Atilio Boron - America Latina en La Geopolitica Del Imperialismo
Textodeapoio Atilio
-
Upload
cezar-santiago -
Category
Documents
-
view
5 -
download
0
Transcript of Textodeapoio Atilio
Página 1 de 12
QP 433 Atílio de Oliveira Cardoso Campinas, Outubro de 2001 ESPALHAMENTO DE LUZ DINÂMICO APLICADO NO ESTUDO DE SISTEMAS MICELARES.
1 Teorias de espalhamento de luz.................................................................................................................. 2
1.1. Mecanismo do espalhamento de luz por uma partícula ...................................................................... 2 1.2. Teoria de Rayleigh – apropriada para partículas de dimensão muito menor que o comprimento de onda da luz incidente. ..................................................................................................................................... 2 1.3. Teoria de Gans-Debye – apropriada para partículas de dimensão não muito menor que o comprimento de onda da luz incidente ........................................................................................................... 3
2 Qual a diferença entre medida de espalhamento de luz estático e medida de espalhamento de luz dinâmico? ........................................................................................................................................................... 5
3 Como é possível determinar o tamanho médio de partículas através de medidas de espalhamento de luz dinâmico? ........................................................................................................................................................... 5
4 Espalhalmento de luz em sistemas micelares ............................................................................................. 8
4.1. Espalhamento estático ........................................................................................................................ 8 4.2. Espalhamento dinâmico...................................................................................................................... 9 4.3. Influência da interação intermicelar no coeficiente de difusão......................................................... 10
5 Literatura consultada ............................................................................................................................... 12
Página 2 de 12
1 .. Teorias de espalhamento de luz
1.1.....Mecanismo do espalhamento de luz por uma partícula
Quando a radiação eletromagnética atinge uma partícula, o vetor elétrico da onda de
luz interage com os átomos nela contidos, retirando os elétrons da posição de
equilíbrio, e induzindo à formação de um dipolo momentâneo, de magnitude
determinada pela polarizabilidade α do material. A polarizabilidade de uma esfera,
de índice de refração n e raio a é proporcional ao seu volume, sendo dada por:
equação 1 ( )( )2
14 2
23
0 +−⋅=
nnaπεα
Uma vez que a partícula é pequena, comparada ao comprimento da onda de luz,
pode-se assumir que, em qualquer instante, toda a extensão da partícula está sujeita
ao mesmo campo elétrico. O vetor elétrico da onda de luz flutua em magnitude com
uma frequência ν, e devido a isto, o dipolo também irá flutuar, com a mesma
frequência ν, embora não necessariamente em fase. Um dipolo flutuante emite
energia continuamente, na forma de radiação eletromagnética de frequência ν, e
assim ocorre o espalhamento de luz.
1.2.....Teoria de Rayleigh – apropriada para partículas de dimensão muito menor que o comprimento de onda da luz incidente.
Em 1871, Lord Rayleigh1 apresentou um tratamento aproximado que relacionava a
intensidade de luz espalhada (I) por partículas com:
I. a dimensão das partículas, II. o índice de refração do material que constitui as partículas, III. o comprimento de onda da radiação incidente, IV. e a intesidade da radiação incidente.
Segundo a teoria de Lord Rayleigh, a intensidade de luz espalhada por uma
partícula de índice de refração próximo da unidade e diâmetro da ordem de 1/20 do
comprimento de onda da radiação incidente, é dada por:
Página 3 de 12
equação 2 ( )θπεα
λπ 2
2
024
4
0
cos14
8 +
=
rII
onde I0 é a intensidade da radiação incidente não polarizada, de comprimento de
onda λ, que incide sobre a partícula, e α é a polarizabilidade do material que forma a
partícula. O ângulo θ é aquele formado entre o feixe de radiação incidente e o feixe
de radiação espalhado, sendo que a intensidade I é medida a uma distância r da
partícula, conforme ilustra a Figura 1.
Figura 1 Arranjo experimental básico utilizado em medidas de espalhamento de luz
A intensidade de luz espalhada em um ângulo θ, por um número Np de partículas
por unidade de volume é dada por:
equação 3 ( )( ) ( )θ
λπθ 2
220
21
24
220
21
2
0
cos122
9 ++−= pN
nnrnn
II 2v
onde v é o volume de uma partícula. Nesta equação, os termos 1 e cos2θ referem-se,
respectivamente, às componentes polarizadas vertical e horizontal de luz espalhada.
Desta forma, quando θ = 900, apenas a luz polarizada verticalmente é visível,
conforme ilustra a Figura 2.
1.3.....Teoria de Gans-Debye – apropriada para partículas de dimensão não muito menor que o comprimento de onda da luz incidente
Poucos sistemas coloidais atendem aos requerimentos do modelo de
Rayleigh, (a<<λ), mas a equação 3 é importante porque enfatiza que a intensidade
de espalhamento é fortemente dependente do tamanho de partícula, do comprimento
Página 4 de 12
de onda da luz incidente e do ângulo de detecção do espalhamento. Uma vez que,
em qualquer ângulo, I0 ∝ (vNp)/λ4, é evidente que para qualquer tamanho de
partícula, sendo v constante, o espalhamento aumenta diretamente com a
concentração de partículas e, para uma determinada concentração de partículas (vNp
constante), o espalhamento irá aumentar com o tamanho de partícula. Esta última
propriedade é extensivamente usada para monitorar processos de agregação de
partículas.
Figura 2 Intensidade (I0) de luz espalhada (luz não-polarizada) por uma partícula esférica pequena (a<<λ)localizada na origem O, em função do ângulo de espalhamento (teoria de Rayleigh). As
distâncias da origem às linhas i, ii e iii representam as intensidades relativas da componente polarizada verticalmente, da componente polarizada horizontalmente, e a luz espalhada total, respectivamente.
Figura 3 Intensidade de luz espalhada total por uma partícula esférica grande (a<λ), medida em dois ângulos diferentes.
Gans e Debye1 desenvolveram uma teoria mais elaborada, que é requerida
para detalhar a dependência da intensidade de espalhamento Iθ com o ângulo θ em
sistemas contendo partículas com d<λ, que é chamada de região de Rayleigh-Gans-
Debye. Entretanto, a dependência de Iθ com v, Np e λ permanece como indicado na
Página 5 de 12
equação 3. Na região de Rayleigh-Gans-Debye , o padrão de espalhamento Iθ é mais
complicado que aquele produzido pela região de Rayleigh (a<<λ). O espalhamento
tende a ser mais intenso para ângulos menores que 900 do que para ângulos entre 90
e 1800, sendo que esta tendência aumenta com o tamanho da partícula. Por isso,
medidas da razão de dissimetria de espalhamento em dois ângulos diferentes (450 e
1450), conforme ilustra a Figura 3, permitem medir o tamanho de partículas.
2 .. Qual a diferença entre medida de espalhamento de luz estático e medida de espalhamento de luz dinâmico? No caso do espalhamento estático, mede-se a intensidade média da luz
espalhada por um conjunto de partículas.
No caso do espalhamento dinâmico, mede-se flutuações da intensidade do
espalhamento em função do tempo.
3 .. Como é possível determinar o tamanho médio de partículas através de medidas de espalhamento de luz dinâmico? Partículas dispersas em um meio líquido movem-se ao acaso (movimento
Browniano). Partículas menores movem-se mais rapidamente que partículas
grandes, e portanto possuem coeficiente de difusão (D) maior.
Para uma dispersão de partículas esféricas, com viscosidade η, sob
temperatura constante T, o coeficiente de difusão D é inversamente proporcional ao
diâmetro hidrodinâmico dh das partículas, como mostra a equação de Stokes-
Einstein,
equação 4 hd
TDπη3k=
Página 6 de 12
onde k é a constante de Boltzmann.
Devido ao movimento Browniano, a intensidade da luz espalhada por um
conjunto de partículas sofre flutuações ao longo do tempo. Supondo que haja uma
janela de dimensão reduzida, através da qual a luz espalhada pelas partículas alcança
um detector, a intensidade da luz que atinge o detector irá flutuar devido ao
movimento das partículas. Esta flutuação da intensidade de luz espalhada ocorrerá
com maior velocidade quando a dispersão contiver partículas pequenas, pois estas se
movimentam mais rapidamente e passam diante da janela um número maior de
vezes dentro de um intervalo de tempo.
Portanto, existe uma relação entre a velocidade de flutuação da luz espalhada
e o coeficiente de difusão das partículas. Existe também uma função de
autocorrelação da intensidade de luz espalhada. No caso de partículas pequenas, essa
função de auto-correlação entre as intensidades diminui mais rapidamente com o
tempo, do que no caso de partículas grandes.
A função de autocorrelação, G(t), é:
equação5 ⟩+×⟨= )()()( 00 ttItItG
onde I(t0) e I(t0 + t) são as intensidades de luz espalhada nos instantes t0 e (t0 + t),
respectivamente. No tempo t = t0 = 0, a intensidade de espalhamento é I(0) e a
função de auto-correlação possui um valor máximo. Com o passar do tempo, a
intensidade de espalhamento em um tempo (t0 + t) terá cada vez menos correlação
com a intensidade de espalhamento inicial, e a média sobre os produtos das
intensidades, que é G(t), tende a zero.
Normalmente admite-se que G(t) decai exponencialmente em função do
tempo, conforme é mostrado na Figura 4 .
Página 7 de 12
Figura 4 Decaimento de G com o tempo.
Para partículas esféricas e monodispersas, G(t) é expresso por:
equação 6 BAetG t += Γ−2)(
onde A e B são constantes, e Γ é a constante de decaimento da curva exponencial
gerada pela função de auto-correlação. Por sua vez, Γ é dada por
equação 7 2Dq=Γ
onde D é o coeficiente de difusão das partículas e q é o vetor de onda da luz
espalhada, que é dado por
equação-8 )2/sen()/4( 0 θλπnq =
onde n é o índice de refração do líquido que dispersa as partículas, θ é o ângulo de
detecção da luz espalhada e λ0 é o comprimento de onda da luz incidente.
Os aparelhos utilizados para medir tamanho de partículas são dotados de um
software que encontra a curva que melhor se ajusta aos pontos gerados pela função
de autocorrelação, ou seja, encontra um valor apropriado para Γ. Ao substituir Γ na
Página 8 de 12
equação 7 é encontrado um valor para D. Finalmente, substituindo D na equação 4
encontra-se o diâmetro hidrodinâmico médio das partículas.
4 .. Espalhalmento de luz em sistemas micelares OBSERVAÇÃO: O conteúdo deste tópico foi escrito a partir do capíto 8 (LASER LIGH SCATTERING IN MICELLAR SYSTEMS) do livro “DYNAMIC LIGHT SCATTERING”. O livro foi editado por Robert Pecora e o capítulo foi escrito por Norman. Mazer.2
4.1.....Espalhamento estático
O uso de métodos de espalhamento de luz no estudo de sistemas micelares foi
iniciado por Debye, em 1940. Em uma publicação do tipo “review”, entitulada “
Light scattering in soap solutions”, Debye ilustra as informações possíveis de serem
obtidas a partir de métodos de espalhamento estático de luz, nos quais se mede a
intensidade média de luz espalhada, Î.A partir da dependência de Î com a
concentração do surfactante, C, ele mostrou ser possível determinar a concentração
micelar crítica CMC de um surfactante
Para C < CMC, o sistema contém apenas moléculas isoladas do surfactante,
de massa molecular não superior a 500, e que espalham a luz fracamente. Entretanto,
para C > CMC, as moléculas se associam cooperativamente, formando agregados de
massa molecular aparente superior a 10.000, e que espalham a luz fortemente.
Para a região de concentração acima da CMC, Debye assume haver um paralelismo
entre o espalhamento da luz a partir de soluções micelares e soluções de polímeros.
Através desta analogia, a dependência de Î com a concentração pode ser usada para
deduzir a massa da micela, M, de acordo com a relação:
equação-9
−+=− )(21
(CMC)I-(C)I 2 CMCCM
CMCC Aα
onde A2 é o segundo coeficiente virial osmótico, e α é uma constante experimental
que depende do incremento de índice de refração das micelas (dn/dC) e do
comprimento de onda da radiação incidente λ.
Página 9 de 12
Assume-se implicitamente que, na equação-8 , os parâmetros micelares M e
A2 são constantes, independente de quanto a concentração do detergente esteja
acima da CMC, e que a concentração dos monômeros de detergente em equilíbrio
com as micelas permanece igual à CMC. Informações adicionais, tais como tamanho
e forma das micelas, também podem ser obtidas, desde que as micelas sejam
suficientemente grandes para produzir variações angulares em Î que sejam
mensuráveis, conforme é explicado no item 1.3
Mukerjee e Israelachvilli mostraram que, para a maior parte dos sistemas
micelares, M e A2 não são constantes à medida que C se distancia da CMC. Em
razão disto, os métodos envolvendo espalhamento de luz estático são incapazes de
fornecer informações verdadeiras do comportamento de sistemas micelares sob
concentrações muito maiores que a CMC, onde podem ocorrer transições de
tamanho, forma e estrutura das micelas.
4.2.....Espalhamento dinâmico
Todas a técnicas utilizadas para o estudo de macromoléculas (ou micelas) são
fortemente influenciadas pelas interações macromoleculares, que provocam
variações apreciáveis em parâmetros tais como intensidade de espalhamento de luz,
pressão osmótica e coeficiente de sedimentação.
Entretanto, o coeficiente de difusão, que pode ser obtido a partir de medidas
de espalhamento de luz dinâmico, é muito menos afetado. Assim, usando a relação
de Stokes-Einsten (equação 4), é possível calcular o diâmetro hidrodinâmico das
micelas que, mesmo sob concentrações substancialmente maiores que a CMC,
fornece uma estimativa válida do tamanho das micelas. Além disso, os métodos
envolvendo espalhamento dinâmico de luz podem também informar sobre a
polidispersidade dos sistemas micelares.
Combinando métodos de espalhamento estático e dinâmico, é possível fazer
deduções concernentes à forma das micelas, ao número de agregação, e às interações
entre as micelas, conforme é ilustrado pela Figura 5.
Página 10 de 12
Figura 5
4.3.....Influência da interação intermicelar no coeficiente de difusão
O coeficiente de difusão de micelas depende da concentração e, quando é
medido através de espalhamento de luz dinâmico, essa dependência é dada pela
equação geral de Stokes-Einsten:
Equação-10 )1()(
)( CCf
CCD νπ −∂∂=
onde ∂π/∂C é a compressibilidade osmótica, f(C) é o fator de fricção hidrodinâmica,
e ν é o volume parcial específico da micela (ou macromolécula).
Devido à interação entre as micelas, A∂π/∂C e f(C) também dependem da
concentração, e essa dependência pode ser expressada como uma expansão viral.
Para uma expansão de primeira ordem surge:
Página 11 de 12
Equação-11 )21( 2 MCATC
+=∂∂ kπ
Equação-12 )1(3)1()( 0 CBdCBfCf fhf +=+= πη
onde A2 é o segundo coeficiente osmótico, que também aparece na equação-9
(equação de Debye), f0 é o fator de fricção sob diluição infinita (igual a 6πηRh), e Bf
é o coficiente de interação friccional.
Substituindo a Equação-11 e a Equação-12 na Equação-10 obtém-se:
Equação-13
−
++= )1(1
213
)( 2 CCBMCA
dTCD
fh
νπηk
A quantidade entre colchetes contabiliza a o efeito que interação entre as
macromoléculas sobre a dependência entre D e a concentração. No caso da interação
entre esferas rígidas, e na ausência de repulsão eletrostática, 2A2M é igual a 8ν,
enquanto Bf varia de 6ν a 7ν. Isto significa que o termo entre colchetes, mesmo para
concentrações da ordem de 100g/L, permanece próximo da unidade.
Quando a repulsão eletrostática é levada em conta, 2A2M pode ser
substancialmente superior a 8ν, enquanto um pequeno acréscimo de Bf é observado.
Como resultado, D aumentará com a concentração.
Entretanto, no caso de macromoléculas carregadas, o efeito eletrostático pode
ser suprimido pela adição ao sistema de um eletrólito indiferente. Assim, o termo
entre colchetes será novamente próximo da unidade, de forma que uma variação de
D deverá refletir a dependência de dh com a concentração.
É importante observar que as teorias de agregação predizem que, em um
sistema contendo um único tipo de molécula anfifílica, dh pode apenas aumentar ou
permanecer constante em função da concentração de surfactante. Isto significa que
Página 12 de 12
um aumento de D nunca estará associado a uma diminuição de dh, sendo apenas o
resultado de interações repulsivas. Por outro lado, uma diminuição de D geralmente
indica um crescimento das micelas, embora em alguns casos especiais possa ser o
resultado de interações atrativas.
5 .. Literatura consultada 1 D.H. Everett, “Basic Principles of Colloid Science”, Royal Society of Chemistry, London, 1988. 2 R. Pecora, ed, “Dynamic Light Scattering – Applications of Photon Correlation Spectroscopy”, chapter 8, pp 305, Plenum Press, New York, 1985.