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Análise do Diagnóstico de Competências Individuais Márcia Rangel e Prof. Sérgio Fialho Programa da Rede de Inovação em Gestão do Turismo – SETUR- 2014 ANÁLISE DO DIAGNÓSTICO DE COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS

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ANÁLISE DO DIAGNÓSTICO DE

COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS

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1 ANÁLISE DO DIAGNÓSTICO DE COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS

1.1 Conceito de Competências O termo competência surgiu na década de 70 e ampliou-se nos anos oitenta e noventa do

século passado, passando a integrar o vocabulário e práticas corporativas. Mas, apesar da

aceitação desse conceito no ambiente profissional (especialmente nas organizações privadas),

as diferentes abordagens e teorizações têm dificultado definições amplamente aceitas. Alguns

estudiosos do tema destacam que é importante compreender que o conceito de competência se

distancia do seu sentido cotidiano, tendo em vista que coloquialmente tem sido associado à

capacidade de resolver problemas, aptidão e habilidade. Mas estas imputações são limitadas

para dar conta das dimensões tanto passiva como ativa do termo.

Como base na definição do autor supracitado, pode-se entender que competência integra

habilidade de fazer algo, embora não se restrinja ao saber fazer, ao contrário, ultrapassa a

dimensão meramente técnica e operacional das práticas administrativas. Do mesmo modo,

afirma que competência agrega atitude, mas não se limita a capacidade querer fazer, está

disposto a fazer o que tem que ser feito. Ressalta, pois, que competência pressupõe, acima de

tudo, uma ação adequada e não uma simples ação. Ou seja, afirma que competência

pressupõe uma ação que agregue valor diante de novas situações.

Philippe Zarifian (2003) define competência como

(...) [ter] iniciativa e assumir a responsabilidade

diante das situações profissionais com as quais nos

deparamos. Consiste em um entendimento prático de

situações, que se apoia em conhecimentos adquiridos e

os transforma à medida que aumenta a diversidade de

situações.

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Zarifian destaca, ainda, que é possível compreender a composição do conceito de

competência através de critérios objetivamente mensuráveis, como uma ação proativa e

simultânea que integra em um mesmo processo três dimensões/processos indissociáveis,

conforme diagrama abaixo:

� Saber conceitualmente (qualificação) – conhecimento

� Saber fazer (experiência funcional) – habilidade

� Saber agir (capacidade de obter resultados) – atitude

Figura: Conceito de competência segundo a PNDP.

No âmbito da administração pública federal brasileira, o conceito de Gestão por

Competências foi introduzido formalmente pela Política Nacional de Desenvolvimento de

Pessoal (PNDP), instituída pelo Decreto nº 5.707, de 23/02/2006. Esta apresenta como

objetivos a melhoria da qualidade, eficiência, eficácia e efetividade dos serviços públicos

prestados à sociedade. Nesse sentido, a adequação das competências individuais requeridas

dos servidores deve estar alinhada aos objetivos institucionais e organizacionais, através de

ações de capacitação.

Com base nessa breve conceituação, a metodologia de Mapeamento de Competências

Profissionais e Organizacionais que fundamentará a execução do Programa e do curso foi

desenvolvida em quatro fases:

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• Na primeira fase foi realizada Pesquisa Documental junto ao MTUR e à SETUR,

com o objetivo de identificar às estratégias organizacionais para a identificação das

competências individuais, gerais e transversais que orientaram o desenvolvimento do

Programa e o Curso;

• Na segunda fase essa matriz de avaliação de competências foi debatida em um

“Grupo Focal”, composto por Consultores da FEA/UFBA e Técnicos especialistas

em gestão do turismo indicados pela SETUR. A partir dos resultados obtidos, foram

identificadas e validadas, por ordem de importância, as principais competências a

serem desenvolvidas, ao longo do Programa e Curso;

• Na terceira fase, foi desenvolvida as Oficinas de Sensibilização e Mapeamento de

Competências Profissional e Organizacional, com o objetivo de mobilizar e

sensibilizar os participantes e identificar as lacunas de competências para a gestão do

turismo. Ainda nesta fase, os gestores foram convidados a responder o Diagnóstico

Organizacional, disponibilizado no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da

Rede, contendo aspectos relevantes para mapear as lacunas de competências

organizacionais dos Municípios selecionados. Esses aspectos estão distribuídos em 3

(três) grupos: Contexto e Recursos Gerais da Prefeitura, Infraestrutura Municipal para

o Turismo e Gestão para o Turismo.

• Na quarta fase, as Competências Profissionais e Organizacionais serão avaliadas, com

o objetivo de identificar as de maior importância para a modernização da

administração municipal e que precisam ser aprimoradas no curso. A identificação de

eventuais lacunas de competências guiará, portanto, as ações de desenvolvimento do

Programa Rede de Inovação em Gestão do Turismo.

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1.2 Conceito de Lacunas de Competências

Tomando como referência o conceito acima, lacunas de competências, em outras palavras, é a

diferença entre as competências necessárias e as competências existentes na organização.

Para os objetivos do Programa e do Curso, o mapeamento de lacunas de competências

significa poder identificar o perfil dos gestores-alunos, bem como avaliar a capacidade

institucional e organizacional das prefeituras. Com base nessa avaliação será possível, pois,

(re) orientar as metodologias de abordagem do Curso e estimular os participantes e o grupo a

desenvolver seus próprios percursos de aprendizagem.

Cabe ressaltar, ainda, que, com essa abordagem pedagógica e metodológica, a SETUR e a

FEA/UFBA inovam na concepção e desenvolvimento de capacitação profissional, assumindo,

pois, como princípios orientadores do trabalho e educação colaborativa.

1.3 Contexto e Metodologia

No contexto do processo de formação da Rede de Inovação em Gestão do Turismo, o

Diagnóstico de Competências Profissionais tem um duplo objetivo: compõe o diagnóstico dos

municípios integrantes da Rede, para fins de elaboração dos Planos de Gestão do Turismo

(PGTs) e possibilita que o Curso de Gestão Pública do Turismo tenha foco nas competências

necessárias ao desempenho dos gestores e técnicos municipais.

Brandão & Guimarães (2001)), conceituam lacunas de

competências como uma “discrepância entre as competências

necessárias à consecução dos objetivos organizacionais e

aquelas de que a organização dispõe”.

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Responderam ao questionário cerca de 100 servidores de diversos níveis hierárquicos e

ocupantes de variados cargos, com atuação nas secretarias de turismo e/ou outras unidades

organizacionais. Esse universo representa cerca de 50 municípios turísticos, selecionados pela

Secretaria de Turismo do Governo do Estado da Bahia.

O foco do Diagnóstico Profissional foi verificar o grau de domínio, pelos gestores e técnicos

municipais de turismo, de um conjunto de competências relacionadas às principais funções

que a gestão municipal necessita desempenhar para planejar e gerir, com eficiência, eficácia,

efetividade e qualidade, as estratégias do município para o desenvolvimento do setor de

turismo.

As competências foram organizadas em oito (8) grupos, conforme desenho da estrutura

pedagógica do curso, conformado em 4 (quatro) eixos de aprendizagem, conforme as

seguintes dimensões :

Com relação a cada uma das competências indicadas acima, foi solicitado a cada participante

pesquisado que indicasse o grau de domínio que avaliava ter daquela competência. Foram

estabelecidos 5 (cinco) graus de domínio, onde 1 equivale a um grau mínimo de domínio e 5

equivale a um grau máximo da competência (escala Likert).

A análise dos dados do questionário do Diagnóstico foi realizada com base em dois

indicadores estatísticos, elaborados a partir das respostas fornecidas pelos alunos-gestores: a

média ponderada do grau de domínio da competência para o conjunto dos indivíduos

1. Gestão Tecnopolítica 2. Visão Sistêmica 3. Gestão de Recursos Financeiros, Fiscalização e Controle 4. Planejamento Organizacional 5. Gerenciamento de Projetos 6. Captação de Recursos 7. Monitoramento e Avaliação

8. Inovação

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pesquisados (RM – ranking médio) e a dispersão ou concentração dos graus de domínio dos

indivíduos pesquisados em relação à média do conjunto (DP – desvio padrão).

Enquanto o primeiro indicador (RM) revela o grau médio de domínio do grupo em relação à

determinada competência, o segundo (DP) indica se a maioria dos indivíduos do grupo se

concentram próximos da média geral, ou se essa média resulta da dispersão dos indivíduos

por diversos graus de domínio. Estatisticamente, considera-se que quanto maior o valor de

DP, menor a dispersão dos indivíduos pelos graus de 1 a 5 e, inversamente, quanto menor o

valor de DP maior a dispersão dos indivíduos pelos diversos graus de domínio. É importante

observar que os valores DP não foram calculados para a Tabela 1 porque esta tabela agrega

muitas competências distintas, tendo sido calculados, então, para as tabelas que detalham as

competências de cada grupo.

1.4 Análise dos Dados Considerando que o grau médio de domínio das competências é 3 (valor intermediário entre 1

e 5), pode-se observar na Tabela 1 e no Gráfico 1 que, para a maioria dos grupos de

competências, o grau de domínio – avaliado pelos gestores e técnicos participantes – é abaixo

do índice médio.

Apenas as competências de “Gestão Tecnopolítica e Visão Sistêmica” tiveram grau de

competência acima do ponto médio (3). Mas, ainda assim, observa-se apenas um pouco acima

desse ponto (3,4 e 3,5).

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Tabela 1 – Média do Grau de Domínio por Grupo de Competências

Grupo de Competências RM

Gestão Tecnopolítica 3,4

Visão Sistêmica 3,5

Gestão de Recursos Financeiros, Fiscalização e Controle 2,2

Planejamento Organizacional 2,8

Gerenciamento de Projetos 2,5

Captação de Recursos 2,0

Monitoramento e Avaliação 2,2

Inovação 2,5

Gráfico 1

Nesse nível geral, pode-se constatar que os gestores e técnicos avaliam que são mais

competentes nas atividades de caráter estratégico (articular-se com os vários segmentos da

sociedade, desenvolver propostas de ação para o desenvolvimento do turismo na região) e

pouco competentes nas atividades de caráter operacional (gerenciar e controlar recursos

financeiros, formatar projetos, captar recursos, gerenciar orçamentos e projetos específicos,

dominar métodos de aperfeiçoamento das práticas de gestão do turismo).

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Essa constatação é um importante elemento para o planejamento dos conteúdos e abordagens

metodológicas do Curso, que, de modo geral, tem como foco a capacitação operacional dos

gestores e técnicos municipais os quais atuam na área de turismo.

As tabelas a seguir detalham as competências que integram cada grupo de competências.

Tabela 2 – Média dos Graus de Domínio e Desvio Padrão no grupo de competências Gestão Tecnopolítica

COMPETÊNCIA RM DP

1.1 Identificar e responder as demandas do Município na área de turismo 3,8 13

1.2 Desenvolver relações político-institucionais para o Turismo

1.2.1 Legislativo (Câmara de Vereadores) 3,0 6

1.2.2 Lideranças Políticas 3,2 9

1.2.3 Secretarias de governo 3,4 9

1.2.4 Associações e Cooperativas 3,4 9

1.2.5 Sindicatos 3,1 8

1.2.6 Empresariado 3,2 8

1.2.7 Representações da Sociedade Civil 3,6 12

1.3 Acompanhar aspectos básicos da administração pública

1.3.1 Gestão de pessoas 3,3 8

1.3.2 Gestão financeira 2,4 9

1.3.3 Gestão de processos 2,2 9

1.3.4 Planejamento 3,0 8

1.4 Possuir perfil de liderança 3,9 14

1.5 Trabalhar em equipe 4,2 17

1.6 Priorizar os projetos do turismo de acordo com o planejamento estratégico do Município

3,4 7

1.7 Planejar as ações de governo dentro de sua área de atuação 3,4 7

1.8 Manter canais de comunicação com a população sobre assuntos turísticos 3,7 11

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1.9 Lidar com o público e promover o envolvimento com a comunidade 3,8 12

1.10 Ter disposição para o aprendizado contínuo sobre gestão pública 4,4 20

1.11 Ter qualificação na área de turismo ou afins 3,5 7

1.12 Dominar conhecimentos da administração pública 2,8 9

RM do conjunto das competências deste bloco 3,4

Considerando os indicadores desse primeiro grupo de competências (Gestão Tecnopolítica),

conforme indicado na Tabela 2, cabem fazer as seguintes considerações:

a) Os maiores graus de domínio nesse grupo (RM 4,4 e 4,2) destacam, respectivamente, a

competência em ter disposição para o aprendizado contínuo sobre a gestão pública, e a

competência em trabalhar em equipe, o que é altamente significativo na perspectiva de

desenvolvimento da Rede de Inovação em Gestão do Turismo;

b) A capacidade de identificar as demandas do município, ter perfil de liderança, manter

canais de comunicação com o público e promover o envolvimento da comunidade

constituem graus significativos de domínio do grupo de alunos-gestores avaliados (RM

entre 3,7 e 3,9);

c) Existe uma boa avaliação também das competências em desenvolver relações com a área

política (Legislativo e lideranças políticas), bem como com as outras secretarias de

governo, associações, sindicatos, empresariado e outras representações da sociedade, com

valores de domínio que variam entre 3 e 3,6). Igualmente são consideradas relevantes,

nesse grupo intermediário, as competências em planejar ações de governo na área de

turismo (3,4) e em ser qualificado na área de turismo ou áreas afins (3,5);

d) Os mais baixos graus de competências são atribuídos às capacidades de gestão pública

(especialmente gestão financeira, com 2,4, e gestão de processos organizacionais, com

2,3) e o domínio de conhecimentos da administração pública (2,8). O que confirma a

avaliação geral já feita, de que há um déficit de competências nas áreas operacionais, ou

seja, na capacidade de por em prática as ideias e estratégias para o setor de turismo;

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e) Devemos observar, ainda, que os indivíduos se distribuem por vários graus de domínio na

competência ter qualificação na área de turismo (desvio padrão 7). O que significa que

existem parcelas importantes do grupo pesquisado nos graus de domínio 2 e 3, apesar da

média geral nesta competência ser significativa (3,5);

f) De igual modo, na competência dominar conhecimentos da administração pública, cuja

média geral é baixa (2,8), existem parcelas importantes do grupo pesquisado nos graus 3 e

4, ou seja, com competência significativa;

g) A análise mais detalhada proporcionada pelo indicador de dispersão (DP - desvio padrão)

é muito útil na perspectiva da implantação da Rede de Inovação em Gestão do Turismo,

porque indica a existência de contingentes importantes de profissionais competentes,

mesmo em áreas onde a média geral do grupo é baixa. O que possibilita organizar relações

de cooperação na rede baseadas nas capacidades desses profissionais.

A análise das competências referentes à Visão Sistêmica indicaram obtidos os seguintes

resultados:

Tabela 3 – Média de graus de domínio de competências específicas do grupo Visão Sistêmica

COMPETÊNCIA RM DP

2.1 Propor o desenvolvimento de ações de infraestrutura Turística. 3,5 11

2.2 Propor e desenvolver ações de receptivo turístico. 3,5 10

2.3 Fomentar a criação de atrativos turísticos. 3,5 11

2.4 Contribuir com os organismos regionais, estaduais e nacionais de fomento ao turismo.

3,4 8

2.4 Fomentar a preservação, proteção e manutenção dos patrimônios históricos, culturais e naturais, bem como dos equipamentos e espaços turísticos.

3,4 11

RM do conjunto das competências deste bloco 3,5

Nesse grupo, a principal observação a ser feita é que os gestores e técnicos pesquisados

indicam um grau de domínio acima do ponto médio (3,4 a 3,5) para as competências em

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propor ações em infraestrutura turística, receptivo turístico e preservação do patrimônio

cultural e ambiental, e dos equipamentos te espaços turísticos.

Mas, cabe observar que os baixos valores de DP indicam que parcelas importantes dos

profissionais avaliados estão distribuídas entre os diversos graus de domínio.

Isso significa considerar que, mesmo em um cenário coletivo favorável, existem importantes

grupos de profissionais que se atribuíram grau 2 e grau 3 de domínio dessas competências. O

que indica a necessidade de ações concretas para desenvolver capacidades desse contingente

de gestores e/ou técnicos.

Tabela 4 – Média de graus de domínio de competências específicas do grupo Gestão de Recursos Financeiros, Fiscalização e Controle.

COMPETÊNCIA RM DP

3.1 Formalizar acordos, contratos e convênios. 2,2 11

3.2 Acompanhar as etapas processuais de contratos e convênios 2,3 10

3.3 Acompanhar e fiscalizar a execução de contratos e convênios 2,4 9

3.4 Elaborar prestação de contas, conforme legislação vigente. 2,0 15

3.5 Elaborar prestação de contas no SICONV. 1,7 17

3.6 Fiscalizar as ações de investimento relacionadas aos projetos Turísticos. 2,3 9

3.7 Apoiar e acompanhar os fiscais do CADASTUR nos empreendimentos Turísticos.

2,7 4

3.8 Fazer planejamento financeiro do seu setor/órgão, com base no PPA, LDO e LOA do município.

2,4 9

3.9 Acompanhar a adimplência do município junto aos governos federal, estadual e outras agencias governamentais e multilaterais.

2,2 11

3.10 Coordenar recursos orçamentários, financeiros e tecnológicos. 2,0 14

RM do conjunto das competências deste bloco 2,2

Os dados da Tabela 4 indicam que existe elevada carência de capacitação em todas as

competências relacionadas às atividades de acompanhamento, fiscalização e prestação de

contas de convênios e contratos.

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Nesse conjunto de capacidades, a prestação de contas relacionada ao sistema SICONV atinge

o mais baixo nível de competência, com o RM de 1,7, numa escala de 1 a 5. A prestação de

contas, em geral, também indica um grau de domínio baixo (2,0). A situação é, ainda, mais

grave porque, ao se analisar o índice de dispersão (DP), se constata que os profissionais estão

majoritariamente concentrados nos graus 1 e 2 (DP de 17 e 15).

Por outro lado, na Tabela 4, os índices DP indicam significativa dispersão dos indivíduos para

as competências 3.3, 3.6, 3.7 e 3.8, revelando que, apesar da média geral baixa (entre 2,7 e

2,4) para o grupo, existe uma parcela importante de profissionais com grau de domínio

elevado (DP de 9 a 4). Como já assinalado, essa situação deve ser observada com atenção

porque esses profissionais podem contribuir, no âmbito da implantação da Rede e do Curso,

dando suporte aos colegas com o mesmo domínio.

Deve ser destacado, ainda, que o baixo grau de domínio das competências 3.6 e 3.9

(respectivamente, fiscalizar os investimentos em projetos turísticos, com RM de 2,3, e

acompanhar a adimplência do município, com RM de 2,2) indicam capacidade insuficiente

dos gestores e/ou técnicos avaliados em ações que são estratégicas para o controle do uso dos

recursos públicos aplicados em turismo.

Tabela 5 – Média de graus de domínio de competências específicas do grupo Planejamento Organizacional

COMPETÊNCIA RM DP

4.1 Identificar visão, missão, objetivos e atribuições da Secretaria/ Órgão/Unidade que atua.

3,2 9

4.2 Identificar e aplicar metodologias de gestão e planejamento pertinentes a finalidade da administração pública.

2,7 7

4.3 Especificar e propor programas, políticas, projetos e ações para alcançar os objetivos institucionais e organizacionais.

2,8 5

4.4 Identificar projetos e programas de desenvolvimento turístico nas esferas municipal, estadual e federal.

3,0 8

4.5 Dominar as normas e legislações públicas pertinentes a atividades turísticas ou afins.

2,2 10

4.6 Desenvolver pesquisas voltadas para o fomento do turismo (receita, fluxo, 2,7 6

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perfil, demanda, etc.).

4.7 Realizar gestão integrada e estratégica de recursos (capacidade de planejamento).

2,5 7

4.8 Planejar o Inventário das potencialidades turísticas da área do Município e promover a sua divulgação.

3,0 6

RM do conjunto das competências deste bloco 2,8

No nível estratégico das atividades de planejamento do setor de turismo dos municípios, os

graus de domínio de competências específicas situam-se todos do ponto médio (RM = 3) para

baixo, o que confirma a necessidade de programas continuados de formação e cooperação

nesta área.

Deve ser destacado, ainda, o fato de que a competência de conhecer as normas e legislações

relacionadas a atividades turísticas apresenta um grau de domínio de preocupantemente

baixo (2,2), considerando a necessidade de que todas as ações sejam formuladas em sintonia

com a regulação do setor.

É relevante enfatizar que os índices de dispersão (DP de 10 a 5) revelam uma distribuição dos

indivíduos por vários graus de domínio, o que significa existir profissionais com elevados

graus de domínio (4 e até 5) nessas competências, apesar da média geral baixa.

Tabela 6 – Média de graus de domínio de competências específicas do grupo Gerenciamento de Projetos

COMPETÊNCIA RM DP

5.1 Identificar e atender os objetivos dos Programas e Ações de Governo para a área turística.

2,9 8

5.2 Identificar oportunidades para a implantação de novos projetos. 3,0 6

5.3 Dimensionar recursos orçamentários, financeiros e tecnológicos para projetos.

2,2 10

5.4 Elaborar o documento formal de Projetos. 2,6 7

5.5 Elaborar Termos de Referência para subsidiar todas as modalidades de licitação e/ou convênios de projetos turísticos.

2,0 13

5.6 Gerenciar todas as etapas de projetos. 2,5 9

5.7 Elaborar pareceres técnicos para efeitos de contratação e avaliação de produtos ou serviços e avaliação final de projetos.

2,3 9

RM do conjunto das competências deste bloco 2,5

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As competências operacionais na área de gestão de projetos apresenta quadro similar ao que

observado no plano geral das competências: os graus de domínio são mais elevados para

competências relacionadas à identificação das oportunidades e dos objetivos das ações para o

setor de turismo (RM de 2,9 e 3,0 para as competências 3.1 e 3.2) e vão baixando de valor

para competências técnico-operacionais fundamentais, como elaborar Termos de Referencia

(RM de 2,0) e dimensionar recursos orçamentários e tecnológicos (RM de 2,2),

imprescindíveis para que as ideias e objetivos se transformem em práticas de gestão e

gerência inovadoras.

Cabe, mais uma vez, observar que, apesar da baixa média geral, existe dispersão dos

indivíduos pelos vários graus de domínio de quase todas as competências avaliadas. O que

significa concluir que há disponibilidade de profissionais em condições de cooperar com seus

colegas de outros municípios nessas matérias, reforçando, desse modo, os propósitos e

objetivos da implantação da Rede de Inovação em Gestão do Turismo.

Tabela 7 – Média de graus de domínio de competências específicas do grupo Captação de Recursos

COMPETÊNCIA RM DP

6.1 Mapear fontes de financiamento para atividades e empreendimento turísticos.

2,4 9

6.2 Identificar fontes de recursos, com ênfase no SICONV, Caixa Econômica, Ministérios, Secretarias estaduais e outras agências governamentais e multilaterais.

2,1 12

6.3 Identificar e estabelecer parcerias (públicas, privadas e sociais). 2,4 12

6.4 Captar recursos para a viabilidade de projetos. 2,1 12

6.5 Dominar as ferramentas do SICONV

6.5.1 Cadastramento 1,8 15

6.5.2 Inclusão da proposta 1,7 17

6.5.3 Registro de ingresso de recurso 1,6 18

6.5.4 Prestação de contas 1,6 19

RM do conjunto das competências deste bloco 2,0

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A dificuldade dos municípios em por em prática ideias e objetivos de desenvolvimento da

gestão do turismo fica mais evidenciada nos dados da Tabela 7: o grupo de competências

relacionadas à Captação de Recursos apresenta o grau de domínio médio mais baixo entre

todos os grupos de competência, com RM de 2,0 (numa escala de 1 a 5).

Situação crítica pode ser observada também em relação aos domínios do uso do Sistema de

Gestão de Convênios e Contratos de Repasse do Governo Federal, cuja utilização é

obrigatória para todos os repasses federais. A média do grau de domínio dos municípios nas

funcionalidades do SICONV é a mais baixa (varia de 1,6 a 1,8), entre todas as competências

examinadas neste diagnóstico. Deve-se observar, ainda, que o índice de dispersão é bastante

elevado para essas competências (15 a 19). O que, combinado com o RM baixo, significa

concluir que a grande maioria dos profissionais está associada aos graus de domínio 1 e 2,

sendo poucos aqueles que revelam grau de domínio acima de 3.

Um dos módulos do Curso endereça justamente essa carência e desenvolverá atividade de

treinamento teórico e prático para desenvolver competências no uso das ferramentas do

SICONV para a captação e controle dos repasses federais.

Tabela 8 – Média de graus de domínio de competências específicas do grupo Monitoramento e Avaliação

COMPETÊNCIA RM DP

7.1 Elaborar instrumentos de monitoramento e avaliação de Programas, políticas, projetos e ações.

2,1 12

7.2 Aplicar instrumentos de monitoramento e avaliação de Programas, políticas, projetos e ações.

2,1 11

7.3 Mobilizar atores para a aplicação de instrumentos de monitoramento e avaliação.

2,3 9

7.4 Sistematizar indicadores e índices com base nos dados coletados nos instrumentos.

2,3 10

7.5 Analisar e sintetizar dados, indicadores e índices de modo a transformá-los em informação para (re)orientar a gestão do turismo.

2,4 10

RM do conjunto das competências deste bloco 2,2

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Todas as competências específicas relacionadas à dimensão Monitoramento e Avaliação de

Políticas, Programa e Projetos apresentam também baixo grau de domínio (RM de 2,1 a 2,4).

O que confirma, mais uma vez, a conclusão de que existe uma ampla carência de capacitação

profissional nos aspectos técnico-operacionais. O que reforça a relevância do curso,

imprescindível para ajudar a desenvolver capacidades nos profissionais de modo a permitir

que ações se realizem dentro dos requisitos de eficiência, eficácia, efetividade, respeitando os

princípios constitucionais da administração pública, em especial os da economicidade dos

gastos e investimentos públicos.

Entretanto, os valores de índices de dispersão (DP) de 9 e 10 indicam a existência de um certo

número de profissionais com grau de domínio 4. O que viabiliza a construção de relações de

cooperação e colaboração entre os gestores dos municípios selecionados, no âmbito da Rede

de Inovação em Gestão do Turismo e do Curso.

Tabela 9 – Média de graus de domínio de competências específicas do grupo Inovação

COMPETÊNCIA RM DP

8.1 Dominar métodos para ouvir e examinar ideias e propostas de servidores, empresas, instituições e público em relação ao aperfeiçoamento do turismo no município.

2,7 5

8.2 Dominar métodos para aperfeiçoar sistematicamente os processos internos de gestão do turismo.

2,3 9

8.3 Dominar métodos para aperfeiçoar sistematicamente produtos e serviços turísticos do município.

2,6 7

8.4 Dominar métodos para monitorar sistematicamente as melhores práticas de gestão do turismo de outros municípios, nacionais ou estrangeiros.

2,2 10

8.5 Dominar conhecimentos para acompanhar, selecionar e utilizar tecnologias da informação em apoio à gestão e aos serviços turísticos.

2,5 8

RM do conjunto das competências deste bloco 2,5

A introdução sistemática de melhorias e aperfeiçoamentos dos produtos turísticos e dos

processos internos de gestão do turismo é uma necessidade crescente no mundo

contemporâneo onde às inovações técnicas alteram constantemente os modelos e formatos de

processos e produtos. Esse grupo de competências diz respeito ao domínio de métodos para

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Análise do Diagnóstico de Competências Individuais

Márcia Rangel e Prof. Sérgio Fialho

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Programa da Rede de Inovação em Gestão do Turismo – SETUR- 2014

realizar as atividades de inovação. Mas os achados indicam graus de domínio abaixo do ponto

médio.

Apesar dessa constatação, os valores baixos dos índices DP indicam haver importante

dispersão dos indivíduos pelos diversos graus de domínio, sendo significativo o número de

profissionais com grau 4. O que implica a possibilidade já mencionada de aproveitar a

capacidade desses profissionais para estimular o trabalho e formação colaborativa de modo a

possibilitar o intercambio, a socialização e transferência de tecnologias de gestão com

municípios que ainda não reúnam essas competências.

1.5 Considerações Finais

Considerando a análise dos dados, as principais conclusões deste diagnóstico podem ser assim

resumidas:

a) De modo geral, as equipes municipais avaliadas revelam reunir competências na área

estratégica, especialmente no relacionamento com a sociedade, na percepção de

oportunidades para ações no setor de turismo e na definição dos objetivos dessas

ações;

b) Por outro lado, os dados revelam também que a maioria dessa equipe ainda não reúne

as competências técnico-operacionais indispensáveis para que suas capacidades

estratégicas de concretizem em projetos que alcancem níveis satisfatórios de eficiência

e atendam aos princípios da fiscalização e controle necessários à mobilização de

recursos públicos;

c) Os dados revelam, também, que existe alinhamento entre o desenho pedagógico e a

definição de conteúdos básicos propostos para o Curso e as carências reveladas na

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Análise do Diagnóstico de Competências Individuais

Márcia Rangel e Prof. Sérgio Fialho

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Programa da Rede de Inovação em Gestão do Turismo – SETUR- 2014

análise das competências. O que implica que esses resultados irão auxiliar tanto a

produção do material referencial como, principalmente, as abordagens metodológicas

com o objetivo de estimular processos inovadores de ensino-aprendizagem;

d) Finalmente, cumpre ressaltar que a técnica estatística utilizada permitiu identificar,

mesmo nos casos de baixo grau de domínio de determinadas competências na média

do grupo, a existência ou não de parte dos profissionais com elevado grau de domínio.

Essa verificação enriquece, nos casos indicados no texto, as possibilidades de

interação e cooperação entre os municípios para difundir conhecimentos e

competências na Rede de Inovação em Gestão do Turismo.