THIAGO FARIAS DE QUEIROZ E SILVA - Univali
Transcript of THIAGO FARIAS DE QUEIROZ E SILVA - Univali
THIAGO FARIAS DE QUEIROZ E SILVA
PREVALÊNCIA DA AUTOMEDICAÇÃO EM UM MUNICÍPIO DO SUL DO
BRASIL E FATORES ASSOCIADOS
Itajaí (SC)
2019
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM
SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: SAÚDE DA FAMÍLIA
THIAGO FARIAS DE QUEIROZ E SILVA
PREVALÊNCIA DA AUTOMEDICAÇÃO EM UM MUNICÍPIO DO SUL DO
BRASIL E FATORES ASSOCIADOS
Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título
de Mestre no Programa de Mestrado em Saúde e Gestão do
Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de
Ciências da Saúde – CCS.
Orientador: Profa. Dra. Luciane Peter Grillo
Co-Orientador: Prof. Dr. Leo Lynce Valle de Lacerda
Itajaí (SC)
Julho de 2019
PREVALÊNCIA DA AUTOMEDICAÇÃO EM UM MUNICÍPIO DO SUL DO
BRASIL E FATORES ASSOCIADOS
THIAGO FARIAS DE QUEIROZ E SILVA
Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Saúde e
Gestão do Trabalho, Área de Concentração Saúde da Família e aprovada em sua forma
final pelo Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do
Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí.
______________________________________
Professora Stella Maris Brum Lopes, Doutora
Coordenadora do Programa Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho
Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos professores:
____________________________________
Profa. Dra. Luciane Peter Grillo
(UNIVALI)
Presidente Orientador
____________________________________
Dra. Tatiana Mezadri (UNIVALI)
Membro interno
_____________________________________
Dr. Ernani Tiaraju de Santa Helena (FURB)
Membro externo
Itajaí (SC), 02 de julho de 2019
Dedico este trabalho à minha mãe-avó Terezinha Lopes (in memoriam) que nunca
mediu esforços e sempre torceu para que eu continuasse a estudar.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela oportunidade de estar aqui hoje concluindo o maior sonho da
minha vida.
Sou grato ao universo por ter conspirado ao meu favor para que tudo se encaixasse de
maneira correta e por ter me colocado no lugar certo na hora certa, hoje entendo a
expressão ―tudo tem sua hora‖.
Agradeço a todos os meus familiares pelo incentivo e palavras de carinho nos
momentos em que a vontade de desistir foi maior do que seguir.
Ao Amauri pela paciência e por entender a minha ausência nos momentos em que
precisei faltar ao trabalho para que esse sonho se tornasse realidade.
Agradeço ao meu orientador Leo Lynce Valle de Lacerda pela paciência, firmeza,
ensinamentos e por me fazer acreditar que sou capaz.
À Luciane Peter Grillo por aceitar o desafio de continuar a me orientar com clareza,
doçura e paciência.
Agradeço a todos os professores do Programa de Mestrado profissional em Saúde e
Gestão do Trabalho por transmitir verdade e amor, em especial à Rita de Cássia
Gabrielli Souza Lima que com seu abraço materno e os olhos cheios de esperança,
sempre me ouviu e me encorajou a seguir, acredito que nosso encontro foi um encontro
de almas, vou te guardar por toda minha vida. Ao Juliano e Helenize pela eficiência,
paciência e carinho com que me ajudaram.
Aos colegas da Turma XV pelo companheirismo, pela parceria e pelas risadas nos
intervalos e na hora do café.
Os rios não bebem sua própria água, as árvores não comem seus próprios frutos, o
sol não brilha para si mesmo e as flores não espalham sua fragrância para si. Viver
para os outros é uma regra da natureza. (...). A vida é boa quando você está feliz,
mas a vida é muito melhor quando os outros estão felizes por sua causa.
(PAPA FRANCISCO)
PREVALÊNCIA DA AUTOMEDICAÇÃO EM UM MUNICÍPIO DO SUL DO
BRASIL E FATORES ASSOCIADOS
THIAGO FARIAS DE QUEIROZ E SILVA
Julho/2019
Orientador: Luciane Peter Grillo, Doutora
Área de Concentração: Saúde da Família
Número de Páginas: 69
RESUMO:
Objetivo: Determinar a prevalência de automedicação e seus fatores associados na
população adulta do município de Navegantes-SC. Método: Trata-se de um estudo
transversal, descritivo e analítico de base populacional do tipo survey. A coleta de dados
se deu por abordagens domiciliares e foi realizada entre os meses de maio a outubro de
2018, a população foi composta por adultos de 20 a 59 anos. O instrumento de coleta de
dados utilizado foi um questionário estruturado contendo vinte e seis perguntas
agrupadas em cinco blocos sobre perfil sociodemográfico, hábitos sociais, utilização de
serviços de saúde, autoavaliação em saúde e utilização de medicamentos nos últimos 90
dias que antecederam a aplicação do questionário. Todos os medicamentos referidos
pelos participantes foram classificados de acordo com a Classificação Anatômica
Terapêutico Química. Foi considerada prática de automedicação o uso de ao menos um
medicamento sem prescrição médico/odontológica, excluindo, portanto, os
medicamentos isentos de prescrição. Resultados: Participaram da pesquisa 1120
indivíduos. A prevalência geral de automedicação no município foi de 35,1%. Na
análise univariada as variáveis sociais e de saúde associadas a automedicação foram
faixa etária de 40 a 49 anos (p=0,037), atividade física maior ou igual a 150
minutos/semana (p=0,040), tabagismo (p=0,015), consultas regulares (p=0,007) e
autoavaliação boa da saúde (p=0,025). Após o ajuste das razões de prevalência por
regressão de Poisson, os fatores associados à automedicação foram: indivíduos com
faixa etária entre 30-39 anos (p=0,027) e 40 a 49 anos (p=0,028), realização de
consultas nos últimos três meses (p=0,008), presença de doença crônica (p=0,020) e
apresentar uma autoavaliação boa de sua saúde (p=0,048). A classe dos anti-
inflamatórios (sistema músculo-esquelético) foi a mais utilizada pelos participantes
(28,9%), seguida dos anti-hipertensivos (aparelho cardiovascular) (15,2%) e aparelho
gênito-urinário e hormônios sexuais (12,7%). Conclusão: O estudo apresentou uma
elevada prevalência de automedicação entre a população adulta do município.
Aconselha-se às autoridades sanitárias locais a ampliação de estratégias que esclareçam
ao público os riscos que a automedicação pode causar levando à conscientização quanto
ao uso racional de medicamentos.
Palavras-chave: Automedicação. Inquéritos Epidemiológicos. Uso de Medicamentos.
THE PREVALENCE OF SELF-MEDICATION IN A MUNICIPALITY IN THE
SOUTH OF BRAZIL AND ASSOCIATED FACTORS
Advisor: Luciane Peter Grillo
Area of Concentration: family health
Number of pages: 69
ABSTRACT
Objective: To determine the prevalence of self-medication and its associated factors in
the adult population of the city of Navegantes-Santa Catarina. Method: This is a cross-
sectional, descriptive and analytical survey-based population study. Data collection was
carried out through household surveys, conducted between May and October 2018; the
population was composed of adults aged 20 to 59 years. The data collection instrument
used was a structured questionnaire containing twenty-six questions grouped into five
blocks: sociodemographic profile, social habits, use of health services, self-assessment
in health and use of medications in the last 90 days prior to answering the questionnaire.
All medications reported by the participants were classified according to the Anatomical
Therapeutic Chemical Classification. The use of at least one medication without a
medical/odontological prescription was considered self-medication. This therefore
excludes over-the-counter medications. Results: 1120 individuals participated in the
study. The overall prevalence of self-medication in the city was 35.1%. In the univariate
analysis, the social and health variables associated with self-medication were 40 to 49
years old (p=0.037), physical activity greater than or equal to 150 minutes/week
(p=0.040), smoking (p=0.015), regular consultations (p=0.007) and good self-evaluation
of health (p=0.025). After adjusting the prevalence ratios by Poisson regression, the
factors associated with self-medication were: individuals aged between 30-39 years
(p=0.027) and 40 to 49 years (p=0.028), having had consultations in the last three
months (p=0.008), presence of chronic disease (p=0.020) and presenting a good self-
evaluation of their health (p=0.048). Anti-inflammatory drugs (musculoskeletal system)
represented the class of drugs most used by the participants (28.9%), followed by
antihypertensive drugs (cardiovascular system) (15.2%), and genitourinary drugs or sex
hormones (12.7%). Conclusion: The study showed a high prevalence of self-
medication among the adult population of the city. Local health authorities are advised
to carry out strategies to clarify to the public the risks that self-medication can cause,
leading to awareness of the rational use of medicines.
Keywords: Self-medication. Epidemiological Surveys. Use of Medications.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - População estimada de acordo com o bairro, Navegantes - SC, 2017 ....................... 23
Tabela 2 - Caracterização social e de saúde de 1.120 indivíduos adultos, residentes na cidade de
Navegantes, SC, 2018 ................................................................................................................. 26
Tabela 3 - Análise univariada da automedicação com relação às variáveis sociais e de saúde, de
394 adultos residentes na cidade de Navegantes, SC, 2018 ........................................................ 28
Tabela 4 - Análise multivariada dos fatores associados à automedicação de 394 adultos
residentes na cidade de Navegantes, SC, 2018 ........................................................................... 29
Tabela 5 - Caracterização dos 394 participantes que se automedicaram na cidade de Navegantes,
SC, 2018 ...................................................................................................................................... 31
Tabela 6 - Prevalência de automedicação nos bairros. Navegantes, SC, 2018 ........................... 32
LISTA DE ABREVIATURAS
AAS – Ácido Acetilsalicílico
AINES – Anti-inflamatórios Não –Esteroidais
AINH - Anti-inflamatórios Não Hormonais
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ATC - Anatomical Therapeutic Chemical Code
CFF – Conselho Federal de Farmácia
HIV – Human Immunodeficiency Virus
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MIP – Medicamento Isento de Prescrição
OMS – Organização Mundial de Saúde
PNAUM – Pesquisa Nacional de Utilização de Medicamentos
P&D – Pesquisa de Desenvolvimento
RAM – Reações Adversas a Medicamentos
RDC – Resolução da Diretoria Colegiada
RP – Razão de Prevalência
SINITOX – Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas
SVS/MS – Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí
VISA – Vigilância Sanitária
WHO - World Health Organization
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 5
1.1 Objetivos ............................................................................................................................ 7
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 7
1.1.2 Objetivos Específicos...................................................................................................... 7
2 DESENVOLVIMENTO .......................................................................................................... 8
2.1 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................ 8
2.1.1 Definição de medicamento ......................................................................................... 8
2.1.2 Aspectos históricos do uso de medicamentos ........................................................... 8
2.1.3 Conceitos associados à automedicação ................................................................... 10
2.1.4 Reações adversas a medicamentos (RAM) ............................................................. 12
2.1.5 Importância da determinação da prevalência e fatores para as políticas de saúde
publica ................................................................................................................................ 15
2.1.6 Estimativas de prevalência da automedicação e fatores associados .................... 16
2.1.7 Prevalências mundiais .............................................................................................. 17
2.1.8 Prevalência no Brasil ............................................................................................... 18
2.1.9 Prevalência em Santa Catarina ............................................................................... 20
2.2 METODOLOGIA ........................................................................................................... 22
2.2.1 Desenho de estudo .................................................................................................... 22
2.2.2 Local do estudo ......................................................................................................... 22
2.2.3 População do estudo ................................................................................................. 22
2.2.4 Critérios de inclusão/exclusão ................................................................................. 22
2.2.5 Seleção da amostra ................................................................................................... 22
2.2.6 Instrumento da pesquisa .......................................................................................... 23
2.2.7 Coleta de dados ......................................................................................................... 24
2.2.8 Aspectos Éticos ......................................................................................................... 24
2.2.9 Análise dos dados ..................................................................................................... 24
2.3 RESULTADOS ................................................................................................................ 24
2.3.1 Caracterização da amostra ...................................................................................... 24
2.3.2 Fatores associados à automedicação ....................................................................... 27
2.3.3 Prevalência de medicamentos associados à automedicação ................................. 29
2.3.4 Perfil dos praticantes de automedicação ................................................................ 30
2.3.5 Distribuição espacial da prevalência de automedicação ....................................... 32
2.4 DISCUSSÃO .................................................................................................................... 32
3 CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 38
4 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 40
5 APÊNDICES ........................................................................................................................... 49
5
1 INTRODUÇÃO
Os medicamentos são um conjunto de substâncias químicas que apresentam na sua
composição excipientes e fármacos com a finalidade curativa, profilática e paliativa.
Perante aos órgãos competentes de fiscalização, essas substâncias devem apresentar
eficácia e efetividade, garantindo assim a qualidade do produto e segurança do paciente
(SANTOS, 2012). Do ponto de vista econômico, os medicamentos são produtos de
grande valor, fato este que pode ser justificado pelo grande número de farmácias e
drogarias espalhadas por todo país. Vale salientar que o acesso aos medicamentos
essenciais é um direito do cidadão, porém, mais da metade da população mundial não
tem acesso a tratamentos medicamentosos (SANTOS, 2013).
A automedicação é definida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) como o uso de medicamento sem a prescrição, orientação e/ou o
acompanhamento do médico ou dentista (BRASIL, 2001).
O alto consumo de medicamentos pela população é induzido por inúmeros
fatores, dentre eles a busca pelo aumento da expectativa de vida. Outros fatores
decorrentes da sociedade contemporânea como predomínio dos transtornos de humor,
doenças climáticas devido à degradação do meio ambiente, surgimento de novas
doenças sexualmente transmissíveis e aumento das doenças crônicas devido ao
constante crescimento da população idosa fizeram com que crescesse
consideravelmente a prática da automedicação (ARRAIS, 2016).
A automedicação também pode ser induzida pela política governamental local,
fatores socioeconômicos, índice de escolaridade, dentre outros. Estudos afirmam que
condutas relacionadas à saúde como a quantidade de horas de sono, o consumo de
álcool e a ausência à visita ao médico estão diretamente ligadas à prática da
automedicação principalmente em pacientes do sexo masculino (PRADO et al., 2016).
A falta de tempo, o uso dos mesmos medicamentos quando apresentam
diagnósticos semelhantes a anteriores, a facilidade de acesso às drogas e o fato de
possuir em casa armazenados são algumas das inúmeras justificativas usadas pelos
pacientes que praticam este uso indiscriminadamente (SILVA, 2014).
Pacientes com doenças crônicas têm o hábito de armazenar medicamentos em
casa, dessa forma, ocorre o compartilhamento dessas drogas com amigos e familiares,
ora por sobras devido ao tratamento incorreto e doses administradas de forma errada,
ora pelo fato de que alguns membros das famílias se sentem competentes o suficiente
para indicar medicamentos aos demais. É sabido que famílias onde possuam integrantes
6
profissionais de saúde aumentam duas vezes mais a probabilidade do uso de
medicamentos, por entenderem mais sobre medicação e se sentirem aptos a indicar
(TENI et al., 2017).
As queixas mais comuns entre pacientes que praticam a automedicação são:
dificuldade de acesso aos serviços de saúde e não sentir necessidade de ir ao médico por
relatar ―conhecer as patologias‖. Além disso, pacientes relatam que obtém informações
claras e precisas quando leem a bula, obtendo segurança e autonomia na hora de se
automedicar (GAMA, 2017).
Aproximadamente um terço da população na fase adulta pratica a automedicação
(DOMINGUES et al.; 2015). Por mais que pareça um ato sem importância, a
automedicação pode oferecer danos irreversíveis pois, uma indicação terapêutica
enganada, uma dose administrada por via inapropriada pode agravar ou até mesmo
desenvolver uma situação transformando-se num um risco para o paciente (SILVA et
al.; 2016).
Dentre as várias formas que a automedicação pode apresentar a obtenção de
medicamentos sem receituário, o compartilhamento destes com amigos, vizinhos e
membros familiares, a utilização de sobras de tratamentos anteriores, bem como os
aproveitamentos de prescrições antigas ou de terceiros apontam importantes riscos à
saúde e segurança do paciente. Além disso, o excesso do uso de injetáveis quando o
problema poderia ter sido resolvido com formulações orais, aumentando o risco de erro
para o paciente, uma vez que um injetável foi feito, além do seu efeito ser mais rápido, a
chance de reverter seus efeitos é bem menor, uso indiscriminado e inadequado de
antibióticos para infecções não bacterianas, a quantidade de medicamentos usada pelos
próprios pacientes, conhecida como polifarmácia (ABRAHÃO, 2013).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002) mais da metade
de todos os fármacos são comercializados de forma incorreta, além disso, 50% dos
pacientes não fazem o uso corretamente ou não levam o tratamento até o final.
Enquanto isso a falta ao acesso a medicamentos essenciais pode chegar a 1/3 da
população mundial.
Um ponto chave desse problema mundial é a perda da confiança do paciente no
sistema de saúde, fazendo com que os mesmos se automediquem e procurem ajuda de
pessoas não profissionalizadas ou inadequadas (OMS, 2002).
Os números mostram que o Brasil é um dos países que mais consome, produz e
gasta com medicamentos, atingindo 22,1 bilhões de dólares anualmente (SANTOS,
7
2012). De acordo com a Federação Brasileira de Farmácia (2017) o principal ponto de
vendas de medicamentos no Brasil são as farmácias e drogarias. A OMS (2010)
recomenda uma farmácia para cada 10 mil habitantes, porém, atualmente no Brasil há
quase três vezes mais o número de farmácias exigido (FEBRAFAR, 2017).
Em 2015, o Sistema Nacional de Informações Toxi-Farmacológicas
(SINITOX/FIOCRUZ) apontou 28.778 casos registrados de intoxicação humana devido
ao uso indiscriminado e irresponsável de medicamentos causando nesse mesmo período
81 óbitos (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2016).
Diante desse cenário, identificar o perfil de adultos que consomem
medicamentos sem prescrição é de grande importância para a população do município
de Navegantes, pois dessa forma pode-se atentar quanto aos riscos que essa prática
oferece. A análise dos possíveis fatores que influenciam a automedicação fornecerá para
o serviço público subsídios para esclarecimento à população, oportunizando um uso de
medicamentos com maior responsabilidade e, idealmente, com o acompanhamento de
um profissional habilitado.
O tema da automedicação foi escolhido pelo fato de minha formação ser em
Farmácia, residir no município de Navegantes e ser proprietário de uma drogaria
comercial em um bairro populoso, onde observava o uso exagerado e irresponsável de
medicamentos pelos clientes.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo Geral
Investigar a prevalência da automedicação e seus fatores associados na
população adulta de Navegantes.
1.1.2 Objetivos Específicos
• Determinar a prevalência da automedicação e dos medicamentos associados a
esta;
• Verificar a prevalência de automedicação segundo os bairros do município;
• Descrever fatores ligados à automedicação;
• Identificar o perfil dos adultos que consomem medicamentos sem prescrição
médica ou odontológica;
• Descrever a ocorrência de eventos adversos aos medicamentos, suas
características e a conduta adotada pelos indivíduos.
8
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 REVISÃO DA LITERATURA
Os medicamentos são bens de saúde que, quando garantem eficácia e segurança,
auxiliam na recuperação e sustentação da saúde do usuário. Dessa forma, os
medicamentos são essenciais no tratamento de doenças e na busca por qualidade de
vida, no entanto, quando utilizados de maneira irresponsável podem causar sérios danos
à saúde de quem utiliza. A automedicação é um problema de saúde pública mundial e
deve ser combatida com a conscientização do uso indevido de medicamentos e este
deve ser visto pela população como instrumento terapêutico e não como bem de
consumo.
2.1.1 Definição de medicamento
Conceitua-se medicamento todo preparo que contenha fármaco ou princípio-
ativo, além de veículos e adjuvantes sem qualquer atividade biológica. Os
medicamentos devem apresentar efeito paliativo, curativo ou para fins de diagnóstico,
além do mais precisam ter finalidade terapêutica e devem apresentar efeitos benéficos,
para tanto, devem seguir exigências dos órgãos reguladores, que no caso do Brasil é
fiscalizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, conferindo segurança e
eficácia a quem faz uso (LOPES, 2001).
2.1.2 Aspectos históricos do uso de medicamentos
Mesmo que os medicamentos alopáticos tenham tido seus primeiros registros na
cultura grega (BARBERATO FILHO, 2006), o uso da medicina natural foi bastante
difundida em várias partes do mundo e há milhares de anos atrás apenas as plantas eram
utilizadas como recursos terapêuticos, no entanto, somente no século XIX foram criados
os primeiros medicamentos, através da extração do princípio ativo presente nas plantas
derivando os medicamentos atuais (CALIXTO, 2008). Então, a partir da década de
1940, com o uso de recursos sintéticos e com o intuito de aumentar a variedade de
medicamentos, começaram a aparecer em diversos países da Europa e dos Estados
Unidos, as indústrias farmacêuticas, que, em conjunto com as universidades fizeram
surgir o P&D que é o setor responsável pela descoberta de novos alvos terapêuticos,
9
desenho, seleção, otimização da molécula líder para o alvo pretendido, desenvolvimento
do candidato a fármaco e, finalmente, descoberta do medicamento (PALMEIRA
FILHO, 2003).
Segundo Nascimento (2002), a partir da década de 1940, devido à produção em
massa de novos fármacos, inclusive em grande escala, a população teve acesso à
possibilidade de cura de diversas enfermidades, como doenças infecciosas que por
muitos anos foram fatais e assustavam grande parte da população. À medida que a
pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos foi avançando, juntamente com a
ascensão comercial, a sociedade foi adquirindo certa convicção de que os medicamentos
seriam um bem poderoso e nele depositaram toda esperança. Neste contexto, o
medicamento se tornaria um grande aliado nas consultas médicas e um forte
personagem na terapêutica, desta forma, a prescrição passava a ser motivo de ―consulta
bem feita‖, ou seja, quanto mais medicamentos era prescrito, melhor seria o médico. A
atração por inúmeras formas e fórmulas farmacêuticas, o poder que o marketing exercia
sobre o público e, sobretudo a quantidade ofertada se tornaram importantes
incentivadores do uso desenfreado e irresponsável dos medicamentos (CASTRO, 2000).
O medicamento adquire, desde então, poder de alterar o curso de uma doença, além de
ser utilizado como resultado final e/ou decisão de técnica de diagnóstico (LAPORTE,
1989).
O fato de existir várias opções de fórmulas para uma mesma patologia acaba
influenciando muito as prescrições e o consumo de medicamentos. A propaganda
comercial desde a década de 1970 é bastante trabalhada encima da indústria
farmacêutica com a finalidade de influenciar escolhas, opiniões e hábitos, tanto de
prescrições como de uso. Nesta época, já se investia duas vezes mais em publicidade do
que em pesquisa de medicamentos (LAPORTE, 1989).
A partir da década de 1980 os medicamentos sofreram forte influência do
marketing, o que facilitou o aumento da medicalização e seu comércio sob a perspectiva
de bem de consumo, fazendo com que, dessa forma, deixasse de ser utilizado como
instrumento terapêutico. A sociedade contemporânea, cada vez mais insatisfeita e em
busca do bem-estar emocional, social, intelectual, sexual e financeiro, estão a todo o
momento na busca por recursos para driblar situações como medo, angústia, estresse,
luto e solidão. Dessa forma, o medicamento deixa de ser utilizado como instrumento
terapêutico e passa então, a ser procurado como bem de consumo (SANTOS, 2010).
10
Em uma outra perspectiva, a decisão sobre o que produzir esteve ao alcance
apenas da indústria farmacêutica que, de certa forma, introduziu na sociedade uma ideia
de que a população precisa a qualquer custo consumir medicamento, dessa forma, a
farmácia passa então de estabelecimento de saúde a estabelecimento comercial e
automaticamente o farmacêutico perde sua principal característica que seria exercer com
excelência e responsabilidade a atenção farmacêutica, deixando claro que o
medicamento tem o objetivo principal de lucratividade e não de poder terapêutico
(PINHEIRO, 1999).
2.1.3 Conceitos associados à automedicação
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define automedicação como sendo a
prática de utilizar medicamentos para o alívio de sintomas e tratamento de doenças
autoconhecidas compreendendo uma técnica de autocuidado (OMS, 1998). No Brasil, a
ANVISA é o órgão que regulamenta e aprova a fabricação e os testes feitos nos
medicamentos e define automedicação como a prática irresponsável do uso de
medicamentos sem prescrição médica/odontológica. Desta forma o uso de
medicamentos autorizados para venda sem prescrição precisa apresentar eficácia e
qualidade comprovadas, além de doses apropriadas para o tratamento de sinais e
sintomas, podendo assim ser definida como automedicação responsável (BRASIL,
2001).
AUTOMEDICAÇÃO: Uso de medicamento sem a prescrição, orientação e
ou o acompanhamento do médico ou dentista (Port. n.º 3916/98 - Política
Nacional de Medicamentos).
AUTOMEDICAÇÃO RESPONSÁVEL: Pratica pela qual os indivíduos
tratam doenças, sinais e sintomas utilizando medicamentos aprovados para
venda sem prescrição médica, sendo estes de eficácia e segurança
comprovadas quando utilizados racionalmente. São requisitos para
automedicação responsável: que os Medicamentos a serem utilizados tenham
segurança, qualidade e eficácia comprovadas; serem medicamentos utilizados
em algumas doenças crônicas ou recorrentes (seguidos de um diagnóstico
médico inicial). Tais medicamentos, em todos os casos, devem ser
especificamente destinados ao uso proposto, requerendo doses apropriadas.
Devem conter as seguintes informações: modo de usar; efeitos e possíveis
efeitos colaterais; como os efeitos do medicamento podem ser monitorados;
possíveis interações medicamentosas; precauções e advertências; duração do
tratamento e quando o profissional de saúde deverá ser procurado.
Existem, portanto, divergências no que se refere a este conceito. Ainda no
âmbito da utilização de medicamentos sem receita médica, Britten (1996) amplia ainda
mais esse conceito e considera também como automedicação a reutilização de sobras de
11
medicamentos e o aproveitamento de prescrições anteriores que, em determinada
situação foram adquiridos com receita médica, porém estão sendo utilizados em ocasião
similar pelo paciente, englobando os medicamentos isentos de prescrição. O autor ainda
considera como automedicação as tomadas de decisões de pessoas leigas quanto aos
medicamentos, incluindo a escolha de fórmulas e posologia ou suas alterações de
responsabilidade própria.
Se por um lado utilizar medicamentos por influência de pessoas não habilitadas
para tal função ou o consumo por conta própria caracteriza automedicação, a busca pelo
bem-estar e pela promoção da saúde por meio exclusivo de medicamentos caracteriza o
uso indiscriminado, porém as duas condutas podem levar ao consumo excessivo,
trazendo todos os riscos e problemas pertinentes a essa prática. Isso apenas fortalece o
fato de que o Brasil tem sido um dos países que mais consomem medicamentos em todo
o mundo, atentando para o grave problema de saúde pública que essa prática se tornou
(SANTOS, 2012).
A portaria nº3916 de 30 de outubro de 1998 tem como prática de automedicação
o uso de medicamento sem prescrição do médico ou dentista. Ainda assim, conceitua
prescrição como sendo a determinação (por profissionais credenciados) do
medicamento a ser utilizado pelo paciente incluindo sua posologia, perante a elaboração
de uma receita médica (Brasil 1998).
A lei que regulamenta a atividade da Odontologia no Brasil Lei nº 5.081/1966
determina que o cirurgião-dentista pode aplicar e prescrever algumas fórmulas
farmacêuticas, incluindo medicamentos de urgência em casos em que a vida do paciente
esteja em risco (Brasil, 1966). Ainda assim, a Portaria SVS/MS nº 344/1998 dispõe da
autorização para o cirurgião-dentista prescrever medicamentos de controle especial para
o uso na Odontologia (Brasil, 1998).
A Lei nº 7.498/1986 dá plenos direitos ao profissional enfermeiro que, quando
integrar uma equipe de saúde, poderá prescrever medicamentos que estejam previstos
em protocolos de rotinas dos estabelecimentos de saúde (Brasil, 1986).
A RDC nº 586/2013 do Conselho Federal de Farmácia (CFF) regulamenta a
prescrição farmacêutica frente a algumas situações. Desta forma o farmacêutico,
visando recuperar a saúde e prevenir outros problemas pertinentes ao bem-estar do
paciente poderá praticar a prescrição de medicamentos, incluindo outros produtos que
exerçam finalidade terapêutica, dos quais não tenha exigência e prescrição médica. O
contrário pode ser realizado quando houver a existência de um diagnóstico previamente
12
determinado por um prescritor credenciado que atue em equipe de instituições de saúde,
que possuam normas técnicas e protocolos previamente aprovados nessas instituições
(Brasil, 2013).
A Portaria nº 3916/1998 dispõe dos medicamentos de venda livre, que são
aqueles que não necessitam de receita médica para sua dispensação. Esse conceito deve
ser levado em consideração no que se refere à prática da automedicação, uma vez que
são responsáveis por boa parte de prevalência em estudos sobre tal prática (Brasil,
1998).
Nesse contexto, o cenário da prescrição no Brasil não beneficia, nem tão pouco
considera a prescrição do profissional de enfermagem que, mesmo amparado pela lei
não tem validade. O mesmo acontece com o profissional farmacêutico que, tento vasto
conhecimento acerca de medicamentos, interações medicamentosas/alimentares, efeitos
adversos, posologia e formas farmacêuticas adequadas, tem o seu direto negado até
mesmo quando ocorrem situações em que ao indicar algum medicamento considerado
isento de prescrição, que não esteja acompanhado por autorização médico-odontológica
é considerado automedicação. Desta forma, a prescrição no Brasil contempla apenas o
médico e o dentista.
2.1.4 Reações adversas a medicamentos (RAM)
Influenciada por amigos, parentes e pela mídia, a prática de automedicação
oferece risco à população quanto à interação medicamentosa, intoxicação
medicamentosa, resistência bacteriana, alergias, dependência farmacológica além de
mascarar possíveis patologias.
A Organização Mundial de Saúde define Reações Adversas a Medicamentos
(RAM) como sendo:
―Qualquer resposta a um fármaco que é nociva e não intencionada e que se
produz a doses utilizadas normalmente nos seres humanos para a profilaxia,
diagnóstico ou tratamento de uma enfermidade ou para a modificação das
funções fisiológicas‖ (WHO, 1972). (p.1)
Diversas condições podem desencadear as reações adversas aos medicamentos
como dosagem do medicamento, hábitos sociais, estado nutricional, extremos de idade,
fatores hereditários e polifarmácia. As RAM’s podem ser originadas por dependência
farmacológica, reações de toxicidade, reações alérgicas, teratogênese e reações
13
farmacodinâmicas. O Programa de Farmacovigilância foi criado com o intuito de
acompanhar e controlar as reações adversas de forma a evitar também possíveis
interações medicamentosas e mensurar o risco do uso irracional de medicamentos, desta
forma, transmitindo informações corretas e seguras quanto ao uso correto de
medicamentos entre a população, com o auxílio dos profissionais de saúde habilitados
(ZANINI, 2001).
Deste modo, a seguir, serão descritos com mais clareza cada um desses fatores.
a) Interação Medicamentosa
A interação medicamentosa é o resultado farmacológico advindo da união de
dois medicamentos que são prescritos separadamente, promovendo o aumento, a
diminuição e até mesmo o aparecimento de um novo efeito que não ocorreria se um dos
medicamentos tivesse sido administrado em outro momento (BRASIL, 2003).
Há uma grande probabilidade de ocorrer interação medicamentosa quando há
prescrição com até dois medicamentos com fórmulas diferentes e essa possibilidade
pode ser de 100% quando a prescrição com seis princípios-ativos ou mais, ou seja,
quanto mais medicamentos possui uma receita, maior a possibilidade de ocorrer Aa
interação. Sabe-se que interações medicamentosas intencionais podem ser utilizadas a
fim de potencializar o efeito de alguns medicamentos especialmente aqueles para tratar
a depressão (BALEN et al., 2017).
O fato de que alguns medicamentos sejam isentos de prescrição não exime que
esses tragam riscos a seus usuários (ARRAIS et al., 2016).
b) Intoxicação Medicamentosa
Define-se intoxicação medicamentosa a sequência ou conjunto de reações que
aparecem em forma de sintomas originados do uso incorreto ou da estrapolação da dose
terapêutica de um medicamento.
No ano de 1980, foi criado pelo Ministério da Saúde, o Sistema Nacional de
Informações Toxicológicas que, vinculado à Fiocruz, prestaria informações à
profissionais de saúde e à população acerca de medicamentos e assuntos relacionados.
Desta forma, a partir de 1985, o SINITOX/FIOCRUZ passou a divulgar balanços anuais
contendo informações sobre casos de intoxicação humana. O sistema recebe
informações voluntárias de intoxicações por medicamentos, envenenamentos,
14
intoxicações por produtos domissanitários, produtos químicos industriais, animais
peçonhentos, drogas de abuso dentre outros (FIOCRUZ, 2005).
De acordo com a Fiocruz, as classes medicamentosas dos antigripais,
benzodiazepínicos, antidepressivos e anti-inflamatórios são as campeãs de relatos de
casos de intoxicação no Brasil. Em 2015 foram registrados 28.778 casos de intoxicação
humana devido ao uso irresponsável de medicamentos, causando a morte de 81 pessoas
(FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ, 2016).
c) Resistência Bacteriana
A resistência aos antibióticos ocorre quando uma cepa microbiana sofre mutação
genética diante de doses superiores as recomendadas a humanos. Dessa forma, as
bactérias se multiplicam ficando assim, protegidas dos efeitos dos antimicrobianos
acarretando sua multiplicação, dificultando o tratamento e consequentemente a cura de
determinada doença (WHO, 2009).
A OMS afirma que metade das prescrições de antibióticos são indevidas (WHO,
2006). Em trabalho realizado por Nicolini (2008) dados preocupantes mostram que dois
terços dos antibióticos são consumidos sem prescrição, além de causar diversas reações
adversas e interações medicamentosas pelo não conhecimento dos seus efeitos. Corrêa
(1998) afirma que alguns antibióticos podem diminuir os efeitos de anticoncepcionais
orais.
Nesse contexto repetir prescrições antigas de forma a utilizar o mesmo
antibiótico quando apresentar os mesmos sintomas, administração errada da dose ou
concentração e/ ou interrupção do tratamento com o desaparecimento dos sintomas,
podem desencadear uma série de problemas quanto ao efeito dos antibióticos fazendo
com que os pacientes recorram a antibióticos mais potentes por não conseguirem
eficácia em tratamentos futuros (TELLES FILHO et al., 2013).
No Brasil, está em vigor a RDC 20/2011 da ANVISA que dispõe da prescrição,
dispensação e controle de antimicrobianos perante retenção de receituário de controle
especial em duas vias válida para farmácias comerciais, farmácias de manipulação e
também farmácias públicas municipais, estaduais e federais. As embalagens primárias,
secundárias e a bula dos medicamentos contendo antimicrobianos devem conter em
caixa alta e negrito a frase “VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ PODE SER
VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA” (BRASIL, 2011).
15
d) Reações Alérgicas
Estima-se que um terço das reações adversas sejam as reações alérgicas
(DEMOLY, 2001). As alergias aos medicamentos podem ser apresentadas por diversas
vias, porém sua manifestação mais comum é pela pele. Medicamentos como o ácido
acetilsalicílico (AAS), anti-inflamatórios não hormonais (AINH), alguns antibióticos e
relaxantes musculares podem causar angioedemas, urticária, anafilaxia dentre outros
tipos de alergia (BERND, 2005). Grande parte das reações alérgicas não é notificada,
dificultando uma maior precisão da sua incidência, uma vez que boa parte dos pacientes
que sofrem alergias a medicamentos não está hospitalizada. A frequência das reações
alérgicas é aumentada quando o paciente apresenta alguma infeção viral, como é o caso
dos pacientes infectados pelo Human Immunodeficiency Virus (HIV) que aumenta em
10 vezes em relação àqueles que são HIV negativo (SCHNYDER, 1997).
2.1.5 Importância da determinação da prevalência e fatores para as políticas de
saúde publica
A determinação da prevalência de automedicação e seus fatores associados é um
fator de grande importância, tanto para a população quanto para o poder público e
autoridades sanitárias locais, pois, além de poder desenvolver ações de sensibilização e
conscientização quanto ao uso irracional de medicamento, visa também diminuir gastos
na área da saúde, pois, se por um lado, a automedicação responsável desafoga hospitais
e postos de saúde, por outro existe a economia no que tange aos efeitos indesejados que
o uso indiscriminado de medicamentos pode causar.
O programa Farmácia Popular, o QualifarSUS e a lei de regulamentação dos
genéricos foram algumas das estratégias usadas pelo governo federal para melhorar o
acesso aos medicamentos, importante investir em assistência farmacêutica para que
assim a população possa usufruir de forma racional desses benefícios (BERTOLDI et
al., 2016).
Criado pelo Ministério da Saúde no ano de 2007, o Comitê Nacional Para
Promoção do Uso Racional de Medicamentos (URM) sugere ações e estratégias a fim
de formular, avaliar e fiscalizar competências que estejam relacionadas ao uso racional
de medicamentos em todo o país, em conformidade com as políticas nacionais de
medicamentos e assistência farmacêutica, de forma que se amplie a capacitação de
16
profissionais e em conjunto aumente o acesso a medicamentos eficazes, assegurando a
qualidade e segurança dos usuários (BRASIL, 2007).
Em setembro de 2012, a ANVISA realizou uma audiência pública com
finalidade de discutir a obrigatoriedade da apresentação de receita médica para
medicamentos com tarja vermelha com a finalidade de controlar seu uso indiscriminado
(BRASIL, 2012). Os medicamentos de tarja vermelha correspondem a 65% do
mercado, porém pelo fato de exigirem apenas a apresentação da receita e não a retenção
da mesma surge a dificuldade de fiscalização e controle, pois, isso induziria o uso de
receituário antigo e até mesmo receitas de outros pacientes, uma vez que não é
necessária a presença do paciente na hora da compra da medicação (SANTOS, 2012).
2.1.6 Estimativas de prevalência da automedicação e fatores associados
Na década de 1970 se iniciaram no Brasil estudos de utilização de
medicamentos, determinando, além do consumo, índices de automedicação (LAPORTE
1989).
A partir da década de 1990 três estudos sobre automedicação contemplaram o
país como um todo (ARRAIS, 1997; CARVALHO, 2005; ARRAIS, 2016). Porém
existem diversos estudos de base populacional que abrangem municípios, instituições de
saúde e de ensino.
Diversos fatores dificultam as estimativas de automedicação, tais como estudos
que contemplam populações restritas como estudantes da área da saúde, gestantes,
idosos, adolescentes ou quando estabelecem apenas a uma classe medicamentosa como:
prevalência da automedicação em antibióticos, ou automedicação de descongestionantes
nasais. Além disso, há um viés no campo da individualidade e particularidade,
participantes de pesquisas se veem sujeitos a relatar situações onde a vergonha ou o
julgamento alheio podem estar em jogo fazendo com que haja uma rejeição ou omissão
de dados no momento da coleta de dados (LOPES, 2003). Outro fator importante é a
qualidade metodológica, que está intimamente ligada à resposta que propõe cada
objetivo além da escolha adequada da técnica estatística. A variação do período
recordatório, a heterogeneidade da faixa etária e também as características individuais
dos sujeitos são fatores que podem elucidar a variação da prevalência de automedicação
em diversos estudos, onde se deve considerar diferenças culturais e socioeconômicas de
cada, região, estado ou país (DOMINGUES, 2015).
17
Outra questão a ser considerada refere-se aos medicamentos isentos de
prescrição (MIP) que, por diversos autores, são considerados automedicação. Os MIPs
estão disponíveis nas farmácias e drogarias na forma de autosserviço, estes, por não
necessitarem de receita médica são sinalizados por não apresentarem tarjas em sua
embalagem secundária, o que facilita sua identificação e automaticamente o diferencia
dos demais. Os MIPs devem apresentar segurança e eficácia ao cumprirem exigências
legais e rígido controle de qualidade determinados pelos órgãos de saúde competentes.
A RDC nº 98 de 1º de agosto de 2016 dispõe de normas a serem cumpridas e, para que
um medicamento seja enquadrado como MIP alguns quesitos devem ser cumpridos, tais
como: possuir um baixo poder de toxicidade e de interação medicamentosa, quando
possuir reações adversas que estas sejam conhecidas, os MIPs devem ser utilizados para
doenças que não tenham alta gravidade ou evolução e que contemplem um período
curto, ou seja, não podem ser utilizado de forma contínua, assim não podem causar
dependência química ou psíquica oferecendo baixo risco ao paciente (BRASIL, 2016).
A auto percepção da própria saúde é um fator importante a ser considerado em
estudos sobre automedicação, pois, indica o nível do uso irracional ou o uso
indiscriminado de medicamentos, uma vez que o paciente que tem a convicção que o
seu estado de saúde não é bom vai à busca de medicalizar-se com a intenção de
solucionar problemas sem a convicção de que pode estar entrando em um ciclo vicioso
julgando não necessário à procura de um profissional habilitado, principalmente em
casos onde os resultados esperados são positivos, isso faz com que utilizem novamente
desse recurso (SANTOS et al., 2013).
2.1.7 Prevalências mundiais
O consumo é uma prática intrínseca do ser humano. O direito de decisão, a
busca por qualidade de vida, alívio de sintomas e a possível cura de enfermidades dentre
outros fatores pode ter sido o ponto chave para que a automedicação se tornasse um
problema de saúde mundial.
Foram encontradas diversas pesquisas mostrando alta variação da prevalência de
automedicação: desde 7,3% a 97,8% (GARCIA-MILIÁN, 2009; AL-HUSSAINI,
2014).
18
Estudos internacionais mostram que a prevalência da automedicação é
dependente de diversos fatores populacionais. Um estudo cubano mostrou prevalência
geral de automedicação de 7,3% e que a prevalência foi maior em pacientes do sexo
feminino com idade superior a 30 anos (GARCÍA MILIÁN, 2009). Na Espanha a
prevalência foi de 53% e esteve associada a pessoas que vivem sozinhas residentes de
grandes cidades, com mais de 40 anos de idade (FIGUEIRAS, 2000). Na Grécia notou-
se a prevalência da automedicação em 23,37% dos participantes acima de 65 anos de
idade e com mínimo grau de instrução concluído (ATHANASOPOULOS, 2013). Na
Índia a prevalência geral da automedicação foi de 11,4% sendo mais prevalente em
pacientes do sexo masculino 58,6% maiores de 40 anos (SELVARAJ, 2014). Em
Portugal a prevalência da automedicação foi de 26,2% sendo mais elevada no sexo
masculino com idade até 49 anos e em pacientes com nível superior. Quase metade dos
participantes que procuram um farmacêutico quando apresentaram um problema de
saúde praticavam automedicação (MENDES, 2004). Estudo realizado na Colômbia
mostra prevalência de automedicação de 77,5%, sendo que destes 1/4 recomendaria
medicamentos a outras pessoas (MACHADO-ALBA, 2014). Na França, 67,3%
referiram automedicação em estudo realizado em 11 prontos-socorros, e afirmaram que
maior parte dos medicamentos foi adquirida em drogarias comerciais (ASSERAY
2013). Um estudo Polonês mostrou que um terço dos indivíduos vai regularmente às
farmácias para comprarem medicamentos isentos de prescrição (WOZNIAK-
HOLECKA, 2014). Na Alemanha, a prevalência de automedicação foi de 27,7% onde a
automedicação está ligado ao alto status social (KNOPF, 2013).
2.1.8 Prevalência no Brasil
Nas últimas décadas, três pesquisas com o objetivo de investigar a prevalência
de automedicação foram realizadas ao nível nacional.
Arrais, et. al (1997) traçou o perfil da automedicação no país em estudo
realizado em três grandes capitais brasileiras, São Paulo, Fortaleza e Belo Horizonte,
onde analisou a venda de medicamentos sem prescrição ou com prescrições anteriores,
os resultados encontrados pelo pesquisador afirmam que a automedicação no Brasil teve
prevalência geral de 44,10%, sendo que 59% eram do sexo feminino, 40% dos
participantes afirmaram reutilizar prescrições anteriores e 30% dos medicamentos foram
comprados para uso familiar.
19
Em estudo realizado por Carvalho et al. 2005, 24,6% dos entrevistados
afirmaram praticar automedicação. Pacientes com grau de instrução mais alto tinham
hábito de manter medicamentos guardados em casa, a prevalência também se mostrou
maior no sexo feminino. A presença de ao menos uma doença crônica esteve associada
à prática de automedicação.
A Pesquisa Nacional de Utilização de Medicamentos (PNAUM) realizada no
Brasil em 2014 é a primeira pesquisa no país de representatividade nacional. O estudo
foi realizado em diferentes regiões do Brasil com 41.433 pessoas entrevistadas. Essa
pesquisa permitiu investigar e avaliar o impacto das políticas públicas sobre o uso dos
medicamentos no Brasil. Com prevalência geral de automedicação de 16,1% no Brasil a
pesquisa mostra que pacientes do sexo feminino e com faixa etária entre 20-39 anos que
possuem uma ou mais doenças crônicas são as que mais se automedicam. A prevalência
da automedicação foi maior nas regiões nordeste e centro-oeste do país (ARRAIS,
2016).
Nota-se que nos três estudos sobre automedicação realizados no país a
prevalência de automedicação foi maior em pacientes do sexo feminino. Assim como
pesquisa realizada na Colômbia (MEÍJA, 2017) é sabido que as mulheres ao longo da
vida estão mais propensas ao uso de medicamentos pelo fato de que desde cedo, por
fatores pertinentes do sexo feminino, utilizam mais medicamentos para cólicas
menstruais, dores de cabeça, dores musculares e anticoncepcionais (ARRAIS, 2016).
Quanto aos fatores associados, em concordância com pesquisa francesa
(ASSERAY, et Al. 2013) participantes afirmam reutilizar prescrições antigas, utilizar
medicamentos por indicação de parentes e amigos ou pessoas não habilitadas, o hábito
de manter medicamentos guardados em casa está de acordo com achados em estudo
realizado na colômbia (MACHADO-ALBA et. Al., 2014), e a presença de uma ou mais
doenças crônicas foram os fatores associados citados nesses três estudos.
Com prevalência variando entre 16,1% a 44,10% o Brasil apresentou valores
inferiores aos encontrados em estudo realizado na Argentina 77% (STOLBIZER, 2018).
Observa-se, portanto, que, com o passar do tempo à prevalência de
automedicação no Brasil diminuiu consideravelmente, podendo ser resultados dos
20
programas criados pelo governo, juntamente com os profissionais de saúde com o
intuito de orientar e alertar a população quantos aos riscos causados por tal prática.
2.1.9 Prevalência em Santa Catarina
A região Sul do Brasil se destaca pela quantidade de publicações sobre o tema
em questão em relação ao restante do país. Estudos de base populacional em Santa
Catarina intensificaram-se a partir de 2010 e chamam atenção pela alta prevalência de
automedicação. As prevalências encontradas nos estudos em Santa Catarina
apresentaram variações entre 35,71% (DA SILVA, 2013) e 96,0% (GALATO, 2012) e
estão acima da média de pesquisas ao nível nacional.
Estudo realizado entre estudantes de medicina e direito de uma Universidade
privada de Tubarão – SC mostra que a prevalência da automedicação foi 72,5%, vários
fatores como a renda familiar acima de 9 salários mínimos, ser estudante de medicina e
ter familiares profissionais de saúde fizeram com que esse índice fosse alto
(SCHUELTER-TREVISOL, 2011).
Outro estudo com alunos de diferentes áreas de uma Universidade do sul de
Santa Catarina encontrou um elevado índice de estudantes que praticam automedicação
(96%). Diversos fatores estiveram associados a esta prática como: sexo feminino,
possuir plano de saúde, influência da mídia, utilização de prescrições antigas, a
influência de farmacêuticos, atendentes de farmácia, familiares e amigos foram
significativas para os participantes que não eram dos cursos da área da saúde, já aqueles
que eram da área da saúde o conhecimento próprio se mostrou significativo em relação
à prática da automedicação (GALATO, 2012).
Em pesquisa realizada em uma Estratégia da Saúde da Família (ESF) em
Campos Novos, situado no meio oeste de Santa Catarina, Ascari (2018) constatou que a
prevalência da automedicação foi de 71%, destes, 66% eram do sexo feminino, 92% dos
participantes afirmaram ter feito uso de prescrições anteriores ao menos uma vez. 51%
disseram guardar medicamentos em casa para uma eventual necessidade. Entre os
principais motivos que levaram os indivíduos a se automedicar estão à facilidade de
obtenção dos medicamentos sem receituário, a segurança de utilizar medicamentos sem
orientação de um profissional de saúde e a falta de tempo para procurarem os serviços
de saúde.
21
Em Laguna-SC foi realizado um estudo para determinar a prevalência da
automedicação para a dor. 78,3% dos participantes afirmaram fazer uso desse tipo de
medicamento. A intensidade da dor foi o fator relatado pela maioria dos participantes. A
auto-percepção da saúde e a presença de doenças crônicas tiveram associação negativa à
prática de automedicação (DEMÉTRIO, 2012).
Fontanella (2013) determinou em pesquisa realizada entre estudantes de em uma
Universidade privada de Palhoça-SC que a prevalência da automedicação foi de 51,5%.
Neste estudo, indivíduos mais jovens foram os que mais se automedicaram.
Outra pesquisa realizada com professores do 1º ao 5º ano de 5 Escolas
Municipais de Educação Básica de Tubarão-SC, a prevalência de automedicação foi de
35,71%. O principal fator que esteve associado à prática de automedicação foi a
reutilização de prescrições antigas (DA SILVA, 2012).
Em relação ao período recordatório, os estudos encontrados em Santa Catarina
tiveram uma variação de 7 (FONTANELA, 2013) a 90 dias (SCHUELTER-
TREVISOL, 2011) o que pode ter sido um fator impactante na determinação da
prevalência, diferindo dos estudos nacionais onde os períodos recordatórios foram de 15
dias.
Quanto aos fatores associados, os mais prevalentes em estudos de Santa Catarina
foram o alto poder aquisitivo, nível de escolaridade superior e facilidade de obtenção de
medicamentos, diferindo dos resultados encontrados em estudos ao nível nacional.
Até o presente momento não foi encontrado nenhum estudo sobre
automedicação no município de Navegantes-SC, desta forma, a presente pesquisa é de
grande importância para a população e para as autoridades de saúde afim de que se
tomem providências quanto ao uso indiscriminado de medicamentos.
22
2.2 METODOLOGIA
2.2.1 Desenho de estudo
Tratou-se de um estudo transversal descritivo e analítico de base populacional,
caracterizado como um levantamento de dados.
2.2.2 Local do estudo
A pesquisa foi realizada no município de Navegantes, localizado no litoral Norte
do Estado de Santa Catarina, Brasil, distante a 92 quilômetros da capital Florianópolis.
(PREFEITURA DE NAVEGANTES, 2017). Possui uma área de 112,029 km². Este
município apresenta quatorze bairros e uma população de 77.137 habitantes (IBGE
2017).
2.2.3 População do estudo
A população de estudo foi composta por adultos residentes e domiciliada no
município, de 20 a 59 anos (BRASIL, 2009), estratificada proporcionalmente pelos
bairros.
2.2.4 Critérios de inclusão/exclusão
Foram considerados critérios de inclusão: adultos de 20 a 59 anos de idade,
residentes e domiciliados no município de Navegantes. Os critérios de exclusão foram:
turistas, pessoas interditadas, indivíduos de nacionalidade estrangeira que não
conheciam a língua portuguesa e pessoas que não estavam em estado de sobriedade.
2.2.5 Seleção da amostra
A amostra mínima foi calculada com base em proporções desconhecidas de
respostas (p=q=0,5), nível de confiabilidade de estimativas de 95% e erro amostral
máximo de 5%, estratificada pelo número populacional de cada bairro (TABELA 1).
23
Tabela 1 - População estimada de acordo com o bairro, Navegantes - SC, 2017
Bairro Número
habitantes
Amostra
estratificada
n
atingido
Centro 18.463 122 276
São Domingos 11.850 79 157
Machados 9.237 61 124
Gravatá 7.137 47 110
São Paulo 7.091 47 106
Nossa Senhora das Graças 5.813 38 84
Meia Praia 4.863 32 67
São Pedro 3.252 21 43
Escalvados 2.925 19 46
Volta Grande 1.675 12 21
Pedreiras 1.455 10 33
Porto Escalvado 1.368 10 15
Escalvadinho 1.309 6 16
Hugo de Almeida 1.029 6 22
TOTAL 77.467 407 1.120
Fonte: http://populacao.net.br/os-maiores-bairros-navegantes_sc.html.
Nota: modificado pelo autor para contemplar a totalidade dos bairros do município.
2.2.6 Instrumento da pesquisa
O instrumento de coleta de dados foi um questionário contendo cinco blocos
com 26 perguntas adaptado de Arrais (2004) (Apêndice I).
Um estudo piloto foi realizado para testar o instrumento de pesquisa.
BLOCO 1: Perfil Socioeconômico: Sexo, idade, número de pessoas por
domicílio e nível de escolaridade.
BLOCO 2: Hábitos Sociais: Identificação de bebidas alcoólicas, fumo
(tabagismo) e prática de atividade física.
BLOCO 3: Utilização dos Serviços de Saúde: Número de internações
hospitalares nos últimos 12 meses, número de consultas médicas nos últimos 3 meses,
cobertura por plano de saúde.
BLOCO 4: Auto Avaliação em Saúde: Reconhecimento de doenças, noção do
estado de saúde no momento da entrevista.
BLOCO 5: Medicamentos: Realização de perguntas sobre o uso de
medicamentos sem receita médica/dentista, armazenamento de medicamentos em casa,
24
acesso a medicamentos nas farmácias, influências no momento da compra dos
medicamentos, reações adversas à medicamentos e providências tomadas.
2.2.7 Coleta de dados
A coleta de dados foi realizada entre os meses de maio a outubro de 2018,
estratificada pelos bairros a partir de visitas domiciliares e no balcão de uma drogaria
comercial no centro do município de Navegantes/SC. Nesta pesquisa foi considerada a
prática de automedicação para aqueles participantes que consumiram ao menos um
medicamento sem receituário médico/odontológico ou utilizaram prescrições antigas
nos noventa dias que antecederam à coleta, excluindo, portanto, os Medicamentos
Isentos de Prescrição (MIP) que, foi calculada apenas para comparação com a literatura.
Os medicamentos declarados pelos participantes foram classificados de acordo
com o Sistema Anatômico e Terapêutico Químico (ATC) (WHO, 2010).
2.2.8 Aspectos Éticos
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
do Vale do Itajaí (UNIVALI) sob o número 2.577.497.
2.2.9 Análise dos dados
Os dados foram tabulados e consolidados em planilha Excel e importados para o
aplicativo Stata 13.
Para a análise descritiva as prevalências foram calculadas em percentuais e seus
respectivos intervalos de confiança de 95%. Para investigar os fatores associados à
automedicação foi utilizada regressão de Poisson robusta, previamente por meio de
análise univariada com retenção das variáveis com p<0,20. Após realizou-se análise
multivariada e foram retidas as variáveis com p<0,05 e apresentadas as razões de
prevalência e respectivos intervalos de confiança de 95%.
2.3 RESULTADOS
2.3.1 Caracterização da amostra
Um total de 1.120 questionários foram aplicados em indivíduos de 20 a 59 anos.
A maioria dos participantes era do sexo feminino (58,7%). Os níveis de faixa etária se
distribuíram uniformemente. A maior parte dos respondentes afirmou morar com mais
25
pessoas e possuir ensino fundamental ou médio, além de não praticarem exercícios
físicos regularmente, não consumirem acima de quatro ou cinco doses de bebida
alcóolica e não fazerem uso de cigarros. Nos últimos três meses que antecederam à
pesquisa mais da metade dos participantes referiu não ter se consultado com um médico
e quase metade dos participantes afirmou possuir ao menos uma doença crônica não
transmissível.
Quando perguntado sobre a auto percepção da própria saúde quase a totalidade
dos participantes afirmou ter uma boa saúde, 92,7% afirmaram ter utilizado ao menos
um medicamento nos noventa dias que antecederam a aplicação do questionário.
Considerando-se os medicamentos aos quais é obrigatória a prescrição médica, a taxa de
automedicação foi de 35,1%. O percentual de consumo de Medicamentos Isentos de
Prescrição foi de 30,1% (Tabela 2).
26
Tabela 2 - Caracterização social e de saúde de 1.120 indivíduos adultos, residentes
na cidade de Navegantes, SC, 2018
Variável n % Intervalo de confiança 95%
Sexo
Feminino 657 58,7 54,9-62,5
Masculino 463 41,3 36,8-45,8
Faixa Etária
20-29 269 24,0 18,9-29,1
30-39 301 26,9 21,9-31,9
40-49 268 23,9 18,8-29,0
50-59 282 25,2 20,1-30,3
Grupo familiar
Sozinho 267 23,8 18,7-28,9
Mais pessoas 853 76,2 73,3-79,1
Escolaridade
Fundamental 491 43,8 39,4-48,2
Médio 459 41,0 36,5-45,5
Superior 170 15,2 9,80-20,6
Álcool
Não 786 70,2 67,0-73,4
Sim 334 29,8 24,9-34,7
Atividade Física
Não pratica 583 52,1 48,0-56,2
<150 minutos por semana 307 27,4 22,4-32,4
≥150 minutos por semana 230 20,5 15,3-25,7
Tabagismo
Não 817 72,9 69,8-76,0
Sim 303 27,1 22,1-32,1
Consultas regulares
Não 624 55,7 51,8-59,6
Sim 496 44,3 39,9-48,7
DCNT
Não 619 55,3 51,4-59,2
Sim 501 44,7 40,3-49,1
Saúde
Ruim 120 10,7 5,1-16,3
Boa 1000 89,3 87,4-91,2
Medicamento
Não 82 7,3 1,6-13,0
Sim 1038 92,7 91,1-94,3
Automedicação
Não 730 64,9 61,5-68,3
Sim 394 35,1 30,2-40,0 DCNT= Doença Crônica Não Transmissível
27
2.3.2 Fatores associados à automedicação
Na avaliação dos fatores associados à automedicação (Tabela 3), a análise
univariada mostrou relação significativa com faixa etária, atividade física, tabagismo,
consultas e autoavaliação da saúde, excluindo-se as variáveis sexo e presença de
doenças crônicas, com valor de p abaixo de 20%. As maiores razões de prevalência
foram encontradas para autoavaliação da saúde e faixa etária.
28
Tabela 3 - Análise univariada da automedicação com relação às variáveis sociais e
de saúde, de 394 adultos residentes na cidade de Navegantes, SC, 2018
Variável
Automedicação
Não Sim
RP bruta
(IC95%)
p*
% IC95% % IC95%
Sexo
Masculino 62,0 58,3-65,7 38,0 34,3-41,7 1
Feminino 66,8 62,5-71,1 33,2 28,9-37,5 0,87 (0,76-1,06) 0,180
Faixa Etária
20-29 71,0 65,6-76,4 29,0 23,6-34,4 1
30-39 61,5 56,0-67,0 38,5 33,0-44,0 1,33 (1,00,-1,77) 0,052
40-49 60,4 54,5-66,3 39,6 33,7-45,5 1,36 (1,02-1,83) 0,037
50-59 66,7 61,2-72,2 33,3 27,8-38,9 1,15 (0,85-1,55) 0,363
Grupo familiar
Sozinho 61,4 55,5-67,3 38,6 32,7-44,5 1
Mais pessoas 65,9 62,7-69,1 34,1 30,9-37,3 0,88 (0,71-1,11) 0,284
Escolaridade
Fundamental 64,8 60,6-69,0 35,2 31,0-39,4 1
Médio 65,1 60,7-69,5 34,9 30,5-39,3 0,99 (0,80-1,23) 0,922
Superior 64,1 56,8-71,4 35,9 28,6-43,2 1,01 (0,76-1,36) 0,903
Álcool
Não 66,2 62,9-69-5 33,8 30,5-37,1 1
Sim 61,7 56,5-66,9 38,3 33,1-43,5 1,13 (0,92-1,40) 0,248
Atividade Física
Não 61,7 57,7-65,7 34,2 28,9-39,5 1
<150 min/semana 65,8 60,5-71,1 28,7 22,8-34,6 0,89 (0,71-1,13) 0,345
≥150min/semana 71,3 65,7-77,2 38,3 34,3-42,3 0,75 (0,57-0,99) 0,040
Tabagismo
Não 67,4 64,2-70,6 32,6 29,4-35,8 1
Sim 57,8 52,2-63,4 42,2 36,6-47,8 1,29 (1,05-1,60) 0,015
Consultas regulares
Não 60,6 56,8-64,4 39,4 35,6-43,2 1
Sim 70,2 67,8-75,8 29,8 25,8-33,8 0,75 (0,62-0,93) 0,007
DCNT
Não 62,0 58,2-65,8 38,0 34,2-41,8 1
Sim 68,3 64,2-72,4 31,7 27,6-35,8 0,83 (0,68-1,02) 0,081
Saúde
Ruim 53,3 44,3-62,3 33,8 30,9-36,7 1
Boa 66,2 63,3-69,1 46,7 37,7-55,7 0,72 (0,55-0,96) 0,025
*relativo à razão de prevalência bruta na regressão de Poisson; RP: razão de prevalência
DCNT= Doença Crônica Não Transmissível
Após ajustadas as razões de prevalências (Tabela 4), a faixa etária entre 30 e 49
anos se mostrou como fator de risco e a autoavaliação da saúde como fator de proteção.
29
Mostraram-se próximas à significância o tabagismo como fator de risco e a prática de
150 minutos ou mais de atividade física semanal como fator de proteção. A presença de
doenças crônicas não transmissíveis e consultas regulares influenciaram na prática de
automedicação.
Tabela 4 - Análise multivariada dos fatores associados à automedicação de 394
adultos residentes na cidade de Navegantes, SC, 2018
Variável RP ajustada Intervalo de confiança 95% valor-p
Sexo
Masculino 1
Feminino 0,94 0,77-1,16 0,583
Faixa etária
20-29 1
30-39 1,39 1,04-1,86 0,027
40-49 1,42 1,04-1,94 0,028
50-59 1,32 0,92-1,89 0,131
Atividade física semanal
Não 1
< 150 minutos/semana 0,88 0,69-1,11 0,288
≥150 minutos/semana 0,76 0,56-1,02 0,068
Tabagismo
Não 1
Sim 1,23 0,99-1,53 0,060
Consultas regulares
Não 1
Sim 0,75 0,60-0,93 0,008
DCNT
Não 1
Sim 0,76 0,60-0,96 0,020
Autoavaliação da saúde
Ruim 1
Boa 0,75 0,32-0,71 0,048 DCNT= Doença Crônica Não Transmissível
2.3.3 Prevalência de medicamentos associados à automedicação
Dentre os 394 participantes que realizaram automedicação no período, a classe
de medicamento mais prevalente foi a dos anti-inflamatórios (28,9% de um total de 574
citações de medicamentos), com destaque para a composição de princípios ativos
paracetamol, carisoprodol, diclofenaco sódico e cafeína (10,5%) com ênfase para a ação
anti-inflamatória do diclofenaco sódico. A segunda classe mais prevalente foram os
antihipertensivos (15,2%), com 3,5% de citações para losartana potássica, medicamento
de uso contínuo e a terceira foi a dos medicamentos para sistema genito-urinário e
30
hormônios sexuais (12,7%) onde o acetato de ciproterona+etinilestradiol e o
levonorgestrel+etinilestradiol tiveram 3,2% de citações cada.
Entre os MIPs, a classe mais utilizada foi a dos analgésicos (44,2% de 172
medicamentos citados), com destaque para o paracetamol e dipirona sódica.
2.3.4 Perfil dos praticantes de automedicação
De um total de 394 indivíduos que se automedicaram a maioria não fez uso de
prescrição antiga. Com relação à obtenção dos medicamentos grande parte dos
respondentes referiu obtê-los em farmácia comercial. Quase a metade dos participantes
afirmou que os medicamentos utilizados foram indicados por amigos e quase a
totalidade referiu que reutilizam os mesmos medicamentos quando apresentam sintomas
semelhantes, além de deixar o medicamento disponível em casa para uma eventual
necessidade.
Quando questionados se solicitaram ou obtiveram alguma orientação do
farmacêutico ou balconista no momento da compra do medicamento, mais da metade
dos participantes relatou que sim, porém pouco mais da metade comentou que essa
orientação não fez com que sua escolha fosse modificada, desta forma, não deixando se
influenciar no momento da compra. Boa parte dos indivíduos comentou utilizar o
medicamento devido à sua eficácia e quase todos os participantes afirmaram que
obtiveram o resultado esperado, dessa forma, mais da metade referiu ter indicado o
medicamento em questão para outras pessoas.
Com relação aos efeitos indesejados causados pelos medicamentos, quase todos
os participantes disseram não sentir nenhum desconforto causado pelo seu uso.
Contudo, as providências tomadas por aqueles participantes que declararam sentir
efeitos colaterais causados pelos medicamentos foram: esperar passar o desconforto,
deitar, tomar água ou não fazer nada.
31
Tabela 5 - Caracterização dos 394 participantes que se automedicaram na cidade
de Navegantes, SC, 2018
Variável Número % Intervalo de confiança 95%
Prescrição antiga
Não 260 67,2 61,5-72,9
Sim 107 32,8 23,8-41,8
Forma de obtenção
Amigos 53 14,9 5,1-24,7
Farmácia 312 85,1 81,1-89,1
Quem indicou
Amigos 144 41,1 33-49,2
Familiares 7 1,4 9,5-12,3
Farmácia 99 22,3 14-30,6
Médico 89 28,5 19-38
Mídia 26 6,7 3,4-16,8
Reutilização
Não 31 7,9 -2-17,8
Sim 332 92,1 89,2-95
Disponível em casa
Não, procuro unidade de saúde 6 1,9 12,4-16,2
Não, compro quando preciso 145 37,2 29,3-45,1
Sim 214 60,9 54,3-67,5
Obteve orientação
Não 39 10,6 0,6-20,6
Às vezes 54 15,1 5,3-24,9
Sim 270 74,3 69,1-79,5
Mudança na escolha
Não 179 58,0 50,7-65,3
Sim 147 42,0 34-50
Fator influente
Atendente 23 4,4 4,5-13,3
Dentista 1 0,3 -
Farmacêutico 77 17,6 9-26,2
Médico 82 26,4 16,7-36,1
Eficácia 123 34,9 26,4-43,4
Praticidade 59 16,4 6,8-26
Obteve resultado
Não 3 0,9 22,6-24,4
Sim 362 99,1 98,1-100,1
Indicou a terceiros
Não 144 42,1 34-50,2
Sim 221 57,9 51,4-64,4
Efeito Colateral
Não 326 90,6 87,4-93,8
Sim 37 9,1 0,5-18,7
32
2.3.5 Distribuição espacial da prevalência de automedicação
O município de Navegantes-SC possui 14 bairros. As maiores prevalências de
automedicação foram nos bairros Centro, São Domingos, São Paulo e Machados
(Tabela 6).
Tabela 6 - Prevalência de automedicação nos bairros. Navegantes, SC, 2018
Bairro Número Percentual
Centro 111 28,2
São Domingos 49 12,5
São Paulo 48 12,2
Machados 41 10,4
Nossa Senhora das Graças 33 8,4
Gravatá 30 7,6
Meia Praia 26 6,6
São Pedro 16 4,1
Escalvados 10 2,5
Hugo de Almeida 10 2,5
Pedreiras 6 1,5
Porto Escalvado 6 1,5
Volta Grande 5 1,3
Escalvadinho 2 0,7
Total 393 100,0
2.4 DISCUSSÃO
Notou-se, em diversos trabalhos analisados, a diversidade de metodologias e as
variações de prevalência de automedicação. Foram encontrados altos índices de
prevalência em trabalhos publicados no Brasil (CARVALHO, 2005; SCHUELTER-
TREVISOL, 2011; DA SILVA, 2013;) e no mundo (FIGUEIRAS, 2000; GARCÍA
MILIÁN, 2009), fato esse que pode ser justificado por alguns fatores como: período
recordatório e a abrangência do conceito de automedicação. O período recordatório é
um fator influente na estimativa de prevalência (ALHOMOUD et al., 2017), pois
estudos com períodos mais longos, como o da presente pesquisa, podem levar ao
acúmulo de lembranças e consequentemente aumento da estimativa (SELVARAJ,
2014). Pesquisa na Índia que utilizou período recordatório de noventa dias sem
considerar MIPs resultou em prevalência de 11,9% (SELVARAJ, 2014). Em
contrapartida, a OMS afirma que, para este tipo de estudo um período recordatório de
sete dias facilitaria a compreensão do entrevistado, diminuindo o viés existente em
33
relação à memória no momento da aplicação do questionário, desta forma, a diversidade
de metodologias explica essa variação (OMS, 2004).
Quanto à abrangência do conceito de automedicação, algumas pesquisas
nacionais e internacionais consideraram os medicamentos isentos de prescrição como
sendo prática de automedicação (MATOS, 2018; STOLBIZER, 2018). No presente
estudo, o uso de medicamentos isentos de prescrição não foi considerado como prática
de automedicação onde, 35,1% praticou automedicação, valor próximo ao de 37%
encontrado em uma pesquisa realizada em São Paulo (SCHIMID, 2010), a qual também
não considerou MIP.
O presente estudo apresentou prevalência de automedicação maior em
indivíduos do sexo masculino, resultado similar a estudo nacional (LOYOLA FILHO,
2002) e internacional (WIJESINGHE, 2012; SELVARAJ, 2014), porém sem diferença
estatística significativa. Nestes estudos a maior prevalência entre homens pode ser
justificada pelo fato destes não se preocuparem tanto com a própria saúde, deixando de
procurar os serviços de saúde em busca de suporte adequado quando necessário e por
não poder se ausentar do trabalho por períodos mais longos, desta forma, não têm
disponibilidade de buscar ajuda quando necessário.
Com relação à faixa etária, os indivíduos entre 40-49 anos foram os que mais se
automedicaram, assim como na pesquisa realizada por Da Silva et al. (2013),
considerando-se que indivíduos de todas as faixas etárias adquirem, ao longo da vida,
algumas doenças autolimitadas que são caracterizadas por terem um período limitado e
determinado, ou seja, são doenças que acometem o ser humano e são praticamente
impossíveis de evitar (ARRAIS, 2016).
Quanto aos indivíduos que moram com mais pessoas, os resultados mostraram
que não houve diferença significativa, desta forma, observa-se que os participantes que
praticaram automedicação e que não moram sozinhos não sofreram influência de
familiares e possivelmente não utilizaram sobra de medicamentos anteriores, resultado
diferente do encontrado por Abrahão (2013) que encontrou diferença significativa duas
vezes maior em escolares pertencentes às famílias com hábito de utilizar medicamentos,
do que os escolares de famílias que não tinham esse costume.
Nesta pesquisa, a maior parte dos participantes referiu ter ensino fundamental
completo, diferindo dos resultados encontrados em outros estudos, onde os indivíduos
com menor grau de escolaridade e menor conhecimento acerca dos danos causados pela
34
prática da automedicação tendem a maior prevalência (FIGUEIRAS, 2000; MENDES,
2004; CARVALHO, 2005; ATHANASOPOULOS, 2013).
Em relação aos hábitos sociais, os indivíduos com hábito de fumar, praticaram
1,2 mais vezes automedicação do que aqueles que não fumam, este resultado também
foi encontrado nas pesquisas de Abrahão (2013) e Matos (2018). Sabe-se que o tabaco
oferece inúmeros prejuízos à saúde, além de causar interações com diversos
medicamentos de forma a induzir o aumento das enzimas do citocromo P450 no fígado
e, desta forma, alterando a eficácia dos medicamentos (TATRO, 2007). Contudo, a
quantidade de cigarros fumados por dia está proporcionalmente ligada a alterações
metabólicas de diversos fármacos (KROON, 2007).
O consumo de álcool também está associado à prática de automedicação,
participantes de uma pesquisa informaram utilizar medicamentos para amenizar os
sintomas da ressaca e afirmaram ainda que o único risco que tinham conhecimento eram
de que o álcool poderia diminuir/excluir o efeito dos medicamentos. No que diz respeito
à atividade física, esse trabalho se mostrou como fator de proteção, uma vez que a
prevalência foi menor em indivíduos que praticavam atividade física semanal. Os
indivíduos que tem o hábito de se exercitarem regularmente além de promover a saúde
do corpo e da mente também evitam o envelhecimento precoce, as doenças
cardiovasculares, aumentando a qualidade de vida na fase adulta e, consequentemente
consumindo menos medicamentos (BORBA, 2018).
A presente pesquisa mostra que os indivíduos que realizaram consultas médicas
e referiram doença crônica apresentaram uma menor prevalência de automedicação. De
acordo com Schimid (2010) esse resultado pode ser explicado pelo fato de que, ao
passar por consulta médica e adquirir receituário o indivíduo não está praticando
automedicação, além de que para o fornecimento de qualquer medicação na rede
pública é necessário à apresentação da receita e em casos mais específicos sua retenção,
o mesmo ocorre para doenças crônicas, pois, uma vez que o paciente consulta o
profissional de saúde, com o intuito de renovar a receita, ele é retirado da estatística
daqueles que praticam automedicação.
Os indivíduos que referiram ter uma boa saúde se automedicaram menos, e
concordando com os resultados encontrados por De Santa Helena (2018) e diferindo dos
relatados por Bertoldi (2016) em estudo realizado em Pelotas-RS, onde os participantes
afirmaram ter uma percepção ruim ou muito ruim da própria saúde. A auto-avaliação da
saúde é um dado utilizado em diversos estudos sobre automedicação, pois possibilita
35
conhecer a qualidade de vida do paciente, obter informações quanto à sua saúde e seus
hábitos de vida, informações estas que irão influenciar nas escolhas e decisões, desta
forma, os indivíduos que se automedicam mais tem uma percepção ruim da própria
saúde (PAGOTTO, 2011).
Dentre aqueles que utilizaram algum tipo de medicamento, 35,1% praticaram
automedicação pelo fato de utilizarem medicamentos sem receituário e 337 ou 30,1%
dos indivíduos se automedicaram fazendo uso de medicamentos isentos de prescrição.
Estudos nacionais (DOMINGUES, 2015; SOUZA, 2017; FREITAS, 2018; MATOS,
2018) e internacionais (MEIJA, 2017; STOLBIZER, 2018; AZIZ, 2018; ROJAS-
ADRIANZÉN, 2018) consideraram como automedicação o uso de medicamentos
isentos de prescrição, dessa forma, obtendo também altas prevalências.
Em concordância com os trabalhos de Prado (2016), Gama (2017), Lima (2018)
e Matos (2018) a classe medicamentosa mais utilizada foram os anti-inflamatórios não-
esteroidiais (AINES), devido à sua eficácia e ao seu potente efeito anti-inflamatório,
analgésico e antitérmico. Os anti-inflamatórios são facilmente adquiridos e são
utilizados por todas as idades, isso faz com que seu consumo seja elevado, porém sua
eficácia não isenta os diversos efeitos colaterais que podem ser causados pelo seu uso
indiscriminado, como distúrbios renais e hepáticos, dores abdominais, desconforto
gastro intestinal, entre outros (KARYNA, 2016). Nesta classe medicamentosa destaca-
se o maior uso do paracetamol mais carisoprodol mais diclofenaco sódico mais cafeína,
em seguida a nimesulida e o diclofenaco. A segunda classe medicamentosa mais
utilizada foram os anti-hipertensivos, com destaque para a losartana, atenolol e
captopril, resultados semelhantes foram encontrados em pesquisa realizada no interior
de São Paulo (FLEITH, 2008).
Quanto aos medicamentos isentos de prescrição, a classe medicamentosa mais
utilizada foram os analgésicos, com destaque para o paracetamol e a dipirona, resultados
semelhantes ao encontrados por Arrais (2016). Os analgésicos são a classe
medicamentosa mais utilizada no Brasil e no mundo, eles agem promovendo o bloqueio
dos estímulos que causam a dor, inibindo tanto no local quanto no sistema nervoso
central (MIYAKE et al., 1998). Outra classe muito utilizada pelos praticantes de
automedicação foram os relaxantes musculares. Estes medicamentos são muito
utilizados em associação com os anti-inflamatórios, eles possuem amplo expectro no
combate da dor crônica e também cefaleia tensional, estando entre os cinco
medicamentos mais vendidos no país (DUNCAN, 2013). Nesta pesquisa o relaxante
36
muscular mais utilizado foi a dipirona mais citrato de orfenadrina mais cafeína,
resultados semelhantes foram encontrados por De Oliveira Rocha (2017).
A análise multivariada dos fatores associadas à automedicação mostrou que os
participantes da pesquisa entre 30 e 49 anos apresentaram razão de prevalência
significativamente superior à faixa de referência (20 a 29 anos), resultado semelhante ao
encontrado em estudo realizado no município de Tubarão-SC (DA SILVA, 2013).
Como fator de proteção observou-se que aqueles participantes que referiram ter
uma percepção boa da própria saúde se automedicaram menos, resultado também
encontrado por Bertoldi (2014). Para aqueles indivíduos com hábito de fumar houve
uma tendência de maior prática de automedicação, assim como resultados encontrados
por Abrahão (2013) e Matos (2018). Atividade física mostrou uma tendência (p
próximo a 0,05) de prevalência menor de automedicação em indivíduos com 150 ou
mais minutos de atividade semanal, resultado este que pode ser visto em pesquisa
realizada por Sá (2007), onde indivíduos que não praticaram atividade física se
automedicaram mais.
Os participantes que realizaram consultas nos últimos três meses que
antecederam à aplicação do questionário e referiram alguma doença crônica não
transmissível mostraram menor prevalência de automedicação em concordância com a
pesquisa de Loyolla Filho (2002), porém um estudo realizado no Canadá mostrou
associação negativa quanto ao uso de serviços públicos de saúde e a prática de
automedicação (SEGALL, 1990). Estudo conduzido por Vilarino (1998) ressalta que
doenças crônicas mais graves necessitam de tratamento com medicamentos que exigem
receita médica, em contrapartida, as doenças autorreferidas, que são aquelas conhecidas
por terem início e fim, apresentando sintomas conhecidos pelos pacientes podem
induzir a prática de automedicação pelo fato destes não ter que procurar ajuda médica.
De acordo com a Lei 13.021/2014, o profissional farmacêutico tem como
responsabilidade prestar assistência farmacêutica ao público de forma a esclarecer
dúvidas e aconselhar quanto ao uso racional e responsável de medicamentos a fim de
promover saúde e conscientizar a população quanto aos riscos causados pela prática da
automedicação (FERREIRA, 2018). Nesta pesquisa, mais da metade dos participantes
referiu obter ou solicitar orientação do farmacêutico ou atendente no momento da
compra do medicamento, resultado também encontrado em trabalho realizado por Dos
Santos (2018).
37
Quanto aos efeitos colaterais, a presente pesquisa mostrou que a grande maioria
dos participantes não teve nenhum problema causado pelo uso de medicamentos, esse
resultado está de acordo com os resultados apresentados em estudo realizado por Furlan
(2016) onde a maioria dos respondentes relatou não ter sentido efeitos colaterais
causados por medicamentos utilizados. O fato dos indivíduos buscarem informações a
respeito dos medicamentos e seus efeitos antes mesmo da compra e a omissão de
informações acerca dos efeitos colaterais no momento da aplicação do questionário
podem ter relação com as baixas reclamações a respeito de efeitos colaterais percebidos.
Com relação à distribuição espacial da prevalência de automedicação nos
bairros, o Centro, São Domingos, São Paulo e Machados tiveram as maiores
prevalências, tal fato pode ser justificado por se tratar de bairros com grande número de
drogarias e farmácias e maior circulação de pessoas devido ao comércio. Os bairros
Escalvadinhos, Pedreiras, Porto Escalvado e Volta Grande foram os que apresentaram
as menores prevalências, fato este que pode ser justificado pela localização na zona
rural, população reduzida e por não haver farmácias e drogarias nesses bairros.
38
3 CONCLUSÃO
A prevalência de automedicação na população adulta do município de
Navegantes-SC foi de 35,1%, somando a este valor aqueles que praticaram
automedicação com medicamentos isentos de prescrição, a prevalência chegou a 65,2%,
semelhante às estimativas estaduais e elevado em relação à literatura nacional e
internacional.
O perfil dos adultos que consomem medicamentos sem prescrição médica ou
odontológica no município estudado representa a faixa etária entre 30 a 49 anos, ter o
hábito de fumar, pouca ou nenhuma atividade física, não possuir doença crônica não
transmissível e ter uma percepção ruim da própria saúde.
As principais classes medicamentosas utilizadas foram os anti-inflamatórios e os
anti-hipertensivos. Em relação aos medicamentos isentos de prescrição foram os
analgésicos e relaxantes musculares os mais citados pelos participantes. Os fatores
como faixa etária e o hábito de fumar foram significativos mostrando maior tendência à
prática de automedicação, enquanto a prática de 150 minutos ou mais de atividade física
semanal, aqueles que referiram doença crônica não transmissível e consultou um
médico nos últimos três meses mostraram menor prevalência de automedicação. Os
indivíduos que referiram uma percepção positiva da própria saúde também mostraram
menor prevalência. A maioria dos participantes solicitou ou obteve orientação do
farmacêutico ou atendente no momento da compra do medicamento, desta forma,
entende-se que mesmo com as dificuldades enfrentadas na busca por utilização de
serviços públicos de saúde, a população procura e considera válidas as orientações do
farmacêutico no balcão da farmácia. E, por fim, a maioria dos participantes não
apresentou nenhum problema causado pelo uso de medicamentos.
A partir dos resultados encontrados conclui-se que a população adulta de
Navegantes necessita de informações acerca dos perigos e efeitos adversos causados
pelo uso indiscriminado de medicamentos. Sugere-se ao poder público e às autoridades
de saúde local o desenvolvimento de campanhas e estratégias de forma a esclarecer ao
público a maneira mais segura e eficaz na utilização de medicamentos. Estimular a
população à promoção de saúde também é uma importante ação, uma vez que, a prática
de atividade física foi um fator significante no sentido de diminuir a prevalência de
automedicação. À vigilância sanitária aconselha-se o cuidado e o aumento na
39
fiscalização de farmácias e drogarias quanto à retenção de receituários para aqueles
medicamentos que são exigidos pela legislação.
40
4 REFERÊNCIAS
ABRAHAO, R. C; GODOY, J. A; HALPERN, R. Automedicação e comportamento
entre adolescentes em uma cidade do Rio Grande do Sul. Aletheia, Canoas, n. 41, p.
134-153, ago. 2013.
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria
Colegiada nº 98, de 1° de agosto de 2016. Dispõe sobre os critérios e procedimentos
para o enquadramento de medicamentos como isentos de prescrição e o
reenquadramento como medicamentos sob prescrição, e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 1 ago. 2016. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2921766/RDC_98_2016.pdf/32ea4e54-
c0ab-459d-903d-8f8a88192412>. Acesso em: 23 mar. 2017.
ALHOMOUD, F. et al. Self-medication and self-prescription with antibiotics in the
Middle East—do they really happen? A systematic review of the prevalence, possible
reasons, and outcomes. International Journal of Infectious Diseases, v. 57, n. 2017, p.
3-12, 2017.
AL-HUSSAINI, M.; MUSTAFA, S.; ALI, S. Self-medication among undergraduate
medical students in Kuwait with reference to the role of the pharmacist. Journal of
Research in Pharmacy Practice, v. 3, n. 1, p. 23-39, 2014.
ARRAIS, P. S. D. et al. Prevalência da automedicação no Brasil e fatores associados.
Revista Saúde Pública, v. 50, n. 2, p. 13s, 2016.
______. Perfil da automedicação no Brasil. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 31, n.
1, p. 71-77, 1997.
ASCARI, R.A. et al.; Estratégia Saúde da Família: Automedicação entre os usuários.
REVISTA UNINGÁ REVIEW, v. 18, n. 2, 2018.
ASSERAY, Nathalie et al. Frequency and severity of adverse drug reactions due to self-
medication: a cross-sectional multicentre survey in emergency departments. Drug
safety, v. 36, n. 12, p. 1159-1168, 2013.
ATHANASOPOULOS, C. H. et al. Is drug utilization in greece sex dependent? a
population‐based Study. Basic & Clinical Pharmacology & Toxicology, v. 112, n. 1,
p. 55-62, 2013.
AZIZ, M. M. et al. Pattern of medication selling and self-medication practices: A study
from Punjab, Pakistan. PloS one, v. 13, n. 3, p. e0194240, 2018.
BALEN, E. et al. Interações medicamentosas potenciais entre medicamentos
psicotrópicos dispensados. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 66, n. 3, p.172-177, set.
2017.
41
BARBERATO FILHO, S. Pesquisa e desenvolvimento de fármacos no Brasil:
estratégias de fomento. 2006. Tese (Doutorado em Fármaco e Medicamentos) -
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
BERND, L. A. G. Alergia a medicamentos. Revista Brasileira de Alergia e
Imunopatologia, v. 28, n. 3, p. 125-132, 2005.
BERTOLDI, A. D. et al. Use of generic medicines by the Brazilian population: an
evaluation of PNAUM 2014. Revista de Saúde Pública, v. 50, n. 2, p.1-11, 2016.
BORBA, A. K. O. T. et al. Fatores associados à adesão terapêutica em idosos diabéticos
assistidos na atenção primária de saúde. Revista Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, p.
953-961, 2018.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Audiência pública sobre venda
de medicamentos sujeitos à prescrição. 2012. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/resultadodebusca?p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state
=maximized&p_p_mode=view&p_p_coid=column1&p_p_col_count=1&_101_struts_a
ction=%2Fasset_publisher%2Fview_content&_101_assetEntryId=2664969&_101_type
=content&_101_groupId=219201&_101_urlTitle=audiencia-publica-discute-
medicamentos-sujeitos-a-prescricao&inheritRedirect=true>. Acesso em: 10 nov. 2017.
______. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública nº 95, de 19 de
novembro de 2001. Brasília: Anvisa, 2001. Disponível em:
<http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/CP/CP%5B2735-1-0%5D.pdf.>. Acesso em:
20 nov. 2017.
______. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº 1.555, de 27 de junho de
2007. Institui o Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de Medicamentos.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 jun. 2007. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/prt1555_27_06_2007.html>.
Acesso em: 15 jan. 2019.
______. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada –
RDC nº 19 de 03 de fevereiro de 2005. Cria a Rede Nacional de Centros de Informação
e Assistência Toxicológica – RENACIAT e aprova as ―Diretrizes para Qualificação dos
Centros de Informação e Assistência Toxicológica‖. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 04 mai. 2005.
______. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada
RDC nº 20, de 05 de maio de 2011. Dispõe sobre o controle de medicamentos à base de
substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isolado ou em
associação. Diário Oficial da União, Brasília, DF 5 mai. 2011. Disponível em:
<http://www.anvisa.gov.br/sngpc/Documentos2012/RDC%2020%202011.pdf?jornal=
%E2% 80%A6>. Acesso em: 12 out. 2018.
_______. Casa Civil. Lei no 5081 de 24 de agosto de 1966. Regula o Exercício da
Odontologia. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 ago. 1966.
42
______. Casa Civil. Lei no 7498 de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a
regulamentação do exercício da enfermagem, e dá outras providências. Diário Oficial
da União, Brasília, DF 25 jun. 1986.
______. Conselho Federal de Farmácia. Resolução CFF no 586 de 29 de agosto de 2013.
Regula a prescrição farmacêutica e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 29 ago. 2013.
______. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n° 3916 de 30 de outubro
de 1998. Política Nacional de Medicamentos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30
out. 1998a.
______. Ministério da Saúde. Política nacional de atenção integral à saúde do
homem: princípios e diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Disponível em:
<http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/maio/21/cnsh-doc-pnaish---
Principios-e-Diretrizes.pdf>. Acesso em: 30 out. 2017.
______. Ministério da Saúde. Resolução RDC nº 140, de 29 de maio de 2003.
Brasília: Ministério da Saúde, 2003. Disponível em: <http://e-
legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=6311>. Acesso em: 12 jan. 2018.
BRITTEN, N. Lay views of drugs and medicines: orthodox and unorthodox accounts.
In: WILLIAMS, S.; CALNAN, M. Modern Medicine: Lay perspectives and
experiences. London: UCL Press, 1996.
CALIXTO, J. B.; SIQUEIRA JUNIOR, J. M. Desenvolvimento de medicamentos no
Brasil: desafios. Gazeta Médica da Bahia, v. 78, n. 1, p. 98- 106, 2008.
CARVALHO, M. F. et al. Utilization of medicines by the Brazilian population, 2003.
Cadernos de Saúde Pública, v. 21, p. S100-S108, 2005.
CASTRO, L. L. C. et al. Algumas características da prática da automedicação em
Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Revista de Ciências Farmacêuticas, v. 21, n. 1,
p. 81-101, 2000.
CORRÊA, E.M.C.; ANDRADE, E.D.; RANALI, J. Efeito dos antimicrobianos sobre a
eficácia dos contraceptivos orais. Revista Odontologica da Universidade de São
Paulo, v. 12, n. 3, p. 237- 240, 1988.
DA SILVA, M. F.; SOARES FILHO, M. S.; REMOR, K. V. T. Estudo sobre a
utilização de medicamentos e a prática de automedicação por professores do 1º ao 5º
ano de escolas municipais de Tubarão, Santa Catarina. Cadernos Acadêmicos, v. 4, n.
2, p. 180-183, 2013.
DEMÉTRIO, Gabriela da Silva et al. Prevalência de automedicação para tratamento de
dor em município do sul do Brasil. ACM arq. catarin. med, v. 41, n. 3, 2012.
DEMOLY, P.; BOUSQUET, J. Epidemiology of drug allergy. Curr Opin Allergy Clin
Immunol., v. 1, p. 305-310, 2001.
43
DE OLIVEIRA ROCHA, A. P. C.; MICELI, B. C. a influência da mídia no consumo de
medicamentos por idosos em uma drogaria na cidade de Paraopeba-MG. Revista
Brasileira de Ciências da Vida, v. 5, n. 5, p. 01-16, 2017.
DE SANTA HELENA, Ernani Tiaraju; DE OLIVEIRA, Vanessa Cristina; NEVES,
Jéssica de Oliveira Ramos. Polifarmácia e padrão de utilização de medicamentos em
Pomerode, SC. Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 47, n. 2, p. 124-136, 2018.
DOMINGUES, P. H. F. et al. Prevalência da automedicação na população adulta do
Brasil: revisão sistemática. Revista de Saúde Pública, v. 49, p. 1-8, 2015.
DOS SANTOS, S. L. F. et al. Automedicação em gestantes de alto risco: foco em
atenção farmacêutica. Journal of Health Sciences, v. 20, n. 1, p. 50-54, 2018.
DUNCAN, B.B.; SCHMIDT, M.I.; GIULIANI, E.R.J. Medicina ambulatorial:
condutas de atenção primária baseadas em evidências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,
2013.
FEBRAFAR. Varejo farmaceutico. 2016. Disponível em:
<http://www.febrafar.com.br/a-febrafar/varejo-farmaceutico/>. Acesso em: 10 nov.
2017.
FERREIRA, R. L.; TERRA JÚNIOR, A. T. T. Estudo sobre a automedicação, o uso
irracional de medicamentos e o papel do farmacêutico na sua prevenção. Revista
Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente, v. 9, n. especial, p. 570-576,
2018.
FIGUEIRAS, A.; CAAMANO, F.; GESTAL-OTERO, J. J. Sociodemographic factors
related to self-medication in Spain. European journal of epidemiology, v. 16, n. 1, p.
19-26, 2000.
FLEITH, V. D. et al. Perfil de utilização de medicamentos em usuários da rede básica
de saúde de Lorena, SP. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, p. 755-762, 2008.
FONTANELA, F. G.; GALATO, Dayani; REMOR, Karina Valerim Teixeira. Perfil de
automedicação em universitários dos cursos da área da saúde em uma instituição de
ensino superior do sul do Brasil. Revista Brasileira de Farmácia, v. 94, n. 2, p. 154-
60, 2013.
FREITAS, V. P.; MARQUES, M. S.; DUARTE, S. F. P. Automedicação em
Universitários do curso de Graduação da área de Saúde em uma Instituição de Ensino
Superior Privada em Vitória da Conquista. ID On Line Revista Multidisciplinar e de
Psicologia, v. 12, n. 39, p. 25-37, 2018.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Sistema Nacional de Informações Toxicológicas.
2016. Disponível em: <https://sinitox.icict.fiocruz.br/dados-de-agentes-toxicos>.
Acesso em: 10 nov. 2018.
44
FURLAN, B. T. Os efeitos adversos e riscos associados à automedicação: avaliação do
conhecimento da população de Americana, SP e região. Revista de Trabalhos
Acadêmicos da FAM, v. 1, n. 1, p. 33-42, 2016.
GALATO, D.; MADALENA, J.; BORGES PEREIRA, G. Automedicação em
estudantes universitários: a influência da área de formação. Ciência & Saúde Coletiva,
v. 17, n. 12, p. 3323-3330, 2012.
GAMA, A. S. M.; SECOLI, S. R. Automedicação em estudantes de enfermagem do
Estado do Amazonas – Brasil. Revista Gaúcha de Enfermagem, Coari, v. 38, n. 1,
p.1-7, mar. 2017.
GARCÍA MILIÁN, A. J. et al. Consumo de medicamentos referidos por la población
adulta de Cuba, año 2007. Revista Cubana de Medicina General Integral, v. 25, n. 4,
p. 5-16, 2009.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Cidades.
2017. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=421130>.
Acesso em: 30 out. 2017.
KARYNA, H. K. O. S. D.; ALMEIDA, F. A. S.; JORGE, R. J. S. R. Estudo sobre
automedicação no uso de anti-inflamatórios não Esteroídes na cidade de Valparaíso de
Goiás. Revista Saúde e Desenvolvimento, v. 9, n. 5, p. 142-153, 2016.
KNOPF H, Grams D. [Medication of adults in Germany, results of the German health
interview and examination survey for adults (DEGS1)]. Bundesgesundheitsblatt
Gesundheitsforschung gesundheitsschutz. 2013;56(5-6):868-77. German.
DOI:10.1007/s00103-013-1667-8.
KROON, L. A. Drug interactions with smoking. American Journal of Health-System
Pharmacy, v. 64, n. 18, p. 1917-1921, 2007.
LAPORTE, J. R.; TOGNONI, G.; ROSENFELD, S. Epidemiologia do medicamento:
princípios gerais. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1989. 293p.+
LIMA, D.M. et al. Avaliação da prática da automedicação em acadêmicos do curso de
Farmácia em uma instituição privada de ensino superior em Fortaleza-Ce. Revista
Expressão Católica Saúde, v. 2, n. 1, p.17-22, 2018.
LOPES, L.C.; TOLEDO, M. I. Princípios básicos de farmacologia clínica relevantes ao
estudo da farmacoepidemiologia. In: CASTRO, L.L.C. (Org.). Fundamentos de
farmacoepidemiologia. Campo Grande: Grupo de Pesquisa em Uso Racional de
Medicamentos - GRUPURAM, 2001.
LOPES, N. G. M. Automedicação: práticas e racionalidades sociais. 125 f. 2003.
Dissertação (Doutorado em Sociologia) - Instituto Superior de Ciências do Trabalho e
da Empresa, Lisboa, 2003.
45
LOYOLA FILHO, A. I. et al. Prevalência e fatores associados à automedicação:
resultados do projeto Bambuí. Revista Saúde Pública, v .36, n.1, p. 55-62, 2002.
MACHADO-ALBA, J.E.; ECHEVERRI-CATAÑO, L.F.; LONDOÑO-BUILES, M.J.;
MORENO-GUTIÉRREZ, P.A.; OCHOA-OROZCO, S.A.; RUIZ-VILLA, J.O. Social,
cultural and economic factors associated with self-medication. Biomédica, vol. 34, nº 4,
2014.
MATOS, J.F. et al. Prevalência, perfil e fatores associados à automedicação em
adolescentes e servidores de uma escola pública profissionalizante. Caderno de Saúde
Coletiva, v. 26, n. 1, p. 76-83, 2018.
MEJÍA, Marie Claire Berrouet; RESTREPO, Manuela Lince; BERNAL, Diana
Restrepo. Actitudes, conocimientos y prácticas frente a la automedicación con
productos herbales y psicofármacos en estudiantes de medicina de Medellín-
Colombia. Medicina UPB, v. 37, n. 1, p. 17-24, 2018.
MENDES, Z. et al. Prevalência da automedicação na população urbana portuguesa.
Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 40, n. 1, p. 21-25, 2004.
MIYAKE, R.S.; REIS, A.G.; GRISI, S. Sedação e analgesia em crianças. Revista da
Associação Médica Brasileira, v. 44, n. 1, p. 56-64, 1998.
NASCIMENTO, M. C. A centralidade do medicamento na terapêutica
contemporânea. 2002. 138 p. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Instituto de
Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.
NAVEGANTES (cidade). Diagnostico do município de Navegantes. Navegantes:
Prefeitura Municipal, 2017. Disponível em: <http://www.navegantes.sc.gov.br/c/a-
cidade>. Acesso em: 30 out. 2017.
NICOLINI, P. et al. Fatores relacionados à prescrição médica de antibióticos em
farmácia pública da região oeste da cidade de São Paulo. Revista Ciência & Saúde
Coletiva, v. 13, n.(Supl.), p. 689-696, 2008.
ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD (OMS). Uso racional de los
medicamentos: progresos realizados en la aplicación de la estrategia farmacêutica de la
OMS, Informe de la Secretaria, 118ª reunión del consejo ejecutivo. Genebra: OMS,
2006.
PAGOTTO, V.; NAKATANI, A. Y.K.; SILVEIRA, E. A. Fatores associados à
autoavaliação de saúde ruim em idosos usuários do Sistema Único de Saúde. Caderno
de Saúde Pública, 2011;27:1593-602.
PALMEIRA FILHO, P. L.; PAN, S. S. K. Cadeia farmacêutica no Brasil: avaliação
preliminar e perspectivas. Rio de Janeiro: BNDES Setorial, 2003.
PRADO, M. A. M. B. et al. Uso de medicamentos prescritos e automedicação em
homens. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 19, n. 3, p.594-608, set. 2016.
46
PINHEIRO, E.S. A indústria farmacêutica transnacional e o mercado brasileiro. In:
BERMUDEZ, J. A. Z.; BONFIM, J. R. A. (Orgs.) Medicamentos e a reforma do setor
saúde. São Paulo: HUCITEC/SOBRAVIME, 1999. p. 165-178.
ROJAS-ADRIANZÉN, C.; PEREYRA-ELÍAS, R.; MAYTA-TRISTÁN, P. Prevalencia
y factores asociados a la compra de antimicrobianos sin receta médica, Perú 2016.
Revista Peruana de Medicina Experimental y Salud Pública, v. 35, p. 400-408,
2018.
SÁ, M.B.; BARROS, J.A.C.; SÁ, M.P.B.O. Automedicação em idosos na cidade de
Salgueiro-PE. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 10, p. 75-85, 2007.
SANTOS, E. C.; FERREIRA, M. A. A Indústria Farmacêutica e a introdução de
medicamentos genéricos no mercado brasileiro. Nexos Econômicos, Salvador, v. 6, n.
2, p.95-120, dez. 2012.
SANTOS, R.; FARIAS, M. Conflitos bioéticos e as políticas para acesso aos
medicamentos. In: CAPONI, S. et al. (Org.). Medicalização da vida: ética, saúde
pública e indústria farmacêutica. Palhoça: Editora Unisul, 2010.
SANTOS, T. R. A. et al. Consumo de medicamentos por idosos, Goiânia, Brasil.
Revista Saúde Pública, Goiânia, v. 1, n. 47, p. 94-103, 2013.
SCHMID, B.; BERNAL, R.; SILVA, N. N. Automedicação em adultos de baixa renda
no município de São Paulo. Revista Saúde Pública, v. 44, n. 6, p. 1039-1045, 2010.
SCHNYDER, B. et al. Direct, MHC-dependent presentation of the
drugsulfamethoxazole to human alphabeta T cell clones. Journal of Clinical
Investigation, v. 100, p. 136-141, 1997.
SCHUELTER-TREVISOL, F. et al. Automedicação em universitários. Revista da
Sociedade Brasileira de Clínica Médica, v. 9, n. 6, p. 414-417, 2011.
SEGALL, A. A community survey of self-medication activities. Medical Care, v. 28,
n. 4, p. 301-310, 1990.
SELVARAJ, K.; KUMAR, S. G.; RAMALINGAM, A. Prevalence of self-medication
practices and its associated factors in Urban Puducherry, India. Perspectives in Clinical
Research, v. 5, n. 1, p. 32, 2014.
SILVA, F. M.; GOULART, F. C.; LAZARINI, C. A. Caracterização da prática de
automedicação e fatores associados entre universitários do curso de Enfermagem.
Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 16, n. 3, p. 644-651, 2014.
SILVA, J. A. C.; GOMES, A. L.; OLIVEIRA, J. P. S. Prevalência de automedicação e
os fatores associados entre os usuários de um Centro de Saúde Universitário. Revista
Brasileira de Clínica Medica, São Paulo, v. 1, n. 11, p. 27-30, jan. 2016.
47
SOUZA, C. S. et al. Frequência de automedicação por pacientes em atendimento
odontológico de urgência na atenção básica. Saúde (Santa Maria), v. 43, n. 3, p. 1-7,
2017.
STOLBIZER, F. et al. Self-medication in patients seeking care in a dental emergency
service. Acta Odontologica Latinoamericana, v. 31, n. 2, p. 117-121, 2018.
TATRO, D. S. (Ed.). Drug Interaction Facts 2008: The Authority on drug interactions.
Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins, 2007.
TELLES FILHO, P. C. P.; ALMEIDA, Á. G. P.; PINHEIRO, M. L. P. Automedicação
em idosos: um problema de saúde pública. Revista Enfermagem UERJ, v. 21, n. 2, p.
197-201, 2013.
TENI, F. S. et al. Pattern and predictors of medicine use among households in Gondar
Town, northwestern Ethiopia: a community-based medicine utilization study. BMC
Research Notes, v. 10, n. 1, p. 357, 2017.
VILARINO, J. F. et al. Perfil da automedicação em município do sul do Brasil. Revista
Saúde Pública, v. 32, p. 43-49, 1998.
WIJESINGHE, P. R.; JAYAKODY, R.; SENEVIRATNE, R. A. Prevalence and
predictors of self-medication in a selected urban and rural district of Sri Lanka.
WHO South-East Asia. Journal Public Health, v. 1, n. 1, p. 28-35, 2012.WHO
Collaborating Centre for Drug Statistics Methodology. (2012). Guidelines for ATC
classification and DDD assignment 2013. Oslo.
______. International drug monitoring: the role of national centers. Geneva: WHO,
1972.
______. Medicines: rational use of medicines. Genebra. 2002. Disponivel em:
<http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs338/en/>. Acesso em: 30 set. 2017.
______. WHO guidelines on hand hygiene in health care: first global patient safety
challenge clean care is safer care. Geneva: WHO, 2009. 270p
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Medicines: rational use of medicines
[internet]. Geneva: Fact sheet n. 338. Media Centre; 2010. Acesso em: 07 Mai 2019.
______. The Role of the pharmacist in self-care and self-medication: report of the
4th WHO Consultative Group on the Role of the Pharmacist. 1998. Disponível
em<http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs241/en>. Acesso em: 1 nov. 2017.
WOŹNIAK-HOLECKA, Joanna et al. Consumer behavior in OTC medicines market.
Przegl Epidemiol, v. 66, n. 1, p. 157-160, 2012.
48
ZANINI, A. C.; CARVALHO, M. F. Definições, conceitos e aspectos operacionais
utilizados em farmacovigilância. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, v.
37, n. 3, p. 215-224, 2001.
49
5 APÊNDICES
5.1 Apêndice l
PESQUISA “USO DE MEDICAMENTOS EM NAVEGANTES”
QUESTIONÁRIO
BLOCO 1 – PERFIL SOCIOECONÔMICO
1.1. Sexo □masculino □feminino
1.2. Idade (em anos completos): _____________
1.3.O (a) Sr. (a) mora: □sozinho □ com mais pessoas
1.4 Qual o bairro de Navegantes? ___________________________
1.5. Até que nível completo o (a) Sr. (a) estudou?
□sem instrução □Fundamental □Médio □ Superior
BLOCO 2 – HÁBITOS SOCIAIS
2.1a (homens). Nos últimos 30 dias, o Sr. chegou a consumir 5 ou mais doses de bebida
alcoólica em uma única ocasião? (5 latas de cerveja, 5 taças de vinho ou 5 doses de
destilado)
□não □sim
2.1b (mulheres) Nos últimos 30 dias, a Sra. chegou a consumir 4 ou mais doses de
bebida alcoólica em uma única ocasião? (4 latas de cerveja, 4 taças de vinho ou 4 doses
de destilado)
□não □sim
2.2. Quanto tempo você pratica atividade física ou esporte na semana?
□150 minutos ou mais (ou seja, mais que 30 minutos/dia)
□menos que 150 minutos (ou seja, menos que 30 minutos/dia)
□ não pratico atividade física
2.3.O(a) Sr.(a) fuma? □não □sim
BLOCO 3 – UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
3.1. Quantas vezes esteve internado nos últimos 12 meses? _____
3.2. Quantas vezes se consultou com o médico nos últimos 3 meses? _______
3.3. Possui algum plano de saúde? □não □sim
BLOCO 4 – AUTOAVALIAÇÃO DA SAÚDE
4.1. Possui algumas destas doenças crônicas?
□diabetes Utiliza algum medicamento? □não □sim
□hipertensão Utiliza algum medicamento? □não □sim 2 □doenças do coração (infarto,
angina, insuficiência cardíaca, arritmia) Utiliza algum medicamento? □não □sim
□artrite ou reumatismo (artrite reumatoide, osteoporose)
Utiliza algum medicamento? □não □sim
□Doença Pulmonar Crônica (asma, bronquite crônica, enfisema)
Utiliza algum medicamento? □não □sim
□ AVC (Acidente Vascular Cerebral)
50
Utiliza algum medicamento? □não □sim
□doenças da coluna Utiliza algum medicamento? □não □sim
□câncer (neoplasias) Utiliza algum medicamento? □não □sim
□Colesterol alto Utiliza algum medicamento? □não □sim
□depressão Utiliza algum medicamento? □não □sim
Alguma outra doença? □não □sim Qual?__________
Utiliza algum medicamento? □não □sim
4.2. Em geral, o (a) Sr. (a) diria que a sua saúde é:
□excelente □muito boa □boa □ruim □muito ruim
BLOCO 5- MEDICAMENTOS
5.1.O (a) sr (a) lembra de algum medicamento que utilizou nos últimos três meses?
{repetir o bloco para cada medicamento com prescrição lembrado pelo respondente;
não induzir o paciente a lembrança}
Qual: ____________________________
Para que? _____________________
a□ não tomei nenhum medicamento nestes três meses
b□ tomei mas não precisa de receita médica
c□ tomei com a receita médica
d□ tomei sem a receita médica
Caso marque a letra d responder as próximas perguntas
5.2. Alguma vez teve esta prescrição?
□não □sim, por meio de consulta: □particular □SUS □plano de saúde
5.3. Onde o Sr(a) obteve esse medicamento?
□farmácia comercial □instituição de caridade/igreja
□amigos, parentes ou vizinhos □compra online □outro:
5.4. Quem indicou?
□médico □amigos, vizinhos □farmacêutico/atendente □familiares
□ninguém, vi na mídia (revista, internet, TV, etc)
5.5. Você utiliza sempre este medicamento quando apresenta o mesmo problema?
□sim □não/as vezes. Porque? ________________________
5.6. Este medicamento está disponível em sua casa?
□Sim, procuro sempre tê-lo em casa □Não, mas compro quando preciso
□Não, procuro uma unidade de saúde para pegar uma receita e comprar.
5.7. No ato da compra deste medicamento você pediu ou teve a orientação do
farmacêutico/atendente?
□sim □às vezes □não (pular para a 5,9)
5.8. Essa orientação modificou sua escolha inicial?
□sim, pois não sabia o que comprar □sim, mudou minha opinião
□não
5.9.O que você levou em conta na hora de utilizar este medicamento?
□praticidade/comodidade/preço
□orientação de profissional: □médico □dentista □farmacêutico □atendente
□eficácia do medicamento
5.10. Você obteve o resultado esperado?
□sim □não
5.11. Você já indicou este medicamento para outras pessoas?
51
□sim □não
5.12. No período em que o Sr. (a) utilizou o (s) medicamento (s) relatado (s), apresentou
algum tipo de problema causado pelo medicamento?
□não □sim. Qual problema específico? ________________________
5.13. Que providência tomou para resolver o problema?
_________________________________
5.2 Apêndice Il
MEDICAMENTOS COM PRESCRIÇÃO OBRIGATÓRIA
Medicamento Número Percentual
M- SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO 28,9
M01- Produtos anti-inflamatórios e antirreumáticos 4,5
ácido mefenâmico 8 1,4
Meloxicam 16 2,8
naproxeno+esomeprazol sódico tri hidratado 2 0,3
M02- Produtos para dores articulares e musculares 12,4
Cetoprofeno 7 1,2
diclofenaco de sódio 26 4,5
Etodolaco 1 0,2
naproxeno sódico 4 0,7
Nimesulida 27 4,7
Piroxicam 5 0,9
Tenoxican 1 0,2
M03-Relaxantes musculares 12,0
Ciclobenzaprina 2 0,3
clonixinato de lisina+cloridrato de ciclobenzaprina 1 0,2
paracetamol+carisoprodol+diclofenaco sódico+cafeína 66 11,5
C- SISTEMA CARDIOVASCULAR 15,2
C01- Terapêutica cardíaca 0,7
hemifumarato de bisoprolol 1 0,2
Propatilnitrato 3 0,5
C02-Anti-hipertensores 9,5
Atenolol 11 1,9
atenolol+clortalidona 3 0,5
besilato de anlodipino 1 0,2
Captopril 11 1,9
Carvedilol 2 0,3
cloridrato de hidralazina 1 0,2
Doxazosina 1 0,2
Enalapril 2 0,3
Losartana 20 3,5
losartana+hidroclorotiazida 3 0,5
C03-Diuréticos 1,4
Espironolactona 1 0,2
Hidroclorotiazida 3 0,5
52
Medicamento Número Percentual
hidroclorotiazida+cloridrato de amilorida 4 0,7
C10-Hipolipemiantes 3,5
Atorvastatina 4 0,7
Sinvastatina 16 2,8
G-SISTEMAS GENITO-URINÁRIOS E HORMÔNIOS
SEXUAIS
12,7
G01-Anti-infecciosos e anti-sépticos ginecológicos 1,2
Nistatina 7 1,2
G03-Hormônios sexuais e moduladores do sistema genital 11,1
acetato de ciproterona+etinilestradiol 13 2,3
algestona acetofenida+enantato de estradiol 8 1,4
Ciprofloxacino 2 0,3
Desogestrel 2 0,3
drospirenona+etinilestradiol 3 0,5
enantato de noretisterona+valerato de estradiol 8 1,4
etinilestradiol+acetato de ciproterona 5 0,9
gestodeno+etinilestradiol 4 0,7
Levonorgestrel 2 0,3
levonorgestrel+etinilestradiol 13 2,3
Noretisterona 1 0,2
Norfloxacino 2 0,3
valerato de estradiol+dienogeste 1 0,2
G04-Medicamentos urológicos 0,3
Sildenafila 2 0,3
J-ANTI-INFECCIOSOS GERAIS PARA USO SISTÊMICO 10,5
J01-Antibacterianos para uso sistêmico 9,2
Amoxicilina 30 5,2
amoxicilina+clavulanato de potássio 4 0,7
Azitromicina 17 3,0
Levofloxacino 2 0,3
J02-Antimicóticos para uso sistêmico 1,0
Secnidazol 6 1,0
J04-Antimicobacterianos 0,2
rifamicina sódica 1 0,2
R-APARELHO RESPIRATÓRIO 10,5
R01-Preparados para uso nasal 3,8
Budesonida 2 0,3
cloridrato de nafazolina 16 2,8
cloridrato de nafazolina+maleato de
mepiramina+dexpantenol
3 0,5
Oximetazolina 1 0,2
R03-Antiasmáticos 0,7
bromidrato de fenoterol 3 0,5
fumarato de formoterol di -hidratado+budesonida 1 0,2
R05-Preparados contra a tosse e resfriados 1,7
53
Medicamento Número Percentual
Acebrofilina 6 1,0
Acetilcisteina 4 0,7
R06-Anti-histamínicos para uso sistêmico 4,2
Desloratadina 1 0,2
Dexametasona 5 0,9
Fexofenadina 1 0,2
loratadina+sulfato de pseudoefedrina 2 0,3
maleato de dexclorfeniramina 1 0,2
maleato de dexclorfeniramina+betametasona 10 1,7
Prednisolona 4 0,7
A-TRATO ALIMENTAR E METABOLISMO 7,1
A02-Medicamentos para desordem ácido-relacionadas 3,4
Omeprazol 9 1,6
Pantoprazol 5 0,9
Ranitidina 5 0,9
A04-Antieméticos e antinauseantes 0,6
Bromoprida 2 0,3
cloridrato de ondansetrona 2 0,3
A07-Antidiarréicos, agentes anti-inflamatórios e anti-
infecciosos intestinais
1,5
Metronidazol 3 0,5
sulfametoxazol+trimetoprima 6 1,0
A10-Medicamentos usados na diabetes 1,6
Glibenclamida 4 0,7
Metformina 5 0,9
N-SISTEMA NERVOSO 5,6
N02-Analgésicos 4,1
cianocobalamina+piridoxina+nitrato de
tiamina+diclofenaco sódico
2 0,3
cloridrato de naratriptana 5 0,9
cloridrato de tramadol 2 0,3
mesilato de di-hidroergotamina+dipirona
monoidratada+cafeina
12 2,1
paracetamol+codeína 2 0,3
succinato de sumatriptana 1 0,2
N05-Psicolépticos 0,9
Alprazolam 1 0,2
Bromazepam 1 0,2
Clonazepam 3 0,5
N06-Psicoanalépticos 0,3
Amitriptilina 2 0,3
N07-Outros medicamentos do sistema nervoso 0,2
dicloridrato de bataistina 1 0,2
H-PREPARAÇÕES HORMONAIS SISTÊMICOS
EXCLUINDO HORMÔNIOS SEXUAIS E INSULINA
4,4
H02-Corticosteróides para uso sistêmico 3,1
54
Medicamento Número Percentual
dipropionato de betametasona+fosfato dissódico de
betametasona
7 1,2
fosfato dissódico de dexametasona+cloridrato de
tiamina+cloridrato de piridoxina+cianocobalamina
2 0,3
Prednisona 9 1,6
H03-Terapêutica tireóidea 1,2
levotiroxina sódica 7 1,2
P-PRODUTOS ANTIPARASITÁRIOS, INSETICIDAS E
REPELENTES
4,0
P01-Antiprotozoários 3,1
Aciclovir 2 0,3
Albendazol 7 1,2
Clotrimazol 1 0,2
Fluconazol 8 1,4
P02-Anti-helmínticos 0,9
Ivermectina 5 0,9
D-MEDICAMENTOS DERMATOLÓGICOS 1,2
D01-Antifúngicos para o uso dermatológico 1,0
Cetoconazol 2 0,3
valerato de betametasona+sulfato de
gentamicina+tolnaftato+clioquinol
4 0,7
D06-Antibióticos e quimioterapêuticos para o uso
dermatológico
0,2
cetoconazol+dipropionato de betametasona+sulfato de
neomicina
1 0,2
Total Geral 574 100,0
5.3 Apêndice lll
MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO
Medicamento Número Percentual
N-SISTEMA NERVOSO 44,4
N02-Analgésicos 44,5
ácido acetilsalicilico 1 0,6
dipirona 12 7,0
dipirona sódica 22 12,9
dipirona+mucato de isometepteno+cafeina 12 7,0
paracetamol 29 17,0
M-SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO 23,4
M01-Anti-inflamatórios e anti-reumáticos 6,5
ibuprofeno 9 5,3
ibuprofeno +arginina 2 1,2
M03-Relaxantes musculares 17,0
cafeína+dipirona+orfenadrina 29 17,0
R-APARELHO RESPIRATÓRIO 18,7
55
Medicamento Número Percentual
R01-Preparados para uso nasal 0,6
furoato de fluticasona 1 0,6
R02-Preparados para uso faríngeo 0,6
flurbiprofeno 1 0,6
R05-Preparados contra a tosse e resfriados 15,3
ácido acetilsalicilico+maleato de
dexclorfeniramina+cloridrato de
fenilefrina+cafeína
1 0,6
carbocisteina 1 0,6
cloridrato de oxomemazina+iodeto de
potássio+benzoato de sodio+guaifanesina
2 1,2
dipirona monoidratada+maleato de
clorfeniramina+cafeína
4 2,3
maleato de clofeniramina+acido
ascorbico+dipirona monoidratada
2 1,2
paracetamol+maleato de
clorfeniramina+cloridrato de fenilefrina
16 9,4
R06-Anti-histamínicos para uso sistêmico 2,3
loratadina 4 2,3
A-TRATO ALIMENTAR E METABOLISMO 13,5
A02-Antiácidos, medicamentos para
tratamento da úlcera péptica e da flatulência
1,2
bicarbonado de sodio+carbonato de
sódio+ácido acetilsalicilico+ácido cítrico
1 0,6
bicarbonato de sódio+carbonato de
sódio+ácido cítrico
1 0,6
A03-Agentes antiespasmódicos,
anticolinérgicos e antipropulsivos
5,9
cloreto de potássio+citrato de sódio di
hidratado+cloreto de sódio
1 0,6
escopolamina 7 4,1
escopolamina+dipirona sódica 2 1,2
A06-Laxativos 1,8
lactulose 1 0,6
picossulfato de sódio 2 1,2
A07-Antidiarréicos, agentes anti-inflamatórios
e anti-infecciosos intestinais
1,8
saccharomyces boulardii 3 1,8
A11-Vitaminas 2,3
vitamina 4 2,3
A13-Tônicos 0,6
cloreto de potássio+citrato de sódio di
hidratado+cloreto de sódio
1 0,6
Total Geral 171 100,0
56
5.4 Apêndice lV
ARTIGO
Fatores associados à automedicação: estudo populacional no sul do Brasil
RESUMO
Objetivo: Investigar a prevalência da automedicação na população adulta de
Navegantes, Santa Catarina. Método: Estudo transversal descritivo e analítico de base
populacional do tipo survey. A população foi composta por adultos de 20 a 59 anos. O
instrumento de coleta foi um questionário estruturado contendo cinco blocos com
variáveis de perfil socioeconômico, hábitos sociais, utilização dos serviços de saúde,
autoavaliação em saúde e utilização de medicamentos. Os medicamentos declarados
pelos participantes foram classificados de acordo com o Sistema Anatômico
Terapêutico Químico. Resultados: Com base na amostra de 1.120 indivíduos, a
prevalência da automedicação foi de 35,1%. A faixa etária mostrou-se como fator de
risco, com maior prevalência entre 30 a 49 anos e a autoavaliação da saúde como fator
de proteção. Tabagismo e prática de 150 minutos ou mais de atividade física semanal
mostraram-se próximas a significância como fator de risco e proteção, respectivamente.
Apresença de doenças crônicas e consultas regulares influenciaram na prática de
automedicação. A classe medicamentosa mais utilizada pelos participantes foi a dos
anti-inflamatórios. Conclusão: A pesquisa apontou alta prevalência de automedicação
no município de Navegantes. Indica-se a necessidade de estratégias de sensibilização e
conscientização desta prática.
DESCRITORES: Automedicação. Inquéritos Epidemiológicos. Uso de Medicamentos.
ABSTRACT
Objective: To investigate the prevalence of self-medication in the adult population of
Navegantes, Santa Catarina. Method: Descriptive and analytical cross-sectional
population-based survey. The population consisted of adults from 20 to 59 years. The
collection instrument was a structured questionnaire containing five blocks with
variables of socioeconomic profile, social habits, health service utilization, health self-
assessment and medication use. The drugs declared by the participants were classified
according to the Chemical Therapeutic Anatomical System. Results: Based on a sample
of 1,120 individuals, the prevalence of self-medication was 35.1%. Age was a risk
factor, with a higher prevalence between 30 and 49 years and self-rated health as a
protective factor. Smoking and practicing 150 minutes or more of weekly physical
activity were close to significance as a risk and protective factor, respectively. Presence
of chronic diseases and regular consultations influenced the practice of self-medication.
The most used drug class by participants was anti-inflammatory drugs. Conclusion: The
research showed a high prevalence of self-medication in the municipality of
Navegantes. The need for awareness raising strategies and awareness of this practice is
indicated.
KEYWORDS: Self-medication. Epidemiological Surveys. Use of Medications.
57
INTRODUÇÃO
O medicamento é uma associação de substâncias que apresenta em sua composição
excipientes e fármacos que devem mostrar eficácia e segurança garantidas através de
testes clínicos, uma exigência dos órgãos competentes no âmbito técnico e legal. Esses
têm finalidade profilática, paliativa e curativa, sendo ainda utilizados para fins de
diagnóstico1.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) define automedicação como
a prática do uso de medicamentos sem prescrição ou orientação de um profissional de
saúde qualificado2. Esta prática oferece diversos riscos à saúde humana, incluindo
reações adversas, intoxicações, resistência às bactérias e o mascaramento de doenças,
além de dependência química e psicológica3.
Ao longo do tempo, diversos fatores contribuíram para o uso de medicamentos sem
prescrição: a dificuldade de acesso aos serviços de saúde, a propaganda comercial, o
grande número de fármacos existentes para uma mesma patologia e a facilidade de
acesso4.
A partir da década de 1980 os medicamentos sofreram forte influência do
marketing, o que facilitou o aumento da medicalização e seu comércio sob a perspectiva
de bem de consumo, fazendo com que, dessa forma, deixasse de ser utilizado como
instrumento terapêutico. A sociedade contemporânea, cada vez mais insatisfeita e em
busca do bem-estar emocional, social, intelectual, sexual e financeiro, estão a todo o
momento na busca por recursos para driblar situações como medo, angústia, estresse,
luto e solidão. Dessa forma, o medicamento deixa de ser utilizado como instrumento
terapêutico e passa então, a ser procurado como bem de consumo5.
Dentre os vários riscos que a prática de automedicação pode oferecer se destaca
a intoxicação, as alergias, intoxicação medicamentosa, dependência farmacológica,
resistência bacteriana e até a morte6.
Em 2015, o Sistema Nacional de Informações Toxi-Farmacológicas da Fundação
Oswaldo Cruz apontou 28.778 casos registrados de intoxicação humana devido ao uso
indiscriminado e irresponsável de medicamentos, causando nesse mesmo período 81
óbitos7.
58
Os números mostram que o Brasil é um dos países que mais consome, produz e
gasta com medicamentos, atingindo 22,1 bilhões de dólares anualmente8.
Os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP) são medicamentos utilizados para
doenças que apresentam baixa gravidade e alta ocorrência, são sinalizados por não
apresentarem tarja em sua embalagem, porém devem apresentar segurança e eficácia e
baixo poder de toxicidade, oferecendo assim baixo risco ao paciente9. De acordo com a
literatura, alguns autores consideram os MIPs como prática de automedicação, dessa
forma, estudos acerca do tema apresentam prevalências elevadas6.
A pesquisa acerca da automedicação é de grande importância tanto para a população
quanto para as autoridades sanitárias, visto que oferecem subsídios para a tomada de
decisão quanto ao esclarecimento dos perigos e prejuízos causados pela sua prática.
Dessa forma, propôs-se um estudo sobre automedicação no município de
Navegantes/SC, com o intuito de determinar a prevalência dessa prática na população e
seus fatores associados.
MÉTODOS
Desenho de estudo
Trata-se de um estudo transversal descritivo e analítico de base populacional,
caracterizado como um levantamento de dados.
Local do estudo
A pesquisa foi realizada no município de Navegantes, localizado no litoral Norte
do Estado de Santa Catarina, Brasil, distante a 92 quilômetros da capital Florianópolis.
Possui uma área de 112,029 km². A cidade apresenta uma população de 77.137
habitantes10
, distribuída em quatorze bairros.
População do estudo
Foi composta por adultos residentes e domiciliados no município, de 20 a 59
anos. A amostra foi calculada com base em proporções desconhecidas de respostas
(p=q=0,5), nível de confiança de 95% e erro amostral máximo de 0,05, estratificada
proporcionalmente pelos bairros do município.
Instrumento de estudo
59
O instrumento de coleta foi um questionário contendo cinco blocos com vinte e
seis perguntas, das quais foram analisadas: perfil sociodemográfico (sexo, faixa etária,
grupo familiar e escolaridade), hábitos sociais (consumo de bebidas alcoólicas acima de
quatro doses para mulheres ou cinco doses para homens em uma única ocasião,
tabagismo e prática de atividade física), utilização dos serviços de saúde (número de
consultas médicas nos últimos três meses e plano de saúde), autoavaliação da saúde
(presença de doenças crônicas não transmissíveis e autopercepção do estado de saúde) e
número de medicamentos utilizados sem receita médica ou odontológica nos últimos 90
dias que antecederam a aplicação do questionário.
Coleta de dados
A coleta de dados foi realizada entre os meses de maio a outubro de 2018, a
partir de visitas domiciliares e no balcão de uma drogaria comercial no centro da cidade
de Navegantes/SC, cada participante foi contabilizado no bairro em que reside. A
escolha dos participantes foi aleatória nos domicílios visitados quando se encontrava
alguém em casa e quando o indivíduo aceitava participar da pesquisa, aqueles
participantes que foram abordados do balcão da drogaria foram escolhidos por
conveniência considerando o tempo que o indivíduo tinha disponível para participar da
pesquisa. Foi considerada a prática da automedicação para aqueles participantes que
consumiram ao menos um medicamento tarjado sem a prescrição médica, excluindo,
portanto, os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP).
Os medicamentos declarados pelos participantes foram classificados de acordo
com o Sistema Anatômico Terapêutico Químico (ATC) nas categorias grupo e
subgrupo11
.
Aspectos éticos
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
do Vale do Itajaí sob o número 2.577.497. Os indivíduos foram convidados a participar
da pesquisa após serem esclarecidas todas as informações pertinentes a esse estudo
incluindo os objetivos. Aqueles que aceitaram participar assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Foram considerados critérios de inclusão: adultos
de 20 a 59 anos de idade, residentes e domiciliados na cidade de Navegantes. Os
critérios de exclusão foram: turistas, pessoas interditadas, indivíduos de nacionalidade
60
estrangeira que não conheciam a língua portuguesa e pessoas que não estavam em
estado de sobriedade.
Análise estatística
Os dados foram tabulados e consolidados em planilha Excel e importados para o
aplicativo Stata 13. Para a análise descritiva as prevalências foram calculadas em
percentuais e seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Para investigar os fatores
associados à automedicação, foi utilizada regressão de Poisson robusta, previamente por
meio de análise univariada com retenção das variáveis com p<0,20. Após, na análise
multivariada, foram retidas as variáveis que apresentaram p<0,05 e apresentadas as
razões de prevalência e respectivos intervalos de confiança de 95%.
RESULTADOS
Participaram do estudo um total de 1.120 indivíduos com idade entre 20 e 59
anos. Os participantes do sexo feminino corresponderam à maioria dos respondentes
(58,7%). Com relação à faixa etária o número de participantes distribuiu-se
uniformemente. A maior parte afirmou morar com mais pessoas (76,2%), possuir ensino
fundamental (43,8%), não praticar exercícios regularmente (52,1%), não consumir
álcool acima de quatro ou cinco doses (70,2%) e não fumar (72,9%). Mais da metade
dos indivíduos não se consultou com um médico nos últimos três meses que
antecederam a pesquisa (55,7%) e quase metade dos respondentes referiu possuir pelo
menos uma doença crônica não transmissível (44,7%). Quando indagados quanto à auto
percepção da saúde quase a totalidade dos indivíduos disseram ter uma boa saúde
(89,3%). A maioria dos participantes (92,7%) afirmou ter utilizado pelo menos um
medicamento nos três meses que antecederam a aplicação do questionário. A
prevalência de automedicação, considerando-se os medicamentos nos quais é
obrigatória a prescrição médica foi de 35,1%. (Tabela 1). O percentual de consumo de
MIP foi de 30,2%.
61
Tabela1. Caracterização sociodemográfica e de saúde da amostra de 1.120 indivíduos,
Navegantes, SC, 2018
Variável n % Intervalo de confiança 95%
Sexo
Feminino 657 58,7 54,9-62,5
Masculino 463 41,3 36,8-45,8
Faixa Etária (anos)
20-29 269 24,0 18,9-29,1
30-39 301 26,9 21,9-31,9
40-49 268 23,9 18,8-29,0
50-59 282 25,2 20,1-30,3
Grupo familiar
Sozinho 267 23,8 18,7-28,9
Mais pessoas 853 76,2 73,3-79,1
Escolaridade
Fundamental 491 43,8 39,4-48,2
Médio 459 41,0 36,5-45,5
Superior 170 15,2 9,80-20,6
Consumo excessivo de álcool
Não 786 70,2 67,0-73,4
Sim 334 29,8 24,9-34,7
Atividade física semanal
Não 583 52,1 48,0-56,2
<150 minutos 307 27,4 22,4-32,4
≥150 minutos 230 20,5 15,3-25,7
Tabagismo
Não 817 72,9 69,8-76,0
Sim 303 27,1 22,1-32,1
Consulta médica
Não 624 55,7 51,8-59,6
Sim 496 44,3 39,9-48,7
Doença crônica não transmissível
Não 619 55,3 51,4-59,2
Sim 501 44,7 40,3-49,1
Saúde
Ruim 120 10,7 5,1-16,3
Boa 1000 89,3 87,4-91,2
Uso de medicamento
Não 82 7,3 1,6-13,0
Sim 1038 92,7 91,1-94,3
Automedicação
Não 727 64,9 61,5-68,3
Sim 394 35,1 30,2-40,0
62
Com relação aos fatores associados à automedicação, a análise univariada
mostrou relação significativa com a faixa etária, atividade física, tabagismo, consultas e
autoavaliação da saúde. Ainda foram retidas para a análise multivariada as variáveis
sexo e presença de doenças crônicas, com valor de p abaixo de 20%. As maiores razões
de prevalência foram encontradas para autoavaliação da saúde e faixa etária (Tabela 2).
Tabela 2. Análise univariada da automedicação com relação às variáveis sociais e de
saúde, Navegantes, SC, 2018
Variável
Automedicação
Não Sim RP bruta (IC95%) p*
% IC95% % IC95%
Sexo
Masculino 62,0 58,3-65,7 38,0 34,3-41,7 1
Feminino 66,8 62,5-71,1 33,2 28,9-37,5 0,87 (0,76-1,06) 0,180
Faixa Etária (anos)
20-29 71,0 65,6-76,4 29,0 23,6-34,4 1
30-39 61,5 56,0-67,0 38,5 33,0-44,0 1,33 (1,00,-1,77) 0,052
40-49 60,4 54,5-66,3 39,6 33,7-45,5 1,36 (1,02-1,83) 0,037
50-59 66,7 61,2-72,2 33,3 27,8-38,9 1,15 (0,85-1,55) 0,363
Grupo familiar
Sozinho 61,4 55,5-67,3 38,6 32,7-44,5 1
Mais pessoas 65,9 62,7-69,1 34,1 30,9-37,3 0,88 (0,71-1,11) 0,284
Escolaridade
Fundamental 64,8 60,6-69,0 35,2 31,0-39,4 1
Médio 65,1 60,7-69,5 34,9 30,5-39,3 0,99 (0,80-1,23) 0,922
Superior 64,1 56,8-71,4 35,9 28,6-43,2 1,01 (0,76-1,36) 0,903
Consumo excessivo
de álcool
Não 66,2 62,9-69-5 33,8 30,5-37,1 1
Sim 61,7 56,5-66,9 38,3 33,1-43,5 1,13 (0,92-1,40) 0,248
Atividade física
semanal
Não 61,7 57,7-65,7 34,2 28,9-39,5 1
<150 minutos 65,8 60,5-71,1 28,7 22,8-34,6 0,89 (0,71-1,13) 0,345
≥150 minutos 71,3 65,7-77,2 38,3 34,3-42,3 0,75 (0,57-0,99) 0,040
Tabagismo
Não 67,4 64,2-70,6 32,6 29,4-35,8 1
Sim 57,8 52,2-63,4 42,2 36,6-47,8 1,29 (1,05-1,60) 0,015
Consulta médica
Não 60,6 56,8-64,4 39,4 35,6-43,2 1
Sim 70,2 67,8-75,8 29,8 25,8-33,8 0,75 (0,62-0,93) 0,007
Doença crônica não
transmissível
Não 62,0 58,2-65,8 38,0 34,2-41,8 1
63
Variável
Automedicação
Não Sim RP bruta (IC95%) p*
% IC95% % IC95%
Sim 68,3 64,2-72,4 31,7 27,6-35,8 0,83 (0,68-1,02) 0,081
Saúde
Ruim 53,3 44,3-62,3 33,7 30,9-36,7 1
Boa 66,2 63,3-69,1 46,7 37,7-55,7 0,72 (0,55-0,96) 0,025
*relativo a razão de prevalência bruta na regressão de Poisson; RP: razão de prevalência
Após o ajuste das razões de prevalências, a faixa etária mostrou-se como fator de
risco, com maior prevalência entre 30 a 49 anos e a autoavaliação da saúde como fator
de proteção. Tabagismo e prática de 150 minutos ou mais de atividade física semanal
mostraram-se próximas a significância como fator de risco e proteção, respectivamente.
Como esperado, a presença de doenças crônicas e consultas regulares influenciaram na
prática de automedicação (Tabela 3).
Tabela 3 – Análise multivariada dos fatores associados à automedicação, Navegantes,
SC, 2018
Variável RP ajustada Intervalo de confiança
95% valor-p
Sexo
Masculino 1
Feminino 0,94 0,77-1,16 0,583
Faixa etária (anos)
20-29 1
30-39 1,39 1,04-1,86 0,027
40-49 1,42 1,04-1,94 0,028
50-49 1,32 0,92-1,89 0,131
Atividade física semanal
Não 1
<150 minutos 0,88 0,69-1,11 0,288
≥150 minutos 0,76 0,56-1,02 0,068
Tabagismo
Não 1
Sim 1,23 0,99-1,53 0,060
Consulta médica
Não 1
Sim 0,75 0,60-0,93 0,008
Doença crônica não
transmissível
Não 1
Sim 0,76 0,60-0,96 0,020
Autoavaliação da saúde
Ruim 1
64
Variável RP ajustada Intervalo de confiança
95% valor-p
Boa 0,75 0,32-0,71 0,048
Dentre os 394 participantes que realizaram automedicação no período, a classe
de medicamento mais prevalente foi a dos antiinflamatórios (28,9% de um total de 574
citações de medicamentos), com destaque para a composição de princípios ativos
paracetamol, carisoprodol, diclofenaco sódico e cafeína (10,5%), com ênfase para a
ação anti-inflamatória do diclofenaco sódico. A segunda classe mais prevalente foram
os antihipertensivos (15,2%), com 3,5% de citações para losartana potássica e a terceira
classe foi a dos medicamentos para sistemas genito-urinários e hormônios sexuais
(12,7%) onde o acetato de ciproterona+etinilestradiol e o levonorgestrel+etinilestradiol
tiveram 3,2% de citações cada.
Entre os MIPs, a classe mais utilizada foi a dos analgésicos (44,2% de 172
medicamentos citados), com destaque para o paracetamol e dipirona sódica.
DISCUSSÃO
As estimativas de prevalência de automedição apresentam alta heterogeneidade
entre as pesquisas publicadas. Altos índices da prevalência de automedicação em
trabalhos publicados12,13
podem ter associação com o fato de que medicamentos isentos
de prescrição (MIPs) foram considerados pelos pesquisadores como sendo prática de
automedicação. Nesta pesquisa, a qual não considerou os MIPs na estimativa, 35,1%
praticaram automedicação, valor próximo ao de 32% encontrado em uma pesquisa
realizada em São Paulo, a qual também não considerou MIPs14
.
Outro fator influente na estimativa de prevalência refere-se ao período
recordatório que, mais longos podem levar a acúmulo de lembranças e consequente
aumento da estimativa15
. Estudo realizado na Índia com período recordatório de noventa
dias resultou em prevalência de 11,9%16
. Em contrapartida, a Organização Mundial de
Saúde afirma que, para este tipo de estudo um período recordatório de sete dias
facilitaria a compreensão do entrevistado, diminuindo o viés existente em relação à
memória no momento da aplicação do questionário, desta forma, a diversidade de
metodologias explica essa variação17
.
65
Com relação ao sexo, estudo nacional18
e internacionais16,19
encontraram maior
prevalência no sexo masculino, tendência similar a presente pesquisa, que, no entanto,
não apresentou diferença significativa. Este dado por ser justificado pelo fato destes
tenderem a maior displicência quanto à sua saúde, não procurarem os serviços de saúde
em busca de suporte adequado e por não poderem se ausentar do trabalho por períodos
longos.
Na presente pesquisa, indivíduos com faixa etária entre 40-49 anos foram os que
mais se automedicaram, fato este que pode ser justificado pela frequência de doenças
agudas autolimitadas que são caracterizadas por possuírem um período limitado e
determinado, decorrentes a todas as faixas etárias20
.
Houve diferença significativa da prática de automedicação entre os indivíduos
que moram sozinhos e os que residem com mais pessoas, o que leva a crer que dos
entrevistados que praticaram automedicação e que moram com mais pessoas não
sofreram influência de familiares e possivelmente não utilizaram sobras de
medicamentos, distinto do resultado de Abrahão et al.21
, no qual foi observada uma
diferença significativa duas vezes maior em escolares pertencentes às famílias com
hábito de utilizar medicação, do que nos escolares de famílias que não tinham esse
costume.
Com relação à escolaridade o estudo de Domingues et al.22
mostraram que
indivíduos com menor grau de escolaridade e menor conhecimento acerca dos prejuízos
causados pela automedicação tendem a maior prevalência, resultado de acordo com o
encontrado nesta pesquisa, onde a maioria dos participantes referiram ter ensino
fundamental completo.
Quanto aos hábitos sociais, fumantes praticaram 1,2 vezes mais automedicação
que não fumantes, resultado encontrado em outras pesquisas6,21
. Estudos internacionais
revelam que além de todos os prejuízos que o tabaco oferece para saúde dos fumantes
ativos e passivos, pode ainda causar interações com medicamentos de diversas classes
farmacológicas de forma a induzir o aumento de enzimas hepáticas alterando a eficácia
dos medicamentos, afetando com mais precisão indivíduos fumantes mais jovens23
.
Kroon24
afirma que a quantidade de cigarros fumados por dia está proporcionalmente
ligada a alterações metabólicas de diversos fármacos. No presente estudo, o consumo de
álcool tem sido associado com a prática de automedicação. Na pesquisa de Mezarobba
66
et al.25
um terço dos participantes informou usar medicamentos para amenizar sintomas
de ressaca e afirmou ainda que o único risco que tinham conhecimento seria de que o
consumo de álcool poderia anular o efeito dos medicamentos. Com relação a atividade
física, com prevalências significativamente menores para aqueles que praticam
exercícios, um estudo mostrou que indivíduos que tem o hábito de se exercitarem
regularmente promovem a saúde do corpo e da mente, além de evitar diversas doenças
cardiovasculares, envelhecimento precoce, aumentando a qualidade de vida na fase
adulta e consequentemente consumindo menos medicamento26
.
A realização de consultas médicas e presença de doenças crônicas mostraram
menor prevalência de automedicação. O indivíduo possuir receituário médico sempre
que passar por uma consulta, não caracterizando a prática de automedicação, além de
que para dispensar qualquer medicamento na rede pública é necessária a apresentação e
em alguns casos a retenção do receituário, o que diminui as chances de tal prática pela
população14
.
Neste trabalho, indivíduos com uma percepção positiva de saúde se
automedicaram menos. De acordo com Pagotto et al.27
esse dado possibilita conhecer
subjetivamente a saúde do indivíduo, dessa forma, obter informações da sua qualidade
de vida poderão influenciar nas suas escolhas e decisões, assim, conclui-se que
indivíduos que se automedicam mais tem uma percepção de saúde negativa.
A classe de medicamentos mais utilizada por aqueles que praticam a
automedicação foi a mesma de outros trabalhos21,28,29,30,31
. A classe dos anti-
inflamatórios não esteroidais apresenta diversas indicações devido ao seu potente efeito
anti-inflamatório, analgésico e antitérmico, além da facilidade de acesso provocando seu
alto consumo, porém isso não isenta seus inúmeros efeitos colaterais como dores
abdominais, desconforto gastro intestinal e possíveis distúrbios renais e hepáticos32
.
CONCLUSÃO
A pesquisa apontou prevalência de automedicação na população adulta do
município de Navegantes/SC de 35,1%. Considerando-se o percentual de utilização de
MIPs, 65,3% fizeram uso de medicamentos sem prescrição, valores que podem ser
considerados elevados, tendo em vista as estimativas já realizadas a nível nacional e
estadual. A faixa etária e a autoavaliação da saúde foram fatores significativos para a
67
prática de automedicação, enquanto o tabagismo e a prática de 150 minutos ou mais de
atividade física semanal mostraram-se próximos a significância. A presença de doenças
crônicas e consultas regulares também influenciaram a automedicação. As classes
medicamentosas mais utilizadas pelos participantes foram os anti-inflamatórios, os anti-
hipertensivos seguidos dos hormônios sexuais. Com base nos resultados indica-se
estratégias que possam sensibilizar e conscientizar a população do município acerca dos
riscos casados por esta prática.
REFERÊNCIAS
1. Santos J. Consumo excessivo de medicamentos, um problema de saúde pública.
RET-SUS [internet]. 2012 [citado 01 dez 2018]. Disponível em:
http://www.neurocienciasaudemental.xpg.com.br/art/a315.pdf.
2. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública nº 95, de 19
de novembro de 2001 [internet]. Diário Oficial. Brasília: Anvisa; 2001 [citado 20 nov
2017]. Disponível em: http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/CP/CP%5B2735-1-
0%5D.pdf.
3. Silva JAC, Gomes AL, Oliveira JPS. Prevalência de automedicação e os fatores
associados entre os usuários de um Centro de Saúde Universitário. Rev Bras Clín Med.
2016;1(11):27-30.
4. Laporte JR, Tognoni G, Rosenfeld S. Epidemiologia do medicamento: princípios
gerais. São Paulo: Hucitec-Abrasco; 1989.
5. SANTOS, R.; FARIAS, M. Conflitos bioéticos e as políticas para acesso aos
medicamentos. In: CAPONI, S. et al. (Org.). Medicalização da vida: ética, saúde
pública e indústria farmacêutica. Palhoça: Editora Unisul, 2010.
6. Matos JF, Pena DAC, Parreira MP, Santos TC, Coura-Vital W. Prevalência,
perfil e fatores associados à automedicação em adolescentes e servidores de uma escola
pública profissionalizante. Cad Saúde Coletiva.2018;26(1):76-83.
7. Brasil. Fundação Oswaldo Cruz. Sistema nacional de informações toxicológicas
[internet]. 2016 [citado 1 fev 2019]. Disponível em: http://sinitox.icict.fiocruz.br/dados-
nacionais.
8. Santos EC, Ferreira MA. A indústria farmacêutica e a introdução de
medicamentos genéricos no mercado brasileiro. Rev Nexos Econômicos. 2012;6(2):95-
120.
9. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Resolução - RDC n°98, de 1º de agosto de 2016. Dispõe sobre os critérios e
procedimentos para o enquadramento de medicamentos como isentos de prescrição e o
reenquadramento como medicamentos sob prescrição, e dá outras providencias. Diário
Oficial da União [Internet], 1º de agosto de 2016 [citado em 2019 mar 19]. Disponível
em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2921766/RDC_98_2016.pdf/32ea4e54-
c0ab-459d-903d-8f8a88192412.
68
10. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2018). Resultados dos dados
preliminares do senso. [citado 30 abr 2019]. Disponível em
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/navegantes/panorama
11. WHO Collaborating Centre for Drug Statistics Methodology. (2012). Guidelines
for ATC classification and DDD assignment 2013. Oslo.
12. Schuelter-Trevisol F, Trevisol DJ, Jung GS, Jacobowski B. Automedicação em
universitários. Rev Soc Bras Clín Méd. 2011;9(6):414-7.
13. Silva, J. D., Gomes, A. L., Oliveira, J. D., Sasaki, Y. A., Maia, B. T. B., &
Abreu, B. M. (2013). Prevalência de automedicação e os fatores associados entre os
usuários de um Centro de Saúde Universitário. Rev Bras Clin Med, 11(1), 27-30.
14. Schmid B, Bernal R, Silva NN. Automedicação em adultos de baixa renda no
município de São Paulo. Rev Saúde Pública. 2010;44:1039-45.
15. Alhomoud F, Aljameaa Z, Almahasnaha R, Alkhalifaha K, Basalelaha L,
Alhomoudb FK. Self-medication and self-prescription with antibiotics in the Middle
East—do they really happen? A systematic review of the prevalence, possible reasons,
and outcomes. Int J Infect Dis. 2017;57(2017):3-12.
16. Selvaraj K, Kumar SG, Ramalingam A. Prevalence of self-medication practices
and its associated factors in Urban Puducherry, India. Perspect Clin Res. 2014;5(1):32.
17. Hardon A, Hodgkin C, Fresle DA. How to investigate the use of medicines by
consumers. Amsterdam: World Health Organization; 2004 [citado 07 dez 2018].
Disponível em:
http://www.who.int/medicines/areas/rational_use/Manual1_HowtoInvestigate.pdf
18. Mendes Z, Martins AP, Miranda AC, Soares MA, Ferreira AP, Nogueira A.
Prevalência da automedicação na população urbana portuguesa. Rev Bras Ciênc Farm.
2004;40(1):21-5.
19. Wijesinghe PR, Jayakody R, Seneviratne RA. Prevalence and predictors of self-
medication in a selected urban and rural district of Sri Lanka. WHO South-East Asia. J
Public Health. 2012;1(1):28-35.
20. Arrais PSD, Fernandes MEP, Dal Pizzol TS, Ramos LR, Mengue SS, Luiza VL,
et al. Prevalence of self-medication in Brazil and associated factors. Rev Saúde Pública.
2016;50(2):1-11.
21. Abrahão RC, Godoy JA, Halpern R. Automedicação e comportamento entre
adolescentes em uma cidade do Rio Grande do Sul. Aletheia. 2013;41:134-56.
22. Domingues PHF, Galvão TF, Andrade KRC, Araujo PC, Silva MT, Pereira GM
et al. Prevalência e fatores associados à automedicação em adultos no Distrito Federal:
estudo transversal de base populacional. Epidemiol Serv Saúde. 2017;26(2):319-30.
23. Tatro DS. (Ed.). Drug Interaction Facts 2008: The Authority on Drug
Interactions. Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins; 2007.
24. Kroon LA. Drug interactions with smoking. Am J Health-System Pharm.
2007;64(18):1917-21.
25. Mezarobba G, De Bitencourt RM. Toxicidade do paracetamol: o álcool como
um fator de risco. Unoesc & Ciência-ACBS. 2018; 9(1):105-12.
69
26. Borba AKOT, Marques APO, Ramos VP, Leal MCC, Arruda IKG, Ramos
RSPS. Fatores associados à adesão terapêutica em idosos diabéticos assistidos na
atenção primária de saúde. Ciênc Saúde Colet. 2018;23:953-61.
27. Pagotto V, Nakatani AYK, Silveira EA. Fatores associados à autoavaliação de
saúde ruim em idosos usuários do Sistema Único de Saúde. Cad Saúde Pública.
2011;27:1593-602.
28. Prado MAMB, Francisco PMSB, Bastos TF, Barros MBA. Uso de
medicamentos prescritos e automedicação em homens. Rev Bras Epidemiol. 2016;
19:594-608.
29. Barroso R, Telles Filho PCP, Pinheiro MLP, Bodevan EC, Pereira Junior AC,
Cambraia RP. Automedicação em idosos de estratégias de saúde da família. Rev Enferm
UFPE. 2017;11(2):890-7.
30. Gama ASM, Secoli SR. Automedicação em estudantes de enfermagem do
Estado do Amazonas–Brasil. Rev Gaúcha Enferm. 2017;38(1):1-7.
31. Lima DM, Silva JS, Vasconcelos LF, Cavalvante MG, Carvalho AMR.
Avaliação da prática da automedicação em acadêmicos do curso de Farmácia em uma
instituição privada de ensino superior em Fortaleza-Ce. Rev Expressão Católica Saúde.
2018;2(1):17-22.
32. Karyna HKOSD, Almeida FAZ, Jorge RJSR. Estudo sobre automedicação no
uso de anti-inflamatórios não Esteroídes na cidade de Valparaíso de Goiás. Rev Saúde
Desenvolv.2016;9(5):142-53.