Tese de mestrado sobre o coletivo Arte na Periferia

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COLETIVO ARTE NA PERIFERIA: POR UMA OUTRA DIMENSÃO TERRITORIAL DAS ARTES VISUAIS Acadêmica: Elisa Rodrigues Dassoler Orientadora: Profa. Dra. Célia Maria Antonacci Ramos UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS MESTRADO EM ARTES VISUAIS

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Tese de mestrado de Elisa Dassoler sobre o coletivo de produção audiovisual Arte na Periferia. A tese fala do coletivo e de toda a rede de pessoas e projetos que o coletivo participa.

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COLETIVO ARTE NA PERIFERIA:

POR UMA OUTRA DIMENSÃO

TERRITORIAL DAS ARTES VISUAIS

Acadêmica: Elisa Rodrigues Dassoler

Orientadora: Profa. Dra. Célia Maria Antonacci Ramos

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS

MESTRADO EM ARTES VISUAIS

Objetivo Geral

Investigar a produção audiovisual e organização do coletivo Arte na

Periferia no contexto dos processos de territorialização por meio da

arte na periferia sul de São Paulo

Objetivos Específicos:

1) Discutir os usos do território no período da globalização a partir

dos recortes espaciais propostos por Milton Santos, assim como

pelas reflexões de Stuart Hall, Jesús Martín-Barbero e de outros

autores do campo das artes visuais e das ciências humanas;

2) Dissertar sobre parte da produção artística contemporânea,

levando em consideração aspectos relevantes de processos de

criação em coletivos, da cultura digital e da arte e suas relações

com os ativismos e movimentos sociais;

3) Discorrer e analisar de modo sistemático a produção artística do

Arte na Periferia no contexto de sua territorialização na periferia

sul de São Paulo, destacando o grau de intencionalidade de ações

e conteúdos dos objetos em meio às condições técnicas dessas

práticas artísticas.

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

INTRODUÇÃO

São Paulo: concentração e fragmentação

A “revanche” da periferia

CAPÍTULO 1:

OS USOS DO TERRITÓRIO NO PERÍODO DA GLOBALIZAÇÃO:

DISCUSSÕES SOBRE ARTE, TÉCNICA E POLÍTICA

Das contradições nos usos do território à força dos homens lentos

Arte, Técnica e Política

CAPÍTULO 2:

PROCESSOS COLETIVOS, ARTE ATIVISTA E CULTURA DIGITAL:

REFLEXÕES SOBRE A PRODUÇÃO ARTÍSTICA CONTEMPORÂNEA

Coletivos de arte e cultura digital

Experiências de coletivos de arte no Brasil

CAPÍTULO 3:

COLETIVO ARTE NA PERIFERIA E A MOVIMENTAÇÃO CULTURAL DA

PERIFERIA SUL DE SÃO PAULO: ARTE, POLÍTICA E COMUNICAÇÃO

Pânico na Zona Sul: do triângulo da morte ao círculo das artes

Coletivo Arte na Periferia

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

ANEXOS

APRESENTAÇÃO

Objetivos da pesquisa;

Metodologia Transdisciplinar:

Geografia Crítica e Estudos Culturais

Milton Santos, Stuart Hall e Jesús Martín-Barbero

Procedimentos Metodológicos:

• Sistematização bibliográfica;

• Pesquisa de Campo – entrevistas e vivências;

• Análise das produções audiovisuais do grupo:

Panorama: arte na periferia (2007)

Curta Saraus (2010)

INTRODUÇÃO

Coletivos de Arte – necessidade de se juntar

• Trabalhos com ênfase nos aspectos cotidianos e relacionais do espaço

vivido;

• Afrouxamento de hierarquias nas formas de organização dos grupos;

• Pensamentos críticos sobre o modo de produção capitalista e os

espaços institucionais de arte;

• Discussões em torno da necessidade de se pensar e criar juntos;

• Fortalecimento de laços de amizade e solidariedade;

Cultura Digital – meio – possibilidade técnica

Globalização – especificidades, contradições

Globalização: concentração e fragmentação

Concentração: pensamento único

• hegemonia do sistema técnico-científico-informacional

• convergência dos momentos

• motor único (unificação do sistema financeiro transnacional)

Fragmentações: produções de novos sentidos

Necessidade de produção de um outro discurso político e de novas

formas de se reproduzir a vida.

No caso específico desta pesquisa:

Reconhecer novas experiências em arte, seus usos e sentidos,

em meio a esse complexo e dinâmico sistema técnico;

Produções que se caracterizam pela busca de fortalecimento de relações

horizontais, de participação popular e de solidariedade entre as pessoas,

em contraposição aos tempos de violência estrutural, de competitividade

e banalização da política.

Milton Santos:

conceito operacional de contra-racionalidade

Capítulo 01:

OS USOS DO TERRITÓRIO NO PERÍODO DA GLOBALIZAÇÃO:

DISCUSSÕES SOBRE ARTE, TÉCNICA E POLÍTICA

Das contradições nos usos do território à força dos homens lentos

Arte, Técnica e Política

• Globalização, meio técnico-científico-informacional

• Território usado, processo, movimento, totalidade

• Situações e Eventos; Técnica e Lugar

• Audiovisual - possibilidade técnica

• Força da mudança, mediações, intencionalidade

• Papel dos intelectuais orgânicos

• Espaço das Horizontalidades

• Período popular da história, cultura das massas

Capítulo 02:

PROCESSOS COLETIVOS, ARTE ATIVISTA E CULTURA DIGITAL:

REFLEXÕES SOBRE A PRODUÇÃO ARTÍSTICA CONTEMPORÂNEA

Coletivos de arte e cultura digital

Experiências de coletivos de arte no Brasil

Leitura histórica da realidade

Artistas - reflexões sobre as sua práticas

Suas formas de organização e articulação;

Uso das técnicas e a divisão do trabalho;

Objetivos políticos e estéticos;

Conteúdos e proposições

Glória Ferreira – Escritos de artistas

Produção escrita, saraus, blogs

Produção audiovisual

Nina Felshin – Coletivos de Arte Ativista

desde a década de 1960 – movimentos de contracultura

Atenção aos Sistemas Técnicos e Políticos:

• Uso e apropriação contra-hegemonica dos meios de comunicação e

suas linguagens;

•Crítica ao sistema e suas formas de segregação;

•Base no Local e Lutas específicas (preocupações universais);

•Articulações em Redes;

• Dimensão processual e temporal

• Espaços públicos;

• Métodos colaborativos e participação ampliada.

Algumas experiências internacionais de coletivos de arte ativismo:

Hi Red Center - Japão – 1964

Tucumán Arde – Argentina – 1968

Guerrilla Girls – EUA – 1985

Cartaz do Guerrilla Girls, de 1989

“As mulheres tem que estar nuas para entrarem no Museu Metropolitano?”

“Menos de 5% dos artistas selecionados pelo Museu de Arte Moderna são

mulheres, mas 85% dos nus são femininos”.

Gran Fury – EUA (1988)

Beijo não mata: ganância e indiferença sim (1989- 1990)

Imagens de cartazes publicitários da empresa United Colors of Benetton.

Experiências de Coletivos de Arte no Brasil

3NÓS3

X-Galeria

1979

Coletivo Manga Rosa

Projeto Arte ao Ar Livre - 1981

Bijari

Estão vendendo nosso espaço aéreo - 2004

Coletivo Contra Filé

Monumento a Catraca Invisível

2004

Movimento Passe Livre em Florianópolis, 2009

Frente 3 de Fevereiro

Zumbi somos Nós

2004

• Ativismo Político

• Identidade Territorial e Formação Política junto aos

Movimentos Sociais

• Amizade

• Cultura Digital e Autogestão

CAPÍTULO 3

COLETIVO ARTE NA PERIFERIA E A MOVIMENTAÇÃO

CULTURAL DA PERIFERIA SUL DE SÃO PAULO:

ARTE, POLÍTICA E COMUNICAÇÃO

Pânico na Zona Sul: do triângulo da morte ao círculo das artes

Coletivo Arte na Periferia

Movimentação cultural da periferia da zona sul de São Paulo

Anos 1990 – Racionais Mc´s e o movimento hip-hop

Anos 2000 – organização de saraus literários e diversos coletivos

Hip-hop – contra-racionalidade

Expressão ética, estética e política

Andréia Moassab – resistência, empoderamento e emancipação

Década de 1990 – neoliberalismo, crise de desemprego

1996 – Jardim Ângela, distrito mais violento do mundo pela ONU

Mídia hegemônica: triângulo da morte

Hoje a situação se difere:

investimentos em infraestrutura

aumento do policiamento

atuação das ONG´s

mobilização popular

1ª Caminhada pela Paz, em 1996,

liderada pelo Padre Jaime

Necessidade de mudança (urgência)

Experiência da escassez – ponte entre

o cotidiano e o mundo

• percepção da situação

• possibilidade de conhecimento

• tomada de consciência

Robert Stam – jiu-jítsu

“transformar a fraqueza estratégica em

força tática”

... O Círculo das Artes...

Semana de Arte Moderna da Periferia: Antropofagia Periférica (2007)

Oficina de pintura e exposição coletiva no Sacolão das Artes

Sarau da Cooperifa durante a Semana de Arte Moderna da Periferia

Semana da Arte Moderna da Periferia (2007)

Expedición Donde Miras:

Caminhada Cultural pela América Latina (2008)

Projeto Bicicloteca: no meio do caminho tinha um livro

Coletivo Arte na Periferia

David Vidad, Daniela Embón e Peu Pereira

Manifesto do Olhar Visceral

Semana de Arte Moderna da Periferia

Produções do Coletivo Arte na Periferia:

Trabalhos autônomos – “autorais”

Sem remuneração

Trabalhos para iniciativa privada

Normalmente para grupos culturais, associações e ONGs

Trabalhos financiados por editais públicos

VAI e MinC

Programa de TV on line Hip Hop Cozinha – com o rapper Zinho Trindade

Vídeos-panfleto da Campanha Outra Política da candidata a vereadora

Mari Almeida - 2010

Projeto Contos de Bairro - 2008

Ponto de Cultura Morarte

Sarau do Binho

Movimento de Direito a Moradia

Arte na Periferia

2010

Panorama: arte na periferia

Documentário - 50 minutos - 2007

• Mapeamento desse movimentação

• Problematização das relações

• Baixos recursos técnicos, financeiros e organizacionais;

• Recursos do VAI

• Um ano de produção (50 horas de material)

• Perspectiva do participante

• Argumentação: três blocos.

• Entrelaçar as diversas manifestações artísticas às

entrevistas;

• Pouca experiência:

estética – espontânea, experimental, intuitiva, de descoberta

Reconhecimento dos sujeitos

das ações;

Processo de conscientização:

organização popular e

possibilidades técnicas

Redefinição e Resignificação

da função social da arte

Autodefinição como artista

Delimitação espacial

Perspectiva de futuro

Coletivo, colaborativo

Curta Saraus

Documentário

15 minutos - 2010

Contexto de produção

do Curta Saraus

Experiência

Edital MinC

Recursos técnicos - Formação

Divisão do Trabalho

Pré-roteiro

Organização

Sarau da Ademar (Cidade Ademar) e Sarau da Vila Fundão (Capão Redondo)

Dimensão política do encontro e da comunicação

Denúncia e Anúncio (Paulo Freire)

Agitadores, mediadores culturais:

diálogo entre os artistas e a população local

Base territorial – espaço da amizade, da vizinhança e da emoção

Considerações Finais

Exame geral das políticas e poéticas

produzidas pelos coletivos de arte ativista na história recente

Arte na Periferia

Movimentação da Zona Sul

dimensão política e social dessas práticas artísticas

na luta por melhores condições de existência.

Arte na Periferia

virtuosidade em

mediar e problematizar

essa movimentação cultural insurgente

pautada por usos horizontais do território

Audiovisual

recurso técnico

meio

Instrumento

de transformação e

emancipação social

Problematização da função social da arte,

redimensionando da arte a partir de seus próprios produtores.

Sintonia com outros coletivos contemporâneos,

prática coletiva - ativismo político

arte – instrumentos técnicos

novo uso - novo sentido.

Articulação - coletivos de arte, artistas autônomos,

ativistas de bairro, movimentos sociais e moradores

Redes de cooperação e articulação

Periferia

Firmas e Instituições

Reconhecimento

cultura política

produções artísticas e culturais

relevância social, estética e política.

políticas culturais

recursos e conhecimentos

meio técnico-científico-informacional

outro uso

instrumento de resistência e

emancipação popular

Colaboração

extrapola a esfera do lugar

Lugar:

sua força motriz,

dimensão contígua

da existência humana

Ocupar espaços públicos

dar a eles novos usos

Importância da ação

junto aos movimentos sociais organizados

A experiência da escassez,

força do lugar e dos homens lentos,

argumentação para as análises de novas formas de produção artística e

cultural baseadas no cotidiano compartilhado.

É preciso lutar e vislumbrar novas formas de se produzir a vida,

no sentido de reinventar o futuro a partir do presente.

Intencionalidade

por uma outra dimensão territorial das artes visuais

Desafio:

não se deixar ofuscar pelas técnicas específicas,

no intuito de avançar ainda mais no desenvolvimento da cultura política

relações de trabalho emancipatórias

ações solidárias

tomada de consciência política e social

resignificação da arte e da cultura pelas classes populares

...

Arte na Periferia

movimentação artístico-cultural da periferia sul de São Paulo:

como situação/acontecimento

de uma proposta de criação em arte onde a política se manifesta

como interesse comum, portanto, como horizontalidade.

Obrigada!

Contato:

[email protected]

COLETIVO ARTE NA PERIFERIA:

POR UMA OUTRA DIMENSÃO

TERRITORIAL DAS ARTES VISUAIS

Acadêmica: Elisa Rodrigues Dassoler

Orientadora: Profa. Dra. Célia Maria Antonacci Ramos

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS

MESTRADO EM ARTES VISUAIS