Tese Mota Gomes
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Universidade de Aveiro 2007
Departamento de Geociências
ALBERTO DA MOTA GOMES
HIDROGEOLOGIA E RECURSOS HÍDRICOS DA ILHA DE SANTIAGO (CABO VERDE)
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Universidade de Aveiro
2007 Departamento de Geociências
ALBERTO DA MOTA GOMES
HIDROGEOLOGIA E RECURSOS HÍDRICOS DA ILHA DE SANTIAGO (CABO VERDE)
Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para o efeito de obtenção do Grau de Doutor no Ramo de Geociências especialidade em Hidrogeologia.
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Á minha Esposa, e aos nossos filhos Alberto e Ana Lúcia
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o júri
presidente Doutor Paulo Jorge de Melo Matias Faria de Vila Real Professor Catedrático da Universidade de Aveiro
Doutor Manuel Augusto Marques da Silva Professor Catedrático da Universidade de Aveiro (orientador)
Doutor Cláudio Alves Furtado Professor Associado da Universidade de Cabo Verde
Doutora Ana Maria Pires Alencoão Professora Associada da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Doutor Fernando Acácio Monteiro dos Santos Professor Auxiliar com agregação da Universidade de Lisboa
Doutor José Manuel Martins Azevedo Professor Auxiliar da Universidade de Coimbra
Doutora Maria Teresa Condesso de Melo Professor Auxiliar convidada da Universidade de Aveiro
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agradecimentos
À Universidade de Aveiro, na pessoa da sua Reitora Prof. Doutora Helena Nazaré, a oportunidade que me foi concedida de desenvolver este tema; À Fundação para a Ciência e a Tecnologia da Secretaria de Estado da Ciência e da Tecnologia do Ministério da Ciência e do Ensino Superior pela concessão da Bolsa de Investigação com a referência SFRH / BD / 9791 / 2003 financiada pelo POCTI – Formar e Qualificar – Medida 1.1. Ao orientador deste trabalho Professor Catedrático Manuel Marques da Silva, da Universidade de Aveiro, pelos ensinamentos, orientação, estímulo, compreensão, disponibilidade, empenho e dedicação sempre demonstrados ao longo da preparação dessa dissertação. Ao Exmº Senhor Professor Catedrático Fernando Tavares Rocha, Pró-Reitor da Universidade de Aveiro, pelo interesse e estímulo demonstrado. Ao Exmº. Senhor Professor Catedrático Eduardo Anselmo Ferreira da Silva da Universidade de Aveiro, pelo interesse e estímulo demonstrado. À Exmª Senhora Professora Doutora Teresa Melo, da Universidade de Aveiro, pelos ensinamentos, orientação, estímulo, compreensão, disponibilidade, empenho e dedicação sempre demonstrados ao longo da preparação dessa dissertação. Ao Exmº Senhor Professor Auxiliar Fernando Acácio Monteiro dos Santos, do Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, pelos ensinamentos, orientação, estímulo, compreensão, disponibilidade, empenho e dedicação sempre demonstrados ao longo da preparação dessa dissertação. Ao Exmº Senhor Professor Doutor Cláudio Alves Furtado, Pró-Reitor de Pós-graduação e Investigação da Universidade de Cabo Verde, pelos aconselhamentos, orientação, estímulo, disponibilidade e empenho na leitura atenta dessa dissertação e sugestões claras no sentido de melhorar essa dissertação. Ao Instituo Superior de Educação por me ter proporcionado tempo para dedicar à preparação da tese de dissertação.
agradecimentos
Aos colegas do Centro de Geologia do Departamento de Geociências do Instituto Superior de Educação, devendo-se realçar: . Professor António Filipe Lobo de Pina, pela colaboração e estímulo sempre presentes, principalmente nas duas campanhas de campo, no âmbito dos trabalhos desta dissertação em que foram levadas a cabo observações em 132 pontos de água, no ano de 2003, distribuídos por toda a ilha, durante a estação “seca” ou das “brisas” (Junho e Julho) e durante a estação das “águas” ou das “chuvas” Outubro e Novembro, com saídas diárias para o campo. . Professor António Advino Sabino, especialista reconhecido no domínio da Hidrologia Superficial pela orientação, estímulo, disponibilidade para leitura atenta, na íntegra, de toda a dissertação e sugestões claras no sentido de melhorar o trabalho. . Professora Sónia Melo Vitória pelo apoio prestado e esclarecimentos no domínio da geologia. . Professor José Manuel Pereira pelo apoio prestado e estímulo sempre presentes, ao longo dos últimos três (3) últimos meses, com a finalidade de rever toda a geologia que serviu de suporte básico aos trabalhos de hidrogeologia. . Ao Instituto Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos, INGRH, pela disponibilidade total evidenciada ao longo dos anos desta dissertação, quer pelo fornecimento de dados dos seus arquivos quer pelas facilidades concedidas no Laboratório de Análise de Águas. . Ao Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário, pelas facilidades concedidas na utilização do Laboratório de Análise de Águas.
palavras-chave
Geologia, Hidrogeologia, Sequência Estratigráfica, Inventário de pontos de água, Unidades Hidrogeológicas, Inventário de locais favoráveis à construção de barragens, Barragem de Poilão.
resumo
O presente trabalho tem o propósito de divulgar importantes estudos hidrogeológicos efectuados na Ilha de Santiago com a colaboração de diversas entidades, devendo-se salientar a empresa francesa BURGÉAP, as NAÇÕES Unidas e Instituições Cabo-verdianas. Do mesmo modo se procura salientar a parceria conseguida no sentido de se implementar a execução de barragens, isto é, no inventário e estudos de base das zonas favoráveis à captação de águas superficiais e construção de barragens. O trabalho está estruturado em 10 capítulos complementares: I – Enquadramento do Arquipélago de Cabo Verde; II – Apresentação da Ilha de Santiago; III – Geologia; IV - Geomorfologia e Alimentação de Aquíferos; V - Climatologia; VI - Hidrogeologia; VII – Qualidade de Água Subterrânea; VIII- O uso da Geofísica em Hidrogeologia – O método VLF; IX - Hidrologia Superficial; X - Comportamento das Rochas Vulcânicas face à circulação das águas. Na sequência dos trabalhos realizados, foi possível a obtenção de água potável para abastecimento às populações, água para agricultura e para outras necessidades
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keywords
Geology, hydrogeology, stratigraphical sequence, inventories of points of water, hydrogeological units, inventory of favourable places for dams construction, Poilão dam.
abstract
This work tends to publish important hydrogeology studies realized in Santiago Islands with the collaboration of different entities, namely the French enterprise BURGÈAP, the United Nations and some Cape Verdean Institutions. In the same way, it is worthy to point out the important partnership established in order to implement the execution of dames, that is, in the inventory and the basis study of favourable areas to the reception of superficial waters and dames construction. The work is divided into 10 complementary chapters: I – Location of the Cape Verde Archipel; II - Presentation of the Santiago Island; III – Geology; IV - Geomorphology and water provision; V - Climatology; VI - Hydrogeology; VII – Quality of underground water; VIII- Superficial hydrology; IX - The geophysics use in hydrogeology – The VLH method; X - Behaviour of the volcanic rocks in relation to the waters circulation. In the sequence of the works above referred, it was possible the obtaining of drinking water for provisioning to the agglomerates population, water for irrigation and other needs.
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ÍNDICE
1. ENQUADRAMENTO DO ARQUIPÉLAGO DE CABO VERDE ................................................. 17
1.1. Origem e Localização....................................................................................................... 19
1.2. População ........................................................................................................................ 22
1.3. Recursos Hídricos ............................................................................................................ 23
Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 25
2. APRESENTAÇÃO DA ILHA DE SANTIAGO............................................................................ 27
2.1. Enquadramento da Ilha .................................................................................................... 29
2.2. População da ilha de Santiago ......................................................................................... 32
2.3. Recursos Hídricos ............................................................................................................ 33
Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 34
3. GEOLOGIA.............................................................................................................................. 35
3.1. História Geológica da Ilha de Santiago ............................................................................ 37
3.2. Sequência Vulcano – Estratigráfica ................................................................................. 39
Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 78
4. GEOMORFOLOGIA E ALIMENTAÇÃO DE AQUÍFEROS........................................................ 79
4.1. Geomorfologia.................................................................................................................. 81
4.1.1. Introdução ............................................................................................................. 81
4.1.2. Caracterização das Grandes Unidades Geomorfológicas...................................... 81
4.2. Alimentação de Aquíferos ................................................................................................ 94
Referências Bibliográficas ...................................................................................................... 97
5. CLIMATOLOGIA ..................................................................................................................... 99
5.1. Clima e o Tempo ........................................................................................................... 101
5.2. Elementos do Clima ...................................................................................................... 101
5.2.1. Temperatura ........................................................................................................ 101
5.2.2. Pressão e ventos................................................................................................. 103
5.2.3. Humidade Relativa e Nebulosidade ..................................................................... 106
5.2.4. Insolação e evaporação....................................................................................... 108
5.2.4.1. Insolação .............................................................................................. 108
5.2.4.2. Evaporação .......................................................................................... 111
5.3.4.3. Chuvas: Regime e Distribuição............................................................. 115
5.3. Factores de Clima e de Tempo ...................................................................................... 132
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 135
6. HIDROGEOLOGIA ................................................................................................................ 137
6.1. Introdução ...................................................................................................................... 139
6.2. Inventário de pontos de água ......................................................................................... 139
6.3. Rede de Observação e Controlo ................................................................................... 152
6.3.1. Controlo Hidrogeológico nos anos 2002, 2003, 2004, 2005 e 2006 ..................... 153
6.4. Observações de 2003 .................................................................................................... 157
6.4.1. Observações efectuadas na estação “seca” ou “das brisas”
– Junho e Julho ................................................................................................... 157
6.4.2. Seguimento de pontos de água durante a estação “das águas”
ou “das chuvas” – Outubro e Novembro .............................................................. 163
6.5. Observações ao longo do ano 2004 ............................................................................... 170
6.6. Interpretação de ensaios de caudal................................................................................ 177
6.6.1. Introdução ........................................................................................................... 177
6.6.2. Interpretação de Ensaios de Bombagem ............................................................. 178
6.7. Unidades hidrogeológicas .............................................................................................. 194
6.8. Comportamento das rochas vulcânicas face à circulação das águas ............................. 198
6.8.1. Introdução ........................................................................................................... 198
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6.8.2. Armazenamento e circulação da água................................................................. 200
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 202
7. QUALIDADE DAS ÁGUAs SUBTERRÂNEAS ...................................................................... 209
7.1. Introdução ...................................................................................................................... 211
7.2. Metodologia - caracterização hidroquímica geral ........................................................... 211
7.3. Caracterização hidroquímica das principais unidades hidrogeológicas
da Ilha de Santiago ........................................................................................................ 212
7.4. Impacto da actividade agrícola no quimismo das águas subterrâneas ........................... 215
7.5. Dados da qualidade da água.......................................................................................... 218
7.6. Política da Água ............................................................................................................. 220
7.7. Conceito da Potabilidade................................................................................................ 221
7.8. Contaminação de águas subterrâneas ........................................................................... 222
7.9. Desinfecção da água em Cabo Verde ............................................................................ 224
7.10.Campanha de 2005 ....................................................................................................... 225
7.11.Resultados dos trabalhos realizados em 20 (vinte) pontos de
água em 2005, nos meses de Agosto Setembro e Outubro............................................ 226
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 248
8. HIDROLOGIA SUPERFICIAL ................................................................................................ 251
8.1. Inventário de zonas favoráveis para aproveitamento de águas
superficiais na ilha de Santiago...................................................................................... 253
8.2. A Barragem de Poilão .................................................................................................... 255
8.2.1. Acções prévias concernentes à construção da Barragem ................................... 255
8.2.2. Barragem de Poilão ............................................................................................. 257
8.2.3. Utilização da Água da Barragem.......................................................................... 266
8.2.4. Objectivo Principal do Plano ................................................................................ 266
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 268
9. O USO DA GEOFÍSICA EM HIDROGEOLOGIA.................................................................... 269
9.1. Introdução ...................................................................................................................... 271
9.2. Aquisição de dados ........................................................................................................ 272
9.3. Dados e Interpretação VLF ............................................................................................ 274
9.3.1. Ribeira de Cumba................................................................................................ 280
9.3.2. Ribeira Seca ........................................................................................................ 281
9.3.3. Ribeira dos Picos................................................................................................. 282
9.4. Conclusões e recomendações ....................................................................................... 282
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 285
10. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................................................. 287
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1.
ENQUADRAMENTO DO ARQUIPÉLAGO DE CABO VERDE
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1.1. ORIGEM E LOCALIZAÇÃO
As ilhas de Cabo Verde elevam-se de um soco submarino, em forma de ferradura,
situado a uma profundidade da ordem de 3.000 metros. Deste soco emergem três
pedestais bem distintos (Bebiano, 1932):
> um a Norte, compreendendo as ilhas de St° Antão, S. Vicente, St.ª Luzia e S.
Nicolau e os ilhéus Boi, Pássaros, Branco e Raso;
> outro a Leste e a Sul, com as ilhas do Sal, Boa Vista, Maio e Santiago e os ilhéus
Rabo de Junco, Curral de Dadó, Fragata, Chano, Baluarte e de Santa Maria;
> e outro a Oeste, compreendendo as ilhas do Fogo e da Brava e os ilhéus Grande,
Luís Carneiro e de Cima. (Fig. 1.1.1. Mapa de Cabo Verde e distribuição das ilhas
nos três pedestais e Tabela 1.1.1 - Tabela comparativa das dimensões das Ilhas
e Ilhéus).
A formação das ilhas teria sido iniciada por uma actividade vulcânica submarina
central, mais tarde completada por uma rede fissural manifestada nos afloramentos
(Serralheiro, 1976 e Macedo et al., 1988, adaptado por Mota Gomes et al. 2004).
A maior parte das ilhas é dominada por emissões de escoadas lávicas e de
materiais piroclásticos subaéreos (escórias, bagacinas ou “lapilli” e cinzas),
predominantemente basálticos (Serralheiro, 1976 e Macedo et al., 1988, adaptado
por Mota Gomes et al. 2004).
O Arquipélago de Cabo Verde fica localizado na margem Oriental do Atlântico
Norte, a cerca de 450 Km da Costa Ocidental da África e a cerca de 1.400 Km a
SSW das Canárias, limitado pelos paralelos 17° 13’ (Ponta Cais dos Fortes, Ilha de
St.° Antão) e 14º 48’ de latitude Norte (Ponta de Nho Martinho, Ilha Brava) e pelos
meridianos de 22° 42’ de longitude Oeste de Greenwich (ilhéu Baluarte, Ilha da Boa
Vista) e 25° 22’ (Ponta Chã de Mangrado, Ilha de St.° Antão) (Borges, 2000); (Fortes,
2001), (Tavares 2001).
Distancia cerca de 2.000 Km a Leste do actual “rift” da “Crista Média Atlântica”
e a Oeste da zona de quietude magnética (“quite zone”), entre as isócronas dos
120 e 140 M.A., segundo Vacquier (1972), e a dos 107 e 153 M.A., segundo Haynes
& Rabinowitz (1975), argumentos invocados para se considerar que as ilhas teriam
sido geradas em ambiente oceânico. Emerge de uma região elevada do actual
fundo oceânico, que faz parte da “Crista de Cabo Verde” (“Cape Verde Rise”), e que
na vizinhança das ilhas corresponde a um domo com cerca de 400 Km de largura
(Lancelot et al., 1977). Presume-se que um domo daquelas dimensões representa
um fenómeno importante, possivelmente relacionado com descompressão e fusão
parcial (Le Bas, 1980) que forneceria a fonte dos magmas que originaram as ilhas
(Stillman et al., 1982). As ilhas ter-se-iam implantado por um mecanismo do tipo
“hot-spot”, de acordo com alguns autores segundo Mota Gomes (2004).
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tab. 1.1.1. Sinopse relativa à topologia das ilhas e ilhéus do Arquipélago de Cabo Verde
Ilhas e ilhéus Superfícies Comprimento máx. Largura máx. Altitude máx.
[km2] [m] [m] [m]
St.º Antão 779 42750 23970 1978
S. Vicente 227 24250 16250 725
St.ª Luzia 35 12370 5350 395
I. Branco 3 3975 1270 327
I. Raso 7 3600 2770 164
S. Nicolau 343 44500 22000 1304
Sal 216 29700 11800 406
Boavista 620 28900 30800 387
Maio 269 24100 16300 436
Santiago 991 54900 28800 1394
Fogo 476 26300 23900 2829
Brava 64 10500 9310 976
I. Grande 2 2350 1850 95
I.L. Carneiro 0,22 1950 500 32
I. de Cima 1,15 2400 750 77
Fonte: Bebiano (1932)
Tendo em conta os ventos dominantes, os alísios de nordeste, é costume dividir o arquipélago em dois grupos (Pina, 2005) (Fig. 1.1.2):
i. Barlavento, formado pelas ilhas de Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia, São Nicolau, Sal e Boavista e os ilhéus Boi, Pássaros, Branco, Raso, Rabo de Junco, Curral de Dadó, Fragata, Chano e Baluarte, de Santa Maria; e
ii. Sotavento, formado pelas ilhas do Maio, Santiago, Fogo e Brava e os ilhéus de Santa Maria, Grande, Luís Carneiro e de Cima.
Segundo Amaral (1964), as ilhas foram encontradas em duas expedições, em 1460 e 1462, tendo a “descoberta” da ilha de Santiago sido uma das primeiras. Considerando o conjunto das ilhas, Santiago avantaja-se em relação às demais pelos seguintes aspectos: ocupa uma posição não marginal, com bons ancoradouros abrigados dos ventos predominantes, um relevo dissecado que lhe permite ter vales largos e achadas (zonas planas) extensas, de todas é a maior entre as ilhas e a terceira mais alta. Aí se estabeleceu, desde o começo do século XVI, uma “escala” de navegação para a África, a América e o Oriente. Embora o Governo tenha residido ocasionalmente noutras ilhas, Santiago foi sempre o centro político do arquipélago e, até à fundação do Mindelo (cerca de 1850), um porto natural magnífico, o único nó de todas as relações marítimas. Povoada por brancos e pretos escravos de origem africana, estes não tardaram a prevalecer. Dada a importância da agricultura e a mão de obra que recebeu para ela é, no conjunto das ilhas “crioulas”, a mais povoada. Tem uma área de 991 km2 e mais de 50% da população do Arquipélago. (Censo de 2000 do INE).
O clima (temperatura média anual 25º C, precipitação muito variável) é caracterizado pela ocorrência de duas estações perfeitamente marcadas (Fernandes, 2004):
> A das “águas”, a mais quente, de Agosto a Outubro, de chuvas intermitentes ligadas à deslocação setentrional da Convergência Inter Tropical (CIT);
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> A das “brisas”, de Dezembro a Junho, mais fresca e seca, em que predomina
a acção dos alísios. O efeito da altitude combina-se com o da orientação das
massas do relevo em relação aos ventos dominantes, para daí resultar uma
gama variada de climas locais: aridez no litoral, humidade e vegetação nos
pontos altos, precipitação maior na vertente oriental e escassez de humidade na
vertente ocidental.
fig.1.1. 1. Mapa de distribuição das ilhas nos três pedestais
Fonte: Bebiano (1932)
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fig. 1.1.2. Mapa do Arquipélago de Cabo Verde, em relação aos ventos dominantes.
1.2. POPULAÇÃO
De acordo com o Recenseamento Geral da População e Habitação do Instituto
Nacional de Estatística de Cabo Verde do ano 2000, o Arquipélago de Cabo Verde
tem uma população de 431.989 habitantes, podendo-se realçar que 207.994 são do
sexo masculino enquanto que 223.995 são do sexo feminino (Tabela 1.2.1.).
tab. 1.2.1. População residente por sexo e ilha em 2000
Ilhas População Residente em 2000
Total Masculino Feminino
Cabo Verde 431.989 207.994 223.995
(48,1%) (51,9%)
Santo Antão 47.042 24.359 22.683
São Vicente 66.671 32.820 33.851
São Nicolau 13.647 6.782 6.865
Sal 14.596 7.668 6.928
Boa Vista 4.206 2.234 1.972
Maio 6.740 3.150 3.590
Santiago 234.940 109.693 125.247
Fogo 13.375 6.496 6.879
Brava 4.374 2.180 2.194
Fonte: Instituto Nacional de Estatística (2000)
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1.3. RECURSOS HÍDRICOS
A precipitação é a origem dos Recursos Hídricos. (Mota Gomes, 1999). Toda a
água utilizada (com a excepção da água dessalinizada), tem a sua origem na chuva.
Assim, os Recursos Hídricos Subterrâneos e Superficiais são alimentados pelas
precipitações. Infelizmente, há dezenas de anos que a precipitação em Cabo Verde
tem sido bastante irregular, com o agravante de que uma boa parte se perde no mar.
“O balanço hidrológico mostra que a precipitação que cai sobre as ilhas se
reparte, em termos médios, da seguinte maneira” (Esquema Director para a
Exploração dos Recursos Hídricos -1993-2005, Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento – Conselho Nacional de Águas, Instituto Nacional de Gestão dos
Recursos Hídricos, Abril de 1993”):
> 67% evapora-se;
> 20% escoa-se sob a forma de escoamento superficial;
> 13% recarga os aquíferos.
Os Recursos Hídricos Subterrâneos são estimados em 124 milhões de metros
cúbicos por ano. Dessa quantidade total, apenas 65 milhões de metros cúbicos por
ano é tecnicamente explorável, num ano de pluviometria regular e 44 milhões de
metros cúbicos por ano, nos períodos de seca.
Os Recursos Hídricos Superficiais são estimados em 181 milhões de metros
cúbicos por ano. Estes recursos superficiais, praticamente não são explorados,
até à presente data , devido à inexistência de dispositivos de captação e de
armazenamento (barragens, por exemplo). Acaba de ser construída a primeira
barragem do país (Barragem do Poilão).
tab. 1.3.1. Recursos Hídricos (milhões de m3/ano)
Ilha Precipitação Água Superficial Água Subterrânea
[mm] Bruto Explorável Explorável
(período médio) (período médio) (período médio) (período médio) (período seco)
Santo Antão 186 27,0 28,6 21,3 14,5
S. Vicente 21 2,3 0,6 0,4 0,2
S. Nicolau 49 5,9 4,2 2,5 1,5
Sal 13 0,7 0,4 0,1 0,05
Boa Vista 42 2,5 1,6 0,7 0,3
Maio 41 4,7 2,1 0,9 0,5
Santiago 323 56,6 42,4 26,0 16,5
Fogo 233 79 42 12,0 9,3
Brava 17 2,3 1,9 1,6 1,0
Cabo Verde 925 181 124 65 44
Fonte: Schéma Directeur pour la mise en valeur des ressources en eau (1993 – 2005) Volume 1,
Chapitre 3, pg. 3.14 - Source : Projet PNUD/DDES CVI – 87 – 001.
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O estudo mais recente, realizado pela Cooperação Japonesa, relativamente à
Ilha de Santiago conclui, contrariamente a todos os outross estudos anteriores,
que a perda através do escoamento superficial, na Ilha de Santiago, seria superior
às perdas por evaporação!!! (tabelas 1.3.2., 1.3.3., 1.3.4.). Esta conclusão mudar
fortemente os dados do problema, especialmente em termos de potencialidade de
evaporação das águas superficiais.
tab.1.3.2. Disponibilidades em Água
Origem Evaporação Escoamento superficial Infiltração
CVI/75/001 50% 33% 17%
PNUD/INGRH 67% 20% 13%
Coop. Japonesa 36% 51% 13%
Valor Médio 51% 34,7% 14,3%
tab.1.3.3. Estimativa das Águas Superficiais (milhões de m3/ano)
Ilha PNUD Plano director Cooperação Japonesa
St.º Antão 97 27
S. Vicente 2 2,3
S. Nicolau 14 5,9
Sal 2 0,7
Boa Vista 6 2,5
Maio 4 4,7
Santiago 108 56,6 168,4
Fogo 87 79
Brava 8 2,3
Total 328 181
tab. 1.3.4. Estimativa das águas subterrâneas (milhões de m3/ano)
Ilha BURGÉAP PNUD Plano director Cooperação Japonesa
St.º Antão 29,2 54,0 28,6
S. Vicente 0,3 1,0 0,6
S. Nicolau 4,3 9,0 4,2
Sal 0,1 1,0 0,4
Boa Vista 0,4 5,0 1,6
Maio 1,1 3,0 2,1
Santiago 21,9 55,0 42,4 34,9
Fogo 21,9 42,0 42,0
Brava 1,64 5,0 1,9
Total 80,84 175 124
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Referências Bibliográficas
AMARAL, Ilídio do. 1964. Santiago de Cabo Verde. A Terra e os Homens, Memórias da Junta
de Investigações dfo Ultramar, 2ª ser. nº 48, Lisboa..
BEBIANO, J. Bacelar. 1932. A Geologia do Arquipélago de Cabo Verde, Lisboa.
FERNANDES, Jorge Heclinton da Silva. 2004. Hidrogeologia do Concelho de Santa Catarina.
Praia.
GOMES, Alberto da Mota. 1999. Análise de resultados – O PNUD em Cabo Verde e o novo
milénio. Protecção de Ambiente, Gestão dos Recursos Naturais, Luta Contra a Pobreza,
Praia.
INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA (2000) – Recenseamento Geral da População e
Habitação, Praia.
MACEDO, J. Rocha de, SERRALHEIRO A. e SILVA, L. Celestino, 1988. Notícia Explicativa da
Carta Geológica da Ilha de S. Nicolau (Cabo Verde) na escala 1:50.000, Garcia de Orta,
Ser. Geológ, 11 (1-2), Lisboa.
PINA, Pedro da Costa de, 2005. Gestão Integrada do Perímetro Irrigado de Colonato e o
impacto sócio-económico na Comunidade de Chão Bom, Praia.
SCHÉMA DIRECTEUR POUR LA MISE EN VALEUR DES RESSOURCES EN EAU (1993 – 2005)
Volume 1, Chapitre 3, pg. 3.14 - Source : Projet PNUD/DDES CVI – 87 – 001, Paris.
SERRALHEIRO, António, 1976 – A geologia da Ilha de Santiago (Cabo Verde), Lisboa
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2.
APRESENTAÇÃO DA ILHA DE SANTIAGO
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2.1. ENQUADRAMENTO DA ILHA
A ilha de Santiago tem uma forma adelgaçada e fica situada na parte Sul do
Arquipélago entre os paralelos 15º 20’ e 14º 50’ de latitude Norte e os meridianos 23º
50’ e 23º 20’ de longitude Oeste do meridiano de Greenwich. Tem um comprimento
máximo de 54,9 km entre a Ponta Moreia, a Norte, e a Ponta Mulher Branca, a Sul, e
uma largura máxima de 29 km entre a Ponta Janela, a Oeste, e a Ponta Praia Baixo,
a Leste.
Na parte Norte da ilha observa-se um estreitamento pronunciado, entre Chão
Bom, a Oeste, e Porto Formoso, a Leste, da ordem dos 6 km (Gonçalves, 2005).
A formação da ilha teria sido iniciada por uma actividade vulcânica submarina
central, mais tarde completada por uma rede fissural manifestada nos afloramentos
(Serralheiro, 1976; Macedo et al., 1988).
A ilha é dominada por emissões de escoadas lávicas e de materiais piroclásticos
subaéreos (escórias, bagacinas ou “lapilli” e cinzas), predominantemente
basálticos.
Administrativamente a ilha é constituída por nove (9) Concelhos e onze (11)
Freguesias, de acordo com a Fig. 2.1.1. (Jeremias, 2006) e Tabela 2.1.1. (Jeremias,
2006).
> Concelho da Praia: Localizado na parte Sul, ocupando uma área de 97 km2,
com uma população total de 114688 habitantes e distribuidos pela freguesia de
Nossa Senhora da Graça.
> Concelho de São Domingos: Com uma área de cerca de 134,5 km2, com uma
população de 13897 habitantes, distribuídos pelas freguesias de São Nicolau
Tolentino e Nossa Senhora da Luz.
> Concelho de Santa Catarina: Situado na parte central, apresenta uma área de
214,2 km2, e uma população de 44969 habitantes, formado pela freguesia de
Santa Catarina.
> Concelho de Santa Cruz: Situado na zona Leste, ocupa uma área de 109,8 km2,
com uma população de 27807 habitantes, constituído pela freguesia de Santiago
Maior.
> Concelho do Tarrafal: Situado a Norte, abrange uma área de 112,4 km2 e
apresenta uma população de 26786 habitantes distribuídos pela freguesia de
Santo Amaro Abade.
> Concelho de São Miguel: Situado a nordeste, ocupa uma área de 91,0 km2, na
qual reside uma população de 17008 habitantes, pertencente à freguesia de São
Miguel Arcanjo.
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> Concelho de S. Lourenço dos dos Órgãos, criado pelo Decreto-lei nº 64/VI/
2005, localiza-se na parte central, ocupando uma área de 38,5 km2, com uma
população de 8513 habitantes distribuídos pela freguesia de S. Lourenço dos
Órgãos.
> Concelho de S. Salvador do Mundo, criado pelo Decreto-lei nº 65/VI/2005,
localizado na parte central da ilha, com uma área de 28,7 km2 e uma população
de 10027 habitantes, pertencente à freguesia dos Picos.
> Concelho de Ribeira Grande de Santiago, criado pelo Decreto-lei nº 63/VI/2005,
localizado na parte Sul da ilha, com uma área de 164,2 km2 e uma população de
8957 habitantes, pertencentes às freguesias de Santíssimo Nome de Jesus e S.
João Baptista.
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fig. 2.1.1. Distribuição dos Concelhos
Fonte: Ministério de Infraestruturas e Transporte, 2006
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tab. 2.1.1. Distribuição dos actuais Concelhos da Ilha de Santiago
concelho área [km2] população freguesia
Praia 97 114.688 N.ª Senhora da Graça
Ribeira Grande de Santiago 164,2 8.957 Santíssimo Nome de Jesus
S. João Baptista
S. Domingos 134,5 13.897 S. Nicolau Tolentino
N.ª Senhora da Luz
Santa Catarina 214,2 44.969 Santa Catarina
S. Salvador do Mundo 28,7 10.027 S. Salvador do Mundo
Tarrafal 112,4 26.786 Santo Amaro Abade
Santa Cruz 109,8 27.807 Santiago Maio
S. Lourenço dos Órgãos 38,5 8.513 S. Lourenço dos Órgãos
S. Miguel 91 17.008 S. Miguel
Fonte: Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde (2005)
2.2. POPULAÇÃO DA ILHA DE SANTIAGO
A Ilha de Santiago conta com uma população de 234.940 habitantes, sendo
109.693 do sexo masculino, enquanto que 125.247 são do sexo feminino, de acordo
com o Recenseamento Geral da População e Habitação do Instituto Nacional de
Estatística do ano 2000.
Para melhor elucidação apresentaremos um quadro resumo da distribuição da
população por concelhos e por sexo (Tabela 2.2.1.).
tab. 2.2.1. População de Santiago por sexo e concelho em 2000
Ilha / Concelho e Sexo População Residente
Ilha de Santiago 234.940
Masculino 109.693
Feminino 125.247
Tarrafal 17.784
Masculino 7.904
Feminino 9.880
Santa Catarina 40.657
Masculino 18.415
Feminino 22.242
Santa Cruz 25.184
Masculino 11.861
Feminino 13.323
Praia 97.305
Masculino 47.019
Feminino 50.286
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tab. 2.2.1. (continuação) População de Santiago por sexo e concelho em 2000
Ilha / Concelho e Sexo População Residente
São Domingos 13.305
Masculino 6.401
Feminino 6.904
São Miguel 16.104
Masculino 7.114
Feminino 8.990
Órgãos 7.781
Masculino 3.667
Feminino 4.114
São Salvador do Mundo 9.172
Masculino 4.148
Feminino 5.024
Ribeira Grande 8.747
Masculino 4.139
Feminino 4.608
Fonte: Instituto Nacional de Estatística (Censo 2000)
2.3. RECURSOS HÍDRICOS
Os trabalhos hidrogeológicos que conduziram à exploração e gestão de água subterrânea na ilha de Santiago tiveram por finalidade, essencialmente, fornecer água potável para as populações e água para irrigação.
É assim que, na sequência dos trabalhos realizados em 1969 e de 1971 a 1973, a empresa francesa BURGEAP preparou os verdadeiros alicerces que serviram de suporte aos trabalhos que vieram a ser realizados pelas NAÇÕES UNIDAS, assim como os que têm sido realizados pelos TÉCNICOS CABO-VERDIANOS.
O Governo cabo-verdiano, através do Plano Director para a Exploração dos Recursos Hídricos – 1993/2005 (Diagnóstico e Plano de Acção para a Ilha de Santiago), tem vindo a fazer esforços consideráveis no sentido de fornecer água potável para as populações, para irrigação e para outras necessidades.
Furos, poços, nascentes são os pontos de água que têm sido utilizados para a satisfação das necessidades em água potável às populações e pode-se dizer que a contribuição das Águas Subterrâneas tem respondido satisfatoriamente a essas exigências/necessidades (Tabela 2.3.1).
Também é de assinalar que, nos últimos anos, se tem recorrido à dessalinização da água do mar para reforço de abastecimento em água potável à Cidade da Praia.
Perspectivando o desenvolvimento da ilha de Santiago impõe-se, e com carácter de urgência, a utilização de Águas Superficiais através de barragens, ao mesmo
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tempo que se deve continuar a exploração de Águas Subterrâneas, mas de forma
rigorosamente controlada, isto é, uma Gestão Integrada de Recursos Hídricos
Subterrâneos e Recursos Hídricos Superficiais traduzida na mobilização desses
recursos, assim como numa correcta utilização, de modo que se justifica a melhoria
de condições da prática de agricultura.
A agricultura ocupa lugar de destaque na actividade económica da população
da ilha de Santiago. As culturas pluviais e as irrigadas são os tipos de cultura que
normalmente se utilizam, mas em condições deveras aleatórias e que, em parte, não
respondem às exigências/necessidades da população.
tab. 2.3.1. Recursos Hídricos (milhões de m3/ano)
Ilha Precipitação Água Superficial Água Subterrânea
[mm] Bruto Explorável Explorável
(período médio) (período médio) (período médio) (período médio) (período seco)
Santiago 323 56,6 42,4 26,0 16,5
Fonte: Schéma Directeur pour la mise en valeur des ressources en eau (1993 – 2005) Volume 1, Chapitre
3, pg. 3.14 - Source : Projet PNUD/DDES CVI – 87 – 001.
Referências Bibliográficas
AMARAL, Ilídio do. 1964. Santiago de Cabo Verde. A Terra e os Homens, Memórias da Junta
de Investigações dfo Ultramar, 2ª ser. nº 48, Lisboa..
BEBIANO, J. Bacelar, 1932 . A Geologia do Arquipélago de Cabo Verde, Lisboa.
GONÇALVES, Vitalina Fernandes. 2004. Exploração e Gestão de Águas Subterrâneas na
Freguesia de S. Lourenço dos Órgãos, Praia.
INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA (2000). Recenseamento Geral da População e
Habitação de Cabo Verde, Praia.
MINISTÉRIO DE INFRAESTRUTURAS E TRANSPORTE (2006) . Distribuição dos Concelhos da
Ilha de Santiago. Praia,
SCHÉMA DIRECTEUR POUR LA MISE EN VALEUR DES RESSOURCES EN EAU (1993 – 2005)
Volume 1, Chapitre 3, pg. 3.14 - Source : Projet PNUD/DDES CVI – 87 – 001, Paris.
SERRALHEIRO, António, 1976 – A geologia da Ilha de Santiago (Cabo Verde), Lisboa
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3.
GEOLOGIA
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3.1. HISTÓRIA GEOLÓGICA DA ILHA DE SANTIAGO
António Serralheiro, na sua publicação “A Geologia da Ilha de Santiago - Cabo
Verde (1976), p.195,196,197 e 198, apresenta um resumo da história geológica da
ilha de Santiago, embora tendo em conta algumas lacunas que, apesar de tudo, este
trabalho deixa no seu conhecimento.
As primeiras manifestações vulcânicas no arquipélago deram-se no Paleogénico
na ilha do Maio. Não é de admitir um perÌodo muito posterior para Santiago. Esta
actividade exclusivamente submarina quando extrusiva, teve três focos principais,
definidos pelo estudo geofísico, os quais estão associados aos baricentros. Não
se conhecem testemunhos indiscutíveis de construções vulcânicas extrusivas
associadas aos afloramentos do Complexo Antigo (CA). Resta-nos, apenas, a
presença de calhaus rolados nos diferentes sedimentos de fácies terrestres
(conglomerados antigos e Complexo de Base), que dão indicações petrográficas.
Os edifícios subaéreos relacionados com a actividade de pré-formação dos
Flamengos ou foram totalmente destruídos ou estão ocultos sob os derrames mais
modernos. Os actuais afloramentos do CA devem corresponder, certamente, aos
locais onde se situavam aqueles relevos residuais, que a erosão vem destruindo
até à actualidade. É bem de ver que os derrames da formação dos Flamengos
contrastavam fortemente com os antigos, devido à frescura das lavas e, por esse
facto, aqueles foram mais rápida e facilmente arrasados.
Os depósitos continentais e marinhos da formação dos Órgãos marcam longo
período de acalmia na actividade vulcânica, apesar de dois episódios eruptivos de
curta duração, assinalados na Bidela.
A história Geológica de Santiago, até esta altura, tem fases importantes, a saber:
i. Erupções iniciais submarinas até que o edifício emergiu, passando a ter
vulcanismo subaéreo. Desconhecem-se quais as formações e tipos petrográficos
que lhes correspondem, havendo apenas o complexo interno, como testemunho,
em parte, dessas actividades.
Paleogénico.
ii. Longa pausa na actividade vulcânica e intensa acção erosiva, com destruição
dos aparelhos emersos. Formação de grandes depósitos submarinos
correspondentes aos materiais desses edifícios.
Oligocénico e início do Miocénico inferior (?).
iii. Transgressão marinha, que elevou o nível do mar acima da altitude de 450 m.
Miocénico inferior.
iv. Intensa actividade ígnea com formação de extensos mantos, formação dos
Flamengos, (actualmente, em Santiago só se conhece a fácies submarina).
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Miocénico médio.
v. Regressão, mas até um nível não inferior a 250 m, associada a pausa na actividade
ígnea, e com formação de espessos depósitos sedimentares de fácies terrestres
e marinha (formação dos Órgãos).
Miocénico médio-superior.
Em Santiago, repousando sobre as formações mais antigas, eruptivas e
sedimentares, encontram-se os primeiros derrames do Complexo Eruptivo
do Pico da Antónia (PA). Neste complexo distinguem-se subunidades bem
individualizadas, de fácies terrestre e submarina, separadas umas das outras
por superfícies de erosão e/ou por sedimentos, fossilíferos quando marinhos.
Não só houve pausas na actividade vulcânica geral, como também oscilações no
nível do mar. Há grandes interrupções na actividade ígnea do PA, com formação
de vales onde se depositaram aluviões espessas. Durante os primeiros tempos
de construção do grande edifício vulcânico, há mudança nos tipos petrográficos
expelidos, com construção de vários domas endógenos de rochas mais
saturadas (traquíticas e fonolíticas) do que as habituais, as quais se situam no
lado noroeste da ilha. A actividade básica recomeça e forma-se a parte mais alta
da ilha, cobrindo os materiais anteriores, pelo menos na parte central.
Existe uma grande depressão, caldeira de erosão, que ocupa área praticamente
igual em configuração e superfície, à da situada na vertente Leste da serra do
Pico da Antónia onde anteriormente se depositaram os materiais da formação
dos Órgãos. Esta caldeira de erosão, da Assomada, situa-se entre as serras do
Pico da Antónia, Palha Carga e a da Malagueta. Esta depressão, semelhante à
que actualmente se desenvolve na zona de S. Jorge dos Órgãos, por evolução
avançada, destruiu progressivamente a bordeira da mesma. Tal evolução levou
ao isolamento da parte central da ilha, dos actuais relevos, de Palha Carga e
Brianda, no lado poente, e à serra da Malagueta, no lado setentrional. É evidente
que o exagero das dimensões da caldeira, tal como se apresenta, fez perder
as características de depressão fechada. É preciso acrescentar à evolução da
própria caldeira, a de outros acidentes vizinhos que, forçosamente, acabaram
por imbricar-se e, como tal, destruir as características morfológicas típicas de
tais bacias de erosão. A relativa conservação da caldeira deve-se aos derrames
da formação da Assomada, que evitaram o recuo rápido das suas paredes.
Os derrames da Assomada que ocuparam a depressão até ao mar, formam
discordância com os mantos antigos daquelas serras. Não foi possível averiguar
quando tiveram lugar aqueles derrames mais modernos, admitindo que possam
ser contemporâneos de algumas das fases superiores, c) ou d) do Complexo
Eruptivo do Pico da Antónia (tab. 3.2.1.).
Segue-se nova pausa na actividade vulcânica e acentua-se a erosão com
aprofundamento das depressões existentes.
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Em períodos mais recentes há a derradeira actividade vulcânica com formação
por toda a ilha de numerosos cones adventícios de escórias e piroclastos.
Há formação de segmentos ligados aos movimentos eustáticos quaternários.
Actualmente, e a partir das zonas fracas (contactos laterais das escoadas com
os materiais antigos) verifica-se a instalação rápida de linhas de água na periferia
daqueles derrames, com aprofundamento acentuado dos leitos, deixando em
pedestal as lavas mais resistentes.
Resumindo estes últimos períodos, tem-se:
vi. Intensa actividade ígnea, subaérea e submarina. Há pausas relativamente longas
durante a construção da maior parte do edifício vulcânico, traduzidas por
discordâncias erosivas, e sedimentos de fáceis terrestre e marinha.
Miocénico superior.
vii. Continuação da regressão marinha com pequenos períodos transgressivos.
viii. Fase eruptiva fonolítica e traquítica.
Miocénico superior – Pliocénico inferior.
ix. Recomeço das actividades lávicas basálticas em algumas partes da ilha,
podendo a formação da Assomada, ser contemporânea dos últimos estádios do
Complexo Eruptivo do Pico de Antónia .
Pliocénico.
x. Fase eruptiva explosiva, da formação do Monte das Vacas. Esta fase prolonga-
se por bastante tempo, até o Plistocénico.
xi. Transgressão que eleva o nível do mar até, pelo menos 200 m de altitude.
Pliocénico Superior.
xii. Regressão escalonada com formação de plataformas de abrasão e sedimentos
fossilíferos
Plistocénico.
3.2. SEQUÊNCIA VULCANO – ESTRATIGRÁFICA
Os trabalhos realizados por António Serralheiro, que conduziram à elaboração
e publicação das Cartas Geológicas na escala 1:25.000 e a respectiva Notícia
Explicativa (1976), permitiram estabelecer a Sequência Vulcano-Estratigráfica da
ilha de Santiago, que tem servido de suporte básico aos trabalhos de Hidrogeologia
e Recursos Hídricos.
Também se deverá salientar a contribuição dada pelo “Estudo geológico,
petrológico e vulcanológico da ilha de Santiago (Cabo Verde)” da autoria de C.
Matos Alves; J. R. Macedo; L. Celestino Silva; A, Serralheiro e A. F. Peixoto (1979),
| 40 |
no reforço dos conhecimentos da Sequência Vulcano-Estratigráfica da ilha de
Santiago.
É neste contexto que passaremos a descrever a ocorrência dos acontecimentos
geológicos, dos mais antigos para os mais recentes, (Fig.3.1.1).
fig. 3.1.1. Carta geológica de Santiago à escala 1:100.000
| 41 |
I. Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA) .
a. Complexo filoniano de base de natureza essencialmente basáltica (CA);
b. Intrusões de rochas granulares silicatadas (γ);
c. Brechas intravulcânicas e filões brechóides (B);
d. Intrusões e extrusões fonolíticas e traquíticas (ϕ);
e. Carbonatitos (Cb).
II. Conglomerados anteformação dos Flamengos.
III. Formação dos Flamengos (λρ).
IV. Formação dos Órgãos (CB).
V. Formação Lávica pós-Formação dos Órgãos.
VI. Sedimentos posteriores à Formação dos Órgãos e anteriores às lavas submarinas
inferiores (LRi) do Complexo Eruptivo do Pico da Antónia.
VII. Complexo Eruptivo do Pico da Antónia (PA).
VIII. Formação da Assomada (A).
IX. Formação do Monte das Vacas (MV).
X. Formações Sedimentares Recentes de Idade Quaternária
Tomando como base a Geologia e Petrografia das várias formações, aspectos
visíveis em afloramentos e, muito em particular, características com especial
incidência hidrogeológica, passamos, de seguida, a uma descrição mais detalhada
da unidade mais antiga para a mais recente.
I. Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA)
De acordo com C. Matos Alves et al., (1979), a designação “COMPLEXO ANTIGO”
(CA) corresponde às formações mais antigas da parte emersa da ilha e diz respeito,
fundamentalmente, a densíssima rede filoniana (Fig. 3.2.2.) que forma como que o
esqueleto do vulcão no nível actual da erosão. Encontram-se afloramentos desta
unidade geológica até altitudes de 650 m, demonstrando que o crescimento do
aparelho eruptivo terá sido feito por actividade central e, depois, filoniana difusa,
o que justifica a dispersão do Complexo Eruptivo Interno Antigo, por quase toda
a superfície actual da ilha. Os filões, aquando da sua instalação, teriam destruído
quase completamente as escoadas, hoje resumidas, aqui e acolá, a meros encraves
ou formações de aparência brechóide.
| 42 |
fig. 3.2.2. Rede filoniana do CA - Ribeira de S. João Baptista
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
No actual nível de erosão são fundamentalmente visíveis os filões básicos e fono-
traquíticos e as intrusões de rochas granulares.
Relativamente à Hidrogeologia e Recursos Hídricos da ilha, tratando-se da
unidade mais antiga e, consequentemente, com a maior percentagem de material
argiloso, pode-se constatar que a produtividade é relativamente baixa. Todavia,
deve-se frisar que as zonas basálticas são hidrogeologicamente mais favoráveis que
as zonas de rochas granulares e fonolíticas, com especial relevância para os tufos,
como são testemunhos os furos FT 83 – S. Domingos (7 m3/h), FBE 7 – S. Jorginho (7
m3/h), FT 137 – Ribeira dos Leitões (5 m3/h).
De acordo com as Cartas Geológicas (48 a 59), na escala 1:25.000, da ilha de
Santiago, de A. Serralheiro, pode constatar-se que os afloramentos do Complexo
Eruptivo Interno Antigo (CA) se localizam essencialmente em três zonas, Norte,
Centro e Sul, mas com preponderância nas zonas Centro e Sul. Na zona Norte
observam-se afloramentos na Baía do Tarrafal, Chão de Arruela e Baía de Angra; na
zona Centro observam-se esses afloramentos, de um modo geral, na zona de Santa
Catarina, designadamente nas zonas de Ribeira da Barca, Chã do Curral, Ribeira
das Águas, Ribeira do Tabugal, Ribeira do Charco, Ribeira Sansão, Ribeirão Manuel,
Ribeira dos Engenhos (Fig.3.2.3) e seus afluentes, Entre Picos, Lem Jorge, S. Salvador
do Mundo, particularmente na vasta depressão ladeada pelas serras do Pico de
Antónia, da Malagueta de Palha Carga e Monte Pedroso; na zona Sul nos vales das
Ribeiras de S. Gonçalo, Ribeira de Santa Ana, Ribeira de S. Martinho Grande, Bairro
Craveiro Lopes, Ribeira de Trindade, Laranjo, Veneza, Forno, Pensamento (Fig.
3.2.4.) Ventreiro, Água Funda, Ribeira de S. Tomé, Ribeira de S. Francisco, Ribeira
do Lobo, Ribeira de S. Domingos, Milho Branco e Praia Formosa.
| 43 |
fig. 3.2.3. Ribeira dos Engenhos – Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA/A).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
fig. 3.2.4. Bairro do Pensamento – Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
| 44 |
II. Conglomerados anteformação dos Flamengos
Os afloramentos conglomeráticos observam-se em zonas pontuais, com particular
incidência na parte Sul da ilha, com espessura insignificante. Por conseguinte,
hidrogeologicamente não têm interesse.
III. Formação dos Flamengos (λρ)
No trabalho anteriormente citado (C. Matos Alves et al., 1979), numa tentativa de
se explicar a altitude a que se encontra a Formação dos Flamengos, afirma-se que “é
necessário admitir, além dos movimentos eustáticos provocados pelo empolamento
das cristas, em virtude do recrudescimento da actividade de expansão dos fundos
oceânicos, a partir do Miocénico inferior (Rona, 1973), a subsidência do soco
das ilhas devido às ondulações verificadas na placa africana, de acordo com as
observações de Faure (1973”, in Serralheiro, 1976, p. 194).
Esta formação apresenta-se em mantos, brechas e piroclastos básicos, de
grande uniformidade e extensão, de natureza submarina. Todavia, é de assinalar por
vezes empilhamento de pillow-lavas, que poderá distinguir-se das lavas em rolos do
Complexo Eruptivo do Pico da Antónia (pela tonalidade da alteração).
Relativamente à Hidrogeologia e Recursos Hídricos da ilha, por se tratar de
uma formação com uma certa espessura e representatividade, principalmente na
região dos Flamengos do Concelho de S. Miguel, dá-se especial realce às áreas de
empilhamento de pillow-lavas. De uma maneira geral a Formação dos Flamengos
apresenta uma produtividade relativamente baixa, muito semelhante à do CA, como
são testemunhos os furos FT 45 – Saltos (6m3/h), FT 47 – Saltos (10 m3/h). Os furos
FT 153 – S. João Batista (15 m3/h), FT 65 - Santa Cruz (20 m3/h) e FT 81 – Telha
(15 m3/h), parecem indicar zonas com predominância de pillow-lavas, daí a maior
produtividade que apresentam.
A Formação dos Flamengos aflora nas regiões Oeste, Sul e Leste da ilha,
particularmente nas áreas de Ribeira da Selada, Ribeira de Angra, Ribeira de Santa
Clara, Apertado, S. João Batista, Ribeira do Caniço Grande, Ribeira do Caniço, S.
Martinho Grande, Ribeira de Palmarejo Grande, Tira Chapéu, S. Martinho Grande,
Ribeira de Gem-Gé (Fig. 3.2.6.) Covão Veiga, Cibe, Glazote, Praia Formosa, Mato
Limão, Mato Forte, Mato Madeira, Ilhéu, Ribeira Boa Ventura, Ribeira de Salto,
Ribeira dos Flamengos (Fig. 3.2.5.) e Ribeira de S. Miguel.
As Fig. 3.2.7, 3.2.8, 3.2.9 e 3.2.10 têm por finalidade dar a conhecer a Geologia e
o comportamento Hidrogeológico da Unidade Geológica mais antiga, o Complexo
Eruptivo Interno Antigo.
| 45 |
fig. 3.2.5. Ribeira dos Flamengos – Formação dos Flamengos (λρ/PA).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
fig. 3.2.6. Ribeira de Gem-Gé – Formação dos Flamengos (λρ).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
| 46 |
fig. 3.2.7. Corte do Furo FT – 83, São Domingos.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 47 |
fig. 3.2.8. Exploração do Furo FT – 83, São Domingos.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes Praia - 1980.
| 48 |
fig. 3.2.9. Corte do Furo FBE – 7, São Jorginho.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 49 |
fig. 3.2.10. Exploração do Furo FBE – 7, São Jorginho
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
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IV. Formação dos Órgãos (CB)
Trata-se de uma formação que se pode observar na região de S. Lourenço dos
Órgãos (Fig. 3.2.11, Fig. 3.2.12, Fig. 3.2.13), portanto, de localização bem definida,
isto é, pouco extensa e com um certo grau de compacidade e pequena espessura.
Não obstante, podem-se observar afloramentos da formação dos Órgãos em outras
zonas pontuais.
Na sequência das características dessa unidade geológica, as possibilidades de
produção de água são relativamente baixas, como são testemunhos os furos FT 15
– Serrado (4 m3/h), FT 19 – S. Jorge dos Órgãos (5 m3/h), FT 73 – Sibe Novo (7 m3/h),
FT 69 – Caiumbra (4 m3/h).
fig. 3.2.11. Futura Barragem do Poilão – Formação dos Órgãos (CB).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
| 51 |
fig. 3.2.12. Jorge dos Órgãos – Formação dos Órgãos (CB).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
fig. 3.2.13. Serrado – Formação dos Órgãos (CB).
Fonte – A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
| 52 |
V. Formação Lávica pós-CB e ante-PA
O doma endógeno (Monte Branco) de natureza traquítica situado nas proximidades
de Belém (Fig. 3.2.14.), no pequeno prolongamento para Sul, é um testemunho
desta unidade geológica. Trata-se de uma formação de carácter local, de reduzidas
dimensões, pelo que hidrogeologicamente não tem qualquer interesse.
fig. 3.2.14 Monte Branco – arredores de Belém
VI. Sedimentos posteriores à Formação dos Órgãos(CB) e anteriores
às lavas submarinas inferiores (LRi) do Complexo Eruptivo do Pico da
Antónia
Estes pequenos e inexpressivos afloramentos, de rochas sedimentares
(conglomerados e calcarenitos fosssilíferos), localizam-se pontualmente, em regiões
bem identificadas e, por conseguinte, também não têm significado hidrogeológico
que merece consideração.
| 53 |
fig. 3.2.15. Corte do Furo FT – 65, Santa Cruz.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 54 |
fig. 3.2.16. Exploração do Furo FT – 65, Santa Cruz.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 55 |
As Fig. 3.2.15 e 3.2.16 têm por finalidade dar a conhecer a Geologia e o
comportamento Hidrogeológico de uma das Unidades Geológicas mais antiga, a
designada Formação dos Flamengos.
VII. Complexo Eruptivo do Pico da Antónia (PA)
Não há dúvida que se trata da unidade geológica com maior representação na
ilha, apresentando-se sob a forma de enorme empilhamento de escoadas lávicas
com intercalação de material piroclástico, atingindo espessura considerável como
são testemunhos eloquentes os maciços do Pico da Antónia e da Malagueta.
É de assinalar que no decorrer dos períodos vulcânicos correspondentes à
formação das séries deste complexo, verificaram-se acontecimentos sedimentares
que ficaram intercalados nos episódios magmáticos, como se pode observar na
Tabela 3.2.1 que se segue:
tab. 3.2.1. Estratigrafia do Pico da Antónia
Episódios magmáticos Episódios magmáticos
subaéreos e sedimentos terrestres submarinos e sedimentos marinhos
a. Mantos subaéreos e alguns > Lavas submarinas em almofadas
níveis de piroclastos intercalados (inferiores, LRi)
> Conglomerados e calcarenitos fossilíferos
> Lavas submarinas em almofadas
(superiores, LRs)
> Conglomerados e calcarenitos fossilíferos
b. Fonólitos, traquítos e rochas
afins (ϕ)
c. Tufo- brecha (TB)
d. Mantos subaéreos e alguns
níveis de piroclastos intercalados
Segundo Serralheiro (1976, pgs. 76 e 77), dentro do Complexo Eruptivo do Pico
da Antónia incluem-se os produtos das actividades explosivas e efusivas, quer
subaéreas, quer submarinas, que tiveram lugar em épocas diferentes. Distribuem-se
por fases distintas, cujas manifestações ocupam a maior parte da ilha desde a costa
Sul até ao extremo Norte.
| 56 |
fig. 3.2.17 A Monte Chaminé
fig. 3.2.17 B Achada Balacusta
As rochas deste complexo eruptivo são as responsáveis pelas maiores altitudes
e, também, pelas plataformas estruturais que ainda se observam na ilha (Fig. 3.2.17
A e Fig. 3.2.17 B).
O edifício principal da ilha não se formou de uma só vez, tendo levado bastante
tempo a atingir a sua maior altura. Verifica-se que muitos dos derrames correram em
vales escavados nos mantos das séries inferiores. Houve, portanto, longas pausas
na actividade vulcânica, à escala da ilha. É de crer que enquanto as erupções
continuavam em um ou outro lado, a erosão aprofundava os vales, mais tarde
preenchidos pelos derrames provenientes da reactivação do vulcanismo, que até
então estivera em repouso.
| 57 |
A própria forma da ilha, bastante assimétrica, sugere migração da actividade.
Esta esteve dispersa pela ilha, quer através de chaminés quer e, sobretudo,
de fracturas. As diferentes fases eruptivas, consoante a duração que tiveram,
originaram, principalmente no interior da ilha, em relação com os focos emissivos
mais importantes, grandes acumulações de mantos, dispostos regularmente e,
nalguns casos, em grandes extensões, constituindo enormes empilhamentos.
São exemplos eloquentes destas séries muito espessas, quase todas as escarpas
inacessíveis que ladeiam as serras do Pico da Antónia e da Malagueta (Figs. 3.2.18
a 3.2.22). Nestas zonas, as discordâncias são marcadas ou por depósitos de ribeira,
ou por produtos da actividade explosiva intercalados entre as séries de mantos.
Para o litoral os produtos explosivos são pouco frequentes ou desaparecem e
as discordâncias são quase sempre evidenciadas por aluviões com calhaus bem
calibrados e por superfícies de erosão. É frequente encontrar-se os antigos vales
totalmente preenchidos por novos derrames.
Serralheiro (1976) propõe uma subdivisão do PA, da forma que se segue,
estabelecendo assim, a estratigrafia desta unidade estratigráfica.
a. Séries espessas, essencialmente de mantos subaéreos e alguns níveis
de piroclastos associados
Segundo Serralheiro (1976), dentro da subunidade mais antiga conhecem-se não
só depósitos sedimentares, sobretudo aluviões, intercalados nos mantos subaéreos,
mas também superfícies de erosão a marcar longas pausas na actividade vulcânica,
pelo menos nessas zonas. De igual modo, existem quase sempre sedimentos
marinhos fossilíferos (conglomerados, calcários e calcarenitos) intercalados, fazendo
a separação das lavas submarinas inferiores das superiores. A separação destas
duas séries, nalguns casos, aliás poucos, faz-se por um ou mais mantos subaéreos
intercalados como sucede, por exemplo, na Ponta Prinda e na Achada Leite.
Continuando a citar Serralheiro, talvez se trate, no conjunto do Pico da Antónia,
das actividades que maior desenvolvimento tiveram no espaço e no tempo. Os
materiais que lhes correspondem ocupam, sem dúvida, a maior área da ilha,
pois que as fases submarinas não são mais do que manifestações periféricas
daquelas manifestações terrestres. Estamos também convencidos que os maiores
empilhamentos e extensões de derrames pertencem a estas séries.
As lavas submarinas encontram-se em todo o litoral formando um anel
praticamente contínuo, mas só são visíveis onde a erosão desmantelou as formações
que a recobrem, como é o caso particular da costa Leste. Nesta zona, nos vales
das ribeiras Seca e dos Picos, afloram estas pillow-lavas em locais onde foram
executados furos de boa produtividade.
| 58 |
As séries submarinas inferiores ocupam maior área e encontram-se a maior
altitude do que as superiores. Na costa Leste de Santiago, os afloramentos a maior
altitude encontram-se nos vales da Ribeira de Caiumbra, a 300 m, e do Ribeirão Seco,
a 280m.
As lavas submarinas superiores cobrem pequenas áreas e só se encontram em
pequenas faixas.
Devemos ter presente que Emílio Custódio, no seu trabalho ”Hidrogeologia de las
Rocas Vulcânicas”, de 1976, pg. 35 afirma que “as formações vulcânicas que têm
maior interesse, sob o ponto de vista de água subterrânea, são as extensas e/ou
espessas e as que podem ter influência no movimento das águas, como por exemplo
os diques”.
Y. Vailleux et. L. Bourguet (relatório BURGEAP, 1974) propõem que certos
afloramentos, cartografados como sendo da Formação dos Flamengos, na zona
nordeste da ilha (Ribeira dos Picos e Ribeira e de S. Miguel) deveriam ser incluídos
na sub-unidade Lri, do Complexo Eruptivo do Pico da Antónia, devido ao seu estado
de conservação, seu aspecto, no geral bastante vacuolar e suas cores. Os bons
caudais obtidos nos furos FT-33 e FT– 35 parecem confirmar o que se acabou de
citar.
O seguimento da exploração dos furos referidos pela BURGEAP e outros em
circunstâncias idênticas, como é o caso do furo FT - 65, em Santa Cruz, aconselha
uma pesquisa mais detalhada relativamente à questão levantada pela BURGEAP,
até pela capacidade hidrogeológica dessa subunidade mais antiga do Complexo
Eruptivo do Pico da Antónia (LRi)(Tabela 3.2.2).
| 59 |
fig. 3.2.18. Pico da Antónia – Formação do Pico da Antónia -PA (subaéreo).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
fig. 3.2.19. Serra da Malagueta – Formação do Pico da Antónia - PA (subaéreo).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
| 60 |
fig. 3.2.20. Ribeira de Santa Clara – Formação do Pico da Antónia - PA. (submarino/ subaéreo)
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
fig. 3.2.21. Ribeira Seca – Formação do Pico da Antónia - PA (submarino/subaéreo)
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina (2004)
| 61 |
fig. 3.2.22. Ribeira Grande do Tarrafal – Formação do Pico da Antónia - PA (submarino/subaéreo)
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina (2004)
tab. 3.2.2. Identificação de alguns furos e seus caudais de exploração todos do Complexo Eruptivo do
Pico da Antónia
Identificação Localização Concelho Concelho Aquífero Caudal de Caudal de Seguimento
do Furo Exploração Exploração Exploração
Aconselhado Aconselhado
[m3/h] [m3/d]
FT-29 Tarrafal Tarrafal 36 PA(LRI) 35 420
FT-26 Achada S. Domingos 49 PA (subaéreo) 25 250
Baleia
FT-12 Jaracunda St.™ Cruz 50 PA (LRi) 30 360 Trimensal
FT-202 João Varela Praia 97 PA (subaéreo) 25 300
FT-35 S. Miguel S. Miguel 51 (λρ) 15 120
FBE-1 Lapa Praia 151 PA (subaéreo) 25 300
Cachorro
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina (2004)
| 62 |
fig. 3.2.23. Corte do Furo FT – 29, Chão Bom.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 63 |
fig. 3.2.24. Instalação da Bomba no Furo FT – 29, Chão Bom.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 64 |
fig. 3.2.25. Exploração do Furo FT – 29, Chão Bom.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 65 |
fig. 3.2.26. Corte do Furo FT – 26, Achada Baleia.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 66 |
fig. 3.2.27 Instalação da Bomba no Furo FT – 26, Achada Baleia.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 67 |
fig. 3.2.28 Exploração do Furo FT – 26, Achada Baleia.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 68 |
fig. 3.2.29 Corte do Furo FT – 12, Jaracumda.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 69 |
fig. 3.2.30. Exploração do Furo FT – 12, Jaracumda.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 70 |
As Figs. 3.2.23, 3.2.24, 3.2.25, 3.2.26, 3.2.27, 3.2.28, 3.2.29, e 3.2.30 têm por
finalidade dar a conhecer a Geologia e o comportamento Hidrogeológico da Unidade
Geológica mais espessa, mais extensa e que facilita a circulação da agua no seu
seio, Complexo Eruptivo Principal, também conhecida pelo Complexo Eruptivo do
Pico de Antónia.
b. Fonólitos, traquítos e rochas afins
Segundo Matos Alves et al., (1979), estas formações constituem filões, chaminés,
mantos e domas endógenos, que se podem encontrar em vários locais da ilha sendo,
no entanto, na faixa Oeste para Norte da Ribeira da Barca, que se situam os principais
afloramentos: zona de Pedroso – Figueira das Naus e Monte Graciosa, estando as
jazidas muito bem conservadas. Nestes últimos locais existem domas endógenos
associados a mantos extensos e espessos, e também a formações brechóidico–
piroclásticas. O Monte Graciosa, sobretudo, tem dimensões impressionantes
(Serralheiro, 1976, pg. 122 fot.32).
Segundo Serralheiro (1976), é na faixa Oeste, a Norte da Ribeira da Barca, que se
situam os dois grandes campos eruptivos destas rochas. O primeiro é o de Pedroso
- Figueira das Naus e, o segundo, da Graciosa, as suas jazidas estão muito bem
conservadas.
Na parte Central e Sul da ilha observam-se alguns afloramentos dispersos e
sempre de pequenas dimensões.
Estes afloramentos apresentam-se localmente em regiões restritas e, por
conseguinte, não têm grande significado hidrogeológico.
c. Tufo-brecha (TB)
Trata-se de formações muito localizadas, ocorrendo na parte central da ilha nas
vertentes noroeste e nordeste da serra do Pico da Antónia, resultantes da intensa
actividade explosiva, provavelmente episódica, mas repetida como sucede, por
exemplo, no Cutelo Ouri. A formação é caótica, essencialmente brechóide, mas
tendo intercalados episódios de tufos de cor amarelada e avermelhada.
Mais concretamente esses afloramentos podem-se observar nas zonas de S.
Salvador do Mundo (Picos), Mato Gégé e Entre Picos de Rede.
Também por serem de reduzida dimensão, não têm qualquer importância
hidrogeológica.
| 71 |
d. Mantos subaéreos e alguns níveis de piroclastos intercalados
De acordo com Matos Alves et al., (op, citada) embora seja uma séria distinta
no seio do Complexo Eruptivo do Pico da Antónia, corresponde-lhe uma área que
não foi possível determinar correctamente, tanto mais que os derrames não se
distinguem minimamente dos que lhes são subjacentes, sendo unicamente possível
a sua delimitação onde existem discordâncias ou rochas de outras formações que
permitam separá-las. Por exemplo, nas serras do Pico da Antónia e de Palha Carga
estão por cima de tufo-brecha e de espessos depósitos conglomeráticos. Também
no Monte Brianda, e Sul da serra da Malagueta, existem conglomerados a marcar a
discordância.
A culminar as séries deste complexo existem, na parte superior da serra do Pico
da Antónia, formações constituídas por espessos níveis de piroclastos, algumas
escoadas e filões verticais que em certos casos são de rocha vítrea de natureza
tahitítica.
Estes episódios também não têm grande importância hidrogeológica.
VIII. Formação da Assomada (A)
A formação da Assomada é constituída exclusivamente por mantos basálticos
subaéreos e escassos piroclastos que repousam em discordância sobre os derrames
do Complexo Eruptivo do Pico da Antónia. As lavas, constituindo extensos derrames
quase horizontais, são particularmente identificáveis na zona que compreende o
planalto da Assomada, Achada Falcão, Fundura, Achada Baixo, Charco e Ribeira da
Barca.
Esta formação tem uma localização muito especial: encontra-se entre as duas
maiores elevações da ilha, o Pico da Antónia (1392 m) e a Serra da Malagueta
(1063 m). Está, portanto, em posição de receber uma recarga significativamente
importante, pelo que foi mesmo catalogada como “reservatório natural da ilha de
Santiago”.
Nas figuras 3.2.31 e 3.2.32 podem ser apreciados aspectos de afloramentos desta
formação
A sua importância hidrogeológica pode aquilatar-se pelo furo FT 185, através das
Figs. 3.2.31, 3.2.32, 3.2.33, 3.2.34 e 3.2.35.
| 72 |
fig. 3.2.31. Carrismorto FBE-161 (Santa Catarina) – Formação da Assomada (A).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
fig. 3.2.32. Achada Falcão (Santa Catarina) – Formação da Assomada (A).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
| 73 |
fig. 3.2.33. Corte do Furo FT – 185, St.ª Catarina
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 74 |
fig. 3.2.34. Instalação da Bomba no Furo FT – 185, St.ª Catarina.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 75 |
fig. 3.2.35. Exploração do Furo FT – 185, St.ª Catarina.
Fonte: A Hidrogeologia de Santiago, Alberto da Mota Gomes, Praia - 1980.
| 76 |
IX. Formação do Monte das Vacas (MV)
Esta formação está representada por cerca de cinquenta cones de piroclastos
basálticos (tufos, bagacina, bombas, escórias) e pequenos derrames. Estes
pequenos aparelhos adventícios, como é usual, são de dimensões reduzidas. O
de maiores proporções é o Monte Volta, com 230 m de altura e pendores de 20º. O
Monte das Vacas que se lhe segue em dimensões, tem 200 m de altura e pendores
de 25º (Figs. 3.2.36 e 3.2.37).
É digno de registo que estes cones estão espalhados praticamente por toda a
ilha, com predominância para as regiões Sul, Centro e Norte.
Devido às suas características porosas, que permitem a fácil infiltração das
precipitações, tem, por isso, grande interesse hidrogeológico, uma vez que facilita o
encaminhamento da água em direcção ao aquífero principal.
X. Formações Sedimentares Recentes de idade Quaternária
Abundam na ilha as formações de idade quaternária, terrestres e marinhas;
antigas e modernas aluviões, formando, ou não, terraços, depósitos de vertente, de
enxurrada, areias dunares e praias marinhas em vários níveis até 100 m de altitude
(Serralheiro, 1976 p.168-175).
Estes depósitos aluvionares desempenham um papel hidrogeológico importante,
em particular nos grandes vales da região Este, tais como, Ribeira Seca e Ribeira
dos Picos, nos quais a espessura pode exceder os 30 m.
Todavia, a alguma distância do mar (5 ou 10 km) a sua espessura decresce muito
rapidamente.
Na vertente Oeste, o pendor dos vales é, geralmente, bastante forte e, por isso,
não permite a ocorrência duma toalha aluvial importante.
| 77 |
fig. 3.2.36. Monte Volta – Formação do Monte das Vacas (MV).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
fig. 3.2.37. Monte Vaca – Formação do Monte das Vacas (MV).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
| 78 |
Referências Bibliográficas
ALVES, C. A. Matos; MACEDO, J.R., SILVA L. Celestino, SERRALHEIRO, António e FARIA, F.
Peixoto, 1979. Estudo Geológico, Petrológico e Vulcanológico da Ilha de Santiago, Garcia
de Orta, Ser. Geol., Lisboa, 3 (1 -2), 47 -74.
BEBIANO, J. Bacelar, 1932 – A Geologia do Arquipélago de Cabo Verde, Lisboa.
GOMES, Alberto da Mota, 1980. A Hidrogeologia de Santiago, Praia.
GOMES, Alberto da Mota & PINA, A. F. Lobo (2004). Contribuição Fotográfica, Praia.
SERRALHEIRO, António, 1976. A Geologia da Ilha de Santiago (Cabo Verde). Tese de
Doutoramento. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 218 p.
| 79 |
4.
GEOMORFOLOGIA E ALIMENTAÇÃO DE AQUÍFEROS
| 80 |
| 81 |
4.1. GEOMORFOLOGIA
4.1.1. Introdução
A altitude média da ilha de Santiago é de 278,5 m, sendo a altitude máxima de
1392m (Pico da Antónia).
A Sul destaca-se uma série de achadas escalonadas entre o nível do mar e 300-
500m de altitude.
A Oeste, o litoral é normalmente escarpado e, a Leste, é baixo e constituído por
achadas.
No centro da ilha localiza-se o extenso planalto de Santa Catarina, que se situa
entre 400 e 600 m de altitude.
Limitando a Sul e a Norte daquele planalto erguem-se, respectivamente, os
maciços montanhosos do Pico da Antónia e o da Malagueta, cujos cimos ultrapassam
os 1000m.
A Oeste, o flanco do planalto de Santa Catarina é extremamente declivoso até ao
mar; a Leste, o flanco oriental inicia-se por encostas alcantiladas, mas os declives
médios vão-se adoçando bastante até às achadas litorais.
Na região Norte da ilha, destaca-se Tarrafal, extensa região de achadas cujas
altitudes variam entre 20 e 300 m, que se desenvolve a partir do sopé setentrional
do Maciço Montanhoso da Malagueta, devendo-se destacar a plataforma litoral de
Chão Bom (Tarrafal), cujas altitudes variam entre 0 e 20 m.
Neste relevo variado e bastante movimentado, insere-se uma rede hidrográfica de
regime temporário relativamente densa, e na grande maioria dos casos, correndo em
vales encaixados cujos talvegues apresentam perfil longitudinal acidentado e regime
torrencial.
Nesta paisagem sobressaem os troços terminais dos vales principais das
bacias hidrográficas mais importantes cuja forma terminal em canhão é vulgar. Isto
fundamentalmente nos troços que cortam as achadas, tanto nas litorais como nas
dos planaltos do interior da ilha. Esta forma de vale é devida à estrutura colunar que
apresentam, tipicamente, as escoadas lávicas.
4.1.2. Caracterização das Grandes Unidades Geomorfológicas
De acordo com Marques (1990), na ilha de Santiago da República de Cabo Verde,
consideram-se sete unidades geomorfológicas, assim designadas:
| 82 |
Achadas Meridionais (I); Maciço Montanhoso do Pico da Antónia (II); Planalto
de Santa Catarina (III); Flanco Oriental (IV); Maciço Montanhoso da Malagueta (V);
Tarrafal (VI); Flanco Ocidental (VII) com características que se passam a descrever
(Fig. 4.1.2.1).
As Achadas Meridionais (I) iniciam-se no sopé meridional do Maciço Montanhoso
do Pico da Antónia e descem em degraus até ao mar, desde 500 m de altitude
(Marques, 1983 a). São superfícies estruturais e/ou subestruturais que, no caso
vertente, são constituídas por escoadas basálticas intercaladas com tufos,
pertencentes ao Complexo Eruptivo do Pico da Antónia. Alguns dos vales que
cortam as achadas estão escavados nas formações do Complexo Eruptivo Interno
Antigo (CA), que jazem sob as formações do Complexo Eruptivo do Pico da Antónia
(PA).
Em função da altitude mais elevada e da franca exposição a SW (ventos quentes
e húmidos) destaca-se a subunidade (Ia).
Os solos são na sua grande maioria Litossolos e Solos Litólicos. Existem, ainda,
Vertissolos em áreas reduzidas, chegadas ao litoral.
As achadas possuem declives médios variando entre 2% e 12% na direcção
do mar (Marques, 1983 a, 1987 e 1989-1990). Estão normalmente cobertas por
material muito grosseiro derivado da desagregação in situ das escoadas lávicas e/ou
transportado por enxurradas.
As achadas litorais (0-20 m, 20-50 m e 50-100 m de altitude) podem ainda conter
material de antigas linhas de costa.
Esta unidade está sujeita às chuvadas episódicas da «monção» de SW e/ou à
acção eólia da “lestada” (termo pelo qual é designado o vento do quadrante Leste).
São ocupadas por pastagens das regiões áridas (Teixeira & Barbosa, 1958); nos
últimos quinze anos têm sido objecto, nalgumas áreas, de florestamento.
Localmente existem, sob o material grosseiro de cobertura, alguns solos barróides
(vérticos).
O material grosseiro que cobre os solos barróides preserva estes da erosão eólia.
Mas, por outro lado, ele é um factor limitante para as culturas de sequeiro. Desta
forma, só as pastagens e a florestação poderão vingar nesta região árida.
As bacias hidrográficas mais importantes das Achadas Meridionais são as que
constam da Tabela 4.1.2.1.. Aqui se referem, pelo seu significado no processo de
| 83 |
deslocação do material grosseiro, o declive médio da bacia e a sua altitude média
(Marques, 1987).
tab. 4.1.2.1. Bacias hidrográficas das Achadas Meridionais
Bacias hidrográficas Declive Altitude
Médio Média
[%] [m]
Santa Clara 8,1 509,8
Fundura 9,2 360,6
São João 9,6 500,2
Caniço Grande 7,5 271,8
Grande (Cidade Velha) 6,8 379,9
São Martinho Grande 6,2 411,0
Trindade 4,7 242,4
São Francisco 3,4 148,1
Fonte: Marques, 1990
Assim, pela análise da Tabela 4.1.2.1. verifica-se que dois terços das bacias
hidrográficas têm altitudes superiores, por vezes muito superiores, à altitude média
da ilha (278,5 m). Verifica-se também que o valor do declive médio das bacias é
quase sempre elevado, o que se explica por as bacias terem as suas cabeceiras no
Maciço do Pico da Antónia.
Nos fundos dos principais troços dos vales em canhão (ribeiras da Trindade,
Grande, São João e outras bacias hidrográficas com as mesmas características)
existem pequenos regadios alimentados por água obtida de galerias e/ou de furos
de captação. As nascentes são raras.
Os solos barróides parecem representar um episódio pedogenético abortado no
Quaternário subactual.
As «Achadas Meridionais» constituem actualmente um meio “intergrade”: com
tendência recente para a pedogénese nas áreas florestadas (Achadas de São Filipe,
Mosquito, etc.); com tendência antiga para a morfogénese nas áreas totalmente
desvegetalizadas.
O Maciço Montanhoso do Pico da Antónia (II) é uma importante e acidentada
área montanhosa que culmina no Pico da Antónia, aos 1392 m de altitude.
Do ponto de vista geológico-litológico, o maciço é constituído quase só por
formações do Complexo Eruptivo do Pico da Antónia.
São largamente dominantes os Litossolos e os Solos Litólicos.
Trata-se de uma unidade que representa a região meridional da bordeira da última
grande caldeira da ilha de Santiago (Serralheiro, 1976).
| 84 |
O maciço eleva-se a partir dos 600 m de altitude e continua-se um pouco para
NW constituindo o relevo de Palha Carga. Os relevos isolados de Monte Brianda e
Pedroso podem ainda ser considerados como resíduos da antiga bordeira.
As encostas meridionais, alcantiladas e áridas, estão sujeitas às chuvadas
episódicas, violentas e abundantes, provocadas pela chamada monção do SW. As
encostas Norte e nordeste, viradas ao planalto de Santa Catarina, estão francamente
sob o domínio dos alísios, principalmente de Novembro a Julho. Surgem assim,
pelos 800 m de altitude, as «pastagens de altitude» (Teixeira & Barbosa, 1958), e,
pouco mais acima, o perímetro florestal.
Dos pontos de vista geomorfológico, litológico e climático, o Maciço Montanhoso
do Pico da Antónia pode comportar-se, teoricamente, como um reservatório natural
de água, bastante importante sob o ponto de vista hidrogeológico.
Esta unidade geomorfológica, apesar da vegetalização de que foi alvo, continua a
representar um meio em morfogénese, visto as formações brandas (tufos) dominantes
no complexo litológico, profundamente meteorizadas, se situarem em zonas
fortemente declivosas (declives sempre superiores a 25%) onde a vegetalização
integral é difícil. Daí, a multiplicação de barrancos facilitada pela erosão diferencial.
O Planalto de Santa Catarina (III) constitui a região central da ilha de Santiago.
É constituído por um conjunto de achadas compreendidas entre 400 e 600 m de
altitude (Marques, 1984-1985). Esta unidade parece representar o fundo erodido da
antiga caldeira do grande vulcão que deu origem ao conjunto litológico conhecido
por Complexo Eruptivo do Pico da Antónia durante o Mio-Pliocénico (Serralheiro,
1976).
O planalto é limitado, respectivamente, a Norte e a Sul, pelos maciços montanhosos
da Serra da Malagueta e do Pico da Antónia. A Oeste ainda se destacam os relevos
de Palha Carga, Monte Brianda e Pedroso.
A monotonia do planalto, em que os declives médios variam entre 2% e 12%, é
interrompida por algumas estruturas vulcânicas da Formação do Monte das Vacas,
como são o Monte Jagau, Monte Felicote, etc.
O planalto é cortado por alguns vales em canhão – bacias hidrográficas de Águas
Belas e Sansão, no fundo dos quais existem regadios.
Esta unidade morfológica está submetida principalmente à dinâmica de
meteorização provocada pela humidade transportada pelos alísios. Desta forma,
as formações litológicas (tufos, brechas-tufos e escoadas) deram origem a solos
– Solos Paraferralíticos e Solos Iso-húmicos associados a Vertissolos (Faria, 1970) –
que são dos poucos que ainda se conservam intactos na ilha e nos quais as culturas
de sequeiro são ainda rentáveis.
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No entanto, a área periférica do planalto, dada a desvegetalização que este sofreu,
está sendo atacada pela erosão regressiva das ribeiras que sulcam o Flanco Oriental
da ilha e que têm as suas cabeceiras neste planalto (Marques, 1984-1985b). Além
disso, as culturas de sequeiro e a dispersão recente da ocupação humana, obrigando
à desvegetalização dessas áreas limítrofes, favorece a erosão hídrica (Marques, 1984-
1985b).
O planalto de Santa Catarina é ainda uma unidade estável, em fase de
pedogénese, embora algumas áreas estejam já afectadas pela morfogénese, devido
principalmente à acção antrópica.
fig. 4.1.2.1. Grandes Unidades Geomorfológicas – Manuel Monteiro Marques.
Fonte: Garcia de Orta, Sér. Est. Agron., Lisboa, 17 (1-2), 1990, 19-29
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O Flanco Oriental (IV) da ilha é constituído pelas bacias hidrográficas das ribeiras
de São Domingos, Praia Formosa, Seca, Picos, Santa Cruz, Saltos, Flamengos e São
Miguel.
Trata-se de vasta área totalmente exposta aos alísios que sopram quase
permanentemente de Outubro a Julho e cuja acção benéfica se começa a fazer
sentir a partir dos 300 m de altitude. Intermitentemente, a “lestada” sopra com certa
intensidade na região litoral baixa (área de achadas) entre Outubro e Junho.
Do ponto de vista litológico predominam formações de tufos e tufos-brechas,
alternando com escoadas lávicas pouco espessas. Nas grandes quebradas aparecem
formações do mesmo tipo cortadas por densa rede filoniana. Estas últimas estão
cartografadas como pertencentes ao Complexo Eruptivo Interno Antigo; sobre estas
repousa a Formação dos Flamengos; sucede-lhe a espessa Formação Sedimentar
dos Órgãos e, por fim, as do Complexo Eruptivo do Pico da Antónia, com escoadas
de fácies basáltica e tufos.
As cabeceiras das ribeiras atrás citadas situam-se no planalto de Santa Catarina
ou nos maciços montanhosos do Pico da Antónia ou da Malagueta. Localizam-se em
zonas alcantiladas com declives médios superiores a 25%; os seus troços médios
apresentam declives médios entre 5% e 25% (Marques, 1987).
Estas características levam-nos a individualizar a subunidade (IVa) onde a
dinâmica erosiva é intensa.
Na transição para o litoral, os declives médios dominantes daquelas bacias
hidrográficas passam a variar entre 2% e 12%; nas achadas litorais baixas – Pedra
Badejo e Achada Fazenda – os declives médios situam-se entre 0% e 5%.
Na Tabela 4.1.2.2. indicam-se os declives médios das bacias hidrográficas atrás
citadas e as respectivas altitudes médias.
tab. 4.1.2.2. Bacias hidrográficas do Flanco Oriental
Bacias hidrográficas Declive Altitude
Médio Média
[%] [m]
São Domingos 5,1 310,3
Praia Formosa 8,4 226,2
Seca 8,6 290,4
Picos 6,6 347,9
Santa Cruz 4,2 259,8
Saltos 6,3 202,5
Flamengos 5,9 319,6
São Miguel 10,5 327,5
Fonte: Marques, 1990
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Na Tabela 4.1.2.2. constata-se que os valores dos declives médios são elevados,
enquanto as altitudes médias das bacias rondam a altitude média da ilha. Daí uma
forte dinâmica erosiva a individualizar a transição para o planalto de Santa Catarina
(IVa).
O troço terminal das ribeiras principais correm em vales em canhão, cujos fundos
são, na maior parte das vezes, aproveitados para culturas diversificadas de regadio
(Marques (1985).
O Flanco Oriental é uma região onde a densidade populacional é elevada e
onde as culturas de sequeiro, principalmente a do milho e a do feijão congo em
consociação, dominam todas as encostas, certamente devido ao facto de estarem
sujeitas à exposição dos ventos húmidos de NE.
Esta unidade geomorfológica encontra-se muito erodida, pois que, tanto do
ponto de vista geomorfológico, como do ponto de vista de ocupação do solo, tudo
concorre para que a dinâmica erosiva se desencadeie em todas as situações devido
à ausência de coberto vegetal eficaz. Toda a compartimentação natural da paisagem
foi destruída devido à cultura de sequeiro predominante (milho) e à dispersão caótica
do povoamento.
Por outro lado, a cultura do milho exige várias mobilizações do solo ao longo
do seu ciclo vegetativo em função da «previsão popular» de chuva. Desta forma,
dadas as características climáticas dominantes, os trabalhos de mobilização do solo
tornam-se factores aceleradores da erosão, originando constantes movimentos de
massa (creep) devido aos fortes declives médios das encostas. Daí a degradação
generalizada do perfil do solo em toda a unidade geomorfológica, principalmente na
subunidade (IVa).
As consequências prejudiciais daquela dinâmica são a produção de aluviões que,
ao deslizarem ao longo das encostas, se acumulam no fundo dos vales, constituindo,
assim, depósitos de vertente não fixados, os quais virão a ser novamente mobilizados
para a cultura de sequeiro. Por outro lado, o escoamento hipodérmico nas encostas
é anulado.
Assim, os regadios têm de ser bem defendidos com diques para se evitar a sua
destruição com o material transportado ao longo das vertentes e com a deslocação
dos depósitos de vertente, aquando das enxurradas, ao longo do canal colector.
Perante as condições topográficas adversas, a inexistência de precipitação
regular na época própria, a ausência de coberto vegetal eficaz e as práticas agrícolas
inadequadas concorrem aceleradamente para a degradação total do perfil do solo.
Desta forma, no Flanco Oriental da ilha de Santiago a morfogénese é fortemente
positiva.
O Maciço Montanhoso da Malagueta (V), que culmina aos 1063 m, é, como já se
disse para o Maciço Montanhoso do Pico da Antónia, outro relevo residual da antiga
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bordeira. É constituído por formações litológicas do Complexo Eruptivo do Pico da
Antónia.
No sopé meridional do maciço desenvolve-se o planalto de Santa Catarina; na
base da sua encosta Norte estende-se a região do Tarrafal.
A encosta Norte do maciço está exposta aos alísios, daí uma razão para a
existência de coberto vegetal bastante denso. A coroá-la, desenvolve-se importante
perímetro florestal e algumas pastagens de altitude.
As encostas da Malagueta são fortemente alcantiladas, principalmente as de
NE e de NW. Os declives médios destas encostas são sempre superiores a 25%
(Marques, 1987). Do lado NE, a unidade desenvolve-se em direcção ao litoral e
engloba as bacias hidrográficas de São Miguel e Principal; do lado NW acontece o
mesmo, abrangendo a bacia da Ribeira Grande (Tarrafal).
Os solos são essencialmente Litossolos e Solos Litólicos.
Nesta unidade nascem três importantes bacias hidrográficas: São Miguel e
Principal, a NE; Ribeira Grande, a NW. Os cursos de água, tanto principais como
secundários, estão profundamente encaixados até perto do litoral, onde já correm
em vales em canhão que cortam achadas de média altitude.
Assim considera-se a subunidade (Va), pois que constitui uma transição para a
unidade (VI) em função dos valores dos declives médios, da exposição e das formas
de relevo constituídas por achadas dispostas em degraus.
Na Tabela 4.1.2.3. apresentam-se os declives médios e as altitudes médias
daquelas bacias hidrográficas.
tab. 4.1.2.3. Bacias hidrográficas do Maciço Montanhoso da Malagueta
Bacias hidrográficas Declive Altitude
Médio Média
[%] [m]
São Miguel 10,5 327,5
Principal 12,8 377,1
Ribeira Grande 7,0 289,8
Fonte: Marques, 1990
Os declives médios expressos na tabela n.º 4.1.2.3 mostram que se referem a
bacias hidrográficas de montanha. Os valores das altitudes médias estão de acordo
com a posição delas e são superiores à altitude média da ilha.
Os fundos dos vales encontram-se, na totalidade, pavimentados por detritos
onde predominam os blocos. Apesar disso, nos cursos abertos a NE existem alguns
regadios.
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Os perfis nas aluviões mostram que sob os blocos se encontra material de
granulometria mais fina. Isto pode ser indício de que houve recentemente e/ou que
existe actualmente desequilíbrio do meio.
A dinâmica erosiva ao longo das encostas abruptas da Malagueta é
essencialmente função da acção da gravidade. A acção antrópica pouco se faz
notar nesta unidade.
É nosso entendimento, citando Marques (1990), que o Maciço Montanhoso da
Malagueta devidamente florestado, à semelhança do Maciço Montanhoso do Pico
da Antónia, pode-se tornar num bom reservatório natural de água.
O Tarrafal (VI) parece corresponder a uma região vulcânica insular que veio a
coalescer com a ilha de Santiago propriamente dita (Serralheiro, 1976).
Trata-se de uma área de achadas (Achada Grande, Ponta da Achada, Achada
Tomás, Achada Bilim, etc.) escalonadas entre 20 e 300 m de altitude, com declives
médios compreendidos entre 2% e 5% e constituídas por formações do Complexo
Eruptivo do Pico da Antónia.
Naquela paisagem sobressaem algumas estruturas vulcânicas do Complexo
Eruptivo do Pico da Antónia, das quais a mais imponente é a estrutura de fonólitos e
traquitos do Monte Graciosa. Algumas estruturas vulcânicas mais modernas, como
o Monte Covado, pertencem à Formação do Monte das Vacas.
A estrutura de achadas ocidentais (entre 20 e 100 m de altitude) domina uma
extensa plataforma de abrasão marinha, coberta por depósitos recentes de
enxurrada e por algumas dunas, compreendida entre Tarrafal e Chão Bom.
Os depósitos de enxurrada são alimentados pela destruição das frentes das
escoadas lávicas. Por outro lado, aqueles depósitos misturam-se com os de uma
linha de costa recente.
Além da Bacia Hidrográfica da Ribeira Grande, existem ainda três pequenas
bacias que cortam as achadas e/ou que se encaixam entre morros. São as de
Lobrão, Fazenda e Fontão. Caracterizam-se por, numa área restrita, se encaixarem
vigorosamente, o que pressupõe problemas recentes de instabilidade do meio. Na
Tabela 4.1.2.4 indicam-se os declives médios das bacias e as respectivas altitudes
médias.
tab. 4.1.2.4. Bacias hidrográficas do Tarrafal
Bacias hidrográficas Declive Altitude
Médio Média
[%] [m]
Lobrão 6,3 150,0
Fazenda 7,2 197,6
Fontão 5,2 171,8
Fonte: Marques, 1990
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Existe um regadio em Chão Bom alimentado fundamentalmente por água extraída
de furos.
Grande parte da unidade já se encontra muito bem compartimentada, graças à
florestação a que se procedeu; neste momento já se pode falar de silvo-pastorícia e
procede-se a culturas de sequeiro bem compartimentadas.
No entanto, a área de Chão Bom, continua a sofrer os efeitos desastrosos
provocados pela dinâmica morfogenética que afecta o Maciço da Malagueta.
Os ventos alísios só favorecem a fachada NE da unidade. O restante território,
que representa a maior área, está exposto a W e, assim, corresponde-lhe acentuada
aridez, a qual, todavia, está sendo contrariada eficazmente pela vegetalização
efectuada à custa da captação de águas subterrâneas por intermédio de furos.
Tarrafal pode-se considerar neste momento, e globalmente, como uma unidade
de transição (intergrade) para a fase de pedogénese.
O Flanco Ocidental (VII) representa a transição entre o planalto de Santa Catarina
e o mar.
Do ponto de vista litológico-geológico encontram-se, de forma esparsa,
formações do complexo filoniano de base, sobre a qual jazem escoadas lávicas e
tufos do Complexo Eruptivo do Pico da Antónia e os mantos de fácies basáltica da
Formação da Assomada.
Trata-se de uma região extremamente árida, muito declivosa, e que desce
abruptamente para o mar. Os declives médios das encostas variam em geral entre
12% e 25% (Marques, 1987).
As encostas desenvolvem-se paralelamente à linha de costa. O litoral é quase
sempre de arriba viva.
As bacias hidrográficas mais significativas nesta unidade são as das ribeiras de
Cuba, Laxa, Barca, Sansão, Águas Belas, Selada e Angra, cujos declives médios e
altitudes médias estão expressos na Tabela 4.1.2.5.
A transição entre as unidades (VII) e (I) é bastante indefinida devido ao facto de o
tipo de meteorização física das rochas ser semelhante nas duas unidades.
| 91 |
tab. 4.1.2.5. Bacias hidrográficas do Flanco Ocidental
Bacias hidrográficas Declive Altitude
Médio Média
[%] [m]
Cuba 11,8 469,9
Laxa 15,0 319,8
Barca 9,3 441,4
Sansão 4,2 384,9
Águas Belas 5,4 426,6
Selada 12,3 349,6
Angra 16,7 214,8
Fonte: Marques, 1990
Quanto aos solos predominam, quase em exclusivo, os Litossolos e os Solos
Litólicos.
Dada a forma dos vales e o tipo climático reinante, praticamente não há regadio.
Quanto às culturas de sequeiro (principalmente a do milho), elas são as únicas que
se praticam episodicamente numa região quase desabitada.
A arenização da rocha é devida à aridez do clima; a fracturação é devida à
existência de inúmeras fissuras que afectam as escoadas lávicas. Os detritos vão
deslizando ao longo das encostas comandados, e por vezes arrastados, por chuvas
episódicas.
Trata-se de uma unidade em franca morfogénese. Na ilha de Santiago, o Flanco
Ocidental é, possivelmente, a região em que a dinâmica de desertificação tem a sua
expressão mais concreta, só semelhante à das chãs litorais da ilha de São Nicolau.
| 92 |
fig. 4.1.2.2. O relevo de Santiago (mapa das curvas de nível).
Fonte: Santiago de Cabo Verde, A Terra e os Homens, Ilídio do Amaral, 1964.
| 93 |
fig. 4.1.2.3. Esboço morfológico de Santiago.
Fonte: Santiago de Cabo Verde, A Terra e os Homens, Ilídio do Amaral, 1964.
| 94 |
4.2. ALIMENTAÇÃO DE AQUÍFEROS
Quando olhamos o mapa de Santiago, logo nos impressiona a forte densidade
de vales profundos que recortam toda a ilha, correndo das zonas centrais, mais
altas, para todos os lados, em direcção ao oceano. O maciço do Pico da Antónia é
a área de drenagem de maior importância, com uma rede de vales mais densa para
Leste, apresentando as bacias de recepção a característica comum de anfiteatros
amplos. Da mesma forma, a serra da Malagueta é retalhada por numerosos vales,
abismos profundos que correm de acordo com o declive estrutural; na sua evolução,
algumas das cabeceiras da rede vão-se aproximando do relevo vigoroso da escarpa
da serra.
Três grandes áreas de drenagem se podem delimitar por linhas tiradas do Pico da
Antónia (Amaral, 1964), (Fig. 4.2.1).
i. Para a baía do Medronho (Tarrafal), passando pela Quebrada;
ii. Para a baía de St.ª Clara, passando pela Achada Lagoa;
iii. Para a Ponta Prinda, através de Pedra Branca e de Ribeirão Chiqueiro.
No balanço hidrológico que consta no “Esquema Director para a Exploração dos
Recursos Hídricos (1993-2005), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
– Conselho Nacional de Águas, Instituto Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos,
Abril de 1993”, mostra-se que para a ilha de Santiago foram estimados os seguintes
Volumes Médios Anuais dos Recursos Hídricos (Tabela 4.2.1.)
tab. 4.2.1. Volume médio anual dos recursos hídricos da ilha de Santiago (milhões de m3/ano)
Concelho Água Água subterrânea
de Recursos Brutos Explorável Explorável
superfície (período médio) (período médio) (período seco)
Tarrafal (+ Calheta) 11,7 10,1 6,6, 4,1
Santa Catarina
vertente Oeste 12,4 13,5 7,1 3,8
vertente Leste 4,2 1,6 0,8 0,4
Santa Cruz 10,8 7,1 5,7 4,2
Praia (+S. Domingos) 17,5 10,1 5,8 4,0
Ilha de Santiago (totais) 56,6 42,4 26,0 16,5
Fonte: Schéma Directeur pour la mise en valeur des ressources en eau (1993 – 2005) Volume 2 – Ile de
Santiago, pg. 12.9 - Source : Projet CVI – 87 – 001.
Os Recursos Hídricos Subterrâneos da ilha de Santiago são estimados em 42.4
milhões de metros cúbicos por ano. Dessa quantidade total, apenas 26.0 milhões
de metros cúbicos por ano é tecnicamente explorável, num ano de pluviometria
regular, e 16.5 milhões de metros cúbicos por ano, nos períodos de seca.
| 95 |
Os Recursos Hídricos Superficiais são estimados em 56.6 milhões de metros
cúbicos por ano. Esses recursos, praticamente não são explorados devido a
inexistência de dispositivos de captação e de armazenamento (barragens).
fig. 4.2.1. Mapa da Rede Hidrográfica de Santiago.
A tracejado, os limites das grandes áreas de drenagem.
Fonte: Santiago de Cabo Verde, A Terra e os Homens, Ilídio do Amaral, 1964
| 96 |
Com o suporte da Sequência Vulcanológica estabelecida por Serralheiro (1976)
e apoiado pelo resultado dos trabalhos de Hidrogeologia realizados na ilha de
Santiago há dezenas de anos -desde finais do ano de 1971 até à presente data,
foi possível estabelecer a Sequência Hidrogeológica para a ilha de Santiago,
integrada pelas Unidades de Base, Intermédia e Recente (Fig. 4.2.2.).
iii. Unidade Recente, constituída pela Formação do Monte das Vacas, que é muito
permeável. Por isso, não permite a retenção das águas que, assim, se infiltram,
privilegiadamente, em direcção ao aquífero principal.
Também se integram nesta unidade as aluviões.
iv. Unidade Intermédia, constituída pelo Complexo Eruptivo do Pico da Antónia
que, por sua vez, é constituída essencialmente por mantos basálticos subaéreos
e submarinos. É a unidade geológica mais espessa, mais extensa e que facilita
a circulação da agua no seu seio, apresentando uma permeabilidade bastante
superior à da unidade de base assumindo, por isso, as características do
aquífero principal.
Também se inclui nesta unidade a Formação da Assomada.
v. Unidade de Base, o Complexo Eruptivo Interno Antigo, a Formação dos
Flamengos e a Formação dos Órgãos constituem esta unidade, que se caracteriza
por possuir um grau de alteração relativamente elevado, o que lhe confere
uma permeabilidade relativamente baixa e, por conseguinte, produtividade
relativamente fraca.
fig. 4.2.2. Esquema hidrogeológico geral para a ilha de Santiago.
Fonte: Mota Gomes, Lobo de Pina, 2004
| 97 |
Referências Bibliográficas
AMARAL, Ilídio do Amaral, 1964. Santiago de Cabo Verde, A Terra e os Homens: Memórias da
Junta de Investigações dp Ultramar, 2ª Série nº 48. Lisboa.
GOMES, Alberto da Mota e PINA, António Filipe Lobo de Pina, 2004. As Principais Unidades
Hidrogeológicas da ilha de Santiago, Praia.
MARQUES, Manuel Monteiro, 1990. Caracterização das grandes unidades geomorfológicas
da ilha de Santiago (República de Cabo Verde), Garcia de Orta, Sér. Est. Agron., Lisboa,
17(1-2), 1990, 19-29.
SERRALHEIRO, António, 1976. A Geologia da Ilha de Santiago (Cabo Verde), Tese de
Doutoramento. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 218 p.
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5.
CLIMATOLOGIA
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5.1. CLIMA E O TEMPO
O arquipélago de Cabo Verde, ao largo da costa ocidental do continente africano,
diante do promontório que lhe deu o nome, encontra-se situado numa vasta zona
de climas de tipo árido e semi-árido que atravessa a África desde o Atlântico ao
mar Vermelho e se prolonga pela Ásia. Fica a faixa extensa compreendida entre os
centros de altas pressões subtropicais do Atlântico Norte (anticiclone dos Açores) e
a Zona Convergência Inter-tropical (ZIT dos autores de língua inglesa), portanto no
seio dos ventos alísios de nordeste.
O clima das ilhas é caracterizado por temperaturas elevadas todo o ano, com
chuvas concentradas num curto espaço de tempo (Agosto, Setembro, Outubro),
mas, pior do que isso, com longos períodos sem qualquer precipitação, o que põe
em perigo as colheitas, os gados e os homens; com a sua atmosfera asfixiante sob
um tecto baixo de nuvens, que mais sufocante se torna pelas quantidades enormes
de calor libertadas de um solo nu de vegetação.
Duas estações principais definem o clima das Ilhas: o “tempo das brisas”
(estação seca), de Dezembro a Junho, e o “tempo das águas” (estação das chuvas),
de Agosto a Outubro, com anos de precipitação mínima ou quase nula, separados
pelos meses de Julho e Novembro, que podem ser considerados de transição. A
chuva é o elemento dominante da diferenciação estacional do ano e o eixo em torno
do qual gira o “mundo” do cabo-verdiano.
5.2. ELEMENTOS DO CLIMA
5.2.1. Temperatura
São escassas as observações térmicas em Santiago, embora sejam abundantes
as informações udométricas (Cunha, 1962). Iniciaremos o nosso estudo pelo regime
térmico da cidade da Praia, no litoral Sul da ilha, e a partir dele procuraremos depois
encontrar as variantes regionais, sempre que as circunstâncias o permitirem.
Tomando o período de 30 anos de observação, entre 1973-2002, os valores
da temperatura fornecidos pelo Serviço Nacional de Meteorologia e Geofísica
– Delegação da Praia, registados no Aeroporto da Praia, têm uma média de 25,0ºC
para os trinta anos de observação, em que o mês mais quente teve o valor de
25,8ºC, em 1987, e o valor mais fresco de 24,4ºC, em 1976. A Tabela 5.2.1.1. ilustra
as temperaturas médias anuais e mensais durante o período de 1973-2002.
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Relativamente às médias mensais, o mês mais quente foi o de Setembro, atingindo
o valor de 27,4ºC, enquanto que o mais fresco foi o de Janeiro, com o valor de 22,0ºC.
No que se refere às temperaturas diárias, pode-se observar que a temperatura
aumenta progressivamente de Janeiro até atingir o seu máximo em Setembro, para
depois diminuir até atingir o seu valor mínimo em Janeiro (Figs. 5.2.1.1, 5.2.1.2.).
tab. 5.2.1.1. Temperaturas médias anuais [ºC] e mensais durante o período de 1973-2002, registada no
Aeroporto da Praia
Ano Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Média
1973 26,3 24 23,2 22,3 23,6 24,8 25,5 26,2 26,2 27,6 27,7 27,4 25,4
1974 25,2 23,5 23,1 22,4 21,9 22,3 23,8 25 25,6 27,1 27,3 26,9 24,5
1975 25,4 24,1 23,1 23 22,6 23,3 23,5 25,6 25,5 26,6 26,3 26,7 24,6
1976 25,7 22,7 22,3 22 22,3 23 23,3 24,4 25,6 27,2 27,3 26,8 24,4
1977 26,4 24,2 22,8 23,1 24,3 24 24,4 25,4 25,1 26,2 27,4 26,9 25,0
1978 27,1 24,4 23,2 23,4 23,8 23,4 24,5 25,1 25,5 26,8 27,3 28,1 25,2
1979 25,9 24,7 23,2 24,7 23,9 25,6 26,2 26,1 26 27,2 28 27,3 25,7
1980 25,4 23,8 23,3 23,8 24 25,7 25 25,9 26,2 26,9 27,4 27,4 25,4
1981 26,1 24,9 23,8 22,7 24,5 24,1 24,7 25,4 25,8 27 27,2 27,3 25,3
1982 25,8 23,3 23,1 22,6 23,3 23,8 24,8 25,6 26 26,6 27,2 27,1 24,9
1983 26,7 24,1 23 23,7 25 24,6 24,9 25,7 26 27 27,4 27,6 25,5
1984 25,4 23,1 22,2 23 22,5 23,7 24,6 25,4 26 27,3 26,9 26,9 24,8
1985 26,3 24,2 21,9 22,9 22,4 22,7 23,4 25,3 26,1 26,9 28 28,2 24,9
1986 25,2 23,4 21,9 21,4 22,2 23,6 24,4 24,8 25,4 27,3 27,7 26,9 24,5
1987 26,4 25,1 22,4 22,7 24,7 26,1 26,4 26,3 27 27,4 28,1 26,4 25,8
1988 26,1 23,4 22,3 21,9 24,1 24,3 24,7 25,1 25,8 26,5 27,2 27,2 24,9
1989 25,9 24,6 22,4 22,3 22,7 23 25,2 26,7 26,7 27,3 28,1 27,5 25,2
1990 26,1 24,5 22,2 24,5 25,1 23,9 25,4 25,4 26,2 27,8 28,3 27,7 25,6
1991 26,8 24,4 22,9 22,3 22,6 23,9 24,3 25,7 26 26,8 28,1 27,4 25,1
1992 25,2 23,3 23,5 22,9 23,8 23,7 25,2 25,4 25,8 26,9 27,6 26,2 25,0
1993 24,6 23,4 22,3 22,8 23 23,6 24,6 25 25,9 27,3 27,5 26,7 24,7
1994 26,5 24,3 21,8 22,6 22,1 23,7 23,9 25,1 25,7 26,7 27,2 27 24,7
1995 27,3 24,6 23 23,4 22,2 22,9 25,1 26,1 26,5 27,1 27,2 27,8 25,3
1996 26,1 23,8 24,1 23,1 23,3 24,9 25,2 25,6 26,5 27 27,2 27,4 25,4
1997 ** 21 23,5 25,2 23,7 24,1 25,1 26,2 26 26,6 24,9 24,6 24,6
1998 26,9 23,9 23,2 24,8 24,8 24,1 24,1 25,4 25,9 26,7 26,8 27,7 25,4
1999 25,6 ** ** 21,1 21,6 23 ** ** 25,8 26,5 26,7 26,3 24,6
2000 25 23,8 21,6 22,7 24,6 24 23,3 24,7 25,6 27 27,3 ** 24,5
2001 26,1 25,3 22,7 23,1 24,3 24,1 23,6 24,9 26,1 27,6 27,6 27,5 25,2
2002 25,4 24,3 24,3 24 24,1 23,5 24 24,7 25,1 26,4 27,5 27,2 25,0
Média 26 23,2 22 22,9 23,4 23,9 23,7 24,6 25,9 27 27,4 26,3 25,0
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica – Delegação da Praia
| 103 |
fig. 5.2.1.1. Temperaturas Médias Anuais da Praia (período de 1973-2002).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
fig. 5.2.1.2. Temperaturas Médias Mensais da Praia (período de 1973-2002).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
Das observações e das sensações reunidas durante as viagens e estadas em
diversos pontos da ilha, poder-se-ia talvez sugerir o seguinte esquema da repartição
térmica (Gomes e al, 2005):
a. Climas do litoral, como os da Praia e de S. Francisco.
b. Climas de altitude, como os do Pico da Antónia e da Serra Malagueta.
c. Climas de vertente não exposta aos alísios – Mosquito, Chuva Chove.
d. Microclimas pontuais, no interior de certos vales (Seca, Principal, Engenhos,
etc.).
5.2.2. Pressão e ventos
A ilha de Santiago está situada na zona onde os alísios de nordeste sopram com
regularidade durante todo o ano. Embora se possam observar em certas épocas
diferenças na direcção dos ventos, a circulação de nordeste é muito regular; somente
nos meses da estação das chuvas se produzem maiores perturbações neste fluxo.
| 104 |
A rosa-dos-ventos da Praia, estabelecida para o decénio de 1951-1960, um período
de observações regulares com três medições por dia, mostra uma preponderância
absoluta dos ventos de Norte e de nordeste (Fig. 5.2.2.1). Com efeito, são os alísios
que sopram das altas pressões subtropicais para as depressões equatoriais.
De Janeiro a Junho podem predominar os ventos do Norte e no restante do
ano os de nordeste; nos meses de Julho a Setembro podem soprar ventos de Sul
e Oeste. Em dez anos, o número de observações de ventos de Oeste tem o valor
baixíssimo de 48. A regularidade dos ventos dos quadrantes de Leste, colocados
sob a dependência das altas pressões do Atlântico Norte é, certamente, o facto
mais importante. Contudo, os ventos locais ligados a factores de ordem geográfica
podem perturbar ligeiramente este esquema. (Tabela 5.2.2.1.)
A constância das pressões ainda é mais notável que a das temperaturas ou
dos ventos. Qualquer alteração na curva sempre regular das pressões só poderá
corresponder à passagem de um ciclone pela ilha, como sucedeu em Setembro de
1961.A Fig. 5.2.2.2. mostra a curva representativa dos valores médios de pressão
reduzidos ao nível do mar, observados na Praia nos anos de 1951 a 1960.A pressão
média foi de 1013,5 mb. Nesse período as médias anuais andaram muito perto da
média decenal, oscilando entre 1012,6 mb em 1955 e 1014,2 mb em 1951. Também
as médias mensais se afastaram pouco daquele valor. O mês de Junho exibiu a
média mais elevada (1014,6 mb) e Setembro a mais baixa (1012,2 mb). Muito embora
sejam fracas as amplitudes de variação, há um ritmo estacional bem marcado em
que o máximo de Junho separa o conjunto de pressões mais baixas (Dezembro a
Março) do das pressões mais altas (Julho a Novembro), de variação mais gradual;
Dezembro – Janeiro apresenta um máximo secundário, Março – Abril um mínimo
secundário. Nestes dez anos a média mais elevada foi verificada quatro vezes em
Janeiro, duas em Fevereiro, três em Junho e uma em Dezembro; a média mais baixa
situou-se três vezes em Agosto, seis em Setembro e uma em Outubro.
| 105 |
fig. 5.2.2.1. Rosa-dos-ventos da Praia (médias mensais do período de 1951-1960).
No centro de cada círculo está inscrito o número de “calmas”
Nd = valor médio do número de observações
Fonte: Santiago de Cabo Verde, A Terra e os Homens, Ilídio do Amaral, 1964.
| 106 |
tab. 5.2.2.1. Número de observações dos rumos dos ventos na Praia (período de 1951-1960).
Direcção Número Percentagens
de Observações %
N 4 672 43%
NE 3 833 35%
E 672 6%
SE 243 2%
S 384 4%
SO 158 1%
O 48 0%
NO 180 2%
Calmas 760 7%
Fonte: Amaral, 1964
Excepção feita às perturbações causadas pela passagem de ciclones, a amplitude
anual raramente excedeu os 3 mb; o valor mais pequeno foi de 2,3 mb em 1960, o
mais elevado de 3,7 mb em 1957.
A marcha diurna das pressões está igualmente submetida a uma dupla oscilação
clássica: a maré barométrica. O máximo principal vem por volta das 10 horas (hora
local) e o mínimo às 16; às 22 horas aparece um máximo secundário. Esta variação
diurna é muito regular e bem marcada, com uma amplitude média de cerca de 2 mb.
Apenas os ciclones provocam variações profundas, com amplitudes da ordem de 10
mb.
fig. 5.2.2.2. Médias mensais da pressão atmosférica na Praia (período de 1951-1960).
M = valor máximo; m= valor mínimo.
Fonte: Amaral, 1964
5.2.3. Humidade Relativa e Nebulosidade
A regularidade das pressões, dos ventos e das temperaturas é acompanhada
por uma humidade relativa constantemente elevada. As massas de ar marítimo que
envolvem a ilha de Santiago e dão-lhe, em todo o ano, uma capa de nuvens que se
vai tornando mais densa à medida que as temperaturas diárias vão aumentando.
| 107 |
Tendo em conta o período 1982 – 2001, os valores da humidade relativa medidos
na Praia, crescem de um mínimo em Fevereiro/Março até um máximo em Setembro;
de Outubro a Janeiro decrescem (Tabela 5.2.3.1.). A variação anual da humidade
acompanha a da temperatura, como se torna evidente se compararmos os valores
observados. Na Praia, para o período considerado, os anos de menor e de maior
humidade relativa forneceram as médias diárias 56 a 70% de humidade relativa (Fig.
5.2.3.1.).
Para o resto da ilha, à medida que se sobe para as regiões mais altas no interior,
a humidade relativa vai aumentando, diminuindo a temperatura.
tab. 5.2.3.1. Dados observados de maiores valores de humidade relativa média no Aeroporto da Praia
(período de 1982-2001)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1982 61 61 64 64 62 66 70 73 76 75 68 65 67
1983 60 50 55 59 61 63 71 ** 71 68 69 67 63
1984 68 48 63 62 62 63 70 70 70 68 72 68 65
1986 65 64 62 66 65 69 72 72 78 74 66 69 69
1987 68 63 52 60 59 67 68 76 76 77 68 67 67
1988 67 75 56 64 66 70 78 80 81 68 70 68 70
1989 63 64 63 65 61 63 72 76 74 71 ** 65 67
1990 67 53 55 64 63 68 74 78 77 72 68 64 67
1991 65 64 62 63 64 62 70 73 74 64 66 76 67
1992 61 67 60 ** 60 65 72 71 73 ** ** 68 66
1993 68 59 64 65 62 69 75 76 77 73 67 ** 69
1994 62 52 64 61 ** ** ** 76 73 70 64 69 66
1995 64 60 66 65 64 65 75 81 77 71 72 72 69
1996 66 68 64 60 63 65 71 79 75 73 68 ** 68
1997 65 52 56 65 67 66 69 76 80 70 70 71 67
1998 68 59 56 72 66 ** 74 ** ** ** ** ** 56
1999 ** 63 62 61 ** 63 75 77 81 77 67 65 69
2000 67 57 58 63 67 69 71 77 76 ** 69 68 67
2001 68 59 54 55 65 70 74 76 77 71 67 72 67
Média 65 60 60 63 63 66 72 76 76 71 68 68 67
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica – Delegação da Praia.
| 108 |
fig. 5.2.3.1. Humidade relativa média mensal da Praia (período de 1982-2001).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
5.2.4. Insolação e evaporação
5.2.4.1. Insolação
Apesar da nebulosidade ser relativamente elevada, a insolação referida no período
1981 – 1998, medida nas estações da Praia, de S. Francisco, de S. Jorge dos Órgãos
e de Chão Bom, tornou possível a comparação entre os valores medidos nas quatro
estações acima referidas em termos médios mensais e anuais.
Pudemos constatar que foi na estação da Praia que se registou a insolação mais
elevada, tendo-se seguidas as estações de S. Francisco, Chão Bom e S. Jorge
dos Órgãos, consoante se pode observar nas Tabelas 5.2.4.1.1 a 5.2.4.1.4. e Fig.
5.2.4.1.1.
A insolação passa por um máximo no mês de Maio, diminuindo de seguida até aos
meses de Julho/Agosto.
É de destacar, como se pode observar nos respectivos quadros, que a estação
da Praia é a que tem maior insolação média por mês, relativamente às outras três
estações estudadas.
| 109 |
tab. 5.2.4.1.1. Valores de insolação média (horas) registados no Aeroporto da Praia (1981-1998)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1981 7 6,3 9,7 8,8 9,4 9,3 6,1 7,2 7 7,2 7,1 6,3 7,6
1983 4,6 9,1 7,3 8,8 8,4 8,1 7,6 ** 7,1 7,4 7,2 6,5 7,5
1984 6,1 7 8 9,4 8,9 8,4 7,5 7,5 6,6 7,2 6,8 6 7,5
1985 8 7,9 7 8,9 9,9 7,5 5,3 6,2 6,6 7,3 8 4,6 7,3
1986 4 7,9 8,9 8,9 9,7 9,6 7,2 6,7 6,1 6,5 5,2 4,4 7,1
1987 8 9,5 9,1 8,4 7,8 8,6 7,6 6,8 6,8 6,1 6,4 7,9 7,8
1988 6,7 5,7 7,6 10,1 9,6 9,1 5,7 5,6 5,9 ** ** 5,7 7,2
1989 6,6 6,2 8,5 9,7 9,9 8,6 6,2 5,6 6,7 5,6 6,7 8,2 7,4
1990 4 7,2 6,8 8,6 10 8,4 7 7,3 7 6,9 6,3 6,5 7,2
1991 ** ** ** ** ** ** ** ** ** ** ** ** **
1992 7,2 7 7,5 7,3 8,4 7,1 6,1 7,2 5,9 6,7 5,3 7 6,9
1993 4,3 7,7 8,1 8,6 8,4 9,1 6,4 6,1 6,7 7,2 5,8 6,3 7,1
1994 6,2 8,3 8,1 8,7 9 8,6 7,6 6,3 5,9 7,6 7,6 5,9 7,5
1995 6,7 7,7 8,1 9,4 10,4 9,5 5,6 6,2 7 7,7 7,1 6,7 7,7
1996 8,5 6,1 7,1 9,1 10,1 9 7,4 6,3 6,6 7,9 6,7 7,9 7,7
1997 5,3 5,1 5,7 9,7 8,5 7,4 7,4 6,6 7,2 8,4 7 7,8 7,2
1998 6,1 9,2 6,7 8,2 8,8 7,5 6,5 6,7 ** ** 7,3 4,9 7,2
Média 9 10,7 11,3 13 13,4 12,3 9,7 9,8 9,9 11,1 10,1 9,3 10,7
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica – Delegação da Praia.
tab. 5.2.4.1.2. Valores de insolação média (horas) registados na Estação Meteorológica de São
Francisco (1981-1998)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1981 7,1 6,8 9,3 8,4 9 9,7 6,2 7,2 6,5 7,5 7,7 6,4 7,7
1982 7,9 7,8 7,9 8,7 8,3 8,8 7 5,1 6,8 5,9 6,3 4,2 7,1
1983 5,2 9,2 7,3 8,1 7,4 8,3 7 6,3 7,5 6,5 6,8 5,8 7,1
1984 5,4 5,9 7,6 8,6 8,3 7,8 7 6,8 5,7 6,8 6,1 6,1 6,8
1985 7,3 7,6 6,3 8,1 9,2 7,3 4,7 5,6 6 7,3 7,4 3,6 6,7
1986 3,3 7,9 8,3 8,6 9,1 9 6,2 6 5,7 5,8 4,9 4,3 6,6
1987 7,5 8,8 8,4 6,8 6,1 ** 7,5 5,9 6,4 6,1 7,1 7,2 7,1
1988 6,1 5,4 6,9 9,6 9 8,3 6,2 5 6,5 7,7 6,4 6,3 7,0
1989 6,7 6,2 6,7 9,1 9,5 8,6 7 6,6 7,2 7,3 7,3 8,6 7,6
1990 5 7,8 7,5 8,7 10 6,8 6,7 7,4 8,2 7,7 7,1 7,3 7,5
1991 6,1 8,4 9 9,8 9,9 6,4 6,1 5,3 6,9 8 8 5,8 7,5
1992 7,5 7,6 8,4 8,2 8,6 6,7 5,3 7 7,6 7,4 6,7 7,6 7,4
1993 5,4 8,4 8,8 9,4 9 9,8 6,9 6,7 7,9 7,9 6,7 7,1 7,8
1994 6,2 7,9 8,4 8,5 8,7 ** ** 6,8 7,2 8 8,1 6,2 7,6
1995 6,7 8,9 8,5 9,6 10,7 10 ** ** 7 8,4 ** 6,7 8,5
1996 8,2 8,1 7,7 9,9 10,4 ** 7,7 6,5 7,5 8,6 7,4 5,9 8,0
1997 6 6,1 7,3 10,1 8,2 6,2 7,3 6,8 7,5 8,4 7,5 5,8 7,3
1998 5,8 9,7 6,6 8,4 8,9 8,4 6,7 6,6 5,8 9,1 7,6 4,3 7,3
Média 6,3 7,7 7,8 8,8 8,9 8,1 6,6 6,3 6,9 7,5 7 6,1 7,4
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica – Delegação da Praia.
| 110 |
tab. 5.2.4.1.3. Valores de insolação média registados na Estação Meteorológica de São Jorge dos
Órgãos (1981-1998)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1981 ** 5,8 ** ** ** 8,3 4,3 4,9 4 6,5 6,9 5,8 5,8
1982 6,7 ** 6,6 7,4 6,9 8,2 6 2,8 4 4,8 5,8 3,6 5,7
1983 4,7 8,4 6,5 6,4 7,3 7,3 6,8 4,6 5,9 6,9 6,3 4,6 6,3
1984 4,9 5,7 7 7,7 7,6 7 5,7 4,5 4,5 6,2 4,7 4,1 5,8
1985 4,4 6 5,3 6,3 7,5 6,4 3,6 4,3 5,5 7,8 7,1 4,1 5,7
1986 3,6 7,1 7,9 8,9 9,3 9,3 6,2 5,3 4,2 4,8 4,3 3,8 6,2
1987 6,7 8,8 8,5 7,5 7,4 8,4 6,9 5,4 4,9 4 6,2 5,9 6,7
1988 5 5,3 6,9 8,8 8,3 8 4,7 3,1 4,4 6,3 4,3 4,9 5,8
1989 6 5,2 7,9 7,8 9,3 8,9 5,6 5,1 5,2 5,6 4,5 7 6,5
1990 2,9 8 7 6,1 9,1 8,1 6,1 5,8 4,6 6,6 5,1 5,8 6,3
1991 4,9 6,8 7,4 8,7 8,9 8,9 5,9 4 5,2 6,6 6,3 3,6 6,4
1992 6,4 5 7,1 6,7 8 8,7 5,5 5 4,7 6 6,1 5,3 6,2
1993 4,3 6,4 7,4 8,2 9 9,2 5,6 4,9 4,9 6,3 2,9 6,5 6,3
1994 5,4 8,3 7,6 9,1 7,4 9 5,9 4,9 5 5,9 6,8 5,5 6,7
1995 6,2 8,1 6,9 7,5 9,9 9,5 3,9 5,1 3,7 6,9 6,7 4,3 6,6
1996 6,4 5,8 6,6 8,7 8,9 8,6 6,9 4,5 4,9 7,4 6,6 5,6 6,7
1997 5 6,5 6,4 8,7 8,1 8,2 6,5 5,1 4,8 6,9 6,5 7,4 6,7
1998 6 9,4 6,7 7,2 8,7 8,6 6,6 5,1 3,8 7,9 7,4 5,1 6,9
Média 5 6,9 7 7,7 8,3 8,4 5,7 4,7 4,7 6,3 5,8 5,2 6,3
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica – Delegação da Praia.
tab. 5.2.4.1.4. Valores de insolação média registados na Estação Meteorológica de Chão Bom (1981-1998)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1981 6,6 6,6 9,5 8 7,2 8 4,8 5,4 5,8 6,2 5,7 6,6 6,7
1982 7,5 7 7,5 8,1 5,8 5,8 5 3,5 5,1 4,6 6,4 4,1 5,9
1983 3,5 8,7 6,8 7,3 5,2 3,4 2,8 4,6 6,3 6,8 6,4 5,5 5,6
1984 5,4 ** 8 7,6 7,5 6,6 5,5 5,7 5,4 5,7 5,8 4,9 6,2
1985 7,2 6,7 5,6 7,5 7,1 5,4 4,3 5,5 5,8 6,6 7,2 3,6 6
1986 3,2 7,1 7,3 3 3,6 3,6 5,8 3,7 5,4 5,7 5,3 3,9 4,8
1987 7 9,1 9,5 6,8 5,8 7,7 5,9 6,3 6,1 6 6,7 7,1 7
1988 5,7 5,1 7,8 9,2 8,1 7,5 5,1 5 6,1 7,8 6,3 5,3 6,6
1989 6,2 5,3 8 8,1 9 7,9 6,4 7,4 6,9 7,2 ** ** 7,2
1990 4,7 8,1 ** 8,6 8 7,4 6,1 7,1 6,6 6,5 7 7,3 7
1991 6,2 7,5 9,1 9,7 8,5 7,8 5,2 ** ** 7,9 7,3 5,3 7,5
1992 7,3 7,5 7,3 7,6 6,9 7,5 5,2 6,6 6,7 6,8 6,5 7,1 6,9
1993 4,9 6,8 ** ** 7,6 8,1 6 5,8 ** 7,6 6,6 6,3 6,6
1994 6,1 7,8 7,9 8 7,3 ** ** 6,6 6,4 7,9 7,8 6,3 7,2
1995 5,5 7,6 8,1 ** 8,5 ** ** ** ** ** ** ** 7,4
1996 ** ** ** 9,2 ** ** ** 5,4 6,2 6,2 7,1 7,5 6,9
1997 ** 4 ** 7,7 4,6 3,3 5,2 5,3 ** ** 5,8 1,8 4,7
1998 ** ** ** 9,3 8,5 ** ** ** ** 10,8 5,6 4,9 7,8
Média 5,8 7 7,9 7,9 7 6,4 5,2 5,6 6,1 6,9 6,5 5,5 6,6Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica – Delegação da Praia.
| 111 |
fig. 5.2.4.1.1. Insolação Média Mensal da Praia, S. Francisco, S. Jorge dos Órgãos e Chão Bom (período
de 1981-1998).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
5.2.4.2. Evaporação
Os registos da evaporação apresentam valores muito elevados, devendo-se
salientar que os registos das estações de S. Francisco e Chão Bom, em que os
valores são muito mais altos que aqueles registados pela estação de S. Jorge dos
Órgãos.
A evaporação elevada e uma precipitação demasiado baixa, conferem à ilha e, de
uma maneira geral, ao arquipélago, a nota de aridez que apenas nas zonas de maior
altitude se consegue atenuar (Tabela 5.2.4.2.1. a 5.2.4.2.3.).
Para as três estações de Santiago – S. Francisco, S. Jorge dos Órgãos, Chão Bom,
a Evaporação do Piche Total – Média Mensal de S. Francisco, S. Jorge dos Órgãos e
Chão Bom (período de 1981-2001) está ilustrada na Fig. 5.2.4.2.1. Pode-se observar
que a evaporação diminui com a altitude e que os valores mínimos ocorrem no mês
de Setembro, enquanto que os valores máximos são observáveis no mês de Maio
para a estação de S. Francisco e para o mês de Março para as estações de S. Jorge
dos Órgãos e Chão Bom. Deve-se ressaltar que os mínimos registados coincidem
com as estações das chuvas enquanto que os valores máximos correspondem à
estação seca (Fig. 5.2.4.2.2.)
| 112 |
tab. 5.2.4.2.1. Registo de evaporação em mm pelo método de Piche na Estação de S. Francisco (1961-
2001)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1981 120,2 161,3 221 252,1 277,9 ** 92,7 91,6 77,8 146,1 111,1 131,6 1.683,40
1982 123,4 219 139,1 260,4 256,3 261,9 89,9 76,1 111,2 116,6 104,2 150,5 1.908,60
1983 157,6 123 177,6 141,8 185,2 247,7 89,1 195,4 224,8 200,8 205,5 178,6 2.127,10
1984 167,9 171,6 236,7 257 258,8 232,9 215,7 152,1 118 146,7 147,3 111 2.215,70
1985 128 138,7 135,9 112,3 143,5 153,5 136,1 169,4 125,5 129,1 191,8 209,1 1.772,90
1986 102,4 179,1 223,4 151,3 186,8 168,6 123,1 137,5 100,3 134,8 145,3 114,4 1.767,00
1987 195,8 137,9 139,8 183,6 181,8 ** 142,4 87,1 91,4 106,3 148,8 181,2 1.596,10
1988 175 125,3 170,3 160,2 139,5 127,7 85,3 68,6 82,1 146,6 115,7 116,4 1.512,70
1989 121,1 108,4 97,1 106,8 121,7 114,6 137,6 95,4 113,7 90,7 149,6 85,1 1.341,80
1990 73,2 85,8 99,1 129,7 196,2 115,6 118,8 ** 115,7 142,3 114,8 141,2 1.332,40
1991 150,6 148,9 150,7 192,2 146,5 169,1 130 111,5 100,3 159,8 106,7 141,1 1.707,40
1992 ** 144,3 153,1 156,3 219,3 126,9 111,8 120,6 104,1 122,4 131 134,3 1.524,10
1993 122,6 142,9 137,9 131,2 149,6 128 90,6 88,2 100,9 152,1 97,4 107 1.448,40
1994 109 140,4 144,7 118,3 142,1 128,5 100,7 102,7 99,1 118,7 103,8 91,4 1.399,40
1995 93,2 79,7 112,6 125 116,2 109,7 85,6 ** 79,8 95 115,5 90,6 1.102,90
1996 138 107,8 137,4 167,2 321,1 ** 104,5 85,1 95,4 100,4 109,5 116 1.482,40
1997 134,7 193,6 167,2 156,9 134,7 136,1 109,5 97,1 77,1 112 94,1 78,5 1.491,50
1998 102,4 160,6 178,3 123 134,2 126,9 114,7 94,4 78 131,4 ** 127,3 1.371,20
1999 131,4 102,9 144,1 174,2 171,7 150,1 94,6 87,3 73,5 91,9 100,3 139 1.461,00
2000 147,9 158,7 179,2 158,2 159 133,2 125,9 106,1 86,4 92,4 93,4 118,3 1.558,70
2001 116,6 155,5 181,4 141,4 136,7 ** 110,5 115,3 111,3 152,4 124,6 102,9 1.448,60
Média 130,6 142,2 158,4 161,9 179,9 154,8 114,7 109,6 103,2 128 125,5 126,9 1.583,50
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica – Delegação da Praia.
| 113 |
tab. 5.2.4.2.2. Registo de evaporação em mm pelo método de Piche na Estação de S. Jorge dos Órgãos
(1961-2001)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1981 95,3 100,3 117,2 ** ** 141,3 134 151,5 120 98 98,1 111,1 1.166,80
1982 133,7 ** 130,9 141,7 118,5 139,2 134,5 87,2 101,6 115,6 139 112,5 1.354,40
1983 105 126,4 132,2 110,3 154,7 145,3 136,1 110 126,2 138 133,7 125,8 1.543,70
1984 129,5 117,8 156,5 141,5 150,1 131,1 143,1 67 65,9 73,6 67,6 60 1.303,70
1985 84,9 98,8 104,5 102,8 94,1 97,3 56,4 46,4 43,4 92,8 87 76,8 985,2
1986 73 77,1 89,5 104,6 105,6 82,2 64 56 32,1 38 61,6 67,3 851
1987 92,9 68,1 137,3 103 102,2 86,1 71,4 45,6 41,7 31,5 61,5 80,2 921,5
1988 69,6 40,7 117,7 102,3 97,2 63,9 57,5 36,1 40,2 77,9 45,8 55,7 804,6
1989 95,8 63,6 85,2 67 126,8 120,6 71,3 73,9 53 73,1 70,6 90,2 991,1
1990 83,7 136,6 133,2 84,4 100,2 82,1 60,1 74,7 40,5 58,6 67 74 995,1
1991 78,1 77,8 85,5 113,8 96 95,1 84,7 63,9 52 50,9 82,7 47,4 927,9
1992 71,1 55,7 108,3 91,7 111 103,1 59,3 56,7 36,5 30,6 84,8 76,2 885
1993 62,8 65,1 79,7 81,1 116,3 80,9 66,5 66,8 51,6 64,1 59,5 66,9 861,3
1994 89 114,8 95,9 104,5 101,5 96,4 69,4 63,5 69,1 75,7 95,8 80 1.055,60
1995 69,3 104,5 74,7 73,2 112,9 101,8 68,4 64,5 35,9 80 80,1 60,4 925,7
1996 95,7 75,9 104,8 127,1 112,7 91,8 75,3 48 62,5 86,3 90,4 95,2 1.065,70
1997 101,2 125,3 142,1 106,5 98,2 92 76 61,7 44,4 81,5 69,8 86,7 1.085,40
1998 105,5 141,6 144 89,9 92,9 98,1 78,4 62,1 38,7 64,8 92,5 80,1 1.088,60
1999 87 81,1 90,1 139,5 145,4 111,3 52 37,9 30,5 39,3 51,2 70,5 935,8
2000 74,8 103,3 163 102,8 88 88,8 73,2 47,1 35,1 27,9 62,4 72,4 938,8
2001 86,2 126,6 143,7 115,1 104,3 88 66,4 40 33,3 58,1 54,5 53,7 969,9
Média 89,7 95,1 116 105,1 111,4 101,7 80,9 64,8 55 69,3 78,8 78,2 1031,3
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica – Delegação da Praia
| 114 |
tab. 5.2.4.2.3. Registo de evaporação em mm pelo método de Piche na Estação de Chão Bom (1961-
2001)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1981 166,8 208,3 220,9 225,7 183,3 176,9 158,4 155,4 135,8 166,4 157 184,9 2.139,80
1982 231,3 195,3 231,1 242 179,7 175,2 156,3 107,5 154,1 142,3 192,9 128,3 2.136,00
1983 107,7 243,4 210,2 218,7 162,1 101,8 86,7 143,2 190,2 208,9 193,2 169,2 2.035,30
1984 168,7 ** 247,4 227,6 231,9 208,5 169,7 177,3 135 129,6 123,3 153,3 1.972,30
1985 131,1 182,5 125,6 98 120,2 129,8 128,6 115,7 120,7 163,8 174,7 191,6 1.682,30
1986 187,1 131,5 227,7 91,5 111,2 108,3 126 113,9 82 91,3 128 92,3 1.490,80
1987 111,9 138,3 127,3 89,9 117,6 88,5 107,7 79,5 72,4 87,2 110,8 129,7 1.260,80
1988 126,1 80,2 94,6 106,4 50,2 91,9 97,3 75,3 61,3 88,7 79 70,9 1.021,90
1989 102,8 99,9 106 88,8 120,2 116,3 108,3 102,5 87,2 108,4 ** ** 1.040,40
1990 92,2 185,3 ** 129,3 130 122,4 112,6 103,6 84,9 93,4 191,4 138,7 1.383,80
1991 127,3 133,2 142,3 124,6 136 112,6 109,3 ** ** 108,1 117,4 105,9 1.216,70
1992 107,8 118,5 150,6 148,7 134 133,4 153,3 134,9 160 109 95,6 114,3 1.560,10
1993 105,8 108,4 119,9 102,7 117,4 136,8 123,4 112,5 ** 98,4 90,5 88,6 1.204,40
1994 90,6 85,9 107,4 106,5 115,4 109,2 116,5 116,7 104,8 114,7 126,3 112,8 1.306,80
1995 118,4 116,8 138,1 122,1 132,9 135,8 127,2 132,7 127,2 120,5 ** ** 1.271,70
1996 ** ** ** ** ** 134,7 141,1 ** 121,4 134,8 ** 152,4 684,4
1997 ** 122,4 137,1 134,6 140,2 127,7 136 120,1 127,4 123,8 124,4 125,1 1.418,80
1998 118,8 ** ** 112,7 133,2 126,8 102,8 ** 109,5 ** 111,2 ** 815
1999 ** ** ** ** ** ** ** ** ** ** ** **
2000 110,1 104,4 117,7 113,6 118,5 122,9 114,8 111,6 ** 111,3 103,2 117,5 1.245,60
2001 102,5 101,2 110,5 106,2 121,9 ** 131,7 121 ** ** 124,1 130,6 1.049,70
Média 128,2 138,6 153,8 136,3 134,5 129,4 125,4 119 117,1 122,3 131,9 129,8 1.459,40Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica – Delegação da Praia
fig. 5.2.4.2.2. Evaporação do Piche Total – Média Mensal de S. Francisco, S. Jorge dos Órgãos e Chão
Bom (período de 1981-2001).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
| 115 |
fig. 5.2.4.2.3. Evaporação do Piche Total de S. Francisco, S. Jorge dos Órgãos e Chão Bom (período de
1981-2001).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
5.3.4.3. Chuvas: Regime e Distribuição
A constância das temperaturas e das pressões, a humidade atmosférica
relativamente elevada, a regularidade do alísio, permitiriam pensar que as chuvas
em Santiago (como no resto do arquipélago) fossem muito regulares. Junte-se a
isto o facto de o arquipélago ser “visitado” durante a época das chuvas (Agosto
a Outubro) por uma das massas de ar mais pluviogénicas que se conhecem (a
monção do Atlântico Sul), até mesmo nos anos de maior crise (Fonseca, 1967).
Todavia, as precipitações são, pelo contrário, o elemento mais caprichoso do clima.
A um ano de boas chuvas pode suceder um ano muito seco; num determinado mês
o valor da precipitação pode variar do simples ao triplo, correndo as águas nos
leitos normalmente secos, arrastando com a sua espantosa impetuosidade todos
os obstáculos. Isto dura um número pequeno de dias. Duas áreas vizinhas, muito
embora possam ter condições geográficas semelhantes, podem registar alturas
pluviométricas muito diferentes. E, não raras vezes, o habitante das ilhas vê, com
grande tristeza, chover no mar, sem que uma gota de água venha dessedentar a
terra seca, onde as culturas começam a estiolar-se.
A brusquidão das chuvas e a sua violência, adicionadas à sua irregularidade, criam
um contraste vigoroso com a monotonia dos outros elementos do clima. É difícil,
para Santiago, falar em médias de precipitação, porquanto são muito variáveis os
totais, quer mensais quer anuais, de uma mesma estação. Para a Praia, a curva dos
valores de precipitação (chuvas) medidas de 1961 a 2002 (Fig. 5.2.4.3.1.) e (Tabela
5.2.4.3.1.)) mostra as enormes variações de ano para ano, correspondendo 402,3mm
em 1975 e 13,2 mm em 1972 aos limites extremos dessa variação.
| 116 |
A comparação entre um ano de crise (1972), por ter caído uma quantidade ínfima
de chuva na época Junho – Outubro, e um ano de boas chuvas (1975), é bastante
expressiva (Fig. 5.2.4.3.2.).
O problema das chuvas está intimamente ligado ao grau de instabilidade das
massas de ar. Daí a grande irregularidade das alturas de águas anuais. As
massas de ar quente e húmido, próximas do ponto de orvalho, são extremamente
sensíveis ao menor movimento ascendente, de origem térmica ou dinâmica. De
certo modo, isto pode explicar o carácter caprichoso e irregular da precipitação:
uma queda de água pode molhar uma determinada área ou localidade, enquanto
a área ou localidade vizinha pode não receber uma única gota de água (Fig.
5.2.4.3.3. e Tabela 5.2.4.3.2.).
tab. 5.2.4.3.1. Pluviometria (mm) total mensal e anual registada no Aeroporto da Praia (1961-2002)
Ano Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Média
1961 0,6 0 0,5 0 0 0 10,7 99,1 47,8 0,9 0 0 159
1962 0 2,7 0 0 0 0 0 177,7 102,1 19,3 17,4 0 319,2
1963 0 2,6 0 0 0 0 3,7 146,3 6,4 40,6 2,6 0 202,2
1964 4 0 0 0 0 0 82 16,3 80,4 0 0 0 178,7
1965 0 0 0 0 0 0 2 40,6 60,7 55,2 3,6 0 162,1
1966 0 0 0 0 0 0 0 70,4 64,1 105,7 18,5 0 258,7
1967 1 0 0 0 0 0 0 62,8 259,5 0 0 0 322,3
1968 0 0 0 0 0 0 0,2 1 80,8 20,4 0,8 0,7 103,9
1969 0 0 0 1 0 0 26 46,9 162,1 35,2 0 0 271,2
1970 0 1,7 0 0 0 0 1,3 ** 4,2 0 0 0 7,2
1971 0 6,8 0 0 0 0 0 92,1 11,3 15,4 0 0 125,6
1972 0 0 1,3 0 0 0 0 0,7 8,5 1,8 0,2 0,7 13,2
1973 0 2,6 0 0 0 0 0 13,9 18,6 6,4 0 0 41,5
1974 0 0 0 0 0 0 0 4,8 78,7 20,5 0 0 104
1975 6,9 0 0 0 0 0 13,6 115 270,2 3,5 0 0 402,3
1976 0 0,8 0,4 0 0 0 0 24,3 90,7 9,6 0 4,2 130
1977 0 0 0 0 0 0 0 16,5 0 0 0 5,1 21,6
1978 0 0 0 0 0 0 0 0,7 69,8 5,2 0 5 80,7
1979 0 0 0 0 0 0 41,5 94,2 ** 131 0 0 266,7
1980 0 1,9 0 0 0 0 1,9 134,3 60,1 5,9 17,2 8,9 230,2
1981 5,4 0 0 0 0 0 11,2 32,5 28,3 0 0 1,6 73,6
1982 27 0 0 0 0 0 0 49,1 6,1 1,8 0,4 0 57,4
1983 5,1 0 0 0 0 0 0,1 7 43,4 0 0 0 50,5
1984 0 0 0 0 0 0 12,9 1,9 133,5 1 6,3 20 175,6
1985 0 0 0 0 0 0 3 17,1 79,1 0 0 4,8 104
1986 2,8 3,1 0 0 5,9 0 1,8 73,7 29,5 75,8 0,5 0 190,3
1987 0 0 0 0 0 0 0 129,5 69,9 122,5 0 0 321,9
1988 0 0 0 0 0 0 0 109,4 82,9 0 7 0 199,3
1989 0 0 0 0 0 0 0 68,9 12,1 23,6 3 0 107,6
1990 0 0 0 0 0 0 56,4 13,4 80,4 91,5 0 0 241,7
| 117 |
tab. 5.2.4.3.1. (continuação) Pluviometria (mm) total mensal e anual registada no aeroporto da Praia
(1961-2002)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1991 0 0 0 0 0 0 1,8 22,6 14,2 7,2 0 0 45,8
1992 0 0 0 0 8,5 0 6,9 0,9 17,6 65,3 13,1 0 112,3
1993 15,9 0 0 0 0 0 13,1 52 43,7 0 0 0 108,8
1994 0 0 0 0 0 0 0 21,3 9,1 1,5 0 0,7 32,6
1995 0 0 0 0 0 0 11,6 78,8 111 11,2 0 121,4 334
1996 1,4 0 0 0 0 0 0 8,1 3 3 2,3 0 16,4
1997 0,5 0 0 0 0 0 0,4 96,3 55,9 1,4 0 0 154
1998 0 0 1,8 0,5 0 0 1,2 11,9 28,6 0 0 1,8 45,8
1999 0 0 0 0 0 0 3,7 67,5 94,9 50,4 0 0 216,5
2000 0 0 0 0 0 0 1 29,7 81,4 155,2 0,1 0 267,4
2001 0 0 0 0 0 0 13,2 41,1 29,2 4,1 0 0 87,6
2002 0 0 0 0 0 0 0 8 20,9 12,3 0 0 41,2
** Dados não disponíveis
* Total parcial
Fonte: INMG - Delegação da Praia
fig. 5.2.4.3.1. Distribuição Anual Média da Precipitação [mm] na Praia (período de 1961-2002).
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
fig. 5.2.4.3.2. Distribuição Mensal da Precipitação [mm] em 1972 (ano de “crise”) e ano de 1975 (bom
ano) na Praia.
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004.
| 118 |
fig. 5.2.4.3.3. Estabelecimentos Meteorológicos da ilha de Santiago.
Fonte: Cunha, F. Reis – Garcia de Orta (Lisboa) vol. 10 (n.º 1): 191-205, 1962.
| 119 |
tab. 5.2.4.3.2. Estações e Postos Meteorológicos da ilha de Santiago, Cabo Verde
Local Lat. N Long. W Altitude
SANTIAGO:
Tarrafal 15º 17` 23º 46` 8
*Chão Bom 15º 17` 23º 46` 20
Biscainhos 15º 15` 23º 42` 300
*Serra Malagueta 15º 11` 23º 43` 850
Monte Jagau 15º 10` 23º 42` 711
João Dias 15º 09` 23º 40` 300
Ribeira da Barca 15º 08` 23º 46` 10
Malveira 15º 08` 23º 41` 500
Toril 15º 08` 23º 36` 200
*Santa Cruz 15º 08` 23º 35` 100
Santiago 15º 08` 23º 32` 22
*Boa Entrada 15º 06` 23º 40` 600
Palha Carga 15º 05` 23º 42` 500
*Santa Catarina 15º 05` 23º 41` 555
*Picos 15º 05` 23º 38` 470
Barril 15º 04` 23º 34` 250
Pico da Antónia 15º 03` 23º 38` 700
*S. Jorge dos Órgãos 15º 03` 23º 37` 319
Pico Leão 15º 02` 23º 40` 500
*Curralinho 15º 02` 23º 38` 950
*S. Domingos 15º 02` 23º 34` 215
Capela 15º 02` 23º 30` 60
*Chuva Chove 15º 02` 23º 39` 650
Santana 15º 59` 23º 39` 400
*Figueira Portugal 15º 59` 23º 35` 373
*S. Francisco 15º 59` 23º 30` 100
*Trindade 15º 57` 23º 34` 280
*S. Martinho 15º 57` 23º 34` 160
Pedra Badejo 15º 55` 23º 37` 120
Cidade Velha 15º 55` 23º 37` 20
*Praia 15º 54` 23º 31` 27
Ribeira de S. Miguel 15º 11` 23º 39` 200?
Fonte: Cunha, F. Reis – Garcia de Orta (Lisboa) vol. 10 (n.º 1): 191-205, 1962
Como todas as ilhas montanhosas, Santiago apresenta variações de regime de
chuvas que vão da aridez do litoral às zonas húmidas das grandes altitudes; no
primeiro caso a irregularidade das chuvas é muito mais importante que no segundo,
onde, apesar de tudo, o processo convectivo desenvolvido no interior das massas de
ar provoca a condensação da humidade nelas contida. A posição da ilha em relação
aos ventos dominantes é outro factor importante na distribuição da precipitação. Em
Santiago não há dúvida de que a costa Leste, aberta à penetração dos alísios, que se
| 120 |
carregam de humidade à medida que avançam sobre o oceano, é muito mais húmida
que a costa Oeste. As massas de ar, ao ascenderem pelas vertentes dos maciços da
Malagueta e do Pico da Antónia condensam, dão origem a precipitações orogénicas.
Mas estas massas de ar, já têm características diferentes quando descem pelas
vertentes voltadas para o Ocidente e já não originam precipitações. Desta diferença
dão-nos conta os gráficos acima referidos onde estão representadas as curvas
referentes às medições da precipitação em diversas estações: de litoral (Praia e
Chão Bom), de interior de vale, na parte Leste da ilha e na base do maciço do Pico
da Antónia (Trindade e S. Jorge), de altitude (Stª Catarina, Malagueta e Curralinho)
e de Sotavento (Chuva Chove). De uma maneira geral, choveu nos meses de Julho
a Outubro, tendo-se prolongado em algumas estações até Dezembro; nos pontos
altos a estação das chuvas começou um pouco mais cedo (Fig. 5.2.4.3.4) e (Tabela
5.2.4.3.3). Na passagem de Outubro para Novembro a diminuição dos valores é
muito grande, reduzindo-se as alturas das colunas a cerca de ¼. A estação seca é
particularmente marcada de Março a Junho, com médias mensais, na maior parte
das vezes, de valor absoluto nulo. As estações do litoral e a da Trindade apresentam
uma precipitação total que é inferior a 300mm; nas estações de grande altitude,
da Malagueta e do Curralinho, a precipitação total ascende aos 818mm. A média
mensal máxima vai desde 84mm na estação da Praia (Setembro) a 765mm na da
Malagueta (Outubro).
Estas médias não devem fazer esquecer a grande irregularidade do regime de
chuvas em Cabo Verde. É difícil ou mesmo impossível prever a data do início das
chuvas e, da mesma forma, a data em que elas terminam. Em zonas como Cabo
Verde, onde a agricultura está inteiramente dependente do regime das precipitações,
e por não haver outras actividades económicas, toda a vida da população fica na
dependência da quantidade de chuva caída e da sua distribuição espacial e temporal,
o problema tem ainda maior acuidade (Fig. 5.2.4.3.4).
| 121 |
fig. 5.2.4.3.4. Distribuição mensal da precipitação em diversas estações de Santiago (período de 1961-
2002)
Fonte: A. Mota Gomes e A. Lobo de Pina, 2004.
| 122 |
tab. 5.2.4.3.3. Pluviometria (mm) total mensal e anual (Aeroporto da Praia, 1961-2002)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1961 0,6 0 0,5 0 0 0 10,7 99,1 47,8 0,9 0 0 159,6
1962 0 2,7 0 0 0 0 0 177,7 102,1 19,3 17,4 0 319,2
1963 0 2,6 0 0 0 0 3,7 146,3 6,4 40,6 2,6 0 202,2
1964 4 0 0 0 0 0 82 16,3 80,4 0 0 0 182,7
1965 0 0 0 0 0 0 2 40,6 60,7 55,2 3,6 0 162,1
1966 0 0 0 0 0 0 0 70,4 64,1 105,7 18,5 0 258,7
1967 1 0 0 0 0 0 0 62,8 259,5 0 0 0 323,3
1968 0 0 0 0 0 0 0,2 1 80,8 20,4 0,8 0,7 103,9
1969 0 0 0 1 0 0 26 46,9 162,1 35,2 0 0 271,2
1970 0 1,7 0 0 0 0 1,3 ** 4,2 0 0 0 7,2
1971 0 6,8 0 0 0 0 0 92,1 11,3 15,4 0 0 125,6
1972 0 0 1,3 0 0 0 0 0,7 8,5 1,8 0,2 0,7 13,2
1973 0 2,6 0 0 0 0 0 13,9 18,6 6,4 0 0 41,5
1974 0 0 0 0 0 0 0 4,8 78,7 20,5 0 0 104
1975 6,9 0 0 0 0 0 13,6 115 270,2 3,5 0 0 409,2
1976 0 0,8 0,4 0 0 0 0 24,3 90,7 9,6 0 4,2 130
1977 0 0 0 0 0 0 0 16,5 0 0 0 5,1 21,6
1978 0 0 0 0 0 0 0 0,7 69,8 5,2 0 5 80,7
1979 0 0 0 0 0 0 41,5 94,2 ** 131 0 0 266,7
1980 0 1,9 0 0 0 0 1,9 134,3 60,1 5,9 17,2 8,9 230,2
1981 5,4 0 0 0 0 0 11,2 32,5 28,3 0 0 1,6 79
1982 27 0 0 0 0 0 0 49,1 6,1 1,8 0,4 0 84,4
1983 5,1 0 0 0 0 0 0,1 7 43,4 0 0 0 55,6
1984 0 0 0 0 0 0 12,9 1,9 133,5 1 6,3 20 175,6
1985 0 0 0 0 0 0 3 17,1 79,1 0 0 4,8 104
1986 2,8 3,1 0 0 5,9 0 1,8 73,7 29,5 75,8 0,5 0 193,1
1987 0 0 0 0 0 0 0 129,5 69,9 122,5 0 0 321,9
1988 0 0 0 0 0 0 0 109,4 82,9 0 7 0 199,3
1989 0 0 0 0 0 0 0 68,9 12,1 23,6 3 0 107,6
1990 0 0 0 0 0 0 56,4 13,4 80,4 91,5 0 0 241,7
1991 0 0 0 0 0 0 1,8 22,6 14,2 7,2 0 0 45,8
1992 0 0 0 0 8,5 0 6,9 0,9 17,6 65,3 13,1 0 112,3
1993 15,9 0 0 0 0 0 13,1 52 43,7 0 0 0 124,7
1994 0 0 0 0 0 0 0 21,3 9,1 1,5 0 0,7 32,6
1995 0 0 0 0 0 0 11,6 78,8 111 11,2 0 121,4 334
1996 1,4 0 0 0 0 0 0 8,1 3 3 2,3 0 17,8
1997 0,5 0 0 0 0 0 0,4 96,3 55,9 1,4 0 0 154,5
1998 0 0 1,8 0,5 0 0 1,2 11,9 28,6 0 0 1,8 45,8
1999 0 0 0 0 0 0 3,7 67,5 94,9 50,4 0 0 216,5
2000 0 0 0 0 0 0 1 29,7 81,4 155,2 0,1 0 267,4
2001 0 0 0 0 0 0 13,2 41,1 29,2 4,1 0 0 87,6
2002 0 0 0 0 0 0 0 8 20,9 12,3 0 0 41,2
1,681 0,529 0,095 0,036 0,343 0 7,648 51,18 62,21 26,3 2,214 4,164
** Dados não disponíveis
Fonte: INMG - Delegação da Praia
| 123 |
tab. 5.2.4.3.4. Pluviometria total mensal e anual (Trindade, 1961-2002)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1962 0 0 0 0 0 0 0 231,8 54,8 29,4 0 0 316
1963 0 0 0 0 0 0 0,3 143 50,9 25,2 0 0 219,4
1964 0 0 0 0 0 0 54,9 24,7 129,6 0 0 0 209,2
1965 0 0 0 0 0 0 1 81,2 89,7 26,7 5,3 0 203,9
1966 0 0 0 0 0 0 0 104,9 154,4 99,9 8,1 0 367,3
1967 1 0 0 0 0 0 0 28,5 513 136 3 0 681,5
1968 0 0 0 0 0 0 0,2 0 24,4 9,5 0 1,5 35,
1969 0 0 0 0 0 0 0 72,4 198,5 13,2 0 0 284,1
1970 0 0 0 0 0 0 0 189,6 80,3 0 0 0 269,9
1972 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1
1973 0 0,5 0 0 0 0 0 22,4 17,7 4,8 0 0 45,4
1974 0 0 0 0 0 0 1,7 7,3 113,9 0 0 0 122,9
1975 0 0 0 0 0 0 32,4 86,6 257,9 3,5 0 0 380,4
1976 0 1 1,3 0 0 0 0 42 185,4 12,2 0 4,2 246,1
1977 0 0 0 0 0 0 0 15,1 0 0 0 0 15,1
1978 0 0 0 0 0 0 0 8 111,5 8,5 0 4,2 132,2
1979 0 0 0 0 0 0 20,8 1,1 3,7 125,5 0 0 151,1
1980 0 52,5 0 0 0 0 0 146,8 73,8 0 0 0 273,1
1981 7,2 0,8 0 0 0 0 0,4 58,2 24 0 0 20,1 110,7
1982 14,2 0 0 0 0 0 0 39,7 3,3 6 2,6 0 65,8
1983 1,4 0 0 0 0 0 0,2 17 72,3 0 0 0 90,9
1984 0 0 0 0 0 0 7 2,2 164,5 0 29,6 22,6 225,9
1985 0 0 0 0 0 0,1 5,2 32,8 101,2 0 0 6,4 145,7
1986 6 5,6 0 0 8 0 0,8 72,4 55,2 77,1 0 0 225,1
1987 0 0,7 0 0 0 0 0 189,6 80,3 128 0 0 398,6
1988 0 52,5 0 0 0 0 0 139,8 72,4 0 160 0 424,7
1989 0 0 0 0 0 0 0 23,4 28,9 26,5 0,4 0 79,2
1990 21,6 0 0 0 0 0 81,5 41,6 113,7 87,6 0,6 0 346,6
1991 0,4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,4
1992 0 0 0 0 3,5 0 11,5 0 41,1 103,6 0 0 159,7
1993 12,6 0 0 0 0 0 15 71,5 70 0 0 0 169,1
1994 0 0 0 0 0 0 0 37 8 0 0 0 45
1995 0 0 0 0 0 0 18,8 97,5 66 0 0 0 182,3
1996 0 0 0 0 0 0 0 59 6 0 0 0 65
1997 0 0 0 0 0 0 0 121 28 0 0 0 149
1998 0 0 0 0 0 0 0 59 35 0 0 0 94
1999 0 0 0 0 0 0 0 90 148 97 0 0 335
2000 17,3 0 0 0 0 0 0 40 112,5 0 0 0 169,8
2001 0 0 0 0 0 0 16 54 104 6 42,6 0 222,6
2002 0 0 0 0 0 0 0 11 34 50 0 0 95
2 2,8 0 0 0,3 0 6,5 60,1 83,6 26,2 6,2 1,4
** Dados não disponíveis
Fonte: INMG - Delegação da Praia
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tab. 5.2.4.3.5. Pluviometria total mensal e anual (São Francisco, 1961-2002)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1961 0 0 0 0 0 0 18 140 99,8 0 0 0 257,8
1962 0 0 0 0 0 0 0 81,6 52,9 28,3 11 0 173,8
1963 0 3,6 0 0 0 0 7 101,4 25,5 36,5 2 0 176
1964 5,5 0 0 0 0 0 55,7 26 124,3 0 0 0 211,5
1965 0 0 0 0 0 0 2,6 58,3 87,9 98,5 19,3 0 266,6
1966 0 0 0 0 0 0 0 70,1 61,8 124,6 68 0 324,5
1967 0 0 0 0 0 0 0 46 365,8 151,7 3 0 566,5
1968 0 0 0 0 0 0 0 1 31,3 22 2 0,3 56,6
1969 0 0 0 0 0 0 16,5 52 148,6 1,4 0 0 218,5
1970 0 0 0 0 0 0 1,8 17,8 11,2 0 0 0 30,8
1971 0 0,3 0 0 0 0 0 60,7 8,6 22 0 0 91,6
1972 0 0 2,2 0 0 0 0 0 0 0 0,8 0,6 3,6
1973 0 3,9 0 0 0 0 0 18,2 ** 0 0 0 22,1
1978 0 0 0 0 0 0 1 0,7 125 5,5 0 13,8 146
1979 1,7 0 0 0 0 0 43,5 126 6,5 159,2 0 0 336,9
1980 6,3 0,1 0 0 0 0 3,7 143,6 55,8 5 13,6 16,9 245
1981 6,3 0,1 0 0 0 0 6 37,8 41,6 0 0 1 92,8
1982 23,2 0 0 0 0 0 0 22,6 3,6 35,7 1 0 86,1
1983 0 0 0 0 0 0 0 49,1 63,1 0 0 0 112,2
1984 0 0 0 0 0 0 1,8 12,8 115,6 0 14,1 21,2 165,5
1985 0,3 0 0 0 0 0 3,9 31 54,2 0 0 2,8 92,2
1986 6,3 7,2 0 0 3 2,2 3 142,8 85,4 118,8 0 0 368,7
1987 0 2 0 0 0 0 0 173 113,4 101,3 0 0 389,7
1988 1,8 40,1 0 0 0 0 0 126,5 90,9 0 41,8 0 301,1
1989 0 0 0 0 0 0 0 50,8 27,2 25,1 0,7 2,5 106,3
1990 13,6 0 0 0 0 0 83,5 26 103,9 83,2 0 0 310,2
1991 0 0,7 0 0 0 0 1,2 32,2 16,9 0,8 0 0 51,8
1992 0 0 0 0 6,4 0 8,1 4,9 65,4 147 7,3 0 239,1
1993 16,5 0 0 0 0 0 26,2 50,8 85 0 0 0 178,5
1994 0 0 0 0 0 0 0 25 14,5 1 0 0 40,5
1995 0 0 0 0 0 0 22,5 105,5 109 10 0 126 373
1996 0 0 0 0 0 0 0 93 15 8 0 0 116
1997 4,5 0 0 0 0 0 1 185,5 60 0 0 0 251
1998 0 0 0 0 0 0 0 0 55 35,6 0 0 90,6
1999 0 0 0 0 0 0 0 81,5 111,5 105,5 0 0 298,5
2000 0 0 0 0 0 0 17 20 56,5 226 0 0 319,5
2001 0 0 0 0 0 0 7 57,7 71,2 14,8 6,6 0 157,3
2,1 1,4 0,1 0 0,2 0,1 8,1 55,4 64,1 38,2 4,7 4,5
** Dados não disponíveis
Fonte : INMG - Delegação da Praia
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tab. 5.2.4.3.6. Pluviometria total mensal e anual (Babosa-Picos, 1961-2002)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1961 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 44,5 216,4 411,0 8,0 0,7 0,0 680,6
1962 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,3 14,0 194,5 164,0 86,4 38,5 0,0 497,7
1963 1,2 3,9 0,0 0,0 0,0 0,1 69,0 392,5 177,2 121,5 0,0 0,0 765,4
1964 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 137,9 83,2 234,9 0,0 0,0 0,0 456,0
1965 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 230,9 297,2 0,0 0,0 528,1
1967 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 20,0 ** 0,0 0,0 0,0 20,0
1968 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 41,3 227,0 19,0 8,5 25,3 321,1
1969 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 86,6 81,7 279,6 72,4 1,4 0,0 521,7
1970 0,0 11,7 0,4 0,0 0,3 0,5 17,1 84,5 75,0 13,2 8,3 0,7 211,7
1971 0,0 14,8 0,0 0,0 0,0 0,0 2,1 415,3 47,5 25,6 7,5 0,0 512,8
1972 0,0 0,0 1,2 0,0 0,0 9,2 0,0 11,4 9,8 2,5 5,5 8,1 47,7
1973 0,0 7,4 0,0 0,0 0,0 0,0 3,4 129,2 110,0 21,5 0,0 0,0 271,5
1974 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 79,4 ** ** 0,0 0,0 79,4
1975 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,9 107,2 193,3 0,0 0,0 0,0 304,4
1976 0,5 4,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 38,0 468,0 0,0 3,8 21,9 536,2
1977 6,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,4 29,3 ** 0,0 0,0 0,0 36,8
1978 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 141,2 257,0 155,4 1,1 14,7 569,5
1979 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 50,8 80,4 55,7 246,9 0,0 1,3 435,1
1980 1,4 0,0 1,2 1,1 0,0 1,7 5,9 201,5 109,1 32,7 26,1 0,0 380,7
1981 11,2 14,1 2,0 0,0 1,1 0,1 33,6 64,2 150,3 0,0 0,0 118,8 395,4
1982 48,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 18,6 185,4 25,2 94,9 7,1 5,5 385,5
1983 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 97,5 173,9 0,0 0,0 0,0 271,4
1984 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 82,7 51,0 292,0 10,0 85,4 26,1 547,2
1985 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 40,9 71,3 174,0 0,0 5,5 24,4 316,1
1986 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 20,4 207,8 169,4 100,7 0,0 0,0 498,3
1987 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 343,6 135,2 268,2 0,0 0,0 747,0
1988 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 13,9 257,0 72,7 15,0 57,3 0,0 415,9
1989 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 215,4 71,9 39,6 0,0 0,0 326,9
1990 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 45,0 43,4 174,6 93,1 0,0 0,0 356,1
1991 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 79,6 238,2 32,5 0,0 0,0 350,3
1992 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 72,3 40,2 83,5 149,0 16,1 0,0 361,1
1993 65,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 20,2 180,4 132,9 0,0 0,0 0,0 399,3
1994 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 57,0 81,1 4,2 0,0 0,0 142,3
1995 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 27,3 141,4 166,6 75,5 0,0 112,9 523,7
1996 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,5 135,9 78,3 0,0 11,2 0,0 228,9
1997 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 222,1 82,5 0,0 0,0 0,0 304,6
1998 0,0 0,0 2,5 0,0 0,0 0,0 11,3 78,1 146,2 0,0 0,0 0,0 238,1
1999 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 77,9 165,9 245,3 263,6 0,0 0,0 752,7
2000 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 22,6 182,9 232,3 200,1 0,0 0,0 637,9
2001 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 32,2 157,4 114,6 55,0 78,0 0,0 437,2
2002 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 80,2 154,6 68,2 0,0 0,0 303,0
3,3 1,4 0,2 0,0 0,0 0,3 23,4 131,8 164,4 64,3 8,8 8,8
** Dados não disponíveis
Fonte : INMG - Delegação da Praia
| 126 |
tab. 5.2.4.3.7. Pluviometria total mensal e anual (Aeroporto da Praia, 1961-2002)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1961 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 194,3 272,0 227,0 7,0 10,4 0,0 710,7
1962 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,2 15,5 410,1 196,2 88,0 35,1 0,0 746,1
1963 0,0 30,4 0,0 0,0 0,0 0,0 29,0 407,4 181,6 143,0 0,0 3,0 794,4
1964 6,0 3,0 0,0 0,0 0,0 0,0 177,5 67,5 267,5 0,0 0,0 0,0 521,5
1965 0,5 0,0 0,0 0,0 0,0 3,0 20,6 262,8 381,1 287,9 117,5 0,0 1.073,4
1966 0,0 1,6 0,0 0,0 0,0 1,0 0,0 129,9 259,7 209,2 225,5 0,0 826,9
1967 0,0 0,5 0,0 0,0 0,0 0,0 2,4 98,0 635,4 259,7 37,6 0,0 1.033,6
1968 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,5 59,9 250,9 0,0 22,3 25,0 359,6
1969 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 135,9 125,8 ** ** 0,0 1,0 262,7
1970 1,0 9,7 0,0 0,0 0,0 3,0 18,3 83,4 185,0 43,5 14,5 0,0 358,4
1971 0,0 4,4 0,0 0,0 0,0 0,0 2,0 361,9 30,0 17,0 4,5 0,0 419,8
1972 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,4 6,2 1,0 9,0 18,0 39,6
1973 0,0 13,6 0,0 0,0 0,0 0,0 4,2 129,9 78,5 0,0 0,0 0,1 226,3
1974 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 42,6 115,4 338,9 64,5 0,0 0,0 561,4
1975 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 139,7 201,1 379,4 6,2 0,0 0,0 726,4
1976 0,0 11,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 183,3 555,3 ** 0,0 38,7 789,1
1977 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 54,1 14,0 ** 0,0 0,0 68,1
1978 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 83,0 174,0 50,4 0,0 0,0 307,4
1979 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 41,9 98,0 22,0 214,5 0,0 0,0 376,4
1980 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 19,5 22,5 72,5 114,5
1981 34,0 14,5 0,0 0,0 0,0 0,0 32,5 143,5 90,0 0,0 0,0 1,0 315,5
1982 26,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 14,0 135,0 21,0 46,5 5,0 0,0 248,3
1983 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 87,0 183,5 0,0 0,0 5,5 278,0
1984 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 30,0 24,5 347,0 13,0 67,0 34,0 515,5
1985 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 109,7 101,0 168,0 121,0 0,0 36,0 535,7
1986 3,5 11,5 0,0 0,0 14,5 0,0 9,5 74,0 347,5 117,5 0,0 0,0 578,0
1987 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,5 310,0 83,0 288,9 0,0 0,0 683,4
1988 4,5 40,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,5 316,0 158,2 25,0 78,5 0,0 627,7
1989 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 221,1 97,5 76,4 9,0 37,0 441,0
1990 28,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 94,0 58,0 190,2 170,0 0,0 0,0 540,2
1991 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 98,5 57,0 15,0 7,0 0,0 177,5
1992 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 8,2 15,5 90,5 167,5 7,0 0,0 288,7
1993 47,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 13,4 314,0 131,3 0,0 0,0 0,0 506,2
1994 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 16,0 112,7 84,6 0,0 0,0 0,0 213,3
1995 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 29,0 139,0 256,5 55,0 0,0 80,2 559,7
1996 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,8 170,9 67,2 0,0 0,0 0,0 240,9
1997 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 404,8 83,2 19,1 0,0 0,0 507,1
1998 0,0 0,0 2,5 4,9 0,0 0,0 8,3 94,2 98,6 0,0 0,0 0,0 208,5
1999 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 38,1 207,5 243,7 249,2 0,0 0,0 738,5
2000 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 9,3 173,9 389,6 134,2 0,0 0,0 707,0
2001 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 43,7 216,0 101,7 42,2 44,5 0,0 448,1
2002 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 111,3 140,5 93,7 0,0 0,0 345,5
3,7 3,4 0,1 0,1 0,3 0,2 30,7 159,0 185,7 78,1 17,1 8,4
** Dados não disponíveis
Fonte : INMG - Delegação da Praia
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tab. 5.2.4.3.8. Pluviometria total mensal e anual (Serra Malagueta, 1961-2002)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1961 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 76,9 384,1 455,2 18,3 6,1 0,0 940,6
1962 4,2 0,0 0,0 0,0 0,0 3,4 15,7 205,7 288,2 159,5 62,3 2,1 741,1
1963 31,8 37,3 0,0 0,0 2,1 0,0 102,5 610,0 312,4 282,7 0,0 0,0 1.378,8
1964 2,2 15,6 0,0 0,0 0,0 0,0 227,2 287,1 390,6 6,3 0,0 0,0 929,0
1965 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 7,2 29,5 291,0 539,7 399,9 258,1 0,0 1.525,4
1966 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,8 222,9 335,9 558,3 445,9 0,0 1.567,8
1967 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,4 0,2 198,5 680,3 616,6 84,9 0,0 1.583,9
1968 0,0 11,3 0,0 0,0 0,0 0,0 8,3 39,9 428,6 35,5 17,3 35,3 576,2
1969 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 46,0 163,1 298,9 21,0 0,0 0,0 529,0
1970 0,0 11,9 0,0 0,0 0,0 0,0 8,7 113,1 90,5 45,0 5,5 0,0 274,7
1971 0,0 20,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,2 338,4 42,5 24,2 0,0 0,0 426,3
1972 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,7 0,0 7,0 4,8 0,0 6,0 10,5 31,0
1973 0,0 4,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 132,9 93,8 0,0 0,0 0,0 235,7
1974 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 45,8 35,1 ** 0,0 ** 0,0 80,9
1975 25,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 138,8 215,5 ** 0,0 0,0 0,0 379,6
1976 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 208,6 590,3 0,0 0,0 0,0 798,9
1977 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 83,3 20,5 2,5 0,0 0,0 106,3
1978 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 ** 529,3 501,0 0,0 7,0 1.037,3
1979 7,9 0,0 9,9 0,0 0,0 0,0 68,1 185,4 123,7 702,0 3,5 0,0 1.100,5
1980 0,0 4,1 0,0 0,0 0,0 0,0 ** ** 0,0 0,0 0,0 0,0 4,1
1981 23,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 72,0 114,5 213,9 34,5 0,0 5,0 463,2
1982 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 25,0 205,2 110,0 171,0 2,4 0,0 513,6
1983 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 86,4 312,6 0,0 0,0 0,0 399,0
1984 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,0 57,0 94,4 425,0 15,0 85,6 30,8 710,8
1985 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 62,7 227,3 357,4 0,0 0,0 26,0 673,4
1986 0,0 9,0 0,0 0,0 0,0 0,0 39,0 280,0 236,4 167,6 0,0 0,0 732,0
1987 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 439,0 145,0 160,0 0,0 0,0 744,0
1988 0,0 30,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 395,6 159,4 23,0 65,0 0,0 673,0
1989 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 407,5 87,5 37,0 0,0 0,0 532,0
1990 40,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 79,4 75,2 290,0 230,0 0,0 0,0 714,6
1991 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 182,3 118,0 25,0 0,0 0,0 325,3
1992 0,0 0,0 0,0 0,0 4,0 0,0 123,0 72,5 149,5 83,5 25,9 0,0 458,4
1993 59,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 28,7 259,5 168,8 0,0 0,0 0,0 516,3
1994 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 91,6 119,9 0,0 0,0 0,0 211,5
1995 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 67,5 166,8 262,2 41,0 0,0 66,7 604,2
1996 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 11,0 166,1 40,1 0,0 21,5 0,0 238,7
1997 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 22,5 390,6 152,5 0,0 0,0 0,0 565,6
1998 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 44,8 51,5 212,3 0,0 0,0 0,0 308,6
1999 10,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 150,2 213,8 306,6 281,9 6,7 0,0 969,6
2000 13,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 35,1 215,2 261,6 292,5 0,0 0,0 818,1
2001 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 44,5 208,6 163,6 75,5 166,6 0,0 658,8
2002 34,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 123,0 256,1 115,2 0,0 0,0 529,1
6,0 3,4 0,2 0,0 0,1 0,5 40,0 204,7 244,3 122,0 30,8 4,4
** Dados não disponíveis
Fonte : INMG - Delegação da Praia
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tab. 5.2.4.3.9. Pluviometria total mensal e anual (São Jorge dos Órgãos, 1961-2002)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1961 1,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 70,4 101,5 261,8 2,4 7,2 0,0 444,3
1962 0,6 0,4 0,0 0,0 0,0 1,7 4,5 208,3 156,0 64,4 28,0 1,0 464,9
1963 1,8 27,7 0,0 0,0 0,8 0,0 25,7 320,4 107,4 124,1 0,0 0,8 608,7
1964 0,4 0,6 0,0 0,0 0,0 0,0 176,0 56,2 193,6 0,0 0,0 0,0 426,8
1965 1,5 0,0 0,0 0,0 0,0 1,2 14,3 190,5 288,6 260,0 99,5 0,0 855,6
1966 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,4 0,0 145,8 195,5 247,6 157,5 0,0 746,8
1967 0,0 1,2 0,0 0,0 0,0 2,7 2,5 127,2 401,2 314,5 23,2 0,0 872,5
1968 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 64,0 268,5 0,0 13,5 18,0 364,0
1969 6,0 0,0 0,0 1,6 0,0 0,0 101,5 63,0 180,5 40,5 0,0 2,0 395,1
1970 0,0 7,2 0,0 0,0 0,0 0,0 9,9 69,3 121,0 3,5 6,0 1,0 217,9
1971 0,0 13,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,9 219,0 32,1 20,0 3,8 0,0 289,3
1972 0,6 0,0 2,4 0,0 0,0 2,6 0,0 11,3 6,5 3,6 7,2 11,3 45,5
1973 0,0 6,5 0,0 0,0 0,0 0,0 1,6 141,9 102,4 6,5 0,0 0,0 258,9
1974 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 35,8 68,0 230,6 79,5 0,0 0,0 413,9
1975 12,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 126,6 149,9 163,9 13,2 0,0 0,0 466,1
1976 1,5 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 64,2 312,4 29,9 0,0 34,0 452,0
1977 4,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 29,3 8,3 1,8 0,0 0,0 44,1
1978 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 76,2 236,5 105,0 0,0 23,2 440,9
1979 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 35,0 90,6 30,2 148,8 0,0 0,0 304,6
1980 0,0 2,2 0,4 0,0 0,0 1,7 5,4 205,2 89,5 26,4 22,2 123,3 476,3
1981 12,4 7,0 0,5 0,0 0,0 0,0 33,1 67,8 75,1 0,0 0,0 8,0 203,9
1982 43,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 8,5 148,6 35,6 78,9 4,9 0,8 321,2
1983 2,6 0,0 0,0 0,4 0,0 0,4 1,3 98,3 149,9 1,0 0,0 1,1 255,0
1984 0,0 0,0 0,5 0,0 0,0 1,2 58,0 29,0 347,3 2,5 74,7 25,3 538,5
1985 0,8 0,4 1,2 0,0 0,0 0,0 42,1 80,0 388,6 0,1 2,4 36,8 552,4
1986 8,6 6,4 0,1 0,7 4,0 0,0 23,1 159,1 513,5 125,1 0,8 0,3 841,7
1987 0,3 4,2 0,4 0,0 0,0 0,2 2,5 320,5 103,7 199,4 1,6 1,8 634,6
1988 4,6 46,7 4,1 0,0 0,0 0,1 15,2 266,1 79,6 6,8 99,5 1,3 524,0
1989 0,0 0,0 0,3 0,8 0,0 0,0 5,3 224,9 48,0 50,2 3,5 35,5 368,5
1990 31,1 0,4 0,0 0,0 0,0 0,0 51,2 55,0 142,0 109,2 3,4 0,2 392,5
1991 0,3 4,6 0,0 0,2 0,0 0,0 1,9 78,1 119,8 18,7 0,2 5,4 229,2
1992 48,4 0,2 0,1 0,0 0,4 0,0 60,6 39,9 99,4 156,0 28,4 0,1 433,5
1993 48,4 0,5 0,2 0,0 0,0 0,0 22,2 180,0 127,4 2,4 5,1 0,2 386,4
1994 2,4 0,0 0,2 0,1 0,0 0,0 4,2 74,8 76,7 15,3 0,0 0,0 173,7
1995 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 37,9 138,0 201,6 30,9 1,2 38,8 448,4
1996 10,7 1,5 3,0 0,0 0,0 0,7 5,7 169,3 65,5 10,1 13,4 2,3 282,2
1997 11,8 0,0 0,0 0,2 0,0 1,9 9,6 237,6 75,4 4,6 0,1 0,0 341,2
1998 4,6 0,0 2,6 2,6 0,0 0,0 17,2 76,9 185,3 3,8 0,5 4,0 297,5
1999 1,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 77,2 151,5 232,9 192,6 5,5 1,4 663,0
2000 1,9 0,1 0,0 0,6 0,0 0,6 29,9 107,1 223,0 175,7 4,9 1,2 545,0
2001 0,8 0,0 0,1 0,1 0,2 0,0 54,8 163,3 81,3 48,4 82,5 2,6 434,1
6,5 3,4 0,4 0,2 0,1 0,4 28,6 128,5 164,8 66,4 17,1 9,3
** Dados não disponíveis
Fonte : INMG - Delegação da Praia
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tab. 5.2.4.3.10. Pluviometria total mensal e anual (Assomada, 1961-2002)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1961 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,6 407,9 479,4 4,2 0,0 0,0 992,1
1962 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,5 322,7 279,8 131,1 73,6 0,0 811,7
1963 0,0 37,3 0,0 0,0 0,0 0,0 59,6 485,6 211,1 175,3 0,0 8,2 977,1
1964 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 168,6 127,1 305,8 0,0 0,0 0,0 601,5
1965 0,0 0,0 0,0 3,5 0,0 0,0 0,0 244,6 185,1 365,2 154,7 0,0 953,1
1966 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 141,8 242,9 392,1 269,5 0,0 1.046,3
1967 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 69,2 705,5 514,1 38,2 0,0 1.327,0
1968 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,1 56,9 288,0 18,8 7,3 22,4 397,5
1969 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 114,2 92,5 287,9 106,3 0,0 0,0 600,9
1970 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 13,1 123,3 80,3 8,2 0,0 0,0 224,9
1971 0,0 13,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 436,9 47,7 22,4 0,0 0,0 520,2
1972 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 9,4 1,2 0,0 5,1 2,4 18,1
1973 0,0 3,2 0,0 0,0 0,0 0,0 3,0 201,0 112,0 41,0 0,0 0,0 360,2
1974 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 37,5 52,9 ** 90,2 0,0 0,0 180,6
1975 21,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 157,5 245,8 0,0 0,0 0,0 425,1
1976 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 72,9 433,2 0,0 0,0 0,0 506,1
1977 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 30,5 7,0 0,0 0,0 0,0 37,5
1978 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 31,5 172,7 158,0 45,0 0,0 407,2
1979 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 50,0 122,0 77,0 271,0 0,0 0,0 520,0
1981 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 65,0 55,0 153,5 110,0 0,0 0,0 383,5
1982 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 164,9 56,7 54,0 0,0 0,0 275,6
1983 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 99,7 160,0 0,0 0,0 0,0 259,7
1984 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 104,0 ** ** ** ** ** 104,0
1985 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 47,4 76,6 123,0 0,0 0,0 10,5 257,5
1986 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 12,2 224,2 189,6 100,2 0,0 0,0 526,2
1987 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0 220,4 90,2 243,2 0,0 0,0 554,8
1988 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 8,3 238,5 84,6 8,1 50,7 0,0 390,2
1989 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 237,8 56,1 7,8 23,6 0,0 325,3
1990 31,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 32,0 43,4 221,5 81,8 0,0 0,0 410,5
1991 0,0 3,1 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0 25,3 237,9 11,6 0,0 0,0 278,9
1992 0,0 0,0 0,0 4,1 4,1 0,0 66,3 34,4 130,6 115,7 3,9 0,0 359,1
1993 48,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 31,1 201,5 138,4 0,0 0,0 0,0 419,6
1994 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,4 76,0 106,4 1,6 0,0 0,0 186,4
1995 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 36,7 135,1 142,6 17,0 0,0 57,1 388,5
1996 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 6,4 69,9 33,9 13,7 7,9 0,0 131,8
1997 3,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 12,1 137,9 103,9 7,8 0,0 0,0 265,4
1998 0,0 0,0 12,2 0,0 0,0 0,0 20,1 78,7 175,6 1,2 0,0 0,0 287,8
1999 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 15,0 21,2 292,2 189,1 0,0 0,0 517,5
2000 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 17,0 178,4 309,8 164,8 0,0 0,0 670,0
2001 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 24,7 164,7 129,4 62,0 42,4 0,0 423,2
2,6 1,4 0,3 0,2 0,1 0,0 26,4 145,4 186,8 89,4 18,5 2,6
** Dados não disponíveis
Fonte : INMG - Delegação da Praia
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tab. 5.2.4.3.11. Pluviometria total mensal e anual (Chão Bom, 1961-2002)
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1961 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 20,2 176,9 155,5 0,0 0,0 0,0 352,6
1962 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,5 62,0 65,7 46,6 4,0 0,0 182,8
1963 0,0 8,5 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 108,3 40,5 52,0 0,0 0,0 214,3
1965 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 40,5 83,5 54,0 15,0 0,0 193,0
1966 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 30,0 10,0 87,0 0,0 0,0 127,0
1967 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 63,0 157,0 156,0 0,0 0,0 376,0
1968 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 13,0 147,0 0,0 0,0 0,0 160,0
1969 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 51,0 ** ** 10,0 0,0 0,0 61,0
1970 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,0 39,0 20,0 12,5 0,0 0,0 80,5
1971 0,0 1,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 68,7 27,9 38,5 0,0 0,0 136,1
1972 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 3,5 27,9 0,0 1,5 0,0 33,0
1973 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 35,1 93,2 0,0 0,0 0,0 128,3
1974 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,2 26,9 46,7 9,0 0,0 0,0 83,8
1975 14,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 41,0 24,5 142,0 3,5 0,0 0,0 225,7
1976 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 19,5 125,2 21,5 0,0 1,0 167,2
1977 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,3 0,0 0,0 0,0 0,5 2,8
1978 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 7,5 20,0 136,0 58,0 0,0 48,5 270,0
1979 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 22,0 52,5 24,5 123,5 0,0 0,0 222,5
1980 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,3 ** 34,7 5,5 40,1 9,3 94,9
1981 29,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 21,0 54,5 59,4 0,0 0,0 0,5 164,9
1982 12,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 27,0 40,5 20,0 3,2 0,0 102,7
1983 0,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 37,4 108,6 0,0 0,0 0,2 147,1
1984 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 12,0 28,0 214,8 0,0 4,2 20,2 279,2
1985 1,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 10,3 23,2 36,5 0,0 0,0 5,0 76,2
1986 0,0 1,9 0,0 0,0 0,2 0,0 4,1 65,0 159,6 44,1 2,3 0,0 277,2
1987 0,0 0,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 206,3 69,4 66,7 0,0 0,0 342,9
1988 2,3 40,7 0,0 0,0 0,0 0,0 1,2 103,6 91,3 0,0 47,6 1,0 287,7
1989 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 187,6 21,4 6,0 0,0 0,0 215,0
1990 15,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 12,8 50,4 147,4 62,2 0,0 0,0 288,3
1991 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,8 126,4 11,1 40,4 0,0 1,0 180,7
1992 5,0 0,6 0,0 0,0 14,6 0,0 84,8 6,3 41,7 44,9 6,9 0,0 204,8
1993 24,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,4 230,0 96,7 0,0 0,0 0,0 352,8
1994 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 21,4 44,2 0,0 0,0 0,0 65,6
1995 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 14,8 33,2 7,0 19,6 0,0 0,0 74,6
1996 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 36,6 10,8 0,0 3,9 0,0 51,3
1997 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,8 69,9 10,2 0,0 0,0 0,0 83,9
1998 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,5 20,4 43,8 0,0 0,0 0,0 69,7
1999 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 8,5 77,4 378,8 199,6 0,0 0,0 664,3
2000 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 22,7 140,9 8,5 0,0 0,0 172,1
2001 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 24,7 39,6 103,9 90,3 109,2 0,0 367,
2,6 1,5 0,0 0,0 0,4 0,0 9,2 59,3 81,4 32,0 5,9 2,2
** Dados não disponíveis
Fonte: INMG - Delegação da Praia
| 131 |
O mapa das chuvas de Santiago (Fig. 5.2.4.3.5), rico de contrastes, apresenta
certa simetria introduzida pela disposição das duas grandes massas de relevo, os
maciços do Pico da Antónia e da Malagueta, separados pela superfície alta de Stª
Catarina. As áreas mais elevadas dos maciços correspondem, como já foi referido,
às zonas de maior precipitação, diminuindo os valores desta à medida que se desce
para o litoral (Tabela 5.2.4.3.3. à 5.2.4.3.11.).
Todo o litoral fica abaixo dos 300mm de precipitação média anual, com zonas
mais amplas nos extremos da ilha, correspondendo às terras baixas de achadas
pedregosas, onde apenas os espinheiros resistem às condições extremas de
secura. No interior desta auréola de aridez, a linha dos 250mm interrompe-se desde
a baía de Angra (Tarrafal) até Pedra Badejo. Na vertente de Sotavento, mais abrigada
pelo maciço do Pico da Antónia, esta linha passa a uma altitude elevada (a Norte de
Santana, a cerca de 400m de altitude), enquanto na vertente voltada para Oriente ela
passa muito mais abaixo, a cerca de 100m de altitude, sobre a achada. Mais uma
vez a influência do relevo se faz notar, por um lado pela maior altitude a que passam
as isoietas na vertente de Sotavento, por outro lado pela maior proximidade das
manchas de precipitação do litoral Ocidental da ilha. A maior percentagem da área
da ilha fica, sem dúvida, abaixo dos 500mm de precipitação média anual, sempre na
ameaça de crises de produção.
Cunha (1962), estudando a variabilidade da precipitação em Santiago, chegou às
seguintes conclusões:
i. É muito alto o coeficiente de variabilidade de precipitação anual nas zonas do
litoral, ultrapassando 60% na região Sul. Nas zonas de altitude este coeficiente
é sensivelmente menor, da ordem de 35 a 40%.
ii. Há boa correlação entre os valores da precipitação anual da Praia e dos
outros postos da ilha, designadamente os que estão localizados na parte
Sul. Exceptuam-se os postos a Norte da serra da Malagueta, para os quais a
correlação não é significativa.
iii. A variação de precipitação anual com a altitude é da ordem de 80 a 100mm/
100m, à excepção da encosta virada ao quadrante Sul, até 300 a 400m de
altitude, onde a variação é nula ou muito pequena.
iv. Nas regiões do litoral a maioria das ocorrências de precipitação anual são
inferiores a 400mm, havendo casos de menos de 100mm. Nas regiões de altitude
há apreciável número de casos superiores a 1000mm, designadamente na serra
da Malagueta.
v. No trimestre chuvoso de Agosto a Outubro cai cerca de 80% da precipitação
anual e no pentamestre de Julho a Novembro 95%, havendo grande variabilidade
das quedas mensais.
vi. Os coeficientes pluviométricos são muito altos na estação chuvosa, em especial
de Setembro a Novembro, e os valores máximos da precipitação em 24 horas, no
| 132 |
período dos anos assinalados, são extraordinariamente elevados, ultrapassando
200mm nos postos do litoral e 300mm nos de altitude.
vii. Na cidade da Praia predominam as precipitações diárias inferiores a 10mm, mas
há um número relativamente apreciável de casos superiores a 50mm. O máximo
período de dias seguidos de precipitação foi de 8, com 140,8mm.
5.3. FACTORES DE CLIMA E DE TEMPO
O arquipélago está entre cerca de 14º e 17º de latitude Norte, na Zona Intertropical
onde o sol mantém uma posição sempre alta ao meio-dia.
Se esta situação em latitude explica certos aspectos fundamentais do clima da
área do arquipélago, concorrente com a insularidade, de modo nenhum o factor
latitude pode, só por si, explicar as particularidades do clima cabo-verdiano, e o
cariz dos seus tempos.
Colocado na margem oriental do Atlântico Norte, na zona de acção dos alísios de
nordeste, o arquipélago tira a sua diversidade climática regional da acção do relevo
sobre as massas de ar comandadas pelo anticiclone subtropical (célula dos Açores),
das ondas ou perturbações que se desenvolvem no seio dos alísios e das flutuações
estacionais da faixa de convergência intertropical (CIT).
Fica o arquipélago praticamente na zona de separação das águas frias da
corrente das Canárias e de águas quentes meridionais e é natural que as massas de
ar provenientes do centro anticiclónico dos Açores sofram modificações das suas
características termodinâmicas ao passarem sobre as águas frias, no seu percurso
para Sul.
As temperaturas médias anuais do período de 1958 – 1960 do ar e do mar,
medidas na estação da Praia (Fig. 5.3.1) mostram que há um paralelismo entre as
duas curvas que se poderá explicar, por um lado, pela fraca amplitude de variação
diurna de temperaturas do ar, numa superfície terrestre tão exígua como Santiago e,
por outro lado, como consequência daquela, a eliminação desses fracos contrastes
de temperaturas na média anual.
O mesmo se poderá dizer quanto às pressões: o arquipélago e os mares que
o rodeiam estão no domínio de pressões médias da zona quente. As pressões
mantêm-se aí entre cerca de 1012 e 1015 mb. Só excepcionalmente o anticiclone
dos Açores tem uma acção directa sobre as pressões na área de Santiago; quanto à
faixa de depressões equatoriais, ela raramente sobe aos 15º de latitude Norte.
A fraqueza da amplitude indica bem o papel moderador das massas de água, de
temperatura quase constante.
| 133 |
fig. 5.2.4.3.5. Distribuição das chuvas na área de Santiago (baseado em Reis Cunha, 172).
1. inferior a 300 mm; 2. de 300 a 500; 3. de 500 a 700; 4. de 700 a 800; 5. de 800 a 900; 6. de
900 a 1000; 7. superior a 1000 mm; 8. curva de 250 mm
Fonte: Santiago de Cabo Verde, A Terra e os Homens, Ilídio do Amaral, 1964.
| 134 |
fig. 5.3.1. Temperaturas médias mensais e anuais do ar e da água do mar, na Praia (período de 1958-
1960).
Fonte: Santiago de Cabo Verde, A Terra e os Homens, Ilídio do Amaral, 1964.
A insularidade no meio de mares frios influencia também as características da
precipitação. Basta comparar a Praia a outras estações de latitude quase análogas:
enquanto esta, uma estação na margem oriental do oceano Atlântico, recebe 270
mm de água, Point-à-Pître, no extremo ocidental, rodeada de mares quentes, recebe
1500 a 1600 mm de água; St. Louis, na costa de África, recebe 400 a 500 mm.
Os cúmulos sobre cada uma das ilhas montanhosas do arquipélago traduzem a
influência do relevo. Nesta área, onde as massas de ar são geralmente instáveis,
a presença de um relevo vigoroso traduz-se por uma inflexão para o alto das
correntes de ar. Em ilhas como Santiago, a vertente de Barlavento é uma área onde a
componente vertical do vento é ascendente, o que favorece a formação de nuvens e
o seu desenvolvimento vertical; a massa de ar que se eleva sofre um decrescimento
adiabático de temperatura, mantendo-se contudo constante o seu teor em vapor de
água. Aproxima-se rapidamente das condições de condensação, que se realiza ao
nível marcado pela base das nuvens. Este movimento ascensional, que resulta do
choque das massas de ar marítimo instável contra o relevo vigoroso, é suficiente
para desencadear o mecanismo da condensação; dela formam-se nuvens do
tipo cumuliforme, de bases planas bastante nítidas. Na vertente de Sotavento, a
componente vertical do vento é, pelo contrário, descendente; as massas de ar, que
perderam uma boa parte da humidade pela condensação na vertente de Barlavento,
baixam e comprimem-se adiabaticamente: daí um aquecimento e desaparecimento
de nuvens.
A altura e o desenvolvimento das nuvens dependem, não só da intensidade do
movimento ascensional como da posição da “inversão” na atmosfera média.
À influência puramente mecânica das massas montanhosas, juntam-se duas
outras acções: a acção térmica, devida à irradiação de calor do solo, e a acção de
| 135 |
turbulência, proveniente da resistência oposta à deslocação das massas de ar, pela
superfície do solo e pela vegetação. Todas essas acções agem no mesmo sentido:
uma dilatação das massas de ar por cima da ilha, o que faz crescer a nebulosidade.
Daí essas nuvens cumuliformes estacionárias que a cobrem.
Referências Bibliográficas
AMARAL, Ilídio, 1964. Santiago de Cabo Verde. A Terra e os Homens, Lisboa.
CUNHA, F. Reis, 1960. A variabilidade da precipitação na Ilha de Santiago (Cabo Verde),
Garcia de Orta, Lisboa, Vol. 8 (nº 4): 887-889, 1960
CUNHA, F. Reis, 1961. O Balanço Hidrológico da Ilha de Santiago (Cabo Verde), Garcia de
Orta, Lisboa, Vol. 9 (nº 2): 359-379, 1961
CUNHA, F. Reis, 1962. Estabelecimentos meteorológicos de Cabo Verde, Garcia de Orta,
Lisboa, Vol. 10 (nº 1): 191-205, 1962
CUNHA, F. Reis, 1964. O problema da captação da água do nevoeiro em Cabo Verde, Garcia
de Orta, Lisboa, Vol. 12 (nº 4): 719-756, 1964
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA (2004) - Dados Climatológicos,
Praia.
| 136 |
| 137 |
6.
HIDROGEOLOGIA
| 138 |
| 139 |
6.1. INTRODUÇÃO
Os trabalhos hidrogeológicos em Cabo Verde tiveram como suporte básico as
seguintes contribuições:
a. A Geologia da Ilha de Santiago (Cabo Verde), de António SERRALHEIRO, 12
Folhas na escala 1/25.000 e a respectiva Noticia Explicativa (1976).
b. Estudo geológico, petrológico e vulcanológico da ilha de Santiago (Cabo Verde),
na escala 1/100.00, de C. A. MATOS ALVES, J. R. MACEDO, L. CELESTINO
SILVA, A. SERRALHEIRO e A. F. PEIXOTO FARIA (1979).
c. A Geologia do Arquipélago de Cabo Verde, de J. Bacelar Bebiano (1932).
d. Étude et mise en valeur des eaux souterraines dans l´Archipel de Cap – Vert de
BURGÉAP. De 1969 – 1973.
e. Contribuição das NAÇÕES UNIDAS que, logo a seguir à partida de Cabo Verde
da BURGÉAP, desempenharam um papel que veio a traduzir num complemento
ao trabalho realizado pela BURGÉAP, pelo que se poderá aceitar que foram
essas duas entidades acima referidas as responsáveis pelo conhecimento da
Hidrogeologia Cabo-verdiana
f. Contribuição activa e persistente dos TÉCNICOS CABO-VERDIANOS que
acompanharam bem de perto a BURGEÁP e as NAÇÕES UNIDAS pelo que
sempre estiveram envolvidos na problemática da Hidrogeologia e Recursos
Hídricos de Cabo Verde. De 1969 a 2006 e que continuarão, seguramente, a
prestar a mesma colaboração.
g. Acerca do Reconhecimento Hidrogeológico do Arquipélago de Cabo Verde, de
Manuel Alves Costa (1956- 1958).
h. E como principal suporte teórico as principais obras consultadas foram:
Hidrologia Subterrânea, Tomo I, E. Custodio e M. R. Llams, (1975)
i. Hidrologia Subterrânea, Tomo II. E. Custodio e M. R. Llams, (1975)
j. Traité Pratique des euax souterraines, G. Castany (1967)
k. Prospection et Exploitation des eaux souterraines. G. Castany (1968)
Deve-se salientar que houve uma colaboração estreita entre as Instituições Cabo-
verdianas, o que permitiu uma troca de conhecimentos e que facilitou imenso ter-se
chegado a bons resultados sobre a compreensão da Hidrogeologia Cabo-verdiana.
6.2. INVENTÁRIO DE PONTOS DE ÁGUA
Trata-se de uma das metodologias mais úteis e, por vezes, mais económica para
se chegar ao conhecimento sobre as características hidrogeológicas de uma região
ou de um aquífero.
| 140 |
O inventário de pontos de água consiste na recopilação e análise de todos os
dados relacionados com a hidrologia subterrânea da região ou do aquífero em
estudo, e que procedem da informação dos utentes dos pontos de água (lugar,
ou circunstância, que permite um acesso directo ou indirecto a um determinado
aquífero, tais como, poços, furos, galerias, nascentes, etc. - Mota Gomes, 1980).
O inventário de pontos de água é, provavelmente, o sistema mais idóneo para
se começar a conhecer rapidamente as características hidrogeológicas de uma
dada zona, pelo menos nas primeiras etapas do estudo, sem ter de recorrer a
reconhecimentos de tipo directo (execução de poços, furos, sondagens) cujo custo
é mais elevado e exige um tempo de realização material que, com frequência, é
bastante longo.
A exploração dos dados obtidos com a realização do inventário de pontos
de água fornece a primeira indicação do valor total da água extraída da zona e,
consequentemente, um factor importante na gestão dos recursos hídricos uma vez
que constituí, na realidade, parte das saídas do aquífero.
Deve-se salientar que é indispensável conhecer os dados relativos à localização
geográfica, em mapas apropriados, dos pontos de água inventariados.
Também se deve conhecer, o melhor possível, o uso que se dá à água, a
qualidade da água, o número de horas diárias de bombagem e outras informações
complementares dos utentes.
A evolução histórica dos caudais, dos níveis piezométricos, das características
químicas e bacteriológicas, são dados extremamente importantes para se conhecer
a evolução no tempo, da exploração do aquífero, o que por certo será decisivo na
altura de se planificar as actuações futuras sobre o citado aquífero.
Frequentemente, o proprietário ou utente dos pontos de água facilita informações
ou dados sobre esta evolução que, embora sejam dispersos, incompletos ou
imprecisos, nem por isso deixam de ter certa importância no conhecimento da
hidrogeologia da zona considerada, uma vez que, com isso, se poderá reconstituir
a história do aquífero e obter informações muito valiosas, principalmente no que
respeita ao comportamento do aquífero face à exploração.
Na sequência da realização do inventário sistemático, analítico e detalhado de
pontos de água realizado, foi elaborado um programa de exploração de pontos
de água da ilha de Santiago implantados nas folhas 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55,
56, 57, 58 e 59, na escala 1/25.000. Desses pontos de água inventariados foram
seleccionados os de maior produtividade, com indicação de volumes passíveis de
serem extraídos.
O estudo regional da exploração e gestão dos pontos de água e todo o estudo
hidrogeológico repousam sobre a execução de um inventário especializado
acompanhando a prospecção geofísica. Esta operação é, por sua vez, o método de
| 141 |
prospecção e o meio de exploração essenciais em hidrogeologia. Os dados obtidos
são a base do estudo global das camadas aquíferas, cujo documento de síntese
primordial é a cartografia das águas subterrâneas (carta piezométrica, carta das
resistividades, carta das temperaturas, cartas hidroquímicas - G. Castany, 1967 e
1968).
Execução do inventário dos pontos de água - Princípios de base
A execução do inventário dos pontos de água repousa sobre três princípios
gerais:
> pesquisa e classificação metódica do conjunto dos dados hidrogeológicos de base
respeitante às águas de superfície e às águas subterrâneas;
> prospecção e estudo sistemático de todos os pontos de água, estações de medida,
obras de captações, etc;
> precisão máxima da totalidade dos dados de base recolhidos.
Todavia, o inventário dos pontos de água pode ser executado segundo dois
métodos, em função da urgência dos problemas a serem resolvidos, o que implica a
rapidez que se deve ter em conta na obtenção de dados.
Podemos, assim, distinguir dois tipos de inventário dos pontos de água:
> Inventário Sistemático, Analítico e Detalhado.
> Inventário Sintético e Sumário.
O inventário sintético e sumário consegue mais rapidamente obter os resultados
do conjunto; porém, não pode ser generalizado, isto é, deve ser considerado
como um estudo preliminar e sumário devendo, por conseguinte, ser de seguida
completado pelo estudo sistemático detalhado.
O inventário sistemático, analítico e detalhado, reunindo todos os dados
científicos e técnicos precisos, permite chegar a conclusões sólidas e estabelecer
um programa de acção a longo termo.
O inventário sistemático, analítico e detalhado realiza-se em várias fases:
> Análise documental em arquivos e fichas;
> Prospecção no terreno;
> Estabelecimento de documentos definitivos.
A documentação é o trabalho preliminar indispensável, base de todo o estudo.
Esta primeira etapa consiste em recolher, analisar, classificar e arquivar todos os
documentos respeitantes à região em estudo. Permite estabelecer fichas próprias
e dossiers, comentários sobre o modelo estabelecido de propostas de fichas
definitivas para cada ponto de água.
| 142 |
Uma prospecção no terreno, zona por zona, é indispensável e exige os seguintes
passos:
> Inquérito relacionado com a hidrologia subterrânea e a hidrologia superficial;
> Verificação da documentação estabelecida;
> O estudo sistemático de todos os pontos de água;
> O estudo geológico e geomorfológico.
Foi pelas razões acima descritas, que ao iniciar-se o estudo hidrogeológico da ilha
de Santiago, em Setembro de 1971, se começou pela realização do Inventário Sintético
e Sumário (Brigada de Águas Subterrâneas de Cabo Verde) para se poder realizar os
trabalhos de perfuração, ensaios de bombagem, equipamento de furos e controlo
de exploração, entre Fevereiro de 1972 a Dezembro de 1973. O primeiro inventário
Sistemático, Analítico e Detalhado foi feito posteriormente e teve a duração de um ano,
tendo consistido em inquéritos e análises de todos os dados relacionados com a
hidrologia subterrânea, como resultado das informações recolhidas dos utentes dos
pontos de água e, assim, foi possível um acesso directo ou/e indirecto aos aquíferos
aluvionar e basáltico.
Através do Inventário Sistemático, Analítico e Detalhado de pontos de água foi
possível conhecer as características hidrogeológicas abaixo descritas (Brigada de
Águas Subterrâneas de Cabo Verde e a Empresa Francesa BURGÉAP) (Fig. 6.2.1,
6.2.2, 6.2.3, 6.2.4) e Tabelas (6.2.1 e 6.2.2):
1. Perfil litológico da perfuração ou a situação geológica da zona;
2. Posição do nível piezométrico;
3. Características químicas da água extraída;
4. Volume da água utilizada por unidade de tempo;
5. Evolução, com o tempo, dos dados de 2, 3 e 4.
Este trabalho permitiu a execução de estudos e reconhecimentos de tipo directo
(perfurações e sondagens). Os pontos de água inventariados foram implantados em
folhas topográficas na escala 1:25.000
Em fichas próprias e previamente concebidas fez-se o cadastro de cada ponto de
água. Para identificação de cada ponto de água inventariado anota-se, na respectiva
| 143 |
ficha, o número da folha topográfica na qual está inserido (a ilha de Santiago está
coberta por 12 folhas na escala 1:25.000 numeradas de 48 a 59) e, imediatamente a
seguir, a ordem cronológica da execução do inventário do referido ponto de água.
Por exemplo, 58-2.
| 144 |
Ficha de Inventário Hidrogeológico
Legenda: Ficha utilizada para águas superficiais (Frente)
| 145 |
Legenda: Ficha utilizada para águas superficiais (Verso)
fig. 6.2.1. Ficha de Inventário Hidrogeológico
| 146 |
Legenda: Ficha utilizada para poços (Frente)
| 147 |
Legenda: Ficha utilizada para poços (Verso)
fig. 6.2.2. Ficha de Inventário Hidrogeológico
| 148 |
fig. 6.2.3. Corte do Furo FT-29, Chão Bom do Tarrafal. Exemplo da Ficha de Furo de Captação
Fonte: Alberto da Mota Gomes, Praia, 1980
| 149 |
fig. 6.2.4. Ficha de Exploração do Furo FT-29, Chão Bom do Tarrafal. Exemplo de Ensaio de
Bombagem
Fonte: Mota Gomes, 1980
| 150 |
Do primeiro inventário, sistemático, analítico e detalhado, resultaram dois mil
duzentos e oitenta e sete (2.287) pontos de água em toda a ilha de Santiago (furos,
nascentes, poços, galerias, captações nas ribeiras, emergências, etc.).
Foram seleccionados os pontos de água de maior produtividade e implantados
na carta topográfica da ilha de Santiago na escala de 1:100.000, com indicação de
volumes de água extraídos.
tab. 6.2.1. Exploração dos pontos de água de maior produtividade da Ilha de Santiago resultante do
primeiro inventário realizado
Folha n.º Poços Poços Nascentes Nascentes Furos Caudal
Q > 20m3/d Q < 20m3/d Q > 20m3/d Q <20m3/d (m3/d) (m3/d)
48 1 40
48 10 60
48 0 0
48 4 8,5
48 1 420
48 528,5
49 1 160
49 10 53
49 0 0
49 5 7,7
49 0 0
49 220,7
50 4 1.026
50 4 20
50 0 0
50 10 53,2
50 1 300
50 1.399,2
51 12 592
51 213 714
51 9 1.284,7
51 165 435,4
51 2 150
51 3.176,1
52 44 2.916
52 77 478
52 0 0
52 11 33
52 9 1.528
52 4.955
| 151 |
tab. 6.2.1. (continuação) Exploração dos pontos de água de maior produtividade da Ilha de Santiago
resultante do primeiro inventário realizado
Folha n.º Poços Poços Nascentes Nascentes Furos Caudal
Q > 20m3/d Q < 20m3/d Q > 20m3/d Q <20m3/d (m3/d) (m3/d)
53 0 0
53 2 10
53 5 500
53 2 10
53 0 0
53 520
54 24 1.360
54 45 225
54 46 2.500
54 351 1.755
54 2 284
54 6.644
55 69 5.314
55 107 535
55 12 750
55 57 320
55 21 4.448
55 11.367
56 34 1.980
56 34 405
56 0 0
56 0 0
56 8 1.120
56 3.505
57 0 0
57 3 43
57 4 360
57 17 162
57 2 164~
57 729
58 42 2.483
58 126 942
58 7 1.797
58 41 196
58 4 185
58 5.603
59 2 330
59 14 124
59 0 0
59 7 67
59 0 0
59 521
| 152 |
Tabela 6.2.2. Quadro resumo - Exploração dos pontos de água de maior produtividade da Ilha de
Santiago resultante do primeiro inventário sistemático, analítico e detalhado, realizado
Pontos Poços Poços Nascentes Nascentes Furos Caudal
de Água Q > 20m3/d Q < 20m3/d Q > 20m3/d Q <20m3/d (m3/d) (m3/d)
1
233 16.201
645 3.609
83 7.191,7
670 3.047,8
50 8.599
38.648,5
Total 1.681
6.3. REDE DE OBSERVAÇÃO E CONTROLO
Na medida em que a exploração dos Recursos Hídricos não pode ser encarada
sem se ter a implementação de uma rede de observação e controlo que forneça
informações contínuas e periódicas necessárias e indispensáveis, a Direcção dos
Serviços de Exploração e Gestão de Águas Subterrâneas (DSEGAS), hoje Instituto
Nacional de Gestão e Recursos Hídricos (INGRH), definiu uma rede de observação
e controlo da ilha de Santiago que, em linhas gerais e com ligeiras alterações, tem
vindo a ser utilizada desde início dos anos setenta até à actualidade.
Devido à grande irregularidade das quedas pluviométricas nos últimos anos,
com particular incidência a partir de 1968 e, simultaneamente, com o aumento da
exploração dos pontos de água nas principais Bacias Hidrográficas, fez-se sentir a
necessidade de implementação de um controlo apertado e rigoroso da exploração,
tendo em vista precaver-se da possível intrusão salina nas zonas costeiras (a jusante
dos vales, casos concretos da Ribeira Seca, da Ribeira dos Picos, da Ribeira de
Santa Cruz, da Ribeira de Achada Baleia, de Chão Bom) e do empobrecimento ou/e
mesmo esgotamento das reservas hídricas nas partes alta e média da ilha (Brigada
de Águas Subterrâneas de Cabo Verde e BURGEAP- Notas Técnicas, 1971- 1973);
(Brigada de Águas Subterrâneas de Cabo Verde e BURGEAP- Notas Internas, 1971-
1973); Nations Unies (DP/UN/CVI-75-001/1-Cap Vert, 1980).
A observação e controlo da exploração têm por finalidade os seguintes objectivos,
com a finalidade de se introduzir todas as correcções julgadas convenientes e
pertinentes:
A conservação dos recursos em água.
> Controlo da evolução dos níveis piezométricos.
> Controlo e luta contra a intrusão salina.
| 153 |
> Controlo de bombagem, cujo caudal diário não deve ser superior ao aconselhado
tecnicamente pela entidade responsável.
O Controlo da qualidade da água:
> Análise química.
> Análise bacteriológica
O Exercício da fiscalização.
A relativa facilidade de exploração das águas subterrâneas na ilha de Santiago
agrava os riscos de sobre exploração que se poderá traduzir quer através da intrusão
salina, nas áreas litorais dos aquíferos (caso verificado com o furo FT-38, na Achada
Baleia), quer mediante a observação de um abaixamento pronunciado das reservas
hídricas, no interior da ilha (caso do furo FT-42, na Achada Baleia).
É nosso entendimento que se deve ter sempre presente que a exploração nunca
deve ser feita acima da taxa média de renovação (excepção feita para casos muito
especiais), o que implica uma observação e controlo extremamente rigorosos.
6.3.1. Controlo Hidrogeológico nos anos 2002, 2003, 2004, 2005 e 2006
Deve-se frisar que actualmente o controle hidrogeológico é efectuado de acordo
com um programa pré-estabelecido. São controlados, essencialmente, os caudais,
as horas de bombagem e a leitura dos contadores dos furos de exploração, o nível
piezométrico quer em piezómetros, quer em poços, as medições dos caudais das
nascentes, assim como a condutividade eléctrica e a temperatura das águas dos
pontos visitados.
Os pontos de água utilizados durante estes cinco anos de observação e controlo,
são os que se indicam na Tabela 6.3.1.1
tab. 6.3.1.1. Dados do INGRH (Divisão de Exploração e Gestão)
2002 2003 2004 2005 2006
Furos 138 136 143 145 155
Piezómetros 24 24 25 25 25
Nascentes/galerias 41 46 41 41 41
Poços 72 72 81 81 81
As observações realizadas permitiram constatar que:
> Furos de exploração
Existem alguns furos que estão sendo sub ou sobre explorados.
Constatou-se, ainda, que as captações de água subterrânea nas bacias da
Ribeiras de S. Domingos, da Ribeira Seca e da Ribeira de Stª Cruz foram as mais
exploradas na ilha de Santiago no ano 2002, e com caudais e horas de bombagem
| 154 |
elevadíssimos, muitas vezes. Assim, torna-se evidente a necessidade de um
controle de exploração mais apertado nessas ribeiras supracitadas.
Existem, todavia, concelhos aonde a gestão do sistema tem sido feita com certo
rigor, casos de Tarrafal, de Stª Catarina, de São Miguel.
Deve-se salientar que é o concelho de Santa Cruz o que consome maior
quantidade de água para irrigação, não só pelo facto da área de regadio nesse
concelho ser maior, mas também, pelo facto de serem utilizadas técnicas de
irrigação que não facilitam a poupança de água.
> Piezómetros
Vinte e quatro (24/25) furos piezométricos foram seguidos de dois em dois meses
normalmente.
Existem concelhos em que o número de piezómetros que são controlados é
bastante reduzido.
Existem algumas bacias hidrográficas que são altamente exploradas, mas que,
contudo, não possuem um único piezómetro ou existem em número muito
reduzido.
Também se deve destacar a existência de alguns piezómetros que não são
controlados quer por se encontrarem entupidos quer por terem a cabeça
calcinada.
> Nascentes/galerias
As mais de quarenta nascentes/galerias pertencentes à rede de controlo foram
seguidas normalmente.
> Poços
À semelhança dos piezómetros e das nascentes, foram controlados 72 poços, de
dois em dois meses, número que subiu para 81, nos anos 2004, 2005 e 2006.
Tendo em conta os furos explorados em toda a ilha em 2005, foi elaborado a
Fig. 6.3.1.1, onde se pode ver que o concelho de Santa Cruz é onde existem mais
furos.
| 155 |
fig. 6.3.1.1. Furos explorados na ilha de Santiago em 2005
Comparando os dados relativamente à exploração de furos nos anos 2002, 2003
e 2004, obtém-se a relação que se indica a Fig. 6.3.1.2:
fig. 6.3.1.2. Análise dos furos explorados na Ilha de Santiago de 2002 a 2005
De acordo com os dados apresentados nas tabelas 6.3.1.1 e 6.3.1.2. observa-se
que houve crescimento de exploração de 7,2% de 2001 a 2002 e também de 5,5%
do ano 2002 para 2003, enquanto que se regista um decréscimo de 8,5% de 2003
a 2004. Estes valores mostram haver uma certa regularidade na exploração dos
recursos subterrâneos. No entanto, o período é demasiado curto para se poder
chegar a uma conclusão fiável.
| 156 |
fig. 6.3.1.3. Volume de Água Explorada pelo INGRH na Ilha de Santiago - 2001 a 2005
Fonte: INGRH (Divisão de Exploração e Gestão).
tab. 6.3.1.2. Volume de água explorada nos anos de 2001 a 2005
Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Volume explorado (m3) 3.972.876,76 4.259.109,00 4.484.658,17 4.104,863,24 4.075,758,00 4.052,545,38
Fonte: INGRH (Divisão de Exploração e Gestão).
Síntese conclusiva - Rede de observação e controlo
O controlo hidrogeológico é uma actividade que deve ser seguida rigorosamente
para que se possa ter uma ideia clara da evolução dos pontos de água explorados,
pois esses dados têm imensas implicações, sendo as mais importantes a gestão,
planificação e conservação dos recursos hídricos.
Pela análise dos dados recolhidos ao longo dos anos 2001, 2002, 2003, 2004, 2005
e 2006 chega-se à conclusão que é nas bacias das ribeiras de S. Domingos, Seca e
de Stª Cruz que se verificam as maiores explorações na ilha de Santiago, devendo-
se assinalar que os furos nessas citadas ribeiras foram explorados com caudais e
horas de bombagem, por vezes, elevadíssimos.
Assim, torna-se necessária a implementação de um controlo rigoroso com a
introdução de medidas de correcção que se tornem eficazes.
Ainda e através da análise dos dados recolhidos nos anos acima referidos, chega-
se à conclusão de que o sistema de exploração e gestão tem sido feito com certo
rigor nos concelhos de Tarrafal, Stª Catarina e S. Miguel.
Constatou-se que há furos piezométricos que não vêm sendo utilizados, uns
porque se encontram entupidos, outros porque a cabeça do furo se encontra
calcinada.
Por isso, torna-se necessária a execução de novos furos em locais onde se
torna evidente a falta de furos piezométricos e de controlo salínico, assim como a
recuperação de alguns, de modo a possibilitar uma adequada malha piezométrica
da ilha.
| 157 |
6.4. OBSERVAÇÕES DE 2003
A actividade hidrogeológica que ao longo de cerca de trinta e três anos temos
vindo a realizar na ilha de Santiago, demonstrou ser realmente indispensável
que se proceda a um controlo extremamente rigoroso da exploração das águas
subterrâneas, quer no domínio volumétrico quer no domínio salínico, incidindo sobre
os aquíferos basáltico e aluvionar.
Outro facto saliente dessa experiência acumulada demonstra, de forma clara e
inequívoca, a necessidade imperiosa de serem aproveitados os Recursos Hídricos
Superficiais, nomeadamente através de barragens, em simultâneo com a exploração
dos Recursos Hídricos Subterrâneos. Só desta forma será possível praticar uma
Gestão Integrada dos Recursos Hídricos (incluíndo a água dessalinizada), tão
importante para o desenvolvimento sócio-económico da ilha de Santiago.
A descrição destes 132 pontos de água, por nós seguidos, apresenta-se distribuída
nas cartas topográficas na escala 1:25.000, dos números 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54,
55, 56, 57, 58 e 59 que representam a ilha de Santiago (em anexo).
6.4.1. Observações efectuadas na estação “seca” ou “das brisas” – Junho
e Julho
Nos meses de Junho e de Julho foram observados os cento e trinta e dois (132)
pontos de água (tab. 6.4.1.1. e 6.4.1.2.) que se assinalam nas cartas anteriormente
referidas, pontos esses que são regularmente explorados e pode-se afirmar que
todas as Formações Geológicas têm contribuído, embora de acordo com as suas
potencialidades hidrogeológicas, para o fornecimento de água para as necessidades
das populações.
O Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA), a Formação dos Flamengos ( ) e a
Formação dos Órgãos (CB), as formações mais antigas, possibilitam a exploração de
uma quantidade de água estimada entre 5 a 7 m3/h por captação. A condutividade
eléctrica é da ordem de 1000 a 2000 µS/cm. A Formação do Complexo Eruptivo do Pico
de Antónia (PA) e a Formação de Assomada (A), que constituem a principal unidade
aquífera da ilha de Santiago, têm proporcionado captações com maior produtividade,
tendo ainda águas de melhor qualidade, sendo a condutividade eléctrica da ordem dos
400 a 1000 µS/cm (sendo 400 a condutividade eléctrica ao se iniciar a exploração e
1000 com o avançar da exploração, nos mantos basálticos submarinos do Complexo
Eruptivo do Pico da Antónia – LRi), enquanto que nos mantos basálticos subaéreos do
Complexo Eruptivo do Pico da Antónia e da Formação da Assomada, a condutividade
eléctrica pouco de tem alterada.N
| 158 |
tab. 6.4.1.1. (continuação) Características gerais dos 132 pontos de água distribuídos por toda a ilha no
âmbito desta dissertação na estação “seca ou das brisas“
N.º Ref Folha Loca- Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Nivel Exploração Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (m) (início)
Furo Nascente
1 48 Fazenda Furo CB 45 _ 2380 26,5 16-02-2000 Irrigação
FBE- 194
2 48 Achada Furo de/PA 3171 27,1 19,87 Piezómetro
Colonato SST- 34
3 48 Ponto Ferro Furo AlPA 690 25 13,85 Piezómetro
(Chão Bom) FT-27 (LRi)
4 48 Pedra Nasc. 26 dvPA _ 8 790 21,1 _ _ Abastecimento
Empena
5 48 Colonato Poço 22 de 1002 27, 5 2, 63 _ Sem utilização
6 48 João Vaz Nasc. 30 PA 6 630 27,5 _ Abastecimento
dos animais
7 48 Chão Bom Poço 9 de 1140 27, 3 3,02 _ Sem utilização
8 49 Biscainho Poço 22 Al 8220 23,9 7,1 _ Abastecimento
de animais
9 49 Pedra Furo PA _ 2870 25 62,17 _ Piezómetro
Comprida SST- 15
10 49 Cabeça Furo PA _ 1370 26,6 93,51 _ Piezómetro
do Leão SST- 10
11 49 Achada Furo PA _ 1850 26, 9 92,33 _ Piezómetro
Tomás SST -35
12 49 Achada Furo PA _ 1160 26, 8 93,68 Piezómetro
Tomás SST- 25
13 49 Cobom Nasc. 5 CBm 3 1020 24, 7 - Sem utilização
Largo
14 49 Baía de Nasc. 18 CBm 10 2640 28, 5 - Abastecimento
Madronho de animais
15 49 Angra Nasc. 16 PA/CA 2 2220 24, 3 - Irrigação
16 49 Achada Furo PA 45 920 27, 2 - 25/02/87 Abastecimento
Tomás SST- 30
17 49 Achada Furo PA 240 515 25, 2 - 02/11/82 Abastecimento
Tomás SST- 21 e Irrigação
18 49 Achada Furo PA 1410 25, 1 68,57 Piezómetro
Tomás SST- 31
19 49 Lém Furo Al/PA 360 963 24, 8 - 05/02/73 Abastecimento
Mendes FT - 29 e Irrigação
20 49 Lém Furo Al/PA 80 572 26, 1 - 13/08/89 Abastecimento
Mendes FBE -129 (LRi)
21 49 Chão Poço 19 Al 4930 24, 2 5, 97 Sem utilização
de Ferro
22 50 Ribeira Poço 5 Al 845 25,8 6,4 Abastecimento
de Cuba animais
23 50 Ribeira Furo Al/A 120 1350 25,3 04/04/97 Abastecimento
de Charco FBE - 170
24 50 Angra Nasc. 20 PA 40 450 27.0
25 50 Ribeira Furo Al/A 96 1840 27,9 Irrigação e
de Charco FBE - 201 Indústria
| 159 |
tab. 6.4.1.1. (continuação) Características gerais dos 132 pontos de água distribuídos por toda a ilha no
âmbito desta dissertação na estação “seca ou das brisas“
N.º Ref Folha Loca- Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Nivel Exploração Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (m) (início)
Furo Nascente
26 50 Angra Nasc. 18 PA 30 462 27.3
27 50 Angra Nasc. 10 PA 20 458 27.6
28 51 Porto Poço 91 Al 3320 25,8 5,2 Irrigação
Formoso
29 51 Ribeira Furo Al/PA 45 474 26,1 - 18/05/94 Abastecimento
de Cuba FBE - 150 e Irrigação
30 51 Ribeira Furo Al/PA 140 363 24,5 20/06/94 Abastecimento
das Pratas FBE - 151 e Irrigação
31 51 Porto Nasc. 95 PA 3 590 27,3 Abastecimento
Formoso
32 51 Águas Nasc. 6/7/8 A 492 690 25,1 Abastecimento
Podres e Irrigação
33 51 Ribeira Nasc. 123 PA 10 510 22,6 Irrigação
Principal
34 51 Boca Ribeira Poço 273 Al 1064 26 12 Irrigação
Principal
35 51 Porto Furo PA 66 626 26,6
Hortelã FBE - 188
36 51 Chã de FBE - 112 PA 32 1040 25,2 26/06/88 Abastecimento
Horta e irrigação
37 51 Machado Nasc. 201 PA 50,8 529 24,2 - - Abastecimento
e Irrigação
38 51 Saltos Nasc. 270 lr - - - - - Seco
Acima
39 51 Mato Furo PA 15 400 25,2 18/12/89 Abastecimento
Mendes FBE -131
40 51 Milho Furo PA 15 462 24,7 09/07/87 Abastecimento
Branco FBE -113
41 51 Flamengos Furo lr 40 1220 28 - - Abastecimento
FT - 5 e Irrigação
42 51 Chã de Nasc. 253 PA 10 973 24,3 - - Irrigação
Ferro
43 51 Achada Furo MV/A 67,5 446 25,6 - 03/08/86 Abastecimento
Fora FBE 73
44 52 Ponta Verde Poço 29 Al - 2500 26,6 8,95 - Irrigação
45 52 Ribeireta FT 39 Al/PA (LRi) 200 1420 26 - 08/08/75 Irrigação
46 52 Calhetona Furo FT 62 Al/lr - 1980 26.,5 6,2 - Piezómetro
47 52 Calhetona Furo SP 12 Al/lr 360 2690 26,5 07/01/73 Irrigação
48 52 Saltos Furo FT 47 lr 48 1580 27, 0 - - Abastecimento
e Irrigação
49 52 Saltos Poço 81 Al - 7160 24,8 6.58 - Irrigação
50 52 Flamengos Furo lr 16 1380 27, 9 _ 09/09/92 Abastecimento
FBE 145 e Irrigação
51 52 Saltos Nasc.154 lr 2 1630 27, 5 - - Irrigação
52 52 Ribeirão Boi Nasc. 33 lr 70 1220 27, 9 - - Irrigação
53 52 Ribeira dos Picos Poço 42 Al - 12250 27, 3 4,3 - Sem utilização
54 52 Coqueiro Poço 126 Al - 6320 23, 6 4, 80 - Irrigação
| 160 |
tab. 6.4.1.1. (continuação) Características gerais dos 132 pontos de água distribuídos por toda a ilha no
âmbito desta dissertação na estação “seca ou das brisas““
N.º Ref Folha Loca- Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Nivel Exploração Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (m) (início)
Furo Nascente
55 52 Cabeça Poço 132 Al - 1150 25.,3 7,5 - Irrigação
de Horta
56 53 Achada Nasc. 12 PA 8,6 778 27, 8 Abastecimento
Leite e irrigação
57 53 Achada Leite Nasc. 10 PA 120 816 28, 5 Irrigação
58 53 Achada Leite Nasc. 2 Al/CA - 927 24, 3 Irrigação
59 54 Boa Entrada Nasc. 128 A/CA 172,8 550 25, 1 Irrigação
60 54 Achada Igreja FBE - 97 PA/CA 30 1680 27, 2 10/11/88 Abastecimento
61 54 Mato Sancho Poço 436 Al 1370 27, 6 1, 08 Irrigação
62 54 Mosquito Furo PA 16 540 28 11/03/88 Abastecimento
de Horta FT- 227 e Irrigação
63 54 Boa Entrada Furo CA 36 1780 26, 3 08/12/86 Abastecimento
(Polom) FBE -74 e Irrigação
64 54 Boa Poço 456 Al 1350 26.,4 7 Irrigação
Entradinha
65 54 Achada Furo A 150 526 25, 1 26/08/88 Abastecimento
Galego FBE116
66 54 Ribeira de Nasc. 6 A/CA 14,4 950 27,3 Abastecimento
Sedeguma de animais
e Irrigação
67 54 Pinha de Furo CA 30 1290 28,1 15/05/89 Abastecimento
Engenho FBE -89
68 54 João Furo PA 36 428 27 05/06/87 Abastecimento
Bernardo FBE -95
69 54 Carris Morto Furo A 360 613 25, 1 05/06/95 Abastecimento
FBE -161
70 54 Ribeira Nasc. 118 PA/lr 172,8 540 27 Abastecimento
Selada e Irrigação
71 54 Várzea Furo FT- 21 PA 52 1256 24,5 19/06/73 Abastecimento
Santana e Irrigação
72 55 Telha Furo FT- 81 lr 57,6 1270 25,5 04/10/84 Abastecimento
e Irrigação
73 55 Água Nasc. 472 PA 57,6 430 25,3 Abastecimento
de Gato e Irrigação
74 55 Lagoa Nasc. 555 PA 108 480 22,8 Abastecimento
e Irrigação
75 55 Monte Furo PA 192 3100 27,5 11/07/74 Irrigação
Negro FT- 78
76 55 Neta Furo CA 32 1615 25 06/09/73 Irrigação
Gomes FT -13
77 55 Paulado Furo FBE -169 PA (LRi) 1250 26,3 22/08/02 Irrigação
150
78 55 Cutelo Furo PA 405 1150 25,5 18/08/73 Abastecimento
Coelho FT -63 (LRi) e Irrigação
79 55 Caiumbra Furo CB 57,6 1245 26,2 17-04-1985 Irrigação
FBE -56
80 55 Boca Larga Poço 338 Al 916 23,5 1,37 Irrigação
| 161 |
tab. 6.4.1.1. (continuação) Características gerais dos 132 pontos de água distribuídos por toda a ilha no
âmbito desta dissertação na estação “seca ou das brisas“
N.º Ref Folha Loca- Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Nivel Exploração Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (m) (início)
Furo Nascente
81 55 Boca Larga Nasc. 306 Al 1180 25.,7 Irrigação
82 55 Chã de Furo CB 49,6 1180 26,7 01/08/74 Abastecimento
Vaca FT -23 e Irrigação
83 55 S. Domingos Furo CA 8.0 2100 27 22/02/89 Abastecimento
(Diocese) PT - 29 e Irrigação
84 55 Variante Furo CA/PA 24 1554 26,4 18/04/74 Irrigação
(S. Domingos) FT - 14 (LRi)
85 55 Jaracunda Furo FT -12 300 1440 25,2 04/06/73 Irrigação
86 55 Ribeira Furo PA 400 950 27,8 08/10/74 Abastecimento
dos Picos FT - 59 e Irrigação
87 55 Macati Furo PA 400 1270 26,3 06/03/73 Abastecimento
FT - 9 (LRi) e Irrigação
88 55 Ribeirão Boi Nasc. 538 lr 20 1360 26,3 Irrigação
89 55 Bom Pó Poço 76 Al 1798 26,7 3,45 Irrigação
90 56 Achada Furo PA 154 1480 27,7 02/02/76 Irrigação
Baleia FT-40
91 56 Baia Furo FT-44 PA 220 2220 28,5 19/07/77 Irrigação
92 56 Doby Furo FT-208 lr 55 1390 29,5 18/01/85 Abastecimento
e Irrigação
93 56 Achada Baleia Furo FT-42 PA 77 1486 28.,0 27/03/73 Irrigação
94 56 Portal Furo FBE-157 PA 55 1686 25,4 20/04/00 Irrigação
95 56 Castelo Poço 105 Al Praticamente
Grande seco
96 56 Castelo Poço 4 Al 1480 25,4 7,12 Irrigação
Grande
97 56 Castelinho Poço 111 Al 1100 25.,6 5,34 Irrigação
98 56 Praia Furo PA 88 7820 26,5 06/01/78 Irrigação
Baixo FT-109
99 56 Baia Poço 88 Al 5830 27.,0 8,4 Irrigação
100 56 Baia Poço 87 Al 5560 25,2 8.,23 Irrigação
101 56 Praia Baixo Poço 44 Al 1540 25,4 12,72 Irrigação
102 56 Moia- Moia Poço 114 Al 1820 26, 6 8 Irrigação
103 57 Santa Furo PA 216 760 19,3 13/06/90 Abastecimento
Clara FBE-138 (LRi)
104 57 Santana Nasc.19 PA 157 380 26,6 Abastecimento
e Irrigação
105 57 São João Furo lr 144 1000 28,9 13/09/74 Abastecimento
Baptista FT-153 e Irrigação
106 57 Belém Nasc.8 PA Seco
107 57 São Gonçalo Nasc. 14 PA 8 440 26,8 Abastecimento
108 57 Delgado Nasc. 30 PA/lr 4 920 27,7 Abastecimento
dos animais
109 57 Alfarroba Furo PA/lr 104 821 27 07/03/90 Abastecimento
FT-353 e Irrigação
110 57 Ribeira Nasc. 31 lr 3 930 28.,6 Abastecimento
Gem-Gem dos animais
| 162 |
tab. 6.4.1.1. (continuação) Características gerais dos 132 pontos de água distribuídos por toda a ilha no
âmbito desta dissertação na estação “seca ou das brisas“
N.º Ref Folha Loca- Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Nivel Exploração Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (m) (início)
Furo Nascente
111 58 Águas Nasc. 9 PA 614 377 26.,2 Abastecimento
Verdes e Irrigação
112 58 Bica Nasc.3 PA 61,7 420 26,4 Irrigação
113 58 Convento Nasc. 1 PA 792 408 26,9 Abastecimento
e Irrigação
114 58 Ribeira Grande Poço 2 Al/LRi 3140 24,5 6,8 Irrigação
115 58 Águas Nasc. PA 864 380 26,1 Abastecimento
Verdes 10+11 e Irrigação
116 58 Lapa Furo FBE - 1 PA 400 364 24,8 29/09/87 Abasteciment
o
Cachorro da Praia
e Salineiro
117 58 Trindade Nasc. 53 PA 61.7 420 26,4 Abastecimento
118 58 Assembleia Furo PA 1060 27,3 28 Piezómetro
Nacional FBE-44
119 58 João Furo PA 514 370 28.,0 16/06/80 Abastecimento
Varela FT-202
120 58 João Furo PA 272 400 27,5 24/02/88 Abastecimento
Varela FBE-58
121 58 S. Martinho Furo PA 60 490 26,6 28/01/92 Irrigação
Pequeno FBE - 18
122 58 João Nasc. - 23 PA 66,4 420 26,4 Abastecimento
Varela e Irrigação
123 58 João Nasc.- 22+24 PA 34,5 411 27,7 Abastecimento
Varela e Irrigação
124 58 Sanharé Nasc.- 257 PA 11,3 478 26,7 Abastecimento
e Irrigação
125 58 Ribeirão Furo PA 144 740 26,4 Abastecimento
Chiqueiro FBE - 53
126 58 S. Jorginho Nasc. - 56 PA/CA 24,3 610 26,3 Abastecimento
e Irrigação
127 59 S. Francisco Nasc. - 24 PA/CA 20 1810 25,2 Irrigação
128 59 S. Francisco Poço - 18 Al Entupido
129 59 Porto Lobo Poço - 30 Al Seco
130 59 Portete Poço - 9 Al Seco
131 59 S. Tomé Poço - 6 Al Seco
132 59 Portinho Poço - 10 Al 53510 25 Sem utilização
| 163 |
tab. 6.4.1.2. Pontos de Água por carta
Nascente Furo Poço Total
Folha 48 2 3 2 7
Folha 49 3 9 2 14
Folha 50 3 2 1 6
Folha 51 6 8 2 16
Folha 52 2 5 5 12
Folha 53 3 0 0 3
Folha 54 3 8 2 13
Folha 55 4 12 2 18
Folha 56 0 6 7 13
Folha 57 5 3 0 8
Folha 58 9 6 1 16
Folha 59 1 0 5 6
Total 41 62 29 132
Fonte: Alberto Mota Gomes e A. Filipe Lobo de Pina, 2003
6.4.2. Seguimento de pontos de água durante a estação “das águas” ou
“das chuvas” – Outubro e Novembro
Fizemos o seguimento dos pontos de água no período Outubro/Novembro, que
coincidiu com boas quedas pluviométricas e bem repartidas no espaço e no tempo,
o que permitiu um ano agrícola, que foi considerado de razoável.
Foi possível sentir a reacção dos pontos de água observados nesses meses
de Outubro e Novembro de 2003, quer no que respeita à extracção, quer quanto
à variação da condutividade eléctrica observada nos trabalhos de campo e,
posteriormente, controlada pelos resultados das análises laboratoriais realizadas
no Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário (INIDA), Entidade
Nacional que colaborou connosco neste trabalho.
| 164 |
tab. 6.4.2.1. Características gerais dos 132 pontos de água distribuídos por toda a ilha no âmbito desta
dissertação na estação das “águas” ou das “chuvas “
N.º Ref Folha Loca- Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Nivel Exploração Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (m) (início)
Furo Nascente
3 48 Ponto Ferro Furo AlPA 690 25,0 13,85 Piezómetro
(Chão Bom) FT-27
4 48 Pedra Nasc. dvPA - 8,0 790 21,1 - - Abastecimento
Empena 26
5 48 Colonato Poço de 1002 27, 5 2, 63 - Sem utilização
22
6 48 João Nasc. PA 6,0 630 27,5 _ Abastecimento
dos animais
Vaz 30
7 48 Chão Poço 9 de 1140 27, 3 3,02 _ Sem utilização
Bom
8 49 Biscaínho Poço Al 8220 23,9 7,10 _ Abastecimento
de animais
22
9 49 Pedra Furo PA _ 2870 25,0 62,17 _ Piezómetro
Comprida SST-15
10 49 Cabeça Furo PA _ 1370 26,6 93,51 _ Piezómetro
do Leão SST-10
11 49 Achada Furo PA _ 1850 26, 9 92,33 _ Piezómetro
Tomás SST-35
12 49 Achada Furo PA _ 1710 26, 8 93,68 Piezómetro
Tomás SST-25
13 49 Cobom Nasc. 5 CBm 3,0 1020 24, 7 - Sem utilização
Largo
14 49 Baía de Nasc. 18 CBm 10,0 2640 28, 5 - Abastecimento
Madronho de animais
15 49 Angra Nasc. 16 PA/CA 2,0 2020 24, 3 - Irrigação
16 49 Achada Furo PA 45 920 27, 2 - 25/02/87 Abastecimento
Tomás SST-30
17 49 Achada Furo PA 240 515 25, 2 - 02/11/82 Abastecimento
Tomás SST-21 e Irrigação
18 49 Achada Furo PA - 1410 25, 1 68,57 Piezómetro
Tomás SST-31
19 49 Lém Furo Al/PA 330 963 24, 8 - 05/02/73
Abastecimento
Mendes FT-29 e Irrigação
20 49 Lém Furo Al/PA 80 572 26, 1 - 13/08/89 Abastecimento
Mendes FBE-129
21 49 Chão Poço 19 Al 4930 24, 2 5, 97 Sem utilização
de Ferro
22 50 Ribeira Poço 5 Al 845 25,8 6,40 Abastecimento
de Cuba animais
23 50 Ribeira Furo Al/A 120,0 1350 26,5 04/04/97 Abastecimento
de Charco FBE-170
24 50 Angra Nasc. 20 PA 40 450 27.0
| 165 |
tab. 6.4.2.1. (continuação) Características gerais dos 132 pontos de água distribuídos por toda a ilha no
âmbito desta dissertação na estação das “águas” ou das “chuvas “
N.º Ref Folha Loca- Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Nivel Exploração Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (m) (início)
Furo Nascente
25 50 Ribeira Furo Al/A 96,0 1840 27,9 Irrigação
de Charco FBE-201 e Indústria
26 50 Angra Nasc. 18 PA 30 462 27.3
27 50 Angra Nasc. 10 PA 20 458 27.6
28 51 Porto Poço 91 Al 3320 25,8 5,20 Irrigação
Formoso
29 51 Ribeira Furo FBE - 150 Al/PA 45,0 474 26,1 - 18/05/94 Abastecimento
de Cuba e Irrigação
30 51 Ribeira Furo FBE - 151 Al/PA 140,0 363 24,5 20/06/94 Abastecimento
das Pratas e Irrigação
31 51 Porto Nasc. 95 PA 3,0 590 27,3 Abastecimento
Formoso
32 51 Águas Nasc. 6/7/8 A 492,0 690 25,1 Abastecimento
Podres e Irrigação
33 51 Ribeira Nasc. 123 PA 10,0 510 22,6 Irrigação
Principal
34 51 Boca Poço 273 Al 1064 26,0 12,0 Irrigação
Ribeira
Principal
35 51 Porto Furo PA 66,0 626 26,6 18/06/99
Abastecimento
Hortelã FBE-188
36 51 Chã FBE - 112 PA 32,0 1040 25,2 26/06/88 Abastecimento
de Horta e irrigação
37 51 Machado Nasc. PA 50,8 529 24,2 - - Abastecimento
201 e Irrigação
38 51 Saltos Nasc. 270 ?? - - - - - Seco
Acima
39 51 Mato Furo PA 15,0 400 25,2 18/12/89 Abastecimento
Mendes FBE-131
40 51 Milho Furo PA 15,0 462 24,7 09/07/87 Abastecimento
Branco FBE-113
41 51 Flamengos Furo ?? 40,0 1220 28,0 - - Abastecimento
FT-5 e Irrigação
42 51 Chã Nasc. PA 10,0 973 24,3 - - Irrigação
de Ferro 253
43 51 Achada Furo MV/A 67,5 446 25,6 - 03/08/86 Abastecimento
Fora FBE 73
44 52 Ponta Poço 29 Al - 2500 26,6 8,95 - Irrigação
Verde
45 52 Ribeireta FT 39 Al/PA 200,0 1420 26,0 - 08/08/75 Irrigação
46 52 Calhetona Furo Al/?? - 1980 26.,5 6,20 - Piezómetro
FT 62
47 52 Calhetona Furo Al/?? 360,0 2690 26,5 07/01/73 Irrigação
SP 12
| 166 |
tab. 6.4.2.1. (continuação) Características gerais dos 132 pontos de água distribuídos por toda a ilha no
âmbito desta dissertação na estação das “águas” ou das “chuvas “
N.º Ref Folha Loca- Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Nivel Exploração Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (m) (início)
Furo Nascente
48 52 Saltos Furo ?? 48,0 1580 27, 0 - - Abastecimento
FT 47 e Irrigação
49 52 Saltos Poço 81 Al - 7160 24,8 6.58 - Irrigação
50 52 Flamengos Furo ?? 16,0 1380 27, 9 _ 09/09/92 Abastecimento
FBE 145 e Irrigação
51 52 Saltos Nasc.154 ?? 2,0 1630 27, 5 - - Irrigação
52 52 Ribeirão Nasc. 33 ?? 70,0 1220 27, 9 - - Irrigação
Boi
53 52 Ribeira Poço 42 Al - 12250 27, 3 4,30 - Sem
dos Picos utilização
54 52 Coqueiro Poço 126 Al - 6320 23, 6 4, 80 - Irrigação
55 52 Cabeça Poço 132 Al - 1150 25.,3 7,50 - Irrigação
de Horta
56 53 Achada Nasc. 12 PA 8,6 778 27, 8 Abastecimento
Leite e irrigação
57 53 Achada Nasc. 10 PA 120,0 816 28, 5 Irrigação
Leite
58 53 Achada Nasc. 2 PA - 927 24, 3 Irrigação
Leite
59 54 Boa Nasc. 128 A/CA 172,8 550 25, 1 Irrigação
Entrada
60 54 Achada FBE - 97 PA/CA 30,0 1680 27, 2 10/11/88 Abastecimento
Igreja
61 54 Mato Poço 436 Al 1370 27, 6 1, 08 Irrigação
Sancho
62 54 Mosquito Furo FT- 227 PA 16,0 540 28 11/03/88 Abastecimento
de Horta e Irrigação
63 54 Boa Entrada Furo CA 36,0 1780 26, 3 08/12/86 Abastecimento
(Polom) FBE-74 e Irrigação
64 54 Boa Poço 456 Al 1350 26.,4 7,00 Irrigação
Entradinha
65 54 Achada Furo A 150,0 526 25, 1 26/08/88 Abastecimento
Galego FBE116
66 54 Ribeira de Nasc. 6 A/CA 14,4 950 27,3 Abastecimento
Sedeguma de animais
e Irrigação
67 54 Pinha de Furo CA 30,0 1210 28,0 15/05/89 Abastecimento
Engenho FBE-89
68 54 João Furo PA 36,0 428 27,0 05/06/87 Abastecimento
Bernardo FBE-95
69 54 Carris Furo A 360,0 613 25, 1 05/06/95 Abastecimento
Morto FBE-161
70 54 Ribeira Nasc. 118 PA/?? 172,8 540 20 Abastecimento
Selada e Irrigação
| 167 |
tab. 6.4.2.1. (continuação) Características gerais dos 132 pontos de água distribuídos por toda a ilha no
âmbito desta dissertação na estação das “águas” ou das “chuvas “
N.º Ref Folha Loca- Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Nivel Exploração Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (m) (início)
Furo Nascente
71 54 Várzea Furo FT- 21 PA 52,0 1256 24,9 19/06/73 Abastecimento
Santana e Irrigação
72 55 Telha Furo FT- 81 ?? 57,6 1270 25,5 04/10/84 Abastecimento
e Irrigação
73 55 Água Nasc. 472 PA 57,6 430 25,3 Abastecimento
de Gato e Irrigação
74 55 Lagoa Nasc. 555 PA 108,0 480 22,8 Abastecimento
e Irrigação
75 55 Monte Furo PA 192,0 3100 27,5 11/07/74 Irrigação
Negro FT-78
76 55 Neta Furo CA 32,0 1615 25,0 06/09/73 Irrigação
Gomes FT-13
77 55 Paulado Furo PA 150,0 1250 26,3 22/08/02 Irrigação
FBE-169
78 55 Cutelo Furo PA 405,0 1150 25,5 18/08/73 Abastecimento
Coelho FT-63 e Irrigação
79 55 Caiumbra Furo CB 57,6 1245 26,2 17/04/85 Irrigação
BE-56
80 55 Boca Poço 338 Al 916 23,5 1,37 Irrigação
Larga
81 55 Boca Nasc. Al 1180 25.,7 Irrigação
Larga 306
82 55 Chã Furo CB 49,6 1180 26,7 01/08/74 Abastecimento
de Vaca FT-23 e Irrigação
83 55 S. Domingos Furo CA 8.0 2100 27,0 22/02/89 Abastecimento
(Diocese) PT-29 e Irrigação
84 55 Variante Furo CA 24,0 1554 26,4 18/04/74 Irrigação
S. Domingos FT-14
85 55 Jaracunda Furo PA 300,0 1440 25,2 04/06/73 Irrigação
FT-12
86 55 Ribeira Furo PA 400,0 950 27,8 08/10/74 Abastecimento
dos Picos FT-59 e Irrigação
87 55 Macati Furo PA 400,0 1270 26,3 06/03/73 Abastecimento
FT-9 e Irrigação
88 55 Ribeirão Nasc. ?? 20,0 1360 26,3 Irrigação
Boi 538
89 55 Bom Pó Poço 76 Al 1798 26,7 3,45 Irrigação
90 56 Achada Furo PA 154,0 1480 27,7 02/02/76 Irrigação
Baleia FT-40
91 56 Baia Furo FT-44 PA 220,0 2220 28,5 19/07/77 Irrigação
92 56 Doby Furo FT-208 ?? 55,0 1390 29,5 18/01/85 Abastecimento
e Irrigação
93 56 Achada Furo PA 77,0 1486 28.,0 27/03/73 Irrigação
Baleia FT-42
| 168 |
tab. 6.4.2.1. (continuação) Características gerais dos 132 pontos de água distribuídos por toda a ilha no
âmbito desta dissertação na estação das “águas” ou das “chuvas “
N.º Ref Folha Loca- Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Nivel Exploração Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (m) (início)
Furo Nascente
94 56 Portal Furo PA 55,0 1686 25,4 20/04/00 Irrigação
FBE-157
95 56 Castelo Poço 105 Al Praticamente
Grande seco
96 56 Castelo Poço 4 Al 1480 25,4 7,12 Irrigação
Grande
97 56 Castelinho 111 Al 1100 25.,6 5,34 Irrigação
Poço
98 56 Praia Furo PA 88,0 7820 26,5 06/01/78 Irrigação
Baixo FT-109
99 56 Baia Poço 88 Al 5830 27.,0 8,40 Irrigação
100 56 Baia Poço 87 Al 5560 25,2 8.,23 Irrigação
101 56 Praia Poço 44 Al 1540 25,4 12,72 Irrigação
Baixo
102 56 Moia- Poço 114 Al 1820 26, 6 8,0 Irrigação
Moia
103 57 Santa Furo PA 216,0 760 19,3 13/06/90 Abastecimento
Clara FBE-138
104 57 Santana Nasc.19 PA 157,0 380 26,6 Abastecimento
e Irrigação
105 57 São João Furo ?? 144,0 1000 28,9 13/09/74 Abastecimento
Baptista FT-153 e Irrigação
106 57 Belém Nasc.8 PA Seco
107 57 São Nasc. 14 PA 8,0 440 26,8 Abastecimento
Gonçalo
108 57 Delgado Nasc. 30 PA/?? 4 920 27,7 Abastecimento
dos animais
109 57 Alfarroba Furo PA/?? 104,0 821 27,0 07/03/90 Abastecimento
FT-353 e Irrigação
110 57 Ribeira Nasc. 31 ?? 3 930 28.,6 Abastecimento
Gem-Gem dos animais
111 58 Águas Nasc. 9 PA 123,4 377 26.,2 Abastecimento
Verdes e Irrigação
112 58 Bica Nasc.3 PA 14,0 409 27,8 Irrigação
113 58 Convento Nasc. 1 PA 792 408 26,9 Abastecimento
e Irrigação
114 58 Ribeira Poço 2 Al/LRi 3140 24,5 6,80 Irrigação
Grande
115 58 Águas Nasc. PA 864 380 26,1 Abastecimento
Verdes 10+11 e Irrigação
116 58 Lapa Furo PA 400,0 364 24,8 29/09/87 Abastecimento
Cachorro FBE-1 da Praia e
Salineiro
117 58 Trindade Nasc. 53 PA 61.7 420 26,4 Abastecimento
| 169 |
tab. 6.4.2.1. (continuação) Características gerais dos 132 pontos de água distribuídos por toda a ilha no
âmbito desta dissertação na estação das “águas” ou das “chuvas “
N.º Ref Folha Loca- Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Nivel Exploração Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (m) (início)
Furo Nascente
118 58 Assembleia Furo PA 1060 27,3 28,0 Piezómetro
Nacional FBE-44
119 58 João Furo PA 514,0 370 28.,0 16/06/80 Abastecimento
Varela FT-202
120 58 João Furo PA 272,0 400 27,5 24/02/88 Abastecimento
Varela FBE-58
121 58 S. Martinho Furo PA 60,0 490 26,6 28/01/92 Irrigação
Pequeno FBE-18
122 58 João Nasc.-23 PA 66,4 420 26,4 Abastecimento
Varela e Irrigação
123 28 João Nasc. PA 34,5 411 27,7 Abastecimento
Varela 22+24 e Irrigação
124 58 Sanharé Nasc. PA 11,3 478 26,7 Abastecimento
257 e Irrigação
125 58 Ribeirão Furo PA 144,0 740 26,4 Abastecimento
Chiqueiro FBE-53
126 58 S. Jorginho Nasc. PA/CA 24,3 610 26,3 Abastecimento
56 e Irrigação
127 59 S. Francisco Nasc. CA 20 1810 25,2 Irrigação
24
128 59 S. Francisco Poço Al Entupido
18
129 59 Porto Poço Al Seco
Lobo 30
130 59 Portete Poço 9 Al Seco
131 59 S. Tomé Poço 6 Al Seco
132 59 Portinho Poço 10 Al 53510 25,0 Sem utilização
Síntese conclusiva - Observações de 2003
O seguimento dos pontos de água seleccionados no decorrer do ano 2003,
confirmaram que o Complexo Eruptivo Principal (C.E.P), também conhecido pelo
Complexo Eruptivo do Pico de Antónia (PA) é o aquífero principal da ilha, devendo-
se destacar a sub-unidade formada por mantos basálticos submarinos (pillow-lavas)
que fornece um caudal horário de cerca de 35m3/h a 40m3/h para uma bombagem
diária aconselhada, tecnicamente, de doze horas, com possibilidades de aumentar
o número de horas de bombagem por dia, caso as circunstâncias assim o exigirem,
com a obrigatoriedade de se implementar um controlo rigoroso da exploração, a
nível geral da ilha.
| 170 |
Isto obriga a que cuidados especiais devem ser seguidos na parte terminal das
ribeiras, principalmente, quando os furos estão implantados em mantos basálticos
submarinos (pillow-lavas) do Complexo Eruptivo do Pico de Antónia (PA), uma vez
que têm sido detectados indícios de intrusão salina, nomeadamente na Ribeira Seca,
do concelho de Stª Cruz, na Achada Baleia, do concelho de S. Domingos e em Chão
Bom, do concelho do Tarrafal.
Por isso, é de se enaltecer o esforço que o Instituto Nacional de Gestão
de Recursos Hídricos vem fazendo para cumprir o programa de controlo de
exploração previamente elaborado.
6.5. OBSERVAÇÕES AO LONGO DO ANO 2004
Para complementar o seguimento dos pontos de água no decorrer do ano 2003,
achamos por bem fazer o seguimento de 8 pontos de água (6 furos e 2 nascentes)
em 6 concelhos da ilha de Santiago (tab. 6.5.1 e 6.5.2).
Além das determinações de alguns parâmetros no terreno tivemos, mais uma
vez, a colaboração do Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário
(INIDA), à semelhança do que tinha acontecido com as análises recolhidas no
decorrer do ano 2003.
tab. 6.5.1. Características gerais dos pontos de água assinalados na carta na escala 1: 100.000, na
figura 60, no mês de Janeiro de 2004
N.º Ref Folha Loca- Mês Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (início)
Furo Nascente
1 54 Carris Jan. Furo FBE 161 A 400 720 23.5 Abastecimento
Morto
2 52 Ribeireta Jan. Furo FT 39 PA 420 1350 24.9 Irrigação
3 55 Macaty Jan. Furo FT 9 PA 520 1060 26.5 Abastecimento
e Irrigação
4 58 Ribeirão Jan. Furo FBE 53 PA 216 740 25.4 Abastecimento
Chiqueiro
5 49 Lém Mendes Jan. Furo FT 29 PA 540 990 25.2 Abastecimento
e Irrigação
6 58 Lapa Jan. Furo FBE 1A PA 400 360 25.4 Abastecimento
Cachorro da Praia
e Salineiro
7 58 Convento Jan. Nascente 1 PA 732 410 26.7 Abastecimento
e Irrigação
8 58 Águas Jan. Nascente PA 864 390 24.4 Abastecimento
Verdes 10+11 e Irrigação
| 171 |
tab. 6.5.2. Características gerais dos pontos de água assinalados na carta na escala 1: 100.000, na
figura 60, no mês de Fevereiro de 2004
N.º Ref Folha Loca- Mês Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (início)
Furo Nascente
1 54 Carris Morto Fev Furo FBE 161 A 400 980 24.5 Abastecimento
2 52 Ribeireta Fev Furo FT 39 PA 420 1380 25.3 Irrigação
3 55 Macaty Fev Furo FT 9 PA 520 1010 26.3 Abastecimento
e Irrigação
4 58 Ribeirão Fev. Furo PA 216 730 26.0 Abastecimento
Chiqueiro FBE 53
5 49 Lém Fev. Furo FT 29 PA 540 980 24.5 Abastecimento
Mendes e Irrigação
6 58 Lapa Fev. Furo FBE 1A PA 400 356 27.5 Abastecimento
Cachorro da Praia
e Salineiro
7 58 Convento Fev. Nascente 1 PA 732 410 27.0 Abastecimento
e Irrigação
8 58 Águas Fev. Nascente 10+11 PA 864 379 26.7 Abastecimento
Verdes e Irrigação
tab. 6.5.3. Características gerais dos pontos de água assinalados na carta na escala 1: 100.000, na
figura 60, no mês de Março de 2004
N.º Ref Folha Loca- Mês Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (início)
Furo Nascente
1 54 Carris Morto Mar. Furo FBE 161 A 400 640 24.7 Abastecimento
2 52 Ribeireta Mar. Furo FT 39* PA 336 1390 24.5 Irrigação
3 55 Macaty Mar. Furo FT 9 PA 520 990 26.4 Abastecimento
e Irrigação
4 58 Ribeirão Mar. Furo FBE 53 PA 216 740 26.4 Abastecimento
Chiqueiro
5 49 Lém Mar. Furo FT 29 PA 540 1100 23.8 Abastecimento
Mendes e Irrigação
6 58 Lapa Mar. Furo FBE 1A PA 400 392 28.8 Abastecimento
Cachorro da Praia
e Salineiro
7 58 Convento Mar. Nascente 1 PA 732 414 27.2 Abastecimento
e Irrigação
8 58 Águas Mar. Nascente PA 864 283 26.2 Abastecimento
Verdes 10+11 e Irrigação
| 172 |
tab. 6.5.4. Características gerais dos pontos de água assinalados na carta na escala 1: 100.000, na
figura 60, no mês de Abril de 2004
N.º Ref Folha Loca- Mês Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (início)
Furo Nascente
1 54 Carris Morto Abr. Furo FBE 161 A 400 640 25.0 Abastecimento
2 52 Ribeireta Abr. Furo FT 39 PA 420 1390 25.3 Irrigação
3 55 Macaty Abr. Furo FT 9 PA 520 990 24.3 Abastecimento
e Irrigação
4 58 Ribeirão Abr. Furo FBE 53 PA 216 730 27.2 Abastecimento
Chiqueiro
5 49 Lém Abr. Furo FT 29 PA 540 900 23.7 Abastecimento
Mendes e Irrigação
6 58 Lapa Abr. Furo FBE 1A PA 400 377 28.0 Abastecimento
Cachorro da Praia
e Salineiro
7 58 Convento Abr. Nascente 1 PA 732 427 28.2 Abastecimento
e Irrigação
8 58 Águas Abr. Nascente PA 864 416 29.0 Abastecimento
Verdes 10+11 e Irrigação
tab. 6.5.5. Características gerais dos pontos de água assinalados na carta na escala 1: 100.000, na
figura 60, no mês de Maio de 2004
N.º Ref Folha Loca- Mês Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (início)
Furo Nascente
1 54 Carris Mai. Furo FBE 161 A 400 640 26.8 Abastecimento
Morto
2 52 Ribeireta Mai. Furo FT 39 PA 420 1493 29.1 Irrigação
3 55 Macaty Mai. Furo FT 9 PA 520 1024 28.1 Abastecimento
e Irrigação
4 58 Ribeirão Mai. Furo FBE 53 PA 216 763 28.7 Abastecimento
Chiqueiro
5 49 Lém Mai. Furo FT 29 PA 540 914 26.5 Abastecimento
Mendes e Irrigação
6 58 Lapa Mai. Furo FBE 1A PA 400 360 24.9 Abastecimento
Cachorro da Praia
e Salineiro
7 58 Convento Mai. Nascente 1 PA 732 410 26.1 Abastecimento
e Irrigação
8 58 Águas Mai. Nascente PA 864 390 25.2 Abastecimento
Verdes 10+11 e Irrigação
| 173 |
tab. 6.5.6. Características gerais dos pontos de água assinalados na carta na escala 1: 100.000, na
figura 60, no mês de Junho de 2004
N.º Ref Folha Loca- Mês Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (início)
Furo Nascente
1 54 Carris Mai. Furo FBE 161 A 400 640 26.8 Abastecimento
1 54 Carris Jun. Furo FBE 161 A 400 628 27.0 Abastecimento
Morto
2 52 Ribeireta Jun. Furo FT 39 PA 420 1395 26.2 Irrigação
3 55 Macaty Jun. Furo FT 9 PA 520 1003 25.0 Abastecimento
e Irrigação
4 58 Ribeirão Jun. Furo FBE 53 PA 216 730 27.6 Abastecimento
Chiqueiro
5 49 Lém Jun. Furo FT 29 PA 540 936 25.9 Abastecimento
Mendes e Irrigação
6 58 Lapa Jun. Furo FBE 1A PA 400 365 30.8 Abastecimento
Cachorro da Praia
e Salineiro
7 58 Convento Jun. Nascente 1 PA 732 401 28.2 Abastecimento
e Irrigação
8 58 Águas Jun. Nascente PA 864 380 29.0 Abastecimento
Verdes 10+11 e Irrigação
tab. 6.5.7. Características gerais dos pontos de água assinalados na carta na escala 1: 100.000, na
figura 60, no mês de Julho de 2004
N.º Ref Folha Loca- Mês Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (início)
Furo Nascente
1 54 Carris Jul. Furo FBE 161 A 400 626 27.1 Abastecimento
Morto
2 52 Ribeireta Jul. Furo FT 39 PA 420 1398 27.5 Irrigação
3 55 Macaty Jul. Furo FT 9 PA 520 1005 26.7 Abastecimento
e Irrigação
4 58 Ribeirão Jul. Furo FBE 53 PA 216 729 27.2 Abastecimento
Chiqueiro
5 49 Lém Jul. Furo FT 29 PA 540 939 26.3 Abastecimento
Mendes e Irrigação
6 58 Lapa Jul. Furo FBE 1A PA 400 367 29.5 Abastecimento
Cachorro da Praia
e Salineiro
7 58 Convento Jul. Nascente 1 PA 732 400 28.0 Abastecimento
e Irrigação
8 58 Águas Jul. Nascente PA 864 379 27.8 Abastecimento
Verdes 10+11 e Irrigação
| 174 |
tab. 6.5.8. Características gerais dos pontos de água assinalados na carta na escala 1: 100.000, na
figura 60, no mês de Agosto de 2004
N.º Ref Folha Loca- Mês Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (início)
Furo Nascente
1 54 Carris Ago. Furo FBE 161 A 400 630 27.5 Abastecimento
Morto
2 52 Ribeireta Ago. Furo FT 39 PA 420 1340 29.8 Irrigação
3 55 Macaty Ago. Furo FT 9 PA 520 977 27.4 Abastecimento
e Irrigação
4 58 Ribeirão Ago. Furo FBE 53 PA 216 704 29.7 Abastecimento
Chiqueiro
5 49 Lém Ago. Furo FT 29 PA 540 1039 26.2 Abastecimento
Mendes e Irrigação
6 58 Lapa Ago. Furo FBE 1A PA 400 360 27.0 Abastecimento
Cachorro da Praia
e Salineiro
7 58 Convento Ago. Nascente 1 PA 732 411 26.1 Abastecimento
e Irrigação
8 58 Águas Ago. Nascente PA 864 376 26.5 Abastecimento
Verdes 10+11 e Irrigação
tab. 6.5.9. Características gerais dos pontos de água assinalados na carta na escala 1: 100.000, na
figura 60, no mês de Setembro de 2004
N.º Ref Folha Loca- Mês Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (início)
Furo Nascente
1 54 Carris Set. Furo FBE 161 A 400 660 27.0 Abastecimento
Morto
2 52 Ribeireta Set. Furo FT 39 PA 420 1388 27.2 Irrigação
3 55 Macaty Set. Furo FT 9 PA 520 1192 28.6 Abastecimento
e Irrigação
4 58 Ribeirão Set. Furo FBE 53 PA 216 722 26.8 Abastecimento
Chiqueiro
5 49 Lém Set. Furo FT 29 PA 540 138 27.3 Abastecimento
Mendes e Irrigação
6 58 Lapa Set. Furo FBE 1A PA 400 370 26.5 Abastecimento
Cachorro da Praia
e Salineiro
7 58 Convento Set. Nascente 1 PA 732 394 28.2 Abastecimento
e Irrigação
8 58 Águas Set. Nascente PA 864 375 29.9 Abastecimento
Verdes 10+11 e Irrigação
| 175 |
tab. 6.5.10. Características gerais dos pontos de água assinalados na carta na escala 1: 100.000, na
figura 60, no mês de Outubro de 2004
N.º Ref Folha Loca- Mês Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (início)
Furo Nascente
1 54 Carris Out. Furo FBE 161 A 400 624 27.0 Abastecimento
Morto
2 52 Ribeireta Out. Furo FT 39 PA 420 1275 29.2 Irrigação
3 55 Macaty Out. Furo FT 9 PA 520 1003 27.6 Abastecimento
e Irrigação
4 58 Ribeirão Out. Furo FBE 53 PA 216 706 28.8 Abastecimento
Chiqueiro
5 49 Lém Out. Furo FT 29 PA 540 884 28.4 Abastecimento
Mendes e Irrigação
6 58 Lapa Out. Furo FBE 1A PA 400 460 29.7 Abastecimento
Cachorro da Praia
e Salineiro
7 58 Convento Out. Nascente 1 PA 732 394 28.2 Abastecimento
e Irrigação
8 58 Águas Out. Nascente PA 864 376 29.9 Abastecimento
Verdes 10+11 e Irrigação
tab. 6.5.11. Características gerais dos pontos de água assinalados na carta na escala 1: 100.000, na
figura 60, no mês de Novembro de 2004
N.º Ref Folha Loca- Mês Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (início)
Furo Nascente
1 54 Carris Out. Furo FBE 161 A 400 624 27.0 Abastecimento
1 54 Carris Nov. Furo FBE 161 A 400 634 25.4 Abastecimento
Morto
2 52 Ribeireta Nov. Furo FT 39 PA 420 1386 27.2 Irrigação
3 55 Macaty Nov. Furo FT 9 PA 520 1007 27.9 Abastecimento
e Irrigação
4 58 Ribeirão Nov. Furo FBE 53 PA _ _ _ Avariado
Chiqueiro
5 49 Lém Nov. Furo FT 29 PA 540 1386 27.2 Abastecimento
Mendes e Irrigação
6 58 Lapa Nov. Furo A PA 400 337 29.4 Abastecimento
Cachorro FBE 1 da Praia
e Salineiro
7 58 Convento Nov. Nascente 1 PA 732 395 28.6 Abastecimento
e Irrigação
8 58 Águas Verdes Nov. Nascente PA 864 370 29.1 Abastecimento
10+11 e Irrigação
| 176 |
tab. 6.5.12. Características gerais dos pontos de água assinalados na carta na escala 1: 100.000, na
figura 60, no mês de Dezembro de 2004
N.º Ref Folha Loca- Mês Ponto Geologia Caudal Condutividade Tº Finalidade
lização de Água m3/d (µS/cm) (ºC) (início)
Furo Nascente
1 54 Carris Dez. Furo FBE 161 A 400 615 25.2 Abastecimento
Morto
2 52 Ribeireta Dez. Furo FT 39 PA 420 1380 26.9 Irrigação
3 55 Macaty Dez. Furo FT 9 PA 520 984 26.5 Abastecimento
e Irrigação
4 58 Ribeirão Dez. Furo FBE 53 PA _ _ _ Avariado
Chiqueiro
5 49 Lém Mendes Dez. Furo FT 29 PA 540 930 25.0 Abastecimento
e Irrigação
6 58 Lapa Dez. Furo FBE 1A PA 400 350 25.4 Abastecimento
Cachorro da Praia
e Salineiro
7 58 Convento Dez. Nascente 1 PA 732 411 26.5 Abastecimento
e Irrigação
8 58 Águas Dez. Nascente PA 864 374 24.1 Abastecimento
Verdes 10+11 e Irrigação
Síntese conclusiva - Observações de 2004
Na sequência dos estudos hidrogeológicos realizados em Cabo Verde de 1969
a 2006 chega-se à conclusão de que as perfurações e sondagens revelaram que
todas as formações geológicas são aquíferas, devendo-se destacar que o Complexo
Eruptivo Principal, também conhecido por Complexo Eruptivo do Pico de Antónia
(PA) é o aquífero principal.
Verifica-se que as formações que proporcionam maior volume de água explorada
e a de melhor qualidade, são o Complexo Eruptivo do Pico de Antónia (PA) e a
Formação da Assomada (A).
É nosso entendimento de que as formações aquíferas se comportam, considerando
o seu todo, como uma única grande toalha que engloba toda a ilha ilha. Por isso, é
de se aceitar que o esquema hidráulico geral é o de um grande reservatório central
(região da Assomada que se situa entre o maciço do Pico de Antónia e o maciço da
Malagueta) constituído, essencialmente, pela Unidade Intermédia, drenada pelos
numerosos vales. Os escoamentos à periferia deste reservatório fazem-se quer na
base das grandes escoadas que descem até ao mar, quer no substrato constituído
pelas formações da “Unidade de Base” (CA, ρ, CB).
A experiência diz-nos que na periferia da ilha os diversos aquíferos são drenados
pelos níveis de permeabilidade elevada, como são exemplos as espessas toalhas
aluviais (Casos concretos da Ribeira Seca e da Ribeira dos Picos no Concelho de Santa
| 177 |
Cruz) e as pillow – lavas do Complexo Eruptivo do Pico de Antónia, principalmente
nos concelhos de Santa Cruz, do Tarrafal e da Praia, que têm proporcionado furos
com caudais da ordem de 35/40 m3/h e uma bombagem aconselhada de 12 horas
por dia e de água de boa qualidade.
Aconselha-se que se dê uma atenção muito especial ao controlo da exploração,
tendo em vista precaver-se contra indícios de contaminação salina na parte terminal
das ribeiras bem exploradas, assim como o evitar um abaixamento pronunciado dos
níveis de água nas partes média e alta das ribeiras.
6.6. INTERPRETAÇÃO DE ENSAIOS DE CAUDAL
6 .6 .1. Introdução
Imediatamente a seguir à construção dos furos de captação tem-se por norma
a realização de ensaios de bombagem com a finalidade de determinar o caudal
aconselhável para a exploração do furo.
Trata-se de um método de trabalho que consiste na observação dos rebaixamentos
ao longo da duração da bombagem com caudais bem determinados e, também, no
seguimento da recuperação imediatamente a seguir à paragem da bombagem.
Em Cabo Verde, temos realizado ensaios de bombagem que englobem um
chamado ensaio escalonado, preliminar ou de patamares, de caudal variável e, logo a
seguir à paragem da bombagem, o seguimento da recuperação com o mesmo tempo
da duração da bombagem utilizado para cada patamar e, logo no dia seguinte, um
ensaio de longa duração, de caudal constante. Após a paragem da bombagem segue-
se a recuperação com o mesmo tempo da duração da bombagem do ensaio de
longa duração.
O ensaio preliminar tem por finalidade determinar o caudal aconselhável para
a realização do ensaio de longa duração, enquanto que este tem por objectivo
determinar o caudal aconselhável para a exploração do furo.
Deve-se salientar que no ensaio preliminar, escalonado ou de patamares, os
caudais dos diversos patamares ou escalões devem ter a mesma duração (uma
hora, duas horas ou três horas), seguindo a recuperação com a mesma duração de
um dos patamares. Quanto ao ensaio de longa duração, por norma, tem sido de 24,
48 ou 72 horas o tempo de bombagem para, imediatamente a seguir à paragem da
bomba, se medir a recuperação durante o mesmo tempo da duração da bombagem,
isto é, 24, 48 ou 72 horas
| 178 |
Durante os ensaios quer preliminar, escalonado ou de patamares, quer de longa
duração, deve-se proceder à medição de caudais de bombagem e de níveis de
água (rebaixamentos) em intervalos de tempo previamente determinados. Durante a
recuperação de níveis também é obrigatória a sua medição.
6 .6 .2. Interpretação de Ensaios de Bombagem
Na recolha de todas as informações hidrogeológicas a que procedemos, foi
possível obter dados de campo de vários ensaios de bombagem, quase sempre
realizados na fase final da construção dos furos de captação. Estes dados ora
correspondem a ensaios de bombagem, ora são de medições da fase de recuperação
consequente à extracção.
Há casos em que os testes tiveram a configuração de ensaios escalonados
(também designados por ensaios em patamares). Noutros casos, as variações
de caudal foram provocadas por diminuição do rendimento do sistema de
bombagem como resposta à depressão dos níveis piezométricos, o que complica as
interpretações ou até as pode inviabilizar.
Se é certo que nem sempre os ensaios disponíveis se podem considerar de boa
qualidade, foi decidido proceder à sua interpretação por nos parecer ser a única
possibilidade de quantificar parâmetros hidrogeológicos fundamentais a uma
caracterização minimamente válida.
Em quase todos os casos aqui tratados, as medições piezométricas foram
levadas a cabo nos próprios furos ensaiados, o que impede a obtenção de valores
do coeficiente de armazenamento com grau de segurança aceitável. Há algumas
excepções e que serão devidamente destacadas na altura oportuna.
Para obviar à complexidade inerente à interpretação de ensaios escalonados pelos
métodos clássicos (isto é, por interpretações hoje ditas de “manuais”), foi decidido
utilizar programas informatizados nas interpretações que se apresentam nesta
dissertação, para o que contámos com o apoio do Sr. Professor Costa Almeida da
Universidade de Lisboa. Os dois programas usados foram o Aqtesolv, desenvolvido
por HydroSOLVE, Inc. e o Pump Test, programa desenvolvido pelo próprio Professor
Costa Almeida e gentilmente posto à nossa disposição para este trabalho.
Nem sempre foi bom o ajuste entre os pontos simulados pelos programas e os
pontos experimentais. Por vezes decidimos interpretar o mesmo ensaio admitindo
condições hidráulicas diferentes (por exemplo, aquífero confinado e/ou semi-
confinado), tendo sido seleccionada a opção cuja correlação era mais elevada.
No total dispusemos de cerca de três dezenas de furos ensaiados, nalguns
casos com mais do que uma interpretação por furo, quando foi possível dispor, por
exemplo, de dados de recuperação além dos de bombagem.
| 179 |
Os pontos ensaiados cobrem praticamente toda a ilha e todas as unidades
hidrogeológicas consideradas, ou seja, a Unidade de Base, a Unidade Intermédia
e a Unidade Recente. No entanto, há casos em que a mesma captação tem zonas
ranhuradas em mais que uma unidade. Isto acontece com mais frequência entre a
Unidade Recente e a Unidade Intermédia.
UNIDADE DE BASE
À Unidade de Base corresponde o Complexo Eruptivo Interno Antigo, constituído
essencialmente por basaltos sub-aéreos e Fonólitos, quase sempre patenteando
acentuado grau de alteração, a Formação dos Flamenos e a Formação dos Órgãos,
ambas também com um certo grau de alteração.
Foram interpretados os ensaios que se apresentam de seguida.
> furo FBE – 7
Explora o CA.
T=8,4 m2/dia
| 180 |
> furo FT – 5
Está a explorar a Formação dos Flamengos.
Resultado: T=1,1 a 1,5 m2/dia
| 181 |
> furo FBE – 145
Também explora a Formação dos Flamengos.
T=4,43 m2/dia
> furo FT – 15
Explora o CB (Conglomerado Brechóide).
T=3,3 m2/dia
| 182 |
> furo FT – 14
Explora o CA, mas numa zona aonde existem filões basálticos que cortam o CA
T=59,3 m2/dia
| 183 |
> furo FT – 208
Explora a Formação dos Flamengos (λρ), mas numa zona aonde a alteração
é incipiente. A ausência de argilitos resultantes da alteração faz com que a
permeabilidade seja maior.
T=59,3 m2/dia
| 184 |
> furo FT – 198
Parte da coluna já explorará a Unidade Intermédia.
Ensaio com medições em Furo de observação, o que permitiu obter valor para o
coeficiente de armazenamento
T=250 m2/dia S=2,24. 10-2
| 185 |
> FURO FT 21
Explora a Unidade de Base
Resultado: T=36.2 m2 / dia (recuperação)
| 186 |
UNIDADE INTERMÉDIA
> furo FT – 23
Explora a Formação Pico da Antónia.
| 187 |
Resultados: T = 178,0 a 197,7m2 /dia
> furo SST – 21
Explora o PA (Pico da Antónia) de fácies submarina.
Nos ensaios realizados neste furo, verificou-se que o nível piezométrico estabilizou
apenas com 2 cm de rebaixamento para um caudal de 20 m3/H. O ensaio foi repetido
e voltou a haver a mesma reacção.
A recuperação é praticamente instantânea, o que sucedeu em ambos os
ensaios.
Trata-se, seguramente, de efeito de grande armazenamento que “mascara”
completamente a reacção hidráulica da formação aquífera. Se atendermos ao
tipo de formação, com grandes espaços entre as “lavas em almofada” típicas de
fácies submarina, pode considerar-se “normal” este tipo de comportamento da
piezometria.
> furo SST - 30
Também explora formações de fácies submarina do PA.
Foram realizados ensaios com o caudal de 34,4 m3/H e ao fim de apenas 1 minuto
o nível hidrodinâmico estabilizava aos 15 cm de rebaixamento.
Noutro furo, o SST 29, distanciado 29,5 m deste, verificou-se exactamente a
mesma reacção. As recuperações foram também rapidíssimas, sem dar tempo
sequer a medir níveis.
Em ambos os casos se pode aceitar tratar-se de efeito de grande capacidade
de armazenamento. Os pequenos rebaixamentos apenas provocam o fluxo que
| 188 |
alimenta o sistema de extracção, mas como o “armazém” tem grande capacidade,
rapidamente se estabelece um pseudo-regime de equilíbrio. Só se forem realizados
ensaios de duração muito alta (semanas ou até meses…) ou com caudais muito
elevados, seria possível observar rebaixamentos mensuráveis.
> furo FBE – 116
Explora a Formação de Assomada (basalto sub-aéreo)
Os dados disponíveis sobre os testes realizados neste furo de captação (ainda
hoje utilizado para abastecimento da região de Assomada), configuram um ensaio
escalonado, com três patamares, seguido de recuperação.
Os caudais específicos obtidos com os resultados dos três escalões, foram:
1º escalão: q=0,597 l/s/m
2ª escalão: q=0,602 l/s/m
3º escalão: q=0,601 l/s/m
Como se vê, os valores são todos muito semelhantes, pelo que nos oferecem
confiança.
Aplicando a fórmula de Galofré ou a fórmula de Logan, obtêm-se os seguintes
valores para a transmissividade:
com a fórmula de Galofré {T 100 x Q (1/s)/sp(m)}: 60 m2/dia
com a fórmula de Logan {T 1,22 x Q(m3/dia)/sp(m)}: 63 m2/dia
Como se vê os resultados são praticamente iguais.
> furo FBE – 1
Explora a Formação do Pico da Antónia, fácies sub-aérea.
| 189 |
Este ensaio foi realizado com medições num piezómetro de observação
distanciado 37,5 metros do furo de bombagem, o que possibilitou a determinação
do valor do coeficiente de armazenamento.
O modelo que mais se ajusta aos valores de campo é o de Hantush, ou seja, a
reacção é de um aquífero semi-confinado.
Os resultados foram os seguintes:
T=45 m2/dia S=1,58.10-3 B=25m
Como se vê, o valor do factor de drenância (25 metros) é baixo, o que quer dizer
que o efeito de semi-confinamento é pouco perceptível. Isto deve-se ao facto de
ou o aquitardo ser pouco espesso, ou ser de permeabilidade já de certo valor, não
oferecendo grande resistência à entrada de recarga. Quase se pode dizer que o
aquífero, nesta zona, se aproxima, hidraulicamente, de um aquífero freático. No
entanto o valor relativamente baixo do coeficiente de armazenamento, indica tratar-
se de condições de aquífero à pressão.
> furo FT – 202
Explora a formação Pico da Antónia, fácies sub-aérea
T=142 m2/dia (recuperação)
| 190 |
UNIDADE RECENTE
> furo FT – 9
T=2100 m2/dia
> furo FT – 12
T=1700 m2/dia
> furo FT – 63
T=55,3 m2/dia (ensaio de recuperação)
> furo SP – 3
T=2000 m2/dia
| 191 |
> furo SP – 34
T=2746 m2/dia
> furo SP – 39
| 192 |
> furo FBE – 169
Vários ensaios. Parece haver efeito de semi-confinamento, mas com recarga
muito fácil (ou delgada espessura do aquitardo, ou permeabilidade considerável do
aquitardo)
T=67 m2/dia (valor médio)
B= 2m.
1º escalão
| 193 |
2º escalão
> furo PT – 33
> furo SP – 9
T=2010 m2/dia (recuperação)
| 194 |
RECUPERAÇÃO
Importante: Todos estes furos se situam no fundo de ribeiras, onde por cima das
pillow-lavas do PA ocorrem cascalheiras da Unidade Recente.
6.7. UNIDADES HIDROGEOLÓGICAS
MODELO HIDROGEOLÓGICO CONCEPTUAL
As formações geológicas caracterizadas anteriormente formam três unidades hidrogeológicas principais, com características e comportamentos hidráulicos que as diferenciam (FIGURA SEGUINTE).
| 195 |
Fig
. 6.7
.1. M
od
elo
hid
rog
eoló
gic
o c
on
cep
tual
da
ilha
de
San
tiag
o.
| 196 |
A UNIDADE DE BASE é constituída pelo Complexo Eruptivo Interno Antigo(CA) de
idade ante-Miocénico médio, a Formação dos Flamengos (λρ) do Miocénico médio,
e a Formação dos Órgãos Conglomerático-Brechóide, também do Miocénico médio.
Caracteriza-se por um grau de compactação elevado que lhe confere uma baixa
permeabilidade relativamente às formações geológicas mais recentes. Esta unidade
tem valores médios de transmissividade bastante baixos (0,2 a 5 10-5 m2/s) e caudais
médios de exploração também reduzidos. Os caudais máximos esperados são da
ordem de 5 a 7 m3/h.
No caso da Formação dos Flamengos, quando se exploram mantos basálticos
submarinos (com pillow-lavas), a produtividade é mais elevada.
No que respeita à qualidade, as águas desta unidade apresentam-se em geral
com mineralizações elevadas e tanto mais, quanto mais antigas forem as formações
captadas.
A UNIDADE INTERMÉDIA é constituída pelas formações do Complexo Eruptivo
do Pico da Antónia (PA), do Mio-Pliocénico e da Assomada (A)de idade Pliocénico.
O Complexo Eruptivo do Pico da Antónia é a unidade geológica mais extensa e
espessa da ilha e apresenta uma permeabilidade muito superior à série de base,
constituindo assim a principal unidade aquífera.
Nas zonas onde predominam pillow lavas (fácies submarina), os valores da
transmissividade são da ordem de 10-1 a 2 10-2m2/s. Nas zonas de brechas (fácies
subaérea), a transmissividade média é de 1 a 2 10-2m2/s. A produtividade é elevada,
da ordem dos 35 a 40 m3/h nos mantos basálticos submarinos.
O caudal médio de exploração na Formação da Assomada ronda 20-25 m3/h e
rebaixamentos pouco importantes, sendo esta produtividade similar à da fácies
subaérea do Pico da Antónia. A transmissividade calculada é de 10-4 a 5.10-4 m2/s.
As características qualitativas das águas desta unidade são as melhores da ilha
de Santiago.
A UNIDADE RECENTE é constituída pela Formação do Monte das Vacas
(MV) de idade Pliocénico e aluviões (a) do Quaternário. A Formação do Monte
das Vacas (MV), formada principalmente por cones piroclásticos basálticos e
derrames associados, é muito permeável, facilitando a infiltração das águas em
direcção ao aquífero principal. Os aluviões (a), comportam-se de acordo com as
respectivas granulometrias, espessuras e percentagens de argilas. Assim, quando
se apresentam espessas, grosseiras e isentas de argila, possuem porosidade e
permeabilidades elevadas, pelo que permitem furos de grande produtividade, como
se pode observar na parte terminal da Ribeira dos Flamengos, Achada Baleia, Seca e
na Ribeira dos Picos, chegando a atingir caudais médios de exploração 40 m3/h, com
uma exploração média de 12 horas/dia e com uma transmissividade de 10-1 a 2.10-2
| 197 |
m2/s. Quando observados a montante e com espessuras reduzidas o caudal médio
de exploração é de 8 m3/h e com uma transmissividade de 10-4 a 10-5 m2/s.
MODELO HIDROGEOLÓGICO CONCEPTUAL
Na Fig 6.7.2. apresenta-se o mapa piezométrico da Ilha de Santiago, obtido com
níveis medidos na campanha de campo de 2003.
Como se pode apreciar, as linhas isopiezométricas têm uma configuração que, de
certo modo, corresponde ao da altimetria da Ilha. Com efeito, os valores mais altos
situam-se na parte central, nas zonas de maior altitude, onde:
Por um lado, a recarga é mais importante, por ser nas grandes elevações que se
registam os maiores valores de precipitação;
Fig6.7.2. Mapa piezométrico da ilha de Santiago (Pina et al., 2005).
| 198 |
Por outro lado, nessas zonas de declives muito acentuados, as extracções são
praticamente inexistentes.
O sentido geral do fluxo subterrâneo é “centrífugo”, isto é, vai da parte central para
as zonas costeiras.
Os gradientes são altos, embora sejam mais suaves junto à costa.
A recarga é feita por infiltração da água da chuva através das unidades mais
permeáveis mas é manifestamente escassa quando comparada com os volumes
captados para irrigação e abastecimento público das povoações. Cálculos
aproximados da recarga com base na concentração média de cloretos na água da
chuva e água subterrânea revelam valores bastante inferiores a 50 mm/ano.
A evolução dos níveis piezométricos verificada nos últimos anos, demonstra
que, actualmente, a exploração é superior à recarga. Como consequência há já
sinais evidentes de fenómenos de intrusão marinha em algumas zonas, tal como se
abordará nos próximos capítulos. Mas pode desde já destacar-se que em Ribeira
Seca (concelho de Santa Cruz) e Achada Baleia (concelho de S. Domingos), a
interface água doce/água salgada, já avançou a alguns quilómetros da linha de
costa. E este é um dos principais perigos que a exploração dos recursos hídricos
subterrâneos configura na Ilha de Santiago.
6.8. COMPORTAMENTO DAS ROCHAS VULCÂNICAS FACE À CIRCULAÇÃO
DAS ÁGUAS
6.8.1. Introdução
As rochas vulcânicas apresentam características muito diversas à circulação das
águas consoante a sua natureza, modo de jazida e estado de alteração.
A natureza e as quantidades emitidas de lavas têm grande importância no
comportamento dos depósitos face à circulação interna e externa das águas.
De acordo com Emílio Custódio, em “Hidrogeologia de las Rocas Volcanicas”, pg.
35, Palermo, 1975, as formações vulcânicas que têm maior interesse sob o ponto
de vista da água subterrânea, são as espessas e/ou extensas e as que podem ter
influência no movimento das águas, como por exemplo, os diques.
Na ilha de Santiago há um claro predomínio de rochas basálticas e, por essa
razão, são essas rochas que condicionam o comportamento da circulação da água
nos aparelhos vulcânicos. Além disso, há relações bastante diversas de acordo
com as espessuras de cada fase emitida quer seja efusiva, quer seja explosiva. A
| 199 |
quantidade de gases vai condicionar também a jazida, pelo que é, de igual modo,
outro factor de grande importância naqueles depósitos.
A presença de brechas de topo e de base nos mantos basálticos sub-aéreos,
mesmo em pequenas percentagens, em espessos empilhamentos de escoadas
lávicas na ilha de Santiago, confere ao conjunto grande porosidade por onde a
água circula com muita facilidade, originando verdadeiros canais internos. Há belos
exemplos na ilha de Santiago, tal como o vale de S. Domingos e o vale da Ribeira
Grande da cidade Velha.
As lavas submarinas são, pelo seu modo de jazida, empilhamentos de rolos ou
almofadas, à mistura com algumas brechas, altamente permeáveis.
A presença de disjunção prismática ou colunar nos mantos basálticos sub-aéreos
do Complexo Eruptivo do Pico da Antónia (PA) e da Formação da Assomada (A)
dá grande capacidade de armazenamento aos edifícios vulcânicos. Assim, uma
escoada começa por apresentar a disjunção prismática ou colunar, perpendicular
às superfícies de arrefecimento. Neste estado, a circulação dentro da escoada faz-
se principalmente na vertical. Mais tarde, com aparecimento da disjunção em lajes,
paralela à fluência da lava, a circulação faz-se, também, ao longo da escoada. Os
estados seguintes de alteração (disjunção em bolas, arenização e argilificação)
conduzem, progressivamente, à perda da porosidade, uma vez que se formam cada
vez maiores quantidades de materiais argilosos.
Rochas e Formações Vulcânicas
As rochas vulcânicas constituem as principais formações geológicas em muitas
regiões vulcânicas do mundo, tais como, Oriental de Sibéria, Deccan, Paraná,
Arquipélagos e Ilhas, como Açores, Madeira, Cabo Verde e Canárias. A ilha de
Santiago do Arquipélago de Cabo Verde, objecto da Tese do nosso Doutoramento
“Hidrogeologia e Recursos Hídricos da Ilha de Santiago” é um exemplo típico de uma
ilha constituída predominantemente por rochas vulcânicas básicas (basálticas).
O seu papel hidrogeológico como aquífero, está na dependência directa das suas
características hidrogeológicas e das suas propriedades hidráulicas, como pode ser
constactado pela experiência directa vivida na execução e/ou acompanhamento
de trabalhos de pesquisa, captação, exploração, gestão e controlo de águas
subterrâneas, a nível geral da ilha.
Estudos geológicos e hidrogeológicos realizados permitiram conhecer o
comportamento das rochas básicas (basálticas), de acordo com a sua natureza
(básica), modo de jazida (piroclastos, escoadas, chaminés, filões, subaéreos e
submarinos), estado de alteração (disjunções e argilificação) e acção do clima e da
cobertura vegetal na alteração das rochas vulcânicas.
| 200 |
Também se ficou a conhecer o comportamento da circulação da água em
sedimentos terrestres e marinhos.
6.8.2. Armazenamento e circulação da água
O armazenamento e circulação da água num edifício vulcânico, dependem de
vários factores. Assim, o Complexo Eruptivo do Pico da Antónia (PA), de idade Mio-
Pliocénica, por ser a formação geológica mais extensa e mais espessa e que tem
influência directa no movimento das águas é, por excelência, o aquífero principal,
com destaque para a sua componente submarina (pillow-lavas) que, devido à
sua elevada permeabilidade em relação às formações geológicas antigas, tem
proporcionado a obtenção de furos de caudais horários compreendidos entre 35
e 40 m3/h. A água é de boa qualidade (condutividade eléctrica da ordem de 400
µS/cm ao iniciar a exploração, mas que tem variado até cerca de 1.000 µS/cm com
a exploração continuada ao longo dos anos). Esses valores foram observados nos
furos FT-29, em Chão Bom, do Concelho do Tarrafal, FT-.59, na Ribeira dos Picos,
do Concelho de Santa Cruz, FT-9, em Macati, na Ribeira Seca, do Concelho de
Santa Cruz, furos esses que iniciaram a exploração nos anos de 1973 e 1974 e, por
conseguinte, com mais de 30 anos de exploração continuada.
A componente sub-áerea do Complexo Eruptivo do Pico da Antónia (PA) tem
proporcionado caudais horários entre 12 e 25 m3, que se têm mantido ao longo de
dezenas de anos de exploração continuada e com a condutividade eléctrica com um
valor da ordem de 400/450 µS/cm.
O número de horas de bombagem aconselhada é de 12 (doze), Todavia, tem-se
registado casos de exploração com maior número de horas de bombagem por dia.
A Formação da Assomada (A), de idade Pliocénica, apresenta um comportamento
hidrogeológico bastante similar ao do apresentado pela componente subaérea do
Complexo Eruptivo do Pico da Antónia (PA), servindo de testemunho os furos FT-
185, FBE.116 e FBE.161, todos na Assomada do Concelho de Santa Catarina, pelo
que as duas Formações Geológicas acima referidas (PA e A) foram integradas,
conjuntamente, na designada UNIDADE INTERMÉDIA (UI).
É digno de registo que quer o Complexo Eruptivo do Pico da Antónia (PA) quer
a Formação da Assomada (A) apresentam nascentes com caudais de excelente
produção e de boa qualidade, uma vez que a condutividade eléctrica varia entre 350
e 700 µS/cm, como são testemunhos as seguintes nascentes (tabela 10.3.1):
| 201 |
tab. 10.3.1. Caudais fornecidos por algumas nascentes da Unidade Intermédia (UI)
Nascentes Formação Geológica Condutividade Eléctrica Volume
(µS/cm) (m3dia)
Águas Verdes 58-10/11 PA 380 860
Machado 51-201 PA 529 50
Águas Podres 51-6/7/8 A 720 730
A Formação do Monte das Vacas (MV), de idade Pliocénica/Quaternária,
comporta-se hidrogeologicamente como uma via transmissora de água em direcção
ao aquífero principal (PA).
A Formação do Monte das Vacas (MV), conjuntamente com as aluviões, de idade
Quaternária, constituem a chamada UNIDADE RECENTE (UR).
A Formação dos Órgãos (CB), de idade Miocénica, a Formação dos Flamengos
(λρ), de idade Miocénica e o Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA), de idade Ante-
Miocénica, todas elas integram a designada UNIDADE DE BASE (UB), por serem
relativamente compactas e se apresentarem com um caudal horário compreendido
entre 5 a 7 m3, com uma condutividade sempre superior a 1.000 µS/cm.
Piroclastos
São os materiais emitidos nas fases explosivas resultantes da libertação de gases.
Normalmente, no início da actividade eruptiva, há emissão de grandes quantidades
de gases. Se essas condições se mantiverem durante a maior parte da emissão,
formam-se espessos depósitos de piroclastos, os quais vão ter grande importância
na circulação aquífera no edifício a que pertencem.
Os piroclastos sub-aéreos, quando sãos ou pouco alterados, apresentam grande
porosidade, com comportamento semelhante ao das areias. Porém, se existem
muitos materiais finos, por arrastamento pelas águas, irão tapar parcialmente
os espaços dos piroclastos, reduzindo-lhes a porosidade. Além disso, aqueles
materiais, constituídos quase exclusivamente por “vidro”, alteram-se rapidamente
em argilas, as quais com a circulação aquífera irão progressivamente colmatar os
espaços até a camada de piroclastos se tornar quase impermeável. Assim, com o
avançar do estado de alteração, passa-se de uma rocha muito permeável, tipo areia
grosseira, para uma rocha praticamente impermeável.
Escoadas
Na maioria das emissões vulcânicas à actividade explosiva segue-se efusão de
lavas. Em termos de porosidade o que se passa com as escoadas é o seguinte:
uma escoada maciça no estado são é considerada impermeável; porém, com o
| 202 |
avançar da alteração e o aparecimento de disjunções colunar e/ou em lajes, torna-
se progressivamente permeável, constituindo então boas condutas de circulação
aquífera. Todavia, a intensificação da alteração, aparecimento de bolas de
disjunção, arenização e argilificação, tornam progressivamente a escoada cada vez
menos permeável, podendo chegar praticamente à inpermeabilização. Uma escoada
poderá atingir o último estádio de alteração, o de argilificação, principalmente em
função das condições climáticas e não da sua antiguidade.
As escoadas lávicas sub-aéreas apresentam morfologia própria que se traduz
na presença de brechas e crostas escoriáceas, formando uma bainha ou manga,
onde no interior corre a lava líquida. É vulgar as rochas dessas escoadas, nas zonas
mais internas, apresentarem cavidades, bolhas e vesículas em grande percentagem
que, conjuntamente com outras estruturas secundárias, irão permitir a circulação
aquífera no interior dos derrames.
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Calcul des caractéristiques d’une pompe a axe vertical.
Construction d’un tube jaugeur à diaphragme.
Construction d’une déviation et d’un barrage d’emmagasinement Ribeira dos Picos.
Essai de débit à Pedra Empena.
Essais de débit sur les forages.
Estimation du coút d’un approfondissement de puits par battage.
Exploitation du forage FT5.
Exploitation du puits 55-156 dans la vallée de San Domingos (Santiago).
FT13 - Interprétation de l’essai de pompage.
FT8 - Interprétation de l’essai de pompage.
Ile de Fogo - Observations dans la Caldeira.
Interprétation de l’effet de marêe sur les forages FT6 et FT7.
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Note préliminaire de l’exploitation de la nappe alluviale de Ribeira da Prata (Santiago).
Observations géologiques et implantation d’un sondage à Assomada (Santiago)
Observations sur le captage des sources de Fazenda et de Pedra Empena (Monte
Graciosa).
Orientation des travaux de reconnaissance à Fogo.
Principes de construction de puits avec colonne en béton.
Programme des forages de reconnaissance dans l’ile de Fogo.
Programme du forage FT1.
Programme du forage FT10.
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Bilan hydrique. Rappels des méthodes et dês formules d’ETP et d’ETR.
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Equipement des forages - Critères de choix des pompes.
Evolution du débit d’un forage dans le cas de rabattement constant.
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Le probléme des irrigations de Praia Baixo (Santiago).
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Palmarejo Pequeno - Invasion saline.
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7.
QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
| 210 |
| 211 |
7.1. INTRODUÇÃO
A qualidade das águas subterrâneas é muitas vezes um factor limitador da
utilização dos recursos hidrogeológicos em ilhas vulcânicas. A existência de
formações geológicas de elevada permeabilidade, associada à ocorrência de
períodos de seca prolongados e ao aumento significativo das populações associadas
às principais zonas urbanas e turísticas, tem contribuído, em muitas zonas, para a
sobre-exploração dos principais recursos de água doce, aumentando o risco de
gradual salinização das águas subterrâneas. Por outro lado, a existência de extensas
áreas de cultivos de regadio e a falta de saneamento básico também têm contribuído
para uma gradual degradação da qualidade destes recursos.
A este tipo de contaminações, associadas directa ou indirectamente à actividade
do próprio Homem, acrescem por vezes outras de origem natural e resultantes
dos processos de interacção água-rocha, e que levam por vezes à presença de
elementos menores e vestigiários em concentrações anómalas e com potencial risco
para a saúde pública.
A garantia da qualidade de água para consumo humano tem vindo a ser nos
últimos anos uma das grandes preocupações do Instituto Nacional de Gestão dos
Recursos Hídricos (INGRH) de Cabo Verde. Há uma clara consciencialização de
que os recursos de água de boa qualidade representam saúde para a população,
o que levou a que todos os concelhos da ilha de Santiago criassem no seu seio um
Serviço Autónomo de Água e Saneamento que tem como principal tarefa garantir a
qualidade da água da sua região.
7.2. METODOLOGIA - CARACTERIZAÇÃO HIDROQUÍMICA GERAL
Para o presente estudo e com o objectivo de caracterizar a qualidade das
águas subterrâneas da Ilha de Santiago, foram seleccionados 132 pontos de água
(furos, poços e nascentes) com base nas características topográficas, geológicas
e hidrogeológicas da ilha. A recolha das amostras de água foi realizada em duas
campanhas de campo, a primeira realizada em Junho 2003 em plena época de
estiagem, e a segunda, em Dezembro 2003, depois da época de chuvas.
As amostras de água foram recolhidas após a estabilização dos seguintes
parâmetros de campo – pH, temperatura e condutividade eléctrica. O oxigénio
dissolvido (OD) e o potencial redox (Eh) não foram medidos em campo devido à
impossibilidade de utilizar uma célula de fluxo para monitorização em contínuo.
Em laboratório, procedeu-se à determinação dos iões mais importantes – cálcio
(Ca2+), magnésio (Mg2+), sódio (Na+), potássio (K+) e ainda da sílica dissolvida (SiO2)
| 212 |
por Espectrometria de Absorção Atómica; cloreto (Cl-), sulfato (SO42-) e nitrato (NO3
-)
por Cromatografia Iónica; e de bicarbonato (HCO3-) por Titulação Potenciométrica.
Todas as análises químicas de águas foram realizadas nos laboratórios do Instituto
Nacional Investigação e Desenvolvimento Agrícola (INIDA).
7.3. CARACTERIZAÇÃO HIDROQUÍMICA DAS PRINCIPAIS UNIDADES HIDROGEOLÓGICAS DA ILHA DE SANTIAGO
A caracterização hidroquímica da Ilha de Santiago foi feita com base na análise
dos resultados analíticos obtidos para os principais iões em solução. A composição
química das águas analisadas na ilha de Santiago apresenta significativas variações
em função da geologia, tempo de residência e do impacto das actividades antrópicas
e dos processos de intrusão marinha. Estas variações traduzem-se na presença
de unidades hidrogeológicas com diferentes fácies hidroquímicas (Figura 7.1) e,
diferentes intervalos de concentrações para ião maior em solução (Tabela 7.1).
Na ausência de episódios de contaminação, as águas subterrâneas têm uma
composição do tipo Na-HCO3-Cl nas zonas mais altas da ilha, onde afloram as
formações da Unidade Aquífera Intermédia. Esta composição, quando em amostras
de reduzida condutividade, revela a influência do aerosol marinho na composição da
água de infiltração recente. A presença de ião bicarbonato poderá estar relacionada
com a reacção com o CO2 do solo durante o processo de infiltração nas zonas
de recarga. Os valores de pH destas águas são ligeiramente ácidos (<7,0) e as
salinidades ainda moderadas (< 1000 µS/cm).
Nas zonas mais próximas da costa ocorrem águas de composição Mg-Cl ou Na-Cl,
e com valores de pH mais elevados. Estas últimas predominam nas partes terminais
das ribeiras, onde afloram materiais de elevada permeabilidade, e o excesso de
bombagem para irrigação tem conduzido a um avanço da cunha de intrusão marinha.
A ocorrência da fácies Na-Cl é neste caso o resultado de processos de intercâmbio
catiónico que ocorrem durante o processo de intrusão e é concordante com os
elevados teores de cloretos e de condutividade eléctrica observados.
| 213 |
fig. 7.1. Distribuição das principais fácies hidrogeoquímicas por unidade hidrogeológica.
A Unidade de Base apresenta águas de composição predominantemente
cloretada-bicarbonatada sódica (Cl-HCO3-Na), com condutividades eléctricas
relativamente baixas, que variam entre os 440 e 2750 µS/cm. São águas com pH, em
geral, ligeiramente ácido devido ao tipo de litologias predominantes, essencialmente
de natureza silicatada, com um baixo grau de permeabilidade e alteração. O sódio
é o catião dominante o que está de acordo com a geoquímica predominantemente
| 214 |
alcalina das formações, com concentrações médias de 161 mg/l, mas que em
algumas zonas podem ser superiores a 470 mg/l. Os aniões dominantes são o
cloreto e o bicarbonato, apresentando esta formação hidrogeológica valores médios
de cloreto de 188 mg/l e valores de alcalinidade relativamente elevados (291 mg/L
HCO3). Os conteúdos médios de sílica são superiores a 35 mg/L SiO2.
A Unidade Intermédia apresenta fácies hidroquímica semelhante à Unidade de
Base, predominando as águas de composição bicarbonatada-cloretada sódica (HCO3-
Cl-Na) embora neste caso haja um predomínio do ião bicarbonato. Esta formação
hidrogeológica apresenta condutividades eléctricas moderadas em grande parte da
zona de estudo (valores médios de 695 µS/cm) mas que localmente podem atingir
valores muito elevados (>8 000 µS/cm). Estes valores elevados estão associados
às zonas onde é explorada a parte submarina desta unidade hidrogeológica, e
que corresponde às pillow lavas. De um modo geral, a Unidade Intermédia tem
águas com um pH mais elevado do que a Unidade de Base, sendo este em geral
ligeiramente superior a 7.0. O sódio é ainda o catião dominante, com concentrações
médias de 92 mg/l mas que em algumas zonas podem ser superiores a 600 mg/l. O
anião dominante na parte mais alta da ilha é o bicarbonato, apresentando valores
médios de cloreto de 183 mg/l, enquanto nas zonas mais costeiras é o ião cloreto,
com valores superiores a 2 600 mg/l. Os conteúdos médios de sílica são da ordem
dos 34 mg/L SiO2.
A Unidade Recente apresenta fácies hidroquímica que pode variar de cloretada
sódica (Cl-Na) a cloretada magnesiana (Cl-Mg) e, que por estarem associadas a
condutividades eléctricas em geral bastante elevadas (valor médio 1809 µS/cm), se
apresentam como o resultado da salinização desta unidade hidrogeológica junto
à costa. Esta unidade apresenta permeabilidades significativas, principalmente
quando associada ao leito das ribeiras, sendo explorada de forma intensiva quer
para a agricultura quer para o abastecimento das populações sem um controlo
rígido por parte do INGRH. Dada a escassa recarga natural destas formações, a
elevada taxa de exploração tem contribuído para o rebaixamento significativo do
nível freático e o avanço da interface de água doce – água salgada, conduzindo a um
aumento significativo dos sais em solução, nomeadamente de sódio (valor médio de
214 mg/l, mas que nas zonas de intrusão salina atinge valores superiores a 1 300 mg/
l). O mesmo se passa também com o ião cloreto: valor médio de 390 mg/l, que nas
zonas de intrusão salina atinge valores superiores a 4 000 mg/l. A alcalinidade e o
pH destas águas são também elevados, sendo o seu incremento resultante indirecto
dos processos de intercâmbio associados à gradual salinização.
| 215 |
tab 7.3.1. Resumo das características químicas das principais unidades hidrogeológicas da zona de
estudo
Unidade pH CE SiO2 Na K Ca Mg Cl SO4 NO3 HCO3
Base µS/cm mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l
Nº Pontos 22 22 22 22 22 22 22 22 22 22 22
Máximo 7,6 2750 49,6 477,0 46,6 126,4 115,7 638,1 236,7 75,1 707,8
Percentil 90 7,4 2097 44,9 261,8 27,7 87,0 86,1 407,7 135,7 58,5 529,2
Mediana 7,1 1331 35,8 160,6 18,4 41,6 53,9 187,9 63,7 18,8 290,5
Percentil 10 6,8 992 27,1 85,3 9,9 22,6 22,3 106,4 14,1 5,4 165,2
Mínimo 6,0 440 24,3 58,4 6,9 8,0 14,6 49,6 4,6 <0,1 109,8
Unidade pH CE SiO2 Na K Ca Mg Cl SO4 NO3 HCO3
Intermédia µS/cm mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l
N.º Pontos 67 67 67 67 67 67 67 69 67 67 68
Máximo 8,2 8090 54,1 652,2 47,6 620,0 529,7 2609,1 191,2 101,9 705,4
Percentil 90 7,7 1887 42,4 266,7 30,8 62,4 62,2 377,2 76,5 59,0 306,3
Mediana 7,2 695 33,8 91,5 11,9 25,6 24,3 85,1 18,2 21,5 184,3
Percentil 10 7,0 391 26,1 44,4 6,9 17,6 12,6 49,6 <0,1 10,7 137,2
Mínimo 6,3 362 19,8 30,2 2,0 6,4 4,9 35,5 <0,1 <0,1 90,3
Unidade pH CE SiO2 Na K Ca Mg Cl SO4 NO3 HCO3
Recente µS/cm mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l
Nº Pontos 23 23 23 23 23 23 23 23 23 23 23
Máximo 7,5 12680 49,6 1349,1 61,5 940,0 884,5 4225,6 546,3 295,0 349,0
Percentil 90 7,3 7144 42,7 646,3 53,2 342,7 302,5 2212,1 200,3 63,3 293,9
Mediana 7,0 1809 33,4 214,1 17,9 96,0 68,0 390,0 72,8 21,5 183,1
Percentil 10 6,7 1078 20,4 74,0 6,9 54,7 42,2 165,9 38,2 0,5 85,9
Mínimo 5,7 569 1,8 68,1 5,0 41,6 25,3 56,7 18,2 <0,1 78,1
7.4. IMPACTO DA ACTIVIDADE AGRÍCOLA NO QUIMISMO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
Da análise dos resultados verificou-se que existe um impacto importante das
actividades agrícolas no quimismo das águas subterrâneas. Esse impacto pode
ser directo através da lixiviação de fertilizantes para as águas subterrâneas; quer
indirecto, através da exploração não sustentável da água subterrânea que tem
levado a um gradual avanço da interface água doce - água salgada em direcção ao
interior da Ilha de Santiago.
A totalidade dos furos analisados quer na campanha de Junho quer na de
Dezembro de 2003, revelou concentrações positivas de nitratos. As concentrações
médias de nitrato nas águas subterrâneas são de 18,8 mg/l na Unidade de Base,
21,5 mg/l na Unidade Intermédia, e de 21,5 mg/l na Unidade Recente. De referir que
| 216 |
esta última unidade hidrogeológica apresenta no entanto os picos de concentrações
mais elevados (valores máximos de NO3 de 295 mg/l), uma vez que é sobre esta
unidade que estão localizadas a maioria das explorações agrícolas. O valor de
nitrato excedia em cerca de 20% dos furos analisados o valor máximo admissível
para consumo humano.
Da análise da Figura 7.2 verifica-se que as áreas com maiores concentrações
de nitratos nas águas subterrâneas se situam na parte Este da ilha de Santiago e
correspondem à localização das principais explorações agrícolas.
fig. 7.2. Distribuição dos teores de nitratos nas águas subterrâneas da Ilha de Santiago.
| 217 |
A correspondência entre a actividade agrícola e o avanço da intrusão salina pode
verificar-se pela análise da Figura 7.3, onde se encontram representados os principais
intervalos de concentração de cloretos observados nas águas subterrâneas. É nas
zonas da Ribeira Seca, Ribeira dos Picos e Achada da Baleia, que se verificam os
valores mais elevados de condutividade eléctrica, sendo que em algumas zonas a
presença de água salgada já se faz sentir até 3 km para o interior da ilha.
fig. 7.3. Distribuição dos teores de cloretos nas águas subterrâneas da Ilha de Santiago.
| 218 |
7.5. DADOS DA QUALIDADE DA ÁGUA
A experiência acumulada como resultado da exploração e gestão de água
subterrânea na Ilha de Santiago desde meados de 1972 leva-nos a confirmar o
princípio defendido por Emílio Custódio e Enrique Diaz (Calidad de água subterrânea,
séccion 18, pgs 1884/1958 – Hidrologia Subterrânea, Tomo II, 1975), de que a
qualidade da água subterrânea das rochas vulcânicas costuma ser de excelente
qualidade, do tipo “cálcio – magnésico - bicarbonatado”, nos basaltos ou nas rochas
básicas.
Torna-se indispensável reafirmar que a qualidade de uma água subterrânea
depende imenso das condições do aquífero, da sua litologia, da velocidade da
circulação, da qualidade da água de infiltração, das relações com outras águas
ou aquíferos e das leis do movimento de substancias transportadas pela água. Os
factores hidrodinâmicos também desempenham um papel importante (continuando
a citar Emílio Custódio e Enrique Diaz).
Com base na experiência adquirida nas Ilhas Canárias e noutras ilhas vulcânicas
chegou-se à conclusão de que as características químicas da água subterrânea em
terrenos vulcânicos são função do clima, da altitude, da distância ao mar, dos ventos
dominantes e do tipo de permeabilidade (Custodio, 1975; 2004; 2005 e J. Virgílio
Cruz, l992; 1994; 1996; 1999; 2000).
No que concerne à Ilha de Santiago, os resultados dos trabalhos hidrogeológicos
realizados no âmbito da nossa Dissertação nos anos de 2002, 2003, 2004, 2005 e
2006 e com suporte básico nos dados arquivados no Instituto Nacional de Gestão
dos Recursos Hídricos levam-nos a admitir que as características químicas estão na
dependência directa das acções que se acabam de referir, e que os dois principais
aquíferos, o “basáltico” e o “aluvionar”, têm proporcionado perfurações de excelente
produtividade e de boa qualidade da água (Fig.7.2.1 – Qualidade de água da Ilha de
Santiago – Cabo Verde) (Anexo).
As rochas basálticas são as predominantes em Santiago, apresentando-se quer
sob a fácies marinha quer sob a fácies terrestre, constituindo o aquífero principal,
tendo proporcionado a obtenção de água potável para abastecimento às populações,
assim como água destinada à agricultura, indústria e outras necessidades.
As águas dos mantos basálticos do Complexo Eruptivo Principal (PA) e da
Formação da Assomada (A), que constituem o aquífero principal e que são
consideradas a “Unidade Intermédia”, são de excelente qualidade, isto é, pouco
mineralizadas, com a condutividade eléctrica, no início da exploração, da ordem dos
400 µS/cm, para aumentar com o acentuar da exploração, de forma particular, nos
mantos basálticos submarinos inferiores do Complexo Eruptivo do Pico da Antónia
(LRi), podendo atingir pouco mais de 1000 µS/cm, o que se poderá comprovar através
| 219 |
dos resultados obtidos com a realização dos trabalhos de campo, de laboratório e
de gabinete efectuados nos meses de Agosto, Setembro e Outubro de 2005, com
o apoio do Laboratório da Qualidade de Água do Instituto Nacional de Gestão dos
Recursos Hídricos, assim como dos dados arquivados na referida Instituição.
Servem de exemplo, os furos:
a. 17/08/2005 FT - 29 1012 µS/cm PA (LRi)
b. 17/08/2005 FT - 9 1135 µS/cm PA (LRi)
Esses furos implantados nos mantos basálticos submarinos do Complexo
Eruptivo do Pico da Antónia (PA) localizam-se nas proximidades do mar, a menos
de três quilómetros, possuem uma permeabilidade mais elevada que a das outras
formações geológicas, com excepção feita às aluviões espessas da parte terminal
das Ribeiras Seca e dos Picos do Concelho de Santa Cruz, têm aproximadamente
trinta e cinco anos de exploração continuada, enquanto que nos mantos basálticos
subaéreos do Complexo Eruptivo do Pico da Antónia (PA) e da Formação da
Assomada (A), a condutividade eléctrica muito pouco se tem alterado ao longo
desses anos de exploração continuada, podendo servir de testemunho os furos e as
nascentes:
a. 16/08/2005 Furo FT 2002 402 µS/cm PA (Subº)
b. 16/08(2005 Furo FBE 1 407 µS/cm PA (Subº)
c. 16/08/2005 Nascente 58 1 439 µS/cm PA (Subº)
d. 16/08/2005 Nascente 58 9 420 µS/cm PA(Subº)
e. 16/08/2005 Nascente 58 10/11 413 µS/cm PA(Subº)
f. 17/08/2005 Nascente 51 – 201 526 µS/cm PA(Subº)
g. 18/08/2005 Furo FBE – 116 524 µS/cm A
h. 18/08/2005 Furo FBE – 161 581 µS/cm A
i. 18/08/2005 Nascente 51 – 6/7/8 706 µS/cm A
Deve-se salientar que as aluviões das Ribeira Seca e dos Picos, ambas situadas
no Concelho de Santa Cruz, apresentam uma espessura variando entre cinco a
vinte cinco metros na parte terminal, de boa permeabilidade, têm proporcionado
perfurações de caudais horário e diário bastante similar ao caudal de exploração
apresentado pelas perfurações que exploram os mantos basálticos submarinos
inferiores do Complexo Eruptivo do Pico da Antónia (PA –LRi). Como exemplo,
apresentamos o que nos foi dado observar nos meses de Agosto, Setembro e
Outubro de 2005, com a informação de que esses furos se localizam a cerca de três
quilómetros do mar.
a. 17/07/2005 Furo SP – 34 1179 µS/cm Al/LRi
b. 17/08/2005 Furo SP – 39 775 µS/cm Al/LRi
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As formações geológicas que constituem a Unidade Hidrogeológica designada
Unidade de Base, isto é, a Formação Conglomerático - Brechóide (CB) ou dos
Órgãos, a Formação dos Flamengos (λρ) e o Complexo Eruptivo Interno Antigo
(CA) apresentam características, condutividade essencialmente, que as distinguem
das formações que constituem a Unidade Intermédia, uma vez que desde o início
da exploração as formações que constituem a Unidade de Base apresentam uma
mineralização bastante acentuada e muito superior à que, normalmente, apresentam
as formações que constituem a Unidade Intermédia e, naturalmente, aumentarem
ainda com a exploração continuada que se tem verificado.
No Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA), as águas podem tornar-se muito
carregadas e, de forma especial, nas rochas fonolíticas.
Como testemunho, apresentamos os resultados dos trabalhos realizados nos
meses de Agosto, Setembro e Outubro de 2005.
a. 16/08/2005 Furo FT – 23 1175 µS/cm CB
b. 18(08/2005 Furo FBE – 56 1492 µS/cm CB
c. 17/08/2005 Furo FT – 5 1300 µS/cm λρ
d. 17/08/2005 Furo FT – 67 1219 µS/cm λρ
e. 18/08/2005 Furo FT – 81 1400 µS/cm λρ
f. 18/08/2005 Furo FT – 13 1815 µS/cm CA
g. 18/08/2005 Furo FBE – 74 1962 S/cm CA
Chega-se à conclusão de que as águas das diferentes Unidades Hidrogeológicas
caracterizam-se por possuir, essencialmente, uma concentração tanto mais
elevada quando as formações geológicas são mais antigas. Por conseguinte, as
suas identificações podem-se fazer de uma forma expedita mediante uma simples
medida de condutividade eléctrica (Fig. 7.2.1. – Qualidade de água da Ilha de
Santiago – Cabo Verde, na escala 1/100.000, (em Anexo) Fig. 7.2.2 - Rede de Controle
Hidrogeológico – Ilha de Santiago, 12 folhas na escala 1/25.000 (em Anexo) e Fig.
7.2.3 - Carta Hidrogeológica e de Recursos da Ilha de Santiago, na escala 1/100.000,
(em Anexo).
7.6. POLÍTICA DA ÁGUA
O Instituto Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (INGRH) é um Instituto
Público na forma de serviço personalizado do Estado, dotado de personalidade
jurídica, autonomia administrativa e financeira e património próprio.
As suas competências no domínio dos recursos hídricos são as seguintes:
a. Preparar e executar as deliberações do Conselho Nacional de Águas
| 221 |
b. Supervisionar e coordenar todas as actividades relacionadas com o planeamento
e gestão dos recursos hídricos
c. Proceder a estudos hidrológicos e hidrogeológicos em ordem à modernização
das ocorrências e comportamentos dos recursos hídricos, determinação da
explorabilidade dos mesmos recursos e à definição das formas de aproveitamento
utilizáveis.
d. Realizar os estudos hidrométricos necessários às actividades de planeamento e
de gestão integrada dos recursos hídricos.
e. Implantar, fiscalizar e proceder a acções de conservação da rede hidrológica,
promovendo a sua inserção no ordenamento do território, em concertação com
os municípios.
f. Promover, coordenar e decidir sobre os estudos de viabilidade e projectos de
execução das obras hidráulicas de interesse público.
g. Pronunciar-se sobre a afectação das obras hidráulicas propriedades do Estado
ao uso ou administração de entidades públicas ou privadas.
h. Gerir, de forma integrada, os recursos hídricos do País.
Dispõe de um Laboratório Nacional, onde são realizados todos os parâmetros
organolépticos, físicos, químicos e bacteriológicos para o controle da qualidade
de água, seguindo rigorosamente os procedimentos de métodos analíticos
estandardizados.
7.7. CONCEITO DA POTABILIDADE
A água é o produto natural mais importante para a sobrevivência dos seres vivos.
As reservas subterrâneas constituem uma das fontes mais importantes dos recursos
hídricos disponíveis em Cabo Verde. Neste sentido, o Instituto Nacional de Gestão
dos Recursos Hídricos (INGRH), entidade nacional responsável pela exploração e
gestão de águas subterrâneas, instalou no seu seio um laboratório de qualidade de
água para poder cumprir as suas obrigações.
Esse laboratório tem seguido regular e periodicamente o controlo da qualidade da
água, a nível geral da ilha de Santiago, o que lhe tem permitido estar a par da evolução
das águas subterrâneas quanto aos aspectos físico, químico e bacteriológico.
A qualidade da água pode ser definida por um conjunto de características físico
– químicas, microbiológicas, biológicas, etc., que lhe são próprias. A qualidade será
BOA ou MÁ para um determinado uso, consoante as características se enquadram
ou não nas normas exigidas para os fins em vista.
Hipócrates indicava como própria para beber as águas leves, transparentes sem
cheiro e de sabor agradável. Celso supunha que as melhores águas eram as da
| 222 |
chuva. Viturbio aconselhava o exame das populações como forma de conhecer a
qualidade das águas consumidas no País.
Até meados do Século passado não existiam grandes diferenças entre o que
ensinava Hipócrates e a definição de água potável. De acordo com o anuário das
águas de França (1851) considerava-se potável toda a água límpida, sem cheiro,
fresca, que cozesse bem os legumes, dissolvesse o sabão sem formar grumos, com
sabor agradável e se contivesse suficiente ar em dissolução.
Actualmente, a água que se destina à satisfação das necessidades alimentares, tem
que ter características que não afectem negativamente a saúde dos consumidores,
ser agradável à vista, olfacto e sabor.
Uma água de boa qualidade contém na sua composição sais minerais necessários
a uma alimentação correcta. Existe, no entanto, uma relação entre alguns parâmetros
e o aparecimento de doenças de origem hídrica.
As substâncias químicas, físicas ou microbiológicas cuja presença na água
é reveladora de risco potencial de doenças designam-se por Indicadores ou
Parâmetros de Qualidade da água.
A Água destinada ao consumo humano não deve conter nenhum agente patogénico
para o Homem! A ausência de microrganismos, indicadores de contaminação fecal,
permite considerar a água como bacteriologicamente potável. Todos os parâmetros
físico – químicos devem respeitar as normas de qualidade da água em vigor!
Convém realçar que apenas a realização de análises só por si não garante o
controle da qualidade da água. A garantia de qualidade é possível com adopção de
medidas, como:
> Protecção na Origem (respeitar os perímetros de protecção legalmente definidos
para captação subterrânea)
> Desinfecção eficaz e permanente da água
> Analise regularmente da água distribuída
7.8. CONTAMINAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
Entre as várias origens da contaminação das águas subterrâneas na ilha de
Santiago, podem-se destacar:
i. Irregularidade marcante das precipitações há várias dezenas de anos, a nível
geral, com manifesta deficiência na recarga dos aquíferos.
ii. Utilização de fertilizantes (adubos) na actividade agrícola com resultados
inquietantes devido à pouca cautela na sua utilização, com particular incidência
no Concelho de Santa Cruz.
| 223 |
Como testemunho, utilizamos os dados extraídos da publicação “EVOLUÇÃO
DOS COMPOSTOS AZOTADOS NA QUALIDADE DA ÁGUA NA ILHA DE SANTIAGO
– CABO VERDE”, da autoria do responsável do Laboratório da Qualidade da
Água do Instituto Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos Engº Químico
António Pedro Said Aly de Pina, apresentada no 7º Simpósio de Hidráulica
e Recursos Hídricos dos Países de Língua Oficial Portuguesa, em 2005. Na
sequência de estudos realizados em todos os concelhos de Santiago pelo
Laboratório da Qualidade de Água do Instituto Nacional de Gestão dos Recursos
Hídricos, com a finalidade de caracterizar a evolução do parâmetro Azoto, N,
e dos seus derivados, Nitratos, (NO3), e Nitritos, (NO2), com a observância de
como se reflectem as práticas agrícolas na qualidade das águas subterrâneas,
a sua interacção com as águas superficiais e as consequências resultantes para
a Saúde Pública e para o Ambiente, concluiu-se que agricultura é geralmente
considerada como a principal responsável pelo aumento de nitratos nas águas
subterrâneas (OCDE, 1989) e que a qualidade da água se torna tanto pior
quanto maior for o caudal de extracção, deteriorando-se com a continuidade
da exploração da captação, como se pode comprovar pelo abandono dos furos
FT-38, localizado na Achada Baleia do Concelho de S. Domingos, e o furo SP-
23, localizado na Ribeira Seca do Concelho de Santa Cruz, que tiveram de ser
desequipados devido a grave aumento da salinidade das suas águas.
As águas têm, originariamente, teores pouco significativos de nitratos mas,
devido à agricultura intensiva, como o que se verifica no Concelho de Santa Cruz,
com particular incidência na Ribeira Seca, tem-se aumentado a percentagem
desse parâmetro na água.
Com o aumento de fertilizantes utilizados na agricultura e a má protecção
das origens a tendência é para um acréscimo do teor dos nitratos nas águas
subterrâneas. Os nitratos migram lentamente no solo até aos lençóis freáticos.
Como conclusão desse estudo dos nitratos nos concelhos de Santiago
constatou-se que se deve pensar seriamente nas alternativas de correcção
que, de imediato, leva à redução dos teores de nitratos em toda a água para o
consumo humano do sistema público de abastecimento, sendo no Concelho de
Santa Cruz aonde foram registados os teores mais elevados.
iii. Exploração com bombagem excessiva, quer no que concerne ao caudal da
bomba quer no que se refere às horas de bombagem por dia, com particular
incidência na parte terminal de algumas ribeiras, com sinais evidentes de
intrusão salina, casos concretos da Ribeira Seca e da Ribeira dos Picos, ambas
no Concelho de Santa Cruz, da Ribeira da Achada Baleia, no Concelho de S.
Domingos e em Chão Bom, do Concelho do Tarrafal
iv. Resultado das actividades relacionadas com a pecuária, a nível da ilha.
v. Resultado das actividades domésticas, a nível da ilha.
| 224 |
vi. Perfurações abandonadas e/ou mal concebidas, a nível dos concelhos.
vii. Resultado da ocorrência de enxurradas.
7.9 DESINFECÇÃO DA ÁGUA EM CABO VERDE
A desinfecção tem por finalidade a destruição de microrganismos patogénicos
(bactérias, protozoários e vermes) presentes na água. Deve-se, no entanto, notar a
diferença entre desinfecção e esterilização. Esterilizar significa a destruição de todos
os organismos, patogénicos ou não, enquanto que a desinfecção é a destruição
de parte ou todo um grupo de organismos patogénicos. Os vírus de hepatite e
da poliomielite, por exemplo, não são completamente destruídos ou inactivos
pelas técnicas de desinfecção. A desinfecção é necessária, porque não é possível
assegurar a remoção total dos microrganismos pelos processos físico – químicos,
usualmente utilizados no tratamento da água.
Entre os agentes da desinfecção o mais largamente utilizado na purificação da
água é o cloro, porque:
> É facilmente disponível como gás, líquido ou sólido (hipoclorito).
> É barato.
> É fácil de aplicar devido à sua alta solubilidade (7,0 g/l a aproximadamente a
20ºC)
> Deixa um residual em solução, de concentração facilmente determinável e
protege o sistema de distribuição.
> É capaz de destruir a maioria dos microrganismos patogénicos.
Os compostos de cloro, o iodo e o permanganato de potássio (KMnO4) são
exemplos de oxidantes capazes de desinfectar a água à escala doméstica. Os
compostos de cloro são preferíveis por não conferirem à água um sabor tão
medicinal e por serem mais acessíveis no mercado.
Como desvantagem, é um gás venenoso e corrosivo, requerendo cuidados no seu
manuseamento e pode causar problemas de gosto e odor.
O hipoclorito de cálcio (70%) e o de sódio (35%) são usados com frequência nos
Serviços Autónomos de Água e de Saneamento, SAAS, dos munícipes em todo o País,
como também, nas pequenas instalações. Em alguns casos, a fervura constitui uma
das maneiras de destruir os organismos imediata ou potencialmente patogénicos
para o homem, sejam bactérias, sob forma vegetativas e /ou parasitas.
Para que a água se possa considerar desinfectada, deve manter-se a ferver,
durante cinco minutos, contados a partir do momento em que se atinge o ponto de
ebulição (água em agitação perfeita, ou Tº=100ºC).
| 225 |
O trabalho e o custo da fervura tornam-se difícil mantê-los, sistematicamente, por
longos períodos, como também o gosto insípido que a água oferece depois de ser
fervida, resultantes da expulsão dos gases que estavam dissolvidos na água antes
da sua fervura.
7.10. CAMPANHA DE 2005
A caracterização hidroquímica global de toda a ilha foi complementada, em
2005, com a amostragem de 15 furos e 5 nascentes, cujos resultados analíticos se
apresentam seguidamente.
A qualidade da água era tanto pior quanto maior era o caudal de extracção e
deteriorava-se com a continuidade de exploração de cada captação levando até
certos casos ao seu abandono.
Fez-se o inventário de todas as origens e foram recolhidas amostras de água
em 20 (vinte) locais bem identificados, no ano de 2005 (tabelas 7.7.1 a 7.7.22). Os
resultados obtidos nos mesmos pontos de água foram comparados com os dos
anos 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005.
No Laboratório de Qualidade da Água, foram determinados os seguintes
parâmetros: Condutividade, Cloretos, Sulfatos, Nitratos, Nitritos, Amónio, Cálcio,
Sílica, Magnésio, Potássio, Sódio, Bicarbonatos, Dureza Total, Alcalinidade, pH, e
Oxidabilidade.
| 226 |
tab. 7.7.1. Parâmetros e Métodos analíticos seguidos
Parâmetros Mét. Analítico
Turvação (UNT) Formazina
pH (escala Sorensen à 25ºC) Electrometria
Condutividade (µS/cm a 20ºC) Electrometria
Cloretos (mg/L Cl) Volumetria
Sulfatos (mg/L SO4) E.A.Molecular
Dureza Total (mg/L CaCO3) Volumetria
Alcalinidade Total (mg/L CaCO3) Volumetria
Bicarbonatos (mg/L HCO3) Cálculo
Nitratos (mg/L NO3) E.A.Molecular
Nitritos (mg/L NO2) E.A.Molecular
Azoto amoniacal (mg/L NH4) E.A.Molecular
Oxidabilidade (mg/L O2) Ebulição meio ácido
Sodio (mg/L Na+) E.A.Molecular
Potasio (mg/L Cl) E.A.Molecular
Calcio (mg/L Ca2+) Volumetria
Magnesio (mg/L Mg2+) Cálculo
Fósforo (mg/L P2O5) E.A.Molecular
Sílica (mg/L SiO2) E.A.Molecular
7.11. RESULTADOS DOS TRABALHOS REALIZADOS EM 20 (VINTE) PONTOS DE ÁGUA EM 2005, NOS MESES DE AGOSTO SETEMBRO E OUTUBRO
As recolhas de amostrad de água tiveram sempre a colaboração presencial do
Engenheiro Químico António Pedro Said Aly de Pina, responsável do Laboratório
da Qualidade de Água do Instituto Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos e que
coordenou os trabalhos laboratoriais.
Esses trabalhos forneceram a obtenção de dados que permitiram a elaboração e
publicação de uma Carta de Qualidade da Água da Ilha de Santiago.
| 227 |
tab.7.7.2. Qualidade da água subterrânea da Ilha de Santiago (pontos de água analisados no ano
2005)
N.º Ref Ponto Loca- Geologia Caudal Condutividade
de Água lização m3/dia (µS/cm)
1 Furo SP-34 Ribeira dos Picos PA(LRi) 576 1179
2 Furo SP-39 Ribeira dos Picos PA(LRi) 576 775
3 Furo FBE-116 Assomada A 320 524
4 Furo FBE-161 Assomada A 320 581
5 Nascente 51-6/7/8 Assomada A 720 691
6 Furo FT-29 Tarrafal PA(LRi) 576 920
7 Furo FT-9 Ribª Seca PA(LRi) 576 1081
8 Furo FBE–1 Lapa Cachorro PA(Subº) 320 375
9 Furo FT-202 João Varela PA(Subº) 320 384
10 Nascente 58-1 Convento PA(Subº) 792 408
11 Nascente 58-9 Águas Verde PA(Subº) 123 377
12 Nascente 58-10/11 Águas Verde PA(Subº) 864 380
13 Furo FBE-56 Caiumbra CB 40 1492
14 Furo FT-23 São Jorge CB 70 1180
15 Furo FT-81 Telha λρ 70 1270
16 Furo FT-5 Flamengos λρ 40 1220
17 Furo FT.67 Ribeirão Boi λρ 70 981
18 Furo FT-13 S. Domingos CA 48 1815
19 FBE-74 Stª Catarina CA 40 1962
20 Nascente 51-201 Machado PA(Subº) 51 529
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água.
Requisitante: Dr. Mota Gomes
Proveniência: Furo. Local: Macati - FT 9 – Concelho de Santa Cruz
Data da Colheita: 17 de Agosto de 2005 - 14:20 horas.
Data de entrada no Laboratório: 17 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
| 228 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.3.
Proveniência: Furo; Local: Chão Bom - Lém Mendes - FT 9 - Concelho de Santa Cruz
Data da Colheita: 17 de Agosto de 2005 11:20horas
Data de entrada no Laboratório: 17 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro
(q) (f) -
Temperatura ºC 26 -
pH: (25ºC) Esc. Sorensen 7,9 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 981 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 714 - 1000
TDS (Electrometria) mg/L 519 -1000
Salinidade (Electrometria) 0,5 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 1,8 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 32 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 38 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 236 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,3 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 78 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 287 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 235 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 7 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 65 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 43 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0,015 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,23 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 0,07 -
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH ≺ 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0,02 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 48
| 229 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.4.
Proveniência: Furo. Local: João Varela - FT-29 – Concelho de Tarrafal
Data da Colheita: 16 de Agosto de 2005 09:45horas
Data de entrada no Laboratório: 16 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 28 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,7 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 538 -400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 385 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 293 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,3 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 1,0 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 28 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 31 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 198 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,1 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 67 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 135 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 111 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 8,4 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 17 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 8,6 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0,02 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,03 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 0,97 -
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe 0,01 0,05-0,3
Hidróxidos: (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos: (Cálculo) pH ≺ 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre: (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0,01 0,5 -1,0
Silica: (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 38
| 230 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.5.
Proveniência: Furo. Local: Lapa Cachorro – FT-202 – Concelho de Praia
Data da Colheita: 16 de Agosto de 2005, 09:15horas
Data de entrada no Laboratório: 16 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 26 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,5 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 327 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 252 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 176 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,2 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 1,0 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 18 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 29 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 165 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,4 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 71 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 67 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 55 -
Potássio:(Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 5 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 11 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 21 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0,014 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,21 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 1,3 -
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0,02 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 52
| 231 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.6.
Proveniência: Furo. Local: Lapa Cachorro - FBE-1 – Concelho de Praia
Data da Colheita: 16 de Agosto de 2005 09:15horas
Data de entrada no Laboratório: 16 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 27 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,2 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 675 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 483 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 369 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,4 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 0,8 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 32 -100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 44 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 261 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,3 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 123 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 145 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 119 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 9 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 38 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 29 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0,01 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,13 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 2,4 -
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH ≺ 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0,18 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 66
| 232 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.7.
Proveniência: Nascente. Local: Convento – Cidade Velha 58 – 1 – Concelho de Praia
Data da Colheita: 16 de Agosto de 2005 10:10horas
Data de entrada no Laboratório: 16 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 26 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,4 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 369 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 263 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 198 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,2 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 1,7 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 28 -100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 32 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 202 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 54 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 115 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 94,2 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 7,5 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 11 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 23 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0,02 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,036 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 0,71 -
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH ≺ 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0,22 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 82
| 233 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.8.
Proveniência: Nascente. Local: Nascente 58 – 10/11 – Águas Verdes – Cidade Velha
Concelho de Praia
Data da Colheita: 16 de Agosto de 2005 – 12:15horas
Data de entrada no Laboratório: 16 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 27 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,5 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 346 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 248 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 198 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,2 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 1,6 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 40 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 24 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 199 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,3 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 43 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 54 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 44 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 5,3 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 10 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 15,9 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0,02 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,094 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 0,48 -
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH ≺ 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 92
| 234 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.9.
Proveniência: Nascente. Local: Nascente 51- 201 – Machado – Concelho de S. Miguel
Data da Colheita: 17 de Agosto de 2005 – 10:00horas
Data de entrada no Laboratório: 17 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 26 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,8 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 1118 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 846 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 573 -1000
Salinidade (Electrometria) 0,3 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 1,3 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 60 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 55 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 375 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,7 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 243 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 293 -
Alcalinidade Tota (cálculo) mg/L CaCO3- 240 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 6 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 30 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 25 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,01 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 3 -
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH ≺ 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L Na+ 78
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 42
| 235 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.10.
Proveniência: Furo. Local: Furo FT – 5 – Flamengos - Concelho de S. Miguel
Data da Colheita: 17 de Agosto de 2005 – 11:45horas
Data de entrada no Laboratório: 17 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 21 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 8,0 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 1127 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 976 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 552 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,3 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 0,8 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 40 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 45 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 285 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,6 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 216 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 395 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 324 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 11 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 36 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 20 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,01 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 3 -
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 165 0,5-1,0
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 49
| 236 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.11.
Proveniência: Nascente. Local: Nascente 58 – 9 – Águas Verdes – Cidade Velha
Concelho de Praia
Data da Colheita: 16 de Agosto de 2005 – 12:15horas
Data de entrada no Laboratório: 16 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 25 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,3 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 367 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 263 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 186 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,2 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 1,1 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 35 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 22 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 178 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,2 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 50 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 60 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 49 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 7 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 17 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 18 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0,01 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,05 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 0,10 -
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 98
| 237 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.12.
Proveniência: Furo. Local: FBE – 116 – Achada Galego - Concelho de Santa Catarina.
Data da Colheita: 18 de Agosto de 2005 – 09:35horas
Data de entrada no Laboratório: 18 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 25 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,7 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 435 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 311 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 234 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,2 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 2,1 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 32 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 19 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 158 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,3 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 55 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 112 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 92 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 11 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 8 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 43 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0,015 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,023 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 0 -
Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 57 0,5-1,0
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 44
| 238 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.13.
Proveniência: Furo. Local: FBE – 161 – Caris Morto - Concelho de Santa Catarina.
Data da Colheita: 18 de Agosto de 2005 – 10:40horas
Data de entrada no Laboratório: 18 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 24 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 8,1 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 507 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 448 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 248 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,2 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 0,5 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 20,8 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 17,5 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 124 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,4 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 58 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 184 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 151 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 9 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 12 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 50 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0,015 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,04 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 0 -
Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 61 0,5-1,0
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 56
| 239 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.14.
Proveniência: Nascente. Local: 51-6/7/8 Águas Podres - Concelho de Santa Catarina.
Data da Colheita: 18 de Agosto de 2005 – 12:50horas
Data de entrada no Laboratório: 18 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 24 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,7 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 642 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 459 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 349 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,3 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 1,4 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 18 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 19,7 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 126 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,2 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 67 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 129 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 106 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 7,1 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 25 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 43 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 0 -
Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 55 0,5-1,0
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2+ 66
| 240 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.15.
Proveniência: Furo. Local: SP 39 – Ribeira dos Picos - Concelho de Santa Cruz.
Data da Colheita: 17 de Agosto de 2005 – 14:00horas
Data de entrada no Laboratório: 17 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 29 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,9 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 691 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 554 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 339 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,3 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 2,1 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 32 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 19 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 158 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,3 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 55 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 112 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 92 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 11 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 8 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 43 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0,015 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,023 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 0 -
Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 57 0,5-1,0
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 44
| 241 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.16.
Proveniência: Furo. Local: FT – 81- Telha - Concelho de São Domingos.
Data da Colheita: 18 de Agosto de 2005 – 09:00horas
Data de entrada no Laboratório: 18 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 29 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,5 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 1135 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 862 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 629 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,6 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 3,3 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 48 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 72 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 420 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,6 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 60 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 187 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 153 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 6 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 49 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 44 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0,03 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,044 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 1,22 -
Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 71 0,5-1,0
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH 8,3 mg/L CO22- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0,4 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 54
| 242 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.17.
Proveniência: Furo. Local: FT – 67 – Ribeirão Boi - Concelho de Santa Cruz.
Data da Colheita: 17 de Agosto de 2005 – 11:35horas
Data de entrada no Laboratório: 17 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 27 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,4 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 981 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 744 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 542 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,5 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 1,9 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 32 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 34 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 220 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,4 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 83 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 333 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 273 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 9 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 45 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 17 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 1,9 -
Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 86 0,5-1,0
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH 8,3 mg/L CO42- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0,3 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 45
| 243 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.18.
Proveniência: Furo. Local: FBE–74 Boa Entrada Poilão - Concelho de Santa Catarina.
Data da Colheita: 17 de Agosto de 2005 – 13:55horas
Data de entrada no Laboratório: 17 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 29 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,4 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 1962 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 1488 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 542 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,5 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 1,9 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 32 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 68 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 360 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,5 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 240 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3 7 276 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 276 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 11 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 30 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 30 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 1,9 -
Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 116 0,5-1,0
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0,2 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 41
| 244 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.19.
Proveniência: Furo. Local: FBE – 56 – Caiumbra - Concelho de São Domingos.
Data da Colheita: XX de Agosto de 2005 – 13:55h
Data de entrada no Laboratório: XX de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante.
Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 26,3 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,6 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 974 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 739 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 530 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,5 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 38 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 54 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 316 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,5 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 166 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 176 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 144 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 7,5 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 31 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 26,6 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0,01 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 0,94 -
Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 54 0,5-1,0
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu22+ 0,2 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 37
| 245 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.20.
Proveniência: Furo. Local: SP – 34 – Ribeira dos Picos - Concelho de São Domingos.
Data da Colheita: XX de Agosto de 2005 – 13:55h
Data de entrada no Laboratório: XX de Agosto de 2005 Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 28 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 6,9 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 1179 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 894 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 546 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,5 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 0,3 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 11,3 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 91,2 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 412 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,4 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 181 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 205 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 168 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 7,5 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 25 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 24,5 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 0,94 -
Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 90 0,5-1,0
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0,2 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 40
| 246 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.21.
Proveniência: Furo. Local: FT – 23 – S. Jorge dos Órgãos.
Data da Colheita: 16 de Agosto de 2005 – 12:20h
Data de entrada no Laboratório: 16 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante. Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 23 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,0 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 1175 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 851 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 533 -1000
Salinidade (Electrometria ) 0,5 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 2,3 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 24 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 22 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 150 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,4 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 193 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 198 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 163 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 8,5 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 196 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 15 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0,04 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,06 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43- 0,7 -
Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 71 0,5-1,0
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH 8,3 mg/L CO32-32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0,2 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 34
| 247 |
Laboratório de Controlo da Qualidade da H2O
Relatório de Análise da Água
Requisitante: Dr. Mota Gomes tabela 7.7.22.
Proveniência: Furo. Local: FT – 13 – São Domingos.
Data da Colheita: 18 de Agosto de 2005 – 10:00h
Data de entrada no Laboratório: 18 de Agosto de 2005
Responsável pela Colheita: INGRH e Requisitante. Determinações Unidade de Medida Resultados Valores
Recomendados
(VMR) (VMA)
1. Físico e Organolépticos
Aspecto - Limpido -
Cor aparente PtCO APH Incolor 1-20
Cheiro Taxa de diluição Inodoro -
(q) (f)
Temperatura ºC 27 -
pH (25ºC) Esc. Sorensen 7,4 6,5-8,5-9,5
Condutividade (Electrometria à 20ºC) µS/cm 1815 400-2000
Mineralização Total (Cálculo) mg/L 891 -1000
TDS (Electrometria ) mg/L 869 -1000
Salinidade (Electrometria ) 1,0 -
Turbidez (turbidimetria) NTU 2,8 0,4-5
2. Químicos
Cálcio (Tit. EDTA; Murexida = indicador) mg/L Ca2+ 50 100-
Magnésio (Cálculo) mg/L Mg2+ 61 30-50
Dureza (Tit EDTA; N.Eriocromo T= indica) mg/L CaCO3 375 -500
Bário (Esp. Abs. Molec) mg/L Ba2+ 0,6 0,1-0,7
Cloretos (Método de Mohr) mg/L Cl- 268 -250
Bicarbonatos (Tit. HCL; M.Orange=ind) mg/L HCO3- 231 -
Alcalinidade Total (cálculo) mg/L CaCO3- 189 -
Potássio (Esp. Abs. Molec) mg/L K+ 11 10-12
Sulfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L SO2-4 170 25-250
Nitratos (Esp. Abs. Molec) mg/L NO3- 8,8 25-50
Nitritos (Esp. Abs. Molec) mg/L No2- 0,02 0-0,01
Nitritos Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L NaNO2 0,03 -0,50
Fosfatos (Esp. Abs. Molec) mg/L PO43-43- 0,9 -
Sódio (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 87 0,5-1,0
Ferro Total (Esp. Abs. Molec) mg/L Fe <0,05 0,05-0,3
Hidróxidos (pH < 8,3) mg/L OH- 0 -
Carbonatos (Cálculo) pH 8,3 mg/L CO32- 0 25-250
Cobre (Esp. Abs. Molec) mg/L Cu2+ 0,3 0,5-1,0
Silica (Esp. Abs. Molec) mg/L SiO2 53
| 248 |
Conclusão/Recomendação
A água tem assumido gradualmente um determinante papel no desenvolvimento
económico e na qualidade de vida dos cidadãos da República de Cabo Verde,
embora não sejamos favorecidos em termos de recursos naturais e, de um modo
particular, em termos de recursos hídricos potenciais.
Esse desenvolvimento, todavia, não tem sido acompanhado de um rigoroso
controlo de exploração e gestão dos recursos hídricos e, especialmente, das águas
subterrâneas, que desde os anos setenta tem vindo a fornecer água potável para
consumo humano, água para irrigação, água para pequenas indústrias e outras
necessidades, através de furos, (principalmente), nascentes e poços. A situação
agrava-se com a irregularidade das precipitações que se tem verificado há dezenas
de anos, tendo ocasionado indícios de intrusão salina nalgumas ribeiras, assim
como abaixamento de nível freático nas partes alta e média da ilha de Santiago.
Embora se possa verificar uma maior consciencialização relativamente à
problemática dos recursos hídricos, há necessidade premente de implementação
de dispositivos de retenção e armazenamento de águas superficiais (barragens),
de dispositivos de espraiamento de águas superficiais e de recarga de aquíferos e
da dessalinização da água do mar, de modo a se atingir a tão desejada e esperada
“Gestão Integrada dos Recursos Hídricos em Cabo Verde”.
Julgamos poder afirmar que se assiste neste momento, em Cabo Verde, a uma
necessidade de controlar os usos e os costumes da água e, ao mesmo tempo, a uma
consciência colectiva da necessidade de gerir, com determinação, as utilizações da
água, quer sob o ponto de vista quantitativo quer sob o ponto de vista qualitativo,
tendo em vista um desenvolvimento sustentável por todos desejável!
Uma recomendação especial à gestão integrada dos recursos hídricos (água
subterrânea, água superficial, água dessalinizada e água residual), à preservação
da qualidade de água e à protecção das origens dos pontos de água para consumo
humano.
Referências Bibliográficas
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| 251 |
8.
HIDROLOGIA SUPERFICIAL
| 252 |
| 253 |
8.1. INVENTÁRIO DE ZONAS FAVORÁVEIS PARA APROVEITAMENTO DE ÁGUAS SUPERFICIAIS NA ILHA DE SANTIAGO
A República de Cabo Verde há já largos anos que vem procurando parceria no
sentido de implementar a execução de barragens, tendo sido apoiada pela Holanda,
E.U.- USAID e Portugal no inventário e estudos de base das zonas favoráveis à
captação de águas superficiais e construção de barragens (Projecto TR/012/001),
acompanhado bem de perto por uma equipa de técnicos cabo-verdianos, da qual
tivemos o privilégio de fazer parte.
A metodologia seguida consistiu, essencialmente, na pesquisa e consulta de
documentação variada e disponível nos diversos Departamentos intervenientes no
estudo e posterior reconhecimento preliminar dos locais pré-seleccionados.
Fizemos parte da Missão Geológica de Cabo Verde, coordenada pelo geólogo
português António Serralheiro, que fez o levantamento geológico da ilha de Santiago,
o que lhe permitiu publicar a Carta Geológica, na escala 1:25/000, e a respectiva
Notícia Explicativa, publicada em 1976. Este trabalho foi o suporte indispensável
dos trabalhos de hidrogeologia executados pela Brigada de Águas Subterrâneas de
Cabo Verde, sob a coordenação da empresa francesa BURGÉAP, de Setembro de
1971 a Dezembro de 1973. Deve-se salientar que após a Independência Nacional,
em 1975, as Nações Unidas responderam positivamente à solicitação feita pelo
Governo cabo-verdiano que elegera a problemática de águas subterrâneas como
prioridade das prioridades (PNUD/DCTD/CVI/87/001 e Projecto DP/UN/CVI-75-001/1
sob a coordenação de Denis Fernandopullé).
Dos estudos realizados pela cooperação portuguesa foi possível identificar cerca
de 23 locais propícios.
A localização das zonas favoráveis à construção de reservatórios de
armazenamento de águas superficiais teve em atenção alguns factores importantes,
tais como, a topografia e a geologia locais, características da bacia hidrográfica,
escoamento estimado e possibilidades de irrigação ou abastecimento doméstico e
facilidades de acesso. Todavia, pensou-se ser de maior importância a interligação da
barragem e do futuro aproveitamento hidroagrícola, assim como o aproveitamento
das estruturas de distribuição da água e respectivas organizações existentes ao
longo dos principais vales com regadios tradicionais.
Da visita aos locais, em alguns deles constatou-se a existência de obras já
construídas com grande interesse na regularização dos caudais de cheia, assim
como estruturas para o aproveitamento em galeria de pequenos caudais nos
períodos secos. Assim, na localização das barragens a construir, deverá procurar-
se identificar e aproveitar quantitativamente todas as estruturas já construídas, de
forma a minimizar os custos em obras de retenção e conservação dos solos que
| 254 |
são arrastados, aquando das precipitações em regime torrencial, que provocam o
assoreamento das linhas de água e a erosão dos solos.
Dos locais inventariados pela Missão Portuguesa, 17 estão localizados no
Complexo Eruptivo do Pico da Antónia, componente subárea (PA), 2 no Complexo
Eruptivo Interno Antigo (CA), 2 na Formação dos Flamengos (λρ), 1 na Formação da
Assomada (A) e 1 na Formação dos Órgãos (CB).
Em todos os locais existem aluviões, cujas larguras vão de poucos a dezenas de
metros e cujas espessuras podem atingir um metro ou exceder a dezena de metros,
o que se poderá comprovar através de sondagens dos poços espalhados pela ilha
de Santiago.
As aluviões apresentam, de um modo geral, permeabilidade relativamente
elevada, tal como os mantos basálticos submarinos do Complexo Eruptivo do Pico
da Antónia (PA).
De assinalar que em muitos locais as formações eruptivas interessadas poderão
apresentar permeabilidades elevadas, o que poderá implicar a execução de obras
de impermeabilização do maciço de fundação.
A pressão exercida sobre a exploração da água subterrânea, a irregularidade
das precipitações bem evidente desde meados de 1968 e a constatação do volume
da água das chuvas que escoa para o mar sempre que ocorre boas precipitações,
seguido bem de perto pelo abaixamento de níveis de água nas partes média e alta
da ilha, assim como indícios de intrusão salina nalgumas zonas costeiras, leva-nos
a sugerir de que é chegado o momento da República de Cabo Verde enveredar,
decisivamente, para a chamada “Gestão Integrada dos Recursos Hídricos”, isto é,
continuar com a exploração controlada de águas subterrâneas mas, simultaneamente,
aproveitar também as águas superficiais através de barragens. É nesta perspectiva
que deve ser enquadrada a barragem de Poilão na Ribeira Seca, que foi inaugurada
em Dezembro de 2005.
À semelhança do que se verifica no Concelho da Praia, em que a capital do
País vem sendo abastecida, essencialmente, por água dessalinizada, também
no Concelho de Santa Cruz se torna aconselhável o recurso à utilização da água
dessalinizada para o abastecimento às populações, revertendo a água de furos
para a irrigação. É nosso entendimento que também os outros concelhos deveriam
pensar nessa sugestão aconselhada para o Concelho de Santa Cruz.
Assim, sugerimos a construção de barragens nas seguintes ribeiras e concelhos:
i. Ribeira Seca, Poilão, no Concelho dos Órgãos, implantada na Formação
conglomerático-Brechóide ou Formação dos Órgãos, Miocénico.
ii. Ribeira Grande, no Concelho do Tarrafal, implantada no Complexo Eruptivo do
Pico da Antónia, componente subárea (PA), Mio/Pliocénico.
| 255 |
iii. Ribeira Principal, no Concelho de S, Miguel, implantada no Complexo Eruptivo
do Pico da Antónia, componente subárea (PA), Mio/Pliocénico.
iv. Ribeira dos Engenhos, no Concelho de Santa Catarina, implantada na Formação
da Assomada (A), Pliocénico, ou no Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA)-
Ante-Miocénico.
v. Ribeira de Achada Baleia, no Concelho de S. Domingos, implantada no Complexo
Eruptivo do Pico da Antónia, componente subárea (PA), Mio-Pliocénico, ou na
Formação dos Flamengos, (λρ ), Miocénico.
vi. Ribeira de S. Martinho Grande ou Ribeira de S. Martinho Pequeno, no Concelho
da Praia, ambas implantadas no Complexo Eruptivo do Pico da Antónia,
componente subárea (PA), Mio/Pliocénico.
8.2. A BARRAGEM DE POILÃO
8.2.1. Acções prévias concernentes à construção da Barragem
Para a implementação da Barragem de Poilão, localizada na Ribeira Seca do
Concelho São Lourenço dos Órgãos, foram realizadas as seguintes acções:
i. Estudo do corpo da barragem ou dique que vai suportar a pressão e o peso da
água da albufeira. Distância do dique ao ponto mais afastado da albufeira.
A Geologia e a Geomorfologia forneceram os dados de base indispensáveis,
uma vez que a Cartografia Geológica na escala 1:25/000, folha 55, assinala
localmente os afloramentos do CB (Formação dos Órgãos) uma das formações
mais antigas da Sequência Vulcano – Estratigráfica e que integra a chamada
UNIDADE DE BASE DAS UNIDADES HIDDROGEOLÓGICAS da ilha de Santiago.
A morfologia do local apresenta um estrangulamento muito apertado da área
(Fig. 8.2.1.1) o que abona a favor da escolha do local.
A Notícia Explicativa que acompanha a Carta Geológica, de António Serralheiro,
assim como as “Grandes Unidades Geomorfológicas” da Ilha de Santiago, de
M. M. Marques, apoiaram os trabalhos de campo realizados nos domínios de
Geologia, Geomorfologia e de Hidrogeologia/Hidrologia Superficial.
ii. Estudo da geologia local, atendendo fundamentalmente à permeabilidade dos
terrenos que irão limitar o armazenamento da água.
Os trabalhos de campo confirmam a presença de afloramentos da Formação
dos Órgãos (CB), que é constituída por depósitos conglomerático – brechóides,
terrestres, de idade Miocénica, e que apresenta uma compacidade que foi
identificada como um obstáculo à circulação da água no seu seio (característica
geral da Unidade de Base).
| 256 |
iii. Estudo da Bacia Hidrográfica cujas águas alimentam a albufeira – PA (Sub -
aéreo) /CB.
O ponto mais alto da ilha de Santiago, Pico da Antónia, com 1392 metros,
também o ponto mais remoto, é donde parte a Ribeira Seca, cujo percurso passa
pelo local chamado POILÃO, aonde se implantou a barragem.
O Complexo Eruptivo do Pico da Antónia (PA), de idade Mio – Pliocénica, é
a formação geológica cuja componente sub - aérea constituída por mantos
basálticos subaéreos e material piroclástico associado, ocupa a parte superior da
Bacia Hidrográfica até ao contacto com a formação Conglomerático – Bréchóide
(CB), na qual se instalou a barragem.
(Fig. 8.2.1.1)
Considera-se acertada, geológica e hidrogeologicamente, a instalação da
Barragem de Poilão no local identificado, assim como também por razões
hidrológicas, uma vez que é uma das bacias hidrográficas de maior potencial
hídrico superficial do Arquipélago (Sabino, 1997).
É de salientar a necessidade de se continuar a programar e a executar obras de
correcção torrencial – açudes e de reflorestação a montante e de defesa das
encostas marginais com incidência nas zonas envolventes da futura barragem.
Fig. 8.2.1.1 Futura Barragem do Poilão – Formação dos Órgãos (CB)
Fonte: A. Mota Gomes e A. F. Lobo de Pina, 2004
| 257 |
8.2.2. Barragem de Poilão
A barragem de Poilão situa-se na bacia hidrográfica da Ribeira Seca, na parte
central da ilha de Santiago, a cerca de 30 km da Cidade da Praia, a 15º 04’ 28’’ de
latitude Norte e a 23º 33’ 52’’ de longitude Oeste.
O projecto de construção da Barragem de Poilão deve-se à Cooperação
Económica assinada entre os Governos da República da China e da República
de Cabo Verde, pelo que uma equipa de especialistas de conservação de água,
efectuou duas visitas a Cabo Verde, sendo a primeira de 3 a 16 de Setembro de 2001
e, a segunda, de 29 de Setembro a 6 de Novembro de 2002.
Após estas duas visitas foram estudadas as condições geológicas do local,
tendo-se decidido pela construção da Barragem na zona de Poilão, o que levou à
elaboração do projecto do local. Na sequência do acordo de cooperação assinado,
foi marcada a data de Outubro de 2004 para início da construção da barragem.
A evolução da construção da citada barragem pode ser demonstrada através das
fotografias 8.2.2.1 a 8.2.2.8.
foto. 8.2.2.1. 08-08-2005 Ínicio dos trabalhos
Fonte: Bila Santos e Celestino Afonso
| 258 |
foto. 8.2.2.2. 05-11-2005 Cerca de três meses após o início dos trabalhos
Fonte: Bila Santos e Celestino Afonso
foto. 8.2.2.3. 18-12-2005 Cerca de quatro meses após o início dos trabalhos
Fonte: Bila Santos e Celestino Afonso
| 259 |
foto. 8.2.2.4. 12-02-2006 Cerca de seis meses após o início dos trabalhos
Fonte: Bila Santos e Celestino Afonso
foto. 8.2.2.5. 27-02-2006 Cerca de seis meses após o início dos trabalhos
Fonte: Bila Santos e Celestino Afonso
| 260 |
foto. 8.2.2.6. 15-04-2006 (a montante) Cerca de oito meses após o início dos trabalhos
Fonte: Bila Santos e Celestino Afonso
foto. 8.2.2.7. 15-04-2006 (a jusante) Cerca de oito meses após o início dos trabalhos
Fonte: Bila Santos e Celestino Afonso
| 261 |
foto. 8.2.2.8. 15-04-2006 Cerca de oito meses após o início dos trabalhos
Fonte: Bila Santos e Celestino Afonso
| 262 |
foto. 8.2.2.9. 01-08-2006
Fonte: Bila Santos e Celestino Afonso
foto. 8.2.2.10. Fonte: Bila Santos e Celestino Afonso
| 263 |
foto. 8.2.2.11. 12-09-2002
Fonte: Bila Santos e Celestino Afonso
Estudos levaram à conclusão de que são mínimos os impactos ambientais
resultantes da construção da barragem.
Todavia, da construção da barragem poderão ocorrer situações nefastas sobre o
ambiente do local da construção através de poluição proveniente dos resíduos dos
gases, águas residuais e barulhos. Porém, tais ocorrências devem ser minimizadas,
desde que medidas adequadas sejam tomadas a tempo.
Quanto ao impacto económico poderá dizer-se que após a conclusão da
barragem, a economia e condições sociais, ambientais e locais melhorarão, com o
melhoramento dos benefícios agrícolas locais.
As principais características da barragem constam das Tabelas 8.2.2.1. (Relatório
do Plano de irrigação do Poilão, Santiago, Cabo Verde, 2004)
| 264 |
tab. 8.2.2.1. As principais características da alternativa recomendada (alternativa 118 metros)
n.º descrição dos itens unidade quantidade observações
1. hidrologia e metereologia
1.1. área de recepção da<água das chuvas a montante km2 28
1.2. média de escoamento superficial anual mm3 1,90
1.3. evaporação média anual mm 1764
1.4. precipitação média mm 337
1.5. sedimentação
Média anual de lodo em suspensão T 26.600
Média anual de lodo depositado T 8.000
1.6. metereologia
temperatura média anual ºC 22,3 dados de
estação
metereológica
S. Jorge
temperatura mínima anual ºC 10,0 14/02/1994
temperatura máxima anual ºC 35,4 20/04/1987
2. reservatório
2.1. característica do nível de água
nível normal de água m 118
nível limite das cheias durante as estações chuvosas m 118
nível mínimo de água para funcionamento da barragem m 108
2.2. capacidade de armazenamento do reservatório
capacidade máxima de armazenamento mm3 1,70
capacidade de armazenamento abaixo do nível normal mm3 1,20
regulação de capacidade de armazenamento m3 1
3. descarga e nível de água a jusante da barragem
3.1. nível de água correspondente a jusante m 100,90
3.2. nível de água correspondente a jusante m 99,60
4. benefícios de irrigação
área prevista de irrigação Ha 63
abastecimento anual de água m3 671.000
grau de confiança de previsão
5. perdas com a inundação e aquisição de terrenos para o projecto
5.1. inundação
distância atingida pela água a montante m 1145
área inundada Ha 17,6 P=5%
distância atingida pela água a montante m 1235
5.2. aquisição do terreno para o projecto Ha 2
Fonte: Relatório do Plano da área de irrigação – Barragem do Poilão Santiago de Cabo Verde
| 265 |
tab. 8.2.2.1. (continuação) As principais características da alternativa recomendada (alternativa 118
metros)
n.º descrição dos itens unidade quantidade observações
6. estruturas principais
6.1. barragem base de pedra
comprimento total da parte superior da barragem m 153.0
para o descarregador
altura do descarregador m 118,00
comprimento do descarregador m 46,20
altura máxima da barragem m 26.00
6.2. tubo de distribuição tubos de aço
comprimento m 12
diâmetro mm 500
altura da toma de água central a montante m 108.00
altura da toma de água central a jusante 107.88
6.3. tubo de escoamento na base tubos de aço
comprimento m 20
diâmetro mm 500
altura na parte central da toma de água a montante m 100.60
6.4. cabine memorial da barragem m2 30
7. construção
7.1. quantidade das principais estruturas
escavação do terreno m3 8972
escavação de rochas m3 13190
gravilhas m3 23490
betão armado m3 4915
ferro t 56.0
7.2. principais materiais de construção
barra de aço t 76
madeira m3 53
cimento t 3630
trabalhadores no período + alto de construção
(mão de obra) pessoas 243
7.4. construção de uma habitação temporária m2 872
7.5. energia eléctrica
gerador eléctrico afixado 2 85kw cada
7.6. período total de construção meses 9
Fonte: Relatório do Plano da área de irrigação – Barragem do Poilão Santiago de Cabo Verde
| 266 |
8.2.3. Utilização da Água da Barragem
De acordo com o documento intitulado “Planning Report of Poilão Reservoir
irrigation area, Santiago Cape Vert – Chinese Agricultural Experts Group in June,
2004”, para a melhor utilização da água da barragem para o desenvolvimento de
agricultura, o Governo de Cabo Verde e o da China acharam pertinente e necessário
a elaboração de um Plano de Irrigação a jusante da barragem.
8.2.4. Objectivo Principal do Plano
É objectivo principal deste plano ter um sistema agrícola moderno de frutícolas,
hortícolas e, ainda, a criação de gado virada para uma pecuária moderna, no sentido
de se criar uma boa unidade de produção com a finalidade de gerar riquezas,
produtos agrícolas de qualidade para abastecer o mercado. Assim, o Plano de
Rega prevê a instalação de um sistema de tubagem na zona de intervenção, com
o objectivo de diminuir as perdas no sistema de distribuição, com vantagens nos
custos, deste sistema, na poupança de energia e na obtenção dos benefícios.
A arquitectura do sistema de tubagem assemelha-se a uma árvore (fig. 8.2.4.1.),
em que o ramal principal é constituído por uma tubagem de 500 mm de diâmetro,
que sai da barragem para a zona denominada “Poilão”. O comprimento total é
de aproximadamente 500 metros. As principais ramificações são constituídas
por tubagem de 350 mm, de diâmetro, que têm duas vias ao longo das margens
da Ribeira Seca. O comprimento total da tubagem, do ramo principal da margem
esquerda, é cerca de 5.200 metros e, a outra da margem direita, cerda de 3.750
metros. Os pequenos ramais são constituídos por tubagem de 100 mm, de diâmetro,
que se estendem ao longo das diferentes direcções, com a finalidade de cobrir toda
a área planificada. Os tubos serão de alta pressão, em plástico ou em ferro.
Pensamos que com a implementação do referido plano, as tecnologias agrícolas
locais serão elevadas a um nível bem alto, tornando possível aumentar o rendimento
dos agricultores.
| 267 |
fig. 8.2.4.1. Carta do sistema de tubagem na área de irrigação de Poilão, Santiago, Cabo Verde
| 268 |
Benefícios esperados
Os benefícios esperados por este empreendimento, na parte jusante da Ribeira
Seca, são os seguintes:
> Aumento da disponibilidade de água.
> Expansão da área irrigada.
> Melhoria do sistema de rega.
> Maior produtividade agrícola.
> Maior disponibilidade de recursos alimentares na ilha.
> Diminuição da incidência da pobreza nos Concelho de Santa Cruz e dos
Órgãos.
> Maior actividade comercial entre Santa Cruz e os outros concelhos da ilha,
particularmente com a Cidade da Praia.
> Criação de um espaço de interesse ecológico e turístico.
> Incidência na flora e fauna local, nomeadamente, avifauna de zonas húmidas.
> Alteração dos ecossistemas a jusante da Barragem.
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de Santiago, Praia 1997.
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com varias propostas de especialistas, Praia 1997.
SABINO, António Advino – Locais inventariados para implantação de barragens de acordo com
as propostas de especialistas que integraram a missão Portuguesa de Reconhecimento
em 1989, Praia 1997.
| 269 |
9.
O USO DA GEOFÍSICA EM HIDROGEOLOGIA
O MÉTODO VLF
| 270 |
| 271 |
9.1. INTRODUÇÃO
Foi realizado um conjunto de estudos geofísicos nos concelhos de Santa Cruz e
de São Domingos (Figura 9.1.1) na Ilha de Santiago, Cabo Verde, durante os anos de
2004 e 2005 (Junho de 2004 a Junho de 2005) com o objectivo de testar a viabilidade
de utilização de três métodos electromagnéticos de prospecção geofísica: os
métodos Magneto-Telúrico (MT), Transiente Electro Magnético (TDEM) e VLF (Very
Low Frequency), bem como, investigar a complexa questão do avanço da interface
água doce – água salgada.
fig. 9.1.1. Adquirindo dados de TDEM na Ribeira de S. Domingos
Foram efectuadas nove sondagens MT, oitenta sondagens TDEM e dezasseis
perfis aplicando o método VLF. Os dados de Magneto-Telúrica foram invertidos
usando-se a aproximação 2-D. As sondagens TDEM foram interpretadas com base
em modelos 1-D. Os dados de VLF foram processados com aplicação de filtros de
| 272 |
Karous-Hjelt, tendo-se procedido à inversão 2-D de alguns dos perfis VLF, tendo por
base os modelos TDEM.
Os resultados mostram que, transversalmente, as zonas das ribeiras apresentam
uma grande uniformidade de resistividade, destacando-se por vezes zonas de
condutividade eléctrica mais elevada que podem corresponder a zonas com maior
conteúdo em água salgada e/ou argila. Os resultados mostram que todas as ribeiras
investigadas sofrem de problemas de intrusão salina, embora com características
diferentes. Em qualquer dos casos estudados foi possível determinar a posição da
interface água doce – água salgada.
Os modelos obtidos das sondagens Magneto-Telúricas e TDEM mostram que a
parte mais profunda nas zonas das ribeiras são zonas com grande fracturação e
extremamente vulneráveis à penetração da água do mar.
Os resultados obtidos permitiram a elaboração de um conjunto de recomendações
no sentido de uma melhor protecção dos aquíferos.
Os resultados obtidos neste trabalho, ampliam os resultados parciais de estudos
geofísicos anteriores na zona do Tarrafal (ilha de Santiago) realizados usando a
resistividade e o método VLF-R, pela Universidade de Lund (Dahlin et al., 1986) no
âmbito de um projecto bilateral entre a Universidade de Ciências e Tecnologia de
Lund (Suécia) e o Instituto Nacional de Investigação Tecnológica de Cabo Verde.
Os objectivos principais destes trabalhos foram a investigação da aplicabilidade da
resistividade e do método VLF-R, assim como comparar os resultados de ambos os
métodos.
9.2. AQUISIÇÃO DE DADOS
O método VLF (Very Low Frequency)
O método VLF é um método electromagnético para a prospecção de estruturas
superficiais (100 m no máximo) que tem a vantagem de os seus dados serem
recolhidos rapidamente tornando-se, por isso, relativamente económico. Tem,
contudo, algumas desvantagens sendo o principal o facto da interpretação
quantitativa dos dados ser bastante difícil.
O método VLF utiliza como fonte o conjunto de emissores usados para
comunicações na banda de frequências (10-30 kHz). A energia emitida por estas
fontes, devido à baixa frequência, não é atenuada, viajando a grandes distâncias
(basicamente, mas não apenas, por reflexão na superfície terrestre e na camada
ionizada da atmosfera). No local de observação, a grande distância da fonte, a
| 273 |
onda será uma onda plana com a componente horizontal do campo eléctrico E na
direcção da linha que une o receptor e o emissor (Figura 9.2.1). O campo magnético
H será, por seu lado, perpendicular ao campo E. A componente vertical do campo
eléctrico não é considerada neste método. Para a gama de frequências utilizadas
e para locais longe da fonte, as componentes do campo magnético originado pela
fonte estão relacionadas linearmente:
Hz = A Hx + B Hy
As funções A e B são designadas por “tipper” e dependem apenas da estrutura
eléctrica (isto é, da distribuição da condutividade eléctrica) do terreno no local
de observação. A componente vertical do campo magnético (Hz) é gerada pelos
contrastes de resistividade eléctrica existentes no terreno na zona das observações.
Se não houver variações daquela propriedade, não haverá componente vertical do
campo magnético.
fig. 9.2.1. Esquema simplificado da aquisição de dados VLF, mostrando a relação entre as componentes
do campo electromagnético
Na prática a maioria dos equipamentos de VLF medem apenas a componente
vertical e uma componente horizontal do campo magnético. Se a direcção X for a
direcção principal das estruturas geológicas a investigar (designado geralmente por
“strike”) e coincidir aproximadamente com a linha que une o transmissor ao local
de observação e Y for a direcção em que se realiza o perfil de medições (fig. 9.2.1.),
define-se um “tipper” escalar:
Hz = Bs Hy
O “tipper” é uma grandeza complexa (no sentido matemático), isto é, possui uma
parte real e uma parte imaginária devido ao facto das componentes horizontal e
vertical do campo H estarem desfasadas. Isto deve-se aos fenómenos de indução.
De facto o campo primário, originado pela fonte, induz um campo electromagnético
no meio condutor (se este existir) que por sua vez dá origem a um campo secundário
| 274 |
que é observado, em conjunto com o primário. Assim, as componentes horizontais
de H que são medidas, são o resultado da sobreposição dos campos primário e
secundário, mas a componente vertical é inteiramente de origem secundária. Se não
houver contrastes de condutividade eléctrica não haverá componente vertical e o
“tipper” será nulo. É esta dependência do “tipper” relativamente aos contrastes de
resistividade eléctrica que torna o método VLF num poderoso meio de prospecção
de águas, principalmente em zonas fracturadas.
A interpretação dos dados de VLF é feita, geralmente, com recurso à aplicação de
filtros. Os mais utilizados são os filtros de Fraser e os filtros de Karous e Hjelt, que
permitem gerar distribuições equivalentes de densidade de corrente. As pseudo-
secções assim calculadas podem então ser interpretadas em termos geológicos ou
hidrogeológicos.
9.3. DADOS E INTERPRETAÇÃO VLF
O método VLF - EM (Banda de Frequência Muito Baixa, 10 - 30 kHz) é um
instrumento de exploração rápida das estruturas superficiais. É um método muito
desejado para uma rápida observação preliminar dado ser um instrumento de simples
manuseamento, rápido na observação da área e de baixos custos. As fontes para
a medição VLF são transmissores fixos usados para comunicar, que representam
dipolos-eléctricos verticais.
Os sinais de rádio (na gama de frequências 3-30 kHz) são transmitidos,
principalmente, como ondas guiadas entre a superfície da terra e a ionosfera
condutora. Em pontos distantes da fonte, a onda pode ser considerada plana com o
campo eléctrico quase vertical e o campo magnético horizontal.
Segundo a teoria electromagnética, os corpos condutores na sub-superfície
tornam-se fontes de um campo secundário, que é mudado na sua fase relativamente
ao primário. O método VLF detecta os campos primários e secundário e separa o
campo secundário em componentes in-fase (real) e quadratura (imaginário) levando
em conta o período de tempo da fase do campo secundário. A resposta in-fase é
sensível a corpos com baixa resistividade. Por outro lado, a resposta da quadratura
é sensível à variação das propriedades eléctricas da terra.
O método VLF - EM já foi usado em muitas e vastas explorações geofísicas. Uma
revisão dos fundamentos teóricos VLF, assim como as suas aplicações geológicas e
hidrogeológicas podem ser encontradas em McNeill e Labson (1991).
Neste trabalho, o método VLF foi aplicado como uma investigação preliminar
hidrogeológica em estruturas de pouca profundidade na Ilha de Santiago. Alguns
resultados dos trabalhos de campo nas Ribeiras Seca, dos Picos e de Cumba são
| 275 |
aqui apresentados. A área examinada é uma das mais importantes zonas agrícolas
da Ilha e mostra sinais evidentes de contaminação da água do mar.
Um total de 16 perfis VLF - EM foram realizados na região de Santa Cruz
(Figura 9.3.1), com o objectivo de estudar a estrutura geoeléctrica das zonas mais
superficiais das ribeiras. O comprimento dos perfis é variável mas a distância entre
medidas foi, geralmente, de 12 m.
O espaçamento entre a recolha de dados foi de 5 e 12 m. A recolha foi realizada
durante o dia e cada perfil foi totalmente completado em duas horas para evitar as
flutuações do campo magnético. Os dados foram recolhidos com a ajuda do sistema
WADI e usando a frequência de 20,9 kHz. As excepções são os perfis com uma
orientação Este-Oeste (linhas 500 e 501) e foram recolhidas usando a frequência
de 23,9 kHz. Em ambos os casos foi garantida a localização perpendicular dos
transmissores em cada perfil.
fig. 9.3.1. Localização das sondagens MT e dos perfis VLF realizados no Concelho de Santa Cruz. As
setas indicam o sentido da realização dos perfis.
Apresentam-se algumas considerações sobre a interpretação de dados VLF-EM.
i. Dados apresentando distintos picos de valores positivos e negativos indicam,
geralmente, a presença de estruturas anómalas no subsolo. Os pontos em que
os dados (parte real e imaginária) se anulam determinam a localização dos
corpos anómalos.
| 276 |
ii. Para estruturas simples, a profundidade destas pode ser estimada a partir da
distância entre os máximos e mínimos da parte real dos dados. Este método
pode, contudo, conduzir a resultados errados no caso de estruturas muito
superficiais.
iii. A parte imaginária dos dados é importante na avaliação da condutividade do
condutor (valores mais elevados, em módulo, nesta componente representam
bons condutores).
iv. Quanto mais condutor for o meio ambiente, menor será a amplitude da parte
real.
fig. 9.3.2.a. Exemplo de dados VLF, da sua filtragem Fraser e Karous-Hjelt e, ainda, resultados de duas
inversões.
A interpretação quantitativa (inversão) de dados de VLF é possível, desde que haja
informação sobre a resistividade média da parte superior da crusta. A Figura 9.3.2.a,
mostra um exemplo sintético de inversão de dados de VLF. A figura compara, ainda,
o resultado da aplicação dos filtros de Fraser e Karous-Hjelt com o resultado obtido
por inversão. O resultado mostra que, claramente, a inversão é superior à aplicação
da filtragem.
| 277 |
RESULTADOS
Estruturas Superficiais
As Figuras 9.3.2. b) e 9.3.2. c) mostram os resultados das componentes in-fase
(parte real) obtidos por aplicação do filtro Karous – Hjelt (Karous e Hjelt, 1983), para
três perfis (403, localizado a uma distância de cerca de 2 km da linha da costa; 501 e
600 situados a 1 km da linha da costa) realizados no vale de Ribeira Seca. Os valores
mais elevados da densidade de corrente relativa correspondem a valores mais
elevados de condutividade (Benson et al., 1997). Todos os perfis mostram valores
elevados de densidade de corrente. No entanto, a magnitude das anomalias é mais
elevada em perfis situados mais perto da linha da costa indicando a presença de
estruturas mais condutoras.
fig. 9.3.2.b. Pseudo-secções de densidade de corrente, obtidas pela aplicação de filtragem Karous-Hjelt.
Perfis 600, 501 e 403
| 278 |
fig. 9.3.3.c. modelos de destribuição de resistividade obtidos a partir da inversão de dados de VLF perfis
600, 501 e 403.
A interpretação quantitativa dos dados de uma única frequência (VLF - EM)
foi investigada por vários autores (Beamish, 1994, 2000; Chouteau et al., 1996;
Kaikkonen e Sharma, 1998; Monteiro Santos et. al. 2006), que mostraram que há
muita informação detalhada sobre a distribuição da resistividade na sub-superfície
que pode ser obtida através da inversão regularizada dos dados.
Neste trabalho, os dados “tipper” adquiridos na Ribeira Seca foram invertidos
usando uma aproximação de inversão 2-D regularizada baseada em Sasaki (1989,
2001). Os dados foram invertidos usando um meio espaço de 50 ohm-m como modelo
inicial. Este valor de resistividade representa um valor médio para as estruturas
localizadas longe de valores anormais de elevada (e baixa) condutividade como as
estimadas no modelo obtido através da junção das inversões dos dados TE + TM
e dos dados MT. Foi assumida uma margem de erro de 5% para os componentes
“tipper”, real e imaginário. Os modelos de resistividade obtidos nos perfis 403, 501 e
600 são ilustrados nas Figuras 9.3.2.b. e 9.3.2.c. A discrepância entre os dados e as
respostas-modelo é geralmente alta (> 20 %) para a parte real mas mais aceitável
para a parte imaginária (< 8 %).
Na Figura 9.3.2.c., os modelos obtidos através dos perfis 600 e 501 mostram
zonas de pouca profundidade (< 40 m) e de baixa resistividade (< 20 ohm - m) na
| 279 |
parte sudeste dos perfis. Ambos os modelos mostram uma profundidade relativa (>
40 m) e zonas de baixa resistividade à medida que se se aproxima da parte central
do vale. O perfil 403 é dominado pelo contraste de resistividade na parte sudeste.
Quanto à parte noroeste, os perfis mostram valores de resistividade superiores a
60 - 80 ohm-m que podem ser associados ao aquífero aluvionar arenoso. Tendo em
conta que i) os dados VLF só continham os “tipper”; que ii) o valor inicial dos dados
VLF 2-D é um valor bidimensional; e que iii) as respostas dadas aos modelos VLF 2-D
são pobres e incompatíveis, os valores de resistividade mostraram que os modelos
VLF devem ser usados como valores relativos, e não como valores absolutos.
Interpretação qualitativa dos dados VLF
A interpretação qualitativa das pseudo-secções de densidade de corrente,
obtidas pela aplicação de filtragem (filtros de Karous-Hjelt) para cada um dos perfis
de VLF, apresentadas nas Figuras 9.3.1, 9.3.2, e 9.3.3, sugere que:
i. Não há grandes contrastes na distribuição da resistividade eléctrica nas zonas
mais superficiais (profundidade inferior a 60-80 m). Este facto é revelado pela
fraca intensidade da maioria das anomalias de densidade de corrente.
ii. Há, contudo, zonas que apresentam maior condutividade eléctrica. Estas zonas,
reveladas pela presença das anomalias positivas de densidade de corrente,
devem corresponder a zonas com maior conteúdo em água contaminada por
água do mar ou a zonas com maior conteúdo em argila e água. Estas zonas
poderão corresponder a zonas de circulação preferencial de água. Os dados
de VLF não permitem, neste tipo de ambiente hidrogeológico, uma análise mais
detalhada.
| 280 |
Nas Figuras 9.3.1.1, 9.3.2.1 e 9.3.3.1 apresentam-se as pseudo-secções de
densidade de corrente, obtidas pela aplicação de filtragem (filtros de Karous-
Hjelt) a alguns dos perfis realizados nas Ribeiras de Cumba, Seca e dos Picos.
9.3.1. Ribeira de Cumba
fig. 9.3.1.1. Exemplos de pseudo-secções de densidade de corrente obtidas para os perfis na Ribeira
de Cumba.
| 281 |
9.3.2. Ribeira Seca
fig. 9.3.2.1.Exemplos de pseudo-secções de densidade de corrente obtidas para os perfis na Ribeira
Seca.
| 282 |
9.3.3. Ribeira dos Picos
fig. 9.3.3.1. Exemplos de pseudo-secções de densidade de corrente para os perfis na Ribeira dos
Picos.
9.4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Os perfis de VLF mostram uma distribuição da resistividade, nas formações
sedimentares, maioritariamente homogénea, interrompidas apenas por algumas
estruturas heterogéneas, que são reveladas como zonas com uma concentração
anormal de densidade de corrente relativamente alta e de baixa resistividade, como
sugerem os modelos 2-D. A interpretação possível para esta concentração de
corrente (baixa resistividade) é o aumento da condutividade devido à presença de
água salgada. Os resultados de VLF parecem mostrar que as anomalias referentes
à baixa resistividade são mais significativas em zonas próximas da linha da costa,
sugerindo a contaminação pela água do mar (em zonas pouco profundas) que
| 283 |
decresce à medida que se vai para a zona interior dos vales. Podemos chegar à
mesma conclusão pela análise da Figura 9.4.1. onde nos é apresentado um mapa do
conteúdo clórico.
fig. 9.4.1. Conteúdo clórico da Zona de Santa Cruz (engloba as Ribeiras Cumba, Seca e Picos).
Os vales encontram-se cheios de material, principalmente, areias da praia (finas
e grossas) com uma percentagem variável de argila. A espessura desta banda
sedimentar é variável, mas foi estimado um máximo de 50 m através da informação
retirada do corte geológico dos furos. Os resultados obtidos por Dahlin et al. (1986)
numa observação da resistividade realizada no vale do Tarrafal (noroeste da Ilha de
Santiago) mostrou uma camada de 300 ohm-m de resistividade entre os 10-30 m
de profundidade, correspondendo ao aluvião arenoso. Por baixo desta camada foi
detectada outra banda de 20-30 ohm -m de resistividade, associada à intrusão de
água salgada. Estes resultados parecem apoiar a nossa interpretação. Resultados
semelhantes foram obtidos por Boubekraoui et al. (1998) numa investigação
realizada na área Baril (no flanco sudeste do vulcão Piton de la Fournaise na Ilha de
Reunião). Usando métodos audiomagneto-telúricos, VLF e Polarização Espontânea,
os autores descobriram uma zona condutora que foi atribuída a um aquífero
suportado pela água do mar.A profundidade das zonas de condutividade mostradas
no modelo conjunto TE e TM parece aumentar na direcção Sul - Este para Norte -
Oeste, sugerindo um decréscimo do efeito da infiltração da água do mar na direcção
noroeste. Isto correlaciona-se muito bem com a observação feita in situ (Pina et al.,
2005) que mostra que o conteúdo Na - Cl na Ribeira dos Picos é inferior ao da Ribeira
Seca, confirmada pelos resultados das análises químicas feitas pelo INGRH.
Os aquíferos de água doce encontrados nos vales são explorados com fins
agrícolas. A fraca precipitação e a sobre-exploração destes aquíferos, nas últimas
duas décadas, resultou numa severa contaminação de água salgada no aquífero de
água doce localizado perto da costa, descritos nos modelos VLF e MT como tendo
relativamente baixa resistividade.
| 284 |
fig. 9.4.2 Modelo de resistividades obtido a partir da inversão de dados de MT adquiridos na zona de
Santa Cruz
O modelo obtido pela inversão conjunta dos dados MT (Figura 9.4.2) dá-nos um
modelo mais geral da estrutura geoeléctrica da área estudada. As zonas condutoras
imaginadas pelo modelo podem existir devido à infiltração da água salgada através
das fracturas relativamente profundas (falhas?). Os vales foram provavelmente
gerados pela forte erosão que ocorreu nestas zonas densamente fracturadas. Mesmo
considerando a fraca resolução dos dados para as estruturas pouco profundas, o
comportamento de condutividade elevada pode ser interpretado como um indicador
de corrente de água do mar pela zona fracturada até ao vale. Na Ribeira Seca, as zonas
de baixa resistividade alcançam a superfície, como os modelos VLF mostraram. Os
modelos VLF dão uma imagem das estruturas condutoras de conteúdo sedimentar
(profundidades inferiores a 80 m). Esta imagem é complementada pelos modelos
obtidos a partir dos dados MT, que indicam a presença de elevada condutividade em
profundidades superiores a 80m.
Os resultados obtidos nas duas campanhas geofísicas realizadas de Junho 2004
a Junho de 2005 levam-nos a fazer algumas recomendações visando, por um lado, a
melhoria do conhecimento que se possuí dos recursos subterrâneos em Santiago e,
por outro, a protecção dos recursos existentes. Assim, recomendamos:
1. A continuação dos trabalhos de geofísica, estendendo-os ao Concelho do
Tarrafal e à parte central da Ilha, região do planalto da Assomada, Concelho de
Santa Catarina;
2. A extensão dos trabalhos a outras Ilhas com problemas semelhantes de intrusão
salina;
3. O cruzamento dos resultados geofísicos com a base de dados existente no
INGRH;
4. A realização de estudos geofísicos detalhados sempre que se pretender realizar
novos furos de captação;
| 285 |
5. A constituição de um grupo de investigação englobando geólogos, geógrafos,
hidrogeólogos, hidrólogos, hidroquímicos e geofísicos que tenham por missão
elaborar e executar projectos de investigação na área da hidrologia subterrânea
e hidrologia superficial.
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| 287 |
10.
CONCLUSÕES
E RECOMENDAÇÕES
| 288 |
| 289 |
A investigação que foi desenvolvida ao longo dos últimos anos e que ora se apresenta
nesta dissertação, pretendeu caracterizar e interrelacionar, de forma simples mas
ao mesmo tempo global, a Geologia, a Hidrogeologia e a Hidroquímica dos recursos
hídricos da Ilha de Santiago.
Na elaboração do modelo geológico da ilha, partiu-se da sequência vulcano-
estratigráfica clássica, fundamentalmente de António Serralheiro (1976), e que
contempla as seguintes unidades (das mais antigas para as mais recentes):
I. Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA) .
a. Complexo filoniano de base de natureza essencialmente basáltica (CA);
b. Intrusões de rochas granulares silicatadas (g);
c. Brechas intravulcânicas e filões brechóides (B);
d. Intrusões e extrusões fonolíticas e traquíticas (j);
e. Carbonatitos (Cb).
II. Conglomerados anteformação dos Flamengos.
III. Formação dos Flamengos (lr).
IV. Formação dos Órgãos (CB).
V. Formação Lávica pós-Formação dos Órgãos.
VI. Sedimentos posteriores à Formação dos Órgãos e anteriores às lavas submarinas
inferiores (LRi) do Complexo Eruptivo do Pico da Antónia.
VII. Complexo Eruptivo do Pico da Antónia (PA).
VIII. Formação da Assomada (A).
IX. Formação do Monte das Vacas (MV).
X. Formações Sedimentares Recentes de Idade Quaternária
Tornando-se evidente que os aspectos geomorfológicos da ilha de Santiago s‹o
importantíssimos na “entrada” do Ciclo Hidrológico e, a jusante, nas condições de
armazenamento e circulação dos recursos hídricos, quer superficiais, quer subterrâneos,
foram consideradas as seguintes sete Grandes Unidades Geomorfológicas:
Achadas Meridionais (I); Maciço Montanhoso do Pico da Antónia (II); Planalto de
Santa Catarina (III); Flanco Oriental (IV); Maciço Montanhoso da Malagueta (V); Tarrafal
(VI); Flanco Ocidental (VII).
Com o objectivo de ser definido o modelo hidrogeológico conceptual, foi considerada
a seguinte sequência hidrogeológica:
Unidade Recente, constituída pela Formação do Monte das Vacas, que é muito
permeável. Por isso, não permite a retenção das águas que, assim, se infiltram,
privilegiadamente, em direcção ao aquífero principal. Também são integradas nesta
unidade as formações aluvionares.
| 290 |
Unidade Intermédia, constituída pelo Complexo Eruptivo do Pico da Antónia que, por
sua vez, é constituída essencialmente por mantos basálticos subaéreos e submarinos
e onde se inclui, também, a Formação de Assomada. É a unidade geológica mais
espessa, mais extensa e que facilita a circulação da agua no seu seio, apresentando
uma permeabilidade bastante superior à da Unidade de Base assumindo, por isso, as
características do aquífero principal.
Unidade de Base, que engloba o Complexo Eruptivo Interno Antigo, a Formação dos
Flamengos e a Formação dos Órgãos e se caracteriza por possuir um grau de alteração
relativamente elevado, de que resulta uma permeabilidade relativamente baixa e, por
conseguinte, também produtividade relativamente fraca.
fig. 10.1. Esquema hidrogeológico geral para a ilha de Santiago.
A irregularidade do clima, a notável influência da orografia no regime e nas
alturas de precipitação, bem como de outros factores tais como as temperaturas,
pressão atmosférica e as correntes marítimas, são temas abordados no capítulo de
Climatologia.
No capítulo de Hidrogeologia, e partindo de um inventário hidrogeológico detalhado
realizado em toda a ilha, apresenta-se a rede de observação e controlo sobre a qual,
nos anos 2002, 2003, 2004, 2005 e 2006, foi exercida particular atenção e recolhidos
dados posteriormente analisados. Deste trabalho pode concluir-se que é nas bacias
das ribeiras de S. Domingos, Seca e de St.ª Cruz que há maiores extracções de água
subterrânea. Há furos de captação nestas ribeiras com explorações de caudais e períodos
| 291 |
de bombagem, por vezes, elevadíssimos, pelo que se recomenda a implementação de
um controlo rigoroso com a introdução de medidas de correcção eficazes.
Pode ainda concluir-se que o sistema de exploração e gestão tem sido feito com
certo rigor nos concelhos de Tarrafal, St.ª Catarina e S. Miguel.
Há furos piezométricos fora de uso, ou porque se encontram entupidos, ou porque
a cabeça do furo se encontra calcinada, pelo que se recomenda a execução de novos
furos em locais onde se torna evidente a falta de furos piezométricos e de controlo
salínico, assim como a recuperação de alguns, de modo a possibilitar uma adequada
malha piezométrica da ilha.
O seguimento dos pontos de água seleccionados no decorrer do ano 2003,
confirmaram que o Complexo Eruptivo Principal (C.E.P), também conhecido pelo
Complexo Eruptivo do Pico de Antónia (PA) é o aquífero principal da ilha, devendo-
se destacar a sub-unidade formada por mantos basálticos submarinos (pillow-lavas)
que fornece um caudal horário de cerca de 35m3/h a 40m3/h para uma bombagem
diária aconselhada, tecnicamente, de doze horas, com possibilidades de aumentar o
número de horas de bombagem por dia, caso as circunstâncias assim o exigirem, com
a obrigatoriedade de se implementar um controlo rigoroso da exploração, a nível geral
da ilha.
Recomenda-se também a implementação de cuidados especiais na parte terminal
das ribeiras, principalmente quando os furos estão implantados em mantos basálticos
submarinos (pillow-lavas) do Complexo Eruptivo do Pico de Antónia (PA), pois já há
indícios de intrusão salina, nomeadamente na Ribeira Seca, do concelho de Stª Cruz, na
Achada Baleia, do concelho de S. Domingos e em Chão Bom, do concelho do Tarrafal.
Como conclusão, ainda, evidenciar que o Complexo Eruptivo do Pico de Antónia (PA)
e a Formação da Assomada (A) são as formações mais produtivas e as que produzem
água de melhor qualidade.
Considerada a ilha no seu todo, pode tratar-se como uma única grande “toalha”.
Por isso, o esquema hidráulico geral é o de um grande reservatório central (região da
Assomada, entre o maciço do Pico de Antónia e o maciço da Malagueta) constituído,
essencialmente, pela Unidade Intermédia, drenada pelos numerosos vales. Os
escoamentos à periferia deste reservatório fazem-se quer na base das grandes
escoadas que descem até ao mar, quer no substrato constituído pelas formações da
“Unidade de Base” (CA, r, CB).
Nas zonas periféricas, os diversos aquíferos são drenados pelos níveis de
permeabilidade elevada, (Casos concretos da Ribeira Seca e da Ribeira dos Picos
no Concelho de Santa Cruz) e as pillow – lavas do Complexo Eruptivo do Pico de
Antónia, principalmente nos concelhos de Santa Cruz, do Tarrafal e da Praia, que
têm proporcionado furos com caudais da ordem de 35/40 m3/h e uma bombagem
aconselhada de 12 horas por dia e de água de boa qualidade.
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Tendo em vista precaver-se contra indícios de contaminação salina na parte terminal
das ribeiras, recomenda-se um rigoroso controlo que evite ao máximo depressões
pronunciadas dos níveis de água nas partes média e alta das ribeiras.
Inclui-se, também neste capítulo, a interpretação de dados de ensaios de caudal que
possibilitou a avaliação de parâmetros hidráulicos das três unidades hidrogeológicas
consideradas. Pode concluir-se:
A UNIDADE DE BASE é constituída pelo Complexo Eruptivo Interno Antigo(CA)
de idade ante-Miocénico médio, a Formação dos Flamengos (lr) do Miocénico médio,
e a Formação dos Órgãos Conglomerático-Brechóide, também do Miocénico médio.
Caracteriza-se por um grau de compactação elevado que lhe confere uma baixa
permeabilidade relativamente às formações geológicas mais recentes. Esta unidade
tem valores médios de transmissividade bastante baixos (0,2 a 5 10-5 m2/s) e caudais
médios de exploração também reduzidos. Os caudais máximos esperados são da
ordem de 5 a 7 m3/h.
No caso da Formação dos Flamengos, quando se exploram mantos basálticos
submarinos (com pillow-lavas), a produtividade é mais elevada.
No que respeita à qualidade, as águas desta unidade apresentam-se em geral
com mineralizações elevadas e tanto mais, quanto mais antigas forem as formações
captadas.
A UNIDADE INTERMÉDIA é constituída pelas formações do Complexo Eruptivo
do Pico da Antónia (PA), do Mio-Pliocénico e da Assomada (A)de idade Pliocénico. O
Complexo Eruptivo do Pico da Antónia é a unidade geológica mais extensa e espessa
da ilha e apresenta uma permeabilidade muito superior à série de base, constituindo
assim a principal unidade aquífera.
Nas zonas onde predominam pillow lavas (fácies submarina), os valores da
transmissividade são da ordem de 10-1 a 2 10-2m2/s. Nas zonas de brechas (fácies
subaérea), a transmissividade média é de 1 a 2 10-2m2/s. A produtividade é elevada, da
ordem dos 35 a 40 m3/h nos mantos basálticos submarinos.
O caudal médio de exploração na Formação da Assomada ronda 20-25 m3/h e
rebaixamentos pouco importantes, sendo esta produtividade similar à da fácies subaérea
do Pico da Antónia. A transmissividade calculada é de 10-4 a 5.10-4 m2/s.
As características qualitativas das águas desta unidade são as melhores da ilha de
Santiago.
A UNIDADE RECENTE é constituída pela Formação do Monte das Vacas (MV) de
idade Pliocénico e aluviões (a) do Quaternário. A Formação do Monte das Vacas (MV),
formada principalmente por cones piroclásticos basálticos e derrames associados, é
muito permeável, facilitando a infiltração das águas em direcção ao aquífero principal. Os
aluviões (a), comportam-se de acordo com as respectivas granulometrias, espessuras e
percentagens de argilas. Assim, quando se apresentam espessas, grosseiras e isentas
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de argila, possuem porosidade e permeabilidades elevadas, pelo que permitem furos
de grande produtividade, como se pode observar na parte terminal da Ribeira dos
Flamengos, Achada Baleia, Seca e na Ribeira dos Picos, chegando a atingir caudais
médios de exploração 40 m3/h, com uma exploração média de 12 horas/dia e com uma
transmissividade de 10-1 a 2.10-2 m2/s. Quando observados a montante e com espessuras
reduzidas o caudal médio de exploração é de 8 m3/h e com uma transmissividade de
10-4 a 10-5 m2/s.
O modelo hidrogeológico conceptual pode, então considerar-se:
Fig 10.2. Mapa piezométrico da ilha de Santiago (Pina et al., 2005).
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> o funcionamento hidráulico geral apresenta o sentido do fluxo subterrâneo
”centrífugo”, da parte central para as zonas costeiras;
> superfície piezométrica cuja configuração se assemelha à orografia da ilha: valores
altos na parte central;
> recarga nas partes elevadas onde as precipitações são muito maiores que nas
zonas de cotas baixas;
Pode também concluir-se pela evolução dos níveis piezométricos que a exploração
é superior à recarga, razão que explica a ocorrência de intrusão marinha em algumas
zonas, tais como Ribeira Seca e Achada Baleia.
Quanto à caracterização hidroquímica, foi possível concluir que:
> a fácies predominante, na parte elevada da ilha (ausência de contaminações), é Na-
HCO3-Cl, o que revela influência do aerosol marinho e do CO2 do solo, sendo o pH
ligeiramente ácido;
> junto à costa, a composição é Mg-Cl ou Na-Cl, com valores de pH mais altos,
havendo já evidentes fenómenos de intrusão marinha;
> a Unidade de Base é essencialmente cloretada-bicarbonatada sódica, tem
condutividades eléctricas relativamente baixas, pH levemente ácido;
> a Unidade Intermédia, de fácies idêntica à anterior, mas com predomínio do
bicarbonato e maiores valores de condutividade eléctrica e pH também mais altos;
> a Unidade Recente apresenta fácies variando entre cloretada sódica e magnesiana,
associadas a altas condutividades eléctricas. Junto à costa há intrusão marinha.
Também pode ser concluído que há contaminações resultantes da actividade
agrícola, nomeadamente na Unidade Recente, onde se situam as explorações mais
importantes, com teores de nitratos já proibitivos.
Daqui resulta uma fortíssima recomendação sobre a necessidade de controlo e
gestão racional da exploração destes recursos.
No capítulo Hidrologia Superficial é abordada a importância da execução de
aproveitamentos dos recursos hídricos superficiais e que, também, servirão para
aumentar a taxa de infiltração.
É apresentado o aproveitamento do Poilão.
Finalmente apresentam-se os resultados da aplicação do método VLF, método
geofísico, que permitiu concluir que:
> é adequado à identificação de zonas onde a intrusão marinha se desenvolve;
> é um excelente complemento das deduções geológicas feitas em superfície,
associadas aos dados proporcionados por sondagens mecânicas, pois extrapolam
espessuras, profundidades, etc.
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Como os métodos geofísicos não são invasivos e são relativamente rápidos de
implementar, recomenda-se a sua utilização com vários objectivos:
> controlo do avanço da interface água doce/água salgada;
> localização de novas captações de água subterrânea.
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Os anexos desta tese apenas poderão ser consultados através do CD-ROM.
Por favor queira dirigir-se ao 4º piso da Biblioteca e solicitá-lo no balcão de
atendimento.