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AULA  5 ÉTICA NA ADMINI STRAÇÃO Prof. Ms Felipe Saraiva Nunes de Pinho felipepinho.com felipepinho.com

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  • AULA 5

    TICA NA ADMINISTRAO

    Prof. Ms Felipe Saraiva Nunes de Pinhofelipepinho.com

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  • A tica responde pergunta: - Como viver?

  • tica: Conceitos FundamentaisO que a tica?A palavra tica vem do grego ethos, que significa costumes, carter do sujeito, maneira habitual de ser e agir;De acordo com Peter Singer a reflexo tica tem como objetivo orientar nossas aes prticas;A tica comea com a liberdade do sujeito em escolher entre o bem e o mal, o justo e o injusto; ou seja, a tica fruto da ao da vontade humana de visar o bem.A tica nos leva a compreender que no somos seres isolados (individualistas/egostas) mas que, ao contrrio, nos constitumos como sujeitos a partir da relao com o outro.

  • tica: Conceitos FundamentaisA tica pode ser compreendida como uma parte da filosofia prtica que reflexiona sobre os fundamentos da moral (finalidade e sentido da vida, os fundamentos da obrigao e do dever, a natureza do bem e do mal, o valor da conscincia moral) (Japiass; Marcondes. Dicionrio Bsico de Filosofia, 1996);A tica, dessa forma, diz respeito uma reflexo sobre a melhor maneira de se viver uma vida boa, justa e feliz;De acordo com o filsofo francs Paul Ricoeur, a inteno tica diz respeito realizao de um projeto de vida boa, segundo os princpios da sabedoria filosfica.

  • tica: Conceitos FundamentaisA realizao do projeto de vida boa composto, de acordo com Ricoeur, de trs etapas complementares: o desejo de ter uma vida boa, para e com o outro, em instituies justas;Assim, segundo esse filsofo contemporneo, a tica comea com um desejo legtimo de realizar-se enquanto um sujeito capaz de ter autoestima e de ser estimado pelos outros.IMPORTANTE: S sou capaz de estima, se meu projeto de vida seguir os princpios do bem e da verdade, e levar em considerao os outros, a sociedade, a natureza.

  • A tica: a realizao do sujeito capazA tica, como manifestao do desejo de levar uma vida boa, apresenta um carter teleolgico, ou seja, de finalidade;Quando o sujeito reflete sobre qual a finalidade de sua vida, realiza uma narrao de si mesmo, avalia a sua conduta, julga suas aes e se reconhece como o autor de sua vida, de seu projeto prprio;Em seu autojulgamento o sujeito se reconhecer como merecedor ou no de estima.

  • A tica: a realizao do sujeito capazCaso se perceba como merecedor de estima, o sujeito ter maiores chances de alcanar a autorrealizao e consequentemente estar mais prximo da felicidade, fim ultimo da vida humana;A felicidade est na realizao do que se ;A tica seria o exerccio da arte do bem viverA tica, dessa forma, no apenas uma reflexo sobre o agir humano, uma reflexo sobre o prprio ser, ou melhor, sobre o que ser?

  • tica e MoralNa etimologia no existe diferena entre os termos tica e moral. Como vimos a tica diz respeito aos costumes, enquanto a moral (do latim mos; mores) tambm diz respeito a costumes, maneira de agir conforme costumes.No entanto, ao longo da histria da filosofia, a tica tornou-se uma disciplina filosfica denominada de Filosofia Moral e passou a designar um estudo reflexivo sobre os fundamentos da moral (terica/hipottica), enquanto moral coube o estudo das regras, normas de condutas admitidas em uma determinada poca ou comunidade (normativa/categrica).

  • tica e MoralMuitos tericos no diferenciam os termos tica e moral, utilizando-os como sinnimos;Porm, nos estudos contemporneos da Filosofia Moral, os dois termos adquirem frequentemente uma conotao diferente;Monique Canto-Sperber, embora defenda o uso igual para os dois termos, procura explicar a diferena que eles adquiriram na contemporaneidade:A moral remete antes, e de modo no exclusivo, presena de regras e de uma lei. A tica, por sua vez, associada ao bem, s virtudes ou s prticas. Mas, como o bem pode incluir um elemento imperativo e as virtudes um elemento formal, a distino entre os dois termos frequentemente indecisa e provisria. (Canto-Sperber, 2005)

  • tica e MoralA moral pode ser entendida como um conjunto de regras que regem o comportamento dos indivduos em um grupo social (Aranha; Martins, 2003).A moral, a partir da tradio histrica/filosfica, passa a ser compreendida como a formalizao dos princpios ticos, ou seja, traduz os princpios da vida boa em leis e normas de conduta social que devem ser seguidas por todos;A moral, dessa forma, apresenta um carter deontolgico, ou seja, de dever, de obrigao.

  • tica e MoralA tica responderia pergunta como viver?, enquanto a moral responderia pergunta como devo agir?;Para Ricoeur, tanto a tica precisa passar pelo crivo da moral, ou seja, ser reconhecida como uma regra prtica e aceitvel socialmente, como a moral precisa ter fundamentos ticos, ou seja, precisa visar o bem;tica e Moral, so por isso complementrias e inseparveis.

  • tica e Moral

    ticaMoralPermanenteTemporalUniversal (almeja ser)Cultural TericaPrticaPrincpios geraisAspectos de conduta especficosAmai-vos uns aos outrosArtigo 121 do CPB: proibido matar o prximo

  • O livre-arbtrio: querer ou dever?

  • A tica: entre o querer e o deverUm dos grandes debates da tica se centra no dilogo querer/dever. O querer nos remete idia de liberdade, de livre escolha, de opo. Do ponto de vista tico, o querer um impulso que vem do nosso prprio interior, uma vontade de agir eticamente, com justia.O dever j se apresenta como uma imposio exterior, que obriga o sujeito humano a obedecer a uma determinada norma. Esse dever moral necessita ser internalizado pelo prprio sujeito, ou seja, ele precisa assumir como sendo sua a imposio moral, ou seja, precisa livremente assumir o dever (autonomia). Se no, esse dever se transforma em uma obedincia cega lei, um constrangimento externo, sem nenhuma iniciativa do sujeito.

  • A tica: entre o querer e o deverAssim, a autonomia acontece quando o sujeito compreende a necessidade de seguir determinada norma, quando opta em agir conforme a norma, pois compreende o seu valor e a sua justia.No dever, pode at haver uma renuncia ao desejo individual, mas essa renuncia sentida como um benefcio em favor de si mesmo e dos outros.

  • A construo do sujeito ticoA heteronomia revela um estgio imaturo da tica (nvel pr-convencional), que se traduz por uma incapacidade do sujeito em se implicar em suas escolhas, agindo apenas por obrigao/obedincia por temor punio ou visando uma gratificao. Prevalece o egocentrismo.A autonomia manifesta o estgio mais maduro da tica (nvel ps-convencional), o sujeito j compreende a sua implicao em suas escolhas, j assume a responsabilidade por seu atos e interioriza criticamente as normas morais. Prevalece o dilogo e o respeito pelo outro.

  • Teoria do Desenvolvimento MoralLawrence Kohlberg, psiclogo estadunidense, props uma teoria do desenvolvimento moral dividida em trs nveis:Nvel 1 (Pr-Convencional - Heteronomia) 1. Orientao "punio -obedincia" (como eu posso evitar a punio?) 2. Orientao auto-interesse (hedonismo instrumental - o que eu ganho com isso?) Nvel 2 (Convencional - convico) 3. Acordo interpessoal e conformidade s normas dos grupos sociais4. Orientao "manuteno da ordem social e da autoridadeNvel 3 (Ps-Convencional - Autonomia) 5. Orientao "Contrato Social" 6. Princpios ticos universais (Conscincia principiada)

  • O sujeito moralO sujeito moral aquele capaz de compreender que compartilha com os demais sujeitos um conjunto de valores. Que esses valores no so apenas individuais, pois caso o fossem, no seria possvel o convvio social, mas so construdos intersubjetivamente, pertencem a um determinado grupo social. Assim o sujeito moral capaz de reconhecer o outro como um outro-eu, to importante quanto cada um de ns. (Aranha; Martins, 2003).

  • Correntes ticas

  • tica teleolgica x Moral deontolgicaPaul Ricoeur ir enfatizar duas tradies principais que se destacam na histria da filosofia moral: a teleolgica e a deontolgica.A tica teleolgica ou das virtudes (tica aristotlica) tem como objetivo estudar os fins que devem ser alcanados para que o homem atinja a felicidade. a busca da realizao da vida do sujeito virtuoso, prudente, que vive de acordo com a razo (vida inteligente e contemplativa). A moral deontolgica ou do dever (moral kantiana) tem como objetivo o estudo do dever, das normas ou leis, que cada sujeito precisa seguir para poder viver e construir uma sociedade justa.

  • tica das VirtudesFormulada por AristtelesToda ao visa a um fim (telos), sendo que o fim buscado por todo ser humano, o bem supremo, a felicidade (eudaimonia).A felicidade s pode ser alcanada com a vida virtuosa (prtica), e ser virtuoso ser prudente (meio termo). Virtus in medium est Aristteles

  • A tica como virtudeA virtude compreendida como uma capacidade, uma potncia de ser para o bem;A virtude, para Aristteles, no corresponde a agir de acordo com o bem ocasionalmente, mas em levar uma vida virtuosa, ter como hbito de vida ser virtuoso;Ser virtuoso ser prudente (phronesis ou sabedoria prtica), ou seja, ser capaz de refletir racionalmente a respeito das aes e de suas consequncias, sabendo escolher a justa medida ou o meio termo;A felicidade (fim de todos os fins humanos), para Aristteles, alcanada atravs do obrar excelente, da excelncia de uma vida perfeita vivida conforme a virtude e a sabedoria prtica.

  • tica do DeverFormulada por KantFundamenta-se na boa vontade;Boa vontade agir em respeito lei moral; buscar apenas cumprir o dever;O critrio da lei moral o imperativo categrico da universalidade da ao moral e do valor do homem como um fim em si mesmo.

  • A tica do Dever: o formalismo kantianoO formalismo kantiano a resposta dada pelos filsofos iluministas moral religiosa e intolerncia religiosa;Por isso pode ser considerado uma moral laica, ou seja, no religiosa, que busca seus fundamentos apenas nas suas formulaes racionais (formalismo), que descrevem de maneira correta o que deveria ser o dever de todos (universalidade do dever).

  • tica do Dever: o Imperativo CategricoImperativo Categrico: Age somente, segundo uma mxima tal, que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal.

    Imperativo Universal: Age como se a mxima de tua ao devesse tornar-se, por tua vontade, lei universal da natureza.

    Imperativo Prtico: Age de tal modo que possas usar a humanidade, tanto em tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre como um fim ao mesmo tempo e nunca apenas como um meio.

  • Toma da felicidade humana como ponto de partida;A tica est no indivduo;As qualidades do carter so virtudes morais;Ser tico significa cultivar as virtudes (vida moderada e contemplativa)Toma a boa vontade como ponto de partida;A tica est nas relaes;Enfatiza os efeitos da ao sobre os outros (justia);Ser tico significa agir apenas por dever.tica das Virtudestica do Dever

  • HedonismoO Hedonismo uma corrente filosfica que coloca o prazer como bem soberano do ser humano, ou seja, a busca pelo prazer deve ser o guia dos princpios morais;Para Epicuro, um dos principais representantes dessa doutrina, o prazer no pode ser confundido ou reduzido ao prazer carnal. O prazer do corpo, segundo ele, acaba perturbando o esprito, gerando angstia e sofrimento;Por isso, o prazer verdadeiro o prazer cultivado pela alma (razo) que traz a quietude da mente e o domnio sobre as emoes.

  • tica CristNa Idade Mdia o ideal asctico (privao ou negao do corpo para a elevao da alma), atingiu o seu auge com a tica Crist, disseminada pela Igreja Catlica e pelos filsofos cristos;Para os seguidores dessa doutrina moral, a tica consiste no agir baseado nos livros sagrados e nas palavras e na vida de Jesus contada pelos Apstolos.Ser tico buscar Deus, agir conforme a palavra de Deus, como um ser temente a Deus.

  • tica dos ValoresPara o psiclogo estadunidense Gordon Alpport, um valor uma crena em que o homem se baseia para atuar por referncia;Os valores expressam preferncias pessoais e convices bsicas de que algo ou um determinado modo de agir prefervel a outro;Os valores se baseiam em julgamentos (juzos) que estabelecem o que correto, bom, aceitvel, tico;Para Kant o nico valor absoluto o homem (o homem sempre um fim em si mesmo, nunca um meio);Para Max Scheler, um dos principais representantes contemporneos da tica dos Valores, existem valores que so absolutos e objetivos (objetividade do valor), ou seja, fazem parte da prpria essncia das coisas, dos seres (axiologia = estudo dos valores).

  • Juzos de Fato x Juzos de Valor

    Juzos de fatoJuzos de valorExprimem o que as coisas soExprimem o que as coisas valemNo esto associados a nenhum sentimentoEsto associados a sentimentos de aceitao ou rejeioExpressam fatosExpressam opiniesSo objetivosSo subjetivos

  • Valores No-MoraisValores MoraisValor econmico (utilidade); valor esttico (beleza); etc., so exemplos de valores no morais;RespeitoJustiaSo os mais importantes e fundamentaisSo realizados na relao entre o homem e uma coisa;So realizados na relao entre indivduosSo realizados em termos de preferncia, no de dever;Estabelecem um dever independente das preferncias individuaisProduzem sentimentos de atrao e rejeio;Produzem sentimentos de respeitoUm indivduo pode ou no atribuir valor a uma coisaO homem possui valor prprio As propriedades fsicas do objetivo determina o seu valorOs valores morais no dependem das caractersticas dos indivduo

  • A TICA EMPRESARIAL E A SUSTENTABILIDADE

  • O que significa StakeholdersSculo XIX: Stakeholder era algum que realizava uma aposta, um investimento, esperando que um determinado resultado ocorresse, e com isso recuperasse o investimento realizado;Stockholders ou Shareholders x StakeholderNa perspectiva restrita, compreendermos os stakeholders como um indivduo ou um grupo, com quem a organizao interage e que nela possui algum interesse (investimento, propriedade), sentido algum direito sobre ela.Para Freeman (perspectiva ampla), Stakeholder qualquer grupo ou individuo que pode afetar ou ser afetado pelo alcance dos objetivos da organizao, incluindo tanto quem investe, quanto quem influencia o desempenho da empresa de alguma forma, como tambm quem sofre as consequncias das aes da organizao.

  • Stakeholders primrios e secundrios (Clarkson)Os stakeholders primrios so aqueles com os quais a empresa mantm um relacionamento contratual: acionistas e investidores, empregados, consumidores, fornecedores, clientes, governo.Os stakeholders secundrios, por sua vez, no tm nenhum tipo de relacionamento contratual com a empresa, como por exemplo, a comunidade em geral, ou o meio ambiente.

  • A importncia estratgica dos stakeholdersAs organizaes precisam identificar e compreender quais so os grupos de interesse (stakeholders) que so decisivos para o seu sucesso e desenvolvimento;Administrar estrategicamente os stakeholders, seguindo princpios ticos de confiana mtua e no-oportunistas, uma vantagem competitiva (Jones);Os stakeholders devem ser vistos como fins em si mesmos (Freeman), e devem participar ativamente das decises da organizao.

  • O gerenciamento dos stakeholders(Freeman)Objetivos do gerenciamento:1 entender os comportamentos, valores, histrico e contexto de cada stakeholder, tendo em vista o propsito da organizao;2 entender como as relaes com os stakholders acontece;3 balancear continuamente os interesses dos stakeholders.

  • Por um capitalismo de stakeholdersA empresas precisam agir de acordo com valores ticos de tal maneira que possam, elas mesmas, no s produzir riqueza, mas tambm redistribu-la conforme o equilbrio de interesses visado, deixando de maximizar o lucro em favor dos demais stakeholders (interessados).As pessoas so o foco de qualquer negcio.

  • Bibliografia IndicadaCHAU, M. Convite Filosofia.So Paulo: tica, 2003.ARANHA E MARTINS. Introduo filosofia Filosofando. So Paulo: Moderna, 2003.FARAH, Flvio. tica na Gesto de Pessoas. Ed-Edies Inteligentes, 2009.MORIHANASHIRO; TEIXEIRA; ZACCAR. Gesto do Fator Humano: uma Viso Baseado em Stakeholders. Saraiva, 2008.