a consagrada saga de Guerra nas Estrelas nesta fbula da era espacial, brilhante por seu estilo gil e espetacular por sua incrvel originalidade.TIMOTHY ZHAN, UM CONSAGRADO MESTRE DA FICO CIENTFICA, O GENIAL CRIADOR DE GUERRA NAS ESTRELAS.Timothy Zhan HERDEIROS DO IMPRIO Guerra Nas Estrelas Traduo de CELSO NOGUEIRA Ttulo original: STAR WARS: HEIR TO THE EMPIRE Copyright Lucasfilm, 1991 Licena editorial para o Crculo do Livro por acordo com a Editora Nova Cultural Ltda. e o detentor dos direitos autorais Todos os direitos reservados.Direitos exclusivos da edio em lngua portuguesa no Brasil adquiridos por EDITORA NOVA CULTURAL LTDA., que se reserva a propriedade desta traduo. EDITORA BEST SELLER uma diviso da Editora Nova Cultural Ltda. Al. Ministro Rocha Azevedo, 346 - CEP 01410-901 - Caixa Postal 9442 So Paulo, SPCIRCULO DO LIVRO Caixa postal 7413 01051 So Paulo, Brasil Fotocomposto na Editora Nova Cultural Ltda. Impresso e acabamento: Grfica Crculo 1Capito Pellaeon? a voz ecoou, vinda do acesso dos tripulantes a bombordo, sobr epondo-se ao rudo das conversas. Mensagem da sentinela: as naves de busca, encarregadas da misso, acabam de sai r da velocidade da luz. Pellaeon, debruado por cima do ombro do oficial que controlava o monitor da po nte do Quimera, ignorou o grito. Investigue este setor para mim ordenou, tocando com a caneta o diagrama exibi do na tela. O engenheiro olhou para cima, sem entender. Senhor?... Eu j ouvi Pellaeon retrucou. Dei uma ordem, tenente. Sim, senhor o oficial obedeceu, iniciando a localizao solicitada. Capito Pellaeon? a voz se fez ouvir, desta vez mais prxima. Concentrado no monitor, Pellaeon esperou at escutar o som dos passos. Ento, com a imponncia adquirida em cinqenta anos de servios prestados frota imperial, empert igou-se e encarou o tripulante. O jovem oficial, em seu passo duro, deteve-se abruptamente. Bem, senhor... Olhou para Pellaeon e sua voz sumiu. Pellaeon deixou que o siln cio pairasse no ar pelo tempo necessrio para atrair a ateno dos mais prximos. No estamos na feira pecuria de Shaum Hii, tenente Tschel declarou friamente, mantendo a voz calma. E sim na ponte de comando de um des trier estelar do Imprio. Ningum deve gritar informaes de rotina na direo do destinatr Ningum, entendeu bem? Tschel engoliu em seco. Sim, senhor. Pellaeon o encarou por alguns segundos ainda, e, com um movimento quase imper ceptvel da cabea, ordenou: Agora, seu relatrio. Sim, senhor. Tschel engoliu em seco outra vez. Recebemos uma mensagem das nav es senti nelas, senhor: as naves de busca retornaram da misso de levantamento no sistema Obroa-skai. Muito bem Pellaeon disse. Algum problema? Nada srio, senhor. Os nativos naturalmente melindraram-se com o acesso no autor izado a seu sistema central de informao. Segundo o comandante da esquadrilha, cons eguimos despistar a tentativa de perseguio. Assim espero Pellaeon disse lacnico. Obroa-skai situava-se numa posio estratgica na regio de fronteira, e os relatos d a inteligncia indicavam que a Nova Repblica investia pesadamente para conquistar s eu apoio. Se encontrassem naves diplomticas armadas no momento da visita... Bem,ele logo saberia. Ordene ao comandante da esquadrilha que comparea ponte para relatar os fatos a ssim que as naves pousarem disse a Tschel. E, coloque a linha de sentinela em al erta amarelo. Dispensado. Sim, senhor. Dando meia-volta, numa imitao razovel do movimento militar, o tenen te dirigiu-se ao console das comunicaes. O jovem tenente... metido nisso, refletiu Pellaeon, algo amargurado. A residia todo o problema. Nos velhos tempos no auge do poder do Imprio seria inconcebvel e ncontrar um rapaz como Tschel servindo na ponte de comando de uma nave como a Qu imera. Agora... Ele fitou outro jovem, responsvel pelo monitor. Agora, em contraste, a bordo s via moas e rapazes. Lentamente, Pellaeon percorreu a ponte com a vista, sentindo no estmago as pontadas dos velhos dios e rancores. Sabia muito bem que no faltar am na Frota comandantes militares que consideraram a Estrela da Morte original, no Imprio, como uma tentativa descarada de concentrar poderes militares imensos n as mos do Imperador, a exemplo do que ocorrera com o poder poltico. Ignorar a bvia vulnerabilidade da estao de combate e insistir na construo da segunda Estrela da Mor te apenas reforou tal suspeita. Poucos, nos altos escales da Frota, realmente lame ntariam sua perda... caso no tivesse arrastado, nos estertores finais, o Super de strier estelar Executor. Mesmo depois de cinco anos, Pellaeon sofria ao lembrar da cena: o Executor, d escontrolado, colidindo com a Estrela da Morte inacabada, para se desintegrar to talmente quando da exploso da imensa estao de combate. A perda de uma nave, em si, j teria sido pssima; perder o Executor, todavia, foi trgico. Aquele destrier estelar , em especial, servira como nave pessoal de Darth Vader, e apesar dos caprichos lendrios e por vezes mortferos do Senhor das Trevas, servir ali sempre fora consid erado o caminho mais rpido para uma promoo. Quando o Executor desapareceu, portanto, levou consigo um nmero considervel de oficiais e tripulantes de alto nvel. A Frota jamais se recuperou de tamanho fiasco. Com a morte da liderana, a bord o do Executor, a batalha rapidamente escapou do controle. Vrios outros destrieres se perderam, antes que a ordem de retirada fosse finalmente dada. Pellaeon mesmo , assumindo o comando quando o antigo comandante do Quimera morreu, fez o melhor possvel para manter o controle; mas, apesar de todos os seus esforos, jamais recu peraram a iniciativa no combate aos Rebeldes. Pelo contrrio, foram firmemente rec haados... at que chegaram onde estavam agora. Ali, no passado apenas os confins do Imprio, mantinham no mximo um quarto dos s istemas sob controle imperial, segundo os mapas. Ali, vivia a bordo de um destrie r estelar tripulado quase que exclusivamente por jovens inexperientes, muitos co nvocados em seus planetas de origem com o recurso da fora ou de ameaas. Ali estava m sob o comando do maior gnio militar que o Imprio j vira. Pellaeon sorriu um sorriso crispado, lupino e novamente varreu a ponte com o olhar. No, o fim do Imprio ainda tardaria. E a Nova Repblica, como a chamavam com a rrogncia, logo descobriria isso. Consultou o relgio. Duas e quinze. O Grande Almirante Thrawn meditava neste mo mento, em sua cabine de comando... E se o protocolo imperial condenava gritos na ponte de comando, desaconselhava mais ainda que se interrompesse a meditao de um Grande Almirante pelo intercomunicador. Com ele, falava-se pessoalmente, ou no se falava. Prossiga na verificao daquelas linhas Pellaeon ordenou ao jovem tenente antes d e rumar para a porta. Volto em seguida. A nova cabine de comando do Grande Almirante situava-se a dois nveis abaixo da ponte, em um espao que antes abrigava a luxuosa sute de entretenimento do antigo comandante. Quando Pellaeon descobriu Thrawn ou melhor, quando o Grande Almirant e o descobriu uma de suas primeiras providncias foi transformar a sute numa segund a ponte de comando, na prtica. Uma segunda ponte, uma sala de meditao... e talvez algo mais. No constitua segred o, a bordo da Quimera, que, desde o trmino da reforma, o Grande Almirante passava boa parte de seu tempo ali. O segredo estava no que fazia exatamente, durante estas longas horas. Ao aproximar-se da porta, Pellaeon ajeitou a farda e empertigou-se. Talvez de scobrisse agora. Capito Pellaeon solicita permisso para ver o Grande Almirante Thrawn anunciou. Tenho informa... A porta se abriu antes que ele terminasse a frase. Preparando-se mentalmente, Pellaeon penetrou no vestbulo mal iluminado. Olhou em volta, no viu nada de inter essante, e seguiu at a porta da sala principal, cinco passos adiante. Um sopro de ar em sua nuca foi o nico sinal de alerta. Capito Pellaeon a voz profunda, felina, soou prxima i seu ouvido. Pellaeon deu um pulo, e meia-volta, amaldioando tanto a si mesmo quanto a cria tura baixa e peluda a menos de meio metro de distncia. Diabos, Rukh resmungou. O que pretende com isso? Por um momento, Rukh apenas o observou, e Pellaeon sentiu um filete de suor escorrer por suas costas. Olhos negros descomunais, mandbula projetada, deixando mostra os dentes pontiagudos, fa ziam de Rukh um pesadelo, mais ainda na penumbra do que sob as luzes normais. Especialmente para algum como Pellaeon, que sabia a razo da presena do noghri Ru kh, sempre junto a Thrawn. Fao meu servio Rukh disse finalmente. Apontou, quase descontrado, para a porta, e Pellaeon vislumbrou a faca assassina antes que ela sumisse entre as dobras do traje do noghri. A mo se fechou, abrindo-se novamente sob o comando dos msculos po derosos que se flexionavam debaixo da pele cinzenta. Pode entrar. Muito obrigado Pellaeon rosnou. Ajeitando a tnica mais uma vez, dirigiu-se por ta, que se abriu. Ele entrou... Em um museu de arte suavemente iluminado. Parou assim que se viu dentro da sala, e olhou em volta, atnito. As paredes e o teto abobadado eram cobertos de quadros e telas, alguns vagamente humanos na a parncia, a maioria claramente aliengena. Diversas esculturas preenchiam os espaos r estantes, soltas ou sobre pedestais. No centro via-se um duplo crculo de reprodues hologrficas, sendo o crculo externo ligeiramente mais alto do que o interno. Ambos , observou Pellaeon, tambm continham obras de arte. No centro dos crculos, sentado numa duplicata da poltrona de Grande Almirante instalada na ponte, esperava-o o Grande Almirante Thrawn. Ele se mantinha imvel, os cabelos azuis quase negros brilhavam na luz difusa, a pele azul plida parecia fresca, descolorida e deslocada naquela figura, humana em todos os outros aspectos. Seus olhos semicerrados deixavam entrever apenas um mnimo de reflexo vermelho entre as plpebras. A cabea repousava no encosto alto. Pellaeon umedeceu os lbios, repentinamente inseguro por ter invadido os aposen tos de Thrawn daquela forma. Se o Grande Almirante se zangasse... Aproxime-se, capito Thrawn disse, interrompendo com a voz calma e modulada os pensamentos de Pellaeon. Os olhos permaneciam quase fechados, mas ele gesticulou , em um movimento preciso e contido da mo. O que acha? Tudo... muito interessante, senhor foi a nica resposta que Pellaeon conseguiu formular, ao passar pelo crculo externo. Apenas hologramas, claro. Thrawn deixou escapar certa decepo. Tanto as escultur as quanto as telas. Alguns se perderam, muitos encontram-se hoje em planetas ocu pados pela Rebelio. Sim, senhor. Pellaeon balanou a cabea em concordncia. Imaginei que gostaria de s er informado, almirante, que as naves de busca retornaram do sistema Obroa-skai. O comandante da esquadrilha, em poucos minutos, se apresentar para fazer seu rel atrio. Thrawn meneou a cabea. - Conseguiram entrar no sistema da biblioteca central? Pelo menos obtiveram parte das informaes. Eu ainda no sei se chegaram a copiar t odos os arquivos. Consta que houve uma tentativa de perseguio. O comandante, contu do, acredita que os despistou. Thrawn permaneceu em silncio por um momento. Duvido disso. Em especial se os perseguidores pertencem Rebelio. Respirando fu ndo, empertigou-se na poltrona, e pela primeira vez, desde a entrada de Pellaeon , abriu os brilhantes olhos vermelhos.Pellaeon encarou-o sem piscar, sentindo uma pontada de orgulho por sua firmez a. Muitos, dentre os comandantes e conselheiros do Imperador, jamais se sentiram vontade ao fitar aqueles olhos. Ou qualquer outra parte de Thrawn, para dizer a verdade. Talvez por isso o Grande Almirante tivesse passado a maior parte de su a carreira nas Regies Inspitas, lutando para estender o controle imperial quelas rea s ainda selvagens da galxia. Seu estrondoso sucesso resultou no ttulo de Senhor da Guerra, o que lhe valeu o direito de usar o uniforme branco de Grande Almirante o nico no-humano a quem o Imperador concedeu tal honraria. Ironicamente, isso o tornara ainda mais indispensvel nas campanhas de fronteir a. Pellaeon com freqncia se perguntava qual teria sido o desfecho da Batalha de En dor, caso Thrawn, e no Vader, comandasse o Executor. Sim, senhor. Ordenei que as sentinelas entrassem em alerta amarelo. Devo pass ar para o alerta vermelho? Ainda no Thrawn disse. Dispomos de mais alguns minutos. Diga-me, capito, a arte o interessa? Bem... no muito. Pellaeon hesitou, confuso com a mudana de assunto. Nunca me so brou tempo suficiente para apreci-la. Deveria se esforar para aprender mais a respeito da arte. Thrawn gesticulou, a pontando para um setor do crculo interno, sua direita. Pinturas Saffa disse, iden tificando as obras. Cerca de 1550 a 2200, data pr-imperial. Note que as alteraes de estilo bem aqui mostram o contato com Thenqora. E ali apontou para a parede esq uerda , encontramos belos exemplos da arte extrassa de Paonidd. Perceba as semelh anas com o estilo inicial Saffa, e tambm com as esculturas planas da metade do scul o dezoito, pr-imperial, de Vaathkree. Sim, percebo Pellaeon disse, sem muita convico. Almirante, no deveramos... No terminou a frase, cortado pelo rudo agudo do alarme. Ponte ao Grande Almirante Thrawn ecoou a voz rspida do tenente Tschel, pelo in tercomunicador. Senhor, estamos sob ataque! Thrawn acionou o interruptor. Thrawn falando disse inalterado. Acione o alerta vermelho e diga o que temos na tela. Com calma, se for possvel. Sim, senhor. As luzes vermelhas comearam a piscar, e Pellaeon percebeu, distan tes, as sirenes disparadas na rea externa da sala. Os sensores identificaram quat ro fragatas de ataque da Nova Repblica Tschel prosseguiu, a voz tensa relativamen te bem controlada agora. E pelo menos trs esquadrilhas de caas asa-X. Formaes simtricas em "V", penetrando no setor de noss as naves de busca que retornam. Pellaeon praguejou baixinho. Um nico destrier estelar, tripulado por garotos, c ontra quatro fragatas de ataque e suas esquadrilhas de caas... Motores a toda fora ordenou pelo intercomunicador. Preparar o salto para a velocidade da luz. Ele deu um passou em direo porta. Cancele a ordem de salto Thrawn disse, ainda glacialmente calmo. Tripulantes dos caas TIE em seus postos; ativar escudos defletores. Pellaeon virou-se para ele. Mas, almirante... Thrawn o cortou, erguendo a mo num gesto firme. Venha at aqui, capito ordenou o Grande Almirante. Venha ver uma coisa. Ele tocou um interruptor. De repente, todas as obras de arte haviam desaparec ido. A sala tornou-se uma miniatura da ponte de comando, com leme, motor, monito res de armamentos nas paredes e pedestais. As telas vazias transformaram-se em c anais para visores hologrficos de combate ttico. No canto, uma esfera piscava, ind icando a posio dos invasores. O monitor na parede mais prxima indicava uma estimati va ETA de doze minutos. Felizmente, as naves de busca no correm perigo, em funo da vantagem conseguida T hrawn comentou. Vamos ver com o que estamos lidando, exatamente. Ponte: ordene q ue as trs naves de sentinela mais prximas ataquem. Sim, senhor. Na outra ponta da sala, trs pontos azulados deslocaram-se da linha de sentinel a, assumindo a forma de vetores de interceptao. Com o canto do olho Pellaeon viu que Thrawn debruava-se na poltrona, para ver que as fragatas de ataque e respectiv os caas asa-X reagiam ao contra-ataque. Um dos pontos azuis piscou e sumiu da tel a... Excelente Thrawn disse, recostando-se na poltrona. J basta, tenente. Chame as duas naves restantes, e providencie para que a linha do Setor Quatro embaralhe o curso dos invasores. Sim, senhor Tschel disse, mostrando-se um tanto confuso. Pellaeon compreendia bem a perplexidade do rapaz. No deveramos pelo menos alertar o resto da Frota? sugeriu, notando a tenso na vo z. A Face da Morte poderia se unir a ns em vinte minutos, e a maioria das outras naves em menos de uma hora. A pior coisa a fazer, no momento, seria concentrar nossas foras aqui, capito Th rawn retrucou, encarando Pellaeon com um sorriso dbil nos lbios. Afinal, poderia h aver sobreviventes, e no queremos que a Rebelio saiba nada a nosso respeito, certo ? Sem esperar pela resposta, ele se concentrou novamente nos monitores. Ponte: quero uma rotao de vinte graus a bombordo, que nos leve direto ao curso dos invasores, com a superestrutura apontada para eles. Assim que atingirem noss o permetro, a linha de sentinelas do Setor Quatro deve retomar sua formao, atrs dele s, e embaralhar todas as transmisses. Sim, senhor. Mas?... No precisa entender, tenente Thrawn falou, rispidamente. Apenas obedea. Sim, senhor. Pellaeon tomou flego quando os monitores mostraram a lenta rotao da Quimera, con forme as ordens dadas. Temo que eu tambm no tenha compreendido a manobra, almirante ele arriscou. Vira r a superestrutura para eles... Mais uma vez, Thrawn ergueu a mo para interromp-lo. Observe e aprenda, capito. Muito bem, ponte: interrompa a rotao e mantenha esta posio. Desligue os escudos defletores da rea de atracao, aumente ao mximo a potncia do demais escudos. Esquadres de caa TIE: atacar assim que for possvel. Avancem em lin ha reta, por dois quilmetros, depois executem manobra de varredura, em formao abert a. Velocidade de ataque, marcao por zona. Ao receber a confirmao, ele olhou para Pellaeon. Entende agora, capito? Pellaeon mordeu o lbio. Temo que ainda no admitiu. Vejo agora o motivo para virar a nave. Quer protege r a retirada dos caas. Mas o resto no passa de uma manobra Marg Sabl de emboscada. Eles no vo cair numa armadilha to simples. Pelo contrrio Thrawn corrigiu-o friamente. No apenas cairo, como sero totalmente destrudos. Observe, capito. E aprenda. Os caas TIE decolaram, afastando-se da Quimera, e mudaram de direo no espao, abri ndo um leque amplo, como o jato de uma fonte extica. As naves invasoras percebera m o ataque, e mudaram seu curso. Pellaeon piscou. Mas o que eles vo tentar? Eles tentam a nica defesa que conhecem contra uma Marg Sabl Thrawn afirmou com indisfarvel satisfao. Ou, para ser mais exato, a nica defesa de que so psicologicame te capazes de adotar. Indicou a esfera luminosa. Como pode ver, capito, h um coman dante elom naquela fora... e os elomins no conseguem lidar adequadamente com o per fil de ataque desestruturado de uma Marg Sabl bem executada. Pellaeon acompanhou a derrota dos invasores, que assumiram uma posio defensiva inteiramente intil... e compreendeu a atitude de Thrawn. O ataque das naves sentinelas h poucos minutos permitiu que soubesse que enfre ntvamos uma fora elomin? Estude arte, capito Thrawn disse em tom de devaneio. Quando compreendemos a ar te de um povo, compreendemos a mente deste povo. Empertigando-se na poltrona, or denou: Ponte: preparar ataque pelo flanco. Vamos entrar na batalha. Uma hora depois, encerrava-se a batalha. A porta da sala fechou-se atrs do comandante da esquadrilha, e Pellaeon consultou o mapa no monitor. Ao que tudo indica, Obroa-skai um beco sem sada lamentou. De modo algum poderam os deslocar para l as tropas necessrias para a pacificao. Por enquanto, talvez Thrawn concordou. Mas no futuro pode haver mudanas. Pellaeon franziu o cenho, do outro lado da mesa. Thrawn brincava com o carto d e dados, distraidamente, com o polegar e o indicador, enquanto observava as estr elas, pela vigia panormica. Um sorriso enigmtico assomou a seus lbios. Almirante? perguntou cautelosamente. Thrawn virou a cabea, pousando os olhos brilhantes em Pellaeon. Temos aqui a segunda pea do quebra-cabeas, capito ele afirmou suavemente, exibin do o carto de dados. A pea pela qual procuro h mais de um ano. Abruptamente virou-s e para o intercomunicador, acionando-o. Ponte, fala o Grande Almirante Thrawn. A vise o capito Harbid, no Face da Morte, que abandonaremos a Frota temporariamente . Ele deve prosseguir na misso de mapeamento ttico dos sistemas locais, penetrando os sistemas de informao onde for possvel. E depois orientar sua rota para um plane ta chamado Myrkr. O computador de bordo possui as coordenadas exatas. A ponte confirmou o recebimento da mensagem, e Thrawn retomou o dilogo com Pel laeon. Parece desorientado, capito. Presumo que nunca tenha ouvido falar em Myrkr. Pellaeon balanou a cabea, fracassando na tentativa de ler a expresso do Grande A lmirante. Deveria? Provavelmente no. S o conhecem contrabandistas, desajustados e outros membros d a escria da galxia. Fez uma pausa, sorvendo com elegncia o lquido na caneca a seu la do. Cerveja forte, de forvish, a julgar pelo odor e Pellaeon controlou-se para no dizer mais nada. Caso o Grande Almirante pretendesse compartilhar seus planos c om ele, faria isso quando, como e se quisesse. Tropecei numa referncia ao local, h uns sete anos Thrawn prosseguiu, recolocando a caneca na mesa. Minha ateno foi at rada pelo abandono a que foi relegado nos ltimos trezentos anos, embora conte com uma populao razovel. Nem a Velha Repblica se importou com o planeta, nem os Jedis da quela poca puseram os ps nele. Ergueu ligeiramente a sobrancelha azulada. O que de duz, capito? Pellaeon deu de ombros. Trata-se de um planeta longnquo, talvez distante demais para atrair a ateno. Muito bem, capito. Esta foi minha primeira impresso, tambm. Mas incorreta. Myrkr , na verdade, no fica a mais de cento e cinqenta anos-luz daqui, prxima a nossa lin ha de confronto com a Rebelio, e dentro dos limites da Velha Repblica. Baixou a vi sta, fixando-a no carto em suas mos. No, a verdadeira explicao muito mais interessan e. E til. Pellaeon tambm olhou para o carto. E esta explicao seria a primeira pea de seu quebra-cabeas? Thrawn sorriu. Mais uma vez, capito, meus parabns. Sim. Myrkr... ou, mais precisamente, um de seus animais nativos, foi a primeira pea. A segunda encontra-se num mundo chamado Wayland. Gesticulou com o carto. Um mundo agora localizado, graas aos obroanos. Congratulaes, senhor disse Pellaeon, repentinamente aborrecido com o jogo. Pode ria perguntar qual exatamente o quebra-cabeas? Thrawn sorriu um sorriso capaz de gelar Pellaeon at a medula. Ora, o nico quebra-cabeas que vale a pena solucionar o Grande Almirante declaro u calmamente. A destruio completa, total e absoluta da Rebelio. 2 Luke? a voz chamou com suavidade, mas tambm determinao. Parando na paisagem familiar de Tatooine familiar, embora estranhamente disto rcida Luke Skywalker virou-se para olhar. Uma figura igualmente familiar o obser vava. Al, Ben Luke disse, a voz soando bizarra a seus prprios ouvidos. Faz muito temp o.Sem dvida. Obi-wan Kenobi respondeu gravemente. E temo que a prxima vez tardar ainda mais. Vim para dizer adeus, Luke. A paisagem pareceu tremer. De repente, parte da mente de Luke se deu conta de que ele estava dormindo. Sonhando com Ben Kenobi, na sute do Palcio Imperial. No se trata de sonho Ben garantiu, respondendo pergunta formulada por Luke ape nas em pensamento. Mas as distncias que nos separam tornaram-se grandes demais pa ra permitir que eu aparea de outro modo. Agora, no contarei mais at mesmo este ltimo recurso. No Luke disse para si mesmo. No pode nos deixar, Ben. Precisamos de sua ajuda. As sobrancelhas de Ben ergueram-se ligeiramente, e um trao de seu antigo sorri so coloriu os lbios. No precisa de mim, Luke. Voc um Jedi, e tem a Fora. O sorriso esmaeceu e, por um momento, os olhos fixaram-se em algo que Luke no conseguia ver. De qualquer modo prosseguiu calmamente , a deciso no cabe a mim. Eu j passei tempo demais aqui, no posso mais adiar minha jornada desta vida at o que h depois dela. Uma lembrana voltou: Yoda em seu leito de morte, e Luke pedindo a ele que no mo rresse. A Fora em mim intensa declarou o mestre Jedi. Mas nem tanto assim. Todas as formas de vida se transformam, a lei natural Ben afirmou. Voc tambm em preender esta jornada, um dia. Novamente a ateno do velho se voltou para algum outr o local e retornou. Voc tem a Fora, Luke, e com perseverana e disciplina, conseguir torn-la mais intensa. S no deve baixar a guarda, jamais. O Imperador morreu, mas o lado negro ainda poderoso. Nunca se esquea disso. No me esquecerei Luke prometeu. A expresso de Ben suavizou-se, e ele sorriu outra vez. Enfrentar grandes perigos, Luke. Mas encontrar tambm novos aliados, em locais e momentos inesperados. Novos aliados? Luke repetiu. Quem seriam? A viso se vaporizava, enfraquecia. Agora, adeus Ben disse, como se no tivesse escutado a pergunta. Eu o amo como a um filho, discpulo, e amigo. At que nos vejamos novamente, que a Fora esteja com voc. Ben! Mas Ben virou-se, a imagem sumiu, e, em seu sonho, Luke soube que ele se fora . Agora estou sozinho, disse a si mesmo. Sou o ltimo Jedi. Ele teve a impresso de ouvir uma ltima frase de Ben, distante e indistinta. No o ltimo dos Jedi, Luke. O primeiro de uma nova era. A voz deu lugar ao silnci o. Luke acordou. Permaneceu quieto por um momento, olhos fixos nas luzes fracas do teto, sobre sua cama na Cidade Imperial, lutando contra os sentimentos pertur bados pelo sono. A desorientao e a imensa tristeza o oprimiam, enchendo seu corao. P rimeiro tio Owen e tia Beru foram assassinados; depois Darth Vader, seu verdadei ro pai, que sacrificou a vida por Luke. Agora, at mesmo o esprito de Ben Kenobi o abandonara. Pela terceira vez, ficou rfo. Com um suspiro, afastou as cobertas para apanhar o robe e o chinelo. A sute di spunha de uma pequena cozinha, e em poucos minutos preparou uma bebida, uma rece ita extica ensinada por Lando, em sua mais recente visita a Coruscant. Em seguida , atando o sabre-laser ao robe, seguiu para o telhado. Opusera-se veementemente mudana da sede da Nova Repblica para Coruscant, onde s e encontrava agora. E sua oposio fora ainda maior contra a instalao do recm-criado go verno no antigo Palcio Imperial. A simbologia estava errada, em primeiro lugar. P rincipalmente para um grupo que, em sua opinio, j dava importncia demasiada aos smbo los. Apesar de todos os contras, ele era obrigado a admitir que a vista do alto do Palcio deslumbrava qualquer pessoa. Durante alguns instantes, ele permaneceu na beirada do mirante, debruado sobre o parapeito alto de pedra, apreciando a brisa fresca da noite que agitava seus cabelos. Mesmo no meio da noite a Cidade Imperial continuava ativa, as luzes dos veculos e das ruas, emaranhadas, criavam uma espcie de obra de arte em movimento.No alto, iluminadas pelas luzes da cidade e pelos holofotes das naves que as co rtavam, as nuvens baixas, como um teto, estendiam-se em todas as direes, interminve is como a prpria cidade. Ao longe, ao sul, conseguia distinguir vagamente os mont es Manarai, os picos nevados, como as nuvens, iluminados pelos reflexos urbanos. Ele observava as montanhas quando, a vinte de metros de distncia, a porta do p alcio abriu-se mansamente. Num gesto automtico, a mo moveu-se at o sabre-laser. Mas interrompeu o gesto, a meio caminho. Identificara a criatura que se aproximava. Estou aqui, Threepio. Ao virar o rosto, acompanhou a aproximao de C-3PO, que percorria o terrao superi or, em sua direo, transmitindo sua costumeira mistura de alvio e apreenso. O dride di sse, olhando a xcara nas mos de Luke: Lamento profundamente perturb-lo. No faz mal Luke disse. Eu s estava relaxando um pouco. Tem certeza? Threepio perguntou. No quero ser impertinente. Apesar de seu estado de esprito, Luke no pde evitar o sorriso. As tentativas de Threepio de ser ao mesmo tempo solcito, curioso e educado nunca davam certo. Semp re assumiam um carter cmico. Estou apenas um pouco deprimido, creio disse ao dride, voltando os olhos para a cidade novamente. Pr em funcionamento um governo de verdade muito mais difcil do que eu esperava. A maioria dos membros do Conselho concorda comigo, neste ponto . Ele hesitou. E, acima de tudo, sinto falta de Ben, esta noite. Threepio manteve-se em silncio, por um momento. Ele sempre foi muito gentil comigo disse finalmente. E com Artoo, tambm. Luke levou a xcara aos lbios, ocultando o sorriso. Voc tem uma viso muito peculiar do universo, Threepio. Com o canto do olho, not ou a tenso de Threepio. Espero que no o tenha ofendido, senhor o dride disse, inseguro. Certamente esta no foi minha inteno. No me ofendeu Luke tranqilizou-o. Na verdade, acabo de receber a ltima lio de B graas a voc. Como assim? Luke tomou outro gole da bebida. Governos e planetas so importantes, Threepio. Mas quando pensamos melhor, vemo s que, no fundo, neles s h pessoas. Houve uma pausa breve. Sei Threepio disse. Em outras palavras, um Jedi no pode se envolver nos assuntos de importncia galct ica, a ponto de permitir que interfiram em suas preocupaes com as pessoas, conside radas individualmente. Olhando para Threepio, Luke sorriu. Ou com os drides, tambm . Compreendo, senhor. Threepio baixou os olhos para a xcara de Luke. Com sua per misso, senhor... posso indagar o que est bebendo? Isso? Luke ergueu a xcara. Uma receita que aprendi a preparar com Lando, h algu m tempo. Lando? Threepio repetiu, traindo sua desaprovao. Programado para ser corts ou no, o dride jamais conseguira ocultar sua antipatia por Lando. No chegava a ser surpr eendente, dadas as circunstncias de seu primeiro contato com ele. Sim. Apesar de sua origem suspeita, trata-se de uma bebida deliciosa. Chama-s e chocolate quente. Entendo. O dride empertigou-se. Muito bem, senhor. Se no h problemas, peo licen ara me retirar. Claro. Mas o que o trouxe aqui? Fui enviado pela princesa Leia, claro Threepio respondeu, surpreso com a perg unta. Ela estava preocupada com seu estado de esprito. Luke sorriu, balanando a cabea. Leia sempre sabia como anim-lo, nos momentos difc eis. Exibida murmurou. Como, senhor? Luke ergueu a mo. Leia est apenas exibindo suas novas habilidades de Jedi. Provando que, no meioda noite, sabe como eu estou me sentindo. Threepio moveu a cabea. Mas parecia realmente preocupada com o senhor. Sem dvida Luke concordou. Estou brincando. Sei. Threepio hesitou. Devo dizer que est tudo bem, ento? Claro. E aproveite para pedir que pare de se preocupar comigo e durma. Os enjo s matinais j a incomodam o bastante, e pioram quando dorme pouco. Darei o recado, senhor. E diga que eu a amo Luke acrescentou baixinho. Sim, senhor. Boa noite, mestre Luke. Boa noite, Threepio. Ele acompanhou a sada do dride com os olhos, lutando contra a nova onda de depr esso que ameaava domin-lo. Threepio jamais poderia entender, claro. Ningum no Consel ho provisrio o entendia, tampouco. Mas no que dizia respeito a Leia, grvida de trs meses, passar a maior parte do tempo ali... Ele arrepiou-se, e no por causa do ar frio da noite. Este local conserva a fora do lado negro. Yoda dissera isso da caverna de Dagobah a caverna onde Luke pene trara para travar o duelo de sabre-laser contra um Darth Vader que, no final, er a ele mesmo. Durante as semanas seguintes, a recordao do imenso poder e da presena do lado negro assombraram seus pensamentos. S muito tempo depois concluiu que o m otivo bsico para o exerccio de Yoda fora mostrar o longo caminho ainda a percorrer . Mesmo assim, sempre meditava sobre as razes para a existncia de uma caverna daq uela espcie. Talvez algo ou algum do lado negro, com grande poder, tivesse vivido l. Assim como o Imperador, antes, vivera ali... Um novo arrepio o percorreu. O que mais o perturbava era no sentir nenhuma con centrao dos poderes do mal no Palcio. O Conselho preocupara-se em perguntar a este respeito, quando analisavam a possibilidade de mudar a sede do governo para a Ci dade Imperial. Ele foi obrigado a dobrar a lngua e dizer que no havia efeitos resi duais da presena do Imperador. Mas sua incapacidade de pressentir o mal no garantia que este estivesse ausent e. Sacudiu a cabea. Pare, ordenou firmemente a si mesmo. Lutar contra as sombras s serviria para aumentar sua parania. Os pesadelos recentes e a insnia provavelment e no passavam de reflexos da tenso reinante. Leia e os outros batalhavam para que uma rebelio de cunho militar resultasse em um governo civil. Certamente Leia jama is concordaria em se aproximar do Palcio, caso tivesse dvidas a respeito. Leia. Com esforo, Luke provocou o relaxamento da mente e deixou que os poderes de Je di flussem. No setor superior do Palcio, sentia a presena sonolenta de Leia. E dos gmeos que levava no ventre. Por um instante manteve um contato parcial, ligeiro, para no acord-la, deslumbr ando-se com a sensao estranha de ter dentro de si duas crianas por nascer. Elas man teriam a linhagem Skywalker; s o fato de poder senti-las revelava que nelas a Fora se manifestava intensamente. Pelo menos, presumia isso. Gostaria que Ben pudesse esclarecer este ponto. Mas perdera a oportunidade de perguntar. Lutando contra as lgrimas, desfez o contato. A xcara fria em sua mo lembrou-o de tomar o resto do chocolate, enquanto dava a ltima olhada em torno. A cidade e as nuvens e, com os olhos da mente, as estrelas que se encontravam no alm. Estrelas cercadas de planetas, onde moravam pessoas. Bilhes de pessoas. Muitas delas aind a aguardavam a liberdade e a luz que a Nova Repblica lhes prometera. Cerrou os olhos para as luzes e a esperana. No havia mgica capaz de tornar as co isas mais fceis. Nem mesmo para um Jedi. Threepio retirou-se e Leia Organa Solo, suspirando, recostou-se novamente nos travesseiros. Meia vitria j melhor do que uma derrota, pensou. Mas no acreditou nisso nem por um instante. Meia vitria, em seu modo de pensar,significava meia derrota. Suspirou novamente, sentindo o toque da mente de Luke. O encontro dele com Th reepio aliviara a tenso, como Leia calculara; mas, com a sada do dride, a depresso a meaava domin-lo mais uma vez. Talvez fosse melhor ir falar com ele pessoalmente. Daria um jeito de faz-lo co ntar o que o atormentava tanto, h semanas. Seu ventre estremeceu, ligeiramente. Est tudo bem ela murmurou, passando a mo de leve na barriga. Tudo bem. Preocupo -me com seu tio Luke, apenas. Os movimentos cessaram. Leia apanhou o copo ao lado da cama e bebeu o contedo, tentando no fazer careta. Leite quente no era nem de longe sua bebida favorita, m as resolvia as crises peridicas de enjo. Os mdicos afirmavam que as nuseas desaparec eriam logo, agora que passara do terceiro ms de gestao. Tomara que tivessem razo. Leves, no outro quarto, ouviu os passos. Rapidamente Leia devolveu o copo ao criado-mudo e, com a outra mo, puxou as cobertas at o queixo. A lmpada de cabeceira permanecia acesa. Tentou apag-la sem se mover, usando a Fora. A lmpada nem piscou. Apertando os dentes, tentou outra vez, mas nada. Ainda no controlava a Fora para realizar tarefas especficas, como apagar uma luz. Livrandose das cobertas, esticou o brao. Do outro lado do quarto, a porta lateral se abriu para a entrada de uma mulhe r alta, vestindo robe. Alteza? ela perguntou docemente, afastando os cabelos brancos da testa. Tudo bem? Leia suspirou e desistiu da tarefa. Entre, Winter. H quanto tempo est escutando atrs da porta? No estava escutando nada. Winter avanou um passo, ofendida com a insinuao. Vi a uz acesa por debaixo da porta e pensei que poderia precisar de ajuda. Estou tima Leia disse, pensando que a mulher sempre a surpreendia. Acordada no meio da noite, usando um velho robe, de cabelos despenteados, ainda conservava o ar de realeza, mais do que Leia nos seus melhores momentos. Perdera a noo de qua ntas vezes, em Alderaan, quando eram crianas, os visitantes da corte do vice-rei a tomaram pela princesa Leia. Winter tambm se lembrava, claro. Uma pessoa capaz de reproduzir conversas inte iras, jamais se esqueceria de quantas vezes fora confundida com uma princesa. Leia com freqncia imaginava o que os outros membros do Conselho Provisrio pensar iam se soubessem que a silenciosa assistente, sentada a seu lado nas reunies ofic iais, ou atrs dela nas conversas informais de corredor, registrava cada palavra p roferida. Alguns, suspeitava, odiariam saber. Quer mais leite, Alteza? Winter perguntou. Ou biscoitos? No, obrigada. Meu estmago no me incomoda, no momento. E que... voc sabe, Luke. Winter balanou a cabea. A mesma coisa que o atormenta h nove semanas? Leia franziu o cenho. Tanto tempo assim? Winter deu de ombros. A princesa tem andado ocupada disse, valendo-se de sua costumeira diplomacia. Fale mais a respeito Leia pediu, direta. No sei o que se passa, Winter, no mesm o. Ele disse a Threepio que sente saudades de Ben Kenobi, mas sei que isso no tud o. Talvez tenha a ver com a sua gravidez Winter arriscou. O perodo confere: nove semanas. Sim, eu sei Leia concordou. Mas tambm foi nesta poca que Mon Mothma e o almiran te Ackbar insistiram na transferncia da sede do governo para c, para Coruscant. E, na mesma poca, comearam a chegar os relatrios das regies fronteirias, revelando que um misterioso gnio ttico assumira o comando da Frota Imperial. Ela ergueu as mos es palmadas. Faa sua escolha. Suponho que precisar esperar at que ele esteja disposto a conversar Winter suge riu. Talvez o capito Solo consiga fazer com que se abra, ao retornar. Leia fechou as mos, tomada por uma onda de solido e ressentimento. Pois Han sara em mais uma de suas estpidas misses de contato, deixando-a sozinha... A raiva desapareceu, dando lugar culpa. Sim, Han viajara novamente; mas, at qu ando estava presente, parecia que mal conseguia v-lo. Seu tempo cada vez mais seconsumia na tarefa monumental de consolidar o novo governo, o que no lhe permitia nem alimentar-se direito nos dias crticos. Ficar com o marido ento, nem em sonhos . Mas esta a minha misso, ponderou. E s ela poderia realiz-la. Ao contrrio de todo s os outros, no comando da Aliana, ela estudara a fundo tanto a teoria quanto a p rtica poltica. Crescera na Casa Real de Alderaan, aprendendo a exercer a liderana c om seu pai adotivo e to bem que, ainda adolescente, j o representava no Senado Imp erial. Sem seus conhecimentos, todos os planos iriam por gua abaixo, dada a fragi lidade da Nova Repblica em seu estgio inicial. Mais alguns meses poucos e ela pode ria reduzir o ritmo. Ento, iria dedicar-se mais a Han. Aliviada, percebeu que o sentimento de culpa desaparecia. Mas no a solido. Acho melhor disse a Winter aproveitar para dormir um pouco. Temos muito a faz er amanh. Winter ergueu ligeiramente as sobrancelhas. E quando no temos? ela retrucou, secamente, imitando os modos anteriores de Le ia. Voc ainda muito jovem para bancar a cnica Leia censurou-a, brincando. Agora, fa lando srio: v dormir. Tem certeza de que no precisa de mais nada? Sim. Pode ir. Certo. Boa noite, Alteza. Winter saiu, fechando a porta. Deitada na cama, Leia ajeitou as cobertas e os travesseiros, buscando uma posio mais confortvel. Boa noite para vocs tambm falou, dirigindo-se aos bebs, enquanto acariciava suav emente a barriga. Han insinuara, mais de uma vez, que ela era meio maluca por co nversar com a barriga daquele jeito. Han parecia acreditar que todos eram meio m alucos. Sentia tanta falta dele. Com um suspiro, esticou o brao a apagou a luz. Depois de algum tempo, consegui u dormir. Num ponto distante da galxia, Han Solo levou a caneca aos lbios e observou o ca os quase ordeiro sua volta, pensando em quantas vezes j passara por aquele local. Em uma galxia virada do avesso de to conturbada, era consolador saber que certa s coisas no mudavam nunca. Um conjunto diferente tocava no canto, e o estofamento do reservado perdera algo de sua maciez. Fora isso, a cantina de Mos Eisley man tinha a mesma aparncia de sempre. Tudo do jeito que encontrara em seu primeiro co ntato com Luke Skywalker e Obi-wan Kenobi. Sentia como se doze encarnaes j tivessem transcorrido, desde aquele dia. A seu lado, Chewbacca suspirou. No se preocupe, ele vir. Conhece Dravis, ele nunca chega na hora. Han avaliou os fregueses discretamente. Havia algo de diferente na cantina: o s contrabandistas, antes a maioria, no freqentavam mais o local. O sucessor de Jab ba the Hutt na organizao transferira as operaes para fora de Tatooine, sem dvida. Foc alizando a porta dos fundos da cantina, decidiu inquirir Dravis a este respeito. Ainda olhava para l quando uma sombra cobriu a mesa. Ol, Solo. A saudao foi em tom zombeteiro. Han contou at trs, antes de se voltar para encarar o sujeito. Ol, Dravis. H quanto tempo! Vamos, sente-se. Com prazer Dravis retrucou com um sorriso irnico. Mas s depois de ver as mos de vocs dois sobre a mesa. Han o olhou magoado. Ora, deixe disso falou, pegando a caneca com as duas mos. Pensa que me dei ao trabalho de vir at aqui s para mat-lo? Somos velhos amigos, lembra-se? Claro que sim Dravis disse, avaliando Chewbacca ao sentar. ramos, pelo menos. Mas soube que voc agora um senhor respeitvel. Han deu de ombros. Respeitvel uma palavra meio vaga. Dravis piscou o olho. Bem, ento vamos definir melhor a situao. Soube que entrou para a Aliana Rebelde, virou general, casou-se com uma princesa de Alderaan e vai ter gmeos. Han fez um gesto de pouco caso.Na verdade, abandonei o posto de general j faz alguns meses. Dravis riu, irnico. Perdo. Mas afinal, o que deseja? Veio me ameaar? Han franziu a testa. Como assim? No banque o inocente, Solo Dravis agora falava com gravidade. A Nova Repblica s ubstitui o Imprio. timo, fico muito contente. Mas voc sabe que, para os contrabandi stas, isso no muda nada. Portanto, se veio trazer um pedido oficial para que aban donemos nossos negcios, desista. Espere at eu acabar de rir na sua cara e suma daq ui. Dravis ergueu-se. No nada disso. Pelo contrrio, quero contrat-lo. Dravis parou, de queixo cado. O qu? Ouviu bem. Precisamos contratar alguns contrabandistas. Lentamente, Dravis vo ltou a sentar-se. Tem algo a ver com lutar contra o Imprio? Se for isso... Errou Han o interrompeu. Deixando de lado os aspectos mais problemticos, posso dizer que, no momento, a Nova Repblica enfrenta uma escassez de naves de carga, bem como de pilotos experientes. Se quiser ganhar dinheiro rpido, e honestamente, aproveite a chance. Ora ora Dravis disse, recostando-se na poltrona para perguntar a Han, desconf iado: E qual a jogada? Han balanou a cabea. No tem nenhuma jogada. Precisamos de naves e pilotos para retomar os negcios in terestelares. Vocs tm os dois. E s. Pensativo, Dravis argumentou: Qual a vantagem em trabalhar para vocs, por uns trocados? Melhor contrabandear a mercadoria e ganhar mais. Esta opo s valeria a pena Han explicou, sorrindo se os envolvidos pagassem tarif as muito altas, capazes de tornar o contrabando mais vantajoso. E no o caso. Dravis o encarou. Ora essa, Solo. Um governo recente precisa desesperadamente de dinheiro, e vo c quer me convencer de que no haver aumento um brutal nas tarifas? Acredite se quiser Han disse com frieza. Tente, tambm. Quando puser os ps no cho de novo, me procure. Dravis mordiscou os lbios, sem tirar os olhos de Han. Sabe de uma coisa, Solo declarou pensativo , eu no teria vindo aqui, se desconf iasse de voc. Claro, tambm fiquei curioso para saber qual era a jogada. Talvez eu acredite nisso o bastante para checar a histria. Mas j vou avisando que os outros do meu grupo recusaro. Por qu? Porque voc se tornou respeitvel. Ora, no banque o ofendido. Faz tanto tempo que deixou os negcios que j se esqueceu de como funcionam as coisas. Contrabandistas c orrem atrs de lucros altos, Solo. Altos lucros e muita aventura. E o que pretendem fazer? Operar nos setores controlados pelo Imprio? Han retru cou, tentando recordar-se das aulas de diplomacia que recebera de Leia. Dravis deu de ombros, dizendo apenas: Vale a pena. No momento, talvez Han argumentou. Mas o territrio deles tem diminudo muito, no s ltimos cinco anos, e vai diminuir mais ainda. Atingimos o equilbrio em armamento s, como sabe. E nosso pessoal mais motivado recebe um treinamento melhor. Possivelmente. Dravis ergueu a sobrancelha. Mas nem sempre adianta. Ouvi boat os de que h um novo comandante. Algum que tem causado muitos problemas a vocs. Como no sistema Obroa-skai, por exemplo. Soube que perderam uma fora-tarefa elomin in teira, l, no faz muito tempo. Uma pena, perder assim tantas naves de uma vez. Han rilhou os dentes. Lembre-se de que qualquer um capaz de nos dar trabalho vai complicar a sua vi da tambm. Han ergueu a mo. E se pensa que a Nova Repblica precisa de dinheiro, imag ine o desespero do Imprio. Sem dvida, uma aventura Dravis concordou, levantando-se. Bem, gostei de rev-lo, Solo, mas preciso ir. D um beijo na princesinha. Han suspirou.Pelo menos transmita o recado para o seu pessoal, est bem? Mas claro. Talvez alguns aceitem sua oferta. A gente nunca sabe. Han concordou com um movimento de cabea. S mais uma coisinha, Dravis. Quem ficou no lugar de Jabba, dando as cartas? Dravis o encarou, hesitante. Sabe... como no se trata de um grande segredo, vou contar. Aqui entre ns, o mai oral agora Talon Karrde. Han franziu o cenho. J ouvira falar de Karrde, claro, mas nunca imaginou que s ua organizao pudesse estar entre as dez mais. Ou Dravis mentia, ou Karrde mantinha uma liderana discreta demais. Onde posso encontr-lo? Dravis sorriu astuto. Gostaria muito de saber, no ? Talvez eu conte, um dia. Dravis... Preciso ir. At logo, Chewie. Antes de dar-lhes as costas, Dravis parou. Ah, sabe de uma coisa? Pode dizer a seu guarda-costas que ele a escolta mais escandalosa que j vi. E, com um sorriso, foi embora. Han acompanhou Dravis com os olhos, at que desaparecesse na multido. Pelo menos o contrabandista dera as costas, ao se afastar. Outros, com quem j conversara, e vitaram correr o risco. J era alguma coisa. A seu lado, Chewbacca rosnou um insulto. Bem, o que voc esperava? O almirante Ackbar participa do Conselho. Han deu de ombros. Os calamarianos perseguiram os contrabandistas antes da guerra, como sab e. No ligue, eles aceitaro, alguns, pelo menos. Dravis pode enfatizar os lucros fce is e a aventura, mas ns temos a oferecer segurana e instalaes, sem truques no estilo Jabba. E ningum atirar neles. E interessante. Vamos embora. Han levantou-se, dirigindo-se ao bar e porta de sada, adiante. No meio do cami nho, parou ao lado de uma mesa e falou a seu ocupante: Tenho um recado. Dravis mandou dizer que voc a escolta mais escandalosa que el e j viu. Wedge Antilles sorriu, erguendo-se. Pensei que a idia fosse essa disse, passando a mo no cabelo negro. E era, mas Dravis no sabia. Em particular, Han admitiria imediatamente que Dra vis tinha razo. O nico lugar onde Wedge no dava na vista era no comando de um caa as a-X, destroando naves TIE. E Page, onde se meteu? Aqui, senhor. Han ouviu a voz discreta, bem atrs de seu ombro. Virou-se. A seu lado surgiu u m sujeito de estatura mdia, compleio mdia, perfeitamente comum. O tipo de pessoa na qual ningum repara, capaz de passar despercebido em qualquer ambiente. Suspeita de algo? Han perguntou. Page fez que no, com a cabea. No trouxe capangas, nem armas, fora a que portava. O sujeito confiou mesmo em voc. Sei. Progredimos. Han olhou pela ltima vez para o local. Vamos embora daqui. J nos atrasamos demais. E antes de voltar a Coruscant, quero passar pelo sistema O broa-skai. Para investigar a perda da fora-tarefa elomin? Wedge perguntou. Isso mesmo Han disse consternado. Se soubermos o que aconteceu, poderemos ter uma idia de quem fez aquilo. 3 A mesa dobrvel em seu escritrio particular estava arrumada, a comida pronta par a ser servida, e Talon Karrde servia o vinho, quando bateram porta. Como sempre, no momento exato. Mara? perguntou. Sim a moa confirmou, do outro lado. Convidou-me para jantar. Isso mesmo. Entre, por favor. A porta se abriu, e, com sua elegncia felina, Mara Jade entrou na sala. Voc no explicou... os olhos verdes fitaram os sofisticados detalhes da mesao que desejava. Ao terminar a frase, seu tom de voz sofreu sensvel alterao. Os olhos f ixaram-se nele, frios, analticos. No nada do que voc pensa Karrde tranqilizou-a, apontando para a cadeira em frent e sua. Trata-se de um jantar de negcios, apenas. Atrs da escrivaninha, uma mescla de rugido e ronronar chamou a ateno deles. Isso mesmo, Drang. Apenas um jantar de negcios Karrde repetiu, olhando na direo de onde vinha o som. Agora saia. O vornskr saiu do esconderijo, arranhando o carpete com as garras, mantendo o focinho prximo ao cho, como se farejasse. J disse, saia Karrde insistiu com firmeza, apontando para a porta aberta atrs d e Mara. Vamos logo, seu jantar vai esfriar, na cozinha. Sturm o espera l. E, a es ta altura, deve ter devorado metade do seu prato. Relutante, Drang esgueirou-se, rosnando tristonho ao dirigir-se para a porta. No banque o coitadinho Karrde zombou, pegando um pedao de bruallki assado na tr avessa. Tome, para se animar um pouco. Ele atirou o bocado na direo da porta. A letargia do animal deu lugar agilidade . Com um nico salto, qual uma mola, ele abocanhou a comida no ar. Isso Karrde disse. Agora saia, e v jantar. Karrde voltou-se para Mara, assim q ue o vornskr retirou-se. Muito bem. Onde estvamos, mesmo? Em um jantar de negcios ela disse, instalada no outro lado da mesa, observando as travessas ainda desconfiada. Trata-se do melhor jantar de negcios que j vi. Fao questo disso Karrde afirmou, ao se sentar. Precisamos nos lembrar sempre de que ser contrabandista no significa viver na barbrie. Ah! Ela tomou um gole de vinho. E o pessoal se sente muito grato quando lembr ado disso, certo? Karrde sorriu. Tanta pompa no a impressionaria muito, deveria saber. Mara era diferente. Bem, precisamos comemorar. Ele a encarou. Afinal, trata-se de uma promoo. Um lampejo de surpresa, quase imperceptvel, passou pelo rosto da jovem. Uma promoo repetiu cautelosa. Sim ele confirmou, servindo-a com uma poro de bruallki. A sua, para ser exato. A desconfiana dominou novamente a expresso dela. Mas eu s entrei para o grupo h seis meses? Cinco e meio, para ser preciso ele a corrigiu. Mas o tempo de servio nunca foi importante em nosso universo. Aqui valem mais os resultados e habilidades... e seu desempenho tem sido notvel. Ela deu de ombros, e o cabelo ruivo aloirado brilhou com o movimento. Dei sorte. Sem dvida, a sorte ajudou. Por outro lado, cheguei concluso de que a sorte no pa ssa de talento aliado capacidade de tirar o melhor proveito das oportunidades qu e aparecem. Ele colocou uma poro de bruallki em seu prprio prato. Voc demonstrou habilidade pilotando uma nave espacial, sabe dar e receber orde ns. Sorriu, apontando para a mesa. E consegue se adaptar a situao inusitadas e imp revistas. Muito talentosa, para uma contrabandista. Ele fez uma pausa, mas ela p ermaneceu em silncio. Evidentemente, aprendera tambm a no fazer perguntas na hora e rrada. Outra habilidade muito til. Concluso: voc talentosa demais para ser desperdia da em tarefas menores, Mara. Pretendo comear a trein-la para se tornar, no futuro, a segunda em comando. Ela no ocultou a surpresa, desta vez. Os olhos verdes arregalaram-se. Quais seriam minhas novas funes? Viajar comigo, para comear. Ele tomou um gole de vinho. Ajudar a criar novas o portunidades de negcios, conviver com os clientes mais tradicionais, para que ele s se acostumem a tratar com voc, coisas do gnero. A desconfiana de Mara persistia. Suspeitava que a oferta no passava de cortina de fumaa para exigncias mais pessoais. No precisa responder agora ele avisou. Pense no assunto, consulte o pessoal qu e est h mais tempo na organizao. Ele a fitou fixamente. Saber que no engano meus co nheiros. Ela mordeu o lbio.Isso eu j sei. Mas lembre-se de que utilizarei o poder que me der. A estrutura da organizao precisa passar por uma reformulao completa... Ela foi interrompida pelo intercomunicador. Sim? Karrde atendeu. Aves falando. Temos companhia. Um destrier estelar imperial entrou em nossa rbi ta. Karrde olhou para Mara de relance, ao se levantar. J sabem quem ? ele perguntou, largando o guardanapo ao lado do prato antes de s e dirigir escrivaninha, para observar o monitor. Hoje em dia eles no mandam avisos Aves disse. E no conseguimos ler direito o no me, distncia. Mas Torve acredita que seja a Quimera. Interessante Karrde murmurou. O Grande Almirante Thrawn em pessoa. Fizeram al guma transmisso? No pegamos nada ainda. Espere um momento. Parece que... isso mesmo, lanaram um transporte. Dois. Aterrissagem prevista na floresta. De soslaio, Karrde notou a tenso de Mara. Tem certeza que no se dirigem a nenhuma das cidades? Karrde perguntou a Aves. No, seguem mesmo para a floresta. A menos de cinqenta quilmetros daqui, creio. Karrde esfregou o indicador no lbio inferior, pensativo. S dois transportes? Pelo menos at agora. Aves mostrava-se nervoso. Devo lanar um alerta? Nada disso. Vamos perguntar se precisam de ajuda. Abra um canal de comunicao. Aves, boquiaberto, obedeceu, digitando algo no teclado. Pronto. Canal aberto. Obrigado. Destrier estelar Quimera, Talon Karrde falando. Posso ajud-los? Sem resposta Aves resmungou. Acha que eles no querem ser vistos? Ningum usa um destrier estelar para passar despercebido Karrde observou. No, eles resolveram consultar antes os arquivos da nave. Seri a interessante saber, um dia, o que consta l a meu respeito, se que existe algo. Pigarreando, insistiu: Destrier estelar Quimera, aqui ... Abruptamente, o rosto de Aves deu lugar ao de um senhor de meia-idade, exibin do a insgnia de capito. Capito Pellaeon, do Quimera, falando. O que quer? perguntou sem rodeios. Apenas ser gentil Karrde retrucou cauteloso. Monitoramos dois transportes lana dos h pouco. Imaginamos que o senhor, ou o Grande Almirante Thrawn, poderiam prec isar de auxlio. A pele em volta dos olhos de Pellaeon retesou-se ligeiramente. Quem? Entendi Karrde disse, sorrindo de leve. Como quiser. Nunca ouvi falar do Gran de Almirante Thrawn, principalmente a bordo do Quimera. Tambm no sei de nada a res peito de misses de inteligncia em diversos sistemas da regio Paonnid/Obroa-skai. A tenso Pellaeon crescia visivelmente. Conta com um bom sistema de informaes, senhor Karrde. A voz de Pellaeon, embora gentil, era ameaadora. Mas como um contrabandista de segunda conseguiria estes d ados? Karrde deu de ombros. Meu pessoal ouve muitos boatos. Eu junto as peas. Seu sistema de informaes funci ona do mesmo modo, creio. Bem, se os transportes pousarem na floresta, devo adve rtir que h inmeras espcies de predadores perigosos por l. E o alto teor de metal da vegetao torna os sensores praticamente inteis para as tropas. Obrigado pelo alerta Pellaeon disse friamente. Mas eles no pretendem demorar m uito por l. Sei. Karrde analisou as possibilidades. Caando um pouquinho, certo? Pellaeon brindou-o com um sorriso indulgente. Informaes sobre as atividades do Imprio so muito valiosas. Imaginei que uma pesso a em seu ramo de atividade saberia disso. Sem dvida. Karrde concordou, observando o outro atentamente, pelo monitor. Mas , s vezes, temos algo a oferecer em troca. Andam atrs do ysalamiri, certo?O sorriso desapareceu do rosto de Pellaeon. No h o que negociar, neste caso, Karrde. E h muitos riscos. Para vocs, claro. Acredito Karrde prosseguiu. A no ser, claro, que eu oferea algo de muito valios o, tambm. Presumo que conheam as caractersticas inusitadas do ysalamiri. Caso contrr io, no viriam atrs dele. Posso supor que conheam o nico modo seguro de remov-los dos ramos das rvores? Pellaeon o estudou, desconfiado. Fui informado que os ysalamiris atingem no mximo cinqenta centmetros, e no atacam ningum. No me referia sua segurana, capito Karrde explicou. E sim dos animais. No tir-los das rvores com vida. Um ysalamiri, quando cresce, torna-se sssil. As garras crescem e se alongam, penetrando nos ramos, at atingir o centro do galho que hab itam. E sabe como tir-lo de l com vida? Meu pessoal sabe Karrde revelou. Se quiser, posso mandar algum para ajud-los. A tcnica no apresenta grandes dificuldades, mas exige uma demonstrao no local. Claro Pellaeon retrucou, irnico. E a taxa para a demonstrao seria... No h taxa, capito. Como disse antes, quero apenas ser gentil. Pellaeon virou o rosto ligeiramente para o lado. Sua gentileza no ser esquecida. Por um momento ele encarou Karrde, e o duplo se ntido da declarao no passou despercebido. Se Karrde os trasse, no seria esquecido. Av isarei aos transportes para permitir o acesso de seu especialista. Ele chegar logo. Foi um prazer, capito. Pellaeon esticou o brao, fora da viso do monitor, e seu rosto deu lugar ao de A ves, outra vez. Sabe como agir? Karrde perguntou. Aves fez que sim. Dankin e Chin j comearam a esquentar um dos Skiprays. timo. Mantenha um canal aberto para eles. Assim que retornarem, quero v-los. Certo. A imagem sumiu da tela. Karrde afastou-se um passo da escrivaninha, olhou para Mara de relance, e ret omou seu lugar mesa. Lamento a interrupo disse em tom descontrado, conferindo sua reao com o canto do lho, enquanto servia mais vinho. Os olhos verdes retornaram lentamente do infinito. Os msculos da face relaxara m, abandonando a rigidez implacvel. No vai mesmo cobrar nada pelo favor? ela perguntou, esticando a mo ainda trmula at a taa de vinho. Eles cobrariam, se precisasse de algum servio. No momento, o Impr io s pensa em dinheiro. Ele deu de ombros. Meu pessoal os acompanhar, do instante do pouso at a decolagem. Considero esse um pagamento adequado. Ela o estudou. No acredita que eles tenham vindo s para capturar os ysalamiris, no ? Acho que no. Karrde saboreou um bocado de bruallki. A no ser que os utilizem pa ra propsitos que desconhecemos. Vir at aqui por causa dos ysalamiris parece uma at itude exagerada contra um nico Jedi. Os olhos de Mara novamente perderam-se no infinito. Talvez no seja por causa de Skywalker murmurou. Talvez tenham encontrado outro Jedi. Parece improvvel Karrde retrucou, atento s reaes da moa. Seu tom de voz, ao menci nar Skywalker... O Imperador acabou com eles, no incio da Nova Ordem. A no ser... acrescentou, ao imaginar uma outra possibilidade que tenham localizado Darth Vad er. Vader pereceu na Estrela da Morte Mara lembrou. Junto com o Imperador. Essa a verso oficial, sem dvida. Ele morreu. Mara cortou, a voz subitamente rspida. Claro Karrde concordou. Aps cinco meses de acompanhamento cuidadoso, finalment e identificara os temas capazes de abalar a moa. O falecido Imperador e o Imprio, antes de Endor, tinham prioridade em suas saudades. E, no extremo oposto do espe ctro emocional, Luke Skywalker. Mesmo assim ele prosseguiu, pensativo , se o Grande Almirante acha importanteter ysalamiris a bordo, vamos imit-lo. Abruptamente, os olhos de Mara fixaram-se nele. Para qu? Mera precauo. Voc se incomoda? Ele acompanhou a batalha ntima que se seguiu. No, mas acho perda de tempo. Thrawn provavelmente se preocupa toa. E como pret ende manter ysalamiris vivos numa nave, sem transplantar as rvores? Aposto que Thrawn tem a soluo para o problema Karrde garantiu. Dankin e Chin ma ntero olhos e ouvidos abertos, para descobrir os detalhes operacionais. Certo ela concordou, admitindo a derrota. Sem dvida. Enquanto isso Karrde disse, fingindo no notar a preocupao dela , vamos voltar aos nossos negcios. Voc tem idias para agilizar a organizao? Sim. Mara respirou fundo, fechando os olhos. Ao abri-los, recuperara seu cont role habitual. Sim. Bem... Hesitante no incio, ganhou confiana aos poucos. Analisou, com perspiccia e conhe cimento, os defeitos da organizao. Karrde a ouviu atento, maravilhado com os talen tos ocultos daquela mulher. Um dia, pensou, desenterraria os detalhes de seu pas sado, rasgaria o vu de segredos que ela cuidadosamente mantinha para se proteger. Descobriria de onde ela vinha, e quem era. E saberia exatamente o que Luke Skywalker havia feito para provocar um dio to i ntenso.4O Quimera levou quase cinco dias, na velocidade Ponto Quatro, para vencer os trezentos e cinqenta anos-luz entre Myrkr e Wayland. De qualquer maneira, os enge nheiros precisaram deste tempo para criar uma estrutura porttil capaz de simultan eamente abrigar e alimentar os ysalamiris. Ainda no me convenci da necessidade de tudo isso Pellaeon resmungou, olhando c ontrariado para o tubo recurvado e para a criatura escamosa, semelhante a uma sa lamandra, presa a ele. O tubo, a jaula e a criatura malcheirosa no o agradavam. Se o guardio que tanto espera foi designado para Wayland pelo prprio imperador, no vejo razo para temer problemas com ele. Digamos que se trata de uma precauo, capito Thrawn retrucou, apertando o cinto d e segurana na cabine do transporte. Talvez ele no se convena facilmente de que falamos a verdade. Pode duvidar de n ossa lealdade ao Imprio. Lanou um olhar rpido ao monitor e ordenou ao piloto: Pross iga. Ouviu-se um rudo abafado e, com um pequeno solavanco, o transporte deixou o ha ngar do Quimera, descendo em direo superfcie do planeta. Seria mais fcil convenc-lo com a tropa de assalto Pellaeon comentou, acompanhan do as imagens no monitor a sua frente. No gostaria de irrit-lo Thrawn explicou. O orgulho e a sensibilidade de um Jedi do Mal no devem ser desprezados, capito. Alm disso ele olhou por cima do ombro , Ru kh est aqui para isso. Qualquer um, ligado ao Imperador, tem conscincia do papel g lorioso desempenhado pelos noghris, h muitos anos. Pellaeon olhou de relance para a figura demonaca, sentada ali perto. Tem certeza de que o guardio um Jedi do Mal? Quem mais seria escolhido pelo Imperador para proteger seu depsito pessoal? Th rawn argumentou. Uma legio de tropas de assalto, talvez? Equipados com AT-ATs, e outros tipos de armamento tecnologicamente sofisticado, que poderiam ser detecta dos da rbita espacial, de olhos fechados? Pellaeon sorriu maldoso. Pelo menos, no precisavam temer nada, neste ponto. Os detectores do Quimera no encontraram nada mais sofisticado do que um arco e flec ha, na superfcie de Wayland. No servia de consolo. S imaginei que ele pode ter sido removido de Wayland, para ajudar na luta contra a Rebelio. Thrawn deu de ombros. Logo descobriremos. O ronco sutil da frico atmosfrica contra o casco do transporte aumentou, e o mon itor de Pellaeon mostrava detalhes da superfcie do planeta. A rea diretamente abai xo compunha-se de florestas, pontilhadas, aqui e ali, por descampados. Adiante, ocasionalmente visveis atrs das densas nuvens, uma montanha solitria erguia-se na p lancie. Aquele o monte Tantiss? perguntou ao piloto. Sim, senhor confirmou o tripulante. Logo avistaremos a cidade. Certo. Levando discretamente a mo coxa, Pellaeon ajustou o desintegrador. Thra wn confiava nos ysalamiris e na lgica. Pellaeon, contudo, teria preferido mais po der de fogo. A cidade espalhava-se pelo sop do monte Tantiss, no lado sudoeste. Era maior d o que se poderia prever em rbita grande parte das construes baixas ocultava-se sob a densa vegetao. Thrawn ordenou que o piloto sobrevoasse a regio por duas vezes, e depois pousasse na praa central da cidade, onde se erguia um majestoso palcio real . Muito interessante Thrawn comentou, espiando pela escotilha enquanto prendia a jaula do ysalamiri nas costas. H pelo menos trs estilos arquitetnicos aqui. Human o, e duas espcies aliengenas. Tal diversidade, em uma nica regio planetria, seria ano rmal. Numa nica cidade, rarssima. O prprio palcio, frente, incorporou elementos dos trs estilos. Sim Pellaeon concordou distrado, a ateno voltada para as escotilhas. Naquele mom ento os prdios no importavam, e sim, as formas de vida que os sensores detectaram atrs e dentro deles. Sabem se as espcies aliengenas hostilizam os visitantes? Provavelmente Thrawn disse, seguindo para a rampa de sada, onde Rukh j o aguard ava. Como a maioria das espcies aliengenas, alis. Vamos? A rampa baixou, com um rudo sibilante de gases. Mordendo o lbio, Pellaeon junto u-se aos dois. Com Rukh frente, eles desceram. Ningum atirou quando chegaram ao solo. Afastaram-se alguns passos da nave tran sporte, sem ouvir gritos nem notar qualquer sinal de vida. Tmidos, no acha? Pellaeon murmurou, conservando a mo na arma, enquanto estudava os arredores. No me surpreendem Thrawn disse, erguendo o disco amplificador de voz que levav a no cinto. Tentaremos persuadi-los a mostrar sua hospitalidade. Levou o disco a os lbios, e falou: Procuro o guardio da montanha. A voz ecoou na praa, a ltima slaba demorando a desaparecer por entre os prdios. Podem me levar a ele? O eco perdeu-se no silncio absoluto. Thrawn baixou o disco e esperou, mas os s egundos se passaram, sem resposta. Talvez no compreendam o Bsico Pellaeon sugeriu, cauteloso. Entendem, sim Thrawn disse friamente. Pelo menos os humanos entendem. Precisa m de mais motivao. Ele ergueu o megafone novamente: Procuro o guardio da montanha. Se no me levarem at ele, a cidade inteira sofrer as conseqncias. As palavras mal haviam sado de sua boca quando, sem aviso, uma flecha foi disp arada contra eles. Acertou Thrawn no ombro, por pouco no perfurou o tubo do ysala miri nas costas, e resvalou, inofensiva, na armadura oculta pelo uniforme branco . Espere ordenou a Rukh, quando este sacou o desintegrador. Localizou a origem? Sim o noghri informou, apontando para um prdio quadrado, prximo ao palcio. Muito bem. Thrawn ergueu o disco mais uma vez. Um de seus habitantes atirou e m ns. Observem as conseqncias. Baixando o disco, ordenou a Rukh: Agora. Com um sorriso tenso, deixando vista os dentes pontiagudos, Rukh obedeceu, de molindo o prdio com rapidez, preciso e eficincia. Primeiro ele cuidou das portas e janelas, disparando uma dzia de vezes contra elas, para evitar novos ataques. Depois desintegrou as paredes do trreo. Com vint e disparos, o edifcio comeou a tremer nas bases. Depois de mais alguns tiros contr a o pavimento superior, o prdio ruiu estrondosamente. Thrawn aguardou at que o som do desabamento diminusse para erguer o megafone ma is uma vez. J viram o que acontece quando desobedecem minhas ordens. Pergunto, pela ltima vez: quem me levar ao guardio da montanha? Eu levarei algum, esquerda, respondeu. Pellaeon virou-se imediatamente. O home m parado na frente do palcio era magro e alto, com cabelos grisalhos desalinhados e barba at a metade do trax. Usava sandlias e um manto marrom gasto. Um medalho bri lhante, meio oculto pela barba, pendia no peito. O rosto enrugado, escuro, revel ava uma nobreza que beirava a arrogncia, concluiu Pellaeon ao estud-lo. Nos olhos, trazia uma mistura de curiosidade e desdm. Vocs so forasteiros disse num tom que combinava com o olhar, que agora observav a a nave de transporte. Estranhos de outro mundo. Isso mesmo Thrawn admitiu. E voc? Os olhos do velho desviaram-se para o monte de escombros produzido por Rukh. E destruram um prdio. No havia necessidade. Fomos atacados Thrawn argumentou friamente. O prdio era seu? Os olhos do estranho relampejaram. A certa distncia, Pellaeon no conseguiu defi nir sua reao. Eu comando ele retrucou, com a voz calma e ameaadora. Tudo que existe aqui per tence a mim. Durante alguns segundos, ele e Thrawn se encararam. O silncio foi rompido por Thrawn. Sou o Grande Almirante Thrawn, Senhor da Guerra do Imprio, servo do Imperador. Procuro o guardio da montanha. O velho curvou-se ligeiramente. Eu o levarei at ele. Dando as costas, o velho caminhou em direo ao palcio. Fiquem prximos Thrawn murmurou aos outros, ao segui-lo. Pode ser uma cilada. Nenhuma outra flecha foi disparada no trajeto at o prtico em pedra lavrada que encimava as portas do palcio. Pensei que o guardio vivesse na montanha Thrawn disse ao guia, que abria as po rtas, que cederam facilmente. O velho, concluiu Pellaeon, era mais forte do que aparentava. Antes, morava o outro respondeu, sem se voltar. Quando iniciei meu domnio, o p ovo de Wayland construiu este palcio para ele. No centro de um salo luxuoso, a mei o caminho de outro par de portas monumentais, ele parou. Afastem-se ordenou. Por um momento Pellaeon pensou que o velho falava com ele. Antes que pudesse abrir a boca para recusar-se a sair, duas sees laterais da parede se abriram e doi s soldados magros surgiram dos postos de sentinela ocultos. Vigiando em silncio o s visitantes do Imprio, levaram os arcos ao ombro e deixaram o salo. O velho esper ou que desaparecessem para prosseguir at as portas internas. Entrem disse, apontando para as portas, com um estranho brilho nos olhos. O g uardio do Imperador os aguarda. Sem fazer o menor rudo, as portas se abriram, revelando um salo imenso iluminad o por velas em centenas de candelabros. Pellaeon examinou o velho, parado perto das portas, sentindo de repente um ar repio na espinha, pressentindo algo ruim. Tomando flego, seguiu Thrawn e Rukh. Ento entraram na cripta. No poderia ser diferente. Alm das velas bruxuleantes, no salo existia apenas um bloco retangular de pedra escura, no centro. Entendi Thrawn disse devagar. Ele morreu. Morreu o velho confirmou, atrs deles. V as velas, Grande Almirante Thrawn? Sim, eu as vejo Thrawn respondeu. Uma bela homenagem. Homenagem? O velho repetiu, em tom escarnecedor. No diria isso. As velas marca m os tmulos dos forasteiros que aqui pousaram, desde sua morte. Pellaeon voltou-se para ele, sacando instintivamente o desintegrador. Thrawn esperou mais alguns segundos, antes de se virar. E como eles morreram? O velho sorriu. Eu os matei, claro. Assim como matei o guardio. Ergueu as mos vazias espalmadas em direo aos visitantes. Assim como vou mat-los agora. Sem aviso, relmpagos azuis comearam a sair das pontas dos dedos. E desapareceram no ar, a um metro dos forasteiros. Tudo aconteceu to depressa que Pellaeon nem teve a chance de piscar, quanto mais disparar. Erguendo o desintegrador, ele sentiu o calor dos raios azuis na mo e stendida. Espere Thrawn disse calmamente. Contudo, como pode ver, guardio, no somos visit antes comuns. O guardio est morto! O velho gritou, vencendo o rudo dos novos raios lanados. Mai s uma vez, eles desapareceram no ar antes de atingir o alvo. Sim, o antigo guardio morreu Thrawn concordou, gritando para ser ouvido. E ago ra voc o guardio, encarregado de proteger a montanha do Imperador. No sirvo ao Imperador! o velho retrucou, lanando mais uma salva de raios inteis. Meu poder no tem dono. Sbito como comeou, o ataque cessou. O velho encarou Thrawn, as mos ainda erguida s, com expresso intrigada e petulante no rosto. Voc no Jedi. Como consegue isso? Junte-se a ns e aprender Thrawn sugeriu. O oponente empertigou-se, revelando toda sua imponncia. Sou um Mestre Jedi rugiu. No me junto a ningum. Entendo Thrawn disse, balanando a cabea. Neste caso, permita que nos juntemos a voc. Seus olhos vermelhos brilhantes fixaram-se no guerreiro. E deixe que eu rev ele o modo de ganhar mais poder do que se poderia imaginar. Um poder capaz de de slumbrar at a um Mestre Jedi. Por um momento o velho encarou Thrawn, e uma dzia de expresses distintas passou por seu rosto em sucesso rpida. Muito bem. Vamos conversar, ento. Sou muito grato Thrawn disse, inclinando ligeiramente a cabea. Posso saber a q uem tenho a honra de me dirigir? Claro. O rosto do velho assumiu um ar nobre e, quando ele falou, a voz ecoou no silncio da cripta. Sou o Mestre Jedi Joruus Cbaoth. Pellaeon respirou fundo, sentindo novamente o frio na espinha. Joruus Cbaoth? Mas como possvel? No conseguiu falar mais nada. Cbaoth o fuzilou com o olhar, do mesmo modo como ele silenciava os jovens oficiais subalternos que faziam perguntas inoportunas. Vamos disse, dirigindo-se a Thrawn. Conversaremos. Ele mostrou a sada da cript a e voltaram praa ensolarada. Diversos grupos de pessoas nervosas espalhavam-se pelo local, mantendo-se dis tantes da cripta e do transporte, conversando. Com uma exceo. A poucos metros, barrando o caminho, encontrava-se um dos guarda s que Cbaoth dispensara, na cripta. Seu rosto revelava uma fria quase descontrola da. Nas mos crispadas havia uma besta. Destruram sua casa Cbaoth explicou. E agora ele quer se vingar. Mal proferira estas palavras quando o guarda ergueu a besta e disparou. Insti ntivamente, Pellaeon abaixou-se, sacando o desintegrador para... A trs metros dos visitantes do Imprio, a flecha parou no ar. Pellaeon olhou para a seta de madeira e metal, o crebro tardando a se dar cont a do que ocorria. So nossos convidados Cbaoth avisou o guarda, em voz alta o suficiente para che gar a todos os grupos reunidos na praa. E sero bem tratados. Estalando, a seta se partiu em pedaos, que caram no cho. Relutante, o guarda bai xou a arma, os olhos ainda faiscantes de raiva. Thrawn aguardou um segundo e fez um gesto para Rukh. O noghri ergueu o desintegrador e disparou... Em um movimento rpido, uma pedra ergueu-se do solo e parou na linha de tiro, e xplodindo espetacularmente ao receber o impacto do desintegrador. Thrawn fitou Cbaoth, surpreso e furioso. Cbaoth... Este o meu povo, Grande Almirante Thrawn o guerreiro o interrompeu, a voz cor tante e baixa. E no o seu. Se houver necessidade de punio, eu me encarregarei disso . Os dois homens trocaram olhares severos durante algum tempo. Depois, num esfo ro supremo, Thrawn recuperou a compostura. Sem dvida, Mestre Cbaoth. Peo perdo. Cbaoth moveu ligeiramente a cabea. Melhor assim. Bem melhor. Olhou para o guarda, dispensando-o com um sinal. Va mos conversar falou, voltando-se para o Grande Almirante.Quero saber como se defendeu de meu ataque Cbaoth indagou, apontando para as almofadas destinadas a acomod-los. Em primeiro lugar, gostaria de explicar o motivo de minha visita Thrawn disse , examinando o salo antes de se acomodar em uma das almofadas. Com certeza, Pella eon concluiu, o Grande Almirante observava os objetos de arte ali existentes. Cr eio que... Diga como se defendeu de meu ataque Cbaoth insistiu. Com um sorriso condescendente, logo reprimido, Thrawn disse: Foi muito simples, na verdade. Ele olhou para o ysalamiri em suas costas, e c om o dedo acariciou o longo pescoo do animal. Estas criaturas chamam-se ysalamiris. Vivem nas rvores de um planeta distante e irrelevante. Possuem, no entanto, uma caracterstica peculiar, nica. Elas repelem a Fora. Cbaoth franziu a testa. Como assim, repelem? A Fora incapaz de penetrar na rea onde se encontram Thrawn explicou. Elas geram um campo, como uma bolha de ar. Um nico ysalamiri consegue criar uma bolha de at dez metros. Um grupo como esse soma esforos, e ampl ia bastante a defesa. Nunca ouvi falar disso. Cbaoth examinou o ysalamiri de Thrawn com curiosidade quase infantil. Como pode existir tal criatura? No fao a menor idia Thrawn disse. Presumo que tal habilidade seja til em seu mei , mas no imagino como. Ergueu a sobrancelha. No importa. No momento, esta habilida de basta para meu objetivo. O rosto de Cbaoth crispou-se. Sendo este objetivo minha derrota. Thrawn deu de ombros. Espervamos encontrar o guardio do Imperador aqui. Eu precisava garantir que ele nos permitisse explicar a natureza de nossa misso. Acariciou novamente o pescoo d o ysalamiri. No entanto, a proteo contra o guardio foi apenas um bnus adicional. Tenho algo mu ito mais interessante em mente, para estes lindos animais. E seria...? Thrawn sorriu. Tudo em seu devido momento, Mestre Cbaoth. E apenas depois que nos permitir e xaminar o depsito do Imperador, no monte Tantiss. Cbaoth mordeu o lbio. Ento a montanha seu verdadeiro objetivo. Preciso ir montanha, sem dvida. Espero encontrar algo l. O qu? Thrawn o estudou por um momento. Ouvi rumores, pouco antes da Batalha de Endor, que os cientistas do Imperador haviam aperfeioado um escudo de camuflagem eficiente. Eu o quero. Alm disso acres centou, aps um instante de reflexo , h outro equipamento. Um brinquedinho tecnolgico trivial. E espera encontrar um escudo de camuflagem assim, na montanha? Creio que h l um prottipo, ou pelo menos o projeto completo. Um dos objetivos do Imperador, ao construir o depsito, foi impedir a perda de tecnologias potencialm ente teis. Isso, e colecionar lembranas de suas conquistas gloriosas Cbaoth acrescentou. H vrias salas cheias de trofus do gnero. Pellaeon ficou tenso. Esteve na montanha? perguntou. Calculara que o depsito possusse defesas intrans ponveis. Cbaoth o olhou com desprezo e complacncia. Claro que estive na montanha. Matei o guardio, recorda-se? E, dirigindo-se a Thrawn: Certo. Quer os brinquedos do Imperador. Mas agora p ode simplesmente ir at a montanha e pegar o que quiser, com ou sem meu auxlio. O q ue espera? O contedo da montanha apenas parte do que preciso Thrawn explicou. Tambm necessito do auxlio de um Mestre Jedi. Cbaoth acomodou-se novamente nas almofadas, um sorriso cnico na face.Bem, finalmente chegamos ao que interessa. Vai me oferecer um poder capaz de deslumbrar at a um Mestre Jedi, agora. Thrawn sorriu tambm. Realmente. Diga-me, Mestre Cbaoth, conhece os detalhes da desastrosa derrota da Frota Imperial, na Batalha de Endor, h cinco anos? Ouvi boatos. Um dos estrangeiros que aqui esteve comentou algo. Os olhos de C baoth fitaram a cripta/palcio, do outro lado da praa. Rapidamente. Pellaeon engoliu em seco. Thrawn, contudo, no se abalou com a insinuao. Ento deve ter se intrigado com a capacidade de algumas dzias de naves Rebeldes em derrotar uma fora imperial que os superava em dez para um. No perco meu tempo com essas coisas Cbaoth disse, seco. Presumo que os Rebelde s lutem melhor. De certo modo, verdade. Os Rebeldes lutaram melhor, mas no por causa de um tre inamento mais eficiente. Eles derrotaram a Frota por que o Imperador estava mort o. Ele se voltou para Pellaeon. Participou do combate, capito. Deve ter notado is so. A sbita perda de coordenao entre tripulantes das naves. A ausncia de disciplina e eficincia. Em resumo, o desaparecimento da sutil qualidade a que chamamos de es prito de luta. Sim, houve muita confuso Pellaeon concordou. Comeava a entender onde Thrawn pre tendia chegar, e no gostou nem um pouco. Mas isso pode ser explicado pelas condies normais em que se trava uma batalha. A sobrancelha azulada ergueu-se ligeiramente. Acha mesmo? A perda do Executor, a sbita incompetncia dos caas TIE, no momento c rucial, provocando a perda da Estrela da Morte, a destruio de outros seis destriere s estelares, em confrontos que deveriam ter vencido sem dificuldade... Acha que tudo isso se deve a condies normais em que se trava uma batalha? O Imperador no comandou a batalha Pellaeon justificou com tanta veemncia que el e mesmo se surpreendeu. Eu estive l, almirante, sei o que houve. Sim, capito, esteve l Thrawn disse, a voz adquirindo um tom mais duro. E chegou a hora de abandonar as iluses e encarar a verdade, por mais dura que seja. Vocs no dispunham de nimo para combater. A Frota Imperial havia perdido a coragem. O pod er do Imperador os conduzia. A mente do Imperador lhes dava fora, determinao e efic incia. Dependiam tanto de sua presena que mais pareciam borgs implantados em um co mputador de combate. No verdade Pellaeon retrucou, sentindo um aperto no peito. No pode ser. Lutamos , mesmo depois da morte do Imperador. Claro Thrawn concedeu, a voz carregada de desdm. Lutaram como cadetes. Cbaoth interferiu. Ento isso que pretende comigo, Grande Almirante Thrawn? indagou revoltado. Que transforme as naves em marionetes sob seu controle? De modo algum, Mestre Cbaoth Thrawn disse, j mais calmo. Escolhi cuidadosament e minha analogia com borgs implantados em computador. O erro fatal do Imperador foi ter assumido o controle pessoal, completo e constante da Frota Imperial inte ira. Causou grandes danos, com o passar do tempo. Desejo apenas que me ajude a o timizar a coordenao entre as naves e as foras de ataque e somente nos momentos crtic os, em situaes de combate cuidadosamente escolhidas. Cbaoth olhou para Pellaeon. Com que finalidade? Para atingir o objetivo mencionado. Poder. Poder de que tipo? Pela primeira vez, desde o pouso, Thrawn ficou atnito. A conquista de mundos, claro. A derrota final da Rebelio. O restabelecimento d a glria da Nova Ordem Imperial. Cbaoth balanou a cabea. Voc no entende nada de poder, Grande Almirante Thrawn. Conquistar mundos que ai nda nem visitou no significa poder. Nem destruir naves e pessoas e rebelies que no enfrentou pessoalmente. Ele estendeu a mo num gesto, os olhos brilhando graas ao f ogo interior que o animava. Isso, Grande Almirante Thrawn, poder. Esta cidade, e ste planeta, esta gente. Cada humano, Psadan e Myneyrsh que vive aqui pertence a mim. A mim. Seus olhos voltaram-se para a janela novamente. Eu os ensino. Eu oscomando. Eu os puno. Suas vidas e suas mortes esto nas minhas mos. Eu ofereo exatamente a mesma coisa Thrawn disse. Milhes de vidas, bilhes, se pre ferir. Para fazer com elas o que bem entender. No a mesma coisa Cbaoth retrucou, num tom de pacincia paternalista. No me atrai exercer um poder distante sobre rostos annimos. Pode comandar uma nica cidade, ento Thrawn insistiu. Grande ou pequena, a gosto . J tenho uma cidade. Os olhos de Thrawn se estreitaram. Preciso de sua ajuda, Mestre Cbaoth. Diga seu preo. Cbaoth sorriu. Meu preo? O preo por meus servios? De sbito, o sorriso sumiu do rosto. Sou um Me tre Jedi, Grande Almirante Thrawn ele declarou com voz ameaadora. No um mercenrio c omo seu noghri. Lanou um olhar de desprezo para Rukh, que permanecia sentado no canto, quieto. Isso mesmo, noghri. Conheo voc e sua gente. Servem como esquadres da morte do Im prio. Vivem e morrem conforme os caprichos de homens ambiciosos como Darth Vader e o Grande Almirante aqui presente. Lorde Vader serviu ao Imprio e ao Imperador Rukh rugiu, os olhos fixos em Cbao th. Assim como ns. Talvez. Cbaoth voltou-se para Thrawn. Tenho tudo que desejo e preciso, Grande Almirante. Deve deixar Wayland agora. Thrawn no se moveu. Preciso de sua ajuda, Mestre Cbaoth ele repetiu calmamente. E vou consegui-la . Ou ento vai fazer o qu? Cbaoth rosnou. Ordenar ao noghri que me mate? Seria um e spetculo e tanto. Ele encarou Pellaeon. Ou talvez usar o poderoso destrier estelar para arrasar a cidade. Mas no pode correr o risco de danificar a montanha, certo ? Meus canhes podem destruir a cidade sem afetar a grama de monte Tantiss Pellae on retrucou. Se quiser uma demonstrao... Calma, capito Thrawn interferiu. Ento prefere o poder face a face, Mestre Cbaot h? Sim, posso entender. No h grandes desafios, hoje em dia, entretanto. Entendo... Ele olhou pensativo atravs da janela. At mesmo um Mestre Jedi acaba por se cansar , e torna-se velho demais, desinteressa-se por tudo, a no ser tomar banho de sol. O semblante de Cbaoth anuviou-se. Cuidado, Grande Almirante Thrawn ele ameaou. Talvez eu me interesse pela sua d estruio. Este no seria um desafio altura, para um guerreiro com sua habilidade e poder Thrawn reagiu, displicente. Sugiro que enfrente os outros Jedis que aqui se enco ntram, sob seu comando. Cbaoth franziu a testa, confuso com a mudana sbita de assunto. Outros Jedis? repetiu. Claro. Sem dvida um Mestre Jedi comanda guerreiros menos capacitados. Nada mai s apropriado. No h Jedis aqui para servi-lo? Que possa punir conforme sua vontade? Uma sombra escureceu o rosto de Cbaoth. No resta mais nenhum Jedi ele murmurou. O Imperador e Darth Vader caaram e mata ram todos eles. Nem todos Thrawn informou malicioso. Dois novos Jedis surgiram nos ltimos anos : Luke Skywalker e sua irm, Leia Organa Solo. E o que eu tenho a ver com isso? Posso coloc-los a seu dispor. Por um longo tempo, Cbaoth o encarou, enfrentando o conflito entre a incredul idade e o desejo. Venceu o desejo. Os dois? Os dois Thrawn confirmou. Leve em conta o que um homem com sua capacidade pod er fazer com dois jovens Jedis. Disponveis. Pode mold-los, transform-los, recri-los sua imagem. Ele ergueu a sobrancelha. E com eles vir um bnus especial... pois Leia Organa Solo est grvida. Gmeos. Cbaoth tomou flego. Gmeos Jedis? sussurrou. E tm potencial, segundo minhas fontes. Thrawn sorriu. Claro, seu destino finaldepender somente de sua vontade. Os olhos de Cbaoth foram de Pellaeon a Thrawn. Lentamente, num movimento deli berado, ele se ergueu. Muito bem, Grande Almirante Thrawn. Em troca dos Jedis, colaborarei com suas foras. Leve-me para a nave. No momento oportuno, Mestre Cbaoth Thrawn disse, levantando-se tambm. Primeiro precisamos ir at a montanha do Imperador. Nosso acordo depende das coisas que pr eciso encontrar l. Claro. Os olhos de Cbaoth faiscaram. Vamos torcer para que as encontre, ento. Para seu prprio bem encerrou, ameaador. A busca durou sete horas, pois a fortaleza era muito maior do que Pellaeon es perava. Mas, no final, localizaram os tesouros ambicionados por Thrawn. O escudo de camuflagem e o outro equipamento, um item quase trivial, em termos de tecnol ogia. A porta para a sala de comando do Grande Almirante abriu-se. Adiantando-se, P ellaeon entrou. Podemos conversar, almirante? Certamente, capito Thrawn concedeu de sua poltrona, no centro do duplo crculo. Aproxime-se. Temos novidades do Palcio Imperial? Nada, senhor, desde ontem Pellaeon respondeu ao chegar ao crculo externo, ensa iando silenciosamente o que tinha a dizer. Posso pedir um relatrio, se quiser. Desnecessrio, creio. Os detalhes da viagem a Bimmisaari j foram analisados. S pr ecisamos alertar um dos grupos de comandos, Grupo Oito, sugiro, para capturar no ssos Jedis. Sim, senhor. Pellaeon resolveu arriscar: Almirante... devo preveni-lo de que, em minha opinio, lidar com Cbaoth no uma boa idia. Para ser honesto, suspeito de i nsanidade. Thrawn ergueu a sobrancelha. A insanidade, no caso dele, bvia. Afinal, no se trata de Jorus Cbaoth. O queixo de Pellaeon caiu. Como? Jorus Cbaoth est morto Thrawn disse. Era um dos seis Mestres Jedis engajados n o projeto de conquista da Velha Repblica. No sei se, na poca, sua posio lhe dava aces so a tais informaes. Ouvi boatos Pellaeon disse, franzindo a testa num esforo para se recordar dos fatos. Houve uma tentativa de estender a autoridade da Velha Repblica para alm da galxia, pouco antes da Guerra dos Clones. Eu no soube de mais nada a respeito. Por que no havia mais nada a saber Thrawn disse, tranqilo. A nave foi intercept ada quando deixou a rea de influncia da Velha Repblica, e destruda. Pellaeon o fitou, sentindo um frio na espinha. Como sabe? Thrawn ergueu a sobrancelha. Eu comandava a fora de ataque. J naquela poca o Imperador planejava o extermnio d os Jedis. Ter seis Mestres Jedis a bordo de uma mesma nave era uma oportunidade boa demais para se desperdiar. Pellaeon umedeceu os lbios. Mas quem, ento...? Quem se encontra agora a bordo do Quimera? Thrawn concluiu a pergunta iniciad a pelo capito. Pensei que fosse bvio. Joruus Cbaoth note a alterao na pronncia de Jo us no passa de um clone. Pellaeon o encarou estarrecido. Um clone? Sem dvida Thrawn confirmou. Criado a partir de um fragmento do original, prova velmente antes da morte do Cbaoth verdadeiro. No incio da guerra, em outras palavras Pellaeon disse, engolindo em seco. Os p rimeiros clones, ou pelo menos aqueles enfrentados pela frota, eram muito instvei s, mental e emocionalmente. Por vezes, de modo assustador. E o senhor, deliberad amente, o trouxe a bordo de minha nave? Preferiria ter um Jedi do Mal de verdade, aqui? Thrawn perguntou friamente. U m novo Darth Vader, quem sabe, com a ambio e o poder capazes de lev-lo ao controleda nave? Agradea aos deuses, capito. Pelo menos um Jedi do Mal verdadeiro seria previsvel Pellaeon argumentou. Podemos controlar Cbaoth Thrawn garantiu. E, se ele sair da linha... Com um g esto, apontou para a meia dzia de jaulas em torno da rea de comando. Temos os ysal amiris para nos proteger. Pellaeon fechou a cara. Continuo no gostando nem um pouco disso, almirante. Como podemos proteger a na ve, se vamos entregar o coordenao dos ataques a ele? H sempre algum risco envolvido Thrawn concordou. Mas o risco faz parte da guerra. Neste caso, os benefcios potenciais ganham di sparado dos perigos potenciais. Relutante, Pellaeon concordou com um movimento de cabea. Ele no gostava, jamais aceitaria aquele plano, mas Thrawn tomara uma deciso definitiva. Sim, senhor resmungou. Mencionou uma mensagem destinada ao Grupo Oito, no? Gos taria que eu a transmitisse agora? No, cuidarei disso pessoalmente. Thrawn sorriu irnico. O glorioso lder e tudo mais. Conhece a mentalidade noghri. Mais alguma coisa? Estava dispensado, sem rodeios. No, senhor. Se precisar de mim, estarei na ponte. E deu meia-volta para sair. Este plano nos levar vitria, capito o Grande Almirante afirmou suavemente. Cont ole seu medo e concentre-se nessa idia. Ou nos matar a todos, refletiu Pellaeon. Claro, senhor. 5Han terminou o relatrio, sentou-se e esperou a saraivada de crticas. Esperou pouco tempo. Ento, seus amigos contrabandistas mais uma vez evitam qualquer envolvimento o almirante Ackbar disse, sem tentar ocultar a contrariedade. A cabea alta balanou s eguidamente, num gesto calamariano indecifrvel, e os olhos enormes piscaram, em c oordenao com o movimento. Deve-se recordar de que me opus idia desde o incio comple ou, apontando Han com a mo membranosa. Han olhou para Leia, do outro lado da mesa. No se trata de evitar o envolvimento, almirante Han argumentou. A maioria no v q ualquer vantagem real em deixar as atividades atuais e passar para o transporte regular de carga. Ou, ento, trata-se de falta de confiana interferiu uma voz aliengena melodiosa. O que acham? Han fez uma careta e conteve-se. Pode ser disse, e com esforo encarou Borsk Fey'lya. Pode ser? Fey'lya arregalou os olhos violeta, e o plo castanho eriou-se ligeira mente. Assim os nativos de Bothan demonstravam educadamente sua surpresa, e Fey' lya abusava deste recurso. Disse que pode ser, capito Solo? Han bufou baixinho. Desistia. Fey'lya iria manobr-lo at que dissesse tudo. Alguns grupos com quem conversei no confiam em ns admitiu. Temem que nossa oferta seja uma cilada, com a finalidade de expor e reprimir as atividades ilegais. Por minha causa, aposto Ackbar resmungou, enquanto o avermelhado normal de su a pele adquiria um tom mais escuro. Ainda no se cansou deste assunto, conselheiro Fey'lya? Os olhos de Fey'lya arregalaram-se outra vez, e por um momento ele encarou Ac kbar. A tenso na sala aumentou. Han sabia que eles se detestavam desde o dia em