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In SHOR, I.; FREIRE, P. Medo e Ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986 (Prefácio e Capitulo1) No que diz respeito a consciência coisificada, além disto e preciso examinar também a relação com a técnica, sem restringir-se a pequenos grupos. (...) Os homens inclinam-se a considerar a técnica como sendo algo em si mesma, um fim em si mesmo, uma força própria, esquecendo que ela e a extensão do braço dos homens. Os meios — e a técnica é um conceito de meios dirigidos a auto conservação da espécie humana — são fetichizados, porque os fins — uma vida humana digna — encontram-se encobertos e desconectados da consciência das pessoas. Afirmações gerais como estas são até convincentes. Porem uma tal hipótese ainda é excessivamente abstrata. Não se sabe com certeza como se verifica a fetichização da técnica na psicologia individual dos indivíduos, onde está o ponto de transição entre uma relação racional com ela e aquela supervalorização, que leva, em última análise, quem projeta um sistema ferroviário para conduzir as vítimas a Auschwitz com maior rapidez e fluência, a esquecer o que acontece com estas vítimas em Auschwitz. (...) Um sujeito experimental — e a própria expressão já é do repertório da consciência coisificada — afirmava de si mesmo: "I like nice equipament" (Eu gosto de equipamentos, de instrumentos bonitos), independentemente dos equipamentos em questão. Seu amor era absorvido por coisas, maquinas enquanto tais. O perturbador — porque torna tão desesperançoso atuar contrariamente a isso — e que esta tendência de desenvolvimento encontra-se vinculada ao conjunto da civilização. Combatê-lo significa o mesmo que ser contra o espirito do mundo; e desta maneira apenas repito algo que apresentei no começo como sendo o aspecto mais obscuro de uma educação contra Auschwitz.

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In SHOR, I.; FREIRE, P. Medo e Ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986 (Prefcio e Capitulo1)

No que diz respeito a conscincia coisificada, alm disto e preciso examinar tambm a relao com a tcnica, sem restringir-se a pequenos grupos. (...) Os homens inclinam-se a considerar a tcnica como sendo algo em si mesma, um fim em si mesmo, uma fora prpria, esquecendo que ela e a extenso do brao dos homens. Os meios e a tcnica um conceito de meios dirigidos a auto conservao da espcie humana so fetichizados, porque os fins uma vida humana digna encontram-se encobertos e desconectados da conscincia das pessoas. Afirmaes gerais como estas so at convincentes. Porem uma tal hiptese ainda excessivamente abstrata. No se sabe com certeza como se verifica a fetichizao da tcnica na psicologia individual dos indivduos, onde est o ponto de transio entre uma relao racional com ela e aquela supervalorizao, que leva, em ltima anlise, quem projeta um sistema ferrovirio para conduzir as vtimas a Auschwitz com maior rapidez e fluncia, a esquecer o que acontece com estas vtimas em Auschwitz. (...) Um sujeito experimental e a prpria expresso j do repertrio da conscincia coisificada afirmava de si mesmo: "I like nice equipament" (Eu gosto de equipamentos, de instrumentos bonitos), independentemente dos equipamentos em questo. Seu amor era absorvido por coisas, maquinas enquanto tais. O perturbador porque torna to desesperanoso atuar contrariamente a isso e que esta tendncia de desenvolvimento encontra-se vinculada ao conjunto da civilizao. Combat-lo significa o mesmo que ser contra o espirito do mundo; e desta maneira apenas repito algo que apresentei no comeo como sendo o aspecto mais obscuro de uma educao contra Auschwitz.

(...) Por isto o primeiro passo seria ajudar a frieza a adquirir conscincia de si prpria, das razes pelas quais foi gerada.ADORNO, THEODOR W. Educao aps Auschwitz. IN EDUCAO E EMANCIPAO

Tem sido constante, nos meios intelectual e institucional do campo da educao, a constatao de um quadro sombrio da escola pblica. No mbito das anlises externas, dados estatsticos e pesquisas apontam sua deteriorao e ineficcia em relao a seus objetivos e formas de funcionamento. So reiteradas as demandas pela ampliao dos recursos financeiros para todos os nveis e modalidades de ensino. H um volume considervel de investigaes sobre a situao dos salrios e das condies de trabalho e formao dos professores. No mbito das anlises internas, presume-se uma crise do papel socializador da escola, j que ela concorre com outras instncias de socializao, como as mdias, o mercado cultural, o consumo e os grupos de referncia. Outros estudos tm mostrado a crescente inquietude dos professores sobre como conseguir a motivao dos alunos ou como conter atos de indisciplina. Com bastante frequncia, seja devido aos desacordos entre educadores, legisladores e pesquisadores em relao aos objetivos e s funes da escola, seja pela atrao exercida pelas orientaes dos organismos internacionais, muitas das medidas adotadas pelas polticas oficiais para a educao e o ensino tm o aspecto de solues evasivas para os problemas educacionais. Tais solues estariam baseadas na ideia de que, para melhorar a educao, bastaria prover insumos que, atuando em conjunto, incidiriam positivamente na aprendizagem dos alunos (por exemplo, os ciclos de escolarizao, a escola de tempo integral, a progresso continuada, a gratificao financeira a professores, a progresso continuada e, recentemente, a implantao do Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente), deixando de considerar fatores intraescolares que mais diretamente estariam afetando a qualidade da aprendizagem escolar (LIBNEO, 2006).Em face desses problemas, circula no meio educacional uma variedade de propostas sobre as funes da escola, propostas estas frequentemente antagnicas, indo desde as que pedem o retorno da escola tradicional, at as que preferem que ela cumpra misses sociais e assistenciais. Ambas as posies explicitariam tendncias polarizadas, indicando o dualismo da escola brasileira em que, num extremo, estaria a escola assentada no conhecimento, na aprendizagem e nas tecnologias, voltada aos filhos dos ricos, e, em outro, a escola do acolhimento social, da integrao social, voltada aos pobres e dedicada, primordialmente, a misses sociais de assistncia e apoio s crianas.

Libneo, Jos Carlos O dualismo perverso da escola pblica brasileira: escola do conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social para os pobres

Um dos maiores problemas do Brasil a doutrinao ideolgica nas escolas e universidades. Em vez de os professores ensinarem contedo que presta, matrias relevantes da forma mais objetiva possvel, eles vestem seus bons de militantes polticos e saem por a tentando conquistar jovens adeptos. pura lavagem cerebral, e faz com que um exrcito de soldados troquem o conhecimento objetivo pela repetio de slogans idiotas. Em suma, trata-se de uma mquina de formar alienados, aqueles que vo depois defender o PT e o PSOL, elogiar Cuba e cuspir na Veja, como se a revista fosse o cone de tudo aquilo que no presta.(...) hora de reagir. hora de dar um basta. Voc sabe o que o professor de geografia ou histria de seus filhos diz em sala de aula sobre poltica? Ento procure saber! seu direito. seu dever como pai e cidado. No podemos ficar calados diante desse verdadeiro crime que a tentativa de seduzir para depois destruir as mentes jovens desse pas, com baboseira e ladainha de esquerda. Esses militantes disfarados de professores precisam saber que os pais esto atentos e no vo permitir isso. E seria timo se soubessem, tambm, que as leis probem essa pouca vergonha. Escola sem partido j!

Rodrigo Constantino. Escola sem partido, j. ***Se me fosse perguntado, neste momento, por que esta ltima srie de questes deve ser excluda de uma sala de aula, eu responderia que o profeta e o demagogo esto deslocados de uma ctedra universitria. Tanto ao profeta como ao demagogo cabe dizer: V a rua e fale em pblico, o que vale dizer que ele fale em um lugar onde possa ser criticado. Numa sala de aula, enfrenta-se o auditrio de maneira inteiramente diversa: o professor tem a palavra, mas os estudantes esto condenados ao silncio. As circunstncias pedem que os alunos sejam obrigados a seguir os cursos de um professor, tendo em vista a futura carreira e que nenhum dos presentes a uma sala de aula possa criticar o mestre. A um professor imperdovel valer-se de tal situao para buscar incutir, em seus discpulos, as suas prprias concepes polticas, em vez de lhes ser til, como de seu dever, atravs da transmisso de conhecimento e de experincia cientifica.

Weber, Max. Cincia e Poltica: Duas Vocaes

BOURDIEU, P. A Escola Conservadora: As desigualdades frente escola e cultura. In: Escritos de Educao. Petrpolis, RJ: Vozes, 2007.