Territorialidades Educadoras na Construção de Velhices com Qualidade

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116 TERRITORIALIDADES EDUCADORAS NA CONSTRUÇÃO DE VELHICES COM QUALIDADE Marcia Regina Medeiros Veiga Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, Instituto de Investigação Interdisciplinar, Universidade de Coimbra – Portugal [email protected] António Manuel Rochette Cordeiro Departamento de Geografia, Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra – Portugal [email protected] Sónia Cristina Mairos Ferreira Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra – Portugal [email protected]

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A partir do conceito de “territorialidades”, entendido, sucintamente,como as dinâmicas sociais, económicas, políticase culturais desenvolvidas em cada território, propomos,neste artigo, uma discussão teórica sobre educaçãoao longo da vida como um importante pressuposto para aqualidade de vida na velhice. Assim, esta discussão estápautada em três eixos: o primeiro centra-se na problematizaçãoda velhice e dos sujeitos idosos na contemporaneidade,buscando uma definição de quem são tais sujeitos. Osegundo eixo envolve a discussão e conceptualização sobreterritórios e territorialidades. Finalmente, o terceiro discorresobre a questão da educação ao longo da vida voltadaaos idosos/as.

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    TERRITORIALIDADES EDUCADORAS NA CONSTRUO DE

    VELHICES COM QUALIDADE

    Marcia Regina Medeiros VeigaCentro de Estudos Interdisciplinares do Sculo XX, Instituto de Investigao Interdisciplinar, Universidade de Coimbra Portugal

    [email protected] Manuel Rochette Cordeiro

    Departamento de Geografia, Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra [email protected]

    Snia Cristina Mairos FerreiraFaculdade de Psicologia e Cincias da Educao da Universidade de Coimbra Portugal

    [email protected]

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    ResumoA partir do conceito de territorialidades, entendido, su-cintamente, como as dinmicas sociais, econmicas, po-lticas e culturais desenvolvidas em cada territrio, propo-mos, neste artigo, uma discusso terica sobre educao ao longo da vida como um importante pressuposto para a qualidade de vida na velhice. Assim, esta discusso est pautada em trs eixos: o primeiro centra-se na problemati-zao da velhice e dos sujeitos idosos na contemporaneida-de, buscando uma definio de quem so tais sujeitos. O segundo eixo envolve a discusso e conceptualizao sobre territrios e territorialidades. Finalmente, o terceiro dis-corre sobre a questo da educao ao longo da vida voltada aos idosos/as.

    Palavras-chaveVelhices; Idosos/as; Territrios; Territorialidades; Educao ao Longo da Vida.

    AbstractBased on the concept of territorialities, regarded briefly as being the social, economic, political and cultural dy-namics developed in each territory, our paper proposes a theoretical discussion on lifelong learning as an impor-tant requirement for achieving quality of life in old age. This discussion is structured along three main parts: the first one is focused on the problems of old age and of the el-derly at present, and seeks to define who these old people are. The second part focuses on the discussion and theo-retical perspective of territories and territorialities. The third, final part discusses the issue of lifelong learning for the elderly.

    KeywordsOld-age; Elderly; Territories; Territorialities; Lifelong Learn-ing.

    Rsum partir du concept de territorialits, compris, sommai-rement, comme les dynamiques sociales, conomiques, politiques et culturelles dveloppes sur chaque territoire, nous proposons dans cet article une discussion thorique sur lducation tout au long de la vie comme un prsuppos im-portant pour la qualit de vie du troisime ge. Ainsi, cette discussion est oriente par trois axes: le premier est centr sur la problmatisation de la vieillesse et des personnes ges dans la contemporanit, en recherchant une dfinition de qui sont lesdits sujets. Le second axe implique la discussion et la conceptualisation sur les territoires et les territorialits. Pour finir, le troisime est li la question de lducation tout au long de la vie pour ce qui est des personnes ges. Mots-clsVieillesses; Personnes ges; Territoires; Territorialits; du-cation tout au long de la Vie.

    ResumenA partir del concepto de territorialidades, entendido sucinta-mente como el conjunto de dinmicas sociales, econmicas, polticas y culturales desarrolladas en cada territorio, en este artculo proponemos un debate terico sobre la educacin a lo largo de la vida como un presupuesto importante para la cali-dad de vida en la vejez. Este debate gira en torno a tres ejes: el primero se centra en los problemas de la vejez y de los ancianos en nuestros das, y busca definir quines son tales sujetos. El segundo eje implica un debate y una conceptualizacin sobre los territorios y las territorialidades. Finalmente, el tercero discurre sobre la cuestin de la educacin a lo largo de la vida dirigida a los ancianos.

    Palabras claveVejez; Ancianos; Territorios; Territorialidades; Educacin a lo Largo de la Vida.

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    1. IntroduoAs novas configuraes demogrficas, onde se verifica uma quase inverso nas pirmides etrias1 da maio-ria dos pases, notadamente nos mais desenvolvidos, tm proporcionado uma maior visibilidade de uma ca-tegoria etria em especial: a dos/das idosos/as. Esta visibilidade, entretanto, ainda um tanto obscure-cida2 pela homogeneizao desta categoria que, no raras vezes, tem sido vista, inclusive por promotores e agentes de polticas pblicas, desprovida de caracte-rsticas individuais e coletivas especficas, ou mesmo desconectada de outras categorias relacionais, como sexo/gnero, idade/gerao, classe social e contexto geogrfico, por exemplo.Nesse sentido, o papel das cincias sociais e humanas justamente complexificar as categorias, entenden-do-as como constructos sociais, e no como dados naturais imutveis, e estabelecendo relaes entre as mesmas, na busca de uma maior comprenso sobre suas reais demandas, necessidades e potencialidades a partir de suas prprias representaes e vivncias quotidianas.Este artigo prope, ento, uma discusso terica sobre educao ao longo da vida como um importante pres-suposto para a qualidade de vida na velhice a partir de trs eixos norteadores: a problematizao da velhice e dos sujeitos idosos na contemporaneidade, buscando uma definio de quem so tais sujeitos; a discusso e a conceptualizao sobre territrios e territorialidades dentro de uma vertente crtica; e, finalmente, a an-lise sobre a importncia da educao ao longo da vida voltada para a melhoria da qualidade de vida dos/das idosos/as.Esta discusso integra um projeto mais extenso e aprofundado que est sendo desenvolvido, no mbito do doutoramento da primeira autora deste artigo, em cinco diferentes tipologias territoriais do concelho de Coimbra, Portugal3, onde se pretende identificar as influncias dos diversos territrios nas mltiplas ex-perincias da velhice4, influncias estas que podem, por um lado, ajudar a tornar esta uma experincia positiva e gratificante, ou, por outro, dificultar e obs-taculizar tal vivncia. Especificamente neste artigo, pretende-se discutir as influncias dos territrios para a potencializao ou no da educao ao longo da vida dos sujeitos idosos, entendida como instrumento capaz de qualificar as experincias e vivncias, nota-damente para os/as idosos/as.

    2. Os /asIdosos /as na Contemporanei-dadeA velhice uma categoria de anlise bastante com-plexa e de difcil caracterizao. Sabe-se que a velhi-ce, mais do que um dado natural, um constructo social e, como tal, depende de contextos histricos, geogrficos, sociais e culturais prprios e, ainda, de componentes da subjetividade, ou seja, como repre-sentada, imaginada e vivida pelos indivduos e pelas coletividades. Assim, o entendimento sobre o que seja a velhice tem mudado ao longo da histria.As categorias etrias, por exemplo, surgiram da ne-cessidade de um ordenamento social evidenciado pe-las sociedades ocidentais durante a poca moderna. Dessa forma, a partir do sculo XIX que a vida passa a ser segmentada em estgios delimitados pelas idades dos indivduos5. O reconhecimento da velhice como uma etapa diferenciada das demais , ento, parte de um processo histrico mais amplo e de uma tendncia contnua em direo segregao das idades, tanto na famlia quanto no espao social (Freitas Silva, 2008).O sculo XX caracteriza-se por certa estabilizao das categorias etrias, definindo padres, bem como de-terminando funes e espaos a serem ocupados e se-guidos por cada uma delas.Muitos autores, entre eles, Debert (1999), atribuem o surgimento da velhice a dois fatores, ambos frutos da industrializao: a institucionalizao das aposenta-dorias e o desenvolvimento das cincias mdicas, com a criao da geriatria como especialidade mdica espe-cificamente dedicada aos sujeitos mais velhos.Historicamente, a velhice tem sido vista como uma fase da vida marcada por declnios biolgicos, psico-lgicos e sociais. Associada s doenas e decrepitude do corpo e da mente, a velhice surgiu como uma etapa a ser repelida e adiada. Os profissionais aptos para isso seriam os geriatras e os gerontlogos, que tratariam dos gerontes ou senis. Os gerontlogos, tambm com uma viso clnica em relao velhice, incorpo-raram as reas sociais ao seu estudo, solidificando, as-sim, a velhice como uma categoria social, baseado na

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    ideia de que os problemas enfrentados pelos idosos so to prementes e semelhantes que minimizam as diferenas em termos de etnicidade, classe ou raa (Debert, 1999: 42).Ao refletir sobre as mudanas ocorridas em relao representao social das pessoas envelhecidas, Peixo-to (2007) observou que os termos velho ou velhote eram usados, na Frana do sculo XIX, para designar sujeitos sem estatuto social, enquanto que o termo idoso era utilizado para identificar as pessoas com determinado status na sociedade. Etimologicamen-te, a palavra idoso significa aquele que tem muita idade. Por outras palavras, mais uma vez a idade tomada como nico marcador social, capaz de deter-minar padres e interditos comportamentais aos su-jeitos que se enquadram em determinada faixa etria. O sculo XX trouxe a expresso terceira idade6, como representativa de uma velhice ativa e bem sucedida (Debert, 1997). Lins de Barros (2011: 50) reflete sobre esta nova velhice: A construo social do conjun-to de ideias e prticas sobre a terceira idade se ope ao estigma da velhice que percebida como o fim da vida, como doena ou como solido. J a expresso snior, para designar indivduos com 50 anos ou mais, em condio de inatividade (j aposentados), surgiu, tambm no sculo XX, sendo bastante utili-zada em Portugal. Embora associe a velhice inativi-dade, marcando sua entrada com a passagem apo-sentadoria, no se configura em um termo pejorativo, nem possui conotao explcita de classe7.A associao da velhice inatividade uma prtica bastante comum8 tendo comeado e, em seguida, se intensificado com a industrializao e ps-industria-lizao, que supervalorizaram o trabalho enquan-to produtor de capital econmico e de lucro. A sada dos mais velhos desse mercado acaba por acarretar, de forma proporcional e gradativa, sua perda de esta-tuto social. Ecla Bosi (2004: 78) sublinha essa situa-o: Quando se vive o primado da mercadoria sobre o homem, a idade engendra desvalorizao. Nos dias atuais, essa condio pode ser paradoxal, pois a fora de trabalho, prpria dos mais jovens, foi substituda pelo conhecimento, rea que, ao menos teoricamen-te, no pode ser limitada pela idade dos indivduos. O problema que a lgica anterior permanece (Valente Rosa, 2012). Alm disso, o prprio conhecimento, hoje em dia, tem se mostrado descartvel, com a rpida ob-solescncia tecnolgica das competncias de cada ge-rao (Mendes, 2009).Assim, de invisvel por sequer possuir estatuto so-cial prprio, at o limiar do sculo XX, quando era

    confundida com mendicidade, deficincia, incapaci-dade e at vagabundagem e vadiagem a identific-vel quando, a partir do incio do sculo passado, o direito a uma reforma passa a ser institucionalizado e generalizado, criando, assim, uma categoria social: a dos/das idosos/as , a velhice quase sempre tem sido representada como vulnervel e dependente: primei-ro, da famlia e, na falta desta, das instituies de so-lidariedade; em seguida, do Estado, com o estabeleci-mento de polticas pblicas que, ainda hoje, buscam suprir as carncias, o isolamento e a segregao a que os mais velhos parecem, inevitavelmente, estar desti-nados (Fernandes, 1997).Estas representaes, muitas vezes reforadas pelos prprios trabalhos acadmicos9, acabam por segre-gar ainda mais os sujeitos idosos, estigmatizando-os e despersonalizando-os. Vistos como uma categoria una, os/as idosos/as tm ignoradas suas individuali-dades e diferenas.Embora as categorizaes tenham, muitas vezes, o in-tuito do estabelecimento de direitos especficos a uma determinada categoria os/as idosos/as, as mulhe-res, as crianas, os negros ou os indgenas, para citar alguns exemplos a fim de acabar (ou, pelo menos, minimizar) com certas desigualdades sociais, h que se ter muito cuidado em no transformar os sujeitos em seres amorfos, sem identidade prpria. No caso especfico da velhice, Fernandes (1997) alerta que um trabalho verdadeiramente srio e comprometido:... exige comear por romper com as concepes dominantes do que ser velho, procurando observar, por um lado, as distines existentes entre diferentes categorias de agentes e, por outro, os contextos em que os fenmenos se desenvolvem, as representaes que vo adquirindo forma e os problemas sociais que vo surgindo. romper com a viso comum que tem a tendncia de tratar uma categoria de idades como se fosse um grupo de agentes no diferen-ciados, dotados das mesmas propriedades substanciais, inscritas numa espcie de essncia biolgica, conhecidas e reconhecidas por todos, pois remetem para uma representao mental que lhes co-mum. (Fernandes, 1997: 13).Quem so, ento, os sujeitos da velhice? Com o obje-tivo de garantir direitos especficos aos sujeitos idosos enquanto categoria, alguns organismos internacio-nais, como a Organizao Mundial da Sade, adotam critrios baseados na delimitao etria: 60 anos para os pases subdesenvolvidos ou em desenvolvimento; 65 para os pases desenvolvidos10, entre os quais se en-contra Portugal. A utilizao de quaisquer critrios delimitadores11 (ida-de, aposentadoria, aparncia ou mesmo o reconhe-cimento de tal condio pelos prprios indivduos),

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    mostra-se, entretanto, insuficiente para abranger a diversidade e complexidade dos sujeitos que com-pem, na contemporaneidade12, essa categoria, que , no somente histrica, mas, necessariamente, rela-cional. Importa, desse modo, enquanto investigadores e/ou promotores e agentes de polticas pblicas, termos conscincia dessa necessidade. Por isso mesmo, no trabalho de investigao doutoral de um dos autores, cujo objetivo conhecer as reais demandas, necessi-dades, desejos, bem como as possibilidades dos sujei-tos idosos homens e mulheres de cinco territrios distintos do Concelho de Coimbra (Portugal) as reas urbanas do Solum, Celas e do Centro Histrico (a Alta de Coimbra), e as reas com caractersticas rurais do Boto e de Casal do Lobo , embora tambm tenha-mos adotado o critrio etrio para definir os sujeitos da pesquisa (pessoas com idade igual ou superior aos 65 anos)13, enfatizamos o enfoque interdisciplinar, que entendemos ser uma exigncia do prprio objeto de estudo a velhice , a partir de mltiplas relaes, principalmente de sua relao com os territrios e as territorialidades neles e por eles desenvolvidas e vice--versa.

    3. Territrios e Territorialidades: por uma Abordagem Crtica das Relaes Sociais e GeogrficasA contemporaneidade globalizada assiste a um movi-mento que pode ser lido como um embaamento tem-poral e espacial, levando alguns autores a defenderem abordagens como os no-lugares (Aug, 2010) ou a desterritorializao14 (Appadurai, 1996). Mesmo es-tes autores, entretanto, reconhecem que o espao e o territrio so, sempre e necessariamente, levados em conta, ainda que se proponha um olhar mais relati-vizado, mais poroso e flexvel nos estudos sociocultu-rais.Foucault (1984: 5) compreende esse movimento con-temporneo e considera que o espao assume um pa-pel de supremacia em relao ao tempo na organizao do pensamento, entendendo o espao contemporneo como um espao de colocao, onde as relaes de vi-zinhana, a reteno e a circulao de coisas e pessoas e o controlo sobre essas mesmas coisas e pessoas so elementos-chave na descrio e compreenso das so-ciedades e culturas.Nessa direo, os espaos e territrios tornam-se um importante elemento de investigao, sendo enten-didos como elementos relacionais que estabelecem, ao mesmo tempo, fronteiras geogrficas e humanas (Corra, 2000: 1). Desse modo, os territrios so palcos onde diferen-tes relaes de mobilidades/imobilidades, disputas, conquistas, afetos, solidariedades, vulnerabilidades/resistncias, abandono/ocupao e pertena se vo es-tabelecer entre os diferentes atores. Por outras palavras, a anlise das relaes e dinmi-

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    cas, ou seja, as territorialidades, que as pessoas nes-te caso especfico, os/as idosos/as estabelecem com os espaos em que vivem e pelos quais transitam e vi-ce-versa e como estas relaes so mediadas, difun-didas e, muitas vezes, padronizadas e estereotipadas pelas vrias instncias e foras sociais essencial para a compreenso das lgicas que se conjugam na produ-o de sentidos, tanto da velhice, quanto do territrio. As questes relativas mobilidade, ocupao e perten-a a um territrio so, dessa maneira, questes pol-ticas (Foucault, 2008), sendo constitutivas da prpria construo identitria que no se faz sozinha, mas a partir de mltiplas e diferenciadas relaes.Nesse sentido, busca-se uma abordagem crtica da geografia, que assume um carter poltico e transfor-mador a partir de uma compreenso do Homem en-quanto ser multimensional: animal-social-espiritual (Saquet, 2011: 11), ou seja, ao mesmo tempo natural e social. Essa abordagem exige uma postura inter e multidisciplinar, com a Geografia e as demais Cin-cias Sociais e Humanas, em especial a Antropologia, a Sociologia, a Cincia Poltica, a Educao, e mesmo o Urbanismo e a Arquitetura, desenvolvendo um dilo-go profcuo e, assim, transversal.O territrio, como produto das relaes sociedade-na-tureza e condio para a reproduo social; campo de foras que envolvem obras e relaes sociais (econ-micas, polticas e culturais) historicamente determi-nadas (Saquet, 2011: 26-27) constitui-se, assim, mais que um delimitador geogrfico, um demarcador hu-mano, sendo, em nosso entendimento, um elemento fundamental para a compreenso do fenmeno da ve-lhice e do envelhecimento. Neste texto, especificamente, a reflexo que propo-mos se d a partir das territorialidades quotidianas, compreendidas como conjuntos de relaes estabe-lecidas na vida em sociedade mediada pelo trabalho, pelo poder e pela linguagem (Saquet, 2011: 22), como elementos essenciais para uma educao contnua e permanente ao longo de toda a vida, visando uma ve-lhice com qualidade, espacial, cultural, econmica, poltica e socialmente integrada.Tomamos, aqui, a territorialidade principalmente a partir de uma perspetiva fenomenolgica15, corres-pondendo s relaes sociais centradas em percep-es, sentimentos, memrias, identidades e repre-sentaes (Saquet, 2011: 14), com foco nas dinmicas polticas e culturais (simblicas e identitrias). Assim, tendo como foco a velhice a partir das territo-rialidades quotidianas e, consequentemente, dos ter-ritrios produzidos a partir desta relao, o objetivo

    a construo de dinmicas que primem pela partici-pao, respeito, pertencimento e solidariedade entre todos os sujeitos de determinado territrio, onde a diversidade (etria/geracional, sexual/de gnero, po-ltica, cultural, etc.) seja garantia de riqueza e quali-dade nas relaes sociais e territoriais.

    4. Territorialidades Educativas: Educao ao Longo da Vida16 para os /as Idosos /asSendo um dos pontos da pauta europeia, a aprendiza-gem ao longo da vida foi explicitada no Documento de Trabalho dos Servios da Comisso das Comunidades Europeias de Outubro de 2000, intitulado Memoran-do sobre Aprendizagem ao Longo da Vida, figurando, tambm, como uma das prioridades da Estratgia Europa 202017.Em termos do primeiro documento, este define a aprendizagem ao longo da vida, a partir da Estratgia Europeia de Emprego, como toda e qualquer ativida-de de aprendizagem, com um objetivo, empreendida numa base contnua e visando melhorar conhecimen-tos, aptides e competncias (COMISSO DAS CO-MUNIDADES EUROPEIAS, 2000: 3).Embora a nfase dada aprendizagem ao longo da vida v focar, prioritariamente, o fomento emprega-bilidade, com base no paradigma do conhecimento18, a Comisso Europeia reconhece na aprendizagem um potencializador do sentimento de pertena no s a um contexto profissional, mas tambm a um contex-to social a partir do reconhecimento de outras formas de educao que no a formal19.Em nossa compreenso, quando se fala em aprendiza-gem ao longo da vida pensando-se nos sujeitos idosos, a prioridade deve ser dada aos processos de educao

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    no-formais e informais em detrimento de uma edu-cao formal, condutora obteno de diplomas e ao reconhecimento de qualificaes, com vistas ao mer-cado de trabalho. Esta ltima, contudo no pode ser desconsiderada, sob pena, tambm, de se estar ali-mentando preconceitos ao excluir do sistema de edu-cao formal, a partir de critrios baseados unicamen-te na idade dos indivduos, uma parte da populao interessada, sim, em obter certificaes, quer para a sua qualificao profissional, quer para sua satisfao pessoal20. Os processos de educao no-formal e in-formal, entretanto, valorizam os saberes e as diferen-as individuais e culturais, promovendo, por isso, um ensinar/aprender a partir de uma relao dialgica e horizontal, onde a hierarquia e o controle, to fre-quentes educao formal, so suprimidos.Nessa perspetiva, a aprendizagem ao longo da vida toma as dimenses, j mencionadas por Paulo Frei-re, de que somos ns, seres humanos seres in-completos, em constante desenvolvimento; desen-volvimento este que se d atravs da aprendizagem: o inacabamento do ser ou sua inconcluso prprio da experincia vital. Onde h vida, h inacabamento (Freire, 1997: 55). A necessidade de aprender, de co-nhecer coisas novas a partir da comunicao, do di-logo, das trocas, a prova de que a vida continua, ain-da que j tenhamos chegado velhice. ainda Paulo Freire quem nos lembra:A educao tem sentido porque mulheres e homens aprenderam que aprendendo que se fazem e se refazem, porque mulheres e ho-mens se puderam assumir como seres capazes de saber, de saber que sabem, de saber que no sabem. De saber melhor o que j sabem, de saber que no sabem. A educao tem sentido porque, para serem, mulheres e homens precisam de estar sendo. (Freire, 2000: 40).Nesse sentido, tambm Gadotti (1981) entende a aprendizagem como um processo que se desenrola en-quanto dura a vida, pressupondo o estabelecimento e/ou a continuidade de uma rede relacional. Aprender, ento, um processo relacional que implica, necessa-riamente, outro processo: o ensinar. Aprender/ensi-nar complementam-se, ainda, em mais outro proces-so, a educao. A educao se apresenta, ento, como uma situao de conhecimento e de interveno do ser humano no mundo e uma forma de comunicao hu-mana (Oliveira, 2009: 15). Atravs das redes de rela-es, nos tornamos seres aprendentes e seres ensinan-tes. Esta constatao especialmente importante na velhice, devendo a solidariedade entre geraes partir deste pressuposto: os/as idosos/as, como qualquer ser humano em qualquer fase da vida, aprendem e tam-bm ensinam.

    Assim sendo, os territrios e as territorialidades quo-tidianas tomam um importante lugar na aprendiza-gem ao longo da vida como agentes de qualidade de vida na velhice.Os territrios, onde vivem e por onde se movimentam os/as idosos/as suas casas, suas ruas, seus bairros e arredores, os lugares que frequentam e, mais ainda, as territorialidades quotidianas, ou seja, as relaes que estes estabelecem com e nestes espaos, podem e devem constituir-se como agentes educativos, no sentido de possibilitarem trocas efetivas e salutares entre todos os sujeitos.Dessa forma, territrios hostis, de difcil acessibi-lidade e mobilidade, onde os mais velhos sentem-se isolados e segregados, impossibilitados de estabelece-rem e manterem relaes intergeracionais saudveis e equnimes, onde o sentimento de pertena subs-titudo pela vulnerabilidade, insegurana e excluso no podem ser considerados educativos. Por outro lado, territrios cujos espaos so transitveis por to-dos com segurana, sem qualquer armadilha21, em que as relaes sociais so pautadas na verdadeira so-lidariedade e no respeito entre as pessoas, seus ritmos e diferenas, com ofertas de servios e produtos para todos, incluindo a populao idosa, e proporcionando os encontros entre geraes, estes sim devem ser con-siderados como os verdadeiros territrios educativos, agentes e sujeitos, ao mesmo tempo, de territorialida-des tambm educativas.

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    5. Consideraes FinaisNeste artigo, buscamos refletir sobre os territrios e as territorialidades quotidianas como agentes educa-tivos fundamentais na construo de velhices plurais e de qualidade.Para isso, entendemos que a velhice uma categoria relacional, plural em si mesma, e que no deve ser tomada de maneira individual e segregadora. Os su-jeitos idosos devem estar socialmente includos, de-vendo, como qualquer sujeito, ser vistos em suas indi-vidualidades, limitaes e potencialidades. Consideramos que a educao ao longo da vida prin-cipalmente quando se tem em mente os sujeitos ido-sos deve ir alm dos espaos formais de educao, abrangendo, tambm, os espaos no formais e infor-mais de convvio e trocas cotidianos entre as diferen-tes pessoas, de diferentes sexos/gneros, diferentes etnias, idades/geraes, religies, origens, ocupaes e classes sociais.Em nosso entendimento, os agentes polticos e sociais tm um importante papel no fomento de territrios e territorialidades educativas para todos e aqui, es-pecialmente, para os/as idosos/as. Nesse sentido, os trabalhos acadmicos que enfoquem a relao pes-soas-territrios devem estar comprometidos com a construo de uma sociedade com territrios e territo-rialidades plurais de e para todos. Para isso, imprescindvel que se conheam as reais necessidades e possibilidades de cada territrio a fim da elaborao de diagnstico sociais22 o mais prximo poss-vel s diversas realidades. Isso inclui, necessariamente, uma ateno especial s pessoas que vivem, transitam e se relacionam com e nestes territrios. Entendemos que o conhecimento de tais necessidades e potencialidades s pode ser realizado atravs de uma escuta e de uma ob-servao atentas s territorialidades quotidianas e aos prprios territrios enquanto espaos de mobilidade e de relaes. Nesse sentido, apostamos no mtodo etno-grfico, aliado cartografia, como as ferramentas mais adequadas para tal elaborao.Por fim, acreditamos na potencialidade da educao contnua e permanente, atravs do exerccio da solida-riedade e do reconhecimento das diferenas no como elementos distintivos e discriminatrios, mas como necessrios e enriquecedores das relaes humanas.

    Notas1 Tem-se verificado um envelhecimento populacional, tanto na

    base, com a queda nos ndices de natalidade, quanto no topo das pirmides etrias, com o aumento da esperana de vida em grande parte dos pases. Segundo o Relatrio sobre a Situao da Popu-lao Mundial 2012, do Fundo de Populaes das Naes Unidas, o nmero mdio de filhos por mulher em idade frtil no mundo era, em 1960, de 4,92, tendo cado, em 2011, para 2,52 filhos. Em Por-tugal, segundo o PORDATA Base de Dados Portugal Contempor-neo, esta mdia passou de 3,2 filhos, em 1960, para 1,21 em 2013. Em relao esperana mdia de vida, esta aumentou, de acordo com a mesma base de dados, em aproximadamente seis anos de 1990 a 2012 no mundo (64,5 anos e 70,5 anos, respetivamente) e em Portugal (74,1 anos e 80,6 anos, respetivamente). Os fenmenos migratrios, por sua vez, tambm tm atuado no envelhecimento de pases como Portugal, onde a taxa de emigrao subiu de 1,1%, em 1998, para 4,9%, em 2012, segundo o PORDATA.

    2 O obscurecimento da visibilidade da populao idosa tambm diz respeito ao facto de que, no obstante o ndice de envelhecimento em Portugal ter aumentado substancialmente, tendo o nmero de idosos, inclusive, j ultrapassado o nmero de jovens (133,5 idosos para cada 100 jovens, em 2013, segundo o PORDATA), os/as idosos/as ainda permanecem sendo vistos como uma minoria.

    4 Para essa pesquisa foram escolhidos dois territrios com caracte-rsticas que os aproximam do rural, embora sua localizao ge-ogrfica seja bastante prxima do centro da cidade, e outros trs tipicamente urbanos: um localizado no casco histrico, com hab-itaes e estruturas j defasadas e deterioradas pela ao do tem-po, e dois correspondendo s novas centralidades urbanas, cujo desenvolvimento se deu a partir da segunda metade do sculo XX, com uma ordenao e planeamento mais modernizados, a partir das necessidades habitacionais e de servios das camadas mdias e mais altas da populao.

    5 Para tal, percorremos um percurso metodolgico hbrido, a par-tir de uma concepo interdisciplinar (envolvendo disciplinas das Cincias Sociais e Humanas: Antropologia, Sociologia, Psicologia, Geografia, Histria, com aporte de reas mais especficas, como a Arquitetura, o Urbanismo e a Sade), numa perspetiva de cruza-mento entre as disciplinas (Pombo, 1993), com nfase etnografia (aps recolha de dados estatsticos e realizao de inquritos mais abrangentes) e com recurso cartografia.

    6 Segundo Peixoto (2000: 61), o ciclo de vida reestruturado nas so-ciedades industriais, pautadas nas relaes de produo, com o es-tabelecimento de trs grandes etapas: a infncia e a adolescn-cia tempo de formao; a idade adulta tempo de produo e a velhice idade de repouso, tempo do no-trabalho.

    7 Esta expresso utilizada para caracterizar uma categoria cole-tiva, e no os sujeitos que a compem (velhos/as e/ou idosos/as e/ou sniores).

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    8 Em nossa investigao, assumimos o termo idosos/as, por en-tend-lo apesar das limitaes inerentes a toda categorizao mais abrangente, tanto em termos etrios, quanto, na atualidade, em termos de condies sociais, pois este o termo mais utilizado, atualmente, nos diversos textos sociais (legislativos, publicitrios, jornalsticos, etc.).

    9 Em recente trabalho realizado sobre as imagens dos/das idosos/as veiculadas no jornal Dirio de Coimbra, pudemos constatar que as designaes velho, idoso ou avs so utilizadas para se referir aos inativos, tornando os sujeitos annimos dentro des-sas categorias. Os que se encontram em atividade so identificados por seus nomes e pelas profisses e cargos que ocupam (Autor, 2014).

    10 Segundo Guita Grin Debert (1999), os trabalhos acadmicos tm cristalizado ora uma imagem extremamente negativa da velhice, apontando apenas suas perdas, vulnerabilidades e incapacidades, ora, mais recentemente, uma imagem completamente inversa: a velhice como uma fase de liberao das amarras e compromissos sociais sendo, portanto, a melhor idade para se viver com pleni-tude e felicidade. Esta polaridade extrema acaba por no dar conta da multiplicidade e diversidade da experincia da velhice.

    11 Esta diferenciao , por si s, indicativa das diversidades prprias a esta categoria a velhice , determinadas pelas diferenas culturais, econmicas, polticas e geogrficas, por exemplo.

    12 Em seu trabalho sobre as sociabilidades em espaos pblicos das pessoas idosas em Paris e no Rio de Janeiro, Clarice Ehlers Peixoto (2000) usou como critrio a aposentadoria, por entender que, em nossa sociedade ps-industrial, ao se apoiar na idade cronolgica ou no tempo de servio, a aposentadoria libera do trabalho indi-vduos ainda produtivos e lhes atribui o estatuto de inativos (Pei-xoto, 2000: 55), ou seja, de velhos. J Flvia de Mattos Motta (1998) optou por desenvolver seu trabalho com um grupo de pessoas que () parecessem consensualmente idosas. (Motta, 1998: 14 Nota de Rodap). Assim, buscou um grupo, organizado pela Legio Bra-sileira de Assistncia do sul do Brasil, destinado, especificamente, ao pblico designado como idoso.

    13 Na contemporaneidade, com a vida privada sendo fortemente marcada pela vida pblica, as relaes foram sendo mais complex-ificadas e diversificadas, complexificando e diversificando cada vez mais as categorias e os prprios sujeitos.

    14 Esta opo se deu, tambm, pela compreenso de que existem vrias velhices mesmo em uma mesma faixa etria, sendo um dos objetivos de nossa investigao identificar essa pluralidade.

    15 Os gegrafos brasileiros Milton Santos e Rogrio Haesbaert con-sideram o conceito de desterritorializao um mito. Este conceito s aceite por estes como uma fase do processo territorializao-desterritorializao-reterritorializao, ou seja, o territrio sem-pre o ponto central. Alis, Santos (1996) entende que o fenmeno da globalizao tornou o territrio ainda mais importante, pois os espaos so cada vez mais diferenciados em funo de suas capaci-dades frente concentrao de tecnologia informacional e comu-

    nicacional. J Haesbaert convida a uma nova perspetiva: mais do que a perda ou o desaparecimento dos territrios, propomos dis-cutir a complexidade dos processos de (re)territorializao em que estamos envolvidos, construindo territrios muito mais mltiplos ou, de forma mais adequada, tornando muito mais complexa nos-sa multiterritorialidade. (Haesbaert, 2005: 6774).

    16 Saquet (2011: 14) identifica trs outras tendncias ou abordagens de territrio e de territorialidade alm da fenomenolgica: a) Econmica, baseada no materialismo histrico-dialtico; c) Mate-rialista, pautada na dimenso geopoltica (soberania, domnio e controle estatal); e c) Ambiental, construda sobre a sustentabili-dade ambiental e o desenvolvimento local.

    17 A expresso educao ao longo da vida aqui utilizada em um sentido amplo, significando os processos de educao/aprendi-zagem e as relaes e trocas estabelecidos ao longo da vida.

    18 Tambm chamada de Europa 2020, constitui-se em uma estrat-gia europeia para um crescimento inteligente, sustentvel e inclu-sivo, lanada em 2010 para os dez anos seguintes. Fonte: Comisso Europeia (http://ec.europa.eu/europe2020/europe-2020-in-a-nutshell/index_pt.htm).

    19 Este paradigma tem sido bastante questionado e criticado, pois tem promovido muito mais excluso do que desenvolvimento so-cial (Sitoe, 2006).

    20 A Comisso Europeia, atravs do Memorando sobre Aprendi-zagem ao longo da Vida, distingue a educao formal como aquela que decorre em instituies de ensino e formao e conduz a di-plomas e qualificaes reconhecidos; educao no-formal como aquela que decorre em paralelo aos sistemas de ensino e formao e no conduz, necessariamente, a certificados formais, podendo ocorrer no local de trabalho ou em outros espaos fora da escola formal e ser ministrada atravs de organizaes ou servios cria-dos em complemento aos sistemas convencionais (aulas de arte, msica e desporto ou ensino privado de preparao para exames); e educao informal como um acompanhamento natural da vida quotidiana. Contrariamente aprendizagem formal e no-formal, este tipo de aprendizagem no necessariamente intencional e, como tal, pode no ser reconhecida, mesmo pelos prprios indi-vduos, como enriquecimento dos seus conhecimentos e aptides (CCE, 2000: 9).

    21 Um exemplo de curso diferenciado que conduz a um grau de li-cenciado, atendendo a uma demanda bastante especfica e difer-enciada so os Estudos Gerais, curso oferecido desde 2011 pela Universidade de Lisboa, em uma parceria entre as faculdades de Belas Artes, Letras e Cincias. Os Estudos Gerais visam fornecer uma formao de base de banda larga que permite a combinao das principais reas cientficas da Universidade e confere uma familiaridade slida com as grandes questes das artes, das hu-manidades e das cincias no contexto das sociedades democrticas contemporneas. (http://www.fba.ul.pt/cursos/licenciaturas/estudos-gerais/).

    21 Representada, por exemplo, por desnveis no terreno, humi-

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    dade nas casas, inacessibilidade pedonal, trnsito inseguro, di-ficuldades de acesso (por distncia ou outro motivo) aos servios de sade, farmcias, mercearias, espaos de convvio ou reas verdes.

    22 Cordeiro e Santos (2013: 365) definem o diagnstico social como () um instrumento dinmico, participado e que deve permitir uma compreenso global da realidade social de um determinado territrio, no s ao nvel dos seus limites administrativos, mas fundamentalmente dos diferentes setores (ou freguesias) que o compem. Dever incluir a identificao das necessidades e a deteo dos problemas prioritrios e respetivas causalidades, em como dos recursos e potencialidades locais, que constituem reais oportunidades de desenvolvimento.

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