Textos Que Despertam a Criatividade

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Textos que despertam a criatividade CIRCUITO FECHADO

Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. gua. Escova, creme dental, gua, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilette, gua, cortina, sabonete, gua fria, gua quente, toalha. Creme para cabelos, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, cala, meia, sapatos, gravata, palet. Carteira, nqueis, documentos, caneta, chaves, leno, relgio, mao de cigarros, caixa de fsforos. Jornal. Mesa, cadeira, xcara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos, Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fsforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papis, telefone, agenda, copo, lpis, canetas, blocos de notas, esptulas, pastas, caixas de entrada, de sada, vaso com plantas, quadros, papis, cigarro, fsforo. Bandeja, xcara pequena. Cigarro e fsforo. Papis, telefone, relatrios, cartas, notas, vales, cheques, mercadorias, bilhetes, telefone, papis. Relgio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboos de anncios, fotos, cigarro, fsforo, bloco de papel, caneta, projetos de filme, xcara, cartaz, lpis, cigarro, fsforo, quadronegro, giz, papel. Mictrio, pia, gua. Txi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xcara. Mao de cigarros, caixa de fsforos. Escova de dentes, pasta, gua. Mesa e poltrona, papis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fsforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papis, folheto, xcara, jornal, cigarro, fsforo, papel e caneta. Carro. Mao de cigarros, caixa de fsforos. Palet, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeira, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xcaras, cigarro e fsforo. Poltrona, livro. Cigarro e fsforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, cala, cueca, pijama, espuma, gua. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro. Ricardo Ramos SUGESTES DE ATIVIDADES: 1- Leitura 2- Quais as caractersticas da personagem narrada? 3- Em que espao acontece o fato? 4- Quanto tempo durou? 5- O texto foi escrito usando palavras de apenas trs classes gramaticais. Quais? 6- Que classe gramatical precisaria no texto, mas no foi usada pelo autor? 7- Falar oralmente o texto, usando verbos. 8- Reescrever o texto usando os verbos necessrios.

SEGURO DE CARRO (Quem escreveu tem muita imaginao) Vocs sabem que hoje em dia o seguro de um automvel indispensvel. No podemos deixar nem Uno de nossos Benz a Mercedes desses ladres que fazem a Fiesta, nessa Honda de assaltos! A Marea t Brava! Quem no segura o seu automvel pode se Ferrari e depois s GM pelos cantos ou fica a Ranger os dentes e a Courier de um lado para outro, vigiando a Strada e perguntando: - Kadett meu carro ? Faz a maior Siena e fica Palio de nervoso! A vai rezar um tero para Santana ajudar. Mas isto no Elbastante para ter seu carro de volta! Seguro o Tipo de negocio difcil, Mazda para resolver sem ficar com cara de Besta no final! O seguro um Prmio para quem o faz! Tempra todo veculo. Tem Parati tambm. E, na hora de fazer o seguro do seu carro, pense nas Variantes, afinal Quantum mais opes, melhor ! Voc vai ver que o nosso seguro legal s Pampa. Por isso ele o Fusca os demais, e vai marcar um Gol na hora do Accord! No deixe o prazo Passat! Monza obra! Venha Logus! Estamos Kombi nados? Espero seu contato. Visite nossa agncia e se Accent na frente do Galant, que o nosso gerente! P.S.1 : No se esquea de levar o Stratus de seu banco e colocar um Blazer bem bonito, parecendo um Diplomata de Classe A. Mas no deixe de olhar todos os Topic do contrato. Somos bem melhores Kia concorrncia e se voc perder esta Xantia, vai se Corsa todo de raiva, o Ka? Com nosso seguro voc pode passar um Weekend tranqilo fazendo um Cu pela praia de Ipanema que, se roubarem seu carro mesmo que seja em dia de Eclipse, voc no ter problema... Temos nossa Suprema garantia de pagamento em prazo recorde! Nao precisa D20 dias, como outros que tem por a. Hoje mesmo estamos pagando um seguro de um roubo que ocorreu A10 dias, S10se ns pagaramos antes at ! Voc pode estar em qualquer lugar, de um Polo ao outro, que ns damos a assistncia que precisar! E s Scania os documentos e mandar por e-mail mesmo. Faa seguro. Clarus que bom! Boa Voyage e Pointer final.

1- Leitura dos textos. 2- Observe a lista de nomes de empresas e produtos. Crie seu texto. Voc pode acrescentar outros nomes produtos e empresas. SADIA FORD TILIBRA- ARTEX VASP VARIG YACULT KADET CAPRICHO FREE BRADESCO MESBLA BRASTEMP FORUM LADA BOCH HERING ITA PIRELLI SHELL BANESPA VEJA SONY ADIDAS PASSAPORT HOLLYWOOD HONDA MAGGI MANCHETE PAKALOLO CALOI CITIZEN CREDICARD HSBC BAMERINDUS GURGEL AVON MONARK AZALIA CRUZEIRO GRADIENTE QUATRO RODAS SETE SETE CINCO CICA TELEFUNKEN TAM NOSSA CAIXA PHILCO APOLLO XEROX ZOOP SKOL COLGATE

HINO DO INTERNAUTA DOIDO

O vrus dos pilantras s mouses plcidas De um ponto.com um browser retumbante E o uol da liberdade em disco rgido Brilhou no excell da pgina nesse scanner Se open Word deu invalid Conseguimos formatar no Macintosh Enter save, megabyte, Desafio o nosso site prpria soft dbliu-dbliu-dbliu atalho, cyber! cyber! Brasil, um povo on line, honrai os links, De amor e de esperana download desce E em teu formoso excell risonho e windows A imagem do e-mail tela address Gigabyte pela prpria netscape s belo, s forte at quando s moroso E o teu cursor speedy essa tua senha, Tecla adorada, Entre outras news, eu imprimi, pasta amada, Dos Zip deste Bol esc me Pentium Fax modem, Brasil! ATIVIDADES: Em grupo: pedir que escrevam frases em internets. Podem usar tambm os emotions. Trocar os textos entre os grupos pedir que reescrevam as frases na lngua padro. Criao de emotions Exposio dos textos em internets ao lado do texto na lngua padro Exposio dos emotions Desafio: Formar grupos e cantar o "hino do internauta" com instrumentos improvisados (barulho de papel, canetas, caneca ou panela como se fossem pandeiro...) ou instrumentos fabricados pelos alunos l- O professor poder oferecer um trofeu simblico como prmio (uma caixa de bombom ou pacote de pirulito ou bala... ) para a equipe vencedora. A galinha pe O vaidoso antepe O agricultor ape

O msico compe O teimoso contrape O qumico decompe A testemunha depe O industrial expe O Estado impe O atrevido interpe O artista justape O preguioso pospe O arrependido repe O orgulhoso sobrepe O caluniador supe O ladro transpe E Deus dispe (Revista Boa Nova - Portugal) Sugesto de atividade: 1. Trabalhar os sinnimos dos verbos mais difceis 2. Reescrever o poema no plural 3. Identificar sujeito e predicado

A arte de julgar os outros Eram dois vizinhos. Um deles comprou um coelho para os filhos. Os filhos do outro vizinho tambm quiseram um animal de estimao. E os pais desta famlia compraram um filhote de pastor alemo. Ento comea uma conversa entre os dois vizinhos: - Ele vai comer o meu coelho! - De jeito nenhum. O meu pastor filhote. Vo crescer juntos "pegar" amizade!!! E, parece que o dono do co tinha razo. Juntos cresceram e se tornaram amigos. Era normal ver o coelho no quintal do cachorro e vice-versa. As crianas, felizes com os dois animais. Eis que o dono do coelho foi viajar no fim de semana com a famlia, e o coelho ficou sozinho. No domingo, tarde, o dono do cachorro e a famlia tomavam um lanche tranquilamente, quando, de repente, entra o pastor alemo com o coelho entre os dentes, imundo, sujo de terra e morto. Quase mataram o cachorro de tanto agredi-lo, o co levou uma tremenda surra! Dizia o homem: O vizinho estava certo, e agora? S podia dar nisso! Mais algumas horas e os vizinhos iam chegar. E agora?!? Todos se olhavam. O cachorro, coitado, chorando l fora, lambendo os seus ferimentos. - J pensaram como vo ficar as crianas? No se sabe exatamente quem teve a idia, mas parecia infalvel: - Vamos lavar o coelho, deix-lo limpinho, depois a gente seca com o secador e o colocamos na sua casinha. E assim fizeram. At perfume colocaram no animalzinho. Ficou lindo, parecia vivo, diziam as crianas. Logo depois ouvem os vizinhos chegarem. Notam os gritos das crianas. - Descobriram! No passaram cinco minutos e o dono do coelho veio bater porta, assustado. Parecia que tinha visto um fantasma. - O que foi? Que cara essa? - O coelho, o coelho... - O que tem o coelho? - Morreu! - Morreu? Ainda hoje tarde parecia to bem. - Morreu na sexta-feira! - Na sexta? - Foi. Antes de viajarmos, as crianas o enterraram no fundo do quintal e agora reapareceu! COMENTRIO: A histria termina aqui. O que aconteceu depois fica para a imaginao de cada um de ns. Mas o grande personagem desta histria, sem dvida alguma, o cachorro. Imagine o coitado, desde sexta-feira procurando em vo pelo seu amigo de infncia. Depois de muito farejar, descobre seu amigo coelho morto e enterrado. O que faz ele? Provavelmente com o corao partido, desenterra o amigo e vai mostrar para seus donos, imaginando o fizessem ressuscit-lo. E o ser humano continua julgando os outros.. Outra lio que podemos tirar desta histria que o homem tem a tendncia de julgar os fatos sem antes verificar o que de fato aconteceu. Quantas vezes tiramos concluses erradas das situaes e nos achamos donos da verdade? Histrias como essa, so para pensarmos bem nas atitudes que tomamos. s vezes fazemos o mesmo... Colaboradores: Bel Frison e Rubens DR de Bicho Imagens: Tartajuba brinquedos

Casal tudo igual

Lus Fernando Verssimo Ele: - Al? Ela: - Pronto. Ele: - Voz estranha Gripada? Ela: - Faringite. Ele: - Deve ser o sereno. No mnimo t saindo todas as noites pra badalar. Ela: - E se estivesse? Algum problema? Ele: - No, imagina! Agora, voc uma mulher livre. Ela: - E voc? Sua voz tambm est diferente. Faringite? Ele: - Constipado. Ela: - Constipado? Voc nunca usou esta palavra na vida. Ele: - A gente aprende. Ela: - T vendo? A separao serviu para alguma coisa. Ele: - Viver sozinho bom. A gente cresce. Ela: - Voc sempre viveu sozinho. At quando casado s fez o que quis. Ele: - Maldade sua, pois deixei de lado vrias coisas quando a gente se casou. Ela: - Evidente! S faltava voc continuar rebolando nas discotecas com as amigas. Ele: - J voc no abriu mo de nada. No deixou de ver novela, passear no shopping, comprar jias, conversar ao telefone com as amigas durante horas ...Silncio . Ela: - Comprar jias? De onde voc tirou essa idia? A nica coisa que comprei em quinze anos de casamento foi um par de brincos. Ele: - Quinze anos? Pensei que fosse bem menos. Ela: - A memria dos homens um caso de polcia! Ele: - Mas conversar com as amigas no telefone Ela: - Solido, meu caro, cansao Trabalhar fora, cuidar das crianas e ainda preparar o jantar para o HERI que chega noiteConvenhamos, no chega a ser uma roda-gigante de emoes Ele: - Voc nunca reclamou disso. Ela: - E voc me perguntou alguma vez? Ele: - L vem voc de novo As poucas coisas que eu achava que estavam certas Isso tambm era errado!? Ela - Evidente, a gente no conversava nunca Ele: - Faltou dilogo, isso? Na hora, ningum fala nada. Aparece um impasse e as mulheres no reclamam. Depois, dizem que faltou dilogo. As mulheres so de Marte. Ela: - E vocs so de Saturno! Silncio Ele: - E a, como vai a vida? Ela: - Nunca estive to bem. Livre para pensar, ningum pra me dizer o que devo fazer Ele: - E isso bom? Ela: - Pense o que quiser, mas quinze anos de jornada so de enlouquecer qualquer uma. Ele: - Eu nunca fui autoritrio! Ela: - Tambm nunca foi compreensivo! Ele: - Jamais dei a entender que era perfeito. Tenho minhas limitaes como qualquer mortal.. Ela: - Limitado e omisso como qualquer mortal. Ele: - Voc nunca foi irnica. Ela: - Isso a gente aprende tambm.

Ele: - Eu sempre te apoiei. Ela: - Lgico. Se no me engano foi no segundo ms de casamento que voc lavou a nica loua da tua vida. Um apoio inestimvel Sinceramente, eu no sei o que faria sem voc. Ou voc acha que fazer vinte caipirinhas numa tarde para um bando de marmanjos que assistem ao jogo da Copa do Mundo era realmente o meu grande objetivo na vida? Ele: - Do que voc est falando? Ela: - Ah, no lembra? Ele: - Ana, eu detesto futebol. Ela: - Ana!? Esqueceu meu nome tambm? Alexandre, voc ficou louco? Ele: - Alexandre? Meu nome Ronaldo! Silncio Ele: - De onde est falando? Ela: - 578 9922 Ele: - No o 579 9222? Ela: - No. Ele: - Ah, desculpe, foi engano. Depois de um tempo ambos caem na gargalhada. Ele: Quer dizer que voc faz uma tima caipirinha, hein? Ela: - Modstia parte Mas no gosto, prefiro vinho tinto. Ele: - Mesmo? Vinho a minha bebida preferida! Ela: - E detesta futebol? Ele: - Deus me livre 22 caras correndo atrs de uma bola Acho ridculo! Ela: - Bem, voc me d licena, mas eu vou preparar o jantar. Ele: - Que pena O meu j est pronto. Risoto, minha especialidade! Ela: - Mentira! o meu prato predileto Ele: - Mesmo! Bem, a poro d pra dois, e estou abrindo um Chianti tambm.Voc no gostaria de Ela: - Adoraria! .Ele d o endereo. Ela: - Nossa, to pertinho! So dois quarteires daqui. Ele: - Ento? pegar ou largar. Ela: - T passando a, Ronaldo. Ele: - Combinado, vizinha.

RESPONDA: 1- Um homem e uma mulher conversam ao telefone. a- Quem tomou a iniciativa de telefonar? b- Pelo clima da conversa, como parece ser o relacionamento entre eles? 2- medida que o casal conversa, eles comeam a estranhar o comportamento um do outro. a- Exemplifique esse comportamento estranho. 3- Ele: - Deve ser o sereno. No mnimo t saindo todas as noites pra badalar. a- Que sentimento ele demonstra quando usa faz essas afirmaes? 4- A mulher pensava que o homem ao telefone era o seu ex-marido. Leia o dilogo Ela: - Voc sempre viveu sozinho. At quando casado s fez o que quis. Ele: - Maldade sua, pois deixei de lado vrias coisas quando a gente se casou. a- Qual a diferena entre o homem ao telefone e ex-marido da mulher? 5- O homem ao telefone pensava que estava falando com sua ex-mulher: Ele: - J voc no abriu mo de nada. No deixou de ver novela, passear no shopping, comprar jias Ela: - Comprar jias? De onde voc tirou essa idia? A nica coisa que comprei em quinze anos de casamento foi um par de brincos. a- Compare as duas mulheres. 6- Ele: - Voc nunca reclamou disso. Ela: - E Voc me perguntou alguma vez?" - E voc me perguntou alguma vez? - E voc me perguntou alguma vez? Baseando-se nesta conversa responda, podemos concluir que os dois casais se param pelo mesmo motivo: a- Por qual motivo os casais se separaram? 7- Leia:

Se no me engano foi no segundo ms de casamento que voc lavou a nica loua da tua vida. Um apoio inestimvel Sinceramente, eu no sei o que faria sem voc. a- O que a mulher quis realmente dizer?: 8- A partir de qual momento eles comeam a desconfiar que a pessoa do outro lado da linha no aquela que cada um pensava ser? 9- medida em que a conversa evolui, eles descobrem alguma coisa que os une. Que gostos eles tem em comum? 10- Reescreva a frase usando o verbo corretamente, substituindo a gente por "ns". a- a gente no conversava nunca. b- Isso a gente aprende tambm. Felicidade Clandestina

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto ns todas ainda ramos achatadas. Como se no bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possua o que qualquer criana devoradora de histrias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E ns menos ainda: at para aniversrio, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mos um carto-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morvamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrs escrevia com letra bordadssima palavras como "data natalcia" e "saudade". Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingana, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, ns que ramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha nsia de ler, eu nem notava as humilhaes a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela no lia. At que veio para ela o magno dia de comear a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possua As reinaes de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. At o dia seguinte eu me transformei na prpria esperana de alegria: eu no vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. No dia seguinte fui sua casa, literalmente correndo. Ela no morava num sobrado como eu, e sim numa casa. No me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para busc-lo. Boquiaberta, sa devagar, mas em breve a esperana de novo me tomava toda e eu recomeava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem ca: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e no ca nenhuma vez. Mas no ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranqilo e diablico. No dia seguinte l estava eu porta de sua casa, com um sorriso e o corao batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda no estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu corao batendo. E assim continuou. Quanto tempo? No sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel no escorresse todo de seu corpo grosso. Eu j comeara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, s vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, s vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente sua casa, sem faltar um dia sequer. s vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas voc s veio de manh, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que no era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados. At que um dia, quando eu estava porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua me. Ela devia estar estranhando a apario muda e diria daquela menina porta de sua casa. Pediu explicaes a ns duas. Houve uma confuso silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de no estar entendendo. At que essa me boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e voc nem quis ler! E o pior para essa mulher no era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silncio: a potncia de perversidade de sua filha desconhecida e a

menina loura em p porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi ento que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: voc vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E voc fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mo. Acho que eu no disse nada. Peguei o livro. No, no sa pulando como sempre. Sa andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei at chegar em casa, tambm pouco importa. Meu peito estava quente, meu corao pensativo. Chegando em casa, no comecei a ler. Fingia que no o tinha, s para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer po com manteiga, fingi que no sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu j pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. s vezes sentava-me na rede, balanando-me com o livro aberto no colo, sem toc-lo, em xtase purssimo. No era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. in "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998 Clarice Lispector

Sugestes filmes de curta metragem. Assista aos filmes, leia os comentarios e veja as sujestes para trabalhar com os alunos. Clik no link, digite o nome do filme e assista Felicidade Clandestina de Clarice Lispector http://www.portacurtas.com.br/busca.asp

EXPLORAR: ENREDO: de seqncia linear com grande carga psicolgica. POCA E DURAO: no so precisas PROTAGONISTA: a narradora que sofre sozinha. Da o nome felicidade clandestina ANTAGONISTA: a dona do livro PERSONAGEM SECUNDRIA: a me TEMPO POCA: o ontem - 25 anos atrs, As Reinaes de Narizinho - cortio e pobreza em oposio a riqueza e bens. TEMPO DURAO: algumas semanas ESPAO: Recife, o porto da casa da menina rica NARRADOR: em 1 pessoa a protagonista mostra seu sofrimento interior por no conseguir seu objeto de desejo, o livro. Esse sofrimento se expressa fisicamente, pelas olheiras. Depois mostra seu prazer em t-lo pelo tempo que quisesse. CLASSES SOCIAIS: duas, a rica e a pobre PRECONCEITO: contra pessoas gordas contra pessoas pobres AT O 3 PARGRAFO: apresenta a descrio das personagens RELACIOMENTO: a me da menina rica no conhecia a filha que tinha EXPRESSES DE TEMPO: at que, no outro dia, no dia seguinte DESENHO DO TEXTO: em histria em quadrinhos. LEITURA - Reinaes de Narizinho - (monteiro Lobato) Maria Vai-com-as-outras

Era uma vez uma ovelha chamada Maria. Onde as outras ovelhas iam, Maria ia tambm. As ovelhas iam para baixo Maria ia tambm. As ovelhas iam para cima, Maria ia tambm. Um dia, todas as ovelhas foram para o Plo Sul. Maria foi tambm. E atchim! Maria ia sempre com as outras. Depois todas as ovelhas foram para o deserto. Maria foi tambm. - Ai que lugar quente! As ovelhas tiveram insolao. Maria teve insolao tambm. Uf! Uf! Puf! Maria ia sempre com as outras. Um dia, todas as ovelhas resolveram comer salada de jil. Maria detestava jil. Mas, como todas as ovelhas comiam jil, Maria comia tambm. Que horror! Foi quando de repente, Maria pensou: Se eu no gosto de jil, por que que eu tenho que comer salada de jil? Maria pensou, suspirou, mas continuou fazendo o que as outras faziam. At que as ovelhas resolveram pular do alto do Corcovado pra dentro da lagoa. Todas as ovelhas pularam. Pulava uma ovelha, no caa na lagoa, caa na pedra, quebrava o p e chorava: m! Pulava outra ovelha, no caa na lagoa, caa na pedra e chorava: m! E assim quarenta duas ovelhas pularam, quebraram o p, chorando m, m, m! Chegou a vez de Maria pular. Ela deu uma requebrada, entrou num restaurante comeu, uma feijoada. Agora, m, Maria vai para onde caminha seu p. Sylvia Orlof Sylvia Orthof nasceu em Petrpolis, estado do Rio de Janeiro, em 1932, e faleceu em 1997. Ao longo de sua vida, publicou cerca de 120 livros para crianas, desde a estria, em 1981, com Mudanas no Galinheiro Mudam as Coisas por Inteiro. Recebeu o Prmio Jabuti de Literatura Infantil pelo livro A Vaca Mimosa e a Mosca Zenilda, em 1983, e o Prmio Oflia Fontes, pela coleo Assim se lhe parece, junto com Angela Carneiro e Lia Neiva, em 1995, entre outros.

ATIVIDADES GRAMATICAIS: Encontre no texto: (No primeiro pargrafo) dois verbos no passado. Dois artigos indefinidos Trs substantivos prprios. (No primeiro e segundo pargrafos) dois advrbios indicando lugar. Um advrbio de tempo. Um verbo na terceira pessoa do plural que indique tempo passado. Uma orao interrogativa. Escreva-a. Uma expresso de admirao contida no texto. Um numeral cardinal. Um substantivo feminino no plural. Cinco substantivos comuns. Uma qualidade para lugar. QUESTES SOBRE O TEXTO: O texto apresentado narrativo ou descritivo? Explique. Quem escreveu o texto? Quem conta a histria? Descreva as caractersticas da personagem principal e diga o que acha dela. Qual sua opinio a respeito das outras ovelhas? Maria ficou doente duas vezes: Quando? Quando Maria tomou conscincia de que imitava as outras ovelhas? Em que momento houve uma mudana na atitude de Maria? Como voc explica a ltima frase do texto?

Escolha a frase mais marcante da histria e copie-a. Qual a frase do texto que narrada em primeira pessoa? Copie-a. Invente um outro nome tambm adequado para esta histria. O que voc pensa das pessoas que so Maria vai-com-as-outras? Voc j foi Maria vai-com-as-outras algum dia? Quando? Por qu? Qual a comida que voc no gosta? Por qu? Reescreva a histria mudando ttulo, locais, nomes, animais, alimentos... Resuma o texto Um desenho para colorir:

O Analfabeto Poltico - 2

O pior analfabeto o analfabeto poltico. Ele no ouve, no fala, nem participa dos acontecimentos polticos. Ele no sabe que o custo de vida, o preo do feijo, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remdio dependem das decises polticas. O analfabeto poltico to burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a poltica. No sabe o imbecil que da sua ignorncia poltica nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que o poltico vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais. Texto de Bertold Brecht, escritor e teatrlogo alemo (1898/1956)

SUGESTES DE ATIVIDADES: ESTUDO DO VOCABULRIO: PESQUISE NO DICIONRIO E ESCREVA OS SIGNIFICADOS DE ACORDO COM O TEXTO LIDO: orgulho imbecil ignorncia vigarista pilantra corrupto lacaio

EXPLIQUE AS EXPRESSES DESTACADAS: No sabe o imbecil que da sua ignorncia poltica nasce a prostituta... O pior de todos os bandidos, que o poltico vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais. O analfabeto poltico to burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a poltica. RESPONDA AS QUESTES ABAIXO: importante participar dos acontecimentos polticos do pas? Por qu? De que forma podemos participar dos acontecimentos polticos? O que voc entende por custo de vida? O que uma deciso poltica? Por que o preo do aluguel, do sapato e do remdio dependem das decises polticas? Cite exemplos de decises polticas no Brasil. Como voc v o fato de algum odiar a poltica? Quais as caractersticas de um analfabeto poltico? O autor do texto afirmou que o pior analfabeto o analfabeto poltico . Nesta afirmao h uma outra crtica. Qual? Bertold Brecht tambm disse que o pior de todos os bandidos o poltico vigarista, pilantra.... Como podemos interpretar essa afirmao do autor? O que fazer quando ficamos sabendo que um poltico est agindo desonestamente? TRABALHO DE PESQUISA: Pesquisar sobre as atividades de algumas empresas multinacionais. Casos de corrupo no Brasil. (internet, recortes de jornais e revistas) Pesquisar nos mercados prximos o preo dos produtos da cesta bsica. (as pesquisas, aps serem lidas na sala, podem ser apresentados para a turma e/ou expostos para as demais turmas da escola) EXPRESSO ARTSTICA: Expresse o analfabeto poltico num desenho. (Os desenhos podem ser expostos para as demais turmas da escola) Cantar o poema como se fosse um rap. Declamar o poema: chorando, sorrindo, com raiva, gritando, baixinho... (pode ser feito num auditrio) PRODUO DE TEXTO: Expresse sua opinio num texto, falando sobre a poltica brasileira. DEBATE: possvel ser analfabeto e no ser analfabeto poltico? Por qu? EXERCCIOS: NO POEMA, QUAIS PALAVRAS SO VERBOS? JUSTIFIQUE A ACENTUAO GRFICA DAS PALAVRAS: Poltico Remdio Ignorncia COPIE DO TEXTO: Quatro palavras que tenham dgrafo. Uma com hiato Uma com ditongo crescente D AS FUNES SINTTICAS DA PALAVRA ANALFABETO: O analfabeto poltico. O poltico analfabeto. O poltico analfabeto decidiu estudar. Analfabeto, o poltico decidiu estudar. Analfabeto, estude! Eu ouvi o discurso do analfabeto poltico. O cidado orientou o analfabeto poltico.