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THEA MARIA DE PAIVA VIEIRA PROPOSTA DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS: O CASO DA PETROBRAS DISTRIBUIDORA S.A. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Gestão do Meio Ambiente. Orientador: Prof. GILSON BRITO ALVES LIMA, D.Sc. Niterói 2005

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THEA MARIA DE PAIVA VIEIRA

PROPOSTA DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O SETOR DE

DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS: O CASO DA PETROBRAS DISTRIBUIDORA S.A.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Gestão do Meio Ambiente.

Orientador: Prof. GILSON BRITO ALVES LIMA, D.Sc.

Niterói

2005

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THEA MARIA DE PAIVA VIEIRA

PROPOSTA DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS: O CASO DA PETROBRAS

DISTRIBUIDORA S.A.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Gestão do Meio Ambiente.

Aprovado em 27 de dezembro de 2005.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Prof. Gilson Brito Alves Lima, D.Sc. - Orientador

Universidade Federal Fluminense

__________________________________________________ Prof. Julio César de Faria Alvim Wasserman, Dr.

Universidade Federal Fluminense

__________________________________________________ Prof.ª Martha Macedo de Lima Barata, D.Sc.

Universidade Federal do Rio de Janeiro

__________________________________________________ Prof. Carlos Ricardo Rossetto, D. Sc

Universidade do Vale do Itajaí

Niterói 2005

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Às minhas filhas, Marina e Gabriela, meus futuros netos,

bisnetos e gerações que estão por vir, que terão a dura

missão de compreender e perdoar nossos erros para

perpetuar a evolução da humanidade.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Gilson Brito Alves Lima, pelo estímulo para a

elaboração deste trabalho e pelas sugestões e críticas que o

enriqueceram.

À Petrobras Distribuidora S. A., na pessoa do Eng. Clenardo Fonseca

dos Santos, Gerente Executivo de Automotivos (GAT-1), por ter

apoiado e possibilitado a minha participação no Mestrado.

A Elisabete Gaspar Calazans Rodrigues, Gerente Executiva de SMS

da Petrobras Distribuidora, pelo apoio e consideração.

A Cláudio Henrique Dias Guimarães, Gerente de Meio Ambiente da

Petrobras Distribuidora, pelos comentários e sugestões, apoio e

paciência inestimáveis.

Aos amigos Márcio Dertoni, Fabiana e Glenda, que com seu ombro

amigo e presença nas horas mais difíceis contribuíram muito para esse

estudo.

A Olav Nykjaer pelo amor e pela alegria. E por não ter me deixado

desistir.

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“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um

novo começo, qualquer um pode começar

agora e fazer um novo fim.”

Chico Xavier

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RESUMO

A dissertação propõe indicadores de sustentabilidade para o setor de

distribuição de combustíveis. A proposta parte de uma demanda do mercado, onde

vem aumentando significativamente a utilização destes indicadores pelas empresas

para medição da sustentabilidade em suas três dimensões: ambiental, econômica e

social, visando a reduzir o impacto adverso de suas atividades e melhorar seu

relacionamento com as partes interessadas em seu negócio. O estudo conceitua

sustentabilidade no nível global e empresarial e analisa uma lista de sistemas de

indicadores de sustentabilidade atualmente em uso, formando um referencial teórico

para a questão. Apresenta as atividades desenvolvidas pelo setor de petróleo, seus

impactos nas três dimensões, os indicadores relatados por empresas escolhidas e

se aprofunda no segmento através do estudo do caso da Petrobras Distribuidora

S.A. É desenvolvida uma metodologia de proposição de indicadores de

sustentabilidade que é aplicada a um quadro inicial de indicadores, gerando o

conjunto de indicadores a ser aplicado no segmento de distribuição de combustíveis.

São aplicados dois filtros de seleção, a partir de princípios norteadores e requisitos

de concepção, aplicação e consistência dos indicadores. O resultado pode ser

usado pelas empresas de distribuição de combustíveis com foco na geração de valor

sustentável.

Palavras-chave: sustentabilidade, gestão empresarial, indicadores de

sustentabilidade, distribuição de combustíveis.

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ABSTRACT

The main purpose of this dissertation is to propose a set of sustainability

indicators for the industry of petroleum retail. The need for this proposition comes

from a market demand. Enterprises have been increasingly seeing themselves in a

position where they need to make use of sustainability indicators in the three

dimensions it defines, environmental, economic and social, in order to reduce the

negative impact of their activities and better their relationship with stakeholders. The

sustainability concept, both global and on a business level, is presented and a list of

frameworks studied, in order to develop a conceptual overview. The research looked

at the oil sector activities, it’s impacts on the three dimensions and the sustainability

indicators reported by some major companies, examining the retail in depth, through

a case study of Petrobras Distribuidora S. A. It also developed a methodology to

enable the selection of the indicators, where a pre-selected number of currently used

sustainability indicators is checked against two filters. The first one is based on key

principles for the creation of sustainable value and the second on conceptual

requirements of a good indicator. The result is a set of tools that can be used for the

retail sector of the oil business.

Palavras-chave: sustainability, management, sustainability indicators, oil and gas

retail.

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Lista de Ilustrações Figura 1 - Linha do tempo .........................................................................................30 Figura 2 - Espaço acessível para o desenvolvimento ...............................................41 Figura 3 - Esquema de sustentabilidade IPIECA/API................................................43 Figura 4 - Pirâmide de Informações ..........................................................................47 Figura 5 - PSR...........................................................................................................54 Figura 6 - Triangulo de Daly ......................................................................................65 Figura 7 - PIB x IPG ..................................................................................................67 Figura 8 - Dashboard of Sustainability ......................................................................69 Figura 9 - Barometer of Sustainability .......................................................................72 Figura 10 - Áreas de atuação da sustentabilidade na empresa ................................96 Figura 11 - Fluxograma das atividades desenvolvidas............................................105 Figura 12 - Liminares Tributárias em vigor (2003)...................................................117 Figura 13 - Fluxograma de identificação e gestão de aspectos e impactos sociais e ambientais ...............................................................................................................119 Figura 14 - Área de atuação da Petrobras ..............................................................130 Figura 15 - Área de atuação da Shell ......................................................................138 Figura 16 - Estrutura do grupo Shell .......................................................................139 Figura 17 - Caracterização dos negócios da Shell ..................................................140 Figura 18 - Metas do Milênio ...................................................................................143 Figura 19 - Área de atuação da Statoil ....................................................................154 Figura 20 - Distribuição geográfica das unidades operacionais da BR ...................175 Figura 21 - Estrutura Geral da Petrobras Distribuidora ...........................................176 Figura 22 – Fluxo de combustíveis líquidos da Petrobras Distribuidora..................183 Figura 23 - Market Share das Distribuidoras – 2004 ...............................................185 Figura 24- Modelo de Gestão da BR.......................................................................190 Figura 25 - Estrutura conceitual norteadora da seleção..........................................207 Figura 26- Modelo de valor sustentável ..................................................................211 Figura 27 - Requisitos para seleção de indicadores................................................224

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Lista de Tabelas Tabela 1 - Matriz de indicadores proposta pelo WBSCD ..........................................59 Tabela 2 - Índice Capability Poverty Measure (CPM) para dez países .....................87 Tabela 3 - Aproveitamento de um barril de petróleo ...............................................112 Tabela 4 - Impactos ambientais das atividades da distribuição de combustíveis....122 Tabela 5 - Impactos sociais das atividades da distribuição de combustíveis ..........123 Tabela 6 - Indicadores de sustentabilidade da Petrobras .......................................135 Tabela 7 - Indicadores de sustentabilidade da Shell ...............................................145 Tabela 8 - Indicadores de sustentabilidade da BP ..................................................153 Tabela 9 - Indicadores de sustentabilidade da Statoil .............................................157 Tabela 10 - Indicadores de sustentabilidade da Total .............................................162 Tabela 11 - Sistemas de Indicadores x Empresas ..................................................165 Tabela 12 - Composição da Força de Trabalho da BR ...........................................176 Tabela 13 - Produtos comercializados pela BR por classificação ...........................183 Tabela 14 - Impactos negativos potenciais nas comunidade vizinhas às atividades da BR ...........................................................................................................................202 Tabela 15 - Impactos negativos potenciais na sociedade das atividades da BR ....203 Tabela 16 - Quadro objeto de análise - Indicadores ambientais .............................213 Tabela 17 - Quadro objeto de análise - Indicadores sociais....................................216 Tabela 18 – Quadro objeto de análise – Indicadores econômicos ..........................222 Tabela 19 – Avaliação do quadro objeto de análise – Indicadores ambientais .......226 Tabela 20 – Avaliação do quadro objeto de análise – Indicadores sociais .............228 Tabela 21 - Avaliação do quadro objeto de análise - Indicadores econômicos.......232 Tabela 22 – Indicadores Ambientais com apropriação............................................235 Tabela 23 - Indicadores Sociais com apropriação...................................................236 Tabela 24 - Indicadores Econômicos com apropriação...........................................238 Tabela 25 - Indicadores de gestão para as três dimensões....................................239

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Lista de Quadros

Quadro 1 - Algumas definições de Sustentabilidade.................................................32 Quadro 2 - Algumas definições de Desenvolvimento Sustentável ............................33 Quadro 3 - Dimensões do ambientalismo .................................................................37 Quadro 4 - Paradigmas de Sustentabilidade.............................................................39 Quadro 5 - Dimensão Econômica do DJSI................................................................75 Quadro 6 - Dimensão Ambiental do DJSI .................................................................76 Quadro 7 - Dimensão Social do DJSI........................................................................77 Quadro 8 - Categorias / Aspectos Avaliados na GRI ................................................79 Quadro 9 - Dimensão Econômica da GRI .................................................................80 Quadro 10 - Dimensão Ambiental da GRI.................................................................81 Quadro 11 - Dimensão Social da GRI .......................................................................82 Quadro 12 - Capacidade ecológica e Competitividade .............................................95 Quadro 13 - Princípios de Bellagio............................................................................99 Quadro 14 - Comparação entre alguns Códigos - Atividade x Dimensão ...............101 Quadro 15 - Empresas Selecionadas......................................................................127 Quadro 16 - Dados Gerais da BP - 2004 ................................................................147 Quadro 17 - Valores da BP .....................................................................................149 Quadro 18 - Sistemas de indicadores de desenvolvimento sustentável .................164 Quadro 19 - Atividades da BR.................................................................................181 Quadro 20 - Demandas relevantes típicas das partes interessadas de uma Distribuidora ............................................................................................................199 Quadro 26 - Indicadores Estratégicos BSC BR.......................................................204 Quadro 22 - Indicadores Estratégicos BR ...............................................................205 Quadro 23 - Indicadores Táticos BR .......................................................................205

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .........................................................................................14

1.1. CONTEXTO .............................................................................................15

1.2. A SITUAÇÃO PROBLEMA.......................................................................17

1.3. QUESTÕES DA PESQUISA ....................................................................18

1.4. OBJETIVOS .............................................................................................18

1.5. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ............................................................19

1.6. DELIMITAÇÃO .........................................................................................20

1.7. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO.................................................................21

2. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE: TEORIA, MÉTODO, APLICAÇÕES..........................................................................................23

2.1. HISTÓRICO DO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE .........................26

2.2. O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE: DIVERSOS ENTENDIMENTOS

.................................................................................................................31

2.3. INDICADORES: CONCEITOS E PRINCIPAIS ASPECTOS ....................46

2.3.1. Funções....................................................................................................47 2.3.2. Características..........................................................................................48 2.3.3. Limitações ................................................................................................51

2.4. SISTEMAS DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE .....................51

2.4.1. Dimensão Econômica...............................................................................57 2.4.1.1. WBCSD/CEBDS.......................................................................................57 2.4.1.2. SEEA........................................................................................................59 2.4.1.3. IPIECA/API...............................................................................................60 2.4.1.4. Banco Mundial..........................................................................................63 2.4.1.5. Balaton Group/Meadows/ Triangulo De Daly ...........................................64 2.4.1.6. ISEW – GPI ..............................................................................................66 2.4.1.7. O Dashboard of Sustainability ..................................................................68 2.4.1.8. O Barometer of Sustainability ...................................................................70 2.4.1.9. O Dow Jones Sustainability Index ............................................................73 2.4.1.10. O Global Reporting Initiative – GRI ..........................................................78 2.4.2. Dimensão Social.......................................................................................84 2.4.2.1. HDI ...........................................................................................................84 2.4.2.2. CPM .........................................................................................................85 2.4.3. Dimensão Ambiental ................................................................................87 2.4.3.1. OECD .......................................................................................................87

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2.4.3.2. UNCSD/ UNEP: O modelo DSR...............................................................89 2.4.3.3. O Ecological Footprint Method .................................................................92 2.4.3.4. EcoSTEPS ...............................................................................................96

2.5. ANÁLISE DE SISTEMAS DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE:

ASPECTOS RELEVANTES NA SUA FORMULAÇÃO.............................98

3. METODOLOGIA ....................................................................................102

3.1. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA..........................................................102

3.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................104

4. ESTRATÉGIA DE APLICAÇÃO NO SETOR DE PETRÓLEO..............109

4.1. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO. 109

4.1.1. Exploração e Produção (Upstream) .......................................................110 4.1.2. Transporte e Refino (Downstream) ........................................................111 4.1.3. Distribuição (Retail) ................................................................................112 4.1.4. O mercado do setor de distribuição de combustíveis no Brasil ..............115 4.1.5. Principais impactos na etapa de distribuição do petróleo.......................117

4.2. A VISÃO ESTRATÉGICA DE SUSTENTABILIDADE DE ALGUMAS

EMPRESAS DE PETRÓLEO (BENCHMARKING).................................126

4.2.1. PETROBRAS .........................................................................................128 4.2.1.1. Petrobras - Visão estratégica .................................................................131 4.2.1.2. Petrobras - Visão de sustentabilidade ....................................................132 4.2.2. SHELL ....................................................................................................137 4.2.2.1. Shell – Visão Estratégica........................................................................141 4.2.2.2. Shell - Visão de sustentabilidade............................................................142 4.2.3. BP...........................................................................................................146 4.2.3.1. BP - Visão estratégica ............................................................................148 4.2.3.2. BP - Visão de sustentabilidade...............................................................149 4.2.4. STATOIL ................................................................................................154 4.2.4.1. Statoil – Visão Estratégica......................................................................154 4.2.4.2. Statoil - Visão de sustentabilidade..........................................................155 4.2.5. TOTAL....................................................................................................158 4.2.5.1. Total - -Visão estratégica........................................................................158 4.2.5.2. Total - Visão de Sustentabilidade...........................................................159

4.3. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE REPORTADOS

VOLUNTARIAMENTE POR ALGUMAS EMPRESAS DE PETRÓLEO..163

4.4. O CASO DA PETROBRAS DISTRIBUIDORA S. A. - CARACTERIZAÇÃO

DA EMPRESA. .......................................................................................172

4.4.1. Descrição geral ......................................................................................172 4.4.1.1. Histórico .................................................................................................173

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4.4.1.2. Estrutura.................................................................................................174 4.4.1.3. Subsidiária..............................................................................................180 4.4.1.4. Produtos e Serviços ...............................................................................180 4.4.1.5. Participação no mercado........................................................................184 4.4.2. Visão estratégica ....................................................................................187 4.4.3. Governança Corporativa ........................................................................188 4.4.3.1. Sistema de gestão de SMS da Petrobras Distribuidora..........................191 4.4.4. Visão de sustentabilidade.......................................................................195 4.4.4.1. Princípios norteadores............................................................................196 4.4.4.1.1 Cumprimento legal .................................................................................196 4.4.4.1.2 Atendimento aos princípios nacionais e internacionais de sustentabilidade

aos quais a empresa é signatária...........................................................197 4.4.5. Relacionamento com os Públicos de Interesse......................................198 4.4.6. Aspectos e impactos Sociais, Ambientais e Econômicos típicos ...........202 4.4.7. Indicadores atualmente utilizados ..........................................................203

5. PROPOSTA DE CONJUNTO DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS. ...................................................................................206

5.1. CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DE INDICADORES DE

SUSTENTABILIDADE PARA O SEGMENTO DE DISTRIBUIÇÃO DE

COMBUSTÍVEIS ....................................................................................207

5.1.1. Quadro objeto de análise: Caracterização. ............................................209 5.1.2. Filtro 1: Princípios norteadores...............................................................210 5.1.3. Filtro 2: Requisitos de definição dos indicadores. ..................................223

5.2. SELEÇÃO DOS INDICADORES. ...........................................................233

5.2.1. Proposta de indicadores ambientais.......................................................234 5.2.2. Proposta de indicadores sociais .............................................................236 5.2.3. Proposta de indicadores econômicos.....................................................237 5.2.4. Proposta de indicadores de gestão. .......................................................238

6. CONCLUSÕES ......................................................................................241

6.1. ASPECTOS CONCLUSIVOS.................................................................241

6.2. ANÁLISE DAS QUESTÕES FORMULADAS .........................................244

6.3. RECOMENDAÇÕES..............................................................................246

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................248

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1. INTRODUÇÃO

A atividade humana no planeta tem causado impactos negativos ao meio

ambiente natural, visto por muito tempo como fonte inesgotável de recursos para

servir às necessidades humanas. A partir da Revolução Industrial, com o

crescimento da população, da produção e da ocupação da terra, estes impactos

cresceram substancialmente. A atividade produtiva é responsável por retirar da

natureza seus insumos e retornar a ela seus resíduos e efluentes, sendo uma das

atividades que mais utilizam os recursos do planeta.

A expansão dos mercados globais traz oportunidades sem precedentes para

a criação de novas riquezas. Ao mesmo tempo, há uma descrença entre muitos

pensadores e atores no cenário mundial de que estas riquezas trarão contribuição

para o decréscimo da desigualdade social. O padrão de consumo vigente nos

Estados Unidos, por exemplo, não pode ser implantado no restante do mundo, pois

demandaria três planetas para suprir a população mundial. (WACKERNAGEL &

REES, 1996).

Uma das conseqüências das transformações que marcaram a segunda

metade do século XX foi o aparecimento de crescentes dúvidas quanto ao futuro do

meio ambiente. Os grandes acidentes ambientais ocorridos entre as décadas de

1960 e 1980, como o da Baía de Minamata, no Japão, o acidente de Bhopal, na

Índia, o acidente da usina nuclear de Chernobyl, na Rússia e o vazamento de

petróleo do navio Exxon Valdez, provocaram um impressionante crescimento da

conscientização do público em geral para os problemas ambientais.

A constatação de que os recursos naturais não são inesgotáveis e podem ser

destruídos de maneira irremediável, aliada à crescente desigualdade social,

mostrando que não é mais possível continuar o processo de desenvolvimento sem

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considerarmos as variáveis meio ambiente e sociedade, propiciou o aparecimento do

conceito de Desenvolvimento Sustentável. Este tipo de desenvolvimento deve ser

alcançado através do equilíbrio entre o crescimento econômico, o desenvolvimento

social e a conservação do meio ambiente natural.

Esse desafio deve ser transposto não só pelo setor público, mas também pelo

privado. Embora as entidades governamentais e não-governamentais sejam agentes

importantes no processo de desenvolvimento, especialmente num quadro de

globalização, é a atividade corporativa que aponta como sua força motriz. O

resultado, segundo o Global Reporting Initiative (GRI), é que não apenas as

primeiras, mas principalmente as corporações, buscam novas formas de prestação

de contas à sociedade, tanto nas nações industrializadas quanto nas economias

emergentes. (GRI, 2002) Por pressões sociais, dos consumidores e da legislação, as

empresas têm sido forçadas a buscar formas de reduzir seu impacto ambiental e,

nas últimas décadas, a se tornarem mais sustentáveis.

A análise da construção de uma nova ordem social passa pela constatação

da incapacidade do Estado – primeiro setor – de atender as demandas sociais e

ambientais, sendo suplantado em importância pelas grandes Empresas. As maiores

delas transcendem as fronteiras nacionais, tornando-se atores fundamentais no

cenário global. O ativo desses gigantes multinacionais excede o Produto Nacional

Bruto de muitos países e seu poderio ultrapassa o dos governos nacionais, afetando

não só soberanias, mas também a situação monetária mundial.

As Empresas hoje são talvez os mais importantes agentes dentro de uma

organização social, detentoras de um poder que impregna todas as facetas da vida

pública. Exercem, de certo modo, controle sobre os poderes Legislativo e Executivo

dos Governos, os meios de comunicação de massa e até mesmo o sistema

educacional e a pesquisa científica na maioria dos países. Qualquer mudança real

que venhamos a intentar tem que, necessariamente, ocorrer a partir da ação dentro

das organizações produtivas.

1.1. CONTEXTO

O conceito de desenvolvimento sustentável ainda é largamente desconhecido

entre as empresas no mundo. Entre os que conhecem o conceito, o mesmo não é

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prontamente aceito ou mesmo entendido quanto à sua aplicação ao negócio. No

entanto, alguns líderes empresariais estão se interessando pela questão à medida

que entendem que a sustentabilidade não só não é contrária ao crescimento quanto

demanda um desenvolvimento suficiente para atender às necessidades da

população hoje não atendida. Ao mesmo tempo descobrem que as questões que

envolvem a sustentabilidade do planeta não são diversas das que envolvem a

sobrevivência do negócio, requerendo uma ação balanceada entre gerenciamento

de longo e curto prazo.

Assim sendo, as organizações produtivas vêm modificando seu entendimento

de como fazer negócios nos últimos anos, buscando introduzir o parâmetro de

sustentabilidade na concepção do seu trabalho. Em paralelo à Conferência Rio-92

um grupo de empresários formou o World Business Council for Sustainable

Development (WBCSD) com a finalidade de facilitar o diálogo com os políticos

visando a um entendimento comum para a obtenção da sustentabilidade. Em uma

década o WBCSD se tornou uma coalizão com cerca de 150 companhias

internacionais (WBCSD, 2001). Inúmeras empresas têm criado setores corporativos

para tratar a questão da sustentabilidade, publicado relatórios de responsabilidade

sócio-ambiental e incorporado a sustentabilidade em sua estratégia de comunicação

corporativa e em seu sistema de gestão. (HOCKERTS, 2003)

Desde o estabelecimento da Iniciativa Financeira do Programa das Nações

Unidas para o Meio Ambiente (UNEP Finance Initiative) os investidores institucionais

e fundos de investimentos vêm ampliando seus focos de interesse para produtos e

serviços que identifiquem empresas com melhor desempenho ambiental e social,

além do desempenho econômico financeiro. A Rodada Global Anual da Iniciativa

Financeira da UNEP, em 2002, no Rio de Janeiro, reuniu 280 bancos e seguradoras

associados a essa iniciativa (ASHLEY, 2002).

Não basta mais para as organizações produtivas buscar a sobrevivência

econômica através de políticas de preço e produtividade. É necessário demonstrar

para os diversos agentes envolvidos no negócio sua preocupação com a qualidade,

não só do produto, mas também do meio ambiente e da vida, não só da atual, mas

também das futuras gerações.

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1.2. A SITUAÇÃO PROBLEMA

Ao partirem de argumentos legais ou morais para a busca da

sustentabilidade, as empresas nem sempre conseguem enxergar as oportunidades

estratégicas de negócios que ela traz. É necessário fazer a ligação entre a

sustentabilidade da empresa e a criação de valor para os acionistas para que

possam ser identificadas as estratégias e práticas que contribuam para um mundo

mais sustentável. É o que Hart e Milstein (2004) chamam de abordagem para

criação de valor sustentável para a empresa.

O grande desafio das organizações produtivas modernas é serem

competitivas e sustentáveis ao mesmo tempo. Elas terão que estar preparadas para

trabalhar não só com eco-eficiência, mas também com sócio-eficiência e com novos

modelos de planejamento e gestão que possibilitem esta evolução.

Este desafio se apresenta ainda maior em atividades que têm impacto

comprovado no meio em que se instalam, tanto natural quanto humano, como o

setor de petróleo. A queima do produto final, combustíveis fósseis, com a liberação

de grandes quantidades de dióxido de carbono e emissões de metano para a

atmosfera, é uma das grandes vilãs no cenário de mudanças climáticas globais. A

atividade de exploração e produção traz também grandes impactos na biota, quando

operando em locais como florestas e o fundo do mar. E não podemos esquecer o

impacto social e econômico da atividade em comunidades locais e na sociedade

como um todo.

O fato de lidar com um recurso finito no longo prazo é também uma

característica do setor. Isso traz a necessidade de desenvolvimento de novas

opções energéticas para dentro das organizações do setor, com vistas à sua

manutenção no negócio em posição de liderança no longo prazo, com uma futura

alteração das matrizes energéticas. As companhias de petróleo têm se movimentado

no sentido de se transformarem em companhias de energia, incorporando

tentativamente o viés da sustentabilidade.

Segundo Bradley e Hartog (1998), o desafio fundamental do setor para atingir

o desenvolvimento sustentável é satisfazer o crescimento da demanda energética e

ao mesmo tempo proteger o meio ambiente e agir de forma socialmente e

economicamente responsável. Desta forma, a inclusão do conceito de

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sustentabilidade no planejamento estratégico e no sistema de gestão dessas

organizações deve permear toda a sua cadeia de valores e a sua relação com todos

os agentes envolvidos em seu negócio.

O desenvolvimento de alguns modelos de criação de valor sustentável para

as empresas e ferramentas de gestão com este propósito tem sido feito visando a

possibilitar a concretização do atendimento aos desafios globais associados à

sustentabilidade global e sua demonstração, medição e relato. No entanto, ainda se

encontram sem resposta algumas questões em se tratando de organizações

produtivas, especialmente no setor de distribuição de petróleo.

1.3. QUESTÕES DA PESQUISA

As considerações acima apresentadas remetem ao problema geral da

pesquisa que, para fins de um melhor desdobramento, apresenta-se em dois

momentos:

a) Como traduzir o conceito de sustentabilidade para um ambiente de negócio

complexo, difuso e diverso como o setor de distribuição de combustíveis?

b) Como definir um conjunto de indicadores de desempenho que permita uma

visão geral e específica da sustentabilidade do negócio?

1.4. OBJETIVOS

O objetivo geral deste estudo é definir indicadores que possam ser utilizados

na implantação e acompanhamento de ações visando à sustentabilidade do negócio

em uma organização produtiva, dentro do setor de distribuição de combustíveis.

Para atingir este objetivo, estabelecemos os seguintes objetivos específicos:

1. Contextualizar o conceito de desenvolvimento sustentável ou

sustentabilidade, especialmente no âmbito empresarial.

2. Levantar, através de pesquisa bibliográfica, os principais sistemas de

indicadores atualmente utilizados no cenário internacional, principalmente

no cenário empresarial;

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3. Examinar a visão estratégica de sustentabilidade do setor de petróleo,

especialmente da distribuição de combustíveis;

4. Levantar e analisar as ferramentas de avaliação e medição da

sustentabilidade no setor;

5. Definir o conceito e as práticas de sustentabilidade no âmbito da atividade

de distribuição de combustíveis;

6. Selecionar, dentre as ferramentas de avaliação detectadas, os indicadores

aplicáveis ao negócio de distribuição de combustíveis.

1.5. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

À medida que o desenvolvimento sustentável vem sendo adotado como a

base de políticas públicas e estratégias organizacionais, muitas organizações

públicas e privadas, especialmente as produtivas, descobrem o desafio de traduzir o

conceito na prática. A necessidade de avaliar a situação atual e alinhar metas com

um leque complexo de fatores externos, novos parceiros e partes interessadas no

negócio aumenta a urgência em se definir indicadores de desempenho aceitáveis na

questão da sustentabilidade.

A indústria de petróleo e gás, fornecedora da esmagadora maioria das fontes

energéticas atualmente em uso, reconhece sua importância no cenário global e se

propõe, através de suas organizações de classe, como a IPIECA e a API, a

responder às audiências públicas e partes interessadas no negócio através da

apresentação de indicadores de sustentabilidade, financeiros e não-financeiros, em

seus relatórios. A indústria vem utilizando os indicadores propostos por iniciativas

como o GRI, mas encontra dificuldades na adaptação dos mesmos para suas

características específicas. Segundo a IPIECA, o maior desafio da indústria do

petróleo ao montar seus relatórios de sustentabilidade é a determinação de como

selecionar, definir e medir os indicadores apropriados.

Os indicadores apresentados na maior parte dos relatórios e balanços sociais

das empresas de petróleo são afeitos à indústria como um todo, não tratando

especificamente um segmento desta indústria, como é o caso da distribuição (retail).

Os relatórios, bem como o tratamento e todo o controle interno dos indicadores de

sustentabilidade na indústria de petróleo são definidos com foco nas áreas

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geradoras dos maiores impactos, sejam ambientais ou sociais, do negócio. Assim, a

maior atenção das empresas é voltada para a Exploração e Produção e para o

Refino.

No entanto, a Distribuição também gera impactos, em escala e proporção

diferentes dos setores citados acima, mas ainda assim importantes para a sociedade

e demais partes interessadas onde se insere, e deve trabalhar a questão da

sustentabilidade no desempenho de suas funções. É necessária a proposição de

indicadores que possam auxiliar as empresas neste caminho.

O estudo se justifica pela ausência deste tipo de proposta, quer seja na

literatura pesquisada, quer no benchmarking realizado nas indústrias do setor de

distribuição de petróleo.

1.6. DELIMITAÇÃO

Esta dissertação não pretende estabelecer um sistema de indicadores e sim

definir parâmetros que contribuirão para a construção da base de estrutura de

medição.

Reconhecemos que é necessária a definição de indicadores para todos os

processos que envolvem a distribuição de combustíveis, inclusive a sua queima.

Isso, no entanto demandaria informações não disponíveis e que não podem ser

obtidas no momento. Assim, o estudo tratará das atividades definidoras do setor de

distribuição até a entrega do combustível ao consumidor final, não trabalhando a

etapa final de queima dos mesmos.

Para efeito deste trabalho não consideraremos o consumidor final, ou seja, a

pessoa física que abastece seu veículo nos postos de serviço, como cliente direto

das distribuidoras, mas como uma das partes interessadas no negócio.

As distribuidoras examinadas vêm incorporando também, em seus postos de

abastecimento, lojas de conveniência. Esse setor tem uma dinâmica própria,

diferente do processo de distribuição de combustíveis, se aproximando mais do setor

de varejo de alimentos, e não será objeto de estudo neste trabalho.

Não serão objetos de estudo nesta dissertação os aspectos pertinentes às

dimensões culturais, geográficas, morais e espirituais dentro do conceito de

sustentabilidade apresentado.

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1.7. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

O segundo capítulo da dissertação trata do referencial teórico que embasa o

trabalho. Primeiro, discutiremos a evolução da crise ambiental a partir de seus

fundamentos históricos e da relação entre desenvolvimento sócio-econômico e meio

ambiente. Esse exame abrangerá não só a perspectiva ecológica, mas também a

cultural, a social e a econômica numa abordagem holística da questão. Em seguida

trataremos do conceito de sustentabilidade nas últimas décadas, especialmente

como aplicado às organizações produtivas. Em terceiro lugar, serão examinados os

conceitos de indicadores e alguns dos modelos existentes para avaliação de

sustentabilidade.

No terceiro capítulo será apresentada a metodologia utilizada para a

realização do estudo.

No quarto capítulo será feita uma apresentação da estrutura e funcionamento

da indústria de petróleo e da evolução do entendimento de sustentabilidade em seu

âmbito, através da análise de algumas empresas do setor. Procuraremos examinar a

BP, a Petrobrás, a Statoil, a Shell e a Total, os seus indicadores para a

sustentabilidade, em todas as suas dimensões e os métodos para sua avaliação e

implementação. A pesquisa foi planejada de forma a permitir a visualização da

situação atual do negócio examinado, utilizando dados públicos, e uma análise

comparativa entre os indicadores propostos por alguns sistemas estudados no

capítulo dois e os relatados pelas empresas estudadas.

Ainda nesse capítulo será desenvolvido um breve histórico da evolução do

negócio de distribuição de combustíveis, sua estrutura de funcionamento e

levantados os impactos ambientais, sociais e econômicos da atividade. Serão

apresentados os principais impactos típicos das diversas áreas de atuação de uma

companhia distribuidora de combustíveis, abrangendo todo o caminhamento dos

produtos em seus diversos segmentos, desde o recebimento do combustível em

suas bases e terminais até a venda ao consumidor final. Ao final, caracterizaremos a

empresa objeto de estudo nesta dissertação, a Petrobras Distribuidora S. A.

O capítulo cinco apresenta uma metodologia de análise e seleção dos

indicadores e a partir da aplicação da metodologia citada, a proposição de um

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conjunto de indicadores de sustentabilidade. A proposição é fruto da aplicação da

metodologia no estudo de caso, a Petrobras Distribuidora S.A., e no resultado do

estudo comparativo efetuado no capítulo anterior.

O sexto capítulo busca discutir algumas considerações que surgiram no

decorrer do trabalho, trazendo as conclusões do estudo.

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2. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE: TEORIA, MÉTODO, APLICAÇÕES.

Nas últimas décadas do século vinte e início do nosso século presenciamos

uma crescente crise mundial, multifacetada e complexa, afetando todos os aspectos

da nossa vida – a saúde e o modo de vida, a qualidade do meio ambiente e das

relações sociais, econômicas, políticas e tecnológicas. A dimensão da crise é sem

precedentes. Engloba aspectos intelectuais, morais e espirituais.

Segundo Sachs (1993), a análise da crise que atinge a atividade humana

deve ser feita a partir de cinco dimensões: social, econômica, ecológica, espacial e

cultural. Capra (2003) amplia esta análise, incluindo as dimensões morais e

espirituais.

Há uma loucura armamentista/nuclear, com os países destinando enormes

somas de dinheiro ao desenvolvimento do seu poderio militar, enquanto milhões de

pessoas morrem de fome ou estão subnutridos. Grande parte da população do

planeta não tem acesso a serviços de saúde e acesso a água potável.

Embora a degradação e a modificação ambiental sejam características da

ocupação humana no planeta nos últimos 5000 anos, foi a revolução industrial, a

partir do século 19 que veio a permitir a ocupação global do planeta pela raça

humana, sua presença na Lua e até mesmo em Marte. A predominância humana é

de tal magnitude que estamos atualmente apropriando quase 40% da produção

primária terrestre e somos o agente geoquímico predominante, com fluxos de

elementos que excedem a capacidade natural em muitos casos. A prosperidade

humana foi sempre conseguida pela ruptura da ordem natural (GLASBY, 2002).

O ecossistema global e a futura evolução da vida na Terra estão correndo

perigo e há risco de um desastre ecológico em grande escala. A tecnologia industrial

aliada à superpopulação e utilização predatória dos recursos naturais tem

contribuído para uma grave deterioração do meio ambiente natural, do qual

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dependemos completamente para a manutenção da existência da vida humana no

planeta. Essa deterioração tem sido acompanhada por crescentes problemas de

saúde, de ordem nutricional e infecciosa no Terceiro mundo, enquanto os países

desenvolvidos sofrem com as “doenças da civilização”, doenças cardíacas, câncer e

derrame.

Existem numerosos sintomas de desintegração social, incluindo doenças

psiquiátricas, distúrbios do comportamento, principalmente entre crianças,

recrudescimento da criminalidade, acidentes e suicídios e aumento do consumo de

drogas, legais e ilegais.

Nossos principais economistas e políticos parecem confundidos por

anomalias econômicas. Inflação galopante, desemprego maciço e distribuição

absurdamente desigual da renda e da riqueza passaram a ser não mais exceções,

mas características estruturais da maioria das economias nacionais. Este cenário é

agravado pela percepção de que as fontes de energia tradicionais e os recursos

naturais estão se exaurindo rapidamente. Resumindo: o quadro é de uma tríplice

ameaça de esgotamento energético, inflação e desemprego.

No campo cultural, já não existe mais concordância dentro da elite intelectual

sobre as bases conceituais de seu trabalho. Capra atribui as fontes de nossa crise

cultural à utilização de modelos conceituais obsoletos e variáveis irrelevantes por

nossos principais pensadores (CAPRA, 2003). Um outro aspecto significativo do

atual impasse cultural é a predominância masculina.

Podemos observar degradações muito importantes, como produto ou

subproduto das relações econômicas e sociais atuais: a degradação humana e a

degradação da natureza.

A degradação humana se mostra por diversos sinais: na pobreza extrema

(absoluta) e na pauperização; no desemprego ou no subemprego; na violência, na

delinqüência e no narcotráfico; no crescente isolamento individual e na debilitação

do tecido social; na perda da solidariedade; e na grande desigualdade e

irracionalidade que representa o padrão de consumo: os países desenvolvidos

abrigam 25% da população mundial e consomem 80% do parque automotivo, 81%

do papel, 79% do aço, 86% de outros metais, 75% da energia, 86% do cobre e

alumínio e são responsáveis por 70% da emissão de CO2.

A degradação da natureza tem também alguns sintomas claros, como por

exemplo: a desproporção do efeito estufa natural do planeta; as chuvas ácidas; o

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desmatamento, erosão e desertificação; a contaminação hídrica, atmosférica e dos

solos; a perda da diversidade biológica. (OLIVEIRA, 2002)

Todos esses sinais podem ser considerados facetas de uma única crise,

essencialmente uma crise de percepção. Continuamos tentando aplicar conceitos de

uma visão de mundo obsoleta – a visão mecanicista da ciência cartesiano-

newtoniana – a uma realidade que já não pode ser entendida em função desses

conceitos (CAPRA, 2003).

O mundo hoje é globalmente interligado, onde se entendem os fenômenos

biológicos, psicológicos, sociais e ambientais como interdependentes. Segundo

Capra (2003), a descrição inteligível desse mundo necessita de uma perspectiva

ecológica que a visão de mundo cartesiana não nos oferece.

Precisamos de um novo “paradigma” – uma nova visão de mundo, uma

mudança fundamental em nossos pensamentos, percepções e valores.

O conceito de desenvolvimento sustentável aparece como uma reação ao

reconhecimento da crise atual, a partir da década de 1970, encarnando a promessa

de uma evolução da sociedade na direção de um mundo mais eqüitativo no qual o

meio ambiente seria preservado para as gerações futuras.

A idéia de “desenvolvimento sustentável” vigente pode ser sintetizada como a

necessidade de conservação do meio ambiente, se compatibilizado as estratégias

de desenvolvimento com a sua proteção, e de uma nova maneira da sociedade

tratar seus desequilíbrios, de forma a garantir a continuidade de sua existência. A

defesa do meio ambiente passa a ser entendida como parte integrante do processo

de desenvolvimento, não só no aspecto quantitativo de crescimento econômico, mas

também no qualitativo, com atenção aos problemas sociais das gerações presentes

e futuras. Para o desenvolvimento sustentável é indispensável que haja cooperação

internacional, uma vez que os efeitos das atividades degradadoras do meio

ambiente e as questões sociais ultrapassam o âmbito nacional, pressupondo uma

nova ordem mundial.

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2.1. HISTÓRICO DO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE

O termo “desenvolvimento sustentável” é hoje facilmente reconhecido.

Embora seu significado e suas implicações ainda sejam temas de grandes

discussões e desacordo tanto teórico quanto prático, o significado geral é

amplamente entendido. Este termo surgiu pela primeira vez após a publicação, em

1987, do relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

(World Commision on Environment and Development – WCED) intitulado Nosso

Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland. A WCED define

desenvolvimento sustentável como: “O desenvolvimento que atende às

necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras

atenderem às suas próprias.” (WCED, 1987).

No entanto, o enfoque que combina desenvolvimento, igualdade social e

conservação ambiental não é tão novo quanto se pode pressupor. Segundo Lumley

& Armstrong (2003), ele tem feito parte do trabalho de cientistas, filósofos,

sociólogos e economistas desde o século dezoito, tendo atingido seu máximo

impacto no pensamento vigente no século dezenove, após a “revolução intelectual”

Vitoriana. Segundo os autores, o tema está presente no trabalho de pensadores

como Adam Smith, Thomas Malthus, Richard Cantillon, Harriet Martineau, John

Stuart Mill e Charles Kingsley, entre outros.

A preocupação com as questões ambientais relacionadas com o

desenvolvimento econômico se fortaleceu na década de 1960. Os primeiros

movimentos ambientalistas surgiram nesta década, motivados pela contaminação

das águas e do ar causada pela industrialização. A publicação do livro “Silent

Spring”, por Rachel Carson em 1962 é um marco deste movimento. Segundo

Oliveira (2002), esta década é chamada de década da conscientização, sendo a

fase precursora dos cuidados com o meio ambiente.

Os acidentes ocorridos neste período, como a descoberta da contaminação

da baía de Minamata, no Japão, com mercúrio proveniente de uma planta industrial

química ajudaram a criar a consciência de que resíduos incorretamente dispostos

podiam penetrar na cadeia alimentar num processo de bioacumulação. Alguns

exemplos de atitudes tomadas com o propósito de diminuir o impacto ambiental, já

nessa época, são a descontaminação do Rio Tâmisa e a melhoria do ar em Londres.

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No início da década seguinte, o Clube de Roma, uma associação de

cientistas políticos e empresários preocupados com as questões globais, patrocinou

um estudo que, utilizando-se de modelos matemáticos, preveniu sobre os riscos de

um crescimento econômico contínuo, baseado na utilização de recursos naturais não

renováveis. O seu relatório "The Limits to Growth" (Limites do Crescimento) foi

publicado em 1972, alertando para os problemas causados pelo desenvolvimento

econômico nesses moldes, tendo o mérito de conscientizar a sociedade para esses

problemas. (MEADOWS et al, 1972).

Este relatório foi publicado no mesmo ano em que foi realizada em

Estocolmo, Suécia, a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente, e ressaltava que a maioria dos problemas ligados ao meio ambiente

ocorria na escala global e se acelerava de forma exponencial. O relatório vai contra

a idéia da ausência de limites para exploração dos recursos naturais, contrapondo-

se claramente à concepção dominante de crescimento contínuo da sociedade

industrial. Durante a Conferência de Estocolmo, em 1972, a preocupação principal

foi a do crescimento populacional, bem como do processo de urbanização e da

tecnologia envolvida na industrialização (VAN BELLEN, 2002).

Em 1973 surge pela primeira vez o termo ecodesenvolvimento, desenvolvido

no trabalho de Ignacy Sachs e lançado por Maurice Strong. O modelo desenvolvido

por Sachs foi colocado como alternativa da concepção clássica de desenvolvimento.

Ele aborda prioritariamente a questão da educação, da participação social e da

preservação dos recursos naturais juntamente com a satisfação das necessidades

básicas humanas. Segundo Van Bellen (2002), o conceito de ecodesenvolvimento

referia-se inicialmente a algumas regiões de países subdesenvolvidos e foi um

grande avanço na percepção do problema ambiental global na medida em que se

começa a verificar a interdependência entre desenvolvimento (ou seu modelo

dominante) e meio ambiente.

Na década de 1970 a relação com o meio ambiente, vista como combate à

poluição, começou a ser regulamentada e as nações passam a aplicar o controle

ambiental, através da criação de órgãos reguladores e legislação, como o “Clean Air

Act” e o “Endangered Species Act” americanos. Os desastres ambientais ocorridos

nesta década, como o vazamento de óleo da Amoco Cadiz na costa da Bretanha e o

acidente com a planta nuclear de Three Mile Island, nos Estados Unidos, ajudaram a

convencer os legisladores e governantes da importância da regulamentação. Em

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julho de 1970, foi criada a Agência de Proteção Ambiental americana. Além disso, foi

aprovada a inédita Lei da Água Pura, no mesmo país.

Em 1974, como resultado da reunião da Conferência das Nações Unidas

sobre Comércio e Desenvolvimento e do Programa de Meio Ambiente das Nações

Unidas, surge a “Declaração de Cocoyok”. Este documento estabelece uma nova

relação entre desenvolvimento e meio ambiente, ligando a destruição ambiental à

explosão populacional e à pobreza e imputando uma parcela de culpa nos

problemas globais aos países desenvolvidos, por seu elevado nível de consumo.

Em 1975 a Fundação Dag-Hammarskjöld aprofunda as conclusões da

“Declaração de Cocoyok”, publicando um relatório que contou com a colaboração de

48 países, juntamente com o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas e

outras 13 organizações da ONU. O relatório concentra-se na questão do poder e sua

relação com a degradação ambiental, destacando o papel de um novo

desenvolvimento baseado na mobilização das forças capazes de mudar as

estruturas dos sistemas vigentes. (VAN BELLEN, 2002)

No âmbito empresarial, surgem novas tendências gerenciais para fazer frente

às novas exigências. As empresas tradicionais incorporam preocupações com a

administração do meio ambiente e a relação com os clientes. Callenbach et al (1993)

citam que o "modelo administrativo dos interessados" foi uma dessas tendências que

fez face a pressões oriundas dos consumidores, da comunidade e de grupos de

interesse, que tomaram vulto nas décadas de 60 e 70. A empresa passa a ser vista

em relação a um amplo leque de interessados, ou seja, grupos com interesse nas

ações da organização em substituição à visão da empresa como uma entidade

isolada. (OLIVEIRA, 2002)

No Brasil, o movimento ambientalista tem seu marco inicial em 1958, com a

criação da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN). Segundo

Almeida (2002), a FBCN foi criada como reação ao desenvolvimentismo exacerbado

do governo de Juscelino Kubitscheck e tinha entre seus membros pessoas

influentes, fazendo sentir sua presença na política nacional. Na década de 70, no

auge da ditadura militar, ocorreu um movimento entre os militares e os tecnocratas

que moldavam a política desenvolvimentista nacional de organização dos países

subdesenvolvidos para enfrentar os limites ao crescimento propostos por diversos

movimentos e pensadores da época. Na Conferência de Estocolmo o Brasil

defendeu o princípio de que “a pior poluição é a miséria”, como resumiu o General

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José Costa Cavalcanti, chefe da delegação brasileira. A posição brasileira foi

desenvolvimentista para os países do terceiro mundo, cabendo o ônus da luta contra

a poluição principalmente aos países desenvolvidos, seus principais causadores. Foi

também uma posição de soberania nacional no aproveitamento dos recursos

naturais. (ALMEIDA, 2002) Ainda nesta década começou a ser organizada a

estrutura de controle ambiental no país. Foram criadas a Secretaria Especial do

Meio Ambiente (SEMA), pelo Governo Federal e alguns órgãos ambientais

estaduais, como a Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente (FEEMA), no

Rio de Janeiro, e a Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Básico

(CETESB), em São Paulo. Porém, somente na década de 80 foi instituída uma

Política Nacional de Meio Ambiente, com a promulgação e regulamentação da Lei

6.938/81.

Na década de 80 ocorreram vários acidentes ambientais, como o vazamento

de produtos químicos tóxicos em Bhopal, na Índia, o acidente com a usina nuclear

de Chernobyl, na Rússia e o vazamento de petróleo do navio Exxon Valdez, no

Alasca. No Brasil, o movimento ambientalista sofre a perda de Chico Mendes,

assassinado por questões fundiárias no Pará. (IISD, 2002) Mas a reação da opinião

pública, traduzida em seus órgãos governamentais, demorou um pouco a ocorrer.

Em 1992, 20 anos depois da reunião de Estocolmo, uma nova conferência da

ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento é realizada no Rio de Janeiro (Rio

92). A partir daí a interligação entre desenvolvimento socioeconômico e as

transformações do meio ambiente passou a fazer parte do discurso oficial da maioria

dos países do mundo, com a adoção do conceito de desenvolvimento sustentável.

A Rio 92 concebeu e aprovou a Agenda 21 Global. Importante marco

referencial para a consolidação do conceito de desenvolvimento sustentável. Ainda

hoje o documento serve de guia para as ações de Governos e de todas as

comunidades que procuram desenvolvimento sem, com isso, destruir o meio

ambiente. Trata-se de um planejamento com ações de curto, médio e longo prazo,

que trás em seu bojo o princípio de que é possível e necessário planejar e

estabelecer um relacionamento entre as gerações atual e futura como entendido no

Relatório Brundtland.

Após a Conferência Rio-92 ocorreram várias iniciativas voltadas para o

desenvolvimento sustentável no âmbito empresarial. Internacionalmente, destacam-

se a criação de institutos como a GRI (Global Reporting Initiative), em 1997, e a

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elaboração de normas como a Série ISO 14.000, em 1996, SA 8000, em 1998, e AA

1000, em 1999. A Série ISO 14.000 propõe diretrizes para o desenvolvimento e

implementação de princípios e sistemas de gestão ambiental, bem como sua

coordenação com outros sistemas gerenciais, a SA 8000 é um padrão de

certificação das condições de trabalho na cadeia produtiva e a AA 1000 um padrão

de prestação de contas. Alguns princípios internacionais também foram propostos

como o Pacto Global e as Metas do Milênio, em 2000.

No Brasil, foram fundados o Conselho Empresarial Brasileiro para o

Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em 1997, o Instituto Ethos em 1998 e o

Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), em 1999.

Apresentamos na Figura 1, abaixo, uma linha do tempo com os principais

eventos da história do desenvolvimento sustentável.

Figura 1 - Linha do tempo

Fonte: Total, 2003.

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2.2. O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE: DIVERSOS ENTENDIMENTOS

No passado a sustentabilidade da sociedade humana era um pressuposto,

não uma meta. As mudanças ambientais eram lentas e permitiam respostas

adaptativas ou mudança de ambiente sem grandes pressões de tempo.

O desenvolvimento global atual, especialmente no último século, transformou

a sustentabilidade humana em meta, na medida em que as transformações tanto

ambientais quanto tecnológicas e populacionais se aceleraram a ponto de suplantar

a capacidade de resposta normal da sociedade humana.

O conceito de sustentabilidade originalmente era estreitamente associado à

qualidade ambiental. Mas posteriormente, em se tratando de um conceito tão

multifacetado, verificou-se que os elementos para a sustentabilidade são bem mais

complexos que os que formam a questão ecológica. Isto se apresenta claramente na

discussão do significado de desenvolvimento sustentável, onde podemos encontrar

inúmeros artigos e definições do conceito, elaborados pelos mais diversos autores e

organizações.

O primeiro exemplo aparece no documento World Conservation Strategy,

publicado em 1980 pela World Conservation Union, ou International Union for the

Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN). Neste documento a IUCN

define que para que o desenvolvimento seja sustentável devem-se considerar

aspectos referentes às dimensões social e ecológica, bem como fatores

econômicos, os recursos vivos e não vivos e as vantagens de curto e longo prazo de

ações alternativas. O foco do conceito, no entanto, está na integridade ambiental.

A partir daí muito tem sido escrito sobre sustentabilidade e desenvolvimento

sustentável, mas ainda é difícil encontrar uma definição rigorosa para os termos.

Embora bastante difundido após a Conferência Rio-92, permanece a necessidade

de verificarmos o significado e as dimensões que abrangem o conceito aqui

discutido.

A disseminação do conceito de sustentabilidade não tem contribuído para

torná-lo mais preciso. Há uma miríade de definições, em geral baseadas em teorias

bastante diferentes, nos diversos campos da ciência e do conhecimento humanos, e

o consenso não parece visível.

Algumas definições são apresentadas nos Quadro 1 e Quadro 2, abaixo:

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Quadro 1 - Algumas definições de Sustentabilidade

... a capacidade do sistema de manter sua produção a um nível aproximadamente igual ou

maior que sua média histórica, com uma aproximação determinada pelo nível de variabilidade

histórica.

Lyman & Herdt (1989)

...maximização dos benefícios líquidos do desenvolvimento econômico, sujeito à manutenção

da qualidade e dos serviços prestados pelos recursos naturais ao longo do tempo.

Pearce & Turner (1990)

... a relação entre os sistemas econômicos humanos dinâmicos e sistemas ecológicos

maiores, mas de mudança mais lenta, na qual (1) a vida humana pode continuar indefinidamente,

(2) os indivíduos humanos podem se desenvolver, e (3) as culturas humanas podem se

desenvolver; mas na qual os efeitos da atividade humana se mantém dentro de limites, de forma a

não destruir a diversidade, complexidade e funcionamento do sistema ecológico de suporte à vida.

Costanza et al. (1991)

A sustentabilidade dos ecossistemas naturais pode ser definida como o equilíbrio dinâmico

entre as suas demandas e sua produção, modificadas por eventos externos, tais como mudanças

climáticas e desastres naturais.

Fresco & Kroonenberg (1992)

...um estado econômico no qual as demandas das pessoas e do comércio ao meio ambiente

podem ser atendidas sem redução da capacidade do meio ambiente de prover para as futuras

gerações. Pode também ser expresso como... deixar o mundo melhor do que o encontramos, tirar

não mais do que precisamos, tentar não danificar a vida ou o meio ambiente, e se corrigir se o fizer.

Hawken, (1993)

...o estoque de capital que deixarmos para as futuras gerações, definido de forma a incluir

todos os tipos de capital, deve ser igual ou maior que o que encontramos.

The World Bank (1995)

...transformar recursos em lixo mais lentamente que a natureza consegue transformar lixo em

recursos.

Steve Goldfinger (1999)

...equilibrar o conflito básico entre as duas metas que competem entre si,ou seja, assegurar a

qualidade de vida e viver dentro dos limites da natureza.

Wackernagel (2000)

Fonte: Modificado de Bell&Morse, 2003

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Quadro 2 - Algumas definições de Desenvolvimento Sustentável

A incerteza a respeito da definição de sustentabilidade e de desenvolvimento

sustentável não tornou o conceito menos popular. Pelo contrário, Bell e Morse

Fonte: Modificado de Wackernagel et al, 2000.

... o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a

possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias.

WCED- Relatório Bruntdland (1987)

...uma mudança nos padrões de consumo na direção de produtos ambientalmente mais

benignos, e uma mudança nos padrões de investimento no sentido de incrementar o capital

natural.

Pearce et al. (1989)

...o desenvolvimento que aumenta a qualidade da vida humana respeitando a capacidade

de carga dos ecossistemas que a suportam.

IUCN (1991)

...requer o compromisso com políticas econômicas e gerenciamento sólidos, uma

administração pública efetiva e previsível, a integração da preocupação ambiental na tomada de

decisões e progresso no sentido de governos democráticos, vistos à luz das condições

específicas de cada país, permitindo a participação de todas as partes interessadas.

ONU - Agenda 21 (1992)

...é um processo participatório que persegue e cria uma visão da comunidade que respeita

e faz uso prudente de todos os seus recursos – naturais, humanos, criados, sociais, culturais,

científicos, etc. A sustentabilidade procura assegurar, na medida do possível, que as gerações

atuais consigam um alto nível de segurança econômica e possam utilizar a democracia e a

participação popular no controle de suas comunidades, mantendo a integridade dos sistemas

ecológicos dos quais toda a vida e a produção dependem, e assumindo a responsabilidade

perante as futuras gerações de prover recursos, esperando que tenham sabedoria e inteligência

para usar o que fornecido de uma maneira apropriada.

Viederman (1994)

...atender às necessidades gêmeas de proteger o meio ambiente e diminuir a pobreza.

Friends of the Earth (1998)

Progresso social que reconhece as necessidades de todos, a proteção efetiva do meio

ambiente, o uso prudente de recursos naturais, a manutenção de níveis altos e estáveis de

crescimento econômico e emprego.

Governo do Reino Unido (1998)

...tratar a Terra como se pretendêssemos ficar.

Sir Crispin Tickell (1998)

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(1999) argumentam que, em uma visão bastante cínica, a flexibilidade resultante da

discussão foi exatamente o que permitiu que o conceito de sustentabilidade se

tornasse tão popular entre os governantes. Em uma visão menos cínica, podemos

considerar esta flexibilidade como uma vantagem em um mundo tão diverso. As

condições de vida no planeta são tão diversas, especialmente as da vida humana,

que uma única definição poderia ser pouco prática, ou até mesmo contraproducente.

Além disso, é de se esperar uma diversidade de definições durante a fase

emergente de qualquer idéia potencialmente importante e de utilidade geral, como é

o caso de sustentabilidade, afirmam Gladwin et al (1995). Os autores colocam

sustentabilidade no mesmo patamar de democracia, liberdade, igualdade ou

segurança, sob este aspecto.

Segundo Hockerts (2003), o termo sustentável aparece nas últimas três

décadas como guia principalmente a partir de três diferentes grupos: os ecologistas,

os teóricos da estratégia gerencial e os países em desenvolvimento. Cada grupo

gerou uma conceituação diferente, variando da conservação dos recursos vivos do

primeiro grupo à implicação de que crescimento e desenvolvimento econômico

podem ser compatíveis com proteção ambiental e sustentabilidade social,

encontrada nos teóricos dos outros dois.

O desenvolvimento sustentável tem sido concebido de várias formas, como

nos diversos autores citados por Gladwin et al. (1995): expressão de uma visão

(Lee, 1993), mudança de valores (Clark, 1989), desenvolvimento moral (Rolston,

1994), reorganização social (Gore, 1992) ou processo de transformação (Viederman,

1994), todos caminhando na direção de um futuro desejado ou um mundo melhor.

Mas a idéia central de desenvolvimento sustentável está presente de maneira mais

completa na definição da WCED, no Relatório Bruntdland, como “a capacidade de

suprirmos nossas necessidades no presente sem comprometer as necessidades das

futuras gerações”. Esta definição, a mais aceita hoje, contém dois conceitos-chave: o

conceito de necessidade, referindo-se particularmente às necessidades dos países

mais subdesenvolvidos, e a idéia de limitação, imposta pelo estado da tecnologia e

de organização social para atender às necessidades do presente e do futuro.

O conceito de desenvolvimento sustentável, apesar de apresentado em um

importante texto de Brown, em 1981, só veio a se tornar realmente importante a

partir do citado Relatório Bruntdland, que chamou a atenção mundial e convenceu

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muitos governos nos paises desenvolvidos a prestarem atenção, ainda que sem real

convicção, ao conceito.

Os dois trabalhos são considerados por Glasby (2002) como guias no

caminho da sustentabilidade, embora não ensinem como reconhecer uma sociedade

sustentável nem nos forneçam uma previsão de tempo para alcançarmos esta

condição. Além disso, os dois trabalhos não avaliam a real possibilidade de

sobrevivência da raça humana no planeta ao final da presente era inter-glacial

(Holoceno), ao final do presente Milênio ou mesmo ao final do século se não

alcançarmos um estado de sustentabilidade. O autor considera o Relatório

Bruntdland um documento político, não baseado em análise científica rigorosa.

Os principais objetivos das políticas ambientais e desenvolvimentistas que

derivam do conceito de desenvolvimento sustentável, segundo o Relatório

Bruntdland, são:

• Retomar o crescimento;

• Alterar a qualidade do desenvolvimento;

• Atender às necessidades essenciais de emprego, alimentação, energia, água

e saneamento;

• Manter um nível populacional sustentável;

• Conservar e melhorar a base de recursos;

• Reorientar a tecnologia e administrar o risco;

• Incluir o meio ambiente e a economia no processo de tomada de decisões.

(CMMAD, 1991)

Segundo Glasby (2002), estes objetivos têm uma série de inconsistências.

Por exemplo, o rápido crescimento econômico é considerado como essencial tanto

em países desenvolvidos como em desenvolvimento para que seja evitado o colapso

econômico, social e ambiental. Seria necessário um crescimento da economia de

cinco a dez vezes o que é hoje. A sugestão é que esse crescimento seja realizado

com menor intensidade de gasto energético e menos impacto. No entanto, não é

apresentado o balanço energético e de matéria necessários para viabilizar este

crescimento. Além disso, se propõe que a base de recursos seja conservada e

incrementada, embora todos os indicadores mostrem um movimento na direção

contrária. Por fim, se propõe uma estabilização da população mundial entre 8 e 14

bilhões de pessoas, rebaixando as taxas de fertilidade de modo a se manter a

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população no nível inferior do intervalo. No entanto, a lógica que permite

compatibilizar enormes aumentos na população mundial e na atividade econômica

com desenvolvimento sustentável não parece clara a partir dos pressupostos dos

autores do Relatório Bruntdland.

Outro documento importante na discussão do conceito de desenvolvimento

sustentável é a Agenda 21, emitida na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro. Ela constrói suas premissas a partir

da resolução 44/228 da Assembléia Geral das Nações unidas de 22 de dezembro de

1989 e do reconhecimento da necessidade de uma abordagem equilibrada das

questões relativas ao meio ambiente e ao desenvolvimento.

Dentro das definições da Agenda 21, entre os grupos de interesse mais

importantes para as questões por ela tratada está o setor empresarial, considerado

uma das forças impulsoras das inovações, aumentando a eficiência do mercado e

respondendo a desafios e oportunidades. Por esse motivo, os empresários

desempenham papel relevante na utilização mais eficiente dos recursos, redução

dos riscos e perigos, minimização dos resíduos, preservação da qualidade do meio

ambiente e inclusão social da mulher e de grupos geralmente excluídos do mercado

de trabalho.

Segundo a Agenda 21, a busca do desenvolvimento sustentável requer das

empresas uma postura de respeito às questões sociais e ambientais. Elas devem

buscar adotar tecnologias mais limpas no processo de fabricação e incorporar o

conceito de desenvolvimento sustentável desde a etapa inicial do projeto do produto.

Devem também selecionar fornecedores e clientes, utilizando critérios éticos e de

respeito aos conceitos preconizados por normas e diretrizes internacionais (Direitos

Humanos, Global Compact e outras).

Não pretendemos aqui identificar a maioria das definições que tratam do

desenvolvimento sustentável, que para alguns autores chegam a 160, segundo Van

Bellen (2002), mas apenas identificar os diversos entendimentos do que seja a

própria sustentabilidade. A diferença nas definições decorre das diferentes

abordagens do conceito, dependendo do campo ideológico ou da dimensão em que

cada ator se coloca.

São encontrados na literatura referenciais básicos que variam do

antropocentrismo e tecnocentrismo, em um extremo, ao ecocentrismo, no outro. O

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equilíbrio estaria no que Coral (2002) chama de sustencentrismo, um equilíbrio entre

os dois paradigmas anteriores.

Pearce (1999) identifica dois extremos ideológicos dentro do ambientalismo:

de um lado o tecnocentrismo e do outro o ecocentrismo. Dentro desta linha contínua

podem-se identificar diferentes graus de sustentabilidade. Em seu trabalho de 1998,

Pearce contrasta duas caracterizações de sustentabilidade: a primeira,

sustentabilidade forte (strong sustainability – SS), cujo ponto de partida são os

imperativos ecológicos, que ditam a maneira como é feita a análise econômica. A

segunda, sustentabilidade fraca (weak sustainability – WS), parte de hipóteses

econômicas e elas é que vão dar forma à maneira como as questões ecológicas e

ambientais serão tratadas. Van Bellen (2002), baseado em um trabalho anterior de

Pearce (1993), identifica quatro campos distintos: sustentabilidade muito fraca,

sustentabilidade fraca, sustentabilidade forte e sustentabilidade muito forte. No

quadro abaixo o autor mostra estas diferentes dimensões do ambientalismo.

Quadro 3 - Dimensões do ambientalismo Tecnocêntrico Ecocêntrico

Cornocupiana Adaptativa Comunalista Ecologia

profunda

Exploração de recursos, orientação pelo crescimento.

Conservacionismo de recursos, posição gerencial.

Preservacionismo de recursos

Preservacionismo profundo

Rotulo Ambiental

Economia anti-verde, livre mercado.

Economia verde, mercado verde conduzido por instrumentos de incentivos econômicos.

Economia verde profunda. Economia steady-state, regulação macro-ambiental.

Economia verde muito profunda, forte regulação para minimizar a tomada de recursos.

Tipo de economia

Objetivo econômico, maximização do crescimento econômico. Considera que o mercado livre em conjunção com o progresso técnico deve possibilitar a eliminação das restrições relativas aos limites e à escassez.

Modificação do crescimento econômico, norma do capital constante, alguma mudança de escala.

Crescimento econômico nulo, crescimento populacional nulo. Perspectiva sistêmica, saúde do todo (ecossistema), hipótese de Gaia e suas implicações.

Reduzida escala da economia e da população. Imperativa mudança de escala, interpretação literal de Gaia.

Estratégia de gestão

Direitos e interesses dos indivíduos contemporâneos, valor instrumental na natureza.

Equidade intra e inter-gerencial (pobres contemporâneos e gerações futuras), valor instrumental na natureza.

Interesse coletivo sobrepuja o interesse individual, valor primário dos ecossistemas e valor secundário para suas funções e serviços.

Bioética (direitos e interesses conferidos a todas as espécies), valor intrínseco da natureza.

Ética

Sustentabilidade Muito Fraca

Sustentabilidade Fraca

Sustentabilidade Forte Sustentabilidade Muito Forte

Grau de sustentabilidade

Fonte: Van Bellen (2002), modificado de Pearce (1993)

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Segundo Pearce (2000), na SS não é admitida possibilidade de substituição

entre os diferentes tipos de capital (econômico, social, natural) enquanto que na WS

a depleção de um tipo de capital pode ser compensada pelo crescimento de outro,

dentro de certos limites.

O Antropocentrismo coloca o homem como ponto central na relação homem-

natureza enquanto o Ecocentrismo observa esta relação como simétrica. Os autores

que postulam o Antropocentrismo acreditam que a sustentabilidade se refere à

manutenção do capital total disponível no planeta e que esta sustentabilidade pode

ser alcançada pela substituição de capital natural pelo capital gerado pela

capacidade humana. No outro extremo, o Ecocentrismo, os autores destacam a

importância do capital natural e da necessidade de conservá-lo não apenas pelo seu

valor financeiro, mas principalmente pelo seu valor substantivo. (VAN BELLEN,

2002)

Dentro da concepção de Antropocentrismo não existem limites para o

desenvolvimento, nem obrigação em minimizar o impacto ambiental causado pela

exploração dos recursos naturais para suprir a demanda crescente de consumo da

sociedade (CORAL, 2002). Esta posição aparece nas teorias econômicas, como a

neoclássica, como discutido por Daly e Cobb (1989), e fundamenta o

Tecnocentrismo, que dissocia a teoria organizacional do meio ambiente natural. Os

defensores deste postulado acreditam que a natureza se auto-regula e é forte o

suficiente para suportar a interferência humana, além de acreditarem que os danos

causados são reversíveis.

Já os defensores do Ecocentrismo defendem a idéia oposta, de que o homem

não ocupa um ligar privilegiado na natureza, e que a mesma não está ao seu dispor.

Esta posição aparece nos movimentos ecológicos e transcendentais, e na teoria

sistêmica da nova era (GLADWIN et al., 1995).

Gladwin, Kenelly e Krause (1995) apresentam uma terceira alternativa, o

Sustencentrismo (sustaincentrism). Este paradigma coloca o homem como parte da

biosfera, tanto em termos ecológicos quanto orgânicos, mas acima desta em termos

intelectuais, buscando um equilíbrio entre os dois paradigmas anteriores.

No quadro abaixo os autores comparam os três paradigmas.

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Quadro 4 - Paradigmas de Sustentabilidade

Pressupostos Tecnocentrismo Sustencentrismo Ecocentrismo

A - Ontológicos e Éticos 1. Metáfora do planeta Grande máquina Sistema de suporte da vida Mãe/teia da vida

2. Percepção do planeta Morta/passiva Moradia/ gerenciada Viva/sensível

3. Composição do sistema Atomística/partes Partes e todos Orgânico/todo

4. Estrutura do sistema Hierárquica Holárquica Heterárquica

5. Raça Humana e Natureza Dissociação Interdependência Associação

6. Papel da raça humana Dominação Gerenciamento Simples membro

7. Valor da natureza Antropocentrismo Inerentismo Intrinsicalismo

8. Base ética Antropocêntrico estreito Antropocêntrico amplo Planetária

9. Escala tempo/espaço Curto prazo/ perto Multi-escala Infinita

10. Lógica Egoísta-racional Visão/ network Holismo/ espiritualismo

B – Científicos e Tecnológicos 1. Resistência da natureza Resistente/robusta Variada/frágil Altamente vulnerável

2. Limites da capacidade de carga Sem limites Se aproximando do fim Já excedida

3. Tamanho da população Sem problemas Estabilização próxima Congelamento/ redução

4. Padrão de crescimento Exponencial Logística Hiperbólica

5. Severidade dos problemas Trivial Consequencial Catastrófico

6. Urgência para a solução Pequena/esperar Grande/décadas Extraordinária/já

7. Visão do risco Assumir o risco Precaução Aversão ao risco

8. Crença na tecnologia Otimismo Ceticismo Pessimismo

9. Caminho tecnológico Grande/ central Benigno/destacado Pequeno/descentralizado

10. Capital humano vs. natural Substituto integral Substituto parcial Complementares

C – Econômicos e Psicológicos 1. Objetivo primário Alocação eficiente Qualidade de vida Integridade ecológica

2. “A boa vida” Materialismo Pós-materialismo Anti-materialismo

3. Natureza humana Homo economicus Homo sapient Homo animalist

4. Estrutura econômica Mercado livre Economia verde Estado estável

5. Papel do crescimento Bom/necessário Misto/modificar Mau/eliminar

6. Mitigação da pobreza Respingo do crescimento Oportunidades iguais Redistribuição

7. Capital natural Explorar/converter Conservar/manter Aumentar/expandir

8. Taxa de desconto futuro Alta/normal Baixa/complementar Zero/ inapropriada

9. Troca Global Nacional Biorregional

10. Estrutura política Centralizada Delegado Descentralizada

Fonte: Gladwin, Kennelly e Krause, 1995

A partir de uma análise do quadro podemos inferir que o Sustencentrismo

busca integrar as diversas dimensões da sustentabilidade, propondo alterações do

modelo de desenvolvimento econômico, social e ambiental, dentro das dimensões

propostas pelo Relatório Bruntdland.

Também para Rutherford (1997) a questão deve ser examinada de todos os

pontos de vista possíveis, embora considere as áreas ambiental, econômica e social

como as principais no caso. No entanto, o autor reitera que não devemos restringir

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estas perspectivas e metodologias aos seus domínios, mas verificar os insights

resultantes da aplicação de cada uma ao sistema como um todo.

Para Dahl (1997) o conceito de sustentabilidade deve ser trabalhado como

uma questão de equilíbrio entre as diversas dimensões, em um sistema temporal,

embora a dimensão econômica tenha sido até agora a mais desenvolvida. Para o

autor o termo desenvolvimento sustentável é inerentemente um conceito carregado

de valores, e deve ser interpretado dentro do sistema de princípios, ética, e crenças

de uma sociedade.

Considerando a sustentabilidade como um processo dinâmico, Sachs (1993)

analisa o conceito a partir de diversas perspectivas: a econômica, a social, a

ambiental, a espacial e a cultural.

Na perspectiva da dimensão social, o autor expõe a necessidade de haver

mudanças nos paradigmas existentes para que se formem sociedades eqüitativas na

geração de oportunidades e na distribuição de renda e de bens, na busca de

qualidade de vida; na econômica, deve-se buscar a alocação e gerenciamento

eficiente dos recursos e de um fluxo continuo de investimentos púbicos e privados.

Na ambiental o autor cita várias alternativas como forma de promover uma ecologia

sustentada, entre elas a necessidade de aumentar a capacidade de recursos do

planeta, através da criatividade e uso de tecnologias adequadas. Alternativas

referidas pelo autor são: minimizar os danos ao meio ambiente; usá-lo de forma

consciente, diminuindo o emprego de recursos finitos em curto prazo, buscando

outras alternativas para substituí-lo, como por exemplo, com a reciclagem; estimular

para a diminuição do consumo das pessoas; criar meios mais eficazes para a

proteção do meio ambiente, etc.

Na perspectiva da dimensão espacial, Sachs (1993) propõe diversas

iniciativas para reduzir o adensamento populacional nas grandes cidades, frear a

destruição de ecossistemas frágeis, promover o manejo sustentável para a

agricultura e exploração de florestas, pelo incentivo à industrialização

descentralizada com nova geração de tecnologias limpas e pela preservação da

biodiversidade. Finalmente, na dimensão cultural propõe que a sustentabilidade seja

alcançada pelo desenvolvimento com base nas raízes endógenas dos processos de

modernização e dos sistemas de produção integrados, e em processos que

busquem mudanças sem colisão com a continuidade cultural e que se identifiquem

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com o conceito de eco-desenvolvimento na busca de respostas específicas para

regiões, ecossistemas e culturas.

Ampliando o conceito, Bossel (1999) afirma que a sustentabilidade em uma

sociedade humana deve abordar as dimensões material, ambiental, social,

ecológica, econômica, legal, cultural, política e psicológica e que dentro de uma

sociedade em evolução a meta de sustentabilidade se traduz em desenvolvimento

sustentável. O autor mostra os diferentes caminhos que uma sociedade pode tomar

em um gráfico com um eixo temporal versus um eixo com as dimensões citadas

acima, onde são colocadas as restrições ao desenvolvimento sustentável, algumas

negociáveis, outras fixas. O intervalo de desenvolvimento sustentável é reduzido por

estas restrições, permitindo apenas um conjunto potencial de opções que o autor

chamou de espaço de acessibilidade (accessibility space) dentro do qual ocorre o

desenvolvimento.

Figura 2 - Espaço acessível para o desenvolvimento

Fonte: Bossel, 1999

As restrições apresentadas na figura são:

• C1. As leis da natureza e as normas lógicas:

• C2. Ambiente físico

• C3. Fluxo solar e estoques de recursos materiais

• C4. Capacidade de carga

• C5. Atores sociais

população, economia, etc.

passado presente futuro tempo

Espaço acessível

rota A

rota B

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• C6. Organizações, cultura e tecnologia.

• C7. Papel da ética e dos valores

• C8. Papel do tempo

• C9. Papel da evolução – o desenvolvimento sustentável implica em mudança

constante, evolutiva, auto-organizativa e adaptativa. Por isso, o espectro de

respostas adaptativas deve ser o maior possível, com diversidade de

processos e funções. Embora não apareça no gráfico, o espectro disponível

desta diversidade pode se constituir em uma nona restrição.

Esta análise de Bossel vai dar origem a um modelo de avaliação e medição

de sustentabilidade que será analisado em outro item deste estudo.

A visão do Banco Mundial inclui três perspectivas: econômica, sócio-cultural e

ecológica. Sua estratégia de desenvolvimento sustentável tem ênfase nas

prioridades dos paises em desenvolvimento e define três objetivos:

1. Melhorar a qualidade de vida – saúde, meio de vida e vulnerabilidade;

2. Melhorar a qualidade do crescimento – apoiando modelos

institucionais, regulatórios e políticas para o gerenciamento de

desenvolvimento sustentável, públicos e privados;

3. Proteger a qualidade dos recursos naturais regionais e globais –

tratando a mudança climática, florestas, água e biodiversidade.

Outros autores discutem as dimensões da sustentabilidade, como Hardi e

Zdan (1997), Costanza (1995) e Daly (1989). A definição destas dimensões pode ser

relacionada ao conceito de sustentabilidade de cada autor, dentro dos paradigmas

apresentados no Quadro 4 (pág. 39). Além disso, pode ser também relacionada ao

posicionamento de cada ator, seja como parte das organizações governamentais,

produtivas ou sociais. Nesse sentido, as organizações produtivas têm sua própria

maneira de entender o desenvolvimento sustentável. A maioria dos Conselhos e

Institutos pesquisados que congregam estas organizações adotam o Triple bottom

line do Relatório Bruntdland como ponto de partida para desenvolverem seu

conceito de desenvolvimento sustentável.

Holliday et al. (2002), apresentam a posição do WBCSD, segundo a qual

pessoas com uma postura ética têm a responsabilidade de se preocupar com o bem

estar tanto da sua quanto das futuras gerações. O conselho se preocupa em como

ligar esta postura ética a uma boa prática nos negócios. A ligação é tentativamente

feita através do conceito de eco-eficiência, a minimização dos recursos utilizados

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conjugada à maximização da produção. Reconhecem, no entanto, que este conceito

não atende à totalidade das necessidades do desenvolvimento sustentável, uma vez

que não tem um lado social. O Conselho se baseia na definição do Relatório

Bruntdland para a formação do business case para a sustentabilidade, promovendo

a eco-eficiência, a inovação e a responsabilidade social. (WBCSD, 2002).

A IPIECA, em conjunto com a API (2002), apresenta sua concepção de

sustentabilidade em um diagrama, reproduzido na Figura 3, abaixo.

Figura 3 - Esquema de sustentabilidade IPIECA/API

Fonte: IPIECA / API, 2002

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Os teóricos da estratégia nos negócios acataram o conceito de

sustentabilidade enquanto fonte de vantagens competitivas, encontradas no

posicionamento no mercado (Porter, 1980) ou na composição e exploração dos

recursos internos de uma empresa (Barney, 1991). Além destes, vários outros

autores apontam o potencial do desenvolvimento sustentável para as empresas,

apresentando-o como muito mais que meros custos com controle ambiental e

atendimento às demandas da legislação ou de outros agentes envolvidos no negócio

(HOCKERTS, 2003). Como citado pelo WBCSD (2002), empresas não podem ser

gerenciadas com base em princípios filantrópicos. Elas devem ser capazes de

demonstrar que seu compromisso e sua contribuição para o desenvolvimento

sustentável fazem sentido em termos dos negócios.

As empresas estão hoje sofrendo pressões crescentes de diversas partes

interessadas1 com demandas nos campos social, político e ético. Como resposta,

várias teorias de gerenciamento estratégico para a sustentabilidade vêm sendo

desenvolvidas. Embora na maioria das vezes sejam baseadas no já citado triple

bottom line, trazem novas visões e modos de fazer negócio. Hart (1995) retrata o

gerenciamento estratégico para a sustentabilidade como uma progressão com três

estágios: estratégias de controle de poluição, estratégias de gerenciamento de

produto e, finalmente, estratégias de desenvolvimento sustentável. As últimas

englobam as duas primeiras e, além disso, promovem um movimento das empresas

em direção aos paises em desenvolvimento. Além de tirar proveito das obvias

vantagens econômicas deste movimento para os mercados que mais crescem no

mundo, estratégias de desenvolvimento sustentável devem permitir os investimentos

que estas nações precisam para melhorar sua educação, saúde, direitos civis e

oportunidades econômicas (HART, 1995; SHRIVASTAVA, 1995).

Stead (2000) desenvolve uma teoria estratégica que chama de eco-empresa.

Propõe a formação de uma sólida fundação ética sobre a qual deve ser feito o

gerenciamento estratégico para a sustentabilidade, envolvendo não apenas os

habitantes humanos da Terra, presentes e futuros, mas também a biosfera,

hidrosfera, atmosfera e geosfera. Em seu modelo o autor utiliza os três componentes

de formulação de estratégias de negócios de Freeman (1984): análise de valores,

1 Para efeito deste estudo, ampliamos a definição utilizada pela norma NBR - ISO 14001 para partes interessadas: “Indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo desempenho ambiental de uma organização”, incorporando o desempenho social e econômico da organização à mesma.

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análise de questões referentes à sociedade e análise das partes interessadas. Estes

autores concordam que a transparência é parte importante das estratégias de

sustentabilidade. Segundo Almeida (2002), Informar o tomador de decisão e

responder às demandas e expectativas das partes interessadas é essencial. Não

basta uma empresa se declarar eco-eficiente ou socialmente responsável. É preciso

provar que o são, através da adoção e medição de indicadores, reportados ao

público.

A partir da literatura examinada, verificamos que o caminho da

sustentabilidade envolve a sociedade como um todo, desde as organizações e

comunidades até os indivíduos. A mudança só é possível se todos estiverem

comprometidos. O desenvolvimento sustentável força a sociedade a pensar em

termos de longo prazo e reconhecer o seu lugar dentro da biosfera. A maneira como

se hoje processa a atividade humana é inadequada para preencher as necessidades

vigentes, ameaçando seriamente a perspectiva de vida das futuras gerações.

A resposta das instituições às mudanças globais pode ser descrita como, no

mínimo, relutante. As diferenças de conceituação de desenvolvimento sustentável e

de sustentabilidade são tão grandes que não existe um consenso sobre o que deve

ser sustentado e tampouco sobre o que o termo sustentar significa e,

conseqüentemente, sobre como medir a sustentabilidade.

No entanto, para a maioria dos autores anteriormente citados, sem uma

definição operacional minimamente aceita torna-se impossível traçar estratégias e

acompanhar o sentido e a direção do progresso. Segundo Van Bellen (2002), todas

as definições e ferramentas relacionadas à sustentabilidade devem considerar o fato

de que não se conhece totalmente como o sistema opera. Podem-se descobrir os

impactos ambientais e/ou sociais decorrentes de atividades, e a interação com o

bem-estar humano, com a economia e o meio ambiente como ponto de partida. Em

geral se sabe que o sistema interage entre as diferentes dimensões, mas não se

conhece especificamente o impacto destas interações.

No campo empresarial a sustentabilidade tem sido definida a partir do Triple

bottom line do Relatório Bruntdland, gerando uma visão também de longo prazo e

interação entre as diversas partes interessadas. Para fins deste estudo, utilizaremos

esta visão, traduzida na definição de Hockerts (2003): Uma empresa sustentável

atende às necessidades de todas as suas partes interessadas hoje, sem prejudicar

sua capacidade de atender às necessidades das partes interessadas futuras.

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A complexidade e dificuldade de definição do conceito de sustentabilidade

vão servir como forte motivação no desenvolvimento de novas visões e ferramentas

que auxiliem seu melhor entendimento, dentro do objetivo deste estudo.

2.3. INDICADORES: CONCEITOS E PRINCIPAIS ASPECTOS

O termo indicador vem do latim indicare, que pode ser traduzido como

descobrir, apontar, anunciar, estimar ou valorar. (HAMMOND et al., 1995)

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(Organization for Economic Cooperation and Development), OECD, entende um

indicador como um parâmetro, ou valor derivado de parâmetros, que fornece

informações sobre o estado de um fenômeno (OECD, 1993).

O indicador ajuda a compreender onde se está, qual o caminho a ser seguido

e a que distância se está da meta estabelecida. Um bom indicador ajuda a identificar

os problemas antes que se tornem insuperáveis e auxiliam na sua solução. Para que

um indicador seja efetivo é necessário que seja relevante, refletindo o sistema que

precisa ser conhecido, fácil de ser entendido, confiável e baseado em dados

acessíveis (HART, 2005).

O indicador pode ser considerado como uma variável do sistema estudado,

relacionada com outra variável que não pode ser diretamente estudada.

(CHEVALIER et al., apud VAN BELLEN, 2002, P; 29) As variáveis são uma

representação operacional de um atributo (qualidade, característica, propriedade) de

um sistema. Os indicadores são variáveis e os dados são as reais medições ou

observações. (GALLOPÍN, 1996).

Embora os indicadores sejam apresentados na maioria das vezes em forma

de estatísticas ou gráficos, eles são distintos dos dados primários. Segundo

Hammond (1995), os indicadores e índices mais agregados estão no topo de uma

pirâmide de informação cuja base são os dados primários derivados do

monitoramento e da análise das medidas e observações (Figura 4 - Pirâmide de

Informações).

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Figura 4 - Pirâmide de Informações

Uma variável, e, conseqüentemente, um indicador, é uma representação

abstrata de um atributo real, e quanto mais a variável se aproximar deste atributo ou

realidade mais significativa e relevante ela será dentro de um processo de tomada

de decisão.

Segundo Gallopín (1996) os indicadores mais importantes são os que

resumem ou simplificam as informações relevantes e tornam aparentes fenômenos

reais, possibilitando que se quantifiquem, se meçam e se comuniquem ações

relevantes. A característica mais importante de um indicador em relação a outras

fontes de informação é a sua relevância para a política e para o processo de tomada

de decisão Para ser representativo, um indicador tem que ser considerado

importante não só pelos tomadores de decisões, mas também pelos diversos

agentes relacionados ao processo.

2.3.1. Funções

Duas questões vêem à mente quando tocamos na questão dos objetivos dos

indicadores: quem vai utilizá-los e como.

INDICADORES

DADOS ANALISADOS

DADOS PRIMÁRIOS

INDICES

Fonte: Hammond et al., 1995.

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Se nos colocamos em um ambiente corporativo e empresarial, a resposta

envolve os agentes tomadores de decisão, a formulação de políticas, estratégias e

planos de trabalho.

Nesse contexto, o objetivo principal dos indicadores é permitir que os

tomadores de decisão possam verificar o status atual e a tendência de evolução dos

processos antes de formularem políticas e tomarem decisões.

Segundo Moldan (1997), os usos potenciais de indicadores de

desenvolvimento sustentável incluem alertar os tomadores de decisão sobre

questões prioritárias, guiar a formulação de políticas, simplificar e melhorar a

comunicação e promover um entendimento comum de tendências-chave, tendo

como objetivo se promover ações necessárias, nacional e corporativamente.

As principais funções dos indicadores, segundo Tunstall (Tunstall apud Van

Bellen, 2002) são:

• Avaliação de condições e tendências.

• Comparação entre lugares e situações.

• Avaliação de condições e tendências em relação às metas e aos objetivos.

• Prover informações de advertência.

• Antecipar futuras condições e tendências.

2.3.2. Características

A Comissão sobre Desenvolvimento Sustentável (Commision on Sustainable

Development), CSD, da ONU considera que um bom sistema de indicadores deve

ter a capacidade de refletir as condições e os problemas específicos de um país ou

região, além de ser compatível com o quadro internacional quando possível. Um

bom conjunto de indicadores deve ser pequeno, objetivo, pragmático e flexível, de

forma a poder ser adaptado às condições específicas de cada local. (UN – CSD,

2001)

Um indicador é um instrumento que aponta para um problema ou uma

condição. Sua função é mostrar se o progresso de um sistema em direção às suas

metas é positivo. Um indicador pode também ser utilizado como ferramenta de

avaliação, verificando se um projeto de desenvolvimento leva em consideração

aspectos de Desenvolvimento Sustentável.

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Os indicadores podem ser quantitativos ou qualitativos. A adoção de um ou

outro tipo depende principalmente do propósito do indicador, apesar de ser mais

freqüente a utilização de indicadores quantitativos. (Gallopín 1997).

Segundo Bell (2003), um indicador desejável deve ser, por exemplo:

• Específico (deve ser claramente relacionado com resultados);

• Mensurável (implicando que deve ser quantitativo);

• Utilizável (prático);

• Sensível (deve variar rapidamente com alterações de cenário);

• Disponível (a coleta de dados deve ser razoavelmente simples para sua

formação);

• Custo-efetivo (a coleta de dados não deve ser excessivamente onerosa).

A construção de indicadores a serem utilizados para a formulação de

políticas, sejam elas públicas ou corporativas, deve explicitar tanto sua métrica

quanto o modelo inerente a ela. Segundo Hammond (1995), os indicadores devem

ser definidos a partir de duas características:

• Indicadores quantificam informações de modo a tornar seu significado mais

facilmente reconhecido

• Indicadores simplificam informações sobre fenômenos complexos para

facilitar o processo de comunicação.

Outras características são consideradas pelo mesmo autor como importantes

para o sucesso de um indicador:

• Foco no usuário: Os indicadores devem ser úteis para o público a que se

destinam. Devem trazer informações relevantes para os tomadores de

decisão em um formato inteligível para eles. Ao mesmo tempo, devem refletir

as metas de uma sociedade.

• Pertinência para a política: Os indicadores devem ser pertinentes para a

política onde se inserem. Para indicadores nacionais isto significa não apenas

tecnicamente relevantes, mas também facilmente interpretáveis em termos de

tendências ambientais e metas das políticas nacionais.

• Agregação: Os indicadores podem ser formados por muitos componentes,

mas os índices finais devem ser em pequeno número, de forma a facilitar a

sua percepção. O grau de agregação depende de a quem e a que se

destinam.

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No entendimento de Meadows (1998) um indicador deve ser:

• Claro: em que direção é melhor ou pior, com unidades inteligíveis.

• Mobilizador;

• Relevante: na formação de uma política, para todos os agentes envolvidos;

• Factível: mensurável a um custo razoável;

• Suficiente em termos de quantidade de informação;

• Oportuno: compilável num prazo razoável;

• Apropriado quanto ao nível de agregação;

• Democrático tanto no input quanto no acesso aos resultados;

• Suplementar: deve medir o que as pessoas não conseguem medir sozinhas;

• Participativo: deve utilizar informação que pode ser obtida pelos indivíduos;

• Hierárquico;

• Físico: utilizar medidas físicas, não conceituais, sempre que possível;

• Direcional: deve fornecer a informação a tempo de possibilitar ação;

• Experimental: deve ser passível de alteração.

• Provocativo: deve levar à discussão, ao aprendizado e à mudança.

Um indicador de sustentabilidade pode ser entendido como uma ferramenta

quantitativa ou qualitativa que permite a análise de mudanças ao mesmo tempo em

que mede e comunica o avanço em direção ao uso e ao gerenciamento sustentável

dos recursos econômicos, sociais e ambientais.

Meadows (1998) distingue entre indicadores “objetivos” e “subjetivos”. A

autora considera os primeiros como indicadores passíveis de medição por

instrumentos externos ao indivíduo, como termômetros, réguas, etc. Podem ser

verificados por terceiros e expressos em números. Os últimos são medidos

internamente aos indivíduos, por meios que não são facilmente explicáveis, em

unidades que provavelmente não serão números. Indicadores objetivos são

basicamente quantitativos e indicadores subjetivos são geralmente qualitativos.

Os indicadores quantitativos são mais facilmente comunicados e validados

por terceiros, mas, apesar das dificuldades de definição e medição, os indicadores

qualitativos devem ser considerados importantes quando tratamos de um tema como

sustentabilidade.

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2.3.3. Limitações

A utilização de indicadores tem algumas limitações, discutidas por diversos

autores.

Meadows (1998) considera a seleção dos indicadores um ponto crítico para a

o comportamento de um sistema. Se um indicador é mal escolhido, medido com

imprecisão, no tempo errado, se contém “ruído” ou viés, as decisões derivadas de

sua análise não serão efetivas.

A autora apresenta alguns problemas centrais na escolha e utilização dos

indicadores. Um deles é a super-agregação, ou combinação de um número

excessivo de informações em um único índice, tornando a informação veiculada por

ele indecifrável. Cita o PIB como um exemplo clássico, agregando fluxos

econômicos referentes a mudanças positivas e negativas.

Outro problema é a mensuração do que é facilmente mensurável, ao invés do

que é importante, como a quantidade de dinheiro gasta por criança ao invés do que

foi efetivamente aprendido, ou a receita de um país ao invés da qualidade de vida. A

dependência de falsos modelos vem a seguir, levando a um entendimento ambíguo

da realidade. Como exemplo, cita o preço do petróleo, que indica não a abundância

de reservas, mas a capacidade instalada de extração. Pode também haver

falsificação deliberada dos índices que trazem notícias negativas, como os de

desemprego, através de alteração metodológica proposital. Há também a questão

relativa ao desvio da percepção pessoal, que fica obscurecida por aparentes

evidências numéricas, e a uma postura de confiança na avaliação das decisões a

partir de indicadores mal formulados ou baseados em modelos não confiáveis.

Os indicadores são incompletos, não refletindo toda a realidade, as sutilezas

e perversidades do sistema real.

2.4. SISTEMAS DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

Existem muitas ferramentas e metodologias projetadas para medir e

comunicar o progresso em direção ao Desenvolvimento Sustentável. As mais

comumente utilizadas são indicadores e índices, sendo os últimos um conjunto de

um ou mais indicadores, com diferentes graus de agregação.

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Segundo Meadows (1998) são necessários vários tipos de indicadores para

fornecer a informação necessária para atender aos diversos interesses da

sociedade. Alguns estão mais interessados na parte “desenvolvimento” e outros na

parte “sustentável” do termo desenvolvimento sustentável. Alguns estão

interessados em alertas para os níveis de escassez de alguns recursos naturais e

outros no bem-estar de uma determinada região ou nação. Assim, precisamos mais

de um sistema de informação que de um índice simples, um sistema sofisticado o

suficiente para gerar informações para os tomadores de decisão em diversos níveis,

com diversas intenções dentro do tema desenvolvimento sustentável.

O desenvolvimento sustentável envolve muitas questões e dimensões.

Segundo Gallopín (1997), para organizar os diferentes indicadores relevantes para

que ele ocorra é necessário algum tipo de sistema. Como citado no relatório da

UNEP com as conclusões da reunião em Ghent:

Sistemas de indicadores, organizando indicadores individuais ou conjuntos de indicadores de maneira coerente, têm muitos usos complementares. Eles podem guiar o processo geral de coleta de dados e informações. São ferramentas de comunicação úteis para os tomadores de decisão, resumindo informações chave derivadas de vários setores diferentes. Sugerem agrupamentos lógicos para conjuntos de informações relacionados, promovendo sua interpretação e integração. Eles podem ajudar a identificar questões importantes para as quais falta informação, identificando assim necessidades de coleta de dados. Por fim, sistemas de indicadores ajudam a distribuir a carga representada pelos relatórios, através da estruturação da coleta de informações e do processo de análise e montagem dos relatórios, atingindo as várias questões e áreas que fazem parte do desenvolvimento sustentável (UNEP-DPCSD, Ghent Report 1995, p6).

Diversos sistemas analíticos têm sido utilizados para identificar, desenvolver e

comunicar indicadores. Segundo Gallopín (1997), no caso específico de indicadores

ambientais vários deles têm sido propostos: o “sistema de meio” (ar, água, solo e

recursos vivos); o “sistema de metas”, usado para selecionar indicadores definidos

por parâmetros legais e administrativos; e o “sistema setorial”, que utiliza a

perspectiva de setores econômicos (transporte, indústria, agricultura, etc.) na análise

de indicadores.

Segundo Bartelmus (1994), alguns dos sistemas de indicadores mais

importantes atualmente em uso no setor de meio ambiente e desenvolvimento são.

• Sistemas de contabilidade integrada das dimensões ambiental e econômica

ou outro sistema nacional baseado em contas de controle de estoques e

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fluxos de recursos naturais e serviços ambientais, em geral expressos em

termos monetários.

• Sistemas estatísticos ambientais, como o das Nações Unidas, o United

Nations Framework for the Development of Environmental Statistics (FDES), o

qual lista variáveis estatísticas de uma forma sistemática sem, no entanto,

estabelecer uma relação funcional ou de contabilidade entre elas. Segundo o

autor, o FDES contém “tópicos estatísticos”, ou aspectos das questões

ambientais e sócio-econômicas passiveis de descrição e análise estatística.

• Nomenclaturas ad hoc ou listas de indicadores ambientais, montadas a partir

de uma seleção de “temas”, “questões” ou “subsistemas” de modelos.

• Modelos de políticas gerais ou convenções mais limitadas, que refletem a

questão a ser monitorada, mas não tem uma formatação apropriada para

coleta de dados, como a Agenda 21.

O sistema que ganhou maior proeminência internacional, especialmente no

setor empresarial é o de Pressure-State-Response (PSR), desenvolvido pela OECD

(1993).

Na década de 1980 as Nações Unidas definiram um modelo de estatística

ambiental que apresenta um sistema de indicadores ambientais e dados subjacentes

que os torna mais acessíveis e compreensíveis, o Stress-Response Framework.

Este modelo serviu de base para a maioria dos sistemas de indicadores recentes,

destacadamente o sistema de indicadores ambientais da OECD (1994), o modelo

Pressure-State-Response (PSR), e o sistema de indicadores de desenvolvimento

sustentável das Nações Unidas (1996), entre outros.

O modelo Pressure-State-Response (PSR), como apresentado pela OECD,

considera que as atividades humanas exercem pressão (P) sobre o meio ambiente e

afetam sua qualidade e a quantidade de recursos naturais, ou seja, o estado do

meio ambiente (S). A sociedade responde a estas alterações por meio de políticas

ambientais, econômicas e setoriais, além de mudanças na consciência e no

comportamento dos indivíduos (R), formando um elo de retro-alimentação com o

primeiro elemento (P). O modelo permite a conexão entre os aspectos ambientais,

econômicos e sociais (OECD, 2001).

Os indicadores de pressão ambiental descrevem os impactos das atividades

humanas no meio ambiente. Refletem tanto de impactos diretos quanto indiretos. Os

indicadores de condições ambientais estão relacionados à qualidade do meio

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ambiente e à qualidade e quantidade de recursos naturais, mostrando um panorama

da situação ambiental e seu desenvolvimento ao longo do tempo. Os indicadores de

resposta da sociedade mostram a extensão da resposta às questões ambientais.

Referem-se tanto a respostas individuais quanto coletivas.

O modelo é claramente baseado em um conceito de causalidade. A própria

OECD alerta para a tendência do sistema a sugerir relações lineares na interação

entre atividade humana e meio ambiente (GALLOPÍN, 1997).

Figura 5 - PSR

A ONU (1995) substituiu o conceito de Pressure (P) por Driving Forces (D),

numa tentativa de acomodar melhor a incorporação de indicadores sociais,

econômicos e institucionais, criando o modelo Driving Forces-State-Response

(DSR). O termo Driving force (D) representa um impacto no desenvolvimento

sustentável, que pode ser positivo ou negativo, diferente do que representa a

categoria Pressure (P) do modelo da OECD. Segundo Mortensen (1997), esse

aspecto é particularmente relevante quando encontramos Driving Forces que têm

impacto positivo no desenvolvimento sustentável pelo lado do desenvolvimento, mas

têm um impacto negativo pelo lado ambiental. O modelo DSR é utilizado também

PRESSÃO

DIRETA INDIRETA

ATIVIDADE HUMANA

• Energia • Transporte • Indústria • Agricultura • Outros

Produção, consumo e troca

MEIO AMBIENTE & RECURSOS NATURAIS

• Ar / Atmosfera • Água • Terra / Solo • Biodiversidade • Recursos naturais • Outros (Ex. saúde) Condição

AGENTES ECONOMICOS, AMBIENTAIS E SOCIAIS.

• Administração • Habitações • Negócios • Sub-nacionais • Nacionais • Internacionais

Poluentes e geração de resíduos

Uso de recursos

Informação

Resposta

Resposta da Sociedade – Intenções/Ações

Informação

Fonte: OECD Environmental Indicators: Towards Sustainable Development. 2001

ESTADO

RESPOSTA

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pelo Banco Mundial em seu trabalho com indicadores de sustentabilidade (Banco

Mundial, 1995).

O modelo DSR foi alterado em 1999 a partir de avaliações e questionamento

feitos por 22 países. As questões envolvendo a sustentabilidade foram então

divididas em temas e sub-temas, a partir dos quais foi proposto um conjunto de

indicadores essenciais a serem desenvolvidos por cada país de acordo com sua

especificidade. Essa estrutura do modelo demonstrou atender melhor ao propósito

de medir e avaliar a sustentabilidade no âmbito nacional, tendo sido mais tarde

também aplicada no campo empresarial.

Algumas organizações, como a UNEP, dividem a categoria State em duas,

introduzindo a categoria Impact (I), ou efeito, criando o modelo Pressure-State-

Impact-Response (PSIR). Os impactos são vistos como as conseqüências das

mudanças no estado do meio ambiente como, por exemplo, nos ecossistemas ou na

saúde humana. A United Nations Statistics Division (UNSD) trabalha com um

sistema parecido com o da UNEP, o Framework on Indicators of Sustainable

Development (FISD), Neste sistema a categoria S é dividida em impactos e efeitos

para as condições de contexto, inventários e estoques. Mortensen (1997) considera

esta divisão um complicador para o entendimento e utilização do sistema pelos

tomadores de decisões, embora possa melhorar o entendimento dos impactos da

alteração do estado do desenvolvimento sustentável.

Quando falamos em sistemas de indicadores temos também que tratar do

relacionamento entre indicadores, ou integração, em modelos. Rutherford (1997)

apresenta três tipos de abordagem de modelos:

• Modelos de correlação: Computam coeficientes de correlação entre as

variáveis em estudo. Resumidamente, estes modelos eliminam as variáveis

com grau de correlação abaixo ou acima de um patamar. Somente lidam com

correlação linear e, embora possam nos informar sobre as ligações entre um

enorme número de variáveis, como podemos encontrar em um sistema do

tipo PSR, não nos dizem a causa das correlações.

• Modelos de entrada e saída (input-output): Utilizados em economia para

análise de produção, relacionam os fatores de entrada com os de saída,

podendo lidar com vários processos interconectados. Podem trabalhar com

fluxos físicos ou monetários. São modelos lineares e totalmente

determinísticos. Embora possam trabalhar com grandes números de variáveis

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de diversos tipos, não conseguem analisar o processo de retro-alimentação

característico de sistemas reais, não lineares.

• Modelos de sistemas complexos: Baseados em equações que refletem as

relações conhecidas entre as variáveis Podem ser completamente não

lineares, permitir retro-alimentação, e demonstrar toda a gama de fenômenos

como estruturas auto-organizadoras, estados múltiplos quase estáveis

(attractors), mudanças bruscas de um estado a outro (flips), etc. Embora

imperfeitos, por ser quase impossível incluir todas as variáveis envolvidas na

sustentabilidade em um modelo, podem nos ajudar a entender o processo de

previsão. Nestes modelos há um elemento de imprevisibilidade associado a

pequenos erros nas condições iniciais (efeito borboleta) e à existência de

pontos de quase equilíbrio múltiplos (multiple attractors).

Bell (2003) apresenta uma outra abordagem, com a utilização de lógica difusa

(fuzzy). Segundo o autor, a utilização da lógica fuzzy permite criar uma conexão

entre as expectativas humanas e a natureza numérica dos indicadores. Pode ser

uma maneira de combinarmos informação quantitativa e qualitativa em

desenvolvimento sustentável.

Sistemas de indicadores podem ser vistos como modelos de funcionamento

do mundo. Modelos simples são úteis para questões simples e para monitoramento

de progresso em direção à sua solução. Segundo Rutherford (1997), sua utilidade é

limitada quando se trata da previsão de problemas ou do desenho de um futuro

sustentável. Para isso devemos trabalhar com o desenvolvimento de modelos

complexos.

A forma de entendimento da sustentabilidade determina o tipo de medição a

ser feita, e consequentemente os indicadores. Segundo Pearce (1999), a postura de

sustentabilidade forte (strong sustainability – SS) tende a ter indicadores com foco

ambiental, complementado por medições de sustentabilidade fraca, ao passo que a

postura de sustentabilidade fraca (weak sustainability – WS) tende a focalizar em

ativos em geral, sem nenhum destaque para o capital natural. Abordamos alguns

sistemas de indicadores mais conhecidos apresentados a partir das dimensões da

sustentabilidade onde têm seu ponto de partida, ou ponto focal.

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2.4.1. Dimensão Econômica

2.4.1.1. WBCSD/CEBDS

O World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) é uma

coalizão de 185 grupos multinacionais, que faturam anualmente US$ 6 trilhões e

geram 11 milhões de empregos diretos, unidas por um compromisso comum com o

desenvolvimento sustentável, através dos três pilares do crescimento econômico,

equilíbrio ecológico e progresso social. Seus membros pertencem aos 20 maiores

setores industriais e 35 paises.

O WBCSD conta com uma rede global de mais de 50 conselhos nacionais e

regionais, além de organizações parceiras, envolvendo aproximadamente 1.000

lideres empresariais que estão trabalhando para disseminar uma nova maneira de

fazer negócios ao redor do mundo. No Brasil o WBCSD é representado pelo

CEBDS, que conta com 50 associados os quais respondem por mais de 30% do PIB

nacional e atuam nas mais variadas atividades – capital financeiro, energia,

transporte, siderurgia, metalurgia, construção civil, bens de consumo em geral e

prestação de serviços.

Tem como objetivos e estratégia:

• Liderança nos negócios: representar de maneira pró-ativa a visão das

empresas em assuntos relacionados ao desenvolvimento sustentável.

• Desenvolvimento de políticas: participar no desenvolvimento de políticas de

desenvolvimento que possibilitem a criação de um modelo que contribua

efetivamente com o desenvolvimento sustentável.

• Melhores práticas: disseminar melhores práticas, demonstrando a

contribuição das empresas para o desenvolvimento sustentável,

especialmente gerenciamento de recursos e responsabilidade social

corporativa.

• Alcance global: contribuir para um futuro sustentável para as nações em

desenvolvimento ou em transição.

O WBCSD propõe indicadores para medir a Eco-eficiência das empresas e

serem utilizados em relatórios para comunicar às partes interessadas o progresso de

suas realizações econômicas e ambientais.

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Os indicadores de Eco-eficiência propostos pelo WBCSD são baseados em

princípios que visam assegurar a sua comprovação científica, relevância ambiental,

precisão e aplicabilidade para monitorar e avaliar a melhoria do desempenho dos

negócios, com medidas transparentes e verificáveis e, portanto, importantes para o

gerenciamento do negócio assim como para as partes interessadas externas

(WBSCD, 2003).

As empresas podem escolher medir o seu desempenho em relação a Eco-

eficiência por diversas razões: rastrear e monitorar o progresso do seu desempenho

econômico e ambiental, identificar e priorizar oportunidades para melhorias,

identificar redução de custos e outros benefícios relacionados com Eco-eficiência,

identificar e demonstrar limitações em certas áreas da empresa e atender a

expectativa de certas partes interessadas (Cardoso, 2004).

A matriz de indicadores proposta pelo WBCSD foi testada em 22 empresas de

mais de 10 setores industriais em 15 países. É flexível e permite identificar, medir e

reportar indicadores de Eco-eficiência. Para tanto propõe duas categorias de

indicadores:

a) Gerais, que podem, a princípio, ser utilizados em todo tipo de empresas,

refletem questões de interesse global ou para as empresas, e os métodos de medida

são estabelecidos e aceitos globalmente;

b) Específicos, selecionados para cada tipo de organização, refletem

questões de interesse local ou setorial.

Os indicadores dos dois grupos são baseados na fórmula da Eco-eficiência,

trazendo as duas dimensões, econômica e ecológica, para relatar o valor de

produtos e serviços que causam impactos ambientais.

O WBCSD propõe uma matriz contendo três níveis de organização para as

informações relativas à Eco-eficiência: categoria, aspecto e indicador. Esta matriz

utiliza a mesma terminologia da norma ISO 14031 e da matriz do GRI. O quadro

abaixo lista as três categorias identificadas pelo WBCSD e os principais aspectos

associados a cada uma delas, que descrevem o que deve ser medido pelo

indicador. Para cada aspecto podem ser atribuídos vários indicadores (WBSCD,

2003).

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Tabela 1 - Matriz de indicadores proposta pelo WBSCD

CATEGORIA ASPECTO INDICADOR

Valor do produto/serviço Massa ou volume, monetário, função.

Influência no meio ambiente da produção do produto/serviço

Consumo de energia, materiais e de recursos naturais; efluentes, emissões e resíduos sólidos; emissões durante o uso e disposição.

Influência no meio ambiente do produto/serviço

Característica do produto/serviço; resíduo de embalagem; consumo de energia; emissões durante o uso e disposição.

Apresenta uma lista geral e exemplos de indicadores setoriais para cada categoria.

Fonte: Cardoso, 2004

2.4.1.2. SEEA

A partir da demanda de diversas organizações ambientais, a Divisão

Estatística das Nações Unidas (United Nations Statistics Division - UNSD)

desenvolveu um sistema de contabilidade que incorpora a dimensão ambiental ao

tradicional Sistema de Contabilidade Nacional (System of National Accounts - SNA).

O sistema foi testado em estudos de caso no México, Papua Nova Guiné,

Tailândia, República da Coréia e Japão. De acordo com estes estudos, a

contabilidade ambiental não é só possível, mas pode também fornecer uma base de

informações valiosas para o desenvolvimento do planejamento e de políticas.

Projetos em outros países estão sendo realizados com assistência da UNSD, como

Colômbia, Indonésia e Filipinas.

O sistema proposto, System of integrated Environmental And Economic

Accounting (SEEA), incorpora a consideração dos custos da degradação dos

recursos naturais e as alterações na qualidade ambiental a indicadores de

crescimento tradicionais, como o PIB ou o Net Domestic Product (NDP), criando um

indicador ajustado ambientalmente, o Environmentally adjusted Domestic Product

(EDP).

O SEEA se propõe a cobrir as deficiências dos sistemas de contas nacionais

convencionais. Segundo Bartelmus (2002) os objetivos principais das diferentes

versões do SEEA são:

a) Segregação e elaboração dos fluxos e estoques relacionados ao meio

ambiente da contabilidade tradicional

b) Ligação das contas de recursos físicos com as contas ambientais monetárias

e balancetes.

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c) Levantamento dos custos e benefícios ambientais.

d) Contabilidade para a manutenção da riqueza tangível (capital natural).

e) Elaboração e medição de indicadores de produto e renda ajustados

ambientalmente.

As três versões do SEEA tratam a depreciação dos recursos naturais como

custo, introduzindo na contabilidade os conceitos de “valor de mercado imputado”,

“valoração da manutenção” e “valoração da contingência”, alternativamente. As duas

primeiras tornaram-se mais utilizadas na definição de indicadores, sendo a terceira,

baseada em valoração de contingências destinada mais ao campo da pesquisa.

A contabilidade integrada, segundo Bartelmus (2002), pode ser utilizada

especificamente para avaliar dois aspectos principais da política econômica:

a) A sustentabilidade do crescimento econômico e

b) A distorção estrutural da economia por padrões de produção e consumo

ambientalmente insustentáveis.

Os indicadores convencionais da renda ou produto nacional, tipicamente

utilizados na medição e análise do desempenho e do crescimento econômico, não

conseguem avaliar estes aspectos. A introdução do EDP ou indicadores agregados

similares pode ser vantajosa neste sentido. A substituição dos indicadores de

crescimento convencionais, especialmente o PIB e o NDP, pelo EDP e a expansão

do escopo das variáveis fundamentais como capital em modelos de crescimento

dinâmicos poderiam suprir avisos de alerta sobre as tendências e os limites de

crescimento econômico sustentável, mesmo levando-se em conta que uma análise

mais completa da sustentabilidade da produção e do crescimento deve considerar

também outros fatores de produção, ou seja, capital humano e social, bem como os

efeitos do progresso tecnológico, substituição de bens e serviços e desastres

naturais. (BARTELMUS, 2002).

2.4.1.3. IPIECA/API

A International Petroleum Industry Environmental Conservation Association

(IPIECA), fundada em 1974, em seguida ao estabelecimento do Programa Ambiental

das Nações Unidas (UNEP), congrega companhias de petróleo e gás de várias

partes do mundo. A IPIECA é um dos principais canais de comunicação entre a

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indústria do petróleo e as Nações Unidas. Ela representa as indústrias de petróleo e

gás em assuntos envolvendo o meio ambiente e questões sociais.

O American Petroleum Institute é a principal associação comercial dos

Estados Unidos no segmento de petróleo e gás.

Em um esforço conjunto, as duas entidades publicaram em 2005 um guia

para o Relatório Voluntário de Sustentabilidade da Indústria de Petróleo e Gás, com

a intenção de auxiliar as empresas do setor a medir e relatar seu desempenho

ambiental, social, econômico e na área de saúde e segurança.

O guia define uma proposta de indicadores diretamente ligados à indústria do

petróleo e gás, tanto internamente, em seu processo quanto externamente, na sua

relação com as partes interessadas do negócio. Os indicadores foram definidos a

partir do conceito de “triple bottom line”, utilizando as dimensões ambiental, social e

econômica. O conceito foi apresentado na Figura 3, no item 2.2.

Os indicadores de desempenho apresentados na publicação têm a intenção

de atender a companhias de petróleo e gás instaladas em qualquer lugar do mundo.

São organizados em duas categorias, essenciais e adicionais, diferenciando

indicadores que são comumente adotados transversalmente no setor dos que não

têm aplicação geral ou podem não estar suficientemente bem definidos para

utilização comum. A definição de “Essencial” e “Adicional” difere da do GRI, sendo

específica para o documento.

São tipicamente indicadores essenciais:

• Aqueles considerados relevantes para a quase totalidade das companhias do

setor;

• Os inerentes às atividades da indústria (por exemplo, upstream e

downstream);

• Os que são de interesse de um grande número de partes interessadas locais

e globais;

• Os ligados de forma geral a aspectos ou questões de significado global;

• Aqueles considerados suficientemente maduros em termos de uso

consistente e reprodutibilidade por todos envolvidos na indústria de petróleo e

gás.

Desta forma, os indicadores essenciais foram definidos de maneira a permitir

relatórios consistentes ou agregação global. Sua utilização agrega valor na medida

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em que promove relatórios de desempenho consistentes, encoraja a troca de

melhores praticas e permite às organizações e associações do setor a elaboração

de cenários do desempenho do setor.

Os indicadores adicionais podem ser também de grande importância para as

companhias, a mesma ou até maior que os essenciais em contextos específicos de

localização, atividade ou parte interessada.

São tipicamente indicadores adicionais:

• Aqueles considerados relevantes pela companhia ou suas partes

interessadas;

• Os associados com apenas uma das atividades da indústria;

• Os que refletem a legislação ou regulamentação local;

• Aqueles relacionados de maneira geral a questões de significado local ou

regional;

• Os em evolução ou em desenvolvimento.

É considerada pelas entidades importante a implantação tanto de indicadores

essenciais quanto adicionais, uma vez que informações de contexto local, dados

desagregados ou informações adicionais fornecidas pelas empresas em seus

relatórios de sustentabilidade vão trazer significado real ao mesmo.

Os indicadores deste conjunto podem ser definidos como quantitativos ou

qualitativos, de acordo com o processo ou questão que visa avaliar. Não

especificam grau de agregação das informações, deixando a cargo de cada

empresa essa definição, e sugerem indicadores absolutos, de volume ou valor

financeiro e relativos, ou seja, a quantidade absoluta em relação a alguma outra

medida, como produção ou entrada.

Os autores dividem os indicadores em quatro conjuntos, atendendo ao

conceito do “triple bottom line”, com os indicadores de desempenho ambiental, social

e econômico, e separam os de saúde e segurança relativos à força de trabalho e ao

produto. A justificativa apresentada para essa divisão é o reconhecimento do caráter

potencialmente perigoso dos processos e produtos da indústria (IPIECA/API, 2005).

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2.4.1.4. Banco Mundial

O Banco Mundial percebe o desenvolvimento ambientalmente sustentável sob

três perspectivas: econômica, sócio-cultural e ecológica. A entidade desenvolveu um

sistema fundamentado na idéia de que a sustentabilidade é medida por uma riqueza

per capita não decrescente.

Na publicação Monitoring Environmental Progress, de 1995 o Banco

apresenta uma série de indicadores que se propõem a ajudar a responder a uma

série de questões consideradas fundamentais:

• Perda de área de florestas;

• Perda de biodiversidade;

• Poluição do ar e da água;

• Eficiência no usos de recursos;

• Papel das taxas e subsídios;

• Aquecimento global;

• Recursos naturais enquanto ativos;

• Riqueza das nações;

• Empobrecimento.

O ponto de partida para a definição do modelo de indicadores do WB, o MEP,

foi o trabalho da OECD. Foram utilizados seus critérios, como relevância,

consistência e facilidade de medição para a criação de um conjunto de indicadores

dentro do modelo DSR, apresentado no item 2.4.3.2. Na publicação citada o Banco

monta uma matriz com indicadores nas quatro dimensões do modelo, ambiental,

social, econômica e institucional, ligadas aos quesitos da agenda 21, de forma a ter

ferramentas para avaliação das questões apontadas acima. São agrupados de

forma hierárquica, por questão, ao longo de uma linha temporal, de curto, médio e

longo prazo.

Na proposta do WB os indicadores sócio-econômicos são inseridos no

modelo da OECD para o meio ambiente, ao invés de se tentar inserir os de meio

ambiente a matrizes sócio-econômicas, como é feito pelo SEEA no SNA.

O MEP amplia o conceito de contabilidade ambiental incorporando ao balanço

os recursos humanos (investimentos em educação, treinamento, saúde) e infra-

estrutura social (associações). Apesar de suas limitações (dificuldade de avaliação e

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confiabilidade de dados), este sistema traz algumas importantes informações aos

tomadores de decisão. A produção de bens, vista como principal determinante de

riqueza em vários países, expressa efetivamente apenas um quinto da riqueza real

na maioria dos países, pobres ou ricos. A análise de riqueza considera que o mix de

bens possa mudar com o tempo, embora algumas fronteiras críticas devam ser

respeitadas dentro de cada categoria e separadamente.

Este mix é influenciado pelo fluxo de receitas, produção e despesas. O MEP

enfatiza que o meio para se criar riqueza é o fluxo de poupança verdadeiro,

calculado a partir do resultado da produção ou receita menos o consumo, a

depreciação dos bens de manufatura e a redução de recursos naturais (VAN

BELLEN, 2002).

Na segunda edição do MEP as medidas foram refinadas tendo como base o

conceito de riqueza como a soma de quatro componentes ou quatro tipos de capital:

produzido, natural, humano e social.

2.4.1.5. Balaton Group/Meadows/ Triangulo De Daly

Situa a economia humana dentro de uma hierarquia, começando com uma

fundação de recursos naturais e tendo no topo os propósitos finais. A hierarquia é

representada por um triangulo construído com meios e fins para as atividades e

interações humanas.

Na base do triangulo estão os Meios Finais, definidos como meios que

suportam toda a vida e as transações econômicas, ou seja, o Capital Natural. Acima

destes, estão colocados os Meios Intermediários, ferramentas, máquinas, trabalho e

energia. É o Capital Humano e Construído. São os meios que definem a capacidade

produtiva ou os inputs da economia. Em seguida temos os Fins Intermediários, bens,

serviços e condições de vida necessárias e desejáveis para a sobrevivência, mas

não especificamente para o bem estar humano. São os outputs da economia, o

Capital Social. No topo da pirâmide estão os Fins Derradeiros, condições desejáveis

por si próprias, que traduzem o bem-estar. Daly chamou estes fins de “summum

bonum”, no singular.

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Figura 6 - Triangulo de Daly

Dentro deste modelo, os indicadores de sustentabilidade são derivados de

cada nível da pirâmide, além de refletirem as conexões entre um nível e outro. As

três medidas agregadas básicas de desenvolvimento sustentável são: as

suficiências com as quais os Fins Derradeiros são entendidos por todos, a eficiência

com a qual os Meios Finais são traduzidos em Fins Derradeiros, e a sustentabilidade

do uso dos Meios Finais.

Os indicadores de sustentabilidade do uso do Capital Natural mostram a

direção e taxa de alteração de recursos e sumidouros. Podem ser expressos como a

razão entre taxa de uso e taxa de recomposição, com 1,0 sendo o ponto de

sustentabilidade, ou o tempo de esgotamento dos recursos ou sumidouros. O Capital

Natural deve ser monitorado em um nível geográfico adequado. Para o Capital

Construído, os indicadores são montados em termos de capacidade de produção e

necessidade de insumos. Neste caso, a sustentabilidade significa investir na mesma

velocidade da depreciação do capital ou capacidade produtiva. Numa análise

MEIOS INTERMEDIÁRIOS Trabalho, ferramentas, fábricas, matéria prima processada

Capital construído & humano:

MEIOS FINAIS Capital natural: Energia solar, biosfera, elementos da terra, ciclos bio-geo-físicos

FINS INTERMEDIÁRIOS Saúde, riqueza, lazer,

mobilidade, conhecimento, comunicação, bens de consumo

Capital humano & social:

FINS DERRADEIROS

Bem-estar: Felicidade Harmonia, identidade, respeito próprio, realização própria, comunidade, transcendência, iluminação

Fonte: Meadows, 1998

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vertical, significa manter as necessidades de insumos do Capital Construído

compatíveis com a capacidade de retirada e absorção do Capital Natural e manter

as necessidades de mão de obra a gestão apropriadas para a sustentabilidade do

uso do Capital Humano. O modelo propõe indicadores para o Capital Humano

baseados em tempo despendido para as diversas atividades humanas, indexado por

gênero, idade e grupo de renda ou classe social.

Os indicadores mais difíceis de definir neste modelo são para o Capital Social.

São qualitativos e, algumas vezes, intangíveis. São sugeridos indicadores que

medem a depreciação ou o mau funcionamento de algum aspecto, como

criminalidade. O fluxo de informação é fundamental quando tratamos deste tipo de

Capital, tanto quantitativo quanto qualitativo. Devem ser medidos não só os

estoques e fluxos de megabytes, mas também estabelecida a diferença entre dado,

informação, conhecimento e sabedoria. Devem ser também medidas a densidade e

intensidade das relações humanas. E o mais complicado de todos, indicadores para

medir o poder. O Capital Humano pode ser um fator transformador fundamental no

processo de transformação de Meios Finais em Fins Derradeiros.

O modelo considera os indicadores de Bem-Estar, no topo da pirâmide, os

mais importantes de todos, sem os quais os outros não fazem sentido. São ainda

mais intangíveis que os citados no parágrafo anterior, não são numéricos ou

precisos, mas considerados fundamentais e passíveis de identificação e utilização.

Propõe medir não as necessidades humanas, como identidade, liberdade, afeição,

etc., mas os mecanismos de satisfação destas necessidades, que variam de cultura

para cultura.

Uma contabilidade integrada dos estoques e fluxos de todos os níveis da

pirâmide pode fornecer a base de informação para a produção dos indicadores de

sustentabilidade.

2.4.1.6. ISEW – GPI

Em 1995, Cobb, Halstead e Rowe desenvolveram um índice, o Genuine

Progress Indicator (GPI) que tem a intenção de medir a realidade econômica

ajustando-a de forma a refletir a evolução da qualidade de vida econômica ao longo

do tempo. Este índice é uma modificação do Index of Sustainable Economic Welfare

(ISEW), do mesmo Cobb.

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O GPI utiliza os mesmos dados de consumo per capita nacionais que o PIB,

ajustados para refletir a distribuição de renda, como sua base, adicionando e

retirando categorias de gastos considerados importantes para o crescimento ou

retração do bem estar de uma nação. São incluídos:

• O valor do tempo gasto no trabalho caseiro, cuidado com as crianças, e

trabalho voluntário;

• O valor de bens de consumo duráveis;

• O valor gasto na manutenção de estradas e ruas.

São retirados:

• Despesas com custo social;

• Despesas defensivas, definidas como o gasto com a manutenção do nível de

qualidade de vida;

• Depreciação do capital natural e danos de longo prazo aos recursos naturais.

O resultado final do cálculo após estes ajustes é substancialmente diferente

do PIB, como podemos verificar no gráfico preparado por Cobb e Venetoulis (2004):

Figura 7 - PIB x IPG

Fonte: COBB, Cliff e VENETOULIS, Jason. (2004)

Bartelmus (2002) discute o sistema de indicadores, considerando

problemática a seleção, mensuração e valoração de danos x benefícios, e a

controversa dedução de despesas defensivas, notadamente as destinadas à

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proteção ambiental. É discutível até que ponto tais despesas realmente aumentam o

bem estar. Além disso, ele avalia que a utilização de indicadores como consumo,

poupança e investimento, é inconsistente com a definição de contas nacionais,

tornando o índice de difícil interpretação.

2.4.1.7. O Dashboard of Sustainability

O Dashboard of Sustainability é uma ferramenta eletrônica on line que pode

ser utilizada por especialistas, pela mídia, por tomadores de decisão e pelo público

em geral.

Ele utiliza a imagem de um painel de instrumentos, apresentando quatro

mostradores que representam a performance econômica, ambiental, social e

institucional.

Conceitualmente, o Dashboard of Sustainability é um índice agregado de

vários indicadores dentro de cada um dos mostradores citados anteriormente; a

partir do cálculo destes índices deve-se obter o resultado final de cada mostrador.

Uma função adicional calcula a média destes mostradores para que se possa chegar

a um índice de sustentabilidade global ou Sustainable Development Index, SDI. Se o

objetivo é avaliar o processo decisório, um índice de performance política, Policy

Performance Index, PPI, é calculado.

Cada mostrador é um agregado de vários indicadores (taxa de emprego,

cobertura florestal e nível de alfabetização, por exemplo). A cor do indicador indica o

desempenho: tons de verde indicam as condições mais positivas ou sustentáveis;

amarelo é neutro; vermelho é uma advertência urgente de insustentabilidade em

uma determinada área. O efeito produzido é o de um painel de fácil interpretação da

evolução do desenvolvimento sustentável de um país e sua compararação com

outros países.

Abaixo, um exemplo de Dashboard of Sustainability para três países.

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Figura 8 - Dashboard of Sustainability

Fonte: Site IISD, 2005

O banco de dados inicial do dashboard foi o sistema de indicadores

essenciais da ONU/CSD, incluindo 60 indicadores de 230 países. Os dados são

compilados a partir de bancos de dados internacionais, como o banco de dados

interno do Banco Mundial, o SIMA, o World Bank’s World Development Indicators; os

relatórios do World Report, o conjunto de dados da divisão de estatística da ONU;

banco de dados da OECD; conjuntos de dados organizações específicas da ONU,

como WHO, FAO, IAEA, etc. Os dados foram validados através de ferramentas

estatísticas e por três países que testaram os indicadores da ONU/CSD ( Finlândia,

Filipinas e África do Sul).

A ferramenta conta com diversos modos de apresentação e funções de

internet, permitindo a visualização dos dados em diversos formatos, análises,

mapas, imagens e outros recursos.

O Dashboard of Sustainability foi construído a partir de uma visão holística

com uma abordagem relacionada à teoria dos sistemas, onde são considerados não

só, o sistema humano e o circundante ecossistema, mas a economia e as

instituições sociais entendidas como sistemas separados.

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A importância da ferramenta, como estratégia efetiva de comunicação, é

destacada pelos seus autores. Uma vez que a metodologia é de fácil aplicação e

entendimento, ela pode se transformar numa ferramenta para avaliação de

diferentes alternativas de desenvolvimento. Uma das principais vantagens desta

ferramenta, segundo seus autores, é a possibilidade e a necessidade de pensar o

sistema como um todo. Um ponto realmente positivo é o fato de a ferramenta

apresentar visualmente os valores subjacentes da avaliação. Isto decorre da

possibilidade de se observar individualmente a performance de cada um dos

indicadores de um determinado mostrador, que são representados pelas cunhas do

painel, ao mesmo tempo em que os anéis internos revelam medidas agregadas que

fornecem uma visão mais geral da dimensão.

Trata-se de uma ferramenta fundamental de comunicação, que pode servir

como importante guia para os tomadores de decisão e para o público em geral. O

sistema emprega meios visuais de apresentação para mostrar as dimensões

primárias da sustentabilidade, fornecendo informações quantitativas e qualitativas

sobre o progresso em direção à sustentabilidade. O sistema permite a apresentação

de relações complexas num formato altamente comunicativo, as informações são

“palatáveis” tanto para os especialistas de uma área, que só têm que lidar com a

interação dos índices, como para o público mais leigo. Este público pode ter uma

avaliação rápida através do sistema dos pontos fortes e fracos de seu

desenvolvimento (VAN BELLEN, 2002)

O Dashboard of Sustainability é reconhecido oficialmente pelas Nações

Unidas, pelo Eurostat (the Statistical Office of the European Communities), que vai

utilizá-lo internamente para os Indicadores Estruturais da Comissão Européia, ou

seja, o sistema de indicadores que será utilizado para a política interna da União

Européia e pelos Governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.

2.4.1.8. O Barometer of Sustainability

O Barometer of Sustainability é uma ferramenta para medir e comunicar o

bem-estar e progresso de uma sociedade em direção à sustentabilidade. Fornece

um modo sistemático de organizar e combinar indicadores de forma que seus

usuários podem esboçar conclusões sobre as condições das pessoas e do

ecossistema e os efeitos das interações de pessoas-ecossistema. Apresenta essas

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conclusões visualmente, permitindo um panorama do bem-estar humano e do

ecossistema (PRESCOTT-ALLEN, 1997).

O Barometer of Sustainability é uma ferramenta para a combinação de

indicadores e mostra seus resultados por meio de índices. Estes índices são

apresentados através de uma representação gráfica, procurando facilitar a

compreensão e dar um quadro geral do estado do meio ambiente e da sociedade.

Esta representação pode apresentar a dimensão principal de cada índice para

realçar aspectos de performance que mereçam mais atenção, sendo adequada

também para comparações entre diferentes avaliações.

O autor da ferramenta afirma que o Barometer of Sustainability é a única

escala de performance projetada para medir o estado do meio ambiente e da

sociedade juntos, sem privilegiar nenhum dos eixos e, segundo ele, existem três

elementos que são considerados fundamentais dentro do sistema (PRESCOTT-

ALLEN, 2001, 1999):

1. Igualdade de tratamento entre as pessoas e os ecossistemas: a ferramenta

de avaliação possui dois eixos que englobam estes dois aspectos e estes eixos

asseguram que um aumento da qualidade ambiental não mascare um declínio do

bem-estar da sociedade ou vice-versa. Reflete-se, desta maneira, a preocupação

conjunta com o bem-estar do meio ambiente e com a sociedade em geral, evitando-

se distorções e aumentando a transparência na apresentação dos resultados. A

interseção entre estes dois pontos fornece uma medida do grau de sustentabilidade

da comunidade estudada. Um baixo escore dentro de um eixo impede um alto

escore na escala geral da sustentabilidade.

2. Escala de cinco setores: a escala é dividida em cinco setores. Os usuários

podem controlar a escala pela definição dos pontos extremos de cada setor. Esta

característica fornece aos usuários um grau de flexibilidade na medida em que, em

outras escalas, quase sempre somente o ponto final é definido. Definir os setores

dentro da escala envolve uma série de julgamentos, que se iniciam com a definição

do que seja desenvolvimento sustentável, qualidade ambiental, qualidade humana e

prosseguem em relação às questões e indicadores selecionados. Este processo de

julgamento de valores não é exclusivo do Barometer of Sustainability pois está

presente em todo o processo de avaliação e de tomada de decisão.

3. Facilidade de utilização: a conversão dos resultados dos indicadores em

resultados dentro da escala envolve cálculos simples. Formulações matemáticas

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complexas, acessíveis apenas a pessoal treinado em estatística, são

propositalmente evitadas no sistema (VAN BELLEN, 2002).

O Barometer pode ser usado tanto a nível local quanto a nível global.. A única

diferença de método entre um nível e outro está em quem escolhe e interpreta os

indicadores e como os dados são coletados. Uma função adicional do Barometer é

que ele serve como uma ferramenta de comunicação.

Segundo Van Bellen (2002),para calcular ou medir o progresso em direção à

sustentabilidade devem ser calculados os valores para os índices de bem-estar

social e da ecosfera, bem como os dos subíndices, caso existam. O índice de bem-

estar do ecossistema identifica tendências da função ecológica no tempo. É uma

função da água, terra, ar, biodiversidade e utilização dos recursos. O índice de bem-

estar humano representa o nível geral de bem-estar da sociedade e é uma função

do bem estar individual, saúde, educação, desemprego, pobreza, rendimentos,

crime, bem como negócios e atividades humanas. Bossel afirma que o objetivo da

ferramenta é avaliar conjuntamente o que são, segundo ele, os principais

componentes da sustentabilidade. Trata-se de um gráfico bidimensional onde os

estados do bem-estar humano e do ecossistema são colocados em escalas

relativas, que vão de 0 a 100, indicando uma situação de ruim até boa em relação à

sustentabilidade. A localização do ponto definido por estes dois eixos, dentro do

gráfico bidimensional, fornece uma medida de sustentabilidade ou insustentabilidade

do sistema. A representação gráfica desta ferramenta pode ser visualizada a seguir.

Figura 9 - Barometer of Sustainability

Fonte: Prescott-Allen, 2001

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2.4.1.9. O Dow Jones Sustainability Index

O Índice Dow Jones de Sustentabilidade, Dow Jones sustainability Index

(DJSI) foi criado em 1999 como o primeiro índice global para rastreamento do

desempenho das companhias líderes em relação ao desenvolvimento sustentável. É

uma iniciativa conjunta do Dow Jones Indexes, organização responsável pela

apuração dos índices da Bolsa de Valores de Nova York e o SAM - Sustainability

Group, uma empresa suíça de gerenciamento de ativos, investimento privado e

serviços de pesquisa para investidores, baseado no enfoque de agregação valor

através da sustentabilidade (DJSI, 2000, p. 4-8).

Fazem parte do DJSI as duas a três companhias mais sustentáveis de cada

uma das 68 categorias industriais usadas pela família de índices Dow Jones. São

227 companhias em um total de 22 países. A seleção das empresas é feita a partir

das 2000 companhias constantes do Índice Global com a maior capitalização de

mercado. Estas são então pontuadas com base na sustentabilidade das atividades

específicas da empresa bem como da do setor como um todo.

A classificação das empresas é feita a partir de dez quesitos de

desenvolvimento sustentável:

• Transparência;

• Distribuição da riqueza;

• Qualidade de vida;

• Consciência de risco ambiental;

• Uso de recursos

• Aquecimento global;

• Valoração de recursos naturais;

• Ritmo da tecnologia e inovação;

• Aprendizado corporativo;

• Capital intelectual.

A posição da companhia quanto a tecnologias que são ao mesmo tempo

sustentáveis e atrativas do ponto de vista do mercado é também avaliada.

O processo de avaliação resulta em uma lista de qualificação da qual são

selecionadas as empresas com melhor desempenho em termos de criação de valor

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para os investidores para integrarem a lista de investimento. A metodologia de

seleção é auditada pela PriceWaterhouseCoopers.

Cerca de 20% do total de capitalização do Índice Global Dow Jones – Dow

Jones Global Index (DJGI) são cobertos pelas empresas do DJSI.

A metodologia adotada pelo Dow Jones para a definição do seu índice de

sustentabilidade é da SAM Research. Essa metodologia está também baseada na

tríplice dimensão do desenvolvimento sustentável (econômica, ambiental e social). O

processo de inclusão de empresas ao índice ocorre anualmente e as empresas

candidatas devem preencher um questionário geral e um específico. O questionário

geral é aplicado a todos os tipos de empresas e corresponde a 60% da nota obtida,

enquanto o questionário específico trata de questões particulares do setor em que a

empresa opera e contribui com os 40% restantes da nota. A seguir serão detalhados

os indicadores propostos para cada dimensão nos questionários geral e específico

aplicado ao setor de petróleo. Ao todo, nos questionários referentes a 2004, foram

apresentados 71 indicadores gerais e 65 específicos. Eles podem variar anualmente,

mas não de modo significativo, isto é, os critérios principais de avaliação

permanecem anualmente.

Os quadros Quadro 5Quadro 6, abaixo, preparados pela equipe LIMA-COPPE

para a Petrobras Distribuidora (2005) relacionam os aspectos e exemplos de

indicadores considerados nos questionários de 2004. Cada aspecto é seguido pelas

letras G (questionário geral) ou E (questionário específico), mostrando se estes são

abordados, respectivamente, no questionário geral ou específico do setor de

petróleo e gás.

Na dimensão econômica são abordados aspectos como governança

corporativa, relação com os investidores e planejamento estratégico. O questionário

é composto por questões de múltipla escolha e as informações devem ser

comprovadas com o envio de documentos que demonstrem a alternativa

selecionada.

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Quadro 5 - Dimensão Econômica do DJSI Aspectos Exemplos de indicadores considerados

Governança Corporativa (G)

Número de membros no conselho de diretores Proporção entre homens e mulheres no conselho Transparência na divulgação de salários dos diretores Outros

Relação com o Investidor (G)

Funcionário responsável pelo relacionamento com os investidores Realização regular de pesquisas para avaliar a percepção dos investidores Conta em que as ações dos funcionários são debitadas

Planejamento Estratégico (G)

Classificação de diversas atividades da empresa (estrategicamente importante, importante ou não relevante) para o planejamento

Ferramentas para realização do planejamento

Scorecards – Sistemas de Mensuração (G)

Principal função ou objetivo da implantação dos sistemas de Scorecard na empresa

Quais as visões integradas pelo sistema (econômico, clientes, pessoas, governança e outros)

Gestão de Crises e Risco (G)

Funcionário responsável pelo gerenciamento Descrição do processo Outras informações relevantes

Código de Conduta, Cumprimento da Lei e Corrupção (G)

Questões abordadas no código de ética e conduta Mecanismos que garantem a implantação do código na empresa Aspectos abordados pela política anti-corrupção Divulgação das brechas na política anti-corrupção

Relacionamento com o Cliente (G)

Mecanismos de gestão do relacionamento com o cliente (CRM, internet, outros)

Avaliação da satisfação do consumidor Outras informações relevantes

Exploração e Produção (E)

Índice de reservas provadas (Reserve Life Index) Taxa de recolocação orgânica de reserva Média do custo de procura de novas reservas Estratégias de minimização dos impactos ambientais da prospecção Quantidade de CO2 emitida (em kg) por toneladas de petróleo e gás

produzido

Gás (E)

Percentual de reservas de gás em relação ao total de reservas Índice de reservas provadas (Reserve Life Index) Índice de produção de gás natural em relação a produção de petróleo e gás Histórico de produção de gás Percentual do mercado de gás natural no mundo que a empresa possui

Gerenciamento da Marca (E)

Valoração da marca e/ou de um produto específico da empresa Executivo sênior responsável pela gestão da marca Estratégias de gestão da marca Métricas utilizadas pela empresa para relacionar o desempenho da marca

com o impacto no negócio Estudos para relacionar o desempenho da marca com o impacto no negócio

Fonte: Equipe LIMA-COPPE, Dow Jones, 2004.

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Na dimensão ambiental a empresa responde a questões relacionadas ao total

de suas emissões e outros impactos do setor de petróleo, consumo de água e de

energia,gestão e estratégias ambientais.

Quadro 6 - Dimensão Ambiental do DJSI Aspectos Exemplos de indicadores considerados

Gestão / Política Ambiental (G)

Adoção de política ambiental Quantificação de metas ambientais Formas de auditoria / certificação do sistema de gestão ambiental adotado

Eco-eficiência (G)

Total emitido de Gases de Efeito Estufa Total gasto de água Total consumido de energia Total de resíduos gerados

Vazamentos para o Meio Ambiente (E)

Histórico de vazamentos de petróleo (acidentes, sabotagem, outros) Histórico de vazamentos de metano (acidentes, sabotagem, outros)

Refino / Combustíveis mais limpos (E)

Percentual do mercado da empresa em relação ao refino Capacidade de refino de combustíveis mais limpos (menos de 10 ppm de

enxofre) Volume de vendas de combustível sem enxofre (menos de 10ppm) e com

baixo teor de enxofre (menos de 15ppm) em relação ao total Venda de biocombustíveis e total de combustíveis vendidos (incluindo os

biocombustíveis)

Energias Renováveis (E)

Capacidade de produção de energia eólica, solar, geotérmica, biomassa, das ondas e outras

Percentual de instalações, por tipo de energia, capaz de produzir acima de 200MW, 100MW, 1MW e 0,5MW

Histórico de lucro, por tipo de energia Estimativa para produção futura de energias renováveis

Biodiversidade (E)

Existência de política específica para tratar de questões relacionadas à biodiversidade

Existência de acompanhamento dos impactos de instalações em operação sobre a biodiversidade

Como a empresa avalia os impactos de futuros projetos sobre a biodiversidade

Adoção de princípios internacionais Existência de políticas de recuperação de áreas degradadas Percentual de áreas que estão sob políticas de prevenção de contaminação

Estratégias Climáticas (E)

Cobertura do inventário de emissões da empresa Empresa responsável pela verificação dos valores do inventário Escopo do inventário de emissões (de acordo com o WBCSD/WRI) Quais as bases da estratégia de redução de emissão de carbono Qual a meta de redução de emissão dos gases e como a empresa pretende

alcançá-la Total de CO2 e CO2-equivalente transacionado interna e externamente pela

empresa Gestão Dimensões avaliadas na gestão ambiental (operação, seleção de

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Aspectos Exemplos de indicadores considerados Ambiental Avançada (E)

fornecedores, desenvolvimento de novos produtos e serviços, distribuição e logística, manutenção e engenharia, novos projetos, parceiros, fusões e aquisições)

Freqüência dos relatórios ambientais Existência de um banco de dados centrais com informações ambientais Utilização das melhores práticas do mercado e princípios internacionalmente

reconhecidos nos relatórios ambientais e sociais Fonte: Equipe LIMA-COPPE, Dow Jones, 2004.

Na dimensão social são avaliadas questões relacionadas ao tratamento dos

funcionários, ao desenvolvimento do capital humano, ao desenvolvimento dos

fornecedores e relacionamento com outras partes interessadas.

Quadro 7 - Dimensão Social do DJSI Aspectos Exemplos de indicadores considerados

Práticas de Trabalho (G)

Não-discriminação Igualdade de salários Liberdade de associação Demissões Saúde e segurança Tratamento das queixas e reclamações Assinatura de diretrizes, tratados e convenções internacionais

Desenvolvimento de Capital Humano (G)

Mensuração e controle do desenvolvimento dos funcionários Satisfação dos mesmos Planejamento de médio prazo para as habilidades necessárias dos funcionários Treinamento dos funcionários e percentual treinado Sistema de avaliação dos gestores de nível médio e senior

Atração e Retenção de Talentos (G)

Percentual de empregados contratados por meio de processos seletivos e recrutamento

Quantidade de funcionários qualificados que deixaram a empresa Realização de pesquisas de satisfação dos empregados Outros benefícios sociais além dos exigidos por lei

Gestão do Conhecimento (G)

Objetivos da implantação da Gestão do conhecimento e a importância estratégica da mesma

Procedimentos para gestão do aprendizado na empresa

Padrões para os Fornecedores (G)

Área responsável pela elaboração dos critérios de seleção dos fornecedores Outras informações relevantes

Envolvimento das Partes Interessadas (G)

Alinhamento das políticas filantrópicas e/ou de cidadania corporativa com o planejamento estratégico da empresa

Dentre o total gasto em filantropia, deve-se destacar o percentual destinado ao voluntariado, parcerias de longo prazo com as comunidades, entre outros

Monitoramento dos impactos das ajudas às comunidades Quantia gasta com filantropia

Relatório Social (G)

Avaliação, por parte da SAM, do conteúdo dos relatórios sociais divulgados pela empresa

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Aspectos Exemplos de indicadores considerados

Impacto Social nas Comunidades de entorno (E)

Envolvimento da empresa com a comunidade para minimização dos impactos sociais Relacionamento com a comunidade (queixas) Implantação de padrões de trabalho e respeito a direitos humanos Realização de estudos de impactos ambientais e sociais para novas e já existentes

instalações Divulgação dos resultados dos estudos para a sociedade Existência de um sistema formal para garantir que as recomendações dos estudos

de impactos social e ambiental sejam cumpridas Compensação para as comunidades locais Existência de padrões em relação a direitos humanos para seleção de fornecedores

Segurança e Saúde Ocupacional (E)

Histórico de horas de afastamento de funcionários devido a acidentes Histórico de mortes Taxa de doenças ocupacionais Metas de segurança e saúde ocupacional Divulgação das metas de segurança e saúde ocupacional Verificação de desempenho em segurança e saúde ocupacional por terceiros Percentual de funcionários que realizam exames de saúde periódicos Tratamento dado a funcionários portadores de HIV na empresa

Fonte: Equipe LIMA-COPPE, Dow Jones, 2004.

2.4.1.10. O Global Reporting Initiative – GRI

A GRI (Global Reporting Initiative) propõe o conceito da sustentabilidade de

modo a orientar o comportamento das empresas. Para a GRI (2002), a

sustentabilidade só pode ser alcançada por meio de um equilíbrio nas complexas

relações entre necessidades econômicas, ambientais e sociais das organizações

que não comprometa o desenvolvimento futuro.

A GRI foi lançada em 1997 como uma iniciativa conjunta da organização não-

governamental CERES (Coalition for Environmentally Responsible Economies –

Coalizão por Economias Ambientalmente Responsáveis) e o PNUMA (Programa das

Nações Unidas para o Meio Ambiente), com o objetivo de melhorar a qualidade, o

rigor e a aplicabilidade dos relatórios de sustentabilidade. Sua missão é o

desenvolvimento e a divulgação das Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade.

A adesão às diretrizes é voluntária e auxilia as organizações que desejam

elaborar relatórios sobre as dimensões econômica, ambiental e social de suas

atividades, produtos e serviços. A GRI sugere que o relatório de sustentabilidade

seja dividido em cinco seções:

• Visão Estratégica – descrição da estratégia da organização em relação à

sustentabilidade;

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• Perfil – visão geral da estrutura, da atuação da organização e do escopo do

relatório;

• Estrutura de Governança e Sistemas de Gestão – relata a estrutura,

políticas e sistemas de gestão da organização, incluindo o engajamento das

partes interessadas;

• Sumário de Conteúdo da GRI – identifica a localização das informações

citadas (indicadores, visão estratégica e outros); e

• Indicadores de Desempenho – realização de medições do impacto da

organização, discriminadas em indicadores de desempenho integrados nas

áreas econômica, ambiental e social.

Os indicadores de desempenho da GRI estão organizados hierarquicamente,

por categoria, aspecto e indicador. Os indicadores são agrupados nas três

dimensões de sustentabilidade, de acordo com o conceito de “triple bottom line”: a

econômica, a ambiental e a social. As categorias, aspectos e indicadores são

apresentados nos quadros abaixo, preparados pela equipe LIMA-COPPE para a

Petrobras Distribuidora (2005).

Quadro 8 - Categorias / Aspectos Avaliados na GRI Categorias Aspectos

Clientes

Fornecedores

Funcionários

Investidores

Econ

ômic

a

Impactos Econômicos Diretos

Setor Público Materiais Energia Água Biodiversidade Emissões e resíduos Fornecedores Produtos e serviços Adequação à legislação Transporte

Am

bien

tal

Impactos Ambientais

Total Emprego Relação com funcionários Saúde e segurança Treinamento e educação So

cial

Práticas Trabalhistas

Diversidade e oportunidade

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Categorias Aspectos

Estratégia e gestão Não-discriminação Liberdade de associação e negociação coletiva Trabalho infantil Trabalho forçado e compulsório Procedimentos disciplinares Procedimentos de segurança

Direitos Humanos

Direitos indígenas Comunidade Suborno e corrupção Contribuições políticas

Sociedade

Competição e política de preços Saúde e segurança dos consumidores Produtos e serviços Propaganda

Responsabilidade sobre Produtos e Serviços

Respeito à privacidade Fonte: Equipe LIMA-COPPE, GRI, 2004

A dimensão econômica da sustentabilidade segundo o GRI diz respeito aos

impactos da organização sobre as circunstâncias econômicas das partes

interessadas, em níveis local, nacional e global. Os aspectos e indicadores dessa

dimensão são apresentados a sseguir:

Quadro 9 - Dimensão Econômica da GRI Aspectos Indicadores

Consumidores Venda líquida Análise do mercado

Fornecedores Custo das matérias-primas Tipologias de contratos

Empregados Folha de pagamento e benefícios

Investidores Distribuição para investidores Aumento/decréscimo em ganhos retidos no período

Setor Público Impostos pagos Subsídios recebidos Doações à comunidade

Fonte: Equipe LIMA-COPPE, GRI, 2004

A dimensão ambiental está relacionada aos impactos da organização sobre

os sistemas naturais vivos ou não, incluindo ecossistemas, terra, ar e água.

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Quadro 10 - Dimensão Ambiental da GRI Aspectos Indicadores

Matéria - Prima Quantidade total utilizada por tipologia Reaproveitamento

Energia

Consumo direto por fonte Consumo indireto Utilização de fontes renováveis Consumo anual para a utilização dos produtos e serviços da

empresa

Água

Consumo total de água Fontes de água e ecossistemas afetados pelo consumo Reutilização e remoção anual de água de superfície em relação à

quantidade anual renovável de água disponível

Biodiversidade

Localização de terras e tamanho das mesmas em áreas de risco para o meio ambiente

Principais impactos sobre a biodiversidade Quantidade de terras utilizadas para atividade extrativista Quantidade de superfície impermeável em relação ao total Impacto de atividades e operações sobre áreas protegidas ou

sensíveis Objetivos e programas para restaurar ecossistemas e espécies

nativas em áreas degradadas

Emissões, Efluentes e Resíduos

Emissões de gases causadores de efeito estufa (quantidade emitida)

Uso e emissões de substâncias destruidoras de ozônio Emissões de NOx e SOx Quantidade de resíduos gerados por tipo e destino Descargas significativas na água Derramamento significativo de produtos químicos, óleos e

combustíveis Outras emissões relevantes Produção, transporte, importação e exportação de quaisquer

produtos considerados perigosos Identificação das fontes de água (habitat ou ecossistemas) afetadas

pela descarga ou escoamento de água Fornecedores Desempenho dos fornecedores em relação à questão ambiental

Produtos e Serviços Impactos ambientais dos produtos e serviços Percentual recuperado do produto ao final da vida útil e percentual

que poderia ser recuperado Fonte: Equipe LIMA-COPPE, GRI, 2004

A dimensão social na proposta do GRI refere-se aos impactos da organização

sobre os sistemas sociais nos quais opera. Em alguns casos, os indicadores sociais

influenciam os bens intangíveis da organização, tais como capital humano e

reputação.

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Quadro 11 - Dimensão Social da GRI Aspectos Indicadores

Emprego

Classificar a mão-de -obra (empregados ou não), tipo de emprego (temporário ou permanente) por região ou país

Criação de emprego e rotatividade por região ou país Benefícios aos empregados além dos exigidos por lei

Trabalho / Relações de Administração

Percentual de empregados representados por organizações sindicais

Política de consulta e envolvimento dos funcionários em assuntos relevantes da empresa

Provisão para representação formal de trabalhadores em tomadas de decisão

Saúde e Segurança

Prática de registro de acidentes e doenças ocupacionais Descrição de comitês formais de saúde e segurança Lesões típicas, dias perdidos, índice de absenteísmo e

número de óbitos relacionados ao trabalho Políticas e programas em relação ao HIV/AIDS Evidências de conformidade com as diretrizes sobre

sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho Acordos formais com sindicatos envolvendo questões de

saúde e segurança, proporção de empregados amparados por esses acordos

Treinamento e Educação

Média de horas de treinamento por ano, por empregado e por categoria

Programas para a manutenção da empregabilidade e para gerenciar fins de carreira

Políticas e programas específicos para gestão de habilidades ou aprendizado para toda a vida

Prát

icas

Tra

balh

ista

s e

Trab

alho

Dec

ente

Diversidade e Oportunidades

Políticas e programas de iguais oportunidades e sistemas de monitoramento para garantir o seu cumprimento

Composição do comitê responsável pela governança corporativa (proporção homem e mulher, e outros indicadores de diversidade cultural e étnica)

Estratégia e administração

Descrição de políticas, diretrizes, estrutura corporativa e procedimentos para lidar com os aspectos dos direitos humanos e mecanismos de monitoramento e resultados

Considerações sobre a análise dos impactos diretos sobre o ser humano no processo de tomada de decisão

Descrição de políticas e procedimentos para avaliar e abordar o desempenho em direitos humanos dentro da cadeia de fornecedores e contratados, incluindo sistemas e resultados de monitoramento

Treinamento de empregados em políticas e práticas de direitos humanos D

ireito

s H

uman

os

Não Discriminação Programas que previnam todas as formas de

discriminação os sistemas de monitoramento e seus resultados

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Aspectos Indicadores

Liberdade de Associação e Negociação Coletiva

Descrição da política de liberdade de associação e a extensão pela qual essa política é universalmente aplicada, independentemente das leis locais, bem com descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto

Trabalho Infantil

Trabalho Forçado

Descrição de políticas que excluam o trabalho infantil e o trabalho forçado e compulsório, e a descrição de programas para tratar o assunto, incluindo sistemas de monitoramento e seus resultados

Práticas de Disciplina

Processos judiciais, incluindo questões relativas aos diretos humanos

Políticas de não-retaliação e sistema efetivo e confidencial de recebimento das reclamações e queixas dos funcionários

Práticas de Segurança Treinamento em direitos humanos para a segurança dos funcionários

Direitos Indígenas

Políticas, diretrizes e procedimentos para tratar das necessidades de indígenas

Mecanismos para atendimento de queixas e reclamações de comunidades indígenas

Percentual da receita operacional distribuída para comunidades indígenas locais

Comunidade

Gerenciamento dos impactos sobre as comunidades que vivem em áreas afetadas pelas atividades da empresa

Prêmios recebidos que sejam relevantes para o desempenho social, ético e ambiental

Suborno e Corrupção Políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e

mecanismos de conformidade para a empresa e empregados com relação a suborno e corrupção

Contribuições Políticas

Políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade para a administração de lobbies e contribuições políticas

Quantia paga a partidos políticos e instituições cuja principal função consiste em financiar partidos políticos ou seus candidatos

Soci

edad

e

Competição e Preços

Decisões legais com respeito a casos referentes à legislação anti-truste e de regulamentação de monopólios

Políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade para prevenção de práticas de concorrência desleal

Res

pons

abili

dade

sob

re o

Pr

odut

o

Saúde e Segurança do Consumidor

Políticas para preservar a saúde e segurança do consumidor durante o uso de produtos e serviços

Número e tipo de não-conformidade com a legislação referente à saúde e segurança do consumidor, incluindo penalidades e multas por essas violações

Número de reclamações aos órgãos regulatórios para garantir a segurança e a saúde no uso dos produtos e serviços

Prêmios de responsabilidade social/ambiental recebidos pela empresa e ou selos de órgãos ou instituições atestando a qualidade do produto ou serviço

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Aspectos Indicadores

Produtos e Serviços

Políticas e sistemas gerenciais para garantir a conformidade das informações nas embalagens e rótulos dos produtos

Número e tipo de não-conformidade com a legislação referente à informação na rotulagem do produto, incluindo penalidades e multas por essas violações

Políticas e sistemas gerenciais de conformidade relacionados à satisfação do consumidor, incluindo resultados de pesquisas sobre o assunto

Propaganda

Mecanismos de conformidade para adesão a padrões e códigos voluntários relacionados à propaganda

Número e tipos de violação de regulamentações de propaganda e marketing

Respeito à Privacidade Políticas de respeito à privacidade do consumidor Número de reclamações registradas com respeito à

violação da privacidade de consumidores Fonte: Equipe LIMA-COPPE, GRI, 2004

2.4.2. Dimensão Social

2.4.2.1. HDI

Este índice foi desenvolvido através do Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento que, em seu relatório Human Development Report (1990), sugere

que a medida do desenvolvimento humano deve focar três elementos principais:

longevidade, conhecimento e padrão de vida decente.

Para o item longevidade o padrão considerado é a expectativa de vida no

nascimento. A importância da expectativa de vida é sugerida pela crença de que

uma vida longa contém uma valoração positiva por si só, e está agregada a outros

benefícios indiretos (como uma adequada nutrição e um bom sistema de saúde).

Estas associações fazem da expectativa de vida um importante indicador do

desenvolvimento humano, especialmente em virtude muitas vezes da falta de dados

existente em relação aos níveis de alimentação e saúde (MOLDAN, 1997).

O conhecimento se refere à capacidade de leitura ou grau de alfabetização

que reflete apenas grosseiramente o acesso à educação – particularmente uma

educação de qualidade – que é necessária para a vida produtiva dentro da

sociedade moderna. O grau de leitura é o primeiro passo no processo de

aprendizagem na construção do conhecimento, sendo assim este indicador é

importante em qualquer medida do desenvolvimento humano. Embora outros

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indicadores tenham que ser trabalhados para se perceber efetivamente o grau de

conhecimento dentro de determinado grupo, o grau de alfabetização tem uma clara

importância na investigação do índice do desenvolvimento humano VAN

BELLEN,2002).

Segundo Moldan (1997), o padrão de vida decente é a medida mais difícil de

se obter de maneira simples. Esta dificuldade está relacionada com a necessidade

de dados confiáveis e específicos, mas devido à escassez dessa variedade de

dados precisa-se, para início, utilizar o melhor dos indicadores de receita. O

indicador mais confiável e com maior facilidade de obtenção é a receita per capita,

mas a existência de bens e serviços que não são de mercado e as distorções

existentes dentro dos sistemas de contas nacionais, os quais já foram discutidos

anteriormente, tornam esse sistema não muito adequado para comparações. Estes

dados, porém, podem ser aperfeiçoados utilizando-se ajustes dentro do Produto

Interno Bruto, que poderiam melhorar a aproximação em relação à capacidade

efetiva de compra de bens e de comando sobre os recursos necessários para se

viver dentro de um padrão adequado.

Na edição de 1996 do “Human Development Report”, foram estabelecidos

valores mínimos e máximos para cada um destes indicadores:

• Expectativa de vida ao nascer: 25 anos e 85 anos

• Alfabetização de adultos: 0% e 100%

• Taxa de matrícula combinada: 0% e 100%

• PIB real per capita (PPP $): PPP $l00 e PPP$l00 e PP $40,000.

Foi também estabelecida uma metodologia de cálculo para os índices

individuais levando-se em conta os valores máximos, mínimos e reais para cada

parâmetro.

O HDI é uma média simples do índice de expectativa de vida, do índice de

desempenho educacional e do PIB verdadeiro ajustado per capita (PPP). É

calculado dividindo-se a soma destes três índices por três.

2.4.2.2. CPM

Embora semelhante ao HDI, o Capability Poverty Measure (COM) é mais

adequado para monitorar o nível de privação humana. O desenvolvimento humano é

definido pela expansão das capacidades e a privação pela ausência de capacidades

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básicas ou essenciais. Capacidades são fins e elas se refletem na qualidade de vida

das pessoas. O CPM difere do HDI quanto ao foco no ser humano pela ausência de

capacidades mais do que o nível médio de capacidades e por evitar a confusão

entre fins e meios, não utilizando as receitas como indicador de desenvolvimento

humano (McKinley, 1997).

O CPM é um índice composto que utiliza a média aritmética de três

indicadores:

• a percentagem de crianças com menos de cinco anos que tem subnutrição

(peso abaixo do normal);

• a percentagem de mulheres com 15 (quinze) anos ou mais que são

analfabetas e

• a percentagem de nascimentos que não são atendidos por pessoas treinadas

da área da saúde.

Estas variáveis cobrem uma ampla área: indicadores de saúde e nutrição

para a população como um todo, acesso a serviços de saúde e indicadores básicos

de educação. Um aspecto importante do método refere-se ao fato de que as

variáveis sejam escolhidas para detectar diretamente a ausência de necessidades

humanas básicas e, no caso do método CPM, estas necessidades são:

• uma vida saudável e bem nutrida;

• seres humanos alfabetizados e com capacidade de discernimento e

• seres humanos capazes de uma reprodução sadia e segura.

Existem casos em que não é possível determinar indicadores adequados que

reflitam diretamente esta privação. Como substitutos, indicadores de acesso podem

ser utilizados, como acesso à água potável, a instalações sanitárias adequadas e a

serviços médicos. A diferença deste método, novamente, é o foco no ser humano.

Diferentemente dos outros métodos baseados nas necessidades humanas e que

procuram medir o acesso a estas necessidades dentro de um grupo, o CPM realça a

privação, ou o não acesso a elementos essenciais para um padrão de vida digno

(McKinley, 1997).

A Tabela abaixo ilustra o índice para dez países, no ano de publicação do trab

alho de McKinley, 1997.

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Tabela 2 - Índice Capability Poverty Measure (CPM) para dez países

País CPM % de nascimentos não assistidos

% de crianças com baixo peso

% anafalbetismo (mulheres)

Chile 2.8 2 1 5.5 Costa Rica 6.1 7 6 5.4 Jordânia 14.2 13 6 23.3 China 17.5 6 17 29.1 Malásia 20.6 13 25 23.7 Botsuana 30.4 22 27 42.2 Indonésia 42.3 64 40 23.1 Marrocos 49.7 69 9 71.2 Paquistão 60.8 65 40 77 Bangladesh 76.9 90 66 75

Fonte: McKinley, 1997.

Nesse ano, o Chile tem o menor valor para o índice, com uma média das

porcentagens de sua população em situação de privação, nas três dimensões, de

2.8%. Blangadesh é o pior caso, com quase 77% de população em situação de

privação. A capacidade de pobreza é muito mais severa no sul da Ásia do que o

gerado pela baixa renda. Como as CPMs para tais países como Botswana e

Indonésia indicam, mesmo países em crescimento poderiam ter um desempenho

muito melhor na redução das privações humanas. Estes resultados mostram que

CPM é uma ferramenta simples, mas poderosa para realçar as privações humanas.

2.4.3. Dimensão Ambiental

2.4.3.1. OECD

A OECD iniciou em 1990 um programa de indicadores ambientais, a partir de

um pedido da cúpula do G-7 em 1989. Este programa resultou em:

• Adoção de um modelo conceitual e uma terminologia comuns pelos países da

OECD (por exemplo modelo de pressão - estado - resposta, questões

essenciais);

• Identificação e definição de indicadores com base em três critérios principais:

relevância, confiabilidade e facilidade de medição;

• Medição destes indicadores para vários países;

• Uso regular destes indicadores no trabalho analítico da OECD e em análises

de desempenho ambiental.

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A OECD acumulou assim experiência prática, não só na definição e medida

de indicadores, mas também no seu uso. Os resultados deste trabalho, e em

particular seu modelo conceitual (PSR), serviram de base para trabalhos nesse

campo lançados por vários países e organizações internacionais (Linster, 1997).

A postura adotada pela OECD e seus países membro é que não existe um

conjunto único de indicadores o qual depende de sua utilização específica. Os

objetivos principais do trabalho da OECD são:

• Rastreamento do progresso ambiental (monitoramento do ambiente e de suas

mudanças no tempo);

• Integração entre preocupações ambientais e políticas públicas;

• Integração entre preocupações ambientais e política econômica.

Desse modo, os indicadores fornecem uma ferramenta para medir

desempenho ambiental e para estimular maior responsabilidade dos governos de

países face à opinião pública.

O Trabalho da OECD conduziu ao desenvolvimento de um conjunto essencial

de indicadores ambientais, complementados com vários conjuntos de indicadores

setoriais e com indicadores derivados da contabilidade de recursos ambientais e

naturais.

O conjunto de indicadores essenciais é publicado regularmente e é utilizado

para monitorar o desenvolvimento ambiental nos países da OECD. Esse conjunto é

limitado em tamanho e abrange uma larga gama de questões ambientais. O modelo

desenvolvido pela OECD para a medição de desempenho ambiental é o PSR,

apresentado no item 2.4.

A partir da análise feita em seus Environmental Performance Reviews e no

sentido de melhorar a qualidade e comparabilidade dos indicadores em uso e sua

utilização dento de uma lógica de desempenho, a OECD tem mantido um trabalho

continuado de aperfeiçoamento, desenvolvendo atualmente uma segunda geração

de indicadores.

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2.4.3.2. UNCSD/ UNEP: O modelo DSR.

A Comissão para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (United

Nations Commission on Sustainable Development - CSD), foi estabelecida pela

Assembléia Geral da ONU em 1992 para assegurar a continuidade efetiva do

trabalho iniciado na Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

United Nations (Conference on Environment and Development - UNCED) ou Earth

Summit, do mesmo ano.

A Comissão é responsável pelo acompanhamento do progresso da

implementação da Agenda 21 e da Declaração do Rio sobre Meio ambiente e

Desenvolvimento, bem como orientação sobre as políticas do Plano de

Implementação de Johannesburg (Johannesburg Plan of Implementation - JPOI) a

nível local, regional, nacional e internacional. O JPOI define a CSD como o fórum de

alto nível para desenvolvimento sustentável dentro do sistema das Nações Unidas.

A CSD adotou o modelo Driving Forces–State-Response (DSR) em 1995

como uma ferramenta para organizar a informação sobre Desenvolvimento

Sustentável e para desenvolvimento, apresentação e análise dos indicadores de DS

em seu programa de trabalho. O objetivo deste programa é disponibilizar indicadores

de desenvolvimento sustentável para os tomadores de decisões no nível nacional

através do desenvolvimento de sua definição e metodologia, além de fornecer

treinamento e outras atividades para capacitação das lideranças (Mortensen, 1997).

No modelo DSR indicadores de Força Motriz, ou Driving forces (D),

representam atividades humanas, processos e padrões que têm um impacto no

desenvolvimento sustentável. Estes indicadores fornecem indicação das causas de

mudanças positivas ou negativas no estado do desenvolvimento sustentável. Podem

se referir a alterações no nível das empresas, ramos da indústria, setores

econômicos ou tendências sociais. Como exemplos, podemos citar taxa de

crescimento populacional e emissões de gases de efeito estufa.

Indicadores de Estado, ou State (S), fornecem o estado do desenvolvimento

sustentável em um dado espaço de tempo. Podem ser quantitativos ou qualitativos.

Expectativa de vida escolar (estimativa do número de anos que um estudante vai

permanecer na escola) e concentrações de poluentes em áreas urbanas são

indicadores do tipo (S).

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As opções de políticas e outras respostas às mudanças no estado do

desenvolvimento sustentável formam os indicadores de Resposta, ou Response (R).

Estes indicadores fornecem a medida do comprometimento e da efetividade da

resposta de uma sociedade às alterações. Como exemplos podemos citar percentual

de efluentes tratados e gastos com abatimento de emissões atmosféricas.

O modelo reflete a Agenda 21, trabalhando com quatro dimensões: social,

econômica, ambiental e institucional. Na dimensão ambiental foram adotadas as

subcategorias água, terra, outros recursos naturais, atmosfera e resíduos (ONU,

1996).

A CSD adotou os seguintes critérios para seleção dos indicadores:

a) Preferencialmente nacionais em escala ou escopo. Os países podem também

utilizar os indicadores no nível dos estados ou províncias;

b) Relevantes para o objetivo principal, o levantamento do progresso na direção

do desenvolvimento sustentável;

c) Inteligíveis, ou seja, claros, simples, sem ambigüidade;

d) Factíveis dentro da realidade dos países, considerando a logística, tempo,

restrições técnicas ou outras;

e) Conceitualmente bem fundamentados;

f) De número limitado, com abertura para futuras adaptações;

g) Relevantes para a Agenda 21, cobrindo amplamente todos os aspectos do

desenvolvimento sustentável;

h) Representativos de consenso internacional, na medida do possível;

i) Baseados em dados disponíveis ou coletáveis com uma relação

custo/beneficio razoável, documentados adequadamente, de qualidade

conhecida e atualizados regularmente.

Fica claro na análise dos critérios que os indicadores foram desenvolvidos

para utilização no nível dos governos nacionais. A seleção dos indicadores foi feita

pelo CSD e seu Secretariado em estreita colaboração com um grande número de

organizações governamentais e não-governamentais e de governos nacionais. As

organizações líderes, em conjunto com a CSD e outras componentes do sistema das

Nações Unidas, desenvolveram metodologias para os indicadores, utilizando os

critérios citados, assegurando que a melhor expertise em cada campo fosse

utilizada.

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A inclusão dos aspectos econômicos, sociais e institucionais é

particularmente importante para os países com economias em transição, onde o

equilíbrio entre aspectos de desenvolvimento e aspectos ambientais do

desenvolvimento sustentável vai assegurar rotas de crescimento sustentável.

Esta metodologia foi testada em 22 países entre 1996 e 1999. Nesse ano os

resultados foram avaliados em uma conferência em Barbados e o resultado foi uma

alteração no modelo. Foi considerado que o modelo DSR se adaptava muito bem ao

contexto ambiental, mas não era apropriado para as dimensões social, econômica e

institucional do desenvolvimento sustentável. O modelo foi então revisto e

reestruturado, desenvolvendo-se em temas e sub-temas.

O novo modelo foi concebido para atender aos seguintes itens: riscos futuros,

correlação entre os temas, metas de sustentabilidade e necessidades sociais

básicas. Reflete a conexão entre dimensões, temas e sub-temas, com metas

estabelecidas pela comunidade internacional. O modelo desenvolvido tem 15 temas

e 38 sub-temas com sugestões de indicadores, a partir dos quais as nações

desenvolvem seus indicadores específicos, e foi adotado a partir de 2001.

A ONU dentro de um outro programa, o United Nations environment

Programme (UNEP) publicou também um estudo sobre Relatórios para o Setor de

Petróleo, em parceria com a SutainAbility, visando a promover a atividade de

publicação de relatórios nas companhias e o envolvimento das suas partes

interessadas dentro do “triple bottom line”. Os autores propõem uma metodologia de

abordagem dupla, simultaneamente de cima para baixo e de baixo para cima. A

primeira estabelece o padrão segundo o qual as companhias podem se referenciar e

a segunda melhorar a base do relatório, indicador por indicador.

Nessa publicação é desenvolvido um conjunto de aspectos e indicadores

dentro da metodologia de temas e sub-temas proposta pelo CSD. Os aspectos são

agrupados por categorias e a partir deles as empresas devem desenvolver

inicialmente um conjunto de indicadores essenciais (core) a ser expandido,

possibilitando benchmark entre as empresas do setor.

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2.4.3.3. O Ecological Footprint Method

O Ecological Footprint Method é uma ferramenta de avaliação da

sustentabilidade proposta por Wackernagel e Rees (1996). É uma ferramenta

contábil que nos permite estimar o consumo de recursos e a assimilação de resíduos

de uma determinada população humana ou economia em termos de área de terra

produtiva equivalente.

O termo pode ser traduzido como Pegada Ecológica e representa o espaço

ecológico correspondente para sustentar um determinado sistema ou unidade. Trata-

se, segundo seus autores, de uma ferramenta simples e compreensível, sendo que

sua metodologia basicamente contabiliza os fluxos de matéria e energia que entram

e saem de um sistema econômico e converte estes fluxos em área correspondente

de terra ou água existentes na natureza para sustentar este sistema.

Esta técnica é considerada pelos autores tanto analítica quanto educacional,

sendo que ela não só analisa a sustentabilidade das atividades humanas como

também contribui para a construção de consciência pública a respeito dos problemas

ambientais e auxilia no processo decisório. O processo de avaliação reforça sempre

a visão da dependência da sociedade humana em relação a seu ecossistema (VAN

BELLEN, 2002).

O Ecological Footprint Method é descrito pelos seus autores como uma

ferramenta que transforma o consumo de matéria-prima e a assimilação de dejetos,

de um sistema econômico ou população humana, em área correspondente de terra

ou água produtiva. Para qualquer grupo de circunstâncias específicas, como

população, matéria-prima, tecnologia existente e utilizada, é razoável estimar uma

área equivalente de água e/ou terra.

Portanto, por definição, a Pegada Ecológica de uma população ou economia

específica é a área de terra e água ecologicamente produtiva em várias classes –

agricultura, pastos, florestas, etc. – requerida em condição contínua para:

a) fornecer toda a energia/recursos materiais consumidos, e.

b) absorver todos os resíduos lançados por essa população, com a tecnologia

atualmente disponível para essa população, seja onde for que essa terra se situe no

planeta (WACKERNAGEL E REES, 1996).

O Ecological Footprint Method fundamenta-se basicamente no conceito de

capacidade de carga, que é normalmente definida como a população máxima de

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uma determinada espécie que pode ser indefinidamente suportada por um habitat

especificado sem deteriorar permanentemente a produtividade deste habitat.

Essa definição aparentemente não se aplica aos humanos, uma vez que

temos a capacidade de eliminar espécies competidoras, importar recursos escassos

e ampliar a capacidade de carga humana através da tecnologia. Os autores do

sistema reforçam esta inadequação quando utilizam a definição de Catton (1986)

que afirma que a capacidade de carga se refere especificamente à carga máxima

que pode ser, segura e persistentemente, imposta ao meio ambiente pela

sociedade. Para os autores do sistema, a carga não é apenas decorrente da

população humana, mas também da distribuição per capita do consumo desta

população. Como resultado desta distribuição, a pressão relativa sobre o meio

ambiente está crescendo proporcionalmente de forma mais rápida do que o

crescimento populacional (VAN BELLEN, 2002).

No sentido de contornar as dificuldades de estabelecimento da capacidade de

carga humana, a Pegada Ecológica parte do princípio que cada categoria de

consumo de energia e matéria e descarga de resíduos utiliza a capacidade produtiva

e a capacidade de absorção de uma área definida de terra ou água.

A soma de toda a terra necessária para todas as categorias de consumo e

descarga de uma população definida representa a PE dessa população na Terra,

independente da localização dessa terra, dentro ou fora da área habitada pela

população. Ou seja, há uma inversão do conceito de capacidade de carga. É medida

a terra requerida por pessoa, ou população, e não a população por unidade de área.

O cálculo da PE envolve uma grande quantidade de parâmetros, mas a

tentativa de incluir todos os itens de consumo, todos os tipo de dejetos e todas as

funções de um ecossistema, pode tornar o sistema muito complexo e criar

problemas no processamento das informações. Os autores da ferramenta, em

função disto, utilizam uma abordagem simplificada do mundo real na maioria de suas

obras.

Em uma situação ideal esse cálculo inclui tanto as terras diretamente

requeridas para a produção de bens necessários a um determinado sistema quanto

os efeitos indiretos da geração de energia e matéria, bem como a área referente ao

capital natural, à produção dos recursos renováveis e serviços, área contaminada,

erosão, salinização, radiação e pavimentação urbana. Nessa situação ideal, fatora a

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utilização de recursos não renováveis e, na medida em que pode ser indicador de

processamento de energia e efeitos poluidores relacionados com a utilização.

Em função da simplificação citada, a avaliação atual leva em conta uma

variedade limitada de itens de consumo e fluxo de dejetos e assume que a terra

requerida está sendo utilizada de maneira sustentável,o que nem sempre é verdade.

O resultado dos parâmetros utilizados é um sub-dimensionamento das PE

calculadas.

O método de cálculo utilizado analisa o consumo agregado (ex.: carga total =

população x consumo per capita), convertendo-o em área correspondente de terra

utilizada. A partir desse número se chega a uma medida única de demanda

ecológica (ou capital natural requerido) que leva em conta a troca líquida e reflete

tanto a renda atual quanto a tecnologia prevalente.

A PE calculada dessa maneira pode ser comparada com a área ocupada pela

população em tela de forma a revelar a capacidade de carga que excede essa área

e, portanto sua dependência do comércio.

Ainda a respeito do método de cálculo, como já citado, devido à grande

quantidade de variáveis envolvidas no consumo e despejo de resíduos das

atividades humanas, Wackernagel utiliza algumas simplificações:

• As atividades agrícolas e de manejo florestal são consideradas sustentáveis,

embora em geral não o sejam.

• Inclui somente os serviços básicos da natureza, a saber, colheita de recursos

naturais, extração de recursos não renováveis, absorção de dejetos-resíduos

e pavimentação.

• Conta cada área apenas uma vez, mesmo que ela forneça mais de um

serviço.

• Usa uma taxonomia simples em termos de produção ecológica, envolvendo

oito categorias de terra, ou ecossistemas.

• Está incluindo áreas marinhas.

Um outro interessante estudo foi desenvolvido utilizando os dados do

Ecological Footprint Method de 1995 juntamente com o índice anual de

competitividade desenvolvido pelo Fórum Econômico Mundial (World Economic

Forum, 1997). O objetivo deste estudo, patrocinado pelo Banco UBP (Union

Bancaire Privée), era verificar a relação entre a área apropriada e a performance

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econômica de 44 países. Os resultados deste estudo são apresentados no Quadro

12, abaixo.

Quadro 12 - Capacidade ecológica e Competitividade

Fonte: Van Bellen, 2002, modificado de Cambers, et al.,2000.

Os autores do estudo classificam os países em quatro categorias principais.

Eles utilizam a nomenclatura do mercado financeiro para denominar estas

categorias:

• Green bulls - países com alto grau de competitividade e que operam dentro

de sua capacidade ecológica.

• Red bulls - países com alto grau de competitividade mas que operam acima

de sua capacidade ecológica.

• Green bears - nações de baixa competitividade econômica mas operando

com superávit ecológico.

• Red bears - nações com baixa competitividade e com déficit ecológico.

O Quadro 12 permite observar um número elevado de países com um alto

nível de competitividade, mas que possuem déficit ecológico. São estes países,

segundo os pesquisadores, os responsáveis mais importantes pela superação dos

problemas ambientais.

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Um número pequeno de países se encaixa na denominação de Green bears e

os autores do estudo afirmam que estes, sem exceção, sofrem ou estão se

recuperando de fortes conflitos internos. Para os autores, os países que mais

preocupam são aqueles com baixa competitividade e ainda com déficit ecológico.

Poucos são os países com alto grau de competitividade e com superávit ecológico.

O estudo ressalta a necessidade de monitorar estes países cuidadosamente para

compreender melhor suas estratégias e resultados, bem como alterações na direção

do seu desenvolvimento (VAN BELLEN, 2002).

2.4.3.4. EcoSTEPS

A EcoSTEPS é uma consultoria multi-disciplinar baseada em Sydney,

Austrália e New Plymouth, Nova Zelândia, que fornece serviços a organizações

visando a incluir a sustentabilidade em seu modo de operação.

A abordagem da EcoSTEPS (2005) para mapear a sustentabilidade nas

empresas envolve seis passos. A organização trabalha com uma análise do tipo

SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats) para avaliar as

empresas em suas 14 áreas-chave, que estão representadas em cada uma das

caixas da Figura abaixo.

Figura 10 - Áreas de atuação da sustentabilidade na empresa

Energia

Matéria Prima

Fornecedores

ImpactosImpactos nasnasEntradasEntradas

Objetivos e Valores

Governaça, Políticas e Processos

Compromissocom a RSE

Cultura Empresarial

Na Na EmpresaEmpresa

Produtos e Serviços

Resíduos e Emissões

ImpactosImpactos nasnasSaSaíídasdas

Interação coma Comunidade

Envolvimento daComunidade

Participação dasPartes Interessadas

Transparenência

Gestão de Risco Reputação e Marca

Energia

Matéria Prima

Fornecedores

ImpactosImpactos nasnasEntradasEntradas

Objetivos e Valores

Governaça, Políticas e Processos

Compromissocom a RSE

Cultura Empresarial

Na Na EmpresaEmpresa

Produtos e Serviços

Resíduos e Emissões

ImpactosImpactos nasnasSaSaíídasdas

Interação coma Comunidade

Envolvimento daComunidade

Participação dasPartes Interessadas

Transparenência

Gestão de Risco Reputação e Marca

Fonte: Elaboração Equipe Lima/Coppe, Ecosteps, 2004

Segundo relatório elaborado pela Equipe LIMA/COPPE para a Petrobras

Distribuidora (2005), nessa abordagem os impactos na entrada podem ser

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trabalhados com a adoção de critérios que incorporem as dimensões sociais e

ambientais na seleção de fornecedores e prestadores de serviços em geral, a

utilização racional de matérias-primas e energia, buscando minimizar as suas

utilizações, além da adoção de tecnologias mais limpas no processo.

Os objetivos, valores e missão da empresa devem estar em consonância com

uma gestão responsável, e para tal a empresa deve adotar procedimentos que

visem à valorização de minorias, respeito aos acionistas minoritários, cultura

empresarial que incorpore a importância da adoção de práticas éticas, dentre outros.

Os impactos relacionados à saída são aqueles que dizem respeito às

emissões e aos resíduos gerados, como refugo de processo e aos próprios produtos

e serviços gerados. Vale ressaltar que um produto fabricado sob o conceito de

responsável é aquele que não expõe o consumidor a riscos, procura ser

energeticamente eficiente e possui um processo de disposição adequada ao final de

sua vida útil.

Ainda segundo este enfoque, não pode ser esquecido o relacionamento da

empresa com a comunidade, aqui entendida em sentido amplo como o conjunto dos

membros ou partes com os quais a empresa interage. É fundamental para o bom

funcionamento da empresa a antecipação de possíveis pontos de atritos e a adoção

de sugestões e soluções às reclamações dos vários membros da comunidade

diretamente impactadas pela empresa. Um processo de comunicação transparente e

de envolvimento da comunidade também se faz fundamental.

O sistema conta com todo um plano de trabalho e definição de indicadores e

relatórios específicos para cada organização baseados nesses princípios.

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2.5. ANÁLISE DE SISTEMAS DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE: ASPECTOS RELEVANTES NA SUA FORMULAÇÃO.

A variedade de sistemas, modelos ou conjuntos de indicadores reflete as

condições do próprio conceito de sustentabilidade. O desafio de desenvolver

ferramentas para avaliação da sustentabilidade aparece já no Relatório Bruntdland e

posteriormente na Agenda 21. O International Institute for Sustainable Development

(IISD), com apoio da Fundação Rockfeller, reuniu em 1996 um grupo de

especialistas e pesquisadores no Centro de Conferências de Bellagio, na Itália para

revisar as iniciativas vigentes e desenvolver princípios que conectariam teoria e

prática de desenvolvimento sustentável. O resultado desse encontro foi resumido no

que ficou conhecido como os Princípios de Bellagio.

Segundo Hardi e Zdan (1997), os Princípios de Bellagio são diretrizes para a

avaliação do progresso rumo à sustentabilidade. Estes princípios são úteis para a

seleção de indicadores, a medição de progresso, interpretação e comunicação de

resultados de avaliações. Servem para determinar pontos de partida, especificar

conteúdo e sugerir escopo. Ajudam também a construir a capacidade de avaliação

citada acima.

Os Princípios de Bellagio estão especificados no Quadro 13, abaixo.

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Quadro 13 - Princípios de Bellagio

1- GUIA DE VISÃO E METAS

A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Ser guiada por uma visão clara do que seja desenvolvimento sustentável e das metas que definam esta visão.

2 – PERSPECTIVA HOLÍSTICA

A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Incluir uma revisão do sistema todo e de suas partes. • Considerar o bem-estar dos subsistemas ecológico, social e econômico, seu estado atual, bem como sua direção e

sua taxa de mudança, de seus componentes, e a interação entre as suas partes. • Considerar as conseqüências positivas e negativas da atividade humana de um modo a refletir os custos e benefícios

para os sistemas ecológico e humano, em termos monetários e não monetários. 3- ELEMENTOS ESSENCIAIS

A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Considerar a eqüidade e a disparidade dentro da população atual e entre as gerações presentes e futuras, lidando

com a utilização de recursos, superconsumo e pobreza, direitos humanos e acessos a serviços. • Considerar as condições ecológicas das quais a vida depende. • Considerar o desenvolvimento econômico e outros aspectos que não são oferecidos pelo mercado e contribuem para

o bem-estar social e humano. 4- ESCOPO ADEQUADO

A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Adotar um horizonte de tempo suficientemente longo para abranger as escalas de tempo humana e dos

ecossistemas atendendo às necessidades das futuras gerações, bem como da geração presente em termos de processo de tomada de decisão em curto prazo.

• Definir o espaço de estudo para abranger não apenas impactos locais, mas, também, impactos de longa distância sobre pessoas e ecossistemas.

• Construir um histórico das condições presentes e passadas para antecipar futuras condições. 5- FOCO PRÁTICO

A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve ser baseada em: • Um sistema organizado que relacione as visões e metas dos indicadores e os critérios de avaliação. • Um número limitado de questões-chave para análise. • Um número limitado de indicadores ou combinação de indicadores para fornecer um sinal claro do progresso. • Na padronização das medidas quando possível para permitir comparações. • Na comparação dos valores dos indicadores com as metas, valores de referência, padrão mínimo e tendências.

6- ABERTURA / TRANSPARÊNCIA (OPENNESS)

A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Construir os dados e indicadores de modo que sejam acessíveis ao público. • Tornar explícitos todos os julgamentos, suposições e incertezas nos dados e nas interpretações.

7- COMUNICAÇÃO EFETIVA

A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Ser projetada para atender às necessidades do público e do grupo de usuários. • Ser feita de uma forma que os indicadores e as ferramentas estimulem e engajem os tomadores de decisão. • Procurar a simplicidade na estrutura do sistema e utilizar linguagem clara e simples.

8- AMPLA PARTICIPAÇÃO

A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Obter ampla representação do público: profissional, técnico e comunitário, incluindo participação de jovens, mulheres

e indígenas para garantir o reconhecimento dos valores, que são diversos e dinâmicos. • Garantir a participação dos tomadores de decisão para assegurar uma forte ligação na adoção de políticas e nos

resultados da ação. 9- AVALIAÇÃO CONSTANTE

A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Desenvolver a capacidade de repetidas medidas para determinar tendências. • Ser interativa, adaptativa e responsiva às mudanças, porque os sistemas são complexos e se alteram

freqüentemente. • Ajustar as metas, sistemas e indicadores com os insights decorrentes do processo. • Promover o desenvolvimento do aprendizado coletivo e o feedback necessário para a tomada de decisão.

10- CAPACIDADE INSTITUCIONAL

A continuidade na avaliação rumo ao desenvolvimento sustentável deve ser assegurada por: • Delegação clara de responsabilidade e provimento de suporte constante no processo de tomada de decisão. • Provimento de capacidade institucional para a coleta de dados, sua manutenção e documentação. • Apoio ao desenvolvimento da capacitação local de avaliação.

Fonte: Hardi e Zdan, 1997

Os princípios listados no Quadro 13 lidam com quatro aspectos da avaliação

do progresso rumo à sustentabilidade.

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O princípio 1 refere-se ao ponto inicial de qualquer tentativa de avaliação,

estabelecendo uma visão de desenvolvimento sustentável e metas claras que levem

a uma definição prática desta visão em termos sejam relevantes para a tomada de

decisão.

Os princípios 2 a 5 tratam do conteúdo de qualquer avaliação e da

necessidade de fundir uma visão do sistema global com o foco prático nas questões

prioritárias.

Os princípios 6 até 8 lidam com as questões-chave do processo de avaliação,

enquanto os princípios 9 e 10 se referem à necessidade de estabelecer uma

capacidade contínua de avaliação (HARDI e ZDAN, 1997)

Sistemas de indicadores para empresas devem atender às demandas de

diversos códigos, padrões, normas, etc., definidos pelo WBCSD como “iniciativas

que procuram influenciar o comportamento de forma a torná-lo passível de

reconhecimento e reprodução, no sentido de melhorar o desempenho em

sustentabilidade das organizações às quais são aplicados.” Esta definição abrange

tanto padrões auditáveis quanto diretrizes gerais, códigos de conduta, mecanismos

de avaliação de investimentos e benchmarks e inclui iniciativas voluntárias,

estatutárias e mandatórias, ou uma combinação entre elas, como a Lei Sarbannes-

Oxley (WBCSD 2004).

A Acountability preparou para o WBSCD um guia para as empresas onde

examina os sistemas de indicadores, códigos e/ou padrões mais relevantes para

auxiliar as Companhias em suas decisões estratégicas no que tange à

sustentabilidade. Os sistemas escolhidos foram classificados como códigos com

base em princípios (Global Compact ONU e OECD - Guidelines for Multinational

Enterprises), modelos de contabilidade geral ou relatório (GRI e AA1000 - Assurance

Standard), normas especializadas (SA8000 e ISO14001), iniciativas relacionadas a

investidores (DJSI) ou relacionadas à regulação (Lei Sarbannes-Oxley).

O quadro abaixo ilustra as dimensões e os passos do processo de gestão que

são cobertos pelos sistemas selecionados pelo WBCSD. Nesta comparação, fica

claro quais tratam dos processos de medição em todas as dimensões, e portanto

são importantes na definição de indicadores de sustentabilidade objeto deste estudo.

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Quadro 14 - Comparação entre alguns Códigos - Atividade x Dimensão

1 - O GRI também trata da fase de Medição da atividade de uma empresa, uma vez que, segundo suas orientações, só se pode relatar o que foi medido. Fonte: Accountability/ WBCSD, 2004.

GarantiaMedição Política Relatório

Social e Ética

Ambiental

Financeira/Econômica

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3. METODOLOGIA

Segundo Umberto Eco (2004), elaborar uma tese, ou, no nosso caso, uma

dissertação, significa aprender a pôr ordem nas próprias idéias e ordenar os dados:

é uma experiência de trabalho metódico, ou seja, construir um “objeto” que como

princípio, possa também servir aos outros. Fazemos isso através de uma

metodologia.

A metodologia pode ser definida como o caminho que segue o pensamento e

a prática exercida na abordagem da realidade, traduzido no conjunto de técnicas

que possibilitam a construção dessa realidade. Na busca do conhecimento, a

pesquisa, enquanto atividade voltada para a solução de problemas, deve empregar

métodos científicos, ou seja, técnicas e procedimentos usados para coletar e

analisar dados relacionados a uma necessidade de pesquisa ou hipótese.

(DESLANDES, 1994)

Neste capítulo apresentamos a metodologia utilizada para alcançarmos os

objetivos propostos, descrevendo a estrutura da pesquisa e os procedimentos

metodológicos empregados na busca dos resultados, buscando autores que possam

nos auxiliar a montar uma estrutura conceitual bem definida, servindo de guia para a

investigação, coleta e análise dos dados. Dessa forma, procuramos evitar

entendimentos contraditórios sobre os termos da pesquisa social.

3.1. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Para a classificação da pesquisa, utilizamos a conceituação apresentada na

obra de Silva & Menezes (2000) que definem quatro formas para a classificação de

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uma pesquisa científica: em relação aos objetivos, a forma de abordagem, a sua

natureza e aos procedimentos adotados pelo pesquisador.

Quanto aos objetivos das pesquisas, podem ser classificadas em três grandes

grupos, conforme Gil (1994): pesquisa exploratória, descritiva e explicativa.

Esta dissertação pode ser classificada como exploratória descritiva (Cooper,

2003), pelas suas características em relação ao grau de novidade e da recente

exploração do tema de forma científica. Segundo Chizzotti (1995, p.104) a pesquisa

exploratória tem como objetivo, via de regra “provocar o esclarecimento de uma

situação para a tomada de consciência” e adota métodos e técnicas de pesquisa

diferentes dos estudos experimentais.

A pesquisa de caráter exploratória, segundo Gil (1994) envolve o

levantamento do estado da arte, pela revisão bibliográfica e a consulta aos atores

relacionados com o processo pesquisado, para que a vivência com o problema

possa estimular e facilitar a compreensão do fato. Este tipo de pesquisa busca

basicamente desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias para a

formulação de novas abordagens a posteriori. Portanto, esta forma de estudo

objetiva proporcionar o maior conhecimento possível para o pesquisador sobre o

objeto de análise, para que o mesmo possa formular ou reformular problemas mais

precisos e específicos, bem como a criação de hipóteses para estudos posteriores.

A abordagem do problema será a de pesquisa qualitativa, buscando

responder a questões particulares. Trabalharemos com um nível de realidade que

não pode ser totalmente quantificado, como motivos, valores, crenças, percepções e

comportamentos individuais e coletivos (DESLANDES, 1994). Nessa abordagem, o

processo é o foco principal do estudo e a análise dos dados é realizada de forma

intuitiva e indutiva, não requerendo o uso de métodos e técnicas estatísticas. Sua

preocupação maior é a interpretação dos fenômenos e a atribuição de resultados

(GODOY, 1995).

Segundo Chizzotti (1995, p.78), a pesquisa qualitativa “é uma designação que

abriga correntes de pesquisa muito diferentes, que se fundamentam em alguns

pressupostos contrários ao modelo experimental”. Godoy, (1995) recomenda que

uma pesquisa qualitativa deve apresentar as seguintes características:

• Considerar o ambiente como fonte direta dos dados e o pesquisador como

instrumento chave;

• Possuir caráter descritivo;

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• Ter no processo o foco principal de abordagem e não o resultado ou o

produto;

• Realizar a análise dos dados de forma intuitiva e indutivamente

• Não requerer o uso de técnicas e métodos estatísticos; e por fim,

• Ter como preocupação maior a interpretação de fenômenos e a atribuição de

resultados.

Ainda segundo Godoy (1995), a pesquisa qualitativa não busca enumerar

e/ou medir os eventos pesquisados, nem utiliza instrumental estatístico na análise

dos dados. O ponto de partida são questões ou focos de interesses amplos, que vão

se definindo à medida que o estudo se desenvolve. Um estudo desta categoria

necessariamente envolve dados descritivos sobre organizações, pessoas, lugares e

as formas de interação que se dão pelo contato do agente pesquisador com o objeto

em análise, procurando compreender os fenômenos segundo a vivência e visão dos

atores que convivem com o objeto do estudo (OLIVEIRA, 2002).

Chizzotti (1995, p. 104) propõe para a pesquisa qualitativa o método histórico-

antropológico, que “captam os aspectos específicos dos dados e acontecimentos no

contexto em que acontecem”. No caso deste estudo essa visão é aplicável, na

medida em que seu objetivo é trabalhar dentro do processo de aprendizagem na

esfera organizacional e social.

Quanto à natureza, a dissertação classifica-se como pesquisa aplicada. Seu

objetivo, como explicitado no Capítulo 1, é solucionar um problema identificado no

campo da Gestão Organizacional e aplicar esta solução nas organizações produtivas

do setor de distribuição de combustíveis. Uma das suas intenções é mudar o

paradigma das organizações através de seu sistema de gestão e tomada de

decisão.

Segundo Silva & Menezes (2000, p.20) a pesquisa aplicada, além de envolver

verdades e interesses localizados, “objetiva gerar conhecimento para a aplicação

prática em soluções de problemas específicos”.

3.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O procedimento para elaborar-se um trabalho de dissertação, segundo Eco

(2004), é formado por diversas etapas:

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1) Identificar um tema preciso;

2) Recolher documentação sobre ele;

3) Pôr em ordem estes documentos;

4) Reexaminar em primeira mão o tema à luz da documentação recolhida;

5) Dar forma orgânica a todas as reflexões precedentes;

6) Empenhar-se para que o leitor compreenda o que se quis dizer e possa, se

for o caso, recorrer à mesma documentação a fim de retomar o tema por

conta própria.

Nesta pesquisa buscamos seguir os passos indicados por Eco (op. cit.),

definindo um procedimento de trabalho que atendesse a essas etapas. Abaixo

apresentamos um fluxograma demonstrativo do procedimento (Figura 11).

Figura 11 - Fluxograma das atividades desenvolvidas

Fonte: o Autor

A montagem do referencial teórico foi feita através de revisão da literatura das

áreas de interesse. Foi realizada pesquisa bibliográfica e documental, desenvolvida

a partir de um referencial existente, principalmente livros, artigos, internet e material

disponibilizado pela organização escolhida. Foram consultados, publicações

encontradas nas bibliotecas de algumas universidades, como a Universidade

Montagem do referencial teórico através de pesquisa bibliográfica

Formulação do problema e definição do método

Escolha das empresas para benchmark e da empresa para estudo de caso

Comparação (análise cruzada) do benchmark com o caso escolhido

Análise documental e coleta dos dados das empresas selecionadas

Desenvolvimento da proposição e conclusões

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Federal Fluminense (UFF), a Danmarks Tekniske Universitet (DTU),

Handelshøjskolen - Copenhagen Business School (CBS), e Roskilde

Universitetscenter (RUC), Centros de pesquisa como o CENPES/PETROBRAS e a

biblioteca do sistema PETROBRAS – DOTEC. Outra ferramenta utilizada foi a

internet, através de visitas a sites acadêmicos, técnicos e institucionais, tendo sido

utilizada a plataforma dos periódicos disponibilizados no portal CAPES para acesso

a artigos nacionais e internacionais.

Segundo Markoni & Lakatos, apud Coral (2002), pesquisa bibliográfica é a

que se efetua na tentativa de resolver um problema ou adquirir conhecimentos. Não

deve ser mera repetição do que já foi escrito ou dito sobre o assunto, mas propicia o

exame de um tema sob um novo enfoque ou abordagem, levando a conclusões

inovadoras.

As bases técnicas e bibliográficas pesquisadas levam, dessa forma ao exame

do problema formulado sob nova ótica, fornecendo subsídios para a construção de

uma nova abordagem da questão dos indicadores de sustentabilidade para o setor

de distribuição de combustíveis. O problema foi formulado inicialmente por uma

demanda do mercado e a respostas às questões suscitadas por ele demanda um

estudo aprofundado do setor e das empresas nele atuantes.

A pesquisa propõe então um estudo de caso, que envolve a análise profunda

de uma organização e da visão de sustentabilidade atualmente vigente no setor. A

observação e comparação da organização estudada com outras do mesmo

segmento (benchmarking), será feito através de material publicado.

O Estudo de Caso por sua característica de ser uma categoria de pesquisa

cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente (sociedade, empresa,

pessoa, comunidade etc.), não admite visões isoladas, parceladas e estanques.

Triviños apud Oliveira (2002) define um estudo de caso como sendo “um conjunto de

dados que descrevem uma fase ou a totalidade do processo social de uma unidade,

em suas várias relações internas e nas suas fixações culturais”.

Segundo Yin (2005), o estudo de caso representa a estratégia preferida

quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem

pouco controle sobre os acontecimentos e quando o foco se encontra em

fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real, situação

implícita nos objetivos propostos neste estudo.

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107

O mesmo autor acredita que o caso pode ser simples ou complexo,

exploratório, descritivo ou explanatório. Este trabalho se enquadra também nesta

classificação, como exposto no item anterior. A vantagem do estudo de caso é que

ele permite examinar em profundidade o desenvolvimento de ações em seus

próprios cenários.

A pesquisa de estudo de caso inclui tanto estudos de caso único quanto de

casos múltiplos. Godoy (1995) considera que o estudo de caso único tem como

objetivo uma unidade de que se analisa profundamente e que visa ao exame

detalhado de um ambiente, de um simples sujeito ou de uma situação em particular,

sendo seu propósito fundamental, como tipo de pesquisa, analisar intensivamente

uma unidade social.

No entender de Yin (2005), existem cinco fundamentos para o estudo de caso

único: quando ele representa um teste crucial da teoria existente, uma circunstância

rara ou exclusiva, um caso representativo ou típico, ou quando serve a um propósito

revelador ou longitudinal. Especificando melhor o terceiro fundamento lógico, vemos

que tem por objetivo capturar as condições de uma situação lugar comum ou do dia-

a-dia. Pode representar um “projeto” típico entre muitos projetos diferentes, uma

empresa de manufatura considerada típica entre muitas outras empresas do mesmo

setor industrial ou um bairro urbano típico, por exemplo. O caso aqui estudado se

enquadra nesse fundamento, uma vez que a empresa escolhida é a de maior

dimensão tanto física quanto econômica no Brasil e trabalha em todos os segmentos

e atividades da distribuição de combustíveis.

Segundo Chizzotti (1995), para um estudo de caso são importantes três

fases:

a) a seleção e delimitação do caso;

b) o trabalho de campo;

c) a organização e redação do relatório.

Esta pesquisa, seguindo as etapas definidas no fluxograma já apresentado,

não foge a essa definição. Após a fase exploratória, onde ocorre a revisão

bibliográfica pertinente ao tema, a saber, o conceito de sustentabilidade e o setor

produtivo e a conceituação de indicadores, sistemas que os organizam e discussões

em torno do tema, passaremos então ao estudo de caso.

A primeira fase deste estudo de caso se constitui da escolha das empresas a

serem estudadas, tanto para o benchmark quanto para o estudo aprofundado de um

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caso típico especificamente no segmento de distribuição de combustíveis. Os

parâmetros para essa escolha serão definidos no Capitulo 4, a partir de um exame

do setor e do mercado onde atua.

A segunda fase, trabalho de campo, envolve a de coleta de dados, a ser

realizada em duas etapas. A primeira etapa é a avaliação documental dos relatórios

e material publicado pelas organizações, demonstrativos de seu estilo de gestão e

visão de sustentabilidade. Serão aí examinados os indicadores reportados por estas

organizações.

A segunda etapa da coleta de dados envolve a realização de entrevistas

informais, aplicadas aos atores da organização produtiva em pauta tanto no nível

estratégico quanto no nível tático e operacional, onde se pretende avaliar o

comportamento da organização face à questão da sustentabilidade e a suas partes

interessadas.

A terceira fase, a organização e redação do relatório, é aqui entendida como a

fase de análise e interpretação dos dados. Nessa etapa será feita a análise cruzada

dos dados do benchmark com a empresa típica estudada, através de metodologias

específicas para o tratamento de indicadores. Será de caráter qualitativo, procurando

revelar a multiplicidade de dimensões que envolvem uma organização e seu

contexto, com fortes relações entre seus componentes e as partes interessadas no

negócio. A análise dos dados utilizará tanto procedimentos matemáticos, na

caracterização e quantificação dos indicadores, quanto à técnica de análise de

conteúdo, no exame das variáveis intangíveis. Procuramos trabalhar dentro de um

enfoque sistêmico.

Segundo Triviños apud Oliveira (2002), o enfoque sistêmico, que tem suas

raízes na Teoria Geral dos Sistemas, elaborada por Ludwig von Bertalanffy, parte da

idéia de que existem numerosas relações no interior do objeto que se estuda, mas

que este também está ligado ao meio externo por um conjunto de inter-relações.

A pesquisa teve seu foco voltado para a determinação de um conjunto de

indicadores para a verificação do grau de sustentabilidade da organização escolhida,

não pretendendo esgotar o assunto tratado, mas fornecer uma base inicial de

suporte para o aprofundamento do estudo em questão.

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4. ESTRATÉGIA DE APLICAÇÃO NO SETOR DE PETRÓLEO.

Neste capítulo, apresentamos a estrutura de funcionamento da indústria de

petróleo e especificamente do segmento de distribuição de combustíveis, visando a

contextualizar o campo de aplicação da proposta. Para a análise dessa estrutura, foi

efetuado o levantamento dos aspectos e impactos sociais, ambientais e econômicos

típicos da atividade.

Como estudo de caso, foi analisada uma empresa do setor, a Petrobras

Distribuidora S. A. Ao final desta análise, e considerando a prática das demais

empresas examinadas neste estudo, é possível propor um conjunto de indicadores

de sustentabilidade que nos permita caminhar na direção de uma avaliação do

desempenho na criação de valor sustentável das empresas deste segmento.

4.1. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO.

O petróleo é a mais importante commodity do mercado internacional com um

grande impacto na economia e política mundial tanto em termos de valores como em

termos de quantidade2. Principal fonte de energia mundial3, de forma ainda mais

intensiva nos países industrializados, tem gerado importantes desdobramentos

geopolíticos para obtenção do domínio de suas fontes e processos de produção.

A indústria petrolífera possui uma estrutura oligopolística e verticalizada,

resultado de suas características técnicas e econômicas. Apresenta enormes

barreiras à entrada tendo em vista ser uma atividade intensiva em capital, exigindo

investimentos iniciais elevados e de alto risco e impondo altos custos fixos ao longo

2 Segundo a International Energy Agency, no primeiro semestre de 2005 foram negociados em torno de 85 milhões de barris/dia a preços acima de U$ 60/barril. - http://omrpublic.iea.org/ - 29 out. 05

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de toda a cadeia de produção e instalações que permitam economias de escala. A

integração entre as atividades de produção e a distribuição ao mercado consumidor

é fundamental para a conquista de mercado (SILVEIRA, 1998)

Os processos da indústria de petróleo são divididos em duas etapas: a

primeira compreende aqueles realizados a montante da lavra (upstream), que são a

exploração e a produção; a segunda, os realizados a jusante da lavra (downstream),

que são o transporte, refino e distribuição.

4.1.1. Exploração e Produção (Upstream)

Segundo a ANP – Agência Nacional do Petróleo (2005), exploração ou

pesquisa é o conjunto de operações ou atividades destinadas a avaliar áreas,

objetivando a descoberta e a identificação de jazidas de petróleo ou gás natural.

A exploração e o desenvolvimento são as etapas iniciais do processo de

produção. A primeira consiste em pesquisa de estruturas geológicas suscetíveis de

conter hidrocarbonetos (compostos formados por átomos de carbono e hidrogênio),

utilizando técnicas geológicas e geofísicas. Com base em análises e interpretações

geológicas e geofísicas procede-se à perfuração, caso a probabilidade de encontrar

hidrocarbonetos seja elevada.

Sendo positivo o resultado das perfurações de exploração, inicia-se a etapa

de desenvolvimento do campo. A ANP (2005) define desenvolvimento como o

conjunto de operações e investimentos destinados a viabilizar as atividades de

produção de um campo de petróleo ou gás natural.

A produção é o conjunto de operações coordenadas de extração de petróleo

ou gás natural de uma jazida e de preparo de sua movimentação. (ANP, 2005).

Atualmente 70% da produção de petróleo provém de bacias continentais e

30% de bacias oceânicas (off-shore). Segundo o Anuário Estatístico da ANP (2005),

em 2004 a extração de petróleo era distribuída da seguinte forma: Oriente Médio

(30%), Europa e ex-União Soviética (22%), América do Norte (18%), Américas

Central e do Sul (8,5%), África ao Sul do Saara (11%), Ásia e Pacífico (10,5%).

3 O petróleo é responsável hoje por 61% da energia mundial, segundo a API – http://api-ec.api.org/frontpage.cfm. 29 out. 05

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4.1.2. Transporte e Refino (Downstream)

O transporte de petróleo bruto é feito por meio de oleodutos (terrestre) e

navios petroleiros (marítimo). O oleoduto exige pesados investimentos iniciais,

porém quando em operação possibilita economias de escala consideráveis. O custo

do transporte marítimo é pequeno, sendo que o custo de um barril para ser

transportado do Oriente Médio para a Europa é de aproximadamente US$ 1. É

importante destacar que o transporte inter-continental do petróleo tornou

internacional o mercado energético.

A operação de Dutos e Terminais é um importante elo na cadeia logística de

abastecimento de petróleo. O petróleo é recebido e armazenado nos terminais da

transportadora, vindo de plataformas off-shore ou outro local de produção via

petroleiros para ser levado por oleodutos até as refinarias. Após o refino, uma

grande parcela dos derivados é novamente transportada pelos dutos até os

terminais aquaviários e terrestres, para ser entregue às companhias distribuidoras

que vão abastecer o mercado.

O refino se compõe de uma série de operações que permitem a

transformação do petróleo bruto em inúmeros produtos, que vão atender às

exigências do mercado consumidor. Os principais produtos derivados do processo

de refino são o GLP, a gasolina, nafta para a petroquímica, querosene de aviação,

querosene, diesel, gasóleos para posterior processamento e óleo combustível.

A quantidade dos produtos refinados que serão produzidos a partir do

petróleo bruto é definida em função da qualidade e quantidade do petróleo bruto, da

capacidade e das características técnicas da refinaria e da otimização dos seus

equipamentos. Apresentamos abaixo a composição média dos produtos obtidos nas

refinarias da Petrobras.

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Tabela 3 - Aproveitamento de um barril de petróleo

APROVEITAMENTO DE UM BARRIL DE PETRÓLEO (média das refinarias da Petrobras em 1992)

DERIVADOS % GLP 9

Gasolinas (automotiva e aviação) 17,6

Naftas e Solventes 10,9

Querosenes (iluminação e aviação) 4,4

Óleo Diesel 34,6

Derivados diversos 2,8

Óleos Lubrificantes e Parafinas 1,4

Óleos Combustíveis 17,8

Asfaltos 1,8 Fonte: Silveira, 1998

4.1.3. Distribuição (Retail)

Para melhor entendimento do campo de aplicação da proposta apresentamos

a seguir a estrutura do segmento de distribuição de combustíveis.

Na indústria do petróleo, a distribuição é uma atividade comercial que garante

a colocação, no mercado, dos derivados produzidos em uma refinaria. É a última

fase de um ciclo que começa na exploração e produção do óleo bruto e termina na

entrega dos produtos aos consumidores finais.

No Brasil, a distribuição de derivados de petróleo nunca esteve incluída entre

as atividades que constituíam monopólio da União, estabelecido pela Lei 2.004, de 3

de outubro de 1953, que dispôs sobre a política nacional de petróleo, definiu as

atribuições do Conselho Nacional do Petróleo e instituiu a Petrobras - Petróleo

Brasileiro S.A. Atualmente, após a desregulamentação da atividade e a abertura do

mercado, a competição encontra-se cada vez mais acirrada, com centenas de novas

empresas de distribuição autorizadas a operar.

Um estudo do Instituto Francês de Petróleo demonstra que, para se

manterem competitivas, as companhias de petróleo devem manter suas atividades

integradas "do poço ao posto". O setor de distribuição de derivados de petróleo,

álcool e gás natural é constituído por um sistema harmônico de abastecimento, que

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tem início na entrega dos produtos pela refinaria e que termina quando eles chegam

ao consumidor. Por sua influência na economia, é um segmento estratégico em

qualquer parte do mundo.

A distribuição é a última etapa do processo e faz o papel de elo entre a

refinaria e o consumidor final e, historicamente, tem sido uma atividade cuja margem

de lucro é extremamente baixa (BILET, 1984).

A atividade de distribuição é feita em várias etapas: estocagem,

movimentação e entrega ao grande consumidor ou revendedor. A logística envolvida

para a distribuição do combustível inicia-se no transporte da refinaria4 para as bases

primárias de distribuição, que é feito através de cabotagem, oleodutos ou por meio

ferroviário. Das bases primárias o produto pode ser entregue diretamente ao

consumidor5, através de oleodutos para alguns grandes consumidores e transporte

ferroviário, rodoviário ou marítimo para outros grandes consumidores ou para os

postos revendedores, ou transferido para as bases secundárias (bases de

distribuição no interior do país/estado) para posterior entrega aos clientes.

Ressaltamos que esta estrutura exige pesados investimentos em transporte,

armazenamento e pontos de vendas. Atualmente, no Brasil, o setor é responsável

por uma rede de aproximadamente 22 mil postos de abastecimento, 119 bases de

distribuição em 74 municípios, 10 fábricas de lubrificantes, 200 postos de

abastecimento destinados à aviação, computadas apenas as instalações das

empresas filiadas ao SINDICOM (2005).

Com exceção de alguns grandes consumidores que retiram seus produtos

diretamente da refinaria por intermédio de oleodutos, os demais consumidores do

mercado obtém o produto por intermédio da atuação das distribuidoras. Através de

uma rede de intermediários (revendedores e retalhistas), elas são responsáveis pelo

aprovisionamento do mercado.

As distribuidoras trabalham em sistema de parceria com os postos

revendedores e têm clientes que compram grandes volumes, denominados grandes

consumidores. Segundo Silveira (1998), os principais clientes das empresas de

distribuição são:

4 Atualmente a única empresa fornecedora às distribuidoras é a Petróleo Brasileiro S.A., porém com a quebra do monopólio e a liberação das importações as distribuidoras poderão efetuar compras em refinarias no exterior 5 As indústrias petroquímicas têm bombeamento direto da refinaria para a fábrica, através de oleodutos.

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• Posto Revendedor - Ponto de venda ao consumidor final. Conforme o tipo de

contrato com a Distribuidora, os postos podem ser:

♦ Posto Próprio - Posto da própria distribuidora que o aluga a um operador

por um percentual da margem de revenda. No Brasil as empresas

distribuidoras são proibidas de operarem postos diretamente, com

exceção de seus postos-escola.

♦ Posto de Terceiros - Pode ser posto ou terreno que a distribuidora aluga e

subloca ao Revendedor. No Brasil é feito de duas formas: locador aluga

imóvel a distribuidora que o subloca ao Revendedor ou o próprio locador é

o sublocatário.

♦ Com Contrato - (Contrato de Compra e Venda Mercantil - CVM) - Postos

que possuem contrato, com a distribuidora, que determina obrigações de

venda de produtos pelo revendedor por períodos determinados.

♦ Sem Contrato - Postos que não possuem contrato firmado com a empresa

distribuidora, porém operam com a marca, isto é, identifica visualmente o

estabelecimento com a "bandeira” 6 pela utilização de logotipos, cores e

equipamentos.

♦ Bandeira Branca - Postos sem contrato e que não se identificam com

bandeira alguma, sendo livre para comprar de qualquer distribuidora.

♦ Multi-Bandeira - Posto sem contrato e que se identifica com equipamentos

de várias bandeiras. Pela dificuldade operacional de instalação de

equipamentos de diferentes distribuidoras este tipo de posto revendedor

não existe na prática.

• Grandes Consumidores - Clientes que compram em grande quantidade

diretamente da distribuidora. São grandes consumidores, por exemplo:

♦ Indústrias

♦ Governo

♦ Empresas de transporte

♦ Empreiteiras de construção civil

♦ Empresas agro-industriais

• Empresas de Aviação

6 Bandeira- termo normalmente utilizado para se referir a companhia distribuidora detentora da marca.

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♦ Companhias Aéreas - Grandes empresas de aviação - nacionais e

internacionais - que abastecem nas bases de abastecimento dos

aeroportos

♦ Revendedores de Aviação - Empresas que recebem os produtos das

distribuidoras e revendem a pequenos clientes da aviação

• Transportadores – Revendedores - Retalhistas - TRR's - Empresas que

compram da distribuidora e revendem diesel, óleo, querosene e lubrificantes a

outros consumidores (empresas de pequeno e médio porte, condomínios,

hospitais, fazendas).

Como definido no Item 1.6, para efeito deste trabalho não consideraremos o

consumidor final, ou seja, a pessoa física que abastece seu veículo nos postos de

serviço, como cliente direto das distribuidoras, mas como uma das partes

interessadas no negócio.

A fabricação de lubrificantes, embora não possa ser caracterizada como

atividade de transporte e distribuição, é historicamente deixada a cargo do segmento

de distribuição dentro do setor de petróleo. Todas as empresas examinadas têm

entre seus ativos fábricas de lubrificantes.

As distribuidoras examinadas vêm incorporando também, em seus postos de

abastecimento, lojas de conveniência. Esse setor tem uma dinâmica própria,

diferente do processo de distribuição de combustíveis, se aproximando mais do setor

de varejo de alimentos, e não será objeto de estudo neste trabalho, como

especificado no item 1.6.

4.1.4. O mercado do setor de distribuição de combustíveis no Brasil

É através do ramo da distribuição que as companhias de petróleo têm o maior

contato com a sociedade onde se inserem embora o maior impacto ambiental se dê

na área de Exploração e Produção e na de Refino. Desta forma, consideramos o

setor de fundamental importância quando falamos de introduzir e desenvolver a

visão de sustentabilidade no setor de petróleo.

A estrutura do mercado de distribuição é diferente de um país para outro,

sendo influenciado por características geográficas, pela estrutura de preços, pelo

controle governamental, etc. De uma forma geral é atomizado e composto por

subsidiárias ou filiais das grandes companhias petrolíferas e por empresas

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independentes. No Brasil, o setor de distribuição é um mercado de livre

concorrência, com estrutura oligopólica, onde 5 empresas detém aproximadamente

80 % de participação. Nele atuam uma empresa de economia mista, subsidiária da

Petrobras Petróleo Brasileiro S.A., filiais de empresas petrolíferas multinacionais e

empresas de capital privado nacional. Assim, segundo dados da Petrobras (2005) o

capital estrangeiro é responsável por 29% do mercado, o capital estatal por 32,8% e

o capital privado nacional por 38,2%.

O mercado de distribuição de combustíveis no Brasil, falando de volumes

transacionados e projeções de crescimento, é o mais atrativo da América Latina,

movimentando mais de 660 milhões de barris e crescendo a uma taxa firme de 5-7%

ao ano (TEIXEIRA, 2001).

A rede de estações de serviço brasileira, de acordo com uma pesquisa feita

pela ANP em Junho de 2000, já chegava a 28,929 postos registrados. A distribuição

destas estações de serviço pelo território nacional, apesar de uma baixa densidade

em termos de quantidade por quilometro quadrado, é bastante regular, embora com

maior concentração nas áreas mais populosas.

A desregulamentação completa do mercado de distribuição de combustíveis,

a partir de janeiro de 2002, cuja única exceção foi a manutenção da proibição da

integração vertical entre distribuidoras e revendedores, provocou mudanças

significativas no setor nos últimos anos, na medida em que essa liberalização foi

provocando seus efeitos.

Um efeito importante foi o crescimento do número de distribuidoras, em torno

de 250 licenciadas e 170 em atividade ao fim de 2003, além do crescimento do

número de postos sem vínculo com uma bandeira de distribuição, que respondem

por boa parte das vendas das pequenas distribuidoras, não filiadas ao SINDICOM,

cuja participação no mercado de derivados em 2003 se manteve, no global, entre 18

a 19%, mas apresentando algumas oscilações no cômputo mensal, chegando a

ultrapassar os 20% de participação de mercado em alguns meses do primeiro

semestre de 2003.

Estas oscilações no market-share das distribuidoras não afiliadas ao

SINDICOM, têm relação direta com irregularidades do mercado, especialmente

liminares tributárias que foram estabelecidas em grande número nos primeiros seis

meses de 2003, arrefecendo depois ao longo do segundo semestre, conforme o

gráfico abaixo:

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Figura 12 - Liminares Tributárias em vigor (2003)

19

6

4

14

63

18

7

4

20

8

2

16

71

18

4

13

41

11

31

6

32

332

242

232

05

101520253035

jan/03 mar/03 mai/03 jul/03 set/03 nov/03CIDE ICMS PIS/COFINS NA CIDE

Fonte: Sindicom, 2005

O ano de 2003 foi marcado pela troca de Governo acompanhada de

incertezas quanto às políticas governamentais futuras, causando nos agentes

econômicos expectativas negativas para as projeções dos principais indicadores,

como o risco-país, taxas de inflação e de juros. Esse panorama provocou a

estagnação do crescimento econômico, afetando o mercado de distribuição. Nesse

cenário de mercado, algumas grandes distribuidoras também adotaram posturas

mais competitivas em 2003, em termos de redução de preços e margens, tendo sido

divulgadas quedas de margens brutas de até 25% entre 2002 e 2003.

As maiores empresas de distribuição atuando no Brasil faturaram juntas, em

2005, mais de R$ 88 bilhões. Resultando em aproximadamente R$ 2,2 bilhões de

lucros. Esclarecemos que historicamente o nível da margem de lucro das

distribuidoras é baixo. Entre as grandes a média simples da margem em 2005 foi de

menos de 2,5% (SINDICOM, 2005).

4.1.5. Principais impactos na etapa de distribuição do petróleo.

A identificação dos aspectos e o levantamento dos impactos sociais e

ambientais dos produtos, dos processos e das instalações da atividade de

distribuição de combustíveis foram feitos de acordo com as orientações das Normas

ISO 14001, ISO 14004, ISO 14031 e OHSAS 18001, acrescidos dos requisitos do

PNQ e das recomendações da ONU para o setor de petróleo (UNEP, 1999). Essas

orientações estabelecem que os riscos inerentes às atividades da empresa devem

ser identificados, avaliados e gerenciados, de modo a evitar a ocorrência de

acidentes, prevenir e assegurar a minimização de seus impactos.

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Para a identificação dos aspectos e o tratamento dos respectivos impactos

ambientais, sociais e econômicos, a metodologia aplicada encontra-se resumida no

fluxograma da Figura 13, que corresponde às etapas da certificação segundo as

Normas citadas acima.

Especificamente quanto à identificação dos aspectos sociais e ao tratamento

dos respectivos impactos sociais e econômicos relativos aos produtos, processos e

instalações, a classificação se desenvolve em função das partes interessadas, da

situação operacional, da procedência, da classe e da população afetada.

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Figura 13 - Fluxograma de identificação e gestão de aspectos e impactos sociais e ambientais

Fonte: Adaptado de ISO 14001 (2004) e UNEP (1999)

S

INÍCIO

Identificação das Partes Interessadas

Identificação das categorias de aspectos, dos aspectos sociais e seus respectivos

impactos.

Caracterização dos aspectos sociais e impactos

associados

Avaliação dos impactos associados

Análise da significância dos aspectos

Aspecto significativo N

Gerenciar Aspectos Significativos

Preparação de listas de processos e tarefas através da seleção das atividades/serviços e tarefas

correlacionadas

Identificação de aspectos ambientais, suas causas

básicas e impactos associados.

Caracterização dos aspectos e impactos

ambientais associados

Registrar como NÃO significativo

AmbientalSocial

FIM

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A seguir, as etapas do fluxograma Figura 13 são resumidamente descritas:

• Linha Ambiental: 1. Preparação de listas de processos e tarefas através da seleção das

atividades correlacionadas: Todos os processos desenvolvidos nas unidades

são identificados e as respectivas tarefas listadas.

2. Identificação de aspectos ambientais, suas causas básicas e impactos

associados: Para cada tarefa dos processos em análise, são identificados os

aspectos ambientais. Se necessário, são indicadas as causas básicas, pois

são potenciais iniciadores do aspecto considerado. Para cada aspecto, são

identificados os seus respectivos impactos associados, ou seja, os efeitos

decorrentes dos referidos aspectos. Os aspectos e impactos identificados são

assinalados em planilha de levantamento de aspectos e impactos.

3. Caracterização dos aspectos e impactos ambientais associados: Os aspectos

e impactos ambientais são caracterizados, no mínimo, considerando a

situação operacional, a classe, a área afetada, a população afetada e o

agente econômico afetado.

• Linha Social: 1. Identificação das Partes Interessadas: São identificados os grupos que podem

afetar ou serem afetados pelos processos rotineiros ou por acidentes que

possam vir a ocorrer no desempenho normal das atividades da empresa.

2. Identificação das questões relevantes associadas ao relacionamento da

empresa com as Partes Interessadas, ou Categorias Sociais (UNEP,1999),

dos aspectos sociais que compõem cada categoria e seus respectivos

impactos: É feita a identificação do conjunto de aspectos sociais associado a

cada parte interessada e especificação dos impactos associados a cada um

dos aspectos sociais levantados para as atividades ou instalações;

3. Caracterização dos aspectos sociais e impactos associados: Os aspectos

sociais são caracterizados considerando a situação operacional e a

procedência e os impactos são classificados a partir da classe, freqüência de

ocorrência e população afetada.

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• Geral 4. Avaliação dos aspectos e impactos associados: A avaliação dos aspectos e

impactos é feita por meio de análise de importância, representada pela soma

da pontuação relativa aos critérios citados no item 3 anterior. Em situação de

emergência, são acrescidos critérios de risco nesta avaliação.

5. Analisar a significância dos aspectos: Um aspecto é considerado significativo

quando a pontuação obtida pelo item 4 anterior for superior a valor

determinado ou quando o aspecto estiver relacionado a algum filtro de

significância, ou ainda, quando houver risco iminente envolvido.

6. Gerenciar aspectos significativos: Para controle de aspectos (e impactos

associados) significativos, devem ser necessariamente estabelecidos:

• Plano de ação, com responsáveis e prazos, que represente uma minimização

imediata dos impactos, ficando a atividade sujeita a operar somente após a

implementação das medidas mitigadoras;

• Objetivos e metas, com estabelecimento de indicadores e sistemática de

acompanhamento;

• Procedimentos – revisão ou elaboração;

• Programas específicos, periódicos ou pontuais, para conscientização ou

reforço de ações mitigadoras;

• Acompanhamento dos resultados.

A seguir apresentamos os impactos ambientais e sociais identificados para a

atividade de distribuição de combustíveis conforme elementos apresentados

anteriormente.

Os aspectos e impactos ambientais apresentados são referentes aos

processos da distribuição de combustível, em sua operação normal bem como no

caso de acidentes, como vazamentos por exemplo, ou de características próprias do

mercado no Brasil, como a adulteração de combustíveis e como afetam o meio

ambiente.

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Tabela 4 - Impactos ambientais das atividades da distribuição de combustíveis

IMPACTOS AMBIENTAIS

Post

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vend

edor

es

Inst

alaç

ões

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rand

es

cons

umid

ores

In

stal

açõe

s em

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rtos

Fábr

ica

de lu

brifi

cant

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Tran

spor

te

Bas

es e

Ter

min

ais

CATEGORIA ASPECTO IMPACTO ATIVIDADE Alteração dos recursos hídricos

Alteração das condições do solo

Efluentes

Geração e descarte de efluentes

Alteração da biodiversidade

Alteração dos recursos hídricos Resíduos

Geração e disposição de resíduos Alteração das

condições do solo

Alteração dos recursos hídricos

Alteração das condições do solo

Vazamento de produtos (tanques, tubulações, conexões, bocais de enchimento e bombas). Alteração da biota ou

da biodiversidade

Alteração da biota ou da biodiversidade

Alteração das condições do solo

Alteração da qualidade do ar

Vazamentos

Incêndio ou explosão

Alteração dos recursos hídricos

Adulteração de combustíveis

Alteração da qualidade do ar

Alteração da qualidade do ar Emissões evaporativas

(VOC) Alteração da biota ou da biodiversidade

Chuva ácida Emissões de combustão (CO, CO2, SOX, NOX, H2O), Efeito estufa

Emissões

Emissões de material particulado

Alteração da qualidade do ar

Alteração na qualidade do ar

Tráfego de caminhões na vizinhança Alteração no nível de

ruído ambiental

Alteração dos recursos hídricos

Alteração das condições do solo

Transporte

Colisão e/ou tombamento de veículos de transporte de combustível

Alteração da biota ou da biodiversidade

Fonte: O Autor

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As categorias, aspectos e impactos sociais dizem respeito à forma de conduta

da empresa na sua relação com as Partes Interessadas em seu negócio,

identificadas dentro da cadeia de operação da empresa. As Partes Interessadas que

têm relação direta com o processo da empresa são consideradas estratégicas. As

demais, embora tenham importância para os negócios, têm interesse mais

representativo que direto e são consideradas secundárias. Analisamos a relação das

empresas do segmento de distribuição com suas Partes Interessadas estratégicas.

As categorias, ou conjuntos de aspectos relativos a uma questão importante

na conduta das empresas do setor com suas partes interessadas estratégicas, foram

levantadas a partir da categorização da UNEP (1999), adaptada ao segmento

examinado. Os aspectos sociais são aqui definidos como os elementos que podem

afetar a qualidade de vida ou o desempenho das Partes Interessadas e que podem

provocar impactos sociais, ou mudanças na realidade social deles decorrentes

Tabela 5 - Impactos sociais das atividades da distribuição de combustíveis

IMPACTOS SOCIAIS Po

stos

reve

nded

ores

In

stal

açõe

s em

gra

ndes

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Bas

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PARTE INTERESSADA CATEGORIA ASPECTO IMPACTO ATIVIDADE

Remuneração (salários e benefícios)

Alteração na qualidade de vida, na renda e na satisfação do trabalhador.

Critérios de admissão

Alteração no desenvolvimento sócio econômico local

Condições de emprego

Critérios de demissão

Alteração na qualidade de vida, auto-estima e empregabilidade.

Direitos Humanos

Trabalho em condições insalubres e/ou em situações perigosas

Alteração na qualidade de vida

Desenvolvimento e capacitação

Qualificação e capacitação profissional

Alteração na empregabilidade

Força de Trabalho: 1. Empregados Próprios 2. Empregados dos Postos Revendedores 3. Empregados de empresas contratadas.

Diversidade Composição da Alteração na

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IMPACTOS SOCIAIS

Post

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vend

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ões

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rand

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cons

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ores

In

stal

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PARTE INTERESSADA CATEGORIA ASPECTO IMPACTO ATIVIDADE

Força de Trabalho (gênero, raça, idade, portadores de deficiência).

qualidade de vida

Equidade na distribuição de benefícios

Critério para seleção de fornecedores

Alteração no desenvolvimento sócio-econômico local ou geral e na satisfação do cliente

Desenvolvimento e capacitação

Apoio ao desenvolvimento dos fornecedores (aspectos gerencial, tecnológico, social e ambiental).

Alteração na qualidade de vida da força de trabalho das empresas fornecedoras. Alteração do nível de trabalho e renda

Trabalho infantil na cadeia produtiva

Erradicação do trabalho infantil Alteração nas condições de vida das crianças (educação e saúde)

Fornecedores: (refinarias, petroquímicas e usinas de álcool, fornecedores de equipamentos e manutenção e das lojas de conveniência, empresas transportadoras).

Direitos Humanos

Trabalho escravo na cadeia produtiva

Erradicação do trabalho escravo Alteração nas condições de vida dos locais onde opera

Equidade na distribuição de benefícios

Critério para seleção de revendedores

Alteração na qualidade de vida e no desenvolvimento sócio-econômico local e na satisfação do cliente

Monitoramento de revendedores

Alteração na qualidade de vida (empregados do revendedor e comunidades do entorno)

Clientes: 1. Revendedores

Desenvolvimento e capacitação

Apoio ao desenvolvimento dos revendedores (gerencial, tecnológico, social e ambiental).

Alteração na qualidade de vida (empregados do revendedor e comunidades do entorno), do nível de renda e de

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IMPACTOS SOCIAIS

Post

os re

vend

edor

es

Inst

alaç

ões

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rand

es

cons

umid

ores

In

stal

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Fábr

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min

ais

PARTE INTERESSADA CATEGORIA ASPECTO IMPACTO ATIVIDADE

trabalho local e da satisfação dos clientes.

2. Consumidores finais

Excelência no atendimento

Política de melhoria contínua (preço, qualidade do produto, qualidade do serviço).

Alteração do desenvolvimento local (efeito multiplicador) e da satisfação dos clientes

Relações com a comunidade do entorno

Diálogo com organizações locais (organizações comunitárias ONGS, entidades públicas).

Alteração no desenvolvimento sócio-econômico local

Ação social da empresa na comunidade local (apoio /desenvolvimento de projetos sociais em áreas como educação, saúde, habitação, esportes, geração de trabalho e renda).

Alteração das situações de pobreza e exclusão social da comunidade Alteração no desenvolvimento social local

Gerenciamento dos impactos da empresa na comunidade.

Alteração no desenvolvimento sócio-econômico local

Comunidade do entorno

Investimento social

Gerenciamento dos impactos da comunidade na empresa.

Alteração na qualidade de vida do entorno

Investimento social

Diálogo com as diversas instâncias do Poder Público (apoio na elaboração de programas para desenvolvimento local e regional, além de regulamentos e normas).

Alteração na qualidade de vida do entorno Alteração no desenvolvimento sócio-econômico

Governo e Sociedade

Equidade na distribuição de benefícios

Geração de renda local e regional.

Alteração no desenvolvimento sócio-econômico

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IMPACTOS SOCIAIS

Post

os re

vend

edor

es

Inst

alaç

ões

em g

rand

es

cons

umid

ores

In

stal

açõe

s em

aer

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tos

Fábr

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brifi

cant

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Bas

es e

Ter

min

ais

PARTE INTERESSADA CATEGORIA ASPECTO IMPACTO ATIVIDADE

Pagamento de taxas e impostos locais, regionais e nacionais.

Alteração no desenvolvimento sócio-econômico

Combate à corrupção.

Alteração no desenvolvimento social

Ética e Transparência

Combate às formas ilegais de troca.

Alteração no desenvolvimento social

Acionistas Ética e

Transparência

Fonte: Modificado de Petrobras/Equipe LIMA-COPPE, 2005.

4.2. A VISÃO ESTRATÉGICA DE SUSTENTABILIDADE DE ALGUMAS EMPRESAS DE PETRÓLEO (BENCHMARKING).

A IPIECA e o API prepararam em conjunto o Oil and Gas Industry Guidance

on Voluntary Sustainability Reporting, um guia para a elaboração de relatórios

voluntários do desempenho nas áreas ambiental, saúde e segurança, social e

econômica. Diversas empresas fizeram parte do grupo que preparou o guia,

demonstrando uma efetiva preocupação com a questão da sustentabilidade.

O Dow Jones Sustainability Index (DJSI) também lista diversas empresas da

área de energia, sendo a maioria de petróleo e gás.

O Quadro 15, abaixo, mostra as empresas que produzem e comercializam

petróleo e derivados e pertencem aos dois conjuntos, a saber, o grupo de

preparação do guia IPIECA/API e o DJSI.

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Quadro 15 - Empresas Selecionadas

Empresa IPIECA/API DJSI E&P/Refino Distribuidora

BHP Billiton _ _

BP

Chevron _

Conoco Phillips _

Exxon Mobil _

Marathon _

Nexen _

PDO _ ?

Shell

Statoil

Suncor Energy _

Total

UNOCAL _ _

Woodside _ _ Fonte: O Autor

Neste aspecto, foram selecionadas para estudo as empresas que, além de

pertencerem aos dois grupos, têm atuação verticalizada, participando em todas as

fases do processo de produção e distribuição de petróleo e derivados. O critério de

escolha busca obter exemplos de formas de gestão de sustentabilidade praticadas

por empresas efetivamente comprometidas com a questão, atuando em todas as

etapas do negócio em diversas partes do mundo. São elas: BP, Shell, Statoil, Total e

Petrobras.

A Petrobras foi selecionada por se enquadrar no critério, embora não tenha

participado do grupo de preparação do guia IPIECA/API. Ela é a maior empresa do

setor no território nacional e vem demonstrando uma efetiva preocupação com a

questão da sustentabilidade, estando atualmente na primeira posição de entrada no

DJSI.

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128

4.2.1. PETROBRAS

A Petrobras - Petróleo Brasileiro S.A. é uma sociedade anônima de capital

aberto, controlada majoritariamente pelo Governo brasileiro, que possui 55,7% de

suas ações ordinárias e, portanto, de seu capital votante, e 32,2% do capital social

total. A Petrobras é uma companhia integrada que realiza atividades de exploração,

produção, refino, comercialização e transporte de petróleo, gás natural e derivados

no Brasil e no exterior. É a maior empresa brasileira, a maior companhia de petróleo

da América Latina e a décima quinta do mundo. Criada em 1953, é hoje a 15a maior

companhia de petróleo do mundo, segundo os critérios da publicação Petroleum

Intelligence Weekly. (Relatório Petrobras, 2004)

De acordo com o Relatório Petrobras 2004 a empresa vem expandindo suas

operações para tornar-se uma companhia de energia com atuação internacional e

líder na América Latina, baseada nos seguintes valores:

• Valorização dos principais públicos de interesse: acionistas, clientes,

empregados, sociedade, governo, parceiros, fornecedores e comunidades em

que a Companhia atua;

• Espírito empreendedor e de superar desafios;

• Busca permanente da liderança empresarial;

• Excelência e liderança em questões de saúde, segurança e preservação do

meio ambiente;

• Espírito competitivo inovador, com foco na diferenciação em serviços e

competência tecnológica;

• Obtenção de resultados de excelência.

De acordo com o seu modelo de estrutura organizacional, a Companhia

funciona com quatro áreas de negócio:

• Abastecimento: É responsável pelas atividades de refino, logística, transporte

e comercialização de derivados e álcoois, além das participações em

empresas petroquímicas no Brasil e duas plantas de fertilizantes. De acordo

com a Petroleum Intelligence Weekly, a Petrobras pode ser considerada a

nona maior companhia no setor downstream - refino, transporte e

comercialização. A Companhia abastece quase toda a demanda do mercado

brasileiro por derivados de petróleo.

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• Exploração e Produção: É o órgão da Petrobras que atua em pesquisa,

localização, identificação, desenvolvimento, produção e incorporação de

reservas de óleo e gás natural dentro do território nacional.

• Gás e Energia: É a área responsável pela comercialização do gás natural

nacional e importado, além da implantação de projetos, em parceria com o

setor privado, que irão garantir a oferta deste combustível e de energia em

todo o país.

• Internacional: A Petrobras desenvolve diversas atividades no exterior e

mantém uma consistente atividade internacional, desde a exploração até a

compra e a venda de petróleo, além de outros atributos em várias áreas.

A empresa conta com duas áreas de apoio - Financeira e Serviços - e as

unidades corporativas ligadas diretamente ao presidente, alem de um centro de

pesquisa, o CENPES.

A Petrobras mantém uma consistente atividade internacional, tal como:

compra e venda de petróleo, tecnologias, equipamentos, materiais e serviços;

acompanhamento do desenvolvimento da economia americana e européia;

operação financeira com bancos e bolsa de valores; recrutamento de pessoal

especializado; afretamento de navios; apoio em eventos internacionais, entre outros.

A Petrobras está presente em Angola, na Argentina, na Bolívia, na Colômbia, nos

Estados Unidos, na Nigéria. Tem apoio de seus escritórios em Nova Iorque

(ESNOR) e no Japão (ESJAP).

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Figura 14 - Área de atuação da Petrobras

Fonte: Site da Petrobras, 2005.

Além das atividades da holding, o Sistema Petrobras inclui as subsidiárias,

empresas independentes com diretorias próprias, interligadas à sede, tais como:

• Petrobras Gás S.A. - Gaspetro, subsidiária responsável pela comercialização

do gás natural nacional e importado.

• Petrobras Química S.A. - Petroquisa, que atua na indústria petroquímica;

• Petrobras Distribuidora S.A. - BR, na distribuição de derivados de petróleo;

• Petrobras Transporte S.A. - Transpetro, criada para executar as atividades de

transporte marítimo e dutoviário da Companhia;

• Petrobras Comercializadora de Energia Ltda., que permite a atuação da

Companhia nas novas atividades da indústria de energia elétrica no Brasil;

• Petrobras Negócios Eletrônicos S.A., participa no capital social de outras

sociedades que tenham por objetivo atividades realizadas pela Internet ou

meios eletrônicos;

• Petrobras International Finance Company – PIFCO, criada com o objetivo de

facilitar a importação de óleo e produtos derivados de petróleo;

• Downstream Participações S.A., que facilita a permuta de ativos entre a

Petrobras e a Repsol-YPF;

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Em 2003 a empresa mudou sua forma de empreender ações sociais e de

participar do desenvolvimento ambiental, cultural e esportivo do País. Estabeleceu

parcerias com diversas organizações do governo e da sociedade civil e

comprometeu-se com os princípios do Pacto Global e com as Metas do Milênio

propostas pela ONU.

4.2.1.1. Petrobras - Visão estratégica

O Plano Estratégico da Petrobras 2003 – 2007 contempla a estratégia

corporativa de liderança no mercado brasileiro de petróleo e derivados, consolidação

como empresa de energia e expansão seletiva da atuação internacional. Esta

estratégia continuará pautando-se pela permanente integração da busca da

rentabilidade com o exercício da responsabilidade social.

Em 2003, 250 dos principais executivos e técnicos da companhia começaram

a elaborar o Planejamento Estratégico da Petrobras 2004-2015. Uma das questões

fundamentais na discussão foi a introdução dos conceitos de responsabilidade social

e ambiental na missão e nas políticas corporativas, de forma a garantir que todas as

atividades a serem desenvolvidas pela empresa contemplem, cada vez mais, a

inclusão social e o respeito ao meio ambiente. A direção da empresa esteve

envolvida em todo o processo.

A Petrobras tem como missão atuar de forma segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental, nas atividades da indústria de óleo, gás natural

e energia, nos mercados nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços

adequados às necessidades dos seus clientes e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos países onde atua. Em sua visão, a Petrobras será

uma empresa integrada de energia com forte presença internacional e líder na

América Latina, atuando com foco na rentabilidade e na responsabilidade social e

ambiental. O Planejamento Estratégico Petrobras 2015, aprovado em maio de 2004,

reforça o compromisso da Companhia de atuar com responsabilidade social e ambiental de forma totalmente integrada aos negócios, tanto no Brasil como nos

outros países onde está presente. Em sua busca por liderança nos mercados de petróleo e gás natural da

América Latina, a Petrobras definiu como pilares estratégicos a expansão seletiva na

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petroquímica e a atuação nos mercados de energia renovável. O crescimento, a

rentabilidade e a responsabilidade social e ambiental são os fatores do desempenho

da estratégia que, do ponto de vista interno, estará assentada na busca da

excelência operacional, da gestão e do domínio tecnológico.

O Planejamento Estratégico – 2015 traz também os valores da Companhia,

que orientam a postura profissional de seus colaboradores. São eles:

• Valorização dos principais públicos de interesse: acionistas, clientes,

empregados, sociedade, governo, parceiros, fornecedores e comunidades,

direta ou indiretamente ligadas à atuação da Companhia;

• Espírito empreendedor e de superar desafios;

• Foco na obtenção de resultados de excelência;

• Espírito competitivo inovador com foco na diferenciação em serviços e

competência tecnológica;

4.2.1.2. Petrobras - Visão de sustentabilidade

A Visão de Sustentabilidade da Petrobras, expressa em seu Plano

Estratégico, parte da preocupação e do compromisso da Empresa com seus

públicos de interesse, ou partes interessadas.

Dentre outros aspectos, a Política de Atuação Corporativa prevê que a

Petrobras deve:

• Conduzir os negócios e atividades com ética e transparência, visando à

credibilidade junto aos seus acionistas, investidores, trabalhadores, clientes,

fornecedores, poder público, comunidades onde atua e sociedade em geral.

• Conduzir os negócios e atividades com responsabilidade social e ambiental,

considerando seus compromissos com o desenvolvimento sustentável e com

o Pacto Global, do qual é signatária.

• Exercer ações pró-ativas no relacionamento com governos, órgãos

reguladores, fiscalizadores e entidades de interesse da Petrobras.

A Companhia elabora diversas pesquisas – Pesquisa de Ambiência

Organizacional, de Clientes e de Opinião Pública, entre outras – com o objetivo de

ouvir, avaliar e considerar as preocupações, críticas e sugestões dos públicos de

interesse em assuntos que os envolvam. Constam do Painel de Desempenho

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Corporativo os indicadores Imagem de Responsabilidade Social e Imagem

Corporativa, que são monitorados periodicamente. Nas reuniões do Comitê de

Negócios e dos diversos Comitês de Gestão são analisados diagnósticos e

pesquisas e discutidas linhas de ação relacionadas às partes interessadas.

As pesquisas citadas acima baseiam-se em 18 indicadores que contemplam

os seguintes campos de avaliação: gestão, competitividade, crescimento, atuação no

exterior, visão de futuro, apoio social, ética e responsabilidade social e ambiental.

A média ponderada das pontuações de todos os indicadores no segmento

opinião pública dá origem a um indicador geral. Este indicador não é uma média

entre as notas de todos os segmentos, o que a empresa não considera significativo

do ponto de vista estatístico, mas representa uma amostra específica.

As informações resultantes das pesquisas realizadas pela Petrobras junto às

partes interessadas são consolidadas no Sistema de Monitoramento da Imagem

Corporativa (Sísmico), que constitui uma ferramenta de gestão da reputação da

Companhia. Por meio do Sísmico, a administração pode acompanhar a evolução da

imagem da Petrobras e ajustar não apenas suas políticas e ações de comunicação,

mas, principalmente, suas práticas de gestão em diversas áreas.

Em 2004, as pesquisas de imagem corporativa abrangeram uma amostra

mais ampla do que no ano anterior. Foram realizadas 5.400 entrevistas,

contra as 3 mil de 2003, distribuídas uniformemente por nove capitais: São Paulo,

Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, Manaus e

Brasília. A melhora observada no indicador geral distribui-se por praticamente todos

os 18 indicadores. Apenas os indicadores Diversificação/Energia, Atuação no

Exterior e Postos BR tiveram redução no ano de 2004, sendo que somente no

primeiro indicador houve uma queda expressiva.

Dentre os indicadores que se ampliaram, as maiores taxas de incremento

foram observadas em Ética, Transparência e Responsabilidade Social e Ambiental.

A Petrobras, sendo signatária do Pacto Global, estrutura seu Balanço Social a

partir de seus princípios, em numero de dez, organizados em quatro categorias:

1. Direitos Humanos

• Princípio 1: apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos reconhecidos

internacionalmente;

• Princípio 2: assegurar-se de que não estejam sendo cúmplices de abusos e

violações de direitos humanos.

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2. Trabalho

• Princípio 3: apoiar a liberdade de associação e o reconhecimento efetivo do

direito à negociação coletiva;

• Princípio 4: abolir todas as formas de trabalho forçado ou compulsório;

• Princípio 5: erradicar efetivamente o trabalho infantil; e

• Princípio 6: eliminar a discriminação em relação ao empregado e ao cargo.

3. Meio Ambiente

• Princípio 7: adotar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais;

• Princípio 8: desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade

ambiental; e

• Princípio 9: incentivar o desenvolvimento e difusão de tecnologias limpas que

não agridam o meio ambiente.

4. Anticorrupção

• Princípio 10: comprometer-se com o combate à corrupção em todas as suas

formas.

É utilizado no Balanço Social um modelo misto, com adaptações feitas pela

própria empresa, incorporando e consolidando os modelos de relatório e indicadores

de responsabilidade social e ambiental a seguir:

• GRI: Global Reporting Initiative – Diretrizes para Relatórios de

Sustentabilidade - 2002

• DJSI: Dow Jones Sustainability Index – Questionário de Sustentabilidade

Corporativa 2004 – Empresas de Óleo, Gás e Carvão

• IBS: Modelo Ibase 2004

• ETH: Guia de Elaboração do Balanço Social 2004 do Instituto Ethos

• IND ETH: Indicadores Ethos 2004

• CBD: Relatório de Sustentabilidade Empresarial 2004 do Conselho

Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)

A seguir apresentamos um quadro com os indicadores publicados no Balanço

Social de 2004.

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Tabela 6 - Indicadores de sustentabilidade da Petrobras

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Fonte: Balanço Social da Petrobras, 2004.

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4.2.2. SHELL

A Shell é um conglomerado composto de muitas companhias e negócios

distribuídos através de todo o mundo.

No Brasil, a Shell é uma das cinco maiores distribuidoras de combustíveis. Ao

longo dos últimos anos, no entanto, diversas vertentes de negócios foram

inauguradas no país, ampliando o seu portfólio. Como exemplos podemos citar a

Shell Marine Products, Shell Energy Efficiency, Shell Services e Shell Solar, que

vieram a reunir-se a áreas também recentes, mas que atuam em segmentos

tradicionais, como Gás Natural & Geração de Energia e Exploração e Produção —,

com o intuito de tornar a Shell uma companhia integrada de energia.

As companhias do Grupo Shell atuam em cerca de 145 países e empregam

mais de 115 mil pessoas. Com faturamento superior a US$ 235,5 bilhões anuais, a

Shell, hoje com mais de 108 anos de existência, tornou-se uma das mais

importantes companhias globais de energia.

A área da atuação da empresa é bem distribuída através do globo, como

podemos verificar na figura abaixo.

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Figura 15 - Área de atuação da Shell

Fonte: Relatório anual da Shell, 2005.

Segundo o site da Companhia (www.shell.com.br), a administração desse

complexo obedece a um modelo de organização simples e direta, com quatro tipos

de empresas sob controle dos acionistas:

• Parents Companies: A Royal Dutch Petroleum Company com 740.000

acionistas, e a Shell Transport & Trading, com 250.000 acionistas, ocupam o

topo da organização. Estas companhias são as peças-chave: autorizam

investimentos, indicam diretores e recebem os lucros das companhias

holding, distribuindo os dividendos aos acionistas. As ações da empresa

podem ser adquiridas nas principais bolsas do mundo.

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• Companhias Holding: A Shell Petroleum NV e a Shell Petroleum Company

Ltd. detêm todas as ações e controlam as companhias de serviços e as

empresas operacionais. Recentemente, foi formada uma terceira holding, a

Shell Petroleum Inc., que detém o controle acionário da Shell Oil nos Estados

Unidos.

• Companhias de Serviço: Dão consultoria e serviços às demais companhias

operacionais do Grupo e às companhias associadas.

• Companhias Operacionais: Dedicam-se às diversas atividades do Grupo

ligadas ao Petróleo, Gás, Química, Metais, Carvão e Negócios Não-

Tradicionais (NTB). A Shell Brasil é uma das companhias operacionais do

Grupo em ação.

Figura 16 - Estrutura do grupo Shell

Fonte: Site da Shell, 2005.

O Grupo Shell explora, produz e refina petróleo e distribui combustíveis.

Trabalha também no segmento de produção e transporte de gás. Fabrica produtos

químicos e por fim, investe na pesquisa e na viabilidade de fontes de energia

renováveis. Abaixo mostramos um fluxograma com suas operações.

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Figura 17 - Caracterização dos negócios da Shell

Exploração e Produção 17,100 empregados

$9.1 bilhões faturamento

$39.3 bilhões capital investido

Gás & Energia

2,100 empregados

$2.3 bilhões faturamento

$12.2 bilhões capital investido Óleo

81,600 empregados

$2.9 bilhões faturamento

$35.3 bilhões capital investido

Química

8,600 empregados

-$209 milhões faturamento

$10.4 bilhões capital investido Outros segmentos industriais

2,800 empregados

-$267 milhões faturamento

$864 milhões capital investido

Fonte: Site da Shell, 2005.

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4.2.2.1. Shell – Visão Estratégica

O Grupo Shell tem uma linha de conduta comum para todas as suas

empresas, definida na Declaração de Princípios Empresariais do Grupo Shell, que

direciona a atuação de todas as companhias. Traduzidos em mais de 51 línguas,

estes princípios orientam a condução dos negócios, as decisões corporativas e o

comportamento esperado de cada funcionário no exercício de suas atividades

profissionais em todas as companhias operacionais.

Os objetivos do Grupo Shell, de acordo com o documento citado, são

trabalhar com eficiência, responsabilidade e rentabilidade nos negócios de petróleo,

gás químicos e outros segmentos selecionados pelo grupo, e participar na busca e

desenvolvimento de outras formas de energia, indo ao encontro da evolução das

necessidades dos clientes e da crescente necessidade mundial de energia.

Os valores apontados no mesmo relatório são disseminados por toda a força

de trabalho, que deve trabalhar com honestidade, integridade e respeito pelas

pessoas. Segundo a publicação, o Grupo acredita na importância fundamental da

confiabilidade, transparência, trabalho de equipe e profissionalismo, além de orgulho

do que fazem.

São oito os Princípios Empresariais do Grupo:

1. Econômico: A lucratividade no longo prazo é essencial para as metas da

empresa. Nesse principio estão incluídos os critérios para investimento , que

consideram questões de sustentabilidade (econômicas, sociais e ambientais)

e uma avaliação dos riscos do investimento.

2. Concorrência: A concorrência deve ser justa e ética, obedecendo à legislação.

Apóiam a livre concorrência.

3. Integridade: A empresa não considera inaceitável qualquer forma de oferta

indireta, pagamento ou solicitação de propina.

4. Atividade política:

• Das companhias: As empresas do Grupo não fazem contribuições ou

pagamentos para partidos ou organizações políticas ou seus representantes.

Trabalha dentro da legislação do país em que opera e mantém uma postura

de diálogo com os governos, sem participar de atividades político-partidárias.

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• Dos empregados: Os empregados que desejem se engajar em atividades

na comunidade, inclusive se candidatar a cargos eletivos, têm liberdade para

fazê-lo.

5. Saúde, Segurança, Segurança Patrimonial e Meio Ambiente: São

consideradas questões críticas, para as quais devem ser definidas normas e

metas para melhoramento, e são objeto de controle e relatórios externos de

desempenho.

6. Comunidades locais: A empresa deve gerenciar os impactos sociais de suas

atividades, além de ter um interesse construtivo em questões sociais, ligadas

direta ou indiretamente ao seu negócio.

7. Comunicação e comprometimento: O Grupo Shell está comprometimento em

publicar relatórios de desempenho com informações relevantes para suas

partes interessadas. Procura também ter uma postura de diálogo com

empregados, parceiros comerciais e comunidades locais.

8. Atendimento legal: A empresa deve atender à legislação e normas dos paises

onde opera.

Sua estratégia de negócios para os próximos cinco anos é: “Mais upstream,

downstream mais rentável.” A primeira parte significa o aumento de desempenho na

prospecção e produção de petróleo, e especialmente gás natural, aumentando a

participação do upstream no portfólio da empresa. A segunda parte quer dizer

incrementar a rentabilidade nos segmentos de Produtos Químicos e Derivados

através de melhoramentos na operação das instalações, investimento em mercados

de rápido crescimento, como a China e outras partes da Ásia, e da venda de ativos

com retorno menor ou potencial de crescimento pequeno. Faz parte da estratégia

também o investimento continuado, dentro do desenvolvimento do mercado, em

energia alternativa. Atualmente já trabalham com energia solar e eólica,

biocombustíveis e hidrogênio.

4.2.2.2. Shell - Visão de sustentabilidade

A visão de sustentabilidade da empresa traduz-se em algumas diretrizes:

integrar nas decisões de negócios aspectos econômicos, ambientais e sociais;

equilibrar prioridades de curto e longo prazo; valorizar a opinião das partes

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interessadas nos negócios da companhia (stakeholders), entender suas expectativas

e procurar formas de alinhá-las aos seus princípios empresariais.

As companhias Shell reconhecem cinco áreas de responsabilidade: com os

acionistas; com os clientes; com os funcionários; com os parceiros e fornecedores; e

com a sociedade. Estas áreas refletem as principais partes interessadas nos seus

negócios. A Shell entende que a lucratividade é essencial para o desempenho

dessas responsabilidades e para o bom andamento das operações. É uma medida

tanto da eficiência quanto do valor conferido pelos clientes aos produtos e serviços

da companhia. O reconhecimento dessas áreas de responsabilidade constitui-se em

elemento fundamental para a alocação dos recursos empresariais e para a

sustentação do investimento contínuo.

Além dos princípios empresariais, já citados, a Shell conta com livros

gerenciais, desenvolvidos pelo Grupo para abordar assuntos complexos como

Competição Justa, Suborno e Corrupção, Trabalho Infantil, Direitos Humanos e

Desenvolvimento Sustentável. Estas publicações foram concebidas para ajudar os

seus funcionários, nos países onde atua, a identificar as responsabilidades em

relação a estas questões. Também se encontram disponíveis no site da companhia.

Nos últimos anos, a Shell empenhou-se em disseminar os Princípios do

Desenvolvimento Sustentável, traduzindo para o dia-a dia de todas as partes

interessadas, o que vem a ser este conceito.

Além de incorporar questões como inovação, tecnologia, questões levantadas

nos fóruns da empresa, o relatório Shell na Sociedade Brasileira 2003/2004 alinha

as suas iniciativas às Metas do Milênio, apresentadas na Figura abaixo, que

estabelece desafios globais mais urgentes nos campos econômico, social e

ambiental.

Figura 18 - Metas do Milênio

Fonte: Shell, 2004

Em seu Relatório Anual a empresa demonstra suas contribuições para o

desenvolvimento sustentável, discriminadas da seguinte forma:

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• Contribuições Econômicas e Tecnológicas: Estas contribuições visam não só

gerar lucro para seu negócio, como também transpor para seus clientes e

consumidores a importância do comprometimento com o desenvolvimento

sustentável.

• Contribuições Sociais: As contribuições da Shell visam contemplar a atenção

ao fornecedor, ao cliente, ao consumidor, ao funcionário; o investimento na

diversidade interna, valorizando as diferenças culturais, e no desenvolvimento

de talentos; o respeito à concorrência; a realização de investimentos sociais;

e a adoção do diálogo como premissa básica para a construção de um futuro

sustentável. Estas contribuições são relatadas, segundo dois públicos-alvos –

interno (funcionários) e externo (comunidade)

• Contribuições em Saúde, Segurança e Meio Ambiente: As contribuições nesta

área estão embutidas em todas as atividades da companhia, adotando

procedimentos que são consolidados e colocados em prática de forma

estruturada, por meio do Sistema Integrado de Gerenciamento de Saúde,

Segurança, Segurança Patrimonial e Meio Ambiente (HSSE-MS), além de

outras práticas.

• Relações com a Sociedade: As relações da empresa com a sociedade se dão

por intermédio de fóruns que contemplam diálogos estruturados, contato

direto com clientes e parceiros, além de outras iniciativas.

Ela aborda ainda a questão de ética e de responsabilidade social ao lidar com

seus fornecedores e parceiros. Para lidar com esta questão, existe uma iniciativa da

empresa que é o Procedimento de Auditoria do Cumprimento de Contratos, que está

sendo realizado desde o segundo semestre de 2003 e funciona como uma “malha

fina” do Imposto de Renda. Este projeto consiste em, dentre todos os contratos com

seus fornecedores e parceiros, escolher os que passarão por auditorias aleatórias.

Este programa é adotado por todas as unidades da companhia.

Os indicadores de sustentabilidade (abaixo) apresentados no Relatório Anual

estão separados por dimensão – econômicos, ambientais e sociais – sendo que os

econômicos se resumem à distribuição de lucros para investidores. Os demais

indicadores econômicos aparecem no Balanço da empresa. O modelo de relatório é

da própria empresa, a partir de seus princípios corporativos, não sendo utilizados

modelos disponíveis no mercado, como GRI,DJSI ou outros.

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Tabela 7 - Indicadores de sustentabilidade da Shell

Tabela de Dados

Financeiro 1992-2001 1993-2002 1994-2003 1995-2004Total anual Lucro distribuído aos acionistas % Royal Dutch 17.63 11.73 11.67 11.35% Transportadora Shell 15.58 13.05 10.82 13.07O total anual dos lucros distribuídos aos acionistas é calculado como o total anual da valorização das ações e o rendimento de capital dos dividendos reinvestidos antes do imposto. Os números mostrados são baseados em reinvestimento bruto trimestral de dividendos em dólar. Meio Ambiente 2000 2001 2002 2003 2004

Emissão de gás de efeito estufaMilhões de toneladas equivalente CO2 101 103 106* 112 112Metano (CH4) Mil toneladas 398 315 241* 234 243Dióxido de carbono (CO2) Milhões de toneladas CO2 92 95 100* 106 106Flaring na Exploração e Produção

Milhões de toneladas 9.3 10.3 7.6* 9.3 9.2Dióxido de enxofre(SO2) Mil toneladas 277 274 270 292 304Óxido de nitrogênio (NOx) Mil toneladas 202 213 213 219 197CFCs/halons/ tricloroetano Toneladas 6 5 8 3 3Compostos orgânicos voláteis (VOCs) Mil toneladas 538 372 379 294 265Derramamento Mil toneladas 9.9 17.8 7.4* 6.7 6.6Petróleo em efluentes para ambiente de superfície Mil toneladas 2.8 2.9 2.5 2.4 2.3Utilização de água potávela Milhões de m3 n/c 1,701 1,710 1,690 1,620Resíduos Mil toneladas Perigosos 400 445 504 554 455 Não-perigosos 490 452 524 510 470 Total 890 897 1,028 1,064 925Eficiência energéticab Índice de energia do refino n/c n/c 135 132 131Índice Energético de Produtos Químicosc n/c n/c 99.7 98.3 93.3Eficiência energética de exploração e produção Gigajoules por tonelada produzida 0.70 0.70 0.82* 0.95 0.92 n/c = não calculado * aquisições de 2002 não confirmadas em 2002 a Incluindo água para resfriamento b Para explicações do Índice de Energia do Refino e Índice de Energia de Produtos Químicos,

ver Veja Mais. 1 c Dados auditados somente em 2003 e 2004. Apenas parcialmente na linha de base de 2000.

KPMG Accountants e PricewaterhouseCooprs LLP auditaram os dados marcados com . Veja Mais www.shell.com/shellreport/data 1 www.shell.com/erwandsociety/reportingandassurance

Fonte: Relatório Anual Shell, 2005

Social % de países (exceto onde ressalvado) 2000 2001 2002 2003 2004Fatalidadesd Empregados 5 3 8* 5 2Terceiros 55 37 45* 42 35Número Total 60 40 53* 47 37Taxa de acidentes fataisd Número de acidentes fatais por 100 milhões de horas trabalhadas (empregados e terceiros) 8.2 5.2 6.3* 5.6 4.4Lesões – freqüência total de casos reportados (TRCF) Por milhão de horas trabalhadas (empregados e terceiros) 3.2 2.9 2.6* 2.6 2.6Freqüência de tempo perdido por lesão (LTIF) Por milhão de horas trabalhadas (empregados e terceiros) 1.3 1.2 1.1 1.0 1.0Freqüência total de doenças ocupacionais reportados (TROIF) Doenças por milhão de horas trabalhadas (somente empregados) 2.2 2.3 2.0 2.0 2.1Segurança Utilizando segurança armada 22 18 16 22 18Utilizando segurança armada da companhia 2 2 1 2 2Utilizando segurança armada terceirizada 12 12 12 22 11Diversidade de sexo % mulheres Em cargos de supervisão/ profissional 17.1 17.7 18.9 19.5 20.7 Em cargos de gerência 8.9 9.2 10.4 11.1 11.9 Em cargos de liderança senior 7.8 7.9 8.3 9.4 9.4Sindicatos e assistência social % estimado de empregados sindicalizados n/c 19 19 13 12% de pessoal com acesso a assistência social, procedimento de reclamações ou centro de apoio n/c 99.99 99.99 99.99 100Trabalho Infantile Checagem para garantir procedimentos em uso para prevenção a utilização de mão-de-obra infantil Em operações próprias 84 89 86 78 83 Contratadas 51 57 56 57 61 Fornecedores 31 41 42 50 53Contratação e aquisição Gastos em produtos e serviços de companhias locais em países baixos e médiosf - milhões de $ n/c n/c n/c 5.2 6.3Contratos cancelados por incompatibilidade de princípios de negociação Número 106 100 54 49 64Joint Ventures privadas devido a operações incompatíveis com os princípios de negociação Número 2 0 0 1 0Integridade de negociação Casos reportados de suborno 5 5 4 8 16Investimento social (participação nos lucros) Milhões de $ 85 85 96 102 106n/c = não calculado d fatalidades de 2003 revisadas devido a investigações posteriores (duas contratadas) e Até 2003 nós perguntávamos se tal procedimento existia e não se estavam sendo

empregados. f Nível de receita interna definido pelo índice de desenvolvimento humano UNDP g Casos comprovados de suborno pagos ou aceitos por empregados da Shell, terceiros ou

intermediários. Antes de 2003, pode incluir oferta de suborno.

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4.2.3. BP

A BP, segundo seu site (www.bp.com), é um grupo de energia global, com

mais de 100.000 empregados, operando em mais de 100 países.

Suas principais atividades são exploração e produção de petróleos crus e gás

natural, refino, comercialização, suprimento e transporte de petróleo e gás,

manufatura e comercialização de petroquímicos. Tem também uma crescente

atuação nos setores de gás, energia elétrica e energia solar.

O Grupo BP é organizado em segmentos de negócio, funções e regiões. Em

2004 o Grupo operou em quatro segmentos:

• Exploração e Produção – E&P- (Upstream): Responsável pela exploração de

petróleo e pela construção de instalações para extração de petróleo e gás,

inclusive os dutos de transporte (pipelines).

• Refino e Comercialização (downstream): controla as refinarias e os postos de

serviço da BP, bem como o fornecimento de combustível de aviação,

combustível marinho, combustíveis especiais e lubrificantes. Este segmento é

responsável pela construção das instalações das marcas do Grupo que têm

interação com os clientes, incluindo a BP, ARCO, Aral, Castrol, am/pm, e

Connect.

• Petroquímica: Até o final de 2004 era um segmento independente.

Manufatura e comercializa uma seleção de produtos químicos, a maior parte

derivados de produtos gerados pela atividade de E&P. A Partir de 1° de

Janeiro de 2005 o segmento de Aromáticos e Acetóis (A&A) foi incorporado

ao de Refino e Comercialização e o de Olefinas e Derivados (O&D) se tornou

um segmento autônomo dentro do Grupo BP. A intenção da Companhia é

dispor do segmento de O&D, através de possível venda.

• Gás, Energia e Renováveis: Comercializa gás, energia e Gás Natural

liquefeito, além de desenvolver supply chains para o mercado. É também

responsável pelas atividades da BP em energia renovável.

As “funções” são organizações internas ao Grupo, com capacidades comuns,

que operam de maneira horizontal. Elas incluem:

• Conformidade do Grupo e Ética (GC&E)

• Diversidade e inclusão (D&I)

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• Saúde, Segurança e Meio Ambiente (HSSE).

• Gestão de Recursos Humanos (HRM)

• Serviços e Gestão de propriedade Global (GPM&S)

• Marketing

• Planejamento

• Suprimento

• Tecnologia

• Finanças e impostos

• Contabilidade

O Grupo se divide em quatro regionais:

• Europa, inclusive Grã-Bretanha;

• Américas, inclusive Caribe;

• África, Oriente Médio, Rússia e Mar Cáspio;

• Ásia, Índia e Australásia.

A função das organizações regionais é integrar as atividades da BP em cada

região. (BP Sustainability Report 2004)

A BP trabalha em conjunto, joint ventures, com outras companhias, sem

incorporação. Em alguns casos, como a associação TNK-BP, foram formadas

companhia separadas, com suas próprias diretorias. Sempre que possível, quando

em operação conjunta, a BP implementa seus padrões e políticas. Quando a

operação é de terceiros, a BP tem uma política de encorajamento dos operadores

para a adoção de padrões comparáveis aos da BP.

Quadro 16 - Dados Gerais da BP - 2004 ITEM QUANTIDADES/CARACTERISTICAS

Capital U$ 210 bilhões (31/dez/2004) Faturamento U$ 285 bilhões Nº de postos de serviço 28.500 Marcas BP, Amoco, Castrol, Arco, Aral Vendas de produtos (combustíveis) 4,032 milhões de barris/dia

Vendas (postos de serviço) Atende aproximadamente 13 milhões de consumidores/dia

Nº de funcionários 102.900 (dez/2004)

Produção diária 2,5 bilhões de barris de petróleo e GNL e 8,5 bilhões de pés cúbicos de gás natural

Capacidade de energia solar vendida 99 MW Fonte: Site da BP

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4.2.3.1. BP - Visão estratégica

A estratégia da BP é montada de forma a criar valor para os acionistas em

uma base sustentável.

Nas áreas de recursos, a empresa investe e opera os campos de petróleo e

gás maiores e com menor custo, visando a aumentar a produção com retorno do

investimento potencialmente crescente.

Nas áreas de interface com os clientes, como postos de serviço e

comercialização de gás natural, seu objetivo é atrair consumidores e aumentar as

margens através da escolha dos mercados e do aprimoramento da qualidade dos

produtos e serviços.

O Grupo BP apresenta em seu Relatório 2004 três metas principais: Re-

investimento para crescimento de longo prazo; crescimento dos dividendos;

distribuição para os acionistas da renda excedente ao investimento e dividendos, o

que ocorre em geral quando o preço do petróleo ultrapassa US$ 20 por barril.

O Grupo BP apresenta um conjunto de valores baseados em algumas

qualidades consideradas fundamentais e imutáveis: integridade, honestidade,

tratamento respeitoso a todos, busca de benefícios mútuos em seus

relacionamentos e contribuição para o progresso humano. Sua política pode ser

resumida como a seguir:

• Ter o melhor desempenho corporativo, operacional e financeiro;

• Se aperfeiçoar, ser acessível, inclusivo e diversificado;

• Utilizar o talento criativo de seus empregados, desenvolvendo e aplicando

tecnologia de ponta e custo-efetiva e criatividade intelectual para realçar

inovação e novas idéias;

• Fazer negócios de maneira ambientalmente responsável e desenvolver

energias mais limpas e de fontes renováveis. O grupo está comprometido

com um tratamento responsável dos recursos do planeta e com o

desenvolvimento de energia com menor conteúdo de carbono;

• Conduzir as relações de negócios com base em benefícios mútuos.

Os valores da empresa estão no quadro abaixo:

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Quadro 17 - Valores da BP Desempenho Cumprimento da lei e ética. Cumprir todas as leis e regulamentações aplicáveis (incluindo GAAP/SORP) em cada jurisdição onde o grupo opera. Todos os empregados serão requisitados a atender aos códigos de conduta, os quais proíbem práticas ilegais, corruptas ou sem ética; exigindo altos padrões de integridade moral. Melhoria contínua. Melhorar continuamente na busca dos valores do grupo através do estabelecimento de metas e motivação dos funcionários. Metas internas. Estabelecer metas realistas e razoáveis no plano do grupo. Progressos no atendimento das metas serão reportados internamente e analisados de maneira transparente e rápida de modo que o progresso e as variações possam ser compreendidos prontamente. Risco. Garantia de progresso através do plano do grupo através de uma abordagem balanceada de risco, valor e inovação. Nenhum empregado será permitido a substituir suas preferências pelas contidas no plano do grupo. Pessoal e capacidade Capacidade humana e tecnologia. Investimento na capacidade humana assegurando que as habilidades individuais, comportamento, tecnologia e propriedade intelectual estão disponíveis em favor das metas do conselho. Tratamento do empregado. Tratar o empregado com justiça, respeito e dignidade. Expectativas do empregado. Deixar claro as metas que o grupo tem para cada empregado sendo delegados de acordo com princípios gerais. Cada empregado terá retorno construtivo e transparente para auxiliar seu desenvolvimento contínuo de desempenho. Inclusão. Criar ambiente favorável ao empregado se sentir incluído como parte de uma organização meritocrática onde existe uma diversidade cultural e social entre os indivíduos. Mérito e diversidade. Recrutar, selecionar, desenvolver e avançar seus empregados em função de mérito, a despeito da idade, sexo, nacionalidade, desafio físico, raça, crença, orientação sexual ou identidade. Remuneração. Recompensar os funcionários de modo a refletir no seu papel dentro do grupo e na sua contribuição ao alcance das metas.

Saúde, segurança e meio ambiente. Saúde e segurança. Assegurar que não haverá acidentes ou prejuízo aos indivíduos e que ninguém está sujeito a riscos enquanto trabalhando para o grupo. Operações ambientais sadias. Conduzir as atividades do grupo responsavelmente de maneira a não criar danos ao meio-ambiente. O grupo procurará diminuir o impacto ambiental das suas operações através da redução de lixo, emissões e descargas e ainda utilizando energia eficientemente. Transcendendo o ‘trade-off’ ambiental. Contribuir para o progresso humano aplicando os recursos do grupo de modo que o ‘trade-off’ entre o acesso global ao calor, luz e mobilidade; e a proteção assim como a melhoria do ambiente natural seja superada. Relações externas Vantagens mútuas. Conduzir nosso negócio a longo-prazo e de maneira sustentável, baseados em relações que sejam mutuamente vantajosas e capazes de durar mais do que uma simples negociação. Impacto Social. Respeitar a qualidade de vida, o progresso social e econômico das comunidades onde o grupo opera e dentro do contexto das metas do grupo, apoiar avanços dentro destas comunidades. Direitos humanos. Apoiar os princípios voluntários de segurança e direitos humanos. Entender que o governo tem a responsabilidade primária de promover e proteger os direitos humanos, o grupo compartilha o objetivo comum de promover respeito pelos direitos humanos, particularmente os estabelecidos pela declaração universal dos direitos humanos. Transparência. Lidar abertamente com os acionistas e terceiros. O grupo estabelecerá metas externas apropriadas em acordo com suas metas internas e reportar periodicamente. O grupo também deverá agira de acordo com os princípios da iniciativa transparente das indústrias extrativas (EITI). Relações e influências governamentais. Conduzir negócios de modo a não abusar da influência que possa existir de acordo com o tamanho, influência e importância do grupo. O grupo será honrosamente engajado com todos os governos que operar sem no entanto tomar partido político.

Fonte: Site da BP, 2005.

4.2.3.2. BP - Visão de sustentabilidade

Em seu relatório anual a BP coloca a sustentabilidade como fundamental para

os propósitos do Grupo. A meta apresentada aos acionistas pela Diretoria é

maximizar o valor para os acionistas no longo prazo. No sentido de atingir esta meta

ela não só se propõe a desenvolver uma estratégia de negócios eficiente, mas

também a buscá-la de tal maneira que consiga a confiança dos acionistas, clientes,

comunidades locais, governos e outros agentes cujo suporte ao negócio é critico no

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futuro, no longo prazo. Para manter esta confiança ela se propõe a agir de forma

responsável e consistente no intuito de alcançar a sustentabilidade.

Conduta responsável significa, no entender da BP, conformidade legal,

operação globalmente consistente e liderança global.

Dentro do que é chamado de “esfera de controle” foi desenvolvido pela

empresa um código de conduta que contém os valores corporativos e incorporadas

as melhores práticas em todas as operações mundiais. Ainda nesta esfera, a

empresa está envolvida, em conjunto com seus diversos parceiros, no

desenvolvimento de novos produtos e tecnologias não apenas para atender as

demandas dos clientes, mas também da sociedade como um todo. Nesta esfera, a

empresa é responsável pelas suas escolhas e pelos resultados de suas ações.

Em outro nível, chamado de “esfera de influencia”, a empresa não tem

controle total sobre os resultados de suas ações, realizadas em conjunto com outras

entidades. Aí se insere o trabalho conjunto com governos, parceiros e sociedade

civil. O foco do trabalho é colocado em cinco vertentes, a partir do negócio da

companhia: Meio Ambiente, Governança, Empreendimentos, Energia e Educação.

Dentro do tema Meio Ambiente, a BP tem trabalhado a questão da mudança

climática, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa e participando

ativamente nos fóruns globais sobre o assunto. A empresa pretende ampliar seus

negócios com gás natural, considerado uma transição para fontes energéticas de

baixo carbono.

Dentro da revisão de sua estratégia em 2004 a BP verificou que seu impacto,

pela escala doe negócio, atinge as comunidades não só no nível local como também

no regional e, às vezes, até o nacional. Concluiu que deve ser mantida a ação com

foco na educação e no suporte para iniciativas de aprendizado. Em países fora da

OECD, decidiu estender seu envolvimento ao desenvolvimento de empreendimentos

e à disseminação de acesso a serviços modernos de energia.

A quinta área de atuação diz respeito à promoção de boa governança, em um

trabalho conjunto com governos para melhorar o entendimento do gerenciamento da

aplicação da riqueza criada pelos investimentos da empresa.

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Diálogo com partes interessadas

A BP acredita que o diálogo com todas as partes afetadas pelo seu negócio é

uma pedra fundamental na construção da sustentabilidade. O conhecimento gerado

nesse diálogo é devolvido aos membros da administração, servindo para aprimorar

suas operações e negócios (BP, 2004)

Para tanto criou alguns mecanismos, mostrados a seguir:

• Clientes: Além de efetuar várias pesquisas locais em mercados específicos, a

BP aplica um programa global de medição da satisfação dos clientes e saúde

da marca, cobrindo tópicos como percepção da BP, preferência e fidelidade.

Esta pesquisa é aplicada semestralmente em mais de 6.000 motoristas em 20

países. Os resultados são analisados e retro alimentados formalmente aos

negócios individuais, fornecendo uma visão das tendências na satisfação dos

clientes em uma série de dimensões.

• Acionistas: A interação dos acionistas com a direção da BP se dá na reunião

geral anual, ou através da internet, em apresentações para a comunidade

financeira.

• Empregados: É feita uma pesquisa formal, voluntária e sigilosa, com todos os

empregados para percepção de como os compromissos da empresa estão

sendo trabalhados na prática, o People Assurance Survey (PAS). A pesquisa

permite aos empregados opinarem sobre as práticas da empresa. Em 2004

mais de 52.000 empregados participaram (74% do total). A liderança é

responsável por verificar as demandas levantadas e montar planos de ação

para seus empregados. Há também o canal Open Talk, através do qual

qualquer empregado da BP pode apontar possíveis falhas na política ou nos

padrões da empresa.

• Comunidades: As comunidades nas quais a empresa opera são distintas e

têm demandas bastante variadas. Na avaliação de novos empreendimentos é

levado em conta o impacto nas comunidades locais, a partir de interação com

as mesmas, em seminários de discussão de questões específicas com

representantes da localidade. Os relatórios desses painéis são publicados,

com as respostas da empresa às questões levantadas pela comunidade. A

empresa opera também canais de comunicação através de linhas telefônicas

disponíveis 24 horas, acessíveis à comunidade e trata a questão da

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compensação por perda de receita ou de terra devido a seus projetos de

acordo com padrões internacionais, como os do Banco mundial.

• Lideranças: A empresa realiza uma pesquisa anual com lideranças políticas,

empresariais, ministros e outros sobre questões como impacto ambiental,

direitos humanos, impacto social e transparência. Em 2003 e 2004 foram

feitas mais de 5.000 entrevistas com lideranças de oito países. A BP interage

com ONG’s e outros grupos da sociedade civil em consultas e discussões

sobre políticas locais e globais e parcerias, como o trabalho em educação

com a WWF na China e com a Family Health International no tratamento da

AIDS na Indonésia.

• Fornecedores: O relacionamento com os fornecedores é baseado em quatro

princípios: estratégia, construção de visões conjuntas, gerenciamento de

entregas e de desempenho. ABP promove Reuniões de Análise de

Desempenho e de Relacionamento com os fornecedores, para identificação

de oportunidades de melhoria conjunta. Todo o suprimento da empresa é

consolidado globalmente em um sistema informatizado, o Oyster Spend

Analytics, que permite a identificação dos gastos com cada fornecedor, não-

conformidades e identificação de boas práticas.

• Iniciativas conjuntas: A BP trabalha com diversas instituições, como governos,

ONG’s, agências internacionais, e empresas na Iniciativa das Indústrias

Extrativas para a Transparência (EITI) e contribui para a implementação dos

Princípios Voluntários de Segurança e Direitos Humanos. Trabalha também

com organizações da indústria, como a International Association of Oil and

Gas Producers (OGP) e a International Petroleum Industry Environmental

Conservation Association (IPIECA) no aperfeiçoamento de Estudos de

Impacto Social e Ambiental. Em conjunto com o WBSCD a empresa vem

trabalhando em um projeto de mobilidade sustentável.

A BP produz seu Relatório de Sustentabilidade utilizando as diretrizes do GRI,

com o processo de auditoria por terceira parte segundo os padrões da Norma AA

1000. Devido À dimensão das operações da empresa, o relatório é feito em três

níveis: grupo, país selecionado e instalação local selecionada. A informação é

apresentada em relatórios separados para alguns países e agregada em um

relatório geral. Abaixo estão listados os indicadores de sustentabilidade

apresentados pela companhia.

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Tabela 8 - Indicadores de sustentabilidade da BP Dados de desempenho – cinco anos 2000 2001 2002 2003 2004

Financeiro e Operacional Total de hidrocarbonetos produzidos (mil barris de petróleo equivalente por dia) 3,240 3,416 3,519 3,606 3,997Total de refinados (mil barris por dia) 2,928 2,943 3,117 3,097 2,976Total de vendas de gasolina para terceiros (milhões de pés cúbicos por dia) 15,190 20,708 24,852 30,439 31,690Total da produção de petroquímicos (mil toneladas) 22,065 22,716 26,988 27,943 28,927Vendas em lojas (milhões de $) 2,624 3,234 5,171 5,708 6,061Resultado pro - forma a,b (milhões de $) 11,083 11,041 8,265 12,858 16,208Impostos governamentais (milhões de $) 28,987 40,265 47,765 52,902 75,842Distribuição entre acionistas (milhões de $) 4,625 4,935 5,375 5,753 6,371Benefícios para funcionários – incluindo salários, benefícios e pensões (milhões de $) 6,668 7,641 7,524 8,346 9,640Gastos com fornecedores e contratadasc (milhões de $) n/a 30,100 30,200 33,800 37,600Contratos terminados ou não renovados por falta de cumprimento ou comportamento antiético n/a n/a n/a 29 41Segurançad Fatalidades – funcionários 10 5 3 5 4Fatalidades - contratadas 13 11 10 15 7Dias sem ocorrência (DAFWC) – mão-de-obra 450 327 272 239g 230g

Freqüência de dias sem ocorrência (DAFWCF) – mão-de-obra 0.21 0.13 0.10 0.09g 0.06g

Incidentes registrados – mão-de-obra 2,726 2,392 2,012 1,604g 1,513g

Freqüência de incidentes registrados (RIF) – mão-de-obra 1.26 0.95 0.77 0.61g 0.53g

Horas trabalhadas – funcionários (milhões de horas) 245 244 250 247g 241g

Horas trabalhadas – contratados (milhões de horas) 219 259 276 280 330Meio Ambiented Dióxido de carbono – emissão direta (CO2)

f (milhões de toneladas) 76.6 73.4 76.6h 76.7 76.8Dióxido de carbono - emissão indireta (CO2)

f (milhões de toneladas) 9.7 10.1 11.4h 10.4 9.9Metano – emissão direto (CH4)

f (milhões de toneladas) 0.33 0.34 0.27 h 0.24 0.23Gás de efeito estufa - emissão direta (GEE)f (milhões de toneladas equivalentes CO2) 83.7 80.5 82.4 h 83.4 81.7Flaring (exploração e produção) (mil toneladas de hidrocarbonetos) 1,981 2,017 1,735 1,342 1,343Dióxido de enxofre (SO2) (mil toneladas) 234.7 224.5 169.2 150.9 126.4Óxidos de nitrogênio (NOx) (mil toneladas) 241.9 266.1 242.1 220.3 215.5Hidrocarboneto não-metano (HCNM) (mil toneladas) 368.0 365.0 322.1 268.8 245.1Derramamento – perda de contenção primária 958 810 761h 635 578Volume de produto derramadog (mil litros) 9,685 3,471 3,524 3,837 5,718Volume de produto não-recuperadog (mil litros) 5,490 965 1,084 1,407 1,482Efluente (mil toneladas) 58.4 80.9 125.9 57.1 57.0Utilização de água potável (milhões de m3) n/a n/a n/a 516.9 492.9Resíduo perigoso (mil toneladas) 161.0 241.9 302.0 238.6 245.5Multas ambientais e de segurança (milhões de $) 6.6 12.0 27.5 7.0 4.8Funcionáriosd Número de funcionários – grupo 107,200 110,150 115,250 103,700 102,900Número de funcionários dentro da liderança do grupo 545 603 622 609 610Mulheres na liderança do grupo (%) 9 12 13 15 15Membros de grupos raciais minoritários nos EUA e Reino Unido na liderança do grupo (%) 4 3 3 4 4Pessoas de outras nacionalidades além de americanos e britânicos na liderança do grupo (%) 14 15 16 18 19Ocorrência do programa ‘Opentalk’ n/a n/a n/a 258 343Demissões por não-cumprimento ou comportamento antiético n/a n/a 132 165 252Investimentos na comunidaded (milhões de $) Reino Unido 15.4 14.9 13.9 12.7 11.7Restante da Europa 5.3 8.0 6.2 8.2 6.5Estados Unidos 46.0 52.9 46.3 31.5 25.7Restante do mundo 14.9 18.9 18.8 22.0 43.8a Recolocação do custo dos lucros para o período, ajustado pela amortização adquirida. Aquisição amortizada é depreciada e amortização relativa aos ajustes fixos reavaliados e clientela conseqüente das aquisições ARCO e Burnnah Castrol. b Informações financeiras para 2002 e 2003 foram restabelecidas para refletir a adoção do grupo “Financial Reporting Standard No. 17”, Benefícios de aposentadoria (FRS 17) efetivados em 1º de janeiro de 2004. A informação financeira para 200 e 2001 não foram restabelecidas para FRS 17. C Dados ao final de cada ano reportado. D Indicadores quantitativos de desempenho foram escolhidos com informação externa para refletir os problemas mais importantes de sustentabilidade para BP. Dados são coletados somente em operações gerenciadas pela BP, exceto as que estão no pé de página1 . Utilizamos processos comuns para fornecer estimativas aceitáveis que permitem comparações anuais. E Anteriores a 2003, incluídos dados de doença e lesões. A partir de 2003, somente as lesões foram reportadas. F Dados coletados de todas as operações onde a BP tem participações. G Derramamentos são definidos como qualquer lançamento de petróleo ou químico com mais de um barril (159 litros), equivalentes a 42 galões americanos. H Dados de 2002 incluem operações Vebe I Excluindo locações de varejo. Fonte: Relatório de Sustentabilidade da BP, 2004.

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4.2.4. STATOIL

A Statoil – Den Norske Stats Oljeselskap A.S. - é uma companhia integrada

de petróleo e gás baseada na Noruega. Em 2004, está presente em 29 países e

conta com 23.899 empregados. É a terceira maior comercializadora de petróleo do

mundo, sendo a primeira a Saudi Aramco e a segunda a National Iranian Oil

Company. Tem uma expressiva participação no mercado de gás europeu, sendo

responsável por 10% do consumo total e fornecendo para 14 países. Opera

estações de serviço em nove países.

Figura 19 - Área de atuação da Statoil

Fonte: Relatório Anual da Statoil, 2004

4.2.4.1. Statoil – Visão Estratégica

A Statoil trabalha com um conjunto de valores e uma postura de liderança que

tem a intenção de criar um sentido de identidade no grupo e desenvolver boas

relações com suas partes interessadas. Esse conjunto de valores e posturas permite

à empresa atender aos requisitos de uma boa governança corporativa e são não-

negociáveis.

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Os valores são descritos no documento “We in Statoil”, disponível no site da

empresa e são os seguintes:

Os colaboradores da Statoil devem ser:

• Imaginativos;

• “Hands-on”: Pró-ativos e trabalhar em equipe;

• Profissionais;

• Éticos e transparentes;

• Cuidadosos: com as pessoas e o meio ambiente.

A postura da liderança deve ser de dedicação, estar sempre envolvida com o

negocio e as pessoas, além de conseguir resultados, promover mudanças,

desenvolver e aumentar o nível de energia das pessoas e demonstrar

comprometimento com os valores corporativos. Os lideres devem ter clareza sobre

as normas de desempenho e responsabilidade individual e demonstrar humildade

pessoal.

A plataforma continental da Noruega é a espinha dorsal das operações da

Statoil. Dessa forma sua estratégia de negócios é centralizada nessa área, sendo

formada de quatro desafios principais:

• Otimizar e ampliar a produção da plataforma continental norueguesa;

• Ampliar a produção internacional;

• Estabelecer sua posição no mercado crescente de gás natural, assegurando

novas reservas;

• Incrementar o retorno das operações de downstream de forma a acompanhar

o retorno médio do restante do grupo.

4.2.4.2. Statoil - Visão de sustentabilidade

A criação de valor na Statoil se dá dentro do conceito de sustentabilidade nas

três dimensões (tripple bottom line), desempenho econômico, impacto no meio

ambiente e efeito na sociedade do princípio de responsabilidade com as gerações

futuras.

A postura de negócio da empresa, segundo seu relatório de sustentabilidade

de 2004, incorpora a obrigação de se comportar como um membro responsável da

sociedade, assumindo que a produção e o consumo de combustíveis fosseis é uma

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sobrecarga para o meio ambiente, especialmente sob o aspecto do aquecimento

global. Sendo assim, se propõem a agir em várias frentes:

• Redução sistemática das emissões atmosféricas. Não preconizam

substituição dos combustíveis fosseis por renováveis, mas pretendem agir na

linha do comercio de carbono (MDL) e redução de emissões em suas

instalações, inclusive seqüestro e injeção de carbono;

• Dialogo com as suas partes interessadas. Seu ponto focal são comunidades

envolvidas em suas operações no mar do Norte, mas tratam também de

questões especificas das comunidades e demais partes interessadas nos

demais paises onde operam. Concentram sua atenção principalmente em

questões locais, transparência e direitos humanos.

• Responsabilidade na utilização de recursos naturais e na saúde e segurança

da força de trabalho. A meta da empresa é zero dano nesses campos.

A statoil é signatária do Global Compact e observa os seus 10 princípios,

listados no item 4.2.1.2, e traz em seu relatório de Sustentabilidade sua posição e

ações referentes a cada um deles.

A empresa utiliza o modelo de relatório do GRI com adaptações, uma vez que

alguns dos sistemas para coleta dos dados necessários ao relatório nos moldes do

GRI ainda estão em implantação e também porque a empresa considera que nem

todos os parâmetros do modelo são apropriados ao setor. Abaixo apresentamos os

indicadores de sustentabilidade relatados pela Statoil.

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Tabela 9 - Indicadores de sustentabilidade da Statoil Finanças1 2004 2003 2002Total de rendimentos 306,218 249,375 243,814Receita antes dos itens financeiros, outros itens, Impostos sobre receita e juros minoritários 65,107 48,916 43,102Receita líquida 24,916 16,554 16,846Movimento de caixa utilizado em atividades de investimento 31,959 23,198 16,756Retorno médio de capital empregado após impostos 23.5% 18.7% 14.9% Operações Produção combinada de petróleo e gás (mil boe/d) 1,106 1,080 1,074Reservas comprovadas de petróleo e gás (milhões boe) 4,289 4,264 4,267Custo de produção (USD/bbl) 3.5 3.2 3.0(USD/bbl) (média de 3 anos) 1.01 0.95 0.78 Meio ambiente2 Derramamento de petróleo (m3) 186 288 200Emissões de dióxido de carbono (milhões de toneladas) 9.8 10.0 8.9Emissões de óxido de nitrogênio (toneladas) 31,100 29,900 26,400Descargas de resíduos perigosos (toneladas) 167 367 411Consumo de energia (TWh) 48.1 47.1 42.1Fator de recuperação de resíduos 0.76 0.67 0.68 Saúde e segurança Freqüência total de lesões registradas3 5.9 6.0 6.0Freqüência de incidentes graves3 3.2 3.2 3.8Faltas por doença4 3.2 3.5 3.4Fatalidades3 3 2 6 Organização Satisfação do empregado5 4.6 4.6 4.6Proporção de gerentes do sexo feminino6* 26% 23% 23%Membros sindicalizados (porcentagem da mão-de-obra)* 73 70 70Gastos com P&D7 1,027 1,004 736 1 Números base fornecidos em milhões de NOK (moeda norueguesa) 2 Dados de atividades operados pela Statoil. Definições nas páginas 34, 35, 37 e 45. 3 Dados dos funcionários e contratados da Statoil. Definições nas páginas 21 e 23 4 Número total de dias de doença como porcentagem dos possíveis dias trabalhados (empregados da Statoil) 5 Pesquisa em ambientes organizacionais e de trabalho (Amou). Scale: 1 (mais baixo) – 6 (mais alto) 6 Implementação de novo sistema de reportagem 7 Milhões de NOK (moeda norueguesa) * Estimativa Estes são indicadores base dão desempenho da Statoil. Muiots deles foram incluídos nos contratos pagos ao desempenho de gerentes. Para um entendimento mais extenso destes indicadores reportados, veja nosso relatório e balancete anual para 2004. www.statoil.com

Fonte: Relatório de Sustentabilidade da Statoil, 2004.

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4.2.5. TOTAL

A Total é uma empresa multinacional de energia que emprega 111.401

pessoas e está presente em mais de 130 países. Em conjunto com suas subsidiárias

e empresas afiliadas, é a quarta maior companhia aberta de petróleo e gás do

mundo, em classificação baseada em seu capital. Opera em toda a cadeia produtiva,

desde a exploração e produção de petróleo cru e gás natural até o refino, inclusive

geração de energia, inclusive renovável, como solar e eólica, transporte,

processamento de gás e comercialização de petróleo cru e derivados. A Total

também atua no mercado mundial de químicos. (Total, 2004)

Os negócios globais da Total são divididos em três segmentos:

• Upstream: Engloba as operações de Exploração e Produção de petróleo e

gás natural e as atividades de geração de Energia e Gás;

• Downstream: Abriga Comercialização e Transporte, Refino e Distribuição do

petróleo e derivados, automotivos ou outros, produtos especiais, como GLP,

combustíveis de aviação e lubrificantes sob as marcas Total e Elf, através de

sua rede mundial de postos de distribuição.

• Químicos: Inclui o processamento de petroquímicos, produtos especiais,

fertilizantes, e elastômeros. Faz parte deste segmento a Arkema, nova

empresa do grupo que trabalha com produtos de vinil, químicos industriais e

produtos de alta performance.

Os três segmentos de negócio contam com suporte da companhia-mãe nas

áreas financeira, jurídica, estratégia e análise de riscos, recursos humanos e

comunicação.

A empresa trabalha com quase 17.000 postos de serviço em todo o mundo. É

líder do mercado de distribuição na Europa e co-líder na África. Está presente

também na Bacia do Mediterrâneo e está entrando no mercado asiático. Além da

marca Total, a empresa trabalha também com a Elf e a Elan.

4.2.5.1. Total - -Visão estratégica

A Total não define uma missão em suas publicações, mas trabalha com um

conjunto de valores que são disseminados por toda a empresa, embora ela trabalhe

em ambientes com culturas e identidades bastante diversos em suas operações:

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• Profissionalismo;

• Respeito aos empregados;

• Cuidado permanente com a proteção ambiental e de saúde;

• Contribuição para o desenvolvimento das comunidades que os acolhem.

Os valores e princípios da empresa estão definidos em seu Código de

Conduta, permeado por sua postura de ética nos negócios. O Código reconhece

formalmente o comprometimento da empresa com a Declaração Universal dos

Direitos Humanos, de 1947, os princípios e normas da OIT, em especial os

referentes a trabalho infantil, e as Orientações para Empresas Multinacionais da

OECD.

Suas prioridades, dentro da estratégia de negócios, são:

• Desenvolver as atividades de upstream globalmente, reforçando sua posição

como um dos lideres globais no setor de gás natural e no mercado de GNL;

• Consolidar sua posição no segmento de downstream na Europa,

desenvolvendo ao mesmo tempo seus interesses em mercados de rápido

crescimento, como a Bacia do Mediterrâneo, África e Ásia;

• Racionalizar e desenvolver seu segmento de Química através da priorização

do incremento da rentabilidade e da criação de um novo pólo descentalizado

contemplando cloro-químicos, intermediários e polímeros de alto

desempenho, permitindo a esse setor transferir o foco para petroquímicos

(químicos de base e polímeros) e químicos especiais. Para isso foi criada

uma nova entidade, a Arkema, em 01 de outubro de 2004. com a expectativa

de que se torne uma entidade de destaque.

4.2.5.2. Total - Visão de Sustentabilidade

A Total, em sua apresentação no site da empresa, se define como uma

companhia de energia comprometida com a implementação da inovação e de

iniciativas no sentido de fornecer uma resposta sustentável à demanda de energia

da humanidade.

Considera que a própria natureza e extensão global de seu negócio resultam

em responsabilidades especificas e criam uma série de expectativas nos

empregados, parceiros e na sociedade civil. Seus maiores desafios nas respostas a

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esses anseios e no atendimento a essas responsabilidades são apresentados a

seguir:

1. Desenvolver o fornecimento de energia de forma sustentável:

• Assegurar o desenvolvimento ótimo das reservas de petróleo e gás e

investir e inovar no atendimento à demanda;

• Expandir o suprimento de gás;

• Auxiliar a diversificação das fontes de energia e desenvolver energias

alternativas;

2. Assegurar a segurança das operações da empresa e reduzir sua pegada

ecológica:

• Assegurar a segurança do processo e do transporte de produto, prevenir e

gerenciar os riscos de acidentes ocupacionais e industriais no sentido de

proteger a saúde e segurança dos seus empregados, empregados de

contratadas, e habitantes do entorno das suas instalações industriais;

• Gerenciar suas emissões atmosféricas e efluentes e reduzir o risco de

poluição acidental;

• Monitorar o impacto ambiental de seus produtos em todo o seu ciclo de

vida;

• Manter a biodiversidade.

3. Ajudar a combater as mudanças climáticas:

• Gerenciar suas emissões de GEE;

• Desenvolver tecnologias de captura de carbono e de soluções de

seqüestro;

• Otimizar a eficiência energética dos seus processos;

• Encorajar seus clientes no uso mais eficiente da energia.

4. Respeitar e promover os direitos humanos:

• Assegurar o respeito aos direitos humanos nas áreas onde operam;

• Atuar com políticas de recursos humanos cujos princípios são: justiça,

diversidade e diálogo com os empregados.

5. Respeitar as comunidades onde se instalam e contribuir para o

desenvolvimento dos paises onde operam:

• Informar os vizinhos a respeito das suas operações e prevenir incidentes e

acidentes que poderiam afeta-los;

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• Contribuir para o desenvolvimento social e econômico local, especialmente

nas regiões menos desenvolvidas;

• Contribuir para um gerenciamento mais transparente dos lucros do

petróleo.

A Total conta com um Comitê de Ética que supervisiona e coordena seus

princípios e praticas de ética, baseado em documentos de referencia específicos, o

Código de Conduta e o Mapa da Ética, bem como recursos educacionais e de

auditoria. Conta também com um procedimento para monitoramento e suporte às

demandas dos empregados.

A empresa utilizou em 2004 o modelo de relatório do GRI para elaboração de

seu Relatório de Responsabilidade Social Corporativa. É também signatária do

Global Compact e apresenta no mesmo relatório as ações relacionadas ao mesmo.

Abaixo apresentamos os indicadores de sustentabilidade relatados pela Total.

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Tabela 10 - Indicadores de sustentabilidade da Total 2002 2003 2004Indicadores Ambientais Gases de efeito estufa MTCDE/ano 66.7 66.2 69.4

Consumo de energia primária MG.I/ano n/a 717.6 775.7 SO2 Kilotoneladas métricas/ano 158.5 156.4 178.2 NOx Kilotoneladas métricas/ano 77.8 86.2 90.4 VOCs Kilotoneladas métricas/ano 147.3 152.6 152.4 Liberação de água (excluindo água resfriada) Mcu.m/ano n/a 249.5 221.7 Liberação de hidrocarboneto Toneladas métricas/ano 4,767 2,929 2,224 Liberação de sólidos suspendidos Kilotoneladas métricas/ano 6.5 5.8 6.3

Liberação da demanda de oxigênio químico (DOQ) Kilotoneladas métricas/ano 12.4 11.9 11.5 Derramamento de petróleo E&P Número 76 90 67 Em toneladas métricas 277 157 216

Derramamento de petróleo do grupo Número n/a n/a 350 Em toneladas métricas n/a n/a 1,000 Produção de resíduos perigosos (tratados offsite) Kilotoneladas métricas/ano 232 294.3 375.5

(1) equivalentes a milhões de toneladas de CO2 por ano (2) milhões de gigajoules por ano (3) indicador redefinido em 2002 (4) somente químicos e downstream

Indicadores de Segurança Incidentes de trabalho Taxa total de lesões registradas

por milhão de horas trabalhadas/homem

11.8 9.5 7.4

Freqüência de tempo perdido por lesão por milhão de horas

trabalhadas/homem 5.9 5.0 3.9

Fatalidades 14 11 16

Indicadores de recursos Humanos Mão-de-obra Upstream 14,019 14,017 14,597

Downstream 35,054 34,410 34,045 Químicos 71,268 61,212 61,570 Empresa Holding 1,128 1,144 1,189 Mulheres por faixa etária (%) <25 31 33 34 25-34 28 31 31 35-44 26 27 27 45-54 22 23 23 >55 16 19 19 Média de dias de treinamento África 8.1 10.0 9.1 por funcionário por região Ásia, Oriente Médio, Pacífico, DOM-TOM* 4.1 4.4 4.1 Europa (exceto França) 3.0 4.2 3.1 França 3.4 3.8 3.6 Américas 2.6 3.4 4.1 *Departamentos e territórios franceses em outros continentes. Indicadores Sociais Gastos sociais em países que não são da OECD

Em milhões de euros 75 57 67

Fonte: Relatório de Responsabilidade Social Corporativa da Total, 2004

O escopo do relatório ambiental foi expandido em 2004 para cobrir mais de 80% das locações operadas pelo grupo, incluindo todas as grandes dependências. Por este motivo, alguns dos números na tabela são mais altos do que em relatórios anteriores. Para maiores informações vide página 30.

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4.3. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE REPORTADOS VOLUNTARIAMENTE POR ALGUMAS EMPRESAS DE PETRÓLEO.

O tipo de público e a maneira como vão utilizar as informações emanadas de

um sistema de indicadores define uma série de características dos mesmos.

Cientistas e técnicos estão interessados principalmente em informação apresentada

em tabelas e gráficos e possivelmente até em dados sem tratamento ou agregação.

Já os tomadores de decisão e gerentes tipicamente solicitam alguma agregação das

informações, particularmente no que se refere às metas e objetivos. Para este grupo

apresentação da informação de forma visual, como diagramas do tipo ameba,

estrela, painel de bordo e barômetro são bem vistos, sem, no entanto, esquecer a

possibilidade de desagregação dos mesmos. Outro grupo, o público em geral e

indivíduos prefere indicadores altamente agregados ou até mesmo índices,

apresentados de forma dispositivos visuais (BELL, 2003).

No levantamento feito na literatura pesquisada, destacado no Capítulo 2,

verificamos a existência de sistemas, modelos ou listas de indicadores com diversos

graus de complexidade, agregação e tipologia dos dados, foco e abrangência. Estes

fatores, bem como a participação dos atores envolvidos na utilização da ferramenta,

apresentação dos resultados e interface com os usuários, dependem, entre outros

fatores, da sua origem e campo de aplicação.

No Quadro 18, abaixo, resumimos os modelos pesquisados a partir da

dimensão de sustentabilidade onde têm seu ponto focal, apresentando as

dimensões e o campo de aplicação cobertos por cada ferramenta.

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Quadro 18 - Sistemas de indicadores de desenvolvimento sustentável

ESCOPO DE AÇÃO

MODELO Econômico Social Ambiental

CAMPO DE APLICAÇÃO

DJSI Empresarial

GRI Empresarial

IPIECA/API Empresarial

WBSCD/CEBDS Empresarial

BANCO MUNDIAL Governamental

SEEA Governamental

BALLATON Governamental

ISEW/GPI Governamental

DASHBOARD Ferramenta geral

BAROMETRO Ferramenta geral

HDI Governamental

CPM Governamental

OECD Governamental

ONU/CSD Governamental

ECOLOGICAL FOOTPRINT Ferramenta geral

ECOSTEPS Empresarial Fonte: O Autor

As entidades responsáveis pelo desenvolvimento dos sistemas de indicadores

com campo de aplicação empresarial estão voltadas para o comprometimento das

empresas com o desenvolvimento sustentável e com a maneira como reportam este

comprometimento à sociedade. O conjunto de indicadores proposto por elas coincide

em muitos pontos, mas deixa claro qual o foco de cada entidade. No quadro abaixo

comparamos os indicadores propostos pelo GRI, DJSI, WBSCD e IPIECA/API nas

três dimensões. À exceção do DJSI, os demais foram desenvolvidos para orientação

das empresas ao montar seus relatórios de sustentabilidade e balanço social. O

presente trabalho tem como objetivo tratar de indicadores de desempenho. Assim,

na comparação citada nos ativemos aos indicadores de desempenho específicos

para cada dimensão, sem nos preocuparmos com a caracterização geral das

empresas, tratada por cada uma das entidades com um nível de complexidade

diferente.

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Tabela 11 - Sistemas de Indicadores x Empresas

INDICADORES DE DESEMPENHO

SISTEMAS DE INDICADORES DESCRIÇÃO EMPRESAS

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AS

INDICADORES ECONOMICOS

CLIENTES Vendas Líquidas.

Distribuição geográfica dos mercados

Percepção dos clientes/ consumidores sobre o benefício econômico do relacionamento com a empresa.

Integração do feedback do cliente ao negócio

FORNECEDORES

Custo dos bens, materiais e serviços adquiridos.

% de contratos pagos dentro dos termos acordados

Critérios de seleção de fornecedores incluindo a verificação de padrões éticos e respeito à RS. Ações de apoio ao seu desenvolvimento.

Distribuição geográfica dos fornecedores.

Percepção dos fornecedores sobre o benefício econômico do relacionamento com a empresa.

EMPREGADOS

Gastos salariais totais, separados por países ou regiões.

Percepção dos empregados sobre o benefício econômico do relacionamento com a empresa.

Indicadores de desempenho relativos à política de RH

INVESTIDORES

Distribuição para investidores

Aumento/ diminuição dos lucros no final do período. Incluir ROACE (Retorno do Capital Empregado)

Pesquisas de percepção do investidor.

Total de gastos relativos à sustentabilidade.

SETOR PÚBLICO

Soma total dos impostos pagos.

Subsídios recebidos, separados por país ou região.

Multas e penalidades pagas relacionadas com saúde, meio ambiente e segurança.

Notificações recebidas relacionadas com saúde, meio ambiente e segurança.

Doações à comunidade, sociedade civil e outros grupos, separados pelo tipo, em dinheiro ou produtos.

Gasto total na implantação de infra-estrutura empresarial externa (ex: escola, hospital para funcionários).

IMPACTOS ECONÔMICOS INDIRETOS

Externalidades associadas aos produtos e serviços

INDICADORES AMBIENTAIS

MATERIAIS

Consumo total de matéria prima (exceto água).

% de matérias primas utilizadas que são resíduos procedentes de fontes externas. Expressar em volume ou peso.

ENERGIA

Consumo de Energia, separado por fonte.

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INDICADORES DE DESEMPENHO

SISTEMAS DE INDICADORES DESCRIÇÃO EMPRESAS

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Consumo indireto de energia

Iniciativas para empregar fontes de energia renováveis e para aumento do rendimento da energia utilizada.

? Consumo de energia no ciclo de vida dos principais produtos (anualizado)

Outros usos indiretos: ex: deslocamentos, gestão de ciclo de vida, matérias primas de uso intensivo de energia.

Produção de combustíveis mais limpos, diminuição de enxofre e venda de biocombustíveis·.

Percentual do investimento total correspondente a energias renováveis.

ÁGUA

Consumo total de água

Fontes de água e ecossistemas/ habitats afetados de maneira significativa pela operação da empresa.

Remoção anual de solo e água de superfície em relação à quantidade anual renovável de água disponível.

Total de reciclagem e reutilização de água.

BIODIVERSIDADE

Localização e extensão das terras pertencentes à empresa, arrendadas ou administradas por ela em habitats ricos em biodiversidade.

Descrição dos principais impactos na biodiversidade derivados das atividades ou produtos e serviços.

Quantidade total de terras possuídas, arrendadas ou administradas para atividades de produção ou uso extrativo.

Fontes de água e ecossistemas afetados

Percentual de superfície impermeável em relação às terras compradas ou arrendadas

Impactos causados em áreas protegidas

Mudanças causadas em habitats naturais como conseqüência da atuação da empresa e % de habitat protegido ou restaurado

Programas para proteger ecossistemas e espécies em áreas degradadas.

No. de espécies incluídas na Lista Vermelha da UICN cujos habitats se encontram em áreas afetadas pela operação.

Unidades em operação ou com operação prevista dentro ou nos arredores de áreas protegidas ou sensíveis.

Existência de política específica para tratar da biodiversidade

Avaliação de impacto dos projetos sobre a biodiversidade

Existência de política para áreas proibidas

Existência de política para a reabilitação de territórios

Monitoramento das operações para evitar a contaminação de habitats naturais

Percentual de ativos totais operados e não operados em áreas de manejo da IUCN I-IV

EMISSÕES, EFLUENTES E RESÍDUOS

Emissões totais

Emissões de gases causadores de efeito estufa

Utilização e emissões de substâncias destruidoras da camada de ozônio

Emissões de NOx, SOx e outras emissões de importância

Prática de flaring/venting

Quantidade total de resíduos separados por tipo e destino

Descargas significativas na água

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INDICADORES DE DESEMPENHO

SISTEMAS DE INDICADORES DESCRIÇÃO EMPRESAS

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Derramamento significativo de substâncias químicas, óleo e combustíveis (volume e número de ocorrências totais)

Resíduos oleosos e graxa.

Descarga de fluidos de perfuração de base oleosa

Efluentes com sólidos em suspensão

Total de água produzida

Derramamento de óleo em terra

Resíduo metálico

Descargas significativas em terra

Resíduo reciclado

Resíduo total

Resíduo perigoso total

Descargas tóxicas

Outras emissões indiretas relevantes de gases de efeito estufa.

Produção, transporte, importação ou exportação de resíduos considerados perigosos de acordo com a Convenção da Basiléia.

Fontes de água e ecossistemas afetados de maneira significativa por descarga de água e efluentes líquidos

Abrangência das emissões de gases de efeito estufa

Verificação do estoque de gases de efeito estufa

Existência de estratégia para redução/gerenciamento do risco carbono

Existência de meta para redução dos gases causadores de efeito estufa

Volume de CO2 negociado interna ou externamente

FORNECEDOR

Desempenho ambiental dos fornecedores.

PRODUTOS E SERVIÇOS

Impactos ambientais dos principais produtos e serviços

% do peso dos produtos vendidos passíveis de recuperação (reciclagem ou reutilização) ao final da vida útil e % recuperado.

CONFORMIDADE AMBIENTAL

Incidentes e multas por não-cumprimento de convenções/ tratados/ declarações internacionais e legislações locais associadas ao tema ambiental

TRANSPORTE

Impactos ambientais significativos do transporte utilizado

GERAL

Certificações ambientais e sua abrangência.

Gastos totais em meio ambiente

Principais impactos ambientais das operações e ações para sua minimização

Existência de exigências e diretrizes ambientais para a empresa

Freqüência de acompanhamento dos dados ambientais

Existência de banco de dados centralizados para informações ambientais

Existência de metas ambientais corporativas/ verificação e certificação dos dados ambientais

INDICADORES SOCIAIS

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INDICADORES DE DESEMPENHO

SISTEMAS DE INDICADORES DESCRIÇÃO EMPRESAS

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EMPREGO

Força de trabalho total, desagregada por região, situação, tipo de contratação, tamanho da jornada.

Taxa líquida de empregos - Criação de empregos, demissões, contratações, turn over médio, por região.

Perfil salarial (maior remuneração/ menor remuneração, menor remuneração/ salário mínimo)

Benefícios oferecidos aos empregados, além dos estabelecidos por lei.

Gastos sociais internos, previstos em lei ou acordos.

Programa de previdência complementar a todos os empregados

Percentual de empregados qualificados e executivos que recebem avaliação formal de seu desempenho regularmente.

Empregados contratados com base em processo de recrutamento formal.

Tempo dos empregados gasto em programas de voluntariado

RELAÇÕES EMPRESA/ TRABALHADORES

% de empregados representados por organizações sindicais independentes

Existência de política e procedimentos envolvendo informação, consulta e negociação com empregados a respeito de mudanças na organização

Representação e participação formal dos trabalhadores na tomada de decisões e gestão, incluído a governança corporativa.

Questões trabalhistas SAÚDE E SEGURANÇA

Métodos de registro e notificação de acidentes de trabalho e doenças profissionais (OIT).

Existência de Comitês de saúde e segurança e proporção da força de trabalho coberta por eles..

Lesões típicas, dias perdidos, taxas de absenteísmo, acidentes, doenças, mortes relacionadas com o trabalho, inclusive de contratados.

Políticas ou programas sobre HIV-AIDS

Cumprimento das recomendações da OIT.

Existência de acordos formais com sindicatos ou outros representantes sobre segurança e saúde, e proporção da força de trabalho coberta por eles.

Doenças ocupacionais.

Existência e disponibilização pública de metas de saúde e segurança ocupacional

Empregados sujeitos a exame médico anual.

Existência de programas de auditoria de saúde e segurança existentes na organização.

Gastos totais com saúde e segurança. TREINAMENTO E EDUCAÇÃO

Média de horas de treinamento por ano, por empregado, por categoria.

Existência de programas de apoio à empregabilidade e aposentadoria

Existência de políticas para a gestão do conhecimento ou formação continuada

Percentual de empregados que seguem um programa de treinamento específico para sua categoria de trabalho.

Sistemas formais de aprendizado organizacional/ administração de conhecimento instalados e percentual de empregados neles envolvidos.

Existência de ferramentas para administrar o aprendizado organizacional e o conhecimento.

DIVERSIDADE E OPORTUNIDADE

Existência de políticas e programas de igualdade de oportunidades, incluindo acessibilidade ao local de trabalho, discriminação positiva, etc.

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INDICADORES DE DESEMPENHO

SISTEMAS DE INDICADORES DESCRIÇÃO EMPRESAS

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Proporção entre sexos na composição dos departamentos superiores e governança corporativa e outros indicadores de diversidade.

Processos de participação nos lucros e resultados e valores distribuídos.

Perfil dos colaboradores - Gênero, raça, idade, portadores de deficiência e perfil de salário médio

DIREITOS HUMANOS

Existência de políticas, diretrizes, estrutura corporativa, procedimentos e monitoramento relativos aos direitos humanos

Evidências de consideração dos impactos sobre os direitos humanos nas decisões sobre procedimentos, investimentos e escolha de fornecedores, monitoramento e resultados.

Avaliação do desempenho em direitos humanos na cadeia produtiva.

Formação dos empregados com relação à prática e respeito aos direitos humanos, relevantes nas operações. Tipo de atividade, empregados formados e duração média.

NÃO DISCRIMINAÇÃO

Sistemas de acompanhamento e resultados das políticas e procedimentos para evitar qualquer tipo de discriminação nas operações.

Sistemas instalados para recebimento de queixas. LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA

Existência de política de liberdade de associação e seu grau de aplicação, procedimentos e programas.

TRABALHO INFANTIL

Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho infantil, grau de informação e aplicação, programas relacionados ao tema.

Número. de crianças que trabalham para a empresa, por tipo de trabalho. Jornada semanal média e jornada escolar das crianças.

TRABALHO FORÇADO E COMPULSÓRIO

Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho forçado e compulsório, grau de informação e aplicação, procedimentos e programas relacionados.

PRÁTICAS DE DISCIPLINA

Existência de políticas de não represália e de sistemas confidenciais de reclamação.

Processos judiciais incluindo questões relativas aos direitos humanos. PRÁTICAS DE SEGURANÇA

Formação de pessoal de segurança em direitos humanos. Tipo, empregados formados e duração.

DIREITOS INDÍGENAS

Existência de políticas, diretrizes e procedimentos para atender às necessidades das comunidades indígenas. Incluir a presença de indígenas na força de trabalho.

Existência de mecanismos para atendimento de queixas e reclamações da comunidade indígena.

Percentual da receita operacional distribuída para comunidades indígenas locais COMUNIDADE

Existência de políticas de gestão dos impactos causados às comunidades das regiões afetadas pelas atividades e dos procedimentos, assim como dos sistemas de acompanhamento e seus resultados.

% do faturamento bruto destinado à totalidade de suas ações sociais.

Prêmios, certificações, e reconhecimentos, recebidos relativos à atuação social, ambiental e ética.

Mecanismos de avaliação do impacto dos investimentos sociais com feedback e participação dos beneficiários.

SUBORNO E CORRUPÇÃO

Existência de políticas, sistemas de gestão/ procedimentos e mecanismos de conformidade para organizações e empregados em relação a suborno e corrupção,

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INDICADORES DE DESEMPENHO

SISTEMAS DE INDICADORES DESCRIÇÃO EMPRESAS

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AS

sua implantação e abrangência. Publicação das violações da política anticorrupção e anti-suborno.

Código de conduta societária e sua implantação. CONTRIBUIÇÕES POLÍTICAS

Existência de políticas e sistemas de gestão/ procedimentos, assim como de mecanismos de cumprimento, dedicados às contribuições políticas e lobbies.

Valor doado a partidos políticos e instituições cuja função principal é financiar os partidos ou seus candidatos.

COMPETIÇÃO E PREÇOS

Decisões legais relativas a casos referentes à legislação antitruste e de regulamentação de monopólio.

Existência de políticas e sistemas de gestão/ procedimentos e mecanismos de conformidade para prevenção de práticas de concorrência desleal.

SAÚDE E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR

Existência de políticas para preservar a saúde e segurança do consumidor durante a utilização de produtos e serviços, grau de informação e aplicação e relação de procedimentos/ programas relacionados ao tema, bem como os sistemas de acompanhamento e seus resultados.

Infrações às normas referentes à saúde e segurança dos consumidores, assim como sanções e multas impostas a estas infrações.

Número de reclamações recebidas por organismos reguladores oficiais ou similares para a supervisão ou regulação da saúde e segurança dos produtos e serviços.

Conformidade voluntária a códigos, rotulação de produtos, premiações relacionadas com a responsabilidade social e/ ou ambiental recebidas pela organização.

PRODUTOS E SERVIÇOS

Existência de políticas e sistemas de gestão/ procedimentos, assim como de mecanismos de conformidade referentes à rotulação e à informação sobre os produtos e serviços.

Número e tipo de descumprimentos da legislação sobre informação e rótulos de produtos, assim como as sanções e multas impostas pelas violações.

Existência de políticas e sistemas de gestão/ procedimentos, assim como de mecanismos de conformidade referentes à satisfação do consumidor, inclusive resultados de pesquisas de satisfação.

PROPAGANDA

Existência de políticas e sistemas de gestão/ procedimentos, assim como dos mecanismos de conformidade para adesão a padrões e códigos não obrigatórios referentes à publicidade.

Número e tipos de infrações das regulamentações de propaganda, publicidade e marketing.

RESPEITO À PRIVACIDADE

Existência de políticas e sistemas de gestão/ procedimentos, assim como dos mecanismos de conformidade de respeito à privacidade do consumidor.

FORNECEDORES

Existência de programas de monitoramento e verificação dos critérios sócio-ambientais acordados.

Existência de programas e políticas para o cumprimento de valores de responsabilidade social em toda a cadeia produtiva.

Desempenho dos fornecedores em saúde e segurança Fonte: O Autor, modificado de Petrobras, 2004

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A Tabela 11 mostra que as companhias analisadas utilizam uma variedade

bastante abrangente de indicadores para a medição do desempenho em

sustentabilidade. Todas elas publicam relatórios ou balanços sociais, os quais

incluem a medição do desempenho relacionada com indicadores específicos, bem

como metas a atingir. A não ser a Shell, todas as outras empresas utilizam o GRI

como modelo para estes relatórios. No entanto, a Shell apropria quase que a mesma

proporção de indicadores do GRI que as demais empresas.

Os indicadores comuns à maioria das companhias verificadas são os relativos

a meio ambiente, saúde e segurança, especialmente os relativos a vazamentos,

emissões atmosféricas, resíduos, efluentes e eco-eficiência. Alguns indicadores

sociais são também comuns, como os referentes à saúde da força de trabalho,

fatalidades, investimento em projetos sociais e trabalho infantil.

As companhias examinadas tendem a trabalhar mais com indicadores

reativos, que medem o desempenho alcançado após a ocorrência de um fato, que

com indicadores pró-ativos, projetados para medir o desempenho em atividades que

podem vir a trazer resultado positivo. A UNEP (1999), bem como as ONGS

pesquisadas pela IPIECA em seu relatório de orientação às empresas do setor de

petróleo e gás, considera que a utilização de indicadores pró-ativos, que medem

impactos ao invés de simples produção de substâncias poluidoras poderia melhorar

grandemente o desempenho das empresas, bem como seu processo de elaboração

de relatórios e balanços de sustentabilidade.

Como exemplos de indicadores pró-ativos na tabela acima podemos citar:

Resíduo reciclado, investimento em projetos sociais ou comunidades, tempo gasto

pelos empregados em trabalho voluntário, gastos com meio ambiente, saúde e

segurança, gastos com sustentabilidade e certificações ambientais. No entanto, a

maioria dos indicadores reportados pelas empresas estudadas não comparam os

impactos com os volumes produzidos.

A utilização de indicadores sociais de desempenho está se difundindo, com a

utilização do GRI e o trabalho feito pelas empresas para se manterem ou entrarem

no DJSI. A tendência é a incorporação de mais métricas e metas com foco em

desenvolvimento sustentável, ao invés dos indicadores tradicionais de SMS.

As empresas estudadas agrupam empregados e contratados no tratamento

de desempenho em saúde e segurança, mas separam as categorias ao tratar de

salários e benefícios.

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4.4. O CASO DA PETROBRAS DISTRIBUIDORA S. A. - CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA.

As descrições e análises do sistema e dos indicadores da Petrobras Distribuidora S.A. foram feitas com base nas informações fornecidas pela própria

empresa, em seu Balanço Social, Relatórios Anuais, publicações e em informações

divulgadas no website da companhia. Esta etapa está estruturada da seguinte

forma:

• Caracterização geral da companhia, incluindo seu histórico, estrutura de

funcionamento, produtos e serviços oferecidos e sua participação no mercado

nacional;

• Visão estratégica da empresa;

• Governança Corporativa e sistemas de gestão utilizados pela Companhia,

com especial atenção para o sistema de gestão de Segurança, Meio

Ambiente e Saúde;

• Visão de Sustentabilidade da empresa;

• Relacionamento com os públicos de interesse;

• Análise dos indicadores Econômicos, Ambientais e Sociais utilizados e

reportados pela Companhia.

4.4.1. Descrição geral

A Petrobras Distribuidora S.A. é uma sociedade anônima, subsidiária da

Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobras, com capital fechado, subordinada ao Ministério

das Minas e Energia e classificada como entidade da administração indireta do

Governo Federal.

A BR é a maior companhia de distribuição e comercialização de combustíveis

e derivados de petróleo da América Latina. Sendo a segunda maior empresa do

Brasil, a Petrobras Distribuidora S.A. somente é menor que a sua controladora, a

Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras.

Pela sua missão, características de seus negócios e capilaridade de sua

ampla rede de distribuição no País, a BR constitui-se na parte mais visível do

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Sistema Petrobras, desempenhando papel fundamental no fortalecimento da

imagem e agregação de valor à marca Petrobras.

4.4.1.1. Histórico

Em 6 de dezembro de 1963, o então Conselho Nacional do Petróleo – CNP

concedeu à Petrobras, através da Resolução 8/63, a autorização para exercer a

atividade de distribuição de derivados de petróleo em todo o território nacional.

Neste momento, teve início a atividade de distribuição da Petrobras através de

postos de revenda. O primeiro posto da estatal a ser inaugurado foi em Brasília

(Posto Guarapari).

A Petrobras Distribuidora foi criada no dia 12 de novembro de 1971, como

subsidiária da Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobras, com características de uma

companhia de economia mista, que passou a atuar na comercialização e distribuição

de derivados do petróleo para todo o Brasil. Nesta época sua rede contava com 840

postos de serviços.

Em 25 de outubro de 1973, a Petrobras Distribuidora adquiriu o controle das

ações da Petrominas – Companhia Nacional de Petróleo, incorporando mais 806

postos para sua rede.

Em 1974 a companhia assumiu a liderança do mercado de distribuição de

derivados de petróleo do Brasil, superando concorrentes nacionais e estrangeiras.

A posição de liderança no setor se mantém até hoje e pode ser confirmada

através da considerável estrutura construída pela Petrobras Distribuidora. Em 2004

contava com 7.593 postos de serviços, presentes em todo o território nacional, por

onde passam, em média, cerca de 20 milhões de consumidores/mês, além de mais

de 10.200 grandes clientes entre indústrias, termoelétricas, companhias de aviação

e frotas de veículos leves e pesados.

A BR tornou-se uma empresa de capital fechado, totalmente integralizado

pela Petróleo Brasileiro S.A., em 05 de fevereiro de 2003, por decisão do Conselho

de Administração da Petrobras.

Em agosto de 2004, a Petrobras Distribuidora S.A oficializou a compra da

Agip do Brasil S.A. A partir de janeiro de 2005, a empresa começou a atuar no

mercado como Liquigás Distribuidora S.A, uma empresa exclusivamente de GLP.

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A Petrobras Distribuidora é a única companhia que atua em todo o território

nacional. No Brasil, foi a primeira companhia a utilizar bombas eletrônicas para

abastecimento e a comercializar álcool hidratado e gás natural como combustíveis

automotivos; e também a primeira a fornecer óleos combustíveis ultra viscosos,

reduzindo expressivamente os custos nas indústrias. A Companhia ainda foi a

primeira a lançar no Brasil o óleo classe SJ, o Lubrax SJ e o Lubrax SL, um óleo de

última geração, em simultaneidade com os Estados Unidos, além do primeiro

lubrificante para motores a álcool, o Lubrax Álcool, a Gasolina Supra e o Extra

Diesel, lubrificante ecológico, além de várias outras ações comerciais pioneiras.

4.4.1.2. Estrutura

A sede da Petrobras Distribuidora S.A. localiza-se na cidade do Rio de

Janeiro. A companhia possui escritórios e gerências comerciais em diversas cidades

do país, como São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Brasília, Recife, Fortaleza,

Curitiba, Porto Alegre e Manaus.

A Petrobras Distribuidora S.A. possuía em 2004 uma rede de 7.593 postos de

serviços, sendo 632 postos de sua rede própria, dos quais 12 são postos escola,

enquanto outros 6.961 são propriedade de terceiros. Possui também mais de 10.200

grandes clientes e uma tancagem total de 1,034 milhões de m³, distribuídas em 116

unidades, movimentando 3,17 milhões de m³ de produtos por mês.

A capacidade competitiva da BR é suportada por processos logísticos que

permitem a operação da maior rede de distribuição de combustíveis e lubrificantes

do Brasil, com oito centros coletores de álcool (arrendados da Petrobras), quatro

depósitos de Supply, instalações em 102 aeroportos e 80 bases/terminais

estrategicamente localizados para a colocação dos produtos Petrobras. Os

terminais, em número de 22, têm maior capacidade e são supridos, na sua maioria,

diretamente pelas refinarias da Petrobras. As bases (58 no total) são instalações de

menor porte, quase sempre supridas pelos terminais. Destas, 36 são de uso

exclusivo da BR, 12 são operadas pela BR em pool com outras distribuidoras e 10

operadas por terceiros.

Os terminais e as bases são atendidos por diferentes modalidades de

transporte, tais como oleodutos, navegação de cabotagem, ferrovias e rodovias.

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A BR também possui uma fábrica de lubrificantes, contando com uma

gerência de tecnologia, dentro da fábrica, para o desenvolvimento de novos

produtos. Além da fábrica de lubrificantes, a BR tem outras 12 fábricas de

asfalto/emulsões asfálticas.

A distribuição de lubrificantes envolve, além da fábrica em Duque de Caxias

(RJ), 24 armazéns em todo o País e utiliza empresas de transportes cadastradas

para a movimentação de produtos embalados e a granel.

O mapa a seguir, apresenta a distribuição geográfica das unidades

operacionais da BR.

Figura 20 - Distribuição geográfica das unidades operacionais da BR

BARAC

TEMAN

BARIX

BAMONBAVIC

TEVEL

ARVIL

BASUL

BARIB

TELEM

ARREM

ARMAP

ARUBA

DELUB

AIMBA

BANOP

BAIBA

BAGUI

TEBRAS

TEGONBASEC

AITAQ

AIGON

CACADTECAD

BADENBAURU

ARDINAAIRIB

TEPLAN

CERAQCARAC

BALAMCALAM

BAUBEBANOP

CAPLAN

BAÇAIBAMAB

TELIS

BETER

BACRO

TEFOR

TENAL

BACAB

BARECDERECCAAPE

BAMACCAMAPE

BACAJ

CACAMBACAM

DEROD

TEMAT

TEUNA

BAJEQ

BEJUAAIJUA

TEAPEAISUAP

AITER

ARMOC

ARGOV

TEBET

CABET

BAVOL

TEVITCAVIT

TEDUCCADUC

AICAMP

AIEMBI

ARRIN

ARRAVTECAR

CAVID

AIPAFBAJUI

TEJAI

BAFLO

BAJOI

BALONCALON

ARRIGTENOAS

CEORIBAORI

BAGUARBAERI

TESPAARCAP TEVAP

CAVAPTECUBCACUB

PACJAI

Legendas

Terminais (TE)

Bases (BA)

Armazenagens Conjuntas (AR)

Centros Coletores (CE)

Cais

Áreas Individuais / Bases em pool (AI)

Deposito Lubrificante (DL)

Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005.

A força de trabalho da BR, em 05/2005, é composta de 7.909 pessoas, sendo

3.783 empregados próprios e 394 empregados cedidos de outras empresas do

Sistema Petrobras ou órgãos públicos, complementada por 3.732 empregados de

empresas prestadoras de serviços. Os contratos com as empresas terceirizadas são

para prestação de serviços especializados ou de fornecimento de mão-de-obra

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temporária através da Lei nº 6.019. A composição da força de trabalho da BR

apresentada na Tabela a seguir.

Tabela 12 - Composição da Força de Trabalho da BR FORÇA DE TRABALHO POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE

Empregados Contratados Força de Trabalho

Nível Médio

Nível Superior

Total Temporários Serviços Total

7.909 2.979 1.198 4.177 120 3.612 3.732

100% 38% 15% 53% 1% 46% 47%

Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005

A estrutura hierárquica da Petrobras Distribuidora está ilustrada a seguir:

Figura 21 - Estrutura Geral da Petrobras Distribuidora

Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005.

Os órgãos e Gerências que aparecem no organograma têm como função,

numa rápida descrição:

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• Presidente (PRD): Responsável pela direção e coordenação dos trabalhos da

Diretoria Executiva e pela gestão das funções corporativas.

• Ouvidoria: Ouvir, analisar e relatar, de forma independente e crítica, as

manifestações dos clientes, consumidores e revendedores, bem como da

força de trabalho da Companhia.

• Gerência de Recursos Humanos (GRH): Planejar, orientar e executar o

conjunto de ações de suporte à gestão dos recursos humanos da Companhia.

• Gerência de Processos de Gestão (GPG): Promover e controlar o

desenvolvimento, a implantação e a atualização de métodos de gestão da

Cia. e liderar o processo de padronização de procedimentos.

• Gerência de Novos Negócios (GNN): Coordenar os projetos de novos

negócios da Companhia.

• Gabinete do Presidente (GAPRE): Otimizar a gestão da área de contato do

PRD, responder pela interface com as demais gerências da área e, também,

pela coordenação de assuntos tais como segurança empresarial, secretaria

geral e relações governamentais.

• Gerência de Planejamento (GPL): Orientar, executar e integrar o conjunto de

ações relativas ao Planejamento Corporativo da BR através da coordenação

da estratégia corporativa, do orçamento, da avaliação do desempenho

empresarial, do alinhamento e aprimoramento organizacional e da realização

de estudos e análises econômicas e de mercado.

• Gerência de Comunicação (GCO): Orientar, coordenar, executar e avaliar as

atividades relativas à comunicação, patrocínios, gestão da marca e

publicidade da BR.

• Gerência Jurídica (GJD): Orientar e prestar serviços de natureza jurídica no

âmbito da Companhia.

• Gerência de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (GSMS): Planejar, orientar e

coordenar o conjunto de ações relativas à gestão de SMS no âmbito da

Companhia.

• Gerência de Relações Institucionais e Regulação (GEREG): Coordenar o

conjunto de ações relativas à representatividade da BR junto aos órgãos

reguladores.

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• Diretor da Rede de Postos de Serviço (DRPS): Responsável por conduzir e

obter os melhores resultados relativos aos negócios realizados com a Rede

Automotiva atendida pela BR. O DRPS trabalha com cinco Gerências

comerciais regionais de Automotivos: Gerência de Automotivos 1 (GAT- 1),

Gerência de Automotivos 2 (GAT- 2), Gerência de Automotivos 3 (GAT- 3),

Gerência de Automotivos 4 (GAT- 4) e Gerência de Automotivos 5 (GAT- 5) –

Órgão Temporário. Elas devem promover e estimular a venda de

combustíveis, lubrificantes e produtos de conveniência na rede de postos da

BR.

• Gerência Corporativa da Rede de Postos (GCRP): Oferecer as condições

para uma gestão integrada da Rede Automotiva incorporando o

Planejamento, Marketing, Prospecção de Novos Negócios, Suporte

Tecnológico e Produtos Automotivos, garantindo a Segurança, a Saúde e o

respeito ao Meio Ambiente.

• Diretor de Mercado Consumidor (DMCO): Responsável por conduzir e realizar

a gestão integrada do mercado consumidor da BR.

• Gerência de Grandes Consumidores (GGC): Comercializar combustíveis,

lubrificantes e prestar serviços associados em todos os segmentos de

atuação no mercado de grandes consumidores da BR.

• Gerência de Produtos de Aviação (GPA): Comercializar produtos de aviação,

bem como, prestar serviços a revendedores e clientes.

• Gerência de Produtos Químicos (GPQ): Desenvolver, distribuir e

comercializar produtos químicos e serviços para a indústria química e do

petróleo.

• Gerência de Soluções Energéticas (GSE): Desenvolver, comercializar e

implantar soluções energéticas para os clientes da Companhia e operar a

distribuição de Gás Natural canalizado no Espírito Santo.

• Gerência de Comercialização de Asfaltos (GCA): Comercializar asfaltos,

emulsões e produtos correlatos e prestar serviços associados.

• Diretor de Operações & Logística (DIOL): Responsável pela gestão integrada

das atividades relativas à cadeia de Suprimento, Logística e Operações da

BR.

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• Gerência Industrial (GEI): Desenvolver, industrializar e disponibilizar

lubrificantes e isolantes para os mercados nacional e internacional.

• Gerência de Operações (GOP): Receber, armazenar, movimentar e entregar

produtos comercializados pelas unidades de negócio da BR.

• Gerência de Preços (GEP): Gerenciar o processo de formação de preços da

Companhia.

• Gerência de Logística (GLOG): Projetar e administrar os sistemas de fluxo de

produtos comercializados pela Companhia.

• Gerência de Suprimento (GSUP): Negociar o suprimento de produtos

combustíveis líquidos junto aos fornecedores da BR.

• Diretor Financeiro e de Serviços (DFIS): Responsável pelas atividades de

Finanças e Serviços compartilhados pelas áreas da BR, concentrando

esforços na gestão dos recursos financeiros da Companhia e na prestação de

serviços que contribuam para o resultado dos Negócios.

• Gerência de Administração e Planejamento Tributário (GAPT): Executar o

planejamento e a administração tributária da Companhia.

• Gerência de Tecnologia da Informação (GTI): Desenvolver sistemas e dar

suporte aos usuários de Tecnologia da Informação da Companhia.

• Gerência de Operações Financeiras (GOF): Promover a gestão dos recursos

financeiros, concessão de crédito e avaliação da financiabilidade da

Companhia.

• Gerência de Contabilidade e Controle (GCON): Planejar, coordenar,

normalizar e executar o conjunto de atividades relacionadas com o controle

patrimonial, contábil-societário e gerencial da Companhia.

• Gerência de Serviços Gerais (GSG): Prestar serviços gerais aos órgãos da

Companhia.

• Gerência de Contratação de Bens e Serviços (GCBS): Planejar, orientar e

executar as atividades relativas a contratos, compras e licitações na BR.

• Gerência de Engenharia (GEN): Prestar serviços de engenharia e intervenção

de manutenção programada a todos os clientes internos da Companhia.

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4.4.1.3. Subsidiária

A Liquigás Distribuidora S.A., subsidiária da Petrobras Distribuidora S. A.,

opera no mercado de comercialização e distribuição de gás liquefeito de petróleo –

GLP. A empresa passou a utilizar a marca citada a partir de 1° de janeiro de 2005,

passando a ser uma empresa exclusivamente de GLP, passando sua rede de postos

de serviço para a Petrobras Distribuidora.

A Liquigás começou a operar no Brasil em 1953, quando a empresa passou a

engarrafar e a distribuir Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). Em 1981, foi adquirida

pela Agip (pertencente ao Grupo ENI). Nesses 52 anos, a empresa construiu a maior

rede de comercialização e distribuição de GLP do País. A Liquigás foi pioneira ao

trazer para o Brasil os Carrosséis Eletrônicos Mássicos, um sistema de

engarrafamento de GLP para botijões de 13 quilos, que modernizou o processo nos

centros operativos. Hoje, são 25 unidades industriais de engarrafamento, 29

depósitos comerciais e uma ampla rede com mais de 14.000 revendedores, que

permitem à Liquigás atender, por mês, mais de 35 milhões de consumidores dos

pontos mais distantes do Brasil.

Além de gás para uso doméstico, a Liquigás fornece produtos e serviços para

todos os setores da indústria e do comércio. No Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste

do país, os produtos levam a marca Liquigás; porém, nas regiões Norte e Nordeste,

a distribuição do gás é feita respectivamente com as marcas Tropigás e Novogás.

4.4.1.4. Produtos e Serviços

Subordinada ao Ministério de Minas e Energia e classificando-se entre as

entidades de administração indireta do Governo Federal, a Petrobras Distribuidora

tem por objetivo, além da distribuição, do comércio e da industrialização de produtos

de petróleo e derivados, atividades de importação e exportação.

A BR - Petrobras Distribuidora S.A. atua em diversos segmentos e atividades.

São destacadas, no quadro abaixo, as atividades pelas quais a BR operacionaliza os

seus negócios para atendimento ao objeto social da Companhia:

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Quadro 19 - Atividades da BR

ATIVIDADES DA BR

I - a distribuição, o transporte, o comércio, a armazenagem, a estocagem, a manipulação e a industrialização de derivados do petróleo, de gás natural, de xisto ou de outras rochas e seus correlatos, bem como de insumos relacionados com a indústria do petróleo;

II - a distribuição, o transporte, o comércio, o beneficiamento e a industrialização de combustíveis de outras origens;

III - a distribuição, a comercialização e o transporte de produtos de qualquer natureza comercializados em postos de serviços, em centros de troca de óleo, de lavagem ou de abastecimento e manutenção de veículos automotivos;

IV - a exploração de lojas de conveniência em postos de serviços, nas quais poderão ser comercializados ou elaborados produtos de qualquer gênero, espécie, natureza e qualidade, tais como os alimentícios, de limpeza, perfumaria, livros, jornais, revistas, tabacaria, dentre outros;

V - a produção, o transporte, a distribuição, a comercialização de todas as formas de energia, bem como a prestação de serviços correlacionados;

VI - a produção, a industrialização, o transporte, a distribuição e a comercialização de produtos químicos, bem como a prestação de serviços correlacionados;

VII - a produção, a industrialização, o transporte, a distribuição e a comercialização de asfaltos e produtos afins, bem como a prestação de serviços de pavimentação e outros correlacionados;

VIII - a prestação de serviços de administração, operação, conservação, manutenção de instalações operacionais e industriais e de controle de qualidade vinculados ao seu objeto social;

IX - a importação e exportação relacionadas com os produtos e atividades descritos neste artigo;

X - o exercício de quaisquer outras atividades correlatas e afins ao objeto social da Companhia, inclusive a prestação de serviços.

Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005.

Os seus principais segmentos de atuação são:

• Grandes Consumidores – venda direta de combustíveis e lubrificantes para

indústria, Governo, empresas de transporte e Transportadores Revendedores

Retalhistas - TRR. Além disso, prestam serviços para Centrais Avançadas de

Inspeção e Serviços e fazem Controle Total de Frotas;

• Mercado automotivo – combustíveis líquidos, lubrificantes e gás natural

veicular (GNV) além de serviços associados ao abastecimento e manutenção

de veículos através de sua rede de postos;

• Aviação – prestam serviços de abastecimento de aeronaves e atividades

correlatas;

• Mercados de Conveniência – oferecem atendimento rápido e personalizado a

população em geral através de lojas de conveniência;

• Gás e Soluções Energéticas – desenvolvem e implementam serviços de

eficiência energética, co-geração, geração com biomassa, comercialização de

energia, geração de ponta e geração emergencial. Neste segmento se insere

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a Gerência de Comercialização de Gás Canalizado – GCGC, responsável

pela distribuição de gás natural no Estado do Espírito Santo;

• Gás liquefeito de petróleo (GLP) – distribuição de gás liquefeito de petróleo

para uso doméstico e para todos os setores da indústria e do comércio.

através de sua subsidiária Liquigás;

• Produtos Químicos – produzem, comercializam e distribuem produtos e

insumos para as indústrias em geral. Atua nas seguintes áreas na

comercialização de produtos químicos: químicos para agro negócios,

químicos para indústria do petróleo, químicos para tintas, adesivos e vernizes,

planejamento e suporte de químicos, marketing de produtos químicos e

produtos para química fina.

• Supply House - compreende o suprimento de especialidades químicas e

serviços para as atividades de exploração e produção de petróleo.

• Asfalto – oferecem soluções diversificadas de pavimentação asfáltica para

concessionárias de rodovias, prefeituras, governos estaduais, construtoras de

rodovias, indústrias, etc.

A Figura 22 ilustra o processo de distribuição de combustíveis líquidos da

Petrobras Distribuidora S. A.

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Figura 22 – Fluxo de combustíveis líquidos da Petrobras Distribuidora

A BR trabalha com uma vasta gama de produtos, apresentados na Tabela 13,

abaixo:

Tabela 13 - Produtos comercializados pela BR por classificação

PRODUTOS POR CLASSIFICAÇÃO

Combustíveis claros Combustíveis escuros

Óleos, e Graxas lubrificantes

Gás Natural Outros Produtos

Gasolinas (comum, supra, premium e podium)

Óleos diesel ( comum, marítimo, metropolitano, aditivado e parafínico)

Querosenes (aditivado e de aviação – QAV1)

Álcool hidratado Gasolina de aviação

Óleos combustíveis

Coque de petróleo

Automotivos Industriais Marítimos Ferroviários Aviação Fluidos de freio Fluidos de radiador

Industrial Veicular (GNV)

Asfaltos Solventes Querosenes Fluidos especiais Parafinas Óleos para pulverização agrícola

Óleos de processos Enxofre Produtos de supply house GLP Resíduo aromático

Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005

Fonte: Petrobras Distribuidora, 2004.

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A Petrobras Distribuidora obteve, no dia 16 de dezembro de 1993, a

concessão para distribuição, por cinqüenta anos, de gás natural no Espírito Santo.

Os principais acordos firmados com o Governo do Estado são relativos ao

atendimento ao mercado industrial, a novos investimentos em rede de dutos de

distribuição e ao atendimento ao mercado residencial e comercial.

Desde que conquistou a concessão para explorar a distribuição de gás

canalizado no Espírito Santo há dez anos, a Petrobras Distribuidora viu seu mercado

mais do que dobrar, saltando de 400 mil m3/dia para 1 milhão de m3/dia – e, de

acordo com projeções da empresa, o volume consumido deve atingir a casa dos 2,7

milhões de m3/dia em 2005. Atualmente, mais de 90% do total comercializado tem

como destino grandes indústrias do estado, com destaque para a Companhia Vale

do Rio Doce que responde por 50% das vendas do produto.

Contando hoje com 23 clientes industriais e 10 postos de GNV, a Gerência de

Comercialização de Gás Canalizado da Petrobras Distribuidora iniciou sua

participação no segmento comercial no final de 2002 com o fornecimento de gás

para o hotel Comfort Inn, da rede Accor, localizado na orla de Vitória. A companhia

pretende ainda ampliar sua participação no mercado industrial e automotivo com a

implantação mais sete postos consumindo gás natural além do ingresso no

segmento residencial para final de fevereiro.

A empresa vem desenvolvendo parcerias para a implantação de unidades

térmicas a gás natural para fornecimento de energia elétrica, bem como programas

destinados aos clientes visando à otimização do uso dos produtos da Companhia,

privilegiando os aspectos de economia de energia, preservação do meio ambiente e

segurança industrial.

4.4.1.5. Participação no mercado

O capital social, subscrito e integralizado, da BR é de R$ 2.086.403.519,96

(dois bilhões, oitenta e seis milhões, quatrocentos e três mil, quinhentos e dezenove

reais e noventa e seis centavos), dividido em 42.853.453.082 (quarenta e dois

bilhões, oitocentos e cinqüenta e três milhões, quatrocentos e cinqüenta e três mil, e

oitenta e duas) ações ordinárias, sem valor nominal.

Em 2004 obteve lucro líquido de R$ 634,1 milhões, 24,6% superior ao lucro

líquido de 2003. As vendas totais atingiram 27.262 mil m³, apresentando um

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crescimento de 8,1% em relação ao ano anterior. A Receita Operacional Bruta de

Produtos e Serviços atingiu R$ 34.302 milhões, com um crescimento de 15% em

relação a 2003. Sua participação no mercado brasileiro em dezembro de 2004,

ilustrada na Figura 23, atingiu 32,8% de market share7, um incremento de 1,3 pontos

percentuais em relação ao ano de 2003.

Figura 23 - Market Share das Distribuidoras – 2004

MARKET SHARE 2004 - TOTAL DE PRODUTOS

7,7%

17,2%

32,8%

21,1%

8,4%

12,9%

BR

IPIRANGA

TEXACO

SHELL

ESSO

OUTRAS

No segmento revendedor, a empresa alcançou 24,6% do mercado de

combustíveis automotivos, mantendo-se, também, na posição de liderança tanto na

comercialização de combustíveis como de lubrificantes, com 20,9% de market share.

A BR foi a primeira companhia brasileira a distribuir o GNV que, entre outras

vantagens, apresenta o menor preço para o consumidor, quando comparado à

gasolina, e baixa emissão de poluentes para a atmosfera. A BR já possui 150 postos

de abastecimento com GNV, distribuídos em 15 estados, o que lhe garante a

liderança com 38% de mercado. As vendas da BR crescem de forma acentuada

(45% em 2002, comparativamente a 2001), o que contribui para viabilizar a

expansão da rede de gás natural, pelas companhias distribuidoras de gás natural,

para atendimentos residencial e comercial.

Além da atuação no varejo, a BR comercializa combustíveis, lubrificantes e

coque, diretamente, para mais de 12 mil grandes clientes como indústrias, usinas

7 Para o cálculo do market share foram consideradas todas as empresas distribuidoras do Brasil, filiadas ou não ao SINDICOM. Os dados de volume de vendas foram obtidos junto à Petrobras e à ANP.

Fonte: Petrobras e ANP, 2005

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termelétricas, empresas de transporte aéreo e terrestre e Governo, sendo líder de

mercado com 45% de participação.

As aeronaves que operam em 102 aeroportos brasileiros têm seus serviços

de abastecimento garantidos pela BR que, além do combustível, disponibiliza para o

segmento de aviação executiva, por meio do BR Aviation Center8, serviços de

comissária, transporte nas áreas internas dos aeroportos e limpeza de aeronaves.

Neste segmento, a BR também é líder de mercado com participação de 57%.

A BR consolidou sua liderança no segmento de lojas de conveniência. Mesmo

sendo uma das últimas das grandes distribuidoras a entrar neste ramo de negócio,

hoje a marca BR Mania é encontrada em cerca de 600 postos.

A BR oferece também serviços de geração simultânea de energia elétrica e

energia térmica, a partir de um mesmo combustível, agregando valor aos produtos já

comercializados por ela. Desta forma, propicia o fornecimento da energia final, na

forma de eletricidade, vapor, água gelada e calor. Além disso, insere-se no mercado

de geração distribuída de energia elétrica, comercializando a energia que a

Petrobras produz, bem como os excedentes de plantas de co-geração

implementadas por seus clientes, tornando-as mais rentáveis.

Já no segmento de asfalto, a participação da companhia cresceu de 24,5%,

em 2000, para 28% em 2004. A BR possui 12 fábricas de emulsões asfálticas em

cinco estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Bahia). A

Gerência de Comercialização de Asfalto - GCA desenvolve, em articulação com o

Centro de Pesquisas da Petrobras, novas técnicas de pavimentação e recuperação

de estradas, mais baratas, práticas e ecológicas. Novas fábricas de emulsões

asfálticas estão sendo construídas em várias regiões do Brasil, visando a atender

novos mercados.

Na comercialização de produtos químicos, caracterizados pelos derivados de

petróleo para uso não-combustíveis, tais como: solventes, querosenes, fluidos

especiais, parafinas, óleos de processo, óleos para pulverização agrícola e enxofre,

a ênfase é atribuída ao desenvolvimento de produtos ambientalmente “mais

amigáveis”, como os solventes ecológicos, recentemente lançados no mercado.

8 O BR Aviation Center é a denominação do FBO – Fixed Based Operation - da BR Aviation, um centro completo de prestação de serviços para os clientes da aviação executiva. O seu conceito principal é atender clientes da BR Aviation de forma especial proporcionando-lhes tratamento personalizado. O executivo conta com uma confortável sala VIP e um business center com sala de reunião, Internet, TV a cabo e loja de conveniência, além de atendimento na pista. O piloto dispõe de sala de repouso e de estudo de rotas com computador para efetuar o plano de vôo. E a aeronave, além de abastecimento e segurança, recebe todos os cuidados necessários como hangaragem, polimento, limpeza interna e externa, GPU e trator.

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A atividade de supply-house foi reposicionada para agregar aos produtos

comercializados uma extensa gama de serviços, como: apoio logístico às operações

off-shore, serviços associados às aplicações de fluidos de perfuração, serviços

associados aos tratamentos de óleo, gás e água, além de serviços ambientais

(articulação e coordenação, representação, consultoria especializada, avaliação e

auditoria e treinamento e capacitação).

Na distribuição de GLP, a BR atua principalmente junto a clientes industriais,

com planos de estender sua atuação aos clientes residenciais.

4.4.2. Visão estratégica

A Petrobras Distribuidora S.A., em seu planejamento estratégico, definiu sua

missão e visão como:

MISSÃO BR: “Distribuir, comercializar e industrializar derivados de

petróleo e seus correlatos, com competitividade, rentabilidade e

responsabilidade sócio-ambiental”.

VISÃO BR: “Ser líder de mercado nos segmentos em que atuar,

fazendo da marca PETROBRAS a preferida de todos os consumidores.”

VALORES: Na busca de sua Missão e Visão de Futuro, a BR deve agir

e ser orientada de acordo com alguns princípios básicos que são

compartilhados pelos membros da Companhia:

• Coerência (entre discurso e prática)

• Alinhamento (das práticas de Gestão)

• Comprometimento

• Ética (nos relacionamentos)

• Prazer em Servir (perpetuidade)

• Fidelidade à Marca BR

• Responsabilidade Social e Ambiental

O objetivo estratégico da BR é ampliar sua posição de liderança no mercado

brasileiro de distribuição de combustíveis, atingindo market share de 36,5% em

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2010, de forma a garantir a colocação de seus produtos e o aumento de sua

rentabilidade. Para isto, está investindo fortemente em projetos voltados para a

atração e fidelização de clientes e em oferta de serviços agregados, por acreditar ser

este um dos principais diferenciais em relação aos concorrentes. Além disso, a

organização precisa manter o reconhecimento do mercado e, principalmente, dos

consumidores, parceiros e clientes, pelo alto nível de qualidade de seus produtos e

serviços e pelo atendimento aos mais rigorosos padrões internacionais de

Segurança, Meio Ambiente e Saúde.

Os principais desafios estratégicos, explicitados no Plano Estratégico, na BR

são:

a) Consolidar a liderança da rede de postos de serviços, fortalecendo a

imagem do Sistema Petrobras;

b) Consolidar a atuação no mercado de GLP, através da Liquigás, recém-

adquirida, buscando a liderança neste segmento;

d) Ampliar a atuação em outros mercados além do de combustíveis, como o

de asfalto, de soluções energéticas e de produtos químicos;

No mesmo plano foram aprovados três “Focos de Desempenho”, ou seja, os

pontos mais críticos no desempenho da Companhia perante as suas partes

interessadas: Market-share, Rentabilidade e Responsabilidade Social e Ambiental.

4.4.3. Governança Corporativa

A liderança da BR é exercida por meio de um sistema estruturado,

funcionalmente conduzido pela Alta Direção, formada pela Diretoria Executiva

(Presidente e Diretores) e Gerentes Executivos. Está alicerçada em Fundamentos,

em uma Missão e Visão claras, em Valores e em diversas políticas estabelecidas

(SMS, Qualidade etc.).

Os Fundamentos da Liderança são considerados:

• Visão sistêmica;

• Aprendizado organizacional;

• Agilidade;

• Inovação;

• Liderança e constância de propósito;

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• Visão de Futuro;

• Foco no cliente e no mercado;

• Responsabilidade sócio-ambiental;

• Gestão baseada em fatos e dados;

• Valorização das pessoas;

• Abordagem por processos;

• Orientação para resultados;

A Alta Direção operacionaliza sua liderança no mais alto nível através das

reuniões da Diretoria Executiva e do Comitê de Negócios, responsáveis pelas

decisões mais elevadas da organização. O Comitê de Negócios se reúne

semanalmente para planejar, controlar e exercer o aprendizado das ações de

melhoria da gestão da BR. As reuniões do Comitê são realizadas com os seguintes

enfoques:

• Sistema de Gestão;

• Análise Crítica de Desempenho;

• Segurança, Meio Ambiente e Saúde;

• Investimentos e Novos Negócios.

O Modelo de Gestão da BR foi concebido com o objetivo de orientar a gestão

a fim de que atenda as necessidades de todas as partes interessadas. Está

fundamentado basicamente nos critérios de excelência do Prêmio Nacional da

Qualidade - PNQ - e em alguns poucos requisitos das normas: NBR ISO 9001:2000,

NBR ISO 9004:2000, NBR ISO 14001:1996, OHSAS 18001:1999 e SA 8000:2000.

Portanto, o Modelo de Gestão é um conjunto de requisitos estruturados e ordenados

de forma sistêmica, com forte visão nos requisitos das partes interessadas e no seu

atendimento.

O Modelo de Gestão é representado através da Figura 24, abaixo. As

práticas de gestão são concebidas a partir dos requisitos das partes interessadas e

construídas de modo a garantir o atendimento destes requisitos.

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Figura 24- Modelo de Gestão da BR

INFORMAÇÃO E CONHECIMENTOINFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

PAR

TES INTER

ESSAD

AS

PAR

TES INTER

ESSAD

AS

(RESU

LTAD

OS)

(RESU

LTAD

OS)

PAR

TES INTER

ESSAD

AS

PAR

TES INTER

ESSAD

AS

(REQ

UIS

ITOS)

(REQ

UIS

ITOS)

PERFIL ORGANIZACIONALPERFIL ORGANIZACIONAL

LIDERANÇALIDERANÇA

ESTRATÉGIASESTRATÉGIASE PLANOSE PLANOS

ENTR AD ASENTR AD AS SAÍD ASSAÍD AS

CLIENTESCLIENTES

SOCIEDADESOCIEDADE

PESSOASPESSOAS

PROCESSOSPROCESSOS

SAÍD ASSAÍD AS

SAÍD ASSAÍD AS

ENTR AD ASENTR AD AS

ENTR AD ASENTR AD AS

INFORMAÇÃO E CONHECIMENTOINFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

PAR

TES INTER

ESSAD

AS

PAR

TES INTER

ESSAD

AS

(RESU

LTAD

OS)

(RESU

LTAD

OS)

PAR

TES INTER

ESSAD

AS

PAR

TES INTER

ESSAD

AS

(REQ

UIS

ITOS)

(REQ

UIS

ITOS)

PERFIL ORGANIZACIONALPERFIL ORGANIZACIONAL

LIDERANÇALIDERANÇA

ESTRATÉGIASESTRATÉGIASE PLANOSE PLANOS

ENTR AD ASENTR AD AS SAÍD ASSAÍD AS

CLIENTESCLIENTES

SOCIEDADESOCIEDADE

PESSOASPESSOAS

PROCESSOSPROCESSOS

SAÍD ASSAÍD AS

SAÍD ASSAÍD AS

ENTR AD ASENTR AD AS

ENTR AD ASENTR AD AS

Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005.

A BR utiliza desde 2003 uma metodologia de análise crítica baseada no

Balanced Scorecard – BSC, estruturado a partir do Planejamento Estratégico e

contemplando os requisitos das partes interessadas através de quatro perspectivas

(Acionista, Mercado, Processos Internos e Aprendizado e Crescimento), cada uma

dessas perspectivas avaliadas por um conjunto de indicadores que medem o

cumprimento dos objetivos estratégicos.

O Mapa Estratégico do BSC BR apresenta os objetivos estratégicos, com

suas relações de causa e efeito. Na reunião de análise crítica, é avaliada a relação

causal entre os resultados dos indicadores, relacionados a determinado objetivo

estratégico “A”, e o desempenho dos indicadores dos objetivos estratégicos “B” e “C”

que o suportam.

Cada responsável pelos indicadores deve registrar sua análise em um

sistema informatizado, o Sistema (SIGER), levando em conta as informações

qualitativas e as variáveis externas.

O sistema de medição do desempenho da organização é baseado no

Balanced Scorecard (BSC). Durante o processo de elaboração do plano estratégico,

são estabelecidos os objetivos estratégicos, bem como indicadores corporativos a

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serem gerenciados pela Diretoria Executiva e os indicadores gerenciados pelas

áreas de negócios, operações e apoio.

O BSC traduz as estratégias da organização em Objetivos Estratégicos do

negócio monitorado por um sistema balanceado de Indicadores de Desempenho

financeiros e não financeiros e Iniciativas Estratégicas, demonstrando relações de

causa e efeito entre os objetivos estratégicos e os indicadores. Este conjunto de

Indicadores proporciona uma visão rápida e abrangente do desempenho

empresarial, sob quatro diferentes perspectivas (Acionista, Mercado, Processos

Internos e Aprendizado e Crescimento) e permite medir a eficácia e o atendimento

das estratégias corporativas.

Desde 2002, a partir do Planejamento Estratégico, é construído o Mapa

Estratégico Corporativo da BR, guardando alinhamento com o Mapa Estratégico da

Petrobras (Holding).

4.4.3.1. Sistema de gestão de SMS da Petrobras Distribuidora

A Política de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras Distribuidora,

aprovada pela sua Diretoria em 2004, além de assegurar o atendimento à legislação

de SMS aplicável aos seus serviços e atividades, propõe também:

• Educar, capacitar e comprometer os empregados com as questões de SMS,

envolvendo clientes, fornecedores, parceiros, consumidores, comunidades

vizinhas, órgãos competentes e demais partes interessadas;

• Considerar, nos sistemas de conseqüência e reconhecimento, o desempenho

em SMS;

• Atuar na proteção do ser humano e do meio ambiente, na promoção da saúde

e prevenção da poluição mediante a identificação, controle e monitoramento

de riscos, adequando a segurança de processos Às melhores práticas

mundiais e mantendo-se preparado para emergências;

• Estar comprometido com a sustentabilidade de negócios, projetos,

empreendimentos e produtos ao longo de seu ciclo de vida, considerando

impactos e benefícios nas dimensões econômica, ambiental e social;

• Considerar a eco-eficiência de processos, comprometendo-se com a melhoria

contínua e minimizando os impactos adversos inerentes aos negócios.

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A Política de SMS está consolidada em 15 Diretrizes Corporativas de SMS,

que representam uma poderosa ferramenta de aprimoramento constante dos

procedimentos da Companhia e que foram elaboradas a partir do aprendizado

decorrente do gerenciamento cotidiano destas atividades. Elas são:

1. Liderança e Responsabilidade - orienta que a BR, ao integrar Segurança,

Meio Ambiente e Saúde à sua estratégia empresarial, reafirme o

compromisso de todos os seus empregados e contratados com a busca

de excelência em SMS.

2. Conformidade Legal - orienta que as atividades da empresa estejam em

conformidade com legislação vigente sobre SMS.

3. Avaliação e Gestão de Riscos - orienta que os riscos inerentes às

atividades da empresa sejam identificados, avaliados e gerenciados, de

modo a evitar a ocorrência de acidentes e/ou assegurar a minimização de

seus efeitos.

4. Novos Negócios (Empreendimentos) - orienta que os novos

empreendimentos estejam em conformidade com a legislação e

incorporem, em todo o seu ciclo de vida, as melhores práticas de SMS.

5. Operação e manutenção - orienta que as operações da empresa sejam

executadas de acordo com procedimentos estabelecidos e utilizando

instalações e equipamentos adequados, inspecionados e em condições

de assegurar o atendimento às exigências de SMS.

6. Gestão de Mudanças - orienta que mudanças, temporárias ou

permanentes, sejam avaliadas visando à eliminação e/ou minimização de

riscos decorrentes de sua implantação.

7. Aquisição de Bens e Serviços - orienta que o desempenho em SMS de

contratados, fornecedores e parceiros seja compatível com o do Sistema

Petrobras.

8. Capacitação, Educação e Conscientização - orienta que capacitação,

educação e conscientização sejam continuamente promovidas, de modo

a reforçar o comprometimento da força de trabalho com o desempenho

em SMS.

9. Gestão de Informações - orienta que informações e conhecimentos

relacionados a SMS sejam precisos, atualizados e documentados, de

modo a facilitar sua consulta e utilização.

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10. Comunicação - orienta que as informações relativas a SMS sejam

comunicadas com clareza, objetividade e rapidez, de modo a produzir os

efeitos desejados.

11. Contingência - orienta que as situações de emergência estejam previstas

e sejam enfrentadas com rapidez e eficácia visando à máxima redução de

seus efeitos.

12. Relacionamento com a Comunidade - orienta que a empresa deve zelar

pela segurança das comunidades onde atua, bem como mantê-las

informadas sobre impactos e/ou riscos eventualmente decorrentes de

suas atividades.

13. Análise de Acidentes e Incidentes - orienta que os acidentes e incidentes

decorrentes das atividades da empresa sejam analisados, investigados e

documentados, de modo a evitar sua repetição e/ou assegurar a

minimização de seus efeitos.

14. Gestão de Produtos - orienta que a empresa deve zelar pelos aspectos de

segurança, meio ambiente e saúde de seus produtos, desde sua origem

até a destinação final, bem como empenhar-se na constante redução dos

impactos que eventualmente possam causar.

15. Melhoria Contínua - orienta que a melhoria contínua do desempenho em

segurança, meio ambiente e saúde seja promovida em todos os níveis da

empresa, de modo a assegurar seu avanço nessas áreas

As Diretrizes Corporativas de SMS foram desdobradas em 80 requisitos de

SMS que vêm sendo utilizados como instrumento para desenvolver, aprimorar e

uniformizar as práticas de SMS em toda a Companhia e que contemplam,

principalmente, requisitos específicos de segurança.

A gestão de SMS da BR foi substancialmente alterada nestes últimos 3 anos.

Foi feita uma revisão da estrutura organizacional e iniciou-se a implantação do

Programa de Segurança de Processo - PSP em 2002, visando ao aprimoramento e

integração do Sistema de Gestão de SMS na Companhia, através do

desdobramento, em todas as Áreas de Negócio, das 15 Diretrizes Corporativas de

SMS. Em outubro de 2003 a BR reviu a sua estrutura organizacional reforçando

significativamente a área de SMS da Companhia, através do fortalecimento da

Gerência Corporativa e da formalização de gerências e coordenações nas áreas

operacionais e comerciais.

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A operacionalização da política, das diretrizes e dos compromissos de SMS

dá-se através de uma estrutura de governança em Fóruns de Discussão e comitês

de SMS, liderada pelo Comitê de Negócios. Composto pelos membros da Diretoria

Executiva e Gerentes Executivos, o Comitê de Negócios se reúne mensalmente

visando a aprimorar a gestão de SMS e o desdobramento deste trabalho em todos

os níveis da Empresa.

O gerenciamento ambiental da empresa é feito diretamente pelas áreas

comerciais e operacionais, com o enfoque da responsabilidade de linha, apoiado por

estrutura de SMS nas áreas e com suas decisões passando pelos Comitês de SMS.

A gestão corporativa é feita por uma gerência subordinada diretamente ao

Presidente.

A responsabilidade por identificar e tratar os aspectos e impactos de SMS é

da linha, significando que o gestor de instalação deve aplicar os requisitos do SGBR.

A BR tem entre suas atividades a gestão de negócios envolvendo terceiros como

postos, clientes consumidores e outros em instalações não operadas pela BR, mas

que detêm sua marca e/ou comercializam/utilizam seus produtos. Nestes casos, o

responsável é o gestor da área de negócio.

A identificação dos aspectos e impactos nas instalações da BR é feita de

acordo com os requisitos do SGBR, baseado nos requisitos do PNQ acrescidos das

diretrizes das Normas ISO-14001, ISO 14004 e OHSAS 18001. Algumas instalações

e atividades da Cia. são certificadas, atualmente em número total de 44. Para estes,

a certificação SGI incide sobre toda a cadeia de distribuição da BR - do terminal, à

chegada ao posto e entrega ao consumidor final. Vale destacar que a BR é pioneira

neste programa, sendo a primeira distribuidora da América Latina a obter uma

certificação integrada para seus postos.

O PSP abrange diretamente todos os membros da força de trabalho da BR,

conscientizando, capacitando e promovendo diversos treinamentos e mudança de

cultura na direção de patamares mais elevados quanto à prevenção de acidentes e

ao controle de riscos.

Além disto, entre outras partes interessadas, o PSP atua indiretamente nos

aspectos de segurança em “não membros da força de trabalho”: nas comunidades

vizinhas às instalações da BR, intensificando o relacionamento com as mesmas e

em clientes e fornecedores, objetivando alavancar as condições de SMS nestas

empresas.

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A identificação dos aspectos e o tratamento dos impactos sociais e

ambientais resultantes das atividades (produtos, processos e instalações) da Cia. é

feita dentro do Sistema de Gestão da BR – SGBR, e especificamente quanto a SMS

conforme estabelecido em sua Política de SMS, complementada por um conjunto de

diretrizes e compromissos.

O sistema de gestão da companhia contempla a identificação e o tratamento

dos aspectos e impactos de SMS considerando as características específicas da

atividade. Quanto aos aspectos e impactos sociais, vem sendo implantada

metodologia resultante do Plano Preliminar de Responsabilidade Social e Ambiental,

projeto este já encerrado e em fase de validação e implementação na empresa.

Para algumas unidades selecionadas, a empresa vem também adotando a

implantação de Sistema de Gestão Integrada, unindo os aspectos de qualidade,

segurança, meio ambiente e saúde (QSMS), através de um processo de certificação

pela ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001 (44 instalações certificadas).

Quanto aos impactos potenciais na sociedade como um todo, a Companhia

vem atuando na melhoria e garantia da qualidade dos produtos e dos serviços

(destacando-se o programa DE OLHO NO COMBUSTÍVEL), no aprimoramento da

gestão de produtos ao longo do ciclo de vida e em política de distribuição condizente

com a demanda nacional de produtos. A BR atua também em parceria com a

Petrobras, na melhoria dos produtos comercializados e no incentivo ao uso de

energias alternativas e renováveis.

4.4.4. Visão de sustentabilidade

A Petrobras Distribuidora está atualmente trabalhando em um plano para

incorporação da sua visão de Responsabilidade Sócio-ambiental aos negócios. Para

tal, foram geradas diretrizes que serão incorporadas ao Planejamento Estratégico do

próximo ano.

As diretrizes e recomendações desenhadas para a BR no atual Planejamento

Estratégico objetivam a manutenção ou o incremento da sua competitividade e

rentabilidade, bem como a sua liderança no mercado, com a busca de posição como

marca preferida. Neste contexto as iniciativas de sustentabilidade da companhia

também estão pautadas para este direcionamento, ou seja:

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• Competitividade: redução de custo, criação de oportunidades,

preferência das partes interessadas;

• Rentabilidade: redução de custo, redução de risco ao negócio;

• Liderança: competitividade, rentabilidade, preferência das partes

interessadas;

• Marca preferida: preferência de partes interessadas.

4.4.4.1. Princípios norteadores

Dentro do Plano de Responsabilidade Sócio-ambiental foram definidos

princípios norteadores, caracterizados a seguir, que estão alinhados à visão da

companhia:

• Cumprimento legal.

• Atendimento às demandas relevantes das partes interessadas

estratégicas.

• Atendimento aos princípios nacionais e internacionais de responsabilidade

sócio-ambiental aos quais a empresa e/ou o grupo ao qual pertence são

signatárias.

Estes princípios são detalhados a seguir.

4.4.4.1.1 Cumprimento legal

O atendimento à legislação aplicável é condição básica e prioritária em

qualquer Política de Sustentabilidade em uma empresa.

A adoção desta questão como princípio norteador de uma política gera certa

polêmica, na medida em que o cumprimento legal seria uma obrigação

condicionante da própria operação da companhia. Porém, ainda hoje é comum a

não conformidade legal por parte de diversas empresas. A empresa considera este

princípio como sendo o primeiro passo para a sustentabilidade.

Para que a companhia atenda a este princípio, é necessário que ela tenha

mecanismos para identificar permanentemente toda a legislação ambiental e social,

que lhe seja aplicável, e implemente ações para atendê-la.

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O atendimento à legislação contribui para a redução dos riscos ao negócio da

companhia, pois evita retaliações de partes interessadas estratégicas, previne

interrupções do processo produtivo e diminui os riscos de danos à imagem e de

incoerência em penalidades, dentre outros.

Vale salientar ainda que a companhia considera importante estar apta a agir

de maneira pró-ativa, de forma a apoiar seus parceiros (clientes, fornecedores, etc.)

a atenderem aos princípios de sustentabilidade empresarial, isto é, ter

responsabilidade na cadeia produtiva. (BR/LIMA/COPPETEC, 2005)

4.4.4.1.2 Atendimento aos princípios nacionais e internacionais de sustentabilidade aos quais a empresa é signatária.

Segundo os relatórios da empresa consultados, os princípios (Pacto Global,

Metas do Milênio, Agenda 21, etc.) do desenvolvimento sustentável revelam os

problemas mundiais e mostram caminhos para minimizá-los, sendo fontes

inspiradoras para a reflexão sobre a missão e os valores das empresas. Ao se tornar

signatária de princípios relacionados à responsabilidade sócio-ambiental, isto é, que

tenham como objetivo a preservação e proteção ambiental e a redução das

desigualdades e desequilíbrios sociais, dentre outras, é necessário que a empresa

implemente mecanismos e ações que lhe possibilitem atendê-los.

Já as normas e certificações (geralmente elaboradas por organizações não-

governamentais ou organismos multilaterais de comércio) estabelecem

procedimentos9 para que estes princípios possam ser seguidos e aplicados ao

cotidiano das empresas, estando baseados em processos, como é o caso das

normas da série ISO 14000, os indicadores Ethos, e as normas SA 8000 e AA1000.

Os relatórios, diferentes das normas e certificações, são canais de

comunicação das empresas com suas partes interessadas, como é o caso do

Balanço Social Ethos, e da Global Reporting Initiative (GRI). A escolha pela

ferramenta mais adequada vai depender de cada negócio e da estratégia de gestão

de cada empresa. Relatórios e certificações ajudam a tornar os princípios do

desenvolvimento sustentável exeqüíveis nas empresas, ao mesmo tempo em que

maximizam os benefícios obtidos pelas mesmas devido à divulgação às partes

9 Procedimentos são aqui definidos como um conjunto de padrões e indicadores auferíveis, relativos às condutas trabalhistas, sociais e ambientais adotadas.

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interessadas do seu desempenho sócio-ambiental (BR - LIMA/PPE/COPPE/UFRJ,

2005).

4.4.5. Relacionamento com os Públicos de Interesse

O relacionamento da Petrobras Distribuidora com as diversas partes

interessadas em seu negócio foi estudado em projeto estratégico desenvolvido

recentemente em parceria com a COPPETEC (iniciado em julho/2004 e concluído

em julho/2005), denominado de Visão de Responsabilidade Social e Ambiental, do

qual resultou um Plano Preliminar de Responsabilidade Social e Ambiental, que está

em validação e implantação.

Como partes interessadas estratégicas da distribuição de combustíveis o

Relatório de RSA BR - LIMA/PPE/COPPE/UFRJ (2005) considerou os grupos

diretamente afetados pelas suas iniciativas, a saber:

• Acionistas: Petrobras;

• Clientes: adquirem o produto (ex: combustível, lubrificante, etc.) diretamente

da companhia (ex: postos de gasolina, grandes consumidores, etc.);

• Comunidade do entorno: população beneficiada e/ou afetada pelas atividades

da companhia, observa-se que esta não necessita ser residente na área de

influência de unidades da Petrobras Distribuidora S.A. (ex: população afetada

por vazamento de combustível causando durante um acidente no seu

transporte);

• Consumidores: usuários dos produtos da companhia (ex: motorista de carro,

companhia de aviação, etc.);

• Fornecedores: prestam serviços e/ou vendem produtos para a companhia;

• Força de trabalho da companhia: funcionários e empregados de empresas

contratadas;

• Governo e Sociedade: benefício relacionado a atividades que poderiam estar

sendo desenvolvidas pelo governo e que são concedidos às parcelas da

população em geral;

• Meio ambiente: ecossistema.

O Quadro 20 apresenta exemplos de demandas que podem ser atribuídas às

partes interessadas estratégicas identificadas. Este quadro foi elaborado a partir da

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avaliação de documentos, entrevistas e visitas de campo, dentro do Plano de RSA

da BR. A equipe elaboradora do Projeto (BR - LIMA/PPE/COPPE/UFRJ) considera

que o mesmo não é estático, e deve ser validado e adaptado de acordo com as

mudanças nas demandas das partes interessadas, que podem ser identificadas ao

longo do tempo a partir de reclamações enviadas ao SAC (Sistema de Atendimento

ao Consumidor) e à Ouvidoria, pesquisas de satisfação e mercado, etc.

Quadro 20 - Demandas relevantes típicas das partes interessadas de uma Distribuidora

Partes interessadas Demandas

Comunidade do entorno

Mitigação dos impactos negativos (ruídos, odores, resíduos, riscos de acidentes) causados pelas atividades da empresa;

Ações sociais na comunidade; Admissão, demissão e remuneração da forca de trabalho local; Relacionamento com organizações locais; Desenvolvimento de fornecedores locais; Conhecimento da atividade da companhiaAdmissão, demissão e remuneração da forca de trabalho local

Governo e sociedade

Combate à pobreza e a desigualdade social (investimentos em educação, saúde e inclusão social);

Geração de emprego e renda; Pagamento de impostos e tributos; Contribuição para o PIB municipal, estadual e nacional; Transparência; Evidência que a companhia cumpre seus compromissos ambientais e sociais;

Estimulo ao trabalho voluntário; Diversidade; Atendimento a comunidades remotas; Cumprimento da legislação.

Consumidores

(consumidor final dos produtos BR)

Bom atendimento; Transparência; Qualidade dos produtos e serviços; Preço.

Clientes (postos e grandes consumidores, aeroportos)

Qualidade nos serviços; Qualidade dos produtos; Segurança nos produtos; Novos produtos e serviços; Transparência; Garantia de entrega; Preço.

Acionista

Normas internas; Certificações (ISO, SA, BS, AA); Balanços (financeiro e social); Identificação de novos clientes, consumidores e fornecedores; Desempenho financeiro;

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Partes interessadas Demandas

Ampliação do market share; Fidelização do consumidor; Transparência contábil; Informações sobre responsabilidade ou obrigações legais a respeito de terceiros;

Vantagens comerciais; Governança corporativa; Avaliação de Viabilidade Econômica.

Força de Trabalho

Condições salubres de trabalho; Orgulho e sentimento de dignidade; Educação, capacitação e treinamento; Programa de admissão, demissão e remuneração; Plano de carreira; Canais de comunicação eficientes e eficazes; Direitos atendidos.

Fornecedores Garantias de contrato (prazo, equidade); Seleção de fornecedores; Apoio para seu desenvolvimento.

Meio Ambiente

Informação ambiental no âmbito local; Minimização dos riscos ambientais; Mitigação de impactos; Preservação dos recursos naturais; Manutenção da biodiversidade; Estudo do ciclo de vida do produto.

Fonte: Elaboração Equipe LIMA/PPE/COPPE/UFRJ a partir da Petrobras Distribuidora S.A., 2004.

Os integrantes da Alta Direção interagem regularmente com as partes

interessadas através de diversos eventos, buscando demonstrar comprometimento

com o atendimento dos requisitos das partes interessadas e feedbacks como

oportunidades para a organização.

Cabe ressaltar a interação direta do Presidente e dos Diretores com a Força

de Trabalho durante os Diagnósticos do Gestão do Presidente. Nestes encontros os

integrantes da Força de Trabalho são estimulados a exercerem o direito de sugerir

melhorias para a organização. Estas sugestões são analisadas ao longo do dia do

Diagnóstico e, se consideradas viáveis, são registradas em ata e enviadas à

gerência a quem cabe a implantação.

No que diz respeito ao relacionamento com a comunidade, as atividades da

BR apresentam especificidades distintas, com as características resumidas a seguir:

1. Armazenagem de produtos nas instalações da BR (bases, terminais,

depósitos), para posterior distribuição, gerando potenciais impactos restritos

às comunidades do entorno.

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2. Instalações industriais da BR, como a fábrica de lubrificantes ou as fábricas

de asfalto, onde não há processos produtivos ou industriais de maior

complexidade, mantendo a mesma característica de geração potencial de

impactos restritos às comunidades vizinhas.

3. Instalações em terceiros, clientes e parceiros (consumidores, aviação), para

posterior revenda ou consumo próprio, gerando, como regra geral, potenciais

impactos apenas na área interna das mesmas. Excepcionalmente, algumas

instalações podem gerar impactos restritos às comunidades do entorno.

4. Transporte de produtos e postos de serviços da BR, que estendem as

atividades da empresa para todo o país, ampliando sobremaneira a região

geográfica atingida pelos potenciais impactos, em comunidades com as mais

diversas características distribuídas de forma difusa no território nacional.

Ainda assim, esses impactos são locais, restritos às comunidades do entorno

das rotas de transporte e dos postos.

Entretanto a BR entende que, por ter seus produtos comercializados em todo

o país e utilizados como fonte de energia para movimentação e produção, há

compromisso também com a sociedade como um todo, E, novamente, o projeto

estratégico citado anteriormente ratificou este entendimento e identificou também

como parte interessada estratégica o governo e a sociedade.

A Petrobras, empresa Controladora da BR, além de ser sua acionista única é

a principal fornecedora dos produtos adquiridos pela Petrobras Distribuidora S.A. e,

por isto, está a Petrobras Distribuidora S.A. sujeita aos limites de operacionalidade

impostos pela Controladora. É ela quem estabelece as regras nas operações e nos

fornecimentos dos produtos adquiridos pela Petrobras Distribuidora S.A.

Por outro lado a Petrobras Distribuidora S.A., por ser uma empresa estatal,

deve cumprir a legislação referente a licitações e aquisições de bens, serviços e

produtos disposta pelo Decreto 2745/98, no que tange a contratação de serviços e

compra de materiais, não associados à atividade fim da empresa. Esta obrigação

torna o processo de aquisição menos ágil do que o dos concorrentes, constituindo,

portanto, em uma desvantagem competitiva em relação aos mesmos.

Além disso, a empresa está sujeita aos Órgãos de Controle da União (CGU e

TCU), havendo necessidade da documentação dos processos de compra e

aquisições e serviços dentro das exigências destes Órgãos.

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202

O fato de estar sujeita à obrigatoriedade de processo licitatório leva à

dificuldade no estabelecimento de alianças e parcerias com fornecedores, podendo

as mesmas serem estabelecidas apenas em segmentos restritos do mercado.

4.4.6. Aspectos e impactos Sociais, Ambientais e Econômicos típicos

Nos mesmos relatórios citados acima, a empresa reconhece que a

distribuição, industrialização e comercialização de produtos derivados de petróleo e

seus correlatos conduzem a riscos inerentes ao manuseio e ao uso desses produtos.

Nessas atividades, os impactos potenciais característicos são locais, ocasionados

pelo funcionamento rotineiro de instalações próprias ou de clientes e parceiros ou

por acidentes durante a armazenagem, o manuseio ou o transporte dos produtos.

O sistema de gestão da companhia contempla a identificação e o tratamento

dos aspectos e impactos de SMS considerando as características específicas da

atividade. Quanto aos aspectos e impactos sociais, vem sendo implantada

metodologia resultante do Plano Preliminar de Responsabilidade Social e Ambiental,

projeto este já encerrado e em fase de validação e implementação na empresa.

Os impactos potenciais típicos estão transcritos nas Tabela 14Tabela 15, a

seguir.

Tabela 14 - Impactos negativos potenciais nas comunidade vizinhas às atividades da BR

IMPACTOS NEGATIVOS POTENCIAIS PRODUTOS PROCESSOS INSTALAÇÕES contaminação de recursos hídricos, por efluentes, resíduos ou vazamentos SIM SIM SIM degradação das condições de solo, por efluentes, resíduos, acidentes (incêndio ou explosão) ou vazamentos

SIM SIM SIM

comprometimento da biodiversidade (ecossistemas locais), por efluentes, resíduos, acidentes ou vazamentos

SIM SIM SIM

incremento de ruído ambiental, por acidentes, funcionamento de equipamentos ou movimentação de veículos de transporte

SIM SIM SIM

poluição do ar, por emissões atmosféricas nas instalações NÃO SIM SIM redução da qualidade de vida, por acidentes, vazamentos, critérios de remuneração, admissão e demissão ou impactos da operação

NÃO SIM SIM

degradação social, por inserção de população exógena NÃO NÃO SIM Fonte: O Autor, 2005.

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203

Tabela 15 - Impactos negativos potenciais na sociedade das atividades da BR

IMPACTOS NEGATIVOS POTENCIAIS PRODUTOS PROCESSOS INSTALAÇÕES Alteração na qualidade de vida por acidente ou vazamento de grandes proporções SIM SIM SIM poluição e aquecimento do ar, por emissões atmosféricas no uso dos produtos BR; SIM NÃO NÃO redução da satisfação do consumidor, por falta de qualidade nos produtos ou serviços SIM NÃO NÃO redução da qualidade de vida, por impactos do uso do produto ou por indisponibilidade/encarecimento de produtos

SIM NÃO NÃO

Fonte: o Autor, 2005.

4.4.7. Indicadores atualmente utilizados

Para cada Objetivo Estratégico do Mapa Estratégico da BR são definidos um

ou mais indicadores que acompanham e monitoram a intenção do objetivo. O

indicador representa como será medido e acompanhado o sucesso do alcance do

objetivo. Para cada indicador são estabelecidas metas de curto e de longo prazo e

são negociadas e definidas as Iniciativas Estratégicas necessárias para o alcance

das mesmas, sendo estas aprovadas pela Diretoria Executiva.

Os indicadores de desempenho são classificados em:

• Estratégicos – BSC: são indicadores que fazem parte do mapa estratégico

corporativo, portanto são integrados aos objetivos estratégicos.

Adicionalmente, são ainda classificados nas perspectivas de acionista,

mercado, processos internos e aprendizado e crescimento.

• Estratégicos: são indicadores oriundos das metas do planejamento

estratégico, porém não foram priorizados para acompanhamento no BSC.

• Táticos: são indicadores não oriundos da estratégia, entretanto são utilizados

para complementar a análise dos indicadores Estratégicos – BSC e

Estratégicos, portanto têm relevância capital na explicação do desempenho

da companhia.

• Operacionais: são indicadores que servem para medir os processos

operacionais rotineiros e que possuem acordo de nível de serviço

estabelecido junto aos clientes internos.

Os indicadores Estratégicos do BSC, apresentados no quadro abaixo,

gerenciados pela Diretoria Executiva compõem o Mapa Estratégico Corporativo da

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204

BR, em correlação com os objetivos estratégicos. Assim, por exemplo, o indicador

de Vazamentos BR está correlacionado ao Índice de Satisfação do Consumidor.

Quadro 21 - Indicadores Estratégicos BSC BR

INDICADORES ESTRATÉGICOS BSC

EVA – Valor Econômico Agregado

Participação da BR no mercado de distribuição (Market-Share Total)

Participação da BR no mercado Automotivo (Market-Share Mercado Automotivo)

Participação da BR no mercado de Consumidores Diretos (Market-Share Mercado Consumidores)

Participação da BR no mercado de GLP (Market-Share Mercado GLP)

Índice de satisfação do Consumidor Automotivo

Venda média mensal por Posto

Número de Postos certificados pelo Programa “De Olho no Combustível”

Percentual do volume vendido com serviço agregado nos segmentos de Transportes e Indústrias

Percentual do volume vendido de Novos Produtos nos segmentos de Transportes e Indústrias

Receita com Serviços Aeronáuticos

Índice de capilaridade

Percentual de evolução de lucratividade do supply-house

Mega Watt Contratado (Participação BR)

Volume vendido de produtos Petrobras vinculados a MW negociados

Percentual do volume vendido de emulsão asfáltica

Índice de atualização do Mapa da Rede

TFCA – Taxa de Freqüência de Acidentados com Afastamento

PTP – Percentual de Tempo Perdido

Vazamentos BR

Custo logístico por m³

Índice de Inadimplência

Índice de satisfação dos clientes internos - Estratégicos

Índice de satisfação dos clientes internos - Táticos

Pontuação no PNQ

Nível de comprometimento com a Empresa

Índice de satisfação dos empregados Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005.

Os indicadores Estratégicos acompanhados pelas Gerências Executivas,

apresentados no Quadro 22, abaixo, suportam as análises dos resultados dos

indicadores Estratégicos – BSC.

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205

Quadro 22 - Indicadores Estratégicos BR

INDICADORES ESTRATÉGICOS

ROCE – Retorno sobre Capital Empregado

Volume de vendas da BR (mil m³)

Volume de vendas da BR no mercado Automotivo (mil m³)

Volume de vendas da BR no segmento de Grandes Consumidores (mil m³)

Participação da BR na Capacidade Instalada de Geração Distribuída (MW)

Volume de vendas da BR no segmento de Produtos de Aviação (mil m³)

Volume de vendas da BR no segmento de Comercialização de Asfalto (mil m³)

Volume de vendas da BR no segmento de Produtos Químicos (mil m³)

Participação da BR no segmento de Grandes Consumidores

Participação da BR no segmento de Produtos de Aviação Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005.

Os indicadores Táticos acompanhados pelas Gerências Executivas,

apresentados no quadro abaixo, suportam as análises dos resultados dos

indicadores Estratégicos e Estratégicos - BSC.

Quadro 23 - Indicadores Táticos BR

INDICADORES TÁTICOS

Faturamento Bruto (R$ Milhões)

Receita Operacional Líquida (R$ Milhões)

Lucro Bruto (R$ Milhões)

Lucro Líquido (R$ Milhões)

Estoques (R$ Milhões)

Ativo Permanente (R$ Milhões)

Fornecedores (R$ Milhões)

Obrigações Financeiras (R$ Milhões)

Patrimônio Líquido (R$ Milhões)

Ativo Total (R$ Milhões)

EBITDA (R$ Milhões)

Margem Bruta de Comercialização (%)

Lucro Bruto/m³ vendido (R$/m³)

Custeio/m³ vendido (R$/m³)

Taxa de Retorno do Patrimônio Líquido (%)

Não-conformidade de Fornecedores Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005.

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5. PROPOSTA DE CONJUNTO DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS.

Neste capítulo sugerimos um conjunto de indicadores de sustentabilidade que

pode ser adotado pelo setor de distribuição de combustíveis para possibilitar a

estruturação da tomada de decisões relativas à sustentabilidade do negócio, através

do tratamento dos aspectos e impactos nas dimensões ambiental, social e

econômica na interface do negócio com as suas diversas partes interessadas.

A partir da análise da estrutura da distribuição de combustível, suas

atividades, instalações e processos e suas principais fontes de impacto sugerimos

indicadores de desempenho das empresas no cumprimento da legislação e

atendimento a normas e princípios nacionais e internacionais do desenvolvimento

sustentável em suas três dimensões, bem como a adoção das melhores práticas

visando à sustentabilidade do negócio. A análise dos aspectos e impactos potenciais

mais relevantes de cada atividade, por sua vez, possibilitou a definição de

indicadores de impacto econômico, social e ambiental, apresentados em números

absolutos ou índices de eficiência, intensidade ou proporção.

Os indicadores propostos são organizados hierarquicamente por dimensão,

categorias, aspectos e indicadores associados às demandas das partes

interessadas e aos impactos ambientais, econômicos e sociais.

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207

5.1. CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O SEGMENTO DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS

O processo de estruturação do conjunto de indicadores de sustentabilidade

para o setor de distribuição de combustíveis foi montado a partir de dois conceitos:

(1) uma combinação das informações teóricas descortinadas no levantamento

bibliográfico com as resultantes do estudo das empresas do setor de petróleo e (2) a

análise em profundidade de uma distribuidora típica no Brasil, a Petrobras

Distribuidora S. A. A estrutura conceitual norteadora da seleção pode ser visualizada

na figura abaixo:

Figura 25 - Estrutura conceitual norteadora da seleção

Fonte: O Autor, 2005.

A metodologia adotada segue os seguintes passos:

Fase 1. Composição do quadro objeto de análise: O primeiro passo para a definição da proposta é o estabelecimento do

conjunto de indicadores que comporão o quadro objeto da análise. Este conjunto foi

estabelecido a partir dos indicadores reportados pelas empresas de petróleo

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208

aplicáveis ao setor estudado (ver Tabela 11 - Sistemas de Indicadores x Empresas –

pág.165), bem como do levantamento dos aspectos e impactos ambientais e sociais

das atividades características do setor de distribuição de combustíveis, associado à

análise dos indicadores utilizados pela empresa estudada, a Petrobras Distribuidora

S.A. e à experiência do mercado. Os indicadores deste conjunto foram então

classificados, como discutido no item 5.1.1, como essenciais ou adicionais.

Fase 2. Primeiro Filtro: Princípios norteadores. O segundo passo é procedermos à análise do conjunto de indicadores

definidos contra os requisitos para seleção de indicadores. O primeiro filtro, ou

conjunto de requisitos, é formado pelos princípios norteadores apresentados no item

5.1.2. Cada indicador do conjunto foi analisado dentro do contexto destes princípios,

verificando-se a qual deles está conectado. Em alguns casos, verificamos que,

apesar do indicador proposto fazer parte do conjunto utilizado pela indústria de

petróleo, não atende a nenhum dos princípios. Nesse caso, o indicador não é

apropriado para utilização, sendo eliminado.

Fase 3. Segundo filtro: Requisitos para definição. O segundo filtro, ou conjunto de requisitos, para definição do conjunto de

indicadores aqui propostos, é a análise de consistência dos indicadores contra o

modelo quali-quantitativo apresentado no item 5.1.3. Aos indicadores do conjunto

analisado que atendem aos princípios estabelecidos no primeiro filtro é então

atribuída uma pontuação, de acordo com requisitos estabelecidos pelo modelo,

adotando-se os valores zero, meio e um para os casos do indicador não atender,

atender parcialmente ou atender completamente ao requisito.

Fase 4. Seleção dos indicadores. Procederemos então à seleção dos indicadores. Serão selecionados aqueles

que, além de passarem pelos dois filtros, forem considerados significativos para o

processo e a forma de conduta das empresas do segmento de distribuição de

combustíveis, à luz da realidade do caso estudado. O processo de seleção não é

estanque, uma vez que, ao se fazer a comparação cruzada dos indicadores com a

empresa estudada e os conceitos revisados no exame da literatura, pode surgir a

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209

necessidade de inserirmos ou retirarmos alguns elementos do conjunto final

proposto.

5.1.1. Quadro objeto de análise: Caracterização.

O conjunto de indicadores aqui proposto será formado de indicadores

essenciais e adicionais, de acordo com a qualificação da IPIECA (2005),

classificados, quanto a sua forma de apresentação, em indicadores absolutos e

indicadores relativos.

Os indicadores essenciais são aplicáveis à atividade como um todo, têm

significado amplo, não apenas local e são de interesse do conjunto estratégico das

partes interessadas, além de atenderem aos filtros e características apresentadas

anteriormente, como consistência e reprodutibilidade. Eles podem ser em geral

aplicados a toda a empresa, de forma agregada, e serem passíveis de comparação

com outras empresas (benchmark).

Os indicadores adicionais são tão importantes quanto os essenciais, mas

trazem uma maior dificuldade na definição de sua consistência e comparabilidade,

por não se aplicarem à atividade como um todo. São tipicamente de relevância local

ou regional, estão sujeitos a variações em seu regime de controle e nem sempre

estão completamente definidos, podendo estar em desenvolvimento.

Tanto no conjunto dos indicadores essenciais quanto no dos adicionais

encontraremos indicadores reativos e pró-ativos, que definimos a partir do que a

IPIECA (2005) chama de lagging e leading indicators. Os reativos são os que

medem os resultados ou impactos da atividade da empresa, por exemplo, as

emissões atmosféricas geradas pelo carregamento dos caminhões nas bases e

terminais, ou a taxa de doenças ocupacionais em sua força de trabalho. Já os pró-

ativos medem o progresso da empresa na ação para melhorar seus resultados ou

prevenir e mitigar seus impactos, como por exemplo, o percentual de vapores de

COV recuperados no carregamento dos caminhões nas bases e terminais, vapores

que deixaram de ser emitidos para a atmosfera, ou o percentual da força de trabalho

que realizou exames de saúde periódicos. Se as ações da empresa em direção à

sustentabilidade são efetivas, deve haver uma correlação entre os indicadores

reativos e os pró-ativos, seja ela direta ou indireta. Alguns indicadores podem ser

tanto reativos quanto pró-ativos, dependendo do tipo de análise e gestão que se

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210

faça da questão, como, por exemplo, indicadores de eficiência energética e de

acidentes no transporte.

Considerando a complexidade do tema sustentabilidade e as limitações que

existem em relação a indicadores apenas quantitativos, são propostos neste

trabalho tanto indicadores quantitativos quanto qualitativos. Os valores numéricos

requeridos pelos indicadores quantitativos poderão ser agregados, tanto para

indicadores reativos quanto pró-ativos. Estes indicadores são apropriados para

medir questões que podem ser gerenciadas de forma centralizada e acompanhadas

em uma linha temporal, além de facilitarem a comparabilidade ou benchmark.

Alguns dos indicadores de sustentabilidade dizem respeito à existência de

políticas ou processos para gerenciamento de certos aspectos. Estes são

eminentemente qualitativos, necessitando estudo de casos ou projetos específicos

para demonstrar o desempenho da empresa na questão em pauta. A maioria destes

indicadores faz parte do grupo de indicadores pró-ativos e, embora se possa medir

quantitativamente o percentual de implantação dos projetos ou de conformidade,

temos um grande desafio quando pensamos na comparabilidade ou benchmark

destes indicadores. Apesar disso, são muito importantes na implantação de uma

visão sustentável nos negócios da empresa, bem como na gestão do progresso da

empresa nesse caminho.

O quadro objeto de análise será apresentado no item abaixo, juntamente com

a classificação de acordo com os princípios norteadores.

5.1.2. Filtro 1: Princípios norteadores

Uma empresa sustentável, aqui considerada como aquela que contribui para

o desenvolvimento sustentável, é a que gera, simultaneamente, benefícios

econômicos, sociais e ambientais onde se insere, ou aquela que vai além da

geração de valor para o acionista, incorporando a sustentabilidade à sua ótica de

negócios. É a que procura criar valor sustentável.

No modelo multidimensional desenvolvido por Hart e Milstein (2004) é

apresentado um conjunto de elementos motivadores para a sustentabilidade global a

partir do qual podemos definir princípios norteadores para a elaboração de

estratégias e práticas de gestão que permitam elevar o desempenho na geração de

valor sustentável para a empresa. O conjunto é apresentado na figura abaixo:

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Figura 26- Modelo de valor sustentável

Fonte: Hart e Milstein, 2004.

O primeiro conjunto de motivadores (quadrante entre os eixos Interno e Hoje)

relaciona-se com a crescente industrialização e suas conseqüências correlatas,

como o consumo de matérias-primas, poluição e geração de resíduos. O

crescimento da atividade industrial teve efeitos sobre o clima, a biodiversidade e a

função do ecossistema, alguns deles irreversíveis. Ao mesmo tempo em que

produziu enormes benefícios econômicos, ela também gerou significativa quantidade

de poluição e continua hoje a consumir matérias-primas naturais, recursos,

combustíveis fósseis, em uma taxa crescente. A eficiência de recursos e a

prevenção de poluição são, dessa forma, cruciais para o desenvolvimento

sustentável.

O segundo conjunto de motivadores (quadrante entre os eixos Hoje e

Externo) relaciona-se à proliferação e interligação dos stakeholders da sociedade

civil. À medida que o poder dos governos nacionais diminuiu com a introdução dos

regimes de comércio global, as organizações não governamentais (ONGs) e outros

grupos da sociedade civil têm ocupado a cena, assumindo o papel de monitores e,

em alguns casos, de aplicadores de padrões sociais e ambientais, principalmente

nos países desenvolvidos. Ao mesmo tempo, a disseminação da Internet e das

tecnologias de informação têm contribuído para que esses grupos se comuniquem

entre si de formas inimagináveis uma década atrás, tornando cada vez mais difícil a

operação velada de governos, corporações e grandes instituições. Assim, o

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desenvolvimento sustentável desafia as empresas a funcionarem de uma maneira

transparente, responsável, tendo em vista a existência de uma bem informada e

ativa base de stakeholders (Hart e Milstein, 2004).

O terceiro conjunto de motivadores (quadrante entre os eixos Interno e

Amanhã) relaciona-se com as tecnologias emergentes que oferecem soluções

poderosas e revolucionárias que podem tornar obsoletas as bases de muitas das

atuais indústrias que usam energia e matérias primas de forma intensiva. Segundo

os autores, o desenvolvimento de tecnologias como genoma, biomimética,

nanotecnologia, tecnologia da informação e energia renovável têm, todos, o

potencial para reduzir drasticamente as pegadas do homem sobre o planeta,

minimizando os problemas da rápida industrialização. A inovação e as

transformações tecnológicas são por eles consideradas a chave para a busca do

desenvolvimento sustentável.

Finalmente, o quarto conjunto de motivadores (quadrante entre os eixos

Amanhã e Externo) relaciona-se com o aumento da população, da pobreza e da

desigualdade associados à globalização. A população humana, que levou milhares

de anos para alcançar a marca de 1 bilhão, saltou para 6 bilhões em apenas duas

gerações (World Bank, 2000). Esse rápido crescimento populacional tem levado às

migrações em massa da zona rural para as cidades e ao crescimento das

desigualdades de renda, contribuindo com a acelerada decadência social, com o

caos político e com o terrorismo (Hammond, 1998). O desenvolvimento social e a

criação de riqueza em uma escala de massa, especialmente entre os 4 bilhões mais

pobres do mundo, parece ser essencial para o desenvolvimento sustentável.

Contudo, tal desenvolvimento precisa ser efetivado sem que seja gerado um colapso

ecológico.

Os motivadores apresentados acima apresentam oportunidades de criação de

valor sustentável para as empresas, a partir de alguns princípios norteadores para a

adoção de práticas de gestão, aí incluída a definição de um conjunto de indicadores

que possibilite o acompanhamento, análise e tomada de decisão de suas ações no

rumo da sustentabilidade. São eles:

• Aumento de lucros e redução de risco por meio do controle, prevenção e

mitigação dos impactos ambientais das atividades da empresa. Nesse

aspecto, é importante ressaltar que os órgãos licenciadores e reguladores têm

exigido uma crescente eficiência no combate à poluição;

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• Otimização da marca, reputação e legitimidade através do gerenciamento de

produtos, em todo o seu ciclo de vida. Esta otimização ocorre na medida em

que há engajamento construtivo das partes interessadas no negócio, desde

os fornecedores, no inicio do ciclo de vida do produto, até os clientes e

sociedade como um todo no seu final;

• Aceleração da inovação e reposicionamento por meio de tecnologias limpas,

associadas não somente a melhorias incrementais de tratamento de impactos

ambientais, mas principalmente a inovações que ultrapassam as rotinas e o

conhecimento comum;

• Incorporação de uma visão de sustentabilidade na trajetória de crescimento

da empresa, realizando negócios dentro de uma forma mais inclusiva de

capitalismo, caracterizada por uma colaboração, diálogo e proposta de

negócios voltados para uma parcela das partes interessadas anteriormente

ignorada, na base da pirâmide social. Essa postura leva ao desenvolvimento

de soluções economicamente interessantes para os problemas sociais e

ambientais do futuro.

Estes princípios norteadores servem como filtro na seleção do conjunto de

indicadores de sustentabilidade objeto deste trabalho.

Nas tabelas abaixo apresentamos o conjunto de indicadores levantado, ou

quadro objeto de análise, organizado por categorias/partes interessadas para

facilidade de entendimento, e sua classificação, separados de acordo com a

dimensão que representam, a saber, ambiental, social ou econômica. Os indicadores

estão classificados em essenciais ou adicionais e ligados a um dos princípios

norteadores.

Tabela 16 - Quadro objeto de análise - Indicadores ambientais

INDICADORES AMBIENTAIS

CATEGORIA INDICADOR

ESSE

NC

IAL/

AD

ICIO

NA

L

PRIN

CÍP

IO

NO

RTE

AD

OR

Consumo total de matéria prima. * E AL

Percentual de matéria prima utilizada proveniente de resíduos externos. * E AR

Uso de recursos

Eficiência do consumo de energia. * E AL

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INDICADORES AMBIENTAIS

CATEGORIA INDICADOR

ESSE

NC

IAL/

AD

ICIO

NA

L

PRIN

CÍP

IO

NO

RTE

AD

OR

Volume(%) de vendas de energia renovável. * A -

Percentual do investimento aplicado em energias renováveis (desenvolvimento). * A AR

Emissões de COVs. * E AL

Emissões de GEE. * E AL

Emissões de SOx, NOx e poluentes regulados. * A AL

Intensidade de emissões de COVs. E AL

Emissões

Utilização e emissões de substâncias destruidoras da camada de ozônio. * E AL

Consumo total de água. * A AL

Total de reciclagem e reutilização de água. * A AR

Número de instalações dentro dos padrões legais de efluentes hídricos. A -

Volume de efluentes hídricos descartados. * E AL

Concentração de poluentes regulados nos efluentes gerados. * A AL

Efluentes

Concentração de hidrocarbonetos nos efluentes gerados. * E AL

Quantidade total de resíduos gerados discriminados. * A -

Quantidade total de resíduos perigosos gerados discriminados. * E AL

Quantidade de resíduos não perigosos gerados. * A AL

Quantidade de resíduos reciclados ou reutilizados. * A AR

Quantidade de resíduos descartados adequadamente. A AL

Resíduos oleosos e graxa. * A AL

Intensidade de geração de resíduos E AL

Resíduos

Produção, transporte, importação ou exportação de resíduos perigosos de acordo com a Convenção da Basiléia. *

A AL

Volume total de produto vazado discriminado por agente (instalações, clientes ou transporte). * E AL

Volume de produto recuperado. A -

Número de vazamentos de produto significativos (acima de 159 litros). * A -

Vazamentos

Número de unidades com áreas impactadas por vazamentos. A AL

Biodiversidade Unidades em operação em áreas sensíveis ou protegidas. * A AR

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INDICADORES AMBIENTAIS

CATEGORIA INDICADOR

ESSE

NC

IAL/

AD

ICIO

NA

L

PRIN

CÍP

IO

NO

RTE

AD

OR

Número de acidentes. * E AL Transporte

Volume vazado em transporte por total de quilômetros rodados. E AL

Produtos e serviços Existência de sistema de gestão e procedimentos para tratamento do impacto ambiental dos principais produtos e serviços. *

A AR

Fornecedores Desempenho ambiental dos fornecedores. * A AL

Incidentes e multas por não cumprimento de legislação ambiental E AL Conformidade legal

Percentual de instalações licenciadas ambientalmente. E AL

Gastos totais com meio ambiente. * A AL

Certificações ambientais. * A AL

Existência de sistema de gestão ambiental. * A AL

Existência de metas ambientais corporativas. * A -

Gestão ambiental

Auditorias ambientais executadas. A -

LEGENDA: Essencial/ Adicional: E – Indicador essencial A – Indicador adicional Princípio Norteador: AL – Aumento de lucros OM – Otimização da marca AR – Aceleração da inovação e reposicionamento VS – Visão de sustentabilidade. * Indicador reportado pelas empresas de petróleo, conforme Tabela 11 - Sistemas de

Indicadores x Empresas. Os demais indicadores foram definidos a partir da análise dos aspectos e impactos da atividade, do mercado e da Petrobras Distribuidora S.A.

Fonte: O Autor

Os indicadores ambientais, apresentados na Tabela 16, estão organizados de

acordo com as categorias de interação, direta ou indireta, que as atividades da

distribuição de combustíveis têm com o meio ambiente.

Os indicadores sociais, apresentados abaixo, estão organizados de acordo

com a parte interessada à qual está associada a categoria de aspectos sociais. A

cada categoria, por sua vez, foram associados aspectos sociais direta ou

indiretamente ligados à forma de conduta da empresa com a parte interessada em

questão. Esta forma de organização visa tornar mais clara a relação entre o

indicador e as partes interessadas no negócio, como definido anteriormente.

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216

Tabela 17 - Quadro objeto de análise - Indicadores sociais

INDICADORES SOCIAIS

PAR

TE

INTE

RES

SAD

A

CATEGORIA ASPECTO INDICADOR

ESSE

NC

IAL/

A

DIC

ION

AL

PRIN

CÍP

IO

NO

RTE

DO

R

Existência de um código de ética para a organização. * E OM

Disseminação dos princípios do código de ética entre a força de trabalho. * A OM

Ética nos negócios

Existência de política, sistema de gestão, procedimentos e mecanismos de conformidade para prevenção de práticas de concorrência desleal. *

A -

Existência de política e sistema de gestão, relativas à corrupção e ao suborno. *

E OM Corrupção e suborno

Número de processos em que a empresa é citada envolvendo ética nos negócios ou suborno e corrupção. *

E OM

Existência de política e sistema de gestão, relativas a contribuições políticas e lobbies. *

A OM

Valores e integridade

Transparência nas relações com o governo (lobby)

Valor doado a partidos políticos e instituições cuja função principal é financiar partidos ou seus candidatos.

E OM

Percentual de empregados locais em posições gerenciais * A VS

Percentual de empregados locais no total de empregados * A VS

Inve

stid

ores

/ A

cion

ista

s

Equidade Geração de rendimentos e emprego nos locais de operação da empresa

Percentual de fornecedores locais A VS

Taxa líquida de emprego (criação de empregos, demissões, contratações, turn over médio, por região). *

E VS

Índice de satisfação dos empregados. A VS

Existência de política e procedimentos envolvendo participação, informação, consulta e negociação com empregados a respeito de mudanças na organização. *

A - Forç

a de

Tra

balh

o Condições de emprego

Ética nos negócios.

Existência de política e procedimentos de prevenção de discriminação e igualdade de oportunidades entre os empregados. *

E OM

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INDICADORES SOCIAIS PA

RTE

IN

TER

ESSA

DA

CATEGORIA ASPECTO INDICADOR

ESSE

NC

IAL/

A

DIC

ION

AL

PRIN

CÍP

IO

NO

RTE

DO

R

Existência de política de não-retaliação e de sistema de tratamento de queixas confidenciais. *

E OM

Tempo dos empregados gasto em programas de voluntariado. * A -

Perfil salarial (maior remuneração/menor remuneração, menor remuneração/salário mínimo). *

E VS

Benefícios oferecidos aos empregados, além do estabelecido por lei (percentual do total da folha de pagamentos). *

A VS

Remuneração (salários e benefícios)

Índice de participação nos lucros. E VS

Critérios de admissão

Existência de política e procedimentos para admissão A -

Critérios de demissão

Existência de política e procedimentos para demissão. A -

Critérios de remanejamento

Existência de política e procedimentos para remanejamento A -

Trabalho em condições insalubres e/ou em situações perigosas

Existência de política e procedimentos para identificação e tratamento dos riscos à saúde e segurança da força de trabalho. *

E VS

Atendimento às normas trabalhistas vigentes

Número de processos em que a empresa foi condenada envolvendo questões trabalhistas. *

E OM

Existência de sistema de gestão de saúde e segurança e percentual da força de trabalho coberta por ele. *

E AL

Existência de comitês de saúde e segurança e percentual da força de trabalho coberta por eles. *

E AL

Número de não conformidades em relação ao cumprimento das recomendações da OIT. *

A -

Taxa de freqüência de acidentes com afastamento. * E AL

Cuidados com a saúde e segurança da força de trabalho.

Taxa de freqüência de acidentes com perda de vida. * E AL

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218

INDICADORES SOCIAIS PA

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IN

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CATEGORIA ASPECTO INDICADOR

ESSE

NC

IAL/

A

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CÍP

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RTE

DO

R

Percentual de tempo perdido. * E AL

Gastos totais com saúde e segurança. A AL

Taxa de freqüência de doenças ocupacionais. * E AL

Existência de políticas ou programas sobre HIV-AIDS. * E VS

Empregados sujeitos a exame médico anual. * E AL

Existência de política e procedimentos para treinamento e capacitação da força de trabalho, por categoria. *

E AR

Média de horas de treinamento por ano, por empregado, por categoria. E AR

Existência de programas de apoio à empregabilidade e aposentadoria. * A -

Existência de política para gestão do conhecimento ou formação continuada. *

A -

Qualificação e capacitação profissional

Gastos percentuais com qualificação da força de trabalho. A -

Desenvolvimento da Força de Trabalho

Critérios de promoção

Existência de política e procedimentos para promoção. A -

Perfil da força de trabalho (Gênero, raça, idade, portadores de deficiência física e perfil de salário médio). *

A OM Grau de diversidade entre empregados, na direção e na cadeia produtiva. Proporção entre sexos na composição

da gerência superior da empresa. * E OM

Atendimento de necessidades especiais.

Existência de políticas e programas de igualdade de oportunidades além do determinado por lei. (Acessibilidade, auxílio creche, licença paternidade). *

E VS

Diversidade

Diversidade cultural

Existência de políticas de incentivo às manifestações culturais específicas. A VS

Existência de critérios de seleção de fornecedores incluindo a verificação de respeito a padrões éticos e políticas de sustentabilidade. *

E OM

Forn

eced

ores

Seleção dos fornecedores

Critério para seleção de fornecedores

Existência de programas e políticas para a sustentabilidade em toda a cadeia produtiva. *

E OM

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INDICADORES SOCIAIS PA

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IN

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CATEGORIA ASPECTO INDICADOR

ESSE

NC

IAL/

A

DIC

ION

AL

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CÍP

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RTE

DO

R

Desempenho dos fornecedores em SMS. * A OM

Monitoramento de fornecedores.

Existência de programas de monitoramento e verificação dos padrões de sustentabilidade acordados com os fornecedores. *

E OM

Apoio ao desenvolvimento dos fornecedores (aspectos gerencial, tecnológico, social e ambiental).

Existência de programas de desenvolvimento dos padrões de sustentabilidade dos fornecedores. *

A -

Clie

ntes

Excelência no atendimento

Cuidados com a saúde e segurança do consumidor

Existência de programas e políticas para preservação da saúde e segurança do consumidor durante a utilização dos produtos, incluindo comunicação dos riscos. *

E OM

Critério para seleção de revendedores

Existência de programas e políticas para o cumprimento de valores de sustentabilidade em toda a cadeia produtiva.

E OM

Existência de programas de monitoramento e verificação dos padrões de sustentabilidade acordados com os revendedores.

E OM Monitoramento de revendedores

Desempenho dos revendedores em SMS. * A OM

Existência de programas de desenvolvimento dos padrões de sustentabilidade dos revendedores.

A -

1. R

even

dedo

res Seleção dos

Revendedores

Apoio ao desenvolvimento dos revendedores (gerencial, tecnológico, social e ambiental). Índice de satisfação do revendedor. A -

Índice de satisfação do consumidor, por segmento. A -

2. C

onsu

mid

ores

fin

ais Excelência no

atendimento (preço, qualidade do produto, qualidade do serviço).

Satisfação do consumidor.

Percentual de instalações certificadas em programas de garantia de qualidade de produtos e serviços, por segmento.

A OM

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220

INDICADORES SOCIAIS PA

RTE

IN

TER

ESSA

DA

CATEGORIA ASPECTO INDICADOR

ESSE

NC

IAL/

A

DIC

ION

AL

PRIN

CÍP

IO

NO

RTE

DO

R

Investimento em apoio a programas para desenvolvimento de local envolvendo a participação de organizações comunitárias, ONGS ou entidades públicas. *

A VS

Diálogo com organizações locais.

Existência de sistemas de gestão e procedimentos para avaliação do impacto dos investimentos sociais, incluindo feedback da participação dos beneficiários. *

A VS

Existência de políticas de gestão dos impactos causados às comunidades do entorno das unidades operacionais.

E VS Impactos da unidade na comunidade (saúde e economia local) Gastos com compensação por dano

ambiental local. A -

Transferência de tecnologia e habilidades

Investimento em apoio a programas para desenvolvimento de capacitação e treinamento envolvendo a comunidade do entorno das instalações.

A VS

Com

unid

ade

do e

ntor

no Impactos nas

comunidades locais

Atendimento às normas nacionais ou internacionais de operação

Índice de não conformidades em relação às normas nacionais ou internacionais de operação.

A OM

Geração de rendimentos e emprego.

Investimento em apoio a programas que podem gerar desenvolvimento local e regional. *

A VS

Gov

erno

Investimentos sociais

Diálogo com as diversas instâncias do Poder Público.

Índice de participação em comitês de elaboração de normas, regulamentos e legislação.

A -

Investimentos sociais.

Geração de rendimentos e emprego.

Percentual do faturamento bruto destinado a ações sociais. * A VS

Existência de política de gestão e procedimentos para consideração dos impactos das decisões de negócios, como investimentos, e escolha de fornecedores, sobre os direitos humanos. *

E VS

Soc

ieda

de

Direitos Humanos Ética nos negócios.

Formação de pessoal de segurança em direitos humanos. Tipo, empregados formados e duração. *

E VS

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221

INDICADORES SOCIAIS PA

RTE

IN

TER

ESSA

DA

CATEGORIA ASPECTO INDICADOR

ESSE

NC

IAL/

A

DIC

ION

AL

PRIN

CÍP

IO

NO

RTE

DO

R

Liberdade de organização.

Percentual de empregados representados por organizações sindicais independentes. *

E VS

Trabalho forçado ou compulsório na cadeia produtiva

Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho forçado e compulsório, grau de informação e aplicação, procedimentos e programas relacionados. *

E VS

Trabalho infantil na cadeia produtiva

Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho infantil, grau de informação e aplicação, procedimentos e programas relacionados. *

E VS

LEGENDA: Essencial/ Adicional: E – Indicador essencial A – Indicador adicional Princípio Norteador: AL – Aumento de lucros OM – Otimização da marca AR – Aceleração da inovação VS – Visão de sustentabilidade. * Indicador reportado pelas empresas de petróleo, conforme Tabela 11 - Sistemas de Indicadores x Empresas. Os demais indicadores foram definidos a partir da análise dos aspectos e impactos da atividade, do mercado e da Petrobras Distribuidora S.A.

Fonte: O Autor

Os indicadores econômicos descrevem interações econômicas com as partes

interessadas afetadas pelo negócio. Sua intenção primeira é caracterizar a

magnitude do resultado econômico da organização em relação com suas partes

interessadas principais. Nesse sentido, a interação com a comunidade local é

bastante restrita, tendo sido apresentada na tabela dos indicadores sociais.

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Tabela 18 – Quadro objeto de análise – Indicadores econômicos

INDICADORES ECONÔMICOS

PARTE INTERESSADA

INDICADOR

ESSE

NC

IAL/

AD

ICIO

NA

L

PRIN

CÍP

IO

NO

RTE

DO

R

Dividendos distribuídos, inclusive recompra de ações. * E AL Aumento/diminuição dos lucros no período, inclusive ROCE. E AL

Investidores / Acionistas

Total de gastos relativos à sustentabilidade. * A AR Financiadores Juros pagos. * A AL

Gastos salariais totais, inclusive benefícios,separados por região. * A VS

Indicadores de desempenho relativos à política de RH. * A -

Força de Trabalho

Percepção dos empregados sobre o benefício econômico do relacionamento com a empresa. * A -

Custo dos bens, materiais e serviços adquiridos (gastos de capital). * E AL

Distribuição geográfica dos fornecedores. * A VS

Fornecedores

Percepção dos fornecedores sobre o benefício econômico do relacionamento com a empresa. * A -

Vendas líquidas no período. * E AL Distribuição geográfica dos mercados. * E VS Percepção dos clientes/consumidores sobre o benefício econômico do relacionamento com a empresa. * A -

Clientes

Integração do feedback do cliente ao negócio. * A OM Soma total dos impostos pagos * E AL Subsídios recebidos, separados por região. * E AL Multas e penalidades pagas relativas a SMS. * E AL Notificações recebidas relativas a SMS. * A -

Governo

Existência de política ou programa para promoção da transparência em relação aos pagamentos efetuados aos governos. *

A OM

Doações à comunidade, sociedade civil ou outros grupos, separados por tipo, em dinheiro ou produtos. * E VS Sociedade

Gasto total na implantação de infra-estrutura não ligada ao negócio (ex.: escola ou hospital para funcionários). * A -

Valor econômico agregado (EVA). E AL Indicadores tradicionais significativos. Participação no mercado (market share). E AL LEGENDA: Essencial/ Adicional: E – Indicador essencial A – Indicador adicional

Princípio Norteador: AL – Aumento de lucros OM – Otimização da marca AR – Aceleração da inovação VS – Visão de sustentabilidade. * Indicador reportado pelas empresas de petróleo, conforme Tabela 11 - Sistemas de

Indicadores x Empresas. Os demais indicadores foram definidos a partir da análise dos aspectos e impactos da atividade, do mercado e da Petrobras Distribuidora S.A.

Fonte: O Autor

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223

5.1.3. Filtro 2: Requisitos de definição dos indicadores.

O conjunto de indicadores de sustentabilidade a ser selecionado para

acompanhamento, análise e tomada de decisão na gestão das distribuidoras de

combustível deve ser definido através de uma metodologia que deixe claros os

critérios adotados, evitando-se uma postura intuitiva que levaria a um conjunto

parcial.

Os indicadores aqui propostos devem:

• Gerar informações para subsidiar decisões gerenciais, auxiliando a empresa a

manter o foco nas respostas às questões importantes;

• Servir como instrumento para acompanhamento do desempenho da

companhia em relação às metas definidas por ela, por órgãos licenciadores

ou certificadores;

• Possibilitar a comparação do desempenho da empresa com outras

companhias do mesmo ramo; (benchmark);

• Refletir e acompanhar aspectos importantes dentro do desempenho das

atividades da empresa, nas dimensões econômica, ambiental e social;

• Trazer em seu conteúdo informações relevantes e ter seu significado

totalmente entendido;

• Ser mensurável de uma forma prática e custo-efetiva.

Como analisado no Capítulo 2, os requisitos ou premissas para seleção de

indicadores de sustentabilidade variam grandemente entre as organizações e

autores. São considerados, de forma geral, como critérios importantes: Relevância

do indicador, viabilidade de sua implantação, variabilidade ou sensibilidade,

facilidade de mensuração, custo-efetividade, simplicidade, clareza, se o indicador é

preditivo, balanceado, representativo e cientificamente aceitável, comparabilidade,

verificabilidade, periodicidade, confiabilidade, cobertura espacial e temporal e

escala. Os critérios são bastante diversificados, às vezes se sobrepondo, com um

alto grau de subjetividade e em geral qualitativos.

Com o objetivo de reduzir o grau de subjetividade do processo, Cantarino

(2003) desenvolveu um critério quali-quantitativo de seleção de indicadores

ambientais que pode ser adaptado para aplicação ao presente estudo. Nesse

critério, os requisitos considerados essenciais para a seleção de indicadores foram

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divididos em 3 grandes tópicos, de acordo com a etapa do processo de formulação e

implementação do indicador a que se referem: concepção, aplicação e consistência,

apresentados na figura abaixo.

Figura 27 - Requisitos para seleção de indicadores

Fonte: Modificado de Cantarino, 2003

No quadro da concepção estão os critérios que devem ser levados em conta

no primeiro planejamento do conjunto de indicadores, na definição de seus objetivos.

No da aplicação encontramos os critérios necessários para sua implementação e no

da consistência os que permitem analisar o indicador proposto face às informações

que serão fornecidas.

O autor considera extremamente difícil atender a todos os requisitos

apontados na área ambiental. Isso é ainda mais aplicável ao nosso estudo,

especialmente se considerarmos que a questão da sustentabilidade nas empresas

ainda é bastante nova e até mesmo polêmica. Podemos prever que encontraremos,

por exemplo, indicadores facilmente entendidos e simples, mas simplificados em

demasia e cuja validade científica pode ser questionada. No entanto, se não o

considerarmos como importante, o conjunto pode ficar pouco representativo. No

sentido de sanar essa deficiência, Cantarino propõe então um método de

quantificação que estabelece para cada requisito uma pontuação, de acordo com o

grau de atendimento do mesmo. Adota-se o valor de zero, 0,5 (meio) ou 1 (um) para

o caso do indicador não atender, atender parcialmente ou atender completamente

ao requisito, respectivamente.

CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTÊNCIA

• Diretamente ligado ao objeto

• Viabilidade • Cientificamente válido • Clareza • Simplicidade

• Sensibilidade • Significação espacial • Temporalidade • Confiabilidade • Validade da descrição • Neutralidade • Integralidade • Grau de incerteza • Facilidade

• Relevância • Discriminatório • Balanceado • Verificabilidade • Comparabilidade

CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE UM CONJUNTO DE INDICADORES

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225

O indicador será selecionado para utilização se obtiver uma nota igual ou

superior a 3,5 em cada tópico, dentro de uma escala que vai de zero a 5. São

também aplicados alguns filtros: pontuação zero em qualquer item ou não

atendimento integral aos requisitos Clareza no Tópico Concepção, Confiabilidade no

Tópico Aplicação e Relevância no Tópico Consistência significam que o indicador

não deve ser utilizado. A definição dos requisitos fundamentais foi feita a partir do

conceito fundamental que supõe que se um indicador não é claro, confiável e

relevante ele não deve servir como base para tomada de decisão, dentro dos

propósitos apresentados no início deste item. Nesse caso, devem ser definidos

novos indicadores, ou alterados de forma substanciais os existentes, permitindo que

o processo seja acompanhado de forma mais consistente, permitindo um melhor

processo de tomada de decisão.

A pontuação do indicador será considerada zero caso receba pontuação zero

em qualquer dos requisitos, mesmo atendendo aos demais, ou caso receba uma

nota total inferior a três e meio em qualquer dos tópicos (concepção, aplicação e

consistência) dos requisitos.

Os indicadores ambientais, para os quais foi desenvolvida por Cantarino

(2003) a metodologia, aplicada a seguir, são, em sua maioria, quantitativos. Um

grande número deles tem identidade definida, seja pela ONU, pela IPIECA/API ou

pela Petrobras Distribuidora. Os que não têm as fichas de identidade publicadas

estão definidos conceitualmente nos balanços e relatórios das companhias

examinadas. No entanto, alguns dos indicadores sociais e ambientais listados não

estão definidos em nenhuma das publicações examinadas. Devido a esta

dificuldade, a aplicação dos requisitos foi feita de forma conceitual, considerando-se

zero o valor dado ao requisito Clareza, mesmo que seja um indicador relevante e

ligado diretamente ao objeto de estudo.

Os indicadores de existência de políticas e sistemas de gestão são

qualitativos e demandam o desenvolvimento de uma definição de seu significado.

Nesse caso, a análise dos requisitos, como proposto por Cantarino, não traduz as

reais características do indicador e sua importância para a medição da

sustentabilidade do negócio. Sendo assim, não analisaremos estes indicadores nas

tabelas a seguir.

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226

Tabela 19 – Avaliação do quadro objeto de análise – Indicadores ambientais

REQUISITOS

CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTENCIA

INDICADORES AMBIENTAIS

Dire

tam

ente

liga

do a

o ob

jeto

V

iabi

lidad

e C

ient

ifica

men

te v

álid

o C

lare

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Sim

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e N

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Parc

ial

Sen

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Bal

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Ver

ifica

bilid

ade

Com

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bilid

ade

Not

a Pa

rcia

l

NO

TA T

OTA

L

Consumo total de matéria prima. 0,5 0,5 0,5 1 1 3,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 1 0,5 4,5 12

Percentual de matéria prima utilizada proveniente de resíduos externos.

0,5 1 0,5 1 0,5 3,5 0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 1 1 1 0,5 4 11,5

Eficiência do consumo de energia. 1 1 1 1 1 5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 0,5 4,5 14

Percentual do investimento aplicado em energias renováveis (desenvolvimento).

0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 1 1 1 1 4,5 1 0,5 0,5 1 0,5 3,5 12

Emissões de COVs. 1 1 1 1 1 5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14,5

Emissões de GEE. 1 1 1 1 1 5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14,5Emissões de SOx, NOx e poluentes regulados. 1 1 1 1 1 5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14,5

Intensidade de emissões de COVs. 1 1 1 1 1 5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14,5

Utilização e emissões de substâncias destruidoras da camada de ozônio.

1 1 0,5 0,5 0,5 3,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 3 0,5 1 1 0,5 1 4 0

Consumo total de água. 1 1 0,5 1 1 4,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 0,5 0,5 1 0,5 3,5 12Total de reciclagem e reutilização de água. 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 0,5 0,5 1 0,5 3 0

Volume de efluentes hídricos descartados. 1 1 0,5 1 1 4,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 0,5 1 4,5 13

Concentração de poluentes regulados nos efluentes gerados.

1 0,5 0,5 0,5 1 3,5 0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 1 1 0,5 1 4 11,5

Concentração de hidrocarbonetos nos efluentes gerados.

1 0,5 0,5 0,5 1 3,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 0,5 1 4 12,5

Quantidade total de resíduos perigosos gerados discriminados.

1 1 0,5 1 1 4,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 0,5 0,5 4 12,5

Quantidade de resíduos não perigosos gerados. 1 1 0,5 1 1 4,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 0,5 0,5 4 12,5

Quantidade de resíduos reciclados ou reutilizados. 1 1 0,5 0,5 1 4 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 0,5 0,5 4 12

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REQUISITOS

CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTENCIA

INDICADORES AMBIENTAIS

Dire

tam

ente

liga

do a

o ob

jeto

V

iabi

lidad

e C

ient

ifica

men

te v

álid

o C

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za

Sim

plic

idad

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ota

Parc

ial

Sen

sibi

lidad

e E

spac

ialid

ade

Tem

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lidad

e C

onfia

bilid

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Bal

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ifica

bilid

ade

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bilid

ade

Not

a Pa

rcia

l

NO

TA T

OTA

L

Quantidade de resíduos descartados adequadamente.

1 1 0,5 0,5 1 4 0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 0,5 1 0,5 0,5 3 0

Resíduos oleosos e graxa. 1 0,5 0,5 0,5 1 3,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 0,5 1 4,5 12Intensidade de geração de resíduos 1 1 1 1 1 5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14,5

Produção, transporte, importação ou exportação de resíduos perigosos de acordo com a Convenção da Basiléia.

1 1 0,5 0,5 0,5 3,5 0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 0,5 0,5 1 1 3,5 11

Volume total de produto vazado discriminado por agente (instalações, clientes ou transporte).

1 1 0,5 0,5 1 4 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 1 1 5 13

Número de unidades com áreas impactadas por vazamentos.

1 0,5 0,5 1 0,5 3,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 3 0,5 1 1 0,5 1 4,5 0

Unidades em operação em áreas sensíveis ou protegidas.

0,5 1 0,5 1 1 4 0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 0,5 0,5 1 0,5 3 0

Número de acidentes. 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 14,5Volume vazado em transporte por total de quilômetros rodados.

1 1 0,5 0,5 1 4 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 1 1 5 13

Desempenho ambiental dos fornecedores. 1 0,5 0,5 0,5 0,5 3 1 0,5 0,5 0,5 0,5 3 1 1 1 0,5 0,5 4 0

Incidentes e multas por não cumprimento de legislação ambiental

0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14

Percentual de instalações licenciadas ambientalmente.

0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14

Gastos totais com meio ambiente. 1 1 1 1 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 0,5 0,5 1 1 3,5 12,5

Certificações ambientais. 0,5 1 0,5 1 0,5 3,5 0,5 1 1 0,5 0,5 3,5 0,5 0,5 1 1 0,5 3,5 10,5Fonte: Modificado de Cantarino, 2003.

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228

A pontuação dos requisitos no caso dos indicadores sociais e econômicos foi

feita aplicando-se o mesmo conceito da proposta elaborada para os indicadores

ambientais, mas pensando-se na especificidade dos primeiros. Estes foram

considerados diretamente ligados ao objeto se estão ligados diretamente aos

aspectos sociais e econômicos definidos no item 4.1.5, cientificamente válidos se

apresentarem estrutura analítica e metodologia de medição robustas, não subjetivas,

sensíveis se capazes de responder plenamente a mudanças nos processos que

acompanham e balanceados se atua em conjunto com outros indicadores para

permitir a tomada de decisões. Os demais requisitos se aplicam igualmente a todas

as dimensões, bem como o sistema de pontuação.

Tabela 20 – Avaliação do quadro objeto de análise – Indicadores sociais

REQUISITOS

CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTENCIA

INDICADORES SOCIAIS

Dire

tam

ente

liga

do a

o ob

jeto

V

iabi

lidad

e C

ient

ifica

men

te v

álid

o C

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za

Sim

plic

idad

e N

ota

Parc

ial

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sibi

lidad

e E

spac

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e C

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bilid

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Faci

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e

Not

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l R

elev

ânci

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crim

inat

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Bal

ance

ado

Ver

ifica

bilid

ade

Com

para

bilid

ade

Not

a Pa

rcia

l

NO

TA T

OTA

L

Disseminação dos princípios do código de ética entre a força de trabalho.

1 - - 0 - 0 - - - - - 0 0,5 - - - - 0 0

Número de processos em que a empresa é citada envolvendo ética nos negócios ou suborno e corrupção.

1 - - 0 - 0 - - - - - 0 1 - - - - 0 0

Valor doado a partidos políticos e instituições cuja função principal é financiar partidos ou seus candidatos.

0,5 0,5 1 0,5 1 3,5 0,5 0,5 1 0,5 1 3,5 1 1 0,5 1 0,5 4 11

Percentual de empregados locais em posições gerenciais

0,5 1 0,5 0,5 1 3,5 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 0,5 1 1 1 4 12

Percentual de empregados locais no total de empregados.

0,5 1 0,5 0,5 1 3,5 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 0,5 1 1 1 4 12

Percentual de fornecedores locais 0,5 1 0,5 0,5 1 3,5 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 0,5 1 1 0,5 3,5 11,5

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229

REQUISITOS

CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTENCIA

INDICADORES SOCIAIS

Dire

tam

ente

liga

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o ob

jeto

V

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e C

ient

ifica

men

te v

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o C

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e N

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e E

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Tem

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e C

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e

Not

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l R

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a

Dis

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inat

ório

Bal

ance

ado

Ver

ifica

bilid

ade

Com

para

bilid

ade

Not

a Pa

rcia

l

NO

TA T

OTA

L

Taxa líquida de emprego (criação de empregos, demissões, contratações, turn over médio, por região).

1 1 1 0,5 0,5 4 1 1 1 1 1 5 1 0,5 1 1 1 4,5 13,5

Índice de satisfação dos empregados 0,5 1 0,5 1 1 4 0,5 1 1 0,5 1 4 1 0,5 0,5 1 0,5 3,5 11,5

Perfil salarial (maior remuneração/menor remuneração, menor remuneração/salário mínimo).

1 1 1 0,5 1 4,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 0,5 1 1 0,5 4 12,5

Benefícios oferecidos aos empregados, além do estabelecido por lei (percentual do total da folha de pagamentos).

0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 0,5 1 1 1 4 12,5

Índice de participação nos lucros. 1 1 1 0,5 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 0,5 1 1 0,5 4 12,5

Número de processos em que a empresa foi condenada envolvendo questões trabalhistas.

1 - - 0 - 0 - - - - - 0 0,5 - - - 1 0 0

Taxa de freqüência de acidentes com afastamento.

0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14

Taxa de freqüência de acidentes com perda de vida.

0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14

Percentual de tempo perdido. 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14

Gastos totais com saúde e segurança. 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 0,5 0,5 1 1 1 4 13,5

Taxa de freqüência de doenças ocupacionais. 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 0,5 4,5 13,5

Empregados sujeitos a exame médico anual. 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 1 0,5 0,5 1 0,5 3,5 13

Média de horas de treinamento por ano, por empregado, por categoria.

1 1 1 0,5 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 0,5 1 1 1 4,5 13,5

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230

REQUISITOS

CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTENCIA

INDICADORES SOCIAIS

Dire

tam

ente

liga

do a

o ob

jeto

V

iabi

lidad

e C

ient

ifica

men

te v

álid

o C

lare

za

Sim

plic

idad

e N

ota

Parc

ial

Sen

sibi

lidad

e E

spac

ialid

ade

Tem

pora

lidad

e C

onfia

bilid

ade

Faci

lidad

e

Not

a Pa

rcia

l R

elev

ânci

a

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ifica

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Com

para

bilid

ade

Not

a Pa

rcia

l

NO

TA T

OTA

L

Perfil da força de trabalho (Gênero, raça, idade, portadores de deficiência física e perfil de salário médio).

1 1 1 0,5 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 0,5 1 1 1 4 13

Proporção entre sexos na composição da gerência superior da empresa.

1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 1 0,5 1 1 1 4,5 14

Desempenho dos fornecedores em SMS 1 0,5 0,5 0,5 0,5 3 0,5 1 1 0,5 0,5 3,5 1 1 1 0,5 0,5 4 10,5

Desempenho dos revendedores em SMS 1 0,5 0,5 0,5 0,5 3 0,5 1 1 0,5 0,5 3,5 1 1 1 0,5 0,5 4 10,5

Percentual de instalações certificadas em programas de garantia de qualidade de produtos e serviços, por segmento.

0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 0,5 0,5 1 1 0,5 3,5 13

Investimento em apoio a programas para desenvolvimento de local envolvendo a participação de organizações comunitárias, ONGS ou entidades públicas.

1 1 0,5 0,5 1 4 0,5 0,5 1 0,5 1 3,5 0,5 0,5 1 1 0,5 3,5 11

Investimento em apoio a programas para desenvolvimento de capacitação e treinamento envolvendo a comunidade do entorno das instalações.

1 1 0,5 0,5 1 4 0,5 0,5 1 0,5 1 3,5 1 0,5 1 1 0,5 4 11,5

Índice de não conformidades em relação às normas nacionais ou internacionais de operação.

0,5 0,5 0,5 0,5 1 3 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 2,5 0,5 0 0,5 0,5 0,5 0 0

Investimento em apoio a programas que podem gerar desenvolvimento local e regional.

0,5 1 0,5 0,5 1 3,5 0,5 0,5 1 0,5 0,5 3 0,5 0,5 1 0,5 0,5 3 0

Percentual do faturamento bruto destinado a ações sociais.

0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 0,5 0,5 1 1 1 4 13,5

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231

REQUISITOS

CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTENCIA

INDICADORES SOCIAIS

Dire

tam

ente

liga

do a

o ob

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V

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lidad

e C

ient

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men

te v

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o C

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e N

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e E

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Com

para

bilid

ade

Not

a Pa

rcia

l

NO

TA T

OTA

L

Formação de pessoal de segurança em direitos humanos. Tipo, empregados formados e duração.

1 1 1 1 1 5 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 0,5 1 1 0,5 3,5 13

Percentual de empregados representados por organizações sindicais independentes.

1 1 1 1 1 5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 0,5 1 1 0,5 4 13,5

Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho forçado e compulsório, grau de informação e aplicação, procedimentos e programas relacionados.

1 1 0,5 0,5 0,5 3,5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 13

Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho infantil, grau de informação e aplicação, procedimentos e programas relacionados.

1 1 0,5 0,5 0,5 3,5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 13

Fonte: Modificado de Cantarino, 2003.

A conceituação dos requisitos utilizada para os indicadores sociais se aplica

igualmente aos indicadores econômicos. Embora sejam indicadores quantitativos,

medem interações de caráter econômico entre os homens, como lucro, presença no

mercado, etc., e não quantidades físicas de substâncias. Os valores são definidos

por conceitos, não volume ou peso.

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Tabela 21 - Avaliação do quadro objeto de análise - Indicadores econômicos

REQUISITOS

CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTENCIA

INDICADORES ECONÔMICOS

Dire

tam

ente

liga

do a

o ob

jeto

V

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e C

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men

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o C

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bilid

ade

Com

para

bilid

ade

Not

a Pa

rcia

l

NO

TA T

OTA

L

Dividendos distribuídos, inclusive recompra de ações.

1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 15

Aumento/diminuição dos lucros no período, inclusive ROCE.

1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 15

Total de gastos relativos à sustentabilidade. 1 - - 0 - 0 - - - - - 0 0,5 - - - - 0 0

Juros pagos. 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 0,5 1 1 0,5 4 13Gastos salariais totais, inclusive benefícios,separados por região.

1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 1 0,5 1 1 1 4,5 14,5

Custo dos bens, materiais e serviços adquiridos (gastos de capital).

0,5 1 1 1 0,5 4 1 1 1 1 1 5 1 0,5 1 1 1 4,5 13,5

Distribuição geográfica dos fornecedores. 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 0,5 0,5 1 1 0,5 3,5 13

Vendas líquidas no período. 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 1 0,5 1 1 1 4,5 14,5Distribuição geográfica dos mercados. 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 1 0,5 1 1 1 4,5 14,5

Integração do feedback do cliente ao negócio. 0,5 - - 0 - 0 - - - - - 0 0,5 - - - - 0 0

Soma total dos impostos pagos. 1 0,5 0,5 1 0,5 3,5 0,5 1 1 0,5 0,5 3,5 1 0,5 0,5 0,5 1 3,5 10,5

Subsídios recebidos, separados por região. 1 1 0,5 0,5 0,5 3,5 0,5 1 1 0,5 0,5 3,5 1 0,5 0,5 1 1 4 11

Multas e penalidades pagas relativas a SMS. 1 1 1 0,5 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14

Notificações recebidas relativas a SMS. 1 1 1 0,5 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 1 1 1 0 0 0

Doações à comunidade, sociedade civil ou outros grupos, separados por tipo, em dinheiro ou produtos.

1 1 1 0,5 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14

Valor econômico agregado (EVA). 1 1 1 1 0,5 4,5 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 0,5 4,5 14

Participação no mercado (market share). 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 15

Fonte: Modificado de Cantarino, 2003.

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233

A análise dos requisitos demonstra que nem sempre os indicadores

relevantes, que traduzem os aspectos e impactos da atividade nas três dimensões

da sustentabilidade e que são reportados pelas empresas de petróleo examinadas

conseguiram boa pontuação. Não estão bem desenvolvidos, ou têm abordagens que

não atendem às reais necessidades do setor.

Os indicadores que receberam maior pontuação são os mais consolidados no

segmento, como os de emissões atmosféricas, lucratividade e taxas de acidentes

com a força de trabalho. Essa pontuação não necessariamente define o conjunto de

indicadores, mas dá a dimensão da incerteza no tratamento do tema no âmbito

empresarial. Alguns indicadores importantes para avaliação da sustentabilidade

obtiveram baixa pontuação, por falta de definição de suas identidades,

inconsistência na forma de medição ou outros problemas em sua formulação. Como

exemplo, podemos citar o indicador de desempenho ambiental dos fornecedores.

5.2. SELEÇÃO DOS INDICADORES.

A aplicação da metodologia descrita no item 5.1 levou à definição de um

conjunto de indicadores passiveis de utilização pelo segmento de distribuição de

combustíveis na análise da sustentabilidade do seu negócio.

Com base nas informações levantadas e nas análises realizados, podemos

propor um conjunto de indicadores que, aplicados, acompanhados e verificados,

pode auxiliar as empresas do setor de distribuição de combustíveis a caminhar na

direção da sustentabilidade.

O conjunto aqui proposto é formado por indicadores ambientais, sociais e

econômicos. Foram levadas em consideração as atividades desenvolvidas pelo setor

de distribuição de combustíveis e seus impactos e interações com o meio ambiente

e a sociedade onde se insere. Foram selecionados indicadores que se relacionam

com a conduta da empresa em sua relação com suas partes interessadas

estratégicas identificadas no item 4.1.5, a saber, força de trabalho, fornecedores,

clientes, comunidade do entorno, governo e sociedade e acionistas, bem como

indicadores que refletem os impactos sobre o meio ambiente e os impactos

econômicos associados às atividades características do setor estudado.

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234

Os indicadores de intensidade ou eficiência, principalmente na dimensão

ambiental, não fazem parte do conjunto de indicadores publicados, mas os

consideramos importantes para o gerenciamento do avanço da empresa na direção

da sustentabilidade. Podem ser classificados como pró-ativos.

Alguns dos indicadores selecionados não obtiveram a pontuação total na

análise dos requisitos feita no item anterior e, portanto, devem ser melhor

desenvolvidos para sua utilização. No entanto foram considerados relevantes e

necessários como ferramentas de gestão.

Os indicadores apresentados deverão ser apropriados nas áreas de negócios

marcadas. As tabelas apresentadas nos itens a seguir trazem os indicadores,

classificados em essenciais ou auxiliares e a síntese da proposta de apropriação.

5.2.1. Proposta de indicadores ambientais

Foram selecionados indicadores para os principais aspectos ambientais

detectados em capítulo anterior, tanto de valores absolutos quanto de intensidade.

As medidas de volume total vão indicar o impacto das atividades no meio ambiente,

ou seja, o prejuízo ao ecossistema. São úteis na medida em que permitem avaliar o

tamanho desse prejuízo, mas nem sempre refletem as ações de gestão para

prevenção ou mitigação desses impactos. A empresa pode estar ao mesmo tempo

limpando seu processo e crescendo, o que não vai gerar alteração para baixo no

indicador. Nesse sentido foram propostos os indicadores de intensidade.

Os indicadores de intensidade, que fazem parte da proposta de eco-eficiência

do WBCSD, são úteis no processo de gestão da empresa, que pode assim avaliar se

seus esforços em direção a uma operação ou processo limpo estão sendo bem

sucedidos. No entanto, só se pode considerar uma empresa sustentável se tanto os

indicadores ambientais de intensidade quanto os de volume estiverem em uma

tendência decrescente. Os recursos naturais e a capacidade de carga do planeta

continuam sendo finitos, por maior que seja a eficiência com que as empresas sejam

gerenciadas.

Além destes, foram também propostos indicadores que medem os esforços

em direção à inovação e ao cumprimento legal das instalações. A inovação é

necessária em um setor primordialmente poluidor, não apenas pelo seu processo,

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235

mas pelas conseqüências da utilização de seu produto, se essa empresa

efetivamente deseja tornar seu negócio sustentável.

Quanto ao cumprimento legal, é condição básica para a empresa sustentável.

Essa é uma questão polêmica, na medida em que o cumprimento legal seria uma

condição para a própria operação da companhia. No entanto, verificamos que é

comum a não conformidade por parte de diversas empresas, ou, ainda que não pela

empresa como um todo, por unidades ou instalações dentro delas. Consideramos a

conformidade legal como o primeiro passo para tornar a empresa sustentável.

Tabela 22 – Indicadores Ambientais com apropriação

INDICADORES AMBIENTAIS

Post

os re

vend

edor

es

Inst

alaç

ões

em g

rand

es

cons

umid

ores

In

stal

açõe

s em

aer

opor

tos

Fábr

ica

de lu

brifi

cant

es

Tran

spor

te

Bas

es e

Ter

min

ais

INDICADORES ESSENCIAIS Eficiência do consumo de energia. Emissões de COVs. Emissões de GEE. Intensidade de emissões de COVs. Volume de efluentes hídricos descartados. Quantidade total de resíduos perigosos gerados discriminados. Quantidade de resíduos não perigosos gerados. Intensidade de geração de resíduos Volume total de produto vazado discriminado por agente (instalações, clientes ou transporte).

Incidentes e multas por não cumprimento de legislação ambiental Percentual de instalações licenciadas ambientalmente.

INDICADORES ADICIONAIS Percentual do investimento aplicado em energias renováveis (desenvolvimento).

Emissões de SOx, NOx e poluentes regulados. Consumo total de água. Concentração de hidrocarbonetos nos efluentes gerados. Quantidade de resíduos reciclados ou reutilizados. Resíduos oleosos e graxa. Fonte: O Autor

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236

5.2.2. Proposta de indicadores sociais

Os indicadores selecionados têm a intenção de medir os aspectos e impactos

sociais levantados no item 4.1.5. Da mesma forma que os indicadores ambientais,

alguns dos considerados relevantes e necessários dentro da proposta não obtiveram

pontuação alta no exame dos requisitos, devendo ser melhor desenvolvidos quando

de sua utilização. Alguns dos indicadores não se aplicam a todas as atividades do

setor, devido a sua forma de operação, que envolve apenas a instalação do

equipamento e fornecimento do produto, mas não a operação da instalação, feita

com mão de obra do cliente.

Tabela 23 - Indicadores Sociais com apropriação

INDICADORES SOCIAIS

Post

os re

vend

edor

es

Inst

alaç

ões

em g

rand

es

cons

umid

ores

In

stal

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s em

aer

opor

tos

Fábr

ica

de lu

brifi

cant

es

Tran

spor

te

Bas

es e

Ter

min

ais

INDICADORES ESSENCIAIS Número de processos em que a empresa é citada envolvendo ética nos negócios ou suborno e corrupção – A ser desenvolvido.

Valor doado a partidos políticos e instituições cuja função principal é financiar partidos ou seus candidatos.

Taxa líquida de emprego (criação de empregos, demissões, contratações, turn over médio, por região).

Perfil salarial (maior remuneração/menor remuneração, menor remuneração/salário mínimo).

Taxa de freqüência de acidentes com afastamento. Taxa de freqüência de acidentes com perda de vida. Percentual de tempo perdido. Taxa de freqüência de doenças ocupacionais. Empregados sujeitos a exame médico anual. Média de horas de treinamento por ano, por empregado, por categoria. Perfil da força de trabalho (Gênero, raça, idade, portadores de deficiência física e perfil de salário médio).

Proporção entre sexos na composição da gerência superior da empresa. Formação de pessoal de segurança em direitos humanos. Tipo, empregados formados e duração.

Percentual de empregados representados por organizações sindicais independentes.

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237

INDICADORES SOCIAIS

Post

os re

vend

edor

es

Inst

alaç

ões

em g

rand

es

cons

umid

ores

In

stal

açõe

s em

aer

opor

tos

Fábr

ica

de lu

brifi

cant

es

Tran

spor

te

Bas

es e

Ter

min

ais

Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho forçado e compulsório, grau de informação e aplicação, procedimentos e programas relacionados.

Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho infantil, grau de informação e aplicação, procedimentos e programas relacionados.

INDICADORES ADICIONAIS Percentual de empregados locais em posições gerenciais Índice de satisfação dos empregados. Desempenho dos fornecedores em SMS. Desempenho dos revendedores em SMS. Percentual de instalações certificadas em programas de garantia de qualidade de produtos e serviços, por segmento.

Investimento em apoio a programas para desenvolvimento de local envolvendo a participação de organizações comunitárias, ONGS ou entidades públicas.

Percentual do faturamento bruto destinado a ações sociais. Fonte: O Autor

5.2.3. Proposta de indicadores econômicos

Os indicadores econômicos propostos se referem ao desempenho da

empresa, uma vez que o mesmo traz benefícios para a sociedade onde se insere e

contribui para a sua manutenção no longo prazo. Estes indicadores devem ser

sempre examinados de forma integrada com os demais, pois o desempenho

econômico isolado das outras duas dimensões não traduz a intenção nem o

desempenho sustentável da companhia.

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Tabela 24 - Indicadores Econômicos com apropriação

INDICADORES ECONÔMICOS

Post

os re

vend

edor

es

Inst

alaç

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INDICADORES ESSENCIAIS Dividendos distribuídos, inclusive recompra de ações. Aumento/diminuição dos lucros no período, inclusive ROCE. Custo dos bens, materiais e serviços adquiridos (gastos de capital). Vendas líquidas no período, discriminadas. Soma total dos impostos pagos. Multas e penalidades pagas relativas a SMS. Valor econômico agregado (EVA). Participação no mercado (market share).

INDICADORES ADICIONAIS Juros pagos. Gastos salariais totais, inclusive benefícios, separados por região. Fonte: O Autor

5.2.4. Proposta de indicadores de gestão.

O desempenho empresarial em sustentabilidade está diretamente ligado ao

seu processo de gestão. Alguns dos indicadores levantados neste estudo dizem

respeito especificamente a esse aspecto. São eles os indicadores que demonstram

a existência e grau de disseminação de políticas e sistemas de gestão.

As características destes indicadores diferem dos demais propostos uma vez

que são, no caso de demonstração de existência de instrumentos de gestão, apenas

binários, ou seja, seu resultado vai ser zero ou um, sim ou não, não demandando

fórmula ou método de cálculo, mas apenas o entendimento do que é o instrumento

de gestão a ser detectado. Por isso são bastante subjetivos e com baixo grau de

comparabilidade, uma vez que o que uma empresa entende por política de gestão

de impactos em comunidades vizinhas implantado, por exemplo, pode ser

completamente diferente do entendimento de outra. Cabe aqui um processo de

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desenvolvimento conjunto pelas empresas de um mesmo setor de parâmetros mais

bem definidos.

Quanto ao grau de disseminação das referidas políticas e grau de

implantação dos sistemas de gestão, consideramos que também são indicadores de

gestão, e não de desempenho. A sua identidade é baseada em um mesmo modelo,

e suas características são também bastante similares entre si, medindo o percentual

de execução das ações de implantação ou o percentual de sujeitos atingidos pela

medida, em comparação com uma meta.

Ressaltamos que na dimensão social a existência de políticas e programas,

bem como sua disseminação, aparece em grande numero. Essa é uma dimensão

onde o relacionamento e a forma de conduta face às partes interessadas no negócio

define em grande parte o grau de sustentabilidade da empresa, o que vem a explicar

essa característica.

Na tabela abaixo listamos os indicadores de gestão propostos, separados por

dimensão a que atendem de forma principal.

Tabela 25 - Indicadores de gestão para as três dimensões

INDICADORES DE GESTÃO ES

SEN

CIA

L/

AD

ICIO

NA

L EX

ISTÊ

NC

IA

DIS

SEM

INA

ÇÃ

O

DIMENSÃO AMBIENTAL Sistema de gestão ambiental E Auditorias internas A Sistema de gestão e procedimentos para tratamento do impacto ambiental dos principais produtos e serviços A

DIMENSÃO SOCIAL Código de ética E Sistema de gestão relativo a corrupção e suborno E Política e sistema de gestão, relativas a contribuições políticas e lobbies. A Política e procedimentos envolvendo participação, informação, consulta e negociação com empregados a respeito de mudanças na organização. A Política e procedimentos de prevenção de discriminação e igualdade de oportunidades entre os empregados. E

Política de não-retaliação e sistema de tratamento de queixas confidenciais. E Política e procedimentos para admissão, demissão, promoção e remanejamento. A Sistema de gestão de saúde e segurança. E Políticas ou programas sobre HIV-AIDS. E

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INDICADORES DE GESTÃO

ESSE

NC

IAL/

A

DIC

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AL

EXIS

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CIA

DIS

SEM

INA

ÇÃ

O

Política e procedimentos para treinamento e capacitação da força de trabalho, por categoria. E Política para gestão do conhecimento ou formação continuada. A Políticas e programas de igualdade de oportunidades além do determinado por lei. (Acessibilidade, auxílio creche, licença paternidade). E

Políticas de incentivo às manifestações culturais específicas. A Critérios de seleção de fornecedores incluindo a verificação de respeito a padrões éticos e políticas de sustentabilidade. E

Programas e políticas para preservação da saúde e segurança do consumidor durante a utilização dos produtos, incluindo comunicação dos riscos. E

Programas e políticas para o cumprimento de valores de sustentabilidade em toda a cadeia produtiva. E

Sistemas de gestão e procedimentos para avaliação do impacto dos investimentos sociais, incluindo feedback da participação dos beneficiários. A

Políticas de gestão dos impactos causados às comunidades do entorno das unidades operacionais. E

Política de gestão e procedimentos para consideração dos impactos das decisões de negócios, como investimentos, e escolha de fornecedores, sobre os direitos humanos.

E

DIMENSÃO ECONÔMICA Política ou programa para promoção da transparência em relação aos pagamentos efetuados aos governos A

Fonte: O Autor

A escolha dos indicadores obedeceu a um marco conceitual, e está

diretamente relacionada à analise feita das etapas de processo do setor estudado,

proporcionando um entendimento da ligação entre as fontes de impacto, seus

receptores e o sistema de gestão. No caso de qualquer dos parâmetros mudar, os

indicadores devem ser revistos. Ou seja, os indicadores devem ser interpretados

dentro de um contexto apropriado, levando-se em conta as características físicas,

ecológicas, geográficas, sociais, econômicas e estruturais onde se inserem.

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6. CONCLUSÕES

6.1. ASPECTOS CONCLUSIVOS

O papel das empresas é fundamental para uma abordagem construtiva do

desenvolvimento sustentável. As empresas, através de seus processos, afetam as

fontes de matérias primas, a produção e distribuição, as respostas dos

consumidores e os métodos de prevenção de geração e eliminação de resíduos. Em

sua interação com a sociedade onde se inserem, afetam a forma de gestão das

questões econômicas e até mesmo o comportamento dos governos, por seu poderio

econômico. No fluxo inverso, a sociedade cobra delas um comportamento mais ético

e consciente, exatamente pelo poder que detêm. Com todos esses aspectos, as

organizações buscam cada vez mais a sustentabilidade, para não perder mercado e

mostrar a transparência e responsabilidade exigida pelos consumidores e

stakeholders em geral.

Este estudo foi motivado pela necessidade de se delimitar indicadores que

possam ser utilizados na implantação e acompanhamento de ações visando à

sustentabilidade do negócio em uma organização produtiva, para o setor de

distribuição de combustíveis. Estes indicadores podem apoiar a redução dos

impactos identificados dos processos e da atividade, nas três dimensões, na

redução de custos, criação de oportunidades de agregação de valor ao negócio,

valorização da imagem e das ações da empresa, através da integração a fundos

sustentáveis.

Ao longo do estudo verificamos que a empresa que deseja trabalhar dentro de

um conceito de sustentabilidade deve considerar as três áreas (econômica, social e

ambiental) de forma integrada, dentro do modelo de visão integrada da gestão

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sustentável da empresa. Ela deve olhar não apenas para seus próprios processos e

produtos, mas também para o público com o qual se relaciona, ou suas partes

interessadas. A empresa não pode ser sustentável se seus stakeholders não o são.

O sucesso e os interesses de longo prazo de uma organização produtiva

dependem de uma conduta pró-ativa de antecipação das expectativas de suas

partes interessadas, entre elas o meio ambiente. O caminho da sustentabilidade

envolve o atendimento e a superação dos requisitos legais e regulamentares

associados às suas instalações, seus produtos e serviços, uma postura ética e

transparente na conduta dos negócios e no relacionamento com suas partes

interessadas.

A sustentabilidade empresarial pressupõe o reconhecimento das partes

interessadas da organização. Elas devem ser identificadas, compreendidas e ter

suas necessidades atendidas de forma pró-ativa. A empresa sustentável deve adotar

um processo de gestão comprometido com as necessidades dos diferentes públicos

envolvidos e/ou afetados pelo negócio – acionistas, funcionários, meio ambiente

(com o sentido de gerações futuras), clientes, comunidades, governos e

fornecedores, no caso estudado. Pressupõe também a identificação dos impactos

que podem decorrer das instalações, processos e produtos inerentes à sua

atividade, e a execução de ações preventivas para eliminar ou minimizar esses

impactos em todo o ciclo de vida das referidas atividades e produtos.

Neste estudo, para identificação das partes interessadas e dos aspectos e

impactos típicos inerentes às atividades do setor estudado foram examinados

relatórios e bibliografia, compreendendo todo o processo de distribuição de

combustíveis.

A utilização do conceito de desenvolvimento sustentável enquanto

instrumento de estratégia organizacional traz consigo um grande desafio: colocá-lo

em prática. A avaliação da condição presente e a definição de metas futuras, sob a

ótica da sustentabilidade, tornou urgente a definição de indicadores aceitos. É

necessário o desenvolvimento de métodos confiáveis e consistentes para definir e

medir a intensidade de utilização de recursos, como energia, bem como o

desempenho empresarial em sua interação com a sociedade e as demais partes

interessadas.

A incorporação de indicadores de sustentabilidade ao processo de gestão das

empresas de distribuição de combustíveis pode permitir uma rápida visualização dos

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fatores econômicos, sociais e ambientais que podem causar impactos, seu

acompanhamento e evolução. O amadurecimento desse sistema deve, no entanto, ir

além do ciclo de melhoria contínua usualmente utilizado pelas empresas

examinadas. A questão da sustentabilidade do negócio demanda uma postura de

inovação e metas desafiadoras. A melhoria contínua de modelos de negócio

insustentáveis não vai colocar a empresa no caminho da sustentabilidade. Nesse

sentido, há ainda uma grande lacuna na gestão para o negócio sustentável, em

especial no campo dos indicadores.

No segundo Capítulo foram brevemente apresentados os conceitos de

sustentabilidade, indicadores e alguns dos sistemas que os organizam, cuja análise

nos levou à importância da utilização dos indicadores ambientais, sociais e

econômicos como instrumento do sistema de gestão para a empresa sustentável.

Essa conclusão é corroborada pelo levantamento efetuado no Capítulo 4. Aí

podemos observar que as empresas de petróleo têm relatado um número

significativo de indicadores nas três dimensões citadas. No entanto, essas empresas

abordam a questão de maneira bastante diferenciada, especialmente na dimensão

social. A definição da relevância dos indicadores para os diversos temas é feita a

partir de diferentes entendimentos, mas tem em comum a falta de integração entre

as dimensões citadas, o foco no tratamento ou mitigação (e não prevenção) dos

impactos ambientais e o tratamento da questão social em um contexto de filantropia,

com indicadores das demandas das partes interessadas ainda incipientes. Em geral,

não relatam indicadores de eco-eficiência. Além disso, os indicadores não seguem

uma padronização, embora sigam um modelo básico para os relatórios, em geral o

do GRI, dificultando a prática de benchmark.

No mesmo Capítulo foi realizada uma breve descrição do processo de

distribuição de combustíveis e de suas principais fontes de impacto, tanto sociais

quanto ambientais, para subsidiar a elaboração dos indicadores ambientais e

sociais. O processo de distribuição de combustíveis em si próprio não provoca

grande impacto no meio ambiente, sendo em geral levado a cabo em áreas já

urbanizadas e trabalhando com pequena intensidade de geração de resíduos,

embora pelo tamanho da operação alguns desses impactos adquiram uma

dimensão bastante significativa. Verificamos que os maiores impactos advêm não da

operação normal da atividade, mas de circunstancias acidentais, como vazamentos

e acidentes de transporte. Não analisamos o impacto da queima do combustível

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comercializado, processo considerado fora do âmbito de ação das empresas

distribuidoras.

Na dimensão social, percebemos a partir do estudo da Petrobras Distribuidora

S.A. e do mercado de distribuição que a atuação das grandes empresas se dá em

um mercado agressivo, complicado pela existência de pequenas distribuidoras

atuando ilegalmente, em um setor que historicamente trabalha com pequena

margem de lucros. Esse cenário define em grande parte a postura e o

comportamento das empresas frente a suas partes interessadas. Há uma grande

preocupação em fidelizar os clientes e alguma dificuldade no monitoramento de

fornecedores e revendedores, trazendo o foco das ações de relacionamento para o

terreno do marketing. No entanto, é notável a preocupação da empresa estudada

em inserir o conceito de sustentabilidade em sua gestão, com destaque para os

avanços no campo do SMS, na prevenção dos acidentes de transporte e no

relacionamento com as comunidades do entorno de suas instalações.

Nesse contexto, os indicadores propostos no Capítulo 5 formam apenas a

primeira etapa na construção de um sistema de indicadores que pode ser adotado

pelo setor de distribuição de combustível de forma a direcionar seu processo de

tomada de decisão no caminho da sustentabilidade.

6.2. ANÁLISE DAS QUESTÕES FORMULADAS

As empresas de petróleo demonstram estar com seu sistema de medição de

desempenho em sustentabilidade amadurecido. No entanto, no segmento de

distribuição de combustíveis, parte do sistema do petróleo, essa área da gestão

ainda necessita de desenvolvimento e de uma integração maior entre as três

dimensões da sustentabilidade, dentro do conceito do triple bottom line. Nas áreas

econômica e ambiental neste setor, os indicadores estão no cerne do processo de

gestão, permitindo que as questões a elas afeitas sejam tratadas como parte do

negócio.

Assim sendo, os estudos de caso e benchmarking apresentados nesta

dissertação permitem concluir que a introdução de um sistema de indicadores de

sustentabilidade é não só viável quanto traz ganhos para todas as partes

interessadas no negócio. Para o empreendedor traz agilidade na gestão e foco nas

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questões centrais, para as partes interessadas permite o acompanhamento de

desempenho da empresa de forma clara e objetiva, permitindo um dialogo e uma

participação mais ativa e voltada para as questões relevantes, e para o meio

ambiente permite respostas mais rápidas, prevenção e minimização dos impactos da

atividade.

Além disso, as empresas do setor estudado já medem e relatam, ou recolhem

dados e fazem controle interno da maioria dos indicadores recomendados nesta

dissertação, sendo necessário apenas um realinhamento da política e ajustes nos

sistemas de gestão, o que não vai gerar custos adicionais inconcebíveis. O

alinhamento necessário é principalmente de cultura e postura na ação.

As considerações acima apresentadas permitem considerar as questões da

pesquisa, “Como traduzir o conceito de sustentabilidade para um ambiente de

negócio complexo, difuso e diverso como o setor de distribuição de combustíveis?” e

“Como definir um conjunto de indicadores de desempenho que permita uma visão

geral e específica da sustentabilidade do negócio?” respondidas de maneira válida,

utilizando –se os conceitos e os resultados analisados ao longo do trabalho.

Da mesma forma, o objetivo deste estudo, “Delimitar indicadores que possam

ser utilizados na implantação e acompanhamento de ações visando à

sustentabilidade do negócio em uma organização produtiva, dentro do setor de

distribuição de combustíveis”, pode ser considerado atingido com a formulação da

proposta do conjunto de indicadores nas três dimensões.

Os cinco objetivos específicos enunciados também foram atendidos,

subsidiando o cumprimento do objetivo geral.

Os dois primeiros objetivos, “Contextualizar o conceito de desenvolvimento

sustentável ou sustentabilidade, especialmente no âmbito empresarial” e “Levantar,

através de pesquisa bibliográfica, os principais sistemas de indicadores atualmente

utilizados no cenário internacional, principalmente no cenário empresarial”, foram

atendidos pelo levantamento e análise dos conceitos de sustentabilidade, de

indicadores em geral, e dos sistemas que os organizam, tendo em vista o cenário

empresarial e o conceito básico de três dimensões da sustentabilidade, ambiental,

social e econômica.

O terceiro e o quarto objetivos específicos, “Examinar a visão estratégica de

sustentabilidade do setor de petróleo, especialmente da distribuição de

combustíveis” e “Levantar e analisar as ferramentas de avaliação e medição da

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sustentabilidade no setor”; foram atendidos através do levantamento e análise dos

indicadores publicados de quatro empresas, Petrobras, BP, Statoil e Total, e da sua

análise cruzada com alguns sistemas de indicadores e relatório de sustentabilidade.

O quinto objetivo específico, “Delimitar o conceito e as práticas de

sustentabilidade no âmbito da atividade de distribuição de combustíveis”, foi

atendido através da realização do estudo do mercado de distribuição de

combustíveis no Brasil e do caso da Petrobras Distribuidora S.A.

Por último, o sexto objetivo específico “Selecionar, dentre as ferramentas de

avaliação detectadas, os indicadores aplicáveis ao negócio de distribuição de

combustíveis”, foi atendido através da proposição de um conjunto de indicadores de

sustentabilidade para o setor de distribuição de combustível selecionado após

aplicação da metodologia proposta ao conjunto de indicadores levantado nos

capítulos anteriores, bem como sua análise crítica.

6.3. RECOMENDAÇÕES

O estudo de indicadores comprometidos com a sustentabilidade empresarial é

uma linha de trabalho ainda a ser aprofundada por parte do meio acadêmico e do

meio empresarial. Como ressaltado por vários autores, são várias as etapas para

seu desenvolvimento e aplicação, desde o seu planejamento até a verificação dos

resultados. A continuação deste trabalho envolve o desenvolvimento da identidade

dos indicadores, com seu objetivo, escopo e método de cálculo bem definidos, a

coleta e tratamento de dados, aplicação dos indicadores e tomada de decisão a

partir de seus resultados, dentro da política geral de sustentabilidade da empresa.

Desta forma, em função das limitações deste trabalho e para avaliação e

consolidação da proposta deste estudo, sugere-se a realização de estudos

complementares:

1- Definir uma estrutura de modelagem, com identidade dos indicadores,

aplicação dos mesmos e análise de consistência, com vistas à

incorporação do conjunto de indicadores proposto em um sistema de

gestão corporativo;

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2- Ampliar o campo de aplicação do conjunto de indicadores propostos,

incorporando todo o ciclo de vida dos produtos, desde sua extração até sua

queima.

Espera-se que esta dissertação possa ampliar a discussão sobre a

importância da definição de indicadores para a avaliação do desempenho das

empresas no caminho da sustentabilidade, contribuindo para o aprimoramento de

suas ferramentas de gestão dentro de um cenário de longo prazo, em um mundo

mais sustentável.

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