Texto expositivo argumentativo

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O TEXTO EXPOSITIVO-ARGUMENTATIVO Se o resumo consiste em condensar um determinado texto, reduzindo-o ao fundamental, o texto expositivo-argumentativo utiliza o processo inverso: parte de uma afirmação e desenvolve-a. Um texto expositivo-argumentativo tem, pois, como objetivo apresentar, sobre um determinado assunto, um juízo próprio de uma forma clara e organizada. A clareza de um texto expositivo-argumentativo depende, em muito, da forma como ele é estruturado. Assim, o texto deverá ser organizado em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução e a conclusão devem ser constituídas pou um único parágrafo; uma vez que são sínteses teóricas, não devem ter exemplos; articulam-se entre si, já que a conclusão deve retomar a introdução. O desenvolvimento articula-se com a introdução; integra referências concretas alusivas ao tema; veicula juízos próprios apoiados em exemplos. Nota ainda que: deves ler, com muita atenção, o enunciado de forma a compreenderes claramente a tese aí formulada; antes de redigires o teu texto, deves organizar a informação em forma de tópicos ou esquema; durante a redação, deves identificar o tipo de relações lógicas existentes entre cada uma das partes do texto e entre as ideias que vais expor no desenvolvimento de modo a seleccionares os articuladores do discurso que vão evidenciar esses nexos. convencionalmente, o tempo utilizado neste tipo de texto é o presente do indicativo; não podes fugir ao limite de palavras indicado. COMO SE CONSTRÓI? I – ESTRUTURA DO TEXTO 1º Introdução → Parágrafo inicial no qual se apresenta a proposição (tese, opinião, declaração). Deve ser apresentada de modo afirmativo, claro e bem definido, sem referir ainda quaisquer razões ou provas. 2º desenvolvimento → (dois ou mais parágrafos) Análise/explicitação da proposição apresentada; apresentação dos argumentos que provam a verdade da proposição: factos, exemplos, citações, testemunhos, dados estatísticos. 3º Conclusão → Parágrafo final, retoma a tese que se procurou provar com a exposição dos argumentos. II – ESCOLHA E ORDENAÇÃO DOS ARGUMENTOS Para uma correta construção argumentativa, é fundamental a escolha dos argumentos que suportam a demonstração da verdade da tese.

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O TEXTO EXPOSITIVO-ARGUMENTATIVO

Se o resumo consiste em condensar um determinado texto, reduzindo-o ao fundamental, o texto

expositivo-argumentativo utiliza o processo inverso: parte de uma afirmação e desenvolve-a.

Um texto expositivo-argumentativo tem, pois, como objetivo apresentar, sobre um determinado

assunto, um juízo próprio de uma forma clara e organizada.

A clareza de um texto exposi tivo-argumentativo depende, em muito, da forma como ele

é estruturado.

Assim, o texto deverá ser organizado em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.

A introdução e a conclusão devem ser constituídas pou um único parágrafo;

uma vez que são sínteses teóricas, não devem ter exemplos;

articulam-se entre si, já que a conclusão deve retomar a introdução.

O desenvolvimento

articula-se com a introdução;

integra referências concretas alusivas ao tema;

veicula juízos próprios apoiados em exemplos.

Nota ainda que:

deves ler, com muita atenção, o enunciado de forma a compreenderes claramente a tese aí formulada;

antes de redigires o teu texto, deves organizar a informação em forma de tópicos ou esquema;

durante a redação, deves identificar o tipo de relações lógicas existentes entre cada uma das partes do

texto e entre as ideias que vais expor no desenvolvimento de modo a seleccionares os articuladores do

discurso que vão evidenciar esses nexos.

convencionalmente, o tempo utilizado neste tipo de texto é o presente do indicativo;

não podes fugir ao limite de palavras indicado.

COMO SE CONSTRÓI? I – ESTRUTURA DO TEXTO

1º Introdução → Parágrafo inicial no qual se apresenta a proposição (tese, opinião, declaração).

→ Deve ser apresentada de modo afirmativo, claro e bem definido, sem referir ainda

quaisquer razões ou provas.

2º desenvolvimento → (dois ou mais parágrafos)

→ Anál ise/expl ici tação da proposição apresentada; apresentação dos

argumentos que provam a verdade da proposição: factos, exemplos, citações,

testemunhos, dados estatísticos.

3º Conclusão → Parágrafo final, retoma a tese que se procurou provar com a exposição dos argumentos.

II – ESCOLHA E ORDENAÇÃO DOS ARGUMENTOS

Para uma correta construção argumentativa, é fundamental a escolha dos argumentos que suportam a

demonstração da verdade da tese.

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Eles devem ser pertinentes e coerentes, apresentados de forma lógica e articulada.

Assim, deves:

encontrar os argumentos adequados;

recorrer, sempre que possível e desejavel, à exemplificação, à citação, à analogia, às relações causa-

efeito.

organizar os argumentos por ordem crescente de importância, do menos para o mais

importante.

III – ARTICULAÇÃO E PROGRESSÃO DO DISCURSO

O texto deve apresentar-se como um todo coeso e articulado, através do estabelecimento de uma rede de

relações lógicas entre as palavras, as frases, os períodos e os parágrafos que o consti tuem.

Deve, além disso, recorrer a processos de substi tuição, usando palavras ou expressões no

lugar de outras usadas anteriormente. Deve igualmente corresponder à construção de um

raciocínio que se vai desenvolvendo gradualmente.

Estas características são conseguidas através de correta uti l i zação e combinação dos

e lementos linguísticos do texto:

correta estruturação e ordenação das frases;

uso correto dos conectores do discurso;

respeito pelas regras de concordância;

uso adequado dos pronomes que evitam as repetições do nome;

utilização de um vocabulário variado, com recurso a sinónimos, antónimos, hiperónimos e hipónimos.

A progressão e articulação do texto é conseguida, sobretudo, através do uso de conectores ou articuladores do discurso que vão fazendo progredir o texto de uma forma coerente e articulada.

Articuladores do discurso Vimos que, para cumprir o seu objetivo, este texto deve apresentar-se como uma construção

lógica, na qual o raciocínio é apresentado de forma progressiva e articulada. Para isso, é fundamental uma boa utilização dos articuladores ou conectores do discurso – advérbios, locuções

adverbiais, conjunções, locuções conjuncionais e mesmo orações completivas. Articuladores do discurso Para reiterar, reafirmar

retomando a questão, penso que, a meu ver, creio que, estou certo, em nosso entender

Para concordar, provar, exprimir certeza

efetivamente, com efeito, sem dúvida que, na verdade, de certo, com toda a certeza, evidentemente, é edidente que, obviamente, é óbvio que

Para refutar, manifestar oposição, restringir ideias

no entanto, mas, todavia, contudo, porém, apesar de, em sentido contrário, refutando, pelo contrário, ao contrário, por outro lado, com a ressalva de

Para exemplificar por exemplo, como se pode ver, assim, tome-se como exemplo, é o caso de, é o que acontece com

Para explicitar significa isto que, explicitando melhor, não se pretende com isto dizer, a saber, isto é, para concluir, finalmente, enfim, em conclusão, concluindo, para terminar, em suma, por conseguinte, por consequência

Para estabelecer conexões de tempo

então, após, depois, antes, anteriormente, em seguida, seguidamente, quando, até que, a princípio, por fim

Para referenciar espaço

aqui, ali, lá, acolá, naquele lugar, o lugar onde, ao lado de, à esquerda, à direita, ao centro, no meio, mais adiante

Para indicar ordem

em primeiro lugar, primeiramente, em segundo lugar, seguidamente, em seguida, começando por, antes de mais, por último, por fim

Para estabelecer conexões de causa

porque, visto que, dado que, uma vez que

Para estabelecer conexões de consequência

de tal modo que, de forma que, tanto que, por isso

Para expressar condição, Se, a menos que, a não ser que, desde que, supondo que, se por hipótese,

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hipótese admitindo que, exceto se, se por acaso

Para estabelecer conexões de fim

para que, para, com o fim de, a fim de que, como intuito de

Para estabelecer relações aditivas

e, ora, e também, e ainda

Para estabelecer relações disjuntivas

ou, ou então, seja...seja, quer...quer

Para expressar semelhança, comparação

do mesmo modo, tal como, pelo mesmo motivo,pela mesma razão, igualmente, assim como

Exemplos de textos expositivo-argumentativos

O Papel da Televisão na Vida dos Jovens

A televisão tem uma grande influência na formação pessoal e social das crianças e dos jovens.

Funciona como um estímulo que condiciona os comportamentos, positiva ou negativamente. A televisão

difunde programas educativos edificantes, tais como o Zig Zag, os documentários sobre Historia, Ciências,

informação sobre aactualidade, divulgação de novos produtos…

Todavia, a televisão exerce também uma influência negativa, ao exibir modelos, cujas características

são inatingíveis pelas crianças e jovens em geral. As suas qualidades físicas são amplificadas, os defeitos

esbatidos, criando-se a imagem do herói / heroína perfeitos. Esta construção produz sentimentos de

insatisfação do eu consigo mesmo e de menosprezo pelo outro. A violência é outro aspeto negativo da

televisão, em geral. As crianças/jovens tendem a imitar os comportamentos violentos dos heróis, o que pode

colocar em risco a vida dos mesmos. O mesmo acontece com o visionamento de cenas de sexo. As crianças

formam uma imagem destorcida da sua sexualidade, potenciando a prática precoce de sexo e suscitando

distúrbios afetivos.

Em jeito de conclusão, é legítimo que se imponha às estações detelevisão uma restrição de exibição

de material violento ou desajustado à faixa etária nas suas grelhas de programação, dado que a exposição a

este tipo de conteúdos é extremamente prejudicial no desenvolvimento das crianças e dos jovens, pois, tal

como diz o povo, “violência só gera violência”.

(Des) igualdade de géneros

Vivemos num mundo onde, supostamente, nascemos todos iguais, temos todos os mesmos direitos e os mesmos deveres, onde ser homem ou mulher não deveria ser relevante na qualidade de vida de um ser humano. A verdade é que somos todos, em sociedade, algo culpados desta situação. No entanto, mais culpados são aqueles que se conformam.

A sociedade hodierna é machista, é um facto. Experimentem ser mulher por um dia e tentar encontrar um emprego que lhes permita ter uma boa evolução na carreira e com uma remuneração justa. Não foi fácil, pois não? Agora tentem chegar à chefia de uma empresa ou, sejam mais ousados, de um país. Conseguiram? O mais provável é que não tenham conseguido. Não porque falharam, mas porque o vosso trabalho não foi reconhecido. Se conseguiram, aperceberam-se que uma mulher, só por este pormenor (ou será uma “pormaior”) da sua natureza tem de trabalhar o dobro (ou o triplo) do que um homem para ter a mesma promoção na carreira.

Como já percebemos, apesar de ser extremamente difícil, há mulheres que atingem cargos de chefia na nossa sociedade. Porém, há outras que se conformam, que não lutam e ficam em casa, como “Devota (s) parideira (s)”, à espera do marido, para quem ser mulher é tratar da casa e ter filhos. Estas são as mesmas mulheres que ensinam aos filhos que um “homem não chora” e que o dever da mulher é obedecer ao marido, sem o questionar. Agora pergunto, em jeito de conclusão: com uma grande percentagem de pessoas com esta mentalidade consideramo-nos um país desenvolvido? A pergunta é retórica. Se tiveram dúvidas a responder, por favor, recomecem a ler o texto.

Ana Koch