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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO TERAPÊUTICA DA MASTITE UTILIZANDO MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS Gustavo Naciff Ximenes Orientador: Prof. Dr. Edgar Alain Collao Saenz JATAÍ 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CAMPUS JATAÍ

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO

TERAPÊUTICA DA MASTITE UTILIZANDO MEDICAMENTOS

HOMEOPÁTICOS

Gustavo Naciff Ximenes

Orientador: Prof. Dr. Edgar Alain Collao Saenz

JATAÍ

2009

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GUSTAVO NACIFF XIMENES

TERAPÊUTICA DA MASTITE UTILIZANDO MEDICAMENTOS

HOMEOPÁTICOS

Trabalho de conclusão de Curso de Graduação em Medicina Veterinária para obtenção do título de Médico Veterinário junto ao Campus Jataí da Universidade Federal de Goiás.

Orientador: Prof. Dr. Edgar Alain Collao Saenz

Supervisor:

Med. Vet. Valdir Chiogna Junior

JATAÍ

2009

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GUSTAVO NACIFF XIMENES

Trabalho de conclusão de Curso de Graduação defendido e aprovado em 11/11/2009

pela Banca Examinadora constituída pelos professores:

Prof. Dr. Edgar Alain Collao Saenz

(Presidente da Banca)

Profa. Dra. Ana Luisa Aguiar de Castro (Membro da Banca)

Profa. Dra. Vera Lucia Banys (Membro da Banca)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por tudo que tem me proporcionado e por

nunca ter me abandonado em nenhum momento da minha vida.

Aos meus pais José Ximenes Filho e Lívia Naciff Ximenes, que sempre me

deram força, sendo muito mais do que pais, a eles devo tudo.

Aos meus irmãos Rodrigo e Thiago por estarem presente em minha vida,

mostrando o que é amizade verdadeira.

Ao meu tio Luiz Augusto Ximenes, por toda força durante esse tempo de

faculdade, por ter me ajudado muito na realização desse sonho. Muito obrigado.

Aos meus companheiros da República Overgole, onde passei os melhores

momentos da minha vida e fiz amigos para toda eternidade entre eles: Apolo,

Sapim, Taberaí, Spiga, Porquim, Espingarda, Professor, Chassi, Pará, Alemão,

Buda, Obama, Bruno, Coró, Mosquete, Cigano, Rimtimtim. E aos agregados

Moita e Vespa. Obrigado pela amizade e companheirismo.

À minha namorada Joyce, que tanto me deu força e apoio para chegar até

aqui.

Aos professores e funcionários da UFG, por tudo o que me ensinaram, em

especial ao Prof. Dr. Edgar Alain Collao Saenz, que além de professor se tornou

um grande amigo. Às Professoras Vera Lúcia Banys e Ana Luisa Aguiar de Castro

pelos valiosos ensinamentos e co-orientação na realização deste trabalho.

Aos Médicos Veterinários André Luís Presotto e Valdir Chiogna Junior pela

oportunidade de fazer estágios e aprender mais. Obrigado pelos ensinamentos.

Aos amigos de Caçu - GO, que tanto me ajudaram durante o estágio

supervisionado.

Aos integrantes da IX Turma de Medicina Veterinária, que agora além de

amigos se tornaram colegas de profissão, podem contar comigo sempre.

E a todos que indiretamente me ajudaram a alcançar esse sonho.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 01

2. DESCRIÇÃO DOS ATENDIMENTOS 03

3. REVISÃO DE LITERATURA 05

3.1. MASTITE 05

3.2. MASTITE CONTAGIOSA 06

3.3. MASTITE AMBIENTAL 09

3.4. MASTITE CLÍNICA 10

3.5. MASTITE SUBCLÍNICA 10

3.6. QUALIDADE DO LEITE 11

3.7. IMPORTÂNCIA DA EXCELÊNCIA NA HIGIENE 12

3.8. SAÚDE PÚBLICA 15

3.9. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA 16

3.10. ESTRATÉGIAS PARA PREVENIR NOVAS INFECÇÕES

INTRAMAMÁRIAS

17

4. HOMEOPATIA 18

4.1. LEI DOS SEMELHANTES 20

4.2. HOMEOPATIA POPULACIONAL 21

4.3. FUNDAMENTOS DA HOMEOPATIA POPULACIONAL 22

4.4. AÇÃO DO MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO 24

4.5. TEORIA DA MEMÓRIA DA ÁGUA 27

5. HOMEOPATIA NA MASTITE 28

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 32

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33

8. ANEXO: INSTRUÇÃO NORMATIVA 7, ANEXO IV 39

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1. INTRODUÇÃO

A mastite é uma doença que causa grandes prejuízos econômicos pela

redução em quantidade e qualidade da produção de leite e seus derivados, o que

afeta toda a cadeia produtiva, desde os produtores até os consumidores finais.

Para o tratamento dessa doença, convencionalmente, são utilizados

produtos químicos, geralmente, antibióticos e antiinflamatórios, os quais podem

deixar resíduos tóxicos e promover efeitos colaterais indesejáveis e, nestas

condições, o leite torna-se impróprio para o consumo humano, levando ao

descarte do mesmo, além de contribuir para o desenvolvimento de resistência dos

microrganismos.

É crescente o interesse dos produtores por métodos terapêuticos que

apresentem baixo custo e dispensem a necessidade do descarte do leite devido

aos resíduos. Por este motivo, a homeopatia se torna importante alternativa e,

atualmente, é aceita nacional e internacionalmente, aumentando, cada vez mais,

os números de adeptos a essa ciência.

A agricultura orgânica vem ganhando força em todo o mundo devido à

crescente preocupação com questões ambientais, sociais e à procura por

alimentos livres de contaminação, que faz com que os consumidores conscientes

procurem, cada vez mais, os alimentos orgânicos. No Brasil, a produção orgânica

foi regulamentada inicialmente pela Instrução Normativa do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), N°007 de 17 de maio de 1999 e,

posteriormente, ratificada pela Lei N°10.831 de 23 de dezembro de 2003, que

dispõe sobre a Agricultura Orgânica e dá outras providências (Documento em

anexo). ALMEIDA (2004) cita as normas para a produção animal, com as práticas

permitidas e proibidas e, conforme o item 1 do Anexo IV desta lei. A homeopatia é

uma das condutas terapêuticas desejadas e recomendadas no controle sanitário

do rebanho, enquanto que a utilização de antibióticos e esteróides, que são os

medicamentos empregados no tratamento convencional de mastites, estão

classificados no item 3 como técnicas proibidas.

O estágio de conclusão de curso foi realizado em período integral, de 10 de

julho a 18 de setembro de 2009, totalizando 400 horas, na CENTROVET empresa

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composta por três Médicos Veterinários, que prestam serviço de assistência

veterinária aos produtores rurais do sudoeste goiano atendendo animais de

grande porte a campo.

O objetivo da presente revisão é apresentar uma caracterização da mastite

e a possibilidade de prevenção e tratamento da doença com produtos

homeopáticos.

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2. DESCRIÇÃO DOS ATENDIMENTOS

Durante o período de estágio curricular supervisionado foram

desenvolvidas diversas atividades em distintos campos da Medicina Veterinária

entre elas, como pode ser visualizado na Tabela 1.

Tabela 1. Descrição de casos atendidos, durante o estágio curricular supervisionado na Centrovet

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ESPÉCIE N° DE

ANIMAIS

CLÍNICA CIRÚRGICA

Descorna Bovina 22

Castração Equina 01

Cirurgia de casco Bovina 13

Cesareana

Desmotomia patelar

Bovina

Bovina

01

01

CLÍNICA MÉDICA

Mastite Bovina 87

Otite

Papilomatose

Bovina

Bovina

06

15

Tristeza parasitária bovina Bovina 01

REPRODUÇÃO

Diagnóstico de gestação

Sincronização de cio

MANEJO NUTRICIONAL /

Pré-parto

Lactação

Propriedades atendidas com produtos homeopáticos

Fonte: ARQUIVO PESSOAL

Bovina

Bovina

MANEJO

Bovina

Bovina

Bovina

SANITÁRIO

1200

47

30

43

12

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A empresa é também distribuidora dos produtos homeopáticos REAL H®,

sendo que o responsável técnico para o Sudoeste goiano, o Médico Veterinário

Valdir Chiogna Junior, o supervisor deste estágio. A loja está situada na Rua

Neca Borges, 1060, Centro, Caçu – GO e as áreas de atuação no estágio

curricular supervisionado foram clínica cirúrgica, clínica médica, manejo sanitário,

reprodução, produção e nutrição de ruminantes.

Durante o estágio foi dada maior ênfase ao trabalho realizado com

produtos homeopáticos, por ser uma área em desenvolvimento e, acredito por

algumas dissertações de Mestrado consultadas, de grande potencial futuro como

terapia alternativa aos medicamentos convencionais. Embora a presente revisão

trate especificamente sobre mastite, foi interessante observar a grande linha de

produtos homeopáticos disponíveis para diversas espécies de animais, entre eles

podemos citar o parasitário o qual auxilia no controle de ecto e endo parasitas;

papilomatose que é indicado para o tratamento preventivo ou curativo da

papilomatose bovina; pasta entérica que atua no tratamento preventivo e curativo

da diarréia em animais; e o convert h leite que atua promovendo o equilíbrio do

úbere, da qualidade do leite e da produtividade leiteira.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 MASTITE

O termo mastite é derivado do grego “mastos”, que significa glândula

mamária e do sufixo “ite”, inflamação de. Caracteriza-se por ser um processo

inflamatório da glândula mamária (COSTA, 1998), que pode ser causada por

inúmeros microrganismos (LANGONI, 2000), havendo relatos de mais de 140

diferentes tipos de agentes causadores de mastite (PHILPOT & NICKERSON,

2000) incluindo-se bactérias, fungos, algas e vírus (LANGONI, 2000). Porém, na

maioria das vezes, a mastite é provocada por bactérias que conseguem penetrar

o canal do teto (DOMINGUES & LANGONI, 2001).

Esta doença constitui-se a principal afecção dos rebanhos leiteiros e é

caracterizada por alterações físicas, químicas e bacteriológicas do leite, bem

como do tecido glandular mamário (LANGONI, 2000) que, se não tratadas

rapidamente, provocam destruição irreversível das células secretoras de leite

(DOMINGUES & LANGONI, 2001). A reação inflamatória é mecanismo de defesa

para eliminar o microrganismo infectante, neutralizar as toxinas e auxiliar no

reparo dos tecidos produtores de leite para que a glândula possa voltar à sua

função normal (PHILPOT & NICKERSON, 2000).

A mastite bovina é o fator que mais provoca perdas econômicas na cadeia

produtiva do leite pela redução da quantidade e pelo comprometimento da

qualidade do leite produzido (DUQUE et al., 2005) ou pela perda total da

capacidade secretora da glândula mamária (RIBEIRO et al., 2003). As perdas

monetárias diretas provocadas pela mastite são devidas a diversos fatores como

os custos com assistência veterinária, com medicamentos necessários ao

tratamento e com o descarte das vacas afetadas. Já as perdas indiretas mais

representativas são devidas, principalmente, pela presença de mastite subclínica

resultando em diminuição de quilos de leite produzidos e elevada contagem de

células somáticas (CCS; TELLES & GONÇALVES, 2009).

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As células somáticas são todas as células presentes no leite (PELEGRINO

et al., 2008), ou seja, o conjunto de células de origem do sangue (linfócitos,

macrófagos e neutrófilos) e células epiteliais da descamação da própria glândula

mamária presentes no leite. As células somáticas tem duplo propósito no úbere,

combater os microrganismos infecciosos através da fagocitose, processo no qual

o microrganismo é envolvido e destruído e, assistir na reparação dos tecidos de

secreção do leite, danificados pela infecção ou lesão (PHILPOT & NICKERSON,

2000). A CCS serve como indicativo da ocorrência de inflamação intramamária e

pode ser usada para distinguir uma glândula mamária infectada de uma não

infectada (SANTOS & FONSECA, 2007). A CCS é influenciada por fatores como

a época do ano, raça dos animais, estágio de lactação, produção de leite, número

de lactações, problemas nutricionais e condições climáticas (MULLER, 2002).

Para a realização da CCS pode-se utilizar métodos diretos de contagem

através de microscopia óptica ou contadores eletrônicos, ou por métodos indiretos

como o teste CMT (California Mastits Test; ALMEIDA, 2004).

Epidemiologicamente, a mastite bovina divide-se em mastite contagiosa e

ambiental (PEDRINI & MARGATHO, 2003; TELLES et al., 2006). De acordo com

a forma de manifestação da infecção, as mastites podem ser classificadas como

sendo clínicas ou subclínicas, sendo esta última a forma mais prevalente e que

causa maiores perdas econômicas, representando de 5% a 25% da produção

leiteira (PHILPOT & NICKERSON, 2000).

3.2. Mastite Contagiosa

A mastite contagiosa é definida pela forma de transmissão de animal para

animal e é causada por patógenos, cujo “habitat” preferencial é o interior da

glândula mamária e a superfície da pele dos tetos (LANGONI, 2007). Caracteriza-

se pela apresentação de baixa incidência de casos clínicos e alta incidência de

casos subclínicos, persistindo por longo tempo e apresentando alta contagem de

células somáticas (PINTO, 2009). As infecções se disseminam entre as vacas ou

tetas durante a ordenha, pois neste momento o orifício do teto está aberto. As

bactérias são transferidas da glândula mamária infectada para outra sadia, pelo

equipamento de ordenha contaminado, pelo bezerro ao mamar ou pelas mãos

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dos ordenhadores (DOMINGUES & LANGONI, 2001). Além disso, a participação

das moscas como agentes transmissores da mastite contagiosa pode ser

importante em fazendas com alta infestação desses insetos, especialmente no

que diz respeito à contaminação de novilhas no pré-parto (SANTOS & FONSECA,

2007).

As bactérias causadoras da mastite contagiosa se dividem em patógenos

principais e patógenos secundários. Entre os principais destacam-se o

Staphylococcus aureus e o Streptococcus agalactiae e entre os secundários o

Corynebacterium bovis é o representante mais importante (TELLES et al., 2006).

O termo Staphylococcus aureus pode ser traduzido por “cacho” que

significa staphylo; “esfera” que é o significado de coccus e “dourado” que significa

aureus. Portanto, um cacho dourado de esferas. São classificados como cocos

Gram-positivos e são encontrados na pele dos tetos, mas colonizam ou crescem

prontamente na queratina do canal do teto (PHILPOT & NICKERSON, 2000). Não

é organismo obrigatório da glândula mamária e pode colonizar outras áreas do

corpo. No entanto, a fonte de infecção principal é a secreção de quartos

infectados, alastrados pelas mãos dos ordenhadores e pelo equipamento de

ordenha (REBHUN, 2000). O Staphylococcus aureus é apontado pelo

International Dairy Federation (IDF), como o principal patógeno em 18 países,

entre os 23 pesquisados (DOMINGUES & LANGONI, 2001). Na grande maioria

dos países, este agente pode ser encontrado em, praticamente, todos os

rebanhos leiteiros, com a prevalência variando entre 81% a 94% nos rebanhos

(SANTOS, 2003).

As infecções causadas por esse agente apresentam-se geralmente, na

forma subclínica. Uma vez infectado, o quarto, passa a ser reservatório do

agente. Pode ainda ocorrer, com menor freqüência, casos agudos que resultam

em mastite gangrenosa que podem levar à morte do animal (SANTOS &

FONSECA, 2007). A infecção por Staphylococcus aureus é crônica e as

autocuras são raras. Além da redução da produtividade, as glândulas afetadas

sofrem danos parenquimatosos permanentes, com fibrose e formação de

microabcessos (REBHUN, 2000). Segundo LANGENEGER et al. (1981) as

perdas por mastite subclínica causada por Staphylococcus aureus causam três

vezes mais prejuízos do que a mastite clínica.

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Uma vez estabelecido dentro do rebanho, o Staphylococcus aureus

difícilmente é eliminado (REBHUN, 2000), pois quando dentro da glândula

mamária, fixa-se às células epiteliais e estabelece a infecção, além de possuir

grande capacidade de invasão, o que permite a instalação em partes profundas

da glândula mamária. Além disso, geralmente, há formação de “bolsões” de

bactérias que impede o acesso de antibióticos ao local da infecção, conferindo

uma das principais características do agente que são as infecções de longa

duração, com tendência a cronificação e baixa taxa de cura, tanto espontânea ou

por uso de antibióticos (SANTOS & FONSECA, 2007). Por isso, o Staphylococcus

aureus é conhecido por possuir resistência aos antibióticos, o que torna seu

tratamento difícil (ALMEIDA, 2004).

A elevação da contagem de células somáticas total, no entanto, não se

constitue como indicador altamente sensível do problema da mastite por

Staphylococcus aureus no rebanho, pois até 50% das vacas, podem se infectar

com esse agente, antes da contagem de células somáticas total ficar

alarmantemente elevada. Portanto, pode ocorrer aumento variável na CCS

(REBHUN, 2000). Rebanho com controle de mastite eficaz tem, constantemente,

contagens abaixo de 100.000 céls/mL. Ao contrário, contagens de células

somáticas maiores do que 500.000 céls/mL, indica que um terço das glândulas

mamárias estão infectadas e a perda de leite devido a mastite subclínica é de

pelo menos 10% (TOZZETTI et al., 2008).

Uma segunda espécie de grande importância na mastite de contágio é o

Streptococcus agalactiae. Seu nome pode ser traduzido, literalmente, por “cadeia”

que é o significado de strepto, e “esfera” para coccus, e agalactiae que significa

“sem leite”. Portanto, uma cadeia de esferas que reduz a produção de leite

(PHILPOT & NICKERSON, 2000). É agente patogênico contagioso típico, que se

caracteriza por ser encontrado quase que, exclusivamente, no interior da glândula

mamária, não sobrevivendo por muito tempo fora da mesma (WATTIAUX, 1995).

Este microrganismo foi um dos primeiros agentes a serem isolados dos casos de

mastite, sendo considerado muito importante nos rebanhos leiteiros (SANTOS,

2003).

Os estreptococos apresentam-se sob a forma de cocos Gram-positivos, em

cadeias, como colar de pérolas, mas, às vezes, podem estar dispostos aos pares.

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São aeróbios, facultativamente anaeróbios, imóveis, com poucas exceções e não

formam esporos (RIET-CORREA et al., 2001). Essas bactérias são eliminadas em

grande número no leite, a partir dos quartos infectados e a disseminação dos

Streptococcus agalactiae para os quartos não infectados ocorre principalmente,

durante a ordenha. Portanto, procedimentos inadequados de ordenha promovem

o alastramento desse microrganismo, enquanto que os procedimentos higiênicos

controlam (REBHUN, 2000).

A infecção por esse agente manifesta-se, na grande maioria das vezes, na

forma subclínica mas, normalmente, apresentam grande elevação da CCS (acima

de 1.000.000/mL; SANTOS & FONSECA, 2007). Os animais podem apresentar-

se assintomáticos e sem sinais reveladores ou podem apresentar discreta

inflamação inicial, aumento da consistência mamária ou aumento de volume e o

leite poderá apresentar-se macroscopicamente normal ou com poucas alterações,

como pequenos grumos, filamentos ou flocos (CORRÊA & CORRÊA, 1992).

Mesmo com o elevado custo da implantação, a erradicação de S.

agalactiae é uma medida que tem retorno econômico, visto que esse agente

causa grande aumento da CCS e redução da produção de leite (SANTOS, 2003).

Quando o diagnóstico é feito rapidamente, são raros os casos de perda do quarto

afetado. A resposta à antibioticoterapia no tratamento de infecções causadas por

S. agalactiae é boa e permite a erradicação do agente do rebanho (SANTOS &

FONSECA, 2007).

3.3. Mastite Ambiental

A mastite ambiental caracteriza-se pela localização dos reservatórios dos

patógenos ser no próprio ambiente de ordenha ou do curral (PEDRINI &

MARGATHO, 2003), principalmente no esterco, urina, barro, camas orgânicas e

água de beber ou de limpeza (PINTO, 2009). Possui alta incidência de casos

clínicos, geralmente de curta duração, freqüentemente, com manifestação aguda

(SANTOS & FONSECA, 2007). A transmissão ocorre, principalmente, durante o

intervalo das ordenhas. Os principais microrganismos envolvidos são a E. coli e

outros coliformes, Pseudomonas aeruginosas, Nocardia spp e Streptococcus

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uberis, algas como Prototheca spp e fungos Candida sp (DOMINGUES &

LANGONI, 2001).

Os agentes ambientais são oportunistas (REBHUN, 2000) e geralmente, se

manifestam em rebanhos bem manejados e com baixa CCS uma vez que a alta

CCS dos rebanhos advinda da mastite contagiosa e a alta prevalência da mastite

subclínica conferem proteção parcial contra os agentes ambientais (PINTO,

2009).

3.4. Mastite Clínica

Chama-se mastite clínica os casos da doença em que existem sinais

evidentes de manifestação da mesma, tais como, edema, aumento da

temperatura, endurecimento e dor na glândula mamária e/ou aparecimento de

grumos, pús ou qualquer alteração das características do leite,

independentemente da CCS do leite (SANTOS & FONSECA, 2007).

É facilmente detectável pelas alterações visíveis no leite e no úbere, e

queda na produção leiteira (DOMINGUES & LANGONI, 2001). A gravidade pode

variar durante o curso da doença, o que permite classificar a mastite clínica em

clínica subaguda, clínica aguda, clínica hiperaguda, mastite crônica, não

específica e latente (PHILPOT & NICKERSON, 2000).

3.5. Mastite Subclínica

Ao contrário da mastite clínica, a mastite subclínica é branda e mais difícil

de ser detectada. A vaca na maioria das vezes se apresenta sadia, o úbere não

mostra nenhum sinal de inflamação e o leite parece normal. Entretanto,

microrganismos e células brancas do sangue (células somáticas) que são defesas

contra a infecção, são encontradas em número elevado no leite (WATTIAUX,

1995).

A mastite subclínica pode ser caracterizada por alterações na composição

do leite, tais como aumento na CCS, aumento nos teores de Cl-, Na+ e proteínas

séricas, diminuição nos teores de caseína, lactose e gordura do leite (LIBERA et

al., 2001). No Brasil, segundo BRANT & FIGUEIREDO (1994), a mastite

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subclínica apresenta alta incidência, com índices variando de 45% a 97% e a

redução da produção de leite resultante de 25% a 43%.

Na forma subclínica não existem sinais evidentes da doença, portanto, não

é possível diagnosticá-la sem a utilização de testes auxiliares tais como o CMT e

a condutividade elétrica do leite (SANTOS & FONSECA, 2007).

A prevalência da mastite subclínica é muito maior do que da mastite clínica,

chegando a primeira a ser responsável por 90% a 95% dos casos da doença

(TELLES et al., 2006). Segundo PHILPOT & NICKERSON (2000), para cada caso

clínico de mastite existem de 15 a 40 casos subclínicos.

3.6. Qualidade do Leite

O leite é considerado o mais nobre dos alimentos por sua composição rica

em proteína, gordura, carboidratos, sais minerais e vitaminas. Além das

propriedades nutricionais, o leite oferece elementos anticarcinogênicos presentes

na gordura, como o ácido linoléico conjugado, esfingomielina, ácido butírico, β-

caroteno, vitaminas A e D (MULLER, 2002). No Brasil, a produção de leite, está

se tornando uma atividade cada vez mais competitiva e, com isso, os produtores

buscam quantificar e qualificar os fatores que interferem na produção do leite de

qualidade, e do maior ganho com a atividade (DUQUE et al., 2005).

A presença da mastite proporciona o aumento das qualidades indesejáveis

do leite, tais como enzimas proteolíticas, sais e rancidez. Ao mesmo tempo,

diminui as qualidades desejáveis, como proteína, gordura e lactose, assim como a

aptidão para a fabricação de queijo e a estabilidade térmica (PHILPOT &

NICKERSON, 2000).

A condição sanitária do rebanho leiteiro, as boas práticas de higiene

durante a ordenha e a conservação do leite em baixas temperaturas (4 a 5ºC), até

o momento do processamento, são importantes para evitar o desenvolvimento

dos microrganismos indesejáveis que ocasionam a deterioração do leite podendo,

inclusive, torná-lo não recomendável para o consumo humano (CAVALCANTI,

2006).

No Brasil, a partir dos anos 90, gradativamente, alguns laticínios iniciaram

a implantação de programas de pagamento do leite por qualidade (MULLER,

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2002; PINTO, 2009), que é influenciada por muitas variáveis, entre as quais se

destacam os fatores zootécnicos associados ao manejo, alimentação, potencial

genético dos rebanhos e fatores relacionados à obtenção e armazenagem do leite

(MULLER, 2002).

Entre os parâmetros de qualidade do leite, a análise dos componentes

principais que determinam a integridade, o potencial industrial do produto e a

CCS, que permite monitorar o nível de mastite e as perdas relacionadas à

qualidade do leite, são os critérios que mais vêm sendo utilizados para a indústria

efetuar o pagamento por qualidade na maioria dos países (SANTOS &

FONSECA, 2007).

Nesse sentido, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

propôs legislação pertinente para a modernização do setor lácteo no Brasil,

através da Instrução Normativa 51, que se refere à qualidade do leite que, em

linhas gerais, pretende implantar a CCS como indicativo da sanidade da glândula

mamária e parâmetro legal da qualidade do leite cru resfriado, comercializado em

todo país (LANGONI, 2000). Esse programa começou a vigorar em 2005 e o

limite inicial para a CCS, que era de 1.000.000 céls/mL foi reduzido para 750.000

céls/mL em 01/07/2008 e deverá ser reduzido para 400.000 céls/mL em

01/07/2011 nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste (PELEGRINO et al., 2008).

A melhoria da qualidade do leite é resultado de uma série de fatores, que

passam pela educação e treinamento dos produtores e técnicos, sendo

necessária a conscientização do produtor rural no cumprimento das medidas

higiênico-sanitárias na produção e na estocagem do leite, para que possa ser

ofertado ao consumidor um produto compatível com a legislação (CAVALCANTI,

2006).

3.7. Importância da Excelência na Higiene

O princípio sobre o qual se baseia o controle da mastite envolve a

prevenção da doença, minimizando o número de patógenos aos quais os tetos

são expostos durante a pré-ordenha, ordenha, pós-ordenha e nos intervalos das

ordenhas (PHILPOT & NICKERSON, 2000). Um programa de controle de mastite

deve ter como metas principais a erradicação da mastite contagiosa por

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Streptococcus agalactiae, controlar a mastite por Staphylococcus aureus, manter

o mais baixo possível o índice de mastite ambiental, manter a CCS abaixo de

200.000/mL de leite, diagnosticar menos de 2% de episódios clínicos/mês e

manter 85% das vacas livres de mastite subclínica (PELEGRINO et al., 2008;

MULLER, 2002).

A ordenha das vacas é uma das atividades mais importantes da

propriedade leiteira, devido a três aspectos principais: 1- é nessa hora que o

produtor coleta o leite, produto resultante de todos os esforços realizados na

propriedade; 2- é no momento da ordenha que existe alto risco das vacas

contraírem a mastite; e 3- é o momento de alto risco de contaminação microbiana

do leite (SANTOS & FONSECA, 2007). Por isso, a ordenha deve ser realizada por

pessoas treinadas, com tranqüilidade, obedecendo a uma rotina pré-estabelecida

(PELEGRINO et al., 2008).

Não existe manejo de ordenha único e definitivo para todas as

propriedades, uma vez que cada uma apresenta particularidades quanto ao tipo

de mão-de-obra, ao número de animais, ao tamanho e ao modelo da sala de

ordenha e ao padrão genético do gado. Todavia, deve-se ter como objetivo

principal assegurar que os tetos estejam limpos e secos antes do início da

ordenha (SANTOS & FONSECA, 2007).

A rotina da ordenha pode ser descrita pelos seguintes tópicos:

• deve-se estabelecer uma linha de ordenha, de modo que as vacas infectadas

fiquem para o final da ordenha ou sejam apartadas (PELEGRINO et al., 2008).

Geralmente, é feita, primeiro, a ordenha das novilhas de primeira cria, seguida

das vacas que nunca tiveram mastite, vacas que tiveram mastite clínica há mais

de seis meses e, por fim, vacas que tiveram mastite clínica nos últimos seis

meses (PINTO, 2009). Tem sido demonstrado que em rebanhos infectados por

patógenos contagiosos tais como S. aureus, após a ordenha de um animal

infectado, a unidade de ordenha pode se constituir em veículo para a infecção de

até seis animais que vierem a ser ordenhados a seguir. Este fato endossa a

necessidade de se implantar a linha de ordenha, para diminuir o número de novas

infecções ocasionadas por patógenos contagiosos (COSTA, 2008);

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• deve ser realizada a higiene das mãos do ordenhador utilizando água e sabão,

seguida por desinfecção ou pode-se recomendar a utilização de luvas de látex

(SANTOS & FONSECA, 2007);

• deve ser realizado o teste da caneca, que consiste na retirada dos primeiros

jatos de leite em uma caneca telada ou de fundo preto, que possibilita o

diagnóstico de mastite clínicas e estimulam a descida do leite (MULLER, 2002);

• pode ser realizada a limpeza dos tetos e da superfície inferior do úbere, pois o

objetivo principal é ordenhar tetos limpos e secos. Nos casos de vacas com tetos

visualmente sujos pode-se realizar a limpeza somente das partes dos tetos que

entram em contato com as teteiras, entretanto, tal prática deveria ser evitada

sempre que possível (PHILPOT & NICKERSON, 2000; SANTOS & FONSECA,

2007);

• imersão dos tetos em solução desinfetante antes da ordenha (pré-dipping).

Deve-se permitir que o desinfetante fique em contato com o teto por 20 a 30

segundos, antes de ser seco por papel toalha individual – uma folha/teto. Calcula-

se redução de até 50% na taxa de novas infecções com a adoção desse

procedimento (REBHUN, 2000);

• deve-se realizar a colocação das teteiras 1 minuto após a retirada dos primeiros

jatos, otimizando a ação da ocitocina, e proporcionando uma ordenha mais rápida

e completa (SANTOS & FONSECA, 2007);

• ajustar as teteiras durante a ordenha, para evitar que ocorra o seu deslizamento.

A entrada de ar causa flutuação de vácuo, podendo resultar em fluxo reverso, que

pode conduzir microrganismos para dentro do teto, o que aumenta os riscos de

mastite (PHILPOT & NICKERSON, 2000);

• ao fim da ordenha, deve ser realizada a retirada dos insufladores, após o

fechamento do registro de vácuo para evitar lesões nos tetos e nos esfíncters

(MULLER, 2002);

• imersão dos tetos após a ordenha (pós-dipping). É uma das medidas mais

importantes para o controle da mastite e deve ocorrer imediatamente após a

retirada dos insufladores. A imersão dos tetos deve ser total, utilizando-se frascos

de imersão que não permitem o retorno do produto (MULLER, 2002; SANTOS &

FONSECA, 2007). Pode ser utilizado desinfetante a base de clorexidina 0,5%,

iodo 0,5% e 1% ou amônia quaternária (DOMINGUES & LANGONI, 2001). Após a

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ordenha é recomendável o fornecimento de alimentos para as vacas permaneçam

em pé até que o fechamento do esfíncter aconteça, geralmente em torno de uma

hora (REBHUN, 2000);

• segundo DOMINGUES & LANGONI (2001), a higienização das teteiras entre

ordenhas é uma técnica que pode trazer resultados no controle da mastite

contagiosa em rebanhos, no entanto, pode tornar a ordenha um processo muito

demorado.

3.8. Saúde Pública

O leite é um alimento rico em nutrientes e muito susceptível à

contaminação por diferentes microrganismos, os quais têm sido frequentemente

associados a infecções e toxinfecções em seres humanos (COSTA, 2008). O

risco de veiculação de microrganismos patogênicos e/ou suas toxinas através do

leite atestam a importância das mastites e suas implicações em saúde pública,

como salmoneloses, colibaciloses, listerioses, campilobacterioses,

micobacterioses e intoxicações alimentares causadas por toxinas produzidas por

Staphylococcus (ANDREATTA, 2008).

De acordo com COSTA (2008), o Staphylococcus aureus é considerado um

dos principais agentes envolvidos nas intoxicações alimentares em várias regiões

do mundo, o que gera grande preocupação com relação à sua presença nos

alimentos, principalmente, alimentos lácteos.

O Staphylococcus aureus produz TSST-1 (toxina) e outras enterotoxinas

que causam, respectivamente, a síndrome do choque tóxico e intoxicações

alimentares em humanos e tem grande associação com a mastite bovina, tendo

sido isolado em casos de mastite nos rebanhos brasileiros.

Além da contaminação por microrganismos, o leite pode conter resíduos do

tratamento de mastite (antibióticos), o que pode provocar aumento na resistência

de microrganismos. A preocupação crescente com essa presença de resíduos de

antibióticos no leite gera procura de métodos alternativos de tratamento da

mastite (ALMEIDA et al., 1999) destacando entre eles a homeopatia populacional.

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3.9. Importância Econômica da Mastite

Segundo SANTOS & FONSECA (2007), a mastite continua sendo a

doença que mais causa prejuízos à indústria leiteira afetando diretamente o

produtor, os processadores e o consumidor final.

A maioria dos produtores de leite percebe essa perda através dos casos

clínicos encontrados, animais que precisam descartar e custos com

medicamentos e veterinários. A perda menos óbvia, porém mais importante, é a

que ocorre na produção dos quartos afetados e alterações na composição físico-

química do leite (COSTA, 2008). A redução na produção leiteira por quarto

acometido por mastite subclínica é de 6% a 46% e de 5% a 84% por vaca afetada

(COSTA, 1998). Entretanto, o impacto da mastite prossegue ocasionando

mudanças na composição do leite e reduzindo sua qualidade. Além disso, o

antibiótico utilizado para o tratamento da mastite pode deixar resíduos causando

prejuízos e preocupações para a indústria e saúde pública, além de interferir nos

processos de fabricação de muitos produtos lácteos como o queijo e outros

produtos fermentáveis (TOZZETTI et al., 2008).

Por outro lado, em sistemas de remuneração por qualidade, elevadas CCS

significam menor retorno financeiro ao produtor, os quais sofrem penalidades

aplicadas pelos laticínios, recebendo menos pelo leite e, para a indústria, significa

problemas no processamento do leite e redução no rendimento (PINTO, 2009).

De acordo com ALMEIDA (2004) o custo médio dos casos clínicos de

mastite é de US$ 100,00/caso, incluindo-se nesse valor a perda da produção, o

descarte do leite, custo de tratamento e custos associados ao descarte, morte

prematura, e trabalho extra. O mesmo autor, realizou um estudo onde foram

avaliados os custos de tratamento da mastite infecciosa com antibiótico e

medicamentos homeopáticos. Como tratamento convencional, utilizou-se o

Cefoperazone Sódico 250mg/seringa em aplicação intramamária uma vez ao dia

por 3 – 5 dias em cada teto afetado. Em média cada aplicação teve o custo

médio de R$ 4,50/bisnaga. O custo do tratamento com homeopatia foi

aproximadamente de R$ 0,04/animal a cada três dias. Portanto, sob o aspecto de

custo de tratamento mesmo sem contabilizar o descarte do leite do animal

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tratado, tendo concluído que houve vantagem no uso de medicamentos

homeopáticos no tratamento da mastite clinica em vacas leiteiras.

3.10. Estratégias para Prevenir Novas Infecções Intramamárias

De acordo com GODDEN (2008), as estratégias de prevenção podem ser

agrupadas em:

•terapias antimicrobianas para vacas secas, a qual consiste em tratar todas

as vacas utilizando antibióticos na secagem dos animais, curando infecções

subclínicas existentes causadas por patógenos susceptíveis, além de proteger em

curto prazo. Apesar do sucesso, essa estratégia pode não ser necessária para

animais não infectados. Além disso, a proteção antibiótica será incompleta, pois

nem sempre é efetiva em infecções crônicas ou contra todos os possíveis agentes

causadores da mastite e, também, pode haver resíduos no leite no pós-parto, se o

período seco for curto, menor que 60 dias;

•selantes externos para os tetos. Consistem em produtos que quando

aplicados secam nos tetos, formando um filme de látex, acrílico ou outro material

baseado em polímero, prevenindo a entrada de bactérias patogênicas para dentro

do canal do teto. O problema desse produto é a duração de aderência, sendo

necessário o exame da ponta dos tetos frequentemente e várias embebições para

manter uma barreira efetiva;

•o tratamento durante a lactação é recomendado imediatamente após a

detecção da mastite pelo teste da caneca de fundo preto, mas apresenta o

inconveniente da necessidade do descarte do leite com resíduo de antibiótico;

•minimização do desafio intramamário, ou seja, proporcionar ao animal

ambiente limpo, arejado e seco. Realizar a manutenção adequada dos

equipamentos de ordenha e seguir corretamente a rotina de ordenha, sempre

mantendo a higiene;

•maximização das defesas do hospedeiro, ou seja, realizar a maximização

das funções imunitárias dos animais levando a eliminação mais rápida de novas

infecções e à diminuição na frequência, duração e severidade dos casos clínicos

de mastite. Os métodos mais usados atualmente são a melhoria na nutrição dos

animais mantendo-os em balanço energético positivo, fornecendo micronutrientes

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minerais e vitamínicos os quais tem relação direta com o funcionamento

adequado do sistema imune; uso de vacinas contra a mastite que é uma das

maneiras mais eficientes de aumentar a resposta imune das vacas, porém,

apresenta resultados insatisfatórios devido a grande diversidade de

microrganismos causadores da mastite, dos fatores de virulência e da imunidade

que não são totalmente conhecidos, da dificuldade na manutenção dos níveis

elevados de anticorpos no leite e dos esquemas de vacinação deficientes; e a

utilização da homeopatia, que vem conquistando a adesão de um número cada

vez maior de Médicos Veterinários interessados em conhecer essa ciência que

aparece como alternativa segura e barata no controle da mastite contagiosa.

4. HOMEOPATIA

A palavra homeopatia originada do grego significa homeo = semelhante +

pathos = doença, e é a ciência que trata os indivíduos doentes, e não as doenças,

por meio de medicamentos preparados em diluições infinitesimais capazes de

produzir em indivíduos sadios sintomas semelhantes aos sintomas constatados

nos doentes, ou seja, trata a doença com medicamentos que causam uma

doença semelhante (ALVES, 2008). É uma especialidade médica que consiste em

ministrar, ao doente, doses mínimas do medicamento para evitar a intoxicação e

estimular a reação orgânica (SIQUEIRA, 2009). É utilizada para o tratamento das

doenças humanas e animais e foi desenvolvida no final do século XVIII pelo

Médico alemão Cristiano Frederico Samuel Hahnemann (1755 – 1843) e, desde

então, vem sendo praticada por Médicos e Médicos Veterinários no mundo inteiro

(MEMENTO VETERINÁRIO REAL H, 2009).

A homeopatia desafia o processo terapêutico original apoiada numa

abordagem tanto empírica quanto conceitual da doença, de sua integração na

personalização do doente e de seu tratamento (CORNILLOT, 2005), o que

permite ao homeopata tratar seus pacientes sob a expectativa de poder curar

muitos processos comuns e supostamente incuráveis, de um modo menos

perigoso do que os usados convencionalmente (ALVES, 2008).

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De acordo com BENITES (2003) citado por MANGIÉRI JR (2005), a

homeopatia se sustenta em duas leis básicas, a lei dos semelhantes e a do

vitalismo, sendo a última a condição que rege e harmoniza o ser vivo. Baseado

nessas duas leis surgiram os princípios fundamentais à prática da homeopatia,

que segundo REAL (2008) são, a obediência à lei dos semelhantes; uso de

fármacos diluídos e dinamizados; experimentação no animal sadio e; uso do

remédio único e individualizado.

Os medicamentos homeopáticos são preparados a partir de substâncias

extraídas da natureza, provenientes dos três reinos (animal, vegetal e mineral) e

são utilizados diluídos ou dinamizados (MEMENTO VETERINÁRIO REAL H,

2009) e, para que a substância da natureza seja usada como medicamento

homeopático, é necessário prévio conhecimento de sua potencialidade curativa,

através da experimentação no animal são. Tais substâncias podem ser tanto

tóxicas quanto inertes, desde que, quando experimentadas, ofereçam a melhor

similitude aos sintomas da doença a ser tratada. As preparações básicas dessas

substâncias recebem o nome de tinturas-mãe e a partir delas são iniciados os

processos das diluições sucessivas. As diluições chegam a ultrapassar o número

de avogadro (limite da divisibilidade da matéria) podendo ser decimais ou

centesimais (SELEGHINI, 2002).

No início das suas experiências, Hahnemann diluiu os medicamentos e

verificou que, quanto mais diluía, minimizavam-se as reações indesejáveis.

Percebeu também que, ao fazer diluições sucessivas das substâncias e agitá-las

diversas vezes, obtinha sempre melhores resultados e, assim, chegou às doses

mínimas. Desta maneira, a toxicidade das substâncias é atenuada e o potencial

curativo é aumentado. Ao processo de diluição seguido de agitação, deu-se o

nome de dinamização (dynamis – do grego = força). Através da dinamização, se

consegue despertar na substância a capacidade de agir sobre a força vital do

organismo (SELEGHINI, 2002). A dinamização é uma sequência pré determinada

de agitações realizadas entre uma diluição e a seguinte. A experimentação no

animal sadio objetiva a construção das patogenesias, verdadeiros “retratos” da

ação dos medicamentos que orientarão na identificação medicamento/paciente

visando a aplicação da Lei dos Semelhantes – Similia Similibus Curantur (do

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Latim = que sintetiza o método) – O Semelhante Cura o Semelhante (MEMENTO

VETERINÁRIO REAL H, 2009).

4.1. Lei dos Semelhantes

A Lei dos Semelhantes, Simila Similibus Curantur, sobre a qual se baseia a

Homeopatia e segundo a qual determinada doença é curada pela substância

capaz de reproduzir os mesmos sintomas da doença, não é um princípio criado

para justificar uma forma terapêutica, trata-se de um princípio natural reconhecido

e comprovado desde a antiguidade (REAL, 1996).

Segundo BARBOSA NETO (2006), Hipócrates, relatou que são três os

princípios de cura das doenças:

•Natura Medicatrix: a natureza é o médico das doenças que, sem instrução e sem

saber, faz aquilo que é mais conveniente;

•Contraria Contraribus Curantur: ao conhecer a causa da doença cria-se

condições de administrar o que é útil, tomando nos contrários a indicação dos

remédios, pois os tratamentos são supressão do que está em excesso ou

suplementação do que está em falta;

•Simila Similibus Curantur: a doença é produzida pelos semelhantes e pelos

semelhantes que são administrados o paciente volta da doença a saúde. A febre

é suprimida por aquilo que a produz e é produzida por aquilo que a suprime.

Na realidade estes três princípios gerais de cura sintetizam a ação da

Medicina até os dias atuais. O progresso e a evolução sofridos pelo conhecimento

médico no campo semiológico, de diagnóstico e da terapêutica, relegaram ao

esquecimento o Natura Medicatrix o que, no entanto, não elimina a sua validade

em determinadas circunstâncias (REAL, 1996).

Em 1787, Samuel Hahnemann, que era Médico e estava insatisfeito com a

Medicina praticada, que considerava perigosa e inefetiva, resolveu parar de

exercer a profissão, pois achava que não curava seus pacientes (AMARAL,

1999), com o uso de medicamentos venenosos, sangrias, laxantes, vomitivos e

outros, objetivando expulsar a matéria morbífica e causando sofrimento ainda

maior ao doente (HONORATO, 2006).

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Como era poliglota e falava mais de oito idiomas, para sustentar a família

passou a traduzir textos científicos e, foi traduzindo a matéria Médica de Cullen,

em 1790, que falava sobre o quinino no tratamento da malária, que Hahnemann

discordou do autor e decidiu então experimentar o quinino em si mesmo (ALVES,

2008).

Ingeriu durante vários dias doses de quinino e passou a sentir

manifestações de febre intermitente, em tudo semelhante as que ocorriam no

quadro de malária, para cuja doença o quinino era naquele tempo o único

medicamento eficaz. As semelhanças entre as manifestações clínicas provocadas

pelo quinino e o quadro da malária não passaram despercebido por Hahnemann

que repetiu o experimento do quinino, em si próprio, várias vezes obtendo os

mesmos resultados.

Hahnemann não limitou seus estudos experimentais ao quinino, utilizou-se

também de outras drogas em si e em seus familiares, constatando o mesmo

fenômeno, os sintomas provocados pelos medicamentos reproduziam nas

pessoas sãs os mesmos sintomas das doenças que eram capazes de curar.

Estava, assim, redescoberto o princípio básico Similia Similibus Curantur e sobre

o qual se fundamenta a homeopatia (REAL, 1996).

Outras experiências se seguiram utilizando substâncias tóxicas, como o

mercúrio e o arsênico, que exigiram diluição e a agitação. Dessa forma,

descobriu-se que as substâncias perdiam seu efeito tóxico, mas continuavam

capazes de provocar os sintomas das doenças que pretendiam curar. Estava

elaborado então, o princípio da dinamização dos medicamentos (HONORATO,

2006).

4.2. Homeopatia Populacional

Visando amenizar as conseqüências de um criatório estressante e

considerando a necessidade de assegurar bem estar mínimo aos indivíduos, foi

desenvolvida a técnica da Homeopatia Populacional para usar os medicamentos

homeopáticos de modo coletivo. Seu surgimento representou a ruptura do

paradigma de que a homeopatia tem caráter individual e curativo (REAL, 2008).

A prática da homeopatia populacional significa uma nova forma de utilizar o

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método desenvolvido por Samuel Hahnemann. Seu uso coletivo decorre do

emprego de grupos de medicamentos associados, que são produzidos segundo

as regras da farmacotécnica homeopática (MEMENTO VETERINÁRIO REAL H,

2009).

A Homeopatia Populacional tem custo reduzido, eficácia, ausência de

toxidez e de possibilidade de deixar resíduos na carne ou leite e, por isso, é ideal

para prevenção e o tratamento de enfermidades (REAL, 2009). Esta técnica se

encontra hoje amplamente difundida no país e cada vez mais se generaliza sua

utilização (REAL, 1996).

O tratamento tem caráter Bio-estimulatório Preventivo e/ou Curativo em

face às necessidades do sistema produtivo ou das doenças prevalentes nas

populações animais. Seu foco primordial é o bem estar animal que é

acompanhado de maior produtividade. Na forma preventiva, o tratamento objetiva

estimular as defesas e o organismo do animal, de forma natural, mantendo-os

dinamicamente equilibrados, ativos e mais produtivos. Na forma curativa, age

estimulando a recuperação dos órgãos ou sistemas afetados dos animais, de

forma a restabelecer o equilíbrio orgânico perdido e permitindo que os animais

voltem ao estado de saúde (MEMENTO VETERINÁRIO REAL H, 2009).

4.3. Fundamentos da Homeopatia Populacional

De acordo com REAL (2008) os fundamentos básicos da homeopatia

populacional são três:

1° Fundamento: O rebanho como um só organismo

A homeopatia populacional considera o rebanho como um só organismo

onde cada animal integra um todo indivisível, independente da faixa etária e

função (REAL, 2008). Como se o rebanho fosse uma colméia de abelhas, onde

cada indivíduo não representa a si, porém parte de um todo (ARENALES, 2002).

Ao se analisar as variáveis que envolvem o comportamento dos rebanhos

ou grupo de animais (lotes, tanques, gerações...), este conceito se apresenta de

forma objetiva, visto que os animais estão inseridos no mesmo ambiente, onde

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sofrem a ação das mesmas variáveis (MEMENTO VETERINÁRIO REAL H, 2009),

e estão submetidos ao mesmo manejo; sofrem a ação das mesmas variações

climáticas, temperatura, umidade, pressão atmosférica, ocorrência de chuvas,

tempestades...; alimentam-se das mesmas pastagens, rações e/ou suplementos;

bebem das mesmas fontes de água; são manejados da mesma forma, e nas

mesmas ocasiões, recebem vacinas coletivas, vermífugos...; e apresentam

frequência genotípica muito semelhante (raças, linhagens) (REAL, 1996).

2° Fundamento: O rebanho em permanente desequilíbrio

A evolução da criação dos animais passou do sistema artesanal para o

sistema industrial. A criação intensiva é especializada e exclusiva, se limitando a

uma espécie ou a um tipo específico de exploração desses animais, sendo

comum o confinamento e a concentração de animais (DANTZER E MORMÉDE,

1984 citados por REAL, 1996). Neste sistema os animais tornam-se números e

são manejados em linha de produção. Estas condições levam os animais a

reagirem através de uma sequência de reações orgânicas diretas e indiretas,

denominadas estresse. A situação estressante é permanente e dura toda vida

produtiva dos animais, o que causa, como conseqüência direta, a queda na

produtividade. Os produtos homeopáticos atuam reduzindo a resposta orgânica

dos animais frente aos fatores estressantes, permitindo melhor convivência com a

situação adversa. Desta forma, sob sua ação, o organismo fortalecido mantém-se

em equilíbrio de modo constante e duradouro e este bem estar favorece a maior

resistência e a produtividade (MEMENTO VETERINÁRIO REAL H, 2009).

3° Fundamento: Ação moduladora

Este terceiro fundamento diz respeito à própria natureza do medicamento

homeopático e à forma como o mesmo estimula o organismo. A ação moduladora

dos medicamentos homeopáticos, repetida e diária, atua como informação

energética via sistema neuro-endócrino, promovendo a eliminação de toxinas e a

harmonia funcional, restaurando as defesas e o equilíbrio orgânico perdido

(MEMENTO VETERINÁRIO REAL H, 2009).

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4.4. Ação do Medicamento Homeopático

A forma de atuação dos medicamentos homeopáticos é um assunto

complexo, que vem sendo objeto de aprofundados estudos e, embora ainda não

se tenha chegado a explicar todas as etapas dos seus mecanismos de atuação, já

se conhecem explicações parciais (REAL, 2008). Segundo SILVA (2009), no

entanto, muito pouco se sabe da ação de produtos homeopáticos sobre a

fisiologia animal.

Já em 1842, Hahnemann explicou que para o medicamento homeopático

atuar sobre a saúde de homens e animais este deve ser mantido em contato

próximo com o corpo, normalmente por consumo ou aspiração (SILVA, 2009).

Os medicamentos homeopáticos, por serem utilizados a maior parte das

vezes em diluições que ultrapassam o número de Avogadro, não contém mais

matéria original, só possuem a energia de natureza eletromagnética desenvolvida

pelo processo de dinamização (LASNE, 1997; CONTE et al., 1997, 2000 citados

por REAL, 2008). O processo de industrialização (diluição/dinamização) gera na

estrutura molecular da solução alterações físico-químicas. Estas mudanças criam

no produto um “novo status energético” de natureza eletromagnética. Esta energia

desenvolvida é específica para cada produto e permite ser copiada para suas

dinamizações sucessivas, mantendo presente a informação da substância original

(SELEGHINI, 2002).

Segundo REAL (2008) o sistema nervoso é o responsável pela percepção

de todas as energias que a eles aportam e é correto admitir que seja o próprio

sistema nervoso o responsável pela captação da energia eletromagnética

presente nos medicamentos homeopáticos. Uma vez tendo entrado em contato

com o produto homeopático as terminações nervosas captam a informação

energética e as transferem aos centros nervosos superiores que fazem a tradução

para o organismo do significado destes estímulos. Este mecanismo é rápido,

sendo sua intensidade diretamente proporcional à intensidade do estímulo (dose)

e/ou da quantidade/qualidade das terminações nervosas envolvidas, permitindo

perceber seu estado de conforto e/ou desconforto. Esta condição será percebida

pelo sistema nervoso do animal de forma fisiológica, como um estímulo natural,

ainda não rastreável pelos métodos usuais. Como os medicamentos

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homeopáticos não armazenam grandes potenciais elétricos, visto a própria

natureza de sua fabricação, os estímulos precisam ser repetidos, advindo daí a

prática Médica de repetição das doses (MEMENTO VETERINÁRIO REAL H,

2009).

Segundo SOUZA-FRANCISCO (1998) citado por SILVA (2009), o

medicamento homeopático exerce efeito sobre o sistema imunológico por

mecanismo direto ou indireto. O indireto seria mediado por efeitos hormonais,

emocionais, eletrolíticos ou metabólicos. Por este mecanismo, os medicamentos

homeopáticos atuariam sobre o sistema Psíquico-Neuro-Imuno-Endórino (eixo

PNIE), regulado pelo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal. Na homeopatia o ideal é

selecionar um medicamento, na potência (diluição e sucussão) adequada, para

sensibilizar o eixo PNIE e, assim, regular o sistema imunológico de forma suave e

efetiva.

SILVA (2009) também cita trabalhos que sugerem que um importante e

possível mecanismo de ação das drogas homeopáticas seria regulação da

expressão genética que poderia ser alcançada pela ativação de hormônios e

enzimas reguladoras da indução e/ou repressão dos mecanismos de transdução

e transcrição gênica nas células alvo, restaurando o funcionamento normal de

sistemas biológicos.

De acordo com REAL (2008), os níveis de ação dos medicamentos

homeopáticos melhor estudados até hoje são:

• Ação de Drenagem Celular e Orgânica

Esse mecanismo diz respeito ao processo de limpeza orgânica, conhecido

como Drenagem Homeopática, é a eliminação das toxinas acumuladas no

organismo que podem ser geradas tanto internamente como serem de

procedência externa. Sob a ação dos medicamentos homeopáticos, os sistemas

naturais de eliminação do organismo são estimulados a executar o seu papel na

excreção das toxinas, permitindo que os órgãos restabeleçam suas funções de

forma mais eficaz. Um fato importante, que pode ser observado no início de um

tratamento homeopático, é a possibilidade de um período de agravamento do

quadro, resultante do processo de liberação e de eliminação das toxinas que

começa a ocorrer. Este fenômeno é, frequentemente, observado em vacas em

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lactação e se caracteriza por um aumento inicial de CCS. Este tipo de ocorrência

é chamado de Agravação Medicamentosa e é indicativo de que o tratamento está

no caminho correto (MEMENTO VETERINÁRIO REAL H, 2009).

• Ação Sobre o Desenvolvimento das Bactérias Patogênicas

Segundo REAL (2008), estudos recentes mostraram que as bactérias

possuem capacidade de se comunicarem e, desta maneira agirem de forma

coordenada no seu efeito patogênico. De acordo com MEMENTO VETERINÁRIO

REAL H, (2009), os estudos demonstraram que as bactérias lançam, no meio

circundante, moléculas ou substâncias sinalizadoras de sua presença. Desta

forma, a concentração dessa substância vai aumentando e permite que as

bactérias circunvizinhas tomem conhecimento dessa presença, como se fosse

uma “percepção coletiva” da densidade populacional e, consequentemente, de

força coletiva. Esta característica das bactérias foi denominada de Quorum

Sensing, termo que pode ser entendido como sensação de força coletiva do grupo

bacteriano envolvido (REAL, 1998).

Os medicamentos homeopáticos atuam interferindo, através do organismo,

na organização e no crescimento dos microrganismos, desordenando essas

populações, impedindo que atinjam o quorum mínimo ou desfazendo-o e, em

sequência, restabelecendo o equilíbrio orgânico, propiciando o retorno à saúde e

a produtividade (MEMENTO VETERINÁRIO REAL H, 2009).

• Ação Estimulatória das Defesas Orgânicas

Esta modalidade de ação diz respeito ao conjunto e a qualidade do

estímulo que produzem sob a totalidade das defesas inespecíficas e específicas

do organismo. O uso da homeopatia deixa o organismo num estado de alerta

diferenciado, ou seja, torna-se capaz de responder mais prontamente às

agressões do meio. Animais com sistema imune ativo adoecem menos e

convivem melhor com as situações adversas sem prejuízo da produção ou com

menor prejuízo em relação aos rebanhos não tratados (MEMENTO

VETERINÁRIO REAL H, 2009).

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4.5. Teoria da Memória da Água

Trata-se da possível transferência da atividade farmacológica molecular

entre sistemas biológicos através de processos que envolvem campos

magnéticos (BONAMIN, 2007). De acordo com DAVENAS et al., (1988) &

GERBER, (1988) citados por SILVA (2009) uma explicação sobre o

funcionamento dos produtos homeopáticos altamente diluídos é a teoria da

memória da água. Por esta teoria, a água tem a capacidade de ser “carregada”

com diversos tipos de informações, armazenando-as em suas moléculas. Essa

água carregada é capaz de induzir alterações na fisiologia e no crescimento de

plantas e organismos vivos em geral, mesmo sem conter nenhuma substância.

O conhecimento da estrutura da água é importante no processo de

dinamização homeopática, pois as diluições e os movimentos mecânicos de

sucussão têm efeitos diretos sobre a conformação do veículo utilizado, que passa

a ser importante, na condução da informação e na adição de energia ao

medicamento homeopático (SILVA, 2009).

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5. HOMEOPATIA NA MASTITE

Atualmente, a demanda por produtos lácteos processados de alta

qualidade é crescente por parte da população, provocando uma tendência

progressiva de adaptação, por parte da indústria leiteira, a essas exigências

ditadas pelo mercado consumidor (ALVES, 2008). A mastite é um problema

recorrente na bovinocultura leiteira e, a terapêutica convencional que se utiliza de

antibióticos e antiinflamatórios é onerosa, além de todo o leite produzido pelo

animal ficar comprometido, independentemente do número de tetos tratados. Já o

leite de vacas tratadas com homeopatia pode ser aproveitado normalmente,

desprezando-se apenas o leite alterado. No tratamento convencional, o animal só

é tratado se apresentar sinais clínicos ou subclínicos e o antibiótico é introduzido

por via intra-mamária, procedimento doloroso e invasivo, além de estressante, ou

é aplicado por via intramuscular, que também gera grande estresse nos animais

(TELLES & GONÇALVES, 2009). Nos tratamentos em que se utilizam

medicamentos homeopáticos a administração ocorre por via oral, ou seja de

administração fácil e não invasiva, os produtos dos animais não apresentam

resíduos e, por isso, é utilizada em modelos orgânicos de produção (SOUZA,

2002).

As respostas aos medicamentos homeopáticos não são matemáticas,

desta forma, observam-se respostas diferentes em diferentes propriedades

(ARENALES, 2002). SILVA (2007) analisou um rebanho de 50 vacas holandesas

PO registradas, mantidas em regime de semi confinamento, de alta produção

leiteira, no biênio 2006-2007 na região do Alto Paranaíba (MG). Durante o

experimento o rebanho apresentava padrões de higiene e manejo estáveis,

ordenha mecânica, armazenagem do leite em tanque de resfriamento, e

alimentação com ração balanceada e formulada na própria fazenda. A higiene

incluía a remoção mecânica do excesso de matéria orgânica e lavagens diárias

do ambiente. A mastite no rebanho estava controlada, sendo o leite

rotineiramente classificado na classe 2 (CCS de 181 a 400 x 103 ou ECS até

5,00), (UFC 41 a 100) ou 3 (CCS de 401 a 500 x 103 ou ECS até 5,00), (UFC 101

a 200) do estabelecimento captador. O diagnóstico da qualidade do leite era

realizado com amostras obtidas do tanque de expansão, com conservante, por

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meio da contagem de células somáticas, eletronicamente, pelo aparelho

SOMACOUNT™300 no laboratório de controle de qualidade NESTLÉ – Unidade

Ibiá-MG. Para fins estatísticos a CCS foi transformada para escore de células

somáticas (ECS) em que CCS é o numero de células por micro litro. Os valores

de média mensal de 2006 em relação ao ano de 2007 de ECS e UFC foram

comparados pelo teste t. Foi utilizada a abordagem Homeopatia Populacional,

fazendo uso de complexos homeopáticos comerciais. Como havia interesse em

reduzir a CCS, foi utilizado um complexo de Colibacilinum 10-60, Streptococcus

uberis 10-60, Streptococcus B- hemolyticum 10-60, Ricinus communis 10-30 em

veículo inerte, calculada a dose de consumo médio em 6g/cabeça/dia. Quando

era detectado um princípio de mastite, esta dose era dobrada durante uma

semana. Toda medicação foi ministrada através do alimento concentrado, no

momento do seu preparo semanal, incorporado através do misturador de ração.

Já no mês seguinte ao início do tratamento estava evidente a redução da CCS,

comparando-se tanto a média mensal correspondente ao ano anterior quanto a

faixa de bonificação da indústria captadora. A média do ECS no ano de 2006 foi

de 5,2 (+/- 0.6501) e em 2007 de 4,36 (+/- 0.2423) e apresentaram um valor

consideravelmente significante estatisticamente (P=0,0065) nos valores pareados

mês a mês. Foi observada uma elevação súbita e pontual, do ECS no mês de

julho, retornando a seguir ao valor do mês anterior e, comparado ao ano anterior,

tendência à redução. Ao aglutinar as médias do ECS foi possível visualizar uma

nítida tendência de redução em 2007 em relação ao ano anterior. Da mesma

forma, os valores de UFC reduziram de 19.667 (+/- 10.772) para 6.909 (+/- 5.449)

respectivamente, em 2006 e 2007 apresentando significância estatística

(P=0,0119).

TELLES et al., (2006) conduziram experimento em uma propriedade leiteira

(Estância Jumma), localizada no município de Campo Grande – MS, nos meses

de abril e maio de 2006. Inicialmente foi feito um levantamento sanitário do

rebanho de 60 vacas em lactação, com exame clínico e CMT de todos os quartos.

O lote problema era integrado por vacas que apresentaram quartos com três ou

mais cruzes no teste de CMT, totalizando 12 animais, com 450 a 500 Kg de PV e

produção média de 10 a 15 litros de leite. O manejo não foi alterado, as vacas

foram mantidas a pasto e receberam ração farelada na hora das ordenhas. Foram

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coletadas amostras de leite para analise microbiológica antes a após o período de

tratamento. A colheita do leite foi realizada com a lavagem prévia dos tetos,

secagem com papel toalha e auxílio de algodão com álcool iodado passado nos

tetos e mãos. Foram desprezados os primeiros jatos de leite e as amostras foram

colhidas assepticamente em frascos estéreis para análise. No dia imediato a

coleta das amostras as vacas problema passaram a receber, o núcleo

homeopático comercial na ração na dosagem de 100g de manha e 100g de tarde,

durante 12 dias seguidos. Na coleta feita no 13°dia, verificou-se uma redução

significativa no número total de isolamentos e também na quantidade de espécies

isoladas quando comparadas aos resultados das coletas feitas no inicio. Os

autores concluíram que a ação do núcleo homeopático foi eficaz e contribuiu para

a redução da infecção dos úberes das vacas problemas.

Em outro experimento realizado por TELLES & GONÇALVES (2009) no

município de Dourados – MS. Os produtos homeopáticos foram fornecidos de

modo contínuo para as vacas em lactação em doses de 10 a 20g/cab/dia. Para o

experimento foram utilizadas nove vacas, escolhidas a partir do exame clínico do

úbere avaliando-se a higidez em conjunto com teste CMT (California Mastitis

Test). Numa primeira etapa do experimento, durante treze dias consecutivos as

vacas escolhidas receberam quantidade de 100g/cab/dia do Homeo Bovis

Mastite®, dividido em dois tratos após a ordenha (manhã/tarde). O produto foi

misturado na silagem de milho, na ração e na massa de mandioca, quando as

vacas ficavam sob restrição separadas. O período de tratamento com o produto

homeopático foi do dia 07/10/08 ao dia 20/10/08. Na segunda etapa que iniciou-se

a partir o 14°dia, o fornecimento do produto foi interrompido totalmente, tendo as

vacas do lote seguido com a mesma alimentação e manejo da fazenda. Após dez

dias sem receber o produto, o grupo foi novamente avaliado do ponto de vista

clínico, realizado novo teste CMT e encaminhado amostras de leite para analises

microbiológicas e CCS. Para o exame microbiológico, as amostras de leite de

cada quarto mamário de todas as nove vacas, foram coletadas diretamente em

frascos estéreis e colocados em caixas isotérmicas com gelo. Após a análise, os

autores concluíram que o uso de produto homeopático em vacas leiteiras

saudáveis e produtivas, promove estímulo extra do sistema imune inespecífico,

com aumento da CCS, o que contribui para a eliminação das toxinas

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armazenadas no úbere ao longo das lactações. O isolamento de bactérias

patogênicas no leite se reduz, sob o efeito de produto homeopático e se eleva de

modo significativo após período sob influência intensa, isto permite considerar que

os prazos de utilização devem ser mais prolongados.

Estudando o uso de produtos homeopáticos na qualidade do leite, SILVA

(2009) avaliou o efeito de uma combinação homeopática em 32 vacas

holandesas, com mais de 60 dias de lactação, os animais foram colocados em

pares com base na produção de leite e aleatoriamente colocadas a um dos dois

tratamentos por 63 dias de um período de comparação, posterior a um período de

padronização de 14 dias. Os tratamentos foram suplementação diária com 150g

de uma combinação homeopática (Hypotalamus 10-30, Colibacilinum 10-30,

Streptococcus Beta Hemolyticum 10-60, Streptococcus uberis 10-60, Phytolacca 10-

60, CalciumPhosphoricum 10-30, Natrum Muriaticum 10-60, Urtica Urens 10-30,

Silicea Terra 10-400) em veículo mineral ou 150 gramas do mesmo veículo mineral

(controle). A suplementação com homeopatia aumentou o teor de proteína no leite

de 3,09 para 3,19% (P= 0,01) e tendeu a aumentar a secreção diária de proteína

de 0,737 para 0,776kg (P=0,10). Houve tendência de aumento na contagem de

células somáticas do leite de vacas homeopatizadas. A suplementação de vacas

leiteiras com a combinação homeopática aumentou o teor de proteína do leite.

VARSHNEY et al., (2005) citado por HONORATO (2006), utilizou

combinações de medicamentos homeopáticos para tratamento de mastite em

vacas leiteiras da Índia, quando comparadas aos tratamentos com antibióticos.

Com o tratamento homeopático obtiveram uma taxa de cura de 86,6% nos casos

de mastite aguda. O grupo correspondente tratado com antibióticos resultou em

uma taxa de cura de 59,2%.

Porém, MEANEY (1995) citado por HONORATO (2006), não observou

redução da contagem de células somáticas e nem na incidência de infecção

intramamária em vacas leiteiras tratadas com produtos homeopáticos.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A mastite provoca redução em quantidade e qualidade do leite e seus

derivados e muitas vezes pode passar despercebida. Seu tratamento

convencional com antibióticos e antiinflamatórios pode deixar resíduos

indesejáveis no leite.

Produtos homeopáticos surgem como alternativa terapêutica para o

tratamento da mastite contagiosa de bovinos leiteiros. Sua utilização pode

também melhorar a quantidade de sólidos no leite e evitar prejuízos com o

descarte do leite.

Existe ainda controvérsia quanto à utilização desses produtos, portanto, é

necessário um maior estudo sobre a ação da homeopatia para melhorar sua

fundamentação científica.

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35. RIBEIRO, M. E. R.; PETRINI, L. A.; AITA, M. F.; BALBINOTTI, M.; STUMPF

JR, W.; GOMES, J. F.; SCHRAMM, R. C.; MARTINS, P. R.; BARBOSA, R. S.

Relação entre mastite clínica, subclínica infecciosa e não infecciosa em unidades

de produção leiteiras na região Sul do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira

Agrociência, v.9, n.3, p.287–290. 2003.

36. SANTOS, M. V. Biossegurança aplicada ao controle de mastite. Balde

Branco, São Paulo, v.463, p.62-65, maio. 2003.

37. SANTOS, M. V.; FONSECA, L. F. L. Estratégias para controle de mastite e

melhoria da qualidade do leite, Ed. Manole, São Paulo: 2007.

38. SELEGHINI, H. A. De que são feitos os medicamentos homeopáticos, [on

line], 2002. Disponível em:

http://www.drseleghinimedicohomeopata.com.br/duvidas.htm. Acesso em

31/10/2009.

39. SILVA, S. L. M. Avaliação do efeito de medicamentos homeopáticos e as

alterações da contagem global de células somáticas, de unidades

formadoras de colônia no leite cru e os efeitos no manejo de ectoparasitas

em um sistema de produção de leite bovino. Belo Horizonte, 2007. 29p.

Monografia (Especialização em Homeopatia Veterinária), Instituto Homeopático

Jacqueline Peker, Belo Horizonte, 2007.

40. SILVA, J. R. M. Desempenho produtivo e eficiência alimentar de vacas

leiteiras suplementadas com uma combinação homeopática. 2009.

Lavras:UFLA, 86p. Tese (Doutorado em Zootecnia) Departamento em Zootecnia -

Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. 2009.

41. SIQUEIRA, C. M. Alterações celulares induzidas por um novo bioterápico

do tipo nosódio vivo sobre as linhagens MDCK e J774.G8. Rio de

Janeiro:UFRJ, 2009. 125p. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) -

Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,

2009.

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42. SOUZA, M. F. A. Homeopatia veterinária, In: Conferência Virtual Global sobre

Produção Orgânica de Bovino de Corte, Anais... São Paulo, 2002.

43. TELLES, D. Z.; SILVESTRE, L.; GOMES, O. P. Avaliação microbiológica de

amostras de leite oriundo de mamites sub-clínicas antes e após tratamento

homeopático. Campo Grande-MS, Real e Cia Ltda, 2006. 8p. Disponível em:

http://www.sovergs.com.br/conbravet2008/anais/cd/resumos/R1194-1.pdf Acesso

em 30/10/2009.

44. TELLES, D. Z.; GONÇALVES, A. R. Alterações quantitativas e microbiológicas

no leite de vacas HPB sadias, induzidas por doses extras de núcleo homeopático

específico para mastite bovina, In: CONGRESSO BRASILEIRO DE

HOMEOPATIA VETERINÁRIA, 4., 2009, Campo Grande - MS, Anais... 2009.

11p.

45. TOZZETI, D. S.; BATAIER, M. B. N.; ALMEIDA, L. R.; PICCININ, A.

Prevenção, controle e tratamento das mastites bovinas – revisão de literatura.

Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, V.6, 10, 2008. 7p.

Disponível em: http://www.revista.inf.br/veterinaria10/revisao/edic-vi-n10-

RL74.pdf. Acesso em: 30/10/09

46. WATTIAUX. M. A. Mastite: a doença e sua transmissão, Coleção Dairy

Essentials, 1995, The Babcock Institute, Tradução Fernanda Hoe, 1995. 4p.

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8. ANEXO

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