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1 1 INTRODUÇÃO Este trabalho tem o objetivo de analisar a rentabilidade do setor bancário brasileiro. O setor será analisado especificamente no que se refere a sua rentabilidade, analisando o seu resultado final bem como a composição de sua receita em cada período visando encontrar confirmações de algumas hipóteses previamente realizadas. A análise econômico- financeira temporal de um setor da economia envolve extenso trabalho de pesquisa que é consideravelmente dificultado quando são considerados as mudanças e os fatos ocorridos nos ambientes político e econômico brasileiro durante o passado recente do país, dos quais pode-se citar, por exemplo: implantação do Plano Real com queda abrupta da inflação, desvalorizações cambiais, choques externos (crise do México, Rússia e Tigres Asiáticos) e oscilações repentinas nos juros. Analisando-se a rentabilidade dos bancos através do tempo pretende-se determinar se houve mudanças nos padrões de rentabilidade ao longo do tempo e, mais do que isto, quais foram as alterações nas fontes de receita e se estas alterações podem ser facilmente correlacionadas com a situação econômica do momento em que ela ocorreu, ou com alguma das variáveis independentes. Além disto, pretende- se ainda avaliar a magnitude do impacto, se é que houve, da implantação do Plano Real. O estudo é, portanto, útil para analistas financeiros e investidores, pois permite avaliar e até mesmo de alguma forma prever qual será o possível desempenho de um banco frente a uma situação econômica já ocorrida no passado. A escolha da análise do setor bancário se deve, primeiramente, a razão de meu estágio ter sido realizado na subsidiária brasileira de uma instituição bancária americana, qual seja, o Banco Morgan Stanley do Brasil. Durante o estágio, percebeu-se a necessidade tanto para o banco quanto para seus clientes de se quantificar impactos passados na economia, particularmente acerca do impacto do câmbio, taxa de juros e inflação na rentabilidade do setor. Em segundo lugar, não foram encontrados na literatura estudos deste tipo para o setor. Até existem, na bibliografia especializada pesquisada, artigos e

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem o objetivo de analisar a rentabilidade do setor bancário

brasileiro. O setor será analisado especificamente no que se refere a sua

rentabilidade, analisando o seu resultado final bem como a composição de sua receita

em cada período visando encontrar confirmações de algumas hipóteses previamente

realizadas.

A análise econômico-financeira temporal de um setor da economia envolve

extenso trabalho de pesquisa que é consideravelmente dificultado quando são

considerados as mudanças e os fatos ocorridos nos ambientes político e econômico

brasileiro durante o passado recente do país, dos quais pode-se citar, por exemplo:

implantação do Plano Real com queda abrupta da inflação, desvalorizações cambiais,

choques externos (crise do México, Rússia e Tigres Asiáticos) e oscilações

repentinas nos juros.

Analisando-se a rentabilidade dos bancos através do tempo pretende-se

determinar se houve mudanças nos padrões de rentabilidade ao longo do tempo e,

mais do que isto, quais foram as alterações nas fontes de receita e se estas alterações

podem ser facilmente correlacionadas com a situação econômica do momento em

que ela ocorreu, ou com alguma das variáveis independentes. Além disto, pretende-

se ainda avaliar a magnitude do impacto, se é que houve, da implantação do Plano

Real.

O estudo é, portanto, útil para analistas financeiros e investidores, pois

permite avaliar e até mesmo de alguma forma prever qual será o possível

desempenho de um banco frente a uma situação econômica já ocorrida no passado.

A escolha da análise do setor bancário se deve, primeiramente, a razão de

meu estágio ter sido realizado na subsidiária brasileira de uma instituição bancária

americana, qual seja, o Banco Morgan Stanley do Brasil. Durante o estágio,

percebeu-se a necessidade tanto para o banco quanto para seus clientes de se

quantificar impactos passados na economia, particularmente acerca do impacto do

câmbio, taxa de juros e inflação na rentabilidade do setor.

Em segundo lugar, não foram encontrados na literatura estudos deste tipo

para o setor. Até existem, na bibliografia especializada pesquisada, artigos e

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monografias que tratam do estudo da rentabilidade do setor bancário. No entanto, a

maioria das análises é de característica qualitativa, não se preocupando com a relação

existente entre os fatores que constatam influenciar os resultados e os próprios

resultados, isto é, não realizando uma análise quantitativa. Além disto, os trabalhos

pesquisados cobrem o período anterior a 1994 até 1999 analisando as mudanças

causadas pela implantação do Plano Real. Existe, portanto, a carência de uma análise

das alterações ocorridas após 1999, com a desvalorização da moeda, acontecimento

que trouxe diversas conseqüências aos mais variados setores da economia.

Assim sendo, a análise do setor bancário será feita pela confirmação ou

rejeição de hipóteses baseadas em afirmações comumente difundidas por

economistas, jornalistas, políticos e profissionais das mais variadas áreas além de

algumas hipóteses baseadas em relações de causa e efeito. As hipóteses que serão

analisadas são as seguintes:

1. A rentabilidade dos bancos se reduziria com a implantação do Plano Real.

2. A implantação do Plano Real trouxe alterações das fontes de receitas.

3. A rentabilidade sobre o ativo aplicado em títulos e valores mobiliários é

diretamente proporcional à taxa de juros da economia

4. A rentabilidade sobre o ativo aplicado em operações de crédito é diretamente

proporcional ao spread bancário.

5. A rentabilidade sobre o ativo aplicado em operações de câmbio é diretamente

proporcional à cotação do dólar

Cada uma destas hipóteses será posteriormente explicada e justificada. Para a

análise de cada uma delas serão calculados indicadores econômico-financeiros e

utilizar-se-á ferramentas estatísticas.

O desempenho do setor bancário será avaliado de maneira consolidada, o que

significa que diversas particularidades entre as empresas que o compõe serão

ignoradas. Ao mesmo tempo, quando se consolida o setor é possível identificar mais

claramente quais as variáveis que estão exercendo maior influência sobre o setor

como um todo.

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As medidas de desempenho que serão utilizadas neste trabalho são

consistentes com as propostas de GITMAN (1997), e abordam especificamente o

aspecto de lucratividade do setor. Serão ainda apresentados alguns indicadores não

presentes na literatura especializada que foram desenvolvidos dada a necessidade de

se realizar uma análise mais específica da situação do setor.

Os indicadores financeiros serão calculados através de informações

disponíveis nos demonstrativos de resultado e balanços (divulgados trimestralmente

por cada empresa). A análise setorial, para a primeira e segunda hipótese, será

elaborada para o período compreendido entre o início de 1992 até dezembro de 2002,

o que implica o cálculo de pelo menos 44 medidas para cada indicador financeiro (o

estudo será realizado para os últimos 44 trimestres). Já a análise para as demais

hipóteses será elaborada para o período compreendido entre setembro de 1994 até

dezembro de 2002, o que implica o cálculo de pelo menos 34 medidas para cada

indicador financeiro.

As medidas de desempenho econômico-financeiro serão comparadas entre si

em diferentes períodos e confrontadas com certo número de variáveis explicativas,

que por sua vez representam medidas de agregados econômicos com influência direta

sobre o setor. De posse dos indicadores financeiros e das variáveis explicativas,

análises estatísticas serão realizadas, em busca de diferenças significativas entre

períodos e dos fatores que mais influenciam a rentabilidade do setor.

Uma das análises estatísticas a serem utilizadas consiste do teste de hipóteses

para diferenças entre médias de dois períodos diferentes, que indica se duas médias

podem ser consideradas diferentes entre si. Havendo ou não diferença entre as duas

médias pode-se confirmar ou refutar hipóteses formuladas a priori.

Outra análise estatística consiste no uso de ferramentas de correlação, que

indicam até que ponto existe um relacionamento entre determinado indicador e

determinada variável. Havendo ou não relacionamento relevante, pode-se confirmar

ou refutar hipóteses anteriormente realizadas, como por exemplo, relacionamento

identificável entre a lucratividade e a taxa de juros na economia. Muito embora se

possa assumir e demonstrar analiticamente a existência de tal relacionamento, muitas

vezes a real significância deste relacionamento não é observada no passado, levando

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a acreditar que outros fatores possam ter sido mais importantes, ou mascararam a

influência desta variável.

Uma terceira análise estatística consiste na avaliação da força do

relacionamento entre a variável explicativa e o indicador financeiro. Esta análise é

realizada através de técnicas de regressão, e é importante por dimensionar o grau de

influência de determinada variável explicativa sobre cada indicador financeiro. Mais

uma vez, esta análise permite confirmar ou refutar hipóteses formuladas a priori.

Assim sendo os diferentes testes a serem realizados neste trabalho abordam

alguns aspectos da dinâmica econômico-financeira das empresas que compõe o setor

bancário, e comporta praticamente qualquer tipo de análise de indicadores

confrontados com variáveis explicativas.

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2 CONSOLIDAÇÃO DE SETORES

Os grupos de índices financeiros que serão posterio rmente apresentados são

normalmente utilizados para análises isoladas de empresas, porém permitem uma

análise combinada de um setor quando se realiza um estudo consolidado. A

consolidação de um determinado setor é feita combinando-se os Balanços e

Demonstrativos de Resultados das empresas de determinado setor, produzindo o

equivalente a uma grande empresa, cujos ativos, passivos, receitas e despesas são

caracterizadas pela soma de cada parte integrante do setor. Assim, a receita

consolidada é igual à soma das receitas de cada constituinte do setor, o ativo

permanente consolidada é igual à soma do ativo permanente de cada integrante, e

assim por diante.

Este tipo de abordagem é realizado em larga escala por analistas financeiros,

normalmente com o intuito de se comparar a situação financeira de uma única

empresa em relação ao setor que ela está inserida. Neste trabalho, porém, o intuito é

se comparar a evolução de tais indicadores através do tempo, em busca da

comprovação para as hipóteses consideradas.

A metodologia de análise de desempenho do setor bancário será, então,

analisada através do tempo de maneira consolidada. Para tal, é necessário se

constituir um grupo de empresas que possua grande representatividade do setor.

Diversas instituições de análise financeira constroem estudos setoriais por uma

variedade de critérios de representatividade, de acordo com o intuito do trabalho:

valor de mercado, nível de receitas, ativo total, volume médio de negociação de

ações, entre outros.

Neste trabalho, serão escolhidos os bancos de maior representatividade

nacional cujas ações são negociadas na bolsa, esperando-se que assim uma boa

representatividade do setor seja alcançada. Estas empresas são também as que

apresentam os maiores ativos totais, indicador dos mais utilizados quando se quer

avaliar o tamanho de um banco, exceção feita a Caixa Econômica Federal, que

apesar de apresentar um elevado ativo não possui capital aberto e, portanto, não será

incluída na análise. Empresas com maiores ativos são as mais representativas por

serem supostamente aquelas que possuem maior quantidade de clientes e também as

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que conseguem lucros mais elevados, por terem mais ativos para aplicar e

administrar, além de serem as que teoricamente mais empregam trabalhadores e mais

contribuem para o PIB.

Ao se consolidar um setor, porém, corre-se o risco de ignorar diferenças

significativas entre as empresas que o compõem. A análise consolidada também

exclui conquistas individuais de empresas através de diferenças intangíveis relativas

à sua administração, como a competência da gerência. O impacto de decisões

estratégicas individuais tomadas ao longo do período de estudo não é atingido pelo

estudo em questão.

A seguir encontra-se uma breve descrição das empresas que serão utilizadas

para compor o setor bancário brasileiro:

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2.1 Bradesco

O Bradesco é o líder do setor financeiro privado e apresenta o melhor índice

de eficiência entre os bancos de varejo. Seu modelo administrativo vem apresentando

retorno atraente aos seus 2,3 milhões de acionistas. O Bradesco também ocupa

posição de liderança nos mercados de Seguros, Leasing e Capitalização. No

segmento de Previdência Privada, superou a marca de 1,2 milhão de participantes, o

que representa mais de 50% do mercado total de previdência privada no país.

Presente em todas as regiões do Brasil, o Bradesco dispõe de uma ampla rede

de atendimento ao cliente. São 3.362 Agências, mais de 1.936 postos de atendimento

bancário e 22.865 mil terminais de auto-atendimento. Uma sofisticada central

telefônica, recebe cerca de 229 milhões de ligações por ano e realiza diversos

serviços. O Bradesco Internet Banking é outro canal de atendimento com 5,2 milhões

de clientes. Além disso, grandes grupos econômicos e pessoas físicas com alta

disponib ilidade financeira recebem atendimento especializado por meio das áreas

Private e Corporate.

No exterior, o Bradesco tem Agências em Nova York, Grand Cayman e

Nassau, além de subsidiárias em Nova York, Nassau, Luxemburgo, Buenos Aires,

Grand Cayman e Tóquio.

Nos últimos anos o Bradesco realizou algumas aquisições importantes no

setor bancário doméstico. Em 1998 adquiriu o Banco Pontual S.A., o Banco BCN

S.A. e o BCR Banco de Crédito Real S.A. No mesmo ano o Banco de Crédito Real

de Minas Gerais S.A. teve seu controle acionário transferido para o Bradesco. Em

1999 foram incorporados o Banco Baneb S.A. e o Banco Finasa S.A. e em 2000 o

Banco Boavista Interatlântico S.A. Já em 2002 o Banco Bea S.A. e o Banco

Mercantil de São Paulo S.A. foram as duas maiores aquisições.

O Bradesco é o maior banco privado do Brasil com ativos totais consolidados

de R$ 154 bilhões, conta com 13,8 milhões de clientes e 2,3 milhões de acionistas. O

banco é também o maior empregador privado do Brasil

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Figura 1: Balanço Patrimonial do Bradesco fonte: Economática

Bradesco - Em Reais mil 31/12/2002 31/06/2002

CIRCULANTE 73.985.725 65.560.069 Disponibilidades 1.780.121 1.181.744 Aplicações Interfinanceiras de Liquidez 27.597.746 10.678.366 Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos 2.073.433 8.372.810 Relações Interfinanceiras 11.248.196 8.057.684 Relações Interdependências 177.039 245.575 Operações de Crédito 18.663.274 20.456.295 Operações de Arrendamento Mercantil - - Outros Créditos 12.246.268 16.310.893 Outros Valores e Bens 199.648 256.702 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 15.400.314 12.120.649 Aplicações Interfinanceiras de Liquidez 302.546 116.151 Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos 4.874.111 2.188.550 Relações Interfinanceiras 141.892 142.384 Operações de Crédito 7.730.930 8.286.515 Operações de Arrendamento Mercantil - - Outros Créditos 2.085.228 1.113.930 Outros Valores e Bens 265.607 273.119 PERMANENTE 14.839.294 14.142.834 Investimentos 13.476.598 12.750.826 Imoblizado de Uso 1.063.942 1.108.105 Imobilizado de Arrendamento - - Diferido 298.754 283.903

T O T A L 104.225.333 91.823.552

CIRCULANTE 73.380.042 67.411.310 Depósitos 37.990.627 35.828.419 Captações no Mercado Aberto 14.764.377 7.874.017 Recursos de Aceites e Emissão de Títulos 2.184.975 2.744.644 Relações Interfinanceiras 583.008 2.511.526 Relações Interdependências 1.185.206 719.537 Obrigações por Empréstimos 6.484.365 7.573.826 Obrigações por Repasses do País - Instituições Oficiais 1.870.158 1.176.089 Obrigações por Repasses do Exterior 38.821 38.872 Outras Obrigações 8.278.505 8.944.380 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 19.992.837 14.288.218 Depósitos 10.955.676 7.215.659 Captações no Mercado Aberto 1.376 6.468 Recursos de Emissão de Títulos 460.364 407.153 Obrigações por Empréstimos 1.402.597 863.181 Obrigações por Repasses do País - Instituições Oficiais 3.174.091 3.333.028 Obrigações por Repasses do Exterior 8.189 13.208 Outras Obrigações 3.990.544 2.449.521

RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS 6.725 5.465

PARTICIPAÇÃO MINORITÁRIA NAS CONTROLADAS - -

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 10.845.729 10.118.559 Capital 5.200.000 5.200.000 Reservas de Capital 7.435 7.435 Reservas de Reavaliação - - Reservas de Lucros 5.638.294 4.911.124 Lucros Retidos - -

T O T A L 104.225.333 91.823.552

A T I V O

P A S S I V O E P A T R I M Ô N I O L Í Q U I D O

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2.2 Itaú

O Banco Itaú Holding Financeira S.A. foi fundado em 1945, tendo sua

origem no Banco Central de Crédito, depois Banco Federal de Crédito.

Após um período de crescimento interno de quase 20 anos, com a

modernização do sistema financeiro brasileiro deflagrada pelo governo federal o Itaú

Holding ingressou num período de fusões, sendo a primeira delas entre o Banco

Federal de Crédito e o Banco Itaú. Seguiram-se as fusões com o Banco Sul

Americano e com o Banco da América. Esse período se estendeu entre 1964 e 1969.

Foi um período de rápido crescimento não só pela expansão interna, mas

pelas sucessivas aquisições dos Bancos Aliança, Português do Brasil e União

Comercial. No final dessa década o Itaú Holding deu os primeiros passos para sua

atuação internacional, com a abertura das agências de New York e Buenos Aires.

Começou com um novo ciclo organizacional, que se delineou a partir das

modificações do ambiente competitivo externo e de uma nova liderança interna, ciclo

esse que se estende até o presente momento.

Foram fundados os Bancos Itaú Europa (controlado pela sub-holding Itaúsa

Portugal, SGPS, subordinada à holding Itaúsa), Itaú Argentina e Itaú Bank

(Cayman), ampliando a visão e a operação internacional do conglomerado financeiro

hoje liderado pelo Banco Itaú Holding Financeira S.A.

Início de nova fase de expansão por meio de aquisições. O Itaú Holding adquire o

BFB - Banco Francês e Brasileiro, reforçando sua posição no segmento de clientes

de alta renda, tesouraria e corporate banking.

Adquirido o Banco Itaú Europa Luxembourg (ex-Bamerindus Luxembourg),

controlado pelo holding Itaúsa Portugal. Este holding detém também importante

participação no Banco BPI, uma das maiores organizações bancárias de Portugal.

A compra do Banco Del Buen Ayre, incorporado ao Itaú Argentina, atual Itaú

Buen Ayre, reforça a atuação do Itaú Holding no Mercosul.

Numa bem sucedida seqüência de participações em leilões de privatização de

bancos estaduais o Itaú Holding adquire o Banerj (Rio de Janeiro) (1997), o Bemge

(Minas Gerais) (1998), o Banestado (Paraná) (2000) e o BEG (Goiás) (2001).

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Em 5 de novembro o então Banco Itaú S.A. anunciou a associação com o

grupo controlador do Banco BBA-Creditanstalt S.A. (BBA). O Itaú e o BBA

iniciaram, em 10 de março de 2003, as operações do Banco Itaú-BBA S.A., o maior

banco de atacado do país, oferecendo os melhores produtos e serviços existentes no

mercado para seus clientes corporativos. Para melhor gerenciar seus negócios,

concedendo maior autonomia operacional aos seus diversos segmentos internos e

possibilitando maior transparência nas demonstrações financeiras, o então Banco Itaú

S.A. anunciou também uma reorganização societária, que culminou na criação do

Banco Itaú Holding Financeira S.A., instituição financeira que incorporou, em 24 de

março de 2003, a totalidade das ações do Banco Itaú S.A., que assim tornou-se sua

subsidiária integral. O Banco Itaú-BBA também se tornou subsidiária parcial

(95,75%) do Itaú Holding.

Com uma capitalização de mercado de R$ 22,6 bilhões, o Itaú Holding é o

banco de maior valor em bolsa no Brasil. As ações do Itaú Holding são negociadas

em 3 bolsas de valores: São Paulo (Brasil), Buenos Aires (Argentina) e Nova York

(EUA).

No Brasil, opera com uma rede de atendimento de 3.068 pontos. Detém

18.309 caixas eletrônicos, perfazendo a maior rede privada de caixas eletrônicos

multifuncionais do Brasil. Além disso, suas operações na América do Norte,

Mercosul e na União Européia por meio de suas agências, subsidiárias e coligadas no

exterior qualificam o Itaú Holding como um canal de integração das empresas

nacionais ao cenário internacional. O Itaú Holding tem um patrimônio líquido no

exterior de US$ 2,1 bilhões.

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Figura 2: Balanço Patrimonial do Itaú fonte: Economática

Itaú - Em Reais mil 31/12/2002 31/06/2002

CIRCULANTE 46.999.051 44.139.391 Disponibilidades 1.475.638 1.748.085 Aplicações Interfinanceiras de Liquidez 11.705.052 10.896.555 Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos 5.294.939 7.447.599 Relações Interfinanceiras 8.937.476 6.095.291 Relações Interdependências 9.317 2.243 Operações de Crédito 11.606.168 11.002.674 Operações de Arrendamento Mercantil 79.372 85.677 Outros Créditos 7.593.809 6.642.386 Outros Valores e Bens 297.280 218.881 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 19.930.925 18.607.008 Aplicações Interfinanceiras de Liquidez 143.725 207.512 Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos 10.436.513 8.626.887 Relações Interfinanceiras 46.208 47.359 Operações de Crédito 7.249.762 7.730.186 Operações de Arrendamento Mercantil 39.440 68.578 Outros Créditos 1.744.339 1.779.651 Outros Valores e Bens 270.938 146.835 PERMANENTE 13.311.654 13.154.714 Investimentos 10.514.549 9.662.014 Imoblizado de Uso 1.174.936 1.308.940 Imobilizado de Arrendamento - - Diferido 1.622.169 2.183.760

T O T A L 80.241.630 75.901.113

CIRCULANTE 49.192.407 54.751.950 Depósitos 27.032.831 25.027.753 Captações no Mercado Aberto 6.780.933 11.508.030 Recursos de Aceites e Emissão de Títulos 1.843.933 1.576.665 Relações Interfinanceiras 265.334 2.437.009 Relações Interdependências 496.167 434.798 Obrigações por Empréstimos 3.716.324 4.444.553 Obrigações por Repasses do País - Instituições Oficiais 779.457 1.033.983 Obrigações por Repasses do Exterior - 577.377 Outras Obrigações 8.277.428 7.711.782 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 21.135.901 11.893.062 Depósitos 6.919.950 2.866.602 Captações no Mercado Aberto 4.160.238 2.013.661 Recursos de Emissão de Títulos 846.376 1.657.673 Obrigações por Empréstimos 1.569.411 1.038.199 Obrigações por Repasses do País - Instituições Oficiais 2.409.360 1.973.879 Obrigações por Repasses do Exterior - - Outras Obrigações 5.230.566 2.343.048

RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS 28.722 9.365

PARTICIPAÇÃO MINORITÁRIA NAS CONTROLADAS - -

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 9.884.600 9.246.736 Capital 4.260.500 4.260.500 Reservas de Capital 167.484 167.484 Reservas de Reavaliação - - Reservas de Lucros 5.456.616 4.818.752 Lucros Retidos - -

T O T A L 80.241.630 75.901.113

A T I V O

P A S S I V O E P A T R I M Ô N I O L Í Q U I D O

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2.3 Unibanco

O Grupo Unibanco iniciou suas atividades na década de 20. De uma pequena

casa comercial na cidade de Poços de Caldas tornou-se um dos maiores bancos

privados da América Latina. Embora tenha uma atuação bastante diversificada, o

mercado financeiro é o carro-chefe das operações do Unibanco. A compra do

Nacional pelo Unibanco, em 1995, única operação no sistema financeiro brasileiro

entre companhias praticamente do mesmo porte, foi o ponto de partida para uma

etapa de consolidação, que acabou, nos anos seguintes, provocando uma intensa

movimentação e resultando em uma profunda transformação do setor. Na última

década, entre as grandes instituições, nenhuma outra cresceu tanto em um prazo tão

curto e em tantos e tão variados segmentos, do varejo ao atacado, de seguros a

administração de recursos, de previdência a cartões de crédito. Tal crescimento levou

o Unibanco a um novo patamar entre as instituições financeiras.

Em 10 anos, foi triplicada a rede de distribuição, multiplicada por 5 a base de

clientes e aumentada em 8 vezes a base de clientes ativos.

Esses resultados encerram uma importante etapa da estratégia do Banco. Para

conquistar maior parcela do mercado e aumentar a qualidade dos serviços prestados

aos clientes, o Unibanco utiliza-se de duas estratégias de atuação: uma delas é a

aquisição de empresas ou parcerias que tenham afinidades com a estrutura Unibanco,

a exemplo do Banco Nacional, SAU, Dibens, Credibanco, Bandeirantes, Fininvest,

Magazine Luiza e Ponto Frio; a outra estratégia é o crescimento orgânico, o

ContAtiva - um projeto de conquista de clientes ativos.

R$ 75 bilhões em Ativos Totais

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Figura 3: Balanço Patrimonial do Unibanco fonte: Economática

Unibanco - Em Reais mil 31/12/2002 31/06/2002

CIRCULANTE 44.081.816 34.102.168 Disponibilidades 873.583 1.031.384 Aplicações Interfinanceiras de Liquidez 17.270.410 7.324.797 Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos 4.935.129 6.485.217 Relações Interfinanceiras 3.911.502 2.580.580 Relações Interdependências 2.975 4.548 Operações de Crédito 12.007.704 12.008.593 Operações de Arrendamento Mercantil 100 101 Outros Créditos 4.930.475 4.553.245 Outros Valores e Bens 149.938 113.703 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 18.044.552 15.677.946 Aplicações Interfinanceiras de Liquidez 388.890 64.740 Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos 9.181.185 7.190.403 Relações Interfinanceiras 57.920 248.599 Operações de Crédito 6.364.053 6.173.336 Operações de Arrendamento Mercantil - - Outros Créditos 2.036.638 1.978.083 Outros Valores e Bens 15.866 22.785 PERMANENTE 6.164.536 5.984.784 Investimentos 5.332.084 5.128.839 Imoblizado de Uso 403.488 448.183 Imobilizado de Arrendamento - - Diferido 428.964 407.762

T O T A L 68.290.904 55.764.898

CIRCULANTE 42.675.487 33.655.830 Depósitos 15.212.425 12.783.910 Captações no Mercado Aberto 13.723.907 6.311.355 Recursos de Aceites e Emissão de Títulos 2.933.152 3.107.802 Relações Interfinanceiras 139.723 1.170.215 Relações Interdependências 303.176 361.241 Obrigações por Empréstimos 4.820.333 4.935.271 Obrigações por Repasses do País - Instituições Oficiais 1.674.441 1.269.016 Obrigações por Repasses do Exterior - - Outras Obrigações 3.868.330 3.717.020 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 19.042.632 15.805.723 Depósitos 10.757.484 7.874.823 Captações no Mercado Aberto - - Recursos de Emissão de Títulos 606.706 1.127.783 Obrigações por Empréstimos 904.059 941.260 Obrigações por Repasses do País - Instituições Oficiais 3.333.990 3.238.014 Obrigações por Repasses do Exterior - - Outras Obrigações 3.440.393 2.623.843

RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS 13.815 41.466

PARTICIPAÇÃO MINORITÁRIA NAS CONTROLADAS - -

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 6.558.970 6.261.879 Capital 3.690.602 3.690.602 Reservas de Capital 158.059 157.895 Reservas de Reavaliação 1.551 3.897 Reservas de Lucros 2.708.758 2.409.485 Lucros Retidos - -

T O T A L 68.290.904 55.764.898

A T I V O

P A S S I V O E P A T R I M Ô N I O L Í Q U I D O

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2.4 Banespa

O Banespa foi criado em 14 de junho de 1909, com o nome Banco de Crédito

Hipotecário e Agrícola de São Paulo, para financiar a atividade cafeeira no Estado de

São Paulo. O Banco de Crédito Hipotecário e Agrícola de São Paulo iniciou suas

atividades em 4 de setembro de 1909 e, em 17 de dezembro do mesmo ano, abriu

uma agência em Santos, para atender aos cafeicultores e às casas exportadoras de

café.

Em 1926, o governo do Estado transformou-se em acionista majoritário, após

subscrever um total de 147.613 ações do capital.

Nos anos 30, o banco entrou em fase de expansão e atingiu, em meados da

década, um total de 65 agências distribuídas na capital e no interior do Estado. Em

1937, inaugurou a primeira agência fora do Estado, em Campo Grande, no Mato

Grosso. As agências do interior ganharam mais autonomia e passaram a prestar

serviços de assistência técnica ao produtor rural. Dez anos mais tarde, o banco

ocupava o segundo lugar no setor em depósitos bancários, atrás apenas do Banco do

Brasil.

Uma nova fase de expansão ocorreu em meados dos anos 60, a partir da

reforma bancária instituída no País. Diante dos limites legais para a abertura de

agências, e pressionado pela necessidade de ampliar a rede, o Banco do Estado de

São Paulo incorporou, em 1966, o controle acionário do Banco Cordeiro e do Banco

do Pará - e, em 1967, foi incorporado o Banco de Crédito Pessoal e comprado o

Banco Nacional da Lavoura e do Comércio.

O banco abriu o capital em 1969 e, no mesmo ano, inaugurou o primeiro

escritório no exterior, em Nova York. Em 1970 e 1971, foram abertos mais dois

escritórios no mercado externo, em Londres e Tóquio.

Uma nova incorporação ocorreu em 1973, a do Banco de São Paulo, e no ano

seguinte consolidou-se o Grupo Financeiro Banespa, formando oito empresas

financeiras e não financeiras. Em 1975, o nome Banespa passou a ser a marca oficial

do banco.

Os anos 90 foram decisivos para o Banespa. Logo no início da década, foi

incorporado o Banco de Desenvolvimento do Estado de São Paulo - Badesp - e o

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Banespa transformou-se em banco múltiplo, formado pelas carteiras comercial, de

crédito, de financiamento e investimento e de crédito imobiliário. Em 29 de

dezembro de 1994, começou a intervenção federal no banco, que se estendeu até 27

de novembro de 1996, com a transferência de 51% das ações para o governo federal,

na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso. O Banespa retomou a vocação

de instituição privada em 20 de novembro de 2000, ao ser vendido, em leilão, para o

Grupo Santander.

Com a incorporação, o Banespa passou por grande modernização tecnológica,

ficou mais eficiente e iniciou processo de melhor atendimento a seus clientes. A rede

é formada por 1.358 (agências e postos de atendimento bancário) no Brasil e no

exterior.

O Banespa tem ativos totais de R$ 28,245 bilhões e patrimônio líquido de R$

4,30 bilhões com base nos dados das demonstrações financeiras em 31 de dezembro

de 2002.

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Figura 4: Balanço Patrimonial do Banespa fonte: Economática

Banespa - Em Reais mil 31/12/2002 31/06/2002

CIRCULANTE 14.140.738 14.180.235 Disponibilidades 603.960 1.034.765 Aplicações Interfinanceiras de Liquidez 5.493.170 5.502.365 Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos 1.618.012 2.142.189 Relações Interfinanceiras 2.186.788 1.422.551 Relações Interdependências 1.140 4.864 Operações de Crédito 3.233.383 3.133.964 Operações de Arrendamento Mercantil - - Outros Créditos 929.710 877.537 Outros Valores e Bens 74.575 62.000 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 12.916.563 15.764.804 Aplicações Interfinanceiras de Liquidez - - Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos 7.854.466 9.565.313 Relações Interfinanceiras 24.964 15.747 Operações de Crédito 1.645.729 1.780.440 Operações de Arrendamento Mercantil - - Outros Créditos 3.368.006 4.369.846 Outros Valores e Bens 23.398 33.458 PERMANENTE 1.187.311 1.234.149 Investimentos 437.686 479.690 Imoblizado de Uso 476.010 532.104 Imobilizado de Arrendamento - - Diferido 273.615 222.355

T O T A L 28.244.612 31.179.188

CIRCULANTE 14.832.011 15.679.120 Depósitos 10.132.293 8.975.006 Captações no Mercado Aberto 2.026.118 3.710.672 Recursos de Aceites e Emissão de Títulos - - Relações Interfinanceiras 4.060 259.494 Relações Interdependências 152.956 85.458 Obrigações por Empréstimos 434.454 887.503 Obrigações por Repasses do País - Instituições Oficiais 252.646 225.240 Obrigações por Repasses do Exterior - - Outras Obrigações 1.829.484 1.535.747 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 9.091.569 11.533.115 Depósitos 1.145.237 953.155 Captações no Mercado Aberto - - Recursos de Emissão de Títulos - - Obrigações por Empréstimos 755.885 601.222 Obrigações por Repasses do País - Instituições Oficiais 552.630 551.324 Obrigações por Repasses do Exterior - - Outras Obrigações 6.637.817 9.427.414

RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS 15.380 19.151

PARTICIPAÇÃO MINORITÁRIA NAS CONTROLADAS - -

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 4.305.652 3.947.802 Capital 2.536.794 2.536.794 Reservas de Capital 153.704 153.704 Reservas de Reavaliação - - Reservas de Lucros (633.002) (671.284)Lucros Retidos 2.248.156 1.928.588

T O T A L 28.244.612 31.179.188

A T I V O

P A S S I V O E P A T R I M Ô N I O L Í Q U I D O

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2.5 Banco do Brasil

O Banco do Brasil foi criado em 1808 com a vinda do príncipe D. João para o

Rio de Janeiro e, portanto, foi o primeiro banco brasileiro. Nestes quase 200 anos, o

BB sempre participou vivamente da história e da cultura brasileira.

Uma das principais transformações na história recente do Banco deu-se em

1986, quando o Governo decidiu extinguir a Conta Movimento mantida pelo Banco

Central, mecanismo que assegurava ao BB suprimento automático de recursos para

as operações permitidas aos demais intermediários financeiros. Em contrapartida, o

Banco foi autorizado a atuar em todos os segmentos de mercado franqueados às

demais instituições financeiras. Em 15 de maio de 1986, o Banco constitui a BB

Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. Inicia-se, assim, a transformação

do Banco em conglomerado financeiro.

Para o Banco do Brasil, 1987 foi um ano de importantes realizações. Quatro

subsidiárias passaram a integrar o conjunto de empresas vinculadas ao BB: BB

Financeira S.A; BB Leasing S.A.; BB Corretora de Seguros e Administradora de

Bens S.A. e BB Administradora de Cartões de Crédito S.A.

O ano de 1988 foi marcado por grandes realizações, sobretudo no campo

mercadológico, e a criação, em outubro, do BB Banco de Investimento S.A.

Em 1995 a Empresa é reestruturada para se adaptar à nova conjuntura

advinda do Plano Real e a conseqüente queda da inflação que afetou todo o sistema

bancário.

Demonstrou, em 1997, sua capacidade de se adaptar às exigências do

mercado, oferecendo novas opções de crédito a grupos segmentados de clientes e

produtos modelados de acordo com a nova realidade econômica. Lidera na área de

mercado de capitais e conquista espaços cada vez maiores nas áreas de varejo e

seguridade.

O Banco do Brasil é o primeiro a ganhar o certificado ISO 9002 em análise de

crédito. O banco recebe o rating nacional máximo da Atlantic Rating, “AAA”:

classificado como instituição da melhor qualidade.

No ano de 2000 o desempenho foi marcado pela ênfase na expansão dos

negócios, controle de custos operacionais, busca da excelência na gestão de riscos e a

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melhoria da composição da carteira de crédito e ainda confirmam o compromisso do

Banco do Brasil em criar maior valor para os acionistas.

Desde 30.04.2001 o Banco do Brasil vem adotando a configuração de Banco

Múltiplo passando assim, a atuar como os demais Bancos Brasileiros. A medida traz

vantagens como a redução de custos, racionalização de processos, otimização da

gestão financeira e fisco-tributário. Em decorrência disso, foram ativadas as Carteiras

Financeira e Comercial.

Com a nova estrutura, o BB passa a se configurar em quatro pilares negociais

- Atacado, Varejo, Governo e Recursos de Terceiros. Esta estrutura organizacional

deriva do novo modelo de negócio com a responsabilidade pela gestão sobre clientes,

produtos e canais de negociação.

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Figura 5: Balanço Patrimonial do Banco do Brasil fonte: Economática

Banco do Brasil - Em Reais mil 31/12/2002 31/06/2002

CIRCULANTE 109.464.913 78.711.324 Disponibilidades 11.569.820 7.341.625 Aplicações Interfinanceiras de Liquidez 22.192.378 10.160.028 Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos 14.824.522 12.377.669 Relações Interfinanceiras 18.155.919 10.983.386 Relações Interdependências 270.189 226.670 Operações de Crédito 26.947.330 24.727.820 Operações de Arrendamento Mercantil - - Outros Créditos 15.253.124 12.652.828 Outros Valores e Bens 251.631 241.298 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 92.685.599 89.930.583 Aplicações Interfinanceiras de Liquidez 277.785 423.702 Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos 54.831.762 55.439.740 Relações Interfinanceiras - - Operações de Crédito 23.176.515 20.229.466 Operações de Arrendamento Mercantil - - Outros Créditos 14.399.537 13.837.675 Outros Valores e Bens - - PERMANENTE 6.825.928 6.089.559 Investimentos 3.998.968 3.598.974 Imoblizado de Uso 2.536.453 2.228.146 Imobilizado de Arrendamento - - Diferido 290.507 262.439

T O T A L 208.976.440 174.731.466

CIRCULANTE 156.731.515 128.287.288 Depósitos 89.143.119 71.560.712 Captações no Mercado Aberto 44.289.465 34.322.953 Recursos de Aceites e Emissão de Títulos 367.858 296.119 Relações Interfinanceiras 60.804 2.774.316 Relações Interdependências 1.366.391 915.091 Obrigações por Empréstimos 5.798.736 3.892.052 Obrigações por Repasses do País - Instituições Oficiais 820.998 670.437 Obrigações por Repasses do Exterior - 8.214 Outras Obrigações 14.884.144 13.847.394 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 42.946.256 38.373.308 Depósitos 9.444.291 9.793.675 Captações no Mercado Aberto 4.309.198 3.512.974 Recursos de Emissão de Títulos 706.500 568.720 Obrigações por Empréstimos 10.001.007 8.972.864 Obrigações por Repasses do País - Instituições Oficiais 5.092.152 4.028.725 Obrigações por Repasses do Exterior 278.429 555.959 Outras Obrigações 13.114.679 10.940.391

RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS 101.604 86.376

PARTICIPAÇÃO MINORITÁRIA NAS CONTROLADAS - -

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 9.197.065 7.984.494 Capital 7.435.544 7.435.544 Reservas de Capital 4.754 4.754 Reservas de Reavaliação 24.762 34.997 Reservas de Lucros 1.732.005 509.199 Lucros Retidos - -

T O T A L 208.976.440 174.731.466

A T I V O

P A S S I V O E P A T R I M Ô N I O L Í Q U I D O

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Quando se consolida estas empresas, produz-se um agregado de empresas

com patrimônio líquido da ordem de R$ 40 bilhões e ativos totais na ordem dos

R$ 490 bilhões.

Figura 6: Balanço Patrimonial do Setor Bancário Consolidado fonte: desenvolvido pelo autor

Setor Bancário Consolidado - Em Reais mil 31/12/2002 31/06/2002

CIRCULANTE 288.672.243 236.693.187Disponibilidades 16.303.122 12.337.603Aplicações Interfinanceiras de Liquidez 84.258.756 44.562.111Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos 28.746.035 36.825.484Relações Interfinanceiras 44.439.881 29.139.492Relações Interdependências 460.660 483.900Operações de Crédito 72.457.859 71.329.346Operações de Arrendamento Mercantil 79.472 85.778Outros Créditos 40.953.386 41.036.889Outros Valores e Bens 973.072 892.584REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 158.977.953 152.100.990Aplicações Interfinanceiras de Liquidez 1.112.946 812.105Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos 87.178.037 83.010.893Relações Interfinanceiras 270.984 454.089Operações de Crédito 46.166.989 44.199.943Operações de Arrendamento Mercantil 39.440 68.578Outros Créditos 23.633.748 23.079.185Outros Valores e Bens 575.809 476.197PERMANENTE 42.328.723 40.606.040Investimentos 33.759.885 31.620.343Imoblizado de Uso 5.654.829 5.625.478Imobilizado de Arrendamento - -Diferido 2.914.009 3.360.219

T O T A L 489.978.919 429.400.217

CIRCULANTE 336.811.462 299.785.498Depósitos 179.511.295 154.175.800Captações no Mercado Aberto 81.584.800 63.727.027Recursos de Aceites e Emissão de Títulos 7.329.918 7.725.230Relações Interfinanceiras 1.052.929 9.152.560Relações Interdependências 3.503.896 2.516.125Obrigações por Empréstimos 21.254.212 21.733.205Obrigações por Repasses do País - Instituições Oficiais 5.397.700 4.374.765Obrigações por Repasses do Exterior 38.821 624.463Outras Obrigações 37.137.891 35.756.323EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 112.209.195 91.893.426Depósitos 39.222.638 28.703.914Captações no Mercado Aberto 8.470.812 5.533.103Recursos de Emissão de Títulos 2.619.946 3.761.329Obrigações por Empréstimos 14.632.959 12.416.726Obrigações por Repasses do País - Instituições Oficiais 14.562.223 13.124.970Obrigações por Repasses do Exterior 286.618 569.167Outras Obrigações 32.413.999 27.784.217

RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS 166.246 161.823PARTICIPAÇÃO MINORITÁRIA NAS CONTROLADAS - -

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 40.792.016 37.559.470Capital 23.123.440 23.123.440Reservas de Capital 491.436 491.272Reservas de Reavaliação 26.313 38.894Reservas de Lucros 14.902.671 11.977.276Lucros Retidos 2.248.156 1.928.588

T O T A L 489.978.919 429.400.217

A T I V O

P A S S I V O E P A T R I M Ô N I O L Í Q U I D O

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3 ÍNDICES FINANCEIROS PARA O SETOR

O objetivo deste trabalho é estudar a existência de alterações nos padrões de

rentabilidade e na carteira dos bancos devido à implantação do Plano Real. Além

disto pretende-se analisar a evolução do desempenho dos bancos no Plano Real

correlacionando-se com as variáveis exógenas independentes. Uma das maneiras de

se analisar a situação enfrentada por uma empresa é através da análise por meio de

índices financeiros. Esta análise é usada para comparar o desempenho e a situação de

uma empresa com outras empresas ou consigo mesma ao longo do tempo e envolve

métodos de cálculo e interpretação de índices financeiros. Os insumos básicos para a

análise baseada em índices são as demonstrações de resultado e os balanços

patrimoniais da empresa.

Neste trabalho será utilizado o método de análise de série-temporal, que é

aplicada quando se deseja avaliar o desempenho das empresas ao longo do tempo.

Este método será de grande importância para determinar-se a evolução dos

indicadores no período estudado e poder, assim, compará- los com as variáveis

independentes e avaliar a existência ou não de algum relacionamento.

O estudo compreenderá períodos de tempo entre março de 1992 e dezembro

de 2002, o que implica a utilização de balanços e demonstrativos de resultado

trimestrais que cubram todo o período sendo o primeiro referente ao primeiro

trimestre de 1992. A escolha deste período foi feita com o objetivo de, cumprindo-se

o que foi proposto, analisar o comportamento da rentabilidade do setor antes e depois

da implantação do Plano Real, feita no início de julho de 1994, e que reduziu

drasticamente a inflação que era uma fonte de lucro importante para o setor.

Os dados referentes aos balanços e demonstrativos de resultado de cada

empresa em cada período foram obtidos com a utilização do programa Economática.

Este programa é uma ferramenta importante e muito útil para os analistas financeiros

que necessitam analisar as mais variadas empresas, por apresentar dados históricos

sobre as empresas que podem ser rapidamente visualizados.

Como este trabalho visa à análise da lucratividade dos bancos será feita uma

breve descrição dos indicadores mais conhecidos e utilizados neste tipo de análise

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bem como serão apresentados alguns indicadores criados com o objetivo de realizar-

se uma análise mais específica.

Há muitas medidas de lucratividade. Cada uma delas relaciona os retornos da

empresa a suas vendas, a seus ativos, ao seu patrimônio, ou ao valor da ação. Por

serem empresas de serviço os bancos não apresentam dados sobre vendas e, portanto,

alguns destes indicadores não serão utilizados nas análises.

3.1 Indicadores de Lucratividade

Margem Bruta

A margem bruta mede a porcentagem de cada unidade monetária de venda

que restou após a empresa ter pago seus produtos. A margem bruta é calculada da

seguinte forma:

A margem bruta não leva em consideração as despesas com pesquisa e

desenvolvimento, administração de pessoal ou despesas financeiras, mas é bastante

útil na avaliação da relação entre a receita gerada pela empresa e os custos de

produção dos mesmos.

Margem Operacional

A margem operacional mede o que, com freqüência, se denomina lucros

puros obtidos em cada unidade monetária de venda. O lucro operacional é puro no

sentido que ignora quaisquer despesas financeiras ou obrigações governamentais

(juros ou impostos de renda) e considera somente o lucro auferido pela empresa em

suas operações. Este valor é definido pela relação:

( )1vendas

vendidosprodutosdoscustovendasMB

−=

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23

Margem Líquida

A margem líquida mede a porcentagem de cada unidade monetária de venda

que restou, depois da dedução de todas as despesas, inclusive o imposto de renda, e

que efetivamente é convertida em lucro contábil. A margem líquida é calculada

assim:

Taxa de Retorno sobre o Ativo Total

A taxa de retorno sobre o ativo total (ROA – return on assets), que é

freqüentemente chamada de retorno sobre o investimento da empresa, mede a

eficiência global da administração na geração de lucros com seus ativos disponíveis.

É calculada como segue:

Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido

A taxa de retorno sobre o patrimônio líquido (ROE – return on equity) mede

o retorno obtido sobre o investimento (ações preferenciais e ordinárias) dos

proprietários da empresa e é expressa pela relação:

( )4totalativo

líquidolucroROA =

( )5líquidopatrimônio

líquidolucroROE =

( )3vendas

líquidolucroML =

( )2vendas

loperacionalucroMO =

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24

De maneira geral, quanto maior o índice, mais lucratividade a empresa

fornece aos detentores de suas ações. A grande vantagem da utilização do ROE em

análises financeiras é a facilidade com a qual o índice pode ser utilizado em

diferentes setores, conferindo flexibilidade ao mesmo. Maiores ROE indicam não

somente maiores retornos, como também maior percepção de risco em tais retornos.

Lucro por Ação

O lucro por ação da empresa geralmente interessa aos acionistas atuais e

potenciais e aos administradores. Representa o valor auferido sobre cada ação

ordinária emitida. O público investidor acompanha-o atentamente e o considera um

indicador importante do sucesso da empresa. O LPA é calculado como segue:

Preço por Lucro

Um dos indicadores mais comumente utilizados em análises financeiras, o

P/L mede basicamente o retorno líquido adicionado ao valor de uma ação a cada ano.

Sua expressão é:

O índice P/L é função não somente do lucro líquido de uma empresa, mas

também da percepção de risco em investimento no mercado de renda variável, taxa

de juros, retorno esperado por investimento. Quanto maior o índice, mais confiança

no retorno líquido por ação tem o investidor. Por utilizar o lucro líquido como uma

de suas parcelas, diferenças contábeis entre setores ou países dificultam a

comparação deste índice para um determinado período. Ainda assim, a evolução do

P/L ao longo do tempo é de fundamental importância na percepção do risco

associado ao setor.

( )6emitidasordináriasaçõesdenúmeroordináriosacionistasaosdisponívellucro

LPA =

( )7/açãoporlucro

açãoumadepreçoLP =

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25

3.2 Fontes de Lucratividade e Indicadores Adicionais de Lucratividade

dos Bancos

Os indicadores que serão apresentados a seguir visam à realização de uma

análise mais específica da receita obtida por cada uma das principais fontes de

receitas do setor, quando comparada com a quantidade de ativo destinada aquela

atividade. Estas análises visam tornar mais claras as influências das variáveis

independentes visto que são excluídas da análise muitas variáveis que não são

influenciadas diretamente pelas variáveis independentes, tais como, todas as despesas

operacionais dos bancos, que são função muito mais de decisões estratégicas da

diretoria do que das variáveis econômicas.

Os bancos apresentam, basicamente, cinco fontes de receitas as quais

encontram-se discriminadas a seguir:

1- Operações de Crédito

As receitas com operações de crédito advém dos empréstimos de curto ou

longo prazo realizados para as pessoas físicas e jurídicas. O ganho destas operações é

conseguido pela cobrança de uma taxa de juros pelo empréstimo maior que a taxa

paga pela captação dos fundos. Esta diferença entre a taxa de captação e a taxa de

aplicação é chamada de spread bancário. Contudo, este não é um investimento de

risco zero, pois existe sempre o risco de não pagamento do empréstimo por parte do

devedor. Assim os bancos são obrigados a fazerem provisões destas perdas de acordo

com o nível de inadimplência do mercado.

2- Operações com Títulos e Valores Mobiliários

Todo banco possui em seu ativo uma carteira de títulos do governo, sejam

eles de curto prazo ou de longo prazo, que são oferecidos a eles pelo governo que

precisa financiar seus gastos ou suas dívidas. Aplicar em títulos é considerado um

investimento muito seguro, pois os títulos do governo são considerados como sendo

de risco zero. Além disto, no Brasil, devido às altas taxas de juros causadas pela

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vulnerabilidade externa, estes são investimentos muito atrativos, pois pagam elevada

rentabilidade com baixo risco.

3- Operações de Câmbio

Os bancos também possuem em seu ativo uma carteira de câmbio, isto é,

possuem depósitos em moeda estrange ira. O banco precisa desta carteira para

satisfazer necessidades de clientes que, por exemplo, realizarão uma viagem ao

exterior e precisam de moeda estrangeira. Nada impede ainda que os bancos optem

por destinar parte de seu ativo a aplicação em moeda estrangeira para se proteger de

eventuais crises de confiança que gerem a desvalorização da moeda nacional. As

receitas destas operações advém, novamente, da cobrança de taxas de conversão

entre as moedas maiores que as cotações oficiais destas no mercado de câmbio e,

portanto, maiores que as taxas que os bancos se utilizam para trocar moedas com o

Banco Central.

4- Operações com Instrumentos Financeiros Derivativos

Esta carteira nada mais é do que aplicação em instrumentos tais como swaps e

opções que permitam ao banco se proteger de determinadas movimentações dos

mercados tanto de juros como de moeda, ou mesmo tirar vantagem destas

movimentações. No entanto, estas são aplicações de alto risco, pois, do mesmo modo

que o mercado pode mover numa direção favorável a sua posição ele pode mover-se

para a direção inversa e grandes perdas podem ser geradas. De outra maneira a

existência desta carteira é necessária, pois um banco precisa também ser capaz de

atender as necessidade dos clientes que procuram estes tipos de aplicação.

5- Operações Compulsórias

De acordo com o Banco Central, os bancos são obrigados a depositar no

Banco Central uma porcentagem de todo o dinheiro por eles captados, o que é

chamado de depósito compulsório. Esta medida tem como objetivo controlar a

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27

quantidade de moeda em circulação, visto que os bancos conseguem, através do

multiplicador econômico, aumentar significativamente a quantidade de moeda em

circulação.

A receita advinda desta aplicação encontra-se na remuneração paga pelo

Banco Central em cima deste montante de dinheiro. Pode-se dizer que a taxa de juros

utilizada na remuneração deste dinheiro é a taxa básica da economia, isto é, a taxa

Selic.

Sendo assim, a maior parte da receita obtida por um banco está dividida nesta

cinco fontes de receitas, que estão ligadas a cinco formas de alocação do ativo total.

O desafio deste trabalho é tentar encontrar relacionamentos das receitas geradas por

algumas destas fontes de receita com os fatores que, a princípio, justificariam a

escolha por este ou aquele investimento. Por exemplo, uma taxa básica de juros mais

elevada justificaria um maior investimento em títulos públicos e, portanto, uma

maior receita com esta aplicação.

Para analisar as proposições realizadas será necessária a utilização de alguns

indicadores específicos, não presentes na literatura do gênero. Conforme dito

anteriormente, o objetivo do uso destes indicadores é focalizar ativos e receitas

específicas, garantindo-se, assim, que fatores desnecessários as análises sejam

eliminados. Estes indicadores são apresentados a seguir:

Ativo Proporcional da Carteira de Títulos e Valores Mobiliários

Este indicador mede a porcentagem do ativo total aplicado na carteira de

títulos e valores mobiliários (AP de Títulos e VM). Sua expressão é a seguinte:

TotalAtivoVMeTítulosdeCarteiradaAtivo

VMeTítulosdeAP = (8)

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Ativo Proporcional da Carteira de Crédito

Este indicador mede a porcentagem do ativo total aplicado na carteira de

crédito (AP de Crédito). Pode ser expresso assim:

TotalAtivoCréditodeCarteiradaAtivo

CréditodeAP = (9)

Ativo Proporcional da Carteira de Câmbio

Este indicador mede a porcentagem do ativo total aplicado na carteira de

câmbio (AP de Câmbio). É dado pela fórmula:

TotalAtivoCâmbiodeCarteiradaAtivo

CâmbiodeAP = (10)

Rentabilidade sobre o Ativo aplicado em Títulos e Valores Mobiliários

Este indicador mede o retorno obtido sobre o investimento em títulos (ROA

de Títulos). É expresso da seguinte forma:

VMeTítulosemaplicadoTotalAtivoVMeTítuloscomOperaçõesdassultado

TítulosdeROARe

= (11)

Rentabilidade sobre o Ativo aplicado em Operações de Crédito

Este indicador mede o retorno obtido sobre a carteira destinada a operações

de crédito (ROA de Crédito). Pode ser expresso assim:

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29

CréditodeOperaçõesemaplicadoTotalAtivoovisõesCréditodeOperacõesdassultado

CréditodeROAPrRe −

= (12)

Rentabilidade sobre o Ativo aplicado em Operações de Câmbio

Este indicador mede o retorno obtido sobre a carteira destinada à aplicação

em moeda estrangeira (ROA de Câmbio). Pode ser expresso assim:

CâmbiodeOperaçõesemaplicadoTotalAtivoCâmbiodeOperacõesdassultado

CâmbiodeROARe

= (13)

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4 VARIÁVEIS EXPLICATIVAS

Nos testes que serão realizados serão utilizadas algumas variáveis exógenas

explicativas. As variáveis explicativas (ou variáveis independentes) são aquelas que

se supõe descrever analiticamente o comportamento de cada um dos indicadores

econômico-financeiros do setor que serão utilizados para o estudo das hipóteses. As

variáveis a serem incluídas no estudo devem possuir as seguintes características:

• Quantificáveis: em um estudo estatístico, é necessário que as variáveis

explicativas sejam facilmente quantificáveis, de modo a produzir um modelo

sem subjetividades.

• Influência Direta ou Indireta: as variáveis explicativas devem, a princípio,

possuir um relacionamento de influência identificável com o setor.

• Baixa Correlação: variáveis que se correlacionam muito devem ser

eliminadas do estudo, uma vez que suas análises produzem resultados

análogos.

A princípio as variáveis podem ser escolhidas em um universo praticamente

ilimitado, porém um reduzido número de variáveis de influência consegue muitas

vezes alcançar níveis elevados de confiabilidade estatística.

Neste estudo, serão definidas duas categorias de variáveis independentes: as

macroeconômicas e as mercadológicas. As variáveis macroeconômicas caracterizam-

se por uma grande abrangência, ou seja, a princípio poderiam ser utilizadas na

análise de qualquer setor econômico. Algumas destas variáveis estão sob o controle

direto de um órgão governamental, como por exemplo, a taxa de juros, enquanto

outras estão sob o controle indireto (como a taxa de inflação, ou taxa de câmbio em

determinados regimes), e outras, pode-se argumentar, estão bastante alheias ao

controle governamental.

A segunda categoria refere-se ao desempenho do entorno econômico inerente

ao setor, ou seja, a medidas de performance econômica, evolução de ativos e

patrimônio líquido, expectativas de retorno etc.

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Ficam escolhidas como variáveis independentes no modelo histórico as

seguintes variáveis.

4.1 Variáveis Macroeconômicas

Taxa de Câmbio

Por serem empresas de serviço os bancos não sentem a influência da variação

da moeda estrangeira em seus custos, como acontece com empresas que dependem

de matéria-prima importada. No entanto, os bancos podem ter suas receitas bastante

afetadas por estas variações dado que eles possuem ativos que estão atrelados à

variação do dólar e além disto possuem grandes carteiras de investimento em moeda

estrangeira. Portanto, é de grande interesse estudar qual a relação existente entre a

variação do dólar e a rentabilidade dos bancos.

Neste trabalho, a taxa de câmbio utilizada é a PTXA, divulgada diariamente

pelo Banco Central do Brasil, referente à média de todos os negócios realizados com

o dólar comercial. O dólar é uma escolha evidente quando se considera que no Brasil

esta é a única moeda amplamente negociada, e uma referência clássica para os

valores da moeda corrente.

Taxa de Inflação

A taxa de inflação é uma variável acompanhada de perto por todos no Brasil,

pois não somente houve neste país momentos de altíssima inflação, como também a

introdução do Plano Real e posteriormente o sistema de metas de inflação (colocado

em prática a partir de 1999) têm trazido sua importância à mídia.

De acordo com alguns estudos a inflação era, no período anterior ao plano

real, a principal fonte de renda dos bancos que se aproveitavam dos altos spreads e

dos ganhos de floatings, o que torna a inflação uma variável importante a ser

estudada.

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Câmbio e inflação são duas variáveis bastante correlacionadas, uma vez que

existe na economia um mecanismo de repasse de aumentos no câmbio sobre a

inflação. Esta correlação, como será demonstrado não tornará qualquer análise

referente à inflação também válida para o câmbio, pois a inflação pode ter como

fonte causas econômicas estruturais que não estejam atreladas as variações do

câmbio.

Taxa de Juros Nominal

A taxa de juros básica de um país é uma variável fundamental ao desempenho

de qualquer setor da economia, influenciando diretamente no custo de

financiamentos, investimentos, liquidez da economia e consumo. No Brasil, a taxa

básica de juros é a Selic, e representa a meta da remuneração garantida pelo Banco

Central em depósitos de overnight. Quanto menor a taxa Selic, mais atrativos ficam

os investimentos em linhas de crédito, e menores ficam os custos e financiamento de

curto, médio e longo prazo. Esta taxa é nominal e pré-fixada, ou seja, não inclui

remunerações maiores ou menores em função da inflação.

A taxa de juros afeta as principais fontes de rentabilidade dos bancos. Ela

afeta diretamente a rentabilidade dos títulos possuídos em carteira, pois a maioria

destes títulos paga como remuneração a taxa Selic. Para os títulos pós-fixados um

aumento da taxa de juros acarreta um maior retorno e para os pré-fixados significa

uma perda. A mudança na taxas de juros afeta ainda a taxa de juros cobrada pelos

empréstimos consumidores e empresas nos financiamentos, cheque especial e cartão

de crédito que passarão a ser maiores ou menores dependendo do movimento da taxa

de juros.

Neste trabalho, será utilizada a taxa de juros nominal por trimestre, a taxa

Selic. Como a Selic é determinada pelo Comitê de Política Monetária, um analista

pode, através do modelo proposto, dimensionar o risco que uma nova política

monetária possa exercer sobre o setor. Menores taxas de juros tendem aumentar a

liquidez do setor como um todo. Em um ambiente de baixas taxas de juros, as linhas

de crédito para a produção se tornam mais baratas, e o setor pode vir a aceitar

maiores prazos de pagamento para um recebível.

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4.2 Variável Mercadológica

Spread Bancário

Uma das principais fontes de receita de um banco é advinda de sua carteira de

crédito. Os empréstimos podem ser considerados o principal produto de um banco e

pode-se dizer que, como em qualquer produto, a receita obtida com eles advém da

diferença entre o preço pelo que ele é vendido e do custo desembolsado para adquiri-

lo. Como no caso dos empréstimos este produto é o dinheiro, a diferença entre o

custo de captação e a taxa de juros cobrada pelos empréstimos é o chamado spread

bancário, e é dependendo do valor deste spread que as operações de crédito serão

menos ou mais vantajosas para os bancos.

No entanto, não se pode deixar de considerar o risco envolvido nestas

operações visto que ao se emprestar dinheiro corre-se o risco de o devedor não ser

capaz de saldá- lo posteriormente o que traria prejuízos presentes que, muitas vezes,

demoram anos e anos para serem compensados após longos processos judiciais. A

taxa de inadimplência tende a ser maior quanto maior for o spread bancário, pois

maior será a taxa de juros final cobrada dos clientes pelos empréstimos e uma maior

quantidade deles não terá condições de honrar o empréstimo o que impacta

diretamente na rentabilidade desta carteira.

Além da taxa de inadimplência, um outro fator que pode influenciar o spread

bancário é o volume de crédito sendo demandado em cada período. Os bancos

podem, em períodos com muita demanda aumentar o spread bancário, o que

aumentaria a taxa de juros cobrada pelo empréstimo, e mesmo assim conseguir

pessoas interessadas em obter financiamento. Da mesma forma os bancos podem se

ver obrigados a baixar o spread para tornar os empréstimos mais atrativos em

períodos de baixa procura por crédito.

Outro fator relacionado ao spread bancário é a taxa nominal de juros da

economia que é um dos custos de captação dos bancos. Os bancos podem, a uma

queda do custo de captação, não reduzir a taxa cobrada dos clientes o que afetaria

diretamente a rentabilidade da carteira.

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O spread bancário é divulgado mensalmente pelo Banco Central que

consolida as informações fornecidas por cada banco chegando a um spread bancário

geral para o setor.

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5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise estatística que será realizada neste trabalho possui duas partes

bastante distintas. No estudo da primeira e da segunda hipótese a comparação entre o

comportamento da rentabilidade bancária antes e depois do Plano Real será realizada

através de um teste de hipóteses da diferença entre médias. Já para as demais

hipóteses, a aferição do relacionamento entre uma variável explicativa e um

indicador, com o objetivo de comprovar-se ou não a hipótese realizada, será feito

através de uma análise de influência de determinada variável sobre os indicadores,

realizada através de análises de regressão e do estudo do relacionamento em todo o

período, através de uma análise de correlação período a período.

Através do teste de hipóteses para diferenças entre médias de dois períodos

diferentes pode-se determinar se duas médias podem ser consideradas diferentes

entre si, podendo-se assim obter-se a validação de determinadas hipóteses.

Através da análise de regressão, uma equação linear que relaciona duas ou

mais variáveis é definida. Através desta equação, é possível se determinar o grau de

influência de uma variável dependente sobre uma variável independente. Esta análise

é realizada através dos coeficientes da regressão, que no caso de uma regressão

simples pode ser descrita como o coeficiente angular da reta de regressão.

A análise de correlação propicia ao analista a aferição do grau de

relacionamento entre duas ou mais variáveis, indicando se este relacionamento existe

ou não. Está análise é útil quando se confirma ou se refuta uma hipótese inicial: se a

princípio se supõe que determinada variável possui significativo relacionamento com

um indicador, mas a análise de correlação indica o contrário, uma nova conclusão é

tirada. Além disso, muitas vezes descobre-se variáveis estreitamente relacionadas

com certo indicador, mesmo que a princípio não se supunha tal relacionamento.

É importante ressaltar que a análise de correlação indica única e

exclusivamente se existe ou não relacionamento entre uma ou mais variáveis

independentes e uma variável dependente, além do sentido deste relacionamento

(direta ou indiretamente proporcional). A intensidade deste relacionamento, ou seja,

o grau de proporcionalidade do relacionamento só é analisado quando se estuda o

coeficiente angular da reta de regressão, explicado anteriormente.

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Qualquer análise estatística está sujeita a erros aleatórios, tornando necessária

a utilização de técnicas de inferência sobre os coeficientes de correlação e os

coeficientes de regressão. Esta inferência é realizada com uma margem de erro

controlada (usualmente em 95% de confiabilidade), mas que torna possível a

comparação e resultados obtidos através de outras regressões, além de possibilitar a

aceitação ou não de hipóteses prévias.

A seguir, são detalhadas todas as ferramentas estatísticas utilizadas que serão

utilizadas para o estudo das hipóteses propostas:

5.1 Medidas de Localização e Variação de uma População

Média

A média de n números é a sua soma dividida por n.

Desvio-Padrão Amostral

O desvio-padrão é amostral é a medida de variação mais útil e mais

largamente utilizada. O desvio-padrão é calculado tomando-se a media dos

quadrados dos desvios a contar da media e, em seguida, a raiz quadrada do resultado.

É expresso pela fórmula:

Desvio-Padrão Populacional

)14(n

xx ∑=

( ))15(

1

2

−= ∑

n

xxs

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A fórmula acima se aplica a amostras, mas, substituindo x-barra por µ e n por

N obtém-se fórmula análoga para o desvio-padrão de uma população, denotado por

σ. Escreve-se, pois:

5.2 Estimativa de Médias

Levando em conta que, para grandes amostras aleatórias de populações

infinitas, a distribuição amostral da media é aproximadamente normal com:

Tem-se que, há uma probabilidade 1- α de a média de uma grande amostra aleatória

de uma população infinita diferir da média populacional por no máximo:

Este é o erro máximo da estimativa. Este resultado é aplicado se n é grande, n maior

ou igual a 30, e a população é infinita (ou suficientemente grande para não ser

preciso aplicar o fator de correção para população infinita). Os dois fatores mais

comumente (embora não necessariamente) usados para 1 – α são 0,95 e 0,99. De

posse do erro máximo da estimativa pode-se definir o intervalo de confiança da

média para grandes amostras pela expressão abaixo:

Até agora foi admitido que as amostras fossem suficientemente grandes, n maior ou

igual a 30, para poder-se aproximar a distribuição da média por uma distribuição

)17(n

exx

σσµµ ==

)18(2/ nz

σα ⋅

)19(2/2/n

zxn

zxσ

µσ

αα ⋅+<<⋅−

( ))16(

2

N

x∑ −=

µσ

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normal e, quando necessário, substituir σ por s. Para estabelecer métodos

correspondentes que se apliquem a pequenas amostras, é necessário supor que as

populações das quais se está extraindo amostras tenham aproximadamente a forma

de distribuições normais. Sendo assim, tem-se que, há uma probabilidade 1- α de a

média de uma pequena amostra aleatória de uma população normal diferir da média

populacional por no máximo:

Pode-se, também, de posse do erro máximo da média para pequenas

amostras, definir o intervalo de confiança para a média como sendo:

E afirmar que, com 1- α de probabilidade, ele será satisfeito para qualquer

amostra dada.

5.3 Teste de Hipóteses

Diferença entre Médias

Há muitos problemas em que se precisa decidir se uma diferença observada

entre duas médias amostrais pode ser atribuída à chance. O método que será utilizado

para testar se uma diferença observada entre duas médias amostrais pode ser

atribuída a chance, ou se é estatisticamente significativa, baseia-se na seguinte teoria:

Se x1 e x2 são as médias de duas amostras aleatórias independentes, então a média e o

desvio padrão da distribuição amostral da estatística x1 - x2 são:

)20(2/ ns

t ⋅α

)21(2/2/n

stx

n

stx ⋅+<<⋅− αα µ

)22(2

22

1

21

21 2121 nne

xxxx

σσσµµµ +=−=

−−

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onde µ1, µ2, σ1, σ2, são as médias e os desvios-padrão das duas populações que

geraram as amostras. É costume chamar o desvio-padrão desta distribuição amostral

de erro-padrão da diferença entre duas médias.

Então se os testes são limitados a grandes amostras, n1 > 30 e n2 > 30, pode-se

basear os testes da hipótese nula:

µ1 - µ2 = δ (23)

na estatística:

que é um valor de uma variável aleatória com distribuição aproximadamente normal

padronizada. Esta fórmula para z foi obtida fazendo a transformação para unidades

padronizadas, ou seja, subtraindo-se de x1barra e x2barra a média de sua distribuição

amostral (que, sob a hipótese nula, é µ1 - µ2 = δ) e dividindo-se o resultado pelo

desvio-padrão de sua distribuição amostral.

Conforme a hipótese alternativa seja

os critérios para testar a hipótese nula µ1 - µ2 = δ são os seguintes

Tabela I: Critérios para testar a hipótese nula em um teste de diferença entre duas médias

( ))24(

2

22

1

21

21

nn

xxz

σσ

δ

+

−−=

)25(,, 212121 δµµδµµδµµ ≠−>−<− ou

2/2/2/2/21

21

21

Re

αααα

αα

αα

δµµδµµδµµ

zzzzzouzzzzzz

zzzzsenulahipótese

aAceitar

senulahipótese

ajeitar

aalternativ

Hipótese

<<−≥−≤≠−<≥>−

−>−≤<−

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40

Novamente os testes acima são utilizados para grandes amostras. Para pequenas

amostras os testes podem ser baseados em uma estatística t apropriada. Para este tipo

de teste, que é usado quando n1 < 30 ou n2 < 30 deve-se admitir que as duas

amostras sejam aleatórias independentes extraídas de populações que tenham

aproximadamente a forma de distribuições normais, com o mesmo desvio padrão.

Então, a hipótese nula pode ser baseada na estatística:

( ) ( )

+∗

−+−+−

−−=

2121

222

211

21

112

11nnnn

snsn

xxt

δ (26)

que é um valor de um variável aleatória que tem distribuição t com n1 + n2 – 2 graus

de liberdade.

Os critérios para o teste t de duas amostras são análogos aos apresentados

anteriormente para o teste z. Agora as curvas representam distribuições t, e não

distribuições normais, e z, za e za/2 são substituídos por t, ta e ta/2 .

5.4 Análise de Correlação

Coeficiente r de Pearson

O objetivo da análise correlacional é a identificação de um co-relacionamento

entre duas ou mais variáveis, indicando até que ponto estas variáveis estão

relacionadas. A forma mais comum de se expressar analiticamente o grau de

relacionamento entre duas variáveis é através do coeficiente r de Pearson, ou

simplesmente o coeficiente de correlação.

Para que seja possível utilizar técnicas descritas neste item, é necessário que

duas condições sejam atendidas:

1- Tanto a variável dependente quanto a independente (usualmente

denominadas y e x, respectivamente) são variáveis aleatórias contínuas.

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41

2- A distribuição de freqüência contínua (isto é, a distribuição de valores

pares x, y) é normal. Esta é chamada uma distribuição normal bivariada.

No caso deste trabalho, é razoável se supor que as variáveis aleatórias

utilizadas são contínuas e que sua distribuição combinada seja uma normal bivariada.

O coeficiente de correlação tem duas propriedades que caracterizam a

natureza da relação entre duas variáveis. Uma delas é o sinal do coeficiente (+ ou -),

e a outra é seu módulo. O sinal do coeficiente angular está relacionado com o

coeficiente angular da reta de regressão, e indica a direção do relacionamento: se o

sinal de r é positivo, uma relação de direta-proporcionalidade é estabelecida.

Analogamente, se o sinal de r é negativo, as variáveis são inversamente relacionadas.

A magnitude do coeficiente de Pearson indica quão “próximo” da reta de

regressão estão os pontos da amostra. O valor de r está confinado ao intervalo (-1,0

+1,0), e valores muito próximos de –1 ou 1 indicam que pontos individuais estão

muito próximos da reta de regressão, enquanto os valores próximos de 0 indicam

uma propensão maior à dispersão (logo, um abaixo relacionamento). Mais

precisamente, pode-se definir as características de r como:

1- O valor do coeficiente de correlação varia de –1,0 a +1,0

2- Um relacionamento positivo, ou diretamente proporcional implica um

coeficiente de correlação positivo. Analogamente, relacionamentos negativos

(inversamente proporcionais) implicam coeficiente negativo.

3- O sinal de r é sempre igual ao sinal de coeficiente angular da reta de

regressão (definida nas seções seguintes)

Mais uma vez, é importante ressaltar que a medida r indica apenas até que

ponto as variáveis estão relacionadas e a direção deste relacionamento. A

intensidade da influência de uma variável independente sobre uma variável

dependente só é alcançada através do estudo de regressão, apresentado a seguir. O

cálculo do coeficiente r de Pearson é calculado de acordo com a expressão a seguir:

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Onde: x é a variável aleatória independente

y é variável aleatória dependente

n é o tamanho da amostra

O coeficiente de Pearson é facilmente calculado por métodos computacionais.

Softwares estatísticos apropriados não somente calculam o valor de r para uma dada

combinação de variáveis aleatórias como também disponibilizam os intervalos de

confiança necessários à inferência estatística.

Uma medida bastante útil associada ao coeficiente de correlação é o quadrado

do coeficiente de Pearson, também chamado coeficiente de determinação, ou r2. Esta

medida dá a porcentagem da variação numa variável que é explicada pela reta de

regressão. Por ser um quadrado, o r2 não indica por si só a direção da correlação.

O coeficiente r2 dá a percentagem da dispersão estatística que é explicada

pela reta de regressão. O restante da variação, também chamado resíduos, são

explicados por outras variáveis. Quando um valor baixo de r2 é encontrado, pode-se

supor que a variável independente escolhida para a regressão possui pouco

relacionamento com a variável dependente, e pode-se optar por escolher uma

segunda variável independente, ou adicionar mais variáveis ao modelo de regressão

(tornando-o um modelo de regressão múltipla).

Neste trabalho, será utilizada a estatística r para a aferição do grau de

relacionamento entre duas variáveis, pois como é sugerido por alguns autores, a

inferência estatística neste coeficiente é mais apropriada do a inferência em r2.

A análise de correlação será utilizada de maneira auxiliar com o objetivo de

estudar-se o comportamento do coeficiente de correlação período a período.

( ) ( ) ( ) ( ))27(

2222 ∑∑∑∑∑ ∑ ∑

−∗−

−=

yynxxn

yxxynr

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43

5.5 Análise de Regressão

A análise de correlação pretende definir se existe um relacionamento entre

duas variáveis, porém a intensidade deste relacionamento só é analisada através de

técnicas de regressão. Uma regressão linear simples produz o equacionamento

analítico do relacionamento entre uma variável dependente (y) e uma variável

independente (x). Este equacionamento é realizado através do método dos mínimos

quadrados, e seu resultado são os coeficientes de regressão.

Para que seja possível utilizar a técnica de regressão linear, algumas premissas

devem ser seguidas:

1- Existem dados de mensurações tanto para x quanto para y.

2- A variável dependente é aleatória.

3- Para cada valor de x, há uma distribuição condicional de y´s que é

normalmente distribuída.

4- Os desvios padrão de todas as distribuições condicionais são iguais

(homoscedasticidades)

Na regressão, os valores de y (variáveis dependentes) são preditos como base

em valores dados ou conhecidos de x (variável independente). É importante notar

que mais variáveis independentes podem exercer influência na variação da variável

dependente. A análise de correlação, juntamente das técnicas de inferência em

coeficientes de correlação permitem dizer satisfatoriamente se uma única variável

pode descrever a variação satisfatoriamente.

O método dos mínimos quadrados produz uma equação que descreve uma

reta, que tem duas características importantes:

1- a soma dos desvios verticais dos pontos em relação à reta é zero

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2- a soma dos quadrados desses desvios é mínima, ou seja, nenhuma outra

reta produziria menor soma de quadrados.

Simbolicamente, o valor minimizado em uma análise de regressão é:

( )∑ − 2ci yy (28)

Onde:

yi é um valor observado em y;

yc é o valor calculado de y utilizando-se a equação de mínimos quadrados (em

outras palavras, é o valor predito de y para dado valor variável independente de x);

Resolvendo algebricamente os mínimos quadrados para a variável

dependente, chega-se aos coeficientes da reta de regressão. Costuma-se utilizar a

notação “a” para o parâmetro independente e “b” para o coeficiente angular da reta

de regressão. Os coeficientes “a” e “b” são descritos pelas seguintes relações:

n

xbya ∑ ∑−

= (29)

( )( ) ( )22 ∑∑

∑ ∑∑−

−=

xxn

yxxynb (30)

Enquanto que o parâmetro “a” é importante quando deseja predizer um valor

y, no modelo proposto por este trabalho o coeficiente angular da reta é mais

apropriado, por determinar a intensidade do relacionamento. O que se busca no

modelo financeiro temporal é exatamente a definição das variáveis que mais

influenciam o setor, para o bem ou para o mal. A análise combinada do coeficiente

de correlação com o coeficiente angular da reta de regressão permite tirar estas

conclusões.

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O sinal do coeficiente angular da reta de regressão indica, analogamente ao

sinal do coeficiente de correlação, a direção da proporcionalidade entre as variáveis

do problema. A vantagem em se utilizar o valor de “b”, porém, advém de sua

intensidade, que indica a força do relacionamento.

Assim como o coeficiente de correlação, o coeficiente angular da reta de

regressão está sujeito a erros que surgem aleatoriamente em qualquer processo de

amostragem. Desta maneira, torna-se necessário utilizar uma técnica de inferência

estatística para se lidar com estes erros.

Uma medida associada ao erro da estimativa de y é o desvio padrão das

estimativas em relação à reta de regressão. Esta medida, chamada de Se também é

uma medida do grau de dispersão em que se encontram os pontos da amostra. O

valor de Se pode ser calculado pela seguinte expressão:

2

2

−−=

∑ ∑ ∑n

xybyaySe (31)

Esta medida é útil nas análises de inferência sobre o coeficiente da reta de

regressão, como será mostrado a seguir.

Inferência Estatística no coeficiente Angular da Reta de Regressão

Mesmo quando há pouco ou nenhum relacionamento entre as variáveis numa

população, é ainda possível obter valores amostrais que façam as variáveis

parecerem relacionadas. Assim, é importante utilizar ferramentas que mensuram o

erro incumbido em qualquer estimativa estatística, de modo a se aceitar conclusões

com erros controlados.

A literatura estatística propõe a utilização de teste de hipóteses para a tomada

de decisões em estatística, Porém, como é sugerido por STEVENSON (1979), a

definição de um intervalo de confiança para o coeficiente angular da reta define

todos os valores possíveis para este coeficiente dado um determinado nível de

confiança, sem ser necessário se elaborar um teste de hipóteses para cada caso.

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A distribuição de probabilidade dos valores amostrais de “b” segue a curva t

de STUDENT, com n-2 graus de liberdade. O desvio-padrão da distribuição amostral

do coeficiente angular da reta de regressão é calculado a partir da equação:

( )

∑ ∑

=

n

xx

SS eb 2

2

1 (32)

O intervalo de confiança para o estimador “b” da reta de regressão é dado

pela equação:

bb tsbBtsb +≤≤− (33)

Analogamente à inferência estatística do coeficiente de correlação, o nível de

confiança no intervalo é decisão do analista, e será adotado como 95% para o modelo

apresentado neste relatório.

Na realidade, o intervalo de confiança para o coeficiente angular atende uma

finalidade dupla: ao mesmo tempo em que indica o provável valor de B (coeficiente

angular da população), também pode ser usado para testar a significância de

coeficiente amostral. Assim, se o intervalo de confiança para o coeficiente angular

inclui o zero, não será possível rejeitar a hipótese de nulidade do coeficiente angular

da população, que implicaria a inexistência de força de relacionamento.

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47

6 ANÁLISE DAS HIPÓTESES

Nesta seção será realizada a análise das hipóteses anteriormente apresentadas.

As hipóteses serão descritas e explicadas de maneira a compreender-se a sua

relevância, além de deixar claro qual o resultado que se espera encontrar. Os testes

estatísticos bem como todos os indicadores financeiros e variáveis explicativas

utilizados para testar-se cada uma das hipóteses já foram apresentados e descritos nas

seções anteriores. Todos os testes estatísticos realizados foram desenvolvidos com o

auxílio do Microsoft Excel.

Assim sendo, a seguir encontra-se a análise de cada uma das hipóteses:

6.1 A Rentabilidade dos Bancos se reduziria com a Implantação do

Plano Real.

Uma afirmação muito defendida por economistas em geral é de que os ganhos

bancários conseguidos antes da implantação do Plano Real eram devidos às receitas

de floating e inflacionárias. De acordo com Fontana (2001) antes da estabilização da

moeda os bancos dependiam excessivamente dos ganhos inflacionários e após a

estabilização da economia, com a perda expressiva da receita inflacionária, os bancos

deveriam se ajustar a níveis internacionais, com rentabilidades menores. Seguindo

esta afirmação pode-se inferir que a inflação era uma variável que exercia elevada

influência nos lucros dos bancos.

Para comprovar estas afirmações será realizada uma análise dos indicadores

de lucratividade do setor antes e depois do Plano Real com a aplicação de

ferramentas estatísticas que auxiliem e validem a obtenção dos resultados.

Primeiramente, para se analisar se houveram mudanças no padrão de

rentabilidade, serão calculadas as rentabilidades sobre o ativo (ROA) e a

rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE) para os períodos compreendidos

entre janeiro de 1992 e dezembro de 2002. Será, então, calculada a média dos

indicadores para o período anterior e a implantação do Plano Real, ou seja, até junho

de 1994, e para o período posterior a esta data, realizando-se um teste de hipóteses da

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48

diferença entre as duas médias com o objetivo de confirmar-se ou não que a média

do período posterior ao Plano Real é menor que a média encontrada para o período

anterior a junho de 1994.

Após este teste de hipóteses, deseja-se analisar a influência da inflação na

rentabilidade. Conforme dito anteriormente pode-se inferir que era grande a

influência da inflação na rentabilidade do setor antes do Plano Real. Se isto é

verdade, deve haver uma equação que explique o comportamento entre a inflação e a

rentabilidade e pode-se supor que este relacionamento seja linear, isto é, quanto

maior a inflação maior a rentabilidade. Para verificar este relacionamento será

realizada uma análise de regressão entre a inflação e a rentabilidade para o período

anterior ao Plano Real.

Teste de Hipóteses

Será agora apresentado o teste de hipóteses que foi desenvolvido com o

auxílio do Excel.

Os indicadores utilizados nestes testes, ROE e ROA, foram calculados

utilizando-se os dados consolidados do setor conforme explicado anteriormente e as

fórmulas já apresentadas nas seções anteriores.

Evolução do Retorno sobre o Ativo

Para os períodos em estudo, isto é, antes e depois do Plano Real, separados,

no gráfico, pela linha pontilhada, os resultados encontrados foram os seguintes:

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49

Evolução do ROA antes e depois do Plano Real

0.000%

0.500%

1.000%

1.500%

2.000%

2.500%

Mar

-92

Mar

-93

Mar

-94

Mar

-95

Mar

-96

Mar

-97

Mar

-98

Mar

-99

Mar

-00

Mar

-01

Mar

-02

Figura 7: Evolução da Rentabilidade sobre o Ativo (ROA)

Antes do Plano Real os dados apresentam uma média de 0,8055% e um

desvio padrão de 0,1849%.

Foram calculados, também, a média e o desvio padrão para o período

posterior a implantação do Plano Real, cujos resultados são, respectivamente,

1,5358% e 0,4694%.

É assim realizado o teste de hipótese para diferença entre médias para testar

se, de acordo com a hipótese inicial, a média da rentabilidade antes do Plano Real

(µ1) é maior que a média da rentabilidade após a implantação do Plano (µ2). Assim,

aplicando-se os conceitos descritos anteriormente e supondo-se iguais os desvios

padrões dos dois períodos, têm-se que:

Com 5% de significância, rejeitar-se-á a hipótese inicial se tcalc maior ou igual

a 1,684.

Utilizando-se a equação 26 obtém-se:

tcalc = -13,2846

0:0:

211

210

>−=−

µµµµ

HH

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50

Pode-se perceber que a hipótese inicial de que a rentabilidade diminuir-se- ia

com a implantação do Plano Real não deve ser aceita, pois, com 5% de significância,

tcalc é menor que 1,684.

Evolução do Retorno sobre o Patrimônio Líquido

Será realizado agora o mesmo conjunto de testes utilizando-se como

indicador o retorno sobre o Patrimônio Líquido para analisar se existe equivalência

de comportamento.

Para os períodos em estudo, isto é, antes e depois do Plano Real, separados,

no gráfico, pela linha pontilhada, os resultados encontrados foram os seguintes:

Evolução do ROE antes e depois do Plano Real

0.000%

5.000%

10.000%

15.000%

20.000%

25.000%

30.000%

Mar

-92

Mar

-93

Mar

-94

Mar

-95

Mar

-96

Mar

-97

Mar

-98

Mar

-99

Mar

-00

Mar

-01

Mar

-02

Figura 8: Evolução da Rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido (ROE)

No período anterior ao Plano Real o indicador apresenta uma média de

6,7427% e um desvio padrão de 1,6416%.

Após o Plano Real, os dados apresentam uma média de 15,8146% e um

desvio padrão de 5,5244%.

Do mesmo modo do que feito para o ROA é realizado o teste de hipótese para

diferença entre médias para testar se, de acordo com a hipótese inicial, a média da

rentabilidade sobre o patrimônio líquido antes do Plano Real (µ1) é maior que a

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51

média da rentabilidade após a implantação do Plano (µ2). Assim, aplicando-se os

conceitos descritos anteriormente e supondo-se iguais os desvios padrões dos dois

períodos, têm-se que:

Com 5% de significância, rejeitar-se-á a hipótese inicial se tcalc maior ou igual

a 1,684.

Utilizando-se a equação 26 obtém-se:

tcalc = -14,1463

Da mesma forma que para o ROA, pode-se perceber que a hipótese inicial de

que a rentabilidade diminuir-se-ia com a implantação do Plano Real não deve ser

aceita, pois, com 5% de significância, tcalc é menor que 1,684.

Após estas duas análises pode-se refutar a hipótese inicial de que a

rentabilidade bancária após o Plano Real diminuir-se-ia devido ao desaparecimento

da receita inflacionária. Com os dados utilizados pode-se dizer que o que ocorreu,

pelo contrário, foi um aumento da rentabilidade que pode ser explicado por um alto

grau de adaptação as mudanças nas condições macroeconômicas que fizeram com

que os bancos trocassem a receita inflacionária pelas receitas de prestação de

serviços, aumento nas operações de crédito e, também, ganhos com títulos e valores

mobiliários. A evolução e a influência destas fontes de receitas na rentabilidade dos

bancos será posteriormente estudada de modo a verificar se houve realmente

mudança significativa da participação destes ativos na carteira dos bancos.

Estudo do relacionamento entre a inflação e a rentabilidade

Conforme dito anteriormente, visto que antes do Plano Real as receitas

inflacionárias eram consideradas a principal fonte de receita dos bancos, pode-se

inferir que a inflação era uma variável fundamental na rentabilidade e que deveria

0:0:

211

210

>−=−

µµµµ

HH

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existir um relacionamento diretamente proporcional entre a rentabilidade e a taxa de

inflação.

Para comprovar-se ou não esta hipótese será realizada uma análise de

regressão entre os indicadores de lucratividade do setor e a taxa de inflação para o

período anterior ao Plano Real.

Por terem comportamentos parecidos foi utilizado somente um dos

indicadores de rentabilidade utilizados na análise anterior (ROA) e, portanto, este já

está calculado.

Os dados de inflação que serão utilizados cobrem o período de março de 1992

até junho de 1994 e o índice de inflação utilizado é o Índice de Preços ao

Consumidor (IPC) calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

(FIPE). Os dados de rentabilidade utilizados nos cálculos dos indicadores de

rentabilidade são anualizados, isto é, para um dado referente, por exemplo, a março

de 1992 o lucro líquido utilizado para o cálculo compreende o período de março de

1991 a março de 1992. Assim sendo, os dados de inflação para os períodos

analisados também são anualizados, ou seja, a inflação utilizada no ponto março de

1992 também foi encontrada observando-se a inflação entre março de 1991 e março

de 1992 de modo a se comparar dados referentes a um mesmo período.

A seguir encontra-se o gráfico com os valores da inflação para os períodos

acima citados:

Figura 9: Evolução da Inflação antes do Plano Real

Evolução da inflação antes do Plano Real

0,0%1000,0%2000,0%3000,0%4000,0%5000,0%6000,0%7000,0%8000,0%

mar

/92

mai

/92

jul/9

2

set/9

2

nov/

92

jan/

93

mar

/93

mai

/93

jul/9

3

set/9

3

nov/

93

jan/

94

mar

/94

mai

/94

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A análise de regressão será feita com 5% de significância e, portanto, será

considerada a existência de relacionamento se “F de significação” menor que 0,05.

Fazendo-se a análise de regressão entre a inflação e a Rentabilidade sobre o Ativo

encontrou-se os seguintes resultados:

ANOVAgl SQ MQ F F de significação

Regressão 1 7.25954456 7.2595446 0.018144 0.896175295Resíduo 8 3200.77462 400.09683Total 9 3208.03416

Figura 10: Relacionamento entre a Inflação e a ROA

Como o valor do “F de significação” encontrado foi 0,8962, maior que 0,05

portanto, pode-se dizer que a existência de relacionamento significativo entre a

inflação e a rentabilidade dos bancos antes do Plano Real não foi estatisticamente

comprovada.

No entanto, isto não quer dizer que não exista relacionamento entre a inflação

e a rentabilidade. Este relacionamento não foi encontrado com os dados analisados, o

que indica que outros fatores podem ter exercido influência sobre a rentabilidade

bancária antes do Plano Real. Pode-se supor ainda que a existência de inflação por si

só já era um fator favorável à operação do setor, não importando a magnitude desta.

Variável X Plotagem de ajuste de linha

0%

1000%

2000%

3000%

4000%

5000%

6000%

7000%

8000%

0,4% 0,5% 0,6% 0,7% 0,8% 0,9% 1,0% 1,1% 1,2%

ROA

Infla

ção

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54

6.2 A Implantação do Plano Real trouxe Alterações das Fontes de

Receitas.

Com a implantação do Plano Real, uma das formas do setor bancário adaptar-

se a nova conjuntura econômica seria alterando-se a composição de seus ativos, e

conseqüentemente a composição das receitas, visando compensar a perda da receita

inflacionária. Os bancos passariam, por exemplo, a aplicar mais em operações de

títulos e valores mobiliários ou expandiriam suas operações de crédito. Segundo

Fontana (2001) após o Plano Real, houve aumento nas operações de crédito e,

também, das operações com títulos e valores mobiliários.

Esta proposição poderá ser comprovada se encontrada alteração significativa

na composição dos ativos dos bancos quanto haja vista uma grande mudança do

cenário econômico causada pela implantação do Plano Real. Isto será feito através da

comparação, através do tempo, de indicadores percentuais destes ativos em relação

ao ativo total.

O estudo inicia-se com a análise da evolução da composição de alguns ativos

dos bancos responsáveis pela geração de grande parte da receita de intermediação

financeira. Como já foi dito anteriormente os bancos apresentam cinco fontes

principais de receitas, qual sejam, receita com operações de crédito, receita com

operações com títulos e valores mobiliários, receita com operações de câmbio,

receita com operações com instrumentos financeiros derivativos e receita com

operações compulsórias. Com o objetivo de comprovar o afirmado no primeiro

parágrafo será estudada a evolução de três componentes do ativo responsáveis por

três das cinco fontes de receita. Estudar-se-á a evolução da carteira de crédito, da

carteira de títulos e valores mobiliários e da carteira de câmbio, responsáveis

respectivamente, como já é de se supor, pelas receitas com operações de crédito,

receitas com operações com títulos e valores mobiliários e pelas receitas com

operações de câmbio.

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Carteira de Crédito

Avaliar-se-á agora a existência de variação significativa da carteira de crédito

proporcionalmente ao ativo total. Para isto será calculado o Ativo Proporcional da

Carteira de Crédito, indicador previamente apresentado, para o período entre março

de 1992 e dezembro de 2002 e realizar-se-á um teste de hipóteses da diferença entre

médias para avaliar se existe diferença significativa entre a média deste indicador

antes e depois do Plano Real.

A evolução do indicador Ativo Proporcional da Carteira de Crédito é

mostrada graficamente a seguir, com a linha pontilhada mostrando a data da

implantação do Plano Real:

Evolução do Ativo Proporcional da Carteira de Crédito

0.0%

10.0%

20.0%

30.0%

40.0%

50.0%

Mar

-92

Mar

-93

Mar

-94

Mar

-95

Mar

-96

Mar

-97

Mar

-98

Mar

-99

Mar

-00

Mar

-01

Mar

-02

Figura 11: Evolução do Ativo Proporcional da Carteira Crédito

Percebe-se pelo gráfico que, realmente, logo após a implantação do Real,

houve um aumento significativo da carteira de crédito sobre o ativo total passando de

pouco mais de 30% para quase 45% do ativo total, conforme era esperado seguindo-

se a tese proposta inicialmente. No entanto, percebe-se também que esta tendência

não permaneceu por muito tempo com o indicador diminuindo gradativamente até

voltar aos padrões anteriores ao Plano Real em meados de 1997, e cair ainda mais

com o passar dos anos estabilizando-se em torno dos 25%. Este comportamento

contraria o que se esperava inicialmente, mas ainda não é possível dizer que existe

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56

diferença significativa entre as médias deste indicador antes e depois do Plano Real,

o que somente poderá ser comprovado após a aplicação de um teste de hipóteses da

diferença entre médias.

Para os dez trimestres anteriores ao Plano Real o Ativo Proporcional da

Carteira de Crédito apresenta uma média de 31,6801% e um desvio padrão de

1,8109%.

Já para os 34 trimestres do período posterior ao Plano a média e o desvio

padrão encontrados foram, respectivamente, 28,6946% e 6,7916%.

É assim realizado o teste de hipótese para diferença entre médias para testar

se, de acordo com a hipótese inicial, a média do Ativo Proporcional da Carteira de

Crédito antes do Plano Real (µ1) é menor que a média deste mesmo indicador após a

implantação do Plano (µ2). Assim, aplicando-se os conceitos descritos anteriormente

e supondo-se iguais os desvios padrões dos dois períodos, têm-se que:

Com 5% de significância, rejeitar-se-á a hipótese inicial se tcalc menor ou

igual a -1,684.

Utilizando-se a equação 26 obtém-se:

tcalc = 3,7955

Pelo teste, como tcalc é maior que -1,684, não se pode rejeitar a hipótese

inicial de que o Ativo Proporcional da Carteira de Crédito teria aumentado após a

implantação do Plano Real o que vai contra a proposição inicial que dizia que os

bancos expandiriam a carteira de crédito após a implantação do Plano Real. Isto,

conforme já foi dito, ocorreu apenas no primeiro ano depois do Real revertendo-se

nos anos seguintes. Uma das explicações para este fenômeno é que os bancos

expandiram suas operações de crédito sem critério o que gerou uma inadimplência

muito alta e grandes perdas para o setor. Isto os levou, posteriormente, a rever esta

estratégica e a diminuir o oferecimento de crédito. Uma outra explicação pode ter

0:0:

211

210

<−=−

µµµµ

HH

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57

sido o uso deste capital, antes destinado ao crédito, para o investimento em alguma

alternativa de investimento mais rentável.

Carteira de Títulos e Valores Mobiliários

Análise similar será feita com o Ativo Proporcional da Carteira de Títulos e

Valores Mobiliários para verificar a existência de alteração significativa da carteira

de títulos e valores mobiliários. A evolução do indicador desde março de 1992 até

dezembro de 2002 encontra-se abaixo, onde a implantação do Plano Real é

representada pela linha pontilhada:

Evolução do Ativo Proporcional da Carteira de Títulos e VM

0.0%5.0%

10.0%15.0%20.0%25.0%30.0%35.0%

Mar

-92

Mar

-93

Mar

-94

Mar

-95

Mar

-96

Mar

-97

Mar

-98

Mar

-99

Mar

-00

Mar

-01

Mar

-02

Figura 12: Evolução do Ativo Proporcional da Carteira de Títulos e Valores Mobiliários

Pelo gráfico percebe-se uma tendência crescente da participação da carteira

de títulos sobre o ativo total que passou de menos de 10% antes do Plano Real para

quase 30% nos últimos anos o que vai ao encontro da proposição feita no início desta

seção. Entretanto, para comprovar-se estatisticamente uma diferença entre as médias

do período pré-Plano e pós-Plano será realizado, a seguir, um teste de hipótese da

diferença entre médias.

Para os dez trimestres anteriores ao Plano Real o Ativo Proporcional da

Carteira de Títulos e Valores Mobiliários apresenta uma média de 7,2390% e um

desvio padrão de 1,8234%.

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58

Já para os 34 trimestres do período posterior ao Plano a média e o desvio

padrão encontrados foram, respectivamente, 23,2064% e 6,3106%.

É assim realizado o teste de hipótese para diferença entre médias para testar

se, de acordo com a hipótese inicial, a média do Ativo Proporcional da Carteira de

Títulos e Valores Mobiliários antes do Plano Real (µ1) é menor que a média deste

mesmo indicador após a implantação do Plano (µ2). Assim, aplicando-se os

conceitos descritos anteriormente e supondo-se iguais os desvios padrões dos dois

períodos, têm-se que:

Com 5% de significância, rejeitar-se-á a hipótese inicial se tcalc menor ou

igual a -1,684.

Utilizando-se a equação 26 obtém-se:

tcalc = -21,8106

Conforme já era esperado pelo gráfico pode-se rejeitar a hipótese inicial de

que as médias entre os dois períodos são iguais e que, portanto, os bancos

aumentaram proporcionalmente suas operações em Títulos e Valores Mobiliários.

Pode-se supor que os bancos encontraram nas operações de títulos e valores

mobiliários a fonte de receita substituta que estavam necessitando. Pode-se ainda

entender este aumento na concentração de títulos sobre o ativo como uma

conseqüência do aumento do endividamento estatal dos últimos anos, que levou o

governo a emitir títulos que acabaram sendo atrativos para os bancos por

apresentarem rendimentos elevados e serem considerados de baixo risco. Pode-se

supor ainda que o investimento em títulos possa ter sido a aplicação que fez com que

a carteira de crédito diminuísse.

0:0:

211

210

<−=−

µµµµ

HH

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59

Carteira de Câmbio

Embora as operações de câmbio não estejam presentes na afirmação inicial

como uma fonte alternativa de receita esta pode ter sido alterada nos últimos anos

dado as seguidas desvalorizações cambiais enfrentadas pelo Real. O setor pode ter

enxergado a possibilidade das desvalorizações antes destas ocorrerem e alterado a

composição de seu ativo proporcional da carteira de câmbio para se beneficiar dos

ganhos com a desvalorização.

A análise dar-se-á da mesma maneira da realizada com os dois ativos

anteriores, a diferença está no período de comparação das médias que será

considerado, qual seja, antes e depois da mudança do regime cambial de fixo para

flutuante que ocorreu em Janeiro de 1999.

A seguir encontra-se o gráfico da evolução do ativo proporcional da carteira

de câmbio, com a linha pontilhada representando a data da alteração do regime

cambial:

Evolução do Ativo Proporcional da Carteira de Câmbio

0.0%

2.0%

4.0%

6.0%

8.0%

10.0%

Mar

-92

Mar

-93

Mar

-94

Mar

-95

Mar

-96

Mar

-97

Mar

-98

Mar

-99

Mar

-00

Mar

-01

Mar

-02

Figura 13: Evolução do Ativo Proporcional da Carteira de Câmbio

Pelo gráfico, não se espera alteração significativa do ativo câmbio sobre o

ativo total, visto que este parece que se manteve constante em torno dos 6%. Mesmo

assim um teste de hipótese será realizado de modo a ter-se uma avaliação mais exata.

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60

Para os 27 trimestres anteriores a mudança do regime cambial o Ativo

Proporcional da Carteira de Câmbio apresenta uma média de 5,3790% e um desvio

padrão de 1,2816%.

Já para os 17 trimestres do período posterior à alteração de regime a média e

o desvio padrão encontrados foram, respectivamente, 6,0382% e 1,1487%.

É assim realizado o teste de hipótese para diferença entre médias para testar

se existe diferença significativa entre a média do Ativo Proporcional da Carteira de

Câmbio antes da mudança do regime cambial (µ1) e a média deste mesmo indicador

após a este acontecimento (µ2). Assim, aplicando-se os conceitos descritos

anteriormente e supondo-se iguais os desvios padrões dos dois períodos, têm-se que:

Com 5% de significância, rejeitar-se-á a hipótese inicial se tcalc menor ou

igual a -2,021 ou maior ou igual a 2,021.

Utilizando-se a equação 26 obtém-se:

tcalc = -1,7716

Conforme o esperado pelo gráfico, como tcalc é maior que -2,021 e menor que

2,021, não se pode dizer que há diferença significativa entre as médias do ativo

proporcional da carteira de câmbio antes e depois da alteração do regime cambial.

Assim sendo, com os dados utilizados, não se pode dizer que os bancos se

posicionaram antes da mudança do regime cambial alterando-se a composição de

seus ativos, e nem mesmo o fizeram depois disto antecipando a posterior

desvalorização gradual ocorrida após a implantação do regime de câmbio flutuante

em Janeiro de 1999.

0:0:

211

210

≠−=−

µµµµ

HH

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61

6.3 A Rentabilidade sobre o Ativo aplicado em Títulos e Valores

Mobiliários é Diretamente Proporcional a Taxa de Juros da Economia

Como foi mostrado anteriormente, a carteira de títulos e valo res mobiliários

foi uma das principais aplicações do setor bancário nos últimos anos, crescendo

muito de importância após o Plano Real. Este fenômeno deveu-se principalmente a

deterioração da situação econômica no Brasil que levou o governo a aumentar seu

endividamento através da emissão de títulos, que para os bancos apresentam uma alta

atratividade por apresentarem, em sua maioria, perfis de curto prazo e variação

atrelada à taxa de juros de curto prazo (a taxa Selic). Assim sendo, espera-se que

períodos em que a taxa de juros esteja mais elevada, sejam também períodos de

maior rentabilidade proporcional desta aplicação.

Para se estudar a existência ou não deste relacionamento, primeiramente será

calculado o indicador da rentabilidade sobre o ativo aplicado em títulos e valores

mobiliários (ROA de títulos), anteriormente apresentado, para o período entre

setembro de 1994 e dezembro de 2002. Após isto este indicador será confrontado

com a taxa Selic exercida durante o período equivalente utilizando-se as seguintes

ferramentas estatísticas. Em primeiro lugar este confronto será feito através de uma

análise de regressão entre o ROA de títulos e a taxa Selic visando verificar a

existência de relacionamento entre eles e se este pode ser considerado significativo.

Em seguida será realizada uma análise de correlação, explicada mais adiante, para

determinar se a relação entre as variáveis durante todo o período pode ser explicada

pela regressão.

A evolução histórica da taxa Selic encontra-se a seguir. Os dados foram

obtidos no site do Banco Central do Brasil e equivalem a taxa vigente no último dia

do trimestre analisado.

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62

Figura 14: Evolução da Taxa Selic

Pelo gráfico observa-se que logo após a implantação do Plano Real a taxa se

encontrava em um patamar elevado e foi diminuindo com o passar do tempo até

chegar em algo como 20% em setembro de 1997. Após isto, existem alguns períodos

de pico em que a taxa atingiu os 40%, embora após o último pico em julho de 1999

ela tenha se estabilizado em torno dos 20% permanecendo neste patamar por mais de

três anos, voltando a subir apenas em dezembro de 2002.

A seguir apresenta-se a evolução da rentabilidade sobre o ativo aplicado em

títulos calculado para os mesmos períodos. A receita obtida com as operações em

títulos e valores mobiliários foi anualizada e depois dividida pelo ativo final do

período.

Evolução do ROA de Operações de Títulos e VM

0.0%

10.0%

20.0%

30.0%

40.0%

Sep-

94

Sep-

95

Sep-

96

Sep-

97

Sep-

98

Sep-

99

Sep-

00

Sep-

01

Sep-

02

Figura 15: Rentabilidade sobre o Ativo aplicado em Títulos e Valores Mobiliários

Evolução da taxa Selic

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%

set/9

4

set/9

5

set/9

6

set/9

7

set/9

8

set/9

9

set/0

0

set/0

1

set/0

2

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63

Com os dados calculados foi realizada uma análise de regressão entre a taxa

Selic e o ROA de Títulos. Como esta análise será feita com 5% de significância, será

considerada a existência de relacionamento se “F de significação” menor que 0,05.

Apresenta-se a seguir o resultado da análise de regressão:

Figura 16: Relacionamento entre a Taxa Selic e o ROA de Títulos

O valor do “F de significação” encontrado, 0,62989, mostra que,

estatisticamente, não foi encontrada a existência de relacionamento significativo

entre o ROA de títulos e a taxa de juros de curto prazo, o que não comprova a

hipótese realizada. No entanto, isto não quer dizer que não exista relação entre a taxa

de juros de curto prazo e a rentabilidade da carteira de títulos. Apenas diz que com os

dados analisados este relacionamento não foi encontrado, pois, podem existir

inúmeros fatores exercendo maior influência sobre a rentabilidade, e além disto os

dados utilizados para o cálculo do indicador podem não representar a realidade.

Para se avaliar qual o comportamento da relação entre estas variáveis período

a período foi realizada a seguinte análise de correlação. Calculou-se o valor do

coeficiente de correlação em vários pontos, com o novo coeficiente de correlação

ANOVAgl SQ MQ F F de significação

Regressão 1 0,000771 0,000771 0,236731 0,62989309Residual 32 0,104239 0,003257Total 33 0,10501

Variável X Plotagem de ajuste de linha

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0%

Taxa de Juros Nominal

RO

A d

e tí

tulo

s e

VM

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64

sendo calculado utilizando-se o próximo período e descartando o último período, isto

é, o primeiro coeficiente, por exemplo, foi calculado utilizando-se os quatros

primeiros trimestres, o segundo foi calculado acrescentando-se o quinto trimestre e

retirando-se o primeiro e assim por diante até que o último trimestre seja

acrescentado. Objetivou-se com isto uma análise mais acurada da correlação, pois ao

invés de ter-se somente um valor total para a correlação pode-se analisar o

comportamento da correlação através do tempo o que pode mostrar oscilações que

podem ajudar a entender o comportamento geral da regressão entre o indicador e a

taxa de juros. O intervalo utilizado para calcular cada um dos coeficientes de

correlação foi de 4 semestres, ou seja, 1 ano, pois se avaliou que intervalos maiores

não corresponderiam aos objetivos desejados. A seguir encontra-se o gráfico dos

coeficientes de correlação encontrados:

Figura 17: Coeficiente de Correlação entre a Taxa Selic e a ROA de Títulos

Pelo gráfico percebe-se que o coeficiente de correlação não acompanha uma

tendência, pois alterna valores positivos e negativos em todo período de análise.

Pode-se perceber pelo gráfico, conforme foi obtido pela regressão, que não é possível

dizer que existe um relacionamento positivo entre as duas variáveis analisadas.

Possíveis fatores de influência nos resultados

Coeficiente de Correlação

-1-0,8-0,6-0,4-0,2

00,20,40,60,8

1

dez/

94

dez/

95

dez/

96

dez/

97

dez/

98

dez/

99

dez/

00

dez/

01

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65

Uma série de fatores pode ter contribuído negativamente com as análises

levando a dados que não representavam fielmente a realidade. Uma destes fatores

pode estar no fato da rentabilidade da carteira de títulos não ser totalmente vinculada

a variação da taxa Selic. De acordo com dados do Banco Central a composição da

dívida pública mobiliária federal (DPMF), por exemplo, em dezembro de 2002 era a

seguinte:

Composição do Estoque da DPMFi dez02 (%)Prefixado 2.19

Selic 60.83Câmbio 22.38

Índice de Preços 12.54TR e outros 2.06

Tabela II – Composição da Dívida Pública Brasileira.

De acordo com estes dados percebe-se que, embora a maior parte da dívida

ser vinculada à Selic, existem outras variáveis com percentagens significativas e que

podem influenciar a rentabilidade da carteira de títulos do setor distorcendo a

influência da variação da Selic.

Outra fonte de influência é o fato de a rentabilidade da carteira ter sido

anualizada e comparada com a taxa de juros vigente no último dia do período. Isto

pode gerar distorções enormes se, por exemplo, esta taxa de juros for muito maior ou

muito menor que a taxa de juros vigente na maior parte do período. Algumas

possíveis soluções para contornar este problema seriam utilizar, não a rentabilidade

anualizada, mas a rentabilidade de um período menor, ou ainda, tomar-se uma média

da taxa de juros do período analisado.

Isto sem mencionar o fato de que para se encontrar o indicador rentabilidade,

neste caso ROA de títulos, a receita anualizada foi dividida pelo ativo final do

período, que certamente não foi o ativo possuído durante todo o período. Isto,

novamente, pode gerar distorções se o ativo final for significantemente diferente do

ativo médio do período. Esta é uma fonte de influência certamente presente em todas

as análises deste trabalho e que é de difícil eliminação, pois não há como conhecer o

tamanho do ativo dia a dia visto que o ativo divulgado no balanço de uma empresa é

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66

uma “fotografia” exatamente do dia em que se refere, não sendo um va lor acumulado

ou um valor médio.

6.4 A Rentabilidade sobre o Ativo aplicado em Operações de Crédito é

Diretamente Proporcional ao Spread Bancário

Uma das principais fontes de receita de um banco é a sua carteira de crédito.

Os empréstimos podem ser considerados o principal produto de um banco e pode-se

dizer que a receita obtida com eles tem forte relação com o spread cobrado pelos

empréstimos, o chamado spread bancário, definido anteriormente.

No entanto, para realizar esta análise algumas considerações tem que ser

realizadas. Não se pode deixar de considerar o risco envolvido nestas operações visto

que ao se emprestar dinheiro corre-se o risco de o devedor não ser capaz de saldá-lo

posteriormente o que traria prejuízos presentes que, muitas vezes demoram anos e

anos para serem compensados após longos processos judiciais. A taxa de

inadimplência tende a ser maior quanto maior for o spread bancário, pois maior será

a taxa de juros final cobrada dos clientes pelos empréstimos e uma maior quantidade

deles não terá condições de honrar o empréstimo o que impacta diretamente na

rentabilidade desta carteira. Existe, portanto, um “trade-off” entre spread bancário e

taxa de inadimplência e os bancos têm que determinar qual o ponto de máximo da

curva spread bancário e rentabilidade considerando-se a taxa de inadimplência.

Como se espera ainda que os bancos não queiram comprometer a sua rentabilidade

espera-se que eles nunca operem acima do ponto de máximo e, portanto, que a

rentabilidade da carteira de crédito em cada período é diretamente proporcional ao

spread bancário equivalente.

Assim sendo, para que a análise possa ser corretamente realizada a taxa de

inadimplência será implicitamente considerada nas provisões para créditos de

liquidação duvidosas presentes nos demonstrativos de resultado, isto porque para

efeito de cálculo serão consideradas as receitas das operações de crédito menos as

provisões. Isto será feito com base na suposição de que os bancos a fazem utilizando-

se suas reais expectativas de perdas baseadas no histórico das taxas de inadimplência

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67

para evitar grandes perdas futuras devido a uma estimativa fora das taxas de

mercado.

Após estas considerações pode-se dizer que o spread bancário tem forte

influência sobre a receita obtida na carteira de crédito e espera-se que esta seja

positiva. Esta inferência será feita analisando-se os dados históricos do spread

bancário com os indicadores de rentabilidade da carteira de crédito com a ajuda,

novamente, de ferramentas estatísticas de regressão e correlação.

Os dados relativos ao spread bancário foram conseguidos no site do Banco

Central do Brasil e cobrem o período de dezembro de 1996 até dezembro de 2002. O

indicador utilizado na análise é a rentabilidade sobre o ativo aplicado em operações

de crédito (ROA de crédito) que será calculado para o mesmo período.

A evolução do spread bancário é mostrada a seguir:

Evolução do Spread Bancário

0%10%20%30%40%50%60%70%

Dec

-96

Dec

-97

Dec

-98

Dec

-99

Dec

-00

Dec

-01

Dec

-02

Figura 18: Evolução do Spread Bancário

Pelo gráfico observa-se que o spread bancário esteve na faixa dos 60%

durante os anos de 1996 e 1997 declinando-se gradualmente a partir daí e situando-se

na faixa dos 30% nos últimos dois anos.

A rentabilidade sobre o ativo aplicado em operações de crédito foi calculada

segundo a fórmula previamente apresentada e sua evolução é mostrada a seguir:

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68

Evolução do ROA de Crédito

0.0%

10.0%

20.0%

30.0%

40.0%

Dec

-96

Dec

-97

Dec

-98

Dec

-99

Dec

-00

Dec

-01

Dec

-02

Figura 19: Rentabilidade sobre o Ativo aplicado em Operações de Crédito

Pelo gráfico, pode-se perceber um relacionamento parecido entre a variável

spread bancário e o indicador ROA de crédito. Para se testar estatisticamente este

relacionamento será realizada uma análise de regressão entre a variável e o indicador.

Como esta análise será feita com 5% de significância, será considerada a existência

de relacionamento se “F de significação” menor que 0,05.

Os resultados da análise de regressão são os seguintes:

Figura 20: Relacionamento entre o Spread Bancário e o ROA de Crédito

ANOVAgl SQ MQ F F de significação

Regressão 1 0,026757087 0,026757087 20,39074406 0,000155688Residual 23 0,030180998 0,001312217Total 24 0,056938085

Variável X Plotagem de ajuste de linha

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

0% 20% 40% 60% 80%

Spread Bancário

RO

A d

e C

rédi

to

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69

Como o valor do “F de significação” encontrado fo i 0,000156 pode-se aceitar

a hipótese inicial de que a rentabilidade da carteira de crédito está relacionada com o

spread bancário.

Ainda assim, será realizada a seguir, como na seção anterior, a análise de

correlação entre o ROA de Crédito e o spread bancário para avaliar-se a magnitude

do relacionamento período a período e os resultados serão comentados

conjuntamente. O resultado encontra-se abaixo:

Figura 21: Coeficiente de Correlação entre Spread Bancário e o ROA de Crédito

Pelo gráfico percebe-se que, embora os dados apresentam na maioria dos

momentos altos coeficientes de correlação, eles são intercalados por alguns pontos

em que a correlação é baixíssima e até mesmo negativa. Este resultado vem

confirmar a hipótese inicial de que existe um relacionamento positivo entre as duas

variáveis. Os pontos em que os coeficientes de correlação são baixos podem ser

entendidos, por exemplo, como um desvio do comportamento normal causado por

variáveis que naqueles momentos exerceram maior influência na ROA de Crédito e

foram capazes de mascarar o relacionamento entre este e o spread bancário. Pode-se

ainda, atribuí- los as fontes de influência da análise que já foram citadas e explicadas

na seção anterior.

Coeficiente de Correlação

-1-0,8-0,6-0,4-0,2

00,20,40,60,8

1

mar

/97

set/9

7

mar

/98

set/9

8

mar

/99

set/9

9

mar

/00

set/0

0

mar

/01

set/0

1

mar

/02

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70

6.5 A Rentabilidade sobre o Ativo aplicado em Operações de Câmbio é Diretamente Proporcional a Cotação do Dólar

Este é uma das proposições que se espera que ocorra com maior certeza, isto

porque a carteira de câmbio é, em quase sua totalidade, formada por ativos em dólar

e outras moedas fortes e, portanto, quando o Real se desvaloriza com relação ao

dólar se desvaloriza também com relação a todas estas outras moedas. Assim sendo,

a rentabilidade desta carteira deve acompanhar a variação da moeda estrangeira.

Isto poderá ser demonstrado, realizando-se a análise de correlação e regressão

entre a rentabilidade sobre o ativo aplicado em operações de câmbio e a cotação da

moeda estrangeira.

Os dados referentes à cotação do dólar compreendem o período entre

setembro de 1994 e dezembro de 2002 e foram coletados no site do Banco Central do

Brasil. O indicador utilizado na análise é a rentabilidade sobre o ativo aplicado em

operações de câmbio (ROA de Câmbio), anteriormente apresentado, e que será

calculado para o mesmo período.

A seguir encontra-se a evolução da cotação do dólar:

Evolução da Cotação do Dólar

0.0

1.0

2.0

3.04.0

5.0

Sep-

94

Sep-

95

Sep-

96

Sep-

97

Sep-

98

Sep-

99

Sep-

00

Sep-

01

Sep-

02

Figura 22: Evolução da Cotação do Dólar

Pelo gráfico nota-se claramente a primeira desvalorização cambial ocorrida

no início de 1999, com a mudança do regime de câmbio fixo para flutuante. Após

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71

isto o câmbio foi desvalorizando-se gradualmente até a grande desvalorização

ocorrida em 2002.

Será mostrada a seguir a evolução da rentabilidade sobre a carteira de câmbio

calculada utilizando-se a fórmula anteriormente apresentada:

Evolução do ROA de Câmbio

0.0%10.0%20.0%30.0%40.0%50.0%60.0%

Sep-

94

Sep-

95

Sep-

96

Sep-

97

Sep-

98

Sep-

99

Sep-

00

Sep-

01

Sep-

02

Figura 23: Rentabilidade sobre o Ativo aplicado em Operações de Câmbio

Pelo gráfico, pode-se observar um grande pico de rentabilidade em janeiro de

2000, seguido uma queda do padrão de rentabilidade e de um novo pico no final de

2002, quando da desvalorização do Real. Para se testar estatisticamente o

relacionamento entre a cotação do dólar e o ROA de Câmbio será realizada uma

análise de regressão entre a variável e o indicador. Como esta análise será feita com

5% de significância, será considerada a existência de relacionamento se “F de

significação” menor que 0,05.

O resultado encontra-se abaixo:

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ANOVAgl SQ MQ F F de significação

Regressão 1 0.177189 0.177189 19.85444 9.58476E-05Resíduo 32 0.2855809 0.0089244Total 33 0.4627699

Figura 24: Relacionamento entre a Cotação do Dólar e o ROA de Câmbio

Como o valor do “F de significação” encontrado foi 0,0000958 pode-se

aceitar a hipótese inicial de que a rentabilidade do ativo aplicado em operações de

câmbio está relacionada com a cotação do dólar.

Novamente será realizada, a seguir, a análise de correlação similar a já

realizada e explicada quando se estudou o comportamento da rentabilidade da

carteira de títulos. Os resultados da análise de correlação são os seguintes:

Figura 25: Coeficiente de Correlação entre Cotação do Dólar e o ROA de Câmbio

Variável X Plotagem de ajuste de linha

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

0 1 2 3 4 5

Cotação do Dólar

RO

A d

e C

âmbi

o

Coeficiente de Correlação

-1-0,8-0,6-0,4-0,2

00,20,40,60,8

1

dez/

94

dez/

95

dez/

96

dez/

97

dez/

98

dez/

99

dez/

00

dez/

01

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Pelo gráfico percebe-se que os dados apresentam momentos de altos

coeficientes de correlação positivo, intercalados por alguns pontos em que a

correlação é mais baixa, tornando-se até mesmo bastante negativa. Este resultado não

é muito satisfatório na comprovação da hipótese inicial. No entanto, contando-se os

pontos em que o coeficiente de correlação é positivo e os em que este é negativo

chega-se, respectivamente, em 17 e 8 o que mostra que, embora existam pontos não

coerentes com o resultado esperado, a maioria dos coeficientes encontrados é

positivo o que vai ao encontro da hipótese inicial e do resultado da análise de

regressão. É difícil explicar os pontos em que o coeficiente de correlação é negativo,

podendo-se atribuí- los, por exemplo, as fontes de influência existentes na análise que

já foram descritas quando se estudou o relacionamento entre o ROA de Títulos e a

taxa Selic. Pode-se dizer ainda, como dito na seção anterior, que estes pontos são

conseqüência da influência, em certos momentos, de alguma outra variável que

acabou mascarando o relacionamento esperado.

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7 CONCLUSÃO

Neste trabalho, procurou-se estudar o comportamento da rentabilidade do

setor bancário através da análise estatística de algumas hipóteses baseadas em

afirmações realizadas por economistas e de outras baseadas em relações de causa e

efeito.

A análise destas hipóteses foi realizada utilizando-se ferramentas estatísticas

de regressão e correlação para se testar relacionamentos entre indicadores de

desempenho econômico-financeiro e variáveis explicativas e testes de hipóteses de

diferenças entre médias para se estudar diferenças significativas do mesmo indicador

em períodos diferentes, sendo as hipóteses validadas ou refutadas através de técnicas

de inferência estatística, controlando a margem de erro do estudo.

Após as análises realizadas, pode-se dizer que, com os dados utilizados, os

resultados encontrados não foram muito conclusivos, pois, ao contrário do que se

esperava, a maioria das hipóteses analisadas não puderam ser validadas pelos

métodos estatísticos utilizados.

De uma forma geral pode-se dizer que as previsões e afirmações realizadas

por economistas não puderam, quase que em sua totalidade, ser comprovados

estatisticamente. Dos seis testes realizados apenas em um deles foi encontrado

resultado que vai de acordo com o que era esperado. Já no que se refere aos testes

baseados em relações de causa e efeito, dos três testes realizados, dois deles

apresentaram os resultados esperados e, portanto, pode-se dizer que estes se

mostraram mais confiáveis do que os baseados em afirmações e estudos de

economistas. Ainda assim, algumas conclusões podem ser tiradas dos resultados

obtidos, sejam eles satisfatórios ou não, assim como, podem-se estabelecer

comentários que ajudem a entendê- los.

Nos dois testes em que se comparou as médias das rentabilidades do setor

antes e depois do Plano Real, em que se esperava que estas diminuíssem após a

implantação do Plano, foi encontrado, pelo contrário, um aumento da rentabilidade.

Uma explicação para isto deve-se ao fato de que os economistas subestimaram o

poder de adaptação dos bancos, que se mostraram muito dinâmicos e com grande

capacidade de adaptação a nova conjuntura. Pode-se dizer, ainda, que os bancos,

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embora desprovidos das receitas advindas da inflação, passaram a contar com outras

receitas, tais como, as receitas com operações de títulos e valores mobiliários, que foi

o instrumento governamental utilizado para financiar a dívida crescente e que, para

os bancos representavam um investimento seguro e bastante rentável.

Já com relação ao teste de regressão entre a rentabilidade bancária e a

inflação antes do Plano Real, em que se esperava encontrar relacionamento positivo,

não foi possível encontrar relacionamento algum. Conforme mostrado, a inflação nos

dois anos anteriores ao Plano aumentou de forma exponencial enquanto a

rentabilidade mostrou-se estável. Neste caso não se pode dizer, no entanto, que este

relacionamento não existe. Pode-se afirmar apenas que, com os dados coletados, não

se conseguiu evidenciá-lo, seja porque os dados coletados não representavam a

realidade, seja pela presença de outras variáveis que podem ter causado maior

influência na rentabilidade, mascarando o relacionamento com a inflação.

No estudo comparativo entre as médias da participação dos ativos de títulos e

crédito sobre o ativo total antes e depois do Plano Real somente o ativo proporcional

de títulos evidenciou o comportamento esperado, de aumento da participação sobre o

ativo total após a implantação do Plano. Pode-se argumentar para o comportamento

do ativo proporcional de crédito que, apesar deste ter aumentado logo após a

implantação, a expansão foi feita de maneira desordenada e os bancos acabaram

sofrendo perdas de inadimplência maiores que as esperadas o que os levou a repensar

sua política de crédito e conseqüentemente a uma diminuição da carteira destinada a

este tipo de operação. Já o comportamento do ativo proporcional de título, conforme

já foi dito anteriormente, pode ser explicado considerando-se a situação econômica

do Brasil, a qual envolveu um aumento do endividamento do governo através da

emissão de títulos púb licos que representavam investimento seguro e bastante

rentável para o setor bancário, que atuou como financiador da dívida do governo.

Com relação ao ativo de câmbio, em que se queria avaliar a existência de

diferenças significativas na carteira antes e depois da mudança de regime cambial de

1999, não foi encontrada alteração significativa do tamanho proporcional da carteira,

de onde se pode concluir que o setor não especulou o mercado de moeda estrangeira,

embora tenha obtido lucros com a sua desvalorização.

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Quando se analisou a relação entre a rentabilidade sobre o ativo aplicado em

títulos e valores mobiliários e a taxa de juros de curto prazo, a Selic, não foi possível

encontrar relacionamento positivo o que indica ou que existiam outras variáveis

exercendo influência sobre a este indicador ou que os dados coletados não

representavam a realidade o que prejudicou o evidenciamento do relacionamento.

O estudo da relação entre o spread bancário e a rentabilidade sobre o ativo

aplicado em operações de crédito mostra que, conforme o esperado, existe

relacionamento positivo entre a variável e o indicador, podendo-se concluir que

quanto maior o spread bancário cobrado maior será a rentabilidade obtida,

respeitando-se, é claro, a restrição da taxa de inadimplência.

O mesmo resultado foi obtido no estudo do relacionamento entre a

rentabilidade sobre o ativo aplicado em operações de câmbio e a cotação do dólar.

Novamente, de acordo com o esperado, foi encontrado um relacionamento positivo,

o que mostra que a rentabilidade da carteira de câmbio é influenciada pela variação

da moeda estrangeira.

Análises de correlação e regressão múltipla é uma possibilidade de evolução

nas análises realizadas. O estudo de correlação e regressão simples, ou seja, entre

duas variáveis apenas, é bastante conveniente ao estudo, simples do ponto de vista

analítico e capaz de por si só gerar conclusões de grande valor. Ainda assim, um

estudo de regressão múltipla poderia aumentar o nível de explicação de um indicador

financeiro, além de proporcionar análises de variáveis explicativas combinadas.

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ANEXO A – Telas dos dados dos balanços patrimoniais e demonstrativos de resultado das empresas do setor utilizadas no trabalho

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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FONTANA, IVONILDE DE F. – A rentabilidade do setor bancário antes e depois da estabilização da moeda. Monografia. UFSM 2001 FREUND, JOHN E.; SIMON, GARY A. Estatística Aplicada Economia, Administração e Contabilidade – 9ª edição. Bookman Companhia Editora. Porto Alegre, 2000

GITMAN, LAWRENCE – Princípios de Administração Financeira – 5a edição. Editora Habra. São Paulo: 1997 MEYER, L. PAUL – Aplicações em Estatística - 3a edição. USA, Addison-Wesley Publishing Company, 1969 OPICE NETO, RUBENS – Análise Financeira Temporal do Setor Siderúrgico Brasileiro. Trabalho de Formatura. EPUSP 2002 PAULA, LUÍS FERNANDO RODRIGUES DE et al. Ajuste Patrimonial e Padrão de Rentabilidade dos Bancos Privados no Brasil durante o Plano Real (1994/98). FIPE: Estudos Econômicos, São Paulo, v.31, 2001 STEVENSON, WILLIAN J. – Estatística Aplicada à Administração – 2a edição. Editora Melhoramentos. São Paulo, 1979 BANCO DE DADOS ECONOMÁTICA - Preço de Ações e Demonstrativos Financeiros de Empresas – Disponível sob. Assinatura.