teorias da literatura 08

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    Teoria Literria

    Teorias da recepo

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    Sumrio Introduo......................................................................................................3 A teoria da imitao.......................................................................................3 A teoria do efeito............................................................................................3 A teoria da expresso....................................................................................4 A viso marxista...........................................................................................11 Referncias ..................................................................................................16 Sntese...........................................................................................................16

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    Introduo da Unidade: Na ltima unidade, vamos voltar a concentrar-nos na definio de literatura, retomando alguns tpicos estudados na Unidade 1 e vamos

    apresentar as teorias da recepo bem como seus principais vertentes e

    expoentes. Em primeiro lugar, vamos retomar alguns conceitos que estudamos na Unidade 1,

    quando vimos diferentes definies do que vem a ser literatura. Retomando o que

    dissemos anteriormente, h trs explicaes tradicionais que definem o que

    literatura.

    A Teoria da Imitao A literatura uma forma de imitao mimesis. O conceito de arte como imitao provm de Plato e Aristteles. A realidade,

    segundo Plato, era uma forma ideal. Assim, as coisas do mundo e a literatura

    entre elas, eram uma cpia afastada da realidade. J Aristteles, pensava que este

    mundo era uma simples cpia de outro mundo. Segundo ele, o instinto de imitao

    distinguia o homem dos animais irracionais. Em a Potica, Aristteles classificou a poesia pica, a tragdia, a comdia e a poesia lrica como cpias ou

    representaes da vida.

    A Teoria do Efeito A literatura comove o pblico Assim como na Teoria da Imitao a nfase est sobre a maneira como a vida

    imitada, a nfase na Teoria do Efeito recai sobre o efeito que a literatura exerce

    nos leitores, ou, no caso do teatro, nos espectadores. A preocupao com a reao

    do pblico tambm remonta a Aristteles. Ele escreveu sobre catarse, que o

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    efeito causado no pblico durante e aps a representao de uma tragdia grega.

    A catarse era o estado de purificao da alma experimentada pela plateia atravs

    das diversas emoes transmitidas no drama.

    A Teoria da Expresso A literatura como produto do poeta, dramaturgo ou romancista A Teoria da Expresso associa a literatura com seu criador. Plato acreditava que

    o poeta era dominado por uma loucura divina. Assim, o criador visto como um

    construtor e a obra uma pea artstica que pode ser trabalhada.

    Chegamos concluso que a interpretao da literatura como imitao da vida,

    seu efeito no pblico e a expresso do criador constituem explicaes incompletas,

    insatisfatrias e, portanto, insuficientes para definir literatura. Sugerimos ento dois

    novos conceitos: o de ficcionalidade e estrutura, e os quadros de referncia.

    Ficcionalidade e Estrutura A ideia de ficcionalidade ou de um universo virtual uma forma til de distinguir a

    literatura do mundo real da experincia.

    Considerar uma obra literria uma estrutura significa consider-la como um todo,

    v-la como um inter-relacionamento entre enredo, personagens, tom, estilo e

    demais componentes. A ideia de estrutura tambm nos permite fazer uma distino

    entre a literatura e outros usos da lngua. O que nos atrai na literatura no

    apenas o que est sendo dito, mas tambm a forma como a lngua est sendo

    usada. Isso significa que, da mesma forma que ocorre com outras artes, a literatura

    pode ser estudada, admirada e apreciada por si mesma.

    Quadros de Referncia Outra forma que pode ajudar a definir a crtica literria apresentada pelos

    quadros de referncia de Danziger e Johnson. Entre eles, temos a vida do artista, a

    Histria Social e Poltica, a Psicologia, a Sociologia e a Economia, a Antropologia e

    a Religio, a Filosofia e finalmente, as Artes Plsticas, a Msica e a Cincia. O

    leitor que estiver familiarizado com as reas do conhecimento mencionadas ser

    um leitor mais crtico.

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    A ideia de ficcionalidade e estrutura, bem como os quadros de referncia no foram

    suficientes, muito menos abrangentes, para abranger o fenmeno literrio.

    Passamos ento a falar dos formalistas russos.

    O Formalismo russo Retomando mais uma vez a Unidade 1, transcrevemos o que j foi dito acerca dos

    formalistas russos:

    Os Formalistas Russos e o emprego da linguagem de forma peculiar O crtico russo Roman Jakobson afirma que a literatura representa uma violncia

    organizada contra a fala comum. Terry Eagleton diz que a literatura transforma e

    intensifica a linguagem comum. um tipo de linguagem que chama ateno sobre

    si mesma.

    O Formalismo Russo surgiu no incio do sculo XX. Segundo Eagleton,

    os formalistas formavam um grupo de crticos militantes e polmicos que rejeitaram as

    doutrinas simbolistas quase msticas que haviam influenciado a crtica literria at ento e,

    imbudos de um esprito prtico e cientfico, transferiram a ateno para a realidade

    material do texto literrio em si.

    Dito de outro modo, o papel da crtica seria descobrir como de fato os textos

    literrios funcionavam, evidenciar quais eram as leis, as estruturas e mecanismos

    que deviam ser estudados. O Formalismo Russo expressou a aplicao da

    lingustica ao estudo da literatura. Assim, como nessa poca a lingustica em

    questo era formal, sua preocupao eram as estruturas da linguagem e no com

    o que, na prtica, a linguagem poderia dizer. De uma maneira anloga, os

    formalistas se despreocuparam com a anlise do contedo para dedicar-se ao

    estudo da forma literria. Ao invs de considerar que a forma a expresso do

    contedo, eles adotaram o oposto, isto , que o contedo era simplesmente a

    motivao da forma, um motivo para um tipo de exerccio formal. Eles no

    negavam que a obra literria estivesse relacionada com a realidade social,

    entretanto afirmavam que essa relao estava fora do mbito do trabalho do crtico.

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    A linguagem era considerada como um conjunto de desvios da norma. Eles

    tambm entendiam que as normas e os desvios poderiam sofrer mudanas de um

    contexto social para outro e que a poesia, entendida desse modo, dependia da

    localizao em um dado momento. Ou seja, para os formalistas,

    o carter literrio no constitui uma caracterstica duradoura, eterna. Eles tinham

    interesse em definir o que chamavam de literaturidade, isto , os usos especiais

    da linguagem. A linguagem em si no tem nenhuma propriedade ou qualidade que

    a diferencie de outros tipos de discurso. Na verdade, o que evidencia o que

    literrio o contexto. A literatura definida como a forma pela qual algum resolve

    ler. O que interessa no a origem do texto, mas a forma como as pessoas o

    consideram. Seguindo esta linha de raciocnio, Eagleton afirma que qualquer coisa

    pode ser considerada literatura, inaltervel e inquestionavelmente, pode deixar de

    s-lo.

    Os juzos de valor que constituem a literatura so historicamente variveis e

    mantm uma relao com as ideologias sociais. Referem-se aos pressupostos

    pelos quais certos grupos sociais exercem e mantm o poder sobre os outros.

    Veja quais eram as principais caractersticas da literariedade, de acordo com os

    formalistas:

    A linguagem literria produz; a no literria reproduz;

    A mensagem literria autocentrada;

    Apresenta seus prprios meios de expresso, ainda que se valendo da lngua;

    As manifestaes literrias podem envolver adeso, transformao ou ruptura

    m relao tradio lingustica, tradio retrico-estilstica, tradio tcnico-

    erria ou tradio temtico-literria;

    Aspectos acstico, articulatrio e semntico;

    Cria novas relaes entre as palavras, estabelece associaes inesperadas e

    stranhas;

    Cria significantes e funda significados;

    Formas lingusticas com valor autnomo;

    Linguagem conotativa;

    Metfora e metonmia;

    No existe uma gramtica normativa para o texto literrio, seu nico espao da

    riao o da liberdade;

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    Objeto lingustico e esttico ao mesmo tempo;

    Paralelismos;

    Plurisignificao ou polissemia;

    Predomnio da funo potica;

    Sonoridades, ritmos, narratividade, descrio, personagens, smbolos,

    mbiguidades, alegorias, mitos;

    Universalidade.

    Leia mais Leia o artigo de Ivan Teixeira, O Formalismo Russo, publicado na Revista Cult, de

    agosto de 1998. Ele est disponvel na internet, em

    http://textoterritorio.pro.br/alexandrefaria/recortes/cult_fortunacritica_2.pdf

    Testando No texto "A arte como procedimento", o terico formalista russo Victor Chklovski

    discute a funo da arte e afirma que:

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    Se examinarmos as leis gerais da percepo, vemos que uma vez tornadas

    habituais, as aes tornam-se tambm automticas. Assim, todos os nossos

    hbitos fogem tambm para um meio inconsciente e automtico [...] Se toda a vida

    complexa de muita gente se desenrola inconscientemente, ento como se esta

    vida no tivesse sido.

    E eis que para devolver a sensao de vida, para provar que pedra pedra, existe

    o que se chama de Arte. O objetivo da Arte dar a sensao do objeto como viso,

    e no como reconhecimento; o procedimento da Arte o procedimento que

    consiste em obscurecer a forma, aumentar a dificuldade e a durao da percepo.

    (CHKLOVSKI, V. A arte como procedimento. In: TEORIA DA LITERATURA;

    formalistas russos. Porto Alegre: Globo, 1971. P. 43-45.)

    Tomando como base o fragmento citado, a imagem a seguir constitui um objeto

    artstico?

    Telefone lagosta II - Salvador Dali (1938)

    Tcnica: Metal pintado, gesso e plstico | Dimenses (em cm): 19 x 31 x 16 | Local

    de exposio: Foundation Edward James, Chichester, Reino Unido

    http://www.passeiweb.com/saiba_mais/arte_cultura/galeria/dali/13#

    A No, pois os elementos que a compem fazem parte do cotidiano e no

    despertariam a ateno do expectador.

    B No, pois somente o belo pode despertar a sensao de vida que caracteriza o

    procedimento artstico.

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    C Sim, pois se trata de uma obra consagrada que referncia na Histria da Arte

    Moderna.

    D Sim, pois causa um efeito de estranhamento que leva o espectador a despertar

    da automatizao cotidiana.

    E Sim, pois o objetivo da arte que o propsito do autor no seja entendido pelo

    expectador.

    Resposta correta: Sim, pois causa um efeito de estranhamento que leva o espectador a despertar da automatizao cotidiana.

    Aps essa breve retomada de alguns conceitos introduzidos na primeira unidade,

    passamos a algo novo, a saber, o conceito de Esttica da Recepo.

    Leia A resenha do livro Teoria da Literatura: Uma introduo em

    http://secretalitterarum.blogspot.com.br/2011/03/resenha-do-livro-teoria-da-

    literatura.html

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    Terry Eagleton assinala que o desenvolvimento da teoria literria se d em trs

    fases. A primeira delas est centralizada em estudos biogrficos do autor (isso

    ocorre at meados do sculo XIX); a segunda fase acontece nas primeiras dcadas

    do sculo XX, quando existe uma enorme preocupao com o texto; por fim, na

    terceira fase, temos tendncias mais contemporneas que privilegiam a figura do

    leitor. nessa ltima fase que se insere a Esttica da Recepo e suas vertentes

    (EAGLETON, 1989).

    O que esttica da recepo A esttica da recepo, tambm chamada de Teoria da Recepo, uma

    abordagem da literatura que rompe com a esttica tradicional, introduzindo uma

    viso dinmica de literatura que leva em conta a produo, a recepo e a

    comunicao que se estabelece entre a obra e o leitor. Dito de outra forma,

    segundo sua condio histrica e suas vivncias, o leitor vai adquirindo o papel de

    produtor de significados. Isso vale dizer que o valor literrio de uma obra no

    intrnseco, ou seja, no est na obra em si, mas na leitura que fazemos dela.

    Principais expoentes H vrios autores que enfocam o fenmeno literrio sob a tica da recepo.

    Citamos, entre eles, Roman Ingarden, Roland Barthes, Umberto Eco, Stanley Fish,

    Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser. Todos eles contriburam de forma

    incontestvel para elucidar, explicar e compreender o que literatura.

    Hans Robert Jauss Jauss considerado o pai da teoria da recepo. Em 1967, Jauss ministrou uma

    palestra na Universidade de Constncia, O que e com que fim se estuda histria

    da literatura? Em 1994, ela foi publicada em livro, com o ttulo A Histria da

    Literatura como Provocao Teoria Literria. Na palestra, Jauss critica duas

    abordagens da histria da literatura. A primeira dela refere-se organizao do

    material literrio, que classificado de acordo com tendncias gerais, gneros ou

    outras categorias. Essa classificao acaba organizando o fenmeno literrio de

    forma cronolgica e individual. A segunda abordagem criticada por Jass diz

    respeito aos autores da Antiguidade Clssica. A segunda abordagem reconhece e

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    admira suas obras, sem deixar espao para a apreciao de outros autores,

    considerados menores.

    Jauss parte das abordagens que acabamos de citar para argumentar que a histria

    da literatura, entendida dessa forma, no apenas desconsidera a historicidade das

    obras como tambm ignora o lado esttico da criao literria.

    Para poder encontrar uma soluo que possa esclarecer a relao entre literatura e

    histria, por um lado, e conhecimento histrico e esttico, por outro, Jauss assume

    formas de interpretar a literatura que se encontram no marxismo e no

    estruturalismo.

    A viso marxista A concepo terica marxista da literatura tenta evidenciar a conexo entre a

    literatura e a realidade social. Dessa forma, entende que uma obra considerada

    literria somente quando retrata situaes associadas a conflitos sociais de poder.

    Sendo assim, a perspectiva marxista liga a obra literria a uma esttica classicista

    e o leitor acaba tornando-se o sujeito que equipara suas experincias pessoais ao

    interesse cientfico do materialismo histrico.

    A viso estruturalista dos formalistas russos O conceito de literatura dos formalistas russos est focado no texto em si. A obra

    literria traduz a forma pela qual o escritor percebe a realidade. O que caracteriza

    uma obra literria sua capacidade de romper com a viso rotineira dos fatos. O

    movimento dos formalistas russos provocou uma abordagem lingustica da

    literatura.

    O que percebemos que, segundo Jauss, as duas abordagens que acabamos de

    explanar concedem ao leitor um papel passivo e no exploram a recepo e o

    efeito que a obra exerce no leitor.

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    Jauss e a teoria da recepo Jauss abraa as contribuies da abordagem marxista e a dos formalistas russos,

    postulando que a relao existente entre o leitor e a literatura consiste em seu

    carter esttico e histrico.

    Fundamentos da teoria da recepo Jauss postula os fundamentos de sua teoria da recepo tendo com base em sete

    teses, que resumimos a seguir:

    Primeira tese A historicidade da literatura no se relaciona sucesso de fatos literrios, mas ao

    dilogo estabelecido entre a obra e o leitor.

    Segunda tese O saber prvio de um pblico, ou o seu horizonte de expectativas, determina a

    recepo, e a disposio desse pblico est acima da compreenso subjetiva do

    leitor.

    Terceira tese O texto pode satisfazer o horizonte de expectativas do leitor ou provocar o

    estranhamento e o rompimento desse horizonte, em maior ou menor grau,

    levando-o a uma nova percepo da realidade.

    Quarta tese Jauss examina as relaes atuais do texto com a poca de sua publicao,

    averiguando qual era o horizonte de expectativas do leitor de ento e

    a quais necessidades desse pblico a obra atendeu.

    Quinta tese O aspecto diacrnico diz respeito recepo da obra literria ao longo do tempo.

    Deve ser analisado, no apenas no momento da leitura, mas no dilogo com as

    leituras anteriores.

    Sexta tese

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    A sexta tese aborda o aspecto sincrnico, a partir do qual a histria da literatura

    procura um ponto de articulao entre as obras produzidas na mesma poca e que

    provocaram rupturas e novos rumos na literatura.

    Stima tese A relao entre literatura e vida. Segundo Costa, a proposta da Esttica da Recepo postulada por Jauss o

    dilogo entre diacronia e sincronia no processo de compreenso total da obra,

    sendo que a historicidade da literatura revela-se justamente nos pontos de

    interseco entre ambas.

    A relao entre literatura e vida, explicitada na stima tese de Jauss (1994), pressupe uma funo social para a criao literria, pois, devido ao seu carter emancipador, abre novos caminhos para o leitor no mbito da experincia esttica. O fato de o leitor ser capaz, por meio da literatura, de visualizar aspectos de sua prtica cotidiana de modo diferenciado justamente o que provoca a experincia esttica, pois a funo social somente se manifesta na plenitude de suas possibilidades quando a experincia literria do leitor adentra o horizonte de expectativas de sua vida prtica. (JAUSS, 1994, p. 50) Fonte: Esttica da Percepo e Teoria do Efeito em abiliopacheco.files.wordpress.com/2011/.../est_recep_teoria_efeito.p... Testando Ao lermos, se estamos descobrindo a expresso de outrem, estamos tambm nos

    revelando, seja para ns mesmos, seja abertamente. Da por que a troca de ideias

    nos acrescenta, permite dimensionarmo-nos melhor, esclarecendo-nos para ns

    mesmos, lendo nossos interlocutores. Tanto sabia disso Scrates como o sabe o

    artista de rua: conversando tambm conheo o que que eu digo.

    Recepo e interao na leitura. In: Pensar a leitura: complexidade. Eliana Yunes (Org). Rio de Janeiro: PUC- Rio; So Paulo: Loyola, 2002, p. 105 (com

    adaptaes).

    A partir das reflexes do texto apresentado, assinale a opo correta a respeito da

    interao texto-leitor.

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    (A) A aproximao, no texto, entre o que sabia Scrates e o que sabe o artista de

    rua, incoerente porque os respectivos horizontes de expectativa so diferentes.

    (B) A perspectiva apontada no texto favorece a vivncia da leitura como

    autoconhecimento, em detrimento da leitura como identificao da expresso do

    outro.

    (C) A leitura como descobrimento pressupe uma postura pedaggica que refora

    a tradio de leitura como confirmao da fala de uma autoridade.

    (D) A interao texto-leitor deve ser evitada, por fugir ao controle do autor e

    favorecer uma espcie de vale-tudo interpretativo.

    (E) Para a leitura como descobrimento ser efetiva, necessria a troca de ideias

    sobre a leitura; ler com o outro para nos conhecermos.

    Resposta correta: Para a leitura como descobrimento ser efetiva, necessria a troca de ideias sobre a leitura; ler com o outro para nos conhecermos. Wolfgang Iser e a recepo implcita Iser preocupa-se com o ato individual da leitura. Sua concepo terica, a Teoria

    do Efeito, investiga o efeito que a obra literria provoca no leitor. O texto assim

    concebido como uma estrutura potencial, cabendo ao leitor concretizar o que se

    encontra em aberto, atravs de interpretaes. O leitor deve construir o texto de

    modo a torn-lo internamente coerente. (EAGLETON, 1997). Em sua obra O ato

    da leitura: uma teoria do efeito esttico5 (1996), Iser formula a

    tese de que o texto um dispositivo a partir do qual o leitor constri suas

    representaes. A qualidade esttica de uma obra literria est, portanto, na

    estrutura de realizao do texto e na forma como ele se organiza, pois so as

    estruturas textuais que propiciam ao leitor experincias reais de leitura. Em suas

    palavras: O papel do leitor representa, sobretudo, uma inteno que apenas se

    realiza atravs dos atos estimulados no receptor. Assim entendidos, a estrutura do

    texto e o papel do leitor esto intimamente ligados. (ISER, 1996, p.75)

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    Comunidade interpretativa

    O conceito de Comunidade interpretativa tem origem na esttica da recepo.

    Stanley Fish postula que interpretamos textos de uma determinada forma pelo fato

    de pertencer a uma comunidade interpretativa que nos fornece uma forma

    particular de ler um texto. Segundo Fish, um texto no tem significado fora de um

    conjunto de pressuposies que dizem respeito tanto ao que os caracteres

    significam e como devem ser interpretados. Este contexto cultural abrange o que

    Fish denomina intencionalidade autoral. A leitura de um texto construda

    culturalmente a partir da comunidade interpretativa que l o texto.

    Controvertidas ou no, as ideias apresentadas contriburam para a reavaliao de

    questes relacionadas com o fenmeno literrio. Em todas elas, a figura do leitor

    aparece em primeiro plano. ele que interage com a obra literria, procurando

    encontrar novos significados e estabelecendo os parmetros de recepo de cada

    poca.

    Leia mais 1) A Histria da Literatura como Provocao Teoria Literria em periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/download/5358/4760

    2) Esttica da Recepo e Teoria do Efeito

    abiliopacheco.files.wordpress.com/2011/.../est_recep_teoria_efeito.p...

    Saiba mais Leia a sinopse do livro de Luiz Costa Lima, A Literatura e o Leitor, Textos de

    Esttica da Recepo, publicado pela Editora Paz e Terra.

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    A esttica da recepo prope uma reformulao da historiografia literria e da

    interpretao textual. Procura romper com o exclusivismo da teoria da produo e

    representao da esttica tradicional, considerando a literatura como produo,

    recepo e comunicao, em uma relao dinmica entre autor, obra e pblico, e

    estabelecendo, pela reconstruo do processo de recepo e de seus

    pressupostos, a dimenso histrica da pesquisa literria. Nesta coletnea, foram

    reunidos trabalhos dos tericos mais expressivos da esttica da recepo.

    Referncias

    DANZIGER, M.& JOHNSON, W. Introduo ao Estudo Crtico da Literatura. So Paulo, Editora Cultrix, 1974.

    EAGLETON, Terry. Teoria de Literatura: Uma Introduo. So Paulo, Editora Martins Fontes, 2006.

    LAJOLO, Marisa. O que literatura. So Paulo, Editora Brasiliense, 2006.

    Sites especializados http://textoterritorio.pro.br/alexandrefaria/recortes/cult_fortunacritica_2.pdf

    abiliopacheco.files.wordpress.com/2011/.../est_recep_teoria_efeito.p... periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/download/5358/4760

    http://secretalitterarum.blogspot.com.br/2011/03/resenha-do-livro-teoria-da-

    literatura.html

    Sntese: Nesta unidade, voltamos a algumas definies j discutidas do que vem a ser

    literatura e ampliamos o tema introduzindo as teorias da recepo bem como o

    conceito de comunidade interpretativa.