Tese - Doenas de Sunos - Juliana Sperotto Brum

78
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA DOENÇAS DE SUÍNOS TESE DE DOUTORADO Juliana Sperotto Brum Santa Maria, RS, Brasil 2013

description

Tese - Doenas de Sunos - Juliana Sperotto Brum

Transcript of Tese - Doenas de Sunos - Juliana Sperotto Brum

1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CINCIAS RURAIS PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM MEDICINA VETERINRIA DOENAS DE SUNOS TESE DE DOUTORADO Juliana Sperotto Brum Santa Maria, RS, Brasil 20132 DOENAS DE SUNOS por Juliana Sperotto Brum Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Ps-Graduao em Medicina Veterinria, rea de Concentrao em Patologia Veterinria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obteno do grau deDoutor em Medicina Veterinria Orientador: Prof. Claudio Severo Lombardo de Barros Santa Maria, RS, Brasil 2013 3 Universidade Federal de Santa Maria Centro de Cincias Rurais Programa de Ps-Graduao em Medicina Veterinria A Comisso Examinadora, abaixo assinada, aprova a Tese de Doutorado DOENAS DE SUNOS Elaborada por Juliana Sperotto Brum Como requisito parcial para obteno do grau de Doutor em Medicina Veterinria COMISSO EXAMINADORA Claudio Severo Lombardo de Barros, PhD (presidente, orientador) David Driemeier, Dr. (UFRGS) Ana Lucia Schild, Dra. (UFPel) Margarida Buss Raffi, Dra. (UFPel) Eliza Simone Vigas Sallis, Dra. (UFPel) Santa Maria, 28 de junho de 2013. 4 AGRADECIMENTOS Agradeo a todos aqueles que de alguma forma contriburam para o desenvolvimento deste trabalho. Ao pessoal do Laboratrio de Patologia Veterinria da Universidade Federal de Santa Maria. equipe da Granja Toropi, em especial ao Mdico Veterinrio nio Sholz. Ao Mdico Veterinrio Giancarlo Santini de Souza. equipedaEmbrapaSunoseAves,Concrdia,SantaCatarina,emespeciala Doutora Raquel Rech. DoutoraMrciaSilva,doCentrodeDiagnsticodeSanidadeAnimal(CEDISA), Concrdia, Santa Catarina. RenataCasagrande,ProfessoradePatologiaAnimal,IFC-Concrdia,Santa Catarina. equipe do Centro de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. equipe do Laboratrio Pasin Anlises Clnicas, em especial ao Dr. Rogrio Pasin. Ao Laboratrio de Bacteriologia da UFSM. Clnica de Sunos da UFSM. Muito obrigada! 5 RESUMO Tese de Doutorado Programa de Ps-Graduao em Medicina Veterinria Universidade Federal de Santa Maria DOENAS DE SUNOS AUTOR: JULIANA SPEROTTO BRUM ORIENTADOR: CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Santa Maria, 28 de junho de 2013. Estateseenvolveuoestudodedoenasdesunos,incluindoadescriodeumsarcoma granulocticoeosinoflicoesurtosdeintoxicaoporsal.Oestudodascaractersticase frequnciadasdoenasnapopulaosunanaregiodeabrangnciadoLaboratriode PatologiaVeterinria(LPV)daUniversidadeFederaldeSantaMaria(UFSM)foirealizado atravsdeumestudoretrospectivodetodososdiagnsticosdenecropsias.Foramseparados 564casoscomdiagnsticosconclusivos.Apopulaosunanaregiodeabrangnciado estudo predominantemente familiar e as doenas diagnosticadas, refletem esta realidade. As doenasinfecciosaseparasitriasforamasmaisprevalentes[384(68,1%)],seguidas,em ordem decrescente, das doenas metablicas e nutricionais [64 (11,3%)], intoxicaes e toxi-infeces[33(5,8%)],edistrbiosdodesenvolvimento[17(3,1%)].Outrasalteraesde diversasetiologias,sobretudodetrauma,foramcausademorteempoucomaisde11%dos protocolos examinados. Doenas bacterianas so responsveis por mais da metade das causas demorteourazoparaeutansiadossunosestudados,revelandoainflunciadefatoresde manejo,ambientaisenutricionaisdomododevidalocal.Aprincipaldoenadiagnosticada em sunos na regio de abrangncia do estudo a doena do edema e juntamente com outras formasdeinfecoporEscherichiacoliresponsvelpor23%dasmortesDoenasde etiologia viral e neoplasias no so importantes causas de morte em sunos na regio estudada. Hepatose nutricional e aflatoxicose so importantes doenas da regio e se devem, sobretudo, afatoresdemanejonutricional.Paradescriodosarcomagranulocticoeosinoflico,foi utilizado um conjunto de tcnicas (citologia, histologia, histoqumica e imuno-histoqumica), indispensveisparaaconfirmaodasuspeitamacroscpica.Intoxicaoporsaluma condioreconhecidaemsunosdesdeaprimeirametadedosculopassadoecontinuauma importantecausademortalidadeeagrandequantidadedesalacumuladaemcasosde intoxicaopodesercomprovadapelasdosagensdoonsdionofgado,msculo,lquor, soroehumoraquoso,eessesdadosservemcomoformadediagnstico.Sunosintoxicados porsalapresentameosinopeniadevidoagraveinfiltraodeeosinfilosea meningoencefaliteeosinoflicaevoluiparaumanecroseneuronallaminar,medidaquese desenvolve o curso clnico da doena. Palavras-chave:doenasdesunos,patologiaveterinria,epidemiologia,causasdemorte, sarcoma granuloctico, intoxicao por sal 6 ABSTRACT Doctoral Thesis Programa de Ps-Graduao em Medicina Veterinria Universidade Federal de Santa Maria DISEASES OF SWINE AUTHOR: JULIANA SPEROTTO BRUM ADVISER: CLAUDIO SEVERO LOMBARDO DE BARROS Santa Maria, June 28th 2013. This doctoral thesis involved the study of diseases in pigs, including the description of a case ofgranulocyticsarcomaandoutbreaksofeosinophilicsaltpoisoning.Thestudyofthe characteristicsandfrequencyofdiseaseinswinepopulationintheregioncoveredbythe LaboratriodePatologiaVeterinria(LPV),UniversidadeFederaldeSantaMaria(UFSM) wasconductedthrougharetrospectivestudyofallautopsydiagnoses.Fivehundreandsity four with conclusive diagnoses were set apart. The pig population in the region covered by the studyispredominantlyfamilyanddiagnoseddiseasesreflectthisreality.Theinfectiousand parasiticdiseaseswerethemostprevalent[384(68.1%)],followed,indescendingorder, nutritionalandmetabolicdiseases[64(11.,3%)],poisoningandtoxi-infections[33(5,8%)] anddevelopmentaldisorders[17(3.1%)].Otherchangestovariousetiologies,especially trauma,werecauseofdeathinjustover11%oftheprotocolsexamined.Bacterialdiseases were responsible for more than half of the causes of death or reason for euthanasia of animals studied,pointingtotheinfluenceofmanagement,environmentalandnutritionalregional husbundry.Themaindiseasediagnosedinpigsintheregioncoveredbythestudyisthe edema disease and along with other forms of infection by Escherichia coli is responsible for 23% of deaths of viral diseases and cancer are not major causes of death in pigs in the region studied.Nutritionalhepatoseandaflatoxicosisareimportantdiseasesintheregionandand therecuasationaremainlylinkedtonutritionalmanagement.Fordescriptionofeosinophilic granulocyticsarcoma,asetoftechniques(cytology,histology,histochemistryand immunohistochemistry)wereusedandwhichprovedtobeessentialfortheconfirmationof macroscopic tentive diagnosis. Salt poisoning is a condition recognized in pigs as far back as the first half of the last century and still remains as an important cause of mortality;the large amountofsaltaccumulatedinthebodyincasesofpoisoningcanbedemonstratedby determination of sodium ion in the liver, muscle, CSF, serum and aqueous humor, and theseareacillarydatatoconfirmthediagnosis.Pigsaffectedbysaltpoisoninghaveeosinopenia duetoseveremeningoencephalitisandinfiltrationofeosinophilsintissues,acuteneuronal necrosis which develops into deeplaminar cortical necrosis as the clinical progresses. Keywords:swinediseases,veterinarypathology,epidemiology,causesofdeath, granulocytic sarcoma, salt poisoning 7 SUMRIO 1 INTRODUO ....................................................................................................................... 8 2 CONSIDERAES GERAIS SOBRE DOENAS DE SUNOS ....................................... 11 3 ARTIGO 1 Caractersticas e frequncia das doenas de sunos na Regio Central do Rio Grande do Sul............................................................................................................................14 4 ARTIGO 2 Eosinophilic granulocytic sarcoma in a pig.....................................................30 5ARTIGO3Intoxicaoporsalemsunos:aspectosepidemiolgicos,clnicose patolgicos e breve reviso de literatura...................................................................................41 6 DISCUSSO ......................................................................................................................... 68 7 CONCLUSES ..................................................................................................................... 72 8 REFERNCIAS .................................................................................................................... 74 8 1 INTRODUO Os primeiros sunos foram introduzidos no Brasil em 1532. Desembarcaram no litoral paulista e durante quasequatro sculosa criaoda espcie predominou nos estados do Sul, So Paulo, Gois, Minas Gerais e Bahia. At metade do sculo XX, a suinocultura limitava-se quasequeexclusivamenteproduodebanha(VIANA,1976).Atualmenteosestadosque detm os maiores rebanhos so Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paran e Minas Gerais. A produo brasileira de, aproximadamente, 3.262.000 toneladas de carne por ano (ABIPECS, 2011). SegundodadosdoMinistriodaAgricultura,PecuriaeAbastecimento(MAPA, 2012),hojeoBrasilocupaoquartolugarnorankingdeproduoeexportaomundialde carnesuna,devidoagrandesinvestimentoseestudosnarea.Opasrepresenta10%do volume exportado de carne suna no mundo, chegando a lucrar mais de US$ 1 bilho por ano comesseagronegcio.Odestaquedopasnasuinoculturadeve-seamelhoriasnasanidade, nomanejodegranja,naproduointegradae,principalmente,noaprimoramentogerencial dos produtores. Como consequncia desse investimento, a produo nacional vem crescendo emtornode4%aoano,sendoostrsestadosdaRegioSulosprincipaisprodutoresde sunos do pas (MAPA, 2012). Em 35 anos, o rebanho de sunos da Regio Sul aumentou aproximadamente 27%. Em 1974,eraconstitudopor14.497.883cabeaseem2009,foramcomputados18.437.986 sunos. No mesmo perodo, somente o estado do Rio Grande do Sul teve um aumento de 24% emseurebanhosuno(de4.309.386cabeasem1974para5.344.318em2009)(IBGE, 2009). No nosso estado, as maiores regies produtoras esto na metade norte (mesorregio do noroeste rio-grandense e em uma faixa entre o centro oriental e a regio metropolitana), com exceodomunicpiodeItaqui,quegrandeprodutora,emboraestejalocalizadana microrregio da Campanha Ocidental (IBGE, 2009). A situao geral da sanidade do rebanho suno no Brasil muito boa se comparada situaodeoutrospasesprodutores(SOBESTIANSKY&BARCELLOS,2007).Desdeos primrdiosdacriaosunasabe-sequeamaioriadasdoenaspodeserevitadaporsimples prticasdemanejo.Asdoenasmaisfrequentementeencontradasnessaespcieso controladasatravsdofornecimentodeumbomalojamentoealimentao,eatravsdeum programaqueincluasimplesprticasdemanejoparaaprevenodedoenascomuns 9 (JACKEMAN,1940b;McINTOSH,1942).Enfatizamaindaqueosmdicosveterinrios devemsefamiliarizarcomessascaractersticasqueconstituemumaboacriaosuna.Eo quesevhojenoPassomdicosveterinriosepesquisadoresatuandointensamentena criaoepordentrodagrandemaioriadeproblemassanitriosqueexistemnaregiode atuaodecadaum(SOBESTIANSKY&BARCELLOS,2007),pormestudosnoBrasil computando essas doenas so raros. Namedicinaveterinriaatual,faz-senecessriaaaplicaodeconceitosde populaes. A base damedicina veterinria populacional est concentrada na epidemiologia, ouseja,oestudodadoenaempopulaesedosfatoresquedeterminamasuaocorrncia. Umaformadeestudopopulacional,utilizadafrequentementenamedicinaveterinriao estudoretrospectivo,quepodeabordarcausasdemorteourazesparaeutansiae,dessa forma, permitem determinar a prevalncia de doenas em relao espcie, ao sexo, raa e idadeemumadeterminadaregio.Apartirdosresultadosdeumlevantamentopodemos coligirdadosclnicos,laboratoriaisepatolgicosdeumadeterminadadoena;podemos esclareceraocorrnciadeumaenfermidadedeacordocomacategoriaqueesseindivduo pertence;tambmpodemoselucidaraetiologiadaslesescujaetiologiaeraoutrora desconhecida,pornohavertcnicasmaisapuradasdediagnsticodisponveis;e,porfim, podemosalterardiagnsticosincorretoseconceitosfalhosarespeitodealgumasentidades clinico-patolgicas, sinais clnicos ou resultados de exames laboratoriais. Atualmente, grande partedosdadosquesereferemprevalnciaecaractersticasdedoenasdosanimais domsticos baseada na literatura internacional. Ultimamente, entretanto, vrios laboratrios dediagnsticodoBrasilestotrabalhandocomestudosretrospectivos,objetivando,dessa forma, criar uma coleo de dados epidemiolgicos e clnico-patolgicos. Este trabalho visa dar continuidade uma linha de pesquisa do Laboratrio de Patologia VeterinriadaUniversidadeFederaldeSantaMaria(LPV-UFSM),mantendoomesmo modelo de estudo, mas modificando a espcie avaliada. Nos ltimos anos foram determinadas asprevalnciasdasdoenasqueacometemces(FIGHERAetal.,2008),equinos (PIEREZANetal.,2009),bovinos(LUCENAetal.,2010),ovinos(RISSIetal.,2010), chinchilas(LUCENAetal.,2012)ecaprinos(ROSAetal,2013).Porm,aindanoforam compiladososdadosreferentessdoenasqueafetamsunos.Dessaforma,acreditamosser oportunodeterminarquaissoessasenfermidades,podendoauxiliarosclnicosno diagnstico.Almdomais,apartirdessesestudospossveldesenvolvermtodosde prevenoecontrolerelacionadoscomascaractersticasespecficasdeumadeterminada doena.10 Assim, tem-se como objetivo geral determinar quais as doenas que acometem sunos, caracterizandoapopulaodeabrangnciadoLPV-UFSM,etambmsuascaractersticas epidemiolgicas.Paraissoforamconsultadososarquivosdolaboratrioeosdadossobre diagnsticosdedoenasdesunosforamtabeladoserevisados.Osresultadosdesteestudo seroapresentadossobreformadeartigoscientficosquejforampublicadosouestoem fasedepublicao.Especificamentecomoumestudoparalelo,revisatodosossurtosde intoxicao por sal, diagnosticados pelo LPV-UFSM, enfatizando local, tipo e intensidade das leses, e alteraes metablicas. 11 2 CONSIDERAES GERAIS SOBRE DOENAS DE SUNOS A sanidade um dos principais desafios da suinocultura e sempre foi o principal ponto asermelhorado,poisparacadaproblemaenfrentadoeresolvido,segue-sesempreumnovo desafio (SOBESTIANSKY & BARCELLOS, 2007). No mundo todo, h dois sculos, tem-se preocupaocomoestudodasdoenasqueacometemsunos.Noimportanteperidico cientficoScience,de1889,humanotaondesel:PARAINVESTIGARDOENASDE SUNOSOcomissriodaagriculturanomeouumacomisso,compostapeloprofessor William H. Welch, da Johns Hopkins University; pelo Dr. E. 0. Shakespeare, da Filadlfia; e pelo professor T.J. Burrill da Universidade de Illinois, objetivando investigar as doenas de sunos nos Estados Unidos e seus mtodos de tratamento e preveno. Naprimeirametadedosculopassado(JACKEMAN,1940a;JACKEMAN,1940b), asprincipaisdoenasinfecciosasdiagnosticadasemsunoseram:pestesunaclssica,gripe suna, enterite infecciosa (ou enterite necrtica) e erisipela. Porm, esse autor enfatiza que as maiorestaxasdemortalidade,depoisdapestesuna,ocorriamemanimaisjovensdevido anemia(deficinciadeferro),diarreia,septicemiahemorrgica(infecoporPasteurella suiseptica)eedemapulmonar.Omesmoautor(JACKEMAN,1940b)destacaaindaque poucoscriadorespercebemodanoquepodesercausadopelaincorretaingestodesalna alimentao,causacomumdeintoxicaonapoca,emboraaformaagudadadoenafosse poucodiagnosticada.Algunsanosmaistarde,surgeaargumentaodequeasprincipais causasdemorteemsunosso:deficinciadevitaminaA,deficinciadeiodo,deficincia proteica, infestaes parasitrias massivas e hipoglicemia, e que a maioria das mortes ocorre justamentepordeficinciasdietticas(GWATKIN,1943).Somencionadascomocausas menoscomunsatuberculose,ariniteinfecciosasuna1,sarnasarcptica,infestaopor piolhos e intoxicaes por mercrio e arsnico (GWATKIN, 1943). Duas dcadas depois, no 86thAnnualMeetingoftheOntarioVeterinaryAssociation,emToronto,humabreve discussosobrealgumasdoenasemergentesnasuinocultura(QUIN,1960).Dentreelas destacavam-se:apneumoniasunaavrus,aeperitrozoonose(causadaporEperythozoon suis2), doena hemoltica e leptospirose. Apartirdeento,osprincipaisestudossobredoenasdesunostornaram-semais especficos e focados em determinada categoria da espcie ou em um modo de criao. Sunos 1 Tambm conhecida como bullnose, causada pela infeco por Actinomyces necrophorus. 2 Atualmente denominada Mycoplasma suis. 12 passaramaserselecionadosparaaptidocarneetambmosestudosreferentesslesesde abatedouroganharamimportncia.Cadavezmaisosanimaiscomearamasercriados intensivamenteeconfinados,consequentemente,asdoenasobservadasacompanharamessa mudana.Causasdemortalidadeabrangendotodasascategoriasforamaindarevisadasem umestudonaAlemanha(MADERBACHERetal.,1993),emgranjascomtodasasfasesde criao;enasFilipinasentre1993e1997,envolvendoaepizootianosdesunos,masde todas as espcies necropsiadas no local (TATEYAMA et al., 2000). Outro estudo de achados ps-mortais,realizadonaHolanda,comparoucausasdemortederebanhosseguramente negativos para peste suna com rebanhos passveis da infeco (PEPERKAMP et al., 1994). Como j dito anteriormente, as maiores taxas de mortalidade ocorrem em leites pr-desmame (ABRAHO et al., 2004). Dessa maneira, so numerosos os estudos que abrangem essa categoria. A porcentagem de sunos mortos do nascimento at o desmame varivel. Na Austrlia, nos anos 70, a mortalidade chegava a 19,7% e ocorria at os quatro primeiros dias devida,sendoobaixopesoaonascer,oprincipalresponsvelpelasmortes (GLASTONBURY, 1976). Anos mais tarde, no mesmo pas, alm do baixo peso ao nascer, as principaisdoenasdiagnosticadasnacategoriapr-desmameeram:diarreia,anemiae canibalismo(SPICERetal.,1986).Maisrecentemente,noBrasil,observaramqueas principaisdoenasquecausamamortedeleitesso:esmagamento,debilidade,diarreiae distrbiosgenticos(ABRAHOetal.,2004).Exatamenteomesmofoiobservadoemum estudo realizado no Japo (KOKETSU et al., 2006). Comuns so tambm os estudos sobre alteraes que levam morte ou ao descarte de fmeasdecria.NoCanad,aprincipalalteraoobservadanacategoriafoiinsuficincia cardaca, seguida de alteraes (toro) de rgos abdominais, pielonefrite e afeces genitais como endometrite e prolapso de tero (CHAGNON et al., 1991). De maneira semelhante, na Hungria, as mortes ocorreram devido a doenas no trato urinrio e insuficincia cardaca, mas tambmforamsignificativasasmortesporproblemasnosistemalocomotor(KARG& BILKEI,2002),assimcomoobservadoemumestudorealizadonaDinamarca (CHRISTENSEN et al., 1995) e outro nos EUA (DALLAIRE et al., 1987). Menoscomunssoosestudosrealizadoscomcachaoseanimaisdecrescimentode terminao.Emcachaos,aprincipalalteraoobservadaalaminite,pormfalhas reprodutivaseidadeavanadasoasrazesmaisfrequentesparadescartedosanimais (KOKETSU&SASAKI,2009).Emanimaisdecrescimentoeterminaoasprincipais doenasdiagnosticadassosalmonelose(LOSINGERetal.,1999;KICHetal.,2011)e 13 infecesporStreptococcussuis,Haemophilusparasuis,Actinobacillussuisecircovrus suno tipo 2 (PELLIZA et al., 2007). 14 3 ARTIGO 1 CARACTERSTICAS E FREQUNCIA DAS DOENAS DE SUNOS NA REGIO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL Juliana S. Brum, Guilherme Konradt, Talissa Bazzi, Rafael A. Fighera, Glaucia D. Kommers, Luiz F. I. Conrado & Claudio S. L. Barros (Artigo a ser submetido para publicao na revista Pesquisa Veterinria Brasileira) 15 Caractersticas e frequncia das doenas de sunos na Regio Central do Rio Grande do Sul Juliana S. Brum1, Guilherme Konradt2, Talissa Bazzi2, Rafael A. Fighera3, Glaucia D. Kommers3, Luiz F. I. Conrado3, Claudio S.L. Barros3* ABSTRACT.- Brum J.S., Konradt G., Bazzi T., Fighera R.A., Kommers G.D., Irigoyen L.F. & Barros C.S.L. 2013. [Characteristics and frequency of diseases in pigs from the central RioGrandedoSulState,Brazil.]Caractersticasefrequnciadasdoenasdesunosna RegioCentraldoRioGrandedoSul.PesquisaVeterinriaBrasileira00(0):00-00. DepartamentodePatologia,UniversidadeFederaldeSantaMaria,97105-900,SantaMaria, RS, Brazil. E-mail: [email protected] A retrospective study of all necropsy performed in pigs in the Laboratrio de Patologia Veterinria(LPV)atUniversidadeFederaldeSantaMaria(UFSM)wascarriedoutinorder to determine the characteristics and frequency of diseases in the swine population raised in the regiontheregioncoveredbytheactivitiesofLPV.Fivehundredandfourcaseswith conclusivediagnosiswerefound.Thetypeofpig-raisingintheareaismainlyafamiliar enterpriseandthediseasesfoundinthissurveyreflectthisrealityInfectiousandparasitic diseaseswerethemostprevalent[384(68.1%)],followed,indescendingorderoffrequency, bynutritionalandmetabolicdiseases[64(11.3%)],poisoningsandtoxi-infectionsand developmentdisorders[17(3.1%)].Otherdisordersduetovaryingetiologies,especially trauma, were cause of death in just over 11% of the cases. Bacterial diseases were responsible formorethanhalfofthecausesofdeathinpigsofthestudiedpopulation,pointingtothe influenceofmanagement,environmentalandnutritionalregionalhusbandry.Themoist frequent disease diagnosed in pigs in the region in the region covered by the study was edema diseasewhichalongwithotherformsofinfectionbyEscherichiacoliwasresponsiblefor 23%ofdeaths.Viraldiseasesandneoplasmwerenotmajorcausesofdeathinpigsinthe regionstudied.Nutritionalhepatosisandaflatoxicosisareimportantdiseasesinpigsinthis region and and there causation are mainly linked to nutritional management.____________________________ 1 Programa de Ps-Graduao em Medicina Veterinria, rea de concentrao em Patologia Veterinria, Centro de Cincias Rurais, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Camobi, Santa Maria, RS 97105-900, Brasil. 2 Bolsista de iniciao cientfica PIBIC/CNPq. 3 Laboratrio de Patologia Veterinria, UFSM, Camobi, Santa Maria, RS. Autor para correspondncia: [email protected] 16 INDEXTERMS:Swinediseases,veterinarypathology,epidemiology,causesofdeath, retrospective study. RESUMO.- Visando-sedeterminaras caractersticas e frequncia das doenas na populao sunanaregiodeabrangnciadoLaboratriodePatologiaVeterinria(LPV)da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), foi realizado um estudo retrospectivo de todos osdiagnsticosdenecropsiasrealizadasnestaespcienoperodode1964a2011.Foram separados 564 casos com diagnsticos conclusivos. A criao suna na regio de abrangncia do estudo predominantemente familiar e as doenas diagnosticadas, refletem esta realidade. Asdoenasinfecciosaseparasitriasforamasmaisprevalentes[384(68,1%)],seguidas,em ordemdecrescente,dasdoenasmetablicasenutricionais[64(11,3%)],intoxicaesetoxi-infeces[33(5,8%)],edistrbiosdodesenvolvimento[17(3,1%)].Outrasalteraesde diversasetiologias,sobretudodetrauma,foramcausademorteempoucomaisde11%dos protocolosexaminados.Doenasbacterianasforamresponsveispormaisdametadedas causasdemorteourazoparaeutansiadossunosestudados,revelandoainflunciade fatoresdemanejo,ambientaisenutricionaisregionaldecriaodesunos.Aprincipal doena diagnosticada em sunos na regio de abrangncia do estudo foi a doena do edema e juntamentecomoutrasformasdeinfecoporEscherichiacoliresponsvelpor23%das mortes. Doenas de etiologia viral e neoplasia no so importantes causas de morte em sunos na regio estudada. Hepatose nutricional e aflatoxicose so importantes doenas da regio e se devem, sobretudo, a fatores de manejo nutricional. TERMOSDEINDEXAO:Doenasdesunos,patologiaveterinria,epidemiologia, causas de morte, estudo retrospectivo. INTRODUO SegundodadosdoMinistriodaAgricultura,PecuriaeAbastecimento(MAPA, 2012),oBrasilocupahojeoquartolugarnorankingdeproduoeexportaomundialde carnesuna,devidoagrandesinvestimentoseestudosnarea.Opasrepresenta10%do volume exportado de carne suna no mundo, chegando a faturar mais de US$ 1 bilho por ano comesseagronegcio.Odestaquedopasnasuinoculturadeve-seamelhoriasnasanidade, 17 nomanejodegranja,naproduointegradae,principalmente,noaprimoramentogerencial dos produtores. Como consequncia desse investimento, a produo nacional vem crescendo emtornode4%aoano,sendoostrsestadosdaRegioSulosprincipaisprodutoresde sunos do pas (Kich etal. 2011, MAPA 2012). Em 35 anos, o rebanho de sunos da Regio Sulaumentouaproximadamente27%.Em1974,eraconstitudopor14.497.883decabeas. Esse nmero subiu para 18.437.986 sunos em 2009. No mesmo perodo, somente o estado do Rio Grande do Sul teve um aumento de 24% em seu rebanho suno (de 4.309.386 cabeas em 1974 para 5.344.318 em 2009) (IBGE, 2009). Porm, no nosso estado, as criaes intensivas concentram-senaregionoroesteeregiodaserra.NaMesorregioCentro-Ocidentala criao voltada para o mbito familiar (SEAPA 2012). A situao geral da sanidade do rebanho suno no Brasil muito boa se comparada situaodeoutrospasesprodutores(Sobestiansky&Barcellos2007).Desdeosprimrdios dacriaosunasabe-sequeamaioriadasdoenaspodeserevitadaporsimplesprticasde manejo.Asdoenasmaisfrequentementeencontradasnessaespciesocontroladasatravs do fornecimento de um bom alojamento e alimentao, e atravs de um programa que inclua simples prticas de manejo para a preveno de doenas comuns (Jackeman 1940, McIntosh 1942). O segundo autor enfatiza ainda que os mdicos veterinrios devem se familiarizar com essascaractersticasqueconstituemumaboacriaosuna.EoquesevhojenoPasso mdicos veterinrios e pesquisadores atuando intensamente na criao na criao de sunos e conhecendoagrandemaioriadosproblemassanitriosqueexistemnaregiodeatuaode cadaum(Sobestiansky&Barcellos2007),pormestudosnoBrasilcomputandoessas doenas so raros. Oobjetivodesteestudocaracterizaracriaosunanaregiodeabrangnciado LPV-UFSM atravs da determinao da frequncia das doenas. Para isso ser realizado um estudoretrospectivodetodososdiagnsticosdenecropsiasrealizadospelolaboratrioentre os anos de 1964-2011. MATERIAL E MTODOS Foram revisados todos os protocolos de necropsia arquivados noLPV-UFSM entre o perododejaneirode1964adezembrode2011embuscadecasosdaespciesuna(Sus scrofa domesticus). Dos protocolos foram retiradas informaes quanto procedncia, idade, sexo, raa, sinais clnicos, alteraes macroscpicas e histolgicas e diagnstico final. Todas as alteraes relatadas foram computadas.18 Nos protocolos em que um diagnstico definitivo no pode ser estabelecido, os sinais clnicos,asalteraesmacroscpicaseasalteraeshistolgicasdescritasnoslaudosforam reavaliadoscomafinalidadedeseestabelecerumaconclusoparaocaso,deacordocoma literaturaatual.Nofoirealizadanovaanlisemacroscpicae/ouhistolgicadevidoaono armazenamento de material em formol, ou blocos de parafina e lminas histolgicas de todos os casos. Foramexcludostodososprotocolosnosquaisconstavaosdadospertinentesparao diagnsticofinal(descrioclnica,macroe/oumicroscpica),assimcomoosprotocolos referentes a material imprprio para exame histopatolgico (autlise), materiais provenientes deexperimentoscientficos,deregioforadaabrangnciadoestudoeprotocolosnosquais foram observadas alteraes histolgicas nos tecidos remetidos, relevantes ao diagnstico ou suspeita clnica. Foram excludos ainda, todos em que no se chegou a uma causa de morte ou razoparaeutansia,incluindoalteraesinespecficas,achadosincidentaise/ousem significado clnico. Os protocolos foram agrupados de acordo com a faixa etria nas seguintes categorias: 1)feto(decorrentedeabortoantesdaidadedenascimento)enatimorto(nascidomorto,em idade prxima ao nascimento); 2) animais de maternidade; 3) animais de creche, crescimento eterminao;e4)animaisreprodutores.Osexofoirelevantesomenteparaosanimais agrupados na categoria 4 da faixa etria (animais reprodutores). Oscasosconclusivosforamagrupados,deacordocomaetiologia,em:1)doenas infecciosaseparasitrias,2)doenasmetablicasenutricionais,3)intoxicaesetoxi-infeces,e4)distrbiosdodesenvolvimento.Outrascondiesoulesesquenose enquadravamemnenhumdosgruposdedoenasacimaforamclassificadascomooutras alteraes. Essa diviso foi a base para a realizao do estudo. RESULTADOS Nos48anosincludosnoestudo,foramrevisados15.193protocolos.Desses,foram separados853(5,6%)referentesespciesuna.Dototal,289(33,9%)foramexcludospor noseenquadraremnosrequisitospertinentes.Maisdametadedaexclusodosprotocolos [152 (56,9%)] ocorreu em consequncia de no ser encontrada uma causa de morte ou razo paraeutansiadessessunos,sejapornoseremobservadaslesesouporapresentarem apenaslesesinespecficas.Umamenorporcentagem[40(15%)]foieliminadapelafaltade dados pertinentes que permitissem a anlise dos laudos. Alguns protocolos foram descartados 19 porque o cadver no apresentava condies de avaliao no momento da necropsia (autlise acentuada)[32(12%)]eoutros[65(22,5%)]pelofatodosanimaisseremprovenientesde experimentoscientficosoulocaisforadareadeabrangnciadoestudo.Datotalidadedos protocolos de necropsias revisados, foram computados para anlise 564 (3,7%) protocolos de sunos com diagnstico conclusivo.Poucomaisdeumterodoscadveressunosconclusivosremetidosparanecropsia era proveniente de Santa Maria [213 (37,8%)]. Os demais animais [351(62,2%)] pertenciam a outros 64 municpios, de regies prximas (como So Martinho da Serra, Jlio de Castilhos, SoPedrodoSul).TodososanimaispertenciamamunicpiodaMesorregioCentro-Ocidental do Rio Grande do Sul. Dosprotocolosconclusivos,420(74,5%)apresentavamdescriopararaa.Maisda metadedestesanimaispertenciaaalgumaraadefinida[279(66,4%)]e141(33,6%)foram declarados sem raa definida (SRD). Dos sunos com raa definida, a maioria era de raa pura simples:Landrace(62),LargeWhite(52),Duroc(40),Piau(2),Moura(2),Wessex(1)e Pietran(1).Sunosderaascruzadastotalizaram119.Foramobservadoscruzamentosde primeiragerao(F1),desegundagerao(F2)eanimaisdetrsraas(tricross).A principalraamestiafoiocruzamentodemachosLargeWhitecomfmeasLandrace (LWLD), observada em 63 protocolos. Em 517 (91,7%) protocolos havia descrio da idade dos sunos. Em 47 casos (8,3%) estedadonoestavadisponvel.Amaioriadosanimais[324(62,7%)]foienquadradana categoria 3 (animais de creche, crescimento e terminao). Sunos pertencentes categoria 2 (animaisdematernidade)totalizaram130(25,1%).Animaisreprodutores(categoria4) perfizeram 10,3% (53). J fetos e natimortos somaram 10 protocolos (1,9%). Dototalde564casosconclusivos,384(68,1%)eramdedoenasinfecciosasou parasitrias;64(11,3%)eramdedoenasmetablicasounutricionais;33(5,8%)de intoxicaesoutoxi-infeces;e17(3,0%)eramdistrbiosdodesenvolvimento.Outros distrbios totalizaram 66 (11,8%) casos. As discriminaes dos casos em cada categoria esto nos Quadros 1, 2, 3, 4 e 5. DISCUSSO AregiodeabrangnciadoLPV-UFSM,naRegioCentraldoRioGrandedoSul (MesorregioCentro-Ocidental),participacomaproximadamente56.258cabeasdesunos (IBGE,2009).Granjasmaiores,comounidadesprodutorasdeleites,sodestaquesno 20 municpio de Toropi e Nova Palma. Nesta mesorregio o municpio com maior rebanho suno Agudo,compoucomaisde12.000cabeas(SEAPA,2012).OmunicpiodeSantaMaria, comquase4.000cabeassunas,apresentaaproximadamente464propriedadescriadorasde sunos,pormcomumamdiadeoitoanimaisporpropriedade,tratando-sebasicamentede pecuriafamiliar(Filippsenetal.2001,SEAPA,2012).EstarealidadedaMesorregio Centro-Ocidental do Rio Grande do Sul pode ser comprovada pelo fato de pouco mais de 5% dosanimaisremetidosparanecropsiasejamdaespciesunaeasprincipaisdoenas diagnosticadas reflitam o modo de criao. Parasedeterminaracausadamorteourazoparaeutansiadeumanimal, independentedaespcie,imprescindvelqueocadverestejaembomestadode conservao (Coelho 2002, Guillamn & Jaln 2010). A falta de conservao do material foi motivo de inconcluso em 12% dos casos revisados. Em sunos, o processo autoltico ocorre rapidamente,poisosanimaisapresentamgrandequantidadedegordurasubcutneaque impedeadissipaodocalor,mesmoquandomantidosrefrigerados(Ferreira2000,Grist 2007).Acreditamosqueestefatotenhacontribudoparaqueumnmerotoexpressivode animaisnopodeterseucadverdevidamenteexaminadoeoexamehistopatolgico realizado.Outrosfatoresquecontribuemparaqueseconsigachegaraumdiagnsticofinalde causademorteourazoparaeutansia,soasinformaescorretas,precisasereais repassadas pelo proprietrio, clnico ou tratador e, em se tratando de um estudo retrospectivo, asinformaescontidasnosprotocolos(Viscomi2004,Gardner&Blanchard2006).Em pouco mais de 70% dos protocolos excludos, o motivo de excluso foi falta de dados. Este fatofoiagravadopornohavernovaanlisemacroscpicae/ouhistolgicadevidoaono armazenamento de material em formol, ou blocos de parafina e lminas histolgicas de todos os casos. Alm disso porque as alteraes macroscpicas e as alteraes histolgicas descritas no foram suficientes para uma reavaliao de acordo com a literatura atual. Doenas de sunos como causas de morte relacionadas raa so escassas (Silva et al. 2003,Chang&Stear2006).Assimessedadopoucorelevanteparaodiagnsticodas principaisdoenasnaespcieefoiobtidonesseestudosomenteparacaracterizaodo rebanholocal.Prolapsodereto(observadoemumcaso)eestenoseretal(apesardeambos estaremligadascomumenteainfecesbacterianas)(Watanabeetal.2011),sndromedos membrosabertos(observadaemquatrocasos)eumagrandequantidadedemalformaes (observadasem17casos)sodescritascomodoenasdepossvelcartergentico (Sobestianskyetal.2012b),pormnemsempreligadasaumaraaespecfica.Mioclonia 21 congnita(raasLandraceeWessex)(Oliveira2012a)erimcstico/hidronefrose(observado emdoiscasos),condioextremamentevistaemabatedouros(Grist2007),sodescritos como genticos ligados a raas especficas. Essa ltima uma doena de herana autossmica dominanteobtidadacruzademachoLandracecomfmeaLargeWhite(Oliveira2012b).A principal doena gentica de sunos relacionada ao efeito do gene de estresse suno (RYR1), responsvelporquatrocondiesclnicas:sndromedeestressesuno,necrosemuscular aguda,hipertermiamalignaesndromedosmsculosmacios,plidoseexsudativos (Guimares&Euclydes1999,Chang&Stear2006).Essacondioobservada predominantementeemanimaisPietraineaalgumaslinhagensdeLandrace(Barcellos& Oliveira 2012) e pode ser observada em um caso no estudo, como hipertermia maligna. Indispensvelparaodiagnsticoacategoriaaqualosunopertence.Osprincipais estudossobredoenasdesunossogeralmenteespecficosefocadosemdeterminada categoriadaespcieouemummododecriao,ecadacategoriaapresentadoenas extremamenteespecficas(Abrahoetal.2004,Koketsuetal.2006,Pellizaetal.2007, Sasaki & Koketsu 2008). As maiores taxas de mortalidade ocorrem em leites pr-desmame (Abrahoetal.2004,Koketsuetal.2006).NoBrasilestima-sequeat15%dosleites nascidosvivosmorramantesdodesmameeopesoaonasceroprincipalpontoque influencianamortalidade.Doenasobservadasnosdecrecheestorelacionadascoma precocidade do desmame e qualidade ambiental e nutricional (Dewey & Straw 2006, Koketsu etal.2006,Sobestianskyetal.2012a).Doenasrelacionadascomsunosemfasede crescimentoeterminaosedevemaetiologiasmultifatoriaisetambmtmrelaocomo ambiente fornecido aos animais (Losinger et al. 1999, Sobestiansky et al. 2012a). O grupo mais prevalente foi de doenas infecciosas e parasitrias, com mais de 3/5 dos diagnsticosconclusivos.Asquatroprincipaisdoenasdiagnosticadasemtodooestudo (doenadoedema,meningiteestreptoccica,colibaciloseneonataleepidermiteexsudativa) fazempartedestegrupoesodeorigembacteriana.Dototal,asdoenasbacterianas perfizeram 56% da causa de morte ou razo para eutansia dos sunos. As doenas bacterianas geralmenteestoligadasaoutrosfatores(multifatoriais)comoambiente,manejoenutrio (Tateyama et al. 2000, Filippsen et al. 2001, Chang & Stear 2006, Sobestiansky et al. 2012a). Levandoemconsideraooestilodecriaodesunospredominantenaregiode abrangnciadoestudo,esperadoquedoenascomestascaractersticassejammais prevalentes. Adoenamaisdiagnosticadaemsunosnaregiodoestudofoiadoenadoedema, umatoxi-infecodeocorrnciamundialcausadapelaEscherichiacoli,queseadereao 22 intestinoeproduzumatoxina,averotoxina-2e(Fairbrother&Gyles2006,Mors&Mors 2012). observada em animais ps-desmame e este dado vai de acordo com a categoria mais prevalentenoestudo.Odiagnsticobaseadonosdadosepidemiolgicos,clnicosede necropsia.Oisolamentodabactriapodeserfeitocomcaracterizaodogeneresponsvel pela produo da toxina e confirma a suspeita (Filippsen et al. 2001). O edema a leso mais caractersticaepodeserobservadoprincipalmentenasplpebras,nosubcutneoena submucosadoestmago,etendeadesaparecercomotempoapsamorte(Barcellos& Sobestiansky2003,Fairbrother&Gyles2006,Mors&Mors2012).Outrasduasdoenas causadas pela Escherichia coli tambm foram bastante prevalentes: colibacilose neonatale a colibacilose da terceira semana, com pouco mais de 10% de todos os casos. Assim, infeco porEscherichiacoli,emsuastrsdiferentesformasdeapresentaonaespcie,totalizou mais de 23% dos casos. Doenasparasitriassomaram5,3%doscasos.Ametastrongilosefoiaprincipal doenaparasitriaincriminadacomocausademortenossunosdesteestudo.Infestaopor nematdeosdogneroMetastrongyluscausageralmenteinfecoassintomtica,porm quandoacargaparasitriagrande,acabacausandobronquite,bronquioliteepneumonia (Stewart&Hoyt2006,Linharesetal.2012).Comohnecessidadedeingestodeuma minhocaparasitadaparaadquirirainfeco,adoenaquasenomaisvistaemcriaes intensivas em funo da grande maioria dos sunos no ser mais criada com acesso a piquetes (Linharesetal.2012).Porm,devidoaofatodamaioriadapopulaosunaestudadaser considerada de vida livre, esta doena apresentou-se com significativa prevalncia. A segunda doenaparasitriamaisobservadafoiascaridase.InfestaopelonematdeoAscarissuum causaprincipalmente,assimcomoamaioriadasdoenasparasitrias,atrasono desenvolvimento(Stewart&Hoyt2006).Aascaridaseaindatemsidoobservadaemsunos criadosconfinados,poisosovossoextremamenteresistentesaoambiente(Linharesetal. 2012). Atualmente,nasgrandescriaestecnificadasomaiorproblemasanitriosoas doenasvirais/imunossupressoras(Sobestianskyetal.2012d),sendoestegrupodedoenas pouco importante para criaes pequenas. Doenas virais foram observadas em apenas 3,5% detodososcasos,sendoapestesunaclssicaademaiorocorrncia.Operodode abrangncia do estudo grande: 48 anos, e o ltimo ano em que essa doena foi diagnosticada foi em 1978, no sendo, desta maneira, um diagnostico diferencial relevante atualmente para a regio.Nodecorrerdessesanosalgumasdoenasviraisestosendoerradicadaseoutras doenasemergiram.Umaquevemsendoerradicadaafebreaftosa,observadaemdois 23 casos. Esses casos foram diagnosticados no ano de 1976. Atualmente, o estado do Rio Grande do Sul considerado livre da doena com vacinao. O ltimo caso da doena diagnosticado no Brasil foi no ano de 2006, no Mato Grosso do Sul (MAPA, 2009). Uma doena que surgiu recentementenacriaosunafoiacircovirose(Corraetal.2006,Segalsetal.2006), diagnosticada pela primeira vez no Brasil no ano de 2000 e com perdas econmicas nas para a criao suna (Sobestiansky et al. 2012d). Neste estudo foram computados sete casos, sendo o primeiro diagnstico realizado no ano de 2004. Osegundogrupomaisprevalentededoenasfoiascausadaspordistrbios metablicos ou nutricionais. A hepatose nutricional, observada em 5% de todos os casos, est entre as seis doenas mais diagnosticadas neste estudo. Atualmente casos da doena so mais escassos.Namaioriadasvezes,devem-seaofatodeporcasseremalimentadascomrao deficienteemvitaminaEeselnioeentoasuplementaofundamental(Amorimetal. 2005,Morenoetal.2012).Osdiagnsticosdeinanioforamsignificativosesedevema casosemqueosanimaisnoconseguiammamarouingerirraopelosmaisdiversos motivos, ou nasceram com baixo peso. Essas causas de morte so comumente observadas em unidades produtoras de leites (Abraho et al. 2004, Koketsu et al. 2006). Intoxicaes ou toxi-infeces contriburam com menos de 10% dos casos do estudo. Este grupo de doenas tem cada vez menor contribuio como causa de morte ou razo para eutansiadesunos.Issosededeveaofatodoaumentodascriaesintensivasdesunos, utilizandograndequantidadederaesbalanceadasemelhoriasnasprticasdemanejo, resultandoemcriaesextremamentecontroladas(Oliveiraetal.2005,Sobestianskyetal. 2012c).Aaflatoxicosefoiadoenamaisprevalente.impactoeconmicobastante significativo, pois apesar de um quadro agudo e fulminante ser descrito (Pierezan et al. 2010), aingestodenveisbaixosdeaflatoxinaslevaaumquadrosubclnicodadoenaocorrendo marcada perda de produtividade em uma criao (Zlotowski et al. 2004, Mallmann & Dilkin 2012).Aintoxicaoporsal,apesardepoucoprevalente,umacondiorelativamente comum em todos os tipos de criaes de sunos e se deve, na maioria dos casos, por erros de manejo (Radostits et al. 2007).Doenasdodesenvolvimentopodemserencontradasemgranjasdesunosondeh altaprolificidadedasmatrizesemumcurtointervaloentreasgeraes(Sobestianskyetal. 2012b)enoforamdeimportnciarelevantenoestudo.Diversosfatorespodemser incriminados,comotemperatura,manejonutricionaldeficiente,tratamentocom quimioterpicos,vrusouprotozorios,hormnioseheranagentica,comodescrito anteriormente(Sobestianskyetal.2012b).Hrniaumbilicalumacondiorelativamente 24 comumemcriaesdesunos(Grist2007)eaquifoiresponsvelpelamortedecinco animais.Geralmenteacondionotrazmaioresproblemas,masosanimaispodem apresentar atraso de desenvolvimento e morte, caso haja encarceramento do intestino herniado (Sobestiansky et al. 2012b). Nosoutrosdistrbios,destacam-seosdistrbiosfsicos,principalmente traumatismo.Issoincluiostraumasdeossoslongos,condiodescritacomomotivode descartedefmeasdecriaecachaosemdeterminadascriaes,juntamentecomoutros problemaslocomotores(DAllaireetal.1987,Koketsu&Sasaki2009).Partodistcico tambmfoiconsidervelcausademortedossunosestudadosetambmumacondio relativamente comum de causa de descarte ou morte de fmeas reprodutoras (DAllaire et al. 1987, DAllaire & Drolet 2006, Sasaki & Koketsu 2008). Devido ao atual manejo da criao suna,emqueosanimaisnochegamaumaidadeavanada,neoplasmasnoso significativoscomocausademorteourazoparaeutansianaespcie(DAllaire&Drolet 2006, Mors & Driemeier 2012). CONCLUSES Acriaosunanaregiodeabrangnciadoestudopredominantemente familiar e as doenas diagnosticadas refletem essa realidade; O conhecimento da raa dispensvel para o diagnstico, porm a categoria a qualosunopertencebastanterelevanteparacorretadeterminaodacausa da morte ou razo para eutansia; As doenas infecciosas e parasitrias so prevalentes nos sunos, seguidas, em ordem decrescente, das doenas metablicas e nutricionais, intoxicaes e toxi-infeces, e distrbios do desenvolvimento; Outras alteraes de diversas etiologias, sobretudo por agentes fsicos (trauma), so causa de morte em pouco mais de 11% dos sunos; Doenas bacterianas so responsveis por mais da metade das causas de morte ou razo para eutansia dos sunos estudados dessa regio. Aprincipaldoenadiagnosticadaemsunosnaregiodeabrangnciado estudo foi a doena do edema; InfecoporEscherichiacolinasdiferentesfasesdavidadoleito responsvel por 23% das mortes; 25 Doenasdeetiologiaviraleneoplasiasnosoimportantescausasdemorte em sunos na regio estudada; Hepatosenutricionaleaflatoxicosesoimportantescausasdemorteese devem, sobretudo, a fatores de manejo nutricional. REFERNCIAS AbrahoA.A.F.,ViannaW.L.,CarvalhoS.&MorettiA.S.2004.Causasdemortalidadede leites neonatos em sistema intensivo de produo de sunos. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci. 41:86-91. AmorimS.L.,OliveiraA.C.P.,Riet-CorreaF.,SimesS.V.D.,MedeirosR.M.T.& ClementinoI.J.2005.DistrofiamuscularnutricionalemovinosnaParaba.Pesq.Vet. Bras. 25:120-124. Barcellos D. & Oliveira S.J. 2012. Doenas relacionadas ao efeito do gene de estresse sunos (RyR1), p.752-756. In: Sobestiansky J. & Barcellos D. (Eds), Doenas dos Sunos. 2 ed. Cnone Editorial, Goinia. Barcellos D. & Sobestiansky J. 2003. Atlas de doenas dos sunos. Art 3, Goinia, p.58-59. Brasil.2012.Sunos.DepartamentodeDefesaAnimal,SecretariadeDefesaAgropecuria, Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA), Braslia. CorraA.M.R.,PescadorC.A.,SchmitzM.,ZlotowskiP.,RozzaD.B.,OliveiraE.C., BarcellosD.E.&DriemeierD.2006.Aspectosclnico-patolgicosassociados circovirose suna no Rio Grande do Sul. Pesq. Vet. Bras. 26:9-13. Chang & Stear 2006. Genetic influences on susceptibility to acquired diseases, p.987-992. In: Straw B.E., Zimmerman J.J., DAllaire S. & Taylor D.J. (Eds), Diseases of Swine. 9th ed. Blackwell Publishing, Ames.Coelho H.E. 2002. Patologia Veterinria. Monole, So Paulo, p.8-10. DAllaire S. & Drolet R. 2006. Longevity in breeding animals, p.1011-1025.In: Straw B.E., Zimmerman J.J., DAllaire S. & Taylor D.J. (Eds), Diseases of Swine. 9th ed. Blackwell Publishing, Ames. DallaireS.,SteinT.E.&LemanA.D.1987.CullingpatternsinselectedMinnesotaswine breeding herds. Can. J. Vet. Res. 51:506-512. Dewey C.E. & Straw B.E. 2006. Herd Examination, p.3-14. In: Straw B.E., Zimmerman J.J., DAllaire S. & Taylor D.J. (Eds), Diseases of Swine. 9th ed. Blackwell Publishing, Ames.Fairbrother&Gyles2006.Escherichiacoliinfections,p.639-674.In:StrawB.E., Zimmerman J.J., DAllaire S. & Taylor D.J. (Eds), Diseases of Swine. 9th ed. Blackwell Publishing, Ames. FerreiraR.2000.Efeitosdoclimananutriodesunos.Acessoem01dejunhode2013. http:// http://www.cnpsa.embrapa.br/abraves-sc/pdf/Memorias2000/1_RonyFerreira.pdf FilippsenL.F.,LeiteD.M.G.,SilvaA.&VargasG.A.2001.Prevalnciadedoenas infecciosasemrebanhodesunoscriadosaoarlivrenaRegioSudoestedoParan, Brasil. Cien. Rural. 31:299-302. GardnerI.A.&BlanchardP.C.2006.InterpretationofLaboratoryResults,p.219-239.In: Straw B.E., Zimmerman J.J., DAllaire S. & Taylor D.J. (Eds), Diseases of Swine. 9th ed. Blackwell Publishing, Ames.GristA.2007.PorcineMeatInspectionAnatomy,physiologyanddiseaseconditions. Nottingham University Press, Hampshire, 227p. 26 GuillamnM.H.&JalnJ.A.G.2010.Guadediagnsticodenecropsiaempatologia porcina. Servet. Navarra, p.11-26. GuimaresS.E.F.&EuclydesR.F.1999.Frequnciadamutaogenedasndromedo estressesunoesuaassociaocomcaractersticasreprodutivasemmarrshbridas.Rev. Bras. Zootec. 28:490-494. IBGE,PesquisaPecuriaMunicipal.2009.Acessoem20dejaneirode2012. http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=PPM01&sv=59&t=efetivo-dos-rebanhos-por-tipo-de-rebanho. Jackeman H.W. 1940. Diseases of swine. Can. J. Comp. Med. Vet. Sci. 4:100-103. Kich J.D., Coldebella A., Mors N.,Nogueira M.G., Cardoso M.,Fratamico P.M., Call J.E., Fedorka-CrayP.&LuchanskyJ.B.2011.Prevalence,distributionandmolecular characterizationofSalmonellarecoveredfromswinefinishingherdsandaslaughter facility in Santa Catarina, Brazil. Int. J. Food. Microbiol. 151:307-313. KoketsuY.&SasakiY.2009.Boarcullingandmortalityincommercialswinebreeding herds. Theriogenology, 71:1186-1191. Koketsu,Y.,TakenobuS.&NakamuraR.2006.Preweaningmortalityrisksandrecorded causes of death associated with production factors in swine breeding herds in Japan. J. Vet. Med. Sci. 68:821-826. Losinger W.C., Bush E.J., Smith M.A. & Corso B.A. 1999. Mortality on grower/finisher-only swine operations in the United States. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. 51:141-147. LinharesG.F.C.,SobestianskyJ.,LinharesD.,BarcellosD.,MorenoA.M.&MatosM.P.C. 2012. Endoparasitoses, p.433-466.In: Sobestiansky J. & Barcellos D. (Eds), Doenas dos Sunos. 2 ed. Cnone Editorial, Goinia. Mallmann C.A. & Dilkin P. 2012. Micotoxinas, p.585-610. In: Sobestiansky J. & Barcellos D. (Eds), Doenas dos Sunos. 2 ed. Cnone Editorial, Goinia. McIntoshR.A. 1942. Swine diseases. Can. J. Comp. Med. Vet. Sci. 6:252. Moreno A.M., Sobestiansky J. & Barcellos D. 2012. Deficincias nutricionais, p.612-626. In: SobestianskyJ.&BarcellosD.(Eds),DoenasdosSunos.2ed.CnoneEditorial, Goinia. MorsN.&DriemeierD.2012.Neoplasias,p.787-792.In:SobestianskyJ.&BarcellosD. (Eds), Doenas dos Sunos. 2 ed. Cnone Editorial, Goinia. MorsN.&MorsM.A.Z.2012.DoenadoEdema,p.141-146.In:SobestianskyJ.& Barcellos D. (Eds), Doenas dos Sunos. 2 ed. Cnone Editorial, Goinia. OliveiraF.N.,RechR.R.,RissiD.R.,BarrosR.R.,&BarrosC.S.L.2005.Intoxicaoem sunospelaingestodesementesdeAeschynomeneindica(Leg.Papilionoideae).Pesq. Vet. Bras. 25:135-142.OliveiraS.J.2012a.Miocloniacongnita,p.775-777.In:SobestianskyJ.&BarcellosD. (Eds), Doenas dos Sunos. 2 ed. Cnone Editorial, Goinia. OliveiraS.J.2012b.Rimcstico,p.816-817.In:SobestianskyJ.&BarcellosD.(Eds), Doenas dos Sunos. 2 ed. Cnone Editorial, Goinia. PierezanF.,OliveiraFilhoJ.C.,CarmoP.M.,LucenaR.B.,Rissi,D.R.,TogniM.&Barros C.S.L.2010.SurtodeaflatoxicoseembezerrosnoRioGrandedoSul.Pesq.Vet.Bras., 30:418-422. PellizaB.R.,CarranzaA.I.,DiColaG.&AmbrogiA.2007.Monitoramentodaspatologias em sunos no perodo de crescimento. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. 59:614-620. Radostits O.M., Gay C.C., Hinchcliff K.W. & Constable P.D. 2007. Diseases associated with inorganicandfarmchemicals,p.1824-1826.In:Ibid.(Eds),VeterinaryMedicine:a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs and goats. 10th ed. Saunders Elsevier, Edinburgh. 27 Sasaki Y & Koketsu Y.2008. Mortality, death interval, survivals, and herd factorsfor death in gilts and sows im commercial breeding herds. J. Anim. Sci. 86:3159-3165. SEAPA, Levantamento Pecurio. 2012. Acesso em 30 de maio de 2013. http://www.dda.agricultura.rs.gov.br/conteudo/3181/?Secretaria_da_Agricultura_divulga_dados_do_Levantamento_Pecu%C3%A1rio_2012_do_RS SegalsJ.,AllanG.M.&DomingoM.2006.PorcineCircovirusDiseases,p.299-307.In: Straw B.E., Zimmerman J.J., DAllaire S. & Taylor D.J. (Eds), Diseases of Swine. 9th ed. Blackwell Publishing, Ames. SilvaM.V.,LopesP.S.,GuimaresS.E.&TorresR.A.2003.Utilizaodemarcadores genticosemsunos.I.Caractersticasreprodutivasederesistnciaadoenas.Arch. Latinoam. Prod. Anim. 11:1-10. Sobestiansky J., Barcellos D., Moreno A.M., Carvalho L.F.O.S. & Donin D.G. 2012a. Exame de rebanho, p.23-67. In: Sobestiansky J. & Barcellos D. (Eds), Doenas dos Sunos. 2 ed. Cnone Editorial, Goinia. SobestianskyJ.,CarvalhoL.F.O.S.&BarcellosD.2012b.Malformaes,p.627-645.In: SobestianskyJ.&BarcellosD.(Eds),DoenasdosSunos.2ed.CnoneEditorial, Goinia. SobestianskyJ.,MorsN.,SouzaM.A.&MorenoA.M.2012c.Intoxicaesporminerais, produtosqumicos,plantasegases,p.552-580.In:SobestianskyJ.&BarcellosD.(Eds), Doenas dos Sunos. 2 ed. Cnone Editorial, Goinia. SobestianskyJ.,MorsN.,WeiblenR.,ReisR.&BarcellosD.2012d.Classificaodas doenas,p.14-20.In:SobestianskyJ.&BarcellosD.(Eds),DoenasdosSunos.2ed. Cnone Editorial, Goinia. Sobestiansky J. & Barcellos D. 2007 Introduo, p.15-16. In:___Doenas dos Sunos. Cnone Editorial, Goinia. Stewart&Hoyt2006.Internalparasites,p.219-239.In:StrawB.E.,ZimmermanJ.J., DAllaire S. & Taylor D.J. (Eds), Diseases of Swine. 9th ed. Blackwell Publishing, Ames.TateyamaS.,MolinaH.A.,UchidaK.,YamaguchiR.&ManuelM.F.2000.An epizootiological surveyof necropsycases (1993-1997) atUniversity of the Philippines. J. Vet. Med. Sci., 62:439-442. Viscomi F. 2004. Diagnstico clnico e diagnstico anatomopatolgico: discordncias. Rev. Assoc. Med. Bras., 50:124. Watanabe T.T.N.,ZlotowskiP.,OliveiraL.G.S.,RolimV.M.,GomesM.J.P.,SnelG.& DriemeierD.2011. RectalstenosisinpigsassociatedwithSalmonellaTyphimuriumand porcine circovirus type 2 (PCV2) infection. Pesq. Vet. Bras. 31:511-515. Zlotowski P., Corra A. M. R., Rozza D. B., Driemeier D., Mallmann C. A. & Migliavacca F.A.2004.SurtodeaflatoxicoseemsunosnoEstadodoRioGrandedoSul.Pesq.Vet. Bras. 24:207-210. 28 Quadro 1. Doenas infecciosas e parasitrias diagnosticadas em sunos no LPV-UFSM entre 1964 e 2011 Doenas infecciosas e parasitrias N%* Doenas infecciosas e parasitrias N% * Doena do Edema7012,4Febre Aftosa20,3 Meningite estreptoccica6411,4Gastrite fngica20,3 Colibacilose neonatal458,0Hidatidose20,3 Epidermite exsudativa305,3Miocardite20,3 Pleuropneumonia285,0Balantidiose10,2 Doena de Glsser173,0Cisticercose10,2 Pneumonia enzotica173,0Cistite10,2 Colibacilose da 3 semana162,9Demodicose10,2 Metastrongilose142,5Estefanurose10,2 Disenteria suna111,9Mastite10,2 Ascaridase91,6Miase oral10,2 Salmonelose91,6Onfaloflebite10,2 Erisipela81,4Parvovirose10,2 Peste Suna Clssica81,4Pediculose10,2 Circovirose71,2Piotrax10,2 Ttano40,7Pneumonia fngica10,2 Tuberculose30,5Rotavirose10,2 Endometrite20,3Varola suna10,2 Total38468,1 *A porcentagem foi dada sobre o total de sunos conclusivos (N=564) Quadro 2. Doenas metablicas ou nutricionais diagnosticadas em sunos no LPV-UFSM entre 1964 e 2011 Doenas metablicas ou nutricionais N%* Hepatose nutricional285,0 Inanio/hipoglicemia223,9 Anemia ferropriva61,1 Osteomalacia/Raquitismo40,7 Osteodistrofia fibrosa20,3 Urolitase20,3 Total6411,3 *Aporcentagemfoidadasobreototaldesunos conclusivos (N=564) 29 Quadro 3. Intoxicaes ou toxi-infees diagnosticadas em sunos no LPV-UFSM entre 1964 e 2011 Fonte intoxicante ou toxina N%* Aflatoxinas132,3 Aeschinomene spp.50,9 Cloreto de Sdio50,9 Amaranthus spp.40,7 Zeralenona30,5 Nitrito/Nitrato20,3 Warfarin10,2 Total335,8 *Aporcentagemfoidadasobreototaldesunos conclusivos (N=564) Quadro 4. Distrbios do desenvolvimento diagnosticados em sunos no LPV-UFSM entre 1964 e 2011 Distrbios do desenvolvimento N%* Hrnia umbilical50,9 SMA** 40,7 Intersexualidade30,5 Cistos renais/hidronefrose20,3 Artrogripose10,2 Atresia anal10,2 Craniosquise10,2 Total173,0 *Aporcentagemfoidadasobreototaldesunos conclusivos(N=564).**SMA:SndromedosMembros Abertos Quadro 5. Outros distrbios diagnosticados em sunos no LPV-UFSM entre 1964 e 2011 Outros distrbiosN%* Outros distrbiosN% * Traumatismo203,5Dermatite qumica10,2 Distocia142,5Intermao10,2 Ferida de castrao81,4Linfoma10,2 lcera gstrica50,9Prolapso de reto10,2 Hipertermia maligna40,7Peritonite10,2 Ruptura de bexiga40,7Toro de bao10,2 Vlvulo intestinal40,7Uremia10,2 Total6611,8 *A porcentagem foi dada sobre o total de sunos conclusivos (N=564) 30 4 ARTIGO 2 EOSINOPHILIC GRANULOCYTIC SARCOMA IN A PIG Juliana S. Brum, Ricardo B. Lucena, Tessie B. Martins,Rafael A. Fighera and Claudio S. L. Barros (Artigo publicado na revista The Journal of Veterinary Diagnostic Investigation) J Vet Diagn Invest. July 2012 24: 807-811. 31 ;Eosinophilic granulocytic sarcoma in a pig Juliana S. Brum, Ricardo B. Lucena, Tessie B. Martins,Rafael A. Fighera, Claudio S. L. Barros Journal of Veterinary Diagnostic Investigation July 2012 24: 807-811. Abstract.Acaseofgranulocyticsarcomaoriginatingfromaneosinophiliclineageis describedina5-year-old, mixed- breed,femalepig.Thepighadbeenoriginallysentto slaughterinagoodplaneofnutritionandwithoutdisplayingclinicaldisease.Atgross examination, greenmasseswereobservedinseveralbones,especiallyvertebrae,sternum, pelvis,andlongbonessuchasfemurandhumerus.Similarmasseswereseeninskeletal muscles,lymphnodes,andkidneys.Cytologyrevealedlargenumbersofroundcellswith roundnucleiandscantcytoplasm(myelocytes);someof thesecellshada fineeosinophilic granularitytotheircytoplasm(eosinophilmyelocytes).Histologically,theneoplasticcellsformedsheetsthatcompletely obliteratedthenormalarchitectureofsubperiostealbonemarrow.Thecytoplasmoftheneoplasticcellsstainedstronglyby Siriusredstainof eosinophilandwaspositivelymarkedbyimmunohistochemistryusingananti-myeloperoxidaseantibody.Theassociationofgrossexamination,cytology,histology, histochemistry,andimmunohistochemistryfindingsisconsistentwithadiagnosisof eosinophilicgranulocyticsarcoma. Key words: Diseases; granulocytic sarcoma; green; immunohistochemistry; porcine; skeletal. Granulocyticsarcomaisamorphologicpresentationofmyeloidsarcoma,a hematopoieticneoplasmaffectingbonesorextramedullarysites 1 inthislattercase,the growthisalsoreferredtoasextramedullarymyeloidtumor,myeloblastoma,7or myelosarcoma.2 Granulocyticsarcomasmayoriginatefromvariablydifferentiated precursors,frombothneutrophilicandeosinophiliclineages.Suchsarcomastendto occurgrosslyascharacteristicgreenmasses;therefore,the sobriquet"chloroma," derived fromtheLatintransliteration oftheGreek khloros,meaning green, was given tothe 32 neoplasm.18 Inhumanbeings,granulocyticsarcomasprecedeoroccurconcomitantlywithacute myeloidleukemia,chronicmyeloproliferative disorders, ormyelodysplastic syndromesbut arealsodescribedwithoutassociationwithanyotherhematologicdisturbance.1,29

In theveterinaryliterature,granulocyticsarcomasarementionedaffectingdogs,cats, cattle,19 arabbit,15 andapig.6 Indogsandcats,themoreconsistentlyinvolvedorgans arethelungs,intestine,skin,20

lymphnodes, andliver.18 Inoneofthefewreportsfound inthe veterinary literature,thistumorismentionedas a mass intheneckofa BullTerrier dog.11

Incattle,skeletalmuscleischaracteristicallyaffected.20

Inthecasereportedina rabbit,thegranulocyticsarcomainvolvedtheskin,subcutaneoustissue,andskeletal muscleoftheperineum.15 Inthepig,thetumorinvolvedliver,kidneys,and mesentericlymphnodes.6Differentlyfromwhatoccursinhumanpatients,animals affectedbygranulocyticsarcomasare almostalwaysaleukemic;however,progression to aleukemicmayoccur.20 Thecurrentreportdescribesgrossfindings,cytology, histopathology,histochemistry, andimmunohistochemistryofamulticentriceosinophilic granulocyticsarcomaaffectinga pig. Material and methods A mixed-breed, 5-year-old, female pigin good plane of nutritionandwithno detectableclinicalmanifestationwassenttoslaughter.Thefederalmeatinspector detected"areas ofgreendiscoloration inthecarcass" andsentlargetissue samples to beexaminedattheVeterinaryPathologyLaboratoryattheFederalUniversityof SantaMaria,Brazil.Cytopathologicslidesobtainedfromthemasswereair-driedand stainedbyrapidpanoptickit, abasedontheprincipleof colorhematologyestablishedby Romanowsky.Bonesamplesweredecalcifiedinformicacidpriortoprocessingfor histopathology.Multiplesamplesofbones,skeletalmuscles,lymphnodes,andkidneys werefixedin10%bufferedformalin;paraffinembedded,sectionedat4m,andstained byhematoxylinandeosin.SelectedsectionsofbonemarrowwerestainedbySiriusredusingtheeosinophil technique. For this protocol, the online modification of theoriginal methodpublishedbyLlewellyn,10 Siriusredwasdissolved in 50mlofabsolute ethanol,45mlofdoubledistilledwater, and1mlof1%NaOH.NaCl(20%)wasadded 33 untilslight precipitationhadoccurred.Subsequently,the solutionwas filteredandsections deparaffinized,stainedwithhematoxylinfor8min,differentiatedinrunningtapwater, andtreatedwith70%chlorideethanolfor2sec.Thesectionswerestainedwith Siriusredsolutionatroomtemperaturefor24hr.Afterdehydrationwithincreasing concentrationsofethanol, the sections were mounted. Thecharacterization of theeosinophil granulocyteswasperformedaccordingtoitstypicalmorphologyandstronglyred-stained granules. Sections of eosinophilic meningitis in porcine (salt poisoning) were used as positive control.Suchlesionsconsistofaneosinophilicmeningoencephalitiswithtypical perivascular cuffing of eosinophils around capillaries of cortical parenchyma.16 To determine the neoplasm origin, different sections from bone marrow were evaluated byimmunohistochemistryb formyeloperoxidaseoftheneutrophilandeosinophil(MPO-7,b 1:400),lysozymeb (polyclonal,1:100),clusterofdifferentiation(CD)117b (polyclonal, 1:50),CD3(UCHT1,b1:800), and CD79 (HM57,b 1:200). Serial sections (3 m) were cut from the tissue blocks for histochemical staining and immunohistochemistry. Sections wer e i ncubat edat 37Cf or 60minwiththeprimaryantibody,dilutedbriefly,andsections werethendewaxedandrehydrated.Endogenousperoxidase activity was blocked with H2O2 3%indistillewater.Antigenretrievalwasbymicrowaving(10minatfullpower)inTris-ethylenediaminetetra-aceticacid(pH9.0).Sections were incubated at 37C for 60 min with theprimaryantibody.Thesecondaryreagentwasbiotinylatedfollowedbystreptavidin-peroxidase.b Substrate development was with3,3-diaminobenzidinec (DAB).Sectionswere counterstained lightly with Mayer hematoxylin and then coverslipped. Histologic sections of an acute myeloid leukemia in a cat were used as positive controls for the CD117 and MPO-7 antibodies.AnormallymphnodewasusedaspositivecontrolsfortheCD3andCD79 antibodies, and a histiocytic sarcoma in a dog as positive control for lysozyme. For negative controls, the same sections were used, utilizing phosphate buffered saline with Tween instead of the primary antibody. Results Grossly,overtheribsandbeneaththeparietalpleurathereweregreen,smooth,and opaque,irregularlycontoured,noncircumscribed,soft,homogenous,slightlysalientareas. Light green masses that partially or completely obliterated the bone marrow architecture were observedatthecutsurfacesofsomeribsandseveralvertebraeandsternebrae.Inall lumbosacral vertebrae, typically a subperiosteal presentation was promptly observable (Fig. 1). 34 Inthecutsurfaceoflongbones(femoraandhumeri),thesamepatternofpresentationwas observed in the metaphysis (Fig. 2).In the kidneys, there were multiple, 13 mm in diameter pinktolightgreen, soft, irregularly shaped nodules. There was a homogeneousaspecttothe cutsurfaceofthesenodules.Atcutsurfacesofpoplitealandiliaclymphnodes,therewere pinkorlightgreenareas.Inoneofthelymphnodes(internaliliac),thecutsurfacewas diffusely light green and crisscrossed by red serpiginous lines (Fig. 3). Cytological exam of the mass revealed large numbers of round cells approximately 2030 m. These round cells had a round, oval, or reniform nuclei that contained slightly clumped chromatinanddidnotdisplayprominentnucleoli.Thecytoplasmwasscant,andafine eosinophilic granularity could be observed in the cytoplasm of some neoplastic cells but not in others. Such cells were interpreted as myelocytes belonging to the eosinophil lineage (Fig. 4A). Histologically, a sheet of round cells with a virtually imperceptible stroma obliterated the bone marrow (Fig. 4B). The bone marrow tissuesurroundingthesecellularsheetswasreplacedby fibroblastsandcollagen(myelofibrosis).Atthesesites,therewasreabsorptionofcompact bone and moderate periosteal reaction. Noncircumscribed foci of myeloid cells were observed dissecting,andat times replacing, the renal tubules. Sectionsoftheseareasrevealedthatthe neoplasticcellcytoplasmstainedredbytheSiriusredeosinophiltechnique(Fig.4C)and demonstrated strong cytoplasmic positivity for myeloperoxidase by the immunohistochemistry stain(Fig.4D).Allsectionswerenegativeforalltheotherimmunohistochemicalmarkers used. Discussion Granulocytic sarcoma was suspected in the current case based on the presence of light green masses in the gross inspection of the carcass and viscera, a typical aspect of this tumor. The anatomical distribution of the lesions observed in the current case is quite similar to that describedforhumangranulocyticsarcomas,inwhichtheoccurrenceisprimarily subperiosteal and involves mainly the ribs, sternum, and pelvis.1 The microscopic presentation pattern,observedbothatcytologicalandhistologicalexaminationconsistingpredominantly ofprecursorwithmyelocytedifferentiation,allowedthepresumptivediagnosisofwell-differentiatedgranulocytic sarcoma. Immunohistochemistry results established thecell origin asofthegranulocyticlineage,andhistochemistrydetermined that the cells were possibly of eosinophil lineage, definitively confirming the diagnosis suspected at gross examination. The 35 definitive diagnosis of myeloid sarcomas is based on the association of phenotypic (cytology, histology,cytochemistry,andhistochemistry)andimmunophenotypic (immunocytochemistry and immunohistochemistry) aspects.17 An immune phenotype of neoplastic cells positive for myeloperoxidase is the hallmark forgranulocytic sarcoma.1,2 Otherantibodymarkershavereportedlyyieldedpositiveresults whenappliedtohumancasesofgranulocyticsarcoma,includingCD13,CD33,CD117,1

CD15,CD68,2 CD43,12 andlysozyme.14 However,lysozymeandCD68arealsomarkedin cases of monoblastic sarcoma, a less common form of myeloid sarcoma.1 Intheporcinetumordescribedherein,thenegativestainingforCD117couldbe explainedbyboththepredominanceofmyelocytesandabsenceofmyeloblasts,whichare precursorcellsthatexpressthisantigen.Thenegativestainingforlysozymewassomewhat expectedbecauseswinegranulocyteshavebeendescribedasnegativeforthismarker,3 whereasporcinemonocytesand/ormacrophagesarestronglypositive,5 similartowhatis described in human beings, a species in which lysozyme is the choice marker for monocytes and/or macrophages. Based on this species-specific feature, the negative reaction to lysozyme further helps to differentiate granulocytic sarcoma from monoblastic sarcoma. Inhumanpatients,severaldifferentformsoflymphomapresentationareoften confusedwithmyeloidsarcoma12 andthusshouldbethemaintumorstobeincludedinthe differentialdiagnosis.2 Inthecurrentcase,thedifferentiationwasmadebasedonthe followingaspects:histologicalevidenceofcytoplasmiceosinophilia,finegranularity observedinthecytoplasmofneoplasticcellswhenexaminedincytologicalpreparations, occurrencewithintheneoplasmofmorematureeosinophilprecursorsamidstmyeloblasts, andtheimmunohistochemistrymarking.Furthermore,theobservationoflightgreenmasses thatpartiallyobliteratedthebonemarrowfromseveralflatandlongbonespromptedthe suspicion of granulocytic sarcoma, as this is the only hematopoietic neoplasm that expresses thistypicalcolor.Thegreendiscolorationobservedinfreshtissuespecimensisduetothe presenceofmyeloperoxidaseandsubstantiallyhelpsinthediagnosisofgranulocytic sarcoma.2 Fewlesionscouldgrosslyresemblesarcomagranulocytic.Suchlesionsinclude chlorellosis,agranulomatousinflammatoryreactionobservedinhumanbeings13 and animals,8,22 andeosinophilicmyositis,whichisfrequentlyassociatedwithSarcocystisspp. 36 infection in cattle21 and has beendescribedinapig.4 Theassociationofgrossexamination, cytology,histology,histochemistry,andimmunohistochemistryfindingsisconsistentwitha diagnosis of eosinophilic granulocytic sarcoma. Sources and manufacturers a. Interlab LB, Laborclin, Pinhais, PR, Brazil.b. LSAB+ System-HRP, Dako North America Inc., Carpinteria, CAc. Sigma-Aldrich, St. Louis, MO. Declaration of conflicting interestsTheauthor(s)declarednopotentialconflictsofinterestwithrespecttotheresearch, authorship, and/or publication of this article. FundingThe author(s) disclosed receipt of the following financial support for the research, authorship, and/orpublicationofthisarticle:Thisworkwasfinanciallysupportedthroughafellowship from the Brazilian Coordination for the Improvement of Post Secondary Education (CAPES) within the National Post-Doctoral Program (PNPD). References 1.BrunningRD,MatutesE,FlandrinG,etal.:2001,Acutemyeloideleukemianot otherwisecategorised.In:Pathologyandgeneticsoftumorsofhaematopoieticand lymphoidtissues,ed.JaffeES,HarrisNL,SteinH,VardimanJW,pp.91107. International Agency for Research on Cancer, Lyon, France. 2.ChanJKC:2000,Tumorsofthelymphoreticularsystem,includingspleenand thymus.In:Diagnostichistopathologyoftumors,ed.FletcherCD,2nded.,vol.2,pp. 10991245. Churchill Livingstone, London, UK 3.ChianiniF,MajN,SegalsJ,etal.:2001,Immunohistologicalstudyoftheimmune systemcellinparaffin-embeddedtissuesofconventionalpigs.VetImmunol Immunopathol 82:245255. 4.Dwivedi JN: 1968, Eosinophilic myositis in a pig. Indian Vet J 45:1314. 37 5.EvensenO:1993,Animmunohistochemicalstudyonthecytogeneticoriginpulmonary multinucleate giant cells in porcine dermatosis vegetans. Vet Pathol 30:162170. 6.FisherLF,OlanderHJ:1978,Spontaneousneoplasmsof pigsa study of 31 cases. J Comp Pathol 88:505517. 7.GreerJP,KinneyMC:1998,Leucemianolinfocticaaguda[Acutenon-lymphocytic leukemia]. In: Wintrobe Hematologia Clnica [Wintrobe hematology clinic], ed. Lee GR, Bithell TC, Foerster J, et al., 9th ed., vol. 2, pp. 21142142. Manole, So Paulo, Brazil. 8.HaenichenT,FacherE,WannerG,HermannsW:2002,Cutaneouschlorellosisina gazelle(Gazelladorcas).VetPathol 39:386389. 9.LitzCE,BrunningRD:1992,Acutemyeloideleukemia.In:Neoplastic hematopathology, ed. Knowles D, pp. 12151549. Williams & Wilkins, Baltimore, MD. 10.LlewellynBD:1970,AnimprovedSiriusredmethodforamyloid.JMedLabTechnol 27:308309. 11.MayrB,ReifingerG,BremG,etal.:1999,Cytogenetic,ras, and p53: studies in cases ofcanineneoplasms(hemangiopericytoma,mastocytoma,histiocytoma,chloroma).J Hered 90:124128. 12.MenasceLP,BanerjeeSS,BeckettE,HarrisM:1999,Extramedullary myeloid tumour (granulocyticsarcoma)isoftenmisdiagnosed:astudyof26cases.Histopathology 34:391398. 13.Modly CE, Burnett JW: 1989, Cutaneous algal infections: protothecosis and chlorellosis. Cutis 44:2324. 14.Neiman RS, Barcos M, Berard C, et al.: 1981, Granulocytic sarcoma: a clinicopathologic study of 61 biopsied cases. Cancer 48:14261437. 15.PerkinsSE,MurphyJC,AlroyJ:1996,EosinophilgranulocyticsarcomainaNew Zealand white rabbit. Vet Pathol 33:8991. 16.Summers BA, Cummings JF, De Lahunta A: 1995, Degenerative diseases of the central nervous system. ln: Veterinary neuropathology, pp. 254255. Mosby, St. Louis, MO. 17.TraweekST,ArberDA,RappaportH,BrynesRK:1993, Extramedullary myeloid cell tumors.Animmunohistochemicalandmorphologicstudyof28cases.AmJSurg Pathol 17:10111019. 18.ValliVE:2007,Acutemyeloidleukemias.In:Veterinarycomparative hematopathology, pp. 367424. Blackwell, Ames, IA. 38 19.Valli VE: 2007, The hematopoietic system. In: Jubb, Kennedy,andPalmerspathology ofdomesticanimals,ed.MaxieMG, 5th ed., vol. 3, pp. 107324. Elsevier, Philadelphia, PA. 20.ValliVE,JacobsRM,ParodiAL:2002,Solidmyeloidproliferations.In:Histological classification of hematopoietic tumors of domestic animals, 2nd ed., pp. 58-61. WHO/AFIP, Washington, DC. 21.VangeelL,HoufK,GeldhofP,etal.:2012,Intramuscularinoculationofcattlewith Sarcocystis antigen results in focal eosinophilic myositis. Vet Parasitol 183:224230. 22.ZakiaAM,OsheikAA,HalimaMO:1989,OvinechlorellosisintheSudan.VetRec 125:625626. 39 Figure 1. Pig affected by granulocytic sarcoma. Cut surface of a longitudinal section throughout the lumbosacral spine. There are discolored subperiosteal green areas in the vertebral bodies and spinous process. Figure 2. Pig affected by granulocytic sarcoma. Cut surface of a longitudinal through the femur. Green-yellowish soft masses partially obliterate the metaphysis. Figure 3. Pig affected by granulocytic sarcoma. The cut surface of internal this iliae lymph node is completely effaced by a homogenous pink to light green mass. Congested blood vessels crisscross the homogenous appearing mass. 40 Figure4.Pigaffectedbygranulocyticsarcoma.A,bonemarrowcytology.Roundcellscontainingfine cytoplasmicgranulationcanbeobserved.Rapidpanopticstaining.Bar=20m.B,histologyofthebone marrow. A sheet of round cells with strongly eosinophilic cytoplasmic granules arranged in a diffuse pattern with scantorindistinctstroma,Hematoxylinaneosin.Bar=20m.C,histochemistryofasectionfromthebone marrow showing myelocytes with positively stained (red) cytoplasm in the Sirius red stain, Llewellyri's method. Bar=20m.D,bonemarrow.Thereisstrongpositivityformyeloperoxidaseinthecytoplasmofneoplastic cells.Immunohistochemistryusingananti-myeloperoxidaseantibody,streptavidin-biotin-peroxidasemethod, counterstained with Mayer hematoxylin. Bar = 20 m. 41 5 ARTIGO 3 INTOXICAO POR SAL EM SUNOS: ASPECTOS EPIDEMIOLGICOS, CLNICOS E PATOLGICOS E BREVE REVISO DE LITERATURA Juliana S. Brum, Ricardo B. Lucena, Glauco J. N. Galiza & Claudio S. L. Barros (Artigo enviado para publicao na revista Pesquisa Veterinria Brasileira) 42 Trabalho 3280 LD Intoxicao por sal em sunos: aspectos epidemiolgicos, clnicos e patolgicos e breve reviso de literatura1 Juliana S. Brum2, Glauco J.N. Galiza2, Ricardo B. Lucena2 e Claudio S.L. Barros3 ABSTRACT.- Brum J.S., Galiza G.J.N., Lucena R.B. & Barros C.S.L. 2013. [Salt poisoning inswine:epidemiological,clinicalandpathologicalaspectsandbriefreviewofthe literature.] Intoxicao por sal em sunos: aspectos epidemiolgicos, clnicos e patolgicos e breverevisodeliteratura.PesquisaVeterinriaBrasileira00(0):00-00.Departamentode Patologia, Universidade Federal de Santa Maria, Camobi, Santa Maria, RS 97105-900, Brazil. E-mail: [email protected] Salt poisoning occurs commonly in pigs by excessive intake of sodium chloride or by a period water deprivation for followed by free access to water. The objective of this work is toaggregatedatafromcasesofsaltpoisoning,combiningexistingdataintheliteratureand describethemainclinicalandpathologicalfeaturesobserved.Wereviewedfiveoutbreaks, oneofwhichwascarefullymonitored.Inthreeofthemtheintakeofsodiumchloridehad beendetermined.Clinicalsignswerebasicallyseizureswiththelateraldecubituswith paddling movements. Circling was observed in some cases. Sodium determination in muscle ofandliverfragments,serum,cerebrospinalfluidandaqueoushumorshowedincreased concentrationsofthision.Therewaseosinopeniacharacterizingincreasedrecruitment eosinophilsfromthecirculationintothebrain.Inalloutbreakseosinophilinfiltrationwas observedinthemeningesandtheVirchow-Robinspaceofthecerebralcortex.Cortical laminar necrosis was more pronounced in the brain of pigs from one of the outbreaks in which animalsweresickforsixdays.Thecombinationofthesetwolesionscharacterizesthe disease. The changes observed result from high concentrations of sodium in the brain causing cause edema that leads to increased intracranial pressure and decreased perfusion to the brain tissue causing diffuse ischemia and neuronal necrosis, with consequent malacia. _______________________ 1 Recebido em 31 de maio de 2013. Aceito para publicao em ....................................... 2 Programa de Ps-Graduao em Medicina Veterinria, rea de concentrao em Patologia Veterinria, Centro de Cincias Rurais, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Camobi, Santa Maria, RS 97105-900, Brasil. 3 LaboratriodePatologiaVeterinria,UFSM,Camobi,SantaMaria,RS. Autorparacorrespondncia: [email protected] 43 INDEXTERMS:Swinediseases,sodiumconcentration,eosinopenia,eosinophilic meningoencephalitis, neuronal necrosis. RESUMO.-Intoxicaoporsalocorrecomumenteemsunosporingestoexcessivade cloretodesdioouporprivaodeguaporumperododetempo,seguidodeumlivre acessoaguaabundante.Oobjetivodestetrabalhoagregardadosdecasosdeintoxicao porsal,diagnosticados,compilardadosjexistentesnaliteraturaecaracterizarasprincipais alteraesclnicasepatolgicasobservadas.Foramrevisadoscincosurtos,sendoqueum delesfoiminuciosamenteacompanhado.Emtrsdelesaingestodecloretodesdiofoi determinada.Ossinaisclnicoserambasicamenteconvulses,comintensostremores muscularesedesenvolvimentodeopisttono.Osanimaispermaneciamemdecbitolateral, fazendomovimentosdepedalagem.Algunsandavamemcrculos.Dosagensdesdioem fragmentos de msculo e de fgado, no soro, lquor e humor aquoso revelaram concentraes aumentadasdoon.Aquantidadedeeosinfiloscirculantesfoibaixacaracterizandogrande recrutamentodessasclulasparaoencfalo.Emtodosossurtosfoiobservadainfiltraode eosinfilosnasleptomeningesenoespaodeVirchow-Robindocrtexcerebral.Necrose cortical laminar foi observada mais detalhadamente em um dos surtos onde os sunos estavam doenteshseisdias.Acombinaodessasduaslesescaracterizaadoena.Todasas alteraesobservadaspodemserexplicadaspelaprovvelpatogeniadadoenaemqueas elevadasconcentraesdesdiocausamedemacerebralquelevaaoaumentodapresso intracranianaedecrscimodaperfusoparaocrebrocausandoisquemiadifusaenecrose neuronal, com consequente malacia. TERMOSDEINDEXAO:Doenasdesunos,concentraodesdio,eosinopenia, meningoencefalite eosinoflica, necrose neuronal. INTRODUO Intoxicaoporsal,tambmconhecidacomotoxicidadeaocloretodesdioousndromeda privao de gua, ocorre comumente em sunos e aves, e ocasionalmente em ruminantes, ces, cavalos e ovinos (Scarratt et al. 1985, Pringle & Berthiaume 1988, Thompson 2007, Zachary 2007). Ocorre por ingesto excessiva de cloreto de sdio (NaCl) na rao ou no soro de leite 44 (intoxicaodireta)(Radostitsetal.2007);oupodeocorreremsunosemdietacomnveis normais de NaCl com privao de gua por um perodo de tempo, seguido de um livre acesso a gua abundante. Esta segunda forma da intoxicao geralmente chamada de sndrome da privaodeguaouintoxicaoporgua(Summersetal.1995,Radostitsetal.2007, Zachary 2007). Condies similares so relatadas quando somente o soro a nica fonte de gua para osanimais(Britoetal.2001).Defato,emumlivro-textodeneuropatologia(Innes& Saunders 1962), esta condio referida como intoxicao por cloreto de sdio (ou por soro deleite).Restriesnofornecimentodeguaparasunos,comidadeentrequatroe12 semanas,quesoalimentadoscomraescontendo2%desal,podemresultaremdoena clnica (Summers et al. 1995, Radostits et al. 2007). A intoxicao ocorre quando os animais tm acesso ilimitado gua. Oobjetivodestetrabalhoagregarcasosdeintoxicaoporsal,diagnosticadosno LaboratriodePatologiaVeterinrianaUniversidadeFederaldeSantaMaria,compilando dadoshistricosjexistentesnaliteraturaatravsdeumabreverevisodeliteraturae caracterizar as principais alteraes clnicas e patolgicas observadas nessa condio. REVISO BIBLIOGRFICA Em1856umclnicorelatouumadoenaqueacometeu13sunosemumapropriedade localizada no municpio de Augsburg, Alemanha. Os sunos tinham entre seis e oito meses de idade.Estavamalojadosemduplasoutrios,empocilgasbemestruturadas,eeram alimentados com o resduo de uma cervejaria misturado com gua. Em abril, o alimento dos sunosfoimisturadoaumasalmoura.Nodiaseguinte,algunsanimaisapresentaram hiporexia. Progrediram para umestado de vertigem e sentavamcomo ces. Houve episdios deconvulso,decbitoecontraesespasmdicasdosmembrosposteriores.Emumcurto perodo de tempo, os sunos andavam de cabea baixa e a pressionavam contra a parede. No foramobservadasalteraessignificativasnanecropsia.Muitaspessoastambmhaviamse alimentadocomamesmacomidaenoapresentaramalteraes.Aetiologiadadoenafoi atribuda mistura da salmoura no alimento dos animais (Morton & Simonds 1856). Algunsmesesdepois,forampublicadosnomesmoperidicoTheVeterinarian outrosrelatosdecasossemelhantes.Muitosdessescasoshaviamocorridoanteriormenteao casoinicial,pormnohaviamsidodivulgados.Parecequeaprimeiradescrioestimulou outrosmdicosveterinriosdocontinenteeuropeuasemanifestaremarespeitoda 45 enfermidadequeobservavamemsunos.Emumadestasdescries(Lepper1856),o veterinrio relata que ocasionalmente observava casos de morte de sunos aps a ingesto de salmoura desde o ano de 1816, na regio de Kent,Inglaterra. Nesta localidade,a doena era conhecida como staggers (cambaleira) e por muitos anos a etiologia foi atribuda a um osso localizadodaporopalatinadaboca(stagger-bone).Acreditava-sequeacuraera realizadaapartirdaremoodesteossoerecuperaodosanimaisapsacirurgia.Logo, soube-se que os sunos que sobreviveram prtica, iriam recuperar-se mesmo sem a remoo ssea.Muitossunossaudveis,incluindoleites,eramsubmetidosretiradadoossopara preveno da doena. Aindanomesmoano(Corby1856),houveorelatodeumadoenacaraterizadapor trismo acometendo duas porcas em Andover, Inglaterra. Uma delas abortou poucos dias aps teringeridooalimentomisturadosalmouraeestavamuitodebilitada.Aoutraporca,que tambmhaviarecebidoamesmaalimentao,estavaamamentandoepareceusermenos afetada,pormcessouaproduodeleite.Ambasforammedicadaseaquehaviaabortado morreu dez dias aps. Em Monmouth, Inglaterra, no ms seguinte, foi informado que um lote de sunos (uma fmea com onze leites e quatro outros adultos) de uma fazenda desenvolveu uma enfermidade, caracterizada por andar cambaleante e cabea pendente (Lewis 1856). Um dos sunos vomitou. Apenas cinco leites se recuperaram quando forados a ingerirem leite. O diagnsticofinaldeintoxicaoporsalcomumfoiestabelecidobaseadonadosagemdesal presentenocontedoestomacal(42gramasdesalcomum)eacredita-sequeporfaltade informao foi adicionada salmoura na alimentao dos animais. Ainda no mesmo peridico, nofinaldoano,conclui-sequerealmentehintoxicaoporsalmouraemsunosquandose descreveorelatodeoutrofazendeiroqueperdeuanimaiscomsintomatologiasemelhante tambm devido adio de salmoura alimentao (Gamgee 1856). Na ocasio, a doena foi chamada de bad distemper. At esta poca, apesar dos sinais clnicos neurolgicos bastante expressivosecaractersticos,aslesesmacroscpicasobservadaseramrestritasaotrato gastrointestinalealiadasclnicaeepidemiologia,suficientesparaodiagnsticofinal (Slavin & Worden 1941, Morton & Simonds 1856).NofinaldosculoXIX,amortedemuitossunosapsaingestodesalmourafoi atribudapresenadeptomana.Osaldesempenhavaapenasumpapelsecundriono desenvolvimentodadoena.Nanecropsiaaslesescomearamaserrestritasnosistema nervosocentralecaracterizavam-seporhemorragiaeedemacerebral.Emumestudodeum surtonoforamobservadaslesesnoestmagoenointestino.Nestapocaoutroautor relatou,naSua,queaintoxicaoporcloretodesdioerasemelhanteintoxicaopor 46 salmoura, levantando a hiptese de que era somente o cloreto de sdio o causador da doena. OmesmofoiobservadoemestudosnaAlemanha,onde,poralgumtempo,adoenafoi tratadacomoerisipelaelogodepoispassouaserconhecidacomoVergiftungdurch Heringslake(envenenamentoporarenque)e,porfim,apartirde1907,Vergiftungdurch KochsalzouKochsalzvergiftung(envenenamentoporsal)(Smith1955).Omesmoautor (Smith1955)descreveaindaumasequnciadeoutrossurtosocorridosemdiferentes situaeselocais.EmGardelegeneemHameln,Alemanha,osanimaisingeriramsobrasde uma fbrica de conservantes; outros casos ocorreram pela ingesto de sobras de uma padaria; restosdecomidahumananosEstadosUnidos;leitelho;esobrasdecomidahumana erroneamente contendo um sabo em p prprio para lavar loua, contendo grande quantidade de carbonato de sdio (Smith 1958). Relata ainda que a intoxicao s acontecia por erros de manejooudesconhecimentodotratador.UmexemplodissofoiemGladbach,Alemanha, onde um tratador com perturbao mental adicionou um saco de sal no alimento dos sunos.ComoinciodaPrimeiraGuerraMundial,aAlemanhasofreuescassezdealimentos ricos em protena e precisou importar. O peixe conservado em salga passou a ser importado, o quedesencadeoumuitoscasosdeintoxicaoporsalemsunos.Apartirdessescasosfoi desenvolvidoummtododediagnsticobaseadonaobtenodeumagrandequantidadede cristais a partir de um extrato aquoso do contedo do intestino grosso. Esses cristais podiam seridentificadoscomocloretodesdiocomousodeumachamaenitratodeprata(Smith 1955). Em 1941, por se considerar a extrema sensibilidade de sunos ao sal, foram realizados experimentos. Os sunos eram forados a consumir quantidades crescentes de sal comum e, no fimde48horas,noforamobservadasalteraesnosanimais(Slavin&Worden1941).Os mesmosautoresempublicaode1926especificarampossveisdosesintoxicantespara diferentesespcies,eemoutrade1934,relatamquesesuspeitavaqueaintoxicaoocorria devidotoxinadeumabactriapresentenasalmoura.RelatamtambmquenaAlemanha suspeitava-se que havia um cido graxo presente na salmoura, engendrado pelo calor; que em Stratford-on-Avon,Inglaterra,asalmouraestavaimpregnadacomchumbo;erelatamainda surtos de intoxicao por sal comum, em diferentes situaes, nos anos de 1918, 1927, 1930, 1935e1940.Emalgumasdessassituaesforamrealizadosexperimentoscomcoelhos, pssaros e potros obtendo-se pouco sucesso. Os benefcios da incluso do sal na dieta suna foram descritos em 1947 no Wisconsin Agricultural Experiment Station Bulletin (Grummer & Bohstedt 1947). Relatam que a adio doprodutoeconomizava$20emalimentoacadadlardesalusadoemumexperimento 47 desenvolvidonaUniversidadedeWisconsin.Ossunosalimentadoscomsalganharamat 662gramasdiariamente,comparadoscom571gramasganhascomumleodemilhoesoja sem sal. Seguida das vantagens obtidas com a adio do sal h uma interrogao dos mesmos autoresdapossibilidadedemortedesunosintoxicadoscomsal.Apartirdesteponto, desenvolveramvriosexperimentoseconcluramque2%desalnadietasunanocausaa morteequeresduodequeijofresco,apesardeapresentardosagensaltasdesal,podeser administradoaosanimais.Nofinaldadcadade1940,concluiu-sequeaintoxicao resultava de um grande fornecimento de sal aos animais, sem o suplemento de gua adequado (Smith 1955). No livro Landers Veterinary Toxicology h o seguinte pargrafo: aceitvel quealtasdosesdecloretodesdiopodemlevaraintoxicao,particularmentedesunose aves,emboradevasermencionadoqueaevidnciaparaissoamplamentecircunstancial. Uma dieta contendo uma alta proporo de sal no rapidamente ingerida pelos animais e tentativasdeproduziraintoxicaoexperimentalporsalnoobtiverammuitosucesso (Nicholson1945).Hasugestodequeaintoxicaoocorrapelaremoodaguadas clulas(dissecao)esimultneosdesequilbriosinicos.Essefenmenoenvolveosistema nervoso central, causando convulses, paralisia, inconscincia e coma (Smith 1955). O primeiro relato de intoxicao por salexperimental com total sucesso foi realizado da University ofWisconsin em 1954 (Bohstedt& Grummer 1954).Os autores discutem seo termointoxicaoadequadoouseadoenatrata-seapenasdeumaaltaconcentraode cloretodesdionostecidosvitaisquelevadesidrataofatal.Tambmdescrevema possibilidadedeoutrosfatores,comoprivaodegua,estaremenvolvidosnapatogeniada doena.Tentandoresolverestasquestes,realizamoexperimento.Porfim,concluemquea ingestodesalemsunospodeocorrerdesdequeasproporessejamconstanteseno ultrapassem 2% da quantidade total de rao; que deve haver cochos para todos os animais; e que o sal torna-se palatvel quando oferecido em meio a uma fonte lquida (soro de queijo ou salmoura,porexemplo)equeoinsucessodosexperimentosanterioressedeveaofatode grandes quantidades serem administradas em meio slido. No final da dcada de 1950, a intoxicao por sal em sunos ainda era considerada um enigma,pormmuitojsesabiasobreadoena.Adoenaacometiapredominantementeos sunos em relao a outras espcies (Padovan 1980, Pearson & Kallfelz 1982). Acreditava-se queissoaconteciaporqueossunoseramcriadoscomgrandeneglignciaequeacomida fornecidaaeleserasempredequalidadeduvidosaemalarmazenada(Smith,1958).Por muito tempo os sunos foram alimentados quase que exclusivamente de uma mistura de restos dealimentosegua(Vianna1976).Nessapocaasalmouraeraumdosprincipais 48 conservantesalimentares.Esteprocessoeramuitoaplicadonaconservaoporsalgaou salmouradepeixes(bacalhau),carnes(suna),vegetais(chucrute)(Smith1958).Comoa alimentaodossunoseraabasedessesrestosconservadosemsalga,essaeraaprincipal formapelaqualossunosacabavamingerindograndesquantidadesdecloretodesdio.Nessapoca,adoenafoienquadradacomoumacondiodosistemanervosocentrale estudos histolgicos do encfalo comearam a ser difundidos (Cox & Pitts 1957, Done et al. 1957, Gellatly 1957, Sautter et al. 1957, Smith 1957, Done et al. 1959, Rac et al. 1959, Satoh 1961,Innes&Saunders1962,Dowetal.1963,Arieff&Guisado1976,Wellsetal.1984, Summers et al. 1995). Sabe-se que a etiologia da doena baseia-se em ingesto de grandes quantidades de sal comum (cloreto de sdio) ou, privao de gua, seguido de um livre acesso gua abundante mesmo com ingesto de quantidade normal de NaCl (por isso tambm a doena conhecida comosndromedaprivaodeguaouintoxicaoporgua)(Carson2006).Raoegua contendograndesquantidadesdesalnosopalatveisparaosanimais,masexcessivas quantidadesdesalso,algumas,vezesingeridas,especialmenteemguassalgadas(Smith 1955).Parasunos,adosetxicade2,2g/kgdepesovivo(PV)(Radostitsetal.2007).O mesmo pode ser aplicado a equinos e bovinos e, em ovinos a dose txica maior, 6,0g/kg de PV. Esta dose altamente influencivel pela idade e peso corporal. Atualmente,aingestodiretadesalcomumpurojuntamentecomaalimentaoj menoscomum,maspodeocorrer,principalmentequandoosanimaissoprivadosdosal seguidoporumacessoilimitado,oudeumaquantidadeexageradanarao(Carson2006). Hoje, a principal forma de intoxicao dos sunos chamada de intoxicao indireta, em que hodesequilbrionofornecimentodegua(Summersetal.1995,Carson2006).As principais fontes de toxicidade para sunos so: fornecimento de gua com alto teor de NaCl, principalmente gua de poo artesiano, aos animais com sede; acmulo de gua em cochos de sal,principalmenteduranteperodoseco;alimentaodosanimaiscomresduosdepadaria, resduos de fbrica de queijo, salmoura de aougues e restos de peixe salgado (Radostits et al. 2007,Thompson2007).Tratamentocomsulfatodesdio,realizadoparaedemaintestinal, tambmimplicadocomofontedetoxicidade,casohajaprivaodegua;econtaminao ambiental por petrleo que apresenta um sabor salgado (Radostits et al. 2007).Existemalgunsfatoresderiscoquepodemaumentaraprobabilidadedeintoxicao por sal. Sunos, aves, equinos e vacas de leite em lactao so mais susceptveis que bovinos decorte,vacasdeleitesecaseovinos.guassalinascontendonveisaltosdeoutros elementos como flor ou magnsio, podem ser mais txicas. Dessa maneira,a toxicidade de 49 guas de poo depende da quantidade de sulfatos, carbonatos e cloretos. O ambiente tambm podeinfluenciarnaintoxicao.Desde1856jseacreditavaqueatemperaturaambiental tinhainfluncianodesenvolvimentodadoena(Gamgee1856).Parecequenoveroagua apresenta nveis de sal mais txicos que no inverno (Radostits et al. 2007). A patognese das leses cerebrais na intoxicao por sal em sunos pouco entendida (Summersetal.1995),masacredita-sequeoedemacerebralagudoocorraprovavelmente devido correlao osmtica necessria para diminuir os nveis de sal no crebro, quando h reestabelecimentodegua,apsrestrio.Osdiooprincipalctioneocloretoo principalnionqueregulamobalanoosmticodofluidoextracelulardocorpo(Thompson 2007).Adesidrataoprovocadapelasaltasquantidadesdesalresultaemaumentoda pressoosmticanotratoalimentaredesencadeiaumairritaonamucosa.Seosal absorvido gradualmenteh um acmulo do on sdio nos tecidos, principalmente no crebro (Radostits et al. 2007). O acmulo de altos nveis de sdio pode inibir a gliclise anaerbica, impedindootransporteativodesdioparaforadocompartimentocrebro-espinhal. Adicionadoaisto,oaumentodapressointracranianapoderialevaraodecrscimoda perfusoparaocrebro,causandodanoaoparnquimadependentedaseveridadeedurao daisquemia.Ograndeaumentonapressointracranianapodecausarisquemiadifusa,tanto temporria como permanente (Radostits et al. 2007, Finnie et al. 2010). MATERIAL E MTODOS Foramrevisadostodososprotocolosdenecropsiaeexameshistopatolgicos,arquivadosno LPV-UFSM,realizadosentrejaneirode1964edezembrode2011,nabuscadecasosde intoxicaoporsalemsunos.Osprotocolosreferentesaessescasosforamseparadose avaliados. Desses protocolos foram retiradas informaes quanto idade, histria clnica, s descries macroscpicas e s descries histopatolgicas. A esses dados foram adicionados os dados de um surto da doena acompanhado pela visita realizada pelos autores a uma propriedade rural, situada no municpio de So Domingos (latitude 2656S, longitude 5253O), no estado de Santa Catarina. Dados da doena clnica e manejodossunosforamobservadoseminuciosamentecolhidosjuntamentecomomdico veterinrio responsvel, com o proprietrio e com o tratador. Nesse surto, dos animais que j seencontravammortos(totalde13sunos)foicolhidooencfalo,armazenadoemformola 10%,processadorotineiramenteparahistopatologiaecoradopelahematoxilinaeeosina. 50 Tambmforamcolhidosfragmentosdefgadoepulmodesetedestesanimais,coraode dois animais e intestino de um destes animais para realizao do mesmoprocedimento. Trs dessessunosforamnecropsiadosnodiadoinciodossinaisclnicos;osdemais,seisdias aps o princpio da doena, sempre imediatamente aps a morte. Dos animais que foram eutanasiados in extremis (total de 15 animais) seis dias aps o incio dos sinais clnicos, foram colhidos, antes da morte, 3,0ml de sangue da veia jugular. O sangue foi acondicionado em tubos sem anticoagulante para extrao do soro. Tambm desses animais,pararealizaodecontagemdeeosinfilos,foramcolhidos3,0mldesangue