Sinterização de Pós Metálicos por Micro-ondas - Eng. João ...
TESE DE DOUTORADO ANÁLISE DO COMPORTAMENTO … · Os materiais obtidos após sinterização foram...
Transcript of TESE DE DOUTORADO ANÁLISE DO COMPORTAMENTO … · Os materiais obtidos após sinterização foram...
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
TESE DE DOUTORADO
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE ESPUMAS
CERÂMICAS A BASE DE ALUMINA OBTIDAS PELO MÉTODO DA
RÉPLICA
EDUARDO GALVÃO RAMALHO
Orientador: Prof. Dr. Wilson Acchar
NATAL
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
TESE DE DOUTORADO
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE ESPUMAS
CERÂMICAS A BASE DE ALUMINA OBTIDAS PELO MÉTODO
DA RÉPLICA
EDUARDO GALVÃO RAMALHO
Orientador: Prof. Dr. Wilson Acchar
Tese submetida ao Programa de Pós-
graduação em Engenharia Mecânica da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como parte dos requisitos para
obtenção do título de DOUTOR EM
ENGENHARIA MECÂNICA
Natal
2012
UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Catalogação da Publicação na Fonte
Ramalho, Eduardo Galvão.
Análise do comportamento mecânico de espumas cerâmicas a base
de alumina obtidas pelo método da réplica. / Eduardo Galvão
Ramalho. – Natal, RN, 2012.
102 f. : il.
Orientador: Prof. Dr. Wilson Acchar.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Mecânica.
1. Cerâmica porosa - Tese. 2. Espuma cerâmica - Tese. 3. Método
da réplica - Tese. 4. Espuma cerâmica – Propriedades mecânicas -
Tese. I. Acchar, Wilson. II. Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 666.3-
127
DEDICATÓRIA
A Deus por ter me dado forças para superar as
dificuldades na realização deste trabalho.
Aos meus familiares e a minha namorada
Micheline, a quem amo, com carinho.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Wilson Acchar, pela orientação precisa, pela ajuda, ensinamentos e
paciência.
A minha namorada Micheline, pelo apoio e compreensão.
Aos amigos Wagner Lopes Torquato e Fernando Barcelos Marcolino de Souza, pelo
companheirismo durante a realização deste trabalho.
À bolsista Brena Kelly Oliveira pelo o auxílio na realização deste trabalho.
Ao professor Murilo Daniel Innocentini, da UNAERP, pelo auxílio nas análises de
permeabilidade e pela sua hospitalidade.
Ao professor Marcus Alexandre Diniz, pelas contribuições dadas ao trabalho na
qualificação.
Aos professores Elialdo Chibério da Silva, Jaquelígia Brito da Silva, Ledjane Silva
Barreto e Alan Christie da Silva Dantas, pelas contribuições dadas ao trabalho na defesa.
Aos companheiros do LaPFiMC e LMCME, pelo apoio e amizade.
A todos que ajudaram direta ou indiretamente na realização deste trabalho.
À CAPES, pelo apoio financeiro durante a realização do trabalho.
" Há duas formas para se viver a vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre."
Albert Einstein
RESUMO
Cerâmicas com estrutura celular porosa, denominadas espumas cerâmicas, possuem o
potencial de utilização em uma vasta gama de aplicações, tais como: isolamento térmico,
suporte catalítico, filtros, dentre outras. Dentre as técnicas para obtenção destas cerâmicas
porosas podemos destacar o método da réplica. Este método consiste na impregnação de uma
esponja (geralmente polimérica) com uma barbotina cerâmica, seguindo-se um tratamento
térmico, onde ocorrerá a decomposição do material orgânico e sinterização do material
cerâmico, resultando em uma cerâmica cuja estrutura é uma réplica da esponja impregnada. O
conhecimento das propriedades mecânicas destas cerâmicas é importante para que estas
possam ser utilizadas comercialmente. Gibson e Ashby desenvolveram um modelo
matemático para descrever o comportamento mecânico de sólidos celulares, porém este
modelo não se mostrou satisfatório para descrever o comportamento das cerâmicas obtidas
pelo método da réplica, pois o mesmo não leva em consideração os defeitos provenientes
deste tipo de processamento. Neste trabalho estudou-se o comportamento mecânico de
cerâmicas porosas de alumina obtidas pelo método da réplica, e a partir desta análise se
propôs modificações no modelo de Gibson e Ashby para se adequar a este material. A esponja
polimérica utilizada no processamento foi caracterizada através de análise termogravimétrica
e microscopia eletrônica de varredura. Os materiais obtidos após sinterização foram
caracterizados através de testes de resistência mecânica, tensão de ruptura à flexão (4 pontos)
e compressão, densidade, porosidade e por fim, análise microscópica por microscopia
eletrônica de varredura. A partir destes resultados avaliou-se o comportamento da resistência
mecânica em comparação ao modelo de Gibson e Ashby para sólidos com estrutura celular e
foi proposta uma correção deste modelo através de um fator relacionado com o grau de
integridade dos filamentos, que considera as trincas presentes na estrutura destes materiais,
além da geometria dos defeitos no interior dos filamentos.
Palavras-chave: espuma cerâmica; método da réplica; propriedades mecânicas.
ABSTRACT
Ceramics with porous cellular structure, called ceramic foams, have a potential use in several
applications, such as: thermal insulation, catalyst supports, filters, and others. Among these
techniques to obtain porous ceramics the replication method is an important process. This
method consists of impregnation of a sponge (usually polymer) with ceramic slurry, followed
by a heat treatment, which will happen the decomposition of organic material and sintering
the ceramic material, resulting in a ceramic structure which is a replica of impregnated
sponge. Knowledge of the mechanical properties of these ceramics is important for these
materials can be used commercially. Gibson and Ashby developed a mathematical model to
describe the mechanical behavior of cellular solids. This model wasn´t for describing the
ceramics behavior produced by the replica method, because it doesn´t consider the defects
from this type of processing. In this study were researched mechanical behavior of porous
alumina ceramics obtained by the replica method and proposed modifications to the model of
Gibson and Ashby to accommodate this material. The polymer sponge used in processing was
characterized by thermogravimetric analysis and scanning electron microscopy. The materials
obtained after sintering were characterized by mechanical strength tests on 4-point bending
and compression, density and porosity and by scanning electron microscopy. From these
results it was evaluated the mechanical strength behavior compared to Gibson and Ashby
model for solid cellular structure and was proposed a correction of this model through a factor
related to struts integrity degree, which consider fissures present in the structure of these
materials besides defects geometry within the struts.
Keywords:.ceramic foam; replication method, mechanical properties
19
20
21
22
23
29
30
32
33
35
36
39
40
41
43
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Fatores que influenciam as propriedades dos materiais celulares. . . . . . . . . . . .
Figura 2.2 Tipos de estruturas celulares em materiais sólidos: (a) bidimensional –
honeycomb; (b) tridimensional com células abertas e (c) tridimensional com células
fechadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 2.3 Materiais celulares do tipo honeycomb com diferentes formatos de células. . . .
Figura 2.4 Materiais celulares do tipo tridimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 2.5 Materiais celulares naturais: (a) cortiça; (b) balsa; (c) esponja e (d) tecido
ósseo esponsojo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 2.6 Esquema do processamento utilizado no método da réplica . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 2.7 Influência da abertura da calandra nas propriedades estruturais dos filtros do
sistema Al2O3-SiC: (a) porosidade; (b) tensão de fratura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 2.8 Defeitos presentes em uma cerâmica porosa obtida pelo método da réplica. . . .
Figura 2.9 Esquema do processamento utilizado no método do material de sacrifício -
sacrifical template. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 2.10 Esquema do processamento utilizado pelo método direct foaming . . . . . . . . .
Figura 2.11 Espumas cerâmicas obtidas pelo método direct foaming: (a) estrutura com
células abertas; (b) estrutura com células fechadas; (c) detalhe do filamento sem
vazio interno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 2.12 Curva típica de tensão-deformação para materiais celulares. . . . . . . . . . . . . . .
Figura 2.13 Modelo cúbico para cerâmica celular com células abertas, l representa o
comprimento da aresta e t a espessura. a) célula não deformada e b) deformação em
flexão das arestas durante o regime elástico linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 2.14 Modelo cúbico para cerâmica celular com células fechadas, l representa o
comprimento da aresta e t a espessura da aresta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 2.15 Modelo cúbico para cerâmica celular com células abertas l representa o
comprimento da aresta e t a espessura da aresta. a) célula não deformada e b)
colapso das células por fratura frágil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
44
45
47
48
49
53
54
56
57
62
65
69
71
73
74
76
77
80
Figura 2.16 Células tridimensionais: (a) tetraedro, (b) prisma triangular, (c) prisma
retangular, (d) prisma hexagonal, (e) octaedro, (f) dodecaedro rômbico, (g)
dodecaedro pentagonal, (h) tetradecaedro, (i) icosaedro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 2.17 Secção transversal de filamento com vazio central tubular: t representa a
espessura do filamento e ti a espessura do vazio tubular dentro do filamento. . . . . . .
Figura 2.18 Morfologia cilíndrica do filamento, para espumas cerâmicas com porosidades
menores que 90%, destacando componentes geométricos do filamento. . . . . . . . . . .
Figura 2.19 Correlação entre o diâmetro do filamento (ds-cilíndrico) e a aresta do vazio
interno triangular (ds-triângular) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 3.1 Fluxograma dos procedimentos experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 3.2 Comportamento reológico da composição utilizada no trabalho. . . . . . . . . . . .
Figura 3.3 Amostras produzidas pelo método da réplica: (a) barras retangulares; (b)
cilíndricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 3.4 Análise termogravimétrica da esponja polimérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 3.5 Esquema do equipamento utilizado para a análise fluidodinâmica. . . . . . . . . . .
Figura 3.6 Equipamento utilizado nas medidas de resistência mecânica. . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 4.1 Difratograma da espuma cerâmica de alumina obtida após sinterização a 1500
ºC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 4.2 Comportamento fluidodinâmico das amostras após sinterização a 1500 ºC. . . .
Figura 4.3 Mapa da permeabilidade para materiais porosos: comparação de dados da
literatura com os obtidos neste trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 4.4 Comportamento mecânico de amostra submetida à flexão em 4 pontos. . . . . . .
Figura 4.5 Comportamento mecânico de amostra submetida a esforços de compressão. . .
Figura 4.6 Micrografia da espuma polimérica: (A) células que compõem a estrutura; (B)
detalhe do filamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 4.7 Micrografia dos corpos cerâmicos porosos após sinterização a 1500 ºC: (A)
células que compõem a estrutura, indicando a presença de poros; (B) trincas nas
faces parcialmente fechadas das células.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 4.8 Micrografia dos corpos cerâmicos porosos, onde se pode observar: (A)
defeitos e, sua estrutura; (B) defeitos de menor dimensão; (C) detalhe mostrando
trinca dentro de poro; (D) detalhe de uma trinca (fratura intergranular) e
microestrutura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
82
83
86
86
89
90
94
95
Figura 4.9 Micrografia da superfície de fratura da amostra submetida a ensaio de flexão:
(A) região mostrando as trincas; (B) região apresentando vazios e poros nos
filamentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 4.10 Micrografia da superfície de fratura da amostra submetida a ensaio de
compressão: (A) região central da amostra; (B) região próxima à superfície. . . . . . .
Figura 4.11 Comparação dos resultados experimentais com o Modelo de Gibson e Ashby
para compressão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 4.12 Comparação dos resultados experimentais com o Modelo de Gibson e Ashby
para flexão em 4 pontos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 4.13 Comparação dos resultados experimentais com o Modelo de Gibson e Ashby
sem modificação e com o acréscimo do fator d para compressão. . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 4.14 Comparação dos resultados experimentais com o Modelo de Gibson e Ashby
sem modificação e com o acréscimo do fator d para flexão em 4 pontos. . . . . . . . . .
Figura 4.15 Comparação dos resultados experimentais com o Modelo de Gibson e Ashby
sem modificação e com o acréscimo da área efetiva submetida a carregamento
mecânico e do fator d para compressão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Figura 4.16 Comparação dos resultados experimentais com o Modelo de Gibson e Ashby
sem modificação e com o acréscimo da área efetiva submetida a carregamento mecânico
e do fator d para flexão em 4 pontos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
26
52
67
68
70
72
84
87
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Materiais utilizados na composição de filtros cerâmicos para metais
fundidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Tabela 3.1 Composição das amostras em volume . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Tabela 4.1 Densidade das amostras após sinterização a 1500 ºC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Tabela 4.2 Porosidade das amostras após sinterização a 1500 ºC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Tabela 4.3 Constantes de permeabilidade das amostras obtidas após ensaio
fluidodinâmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Tabela 4.4 Resistência mecânica das amostras sinterizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Tabela 4.5 Dimensões dos componentes geométricos dos filamentos da espuma
cerâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Tabela 4.6 Dimensões dos defeitos dos filamentos da espuma cerâmica. . . . . . . . . . . . . .
SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
2θ ângulo de varredura na difração de raios X
AC área da secção circular do filamento
AT área da secção triangular do vazio interno do filamento
c tamanho de trinca no filamento cerâmico
d grau de integridade do filamento cerâmico
ds-cilíndrico diâmetro do filamento cilíndrico
ds-triângular aresta do vazio interno triangular
E* módulo de elasticidade do material celular
Es módulo de elasticidade da fração sólida (aresta celular)
F força ou carga aplicada
G* módulo de cisalhamento
I momento de inércia
l comprimento da aresta ou filamento cerâmico
L espessura do filtro
K* módulo volumétrico
k1 constantes de permeabilidade darcyana
k2 constantes de permeabilidade não-darcyana
M massa
Ms massa da amostra seca
Mi massa da amostra imersa em água
Mu massa da amostra saturada em água
MEV microscopia eletrônica de varredura
n constante que depende da tortuosidade
p tamanho de poro
P porosidade
PSZ zircônia parcialmente estabilizada
Q vazão
t espessura da aresta ou filamento cerâmico
TG análise termogravimétrica
ti espessura do vazio interno da aresta ou filamento cerâmico
V volume
vs velocidade superficial de escoamento
µ viscosidade do fluido
ρ densidade do fluido
águaρ densidade ou massa específica da água
ρ0 densidade ou massa específica do corpo poroso
ρs densidade ou massa específica do material do filamento
ρR densidade relativa
υ* coeficiente de Poison
φ fração de sólidos que preenche a face da célula
σ0 tensão de ruptura do material celular
σ0C tensão de ruptura do material celular sob compressão
σ0F tensão de ruptura do material celular sob flexão em 4 pontos
σs tensão de ruptura da fração sólida ou material que constitui o filamento
∆P queda de pressão
16l
18l
18
23
27
27
32l
33l
34l
37
39l
42l
32
45l
49l
50l
51
51l
52
55
56
58
58
61
62
63l
65l
65
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.1 MATERIAIS SÓLIDOS COM ESTRUTURA CELULAR . . . . . . . . . . . . . . .
2.2 CERÂMICAS CELULARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.3 MÉTODOS DE PROCESSAMENTO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.3.1 Método da réplica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.3.2 Método do material de sacrifício (sacrifical template) . . . . .
2.3.3 Gel casting. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.3.4 Direct foaming. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.4 PROPRIEDADE MECÂNICA DE MATERIAIS CELULARES . . . . . . . . . .
2.4.1 Regime elástico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.4.2 Patamar de tensão e densificação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.4.3 Particularidades estruturais de espumas cerâmicas
obtidas pelo método da réplica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL . . . . . . . . . . . . . . .
3.1 SELEÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMA. . . . . . . . . .
3.1.1 Análise termogravimétrica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.1.2 Análise do comportamento reológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.2 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.3 PRÉ-QUEIMA E SINTERIZAÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.4 ANÁLISE FLUIDODINÂMICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.5 DIFRAÇÃO DE RAIOS X. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.6 DENSIDADE E POROSIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.7 RESISTÊNCIA MECÂNICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.8 ANÁLISE MICROESTRUTURAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.9 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
CAPÍTULO 4 – RESULTADO E DISCUSSÕES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4.1 DIFRAÇÃO DE RAIOS X. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
66
68
71
75
84
96l
98l
99l
4.2 DENSIDADE E POROSIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4.3 ANÁLISE FLUIDODINÂMICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4.4 RESISTÊNCIA MECÂNICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4.5 ANÁLISE MICROESTRUTURAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4.6 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
CAPÍTULO 6 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS . . . . . .
CAPÍTULO 7 – REFERÊNCIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Sólidos com estrutura celular são materiais constituídos por uma rede de unidades
celulares com um arranjo bidimensional ou tridimensional formada por filamentos ou faces
interconectadas, de acordo com o tipo de estrutura dos mesmos. Estes materiais podem ser
encontrados na natureza, como a cortiça e o tecido ósseo esponjoso, ou ser produzido pelo
homem, podendo ser constituídos de material polimérico, metálico ou cerâmico (GIBSON e
ASHBY, 1997; SHEFFLER e COLOMBO, 2005).
Cerâmicas com estrutura porosa possuem uma vasta gama de aplicações, como
isoladores térmicos, catalisadores, materiais para proteção contra fogo, filtros, dentre outras.
Cerâmicas celulares com estrutura tridimensional, ou simplesmente espumas cerâmicas, têm
um grande potencial de aplicação em setores industriais, principalmente nos processos de
refino e purificação, filtrações de gases quentes, combustão catalítica, recuperação de vapor,
dentre outras (STUDART e colaboradores, 2006).
Existem várias técnicas para a produção de espumas cerâmicas, dentre as quais
podemos destacar o método da réplica, aeração de suspensões e pirólise de polímeros pré-
cerâmicos. O método da réplica, também chamado método da esponja, consiste na
impregnação de uma esponja polimérica ou natural com uma barbotina cerâmica, seguindo-se
um tratamento térmico deste material, onde ocorrerá a queima (decomposição) do material
orgânico e sinterização do material cerâmico, resultando em um corpo cerâmico que consiste
em uma réplica da estrutura da esponja onde a barbotina foi impregnada inicialmente
(STUDART e colaboradores, 2006).
Introdução
17
Um parâmetro de controle importante para se obter corpos cerâmicos por esta técnica é
a reologia da barbotina, pois a uniformidade da deposição da camada depende de parâmetro
como a viscosidade da barbotina em condições estáticas (ZHU e colaboradores, 2002).
Além de parâmetros de permeabilidade, os filtros cerâmicos têm que atender a
requisitos mecânicos, para que assim possam desempenhar bem as suas funções. Estas
características estão profundamente ligadas aos materiais utilizados e a estrutura obtida, sendo
esta última, fortemente dependente do tipo de processamento adotado para obtenção do corpo
cerâmico poroso (SHEFFLER e COLOMBO, 2005; SALVINI e colaboradores, 2002).
Este trabalho tem como objetivo geral a análise do comportamento mecânico de uma
espuma cerâmica constituída de alumina utilizando como rota de processamento o método da
réplica obtida em laboratório, comparando os resultados de resistência mecânica obtidos
experimentalmente com o previsto pelo modelo de Gibson e Ashby para o comportamento
mecânico de sólidos com estrutura porosa celular. Como este modelo não leva em
consideração os defeitos existentes nos filamentos, característicos desta rota de
processamento, propôs-se uma adequação deste modelo para este tipo de material, a partir dos
resultados e caracterização das amostras obtidas. A adequação deste modelo irá propiciar um
entendimento dos fatores que influenciam o comportamento mecânico das espumas cerâmicas
obtidas pelo método da réplica e assim propiciar meios para otimização de suas propriedades
mecânicas.
18
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 MATERIAIS SÓLIDOS COM ESTRUTURA CELULAR
Materiais sólidos com estrutura celular ou simplesmente materiais celulares
compreendem uma classe de materiais caracterizados por serem constituídos por uma rede de
unidades celulares com um arranjo bidimensional ou tridimensional de filamentos
interconectados, sendo as arestas ou lados destas células formadas por estes filamentos.
(GIBSON e ASHBY, 1997; SHEFFLER e COLOMBO, 2005) Estes sólidos, sejam eles
constituídos de materiais metálicos, cerâmicos ou poliméricos, têm suas propriedades
relacionadas a três fatores principais:
- as propriedades do sólido que constitui o filamento (arestas da célula);
- a topologia (conectividade) e forma das células que compõem a estrutura;
- a densidade relativa ρ/ρs do material celular, onde ρ0 é a densidade do corpo poroso e ρs é a
densidade do material o qual é feito o corpo.
A correlação destes fatores está na figura 2.1, a seguir.
Revisão Bibliográfica
19
Figura 2.1 – Fatores que influenciam as propriedades dos materiais celulares (adaptado de
SHEFFLER e COLOMBO, 2005).
Dentre as classes de materiais que possuem estrutura celular os mais amplamente
estudados são os polímeros, devido à diversidade e à facilidade de se obter estas estruturas. Os
materiais metálicos também vêm sendo estudados nas ultimas décadas, principalmente pela
evolução nos processos de conformação e fundição de metais. (GIBSON e ASHBY, 1997)
Os materiais celulares cerâmicos tiveram um considerável avanço no seu
desenvolvimento na última década devido à potencialidade de utilização destes materiais em
aplicações, como, filtragem de metal fundido, suporte catalítico, filtragem de gases a alta
temperatura, isolamento térmico e queimadores (STUDART e colaboradores, 2006).
Sólidos celulares podem apresentar três estruturas básicas: bidimensional do tipo
honeycomb; tridimensional com células abertas e tridimensional com células fechadas
(GIBSON e ASHBY 1997). Estas diversas estruturas estão ilustradas na figura 2.2, que segue.
Material o qual é
constituído o
corpo poroso
Topologia e
forma das células
do corpo poroso
Densidade
relativa (ρ0/ρs)
Propriedades do sólido:
mecânicas, térmicas e
elétricas
Critério de Maxwell:
comportamento
dominado pela flexão ou
pela quebra dos
filamentos
Comprimento e
espessura dos filamentos
Suspensão:
modelos, ligações
limites (fronteiras)
Propriedades
dos materiais
celulares
Revisão Bibliográfica
20
Figura 2.2 – Tipos de estruturas celulares em materiais sólidos: (a) bidimensional –
honeycomb; (b) tridimensional com células abertas e (c) tridimensional com células fechadas.
(ASHBY 1983).
A estrutura mais simples a qual se apresentam os sólidos celulares é o arranjo
bidimensional, de polígonos, que comumente formam um plano formado por células
hexagonais distribuídos em um arranjo regular, como se fossem os favos de uma colméia, por
este motivo, estes materiais são denominados materiais celulares do tipo honeycomb, ilustrado
na figura 2.2 (a). Além do formato hexagonal, as células podem ter formas triangulares,
quadradas e quaisquer outras formas como é mostrado na figura 2.3 a seguir (JAIN e
colaboradores 2003; GIBSON e ASHBY 1997).
(a) (b)
(c)
Revisão Bibliográfica
21
Figura 2.3 – Materiais celulares do tipo honeycomb com diferentes formatos de células.
(SOUZA, 2008).
Os sólidos celulares também apresentam um arranjo onde poliedros se distribuem em
um empacotamento em três dimensões, geralmente orientado aleatoriamente, sendo estes
materiais denominados comumente de espumas, estando ilustrado na figura 2.4, a seguir.
Estas espumas podem ser formadas por células constituídas apenas de arestas, o que permite
que as células se comuniquem entre si, através dos vazios, formando uma rede de vazios
interconectados pela rede de filamentos sólidos, sendo estas espumas chamadas de estrutura
células abertas, a qual foi mostrada na figura 2.2 (b). O arranjo tridimensional de células das
espumas podem também apresentar células fechadas, onde estas se encontram isoladas uma
das outras, com poros isolados dentro da estrutura sólida, pois nestes materiais as faces dos
poliedros, diferentemente das espumas com células abertas, se encontram preenchidas com
material sólido, como ilustrado na figura 2.2 (c). Estas espumas também podem apresentar
células parcialmente abertas ou fechadas, de acordo com o referencial (GIBSON e ASHBY
Revisão Bibliográfica
22
1997; MONTANARO e colaboradores, 1998). O tipo estrutura, se honeycomb, tridimensional
com células abertas ou tridimensional com células fechadas, irá influenciar as propriedades
destes materiais, e consequentemente, também as aplicações as quais estes materiais irão mais
se adequar.
Figura 2.4 – Materiais celulares do tipo tridimensional. (SOUZA, 2008).
Além dos sólidos celulares sintéticos, existem também materiais com estrutura celular
encontrados na natureza, sejam em rochas, minerais ou em seres vivos, como plantas ou
animais. Nestes sólidos celulares naturais encontram-se desde estruturas do tipo honeycomb
com células isoladas, existentes na cortiça e madeira da balsa, respectivamente apresentadas
nas figuras 2.5 (a) e (b), até estruturas celulares do tipo espuma com células abertas, com
diferentes graus de conectividade entre as células, como a esponja e o tecido ósseo esponjoso,
ilustrados, respectivamente, nas figuras 2.5 (c) e (d). Alguns destes sólidos celulares podem
Revisão Bibliográfica
23
ser utilizados no processamento de materiais celulares sintéticos, como será discutido mais
adiante (ASHBY 1983; STUDART e colaboradores, 2006).
Figura 2.5 – Materiais celulares naturais: (a) cortiça; (b) balsa; (c) esponja e (d) tecido ósseo
esponsojo. (ASHBY 1983).
2.2 CERÂMICAS CELULARES
Dentre os materiais com estrutura celular porosa, as cerâmicas celulares têm
despertado grande interesse nas ultimas décadas, pois as mesmas possuem uma grande
variedade de aplicações, tais como, isolamento térmico, suporte catalítico, materiais para
(a) (b)
(c) (d)
Revisão Bibliográfica
24
proteção contra fogo, filtros, dentre outras. O potencial de utilização das cerâmicas celulares
nestas aplicações se deve a combinações de algumas propriedades como, alto ponto de fusão,
resistência a corrosão e ao desgaste, baixa condutividade térmica e densidade, alta área
superficial e permeabilidade controlada. Estas propriedades podem ser adequadas para uma
aplicação específica controlando a composição, micro e macroestrutura da cerâmica celular.
Os principais materiais cerâmicos empregados comercialmente na obtenção de cerâmicas
celulares são alumina (Al2O3), cordierita (Al3(Mg,Fe)2Si5AlO18), mulita (3(Al2O3).2(SiO2)),
zircônia parcialmente estabilizada (PSZ) e carbeto de silício (SiC), além de alguns sistemas
compósitos (STUDART e colaboradores, 2006; MONTANARO e colaboradores, 1998).
Estes materiais têm como uma das suas principais aplicações a sua utilização em
sistemas de isolamento térmico, sendo mais utilizadas para este fim as cerâmicas celulares
com células fechadas. Esta aplicação se deve a algumas propriedades específicas destes
materiais, como: estabilidade térmica, baixa densidade e condutividade térmica, resistência a
ciclos térmicos e choque térmico e baixo calor específico (MONTANARO e colaboradores,
1998).
Outra aplicação importante das cerâmicas celulares porosas é em queimadores, sendo
os principais materiais empregados em sua confecção alumina, carbeto de silício e zircônia.
Para esta aplicação temos como principais características o caráter refratário dos materiais
empregados, possibilitando aos mesmos resistirem às altas temperaturas inerentes a esta
utilização e a permeabilidade, pois é necessário um fluxo contínuo da mistura ar/combustível
para se obter uma chama estável. Um importante fator nestes queimadores é a durabilidade
destes após vários ciclos de operação, pois os mesmos podem apresentar degradação estrutural
e consequentemente diminuição das suas propriedades mecânicas (ARGÜELLO, 2009;
SHEFFLER e COLOMBO, 2005).
Revisão Bibliográfica
25
Cerâmicas celulares com estrutura de células abertas têm como uma importante
aplicação industrial sua utilização como filtros, principalmente em processos de refino e
purificação, filtrações de gases quentes e metais fundidos, combustão catalítica e recuperação
de vapor (STUDART e colaboradores, 2006; MONTANARO e colaboradores, 1998).
Características como permeabilidade, eficiência de retenção e durabilidade são importantes
fatores para o desempenho de um filtro, qualquer que seja sua aplicação específica. A
permeabilidade é uma propriedade de um meio poroso que representa a facilidade à passagem
do fluido através de uma estrutura porosa interconectada, já a eficiência de coleta de um filtro
está associada à capacidade de retenção de materiais particulados pelas células (poros) que
compõem o filtro. O tamanho, a forma e a distribuição das células em sua estrutura, irão
direcionar a qual aplicação o filtro é mais adequado, pois estas características estão fortemente
relacionadas com a permeabilidade e capacidade de retenção do material e de maneira geral,
quando se aumenta a permeabilidade de um meio poroso diminui-se sua capacidade de
retenção de sólidos particulados. A durabilidade de um filtro está relacionada, principalmente,
aos materiais empregados na produção, como também à microestrutura destes materiais, além
dos defeitos que possam existir tanto no nível de micro e macroestrutura. Tanto a macro
quanto a microestrutura, como os defeitos presentes nas mesmas, estão ligados as rotas de
processamentos utilizadas na obtenção do filtro. A durabilidade está associada à viabilidade
econômica do filtro cerâmico, pois quanto maior a vida útil do mesmo menor será o número
de interrupções para sua troca, reduzindo os custos do processo onde são empregados
(INNOCENTINI e colaboradores, 1999; SALVINI e colaboradores, 2002; FREITAS e
colaboradores, 2003; SHEFFLER e COLOMBO, 2005).
Um das aplicações de filtros cerâmicos é na separação (retenção) de inclusões sólidas
e escória no processamento de metais por fundição. Filtros cerâmicos foram introduzidos no
Revisão Bibliográfica
26
processamento de metais por fundição em meados da década de 70 na obtenção de ligas de
alumínio, tendo sua utilização se difundido ao longo dos anos. Atualmente os filtros
cerâmicos são utilizados no processamento de várias ligas metálicas (MONTANARO e
colaboradores, 1998; SHEFFLER e COLOMBO, 2005), estando alguns exemplos de
materiais utilizados na confecção de filtros listados na tabela 2.1, a seguir.
Tabela 2.1 – Materiais utilizados na composição de filtros cerâmicos para metais fundidos
(adaptador de MONTANARO e colaboradores, 1998).
Composição Aplicações
Alunina, SiC, codierita, zircônia Alumínio, ferro, cobre, bronze, aço e
zinco
Alumina, mulita, zircônia Superligas e aços inoxidáveis com baixo
carbono
92% alumina com mulita Ligas não ferrosas
Alumina, PSZ Alumínio, ferro, aço
Filtros cerâmicos possuem um grande potencial de aplicação na filtragem de gases a
elevada temperatura, em sistemas de exaustão de motores a diesel e processos industriais,
como também em sistemas de co-geração de energia. Tanto para aplicação em filtro para
metais fundidos, como para gases a altas temperaturas, o conhecimento do comportamento
mecânico destes materiais, quando submetidos a estas temperaturas ou a gradientes de
temperatura são importantes para otimizar seu desempenho para estas aplicações (SOUZA,
2008; SOUZA e colaboradores, 2008; VEDULA, 1999; SALVINI e colaboradores, 2001).
Revisão Bibliográfica
27
2.3 MÉTODOS DE PROCESSAMENTO
Atualmente existem vários métodos de processamento para se obter cerâmicas porosas
com estrutura celular, que foram desenvolvidos em resposta ao crescente número de
aplicações potenciais para estes materiais. Estas técnicas permitem ajustar as características
destas cerâmicas para se adequarem a uma determinada aplicação. Através da escolha do
método e do ajuste dos parâmetros inerentes ao mesmo, pode-se controlar a porosidade, como
também a distribuição, tamanho e morfologia dos poros que compõem a estrutura celular da
cerâmica, podendo estes métodos serem aplicados a materiais cerâmicos de diferentes
composições químicas. Dentre as principais técnicas de processamentos de cerâmicas
celulares, podemos destacar as seguintes rotas de processamento: método da réplica, fase de
sacrifício, gelcasting e direct foaming (STUDART e colaboradores, 2006).
2.3.1 Método da Réplica
O método da réplica é considerado como o primeiro método utilizado para a produção
de cerâmicas de estrutura celular porosa. Seu desenvolvimento iniciou-se no início dos anos
1960, quando Schwartzwalder e Somers utilizaram esponjas poliméricas como modelos para
se obter estruturas cerâmicas celulares de diversos tamanhos de poros, porosidades, e
composições químicas (SCHWARTZWALDER e SOMERS, 1963). Este método atualmente
é o mais utilizado na produção de cerâmicas porosas na indústria, principalmente para
Revisão Bibliográfica
28
fabricação de filtros cerâmicos para serem usados na filtração de metais fundidos e gases a
altas temperaturas. Fatores que contribuem para sua difusão são o custo relativamente baixo,
simplicidade e flexibilidade do método (SHEFFLER e COLOMBO, 2005; STUDART e
colaboradores, 2006).
A figura 2.6, adiante, apresenta um esquema geral do processamento utilizado na
produção de cerâmicas porosas pelo método da réplica. Neste método, como ilustrado na
figura, uma esponja, de origem natural ou sintética, altamente porosa é inicialmente
mergulhada em uma suspensão cerâmica até o preenchimento dos poros internos. As esponjas
mais comumente utilizadas são poliméricas, geralmente de poliuretano. Após ser realizada a
impregnação com a suspensão, é realizada a remoção do excesso da suspensão da esponja,
usualmente através da passagem por uma calandra, assim permitindo a formação de uma fina
camada cerâmica ao longo da estrutura celular da esponja original. Em seguida é submetida a
um tratamento térmico onde ocorre a queima (decomposição do material orgânico) e
posteriormente a sinterização do material cerâmico, resultando em um corpo cerâmico que
consiste em uma réplica da estrutura da esponja onde a suspensão cerâmica foi impregnada
inicialmente. Cerâmicas porosas obtidas por este método podem chegar a uma porosidade
aberta total na faixa de 40% a 95%, e são caracterizadas por uma estrutura reticulada de poros
altamente interligados com tamanhos entre 200 µm e 3 mm (STUDART e colaboradores,
2006; MONTANARO e colaboradores, 1998).
Revisão Bibliográfica
29
Figura 2.6 – Esquema do processamento utilizado no método da réplica (adaptada de
STUDART e colaboradores, 2006).
Na literatura encontram-se exemplos de cerâmicas porosas de diversas composições
químicas preparadas pelo o método da réplica. A grande flexibilidade deste método se deve ao
fato de que o mesmo é aplicável a qualquer material cerâmico que possa ser adequadamente
disperso em uma suspensão. Alterando alguns parâmetros de processamento podem-se alterar
as características finais da cerâmica celular, como demonstrou Salvini e colaboradores (2002),
onde se variou o espaçamento entre os rolos da calandra na retirada do excesso de suspensão,
após impregnação no processamento de filtros cerâmicos do sistema Al2O3-SiC, observando-
se a variação da porosidade e consequentemente da tensão de fratura do filtro em função deste
espaçamento, ilustrado na figura 2.7. À medida que se aumenta a abertura da calandra, ocorre
uma diminuição da porosidade do filtro, pois há uma diminuição na retirada do excesso de
suspensão, resultando em um aumento da espessura dos filamentos que compõem a estrutura
do filtro, o que contribuiu para a melhoria de sua resistência mecânica.
Revisão Bibliográfica
30
Figura 2.7 – Influência da abertura da calandra nas propriedades estruturais dos filtros do
sistema Al2O3-SiC: (a) porosidade; (b) tensão de fratura (adaptada de SALVINI e
colaboradores, 2006).
Alguns trabalhos realizaram uma variação neste método, onde esta suspensão cerâmica
foi substituída por polímeros pré-cerâmicos, os quais resultaram em cerâmicas porosas à base
de SiC (NANGREJO e colaboradores, 2001; NANGREJO e EDIRISINGHE, 2002; BAO e
colaboradores, 2000). Alternativamente, Sherman e colaboradores (1991) desenvolveram um
processo semelhante ao da réplica, onde a esponja polimérica é primeiro convertida em uma
estrutura de carbono vítreo, sendo posteriormente infiltrada com espécies gasosas reativas
para formar cerâmicas macroporosas, resultando em uma espuma cerâmica de diferentes
(a)
(b)
Revisão Bibliográfica
31
composições, podendo ser constituídas de carbonetos, óxidos, boretos, nitretos, silicietos de
acordo com as espécies gasosas reativas utilizadas.
Uma desvantagem do método da réplica é o fato de que os filamentos da estrutura
reticulada possuem uma série de defeitos como vazios no interior dos filamentos, onde
inicialmente estava a esponja precursora, além de trincas e pequenas fissuras que são
provenientes do processo de decomposição do polímero, estando a presença destes defeitos
mostrada na figura 2.8. Estes defeitos na estrutura reduzem as propriedades mecânicas para
níveis mais baixos que a teoricamente predita para cerâmicas porosas com células abertas.
Muitas tentativas foram feitas para evitar esses defeitos na estrutura, por exemplo, uma
melhor impregnação da suspensão na esponja com a ajuda de aditivos (SAGGIO-
WOYANSKY e colaboradores, 1992), a realização de uma segunda etapa para preencher as
fissuras (LUYTEN e colaboradores, 2005; ZHU e colaboradores 2001), recobrimento dos
filamentos cerâmicos com uma suspensão (YAO e colaboradores, 2006; PU e colaboradores,
2004), como também a introdução de fibras (LANGE e MILLER, 1987) ou compostos
reativos (PAIVA e colaboradores, 1999) para reforçar a integridade do material.
Revisão Bibliográfica
32
Figura 2.8 – Defeitos presentes em uma cerâmica porosa obtida pelo método da réplica.
(SOUZA, 2008).
2.3.2 Método do material de sacrifício (sacrifical template)
Este método, como o nome sugere, consiste basicamente na incorporação de um
material de sacrifício a um precursor cerâmico ou a uma suspensão cerâmica, como ilustrado
na figura 2.9, a seguir. Por meio deste método se obtém uma estrutura celular que é o negativo
da réplica do material de sacrifício, diferentemente do processo da réplica mencionado
anteriormente.
Revisão Bibliográfica
33
Figura 2.9 – Esquema do processamento utilizado no método do material de sacrifício
- sacrifical template (adaptada de STUDART e colaboradores, 2006).
Durante o processo, um material de sacrifício é introduzido e distribuído
homogeneamente em uma suspensão cerâmica ou precursor cerâmico.
Finalmente, o precursor cerâmico com o material de sacrifício incorporado é
submetido a um processo de secagem, para a posterior eliminação do material de sacrifício,
seguido pela sinterização. Os materiais naturais ou sintéticos, usados como materiais de
sacrifício, sendo comumente extraídos por pirólise (STUDART e colaboradores, 2006).
2.3.3 Gelcasting
O método gelcasting consiste na preparação de uma suspensão de pó cerâmico em
solução aquosa de monômeros, que após a conformação em um molde com a geometria final
da peça, é submetida a um processo de polimerização formando um gel a partir da fase
líquida. Com esta reação a suspensão solidifica, sendo retirada do molde para que possa ser
realizada as etapas de secagem e sinterização. Este processo possui características específicas,
Revisão Bibliográfica
34
como: baixa viscosidade das suspensões e a cinética de reação, que com a adição de um
surfactante e um processo de aeração, torna possível a produção de materiais cerâmicos
porosos com poros esféricos e diâmetros variando de 30µm a 2 mm, paredes altamente
densificadas e níveis de porosidade que podem ultrapassar 90% , proporcionando ótimas
propriedades como, alta resistência mecânica, alta permeabilidade (SALVINI e colaboradores,
2000; ORTEGA e colaboradores, 2003), baixa condutividade térmica (SEPULVEDA e
colaboradores, 1999). O sistema utilizado para promover a gelificação da suspensão constitui
um dos pontos mais importantes do processo, especialmente quando este é associado à etapa
de aeração. Os precursores do gel não devem afetar a dispersão da suspensão, evitando que a
resistência mecânica seja deteriorada. Tampouco devem provocar aumentos significativos na
viscosidade da suspensão, já que isto dificulta a formação de espumas de baixa densidade.
Após o processo de aeração, a suspensão deve gelificar rapidamente, evitando que
mecanismos como a redução da espessura da parede e o colapso das células provoquem danos
macroestruturais capazes de deteriorar as propriedades finais do material. Finalmente, após a
gelificação, a espuma deve possuir resistência mecânica suficiente para ser desmoldada e
manipulada até a etapa de sinterização.
2.3.4 Direct foaming
Direct foaming oferece um método fácil, barato, rápido para a preparação de cerâmicas
porosas que possibilita obter corpos cerâmicos tanto com porosidade aberta quanto fechada na
faixa de 40% para 97%. Este método consiste na incorporação de ar em uma suspensão ou
meio líquido, que é posteriormente fixado, a fim de se manter uma estrutura de bolhas de ar.
Revisão Bibliográfica
35
Na maioria dos casos, as espumas consolidadas são posteriormente sinterizados a altas
temperaturas para a obtenção de cerâmicas porosas de alta resistência. A porosidade total
neste método é diretamente proporcional à quantidade de gás introduzida na suspensão ou
meio líquido durante o processo de formação da espuma. O tamanho dos poros, por outro
lado, é determinada pela estabilidade da espuma antes da consolidação. Estas espumas são
termodinamicamente instáveis e os processos usados para a desestabilização destas espumas
aumentam significativamente o tamanho das bolhas incorporadas, resultando em grandes
poros na microestrutura final desses materiais. Portanto, a questão mais crítica neste método é
a maneira utilizada para estabilizar as bolhas incorporadas dentro da suspensão inicial ou meio
líquido. Duas maneiras são utilizadas para estabilizar estas espumas: com surfactantes e com
partículas (STUDART e colaboradores, 2006). Na figura 2.10 a seguir é apresentado um
esquema do processamento utilizado na produção de cerâmicas porosas pelo método direct
foaming.
Figura 2.10 – Esquema do processamento utilizado pelo método direct foaming
(adaptada de STUDART e colaboradores, 2006).
Revisão Bibliográfica
36
Estruturas celulares preparadas por este método normalmente exibem resistência
mecânica consideravelmente mais elevada do que as produzidas pelo método da réplica. Isto
está relacionado com a ausência de fissuras e trincas nos filamentos e de vazios em seu
interior (STUDART e colaboradores, 2006), como está ilustrado na figura 2.11, que se segue.
Figura 2.11 – Espumas cerâmicas obtidas pelo método direct foaming: (a) estrutura
com células abertas; (b) estrutura com células fechadas; (c) detalhe do filamento sem vazio
interno (adaptada de COLOMBO e HELLMANN, 2002).
(a) (b)
(c)
Revisão Bibliográfica
37
Valores de resistências a compressão de aproximadamente 16 MPa para amostras com
porosidade variando na faixa de 87% a 90% foram obtidos com cerâmicas porosas produzidas
a partir da estabilização das espumas com partículas coloidais. A adição destas partículas
estabiliza a estrutura de bolhas, além de permitir a obtenção de poros com tamanho menores
(COLOMBO e HELLMANN, 2002; STUDART e colaboradores, 2006).
2.4 PROPRIEDADE MECÂNICA DE MATERIAIS CELULARES
A resistência mecânica de cerâmicas porosas celulares depende de diversos fatores,
tais como, a estrutura e a densidade relativa. Tanto a macroestrutura (ou seja, o arranjo e o
tamanho das células), quanto à microestrutura (por exemplo, a presença de defeitos nos
filamentos) tem uma forte influência no comportamento mecânico desses materiais (SOUSA,
2007; GIBSON e ASHBY, 1997; WAGH e colaboradores, 1993).
A relação entre a resistência mecânica e a porosidade tem sido alvo de grandes estudos
por muitos pesquisadores, e diferentes modelos tem sido proposto na tentativa de explicar o
comportamento mecânico das cerâmicas celulares em função da sua porosidade (WAGH e
colaboradores, 1991; WAGH e colaboradores, 1993; TULLIANI e colaboradores, 1999;
OLIVEIRA e colaboradores, 2006). Um desses modelos é o de Gibson e Ashby, que se baseia
no modelo de vigas de materiais sólidos, assumindo a célula unitária, que compõem a
estrutura celular, como cúbica simples e considera também alguns parâmetros estruturais
como: comprimento (l) e espessura da aresta (t), os quais são relacionados com a densidade
Revisão Bibliográfica
38
relativa do material celular (ρ0/ρs), momento de inércia (I) e força aplicada sobre o mesmo (F)
(GIBSON e ASHBY, 1997).
A curva de tensão-deformação para os materiais celulares, tanto para estrutura
bidimensional (honeycombs) como tridimensional (espumas), em compressão (figura 2.12) é
caracterizada por três regimes: linear elástico, patamar de tensão e densificação. No caso das
cerâmicas celulares, o regime linear elástico depende do tipo de célula presente na estrutura.
Se as células são abertas, o regime linear é controlado pela flexão das arestas que compõem as
células. No caso de células fechadas, este regime se dá pelo estiramento da face da célula. O
patamar de tensão está associado com o progressivo colapso das células, o qual depende da
natureza estrutural do material. Nos materiais elastoméricos, por exemplo, as borrachas, o
colapso das células se dá através da deformação elástica, onde as arestas das células se
deformam por flambagem e flexão; nos materiais metálicos, o colapso das células acontece
por escoamento plástico, onde os cantos das arestas se deformam em forma de dobradiças e
nas cerâmicas celulares, este regime acontece por fratura frágil. Na densificação ocorre o
colapso das células através do material e subseqüente carregamento das arestas e faces das
células, uma contra as outras (GIBSON e ASHBY 1997).
Revisão Bibliográfica
39
Figura 2.12 – Curva típica de tensão-deformação para materiais celulares (adaptada de
GIBSON e ASHBY 1997).
2.4.1 Regime elástico
Este regime é caracterizado por um conjunto de módulos, os quais são necessários
para descrever o comportamento destes materiais neste regime. Para uma estrutura celular
isotrópica estes módulos são: módulo de elasticidade (E*), módulo de cisalhamento (G*),
módulo volumétrico (K*) e coeficiente de poison (υ*), expressos em função do módulo de
elasticidade do material que compõem a aresta da célula (Es) e da densidade relativa do
material celular (ρ0/ρs). Como foi descrito anteriormente, o regime elástico linear depende do
tipo de célula presente na estrutura celular. O mecanismo de deformação no regime elástico
linear depende se a estrutura é constituída de células abertas ou fechadas (GIBSON e ASHBY
Revisão Bibliográfica
40
1997). Para as cerâmicas celulares com células abertas, o regime linear elástico é controlado
pela flexão das arestas (figura 2.13). Os módulos de elasticidade (E*) e cisalhamento (G*) e o
coeficiente de Poison (υ*), neste regime, são descritos pelas equações 2.1, 2.2 e 2.3,
respectivamente.
Figura 2.13 – Modelo cúbico para cerâmica celular com células abertas, l representa o
comprimento da aresta e t a espessura. (a) célula não deformada e (b) deformação em flexão
das arestas durante o regime elástico linear (adaptada de GIBSON e ASHBY 1997).
2
0
1
*
=
ss
CE
E
ρ
ρ (2.1)
2
0
2
*
=
ss
CE
G
ρ
ρ (2.2)
3
*C=υ (2.3)
Onde E* é o módulo de elasticidade do material celular, Es é o módulo de elasticidade
da fração sólida, G* é o módulo de cisalhamento, (υ*) é o coeficiente de Poison, ρ0 é a
Revisão Bibliográfica
41
densidade do material celular, ρs é a densidade da fração sólida, C1, C2 e C3 são constantes de
proporcionalidade relacionadas com a geometria da célula.
Para as cerâmicas celulares com as faces das células fechadas, o estiramento das faces
das células também contribui para a reposta mecânica (figura 2.14), além da compressão dos
fluidos no interior das células, aumentando a complexidade do seu equacionamento. Desta
forma, se faz necessário à adição de um termo relacionado com a fração de sólido que
preenche a face da célula (φ) nas expressões de módulos de elasticidade (equação 2.4) e de
cisalhamento (equação 2.5), porém não modificando o coeficiente de Poison (equação 2.6)
(GIBSON e ASHBY 1997).
Figura 2.14 – Modelo cúbico para cerâmica celular com células fechadas, l representa o
comprimento da aresta e t a espessura da aresta (adaptada de GIBSON e ASHBY 1997).
Revisão Bibliográfica
42
( )2
0
1
2
02
1 1
−+
=
sss
CCE
E
ρ
ρφ
ρ
ρφ
'*
(2.4)
( )2
0
2
2
02
2 1
−+
=
sss
CCE
G
ρ
ρφ
ρ
ρφ
'*
(2.5)
3C=υ (2.6)
onde E* é o módulo de elasticidade do material celular, Es é o módulo de elasticidade
da fração sólida, G* é o módulo de cisalhamento, (ν) é o coeficiente de Poison, ρ0 é a
densidade do material celular, ρs é a densidade da fração sólida, C1, C2 e C3 são constantes de
proporcionalidade relacionadas com a geometria da célula e φ é a fração de sólidos que
preenche a face da célula.
2.4.2 Patamar de tensão e densificação
O colapso de cerâmicas celulares com células abertas ocorre através do mecanismo de
fratura frágil das arestas que compõem as células de sua estrutura (figura 2.15) e a tensão de
ruptura é calcula pela equação 2.7:
Revisão Bibliográfica
43
Figura 2.15 – Modelo cúbico para cerâmica celular com células abertas l representa o
comprimento da aresta e t a espessura da aresta. (a) célula não deformada e (b) colapso das
células por fratura frágil (adaptada de GIBSON e ASHBY 1997).
n
ss
C
=
ρ
ρ
σ
σ 0
6
0 (2.7)
onde σ0 é a tensão de ruptura do material celular, σs é a tensão de ruptura da fração
sólida, ρ0 é a densidade do material celular e ρs é a densidade da fração sólida, C6 é uma
constante que está relacionada com a forma da célula (figura 2.16) e n é uma constante que
depende da tortuosidade e está relacionada com distribuição e geometria das células. No caso
de materiais que apresentam células abertas em sua estrutura, o valor de n é igual a 1,5 e para
materiais com células fechadas o valor de n é igual a 2,0.
Revisão Bibliográfica
44
Figura 2.16 – Células tridimensionais: (a) tetraedro, (b) prisma triangular, (c) prisma
retangular, (d) prisma hexagonal, (e) octaedro, (f) dodecaedro rômbico, (g) dodecaedro
pentagonal, (h) tetradecaedro, (i) icosaedro (adaptada de GIBSON e ASHBY 1997).
Para as cerâmicas celulares com células fechadas novamente o termo referente à fração
de sólido que preenche a face da célula (φ) é adicionado ao cálculo de tensão de ruptura
(equação 2.8).
( )
−+
=
sss
CCρ
ρφ
ρ
ρφ
σ
σ 0"
6
23
0
6
0 1 (2.8)
onde σ0 é a tensão de ruptura do material celular, σs é a tensão de ruptura da fração
sólida, ρ0 é a densidade do material celular e ρs é a densidade da fração sólida e φ é a fração de
sólidos que preenche a face da célula.
Na região designada de densificação ocorre o colapso das células por todo o material e
subseqüente carregamento das arestas das células e faces, umas sobre as outras.
Revisão Bibliográfica
45
2.4.3 Particularidades estruturais de espumas cerâmicas obtidas pelo método da réplica
O modelo de Gibson e Ashby considera as arestas (filamentos), que compõem a
estrutura celular do sólido, contínuas, sem a presença de defeitos, entretanto espumas
cerâmicas obtidas pelo método da réplica apresentam uma série de defeitos em seus
filamentos, dentre os quais podemos destacar o vazio deixado no interior dos seus filamentos
pela volatilização da esponja utilizada para impregnação, como observado na figura 2.8.
Diante desta particularidade foi proposta por Gibson e Ashby (1997) uma modificação no
modelo, no qual se considerava que os filamentos compostos por vigas com secção transversal
quadrada e no interior delas um vazio tubular, também de secção quadrada, como mostrado na
figura 2.17, a seguir.
Figura 2.17 – Secção transversal de filamento com vazio central tubular: t representa a
espessura do filamento e ti a espessura do vazio tubular dentro do filamento (adaptada de
GIBSON e ASHBY 1997).
t
t
ti
ti
Revisão Bibliográfica
46
Os valores de espessura e espessura interna dos filamentos irão modificar a equação
2.7 para adequá-la a materiais com vazio dentro dos filamentos assim tem-se a equação 2.9
abaixo.
2
2
0
6
0
1
1
)/(
)/(
tt
ttC
i
i
n
ss −
+
=
ρ
ρ
σ
σ (2.9)
onde σ0 é a tensão de ruptura do material celular, σs é a tensão de ruptura da fração
sólida, ρ0 é a densidade do material celular e ρs é a densidade da fração sólida, C6 é uma
constante que está relacionada com a forma da célula, n é uma constante que depende da
tortuosidade e está relacionada com distribuição e geometria das células, t é a espessura do
filamento e ti é a espessura do vazio interno do filamento.
A geometria dos vazios presentes no interior dos filamentos de cerâmicas porosas
obtidas pelo método da réplica, deixados após a decomposição da espuma polimérica
inicialmente impregnada, não tem geometria de forma quadrada, como ilustrado na figura
2.17, tendo sua geometria, geralmente, a forma triangular, como ilustrado na figura 2.18.
Revisão Bibliográfica
47
Figura 2.18 – Morfologia cilíndrica do filamento, para espumas cerâmicas com porosidades
menores que 90%, destacando componentes geométricos do filamento (INAYAT e
colaboradores, 2011).
Em estudo realizado por Inayat e colaboradores (2011) sobre a determinação da área
superficial específica de espumas cerâmicas, onde, para porosidades menores que 90%, a
estrutura destas cerâmicas era composta por filamentos com secção circular (cilíndricos) com
vazios triangulares em seu interior, como mostrado no destaque da figura 2.18. Considera-se o
vazio do filamento como sendo um triangulo eqüilátero com seus vértices sobre a
circunferência que constitui a secção transversal do filamento cerâmico cilindro, como
mostrado no esquema da figura 2.19, e a relação entre aresta do triângulo (ds-triângular) e o
diâmetro do filamento (ds-cilíndrico) está expressa na equação 2.10.
Revisão Bibliográfica
48
Figura 2.19 – Correlação entre o diâmetro do filamento (ds-cilíndrico) e a aresta do vazio interno
triangular (ds-triângular) (adaptada de INAYAT e colaboradores, 2011).
triangularscilíndricos dd −− =3
2 (2.10)
Uma combinação ente o modelo de Gibson e Ashby para o comportamento mecânico
de sólidos celulares e este modelo, que correlaciona componentes geométricos para estrutura
dos filamentos, poderia se adequar melhor ao comportamento real de espumas cerâmicas
obtidas pelo método da réplica.
ds-triângular
ds-cilíndrico
49
CAPÍTULO 3
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
O desenvolvimento deste trabalho seguiu os procedimentos descritos no seguinte
fluxograma, ilustrado na figura 3.1:
Figura 3.1 - Fluxograma dos procedimentos experimentais.
Seleção das matérias-primas (Espuma, alumina, ligante e dispersante)
Impregnação da espuma e retirada do excesso
Calcinação (400 ºC e 900 ºC) 1 hora – 2 ºC/min
Formulação da barbotina
Sinterização (1500 ºC) 2 horas – 5º C/min
Densidade e Porosidade (Geométrica e Arquimedes)
Análise Microestrutural (MEV)
Resistência Mecânica Flexão 4-pontos e compressão
Análises de fases (DRX)
Análise térmica da espuma polimérica
Análises dos resultados em ralação ao modelo de Gibson e Ashby
Análise reológica
Análise fluidodinâmica
Procedimento Experimental
50
3.1 SELEÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS
Inicialmente foi realizada a seleção dos materiais utilizados durante o
desenvolvimento deste trabalho, os quais consistem na espuma polimérica que serviu de base
para obtenção da réplica cerâmica, o pó cerâmico, material base que constitui os filamentos, e
os aditivos que foram utilizados na formulação da barbotina.
A espuma polimérica utilizada neste trabalho foi uma espuma de poliéster
reticulado, com uma concentração de poros linear de 45 ppi, da linha PentaCell, fabricada
pela Koepp-Schaum GmbH (Alemanha), produzidas para fabricação de filtros. Esta
espuma tem uma densidade de 28 kg/m3, resistência à tração de 100 kPa e alongamento até
a ruptura de 150%.
O pó de alumina utilizado no trabalho foi alumina alfa (Al2O3 - α A16 SG),
fornecido pela empresa Bassermann Minerals GmbH, Alemanha.
Os aditivos utilizados para a formulação estão listados abaixo:
- Álcool polivinilíco P.S. (PVA) - (C2H4O)n, Cromoline – Química Fina, Brasil, utilizado
em solução como ligante.
- Silicato de sódio (dosagem (Na2O) 20-30% e dosagem (SiO2) 20-30%), VETEC, Brasil,
utilizado em solução como agente dispersante.
Procedimento Experimental
51
3.1.1 Análise termogravimétrica
Foi realizada análise termogravimétrica (TG) da espuma polimérica empregada no
processo em atmosfera de ar sintético, utilizando um analisador termogravimétrico TGA51H
da Shimadzu. O ensaio foi realizado até a temperatura de 600 ºC, na qual a espuma polimérica
já estaria totalmente decomposta, com uma taxa de aquecimento de 5º C/min. Esta análise tem
o objetivo de investigar o comportamento de decomposição da espuma polimérica durante o
processo de remoção da fase orgânica e assim poder estabelecer os parâmetros para a etapa de
pré-queima (calcinação).
3.1.2 Análise do comportamento reológico
Foi realizada a caracterização reológica de barbotinas em um reômetro, modelo
HAAKE Polylab OS System da ThermoHAAKE, à temperatura ambiente, para se avaliar a
presença do comportamento tixotrópico ou pseudoplástico na barbotina utilizada para
impregnação da espuma polimérica, comportamento estes que melhor apresentam resultados
na obtenção de cerâmicas porosas pelo método da réplica (ZHU e colaboradores, 2002).
Procedimento Experimental
52
3.2 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS
Antes da preparação da barbotina para impregnação da espuma polimérica na
confecção das amostras, foi realizada a preparação das soluções de álcool polivinílico (PVA)
e silicato de sódio. A primeira foi feita utilizando uma proporção de 10% em massa de PVA e
90% em massa de água destilada, já a solução de silicato de sódio utilizou a proporção 36%
de silicato de sódio e 64% de água destilada, ambos em massa. Na preparação das duas
soluções foi realizado o seguinte procedimento: os solutos, PVA e silicato de sódio, eram
adicionados em água destilada em frações, a uma temperatura controlada de 80 ºC,
procedendo a agitação até sua total diluição e assim, sucessivamente, eram adicionados até a
composição especificada.
Depois de preparadas as soluções ligante e dispersante, iniciou-se a etapa de
preparação das barbotinas. As composições das barbotinas estão na tabela 3.1.
Tabela 3.1 - Composição das amostras em volume.
A50 A55 A60
Alumina (%) 50 55 60
PVA (%) 5 5 5
Silicato de sódio (%) 1 1 1
Água destilada (%) 44 39 34
A composição A60 ficou muito viscosa impossibilitando até a realização dos ensaios
reológicos, o que também dificultaria a impregnação da espoja polimérica. Porém, a
composição A50 apresentou, devido a menor viscosidade, um escorrimento da barbotina, o
Procedimento Experimental
53
que no final do processo resulta em defeitos que diminuem o desempenho da cerâmica
resultante. Diante deste comportamento, a composição escolhida para preparação das
amostras pelo método da réplica foi a A55, já que a mesma, em ensaio reológico, apresentou o
comportamento tixotrópico, comum em materiais utilizados neste tipo de processamento
(ZHU e colaboradores, 2002), sendo este comportamento caracterizado por uma histerese dos
valores de viscosidade entre obtidos de forma ascendente e descendente, como mostrado na
figura 3.2, além de viscosidade que permitiu a impregnação da espuma, sem o escorrimento
da barbotina. Na preparação da barbotina, foi utilizado um misturador de hélices Fisatom
modelo 713D, utilizando uma rotação de aproximadamente 600 rpm, durante o período de 60
minutos, parâmetros estes ajustados no desenvolvimento do trabalho.
Figura 3.2 – Comportamento reológico da composição utilizada no trabalho.
Realizada a etapa de mistura da barbotina, foi procedida a impregnação das esponjas.
As espumas a serem impregnadas consistiam em barras retangulares de 12 x 20 x 35 (mm)
Procedimento Experimental
54
aproximadamente, destinadas a ensaios mecânicos de flexão em 4 pontos e amostras
cilíndricas com aproximadamente 30 mm de diâmetro e 18 mm de altura, como ilustrado na
figura 3.3, a seguir.
Figura 3.3 – Amostras produzidas pelo método da réplica: (a) barras retangulares; (b)
cilíndricas.
(a)
(b)
Procedimento Experimental
55
A impregnação das espumas foi realizada por imersão, até o total preenchimento dos
poros. Após a impregnação com a barbotina, foi retirado o excesso de material passando a
espuma impregnada por uma calandra com espaçamento igual a 25% da altura da amostra.
Posteriormente a retirada do excesso de barbotina, as amostras obtidas foram secas em uma
capela por um período de 24 horas, antes de ir à pré-queima.
3.3 PRÉ-QUEIMA E SINTERIZAÇÃO
Antes da etapa de sinterização das amostras foi realizada uma pré-queima, onde se
objetivou a decomposição da espuma polimérica e retirada de produtos voláteis provenientes
dos aditivos utilizados para a preparação da barbotina. De acordo com a análise
termogravimétrica da espuma, ilustrado na figura 3.4, foi feito um primeiro patamar com
duração de uma hora a 400 ºC, pois é próximo a esta temperatura que ocorre a maior perda de
massa durante o aquecimento e decomposição da espuma. Um segundo patamar de uma hora
foi realizado na temperatura de 900 ºC, para consolidar mais os corpos cerâmicos para que os
mesmos tenham o mínimo de resistência mecânica para continuar o restante do processo. Foi
utilizada uma taxa de aquecimento de 2 ºC/minuto, em ambas temperaturas, e para o
resfriamento utilizou-se uma taxa de 5 ºC/ minuto.
Procedimento Experimental
56
0 100 200 300 400 500 600
0
20
40
60
80
100V
aria
ção
de
Ma
ssa
(%
)
Temperatura (oC)
Figura 3.4 – Análise termogravimétrica da esponja polimérica.
A sinterização foi realizada a uma temperatura de 1500 ºC durante duas horas
utilizando uma taxa de aquecimento e resfriamento de 5 ºC/minuto. Tanto a pré-queima como
a sinterização foram realizadas em forno resistivo Nabertherm modelo HT 04/17.
3.4 ANÁLISE FLUIDODINÂMICA
A caracterização fluidodinâmica das cerâmicas porosas foi realizada em um
equipamento, conforme esquema ilustrado na figura 3.5, no Laboratório de Limpeza de Gases
da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Neste equipamento, os dados de queda de
Procedimento Experimental
57
pressão (∆P) através do filtro de espessura L foram coletados em função da velocidade
superficial de escoamento (vs) do fluido. Na caracterização das amostras o fluido utilizado foi
o ar.
Patm, Tamb
Q = V/t
Compressor
BolhômetroPe
Ps
Filtro / Válvula
∆P
Transdutor
vs = Q/A
Figura 3.5 – Esquema do equipamento utilizado para a análise fluidodinâmica (enviado junto
aos resultados das análises).
As constantes de permeabilidade Darciana (k1) e não-Darciana (k2) foram calculadas
por meio do ajuste através da equação 3.1 de Forchheimer:
2
21
sskkL
Pυ
ρυ
µ+=
∆ (3.1)
onde ∆P é a queda pressão através do filtro; L é a espessura do filtro; µ e ρ são,
respectivamente, a viscosidade e a densidade do fluido; νs, a velocidade superficial do fluido
Procedimento Experimental
58
obtida pela razão entre a vazão volumétrica e a área da secção transversal da amostra
ortogonal ao escoamento. Os termos da equação apresentam as contribuições viscosas
(Darciana) e inerciais (não-Darciana) à queda de pressão total do fluido. A predominância de
um ou outro termo na queda de pressão para um dado fluido é função da velocidade utilizada
e das constantes k1 e k2. Estes parâmetros obtidos na análise fluidodinâmica permitem
caracterizar estes materiais quando ao seu potencial de aplicação como filtros
(INNOCENTINI e colaboradores,1999).
3.5 DIFRAÇÃO DE RAIOS X
As amostras foram analisadas através da difração de raios X em difratômetro modelo
XRD 6000 da Shimadzu, com objetivo de observar as fases cristalinas existentes após o
processo de sinterização. A análise foi realizada com um ângulo de varredura 2θ de 10 a 80º,
com uma velocidade de 2º/min. Dependendo da taxa de aquecimento durante a pré-queima
pode haver uma fase de carbono residual, proveniente da não total volatilização da espuma
polimérica.
3.6 DENSIDADE E POROSIDADE
Procedimento Experimental
59
Nas amostras sinterizadas foram realizadas medidas de densidade pelo método
geométrico, além da determinação da densidade e porosidade aparente utilizando o método de
Arquimedes em água.
A densidade geométrica foi obtida fazendo o cálculo da razão entre a massa das
espumas cerâmicas, obtida após permanecerem por um período de 4 horas em estufa a 110°C
para retirada de umidade, pelo volume das espumas, calculado após medição das dimensões
das amostras de ambas as geometrias (barras e cilíndricas), com a utilização de um
paquímetro, estando expressa na equação 3.2. A densidade geométrica foi tomada como o
valor da densidade do corpo cerâmico poroso para os cálculos de densidade relativa, que será
utilizada como parâmetro na utilização do modelo de Gibson e Ashby.
V
M=0ρ (3.2)
Onde:
ρ0: densidade geométrica ou da espuma cerâmica (g/cm3);
M: massa (g);
V: volume (cm3).
A porosidade, densidade aparente e densidade do material do filamento a partir das
medições pelo método da imersão em água (Arquimedes). Foram realizadas medidas da
massa das amostras em uma balança OHAUS AS-120-S sob várias condições: a seco (Ms);
imersa (Mi) e a úmido ou saturada em água (Mu). A medida da massa a seco foi realizada
após as amostras permanecerem por um período de 4 horas em estufa a 110°C para retirada de
Procedimento Experimental
60
umidade e para a medida da massa a úmido, foi apenas retirado o excesso de água na
superfície da amostra com um papel não muito absorvente.
Após estas medições os valores foram aplicados nas seguintes expressões:
águaaMiMu
Msρρ ×
−= (3.3)
águasMiMs
Msρρ ×
−= (3.4)
100×−
−=
MiMu
MsMuP (3.5)
Onde:
ρa: densidade aparente (g/cm3);
ρs: densidade do material sólido(g/cm3);
P: porosidade aparente (%);
águaρ : densidade da água (g/cm3).
Depois de obtidos os valores de densidade, porosidade aparente e densidade do sólido
foi calculada a densidade relativa dos corpos de prova pela seguinte expressão:
1000 ×=s
Rρ
ρρ (3.6)
Procedimento Experimental
61
Onde:
ρ0: densidade geométrica ou da espuma cerâmica;
ρs: densidade do material sólido;
ρR: densidade relativa (%).
Estas medidas são importantes para a análise do comportamento das propriedades
mecânicas, já que pelo modelo matemático de Gibson e Ashby para a previsão de
comportamento mecânico dos sólidos celulares utiliza em seu equacionamento a relação entre
a densidade do sólido celular (em nosso caso da espuma cerâmica) e do material que constitui
seus filamentos.
3.7 RESISTÊNCIA MECÂNICA
As cerâmicas celulares obtidas após sinterização foram submetidas ao ensaio de flexão
em quatro pontos e ao ensaio de compressão, utilizando-se um equipamento Zwick/Roell
modelo BZ 2.5/TS1T (figura 3.6), utilizando uma velocidade de carregamento de 0,5
mm/minuto para ambos os ensaios, com no mínimo 12 amostras para cada configuração de
ensaio realizado. A partir destes resultados, em conjunto com outras análises, podemos
analisar a influência da densidade relativa, bem como, da presença de defeitos nas
propriedades mecânicas dos materiais obtidos.
Para todos os ensaios, tanto flexão como compressão, foi utilizado um material
elastomérico entre a cerâmica e as superfícies de apoio, como o objetivo de minimizar o
Procedimento Experimental
62
carregamento localizado nas amostras, já que pela natureza do material, as mesmas possuem
irregularidades em suas superfícies.
Figura 3.6 – Equipamento utilizado nas medidas de resistência mecânica (configuração
utilizada para flexão em 4 pontos).
3.8 ANÁLISE MICROESTRUTURAL
A microestrutura das amostras foram analisadas em um microscópio eletrônico de
varredura (MEV) modelo SSX550 Superscan da Shimadzu, com objetivo de se observar
estrutura de filamentos que compõem o corpo cerâmico, assim como, possíveis defeitos
existentes nos mesmos. Estas características observadas serviram para adequação do modelo
Procedimento Experimental
63
matemático de Gibson e Ashby ao real comportamento destes materiais quando submetidos a
esforços mecânicos.
As micrografias foram realizadas tanto das espumas cerâmicas antes dos ensaios
mecânicos como também das amostras após os ensaios de flexão e compressão. Também foi
realizada análises de MEV da espuma polimérica precursora. Tanto a espuma polimérica
quanto as cerâmicas obtidas foram metalizadas com ouro para esta análise.
3.9 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO
O comportamento mecânico das amostras foi analisado a partir dos resultados de
resistência obtidos nos ensaios de flexão em 4 pontos e compressão em função da densidade
relativa da espuma cerâmica, pois nos modelos matemáticos desenvolvidos por Gibson e
Ashby (1997) para caracterizar as propriedades mecânicas dos sólidos, esta é uma importante
característica que coordena o comportamento destes materiais quando submetidos a tensões
mecânicas, como abordado no capitulo 2.4 deste trabalho.
Como reportado por Souza (2008), vários fatores podem causar discrepâncias dos
resultados experimentais obtidos dos previstos pelo modelo de Gibson e Ashby, dentre eles a
macroestrutura do material e a presença de defeitos, em cerâmicas porosas obtidas pelo
método da réplica, principalmente para baixas densidades relativas.
Para se fazer uma adequação no modelo de Gibson e Ashby ao comportamento
mecânico de espumas cerâmicas obtidas pelo método da réplica optou-se em fazer a
correlação deste modelo aos defeitos presentes na estrutura do material, pois por característica
Procedimento Experimental
64
deste método de processamento ocorrem trincas nos filamentos, além de vazio no interior do
filamento no local onde era ocupado pela esponja polimérica precursora (STUDART e
colaboradores, 2006).
A partir das micrografias obtidas por MEV realizou-se as medidas da dimensão dos
defeitos (trincas e poros) através do programa computacional para análise de imagens
ImageTool 3.0, onde foi medido o comprimento das trincas, diâmetro dos poros, além dos
valores de comprimento e espessura dos filamentos que constituem a estrutura da espuma
cerâmica obtida neste trabalho.
Através da avaliação destes resultados em conjunto com a resistência mecânica e
densidade da espuma de alumina foi proposto um ajuste para o modelo de Gibson e Ashby
para o comportamento mecânico de sólidos celular para adequá-lo as cerâmicas celulares
processadas pelo método réplica.
65
CAPÍTULO 4
RESULTADO E DISCUSSÕES
4.1 DIFRAÇÃO DE RAIOS X
O difratograma da espuma cerâmica, indicado na figura 4.1, constatou-se a presença
apenas da fase alumina alfa, não ocorrendo picos referentes a outras fases. Em alguns
trabalhos reportou-se que pode haver a presença da fase carbono, o que indica que não houve
a liberação deste elemento como voláteis (ZHU e colaboradores, 2002).
10 20 30 40 50 60 70 80
0
500
1000
1500
2000
2500
AAA AA
A
A A
A
A
A
A
A
Inte
nsid
ad
e (
cps)
Angulo 2θ
A - Al2O
3A
Figura 4.1 – Difratograma da espuma cerâmica de alumina obtida após sinterização a
1500 ºC.
Resultados e Discussões
66
A identificação das fases presentes nos materiais celulares é de grande importância,
pois as propriedades dos sólidos celulares dependem também dos constituintes dos
filamentos, além de, na aplicação do modelo de Gibson e Ashby as propriedades do material o
qual compõem a estrutura de filamentos entram no equacionamento matemático.
4.2 DENSIDADE E POROSIDADE
A tabela 4.1 lista os resultados de densidade das amostras as quais foram realizados os
ensaios mecânicos. Como pode ser visto, houve uma menor densificação das amostras
cilíndricas, para os valores absolutos. Esta menor densificação pode esta associada a maior
altura das mesmas, ficando no limite de espaçamento máximo da calandra, o que pode ter
ocasionado uma maior retirada de material cerâmico durante a etapa de retirada do excesso de
barbotina, o que é reportado por Salvini e colaboradores (2002). Também este maior volume
da amostra cilíndrica pode ter contribuído para a presença de defeitos que contribuem para
estes baixos valores de densidade.
Os resultados de densidade relativa, entretanto, mostraram valores mais próximos,
demonstrando que a diminuição da densidade da espuma cerâmica (geométrica) acompanhou
proporcionalmente a densificação do material que são constituídos os filamentos cerâmicos. A
densidade relativa é um parâmetro a se considerado no equacionamento do modelo
matemático desenvolvido por Gibson e Ashby para este tipo de material (GIBSON e ASHBY,
1997).
Resultados e Discussões
67
Tabela 4.1 – Densidade das amostras após sinterização a 1500 ºC.
Geometria da
amostra
Densidade
geométrica
(g/cm3)
Densidade
aparente
(g/cm3)
Densidade do
material do
filamento (g/cm3)
Densidade
relativa
(%)
Retangular 0,57 ± 0,06 0,71 ± 0,07 3,36 ± 0,11 17,66 ± 2,42
Cilíndrica 0,45 ± 0,04 0,57 ± 0,05 2,47 ± 0,26 18,4 ± 2,48
Os resultados de porosidade das espumas cerâmicas estão na tabela 4.2. Pode-se
observar que os resultados de porosidade são bem próximos para ambas geometrias.
Trabalhos demonstraram que a porosidade de materiais obtidos pelo método da réplica está
relacionada com a esponja polimérica, utilizada como estrutura a ser replicada, e do
espaçamento da calandra na retirada do excesso de barbotina (SALVINI e colaboradores,
2002), que foram os mesmos para ambas as geometrias. Em relação à porosidade fechada,
observa-se um valor um pouco maior na amostra de geometria cilíndrica, o que contribuiu
para os menores valores de densidade desta amostra, tanto dos filamentos, quanto da amostra
como um todo. Este valor pode esta relacionado com uma presença maior de poros nos
filamentos como também de vazios isolados no interior do filamento, onde antes da pré-
queima existia a esponja polimérica.
Resultados e Discussões
68
Tabela 4.2 – Porosidade das amostras após sinterização a 1500 ºC.
Geometria da
amostra
Porosidade total
(%)
Porosidade aparente
(%)
Porosidade fechada
(%)
Retangular 82,35 ± 2,42 78,21 ± 2,86 4,13 ± 0,52
Cilíndrica 81,6 ± 2,48 76,42 ± 3,1 5,18 ± 1,37
4.3 ANÁLISE FLUIDODINÂMICA
Na figura 4.2 está indicada as curvas do comportamento da variação de pressão
(queda) por unidade de comprimento. Percebe-se um comportamento semelhante entre
amostras. As amostras 3 e 7 apresentaram maiores valores de decaimento de pressão por
comprimento, o que pode está associado a um maior fechamento de algumas paredes de
células, impedindo o fluxo normal de ar. Este comportamento já foi reportado em outros
trabalhos, e está associado a própria impregnação da esponja polimérica pela barbotina, que
devido a tensão superficial consegue fechar algumas faces das células, principalmente aquelas
de menor dimensão (ZHU e colaboradores, 2002; OLIVEIRA e colaboradores, 2006; PENG e
colaboradores, 2000).
Resultados e Discussões
69
Figura 4.2 – Comportamento fluidodinâmico das amostras após sinterização a 1500 ºC.
Os valores das constantes de permeabilidade darcyana (k1) e não-darcyana (k2) estão
listados na tabela 4.3. Seus valores foram compatíveis para cerâmicas com estrutura celular
obtidas pelo método da réplica (INNOCENTINI e colaboradores, 1998; SCHEFFLER e
COLOMBO, 2005). A grande dispersão de seus valores (entre 40 e 45%) se deve as amostras
3 e 7 que apresentaram um comportamento discrepante dos demais, possivelmente ao maior
preenchimento parcial das células destas amostras em relação as demais.
Resultados e Discussões
70
Tabela 4.3 – Constantes de permeabilidade das amostras obtidas após ensaio
fluidodinâmico.
Darcyana (k1)
(m2)
Não-darcyana (k2)
(m)
Média 8, 53 x 10-8
8,61 x 10-4
Desvio (%) 40,95 45,95
Na figura 4.3 temos o mapa de permeabilidade, obtido a partir de dados da literatura,
onde se tem os valores das constantes de permeabilidade darcyana (k1) e não-darcyana (k2)
para diversos materiais celulares. Observa-se que apesar do desvio do comportamento de
queda de pressão e consequentemente das constantes de permeabilidade, todos os resultados
obtidos neste trabalho ficaram dentro da região que caracteriza as cerâmicas produzidas pelo
método da réplica, tendo estas cerâmicas tem um grande potencial para aplicação como
filtros.
Para utilização como elementos filtrantes deve-se levar em consideração a
contribuição viscosa, representada por k1, e inercial, representada por k2, no comportamento
da queda de pressão, descrito pela equação de Forchheimer (equação 3.1) (INNOCENTINI e
colaboradores, 1999; SCHEFFLER e COLOMBO, 2005). Os valores das constantes k1 e k2
mostrados na tabela 4.3 proporcionam uma menor queda pressão na passagem do fluido pelas
amostras obtidas durante o escoamento, associado à estrutura típica de cerâmicas celulares
obtidas pelo método da réplica, onde o fluido permeia o material através de um fluxo tortuoso,
o que aumenta a interação fluido-sólido, características estas que contribuem para aplicação
do material obtido neste trabalho como filtros.
Resultados e Discussões
71
Figura 4.3 – Mapa da permeabilidade para materiais porosos: comparação de dados da
literatura com os obtidos neste trabalho (adaptado de BIASETTO e colaboradores, 2007).
4.4 RESISTÊNCIA MECÂNICA
Os resultados da resistência mecânica das amostras submetidas a ensaio de flexão em
4 pontos e ensaio de compressão estão listados na tabela 4.4. Os valores destes resultados
estão compatíveis com resultados reportados pela literatura (COLOMBO, 2002; OLIVEIRA e
colaboradores, 2006). Para espumas cerâmicas obtidas pelo método da réplica o
Réplicas cerâmicas e
espumas metálicas
Filtros fibrosos e
granulares, espumas via
gel-casting
Concretos, tijolo,
cimentos e cerâmicas
incorporadas a amido
Resultados e Discussões
72
comportamento sob esforços mecânicos é fortemente influenciado pelos defeitos presentes em
sua estrutura, os quais a maioria são provenientes da saída da matéria orgânica na
decomposição da espuma polimérica durante o processo de pré-queima (SOUZA, 2008;
SOUZA e colaboradores 2008). Além dos defeitos originados durante a decomposição da
esponja polimérica irão existir porosidades dentro e na superfície dos filamentos cerâmicos,
estes originados pela presença de bolhas na barbotina durante a impregnação.
Tabela 4.4 – Resistência mecânica das amostras sinterizadas.
Resistência à Flexão
(MPa)
Resistencia à Compressção
(MPa)
1,74 ± 0,57 1,28 ± 0,61
Em relação aos valores de resistência a compressão mais baixos em relação a
resistência a flexão pode ser atribuído a dois fatores. O primeiro está relacionado a menor
densidade e maior porosidade interna apresentada pelas amostras de geometria cilíndrica,
utilizada para este ensaio, pois a resistência destes materiais está relacionada tanto com a
densidade relativa destes materiais, como com a resistência do material que constitui os
filamentos. (ASHBY, 1983; GIBSON e ASHBY, 1997). O segundo fator esta relacionado ao
fato de no ensaio mecânico de compressão toda a amostra esta submetida a tensão máxima,
enquanto no ensaio de flexão em 4 pontos apenas a região entre os apoios superiores estão
submetidos a tensão máxima, então apesar que de modo geral a resistência a compressão de
materiais cerâmicos ser maior que a flexão, a probabilidade do defeito crítico esta submetido
a tensão máxima é maior quando estes estão submetidos a compressão. Será visto na análise
Resultados e Discussões
73
microestrutural que estes materiais possuem uma quantidade grande de defeitos em sua
estrutura.
Na figura 4.4 esta ilustrada a curva de tensão e deformação da espuma cerâmica
submetida à ensaio de flexão em 4 pontos. Nela podemos observar a região linear elástica
grande, indicada na figura pelo número 1, que corresponde à flexão da aresta da célula ou
estiramento da face. Na região indicada pelo número 2 temos, de acordo com o modelo de
Gibson e Ashby, o comportamento que corresponde ao colapso das células que compõem a
estrutura do material, com isto há o carregamento das arestas das células e faces, umas sobre
as outras, causando um aumento da tensão, mesmo com os filamentos que compõem sua
estrutura sem integridade estrutural, causando um aumento de tensão antes da ruptura total do
material.
Figura 4.4 – Comportamento mecânico de amostra submetida à flexão em 4 pontos.
1
2
Resultados e Discussões
74
Na figura 4.5 esta ilustrada a curva de tensão e deformação da espuma cerâmica no
ensaio de compressão, onde se observa como diferença do comportamento, em relação ao
ensaio de flexão, várias quedas do valor de tensão na curva (região circulada), o que está
relacionado colapso sucessivo das células pela quebra de alguns dos filamentos que compõem
sua estrutura, ocasionando a queda de tensão, mas estes filamentos que sofreram fratura, neste
tipo de carregamento, se logo apóiam sobre os filamentos ainda inteiros das células vizinhas,
ocasionando um aumento nos valores de tensão, assim sucessivamente até colapso total da
estrutura.
Figura 4.5 – Comportamento mecânico de amostra submetida a esforços de compressão.
Ainda analisando os valores de resistência mecânica das amostras obtidas neste
trabalho, pode-se afirmar que os valores médios, tanto para resistência a flexão quanto para a
Resultados e Discussões
75
compressão, estão compatíveis para que as mesmas possam ser aplicadas como filtros, pois
filtros cerâmicos utilizados comercialmente, obtidos pelo método da réplica, apresentaram
valores de resistência a flexão em 4 pontos variando entre 0,8 e 1,1 MPa, enquanto o valor
médio das amostras deste trabalho foi 1,74 MPa, e para a resistência a compressão as
amostras comercias apresentaram valores entre 0,5 e 1,1 MPa, enquanto as amostras obtidas
neste trabalho foi de 1,28 MPa (SOUZA, 2008).
4.5 ANÁLISE MICROESTRUTURAL
As micrografias obtidas a partir de microscopia eletrônica de varredura (MEV) da
esponja polimérica e da espuma cerâmica obtida a partir desta estão nas figuras 4.6 e 4.7
respectivamente. Na micrografia da esponja polimérica na figura 4.6 (A) pode-se observar
que a esponja é formada por células com geometria de dodecaedro pentagonal. A partir desta
constatação podemos escolher o valor da constante C6 para aplicar no modelo de Gibson e
Ashby. Na figura 4.6 (B) observa-se o detalhe do filamento polimérico que compõem a
estrutura da esponja. Estes filamentos têm uma espessura média de 180 µm, e este resultará
em vazios dentro dos filamentos, que contribuem para a diminuição da densidade dos
filamentos e consequentemente para a baixa resistência mecânica destes materiais, tanto em
flexão quanto compressão.
Resultados e Discussões
76
Figura 4.6 – Micrografia da espuma polimérica: (A) células que compõem a estrutura; (B)
detalhe do filamento.
Na figura 4.7 estão as micrografias da espuma cerâmica obtidas após sinterização,
onde se pode observar o fechamento parcial de algumas células, com formação faces, como as
que ocorrem espumas cerâmicas com porosidade fechada. A formação destas faces deve
influenciar o comportamento mecânico, além de influenciar na permeabilidade destes
(A)
(B)
Resultados e Discussões
77
materiais, como já mencionado na caracterização fluidodinâmica. Apesar da formação destas
faces, percebe-se que as mesmas possuem poros e trincas, que permitem que o fluido que
escoa dentro da estrutura porosa passe também através destas faces.
Figura 4.7 – Micrografia dos corpos cerâmicos porosos após sinterização a 1500 ºC: (A)
células que compõem a estrutura, indicando a presença de poros; (B) trincas nas faces
parcialmente fechadas das células.
(A)
(B)
Resultados e Discussões
78
É mostrada nas micrografias a presença de poros na superfície e no interior dos
filamentos (indicados por setas na figura 4.7 (A)), além de trincas nas faces e filamentos que
compõem as células, indicadas pelas setas na figura 4.7 (B). A presença destes defeitos é um
fator que cria uma distinção dos valores de resistência mecânica obtidos em espumas
cerâmicas processadas pelo método da réplica dos previstos pelo modelo de Gibson e Ashby,
pois estes defeitos atuam como concentradores de tensão, fazendo com que seus valores de
resistência sejam geralmente menores que o previsto pelo modelo. A influência destes
defeitos é de difícil quantificação, pois os mesmos variam muito quanto ao tamanho e a
forma.
Na figura 4.8 estão ilustradas micrografias de uma região em diferentes ampliações
feitas com objetivo de mostrar a variação dimensional dos defeitos encontrados da estrutura
das espumas cerâmicas obtidas.
Pode-se perceber nas figuras 4.8 (A) e (B) que há poros de diversos tamanhos, com
diâmetro de poro variando de 9 a 108 µm, estando estes poros distribuídos por toda a
superfície. As trincas também apresentam uma grande variação em sua dimensão, indo de
valores da ordem de 500 µm até trincas de comprimento bem menor, como a trinca dentro de
um poro, ilustrada na figura 4.8 (C), como um comprimento de 11 µm. Devido a quantidade
destes defeitos, estes podem originar defeito maiores pela combinação dos mesmos, o que esta
ilustrado na figura 4.8 (B), onde, indicado pela seta, há uma trinca ocorrendo sobe um poro.
Temos na figura 4.8 (D) o detalhe de uma trinca da figura 4.8 (C) onde também se pode
observar a microestrutura da espuma cerâmica, na qual se percebe uma porosidade de
tamanho menor que 1 µm uniformemente distribuída, além de se perceber que a fratura se
desenvolveu de forma intergranular.
Resultados e Discussões
79
(B)
(A)
500 µµµµm 108 µµµµm
84 µµµµm
54 µµµµm
20 µµµµm
9 µµµµm
Resultados e Discussões
80
Figura 4.8 – Micrografia dos corpos cerâmicos porosos, onde se pode observar: (A) defeitos e,
sua estrutura; (B) defeitos de menor dimensão; (C) detalhe mostrando trinca dentro de poro;
(D) detalhe de uma trinca (fratura intergranular) e microestrutura.
Na figura 4.9 estão micrografias da superfície de fratura da amostra submetida a
ensaio de flexão em 4 pontos. Na figura 4.9 (A) podem-se observar algumas regiões onde
parece ocorrer propagação de trincas a partir das pré-existentes (regiões circuladas), pois se
(D)
(C)
58 µµµµm
10,7 µµµµm
Resultados e Discussões
81
verifica trincas de menor espessura partindo de trincas mais grossas. Também se observa
trincas mais finas onde houve a ruptura dos filamentos (indicado pelas setas na figura 4.9
(A)). Também estão indicadas por setas na figura 4.9 (B) regiões onde houve a ruptura dos
filamentos: em I pode-se ver na superfície de fratura a presença de poros dentro dos
filamentos e em II o vazio deixado pela decomposição da esponja polimérica, sendo este um
defeito típico de materiais obtidos pelo método da réplica (STUDART e colaboradores,
2006).
(A)
Resultados e Discussões
82
Figura 4.9 – Micrografia da superfície de fratura da amostra submetida a ensaio de flexão: (A)
região mostrando as trincas; (B) região apresentando vazios e poros nos filamentos.
Na figura 4.10 estão mostradas as micrografias da superfície de fratura da amostra
submetida a ensaio compressão. Tanto na figura 4.10 (A) e (B) pode-se observar um estrutura
bastante fraturada, pois principalmente no ensaio de compressão os filamentos que compõem
a estrutura das amostras, depois de fraturados passam a se apoiar sobre as arestas (filamentos)
das células que ainda não foram destruídas, constituída esta etapa a chamada região de
densificação, descrita por Gibson e Ashby (1997). Percebe-se, como nas amostras submetidas
à flexão, trincas finas sobre os filamentos (setas na figura 4.10 (A)) e trincas irradiando a
partir das pré existentes, indicadas nas regiões circuladas na figura 4.10 (B).
(B)
I
II
Resultados e Discussões
83
Figura 4.10 – Micrografia da superfície de fratura da amostra submetida a ensaio de
compressão: (A) região central da amostra; (B) região próxima à superfície.
(B)
(A)
Resultados e Discussões
84
4.6 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO
Com o conjunto de dados obtidos neste trabalho (densidade relativa, resistência
mecânica e micrografias das espumas de alumina) pode-se fazer uma relação entre as
propriedades mecânicas e as características estruturais destes materiais. Primeiramente foram
quantificados os valores médios do comprimento e espessura dos filamentos, como também a
espessura interna dos mesmos, através de análise no programa computacional Image Tool 3.0,
onde foram encontrados os valores listados na tabela 4.5.
Tabela 4.5 – Dimensões dos componentes geométricos dos filamentos da espuma cerâmica.
Comprimento (l) Espessura (t) Espessura interna (ti)
Média (µm) 723,3 239,1 175,4
Desvio (µm) 169,58 73,11 34,48
O comportamento foi analisado tomando-se como base a equação proposta por Gibson
e Ashby para materiais celulares com estrutura com arestas tubulares (equação 2.9), pois é um
modelo que já leva em consideração os vazios existentes no interior da estrutura de filamentos
da cerâmica. Para materiais com estrutura celular aberta o valor de C6 é 0,2 e o valor de n é
igual a 1,5 (GIBSON e ASHBY, 1997). Substituindo os valores numéricos de C6 e n,
tabelados e os valores de t e ti da tabela 4.5 na equação 2.9 e desenvolvendo a mesma,
chagamos a equação 4.1.
Resultados e Discussões
85
51
00 671730
,
,
=
ssρ
ρ
σ
σ (4.1)
Quando se isola o termo σ0 da equação 4.1 temos a equação 4.2, que ao se substituir σs
pelos valores de tensão de ruptura da alumina em compressão e flexão, retirados de Askeland
e Phulé, (2008), sendo 2.758 MPa e 552 MPa respectivamente, temos a equação 4.3 para
compressão e 4.4 para flexão.
51
0
0 671730
,
.,
=
s
s
ρ
ρσσ (4.2)
51
0
0 61852
,
,
=
s
Cρ
ρσ (4.3)
51
0
0 8370
,
,
=
s
Fρ
ρσ (4.4)
Nas figuras 4.11 e 4.12 temos os dados experimentais obtidos neste trabalho
comparados com o modelo de Gibson e Ashby para o carregamento em compressão e flexão,
respectivamente.
Resultados e Discussões
86
0,1
1
5
10
25
50
75
90
95
99
99,9
Resultados Expetimentais
Modelo de Gibson e Ashby
Resistencia a compressão (MPa)
Densidade relativa (ρ/ρs)
Figura 4.11 – Comparação dos resultados experimentais com o Modelo de Gibson e Ashby
para compressão.
0,1
1
5
10
25
50
Resultados experimentais
Modelo de Gibson e Ashby
Resistencia a Flexão (MPa)
Densidade relativa (ρ/ρs)
Figura 4.12 – Comparação dos resultados experimentais com o Modelo de Gibson e Ashby
para flexão em 4 pontos.
0,2 0,3
0,2 0,3
Resultados e Discussões
87
Pode-se observar que há uma discrepância maior entre o modelo e os resultados de
resistência a compressão do que com os resultados obtidos para carregamento em flexão. Tal
comportamento pode ser atribuído ao fato das espumas quando submetidas ao ensaio de
resistência a compressão estão com seu volume todo sob a tensão máxima, assim todos os
defeitos, e consequentemente o defeito crítico, submetido a esta tensão, o que causa uma
diminuição maior dos valores de resistência mecânica destes materiais sob este tipo de
carregamento.
Para melhor descrever o comportamento mecânico destes materiais deve-se levar em
consideração os defeitos neste equacionamento, para isto foi feita a quantificação dos
mesmos, estando os seus valores médios listados na tabela 4.6.
Tabela 4.6 – Dimensões dos defeitos dos filamentos da espuma cerâmica.
Amostra Tamanho médio de trinca (c)
(µm)
Tamanho médio de poro (p)
(µm)
Cilíndrica 400,74 38,54
Barra 320,93 37,03
Dentre os tipos de defeitos mensurados, o tamanho de trinca foi o escolhido para ser
utilizado para adequação do modelo de Gibson e Ashby, pois este tipo de defeito é o que
apresenta maior dimensão e consequentemente será a partir dele que ocorrerá a quebra dos
filamentos e o colapso do material.
Resultados e Discussões
88
Como base na análise do comportamento mecânico e dos defeitos existentes na
estrutura das espumas de alumina obtidas foi proposto o fator relacionado à presença das
trincas ao longo dos filamentos, o qual foi atribuído como símbolo a letra d, sendo seu valor
descrito pela equação 4.5. Este fator d, expressa o grau de integridade dos filamentos em
relação a se os mesmos não apresentassem trincas ao longo de seu comprimento. Quanto
maior o tamanho das trincas maior o decaimento das propriedades mecânicas ocasionado
pelas mesmas e se o caso de um material sem a presença destes defeitos o fator d assume o
valor 1, não alterando os valores previstos pela equação 2.9.
2
−=
l
cld (4.5)
onde l é o comprimento do filamento e c é comprimento da trinca.
Ao adicionar d na equação 4.2 temos a expressão da equação 4.6, que corrige os
valores encontrados pelo modelo de Gibson e Ashby, levando-se em consideração o
decréscimo da resistência mecânica originado pela presença das trincas na estrutura da
espuma cerâmica.
51
0
0 671730
,
,
=
s
sdρ
ρσσ (4.6)
Substituindo os valores numéricos do fator d para os dois tipos de carregamento, junto
com os valores de resistência mecânica da alumina em compressão e em flexão em 4 pontos,
temos as equações 4.7 e 4.8, respectivamente.
Resultados e Discussões
89
51
0
0 44368
,
,
=
s
Cρ
ρσ (4.7)
51
0
0 4863
,
,
=
s
Fρ
ρσ (4.8)
Nas figuras 4.13 e 4.14 temos os dados experimentais obtidos neste trabalho
comparados com as curvas obtidas pela equação do modelo de Gibson e Ashby e pela
equação 2.9 modificada pelo fator d para o carregamento sob compressão e em flexão em 4
pontos, respectivamente.
0,1
1
5
10
25
50
75
90
95
99
99,9
Resultados Expetimentais
Modelo de Gibson e Ashby
Modelo Modificado (Eq. 4.7)
Resistencia a compressão (MPa)
Densidade relativa (ρ/ρs)
Figura 4.13 – Comparação dos resultados experimentais com o Modelo de Gibson e Ashby
sem modificação e com o acréscimo do fator d para compressão.
0,2 0,3
Resultados e Discussões
90
A partir da utilização do fator de correção d proposto, relacionado com o valor do
comprimento de trinca nos filamentos, os valores de resistência à compressão, dados pela
equação 4.7, e de resistência à flexão, expressos pela equação 4.8, se aproximaram mais dos
valores obtidos experimentalmente para faixa de densidade relativa das amostras obtidas.
Porém seus valores ainda estão bem acima da faixa dos valores encontrados
experimentalmente, estando os valores encontrados pela equação para compressão entre 18 e
36 MPa, com os valores experimentais próximos 0,6 e 2,1 MPa e os valores obtido pela
equação para o ensaio de flexão entre 3,2 e 6,3 MPa enquanto os resultados obtidos
experimentalmente variação de 0,9 a 2,4 MPa.
0,1
1
5
10
25
50
Resultados experimentais
Modelo de Gibson e Ashby
Modelo Modificado (Eq. 4.8)
Resistencia a Flexão (MPa)
Densidade relativa (ρ/ρs)
Figura 4.14 – Comparação dos resultados experimentais com o Modelo de Gibson e Ashby
sem modificação e com o acréscimo do fator d para flexão em 4 pontos.
0,2 0,3
Resultados e Discussões
91
Apesar do modelo de Gibson e Ashby já fazer algumas considerações quanto à
presença dos vazios deixados pela saída da espuma polimérica durante o processamento
(estrutura de arestas tubulares de secção quadrada) e pela inserção do fator relacionado com o
comprometimento do grau de integridade dos filamentos pela presença de trincas (fator d), o
modelo desenvolvido não se mostrou, ainda, suficientemente satisfatório para predizer o
comportamento de espumas cerâmicas obtidas pelo método da réplica, embora já apresente
uma evolução em relação ao modelo original. Este fato deve-se principalmente aos vazios
deixados pela saída da espuma polimérica no interior dos filamentos, característicos desta rota
de processamento, são de geometria diferente (triangular) ao utilizado por Gibson e Ashby
(quadrada).
Com base no estudo realizado por Inayat e colaboradores (2011), que considerava,
para espumas cerâmicas com porosidade abaixo de 90%, os filamentos que compõem a
estrutura do material como tendo a forma cilíndrica (diâmetro denominado como ds-cilíndrico)
com vazio interno na forma de um triângulo equilátero (aresta do triângulo denominado por
ds-triângular), como ilustrado na figuras 2.18 e 2.19.
Visto que os valores de porosidade encontrados neste trabalho, listados na tabela 4.2,
são inferiores a 90%, pode-se utilizar esta analogia para caracterizar componentes
geométricos que constituem os filamentos dos materiais obtidos. Então podemos considerar o
diâmetro do filamento (ds-cilíndrico) como a espessura do filamento (t) e a aresta do vazio
triangular (ds-triângular) como sendo a espessura interna do filamento (ti), listadas na tabela 4.5.
A partir destes dados e da utilização do modelo de Inayat e colaboradores (2011) é
possível modificar a equação geral do comportamento mecânico de sólidos celulares para
fratura frágil de Gibson e Ashby (equação 2.7) utilizando a área efetiva do filamento que está
Resultados e Discussões
92
submetida à tensão mecânica, que em conjunto com o fator d, caracterizaria melhor o
comportamento mecânico de espumas cerâmicas obtidas pelo método da réplica, ao invés de
se utilizar a equação 2.9 combinada com o fator d.
A área efetiva do filamento submetida a carregamento mecânico é expressa pela
diferença entre a área da secção circular do filamento menos a área do vazio triangular no
interior do filamento dividida pela área do filamento, o que modificaria a equação 2.7 para se
obter a equação 4.9.
−
=
C
TC
n
ss A
AAC
ρ
ρ
σ
σ 0
6
0 (4.9)
onde σ0 é a tensão de ruptura do material celular, σs é a tensão de ruptura da fração
sólida, ρ0 é a densidade do material celular e ρs é a densidade da fração sólida, C6 é uma
constante que está relacionada com a forma da célula, n é uma constante que depende da
tortuosidade e está relacionada com distribuição e geometria das células, AC é a área da secção
circular do filamento e AT é a área da secção triangular do vazio interno filamento.
Quando se isola o termo σ0 da equação 4.9 e adicionamos a mesma o fator d,
relacionado com o grau de integridade do filamento, passa-se a ter a equação 4.10.
−
=
C
TC
n
s
sA
AAdC
ρ
ρσσ 0
60 (4.10)
Substituindo os valores numéricos de C6 e n, tabelados, e os valores calculados de d,
AC e AT a partir dos dados obtidos neste trabalho, além os valores de resistência mecânica da
Resultados e Discussões
93
alumina em compressão e em flexão em 4 pontos, na equação 4.10 e desenvolvendo a mesma,
chagamos as equações 4.11 e 4.12 para o comportamento mecânico em compressão e flexão,
respectivamente.
51
0
0 54179
,
,
=
s
Cρ
ρσ (4.11)
51
0
0 1743
,
,
=
s
Fρ
ρσ (4.12)
Nas figuras 4.15 e 4.16 temos os dados experimentais obtidos neste trabalho
comparados com as curvas obtidas pela equação do modelo de Gibson e Ashby e pela
equação 2.7 modificada pela área efetiva do filamento submetida a carregamento mecânico e
pelo fator d (equação 4.10) para o carregamento sob compressão e flexão em 4 pontos,
respectivamente.
Este segundo modelo proposto para modificar a equação de Gibson e Ashby conseguiu
se aproximar mais dos valores obtidos experimentalmente, ficando os valores de resistência a
compressão previstos pelo modelo variando entre 8,9 e 18,3 MPa de resistência a flexão em 4
pontos entre 2,19 e 4,2 MPa, demonstrando que além das trincas nos filamentos, os vazios do
interior dos filamentos também influenciam muito o comportamento mecânico de espumas
cerâmicas obtidas pelo método da réplica.
Resultados e Discussões
94
0,1
1
5
10
25
50
75
90
95
99
99,9
Resultados Expetimentais
Modelo de Gibson e Ashby
Modelo Modificado (Eq. 4.10)
Resistencia a compressão (MPa)
Densidade relativa (ρ/ρs)
Figura 4.15 – Comparação dos resultados experimentais com o Modelo de Gibson e Ashby
sem modificação e com o acréscimo da área efetiva submetida a carregamento mecânico e do
fator d para compressão.
Apesar de se aproximarem mais dos valores experimentais, outros fatores, como o
fechamento parcial de algumas células e a presença de porosidade, tanto em nível de macro
como microestrutural (observado na figura 4.8 (D)), devem está influenciando os valores de
resistência mecânica, pois os mesmos podem afetar as propriedades do material que compõem
os filamentos, como também a distribuição de tensão pelas células que formam a estrutura da
espuma, podendo causar alterações no calculo do fator d, como também do expoente n.
0,2 0,3
Resultados e Discussões
95
0,1
1
5
10
25
50
Resultados experimentais
Modelo de Gibson e Ashby
Modelo Modificado (Eq. 4.10)
Resistencia a Flexão (MPa)
Densidade relativa (ρ/ρs)
Figura 4.16 – Comparação dos resultados experimentais com o Modelo de Gibson e Ashby
sem modificação e com o acréscimo da área efetiva submetida a carregamento mecânico e do
fator d para flexão em 4 pontos.
0,2 0,3
96
CAPÍTULO 5
CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos neste trabalho podemos concluir as seguintes
afirmações:
- A densidade relativa das amostras permanece praticamente constante, mesmo variando
a densidade do material que compõem do filamento cerâmico, pois a mesma é uma
função da etapa de retirada do excesso de barbotina após impregnação;
- A resistência mecânica das amostras submetidas à compressão é menor devido aos
defeitos presentes nos filamentos estarem em sua totalidade no estado de tensão
mecânica máxima;
- Os valores de permeabilidade e resistência possibilitam a utilização das espumas
cerâmicas produzidas neste trabalho para utilização como filtros;
- A utilização de um fator relacionado à presença de defeitos (trincas) nos filamentos
que compõem a estrutura da espuma cerâmica na equação de Gibson e Ashby
aproximou-a do comportamento experimental desta espuma de alumina, porém estes
valores estão bem acima dos obtidos experimentalmente;
- A equação que considera, além do fator relacionado à presença de defeitos nos
filamentos que compõem a estrutura da espuma cerâmica, a geometria dos vazios
gerados no interior dos filamentos neste tipo de processamento na equação de Gibson e
Ashby aproximou-a mais do comportamento da espuma de alumina utilizada neste
trabalho, demonstrando esta característica também é importante no comportamento
mecânico destes materiais.
Conclusão
97
97
- Apesar desta segunda equação modificada, que considera a presença de trincas e a
geometria dos vazios internos nos filamentos, estarem mais próximo do comportamento
real destas cerâmicas, seus valores previstos ainda estão acima dos valores
experimentais, principalmente em compressão, o que deve estar relacionado com o
fechamento parcial de algumas células e a presença de poros no material, que também
influenciam o comportamento deste tipo de material.
98
CAPÍTULO 6
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Para novos estudos relacionados a este material sugere-se:
- Utilizar o modelo proposto para espumas cerâmicas constituídas de mais de um
componente, verificando se o mesmo é aplicável a estes materiais;
- Quantificar o fechamento parcial das células e averiguando a influência desta
característica;
- Estudar modelos para o comportamento mecânico a altas temperaturas;
- Melhorar os parâmetros de processamento para se obter espumas cerâmicas com um
número menor de defeitos, principalmente porosidade nos filamentos.
99
CAPÍTULO 7
REFERÊNCIAS
ARGÜELLO, V. M., Obtenção e caracterização de espumas cerâmicas de alumina para uso como
queimadores radiantes, Dissertação, UFSC Natal-RN 2009.
ASHBY, M. F., The Mechanical Properties of Cellular Solids. Metallurgical Transactions A,
Volume 14A (1983) p. 1755-1769.
ASKELAND, D. R., PHULÉ, P. P., "Ciência e Engenharia dos Materiais". Tradução: Vertice
Translate e All Tasks, Cengage Learning, (2008).
BAO, X., NANGREJO, M. R., EDIRISINGHE, M. J., ‘‘Preparation of Silicon Carbide Foams
Using Polymeric Precursor Solutions,’’ J. Mater. Sci., 35 [17] 4365–72 (2000).
BIASETTO, L., COLOMBO, P., INNOCENTINI, M. D. M., MULLENS, S., Gas Permeability
of Microcellular Ceramic Foams, Ind. Eng. Chem. Res., 46, (2007) 3366-3372.
COLOMBO, P., Ceramic foams: fabrication, properties and application. In Key Engineering
Materials, Vols 206–213. Trans Tech Publications, Switzerland, 2002, pp. 1913–1918.
COLOMBO, P., HELLMANN, J. R., Ceramic foams from preceramic polymers. Mat Res
Innovat (2002) 6:260–272.
FREITAS, N. L., MANEIRO, M. G., J. R. COURY, Estudo da permeabilidade de filtros
cerâmicos para filtração de aerossol em altas temperaturas, Projeções, Vol. 21/22
(2003/2004) 29.
GIBSON, L. J., ASHBY, M. F., "Cellular solids-structure and properties". Cambridge University
Press, Second Edition (1997).
INAYAT, A., FREUND H., ZEISER T., SCHWIEGER W., Determining the specific surface
area of ceramic foams: The tetrakaidecahedra model revisited, Chemical Engineering
Science 66 (2011) 1179–1188.
INNOCENTINI, M. D. M., SEPULVEDE, P., SALVINI, V. R., PANDOFELLI, V. C.,
“Permeability and structure of cellular ceramics: a comparison between two preparation
techniques”, J. Am. Cer. Soc. 81 [12] (1998) p. 3349-3352.
Referências Bibliográficas
100
INNOCENTINI, M. D. M., SALVINI, V. R., COURY, J. R., PANDOLFELLI, V. C., “The
permeability of ceramic foams” Am. Ceram. Soc. Bull. 78, 9 (1999) 78-84.
JAIN, V., JOHSON, R., GANESH, I., SAHA, B. P.; MAHAJAN, Y. R.; Effect of rubber
encapsulation on the comparative mechanical behaviour of ceramic honeycomb and foam.
Materials Science Engeneering A, v. 347, p. 109-122, (2003).
LANGE, F. F. e MILLER, K. T., ‘‘Open-Cell, Low-Density Ceramics Fabricated from
Reticulated Polymer Substrates,’’ Adv. Ceram. Mater., 2 [4] 827–31 (1987).
LUYTEN, J., THIJS, I., VANDERMEULEN, W., MULLENS, S., WALLAEYS, B., and
MORTELMANS, R., ‘‘Strong Ceramic Foams from Polyurethane Templates,’’ Adv. Appl.
Ceram., 104 [1] 4–8 (2005).
MONTANARO, L., JORAND, Y., FANTOZZI, G., NEGRO, A., Ceramic Foams by Powder
Processing, J. Eur. Ceram. Soc., Vol. 18, (1998) p. 1339-1350.
NANGREJO, M. R., BAO, X., AND EDIRISINGHE M. J., ‘‘Processing of Ceramic Foams from
Polymeric Precursor-Alumina Suspensions,’’ Cellular Polymers, 20 [1] 17–35 (2001).
NANGREJO, M. R. e EDIRISINGHE, M. J., ‘‘Porosity and Strength of Silicon Carbide Foams
Prepared Using Preceramic Polymers,’’ J. Porous Mater., 9 [2] 131–40 (2002)
OLIVEIRA, F. A. C., DIAS, S., VAZ, M. F., FERNADES, J. C., ‘‘Behavior of open-cell
cordierite foams under compression,’’ Jour. of the Europ. Cer. Society, 26 (2006) p. 179–
186.
ORTEGA, F. S.; PAIVA, A. E. M.; RODRIGUES, J. A.; PANDOFELLI, V. C. Propriedades
mecânicas de espumas cerâmicas via “gelcasting”. Cerâmicas, v.49, p. 1-5, 2003 (a).
PAIVA, A. E. M., SEPULVEDA, P., and . PANDOLFELLI, V. C, ‘‘Processing and
Thermomechanical Evaluation of Fibre-Reinforced Alumina Filters,’’ J. Mater. Sci., 34 [11]
2641–9 (1999).
PENG, H. H. C., FAN, Z., EVANS, J. R. G., BUSFIELD, J. J. C., ‘‘Microstructure of ceramics
foams’’ Journal of the Europ. Cer. Society, 20 (2000) p. 807–813.
PU, X., LIU, X., QIU, F., and HUANG L., Novel Method To Optimize the Structure of
Reticulated Porous Ceramics, J. Am. Ceram. Soc., 87 [7] 1392–1394 (2004).
SAGGIO-WOYANSKY, J., SCOTT, C. E., and MINNEAR,W. P., ‘‘Processing of Porous
Ceramics,’’ Am. Ceram. Soc. Bull., 71 [11] 1674–82 (1992).
Referências Bibliográficas
101
SALVINI, V. R., INNOCENTINI, M. D. M., PANDOLFELLI, V. C, Am.Ceram. Soc. Bull. 79,
5 (2000) 49-54.
SALVINI, V. R., INNOCENTINI, M. D. M., RODRIGUES, J. A., PANDOLFELLI, V. C.,
Fluência em filtros cerâmicos de Al2O3, Cerâmica, Vol. 47 - 304 (2001) p. 196.
SALVINI, V. R., INNOCENTINI, M. D. M., PANDOLFELLI, V. C., Influência das condições
de processamento cerâmico na resistência mecânica e na permeabilidade dos filtros de
Al2O3-SiC, Cerâmica, Vol. 48 (2002) p. 121.
SEPULVEDA, P., SANTOS, W. N., PANDOLFELLI, V. C., BRESSIANI, J. C., TAYLOR, R.,
Am. Ceram. Soc. Bull. 78, 2 (1999) 61-66.
SCHEFFLER, M., COLOMBO, P., Cellular Ceramics: Structure, Manufacturing, Properties and
Applications, Edited by John& Wiley (2005).
SOUSA, E., Processamento e caracterização de vitrocerâmico celular do sistema LZSA, Tese,
UFSC Florianópolis-SC 2007.
SOUZA, F. B. M., Caracterização de Cerâmicas Porosas de Alumina Reforçada com Zircônia
Produzidas pelo Método da Réplica, Dissertação, UFRN Natal-RN 2008.
SOUZA, F. B. M., ACCHAR, W., RAMALHO, E. G., TORQUATO W. L., COSTA, A. C. S.,
“Estudo do choque térmico em cerâmicas porosas de alumina reforçada com zircônia”, In:
Anais do V Congresso Nacional de Eng. Mecânica (V CONEM) Salvador-BA, 2008.
SHERMAN A. J., TUFFIAS R. H., And APLANR. B. K, ‘‘Refractory Ceramic Foams—A
Novel, New High-Temperature Structure,’’ Am. Ceram. Soc. Bull., 70 [6] 1025–9 (1991)
STUDART, A. R.; GONZENBACH, U. T.; TERVOORT, E., GAUCKLER, L. J., Processing
Routes to Macroporous Ceramics: A Review. J. Am. Ceram. Soc., 89 [6] 1771–1789 (2006).
SCHWARTZWALDER, K. and SOMERS A. V., Method of Making Porous Ceramic Articles,
US Pat. No. 3090094, May 21, 1963.
TULLIANI, J-M., MONTANARO, L., BELL, T. J. and SWAIN, M. V., Semiclosed-Cell Mullite
Foams: Preparation and Macro- and Micromechanical Characterization, J. Am. Ceram. Soc.,
82 [4] 961–68 (1999).
VEDULA, V. R., GREEN, D. J., AND HELLMAN J. R., Thermal Shock Resistance of Ceramic
Foams, J. Am. Ceram. Soc., 82 [3] 649–56 (1999).
Referências Bibliográficas
102
WAGH, A. S., POEPPEL, R. B., SINGH, J. P., Open pore description of mechanical properties
of ceramics, Journal of Materials Science 26(1991) 3862-3868.
WAGH, A. S., POEPPEL, R. B., SINGH, J. P., Dependence of ceramic fracture properties on
porosity, Journal of Materials Science 28 (1993) 3589-3593.
YAO, X., TAN, S., HUANG, Z., JIANG, D., Effect of recoating slurry viscosity on the properties
of reticulated porous silicon carbide ceramics, Ceramics International 32 (2006) 137–142.
ZHU, X. W., JIANG, D. L., TAN, S. H., and ZHANG, Z. Q., ‘‘Improvement in the Strut
Thickness of Reticulated Porous Ceramics,’’ J. Am. Ceram. Soc., 84 [7] 1654– 6 (2001)
ZHU, X., JIANG, D., TAN, S., The control of slurry rheology in the processing of reticulated
porous ceramics, Materials Research Bulletin, Vol. 37 (2002) p. 541-553.