Tertuliano Portugues

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Tertuliano, Quintus CONTRA OS ESPETÁCULOS Tradução do Francês e do Inglês: Aminata Diop e Marciele Santos CAPÍTULO I Servidores de Jésus Cristo, que trabalham neste momento para se aproximar de Deus ou que já lhe tem dado solene testemunho, aprendem sobre quais regras da fé, quais princípios da verdade e qual lei da disciplina se funda a obrigação de renunciar aos espetáculos, entre os outros erros do mundo, sob risco de pecaram, uns por ignorância, os outros por dissimulação. Tal é, com efeito, a sedução dos prazeres que leva à ignorância e ao perigo da queda, ou corrompe a consciência pelo despeito do dever. Para acrescentar a esta dupla desgraça, podemos ser tentados pelas máximas dos pagãos que, nesta matéria, têm costume de usar os seguintes argumentos contra nós. Que importam à religião, no fundo da alma e da consciência, as consolações externas atribuídas unicamente ao olho e à orelha? Será que Deus se ofenderia de um brando prazer durante o qual o homem guarda sempre o temor e o respeito que ele deve? Não, gozar disso no seu tempo e no seu lugar não é um crime. Ilusão! Temos intenção de demonstrar que estes prazeres se encontram tão pouco com a verdadeira religião que com a verdadeira submissão a Deus. De acordo com alguns, os Cristãos, raça de homens sempre prontos para morrer, formam-se na obstinação em privar-se dos divertimentos, a fim de desprezar mais facilmente a vida, perdendo assim o desejo por aquilo que, no que lhes diz respeito, eles já lograram esvaziar de tudo o que é desejável. Assim, sobre este fundamento, seria necessário odiar a sua vida antes pelos conselhos de uma sabedoria humana que por submissão ao preceito divino. Com efeito, morrer por Deus seria odioso para aqueles que perseveram no deleite do prazer. No entanto, se fosse assim como dizem, esta constância em uma regra tão severa quanto a nossa poderia muito bem

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Tertuliano, QuintusCONTRA OS ESPETCULOSTraduo do Francs e do n!ls" A#inata $io% e &arciele SantosCAP'TULO Servidores de Jsus Cristo, que trabalham neste momento para se aproximar de Deusou que j lhe tem dado solene testemunho, aprendem sobre quais regras da f, quaisprincpios da verdade e qual lei da disciplina se funda a obriga!o de renunciar aosespetculos, entre os outros erros do mundo, sob risco de pecaram, uns porignor"ncia, os outros por dissimula!o# $al , com efeito, a sedu!o dos pra%eres que leva & ignor"ncia e ao perigo daqueda, ou corrompe a consci'ncia pelo despeito do dever# (ara acrescentar a esta dupla desgraa, podemos ser tentados pelas mximasdos pag!os que, nesta matria, t'm costume de usar os seguintes argumentos contran)s# *ueimportam&religi!o, nofundodaalmaedaconsci'ncia, asconsola+esexternas atribudas unicamente ao olho e & orelha, Ser que Deus se ofenderia de umbrando pra%er durante o qual o homem guarda sempre o temor e o respeito que eledeve, -!o, go%ar disso no seu tempo e no seu lugar n!o um crime#.lus!o/ $emosinten!odedemonstrar queestespra%eresseencontramt!opouco com a verdadeira religi!o que com a verdadeira submiss!o a Deus# Deacordocomalguns, os Crist!os, raadehomens sempreprontos paramorrer, formam0se na obstina!o em privar0se dos divertimentos, a 1m de despre%armaisfacilmenteavida, perdendoassimodesejopor aquiloque, noquelhesdi%respeito, elesjlograramesva%iar detudooquedesejvel# 2ssim, sobreestefundamento, seria necessrio odiar a sua vida antes pelos conselhos de umasabedoria humana que por submiss!o ao preceito divino# Comefeito, morrer por Deusseriaodiosoparaaquelesqueperseveramnodeleite do pra%er# -o entanto, se fosse assim como di%em, esta const"ncia em umaregra t!o severa quanto a nossa poderia muito bem submeter0se a um plano t!o bemelaborado#CAP'TULO 2lmdisso, oseguintepretextoestnabocadetodosnossosadversrios34Deus, criou todas as coisas e as deu ao homem 5 o que n)s n)s Crist!os tambmconfessemos 5 e que todas estas coisas criadas s!o boas, dado que o seu criador bom# 6ntretaiscriaturas, necessrioincluir todoquecomp+eumespetculo3 ocavalo, ole!o, asforasdocorpo, asdourasdavo%# Consequentemente, n!osepoderiamconsiderar estranhoouadversoaDeus oquefoi por elecriado7 nemadverso aos Seus seguidores o que n!o adverso a Deus, por n!o ser estranho a 6le# 8s pr)prios an1teatros 5 que s!o apenas pedras, cimento, mrmore e colunas 5s!oobradeDeus, quedepositouestasmatriasnaterraparaasnecessidadesdohomem# Defato, aspr)priaencena+esn!oocorremsobocudadivindade,9ignor"nciahumana, comoshbil inventoradeprovas, sobretudoquandotemesperder alguma alegria desta nature%a ou alguma vantagem do mundo/ De fato, h muitos que ao temor de renunciar ao pra%er afasta mais da nossareligi!o que o temor da morte# (orque, por mais insensatos que n)s homens sejamos,n!o tememos a morte, tributo inevitvel & nature%a# :as at o pr)prio sbio deixa0secativar pelo pra%er, que nasce com ele/ Sbios ou insensatos,a vida toda inteira para n)s esta palavra3 4pra%er;/ *ue Deus seja o Criador de todas as coisas, que todas estas coisas sejam boase postas ao servio do homem, ningum o contesta,porque ningum ignora que apr)pria nature%a sugere# :as como eles conhecem Deus apenas pela metade, pelo direito da nature%a en!o pela adora!o, de longe e n!o de perto, inevitvel que ignorem como ele nosinstrui quanto ao uso de sua cria!o# .gnoram tambm qual pot'ncia ciumenta leva aperverter constantemente o uso das cria+es divinas# (ois com tal conhecimentode1ciente de Deus, n!o se pode conhecer a ele ou ao Seu adversrio# -!o basta, pois, saber por quem a totalidade do seres foi criada7 necessriosaber tambm por quem ela foi pervertida# (or este meio, se reconhecer para qualuso foram destinados e para quais n!o#? uma grande diferena entre a corrup!o ea inoc'ncia porque h uma grande diferena entre o corruptor e o autor# 8ra, todos os crimes, da nature%a que sejam 5 crimes que os pr)prios pag!ospunemeproscrevem5consomem0secomasobrasdeDeus# @emosohomicdiocometido por ferro, o veneno e encantamentos# :as o Criador criou estas coisas Suaspara a destrui!o do homem, Aonge disso/ 6le as1xia a mera idia do homicdio poreste Bnico e principal mandamento3 4-!o matars#; Do mesmo modo, o ouro, o dinheiro, o mar1m, a madeira, todas as matriasque servem para cortar dolos, quem os colocou no mundo, se n!o Deus, o criador,:as ele pretendeu comisso que o mundo as adorasse emSeu preju%o, -!o,indubitavelmente, dado que a idolatria aos seus olhos o maior insulto# *ual entre ascoisas que ofendem Deus n!o Dele, :as o que ofende a Deus deixa de ser Dele7 e oque deixa de ser Dele o ofende# 8 homem, ele mesmo autor de toda sorte de crime, n!o somente a obra deDeus7 ainda a Sua imagem# 6, contudo se volta em corpo e alma contra o Criador#Com efeito, n!o recebemos olhos para grati1car os fogos da concupisc'ncia, orelhasparaouvir omal, lnguaparacaluniar, bocaparapedirguloseimas, avirilhaparasucumbir aos excessos da incontin'ncia, as m!os para o roubo ou os ps para vivercomoerrantes# -emfoi nossaalmaunidaaocorpoparatornar0seumarsenal defraudes, de mentira e de iniqCidade# 6u n!o o imagino# 2ssim, se verdade que Deus, princpio da santidade, odeia o mal at em idia,segue sem dBvida que ele n!o criou o que criou para usos que condena, dado que osinstrumentos das nossas faltas tornam0se maus apenas pelo mau uso que fa%emosdeles# Segue que n)s 5 que, conhecendo Deus, conhecemos igualmente o seu rival esabemos distinguir o Criador do falsi1cador 5 nos surpreenderamos ou duvidaramos,(ois o anjo falsi1cador e ciumento n!o logrou desde a origem corromper a inoc'nciadopr)priohomem, imagemeobradeDeus, omestredouniverso,-!ologrouoperversor corromper o pr)prio mundo material, criado como o homempara ainoc'ncia, voltando0o contra o Criador, (ois o anjo, vendo em fBria que o reino sobretodos os seres tinha cabido ao homem antes que ele pr)prio lanou contra o Criador orei da cria!o para torn0la seu pr)prio domnio#CAP'TULO 2ssim munidos desta doutrina contra a opini!o dos pag!os, busquemos poisagora responder &s desculpas apresentadas pelos nossos# (ois seja por simplicidadeouescrBpulo, afdealgunsexigeaautoridadedas6scrituraspararenunciaraosespetculos, hesitandoassimemseabster depra%eresquetextos, declarandooassunto em aberto por tal proibi!o aos servidores de Deus n!o estar explicitamenteexpressa# SemdBvidaencontramosaproibi!oexpressat!oprecisamentequanto4n!omatars;, 4n!ofars parati escultura;, 4n!ocometers adultrio; ou4n!oroubars;# 6m nenhum lugar encontramos assim t!o claramente proibido3 4n!o irs aoCirco nem ao teatro; ou 4n!o assistirs a jogos ou representa+es#;:as vemos que a este caso pode ser aplicado o primeiro verso de David3 4Deli%o homem que n!o entrou em assemblia dos impeis, que n!o se parou na via dospecadores, e que n!o sentou na cadeira de corrup!o/; 6mbora David parea ter louvado aquele conhecido homem justo por n!o tertomado nenhuma parte ao conselho e assemblia dos Judeus que deliberou sobre amorte do Senhor, a 6scritura admite uma interpreta!o mais larga sempre que umapassagem, tendo exaurido seu sentido exato, ajude a fortalecer o sentido moral# -estecaso, nada impede tomar estas palavras por uma proibi!o dos espetculos# Se o profeta, com efeito, pode nomear alguns Judeus de uma 4assemblia dosin1is;, o qu!o mais forte n!o ser sua ra%!o no que di% respeito a uma multid!o deid)latras, Ser que os pag!os s!o menos in1is, menos pecadores, menos inimigos doCristo que os Judeus de antes, 8utros detalhes se adequam bem# 8s espetculos t'm tanto vias nas quais se1ca de p e cadeiras nas quais se senta# Chamam0se vias os graus circulares que v!oa declive e separam os cavaleiros do povo# Chamam0se tambm cadeiras as sedes daorquestra destinadas aos senadores# 2ssim, por oposi!o3 4.nfeli% o homem que entra em qualquer assemblia dosin1is, queparaemqualquerviadepescadoresousentaemqualquercadeiradecorrup!o/; $omemos ent!o as palavras num sentido geral, mesmo quando, alm dogeral, hajaumespec1co# (ois algumas coisas ditas comsentidoespec1cot'mtambm sentido geral# *uandoDeuslembraos.sraelitasdosseuspreceitos, ouacusa0lhesosseuscrimes, tememvistaauniversalidadedoshomens# 6quandoameaao6gitoea6ti)pia com a runa pr)xima,certamente tambm todas as na+es pecadoras# 2ssimqualquer na!o pecadora para ele o 6gito e a 6ti)pia7 a espcie para o tipo# 6leusa disso do mesmo modo para os espetculos, que chama 4a assemblia dos in1is#;E o tipo para a espcie# CAP'TULO (:as para que n!o imaginam que estou evitando o ponto em quest!o, invocareia autoridade mais decisiva do nosso selo batismal# *uando, descidos na guaregenerativa, professamos a f crist! nos termos de sua lei, declaramos pela nossapr)pria boca que renuncivamos ao demFnio, &s suas pompas e a seus anjos# 8ra, ondeodemFnio, assuaspompaseosseusanjosdominamcommaisimprio que na idolatria, Desta fonte, para ser breve 5 pois n!o quero me estenderneste ponto 5 nasce todo esprito imundo e mal intencionado#(ois, se eu demonstrar que todo o aparato dos espetculos origina na idolatria,teremos estabelecido um claro preceito que os compromissos que 1%emos ao nossobatismoimplicamtambmrenunciar aosespetculos, umave%quepertencemaoDiabo, &s suas pompas e seus anjos# 6stabeleceremos ent!oaorigemdecadaespetculo, parasaber comoseintrodu%iram no mundo7 depois examinaremos os ttulos de alguns, e os nomes que osdenominam7seguidamentevir!ooaparelhoe supersti+es que oacompanham7 oslugares nos mostrar!oseguidamenteaquais divindades s!oconsagradas7 eporBltimo discutiremos a nature%a das suas representa+es e os autores que as praticam#Se qualquer destes for estranho aos dolos, ent!o ela n!o ter nada de comum com aidolatria nem violar os juramentos do nosso batismo# )TERTULANO PASSA OS PR*+&OS CNCO CAP'TULOS TECEN$O AR,U&ENTOS-ST*RCOS, FLOL*,COS E &TOL*,COS PARA $E&ONSTRAR A OR,E& PA,. $ETO$OS OS ESPETCULOS/CAP'TULO +(assemos agora ao teatro que 5 conforme j demonstramos 5 compartilha comocircoamesmaorigem, omesmottulode4ludi;eofatodeseremexibidosemconjunto com espetculos eqCestres# 8 cerimonial do primeiro quase n!o difere do cerimonial do segundo# 6m ambososcasos, umaprociss!oseguerumoaoteatrodostemplosealtares, comtodoomiservel espetculo de sangue e incenso e o caminhar ao somde Gautas etrombetas 5 tudo sob a condu!o dos mais poludos mestres decerimFnias deenterros e sacrifcios3 o mestre funerrio e o adivinho#2ssim como a origem dos jogos condu%iu0nos antes ao Circo, do mesmo modo,aprop)sito do teatro,comeamos porexaminar ainf"mia do lugar#8teatro ,nomaisestrito sentido,o santurio de@'nus#Doisobtal estandarte queestetipo deedifcio proliferou pelo mundo# 2ntigamente, quando se criava algum novo teatro, chegavam frequentementeos censores a destru0lo no interesse dos costumes# Sabiamque a moral seriaameaada por estas representa+es lascivas, de modo que o testemunho do pr)priopaganismo coincide comnossa opini!o 5 ouseja, umc)digo moral meramentehumano deu nova fora & nossa forma de vida# 2 est o motivo pelo qual (ompeu o Hrande, cuja grande%a s) foi superada pelade seu teatro, ap)s ter construdo esta vasta cidadela de inf"mias, temendo que suamem)ria fosse condenada pela censura, converteu o edifcio emsanturio# 6mseguida, convocou por edito todos os cidad!os para a dedica!o, decretando que olocal n!o mais se chamaria de teatro, mas o templo de @'nus# 42crescentamos nela,di%emos, alguns graus para os espetculos#; (ompeu assim ocultou um edifcio condenado e condenvelsob um nome detemplo, usandoasupersti!oparafa%eroscostumesmotivodechacota# 8teatroconsagrado a @'nus igualmente de Iacchus3 estes dois demFnios da embriague% edo vcio est!o alinhados em andam juntos# $ambm o palcio de @'nus ao mesmotempo santurio de Iacchus# Com efeito, certas representa+es teatrais se chamavamantigamente jogos liberais, n!o somente porque, dedicados & Iacchus, eram a mesmacoisa que os dionisacos dos Hregos, mas ainda porque tinhamIacchus comofundador# De resto, Iacchus e @'nus n!o reinam menos sobre as artes auxiliares da cena#8smiserveishistri+esdedicamosgestostpicosdainfamecFmica5osgestosemovimentos dissolutos do corpo 5 a @'nus e a Iacchus, ambos deuses dissolutos3 elapor pervers!o sexual, ele por pantomimas impudicas e afeminadas# *uanto o resto 5 mBsica, versos, instrumentos e lira 5, est tudo sob a guardados2pollos, :usas, :inervas, :ercBrios# DiscpulodeJsusCristo, n!oodiarsasfrivolidades cujos autores s) podes odiar,*ueremosagoradi%erumapalavradasartesedasinven+escujosautoresodiamosemseuspr)priosnomes# 8snomesdosmortos, n)ssabemos, nadas!o,assim como suas imagens# :as n)s n!o ignoremos quais s!o os que, sob estes nomese estes simulacros de emprstimo, go%amdas honras que recebemcomo asdivindades que 1ngem ser3 os espritos daninhos ou demFnios# @emostambmqueasa+esteatraiss!oconsagradas&honradosqueseapropriaramdos nomes deseus inventores, equeest!omachadas por idolatriaquando seus inventores s!o por esse mesmo motivo vistos como deuses# $em mais3 quanto ao que se refere a estas artes, deveramos voltar ainda maise estabelecer que os demFnios, prevendo desde a origemque o pra%er dosespetculos seria uma forma de levar o mundo & idolatria, inspiraram os homens deg'nioainventarestasartescriminosasa1mdeafastarohomemdeseuCriador,colhendo elogios terrenos# (ois apenas os demFnios planejariam o que voltaria & gloria deles/ (ara ensinaresta ci'ncia fatal, n!o empregariam outros agentes que os homens sob cujos nomes eimagens e fbulas se propunham a enganar o universo em proveito pr)prio# J.@# 2gora, tendo estabelecido que a idolatria est ao fundo de todo espetculo,motivo su1ciente para renunci0los, demonstremos a quest!o mais a fundo embenefcio de quem se ilude ao acreditar que tal renBncia n!o exigida# $aldesculpa sugere que o ju%o n!o passado sobre espetculos,mesmo asluxBrias do mundo sendo condenadas# :as, assim como h uma concupisc'ncia pelodinheiro, pelas honras da vida, pelo comer glut!o, pelas volBpias da carne, pela fama,o pra%er tambm tem sua concupisc'ncia# 6 os espetculos constituem um tipo depra%er6ntreasmuitasconcupisc'ncias, aomeujulgamento, est!oospra%eres# Damesma forma, entre os muitos pra%eres est!o os espetculos# CAP'TULO +(Dalando da nature%a destes lugares, dissemos que n!o sujam por eles mesmos,mas pelas coisas quesepassaml3 umave%quebebemovenenodainf"mia,tambmoespalhamsobreosespectadores# 2idolatria, n)sodemonstramos, oprincipalmotivo que os condena3 provemos agora que todo do qualse comp+em contrrio aos preceitos de Deus# Deus nos instrui a acolher com tranqCilidade, doura e calma o 6sprito Santo,que da sua nature%a 4 terno e suave,; sem ofend'0lo pela fBria,pela c)lera,pelavingana e pela dor#Comopoderiao6spritoSantoent!oseadaptaraosespetculos, quenuncapassamsemperturbar aalma,8ndehpra%er hpaix!o7 sen!oopra%er seriainspido# 8nde h paix!o, chega tambm & inveja7 sen!o a paix!o seria inspida# 8ra, ainveja arrasta com ela a fBria, a vingana, a c)lera, a dor e outra prociss!o de paix+esque, surgidas destas, s!o incompatveis com nossa disciplina moral# (ois mesmo que umhomemassista a espetculos coma modstia e agravidade apropriadas &s suas fun+es, idade ou disposi!o, n!o poder v'0los semter a mente sedu%ida e a alma agitada por alguma agita!o silenciosa# -!o se sente um pra%er como este sem paix!o7 n!o se sente esta paix!o semsofrer seusdanosques!o, elespr)prios, estmulos&paix!o# (or outrolado, seapaix!o acaba, n!o h pra%er3 e ir onde n!o h o que ganhar uma a!o v! e estril# 6n!o acho que a+es v!s e estreis n!o nos convm# 6 n!o tambm verdade que umhomem condena0se mesmo quando senta com aqueles quais n!o quer e di% detestar# (aran)s, aabstin'ncian!obasta3 necessrioevitar mesmoaquelesquecometem tais atos# 4Se visses um ladr!o;, di% o profeta, 4correrias com ele#; 2grada aDeus que nos separamos deles nas coisas do mundo/ (ois o mundo de Deus, mascoisas do mundo est!o no demFnio# CAP'TULO +(Da mesma forma somos admoestados a manter0nos afastados de todo tipo deimpure%a# 2travsdessemandamento, ent!o, somosafastadostambmdoteatro,que a pr)pria casa da impure%a, onde nada ganha aprova!o a n!o ser o que n!o consentido em outros lugares# Aogo, ocharmedoteatroprodu%idoacimadetudopelasuaimundcie5imundcie que o ator das farsastransmite atravs de gestos7 imundcie dasexperi'ncias silenciosas por que passou o pantomimo em seu pr)prio corpo quandomeninopratornar0seumator eimundciequeommicoexibecomapar'nciademulher, acabando com toda e qualquer rever'ncia por sexo e senso do ridculo paraque assim eles se envergonhem e 1quem vermelhos mais rpido em casa do que nopalco7 e 1nalmente 2tmesmoasprostitutas, vtimasdodesejopBblico, s!olevadasaopalco,criaturas que se sentem ainda mais miserveis na presena de mulheres, as Bnicas dacomunidade que n!o sabiam de sua exist'ncia# 2gora elas s!o exibidas em pBblicodiante de pessoas de todas as idades e classes7 o endereo delas, o preo, o passados!oanunciados publicamente, atmesmoparaaqueles quen!oprecisamdessainforma!o, e tambms!o anunciadas coisas que deveriamlimitar0se aos seusquartos para assim n!o contaminar a lu% do dia# Deixem o senado corar, deixem todas as ordens corarem, deixem at mesmoaquelas mulheres que cometeram assassinato em sua vergonha corarem uma ve% aoanoquando, porseuspr)priosgestos, traemseumedodalu%dodiaeosolharesfu%ilantes das pessoas# 2gora, se temos que detestar todo tipo de impure%a, por que deveramos serautori%adosaouviroquen!osomosautori%adosadi%er, quandosabemosqueohumor depravadoetodapalavrav!s!ojulgadospor Deus,(or que, damesmamaneira, deveramos ser autori%ados a ver o que pecaminoso fa%er, (or que coisasfaladas pela boca que corrompem um homem n!o deveriam ser capa%es de corromperum homem quando esse tem acesso a elas pelas orelhas e olhos, j que as orelhas eos olhos s!o servos do esprito, e aquele de quem os servos s!o imundos n!o podea1rmar ser ele mesmo limpo, $emos, ent!o, oteatroproibidopelaproibi!odaimpure%a# -ovamente, serejeitamos o aprendi%ado da literatura mundial por ela ser considerada besteira diantede Deus, temos clara o su1ciente uma regra quanto aqueles tipos de espetculos que,emliteratura profana, s!o classi1cados como pertencentes ao palco cFmico outrgico# 2gora, se tragdias e comdias s!o sangrentas e maliciosas, mpias e grandescriadoras de indec'ncia e desejo, a apresenta!o detalhada do que abominvel ouimoral n!o diferente, n!o nem o que refutvel em obra nem o que aceitvelem palavra# CAP'TULO ++Desde ent!o, o homem pensando nessas quest+es, at mesmo sobre o protestoe apelo dos pra%eres, chega a conclus!o que essas pessoas deveriam ser privadas dosluxos de posi+es honrosas e exilados para alguma ilha infame, quanto maior n!o sera puni!o inGigida por Deus sobre aqueles que seguem essas pro1ss+es, 8u ir Deus deleitar0se no carroceiro, o perturbador de tantas almas , o ministrode todos os acessos de agita+es,ostentando sua coroa como um padre veste suabatina,vestido com cores alegres comoumcafet!o, vestidopelo Diabo comoumaridcula imita!o de 6lias a ser arrebatado em sua carroa,DicarDeusfeli%comohomemquealterasuasfei+escomumanavalha,alterando sua pr)pria apar'ncia e que n!o satisfeito ao fa%'0la parecer com Saturnoou .sis ou Aiber, alm disso a submete & indignidade de ser esbofeteada, como se emdeboche ao mandamento do Senhor, 8 Diabo, por segurana, tambm ensina que deve0se humildemente oferecer afaceparaser esbofeteada# Damesmaforma, eletambmfa%osatores trgicos1carem mais altos , atravs de altos sapatos,porque ningum pode adicionar nemmesmo um cBbito & sua estatura3 ele deseja fa%er de Cristo um mentiroso# -ovamente, pergunto se todo esse neg)cio de mscaras agrada a Deus, queprobe que se faa imagem & semelhana de qualquer coisa ainda mais de Sua pr)priaimagem, 8 autor da verdade n!o ama nada que engane7 tudo o que falso um tipode adultrio & sua vista# .gualmente, 6le n!o aprovar o homem que disfara a vo%, o sexo, ou a idade,ou quem 1nge amor, raiva, gemidos ou lgrimas, pois ele condena a hipocrisia# :aisalm,j queem Sualei6le estigmati%aohomem 4possudo; queveste roupas demulher, qual ser seu julgamento sobre os gestos de mulher que o artista treinado &fa%er, SemdBvidatambmoartistaquetrabalhacomperfura!osairileso# (oisaquelas cicatri%es e verg+es, marcas deixadas por luvas de boxe e aquelesincrementos sobre suas orelhas ele recebeu de Deus quando seu corpo estava sendocriado3 Deus lhe deu olhos para serem cegados durante as lutas# -!odigonadasobreohomemqueempurraoutroparaole!oparaparecermenos assassino que seu companheiro que depois corta a garganta dessa mesmavtima#CAP'TULO ++( De quantas maneiras esperado queprovemos que nenhuma das coisasligadas aos espetculos agradvel a Deus, 8u, porque n!o algo agradvel a Deus,n!o condi% com Seu servo, Se mostramos que todas essas coisas foram institudas para a causa do Diabo,efornecidapelosarma%ns, ent!oissorepresentaapompadoDiaboquerenunciamos no 4selo; da f# -enhuma comunh!o, entretanto, n)s devemos ter com o que renunciamos, sejapor palavra ou ato, seja olhando ou assistindo# 2lmdisso, se n)s mesmosrenunciamos e rescindimos o 4selo; ao tornar va%io nosso testemunho a ele, continuaaexistir, ent!o, paran)sapossibilidadedebuscarumarespostadoscus,Sim,deixem eles nos di%erem se permitido aos Crist!os irem a um espetculo# 8ra, paraeles esse o principal sinal da convers!o de um homem & f crist!, que ele renuncieaos espetculos# Aogo, umhomemque remove a marca pela qual ele conhecido, negaabertamente a sua f# *ue esperana resta a esse homem, -ingumfoge doacampamentodoinimigosemantes jogar foraarmas, desertandoseus padr+es,renunciandoseujuramentode1delidadeaseulder, esemcomprometer0seemmorrer com o inimigo# CAP'TULO ++(.r o homem, sentado onde n!o h nada de Deus, nesse momento pensar emDeus, 6le ter pa% em sua alma, eu suponho, ao torcer pelo carroceiro7 ele aprenderpure%a enquanto encara com fascina!o os atores de mmica# -!o, de fato, em todo tipo de espetculo ele n!o encontrar tenta!o maior doque aquele referente a cuidadosa vestimenta de homem e mulher# 2quelecompartilhamento de sentimentos e aquela concord"ncia ou discord"ncia sobrefavoritos afasta as fascas da luxBria de sua irmandade# Dinalmente, ningum ao ir ao espetculo tem qualquer outro pensamento sen!oo de ver e ser visto# :as, enquanto o ator trgico est declamando, nosso bom amigoprovavelmente lembraros apelos de algum profeta/ 6m meio & melodia do delicadoGautista, ele ir com certe%a meditar sobre um salmo/ 6 enquanto os atletas est!oenvolvidos nocombate, elecertamentedir que umtapan!odeveser respondidocom outro tapa/6le tambm estar, ent!o, na posi!o a deixar0se comover pela piedade, comseus olhos 1xos nos ursos quemordem, enos lutadores deredeenquantoelesrecolhemsuasredes# (ossaDeusimpedirentreosSeustal paix!opelopra%erdoassassinato# *uetipodecomportamento essedeir da assembliadeDeus para aassemblia do Diabo, do cu para o inferno, como se costuma di%er, 2quelas m!osque voc' levantou para Deus, agoras!o usadas para aplaudir o ator exaustivamente,(ara torcer por um gladiador com os mesmos lbios com os quais voc' disse 42mm;para o que h de mais sagrado, (ara clamar para sempre a qualquer outra pessoa quen!o Deus e Cristo,CAP'TULO ++((or que, ent!o, deveriamtais pessoas n!oestaremtambmsuscetveis &possess+esdemonacas,(oisn)ssabemosdocasodaquelamulher 5oSenhor testemunha 5 que foi ao teatro e retornou para casa com um demFnio#6nt!o, quando em meio ao exorcismo o esprito imundo foi duramente acusadode ter ousado de apoderar0se de uma mulher que era crente, ele respondeu1rmemente3 46u tinha todo direito de fa%'0lo pois a encontrei emmeu pr)priodomnio#;Sabe0se, tambm, que para outra mulher, durante a noite seguinte a que elatinhaouvidoumator trgico, umamantafoi0lhemostradaemumsonho, eumarepreens!o foi0lhe feita, mencionando o ator trgico pelo nome7 aquela mulhertambm n!o permaneceu viva depois de cinco dias# -a verdade, quantas outras provas podem ser adicionadas por aqueles que , aoassociar0seaoDiabo nos espetculos, temseperdidodoSenhor# (ois 4nenhumhomem pode servir a dois mestres#; 4*ue comunh!o tem a lu% com as trevas,; 8 quetem a vida haver com a morte,CAP'TULO ++(Devemos odiar aquelas reuni+es dos cus, j que l o nome de Deus blasfemado, l o apelo para soltar os le+es em cima de n)s acontece todos os dias, lpersegui+es tem sua origem, por esta ra%!o tenta+es s!o deixadas livres# 8 que voc' far quando estiver preso em meio ao surgimento de uma ondapecaminosa de aplausos, -!o que voc' possa vir a passar por qualquer coisa ruim nasm!os dos homens , mas leve emconsidera!o como voc' se sairia nos cus# @oc' duvida que no momento exato em que o Diabo est enfurecido em suaassemblia, todos os anjos vigiam desde os cus e anotam cada indivduo que disseblasf'mia, ou que a escutou, que empregou sua lngua e suas orelhas ao servio doDiabo contra Deus,.rvoc', ent!o, deixar deevitar osassentosdosinimigosdeCristo, aquela4cadeira de pestil'ncia; e o pr)prio ar que est sobre ela e est poludo com clamorespecaminosos, 6uadmitoquetenslalgumas coisas ques!odoces, agradveis,inofensivas e at honrveis# -ingum saboreia veneno com fel e ervas7 nos pratosmais picantes, saborosos, e mais doces que ele libera aquele material nocivo# 6nt!o,tambm,o Diabo coloca no mortaldesenho que prepara os mais aceitveis e bemvindos presentes de Deus# @oc' encontra tudo l, seja valoroso ou honrvel ou harmonioso ou melodiosooutenro, comogotasdemel emumboloenvenenado, en!oconsiderequeseuapetite pelo pra%er vale o perigo que voc' corre nessa doura# CAP'TULO +++6 1nalmente, se voc' pensa que est destinado a passar essa vida aosdesfrutes, por que voc' t!o ingrato ao n!o se dar por satisfeito com tantos e t!orequintados pra%eres dados a voc' por Deus, e porque n!o os reconhece, (ois o que maispra%erosodoqueareconcilia!ocomDeus, nosso(ai eSenhor, doquearevela!odaverdade, oreconhecimentodoserros, eperd!opor t!olamentveispecados cometidos no passado,*ue maior pra%er h do que a avers!o ao pr)prio pra%er, do que o despre%o queo mundo pode dar, do que verdadeira liberdade, do que uma consci'ncia pura, do queuma vida contente, do que estar livre do medo da morte,2ndar abaixodosdeusesdocu, expulsar demFnios, efetuar curas, buscarrevela+es,viver para Deus 5 esses s!o os pra%eres,esses s!o os espetculos dosCrist!os, santos, eternos e livres da culpa# -esses espetculos encontre seus jogos decirco3veja o curso do mundo, conte as gera+es que tem passado, tenha em mente ameta da 1nal consuma!o, defenda a uni!o entre igrejas locais, acorde diante do sinalde Deus, levante0se diante da trombeta do anjo, glori1que nas palmas das m!os domrtir#Se as reali%a+es literrias do palco te d!o grande pra%er,n)s temos nossaspr)prias reali%a+es, versos e mximas su1cientes, tambmtemos mBsicas emelodias o bastante7 e nossas obras n!o s!o fbulas, s!o verdades, n!o s!o artifciosda arte, s!o claras realidades#@oc'desejacompeti+esdeboxeelutaromana,2qui est!oeles0 lutasconsiderveis, e emgrande nBmero# @ejama impure%a ser sobrepujada pelacastidade, a descrena derrotada pela f, a crueldade esmagada pela miseric)rdia, odescaramentocolocadoassombraspelamodstia# Dessetipos!oascompeti+esentre n)s, e nelas ganhamos nossas coroas# @oc' tambm quer sangue, @oc' tem osangue de Cristo#CAP'TULO +++2lmdisso, umgrandeespetculojestpr)ximo0 asegundavindadoSenhor, agora sem, sombra de dBvidas, exaltado e triunfante/ *ual alegria n!o ser ados anjos, que gl)ria dos santos ao serem elevados novamente/ *ue grande reino, oreino da eternidade# *ue grande cidade, a nova Jerusalm/ :as ainda existem outros espetculos que est!o por vir 5 o dia do JulgamentoDinal com seus assuntos eternos, que os cus n!o desejam t!o cedo, o objeto de seudesagrado, quandoaavanadaidadedomundoetodasassuasgera+esser!oconsumidas em uma 1la# *ue grande panorama de um espetculo se dar nesse dia/ *ual vis!o avivarminhacuriosidadeeinteresse,*ual avivarmeuriso,8ndeirei eumerego%ijar,aonde exultarei5 ao ver tantos e t!o grandes reis, dos quais a ascens!o aos cuscostumavaser comunicadaempronunciamentospBblicos, agorajuntodeJupiter,junto com as pr)prias testemunhas de suas ascens+es gemendo nas profunde%as daescurid!o, Hovernantes de provncias tambm, que perseguiram o nome do Senhor,queimando em chamas maiores do que as que eles mesmos usaram em sua ira contraos Crist!os desa1ando0os com despre%o, *uem mais deverei eu avistar, 2queles sbios 1l)sofos envergonhados diantede seus seguidores ao serem todos juntos queimados, seguidores ensinados por elesque o mundo n!o interessava a Deus, garantiam que n!o tinham almas ou que asalmas quetivessemnuncaretornariamaos seus corpos deorigem, $ambmospoetas, tremendo, n!o diante do jui% Khadamanthus ou :inos, mas sim de Cristo comquem eles n!o esperavam encontrar#6nt!ovalerapenaouvir osatorestrgicos, maissonorosemsuapr)priacatstrofe7 eent!oserconvenienteassistir aoscomediantes, maisinclinadosaofogo7 ver o carroceiro todo vermelho em sua roda Gamejante7 observar os atletas, n!oem seus ginsios, mas lanados de uma lado para ooutro pelo fogo 5 a menos que eun!o queira olhar para eles nem naquele dia, mas iria preferir lanar um olhar vidosobre aqueles que proclamaram sua raiva do Senhor# 46ste 6le;, eu direi, 4o 1lho do carpinteiro e a meretri%, o que n!o guarda o diado sbado, o Samaritano possudo# 6ste aquele que voc's compraram atravs deJudas, que foi atingido por chicote e punho, sujo por cuspe, recebendo vinagre parabeber# 6ste aquele que os discpulos secretamente retiraram para difundir a hist)riade Sua ressurrei!o, o qualo jardineiro removeu para que suas alfaces n!o fossemtripudiadas por uma multid!o de id)latras curiosos#;*uepretor, cFnsul, procuradoroupadrepoder, emtodasuamagni1c'ncia,conferir a voc' o direito de avistar e alegrar0se em tais vis+es, 2inda que tais vis+esestejamaoalcancedenossavistapelafnarevela!odoesprito# :asquaiss!oaquelas coisas que 4olho n!o viu, nem ouvido ouviu e as quais n!o entraram ainda nocora!o do homem,; 2credito eu que sejam coisas de maior deleite do que o circo, osdois tipos de teatro e o estdio#