terra sigillatada Alcáçova de Santarém - DGPC · O Layout #1 corresponde à ficha-base, com...

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3. A terra sigillata da Alcáçova de Santarém 3.1. Metodologia 3.1.1. Composição da amostra A terra sigillata que se estuda no presente trabalho diz respeito à totalidade dos fragmentos provenientes das intervenções arqueológicas que tiveram lugar na Alcáçova de Santarém até 1999. A este conjunto, juntou-se cerca de 90% da terra sigillata com origem na área recentemente escavada (1999-2000), que corresponde ao sector 1 A, B e C situado no horto do Jardim das Por- tas do Sol. A necessidade do estudo da totalidade do conjunto deve-se ao facto de este tipo de mate- rial permitir, quando conjugado com os dados das outras cerâmicas, datar as unidades estrati- gráficas do período romano imperial, detectadas na Alcáçova. A selecção de apenas determina- das unidades estratigráficas foi, por isso, colocada de lado. Considerou-se que, de um modo geral, a terra sigillata recolhida até ao momento constituía uma boa amostragem da existente na cidade Scallabitana. É certo que a área escavada é ainda bastante reduzida, mas o que se constatou é que, em termos percentuais, as diferentes campanhas de escavação mostram sempre uma distri- buição da sigillata, bastante idêntica pelos diferentes fabricos. Este dado é relevante, pois inte- ressava poder comparar a informação obtida em Santarém com a de outros sítios, onde se tives- sem estudado conjuntos importantes desta cerâmica, nomeadamente com Conímbriga e Belo. Do conjunto da terra sigillata, fazem parte 3506 fragmentos correspondentes a 803 indivíduos que se puderam classificar de acordo com as tipologias existentes. O elevado grau de fragmentação deve-se ao facto de se tratar de um local de habitat, com condições de ocu- pação continuada desde a época romana até à actualidade. Este trabalho incide, em particular, sobre os fragmentos que permitiram identificação mor- fológica. No entanto não descurou a classificação dos fragmentos sem forma, essencial para o estabelecimento de cronologias dos diferentes níveis arqueológicos romanos da Alcáçova. 3.1.2. Critérios de quantificação Existem diversos métodos que têm sido adoptados para a quantificação das cerâmicas. A contagem dos fragmentos é importante para possibilitar não só a comparação das cerâ- micas provenientes de diferentes Unidades Estratigráficas no seio de um determinado sítio arqueológico, mas, sobretudo, para poder comparar-se os dados com os de outros sítios. Os trabalhos mais recentes sobre terra sigillata que se debruçaram sobre conjuntos apreciáveis adoptaram diversos critérios. Em Belo, por exemplo, foram contabilizados ape- nas os fragmentos que permitiam integração nas tipologias (Bourgeois e Mayet, 1991), enquanto em Represas foram quantificados quer fragmentos de bordo de forma identifi- cável, quer inúmeros fragmentos de pança indeterminados, como se verifica pela leitura do inventário (Lopes, 1994). Em S. Cucufate foram contabilizados apenas os bordos das peças que permitiam a identificação da forma (Alarcão, Étienne e Mayet, 1990). Para Monte Mozinho, optou-se igualmente pela contagem das peças cuja forma foi reconhecida de 25 3. A TERRA SIGILLATA DA ALCÁÇOVA DE SANTARÉM