Território Plural resumo
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Nome: Luísa Ferreira Primo
Turma: NFIC/ Tarde
Professora: Walquíria
Disciplina: História da Educação
Resumo
Território Plural
A pesquisa em história da educação
Belo Horizonte
2015
Referência
GALVÃO, Ana Maria de Oliveira; LOPES, Eliane Marta Teixeira.
Território Plural A pesquisa em história da educação. S.P: Ática,
2010. C1,C2,C3, P.11-81 .
Introdução
Os temas escolares como: educação, ensinar, aprender, livro,
professor, aluno fazem ou fizeram tanto parte do nosso cotidiano que
temos por mania, força do hábito ou impulso tornar todo esse universo
escolar em uma coisa natural, normal, incapaz até de nos surpreender
ou de nos causar estranheza.
Muito do que faz parte da educação como um todo ainda é pouco
explorado ou desconhecido pelos pesquisadores e próprios professores
que mesmo sendo uma das peças que compõe esse quebra-cabeça se
encontram perdidos por não saberem identificar o que cada parte
significa na escola. O que é ensinar? O que é aprender? A importância
da leitura e da escrita.
É tarefa da história nos proporcionar esse olhar para o outro, para
o que está distante da nossa realidade, tempo e espaço. É ela que nos
possibilita ter a visão mais ampliada para inúmeros aspectos diferentes e
nos ensina a compreender melhor a nós mesmos e as diferentes
culturas. Outros meios (cinema, teatro...) também constroem uma ponte
para podermos ter acesso a vários mundos diferentes.
Para tal ampliação de conhecimento, é necessário que não
percamos a sensibilidade, a disposição, a disponibilidade comparar,
analisar e interpretar os por quês de tudo em épocas distintas. E para se
fazer história as ferramentas de trabalho são a disposição para leituras,
saber ver, perceber, distinguir, escutar e repassar a informação sem
floreios. A problematização da história seria justamente os por quês,
para que, onde, quando e como sobre tudo.
O papel da história é questionar. Ela não assume essa postura
julgadora e ao invés disso esmiúça todo o passado e retira dele lições
proveitosas para o presente e o futuro. Se compreendemos os
problemas de hoje o mérito é todo da história.
História da educação: uma disciplina, um campo de
pesquisas
O primeiro capítulo traz questionamentos sobre: - Como surgiu a
disciplina história da educação? Como ela se desenvolveu? Por que é
um campo de pesquisas? Também delimita como objetivo identificar as
características que a marcaram e deram a ela os contornos atuais.
Uma história do campo: os enfoques tradicionais
A disciplina história da educação nasceu no final do século XIX,
onde se desenvolveu nas escolas normais e depois nos cursos de
Pedagogia e faculdades de Filosofia. Ou seja, a história da educação
não se desenvolveu como área da história. No que diz respeito a
história, a educação é um objeto pouco pesquisado mas isso vem
mudando de acordo com as novas pesquisas historiográficas.
No Brasil em meados do século XIX e início do século XX já
haviam escritos sobre essa disciplina por membros do IHGB. Em 1928 a
história da educação foi incluída no currículo da Escola Nova e diversos
materiais didáticos foram produzidos para o seu ensino.
Esse caminho percorrido por esse disciplina trouxe
consequências importantes para o modo de se ensina-la e pesquisa-la.
Na educação a disciplina está marcada como caráter utilitário na
formação dos professores e suas necessidades e para com os alunos e
a escola de uma maneira geral.
Para a pedagogia a história é a ponte que liga o passado o
presente e o futuro e nos ajuda a resolver certas inculcações. Mas teria
a história todo esse poder? Como julgar o que não vivenciamos? Será
que estamos sempre em evolução? Como julgar decisões que fizeram a
história?
Características institucionais e tendências temáticas
Essa necessidade de solucionar problemas da prática foi o que
fez com que a História e a Filosofia fossem deixadas de lado e
consideradas menos importantes para a educação perdendo espaço
para a Psicologia, Biologia e Sociologia, onde a história acabou virando
coadjuvante.
Filosofia e História caminham juntas até hoje e rendem bons
frutos. Como por exemplo, a separação institucional das duas áreas,
pois antigamente elas eram uma só chegando a ser denominado de
“Fundamentos da Educação” Outro aspecto é o etos religioso que a
educação e a história da educação carregam. Muitos professores e
autores de livros eram membros ou ex-membros da igreja católica, onde
eram tidos como portadores da solução de todos os problemas. Mesmo
não concordando com isso queremos compreender a realidade e
transforma-la. Um terceiro ponto seria da dificuldade de se construir um
caminho na área de pesquisa. Com o decorrer dos anos essa realidade
mudou, os campos de pesquisas foram se ampliando e multiplicando.
Ganharam forma e a história alcançou o caminho da pesquisa.
Muitas pesquisas na área da educação expunham o que deveriam
ter ocorrido e não o que de fato aconteceu. Tratava-se muitas vezes de
um passado educacional do que se almejava, mas não de uma
realidade.
Para que o pesquisador se torne um historiador é necessário que
ele mergulhe no mundo da história e se aprofunde em todos os
conhecimentos entre teorias, métodos, objetos de estudo, arquivos... É
importante que se insista nesses aspectos questionadores da história,
pois ela se tornou um campo fértil, onde não necessariamente quem
escreve sobre ela ou relacionada a ela é pesquisador e sim produziram
esse tipo de escrito em algum momento aleatório da vida.
A inserção da disciplina no Brasil foi muito difícil. Demandava
muito esforço da parte de quem queria pesquisa-la, pois parte do já
havia sido escrito sobre ela vieram de fontes secundárias, foram
baseadas em outros escritos, sendo esses por sua vez resumos sem
pesquisa histórica propriamente dita.
A história da educação foi bastante influenciada pelo Marxismo
nas décadas de 70 e 80 onde se renovou e obteve novos objetos de
pesquisa. Uma dessas contribuições foi situar a educação em relação a
aspectos econômicos, sociais e políticos das sociedades. Outra, seria os
grupos sociais considerados responsáveis pelos fatos educativos.
Os pesquisadores usavam os aspectos econômicos e políticos
para explicar quase tudo que se referia a educação, deixando de lado a
questão da necessidade de se conhecer o objeto. A elite dominante
explicava tudo, mesmo obtendo avanços os obtiveram de uma forma
superficial e simplória.
Além de tudo isso alguns historiadores ainda tendem a contar os
fatos apagando possíveis retrocessos, ambiguidades... Dando a
impressão que o processo histórico caminha sempre em direção ao
progresso.
A história tradicional buscava julgar os pensadores e movimentos
tradicionais. Essa realidade foi transformada por influência do Marxismo
onde se separaram os bons dos maus. Quem era julgado negativamente
caía no esquecimento e não merecia ser estudado. Se tudo que
falassem tivesse indícios Marxista tudo estaria bem e pouco importava
os aprofundamentos e que problemáticas pudessem suscitar
Outras tendências historiográficas e a história da educação
Três tendências influenciaram decisivamente o campo da história
da educação, contribuindo para sua renovação. São elas: a história
cultural, a história social e a micro história.
A história cultural surgiu no fim dos anos 60 e se interessava
pelos aspectos econômicos sociais e culturais da sociedade. Valorizava
os sujeitos esquecidos da história. Sentimentos, emoções e
mentalidades também passaram a fazer parte desse contexto.
A história social centrava-se no papel da ação humana, coletiva,
social na história. Onde segundo Hebe Castro é possível identificar
três domínios que se pode notar mais claramente a história social: a
família, o trabalho e o Brasil colonial com a escravidão.
Já a micro história tem referências em outras tendências. Baseia-
se em uma observação minuciosa, descritiva e detalhada de todos os
fatos, podendo revelar fatos antes não descobertos.
Essas tendências influenciaram no modo como o qual a história
da educação estudava, pesquisava e visava compreender o sistema
escolar. Influenciou na inovação na escolha de objetos de estudo e na
incorporação de outras áreas das ciências humanas que hoje são
consideradas imprescindíveis para compreender o passado.
As tendências historiográficas deixaram o campo da história da
educação pronto para que novas sementes fossem espalhadas, porém
deixa uma ressalva para que as pesquisas não caiam num imenso vazio,
sem rigor.
Cabe ao pesquisador saber usar as informações, saber
questionar. Quanto mais ele for capaz de associar essas informações
com os estudos já realizados mais capacidade de chegar perto da
verdade ele terá.
Histórias da educação novos objetos
História do ensino
Esse campo de estudos amplia suas fontes lançando novos
olhares para os mesmos objetos ou para as mesmas fontes. Tinham
ponto de vista limitado, pois se acreditava que ao conhecer o contexto
automaticamente se conheceria a escola.
Os historiadores da educação cada vez mais percebem que para
entender os processos de ensino nas diferentes épocas é preciso captar
o dia a dia da escola de outros tempos, os métodos de ensino, os
materiais didáticos utilizados, as relações professor aluno, os conteúdos
ensinados, os sistemas de avaliação e punição.
Essas pesquisas mostram que a pratica escolar é aquela que
menos sofre mudanças na história da educação. Algumas coisas,
praticas, tendências, permanecem e se perpetuam ao longo dos anos. A
inserção de mulheres e meninas nos sistemas de ensino, a educação
rural dos indígenas, a coeducação, a formação de professores e a
escola como lugar de transmissão de conhecimento, é que influenciaram
os avanços que por sua vez foram influenciados pela sociologia e pela
antropologia.
Os historiadores da educação investigam a fundo o porquê da
escola ter sido transformada em local de transmissão do saber nas
diferentes sociedades e épocas. - Como foi implantada a rede escolar?
Quais os métodos e meios utilizados para repassar o conhecimento?
Como era a formação dos professores? Quem tinha acesso ao ensino?
Como eram os espaços escolares? -São indagações pertinentes para a
construção do caminho percorrido pela escola do ensino.
História dos intelectuais e do pensamento pedagógico
A história dos intelectuais e do pensamento pedagógico é também
realizada com base em novas abordagens e novas fontes.
Os pesquisadores interessam-se pelas disputas travadas entre os
diversos representantes de um movimento para fazer as ideias de
alguns serem mais legitimadas que as de outros. Passaram a investigar
influências de outros autores e formações, estudam os poucos
evidenciados e destacam as especificidades de cada movimento. Os
estudos discutidos aqui além das ideias pedagógicas são os processos
de formação intelectual, como se deu a formação desse sujeito, o papel
da imprensa.
Essa história além dos livros de pensadores, as
correspondências, artigos, autobiografias, discursos, são objetos de
estudo sempre tentando compreender esse processo de circulação e
produção.
História da alfabetização, do livro e da leitura
A história da alfabetização do livro e da leitura começaram a ser
pesquisadas na Europa com o objetivo de identificar a distribuição
territorial da alfabetização em alguns países. Davam ênfase as
assinaturas existentes nos testamentos, atos de batismo e registro de
tratamento; eles então juntavam esses dados com outras variações
como sexo, origem rural ou urbana, ocupação ou religião.
E com base na caligrafia eles identificavam se o sujeito tinha
maior ou maior afinidade com a leitura. Em muitos casos o domínio da
leitura não era acompanhado de um domínio da escrita. As pessoas
sabiam ler, mas não sabiam escrever e vice-versa. Aos poucos vão
ampliando essas fontes e as assinaturas dão lugar a autobiografias, atos
judiciários e depoimentos orais.
Também de caráter questionador essa história propõe várias
indagações com relação ao papel da escola nesse cenário de
transmissão de leitura e escrita, como quem não tinha acesso a escola
tinha acesso à leitura e escrita? Então outras fontes foram sendo aceitas
para a construção dessa história. Já sobre o livro a questão também
está em como, porque e para que se lê.
A conclusão que se queria chegar seria em que contextos e com
que funções a leitura e a escrita eram utilizadas.
História das crianças e dos jovens
Não tem como se falar de história sem falar da história dos jovens
e crianças.
Airès em seu livro lançado no Brasil em 1978 com o titulo de
História Social da criança e da família é que transforma a infância em
representação do objeto histórico.
Para contar essa história eram feitas pesquisas em registros
paroquiais e recenseamentos populacionais. Essas pesquisas
contribuíram, por exemplo, com o surgimento das praticas
contraceptivas.
A criança com as mudanças no estatuto da infância passou a ser
reconhecida com um ser dotado de identidade própria , que requer
cuidados e atenções especiais. As famílias começaram a reduzir o
número de filhos pra preservar essa privacidade, onde a criança ocupa
parte importante da família. A história da criança não pode se resumir
em taxas de natalidade e mortalidade e precisa ser compreendida nas
praticas familiares.
A história das crianças era contada por adultos, por causa da
escassez de registros que as mesmas deixavam. As crianças eram
consideradas mudas da história, mas a realidade é que a sociedade é
que era surda para elas. De acordo com essas afirmações os adultos
recontavam as histórias das crianças a partir de arquivos de hospitais,
brinquedos, roupas... Mas essas histórias tratavam-se de como tratar e
ou cuidar de uma criança e não sobre o cotidiano, os sonhos, o dia a dia
da criança. Quem tinha essa convivência mais direta com elas é que
estava apto para fazer tais registros.
A partir dai cruzava-se informações na medida em que as
informações iam sendo mais detalhadas, se diferenciando. A ausência
da própria criança não deixar marcado seu legado é por conta da
sociedade e da maneira como são julgadas inferiores. Preservar suas
redações, seus diários e não trata-las como objeto e sim como sujeito
integrante daquela sociedade, daquele fato histórico ajudou a construir a
história das crianças.
A história da juventude é um pouco mais complexa pelo fato de
não conseguir definir o que é a juventude. Como qualquer outra história
ou fase da vida esse momento é transitório. Ser jovem é estar dividido
entre a criança dependente e o adulto autônomo. A juventude não era a
mesma para homens e mulheres e outras diferenciações. Logo, existem
várias histórias da juventude. Para se entender e se falar sobre a
juventude é preciso pesquisar tudo o que esse universo engloba para só
aí sim chegar ao caminho para se construir a história da juventude.
História das Mulheres
Começa a ganhar voz nos anos 60 e 70 com a luta das mulheres
por direitos iguais no movimento feminista. Inseriram-se no mercado de
trabalho em áreas que eram dominadas por homem como as
engenharias medicina e direito. Publicaram seus diários íntimos e livros;
alcançaram a liberdade. A mulher agora era dona de si, do seu corpo e
seu destino.
Sempre houve uma educação diferenciada para meninos e
meninas. O masculino era tido como universal. A partir dos anos 80 uma
nova categoria (o gênero) surgiu e passou a ser estudado, sendo temas
de teses, dissertações em pós-graduação sendo fundamental para a
interpretação e por outro lado investigavam a mulher e seus vários
papeis na sociedade. Inserir as mulheres como professoras apesar do
que parece não foi tarefa fácil.
Na história eram sempre os homens que falavam, esquecendo-se
da importância da mulher e que foram elas que sempre ensinaram sobre
tudo, a andar, a falar, vestir, comer entre outras coisas.
Ao longo dos anos a cultura vem domando e domesticando as
mulheres, numa ilusão de que as mesmas eram monstros portadores da
cobiça, do pecado da carne, capaz de atrocidades se não for regulada,
domesticada. Todos os seus sonhos e desejos deveriam ser convertidos
para a maternidade. As mulheres que fugissem dessas regras eram
consideradas bruxas que deveriam ser domadas. É por causa dessas
mulheres que eram mães, esposas, guerreiras que conquistamos
nossos direitos. É por causa delas que hoje somos mães, esposas e
ainda trabalhamos fora. Elas que mostraram outro tipo de educação. A
educação somente pode ser compreendida em outros tempos e espaços
quando pensada também como lugar de constituição de homens e
mulheres.
Fontes para uma história da educação
A história da educação é uma das maneiras de abordar o
presente tornando-o estranho para que possamos compreendê-lo.
O passado nunca será plenamente conhecido e compreendido.
Podemos apenas entender seus fragmentos e incertezas.
A matéria-prima que o historiador utiliza para reconstruir o
passado e par fazer história são as fontes.
Em geral o significado dessa palavra carrega essa ideia de
surgimento e espontaneidade. Mas a fonte historiográfica não tem um
caráter espontâneo, porque o objeto que a história trabalha está ao
mesmo tempo disponível e indisponível. Estão aí para que qualquer um
veja só que elas tem de ser procuradas.
A escolha das fontes
O que determina quais serão as fontes é justamente o problema
em questão. Quais materiais serão selecionados? E antes dos
historiadores quem os selecionou? - Nesse processo nem todos os
materiais servem. Outras pessoas que cuidaram dos documentos não
interferem na escolha das fontes? – Todas essas questões tornam a
história um saber em pedaços; por só contar aquilo que foi possível
saber a respeito do que saber.
Até os anos 30 pelo tipo de história que se fazia, fontes eram
apenas os documentos escritos se origem confiáveis. Para fazer história
política, por exemplo, eram escolhidos os documentos “oficiais”. Mas
com as mudanças tudo que o homem produzia (gostos, costumes,
maneiras de ser e agir...) eram consideradas fontes para se escrever
história.
Algumas fontes
Até bem pouco tempo atrás as pesquisas seguiam duas linhas
uma investigativa sobre as transformações escolares e outra estudiosa
do pensamento pedagógico.
Por causa dessas pesquisas apenas as fontes oficiais escritas
(legislação e atos do poder executivo, discussões parlamentares, atas,
relatórios escritos por autoridades...) eram consideradas matéria-prima
do historiador.
Os historiadores afirmavam que história se faz com tudo o que
acontece ao seu redor e que nem sempre as fontes oficiais poderiam ser
consideradas seguras e confiáveis, além de serem muitas vezes
insuficientes. É impossível conhecer o cotidiano escolar só pelos escritos
das autoridades.
Dois pontos nos levam a crer que não estamos refazendo os
passos dos nossos ancestrais para conhecer a vida escolar
antigamente. O primeiro deles é que há uma ampliação de fontes no
interior desses dois grandes conjuntos. Tanto a documentação oficial
quanto as obras de intelectuais usadas como fontes são mais
diversificadas do que antes. O segundo, mesmo quando se utilizam
fontes tradicionais, há um movimento de “idas aos arquivos” e com ele a
exploração de uma documentação menos conhecida e convencional.
Isso pode sinalizar uma renovação da pesquisa histórica.
Além disso, os pesquisadores têm insistido na necessidade de
problematizar as fontes. Evita-se fetichizá-las, ou seja, acreditar que elas
possam falar a verdade. Além do mais, a totalidade das fontes é
inapreensível: o pesquisador nunca saberá se achou todas as fontes, ou
se todas se perderam.
Espaços e objetos escolares
Os objetos utilizados na escola têm se tornado uma fonte
fundamental nos estudos de história da educação. Esses objetos podem
fornecer ao pesquisador indícios de como eram os métodos de ensino, a
disciplina, o currículo, os saberes escolares, a formação de professores
etc.
A sensibilidade do pesquisador é convocada, tanto quanto seu
rigor metodológico, para analisar o que ele tem em mãos. Ele tentará
não deixar nenhuma pergunta de fora, mesmo quando se trata de um
objeto banal. Todas as perguntas quando respondidas, oferecerão
dados em direção daquilo que se põe como questão principal da
pesquisa. Ao historiador, mesmo que seja em colecionador de
antiguidades, o valor do objeto virá sempre da relação que se pode
estabelecer entre ele e a problemática central da pesquisa.
O ordenamento dos espaços faz parte da história da própria
instituição escolar. Por isso é que a arquitetura vem sendo, cada vez
mais considerada fonte para entender os processos educativos. Ela é ao
lado de outros dispositivos, uma maneira de forjar homens e mulheres.
A iconografia também vem sendo considerada um elemento
importante, digno se der incorporado aos trabalhos de história da
educação.
Obras literárias, autobiografias, correspondências, diários
íntimos, relatos de viagem, jornais e revistas
A escola, as relações escolares, as brincadeiras e o mundo
infantil são objetos de pesquisa nas ciências humanas e sociais. Em
história da educação, esse tipo de fonte começa a ser mais bem
aproveitado e tem feito emergir do desconhecido o cotidiano das
escolas, as formas de socialização, os vestuários, as relações- tudo que
faz parte da vida das pessoas.
A exploração das fontes literárias permite a descoberta de
mundos completamente diferentes daqueles exibidos por outro tipo de
texto escrito.
As fronteiras entre ficção e verdade são consideradas cada vez
mais tênues no âmbito das ciências humanas.
As relações entre literatura e história são caracterizadas pela
tensão e não pelo reflexo ou pela correspondência direta.
As literaturas, autobiografias exigem que o pesquisador se anule
para evitar confusões. As correspondências e diários são bem
produtivos, pois são parte da vida particular das pessoas. Devem tomar
certo cuidado com os diários porque são o lugar dos sonhos, das
fantasias, foram escritos por meninas/mulheres e nem sempre o que
esta registrado ali é verdade.
Os viajantes por sua vez oferecem descrições por olhos que se
espantam, se surpreendem, do que foi o Brasil do século XVI ao XIX.
Já os jornais e revistas por serem utilizados a mais tempo gozam
de maior prestigio nas pesquisas. Inclusive os jornais de escola eram
estudados.
A história oral
É a história em que a fonte é a fala. Ouvir passou a ocupar um
lugar bastante importante na historiografia.
Ouvir e escutar são gestos diferentes. Quando se ouve sente- se
no ouvido a impressão do som. Escutar é estar atento as palavras. Uma
escuta sensível é aquela em que o ditado é levado a sério: o
pesquisador de si ouve.
A empatia entre aquele que dá um depoimento e aquele que
escuta deve ser levada em conta no trabalho. É preciso que o outro
saiba que o interesse não está apenas em realizar o trabalho, mas em
desvelar um problema do qual faz parte.
A memória é seletiva e os depoimentos mudam com o tempo,
além de os entrevistados falarem o que imaginam que devem falar para
o interlocutor específico.
O retalhamento da voz é necessário, mas é preciso manter na
medida do possível a inteireza de cada depoimento.
Aqui também existe o cruzamento de fontes, onde o historiador
corre menos risco de considerar as entrevistas como “a voz” daqueles
que não podem falar. Os depoimentos que o pesquisador recolhe devem
ser submetidos ao mesmo tratamento que se da às outras fontes
documentais.
O tratamento das fontes
Procura-se cada vez mais desmistificar o documento. O ponto de
partida não é a pesquisa de um documento, mas a formulação de um
questionamento.
O documento em si não é nem faz história. São as perguntas que
o pesquisador tem a fazer ao material que lhe conferem sentido.
Enquanto houver perguntas o material não estará suficientemente
explorado. Por isso é que se diz que uma fonte nunca está esgotada e
que a história é sempre reescrita.
O trabalho como as fontes exige, antes de tudo, paciência. Um
trabalho é mais rico e mais confiável quanto maior for o número e a
variedade de fontes a que o pesquisador recorre e quanto mais rigor se
empregue no confronto entre elas.
O que se exige, portanto, é um trabalho de compreensão e de
interpretação. O cruzamento de fontes pode também ajudar o
pesquisador a controlar a própria subjetividade. Porém podem colocar
dúvida sobre o significado daquilo que vimos. Assim o pesquisador
procura outras fontes e outras fontes tornando o trabalho do historiador
infinito.
O pesquisador deve criar um método para explorar cada
documento e ao mesmo tempo, o conjunto dos documentos. O
imprescindível é dar inteligibilidade ao material disponível. Estabelecer
categorias evita que os documentos sejam meramente descritos.
Ampliando a noção de documento e fonte, somos obrigados a incluir o
gênero, raça, geração e classe social. Depois que se categoriza,
explora, associa, questiona é que o historiador interpreta o passado mas
o resultado de sua pesquisa é mais fruto da linguagem do que da
pesquisa histórica.