Texto Arquivos Abertos 31.pdf

download Texto Arquivos Abertos 31.pdf

of 83

Transcript of Texto Arquivos Abertos 31.pdf

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    1/83

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    2/83

    GOVERNO DO ESTADO DA BAHIASECRETARIA DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E MINERAÇÃO – SICM

    COMPANHIA BAIANA DE PESQUISA MINERAL – CBPM

    SÉRIE ARQUIVOS ABERTOS 31

    Geologia da ChapadaDiamantina Ocidental(Projeto Ibitiara-Rio de Contas)

    Adriano Alberto Marques MartinsEdgard Lázaro de Andrade FilhoHerman Santos Catholá LoureiroJoão Batista Alves ArcanjoRosimeire Vieira Bento Guimarães

    Organização e Síntese: José Torres GuimarãesReginaldo Alves dos SantosRoberto Campêlo de Melo

    2008

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page i

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    3/83

    MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIASECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E

    TRANSFORMAÇÃO MINERAL

    Edson LobãoMinistro de Estado

    Cláudio ScliarSecretário de Geologia, Mineração e

    Transformação Mineral

    CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL

    Agamenon Sérgio Lucas DantasDiretor-Presidente

    Manoel Barretto da Rocha NetoDiretor de Geologia e Recursos Minerais

    José Ribeiro MendesDiretor de Hidrologia e Gestão Territorial

    Fernando Pereira de CarvalhoDiretor de Relações Institucionais e Desenvolvimento

    Eduardo Santa HelenaDiretor de Administração e Finanças

    SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE SALVADOR

    Ivanaldo Vieira Gomes da CostaSuperintendente

    Roberto Campêlo de MeloGerente de Geologia e Recursos Minerais

    Antônio José Dourado RochaGerente de Relações Institucionais e Desenvolvimento

    Sílvia Lúcia dos SantosGerente de Hidrologia e Gestão Territorial

    Aliomar Ramos dos SantosGerente de Administração e Finanças

    GOVERNO DO ESTADO DA BAHIASECRETARIA DA INDÚSTRIA,COMÉRCIO E MINERAÇÃO

    Jaques WagnerGovernador

    Rafael Amoedo AmoedoSecretário da Indústria, Comércio e Mineração

    CBPM - COMPANHIA BAIANA DEPESQUISA MINERAL

    Nilton Silva FilhoDiretor-Presidente

    Rafael Avena NetoDiretor Técnico

    Juvenal Maynart CunhaDiretor Administrativo e Financeiro

    Gustavo Carneiro da SilvaGerente de Publicações

    Plínio Melchiades de Oliveira Veiga

    Coordenador Série Arquivos Abertos

    G299 Geologia da Chapada Diamantina (Projeto Ibitiara-Rio de Contas) /Adriano Alberto Marques Martins [et. al.]; organização e síntese José TorresGuimarães, Reginaldo Alves dos Santos e Roberto Campêlo de Melo. _ Sal-vador: CBPM/CPRM, 2008.

    68 p.: il. ; 1 mapa color. – (Série Arquivos Abertos; 31)

    ISBN 978-85-85680-35-9

    1. Geologia Regional – Bahia. 2. Recursos Minerais. 3. Chapada Diaman-tina - Bahia. I.Companhia Baiana de Pesquisa Mineral.II.Título. III. Série.

    CDU: 55 (814.2)CDD: 558.142

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page ii

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    4/83

    iii

    APRESENTAÇÃO

    A CPRM – Serviço Geológico do Brasil e a CBPM – Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, exibem, indi-vidualmente, um vigoroso portfólio de realizações em prol do setor mineral do Estado da Bahia. A CPRM,com trinta e nove anos de vida, e a CBPM, que completa neste ano de 2008 três décadas e meia de existên-cia, fizeram com que o estado baiano seja o que detenha maior conhecimento sobre seu patrimônio mineral,entre todos os demais da União.

    Após algumas tímidas experiências, no início da década de noventa, com a realização de projetos em regime

    de cooperação técnico-científica, temos hoje a satisfação de vivenciar a cristalização de uma sólida parceriaentre as duas instituições, com o objetivo comum de induzir a expansão do setor mineral do Estado da Bahiae promover o desenvolvimento socioeconômico da sua população.

    Como um novo marco dessa caminhada, temos a satisfação de apresentar este trigésimo primeiro volume daSérie Arquivos Abertos, intitulado Geologia da Chapada Diamantina Ocidental. Esta publicação sumaria os principais conhecimentos sobre a estratigrafia, a tectônica e a evolução geológica desta região, a partir dosdados coletados durante a execução do Projeto Ibitiara-Rio de Contas, realizado através de convênio entre aCPRM e a CBPM.

    Esperamos que as informações aqui contidas permitam ampliar a divulgação do potencial geológico e aumen-tar a atratividade dessa importante província mineral que é a Chapada Diamantina.

    Agamenon Sérgio Lucas Dantas Nilton Silva FilhoDiretor Presidente da CPRM Diretor Presidente da CBPM

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page iii

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    5/83

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    6/83

    Homenagem PóstumaEdgard Lázaro de Andrade Filho

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page v

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    7/83

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page vi

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    8/83

    v

    SUMÁRIO

    APRESENTAÇÃO iii

    RESUMO vii

    ABSTRACT ix

    1 – INTRODUÇÃO 1

    2 – CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL 3

    3 – ESTRATIGRAFIA 6

    3.1 – EMBASAMENTO PRÉ-ESPINHAÇO 63.1.1 – Rochas Arqueanas 103.1.2 – Rochas Granitóides Paleoproterozóicas 13

    3.2 – BACIA ESPINHAÇO ORIENTAL (RIFTE-SAG) 173.2.1 – Fase Pré-rifte 183.2.2 – Fase Sinrifte 203.2.3 – Fase Pós-rifte 31

    3.3 – BACIA CHAPADA DIAMANTINA (SINÉCLISE) 34

    3.4 – ROCHAS MÁFICAS INTRUSIVAS 38

    3.5 – FORMAÇÕES SUPERFICIAIS 39

    4 – GEOLOGIA ESTRUTURAL E TECTÔNICA 39

    5 – MODELO EVOLUTIVO 48

    6 – REFERÊNCIAS 52

    APÊNDICE 58

    A – PROJETO IBITIARA-RIO DE CONTAS 59

    A1 – EQUIPE DO PROJETO 59 A2 – AUTORIA DO TEXTO 60

    A3 – EDITORAÇÃO E APOIO TÉCNICO 61B – SÉRIE ARQUIVOS ABERTOS 61

    B1 – DOCUMENTAÇÃO DISPONÍVEL PARA CONSULTA 62B2 – VOLUMES JÁ PUBLICADOS DA SÉRIE ARQUIVOS ABERTOS 63

    ANEXO

    MAPA GEOLÓGICO

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page vii

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    9/83

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page viii

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    10/83

    vii

    RESUMO

    As rochas mais antigas da área integram o embasamento arqueano, constituído por gnaisses migmatíticos(complexos Paramirim e Gavião) e seqüências supracrustais (complexos Brumado e Ibiajara). Rochas grani-tóides calcialcalinas, com assinatura similar a de arcos continentais, intrusivas nesse embasamento entre 2.121Ma (granito de Jussiape) e 2.091Ma (granitóide de Ibitiara), sugerem a ocorrência de processo de subducçãodurante o Riaciano. Intrusões de rochas granitóides também são assinaladas no Sideriano (ortognaissesCaraguataí) e no Orosiriano (corpo de Rio do Paulo).

    Sobre esse embasamento implantaram-se, a partir deca 1750Ma, duas bacias sedimentares ensiálicas, super- postas e diacrônicas, repositórias do Supergrupo Espinhaço: uma, do tipo rifte-sag, de idade estateriana – Bacia Espinhaço Oriental, e outra, do tipo sinéclise, atribuída ao Calimiano – Bacia Chapada Diamantina.

    A Bacia Espinhaço Oriental evoluiu segundo as fases pré-rifte, representada pela Seqüência DeposicionalSerra da Gameleira, sinrifte, formada pelas tectonosseqüências Novo Horizonte, cujo magmatismo alcalinotem idade U-Pb em zircões de 1748Ma, e Lagoa de Dentro/Ouricuri do Ouro, as quais compõem o Grupo Riodos Remédios; e pós-rifte, definida pela Superseqüência Mangabeira/Açuruá (Grupo Paraguaçu). Já aSinéclise Chapada Diamantina armazenou os depósitos da Superseqüência Tombador/Caboclo, pertencentesao Grupo Chapada Diamantina. Diques e soleiras máficos com idades próximas a 1.500Ma atravessam a pilhavulcanossedimentar das duas bacias.

    No Neoproterozóico deu-se a inversão dessas duas bacias (rifte-sag e sinéclise), em resposta à propagação de front orogênico, oriundo da Faixa Araçuaí. Nessa inversão nuclearam-se extensos dobramentos e (re)ativaram-seimportantes zonas de cisalhamento contracionais (idade Ar-Ar em sericita de 497Ma) com vergência geral para NE, as quais envolveram o embasamento arqueano-paleoproterozóico. A confirmação de que o embasa-mento foi afetado pela deformação ocorrida durante o evento Brasiliano, terá como conseqüência a alteraçãodos limites do Cráton do São Francisco na região.

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page ix

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    11/83

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page x

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    12/83

    ix

    ABSTRACT

    The oldest rocks of the area integrate the Archean basement, made up of migmatitic gneisses (Paramirim andGavião complexes) and supracrustal sequences (Brumado and Ibiajara complexes). Calc alkaline granitoidrocks, with continental arc signature, which intruded the basement between 2121Ma (Jussiape granite) and2091 Ma (Ibitiara granitoid), suggest an episode of subduction during the Rhyacian. Granitoid rock intrusionsare also recognized in the Siderian (Caraguataí orthogneiss) and in the Orosirian (Rio do Paulo body).

    On above this basement, two superimposed and diachronic ensialic sedimentary basins have been established,

    starting at ca. 1750 Ma: one of the rift-sag type, of Staterian age - Eastern Espinhaço Basin, another of thesyneclise type, attributed to the Calimian - Chapada Diamantina Basin.

    The Eastern Espinhaço Basin evolved in accordance with the phases pre-rift, represented by the Serra daGameleira Depositional Sequence, syn-rift, represented by the tectonosequences Novo Horizonte, of whichthe alkaline magmatism has U-Pb zircon age of 1748Ma, and Lagoa de Dentro/Ouricuri do Ouro, which makeup the Rio dos Remédios Group; and post-rift, defined by the Mangabeira/Açuruá Supersequence (ParaguaçuGroup). On the other hand, the Chapada Diamantina syneclise encompassed the deposits of theTombador/Caboclo Supersequence, which belong to the Chapada Diamantina Group. Mafic dikes and sills,with ages around 1500Ma, intruded the volcanosedimentary pile of the two basins.

    Inversion of the Espinhaço rift and Chapada Diamantina basin took place in the Neoproterozoic, in responseto the propagation of an orogenic front arisen from the Araçuaí Belt. During this inversion extensive fold beltshave been nucleated, and important contraction shear zones have been (re)activated (sericite Ar-Ar ageof 497 Ma), with general vergence towards NE, which involved the Archean-Paleoproterozoic basement. The confirmation that the basement has been affected by the Brasiliano deformation implies theconsequent change of the boundary of the São Francisco Craton in the region.

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page xi

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    13/83

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page xii

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    14/83

    1

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    1. INTRODUÇÃO

    O potencial metalogenético dos grupos Rio dosRemédios e Paraguaçu (Supergrupo Espinha-ço), cujos representantes hospedam, dentre

    outros, importantes jazimentos de ouro, estanho, bárioe quartzo rutilado, motivou a execução do ProjetoIbitiara-Rio de Contas, por meio de convênio celebra-do entre a CBPM – Companhia Baiana de PesquisaMineral e a CPRM – Serviço Geológico do Brasil.Esse projeto envolveu atividades de aerogeofísica,mapeamento geológico na escala 1:100.000, cadastra-mento mineral, prospecção geoquímica e geofísicaterrestre, desenvolvidas em uma área de 10.800km2 na

    região central do Estado da Bahia (figura 1). Sua exe-cução teve como principais objetivos a coleta de infor-mações geológicas mais consistentes e a elaboração demodelos metalogenéticos mais sólidos, com vistas adiminuir os riscos de investimento, aumentar a atra-tividade da área e, em conseqüência, promover seudesenvolvimento econômico-social.

    Este volume, de número 31 da Série ArquivosAbertos, apresenta os resultados mais expressivosobtidos pelo Projeto Ibitiara-Rio de Contas, refe-rentes aos temas estratigrafia, geologia estrutural eevolução geológica.

    A área enfocada pelo projeto situa-se no domí-nio fisiográfico da Chapada Diamantina. De modogeral, apresenta um relevo modelado por extensascristas paralelas a vales estreitos, que refletem o padrão estrutural da área, definido pela presença deamplos sinclinais e anticlinais alternados, desenhados pelos representantes do Supergrupo Espinhaço. Asáreas centrais dessas estruturas correspondem, àsvezes, a superfícies aplanadas, recobertas por depósi-tos detríticos. Essas superfícies concentram-se prefe-rencialmente no extremo nordeste da área. As rochasgranito-gnáissicas mais antigas apresentam um relevo

    colinoso, com topos abaulados, como, por exemplo,na região de Abaíra-Jussiape. Já na região deLivramento de Nossa Senhora, localizada noextremo-sul da área do projeto, essas rochas estãorecobertas por sedimentos colúvio-aluvionares queconformam uma extensa superfície de pediplanação.

    A rede de drenagem presente refere-se a três bacias hidrográficas: na metade oeste da área, os cur-

    sos d’água são tributários do rio Paramirim, afluenteda margem direita do rio São Francisco; e os qua-drantes sudeste e nordeste são drenados, respectiva-mente, por integrantes das bacias do rio de Contas edo rio Paraguaçu. O clima da região no geral é semi-árido, com variações para tropical úmido nas áreasmais elevadas. Subordinados a essas condiçõesclimáticas, os tipos de vegetação situam-se entre acaatinga rala e a caatinga de tabuleiro, mais densa eexuberante. Nos planaltos suspensos a vegetação típi-ca é a de campos gerais.

    O Levantamento Aerogeofísico Ibitiara-Rio

    de Contas (LASA/CBPM, 2002) determinou omarco inicial do projeto, com execução de 22.309kmde perfis, espaçados em 500 metros, com registrosmagnetométricos tomados a cada segundo e gamaes- pectrométricos à freqüência de 10 por segundo.Durante a fase operacional propriamente dita foram percorridos 3.330km de seções geológicas, comdescrição de 1.336 afloramentos e cadastramento de177 jazimentos, 83 deles inéditos. Desse conjunto,coletaram-se 1.357 amostras, destinadas a análises petrográficas (342), químicas (83), calcográficas(26), de inclusões fluidas (28) e geocronológicas (7).

    Foram executados, também, 98km de perfis geofísi-cos terrestres com aferições de suscetibilidade mag-nética e determinações gamaespectrorradiométricasem 118 estações. Estas últimas destinaram-se a pesquisa com aplicação de geotecnologias em ima-gens multiespectrais ASTER. Além disso, no progra-ma de prospecção geoquímica desenvolvido em 12áreas-alvo, foram coletadas e analisadas 1.560 amos-tras de sedimento de corrente e coletadas 1.499 amos-tras de concentrado de bateia.

    Esta publicação contém, anexo ao texto, ummapa geológico. Os produtos finais do Projeto Ibi-

    tiara-Rio de Contas, texto explicativo e mapasgeológico, de recursos minerais e metalogenético,estão disponibilizados pela CBPM e CPRM em umCD-Rom, em ambiente SIG (Sistema ArcView comvisualizador ArcExplore). Este CD-Rom contémtambém os relatórios temáticos de Aerogeofísica,Litogeoquímica e Prospecção Geoquímica, alémdas diferentes bases de dados.

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 1

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    15/83

    2

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Figura 1 – a) Mapa de Localização; b) sedes municipais, limites entre municípios e principais vias de acesso Figure 1 – a) Localization map; b) towns, municipal boundaries and main access roads

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 2

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    16/83

    3

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Aárea do Projeto Ibitiara-Rio de Contassitua-se em uma região com geologia pri-vilegiada, onde convergem diversas feições

    que constituem testemunhos de atividades tectôni-cas, vulcânicas e sedimentares, que permitem re-constituir uma importante etapa da história pro-terozóica da Terra. Ali, há registros de formação derochas desde o Paleoarqueano (3,6 – 3,2Ga), dasquais restam apenas vestígios detectados através demétodos isotópicos, porém somente a partir doMesoarqueano (3.2 – 2.8Ga) é que se consolidou acrosta formadora dos blocos do Paramirim, Gavião

    e Sobradinho, que afloram em torno da ChapadaDiamantina e constituem o seu substrato e têm a suacontinuidade comprovada pela distribuição e va-lores negativos das curvas isogálicas do Mapa Bou-guer do Estado da Bahia (Gomes & Motta, 1980;Gomeset al.,1996).

    A feição geológica mais expressiva da regiãoé o Aulacógeno do Paramirim,estrutura limitada a NNW pelas faixas brasilianas Riacho do Pontal e RioPreto, e a SSE pela Faixa Araçuaí, também brasilianaCruz & Alkmim (2005). Segundo estes autores, nes-se aulacógeno, que evoluiu a partir de riftes super-

    postos e parcialmente invertidos de idades paleo eneoproterozóica, é possível individualizar uma zonade máxima inversão de orientação NNW-SSE,oCorredor de Deformação do Paramirim(Alkmimet al., 1993), que abrange os blocos Gavião (parte) e doParamirim, e os representantes dos supergruposEspinhaço e São Francisco depositados nas baciasEspinhaço Setentrional e Chapada Diamantina Oci-dental. A área do Projeto Ibitiara-Rio de Contassitua-se na parte sudeste desse corredor de deforma-ção (figura 2).

    Sobre uma velha questão, polêmica, a

    respeito da existência de um único cráton (o do SãoFrancisco), conforme definido por Almeida (1977),ou se o Corredor do Paramirim materializa a sepa-ração brasiliana entre dois crátons, Cruz & Alkmim(2005) concluíram que a presença de estruturasextensionais preservadas na parte norte do aula-cógeno descarta qualquer possibilidade da existên-cia de dois crátons. No entanto, ressaltam que o

    envolvimento do embasamento arqueano-paleopro-terozóico na deformação da cobertura, verificada na parte sul do aulacógeno, justifica uma revisão doatual limite sudeste do Cráton do São Francisco.Análise geocronológica pelo método Ar-Ar realiza-da em sericita de ortognaisse milonítico do Com- plexo Paramirim, executada para o Projeto Ibitiara-Rio de Contas, determinou a idade de resfriamentode 485Ma, o que comprova que o embasamento foiafetado pela deformação brasiliana e ratifica a con-clusão a que chegaram aqueles autores.

    O Bloco Gaviãoé um dos segmentos crustais

    mais antigos até aqui reconhecidos na América doSul, com idades radiométricas que variam entre 3,5e 2,7Ga (Cunha et al., 2000). É constituído por ortognaisses TTG, por remanescentes de seqüên-cias tipogreenstone belt (Contendas Mirante/Uni-dade inferior, Umburanas, Ibitira-Ubiraçaba e Bru-mado) e por associações supracrustais que abran-gem gnaisses, leptitos e anfibolitos de médio graumetamórfico. Pelo menos, dois eventos de migma-tização estão presentes no Bloco Gavião: um, ocor-rido no Mesoarqueano,ca 2,9Ga (Lealet al.,1996),e o outro durante o Riaciano, datado em 2,1Ga

    (Cunhaet al.,2000). Para Sabaté & Barbosa (2000)a atual configuração das rochas do Bloco Gaviãoestá fortemente controlada pelos eventos paleo eneoproterozóico que as afetaram. Nesse sentidoCruz & Alkmim (2005) incluem quase todo o BlocoGavião no que eles denominaram domínio II doAulacógeno do Paramirim e propõem um modelode evolução a partir da interação tectônica do aula-cógeno com o cinturão Araçuaí, durante o processode inversão, ocorrido no Brasiliano.

    Segundo esses mesmos autores o chamado Bloco do Paramirimcompõe o domínio I do aula-

    góceno homônimo, separado do domínio II pelazona de cisalhamento Brumado-Caetité. Arcanjoet al. (2000) descrevem o referido bloco como consti-tuído por rochas tonalito-(trondhjemito)-granodio-rito-graníticas arqueanas pertencentes ao ComplexoParamirim, migmatizadas em torno de 2,7Ga (Cor-dani et al., 1992), e por remanescentes de seqüên-cias supracrustais supostamente arqueanas (com-

    2. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 3

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    17/83

    4

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Figura 2 – Esboço geológico da região da Chapada Diamantina - Espinhaço Setentrional, com indicação do Corredor de Deformaçãodo Paramirim. 1 - Cobertura fanerozóica; 2 - Supergrupo São Francisco; 3 – Supergrupo Espinhaço (ES - Espinhaço Setentrional;CDOc - Chapada Diamantina Ocidental; CDOr - Chapada Diamantina Oriental); 4 - Embasamento Pré-Espinhaço (a - Bloco Gavião; b - Bloco Paramirim; c - Bloco Sobradinho); 5 - Limites do Cráton do São Francisco (FA - Faixa Araçuaí; FP - Faixa Rio Preto; FRP- Faixa Riacho do Pontal); 6 - Limites do Corredor de Deformação do Paramirim (LBJ - Lineamento Barra do Mendes - João Correia);7 - Área do Projeto

    Figure 2 – Geological sketch of the Chapada Diamantina – Northern Espinhaço region, with indication of the Paramirim Deformation Belt 1- phanerozoic cover; 2 – Sao Francisco Supergroup; 3 – Espinhaço Supergroup (ES – Northern Espinhaço; CDOc – WesternChapada Diamantina; CDOr – Eastern Chapada Diamantina); 4 – Pre-Espinhaço basement (a – Gavião Block; b – Paramirim Block; c – Sobradinho Block); 5 – São Francisco Craton boundaries (FA – Araçuaí Belt; FP – Rio Preto Belt; FRP – Riacho doPontal Belt); 6 – Paramirim Deformation Belt boundaries (LBJ – Barra do Mendes – João Correia Lineament); 7 – Project area

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 4

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    18/83

    5

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    plexos Boquira, Ibiajara e Ibitira-Ubiraçaba); alémde rochas granitóides intrusivas paleoproterozóicas,como os granitos de Boquira e Veredinha e a SuíteIntrusiva Lagoa Real, esta última colocada entre1725 e 1745Ma (Turpinet al.,1988; Cordaniet al.,1992; Pimentelet al.,1994). Os limites ocidental eoriental do Bloco do Paramirim são sempre tectôni-cos, respectivamente com o Espinhaço Setentrionale com a Chapada Diamantina, e mal definidos a sul,com o Bloco Gavião.

    O Supergrupo Espinhaço,que aflora nos esta-dos da Bahia e Minas Gerais consiste em umamegasseqüência implantada sobre riftes estaterianos,segmentados nos ramos Espinhaço Setentrional eChapada Diamantina. OEspinhaço Setentrionaléconstituído pelas formações Pajeú, Bom Retiro,Fazendinha e Serra da Vereda que integram o GrupoOliveira dos Brejinhos (Paleoproterozóico) e peloGrupo Santo Onofre (Neoproterozóico), definido por uma unidade basal de brechas e arcóseos e uma supe-rior de quartzitos e filitos (Schobbenhaus, 1993).Segundo este autor, a acumulação dos sedimentosdos dois grupos se deu em dois riftes superpostos,estruturados nas direções N-S e NW-SE.

    A Chapada Diamantina,denominada Baciade Lençóis por Inda & Barbosa (1978), compreendedois domínios – Ocidental e Oriental –, separados

    pelo Lineamento Barra do Mendes-João Correia(Sá et al., 1976). No Domínio Ocidental os dobra-mentos são apertados e o vulcanismo intenso; noOriental, as dobras são suaves e o magmatismorestrito principalmente a intrusões básicas. ParaSilva (1994) a Chapada Diamantina é uma bacia dotipo rifte-sinéclise, com o estágio rifte representado pelo vulcanismo Rio dos Remédios e o estágio siné-clise pelos depósitos continentais e marinhos dosgrupos Paraguaçu e Chapada Diamantina, este últi-mo constituído pelas formações Tombador, Cabo-clo e Morro do Chapéu. Segundo Schobbenhaus

    (1993) as duas primeiras formações representamsedimentos plataformais mesoproterozóicos, en-quanto a Formação Morro do Chapéu equipara-seaos depósitos neoproterozóicos do Grupo SantoOnofre. Por seu lado, Dominguez (1993) interpretaos sedimentos do Espinhaço Setentrional e ChapadaDiamantina como acumulados em uma bacia poli-histórica do tipo sucessora.

    O modelo de um sistema de riftes, evoluído a partir deca 1,7Ga, para a deposição do SupergrupoEspinhaço no Estado da Bahia é aceito semrestrições. O início dessa evolução é marcado por magmatismo potássico, datado pelo método U-Pbem zircão em 1748Ma e 1752Ma, respectivamente por Babinskyet al. (1994) e Schobbenhauset al.(1994). A controvérsia existente refere-se ao nú-mero de deformações: se são duas, relativas aos ci-clos Espinhaço e Brasiliano (Sáet al.1976; Neves,1979; Sá, 1981; Costa & Inda, 1982; Cordaniet al.,1992) ou apenas uma, ocorrida em torno de 600Ma,relacionada ao ciclo Brasiliano (Caby & Arthaud,1987; Trompetteet al.,1992; Schobbenhaus, 1993;Uhlein & Trompette, 1997; Arcanjoet al., 2000).Além desses registros referentes ao Paleopro-terozóico obtidos em rochas vulcânicas do Super-grupo Espinhaço baiano, são conhecidos valores de1514Ma (Babinskyet al., 1999) e 1496Ma (deste

    projeto) determinados pelo método U-Pb, em zir-cões, em gabros intrusivos na Formação Manga- beira, além de idades mais novas, como a de 1.140+ 140 (Babinskyet al., 1993) em carbonatos daFormação Caboclo, por meio da isócrona Pb-Pb.Finalmente, análise geocronológica Ar-Ar realizada para o Projeto Ibitiara-Rio de Contas em moscovi-ta-sericita provenientes de rocha vulcânica doGrupo Rio dos Remédios e de metapelito do GrupoParaguaçu determinou idades de resfriamento aoredor de 497Ma, atribuídas ao período de inversãodo sistema de riftes Espinhaço.

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 5

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    19/83

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    20/83

    7

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Quadro 1 – Carta estratigráfica e aspectos tectonodeposicionaisTable 1 – Stratigraphic chart and tectonodepositional features

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 7

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    21/83

    8

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Q u a

    d r o

    2 –

    P r o p o s t a s

    d e c o

    l u n a s e s

    t r a t

    i g r á

    f i c a s p a r a o

    S u p e r g r u p o

    E s p

    i n h a ç o n a

    C h a p a

    d a D i a m a n

    t i n a

    T a

    b l e 2 –

    P r o p o s a

    l s o f s t r a t i g r a p

    h i c c o

    l u m n s

    f o r

    t h e

    E s p

    i n h a ç o

    S u p e r g r o u p

    i n C h a p a

    d a D i a m a n

    t i n a

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 8

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    22/83

    9

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Figura 3 – Distribuição geográfica do embasamento pré-Espinhaço Figure 3 – Geographic distribution of the pré-Espinhaço basement

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 9

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    23/83

    10

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Os complexos Gavião e Paramirim, constituí-dos por gnaisses migmatíticos e integrantes dos blo-cos homônimos, são rochas atribuídas ao intervaloPaleo-Mesoarqueano e consideradas as mais antigasda área. Entre o Mesoarqueano e o Neoarqueanoencontram-se as seqüências de rochas supracrustaisdefinidas pelos complexos Brumado e Ibiajara.

    No Paleoproterozóico há vários registros derochas granitóides que intrudiram a crosta arqueananos períodos Sideriano (ortognaisses Caraguataí),Riaciano (corpos de Jussiape, Ibitiara e Queimada Nova), Orosiriano (intrusão de Rio do Paulo) eEstateriano (granitóide de Matinos). As assinaturasgeoquímicas dessas rochas granitóides caracterizamcontextos geotectônicos distintos, indicando que oembasamento pré-Espinhaço teve uma complexaevolução geológica, cujas principais evidênciasencontram-se hoje soterradas sob o edifício plutono-vulcano-sedimentar do Supergrupo Espinhaço.

    3.1.1 – Rochas Arqueanas

    • Complexo Gavião (A23g)

    O Complexo Gavião (Souzaet al.2003) é constituí-do essencialmente por ortognaisses migmatíticos decomposição tonalítico-trondhjemítico-granodioríti-

    ca (A23g2),com cores em tons de cinza, que vari-am conforme a composição dos gnaisses, grada detrondhjemito a granodiorito/tonalito e textura quasesempre fanerítica grossa, com cristais desenvolvi-dos de plagioclásio e microclínio pertítico. Local-mente, na região de Abaíra, foi possível identificar dois corpos de ortognaisses tonalíticos(A23g1)com características texturais similares à fácies ante-rior. Ambos os tipos mostram comumente feiçõesincipientes de migmatização, com predomínio deestruturas bandadas, assim como enclaves máficos,normalmente metagabros/anfibolitos, de granu-

    lação média a grossa (foto 1).Os ortognaisses migmatíticos do ComplexoGavião guardam registros de eventos tectônicosmais antigos, denunciados pela dança das atitudesdo bandamento gnáissico e pelo padrão de dobrasmenores, retrabalhados pela deformação superim- posta, de idade brasiliana. As foliações geradas nes-te evento giram em torno da direção N-S, com incli-

    nações subverticais; relaciona-se, também, lineaçãode estiramento tipomergulho abaixo,marcada por palhetas de biotita e cristais de quartzo.

    O caráter calcialcalino de baixo K dessesortognaisses já foi definido por Martinet al.(1997)em local fora da área do projeto. Os resultados ana-líticos obtidos em amostras do Complexo Gavião por Teixeira (2005) para o Projeto Ibitiara-Rio deContas, mostram que apenas uma delas exibe com- posição típica daquela série. As demais têm carac-terísticas que denunciam importantes modificaçõesno conteúdo químico original dos ortognaisses, cau-sadas pela presença de intrusões ricas em potássio.

    • Complexo Paramirim (A23p)

    O Complexo Paramirim (Sáet al.,1976) é o principal constituinte do Bloco do Paramirim, altodo embasamento justaposto tectonicamente entre aserra do Espinhaço Setentrional e a Chapada Dia-mantina. Foi descrito com detalhe por Arcanjoet al.(2000), que o subdividiram em seis associações li-tológicas, duas das quais,ortognaisses migmatíti-cos e ortognaisses granodioríticos,afloram na áreado Projeto Ibitiara-Rio de Contas (figura 3).

    Seus limites com as unidades do SupergrupoEspinhaço se fazem por meio de acentuada discor-

    dância erosiva ou de zonas de cisalhamento com- pressional. Exemplos destas últimas encontram-senas imediações e a sudeste da cidade de Paramirime nas cercanias da serra do Itapicuru, noroeste daárea. Nesses locais as rochas do Complexo Para-mirim encontram-se imbricadas ou empurradassobre os representantes das unidades Serra da Ga-meleira e Rio dos Remédios, o que indica o envol-vimento do embasamento arqueano na reestrutu-ração da Bacia Espinhaço.

    Os ortognaisses migmatíticos (A23pm)sãocinza, médios a grossos, e incluem uma gama vari-

    ada de tipos petrográficos, como tonalitos, granodi-oritos e monzogranitos, com sienogranitos e sieni-tos subordinados. A depender da intensidade daanatexia a que foram submetidos apresentam-secomo migmatitos bandados,schlierenou nebulíti-cos. Segundo Teixeira (2000), são rochas calcial-calinas potássicas, peraluminosas, prováveis produ-tos de fusão parcial de uma crosta de composição

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 10

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    24/83

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    25/83

    12

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    rochas supracrustais que ocorrem quase sempre con-finadas entre o Supergrupo Espinhaço e a janelagranito-gnáissica de Abaíra-Jussiape.

    Trata-se de metabasaltos com metaultramafi-tos associados, além de metandesito, metarritmito emetarenitos, pertencentes ao Complexo Brumado(Pedreiraet al., 1975). Esse pacote vulcanossedi-mentar integra um conjunto mais amplo, que ocorreem quilhas distribuídas no Bloco Gavião e interpre-tadas, inicialmente por Mascarenhas (1976) e maistarde por outros autores (Moraeset al.,1980; Cunha& Fróes, 1994), como estruturas tipogreenstonebelts. Neste trabalho, essas rochas supracrustais fo-ram organizadas em três associações, com base nasrelações de afloramento.

    A associaçãometabasaltos vesicular e ma-ciço (A34bb)ocorre a sul e a leste da localidade deMarcolino Moura e é entendida como a unidade basal, sobretudo pela relação com flogopita-cloritaxisto derivado de rocha komatiítica (com texturaspinifex) e com metaultrabasito hidrotermalmentealterado, talcificado. O preenchimento das vesícu-las por quartzo e epidoto, a saussuritização dos pla-gioclásios e a substituição do anfibólio original por actinolita, denunciam a intensidade dos processosde alteração hidrotermal sobre os metabasaltos. Notipo maciço a hornblenda está parcialmente substi-

    tuída por biotita, devido a reequilíbrio metamórficoou ao próprio hidrotermalismo. O registro da defor-mação nessas rochas é uma foliação milonítica,cuja direção oscila entre N10ºE e N20ºW, com mer-gulhos verticais a subverticais. Localmente, veiosde quartzo leitoso com espessuras que variam entrealguns milímetros a 2 metros, dispõem-se paralelosa essa foliação, emprestando um aspecto bandadoao conjunto.

    A associação metandesito, biotita gnaisse emetabasalto (A34ba)aflora em um pequeno corpoorientado N-S a oeste da cidade de Abaíra e corres-

    ponde à unidade (intermediária) do ComplexoBrumado identificada na área. O metandesito apre-senta amídalas de quartzo e fenocristais de plagio-clásio saussuritizado imersos em matriz compostade quartzo, plagioclásio e biotita, além de magneti-ta, ilmenita e zircão. Lateralmente, esse metavul-canito grada a um biotita gnaisse fino, permeado por veios leucossomáticos, que evidenciam a inci-

    piente migmatização que o afetou. Veios de quartzocom turmalina e hematita, com direção N15ºE emergulho vertical, cortam o biotita gnaisse.

    A associação superior pelito-psamítica,reconhecida a noroeste de Abaíra é definida por metarritmito, metaquartzarenito e metarenito fer-ruginoso e manganesífero (A34bs).O metarritmitoé constituído por camadas mili-centimétricas demetassiltito e filito manganesífero, às quais se rela-cionam duas ocorrências de manganês cadastradas.Metaquartzarenito cinza-claro e metarenito ferrugi-noso e manganesífero cinza-escuro ocorrem em es-tratos milimétricos alternados. Subordinados, ocor-rem ainda metapelito manganesífero em tonsescuros, com lentes de metarenito fino a médio e demetachert; e paragnaisse cinza-claro, de granulaçãofina a média, com intercalações centi-milimétricasde anfibolito fino, derivado provavelmente de ummetabasalto.

    • Complexo Ibiajara (A4ij)

    Arcanjo et al. (2000) utilizaram o termoComplexo Ibiajara para designar uma seqüência derochas supracrustais que aflora na região da vila ho-mônima (figura 3), hospedeira de importante mine-ralização de ouro (mina Baixa Funda), com cobre

    associado. Essa seqüência abrange xisto e filito se-ricíticos e grafitosos, laminados, xisto máfico comclorita e actinolita, cianita e sericitaxistos, formaçãoferrífera e metarritmito (pelito e siltito) grafitoso, àsvezes manganesífero. Níveis de quartzito sericíticoassociados a brecha intraformacional, mais expres-sivos no topo da serra de Santa Maria, localizada nasimediações de Ibiajara, complementam essa sedi-mentação. Diques de metabasito e de rocha grani-tóide de granulação grossa, certamente relacionadaao magmatismo Rio dos Remédios, e veios de quart-zocarbonático atravessam toda a seqüência.

    Segundo Santos (1999) o metarritmito grafi-toso exibe bandamento composicional (So) parale-lo à xistosidade mineral (S1), dobrados em estiloisoclinal com eixo de mergulho suave para sul esuperfície axial subvertical (foto 2). O mesmo autor observa que ocorrem dobramentos subsidiários,cujos eixos mostram caimentos mais fracos egeometrias irregulares, por vezes curvos (bainhas?),

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 12

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    26/83

    13

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    além de minidobras isoclinais intrafoliais, queindicam redobramentos. E conclui que o conjuntodessas deformações dúcteis define um padrão maiscomplexo do que o apresentado pelo SupergrupoEspinhaço, e pelo menos parte delas é pré-brasi-liana. Além desses dobramentos, as rochas doComplexo Ibiajara são afetadas por zonas de cisa-lhamento orientadas na direção N25ºW, com mer-gulhos verticais, e por um intenso fraturamento,com desenvolvimento de zonas brechadas e venu-

    lações quartzosas. A essa deformação associa-seuma marcante alteração hidrotermal, definida por diferentes processos como cloritização, sericitiza-ção, carbonatização, turmalinização e piritização.

    De acordo com Mello (1991), que comparti-menta o Complexo Ibiajara em duas unidades: umainferior, vulcânica máfica, e outra metassedimentar,a fase magmática poderia ser a fonte primária doouro, depois reconcentrado por processos hidroter-mais epigenéticos.

    Foto 2 – Metarritmito turbidítico grafitoso, com acamadamento dobrado em estilo isoclinal. Local:mina de Baixa Funda, a sudeste de Ibiajara

    Photo 2 – Graphite bearing turbiditic metarhythmite with bedding folded in isoclinal style. Location: Baixa Funda mine, southeast of Ibiajara

    No Projeto Ibitiara-Rio de Contas não foi pos-

    sível recuperar a organização estratigráfica da pilhasupracrustal, devido à intensidade da deformaçãodúctil e da alteração hidrotermal. Apesar disso, comos dados disponíveis é possível considerar que ela foiacumulada em ambiente marinho profundo (talu-de/bacia), representado pela presença de vulcanismo básico (xisto máfico), associado a depósitos sedi-mentares químicos, acumulados sob condições de

    bacia faminta (formação ferrífera), e a depósitos

    gravitacionais relacionados a correntes de turbidezde baixa densidade (metarritmito e quartzito).

    3.1.2 - Rochas Granitóides Paleoproterozóicas

    • Ortognaisses de Caraguataí (PP1g)

    O conjunto de rochas gnáissicas que ocorrem

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 13

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    27/83

    14

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    na parte sudeste da área, região de Abaíra-Jussiape(figura 3), foi considerado por vários autores como pertencente ao embasamento arqueano, então deno-minado Complexo Metamórfico-Migmatítico. Em1991, Lopes, com base em evidências de aflora-mentos e de análises químicas e petrográficas da-queles ortognaisses, os denominou de ComplexoÍgneo-Metamórfico Caraguataí, correlacionando-oà Suíte Intrusiva Lagoa Real, esta sabidamente deidade estateriana (ca 1750Ma) e encaixante de im- portantes mineralizações uraníferas.

    A correlação entre o Complexo Caraguataí e aSuíte Lagoa Real, proposta por Lopes(op. cit),esta-va embasada nas semelhanças petroquímicas entre asduas unidades; ou seja, ambas abrangem rochasalcalinas com extensas faixas internas de defor-mação, às quais associa-se metassomatismo sódicona forma de lentes de albitito, onde se encontra, nocaso da Suíte Lagoa Real, o minério de urânio. Emconseqüência, nos mapas radiométricos dos canaisde U e K os dois conjuntos apresentam assinaturasidênticas, com valores acentuadamente anômalos para esses elementos. No entanto, determinaçãogeocronológica realizada pelo Projeto Ibitiara-Rio deContas acusou idade de 2.121Ma para o granito deJussiape (ver adiante) e as observações de campomostram que este granito é intrusivo na unidade

    Caraguataí, (foto 3) o que impossibilita a contempo-raneidade desta última com a Suíte Lagoa Real.

    Tentativamente, a partir da idade mínima de2.121Ma, estima-se aqui, que os granitóides quederam origem aos gnaisses Caraguataí colocaram-sena crosta arqueana durante o Sideriano. Suas carac-terísticas químicas, que apontam para protólitos me-taluminosos a peraluminosos, ricos em ferro, inte-grantes de um magmatismo tipo A2, alcalino, reme-tem a intrusão desses corpos plutônicos a um cenáriocompatível com ambiente extensional (Teixeira,2005). Neste sentido, há vários registros de uma

    tafrogênese ocorrida durante o Sideriano na crostacontinental baiana da província sanfranciscana.Segundo Delgado et al. (in: Bizzi et al., 2003) asintrusões, no intervalo de 2.560Ma a 2.320Ma, doComplexo Máfico-Ultramáfico Rio Jacaré (Britoet al., 1984) e do maciço de Pé de Serra, ambos naregião central do estado, e da Suíte Água Sumida, emsua parte sul, são fortes indícios dessa fragmentação.

    Foto 3 – Apófise do granito de Jussiape intrusivo no orto-gnaisse granítico de Caraguataí

    Photo 3 – Apophysis of the Jussiape granite, intrusive in theCaraguataí granitic orthogneiss

    Neste trabalho optou-se pelo termo ortognaissesCaraguataí, para designar essas intrusões de idade su- postamente sideriana, nos quais foram reconhecidastrês tectonofácies: augengnaisse granítico(PP1γ 1),ortognaisse granítico, milonítico (PP1γ 2) e ortog-naisse granítico fitado, milonítico(PP1γ 3).

    O augengnaisse granítico (PP1γ 1) apresentacomposições a ferro-hastingsita-biotita ou a aegiri-na-augita. No geral é grosso, cinza-escuro a cinza-médio, composto por fenoclastos de microclínio

    pertítico e de plagioclásio albitizado com até 8cmde tamanho, envoltos em matriz rica em plagioclá-sio albítico. Apresenta foliação milonítica e encla-ves de ortognaisse granítico de granulação grossa,de metagabro e de metakomatiito. Os mineraisacessórios presentes são magnetita, titanita, alanita,apatita e zircão e a presença de ferro-hastingsita eaegirina-augita denunciam a natureza alcalina do

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 14

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    28/83

    15

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    augengnaisse. A essa tectonofácies relacionam-seas principais anomalias aerogeofísicas, sobretudode U, verificadas na área.

    O ortognaisse granítico, milonítico (PP1γ 2)ocorre apenas na faixa ocidental da área de aflo-ramento da unidade, onde envolve e/ou contorna asfaixas do augengnaisse descrito acima. Tem como principais características petrográficas as presençasde biotita e de fenoclastos constituídos por agrega-dos de microclina pertítico, plagioclásio albítico equartzo.

    Embora com a mesma composição da anteri-or, a tectonofácies designada porortognaissegranítico fitado, milonítico (PP1γ 3) é a mais defor-mada delas. Corresponde, via de regra, a relevo bem arrasado, e sua principal marca são, além domenor tamanho médio dos fenoclastos, cominuídos pela milonitização, as microbandas descontínuas,de cores cinza e rosa, que se dispõem alternadasdevido ao controle tectônico, e dão à rocha umaestrutura fitada típica.

    • Granito de Jussiape (PP2g1)

    Constitui um corpo elíptico, alongado N – S,que ocorre na região sudeste da área (figura 3),intrusivo nos complexos Gavião e Brumado e nos

    ortognaisses de Caraguataí. Limita-se a leste, por contato tectônico, com as rochas metassedimenta-res da seqüência deposicional pré-rifte Serra daGameleira.

    De uma maneira geral, são granitos e leu-cogranitos de granulação grossa, cinza-claro,esbranquiçados e rosados, fracamente hidroterma-lizados. Sua composição mineralógica mais fre-qüente compreende ortoclásio microclinizado, emfenocristais com até 3cm de tamanho, plagioclásiolevemente saussuritizado, recristalizado para albita,quartzo e biotita, além de titanita, apatita, zircão,

    alanita e magnetita, que são os acessórios mais fre-quentes. São comuns os xenólitos de anfibolito, me-taultramafito, gnaisse fitado e gnaisse migmatítico.

    Estruturalmente, os granitos do corpo deJussiape apresentam-se isotrópicos ou foliados,sendo a foliação ora determinada por fluxo mag-mático, ora por deformação. Um bom exemplo dogranito com foliação primária ocorre na fazenda

    Passagem de Pedra, a leste da cidade de Abaíra,onde aparecem também autólitos máficos orienta-dos segundo a direção do fluxo e veios pegmatíticostardios. Já na estrada para Baraúna, a norte de Jus-siape, a rocha granitóide está foliada, ortognaissifi-cada pela tectônica superimposta, além de englobar xenólitos de biotitagnaisse do Complexo Gavião.

    Segundo Teixeira (2005) o granito de Jus-siape é peraluminoso, potássico, subalcalino, comteores de elementos maiores e razões entre elemen-tos traços LILE e HFSE que apontam para um mag-matismo do tipo I, tardi a pós-orogênico, cujas ca-racterísticas químicas são, contudo, bem próximasàs de magmatismo tipo A. Ainda de acordo com omesmo autor, essas características sugerem a exis-tência de um arco magmático, ativo à época dacolocação desse granito.

    Análise geocronológica pelo método U-Pbem zircões do granito de Jussiape, realizada paraeste projeto no Centro de Geocronologia do Insti-tuto de Geociências da Universidade de Brasília,obteve a idade de 2.121±2,2Ma, valor interpretadocomo a idade de cristalização da rocha.

    A integração das características estruturais àassinatura geoquímica e ao dado geocronológicoacima permite supor que a intrusão do granito deJussiape se deu no Riaciano, em regime tardi a pós-

    orogênico, possivelmente transcorrente, o que ésugerido pela disposição suborizontal dos feno-cristais de feldspatos, orientados segundo o fluxo primário. Posteriormente, já no Brasiliano, essegranito foi afetado por episódio de deformaçãocompressional, em condições metamórficas de baixo grau (hidrotermalismo), que imprimiu nasrochas foliação milonítica com direção N-S a N20ºW e fortes mergulhos para sudoeste, além delineação de estiramento mineral marcada por bioti-ta, sericita e quartzo.

    Granitóides de Ibitiara e Queimada Nova(PP2g2)

    As referências mais antigas aogranitóide de Ibitiaraforam feitas por Távoraet al. (1967), que oconsideraram um corpo intrusivo, e por Sighinolfi& Sakai (1973), que sugeriram para o mesmo grani-tóide uma origem subvulcânica. Em 1975 Barreto

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 15

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    29/83

    16

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    et al.interpretaram-no como representante do Com- plexo Metamórfico-Migmatítico, ou seja do emba-samento pré-Espinhaço, aflorante em uma janelaerosional em meio às rochas metavulcanossedi-mentares do Grupo Rio dos Remédios. Os dadosobtidos no presente projeto ratificam essa últimahipótese (ver adiante).

    O granitóide de Ibitiaraconforma um corpoalongado na direção NNW-SSE, com cerca de34km de comprimento e 7km de largura máxima,situado na parte noroeste da área. Suas melhoresexposições encontram-se na rodovia BA-152, queliga as cidades de Ibitiara e Novo Horizonte, e queatravessa longitudinalmente quase toda a extensãodaquele corpo (figura 3).

    Dentre essas exposições destaca-se a pedrei-ra desativada, localizada cerca de 6km a sudeste deIbitiara. Ali afloram tonalito cinza-escuro, de granu-lação fina, com cristais de plagioclásio saussuriti-zado, assimilados por outros cristais, maiores, dek-feldspato; e granodiorito de granulação grossa a porfirítica, com fenocristais de quartzo e feldspatosericitizado envolvidos em matriz fina, com serici-ta e quartzo. Ambos os tipos abrangem xenólitos de biotitagnaisse cinza-escuro, finamente granulado,deformado. O conjunto apresenta evidências da atu-ação de uma acentuada alteração hidrotermal, via

    processos de epidotização, potassificação e sericiti-zação, principalmente. Em vários outros afloramen-tos é possível observar a relação entre o tonalitofino, e o granodiorito, de granulação grossa, quecompõem o corpo granitóide, como, por exemplo,nas imediações da cidade de Ibitiara, onde as duasrochas, no geral isotrópicas, estão bastante alteradase são cortadas por veios de quartzo-turmalina e por dique de gabro/diabásio de direção E-W.

    O granitóide de Queimada Novaestá repre-sentado por dois pequenos corpos de 2km2 e 10km2,localizados, respectivamente, a oeste e a sul da

    serra do Itapicuru, no extremo noroeste da área,intrusivos nos gnaisses do Complexo Paramirim(figura 3). Trata-se de granodiorito porfirítico cinza,com manchas escuras determinadas por concen-trações de biotita, constituído por fenocristais eué-dricos a subédricos de feldspato rosa, com até 5cmde comprimento, e matriz média de quartzo, plagio-clásio e biotita, em parte hidrotermalizada. Há vari-

    ações locais para granito e tonalito. São rochasquase sempre isotrópicas, com eventuais ocorrên-cias de foliação de fluxo magmático.

    Os estudos geoquímicos realizados comamostras dos granitos de Ibitiara e Queimada Novaindicam claramente as semelhanças existentes entreos dois conjuntos. São rochas peraluminosas, cal-cialcalinas, sódicas, cujas características, sobretudoas relativas aos elementos-traço, sugerem que pos-sam ter sido geradas a partir da fusão parcial de ummanto metassomatizado em ambiente de arco mag-mático (Teixeira, 2005).

    Datação realizada no Centro de Geocronolo-gia do Instituto de Geociências da Universidade deBrasília, determinou idade U-Pb, em zircões, deamostra do granitóide de Ibitiara, no valor de2.091±6,6Ma, considerada como a de cristalizaçãoda rocha. Essa idade vem corroborar a proposta deBarretoet al. (1975), com respeito à existência deum testemunho do embasamento, na região deIbitiara. Indica, também, que no Riaciano havia umarco magmático em atividade nesse segmento doCráton do São Francisco.

    • Granitóide Rio do Paulo (PP3γ )

    Corresponde a um corpo cartografado a sudo-

    este da cidade de Livramento de Nossa Senhora (figu-ra 3), que se projeta para sul, além dos limites da áreado Projeto Ibitiara-Rio de Contas, intrusivo no Com- plexo Gavião e alçado ao nível das unidades metavul-canossedimentares do Supergrupo Espinhaço.

    O granitóide Rio do Paulo é definido, nogeral, por (hornblenda) – biotita monzogranito, bio-tita granito e granodiorito porfiríticos, cujos consti-tuintes mais frequentes são fenocristais de microcli-na e quartzo, imersos em uma matriz fina de plagio-clásio, quartzo, microclínio, biotita e hornblenda,com textura milonítica. Os acessórios mais comuns

    são opacos, zircão, monazita, apatita, epidoto etitanita (Leal, 1998). Apresentam-se nas cores cin-za-claro a cinza-escuro e, quando deformados, exi- bem foliação bem impressa e fenoclastos de micro-clínio orientados segundo as zonas de cisalhamento NNW-SSE. Não raro engolfam enclaves máficos exenólitos de ortognaisse TTG, estes últimos doComplexo Gavião.

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 16

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    30/83

    17

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Segundo Leal (1998), trata-se de rochas cal-cialcalinas de alto potássio, metaluminosas a leve-mente aluminosas. Esse mesmo autor, por meio dedeterminação geocronológica pelo método Rb-Sr,em rocha total, feita em amostra desse granitóide,obteve uma idade de 1.959±50Ma.

    • Granitóide de Matinos (PP4γ )

    Arcanjoet al. (2000) identificaram uma faixacaracterizada por rochas granitóides que bordeja aescarpa ocidental da Chapada Diamantina e seestende por cerca de 70km, com largura média de 3-4km, desde a região de Ibiajara até as proximidadesda BR-242, altura da vila Queimada Nova (figura3). No Projeto Ibitiara-Rio de Contas esse conjuntofoi denominado granitóide de Matinos.

    Trata-se essencialmente de biotita granodio-ritos/monzogranitos porfiríticos, foliados a gnáissi-cos, com fenocristais de microclínio e, principal-mente, de plagioclásio, com dimensões médias nafaixa de 1,5-2,5cm, mas podendo atingir 4cm decomprimento, imersos em uma matriz de granu-lação média a grossa, constituída essencialmente por quartzo-feldspatos e biotita. Os fenocristais va-riam de euédricos a anédricos (inclusive arredonda-dos), com predomínio de termos subédricos; estão

    muitas vezes fraturados, alguns exibem sombras de pressão e aqueles formados por plagioclásio mos-tram-se às vezes zonados. É visível, nas fáciesmenos deformadas, que esses megacristais apresen-tam uma orientação planar primária preferencial(foliação de fluxo magmático), embora alguns delesestejam aleatoriamente orientados, paralela a sub- paralelamente à foliação do estado sólido (tectôni-ca). Esta apresenta direção N20º-30ºW e mergulhosverticais a fortes para WSW e é realçada pela orien-tação das biotitas e de microlentes fraturadas dequartzo.

    Ainda de acordo com Arcanjoet al.(2000), aesses granitóides associa-se uma deformação bas-tante heterogênea, que propiciou a geração de umagrande variedade de tipos estruturais, representados por granitóides quase isotrópicos, granitóides folia-dos, ortognaisses e ortognaisses protomiloníticos amiloníticos. Taxas extremamente elevadas destrainconcentram-se em delgadas zonas de cisalhamento

    dúcteis de direção geral NNW-SSE, subverticais afortemente inclinadas para WSW. Aessas zonas as-sociam-se rochas granitóides completamente trans-formadas, constituindo corredores de quartzo-sericita-clorita xistos (milonitos e ultramilonitos).

    Com base nos estudos geoquímicos deamostras do granitóide de Matinos, Teixeira (2005)conclui que são rochas metaluminosas a peralumi-nosas, alcalinas, do tipo A e correlaciona-as aomagmatismo que originou as vulcânicas da Forma-ção Novo Horizonte/Grupo Rio dos Remédios.

    3.2 BACIA ESPINHAÇO ORIENTAL(RIFTE-SAG )

    No Estateriano, os estados de Minas Gerais eBahia foram palco de tafrogênese que gerou sis-temas de riftes intracontinentais, aos quais sucede-ram-se bacias preenchidas por rochas magmáticas esedimentares, representantes precoces do Super-grupo Espinhaço. Na Bahia, reconhecem-se as ba-cias do Espinhaço Setentrional e do Espinhaço Ori-ental, situadas respectivamente a oeste e a leste doBloco do Paramirim (figura 2).

    Os limites atuais da Bacia Espinhaço Orientalnão refletem o seu tamanho original, certamente

    mais expressivo, indicado pela presença de depósitosresiduais nas regiões de Lençóis e Ituaçu, a leste doLineamento Barra do Mendes/João Correia. Ageometria assimétrica dessa megaestrutura, sugerida pela distribuição do vulcanismo, é composta degrabens, horsts, plataformas e patamares, conectados provavelmente a uma falha de borda lístrica inclina-da para leste, e localizada a oeste da área (falha deSanto Onofre), com sua borda flexural situada aleste. As paleocorrentes medidas sugerem um apro-fundamento da bacia de sul para norte.

    A evolução da Bacia Espinhaço Oriental, ini-

    ciada háca. 1,75Ga (Schobbenhaus, 1996) e comduração, possivelmente, não muito superior a50Ma, se deu em três fases tectônicas: pré-rifte,composta por depósitos siliciclásticos comparadosa uma seqüência deposicional; sinrifte, preenchida por depósitos agrupados em duas tectonosseqüên-cias; e pós-rifte, representada por depósitos rela-cionados a uma superseqüência.

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 17

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    31/83

    18

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    3.2.1 Fase Pré-rifte

    Corresponde à fase bacinal que precede orifteamento estateriano na região, gerada por estira-mento com flexura da crosta e ocupada por depósi-tos dominantemente eólicos da Formação Serra daGameleira (definida no Projeto Ibitiara-Rio deContas) relacionada à seqüência deposicionalhomônima. Trata-se de uma depressão rasa e restri-ta, com baixas taxas de subsidência e acumulação,formada e preenchida em um período no qualimperavam condições ambientais de semi-aridez aaridez e paleoventos que sopravam preferencial-mente para o quadrante nordeste. O contextodeposicional dessa bacia é bastante simples, repre-sentado por depósitos pouco espessos, da ordem deuma centena de metros, de metaquartzarenito,metaconglomerados, metarenito e metapelito.

    • Seqüência deposicional Serra da Gameleira(PP4sg)

    Ocorre nos extremos oeste e sudeste da área doProjeto Ibitiara-Rio de Contas (figura 4), assentada em

    discordância regional, erosiva e angular sobre rochasgnáissicas arqueanas e granitóides paleoproterozóicose recoberta em discordância regional erosiva por uni-dades da fase sinrifte, embora seja comum apresen-tar limites tectônicos com as litofácies vizinhas. Asespessuras obtidas no extremo oeste da área variam dealguns metros até 200 metros, enquanto na região deMarcolino Moura é da ordem de 70 metros.

    Várias interpretações já foram dadas paraessa seqüência deposicional. Barretoet al. (1975), por exemplo, colocaram-na na base do pacote vul-cânico (Grupo Rio dos Remédios), ou na forma delentes em seu interior. Já Dominguez, em 1996, aincluiu na Formação Ouricuri do Ouro (GrupoParaguaçu), considerando-a mais nova que as me-tavulcânicas. O Projeto Ibitiara-Rio de Contas, con-sidera a seqüência deposicional Serra da Gameleiracomo uma unidade mais antiga e discordante datectonosseqüência Novo Horizonte, acumulada na base do Supergrupo Espinhaço, uma vez que nãoapresenta detritos ou clastos das rochas vulcânicassuperiores. As litofácies e associações de litofáciesdescritas no quadro 3 mostram o empilhamento re-lativo da sua coluna estratigráfica.

    Quadro 3 – Organização estratigráfica, descrição e interpretação da Seqüência Serra da Gameleira – PP4sg (fase pré-rifte)Table 3 – Stratigraphic organization, description and interpretation of the Serra da Gameleira Sequence – PP4sg (pre-rift phase)

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 18

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    32/83

    19

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Figura 4 – Distribuição Geográfica da Seqüência Deposicional Serra da Gameleira (fase pré-rifte) Figure 4 – Geographic Distribution of the Serra da Gameleira Depositional Sequence (pre-rift phase)

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 19

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    33/83

    20

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    A seqüência deposicional Serra da Gameleiraé formada por associações de litofácies siliciclásti-cas continentais acumuladas em ambiente desérti-co, através de processos eminentemente eólicos,que atuaram no geral sobre areia não-coesivadepositada acima de um lençol freático de nível re-lativamente profundo. Esse sistema eólico, repre-sentado por metaquartzarenito bimodal, metagrau-vaca e metarcóseos, associa-se a depósitos esporádi-cos, originados por fluxo gravitacional subaéreo dotipo fluxo de detritos (metaconglomerado polimíti-co), por fluxo trativo (metaconglomerado oligomíti-co e metarenitos) e por fluxo de massa (fragmen-tação e redeposição penecontemporânea à sedimen-tação, de camadas pouco consolidadas – meta- brecha). As litofácies da unidadePP4sg1,represen-tadas por metaquartzarenitos fino e grosso, comestratificações cruzada e flaser e por metargilitolaminado, às vezes rompido, são interpretadas comoformadas por fluxo oscilatório induzido por ondasnormais e correntes de alta energia e por processosde suspensão, que atuavam em lagos rasos e restri-tos desenvolvidos no ambiente desértico.

    O evento Brasiliano, responsável pela inver-são do rifte Espinhaço, afetou profundamente os re- presentantes da seqüência deposicional Serra daGameleira, principalmente a associação de litofá-

    cies PP4sg3, que aflora por quase toda a bordaoeste da área, sanduichada tectonicamente entre osgnaisses do Complexo Paramirim e as vulcânicasda unidade Novo Horizonte. Em excelentes aflo-ramentos, nas estradas de Paramirim para ÉricoCardoso e para o morro do Cruzeiro, situado a sulda primeira cidade, os quartzarenitos sericíticosmilonitizados daquela litofácies exibem clivagensespaçadas, com mergulhos divergentes, para leste e para oeste, e dobramentos sinmiloníticos relaciona-dos ao cisalhamento contracional, com transportetectônico para leste, que limita o Bloco do Parami-

    rim com a bacia Espinhaço Oriental.

    3.2.2 Fase Sinrifte

    É constituída de dois eventos pulsativos prin-cipais, representados, em ordem cronológica, pelastectonosseqüências Novo Horizonte e Lagoa deDentro/Ouricuri do Ouro, limitadas entre si e com

    as unidades da fase pré-rifte por discordância erosi-va e com as unidades do embasamento arqueano eda fase pós-rifte por discordâncias erosiva e angu-lar. A discordância angular entre as fases sin e pós-rifte, ainda não reconhecida em campo, em função possivelmente da sua pequena expressividade,decorre da reestruturação da bacia, provocada pelamudança de regime tectônico, de mecânico para ter-moflexural.

    A fase sinrifte é caracterizada pela forte in-fluência de fatores tectônicos atuantes na área–fon-te ou no interior da bacia. As principais evidênciasdesse condicionamento são: distribuição dos seusdepósitos restrita à calha do rifte; grande presençade conglomerados gerados por fluxos gravita-cionais; interdigitação de fácies psamíticas e pse-fíticas de fluxos de detritos e trativo, com fácies pelíticas acumuladas em corpo d’água por proces-sos de suspensão; variação no sentido das paleocor-rentes, sugestiva de paleofluxos derivados das bor-das normais (flexurais) e daquelas controladas por falhas ativas; presença expressiva de sistema fluvialentrelaçado de alto gradiente; elevada variação fa-ciológica com depósitos clásticos imaturos predo-minantes; e extensivo vulcanismo ácido gerado por fusão de fontes crustais.

    Este vulcanismo representa o estágio inicial

    do rifteamento, visto que não se tem registro, nesse período e em tempo imediatamente anterior, da pre-sença de sedimentação característica de borda defalhas, comum em rifte ativo. Durante a deposiçãodessas tectonosseqüências, ocorrida em ambientecontinental, dominava na região um clima semi-árido, indicado pelas litofácies de quartzarenito, ar-cóseo, grauvaca, grauvaca lítica e ainda, em virtudeda presença de clastos instáveis, de vulcânicas egnaisses nos conglomerados.

    • Tectonosseqüência Novo Horizonte (PP4rrn)

    Compreende o agrupamento de litofáciesvulcânica, subvulcânica, piroclástica e epiclásticade derivação vulcânica, designado originalmente por Schobbenhaus & Kaul (1971) como ComplexoRio dos Remédios, e redefinido neste trabalhocomo Formação Novo Horizonte, relacionada à tec-tonosseqüência homônima. Reservou-se o termo

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 20

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    34/83

    21

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Grupo Rio dos Remédios para representar o conjun-to de rochas integrado por essas unidades vulcano- plutônicas e pelos depósitos sedimentares imediata-mente superiores da tectonosseqüência Lagoa deDentro/Ouricuri do Ouro, acumulados durante afase de subsidência mecânica da Bacia EspinhaçoOriental.

    Os depósitos da tectonosseqüência NovoHorizonte distribuem-se amplamente na parte oesteda área do Projeto Ibitiara-Rio de Contas, em umafaixa com cerca de 150km de comprimento e 16kmde largura máxima de afloramento, e, de formamenos expressiva, nas partes centro-sul, leste e nor-nordeste da área (figura 5). As ocorrências situadasnas regiões de Ibitiara/Novo Horizonte estão sepa-radas das de Paramirim/Rio de Contas pela zona detransferência Ibiajara-Arapiranga (ver descriçãoadiante) e constituem relevo desde colinoso comformas arredondadas até serras alongadas e estrei-tas, alinhadas na direção NNW–SSE, com cotasvariando de 650 a 1.330 metros. Boas e significati-vas exposições encontram-se em inúmeros locais deocorrência dessa unidade, entretanto, algumasseções de referência merecem ser citadas: Rio deContas - Livramento de Nossa Senhora; Canabra-vinha - Brejinho de Santa Tereza; Paramirim - ÉricoCardoso; Ibiajara - Tapera - Juazeiro; Pinga - Olhos

    d’Água do Lino - Bela Vista; São Gonçalo - Remé-dios - Marcelo Gomes.

    As metavulcânicas da tectonosseqüência Novo Horizonte incluem dacito, riolito, quartzo pórfiro e feno andesito, este último classificadocom base exclusivamente, na composição dosfenocristais. No mapa gamaespectrométrico terná-rio, essas rochas correspondem a texturas hete-rogêneas, com predominância de cores esbran-quiçadas, que demonstram altos teores de urânio,tório e potássio. No geral, o conjunto vulcâni-co/subvulcânico apresenta-se bastante modificado

    pela ação de fluidos, sejam eles magmáticos, pri-mários, ou secundários, de origem meteórica oudecorrentes de reações metamórficas, relacionadasa evento tectônico posterior. Vários padrões de alte-ração hidrotermal podem ser observados, como po-tassificação (foto 4), propilitização, greisenização esilicificação, esta em menor escala.

    Outro fator de transformação das rochas vul-

    cânicas/subvulcânicas é a deformação. É comum a presença de sericita xistos, sericita-quartzo xistos,milonitos e ultramilonitos, gerados pelas inúmeraszonas de cisalhamento que atravessam aquelasrochas. A propósito, esses processos foram respon-sáveis pelas principais mineralizações (cassiterita,ouro, barita, quartzo rutilado) que ocorrem na área,e cuja maioria se concentra nos representantes daFormação Novo Horizonte. Esse fato lhe confereuma importância metalogenética diferenciada.

    Duas superfícies discordantes de escala re-gional, localmente mascaradas por zonas de cisa-lhamento, separam essa unidade das suas vizinhas,inferiores e superiores. Essas discordâncias são ma-terializadas por contatos deposicionais bruscos, de-finidos por mudança litológica abrupta, pela pre-sença de clastos das rochas vulcânicas na unidadesuperior e pela irregularidade das suas superfícies.Esses elementos sugerem períodos erosivos ante-riores e posteriores à deposição do pacote vulcâni-co. Identificaram-se na tectonosseqüência NovoHorizonte sete associações litofaciológicas, descri-tas no quadro 4 e suas áreas de afloramento sãoapresentadas na figura 5.

    As unidades vulcânicas/subvulcânicas datectonosseqüência Novo Horizonte, fazem parte deum magmatismo peraluminoso e alcalino do tipo A2,

    com importante contribuição crustal. Magmas dessetipo ocorrem dentro de um amplo espectro de ambi-entes geotectônicos, desde pós-colisional atéanorogênico, este último bastante compatível com omagmatismo que produziu as vulcânicas/subvulcâni-cas ácidas da tectonosseqüência (Teixeira, 2005).

    As unidades características de topos de der-rames e as rochas epiclásticas marcadoras de perío-dos de quiescência magmática permitem que sereorganize, de forma relativa, a coluna estratigráfi-ca da tectonosseqüência Novo Horizonte, nos locaisonde as rochas epiclásticas mostram acamadamen-

    to primário. Dias (2005) reconhece dois prováveiscentros vulcânicos e empilha, da base para o topo,quatro eventos magmáticos na região de NovoHorizonte. Esses eventos culminam com feições detopo de derrames tais como vesículas/amídalas(foto 7) e brechas de fluxo (foto 8) e com sedimen-tação epiclástica de derivação vulcânica, marcadorade hiatos deposicionais.

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 21

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    35/83

    22

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Figura 5 – Distribuição Geográfica da Tectonossequência Novo Horizonte (Grupo Rio dos Remédios – fase sinrifte) Figure 5 – Geographic Distribution of the Novo Horizonte Tectonosequence (Rio dos Remédios Group - synrift phase)

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 22

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    36/83

    23

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Quadro 4 – Organização estratigráfica, descrição e interpretação da Tecnossequencia Novo Horizonte-PP4rrn (fase sinrifte)Table 4 – Stratigraphic organization, description and interpretation of the Novo Horizonte Tectonosequence – PP4rrn (synrift phase)

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 23

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    37/83

    24

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Foto 4 – Alteração hidrotermal: frente de feldspatização (cor creme) em riolito da Formação NovoHorizonte. Local: Estrada Paramirim-Érico Cardoso

    Photo 4 – Hydrothermal alteration: feldspatization front (cream) in rhyolite of the Novo HorizonteFormation. Location: Paramirim-Érico Cardoso road

    Foto 5 – Granito subvulcânico com fenocristais de k-feldspato branco, com até 8cm, e de quartzo azul.Observar orientação tectônica/fluxo dos fenocristais. Local: povoado de Colônia, sudeste da cidade deParamirim

    Photo 5 – Subvolcanic granite with white k-feldspar phenocrysts up to 8cm long, and blue quartz. Notetectonic orientation/phenocrysts flow. Location: Colonia hamlet, southeast of Paramirim town

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 24

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    38/83

    25

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Foto 6 – Metafenoandesito constituído de fenocristais de andesina branco-esverdeados e matriz afaníti-ca cinza-escuro. Local: estrada Novo Horizonte-Ibiajara

    Photo 6 – Metapheno andesite constituted of greenish-white andesine phenocrysts and dark-greyaphanitic matrix. Location: Novo Horizonte-Ibiajara road

    Foto 7 – Riolito com textura vesicular/amidaloidal, típica de topo de derrame. Localidade de Tapera Photo 7 – Rhyolite with vesicular/amygdaloidal texture, typical of lava flow top. Tapera locality

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 25

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    39/83

    26

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    O primeiro evento magmático corresponde aderrames aéreos de lavas a plagioclásio, pobres emquartzo, com estágio final explosivo representado por rochas piroclásticas. A geometria desses der-

    rames é de um corpo estratiforme, alongado nadireção NNW-SSE, limitado a oeste por metarenitoda seqüência Serra da Gameleira e a leste pela sedi-mentação epiclástica e piroclástica cartografada aoeste das fazendas Jerônimo e Tapera. O arranjovertical desse corpo, com pequenas variações com- posicionais e texturais, sugere uma ascensão demagmas através de um sistema fissural.

    O segundo evento vulcânico trouxe para asuperfície líquidos com maior grau de diferenciaçãomagmática, que se consolidaram em dois conjuntosde lavas félsicas de composição distinta, organiza-

    dos, da base para o topo, em derrames de lavasriolíticas ricas em quartzo com cristalização subvul-cânica de magmas ácidos subordinada, sucedidos por derrames aéreos de lavas a plagioclásio pobresem quartzo, com estágio final explosivo. O limitedeste evento é marcado pelos depósitos epiclásti-cos/piroclásticos cartografados a oeste da vila deRemédios e a norte da fazenda Tapera.

    O terceiro evento vulcânico foi cartografadonas vizinhanças de Remédios, Novo Horizonte, e dafazenda Tapera. O seu limite oriental é balizado por metarenito da seqüência deposicional Serra da

    Gameleira. Essa manifestação magmática é forma-da por ciclos de derrames ácidos viscosos, consti-tuídos de lavas riolíticas, com intercalações delavas a plagioclásio pobres em quartzo e de aglo-merados, tufos e cinzas.

    Um quarto evento vulcânico, que representao pulso magmático superior, foi reconhecido desdea região de Ibitiara até a localidade de Juazeiro.Esse magmatismo é representado por derrames delavas a plagioclásio, pobres em quartzo, sucedidos por lavas riolíticas ricas em quartzo, intercaladascom termos piroclásticos. No topo desse evento

    acumularam-se depósitos epiclásticos descontínu-os, derivados das vulcânicas, segundo observadonos arredores de Juazeiro.

    Idades de 1.752 ± 4Ma e 1.748 ± 4Ma(U–Pb em zircão) obtidas, respectivamente, por Schobbenhauset al., (1994) e Babinskiet al.1994), em metarriolito coletado na estrada Para-mirim – Érico Cardoso, refletem a época do vulca-

    Foto 8 – Brecha de fluxo característica de zona de conduto vulcânico. Afloramento na localidade deTapera

    Photo 8 – Flow breccia, characteristic of volcanic conduit zone. Outcrop at Tapera locality

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 26

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    40/83

    27

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    nismo e início da formação do rifte Espinhaço. Asidades Ar–Ar de 404 ± 3Ma e 499 ± 2Ma, obtidas noProjeto Ibitiara-Rio de Contas, em moscovita sele-cionada de metarriolitos, atestam a participação doevento orogenético Brasiliano na reestruturação das bacias Espinhaço Oriental e Chapada Diamantina.

    • Tectonosseqüência Lagoa de Dentro/Ouricuri doOuro (PP4rrl/PP4rro)

    Corresponde à sedimentação continental ter-rígena que se seguiu ao vulcanismo/plutonismo datectonosseqüência Novo Horizonte e complementao preenchimento da fossa tectônica do EspinhaçoOriental. Essa tectonosseqüência engloba os depó-sitos pertencentes ao membro Lagoa de Dentro(Scobbenhaus & Kaul, 1971), elevado à categoriade formação por Inda & Barbosa (1978) e àFormação Ouricuri do Ouro (Schobbenhaus &Kaul, 1971). Faz-se, neste trabalho, uma análise in-tegrada dessas duas formações sob a ótica da es-tratigrafia de seqüências aplicada a depósitos con-tinentais. Dessa forma, é possível explicar a asso-ciação dos depósitos relacionados a sistemas aluvi-ais e eólicos pertencentes à Formação Ouricuri doOuro, com a sedimentação lacustre, contempo-rânea, da Formação Lagoa de Dentro.

    A tectonosseqüência Lagoa Dentro/Ouricurido Ouro ocorre de forma descontínua por toda aárea do Projeto Ibitiara-Rio de Contas (figura 6).Em sua parte noroeste, fora do contexto da BaciaEspinhaço Oriental, representantes dessa tecto-nosseqüência compõem a serra do Itapicuru, pos-sível meio-graben estruturado sobre gnaisses doComplexo Paramirim. As suas unidades de litofá-cies compõem um relevo acidentado, de serras evales longos e estreitos, alinhados na direção NW-SE, com cotas variando de 1.200 a 2.033 metros.Esta última cota ocorre na serra do Barbado,

    município de Abaíra, ponto mais alto do estado daBahia. Também nesta unidade fica o pico dasAlmas, com 1.836 metros, ponto turístico daChapada Diamantina, localizado a noroeste de Riode Contas. As expressivas altitudes alcançadas por essa pilha sedimentar chegam mesmo a ultrapassar as encontradas em rochas similares das unidadessuperiores, pertencentes à superseqüência Tomba-

    dor/Caboclo. Esse fato pode estar relacionado àmovimentação tectônica vertical de blocos, o que éem parte reforçado pela variação brusca dos mer-gulhos das camadas, localmente observada.

    Zonas de cisalhamento dúctil-rúptil foramseguramente responsáveis pelo basculamento dos blocos e por essa diversidade nos ângulos de mer-gulho, assim como pela foliação milonítica exibidaeventualmente pelos tipos litológicos da tectonosse-qüência. Em contraponto à xistosidade mostrada pelos metavulcanitos, as rochas metassedimentaresda unidade Ouricuri do Ouro/Lagoa de Dentro apre-sentam uma clivagem de plano axial espaçada, cer-tamente por sua maior competência em comparaçãoaos termos ortoderivados, razão pela qual também preservam os registros das estruturas sedimentares primárias.

    Os contatos gradacionais e interdigitadosentre as litologias das formações Lagoa de Dentro eOuricuri do Ouro atestam a afinidade deposicionalexistente entre as mesmas. Contatos bruscos obser-vados em muitos afloramentos representam repe-tições de ciclos deposicionais granocrescentes e gra-nodecrescentes e descontinuidades sedimentaresintrabaciais. A espessura máxima da tectonosseqüên-cia, estimada nas regiões de Ibitiara e Mocambo, é de1.400 metros, sendo 850 metros referentes à unidade

    Lagoa de Dentro e 550 metros à unidade Ouricuri doOuro. As paleocorrentes medidas nas litofácies dessatectonosseqüência indicam que os fluxos gravita-cionais se dispersavam, no geral, para nordeste, e ascorrentes trativas corriam para nor-noroeste.

    Cartografaram-se na tectonosseqüência La-goa de Dentro/Ouricuri do Ouro seis associações delitofácies, cujas distribuições geográficas e descri-ções encontram-se, respectivamente, na figura 6 eno quadro 5.

    O pacote metassedimentar Lagoa deDentro/Ouricuri do Ouro acumulou-se no interior

    da fossa tectônica do Espinhaço Oriental por fluxosgravitacionais e trativos relacionados a um com- plexo aluvial, bem desenvolvido nas partes centro-sul e nordeste da área, que se dispersava para umcorpo d’água (lago) localizado na sua partenoroeste, preenchido por sedimentos derivados de processos de suspensão e de fluxo gravitacional.Todos esses depósitos sofreram, de forma persis-

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 27

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    41/83

    28

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Figura 6 – Distribuição Geográfica da Tectonossequência Lagoa de Dentro/Ouricuri do Ouro (Grupo Rio dos Remédios – fase sinrifte) Figure 6 – Geographic Distribution of the Lagoa de Dentro / Ouricuri do Ouro Tectonosequence (Rio dos Remédios Group – synrift phase)

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 28

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    42/83

    29

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    tente, retrabalhamento eólico, que se tornou maisfreqüente e intenso no terço superior da pilha sedi-mentar. Esta constatação indica que houve um re-

    crudescimento das condições climáticas semi-ári-das na região, no final da sedimentação da tectonos-seqüência.

    Quadro 5 – Organização estratigráfica, descrição e interpretação da Tectonosseqüência Lagoa de Dentro-PP4rrl/Ouricuri do Ouro-PP4rro (fase sinrifte)Table 5 – Stratigraphic organization, description and interpretation of the Lagoa de Dentro – PP4rrl/Ouricuri do Ouro – PP4rroTectonosequence (synrift phase

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 29

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    43/83

    30

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    As litofácies conglomeráticas estão associ-adas tanto ao sistema aluvial, quanto ao lacustre. No primeiro caso representam depósitos de leque

    subaéreo, formados por fluxos de detritos, queevoluem para rios entrelaçados cascalhosos de altogradiente. A fácies brecha conglomerática rela-ciona-se à parte mais proximal dos leques aluviais.Os depósitos conglomeráticos associados ao sis-tema lacustre representam leques subaquosos, que passam distalmente para arenitos e pelitos acumula-dos por processos de suspensão e de turbidez, àsvezes retrabalhados por ondas normais e de tempes-tade. As medidas de paleocorrentes obtidas nessaslitologias, direcionadas no geral para nordeste, su-gerem uma dispersão dos sedimentos nesse sentido,

    a partir de bordas de falhas ativas localizadas sem- pre a oeste dos blocos.Associados lateral e verticalmente aos con-

    glomerados, ocorrem os arenitos mal selecionadose litarenitos, relacionados a um sistema fluvialentrelaçado de alto gradiente e baixa sinuosidade,evoluído a partir do sistema de leque aluvial. Partedesses arenitos, em especial aqueles retrabalhados

    por ondas de baixa amplitude que ocorrem no qua-drante noroeste da área do projeto, podem represen-tar depósitos subaquosos, turbidíticos e deltaicos,

    acumulados no sistema lacustre. As paleocorrentesdesses depósitos mostram um vetor resultante nosentido nor-noroeste, sugerindo uma dispersãodesses sedimentos nesse sentido, ou seja, longitudi-nal ao eixo da bacia. Os arenitos bem selecionados, bimodais, com estratificação cruzada de grande porte, representam depósitos relacionados a um sis-tema eólico, sem o desenvolvimento de áreas inter-dunas, na parte centro-sul da área, e associado aníveis pelíticos na sua parte noroeste. Aí, prevaleciaum lençol freático próximo à superfície. Processoseólicos foram comuns durante o preenchimento do

    rifte e, em especial, na sua fase evolutiva final. Asmedidas direcionais desse sistema indicam que os paleoventos sopravam, no geral, para nordeste.

    Fica patente, em função das medidas de pa-leocorrentes obtidas e das litologias reconhecidas,que o rifte Espinhaço Oriental se aprofundava desul para norte. Desse modo, foi possível caracteri-zar duas tendências gerais de variação vertical do

    Foto 9 – Conglomerado polimítico suportado pelos clastos. Arcabouço constituído de metarenitos,chert e quartzito. Local: vila de Mercês, situada 6km a NW de Remédios

    Photo 9 – Clast supported polymitic conglomerate. Framework constituted of metasandstone, chert and quartzite. Location: Mercês village, situated 6km NW of Remédios

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 30

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    44/83

    31

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    pacote sedimentar: uma, granocrescente no sentidodo topo, localizada nas partes centro-sul e nordesteda área, representada pelos depósitos do sistemaaluvial; e outra sucessão sedimentar granodecres-cente para cima, na parte noroeste, relacionada aosdepósitos do sistema lacustre.

    3.2.3 Fase Pós-rifte(Sag)

    Na Bacia Espinhaço Oriental essa fase é mar-cada pelo desaparecimento dos sistemas aluviaiscontrolados por subsidência mecânica e pelo surgi-mento de uma sedimentação regulada por subsidên-cia passiva, sem atividade tectônica importante,influenciada pela eustasia e pelo recrudescimentodas condições de aridez do ambiente, que passa desemi-árido para árido, desértico. Os limites da baciagerada nesse estágio extrapolam os do evento sin-rifte, a norte e leste (fora da área) e acumula, naárea, um pacote de rochas sedimentares preser-vadas, da ordem de 920 metros, caracterizado pela pequena variação lateral e vertical de fácies e pelaampla distribuição espacial.

    Os depósitos relacionados a essa fase corres- pondem à superseqüência continental costeira/ma-rinha rasa Mangabeira/Açuruá. O contato entre es-sas unidades é gradacional e é discordante erosivo e

    ou tectônico com a unidade inferior, tectonosse-qüência Lagoa de Dentro/Ouricuri do Ouro.Embora as unidades das duas seqüências apresen-tem, principalmente nos seus limites, litofáciesafins, elas não são contemporâneas deposicional-mente. Os depósitos da superseqüência Mangabei-ra/Açuruá apresentam pouca variação litofaciológi-ca e ausência de atividade tectônica importante, aocontrário da unidade inferior, que se caracteriza por ampla variação litofaciológica, associada a tectôni-ca ativa. Além disso, a sedimentação eminente-mente eólica e marinha costeiras da unidade-Man-

    gabeira/Açuruá, contrasta com a sedimentação flu-violacustre, de interior continental, da associaçãoLagoa de Dentro/Ouricuri do Ouro.

    • Superseqüência Mangabeira/Açuruá(PP4pm/PP4pa)

    Corresponde aos depósitos terrígenos do

    Grupo Paraguaçu, redefinido neste projeto paracontemplar as formações Mangabeira (Schobbenhaus& Kaul, 1971) e Açuruá (Inda & Barbosa, 1978).Esta última unidade equivale à Formação Guiné,definida por Montes (1977) na região de Lençóis(quadro 2). A sugestão de equiparação entre Açu-ruá e Guiné deve-se a observações feitas neste pro- jeto, durante viagem de reconhecimento de campoàs áreas onde as duas unidades foram definidas,quando se estabeleceram as suas posições estrati-gráficas, associações de litofácies e disposiçãoespacial regional. A opção pela utilização do termoAçuruá, embora definido posteriormente, deve-seao fato de o mesmo ter sido publicado em docu-mento científico de maior divulgação (Texto Expli-cativo para o Mapa Geológico do Estado da Bahia,de 1978).

    As unidades dessa superseqüência mostram baixo grau de deformação, metamorfismo na fáciesxisto verde baixo e padrões de alteração hidroter-mal (sericitização, silicificação) associados princi- palmente a zonas de cisalhamento. Têm ampla dis-tribuição espacial e por sua menor resistência àerosão que as unidades vizinhas, sustentam umrelevo de planalto, com cotas variando entre 1.000e 1.400 metros.

    Separaram-se seis associações de litofácies

    na Superseqüência Mangabeira/Açuruá, (figura 7)descritas no quadro 6. O pacote litofaciológico quecompõe essa superseqüência mostra um arranjovertical que encerra dois tratos de sistemas, separa-dos por uma superfície transgressiva: um inferior,acumulado em período de nível de mar baixo, for-mado pelos depósitos das associações de litofáciesPP4pm 1, 2 e 3e um trato superior, transgressivo,representado pelos depósitos das unidades de litofá-cies PP4pa1, 2 e 3.Os depósitos do trato de sis-temas de mar baixo, com espessuras variando de240 a 600 metros, pelas suas poucas variações faci-

    ológicas e pela alta homogeneidade litológica ecomposicional, não revelam nenhuma tendênciageral de variação vertical/lateral da sua pilha sedi-mentar. Esses depósitos, à exceção da unidadePP4pm3,acumulada por fluxos trativos derivadosde correntes efêmeras, foram gerados por processoseólicos em ambiente desértico costeiro, em funçãodas suas intercalações com as unidades do trato

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:08 AM Page 31

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    45/83

    32

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    Figura 7 – Distribuição Geográfica da Supersequência Mangabeira / Açuruá Paraguaçu - fase pós-rifte Figure 7 – Geographic Distribution of the Mangabeira / Açuruá Supersequence (Paraguaçu Group - post-rift phase)

    Arquivo Aberto 31 10/22/08 10:09 AM Page 32

  • 8/17/2019 Texto Arquivos Abertos 31.pdf

    46/83

    33

    CBPM / CPRM Arquivos Abertos 31

    transgressivo, superior, e do retrabalhamento dotopo do pacote por correntes marinhas deste trato.Sua feição mais característica e diagnóstica é aestratificação cruzada de grande porte (foto 10) agigante, além da bimodalidade textural, enquanto a

    arquitetura do pacote resulta do desenvolvimento einteração de formas de leito eólicas, distribuídascomoripples,dunas edraa, compondo um extensomar de areia não-coesiva, sem registros importantesde áreas interdunas e de lagos de deserto.

    Quadro 6 – Metafenoandesito constituído de fenocristais de andesina branco-esverdeados e matriz afanítica cinza-escuro. Local:estrada Novo Horizonte-IbiajaraTable 6 – Metapheno andesite constituted of greenish-white andesine phenocrysts and dark-grey aphanitic matrix. Location: Novo Horizonte-Ibiajara road

    O trato de sistemas superior, com espessuraestimada entre 200 e 320 metros, corresponde auma sedimentação marinha rasa e litorânea, consti-tuída de múltiplos sistemas deposicionais (planíciede maré, praia, frente de delta) que se associamespacialmente e que foram tratados como um con- junto indiviso neste trabalho. Este trato de