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THEA MARIA DE PAIVA VIEIRA
PROPOSTA DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O SETOR DE
DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS: O CASO DA PETROBRAS DISTRIBUIDORA S.A.
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Gestão do Meio Ambiente.
Orientador: Prof. GILSON BRITO ALVES LIMA, D.Sc.
Niterói
2005
Livros Grátis
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THEA MARIA DE PAIVA VIEIRA
PROPOSTA DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS: O CASO DA PETROBRAS
DISTRIBUIDORA S.A.
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Gestão do Meio Ambiente.
Aprovado em 27 de dezembro de 2005.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________ Prof. Gilson Brito Alves Lima, D.Sc. - Orientador
Universidade Federal Fluminense
__________________________________________________ Prof. Julio César de Faria Alvim Wasserman, Dr.
Universidade Federal Fluminense
__________________________________________________ Prof.ª Martha Macedo de Lima Barata, D.Sc.
Universidade Federal do Rio de Janeiro
__________________________________________________ Prof. Carlos Ricardo Rossetto, D. Sc
Universidade do Vale do Itajaí
Niterói 2005
Às minhas filhas, Marina e Gabriela, meus futuros netos,
bisnetos e gerações que estão por vir, que terão a dura
missão de compreender e perdoar nossos erros para
perpetuar a evolução da humanidade.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Gilson Brito Alves Lima, pelo estímulo para a
elaboração deste trabalho e pelas sugestões e críticas que o
enriqueceram.
À Petrobras Distribuidora S. A., na pessoa do Eng. Clenardo Fonseca
dos Santos, Gerente Executivo de Automotivos (GAT-1), por ter
apoiado e possibilitado a minha participação no Mestrado.
A Elisabete Gaspar Calazans Rodrigues, Gerente Executiva de SMS
da Petrobras Distribuidora, pelo apoio e consideração.
A Cláudio Henrique Dias Guimarães, Gerente de Meio Ambiente da
Petrobras Distribuidora, pelos comentários e sugestões, apoio e
paciência inestimáveis.
Aos amigos Márcio Dertoni, Fabiana e Glenda, que com seu ombro
amigo e presença nas horas mais difíceis contribuíram muito para esse
estudo.
A Olav Nykjaer pelo amor e pela alegria. E por não ter me deixado
desistir.
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um
novo começo, qualquer um pode começar
agora e fazer um novo fim.”
Chico Xavier
RESUMO
A dissertação propõe indicadores de sustentabilidade para o setor de
distribuição de combustíveis. A proposta parte de uma demanda do mercado, onde
vem aumentando significativamente a utilização destes indicadores pelas empresas
para medição da sustentabilidade em suas três dimensões: ambiental, econômica e
social, visando a reduzir o impacto adverso de suas atividades e melhorar seu
relacionamento com as partes interessadas em seu negócio. O estudo conceitua
sustentabilidade no nível global e empresarial e analisa uma lista de sistemas de
indicadores de sustentabilidade atualmente em uso, formando um referencial teórico
para a questão. Apresenta as atividades desenvolvidas pelo setor de petróleo, seus
impactos nas três dimensões, os indicadores relatados por empresas escolhidas e
se aprofunda no segmento através do estudo do caso da Petrobras Distribuidora
S.A. É desenvolvida uma metodologia de proposição de indicadores de
sustentabilidade que é aplicada a um quadro inicial de indicadores, gerando o
conjunto de indicadores a ser aplicado no segmento de distribuição de combustíveis.
São aplicados dois filtros de seleção, a partir de princípios norteadores e requisitos
de concepção, aplicação e consistência dos indicadores. O resultado pode ser
usado pelas empresas de distribuição de combustíveis com foco na geração de valor
sustentável.
Palavras-chave: sustentabilidade, gestão empresarial, indicadores de
sustentabilidade, distribuição de combustíveis.
ABSTRACT
The main purpose of this dissertation is to propose a set of sustainability
indicators for the industry of petroleum retail. The need for this proposition comes
from a market demand. Enterprises have been increasingly seeing themselves in a
position where they need to make use of sustainability indicators in the three
dimensions it defines, environmental, economic and social, in order to reduce the
negative impact of their activities and better their relationship with stakeholders. The
sustainability concept, both global and on a business level, is presented and a list of
frameworks studied, in order to develop a conceptual overview. The research looked
at the oil sector activities, it’s impacts on the three dimensions and the sustainability
indicators reported by some major companies, examining the retail in depth, through
a case study of Petrobras Distribuidora S. A. It also developed a methodology to
enable the selection of the indicators, where a pre-selected number of currently used
sustainability indicators is checked against two filters. The first one is based on key
principles for the creation of sustainable value and the second on conceptual
requirements of a good indicator. The result is a set of tools that can be used for the
retail sector of the oil business.
Palavras-chave: sustainability, management, sustainability indicators, oil and gas
retail.
Lista de Ilustrações Figura 1 - Linha do tempo .........................................................................................30 Figura 2 - Espaço acessível para o desenvolvimento ...............................................41 Figura 3 - Esquema de sustentabilidade IPIECA/API................................................43 Figura 4 - Pirâmide de Informações ..........................................................................47 Figura 5 - PSR...........................................................................................................54 Figura 6 - Triangulo de Daly ......................................................................................65 Figura 7 - PIB x IPG ..................................................................................................67 Figura 8 - Dashboard of Sustainability ......................................................................69 Figura 9 - Barometer of Sustainability .......................................................................72 Figura 10 - Áreas de atuação da sustentabilidade na empresa ................................96 Figura 11 - Fluxograma das atividades desenvolvidas............................................105 Figura 12 - Liminares Tributárias em vigor (2003)...................................................117 Figura 13 - Fluxograma de identificação e gestão de aspectos e impactos sociais e ambientais ...............................................................................................................119 Figura 14 - Área de atuação da Petrobras ..............................................................130 Figura 15 - Área de atuação da Shell ......................................................................138 Figura 16 - Estrutura do grupo Shell .......................................................................139 Figura 17 - Caracterização dos negócios da Shell ..................................................140 Figura 18 - Metas do Milênio ...................................................................................143 Figura 19 - Área de atuação da Statoil ....................................................................154 Figura 20 - Distribuição geográfica das unidades operacionais da BR ...................175 Figura 21 - Estrutura Geral da Petrobras Distribuidora ...........................................176 Figura 22 – Fluxo de combustíveis líquidos da Petrobras Distribuidora..................183 Figura 23 - Market Share das Distribuidoras – 2004 ...............................................185 Figura 24- Modelo de Gestão da BR.......................................................................190 Figura 25 - Estrutura conceitual norteadora da seleção..........................................207 Figura 26- Modelo de valor sustentável ..................................................................211 Figura 27 - Requisitos para seleção de indicadores................................................224
Lista de Tabelas Tabela 1 - Matriz de indicadores proposta pelo WBSCD ..........................................59 Tabela 2 - Índice Capability Poverty Measure (CPM) para dez países .....................87 Tabela 3 - Aproveitamento de um barril de petróleo ...............................................112 Tabela 4 - Impactos ambientais das atividades da distribuição de combustíveis....122 Tabela 5 - Impactos sociais das atividades da distribuição de combustíveis ..........123 Tabela 6 - Indicadores de sustentabilidade da Petrobras .......................................135 Tabela 7 - Indicadores de sustentabilidade da Shell ...............................................145 Tabela 8 - Indicadores de sustentabilidade da BP ..................................................153 Tabela 9 - Indicadores de sustentabilidade da Statoil .............................................157 Tabela 10 - Indicadores de sustentabilidade da Total .............................................162 Tabela 11 - Sistemas de Indicadores x Empresas ..................................................165 Tabela 12 - Composição da Força de Trabalho da BR ...........................................176 Tabela 13 - Produtos comercializados pela BR por classificação ...........................183 Tabela 14 - Impactos negativos potenciais nas comunidade vizinhas às atividades da BR ...........................................................................................................................202 Tabela 15 - Impactos negativos potenciais na sociedade das atividades da BR ....203 Tabela 16 - Quadro objeto de análise - Indicadores ambientais .............................213 Tabela 17 - Quadro objeto de análise - Indicadores sociais....................................216 Tabela 18 – Quadro objeto de análise – Indicadores econômicos ..........................222 Tabela 19 – Avaliação do quadro objeto de análise – Indicadores ambientais .......226 Tabela 20 – Avaliação do quadro objeto de análise – Indicadores sociais .............228 Tabela 21 - Avaliação do quadro objeto de análise - Indicadores econômicos.......232 Tabela 22 – Indicadores Ambientais com apropriação............................................235 Tabela 23 - Indicadores Sociais com apropriação...................................................236 Tabela 24 - Indicadores Econômicos com apropriação...........................................238 Tabela 25 - Indicadores de gestão para as três dimensões....................................239
Lista de Quadros
Quadro 1 - Algumas definições de Sustentabilidade.................................................32 Quadro 2 - Algumas definições de Desenvolvimento Sustentável ............................33 Quadro 3 - Dimensões do ambientalismo .................................................................37 Quadro 4 - Paradigmas de Sustentabilidade.............................................................39 Quadro 5 - Dimensão Econômica do DJSI................................................................75 Quadro 6 - Dimensão Ambiental do DJSI .................................................................76 Quadro 7 - Dimensão Social do DJSI........................................................................77 Quadro 8 - Categorias / Aspectos Avaliados na GRI ................................................79 Quadro 9 - Dimensão Econômica da GRI .................................................................80 Quadro 10 - Dimensão Ambiental da GRI.................................................................81 Quadro 11 - Dimensão Social da GRI .......................................................................82 Quadro 12 - Capacidade ecológica e Competitividade .............................................95 Quadro 13 - Princípios de Bellagio............................................................................99 Quadro 14 - Comparação entre alguns Códigos - Atividade x Dimensão ...............101 Quadro 15 - Empresas Selecionadas......................................................................127 Quadro 16 - Dados Gerais da BP - 2004 ................................................................147 Quadro 17 - Valores da BP .....................................................................................149 Quadro 18 - Sistemas de indicadores de desenvolvimento sustentável .................164 Quadro 19 - Atividades da BR.................................................................................181 Quadro 20 - Demandas relevantes típicas das partes interessadas de uma Distribuidora ............................................................................................................199 Quadro 26 - Indicadores Estratégicos BSC BR.......................................................204 Quadro 22 - Indicadores Estratégicos BR ...............................................................205 Quadro 23 - Indicadores Táticos BR .......................................................................205
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .........................................................................................14
1.1. CONTEXTO .............................................................................................15
1.2. A SITUAÇÃO PROBLEMA.......................................................................17
1.3. QUESTÕES DA PESQUISA ....................................................................18
1.4. OBJETIVOS .............................................................................................18
1.5. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ............................................................19
1.6. DELIMITAÇÃO .........................................................................................20
1.7. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO.................................................................21
2. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE: TEORIA, MÉTODO, APLICAÇÕES..........................................................................................23
2.1. HISTÓRICO DO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE .........................26
2.2. O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE: DIVERSOS ENTENDIMENTOS
.................................................................................................................31
2.3. INDICADORES: CONCEITOS E PRINCIPAIS ASPECTOS ....................46
2.3.1. Funções....................................................................................................47 2.3.2. Características..........................................................................................48 2.3.3. Limitações ................................................................................................51
2.4. SISTEMAS DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE .....................51
2.4.1. Dimensão Econômica...............................................................................57 2.4.1.1. WBCSD/CEBDS.......................................................................................57 2.4.1.2. SEEA........................................................................................................59 2.4.1.3. IPIECA/API...............................................................................................60 2.4.1.4. Banco Mundial..........................................................................................63 2.4.1.5. Balaton Group/Meadows/ Triangulo De Daly ...........................................64 2.4.1.6. ISEW – GPI ..............................................................................................66 2.4.1.7. O Dashboard of Sustainability ..................................................................68 2.4.1.8. O Barometer of Sustainability ...................................................................70 2.4.1.9. O Dow Jones Sustainability Index ............................................................73 2.4.1.10. O Global Reporting Initiative – GRI ..........................................................78 2.4.2. Dimensão Social.......................................................................................84 2.4.2.1. HDI ...........................................................................................................84 2.4.2.2. CPM .........................................................................................................85 2.4.3. Dimensão Ambiental ................................................................................87 2.4.3.1. OECD .......................................................................................................87
2.4.3.2. UNCSD/ UNEP: O modelo DSR...............................................................89 2.4.3.3. O Ecological Footprint Method .................................................................92 2.4.3.4. EcoSTEPS ...............................................................................................96
2.5. ANÁLISE DE SISTEMAS DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE:
ASPECTOS RELEVANTES NA SUA FORMULAÇÃO.............................98
3. METODOLOGIA ....................................................................................102
3.1. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA..........................................................102
3.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................104
4. ESTRATÉGIA DE APLICAÇÃO NO SETOR DE PETRÓLEO..............109
4.1. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO. 109
4.1.1. Exploração e Produção (Upstream) .......................................................110 4.1.2. Transporte e Refino (Downstream) ........................................................111 4.1.3. Distribuição (Retail) ................................................................................112 4.1.4. O mercado do setor de distribuição de combustíveis no Brasil ..............115 4.1.5. Principais impactos na etapa de distribuição do petróleo.......................117
4.2. A VISÃO ESTRATÉGICA DE SUSTENTABILIDADE DE ALGUMAS
EMPRESAS DE PETRÓLEO (BENCHMARKING).................................126
4.2.1. PETROBRAS .........................................................................................128 4.2.1.1. Petrobras - Visão estratégica .................................................................131 4.2.1.2. Petrobras - Visão de sustentabilidade ....................................................132 4.2.2. SHELL ....................................................................................................137 4.2.2.1. Shell – Visão Estratégica........................................................................141 4.2.2.2. Shell - Visão de sustentabilidade............................................................142 4.2.3. BP...........................................................................................................146 4.2.3.1. BP - Visão estratégica ............................................................................148 4.2.3.2. BP - Visão de sustentabilidade...............................................................149 4.2.4. STATOIL ................................................................................................154 4.2.4.1. Statoil – Visão Estratégica......................................................................154 4.2.4.2. Statoil - Visão de sustentabilidade..........................................................155 4.2.5. TOTAL....................................................................................................158 4.2.5.1. Total - -Visão estratégica........................................................................158 4.2.5.2. Total - Visão de Sustentabilidade...........................................................159
4.3. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE REPORTADOS
VOLUNTARIAMENTE POR ALGUMAS EMPRESAS DE PETRÓLEO..163
4.4. O CASO DA PETROBRAS DISTRIBUIDORA S. A. - CARACTERIZAÇÃO
DA EMPRESA. .......................................................................................172
4.4.1. Descrição geral ......................................................................................172 4.4.1.1. Histórico .................................................................................................173
4.4.1.2. Estrutura.................................................................................................174 4.4.1.3. Subsidiária..............................................................................................180 4.4.1.4. Produtos e Serviços ...............................................................................180 4.4.1.5. Participação no mercado........................................................................184 4.4.2. Visão estratégica ....................................................................................187 4.4.3. Governança Corporativa ........................................................................188 4.4.3.1. Sistema de gestão de SMS da Petrobras Distribuidora..........................191 4.4.4. Visão de sustentabilidade.......................................................................195 4.4.4.1. Princípios norteadores............................................................................196 4.4.4.1.1 Cumprimento legal .................................................................................196 4.4.4.1.2 Atendimento aos princípios nacionais e internacionais de sustentabilidade
aos quais a empresa é signatária...........................................................197 4.4.5. Relacionamento com os Públicos de Interesse......................................198 4.4.6. Aspectos e impactos Sociais, Ambientais e Econômicos típicos ...........202 4.4.7. Indicadores atualmente utilizados ..........................................................203
5. PROPOSTA DE CONJUNTO DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS. ...................................................................................206
5.1. CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DE INDICADORES DE
SUSTENTABILIDADE PARA O SEGMENTO DE DISTRIBUIÇÃO DE
COMBUSTÍVEIS ....................................................................................207
5.1.1. Quadro objeto de análise: Caracterização. ............................................209 5.1.2. Filtro 1: Princípios norteadores...............................................................210 5.1.3. Filtro 2: Requisitos de definição dos indicadores. ..................................223
5.2. SELEÇÃO DOS INDICADORES. ...........................................................233
5.2.1. Proposta de indicadores ambientais.......................................................234 5.2.2. Proposta de indicadores sociais .............................................................236 5.2.3. Proposta de indicadores econômicos.....................................................237 5.2.4. Proposta de indicadores de gestão. .......................................................238
6. CONCLUSÕES ......................................................................................241
6.1. ASPECTOS CONCLUSIVOS.................................................................241
6.2. ANÁLISE DAS QUESTÕES FORMULADAS .........................................244
6.3. RECOMENDAÇÕES..............................................................................246
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................248
1. INTRODUÇÃO
A atividade humana no planeta tem causado impactos negativos ao meio
ambiente natural, visto por muito tempo como fonte inesgotável de recursos para
servir às necessidades humanas. A partir da Revolução Industrial, com o
crescimento da população, da produção e da ocupação da terra, estes impactos
cresceram substancialmente. A atividade produtiva é responsável por retirar da
natureza seus insumos e retornar a ela seus resíduos e efluentes, sendo uma das
atividades que mais utilizam os recursos do planeta.
A expansão dos mercados globais traz oportunidades sem precedentes para
a criação de novas riquezas. Ao mesmo tempo, há uma descrença entre muitos
pensadores e atores no cenário mundial de que estas riquezas trarão contribuição
para o decréscimo da desigualdade social. O padrão de consumo vigente nos
Estados Unidos, por exemplo, não pode ser implantado no restante do mundo, pois
demandaria três planetas para suprir a população mundial. (WACKERNAGEL &
REES, 1996).
Uma das conseqüências das transformações que marcaram a segunda
metade do século XX foi o aparecimento de crescentes dúvidas quanto ao futuro do
meio ambiente. Os grandes acidentes ambientais ocorridos entre as décadas de
1960 e 1980, como o da Baía de Minamata, no Japão, o acidente de Bhopal, na
Índia, o acidente da usina nuclear de Chernobyl, na Rússia e o vazamento de
petróleo do navio Exxon Valdez, provocaram um impressionante crescimento da
conscientização do público em geral para os problemas ambientais.
A constatação de que os recursos naturais não são inesgotáveis e podem ser
destruídos de maneira irremediável, aliada à crescente desigualdade social,
mostrando que não é mais possível continuar o processo de desenvolvimento sem
15
considerarmos as variáveis meio ambiente e sociedade, propiciou o aparecimento do
conceito de Desenvolvimento Sustentável. Este tipo de desenvolvimento deve ser
alcançado através do equilíbrio entre o crescimento econômico, o desenvolvimento
social e a conservação do meio ambiente natural.
Esse desafio deve ser transposto não só pelo setor público, mas também pelo
privado. Embora as entidades governamentais e não-governamentais sejam agentes
importantes no processo de desenvolvimento, especialmente num quadro de
globalização, é a atividade corporativa que aponta como sua força motriz. O
resultado, segundo o Global Reporting Initiative (GRI), é que não apenas as
primeiras, mas principalmente as corporações, buscam novas formas de prestação
de contas à sociedade, tanto nas nações industrializadas quanto nas economias
emergentes. (GRI, 2002) Por pressões sociais, dos consumidores e da legislação, as
empresas têm sido forçadas a buscar formas de reduzir seu impacto ambiental e,
nas últimas décadas, a se tornarem mais sustentáveis.
A análise da construção de uma nova ordem social passa pela constatação
da incapacidade do Estado – primeiro setor – de atender as demandas sociais e
ambientais, sendo suplantado em importância pelas grandes Empresas. As maiores
delas transcendem as fronteiras nacionais, tornando-se atores fundamentais no
cenário global. O ativo desses gigantes multinacionais excede o Produto Nacional
Bruto de muitos países e seu poderio ultrapassa o dos governos nacionais, afetando
não só soberanias, mas também a situação monetária mundial.
As Empresas hoje são talvez os mais importantes agentes dentro de uma
organização social, detentoras de um poder que impregna todas as facetas da vida
pública. Exercem, de certo modo, controle sobre os poderes Legislativo e Executivo
dos Governos, os meios de comunicação de massa e até mesmo o sistema
educacional e a pesquisa científica na maioria dos países. Qualquer mudança real
que venhamos a intentar tem que, necessariamente, ocorrer a partir da ação dentro
das organizações produtivas.
1.1. CONTEXTO
O conceito de desenvolvimento sustentável ainda é largamente desconhecido
entre as empresas no mundo. Entre os que conhecem o conceito, o mesmo não é
16
prontamente aceito ou mesmo entendido quanto à sua aplicação ao negócio. No
entanto, alguns líderes empresariais estão se interessando pela questão à medida
que entendem que a sustentabilidade não só não é contrária ao crescimento quanto
demanda um desenvolvimento suficiente para atender às necessidades da
população hoje não atendida. Ao mesmo tempo descobrem que as questões que
envolvem a sustentabilidade do planeta não são diversas das que envolvem a
sobrevivência do negócio, requerendo uma ação balanceada entre gerenciamento
de longo e curto prazo.
Assim sendo, as organizações produtivas vêm modificando seu entendimento
de como fazer negócios nos últimos anos, buscando introduzir o parâmetro de
sustentabilidade na concepção do seu trabalho. Em paralelo à Conferência Rio-92
um grupo de empresários formou o World Business Council for Sustainable
Development (WBCSD) com a finalidade de facilitar o diálogo com os políticos
visando a um entendimento comum para a obtenção da sustentabilidade. Em uma
década o WBCSD se tornou uma coalizão com cerca de 150 companhias
internacionais (WBCSD, 2001). Inúmeras empresas têm criado setores corporativos
para tratar a questão da sustentabilidade, publicado relatórios de responsabilidade
sócio-ambiental e incorporado a sustentabilidade em sua estratégia de comunicação
corporativa e em seu sistema de gestão. (HOCKERTS, 2003)
Desde o estabelecimento da Iniciativa Financeira do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (UNEP Finance Initiative) os investidores institucionais
e fundos de investimentos vêm ampliando seus focos de interesse para produtos e
serviços que identifiquem empresas com melhor desempenho ambiental e social,
além do desempenho econômico financeiro. A Rodada Global Anual da Iniciativa
Financeira da UNEP, em 2002, no Rio de Janeiro, reuniu 280 bancos e seguradoras
associados a essa iniciativa (ASHLEY, 2002).
Não basta mais para as organizações produtivas buscar a sobrevivência
econômica através de políticas de preço e produtividade. É necessário demonstrar
para os diversos agentes envolvidos no negócio sua preocupação com a qualidade,
não só do produto, mas também do meio ambiente e da vida, não só da atual, mas
também das futuras gerações.
17
1.2. A SITUAÇÃO PROBLEMA
Ao partirem de argumentos legais ou morais para a busca da
sustentabilidade, as empresas nem sempre conseguem enxergar as oportunidades
estratégicas de negócios que ela traz. É necessário fazer a ligação entre a
sustentabilidade da empresa e a criação de valor para os acionistas para que
possam ser identificadas as estratégias e práticas que contribuam para um mundo
mais sustentável. É o que Hart e Milstein (2004) chamam de abordagem para
criação de valor sustentável para a empresa.
O grande desafio das organizações produtivas modernas é serem
competitivas e sustentáveis ao mesmo tempo. Elas terão que estar preparadas para
trabalhar não só com eco-eficiência, mas também com sócio-eficiência e com novos
modelos de planejamento e gestão que possibilitem esta evolução.
Este desafio se apresenta ainda maior em atividades que têm impacto
comprovado no meio em que se instalam, tanto natural quanto humano, como o
setor de petróleo. A queima do produto final, combustíveis fósseis, com a liberação
de grandes quantidades de dióxido de carbono e emissões de metano para a
atmosfera, é uma das grandes vilãs no cenário de mudanças climáticas globais. A
atividade de exploração e produção traz também grandes impactos na biota, quando
operando em locais como florestas e o fundo do mar. E não podemos esquecer o
impacto social e econômico da atividade em comunidades locais e na sociedade
como um todo.
O fato de lidar com um recurso finito no longo prazo é também uma
característica do setor. Isso traz a necessidade de desenvolvimento de novas
opções energéticas para dentro das organizações do setor, com vistas à sua
manutenção no negócio em posição de liderança no longo prazo, com uma futura
alteração das matrizes energéticas. As companhias de petróleo têm se movimentado
no sentido de se transformarem em companhias de energia, incorporando
tentativamente o viés da sustentabilidade.
Segundo Bradley e Hartog (1998), o desafio fundamental do setor para atingir
o desenvolvimento sustentável é satisfazer o crescimento da demanda energética e
ao mesmo tempo proteger o meio ambiente e agir de forma socialmente e
economicamente responsável. Desta forma, a inclusão do conceito de
18
sustentabilidade no planejamento estratégico e no sistema de gestão dessas
organizações deve permear toda a sua cadeia de valores e a sua relação com todos
os agentes envolvidos em seu negócio.
O desenvolvimento de alguns modelos de criação de valor sustentável para
as empresas e ferramentas de gestão com este propósito tem sido feito visando a
possibilitar a concretização do atendimento aos desafios globais associados à
sustentabilidade global e sua demonstração, medição e relato. No entanto, ainda se
encontram sem resposta algumas questões em se tratando de organizações
produtivas, especialmente no setor de distribuição de petróleo.
1.3. QUESTÕES DA PESQUISA
As considerações acima apresentadas remetem ao problema geral da
pesquisa que, para fins de um melhor desdobramento, apresenta-se em dois
momentos:
a) Como traduzir o conceito de sustentabilidade para um ambiente de negócio
complexo, difuso e diverso como o setor de distribuição de combustíveis?
b) Como definir um conjunto de indicadores de desempenho que permita uma
visão geral e específica da sustentabilidade do negócio?
1.4. OBJETIVOS
O objetivo geral deste estudo é definir indicadores que possam ser utilizados
na implantação e acompanhamento de ações visando à sustentabilidade do negócio
em uma organização produtiva, dentro do setor de distribuição de combustíveis.
Para atingir este objetivo, estabelecemos os seguintes objetivos específicos:
1. Contextualizar o conceito de desenvolvimento sustentável ou
sustentabilidade, especialmente no âmbito empresarial.
2. Levantar, através de pesquisa bibliográfica, os principais sistemas de
indicadores atualmente utilizados no cenário internacional, principalmente
no cenário empresarial;
19
3. Examinar a visão estratégica de sustentabilidade do setor de petróleo,
especialmente da distribuição de combustíveis;
4. Levantar e analisar as ferramentas de avaliação e medição da
sustentabilidade no setor;
5. Definir o conceito e as práticas de sustentabilidade no âmbito da atividade
de distribuição de combustíveis;
6. Selecionar, dentre as ferramentas de avaliação detectadas, os indicadores
aplicáveis ao negócio de distribuição de combustíveis.
1.5. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
À medida que o desenvolvimento sustentável vem sendo adotado como a
base de políticas públicas e estratégias organizacionais, muitas organizações
públicas e privadas, especialmente as produtivas, descobrem o desafio de traduzir o
conceito na prática. A necessidade de avaliar a situação atual e alinhar metas com
um leque complexo de fatores externos, novos parceiros e partes interessadas no
negócio aumenta a urgência em se definir indicadores de desempenho aceitáveis na
questão da sustentabilidade.
A indústria de petróleo e gás, fornecedora da esmagadora maioria das fontes
energéticas atualmente em uso, reconhece sua importância no cenário global e se
propõe, através de suas organizações de classe, como a IPIECA e a API, a
responder às audiências públicas e partes interessadas no negócio através da
apresentação de indicadores de sustentabilidade, financeiros e não-financeiros, em
seus relatórios. A indústria vem utilizando os indicadores propostos por iniciativas
como o GRI, mas encontra dificuldades na adaptação dos mesmos para suas
características específicas. Segundo a IPIECA, o maior desafio da indústria do
petróleo ao montar seus relatórios de sustentabilidade é a determinação de como
selecionar, definir e medir os indicadores apropriados.
Os indicadores apresentados na maior parte dos relatórios e balanços sociais
das empresas de petróleo são afeitos à indústria como um todo, não tratando
especificamente um segmento desta indústria, como é o caso da distribuição (retail).
Os relatórios, bem como o tratamento e todo o controle interno dos indicadores de
sustentabilidade na indústria de petróleo são definidos com foco nas áreas
20
geradoras dos maiores impactos, sejam ambientais ou sociais, do negócio. Assim, a
maior atenção das empresas é voltada para a Exploração e Produção e para o
Refino.
No entanto, a Distribuição também gera impactos, em escala e proporção
diferentes dos setores citados acima, mas ainda assim importantes para a sociedade
e demais partes interessadas onde se insere, e deve trabalhar a questão da
sustentabilidade no desempenho de suas funções. É necessária a proposição de
indicadores que possam auxiliar as empresas neste caminho.
O estudo se justifica pela ausência deste tipo de proposta, quer seja na
literatura pesquisada, quer no benchmarking realizado nas indústrias do setor de
distribuição de petróleo.
1.6. DELIMITAÇÃO
Esta dissertação não pretende estabelecer um sistema de indicadores e sim
definir parâmetros que contribuirão para a construção da base de estrutura de
medição.
Reconhecemos que é necessária a definição de indicadores para todos os
processos que envolvem a distribuição de combustíveis, inclusive a sua queima.
Isso, no entanto demandaria informações não disponíveis e que não podem ser
obtidas no momento. Assim, o estudo tratará das atividades definidoras do setor de
distribuição até a entrega do combustível ao consumidor final, não trabalhando a
etapa final de queima dos mesmos.
Para efeito deste trabalho não consideraremos o consumidor final, ou seja, a
pessoa física que abastece seu veículo nos postos de serviço, como cliente direto
das distribuidoras, mas como uma das partes interessadas no negócio.
As distribuidoras examinadas vêm incorporando também, em seus postos de
abastecimento, lojas de conveniência. Esse setor tem uma dinâmica própria,
diferente do processo de distribuição de combustíveis, se aproximando mais do setor
de varejo de alimentos, e não será objeto de estudo neste trabalho.
Não serão objetos de estudo nesta dissertação os aspectos pertinentes às
dimensões culturais, geográficas, morais e espirituais dentro do conceito de
sustentabilidade apresentado.
21
1.7. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO
O segundo capítulo da dissertação trata do referencial teórico que embasa o
trabalho. Primeiro, discutiremos a evolução da crise ambiental a partir de seus
fundamentos históricos e da relação entre desenvolvimento sócio-econômico e meio
ambiente. Esse exame abrangerá não só a perspectiva ecológica, mas também a
cultural, a social e a econômica numa abordagem holística da questão. Em seguida
trataremos do conceito de sustentabilidade nas últimas décadas, especialmente
como aplicado às organizações produtivas. Em terceiro lugar, serão examinados os
conceitos de indicadores e alguns dos modelos existentes para avaliação de
sustentabilidade.
No terceiro capítulo será apresentada a metodologia utilizada para a
realização do estudo.
No quarto capítulo será feita uma apresentação da estrutura e funcionamento
da indústria de petróleo e da evolução do entendimento de sustentabilidade em seu
âmbito, através da análise de algumas empresas do setor. Procuraremos examinar a
BP, a Petrobrás, a Statoil, a Shell e a Total, os seus indicadores para a
sustentabilidade, em todas as suas dimensões e os métodos para sua avaliação e
implementação. A pesquisa foi planejada de forma a permitir a visualização da
situação atual do negócio examinado, utilizando dados públicos, e uma análise
comparativa entre os indicadores propostos por alguns sistemas estudados no
capítulo dois e os relatados pelas empresas estudadas.
Ainda nesse capítulo será desenvolvido um breve histórico da evolução do
negócio de distribuição de combustíveis, sua estrutura de funcionamento e
levantados os impactos ambientais, sociais e econômicos da atividade. Serão
apresentados os principais impactos típicos das diversas áreas de atuação de uma
companhia distribuidora de combustíveis, abrangendo todo o caminhamento dos
produtos em seus diversos segmentos, desde o recebimento do combustível em
suas bases e terminais até a venda ao consumidor final. Ao final, caracterizaremos a
empresa objeto de estudo nesta dissertação, a Petrobras Distribuidora S. A.
O capítulo cinco apresenta uma metodologia de análise e seleção dos
indicadores e a partir da aplicação da metodologia citada, a proposição de um
22
conjunto de indicadores de sustentabilidade. A proposição é fruto da aplicação da
metodologia no estudo de caso, a Petrobras Distribuidora S.A., e no resultado do
estudo comparativo efetuado no capítulo anterior.
O sexto capítulo busca discutir algumas considerações que surgiram no
decorrer do trabalho, trazendo as conclusões do estudo.
2. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE: TEORIA, MÉTODO, APLICAÇÕES.
Nas últimas décadas do século vinte e início do nosso século presenciamos
uma crescente crise mundial, multifacetada e complexa, afetando todos os aspectos
da nossa vida – a saúde e o modo de vida, a qualidade do meio ambiente e das
relações sociais, econômicas, políticas e tecnológicas. A dimensão da crise é sem
precedentes. Engloba aspectos intelectuais, morais e espirituais.
Segundo Sachs (1993), a análise da crise que atinge a atividade humana
deve ser feita a partir de cinco dimensões: social, econômica, ecológica, espacial e
cultural. Capra (2003) amplia esta análise, incluindo as dimensões morais e
espirituais.
Há uma loucura armamentista/nuclear, com os países destinando enormes
somas de dinheiro ao desenvolvimento do seu poderio militar, enquanto milhões de
pessoas morrem de fome ou estão subnutridos. Grande parte da população do
planeta não tem acesso a serviços de saúde e acesso a água potável.
Embora a degradação e a modificação ambiental sejam características da
ocupação humana no planeta nos últimos 5000 anos, foi a revolução industrial, a
partir do século 19 que veio a permitir a ocupação global do planeta pela raça
humana, sua presença na Lua e até mesmo em Marte. A predominância humana é
de tal magnitude que estamos atualmente apropriando quase 40% da produção
primária terrestre e somos o agente geoquímico predominante, com fluxos de
elementos que excedem a capacidade natural em muitos casos. A prosperidade
humana foi sempre conseguida pela ruptura da ordem natural (GLASBY, 2002).
O ecossistema global e a futura evolução da vida na Terra estão correndo
perigo e há risco de um desastre ecológico em grande escala. A tecnologia industrial
aliada à superpopulação e utilização predatória dos recursos naturais tem
contribuído para uma grave deterioração do meio ambiente natural, do qual
24
dependemos completamente para a manutenção da existência da vida humana no
planeta. Essa deterioração tem sido acompanhada por crescentes problemas de
saúde, de ordem nutricional e infecciosa no Terceiro mundo, enquanto os países
desenvolvidos sofrem com as “doenças da civilização”, doenças cardíacas, câncer e
derrame.
Existem numerosos sintomas de desintegração social, incluindo doenças
psiquiátricas, distúrbios do comportamento, principalmente entre crianças,
recrudescimento da criminalidade, acidentes e suicídios e aumento do consumo de
drogas, legais e ilegais.
Nossos principais economistas e políticos parecem confundidos por
anomalias econômicas. Inflação galopante, desemprego maciço e distribuição
absurdamente desigual da renda e da riqueza passaram a ser não mais exceções,
mas características estruturais da maioria das economias nacionais. Este cenário é
agravado pela percepção de que as fontes de energia tradicionais e os recursos
naturais estão se exaurindo rapidamente. Resumindo: o quadro é de uma tríplice
ameaça de esgotamento energético, inflação e desemprego.
No campo cultural, já não existe mais concordância dentro da elite intelectual
sobre as bases conceituais de seu trabalho. Capra atribui as fontes de nossa crise
cultural à utilização de modelos conceituais obsoletos e variáveis irrelevantes por
nossos principais pensadores (CAPRA, 2003). Um outro aspecto significativo do
atual impasse cultural é a predominância masculina.
Podemos observar degradações muito importantes, como produto ou
subproduto das relações econômicas e sociais atuais: a degradação humana e a
degradação da natureza.
A degradação humana se mostra por diversos sinais: na pobreza extrema
(absoluta) e na pauperização; no desemprego ou no subemprego; na violência, na
delinqüência e no narcotráfico; no crescente isolamento individual e na debilitação
do tecido social; na perda da solidariedade; e na grande desigualdade e
irracionalidade que representa o padrão de consumo: os países desenvolvidos
abrigam 25% da população mundial e consomem 80% do parque automotivo, 81%
do papel, 79% do aço, 86% de outros metais, 75% da energia, 86% do cobre e
alumínio e são responsáveis por 70% da emissão de CO2.
A degradação da natureza tem também alguns sintomas claros, como por
exemplo: a desproporção do efeito estufa natural do planeta; as chuvas ácidas; o
25
desmatamento, erosão e desertificação; a contaminação hídrica, atmosférica e dos
solos; a perda da diversidade biológica. (OLIVEIRA, 2002)
Todos esses sinais podem ser considerados facetas de uma única crise,
essencialmente uma crise de percepção. Continuamos tentando aplicar conceitos de
uma visão de mundo obsoleta – a visão mecanicista da ciência cartesiano-
newtoniana – a uma realidade que já não pode ser entendida em função desses
conceitos (CAPRA, 2003).
O mundo hoje é globalmente interligado, onde se entendem os fenômenos
biológicos, psicológicos, sociais e ambientais como interdependentes. Segundo
Capra (2003), a descrição inteligível desse mundo necessita de uma perspectiva
ecológica que a visão de mundo cartesiana não nos oferece.
Precisamos de um novo “paradigma” – uma nova visão de mundo, uma
mudança fundamental em nossos pensamentos, percepções e valores.
O conceito de desenvolvimento sustentável aparece como uma reação ao
reconhecimento da crise atual, a partir da década de 1970, encarnando a promessa
de uma evolução da sociedade na direção de um mundo mais eqüitativo no qual o
meio ambiente seria preservado para as gerações futuras.
A idéia de “desenvolvimento sustentável” vigente pode ser sintetizada como a
necessidade de conservação do meio ambiente, se compatibilizado as estratégias
de desenvolvimento com a sua proteção, e de uma nova maneira da sociedade
tratar seus desequilíbrios, de forma a garantir a continuidade de sua existência. A
defesa do meio ambiente passa a ser entendida como parte integrante do processo
de desenvolvimento, não só no aspecto quantitativo de crescimento econômico, mas
também no qualitativo, com atenção aos problemas sociais das gerações presentes
e futuras. Para o desenvolvimento sustentável é indispensável que haja cooperação
internacional, uma vez que os efeitos das atividades degradadoras do meio
ambiente e as questões sociais ultrapassam o âmbito nacional, pressupondo uma
nova ordem mundial.
26
2.1. HISTÓRICO DO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE
O termo “desenvolvimento sustentável” é hoje facilmente reconhecido.
Embora seu significado e suas implicações ainda sejam temas de grandes
discussões e desacordo tanto teórico quanto prático, o significado geral é
amplamente entendido. Este termo surgiu pela primeira vez após a publicação, em
1987, do relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(World Commision on Environment and Development – WCED) intitulado Nosso
Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland. A WCED define
desenvolvimento sustentável como: “O desenvolvimento que atende às
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras
atenderem às suas próprias.” (WCED, 1987).
No entanto, o enfoque que combina desenvolvimento, igualdade social e
conservação ambiental não é tão novo quanto se pode pressupor. Segundo Lumley
& Armstrong (2003), ele tem feito parte do trabalho de cientistas, filósofos,
sociólogos e economistas desde o século dezoito, tendo atingido seu máximo
impacto no pensamento vigente no século dezenove, após a “revolução intelectual”
Vitoriana. Segundo os autores, o tema está presente no trabalho de pensadores
como Adam Smith, Thomas Malthus, Richard Cantillon, Harriet Martineau, John
Stuart Mill e Charles Kingsley, entre outros.
A preocupação com as questões ambientais relacionadas com o
desenvolvimento econômico se fortaleceu na década de 1960. Os primeiros
movimentos ambientalistas surgiram nesta década, motivados pela contaminação
das águas e do ar causada pela industrialização. A publicação do livro “Silent
Spring”, por Rachel Carson em 1962 é um marco deste movimento. Segundo
Oliveira (2002), esta década é chamada de década da conscientização, sendo a
fase precursora dos cuidados com o meio ambiente.
Os acidentes ocorridos neste período, como a descoberta da contaminação
da baía de Minamata, no Japão, com mercúrio proveniente de uma planta industrial
química ajudaram a criar a consciência de que resíduos incorretamente dispostos
podiam penetrar na cadeia alimentar num processo de bioacumulação. Alguns
exemplos de atitudes tomadas com o propósito de diminuir o impacto ambiental, já
nessa época, são a descontaminação do Rio Tâmisa e a melhoria do ar em Londres.
27
No início da década seguinte, o Clube de Roma, uma associação de
cientistas políticos e empresários preocupados com as questões globais, patrocinou
um estudo que, utilizando-se de modelos matemáticos, preveniu sobre os riscos de
um crescimento econômico contínuo, baseado na utilização de recursos naturais não
renováveis. O seu relatório "The Limits to Growth" (Limites do Crescimento) foi
publicado em 1972, alertando para os problemas causados pelo desenvolvimento
econômico nesses moldes, tendo o mérito de conscientizar a sociedade para esses
problemas. (MEADOWS et al, 1972).
Este relatório foi publicado no mesmo ano em que foi realizada em
Estocolmo, Suécia, a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente, e ressaltava que a maioria dos problemas ligados ao meio ambiente
ocorria na escala global e se acelerava de forma exponencial. O relatório vai contra
a idéia da ausência de limites para exploração dos recursos naturais, contrapondo-
se claramente à concepção dominante de crescimento contínuo da sociedade
industrial. Durante a Conferência de Estocolmo, em 1972, a preocupação principal
foi a do crescimento populacional, bem como do processo de urbanização e da
tecnologia envolvida na industrialização (VAN BELLEN, 2002).
Em 1973 surge pela primeira vez o termo ecodesenvolvimento, desenvolvido
no trabalho de Ignacy Sachs e lançado por Maurice Strong. O modelo desenvolvido
por Sachs foi colocado como alternativa da concepção clássica de desenvolvimento.
Ele aborda prioritariamente a questão da educação, da participação social e da
preservação dos recursos naturais juntamente com a satisfação das necessidades
básicas humanas. Segundo Van Bellen (2002), o conceito de ecodesenvolvimento
referia-se inicialmente a algumas regiões de países subdesenvolvidos e foi um
grande avanço na percepção do problema ambiental global na medida em que se
começa a verificar a interdependência entre desenvolvimento (ou seu modelo
dominante) e meio ambiente.
Na década de 1970 a relação com o meio ambiente, vista como combate à
poluição, começou a ser regulamentada e as nações passam a aplicar o controle
ambiental, através da criação de órgãos reguladores e legislação, como o “Clean Air
Act” e o “Endangered Species Act” americanos. Os desastres ambientais ocorridos
nesta década, como o vazamento de óleo da Amoco Cadiz na costa da Bretanha e o
acidente com a planta nuclear de Three Mile Island, nos Estados Unidos, ajudaram a
convencer os legisladores e governantes da importância da regulamentação. Em
28
julho de 1970, foi criada a Agência de Proteção Ambiental americana. Além disso, foi
aprovada a inédita Lei da Água Pura, no mesmo país.
Em 1974, como resultado da reunião da Conferência das Nações Unidas
sobre Comércio e Desenvolvimento e do Programa de Meio Ambiente das Nações
Unidas, surge a “Declaração de Cocoyok”. Este documento estabelece uma nova
relação entre desenvolvimento e meio ambiente, ligando a destruição ambiental à
explosão populacional e à pobreza e imputando uma parcela de culpa nos
problemas globais aos países desenvolvidos, por seu elevado nível de consumo.
Em 1975 a Fundação Dag-Hammarskjöld aprofunda as conclusões da
“Declaração de Cocoyok”, publicando um relatório que contou com a colaboração de
48 países, juntamente com o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas e
outras 13 organizações da ONU. O relatório concentra-se na questão do poder e sua
relação com a degradação ambiental, destacando o papel de um novo
desenvolvimento baseado na mobilização das forças capazes de mudar as
estruturas dos sistemas vigentes. (VAN BELLEN, 2002)
No âmbito empresarial, surgem novas tendências gerenciais para fazer frente
às novas exigências. As empresas tradicionais incorporam preocupações com a
administração do meio ambiente e a relação com os clientes. Callenbach et al (1993)
citam que o "modelo administrativo dos interessados" foi uma dessas tendências que
fez face a pressões oriundas dos consumidores, da comunidade e de grupos de
interesse, que tomaram vulto nas décadas de 60 e 70. A empresa passa a ser vista
em relação a um amplo leque de interessados, ou seja, grupos com interesse nas
ações da organização em substituição à visão da empresa como uma entidade
isolada. (OLIVEIRA, 2002)
No Brasil, o movimento ambientalista tem seu marco inicial em 1958, com a
criação da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN). Segundo
Almeida (2002), a FBCN foi criada como reação ao desenvolvimentismo exacerbado
do governo de Juscelino Kubitscheck e tinha entre seus membros pessoas
influentes, fazendo sentir sua presença na política nacional. Na década de 70, no
auge da ditadura militar, ocorreu um movimento entre os militares e os tecnocratas
que moldavam a política desenvolvimentista nacional de organização dos países
subdesenvolvidos para enfrentar os limites ao crescimento propostos por diversos
movimentos e pensadores da época. Na Conferência de Estocolmo o Brasil
defendeu o princípio de que “a pior poluição é a miséria”, como resumiu o General
29
José Costa Cavalcanti, chefe da delegação brasileira. A posição brasileira foi
desenvolvimentista para os países do terceiro mundo, cabendo o ônus da luta contra
a poluição principalmente aos países desenvolvidos, seus principais causadores. Foi
também uma posição de soberania nacional no aproveitamento dos recursos
naturais. (ALMEIDA, 2002) Ainda nesta década começou a ser organizada a
estrutura de controle ambiental no país. Foram criadas a Secretaria Especial do
Meio Ambiente (SEMA), pelo Governo Federal e alguns órgãos ambientais
estaduais, como a Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente (FEEMA), no
Rio de Janeiro, e a Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Básico
(CETESB), em São Paulo. Porém, somente na década de 80 foi instituída uma
Política Nacional de Meio Ambiente, com a promulgação e regulamentação da Lei
6.938/81.
Na década de 80 ocorreram vários acidentes ambientais, como o vazamento
de produtos químicos tóxicos em Bhopal, na Índia, o acidente com a usina nuclear
de Chernobyl, na Rússia e o vazamento de petróleo do navio Exxon Valdez, no
Alasca. No Brasil, o movimento ambientalista sofre a perda de Chico Mendes,
assassinado por questões fundiárias no Pará. (IISD, 2002) Mas a reação da opinião
pública, traduzida em seus órgãos governamentais, demorou um pouco a ocorrer.
Em 1992, 20 anos depois da reunião de Estocolmo, uma nova conferência da
ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento é realizada no Rio de Janeiro (Rio
92). A partir daí a interligação entre desenvolvimento socioeconômico e as
transformações do meio ambiente passou a fazer parte do discurso oficial da maioria
dos países do mundo, com a adoção do conceito de desenvolvimento sustentável.
A Rio 92 concebeu e aprovou a Agenda 21 Global. Importante marco
referencial para a consolidação do conceito de desenvolvimento sustentável. Ainda
hoje o documento serve de guia para as ações de Governos e de todas as
comunidades que procuram desenvolvimento sem, com isso, destruir o meio
ambiente. Trata-se de um planejamento com ações de curto, médio e longo prazo,
que trás em seu bojo o princípio de que é possível e necessário planejar e
estabelecer um relacionamento entre as gerações atual e futura como entendido no
Relatório Brundtland.
Após a Conferência Rio-92 ocorreram várias iniciativas voltadas para o
desenvolvimento sustentável no âmbito empresarial. Internacionalmente, destacam-
se a criação de institutos como a GRI (Global Reporting Initiative), em 1997, e a
30
elaboração de normas como a Série ISO 14.000, em 1996, SA 8000, em 1998, e AA
1000, em 1999. A Série ISO 14.000 propõe diretrizes para o desenvolvimento e
implementação de princípios e sistemas de gestão ambiental, bem como sua
coordenação com outros sistemas gerenciais, a SA 8000 é um padrão de
certificação das condições de trabalho na cadeia produtiva e a AA 1000 um padrão
de prestação de contas. Alguns princípios internacionais também foram propostos
como o Pacto Global e as Metas do Milênio, em 2000.
No Brasil, foram fundados o Conselho Empresarial Brasileiro para o
Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em 1997, o Instituto Ethos em 1998 e o
Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), em 1999.
Apresentamos na Figura 1, abaixo, uma linha do tempo com os principais
eventos da história do desenvolvimento sustentável.
Figura 1 - Linha do tempo
Fonte: Total, 2003.
31
2.2. O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE: DIVERSOS ENTENDIMENTOS
No passado a sustentabilidade da sociedade humana era um pressuposto,
não uma meta. As mudanças ambientais eram lentas e permitiam respostas
adaptativas ou mudança de ambiente sem grandes pressões de tempo.
O desenvolvimento global atual, especialmente no último século, transformou
a sustentabilidade humana em meta, na medida em que as transformações tanto
ambientais quanto tecnológicas e populacionais se aceleraram a ponto de suplantar
a capacidade de resposta normal da sociedade humana.
O conceito de sustentabilidade originalmente era estreitamente associado à
qualidade ambiental. Mas posteriormente, em se tratando de um conceito tão
multifacetado, verificou-se que os elementos para a sustentabilidade são bem mais
complexos que os que formam a questão ecológica. Isto se apresenta claramente na
discussão do significado de desenvolvimento sustentável, onde podemos encontrar
inúmeros artigos e definições do conceito, elaborados pelos mais diversos autores e
organizações.
O primeiro exemplo aparece no documento World Conservation Strategy,
publicado em 1980 pela World Conservation Union, ou International Union for the
Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN). Neste documento a IUCN
define que para que o desenvolvimento seja sustentável devem-se considerar
aspectos referentes às dimensões social e ecológica, bem como fatores
econômicos, os recursos vivos e não vivos e as vantagens de curto e longo prazo de
ações alternativas. O foco do conceito, no entanto, está na integridade ambiental.
A partir daí muito tem sido escrito sobre sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável, mas ainda é difícil encontrar uma definição rigorosa para os termos.
Embora bastante difundido após a Conferência Rio-92, permanece a necessidade
de verificarmos o significado e as dimensões que abrangem o conceito aqui
discutido.
A disseminação do conceito de sustentabilidade não tem contribuído para
torná-lo mais preciso. Há uma miríade de definições, em geral baseadas em teorias
bastante diferentes, nos diversos campos da ciência e do conhecimento humanos, e
o consenso não parece visível.
Algumas definições são apresentadas nos Quadro 1 e Quadro 2, abaixo:
32
Quadro 1 - Algumas definições de Sustentabilidade
... a capacidade do sistema de manter sua produção a um nível aproximadamente igual ou
maior que sua média histórica, com uma aproximação determinada pelo nível de variabilidade
histórica.
Lyman & Herdt (1989)
...maximização dos benefícios líquidos do desenvolvimento econômico, sujeito à manutenção
da qualidade e dos serviços prestados pelos recursos naturais ao longo do tempo.
Pearce & Turner (1990)
... a relação entre os sistemas econômicos humanos dinâmicos e sistemas ecológicos
maiores, mas de mudança mais lenta, na qual (1) a vida humana pode continuar indefinidamente,
(2) os indivíduos humanos podem se desenvolver, e (3) as culturas humanas podem se
desenvolver; mas na qual os efeitos da atividade humana se mantém dentro de limites, de forma a
não destruir a diversidade, complexidade e funcionamento do sistema ecológico de suporte à vida.
Costanza et al. (1991)
A sustentabilidade dos ecossistemas naturais pode ser definida como o equilíbrio dinâmico
entre as suas demandas e sua produção, modificadas por eventos externos, tais como mudanças
climáticas e desastres naturais.
Fresco & Kroonenberg (1992)
...um estado econômico no qual as demandas das pessoas e do comércio ao meio ambiente
podem ser atendidas sem redução da capacidade do meio ambiente de prover para as futuras
gerações. Pode também ser expresso como... deixar o mundo melhor do que o encontramos, tirar
não mais do que precisamos, tentar não danificar a vida ou o meio ambiente, e se corrigir se o fizer.
Hawken, (1993)
...o estoque de capital que deixarmos para as futuras gerações, definido de forma a incluir
todos os tipos de capital, deve ser igual ou maior que o que encontramos.
The World Bank (1995)
...transformar recursos em lixo mais lentamente que a natureza consegue transformar lixo em
recursos.
Steve Goldfinger (1999)
...equilibrar o conflito básico entre as duas metas que competem entre si,ou seja, assegurar a
qualidade de vida e viver dentro dos limites da natureza.
Wackernagel (2000)
Fonte: Modificado de Bell&Morse, 2003
33
Quadro 2 - Algumas definições de Desenvolvimento Sustentável
A incerteza a respeito da definição de sustentabilidade e de desenvolvimento
sustentável não tornou o conceito menos popular. Pelo contrário, Bell e Morse
Fonte: Modificado de Wackernagel et al, 2000.
... o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias.
WCED- Relatório Bruntdland (1987)
...uma mudança nos padrões de consumo na direção de produtos ambientalmente mais
benignos, e uma mudança nos padrões de investimento no sentido de incrementar o capital
natural.
Pearce et al. (1989)
...o desenvolvimento que aumenta a qualidade da vida humana respeitando a capacidade
de carga dos ecossistemas que a suportam.
IUCN (1991)
...requer o compromisso com políticas econômicas e gerenciamento sólidos, uma
administração pública efetiva e previsível, a integração da preocupação ambiental na tomada de
decisões e progresso no sentido de governos democráticos, vistos à luz das condições
específicas de cada país, permitindo a participação de todas as partes interessadas.
ONU - Agenda 21 (1992)
...é um processo participatório que persegue e cria uma visão da comunidade que respeita
e faz uso prudente de todos os seus recursos – naturais, humanos, criados, sociais, culturais,
científicos, etc. A sustentabilidade procura assegurar, na medida do possível, que as gerações
atuais consigam um alto nível de segurança econômica e possam utilizar a democracia e a
participação popular no controle de suas comunidades, mantendo a integridade dos sistemas
ecológicos dos quais toda a vida e a produção dependem, e assumindo a responsabilidade
perante as futuras gerações de prover recursos, esperando que tenham sabedoria e inteligência
para usar o que fornecido de uma maneira apropriada.
Viederman (1994)
...atender às necessidades gêmeas de proteger o meio ambiente e diminuir a pobreza.
Friends of the Earth (1998)
Progresso social que reconhece as necessidades de todos, a proteção efetiva do meio
ambiente, o uso prudente de recursos naturais, a manutenção de níveis altos e estáveis de
crescimento econômico e emprego.
Governo do Reino Unido (1998)
...tratar a Terra como se pretendêssemos ficar.
Sir Crispin Tickell (1998)
34
(1999) argumentam que, em uma visão bastante cínica, a flexibilidade resultante da
discussão foi exatamente o que permitiu que o conceito de sustentabilidade se
tornasse tão popular entre os governantes. Em uma visão menos cínica, podemos
considerar esta flexibilidade como uma vantagem em um mundo tão diverso. As
condições de vida no planeta são tão diversas, especialmente as da vida humana,
que uma única definição poderia ser pouco prática, ou até mesmo contraproducente.
Além disso, é de se esperar uma diversidade de definições durante a fase
emergente de qualquer idéia potencialmente importante e de utilidade geral, como é
o caso de sustentabilidade, afirmam Gladwin et al (1995). Os autores colocam
sustentabilidade no mesmo patamar de democracia, liberdade, igualdade ou
segurança, sob este aspecto.
Segundo Hockerts (2003), o termo sustentável aparece nas últimas três
décadas como guia principalmente a partir de três diferentes grupos: os ecologistas,
os teóricos da estratégia gerencial e os países em desenvolvimento. Cada grupo
gerou uma conceituação diferente, variando da conservação dos recursos vivos do
primeiro grupo à implicação de que crescimento e desenvolvimento econômico
podem ser compatíveis com proteção ambiental e sustentabilidade social,
encontrada nos teóricos dos outros dois.
O desenvolvimento sustentável tem sido concebido de várias formas, como
nos diversos autores citados por Gladwin et al. (1995): expressão de uma visão
(Lee, 1993), mudança de valores (Clark, 1989), desenvolvimento moral (Rolston,
1994), reorganização social (Gore, 1992) ou processo de transformação (Viederman,
1994), todos caminhando na direção de um futuro desejado ou um mundo melhor.
Mas a idéia central de desenvolvimento sustentável está presente de maneira mais
completa na definição da WCED, no Relatório Bruntdland, como “a capacidade de
suprirmos nossas necessidades no presente sem comprometer as necessidades das
futuras gerações”. Esta definição, a mais aceita hoje, contém dois conceitos-chave: o
conceito de necessidade, referindo-se particularmente às necessidades dos países
mais subdesenvolvidos, e a idéia de limitação, imposta pelo estado da tecnologia e
de organização social para atender às necessidades do presente e do futuro.
O conceito de desenvolvimento sustentável, apesar de apresentado em um
importante texto de Brown, em 1981, só veio a se tornar realmente importante a
partir do citado Relatório Bruntdland, que chamou a atenção mundial e convenceu
35
muitos governos nos paises desenvolvidos a prestarem atenção, ainda que sem real
convicção, ao conceito.
Os dois trabalhos são considerados por Glasby (2002) como guias no
caminho da sustentabilidade, embora não ensinem como reconhecer uma sociedade
sustentável nem nos forneçam uma previsão de tempo para alcançarmos esta
condição. Além disso, os dois trabalhos não avaliam a real possibilidade de
sobrevivência da raça humana no planeta ao final da presente era inter-glacial
(Holoceno), ao final do presente Milênio ou mesmo ao final do século se não
alcançarmos um estado de sustentabilidade. O autor considera o Relatório
Bruntdland um documento político, não baseado em análise científica rigorosa.
Os principais objetivos das políticas ambientais e desenvolvimentistas que
derivam do conceito de desenvolvimento sustentável, segundo o Relatório
Bruntdland, são:
• Retomar o crescimento;
• Alterar a qualidade do desenvolvimento;
• Atender às necessidades essenciais de emprego, alimentação, energia, água
e saneamento;
• Manter um nível populacional sustentável;
• Conservar e melhorar a base de recursos;
• Reorientar a tecnologia e administrar o risco;
• Incluir o meio ambiente e a economia no processo de tomada de decisões.
(CMMAD, 1991)
Segundo Glasby (2002), estes objetivos têm uma série de inconsistências.
Por exemplo, o rápido crescimento econômico é considerado como essencial tanto
em países desenvolvidos como em desenvolvimento para que seja evitado o colapso
econômico, social e ambiental. Seria necessário um crescimento da economia de
cinco a dez vezes o que é hoje. A sugestão é que esse crescimento seja realizado
com menor intensidade de gasto energético e menos impacto. No entanto, não é
apresentado o balanço energético e de matéria necessários para viabilizar este
crescimento. Além disso, se propõe que a base de recursos seja conservada e
incrementada, embora todos os indicadores mostrem um movimento na direção
contrária. Por fim, se propõe uma estabilização da população mundial entre 8 e 14
bilhões de pessoas, rebaixando as taxas de fertilidade de modo a se manter a
36
população no nível inferior do intervalo. No entanto, a lógica que permite
compatibilizar enormes aumentos na população mundial e na atividade econômica
com desenvolvimento sustentável não parece clara a partir dos pressupostos dos
autores do Relatório Bruntdland.
Outro documento importante na discussão do conceito de desenvolvimento
sustentável é a Agenda 21, emitida na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro. Ela constrói suas premissas a partir
da resolução 44/228 da Assembléia Geral das Nações unidas de 22 de dezembro de
1989 e do reconhecimento da necessidade de uma abordagem equilibrada das
questões relativas ao meio ambiente e ao desenvolvimento.
Dentro das definições da Agenda 21, entre os grupos de interesse mais
importantes para as questões por ela tratada está o setor empresarial, considerado
uma das forças impulsoras das inovações, aumentando a eficiência do mercado e
respondendo a desafios e oportunidades. Por esse motivo, os empresários
desempenham papel relevante na utilização mais eficiente dos recursos, redução
dos riscos e perigos, minimização dos resíduos, preservação da qualidade do meio
ambiente e inclusão social da mulher e de grupos geralmente excluídos do mercado
de trabalho.
Segundo a Agenda 21, a busca do desenvolvimento sustentável requer das
empresas uma postura de respeito às questões sociais e ambientais. Elas devem
buscar adotar tecnologias mais limpas no processo de fabricação e incorporar o
conceito de desenvolvimento sustentável desde a etapa inicial do projeto do produto.
Devem também selecionar fornecedores e clientes, utilizando critérios éticos e de
respeito aos conceitos preconizados por normas e diretrizes internacionais (Direitos
Humanos, Global Compact e outras).
Não pretendemos aqui identificar a maioria das definições que tratam do
desenvolvimento sustentável, que para alguns autores chegam a 160, segundo Van
Bellen (2002), mas apenas identificar os diversos entendimentos do que seja a
própria sustentabilidade. A diferença nas definições decorre das diferentes
abordagens do conceito, dependendo do campo ideológico ou da dimensão em que
cada ator se coloca.
São encontrados na literatura referenciais básicos que variam do
antropocentrismo e tecnocentrismo, em um extremo, ao ecocentrismo, no outro. O
37
equilíbrio estaria no que Coral (2002) chama de sustencentrismo, um equilíbrio entre
os dois paradigmas anteriores.
Pearce (1999) identifica dois extremos ideológicos dentro do ambientalismo:
de um lado o tecnocentrismo e do outro o ecocentrismo. Dentro desta linha contínua
podem-se identificar diferentes graus de sustentabilidade. Em seu trabalho de 1998,
Pearce contrasta duas caracterizações de sustentabilidade: a primeira,
sustentabilidade forte (strong sustainability – SS), cujo ponto de partida são os
imperativos ecológicos, que ditam a maneira como é feita a análise econômica. A
segunda, sustentabilidade fraca (weak sustainability – WS), parte de hipóteses
econômicas e elas é que vão dar forma à maneira como as questões ecológicas e
ambientais serão tratadas. Van Bellen (2002), baseado em um trabalho anterior de
Pearce (1993), identifica quatro campos distintos: sustentabilidade muito fraca,
sustentabilidade fraca, sustentabilidade forte e sustentabilidade muito forte. No
quadro abaixo o autor mostra estas diferentes dimensões do ambientalismo.
Quadro 3 - Dimensões do ambientalismo Tecnocêntrico Ecocêntrico
Cornocupiana Adaptativa Comunalista Ecologia
profunda
Exploração de recursos, orientação pelo crescimento.
Conservacionismo de recursos, posição gerencial.
Preservacionismo de recursos
Preservacionismo profundo
Rotulo Ambiental
Economia anti-verde, livre mercado.
Economia verde, mercado verde conduzido por instrumentos de incentivos econômicos.
Economia verde profunda. Economia steady-state, regulação macro-ambiental.
Economia verde muito profunda, forte regulação para minimizar a tomada de recursos.
Tipo de economia
Objetivo econômico, maximização do crescimento econômico. Considera que o mercado livre em conjunção com o progresso técnico deve possibilitar a eliminação das restrições relativas aos limites e à escassez.
Modificação do crescimento econômico, norma do capital constante, alguma mudança de escala.
Crescimento econômico nulo, crescimento populacional nulo. Perspectiva sistêmica, saúde do todo (ecossistema), hipótese de Gaia e suas implicações.
Reduzida escala da economia e da população. Imperativa mudança de escala, interpretação literal de Gaia.
Estratégia de gestão
Direitos e interesses dos indivíduos contemporâneos, valor instrumental na natureza.
Equidade intra e inter-gerencial (pobres contemporâneos e gerações futuras), valor instrumental na natureza.
Interesse coletivo sobrepuja o interesse individual, valor primário dos ecossistemas e valor secundário para suas funções e serviços.
Bioética (direitos e interesses conferidos a todas as espécies), valor intrínseco da natureza.
Ética
Sustentabilidade Muito Fraca
Sustentabilidade Fraca
Sustentabilidade Forte Sustentabilidade Muito Forte
Grau de sustentabilidade
Fonte: Van Bellen (2002), modificado de Pearce (1993)
38
Segundo Pearce (2000), na SS não é admitida possibilidade de substituição
entre os diferentes tipos de capital (econômico, social, natural) enquanto que na WS
a depleção de um tipo de capital pode ser compensada pelo crescimento de outro,
dentro de certos limites.
O Antropocentrismo coloca o homem como ponto central na relação homem-
natureza enquanto o Ecocentrismo observa esta relação como simétrica. Os autores
que postulam o Antropocentrismo acreditam que a sustentabilidade se refere à
manutenção do capital total disponível no planeta e que esta sustentabilidade pode
ser alcançada pela substituição de capital natural pelo capital gerado pela
capacidade humana. No outro extremo, o Ecocentrismo, os autores destacam a
importância do capital natural e da necessidade de conservá-lo não apenas pelo seu
valor financeiro, mas principalmente pelo seu valor substantivo. (VAN BELLEN,
2002)
Dentro da concepção de Antropocentrismo não existem limites para o
desenvolvimento, nem obrigação em minimizar o impacto ambiental causado pela
exploração dos recursos naturais para suprir a demanda crescente de consumo da
sociedade (CORAL, 2002). Esta posição aparece nas teorias econômicas, como a
neoclássica, como discutido por Daly e Cobb (1989), e fundamenta o
Tecnocentrismo, que dissocia a teoria organizacional do meio ambiente natural. Os
defensores deste postulado acreditam que a natureza se auto-regula e é forte o
suficiente para suportar a interferência humana, além de acreditarem que os danos
causados são reversíveis.
Já os defensores do Ecocentrismo defendem a idéia oposta, de que o homem
não ocupa um ligar privilegiado na natureza, e que a mesma não está ao seu dispor.
Esta posição aparece nos movimentos ecológicos e transcendentais, e na teoria
sistêmica da nova era (GLADWIN et al., 1995).
Gladwin, Kenelly e Krause (1995) apresentam uma terceira alternativa, o
Sustencentrismo (sustaincentrism). Este paradigma coloca o homem como parte da
biosfera, tanto em termos ecológicos quanto orgânicos, mas acima desta em termos
intelectuais, buscando um equilíbrio entre os dois paradigmas anteriores.
No quadro abaixo os autores comparam os três paradigmas.
39
Quadro 4 - Paradigmas de Sustentabilidade
Pressupostos Tecnocentrismo Sustencentrismo Ecocentrismo
A - Ontológicos e Éticos 1. Metáfora do planeta Grande máquina Sistema de suporte da vida Mãe/teia da vida
2. Percepção do planeta Morta/passiva Moradia/ gerenciada Viva/sensível
3. Composição do sistema Atomística/partes Partes e todos Orgânico/todo
4. Estrutura do sistema Hierárquica Holárquica Heterárquica
5. Raça Humana e Natureza Dissociação Interdependência Associação
6. Papel da raça humana Dominação Gerenciamento Simples membro
7. Valor da natureza Antropocentrismo Inerentismo Intrinsicalismo
8. Base ética Antropocêntrico estreito Antropocêntrico amplo Planetária
9. Escala tempo/espaço Curto prazo/ perto Multi-escala Infinita
10. Lógica Egoísta-racional Visão/ network Holismo/ espiritualismo
B – Científicos e Tecnológicos 1. Resistência da natureza Resistente/robusta Variada/frágil Altamente vulnerável
2. Limites da capacidade de carga Sem limites Se aproximando do fim Já excedida
3. Tamanho da população Sem problemas Estabilização próxima Congelamento/ redução
4. Padrão de crescimento Exponencial Logística Hiperbólica
5. Severidade dos problemas Trivial Consequencial Catastrófico
6. Urgência para a solução Pequena/esperar Grande/décadas Extraordinária/já
7. Visão do risco Assumir o risco Precaução Aversão ao risco
8. Crença na tecnologia Otimismo Ceticismo Pessimismo
9. Caminho tecnológico Grande/ central Benigno/destacado Pequeno/descentralizado
10. Capital humano vs. natural Substituto integral Substituto parcial Complementares
C – Econômicos e Psicológicos 1. Objetivo primário Alocação eficiente Qualidade de vida Integridade ecológica
2. “A boa vida” Materialismo Pós-materialismo Anti-materialismo
3. Natureza humana Homo economicus Homo sapient Homo animalist
4. Estrutura econômica Mercado livre Economia verde Estado estável
5. Papel do crescimento Bom/necessário Misto/modificar Mau/eliminar
6. Mitigação da pobreza Respingo do crescimento Oportunidades iguais Redistribuição
7. Capital natural Explorar/converter Conservar/manter Aumentar/expandir
8. Taxa de desconto futuro Alta/normal Baixa/complementar Zero/ inapropriada
9. Troca Global Nacional Biorregional
10. Estrutura política Centralizada Delegado Descentralizada
Fonte: Gladwin, Kennelly e Krause, 1995
A partir de uma análise do quadro podemos inferir que o Sustencentrismo
busca integrar as diversas dimensões da sustentabilidade, propondo alterações do
modelo de desenvolvimento econômico, social e ambiental, dentro das dimensões
propostas pelo Relatório Bruntdland.
Também para Rutherford (1997) a questão deve ser examinada de todos os
pontos de vista possíveis, embora considere as áreas ambiental, econômica e social
como as principais no caso. No entanto, o autor reitera que não devemos restringir
40
estas perspectivas e metodologias aos seus domínios, mas verificar os insights
resultantes da aplicação de cada uma ao sistema como um todo.
Para Dahl (1997) o conceito de sustentabilidade deve ser trabalhado como
uma questão de equilíbrio entre as diversas dimensões, em um sistema temporal,
embora a dimensão econômica tenha sido até agora a mais desenvolvida. Para o
autor o termo desenvolvimento sustentável é inerentemente um conceito carregado
de valores, e deve ser interpretado dentro do sistema de princípios, ética, e crenças
de uma sociedade.
Considerando a sustentabilidade como um processo dinâmico, Sachs (1993)
analisa o conceito a partir de diversas perspectivas: a econômica, a social, a
ambiental, a espacial e a cultural.
Na perspectiva da dimensão social, o autor expõe a necessidade de haver
mudanças nos paradigmas existentes para que se formem sociedades eqüitativas na
geração de oportunidades e na distribuição de renda e de bens, na busca de
qualidade de vida; na econômica, deve-se buscar a alocação e gerenciamento
eficiente dos recursos e de um fluxo continuo de investimentos púbicos e privados.
Na ambiental o autor cita várias alternativas como forma de promover uma ecologia
sustentada, entre elas a necessidade de aumentar a capacidade de recursos do
planeta, através da criatividade e uso de tecnologias adequadas. Alternativas
referidas pelo autor são: minimizar os danos ao meio ambiente; usá-lo de forma
consciente, diminuindo o emprego de recursos finitos em curto prazo, buscando
outras alternativas para substituí-lo, como por exemplo, com a reciclagem; estimular
para a diminuição do consumo das pessoas; criar meios mais eficazes para a
proteção do meio ambiente, etc.
Na perspectiva da dimensão espacial, Sachs (1993) propõe diversas
iniciativas para reduzir o adensamento populacional nas grandes cidades, frear a
destruição de ecossistemas frágeis, promover o manejo sustentável para a
agricultura e exploração de florestas, pelo incentivo à industrialização
descentralizada com nova geração de tecnologias limpas e pela preservação da
biodiversidade. Finalmente, na dimensão cultural propõe que a sustentabilidade seja
alcançada pelo desenvolvimento com base nas raízes endógenas dos processos de
modernização e dos sistemas de produção integrados, e em processos que
busquem mudanças sem colisão com a continuidade cultural e que se identifiquem
41
com o conceito de eco-desenvolvimento na busca de respostas específicas para
regiões, ecossistemas e culturas.
Ampliando o conceito, Bossel (1999) afirma que a sustentabilidade em uma
sociedade humana deve abordar as dimensões material, ambiental, social,
ecológica, econômica, legal, cultural, política e psicológica e que dentro de uma
sociedade em evolução a meta de sustentabilidade se traduz em desenvolvimento
sustentável. O autor mostra os diferentes caminhos que uma sociedade pode tomar
em um gráfico com um eixo temporal versus um eixo com as dimensões citadas
acima, onde são colocadas as restrições ao desenvolvimento sustentável, algumas
negociáveis, outras fixas. O intervalo de desenvolvimento sustentável é reduzido por
estas restrições, permitindo apenas um conjunto potencial de opções que o autor
chamou de espaço de acessibilidade (accessibility space) dentro do qual ocorre o
desenvolvimento.
Figura 2 - Espaço acessível para o desenvolvimento
Fonte: Bossel, 1999
As restrições apresentadas na figura são:
• C1. As leis da natureza e as normas lógicas:
• C2. Ambiente físico
• C3. Fluxo solar e estoques de recursos materiais
• C4. Capacidade de carga
• C5. Atores sociais
população, economia, etc.
passado presente futuro tempo
Espaço acessível
rota A
rota B
42
• C6. Organizações, cultura e tecnologia.
• C7. Papel da ética e dos valores
• C8. Papel do tempo
• C9. Papel da evolução – o desenvolvimento sustentável implica em mudança
constante, evolutiva, auto-organizativa e adaptativa. Por isso, o espectro de
respostas adaptativas deve ser o maior possível, com diversidade de
processos e funções. Embora não apareça no gráfico, o espectro disponível
desta diversidade pode se constituir em uma nona restrição.
Esta análise de Bossel vai dar origem a um modelo de avaliação e medição
de sustentabilidade que será analisado em outro item deste estudo.
A visão do Banco Mundial inclui três perspectivas: econômica, sócio-cultural e
ecológica. Sua estratégia de desenvolvimento sustentável tem ênfase nas
prioridades dos paises em desenvolvimento e define três objetivos:
1. Melhorar a qualidade de vida – saúde, meio de vida e vulnerabilidade;
2. Melhorar a qualidade do crescimento – apoiando modelos
institucionais, regulatórios e políticas para o gerenciamento de
desenvolvimento sustentável, públicos e privados;
3. Proteger a qualidade dos recursos naturais regionais e globais –
tratando a mudança climática, florestas, água e biodiversidade.
Outros autores discutem as dimensões da sustentabilidade, como Hardi e
Zdan (1997), Costanza (1995) e Daly (1989). A definição destas dimensões pode ser
relacionada ao conceito de sustentabilidade de cada autor, dentro dos paradigmas
apresentados no Quadro 4 (pág. 39). Além disso, pode ser também relacionada ao
posicionamento de cada ator, seja como parte das organizações governamentais,
produtivas ou sociais. Nesse sentido, as organizações produtivas têm sua própria
maneira de entender o desenvolvimento sustentável. A maioria dos Conselhos e
Institutos pesquisados que congregam estas organizações adotam o Triple bottom
line do Relatório Bruntdland como ponto de partida para desenvolverem seu
conceito de desenvolvimento sustentável.
Holliday et al. (2002), apresentam a posição do WBCSD, segundo a qual
pessoas com uma postura ética têm a responsabilidade de se preocupar com o bem
estar tanto da sua quanto das futuras gerações. O conselho se preocupa em como
ligar esta postura ética a uma boa prática nos negócios. A ligação é tentativamente
feita através do conceito de eco-eficiência, a minimização dos recursos utilizados
43
conjugada à maximização da produção. Reconhecem, no entanto, que este conceito
não atende à totalidade das necessidades do desenvolvimento sustentável, uma vez
que não tem um lado social. O Conselho se baseia na definição do Relatório
Bruntdland para a formação do business case para a sustentabilidade, promovendo
a eco-eficiência, a inovação e a responsabilidade social. (WBCSD, 2002).
A IPIECA, em conjunto com a API (2002), apresenta sua concepção de
sustentabilidade em um diagrama, reproduzido na Figura 3, abaixo.
Figura 3 - Esquema de sustentabilidade IPIECA/API
Fonte: IPIECA / API, 2002
44
Os teóricos da estratégia nos negócios acataram o conceito de
sustentabilidade enquanto fonte de vantagens competitivas, encontradas no
posicionamento no mercado (Porter, 1980) ou na composição e exploração dos
recursos internos de uma empresa (Barney, 1991). Além destes, vários outros
autores apontam o potencial do desenvolvimento sustentável para as empresas,
apresentando-o como muito mais que meros custos com controle ambiental e
atendimento às demandas da legislação ou de outros agentes envolvidos no negócio
(HOCKERTS, 2003). Como citado pelo WBCSD (2002), empresas não podem ser
gerenciadas com base em princípios filantrópicos. Elas devem ser capazes de
demonstrar que seu compromisso e sua contribuição para o desenvolvimento
sustentável fazem sentido em termos dos negócios.
As empresas estão hoje sofrendo pressões crescentes de diversas partes
interessadas1 com demandas nos campos social, político e ético. Como resposta,
várias teorias de gerenciamento estratégico para a sustentabilidade vêm sendo
desenvolvidas. Embora na maioria das vezes sejam baseadas no já citado triple
bottom line, trazem novas visões e modos de fazer negócio. Hart (1995) retrata o
gerenciamento estratégico para a sustentabilidade como uma progressão com três
estágios: estratégias de controle de poluição, estratégias de gerenciamento de
produto e, finalmente, estratégias de desenvolvimento sustentável. As últimas
englobam as duas primeiras e, além disso, promovem um movimento das empresas
em direção aos paises em desenvolvimento. Além de tirar proveito das obvias
vantagens econômicas deste movimento para os mercados que mais crescem no
mundo, estratégias de desenvolvimento sustentável devem permitir os investimentos
que estas nações precisam para melhorar sua educação, saúde, direitos civis e
oportunidades econômicas (HART, 1995; SHRIVASTAVA, 1995).
Stead (2000) desenvolve uma teoria estratégica que chama de eco-empresa.
Propõe a formação de uma sólida fundação ética sobre a qual deve ser feito o
gerenciamento estratégico para a sustentabilidade, envolvendo não apenas os
habitantes humanos da Terra, presentes e futuros, mas também a biosfera,
hidrosfera, atmosfera e geosfera. Em seu modelo o autor utiliza os três componentes
de formulação de estratégias de negócios de Freeman (1984): análise de valores,
1 Para efeito deste estudo, ampliamos a definição utilizada pela norma NBR - ISO 14001 para partes interessadas: “Indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo desempenho ambiental de uma organização”, incorporando o desempenho social e econômico da organização à mesma.
45
análise de questões referentes à sociedade e análise das partes interessadas. Estes
autores concordam que a transparência é parte importante das estratégias de
sustentabilidade. Segundo Almeida (2002), Informar o tomador de decisão e
responder às demandas e expectativas das partes interessadas é essencial. Não
basta uma empresa se declarar eco-eficiente ou socialmente responsável. É preciso
provar que o são, através da adoção e medição de indicadores, reportados ao
público.
A partir da literatura examinada, verificamos que o caminho da
sustentabilidade envolve a sociedade como um todo, desde as organizações e
comunidades até os indivíduos. A mudança só é possível se todos estiverem
comprometidos. O desenvolvimento sustentável força a sociedade a pensar em
termos de longo prazo e reconhecer o seu lugar dentro da biosfera. A maneira como
se hoje processa a atividade humana é inadequada para preencher as necessidades
vigentes, ameaçando seriamente a perspectiva de vida das futuras gerações.
A resposta das instituições às mudanças globais pode ser descrita como, no
mínimo, relutante. As diferenças de conceituação de desenvolvimento sustentável e
de sustentabilidade são tão grandes que não existe um consenso sobre o que deve
ser sustentado e tampouco sobre o que o termo sustentar significa e,
conseqüentemente, sobre como medir a sustentabilidade.
No entanto, para a maioria dos autores anteriormente citados, sem uma
definição operacional minimamente aceita torna-se impossível traçar estratégias e
acompanhar o sentido e a direção do progresso. Segundo Van Bellen (2002), todas
as definições e ferramentas relacionadas à sustentabilidade devem considerar o fato
de que não se conhece totalmente como o sistema opera. Podem-se descobrir os
impactos ambientais e/ou sociais decorrentes de atividades, e a interação com o
bem-estar humano, com a economia e o meio ambiente como ponto de partida. Em
geral se sabe que o sistema interage entre as diferentes dimensões, mas não se
conhece especificamente o impacto destas interações.
No campo empresarial a sustentabilidade tem sido definida a partir do Triple
bottom line do Relatório Bruntdland, gerando uma visão também de longo prazo e
interação entre as diversas partes interessadas. Para fins deste estudo, utilizaremos
esta visão, traduzida na definição de Hockerts (2003): Uma empresa sustentável
atende às necessidades de todas as suas partes interessadas hoje, sem prejudicar
sua capacidade de atender às necessidades das partes interessadas futuras.
46
A complexidade e dificuldade de definição do conceito de sustentabilidade
vão servir como forte motivação no desenvolvimento de novas visões e ferramentas
que auxiliem seu melhor entendimento, dentro do objetivo deste estudo.
2.3. INDICADORES: CONCEITOS E PRINCIPAIS ASPECTOS
O termo indicador vem do latim indicare, que pode ser traduzido como
descobrir, apontar, anunciar, estimar ou valorar. (HAMMOND et al., 1995)
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(Organization for Economic Cooperation and Development), OECD, entende um
indicador como um parâmetro, ou valor derivado de parâmetros, que fornece
informações sobre o estado de um fenômeno (OECD, 1993).
O indicador ajuda a compreender onde se está, qual o caminho a ser seguido
e a que distância se está da meta estabelecida. Um bom indicador ajuda a identificar
os problemas antes que se tornem insuperáveis e auxiliam na sua solução. Para que
um indicador seja efetivo é necessário que seja relevante, refletindo o sistema que
precisa ser conhecido, fácil de ser entendido, confiável e baseado em dados
acessíveis (HART, 2005).
O indicador pode ser considerado como uma variável do sistema estudado,
relacionada com outra variável que não pode ser diretamente estudada.
(CHEVALIER et al., apud VAN BELLEN, 2002, P; 29) As variáveis são uma
representação operacional de um atributo (qualidade, característica, propriedade) de
um sistema. Os indicadores são variáveis e os dados são as reais medições ou
observações. (GALLOPÍN, 1996).
Embora os indicadores sejam apresentados na maioria das vezes em forma
de estatísticas ou gráficos, eles são distintos dos dados primários. Segundo
Hammond (1995), os indicadores e índices mais agregados estão no topo de uma
pirâmide de informação cuja base são os dados primários derivados do
monitoramento e da análise das medidas e observações (Figura 4 - Pirâmide de
Informações).
47
Figura 4 - Pirâmide de Informações
Uma variável, e, conseqüentemente, um indicador, é uma representação
abstrata de um atributo real, e quanto mais a variável se aproximar deste atributo ou
realidade mais significativa e relevante ela será dentro de um processo de tomada
de decisão.
Segundo Gallopín (1996) os indicadores mais importantes são os que
resumem ou simplificam as informações relevantes e tornam aparentes fenômenos
reais, possibilitando que se quantifiquem, se meçam e se comuniquem ações
relevantes. A característica mais importante de um indicador em relação a outras
fontes de informação é a sua relevância para a política e para o processo de tomada
de decisão Para ser representativo, um indicador tem que ser considerado
importante não só pelos tomadores de decisões, mas também pelos diversos
agentes relacionados ao processo.
2.3.1. Funções
Duas questões vêem à mente quando tocamos na questão dos objetivos dos
indicadores: quem vai utilizá-los e como.
INDICADORES
DADOS ANALISADOS
DADOS PRIMÁRIOS
INDICES
Fonte: Hammond et al., 1995.
48
Se nos colocamos em um ambiente corporativo e empresarial, a resposta
envolve os agentes tomadores de decisão, a formulação de políticas, estratégias e
planos de trabalho.
Nesse contexto, o objetivo principal dos indicadores é permitir que os
tomadores de decisão possam verificar o status atual e a tendência de evolução dos
processos antes de formularem políticas e tomarem decisões.
Segundo Moldan (1997), os usos potenciais de indicadores de
desenvolvimento sustentável incluem alertar os tomadores de decisão sobre
questões prioritárias, guiar a formulação de políticas, simplificar e melhorar a
comunicação e promover um entendimento comum de tendências-chave, tendo
como objetivo se promover ações necessárias, nacional e corporativamente.
As principais funções dos indicadores, segundo Tunstall (Tunstall apud Van
Bellen, 2002) são:
• Avaliação de condições e tendências.
• Comparação entre lugares e situações.
• Avaliação de condições e tendências em relação às metas e aos objetivos.
• Prover informações de advertência.
• Antecipar futuras condições e tendências.
2.3.2. Características
A Comissão sobre Desenvolvimento Sustentável (Commision on Sustainable
Development), CSD, da ONU considera que um bom sistema de indicadores deve
ter a capacidade de refletir as condições e os problemas específicos de um país ou
região, além de ser compatível com o quadro internacional quando possível. Um
bom conjunto de indicadores deve ser pequeno, objetivo, pragmático e flexível, de
forma a poder ser adaptado às condições específicas de cada local. (UN – CSD,
2001)
Um indicador é um instrumento que aponta para um problema ou uma
condição. Sua função é mostrar se o progresso de um sistema em direção às suas
metas é positivo. Um indicador pode também ser utilizado como ferramenta de
avaliação, verificando se um projeto de desenvolvimento leva em consideração
aspectos de Desenvolvimento Sustentável.
49
Os indicadores podem ser quantitativos ou qualitativos. A adoção de um ou
outro tipo depende principalmente do propósito do indicador, apesar de ser mais
freqüente a utilização de indicadores quantitativos. (Gallopín 1997).
Segundo Bell (2003), um indicador desejável deve ser, por exemplo:
• Específico (deve ser claramente relacionado com resultados);
• Mensurável (implicando que deve ser quantitativo);
• Utilizável (prático);
• Sensível (deve variar rapidamente com alterações de cenário);
• Disponível (a coleta de dados deve ser razoavelmente simples para sua
formação);
• Custo-efetivo (a coleta de dados não deve ser excessivamente onerosa).
A construção de indicadores a serem utilizados para a formulação de
políticas, sejam elas públicas ou corporativas, deve explicitar tanto sua métrica
quanto o modelo inerente a ela. Segundo Hammond (1995), os indicadores devem
ser definidos a partir de duas características:
• Indicadores quantificam informações de modo a tornar seu significado mais
facilmente reconhecido
• Indicadores simplificam informações sobre fenômenos complexos para
facilitar o processo de comunicação.
Outras características são consideradas pelo mesmo autor como importantes
para o sucesso de um indicador:
• Foco no usuário: Os indicadores devem ser úteis para o público a que se
destinam. Devem trazer informações relevantes para os tomadores de
decisão em um formato inteligível para eles. Ao mesmo tempo, devem refletir
as metas de uma sociedade.
• Pertinência para a política: Os indicadores devem ser pertinentes para a
política onde se inserem. Para indicadores nacionais isto significa não apenas
tecnicamente relevantes, mas também facilmente interpretáveis em termos de
tendências ambientais e metas das políticas nacionais.
• Agregação: Os indicadores podem ser formados por muitos componentes,
mas os índices finais devem ser em pequeno número, de forma a facilitar a
sua percepção. O grau de agregação depende de a quem e a que se
destinam.
50
No entendimento de Meadows (1998) um indicador deve ser:
• Claro: em que direção é melhor ou pior, com unidades inteligíveis.
• Mobilizador;
• Relevante: na formação de uma política, para todos os agentes envolvidos;
• Factível: mensurável a um custo razoável;
• Suficiente em termos de quantidade de informação;
• Oportuno: compilável num prazo razoável;
• Apropriado quanto ao nível de agregação;
• Democrático tanto no input quanto no acesso aos resultados;
• Suplementar: deve medir o que as pessoas não conseguem medir sozinhas;
• Participativo: deve utilizar informação que pode ser obtida pelos indivíduos;
• Hierárquico;
• Físico: utilizar medidas físicas, não conceituais, sempre que possível;
• Direcional: deve fornecer a informação a tempo de possibilitar ação;
• Experimental: deve ser passível de alteração.
• Provocativo: deve levar à discussão, ao aprendizado e à mudança.
Um indicador de sustentabilidade pode ser entendido como uma ferramenta
quantitativa ou qualitativa que permite a análise de mudanças ao mesmo tempo em
que mede e comunica o avanço em direção ao uso e ao gerenciamento sustentável
dos recursos econômicos, sociais e ambientais.
Meadows (1998) distingue entre indicadores “objetivos” e “subjetivos”. A
autora considera os primeiros como indicadores passíveis de medição por
instrumentos externos ao indivíduo, como termômetros, réguas, etc. Podem ser
verificados por terceiros e expressos em números. Os últimos são medidos
internamente aos indivíduos, por meios que não são facilmente explicáveis, em
unidades que provavelmente não serão números. Indicadores objetivos são
basicamente quantitativos e indicadores subjetivos são geralmente qualitativos.
Os indicadores quantitativos são mais facilmente comunicados e validados
por terceiros, mas, apesar das dificuldades de definição e medição, os indicadores
qualitativos devem ser considerados importantes quando tratamos de um tema como
sustentabilidade.
51
2.3.3. Limitações
A utilização de indicadores tem algumas limitações, discutidas por diversos
autores.
Meadows (1998) considera a seleção dos indicadores um ponto crítico para a
o comportamento de um sistema. Se um indicador é mal escolhido, medido com
imprecisão, no tempo errado, se contém “ruído” ou viés, as decisões derivadas de
sua análise não serão efetivas.
A autora apresenta alguns problemas centrais na escolha e utilização dos
indicadores. Um deles é a super-agregação, ou combinação de um número
excessivo de informações em um único índice, tornando a informação veiculada por
ele indecifrável. Cita o PIB como um exemplo clássico, agregando fluxos
econômicos referentes a mudanças positivas e negativas.
Outro problema é a mensuração do que é facilmente mensurável, ao invés do
que é importante, como a quantidade de dinheiro gasta por criança ao invés do que
foi efetivamente aprendido, ou a receita de um país ao invés da qualidade de vida. A
dependência de falsos modelos vem a seguir, levando a um entendimento ambíguo
da realidade. Como exemplo, cita o preço do petróleo, que indica não a abundância
de reservas, mas a capacidade instalada de extração. Pode também haver
falsificação deliberada dos índices que trazem notícias negativas, como os de
desemprego, através de alteração metodológica proposital. Há também a questão
relativa ao desvio da percepção pessoal, que fica obscurecida por aparentes
evidências numéricas, e a uma postura de confiança na avaliação das decisões a
partir de indicadores mal formulados ou baseados em modelos não confiáveis.
Os indicadores são incompletos, não refletindo toda a realidade, as sutilezas
e perversidades do sistema real.
2.4. SISTEMAS DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE
Existem muitas ferramentas e metodologias projetadas para medir e
comunicar o progresso em direção ao Desenvolvimento Sustentável. As mais
comumente utilizadas são indicadores e índices, sendo os últimos um conjunto de
um ou mais indicadores, com diferentes graus de agregação.
52
Segundo Meadows (1998) são necessários vários tipos de indicadores para
fornecer a informação necessária para atender aos diversos interesses da
sociedade. Alguns estão mais interessados na parte “desenvolvimento” e outros na
parte “sustentável” do termo desenvolvimento sustentável. Alguns estão
interessados em alertas para os níveis de escassez de alguns recursos naturais e
outros no bem-estar de uma determinada região ou nação. Assim, precisamos mais
de um sistema de informação que de um índice simples, um sistema sofisticado o
suficiente para gerar informações para os tomadores de decisão em diversos níveis,
com diversas intenções dentro do tema desenvolvimento sustentável.
O desenvolvimento sustentável envolve muitas questões e dimensões.
Segundo Gallopín (1997), para organizar os diferentes indicadores relevantes para
que ele ocorra é necessário algum tipo de sistema. Como citado no relatório da
UNEP com as conclusões da reunião em Ghent:
Sistemas de indicadores, organizando indicadores individuais ou conjuntos de indicadores de maneira coerente, têm muitos usos complementares. Eles podem guiar o processo geral de coleta de dados e informações. São ferramentas de comunicação úteis para os tomadores de decisão, resumindo informações chave derivadas de vários setores diferentes. Sugerem agrupamentos lógicos para conjuntos de informações relacionados, promovendo sua interpretação e integração. Eles podem ajudar a identificar questões importantes para as quais falta informação, identificando assim necessidades de coleta de dados. Por fim, sistemas de indicadores ajudam a distribuir a carga representada pelos relatórios, através da estruturação da coleta de informações e do processo de análise e montagem dos relatórios, atingindo as várias questões e áreas que fazem parte do desenvolvimento sustentável (UNEP-DPCSD, Ghent Report 1995, p6).
Diversos sistemas analíticos têm sido utilizados para identificar, desenvolver e
comunicar indicadores. Segundo Gallopín (1997), no caso específico de indicadores
ambientais vários deles têm sido propostos: o “sistema de meio” (ar, água, solo e
recursos vivos); o “sistema de metas”, usado para selecionar indicadores definidos
por parâmetros legais e administrativos; e o “sistema setorial”, que utiliza a
perspectiva de setores econômicos (transporte, indústria, agricultura, etc.) na análise
de indicadores.
Segundo Bartelmus (1994), alguns dos sistemas de indicadores mais
importantes atualmente em uso no setor de meio ambiente e desenvolvimento são.
• Sistemas de contabilidade integrada das dimensões ambiental e econômica
ou outro sistema nacional baseado em contas de controle de estoques e
53
fluxos de recursos naturais e serviços ambientais, em geral expressos em
termos monetários.
• Sistemas estatísticos ambientais, como o das Nações Unidas, o United
Nations Framework for the Development of Environmental Statistics (FDES), o
qual lista variáveis estatísticas de uma forma sistemática sem, no entanto,
estabelecer uma relação funcional ou de contabilidade entre elas. Segundo o
autor, o FDES contém “tópicos estatísticos”, ou aspectos das questões
ambientais e sócio-econômicas passiveis de descrição e análise estatística.
• Nomenclaturas ad hoc ou listas de indicadores ambientais, montadas a partir
de uma seleção de “temas”, “questões” ou “subsistemas” de modelos.
• Modelos de políticas gerais ou convenções mais limitadas, que refletem a
questão a ser monitorada, mas não tem uma formatação apropriada para
coleta de dados, como a Agenda 21.
O sistema que ganhou maior proeminência internacional, especialmente no
setor empresarial é o de Pressure-State-Response (PSR), desenvolvido pela OECD
(1993).
Na década de 1980 as Nações Unidas definiram um modelo de estatística
ambiental que apresenta um sistema de indicadores ambientais e dados subjacentes
que os torna mais acessíveis e compreensíveis, o Stress-Response Framework.
Este modelo serviu de base para a maioria dos sistemas de indicadores recentes,
destacadamente o sistema de indicadores ambientais da OECD (1994), o modelo
Pressure-State-Response (PSR), e o sistema de indicadores de desenvolvimento
sustentável das Nações Unidas (1996), entre outros.
O modelo Pressure-State-Response (PSR), como apresentado pela OECD,
considera que as atividades humanas exercem pressão (P) sobre o meio ambiente e
afetam sua qualidade e a quantidade de recursos naturais, ou seja, o estado do
meio ambiente (S). A sociedade responde a estas alterações por meio de políticas
ambientais, econômicas e setoriais, além de mudanças na consciência e no
comportamento dos indivíduos (R), formando um elo de retro-alimentação com o
primeiro elemento (P). O modelo permite a conexão entre os aspectos ambientais,
econômicos e sociais (OECD, 2001).
Os indicadores de pressão ambiental descrevem os impactos das atividades
humanas no meio ambiente. Refletem tanto de impactos diretos quanto indiretos. Os
indicadores de condições ambientais estão relacionados à qualidade do meio
54
ambiente e à qualidade e quantidade de recursos naturais, mostrando um panorama
da situação ambiental e seu desenvolvimento ao longo do tempo. Os indicadores de
resposta da sociedade mostram a extensão da resposta às questões ambientais.
Referem-se tanto a respostas individuais quanto coletivas.
O modelo é claramente baseado em um conceito de causalidade. A própria
OECD alerta para a tendência do sistema a sugerir relações lineares na interação
entre atividade humana e meio ambiente (GALLOPÍN, 1997).
Figura 5 - PSR
A ONU (1995) substituiu o conceito de Pressure (P) por Driving Forces (D),
numa tentativa de acomodar melhor a incorporação de indicadores sociais,
econômicos e institucionais, criando o modelo Driving Forces-State-Response
(DSR). O termo Driving force (D) representa um impacto no desenvolvimento
sustentável, que pode ser positivo ou negativo, diferente do que representa a
categoria Pressure (P) do modelo da OECD. Segundo Mortensen (1997), esse
aspecto é particularmente relevante quando encontramos Driving Forces que têm
impacto positivo no desenvolvimento sustentável pelo lado do desenvolvimento, mas
têm um impacto negativo pelo lado ambiental. O modelo DSR é utilizado também
PRESSÃO
DIRETA INDIRETA
ATIVIDADE HUMANA
• Energia • Transporte • Indústria • Agricultura • Outros
Produção, consumo e troca
MEIO AMBIENTE & RECURSOS NATURAIS
• Ar / Atmosfera • Água • Terra / Solo • Biodiversidade • Recursos naturais • Outros (Ex. saúde) Condição
AGENTES ECONOMICOS, AMBIENTAIS E SOCIAIS.
• Administração • Habitações • Negócios • Sub-nacionais • Nacionais • Internacionais
Poluentes e geração de resíduos
Uso de recursos
Informação
Resposta
Resposta da Sociedade – Intenções/Ações
Informação
Fonte: OECD Environmental Indicators: Towards Sustainable Development. 2001
ESTADO
RESPOSTA
55
pelo Banco Mundial em seu trabalho com indicadores de sustentabilidade (Banco
Mundial, 1995).
O modelo DSR foi alterado em 1999 a partir de avaliações e questionamento
feitos por 22 países. As questões envolvendo a sustentabilidade foram então
divididas em temas e sub-temas, a partir dos quais foi proposto um conjunto de
indicadores essenciais a serem desenvolvidos por cada país de acordo com sua
especificidade. Essa estrutura do modelo demonstrou atender melhor ao propósito
de medir e avaliar a sustentabilidade no âmbito nacional, tendo sido mais tarde
também aplicada no campo empresarial.
Algumas organizações, como a UNEP, dividem a categoria State em duas,
introduzindo a categoria Impact (I), ou efeito, criando o modelo Pressure-State-
Impact-Response (PSIR). Os impactos são vistos como as conseqüências das
mudanças no estado do meio ambiente como, por exemplo, nos ecossistemas ou na
saúde humana. A United Nations Statistics Division (UNSD) trabalha com um
sistema parecido com o da UNEP, o Framework on Indicators of Sustainable
Development (FISD), Neste sistema a categoria S é dividida em impactos e efeitos
para as condições de contexto, inventários e estoques. Mortensen (1997) considera
esta divisão um complicador para o entendimento e utilização do sistema pelos
tomadores de decisões, embora possa melhorar o entendimento dos impactos da
alteração do estado do desenvolvimento sustentável.
Quando falamos em sistemas de indicadores temos também que tratar do
relacionamento entre indicadores, ou integração, em modelos. Rutherford (1997)
apresenta três tipos de abordagem de modelos:
• Modelos de correlação: Computam coeficientes de correlação entre as
variáveis em estudo. Resumidamente, estes modelos eliminam as variáveis
com grau de correlação abaixo ou acima de um patamar. Somente lidam com
correlação linear e, embora possam nos informar sobre as ligações entre um
enorme número de variáveis, como podemos encontrar em um sistema do
tipo PSR, não nos dizem a causa das correlações.
• Modelos de entrada e saída (input-output): Utilizados em economia para
análise de produção, relacionam os fatores de entrada com os de saída,
podendo lidar com vários processos interconectados. Podem trabalhar com
fluxos físicos ou monetários. São modelos lineares e totalmente
determinísticos. Embora possam trabalhar com grandes números de variáveis
56
de diversos tipos, não conseguem analisar o processo de retro-alimentação
característico de sistemas reais, não lineares.
• Modelos de sistemas complexos: Baseados em equações que refletem as
relações conhecidas entre as variáveis Podem ser completamente não
lineares, permitir retro-alimentação, e demonstrar toda a gama de fenômenos
como estruturas auto-organizadoras, estados múltiplos quase estáveis
(attractors), mudanças bruscas de um estado a outro (flips), etc. Embora
imperfeitos, por ser quase impossível incluir todas as variáveis envolvidas na
sustentabilidade em um modelo, podem nos ajudar a entender o processo de
previsão. Nestes modelos há um elemento de imprevisibilidade associado a
pequenos erros nas condições iniciais (efeito borboleta) e à existência de
pontos de quase equilíbrio múltiplos (multiple attractors).
Bell (2003) apresenta uma outra abordagem, com a utilização de lógica difusa
(fuzzy). Segundo o autor, a utilização da lógica fuzzy permite criar uma conexão
entre as expectativas humanas e a natureza numérica dos indicadores. Pode ser
uma maneira de combinarmos informação quantitativa e qualitativa em
desenvolvimento sustentável.
Sistemas de indicadores podem ser vistos como modelos de funcionamento
do mundo. Modelos simples são úteis para questões simples e para monitoramento
de progresso em direção à sua solução. Segundo Rutherford (1997), sua utilidade é
limitada quando se trata da previsão de problemas ou do desenho de um futuro
sustentável. Para isso devemos trabalhar com o desenvolvimento de modelos
complexos.
A forma de entendimento da sustentabilidade determina o tipo de medição a
ser feita, e consequentemente os indicadores. Segundo Pearce (1999), a postura de
sustentabilidade forte (strong sustainability – SS) tende a ter indicadores com foco
ambiental, complementado por medições de sustentabilidade fraca, ao passo que a
postura de sustentabilidade fraca (weak sustainability – WS) tende a focalizar em
ativos em geral, sem nenhum destaque para o capital natural. Abordamos alguns
sistemas de indicadores mais conhecidos apresentados a partir das dimensões da
sustentabilidade onde têm seu ponto de partida, ou ponto focal.
57
2.4.1. Dimensão Econômica
2.4.1.1. WBCSD/CEBDS
O World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) é uma
coalizão de 185 grupos multinacionais, que faturam anualmente US$ 6 trilhões e
geram 11 milhões de empregos diretos, unidas por um compromisso comum com o
desenvolvimento sustentável, através dos três pilares do crescimento econômico,
equilíbrio ecológico e progresso social. Seus membros pertencem aos 20 maiores
setores industriais e 35 paises.
O WBCSD conta com uma rede global de mais de 50 conselhos nacionais e
regionais, além de organizações parceiras, envolvendo aproximadamente 1.000
lideres empresariais que estão trabalhando para disseminar uma nova maneira de
fazer negócios ao redor do mundo. No Brasil o WBCSD é representado pelo
CEBDS, que conta com 50 associados os quais respondem por mais de 30% do PIB
nacional e atuam nas mais variadas atividades – capital financeiro, energia,
transporte, siderurgia, metalurgia, construção civil, bens de consumo em geral e
prestação de serviços.
Tem como objetivos e estratégia:
• Liderança nos negócios: representar de maneira pró-ativa a visão das
empresas em assuntos relacionados ao desenvolvimento sustentável.
• Desenvolvimento de políticas: participar no desenvolvimento de políticas de
desenvolvimento que possibilitem a criação de um modelo que contribua
efetivamente com o desenvolvimento sustentável.
• Melhores práticas: disseminar melhores práticas, demonstrando a
contribuição das empresas para o desenvolvimento sustentável,
especialmente gerenciamento de recursos e responsabilidade social
corporativa.
• Alcance global: contribuir para um futuro sustentável para as nações em
desenvolvimento ou em transição.
O WBCSD propõe indicadores para medir a Eco-eficiência das empresas e
serem utilizados em relatórios para comunicar às partes interessadas o progresso de
suas realizações econômicas e ambientais.
58
Os indicadores de Eco-eficiência propostos pelo WBCSD são baseados em
princípios que visam assegurar a sua comprovação científica, relevância ambiental,
precisão e aplicabilidade para monitorar e avaliar a melhoria do desempenho dos
negócios, com medidas transparentes e verificáveis e, portanto, importantes para o
gerenciamento do negócio assim como para as partes interessadas externas
(WBSCD, 2003).
As empresas podem escolher medir o seu desempenho em relação a Eco-
eficiência por diversas razões: rastrear e monitorar o progresso do seu desempenho
econômico e ambiental, identificar e priorizar oportunidades para melhorias,
identificar redução de custos e outros benefícios relacionados com Eco-eficiência,
identificar e demonstrar limitações em certas áreas da empresa e atender a
expectativa de certas partes interessadas (Cardoso, 2004).
A matriz de indicadores proposta pelo WBCSD foi testada em 22 empresas de
mais de 10 setores industriais em 15 países. É flexível e permite identificar, medir e
reportar indicadores de Eco-eficiência. Para tanto propõe duas categorias de
indicadores:
a) Gerais, que podem, a princípio, ser utilizados em todo tipo de empresas,
refletem questões de interesse global ou para as empresas, e os métodos de medida
são estabelecidos e aceitos globalmente;
b) Específicos, selecionados para cada tipo de organização, refletem
questões de interesse local ou setorial.
Os indicadores dos dois grupos são baseados na fórmula da Eco-eficiência,
trazendo as duas dimensões, econômica e ecológica, para relatar o valor de
produtos e serviços que causam impactos ambientais.
O WBCSD propõe uma matriz contendo três níveis de organização para as
informações relativas à Eco-eficiência: categoria, aspecto e indicador. Esta matriz
utiliza a mesma terminologia da norma ISO 14031 e da matriz do GRI. O quadro
abaixo lista as três categorias identificadas pelo WBCSD e os principais aspectos
associados a cada uma delas, que descrevem o que deve ser medido pelo
indicador. Para cada aspecto podem ser atribuídos vários indicadores (WBSCD,
2003).
59
Tabela 1 - Matriz de indicadores proposta pelo WBSCD
CATEGORIA ASPECTO INDICADOR
Valor do produto/serviço Massa ou volume, monetário, função.
Influência no meio ambiente da produção do produto/serviço
Consumo de energia, materiais e de recursos naturais; efluentes, emissões e resíduos sólidos; emissões durante o uso e disposição.
Influência no meio ambiente do produto/serviço
Característica do produto/serviço; resíduo de embalagem; consumo de energia; emissões durante o uso e disposição.
Apresenta uma lista geral e exemplos de indicadores setoriais para cada categoria.
Fonte: Cardoso, 2004
2.4.1.2. SEEA
A partir da demanda de diversas organizações ambientais, a Divisão
Estatística das Nações Unidas (United Nations Statistics Division - UNSD)
desenvolveu um sistema de contabilidade que incorpora a dimensão ambiental ao
tradicional Sistema de Contabilidade Nacional (System of National Accounts - SNA).
O sistema foi testado em estudos de caso no México, Papua Nova Guiné,
Tailândia, República da Coréia e Japão. De acordo com estes estudos, a
contabilidade ambiental não é só possível, mas pode também fornecer uma base de
informações valiosas para o desenvolvimento do planejamento e de políticas.
Projetos em outros países estão sendo realizados com assistência da UNSD, como
Colômbia, Indonésia e Filipinas.
O sistema proposto, System of integrated Environmental And Economic
Accounting (SEEA), incorpora a consideração dos custos da degradação dos
recursos naturais e as alterações na qualidade ambiental a indicadores de
crescimento tradicionais, como o PIB ou o Net Domestic Product (NDP), criando um
indicador ajustado ambientalmente, o Environmentally adjusted Domestic Product
(EDP).
O SEEA se propõe a cobrir as deficiências dos sistemas de contas nacionais
convencionais. Segundo Bartelmus (2002) os objetivos principais das diferentes
versões do SEEA são:
a) Segregação e elaboração dos fluxos e estoques relacionados ao meio
ambiente da contabilidade tradicional
b) Ligação das contas de recursos físicos com as contas ambientais monetárias
e balancetes.
60
c) Levantamento dos custos e benefícios ambientais.
d) Contabilidade para a manutenção da riqueza tangível (capital natural).
e) Elaboração e medição de indicadores de produto e renda ajustados
ambientalmente.
As três versões do SEEA tratam a depreciação dos recursos naturais como
custo, introduzindo na contabilidade os conceitos de “valor de mercado imputado”,
“valoração da manutenção” e “valoração da contingência”, alternativamente. As duas
primeiras tornaram-se mais utilizadas na definição de indicadores, sendo a terceira,
baseada em valoração de contingências destinada mais ao campo da pesquisa.
A contabilidade integrada, segundo Bartelmus (2002), pode ser utilizada
especificamente para avaliar dois aspectos principais da política econômica:
a) A sustentabilidade do crescimento econômico e
b) A distorção estrutural da economia por padrões de produção e consumo
ambientalmente insustentáveis.
Os indicadores convencionais da renda ou produto nacional, tipicamente
utilizados na medição e análise do desempenho e do crescimento econômico, não
conseguem avaliar estes aspectos. A introdução do EDP ou indicadores agregados
similares pode ser vantajosa neste sentido. A substituição dos indicadores de
crescimento convencionais, especialmente o PIB e o NDP, pelo EDP e a expansão
do escopo das variáveis fundamentais como capital em modelos de crescimento
dinâmicos poderiam suprir avisos de alerta sobre as tendências e os limites de
crescimento econômico sustentável, mesmo levando-se em conta que uma análise
mais completa da sustentabilidade da produção e do crescimento deve considerar
também outros fatores de produção, ou seja, capital humano e social, bem como os
efeitos do progresso tecnológico, substituição de bens e serviços e desastres
naturais. (BARTELMUS, 2002).
2.4.1.3. IPIECA/API
A International Petroleum Industry Environmental Conservation Association
(IPIECA), fundada em 1974, em seguida ao estabelecimento do Programa Ambiental
das Nações Unidas (UNEP), congrega companhias de petróleo e gás de várias
partes do mundo. A IPIECA é um dos principais canais de comunicação entre a
61
indústria do petróleo e as Nações Unidas. Ela representa as indústrias de petróleo e
gás em assuntos envolvendo o meio ambiente e questões sociais.
O American Petroleum Institute é a principal associação comercial dos
Estados Unidos no segmento de petróleo e gás.
Em um esforço conjunto, as duas entidades publicaram em 2005 um guia
para o Relatório Voluntário de Sustentabilidade da Indústria de Petróleo e Gás, com
a intenção de auxiliar as empresas do setor a medir e relatar seu desempenho
ambiental, social, econômico e na área de saúde e segurança.
O guia define uma proposta de indicadores diretamente ligados à indústria do
petróleo e gás, tanto internamente, em seu processo quanto externamente, na sua
relação com as partes interessadas do negócio. Os indicadores foram definidos a
partir do conceito de “triple bottom line”, utilizando as dimensões ambiental, social e
econômica. O conceito foi apresentado na Figura 3, no item 2.2.
Os indicadores de desempenho apresentados na publicação têm a intenção
de atender a companhias de petróleo e gás instaladas em qualquer lugar do mundo.
São organizados em duas categorias, essenciais e adicionais, diferenciando
indicadores que são comumente adotados transversalmente no setor dos que não
têm aplicação geral ou podem não estar suficientemente bem definidos para
utilização comum. A definição de “Essencial” e “Adicional” difere da do GRI, sendo
específica para o documento.
São tipicamente indicadores essenciais:
• Aqueles considerados relevantes para a quase totalidade das companhias do
setor;
• Os inerentes às atividades da indústria (por exemplo, upstream e
downstream);
• Os que são de interesse de um grande número de partes interessadas locais
e globais;
• Os ligados de forma geral a aspectos ou questões de significado global;
• Aqueles considerados suficientemente maduros em termos de uso
consistente e reprodutibilidade por todos envolvidos na indústria de petróleo e
gás.
Desta forma, os indicadores essenciais foram definidos de maneira a permitir
relatórios consistentes ou agregação global. Sua utilização agrega valor na medida
62
em que promove relatórios de desempenho consistentes, encoraja a troca de
melhores praticas e permite às organizações e associações do setor a elaboração
de cenários do desempenho do setor.
Os indicadores adicionais podem ser também de grande importância para as
companhias, a mesma ou até maior que os essenciais em contextos específicos de
localização, atividade ou parte interessada.
São tipicamente indicadores adicionais:
• Aqueles considerados relevantes pela companhia ou suas partes
interessadas;
• Os associados com apenas uma das atividades da indústria;
• Os que refletem a legislação ou regulamentação local;
• Aqueles relacionados de maneira geral a questões de significado local ou
regional;
• Os em evolução ou em desenvolvimento.
É considerada pelas entidades importante a implantação tanto de indicadores
essenciais quanto adicionais, uma vez que informações de contexto local, dados
desagregados ou informações adicionais fornecidas pelas empresas em seus
relatórios de sustentabilidade vão trazer significado real ao mesmo.
Os indicadores deste conjunto podem ser definidos como quantitativos ou
qualitativos, de acordo com o processo ou questão que visa avaliar. Não
especificam grau de agregação das informações, deixando a cargo de cada
empresa essa definição, e sugerem indicadores absolutos, de volume ou valor
financeiro e relativos, ou seja, a quantidade absoluta em relação a alguma outra
medida, como produção ou entrada.
Os autores dividem os indicadores em quatro conjuntos, atendendo ao
conceito do “triple bottom line”, com os indicadores de desempenho ambiental, social
e econômico, e separam os de saúde e segurança relativos à força de trabalho e ao
produto. A justificativa apresentada para essa divisão é o reconhecimento do caráter
potencialmente perigoso dos processos e produtos da indústria (IPIECA/API, 2005).
63
2.4.1.4. Banco Mundial
O Banco Mundial percebe o desenvolvimento ambientalmente sustentável sob
três perspectivas: econômica, sócio-cultural e ecológica. A entidade desenvolveu um
sistema fundamentado na idéia de que a sustentabilidade é medida por uma riqueza
per capita não decrescente.
Na publicação Monitoring Environmental Progress, de 1995 o Banco
apresenta uma série de indicadores que se propõem a ajudar a responder a uma
série de questões consideradas fundamentais:
• Perda de área de florestas;
• Perda de biodiversidade;
• Poluição do ar e da água;
• Eficiência no usos de recursos;
• Papel das taxas e subsídios;
• Aquecimento global;
• Recursos naturais enquanto ativos;
• Riqueza das nações;
• Empobrecimento.
O ponto de partida para a definição do modelo de indicadores do WB, o MEP,
foi o trabalho da OECD. Foram utilizados seus critérios, como relevância,
consistência e facilidade de medição para a criação de um conjunto de indicadores
dentro do modelo DSR, apresentado no item 2.4.3.2. Na publicação citada o Banco
monta uma matriz com indicadores nas quatro dimensões do modelo, ambiental,
social, econômica e institucional, ligadas aos quesitos da agenda 21, de forma a ter
ferramentas para avaliação das questões apontadas acima. São agrupados de
forma hierárquica, por questão, ao longo de uma linha temporal, de curto, médio e
longo prazo.
Na proposta do WB os indicadores sócio-econômicos são inseridos no
modelo da OECD para o meio ambiente, ao invés de se tentar inserir os de meio
ambiente a matrizes sócio-econômicas, como é feito pelo SEEA no SNA.
O MEP amplia o conceito de contabilidade ambiental incorporando ao balanço
os recursos humanos (investimentos em educação, treinamento, saúde) e infra-
estrutura social (associações). Apesar de suas limitações (dificuldade de avaliação e
64
confiabilidade de dados), este sistema traz algumas importantes informações aos
tomadores de decisão. A produção de bens, vista como principal determinante de
riqueza em vários países, expressa efetivamente apenas um quinto da riqueza real
na maioria dos países, pobres ou ricos. A análise de riqueza considera que o mix de
bens possa mudar com o tempo, embora algumas fronteiras críticas devam ser
respeitadas dentro de cada categoria e separadamente.
Este mix é influenciado pelo fluxo de receitas, produção e despesas. O MEP
enfatiza que o meio para se criar riqueza é o fluxo de poupança verdadeiro,
calculado a partir do resultado da produção ou receita menos o consumo, a
depreciação dos bens de manufatura e a redução de recursos naturais (VAN
BELLEN, 2002).
Na segunda edição do MEP as medidas foram refinadas tendo como base o
conceito de riqueza como a soma de quatro componentes ou quatro tipos de capital:
produzido, natural, humano e social.
2.4.1.5. Balaton Group/Meadows/ Triangulo De Daly
Situa a economia humana dentro de uma hierarquia, começando com uma
fundação de recursos naturais e tendo no topo os propósitos finais. A hierarquia é
representada por um triangulo construído com meios e fins para as atividades e
interações humanas.
Na base do triangulo estão os Meios Finais, definidos como meios que
suportam toda a vida e as transações econômicas, ou seja, o Capital Natural. Acima
destes, estão colocados os Meios Intermediários, ferramentas, máquinas, trabalho e
energia. É o Capital Humano e Construído. São os meios que definem a capacidade
produtiva ou os inputs da economia. Em seguida temos os Fins Intermediários, bens,
serviços e condições de vida necessárias e desejáveis para a sobrevivência, mas
não especificamente para o bem estar humano. São os outputs da economia, o
Capital Social. No topo da pirâmide estão os Fins Derradeiros, condições desejáveis
por si próprias, que traduzem o bem-estar. Daly chamou estes fins de “summum
bonum”, no singular.
65
Figura 6 - Triangulo de Daly
Dentro deste modelo, os indicadores de sustentabilidade são derivados de
cada nível da pirâmide, além de refletirem as conexões entre um nível e outro. As
três medidas agregadas básicas de desenvolvimento sustentável são: as
suficiências com as quais os Fins Derradeiros são entendidos por todos, a eficiência
com a qual os Meios Finais são traduzidos em Fins Derradeiros, e a sustentabilidade
do uso dos Meios Finais.
Os indicadores de sustentabilidade do uso do Capital Natural mostram a
direção e taxa de alteração de recursos e sumidouros. Podem ser expressos como a
razão entre taxa de uso e taxa de recomposição, com 1,0 sendo o ponto de
sustentabilidade, ou o tempo de esgotamento dos recursos ou sumidouros. O Capital
Natural deve ser monitorado em um nível geográfico adequado. Para o Capital
Construído, os indicadores são montados em termos de capacidade de produção e
necessidade de insumos. Neste caso, a sustentabilidade significa investir na mesma
velocidade da depreciação do capital ou capacidade produtiva. Numa análise
MEIOS INTERMEDIÁRIOS Trabalho, ferramentas, fábricas, matéria prima processada
Capital construído & humano:
MEIOS FINAIS Capital natural: Energia solar, biosfera, elementos da terra, ciclos bio-geo-físicos
FINS INTERMEDIÁRIOS Saúde, riqueza, lazer,
mobilidade, conhecimento, comunicação, bens de consumo
Capital humano & social:
FINS DERRADEIROS
Bem-estar: Felicidade Harmonia, identidade, respeito próprio, realização própria, comunidade, transcendência, iluminação
Fonte: Meadows, 1998
66
vertical, significa manter as necessidades de insumos do Capital Construído
compatíveis com a capacidade de retirada e absorção do Capital Natural e manter
as necessidades de mão de obra a gestão apropriadas para a sustentabilidade do
uso do Capital Humano. O modelo propõe indicadores para o Capital Humano
baseados em tempo despendido para as diversas atividades humanas, indexado por
gênero, idade e grupo de renda ou classe social.
Os indicadores mais difíceis de definir neste modelo são para o Capital Social.
São qualitativos e, algumas vezes, intangíveis. São sugeridos indicadores que
medem a depreciação ou o mau funcionamento de algum aspecto, como
criminalidade. O fluxo de informação é fundamental quando tratamos deste tipo de
Capital, tanto quantitativo quanto qualitativo. Devem ser medidos não só os
estoques e fluxos de megabytes, mas também estabelecida a diferença entre dado,
informação, conhecimento e sabedoria. Devem ser também medidas a densidade e
intensidade das relações humanas. E o mais complicado de todos, indicadores para
medir o poder. O Capital Humano pode ser um fator transformador fundamental no
processo de transformação de Meios Finais em Fins Derradeiros.
O modelo considera os indicadores de Bem-Estar, no topo da pirâmide, os
mais importantes de todos, sem os quais os outros não fazem sentido. São ainda
mais intangíveis que os citados no parágrafo anterior, não são numéricos ou
precisos, mas considerados fundamentais e passíveis de identificação e utilização.
Propõe medir não as necessidades humanas, como identidade, liberdade, afeição,
etc., mas os mecanismos de satisfação destas necessidades, que variam de cultura
para cultura.
Uma contabilidade integrada dos estoques e fluxos de todos os níveis da
pirâmide pode fornecer a base de informação para a produção dos indicadores de
sustentabilidade.
2.4.1.6. ISEW – GPI
Em 1995, Cobb, Halstead e Rowe desenvolveram um índice, o Genuine
Progress Indicator (GPI) que tem a intenção de medir a realidade econômica
ajustando-a de forma a refletir a evolução da qualidade de vida econômica ao longo
do tempo. Este índice é uma modificação do Index of Sustainable Economic Welfare
(ISEW), do mesmo Cobb.
67
O GPI utiliza os mesmos dados de consumo per capita nacionais que o PIB,
ajustados para refletir a distribuição de renda, como sua base, adicionando e
retirando categorias de gastos considerados importantes para o crescimento ou
retração do bem estar de uma nação. São incluídos:
• O valor do tempo gasto no trabalho caseiro, cuidado com as crianças, e
trabalho voluntário;
• O valor de bens de consumo duráveis;
• O valor gasto na manutenção de estradas e ruas.
São retirados:
• Despesas com custo social;
• Despesas defensivas, definidas como o gasto com a manutenção do nível de
qualidade de vida;
• Depreciação do capital natural e danos de longo prazo aos recursos naturais.
O resultado final do cálculo após estes ajustes é substancialmente diferente
do PIB, como podemos verificar no gráfico preparado por Cobb e Venetoulis (2004):
Figura 7 - PIB x IPG
Fonte: COBB, Cliff e VENETOULIS, Jason. (2004)
Bartelmus (2002) discute o sistema de indicadores, considerando
problemática a seleção, mensuração e valoração de danos x benefícios, e a
controversa dedução de despesas defensivas, notadamente as destinadas à
68
proteção ambiental. É discutível até que ponto tais despesas realmente aumentam o
bem estar. Além disso, ele avalia que a utilização de indicadores como consumo,
poupança e investimento, é inconsistente com a definição de contas nacionais,
tornando o índice de difícil interpretação.
2.4.1.7. O Dashboard of Sustainability
O Dashboard of Sustainability é uma ferramenta eletrônica on line que pode
ser utilizada por especialistas, pela mídia, por tomadores de decisão e pelo público
em geral.
Ele utiliza a imagem de um painel de instrumentos, apresentando quatro
mostradores que representam a performance econômica, ambiental, social e
institucional.
Conceitualmente, o Dashboard of Sustainability é um índice agregado de
vários indicadores dentro de cada um dos mostradores citados anteriormente; a
partir do cálculo destes índices deve-se obter o resultado final de cada mostrador.
Uma função adicional calcula a média destes mostradores para que se possa chegar
a um índice de sustentabilidade global ou Sustainable Development Index, SDI. Se o
objetivo é avaliar o processo decisório, um índice de performance política, Policy
Performance Index, PPI, é calculado.
Cada mostrador é um agregado de vários indicadores (taxa de emprego,
cobertura florestal e nível de alfabetização, por exemplo). A cor do indicador indica o
desempenho: tons de verde indicam as condições mais positivas ou sustentáveis;
amarelo é neutro; vermelho é uma advertência urgente de insustentabilidade em
uma determinada área. O efeito produzido é o de um painel de fácil interpretação da
evolução do desenvolvimento sustentável de um país e sua compararação com
outros países.
Abaixo, um exemplo de Dashboard of Sustainability para três países.
69
Figura 8 - Dashboard of Sustainability
Fonte: Site IISD, 2005
O banco de dados inicial do dashboard foi o sistema de indicadores
essenciais da ONU/CSD, incluindo 60 indicadores de 230 países. Os dados são
compilados a partir de bancos de dados internacionais, como o banco de dados
interno do Banco Mundial, o SIMA, o World Bank’s World Development Indicators; os
relatórios do World Report, o conjunto de dados da divisão de estatística da ONU;
banco de dados da OECD; conjuntos de dados organizações específicas da ONU,
como WHO, FAO, IAEA, etc. Os dados foram validados através de ferramentas
estatísticas e por três países que testaram os indicadores da ONU/CSD ( Finlândia,
Filipinas e África do Sul).
A ferramenta conta com diversos modos de apresentação e funções de
internet, permitindo a visualização dos dados em diversos formatos, análises,
mapas, imagens e outros recursos.
O Dashboard of Sustainability foi construído a partir de uma visão holística
com uma abordagem relacionada à teoria dos sistemas, onde são considerados não
só, o sistema humano e o circundante ecossistema, mas a economia e as
instituições sociais entendidas como sistemas separados.
70
A importância da ferramenta, como estratégia efetiva de comunicação, é
destacada pelos seus autores. Uma vez que a metodologia é de fácil aplicação e
entendimento, ela pode se transformar numa ferramenta para avaliação de
diferentes alternativas de desenvolvimento. Uma das principais vantagens desta
ferramenta, segundo seus autores, é a possibilidade e a necessidade de pensar o
sistema como um todo. Um ponto realmente positivo é o fato de a ferramenta
apresentar visualmente os valores subjacentes da avaliação. Isto decorre da
possibilidade de se observar individualmente a performance de cada um dos
indicadores de um determinado mostrador, que são representados pelas cunhas do
painel, ao mesmo tempo em que os anéis internos revelam medidas agregadas que
fornecem uma visão mais geral da dimensão.
Trata-se de uma ferramenta fundamental de comunicação, que pode servir
como importante guia para os tomadores de decisão e para o público em geral. O
sistema emprega meios visuais de apresentação para mostrar as dimensões
primárias da sustentabilidade, fornecendo informações quantitativas e qualitativas
sobre o progresso em direção à sustentabilidade. O sistema permite a apresentação
de relações complexas num formato altamente comunicativo, as informações são
“palatáveis” tanto para os especialistas de uma área, que só têm que lidar com a
interação dos índices, como para o público mais leigo. Este público pode ter uma
avaliação rápida através do sistema dos pontos fortes e fracos de seu
desenvolvimento (VAN BELLEN, 2002)
O Dashboard of Sustainability é reconhecido oficialmente pelas Nações
Unidas, pelo Eurostat (the Statistical Office of the European Communities), que vai
utilizá-lo internamente para os Indicadores Estruturais da Comissão Européia, ou
seja, o sistema de indicadores que será utilizado para a política interna da União
Européia e pelos Governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.
2.4.1.8. O Barometer of Sustainability
O Barometer of Sustainability é uma ferramenta para medir e comunicar o
bem-estar e progresso de uma sociedade em direção à sustentabilidade. Fornece
um modo sistemático de organizar e combinar indicadores de forma que seus
usuários podem esboçar conclusões sobre as condições das pessoas e do
ecossistema e os efeitos das interações de pessoas-ecossistema. Apresenta essas
71
conclusões visualmente, permitindo um panorama do bem-estar humano e do
ecossistema (PRESCOTT-ALLEN, 1997).
O Barometer of Sustainability é uma ferramenta para a combinação de
indicadores e mostra seus resultados por meio de índices. Estes índices são
apresentados através de uma representação gráfica, procurando facilitar a
compreensão e dar um quadro geral do estado do meio ambiente e da sociedade.
Esta representação pode apresentar a dimensão principal de cada índice para
realçar aspectos de performance que mereçam mais atenção, sendo adequada
também para comparações entre diferentes avaliações.
O autor da ferramenta afirma que o Barometer of Sustainability é a única
escala de performance projetada para medir o estado do meio ambiente e da
sociedade juntos, sem privilegiar nenhum dos eixos e, segundo ele, existem três
elementos que são considerados fundamentais dentro do sistema (PRESCOTT-
ALLEN, 2001, 1999):
1. Igualdade de tratamento entre as pessoas e os ecossistemas: a ferramenta
de avaliação possui dois eixos que englobam estes dois aspectos e estes eixos
asseguram que um aumento da qualidade ambiental não mascare um declínio do
bem-estar da sociedade ou vice-versa. Reflete-se, desta maneira, a preocupação
conjunta com o bem-estar do meio ambiente e com a sociedade em geral, evitando-
se distorções e aumentando a transparência na apresentação dos resultados. A
interseção entre estes dois pontos fornece uma medida do grau de sustentabilidade
da comunidade estudada. Um baixo escore dentro de um eixo impede um alto
escore na escala geral da sustentabilidade.
2. Escala de cinco setores: a escala é dividida em cinco setores. Os usuários
podem controlar a escala pela definição dos pontos extremos de cada setor. Esta
característica fornece aos usuários um grau de flexibilidade na medida em que, em
outras escalas, quase sempre somente o ponto final é definido. Definir os setores
dentro da escala envolve uma série de julgamentos, que se iniciam com a definição
do que seja desenvolvimento sustentável, qualidade ambiental, qualidade humana e
prosseguem em relação às questões e indicadores selecionados. Este processo de
julgamento de valores não é exclusivo do Barometer of Sustainability pois está
presente em todo o processo de avaliação e de tomada de decisão.
3. Facilidade de utilização: a conversão dos resultados dos indicadores em
resultados dentro da escala envolve cálculos simples. Formulações matemáticas
72
complexas, acessíveis apenas a pessoal treinado em estatística, são
propositalmente evitadas no sistema (VAN BELLEN, 2002).
O Barometer pode ser usado tanto a nível local quanto a nível global.. A única
diferença de método entre um nível e outro está em quem escolhe e interpreta os
indicadores e como os dados são coletados. Uma função adicional do Barometer é
que ele serve como uma ferramenta de comunicação.
Segundo Van Bellen (2002),para calcular ou medir o progresso em direção à
sustentabilidade devem ser calculados os valores para os índices de bem-estar
social e da ecosfera, bem como os dos subíndices, caso existam. O índice de bem-
estar do ecossistema identifica tendências da função ecológica no tempo. É uma
função da água, terra, ar, biodiversidade e utilização dos recursos. O índice de bem-
estar humano representa o nível geral de bem-estar da sociedade e é uma função
do bem estar individual, saúde, educação, desemprego, pobreza, rendimentos,
crime, bem como negócios e atividades humanas. Bossel afirma que o objetivo da
ferramenta é avaliar conjuntamente o que são, segundo ele, os principais
componentes da sustentabilidade. Trata-se de um gráfico bidimensional onde os
estados do bem-estar humano e do ecossistema são colocados em escalas
relativas, que vão de 0 a 100, indicando uma situação de ruim até boa em relação à
sustentabilidade. A localização do ponto definido por estes dois eixos, dentro do
gráfico bidimensional, fornece uma medida de sustentabilidade ou insustentabilidade
do sistema. A representação gráfica desta ferramenta pode ser visualizada a seguir.
Figura 9 - Barometer of Sustainability
Fonte: Prescott-Allen, 2001
73
2.4.1.9. O Dow Jones Sustainability Index
O Índice Dow Jones de Sustentabilidade, Dow Jones sustainability Index
(DJSI) foi criado em 1999 como o primeiro índice global para rastreamento do
desempenho das companhias líderes em relação ao desenvolvimento sustentável. É
uma iniciativa conjunta do Dow Jones Indexes, organização responsável pela
apuração dos índices da Bolsa de Valores de Nova York e o SAM - Sustainability
Group, uma empresa suíça de gerenciamento de ativos, investimento privado e
serviços de pesquisa para investidores, baseado no enfoque de agregação valor
através da sustentabilidade (DJSI, 2000, p. 4-8).
Fazem parte do DJSI as duas a três companhias mais sustentáveis de cada
uma das 68 categorias industriais usadas pela família de índices Dow Jones. São
227 companhias em um total de 22 países. A seleção das empresas é feita a partir
das 2000 companhias constantes do Índice Global com a maior capitalização de
mercado. Estas são então pontuadas com base na sustentabilidade das atividades
específicas da empresa bem como da do setor como um todo.
A classificação das empresas é feita a partir de dez quesitos de
desenvolvimento sustentável:
• Transparência;
• Distribuição da riqueza;
• Qualidade de vida;
• Consciência de risco ambiental;
• Uso de recursos
• Aquecimento global;
• Valoração de recursos naturais;
• Ritmo da tecnologia e inovação;
• Aprendizado corporativo;
• Capital intelectual.
A posição da companhia quanto a tecnologias que são ao mesmo tempo
sustentáveis e atrativas do ponto de vista do mercado é também avaliada.
O processo de avaliação resulta em uma lista de qualificação da qual são
selecionadas as empresas com melhor desempenho em termos de criação de valor
74
para os investidores para integrarem a lista de investimento. A metodologia de
seleção é auditada pela PriceWaterhouseCoopers.
Cerca de 20% do total de capitalização do Índice Global Dow Jones – Dow
Jones Global Index (DJGI) são cobertos pelas empresas do DJSI.
A metodologia adotada pelo Dow Jones para a definição do seu índice de
sustentabilidade é da SAM Research. Essa metodologia está também baseada na
tríplice dimensão do desenvolvimento sustentável (econômica, ambiental e social). O
processo de inclusão de empresas ao índice ocorre anualmente e as empresas
candidatas devem preencher um questionário geral e um específico. O questionário
geral é aplicado a todos os tipos de empresas e corresponde a 60% da nota obtida,
enquanto o questionário específico trata de questões particulares do setor em que a
empresa opera e contribui com os 40% restantes da nota. A seguir serão detalhados
os indicadores propostos para cada dimensão nos questionários geral e específico
aplicado ao setor de petróleo. Ao todo, nos questionários referentes a 2004, foram
apresentados 71 indicadores gerais e 65 específicos. Eles podem variar anualmente,
mas não de modo significativo, isto é, os critérios principais de avaliação
permanecem anualmente.
Os quadros Quadro 5Quadro 6, abaixo, preparados pela equipe LIMA-COPPE
para a Petrobras Distribuidora (2005) relacionam os aspectos e exemplos de
indicadores considerados nos questionários de 2004. Cada aspecto é seguido pelas
letras G (questionário geral) ou E (questionário específico), mostrando se estes são
abordados, respectivamente, no questionário geral ou específico do setor de
petróleo e gás.
Na dimensão econômica são abordados aspectos como governança
corporativa, relação com os investidores e planejamento estratégico. O questionário
é composto por questões de múltipla escolha e as informações devem ser
comprovadas com o envio de documentos que demonstrem a alternativa
selecionada.
75
Quadro 5 - Dimensão Econômica do DJSI Aspectos Exemplos de indicadores considerados
Governança Corporativa (G)
Número de membros no conselho de diretores Proporção entre homens e mulheres no conselho Transparência na divulgação de salários dos diretores Outros
Relação com o Investidor (G)
Funcionário responsável pelo relacionamento com os investidores Realização regular de pesquisas para avaliar a percepção dos investidores Conta em que as ações dos funcionários são debitadas
Planejamento Estratégico (G)
Classificação de diversas atividades da empresa (estrategicamente importante, importante ou não relevante) para o planejamento
Ferramentas para realização do planejamento
Scorecards – Sistemas de Mensuração (G)
Principal função ou objetivo da implantação dos sistemas de Scorecard na empresa
Quais as visões integradas pelo sistema (econômico, clientes, pessoas, governança e outros)
Gestão de Crises e Risco (G)
Funcionário responsável pelo gerenciamento Descrição do processo Outras informações relevantes
Código de Conduta, Cumprimento da Lei e Corrupção (G)
Questões abordadas no código de ética e conduta Mecanismos que garantem a implantação do código na empresa Aspectos abordados pela política anti-corrupção Divulgação das brechas na política anti-corrupção
Relacionamento com o Cliente (G)
Mecanismos de gestão do relacionamento com o cliente (CRM, internet, outros)
Avaliação da satisfação do consumidor Outras informações relevantes
Exploração e Produção (E)
Índice de reservas provadas (Reserve Life Index) Taxa de recolocação orgânica de reserva Média do custo de procura de novas reservas Estratégias de minimização dos impactos ambientais da prospecção Quantidade de CO2 emitida (em kg) por toneladas de petróleo e gás
produzido
Gás (E)
Percentual de reservas de gás em relação ao total de reservas Índice de reservas provadas (Reserve Life Index) Índice de produção de gás natural em relação a produção de petróleo e gás Histórico de produção de gás Percentual do mercado de gás natural no mundo que a empresa possui
Gerenciamento da Marca (E)
Valoração da marca e/ou de um produto específico da empresa Executivo sênior responsável pela gestão da marca Estratégias de gestão da marca Métricas utilizadas pela empresa para relacionar o desempenho da marca
com o impacto no negócio Estudos para relacionar o desempenho da marca com o impacto no negócio
Fonte: Equipe LIMA-COPPE, Dow Jones, 2004.
76
Na dimensão ambiental a empresa responde a questões relacionadas ao total
de suas emissões e outros impactos do setor de petróleo, consumo de água e de
energia,gestão e estratégias ambientais.
Quadro 6 - Dimensão Ambiental do DJSI Aspectos Exemplos de indicadores considerados
Gestão / Política Ambiental (G)
Adoção de política ambiental Quantificação de metas ambientais Formas de auditoria / certificação do sistema de gestão ambiental adotado
Eco-eficiência (G)
Total emitido de Gases de Efeito Estufa Total gasto de água Total consumido de energia Total de resíduos gerados
Vazamentos para o Meio Ambiente (E)
Histórico de vazamentos de petróleo (acidentes, sabotagem, outros) Histórico de vazamentos de metano (acidentes, sabotagem, outros)
Refino / Combustíveis mais limpos (E)
Percentual do mercado da empresa em relação ao refino Capacidade de refino de combustíveis mais limpos (menos de 10 ppm de
enxofre) Volume de vendas de combustível sem enxofre (menos de 10ppm) e com
baixo teor de enxofre (menos de 15ppm) em relação ao total Venda de biocombustíveis e total de combustíveis vendidos (incluindo os
biocombustíveis)
Energias Renováveis (E)
Capacidade de produção de energia eólica, solar, geotérmica, biomassa, das ondas e outras
Percentual de instalações, por tipo de energia, capaz de produzir acima de 200MW, 100MW, 1MW e 0,5MW
Histórico de lucro, por tipo de energia Estimativa para produção futura de energias renováveis
Biodiversidade (E)
Existência de política específica para tratar de questões relacionadas à biodiversidade
Existência de acompanhamento dos impactos de instalações em operação sobre a biodiversidade
Como a empresa avalia os impactos de futuros projetos sobre a biodiversidade
Adoção de princípios internacionais Existência de políticas de recuperação de áreas degradadas Percentual de áreas que estão sob políticas de prevenção de contaminação
Estratégias Climáticas (E)
Cobertura do inventário de emissões da empresa Empresa responsável pela verificação dos valores do inventário Escopo do inventário de emissões (de acordo com o WBCSD/WRI) Quais as bases da estratégia de redução de emissão de carbono Qual a meta de redução de emissão dos gases e como a empresa pretende
alcançá-la Total de CO2 e CO2-equivalente transacionado interna e externamente pela
empresa Gestão Dimensões avaliadas na gestão ambiental (operação, seleção de
77
Aspectos Exemplos de indicadores considerados Ambiental Avançada (E)
fornecedores, desenvolvimento de novos produtos e serviços, distribuição e logística, manutenção e engenharia, novos projetos, parceiros, fusões e aquisições)
Freqüência dos relatórios ambientais Existência de um banco de dados centrais com informações ambientais Utilização das melhores práticas do mercado e princípios internacionalmente
reconhecidos nos relatórios ambientais e sociais Fonte: Equipe LIMA-COPPE, Dow Jones, 2004.
Na dimensão social são avaliadas questões relacionadas ao tratamento dos
funcionários, ao desenvolvimento do capital humano, ao desenvolvimento dos
fornecedores e relacionamento com outras partes interessadas.
Quadro 7 - Dimensão Social do DJSI Aspectos Exemplos de indicadores considerados
Práticas de Trabalho (G)
Não-discriminação Igualdade de salários Liberdade de associação Demissões Saúde e segurança Tratamento das queixas e reclamações Assinatura de diretrizes, tratados e convenções internacionais
Desenvolvimento de Capital Humano (G)
Mensuração e controle do desenvolvimento dos funcionários Satisfação dos mesmos Planejamento de médio prazo para as habilidades necessárias dos funcionários Treinamento dos funcionários e percentual treinado Sistema de avaliação dos gestores de nível médio e senior
Atração e Retenção de Talentos (G)
Percentual de empregados contratados por meio de processos seletivos e recrutamento
Quantidade de funcionários qualificados que deixaram a empresa Realização de pesquisas de satisfação dos empregados Outros benefícios sociais além dos exigidos por lei
Gestão do Conhecimento (G)
Objetivos da implantação da Gestão do conhecimento e a importância estratégica da mesma
Procedimentos para gestão do aprendizado na empresa
Padrões para os Fornecedores (G)
Área responsável pela elaboração dos critérios de seleção dos fornecedores Outras informações relevantes
Envolvimento das Partes Interessadas (G)
Alinhamento das políticas filantrópicas e/ou de cidadania corporativa com o planejamento estratégico da empresa
Dentre o total gasto em filantropia, deve-se destacar o percentual destinado ao voluntariado, parcerias de longo prazo com as comunidades, entre outros
Monitoramento dos impactos das ajudas às comunidades Quantia gasta com filantropia
Relatório Social (G)
Avaliação, por parte da SAM, do conteúdo dos relatórios sociais divulgados pela empresa
78
Aspectos Exemplos de indicadores considerados
Impacto Social nas Comunidades de entorno (E)
Envolvimento da empresa com a comunidade para minimização dos impactos sociais Relacionamento com a comunidade (queixas) Implantação de padrões de trabalho e respeito a direitos humanos Realização de estudos de impactos ambientais e sociais para novas e já existentes
instalações Divulgação dos resultados dos estudos para a sociedade Existência de um sistema formal para garantir que as recomendações dos estudos
de impactos social e ambiental sejam cumpridas Compensação para as comunidades locais Existência de padrões em relação a direitos humanos para seleção de fornecedores
Segurança e Saúde Ocupacional (E)
Histórico de horas de afastamento de funcionários devido a acidentes Histórico de mortes Taxa de doenças ocupacionais Metas de segurança e saúde ocupacional Divulgação das metas de segurança e saúde ocupacional Verificação de desempenho em segurança e saúde ocupacional por terceiros Percentual de funcionários que realizam exames de saúde periódicos Tratamento dado a funcionários portadores de HIV na empresa
Fonte: Equipe LIMA-COPPE, Dow Jones, 2004.
2.4.1.10. O Global Reporting Initiative – GRI
A GRI (Global Reporting Initiative) propõe o conceito da sustentabilidade de
modo a orientar o comportamento das empresas. Para a GRI (2002), a
sustentabilidade só pode ser alcançada por meio de um equilíbrio nas complexas
relações entre necessidades econômicas, ambientais e sociais das organizações
que não comprometa o desenvolvimento futuro.
A GRI foi lançada em 1997 como uma iniciativa conjunta da organização não-
governamental CERES (Coalition for Environmentally Responsible Economies –
Coalizão por Economias Ambientalmente Responsáveis) e o PNUMA (Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente), com o objetivo de melhorar a qualidade, o
rigor e a aplicabilidade dos relatórios de sustentabilidade. Sua missão é o
desenvolvimento e a divulgação das Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade.
A adesão às diretrizes é voluntária e auxilia as organizações que desejam
elaborar relatórios sobre as dimensões econômica, ambiental e social de suas
atividades, produtos e serviços. A GRI sugere que o relatório de sustentabilidade
seja dividido em cinco seções:
• Visão Estratégica – descrição da estratégia da organização em relação à
sustentabilidade;
79
• Perfil – visão geral da estrutura, da atuação da organização e do escopo do
relatório;
• Estrutura de Governança e Sistemas de Gestão – relata a estrutura,
políticas e sistemas de gestão da organização, incluindo o engajamento das
partes interessadas;
• Sumário de Conteúdo da GRI – identifica a localização das informações
citadas (indicadores, visão estratégica e outros); e
• Indicadores de Desempenho – realização de medições do impacto da
organização, discriminadas em indicadores de desempenho integrados nas
áreas econômica, ambiental e social.
Os indicadores de desempenho da GRI estão organizados hierarquicamente,
por categoria, aspecto e indicador. Os indicadores são agrupados nas três
dimensões de sustentabilidade, de acordo com o conceito de “triple bottom line”: a
econômica, a ambiental e a social. As categorias, aspectos e indicadores são
apresentados nos quadros abaixo, preparados pela equipe LIMA-COPPE para a
Petrobras Distribuidora (2005).
Quadro 8 - Categorias / Aspectos Avaliados na GRI Categorias Aspectos
Clientes
Fornecedores
Funcionários
Investidores
Econ
ômic
a
Impactos Econômicos Diretos
Setor Público Materiais Energia Água Biodiversidade Emissões e resíduos Fornecedores Produtos e serviços Adequação à legislação Transporte
Am
bien
tal
Impactos Ambientais
Total Emprego Relação com funcionários Saúde e segurança Treinamento e educação So
cial
Práticas Trabalhistas
Diversidade e oportunidade
80
Categorias Aspectos
Estratégia e gestão Não-discriminação Liberdade de associação e negociação coletiva Trabalho infantil Trabalho forçado e compulsório Procedimentos disciplinares Procedimentos de segurança
Direitos Humanos
Direitos indígenas Comunidade Suborno e corrupção Contribuições políticas
Sociedade
Competição e política de preços Saúde e segurança dos consumidores Produtos e serviços Propaganda
Responsabilidade sobre Produtos e Serviços
Respeito à privacidade Fonte: Equipe LIMA-COPPE, GRI, 2004
A dimensão econômica da sustentabilidade segundo o GRI diz respeito aos
impactos da organização sobre as circunstâncias econômicas das partes
interessadas, em níveis local, nacional e global. Os aspectos e indicadores dessa
dimensão são apresentados a sseguir:
Quadro 9 - Dimensão Econômica da GRI Aspectos Indicadores
Consumidores Venda líquida Análise do mercado
Fornecedores Custo das matérias-primas Tipologias de contratos
Empregados Folha de pagamento e benefícios
Investidores Distribuição para investidores Aumento/decréscimo em ganhos retidos no período
Setor Público Impostos pagos Subsídios recebidos Doações à comunidade
Fonte: Equipe LIMA-COPPE, GRI, 2004
A dimensão ambiental está relacionada aos impactos da organização sobre
os sistemas naturais vivos ou não, incluindo ecossistemas, terra, ar e água.
81
Quadro 10 - Dimensão Ambiental da GRI Aspectos Indicadores
Matéria - Prima Quantidade total utilizada por tipologia Reaproveitamento
Energia
Consumo direto por fonte Consumo indireto Utilização de fontes renováveis Consumo anual para a utilização dos produtos e serviços da
empresa
Água
Consumo total de água Fontes de água e ecossistemas afetados pelo consumo Reutilização e remoção anual de água de superfície em relação à
quantidade anual renovável de água disponível
Biodiversidade
Localização de terras e tamanho das mesmas em áreas de risco para o meio ambiente
Principais impactos sobre a biodiversidade Quantidade de terras utilizadas para atividade extrativista Quantidade de superfície impermeável em relação ao total Impacto de atividades e operações sobre áreas protegidas ou
sensíveis Objetivos e programas para restaurar ecossistemas e espécies
nativas em áreas degradadas
Emissões, Efluentes e Resíduos
Emissões de gases causadores de efeito estufa (quantidade emitida)
Uso e emissões de substâncias destruidoras de ozônio Emissões de NOx e SOx Quantidade de resíduos gerados por tipo e destino Descargas significativas na água Derramamento significativo de produtos químicos, óleos e
combustíveis Outras emissões relevantes Produção, transporte, importação e exportação de quaisquer
produtos considerados perigosos Identificação das fontes de água (habitat ou ecossistemas) afetadas
pela descarga ou escoamento de água Fornecedores Desempenho dos fornecedores em relação à questão ambiental
Produtos e Serviços Impactos ambientais dos produtos e serviços Percentual recuperado do produto ao final da vida útil e percentual
que poderia ser recuperado Fonte: Equipe LIMA-COPPE, GRI, 2004
A dimensão social na proposta do GRI refere-se aos impactos da organização
sobre os sistemas sociais nos quais opera. Em alguns casos, os indicadores sociais
influenciam os bens intangíveis da organização, tais como capital humano e
reputação.
82
Quadro 11 - Dimensão Social da GRI Aspectos Indicadores
Emprego
Classificar a mão-de -obra (empregados ou não), tipo de emprego (temporário ou permanente) por região ou país
Criação de emprego e rotatividade por região ou país Benefícios aos empregados além dos exigidos por lei
Trabalho / Relações de Administração
Percentual de empregados representados por organizações sindicais
Política de consulta e envolvimento dos funcionários em assuntos relevantes da empresa
Provisão para representação formal de trabalhadores em tomadas de decisão
Saúde e Segurança
Prática de registro de acidentes e doenças ocupacionais Descrição de comitês formais de saúde e segurança Lesões típicas, dias perdidos, índice de absenteísmo e
número de óbitos relacionados ao trabalho Políticas e programas em relação ao HIV/AIDS Evidências de conformidade com as diretrizes sobre
sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho Acordos formais com sindicatos envolvendo questões de
saúde e segurança, proporção de empregados amparados por esses acordos
Treinamento e Educação
Média de horas de treinamento por ano, por empregado e por categoria
Programas para a manutenção da empregabilidade e para gerenciar fins de carreira
Políticas e programas específicos para gestão de habilidades ou aprendizado para toda a vida
Prát
icas
Tra
balh
ista
s e
Trab
alho
Dec
ente
Diversidade e Oportunidades
Políticas e programas de iguais oportunidades e sistemas de monitoramento para garantir o seu cumprimento
Composição do comitê responsável pela governança corporativa (proporção homem e mulher, e outros indicadores de diversidade cultural e étnica)
Estratégia e administração
Descrição de políticas, diretrizes, estrutura corporativa e procedimentos para lidar com os aspectos dos direitos humanos e mecanismos de monitoramento e resultados
Considerações sobre a análise dos impactos diretos sobre o ser humano no processo de tomada de decisão
Descrição de políticas e procedimentos para avaliar e abordar o desempenho em direitos humanos dentro da cadeia de fornecedores e contratados, incluindo sistemas e resultados de monitoramento
Treinamento de empregados em políticas e práticas de direitos humanos D
ireito
s H
uman
os
Não Discriminação Programas que previnam todas as formas de
discriminação os sistemas de monitoramento e seus resultados
83
Aspectos Indicadores
Liberdade de Associação e Negociação Coletiva
Descrição da política de liberdade de associação e a extensão pela qual essa política é universalmente aplicada, independentemente das leis locais, bem com descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto
Trabalho Infantil
Trabalho Forçado
Descrição de políticas que excluam o trabalho infantil e o trabalho forçado e compulsório, e a descrição de programas para tratar o assunto, incluindo sistemas de monitoramento e seus resultados
Práticas de Disciplina
Processos judiciais, incluindo questões relativas aos diretos humanos
Políticas de não-retaliação e sistema efetivo e confidencial de recebimento das reclamações e queixas dos funcionários
Práticas de Segurança Treinamento em direitos humanos para a segurança dos funcionários
Direitos Indígenas
Políticas, diretrizes e procedimentos para tratar das necessidades de indígenas
Mecanismos para atendimento de queixas e reclamações de comunidades indígenas
Percentual da receita operacional distribuída para comunidades indígenas locais
Comunidade
Gerenciamento dos impactos sobre as comunidades que vivem em áreas afetadas pelas atividades da empresa
Prêmios recebidos que sejam relevantes para o desempenho social, ético e ambiental
Suborno e Corrupção Políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e
mecanismos de conformidade para a empresa e empregados com relação a suborno e corrupção
Contribuições Políticas
Políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade para a administração de lobbies e contribuições políticas
Quantia paga a partidos políticos e instituições cuja principal função consiste em financiar partidos políticos ou seus candidatos
Soci
edad
e
Competição e Preços
Decisões legais com respeito a casos referentes à legislação anti-truste e de regulamentação de monopólios
Políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade para prevenção de práticas de concorrência desleal
Res
pons
abili
dade
sob
re o
Pr
odut
o
Saúde e Segurança do Consumidor
Políticas para preservar a saúde e segurança do consumidor durante o uso de produtos e serviços
Número e tipo de não-conformidade com a legislação referente à saúde e segurança do consumidor, incluindo penalidades e multas por essas violações
Número de reclamações aos órgãos regulatórios para garantir a segurança e a saúde no uso dos produtos e serviços
Prêmios de responsabilidade social/ambiental recebidos pela empresa e ou selos de órgãos ou instituições atestando a qualidade do produto ou serviço
84
Aspectos Indicadores
Produtos e Serviços
Políticas e sistemas gerenciais para garantir a conformidade das informações nas embalagens e rótulos dos produtos
Número e tipo de não-conformidade com a legislação referente à informação na rotulagem do produto, incluindo penalidades e multas por essas violações
Políticas e sistemas gerenciais de conformidade relacionados à satisfação do consumidor, incluindo resultados de pesquisas sobre o assunto
Propaganda
Mecanismos de conformidade para adesão a padrões e códigos voluntários relacionados à propaganda
Número e tipos de violação de regulamentações de propaganda e marketing
Respeito à Privacidade Políticas de respeito à privacidade do consumidor Número de reclamações registradas com respeito à
violação da privacidade de consumidores Fonte: Equipe LIMA-COPPE, GRI, 2004
2.4.2. Dimensão Social
2.4.2.1. HDI
Este índice foi desenvolvido através do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento que, em seu relatório Human Development Report (1990), sugere
que a medida do desenvolvimento humano deve focar três elementos principais:
longevidade, conhecimento e padrão de vida decente.
Para o item longevidade o padrão considerado é a expectativa de vida no
nascimento. A importância da expectativa de vida é sugerida pela crença de que
uma vida longa contém uma valoração positiva por si só, e está agregada a outros
benefícios indiretos (como uma adequada nutrição e um bom sistema de saúde).
Estas associações fazem da expectativa de vida um importante indicador do
desenvolvimento humano, especialmente em virtude muitas vezes da falta de dados
existente em relação aos níveis de alimentação e saúde (MOLDAN, 1997).
O conhecimento se refere à capacidade de leitura ou grau de alfabetização
que reflete apenas grosseiramente o acesso à educação – particularmente uma
educação de qualidade – que é necessária para a vida produtiva dentro da
sociedade moderna. O grau de leitura é o primeiro passo no processo de
aprendizagem na construção do conhecimento, sendo assim este indicador é
importante em qualquer medida do desenvolvimento humano. Embora outros
85
indicadores tenham que ser trabalhados para se perceber efetivamente o grau de
conhecimento dentro de determinado grupo, o grau de alfabetização tem uma clara
importância na investigação do índice do desenvolvimento humano VAN
BELLEN,2002).
Segundo Moldan (1997), o padrão de vida decente é a medida mais difícil de
se obter de maneira simples. Esta dificuldade está relacionada com a necessidade
de dados confiáveis e específicos, mas devido à escassez dessa variedade de
dados precisa-se, para início, utilizar o melhor dos indicadores de receita. O
indicador mais confiável e com maior facilidade de obtenção é a receita per capita,
mas a existência de bens e serviços que não são de mercado e as distorções
existentes dentro dos sistemas de contas nacionais, os quais já foram discutidos
anteriormente, tornam esse sistema não muito adequado para comparações. Estes
dados, porém, podem ser aperfeiçoados utilizando-se ajustes dentro do Produto
Interno Bruto, que poderiam melhorar a aproximação em relação à capacidade
efetiva de compra de bens e de comando sobre os recursos necessários para se
viver dentro de um padrão adequado.
Na edição de 1996 do “Human Development Report”, foram estabelecidos
valores mínimos e máximos para cada um destes indicadores:
• Expectativa de vida ao nascer: 25 anos e 85 anos
• Alfabetização de adultos: 0% e 100%
• Taxa de matrícula combinada: 0% e 100%
• PIB real per capita (PPP $): PPP $l00 e PPP$l00 e PP $40,000.
Foi também estabelecida uma metodologia de cálculo para os índices
individuais levando-se em conta os valores máximos, mínimos e reais para cada
parâmetro.
O HDI é uma média simples do índice de expectativa de vida, do índice de
desempenho educacional e do PIB verdadeiro ajustado per capita (PPP). É
calculado dividindo-se a soma destes três índices por três.
2.4.2.2. CPM
Embora semelhante ao HDI, o Capability Poverty Measure (COM) é mais
adequado para monitorar o nível de privação humana. O desenvolvimento humano é
definido pela expansão das capacidades e a privação pela ausência de capacidades
86
básicas ou essenciais. Capacidades são fins e elas se refletem na qualidade de vida
das pessoas. O CPM difere do HDI quanto ao foco no ser humano pela ausência de
capacidades mais do que o nível médio de capacidades e por evitar a confusão
entre fins e meios, não utilizando as receitas como indicador de desenvolvimento
humano (McKinley, 1997).
O CPM é um índice composto que utiliza a média aritmética de três
indicadores:
• a percentagem de crianças com menos de cinco anos que tem subnutrição
(peso abaixo do normal);
• a percentagem de mulheres com 15 (quinze) anos ou mais que são
analfabetas e
• a percentagem de nascimentos que não são atendidos por pessoas treinadas
da área da saúde.
Estas variáveis cobrem uma ampla área: indicadores de saúde e nutrição
para a população como um todo, acesso a serviços de saúde e indicadores básicos
de educação. Um aspecto importante do método refere-se ao fato de que as
variáveis sejam escolhidas para detectar diretamente a ausência de necessidades
humanas básicas e, no caso do método CPM, estas necessidades são:
• uma vida saudável e bem nutrida;
• seres humanos alfabetizados e com capacidade de discernimento e
• seres humanos capazes de uma reprodução sadia e segura.
Existem casos em que não é possível determinar indicadores adequados que
reflitam diretamente esta privação. Como substitutos, indicadores de acesso podem
ser utilizados, como acesso à água potável, a instalações sanitárias adequadas e a
serviços médicos. A diferença deste método, novamente, é o foco no ser humano.
Diferentemente dos outros métodos baseados nas necessidades humanas e que
procuram medir o acesso a estas necessidades dentro de um grupo, o CPM realça a
privação, ou o não acesso a elementos essenciais para um padrão de vida digno
(McKinley, 1997).
A Tabela abaixo ilustra o índice para dez países, no ano de publicação do trab
alho de McKinley, 1997.
87
Tabela 2 - Índice Capability Poverty Measure (CPM) para dez países
País CPM % de nascimentos não assistidos
% de crianças com baixo peso
% anafalbetismo (mulheres)
Chile 2.8 2 1 5.5 Costa Rica 6.1 7 6 5.4 Jordânia 14.2 13 6 23.3 China 17.5 6 17 29.1 Malásia 20.6 13 25 23.7 Botsuana 30.4 22 27 42.2 Indonésia 42.3 64 40 23.1 Marrocos 49.7 69 9 71.2 Paquistão 60.8 65 40 77 Bangladesh 76.9 90 66 75
Fonte: McKinley, 1997.
Nesse ano, o Chile tem o menor valor para o índice, com uma média das
porcentagens de sua população em situação de privação, nas três dimensões, de
2.8%. Blangadesh é o pior caso, com quase 77% de população em situação de
privação. A capacidade de pobreza é muito mais severa no sul da Ásia do que o
gerado pela baixa renda. Como as CPMs para tais países como Botswana e
Indonésia indicam, mesmo países em crescimento poderiam ter um desempenho
muito melhor na redução das privações humanas. Estes resultados mostram que
CPM é uma ferramenta simples, mas poderosa para realçar as privações humanas.
2.4.3. Dimensão Ambiental
2.4.3.1. OECD
A OECD iniciou em 1990 um programa de indicadores ambientais, a partir de
um pedido da cúpula do G-7 em 1989. Este programa resultou em:
• Adoção de um modelo conceitual e uma terminologia comuns pelos países da
OECD (por exemplo modelo de pressão - estado - resposta, questões
essenciais);
• Identificação e definição de indicadores com base em três critérios principais:
relevância, confiabilidade e facilidade de medição;
• Medição destes indicadores para vários países;
• Uso regular destes indicadores no trabalho analítico da OECD e em análises
de desempenho ambiental.
88
A OECD acumulou assim experiência prática, não só na definição e medida
de indicadores, mas também no seu uso. Os resultados deste trabalho, e em
particular seu modelo conceitual (PSR), serviram de base para trabalhos nesse
campo lançados por vários países e organizações internacionais (Linster, 1997).
A postura adotada pela OECD e seus países membro é que não existe um
conjunto único de indicadores o qual depende de sua utilização específica. Os
objetivos principais do trabalho da OECD são:
• Rastreamento do progresso ambiental (monitoramento do ambiente e de suas
mudanças no tempo);
• Integração entre preocupações ambientais e políticas públicas;
• Integração entre preocupações ambientais e política econômica.
Desse modo, os indicadores fornecem uma ferramenta para medir
desempenho ambiental e para estimular maior responsabilidade dos governos de
países face à opinião pública.
O Trabalho da OECD conduziu ao desenvolvimento de um conjunto essencial
de indicadores ambientais, complementados com vários conjuntos de indicadores
setoriais e com indicadores derivados da contabilidade de recursos ambientais e
naturais.
O conjunto de indicadores essenciais é publicado regularmente e é utilizado
para monitorar o desenvolvimento ambiental nos países da OECD. Esse conjunto é
limitado em tamanho e abrange uma larga gama de questões ambientais. O modelo
desenvolvido pela OECD para a medição de desempenho ambiental é o PSR,
apresentado no item 2.4.
A partir da análise feita em seus Environmental Performance Reviews e no
sentido de melhorar a qualidade e comparabilidade dos indicadores em uso e sua
utilização dento de uma lógica de desempenho, a OECD tem mantido um trabalho
continuado de aperfeiçoamento, desenvolvendo atualmente uma segunda geração
de indicadores.
89
2.4.3.2. UNCSD/ UNEP: O modelo DSR.
A Comissão para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (United
Nations Commission on Sustainable Development - CSD), foi estabelecida pela
Assembléia Geral da ONU em 1992 para assegurar a continuidade efetiva do
trabalho iniciado na Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
United Nations (Conference on Environment and Development - UNCED) ou Earth
Summit, do mesmo ano.
A Comissão é responsável pelo acompanhamento do progresso da
implementação da Agenda 21 e da Declaração do Rio sobre Meio ambiente e
Desenvolvimento, bem como orientação sobre as políticas do Plano de
Implementação de Johannesburg (Johannesburg Plan of Implementation - JPOI) a
nível local, regional, nacional e internacional. O JPOI define a CSD como o fórum de
alto nível para desenvolvimento sustentável dentro do sistema das Nações Unidas.
A CSD adotou o modelo Driving Forces–State-Response (DSR) em 1995
como uma ferramenta para organizar a informação sobre Desenvolvimento
Sustentável e para desenvolvimento, apresentação e análise dos indicadores de DS
em seu programa de trabalho. O objetivo deste programa é disponibilizar indicadores
de desenvolvimento sustentável para os tomadores de decisões no nível nacional
através do desenvolvimento de sua definição e metodologia, além de fornecer
treinamento e outras atividades para capacitação das lideranças (Mortensen, 1997).
No modelo DSR indicadores de Força Motriz, ou Driving forces (D),
representam atividades humanas, processos e padrões que têm um impacto no
desenvolvimento sustentável. Estes indicadores fornecem indicação das causas de
mudanças positivas ou negativas no estado do desenvolvimento sustentável. Podem
se referir a alterações no nível das empresas, ramos da indústria, setores
econômicos ou tendências sociais. Como exemplos, podemos citar taxa de
crescimento populacional e emissões de gases de efeito estufa.
Indicadores de Estado, ou State (S), fornecem o estado do desenvolvimento
sustentável em um dado espaço de tempo. Podem ser quantitativos ou qualitativos.
Expectativa de vida escolar (estimativa do número de anos que um estudante vai
permanecer na escola) e concentrações de poluentes em áreas urbanas são
indicadores do tipo (S).
90
As opções de políticas e outras respostas às mudanças no estado do
desenvolvimento sustentável formam os indicadores de Resposta, ou Response (R).
Estes indicadores fornecem a medida do comprometimento e da efetividade da
resposta de uma sociedade às alterações. Como exemplos podemos citar percentual
de efluentes tratados e gastos com abatimento de emissões atmosféricas.
O modelo reflete a Agenda 21, trabalhando com quatro dimensões: social,
econômica, ambiental e institucional. Na dimensão ambiental foram adotadas as
subcategorias água, terra, outros recursos naturais, atmosfera e resíduos (ONU,
1996).
A CSD adotou os seguintes critérios para seleção dos indicadores:
a) Preferencialmente nacionais em escala ou escopo. Os países podem também
utilizar os indicadores no nível dos estados ou províncias;
b) Relevantes para o objetivo principal, o levantamento do progresso na direção
do desenvolvimento sustentável;
c) Inteligíveis, ou seja, claros, simples, sem ambigüidade;
d) Factíveis dentro da realidade dos países, considerando a logística, tempo,
restrições técnicas ou outras;
e) Conceitualmente bem fundamentados;
f) De número limitado, com abertura para futuras adaptações;
g) Relevantes para a Agenda 21, cobrindo amplamente todos os aspectos do
desenvolvimento sustentável;
h) Representativos de consenso internacional, na medida do possível;
i) Baseados em dados disponíveis ou coletáveis com uma relação
custo/beneficio razoável, documentados adequadamente, de qualidade
conhecida e atualizados regularmente.
Fica claro na análise dos critérios que os indicadores foram desenvolvidos
para utilização no nível dos governos nacionais. A seleção dos indicadores foi feita
pelo CSD e seu Secretariado em estreita colaboração com um grande número de
organizações governamentais e não-governamentais e de governos nacionais. As
organizações líderes, em conjunto com a CSD e outras componentes do sistema das
Nações Unidas, desenvolveram metodologias para os indicadores, utilizando os
critérios citados, assegurando que a melhor expertise em cada campo fosse
utilizada.
91
A inclusão dos aspectos econômicos, sociais e institucionais é
particularmente importante para os países com economias em transição, onde o
equilíbrio entre aspectos de desenvolvimento e aspectos ambientais do
desenvolvimento sustentável vai assegurar rotas de crescimento sustentável.
Esta metodologia foi testada em 22 países entre 1996 e 1999. Nesse ano os
resultados foram avaliados em uma conferência em Barbados e o resultado foi uma
alteração no modelo. Foi considerado que o modelo DSR se adaptava muito bem ao
contexto ambiental, mas não era apropriado para as dimensões social, econômica e
institucional do desenvolvimento sustentável. O modelo foi então revisto e
reestruturado, desenvolvendo-se em temas e sub-temas.
O novo modelo foi concebido para atender aos seguintes itens: riscos futuros,
correlação entre os temas, metas de sustentabilidade e necessidades sociais
básicas. Reflete a conexão entre dimensões, temas e sub-temas, com metas
estabelecidas pela comunidade internacional. O modelo desenvolvido tem 15 temas
e 38 sub-temas com sugestões de indicadores, a partir dos quais as nações
desenvolvem seus indicadores específicos, e foi adotado a partir de 2001.
A ONU dentro de um outro programa, o United Nations environment
Programme (UNEP) publicou também um estudo sobre Relatórios para o Setor de
Petróleo, em parceria com a SutainAbility, visando a promover a atividade de
publicação de relatórios nas companhias e o envolvimento das suas partes
interessadas dentro do “triple bottom line”. Os autores propõem uma metodologia de
abordagem dupla, simultaneamente de cima para baixo e de baixo para cima. A
primeira estabelece o padrão segundo o qual as companhias podem se referenciar e
a segunda melhorar a base do relatório, indicador por indicador.
Nessa publicação é desenvolvido um conjunto de aspectos e indicadores
dentro da metodologia de temas e sub-temas proposta pelo CSD. Os aspectos são
agrupados por categorias e a partir deles as empresas devem desenvolver
inicialmente um conjunto de indicadores essenciais (core) a ser expandido,
possibilitando benchmark entre as empresas do setor.
92
2.4.3.3. O Ecological Footprint Method
O Ecological Footprint Method é uma ferramenta de avaliação da
sustentabilidade proposta por Wackernagel e Rees (1996). É uma ferramenta
contábil que nos permite estimar o consumo de recursos e a assimilação de resíduos
de uma determinada população humana ou economia em termos de área de terra
produtiva equivalente.
O termo pode ser traduzido como Pegada Ecológica e representa o espaço
ecológico correspondente para sustentar um determinado sistema ou unidade. Trata-
se, segundo seus autores, de uma ferramenta simples e compreensível, sendo que
sua metodologia basicamente contabiliza os fluxos de matéria e energia que entram
e saem de um sistema econômico e converte estes fluxos em área correspondente
de terra ou água existentes na natureza para sustentar este sistema.
Esta técnica é considerada pelos autores tanto analítica quanto educacional,
sendo que ela não só analisa a sustentabilidade das atividades humanas como
também contribui para a construção de consciência pública a respeito dos problemas
ambientais e auxilia no processo decisório. O processo de avaliação reforça sempre
a visão da dependência da sociedade humana em relação a seu ecossistema (VAN
BELLEN, 2002).
O Ecological Footprint Method é descrito pelos seus autores como uma
ferramenta que transforma o consumo de matéria-prima e a assimilação de dejetos,
de um sistema econômico ou população humana, em área correspondente de terra
ou água produtiva. Para qualquer grupo de circunstâncias específicas, como
população, matéria-prima, tecnologia existente e utilizada, é razoável estimar uma
área equivalente de água e/ou terra.
Portanto, por definição, a Pegada Ecológica de uma população ou economia
específica é a área de terra e água ecologicamente produtiva em várias classes –
agricultura, pastos, florestas, etc. – requerida em condição contínua para:
a) fornecer toda a energia/recursos materiais consumidos, e.
b) absorver todos os resíduos lançados por essa população, com a tecnologia
atualmente disponível para essa população, seja onde for que essa terra se situe no
planeta (WACKERNAGEL E REES, 1996).
O Ecological Footprint Method fundamenta-se basicamente no conceito de
capacidade de carga, que é normalmente definida como a população máxima de
93
uma determinada espécie que pode ser indefinidamente suportada por um habitat
especificado sem deteriorar permanentemente a produtividade deste habitat.
Essa definição aparentemente não se aplica aos humanos, uma vez que
temos a capacidade de eliminar espécies competidoras, importar recursos escassos
e ampliar a capacidade de carga humana através da tecnologia. Os autores do
sistema reforçam esta inadequação quando utilizam a definição de Catton (1986)
que afirma que a capacidade de carga se refere especificamente à carga máxima
que pode ser, segura e persistentemente, imposta ao meio ambiente pela
sociedade. Para os autores do sistema, a carga não é apenas decorrente da
população humana, mas também da distribuição per capita do consumo desta
população. Como resultado desta distribuição, a pressão relativa sobre o meio
ambiente está crescendo proporcionalmente de forma mais rápida do que o
crescimento populacional (VAN BELLEN, 2002).
No sentido de contornar as dificuldades de estabelecimento da capacidade de
carga humana, a Pegada Ecológica parte do princípio que cada categoria de
consumo de energia e matéria e descarga de resíduos utiliza a capacidade produtiva
e a capacidade de absorção de uma área definida de terra ou água.
A soma de toda a terra necessária para todas as categorias de consumo e
descarga de uma população definida representa a PE dessa população na Terra,
independente da localização dessa terra, dentro ou fora da área habitada pela
população. Ou seja, há uma inversão do conceito de capacidade de carga. É medida
a terra requerida por pessoa, ou população, e não a população por unidade de área.
O cálculo da PE envolve uma grande quantidade de parâmetros, mas a
tentativa de incluir todos os itens de consumo, todos os tipo de dejetos e todas as
funções de um ecossistema, pode tornar o sistema muito complexo e criar
problemas no processamento das informações. Os autores da ferramenta, em
função disto, utilizam uma abordagem simplificada do mundo real na maioria de suas
obras.
Em uma situação ideal esse cálculo inclui tanto as terras diretamente
requeridas para a produção de bens necessários a um determinado sistema quanto
os efeitos indiretos da geração de energia e matéria, bem como a área referente ao
capital natural, à produção dos recursos renováveis e serviços, área contaminada,
erosão, salinização, radiação e pavimentação urbana. Nessa situação ideal, fatora a
94
utilização de recursos não renováveis e, na medida em que pode ser indicador de
processamento de energia e efeitos poluidores relacionados com a utilização.
Em função da simplificação citada, a avaliação atual leva em conta uma
variedade limitada de itens de consumo e fluxo de dejetos e assume que a terra
requerida está sendo utilizada de maneira sustentável,o que nem sempre é verdade.
O resultado dos parâmetros utilizados é um sub-dimensionamento das PE
calculadas.
O método de cálculo utilizado analisa o consumo agregado (ex.: carga total =
população x consumo per capita), convertendo-o em área correspondente de terra
utilizada. A partir desse número se chega a uma medida única de demanda
ecológica (ou capital natural requerido) que leva em conta a troca líquida e reflete
tanto a renda atual quanto a tecnologia prevalente.
A PE calculada dessa maneira pode ser comparada com a área ocupada pela
população em tela de forma a revelar a capacidade de carga que excede essa área
e, portanto sua dependência do comércio.
Ainda a respeito do método de cálculo, como já citado, devido à grande
quantidade de variáveis envolvidas no consumo e despejo de resíduos das
atividades humanas, Wackernagel utiliza algumas simplificações:
• As atividades agrícolas e de manejo florestal são consideradas sustentáveis,
embora em geral não o sejam.
• Inclui somente os serviços básicos da natureza, a saber, colheita de recursos
naturais, extração de recursos não renováveis, absorção de dejetos-resíduos
e pavimentação.
• Conta cada área apenas uma vez, mesmo que ela forneça mais de um
serviço.
• Usa uma taxonomia simples em termos de produção ecológica, envolvendo
oito categorias de terra, ou ecossistemas.
• Está incluindo áreas marinhas.
Um outro interessante estudo foi desenvolvido utilizando os dados do
Ecological Footprint Method de 1995 juntamente com o índice anual de
competitividade desenvolvido pelo Fórum Econômico Mundial (World Economic
Forum, 1997). O objetivo deste estudo, patrocinado pelo Banco UBP (Union
Bancaire Privée), era verificar a relação entre a área apropriada e a performance
95
econômica de 44 países. Os resultados deste estudo são apresentados no Quadro
12, abaixo.
Quadro 12 - Capacidade ecológica e Competitividade
Fonte: Van Bellen, 2002, modificado de Cambers, et al.,2000.
Os autores do estudo classificam os países em quatro categorias principais.
Eles utilizam a nomenclatura do mercado financeiro para denominar estas
categorias:
• Green bulls - países com alto grau de competitividade e que operam dentro
de sua capacidade ecológica.
• Red bulls - países com alto grau de competitividade mas que operam acima
de sua capacidade ecológica.
• Green bears - nações de baixa competitividade econômica mas operando
com superávit ecológico.
• Red bears - nações com baixa competitividade e com déficit ecológico.
O Quadro 12 permite observar um número elevado de países com um alto
nível de competitividade, mas que possuem déficit ecológico. São estes países,
segundo os pesquisadores, os responsáveis mais importantes pela superação dos
problemas ambientais.
96
Um número pequeno de países se encaixa na denominação de Green bears e
os autores do estudo afirmam que estes, sem exceção, sofrem ou estão se
recuperando de fortes conflitos internos. Para os autores, os países que mais
preocupam são aqueles com baixa competitividade e ainda com déficit ecológico.
Poucos são os países com alto grau de competitividade e com superávit ecológico.
O estudo ressalta a necessidade de monitorar estes países cuidadosamente para
compreender melhor suas estratégias e resultados, bem como alterações na direção
do seu desenvolvimento (VAN BELLEN, 2002).
2.4.3.4. EcoSTEPS
A EcoSTEPS é uma consultoria multi-disciplinar baseada em Sydney,
Austrália e New Plymouth, Nova Zelândia, que fornece serviços a organizações
visando a incluir a sustentabilidade em seu modo de operação.
A abordagem da EcoSTEPS (2005) para mapear a sustentabilidade nas
empresas envolve seis passos. A organização trabalha com uma análise do tipo
SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats) para avaliar as
empresas em suas 14 áreas-chave, que estão representadas em cada uma das
caixas da Figura abaixo.
Figura 10 - Áreas de atuação da sustentabilidade na empresa
Energia
Matéria Prima
Fornecedores
ImpactosImpactos nasnasEntradasEntradas
Objetivos e Valores
Governaça, Políticas e Processos
Compromissocom a RSE
Cultura Empresarial
Na Na EmpresaEmpresa
Produtos e Serviços
Resíduos e Emissões
ImpactosImpactos nasnasSaSaíídasdas
Interação coma Comunidade
Envolvimento daComunidade
Participação dasPartes Interessadas
Transparenência
Gestão de Risco Reputação e Marca
Energia
Matéria Prima
Fornecedores
ImpactosImpactos nasnasEntradasEntradas
Objetivos e Valores
Governaça, Políticas e Processos
Compromissocom a RSE
Cultura Empresarial
Na Na EmpresaEmpresa
Produtos e Serviços
Resíduos e Emissões
ImpactosImpactos nasnasSaSaíídasdas
Interação coma Comunidade
Envolvimento daComunidade
Participação dasPartes Interessadas
Transparenência
Gestão de Risco Reputação e Marca
Fonte: Elaboração Equipe Lima/Coppe, Ecosteps, 2004
Segundo relatório elaborado pela Equipe LIMA/COPPE para a Petrobras
Distribuidora (2005), nessa abordagem os impactos na entrada podem ser
97
trabalhados com a adoção de critérios que incorporem as dimensões sociais e
ambientais na seleção de fornecedores e prestadores de serviços em geral, a
utilização racional de matérias-primas e energia, buscando minimizar as suas
utilizações, além da adoção de tecnologias mais limpas no processo.
Os objetivos, valores e missão da empresa devem estar em consonância com
uma gestão responsável, e para tal a empresa deve adotar procedimentos que
visem à valorização de minorias, respeito aos acionistas minoritários, cultura
empresarial que incorpore a importância da adoção de práticas éticas, dentre outros.
Os impactos relacionados à saída são aqueles que dizem respeito às
emissões e aos resíduos gerados, como refugo de processo e aos próprios produtos
e serviços gerados. Vale ressaltar que um produto fabricado sob o conceito de
responsável é aquele que não expõe o consumidor a riscos, procura ser
energeticamente eficiente e possui um processo de disposição adequada ao final de
sua vida útil.
Ainda segundo este enfoque, não pode ser esquecido o relacionamento da
empresa com a comunidade, aqui entendida em sentido amplo como o conjunto dos
membros ou partes com os quais a empresa interage. É fundamental para o bom
funcionamento da empresa a antecipação de possíveis pontos de atritos e a adoção
de sugestões e soluções às reclamações dos vários membros da comunidade
diretamente impactadas pela empresa. Um processo de comunicação transparente e
de envolvimento da comunidade também se faz fundamental.
O sistema conta com todo um plano de trabalho e definição de indicadores e
relatórios específicos para cada organização baseados nesses princípios.
98
2.5. ANÁLISE DE SISTEMAS DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE: ASPECTOS RELEVANTES NA SUA FORMULAÇÃO.
A variedade de sistemas, modelos ou conjuntos de indicadores reflete as
condições do próprio conceito de sustentabilidade. O desafio de desenvolver
ferramentas para avaliação da sustentabilidade aparece já no Relatório Bruntdland e
posteriormente na Agenda 21. O International Institute for Sustainable Development
(IISD), com apoio da Fundação Rockfeller, reuniu em 1996 um grupo de
especialistas e pesquisadores no Centro de Conferências de Bellagio, na Itália para
revisar as iniciativas vigentes e desenvolver princípios que conectariam teoria e
prática de desenvolvimento sustentável. O resultado desse encontro foi resumido no
que ficou conhecido como os Princípios de Bellagio.
Segundo Hardi e Zdan (1997), os Princípios de Bellagio são diretrizes para a
avaliação do progresso rumo à sustentabilidade. Estes princípios são úteis para a
seleção de indicadores, a medição de progresso, interpretação e comunicação de
resultados de avaliações. Servem para determinar pontos de partida, especificar
conteúdo e sugerir escopo. Ajudam também a construir a capacidade de avaliação
citada acima.
Os Princípios de Bellagio estão especificados no Quadro 13, abaixo.
99
Quadro 13 - Princípios de Bellagio
1- GUIA DE VISÃO E METAS
A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Ser guiada por uma visão clara do que seja desenvolvimento sustentável e das metas que definam esta visão.
2 – PERSPECTIVA HOLÍSTICA
A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Incluir uma revisão do sistema todo e de suas partes. • Considerar o bem-estar dos subsistemas ecológico, social e econômico, seu estado atual, bem como sua direção e
sua taxa de mudança, de seus componentes, e a interação entre as suas partes. • Considerar as conseqüências positivas e negativas da atividade humana de um modo a refletir os custos e benefícios
para os sistemas ecológico e humano, em termos monetários e não monetários. 3- ELEMENTOS ESSENCIAIS
A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Considerar a eqüidade e a disparidade dentro da população atual e entre as gerações presentes e futuras, lidando
com a utilização de recursos, superconsumo e pobreza, direitos humanos e acessos a serviços. • Considerar as condições ecológicas das quais a vida depende. • Considerar o desenvolvimento econômico e outros aspectos que não são oferecidos pelo mercado e contribuem para
o bem-estar social e humano. 4- ESCOPO ADEQUADO
A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Adotar um horizonte de tempo suficientemente longo para abranger as escalas de tempo humana e dos
ecossistemas atendendo às necessidades das futuras gerações, bem como da geração presente em termos de processo de tomada de decisão em curto prazo.
• Definir o espaço de estudo para abranger não apenas impactos locais, mas, também, impactos de longa distância sobre pessoas e ecossistemas.
• Construir um histórico das condições presentes e passadas para antecipar futuras condições. 5- FOCO PRÁTICO
A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve ser baseada em: • Um sistema organizado que relacione as visões e metas dos indicadores e os critérios de avaliação. • Um número limitado de questões-chave para análise. • Um número limitado de indicadores ou combinação de indicadores para fornecer um sinal claro do progresso. • Na padronização das medidas quando possível para permitir comparações. • Na comparação dos valores dos indicadores com as metas, valores de referência, padrão mínimo e tendências.
6- ABERTURA / TRANSPARÊNCIA (OPENNESS)
A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Construir os dados e indicadores de modo que sejam acessíveis ao público. • Tornar explícitos todos os julgamentos, suposições e incertezas nos dados e nas interpretações.
7- COMUNICAÇÃO EFETIVA
A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Ser projetada para atender às necessidades do público e do grupo de usuários. • Ser feita de uma forma que os indicadores e as ferramentas estimulem e engajem os tomadores de decisão. • Procurar a simplicidade na estrutura do sistema e utilizar linguagem clara e simples.
8- AMPLA PARTICIPAÇÃO
A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Obter ampla representação do público: profissional, técnico e comunitário, incluindo participação de jovens, mulheres
e indígenas para garantir o reconhecimento dos valores, que são diversos e dinâmicos. • Garantir a participação dos tomadores de decisão para assegurar uma forte ligação na adoção de políticas e nos
resultados da ação. 9- AVALIAÇÃO CONSTANTE
A avaliação do progresso rumo à sustentabilidade deve: • Desenvolver a capacidade de repetidas medidas para determinar tendências. • Ser interativa, adaptativa e responsiva às mudanças, porque os sistemas são complexos e se alteram
freqüentemente. • Ajustar as metas, sistemas e indicadores com os insights decorrentes do processo. • Promover o desenvolvimento do aprendizado coletivo e o feedback necessário para a tomada de decisão.
10- CAPACIDADE INSTITUCIONAL
A continuidade na avaliação rumo ao desenvolvimento sustentável deve ser assegurada por: • Delegação clara de responsabilidade e provimento de suporte constante no processo de tomada de decisão. • Provimento de capacidade institucional para a coleta de dados, sua manutenção e documentação. • Apoio ao desenvolvimento da capacitação local de avaliação.
Fonte: Hardi e Zdan, 1997
Os princípios listados no Quadro 13 lidam com quatro aspectos da avaliação
do progresso rumo à sustentabilidade.
100
O princípio 1 refere-se ao ponto inicial de qualquer tentativa de avaliação,
estabelecendo uma visão de desenvolvimento sustentável e metas claras que levem
a uma definição prática desta visão em termos sejam relevantes para a tomada de
decisão.
Os princípios 2 a 5 tratam do conteúdo de qualquer avaliação e da
necessidade de fundir uma visão do sistema global com o foco prático nas questões
prioritárias.
Os princípios 6 até 8 lidam com as questões-chave do processo de avaliação,
enquanto os princípios 9 e 10 se referem à necessidade de estabelecer uma
capacidade contínua de avaliação (HARDI e ZDAN, 1997)
Sistemas de indicadores para empresas devem atender às demandas de
diversos códigos, padrões, normas, etc., definidos pelo WBCSD como “iniciativas
que procuram influenciar o comportamento de forma a torná-lo passível de
reconhecimento e reprodução, no sentido de melhorar o desempenho em
sustentabilidade das organizações às quais são aplicados.” Esta definição abrange
tanto padrões auditáveis quanto diretrizes gerais, códigos de conduta, mecanismos
de avaliação de investimentos e benchmarks e inclui iniciativas voluntárias,
estatutárias e mandatórias, ou uma combinação entre elas, como a Lei Sarbannes-
Oxley (WBCSD 2004).
A Acountability preparou para o WBSCD um guia para as empresas onde
examina os sistemas de indicadores, códigos e/ou padrões mais relevantes para
auxiliar as Companhias em suas decisões estratégicas no que tange à
sustentabilidade. Os sistemas escolhidos foram classificados como códigos com
base em princípios (Global Compact ONU e OECD - Guidelines for Multinational
Enterprises), modelos de contabilidade geral ou relatório (GRI e AA1000 - Assurance
Standard), normas especializadas (SA8000 e ISO14001), iniciativas relacionadas a
investidores (DJSI) ou relacionadas à regulação (Lei Sarbannes-Oxley).
O quadro abaixo ilustra as dimensões e os passos do processo de gestão que
são cobertos pelos sistemas selecionados pelo WBCSD. Nesta comparação, fica
claro quais tratam dos processos de medição em todas as dimensões, e portanto
são importantes na definição de indicadores de sustentabilidade objeto deste estudo.
101
Quadro 14 - Comparação entre alguns Códigos - Atividade x Dimensão
1 - O GRI também trata da fase de Medição da atividade de uma empresa, uma vez que, segundo suas orientações, só se pode relatar o que foi medido. Fonte: Accountability/ WBCSD, 2004.
GarantiaMedição Política Relatório
Social e Ética
Ambiental
Financeira/Econômica
3. METODOLOGIA
Segundo Umberto Eco (2004), elaborar uma tese, ou, no nosso caso, uma
dissertação, significa aprender a pôr ordem nas próprias idéias e ordenar os dados:
é uma experiência de trabalho metódico, ou seja, construir um “objeto” que como
princípio, possa também servir aos outros. Fazemos isso através de uma
metodologia.
A metodologia pode ser definida como o caminho que segue o pensamento e
a prática exercida na abordagem da realidade, traduzido no conjunto de técnicas
que possibilitam a construção dessa realidade. Na busca do conhecimento, a
pesquisa, enquanto atividade voltada para a solução de problemas, deve empregar
métodos científicos, ou seja, técnicas e procedimentos usados para coletar e
analisar dados relacionados a uma necessidade de pesquisa ou hipótese.
(DESLANDES, 1994)
Neste capítulo apresentamos a metodologia utilizada para alcançarmos os
objetivos propostos, descrevendo a estrutura da pesquisa e os procedimentos
metodológicos empregados na busca dos resultados, buscando autores que possam
nos auxiliar a montar uma estrutura conceitual bem definida, servindo de guia para a
investigação, coleta e análise dos dados. Dessa forma, procuramos evitar
entendimentos contraditórios sobre os termos da pesquisa social.
3.1. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
Para a classificação da pesquisa, utilizamos a conceituação apresentada na
obra de Silva & Menezes (2000) que definem quatro formas para a classificação de
103
uma pesquisa científica: em relação aos objetivos, a forma de abordagem, a sua
natureza e aos procedimentos adotados pelo pesquisador.
Quanto aos objetivos das pesquisas, podem ser classificadas em três grandes
grupos, conforme Gil (1994): pesquisa exploratória, descritiva e explicativa.
Esta dissertação pode ser classificada como exploratória descritiva (Cooper,
2003), pelas suas características em relação ao grau de novidade e da recente
exploração do tema de forma científica. Segundo Chizzotti (1995, p.104) a pesquisa
exploratória tem como objetivo, via de regra “provocar o esclarecimento de uma
situação para a tomada de consciência” e adota métodos e técnicas de pesquisa
diferentes dos estudos experimentais.
A pesquisa de caráter exploratória, segundo Gil (1994) envolve o
levantamento do estado da arte, pela revisão bibliográfica e a consulta aos atores
relacionados com o processo pesquisado, para que a vivência com o problema
possa estimular e facilitar a compreensão do fato. Este tipo de pesquisa busca
basicamente desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias para a
formulação de novas abordagens a posteriori. Portanto, esta forma de estudo
objetiva proporcionar o maior conhecimento possível para o pesquisador sobre o
objeto de análise, para que o mesmo possa formular ou reformular problemas mais
precisos e específicos, bem como a criação de hipóteses para estudos posteriores.
A abordagem do problema será a de pesquisa qualitativa, buscando
responder a questões particulares. Trabalharemos com um nível de realidade que
não pode ser totalmente quantificado, como motivos, valores, crenças, percepções e
comportamentos individuais e coletivos (DESLANDES, 1994). Nessa abordagem, o
processo é o foco principal do estudo e a análise dos dados é realizada de forma
intuitiva e indutiva, não requerendo o uso de métodos e técnicas estatísticas. Sua
preocupação maior é a interpretação dos fenômenos e a atribuição de resultados
(GODOY, 1995).
Segundo Chizzotti (1995, p.78), a pesquisa qualitativa “é uma designação que
abriga correntes de pesquisa muito diferentes, que se fundamentam em alguns
pressupostos contrários ao modelo experimental”. Godoy, (1995) recomenda que
uma pesquisa qualitativa deve apresentar as seguintes características:
• Considerar o ambiente como fonte direta dos dados e o pesquisador como
instrumento chave;
• Possuir caráter descritivo;
104
• Ter no processo o foco principal de abordagem e não o resultado ou o
produto;
• Realizar a análise dos dados de forma intuitiva e indutivamente
• Não requerer o uso de técnicas e métodos estatísticos; e por fim,
• Ter como preocupação maior a interpretação de fenômenos e a atribuição de
resultados.
Ainda segundo Godoy (1995), a pesquisa qualitativa não busca enumerar
e/ou medir os eventos pesquisados, nem utiliza instrumental estatístico na análise
dos dados. O ponto de partida são questões ou focos de interesses amplos, que vão
se definindo à medida que o estudo se desenvolve. Um estudo desta categoria
necessariamente envolve dados descritivos sobre organizações, pessoas, lugares e
as formas de interação que se dão pelo contato do agente pesquisador com o objeto
em análise, procurando compreender os fenômenos segundo a vivência e visão dos
atores que convivem com o objeto do estudo (OLIVEIRA, 2002).
Chizzotti (1995, p. 104) propõe para a pesquisa qualitativa o método histórico-
antropológico, que “captam os aspectos específicos dos dados e acontecimentos no
contexto em que acontecem”. No caso deste estudo essa visão é aplicável, na
medida em que seu objetivo é trabalhar dentro do processo de aprendizagem na
esfera organizacional e social.
Quanto à natureza, a dissertação classifica-se como pesquisa aplicada. Seu
objetivo, como explicitado no Capítulo 1, é solucionar um problema identificado no
campo da Gestão Organizacional e aplicar esta solução nas organizações produtivas
do setor de distribuição de combustíveis. Uma das suas intenções é mudar o
paradigma das organizações através de seu sistema de gestão e tomada de
decisão.
Segundo Silva & Menezes (2000, p.20) a pesquisa aplicada, além de envolver
verdades e interesses localizados, “objetiva gerar conhecimento para a aplicação
prática em soluções de problemas específicos”.
3.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O procedimento para elaborar-se um trabalho de dissertação, segundo Eco
(2004), é formado por diversas etapas:
105
1) Identificar um tema preciso;
2) Recolher documentação sobre ele;
3) Pôr em ordem estes documentos;
4) Reexaminar em primeira mão o tema à luz da documentação recolhida;
5) Dar forma orgânica a todas as reflexões precedentes;
6) Empenhar-se para que o leitor compreenda o que se quis dizer e possa, se
for o caso, recorrer à mesma documentação a fim de retomar o tema por
conta própria.
Nesta pesquisa buscamos seguir os passos indicados por Eco (op. cit.),
definindo um procedimento de trabalho que atendesse a essas etapas. Abaixo
apresentamos um fluxograma demonstrativo do procedimento (Figura 11).
Figura 11 - Fluxograma das atividades desenvolvidas
Fonte: o Autor
A montagem do referencial teórico foi feita através de revisão da literatura das
áreas de interesse. Foi realizada pesquisa bibliográfica e documental, desenvolvida
a partir de um referencial existente, principalmente livros, artigos, internet e material
disponibilizado pela organização escolhida. Foram consultados, publicações
encontradas nas bibliotecas de algumas universidades, como a Universidade
Montagem do referencial teórico através de pesquisa bibliográfica
Formulação do problema e definição do método
Escolha das empresas para benchmark e da empresa para estudo de caso
Comparação (análise cruzada) do benchmark com o caso escolhido
Análise documental e coleta dos dados das empresas selecionadas
Desenvolvimento da proposição e conclusões
106
Federal Fluminense (UFF), a Danmarks Tekniske Universitet (DTU),
Handelshøjskolen - Copenhagen Business School (CBS), e Roskilde
Universitetscenter (RUC), Centros de pesquisa como o CENPES/PETROBRAS e a
biblioteca do sistema PETROBRAS – DOTEC. Outra ferramenta utilizada foi a
internet, através de visitas a sites acadêmicos, técnicos e institucionais, tendo sido
utilizada a plataforma dos periódicos disponibilizados no portal CAPES para acesso
a artigos nacionais e internacionais.
Segundo Markoni & Lakatos, apud Coral (2002), pesquisa bibliográfica é a
que se efetua na tentativa de resolver um problema ou adquirir conhecimentos. Não
deve ser mera repetição do que já foi escrito ou dito sobre o assunto, mas propicia o
exame de um tema sob um novo enfoque ou abordagem, levando a conclusões
inovadoras.
As bases técnicas e bibliográficas pesquisadas levam, dessa forma ao exame
do problema formulado sob nova ótica, fornecendo subsídios para a construção de
uma nova abordagem da questão dos indicadores de sustentabilidade para o setor
de distribuição de combustíveis. O problema foi formulado inicialmente por uma
demanda do mercado e a respostas às questões suscitadas por ele demanda um
estudo aprofundado do setor e das empresas nele atuantes.
A pesquisa propõe então um estudo de caso, que envolve a análise profunda
de uma organização e da visão de sustentabilidade atualmente vigente no setor. A
observação e comparação da organização estudada com outras do mesmo
segmento (benchmarking), será feito através de material publicado.
O Estudo de Caso por sua característica de ser uma categoria de pesquisa
cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente (sociedade, empresa,
pessoa, comunidade etc.), não admite visões isoladas, parceladas e estanques.
Triviños apud Oliveira (2002) define um estudo de caso como sendo “um conjunto de
dados que descrevem uma fase ou a totalidade do processo social de uma unidade,
em suas várias relações internas e nas suas fixações culturais”.
Segundo Yin (2005), o estudo de caso representa a estratégia preferida
quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem
pouco controle sobre os acontecimentos e quando o foco se encontra em
fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real, situação
implícita nos objetivos propostos neste estudo.
107
O mesmo autor acredita que o caso pode ser simples ou complexo,
exploratório, descritivo ou explanatório. Este trabalho se enquadra também nesta
classificação, como exposto no item anterior. A vantagem do estudo de caso é que
ele permite examinar em profundidade o desenvolvimento de ações em seus
próprios cenários.
A pesquisa de estudo de caso inclui tanto estudos de caso único quanto de
casos múltiplos. Godoy (1995) considera que o estudo de caso único tem como
objetivo uma unidade de que se analisa profundamente e que visa ao exame
detalhado de um ambiente, de um simples sujeito ou de uma situação em particular,
sendo seu propósito fundamental, como tipo de pesquisa, analisar intensivamente
uma unidade social.
No entender de Yin (2005), existem cinco fundamentos para o estudo de caso
único: quando ele representa um teste crucial da teoria existente, uma circunstância
rara ou exclusiva, um caso representativo ou típico, ou quando serve a um propósito
revelador ou longitudinal. Especificando melhor o terceiro fundamento lógico, vemos
que tem por objetivo capturar as condições de uma situação lugar comum ou do dia-
a-dia. Pode representar um “projeto” típico entre muitos projetos diferentes, uma
empresa de manufatura considerada típica entre muitas outras empresas do mesmo
setor industrial ou um bairro urbano típico, por exemplo. O caso aqui estudado se
enquadra nesse fundamento, uma vez que a empresa escolhida é a de maior
dimensão tanto física quanto econômica no Brasil e trabalha em todos os segmentos
e atividades da distribuição de combustíveis.
Segundo Chizzotti (1995), para um estudo de caso são importantes três
fases:
a) a seleção e delimitação do caso;
b) o trabalho de campo;
c) a organização e redação do relatório.
Esta pesquisa, seguindo as etapas definidas no fluxograma já apresentado,
não foge a essa definição. Após a fase exploratória, onde ocorre a revisão
bibliográfica pertinente ao tema, a saber, o conceito de sustentabilidade e o setor
produtivo e a conceituação de indicadores, sistemas que os organizam e discussões
em torno do tema, passaremos então ao estudo de caso.
A primeira fase deste estudo de caso se constitui da escolha das empresas a
serem estudadas, tanto para o benchmark quanto para o estudo aprofundado de um
108
caso típico especificamente no segmento de distribuição de combustíveis. Os
parâmetros para essa escolha serão definidos no Capitulo 4, a partir de um exame
do setor e do mercado onde atua.
A segunda fase, trabalho de campo, envolve a de coleta de dados, a ser
realizada em duas etapas. A primeira etapa é a avaliação documental dos relatórios
e material publicado pelas organizações, demonstrativos de seu estilo de gestão e
visão de sustentabilidade. Serão aí examinados os indicadores reportados por estas
organizações.
A segunda etapa da coleta de dados envolve a realização de entrevistas
informais, aplicadas aos atores da organização produtiva em pauta tanto no nível
estratégico quanto no nível tático e operacional, onde se pretende avaliar o
comportamento da organização face à questão da sustentabilidade e a suas partes
interessadas.
A terceira fase, a organização e redação do relatório, é aqui entendida como a
fase de análise e interpretação dos dados. Nessa etapa será feita a análise cruzada
dos dados do benchmark com a empresa típica estudada, através de metodologias
específicas para o tratamento de indicadores. Será de caráter qualitativo, procurando
revelar a multiplicidade de dimensões que envolvem uma organização e seu
contexto, com fortes relações entre seus componentes e as partes interessadas no
negócio. A análise dos dados utilizará tanto procedimentos matemáticos, na
caracterização e quantificação dos indicadores, quanto à técnica de análise de
conteúdo, no exame das variáveis intangíveis. Procuramos trabalhar dentro de um
enfoque sistêmico.
Segundo Triviños apud Oliveira (2002), o enfoque sistêmico, que tem suas
raízes na Teoria Geral dos Sistemas, elaborada por Ludwig von Bertalanffy, parte da
idéia de que existem numerosas relações no interior do objeto que se estuda, mas
que este também está ligado ao meio externo por um conjunto de inter-relações.
A pesquisa teve seu foco voltado para a determinação de um conjunto de
indicadores para a verificação do grau de sustentabilidade da organização escolhida,
não pretendendo esgotar o assunto tratado, mas fornecer uma base inicial de
suporte para o aprofundamento do estudo em questão.
4. ESTRATÉGIA DE APLICAÇÃO NO SETOR DE PETRÓLEO.
Neste capítulo, apresentamos a estrutura de funcionamento da indústria de
petróleo e especificamente do segmento de distribuição de combustíveis, visando a
contextualizar o campo de aplicação da proposta. Para a análise dessa estrutura, foi
efetuado o levantamento dos aspectos e impactos sociais, ambientais e econômicos
típicos da atividade.
Como estudo de caso, foi analisada uma empresa do setor, a Petrobras
Distribuidora S. A. Ao final desta análise, e considerando a prática das demais
empresas examinadas neste estudo, é possível propor um conjunto de indicadores
de sustentabilidade que nos permita caminhar na direção de uma avaliação do
desempenho na criação de valor sustentável das empresas deste segmento.
4.1. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO.
O petróleo é a mais importante commodity do mercado internacional com um
grande impacto na economia e política mundial tanto em termos de valores como em
termos de quantidade2. Principal fonte de energia mundial3, de forma ainda mais
intensiva nos países industrializados, tem gerado importantes desdobramentos
geopolíticos para obtenção do domínio de suas fontes e processos de produção.
A indústria petrolífera possui uma estrutura oligopolística e verticalizada,
resultado de suas características técnicas e econômicas. Apresenta enormes
barreiras à entrada tendo em vista ser uma atividade intensiva em capital, exigindo
investimentos iniciais elevados e de alto risco e impondo altos custos fixos ao longo
2 Segundo a International Energy Agency, no primeiro semestre de 2005 foram negociados em torno de 85 milhões de barris/dia a preços acima de U$ 60/barril. - http://omrpublic.iea.org/ - 29 out. 05
110
de toda a cadeia de produção e instalações que permitam economias de escala. A
integração entre as atividades de produção e a distribuição ao mercado consumidor
é fundamental para a conquista de mercado (SILVEIRA, 1998)
Os processos da indústria de petróleo são divididos em duas etapas: a
primeira compreende aqueles realizados a montante da lavra (upstream), que são a
exploração e a produção; a segunda, os realizados a jusante da lavra (downstream),
que são o transporte, refino e distribuição.
4.1.1. Exploração e Produção (Upstream)
Segundo a ANP – Agência Nacional do Petróleo (2005), exploração ou
pesquisa é o conjunto de operações ou atividades destinadas a avaliar áreas,
objetivando a descoberta e a identificação de jazidas de petróleo ou gás natural.
A exploração e o desenvolvimento são as etapas iniciais do processo de
produção. A primeira consiste em pesquisa de estruturas geológicas suscetíveis de
conter hidrocarbonetos (compostos formados por átomos de carbono e hidrogênio),
utilizando técnicas geológicas e geofísicas. Com base em análises e interpretações
geológicas e geofísicas procede-se à perfuração, caso a probabilidade de encontrar
hidrocarbonetos seja elevada.
Sendo positivo o resultado das perfurações de exploração, inicia-se a etapa
de desenvolvimento do campo. A ANP (2005) define desenvolvimento como o
conjunto de operações e investimentos destinados a viabilizar as atividades de
produção de um campo de petróleo ou gás natural.
A produção é o conjunto de operações coordenadas de extração de petróleo
ou gás natural de uma jazida e de preparo de sua movimentação. (ANP, 2005).
Atualmente 70% da produção de petróleo provém de bacias continentais e
30% de bacias oceânicas (off-shore). Segundo o Anuário Estatístico da ANP (2005),
em 2004 a extração de petróleo era distribuída da seguinte forma: Oriente Médio
(30%), Europa e ex-União Soviética (22%), América do Norte (18%), Américas
Central e do Sul (8,5%), África ao Sul do Saara (11%), Ásia e Pacífico (10,5%).
3 O petróleo é responsável hoje por 61% da energia mundial, segundo a API – http://api-ec.api.org/frontpage.cfm. 29 out. 05
111
4.1.2. Transporte e Refino (Downstream)
O transporte de petróleo bruto é feito por meio de oleodutos (terrestre) e
navios petroleiros (marítimo). O oleoduto exige pesados investimentos iniciais,
porém quando em operação possibilita economias de escala consideráveis. O custo
do transporte marítimo é pequeno, sendo que o custo de um barril para ser
transportado do Oriente Médio para a Europa é de aproximadamente US$ 1. É
importante destacar que o transporte inter-continental do petróleo tornou
internacional o mercado energético.
A operação de Dutos e Terminais é um importante elo na cadeia logística de
abastecimento de petróleo. O petróleo é recebido e armazenado nos terminais da
transportadora, vindo de plataformas off-shore ou outro local de produção via
petroleiros para ser levado por oleodutos até as refinarias. Após o refino, uma
grande parcela dos derivados é novamente transportada pelos dutos até os
terminais aquaviários e terrestres, para ser entregue às companhias distribuidoras
que vão abastecer o mercado.
O refino se compõe de uma série de operações que permitem a
transformação do petróleo bruto em inúmeros produtos, que vão atender às
exigências do mercado consumidor. Os principais produtos derivados do processo
de refino são o GLP, a gasolina, nafta para a petroquímica, querosene de aviação,
querosene, diesel, gasóleos para posterior processamento e óleo combustível.
A quantidade dos produtos refinados que serão produzidos a partir do
petróleo bruto é definida em função da qualidade e quantidade do petróleo bruto, da
capacidade e das características técnicas da refinaria e da otimização dos seus
equipamentos. Apresentamos abaixo a composição média dos produtos obtidos nas
refinarias da Petrobras.
112
Tabela 3 - Aproveitamento de um barril de petróleo
APROVEITAMENTO DE UM BARRIL DE PETRÓLEO (média das refinarias da Petrobras em 1992)
DERIVADOS % GLP 9
Gasolinas (automotiva e aviação) 17,6
Naftas e Solventes 10,9
Querosenes (iluminação e aviação) 4,4
Óleo Diesel 34,6
Derivados diversos 2,8
Óleos Lubrificantes e Parafinas 1,4
Óleos Combustíveis 17,8
Asfaltos 1,8 Fonte: Silveira, 1998
4.1.3. Distribuição (Retail)
Para melhor entendimento do campo de aplicação da proposta apresentamos
a seguir a estrutura do segmento de distribuição de combustíveis.
Na indústria do petróleo, a distribuição é uma atividade comercial que garante
a colocação, no mercado, dos derivados produzidos em uma refinaria. É a última
fase de um ciclo que começa na exploração e produção do óleo bruto e termina na
entrega dos produtos aos consumidores finais.
No Brasil, a distribuição de derivados de petróleo nunca esteve incluída entre
as atividades que constituíam monopólio da União, estabelecido pela Lei 2.004, de 3
de outubro de 1953, que dispôs sobre a política nacional de petróleo, definiu as
atribuições do Conselho Nacional do Petróleo e instituiu a Petrobras - Petróleo
Brasileiro S.A. Atualmente, após a desregulamentação da atividade e a abertura do
mercado, a competição encontra-se cada vez mais acirrada, com centenas de novas
empresas de distribuição autorizadas a operar.
Um estudo do Instituto Francês de Petróleo demonstra que, para se
manterem competitivas, as companhias de petróleo devem manter suas atividades
integradas "do poço ao posto". O setor de distribuição de derivados de petróleo,
álcool e gás natural é constituído por um sistema harmônico de abastecimento, que
113
tem início na entrega dos produtos pela refinaria e que termina quando eles chegam
ao consumidor. Por sua influência na economia, é um segmento estratégico em
qualquer parte do mundo.
A distribuição é a última etapa do processo e faz o papel de elo entre a
refinaria e o consumidor final e, historicamente, tem sido uma atividade cuja margem
de lucro é extremamente baixa (BILET, 1984).
A atividade de distribuição é feita em várias etapas: estocagem,
movimentação e entrega ao grande consumidor ou revendedor. A logística envolvida
para a distribuição do combustível inicia-se no transporte da refinaria4 para as bases
primárias de distribuição, que é feito através de cabotagem, oleodutos ou por meio
ferroviário. Das bases primárias o produto pode ser entregue diretamente ao
consumidor5, através de oleodutos para alguns grandes consumidores e transporte
ferroviário, rodoviário ou marítimo para outros grandes consumidores ou para os
postos revendedores, ou transferido para as bases secundárias (bases de
distribuição no interior do país/estado) para posterior entrega aos clientes.
Ressaltamos que esta estrutura exige pesados investimentos em transporte,
armazenamento e pontos de vendas. Atualmente, no Brasil, o setor é responsável
por uma rede de aproximadamente 22 mil postos de abastecimento, 119 bases de
distribuição em 74 municípios, 10 fábricas de lubrificantes, 200 postos de
abastecimento destinados à aviação, computadas apenas as instalações das
empresas filiadas ao SINDICOM (2005).
Com exceção de alguns grandes consumidores que retiram seus produtos
diretamente da refinaria por intermédio de oleodutos, os demais consumidores do
mercado obtém o produto por intermédio da atuação das distribuidoras. Através de
uma rede de intermediários (revendedores e retalhistas), elas são responsáveis pelo
aprovisionamento do mercado.
As distribuidoras trabalham em sistema de parceria com os postos
revendedores e têm clientes que compram grandes volumes, denominados grandes
consumidores. Segundo Silveira (1998), os principais clientes das empresas de
distribuição são:
4 Atualmente a única empresa fornecedora às distribuidoras é a Petróleo Brasileiro S.A., porém com a quebra do monopólio e a liberação das importações as distribuidoras poderão efetuar compras em refinarias no exterior 5 As indústrias petroquímicas têm bombeamento direto da refinaria para a fábrica, através de oleodutos.
114
• Posto Revendedor - Ponto de venda ao consumidor final. Conforme o tipo de
contrato com a Distribuidora, os postos podem ser:
♦ Posto Próprio - Posto da própria distribuidora que o aluga a um operador
por um percentual da margem de revenda. No Brasil as empresas
distribuidoras são proibidas de operarem postos diretamente, com
exceção de seus postos-escola.
♦ Posto de Terceiros - Pode ser posto ou terreno que a distribuidora aluga e
subloca ao Revendedor. No Brasil é feito de duas formas: locador aluga
imóvel a distribuidora que o subloca ao Revendedor ou o próprio locador é
o sublocatário.
♦ Com Contrato - (Contrato de Compra e Venda Mercantil - CVM) - Postos
que possuem contrato, com a distribuidora, que determina obrigações de
venda de produtos pelo revendedor por períodos determinados.
♦ Sem Contrato - Postos que não possuem contrato firmado com a empresa
distribuidora, porém operam com a marca, isto é, identifica visualmente o
estabelecimento com a "bandeira” 6 pela utilização de logotipos, cores e
equipamentos.
♦ Bandeira Branca - Postos sem contrato e que não se identificam com
bandeira alguma, sendo livre para comprar de qualquer distribuidora.
♦ Multi-Bandeira - Posto sem contrato e que se identifica com equipamentos
de várias bandeiras. Pela dificuldade operacional de instalação de
equipamentos de diferentes distribuidoras este tipo de posto revendedor
não existe na prática.
• Grandes Consumidores - Clientes que compram em grande quantidade
diretamente da distribuidora. São grandes consumidores, por exemplo:
♦ Indústrias
♦ Governo
♦ Empresas de transporte
♦ Empreiteiras de construção civil
♦ Empresas agro-industriais
• Empresas de Aviação
6 Bandeira- termo normalmente utilizado para se referir a companhia distribuidora detentora da marca.
115
♦ Companhias Aéreas - Grandes empresas de aviação - nacionais e
internacionais - que abastecem nas bases de abastecimento dos
aeroportos
♦ Revendedores de Aviação - Empresas que recebem os produtos das
distribuidoras e revendem a pequenos clientes da aviação
• Transportadores – Revendedores - Retalhistas - TRR's - Empresas que
compram da distribuidora e revendem diesel, óleo, querosene e lubrificantes a
outros consumidores (empresas de pequeno e médio porte, condomínios,
hospitais, fazendas).
Como definido no Item 1.6, para efeito deste trabalho não consideraremos o
consumidor final, ou seja, a pessoa física que abastece seu veículo nos postos de
serviço, como cliente direto das distribuidoras, mas como uma das partes
interessadas no negócio.
A fabricação de lubrificantes, embora não possa ser caracterizada como
atividade de transporte e distribuição, é historicamente deixada a cargo do segmento
de distribuição dentro do setor de petróleo. Todas as empresas examinadas têm
entre seus ativos fábricas de lubrificantes.
As distribuidoras examinadas vêm incorporando também, em seus postos de
abastecimento, lojas de conveniência. Esse setor tem uma dinâmica própria,
diferente do processo de distribuição de combustíveis, se aproximando mais do setor
de varejo de alimentos, e não será objeto de estudo neste trabalho, como
especificado no item 1.6.
4.1.4. O mercado do setor de distribuição de combustíveis no Brasil
É através do ramo da distribuição que as companhias de petróleo têm o maior
contato com a sociedade onde se inserem embora o maior impacto ambiental se dê
na área de Exploração e Produção e na de Refino. Desta forma, consideramos o
setor de fundamental importância quando falamos de introduzir e desenvolver a
visão de sustentabilidade no setor de petróleo.
A estrutura do mercado de distribuição é diferente de um país para outro,
sendo influenciado por características geográficas, pela estrutura de preços, pelo
controle governamental, etc. De uma forma geral é atomizado e composto por
subsidiárias ou filiais das grandes companhias petrolíferas e por empresas
116
independentes. No Brasil, o setor de distribuição é um mercado de livre
concorrência, com estrutura oligopólica, onde 5 empresas detém aproximadamente
80 % de participação. Nele atuam uma empresa de economia mista, subsidiária da
Petrobras Petróleo Brasileiro S.A., filiais de empresas petrolíferas multinacionais e
empresas de capital privado nacional. Assim, segundo dados da Petrobras (2005) o
capital estrangeiro é responsável por 29% do mercado, o capital estatal por 32,8% e
o capital privado nacional por 38,2%.
O mercado de distribuição de combustíveis no Brasil, falando de volumes
transacionados e projeções de crescimento, é o mais atrativo da América Latina,
movimentando mais de 660 milhões de barris e crescendo a uma taxa firme de 5-7%
ao ano (TEIXEIRA, 2001).
A rede de estações de serviço brasileira, de acordo com uma pesquisa feita
pela ANP em Junho de 2000, já chegava a 28,929 postos registrados. A distribuição
destas estações de serviço pelo território nacional, apesar de uma baixa densidade
em termos de quantidade por quilometro quadrado, é bastante regular, embora com
maior concentração nas áreas mais populosas.
A desregulamentação completa do mercado de distribuição de combustíveis,
a partir de janeiro de 2002, cuja única exceção foi a manutenção da proibição da
integração vertical entre distribuidoras e revendedores, provocou mudanças
significativas no setor nos últimos anos, na medida em que essa liberalização foi
provocando seus efeitos.
Um efeito importante foi o crescimento do número de distribuidoras, em torno
de 250 licenciadas e 170 em atividade ao fim de 2003, além do crescimento do
número de postos sem vínculo com uma bandeira de distribuição, que respondem
por boa parte das vendas das pequenas distribuidoras, não filiadas ao SINDICOM,
cuja participação no mercado de derivados em 2003 se manteve, no global, entre 18
a 19%, mas apresentando algumas oscilações no cômputo mensal, chegando a
ultrapassar os 20% de participação de mercado em alguns meses do primeiro
semestre de 2003.
Estas oscilações no market-share das distribuidoras não afiliadas ao
SINDICOM, têm relação direta com irregularidades do mercado, especialmente
liminares tributárias que foram estabelecidas em grande número nos primeiros seis
meses de 2003, arrefecendo depois ao longo do segundo semestre, conforme o
gráfico abaixo:
117
Figura 12 - Liminares Tributárias em vigor (2003)
19
6
4
14
63
18
7
4
20
8
2
16
71
18
4
13
41
11
31
6
32
332
242
232
05
101520253035
jan/03 mar/03 mai/03 jul/03 set/03 nov/03CIDE ICMS PIS/COFINS NA CIDE
Fonte: Sindicom, 2005
O ano de 2003 foi marcado pela troca de Governo acompanhada de
incertezas quanto às políticas governamentais futuras, causando nos agentes
econômicos expectativas negativas para as projeções dos principais indicadores,
como o risco-país, taxas de inflação e de juros. Esse panorama provocou a
estagnação do crescimento econômico, afetando o mercado de distribuição. Nesse
cenário de mercado, algumas grandes distribuidoras também adotaram posturas
mais competitivas em 2003, em termos de redução de preços e margens, tendo sido
divulgadas quedas de margens brutas de até 25% entre 2002 e 2003.
As maiores empresas de distribuição atuando no Brasil faturaram juntas, em
2005, mais de R$ 88 bilhões. Resultando em aproximadamente R$ 2,2 bilhões de
lucros. Esclarecemos que historicamente o nível da margem de lucro das
distribuidoras é baixo. Entre as grandes a média simples da margem em 2005 foi de
menos de 2,5% (SINDICOM, 2005).
4.1.5. Principais impactos na etapa de distribuição do petróleo.
A identificação dos aspectos e o levantamento dos impactos sociais e
ambientais dos produtos, dos processos e das instalações da atividade de
distribuição de combustíveis foram feitos de acordo com as orientações das Normas
ISO 14001, ISO 14004, ISO 14031 e OHSAS 18001, acrescidos dos requisitos do
PNQ e das recomendações da ONU para o setor de petróleo (UNEP, 1999). Essas
orientações estabelecem que os riscos inerentes às atividades da empresa devem
ser identificados, avaliados e gerenciados, de modo a evitar a ocorrência de
acidentes, prevenir e assegurar a minimização de seus impactos.
118
Para a identificação dos aspectos e o tratamento dos respectivos impactos
ambientais, sociais e econômicos, a metodologia aplicada encontra-se resumida no
fluxograma da Figura 13, que corresponde às etapas da certificação segundo as
Normas citadas acima.
Especificamente quanto à identificação dos aspectos sociais e ao tratamento
dos respectivos impactos sociais e econômicos relativos aos produtos, processos e
instalações, a classificação se desenvolve em função das partes interessadas, da
situação operacional, da procedência, da classe e da população afetada.
119
Figura 13 - Fluxograma de identificação e gestão de aspectos e impactos sociais e ambientais
Fonte: Adaptado de ISO 14001 (2004) e UNEP (1999)
S
INÍCIO
Identificação das Partes Interessadas
Identificação das categorias de aspectos, dos aspectos sociais e seus respectivos
impactos.
Caracterização dos aspectos sociais e impactos
associados
Avaliação dos impactos associados
Análise da significância dos aspectos
Aspecto significativo N
Gerenciar Aspectos Significativos
Preparação de listas de processos e tarefas através da seleção das atividades/serviços e tarefas
correlacionadas
Identificação de aspectos ambientais, suas causas
básicas e impactos associados.
Caracterização dos aspectos e impactos
ambientais associados
Registrar como NÃO significativo
AmbientalSocial
FIM
120
A seguir, as etapas do fluxograma Figura 13 são resumidamente descritas:
• Linha Ambiental: 1. Preparação de listas de processos e tarefas através da seleção das
atividades correlacionadas: Todos os processos desenvolvidos nas unidades
são identificados e as respectivas tarefas listadas.
2. Identificação de aspectos ambientais, suas causas básicas e impactos
associados: Para cada tarefa dos processos em análise, são identificados os
aspectos ambientais. Se necessário, são indicadas as causas básicas, pois
são potenciais iniciadores do aspecto considerado. Para cada aspecto, são
identificados os seus respectivos impactos associados, ou seja, os efeitos
decorrentes dos referidos aspectos. Os aspectos e impactos identificados são
assinalados em planilha de levantamento de aspectos e impactos.
3. Caracterização dos aspectos e impactos ambientais associados: Os aspectos
e impactos ambientais são caracterizados, no mínimo, considerando a
situação operacional, a classe, a área afetada, a população afetada e o
agente econômico afetado.
• Linha Social: 1. Identificação das Partes Interessadas: São identificados os grupos que podem
afetar ou serem afetados pelos processos rotineiros ou por acidentes que
possam vir a ocorrer no desempenho normal das atividades da empresa.
2. Identificação das questões relevantes associadas ao relacionamento da
empresa com as Partes Interessadas, ou Categorias Sociais (UNEP,1999),
dos aspectos sociais que compõem cada categoria e seus respectivos
impactos: É feita a identificação do conjunto de aspectos sociais associado a
cada parte interessada e especificação dos impactos associados a cada um
dos aspectos sociais levantados para as atividades ou instalações;
3. Caracterização dos aspectos sociais e impactos associados: Os aspectos
sociais são caracterizados considerando a situação operacional e a
procedência e os impactos são classificados a partir da classe, freqüência de
ocorrência e população afetada.
121
• Geral 4. Avaliação dos aspectos e impactos associados: A avaliação dos aspectos e
impactos é feita por meio de análise de importância, representada pela soma
da pontuação relativa aos critérios citados no item 3 anterior. Em situação de
emergência, são acrescidos critérios de risco nesta avaliação.
5. Analisar a significância dos aspectos: Um aspecto é considerado significativo
quando a pontuação obtida pelo item 4 anterior for superior a valor
determinado ou quando o aspecto estiver relacionado a algum filtro de
significância, ou ainda, quando houver risco iminente envolvido.
6. Gerenciar aspectos significativos: Para controle de aspectos (e impactos
associados) significativos, devem ser necessariamente estabelecidos:
• Plano de ação, com responsáveis e prazos, que represente uma minimização
imediata dos impactos, ficando a atividade sujeita a operar somente após a
implementação das medidas mitigadoras;
• Objetivos e metas, com estabelecimento de indicadores e sistemática de
acompanhamento;
• Procedimentos – revisão ou elaboração;
• Programas específicos, periódicos ou pontuais, para conscientização ou
reforço de ações mitigadoras;
• Acompanhamento dos resultados.
A seguir apresentamos os impactos ambientais e sociais identificados para a
atividade de distribuição de combustíveis conforme elementos apresentados
anteriormente.
Os aspectos e impactos ambientais apresentados são referentes aos
processos da distribuição de combustível, em sua operação normal bem como no
caso de acidentes, como vazamentos por exemplo, ou de características próprias do
mercado no Brasil, como a adulteração de combustíveis e como afetam o meio
ambiente.
122
Tabela 4 - Impactos ambientais das atividades da distribuição de combustíveis
IMPACTOS AMBIENTAIS
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CATEGORIA ASPECTO IMPACTO ATIVIDADE Alteração dos recursos hídricos
Alteração das condições do solo
Efluentes
Geração e descarte de efluentes
Alteração da biodiversidade
Alteração dos recursos hídricos Resíduos
Geração e disposição de resíduos Alteração das
condições do solo
Alteração dos recursos hídricos
Alteração das condições do solo
Vazamento de produtos (tanques, tubulações, conexões, bocais de enchimento e bombas). Alteração da biota ou
da biodiversidade
Alteração da biota ou da biodiversidade
Alteração das condições do solo
Alteração da qualidade do ar
Vazamentos
Incêndio ou explosão
Alteração dos recursos hídricos
Adulteração de combustíveis
Alteração da qualidade do ar
Alteração da qualidade do ar Emissões evaporativas
(VOC) Alteração da biota ou da biodiversidade
Chuva ácida Emissões de combustão (CO, CO2, SOX, NOX, H2O), Efeito estufa
Emissões
Emissões de material particulado
Alteração da qualidade do ar
Alteração na qualidade do ar
Tráfego de caminhões na vizinhança Alteração no nível de
ruído ambiental
Alteração dos recursos hídricos
Alteração das condições do solo
Transporte
Colisão e/ou tombamento de veículos de transporte de combustível
Alteração da biota ou da biodiversidade
Fonte: O Autor
123
As categorias, aspectos e impactos sociais dizem respeito à forma de conduta
da empresa na sua relação com as Partes Interessadas em seu negócio,
identificadas dentro da cadeia de operação da empresa. As Partes Interessadas que
têm relação direta com o processo da empresa são consideradas estratégicas. As
demais, embora tenham importância para os negócios, têm interesse mais
representativo que direto e são consideradas secundárias. Analisamos a relação das
empresas do segmento de distribuição com suas Partes Interessadas estratégicas.
As categorias, ou conjuntos de aspectos relativos a uma questão importante
na conduta das empresas do setor com suas partes interessadas estratégicas, foram
levantadas a partir da categorização da UNEP (1999), adaptada ao segmento
examinado. Os aspectos sociais são aqui definidos como os elementos que podem
afetar a qualidade de vida ou o desempenho das Partes Interessadas e que podem
provocar impactos sociais, ou mudanças na realidade social deles decorrentes
Tabela 5 - Impactos sociais das atividades da distribuição de combustíveis
IMPACTOS SOCIAIS Po
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PARTE INTERESSADA CATEGORIA ASPECTO IMPACTO ATIVIDADE
Remuneração (salários e benefícios)
Alteração na qualidade de vida, na renda e na satisfação do trabalhador.
Critérios de admissão
Alteração no desenvolvimento sócio econômico local
Condições de emprego
Critérios de demissão
Alteração na qualidade de vida, auto-estima e empregabilidade.
Direitos Humanos
Trabalho em condições insalubres e/ou em situações perigosas
Alteração na qualidade de vida
Desenvolvimento e capacitação
Qualificação e capacitação profissional
Alteração na empregabilidade
Força de Trabalho: 1. Empregados Próprios 2. Empregados dos Postos Revendedores 3. Empregados de empresas contratadas.
Diversidade Composição da Alteração na
124
IMPACTOS SOCIAIS
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PARTE INTERESSADA CATEGORIA ASPECTO IMPACTO ATIVIDADE
Força de Trabalho (gênero, raça, idade, portadores de deficiência).
qualidade de vida
Equidade na distribuição de benefícios
Critério para seleção de fornecedores
Alteração no desenvolvimento sócio-econômico local ou geral e na satisfação do cliente
Desenvolvimento e capacitação
Apoio ao desenvolvimento dos fornecedores (aspectos gerencial, tecnológico, social e ambiental).
Alteração na qualidade de vida da força de trabalho das empresas fornecedoras. Alteração do nível de trabalho e renda
Trabalho infantil na cadeia produtiva
Erradicação do trabalho infantil Alteração nas condições de vida das crianças (educação e saúde)
Fornecedores: (refinarias, petroquímicas e usinas de álcool, fornecedores de equipamentos e manutenção e das lojas de conveniência, empresas transportadoras).
Direitos Humanos
Trabalho escravo na cadeia produtiva
Erradicação do trabalho escravo Alteração nas condições de vida dos locais onde opera
Equidade na distribuição de benefícios
Critério para seleção de revendedores
Alteração na qualidade de vida e no desenvolvimento sócio-econômico local e na satisfação do cliente
Monitoramento de revendedores
Alteração na qualidade de vida (empregados do revendedor e comunidades do entorno)
Clientes: 1. Revendedores
Desenvolvimento e capacitação
Apoio ao desenvolvimento dos revendedores (gerencial, tecnológico, social e ambiental).
Alteração na qualidade de vida (empregados do revendedor e comunidades do entorno), do nível de renda e de
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IMPACTOS SOCIAIS
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PARTE INTERESSADA CATEGORIA ASPECTO IMPACTO ATIVIDADE
trabalho local e da satisfação dos clientes.
2. Consumidores finais
Excelência no atendimento
Política de melhoria contínua (preço, qualidade do produto, qualidade do serviço).
Alteração do desenvolvimento local (efeito multiplicador) e da satisfação dos clientes
Relações com a comunidade do entorno
Diálogo com organizações locais (organizações comunitárias ONGS, entidades públicas).
Alteração no desenvolvimento sócio-econômico local
Ação social da empresa na comunidade local (apoio /desenvolvimento de projetos sociais em áreas como educação, saúde, habitação, esportes, geração de trabalho e renda).
Alteração das situações de pobreza e exclusão social da comunidade Alteração no desenvolvimento social local
Gerenciamento dos impactos da empresa na comunidade.
Alteração no desenvolvimento sócio-econômico local
Comunidade do entorno
Investimento social
Gerenciamento dos impactos da comunidade na empresa.
Alteração na qualidade de vida do entorno
Investimento social
Diálogo com as diversas instâncias do Poder Público (apoio na elaboração de programas para desenvolvimento local e regional, além de regulamentos e normas).
Alteração na qualidade de vida do entorno Alteração no desenvolvimento sócio-econômico
Governo e Sociedade
Equidade na distribuição de benefícios
Geração de renda local e regional.
Alteração no desenvolvimento sócio-econômico
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IMPACTOS SOCIAIS
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PARTE INTERESSADA CATEGORIA ASPECTO IMPACTO ATIVIDADE
Pagamento de taxas e impostos locais, regionais e nacionais.
Alteração no desenvolvimento sócio-econômico
Combate à corrupção.
Alteração no desenvolvimento social
Ética e Transparência
Combate às formas ilegais de troca.
Alteração no desenvolvimento social
Acionistas Ética e
Transparência
Fonte: Modificado de Petrobras/Equipe LIMA-COPPE, 2005.
4.2. A VISÃO ESTRATÉGICA DE SUSTENTABILIDADE DE ALGUMAS EMPRESAS DE PETRÓLEO (BENCHMARKING).
A IPIECA e o API prepararam em conjunto o Oil and Gas Industry Guidance
on Voluntary Sustainability Reporting, um guia para a elaboração de relatórios
voluntários do desempenho nas áreas ambiental, saúde e segurança, social e
econômica. Diversas empresas fizeram parte do grupo que preparou o guia,
demonstrando uma efetiva preocupação com a questão da sustentabilidade.
O Dow Jones Sustainability Index (DJSI) também lista diversas empresas da
área de energia, sendo a maioria de petróleo e gás.
O Quadro 15, abaixo, mostra as empresas que produzem e comercializam
petróleo e derivados e pertencem aos dois conjuntos, a saber, o grupo de
preparação do guia IPIECA/API e o DJSI.
127
Quadro 15 - Empresas Selecionadas
Empresa IPIECA/API DJSI E&P/Refino Distribuidora
BHP Billiton _ _
BP
Chevron _
Conoco Phillips _
Exxon Mobil _
Marathon _
Nexen _
PDO _ ?
Shell
Statoil
Suncor Energy _
Total
UNOCAL _ _
Woodside _ _ Fonte: O Autor
Neste aspecto, foram selecionadas para estudo as empresas que, além de
pertencerem aos dois grupos, têm atuação verticalizada, participando em todas as
fases do processo de produção e distribuição de petróleo e derivados. O critério de
escolha busca obter exemplos de formas de gestão de sustentabilidade praticadas
por empresas efetivamente comprometidas com a questão, atuando em todas as
etapas do negócio em diversas partes do mundo. São elas: BP, Shell, Statoil, Total e
Petrobras.
A Petrobras foi selecionada por se enquadrar no critério, embora não tenha
participado do grupo de preparação do guia IPIECA/API. Ela é a maior empresa do
setor no território nacional e vem demonstrando uma efetiva preocupação com a
questão da sustentabilidade, estando atualmente na primeira posição de entrada no
DJSI.
128
4.2.1. PETROBRAS
A Petrobras - Petróleo Brasileiro S.A. é uma sociedade anônima de capital
aberto, controlada majoritariamente pelo Governo brasileiro, que possui 55,7% de
suas ações ordinárias e, portanto, de seu capital votante, e 32,2% do capital social
total. A Petrobras é uma companhia integrada que realiza atividades de exploração,
produção, refino, comercialização e transporte de petróleo, gás natural e derivados
no Brasil e no exterior. É a maior empresa brasileira, a maior companhia de petróleo
da América Latina e a décima quinta do mundo. Criada em 1953, é hoje a 15a maior
companhia de petróleo do mundo, segundo os critérios da publicação Petroleum
Intelligence Weekly. (Relatório Petrobras, 2004)
De acordo com o Relatório Petrobras 2004 a empresa vem expandindo suas
operações para tornar-se uma companhia de energia com atuação internacional e
líder na América Latina, baseada nos seguintes valores:
• Valorização dos principais públicos de interesse: acionistas, clientes,
empregados, sociedade, governo, parceiros, fornecedores e comunidades em
que a Companhia atua;
• Espírito empreendedor e de superar desafios;
• Busca permanente da liderança empresarial;
• Excelência e liderança em questões de saúde, segurança e preservação do
meio ambiente;
• Espírito competitivo inovador, com foco na diferenciação em serviços e
competência tecnológica;
• Obtenção de resultados de excelência.
De acordo com o seu modelo de estrutura organizacional, a Companhia
funciona com quatro áreas de negócio:
• Abastecimento: É responsável pelas atividades de refino, logística, transporte
e comercialização de derivados e álcoois, além das participações em
empresas petroquímicas no Brasil e duas plantas de fertilizantes. De acordo
com a Petroleum Intelligence Weekly, a Petrobras pode ser considerada a
nona maior companhia no setor downstream - refino, transporte e
comercialização. A Companhia abastece quase toda a demanda do mercado
brasileiro por derivados de petróleo.
129
• Exploração e Produção: É o órgão da Petrobras que atua em pesquisa,
localização, identificação, desenvolvimento, produção e incorporação de
reservas de óleo e gás natural dentro do território nacional.
• Gás e Energia: É a área responsável pela comercialização do gás natural
nacional e importado, além da implantação de projetos, em parceria com o
setor privado, que irão garantir a oferta deste combustível e de energia em
todo o país.
• Internacional: A Petrobras desenvolve diversas atividades no exterior e
mantém uma consistente atividade internacional, desde a exploração até a
compra e a venda de petróleo, além de outros atributos em várias áreas.
A empresa conta com duas áreas de apoio - Financeira e Serviços - e as
unidades corporativas ligadas diretamente ao presidente, alem de um centro de
pesquisa, o CENPES.
A Petrobras mantém uma consistente atividade internacional, tal como:
compra e venda de petróleo, tecnologias, equipamentos, materiais e serviços;
acompanhamento do desenvolvimento da economia americana e européia;
operação financeira com bancos e bolsa de valores; recrutamento de pessoal
especializado; afretamento de navios; apoio em eventos internacionais, entre outros.
A Petrobras está presente em Angola, na Argentina, na Bolívia, na Colômbia, nos
Estados Unidos, na Nigéria. Tem apoio de seus escritórios em Nova Iorque
(ESNOR) e no Japão (ESJAP).
130
Figura 14 - Área de atuação da Petrobras
Fonte: Site da Petrobras, 2005.
Além das atividades da holding, o Sistema Petrobras inclui as subsidiárias,
empresas independentes com diretorias próprias, interligadas à sede, tais como:
• Petrobras Gás S.A. - Gaspetro, subsidiária responsável pela comercialização
do gás natural nacional e importado.
• Petrobras Química S.A. - Petroquisa, que atua na indústria petroquímica;
• Petrobras Distribuidora S.A. - BR, na distribuição de derivados de petróleo;
• Petrobras Transporte S.A. - Transpetro, criada para executar as atividades de
transporte marítimo e dutoviário da Companhia;
• Petrobras Comercializadora de Energia Ltda., que permite a atuação da
Companhia nas novas atividades da indústria de energia elétrica no Brasil;
• Petrobras Negócios Eletrônicos S.A., participa no capital social de outras
sociedades que tenham por objetivo atividades realizadas pela Internet ou
meios eletrônicos;
• Petrobras International Finance Company – PIFCO, criada com o objetivo de
facilitar a importação de óleo e produtos derivados de petróleo;
• Downstream Participações S.A., que facilita a permuta de ativos entre a
Petrobras e a Repsol-YPF;
131
Em 2003 a empresa mudou sua forma de empreender ações sociais e de
participar do desenvolvimento ambiental, cultural e esportivo do País. Estabeleceu
parcerias com diversas organizações do governo e da sociedade civil e
comprometeu-se com os princípios do Pacto Global e com as Metas do Milênio
propostas pela ONU.
4.2.1.1. Petrobras - Visão estratégica
O Plano Estratégico da Petrobras 2003 – 2007 contempla a estratégia
corporativa de liderança no mercado brasileiro de petróleo e derivados, consolidação
como empresa de energia e expansão seletiva da atuação internacional. Esta
estratégia continuará pautando-se pela permanente integração da busca da
rentabilidade com o exercício da responsabilidade social.
Em 2003, 250 dos principais executivos e técnicos da companhia começaram
a elaborar o Planejamento Estratégico da Petrobras 2004-2015. Uma das questões
fundamentais na discussão foi a introdução dos conceitos de responsabilidade social
e ambiental na missão e nas políticas corporativas, de forma a garantir que todas as
atividades a serem desenvolvidas pela empresa contemplem, cada vez mais, a
inclusão social e o respeito ao meio ambiente. A direção da empresa esteve
envolvida em todo o processo.
A Petrobras tem como missão atuar de forma segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental, nas atividades da indústria de óleo, gás natural
e energia, nos mercados nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços
adequados às necessidades dos seus clientes e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos países onde atua. Em sua visão, a Petrobras será
uma empresa integrada de energia com forte presença internacional e líder na
América Latina, atuando com foco na rentabilidade e na responsabilidade social e
ambiental. O Planejamento Estratégico Petrobras 2015, aprovado em maio de 2004,
reforça o compromisso da Companhia de atuar com responsabilidade social e ambiental de forma totalmente integrada aos negócios, tanto no Brasil como nos
outros países onde está presente. Em sua busca por liderança nos mercados de petróleo e gás natural da
América Latina, a Petrobras definiu como pilares estratégicos a expansão seletiva na
132
petroquímica e a atuação nos mercados de energia renovável. O crescimento, a
rentabilidade e a responsabilidade social e ambiental são os fatores do desempenho
da estratégia que, do ponto de vista interno, estará assentada na busca da
excelência operacional, da gestão e do domínio tecnológico.
O Planejamento Estratégico – 2015 traz também os valores da Companhia,
que orientam a postura profissional de seus colaboradores. São eles:
• Valorização dos principais públicos de interesse: acionistas, clientes,
empregados, sociedade, governo, parceiros, fornecedores e comunidades,
direta ou indiretamente ligadas à atuação da Companhia;
• Espírito empreendedor e de superar desafios;
• Foco na obtenção de resultados de excelência;
• Espírito competitivo inovador com foco na diferenciação em serviços e
competência tecnológica;
4.2.1.2. Petrobras - Visão de sustentabilidade
A Visão de Sustentabilidade da Petrobras, expressa em seu Plano
Estratégico, parte da preocupação e do compromisso da Empresa com seus
públicos de interesse, ou partes interessadas.
Dentre outros aspectos, a Política de Atuação Corporativa prevê que a
Petrobras deve:
• Conduzir os negócios e atividades com ética e transparência, visando à
credibilidade junto aos seus acionistas, investidores, trabalhadores, clientes,
fornecedores, poder público, comunidades onde atua e sociedade em geral.
• Conduzir os negócios e atividades com responsabilidade social e ambiental,
considerando seus compromissos com o desenvolvimento sustentável e com
o Pacto Global, do qual é signatária.
• Exercer ações pró-ativas no relacionamento com governos, órgãos
reguladores, fiscalizadores e entidades de interesse da Petrobras.
A Companhia elabora diversas pesquisas – Pesquisa de Ambiência
Organizacional, de Clientes e de Opinião Pública, entre outras – com o objetivo de
ouvir, avaliar e considerar as preocupações, críticas e sugestões dos públicos de
interesse em assuntos que os envolvam. Constam do Painel de Desempenho
133
Corporativo os indicadores Imagem de Responsabilidade Social e Imagem
Corporativa, que são monitorados periodicamente. Nas reuniões do Comitê de
Negócios e dos diversos Comitês de Gestão são analisados diagnósticos e
pesquisas e discutidas linhas de ação relacionadas às partes interessadas.
As pesquisas citadas acima baseiam-se em 18 indicadores que contemplam
os seguintes campos de avaliação: gestão, competitividade, crescimento, atuação no
exterior, visão de futuro, apoio social, ética e responsabilidade social e ambiental.
A média ponderada das pontuações de todos os indicadores no segmento
opinião pública dá origem a um indicador geral. Este indicador não é uma média
entre as notas de todos os segmentos, o que a empresa não considera significativo
do ponto de vista estatístico, mas representa uma amostra específica.
As informações resultantes das pesquisas realizadas pela Petrobras junto às
partes interessadas são consolidadas no Sistema de Monitoramento da Imagem
Corporativa (Sísmico), que constitui uma ferramenta de gestão da reputação da
Companhia. Por meio do Sísmico, a administração pode acompanhar a evolução da
imagem da Petrobras e ajustar não apenas suas políticas e ações de comunicação,
mas, principalmente, suas práticas de gestão em diversas áreas.
Em 2004, as pesquisas de imagem corporativa abrangeram uma amostra
mais ampla do que no ano anterior. Foram realizadas 5.400 entrevistas,
contra as 3 mil de 2003, distribuídas uniformemente por nove capitais: São Paulo,
Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, Manaus e
Brasília. A melhora observada no indicador geral distribui-se por praticamente todos
os 18 indicadores. Apenas os indicadores Diversificação/Energia, Atuação no
Exterior e Postos BR tiveram redução no ano de 2004, sendo que somente no
primeiro indicador houve uma queda expressiva.
Dentre os indicadores que se ampliaram, as maiores taxas de incremento
foram observadas em Ética, Transparência e Responsabilidade Social e Ambiental.
A Petrobras, sendo signatária do Pacto Global, estrutura seu Balanço Social a
partir de seus princípios, em numero de dez, organizados em quatro categorias:
1. Direitos Humanos
• Princípio 1: apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos reconhecidos
internacionalmente;
• Princípio 2: assegurar-se de que não estejam sendo cúmplices de abusos e
violações de direitos humanos.
134
2. Trabalho
• Princípio 3: apoiar a liberdade de associação e o reconhecimento efetivo do
direito à negociação coletiva;
• Princípio 4: abolir todas as formas de trabalho forçado ou compulsório;
• Princípio 5: erradicar efetivamente o trabalho infantil; e
• Princípio 6: eliminar a discriminação em relação ao empregado e ao cargo.
3. Meio Ambiente
• Princípio 7: adotar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais;
• Princípio 8: desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade
ambiental; e
• Princípio 9: incentivar o desenvolvimento e difusão de tecnologias limpas que
não agridam o meio ambiente.
4. Anticorrupção
• Princípio 10: comprometer-se com o combate à corrupção em todas as suas
formas.
É utilizado no Balanço Social um modelo misto, com adaptações feitas pela
própria empresa, incorporando e consolidando os modelos de relatório e indicadores
de responsabilidade social e ambiental a seguir:
• GRI: Global Reporting Initiative – Diretrizes para Relatórios de
Sustentabilidade - 2002
• DJSI: Dow Jones Sustainability Index – Questionário de Sustentabilidade
Corporativa 2004 – Empresas de Óleo, Gás e Carvão
• IBS: Modelo Ibase 2004
• ETH: Guia de Elaboração do Balanço Social 2004 do Instituto Ethos
• IND ETH: Indicadores Ethos 2004
• CBD: Relatório de Sustentabilidade Empresarial 2004 do Conselho
Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)
A seguir apresentamos um quadro com os indicadores publicados no Balanço
Social de 2004.
135
Tabela 6 - Indicadores de sustentabilidade da Petrobras
136
Fonte: Balanço Social da Petrobras, 2004.
137
4.2.2. SHELL
A Shell é um conglomerado composto de muitas companhias e negócios
distribuídos através de todo o mundo.
No Brasil, a Shell é uma das cinco maiores distribuidoras de combustíveis. Ao
longo dos últimos anos, no entanto, diversas vertentes de negócios foram
inauguradas no país, ampliando o seu portfólio. Como exemplos podemos citar a
Shell Marine Products, Shell Energy Efficiency, Shell Services e Shell Solar, que
vieram a reunir-se a áreas também recentes, mas que atuam em segmentos
tradicionais, como Gás Natural & Geração de Energia e Exploração e Produção —,
com o intuito de tornar a Shell uma companhia integrada de energia.
As companhias do Grupo Shell atuam em cerca de 145 países e empregam
mais de 115 mil pessoas. Com faturamento superior a US$ 235,5 bilhões anuais, a
Shell, hoje com mais de 108 anos de existência, tornou-se uma das mais
importantes companhias globais de energia.
A área da atuação da empresa é bem distribuída através do globo, como
podemos verificar na figura abaixo.
138
Figura 15 - Área de atuação da Shell
Fonte: Relatório anual da Shell, 2005.
Segundo o site da Companhia (www.shell.com.br), a administração desse
complexo obedece a um modelo de organização simples e direta, com quatro tipos
de empresas sob controle dos acionistas:
• Parents Companies: A Royal Dutch Petroleum Company com 740.000
acionistas, e a Shell Transport & Trading, com 250.000 acionistas, ocupam o
topo da organização. Estas companhias são as peças-chave: autorizam
investimentos, indicam diretores e recebem os lucros das companhias
holding, distribuindo os dividendos aos acionistas. As ações da empresa
podem ser adquiridas nas principais bolsas do mundo.
139
• Companhias Holding: A Shell Petroleum NV e a Shell Petroleum Company
Ltd. detêm todas as ações e controlam as companhias de serviços e as
empresas operacionais. Recentemente, foi formada uma terceira holding, a
Shell Petroleum Inc., que detém o controle acionário da Shell Oil nos Estados
Unidos.
• Companhias de Serviço: Dão consultoria e serviços às demais companhias
operacionais do Grupo e às companhias associadas.
• Companhias Operacionais: Dedicam-se às diversas atividades do Grupo
ligadas ao Petróleo, Gás, Química, Metais, Carvão e Negócios Não-
Tradicionais (NTB). A Shell Brasil é uma das companhias operacionais do
Grupo em ação.
Figura 16 - Estrutura do grupo Shell
Fonte: Site da Shell, 2005.
O Grupo Shell explora, produz e refina petróleo e distribui combustíveis.
Trabalha também no segmento de produção e transporte de gás. Fabrica produtos
químicos e por fim, investe na pesquisa e na viabilidade de fontes de energia
renováveis. Abaixo mostramos um fluxograma com suas operações.
140
Figura 17 - Caracterização dos negócios da Shell
Exploração e Produção 17,100 empregados
$9.1 bilhões faturamento
$39.3 bilhões capital investido
Gás & Energia
2,100 empregados
$2.3 bilhões faturamento
$12.2 bilhões capital investido Óleo
81,600 empregados
$2.9 bilhões faturamento
$35.3 bilhões capital investido
Química
8,600 empregados
-$209 milhões faturamento
$10.4 bilhões capital investido Outros segmentos industriais
2,800 empregados
-$267 milhões faturamento
$864 milhões capital investido
Fonte: Site da Shell, 2005.
141
4.2.2.1. Shell – Visão Estratégica
O Grupo Shell tem uma linha de conduta comum para todas as suas
empresas, definida na Declaração de Princípios Empresariais do Grupo Shell, que
direciona a atuação de todas as companhias. Traduzidos em mais de 51 línguas,
estes princípios orientam a condução dos negócios, as decisões corporativas e o
comportamento esperado de cada funcionário no exercício de suas atividades
profissionais em todas as companhias operacionais.
Os objetivos do Grupo Shell, de acordo com o documento citado, são
trabalhar com eficiência, responsabilidade e rentabilidade nos negócios de petróleo,
gás químicos e outros segmentos selecionados pelo grupo, e participar na busca e
desenvolvimento de outras formas de energia, indo ao encontro da evolução das
necessidades dos clientes e da crescente necessidade mundial de energia.
Os valores apontados no mesmo relatório são disseminados por toda a força
de trabalho, que deve trabalhar com honestidade, integridade e respeito pelas
pessoas. Segundo a publicação, o Grupo acredita na importância fundamental da
confiabilidade, transparência, trabalho de equipe e profissionalismo, além de orgulho
do que fazem.
São oito os Princípios Empresariais do Grupo:
1. Econômico: A lucratividade no longo prazo é essencial para as metas da
empresa. Nesse principio estão incluídos os critérios para investimento , que
consideram questões de sustentabilidade (econômicas, sociais e ambientais)
e uma avaliação dos riscos do investimento.
2. Concorrência: A concorrência deve ser justa e ética, obedecendo à legislação.
Apóiam a livre concorrência.
3. Integridade: A empresa não considera inaceitável qualquer forma de oferta
indireta, pagamento ou solicitação de propina.
4. Atividade política:
• Das companhias: As empresas do Grupo não fazem contribuições ou
pagamentos para partidos ou organizações políticas ou seus representantes.
Trabalha dentro da legislação do país em que opera e mantém uma postura
de diálogo com os governos, sem participar de atividades político-partidárias.
142
• Dos empregados: Os empregados que desejem se engajar em atividades
na comunidade, inclusive se candidatar a cargos eletivos, têm liberdade para
fazê-lo.
5. Saúde, Segurança, Segurança Patrimonial e Meio Ambiente: São
consideradas questões críticas, para as quais devem ser definidas normas e
metas para melhoramento, e são objeto de controle e relatórios externos de
desempenho.
6. Comunidades locais: A empresa deve gerenciar os impactos sociais de suas
atividades, além de ter um interesse construtivo em questões sociais, ligadas
direta ou indiretamente ao seu negócio.
7. Comunicação e comprometimento: O Grupo Shell está comprometimento em
publicar relatórios de desempenho com informações relevantes para suas
partes interessadas. Procura também ter uma postura de diálogo com
empregados, parceiros comerciais e comunidades locais.
8. Atendimento legal: A empresa deve atender à legislação e normas dos paises
onde opera.
Sua estratégia de negócios para os próximos cinco anos é: “Mais upstream,
downstream mais rentável.” A primeira parte significa o aumento de desempenho na
prospecção e produção de petróleo, e especialmente gás natural, aumentando a
participação do upstream no portfólio da empresa. A segunda parte quer dizer
incrementar a rentabilidade nos segmentos de Produtos Químicos e Derivados
através de melhoramentos na operação das instalações, investimento em mercados
de rápido crescimento, como a China e outras partes da Ásia, e da venda de ativos
com retorno menor ou potencial de crescimento pequeno. Faz parte da estratégia
também o investimento continuado, dentro do desenvolvimento do mercado, em
energia alternativa. Atualmente já trabalham com energia solar e eólica,
biocombustíveis e hidrogênio.
4.2.2.2. Shell - Visão de sustentabilidade
A visão de sustentabilidade da empresa traduz-se em algumas diretrizes:
integrar nas decisões de negócios aspectos econômicos, ambientais e sociais;
equilibrar prioridades de curto e longo prazo; valorizar a opinião das partes
143
interessadas nos negócios da companhia (stakeholders), entender suas expectativas
e procurar formas de alinhá-las aos seus princípios empresariais.
As companhias Shell reconhecem cinco áreas de responsabilidade: com os
acionistas; com os clientes; com os funcionários; com os parceiros e fornecedores; e
com a sociedade. Estas áreas refletem as principais partes interessadas nos seus
negócios. A Shell entende que a lucratividade é essencial para o desempenho
dessas responsabilidades e para o bom andamento das operações. É uma medida
tanto da eficiência quanto do valor conferido pelos clientes aos produtos e serviços
da companhia. O reconhecimento dessas áreas de responsabilidade constitui-se em
elemento fundamental para a alocação dos recursos empresariais e para a
sustentação do investimento contínuo.
Além dos princípios empresariais, já citados, a Shell conta com livros
gerenciais, desenvolvidos pelo Grupo para abordar assuntos complexos como
Competição Justa, Suborno e Corrupção, Trabalho Infantil, Direitos Humanos e
Desenvolvimento Sustentável. Estas publicações foram concebidas para ajudar os
seus funcionários, nos países onde atua, a identificar as responsabilidades em
relação a estas questões. Também se encontram disponíveis no site da companhia.
Nos últimos anos, a Shell empenhou-se em disseminar os Princípios do
Desenvolvimento Sustentável, traduzindo para o dia-a dia de todas as partes
interessadas, o que vem a ser este conceito.
Além de incorporar questões como inovação, tecnologia, questões levantadas
nos fóruns da empresa, o relatório Shell na Sociedade Brasileira 2003/2004 alinha
as suas iniciativas às Metas do Milênio, apresentadas na Figura abaixo, que
estabelece desafios globais mais urgentes nos campos econômico, social e
ambiental.
Figura 18 - Metas do Milênio
Fonte: Shell, 2004
Em seu Relatório Anual a empresa demonstra suas contribuições para o
desenvolvimento sustentável, discriminadas da seguinte forma:
144
• Contribuições Econômicas e Tecnológicas: Estas contribuições visam não só
gerar lucro para seu negócio, como também transpor para seus clientes e
consumidores a importância do comprometimento com o desenvolvimento
sustentável.
• Contribuições Sociais: As contribuições da Shell visam contemplar a atenção
ao fornecedor, ao cliente, ao consumidor, ao funcionário; o investimento na
diversidade interna, valorizando as diferenças culturais, e no desenvolvimento
de talentos; o respeito à concorrência; a realização de investimentos sociais;
e a adoção do diálogo como premissa básica para a construção de um futuro
sustentável. Estas contribuições são relatadas, segundo dois públicos-alvos –
interno (funcionários) e externo (comunidade)
• Contribuições em Saúde, Segurança e Meio Ambiente: As contribuições nesta
área estão embutidas em todas as atividades da companhia, adotando
procedimentos que são consolidados e colocados em prática de forma
estruturada, por meio do Sistema Integrado de Gerenciamento de Saúde,
Segurança, Segurança Patrimonial e Meio Ambiente (HSSE-MS), além de
outras práticas.
• Relações com a Sociedade: As relações da empresa com a sociedade se dão
por intermédio de fóruns que contemplam diálogos estruturados, contato
direto com clientes e parceiros, além de outras iniciativas.
Ela aborda ainda a questão de ética e de responsabilidade social ao lidar com
seus fornecedores e parceiros. Para lidar com esta questão, existe uma iniciativa da
empresa que é o Procedimento de Auditoria do Cumprimento de Contratos, que está
sendo realizado desde o segundo semestre de 2003 e funciona como uma “malha
fina” do Imposto de Renda. Este projeto consiste em, dentre todos os contratos com
seus fornecedores e parceiros, escolher os que passarão por auditorias aleatórias.
Este programa é adotado por todas as unidades da companhia.
Os indicadores de sustentabilidade (abaixo) apresentados no Relatório Anual
estão separados por dimensão – econômicos, ambientais e sociais – sendo que os
econômicos se resumem à distribuição de lucros para investidores. Os demais
indicadores econômicos aparecem no Balanço da empresa. O modelo de relatório é
da própria empresa, a partir de seus princípios corporativos, não sendo utilizados
modelos disponíveis no mercado, como GRI,DJSI ou outros.
145
Tabela 7 - Indicadores de sustentabilidade da Shell
Tabela de Dados
Financeiro 1992-2001 1993-2002 1994-2003 1995-2004Total anual Lucro distribuído aos acionistas % Royal Dutch 17.63 11.73 11.67 11.35% Transportadora Shell 15.58 13.05 10.82 13.07O total anual dos lucros distribuídos aos acionistas é calculado como o total anual da valorização das ações e o rendimento de capital dos dividendos reinvestidos antes do imposto. Os números mostrados são baseados em reinvestimento bruto trimestral de dividendos em dólar. Meio Ambiente 2000 2001 2002 2003 2004
Emissão de gás de efeito estufaMilhões de toneladas equivalente CO2 101 103 106* 112 112Metano (CH4) Mil toneladas 398 315 241* 234 243Dióxido de carbono (CO2) Milhões de toneladas CO2 92 95 100* 106 106Flaring na Exploração e Produção
Milhões de toneladas 9.3 10.3 7.6* 9.3 9.2Dióxido de enxofre(SO2) Mil toneladas 277 274 270 292 304Óxido de nitrogênio (NOx) Mil toneladas 202 213 213 219 197CFCs/halons/ tricloroetano Toneladas 6 5 8 3 3Compostos orgânicos voláteis (VOCs) Mil toneladas 538 372 379 294 265Derramamento Mil toneladas 9.9 17.8 7.4* 6.7 6.6Petróleo em efluentes para ambiente de superfície Mil toneladas 2.8 2.9 2.5 2.4 2.3Utilização de água potávela Milhões de m3 n/c 1,701 1,710 1,690 1,620Resíduos Mil toneladas Perigosos 400 445 504 554 455 Não-perigosos 490 452 524 510 470 Total 890 897 1,028 1,064 925Eficiência energéticab Índice de energia do refino n/c n/c 135 132 131Índice Energético de Produtos Químicosc n/c n/c 99.7 98.3 93.3Eficiência energética de exploração e produção Gigajoules por tonelada produzida 0.70 0.70 0.82* 0.95 0.92 n/c = não calculado * aquisições de 2002 não confirmadas em 2002 a Incluindo água para resfriamento b Para explicações do Índice de Energia do Refino e Índice de Energia de Produtos Químicos,
ver Veja Mais. 1 c Dados auditados somente em 2003 e 2004. Apenas parcialmente na linha de base de 2000.
KPMG Accountants e PricewaterhouseCooprs LLP auditaram os dados marcados com . Veja Mais www.shell.com/shellreport/data 1 www.shell.com/erwandsociety/reportingandassurance
Fonte: Relatório Anual Shell, 2005
Social % de países (exceto onde ressalvado) 2000 2001 2002 2003 2004Fatalidadesd Empregados 5 3 8* 5 2Terceiros 55 37 45* 42 35Número Total 60 40 53* 47 37Taxa de acidentes fataisd Número de acidentes fatais por 100 milhões de horas trabalhadas (empregados e terceiros) 8.2 5.2 6.3* 5.6 4.4Lesões – freqüência total de casos reportados (TRCF) Por milhão de horas trabalhadas (empregados e terceiros) 3.2 2.9 2.6* 2.6 2.6Freqüência de tempo perdido por lesão (LTIF) Por milhão de horas trabalhadas (empregados e terceiros) 1.3 1.2 1.1 1.0 1.0Freqüência total de doenças ocupacionais reportados (TROIF) Doenças por milhão de horas trabalhadas (somente empregados) 2.2 2.3 2.0 2.0 2.1Segurança Utilizando segurança armada 22 18 16 22 18Utilizando segurança armada da companhia 2 2 1 2 2Utilizando segurança armada terceirizada 12 12 12 22 11Diversidade de sexo % mulheres Em cargos de supervisão/ profissional 17.1 17.7 18.9 19.5 20.7 Em cargos de gerência 8.9 9.2 10.4 11.1 11.9 Em cargos de liderança senior 7.8 7.9 8.3 9.4 9.4Sindicatos e assistência social % estimado de empregados sindicalizados n/c 19 19 13 12% de pessoal com acesso a assistência social, procedimento de reclamações ou centro de apoio n/c 99.99 99.99 99.99 100Trabalho Infantile Checagem para garantir procedimentos em uso para prevenção a utilização de mão-de-obra infantil Em operações próprias 84 89 86 78 83 Contratadas 51 57 56 57 61 Fornecedores 31 41 42 50 53Contratação e aquisição Gastos em produtos e serviços de companhias locais em países baixos e médiosf - milhões de $ n/c n/c n/c 5.2 6.3Contratos cancelados por incompatibilidade de princípios de negociação Número 106 100 54 49 64Joint Ventures privadas devido a operações incompatíveis com os princípios de negociação Número 2 0 0 1 0Integridade de negociação Casos reportados de suborno 5 5 4 8 16Investimento social (participação nos lucros) Milhões de $ 85 85 96 102 106n/c = não calculado d fatalidades de 2003 revisadas devido a investigações posteriores (duas contratadas) e Até 2003 nós perguntávamos se tal procedimento existia e não se estavam sendo
empregados. f Nível de receita interna definido pelo índice de desenvolvimento humano UNDP g Casos comprovados de suborno pagos ou aceitos por empregados da Shell, terceiros ou
intermediários. Antes de 2003, pode incluir oferta de suborno.
146
4.2.3. BP
A BP, segundo seu site (www.bp.com), é um grupo de energia global, com
mais de 100.000 empregados, operando em mais de 100 países.
Suas principais atividades são exploração e produção de petróleos crus e gás
natural, refino, comercialização, suprimento e transporte de petróleo e gás,
manufatura e comercialização de petroquímicos. Tem também uma crescente
atuação nos setores de gás, energia elétrica e energia solar.
O Grupo BP é organizado em segmentos de negócio, funções e regiões. Em
2004 o Grupo operou em quatro segmentos:
• Exploração e Produção – E&P- (Upstream): Responsável pela exploração de
petróleo e pela construção de instalações para extração de petróleo e gás,
inclusive os dutos de transporte (pipelines).
• Refino e Comercialização (downstream): controla as refinarias e os postos de
serviço da BP, bem como o fornecimento de combustível de aviação,
combustível marinho, combustíveis especiais e lubrificantes. Este segmento é
responsável pela construção das instalações das marcas do Grupo que têm
interação com os clientes, incluindo a BP, ARCO, Aral, Castrol, am/pm, e
Connect.
• Petroquímica: Até o final de 2004 era um segmento independente.
Manufatura e comercializa uma seleção de produtos químicos, a maior parte
derivados de produtos gerados pela atividade de E&P. A Partir de 1° de
Janeiro de 2005 o segmento de Aromáticos e Acetóis (A&A) foi incorporado
ao de Refino e Comercialização e o de Olefinas e Derivados (O&D) se tornou
um segmento autônomo dentro do Grupo BP. A intenção da Companhia é
dispor do segmento de O&D, através de possível venda.
• Gás, Energia e Renováveis: Comercializa gás, energia e Gás Natural
liquefeito, além de desenvolver supply chains para o mercado. É também
responsável pelas atividades da BP em energia renovável.
As “funções” são organizações internas ao Grupo, com capacidades comuns,
que operam de maneira horizontal. Elas incluem:
• Conformidade do Grupo e Ética (GC&E)
• Diversidade e inclusão (D&I)
147
• Saúde, Segurança e Meio Ambiente (HSSE).
• Gestão de Recursos Humanos (HRM)
• Serviços e Gestão de propriedade Global (GPM&S)
• Marketing
• Planejamento
• Suprimento
• Tecnologia
• Finanças e impostos
• Contabilidade
O Grupo se divide em quatro regionais:
• Europa, inclusive Grã-Bretanha;
• Américas, inclusive Caribe;
• África, Oriente Médio, Rússia e Mar Cáspio;
• Ásia, Índia e Australásia.
A função das organizações regionais é integrar as atividades da BP em cada
região. (BP Sustainability Report 2004)
A BP trabalha em conjunto, joint ventures, com outras companhias, sem
incorporação. Em alguns casos, como a associação TNK-BP, foram formadas
companhia separadas, com suas próprias diretorias. Sempre que possível, quando
em operação conjunta, a BP implementa seus padrões e políticas. Quando a
operação é de terceiros, a BP tem uma política de encorajamento dos operadores
para a adoção de padrões comparáveis aos da BP.
Quadro 16 - Dados Gerais da BP - 2004 ITEM QUANTIDADES/CARACTERISTICAS
Capital U$ 210 bilhões (31/dez/2004) Faturamento U$ 285 bilhões Nº de postos de serviço 28.500 Marcas BP, Amoco, Castrol, Arco, Aral Vendas de produtos (combustíveis) 4,032 milhões de barris/dia
Vendas (postos de serviço) Atende aproximadamente 13 milhões de consumidores/dia
Nº de funcionários 102.900 (dez/2004)
Produção diária 2,5 bilhões de barris de petróleo e GNL e 8,5 bilhões de pés cúbicos de gás natural
Capacidade de energia solar vendida 99 MW Fonte: Site da BP
148
4.2.3.1. BP - Visão estratégica
A estratégia da BP é montada de forma a criar valor para os acionistas em
uma base sustentável.
Nas áreas de recursos, a empresa investe e opera os campos de petróleo e
gás maiores e com menor custo, visando a aumentar a produção com retorno do
investimento potencialmente crescente.
Nas áreas de interface com os clientes, como postos de serviço e
comercialização de gás natural, seu objetivo é atrair consumidores e aumentar as
margens através da escolha dos mercados e do aprimoramento da qualidade dos
produtos e serviços.
O Grupo BP apresenta em seu Relatório 2004 três metas principais: Re-
investimento para crescimento de longo prazo; crescimento dos dividendos;
distribuição para os acionistas da renda excedente ao investimento e dividendos, o
que ocorre em geral quando o preço do petróleo ultrapassa US$ 20 por barril.
O Grupo BP apresenta um conjunto de valores baseados em algumas
qualidades consideradas fundamentais e imutáveis: integridade, honestidade,
tratamento respeitoso a todos, busca de benefícios mútuos em seus
relacionamentos e contribuição para o progresso humano. Sua política pode ser
resumida como a seguir:
• Ter o melhor desempenho corporativo, operacional e financeiro;
• Se aperfeiçoar, ser acessível, inclusivo e diversificado;
• Utilizar o talento criativo de seus empregados, desenvolvendo e aplicando
tecnologia de ponta e custo-efetiva e criatividade intelectual para realçar
inovação e novas idéias;
• Fazer negócios de maneira ambientalmente responsável e desenvolver
energias mais limpas e de fontes renováveis. O grupo está comprometido
com um tratamento responsável dos recursos do planeta e com o
desenvolvimento de energia com menor conteúdo de carbono;
• Conduzir as relações de negócios com base em benefícios mútuos.
Os valores da empresa estão no quadro abaixo:
149
Quadro 17 - Valores da BP Desempenho Cumprimento da lei e ética. Cumprir todas as leis e regulamentações aplicáveis (incluindo GAAP/SORP) em cada jurisdição onde o grupo opera. Todos os empregados serão requisitados a atender aos códigos de conduta, os quais proíbem práticas ilegais, corruptas ou sem ética; exigindo altos padrões de integridade moral. Melhoria contínua. Melhorar continuamente na busca dos valores do grupo através do estabelecimento de metas e motivação dos funcionários. Metas internas. Estabelecer metas realistas e razoáveis no plano do grupo. Progressos no atendimento das metas serão reportados internamente e analisados de maneira transparente e rápida de modo que o progresso e as variações possam ser compreendidos prontamente. Risco. Garantia de progresso através do plano do grupo através de uma abordagem balanceada de risco, valor e inovação. Nenhum empregado será permitido a substituir suas preferências pelas contidas no plano do grupo. Pessoal e capacidade Capacidade humana e tecnologia. Investimento na capacidade humana assegurando que as habilidades individuais, comportamento, tecnologia e propriedade intelectual estão disponíveis em favor das metas do conselho. Tratamento do empregado. Tratar o empregado com justiça, respeito e dignidade. Expectativas do empregado. Deixar claro as metas que o grupo tem para cada empregado sendo delegados de acordo com princípios gerais. Cada empregado terá retorno construtivo e transparente para auxiliar seu desenvolvimento contínuo de desempenho. Inclusão. Criar ambiente favorável ao empregado se sentir incluído como parte de uma organização meritocrática onde existe uma diversidade cultural e social entre os indivíduos. Mérito e diversidade. Recrutar, selecionar, desenvolver e avançar seus empregados em função de mérito, a despeito da idade, sexo, nacionalidade, desafio físico, raça, crença, orientação sexual ou identidade. Remuneração. Recompensar os funcionários de modo a refletir no seu papel dentro do grupo e na sua contribuição ao alcance das metas.
Saúde, segurança e meio ambiente. Saúde e segurança. Assegurar que não haverá acidentes ou prejuízo aos indivíduos e que ninguém está sujeito a riscos enquanto trabalhando para o grupo. Operações ambientais sadias. Conduzir as atividades do grupo responsavelmente de maneira a não criar danos ao meio-ambiente. O grupo procurará diminuir o impacto ambiental das suas operações através da redução de lixo, emissões e descargas e ainda utilizando energia eficientemente. Transcendendo o ‘trade-off’ ambiental. Contribuir para o progresso humano aplicando os recursos do grupo de modo que o ‘trade-off’ entre o acesso global ao calor, luz e mobilidade; e a proteção assim como a melhoria do ambiente natural seja superada. Relações externas Vantagens mútuas. Conduzir nosso negócio a longo-prazo e de maneira sustentável, baseados em relações que sejam mutuamente vantajosas e capazes de durar mais do que uma simples negociação. Impacto Social. Respeitar a qualidade de vida, o progresso social e econômico das comunidades onde o grupo opera e dentro do contexto das metas do grupo, apoiar avanços dentro destas comunidades. Direitos humanos. Apoiar os princípios voluntários de segurança e direitos humanos. Entender que o governo tem a responsabilidade primária de promover e proteger os direitos humanos, o grupo compartilha o objetivo comum de promover respeito pelos direitos humanos, particularmente os estabelecidos pela declaração universal dos direitos humanos. Transparência. Lidar abertamente com os acionistas e terceiros. O grupo estabelecerá metas externas apropriadas em acordo com suas metas internas e reportar periodicamente. O grupo também deverá agira de acordo com os princípios da iniciativa transparente das indústrias extrativas (EITI). Relações e influências governamentais. Conduzir negócios de modo a não abusar da influência que possa existir de acordo com o tamanho, influência e importância do grupo. O grupo será honrosamente engajado com todos os governos que operar sem no entanto tomar partido político.
Fonte: Site da BP, 2005.
4.2.3.2. BP - Visão de sustentabilidade
Em seu relatório anual a BP coloca a sustentabilidade como fundamental para
os propósitos do Grupo. A meta apresentada aos acionistas pela Diretoria é
maximizar o valor para os acionistas no longo prazo. No sentido de atingir esta meta
ela não só se propõe a desenvolver uma estratégia de negócios eficiente, mas
também a buscá-la de tal maneira que consiga a confiança dos acionistas, clientes,
comunidades locais, governos e outros agentes cujo suporte ao negócio é critico no
150
futuro, no longo prazo. Para manter esta confiança ela se propõe a agir de forma
responsável e consistente no intuito de alcançar a sustentabilidade.
Conduta responsável significa, no entender da BP, conformidade legal,
operação globalmente consistente e liderança global.
Dentro do que é chamado de “esfera de controle” foi desenvolvido pela
empresa um código de conduta que contém os valores corporativos e incorporadas
as melhores práticas em todas as operações mundiais. Ainda nesta esfera, a
empresa está envolvida, em conjunto com seus diversos parceiros, no
desenvolvimento de novos produtos e tecnologias não apenas para atender as
demandas dos clientes, mas também da sociedade como um todo. Nesta esfera, a
empresa é responsável pelas suas escolhas e pelos resultados de suas ações.
Em outro nível, chamado de “esfera de influencia”, a empresa não tem
controle total sobre os resultados de suas ações, realizadas em conjunto com outras
entidades. Aí se insere o trabalho conjunto com governos, parceiros e sociedade
civil. O foco do trabalho é colocado em cinco vertentes, a partir do negócio da
companhia: Meio Ambiente, Governança, Empreendimentos, Energia e Educação.
Dentro do tema Meio Ambiente, a BP tem trabalhado a questão da mudança
climática, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa e participando
ativamente nos fóruns globais sobre o assunto. A empresa pretende ampliar seus
negócios com gás natural, considerado uma transição para fontes energéticas de
baixo carbono.
Dentro da revisão de sua estratégia em 2004 a BP verificou que seu impacto,
pela escala doe negócio, atinge as comunidades não só no nível local como também
no regional e, às vezes, até o nacional. Concluiu que deve ser mantida a ação com
foco na educação e no suporte para iniciativas de aprendizado. Em países fora da
OECD, decidiu estender seu envolvimento ao desenvolvimento de empreendimentos
e à disseminação de acesso a serviços modernos de energia.
A quinta área de atuação diz respeito à promoção de boa governança, em um
trabalho conjunto com governos para melhorar o entendimento do gerenciamento da
aplicação da riqueza criada pelos investimentos da empresa.
151
Diálogo com partes interessadas
A BP acredita que o diálogo com todas as partes afetadas pelo seu negócio é
uma pedra fundamental na construção da sustentabilidade. O conhecimento gerado
nesse diálogo é devolvido aos membros da administração, servindo para aprimorar
suas operações e negócios (BP, 2004)
Para tanto criou alguns mecanismos, mostrados a seguir:
• Clientes: Além de efetuar várias pesquisas locais em mercados específicos, a
BP aplica um programa global de medição da satisfação dos clientes e saúde
da marca, cobrindo tópicos como percepção da BP, preferência e fidelidade.
Esta pesquisa é aplicada semestralmente em mais de 6.000 motoristas em 20
países. Os resultados são analisados e retro alimentados formalmente aos
negócios individuais, fornecendo uma visão das tendências na satisfação dos
clientes em uma série de dimensões.
• Acionistas: A interação dos acionistas com a direção da BP se dá na reunião
geral anual, ou através da internet, em apresentações para a comunidade
financeira.
• Empregados: É feita uma pesquisa formal, voluntária e sigilosa, com todos os
empregados para percepção de como os compromissos da empresa estão
sendo trabalhados na prática, o People Assurance Survey (PAS). A pesquisa
permite aos empregados opinarem sobre as práticas da empresa. Em 2004
mais de 52.000 empregados participaram (74% do total). A liderança é
responsável por verificar as demandas levantadas e montar planos de ação
para seus empregados. Há também o canal Open Talk, através do qual
qualquer empregado da BP pode apontar possíveis falhas na política ou nos
padrões da empresa.
• Comunidades: As comunidades nas quais a empresa opera são distintas e
têm demandas bastante variadas. Na avaliação de novos empreendimentos é
levado em conta o impacto nas comunidades locais, a partir de interação com
as mesmas, em seminários de discussão de questões específicas com
representantes da localidade. Os relatórios desses painéis são publicados,
com as respostas da empresa às questões levantadas pela comunidade. A
empresa opera também canais de comunicação através de linhas telefônicas
disponíveis 24 horas, acessíveis à comunidade e trata a questão da
152
compensação por perda de receita ou de terra devido a seus projetos de
acordo com padrões internacionais, como os do Banco mundial.
• Lideranças: A empresa realiza uma pesquisa anual com lideranças políticas,
empresariais, ministros e outros sobre questões como impacto ambiental,
direitos humanos, impacto social e transparência. Em 2003 e 2004 foram
feitas mais de 5.000 entrevistas com lideranças de oito países. A BP interage
com ONG’s e outros grupos da sociedade civil em consultas e discussões
sobre políticas locais e globais e parcerias, como o trabalho em educação
com a WWF na China e com a Family Health International no tratamento da
AIDS na Indonésia.
• Fornecedores: O relacionamento com os fornecedores é baseado em quatro
princípios: estratégia, construção de visões conjuntas, gerenciamento de
entregas e de desempenho. ABP promove Reuniões de Análise de
Desempenho e de Relacionamento com os fornecedores, para identificação
de oportunidades de melhoria conjunta. Todo o suprimento da empresa é
consolidado globalmente em um sistema informatizado, o Oyster Spend
Analytics, que permite a identificação dos gastos com cada fornecedor, não-
conformidades e identificação de boas práticas.
• Iniciativas conjuntas: A BP trabalha com diversas instituições, como governos,
ONG’s, agências internacionais, e empresas na Iniciativa das Indústrias
Extrativas para a Transparência (EITI) e contribui para a implementação dos
Princípios Voluntários de Segurança e Direitos Humanos. Trabalha também
com organizações da indústria, como a International Association of Oil and
Gas Producers (OGP) e a International Petroleum Industry Environmental
Conservation Association (IPIECA) no aperfeiçoamento de Estudos de
Impacto Social e Ambiental. Em conjunto com o WBSCD a empresa vem
trabalhando em um projeto de mobilidade sustentável.
A BP produz seu Relatório de Sustentabilidade utilizando as diretrizes do GRI,
com o processo de auditoria por terceira parte segundo os padrões da Norma AA
1000. Devido À dimensão das operações da empresa, o relatório é feito em três
níveis: grupo, país selecionado e instalação local selecionada. A informação é
apresentada em relatórios separados para alguns países e agregada em um
relatório geral. Abaixo estão listados os indicadores de sustentabilidade
apresentados pela companhia.
153
Tabela 8 - Indicadores de sustentabilidade da BP Dados de desempenho – cinco anos 2000 2001 2002 2003 2004
Financeiro e Operacional Total de hidrocarbonetos produzidos (mil barris de petróleo equivalente por dia) 3,240 3,416 3,519 3,606 3,997Total de refinados (mil barris por dia) 2,928 2,943 3,117 3,097 2,976Total de vendas de gasolina para terceiros (milhões de pés cúbicos por dia) 15,190 20,708 24,852 30,439 31,690Total da produção de petroquímicos (mil toneladas) 22,065 22,716 26,988 27,943 28,927Vendas em lojas (milhões de $) 2,624 3,234 5,171 5,708 6,061Resultado pro - forma a,b (milhões de $) 11,083 11,041 8,265 12,858 16,208Impostos governamentais (milhões de $) 28,987 40,265 47,765 52,902 75,842Distribuição entre acionistas (milhões de $) 4,625 4,935 5,375 5,753 6,371Benefícios para funcionários – incluindo salários, benefícios e pensões (milhões de $) 6,668 7,641 7,524 8,346 9,640Gastos com fornecedores e contratadasc (milhões de $) n/a 30,100 30,200 33,800 37,600Contratos terminados ou não renovados por falta de cumprimento ou comportamento antiético n/a n/a n/a 29 41Segurançad Fatalidades – funcionários 10 5 3 5 4Fatalidades - contratadas 13 11 10 15 7Dias sem ocorrência (DAFWC) – mão-de-obra 450 327 272 239g 230g
Freqüência de dias sem ocorrência (DAFWCF) – mão-de-obra 0.21 0.13 0.10 0.09g 0.06g
Incidentes registrados – mão-de-obra 2,726 2,392 2,012 1,604g 1,513g
Freqüência de incidentes registrados (RIF) – mão-de-obra 1.26 0.95 0.77 0.61g 0.53g
Horas trabalhadas – funcionários (milhões de horas) 245 244 250 247g 241g
Horas trabalhadas – contratados (milhões de horas) 219 259 276 280 330Meio Ambiented Dióxido de carbono – emissão direta (CO2)
f (milhões de toneladas) 76.6 73.4 76.6h 76.7 76.8Dióxido de carbono - emissão indireta (CO2)
f (milhões de toneladas) 9.7 10.1 11.4h 10.4 9.9Metano – emissão direto (CH4)
f (milhões de toneladas) 0.33 0.34 0.27 h 0.24 0.23Gás de efeito estufa - emissão direta (GEE)f (milhões de toneladas equivalentes CO2) 83.7 80.5 82.4 h 83.4 81.7Flaring (exploração e produção) (mil toneladas de hidrocarbonetos) 1,981 2,017 1,735 1,342 1,343Dióxido de enxofre (SO2) (mil toneladas) 234.7 224.5 169.2 150.9 126.4Óxidos de nitrogênio (NOx) (mil toneladas) 241.9 266.1 242.1 220.3 215.5Hidrocarboneto não-metano (HCNM) (mil toneladas) 368.0 365.0 322.1 268.8 245.1Derramamento – perda de contenção primária 958 810 761h 635 578Volume de produto derramadog (mil litros) 9,685 3,471 3,524 3,837 5,718Volume de produto não-recuperadog (mil litros) 5,490 965 1,084 1,407 1,482Efluente (mil toneladas) 58.4 80.9 125.9 57.1 57.0Utilização de água potável (milhões de m3) n/a n/a n/a 516.9 492.9Resíduo perigoso (mil toneladas) 161.0 241.9 302.0 238.6 245.5Multas ambientais e de segurança (milhões de $) 6.6 12.0 27.5 7.0 4.8Funcionáriosd Número de funcionários – grupo 107,200 110,150 115,250 103,700 102,900Número de funcionários dentro da liderança do grupo 545 603 622 609 610Mulheres na liderança do grupo (%) 9 12 13 15 15Membros de grupos raciais minoritários nos EUA e Reino Unido na liderança do grupo (%) 4 3 3 4 4Pessoas de outras nacionalidades além de americanos e britânicos na liderança do grupo (%) 14 15 16 18 19Ocorrência do programa ‘Opentalk’ n/a n/a n/a 258 343Demissões por não-cumprimento ou comportamento antiético n/a n/a 132 165 252Investimentos na comunidaded (milhões de $) Reino Unido 15.4 14.9 13.9 12.7 11.7Restante da Europa 5.3 8.0 6.2 8.2 6.5Estados Unidos 46.0 52.9 46.3 31.5 25.7Restante do mundo 14.9 18.9 18.8 22.0 43.8a Recolocação do custo dos lucros para o período, ajustado pela amortização adquirida. Aquisição amortizada é depreciada e amortização relativa aos ajustes fixos reavaliados e clientela conseqüente das aquisições ARCO e Burnnah Castrol. b Informações financeiras para 2002 e 2003 foram restabelecidas para refletir a adoção do grupo “Financial Reporting Standard No. 17”, Benefícios de aposentadoria (FRS 17) efetivados em 1º de janeiro de 2004. A informação financeira para 200 e 2001 não foram restabelecidas para FRS 17. C Dados ao final de cada ano reportado. D Indicadores quantitativos de desempenho foram escolhidos com informação externa para refletir os problemas mais importantes de sustentabilidade para BP. Dados são coletados somente em operações gerenciadas pela BP, exceto as que estão no pé de página1 . Utilizamos processos comuns para fornecer estimativas aceitáveis que permitem comparações anuais. E Anteriores a 2003, incluídos dados de doença e lesões. A partir de 2003, somente as lesões foram reportadas. F Dados coletados de todas as operações onde a BP tem participações. G Derramamentos são definidos como qualquer lançamento de petróleo ou químico com mais de um barril (159 litros), equivalentes a 42 galões americanos. H Dados de 2002 incluem operações Vebe I Excluindo locações de varejo. Fonte: Relatório de Sustentabilidade da BP, 2004.
154
4.2.4. STATOIL
A Statoil – Den Norske Stats Oljeselskap A.S. - é uma companhia integrada
de petróleo e gás baseada na Noruega. Em 2004, está presente em 29 países e
conta com 23.899 empregados. É a terceira maior comercializadora de petróleo do
mundo, sendo a primeira a Saudi Aramco e a segunda a National Iranian Oil
Company. Tem uma expressiva participação no mercado de gás europeu, sendo
responsável por 10% do consumo total e fornecendo para 14 países. Opera
estações de serviço em nove países.
Figura 19 - Área de atuação da Statoil
Fonte: Relatório Anual da Statoil, 2004
4.2.4.1. Statoil – Visão Estratégica
A Statoil trabalha com um conjunto de valores e uma postura de liderança que
tem a intenção de criar um sentido de identidade no grupo e desenvolver boas
relações com suas partes interessadas. Esse conjunto de valores e posturas permite
à empresa atender aos requisitos de uma boa governança corporativa e são não-
negociáveis.
155
Os valores são descritos no documento “We in Statoil”, disponível no site da
empresa e são os seguintes:
Os colaboradores da Statoil devem ser:
• Imaginativos;
• “Hands-on”: Pró-ativos e trabalhar em equipe;
• Profissionais;
• Éticos e transparentes;
• Cuidadosos: com as pessoas e o meio ambiente.
A postura da liderança deve ser de dedicação, estar sempre envolvida com o
negocio e as pessoas, além de conseguir resultados, promover mudanças,
desenvolver e aumentar o nível de energia das pessoas e demonstrar
comprometimento com os valores corporativos. Os lideres devem ter clareza sobre
as normas de desempenho e responsabilidade individual e demonstrar humildade
pessoal.
A plataforma continental da Noruega é a espinha dorsal das operações da
Statoil. Dessa forma sua estratégia de negócios é centralizada nessa área, sendo
formada de quatro desafios principais:
• Otimizar e ampliar a produção da plataforma continental norueguesa;
• Ampliar a produção internacional;
• Estabelecer sua posição no mercado crescente de gás natural, assegurando
novas reservas;
• Incrementar o retorno das operações de downstream de forma a acompanhar
o retorno médio do restante do grupo.
4.2.4.2. Statoil - Visão de sustentabilidade
A criação de valor na Statoil se dá dentro do conceito de sustentabilidade nas
três dimensões (tripple bottom line), desempenho econômico, impacto no meio
ambiente e efeito na sociedade do princípio de responsabilidade com as gerações
futuras.
A postura de negócio da empresa, segundo seu relatório de sustentabilidade
de 2004, incorpora a obrigação de se comportar como um membro responsável da
sociedade, assumindo que a produção e o consumo de combustíveis fosseis é uma
156
sobrecarga para o meio ambiente, especialmente sob o aspecto do aquecimento
global. Sendo assim, se propõem a agir em várias frentes:
• Redução sistemática das emissões atmosféricas. Não preconizam
substituição dos combustíveis fosseis por renováveis, mas pretendem agir na
linha do comercio de carbono (MDL) e redução de emissões em suas
instalações, inclusive seqüestro e injeção de carbono;
• Dialogo com as suas partes interessadas. Seu ponto focal são comunidades
envolvidas em suas operações no mar do Norte, mas tratam também de
questões especificas das comunidades e demais partes interessadas nos
demais paises onde operam. Concentram sua atenção principalmente em
questões locais, transparência e direitos humanos.
• Responsabilidade na utilização de recursos naturais e na saúde e segurança
da força de trabalho. A meta da empresa é zero dano nesses campos.
A statoil é signatária do Global Compact e observa os seus 10 princípios,
listados no item 4.2.1.2, e traz em seu relatório de Sustentabilidade sua posição e
ações referentes a cada um deles.
A empresa utiliza o modelo de relatório do GRI com adaptações, uma vez que
alguns dos sistemas para coleta dos dados necessários ao relatório nos moldes do
GRI ainda estão em implantação e também porque a empresa considera que nem
todos os parâmetros do modelo são apropriados ao setor. Abaixo apresentamos os
indicadores de sustentabilidade relatados pela Statoil.
157
Tabela 9 - Indicadores de sustentabilidade da Statoil Finanças1 2004 2003 2002Total de rendimentos 306,218 249,375 243,814Receita antes dos itens financeiros, outros itens, Impostos sobre receita e juros minoritários 65,107 48,916 43,102Receita líquida 24,916 16,554 16,846Movimento de caixa utilizado em atividades de investimento 31,959 23,198 16,756Retorno médio de capital empregado após impostos 23.5% 18.7% 14.9% Operações Produção combinada de petróleo e gás (mil boe/d) 1,106 1,080 1,074Reservas comprovadas de petróleo e gás (milhões boe) 4,289 4,264 4,267Custo de produção (USD/bbl) 3.5 3.2 3.0(USD/bbl) (média de 3 anos) 1.01 0.95 0.78 Meio ambiente2 Derramamento de petróleo (m3) 186 288 200Emissões de dióxido de carbono (milhões de toneladas) 9.8 10.0 8.9Emissões de óxido de nitrogênio (toneladas) 31,100 29,900 26,400Descargas de resíduos perigosos (toneladas) 167 367 411Consumo de energia (TWh) 48.1 47.1 42.1Fator de recuperação de resíduos 0.76 0.67 0.68 Saúde e segurança Freqüência total de lesões registradas3 5.9 6.0 6.0Freqüência de incidentes graves3 3.2 3.2 3.8Faltas por doença4 3.2 3.5 3.4Fatalidades3 3 2 6 Organização Satisfação do empregado5 4.6 4.6 4.6Proporção de gerentes do sexo feminino6* 26% 23% 23%Membros sindicalizados (porcentagem da mão-de-obra)* 73 70 70Gastos com P&D7 1,027 1,004 736 1 Números base fornecidos em milhões de NOK (moeda norueguesa) 2 Dados de atividades operados pela Statoil. Definições nas páginas 34, 35, 37 e 45. 3 Dados dos funcionários e contratados da Statoil. Definições nas páginas 21 e 23 4 Número total de dias de doença como porcentagem dos possíveis dias trabalhados (empregados da Statoil) 5 Pesquisa em ambientes organizacionais e de trabalho (Amou). Scale: 1 (mais baixo) – 6 (mais alto) 6 Implementação de novo sistema de reportagem 7 Milhões de NOK (moeda norueguesa) * Estimativa Estes são indicadores base dão desempenho da Statoil. Muiots deles foram incluídos nos contratos pagos ao desempenho de gerentes. Para um entendimento mais extenso destes indicadores reportados, veja nosso relatório e balancete anual para 2004. www.statoil.com
Fonte: Relatório de Sustentabilidade da Statoil, 2004.
158
4.2.5. TOTAL
A Total é uma empresa multinacional de energia que emprega 111.401
pessoas e está presente em mais de 130 países. Em conjunto com suas subsidiárias
e empresas afiliadas, é a quarta maior companhia aberta de petróleo e gás do
mundo, em classificação baseada em seu capital. Opera em toda a cadeia produtiva,
desde a exploração e produção de petróleo cru e gás natural até o refino, inclusive
geração de energia, inclusive renovável, como solar e eólica, transporte,
processamento de gás e comercialização de petróleo cru e derivados. A Total
também atua no mercado mundial de químicos. (Total, 2004)
Os negócios globais da Total são divididos em três segmentos:
• Upstream: Engloba as operações de Exploração e Produção de petróleo e
gás natural e as atividades de geração de Energia e Gás;
• Downstream: Abriga Comercialização e Transporte, Refino e Distribuição do
petróleo e derivados, automotivos ou outros, produtos especiais, como GLP,
combustíveis de aviação e lubrificantes sob as marcas Total e Elf, através de
sua rede mundial de postos de distribuição.
• Químicos: Inclui o processamento de petroquímicos, produtos especiais,
fertilizantes, e elastômeros. Faz parte deste segmento a Arkema, nova
empresa do grupo que trabalha com produtos de vinil, químicos industriais e
produtos de alta performance.
Os três segmentos de negócio contam com suporte da companhia-mãe nas
áreas financeira, jurídica, estratégia e análise de riscos, recursos humanos e
comunicação.
A empresa trabalha com quase 17.000 postos de serviço em todo o mundo. É
líder do mercado de distribuição na Europa e co-líder na África. Está presente
também na Bacia do Mediterrâneo e está entrando no mercado asiático. Além da
marca Total, a empresa trabalha também com a Elf e a Elan.
4.2.5.1. Total - -Visão estratégica
A Total não define uma missão em suas publicações, mas trabalha com um
conjunto de valores que são disseminados por toda a empresa, embora ela trabalhe
em ambientes com culturas e identidades bastante diversos em suas operações:
159
• Profissionalismo;
• Respeito aos empregados;
• Cuidado permanente com a proteção ambiental e de saúde;
• Contribuição para o desenvolvimento das comunidades que os acolhem.
Os valores e princípios da empresa estão definidos em seu Código de
Conduta, permeado por sua postura de ética nos negócios. O Código reconhece
formalmente o comprometimento da empresa com a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, de 1947, os princípios e normas da OIT, em especial os
referentes a trabalho infantil, e as Orientações para Empresas Multinacionais da
OECD.
Suas prioridades, dentro da estratégia de negócios, são:
• Desenvolver as atividades de upstream globalmente, reforçando sua posição
como um dos lideres globais no setor de gás natural e no mercado de GNL;
• Consolidar sua posição no segmento de downstream na Europa,
desenvolvendo ao mesmo tempo seus interesses em mercados de rápido
crescimento, como a Bacia do Mediterrâneo, África e Ásia;
• Racionalizar e desenvolver seu segmento de Química através da priorização
do incremento da rentabilidade e da criação de um novo pólo descentalizado
contemplando cloro-químicos, intermediários e polímeros de alto
desempenho, permitindo a esse setor transferir o foco para petroquímicos
(químicos de base e polímeros) e químicos especiais. Para isso foi criada
uma nova entidade, a Arkema, em 01 de outubro de 2004. com a expectativa
de que se torne uma entidade de destaque.
4.2.5.2. Total - Visão de Sustentabilidade
A Total, em sua apresentação no site da empresa, se define como uma
companhia de energia comprometida com a implementação da inovação e de
iniciativas no sentido de fornecer uma resposta sustentável à demanda de energia
da humanidade.
Considera que a própria natureza e extensão global de seu negócio resultam
em responsabilidades especificas e criam uma série de expectativas nos
empregados, parceiros e na sociedade civil. Seus maiores desafios nas respostas a
160
esses anseios e no atendimento a essas responsabilidades são apresentados a
seguir:
1. Desenvolver o fornecimento de energia de forma sustentável:
• Assegurar o desenvolvimento ótimo das reservas de petróleo e gás e
investir e inovar no atendimento à demanda;
• Expandir o suprimento de gás;
• Auxiliar a diversificação das fontes de energia e desenvolver energias
alternativas;
2. Assegurar a segurança das operações da empresa e reduzir sua pegada
ecológica:
• Assegurar a segurança do processo e do transporte de produto, prevenir e
gerenciar os riscos de acidentes ocupacionais e industriais no sentido de
proteger a saúde e segurança dos seus empregados, empregados de
contratadas, e habitantes do entorno das suas instalações industriais;
• Gerenciar suas emissões atmosféricas e efluentes e reduzir o risco de
poluição acidental;
• Monitorar o impacto ambiental de seus produtos em todo o seu ciclo de
vida;
• Manter a biodiversidade.
3. Ajudar a combater as mudanças climáticas:
• Gerenciar suas emissões de GEE;
• Desenvolver tecnologias de captura de carbono e de soluções de
seqüestro;
• Otimizar a eficiência energética dos seus processos;
• Encorajar seus clientes no uso mais eficiente da energia.
4. Respeitar e promover os direitos humanos:
• Assegurar o respeito aos direitos humanos nas áreas onde operam;
• Atuar com políticas de recursos humanos cujos princípios são: justiça,
diversidade e diálogo com os empregados.
5. Respeitar as comunidades onde se instalam e contribuir para o
desenvolvimento dos paises onde operam:
• Informar os vizinhos a respeito das suas operações e prevenir incidentes e
acidentes que poderiam afeta-los;
161
• Contribuir para o desenvolvimento social e econômico local, especialmente
nas regiões menos desenvolvidas;
• Contribuir para um gerenciamento mais transparente dos lucros do
petróleo.
A Total conta com um Comitê de Ética que supervisiona e coordena seus
princípios e praticas de ética, baseado em documentos de referencia específicos, o
Código de Conduta e o Mapa da Ética, bem como recursos educacionais e de
auditoria. Conta também com um procedimento para monitoramento e suporte às
demandas dos empregados.
A empresa utilizou em 2004 o modelo de relatório do GRI para elaboração de
seu Relatório de Responsabilidade Social Corporativa. É também signatária do
Global Compact e apresenta no mesmo relatório as ações relacionadas ao mesmo.
Abaixo apresentamos os indicadores de sustentabilidade relatados pela Total.
162
Tabela 10 - Indicadores de sustentabilidade da Total 2002 2003 2004Indicadores Ambientais Gases de efeito estufa MTCDE/ano 66.7 66.2 69.4
Consumo de energia primária MG.I/ano n/a 717.6 775.7 SO2 Kilotoneladas métricas/ano 158.5 156.4 178.2 NOx Kilotoneladas métricas/ano 77.8 86.2 90.4 VOCs Kilotoneladas métricas/ano 147.3 152.6 152.4 Liberação de água (excluindo água resfriada) Mcu.m/ano n/a 249.5 221.7 Liberação de hidrocarboneto Toneladas métricas/ano 4,767 2,929 2,224 Liberação de sólidos suspendidos Kilotoneladas métricas/ano 6.5 5.8 6.3
Liberação da demanda de oxigênio químico (DOQ) Kilotoneladas métricas/ano 12.4 11.9 11.5 Derramamento de petróleo E&P Número 76 90 67 Em toneladas métricas 277 157 216
Derramamento de petróleo do grupo Número n/a n/a 350 Em toneladas métricas n/a n/a 1,000 Produção de resíduos perigosos (tratados offsite) Kilotoneladas métricas/ano 232 294.3 375.5
(1) equivalentes a milhões de toneladas de CO2 por ano (2) milhões de gigajoules por ano (3) indicador redefinido em 2002 (4) somente químicos e downstream
Indicadores de Segurança Incidentes de trabalho Taxa total de lesões registradas
por milhão de horas trabalhadas/homem
11.8 9.5 7.4
Freqüência de tempo perdido por lesão por milhão de horas
trabalhadas/homem 5.9 5.0 3.9
Fatalidades 14 11 16
Indicadores de recursos Humanos Mão-de-obra Upstream 14,019 14,017 14,597
Downstream 35,054 34,410 34,045 Químicos 71,268 61,212 61,570 Empresa Holding 1,128 1,144 1,189 Mulheres por faixa etária (%) <25 31 33 34 25-34 28 31 31 35-44 26 27 27 45-54 22 23 23 >55 16 19 19 Média de dias de treinamento África 8.1 10.0 9.1 por funcionário por região Ásia, Oriente Médio, Pacífico, DOM-TOM* 4.1 4.4 4.1 Europa (exceto França) 3.0 4.2 3.1 França 3.4 3.8 3.6 Américas 2.6 3.4 4.1 *Departamentos e territórios franceses em outros continentes. Indicadores Sociais Gastos sociais em países que não são da OECD
Em milhões de euros 75 57 67
Fonte: Relatório de Responsabilidade Social Corporativa da Total, 2004
O escopo do relatório ambiental foi expandido em 2004 para cobrir mais de 80% das locações operadas pelo grupo, incluindo todas as grandes dependências. Por este motivo, alguns dos números na tabela são mais altos do que em relatórios anteriores. Para maiores informações vide página 30.
163
4.3. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE REPORTADOS VOLUNTARIAMENTE POR ALGUMAS EMPRESAS DE PETRÓLEO.
O tipo de público e a maneira como vão utilizar as informações emanadas de
um sistema de indicadores define uma série de características dos mesmos.
Cientistas e técnicos estão interessados principalmente em informação apresentada
em tabelas e gráficos e possivelmente até em dados sem tratamento ou agregação.
Já os tomadores de decisão e gerentes tipicamente solicitam alguma agregação das
informações, particularmente no que se refere às metas e objetivos. Para este grupo
apresentação da informação de forma visual, como diagramas do tipo ameba,
estrela, painel de bordo e barômetro são bem vistos, sem, no entanto, esquecer a
possibilidade de desagregação dos mesmos. Outro grupo, o público em geral e
indivíduos prefere indicadores altamente agregados ou até mesmo índices,
apresentados de forma dispositivos visuais (BELL, 2003).
No levantamento feito na literatura pesquisada, destacado no Capítulo 2,
verificamos a existência de sistemas, modelos ou listas de indicadores com diversos
graus de complexidade, agregação e tipologia dos dados, foco e abrangência. Estes
fatores, bem como a participação dos atores envolvidos na utilização da ferramenta,
apresentação dos resultados e interface com os usuários, dependem, entre outros
fatores, da sua origem e campo de aplicação.
No Quadro 18, abaixo, resumimos os modelos pesquisados a partir da
dimensão de sustentabilidade onde têm seu ponto focal, apresentando as
dimensões e o campo de aplicação cobertos por cada ferramenta.
164
Quadro 18 - Sistemas de indicadores de desenvolvimento sustentável
ESCOPO DE AÇÃO
MODELO Econômico Social Ambiental
CAMPO DE APLICAÇÃO
DJSI Empresarial
GRI Empresarial
IPIECA/API Empresarial
WBSCD/CEBDS Empresarial
BANCO MUNDIAL Governamental
SEEA Governamental
BALLATON Governamental
ISEW/GPI Governamental
DASHBOARD Ferramenta geral
BAROMETRO Ferramenta geral
HDI Governamental
CPM Governamental
OECD Governamental
ONU/CSD Governamental
ECOLOGICAL FOOTPRINT Ferramenta geral
ECOSTEPS Empresarial Fonte: O Autor
As entidades responsáveis pelo desenvolvimento dos sistemas de indicadores
com campo de aplicação empresarial estão voltadas para o comprometimento das
empresas com o desenvolvimento sustentável e com a maneira como reportam este
comprometimento à sociedade. O conjunto de indicadores proposto por elas coincide
em muitos pontos, mas deixa claro qual o foco de cada entidade. No quadro abaixo
comparamos os indicadores propostos pelo GRI, DJSI, WBSCD e IPIECA/API nas
três dimensões. À exceção do DJSI, os demais foram desenvolvidos para orientação
das empresas ao montar seus relatórios de sustentabilidade e balanço social. O
presente trabalho tem como objetivo tratar de indicadores de desempenho. Assim,
na comparação citada nos ativemos aos indicadores de desempenho específicos
para cada dimensão, sem nos preocuparmos com a caracterização geral das
empresas, tratada por cada uma das entidades com um nível de complexidade
diferente.
165
Tabela 11 - Sistemas de Indicadores x Empresas
INDICADORES DE DESEMPENHO
SISTEMAS DE INDICADORES DESCRIÇÃO EMPRESAS
GR
I
DJS
I
WB
SC
D/C
EB
DS
IPIE
CA
/AP
I
BP
SH
ELL
STA
TOIL
TOTA
L
PE
TRO
BR
AS
INDICADORES ECONOMICOS
CLIENTES Vendas Líquidas.
Distribuição geográfica dos mercados
Percepção dos clientes/ consumidores sobre o benefício econômico do relacionamento com a empresa.
Integração do feedback do cliente ao negócio
FORNECEDORES
Custo dos bens, materiais e serviços adquiridos.
% de contratos pagos dentro dos termos acordados
Critérios de seleção de fornecedores incluindo a verificação de padrões éticos e respeito à RS. Ações de apoio ao seu desenvolvimento.
Distribuição geográfica dos fornecedores.
Percepção dos fornecedores sobre o benefício econômico do relacionamento com a empresa.
EMPREGADOS
Gastos salariais totais, separados por países ou regiões.
Percepção dos empregados sobre o benefício econômico do relacionamento com a empresa.
Indicadores de desempenho relativos à política de RH
INVESTIDORES
Distribuição para investidores
Aumento/ diminuição dos lucros no final do período. Incluir ROACE (Retorno do Capital Empregado)
Pesquisas de percepção do investidor.
Total de gastos relativos à sustentabilidade.
SETOR PÚBLICO
Soma total dos impostos pagos.
Subsídios recebidos, separados por país ou região.
Multas e penalidades pagas relacionadas com saúde, meio ambiente e segurança.
Notificações recebidas relacionadas com saúde, meio ambiente e segurança.
Doações à comunidade, sociedade civil e outros grupos, separados pelo tipo, em dinheiro ou produtos.
Gasto total na implantação de infra-estrutura empresarial externa (ex: escola, hospital para funcionários).
IMPACTOS ECONÔMICOS INDIRETOS
Externalidades associadas aos produtos e serviços
INDICADORES AMBIENTAIS
MATERIAIS
Consumo total de matéria prima (exceto água).
% de matérias primas utilizadas que são resíduos procedentes de fontes externas. Expressar em volume ou peso.
ENERGIA
Consumo de Energia, separado por fonte.
166
INDICADORES DE DESEMPENHO
SISTEMAS DE INDICADORES DESCRIÇÃO EMPRESAS
GR
I
DJS
I
WB
SC
D/C
EB
DS
IPIE
CA
/AP
I
BP
SH
ELL
STA
TOIL
TOTA
L
PE
TRO
BR
AS
Consumo indireto de energia
Iniciativas para empregar fontes de energia renováveis e para aumento do rendimento da energia utilizada.
? Consumo de energia no ciclo de vida dos principais produtos (anualizado)
Outros usos indiretos: ex: deslocamentos, gestão de ciclo de vida, matérias primas de uso intensivo de energia.
Produção de combustíveis mais limpos, diminuição de enxofre e venda de biocombustíveis·.
Percentual do investimento total correspondente a energias renováveis.
ÁGUA
Consumo total de água
Fontes de água e ecossistemas/ habitats afetados de maneira significativa pela operação da empresa.
Remoção anual de solo e água de superfície em relação à quantidade anual renovável de água disponível.
Total de reciclagem e reutilização de água.
BIODIVERSIDADE
Localização e extensão das terras pertencentes à empresa, arrendadas ou administradas por ela em habitats ricos em biodiversidade.
Descrição dos principais impactos na biodiversidade derivados das atividades ou produtos e serviços.
Quantidade total de terras possuídas, arrendadas ou administradas para atividades de produção ou uso extrativo.
Fontes de água e ecossistemas afetados
Percentual de superfície impermeável em relação às terras compradas ou arrendadas
Impactos causados em áreas protegidas
Mudanças causadas em habitats naturais como conseqüência da atuação da empresa e % de habitat protegido ou restaurado
Programas para proteger ecossistemas e espécies em áreas degradadas.
No. de espécies incluídas na Lista Vermelha da UICN cujos habitats se encontram em áreas afetadas pela operação.
Unidades em operação ou com operação prevista dentro ou nos arredores de áreas protegidas ou sensíveis.
Existência de política específica para tratar da biodiversidade
Avaliação de impacto dos projetos sobre a biodiversidade
Existência de política para áreas proibidas
Existência de política para a reabilitação de territórios
Monitoramento das operações para evitar a contaminação de habitats naturais
Percentual de ativos totais operados e não operados em áreas de manejo da IUCN I-IV
EMISSÕES, EFLUENTES E RESÍDUOS
Emissões totais
Emissões de gases causadores de efeito estufa
Utilização e emissões de substâncias destruidoras da camada de ozônio
Emissões de NOx, SOx e outras emissões de importância
Prática de flaring/venting
Quantidade total de resíduos separados por tipo e destino
Descargas significativas na água
167
INDICADORES DE DESEMPENHO
SISTEMAS DE INDICADORES DESCRIÇÃO EMPRESAS
GR
I
DJS
I
WB
SC
D/C
EB
DS
IPIE
CA
/AP
I
BP
SH
ELL
STA
TOIL
TOTA
L
PE
TRO
BR
AS
Derramamento significativo de substâncias químicas, óleo e combustíveis (volume e número de ocorrências totais)
Resíduos oleosos e graxa.
Descarga de fluidos de perfuração de base oleosa
Efluentes com sólidos em suspensão
Total de água produzida
Derramamento de óleo em terra
Resíduo metálico
Descargas significativas em terra
Resíduo reciclado
Resíduo total
Resíduo perigoso total
Descargas tóxicas
Outras emissões indiretas relevantes de gases de efeito estufa.
Produção, transporte, importação ou exportação de resíduos considerados perigosos de acordo com a Convenção da Basiléia.
Fontes de água e ecossistemas afetados de maneira significativa por descarga de água e efluentes líquidos
Abrangência das emissões de gases de efeito estufa
Verificação do estoque de gases de efeito estufa
Existência de estratégia para redução/gerenciamento do risco carbono
Existência de meta para redução dos gases causadores de efeito estufa
Volume de CO2 negociado interna ou externamente
FORNECEDOR
Desempenho ambiental dos fornecedores.
PRODUTOS E SERVIÇOS
Impactos ambientais dos principais produtos e serviços
% do peso dos produtos vendidos passíveis de recuperação (reciclagem ou reutilização) ao final da vida útil e % recuperado.
CONFORMIDADE AMBIENTAL
Incidentes e multas por não-cumprimento de convenções/ tratados/ declarações internacionais e legislações locais associadas ao tema ambiental
TRANSPORTE
Impactos ambientais significativos do transporte utilizado
GERAL
Certificações ambientais e sua abrangência.
Gastos totais em meio ambiente
Principais impactos ambientais das operações e ações para sua minimização
Existência de exigências e diretrizes ambientais para a empresa
Freqüência de acompanhamento dos dados ambientais
Existência de banco de dados centralizados para informações ambientais
Existência de metas ambientais corporativas/ verificação e certificação dos dados ambientais
INDICADORES SOCIAIS
168
INDICADORES DE DESEMPENHO
SISTEMAS DE INDICADORES DESCRIÇÃO EMPRESAS
GR
I
DJS
I
WB
SC
D/C
EB
DS
IPIE
CA
/AP
I
BP
SH
ELL
STA
TOIL
TOTA
L
PE
TRO
BR
AS
EMPREGO
Força de trabalho total, desagregada por região, situação, tipo de contratação, tamanho da jornada.
Taxa líquida de empregos - Criação de empregos, demissões, contratações, turn over médio, por região.
Perfil salarial (maior remuneração/ menor remuneração, menor remuneração/ salário mínimo)
Benefícios oferecidos aos empregados, além dos estabelecidos por lei.
Gastos sociais internos, previstos em lei ou acordos.
Programa de previdência complementar a todos os empregados
Percentual de empregados qualificados e executivos que recebem avaliação formal de seu desempenho regularmente.
Empregados contratados com base em processo de recrutamento formal.
Tempo dos empregados gasto em programas de voluntariado
RELAÇÕES EMPRESA/ TRABALHADORES
% de empregados representados por organizações sindicais independentes
Existência de política e procedimentos envolvendo informação, consulta e negociação com empregados a respeito de mudanças na organização
Representação e participação formal dos trabalhadores na tomada de decisões e gestão, incluído a governança corporativa.
Questões trabalhistas SAÚDE E SEGURANÇA
Métodos de registro e notificação de acidentes de trabalho e doenças profissionais (OIT).
Existência de Comitês de saúde e segurança e proporção da força de trabalho coberta por eles..
Lesões típicas, dias perdidos, taxas de absenteísmo, acidentes, doenças, mortes relacionadas com o trabalho, inclusive de contratados.
Políticas ou programas sobre HIV-AIDS
Cumprimento das recomendações da OIT.
Existência de acordos formais com sindicatos ou outros representantes sobre segurança e saúde, e proporção da força de trabalho coberta por eles.
Doenças ocupacionais.
Existência e disponibilização pública de metas de saúde e segurança ocupacional
Empregados sujeitos a exame médico anual.
Existência de programas de auditoria de saúde e segurança existentes na organização.
Gastos totais com saúde e segurança. TREINAMENTO E EDUCAÇÃO
Média de horas de treinamento por ano, por empregado, por categoria.
Existência de programas de apoio à empregabilidade e aposentadoria
Existência de políticas para a gestão do conhecimento ou formação continuada
Percentual de empregados que seguem um programa de treinamento específico para sua categoria de trabalho.
Sistemas formais de aprendizado organizacional/ administração de conhecimento instalados e percentual de empregados neles envolvidos.
Existência de ferramentas para administrar o aprendizado organizacional e o conhecimento.
DIVERSIDADE E OPORTUNIDADE
Existência de políticas e programas de igualdade de oportunidades, incluindo acessibilidade ao local de trabalho, discriminação positiva, etc.
169
INDICADORES DE DESEMPENHO
SISTEMAS DE INDICADORES DESCRIÇÃO EMPRESAS
GR
I
DJS
I
WB
SC
D/C
EB
DS
IPIE
CA
/AP
I
BP
SH
ELL
STA
TOIL
TOTA
L
PE
TRO
BR
AS
Proporção entre sexos na composição dos departamentos superiores e governança corporativa e outros indicadores de diversidade.
Processos de participação nos lucros e resultados e valores distribuídos.
Perfil dos colaboradores - Gênero, raça, idade, portadores de deficiência e perfil de salário médio
DIREITOS HUMANOS
Existência de políticas, diretrizes, estrutura corporativa, procedimentos e monitoramento relativos aos direitos humanos
Evidências de consideração dos impactos sobre os direitos humanos nas decisões sobre procedimentos, investimentos e escolha de fornecedores, monitoramento e resultados.
Avaliação do desempenho em direitos humanos na cadeia produtiva.
Formação dos empregados com relação à prática e respeito aos direitos humanos, relevantes nas operações. Tipo de atividade, empregados formados e duração média.
NÃO DISCRIMINAÇÃO
Sistemas de acompanhamento e resultados das políticas e procedimentos para evitar qualquer tipo de discriminação nas operações.
Sistemas instalados para recebimento de queixas. LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO E NEGOCIAÇÃO COLETIVA
Existência de política de liberdade de associação e seu grau de aplicação, procedimentos e programas.
TRABALHO INFANTIL
Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho infantil, grau de informação e aplicação, programas relacionados ao tema.
Número. de crianças que trabalham para a empresa, por tipo de trabalho. Jornada semanal média e jornada escolar das crianças.
TRABALHO FORÇADO E COMPULSÓRIO
Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho forçado e compulsório, grau de informação e aplicação, procedimentos e programas relacionados.
PRÁTICAS DE DISCIPLINA
Existência de políticas de não represália e de sistemas confidenciais de reclamação.
Processos judiciais incluindo questões relativas aos direitos humanos. PRÁTICAS DE SEGURANÇA
Formação de pessoal de segurança em direitos humanos. Tipo, empregados formados e duração.
DIREITOS INDÍGENAS
Existência de políticas, diretrizes e procedimentos para atender às necessidades das comunidades indígenas. Incluir a presença de indígenas na força de trabalho.
Existência de mecanismos para atendimento de queixas e reclamações da comunidade indígena.
Percentual da receita operacional distribuída para comunidades indígenas locais COMUNIDADE
Existência de políticas de gestão dos impactos causados às comunidades das regiões afetadas pelas atividades e dos procedimentos, assim como dos sistemas de acompanhamento e seus resultados.
% do faturamento bruto destinado à totalidade de suas ações sociais.
Prêmios, certificações, e reconhecimentos, recebidos relativos à atuação social, ambiental e ética.
Mecanismos de avaliação do impacto dos investimentos sociais com feedback e participação dos beneficiários.
SUBORNO E CORRUPÇÃO
Existência de políticas, sistemas de gestão/ procedimentos e mecanismos de conformidade para organizações e empregados em relação a suborno e corrupção,
170
INDICADORES DE DESEMPENHO
SISTEMAS DE INDICADORES DESCRIÇÃO EMPRESAS
GR
I
DJS
I
WB
SC
D/C
EB
DS
IPIE
CA
/AP
I
BP
SH
ELL
STA
TOIL
TOTA
L
PE
TRO
BR
AS
sua implantação e abrangência. Publicação das violações da política anticorrupção e anti-suborno.
Código de conduta societária e sua implantação. CONTRIBUIÇÕES POLÍTICAS
Existência de políticas e sistemas de gestão/ procedimentos, assim como de mecanismos de cumprimento, dedicados às contribuições políticas e lobbies.
Valor doado a partidos políticos e instituições cuja função principal é financiar os partidos ou seus candidatos.
COMPETIÇÃO E PREÇOS
Decisões legais relativas a casos referentes à legislação antitruste e de regulamentação de monopólio.
Existência de políticas e sistemas de gestão/ procedimentos e mecanismos de conformidade para prevenção de práticas de concorrência desleal.
SAÚDE E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR
Existência de políticas para preservar a saúde e segurança do consumidor durante a utilização de produtos e serviços, grau de informação e aplicação e relação de procedimentos/ programas relacionados ao tema, bem como os sistemas de acompanhamento e seus resultados.
Infrações às normas referentes à saúde e segurança dos consumidores, assim como sanções e multas impostas a estas infrações.
Número de reclamações recebidas por organismos reguladores oficiais ou similares para a supervisão ou regulação da saúde e segurança dos produtos e serviços.
Conformidade voluntária a códigos, rotulação de produtos, premiações relacionadas com a responsabilidade social e/ ou ambiental recebidas pela organização.
PRODUTOS E SERVIÇOS
Existência de políticas e sistemas de gestão/ procedimentos, assim como de mecanismos de conformidade referentes à rotulação e à informação sobre os produtos e serviços.
Número e tipo de descumprimentos da legislação sobre informação e rótulos de produtos, assim como as sanções e multas impostas pelas violações.
Existência de políticas e sistemas de gestão/ procedimentos, assim como de mecanismos de conformidade referentes à satisfação do consumidor, inclusive resultados de pesquisas de satisfação.
PROPAGANDA
Existência de políticas e sistemas de gestão/ procedimentos, assim como dos mecanismos de conformidade para adesão a padrões e códigos não obrigatórios referentes à publicidade.
Número e tipos de infrações das regulamentações de propaganda, publicidade e marketing.
RESPEITO À PRIVACIDADE
Existência de políticas e sistemas de gestão/ procedimentos, assim como dos mecanismos de conformidade de respeito à privacidade do consumidor.
FORNECEDORES
Existência de programas de monitoramento e verificação dos critérios sócio-ambientais acordados.
Existência de programas e políticas para o cumprimento de valores de responsabilidade social em toda a cadeia produtiva.
Desempenho dos fornecedores em saúde e segurança Fonte: O Autor, modificado de Petrobras, 2004
171
A Tabela 11 mostra que as companhias analisadas utilizam uma variedade
bastante abrangente de indicadores para a medição do desempenho em
sustentabilidade. Todas elas publicam relatórios ou balanços sociais, os quais
incluem a medição do desempenho relacionada com indicadores específicos, bem
como metas a atingir. A não ser a Shell, todas as outras empresas utilizam o GRI
como modelo para estes relatórios. No entanto, a Shell apropria quase que a mesma
proporção de indicadores do GRI que as demais empresas.
Os indicadores comuns à maioria das companhias verificadas são os relativos
a meio ambiente, saúde e segurança, especialmente os relativos a vazamentos,
emissões atmosféricas, resíduos, efluentes e eco-eficiência. Alguns indicadores
sociais são também comuns, como os referentes à saúde da força de trabalho,
fatalidades, investimento em projetos sociais e trabalho infantil.
As companhias examinadas tendem a trabalhar mais com indicadores
reativos, que medem o desempenho alcançado após a ocorrência de um fato, que
com indicadores pró-ativos, projetados para medir o desempenho em atividades que
podem vir a trazer resultado positivo. A UNEP (1999), bem como as ONGS
pesquisadas pela IPIECA em seu relatório de orientação às empresas do setor de
petróleo e gás, considera que a utilização de indicadores pró-ativos, que medem
impactos ao invés de simples produção de substâncias poluidoras poderia melhorar
grandemente o desempenho das empresas, bem como seu processo de elaboração
de relatórios e balanços de sustentabilidade.
Como exemplos de indicadores pró-ativos na tabela acima podemos citar:
Resíduo reciclado, investimento em projetos sociais ou comunidades, tempo gasto
pelos empregados em trabalho voluntário, gastos com meio ambiente, saúde e
segurança, gastos com sustentabilidade e certificações ambientais. No entanto, a
maioria dos indicadores reportados pelas empresas estudadas não comparam os
impactos com os volumes produzidos.
A utilização de indicadores sociais de desempenho está se difundindo, com a
utilização do GRI e o trabalho feito pelas empresas para se manterem ou entrarem
no DJSI. A tendência é a incorporação de mais métricas e metas com foco em
desenvolvimento sustentável, ao invés dos indicadores tradicionais de SMS.
As empresas estudadas agrupam empregados e contratados no tratamento
de desempenho em saúde e segurança, mas separam as categorias ao tratar de
salários e benefícios.
172
4.4. O CASO DA PETROBRAS DISTRIBUIDORA S. A. - CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA.
As descrições e análises do sistema e dos indicadores da Petrobras Distribuidora S.A. foram feitas com base nas informações fornecidas pela própria
empresa, em seu Balanço Social, Relatórios Anuais, publicações e em informações
divulgadas no website da companhia. Esta etapa está estruturada da seguinte
forma:
• Caracterização geral da companhia, incluindo seu histórico, estrutura de
funcionamento, produtos e serviços oferecidos e sua participação no mercado
nacional;
• Visão estratégica da empresa;
• Governança Corporativa e sistemas de gestão utilizados pela Companhia,
com especial atenção para o sistema de gestão de Segurança, Meio
Ambiente e Saúde;
• Visão de Sustentabilidade da empresa;
• Relacionamento com os públicos de interesse;
• Análise dos indicadores Econômicos, Ambientais e Sociais utilizados e
reportados pela Companhia.
4.4.1. Descrição geral
A Petrobras Distribuidora S.A. é uma sociedade anônima, subsidiária da
Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobras, com capital fechado, subordinada ao Ministério
das Minas e Energia e classificada como entidade da administração indireta do
Governo Federal.
A BR é a maior companhia de distribuição e comercialização de combustíveis
e derivados de petróleo da América Latina. Sendo a segunda maior empresa do
Brasil, a Petrobras Distribuidora S.A. somente é menor que a sua controladora, a
Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras.
Pela sua missão, características de seus negócios e capilaridade de sua
ampla rede de distribuição no País, a BR constitui-se na parte mais visível do
173
Sistema Petrobras, desempenhando papel fundamental no fortalecimento da
imagem e agregação de valor à marca Petrobras.
4.4.1.1. Histórico
Em 6 de dezembro de 1963, o então Conselho Nacional do Petróleo – CNP
concedeu à Petrobras, através da Resolução 8/63, a autorização para exercer a
atividade de distribuição de derivados de petróleo em todo o território nacional.
Neste momento, teve início a atividade de distribuição da Petrobras através de
postos de revenda. O primeiro posto da estatal a ser inaugurado foi em Brasília
(Posto Guarapari).
A Petrobras Distribuidora foi criada no dia 12 de novembro de 1971, como
subsidiária da Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobras, com características de uma
companhia de economia mista, que passou a atuar na comercialização e distribuição
de derivados do petróleo para todo o Brasil. Nesta época sua rede contava com 840
postos de serviços.
Em 25 de outubro de 1973, a Petrobras Distribuidora adquiriu o controle das
ações da Petrominas – Companhia Nacional de Petróleo, incorporando mais 806
postos para sua rede.
Em 1974 a companhia assumiu a liderança do mercado de distribuição de
derivados de petróleo do Brasil, superando concorrentes nacionais e estrangeiras.
A posição de liderança no setor se mantém até hoje e pode ser confirmada
através da considerável estrutura construída pela Petrobras Distribuidora. Em 2004
contava com 7.593 postos de serviços, presentes em todo o território nacional, por
onde passam, em média, cerca de 20 milhões de consumidores/mês, além de mais
de 10.200 grandes clientes entre indústrias, termoelétricas, companhias de aviação
e frotas de veículos leves e pesados.
A BR tornou-se uma empresa de capital fechado, totalmente integralizado
pela Petróleo Brasileiro S.A., em 05 de fevereiro de 2003, por decisão do Conselho
de Administração da Petrobras.
Em agosto de 2004, a Petrobras Distribuidora S.A oficializou a compra da
Agip do Brasil S.A. A partir de janeiro de 2005, a empresa começou a atuar no
mercado como Liquigás Distribuidora S.A, uma empresa exclusivamente de GLP.
174
A Petrobras Distribuidora é a única companhia que atua em todo o território
nacional. No Brasil, foi a primeira companhia a utilizar bombas eletrônicas para
abastecimento e a comercializar álcool hidratado e gás natural como combustíveis
automotivos; e também a primeira a fornecer óleos combustíveis ultra viscosos,
reduzindo expressivamente os custos nas indústrias. A Companhia ainda foi a
primeira a lançar no Brasil o óleo classe SJ, o Lubrax SJ e o Lubrax SL, um óleo de
última geração, em simultaneidade com os Estados Unidos, além do primeiro
lubrificante para motores a álcool, o Lubrax Álcool, a Gasolina Supra e o Extra
Diesel, lubrificante ecológico, além de várias outras ações comerciais pioneiras.
4.4.1.2. Estrutura
A sede da Petrobras Distribuidora S.A. localiza-se na cidade do Rio de
Janeiro. A companhia possui escritórios e gerências comerciais em diversas cidades
do país, como São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Brasília, Recife, Fortaleza,
Curitiba, Porto Alegre e Manaus.
A Petrobras Distribuidora S.A. possuía em 2004 uma rede de 7.593 postos de
serviços, sendo 632 postos de sua rede própria, dos quais 12 são postos escola,
enquanto outros 6.961 são propriedade de terceiros. Possui também mais de 10.200
grandes clientes e uma tancagem total de 1,034 milhões de m³, distribuídas em 116
unidades, movimentando 3,17 milhões de m³ de produtos por mês.
A capacidade competitiva da BR é suportada por processos logísticos que
permitem a operação da maior rede de distribuição de combustíveis e lubrificantes
do Brasil, com oito centros coletores de álcool (arrendados da Petrobras), quatro
depósitos de Supply, instalações em 102 aeroportos e 80 bases/terminais
estrategicamente localizados para a colocação dos produtos Petrobras. Os
terminais, em número de 22, têm maior capacidade e são supridos, na sua maioria,
diretamente pelas refinarias da Petrobras. As bases (58 no total) são instalações de
menor porte, quase sempre supridas pelos terminais. Destas, 36 são de uso
exclusivo da BR, 12 são operadas pela BR em pool com outras distribuidoras e 10
operadas por terceiros.
Os terminais e as bases são atendidos por diferentes modalidades de
transporte, tais como oleodutos, navegação de cabotagem, ferrovias e rodovias.
175
A BR também possui uma fábrica de lubrificantes, contando com uma
gerência de tecnologia, dentro da fábrica, para o desenvolvimento de novos
produtos. Além da fábrica de lubrificantes, a BR tem outras 12 fábricas de
asfalto/emulsões asfálticas.
A distribuição de lubrificantes envolve, além da fábrica em Duque de Caxias
(RJ), 24 armazéns em todo o País e utiliza empresas de transportes cadastradas
para a movimentação de produtos embalados e a granel.
O mapa a seguir, apresenta a distribuição geográfica das unidades
operacionais da BR.
Figura 20 - Distribuição geográfica das unidades operacionais da BR
BARAC
TEMAN
BARIX
BAMONBAVIC
TEVEL
ARVIL
BASUL
BARIB
TELEM
ARREM
ARMAP
ARUBA
DELUB
AIMBA
BANOP
BAIBA
BAGUI
TEBRAS
TEGONBASEC
AITAQ
AIGON
CACADTECAD
BADENBAURU
ARDINAAIRIB
TEPLAN
CERAQCARAC
BALAMCALAM
BAUBEBANOP
CAPLAN
BAÇAIBAMAB
TELIS
BETER
BACRO
TEFOR
TENAL
BACAB
BARECDERECCAAPE
BAMACCAMAPE
BACAJ
CACAMBACAM
DEROD
TEMAT
TEUNA
BAJEQ
BEJUAAIJUA
TEAPEAISUAP
AITER
ARMOC
ARGOV
TEBET
CABET
BAVOL
TEVITCAVIT
TEDUCCADUC
AICAMP
AIEMBI
ARRIN
ARRAVTECAR
CAVID
AIPAFBAJUI
TEJAI
BAFLO
BAJOI
BALONCALON
ARRIGTENOAS
CEORIBAORI
BAGUARBAERI
TESPAARCAP TEVAP
CAVAPTECUBCACUB
PACJAI
Legendas
Terminais (TE)
Bases (BA)
Armazenagens Conjuntas (AR)
Centros Coletores (CE)
Cais
Áreas Individuais / Bases em pool (AI)
Deposito Lubrificante (DL)
Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005.
A força de trabalho da BR, em 05/2005, é composta de 7.909 pessoas, sendo
3.783 empregados próprios e 394 empregados cedidos de outras empresas do
Sistema Petrobras ou órgãos públicos, complementada por 3.732 empregados de
empresas prestadoras de serviços. Os contratos com as empresas terceirizadas são
para prestação de serviços especializados ou de fornecimento de mão-de-obra
176
temporária através da Lei nº 6.019. A composição da força de trabalho da BR
apresentada na Tabela a seguir.
Tabela 12 - Composição da Força de Trabalho da BR FORÇA DE TRABALHO POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE
Empregados Contratados Força de Trabalho
Nível Médio
Nível Superior
Total Temporários Serviços Total
7.909 2.979 1.198 4.177 120 3.612 3.732
100% 38% 15% 53% 1% 46% 47%
Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005
A estrutura hierárquica da Petrobras Distribuidora está ilustrada a seguir:
Figura 21 - Estrutura Geral da Petrobras Distribuidora
Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005.
Os órgãos e Gerências que aparecem no organograma têm como função,
numa rápida descrição:
177
• Presidente (PRD): Responsável pela direção e coordenação dos trabalhos da
Diretoria Executiva e pela gestão das funções corporativas.
• Ouvidoria: Ouvir, analisar e relatar, de forma independente e crítica, as
manifestações dos clientes, consumidores e revendedores, bem como da
força de trabalho da Companhia.
• Gerência de Recursos Humanos (GRH): Planejar, orientar e executar o
conjunto de ações de suporte à gestão dos recursos humanos da Companhia.
• Gerência de Processos de Gestão (GPG): Promover e controlar o
desenvolvimento, a implantação e a atualização de métodos de gestão da
Cia. e liderar o processo de padronização de procedimentos.
• Gerência de Novos Negócios (GNN): Coordenar os projetos de novos
negócios da Companhia.
• Gabinete do Presidente (GAPRE): Otimizar a gestão da área de contato do
PRD, responder pela interface com as demais gerências da área e, também,
pela coordenação de assuntos tais como segurança empresarial, secretaria
geral e relações governamentais.
• Gerência de Planejamento (GPL): Orientar, executar e integrar o conjunto de
ações relativas ao Planejamento Corporativo da BR através da coordenação
da estratégia corporativa, do orçamento, da avaliação do desempenho
empresarial, do alinhamento e aprimoramento organizacional e da realização
de estudos e análises econômicas e de mercado.
• Gerência de Comunicação (GCO): Orientar, coordenar, executar e avaliar as
atividades relativas à comunicação, patrocínios, gestão da marca e
publicidade da BR.
• Gerência Jurídica (GJD): Orientar e prestar serviços de natureza jurídica no
âmbito da Companhia.
• Gerência de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (GSMS): Planejar, orientar e
coordenar o conjunto de ações relativas à gestão de SMS no âmbito da
Companhia.
• Gerência de Relações Institucionais e Regulação (GEREG): Coordenar o
conjunto de ações relativas à representatividade da BR junto aos órgãos
reguladores.
178
• Diretor da Rede de Postos de Serviço (DRPS): Responsável por conduzir e
obter os melhores resultados relativos aos negócios realizados com a Rede
Automotiva atendida pela BR. O DRPS trabalha com cinco Gerências
comerciais regionais de Automotivos: Gerência de Automotivos 1 (GAT- 1),
Gerência de Automotivos 2 (GAT- 2), Gerência de Automotivos 3 (GAT- 3),
Gerência de Automotivos 4 (GAT- 4) e Gerência de Automotivos 5 (GAT- 5) –
Órgão Temporário. Elas devem promover e estimular a venda de
combustíveis, lubrificantes e produtos de conveniência na rede de postos da
BR.
• Gerência Corporativa da Rede de Postos (GCRP): Oferecer as condições
para uma gestão integrada da Rede Automotiva incorporando o
Planejamento, Marketing, Prospecção de Novos Negócios, Suporte
Tecnológico e Produtos Automotivos, garantindo a Segurança, a Saúde e o
respeito ao Meio Ambiente.
• Diretor de Mercado Consumidor (DMCO): Responsável por conduzir e realizar
a gestão integrada do mercado consumidor da BR.
• Gerência de Grandes Consumidores (GGC): Comercializar combustíveis,
lubrificantes e prestar serviços associados em todos os segmentos de
atuação no mercado de grandes consumidores da BR.
• Gerência de Produtos de Aviação (GPA): Comercializar produtos de aviação,
bem como, prestar serviços a revendedores e clientes.
• Gerência de Produtos Químicos (GPQ): Desenvolver, distribuir e
comercializar produtos químicos e serviços para a indústria química e do
petróleo.
• Gerência de Soluções Energéticas (GSE): Desenvolver, comercializar e
implantar soluções energéticas para os clientes da Companhia e operar a
distribuição de Gás Natural canalizado no Espírito Santo.
• Gerência de Comercialização de Asfaltos (GCA): Comercializar asfaltos,
emulsões e produtos correlatos e prestar serviços associados.
• Diretor de Operações & Logística (DIOL): Responsável pela gestão integrada
das atividades relativas à cadeia de Suprimento, Logística e Operações da
BR.
179
• Gerência Industrial (GEI): Desenvolver, industrializar e disponibilizar
lubrificantes e isolantes para os mercados nacional e internacional.
• Gerência de Operações (GOP): Receber, armazenar, movimentar e entregar
produtos comercializados pelas unidades de negócio da BR.
• Gerência de Preços (GEP): Gerenciar o processo de formação de preços da
Companhia.
• Gerência de Logística (GLOG): Projetar e administrar os sistemas de fluxo de
produtos comercializados pela Companhia.
• Gerência de Suprimento (GSUP): Negociar o suprimento de produtos
combustíveis líquidos junto aos fornecedores da BR.
• Diretor Financeiro e de Serviços (DFIS): Responsável pelas atividades de
Finanças e Serviços compartilhados pelas áreas da BR, concentrando
esforços na gestão dos recursos financeiros da Companhia e na prestação de
serviços que contribuam para o resultado dos Negócios.
• Gerência de Administração e Planejamento Tributário (GAPT): Executar o
planejamento e a administração tributária da Companhia.
• Gerência de Tecnologia da Informação (GTI): Desenvolver sistemas e dar
suporte aos usuários de Tecnologia da Informação da Companhia.
• Gerência de Operações Financeiras (GOF): Promover a gestão dos recursos
financeiros, concessão de crédito e avaliação da financiabilidade da
Companhia.
• Gerência de Contabilidade e Controle (GCON): Planejar, coordenar,
normalizar e executar o conjunto de atividades relacionadas com o controle
patrimonial, contábil-societário e gerencial da Companhia.
• Gerência de Serviços Gerais (GSG): Prestar serviços gerais aos órgãos da
Companhia.
• Gerência de Contratação de Bens e Serviços (GCBS): Planejar, orientar e
executar as atividades relativas a contratos, compras e licitações na BR.
• Gerência de Engenharia (GEN): Prestar serviços de engenharia e intervenção
de manutenção programada a todos os clientes internos da Companhia.
180
4.4.1.3. Subsidiária
A Liquigás Distribuidora S.A., subsidiária da Petrobras Distribuidora S. A.,
opera no mercado de comercialização e distribuição de gás liquefeito de petróleo –
GLP. A empresa passou a utilizar a marca citada a partir de 1° de janeiro de 2005,
passando a ser uma empresa exclusivamente de GLP, passando sua rede de postos
de serviço para a Petrobras Distribuidora.
A Liquigás começou a operar no Brasil em 1953, quando a empresa passou a
engarrafar e a distribuir Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). Em 1981, foi adquirida
pela Agip (pertencente ao Grupo ENI). Nesses 52 anos, a empresa construiu a maior
rede de comercialização e distribuição de GLP do País. A Liquigás foi pioneira ao
trazer para o Brasil os Carrosséis Eletrônicos Mássicos, um sistema de
engarrafamento de GLP para botijões de 13 quilos, que modernizou o processo nos
centros operativos. Hoje, são 25 unidades industriais de engarrafamento, 29
depósitos comerciais e uma ampla rede com mais de 14.000 revendedores, que
permitem à Liquigás atender, por mês, mais de 35 milhões de consumidores dos
pontos mais distantes do Brasil.
Além de gás para uso doméstico, a Liquigás fornece produtos e serviços para
todos os setores da indústria e do comércio. No Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste
do país, os produtos levam a marca Liquigás; porém, nas regiões Norte e Nordeste,
a distribuição do gás é feita respectivamente com as marcas Tropigás e Novogás.
4.4.1.4. Produtos e Serviços
Subordinada ao Ministério de Minas e Energia e classificando-se entre as
entidades de administração indireta do Governo Federal, a Petrobras Distribuidora
tem por objetivo, além da distribuição, do comércio e da industrialização de produtos
de petróleo e derivados, atividades de importação e exportação.
A BR - Petrobras Distribuidora S.A. atua em diversos segmentos e atividades.
São destacadas, no quadro abaixo, as atividades pelas quais a BR operacionaliza os
seus negócios para atendimento ao objeto social da Companhia:
181
Quadro 19 - Atividades da BR
ATIVIDADES DA BR
I - a distribuição, o transporte, o comércio, a armazenagem, a estocagem, a manipulação e a industrialização de derivados do petróleo, de gás natural, de xisto ou de outras rochas e seus correlatos, bem como de insumos relacionados com a indústria do petróleo;
II - a distribuição, o transporte, o comércio, o beneficiamento e a industrialização de combustíveis de outras origens;
III - a distribuição, a comercialização e o transporte de produtos de qualquer natureza comercializados em postos de serviços, em centros de troca de óleo, de lavagem ou de abastecimento e manutenção de veículos automotivos;
IV - a exploração de lojas de conveniência em postos de serviços, nas quais poderão ser comercializados ou elaborados produtos de qualquer gênero, espécie, natureza e qualidade, tais como os alimentícios, de limpeza, perfumaria, livros, jornais, revistas, tabacaria, dentre outros;
V - a produção, o transporte, a distribuição, a comercialização de todas as formas de energia, bem como a prestação de serviços correlacionados;
VI - a produção, a industrialização, o transporte, a distribuição e a comercialização de produtos químicos, bem como a prestação de serviços correlacionados;
VII - a produção, a industrialização, o transporte, a distribuição e a comercialização de asfaltos e produtos afins, bem como a prestação de serviços de pavimentação e outros correlacionados;
VIII - a prestação de serviços de administração, operação, conservação, manutenção de instalações operacionais e industriais e de controle de qualidade vinculados ao seu objeto social;
IX - a importação e exportação relacionadas com os produtos e atividades descritos neste artigo;
X - o exercício de quaisquer outras atividades correlatas e afins ao objeto social da Companhia, inclusive a prestação de serviços.
Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005.
Os seus principais segmentos de atuação são:
• Grandes Consumidores – venda direta de combustíveis e lubrificantes para
indústria, Governo, empresas de transporte e Transportadores Revendedores
Retalhistas - TRR. Além disso, prestam serviços para Centrais Avançadas de
Inspeção e Serviços e fazem Controle Total de Frotas;
• Mercado automotivo – combustíveis líquidos, lubrificantes e gás natural
veicular (GNV) além de serviços associados ao abastecimento e manutenção
de veículos através de sua rede de postos;
• Aviação – prestam serviços de abastecimento de aeronaves e atividades
correlatas;
• Mercados de Conveniência – oferecem atendimento rápido e personalizado a
população em geral através de lojas de conveniência;
• Gás e Soluções Energéticas – desenvolvem e implementam serviços de
eficiência energética, co-geração, geração com biomassa, comercialização de
energia, geração de ponta e geração emergencial. Neste segmento se insere
182
a Gerência de Comercialização de Gás Canalizado – GCGC, responsável
pela distribuição de gás natural no Estado do Espírito Santo;
• Gás liquefeito de petróleo (GLP) – distribuição de gás liquefeito de petróleo
para uso doméstico e para todos os setores da indústria e do comércio.
através de sua subsidiária Liquigás;
• Produtos Químicos – produzem, comercializam e distribuem produtos e
insumos para as indústrias em geral. Atua nas seguintes áreas na
comercialização de produtos químicos: químicos para agro negócios,
químicos para indústria do petróleo, químicos para tintas, adesivos e vernizes,
planejamento e suporte de químicos, marketing de produtos químicos e
produtos para química fina.
• Supply House - compreende o suprimento de especialidades químicas e
serviços para as atividades de exploração e produção de petróleo.
• Asfalto – oferecem soluções diversificadas de pavimentação asfáltica para
concessionárias de rodovias, prefeituras, governos estaduais, construtoras de
rodovias, indústrias, etc.
A Figura 22 ilustra o processo de distribuição de combustíveis líquidos da
Petrobras Distribuidora S. A.
183
Figura 22 – Fluxo de combustíveis líquidos da Petrobras Distribuidora
A BR trabalha com uma vasta gama de produtos, apresentados na Tabela 13,
abaixo:
Tabela 13 - Produtos comercializados pela BR por classificação
PRODUTOS POR CLASSIFICAÇÃO
Combustíveis claros Combustíveis escuros
Óleos, e Graxas lubrificantes
Gás Natural Outros Produtos
Gasolinas (comum, supra, premium e podium)
Óleos diesel ( comum, marítimo, metropolitano, aditivado e parafínico)
Querosenes (aditivado e de aviação – QAV1)
Álcool hidratado Gasolina de aviação
Óleos combustíveis
Coque de petróleo
Automotivos Industriais Marítimos Ferroviários Aviação Fluidos de freio Fluidos de radiador
Industrial Veicular (GNV)
Asfaltos Solventes Querosenes Fluidos especiais Parafinas Óleos para pulverização agrícola
Óleos de processos Enxofre Produtos de supply house GLP Resíduo aromático
Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005
Fonte: Petrobras Distribuidora, 2004.
184
A Petrobras Distribuidora obteve, no dia 16 de dezembro de 1993, a
concessão para distribuição, por cinqüenta anos, de gás natural no Espírito Santo.
Os principais acordos firmados com o Governo do Estado são relativos ao
atendimento ao mercado industrial, a novos investimentos em rede de dutos de
distribuição e ao atendimento ao mercado residencial e comercial.
Desde que conquistou a concessão para explorar a distribuição de gás
canalizado no Espírito Santo há dez anos, a Petrobras Distribuidora viu seu mercado
mais do que dobrar, saltando de 400 mil m3/dia para 1 milhão de m3/dia – e, de
acordo com projeções da empresa, o volume consumido deve atingir a casa dos 2,7
milhões de m3/dia em 2005. Atualmente, mais de 90% do total comercializado tem
como destino grandes indústrias do estado, com destaque para a Companhia Vale
do Rio Doce que responde por 50% das vendas do produto.
Contando hoje com 23 clientes industriais e 10 postos de GNV, a Gerência de
Comercialização de Gás Canalizado da Petrobras Distribuidora iniciou sua
participação no segmento comercial no final de 2002 com o fornecimento de gás
para o hotel Comfort Inn, da rede Accor, localizado na orla de Vitória. A companhia
pretende ainda ampliar sua participação no mercado industrial e automotivo com a
implantação mais sete postos consumindo gás natural além do ingresso no
segmento residencial para final de fevereiro.
A empresa vem desenvolvendo parcerias para a implantação de unidades
térmicas a gás natural para fornecimento de energia elétrica, bem como programas
destinados aos clientes visando à otimização do uso dos produtos da Companhia,
privilegiando os aspectos de economia de energia, preservação do meio ambiente e
segurança industrial.
4.4.1.5. Participação no mercado
O capital social, subscrito e integralizado, da BR é de R$ 2.086.403.519,96
(dois bilhões, oitenta e seis milhões, quatrocentos e três mil, quinhentos e dezenove
reais e noventa e seis centavos), dividido em 42.853.453.082 (quarenta e dois
bilhões, oitocentos e cinqüenta e três milhões, quatrocentos e cinqüenta e três mil, e
oitenta e duas) ações ordinárias, sem valor nominal.
Em 2004 obteve lucro líquido de R$ 634,1 milhões, 24,6% superior ao lucro
líquido de 2003. As vendas totais atingiram 27.262 mil m³, apresentando um
185
crescimento de 8,1% em relação ao ano anterior. A Receita Operacional Bruta de
Produtos e Serviços atingiu R$ 34.302 milhões, com um crescimento de 15% em
relação a 2003. Sua participação no mercado brasileiro em dezembro de 2004,
ilustrada na Figura 23, atingiu 32,8% de market share7, um incremento de 1,3 pontos
percentuais em relação ao ano de 2003.
Figura 23 - Market Share das Distribuidoras – 2004
MARKET SHARE 2004 - TOTAL DE PRODUTOS
7,7%
17,2%
32,8%
21,1%
8,4%
12,9%
BR
IPIRANGA
TEXACO
SHELL
ESSO
OUTRAS
No segmento revendedor, a empresa alcançou 24,6% do mercado de
combustíveis automotivos, mantendo-se, também, na posição de liderança tanto na
comercialização de combustíveis como de lubrificantes, com 20,9% de market share.
A BR foi a primeira companhia brasileira a distribuir o GNV que, entre outras
vantagens, apresenta o menor preço para o consumidor, quando comparado à
gasolina, e baixa emissão de poluentes para a atmosfera. A BR já possui 150 postos
de abastecimento com GNV, distribuídos em 15 estados, o que lhe garante a
liderança com 38% de mercado. As vendas da BR crescem de forma acentuada
(45% em 2002, comparativamente a 2001), o que contribui para viabilizar a
expansão da rede de gás natural, pelas companhias distribuidoras de gás natural,
para atendimentos residencial e comercial.
Além da atuação no varejo, a BR comercializa combustíveis, lubrificantes e
coque, diretamente, para mais de 12 mil grandes clientes como indústrias, usinas
7 Para o cálculo do market share foram consideradas todas as empresas distribuidoras do Brasil, filiadas ou não ao SINDICOM. Os dados de volume de vendas foram obtidos junto à Petrobras e à ANP.
Fonte: Petrobras e ANP, 2005
186
termelétricas, empresas de transporte aéreo e terrestre e Governo, sendo líder de
mercado com 45% de participação.
As aeronaves que operam em 102 aeroportos brasileiros têm seus serviços
de abastecimento garantidos pela BR que, além do combustível, disponibiliza para o
segmento de aviação executiva, por meio do BR Aviation Center8, serviços de
comissária, transporte nas áreas internas dos aeroportos e limpeza de aeronaves.
Neste segmento, a BR também é líder de mercado com participação de 57%.
A BR consolidou sua liderança no segmento de lojas de conveniência. Mesmo
sendo uma das últimas das grandes distribuidoras a entrar neste ramo de negócio,
hoje a marca BR Mania é encontrada em cerca de 600 postos.
A BR oferece também serviços de geração simultânea de energia elétrica e
energia térmica, a partir de um mesmo combustível, agregando valor aos produtos já
comercializados por ela. Desta forma, propicia o fornecimento da energia final, na
forma de eletricidade, vapor, água gelada e calor. Além disso, insere-se no mercado
de geração distribuída de energia elétrica, comercializando a energia que a
Petrobras produz, bem como os excedentes de plantas de co-geração
implementadas por seus clientes, tornando-as mais rentáveis.
Já no segmento de asfalto, a participação da companhia cresceu de 24,5%,
em 2000, para 28% em 2004. A BR possui 12 fábricas de emulsões asfálticas em
cinco estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Bahia). A
Gerência de Comercialização de Asfalto - GCA desenvolve, em articulação com o
Centro de Pesquisas da Petrobras, novas técnicas de pavimentação e recuperação
de estradas, mais baratas, práticas e ecológicas. Novas fábricas de emulsões
asfálticas estão sendo construídas em várias regiões do Brasil, visando a atender
novos mercados.
Na comercialização de produtos químicos, caracterizados pelos derivados de
petróleo para uso não-combustíveis, tais como: solventes, querosenes, fluidos
especiais, parafinas, óleos de processo, óleos para pulverização agrícola e enxofre,
a ênfase é atribuída ao desenvolvimento de produtos ambientalmente “mais
amigáveis”, como os solventes ecológicos, recentemente lançados no mercado.
8 O BR Aviation Center é a denominação do FBO – Fixed Based Operation - da BR Aviation, um centro completo de prestação de serviços para os clientes da aviação executiva. O seu conceito principal é atender clientes da BR Aviation de forma especial proporcionando-lhes tratamento personalizado. O executivo conta com uma confortável sala VIP e um business center com sala de reunião, Internet, TV a cabo e loja de conveniência, além de atendimento na pista. O piloto dispõe de sala de repouso e de estudo de rotas com computador para efetuar o plano de vôo. E a aeronave, além de abastecimento e segurança, recebe todos os cuidados necessários como hangaragem, polimento, limpeza interna e externa, GPU e trator.
187
A atividade de supply-house foi reposicionada para agregar aos produtos
comercializados uma extensa gama de serviços, como: apoio logístico às operações
off-shore, serviços associados às aplicações de fluidos de perfuração, serviços
associados aos tratamentos de óleo, gás e água, além de serviços ambientais
(articulação e coordenação, representação, consultoria especializada, avaliação e
auditoria e treinamento e capacitação).
Na distribuição de GLP, a BR atua principalmente junto a clientes industriais,
com planos de estender sua atuação aos clientes residenciais.
4.4.2. Visão estratégica
A Petrobras Distribuidora S.A., em seu planejamento estratégico, definiu sua
missão e visão como:
MISSÃO BR: “Distribuir, comercializar e industrializar derivados de
petróleo e seus correlatos, com competitividade, rentabilidade e
responsabilidade sócio-ambiental”.
VISÃO BR: “Ser líder de mercado nos segmentos em que atuar,
fazendo da marca PETROBRAS a preferida de todos os consumidores.”
VALORES: Na busca de sua Missão e Visão de Futuro, a BR deve agir
e ser orientada de acordo com alguns princípios básicos que são
compartilhados pelos membros da Companhia:
• Coerência (entre discurso e prática)
• Alinhamento (das práticas de Gestão)
• Comprometimento
• Ética (nos relacionamentos)
• Prazer em Servir (perpetuidade)
• Fidelidade à Marca BR
• Responsabilidade Social e Ambiental
O objetivo estratégico da BR é ampliar sua posição de liderança no mercado
brasileiro de distribuição de combustíveis, atingindo market share de 36,5% em
188
2010, de forma a garantir a colocação de seus produtos e o aumento de sua
rentabilidade. Para isto, está investindo fortemente em projetos voltados para a
atração e fidelização de clientes e em oferta de serviços agregados, por acreditar ser
este um dos principais diferenciais em relação aos concorrentes. Além disso, a
organização precisa manter o reconhecimento do mercado e, principalmente, dos
consumidores, parceiros e clientes, pelo alto nível de qualidade de seus produtos e
serviços e pelo atendimento aos mais rigorosos padrões internacionais de
Segurança, Meio Ambiente e Saúde.
Os principais desafios estratégicos, explicitados no Plano Estratégico, na BR
são:
a) Consolidar a liderança da rede de postos de serviços, fortalecendo a
imagem do Sistema Petrobras;
b) Consolidar a atuação no mercado de GLP, através da Liquigás, recém-
adquirida, buscando a liderança neste segmento;
d) Ampliar a atuação em outros mercados além do de combustíveis, como o
de asfalto, de soluções energéticas e de produtos químicos;
No mesmo plano foram aprovados três “Focos de Desempenho”, ou seja, os
pontos mais críticos no desempenho da Companhia perante as suas partes
interessadas: Market-share, Rentabilidade e Responsabilidade Social e Ambiental.
4.4.3. Governança Corporativa
A liderança da BR é exercida por meio de um sistema estruturado,
funcionalmente conduzido pela Alta Direção, formada pela Diretoria Executiva
(Presidente e Diretores) e Gerentes Executivos. Está alicerçada em Fundamentos,
em uma Missão e Visão claras, em Valores e em diversas políticas estabelecidas
(SMS, Qualidade etc.).
Os Fundamentos da Liderança são considerados:
• Visão sistêmica;
• Aprendizado organizacional;
• Agilidade;
• Inovação;
• Liderança e constância de propósito;
189
• Visão de Futuro;
• Foco no cliente e no mercado;
• Responsabilidade sócio-ambiental;
• Gestão baseada em fatos e dados;
• Valorização das pessoas;
• Abordagem por processos;
• Orientação para resultados;
A Alta Direção operacionaliza sua liderança no mais alto nível através das
reuniões da Diretoria Executiva e do Comitê de Negócios, responsáveis pelas
decisões mais elevadas da organização. O Comitê de Negócios se reúne
semanalmente para planejar, controlar e exercer o aprendizado das ações de
melhoria da gestão da BR. As reuniões do Comitê são realizadas com os seguintes
enfoques:
• Sistema de Gestão;
• Análise Crítica de Desempenho;
• Segurança, Meio Ambiente e Saúde;
• Investimentos e Novos Negócios.
O Modelo de Gestão da BR foi concebido com o objetivo de orientar a gestão
a fim de que atenda as necessidades de todas as partes interessadas. Está
fundamentado basicamente nos critérios de excelência do Prêmio Nacional da
Qualidade - PNQ - e em alguns poucos requisitos das normas: NBR ISO 9001:2000,
NBR ISO 9004:2000, NBR ISO 14001:1996, OHSAS 18001:1999 e SA 8000:2000.
Portanto, o Modelo de Gestão é um conjunto de requisitos estruturados e ordenados
de forma sistêmica, com forte visão nos requisitos das partes interessadas e no seu
atendimento.
O Modelo de Gestão é representado através da Figura 24, abaixo. As
práticas de gestão são concebidas a partir dos requisitos das partes interessadas e
construídas de modo a garantir o atendimento destes requisitos.
190
Figura 24- Modelo de Gestão da BR
INFORMAÇÃO E CONHECIMENTOINFORMAÇÃO E CONHECIMENTO
PAR
TES INTER
ESSAD
AS
PAR
TES INTER
ESSAD
AS
(RESU
LTAD
OS)
(RESU
LTAD
OS)
PAR
TES INTER
ESSAD
AS
PAR
TES INTER
ESSAD
AS
(REQ
UIS
ITOS)
(REQ
UIS
ITOS)
PERFIL ORGANIZACIONALPERFIL ORGANIZACIONAL
LIDERANÇALIDERANÇA
ESTRATÉGIASESTRATÉGIASE PLANOSE PLANOS
ENTR AD ASENTR AD AS SAÍD ASSAÍD AS
CLIENTESCLIENTES
SOCIEDADESOCIEDADE
PESSOASPESSOAS
PROCESSOSPROCESSOS
SAÍD ASSAÍD AS
SAÍD ASSAÍD AS
ENTR AD ASENTR AD AS
ENTR AD ASENTR AD AS
INFORMAÇÃO E CONHECIMENTOINFORMAÇÃO E CONHECIMENTO
PAR
TES INTER
ESSAD
AS
PAR
TES INTER
ESSAD
AS
(RESU
LTAD
OS)
(RESU
LTAD
OS)
PAR
TES INTER
ESSAD
AS
PAR
TES INTER
ESSAD
AS
(REQ
UIS
ITOS)
(REQ
UIS
ITOS)
PERFIL ORGANIZACIONALPERFIL ORGANIZACIONAL
LIDERANÇALIDERANÇA
ESTRATÉGIASESTRATÉGIASE PLANOSE PLANOS
ENTR AD ASENTR AD AS SAÍD ASSAÍD AS
CLIENTESCLIENTES
SOCIEDADESOCIEDADE
PESSOASPESSOAS
PROCESSOSPROCESSOS
SAÍD ASSAÍD AS
SAÍD ASSAÍD AS
ENTR AD ASENTR AD AS
ENTR AD ASENTR AD AS
Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005.
A BR utiliza desde 2003 uma metodologia de análise crítica baseada no
Balanced Scorecard – BSC, estruturado a partir do Planejamento Estratégico e
contemplando os requisitos das partes interessadas através de quatro perspectivas
(Acionista, Mercado, Processos Internos e Aprendizado e Crescimento), cada uma
dessas perspectivas avaliadas por um conjunto de indicadores que medem o
cumprimento dos objetivos estratégicos.
O Mapa Estratégico do BSC BR apresenta os objetivos estratégicos, com
suas relações de causa e efeito. Na reunião de análise crítica, é avaliada a relação
causal entre os resultados dos indicadores, relacionados a determinado objetivo
estratégico “A”, e o desempenho dos indicadores dos objetivos estratégicos “B” e “C”
que o suportam.
Cada responsável pelos indicadores deve registrar sua análise em um
sistema informatizado, o Sistema (SIGER), levando em conta as informações
qualitativas e as variáveis externas.
O sistema de medição do desempenho da organização é baseado no
Balanced Scorecard (BSC). Durante o processo de elaboração do plano estratégico,
são estabelecidos os objetivos estratégicos, bem como indicadores corporativos a
191
serem gerenciados pela Diretoria Executiva e os indicadores gerenciados pelas
áreas de negócios, operações e apoio.
O BSC traduz as estratégias da organização em Objetivos Estratégicos do
negócio monitorado por um sistema balanceado de Indicadores de Desempenho
financeiros e não financeiros e Iniciativas Estratégicas, demonstrando relações de
causa e efeito entre os objetivos estratégicos e os indicadores. Este conjunto de
Indicadores proporciona uma visão rápida e abrangente do desempenho
empresarial, sob quatro diferentes perspectivas (Acionista, Mercado, Processos
Internos e Aprendizado e Crescimento) e permite medir a eficácia e o atendimento
das estratégias corporativas.
Desde 2002, a partir do Planejamento Estratégico, é construído o Mapa
Estratégico Corporativo da BR, guardando alinhamento com o Mapa Estratégico da
Petrobras (Holding).
4.4.3.1. Sistema de gestão de SMS da Petrobras Distribuidora
A Política de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras Distribuidora,
aprovada pela sua Diretoria em 2004, além de assegurar o atendimento à legislação
de SMS aplicável aos seus serviços e atividades, propõe também:
• Educar, capacitar e comprometer os empregados com as questões de SMS,
envolvendo clientes, fornecedores, parceiros, consumidores, comunidades
vizinhas, órgãos competentes e demais partes interessadas;
• Considerar, nos sistemas de conseqüência e reconhecimento, o desempenho
em SMS;
• Atuar na proteção do ser humano e do meio ambiente, na promoção da saúde
e prevenção da poluição mediante a identificação, controle e monitoramento
de riscos, adequando a segurança de processos Às melhores práticas
mundiais e mantendo-se preparado para emergências;
• Estar comprometido com a sustentabilidade de negócios, projetos,
empreendimentos e produtos ao longo de seu ciclo de vida, considerando
impactos e benefícios nas dimensões econômica, ambiental e social;
• Considerar a eco-eficiência de processos, comprometendo-se com a melhoria
contínua e minimizando os impactos adversos inerentes aos negócios.
192
A Política de SMS está consolidada em 15 Diretrizes Corporativas de SMS,
que representam uma poderosa ferramenta de aprimoramento constante dos
procedimentos da Companhia e que foram elaboradas a partir do aprendizado
decorrente do gerenciamento cotidiano destas atividades. Elas são:
1. Liderança e Responsabilidade - orienta que a BR, ao integrar Segurança,
Meio Ambiente e Saúde à sua estratégia empresarial, reafirme o
compromisso de todos os seus empregados e contratados com a busca
de excelência em SMS.
2. Conformidade Legal - orienta que as atividades da empresa estejam em
conformidade com legislação vigente sobre SMS.
3. Avaliação e Gestão de Riscos - orienta que os riscos inerentes às
atividades da empresa sejam identificados, avaliados e gerenciados, de
modo a evitar a ocorrência de acidentes e/ou assegurar a minimização de
seus efeitos.
4. Novos Negócios (Empreendimentos) - orienta que os novos
empreendimentos estejam em conformidade com a legislação e
incorporem, em todo o seu ciclo de vida, as melhores práticas de SMS.
5. Operação e manutenção - orienta que as operações da empresa sejam
executadas de acordo com procedimentos estabelecidos e utilizando
instalações e equipamentos adequados, inspecionados e em condições
de assegurar o atendimento às exigências de SMS.
6. Gestão de Mudanças - orienta que mudanças, temporárias ou
permanentes, sejam avaliadas visando à eliminação e/ou minimização de
riscos decorrentes de sua implantação.
7. Aquisição de Bens e Serviços - orienta que o desempenho em SMS de
contratados, fornecedores e parceiros seja compatível com o do Sistema
Petrobras.
8. Capacitação, Educação e Conscientização - orienta que capacitação,
educação e conscientização sejam continuamente promovidas, de modo
a reforçar o comprometimento da força de trabalho com o desempenho
em SMS.
9. Gestão de Informações - orienta que informações e conhecimentos
relacionados a SMS sejam precisos, atualizados e documentados, de
modo a facilitar sua consulta e utilização.
193
10. Comunicação - orienta que as informações relativas a SMS sejam
comunicadas com clareza, objetividade e rapidez, de modo a produzir os
efeitos desejados.
11. Contingência - orienta que as situações de emergência estejam previstas
e sejam enfrentadas com rapidez e eficácia visando à máxima redução de
seus efeitos.
12. Relacionamento com a Comunidade - orienta que a empresa deve zelar
pela segurança das comunidades onde atua, bem como mantê-las
informadas sobre impactos e/ou riscos eventualmente decorrentes de
suas atividades.
13. Análise de Acidentes e Incidentes - orienta que os acidentes e incidentes
decorrentes das atividades da empresa sejam analisados, investigados e
documentados, de modo a evitar sua repetição e/ou assegurar a
minimização de seus efeitos.
14. Gestão de Produtos - orienta que a empresa deve zelar pelos aspectos de
segurança, meio ambiente e saúde de seus produtos, desde sua origem
até a destinação final, bem como empenhar-se na constante redução dos
impactos que eventualmente possam causar.
15. Melhoria Contínua - orienta que a melhoria contínua do desempenho em
segurança, meio ambiente e saúde seja promovida em todos os níveis da
empresa, de modo a assegurar seu avanço nessas áreas
As Diretrizes Corporativas de SMS foram desdobradas em 80 requisitos de
SMS que vêm sendo utilizados como instrumento para desenvolver, aprimorar e
uniformizar as práticas de SMS em toda a Companhia e que contemplam,
principalmente, requisitos específicos de segurança.
A gestão de SMS da BR foi substancialmente alterada nestes últimos 3 anos.
Foi feita uma revisão da estrutura organizacional e iniciou-se a implantação do
Programa de Segurança de Processo - PSP em 2002, visando ao aprimoramento e
integração do Sistema de Gestão de SMS na Companhia, através do
desdobramento, em todas as Áreas de Negócio, das 15 Diretrizes Corporativas de
SMS. Em outubro de 2003 a BR reviu a sua estrutura organizacional reforçando
significativamente a área de SMS da Companhia, através do fortalecimento da
Gerência Corporativa e da formalização de gerências e coordenações nas áreas
operacionais e comerciais.
194
A operacionalização da política, das diretrizes e dos compromissos de SMS
dá-se através de uma estrutura de governança em Fóruns de Discussão e comitês
de SMS, liderada pelo Comitê de Negócios. Composto pelos membros da Diretoria
Executiva e Gerentes Executivos, o Comitê de Negócios se reúne mensalmente
visando a aprimorar a gestão de SMS e o desdobramento deste trabalho em todos
os níveis da Empresa.
O gerenciamento ambiental da empresa é feito diretamente pelas áreas
comerciais e operacionais, com o enfoque da responsabilidade de linha, apoiado por
estrutura de SMS nas áreas e com suas decisões passando pelos Comitês de SMS.
A gestão corporativa é feita por uma gerência subordinada diretamente ao
Presidente.
A responsabilidade por identificar e tratar os aspectos e impactos de SMS é
da linha, significando que o gestor de instalação deve aplicar os requisitos do SGBR.
A BR tem entre suas atividades a gestão de negócios envolvendo terceiros como
postos, clientes consumidores e outros em instalações não operadas pela BR, mas
que detêm sua marca e/ou comercializam/utilizam seus produtos. Nestes casos, o
responsável é o gestor da área de negócio.
A identificação dos aspectos e impactos nas instalações da BR é feita de
acordo com os requisitos do SGBR, baseado nos requisitos do PNQ acrescidos das
diretrizes das Normas ISO-14001, ISO 14004 e OHSAS 18001. Algumas instalações
e atividades da Cia. são certificadas, atualmente em número total de 44. Para estes,
a certificação SGI incide sobre toda a cadeia de distribuição da BR - do terminal, à
chegada ao posto e entrega ao consumidor final. Vale destacar que a BR é pioneira
neste programa, sendo a primeira distribuidora da América Latina a obter uma
certificação integrada para seus postos.
O PSP abrange diretamente todos os membros da força de trabalho da BR,
conscientizando, capacitando e promovendo diversos treinamentos e mudança de
cultura na direção de patamares mais elevados quanto à prevenção de acidentes e
ao controle de riscos.
Além disto, entre outras partes interessadas, o PSP atua indiretamente nos
aspectos de segurança em “não membros da força de trabalho”: nas comunidades
vizinhas às instalações da BR, intensificando o relacionamento com as mesmas e
em clientes e fornecedores, objetivando alavancar as condições de SMS nestas
empresas.
195
A identificação dos aspectos e o tratamento dos impactos sociais e
ambientais resultantes das atividades (produtos, processos e instalações) da Cia. é
feita dentro do Sistema de Gestão da BR – SGBR, e especificamente quanto a SMS
conforme estabelecido em sua Política de SMS, complementada por um conjunto de
diretrizes e compromissos.
O sistema de gestão da companhia contempla a identificação e o tratamento
dos aspectos e impactos de SMS considerando as características específicas da
atividade. Quanto aos aspectos e impactos sociais, vem sendo implantada
metodologia resultante do Plano Preliminar de Responsabilidade Social e Ambiental,
projeto este já encerrado e em fase de validação e implementação na empresa.
Para algumas unidades selecionadas, a empresa vem também adotando a
implantação de Sistema de Gestão Integrada, unindo os aspectos de qualidade,
segurança, meio ambiente e saúde (QSMS), através de um processo de certificação
pela ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001 (44 instalações certificadas).
Quanto aos impactos potenciais na sociedade como um todo, a Companhia
vem atuando na melhoria e garantia da qualidade dos produtos e dos serviços
(destacando-se o programa DE OLHO NO COMBUSTÍVEL), no aprimoramento da
gestão de produtos ao longo do ciclo de vida e em política de distribuição condizente
com a demanda nacional de produtos. A BR atua também em parceria com a
Petrobras, na melhoria dos produtos comercializados e no incentivo ao uso de
energias alternativas e renováveis.
4.4.4. Visão de sustentabilidade
A Petrobras Distribuidora está atualmente trabalhando em um plano para
incorporação da sua visão de Responsabilidade Sócio-ambiental aos negócios. Para
tal, foram geradas diretrizes que serão incorporadas ao Planejamento Estratégico do
próximo ano.
As diretrizes e recomendações desenhadas para a BR no atual Planejamento
Estratégico objetivam a manutenção ou o incremento da sua competitividade e
rentabilidade, bem como a sua liderança no mercado, com a busca de posição como
marca preferida. Neste contexto as iniciativas de sustentabilidade da companhia
também estão pautadas para este direcionamento, ou seja:
196
• Competitividade: redução de custo, criação de oportunidades,
preferência das partes interessadas;
• Rentabilidade: redução de custo, redução de risco ao negócio;
• Liderança: competitividade, rentabilidade, preferência das partes
interessadas;
• Marca preferida: preferência de partes interessadas.
4.4.4.1. Princípios norteadores
Dentro do Plano de Responsabilidade Sócio-ambiental foram definidos
princípios norteadores, caracterizados a seguir, que estão alinhados à visão da
companhia:
• Cumprimento legal.
• Atendimento às demandas relevantes das partes interessadas
estratégicas.
• Atendimento aos princípios nacionais e internacionais de responsabilidade
sócio-ambiental aos quais a empresa e/ou o grupo ao qual pertence são
signatárias.
Estes princípios são detalhados a seguir.
4.4.4.1.1 Cumprimento legal
O atendimento à legislação aplicável é condição básica e prioritária em
qualquer Política de Sustentabilidade em uma empresa.
A adoção desta questão como princípio norteador de uma política gera certa
polêmica, na medida em que o cumprimento legal seria uma obrigação
condicionante da própria operação da companhia. Porém, ainda hoje é comum a
não conformidade legal por parte de diversas empresas. A empresa considera este
princípio como sendo o primeiro passo para a sustentabilidade.
Para que a companhia atenda a este princípio, é necessário que ela tenha
mecanismos para identificar permanentemente toda a legislação ambiental e social,
que lhe seja aplicável, e implemente ações para atendê-la.
197
O atendimento à legislação contribui para a redução dos riscos ao negócio da
companhia, pois evita retaliações de partes interessadas estratégicas, previne
interrupções do processo produtivo e diminui os riscos de danos à imagem e de
incoerência em penalidades, dentre outros.
Vale salientar ainda que a companhia considera importante estar apta a agir
de maneira pró-ativa, de forma a apoiar seus parceiros (clientes, fornecedores, etc.)
a atenderem aos princípios de sustentabilidade empresarial, isto é, ter
responsabilidade na cadeia produtiva. (BR/LIMA/COPPETEC, 2005)
4.4.4.1.2 Atendimento aos princípios nacionais e internacionais de sustentabilidade aos quais a empresa é signatária.
Segundo os relatórios da empresa consultados, os princípios (Pacto Global,
Metas do Milênio, Agenda 21, etc.) do desenvolvimento sustentável revelam os
problemas mundiais e mostram caminhos para minimizá-los, sendo fontes
inspiradoras para a reflexão sobre a missão e os valores das empresas. Ao se tornar
signatária de princípios relacionados à responsabilidade sócio-ambiental, isto é, que
tenham como objetivo a preservação e proteção ambiental e a redução das
desigualdades e desequilíbrios sociais, dentre outras, é necessário que a empresa
implemente mecanismos e ações que lhe possibilitem atendê-los.
Já as normas e certificações (geralmente elaboradas por organizações não-
governamentais ou organismos multilaterais de comércio) estabelecem
procedimentos9 para que estes princípios possam ser seguidos e aplicados ao
cotidiano das empresas, estando baseados em processos, como é o caso das
normas da série ISO 14000, os indicadores Ethos, e as normas SA 8000 e AA1000.
Os relatórios, diferentes das normas e certificações, são canais de
comunicação das empresas com suas partes interessadas, como é o caso do
Balanço Social Ethos, e da Global Reporting Initiative (GRI). A escolha pela
ferramenta mais adequada vai depender de cada negócio e da estratégia de gestão
de cada empresa. Relatórios e certificações ajudam a tornar os princípios do
desenvolvimento sustentável exeqüíveis nas empresas, ao mesmo tempo em que
maximizam os benefícios obtidos pelas mesmas devido à divulgação às partes
9 Procedimentos são aqui definidos como um conjunto de padrões e indicadores auferíveis, relativos às condutas trabalhistas, sociais e ambientais adotadas.
198
interessadas do seu desempenho sócio-ambiental (BR - LIMA/PPE/COPPE/UFRJ,
2005).
4.4.5. Relacionamento com os Públicos de Interesse
O relacionamento da Petrobras Distribuidora com as diversas partes
interessadas em seu negócio foi estudado em projeto estratégico desenvolvido
recentemente em parceria com a COPPETEC (iniciado em julho/2004 e concluído
em julho/2005), denominado de Visão de Responsabilidade Social e Ambiental, do
qual resultou um Plano Preliminar de Responsabilidade Social e Ambiental, que está
em validação e implantação.
Como partes interessadas estratégicas da distribuição de combustíveis o
Relatório de RSA BR - LIMA/PPE/COPPE/UFRJ (2005) considerou os grupos
diretamente afetados pelas suas iniciativas, a saber:
• Acionistas: Petrobras;
• Clientes: adquirem o produto (ex: combustível, lubrificante, etc.) diretamente
da companhia (ex: postos de gasolina, grandes consumidores, etc.);
• Comunidade do entorno: população beneficiada e/ou afetada pelas atividades
da companhia, observa-se que esta não necessita ser residente na área de
influência de unidades da Petrobras Distribuidora S.A. (ex: população afetada
por vazamento de combustível causando durante um acidente no seu
transporte);
• Consumidores: usuários dos produtos da companhia (ex: motorista de carro,
companhia de aviação, etc.);
• Fornecedores: prestam serviços e/ou vendem produtos para a companhia;
• Força de trabalho da companhia: funcionários e empregados de empresas
contratadas;
• Governo e Sociedade: benefício relacionado a atividades que poderiam estar
sendo desenvolvidas pelo governo e que são concedidos às parcelas da
população em geral;
• Meio ambiente: ecossistema.
O Quadro 20 apresenta exemplos de demandas que podem ser atribuídas às
partes interessadas estratégicas identificadas. Este quadro foi elaborado a partir da
199
avaliação de documentos, entrevistas e visitas de campo, dentro do Plano de RSA
da BR. A equipe elaboradora do Projeto (BR - LIMA/PPE/COPPE/UFRJ) considera
que o mesmo não é estático, e deve ser validado e adaptado de acordo com as
mudanças nas demandas das partes interessadas, que podem ser identificadas ao
longo do tempo a partir de reclamações enviadas ao SAC (Sistema de Atendimento
ao Consumidor) e à Ouvidoria, pesquisas de satisfação e mercado, etc.
Quadro 20 - Demandas relevantes típicas das partes interessadas de uma Distribuidora
Partes interessadas Demandas
Comunidade do entorno
Mitigação dos impactos negativos (ruídos, odores, resíduos, riscos de acidentes) causados pelas atividades da empresa;
Ações sociais na comunidade; Admissão, demissão e remuneração da forca de trabalho local; Relacionamento com organizações locais; Desenvolvimento de fornecedores locais; Conhecimento da atividade da companhiaAdmissão, demissão e remuneração da forca de trabalho local
Governo e sociedade
Combate à pobreza e a desigualdade social (investimentos em educação, saúde e inclusão social);
Geração de emprego e renda; Pagamento de impostos e tributos; Contribuição para o PIB municipal, estadual e nacional; Transparência; Evidência que a companhia cumpre seus compromissos ambientais e sociais;
Estimulo ao trabalho voluntário; Diversidade; Atendimento a comunidades remotas; Cumprimento da legislação.
Consumidores
(consumidor final dos produtos BR)
Bom atendimento; Transparência; Qualidade dos produtos e serviços; Preço.
Clientes (postos e grandes consumidores, aeroportos)
Qualidade nos serviços; Qualidade dos produtos; Segurança nos produtos; Novos produtos e serviços; Transparência; Garantia de entrega; Preço.
Acionista
Normas internas; Certificações (ISO, SA, BS, AA); Balanços (financeiro e social); Identificação de novos clientes, consumidores e fornecedores; Desempenho financeiro;
200
Partes interessadas Demandas
Ampliação do market share; Fidelização do consumidor; Transparência contábil; Informações sobre responsabilidade ou obrigações legais a respeito de terceiros;
Vantagens comerciais; Governança corporativa; Avaliação de Viabilidade Econômica.
Força de Trabalho
Condições salubres de trabalho; Orgulho e sentimento de dignidade; Educação, capacitação e treinamento; Programa de admissão, demissão e remuneração; Plano de carreira; Canais de comunicação eficientes e eficazes; Direitos atendidos.
Fornecedores Garantias de contrato (prazo, equidade); Seleção de fornecedores; Apoio para seu desenvolvimento.
Meio Ambiente
Informação ambiental no âmbito local; Minimização dos riscos ambientais; Mitigação de impactos; Preservação dos recursos naturais; Manutenção da biodiversidade; Estudo do ciclo de vida do produto.
Fonte: Elaboração Equipe LIMA/PPE/COPPE/UFRJ a partir da Petrobras Distribuidora S.A., 2004.
Os integrantes da Alta Direção interagem regularmente com as partes
interessadas através de diversos eventos, buscando demonstrar comprometimento
com o atendimento dos requisitos das partes interessadas e feedbacks como
oportunidades para a organização.
Cabe ressaltar a interação direta do Presidente e dos Diretores com a Força
de Trabalho durante os Diagnósticos do Gestão do Presidente. Nestes encontros os
integrantes da Força de Trabalho são estimulados a exercerem o direito de sugerir
melhorias para a organização. Estas sugestões são analisadas ao longo do dia do
Diagnóstico e, se consideradas viáveis, são registradas em ata e enviadas à
gerência a quem cabe a implantação.
No que diz respeito ao relacionamento com a comunidade, as atividades da
BR apresentam especificidades distintas, com as características resumidas a seguir:
1. Armazenagem de produtos nas instalações da BR (bases, terminais,
depósitos), para posterior distribuição, gerando potenciais impactos restritos
às comunidades do entorno.
201
2. Instalações industriais da BR, como a fábrica de lubrificantes ou as fábricas
de asfalto, onde não há processos produtivos ou industriais de maior
complexidade, mantendo a mesma característica de geração potencial de
impactos restritos às comunidades vizinhas.
3. Instalações em terceiros, clientes e parceiros (consumidores, aviação), para
posterior revenda ou consumo próprio, gerando, como regra geral, potenciais
impactos apenas na área interna das mesmas. Excepcionalmente, algumas
instalações podem gerar impactos restritos às comunidades do entorno.
4. Transporte de produtos e postos de serviços da BR, que estendem as
atividades da empresa para todo o país, ampliando sobremaneira a região
geográfica atingida pelos potenciais impactos, em comunidades com as mais
diversas características distribuídas de forma difusa no território nacional.
Ainda assim, esses impactos são locais, restritos às comunidades do entorno
das rotas de transporte e dos postos.
Entretanto a BR entende que, por ter seus produtos comercializados em todo
o país e utilizados como fonte de energia para movimentação e produção, há
compromisso também com a sociedade como um todo, E, novamente, o projeto
estratégico citado anteriormente ratificou este entendimento e identificou também
como parte interessada estratégica o governo e a sociedade.
A Petrobras, empresa Controladora da BR, além de ser sua acionista única é
a principal fornecedora dos produtos adquiridos pela Petrobras Distribuidora S.A. e,
por isto, está a Petrobras Distribuidora S.A. sujeita aos limites de operacionalidade
impostos pela Controladora. É ela quem estabelece as regras nas operações e nos
fornecimentos dos produtos adquiridos pela Petrobras Distribuidora S.A.
Por outro lado a Petrobras Distribuidora S.A., por ser uma empresa estatal,
deve cumprir a legislação referente a licitações e aquisições de bens, serviços e
produtos disposta pelo Decreto 2745/98, no que tange a contratação de serviços e
compra de materiais, não associados à atividade fim da empresa. Esta obrigação
torna o processo de aquisição menos ágil do que o dos concorrentes, constituindo,
portanto, em uma desvantagem competitiva em relação aos mesmos.
Além disso, a empresa está sujeita aos Órgãos de Controle da União (CGU e
TCU), havendo necessidade da documentação dos processos de compra e
aquisições e serviços dentro das exigências destes Órgãos.
202
O fato de estar sujeita à obrigatoriedade de processo licitatório leva à
dificuldade no estabelecimento de alianças e parcerias com fornecedores, podendo
as mesmas serem estabelecidas apenas em segmentos restritos do mercado.
4.4.6. Aspectos e impactos Sociais, Ambientais e Econômicos típicos
Nos mesmos relatórios citados acima, a empresa reconhece que a
distribuição, industrialização e comercialização de produtos derivados de petróleo e
seus correlatos conduzem a riscos inerentes ao manuseio e ao uso desses produtos.
Nessas atividades, os impactos potenciais característicos são locais, ocasionados
pelo funcionamento rotineiro de instalações próprias ou de clientes e parceiros ou
por acidentes durante a armazenagem, o manuseio ou o transporte dos produtos.
O sistema de gestão da companhia contempla a identificação e o tratamento
dos aspectos e impactos de SMS considerando as características específicas da
atividade. Quanto aos aspectos e impactos sociais, vem sendo implantada
metodologia resultante do Plano Preliminar de Responsabilidade Social e Ambiental,
projeto este já encerrado e em fase de validação e implementação na empresa.
Os impactos potenciais típicos estão transcritos nas Tabela 14Tabela 15, a
seguir.
Tabela 14 - Impactos negativos potenciais nas comunidade vizinhas às atividades da BR
IMPACTOS NEGATIVOS POTENCIAIS PRODUTOS PROCESSOS INSTALAÇÕES contaminação de recursos hídricos, por efluentes, resíduos ou vazamentos SIM SIM SIM degradação das condições de solo, por efluentes, resíduos, acidentes (incêndio ou explosão) ou vazamentos
SIM SIM SIM
comprometimento da biodiversidade (ecossistemas locais), por efluentes, resíduos, acidentes ou vazamentos
SIM SIM SIM
incremento de ruído ambiental, por acidentes, funcionamento de equipamentos ou movimentação de veículos de transporte
SIM SIM SIM
poluição do ar, por emissões atmosféricas nas instalações NÃO SIM SIM redução da qualidade de vida, por acidentes, vazamentos, critérios de remuneração, admissão e demissão ou impactos da operação
NÃO SIM SIM
degradação social, por inserção de população exógena NÃO NÃO SIM Fonte: O Autor, 2005.
203
Tabela 15 - Impactos negativos potenciais na sociedade das atividades da BR
IMPACTOS NEGATIVOS POTENCIAIS PRODUTOS PROCESSOS INSTALAÇÕES Alteração na qualidade de vida por acidente ou vazamento de grandes proporções SIM SIM SIM poluição e aquecimento do ar, por emissões atmosféricas no uso dos produtos BR; SIM NÃO NÃO redução da satisfação do consumidor, por falta de qualidade nos produtos ou serviços SIM NÃO NÃO redução da qualidade de vida, por impactos do uso do produto ou por indisponibilidade/encarecimento de produtos
SIM NÃO NÃO
Fonte: o Autor, 2005.
4.4.7. Indicadores atualmente utilizados
Para cada Objetivo Estratégico do Mapa Estratégico da BR são definidos um
ou mais indicadores que acompanham e monitoram a intenção do objetivo. O
indicador representa como será medido e acompanhado o sucesso do alcance do
objetivo. Para cada indicador são estabelecidas metas de curto e de longo prazo e
são negociadas e definidas as Iniciativas Estratégicas necessárias para o alcance
das mesmas, sendo estas aprovadas pela Diretoria Executiva.
Os indicadores de desempenho são classificados em:
• Estratégicos – BSC: são indicadores que fazem parte do mapa estratégico
corporativo, portanto são integrados aos objetivos estratégicos.
Adicionalmente, são ainda classificados nas perspectivas de acionista,
mercado, processos internos e aprendizado e crescimento.
• Estratégicos: são indicadores oriundos das metas do planejamento
estratégico, porém não foram priorizados para acompanhamento no BSC.
• Táticos: são indicadores não oriundos da estratégia, entretanto são utilizados
para complementar a análise dos indicadores Estratégicos – BSC e
Estratégicos, portanto têm relevância capital na explicação do desempenho
da companhia.
• Operacionais: são indicadores que servem para medir os processos
operacionais rotineiros e que possuem acordo de nível de serviço
estabelecido junto aos clientes internos.
Os indicadores Estratégicos do BSC, apresentados no quadro abaixo,
gerenciados pela Diretoria Executiva compõem o Mapa Estratégico Corporativo da
204
BR, em correlação com os objetivos estratégicos. Assim, por exemplo, o indicador
de Vazamentos BR está correlacionado ao Índice de Satisfação do Consumidor.
Quadro 21 - Indicadores Estratégicos BSC BR
INDICADORES ESTRATÉGICOS BSC
EVA – Valor Econômico Agregado
Participação da BR no mercado de distribuição (Market-Share Total)
Participação da BR no mercado Automotivo (Market-Share Mercado Automotivo)
Participação da BR no mercado de Consumidores Diretos (Market-Share Mercado Consumidores)
Participação da BR no mercado de GLP (Market-Share Mercado GLP)
Índice de satisfação do Consumidor Automotivo
Venda média mensal por Posto
Número de Postos certificados pelo Programa “De Olho no Combustível”
Percentual do volume vendido com serviço agregado nos segmentos de Transportes e Indústrias
Percentual do volume vendido de Novos Produtos nos segmentos de Transportes e Indústrias
Receita com Serviços Aeronáuticos
Índice de capilaridade
Percentual de evolução de lucratividade do supply-house
Mega Watt Contratado (Participação BR)
Volume vendido de produtos Petrobras vinculados a MW negociados
Percentual do volume vendido de emulsão asfáltica
Índice de atualização do Mapa da Rede
TFCA – Taxa de Freqüência de Acidentados com Afastamento
PTP – Percentual de Tempo Perdido
Vazamentos BR
Custo logístico por m³
Índice de Inadimplência
Índice de satisfação dos clientes internos - Estratégicos
Índice de satisfação dos clientes internos - Táticos
Pontuação no PNQ
Nível de comprometimento com a Empresa
Índice de satisfação dos empregados Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005.
Os indicadores Estratégicos acompanhados pelas Gerências Executivas,
apresentados no Quadro 22, abaixo, suportam as análises dos resultados dos
indicadores Estratégicos – BSC.
205
Quadro 22 - Indicadores Estratégicos BR
INDICADORES ESTRATÉGICOS
ROCE – Retorno sobre Capital Empregado
Volume de vendas da BR (mil m³)
Volume de vendas da BR no mercado Automotivo (mil m³)
Volume de vendas da BR no segmento de Grandes Consumidores (mil m³)
Participação da BR na Capacidade Instalada de Geração Distribuída (MW)
Volume de vendas da BR no segmento de Produtos de Aviação (mil m³)
Volume de vendas da BR no segmento de Comercialização de Asfalto (mil m³)
Volume de vendas da BR no segmento de Produtos Químicos (mil m³)
Participação da BR no segmento de Grandes Consumidores
Participação da BR no segmento de Produtos de Aviação Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005.
Os indicadores Táticos acompanhados pelas Gerências Executivas,
apresentados no quadro abaixo, suportam as análises dos resultados dos
indicadores Estratégicos e Estratégicos - BSC.
Quadro 23 - Indicadores Táticos BR
INDICADORES TÁTICOS
Faturamento Bruto (R$ Milhões)
Receita Operacional Líquida (R$ Milhões)
Lucro Bruto (R$ Milhões)
Lucro Líquido (R$ Milhões)
Estoques (R$ Milhões)
Ativo Permanente (R$ Milhões)
Fornecedores (R$ Milhões)
Obrigações Financeiras (R$ Milhões)
Patrimônio Líquido (R$ Milhões)
Ativo Total (R$ Milhões)
EBITDA (R$ Milhões)
Margem Bruta de Comercialização (%)
Lucro Bruto/m³ vendido (R$/m³)
Custeio/m³ vendido (R$/m³)
Taxa de Retorno do Patrimônio Líquido (%)
Não-conformidade de Fornecedores Fonte: Petrobras Distribuidora, 2005.
5. PROPOSTA DE CONJUNTO DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS.
Neste capítulo sugerimos um conjunto de indicadores de sustentabilidade que
pode ser adotado pelo setor de distribuição de combustíveis para possibilitar a
estruturação da tomada de decisões relativas à sustentabilidade do negócio, através
do tratamento dos aspectos e impactos nas dimensões ambiental, social e
econômica na interface do negócio com as suas diversas partes interessadas.
A partir da análise da estrutura da distribuição de combustível, suas
atividades, instalações e processos e suas principais fontes de impacto sugerimos
indicadores de desempenho das empresas no cumprimento da legislação e
atendimento a normas e princípios nacionais e internacionais do desenvolvimento
sustentável em suas três dimensões, bem como a adoção das melhores práticas
visando à sustentabilidade do negócio. A análise dos aspectos e impactos potenciais
mais relevantes de cada atividade, por sua vez, possibilitou a definição de
indicadores de impacto econômico, social e ambiental, apresentados em números
absolutos ou índices de eficiência, intensidade ou proporção.
Os indicadores propostos são organizados hierarquicamente por dimensão,
categorias, aspectos e indicadores associados às demandas das partes
interessadas e aos impactos ambientais, econômicos e sociais.
207
5.1. CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O SEGMENTO DE DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS
O processo de estruturação do conjunto de indicadores de sustentabilidade
para o setor de distribuição de combustíveis foi montado a partir de dois conceitos:
(1) uma combinação das informações teóricas descortinadas no levantamento
bibliográfico com as resultantes do estudo das empresas do setor de petróleo e (2) a
análise em profundidade de uma distribuidora típica no Brasil, a Petrobras
Distribuidora S. A. A estrutura conceitual norteadora da seleção pode ser visualizada
na figura abaixo:
Figura 25 - Estrutura conceitual norteadora da seleção
Fonte: O Autor, 2005.
A metodologia adotada segue os seguintes passos:
Fase 1. Composição do quadro objeto de análise: O primeiro passo para a definição da proposta é o estabelecimento do
conjunto de indicadores que comporão o quadro objeto da análise. Este conjunto foi
estabelecido a partir dos indicadores reportados pelas empresas de petróleo
208
aplicáveis ao setor estudado (ver Tabela 11 - Sistemas de Indicadores x Empresas –
pág.165), bem como do levantamento dos aspectos e impactos ambientais e sociais
das atividades características do setor de distribuição de combustíveis, associado à
análise dos indicadores utilizados pela empresa estudada, a Petrobras Distribuidora
S.A. e à experiência do mercado. Os indicadores deste conjunto foram então
classificados, como discutido no item 5.1.1, como essenciais ou adicionais.
Fase 2. Primeiro Filtro: Princípios norteadores. O segundo passo é procedermos à análise do conjunto de indicadores
definidos contra os requisitos para seleção de indicadores. O primeiro filtro, ou
conjunto de requisitos, é formado pelos princípios norteadores apresentados no item
5.1.2. Cada indicador do conjunto foi analisado dentro do contexto destes princípios,
verificando-se a qual deles está conectado. Em alguns casos, verificamos que,
apesar do indicador proposto fazer parte do conjunto utilizado pela indústria de
petróleo, não atende a nenhum dos princípios. Nesse caso, o indicador não é
apropriado para utilização, sendo eliminado.
Fase 3. Segundo filtro: Requisitos para definição. O segundo filtro, ou conjunto de requisitos, para definição do conjunto de
indicadores aqui propostos, é a análise de consistência dos indicadores contra o
modelo quali-quantitativo apresentado no item 5.1.3. Aos indicadores do conjunto
analisado que atendem aos princípios estabelecidos no primeiro filtro é então
atribuída uma pontuação, de acordo com requisitos estabelecidos pelo modelo,
adotando-se os valores zero, meio e um para os casos do indicador não atender,
atender parcialmente ou atender completamente ao requisito.
Fase 4. Seleção dos indicadores. Procederemos então à seleção dos indicadores. Serão selecionados aqueles
que, além de passarem pelos dois filtros, forem considerados significativos para o
processo e a forma de conduta das empresas do segmento de distribuição de
combustíveis, à luz da realidade do caso estudado. O processo de seleção não é
estanque, uma vez que, ao se fazer a comparação cruzada dos indicadores com a
empresa estudada e os conceitos revisados no exame da literatura, pode surgir a
209
necessidade de inserirmos ou retirarmos alguns elementos do conjunto final
proposto.
5.1.1. Quadro objeto de análise: Caracterização.
O conjunto de indicadores aqui proposto será formado de indicadores
essenciais e adicionais, de acordo com a qualificação da IPIECA (2005),
classificados, quanto a sua forma de apresentação, em indicadores absolutos e
indicadores relativos.
Os indicadores essenciais são aplicáveis à atividade como um todo, têm
significado amplo, não apenas local e são de interesse do conjunto estratégico das
partes interessadas, além de atenderem aos filtros e características apresentadas
anteriormente, como consistência e reprodutibilidade. Eles podem ser em geral
aplicados a toda a empresa, de forma agregada, e serem passíveis de comparação
com outras empresas (benchmark).
Os indicadores adicionais são tão importantes quanto os essenciais, mas
trazem uma maior dificuldade na definição de sua consistência e comparabilidade,
por não se aplicarem à atividade como um todo. São tipicamente de relevância local
ou regional, estão sujeitos a variações em seu regime de controle e nem sempre
estão completamente definidos, podendo estar em desenvolvimento.
Tanto no conjunto dos indicadores essenciais quanto no dos adicionais
encontraremos indicadores reativos e pró-ativos, que definimos a partir do que a
IPIECA (2005) chama de lagging e leading indicators. Os reativos são os que
medem os resultados ou impactos da atividade da empresa, por exemplo, as
emissões atmosféricas geradas pelo carregamento dos caminhões nas bases e
terminais, ou a taxa de doenças ocupacionais em sua força de trabalho. Já os pró-
ativos medem o progresso da empresa na ação para melhorar seus resultados ou
prevenir e mitigar seus impactos, como por exemplo, o percentual de vapores de
COV recuperados no carregamento dos caminhões nas bases e terminais, vapores
que deixaram de ser emitidos para a atmosfera, ou o percentual da força de trabalho
que realizou exames de saúde periódicos. Se as ações da empresa em direção à
sustentabilidade são efetivas, deve haver uma correlação entre os indicadores
reativos e os pró-ativos, seja ela direta ou indireta. Alguns indicadores podem ser
tanto reativos quanto pró-ativos, dependendo do tipo de análise e gestão que se
210
faça da questão, como, por exemplo, indicadores de eficiência energética e de
acidentes no transporte.
Considerando a complexidade do tema sustentabilidade e as limitações que
existem em relação a indicadores apenas quantitativos, são propostos neste
trabalho tanto indicadores quantitativos quanto qualitativos. Os valores numéricos
requeridos pelos indicadores quantitativos poderão ser agregados, tanto para
indicadores reativos quanto pró-ativos. Estes indicadores são apropriados para
medir questões que podem ser gerenciadas de forma centralizada e acompanhadas
em uma linha temporal, além de facilitarem a comparabilidade ou benchmark.
Alguns dos indicadores de sustentabilidade dizem respeito à existência de
políticas ou processos para gerenciamento de certos aspectos. Estes são
eminentemente qualitativos, necessitando estudo de casos ou projetos específicos
para demonstrar o desempenho da empresa na questão em pauta. A maioria destes
indicadores faz parte do grupo de indicadores pró-ativos e, embora se possa medir
quantitativamente o percentual de implantação dos projetos ou de conformidade,
temos um grande desafio quando pensamos na comparabilidade ou benchmark
destes indicadores. Apesar disso, são muito importantes na implantação de uma
visão sustentável nos negócios da empresa, bem como na gestão do progresso da
empresa nesse caminho.
O quadro objeto de análise será apresentado no item abaixo, juntamente com
a classificação de acordo com os princípios norteadores.
5.1.2. Filtro 1: Princípios norteadores
Uma empresa sustentável, aqui considerada como aquela que contribui para
o desenvolvimento sustentável, é a que gera, simultaneamente, benefícios
econômicos, sociais e ambientais onde se insere, ou aquela que vai além da
geração de valor para o acionista, incorporando a sustentabilidade à sua ótica de
negócios. É a que procura criar valor sustentável.
No modelo multidimensional desenvolvido por Hart e Milstein (2004) é
apresentado um conjunto de elementos motivadores para a sustentabilidade global a
partir do qual podemos definir princípios norteadores para a elaboração de
estratégias e práticas de gestão que permitam elevar o desempenho na geração de
valor sustentável para a empresa. O conjunto é apresentado na figura abaixo:
211
Figura 26- Modelo de valor sustentável
Fonte: Hart e Milstein, 2004.
O primeiro conjunto de motivadores (quadrante entre os eixos Interno e Hoje)
relaciona-se com a crescente industrialização e suas conseqüências correlatas,
como o consumo de matérias-primas, poluição e geração de resíduos. O
crescimento da atividade industrial teve efeitos sobre o clima, a biodiversidade e a
função do ecossistema, alguns deles irreversíveis. Ao mesmo tempo em que
produziu enormes benefícios econômicos, ela também gerou significativa quantidade
de poluição e continua hoje a consumir matérias-primas naturais, recursos,
combustíveis fósseis, em uma taxa crescente. A eficiência de recursos e a
prevenção de poluição são, dessa forma, cruciais para o desenvolvimento
sustentável.
O segundo conjunto de motivadores (quadrante entre os eixos Hoje e
Externo) relaciona-se à proliferação e interligação dos stakeholders da sociedade
civil. À medida que o poder dos governos nacionais diminuiu com a introdução dos
regimes de comércio global, as organizações não governamentais (ONGs) e outros
grupos da sociedade civil têm ocupado a cena, assumindo o papel de monitores e,
em alguns casos, de aplicadores de padrões sociais e ambientais, principalmente
nos países desenvolvidos. Ao mesmo tempo, a disseminação da Internet e das
tecnologias de informação têm contribuído para que esses grupos se comuniquem
entre si de formas inimagináveis uma década atrás, tornando cada vez mais difícil a
operação velada de governos, corporações e grandes instituições. Assim, o
212
desenvolvimento sustentável desafia as empresas a funcionarem de uma maneira
transparente, responsável, tendo em vista a existência de uma bem informada e
ativa base de stakeholders (Hart e Milstein, 2004).
O terceiro conjunto de motivadores (quadrante entre os eixos Interno e
Amanhã) relaciona-se com as tecnologias emergentes que oferecem soluções
poderosas e revolucionárias que podem tornar obsoletas as bases de muitas das
atuais indústrias que usam energia e matérias primas de forma intensiva. Segundo
os autores, o desenvolvimento de tecnologias como genoma, biomimética,
nanotecnologia, tecnologia da informação e energia renovável têm, todos, o
potencial para reduzir drasticamente as pegadas do homem sobre o planeta,
minimizando os problemas da rápida industrialização. A inovação e as
transformações tecnológicas são por eles consideradas a chave para a busca do
desenvolvimento sustentável.
Finalmente, o quarto conjunto de motivadores (quadrante entre os eixos
Amanhã e Externo) relaciona-se com o aumento da população, da pobreza e da
desigualdade associados à globalização. A população humana, que levou milhares
de anos para alcançar a marca de 1 bilhão, saltou para 6 bilhões em apenas duas
gerações (World Bank, 2000). Esse rápido crescimento populacional tem levado às
migrações em massa da zona rural para as cidades e ao crescimento das
desigualdades de renda, contribuindo com a acelerada decadência social, com o
caos político e com o terrorismo (Hammond, 1998). O desenvolvimento social e a
criação de riqueza em uma escala de massa, especialmente entre os 4 bilhões mais
pobres do mundo, parece ser essencial para o desenvolvimento sustentável.
Contudo, tal desenvolvimento precisa ser efetivado sem que seja gerado um colapso
ecológico.
Os motivadores apresentados acima apresentam oportunidades de criação de
valor sustentável para as empresas, a partir de alguns princípios norteadores para a
adoção de práticas de gestão, aí incluída a definição de um conjunto de indicadores
que possibilite o acompanhamento, análise e tomada de decisão de suas ações no
rumo da sustentabilidade. São eles:
• Aumento de lucros e redução de risco por meio do controle, prevenção e
mitigação dos impactos ambientais das atividades da empresa. Nesse
aspecto, é importante ressaltar que os órgãos licenciadores e reguladores têm
exigido uma crescente eficiência no combate à poluição;
213
• Otimização da marca, reputação e legitimidade através do gerenciamento de
produtos, em todo o seu ciclo de vida. Esta otimização ocorre na medida em
que há engajamento construtivo das partes interessadas no negócio, desde
os fornecedores, no inicio do ciclo de vida do produto, até os clientes e
sociedade como um todo no seu final;
• Aceleração da inovação e reposicionamento por meio de tecnologias limpas,
associadas não somente a melhorias incrementais de tratamento de impactos
ambientais, mas principalmente a inovações que ultrapassam as rotinas e o
conhecimento comum;
• Incorporação de uma visão de sustentabilidade na trajetória de crescimento
da empresa, realizando negócios dentro de uma forma mais inclusiva de
capitalismo, caracterizada por uma colaboração, diálogo e proposta de
negócios voltados para uma parcela das partes interessadas anteriormente
ignorada, na base da pirâmide social. Essa postura leva ao desenvolvimento
de soluções economicamente interessantes para os problemas sociais e
ambientais do futuro.
Estes princípios norteadores servem como filtro na seleção do conjunto de
indicadores de sustentabilidade objeto deste trabalho.
Nas tabelas abaixo apresentamos o conjunto de indicadores levantado, ou
quadro objeto de análise, organizado por categorias/partes interessadas para
facilidade de entendimento, e sua classificação, separados de acordo com a
dimensão que representam, a saber, ambiental, social ou econômica. Os indicadores
estão classificados em essenciais ou adicionais e ligados a um dos princípios
norteadores.
Tabela 16 - Quadro objeto de análise - Indicadores ambientais
INDICADORES AMBIENTAIS
CATEGORIA INDICADOR
ESSE
NC
IAL/
AD
ICIO
NA
L
PRIN
CÍP
IO
NO
RTE
AD
OR
Consumo total de matéria prima. * E AL
Percentual de matéria prima utilizada proveniente de resíduos externos. * E AR
Uso de recursos
Eficiência do consumo de energia. * E AL
214
INDICADORES AMBIENTAIS
CATEGORIA INDICADOR
ESSE
NC
IAL/
AD
ICIO
NA
L
PRIN
CÍP
IO
NO
RTE
AD
OR
Volume(%) de vendas de energia renovável. * A -
Percentual do investimento aplicado em energias renováveis (desenvolvimento). * A AR
Emissões de COVs. * E AL
Emissões de GEE. * E AL
Emissões de SOx, NOx e poluentes regulados. * A AL
Intensidade de emissões de COVs. E AL
Emissões
Utilização e emissões de substâncias destruidoras da camada de ozônio. * E AL
Consumo total de água. * A AL
Total de reciclagem e reutilização de água. * A AR
Número de instalações dentro dos padrões legais de efluentes hídricos. A -
Volume de efluentes hídricos descartados. * E AL
Concentração de poluentes regulados nos efluentes gerados. * A AL
Efluentes
Concentração de hidrocarbonetos nos efluentes gerados. * E AL
Quantidade total de resíduos gerados discriminados. * A -
Quantidade total de resíduos perigosos gerados discriminados. * E AL
Quantidade de resíduos não perigosos gerados. * A AL
Quantidade de resíduos reciclados ou reutilizados. * A AR
Quantidade de resíduos descartados adequadamente. A AL
Resíduos oleosos e graxa. * A AL
Intensidade de geração de resíduos E AL
Resíduos
Produção, transporte, importação ou exportação de resíduos perigosos de acordo com a Convenção da Basiléia. *
A AL
Volume total de produto vazado discriminado por agente (instalações, clientes ou transporte). * E AL
Volume de produto recuperado. A -
Número de vazamentos de produto significativos (acima de 159 litros). * A -
Vazamentos
Número de unidades com áreas impactadas por vazamentos. A AL
Biodiversidade Unidades em operação em áreas sensíveis ou protegidas. * A AR
215
INDICADORES AMBIENTAIS
CATEGORIA INDICADOR
ESSE
NC
IAL/
AD
ICIO
NA
L
PRIN
CÍP
IO
NO
RTE
AD
OR
Número de acidentes. * E AL Transporte
Volume vazado em transporte por total de quilômetros rodados. E AL
Produtos e serviços Existência de sistema de gestão e procedimentos para tratamento do impacto ambiental dos principais produtos e serviços. *
A AR
Fornecedores Desempenho ambiental dos fornecedores. * A AL
Incidentes e multas por não cumprimento de legislação ambiental E AL Conformidade legal
Percentual de instalações licenciadas ambientalmente. E AL
Gastos totais com meio ambiente. * A AL
Certificações ambientais. * A AL
Existência de sistema de gestão ambiental. * A AL
Existência de metas ambientais corporativas. * A -
Gestão ambiental
Auditorias ambientais executadas. A -
LEGENDA: Essencial/ Adicional: E – Indicador essencial A – Indicador adicional Princípio Norteador: AL – Aumento de lucros OM – Otimização da marca AR – Aceleração da inovação e reposicionamento VS – Visão de sustentabilidade. * Indicador reportado pelas empresas de petróleo, conforme Tabela 11 - Sistemas de
Indicadores x Empresas. Os demais indicadores foram definidos a partir da análise dos aspectos e impactos da atividade, do mercado e da Petrobras Distribuidora S.A.
Fonte: O Autor
Os indicadores ambientais, apresentados na Tabela 16, estão organizados de
acordo com as categorias de interação, direta ou indireta, que as atividades da
distribuição de combustíveis têm com o meio ambiente.
Os indicadores sociais, apresentados abaixo, estão organizados de acordo
com a parte interessada à qual está associada a categoria de aspectos sociais. A
cada categoria, por sua vez, foram associados aspectos sociais direta ou
indiretamente ligados à forma de conduta da empresa com a parte interessada em
questão. Esta forma de organização visa tornar mais clara a relação entre o
indicador e as partes interessadas no negócio, como definido anteriormente.
216
Tabela 17 - Quadro objeto de análise - Indicadores sociais
INDICADORES SOCIAIS
PAR
TE
INTE
RES
SAD
A
CATEGORIA ASPECTO INDICADOR
ESSE
NC
IAL/
A
DIC
ION
AL
PRIN
CÍP
IO
NO
RTE
DO
R
Existência de um código de ética para a organização. * E OM
Disseminação dos princípios do código de ética entre a força de trabalho. * A OM
Ética nos negócios
Existência de política, sistema de gestão, procedimentos e mecanismos de conformidade para prevenção de práticas de concorrência desleal. *
A -
Existência de política e sistema de gestão, relativas à corrupção e ao suborno. *
E OM Corrupção e suborno
Número de processos em que a empresa é citada envolvendo ética nos negócios ou suborno e corrupção. *
E OM
Existência de política e sistema de gestão, relativas a contribuições políticas e lobbies. *
A OM
Valores e integridade
Transparência nas relações com o governo (lobby)
Valor doado a partidos políticos e instituições cuja função principal é financiar partidos ou seus candidatos.
E OM
Percentual de empregados locais em posições gerenciais * A VS
Percentual de empregados locais no total de empregados * A VS
Inve
stid
ores
/ A
cion
ista
s
Equidade Geração de rendimentos e emprego nos locais de operação da empresa
Percentual de fornecedores locais A VS
Taxa líquida de emprego (criação de empregos, demissões, contratações, turn over médio, por região). *
E VS
Índice de satisfação dos empregados. A VS
Existência de política e procedimentos envolvendo participação, informação, consulta e negociação com empregados a respeito de mudanças na organização. *
A - Forç
a de
Tra
balh
o Condições de emprego
Ética nos negócios.
Existência de política e procedimentos de prevenção de discriminação e igualdade de oportunidades entre os empregados. *
E OM
217
INDICADORES SOCIAIS PA
RTE
IN
TER
ESSA
DA
CATEGORIA ASPECTO INDICADOR
ESSE
NC
IAL/
A
DIC
ION
AL
PRIN
CÍP
IO
NO
RTE
DO
R
Existência de política de não-retaliação e de sistema de tratamento de queixas confidenciais. *
E OM
Tempo dos empregados gasto em programas de voluntariado. * A -
Perfil salarial (maior remuneração/menor remuneração, menor remuneração/salário mínimo). *
E VS
Benefícios oferecidos aos empregados, além do estabelecido por lei (percentual do total da folha de pagamentos). *
A VS
Remuneração (salários e benefícios)
Índice de participação nos lucros. E VS
Critérios de admissão
Existência de política e procedimentos para admissão A -
Critérios de demissão
Existência de política e procedimentos para demissão. A -
Critérios de remanejamento
Existência de política e procedimentos para remanejamento A -
Trabalho em condições insalubres e/ou em situações perigosas
Existência de política e procedimentos para identificação e tratamento dos riscos à saúde e segurança da força de trabalho. *
E VS
Atendimento às normas trabalhistas vigentes
Número de processos em que a empresa foi condenada envolvendo questões trabalhistas. *
E OM
Existência de sistema de gestão de saúde e segurança e percentual da força de trabalho coberta por ele. *
E AL
Existência de comitês de saúde e segurança e percentual da força de trabalho coberta por eles. *
E AL
Número de não conformidades em relação ao cumprimento das recomendações da OIT. *
A -
Taxa de freqüência de acidentes com afastamento. * E AL
Cuidados com a saúde e segurança da força de trabalho.
Taxa de freqüência de acidentes com perda de vida. * E AL
218
INDICADORES SOCIAIS PA
RTE
IN
TER
ESSA
DA
CATEGORIA ASPECTO INDICADOR
ESSE
NC
IAL/
A
DIC
ION
AL
PRIN
CÍP
IO
NO
RTE
DO
R
Percentual de tempo perdido. * E AL
Gastos totais com saúde e segurança. A AL
Taxa de freqüência de doenças ocupacionais. * E AL
Existência de políticas ou programas sobre HIV-AIDS. * E VS
Empregados sujeitos a exame médico anual. * E AL
Existência de política e procedimentos para treinamento e capacitação da força de trabalho, por categoria. *
E AR
Média de horas de treinamento por ano, por empregado, por categoria. E AR
Existência de programas de apoio à empregabilidade e aposentadoria. * A -
Existência de política para gestão do conhecimento ou formação continuada. *
A -
Qualificação e capacitação profissional
Gastos percentuais com qualificação da força de trabalho. A -
Desenvolvimento da Força de Trabalho
Critérios de promoção
Existência de política e procedimentos para promoção. A -
Perfil da força de trabalho (Gênero, raça, idade, portadores de deficiência física e perfil de salário médio). *
A OM Grau de diversidade entre empregados, na direção e na cadeia produtiva. Proporção entre sexos na composição
da gerência superior da empresa. * E OM
Atendimento de necessidades especiais.
Existência de políticas e programas de igualdade de oportunidades além do determinado por lei. (Acessibilidade, auxílio creche, licença paternidade). *
E VS
Diversidade
Diversidade cultural
Existência de políticas de incentivo às manifestações culturais específicas. A VS
Existência de critérios de seleção de fornecedores incluindo a verificação de respeito a padrões éticos e políticas de sustentabilidade. *
E OM
Forn
eced
ores
Seleção dos fornecedores
Critério para seleção de fornecedores
Existência de programas e políticas para a sustentabilidade em toda a cadeia produtiva. *
E OM
219
INDICADORES SOCIAIS PA
RTE
IN
TER
ESSA
DA
CATEGORIA ASPECTO INDICADOR
ESSE
NC
IAL/
A
DIC
ION
AL
PRIN
CÍP
IO
NO
RTE
DO
R
Desempenho dos fornecedores em SMS. * A OM
Monitoramento de fornecedores.
Existência de programas de monitoramento e verificação dos padrões de sustentabilidade acordados com os fornecedores. *
E OM
Apoio ao desenvolvimento dos fornecedores (aspectos gerencial, tecnológico, social e ambiental).
Existência de programas de desenvolvimento dos padrões de sustentabilidade dos fornecedores. *
A -
Clie
ntes
Excelência no atendimento
Cuidados com a saúde e segurança do consumidor
Existência de programas e políticas para preservação da saúde e segurança do consumidor durante a utilização dos produtos, incluindo comunicação dos riscos. *
E OM
Critério para seleção de revendedores
Existência de programas e políticas para o cumprimento de valores de sustentabilidade em toda a cadeia produtiva.
E OM
Existência de programas de monitoramento e verificação dos padrões de sustentabilidade acordados com os revendedores.
E OM Monitoramento de revendedores
Desempenho dos revendedores em SMS. * A OM
Existência de programas de desenvolvimento dos padrões de sustentabilidade dos revendedores.
A -
1. R
even
dedo
res Seleção dos
Revendedores
Apoio ao desenvolvimento dos revendedores (gerencial, tecnológico, social e ambiental). Índice de satisfação do revendedor. A -
Índice de satisfação do consumidor, por segmento. A -
2. C
onsu
mid
ores
fin
ais Excelência no
atendimento (preço, qualidade do produto, qualidade do serviço).
Satisfação do consumidor.
Percentual de instalações certificadas em programas de garantia de qualidade de produtos e serviços, por segmento.
A OM
220
INDICADORES SOCIAIS PA
RTE
IN
TER
ESSA
DA
CATEGORIA ASPECTO INDICADOR
ESSE
NC
IAL/
A
DIC
ION
AL
PRIN
CÍP
IO
NO
RTE
DO
R
Investimento em apoio a programas para desenvolvimento de local envolvendo a participação de organizações comunitárias, ONGS ou entidades públicas. *
A VS
Diálogo com organizações locais.
Existência de sistemas de gestão e procedimentos para avaliação do impacto dos investimentos sociais, incluindo feedback da participação dos beneficiários. *
A VS
Existência de políticas de gestão dos impactos causados às comunidades do entorno das unidades operacionais.
E VS Impactos da unidade na comunidade (saúde e economia local) Gastos com compensação por dano
ambiental local. A -
Transferência de tecnologia e habilidades
Investimento em apoio a programas para desenvolvimento de capacitação e treinamento envolvendo a comunidade do entorno das instalações.
A VS
Com
unid
ade
do e
ntor
no Impactos nas
comunidades locais
Atendimento às normas nacionais ou internacionais de operação
Índice de não conformidades em relação às normas nacionais ou internacionais de operação.
A OM
Geração de rendimentos e emprego.
Investimento em apoio a programas que podem gerar desenvolvimento local e regional. *
A VS
Gov
erno
Investimentos sociais
Diálogo com as diversas instâncias do Poder Público.
Índice de participação em comitês de elaboração de normas, regulamentos e legislação.
A -
Investimentos sociais.
Geração de rendimentos e emprego.
Percentual do faturamento bruto destinado a ações sociais. * A VS
Existência de política de gestão e procedimentos para consideração dos impactos das decisões de negócios, como investimentos, e escolha de fornecedores, sobre os direitos humanos. *
E VS
Soc
ieda
de
Direitos Humanos Ética nos negócios.
Formação de pessoal de segurança em direitos humanos. Tipo, empregados formados e duração. *
E VS
221
INDICADORES SOCIAIS PA
RTE
IN
TER
ESSA
DA
CATEGORIA ASPECTO INDICADOR
ESSE
NC
IAL/
A
DIC
ION
AL
PRIN
CÍP
IO
NO
RTE
DO
R
Liberdade de organização.
Percentual de empregados representados por organizações sindicais independentes. *
E VS
Trabalho forçado ou compulsório na cadeia produtiva
Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho forçado e compulsório, grau de informação e aplicação, procedimentos e programas relacionados. *
E VS
Trabalho infantil na cadeia produtiva
Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho infantil, grau de informação e aplicação, procedimentos e programas relacionados. *
E VS
LEGENDA: Essencial/ Adicional: E – Indicador essencial A – Indicador adicional Princípio Norteador: AL – Aumento de lucros OM – Otimização da marca AR – Aceleração da inovação VS – Visão de sustentabilidade. * Indicador reportado pelas empresas de petróleo, conforme Tabela 11 - Sistemas de Indicadores x Empresas. Os demais indicadores foram definidos a partir da análise dos aspectos e impactos da atividade, do mercado e da Petrobras Distribuidora S.A.
Fonte: O Autor
Os indicadores econômicos descrevem interações econômicas com as partes
interessadas afetadas pelo negócio. Sua intenção primeira é caracterizar a
magnitude do resultado econômico da organização em relação com suas partes
interessadas principais. Nesse sentido, a interação com a comunidade local é
bastante restrita, tendo sido apresentada na tabela dos indicadores sociais.
222
Tabela 18 – Quadro objeto de análise – Indicadores econômicos
INDICADORES ECONÔMICOS
PARTE INTERESSADA
INDICADOR
ESSE
NC
IAL/
AD
ICIO
NA
L
PRIN
CÍP
IO
NO
RTE
DO
R
Dividendos distribuídos, inclusive recompra de ações. * E AL Aumento/diminuição dos lucros no período, inclusive ROCE. E AL
Investidores / Acionistas
Total de gastos relativos à sustentabilidade. * A AR Financiadores Juros pagos. * A AL
Gastos salariais totais, inclusive benefícios,separados por região. * A VS
Indicadores de desempenho relativos à política de RH. * A -
Força de Trabalho
Percepção dos empregados sobre o benefício econômico do relacionamento com a empresa. * A -
Custo dos bens, materiais e serviços adquiridos (gastos de capital). * E AL
Distribuição geográfica dos fornecedores. * A VS
Fornecedores
Percepção dos fornecedores sobre o benefício econômico do relacionamento com a empresa. * A -
Vendas líquidas no período. * E AL Distribuição geográfica dos mercados. * E VS Percepção dos clientes/consumidores sobre o benefício econômico do relacionamento com a empresa. * A -
Clientes
Integração do feedback do cliente ao negócio. * A OM Soma total dos impostos pagos * E AL Subsídios recebidos, separados por região. * E AL Multas e penalidades pagas relativas a SMS. * E AL Notificações recebidas relativas a SMS. * A -
Governo
Existência de política ou programa para promoção da transparência em relação aos pagamentos efetuados aos governos. *
A OM
Doações à comunidade, sociedade civil ou outros grupos, separados por tipo, em dinheiro ou produtos. * E VS Sociedade
Gasto total na implantação de infra-estrutura não ligada ao negócio (ex.: escola ou hospital para funcionários). * A -
Valor econômico agregado (EVA). E AL Indicadores tradicionais significativos. Participação no mercado (market share). E AL LEGENDA: Essencial/ Adicional: E – Indicador essencial A – Indicador adicional
Princípio Norteador: AL – Aumento de lucros OM – Otimização da marca AR – Aceleração da inovação VS – Visão de sustentabilidade. * Indicador reportado pelas empresas de petróleo, conforme Tabela 11 - Sistemas de
Indicadores x Empresas. Os demais indicadores foram definidos a partir da análise dos aspectos e impactos da atividade, do mercado e da Petrobras Distribuidora S.A.
Fonte: O Autor
223
5.1.3. Filtro 2: Requisitos de definição dos indicadores.
O conjunto de indicadores de sustentabilidade a ser selecionado para
acompanhamento, análise e tomada de decisão na gestão das distribuidoras de
combustível deve ser definido através de uma metodologia que deixe claros os
critérios adotados, evitando-se uma postura intuitiva que levaria a um conjunto
parcial.
Os indicadores aqui propostos devem:
• Gerar informações para subsidiar decisões gerenciais, auxiliando a empresa a
manter o foco nas respostas às questões importantes;
• Servir como instrumento para acompanhamento do desempenho da
companhia em relação às metas definidas por ela, por órgãos licenciadores
ou certificadores;
• Possibilitar a comparação do desempenho da empresa com outras
companhias do mesmo ramo; (benchmark);
• Refletir e acompanhar aspectos importantes dentro do desempenho das
atividades da empresa, nas dimensões econômica, ambiental e social;
• Trazer em seu conteúdo informações relevantes e ter seu significado
totalmente entendido;
• Ser mensurável de uma forma prática e custo-efetiva.
Como analisado no Capítulo 2, os requisitos ou premissas para seleção de
indicadores de sustentabilidade variam grandemente entre as organizações e
autores. São considerados, de forma geral, como critérios importantes: Relevância
do indicador, viabilidade de sua implantação, variabilidade ou sensibilidade,
facilidade de mensuração, custo-efetividade, simplicidade, clareza, se o indicador é
preditivo, balanceado, representativo e cientificamente aceitável, comparabilidade,
verificabilidade, periodicidade, confiabilidade, cobertura espacial e temporal e
escala. Os critérios são bastante diversificados, às vezes se sobrepondo, com um
alto grau de subjetividade e em geral qualitativos.
Com o objetivo de reduzir o grau de subjetividade do processo, Cantarino
(2003) desenvolveu um critério quali-quantitativo de seleção de indicadores
ambientais que pode ser adaptado para aplicação ao presente estudo. Nesse
critério, os requisitos considerados essenciais para a seleção de indicadores foram
224
divididos em 3 grandes tópicos, de acordo com a etapa do processo de formulação e
implementação do indicador a que se referem: concepção, aplicação e consistência,
apresentados na figura abaixo.
Figura 27 - Requisitos para seleção de indicadores
Fonte: Modificado de Cantarino, 2003
No quadro da concepção estão os critérios que devem ser levados em conta
no primeiro planejamento do conjunto de indicadores, na definição de seus objetivos.
No da aplicação encontramos os critérios necessários para sua implementação e no
da consistência os que permitem analisar o indicador proposto face às informações
que serão fornecidas.
O autor considera extremamente difícil atender a todos os requisitos
apontados na área ambiental. Isso é ainda mais aplicável ao nosso estudo,
especialmente se considerarmos que a questão da sustentabilidade nas empresas
ainda é bastante nova e até mesmo polêmica. Podemos prever que encontraremos,
por exemplo, indicadores facilmente entendidos e simples, mas simplificados em
demasia e cuja validade científica pode ser questionada. No entanto, se não o
considerarmos como importante, o conjunto pode ficar pouco representativo. No
sentido de sanar essa deficiência, Cantarino propõe então um método de
quantificação que estabelece para cada requisito uma pontuação, de acordo com o
grau de atendimento do mesmo. Adota-se o valor de zero, 0,5 (meio) ou 1 (um) para
o caso do indicador não atender, atender parcialmente ou atender completamente
ao requisito, respectivamente.
CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTÊNCIA
• Diretamente ligado ao objeto
• Viabilidade • Cientificamente válido • Clareza • Simplicidade
• Sensibilidade • Significação espacial • Temporalidade • Confiabilidade • Validade da descrição • Neutralidade • Integralidade • Grau de incerteza • Facilidade
• Relevância • Discriminatório • Balanceado • Verificabilidade • Comparabilidade
CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE UM CONJUNTO DE INDICADORES
225
O indicador será selecionado para utilização se obtiver uma nota igual ou
superior a 3,5 em cada tópico, dentro de uma escala que vai de zero a 5. São
também aplicados alguns filtros: pontuação zero em qualquer item ou não
atendimento integral aos requisitos Clareza no Tópico Concepção, Confiabilidade no
Tópico Aplicação e Relevância no Tópico Consistência significam que o indicador
não deve ser utilizado. A definição dos requisitos fundamentais foi feita a partir do
conceito fundamental que supõe que se um indicador não é claro, confiável e
relevante ele não deve servir como base para tomada de decisão, dentro dos
propósitos apresentados no início deste item. Nesse caso, devem ser definidos
novos indicadores, ou alterados de forma substanciais os existentes, permitindo que
o processo seja acompanhado de forma mais consistente, permitindo um melhor
processo de tomada de decisão.
A pontuação do indicador será considerada zero caso receba pontuação zero
em qualquer dos requisitos, mesmo atendendo aos demais, ou caso receba uma
nota total inferior a três e meio em qualquer dos tópicos (concepção, aplicação e
consistência) dos requisitos.
Os indicadores ambientais, para os quais foi desenvolvida por Cantarino
(2003) a metodologia, aplicada a seguir, são, em sua maioria, quantitativos. Um
grande número deles tem identidade definida, seja pela ONU, pela IPIECA/API ou
pela Petrobras Distribuidora. Os que não têm as fichas de identidade publicadas
estão definidos conceitualmente nos balanços e relatórios das companhias
examinadas. No entanto, alguns dos indicadores sociais e ambientais listados não
estão definidos em nenhuma das publicações examinadas. Devido a esta
dificuldade, a aplicação dos requisitos foi feita de forma conceitual, considerando-se
zero o valor dado ao requisito Clareza, mesmo que seja um indicador relevante e
ligado diretamente ao objeto de estudo.
Os indicadores de existência de políticas e sistemas de gestão são
qualitativos e demandam o desenvolvimento de uma definição de seu significado.
Nesse caso, a análise dos requisitos, como proposto por Cantarino, não traduz as
reais características do indicador e sua importância para a medição da
sustentabilidade do negócio. Sendo assim, não analisaremos estes indicadores nas
tabelas a seguir.
226
Tabela 19 – Avaliação do quadro objeto de análise – Indicadores ambientais
REQUISITOS
CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTENCIA
INDICADORES AMBIENTAIS
Dire
tam
ente
liga
do a
o ob
jeto
V
iabi
lidad
e C
ient
ifica
men
te v
álid
o C
lare
za
Sim
plic
idad
e N
ota
Parc
ial
Sen
sibi
lidad
e E
spac
ialid
ade
Tem
pora
lidad
e C
onfia
bilid
ade
Faci
lidad
e
Not
a Pa
rcia
l R
elev
ânci
a
Dis
crim
inat
ório
Bal
ance
ado
Ver
ifica
bilid
ade
Com
para
bilid
ade
Not
a Pa
rcia
l
NO
TA T
OTA
L
Consumo total de matéria prima. 0,5 0,5 0,5 1 1 3,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 1 0,5 4,5 12
Percentual de matéria prima utilizada proveniente de resíduos externos.
0,5 1 0,5 1 0,5 3,5 0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 1 1 1 0,5 4 11,5
Eficiência do consumo de energia. 1 1 1 1 1 5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 0,5 4,5 14
Percentual do investimento aplicado em energias renováveis (desenvolvimento).
0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 1 1 1 1 4,5 1 0,5 0,5 1 0,5 3,5 12
Emissões de COVs. 1 1 1 1 1 5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14,5
Emissões de GEE. 1 1 1 1 1 5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14,5Emissões de SOx, NOx e poluentes regulados. 1 1 1 1 1 5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14,5
Intensidade de emissões de COVs. 1 1 1 1 1 5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14,5
Utilização e emissões de substâncias destruidoras da camada de ozônio.
1 1 0,5 0,5 0,5 3,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 3 0,5 1 1 0,5 1 4 0
Consumo total de água. 1 1 0,5 1 1 4,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 0,5 0,5 1 0,5 3,5 12Total de reciclagem e reutilização de água. 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 0,5 0,5 1 0,5 3 0
Volume de efluentes hídricos descartados. 1 1 0,5 1 1 4,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 0,5 1 4,5 13
Concentração de poluentes regulados nos efluentes gerados.
1 0,5 0,5 0,5 1 3,5 0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 1 1 0,5 1 4 11,5
Concentração de hidrocarbonetos nos efluentes gerados.
1 0,5 0,5 0,5 1 3,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 0,5 1 4 12,5
Quantidade total de resíduos perigosos gerados discriminados.
1 1 0,5 1 1 4,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 0,5 0,5 4 12,5
Quantidade de resíduos não perigosos gerados. 1 1 0,5 1 1 4,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 0,5 0,5 4 12,5
Quantidade de resíduos reciclados ou reutilizados. 1 1 0,5 0,5 1 4 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 0,5 0,5 4 12
227
REQUISITOS
CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTENCIA
INDICADORES AMBIENTAIS
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Quantidade de resíduos descartados adequadamente.
1 1 0,5 0,5 1 4 0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 0,5 1 0,5 0,5 3 0
Resíduos oleosos e graxa. 1 0,5 0,5 0,5 1 3,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 0,5 1 4,5 12Intensidade de geração de resíduos 1 1 1 1 1 5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14,5
Produção, transporte, importação ou exportação de resíduos perigosos de acordo com a Convenção da Basiléia.
1 1 0,5 0,5 0,5 3,5 0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 0,5 0,5 1 1 3,5 11
Volume total de produto vazado discriminado por agente (instalações, clientes ou transporte).
1 1 0,5 0,5 1 4 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 1 1 5 13
Número de unidades com áreas impactadas por vazamentos.
1 0,5 0,5 1 0,5 3,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 3 0,5 1 1 0,5 1 4,5 0
Unidades em operação em áreas sensíveis ou protegidas.
0,5 1 0,5 1 1 4 0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 0,5 0,5 1 0,5 3 0
Número de acidentes. 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 14,5Volume vazado em transporte por total de quilômetros rodados.
1 1 0,5 0,5 1 4 0,5 1 1 0,5 1 4 1 1 1 1 1 5 13
Desempenho ambiental dos fornecedores. 1 0,5 0,5 0,5 0,5 3 1 0,5 0,5 0,5 0,5 3 1 1 1 0,5 0,5 4 0
Incidentes e multas por não cumprimento de legislação ambiental
0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14
Percentual de instalações licenciadas ambientalmente.
0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14
Gastos totais com meio ambiente. 1 1 1 1 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 0,5 0,5 1 1 3,5 12,5
Certificações ambientais. 0,5 1 0,5 1 0,5 3,5 0,5 1 1 0,5 0,5 3,5 0,5 0,5 1 1 0,5 3,5 10,5Fonte: Modificado de Cantarino, 2003.
228
A pontuação dos requisitos no caso dos indicadores sociais e econômicos foi
feita aplicando-se o mesmo conceito da proposta elaborada para os indicadores
ambientais, mas pensando-se na especificidade dos primeiros. Estes foram
considerados diretamente ligados ao objeto se estão ligados diretamente aos
aspectos sociais e econômicos definidos no item 4.1.5, cientificamente válidos se
apresentarem estrutura analítica e metodologia de medição robustas, não subjetivas,
sensíveis se capazes de responder plenamente a mudanças nos processos que
acompanham e balanceados se atua em conjunto com outros indicadores para
permitir a tomada de decisões. Os demais requisitos se aplicam igualmente a todas
as dimensões, bem como o sistema de pontuação.
Tabela 20 – Avaliação do quadro objeto de análise – Indicadores sociais
REQUISITOS
CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTENCIA
INDICADORES SOCIAIS
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Disseminação dos princípios do código de ética entre a força de trabalho.
1 - - 0 - 0 - - - - - 0 0,5 - - - - 0 0
Número de processos em que a empresa é citada envolvendo ética nos negócios ou suborno e corrupção.
1 - - 0 - 0 - - - - - 0 1 - - - - 0 0
Valor doado a partidos políticos e instituições cuja função principal é financiar partidos ou seus candidatos.
0,5 0,5 1 0,5 1 3,5 0,5 0,5 1 0,5 1 3,5 1 1 0,5 1 0,5 4 11
Percentual de empregados locais em posições gerenciais
0,5 1 0,5 0,5 1 3,5 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 0,5 1 1 1 4 12
Percentual de empregados locais no total de empregados.
0,5 1 0,5 0,5 1 3,5 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 0,5 1 1 1 4 12
Percentual de fornecedores locais 0,5 1 0,5 0,5 1 3,5 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 0,5 1 1 0,5 3,5 11,5
229
REQUISITOS
CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTENCIA
INDICADORES SOCIAIS
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Taxa líquida de emprego (criação de empregos, demissões, contratações, turn over médio, por região).
1 1 1 0,5 0,5 4 1 1 1 1 1 5 1 0,5 1 1 1 4,5 13,5
Índice de satisfação dos empregados 0,5 1 0,5 1 1 4 0,5 1 1 0,5 1 4 1 0,5 0,5 1 0,5 3,5 11,5
Perfil salarial (maior remuneração/menor remuneração, menor remuneração/salário mínimo).
1 1 1 0,5 1 4,5 0,5 1 1 0,5 1 4 1 0,5 1 1 0,5 4 12,5
Benefícios oferecidos aos empregados, além do estabelecido por lei (percentual do total da folha de pagamentos).
0,5 1 1 0,5 1 4 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 0,5 1 1 1 4 12,5
Índice de participação nos lucros. 1 1 1 0,5 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 0,5 1 1 0,5 4 12,5
Número de processos em que a empresa foi condenada envolvendo questões trabalhistas.
1 - - 0 - 0 - - - - - 0 0,5 - - - 1 0 0
Taxa de freqüência de acidentes com afastamento.
0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14
Taxa de freqüência de acidentes com perda de vida.
0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14
Percentual de tempo perdido. 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14
Gastos totais com saúde e segurança. 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 0,5 0,5 1 1 1 4 13,5
Taxa de freqüência de doenças ocupacionais. 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 0,5 4,5 13,5
Empregados sujeitos a exame médico anual. 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 1 0,5 0,5 1 0,5 3,5 13
Média de horas de treinamento por ano, por empregado, por categoria.
1 1 1 0,5 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 0,5 1 1 1 4,5 13,5
230
REQUISITOS
CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTENCIA
INDICADORES SOCIAIS
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Perfil da força de trabalho (Gênero, raça, idade, portadores de deficiência física e perfil de salário médio).
1 1 1 0,5 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 0,5 1 1 1 4 13
Proporção entre sexos na composição da gerência superior da empresa.
1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 1 0,5 1 1 1 4,5 14
Desempenho dos fornecedores em SMS 1 0,5 0,5 0,5 0,5 3 0,5 1 1 0,5 0,5 3,5 1 1 1 0,5 0,5 4 10,5
Desempenho dos revendedores em SMS 1 0,5 0,5 0,5 0,5 3 0,5 1 1 0,5 0,5 3,5 1 1 1 0,5 0,5 4 10,5
Percentual de instalações certificadas em programas de garantia de qualidade de produtos e serviços, por segmento.
0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 0,5 0,5 1 1 0,5 3,5 13
Investimento em apoio a programas para desenvolvimento de local envolvendo a participação de organizações comunitárias, ONGS ou entidades públicas.
1 1 0,5 0,5 1 4 0,5 0,5 1 0,5 1 3,5 0,5 0,5 1 1 0,5 3,5 11
Investimento em apoio a programas para desenvolvimento de capacitação e treinamento envolvendo a comunidade do entorno das instalações.
1 1 0,5 0,5 1 4 0,5 0,5 1 0,5 1 3,5 1 0,5 1 1 0,5 4 11,5
Índice de não conformidades em relação às normas nacionais ou internacionais de operação.
0,5 0,5 0,5 0,5 1 3 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 2,5 0,5 0 0,5 0,5 0,5 0 0
Investimento em apoio a programas que podem gerar desenvolvimento local e regional.
0,5 1 0,5 0,5 1 3,5 0,5 0,5 1 0,5 0,5 3 0,5 0,5 1 0,5 0,5 3 0
Percentual do faturamento bruto destinado a ações sociais.
0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 0,5 0,5 1 1 1 4 13,5
231
REQUISITOS
CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTENCIA
INDICADORES SOCIAIS
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Formação de pessoal de segurança em direitos humanos. Tipo, empregados formados e duração.
1 1 1 1 1 5 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 0,5 1 1 0,5 3,5 13
Percentual de empregados representados por organizações sindicais independentes.
1 1 1 1 1 5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 0,5 1 1 0,5 4 13,5
Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho forçado e compulsório, grau de informação e aplicação, procedimentos e programas relacionados.
1 1 0,5 0,5 0,5 3,5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 13
Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho infantil, grau de informação e aplicação, procedimentos e programas relacionados.
1 1 0,5 0,5 0,5 3,5 1 1 1 0,5 1 4,5 1 1 1 1 1 5 13
Fonte: Modificado de Cantarino, 2003.
A conceituação dos requisitos utilizada para os indicadores sociais se aplica
igualmente aos indicadores econômicos. Embora sejam indicadores quantitativos,
medem interações de caráter econômico entre os homens, como lucro, presença no
mercado, etc., e não quantidades físicas de substâncias. Os valores são definidos
por conceitos, não volume ou peso.
232
Tabela 21 - Avaliação do quadro objeto de análise - Indicadores econômicos
REQUISITOS
CONCEPÇÃO APLICAÇÃO CONSISTENCIA
INDICADORES ECONÔMICOS
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Dividendos distribuídos, inclusive recompra de ações.
1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 15
Aumento/diminuição dos lucros no período, inclusive ROCE.
1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 15
Total de gastos relativos à sustentabilidade. 1 - - 0 - 0 - - - - - 0 0,5 - - - - 0 0
Juros pagos. 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 0,5 1 1 0,5 4 13Gastos salariais totais, inclusive benefícios,separados por região.
1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 1 0,5 1 1 1 4,5 14,5
Custo dos bens, materiais e serviços adquiridos (gastos de capital).
0,5 1 1 1 0,5 4 1 1 1 1 1 5 1 0,5 1 1 1 4,5 13,5
Distribuição geográfica dos fornecedores. 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 0,5 0,5 1 1 0,5 3,5 13
Vendas líquidas no período. 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 1 0,5 1 1 1 4,5 14,5Distribuição geográfica dos mercados. 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 1 0,5 1 1 1 4,5 14,5
Integração do feedback do cliente ao negócio. 0,5 - - 0 - 0 - - - - - 0 0,5 - - - - 0 0
Soma total dos impostos pagos. 1 0,5 0,5 1 0,5 3,5 0,5 1 1 0,5 0,5 3,5 1 0,5 0,5 0,5 1 3,5 10,5
Subsídios recebidos, separados por região. 1 1 0,5 0,5 0,5 3,5 0,5 1 1 0,5 0,5 3,5 1 0,5 0,5 1 1 4 11
Multas e penalidades pagas relativas a SMS. 1 1 1 0,5 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14
Notificações recebidas relativas a SMS. 1 1 1 0,5 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 0,5 1 1 1 0 0 0
Doações à comunidade, sociedade civil ou outros grupos, separados por tipo, em dinheiro ou produtos.
1 1 1 0,5 1 4,5 0,5 1 1 1 1 4,5 1 1 1 1 1 5 14
Valor econômico agregado (EVA). 1 1 1 1 0,5 4,5 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 0,5 4,5 14
Participação no mercado (market share). 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 5 15
Fonte: Modificado de Cantarino, 2003.
233
A análise dos requisitos demonstra que nem sempre os indicadores
relevantes, que traduzem os aspectos e impactos da atividade nas três dimensões
da sustentabilidade e que são reportados pelas empresas de petróleo examinadas
conseguiram boa pontuação. Não estão bem desenvolvidos, ou têm abordagens que
não atendem às reais necessidades do setor.
Os indicadores que receberam maior pontuação são os mais consolidados no
segmento, como os de emissões atmosféricas, lucratividade e taxas de acidentes
com a força de trabalho. Essa pontuação não necessariamente define o conjunto de
indicadores, mas dá a dimensão da incerteza no tratamento do tema no âmbito
empresarial. Alguns indicadores importantes para avaliação da sustentabilidade
obtiveram baixa pontuação, por falta de definição de suas identidades,
inconsistência na forma de medição ou outros problemas em sua formulação. Como
exemplo, podemos citar o indicador de desempenho ambiental dos fornecedores.
5.2. SELEÇÃO DOS INDICADORES.
A aplicação da metodologia descrita no item 5.1 levou à definição de um
conjunto de indicadores passiveis de utilização pelo segmento de distribuição de
combustíveis na análise da sustentabilidade do seu negócio.
Com base nas informações levantadas e nas análises realizados, podemos
propor um conjunto de indicadores que, aplicados, acompanhados e verificados,
pode auxiliar as empresas do setor de distribuição de combustíveis a caminhar na
direção da sustentabilidade.
O conjunto aqui proposto é formado por indicadores ambientais, sociais e
econômicos. Foram levadas em consideração as atividades desenvolvidas pelo setor
de distribuição de combustíveis e seus impactos e interações com o meio ambiente
e a sociedade onde se insere. Foram selecionados indicadores que se relacionam
com a conduta da empresa em sua relação com suas partes interessadas
estratégicas identificadas no item 4.1.5, a saber, força de trabalho, fornecedores,
clientes, comunidade do entorno, governo e sociedade e acionistas, bem como
indicadores que refletem os impactos sobre o meio ambiente e os impactos
econômicos associados às atividades características do setor estudado.
234
Os indicadores de intensidade ou eficiência, principalmente na dimensão
ambiental, não fazem parte do conjunto de indicadores publicados, mas os
consideramos importantes para o gerenciamento do avanço da empresa na direção
da sustentabilidade. Podem ser classificados como pró-ativos.
Alguns dos indicadores selecionados não obtiveram a pontuação total na
análise dos requisitos feita no item anterior e, portanto, devem ser melhor
desenvolvidos para sua utilização. No entanto foram considerados relevantes e
necessários como ferramentas de gestão.
Os indicadores apresentados deverão ser apropriados nas áreas de negócios
marcadas. As tabelas apresentadas nos itens a seguir trazem os indicadores,
classificados em essenciais ou auxiliares e a síntese da proposta de apropriação.
5.2.1. Proposta de indicadores ambientais
Foram selecionados indicadores para os principais aspectos ambientais
detectados em capítulo anterior, tanto de valores absolutos quanto de intensidade.
As medidas de volume total vão indicar o impacto das atividades no meio ambiente,
ou seja, o prejuízo ao ecossistema. São úteis na medida em que permitem avaliar o
tamanho desse prejuízo, mas nem sempre refletem as ações de gestão para
prevenção ou mitigação desses impactos. A empresa pode estar ao mesmo tempo
limpando seu processo e crescendo, o que não vai gerar alteração para baixo no
indicador. Nesse sentido foram propostos os indicadores de intensidade.
Os indicadores de intensidade, que fazem parte da proposta de eco-eficiência
do WBCSD, são úteis no processo de gestão da empresa, que pode assim avaliar se
seus esforços em direção a uma operação ou processo limpo estão sendo bem
sucedidos. No entanto, só se pode considerar uma empresa sustentável se tanto os
indicadores ambientais de intensidade quanto os de volume estiverem em uma
tendência decrescente. Os recursos naturais e a capacidade de carga do planeta
continuam sendo finitos, por maior que seja a eficiência com que as empresas sejam
gerenciadas.
Além destes, foram também propostos indicadores que medem os esforços
em direção à inovação e ao cumprimento legal das instalações. A inovação é
necessária em um setor primordialmente poluidor, não apenas pelo seu processo,
235
mas pelas conseqüências da utilização de seu produto, se essa empresa
efetivamente deseja tornar seu negócio sustentável.
Quanto ao cumprimento legal, é condição básica para a empresa sustentável.
Essa é uma questão polêmica, na medida em que o cumprimento legal seria uma
condição para a própria operação da companhia. No entanto, verificamos que é
comum a não conformidade por parte de diversas empresas, ou, ainda que não pela
empresa como um todo, por unidades ou instalações dentro delas. Consideramos a
conformidade legal como o primeiro passo para tornar a empresa sustentável.
Tabela 22 – Indicadores Ambientais com apropriação
INDICADORES AMBIENTAIS
Post
os re
vend
edor
es
Inst
alaç
ões
em g
rand
es
cons
umid
ores
In
stal
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s em
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opor
tos
Fábr
ica
de lu
brifi
cant
es
Tran
spor
te
Bas
es e
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min
ais
INDICADORES ESSENCIAIS Eficiência do consumo de energia. Emissões de COVs. Emissões de GEE. Intensidade de emissões de COVs. Volume de efluentes hídricos descartados. Quantidade total de resíduos perigosos gerados discriminados. Quantidade de resíduos não perigosos gerados. Intensidade de geração de resíduos Volume total de produto vazado discriminado por agente (instalações, clientes ou transporte).
Incidentes e multas por não cumprimento de legislação ambiental Percentual de instalações licenciadas ambientalmente.
INDICADORES ADICIONAIS Percentual do investimento aplicado em energias renováveis (desenvolvimento).
Emissões de SOx, NOx e poluentes regulados. Consumo total de água. Concentração de hidrocarbonetos nos efluentes gerados. Quantidade de resíduos reciclados ou reutilizados. Resíduos oleosos e graxa. Fonte: O Autor
236
5.2.2. Proposta de indicadores sociais
Os indicadores selecionados têm a intenção de medir os aspectos e impactos
sociais levantados no item 4.1.5. Da mesma forma que os indicadores ambientais,
alguns dos considerados relevantes e necessários dentro da proposta não obtiveram
pontuação alta no exame dos requisitos, devendo ser melhor desenvolvidos quando
de sua utilização. Alguns dos indicadores não se aplicam a todas as atividades do
setor, devido a sua forma de operação, que envolve apenas a instalação do
equipamento e fornecimento do produto, mas não a operação da instalação, feita
com mão de obra do cliente.
Tabela 23 - Indicadores Sociais com apropriação
INDICADORES SOCIAIS
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INDICADORES ESSENCIAIS Número de processos em que a empresa é citada envolvendo ética nos negócios ou suborno e corrupção – A ser desenvolvido.
Valor doado a partidos políticos e instituições cuja função principal é financiar partidos ou seus candidatos.
Taxa líquida de emprego (criação de empregos, demissões, contratações, turn over médio, por região).
Perfil salarial (maior remuneração/menor remuneração, menor remuneração/salário mínimo).
Taxa de freqüência de acidentes com afastamento. Taxa de freqüência de acidentes com perda de vida. Percentual de tempo perdido. Taxa de freqüência de doenças ocupacionais. Empregados sujeitos a exame médico anual. Média de horas de treinamento por ano, por empregado, por categoria. Perfil da força de trabalho (Gênero, raça, idade, portadores de deficiência física e perfil de salário médio).
Proporção entre sexos na composição da gerência superior da empresa. Formação de pessoal de segurança em direitos humanos. Tipo, empregados formados e duração.
Percentual de empregados representados por organizações sindicais independentes.
237
INDICADORES SOCIAIS
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Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho forçado e compulsório, grau de informação e aplicação, procedimentos e programas relacionados.
Acompanhamento e resultados da política de combate ao trabalho infantil, grau de informação e aplicação, procedimentos e programas relacionados.
INDICADORES ADICIONAIS Percentual de empregados locais em posições gerenciais Índice de satisfação dos empregados. Desempenho dos fornecedores em SMS. Desempenho dos revendedores em SMS. Percentual de instalações certificadas em programas de garantia de qualidade de produtos e serviços, por segmento.
Investimento em apoio a programas para desenvolvimento de local envolvendo a participação de organizações comunitárias, ONGS ou entidades públicas.
Percentual do faturamento bruto destinado a ações sociais. Fonte: O Autor
5.2.3. Proposta de indicadores econômicos
Os indicadores econômicos propostos se referem ao desempenho da
empresa, uma vez que o mesmo traz benefícios para a sociedade onde se insere e
contribui para a sua manutenção no longo prazo. Estes indicadores devem ser
sempre examinados de forma integrada com os demais, pois o desempenho
econômico isolado das outras duas dimensões não traduz a intenção nem o
desempenho sustentável da companhia.
238
Tabela 24 - Indicadores Econômicos com apropriação
INDICADORES ECONÔMICOS
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INDICADORES ESSENCIAIS Dividendos distribuídos, inclusive recompra de ações. Aumento/diminuição dos lucros no período, inclusive ROCE. Custo dos bens, materiais e serviços adquiridos (gastos de capital). Vendas líquidas no período, discriminadas. Soma total dos impostos pagos. Multas e penalidades pagas relativas a SMS. Valor econômico agregado (EVA). Participação no mercado (market share).
INDICADORES ADICIONAIS Juros pagos. Gastos salariais totais, inclusive benefícios, separados por região. Fonte: O Autor
5.2.4. Proposta de indicadores de gestão.
O desempenho empresarial em sustentabilidade está diretamente ligado ao
seu processo de gestão. Alguns dos indicadores levantados neste estudo dizem
respeito especificamente a esse aspecto. São eles os indicadores que demonstram
a existência e grau de disseminação de políticas e sistemas de gestão.
As características destes indicadores diferem dos demais propostos uma vez
que são, no caso de demonstração de existência de instrumentos de gestão, apenas
binários, ou seja, seu resultado vai ser zero ou um, sim ou não, não demandando
fórmula ou método de cálculo, mas apenas o entendimento do que é o instrumento
de gestão a ser detectado. Por isso são bastante subjetivos e com baixo grau de
comparabilidade, uma vez que o que uma empresa entende por política de gestão
de impactos em comunidades vizinhas implantado, por exemplo, pode ser
completamente diferente do entendimento de outra. Cabe aqui um processo de
239
desenvolvimento conjunto pelas empresas de um mesmo setor de parâmetros mais
bem definidos.
Quanto ao grau de disseminação das referidas políticas e grau de
implantação dos sistemas de gestão, consideramos que também são indicadores de
gestão, e não de desempenho. A sua identidade é baseada em um mesmo modelo,
e suas características são também bastante similares entre si, medindo o percentual
de execução das ações de implantação ou o percentual de sujeitos atingidos pela
medida, em comparação com uma meta.
Ressaltamos que na dimensão social a existência de políticas e programas,
bem como sua disseminação, aparece em grande numero. Essa é uma dimensão
onde o relacionamento e a forma de conduta face às partes interessadas no negócio
define em grande parte o grau de sustentabilidade da empresa, o que vem a explicar
essa característica.
Na tabela abaixo listamos os indicadores de gestão propostos, separados por
dimensão a que atendem de forma principal.
Tabela 25 - Indicadores de gestão para as três dimensões
INDICADORES DE GESTÃO ES
SEN
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ICIO
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L EX
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NC
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SEM
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ÇÃ
O
DIMENSÃO AMBIENTAL Sistema de gestão ambiental E Auditorias internas A Sistema de gestão e procedimentos para tratamento do impacto ambiental dos principais produtos e serviços A
DIMENSÃO SOCIAL Código de ética E Sistema de gestão relativo a corrupção e suborno E Política e sistema de gestão, relativas a contribuições políticas e lobbies. A Política e procedimentos envolvendo participação, informação, consulta e negociação com empregados a respeito de mudanças na organização. A Política e procedimentos de prevenção de discriminação e igualdade de oportunidades entre os empregados. E
Política de não-retaliação e sistema de tratamento de queixas confidenciais. E Política e procedimentos para admissão, demissão, promoção e remanejamento. A Sistema de gestão de saúde e segurança. E Políticas ou programas sobre HIV-AIDS. E
240
INDICADORES DE GESTÃO
ESSE
NC
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A
DIC
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TÊN
CIA
DIS
SEM
INA
ÇÃ
O
Política e procedimentos para treinamento e capacitação da força de trabalho, por categoria. E Política para gestão do conhecimento ou formação continuada. A Políticas e programas de igualdade de oportunidades além do determinado por lei. (Acessibilidade, auxílio creche, licença paternidade). E
Políticas de incentivo às manifestações culturais específicas. A Critérios de seleção de fornecedores incluindo a verificação de respeito a padrões éticos e políticas de sustentabilidade. E
Programas e políticas para preservação da saúde e segurança do consumidor durante a utilização dos produtos, incluindo comunicação dos riscos. E
Programas e políticas para o cumprimento de valores de sustentabilidade em toda a cadeia produtiva. E
Sistemas de gestão e procedimentos para avaliação do impacto dos investimentos sociais, incluindo feedback da participação dos beneficiários. A
Políticas de gestão dos impactos causados às comunidades do entorno das unidades operacionais. E
Política de gestão e procedimentos para consideração dos impactos das decisões de negócios, como investimentos, e escolha de fornecedores, sobre os direitos humanos.
E
DIMENSÃO ECONÔMICA Política ou programa para promoção da transparência em relação aos pagamentos efetuados aos governos A
Fonte: O Autor
A escolha dos indicadores obedeceu a um marco conceitual, e está
diretamente relacionada à analise feita das etapas de processo do setor estudado,
proporcionando um entendimento da ligação entre as fontes de impacto, seus
receptores e o sistema de gestão. No caso de qualquer dos parâmetros mudar, os
indicadores devem ser revistos. Ou seja, os indicadores devem ser interpretados
dentro de um contexto apropriado, levando-se em conta as características físicas,
ecológicas, geográficas, sociais, econômicas e estruturais onde se inserem.
6. CONCLUSÕES
6.1. ASPECTOS CONCLUSIVOS
O papel das empresas é fundamental para uma abordagem construtiva do
desenvolvimento sustentável. As empresas, através de seus processos, afetam as
fontes de matérias primas, a produção e distribuição, as respostas dos
consumidores e os métodos de prevenção de geração e eliminação de resíduos. Em
sua interação com a sociedade onde se inserem, afetam a forma de gestão das
questões econômicas e até mesmo o comportamento dos governos, por seu poderio
econômico. No fluxo inverso, a sociedade cobra delas um comportamento mais ético
e consciente, exatamente pelo poder que detêm. Com todos esses aspectos, as
organizações buscam cada vez mais a sustentabilidade, para não perder mercado e
mostrar a transparência e responsabilidade exigida pelos consumidores e
stakeholders em geral.
Este estudo foi motivado pela necessidade de se delimitar indicadores que
possam ser utilizados na implantação e acompanhamento de ações visando à
sustentabilidade do negócio em uma organização produtiva, para o setor de
distribuição de combustíveis. Estes indicadores podem apoiar a redução dos
impactos identificados dos processos e da atividade, nas três dimensões, na
redução de custos, criação de oportunidades de agregação de valor ao negócio,
valorização da imagem e das ações da empresa, através da integração a fundos
sustentáveis.
Ao longo do estudo verificamos que a empresa que deseja trabalhar dentro de
um conceito de sustentabilidade deve considerar as três áreas (econômica, social e
ambiental) de forma integrada, dentro do modelo de visão integrada da gestão
242
sustentável da empresa. Ela deve olhar não apenas para seus próprios processos e
produtos, mas também para o público com o qual se relaciona, ou suas partes
interessadas. A empresa não pode ser sustentável se seus stakeholders não o são.
O sucesso e os interesses de longo prazo de uma organização produtiva
dependem de uma conduta pró-ativa de antecipação das expectativas de suas
partes interessadas, entre elas o meio ambiente. O caminho da sustentabilidade
envolve o atendimento e a superação dos requisitos legais e regulamentares
associados às suas instalações, seus produtos e serviços, uma postura ética e
transparente na conduta dos negócios e no relacionamento com suas partes
interessadas.
A sustentabilidade empresarial pressupõe o reconhecimento das partes
interessadas da organização. Elas devem ser identificadas, compreendidas e ter
suas necessidades atendidas de forma pró-ativa. A empresa sustentável deve adotar
um processo de gestão comprometido com as necessidades dos diferentes públicos
envolvidos e/ou afetados pelo negócio – acionistas, funcionários, meio ambiente
(com o sentido de gerações futuras), clientes, comunidades, governos e
fornecedores, no caso estudado. Pressupõe também a identificação dos impactos
que podem decorrer das instalações, processos e produtos inerentes à sua
atividade, e a execução de ações preventivas para eliminar ou minimizar esses
impactos em todo o ciclo de vida das referidas atividades e produtos.
Neste estudo, para identificação das partes interessadas e dos aspectos e
impactos típicos inerentes às atividades do setor estudado foram examinados
relatórios e bibliografia, compreendendo todo o processo de distribuição de
combustíveis.
A utilização do conceito de desenvolvimento sustentável enquanto
instrumento de estratégia organizacional traz consigo um grande desafio: colocá-lo
em prática. A avaliação da condição presente e a definição de metas futuras, sob a
ótica da sustentabilidade, tornou urgente a definição de indicadores aceitos. É
necessário o desenvolvimento de métodos confiáveis e consistentes para definir e
medir a intensidade de utilização de recursos, como energia, bem como o
desempenho empresarial em sua interação com a sociedade e as demais partes
interessadas.
A incorporação de indicadores de sustentabilidade ao processo de gestão das
empresas de distribuição de combustíveis pode permitir uma rápida visualização dos
243
fatores econômicos, sociais e ambientais que podem causar impactos, seu
acompanhamento e evolução. O amadurecimento desse sistema deve, no entanto, ir
além do ciclo de melhoria contínua usualmente utilizado pelas empresas
examinadas. A questão da sustentabilidade do negócio demanda uma postura de
inovação e metas desafiadoras. A melhoria contínua de modelos de negócio
insustentáveis não vai colocar a empresa no caminho da sustentabilidade. Nesse
sentido, há ainda uma grande lacuna na gestão para o negócio sustentável, em
especial no campo dos indicadores.
No segundo Capítulo foram brevemente apresentados os conceitos de
sustentabilidade, indicadores e alguns dos sistemas que os organizam, cuja análise
nos levou à importância da utilização dos indicadores ambientais, sociais e
econômicos como instrumento do sistema de gestão para a empresa sustentável.
Essa conclusão é corroborada pelo levantamento efetuado no Capítulo 4. Aí
podemos observar que as empresas de petróleo têm relatado um número
significativo de indicadores nas três dimensões citadas. No entanto, essas empresas
abordam a questão de maneira bastante diferenciada, especialmente na dimensão
social. A definição da relevância dos indicadores para os diversos temas é feita a
partir de diferentes entendimentos, mas tem em comum a falta de integração entre
as dimensões citadas, o foco no tratamento ou mitigação (e não prevenção) dos
impactos ambientais e o tratamento da questão social em um contexto de filantropia,
com indicadores das demandas das partes interessadas ainda incipientes. Em geral,
não relatam indicadores de eco-eficiência. Além disso, os indicadores não seguem
uma padronização, embora sigam um modelo básico para os relatórios, em geral o
do GRI, dificultando a prática de benchmark.
No mesmo Capítulo foi realizada uma breve descrição do processo de
distribuição de combustíveis e de suas principais fontes de impacto, tanto sociais
quanto ambientais, para subsidiar a elaboração dos indicadores ambientais e
sociais. O processo de distribuição de combustíveis em si próprio não provoca
grande impacto no meio ambiente, sendo em geral levado a cabo em áreas já
urbanizadas e trabalhando com pequena intensidade de geração de resíduos,
embora pelo tamanho da operação alguns desses impactos adquiram uma
dimensão bastante significativa. Verificamos que os maiores impactos advêm não da
operação normal da atividade, mas de circunstancias acidentais, como vazamentos
e acidentes de transporte. Não analisamos o impacto da queima do combustível
244
comercializado, processo considerado fora do âmbito de ação das empresas
distribuidoras.
Na dimensão social, percebemos a partir do estudo da Petrobras Distribuidora
S.A. e do mercado de distribuição que a atuação das grandes empresas se dá em
um mercado agressivo, complicado pela existência de pequenas distribuidoras
atuando ilegalmente, em um setor que historicamente trabalha com pequena
margem de lucros. Esse cenário define em grande parte a postura e o
comportamento das empresas frente a suas partes interessadas. Há uma grande
preocupação em fidelizar os clientes e alguma dificuldade no monitoramento de
fornecedores e revendedores, trazendo o foco das ações de relacionamento para o
terreno do marketing. No entanto, é notável a preocupação da empresa estudada
em inserir o conceito de sustentabilidade em sua gestão, com destaque para os
avanços no campo do SMS, na prevenção dos acidentes de transporte e no
relacionamento com as comunidades do entorno de suas instalações.
Nesse contexto, os indicadores propostos no Capítulo 5 formam apenas a
primeira etapa na construção de um sistema de indicadores que pode ser adotado
pelo setor de distribuição de combustível de forma a direcionar seu processo de
tomada de decisão no caminho da sustentabilidade.
6.2. ANÁLISE DAS QUESTÕES FORMULADAS
As empresas de petróleo demonstram estar com seu sistema de medição de
desempenho em sustentabilidade amadurecido. No entanto, no segmento de
distribuição de combustíveis, parte do sistema do petróleo, essa área da gestão
ainda necessita de desenvolvimento e de uma integração maior entre as três
dimensões da sustentabilidade, dentro do conceito do triple bottom line. Nas áreas
econômica e ambiental neste setor, os indicadores estão no cerne do processo de
gestão, permitindo que as questões a elas afeitas sejam tratadas como parte do
negócio.
Assim sendo, os estudos de caso e benchmarking apresentados nesta
dissertação permitem concluir que a introdução de um sistema de indicadores de
sustentabilidade é não só viável quanto traz ganhos para todas as partes
interessadas no negócio. Para o empreendedor traz agilidade na gestão e foco nas
245
questões centrais, para as partes interessadas permite o acompanhamento de
desempenho da empresa de forma clara e objetiva, permitindo um dialogo e uma
participação mais ativa e voltada para as questões relevantes, e para o meio
ambiente permite respostas mais rápidas, prevenção e minimização dos impactos da
atividade.
Além disso, as empresas do setor estudado já medem e relatam, ou recolhem
dados e fazem controle interno da maioria dos indicadores recomendados nesta
dissertação, sendo necessário apenas um realinhamento da política e ajustes nos
sistemas de gestão, o que não vai gerar custos adicionais inconcebíveis. O
alinhamento necessário é principalmente de cultura e postura na ação.
As considerações acima apresentadas permitem considerar as questões da
pesquisa, “Como traduzir o conceito de sustentabilidade para um ambiente de
negócio complexo, difuso e diverso como o setor de distribuição de combustíveis?” e
“Como definir um conjunto de indicadores de desempenho que permita uma visão
geral e específica da sustentabilidade do negócio?” respondidas de maneira válida,
utilizando –se os conceitos e os resultados analisados ao longo do trabalho.
Da mesma forma, o objetivo deste estudo, “Delimitar indicadores que possam
ser utilizados na implantação e acompanhamento de ações visando à
sustentabilidade do negócio em uma organização produtiva, dentro do setor de
distribuição de combustíveis”, pode ser considerado atingido com a formulação da
proposta do conjunto de indicadores nas três dimensões.
Os cinco objetivos específicos enunciados também foram atendidos,
subsidiando o cumprimento do objetivo geral.
Os dois primeiros objetivos, “Contextualizar o conceito de desenvolvimento
sustentável ou sustentabilidade, especialmente no âmbito empresarial” e “Levantar,
através de pesquisa bibliográfica, os principais sistemas de indicadores atualmente
utilizados no cenário internacional, principalmente no cenário empresarial”, foram
atendidos pelo levantamento e análise dos conceitos de sustentabilidade, de
indicadores em geral, e dos sistemas que os organizam, tendo em vista o cenário
empresarial e o conceito básico de três dimensões da sustentabilidade, ambiental,
social e econômica.
O terceiro e o quarto objetivos específicos, “Examinar a visão estratégica de
sustentabilidade do setor de petróleo, especialmente da distribuição de
combustíveis” e “Levantar e analisar as ferramentas de avaliação e medição da
246
sustentabilidade no setor”; foram atendidos através do levantamento e análise dos
indicadores publicados de quatro empresas, Petrobras, BP, Statoil e Total, e da sua
análise cruzada com alguns sistemas de indicadores e relatório de sustentabilidade.
O quinto objetivo específico, “Delimitar o conceito e as práticas de
sustentabilidade no âmbito da atividade de distribuição de combustíveis”, foi
atendido através da realização do estudo do mercado de distribuição de
combustíveis no Brasil e do caso da Petrobras Distribuidora S.A.
Por último, o sexto objetivo específico “Selecionar, dentre as ferramentas de
avaliação detectadas, os indicadores aplicáveis ao negócio de distribuição de
combustíveis”, foi atendido através da proposição de um conjunto de indicadores de
sustentabilidade para o setor de distribuição de combustível selecionado após
aplicação da metodologia proposta ao conjunto de indicadores levantado nos
capítulos anteriores, bem como sua análise crítica.
6.3. RECOMENDAÇÕES
O estudo de indicadores comprometidos com a sustentabilidade empresarial é
uma linha de trabalho ainda a ser aprofundada por parte do meio acadêmico e do
meio empresarial. Como ressaltado por vários autores, são várias as etapas para
seu desenvolvimento e aplicação, desde o seu planejamento até a verificação dos
resultados. A continuação deste trabalho envolve o desenvolvimento da identidade
dos indicadores, com seu objetivo, escopo e método de cálculo bem definidos, a
coleta e tratamento de dados, aplicação dos indicadores e tomada de decisão a
partir de seus resultados, dentro da política geral de sustentabilidade da empresa.
Desta forma, em função das limitações deste trabalho e para avaliação e
consolidação da proposta deste estudo, sugere-se a realização de estudos
complementares:
1- Definir uma estrutura de modelagem, com identidade dos indicadores,
aplicação dos mesmos e análise de consistência, com vistas à
incorporação do conjunto de indicadores proposto em um sistema de
gestão corporativo;
247
2- Ampliar o campo de aplicação do conjunto de indicadores propostos,
incorporando todo o ciclo de vida dos produtos, desde sua extração até sua
queima.
Espera-se que esta dissertação possa ampliar a discussão sobre a
importância da definição de indicadores para a avaliação do desempenho das
empresas no caminho da sustentabilidade, contribuindo para o aprimoramento de
suas ferramentas de gestão dentro de um cenário de longo prazo, em um mundo
mais sustentável.
248
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