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DOSAGEM DE CONCRETO PELOS MÉTODOS DE EMPACOTAMENTO
COMPRESSÍVEL E AÏTCIN-FAURY MODIFICADO
Alex Sandro Malaquias da Silva
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA CIVIL.
Aprovada por:
________________________________________________
Prof. Eduardo de Moraes Rego Fairbairn, Dr.Ing.
________________________________________________ Prof. Romildo Dias Toledo Filho, D.Sc.
________________________________________________ Eng. Marcos Martinez Silvoso, D.Sc.
________________________________________________ Prof. Jean Marie Désir, D.Sc.
________________________________________________ Eng. Walton Pacelli de Andrade
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
MARÇO DE 2004
ii
SILVA, ALEX SANDRO MALAQUIAS DA
Dosagem de concreto pelos Métodos de
Empacotamento Compressível e Aïtcin-Faury
Modificado [Rio de Janeiro] 2004.
XXII, 124 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,
Engenharia Civil, 2004)
Tese - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Dosagem de Concreto
2. Método de Empacotamento Compressível
3. Método de Aïtcin-Faury Modificado
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)
iii
Agradecimentos
Agradeço, inicialmente a este ser supremo, que tenho a liberdade de chamá-lo de
amigo. Nossa relação vem se transformando no decorrer de minha vida. Primeiro
acreditava que existia apenas para realizar meus sonhos. Nosso! Como tinha sonhos!
Como nem todos eles foram realizados, existiram momentos que comecei a duvidar de
sua existência. Mas com toda sua sabedoria ele mostrou-me que nem todos os meus
sonhos eram realmente o melhor para mim. Deu-me muito mais que eu imaginava. A
ele agradeço a esta dissertação, a minha vida. A você meu Deus, meu muito obrigado.
À minha família, meus amados pais, Antônio e Irene pela confiança, apoio e
incentivo.
Aos meus professores e orientadores Dudu e Romildo. Diferentes personalidades
que possuem em comum o entusiasmo e a crença na inovação. Sou a prova destas
qualidades. Vocês acreditaram que eu, um profissional com perfil diferenciado, fosse
capaz de realizar esta dissertação.
Aos grandes amigos que aqui fiz que serão lembrados sempre com muito
carinho: em especial, Reila, Luciana, Henri, Sidiclei e ao Guilherme, pela convivência,
ajuda, atenção e troca de experiências durante todo o trabalho; de modo também
singular a Carolina, Emílio, Eduardo, Fernanda, Eliene, Alex Estrada, Hisashi, Sidney,
Miguel, Wendel, Vinícios, Jardel, Marcos, Marcos Silvoso e Manuel por toda atenção e
colaboração.
A tia Vitalina, Luzia e Graça, pela solidariedade neste caminho.
A toda equipe de profissionais: aos técnicos do Laboratório de Estruturas da
COPPE/UFRJ, em especial, Santiago e José Maria, pelo auxilio na produção dos
concretos; à professora Ana Catarina do Laboratório de Materiais de Construção Civil
da UFRJ, pela ajuda nas etapas iniciais do trabalho de caracterização dos materiais e
prontidão em me atender em quaisquer necessidades; a Ana Maria do Laboratório de
Geotecnica da COPPE/UFRJ, pela delicadeza de sua atenção e disponibilidade;
À Pedreira Vigné, Votoran, Silmix, Camargo Correa e Reax pela doação dos
materiais necessários à realização dos estudos experimentais.
À Capes, pelo apoio financeiro.
iv
Resumo da Tese apresenta da à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
DOSAGEM DE CONCRETO PELOS MÉTODOS DE EMPACOTAMENTO
COMPRESSÍVEL E AÏTCIN-FAURY MODIFICADO
Alex Sandro Malaquias da Silva
Março/2004
Orientadores: Eduardo de Moraes Rego Fairbairn
Romildo Dias Tolêdo Filho
Programa: Engenharia Civil
O objetivo desta dissertação é realizar a dosagem de concreto de resistência
normal e de alto desempenho utilizando o Modelo de Empacotamento Compressível
(MEC) desenvolvido na França pelo Laboratoire Central des Ponts et Chausses (LCPC)
e o Método de Aïtcin-Faury Modificado (MAFM) que está sendo desenvolvido pelo
Laboratório de Estruturas e Materiais do Programa de Engenharia Civil da
COPPE/UFRJ (LABEST-COPPE/UFRJ) para a dosagem de Concreto de Alto
Desempenho (CAD). A dissertação apresenta os fundamentos teóricos destes dois
métodos e verifica sua precisão através de um programa experimental que abrange a
dosagem de concretos com resistência à compressão, após 28 dias de cura úmida,
variando de 30 a 85 MPa. Além do comportamento tensão-deformação, as seguintes
propriedades foram determinadas para os concretos dosados segundo o MEC e MAFM:
abatimento do tronco do cone de Abrams, massas específicas (seca, saturada e real),
absorção de água por imersão e capilaridade. Os resultados indicaram que ambos os
métodos são ferramentas eficientes para a dosagem de concretos de alta performance.
v
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
equirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
USE OF THE COMPRESSIBLE PACKING MODEL AND AÏTCIN-FAURY
MODIFIED METHOD FOR THE MIX-DESIGN OF CONCRETE
Alex Sandro Malaquias da Silva
March/2004
Advisor: Eduardo de Moraes Rego Fairbairn
Romildo Dias Toledo Filho
Department: Civil Engineering
The main objective of this thesis is the study of concrete mix design using the
Compressive Packing Model (CPM), developed in France by the Laboratoire Central
des Ponts et Chaussées (LCPC), and the Modified Aïtcin-Faury Method that is being
developed by LABEST-COPPE/UFRJ to the mix design of high performance concrete.
The thesis presents the theoretical fundaments of these two methods and verifies its
accuracy by means of an experimental program which concerns the mix design of
concretes with compressive strength varying from 30 to 85 MPa after 28 days of cure.
Besides the compressive stress-strain behaviour, it was determined the following
properties of the concretes: Abrams cone slump, specific gravity, immersion and
capillarity water absorption. The results indicated that both methods are accurate tools
that can be used by the engineer to mix high performance concretes.
vi
SUMÁRIO
Lista de figuras................................................................................................... ix
Lista de tabelas.................................................................................................. xii
Lista de símbolos.............................................................................................. xiv
1 Introdução ................................................................................................... 1
1.1 Importância e objetivos da pesquisa............................................................. 1 1.2 Estrutura da tese ........................................................................................... 5
2 Método de Aïtcin-Faury modificado......................................................... 6
2.1 Procedimento ................................................................................................ 7
3 Modelo de empacotamento compressível ............................................... 17
3.1 Cálculo da compacidade............................................................................. 18 3.1.1 Definições iniciais e notações..................................................................... 19 3.1.2 Primeiro módulo do MEC: O modelo de empacotamento virtual.............. 22
3.1.2.1 Mistura binária.................................................................................... 22 3.1.2.2 Mistura polidispersa composta de N classes monodispersas.............. 30 3.1.2.3 Mistura polidispersa composta por M materiais, sendo cada material correspondente a uma mistura polidispersa de N classes ................................... 31
3.1.3 Segundo módulo do MEC: O empacotamento real .................................... 32 3.1.4 Operacionalização do MEC........................................................................ 34 3.2 Correlações entre o MEC e as propriedades do concreto nos estados fresco e endurecido................................................................................................................ 37 3.2.1 Fundamentos de reologia............................................................................ 37
3.2.1.1 Caracterização dos fluidos.................................................................. 38 3.2.1.2 Propriedades dependentes do tempo................................................... 39
3.2.2 Comportamento reológico do concreto ...................................................... 40 3.2.2.1 Modelo de Herschel-Bulkley.............................................................. 40 3.2.2.2 Modelo de Bingham ........................................................................... 40
3.2.3 Aplicação do MEC ao concreto no estado fresco....................................... 42 3.2.3.1 Viscosidade plástica ........................................................................... 42 3.2.3.2 Tensão de cisalhamento...................................................................... 44 3.2.3.3 Abatimento do tronco do cone ........................................................... 46 3.2.3.4 Colocabilidade .................................................................................... 46 3.2.3.5 Ar aprisionado .................................................................................... 48 3.2.3.6 Estabilidade (prevenção de exsudação e segregação) ........................ 48
3.2.4 Aplicação do MEC ao concreto no estado endurecido............................... 51 3.2.4.1 Resistência à compressão ................................................................... 51 3.2.4.2 Módulo de elasticidade....................................................................... 55
3.3 Procedimento para a utilização do MEC .................................................... 55
vii
4 Métodos experimentais ............................................................................ 61
4.1 Caracterização de materiais constituintes................................................... 61 4.1.1 Ensaios peculiares ao MEC – Determinação da compacidade................... 61
4.1.1.1 Ensaio de demanda de água (K=6,7) .................................................. 61 4.1.1.2 Ensaio de vibração + compressão (K=9)............................................ 64
4.1.2 Distribuição granulométrica ....................................................................... 69 4.1.3 Massa específica ......................................................................................... 69 4.1.4 Absorção de água ....................................................................................... 69 4.1.5 Compatibilidade entre o cimento e o superplastificante............................. 70 4.1.6 Ensaios mecânicos no agregado graúdo ..................................................... 70 4.2 Elaboração dos concretos ........................................................................... 70 4.3 Caracterização dos concretos...................................................................... 71 4.3.1 Concreto fresco........................................................................................... 71 4.3.2 Concreto endurecido................................................................................... 71
4.3.2.1 Ensaios de resistência à compressão em diversas idades ................... 71 4.3.2.2 Absorção de água por imersão............................................................ 74 4.3.2.3 Absorção por capilaridade .................................................................. 76
5 Caracterização dos materiais .................................................................. 78
5.1 Cimento ...................................................................................................... 78 5.1.1 Composição química .................................................................................. 79 5.1.2 Características físicas e mecânicas ............................................................. 79 5.1.3 Granulometria............................................................................................. 80 5.1.4 Compacidade .............................................................................................. 81 5.2 Sílica ativa .................................................................................................. 81 5.2.1 Composição química .................................................................................. 81 5.2.2 Características físicas ................................................................................. 82 5.2.3 Granulometria............................................................................................. 82 5.2.4 Compacidade .............................................................................................. 83 5.3 Superplastificante ....................................................................................... 83 5.4 Agregado miúdo ......................................................................................... 83 5.4.1 Granulometria............................................................................................. 83 5.4.2 Principais características físicas ................................................................. 85 5.4.3 Compacidade .............................................................................................. 85 5.5 Agregado graúdo ........................................................................................ 86 5.5.1 Granulometria............................................................................................. 86 5.5.2 Principais características físicas ................................................................. 88 5.5.3 Principais características mecânicas........................................................... 88 5.5.4 Compacidade .............................................................................................. 88 5.6 Água ........................................................................................................... 89
6 Dosagens realizadas.................................................................................. 90
6.1 Dosagem pelo MEC ................................................................................... 91 6.2 Dosagens realizadas utilizando o MAFM .................................................. 99
viii
7 Apresentação e análise dos resultados .................................................. 100
7.1 Trabalhabilidade medida pelo abatimento................................................ 100 7.2 Resistência à compressão ......................................................................... 102 7.3 Módulo de elasticidade (Curvas tensão-deformação) .............................. 104 7.4 Propriedades físicas dos concretos ........................................................... 107 7.5 Evolução da absorção de água dos concretos MEC ................................. 109 7.6 Comparações entre os concretos de dosagens utilizadas.......................... 110
8 Considerações finais ............................................................................... 112
9 Referências bibliográficas...................................................................... 113
ANEXO 1 ................................................................................................................. 117 ANEXO 2 ................................................................................................................. 123 ANEXO 3 ................................................................................................................. 124
ix
Lista de figuras
Figura 2.1 – Determinação das percentagens de areia + material cimentante e
brita................................................................................................................................. 10
Figura 2.2 – Resistência à compressão versus relação água/material cimentante.
........................................................................................................................................ 10
Figura 2.3 – Curvas reais e curva de referência.................................................. 15
Figura 3.1 – Arranjo de cubos – compacidade virtual = 100% [19]................... 18
Figura 3.2 – Arranjo de esferas do tipo CFC – compacidade virtual = 74% [19]
........................................................................................................................................ 18
Figura 3.3 – Classe granular dominante [19]...................................................... 20
Figura 3.4 – Mistura polidispersa, examinada em diversas escalas, sem classe
dominante [12]................................................................................................................ 21
Figura 3.5 – Grãos de classe 1 dominante. ......................................................... 22
Figura 3.6 – Grãos de classe 2 dominante. ......................................................... 23
Figura 3.7 – Evolução da compacidade virtual em função da proporção de grãos
finos para uma mistura binária sem interação. ............................................................... 25
Figura 3.8 – Efeito de afastamento. .................................................................... 26
Figura 3.9 –Efeito de parede............................................................................... 26
Figura 3.10 –Evolução da compacidade virtual de uma mistura binária de esferas
variando a interação entre as partículas......................................................................... 28
Figura 3.11 – Evolução da compacidade virtual de uma mistura binária de grãos
com coeficientes e β diferentes. .................................................................................... 30
Figura 3.12 – Perturbações exercidas na classe intermediária (classe 2) pelos
agregados graúdos (classe 1) e pelos grãos finos (classe 3) [12]. .................................. 30
Figura 3.13 – Curvas experimentais de compactação para misturas binárias [12].
........................................................................................................................................ 32
x
Figura 3.14 - Curvas de compacidade real para diversos valores do índice de
compactação K................................................................................................................ 35
Figura 3.15- Valores de compacidades experimentais e obtidos pelo MEC [19].
........................................................................................................................................ 36
Figura 3.16 - Comportamento de fluidos: 1 - newtonianos; 2 - de Bingham; 3 -
pseudoplástico; 4 - pseudoplástico com tensão de escoamento; 5 - dilatante; 6 - dilatante
com tensão de escoamento [22]...................................................................................... 38
Figura 3.17 – Gráfico de tensão versus deformação.......................................... 41
Figura 3.18 - Contribuição sólida e líquida para a resistência ao cisalhamento. 41
Figura 3.19 - Suspensão de grãos: (a) sem trabalhabilidade; (b) com
trabalhabilidade. ............................................................................................................. 42
Figura 3.20 - Comparação teórica entre os modelos de viscosidade plástica [19].
........................................................................................................................................ 43
Figura 3.21 - Viscosidade plástica de pastas, argamassas e concretos[19]. ....... 44
Figura 3.22 - Segregação da classe i na mistura. ................................................ 49
Figura 3.23 - Diagrama de preenchimento e potencial de segregação. ............. 49
Figura 3.24 - Máxima espessura da pasta em uma mistura granular seca. ......... 52
Figura 3.25 – Sistemas granulares considerados na modelagem do concreto. ... 56
Figura 4.1- Fases do empacotamento durante o ensaio de demanda de água: (a)
estado de empacotamento seco; (b) estado de empacotamento pendular; (c) estado de
empacotamento funicular; (d) estado de empacotamento capilar [32]........................... 62
Figura 4.2 - Fases do empacotamento do cimento ao longo do ensaio de
demanda de água. ........................................................................................................... 63
Figura 4.3 - Equipamento para ensaio de compactação. .................................... 65
Figura 4.4 - Procedimento do ensaio de compacidade para agregados com
dimensões maiores que 100 µm. .................................................................................... 67
Figura 4.5 - Volume perturbado pelo efeito de parede. ...................................... 68
Figura 4.6 – Ensaio de abatimento do tronco de cone........................................ 71
xi
Figura 4.7 - Corpo de prova capeado com Sikadur 31. ...................................... 72
Figura 4.8 – Máquina universal Shimadzu ......................................................... 73
Figura 4.9 – Corpo de prova instrumentado. ...................................................... 73
Figura 4.10 – Corpos de prova durante o ensaio de absorção por capilaridade. 77
Figura 5.1 – Distribuição granulométrica do cimento CPIII-40 [6]. .................. 80
Figura 5.2 – Distribuição granulométrica da sílica ativa.[6] .............................. 82
Figura 5.3 – Distribuição granulométrica da areia. ............................................ 84
Figura 5.4 – Classes dos agregados miúdos ....................................................... 85
Figura 5.5 – Distribuição granulométrica da brita 0........................................... 87
Figura 5.6 – Classes dos agregados graúdos ...................................................... 89
Figura 6.1 – Etapas de armazenamento das propriedades dos constituintes. ..... 92
Figura 6.2 – Calibração dos parâmetros p, q e Kp.............................................. 93
Figura 6.3 – Dosagem através da intervenção do usuário. ................................. 94
Figura 6.4 – Diagrama de preenchimento ideal.................................................. 96
Figura 6.5 – Diagramas de preenchimento do MEC30, MEC50, MEC65,
MEC75 e MEC85 para abatimento maior a 150 mm. .................................................... 98
Figura 7.1 – Comparação entre abatimentos previstos e experimentais........... 101
Figura 7.2 – Comparação entre resistências à compressão previstas e
experimentais................................................................................................................ 103
Figura 7.3 – Curvas tensão versus deformação típicas..................................... 104
Figura 7.4 – Comparação entre módulos de elasticidade previstos e
experimentais................................................................................................................ 106
Figura 7.5 – Absorção de água por capilaridade para os concretos MEC...... 110
xii
Lista de tabelas
Tabela 2.1 – Parâmetros da Curva de Faury (A, B).............................................. 8
Tabela 2.2 – Parâmetros da Curva de Faury ( K, k). .......................................... 11
Tabela 2.3 – Volume de vazios (Vvazios).......................................................... 11
Tabela 2.4 – Quantidade de água em função do ponto de saturação. ................. 12
Tabela 2.5 – Comparação da curva real com a curva teórica de referência. ..... 14
Tabela 3.1 – Dimensões dos agregados arredondados[12]................................ 37
Tabela 3.2 - Valores sugeridos das constantes cB1B e cB2B por diversos autores.
........................................................................................................................................ 43
Tabela 3.3 – Ordens de grandeza de colocabilidade........................................... 47
Tabela 3.4 – Tamanhos de peneiras para as classes consideradas no diagrama de
preenchimento do concreto............................................................................................. 50
Tabela 3.5 – Sistemas granulares........................................................................ 56
Tabela 5.1 – Composição química do cimento CPIII-40. .................................. 79
Tabela 5.2 – Características físicas e mecânicas do cimento CPIII-40. ............. 80
Tabela 5.3 – Características químicas da sílica ativa. ........................................ 81
Tabela 5.4 – Características físicas da sílica ativa.............................................. 82
Tabela 5.5 - Características do superplastificante. ............................................. 83
Tabela 5.6 – Características do agregado miúdo. ............................................... 84
Tabela 5.7 – Características físicas da areia. ...................................................... 85
Tabela 5.8 – Compacidade experimental dos agregados miúdos ....................... 86
Tabela 5.9 – Características do agregado graúdo. .............................................. 87
Tabela 5.10 – Características físicas dos agregados graúdos. ............................ 88
Tabela 5.11 – Compacidade experimental dos agregados graúdos .................... 88
Tabela 6.1 – Especificações para dosagem do concreto convencional. ............. 94
Tabela 6.2 – Especificações para dosagens dos CAD. ....................................... 94
xiii
Tabela 6.3 – Dosagens das misturas obtidas pelo programa BetonlabPro2. ...... 95
Tabela 6.4 – Dosagem do CAD para 1 mP3P de concreto, utilizando o MEC. .. 97
Tabela 6.5 – Dosagem do CAD para 1 mP3P de concreto, utilizando MAFM. . 99
Tabela 7.1 – Abatimento dos concretos MAFM. ............................................. 100
Tabela 7.2 – Abatimento dos concretos MEC. ................................................. 100
Tabela 7.3 – Comparação entre os concretos MAFM50, MEC50 e MEC50(II).
...................................................................................................................................... 101
Tabela 7.4 – Resistências à compressão dos concretos MAFM aos 28 dias. ... 102
Tabela 7.5 – Resistências à compressão dos concretos MEC aos 28 dias.(1ª
tentativa laboratorial).................................................................................................... 102
Tabela 7.6 – Resistências à compressão dos concretos MEC aos 28 dias (2ª
tentativa laboratorial).................................................................................................... 103
Tabela 7.7 – Propriedades mecânicas, utilizando MEC-1ª tentativa laboratorial.
...................................................................................................................................... 105
Tabela 7.8 – Propriedades mecânicas, utilizando MEC- 2ª tentativa laboratorial.
...................................................................................................................................... 105
Tabela 7.9 – Módulos de elasticidade previstos e obtidos para os concretos
MEC. ............................................................................................................................ 106
Tabela 7.10 – Propriedades físicas dos concretos MAFM. .............................. 107
Tabela 7.11 – Propriedades físicas dos concretos MEC (1ª tentativa laboratorial).
...................................................................................................................................... 108
Tabela 7.12 – Propriedades físicas dos concretos MEC (2ª tentativa laboratorial).
...................................................................................................................................... 109
xiv
Lista de símbolos
Símbolos latinos
a Volume de ar aprisionado descrito em percentual do volume total do
concreto
A Parâmetro dependente da consistência e da rugosidade da superficie
dos agregados
a/c Relação água/cimento
ia Coeficiente relacionado com a dimensão dos grãos (com id em mm,
correspondendo ao valor médio acumulado de 50%)
a/mc Relação água/material cimentante
A1 Agregados miúdos da classe 1
A2 Agregados miúdos da classe 2
A3 Agregados miúdos da classe 3
A4 Agregados miúdos da classe 4
A5 Agregados miúdos da classe 5
A6 Agregados miúdos da classe 6
A7 Agregados miúdos da classe 7
A8 Agregados miúdos da classe 8
A9 Agregados miúdos da classe 9
( )Abs imersão Absorção de água por imersão
capilaridadeAbs Absorção de água por capilaridade
transversalÁrea Área da seção transversal
aBijB Coeficiente do efeito de afastamento que os grãos de classe j exercem
sobre os grãos de classe i
ao Abatimento obtido
ap Abatimento previsto
B Parâmetro dependente do meio de colocação do concreto, que é
compatível com a consistência
B1 Agregados graúdos da classe 1
B2 Agregados graúdos da classe 2
B3 Agregados graúdos da classe 3
xv
B4 Agregados graúdos da classe 4
ib Coeficiente associado ao cimento como dependente do percentual de
aditivos químicos na mistura (uma vez que o efeito do dispersante atua
sobre as partículas do cimento).
0c Constante empírica
bijB Coeficiente do efeito de parede que os grãos de classe j exercem sobre
os grãos de classe i
c Teor Ótimo saturação Superplastificante
1c e 2c Constantes que dependem do efeito dos aditivos químicos sobre a
partícula do cimento
C Compacidade experimental da mistura.
C1 Curva real nº 1
C2 Curva real nº 2
C3 Curva real nº 3
C4 Curva real nº 4
aguaC Consumo de água
cC Consumo de cimento
( )eqc t Quantidade equivalente do cimento em uma idade (t)
saC Consumo de sílica ativa
supsC Consumo de Sólidos do superplastificante
mcC Consumo material cimentante
CBrita Composição centesimal da brita nos sólidos
CAreia Composição centesimal da areia nos sólidos CA Quantidade de agregados graúdos
CAD Concreto de alto desempenho
CFC Cúbico de face centrada
CV Coeficiente de variação
d Diâmetro do corpo de prova
id Diâmetro médio da classe i .
)(td Parâmetro cinético na idade (t) - representa a contribuição que um
cimento pode fornecer na resistência do concreto
maxd Diâmetro máximo do material
xvi
D Máxima dimensão do agregado (mm)
cD Diâmetro interno do cilindro
DMC Dimensão Máxima Característica
maxD Dimensão máxima do agregado graúdo, menor abertura de malha que
deixa passar 95% ou mais do material
miudoD −max Dimensão máxima do agregado miúdo
minD Dimensão mínima do agregado graúdo
DX Abertura da malha da peneira (menor delas) que passa 100% do
agregado miúdo
DY Abertura da malha da peneira (maior delas) que retém 100% do
agregado graúdo.
E Módulo de elasticidade do concreto
( )E t Módulo de elasticidade do concreto em uma idade (t)
( )mE t Módulo de elasticidade da matriz em uma idade (t)
gE Módulo de elasticidade do agregado
mE Módulo de elasticidade da matriz
FA Quantidade de agregados miúdos (kg/m3)
cf Resistência à compressão do concreto
gfc Resistência à compressão do agregado
cpf Resistência à compressão de pastas de cimento aos 28 dias
( )mfc t Resistência à compressão da matriz em uma idade (t)
( )cf t Resistência à compressão do concreto em uma idade (t)
jfi Massa de fíler calcário por volume unitário do concreto
g Volume dos agregados em um volume unitário de concreto
*g Compacidade dos agregados obtida com o protocolo de empacotamento
correspondente ao índice de empacotamento 9=K .
h Altura do corpo de prova
h Altura final da camada do material compactado
I Volume unitário de água + vazios
vI Índice de vazio
xvii
k Parâmetro dependente do grau de consistência que se pretende.
K Parâmetro dependente da rugosidade da superfície dos agregados
K' (conf) Colocabilidade do concreto confinado K'(não conf) Colocabilidade do concreto não confinado K* índice de compactação para um determinado processo de lançamento
`K Índice de compactação do concreto sem ar (Colocabilidade)
iK Contribuição da fração i para o índice de compactação da mistura
K Índice de compactação para a mistura.
CK Contribuição da fração do cimento para o índice de compactação da
mistura.
K'f Contribuição dos agregados miúdos
gK Constante de ajuste
K'gg Contribuição dos agregados graúdos
wk Coeficiente do efeito de parede e armadura no recipiente
, ( )pK i t Coeficiente do efeito pozolânico na idade (t)
'iK
Contribuição da classe i para o índice de compactação da mistura ( sem
ar)
iK Contribuição da classe i para o índice de compactação da mistura 'cK Contribuição do cimento na colocabilidade
'gK Contribuição do agregado graúdo na colocabilidade
LCPC Laboratoire Central des Ponts et Chaussées
realm Massa específica real
saturadam Massa específica da amostra saturada
sec am Massa específica da amostra seca
M Número de materiais
1M Massa do material 1
2M Massa do material 2
aM Massa seca da amostra
bM Massa imersa da amostra
cM Massa saturada da amostra
contatoM Massa da amostra que permanece com uma das faces em contato com a
xviii
água durante um período de tempo especificado
oHM 2 Massa de água ao atingir o ponto de saturação
sM Massa do material seco
sec oM Massa imersa da amostra seca a temperatura ambiente
TM Massa total da mistura granular seca
MAFM Método de Aïtcin Faury Modificado
MAFM 75 Concreto dosado pelo MAFM com resistência à compressão especificada como sendo de 75 MPa
MAFM50 Concreto dosado pelo MAFM com resistência à compressão especificada como sendo de 50 MPa
MAreia Massa da areia
MBrita Massa da brita
1me Massa específica do material 1
2me Massa específica do material 2
MEC Modelo de Empacotamento Compressível
MEC30 Concreto dosado pelo MEC com resistência à compressão especificada como sendo de 30 MPa
MEC50 Concreto dosado pelo MEC com resistência à compressão especificada como sendo de 50 MPa
MEC50(II) Concreto dosado pelo MEC com resistência à compressão especificada como sendo de 50 MPa – 2ª tentativa laboratorial
MEC65 Concreto dosado pelo MEC com resistência à compressão especificada como sendo de 65 MPa
MEC65(II) Concreto dosado pelo MEC com resistência à compressão especificada como sendo de 65 MPa - 2ª tentativa laboratorial
MEC75 Concreto dosado pelo MEC com resistência à compressão especificada como sendo de 75 MPa
MEC85 Concreto dosado pelo MEC com resistência à compressão especificada como sendo de 85 MPa
MEP Máxima Espessura da Pasta
Mfareia Módulo de finura da areia
Mfbrita Módulo de finura da brita
MFm Módulo de finura da mistura
MFM Módulo de finura da curva de referência
N Número de classes granulares da mistura.
P* Dosagem de saturação do superplastificante
PAS Percentagem dos Agregados nos Componentes Sólidos
PAreia Percentagem dos Sólidos da areia
xix
PCimento Percentagem dos Sólidos do cimento
PSilica Percentagem dos Sólidos da sílica ativa
PBrita Percentagem dos Sólidos da brita p Constante dada de acordo com o tipo dos agregados (adimensional)
pBkB Fração volumétrica do material k
pH Potencial de hidrogenio pl massa de extrato seco de plastificante no concreto (kg/m3)
ipz Massa de pozolana por volume unitário do concreto
q Constante dada de acordo com o tipo dos agregados
R Redução do volume de água
28Rc Resistência à compressão do cimento aos 28 dias
tRc Resistência à compressão do cimento na idade (t)
R05 Agregados arredondados com diâmetros compreendidos entre 0,50 e 0,63 mm
R1 Agregados arredondados com diâmetros compreendidos entre 1,00 e 1,25 mm
R2 Agregados arredondados com diâmetros compreendidos entre 2,00 e 2,50 mm
R4 Agregados arredondados com diâmetros compreendidos entre 4,00 e 5,00 mm
R8 Agregados arredondados com diâmetros compreendidos entre 8,00 e 10,00 mm
s Teor de Sólidos Superplastificante
S Potencial de segregação
, jFIS Superfície acumulada de fíler calcário
pS Dosagem de aditivos químicos na mistura
*pS Ponto de saturação de aditivos químicos
S.A. sílica ativa
S1 Sistema de concreto fresco constituído de agregados, materiais ligantes,
água e ar.
S2 Sistema de agregados constituído de agregados e vazios.
S3 Sistema de concreto fresco sem ar constituído de agregados, materiais
ligantes e água.
S4 Sistema de concreto fresco comprimido constituído de agregados,
materiais ligantes e água.
S5 Sistema de concreto fresco sem ar,in situ constituído de agregados,
xx
materiais ligantes e água.
S6 Sistema concreto endurecido constituído de agregados e pasta de cimento endurecida.
Si Proporção deste volume segregado
SL Abatimento do tronco do cone de Abrams
sp Massa de extrato seco de superplastificante
SSS Superfície saturada seca
3C At Porcentagem de aluminato tricálcio na composição de Bogue do
cimento
Vsmist Volume de sólidos da mistura
Vvazios Volume de vazios
wV Volume de água do superplastificante
cV Volume de cimento
saV Volume de sílica ativa
liqV Volume Líquido do superplastificante
supsV Volume de sólidos do superplastificante
agregV Volume de agregados para 1 dmP
3 da Mistura
pV Volume perturbado (em um volume unitário total da mistura)
areiaWh Umidade natural areia
britaW Absorção de Água da brita
areiaWh Taxa de umidade da areia
x
Média geométrica entre as distâncias em abscissas tomadas desde o ponto 0,0065 até as aberturas de peneiras que correspondem ao limite superior do agregado mais fino e ao limite inferior do agregado imediatamente mais grosso
yBkjB Fração volumétrica da classe j no interior do material k,
2DY Coordenada no ponto de abscissa D/2
xxi
Símbolos gregos
Φ Volume de sólido (volume total menos o volume de água livre)
*φ
Máxima concentração real de sólido que a mistura poderia alcançar, isto é, a
compacidade obtida com o protocolo de empacotamento correspondente ao
índice de empacotamento 9=K
ΦBiB Volume real ocupado pelas partículas i.
ΦBiB/ΦP
*PBiB Taxa de preenchimento da classe i (concentração normalizada de sólidos)
ΦP
*PBiB
Volume máximo que as partículas i podem ocupar, dada a presença de outras
partículas
iβ Compacidade virtual da classe i tomada individualmente.
_
iβ Compacidade virtual da classe i tomada individualmente, incluindo os efeitos
de parede e molde/armadura
βBkjB Compacidade virtual da classe j que é parte do material k tomada
individualmente
1aε Deformação axial igual a 0,000050
2aε Deformação axial produzida pela tensão 2cσ
2lε Deformação lateral a meia altura do corpo de prova produzida pela tensão 2cσ
1lε Deformação lateral a meia altura do corpo de prova produzida pela tensão 1cσ
B aεB
Deformação axial na tensão de pico
φ Volume de sólido da mistura em um volume unitário (compacidade da mistura) γ Compacidade virtual da mistura.
γ•
Gradiente (taxa) de deformação
aguaγ Massa Específica Água
areiaγ Massa Específica da areia
britaγ Massa Específica da brita
cγ Massa específica do cimento
saγ Massa específica da sílica ativa
supγ Massa Específica superplastificante
xxii
)i(γ Compacidade virtual da mistura sendo a classe i a classe dominante.
η Viscosidade do fluido µ Viscosidade plástica
ν Coeficiente de Poisson
π Porosidade
ρ Densidade específica do concreto fresco
sρ Densidade do material
2cσ Tensão de compressão correspondente a 40% da carga última
1cσ tensão de compressão correspondente a deformação axial, 1aε , de 0,000050
τ Tensão cisalhante aplicada
0τ Tensão inicial de escoamento
cυ Volume de cimento presente em um volume unitário de pasta
wυ Volume de água presente em um volume unitário de pasta
arυ Volume de ar aprisionado presente em um volume unitário de pasta
ν Coeficiente de Poisson
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Importância e objetivos da pesquisa
A tecnologia do concreto, influenciada por crescentes exigências do mercado,
vem passando por várias transformações nas últimas décadas. O desenvolvimento de
métodos de dosagem de concreto capazes de serem utilizados universalmente está
englobado nestas exigências.
Procurando fazer face a esta demanda, surge no meio técnico o Modelo de
Empacotamento Compressível (MEC) que é um modelo que possui fundamentos
científicos, diferenciando-se dos métodos principalmente empíricos até então existentes.
Paralelamente, vem sendo desenvolvido no Programa de Engenharia
Civil/COPPE/UFRJ o Método de Aïtcin-Faury Modificado (MAFM) que é um método
que pode ser utilizado para a dosagem de concreto de alto desempenho (CAD).
A dosagem do concreto pode ser definida como sendo o proporcionamento
adequado dos materiais (cimento, água, agregados, e eventuais aditivos químicos e
minerais) de maneira que o produto resultante dessa mistura atenda a alguns requisitos
nos estados fresco e endurecido [1].
No estado fresco a mistura deve apresentar trabalhabilidade adequada para que,
de acordo com os meios disponíveis na obra, possa ser transportada, lançada e adensada,
enquanto que, no estado endurecido, o concreto deve possuir as características
especificadas no projeto (resistência, durabilidade, rigidez, retração, fluência, calor de
hidratação, permeabilidade, etc.) compatíveis com as solicitações impostas.
Todas essas propriedades exigidas devem ser conseguidas com o menor custo
possível, para que a obra seja economicamente viável e competitiva.
Tradicionalmente, a dosagem do concreto era realizada sem a intervenção de
conceitos científicos ou leis relativas aos materiais que eram utilizados na sua
2
preparação. A rigor, os procedimentos de dosagem não correspondiam a modelos, pois
na realidade os procedimentos eram puramente empíricos, baseados na utilização de
traços que já haviam sido utilizados com relativo sucesso.
Com o passar do tempo, as técnicas de cálculo estrutural e construção civil
experimentaram notáveis progressos, havendo a necessidade do desenvolvimento de
metodologias de dosagens mais precisas, baseadas em leis científicas e em ensaios
experimentais que pudessem garantir ao concreto as características exigidas pelos
projetistas e construtores.
Atualmente, tem ocorrido um renovado interesse na dosagem dos concretos,
devido às limitações dos métodos que vinham sendo utilizados, que consistiam
basicamente em dosar uma mistura de cimento, água e agregados, para que fossem
atingidos o abatimento e a resistência à compressão aos 28 dias especificados.
Porém, esta não é mais a realidade. Devido à utilização de superplastificante, as
relações água/cimento ou água/material cimentante foram reduzidas. Os concretos
modernos contêm, muito freqüentemente, um ou mais materiais cimentantes
suplementares que estão, em alguns casos, substituindo uma quantidade significativa de
cimento. O uso da sílica ativa, presente algumas vezes na mistura, modifica as
propriedades do concreto tanto no estado fresco, quanto no endurecido. E o abatimento
pode ser ajustado pelo uso do superplastificante no lugar de água sem alterar a relação
água/cimento e a relação água/material cimentante.
Em função dessas modificações, alguns pesquisadores vêm procurando
desenvolver procedimentos sistematizados de aplicação geral à dosagem de CAD.
Contudo, atualmente são poucos os métodos de dosagem disponíveis que podem dosar
de forma generalizada esse tipo de concreto.
A tentativa de utilizar os procedimentos de dosagem de concretos normais para o
CAD não obteve sucesso visto as diferenças entre estes materiais. Dentro as
características do CAD que o diferenciam qualitativamente do concreto normal, podem
ser citadas[2]:
O abatimento irá depender essencialmente da quantidade de
superplastificante usada e não da quantidade de água da mistura, podendo ser ajustado
para necessidades específicas. Ou seja, o mesmo abatimento pode ser conseguido,
usando-se diferentes quantidades de água e de superplastificante;
A dimensão máxima dos agregados (DMA) não será mais usualmente
ditada pelas considerações geométricas, devendo-se evitar agregados graúdos triturados;
3
Não será mais vantajoso selecionar agregados graúdos maiores, para
reduzir a quantidade de água de mistura necessária para se chegar a determinado
abatimento. Devido a considerações relativas ao lançamento e à resistência se fará
vantajoso utilizar agregados graúdos menores;
Os agregados miúdos deverão ser de rio para evitar excessiva demanda de
água;
O conteúdo de água dependerá da efetividade do superplastificante com o
cimento escolhido e da dosagem do aditivo que pode ser adicionado sem provocar
efeitos negativos na pega. O conteúdo final usualmente selecionado será aquele que
dará uma retenção de abatimento adequada às condições de canteiro;
Visto que o fator de espaçamento de bolhas de ar incorporado é o
parâmetro mais relevante quando se projeta um CAD resistente ao congelamento-
degelo, os valores de ar incorporado sugeridos não mais serão apropriados para se fazer
um CAD;
As tradicionais curvas expressando a relação água/cimento e resistência
(obtidas a partir de testes em concretos sem aditivos químicos e minerais, produzindo
misturas muito densas para o ramo de baixa relação água/cimento) não têm mais
validade;
O teor de agregado graúdo não será mais influenciado pelo módulo de
finura do agregado miúdo. A dosagem é tão rica em pasta que, sempre que possível,
será melhor usar um agregado miúdo mais grosso.
Diferentemente do concreto convencional, o CAD pode ter diversas
características que precisam ser atendidas simultaneamente, como a permeabilidade
reduzida e a durabilidade elevada, o módulo de elasticidade alto, fissuração reduzida,
pouca deformação lenta, resistência elevada e trabalhabilidade alta e duradoura.
Partindo-se das características mais significativas dos numerosos componentes
disponíveis e devido às várias características que podem contradizer-se umas às outras,
torna-se difícil usar um método de dosagem que chegue a proporções muito próximas
daquelas da mistura final. O produto de componentes disponíveis por propriedades
exigidas conduz a um número de combinações cuja experimentação é inviável.
Entretanto, um bom procedimento de dosagem pode minimizar o número de misturas
experimentais necessárias.
Para o CAD não existe uma proporção direta entre as relações água/cimento ou
água/material cimentante e a resistência, já que suas resistências são muito sensíveis a
4
pequenas variações no conteúdo de água da mistura ou ao tipo de agregado empregado,
ou ainda, ao tipo e quantidade de adições minerais empregadas. Como estes fatores
podem influir sobre as características das propriedades mecânicas dos CAD, fazem-se
necessários procedimentos de dosagem adaptados especialmente às suas características
intrínsecas.
Além disso, ainda que as características microestruturais necessárias para obter
um CAD sejam conhecidas, não é fácil conseguir uma combinação perfeita de cimentos,
agregados, água e aditivos, devido ao fato de que sua dosagem requer uma série de
ajustes. A maioria dos procedimentos de dosagem, por conseqüência, se efetua a partir
de numerosos ensaios de laboratório e as proporções resultantes são aplicáveis
exclusivamente aos materiais empregados.
Diversos métodos têm sido propostos para calcular as proporções do CAD,
devido às limitações dos métodos convencionais. Entre eles, podem-se citar os métodos
de Nawy [3], de Gutiérrez e Cánovas [4] e de Aïtcin [5].
O Método de Nawy fundamenta-se no critério do volume absoluto, onde o
volume de agregado miúdo é obtido pela subtração dos volumes conhecidos de todos os
outros constituintes do volume total e o teor de agregado graúdo é função da sua
dimensão máxima característica. A quantidade de água é aumentada ou há um
acréscimo de superplastificante até que o abatimento requerido seja alcançado. A
quantidade dos outros materiais é então recalculada.
Como vantagem deste método cita-se a rapidez de obtenção do traço e a
possibilidade da utilização de aditivos, e como desvantagem tem-se o alto consumo de
cimento e o fato dos ajustes serem feitos com base no abatimento.
No Método de Gutiérrez e Cánovas, a curva relação água/cimento x resistência é
estabelecida através de um programa experimental, a partir do tipo de cimento e do tipo
de agregado, levando em consideração a dosagem de sílica ativa. O conteúdo de água é
fixado por meio de testes laboratoriais. A proporção de agregados é fixada pela curva de
referência de Faury, onde a sílica tem sido incluída ao cimento e é aconselhável que o
teor de cimento seja inferior a 500 Kg/mP
3P.
Para o Método de Aïtcin, é necessária a determinação da relação água/material
cimentante (a/mc) para uma dada resistência à compressão aos 28 dias, a quantidade de
água é determinada a partir do ponto de saturação e para um abatimento de 200mm e a
determinação do teor de agregado graúdo é em função da forma das partículas.
5
Procurando focalizar a revisão bibliográfica nos métodos que serão utilizados
nesta dissertação, Método de Aïtcin-Faury Modificado e Método de Empacotamento
Compressível serão detalhados nos capítulos a seguir.
1.2 Estrutura da tese
Esta dissertação é estruturada em oito capítulos, cujo conteúdo é resumido a
seguir:
O Capítulo 1 realizada uma introdução do trabalho, onde se relata a importância
da pesquisa, seus objetivos e a estrutura da dissertação.
O Capítulo 2 descreve o Método de Aitcin-Faury Modificado (MAFM), sua
origem, suas limitações e o procedimento para sua aplicação.
O Capítulo 3 apresenta o Método de Empacotamento Compressível (MEC), seus
fundamentos teóricos, as correlações com as propriedades do concreto e o procedimento
para a aplicação deste método.
O Capítulo 4 relata os métodos experimentais utilizados para a caracterização
dos materiais, elaboração e caracterização dos concretos.
O Capítulo 5 apresenta a caracterização dos materiais utilizados na pesquisa,
inclusive os dados fornecidos pelos fabricantes ou adquiridos por outros trabalhos
acadêmicos.
O Capítulo 6 apresenta as dosagens utilizadas para a realização deste trabalho,
assim como os comentários pertinentes.
O Capítulo 7 apresenta os resultados obtidos no presente trabalho. É importante
enfatizar que como o enfoque da dissertação é a o estudo da dosagem utilizando o MEC
e o MAFM, uma considerável parte da análise já foi realizada no Capítulo 6.
O Capítulo 8 apresenta as considerações finais da dissertação.
6
2 MÉTODO DE AÏTCIN-FAURY MODIFICADO
O Programa de Engenharia Civil da COPPE, procurando suprir as várias
limitações dos métodos existentes para a produção do CAD, desenvolveu um novo
método chamado de Método de Aïtcin-Faury Modificado (MAFM). Este método por ter
como base o método de Aïtcin, foi inicialmente chamado de Método de Aïtcin
Modificado ( [5] e [6]).
Apesar do método de Aïtcin ser excelente para a dosagem do CAD, ele possui
algumas limitações que foram eliminadas neste novo método.
O primeiro fator limitante se refere à relação a/mc e resistência. Visto que o
método do Aïtcin exibe uma larga faixa de valores de resistência versus a/mc, sem,
contudo mencionar o tipo de aditivo mineral e a porcentagem utilizada. Como a sílica é
o aditivo mais usado e seu teor gira em torno de 10% da massa de cimento, foi buscado
na literatura, curvas resistência versus a/mc com esta característica, obtendo-se uma
curva média a ser utilizada no método proposto.
O segundo fator limitante se refere ao teor de agregado graúdo, que é definido
em função da forma do agregado. Na tentativa de minimizar esta limitação foram
utilizados os passos do Método de Faury para a definição da quantidade de agregados
em função da granulometria de referência, que conduz a um máximo de compacidade.
Resultados bem sucedidos da utilização deste novo método foram encontrados
por MOTA [5], VELASCO [6], RESENDE [7] e FONTES [8].
No próximo item será apresentado o procedimento que deve ser seguido para a
realizar dosagem de concreto utilizando o MAFM.
7
2.1 Procedimento
Para a realização de dosagem utilizando o MAFM as seguintes propriedades dos
materiais são necessárias:
1 - Cimento: Massa específica ( cγ )
2 - Sílica Ativa: Teor em massa (a) e Massa específica ( saγ )
3 - Agregados:
Areia: Massa Específica ( areiaγ ), Umidade natural ( areiaWh ), Absorção até a
condição saturada superfície seca, SSS ( areiaWabs ), Curva Granulométrica.
Brita: Massa Específica ( britaγ ), Absorção ( britaW ), Curva Granulométrica.
4 - Superplastificante: Teor Ótimo - saturação (c), Teor de Sólidos (s) e Massa
Específica ( supγ ).
5 - Água: Massa Específica ( aguaγ ).
O procedimento para a elaboração do CAD utilizando este método deve respeitar
a seguinte seqüência:
1) Identificação do processo de produção do agregado: processado
artificialmente (britado) ou processado pela natureza (rolado);
2) Determinação da Dimensão máxima ( maxD ) e mínima ( minD ) do agregado
graúdo e dimensão máxima do agregado miúdo ( miudoD −max );
maxD - menor abertura de malha que deixa passar 95% ou mais do material (ou
usar procedimento sugerido no item 6).
DY –abertura da malha da peneira (maior delas) que retém 100% do agregado
graúdo.
DX – abertura da malha da peneira (menor delas) que passa 100% do agregado
miúdo.
3) Definir estado subjetivo do concreto no que se refere à consistência (muito
fluida, fluida, mole, plástica, seca, terra úmida).
Ver Tabela 2.1.
8
4) Determinar as Dimensões do corpo de prova. Informar altura (h) e diâmetro
do corpo de prova (d).
4.1) Determinação do raio médio
De posse das dimensões do corpo de prova e da máxima dimensão do agregado,
calcula-se o raio médio. O raio médio de um molde é a relação entre o volume a se
preencher de concreto e a respectiva área de superficial de contato (excluir a face
superior)
SuperficieVolumeR =
(1)
4.2) Parâmetros da Curva de Faury (A, B), obtidos através da Tabela 2.1:
Tabela 2.1 – Parâmetros da Curva de Faury (A, B).
Valores de A
Consistência
do concreto
Meios de
Compactação satisfatórios Areia: Rolada
Pedra: Rolada Rolada Britada
Britada Britada
Valores
de B
Exemplos
de concretagem
Muito Fluida Peso próprio ≥32 ≥34 ≥38 2 a 2,5 Submersa Fluida Apiloamento 30 a 32 32 a 34 36 a 38 2 Bomba
Mole
Vibração fraca 28 a 30
30 a 32
34 a 36
2
Comuns
Plástica
Vibração média
26 a 28
28 a 30
32 a 34
1,5 Pré-moldados
Fundações
Seca
Vibração forte
24 a 26
26 a 28
30 a 32
1 a 1,5
Pavimentos Formas
Deslizantes
Terra Úmida
Vibração forte E compressão
22 a 24
24 a 26
28 a 30
1 Estacas franki
Manilha
Fonte: VASCONCELOS [9].
4.3) Obter a curva granulométrica de referência, através do cálculo da ordenada
no ponto de abscissa D/2;
A curva granulométrica de referência de Faury inclui o material cimentante, ou
seja, todos os materiais sólidos que farão parte do concreto. A curva se estende desde
0.0065 mm até a máxima dimensão do agregado graúdo ( maxD ).
A curva é constituída por dois segmentos de reta, construídos sobre um gráfico
com eixo das ordenadas representando as percentagens dos materiais sólidos que
9
passam nas peneiras e o eixo das abscissas, a abertura das peneiras. Um dos segmentos
de reta liga o ponto correspondente à dimensão 0,0065 mm até o ponto da ordenada
2DY , correspondente à dimensão D/2. O segundo segmento de reta liga o ponto
correspondente a D/2 ao ponto correspondente a D (dimensão máxima do agregado).
A ordenada do ponto D/2 é calculada pela fórmula:
75,0175
2
−++=
DR
BDAYD (2)
onde: 2DY - ordenada no ponto de abscissa D/2; A - parâmetro dependente da
consistência e da rugosidade da superfície dos agregados (tabela acima); B - parâmetro
dependente do meio de colocação do concreto, que é compatível com a consistência
(Tabela 2.1); D - máxima dimensão do agregado, expressa em mm e R - raio médio do
molde onde se colocará o concreto.
5) Traçar as curvas granulométricas dos agregados graúdo e miúdo;
6) Calcular a percentagem dos componentes da mistura (agregados e cimento);
Traçada a curva de referência e as curvas granulométricas dos agregados
interessados (Figura 2.1), as percentagens dos agregados são determinadas através da
interseção da reta vertical tracejada com a curva de referência. Este ponto limita a
percentagem de areia + material cimentante e brita.
Esta reta vertical é estabelecida nas posições entre cada duas curvas
granulométricas de forma a compensarem as superposições, através da média
geométrica entre as distâncias em abscissas tomadas desde o ponto 0,0065 até as
aberturas de peneiras que correspondem ao limite superior do agregado mais fino e ao
limite inferior do agregado imediatamente mais grosso, ou seja:
DX.DYx = (3)
10
0.01 0.1 1 10 100
Malha da peneira (mm)
0102030405060708090
100
Mat
eria
l que
pas
sa (%
)
BritaMédia Geométrica (x)DX - AreiaDY - BritaLimite: Areia + Material Cimentante e Brita
AreiaCurva de Referência
Figura 2.1 – Determinação das percentagens de areia + material cimentante e brita.
7) Definir a resistência à compressão (fBc) para abatimento de 200 mm para obter
a relação água/material cimentante (a/mc) através da curva da abaixo:
0.25 0.3 0.35 0.4a/mc
0
20
40
60
80
100
120
140
Res
istê
ncia
(MPa
)
Aitcin (Mínimo)Aitcin (Médio)Aitcin (Máximo)Média - 10% S.A.
Figura 2.2 – Resistência à compressão versus relação água/material cimentante.
DY
DX
X
11
8) Calcular o volume de água + ar;
8.1) Parâmetros da Curva de Faury ( K, k) obtidos através da Tabela 2.2:
Tabela 2.2 – Parâmetros da Curva de Faury ( K, k).
Valores de K
Consistência do
concreto
Meios de
compactação satisfatórios Areia: Rolada
Pedra: Rolada Rolada Britada
Britada Britada
Valores
de k
Muito Fluida
Peso próprio
≥0,390
0,405 a 0,360
≥0,460
0,004
Fluida
Apiloamento
0,370 a 0,390
0,385 a 0,405
0,430 a 0,460
0,004
Mole Vibração fraca
0,350 a 0,370 0,370 a 0,400
0,400 a 0,430
0,003
Plástica Vibração média
0,330 a 0,350 0,365 a 0,385
0,370 a 0,400
0,003
Seca
Vibração forte
0,250 a 0,330
0,330 a 0,350
0,350 a 0,370
0,003
Terra Úmida
Vibração forte e compressão
≤0,250
≤0,330
≤0,350
0,002
Fonte: VASCONCELOS [9].
8.2) Calcular o Volume de vazios (Vvazios)
Tabela 2.3 – Volume de vazios (Vvazios).
Máxima dimensão
do agregado (mm)
Volume de vazios
no concreto (l/mP
3P)
9,5 30
12,7 25
19,1 20
25,4 15
38,1 10
50,8 5
76,2 3
152,4 2
Fonte: VASCONCELOS [9], citando ACI.
12
8.3)Determinar o volume de água + vazios (I):
A determinação do volume de água e vazios é dada pela seguinte expressão:
5
K kI= +R/D-0,75D
(4)
Onde: I - volume unitário de água + vazios; K - parâmetro dependente da
rugosidade da superfície dos agregados (Tabela 2) e k - parâmetro dependente do grau
de consistência que se pretende.
vazioságua VIV −= (5)
9) Calcular o consumo e volume do material cimentante (cimento e sílica)
9.1) Redução do volume de água (R)
Com a adição de superplastificante há uma redução no volume de água, baseada
na Tabela 2.4.
Tabela 2.4 – Quantidade de água em função do ponto de saturação. Ponto de saturação 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 Percentagem
Quantidade de água 120 a 125 125 a 135 135 a 145 145 a 155 155 a 165 l/mP
3P
Assim, para cada 0,2% de sólidos do superplastificante, há uma retirada de 10
l/mP
3P de água.
9.2) Consumo de água ( aguaC ) e material cimentante ( mcC )
agua
aguaagua
RVC
γ−
= mca
CC agua
mc = (6)
9.3) Consumo ( cC ) e volume de cimento ( cV )
mcc CaC ).1( −= c
cc
CV
γ=
(7)
13
9.4) Consumo ( saC ) e volume de sílica ( saV )
mcsa CaC .= sa
sasa
CV
γ=
(8)
10) Contribuição do superplastificante;
10.1) Consumo de Sólidos ( supsC )
cs CcC .sup = (9)
10.2) Volume Líquido ( liqV )
sup
sup
.γsC
V sliq =
(10)
10.3) Volume de água ( wV )
)1.(. sup sVV liqw −= γ (11)
10.4) Volume de Sólidos ( supsV )
wliqs VVV −=sup (12)
11) Percentagem dos componentes da mistura nos sólidos
11.1) Volume de sólidos da mistura (Vsmist )
vaziosaguasmist VVV −−= 1000 (13)
11.2) Percentagens dos Sólidos
smist
c
VV
PCimento = (14)
smist
sa
VV
PSilica = (15)
Areia material cimentante(figura 2.1)PAreia PCimento PSilica= + − − (16)
14
determinada no item 6PBrita =
12) Módulos de finura e ajustamento das percentagens dos agregados
12.1) Módulo de finura dos agregados
Areia (MFareia): obtém-se da curva granulométrica
Brita (MFbrita): obtém-se da curva granulométrica
12.2) Módulo de finura da curva de referência (MFM)
Obtido pelo gráfico da curva de referência definida no item 4.3.
12.3) Módulo de finura da mistura (MFm)
MFbrita x Pbrita MFareia x PareiaMFm)Cimentante Material (Agregados MisturaMFm
+=+=
(17)
12.4) Ajustamento da percentagem dos agregados
É necessário quando o valor entre o módulo de finura da mistura e da curva de
referência difere em mais de 2 centésimos.
MFMMFMMFmAjuste −
= (18)
Obs: Se MFm for superior a MFM tem-se um aumento no teor de finos (areia).
13) Comparação da curva real com a curva teórica de referência
Tabela 2.5 – Comparação da curva real com a curva teórica de referência.
Brita
Areia
Cimento
Sílica
Peneira
% que
passa
Pbrita (C1)
% que
passa
Pareia (C2)
Pcimento
(C3)
Psílica (C4)
Curva Real
Curva
Teórica (ref.)
25.4 C1+C2+C3+C4
19.1 12.7 9.52 4.76 2.38 1.19 0.59
0.297 0.149
15
0.01 0.1 1 10 100Malha da peneira (mm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Mat
eria
l que
pas
sa (%
)
AreiaBritaCurva de ReferênciaCurva Teórica
Figura 2.3 – Curvas reais e curva de referência.
14) Composição do concreto em Kg/mP
3P;
14.1) Percentagem dos Agregados nos Componentes Sólidos (PAS)
PsilicaPcimentoPAS −−= %100 (19)
14.2)Composição Centesimal dos Agregados nos sólidos:
PASPbritaCBrita =
(20)
PASPareiaCAreia =
(21)
15) Massa dos componentes por metro cúbico de concreto;
15.1) Volume de Agregados para 1 dmP
3P da Mistura:
sacsmistagreg VVVV −−= (22)
15.2) Massa dos componentes
brita x Vagreg x CbritaMBrita γ= (23)
areia x Vagreg x CareiaMAreia γ= (24)
As demais massas já foram anteriormente calculadas.
16
Obs: As massas de brita e de areia estão na condição SSS.
16) Correção da água;
O agregado graúdo a ser utilizado na mistura está totalmente seco, e irá absorver
água. Determina-se a quantidade exata de água, pela sua taxa de absorção ( britaW ).
O agregado miúdo a ser utilizado na mistura apresenta uma certa umidade.
Portanto, é necessária que seja calculada a quantidade de água que ele levará
consigo, o que é feito através de sua taxa de umidade ( areiaWh ).
O aditivo também incorpora uma quantidade de água na mistura que deverá ser
levada em consideração.
Assim, tem-se uma nova quantidade de água a ser adicionada na mistura.
16.1) Correções
Contribuiçãoareia=Mareia x ( areiaWabs - areiaWh )
Absorção da Brita= Mbrita x britaW
Água do superplastificante: Vw=Vliq x supγ x (1-s)
Cagua=Cagua + Contribuiçãoareia + Absorção da brita + Vw
17) Correção da massa dos componentes por metro cúbico de concreto;
Para uma certa quantidade de massa de sólidos de superplastificante na mistura,
é necessário que haja uma redução dos agregados.
A Massa de Brita será diminuída de (Cssup/ supγ ) xCbritax britaγ
A Massa de Areia será diminuída de (Cssup/ supγ ) xCareiax britaγ
18) Nova correção de água e traço definitivo.
Então, a partir do novo cálculo de massa dos componentes segue-se o mesmo
processo descrito acima com uma nova correção de água e cálculo das massas dos
componentes da mistura, chegando-se, portanto a um traço definitivo.
17
3 MODELO DE EMPACOTAMENTO COMPRESSÍVEL
Segundo DE LARRARD ([11] e [12]), a dosagem de um concreto é
primeiramente um problema de empacotamento. Os métodos existentes comprovam esta
declaração de uma forma implícita, seja pela medida dos parâmetros de empacotamento
de alguns componentes (método de ACI 211), seja por uma aproximação de uma curva
granulométrica “ideal” que é assumida levar ao empacotamento máximo com os
materiais reais (método de Faury [9]). É notável que todos os autores propõem curvas
diferentes (ou famílias de curvas), o que levanta dúvidas quanto à solidez de seus
métodos. Com base em mais de uma década de estudo de sua equipe, DE LARRARD
conseguiu construir uma teoria que soluciona a questão de empacotamento de misturas
secas em todos componentes utilizados na dosagem do concreto. Estes estudos levaram
ao desenvolvimento do MEC que é uma versão aprimorada dos diversos modelos de
empacotamento desenvolvidos pelo Laboratoire Central des Ponts et Chaussées
(LCPC).
O MEC se sobressai dos demais modelos devido aos seguintes fatores:
O desenvolvimento deste método segue os princípios científicos, ou seja, é
fundamentado em uma observação dos fenômenos, levantamento de hipóteses,
estabelecimento de modelos matemáticos que representam os fenômenos e nas
comprovações experimentais dos modelos estabelecidos;
Ele inclui em seus modelos matemáticos a contribuição dos novos materiais
que estão sendo utilizados na confecção dos concretos atualmente, tais como,
microssílica, fíler calcário, superplasficantes, entre outros;
Para comprovar a veracidade dos modelos o MEC utiliza um grande
conjunto de dados experimentais para diversos concretos;
Ele é um método capaz de ser implementado computacionalmente.
18
Nos itens a seguir encontra-se uma revisão do MEC. Inicialmente é apresentada
a teoria que fundamenta o cálculo da compacidade de uma mistura granular (item 3.1) e
em seguida as correlações entre os parâmetros estabelecidos pelo MEC às propriedades
do concreto nos estados fresco e endurecido.
O texto que se segue é baseado no livro de DE LARRARD [12], no relatório
COPPETEC/PETROBRÁS [18] e no seminário de doutorado de FORMAGINI [19].
3.1 Cálculo da compacidade
O MEC pode ser entendido como sendo um modelo construído em dois
módulos.
No primeiro módulo é estabelecida uma álgebra que deduz as relações para o
empacotamento virtual. Define-se empacotamento virtual como sendo aquele obtido
quando se arranjam as partículas uma a uma correspondendo a um arranjo geométrico
ideal. Por exemplo, caso tenham-se partículas cúbicas idênticas consegue-se a
compactação máxima, ou compacidade virtual de 100%, arranjando os cubos um a um,
face a face (Figura 3.1), e caso tenham-se partículas esféricas correspondendo a um
arranjo cúbico de face centrada (CFC) consegue-se, uma compactação, ou compacidade
virtual de 74%, já que não é conhecido, nos dias de hoje, nenhum arranjo de esferas que
permita uma compacidade maior que aquela atingida no arranjo CFC (Figura 3.2).
Figura 3.1 – Arranjo de cubos – compacidade virtual = 100% [19]
Figura 3.2 – Arranjo de esferas do tipo CFC – compacidade virtual = 74% [19]
19
As propriedades e as equações assim estabelecidas dentro do quadro do
empacotamento virtual seriam aquelas intrínsecas às formas geométricas das partículas.
À álgebra estabelecida neste primeiro momento chama-se de Modelo de
Empacotamento Virtual ou Modelo de Empacotamento Linear, que foi o modelo
inicialmente estabelecido por STOVALL et al [13] e DE LARRARD e BUIL [14].
No segundo módulo, são estabelecidas as relações (principalmente físicas e
experimentais) que ligam as propriedades virtuais (geométricas) às propriedades reais
da mistura granular submetida a um procedimento de empacotamento. Por exemplo,
tomando-se um recipiente com um grande número de partículas cúbicas, não se
consegue nunca, através de um processo real de compactação, obter a compactação
máxima de 100% correspondendo ao arranjo virtual, o mesmo ocorrendo com as
partículas esféricas que não chegariam a uma compactação de 74%. O MEC relaciona
então o empacotamento virtual (que pode ser obtido através das equações do Modelo de
Empacotamento Virtual) ao empacotamento real caracterizado por um parâmetro
intrínseco ao procedimento real de empacotamento adotado, que é o chamado índice de
compactação (K). O modelo assim estruturado é chamado de Modelo de
Empacotamento Compressível (MEC) - apresentado formalmente por DE LARRARD
[12] e SEDRAN [15], em 1999.
Serão apresentados nos itens a seguir, os elementos teóricos que permitem a
compreensão do MEC.
3.1.1 Definições iniciais e notações
Uma classe granular i é, por definição, um conjunto de grãos unidimensionais
de diâmetro id (no sentido da peneira). Por convenção tomar-se-á:
Nii ddddd ≥≥≥≥≥≥ + .......... 121 (25)
A compacidade, ou densidade de empacotamento (real), de uma mistura é
definida como o volume sólido C em um volume unitário total. Alternativamente, a
compactação pode ser descrita pela porosidade:
C−= 1π (26) Na seqüência do presente texto, tratar-se-á da compacidade virtual e da
compacidade experimental (real).
20
A compacidade virtual, denominada γ, é a compacidade máxima que pode ser
atingida arranjando, da melhor forma possível, o empacotamento grão a grão, conforme
foi descrito no item anterior. Na prática, ao contrário, os grãos se posicionam com uma
certa desordem. Desta forma a compacidade experimental (real) C é sempre inferior à
compacidade virtual.
A compacidade virtual da classe i tomada individualmente é chamada de βBiB, e
tem o mesmo significado da compacidade virtual, γ, acima definida, determinada para
uma classe granular de apenas um diâmetro (classe mono-tamanho). O parâmetro βBiB
caracteriza, dentro do quadro do MEC, a propriedade que uma determinada classe de
grãos tem de empacotar mais ou menos que outras classes de grãos. Assim, o parâmetro
βBiB para grãos cúbicos mono-tamanho valeria 100% e o parâmetro βBiB para grãos esféricos
mono-tamanho valeria 74% (item 3.1 , Figura 3.1, Figura 3.2)
Outro conceito importante para a elaboração do MEC é o de classe de grãos
dominante. Diz-se que a classe granular i é dominante se esta classe assegurar a
continuidade sólida do corpo granular, como mostrado na Figura 3.3.
classe dominante
Figura 3.3 – Classe granular dominante [19]
Neste ponto pode-se então introduzir o conceito de que haverá sempre, ao menos
uma classe dominante, já que se não existisse uma classe dominante, ocorreria o caso de
uma suspensão (todas as classes de grãos estariam flutuando em um líquido) e não um
empacotamento, conforme mostrado na Figura 3.4.
21
N
N N
N
Figura 3.4 – Mistura polidispersa, examinada em diversas escalas, sem classe
dominante [12]
No Quadro 1 são apresentadas as principais notações do MEC.
Quadro 1 – Notações do MEC
N Número de classes granulares da mistura.
id Diâmetro médio da classe i .
iβ Compacidade virtual da classe i tomada individualmente.
iy Proporção em volume da classe i na mistura.
*iΦ Teor em volume máximo da classe i em presença das outras classes.
iΦ Teor em volume da classe i .
)i(γ Compacidade virtual da mistura sendo a classe i a classe dominante.
γ Compacidade virtual da mistura.
C Compacidade experimental da mistura.
π Porosidade: C−= 1π
e Índice de vazios: 11 −== CCe π
iK Índice de compactação parcial devido à classe i .
K Índice de compactação para a mistura.
22
3.1.2 Primeiro módulo do MEC: O modelo de empacotamento virtual
3.1.2.1 Mistura binária
Considerando, inicialmente, uma mistura de duas classes granulares de
diâmetros respectivos 1d e 2d . Por definição, 1Φ e 2Φ são os volumes parciais de cada
classe em um volume unitário enquanto 1y e 2y são as proporções em volume:
21
11 ΦΦ
Φ+
=y 21
22 ΦΦ
Φ+
=y (27)
A compacidade (virtual) do empacotamento (γ ) é dada por:
21 ΦΦγ += (28)
onde os volumes parciais 1Φ e 2Φ correspondem ao volume de sólidos ocupado por
cada classe em um volume unitário da mistura. Seguindo as relações acima, tem-se que:
121 =+ yy (29)
3.1.2.1.1 Mistura binária sem interação entre as partículas
A mistura é dita sem interação se 1 2d d≫ . Isto significa que o empacotamento de
uma das classes de grãos não é perturbado pela presença da outra classe, como é o caso
dos efeitos de afastamento e de parede que serão vistos adiante.
Podem ser distinguidos dois casos:
a) Os grãos maiores (classe 1) são dominantes (Figura 3.5): os grãos da classe 1
bloqueiam o volume e os grãos da classe 2 chacoalham no espaço vazio deixado pelos
grãos da classe 1.
Figura 3.5 – Grãos de classe 1 dominante.
23
b) Os grãos menores (classe 2) são dominantes (Figura 3.6): os grãos da classe 2
bloqueiam o espaço vazio deixado pelos grãos da classe 1 que, por sua vez, flutuam
dentro da massa de grãos da classe 2.
Figura 3.6 – Grãos de classe 2 dominante.
O conceito de classe de grão dominante é aqui novamente explicitado. Assim, no
exemplo da Figura 3.5 as duas faces externas da massa granular podem ser conectadas
apenas através de grãos de classe 1 que são os dominantes. Semelhantemente, no caso
mostrado na Figura 3.6, pode-se ligar um lado a outro da massa granular apenas através
dos grãos de classe 2, que são os dominantes.
O caso a), representado pela Figura 3.5, representa uma mistura binária sem
interação, em que a classe com maior diâmetro é dominante. Neste caso seus grãos
preenchem o volume disponível como se nenhum grão fino estivesse presente. A
contribuição da classe 1 é então constante e igual a 1β e a contribuição da classe 2 é
igual a 2φ , que pode variar livremente, de acordo com a definição do usuário, entre zero
e um valor a partir do qual a classe 1 deixa de ser dominante. Sabendo-se que
( )2122 ΦΦΦ +=y e que γΦΦ =+ 21 , pode-se então escrever:
1*1 βΦ =
(30)
γβΦΦγγ 212*1
)1( y+=+==
(31)
2
1)1(
1 y−=
βγ
(32)
onde o sobrescrito (1) corresponde apenas a uma indicação de que a classe 1 é a classe
dominante.
Nota-se aqui a diferença sutil entre *1Φ , que é afetado por um asterisco no
superíndice, e 2Φ que não é afetado por este superíndice. Isto se deve ao fato de que os
24
grãos de classe 1 (dominantes) ocupam o espaço máximo possível no volume unitário,
enquanto que os grãos de classe 2 ocupam um espaço que poderia ser ainda maior se
dispusessem de mais grãos desta classe (daí a imagem de que os grãos de classe 2
chacoalham no espaço deixado pelos grãos de classe 1). O conceito de empacotamento
virtual (correspondendo a um ideal geométrico de compactação) estaria então neste
caso mais ligado aos grãos dominantes de classe 1 (estendendo-se conseqüentemente ao
empacotamento total da mistura )1(γγ = ) enquanto que os grãos de classe 2 não
estariam enquadrados neste conceito.
O caso b), indicado na Figura 3.6, representa uma mistura binária sem interação,
em que a classe com menor diâmetro é dominante. O cálculo da compacidade virtual )2(γγ = corresponde ao fenômeno físico de que, enquanto a classe 1 é dominante, ao
aumentar o volume dos grãos de classe 2, chegará um momento em que estes grãos
(classe 2) ocuparão todo o espaço possível de ser ocupado nos vazios deixados pela
classe 1, correspondendo ao máximo empacotamento da mistura binária. A partir deste
ponto, a equação (32) não pode mais ser aplicada já que a hipótese física traduzida pela
equação (30) não mais se confirma, visto que os grãos de classe 2 não mais chacoalham
no espaço poroso deixado pelos grãos de classe 1. Desse modo, a partir deste ponto, a
classe dos grãos menores passa a ser dominante na mistura. Então, se continuar
aumentando o volume dos grãos menores, a tendência é que todo o espaço seja ocupado
por estes grãos de classe 2, e por conseqüência a tendência da compactação virtual )2(γγ = será de diminuir até atingir o valor de 2β quando só existirem partículas da
classe 2. Sabendo-se que ( )2111 ΦΦΦ +=y e que γΦΦ =+ 21 , as seguintes equações
podem então ser escritas:
( )12*2 1 ΦβΦ −= (33)
( )γβγΦΦγ 121*21 1 yy −+=+= (34)
( )21
2)2(
11 ββ
γ−−
=y
(35)
A Figura 3.7 ilustra um exemplo da evolução da compacidade virtual de uma
mistura binária para demonstrar o efeito das equações (32) e (35) para valores
74,01 =β , 74,02 =β e 21 dd >> . Isto é, uma mistura binária com duas classes de grãos
esféricos de diâmetros muito diferentes. O eixo das abscissas representa a fração do
material fino 2y (a fração do material mais grosso é dada implicitamente por
25
γ(2)γ ( 1 )
grão f ino
dominante
g r ã o g r a ú d o d o m i n a n t e
γ=ΜΙΝ(γ(1 ),γ(2))
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Fração Volumétrica (y2)
0.6
0.7
0.8
0.9
1
0.6
0.7
0.8
0.9
1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
γ
0.205
21 1 yy −= ). O máximo valor de γ ocorre quando todos os espaços vazios da classe 1
são preenchidos pelos grãos da classe 2. A partir deste ponto, qualquer incremento de
grãos finos irá gerar um afastamento dos grãos maiores para que os grãos finos possam
ser acomodados. Portanto, a partir do ponto de compacidade máxima, a compacidade
virtual irá diminuir com o aumento do volume da classe 2 na mistura até atingir o valor
de sua compacidade virtual individual 2β , quando existirem apenas grãos de classe 2.
Figura 3.7 – Evolução da compacidade virtual em função da proporção de grãos
finos para uma mistura binária sem interação.
A Figura 3.7 também indica que a mistura binária apresenta uma compacidade
virtual máxima para a fração volumétrica de 205,02 =y , que é o ponto onde existe a
mudança de dominância entre as classes 1 e 2. Assim, a equação (32) será válida apenas
para 205,00 2 ≤≤ y e a equação (35) será válida apenas para 1205,0 2 ≤≤ y .
Considerando-se todo o domínio de 10 2 ≤≤ y , pode-se, por meio dos resultados
mostrados na Figura 3.7, escrever que:
( ))2()1( ,γγγ MIN= (36)
26
3.1.2.1.2 Mistura binária com interação entre as partículas: efeitos de afastamento e de parede.
Considerando agora que 21 dd ≥ mas que 2d não é tão pequeno em relação a 1d .
Devem-se então considerar dois tipos de interação que as classes exercem entre si:
a) Efeito de afastamento. Se um grão da classe 2 é inserido em um
empacotamento de grãos da classe 1 (que são, neste caso, dominantes), ele provoca
localmente um afastamento destes grãos grossos porque ele não é mais tão pequeno que
possa colocar-se no espaço deixado disponível (veja Figura 3.8). Tal fenômeno é
denominado efeito de afastamento da classe 2 sobre a classe 1. efeito de afastamento
d1
d2
d1
+d2
(a) (b)
=
Figura 3.8 – Efeito de afastamento.
b) Efeito de parede. Similarmente, se um grão da classe 1 está inserido em um
empacotamento de grãos finos (que são, neste caso, dominantes), ele provoca um
aumento de vazios na vizinhança da sua superfície (veja Figura 3.9). Tudo se passa
então como se os grãos da classe 2 conservassem sua compacidade própria em presença
dos grãos da classe 1, mas dispusessem de um volume reduzido para serem
empacotados.
d1 d2 efeito de parede
{
{
{
Figura 3.9 –Efeito de parede.
27
Levando-se em conta os efeitos de afastamento e de parede, as equações (32) e
(35) podem ser reescritas como:
22112
1)1(
)1(1 ya
OAFASTAMENTDEEFEITO43421ββ
βγ
−−=
(37)
112212
2)2(
])11(1[1 ybPAREDEDEEFEITO44 344 21βββ
βγ
−+−−=
(38)
Assim como no caso da mistura sem interação pode-se escrever:
( ))2()1( ,γγγ MIN= (39)
No caso de efeito de afastamento (equação (37)), foi introduzido o coeficiente
aB12B que corresponde ao efeito de afastamento que os grãos de classe 2 exercem sobre os
grãos de classe 1, enquanto que no caso do efeito de parede (equação (38)), foi
introduzido o coeficiente bB21B que corresponde ao efeito de parede que os grãos de classe
1 exercem sobre os grãos de classe 2.
O coeficiente aB12B varia entre aB12B=0 (quando 21 dd >>> e considera-se que não
existe interação por efeito de afastamento) e aB12B=1 (quando 21 dd = e considera-se que
existe interação total por efeito de afastamento).
O coeficiente bB21B varia entre bB21B=0 (quando 21 dd >>> e considera-se que não
existe interação por efeito de parede) e bB21B=1 (quando 21 dd = e considera-se que existe
interação total por efeito de parede).
A Figura 3.10 mostra três casos de evolução da compacidade virtual em misturas
binárias de grãos esféricos com 74,021 == ββ para 10 2 ≤≤ y , a fim de enfatizar a
influência dos efeitos de afastamento e de parede no empacotamento. Primeiramente, é
mostrada, na curva superior, a variação da compacidade de uma mistura sem os efeitos
de interação ( 21 dd >> ) com os coeficientes de afastamento (aB12B) e de parede (bB21B)
sendo iguais a zero. A curva inferior representa a variação da compacidade de uma
mistura com o efeito de interação total ( 21 dd = ), onde os coeficientes de afastamento e
de parede são iguais a 1. O efeito da variação da compacidade para uma mistura de
grãos com interação parcial ( 21 dd > ) é mostrado na curva intermediária. Neste caso,
em particular, adotou-se o valor intermediário para 5,02112 == ba .
28
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Fração Volumétrica y2
0.6
0.7
0.8
0.9
1
0.6
0.7
0.8
0.9
1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
sem interação
i n t e r a ç ã o total
interação parcial
d 1 = d 2 → a 12=b21=1
d1>>d2 → a12=b21=0
d1>d2 → a12=b21=0.5
γ
Figura 3.10 –Evolução da compacidade virtual de uma mistura binária de esferas
variando a interação entre as partículas.
Na Figura 3.10 a máxima compacidade mostra-se definida para os casos sem e
com interação parcial. Os ramos ascendentes das curvas são dominados pelo efeito de
afastamento exercido pelos grãos da classe 2 sobre os grãos da classe 1. No ponto de
máxima compacidade, o efeito de afastamento iguala-se ao efeito de parede. A partir
deste ponto, os ramos descendentes são marcados pelo efeito de parede dos grãos da
classe 1 exercido sobre os grãos da classe 2. Na reta representando a interação total
( 12112 == ba ), os efeitos de parede e de afastamento correspondem ao mesmo efeito
físico.
A Figura 3.10 indica claramente que os efeitos de afastamento e de parede estão
correlacionados à inclinação da função )( 2yγ em 02 =y e 12 =y , respectivamente.
Utilizando a função índice de vazios, definida como ( ) )(1 22 yye φ−= , para a dedução
dos parâmetros 12a e 21b , obtém-se:
+
∂∂
== 102
2121
2β
βyy
ea
(40)
29
11
11
1
12221
2
−
∂∂
−−
= =
β
β yye
b
(41)
Desta maneira, a partir da realização de ensaios de compactação em misturas
binárias, e com a aplicação das fórmulas (40) e (41), podem-se determinar os
coeficientes aB12 Be bB21B, já que as curvas reais e virtuais ( ) )(1 22 yye φ−= têm
aproximadamente a mesma forma para yB2B=0 e yB2B=1 conforme será visto a seguir.
Uma forma alternativa para a determinação dos coeficientes de interação aB12B e
bB21B, em função dos diâmetros dos grãos, que conduz a uma razoável aproximação, é
representada pelas seguintes equações:
( ) 02.111 ijij dda −−=
(42)
( ) 50.111 jiij ddb −−= (43)
Um outro exemplo de evolução da interação entre partículas com diferentes
compacidades virtuais individuais (βB1B = 0,6 e βB2B = 0,7) é mostrado na Figura 3.11.
Pode-se notar que, para as misturas com interação total (partículas diferentes mas com
igual granulometria), não existe um pico para a compacidade máxima, sendo o máximo
da compacidade dado pela composição que tem 100% dos grãos com a maior
compacidade virtual individual (no caso da Figura 3.11, yB2B= 1). Este fato corresponde à
constatação de que a mistura de partículas do tipo 1 não contribui para o aumento da
compacidade de partículas do tipo 2. De uma forma geral, pode-se considerar que em
misturas de grãos com granulometrias similares, a compacidade máxima é obtida
quando se toma 100% dos grãos que têm melhor compactação individual.
30
efeito de parede
efeito de afastamento
0.5
0.55
0.6
0.65
0.7
0.75
0.8
0.85
0.9
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
a12=b21=0a12=b21=0.5a12=b21=1
y2
γ
Figura 3.11 – Evolução da compacidade virtual de uma mistura binária de grãos com
coeficientes e β diferentes.
3.1.2.2 Mistura polidispersa composta de N classes monodispersas
Considera-se agora o caso geral com interações para uma mistura de N classes
granulares tais que Nii ddddd ≥≥≥≥≥≥ + .......... 121 . Imagina-se que a classe i seja a
classe dominante. Esta classe sofre o efeito de parede das classes de agregados mais
graúdos e o efeito de afastamento das classes de agregados mais finos, conforme é
esquematizado na Figura 3.12.
Figura 3.12 – Perturbações exercidas na classe intermediária (classe 2) pelos
agregados graúdos (classe 1) e pelos grãos finos (classe 3) [12].
Operações similares às desenvolvidas para o caso de mistura binária permitem
escrever que:
( )[ ] [ ]∑ ∑−
= +=
−−−+−−= 1
1 1
)(
11111i
j
N
ijjjiijjjiiji
ii
yayb βββββ
βγ
(44)
31
para 1≤ j ≤ N e a compacidade virtual da mistura é obtida pela generalização da equação
(39):
( ))(
1
i
NiMIN γγ
≤≤=
(45)
3.1.2.3 Mistura polidispersa composta por M materiais, sendo cada material
correspondente a uma mistura polidispersa de N classes
Neste item é introduzido o formalismo para o cálculo da compacidade virtual de
uma mistura de M materiais, cada material composto por N classes granulares. A
particularidade deste caso é que o teor de cada classe não pode variar no interior do
material ao qual ela pertence; a variação da fração volumétrica de uma classe
pertencente a um dado material só se dará se for variado o teor deste material como um
todo. Dentro do quadro deste formalismo os materiais devem ser compostos pelas
mesmas classes granulares (do ponto de vista da granulometria) mesmo que algumas
classes tenham fração volumétrica zero em alguns materiais. Neste caso, chamando-se
de pBkB a fração volumétrica do material k, e de yBkjB a fração volumétrica da classe j no
interior do material k, sendo que deve ser enfatizado que a seguinte relação deve ser
respeitada:
11 1
=∑∑= =
M
k
N
jkjk yp
(46)
A compacidade virtual γ P
(i)P da mistura granular, se a classe i é a classe
dominante, é então dada pela expressão:
∑=
= M
kkik
i
p1
)( 1
δγ
(47)
sendo δBkiB é dado pela fórmula:
∑∑+==
+
−−=
N
ij kj
kjiji
jkj
kjijki
yayb
11
111ββ
δ
(48)
onde: βBkjB é a compacidade virtual da classe j que é parte do material k tomada
individualmente.
Ainda mais uma vez a compacidade virtual da mistura é dada pela equação (45).
32
3.1.3 Segundo módulo do MEC: O empacotamento real
O formalismo correspondente ao empacotamento virtual descrito no item 3.1.3
aplica-se somente, por definição, às compacidades virtuais e não pode ser diretamente
utilizado para a predição das compacidades experimentais. Por exemplo, pode ser
notado, observando-se a Figura 3.10 e a Figura 3.11, que as curvas teóricas de
compacidade virtual γ(yB2B) apresentam um valor ótimo que corresponde geralmente a um
bico da curva, enquanto que as curvas experimentais C (yB2B) apresentam neste ponto uma
tangente horizontal, conforme pode ser visto nas curvas experimentais mostradas na
Figura 3.13.
Figura 3.13 – Curvas experimentais de compactação para misturas binárias [12].
A compacidade virtual, γ, descreve apenas as características geométricas do
material. Já a compacidade experimental ( )γ<CC não depende apenas da geometria
dos grãos mas também do protocolo de compactação. A idéia é então correlacionar γ a C
através de uma modelagem que leve em conta as condições reais (experimentais) de
compactação da mistura.
Define-se desta forma uma grandeza escalar K, chamada Índice de
Compactação, que representa apenas o protocolo (energia associada a um procedimento
operacional) de empacotamento. Esta grandeza foi escolhida por analogia com o modelo
de viscosidade de MOONEY [16], mas sem fazer referência direta ao valor de uma
viscosidade. Desta forma, o Índice de Compactação K é definido da seguinte forma:
∑= −
=n
ii
ii
Cy
K1
)(11 γβ
(49)
Nota-se que, sendo K conhecido, a equação (49) torna-se uma equação implícita
em C, já que, todos os outros valores são determinados, seja pelo usuário (yBiB), seja por
33
procedimentos experimentais (βBiB), seja ainda pelo Modelo de Empacotamento Virtual
(ver item 3.1.3) representado sinteticamente pela fórmula (44) (γ P
(i)P).
Os valores de K para os diversos tipos de protocolos de empacotamento [12] são
apresentados no Quadro 2.
Quadro 2 – valores do índice de compactação K [12]
Empacotamento seco Empacotamento
molhado
Empacotamento
virtual
Tipo simples
colocação
Apiloamento vibração vibração
+compressão
de 10 kPa
demanda de água
K 4.1 4.5 4.75 9 6.7 infinito
Conhecendo-se os valores de K para os diversos protocolos de empacotamento,
a equação (49) pode ser usada para a determinação experimental da compacidade virtual
de empacotamento β de uma determinada classe granular. Para tal, realiza-se um
ensaio para a determinação da compacidade real (C), submetendo-se a classe granular
ao protocolo de empacotamento (com K conhecido) e inverte-se a equação (49),
obtendo-se então a expressão:
CK
K+=
1β
(50)
A realização de ensaios para a determinação da compacidade experimental C
deve seguir protocolos bem estabelecidos para que exista reprodutibilidade dos valores
determinados. Os protocolos experimentais utilizados têm sido aqueles correspondentes
ao ensaio de demanda de água (K=6,7) para misturas granulares pulverulentas com
d<100 µm e vibração + compressão (K=9) para misturas granulares com d > 100 µm.
Estes ensaios são descritos no Capítulo 4.
A compacidade real (C) para uma mistura polidispersa contendo M materiais e
N classes pode ser obtida por uma generalização da equação (49):
∑∑
=
=
−=
N
ii
M
k ki
kik
C
yp
K1
)(
1
11γ
β
(51)
sendo os valores de γ P
(i)P, neste caso, dados pelas fórmulas (47) e (48).
34
Se o valor do índice de compactação K não é conhecido para um determinado
protocolo de empacotamento, dois procedimentos podem ser seguidos para a sua
determinação.
O primeiro procedimento, de simples compreensão, consiste em submeter uma
mistura monodispersa de grãos cujo parâmetro β é conhecido de antemão (por exemplo
grãos esféricos com 74.0=β ) ao protocolo de empacotamento determinando a
compacidade experimental C . Pode-se determinar o valor de K aplicando-se
diretamente a equação (50). Este procedimento, apesar de simples, tem sua aplicação
limitada, já que é difícil de se dispor de misturas granulares de partículas esféricas
monodispersas.
O segundo procedimento para determinação de K consiste em uma análise
inversa efetuada sobre os resultados experimentais de compactação obtidos a partir de
diversas proporções de uma mistura binária sem interação. Tais misturas são
compactadas seguindo o protocolo do ensaio de forma a que curvas experimentais como
aquelas mostradas na Figura 3.13 possam ser determinadas. A análise inversa consiste
em estimar um valor inicial de iniKK = e com o emprego da fórmula (46) calcular os
valores de βB1B e βB2B para as compactações )0( 2 =yC e )1( 2 =yC que correspondem às
misturas monodispersas de grãos de classe 1 e classe 2 respectivamente. Com estes
valores determinados pode-se resolver a equação implícita (49) e calcular os valores de
compactação obtidos pelo MEC a partir de um valor tentativa tentKK = , ou seja,
calcular ),( 2 tentKyC . Chamando de )(~2yC as compactações experimentais, pode-se
determinar um resíduo )(~),( 22 yCKyC tent −=Ψ . Cabe então variar tentK de forma a
minimizar uma norma Ψ do resíduo. O valor assim obtido será considerado o Índice
de Compactação do protocolo adotado e poderá ser utilizado para todos os outros tipos
de grãos e de misturas já que é um parâmetro correspondente ao procedimento de
empacotamento.
3.1.4 Operacionalização do MEC
Os parâmetros necessários para que o MEC seja operado são basicamente: o
índice de compactação K, característico do procedimento de compactação utilizado (ver
35
item 3.1.4 e Quadro 2); as compacidades virtuais individuais das partículas βBiB (ver itens
3.1.2 e 6.1.2.1); e os coeficientes de interação de afastamento e de parede, aBijB e bBijB, das
classes de grãos que fazem parte da mistura (ver item 3.1.3.1.2).
De posse destes valores, pode-se resolver a equação (49), ou sua generalização
representada pela equação (51), calculando o valor da compacidade real C para os teores
das diversas classes granulares estipulados pelo usuário.
A introdução da equações (49) ou (51) em um procedimento de otimização
permite a obtenção das frações volumétricas das diversas classes (equação (49)) ou dos
diversos materiais (equação (51)) que otimizam a compacidade da mistura,
possibilitando assim a resolução do problema que corresponde à determinação das
frações volumétricas que levam à compacidade máxima. Estes procedimentos podem
ser implementados em códigos computacionais, podendo ser citados os códigos RENE e
BetonlabPro2 desenvolvidos no LCPC [47] e os simuladores desenvolvidos no
Programa de Engenharia Civil/COPPE ([18], [19] e [28]).
Na Figura 3.14 são apresentadas, a título de exemplo, curvas de compacidade
real C(yB2B) para diversos valores do índice de compactação K, lembrando que, para
K→∞, o empacotamento real confunde-se com o empacotamento virtual o que implica,
neste caso, em C=γ.
0.4
0.45
0.5
0.55
0.6
0.65
0.7
0.75
0.8
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
K=6.7K=9K=12K=∞
y 2
C
Figura 3.14 - Curvas de compacidade real para diversos valores do índice de
compactação K.
Na Figura 3.15 são apresentados os valores de compacidade obtidos
experimentalmente (com agregados arredondados cujas dimensões estão apresentadas
na Tabela 3.1) [12] e calculados pelo Modelo de Empacotamento Compressível [19]
para misturas granulares binárias, ressaltando a qualidade das correlações obtidas.
36
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
R05/(R2+R05)
0.5
0.6
0.7
0.8
Com
paci
dade
(φ)
0.5
0.6
0.7
0.8
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
ExperimentalModelo
Agregados R2 x Agregados R05
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
R05/(R4+R05)
0.5
0.6
0.7
0.8
Com
paci
dade
(φ)
0.5
0.6
0.7
0.8
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
ExperimentalModelo
Agregados R4 x Agregados R05
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
R05/(R8+R05)
0.5
0.6
0.7
0.8
Com
paci
dade
(φ)
0.5
0.6
0.7
0.8
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
ExperimentalModelo
Agregados R8 x Agregados R05
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
R1/(R8+R1)
0.5
0.6
0.7
0.8
Com
paci
dade
(φ)
0.5
0.6
0.7
0.8
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
ExperimentalModelo
Agregados R8 x Agregados R1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
R2/(R8+R2)
0.5
0.6
0.7
0.8
Com
paci
dade
(φ)
0.5
0.6
0.7
0.8
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
ExperimentalModelo
Agregados R8 x Agregados R2
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
R4/(R8+R4)
0.5
0.6
0.7
0.8
Com
paci
dade
(φ)
0.5
0.6
0.7
0.8
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
ExperimentalModelo
Agregados R8 x Agregados R4
Figura 3.15- Valores de compacidades experimentais e obtidos pelo MEC [19].
37
Tabela 3.1 – Dimensões dos agregados arredondados[12].
AgregadosdBmínB(mm) dBmáxB(mm)
R05B
0,50 0,63 R1B
1,00 1,25 R2B
2,00 2,50 R4B
4,00 5,00 R8
8,00 10,00
3.2 Correlações entre o MEC e as propriedades do concreto nos estados fresco e endurecido
Neste tópico, as características de empacotamento das misturas, avaliadas
através do MEC, são correlacionadas com as propriedades do concreto nos estados
fresco e endurecido. No estado fresco (reológico), são abordados os parâmetros:
viscosidade plástica ( µ ), tensão de cisalhamento ( 0τ ), abatimento do tronco do cone
(s), colocabilidade (K’), ar aprisionado (a) e estabilidade. No estado endurecido
avaliam-se as resistências à compressão e módulo de elasticidade.
3.2.1 Fundamentos de reologia
A reologia é a ciência que estuda a deformação e o escoamento de um fluido,
quando submetidos ou não à influência de uma tensão externa. Seu estudo é considerado
adequado a materiais que não se enquadram numa simples classificação de sólido,
líquido ou gás [20]. O comportamento reológico do concreto é descrito através de
relações matemáticas entre a tensão cisalhante aplicada (τ ) e sua respectiva deformação
(γ ), além de variações em função do tempo [21].
O termo reologia tem origem grega, da palavra rhein que significa escorrer. Este
termo foi introduzido por Bingham em 1929, ao iniciar estudos sobre deformação e
escoamento da matéria (TANNER , citado em [22]).
Para simular situações reais do comportamento do concreto no estado fresco, são
utilizadas formulações teóricas baseadas em métodos empíricos que, no entanto, nem
sempre fornecem boa aproximação com os resultados experimentais. Para minimizar
possíveis erros destas formulações, é necessário primeiro entender os mecanismos que
controlam a reologia dos concretos. Em seguida, usá-los adequadamente na elaboração
destas formulações teóricas.
38
3.2.1.1 Caracterização dos fluidos
Pode-se escrever a seguinte equação constitutiva que caracteriza, de forma geral,
o comportamento dos fluidos: n
+=
•
γηττ 0
(52)
onde: 0τ é a tensão cisalhante necessária para o fluido iniciar seu escoamento; η é a
viscosidade do fluido, definida como a derivada da função ( )•
γτ , isto é, •
∂∂= γτη ; e
n é um expoente relacionado ao comportamento do fluido: 1<n para comportamento
pseudoplástico; 1=n para comportamento newtoniano e 1>n para comportamento
dilatante.
A Figura 3.16 mostra, esquematicamente, a caracterização dos diversos tipos de
fluidos através de gráficos que relacionam: (a) tensão de cisalhamento aplicada (τ ) e
taxa de deformação cisalhante (•
γ ) e (b) viscosidade (η ) e taxa de deformação
cisalhante (•
γ ) [23].
Taxa de Deformação Cisalhante (γ)(a)
Tens
ão d
e C
isal
ham
ento
(τ)
1
3
5
6
2
4
Vis
cosi
dade
(η)
5
(b)
6
4
3
2
1
Taxa de Deformação Cisalhante (γ)
Figura 3.16 - Comportamento de fluidos: 1 - newtonianos; 2 - de Bingham; 3 -
pseudoplástico; 4 - pseudoplástico com tensão de escoamento; 5 - dilatante; 6 -
dilatante com tensão de escoamento [23].
39
Quando o fluido apresentar suspensões concentradas, irá requerer uma tensão
mínima de cisalhamento para iniciar o escoamento, dando origem aos comportamentos:
Newtoniano com tensão de escoamento (fluido de Bingham);
Pseudoplástico com tensão de escoamento;
Dilatante com tensão de escoamento.
No comportamento pseudoplástico a viscosidade (η ) do fluido diminui com o
aumento da taxa de cisalhamento. A causa desse comportamento deve-se a fatores tais
como: características físicas das partículas, área superficial, forma e dimensão dos
grãos, tipo de interação entre as partículas (atração ou repulsão), concentração de
sólidos, peso molecular e conformação de moléculas de dispersante presentes no meio
líquido. Destes fatores, o tipo de interação entre o líquido e a partícula é o principal
responsável pelo aparecimento da pseudoplasticidade.
O comportamento de dilatância, ao contrário da pseudoplasticidade, é marcado
pelo aumento da viscosidade (η ) do fluido à medida que se eleva a taxa de
cisalhamento. O comportamento é típico de fluidos com alta concentração de sólidos (as
partículas se encontram bem empacotadas e muito próximas). Para que haja o
escoamento da mistura, é necessário que o meio líquido flua entre os espaços vazios das
partículas empacotadas. O fluxo do líquido entre os grãos é relativamente fácil para
baixas tensões de cisalhamento. Para altas taxas de cisalhamento, o fluxo do líquido
entre os grãos é dificultado pelo aumento do número de colisões entre as partículas,
resultando em um aumento na viscosidade. Quanto mais próximas as partículas
estiverem umas das outras, maior será o efeito da dilatância do fluido.
3.2.1.2 Propriedades dependentes do tempo
Alguns fluidos apresentam propriedades reológicas que dependem do tempo
para se manifestarem, tais como a tixotropia e a reopexia. O fenômeno de tixotropia
consiste na redução da viscosidade aparente da suspensão em função do tempo
mantendo a taxa de cisalhamento constante. A reopexia, ao contrário da tixotropia, é
caracterizada pelo aumento da viscosidade aparente em função do tempo, mantendo a
taxa de cisalhamento constante. Em pastas de cimento, os íons CaP
2+P, AlP
3+P e SiP
4+P são
normalmente os responsáveis pelo aumento da viscosidade aparente em função da
hidratação da pasta com o tempo [23].
40
3.2.2 Comportamento reológico do concreto
O concreto no estado fresco é considerado um material intermediário entre um
fluido e partículas úmidas empacotadas. É um fluido homogêneo e incompressível que
pode ser estudado pela ciência da reologia desde que obedeça aos seguintes critérios:
Não segregue durante o escoamento;
Que seu volume permaneça constante durante o processo de cisalhamento,
isto é, seja incompressível;
Tenha abatimento maior que 100 mm.
Os modelos mais utilizados para reproduzir o comportamento reológico do
concreto são: de Herschel-Bulkley e de Bingham.
3.2.2.1 Modelo de Herschel-Bulkley
TATERSALL [24] mostrou que o concreto no estado fresco está longe de ser um
material que possa ser representado por modelos que dependam apenas dos parâmetros
de consistência e trabalhabilidade. Estudos mais recentes realizados por SEDRAN e DE
LARRARD [25] e FERRARIS e DE LARRARD [26], demonstraram que o concreto
no estado fresco se adapta muito bem ao modelo de Herschel-Bulkley. O modelo
assume a relação entre a tensão de cisalhamento e o gradiente de deformação segundo a
equação: n
m•
+= γττ 0 (53)
onde; τ é a tensão de cisalhamento aplicada; ddtγγ
•
= é o gradiente de deformação; 0τ
é a tensão inicial de escoamento, m e n são parâmetros que caracterizam o
comportamento do material.
3.2.2.2 Modelo de Bingham
O modelo de Bingham é uma particularização do modelo de Herschel-Bulkley,
onde se considera o parâmetro n da equação (53) igual a 1, sendo que o parâmetro m
passa a ser escrito como µ (viscosidade plástica medida em Pa.s). Desta forma, o fluido
de Bingham (Figura 3.17) é caracterizado por dois parâmetros físicos: tensão inicial de
41
escoamento ( 0τ ) e viscosidade plástica ( µ ), podendo ser escrito conforme a equação
abaixo: •
+= γµττ 0 (54)
0τµ
γ
Figura 3.17 – Gráfico de tensão versus deformação.
A determinação destes dois parâmetros é realizada aplicando-se gradativamente
ao concreto uma tensão de cisalhamento e medindo-se a taxa de deformação cisalhante.
A tensão inicial de escoamento ( 0τ ) é alcançada no instante em que o concreto inicia o
seu escoamento (ver Figura 3.18). Essa tensão resulta da combinação entre o atrito e a
coesão existente entre os contatos dos grãos para o material entrar em movimento. Após
o início do escoamento, a inclinação da reta ajustada sobre os pontos experimentais no
espaço τ γ× & é a viscosidade plástica ( µ ).
Dissipação viscosa no líquido
Dissipação por fricção entre as partículas
µ γ}} τ0
°
Figura 3.18 - Contribuição sólida e líquida para a resistência ao cisalhamento.
42
3.2.3 Aplicação do MEC ao concreto no estado fresco
3.2.3.1 Viscosidade plástica
O quadro teórico e experimental do MEC foi apresentado nos itens 3.1.2 e 3.1.3,
tendo em vista a determinação das características do empacotamento granular seco, uma
vez conhecidos a distribuição granulométrica dos materiais, a densidade virtual β e o
índice K do protocolo de empacotamento.
Para simular o comportamento reológico do concreto fresco, considerado como
uma mistura granular suspensa em água, define-se o volume mínimo de água como o
volume necessário para preencher os vazios da mistura granular sólida no estado seco.
Quando estes vazios são preenchidos pela água, o empacotamento do material é dito
denso e não tem trabalhabilidade (Figura 3.19a). À medida que se incrementa a
quantidade de água, gera-se um afastamento entre os grãos, o que permite o
deslizamento entre os mesmos (Figura 3.19b), e ao se aplicar uma tensão de
cisalhamento sobre o concreto, uma deformação irá ocorrer superando as forças de
fricção e de coesão entre os grãos (Figura 3.18). Assim, o concreto passa a ter
trabalhabilidade, que é dependente do afastamento entre os grãos, ou seja, quanto mais
próximos eles estiverem menor será sua trabalhabilidade.
(a) (b) Figura 3.19 - Suspensão de grãos: (a) sem trabalhabilidade; (b) com
trabalhabilidade.
A viscosidade plástica do concreto no estado fresco pode ser associada à
concentração normalizada de sólidos dada pela relação *φφ , onde φ é o volume de
sólido da mistura em um volume unitário (compacidade da mistura) e *φ é a máxima
concentração real de sólido que a mistura poderia alcançar, isto é, a compacidade obtida
43
com o protocolo de empacotamento correspondente ao índice de empacotamento
9=K . Desprezando-se a quantidade de ar aprisionado, com φ obtido de acordo com o
índice K (dado em função do protocolo adotado) e *φ obtido com 9=K , o modelo
empírico que fornece a viscosidade plástica (em Pa.s) em função da concentração
normalizada de sólidos apresenta a forma:
−= 2*1exp cc
φφµ
(55)
Este modelo foi estudado por vários autores ([12], [15] e [27]) e os valores
sugeridos para as constantes 1c e 2c são apresentadas na Tabela 3.1.
Tabela 3.2 - Valores sugeridos das constantes cB1B e cB2B por diversos autores.
Modelo cB1B cB2B Desvio Médio
FERRARIS e DE LARRARD [27] 26,75 0,7448 61 Pa.s
DE LARRARD [12] 38,38 0,8385 28 Pa.s
SEDRAN [15] 45,88 0,8512 46 Pa.s
A Figura 3.20 mostra a comparação teórica entre viscosidade plástica e
concentração normalizada de sólidos para os três modelos sugeridos.
0.84 0.88 0.92 0.96 1
Concentração Normalizada de Sólidos (φ/φ∗)
0
100
200
300
400
500
Visc
osid
ade
Plás
tica
(µ)
0
100
200
300
400
500
0.84 0.88 0.92 0.96 1
Ferraris e de Larrardde LarrardSedran
Figura 3.20 - Comparação teórica entre os modelos de viscosidade plástica [19].
A Figura 3.21 apresenta um gráfico comparativo entre os resultados obtidos
experimentalmente para viscosidade plástica à temperatura ambiente com o ajuste dado
pela expressão (55), com os valores das constantes 1c e 2c dados em FERRARIS e DE
44
LARRARD [27], e os resultados experimentais fornecidos por FERRARIS e DE
LARRARD [26] para 84,0* >φφ e por FAIRBAIRN et al. [28] para 84,0* <φφ .
De um modo geral, a expressão utilizada se adapta muito bem aos resultados
experimentais de viscosidade plástica ( µ ) de pastas de cimento produzidas com
84,0* <φφ e argamassas e concretos produzidas com 84,0* >φφ , com e sem a
presença de dispersantes.
0.72 0.76 0.8 0.84 0.88 0.92 0.96 1
Concentração Normalizada de Sólidos (φ/φ∗)
0
100
200
300
400
500
Vis
cosi
dade
Plá
stic
a µ
(Pa.
s)
0
100
200
300
400
500
0.72 0.76 0.8 0.84 0.88 0.92 0.96 1
PASTAS/CONCRETOS
Teórico: equação (37)Cimento+Areia37#+Silica AtivaCimento+Areia37#Cimento+Esf.K46+Esf.G3500Cimento+Esf.K46+Esf.G200Cimento+Esf.G200+Esf.SLGCimento+Esf.G3500Argamassa sem dispersanteArgamassa com dispersanteConcreto sem dispersanteConcreto com dispersanteConcreto: 0<dispersante<saturaçãoConcreto com silica ativa
Figura 3.21 - Viscosidade plástica de pastas, argamassas e concretos[19].
3.2.3.2 Tensão de cisalhamento
A tensão de cisalhamento é fortemente influenciada pela aditivos químicos, que
afeta a dispersão dos materiais finos que compõem a mistura granular. Como a tensão
de cisalhamento é originada pela coesão e atrito entre os grãos, em misturas dispersas as
partículas permanecem individualizadas diminuindo assim o número de colisões entre
elas, e o valor de 0τ será menor do que para misturas não dispersas, onde as partículas
aglomeradas se deslocam em conjunto, aumentando o número de colisões.
3.2.3.2.1 Tensão de cisalhamento sem aditivos químicos
A tensão de cisalhamento é vista como o resultado da fricção entre as várias
frações granulares (Figura 3.18). Se for assumido que a fricção num empacotamento
monodisperso é governada pelo número de contatos entre os grãos, pode-se esperar um
efeito particular produzido para cada uma das dimensões destes grãos. Considerando
duas classes de partículas de mesma geometria, porém de tamanhos diferentes, quanto
45
menor for a dimensão de uma delas, maior será a tensão de cisalhamento 0τ . Portanto, a
formulação geral do modelo para 0τ (em Pa) sugerida por DE LARRARD [12], com
um erro médio de 148 Pa, é dada por:
+= ∑
=
N
iii Kac
100 expτ
(56)
onde; 0c é uma constante empírica (adotada como 537,20 =c ) e iK é a contribuição da
fração i para o índice de compactação da mistura, dada pela expressão:
*
*
1 ii
iiiK
φφφφ
−=
(57)
onde; iφ é o volume de sólidos da classe i ; *iφ é o máximo volume que a classe i pode
ocupar na presença de outras classes; os termos ia são coeficientes relacionados com a
dimensão dos grãos (com id em mm, correspondendo ao valor médio acumulado de
50%) os quais são fornecidos pela equação empírica:
( )ii da log216,0736,0 −= (58)
3.2.3.2.2 Tensão de cisalhamento com aditivos químicos
A presença de aditivos químicos na mistura altera a tensão de cisalhamento ( 0τ ),
reduzindo-a devido à quebra das aglomerações. A equação empírica fornecida para o
valor da tensão de cisalhamento [12], considerando a presença de aditivos químicos, é
dada por:
++=
−
=∑
48476
321
CimentoMateriais
N
iii
Cimento
ci KaKbc2
00 expτ (59)
onde; 0c é uma constante empírica (adotada como 537,20 =c ) e CK é a contribuição da
fração do cimento para o índice de compactação da mistura.
A equação (59) é semelhante à equação (56), porém, considerando o coeficiente
ib associado ao cimento como dependente do percentual de aditivos químicos na
mistura (uma vez que o efeito do dispersante atua sobre as partículas do cimento). O
coeficiente ib é dado pela equação empírica:
46
−+= *21 1
p
pi S
Sccb (60)
onde; pS e *pS são a dosagem de aditivos químicos e seu ponto de saturação na mistura,
respectivamente. Os coeficientes 1c e 2c são constantes que dependem do efeito dos
aditivos químicos sobre a partícula do cimento. A partir de inúmeros ensaios
experimentais [12], foram obtidos os valores de 224,01 =c e 910,02 =c .
3.2.3.3 Abatimento do tronco do cone
O abatimento do tronco do cone de Abrams (SL) é um parâmetro ainda muito
utilizado para caracterizar a consistência do concreto fresco. Sendo assim, há a
necessidade de sua modelagem matemática.
Em 1988, através de modelos antigos e testes experimentais, FERRARIS e DE
LARRARD [26] chegaram a seguinte relação entre abatimento do tronco (mm) e tensão
de cisalhante (Pa):
o(τ -212)
SL=300-0,347ρ
(61)
onde ρ é a densidade específica do concreto fresco (adimensional).
3.2.3.4 Colocabilidade
A colocabilidade do concreto é a habilidade que um material no estado fresco
possui de ser colocado em um molde através de um dado processo. Neste caso,
colocado significa que a mistura adquire forma do molde com suficiente grau de
consolidação. Esta fase da concretagem pode ser considerada dentro do conceito
reológico porque a alteração da forma de um determinado volume requer
essencialmente um processo de lançamento. Por extensão, o critério de colocabilidade
pode ser formulado em termos de propriedades reológicas (por exemplo, tensão de
cisalhamento e viscosidade plástica).
Contudo, o critério de colocabilidade se faz necessário pelo menos em alguns
casos. Por exemplo, mistura seca ou plástica (com abatimento inferior a 100 mm) em
que as propriedades reológicas, a rigor, não cobrem. Como o concreto possui a
47
tendência de aumentar seu volume, o processo de lançamento induz tanto à
compactação como ao escoamento. Um outro exemplo é a necessidade de avaliação da
viabilidade de uma mistura com trabalhabilidade aparente ser lançada em uma peça fina
ou fortemente armada, mesmo que a distância entre as armaduras seja maior que o
tamanho máximo dos agregados. Então, na luz do MEC, o concreto pode ser
considerado como um conjunto de partículas. Dentro deste contexto, o objetivo do
processo de lançamento será o de compactar uma mistura em um molde, de maneira que
a quantidade de vazios após a compactação iguale a quantidade de água determinada
teoricamente. Lógico que o processo de compactação nunca é perfeito, todavia, a
quantidade de ar que permanecer deve ser pequena suficiente (inferior a 3%, em
volume) para a garantir os valores de resistência e durabilidade desejadas.
O índice de compactação do concreto sem ar (K’) é o indicador da
colocabilidade do concreto: maior o valor de K’, menor a colocabilidade da mistura.
Todavia, este parâmetro não é uma propriedade intrínseca visto que não pode ser
medido, apenas calculado. Contudo, ele possui um significado físico: K’ expressa a
quantidade de energia necessária para levar a mistura granular ao nível de compactação
estabelecida na teoria. Para assegurar a colocabilidade, a seguinte inequação deve ser
verificada: *K' K≤ (62)
onde K* é o índice de compactação para um determinado processo de lançamento. Os
valores deste parâmetro são apresentados na Tabela 3.2.
Tabela 3.3 – Ordens de grandeza de colocabilidade.
Processo de lançamento e tipo de concreto K*
Vibração, sem superplastificante 6
Vibração, com superplastificante 8
Compactação a rolo 9
Shotcrete (processo úmido), sem superplastificante 5,5
Shotcrete (processo úmido), com superplastificante 7,5
Concreto auto-adensável superplastificado 7
O valor da colocabilidade é obtido através da a equação (49), onde C é a relação
volumétrica [sólido/(água + sólido)]. Neste caso, o efeito de parede exercido pelo molde
48
e pelo reforço deve ser levado em consideração ao calcular a compacidade virtual. A
equação (84) utilizada para este cálculo será apresentada no item 4.1.1.2.
3.2.3.5 Ar aprisionado
A avaliação da quantidade de ar aprisionado se deve à necessidade de conhecer a
exata composição do volume unitário de concreto in-situ, e conseqüentemente predizer
as propriedades mecânicas do concreto endurecido com uma maior exatidão.
Em 1993 o LCPC verificou, através de ensaios experimentais, que a quantidade
de areia é o fator principal a determinar o volume de ar aprisionado. Contudo, na
presença de aditivos químicos, o abatimento é um outro fator que necessitar ser levado
em consideração.
Através destes dados experimentais se constatou que a modelagem do volume de
ar aprisionado (a), descrito em percentual do volume total do concreto, obedece à
seguinte expressão:
0,5 (1+0,882pl+0,0683sp-0,00222SL)*(-0,000988CA+0,00368FA)a≤ =
(63)
onde: pl é a massa de extrato seco de plastificante no concreto (kg/m3), sp é a massa de
extrato seco de superplastificante (kg/m3), SL é o abatimento do tronco (mm), CA é a
quantidade de agregados graúdos (kg/m3) e FA é a quantidade de agregados miúdos
(kg/m3).
3.2.3.6 Estabilidade (prevenção de exsudação e segregação)
A estabilidade do concreto fresco está relacionada a dois indicadores
quantitativos: o diagrama de preenchimento dos materiais constituintes do concreto e o
potencial de segregação do mesmo. Através destes parâmetros é possível verificar a
possibilidade de exsudação e segregação de uma dada dosagem do concreto.
Considerando uma mistura em que contenha a enésima classe não dominante,
sendo que os grãos i podem empacotar-se em um volume que é o espaço deixado
disponível pelas outras frações. E assume-se também que as partículas tendem a
alinharem-se na base deste volume - não tendo nenhum grão i presente na parte superior
49
do recipiente. Dentro deste contexto, a mistura total terá uma quantidade máxima de i
partículas na parte de baixo do recipiente, cuja a altura máxima é obtida pela relação
ΦBiB/ΦP
*PBiB (ver Figura 3.22). Onde, tem-se que ΦP
*PBiB é o volume máximo que as partículas i
podem ocupar, dada a presença de outras partículas e ΦBiB é o volume real ocupado pelas
partículas i. Portanto, a proporção deste volume segregado poderia ser definida como:
ii *
i
ΦS =1-
Φ (64)
Figura 3.22 - Segregação da classe i na mistura.
Definindo agora o diagrama de preenchimento como dado pela relação ΦBiB/ΦP
*PBiB
(chamada de taxa de preenchimento da classe i) contra o tamanho das frações dos grãos
(Figura 3.23), o potencial de segregação corresponderá ao volume mais heterogêneo no
recipiente, que é:
iS = Max S (para 1 ≤ i ≤ n) (65)
Figura 3.23 - Diagrama de preenchimento e potencial de segregação.
Na construção do diagrama de preenchimento, uma classe apresenta uma
relação máxima entre os grãos de 2,5 (grãos graúdos/grãos miúdos). Esta relação está
associada a norma francesa em que à série de tamanhos de peneiras Renard é utilizada
50
(Tabela 3.4). Quando as distribuições granulométricas são medidas seguindo outros
padrões, ainda é possível adotá-la através de interpolação dos valores.
Tabela 3.4 – Tamanhos de peneiras para as classes consideradas no diagrama de
preenchimento do concreto.
Tamanho médio (mm) Tamanho mínimo (mm) Tamanho máximo (mm)
0,0016 0,001 0,0025
0,004 0,0025 0,0063
0,01 0,0063 0,016
0,025 0,016 0,04
0,063 0,04 0,1
0,16 0,1 0,25
0,4 0,25 0,63
1,0 0,63 1,6
2,5 1,6 4
6,3 4 10
16 10 25
40 25 50
No potencial de segregação, cada valor da taxa de preenchimento da classe i
indica a extensão que enésima classe preenche os vazios da classe mais grossa. Quanto
maior o valor de S, menor será a proporção de volume segregado caso a segregação
máxima ocorra. Por isso, um alto valor de S não necessariamente indicará que ocorrerá
uma muita segregação na mistura.
O potencial de segregação quanto correlacionado com o índice de compactação
levará à seguinte equação:
+
−=≤≤
i
i
ni KKMinS
11
1 (66)
Utilizando os conceitos citados acima se consegue explicar alguns fatos
experimentais que estão relacionados à estabilidade do concreto. É possível explicar
que:
para várias misturas granulares, a compactação diminui a probabilidade de
uma futura segregação;
para uma dada fração de agregados e um dado índice de compactação (K),
quanto maior a compacidade da mistura, menor será a possibilidade de segregação;
51
dentro de misturas otimizadas com o mesmo K e a mesma granulometria,
misturas bem graduadas exibiram menos segregação que as misturas com granulometria
descontínua (gap-graded);
dentro de misturas otimizadas com o mesmo K e o mesmo tipo de
distribuição granular, uma grande curva granulométrica é um fator que aumenta a
segregação;
para minimizar o risco de segregação, a relação de elementos finos
requerida é mais alta em um empacotamento solto que em um compactado.
Há poucos estudos da estabilidade do concreto associado a misturas com grande
extensão granulométrica. Contudo, através destes conceitos é possível estabelecer um
caminho para a produção de concretos estáveis.
3.2.4 Aplicação do MEC ao concreto no estado endurecido
Neste item são apresentadas as correlações entre as características dos grãos
empacotados pelo MEC e as propriedades do concreto no estado endurecido. As
propriedades analisadas são: o módulo de elasticidade e a resistência à compressão.
3.2.4.1 Resistência à compressão
A correlação entre as características dos grãos empacotados pelo MEC e a
resistência à compressão do concreto leva em consideração a contribuição da resistência
da matriz cimentícia e dos agregados inertes.
O modelo que fornece a resistência à compressão de pastas de cimento aos 28
dias, cpf (MPa), é dado pela expressão [12]:
1
28
c
arwc
cgcp RcKf
++
=υυυ
υ
(67)
onde; 28Rc é a resistência à compressão do cimento aos 28 dias (MPa); cυ , wυ , arυ
são, respectivamente, o volume de cimento, de água e de ar aprisionado, presente em
um volume unitário de pasta; e gK e 1c são constantes de ajuste. Os valores adotados
são 40,11=gK e 85,21 =c .
Lembrando-se que o volume e a dimensão máxima dos agregados também
afetam a resistência à compressão do concreto ([29] e [30]), deve-se definir um
52
parâmetro que leve em consideração estes dois efeitos. Este parâmetro é a distância
média entre os agregados imersos na matriz e é chamado de Máxima Espessura da Pasta
MEP (considerando o material seco empacotado no qual uma pasta de cimento é
injetada), em mm, ilustrado na Figura 3.24, e fornecido pela expressão:
−= 13
*
ggDMEP
(68)
onde: D é o valor da máxima dimensão do agregado (mm); g é o volume dos
agregados em um volume unitário de concreto; e *g é compacidade dos agregados
obtida com o protocolo de empacotamento correspondente ao índice de empacotamento
9=K .
MEP
Figura 3.24 - Máxima espessura da pasta em uma mistura granular seca.
Assim, o modelo para o cálculo da resistência à compressão do concreto aos 28
dias, considerando a resistência à compressão do cimento, a concentração de cimento da
pasta no estado fresco, os efeitos da MEP, a aderência entre a pasta e o agregado e a
resistência do agregado, é dado pelas seguintes expressões [12]:
Para a matriz:
13.028
1
−
++
= MEPRcKfc
arwc
cGcm υυυ
υ
(69)
Para o concreto:
1+=
m
mc fcq
fcpf
(70)
onde: 4,13=GK ; 85,21 =c ; cf é a resistência do concreto (em MPa); os parâmetros
p (adimensional) e q (MPa-1) são constantes dadas de acordo com o tipo dos
agregados, fornecidos pelas fórmulas:
53
−
=
gcm fcf
fcp
14,211
1
(71)
gfcpq
14,2=
(72)
onde gfc é a resistência à compressão do agregado. Os parâmetros p e q , também
podem ser determinados indiretamente através do ensaio de resistência à compressão de
dois tipos de concretos: um com baixa resistência e outro com alta resistência.
Para estimar a resistência à compressão da matriz em função da idade (t), DE
LARRARD [12] incorporou o parâmetro cinético adimensional )(td na equação (69).
Este parâmetro representa a contribuição que um cimento em uma idade (t), pode
fornecer na resistência do concreto, sendo calculado através da seguinte equação:
−= 1
RcRc
0,0522d(t)28
t
(73)
onde tRc é a resistência a compressão do cimento na idade (t).
Após inclusão deste parâmetro, a equação (69) assume a seguinte forma:
13,028
1
)()( −
++
+= MEPtdRcKtfc
arwc
cGcm υυυ
υ
(74)
e
1)()(
)(+
=tfcq
tfcptf
m
mc
(75)
Substituindo os parâmetros volumétricos dos materiais por suas massas e
densidades, a equação (43) terá a seguinte forma: 2.85
0,1328( ) ( ) 1cm G c
w af t K Rc d t MEPc
ρ−
− + = + +
(76)
Quando existem pozolanas e filer no concreto, sua contribuição para a
resistência à compressão deve ser considerada. Neste caso, esta contribuição é
representada através do termo de cimento equivalente. Conseqüentemente, primeiro
deve-se calcular a quantidade de cimento equivalente através da equação:
−−+
−−+= ∑∑
ctfi
tc
pztiKctc
AC
jAC
ipeq .
79exp1017.0).(
exp11.11)(3
3
, (77)
54
onde , ( )pK i t é o coeficiente do efeito pozolânico na idade t, ipz é a massa de pozolana
por volume unitário do concreto, 3C At é a porcentagem de aluminato tricálcio na
composição de Bogue do cimento e jfi é a massa de fíler calcário por volume unitário
do concreto.
Em seguida, a resistência da matriz é calculada levando em consideração o efeito
acelerativo que a superfície acumulada de fíler calcário ( , jFIS )exerce:
2.85, 0.13
28(7)( ) 13.4 ( ) 0.0023 1 .j
eq
FI jm c
S fid w afc t Rc d t MEPt c c
ρ−
− + = − + +
∑ (78)
Finalmente a resistência do concreto é obtida da resistência da matriz pela
equação (70) já fornecida anteriormente.
Com apropriada calibração dos parâmetros dos componentes, espera-se que este
modelo apresente um erro médio em torno de 5% em valor relativo.
Contudo, este modelo para o cálculo da resistência à compressão do concreto
contém limitações. Sendo assim, algumas precauções devem ser levadas em conta ao
utilizá-lo:
A dosagem de água utilizada na equação diz respeito à água livre;
O modelo não é válido para pasta pura de cimento contendo aditivos
minerais pozolânicos. Nesta situação uma superestimação da resistência à compressão
pode ser esperada em vários casos visto que os , ( )pK i t são determidados sobre
argamassa (ou concreto) onde uma parte da ligação origina-se da associação entre o
agregado e a matriz;
O modelo subestima a resistência à compressão para taxa de a/c maior que
0,65, especialmente em idade precoce;
O modelo não representa a presença de aditivos químicos;
O modelo prediz valor muito alto em idade precoce para concretos
contendo retardadores;
No calculo de MEP, é assumido implicitamente que o esqueleto granular é
fechado com a distribuição granulométrica ótima;
O modelo tende a superestimar a resistência à compressão de misturas com
pouca quantidade de finos. Neste caso a exsudação que ocorre após a consolidação cria
um acúmulo de água em baixo dos agregados graúdos. Este processo dificulta a ligação
agregado/matriz. Conseqüentemente, este tipo de concreto necessitará de adição de filer
55
o qual não só promoverá a diminuição da demanda de água, com aumentará a
associação entre resistência à compressão e a relação água/material cimentante;
Finalmente, há dúvida se os aditivos minerais serão incluídos na pasta ou
no esqueleto do agregado quando se calcula o volume de agregado. Contudo,
convencionalizou-se colocar as partículas maiores que 0,080 mm no esqueleto granular
sendo as partículas menores considerada como parte da matriz.
3.2.4.2 Módulo de elasticidade
O módulo de elasticidade do concreto depende diretamente dos módulos de
elasticidade dos agregados e da matriz. Com base no modelo de duas esferas [31],
obteve-se [12] um modelo de tríplice-esfera para o cálculo do módulo de elasticidade
tangente do concreto ( E ), em GPa, dado pela expressão:
mmmgg
mg EEggEEgEgg
EEgE
++−+−
−+= 2**2*
22
)()2(2)(21 (79)
onde; gE é o módulo de elasticidade do agregado (GPa); mE é o módulo de elasticidade
da matriz (GPa), que é dado pela expressão:
fcEm 226= (80)
3.3 Procedimento para a utilização do MEC
Neste item, os passos necessários para a obtenção das propriedades do concreto
são descritos. Este procedimento só será possível após a obtenção e calibração de todos
os parâmetros necessários para sua utilização do MEC.
Antes de apresentar o procedimento, contudo, há necessidade de enfatizar que
diferentes sistemas granulares são utilizados para estabelecer correlações na dosagem do
concreto. A Figura 3.25 e a Tabela 3.4 apresentam um resumo destes sistemas, levando
em consideração a natureza das fases, o nível de compactação e as condições de
contorno.
O sistema de concreto fresco (S1) inclui a fase gasosa que será reduzida no
processo de consolidação. Este volume de ar não é controlado pelo operador e não pode
ser facilmente avaliado pelos modelos.
56
O sistema de agregados (S2), quando empacotado separadamente, fornece o
parâmetro *g que aparece em modelos de resistência à compressão e módulo de
elasticidade. Este parâmetro é o volume máximo de agregados que pode ser colocado
fisicamente em um volume unitário de concreto, caso não exista nenhum efeito de
afastamento ou de parede.
agregadomateriais cimentantes
ar
água
vaziosforma pasta de cimento endurecida
armadura
S1 S2 S3 S4 S5 S6 Concreto fresco
Agregados Concreto fresco sem ar
Concreto fresco comprimido
Concreto fresco sem ar, in situ
Concreto endurecido
Figura 3.25 – Sistemas granulares considerados na modelagem do concreto.
Tabela 3.5 – Sistemas granulares.
Sistema Constituintes Índice de
compactação
Propriedade
relacionada
S1 agregados, materiais ligantes, água e ar
(sist.concreto fresco). 9K <
S2 agregados e vazios (sist.de agregados) 9K = Compacidade
dos agregados
S3 agregados, materiais ligantes e água
(sist. de concreto fresco sem ar).
9KK ` ≤=
Tensão de
cisalhamento
S4 agregados, materiais ligantes e água
(sist. de concreto fresco comprimido). 9K =
Viscosidade
plástica
S5 agregados, materiais ligantes e água
(sist. de concreto fresco sem ar). 9K ≤ colocabilidade
S6 agregados e pasta de cimento
endurecida. 9K <
Resistência à
compressão e
módulo de
elasticidade
57
O concreto fresco sem ar (S3) pode ser obtido através moldagem e compactação
da mistura a vácuo. Ele possibilita avaliar a estrutura do sistema granular que controla a
tensão de cisalhamento do concreto fresco. Esta propriedade, junto com a viscosidade
plástica, governa o comportamento reológico do concreto fresco. Assim como a
viscosidade, ela foi modelada por comparação do volume de sólido de concreto fresco
sem ar com o volume máximo de sólido ( *φ ) correspondendo ao um K=9. Neste caso, *φ corresponde ao volume de sólido do concreto fresco empacotado (S4). Finalmente,
quando a mistura é lançada, o sistema granular é submetido ao efeito de parede exercido
pelo molde ou armadura (S5). Neste estágio a colocabilidade pode ser avaliada.
Ao estudar as propriedades do concreto endurecido (S6), a fase dos agregados é
enfatizada com ao mesmo nível de compactação que do concreto fresco. Neste caso, a
fase intersticial da pasta de cimento endurecida é considerada homogênea. Entretanto, a
heterogeneidade da pasta (zona de transição interfacial) é tratada pelo conceito de
máxima espessura da pasta (MEP).
Após as considerações levantadas acima, os seguintes passos devem ser seguidos
para realizar a dosagem de concreto utilizando o MEC:
1) Calcular a relação água/cimento (a/c);
2) Calcular a relação mássica ou volumétrica dos agregados graúdos/agregados miúdos
(CA/FA);
3) Calcular o volume de sólido( Φ )- volume total menos o volume de água livre; (S3)
4) Calcular a densidade específica do concreto fresco (ρ); (S3)
5) Calcular a dosagem de saturação do superplastificante (P*)- somatório da demanda
de SP (para cada ligante)/ massa de cimento, incluindo as partículas finas vinda dos
agregados;
6) Calcular as frações volumétricas das n classes ( iy ) – os volumes de cada
componente e então a distribuição granulométrica total é calculada; (S3)
7) Calcular as compacidades virtuais das n classes ( iβ ) - cálculo da compacidade
residual ‘equivalente’, onde a distribuição granulométrica de vários constituintes se
sobrepõe em parte, e inclui a presença dos SP (para partículas finas) - utilizando as
equações (37) e (38) (S3);
58
8) Calcular a densidade virtual onde a enésima classe é dominante( iγ ), utilizando a
equação (44) (S3);
9) Calcular a contribuição para o índice de compactação das n classes, a granel, ( 'iK ),
utilizando a equação (49) (S3);
10) Calcular a tensão cisalhamento do concreto fresco ( oτ ) - uma distinção é realizada
entre partículas maiores e menores que 0,08 mm na presença de SP - utilizando a
equação (59) (S3);
11) Calcular o abatimento (SL), utilizando a equação (61) (S3);
12) Calcular a massa de agregados finos (FA) – diâmetro entre 0,08 e 5 mm (S3);
13) Calcular a quantidade de ar (a), utilizando a equação (63) (S1);
14) Calcular a dosagem da mistura – calculada com a inclusão de ar aprisionado e
absorção de água pelas frações de agregado (S1);
15) Calcular a densidade específica do concreto fresco – Tcalculada no item 4 com a
inclusão de ar aprisionado (S1)T;
16) Calcular a compacidade do concreto fresco comprimido ( *φ )- este valor é obtido
pela equação implícita, com índice de empacotamento (K) igual a 9. A única raiz
real para o qual *φ < ni
i≤≤1
γ pode ser obtida por vários métodos numéricos, como o
método de Newton ou de Lagrange - utilizando a equação (49) (S4);
17) Calcular a viscosidade plástica antes da vibração ( µ ), utilizando a equação (55)
(S3) – modelo proposto por FERRARIS e DE LARRARD;
18) Calcular a viscosidade plástica após a vibração, utilizando a equação (55) – modelo
proposto por DE LARRARD (S3);
19) Calcular as compacidades virtuais das n classes, incluindo os efeitos de parede e
molde/armadura (_
iβ ) – valores confinados, calculados a partir do iβ , levando em
consideração a geometria da estrutura - utilizando a equação (86) (S5);
20) Calcular a compacidade virtual quando a enésima classe é a dominante ( iγ ),
utilizando a equação (44) (S5);
21) Calcular a contribuição para o índice de compactação das n classes ( iK ), utilizando
a equação (49) (S5);
59
22) Calcular o diagrama de preenchimento ( )1/( jj KK + )- o diagrama fornece a taxa de
preenchimento versus o tamanho médio das frações de agregados agrupados (os iK
são unidos dentro de cada fração de aglomerado) (S5);
23) Calcular a contribuição do cimento na colocabilidade ( 'cK ) - usado para avaliar a
tendência de exsudação, e como um critério para a dosagem do concreto auto-
adensável (S5);
24) Calcular a contribuição do agregado graúdo na colocabilidade ( 'gK ) - usado para
avaliar o risco de obstrução no concreto auto-adensável (S5);
25) Calcular a colocabilidade do concreto fresco no local ( `K ), utilizando a equação
(49) (S5);
26) Calcular a o potencial de segregação( S ), utilizando a equação (66) (S5);
27) Calcular o volume de agregado( g ) – volume das frações de agregados com
diâmetros maiores que 0,08 mm, em uma unidade de concreto (S6);
28) Calcular as frações volumétricas das n classes na fração do agregado( iy ) (S2);
29) Calcular a compacidade virtual onde a enésima classe é dominante( iγ ), utilizando a
equação (44) (S2);
30) Calcular a contribuição para o índice de compactação das n classes de agregados
( iK ),utilizando a equação (49) (S2);
31) Calcular a compacidade da fase dos agregados ( *g )- equação implícita, com K=9 -
utilizando a equação (49) (S2);
32) Calcular o tamanho máximo do agregado (D) - tamanho correspondente a 90% do
total de agregados que passa (S2);
33) Calcular a Máxima Espessura da Pasta (MEP), utilizando a equação (68) (S6);
34) Calcular a quantidade equivalente do cimento em uma dada idade ( ( )eqc t ),
utilizando a equação (77);
35) Calcular a resistência à compressão da matriz em uma dada idade ( ( )mfc t ),
utilizando a equação (78);
36) Calcular a resistência à compressão do concreto em uma dada idade ( ( )cf t ),
utilizando a equação (75);
37) Calcular o módulo de elasticidade da matriz em uma dada idade ( ( )mE t ), utilizando
a equação (80);
60
38) Calcular o módulo de elasticidade do concreto em uma dada idade ( ( )E t ),
utilizando a equação (79) (S6);
39) Calcular o custo unitário do concreto - calculado da dosagem do concreto, pela
adição do custo de cada componente mais um custo adicional.
As dosagens de concreto utilizando o MEC podem ser realizadas com o auxílio
do programa BetonLabPro2 [17]. Este programa, que corresponde aos conceitos
teóricos apresentados no Capítulo 2, prediz algumas propriedades da mistura nos
estados fresco e endurecido (abatimento do tronco do cone e resistência à compressão,
por exemplo). Para a sua utilização, as seguintes etapas são necessárias:
Determinação das propriedades dos constituintes do concreto que são
mensuradas diretamente (densidade, curva granulométrica, compacidade experimental).
As informações apresentadas no capítulo 5 foram utilizadas;
Calibração das propriedades dos agregados e das propriedades da pozolana
(sílica ativa) que são mensuradas indiretamente (parâmetros p e q dos agregados e
parâmetro Kp da sílica ativa);
Armazenamento das propriedades no banco de constituintes do programa;
Seleção dos constituintes utilizados nas dosagens;
Escolha das opções de cálculo (escolha das propriedades que serão
calculadas, custo fixo, grau de confinamento);
Dosagem através da intervenção do usuário: o usuário deve simular
manualmente sucessivas dosagens variando as proporções dos constituintes a fim de
obter as propriedades desejadas. Este procedimento de dosagem permite visualizar a
influência de cada constituinte nas diferentes propriedades das dosagens simuladas. Esta
etapa é importante, pois através dela consegue-se obter valores de abatimento do tronco
do cone diferente de zero. Apenas depois de obter as dosagens com esta característica,
será possível passar para a próxima etapa;
Otimização automática de um concreto: este procedimento de dosagem
permite otimizar automaticamente a composição de um concreto reportando a um
conjunto de condições definidas pelo usuário. Esta otimização é realizada em duas
etapas. Na primeira otimiza-se o esqueleto granular, fixando os valores dos constituintes
da pasta do concreto obtidos na otimização manual. Na segunda etapa, fixa-se o valor
otimizado dos agregados, obtidos na primeira etapa, e estabelecem-se as condições
desejadas nos concretos.
61
4 MÉTODOS EXPERIMENTAIS
Os métodos experimentais utilizados na realização do presente trabalho foram
divididos em: caracterização dos materiais constituintes, elaboração dos concretos e
caracterização dos concretos.
4.1 Caracterização de materiais constituintes
Os ensaios de caracterização dos materiais constituintes utilizados na dosagem
do concreto deste trabalho serão apresentados a seguir. Alguns procedimentos serão
apenas citados por serem de utilização comum na Tecnologia do Concreto.
4.1.1 Ensaios peculiares ao MEC – Determinação da compacidade
O MEC necessita de ensaios peculiares para sua elaboração. A seguir, estes
ensaios serão apresentados de forma detalhada.
4.1.1.1 Ensaio de demanda de água (K=6,7)
O objetivo deste ensaio é determinar qual a quantidade (em massa) de água
necessária para preencher todos os vazios de uma mistura granular. A água tem, por um
lado, a função de lubrificante, e por outro a função de unir as partículas através do efeito
da tensão superficial em pontes líquidas. Com a adição de água a mistura de grãos passa
por diversas fases como mostrado na Figura 4.1.
62
Figura 4.1- Fases do empacotamento durante o ensaio de demanda de água: (a)
estado de empacotamento seco; (b) estado de empacotamento pendular; (c) estado de
empacotamento funicular; (d) estado de empacotamento capilar [33].
Estas fases podem ser descritas da seguinte forma [34]:
A primeira fase do empacotamento corresponde ao material no estado seco. Este
estado é marcado por um arranjo desordenado de partículas conferindo ao material um
alto índice de vazios.
Adicionando-se água à mistura que se encontra no estado seco, inicia-se a fase
denominada pendular. Neste estado a água se condensa entre os contatos dos grãos
formando pequenas pontes líquidas. O número de pontes aumenta gradativamente em
função do incremento de água na mistura. Com a formação da ponte, a tensão
superficial do líquido tende a unir os grãos, empacotando-os de forma aleatória. Essa
fase perdura até o instante em que as superfícies de todos os grãos são molhadas por
completo pela água, que é marcada pela presença de bolhas de ar no interior da mistura.
A esta fase dá-se o nome funicular.
A fase capilar tem início quando todos os vazios entre os grãos são
completamente preenchidos pela água (ponto de saturação). Desse ponto em diante, um
simples incremento na quantidade de água da mistura irá produzir um leve afastamento
entre os grãos, diminuindo a compacidade e tornando a mistura fluida. Acredita-se que
o ponto caracterizado como demanda de água do material encontra-se no início do
estado capilar.
Na Figura 4.2, são mostradas fotografias das quatro fases distintas do
empacotamento molhado (mostrado esquematicamente na Figura 4.1) que ocorrem ao
longo do ensaio de demanda de água do cimento. Na pasta da Figura 4.2a o cimento
seco apresenta-se solto com porosidade elevada (fase seca). Na Figura 4.2b, nota-se a
formação de aglomerados de partículas onde a água aprisionada em seu interior as
(a) estado seco (b) estado pendular (c) estado funicular (d) estado capilar
63
mantêm unidas (estado pendular). Na Figura 4.2c o cimento mostra-se brilhoso, mas
não apresenta água suficiente para manter todos os grãos unidos (estado funicular). Na
Figura 4.2d a mistura se apresenta homogênea e acredita-se que foi atingida a demanda
de água de mistura, estando a mesma no início do estado capilar.
Figura 4.2 - Fases do empacotamento do cimento ao longo do ensaio de
demanda de água.
Os equipamentos necessários para a realização deste ensaio são: uma batedeira
industrial, uma balança com precisão de 0,01 g, um pissete com capacidade para 500ml
para água e duas espátulas.
Este método deve ser executado de acordo com o seguinte procedimento:
Pesar uma amostra de aproximadamente 350 g do material completamente
seco;
Caso haja mais de um material, homogeneizar bem a mistura;
Colocar o material no misturador e adicionar 50% da água prevista para
que seja atingida a demanda de água (previamente calculada);
Ligar a batedeira em velocidade baixa, e após um minuto, adicionar o
dispersante (se for o caso);
Ligar a batedeira em velocidade média e adicionar uma pequena quantidade
de água em intervalos preestabelecidos de 1 minuto até formarem-se aglomerados;
(d) início do estado capilar – ponto de demanda d’água
(c) estado funicular
(a) estado seco (b) estado pendular
64
Deixar a mistura em repouso por 30 segundos. Durante este período raspar
o recipiente com a espátula;
Deixar a mistura bater em velocidade alta por aproximadamente 1 minuto;
Terminar o ensaio quando uma pasta homogênea e adensada se formar no
fundo do recipiente;
Anotar o consumo de água.
Um tempo razoável para a realização deste ensaio é de 10 minutos.
Após ser determinada a umidade correspondente ao estado de demanda de água,
a compacidade pode ser calculada de acordo com o número de materiais constituintes da
mistura. Desta forma, para o caso de um único material utiliza-se a fórmula:
1
211
1
MM
meC
oH⋅+=
(81)
Para o caso de mais de um material:
⋅+⋅
⋅+
=
T
oH
TT
MM
MMme
MMme
memeC
2
21
12
211
1
(82)
onde: 1me é a massa específica do material 1 (g/cm³); 2me é a massa específica do
material 2 (g/cm³); 1M é a massa do material 1 (g); 2M é massa do material 2 (g); oHM 2
é massa de água ao atingir o ponto de saturação (g) e 21 MMM T += é massa total da
mistura granular seca (g).
4.1.1.2 Ensaio de vibração + compressão (K=9)
A compacidade experimental das partículas maiores que 100 µm deve ser
determinada, usando-se o protocolo de empacotamento que utiliza vibração associada à
compressão.
Este ensaio, inicialmente proposto por de Larrard [12], foi implementado no
Laboratório de Estruturas da COPPE/UFRJ dentro do quadro do presente trabalho com
o desenvolvimento de equipamentos e adaptação do procedimento à mesa de vibração e
aos aparelhos de medição (catetômetro) já existentes no laboratório.
65
A mesa vibratória utilizada foi um modelo TVR 2x1- Trillor Montana S. A Rio
de Janeiro, com potência de 3 CV e faixa de velocidade de vibração de 3900 - 4800
vibrações/min (65 – 80 Hz).
O catetômetro utilizado foi um modelo KM 1001- Wild, com luneta KM 343 de
precisão de 0,1 mm.
O ensaio consiste em adicionar um volume padrão do material dentro de um
cilindroT T160 mm de diâmetro e 320 mm de altura, e aplicar sobre este uma pressão
constante de 10 kPa, somado a um efeito de vibração, com freqüência e tempo pré-
definidos. Os componentes do cilindro e a configuração do ensaio estão esquematizados
na Figura 4.3.
A equação que fornece o valor da compacidade real (experimental) da mistura
para o protocolo descrito é dada por:
sc
s
hDM
Cρπ 2
4=
(83)
onde: sρ é a densidade do material; sM é a massa do material seco; cD é o diâmetro
interno do cilindro; e h é a altura final da camada do material compactado.
(b) posição no início do ensaio (c) posição no final do ensaio
pistão maciço
material material compactado
(a) cilindro metálico
vista superior
mesa vibratória
vista em corte
Figura 4.3 - Equipamento para ensaio de compactação.
66
As fotografias da Figura 4.4 ilustram as várias etapas deste ensaio de
compacidade. O ensaio de compactação mais vibração tem seu início quando a massa
do material seco é adicionada no cilindro já posicionado sobre a mesa vibratória (Figura
4.4a). Em seguida, é introduzido ao cilindro um pistão maciço com peso de 200 N cuja
finalidade é provocar uma tensão constante de 10 kPa sobre o material (Figura 4.4b).
Lê-se então a posição inicial do pistão por intermédio de um catetômetro (Figura 4.4c).
Em seguida, a mesa vibratória é ligada durante 3 minutos a uma freqüência de 68Hz
(Figura 4.4d). Esse procedimento é um pouco diferente do sugerido por SEDRAN [15]
que sugere que o ensaio seja realizado nos seguintes intervalos: 2 minutos a uma
amplitude de 0,4 mm; 40 segundos a uma amplitude de 0,2 mm e 1 minuto a uma
amplitude de 0,08 mm. Após a aplicação da vibração (Figura 4.4e), a medida da altura
final ( h ) do pistão é realizada (Figura 4.4f-g). O pistão é então retirado e o cilindro é
esvaziado para a execução de um novo ensaio (Figura 4.4h). A compacidade real de
empacotamento é calculada pela equação (83), que é dada em função da altura final ( h )
da camada do material compactado.
Os valores de massas utilizadas nos ensaios foram estabelecidos em função do
tamanho dos agregados. Para os agregados miúdos e graúdos, as amostras consistiram
de 3,0 kg e 7,5 kg, respectivamente.
67
Figura 4.4 - Procedimento do ensaio de compacidade para agregados com
dimensões maiores que 100 µm.
a b
c d
e f
g h
68
Quando a compacidade é determinada experimentalmente por este
procedimento, deve-se levar em conta a influência do efeito de parede do recipiente que
contem os grãos, mesmo que tenha sido levado em consideração que o diâmetro
máximo ( maxd ) do material para ser utilizado nesse ensaio devesse obedecer à relação
5max ≥dDc .
Em 1970, BEN-AÏM [35], baseado em CACOT [40], introduziu uma equação
para o volume perturbado pV (em um volume unitário total da mistura) que abrange a
região entre a parede e uma distância 2d (Figura 4.5). Assim, assumindo que a mistura
é monodispersa de diâmetro d e compacidade virtual β, deduz-se que neste espaço
próximo às paredes o volume médio de empacotamento vale βwk , com 1<wk , ao
passo que no restante do volume tem-se, 1=wk . Com isso, a expressão que fornece a
compacidade virtual do volume perturbado em função do volume total é dada por:
( ) ββββ ])1(1[1 pwwpp VkkVV −−=+−= (84)
com os valores de kBwB dados por [12]:
kBwB =0,88 para grãos arredondados;
kBwB =0,73 para grãos britados.
pare
de d
o ci
lindr
o
volume perturbado
d
d/2
{
d/2d/2
d/2
pare
de d
o ci
lindr
o
volume perturbado
pare
de d
o ci
lindr
o
Figura 4.5 - Volume perturbado pelo efeito de parede.
Desta forma, caso exista a influência do efeito de parede sobre os resultados
experimentais, a equação (84) pode ser aplicada para o cálculo da compacidade virtual
individual β das partículas.
69
No caso de misturas monodispersas calcula-se, baseando-se na fórmula (50), a
compacidade virtual individual (perturbado pelo efeito de parede):
CK
K+=
1β
(85)
e deduz-se o β a partir do valor obtido de β aplicando a fórmula (86) abaixo (que foi
deduzida a partir da fórmula (84)) encontrando-se o valor real:
( ) ( ) ( )[ ]hdDdk cw −−−−−=
11111 2
ββ (86)
onde d é o diâmetro médio dos grãos.
Uma correção similar também deve ser aplicada ao cálculo da compacidade real
de uma mistura que será colocada em uma fôrma com dimensões capazes de introduzir
a perturbação do efeito de parede na estimativa da compacidade real [12].
4.1.2 Distribuição granulométrica
Os ensaios para a obtenção das distribuições granulométricas dos agregados
(graúdos e miúdos) foram realizados seguindo o procedimento indicado na norma NBR
7217 [36].
A distribuição granulométrica da sílica ativa foi obtida no CETEM/MCT através
de ensaio de sedigrafia.
A distribuição granulométrica do CPIII-40 foi obtida no CENPES/PETROBRAS
utilizando-se granulômetro a laser.
4.1.3 Massa específica
Os ensaios para a obtenção da massa específica dos agregados graúdos e miúdos
foram realizados seguindo o procedimento indicado na norma NBR 9937 [37] e 9776
[38], respectivamente.
4.1.4 Absorção de água
Os ensaios para a obtenção da absorção de água dos agregados graúdos e miúdos
foram realizados seguindo o procedimento indicado na norma NBR 9937 [37] e 9777
[39], respectivamente.
70
4.1.5 Compatibilidade entre o cimento e o superplastificante
Os ensaios para a obtenção da compatibilidade entre o cimento e o
superplastificante foram realizados seguindo o descrito nas dissertações de MOTA [5],
VELASCO [6] e FONTES [8].
4.1.6 Ensaios mecânicos no agregado graúdo
Corpos de provas cilíndricos de dimensões de 100 x 200 mm, obtidos da
carotagem de pedra de mão da rocha sienítica (utilizada para produzir a brita 0 utilizada
no presente trabalho) foram ensaiados Tno Laboratório de Estrutruras/PEC/COPPET
seguindo o mesmo procedimento descrito no item 4.3.2.1.2 , com a finalidade de obter
as propriedades mecânicas deste material (resistência à compressão e módulo de
elasticidade).
A resistência à compressão da rocha, além de ser um parâmetro de entrada para
a realização da dosagem do concreto utilizando o MEC, também foi importante para
delimitar a faixa de resistência à compressão que seria alvo desta dissertação. Isto
porque, em um CAD, a resistência à compressão do agregado graúdo torna-se o elo
fraco de uma mistura.
4.2 Elaboração dos concretos
Os concretos foram produzidos utilizando-se o misturador planetário de eixo
vertical CIBE, com capacidade de 200 litros. A seguinte seqüência da produção foi
adotada:
a) Imprimação do misturador com uma dosagem de concreto de 1:0,1:2:3:0,65
(cimento:sílica:areia;brita:água/material cimentante). Após a imprimação, deixou-se o
material excedente cair livremente, com o misturador em movimento;
b) Lançamento dos componentes secos no misturador: agregado graúdo,
agregado miúdo e material cimentante. Os componentes eram misturados por 1 minuto
para homogeneização. Quando o material cimentante era composto de cimento e sílica
ativa, eles eram previamente homogeneizados.
c) Adição de metade da água à mistura seca seguida de 1 minuto de
processamento;
71
d) Adição do superplastificante ao restante da água e lançamento gradual no
misturador. Após toda a adição dos componentes no misturador, a mistura foi
processada por cerca de 5 minutos até a completa homogeneização;
A compactação dos concretos foi executada com o auxílio de vibradores
externos (mesa vibratória). O adensamento dos corpos de prova foi realizado em 3
camadas.
As amostras foram moldadas e cobertas por mantas úmidas por um período de
24 horas. Em seguida, elas foram retiradas das formas e colocadas na câmera úmida até
a idade dos ensaios.
4.3 Caracterização dos concretos
4.3.1 Concreto fresco
A consistência do concreto foi determinada por meio do ensaio do abatimento do
tronco de cone de Abrams (Figura 4.6).
Figura 4.6 – Ensaio de abatimento do tronco de cone
4.3.2 Concreto endurecido
4.3.2.1 Ensaios de resistência à compressão em diversas idades
4.3.2.1.1 Preparação dos corpos de prova
Devido às superfícies irregulares e não planas dos topos dos corpos de prova
causarem problemas tais como transmissão não uniforme da tensão de compressão, com
conseqüente concentração de tensão em pontas da superfície das amostras, tendo a
ruptura antecipada das mesmas, os corpos de prova que seriam submetidos a ensaios de
resistência à compressão foram capeados com Sikadur 31, da Sika. Este produto é um
72
adesivo estrutural pastoso, fornecido em dois componentes, resina epóxi (A) e
endurecedor amínico (B). Sikadur 31 é recomendado para a colagem de superfícies de
concreto, argamassa, cimento-amianto, madeira, cerâmica, mármore, epóxi e outros
materiais de construção. Sua cura inicial é de 4 horas e a cura final de 7 dias, atingindo
uma resistência à compressão de 60 MPa com 24 horas [41]. O procedimento para
obtenção da pasta usada no capeamento consistiu das seguintes etapas:
a) Homogeneização dos componentes A e B. A relação da mistura foi de 1:1 em
volume. A mistura dos componentes foi feita à mão energicamente, durante 5 minutos,
tomando o cuidado para não elevar a temperatura da mesma.
b) Com o auxílio de uma espátula, a pasta foi distribuída homogeneamente no
capeador. Em seguida, a base do corpo de prova foi encaixada e fixada nas hastes do
capeador com uma fita de plástico, podendo ser removida após 3 horas, para o
capeamento do topo do corpo de prova. A Figura 4.7 mostra uma amostra capeada.
Figura 4.7 - Corpo de prova capeado com Sikadur 31.
4.3.2.1.2 Esquema do ensaio de resistência à compressão
Os ensaios de resistência à compressão dos concretos foram determinados
seguindo o procedimento estabelecido na NBR 5739 [42]. Eles foram executados no
Laboratório de Ensaios Mecânicos/PEC/COPPE, utilizando-se a máquina servo-
controlada Shimadzu de 1000 kN (Figura 4.8) a uma velocidade de deformação axial de
0,01 mm/min (obtida a partir da média fornecida por dois extensômetros axiais
acoplados na parte central do corpo de prova).
73
Figura 4.8 – Máquina universal Shimadzu
O procedimento para a execução destes ensaios consistiu das seguintes etapas:
a) Montagem dos extensômetros para a medição das deformações axial e lateral
sofridas pelo corpo de prova durante o ensaio;
b) Colocação da amostra devidamente instrumentada (Figura 4.9) na célula de
ensaio;
c) Aplicação do carregamento axial na amostra, com controle de ensaio através
da deformação axial do corpo de prova. Para cada mistura, foram ensaiados 3 corpos de
prova.
Figura 4.9 – Corpo de prova instrumentado.
A partir da curva tensão-deformação, foi possível calcular o módulo de
elasticidade e o coeficiente de Poisson do concreto [43].
74
O módulo de elasticidade foi obtido pela relação:
( )( )1a2a
1c2cEεεσσ
−−
= (87)
onde: E é módulo de elasticidade, 2cσ é tensão de compressão correspondente a 40% da
carga última, 1cσ é tensão de compressão correspondente a deformação axial, 1aε , de
0,000050, 1aε é deformação axial igual a 0,000050 e 2aε é deformação axial produzida
pela tensão 2cσ .
Enquanto que o coeficiente de Poisson foi determinado a partir da relação:
( )( )1a2a
1l2l
εεεε
ν−−
= (88)
onde: ν é coeficiente de Poisson, 2lε é deformação lateral a meia altura do corpo de
prova produzida pela tensão 2cσ e 1lε é deformação lateral a meia altura do corpo de
prova produzida pela tensão 1cσ .
4.3.2.2 Absorção de água por imersão
4.3.2.2.1 Absorção de água por imersão (segundo Materiaux et constructions)
As amostras utilizadas nos ensaios de absorção de água por imersão foram
extraídas das placas de concreto e possuíam dimensões de 200x50x25 mm,
correspondendo a um volume de 250.000 mmP
3. Foram utilizadas 3 amostras, com idade
de 28 dias, para cada mistura.
Estes ensaios foram realizados no Laboratório de Geotecnia do
PEC/COPPE/UFRJ, seguindo as seguintes etapas [44]:
a) Imersão das amostras em água a 20 ± 2ºC até que as determinações sucessivas
de massas realizadas a intervalos de 2 horas, mostrassem um aumento de massa inferior
a 0.5%. As massas da amostra ( bM ) eram medidas em uma balança hidrostática;
b) As amostras eram removidas da água e com um pano úmido, as suas
superfícies eram secadas para remover a umidade superficial. As massas saturadas das
amostras eram, então, determinadas ( cM );
c) Em seguida, secava-se a amostra em uma estufa a 105 ± 5ºC até que a
determinação sucessiva das massas em intervalo de 2 horas mostrasse uma redução de
75
massa inferior a 0.5%. Após a remoção da estufa as amostras eram resfriadas a
temperatura ambiente para posterior determinação da massa seca em estufa ( aM ).
Após obter as massas mencionadas acima, foi possível calcular o índice de vazio
( vI ), a absorção por imersão ( ( )Abs imersão ), a massa específica da amostra seca
( sec am ), a massa específica da amostra saturada ( saturadam ) e a massa específica real
( realm ).
Sendo os valores obtidos pelas seguintes expressões:
( ) *100c av
c b
M MI
M M−
=−
(89)
( ) c a
a
M MAbs imersão
M−
= (90)
seca
a
c b
Mm
M M=
− (91)
csaturada
c b
Mm
M M=
− (92)
areal
a b
Mm
M M=
− (93)
onde: aM é massa seca da amostra; bM é massa imersa da amostra e cM é massa
saturada da amostra.
4.3.2.2.2 Absorção de água por imersão – NBR 9778
As amostras utilizadas nos ensaios de absorção de água por imersão foram
obtidas a partir de corpos de provas de concreto cilíndricos de dimensões de 100 x 200
mm e possuíam dimensões de 100 x 100 mm. Foram utilizadas 3 amostras, com idade
de 28 dias, para cada mistura.
Estes ensaios foram realizados no Laboratório de Durabilidade do
PEC/COPPE/UFRJ, seguindo o procedimento indicado na NBR 9778 [45], sendo que o
procedimento utilizado consistiu das seguintes etapas:
a) Pesagem das amostras e secagem em estufa a uma temperatura de 105 ± 5ºC
até que a determinação sucessiva de massas em intervalo de 24h mostrasse uma redução
de massa inferior a 0,5%. Após a remoção da estufa as amostras eram resfriadas a
temperatura ambiente para posterior determinação da massa seca em estufa ( aM ).
76
b) Imersão das amostras em água a 20 ± 2ºC até que as determinações sucessivas
de massas realizadas em intervalos de 24 horas mostrassem um aumento de massa
inferior a 0.5%. As amostras eram removidas da água e com um pano úmido, as suas
superfícies eram secadas para remover a umidade superficial. As massas saturadas das
amostras eram, então, determinadas ( cM );
c) Após a saturação das amostras, suas massas eram medidas em uma balança
hidrostática da amostra ( bM );
Após obter as massas mencionadas acima, foi possível calcular o índice de vazio
( vI ), a absorção por imersão ( ( )Abs imersão ), a massa específica da amostra seca
( sec am ), a massa específica da amostra saturada ( saturadam ) e a massa específica real
( realm ), de acordo com as equações 65 a 69 apresentadas no subitem 4.3.2.2.2.
4.3.2.3 Absorção por capilaridade
As amostras utilizadas nos ensaios de absorção de água por capilaridade foram
corpos de provas de concreto cilíndricos de dimensões de 100 x 200 mm. Nestes ensaios
foram utilizadas 3 amostras, com idade de 28 dias, para cada mistura.
Os ensaios foram realizados no Laboratório de Durabilidade do
PEC/COPPE/UFRJ seguindo o procedimento indicado na NBR 9779 [46]. As seguintes
etapas foram utilizadas:
a) Pesagem das amostras e secagem em estufa a uma temperatura de 105 ± 5ºC
até que a determinação sucessiva de massas em intervalo de 24h mostrasse uma redução
de massa inferior a 0,5%. Após a remoção da estufa, as amostras foram protegidas por
fitas de alumínio em toda sua lateral (Figura 4.10) com a finalidade de eliminar
qualquer outro processo de absorção de água diferente do processo de absorção por
capilaridade. Em seguida, foram resfriadas a temperatura ambiente para posterior
determinação da massa seca em estufa ( sec oM );
b) Instalação do recipiente num ambiente com temperatura constante de 23 ±
2ºC;
c) Posicionamento das amostras sobre suportes, preenchendo com água o
recipiente do ensaio, de modo que o nível de água permanecesse constante a 5 ± 1 mm
acima de sua face inferior, evitando a molhagem de outras superfícies;
77
d) Determinação da massa das amostras com 3 h, 6 h, 24 h, e as demais horas em
intervalos de 24 h até que as determinações sucessivas de massas mostrassem um
aumento de massa inferior a 0.5%. As amostras eram removidas da água e com um pano
úmido, as suas superfícies eram secadas para remover a umidade superficial. As massas
das amostras eram, então, determinadas ( contatoM ) e retornadas imediatamente ao
recipiente;
e) Rompimento das amostras por compressão diametral, conforme a NBR 7222
[47], de modo a permitir a anotação da distribuição de água no seu interior.
Figura 4.10 – Corpos de prova durante o ensaio de absorção por capilaridade.
O cálculo da absorção de água por capilaridade( capilaridadeAbs ), em g/cmP
2P, foi
realizado de acordo com a seguinte expressão:
seccontato ocapilaridade
transversal
M MAbs
Área−
= (94)
onde: contatoM é massa da amostra que permanece com uma das faces em contato com a
água durante um período de tempo especificado (g), sec oM é massa imersa da amostra
seca, assim que esta atingiu a temperatura ambiente (g) e transversalÁrea é a área da seção
transversal (cmP
2P).
78
5 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS
Os materiais utilizados foram cimento, sílica ativa, superplastificante, areia, brita
e água.
Desta forma, são apresentadas, a seguir, as principais características dos
materiais utilizados no presente estudo. Estes materiais possuem as mesmas
especificações dos materiais utilizados nas dissertações de MOTA [5] e VELASCO [6],
uma vez que o presente trabalho pretende ser complementar a estas dissertações.
5.1 Cimento
O cimento utilizado na produção do CAD foi o CPIII-40 Votoran, fabricado pela
empresa Cimento Votoran, cujas propriedades físicas, químicas e mecânicas fornecidas
pelo fabricante, são apresentadas nos itens abaixo.
79
5.1.1 Composição química
A composição química do cimento é dada na Tabela 5.1 abaixo.
Tabela 5.1 – Composição química do cimento CPIII-40.
Composição Química Métodos de Análise Teor (% em massa)
Perda ao fogo PF NBR 5743 2,63
Dióxido de silício SiOB2B NBR 9203 24,94
Óxido de alumínio AlB2BOB3B NBR 9203 7,50
Óxido de ferro III FeB2BOB3B NBR 9203 2,62
Óxido de cálcio total CaO NBR 9203 52,14
Óxido de magnésio MgO NBR 9203 5,34
Anidrido sulfúrico SOB3B NBR 9203 2,57
Óxido de sódio NaB2BO NBR 5747 0,09
Óxido de potássio KB2BO NBR 5747 0,51
Óxido de sódio NaB2BO(solúvel) ASTM C-114 0,03
Óxido de potássio KB2BO(solúvel) ASTM C-114 0,30
Enxofre S NBR 5746 0,34
Flúor F Íons seletivos 0,19
Resíduo Insolúvel RI NBR 5744 0,34
Cal livre CaO livre NBR 7227 0,91
Anidrido carbônico COB2B NBR 11583 1,51
Equivalente alcalino em
NaB2BO(0,658KB2BO%+ NaB2BO%)
- 0,42
Fonte: VIEIRA, REGATTIERI e BAALBAKI [32].
5.1.2 Características físicas e mecânicas
As principais características físicas e mecânicas do cimento são dadas na Tabela
5.2 abaixo.
80
Tabela 5.2 – Características físicas e mecânicas do cimento CPIII-40.
Ensaios Resultados Normas
Massa Específica (Mg/mP
3P) 2,99 NBR 6474/84
Área Específica (mP
2P/Kg) 449,00 NBR 7224/84
Consistência Normal (%) 30,20 NBR 11580/91
Expansibilidade Le Chatelier a quente (%) 0,00 NBR 11582/91
3 dias 25,40
7 dias 38,80 Resistência à Compressão (MPa)
28 dias 56,00
NBR 7215/91
Início 05h10min Tempo de Pega
Fim 06h20min NBR 11581/91
75µm(200) 0,20 Índice de Finura (%)
45µm(325) 1,20 NBR 12826/93
Fonte: VIEIRA, REGATTIERI e BAALBAKI [32].
5.1.3 Granulometria
A distribuição granulométrica do CPIII-40 obtida por VELASCO [6] é
apresentada na Figura 5.1. Nela, é observado que 95% dos grãos de cimento são
menores que 50µm, sendo 55% menores que 20 µm.
Figura 5.1 – Distribuição granulométrica do cimento CPIII-40 [6].
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,11101001000Tamanho (µm)
Peso
pas
sant
e ac
umul
ado
(%)
81
5.1.4 Compacidade
A compacidade experimental do cimento foi determinada utilizando o método de
demanda de água (K=6,7), relatado no item 4.1.1.1. Este ensaio foi realizado com (no
ponto de saturação) e sem superplastificante RX-2010, tendo sido encontrados os
seguintes valores, respectivamente: 0,6200 e 0,5424.
Como era esperado, e já verificado por DE LARRARD [12] e FORMAGINI
[19], a compacidade aumenta com o superplastificante, já que o efeito de redução de
atrito entre as partículas tende a evitar a formação de aglomerados de partículas com
vazios em seu interior.
5.2 Sílica ativa
O aditivo mineral utilizado foi uma sílica ativa em pó, não densificada, fornecido
pela Silmix cujas características físicas e químicas, fornecidas pelo fabricante, são
apresentadas nos itens que se seguem.
5.2.1 Composição química
A composição química da sílica ativa é dada na Tabela 5.3 abaixo.
Tabela 5.3 – Características químicas da sílica ativa.
Composição química Resultados (%)
Óxido de silício (SiOB2B) 91,00
Óxido de alumínio (AlB2BOB3B) 0,10
Óxido de ferro (FeB2BOB3B) 0,70
Óxido de cálcio (CaO) 1,10
Óxido de magnésio (MgO) 1,50
Óxido de sódio (NaB2BO) 0,39
Óxido de potássio (KB2BO) 0,44
Óxido de fósforo (PB2BOB5B) 0,10
C (total) 0,50
Perda ao fogo 1,50
Total 97,33
Fonte: SILMIX.
82
5.2.2 Características físicas
As principais características físicas da sílica ativa são dadas na Tabela 5.4.
Tabela 5.4 – Características físicas da sílica ativa.
Propriedades físicas Resultados
Massa Específica (Kg/mP
3P) 2220,00
Superfície Específica (mP
2P/Kg) 20000,00
Diâmetro Médio (mm) 0,20
Fonte: SILMIX.
5.2.3 Granulometria
A distribuição granulométrica da sílica ativa obtida por VELASCO [6] é
apresentada na Figura 5.2, onde pode-se observar que 95% dos grãos possuem diâmetro
inferior a 1,5µm.
Figura 5.2 – Distribuição granulométrica da sílica ativa.[6]
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
0,11,010,0100,0
Tamanho (µm)
Peso
Pas
sant
e A
cum
ulad
o (%
)
83
5.2.4 Compacidade
A compacidade experimental da sílica ativa foi determinada utilizando o método
de demanda de água (K=6,7), relatado no item 4.1.1.1. Este ensaio foi realizado com (no
ponto de saturação) e sem superplastificante RX-2010, tendo sido encontrados os
seguintes valores, respectivamente: 0,4300 e 0,3122.
5.3 Superplastificante
O superplastificante utilizado na produção do CAD foi um superplastificante
RX-2010 a base de naftaleno sulfonado, fornecido pela Reax Indústria e Comércio Ltda,
cujas características encontram-se na Tabela 5.5.
MOTA [5] e VELASCO [6], através de ensaios de compatibilidade entre o
superplastificante RX-2010 e o material cimentante (cimento CPIII-40 + sílica),
descobriram que o ponto de saturação deste superplastificante possui o valor de 1%.
Tabela 5.5 - Características do superplastificante.
Densidade (g/cmP
3P) 1,22
pH 7,00 a 9,00
Teor de Sólidos (%) 40,00
Fonte: REAX.
5.4 Agregado miúdo
O agregado miúdo utilizado na produção do CAD foi uma areia de rio quartzosa
e suas características são apresentadas nos itens que se seguem.
5.4.1 Granulometria
A granulometria da areia é apresentada na Tabela 5.6, assim como a Dimensão
Máxima Característica (DMC) e o módulo de finura. A curva granulométrica é
apresentada na Figura 5.3.
84
0.1 1 10Tamanho (mm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Mas
sa p
assa
nte
acum
ulad
a (%
)
Figura 5.3 – Distribuição granulométrica da areia.
Tabela 5.6 – Características do agregado miúdo.
Porcentagem retida em massa Ensaios Abertura da
peneira (mm) Média Retida (%) Acumulada (%)
Normas
4,80 1,69 1,69
4,00 0,44 2,13
2,40 2,38 4,51
2,00 2,57 7,08
1,20 11,10 18,18
1,00 5,66 23,84
0,60 25,67 49,51
0,50 13,46 62,97
0,30 21,12 84,08
0,25 5,13 89,21
0,08 9,37 98,58
Granulometria
Fundo 1,42 100
NBR 7217
DMC 4,8 mm NBR 7217
Módulo de Finura 2,70 NBR 7217
85
5.4.2 Principais características físicas
As principais características físicas da areia são dadas na Tabela 5.7.
Tabela 5.7 – Características físicas da areia.
Massa Específica 2,60 g/cm3 NBR 9776
Umidade Natural 0,72 %
Absorção de água 1,19 % NBR 9777
5.4.3 Compacidade
Com a finalidade de permitir uma caracterização, dentro do quadro do MEC, das
diversas classes granulares dos agregados miúdos, estes foram divididos em classes
consideradas como mono-tamanho.
Fotografias das diversas classes utilizadas podem ser vistas na Figura 5.4.
classe AB1B classe AB2B classe AB3B
classe AB4B classe AB5B classe AB6B
classe AB7B classe AB8B classe AB9B
Figura 5.4 – Classes dos agregados miúdos
86
As compacidades experimentais das diversas classes mono-tamanho obtidas
segundo o procedimento experimental de vibração + compressão (K=9) descrito no item
4.1.1.2 são dadas na Tabela 5.8.
Tabela 5.8 – Compacidade experimental dos agregados miúdos
Classe dBmínB(mm) dBmáxB(mm) compacidade desvio padrão CV(%) AB1B 0,08 0,25 0,6037 0,004 0,63 AB2B 0,25 0,30 0,5306 0,004 0,75 AB3B 0,30 0,50 0,5893 0,009 1,59 AB4B 0,50 0,60 0,5716 0,028 4,97 AB5B 0,60 1,00 0,5811 0,006 0,96 AB6B 1,00 1,20 0,5687 0,012 2,02 AB7B 1,20 2,00 0,6005 0,012 2,05 AB8B 2,00 2,40 0,6266 0,008 1,26 AB9B 2,40 4,00 0,5899 0,007 1,23
5.5 Agregado graúdo
O agregado graúdo utilizado foi uma brita sienítica, de forma lamelar, fornecida
pela Pedreira Vigné. Os valores de massa específica, absorção de água, abrasão Los
Angeles e granulometria estão apresentados na Tabela 5.9.
5.5.1 Granulometria
A granulometria da brita é apresentada na Tabela 5.9, assim como a Dimensão
Máxima Característica (DMC) e o módulo de finura. A curva granulométrica é
apresentada na Figura 5.5.
87
Tabela 5.9 – Características do agregado graúdo.
Porcentagem retida em massa Ensaios
Abertura
da peneira (mm) Média Retida (%) Acumulada (%) Normas
9,50 3,58 3,58
8,00 11,48 15,06
4,80 68,98 84,04
4,00 7,22 91,26
2,40 6,45 97,71
2,00 0,68 98,39
1,20 0,38 98,77
1,00 0,05 98,81
0,60 0,06 98,88
0,50 0,02 98,90
0,30 0,06 98,97
0,25 0,03 99,00
0,08 0,32 99,32
Granulometria
Fundo 0,68 100,00
NBR 7217
DMC 9,50 mm NBR 7217
Módulo de Finura 5,93 NBR 7217
0.1 1 10 100Tamanho (mm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Mas
sa p
assa
nte
acum
ulad
a (%
)
Figura 5.5 – Distribuição granulométrica da brita 0.
88
5.5.2 Principais características físicas
As principais características físicas dos agregados graúdos são dadas na Tabela
5.10.
Tabela 5.10 – Características físicas dos agregados graúdos.
Massa Específica 2,70 g/cmP
3P NBR 9937
Absorção de água 1,57% NBR 9937
Abrasão Los Angeles 25,00% NBR 6465
5.5.3 Principais características mecânicas
TAtravés de ensaios de resistência à compressão das amostras da rocha sienítica
(material pelo qual a brita 0 é produzida) realizados Tno Laboratório de
Estrutruras/PEC/COPPE, verifica-se que a resistência à compressão deste material é de
94,81 MPa e seu módulo de elasticidade é de 48 GPa.
5.5.4 Compacidade
Com a finalidade de permitir uma caracterização, dentro do quadro do MEC, das
diversas classes granulares dos agregados graúdos, estes foram divididos em classes
consideradas como mono-tamanho.
Fotografias das diversas classes utilizadas podem ser vistas na Figura 5.6.
As compacidades experimentais das diversas classes mono-tamanho obtidas
segundo o procedimento experimental de vibração + compressão (K=9) descrito no item
4.1.1.2 são dadas na Tabela 5.11.
Tabela 5.11 – Compacidade experimental dos agregados graúdos
Classe dBmínB(mm) dBmáxB(mm) compacidade desvio padrão CV(%)
BB1B 2,40 4,00 0,5054 0,001 0,21
BB 2B 4,00 4,80 0,5123 0,002 0,34
BB 3B 4,80 8,00 0,5315 0,002 0,42
BB 4B 8,00 9,50 0,5412 0,000 0,09
89
classe BB1B classe BB2B
classe BB3B classe BB4B
Figura 5.6 – Classes dos agregados graúdos
5.6 Água
A água utilizada em toda a fase experimental foi proveniente da rede de
abastecimento da cidade do Rio de Janeiro.
90
6 DOSAGENS REALIZADAS
As dosagens realizadas visaram, principalmente, a implementação dos
procedimentos do MEC, que pela primeira vez era utilizado no Brasil para dosagem de
concretos normais e de alto desempenho, visto que até então, as realizações
experimentais com o MEC tinham sidos relativas a pastas de cimentação
(microconcretos) de poços de petróleo ( [18] e [19]). Tendo em vista a possibilidade de
realizar comparações com o MAFM, método de dosagem que vem sendo desenvolvido
na COPPE, decidiu-se também pela realização de alguns concretos dosados segundo
este método para efeito de comparação.
Os parâmetros correspondentes aos objetivos das dosagens foram resistência à
compressão e a trabalhabilidade dada pelo abatimento, apresentando os seguintes
valores:
Os valores das resistências à compressão para os concretos dosados pelo
MEC foram especificados como sendo de 30, 50, 65, 75 e 85 MPa. Os concretos assim
obtidos foram denominados MEC30, MEC50, MEC65, MEC75 e MEC85,
respectivamente;
As resistências à compressão para os concretos dosados pelo MAFM foram
especificadas como sendo de 50 e 75 MPa. Os concretos assim obtidos foram
denominados MAFM50 e MAFM75, respectivamente;
A trabalhabilidade medida pelo abatimento do tronco do cone de Abram foi
especificada em maior ou igual a 150 mm para todos os concretos, exceção feita para o
MEC30, que por se tratar de um concreto convencional, sem sílica ativa nem
superplastificante, teve seu abatimento especificado em 50 mm;
Para todas as dosagens, exceção feita à MEC30, a quantidade de adição de sílica
ativa foi estabelecida em 10 % (em massa) da quantidade de cimento.
91
A mesma condição foi estabelecida para o superplastificante, sendo que a
quantidade de superplastificante foi estabelecida em 1 % dos materiais cimentantes
(cimento e sílica), que foi o ponto de saturação obtido por VELASCO [6] (Ver item
5.3).
Nos itens a seguir são apresentados detalhes das dosagens realizadas pelo MEC e
pelo MAFM.
6.1 Dosagem pelo MEC
As dosagens de concreto utilizando o MEC foram realizadas com o auxílio do
programa BetonlabPro2 [17], conforme descrito no item 2.3. Para a sua utilização, as
seguintes etapas foram necessárias:
Determinação das propriedades dos constituintes do concreto que são
mensuradas diretamente (massa específica, granulometria, módulo de elasticidade dos
agregados, compacidade experimental e absorção de água). As informações
apresentadas no capítulo 5 foram utilizadas;
Armazenamento das propriedades no banco de constituintes (o Anexo 1
apresenta os dados de entrada utilizados no programa BetonlabPro2). A Figura 6.1,
ilustra as etapas de preenchimento das propriedades da brita 0. Os valores de
compacidade virtual das classes (Ver Figura 6.1c) são obtidos automaticamente após a
inclusão das compacidades experimentais das classes;
a) Informações gerais sobre o material b) Propriedades físicas e mecânicas
92
c) Granulometria do material d) Compacidade experimental da classe
1 e dados sobre o de ensaio compactação
e) Compacidade experimental da classe 2 e dados sobre o ensaio de compactação
f) Compacidade experimental da classe 3 e dados sobre o ensaio compactação
g) Compacidade experimental da classe 4 e dados sobre o ensaio compactação
Figura 6.1 – Etapas de armazenamento das propriedades dos constituintes.
93
As propriedades p, q e Kp (propriedades mensuradas indiretamente) foram
calibradas, com o auxílio do BetonlabPro2, através dos dados das dosagens de concretos
realizados por VELASCO [6] e MOTA [5]. Através dos concretos de resistência de 30
e 85 MPa, foram obtidos os valores de 1,4874, 0,01132 e 3,9947 para os parâmetros p, q
e Kp, respectivamente (conforme ilustrado na Figura 6.2) ;
Figura 6.2 – Calibração dos parâmetros p, q e Kp.
Dosagem através da intervenção do usuário. Exemplos das simulações para
o MEC85 estão apresentados na Figura 6.3;
Otimização automática do concreto. As condições utilizadas para a
otimização automática do concreto convencional (MEC30) e dos CAD (MEC50,
MEC65, MEC75 e MEC85) estão apresentadas na Tabela 6.1 e na Tabela 6.2,
respectivamente;
94
Figura 6.3 – Dosagem através da intervenção do usuário.
Tabela 6.1 – Especificações para dosagem do concreto convencional.
Critério valor Colocabilidade ≤ 6 Abatimento ≥ 50 mm Resistência à compressão aos 28 dias 30 MPa Custo mínimo
Tabela 6.2 – Especificações para dosagens dos CAD.
Critério valor Colocabilidade ≤ 8 Abatimento ≥ 150 mm Superplastificante 1%* Sílica ativa 10%** Custo mínimo
* sob a quantidade do material cimentante ** sob a quantidade de cimento
Na Tabela 6.3 estão apresentadas as dosagens das misturas MEC30, MEC50,
MEC65, MEC75 e MEC85 obtidas através do programa BetonlabPro2 [17].
95
Tabela 6.3 – Dosagens das misturas obtidas pelo programa BetonlabPro2. Misturas Constituintes
MEC30 MEC50 MEC65 MEC75 MEC85Agregados graúdos (kg/m3) 825,1 887 875,1 863 827,9Agregados miúdos (kg/m3) 850,1 869,6 853,6 837 801,7Cimento (kg/m3) 328,5 297,8 366,8 426,2 522,2Sílica ativa (kg/m3) 0 29,8 36,7 42,6 52,2Superplastificante (kg/m3) 0 8,19 10,09 11,72 14,36Água(kg/m3) 255,7 214,6 196,4 182,6 170,6Agregados graúdos (%) 48,31 49,55 49,68 49,82 49,86Agregados miúdos(%) 51,69 50,45 50,32 50,18 50,14Percentagem de superplastificante (%) 0 1,1 1,1 1,1 1,1Água efetiva (kg/m3) 238,7 201,5 184,7 172,2 162,4Ar aprisionado (%) 1,9 2,1 2,1 2,2 2,1agregados graúdos/agregados miúdos 0,971 1,02 1,025 1,031 1,033água efetiva/cimento 0,727 0,677 0,504 0,404 0,311Massa específica do concreto fresco 2,259 2,307 2,339 2,363 2,389Tensão cisalhante (Pa) 1622 1209 1223 1234 1048Viscosidade plástica (Pa.s) 154 340 400 483 589Abatimento do tronco do cone (cm) 8,3 15 15 15 17,9Resistência à compressão ao 3º dia - fc3 (MPa) 0,5 16 39,6 55,2 70,7Resistência à compressão ao 28º dia - fc28 (MPa) 30 50 65 75 85Módulo de elasticidade ao 28º dia – E (GPa) 23,8 30,2 32,2 33,3 33,9Potencial de segregação(confinado) - S 0,98 0,916 0,907 0,902 0,898Colocabilidade do concreto não confinado - K'(não conf) 6 7,073 7,366 7,684 8Colocabilidade do concreto confinado - K' (conf) 6 7,073 7,366 7,684 8Contribuição dos agregados miúdos- K'f 1,407 1,341 1,907 2,52 3,596Contribuição dos agregados graúdos- K'gg 1,485 1,845 1,772 1,698 1,497
De acordo com os conceitos estabelecidos pelo MEC [12], um diagrama de
preenchimento ideal deve apresentar taxas de preenchimento de forma que as diferenças
entre as taxas adjacentes não sem relevantes, ou seja, o diagrama ideal não deve possuir
picos (Figura 6.4). Diagramas com baixas taxas de preenchimentos nas classes de
pequenos diâmetros (material cimentante), quando comparada com as demais classes
utilizadas na dosagem, ocasionam exsudação do concreto. Enquanto que, diagramas
com pico de taxa de preenchimento nas classes de agregados graúdos, quando
comparada com as demais, ocasiona segregação do concreto.
96
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
c imento agregado smiúdo s
agregado sgraúdo s
Diâmetro (mm)
taxa
de
pree
nchi
men
to
Figura 6.4 – Diagrama de preenchimento ideal.
Analisando os diagramas de preenchimento das misturas dosadas pelo MEC
utilizadas neste estudo (Figura 6.5), baseando-se nas considerações acima, pode
constata que:
O aumento da quantidade de cimento (requerido para obter uma maior
resistência à compressão) e a inclusão de sílica ativa foram os responsáveis pela
diminuição da probabilidade de exsudação dos concretos dosados pelo MEC porque
ocasionou um aumento nas taxas de preenchimento dos materiais cimentantes;
O concreto MEC30 foi a dosagem que apresentou a maior probabilidade de
exsudação quando comparado com os demais concretos devido a ausência de sílica ativa
em sua composição. Este fato fez com que ela possuísse as menores taxas de
preenchimento das classes de materiais finos;
Devido o equilíbrio entre as classes utilizadas na dosagem do MEC85, ele
foi o concreto que mais se aproximou de um diagrama ideal;
Os concretos MEC50 e MEC65, apesar de possuírem sílica ativa,
apresentaram taxas de preenchimentos dos materiais cimentantes baixas quando
comparadas com as demais classes. Conseqüentemente a probabilidade de exsudação
era relevante. O fenômeno de exsudação foi verificado experimentalmente durante a
concretagem destas misturas.
Realizados os concretos em laboratório dosados pelo MEC, verificou-se que o
MEC50 e MEC65 apresentaram resistência à compressão de 41,31 e 55, 46,
respectivamente. Estes valores, provavelmente ocasionados devido ao fenômeno de
exsudação, apresentaram um erro superior a 5 % em relação à resistência especificada.
97
Desta maneira, foram produzidas duas outras dosagens variando-se a relação
água/materiais cimentantes 0,65 e 0,49 para 0,50 e 0,42, respectivamente. Os concretos
assim obtidos foram denominados MEC50(II) e MEC65(II), respectivamente.
Na Tabela 6.4 estão apresentadas as composições das dosagens realizadas
utilizando o MEC.
Tabela 6.4 – Dosagem do CAD para 1 mP
3P de concreto, utilizando o MEC.
Misturas Traço em massa Cimento (Kg)
Sílica ativa (Kg)
Areia (Kg)
Brita (Kg)
Água (l)
SP (l)
MEC30 1:2,32:2,25:0,70 361,10 - 838,90 814,20 251,50 - MEC50 1:0,1:2,92:2,98:0,65 297,80 29,80 869,60 887,00 214,60 6,71
MEC50(II) 1:0,1:2,92:2,98:0,50 297,80 29,80 869,60 887,00 163,79 6,71 MEC65 1:0,1:2,33:2,39:0,49 366,80 36,70 853,60 875,10 196,40 8,27
MEC65(II) 1:0,1:2,33:2,39:0,42 366,80 36,70 853,60 875,10 169,46 8,27 MEC75 1:0,1:1,96:2,02:0,39 426,20 42,60 837,00 863,00 182,60 9,61 MEC85 1:0,1:1,54:1,59:0,30 522,20 52,20 801,70 827,90 170,60 11,77
98
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Diâmetro(µm)
Taxa
de
pree
nchi
men
to
a) Diagrama de preenchimento do MEC30
0,0
0 ,1
0 ,2
0 ,3
0 ,4
0 ,5
0 ,6
0 ,7
0 ,8
0 ,9
1,0
Diâmetro(µm)
Taxa
de
pree
nchi
men
to
0 ,0
0 ,1
0 ,2
0 ,3
0 ,4
0 ,5
0 ,6
0 ,7
0 ,8
0 ,9
1,0
Diâmetro(µm)
Taxa
de
pree
nchi
men
to
b) Diagrama de preenchimento do MEC50 c) Diagrama de preenchimento do MEC65
0,0
0 ,1
0 ,2
0 ,3
0 ,4
0 ,5
0 ,6
0 ,7
0 ,8
0 ,9
1,0
Diâmetro(µm)
Taxa
de
pree
nchi
men
to
0 ,0
0 ,1
0 ,2
0 ,3
0 ,4
0 ,5
0 ,6
0 ,7
0 ,8
0 ,9
1,0
Diâmetro (µm)
taxa
de
pree
nchi
men
to
d) Diagrama de preenchimento do MEC75 e) Diagrama de preenchimento do MEC85
Figura 6.5 – Diagramas de preenchimento do MEC30, MEC50, MEC65, MEC75 e MEC85 para
abatimento maior a 150 mm.
99
6.2 Dosagens realizadas utilizando o MAFM
As dosagens utilizando o MAFM foram realizadas seguindo o procedimento
descrito no item 2.1 do Capítulo 2. Na Tabela 6.5 estão apresentadas as composições
das dosagens encontradas utilizando este método.
Tabela 6.5 – Dosagem do CAD para 1 mP
3P de concreto, utilizando MAFM.
Misturas Traço em massa Cimento (Kg)
Sílica ativa (Kg)
Areia (Kg)
Brita (Kg)
Água (l)
SP (l)
MAFM50 1:0,1:2,64:2,55:0,44 323,06 32,31 852,55 824,99 156,73 7,36MAFM75 1:0,1:1,84:2,23:0,36 395,33 39,55 726,64 879,87 155,84 9,00
100
7 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os resultados experimentais correspondentes às
dosagens realizadas segundo o MEC e o MAFM.
7.1 Trabalhabilidade medida pelo abatimento
A Tabela 7.1 apresenta os resultados do abatimento do tronco de cone para os
concretos em que o MAFM foi utilizado. Nela, verifica-se que o concreto MAFM75
atingiu a trabalhabilidade desejada (200 ± 20 mm), enquanto que no concreto
MAFM50 isto não ocorreu.
Tabela 7.1 – Abatimento dos concretos MAFM.
Misturas Abatimento especificado(mm)
Abatimento previsto (mm)
Abatimento obtido (mm)
(ao – ap) (mm)*
MAFM50 200 200 60 - 140
MAFM75 200 200 210 + 10
* (ao – ap) = abatimento obtido – abatimento previsto.
Na Tabela 7.2 encontram-se os resultados do abatimento do tronco de cone para
os concretos em que o MEC foi utilizado.
Tabela 7.2 – Abatimento dos concretos MEC.
Misturas Abatimento especificado(mm)
Abatimento previsto (mm)
Abatimento obtido (mm)
(ao – ap) (mm)*
MEC30 ≥ 50 83 88 + 5 MEC50 ≥ 150 150 220 + 70
MEC50(II) ≥ 150 150 65 - 85 MEC65 ≥ 150 150 230 + 80
MEC65(II) ≥ 150 150 197 + 47 MEC75 ≥ 150 150 245 + 95 MEC85 ≥ 150 179 220 + 41
* (ao – ap) = abatimento obtido – abatimento previsto.
101
Nela verifica-se que todos os concretos, exceto o MEC50, atingiram a
trabalhabilidade desejada.
Os concretos MAFM50 e MEC50(II) apresentaram abatimento menor do que o
especificado. O procedimento de dosagem exigiria a realização de uma outra dosagem
tentativa, com uma variação do teor de água, o que não foi possível realizado por
imposição de tempo de complementação deste trabalho. A Tabela 7.3 indica , a título
informativo, informações sobre os concretos MAFM50, MEC50 e MEC50(II)
agrupando os resultados de abatimento e resistência.
Tabela 7.3 – Comparação entre os concretos MAFM50, MEC50 e MEC50(II).
Misturas fBc28B (MPa) obtida
Abatimento obtido (mm)
a/mc
MAFM50 56,28 60 0,44 MEC50 41,31 220 0,65
MEC50(II) 52,56 65 0,50
A Figura 7.1apresenta comparação entre o abatimento previsto e o obtido
experimentalmente para os concretos dosados por ambos métodos. Ao analisar os
concretos dosados pelo MEC, constata-se que a correlação entre os seus valores é de
0,8882 (excluindo o concreto MEC50(II) porque o valor obtido experimentalmente
encontra-se fora quando comparado com os outros concretos dosados pelo MEC).
50
100
150
200
250
50 100 150 200 250Abatimento obtido experimental (mm)
Aba
timen
to P
revi
sto
(mm
)
MEC
MAFM
Figura 7.1 – Comparação entre abatimentos previstos e experimentais
102
7.2 Resistência à compressão
A Tabela 7.4 apresenta as resistências à compressão dos concretos produzidos
utilizando o MAFM. Analisando os resultados, verifica-se que as resistências obtidas
foram 12 % e 6 % maiores que as especificadas para os concretos MAFM50 e
MAFM75, respectivamente, demonstrando a eficiência do MAFM para a dosagem de
CAD.
Tabela 7.4 – Resistências à compressão dos concretos MAFM aos 28 dias.
Misturas fBc28B (MPa) especificada
fBc28B (MPa) obtida
Desvio padrão (MPa)
CV (%) Erro(%)*
MAFM50 50 56,28 0,83 1,48 + 12 MAFM75 75 79,75 1,95 2,44 + 6
* erro = [(fBc28B obtida – fBc28B especificada)/ fBc28B especificada]*100.
A Tabela 7.5 apresenta as resistências à compressão dos concretos produzidos
utilizando o MEC na primeira tentativa laboratorial.
Tabela 7.5 – Resistências à compressão dos concretos MEC aos 28 dias.(1ª
tentativa laboratorial)
Misturas fBc28B (MPa) especificada
fBc28B (MPa) obtida
Desvio padrão (MPa)
CV (%) Erro (%)*
MEC30 30 28,64 1,29 4,51 - 4 MEC50 50 41,31 1,30 3,14 - 17 MEC65 65 55,45 1,66 2,99 - 14 MEC75 75 69,38 2,72 3,92 - 7 MEC85 85 87,85 1,27 1,44 + 3
* Erro (%)= [(fBc28B obtida – fBc28B especificada)/ fBc28B especificada]*100.
Analisando os resultados, verifica-se que as diferenças entre as resistências
especificadas e obtidas variaram entre – 17% e + 3%. Tendo como referência o valor
de erro aceitável pelo modelo utilizado para estabelecer a resistência à compressão
como sendo de ±5 % [12], constata-se que os concretos MEC30 e MEC85
apresentaram resultados satisfatórios já na primeira tentativa em laboratório. Como o
MEC75 apresentou uma diferença de cerca de 7 % na primeira tentativa em laboratório,
conseqüentemente com uma diferença ligeiramente acima da margem aceitável
estabelecida pelo modelo achou-se conveniente não proceder a uma segunda tentativa
laboratorial.
103
Quanto aos concretos MEC50 e MEC65, foi realizada uma segunda dosagem em
laboratório onde as relações a/mc foram abaixadas. Conforme apresentado na Tabela
7.6, os concretos MEC50(II) e MEC65(II) apresentaram as diferenças entre as
resistências especificadas e obtidas de 5%. Conseqüentemente estes concretos também
apresentaram valores satisfatórios quanto à resistência à compressão.
Tabela 7.6 – Resistências à compressão dos concretos MEC aos 28 dias (2ª
tentativa laboratorial).
Misturas fBc28B (MPa) especificada
fBc28B (MPa) obtida
Desvio padrão (MPa)
CV (%) Erro (%)*
MEC50(II) 50 52,56 3,47 6,61 + 5 MEC65(II) 65 61,77 1,87 3,03 - 5
* Erro (%) = [ (fBc28B obtida – fBc28B especificada)/ fBc28B especificada]*100.
A Figura 7.2 apresenta comparação entre a resistência a compressão prevista e o
obtida experimentalmente para os concretos dosados por ambos métodos. Ao analisar os
concretos dosados pelo MEC, constata-se que a correlação entre os seus valores é de
0,9655.
20
30
40
50
60
70
80
90
100
20 30 40 50 60 70 80 90 100
fc28 obtido experimental (MPa)
fc28
Pre
vist
o (M
Pa)
MEC
MAFM
Figura 7.2 – Comparação entre resistências à compressão previstas e
experimentais
O Anexo 2 apresenta os valores de resistência obtidos em diferentes idades.
104
7.3 Módulo de elasticidade (Curvas tensão-deformação)
Como o MEC permite prever o módulo de elasticidade, foram traçadas as curvas
típicas tensão-deformação para concretos MEC30, MEC50, MEC50(II), MEC65,
MEC65(II) e MEC75. As curvas para o concreto MEC 85 não foram traçadas por
problemas relativos à instrumentação. Curvas típicas são apresentadas na Figura 7.3 e as
demais curvas são apresentadas no Anexo 3.
-8000 -6000 -4000 -2000 0 2000 4000 6000 8000Deformação (µε)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Res
istê
ncia
à c
ompr
essã
o (M
Pa)
C 30C 50C 50(II)C 65C 65 (II)C 75
AxialLateral
Figura 7.3 – Curvas tensão versus deformação típicas
A partir das curvas tensão-deformação foram calculados os valores médios e o
coeficiente de variação (CV) da resistência à compressão (fBcB), do módulo de
elasticidade (E), do coeficiente de Poisson (ν ) e da deformação axial na tensão de pico
(B aεB
) para os concretos elaborados na primeira e segunda tentativa laboratorial. Estes
resultados estão apresentados na Tabela 7.7 e na Tabela 7.8, respectivamente, onde são
também indicadas as resistências à compressão a título indicativo.
105
Tabela 7.7 – Propriedades mecânicas, utilizando MEC-1ª tentativa laboratorial.
Misturas Resultados MEC30 MEC50 MEC65 MEC75 MEC85 fBcB (MPa) - CV (%) 28,64 - 4,51 41,31 - 3,14 55,46 - 2,99 69,38 - 3,92 87,85 - 1,44
B aε B( µε ) - CV (%) 2990,26 - 5,77 3135,73 - 1,01 3019,00 - 3,45 2761,88 - 9,06 --------- E (GPa) - CV (%) 21,08 - 2,48 25,28 - 5,92 28,28 - 1,37 33,65 - 2,31 33,10 - 4,49
ν - CV (%) 0,18 – 10,24 0,18 - 11,63 0,18 - 6,39 0,21 - 0,24 0,20 – 0,00 Tabela 7.8 – Propriedades mecânicas, utilizando MEC- 2ª tentativa laboratorial.
Misturas Resultados MEC50(II) MEC65(II) fBcB (MPa) - CV (%) 52,56 - 6,61 61,77 - 3,03
B aε B( µε ) - CV (%) 2507,57 - 7,19 2777,65 - 1,92 E (GPa) - CV (%) 30,98 - 0,59 31,95 - 1,94
ν - CV (%) 0,21 - 5,80 0,21- 4,08
Verificando a Figura 7.3, constata-se que o ramo ascendente das curvas do CAD
apresenta uma proporcionalidade linear maior que os concretos de resistência normal.
Este fenômeno ocorre devido ao menor nível de microfissuração do CAD. Para a
mistura MEC30, o ramo linear da curva estende-se até um estado de solicitação
equivalente a 48 % da resistência de ruptura. Para os concretos MEC50, MEC50(II),
MEC65, MEC65(II) e MEC75, esses valores são da ordem de 63, 69, 65, 68 e 68 %,
respectivamente. Constata-se também que a deformação axial na tensão de pico é menor
para o CAD (excetuando o MEC50 e o MEC65) quando comparado com o concreto de
resistência normal. Estas diferenças absolutas foram de 5, 16, 1, 7 e 8 % para os
concretos MEC50, MEC50(II), MEC65, MEC65(II) e MEC75, respectivamente.
Conferindo o comportamento pós-pico, verifica-se que a inclinação do ramo
descendente da curva tensão-deformação é maior no CAD do que em concreto de
resistência normal, levando a uma ruptura mais brusca no CAD. O motivo deste
acontecimento deve-se a redução da possibilidade de uma redistribuição de tensões do
CAD ocasionado pelo seu menor estado de microfissuração interna.
Dos resultados indicados na Tabela 7.7 e Tabela 7.8, observa-se que há uma
relação direta do aumento da resistência à compressão com o aumento do módulo de
elasticidade do CAD, quando comparado com o concreto normal. Os acréscimos nos
módulos foram de 20, 47, 34, 52, 60 e 57 % para os concretos MEC50, MEC50(II),
MEC65, MEC65(II), MEC75 e MEC85 respectivamente.
Ao comparar os valores dos módulos de elasticidade obtidos experimentalmente
com os valores previstos pelo BetonlabPro 2 para concretos com abatimento maior ou
106
igual a 150 mm (Tabela 7.9), verifica-se que a diferença absoluta entre eles foram de 11,
16, 3, 12, 1, 1 e 2 % para os concretos MEC30, MEC50, MEC50(II), MEC65,
MEC65(II), MEC75 e MEC85, respectivamente, indicando bons resultados de previsão
deste parâmetro.
Tabela 7.9 – Módulos de elasticidade previstos e obtidos para os concretos
MEC.
Misturas E (GPa) previsto*
E (GPa) obtido
Erro (%)**
MEC30 23,8 21,08 -11 MEC50 30,2 25,28 -16
MEC50(II) 30,2 30,98 + 3 MEC65 32,2 28,28 - 12
MEC65(II) 32,2 31,95 - 1 MEC75 33,3 33,65 + 1 MEC85 33,9 33,10 - 2
* E previsto através do BetonlabPro 2. Ver Tabela 6.3. ** Erro (%) = [(E obtida – E previsto)/ E previsto]*100.
A Figura 7.4 apresenta comparação entre o módulo de elasticidade previsto e o
obtido experimentalmente para os concretos dosados por ambos métodos. Ao analisar os
concretos dosados pelo MEC, constata-se que a correlação entre os seus valores é de
0,8900.
20
25
30
35
40
20 25 30 35 40
E obtido experimental (GPa)
E Pr
evis
to (G
Pa)
Figura 7.4 – Comparação entre módulos de elasticidade previstos e
experimentais
107
Em relação ao coeficiente de Poisson, observa-se valores entre 0,18 e 0,21 para
os concretos estudados, estando portanto de acordo com a literatura ( [5] e [6]).
7.4 Propriedades físicas dos concretos
Na Tabela 7.10, na Tabela 7.11 e na Tabela 7.12 estão apresentadas as
propriedades físicas dos concretos estudados.
Ao analisar a Tabela 7.10, verifica-se valores de índice de vazios de 7,79% e
8,14 % e valores de absorção água por imersão de 3,77 % e 3,96 % para os concretos
MAFM50 e MAFM75, respectivamente. Estes valores indicam que não ocorreram
mudanças consideráveis nem no índice de vazios, nem na absorção de água por imersão
nos referidos concretos.
Tabela 7.10 – Propriedades físicas dos concretos MAFM.
Misturas Resultados MAFM50 MAFM75 Absorção por imersão(%)-CV(%) 3,77 – 1,60 3,96 - 3,04
Índice de vazios(%)-CV(%) 7,79 - 059 8,14 - 2,43 massa específica da amostra seca (g/cmP
3P) - CV (%)
2,07 – 1,13 2,06 - 0,64
massa específica da amostra saturada (g/cmP
3P) - CV (%)
2,15 – 1,08 2,16 - 0,68
massa específica real (g/cmP
3P) - CV (%)
2,24 – 1,10 2,24 - 0,45
água/materiais cimentantes 0,44 0,36
VELASCO [6], que utilizou o MAFM para produzir concretos, encontrou
valores de 7,72 % e 6,82 % para o índice de vazios (porosidade total) para concretos de
resistência à compressão de 65 e 85 MPa, respectivamente.
Associando os valores obtidos por VELASCO com os valores apresentados
nesta dissertação, pode-se concluir que no caso MAFM, o aumento da resistência
especificada não altera consideravelmente o índice de vazios do concreto.
Verificando as massas específicas seca, saturada e real do MAFM, apresentadas
na Tabela 7.10, constata-se que não ocorreram mudanças consideráveis em relação a
estas propriedades com a mudança dos valores de resistência à compressão.
A Tabela 7.11 apresenta as propriedades físicas dos concretos MEC obtidos na
primeira tentativa laboratorial. Ao verificar a absorção por capilaridade, absorção por
108
imersão e índice de vazios dos concretos MEC, constata-se que ocorre diminuição dos
valores destas propriedades à medida que a resistência à compressão aumento. Contudo,
a maior diferença encontra-se entre os valores do concreto normal (MEC30) e os
concretos de alto desempenho (MEC50, MEC65 MEC75 MEC85). Esta diferença é
devido ao refinamento dos poros proporcionado pela presença de sílica ativa nos CAD´s
produzidos. Ela preenche os espaços entre os grãos de cimento e agregados, tornando a
matriz dos concretos menos porosa e mais densa.
Tabela 7.11 – Propriedades físicas dos concretos MEC (1ª tentativa laboratorial).
Misturas Resultados MEC30 MEC50 MEC65 MEC75 MEC85 Absorção por capilaridade (g/cmP
2P) - CV(%) 1,09-3,33 0,41 –5,11 0,29 –6,62 0,29–3,34 0,16 –1,19
Absorção por imersão(%)-CV(%) 8,11 –2,48 4,88 –0,98 4,90 –17,67 3,31 –1,89 2,10 –1,51
Índice de vazios (%) - CV (%) 16,30 -2,35 10,27 –1,13 10,31 –15,75 7,26 -1,57 4,66 – 1,17
massa específica da amostra seca (g/cmP
3P) - CV (%) 2,02 – 0,22 2,11 –0,12 2,15 –0,27 2,20 –0,33 2,23 –0,33
massa específica da amostra saturada (g/cmP
3P) - CV (%) 2,18 – 0,18 2,21 –0,17 2,23 –0,17 2,27 –0,28 2,27 –0,31
massa específica real (g/cmP
3P) - CV (%) 2,40 – 0,36 2,34 –0,29 2,35 –0,07 2,37 –0,24 2,33 –0,30
água/materiais cimentantes 0,70 0,65 0,49 0,39 0,30
A Tabela 7.12 apresenta as propriedades físicas dos concretos MEC obtidos na
segunda tentativa laboratorial. Quando associa-se os valores apresentados na Tabela
7.11 com os apresentados na Tabela 7.12, a simples associação de aumento de
resistência à compressão com a diminuição da absorção por capilaridade, absorção por
imersão e índice de vazios não é mais verificada. O fator primordial nesta situação será
a relação a/mc. A diminuição da relação a/mc promoveu uma diminuição dos valores
das referidas propriedades físicas.
109
Tabela 7.12 – Propriedades físicas dos concretos MEC (2ª tentativa laboratorial).
Misturas Resultados MEC50(II) MEC65(II)
Absorção por capilaridade (g/cmP
2P) -
CV(%) 0,26 –10,37 0,19 –7,07
Absorção por imersão (%)-CV(%)
2,53 –5,27 2,54 –3,97
Índice de vazios (%) - CV (%)
5,40 –4,74 5,60-3,91
massa específica da amostra seca (g/cmP
3P) - CV (%)
2,20 –0,31 2,21 –0,06
massa específica da amostra saturada (g/cmP
3P) - CV (%)
2,25 –0,29 2,27 – 0,11
massa específica real (g/cmP
3P) - CV (%)
2,32 –0,34 2,34 – 0,18
água/materiais cimentantes 0,50 0,42
Comparando os valores dos concretos MAFM50 e MAFM75 com os valores
MEC50 e MEC75, constata-se:
os concretos do MEC possuem valores de absorção por imersão e índice de
vazios menores que o MAFM (levando em consideração o alto percentual de
coeficiente de variação (%CV) do MAFM50);
As massas específicas seca, saturada e real do MEC apresentam valores mais
altos que o MAFM.
As análises realizadas neste item comprovam que os concretos MEC, por
possuírem seus esqueletos granulares otimizados, são mais duráveis que os concretos
MAFM. Ou seja, os concretos MEC possuem de modo geral, uma menor absorção e
menor índice de vazios quando comparado com concretos não otimizados.
7.5 Evolução da absorção de água dos concretos MEC
A Figura 7.2 mostra a evolução da absorção de água por capilaridade para as
misturas dosadas pelo MEC. Os resultados desta propriedade indicam que, de modo
geral, a taxa de absorção capilar diminui com o aumento da resistência à compressão,
promovendo, conseqüentemente, concretos mais duráveis.
A análise das curvas dos concretos MEC30, MEC50, MEC65, MEC75 e MEC85
(concretos da 1ª tentativa laboratorial do MEC) comprovam esta hipótese. Contudo, ao
inserir os concretos MEC50-II e MEC65-II (concretos da 2ª tentativa laboratorial do
110
MEC) na análise, um outro parâmetro fica mais evidente: a relação água/material
cimentante. Nesta situação, verifica-se que à medida que a relação água/material
cimentante decresce, a absorção de água por capilaridade também diminui.
Através desta comprovação, pode-se confirmar que uma baixa relação
água/material cimentante é condição essencial para a produção de CAD, mesmo que o
esqueleto granular da mistura esteja otimizado.
0 5 10 15 20 25Tempo(h^0.5)
0
0.4
0.8
1.2
Cap
ilarid
ade
(g/c
m^2
)
C 30C 50C 50 - IIC 65C 65 - IIC 75C 85
Figura 7.5 – Absorção de água por capilaridade para os concretos MEC
7.6 Comparações entre os concretos de dosagens utilizadas
Analisando as misturas MEC50(II) e MAFM50, constata-se que ambas
atingiram a resistência especificada, sendo que o MEC50(II) apresentou um valor cerca
de 7 % menor que o MAFM50. Contudo, o MEC atingiu a resistência especificada com
um menor quantidade de cimento (10 % a menos que do MAFM50), uma maior
trabalhabilidade (65 mm contra 60 mm do MAFM50) e uma maior relação
água/material cimentante (0,50 contra 0,44 do MAFM). Conclui-se, portanto que a
produção do MEC50 terá um custo mais baixo.
Contudo, ao analisar as misturas MEC75 e MAFM75, verifica-se que ambos
atingiram a trabalhabilidade especificada (maior ou igual a 150 mm), sendo que o
MEC75 obter um maior valor devido a maior relação água/material cimentante (0,39
111
contra 0,36 do MAFM75). Todavia, o MAFM75 foi produzido com uma menor
quantidade de cimento e ultrapassou o valor da resistência especificada. Conclui-se,
portanto que a produção do MEC75 terá um custo mais elevado. O fato do MAFM75 ter
atingido o valor especificado, deve-se à diferença da relação agregados
graúdos/agregados miúdos. No MEC75 esta relação era de 1, enquanto que no
MAFM75 a relação era 1,2. Uma maior relação de agregado graúdo leva a uma maior
resistência.
112
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na presente tese foram apresentados dois métodos de dosagem para concreto de
alto desempenho (CAD).
O primeiro é situado dentro do quadro do Modelo de Empacotamento
Compressível (MEC), que é um modelo geral que compreende uma extensa formulação
teórica experimental permitindo simulações computacionais e otimização das dosagens.
O segundo é um modelo simplificado baseado nos métodos de Aïtcin e Faury
que vem sendo aprimorado em recentes trabalhos acadêmicos.
No presente trabalho foram implementados todos os procedimentos
experimentais que permitem a caracterização dos materiais necessários à aplicação do
MEC. Foram então realizadas no Brasil, as primeiras dosagens de CAD utilizando este
ferramental teórico-experimental e numérico.
Pode-se concluir, a partir dos resultados apresentados nesta tese, que os modelos
e métodos estudados apresentam um importante potencial de aplicação para a dosagem
dos concretos de alto desempenho, sendo que os objetivos podem ser atingidos com
poucas dosagens tentativas.
Entretanto é importante que um volume maior de trabalhos experimentais seja
realizado para que se possam estabelecer correlações mais precisas e condizentes com
os diversos tipos de agregados e materiais cimentantes utilizados no Brasil entre as
diversas propriedades do material e suas características de empacotamento.
113
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] NEVILLE, A.. Propriedades do concreto. 2ª ed., São Paulo, PINI, 1997.
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Alta Resistência. Tese (Livre-Docência) – Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre, 2000.
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Requirements for Constituent Materials and Mix Proportioning. ACI Materials
Jounal, Detroit, v.93, nº3, p.233-241, 1996.
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compressão do concreto de alto desempenho. Tese de mestrado, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001.
[6] VELASCO, R.V. Concreto de alto desempenho reforçado com fibras de
polipropileno e sisal submetido a altas temperaturas. Tese de mestrado,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.
[7] RESENDE, F.M. Influência das fibras de aço, polipropileno e sisal no
amortecimento de concretos de resistência normal e de alto desempenho. Tese
de mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003.
[8] FONTES, C.M.A. Potencialidades da Cinza de Lodo das Estações de
Tratamento de Esgotos como Material Suplementar para a produção de
Concretos com Cimento Portland. Tese de mestrado, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Dezembro, 2003.
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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Junho, 1976.
[10] AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Recommended practice for selecting
proportions for concrete. ACI Standard 613.
114
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Performances. Thèse de Doctorat de l´Ecole Nationale des Ponts et Chaussées,
Rapport de Recherche LPC N° 149, March 1988, Paris.
[12] DE LARRARD, F. Concrete Mixture Proportioning: A Scientific Approach.
Modern Concrete Technology Series, vol. 9, E&FN SPON, London, 1999, 421
pp.
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concreto endurecidos - Determinação da absorção de água por capilaridade:
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concreto - Determinação da resistência à tração por compressão diametral de
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117
ANEXO 1
Agregado graúdo (Brita 0)
G1 Dossier: materiais_alex_5.cst Type de constituant: Gravillon Nom: Brita O Date: 11/5/2003 10:54 Commentaires: Brita O da empresa Vigner Coût : 10 (Euro/t) Coef. d'adhérence p: 1,4874 Coef. plafond q (MPa^-1): 0,01132 Coef.de traction Kt (MPa^-0.43): 0,43 Module élastique (GPa): 48 Masse volumique (kg/m3): 2700 Absorption d'eau (%): 1,57 Capacité thermique (kJ/K/Kg): Diamètre Passant % ß ß* 2,5 mm 0 0,5549 3,15 mm 2,3 0,5549 4 mm 8,7 0,5808 5 mm 16 0,5896 6,3 mm 49,9 0,5896 8 mm 84,9 0,6262 10 mm 100 Compacités propres virtuelles constantes par coupure: Oui Coupure : 2,5 mm / 4 mm Sans adjuvant Compacité expérimentale: 0,505 Indice de serrage: 9 Confinement: Cylindre Dimensions du cylindre en mm Ø: 160 H: 320 Coupure : 4 mm / 5 mm Sans adjuvant Compacité expérimentale: 0,512 Indice de serrage: 9 Confinement: Cylindre Dimensions du cylindre en mm Ø: 160 H: 320
118
Coupure : 5 mm / 8 mm Sans adjuvant Compacité expérimentale: 0,532 Indice de serrage: 9 Confinement: Cylindre Dimensions du cylindre en mm Ø: 160 H: 320 Coupure : 8 mm / 10 mm Sans adjuvant Compacité expérimentale: 0,541 Indice de serrage: 9 Confinement: Cylindre Dimensions du cylindre en mm Ø: 160 H: 320
Agregado miúdo (Areia)
S1 Dossier: materiais_alex_5.cst Type de constituant: Sable Nom: Areia total Date: 19/5/2003 09:22 Commentaires: Coût : 10 (Euro/t) Coef. d'adhérence p: 1,4874 Coef. plafond q (MPa^-1): 0,01132 Coef.de traction Kt (MPa^-0.43): Module élastique (GPa): Masse volumique (kg/m3): 2600 Absorption d'eau (%): 0,47 Capacité thermique (kJ/K/Kg): Diamètre Passant % ß ß* 80 µ 0 0,5833 100 µ 2,1 0,5833 125 µ 4,2 0,5833 160 µ 6,5 0,5833 200 µ 8,6 0,5833 250 µ 10,7 0,5833 315 µ 15,9 0,5833 400 µ 26,8 0,5833 500 µ 37 0,614 630 µ 50,5 0,614 800 µ 63,8 0,614 1 mm 76,2 0,637
119
1,25 mm 81,8 0,637 1,6 mm 87,7 0,637 2 mm 92,9 0,6709 2,5 mm 95,5 0,6709 3,15 mm 97,7 0,6709 4 mm 100 Compacités propres virtuelles constantes par coupure: Oui Coupure : 80 µ / 500 µ Sans adjuvant Compacité expérimentale: 0,604 Indice de serrage: 9 Confinement: Cylindre Dimensions du cylindre en mm Ø: 160 H: 320 Coupure : 500 µ / 1 mm Sans adjuvant Compacité expérimentale: 0,581 Indice de serrage: 9 Confinement: Cylindre Dimensions du cylindre en mm Ø: 160 H: 320 Coupure : 1 mm / 2 mm Sans adjuvant Compacité expérimentale: 0,6 Indice de serrage: 9 Confinement: Cylindre Dimensions du cylindre en mm Ø: 160 H: 320 Coupure : 2 mm / 4 mm Sans adjuvant Compacité expérimentale: 0,627 Indice de serrage: 9 Confinement: Cylindre Dimensions du cylindre en mm Ø: 160 H: 320
Cimento CP III 40 C1 Dossier: materiais_alex_5.cst Type de constituant: Ciment Nom: Cimento CP III 40 - Dados Apostila Cimento Votoran Date: 13/5/2003 08:05 Commentaires: Superplastifiant utilisé: Coût : 90 (Euro/t)
120
Constituants % Clinker (K): 95 % Cendre volante (V): 0 % Filler calcaire (L): 5 % Pouzzolane naturelle (Z): 0 % Laitier (S): 0 % Fumée de silice (D): 0 % Divers: 0 Composition de Bogue % C3S: 63,5 % C2S: 14,8 % C3A: 0,159 % C4AF: 15,423 % Divers: % Alcalins: 0,42 Classe vraie à 1 jour: Classe vraie à 2 jours: Classe vraie à 3 jours: 25,4 Classe vraie à 7 jours: 38,8 Classe vraie à 28 jours: 56 Classe vraie à 90 jours: Classe vraie à 360 jours: Masse volumique (kg/m3): 2990 Capacité thermique (kJ/K/Kg): 0,76 Dosage de saturation (%): 0,8 Kc (MPa): Diamètre Passant % ß ß* 0,08 µ 0 0,4395 0,5134 0,1 µ 0,4 0,4395 0,5134 0,125 µ 0,7 0,4395 0,5134 0,16 µ 0,9 0,4395 0,5134 0,2 µ 1,2 0,4395 0,5134 0,25 µ 1,6 0,4395 0,5134 0,315 µ 2 0,4395 0,5134 0,4 µ 2,7 0,4395 0,5134 0,5 µ 3,3 0,4395 0,5134 0,63 µ 4,1 0,4395 0,5134 0,8 µ 5,8 0,4395 0,5134 1 µ 7,9 0,4395 0,5134 1,25 µ 11,1 0,4395 0,5134 1,6 µ 14,1 0,4395 0,5134 2 µ 17,6 0,4395 0,5134 2,5 µ 21,7 0,4395 0,5134 3,15 µ 25,1 0,4395 0,5134 4 µ 29,3 0,4395 0,5134 5 µ 34 0,4395 0,5134 6,3 µ 40 0,4395 0,5134
121
8 µ 45,1 0,4395 0,5134 10 µ 51,9 0,4395 0,5134 12,5 µ 62 0,4395 0,5134 16 µ 71,2 0,4395 0,5134 20 µ 81,2 0,4395 0,5134 25 µ 88,5 0,4395 0,5134 31,5 µ 94,4 0,4395 0,5134 40 µ 97,4 0,4395 0,5134 50 µ 99,2 0,4395 0,5134 63 µ 100 Compacités propres virtuelles constantes par coupure: Oui Coupure : 0,08 µ / 63 µ Sans adjuvant Compacité expérimentale: 0,5425 Indice de serrage: 6,7 Confinement: Aucun A saturation Compacité expérimentale: 0,62 Indice de serrage: 6,7 Confinement: Aucun
Sílica Ativa
FS1 Dossier: materiais_alex_5.cst Type de constituant: Fumée de silice Nom: Silica ativa - Dados da Reila Date: 13/5/2003 14:39 Commentaires: Superplastifiant utilisé: Coût : 360 (Euro/t) Coefficient pouzzolanique Kp à 1 jour: Kp à 2 jours: Kp à 3 jours: 1,4 Kp à 7 jours: Kp à 28 jours: 3,9947 Kp à 90 jours: Kp à 360 jours: Masse volumique (kg/m3): 2220 Capacité thermique (kJ/K/Kg): 0,73 Dosage de saturation (%): 4 Addition admise par la norme P18 305: Oui Diamètre Passant % ß ß* 0,125 µ 0 0,2987 0,4209 0,16 µ 0 0,2987 0,4209 0,2 µ 36,9 0,2987 0,4209
122
0,25 µ 48,2 0,2987 0,4209 0,315 µ 59,9 0,2987 0,4209 0,4 µ 76,1 0,2987 0,4209 0,5 µ 85,4 0,2987 0,4209 0,63 µ 90 0,2987 0,4209 0,8 µ 93,4 0,2987 0,4209 1 µ 94,3 0,2987 0,4209 1,25 µ 94,7 0,2987 0,4209 1,6 µ 95,2 0,2987 0,4209 2 µ 95,8 0,2987 0,4209 2,5 µ 96,3 0,2987 0,4209 3,15 µ 96,8 0,2987 0,4209 4 µ 97,9 0,2987 0,4209 5 µ 98,4 0,2987 0,4209 6,3 µ 98,7 0,2987 0,4209 8 µ 99,2 0,2987 0,4209 10 µ 99,4 0,2987 0,4209 12,5 µ 99,6 0,2987 0,4209 16 µ 99,8 0,2987 0,4209 20 µ 99,8 0,2987 0,4209 25 µ 99,8 0,2987 0,4209 31,5 µ 99,9 0,2987 0,4209 40 µ 99,9 0,2987 0,4209 50 µ 100 Compacités propres virtuelles constantes par coupure: Oui Coupure : 0,125 µ / 50 µ Sans adjuvant Compacité expérimentale: 0,3122 Indice de serrage: 6,7 Confinement: Aucun A saturation Compacité expérimentale: 0,43 Indice de serrage: 6,7 Confinement: Aucun
Superplastificante Reax 2010 SP1 Dossier: materiais_alex_5.cst Type de constituant: Superplastifiant Nom: Superplastificante Reax Date: 25/3/2003 10:13 Commentaires: Superplastificante Reax 2010, concentracao de solido= 40 % Coût : 1 (Euro/t) Concentration solide (%): 40 Constantes de seuil de cisaillement: 1,22
123
ANEXO 2
Resistência à compressão dos concretos MEC e MAFM em várias idades
Mistura Idade(dias) fc(MPa) Desvio Padrão CV(%) 3 13,03 0,51 3,95 7 21,09 1,57 7,45
MEC30 14 24,96 1,04 4,18 28 28,64 1,29 4,51 91 33,51 2,13 6,37 3 19,10 0,44 2,31 7 30,77 2,01 6,55
MEC50 14 34,00 1,21 3,57 28 41,31 1,30 3,14 91 51,42 0,97 1,88 8 43,35 1,08 2,49
MEC50(II) 14 48,43 2,90 5,99 28 52,56 3,47 6,61 3 31,07 0,34 1,08 7 44,39 0,78 1,75
MEC65 14 50,67 1,09 2,15 28 55,45 1,66 2,99 91 69,14 0,61 0,89 8 52,49 1,31 2,50
MEC65(II) 14 58,00 0,96 1,66 28 61,77 1,87 3,03 3 38,45 2,32 6,04 7 55,22 4,97 9,01
MEC75 14 60,44 7,17 11,86 28 69,38 2,72 3,92 91 75,44 0,00 0,00 3 52,46 4,69 8,95 7 70,92 0,67 0,95
MEC85 14 68,95 8,77 12,72 28 87,85 1,27 1,44 91 93,69 1,40 1,49
MAFM50 14 43,97 4,52 10,29 28 56,28 0,83 1,48 7 54,94 5,31 9,67
MAFM75 14 65,06 2,79 4,29 28 79,75 1,95 2,44
124
ANEXO 3
-10000 -8000 -6000 -4000 -2000 0 2000 4000 6000 8000Deformação (µε)
0
10
20
30
40
50
60
70
80R
esis
tênc
ia à
com
pres
são
(MPa
)
amostra 1amostra 2amostra 3
AxialLateral
Curvas tensão-deformação para o concreto MEC30
-10000 -8000 -6000 -4000 -2000 0 2000 4000 6000 800Deformação (µε)
0
10
20
30
40
50
60
70
80R
esis
tênc
ia à
com
pres
são
(MPa
)
amostra 1amostra 2amostra 3
Lateral Axial
Curvas tensão-deformação para o concreto MEC50
-10000 -8000 -6000 -4000 -2000 0 2000 4000 6000 8000Deformação (µε)
0
10
20
30
40
50
60
70
80R
esis
tênc
ia à
com
pres
são
(MPa
)
amostra 1amostra 2amostra 3
Lateral Axial
Curvas tensão-deformação para o concreto MEC50(II)
-10000 -8000 -6000 -4000 -2000 0 2000 4000 6000 8000Deformação (µε)
0
10
20
30
40
50
60
70
80R
esis
tênc
ia à
com
pres
são
(MPa
)
amostra 1amostra 2amostra 3amostra 4
Lateral Axial
Curvas tensão-deformação para o concreto MEC65
-10000 -8000 -6000 -4000 -2000 0 2000 4000 6000 8000Deformação (µε)
0
10
20
30
40
50
60
70
80R
esis
tênc
ia à
com
pres
são
(MPa
)
amostra 1amostra 2amostra 3
Lateral Axial
Curvas tensão-deformação para o concreto MEC65(II)
-10000 -8000 -6000 -4000 -2000 0 2000 4000 6000 8000Deformação (µε)
0
10
20
30
40
50
60
70
80R
esis
tênc
ia à
com
pres
são
(MPa
)
amostra 1amostra 2amostra 3amostra 4
Lateral Axial
Curvas tensão-deformação para o concreto MEC75