Termografia Pericial - Final(1)

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Termografia pericial Prof. Dr. Marcos Leal Brioschi Especialista em Medicina Legal. Termologista do Hospital 9 de Julho – SP Pós-Doutor em Medicina pelo HC-FMUSP Prof. Dr. Francisco MRM Silva Professor titular. Médico legista, doutor em Medicina Legal pela UFPR Dr. Daniel Colman Especialista em Medicina Legal e Anestesiologia. Doutor em Clínica Cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná. Membro do Associação Brasileira de Anestesiologia Dr. Eduardo Adratt Médico Pediatra, mestre em Tecnologia em Saúde pela PUC-PR Cristiane Laibida Acadêmica do curso de Medicina PUC-PR Endereço para correspondência: Hospital 9 de Julho – Rua Peixoto Gomide, 613, 8º andar, ala D – Cerqueira Cezar – São Paulo/SP – CEP 01409-002 Fone: (41) 3362-0623 – e-mail: [email protected] Trabalho realizado com auxílio do CNPq Atualizado em: 06/04/2011 Enviado em: 06/04/2011 RESUMO O nexo de causalidade entre as lesões desenvolvidas pelo acidentado no exercício do trabalho a serviço de sua empresa deve sempre levar em conta os critérios médico-legais topográfico, cronológico, quantitativo, de continuidade sintomática e de exclusão, bem como os recomendados pelo CFM. A termografia infravermelha é um método complementar previsto na AMB que pode auxiliar o perito na avaliação do trabalhador com síndrome dolorosa. PALAVRAS-CHAVE: LER/DORT, Termometria cutânea, Pericia médica. INTRODUÇÃO As lesões por esforços repetitivos, também denominados distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT) abrangem diversas enfermidades, sendo dentre as mais conhecidas as tendinites, tenossinovites e epicondilites, que comprometem milhares de trabalhadores. As LER/DORT prejudicam o trabalhador no auge de sua produtividade e experiência profissional, com maior 1

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Termografia pericialProf. Dr. Marcos Leal Brioschi

Especialista em Medicina Legal. Termologista do Hospital 9 de Julho SPPs-Doutor em Medicina pelo HC-FMUSPProf. Dr. Francisco MRM SilvaProfessor titular. Mdico legista, doutor em Medicina Legal pela UFPRDr. Daniel Colman Especialista em Medicina Legal e Anestesiologia. Doutor em Clnica Cirrgica pela Universidade Federal do Paran. Membro do Associao Brasileira de AnestesiologiaDr. Eduardo Adratt Mdico Pediatra, mestre em Tecnologia emSade pela PUC-PRCristiane Laibida

Acadmica do curso de Medicina PUC-PR

Endereo para correspondncia:

Hospital 9 de Julho Rua Peixoto Gomide, 613, 8 andar, ala D Cerqueira Cezar So Paulo/SP CEP 01409-002

Fone: (41) 3362-0623 e-mail: [email protected]

Trabalho realizado com auxlio do CNPqAtualizado em: 06/04/2011Enviado em: 06/04/2011RESUMO O nexo de causalidade entre as leses desenvolvidas pelo acidentado no exerccio do trabalho a servio de sua empresa deve sempre levar em conta os critrios mdico-legais topogrfico, cronolgico, quantitativo, de continuidade sintomtica e de excluso, bem como os recomendados pelo CFM. A termografia infravermelha um mtodo complementar previsto na AMB que pode auxiliar o perito na avaliao do trabalhador com sndrome dolorosa.

PALAVRAS-CHAVE: LER/DORT, Termometria cutnea, Pericia mdica.INTRODUOAs leses por esforos repetitivos, tambm denominados distrbios osteomusculares relacionados ao trabalho(LER/DORT) abrangem diversas enfermidades, sendo dentre as mais conhecidas as tendinites, tenossinovites e epicondilites, que comprometem milhares de trabalhadores. As LER/DORT prejudicam o trabalhador no auge de sua produtividade e experincia profissional, com maior incidncia na faixa etria de 30 40 anos, sendo as mulheres mais freqentemente acometidas (MINISTRIO DA SADE, 2001). A abordagem preventiva o meio ideal de lidar com as LER/DORT, e deve incluir aspectos multifatoriais relacionados ao ambiente de trabalho, uma vez que estas afeces costumam se associar com riscos ergonmicos oriundos de movimentos repetitivos excessivos e posturas inadequadas.

Como so mltiplos os fatores envolvidos na etiologia das LER/DORT existe um consenso de que uma avaliao biopsicossocial, a mais completa possvel, a forma mais adequada de tratar esta questo (TURK et al., 2002). No entanto, em certas ocasies, mesmo com tratamento medicamentoso ou no mesmo que corretamente institudo, depara-se com situaes de difcil julgamento quanto ao retorno ao trabalho por uma queixa persistente de no melhora dos sintomas ou quando associado a outras comorbidades, como sndrome fibromilgica (HELFENSTEIN, 2006). Esta avaliao se constitui fundamental para a Previdncia Social em nosso pas, pois se discute muito a necessidade da diferenciao entre fatores relacionados a ganhos secundrios e a permanncia da invalidez. O que torna imprescindvel ao perito lanar mo de todos os recursos que os avanos mdicos colocam a sua disposio. Partindo da necessidade de se estabelecer um diagnstico diferencial entre LER/DORT, sndrome fibromilgica e outras doenas reumatolgicas, tem se discutido a utilizao de alguns parmetros clnicos e exames complementares que concorrem para um diagnstico mais preciso (HELFENSTEIN, 2006).

A termometria cutnea por termografia infravermelha um mtodo relativamente novo em percia mdica (HODGE,1993; ROSENBLUM et al., 2008) e tem contribudo na avaliao neuromusculoesqueltica de pacientes com dores crnicas, auxiliar precioso no estudo da dor, em relao a sua identificao etiolgica e seguimento, especialmente em doenas dos tecidos moles onde o mtodo est mais indicado (BRIOSCHI et al.,2002; THOMAS et al.,1990).

a) Mtodo de termografia infravermelhaPara as imagens infravermelhas (IR) da superfcie cutnea do corpo humano, o paciente permanece em p e despido e durante o perodo em que fica em posio ortosttica no pode tocar com as mos em qualquer superfcie cutnea, deixando os braos estendidos ao longo do corpo.

As imagens termogrficas so efetuadas em diversas incidncias: anterior, posterior, laterais, oblquas do corpo inteiro e hemicorpo superior e inferior, bem como regies de interesse (ROI) qual regio lombar, cervical, antebraos, punhos, mos, joelhos, tornozelos e ps.

A temperatura do laboratrio deve ser mantida constante em 20oC e umidade do ar em 55%, durante todo o procedimento. Por meio de cuidado de portas e janelas cerradas e movimento reduzido em torno do paciente, mantida a velocidade do ar menor que 0,2 m/s, controlada por anemmetro digital, para se evitar evaporao e conseqente perda trmica cutnea por conveco forada.

Antes de captar as imagens os pacientes aguardaram 15 minutos para estabilizar a temperatura do corpo com o clima do laboratrio.

As imagens trmicas so captadas por um sensor infravermelho ultrasensvel de alta resoluo, na faixa espectral do infravermelho longo (8-14 m) para estudo dinmico (30 Hz). A cmera posicionada horizontalmente a uma distncia de 1 metro e verticalmente ajustada linha mediana da regio de interesse a ser avaliada. considerado emissividade de 97,8% para estudo do corpo humano (BRIOSCHI et al., 2007).

Por se tratar de mtodo que mensura a radiao infravermelha, utilizado os termos hiper-radiao para indicar o aquecimento devido aumento do fluxo sanguneo cutneo local e hiporradiao no caso de esfriamento pela diminuio do fluxo sanguneo. Evitam-se os termos hipertermia e hipotermia, pois se referem s alteraes da temperatura central de natureza exclusivamente clnica (respectivamente, >40oC e