Terceiridade. A história do chapeuzinho vermelho

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TERCEIRIDADE A distinção entre Fenomenologia e Metafísica, no interior da arquitetura filosófica de C. S. Peirce, é particularmente relevante para o entendimento da noção de Terceiridade. Tenhamos claro que a Fenomenologia trata da classificação do mundo tal como este se apresenta. A Metafísica, por seu turno, procura explicar como o mundo “deve ser” (sua estrutura) para que ele – o mundo se apresente de modo compatível tal com as descrições da Fenomenologia. As terceiridades constituem-se das manifestações que são feitas do conhecimento e do entendimento manifestadas no campo da realização prática do saber, ou seja, a partir do conhecimento que se tem de algo, depois que se conhece e entende a maneira que este saber vai ser manifestado de forma prática. Isto nada mais é do que o processo dedutivo, desenvolvido através da experiência de vida. Três processos se complementam para a formação lingüística, abdução (primeiridade), indução (secundidade) e dedução (corresponde a terceiridade). Eles são complementares e não podem substituir uns aos outros, pois cada um é necessário na comunicação, que não se completa na falta de qualquer um. A terceiridade então, se resume a forma de interpretação de cada ser, dependendo da sociedade em que vive, é o modo que se manifesta aquilo que se conhece e se entende. É a prática daquilo que se sabe. Um exemplo disso, é essa imagem, usada por psicólogos do mundo inteiro para saber se crianças sofreram abuso sexual, uma criança “normal”, que vive em meio de brincadeiras, desenhos infantis, enxergará 9 golfinhos, e um adulto, ou uma criança que já sofreu violência sexual enxergará um casal.

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Terceiridade e formação linguística. Diversas formas de passar a mesma notícia, e como a mídia pode influenciar o ponto de vista do receptor.

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TERCEIRIDADE

A distinção entre Fenomenologia e Metafísica, no interior da arquitetura filosófica de C. S. Peirce, é

particularmente relevante para o entendimento da noção de Terceiridade. Tenhamos claro que a

Fenomenologia trata da classificação do mundo tal como este se apresenta. A Metafísica, por seu turno,

procura explicar como o mundo “deve ser” (sua estrutura) para que ele – o mundo – se apresente de modo

compatível tal com as descrições da Fenomenologia.

As terceiridades constituem-se das manifestações que são feitas do conhecimento e do entendimento

manifestadas no campo da realização prática do saber, ou seja, a partir do conhecimento que se tem de

algo, depois que se conhece e entende a maneira que este saber vai ser manifestado de forma prática. Isto

nada mais é do que o processo dedutivo, desenvolvido através da experiência de vida.

Três processos se complementam para a formação lingüística, abdução (primeiridade), indução

(secundidade) e dedução (corresponde a terceiridade). Eles são complementares e não podem substituir

uns aos outros, pois cada um é necessário na comunicação, que não se completa na falta de qualquer um.

A terceiridade então, se resume a forma de interpretação de cada ser, dependendo da sociedade em que

vive, é o modo que se manifesta aquilo que se conhece e se entende. É a prática daquilo que se sabe.

Um exemplo disso, é essa imagem, usada por psicólogos do mundo inteiro para saber se crianças

sofreram abuso sexual, uma criança “normal”, que vive em meio de brincadeiras, desenhos infantis,

enxergará 9 golfinhos, e um adulto, ou uma criança que já sofreu violência sexual enxergará um casal.

Terceiridade apresenta-se, no plano fenomenológico, como a categoria sob a qual encontramos a

experiência das mediações, cujo contínuo vir-a-ser de sínteses e representações, configura aquilo que

Peirce chamou de “inteiro resultado cognitivo do viver”. Por outro lado, no plano ontológico,

Terceiridade manifesta-se como Lei, como regularidades do mundo e da mente que constituem condição

de possibilidade da própria cognição.

Essa homologia entre realidade e mente, ou seja, sua natureza comum, ajuda-nos a compreender

outro aspecto relevante da metafísica de Peirce: a tendência dominante, no modo de ser da Terceiridade,

para o aprendizado e o crescimento. As mentes do mundo vivenciam um processo contínuo, um

incessante desfiar de instantes (primeiridade), impasses (segundidade) e soluções mediadores

(terceiridade) cujas resultantes são novos estados de consciência de síntese onde hipóteses se confirmam

ou não, hábitos se mantém ou não.

A denotação de um nome próprio é o mesmo objeto que designamos com este nome, a

representação que ali alcançamos é inteiramente subjetiva; entre os que encontram um sentido que não é

subjetivo como a representação, nem como o mesmo objeto.

A mídia, hoje em dia tem grande parte da responsabilidade na formação de idéias e opiniões, as

pessoas são influenciadas à partir da realidade em que vivem, da classe social e dos programas que

assistem. Formamos nossas idéias à partir da idéia de um jornalista ou até mesmo de nossos “ídolos” , e

muitas vezes essas idéias não existem, não passam de um marketing pessoal, um merchandising muito

bem pago, ou interesses políticos.

Abaixo, um exemplo disso, todos conhecemos a história da “Chapeuzinho Vermelho” que

acompanhou a infância da maioria de nós, e mesma história narrada de maneiras diferentes, nos induz a

opiniões diferentes também. Sabendo do perfil de cada programa, jornal ou jornalista, o criador do blog

“Jacaranda da Bahia” criou estas sátiras de reportagem de acordo com as características de cada um.

A História de Chapeuzinho Vermelho na mídia golpista

JORNAL NACIONAL:(William Bonner): 'Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um

lobo petista na noite de ontem...'.(Fátima Bernardes): '... Mas a atuação de um caçador filiado ao

psdbevitou uma tragédia'.(William Bonner) Uma câmara escondida, colocada pela globo flagrou o

momento do ataque...

FANTÁSTICO: (Glória Maria): '... Que gracinha gente. Vocês não vão acreditar, mas essa menina

linda aqui foi retirada viva dabarriga do lobo petista, não é mesmo meu bem?'

CIDADE ALERTA: (Datena) :'... Onde é que a gente vai parar, cadê asautoridades? Cadê as

autoridades? Cadê o Lula! A menina ia para a casa da avozinha a pé! Não tem transporte público! Não

tem transportepúblico! E foi devorada viva... Um lobo, um lobo safado e ligado ao palácio do planalto.

Põe na tela!! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medode lobo, não.'

REVISTA VEJA: 'Lula sabia das intenções do lobo'.

Telefonemas gravados pela federal e vazados para a veja através de um delegado tucano, mostra a

hora que o presidente ligou para o lobo.

REVISTA CLÁUDIA: 'Como chegar à casa da vovozinha sem se deixarenganar pelos lobos no

caminho'.

REVISTA NOVA: 'Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama'.

FOLHA DE S. PAULO: Lula foi visto ontem nas proximidades do bosque

Legenda da foto: 'Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador'.

Na matéria, box com um zoólogo explicando oshábitos alimentares dos lobos e sua relações antigas

com o PT.

O ESTADO DE S. PAULO: 'Lobo que devorou Chapeuzinho seria filiado ao PT.

ZERO HORA: 'Avó de Chapeuzinho nasceu no RS'.

AQUI: PT leva sangue e tragédia a casa da vovó.

REVISTA ISTO É: 'Gravações revelam que lobo foi assessor de político ligado a Lula’.

Cristielen Mara Pianegonda

(54) 9621.6676

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Caxias do Sul, 23 de agosto de 2008