TEXTO ILUSTRAÇÃO · 2017. 10. 2. · usar o Tinder, está a destruir a vossa vida amoro-sa ,...

11
22-07-2017 | Revista E TEXTO NELSON MARQUES ILUSTRAÇÃO GONÇALO VIANA

Transcript of TEXTO ILUSTRAÇÃO · 2017. 10. 2. · usar o Tinder, está a destruir a vossa vida amoro-sa ,...

Page 1: TEXTO ILUSTRAÇÃO · 2017. 10. 2. · usar o Tinder, está a destruir a vossa vida amoro-sa , alerta o psicólogo Barry Schwartz, do Swar- ... do sucesso está na forma simples e

22-07-2017 | Revista E

TEXTONELSON MARQUES

ILUSTRAÇÃOGONÇALO VIANA

Page 2: TEXTO ILUSTRAÇÃO · 2017. 10. 2. · usar o Tinder, está a destruir a vossa vida amoro-sa , alerta o psicólogo Barry Schwartz, do Swar- ... do sucesso está na forma simples e

Love me, TinderNuma era em que o sexo é

tão acessível como um hambúrguer do McDonald’s,

as aplicações móveis de encontros estão a revolucionar

a forma como nos relacionamos. Viagem

ao amor e ao sexo nos tempos modernos

Page 3: TEXTO ILUSTRAÇÃO · 2017. 10. 2. · usar o Tinder, está a destruir a vossa vida amoro-sa , alerta o psicólogo Barry Schwartz, do Swar- ... do sucesso está na forma simples e

cabeças no trânsito: loira, curvilínea, parece uma musa saída de um filme de Fellini. Ouviu falar da aplicação numa noite de verão há três anos. “Esta-va num jantar e toda a gente falava do Tinder. Claro que tive de entrar. Inicialmente, era um misto de excitação e curiosidade para saber quem estava lá do outro lado e quem nos escolhia também. Sem-pre brinquei que parecia um talho, onde vais e es-colhes o melhor ‘naco’, mas dei muitas quecas, a maior parte delas muito bem dadas.”

Se a app é ou não um veículo de sexo fácil, como muitos a acusam, depende da predisposição de cada um, defende. “Às vezes, depende também muito da quantidade de álcool que ingeriste”, ri--se, admitindo que, num mesmo dia, chegou a ter sexo com dois homens em ocasiões diferentes. “Um era um filme antigo do Tinder, o outro um filme novo e fresco do Tinder.” Usa-o muito em viagem para conhecer pessoas e fazer programas diferentes, como explorar Santorini numa moto-4 ou ir a um concerto de uma banda alternativa. “Não tem necessariamente de haver uma compo-nente sexual. Encontras gente bem interessante, pessoas que ficam para sempre na tua vida, pes-soas que te fazem pensar no porquê de estares ali a perder o teu tempo. Não me lembro de nenhuma história má, talvez tenha tido sorte.”

Miguel, um engenheiro de 35 anos, concorda que o Tinder é “perfeito para usar em viagem”. Horas antes desta conversa, tinha-se encontrado com uma islandesa que conhecera no ano passa-do e que estava agora de visita a Portugal. “Sem-pre tive mais facilidade em conhecer mulheres na app quando estou a viajar do que cá em Portugal. As estrangeiras estão mais abertas a conhecer-te, talvez por seres novidade, alguém diferente.” Re-corda, por exemplo, a vietnamita que gritava mui-to e lhe dizia “não tenhas medo de me magoar”; a polaca que lhe apareceu à porta do hotel numa ga-bardina, “como num filme”, depois de meia dúzia de frase trocadas; ou a libanesa que passava férias num hotel chique em Lisboa e que o levou a jantar e depois o convidou a subir para o quarto.

Começou a usar a aplicação “há três ou quatro anos”, no meio de uma relação tremida que aca-bou meses depois. A primeira pessoa que conhe-ceu foi “como uma lufada de ar fresco”. Passaram a noite juntos, mas não voltaram a ver-se, porque ela, chilena, estava apenas de passagem por Lis-boa. No Tinder, encontrou de tudo: mulheres sol-teiras e outras comprometidas “à procura de algo diferente”, casais que queriam “novas experiên-cias”, pessoas “mais ou menos famosas” que nun-ca pensou que ali andassem. Estudantes, diretoras de empresas, turistas, locais. Mulheres que de-sejavam um relacionamento e outras que apenas queriam sexo. Dos 20 aos 40 anos. “A dada altura, conhecer pessoas novas torna-se quase um jogo. Cheguei a ter três e quatro encontros por semana, ou mesmo mais. Se não tivermos cuidado, pode tornar-se extremamente viciante e desorganizar--nos um pouco a vida.”

Para o engenheiro, a app é um meio “fácil e rá-pido” de encontrar um parceiro sexual, mas tam-bém de alimentar uma fantasia ou mesmo o ego. Já para começar uma relação não acredita que seja

o local ideal. “Só o facto de conhecer alguém nes-se ambiente faria com que demorasse bastante tempo para que isso deixasse de ser um pormenor importante.”

O LUXO DA FELICIDADEAinda que o fundador do Tinder, Sean Rad, repita em todas as oportunidades que é frequentemen-te convidado para o casamento de pessoas que se conheceram na aplicação, vários investigadores sugerem que Miguel poderá ter razão. “Parem de usar o Tinder, está a destruir a vossa vida amoro-sa”, alerta o psicólogo Barry Schwartz, do Swar-thmore College, uma das mais prestigiadas univer-sidades dos Estados Unidos. A sua tese é simples: o facto de termos tanta possibilidade de escolha não se traduz necessariamente em maior probabilida-de de nos apaixonarmos. Pelo contrário, torna-nos peritos na incapacidade de assumir as nossas de-cisões. De escolher. E porque haveríamos de fazê--lo? Alguém mais bonito, mais inteligente, mais rico, pode estar a apenas um clique de distância. Bem-vindos ao “paradoxo da eleição”, um concei-to popularizado pelo psicólogo americano há cerca de uma década.

“O mesmo bloqueio que sentimos quando com-pramos uns jeans aplica-se aos relacionamentos: não importa o quão atrativa uma opção parece, há sempre a possibilidade de encontrarmos uma me-lhor se continuarmos à procura”, explica Schwartz ao Expresso. Quando por fim decidimos acabamos

“A dada altura, conhecer pessoas novas torna-se quase um jogo. Cheguei a ter três e quatro encontros por semana, ou mesmo mais. Se não tivermos cuidado, pode tornar-se extremamente viciante”MIGUEL, ENGENHEIRO, 35 ANOS

Na véspera de falar para esta reportagem, Gabriela Costa, 32 anos, estava no último dia de uma via-gem pelo Alentejo. À noite, estacionada no meio de nenhures, pegou no telemóvel para matar o té-dio. Ali não havia nada para fazer, mas a vende-dora numa loja de produtos de luxo não demorou a encontrar o que procurava. A confissão sai-lhe sem lirismos: “Fui ter com um puto de 26 anos, forcado. Fomos foder para os campos de trigo, na parte de trás do carro dele, com as minhas pernas apoiadas uma em cada janela”. Era a primeira vez que se encontravam. Tinham começado a trocar mensagens de telemóvel no dia anterior.

A confissão poderá chocar as mentes mais con-servadoras, mas não quem conhece o Tinder, uma aplicação para smartphone que está a revolucio-nar a vida afetiva e sexual de mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo. É precisamente esta a linguagem utilizada entre os seus utilizadores, em permanente busca pelo par perfeito. A chave do sucesso está na forma simples e intuitiva como funciona: basta registar-se com o perfil do Face-book, escolher umas quantas fotos, definir o raio de procura (até 160 quilómetros), o sexo e a faixa etária de quem quer conhecer, e abre-se uma ja-nela para um mundo de possibilidades românticas. É como se levasse no bolso “um bar de solteiros aberto 24 horas por dia”, na feliz expressão de Aziz Ansari, autor de “O Amor nos Tempos Modernos”, vencedor do prémio Goodreads para Melhor Livro de Não-Ficção de 2015.

À medida que os rostos vão aparecendo no ecrã, quase como uma caderneta de cromos virtual, é possível clicar para ver mais fotos e as informa-ções do perfil. Depois é só deslizar o dedo para fa-zer a escolha, um gesto que em Portugal é repeti-do mais de 200 milhões de vezes por mês: para a direita se a pessoa lhe agrada, para a esquerda se não é o que procura. Tu sim, tu não, tu definitiva-mente sim, tu não, não, não! É como ir ao super-mercado: vê, compara, escolhe. Se o interesse for recíproco, dá-se aquilo a que no Tinder se chama match e ambos podem falar numa janela de chat. Daí para um copo a dois, uma qualquer cama ou o banco de trás de um carro num campo de trigo pode ser uma questão de horas.

Gabriela é lesta na advertência: “Não preci-so de apps para ter sexo.” Olhando para ela, nin-guém ousaria duvidar. É o tipo de mulher que vira

Page 4: TEXTO ILUSTRAÇÃO · 2017. 10. 2. · usar o Tinder, está a destruir a vossa vida amoro-sa , alerta o psicólogo Barry Schwartz, do Swar- ... do sucesso está na forma simples e

E 29

JACKPOT Catarina Beato e Pedro Góis conheceram-se por causa do Tinder, que ambos usavam, mas nunca chegaram a conversar na aplicação. Estão juntos há dois anos e há um foram pais de uma menina

LUÍS

BA

RR

A

Page 5: TEXTO ILUSTRAÇÃO · 2017. 10. 2. · usar o Tinder, está a destruir a vossa vida amoro-sa , alerta o psicólogo Barry Schwartz, do Swar- ... do sucesso está na forma simples e

E 30

COMO O TÍMIDO SEAN RAD CRIOU A MAIS POPULAR APP DE ENCONTROS

Filho de imigrantes iranianos nos Estados Unidos, Sean Rad, 31 anos, criou o Tinder em 2012 com o melhor amigo Justin Mateen, que conheceu durante o curso na Universidade da Califórnia do Sul — e que se demitiria da empresa em 2014 no meio de um escândalo de assédio sexual envolvendo a ex-namorada, Whitney Wolfe, também cofundadora da app (Rad seria afastado da direção-execu-tiva, mas assumiu-a de novo 10 meses depois). Como muitos empreendedores, o jovem californiano abandonou o curso de Gestão em 2006 para começar o seu próprio negócio. Experimentou dois antes de lançar o Tinder: o serviço de e-mail Orgoo, que não teve sucesso, e a empre-sa de marketing para celebridades Adly, que acabou por ser vendida a um fundo de investimento.O empresário conta que teve a ideia de desenvolver o Tinder porque queria co-nhecer uma rapariga num bar e não sabia como abordá-la. O segredo do sucesso da aplicação está no seu funcionamento muito simples e intuitivo, quase como um jogo: cada perfil tem algumas fotos e uma pequena biografia (opcional) e os utili-zadores só têm de deslizar o dedo para a direita se quiserem conhecer a pessoa ou para a esquerda se esta não lhes agra-dar. Se o interesse for recíproco, então podem falar num chat. Foi assim que Rad conheceu uma das ex-namoradas, Alexa Dell, filha do milionário dos computadores Michael Dell, e contratou pelo menos seis funcionários, incluindo a socióloga da em-presa, Jessica Carbino, convidada depois de fazer match com o CEO na aplicação.A startup — que pertence ao Match Group, detentor dos sites de encontros Match.com e OKCupid — precisou de menos de ano e meio para se tornar um fenómeno cultural, em especial entre os jovens com 16 a 24 anos (39% dos seus utilizadores) e entre os 25 e os 34 anos (41%). Segundo a revista “Fast Com-pany”, tem hoje cerca de 10 milhões de utilizadores ativos por dia em 196 países, mais de um milhão dos quais pagam a ver-são premium Tinder Plus (€21,99/mês, €99,96/ano), que não restringe o número de “gostos” que se pode dar, entre outras vantagens. Apesar da app ter fama de ser uma ferramenta para sexo rápido e relações casuais, uma pesquisa recente realizada pela própria empresa assegura que 80% dos utilizadores procura mais do que uma noite de sexo. “Os matches pro-duzidos no Tinder podem mudar vidas”, garante Rad. /N.M.

CONQUISTA Sean Rad, 31 anos, criou a aplicação de encontros mais popular do mundo porque queria falar com uma rapariga num bar e não tinha coragem. Hoje, a app é uma das favoritas dos millennials

GE

TT

Y IM

AG

ES

Page 6: TEXTO ILUSTRAÇÃO · 2017. 10. 2. · usar o Tinder, está a destruir a vossa vida amoro-sa , alerta o psicólogo Barry Schwartz, do Swar- ... do sucesso está na forma simples e

mas já não há romance. “Estamos sempre à pro-cura de uma pessoa melhor, porque temos a falsa sensação que há muita gente disponível à nossa volta. Isso faz com que não nos consigamos con-tentar, é como estar a preencher uma caderneta.”

Um dos capítulos do livro é dedicado aos pe-sadelos do Tinder. A autora instalou a app para es-crever uma crónica sobre o tema, mas, como esta-va solteira há algum tempo, decidiu dar-lhe uma oportunidade. “Estava a passar por uma daquelas fases da vida em que parece que nada bate certo, ninguém nos quer, ninguém gosta de nós, não nos apetece sair de casa nem temos vontade de fazer nada. E ficar pela noite dentro a falar com tipos do Tinder tornou-se viciante. E esta é mesmo a do-ença dos tempos modernos. Todos ludibriamos a nossa solidão com um pouco de amor virtual.”

Depois de muitas “abordagens ridículas”, a começar pelas fotografias — “numa aplicação em que temos segundos para decidir se aquela pessoa nos interessa ou não, devia haver um curso para ensinar os homens” — aceitou ter três encontros: conheceu um músico que parecia “normalíssimo e virtualmente engraçado” mas que se revelou um artista amargurado, egoísta e egocêntrico; um jor-nalista que não tinha dinheiro para pagar o jantar e que usava meias rotas em casa; e um tipo “mui-to interessante” mas 20 centímetros mais baixo do que ela. Nenhum passou do primeiro encontro. Desinstalou a app. “Estas aplicações acabam por mostrar o pior lado das pessoas, são uma breve destruição do amor, uma coisa muito superficial, muito focada na imagem. Para mim, que sou com-pletamente a favor dos cheiros e dos toques, é im-possível querer conhecer alguém com base numa fotografia. Isso não vale nada.”

A AGULHA NO PALHEIROApesar do pessimismo de Helena, não faltam his-tórias felizes, como a de Filipe, um investigador na área das ciências sociais que conheceu a atual namorada no Tinder. Estava solteiro há três anos e decidiu instalar a app em outubro de 2015, movi-do pela curiosidade. “Achei que não havia muito a perder. Era apenas algo para passar tempo, não me parecia que fosse encontrar alguém para uma rela-ção séria, mas acabou por me trocar as voltas.” No final do ano passado, fez match com uma rapariga que como foto de perfil tinha apenas uma imagem que ele usara como fundo de ambiente de trabalho do PC. Começaram a falar, encontraram-se uma semana depois e o que inicialmente era “apenas sexo” acabou por se tornar algo mais sério.

Encontrar a agulha no grande palheiro do Tin-der é “difícil, mas possível”, comprova também Catarina Mira. A viver em Londres há cinco anos, a atriz — que fez parte do elenco de “Morangos com Açúcar” e participou no filme “The Rezort”, que estreou este ano no Netflix — decidiu experi-mentar a app no início de 2015, para escrever uma crónica sobre relacionamentos virtuais que nunca chegou a acabar. “Fui tomar chá ao café de uma amiga em Brick Lane e ela estava na companhia de um rapaz muito jeitoso. Perguntei-lhe onde se tinham conhecido e ela disse-me que tinha sido no Tinder. Nesse dia instalei a app. Numa cidade

grande, como Londres, há pouco tempo para co-nhecer novas pessoas.”

Usou-a menos de 24 horas. Não porque não te-nha gostado da experiência, mas porque se apai-xonou logo. “Saí com duas pessoas e ao segundo encontro acertei no jackpot.” Uma semana depois de se conhecerem, Martin, um publicitário esco-cês de 31 anos, apanhou-a em casa sem lhe reve-lar o destino e levou-a para “um hotel incrível” em Sommerset onde a pediu em namoro. “Encontrei o amor da minha vida, o tronco da minha raiz”, con-fessa a atriz, que até então achava “inconcebível” a ideia de se apaixonar por alguém que conhece-ra virtualmente. “Achava que era uma coisa muito perversa e que só pessoas muito desesperadas em encontrar amor, sexo ou o que for recorreriam a isso. Mas há lá de tudo, como na vida real.”

Mais extraordinária é a história de Catarina Beato, blogger e autora, de 39 anos. Ela e o mari-do, Pedro Góis, um operador de câmara de 42 anos, conheceram-se por causa do Tinder, que ambos usavam, mas nunca chegaram a conversar na apli-cação. Ele viu a foto dela, deslizou o dedo para a direita em sinal de aprovação, mas ela nunca che-gou a ver o perfil dele, porque definira que apenas queria conhecer homens entre os 19 e os 29 anos. “Sim, gosto deles mais jovens”, confessa Catarina, rindo-se. “Se algum dia me divorciar vou procurar um cabo-verdiano de 19 anos.”

Se hoje estão juntos é porque um amigo de Pe-dro viu a foto dela e disse-lhe que sabia quem ela

“Estamos sempre à procura de uma pessoa melhor, porque temos a falsa sensação que há muita gente disponível à nossa volta. É como estar a preencher uma caderneta”HELENA MAGALHÃES, JORNALISTA E AUTORA, 31 ANOS

geralmente por tomar piores decisões. E mesmo quando escolhemos a melhor opção, ficamos menos satisfeitos quando tivemos de optar entre muitas hi-póteses do que se só tivéssemos algumas. “Criámos um mundo onde muitas pessoas assumem uma re-lação, mas estão sempre a olhar por cima do om-bro do parceiro a ver se alguém ‘melhor’ aparece.”

Por isso, defende Schwartz, é muito mais difí-cil ‘assentar’ agora do que quando as opções eram limitadas. Basta olhar para as estatísticas: o ma-trimónio e a natalidade estão em declínio, casa--se muito mais tarde, há cada vez mais solteiros. Para quê apressar as coisas, pensamos. O melhor pode estar para vir.

“As pessoas estão à procura de almas gémeas e não se contentam com algo menos do que isso”, afirma ao Expresso o sociólogo Eric Klinenberg, coautor de “O Amor nos Tempos Modernos”. “Isso faz sentido, de certa forma, porque hoje as pessoas não precisam realmente de se casar. É legítimo fi-carem solteiros durante muito tempo, ou simples-mente coabitar sem um anel de casamento. E como há tantos solteiros por aí, podem viver a sós sem nunca se sentirem sozinhos.”

A procura da “alma gémea” é um fenómeno relativamente recente. Tem origem nos anos 70 e, segundo a socióloga Emília Araújo, da Universida-de do Minho, relaciona-se com a afirmação da au-tonomia e da individualização do homem moder-no, que “procura superar a sua condição humana, o peso das suas limitações, o peso das frustrações e dos medos na ‘autenticidade’ dos seus relaci-onamentos”. Esta “fragilidade”, nota a sociólo-ga, é excessivamente mediatizada, sublinhando a procura do “viver feliz para sempre”, e cria duas ideias: a de que há uma pessoa à nossa espera ou à nossa procura tal como acontece nos filmes, nas séries e nas novelas; e a de que o caminho “é fácil e rápido” através da tecnologia, como as redes soci-ais e as aplicações de smartphone. “Há um deslum-bramento com a oferta da tecnologia, tanto naqui-lo que ela possibilita (como meio), como naquilo que ela dá a mostrar (o mundo dos outros, estável, feliz, embora virtual e irreal).”

Casar passou a ser uma opção e não uma obri-gação social. Se antes o amor era algo que se ia co-zinhando em banho-maria, com alguém que vivia perto e era ‘suficientemente bom’, agora quer-se que ferva desde o início. Procura-se alguém ‘per-feito’, que supra todas as nossas necessidades, o que pode tornar-se um stresse tremendo, mesmo numa época em que temos mais ferramentas do que nunca para o conseguir.

A ERA DOS AMORES FAST-FOODHelena Magalhães, 31 anos, é autora de “Diz-lhe Que Não”, uma espécie de guia para mulheres “moderadamente românticas que acreditam que o amor é outra coisa”. O retrato que a jornalista e blogger, colaboradora do “Observador”, pinta da geração Tinder é quase apocalíptico: “Bem-vindos à era dos amores fast-food. Das não-relações. Das conversas noite dentro pelo WhatsApp. Dos ami-gos coloridos. Das relações casuais.” Um mundo onde se grita sexo, sexo, sexo e falar de amor se tornou um pecado capital. Onde abunda a luxúria,

Page 7: TEXTO ILUSTRAÇÃO · 2017. 10. 2. · usar o Tinder, está a destruir a vossa vida amoro-sa , alerta o psicólogo Barry Schwartz, do Swar- ... do sucesso está na forma simples e

HAPPNCom 33 milhões de utilizadores em todo o mundo, 250 mil dos quais em Portugal,

recorre à geolocalização para apresentar apenas os perfis de pessoas com quem o uti-

lizador se poderá ter cruzado durante o dia

TINDERFundada em 2012, é a aplicação de encontros mais popular do planeta.

Está disponível em 196 países e esti-ma-se que tenha mais de 50 milhões

de utilizadores registados

BUMBLEDepois de sair do Tinder após acusar

um dos fundadores de assédio sexual, Whitney Wolfe criou em 2014 esta app

onde as mulheres têm o poder: só elas podem enviar a primeira mensagem

GRINDRLançada por Joel Simkhai, em 2009, é a

pioneira das apps de encontros. Dirigida a homens gays e bissexuais, tem mais de seis

milhões de utilizadores ativos e é detida maioritariamente por uma empresa de

jogos chinesa

era. Nesse mesmo dia, Pedro adicionou-a no Fa-cebook. Começaram a conversar e encontraram--se horas depois. “Ele chegou de calções, em alças e não me tocou com um dedo. Achei que era gay e queria fazer uma amiga. Fiquei triste e frustra-da, porque ele era giro e interessante.” Voltaram a combinar no dia seguinte e mês e meio depois es-tavam casados. “Eu já tinha dois filhos e ele tinha um, então meio a brincar dissemos que não que-ríamos ser namorados. Achámos que [casar] se-ria uma forma diferente de celebrar a nossa união. Quando fomos ao registo ainda nem sequer estáva-mos a viver na mesma casa.” Estão juntos há dois anos e há cerca de um foram pais de uma meni-na, Maria Luísa, o primeiro caso conhecido de um “Tinder baby” português.

QUE FUTURO PARA A MONOGAMIA?Se há muitas mulheres que se sentem frustradas pela banalização do sexo que estas apps promo-vem, para outras essa perda de pudor foi liberta-dora. “Joana” [o nome foi alterado para lhe preser-var a identidade], uma artista de trinta e poucos anos, casou-se no tempo em que ainda não havia smartphones e os sites de encontros eram um uni-verso algo sombrio e muito pouco sedutor. Duran-te quase uma década foi uma mulher “exemplar e muito fiel”, comprometida no seu papel de espo-sa e sem nunca ter vontade ou curiosidade de co-nhecer outro homem. Há pouco mais de um ano, apaixonou-se por um colega de trabalho e o amor acabou numa cama de hotel. Literalmente. “Só estivemos juntos dessa vez. Depois de acontecer, perdeu a magia. Acabou logo ali, percebi que era só sexo. Senti-me usada.”

Porém, do ponto de vista criativo, aquela aventura tinha tido um efeito “fabuloso”. Sen-tia-se mais inspirada do que nunca. “Não sabia o que o tinha provocado. Se tinha sido o amor, o desejo, o segredo, se tinha sido uma combinação de tudo.” Procurou uma sexóloga e percebeu que a monogamia não era para ela, criava-lhe frus-tração. Foi um choque. “Sou superfã da ideia do casamento, do ficar com o nome do marido, ser possessão de um homem, isso é uma coisa que me mete nas nuvens. De repente, assumir que sou de alguém mas quero ser de três ou quatro, foi um pouco estranho. Ao mesmo tempo, foi muito li-bertador. Descobri que não queria viver segundo aquelas ideias vitorianas do ‘casaram-se e foram felizes para sempre’”.

Percebeu que para conhecer outras pessoas ti-nha de sair da sua esfera pessoal, que estava “con-taminada pela presença do marido”. Decidiu ins-talar o Happn, uma app semelhante ao Tinder mas que apresenta perfis de pessoas com quem o uti-lizador poderá ter-se cruzado durante o dia. Aos poucos, foi criando um alter ego que se alimenta-va de relações fugazes: no espaço de um ano, en-volveu-se sexualmente com cerca de 30 homens, a maioria dos quais casados ou comprometidos como ela. Num só dia chegou a estar com quatro, em ocasiões diferentes. Quase precisa de uma folha Excel para se lembrar dos detalhes básicos de cada um deles. Tinha um problema: a adrenalina de uma nova conquista tornara-se viciante, andava

“Acho muito mais perigoso conhecer alguém num bar ou numa discoteca, onde não sabes nada sobre essa pessoa nem sobre as suas intenções, e não há tempo para teres uma conversa”INÊS, ESTUDANTE, 19 ANOS

compulsivamente “numa atitude quase predató-ria”. Não conseguia parar. “As mulheres também podem ser caçadoras. E este género de apps dá--lhes imenso poder.”

“Joana” abrandou o ritmo dos encontros, mas não pensa parar. “Parar é morrer. Não vou voltar àquele estado de inconsciência em que tenho ver-gonha do que sou ou de dizer que quero sexo. Mas também sei que tenho pessoas à minha volta que sei que quero proteger.” Não sente que esteja a trair o marido. “Às vezes, para me desculpar, para fa-zer festinhas à minha culpa, penso que não escolhi outro homem para ter filhos, é para a casa dele que vou ao fim do dia, é no colo dele que choro quando tenho problemas, é o primeiro a quem conto uma alegria. Nunca conheci ninguém através da aplica-ção por quem fosse capaz de largar tudo.”

TINDER SURPRESAEsta experimentação sexual, sem grandes amarras, começa cada vez mais cedo. Inês, uma estudante de 19 anos, percebeu depressa que a monogamia era uma espécie “quase extinta”. Começou com 15 anos a usar apps de encontros como forma de “procurar atenção masculina”, mas teve sempre a noção que o objetivo principal de quem as usava era a procura de sexo fácil. “Sendo uma rapariga nova e bonita, não era complicado estar com quem queria. No Tinder, devo ter-me encontrado com três ou quatro rapazes, mas através de outras redes devo ter tido encontros com cerca de 20. Desses,

Page 8: TEXTO ILUSTRAÇÃO · 2017. 10. 2. · usar o Tinder, está a destruir a vossa vida amoro-sa , alerta o psicólogo Barry Schwartz, do Swar- ... do sucesso está na forma simples e

E 33

DA

VID

PIE

DA

DE

FELICIDADE Catarina Mira, atriz que fez parte do elenco de “Morangos com Açúcar” e recentemente participou no filme “The Rezort”, que estreou este ano no Netflix, encontrou a sua alma gémea ao segundo encontro no Tinder

Page 9: TEXTO ILUSTRAÇÃO · 2017. 10. 2. · usar o Tinder, está a destruir a vossa vida amoro-sa , alerta o psicólogo Barry Schwartz, do Swar- ... do sucesso está na forma simples e

ego” de quem as usa. “No fundo, é o que toda a gente quer: atenção, sentirmo-nos desejados. E numa app como o Tinder isso é quase um dado ad-quirido”. A imagem, assegura, tornou-se o centro de tudo. Garante que se tornou muito exigente com o aspeto físico das pessoas com quem se relaciona por ter começado cedo a avaliá-las através de fo-tografias. “A personalidade é quase completamen-te posta de lado.”

Estarão este tipo de apps a fomentar a superfi-cialidade e um ambiente desumanizado domina-do pela ditadura da imagem? Didier Rappaport, o fundador do Happn, defende-se. “O que tentamos fazer é replicar o que acontece na vida real. Quan-do nos cruzamos com alguém na rua, é na apa-rência que reparamos primeiro. Algumas pessoas ficarão pela aparência. Outras veem mais além e têm interesse em conhecer essa pessoa. No mundo digital é igual. Quando alguém nos agrada, muito rapidamente passamos para lá da imagem, tenta-mos saber os seus interesses, conversar com ela”, explica ao Expresso o diretor-geral da app, que é usada por 33 milhões de pessoas em todo o mundo, 250 mil das quais em Portugal (130 mil na região de Lisboa) — 42% têm entre 25 e 34 anos.

Para o psicólogo Miguel Ricou, investigador do CINTESIS — Centro de Investigação em Tecnolo-gias e Serviços de Saúde, o facto de a imagem se ter tornado cada vez mais importante é uma con-sequência não da internet, mas do facto de os re-lacionamentos serem hoje mais rápidos e menos baseados em características que visem a estabi-lidade. “O prazer e a felicidade são valores máxi-mos, a estabilidade e o investimento são menos importantes. Logo, não é necessário um conheci-mento tão profundo que aumente a probabilidade da relação ser durável.” Para este especialista, vi-vemos na sociedade da escolha e este tipo de apps veio apenas aumentar o leque de hipóteses, res-pondendo a essa necessidade. “Podemos conhecer mais pessoas num ano do que em toda a vida dos nossos antepassados. As pessoas ainda procuram a escolha certa, e esta cada vez menos existe. Isso pode tornar-se difícil e angustiante, mas não tem de ser uma coisa má num mundo onde podemos com maior facilidade fazer mudanças.”

Nesse ambiente, a abordagem casual do Tinder pode até ser uma grande vantagem, defende Eli J. Finkel, psicólogo da Universidade de Northwes-tern e estudioso da evolução dos encontros online. “As pessoas assumem que as relações são a curto ou a longo prazo. Se isso fosse verdade, a abordagem casual que o Tinder fomenta seria problemática para pessoas que procuram relacionamentos mais profundos. Mas essa suposição é falsa. À medida que qualquer relação nova se desenvolve — ao lon-go de minutos, dias e meses — estamos a avaliar se a queremos manter ou não. Se a resposta continuar a ser sim ao longo do tempo, então a relação torna--se duradoura, mesmo que, inicialmente, ambos os parceiros pensassem que iam ter um one night stand. A maior parte das pessoas não decide à par-tida o que querem. Mantém uma mente aberta.”

Até porque, muitas vezes, a vida troca-nos as voltas. Quando, há cinco anos, começou a usar o Grindr — uma app de encontros dirigida a um

público homossexual —, “Ricardo” [nome fictí-cio], 37 anos, sabia bem o que queria: sexo anóni-mo, de uma noite, preferencialmente com estran-geiros, sem direito a repetição. Acabado de sair de um relacionamento de cinco anos, não queria prender-se a nada. Só trocar umas palavras rápi-das e marcar um encontro. Gratificação imediata.

Era também isso que procurava quando há dois anos fez uma viagem à Madeira. Mais um enga-te. Deixou os amigos a beber um copo num bar e foi ter com “Pedro”, 38 anos. “Não conversámos quase nada. Cheguei, fodemos e vim-me embora, mas antes trocámos números.” Antes de regressar ao continente, tomaram um copo, depois jantaram com dois amigos. Passado duas semanas, “Pedro” comprou um bilhete de avião e veio passar o fim de semana com ele. Três meses depois alugou uma casa em Lisboa e mudou-se. Vivem juntos há qua-se dois anos, nunca mais ligaram a aplicação. “Foi como um amor de verão que perdurou. Sem a app não o teria conhecido. A aplicação veio facilitar muito a vida aos gays, aumentar a rede de pessoas que podem conhecer. Permite que procures a pes-soa que encaixa contigo.”

Lançada por Joel Simkhai, em 2009, três anos antes do Tinder, o Grindr foi pioneiro nas aplica-ções de encontros. Hoje, é utilizada por cerca de dois milhões de homens em todo o mundo, dos Estados Unidos ao Iraque, que encontram nela um porto seguro para perseguir os seus interesses românticos e sexuais. “Se me cruzo com um ho-mem na rua e olho mais para ele, posso levar um murro ou ele pode gozar-me. Na aplicação, sabe-mos porque é que as pessoas estão ali, é por isso que tem sucesso. É como um bar ou uma discote-ca para gays, sabes que não vais ser julgado”, afir-ma “Ricardo”.

João, 31 anos, instalou o Grindr no telemóvel mal este chegou a Portugal. “Na altura ainda es-tava a estudar e a viver em casa dos meus pais”, conta. Admite que a app e outras do género é muito usada para “sexo rápido sem ser necessário gran-des conversas”, mas confessa que essa nunca foi a sua principal motivação. “Usei-a porque queria conhecer pessoas novas. É óbvio que um encontro casual para tomar um copo ou um café pode aca-bar em sexo, não vou dizer que isso nunca aconte-ceu, mas, no geral, não era isso que me movia.” O jovem, funcionário de uma loja de pronto a vestir, está solteiro há dois anos. A última relação amo-rosa teve início numa app semelhante ao Grindr, chamada Scruff. “Começámos a falar, sem qual-quer conotação sexual, e quando demos por isso já não passávamos um dia sem trocar mensagens ou falar pelo Skype. Até que nos encontrámos pesso-almente e a coisa foi evoluindo.”

Estarão aplicações como o Tinder, o Happn e o Grindr a tornar o sexo mais acessível e fácil do que nunca? É provável que sim. Estarão realmente a matar o amor? É pouco provável. Se conhecemos hoje mais pessoas do que nunca e, mesmo assim, não estamos satisfeitos, a culpa não será certa-mente de uma app. Não é preciso ser um cientista para percebê-lo. b

[email protected]

“Podemos conhecer mais pessoas num ano do que em toda a vida dos nossos antepassados. As pessoas ainda procuram a escolha certa, e esta cada vez menos existe. Isso pode tornar-se difícil e angustiante”MIGUEL RICOU, PSICÓLOGO

tive relacionamentos sérios com dois e com 11 ou-tros tive apenas relações sexuais. Alguns ficaram ‘amigos coloridos’. Por vezes, não chegávamos sequer a tomar café, íamos diretos ao assunto. A única questão era: carro ou casa?”

Procurava sobretudo rapazes um pouco mais velhos do que ela, de 20 e alguns anos, mas encon-trou de tudo na app. “Conheci pessoas que apenas queriam falar um pouco, que queriam namorar, que só queriam sexo e alguns até davam a enten-der isso logo na primeira frase, que apenas queriam fazer sexting, que queriam experimentar algo, que procuravam alguém para uma orgia ou para fazer swing, pessoas na casa dos 40/50 anos que, mes-mo estando conscientes que eu tinha 16, 17 anos na altura, faziam propostas sexuais, pessoas com-prometidas dispostas a trair o companheiro(a)...”

Consciente da ameaça dos predadores online, considera que, apesar disso, estas apps são um meio “mais simples e seguro” de ter sexo. “Acho muito mais perigoso conhecer alguém num bar ou numa discoteca, onde não sabes nada sobre essa pessoa nem sobre as suas intenções, e não há tem-po para teres uma conversa. Nunca fui muito de sair à noite e sempre tive interesse em rapazes mais velhos, logo conhecer pessoas novas nem sempre foi muito fácil para mim, e sexo então nem se fala. Esta era uma forma fácil de resolver isso.”

A jovem estudante considera que, além de co-locarem o sexo a um clique de distância, estas apps têm um outro grande apelo: ajudam a “elevar o

Page 10: TEXTO ILUSTRAÇÃO · 2017. 10. 2. · usar o Tinder, está a destruir a vossa vida amoro-sa , alerta o psicólogo Barry Schwartz, do Swar- ... do sucesso está na forma simples e

A Revista do Expresso

EDIÇÃO 233422/JULHO/2017

+Advogados contra

os crimes de guerraReportagem de Paulo Moura

na Síria e no Iraque

Eduardo GageiroEntrevista ao mais premiado

fotojornalista portuguêsPor Bernardo Mendonça

O Tinder é a aplicação para telemóveis mais escaldante do momento porque está a revolucionar a arte do engate. Desde que Sean Rad inventou esta appde encontros que o amor e sobretudo o sexo nunca mais foram os mesmos. Será o fim do romance? Por Nelson Marques

Cupido

2.0

Page 11: TEXTO ILUSTRAÇÃO · 2017. 10. 2. · usar o Tinder, está a destruir a vossa vida amoro-sa , alerta o psicólogo Barry Schwartz, do Swar- ... do sucesso está na forma simples e

Integram esta edição semanal, além deste corpo principal, os seguintes cadernos: ECONOMIA, REVISTA E e ainda EXPRESSO BPI GOLF CUP

Fundador: Francisco Pinto Balsemão 22 de julho de 20172334 €3,50

Diretor: Pedro Santos Guerreiro

Diretor-Executivo: Martim SilvaDiretores-Adjuntos: Nicolau Santos,João Vieira Pereira e Miguel Cadete

Diretor de Arte: Marco Grieco

www.expresso.ptExpresso

24hNão perca o Expresso Diário

Use o código que está na capa da Revista E para ler o Expresso Diário de segunda a sábado no seu smartphone, tablet ou computador, sem pagar mais por isso.

Henrique Neto abandona PSO socialista revela, num arti-go de opinião publicado nesta edição do Expresso, que vai demitir-se do PS. Dizendo, a partir dos casos de Pedrógão e Tancos, que António Costa é “um erro de casting como estadista e primeiro-minis-tro” e “mais um ato falhado das escolhas dos socialistas e dos portugueses”, acusa-o mesmo de ter “poucos escrú-pulos morais”. P31

Juncker no Conselho de EstadoO presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junc-ker, será o convidado do pró-ximo Conselho de Estado. Na reunião de ontem, este ór-gão consultivo do Presidente manifestou o seu “profundo pesar pela tragédia de Pedró-gão Grande”.

Autarca de Ourém está insolventeO presidente da Câmara de Ourém e recandidato pelo PS nas eleições continua insol-vente, de acordo com certi-dão do Registo Civil da Bata-lha, de 19 de julho. Por lei, os candidatos autárquicos não podem estar na situação de insolvência. Este processo arrasta-se desde 2014.

Bastonário critica Gentil MartinsApesar de o considerar “uma voz nacional”, Mi-guel Guimarães ataca Gentil Martins no seguimento da entrevista ao Expresso. “Ele faz declarações com que a Ordem não pode estar de acordo”, disse. P10

Melhor turma do país aflita com chumbos P22

Nunca se venderam tantas casas em Portugal

E25

BAIRRO DA TORRE SEM

LUZ, MESMO ÀS PORTAS DE LISBOA

P20

Carlos César: “Estou entre o perplexo e o preocupado” com negócio Altice/TVI

Em entrevista, líder parlamentar do PS comenta novo investimento e diz que PM é líder “combatente e criativo”. Costa elogiou gestão e independência editorial da TVI P8 e E8

BE recusou salvar PS na Caixa

Socialistas tentaram evitar chumbo do relatório. BE pede ao MP investigação à CGD em Espanha, Vale do Lobo e ‘assalto’ ao BCP P12

ENTREVISTA A WOLFGANG SCHÄUBLE:

“PORTUGAL FEZ PROGRESSOS

IMPRESSIONANTES”

FOT

O T

HO

MA

S T

RU

TSC

HEL

/GET

TY

P4

Anacom tem “raposa no galinheiro”

BE e PCP preparam-se para chumbar membros indicados pelo Governo para a Anacom P11

Governo furioso com PCP

Executivo fez cedências ao PCP para ter aprovação do banco de terras e não contava com chumbo dos comunistas P11

Avaliador do TGV suspeito de receber €90 mil do Grupo Lena

O novo arguido da ‘Operação Marquês’, Luís Marques, recebia uma avença mensal de 5 mil euros

Há mais dois arguidos no pro-cesso que investiga José Só-crates: o ex-deputado do PSD, Ribeiro dos Santos, e Luís Marques, um arquiteto suspei-to de corrupção que durante 18 meses terá recebido 90 mil euros do Grupo Lena enquanto era avaliador das propostas do TGV, que a empresa de Leiria queria conquistar. P3

Lista dos 64 mortosexclui vítimasde Pedrógão> Expresso revela lista oficial das vítimas > Critérios excluem mortes indiretas. É o caso de uma mulher atropelada a fugir > “A morte de 64 cidadãos exige um pleno esclarecimento” diz presidente da Comissão Independente > Publicitário ligado ao PS ganha €300 mil para campanha

MEMORIAL ÀS VÍTIMAS DO GRANDE INCÊNDIO P16

Tinder, a app do momento que está a revolucionar a arte do engate

Reportagem: os advogados que querem provar os crimes de guerra na Síria

R26 R36

ENTREVISTA A EDUARDO GAGEIRO, O MAIS PREMIADO

FOTOJORNALISTA PORTUGUÊS

“Modéstia à parte as minhas fotografias contribuíram

para as pessoas conhecerem Portugal”

R58

WIFIGRÁTIS

1 A 5 AGOSTOZAMBUJEIRA DO MAR9 DIAS DE CAMPISMO GRÁTISMEOSUDOESTE.PT E MUITO MAIS

2 AGOSTOTHE CHAINSMOKERS

MAC MILLERRICHIE CAMPBELLMATIAS DAMÁSIO

PLUTONIOPIRUKA

1 AGOSTORECEÇÃO AO CAMPISTA

BY MEGA HITS

4 AGOSTOMARTIN GARRIX

LIL WAYNECRYSTAL FIGHTERS

DUA LIPAKARETUS

CURADORIA ORELHA NEGRA

3 AGOSTODJ SNAKE

MARSHMELLOTWO DOOR CINEMA CLUB

PUTZGRILLA (FAVELA RAVE) PROF JAMMISHLAWI

5 AGOSTOJAMIROQUAI

AFROJACKDENGAZ

SEBASTIAN YATRA DIMITRI VANGELIS & WYMAN

APRIL IVY

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

aFF_MSW_Expresso_285x30.pdf 1 7/13/17 11:43 AM