TEORIA DA NARRATIVA – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES _ Grupo de Estudos Discente - Universidade Feevale

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Grupo de estudos discente – Universidade Feevale  As representações e as práticas sociais nos processos culturais Feeds: Posts Comentários TEORIA DA NARRATIVA –  ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 25 de agosto de 2011 por Willian Araújo Por Rafael Hofmeister de Aguiar A narrativa como texto verbal se traduz por uma história contada através de um discurso trabalhado por um narrador que detém o conhecimento da história narrada por ele. A narrativa, assim compreendida, poderá ser literária ou não. A narrativa literária tem por característica ser ficcional – o que é contado nela não aconteceu na nossa realidade sensível –, porém, segundo Lefebvre (1975), ela reside num paradoxo; ela quer ser real, mas é ficcional: o que é contado poderia ter acontecido no mundo sensível, mas não aconteceu; é a visão de mundo de um determinado sujeito sobre o mundo que ele vive sem que,  necessariamente, aquilo tenha acontecido nesse mundo. Saraiva (2001) realça que o estudo da narrativa literária deve pressupor uma discussão sobre os aspectos conteudísticos e formais da narrativa. Devemos compreender a história (conteúdo – o que é narrado) e seus aspectos, e o discurso (forma – como é narrado) e seus respectivos aspectos. 1 HISTÓRIA O estatuto da história corresponde ao que o narrador narra. Ela é o conteúdo da narrativa que será expresso sobre a forma de um discurso organizado. Abrange um conjunto de acontecimentos que estão ligados entre si por relações de causa e conseqüência. Em suma, o

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 As representações e as práticas sociais nosprocessos culturais

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TEORIA DA NARRATIVA – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

25 de agosto de 2011 por Willian Araújo

Por Rafael Hofmeister de Aguiar

A narrativa como texto verbal se traduz por uma história contada através de um discursotrabalhado por um narrador que detém o conhecimento da história narrada por ele. Anarrativa, assim compreendida, poderá ser literária ou não. A narrativa literária tem porcaracterística ser ficcional – o que é contado nela não aconteceu na nossa realidade sensível –,porém, segundo Lefebvre (1975), ela reside num paradoxo; ela quer ser real, mas é ficcional: o

que é contado poderia ter acontecido no mundo sensível, mas não aconteceu; é a visão demundo de um determinado sujeito sobre o mundo que ele vive sem que, necessariamente,aquilo tenha acontecido nesse mundo.

Saraiva (2001) realça que o estudo da narrativa literária deve pressupor uma discussão sobre osaspectos conteudísticos e formais da narrativa. Devemos compreender a história (conteúdo – oque é narrado) e seus aspectos, e o discurso (forma – como é narrado) e seus respectivosaspectos.

1 HISTÓRIA

O estatuto da história corresponde ao que o narrador narra. Ela é o conteúdo da narrativa queserá expresso sobre a forma de um discurso organizado. Abrange um conjunto deacontecimentos que estão ligados entre si por relações de causa e conseqüência. Em suma, o

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nível da história corresponde às ações narradas pelo sujeito narrador – emissor da mensagem evoz narrativa – por meio de seu discurso. Para designar história, a Teoria Literária, geralmente,utiliza o termo grego diegesis ou diegese.

1.1 O ENREDO

O enredo é o elemento da narrativa que dá conta da causalidade. Forster (1974), teórico de

literatura, o distingue da história. Basicamente, a diferenciação se dá pela pergunta que o leitorfaz diante da história e a que faz diante do enredo. Sobre aquela ele pergunta e depois? , frenteao enredo ele indaga por que?. Observe os exemplos abaixo.

O rei morreu. A rainha foi viver sozinha numa velha cabana nafloresta.

O rei morreu, e a rainha, de tristeza, foi viver sozinha numa velha cabana nafloresta.

Quais são as diferenças básicas entre o primeiro e o segundo exemplo? A história permanece a

mesma, o que muda é o enredo, ou seja, os efeitos de causalidade. No segundo exemplo, temos,claramente, a causa da rainha ter ido morar sozinha na floresta: a tristeza pela morte do rei, noprimeiro, no entanto, a causa é, simplesmente, a morte do rei. O enredo passa a ser o modo deorganizar a história, jogando com os conhecimentos e as conclusões que o leitor traz e podetirar da história.

Larivaille (apud SARAIVA, 2001), ao teorizar sobre o enredo da narrativa, propõe um esquemaquinário para ele. Esse esquema divide o enredo em cinco partes: introdução (situação inicial)[1](/Users/Willian/Desktop/Teoria%20da%20narrativa_com%20corre%C3%A7%C3%B5es.doc#_ftn

 , conflito (perturbação), desenvolvimento (complicação ou transformação), clímax (resolução) edesfecho (situação final). A introdução é o momento inicial da narrativa, em que tudo seencontra em equilíbrio. Este equilíbrio inicial será rompido por um conflito. Odesenvolvimento ampliará ou transformará o conflito, encaminhando a narrativa para o seuclímax ou resolução. O clímax é o momento decisivo da narrativa, em que o desequilíbrioinstaurado pelo conflito será resolvido e proporcionará que um novo equilíbrio no desfecho.Saraiva nos lembra que A organização lógico‑cronológica das ações que traduzem a passagem de umasituação inicial de equilíbrio para desequilíbrio e, finalmente, um novo equilíbrio é concebida por Paul

arivaille (Saraiva, 2001, p. 53), ou seja, o enredo narrativo segue o esquema equilíbrio –desequilíbrio – equilíbrio.

1.2 AS PERSONAGENS

A narrativa literária predispõe de personagens que irão agir e compor o material da narrativa.As personagens podem ser vistas de acordo com a sua funcionalidade dentro da diegese comono quadro abaixo de Greimas.

 

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No quadro acima, uma personagem está no papel de sujeito que quer alguma coisa (objeto),sendo ajudado por algo ou alguém (adjuvante) e impedido por algo ou alguém (oponente). Odestinador é aquele que comunica ao destinatário um objeto de natureza cognitiva – oconhecimento do ato a cumprir – e um objeto de natureza modal – o querer que o institui comosujeito.

As personagens podem ser concebidas como planas ou redondas. As planas se caracterizam

por apresentarem as mesmas características durante toda a narrativa, enquanto as redondaspor mudarem de características durante o decorrer da história. As personagens planas nãoapresentam nenhuma novidade durante as ações, agem sempre da mesma forma. Ao longo danarrativa, se ela apresenta bem as personagens, poderemos prever as atitudes de umapersonagem plana, pois elas passam a ser estereótipos. As personagens redondas, ao contrário,nos surpreendem ao longo da história. É um exemplo disso a personagem Lúcia do romance

ucíola , de José de Alencar. No início da história, ela é uma menina pura que se obriga a seprostituir para salvar sua família que se encontra doente. Expulsa pelo pai de casa, vira umacortesã (prostituta). Ao final da história, estando apaixonada por Paulo, deixa a vida de

perversão e passa a viver uma vida digna e, de certa forma, pura. Notamos em Lúcia umatransformação do seu caráter de personagem, ou seja, um arredondamento constante, umatransformação. O caráter de Lúcia vai da pureza para a perversão e desta para a pureza.Percebemos essa mesma transformação de caráter na personagem frei Angelo de Guarani , deAlencar. De frei ele se transforma em bandido, ou seja, constitui‑se uma personagem redonda.

1.3 O TEMPO

As ações da narrativa ocorrem em um tempo e espaço que podem ou não ser determinados,claramente, pelo leitor comum. Quanto ao tempo, o que nos importa é traçar em quanto tempo

ocorre a história e como o tempo é tratado pelo discurso do narrador. Quanto à duração oudelimitação da época do mundo sensível se passa história, devemos prestar atenção nas datas,nos termos (índices) que dão idéia de temporalidade (amanhã, naquele dia, na manhã seguinte,etc.) e nos costumes e ações características de determinada época. Quanto ao tratamento dadono discurso do narrador acerca do tempo, é preciso observar a linearidade ou não‑linearidadetemporal.

A linearidade temporal corresponde ao narrador contar os acontecimentos na ordem em queforam acontecendo, como se se traçasse uma linha do tempo (igual aquelas usadas, geralmente,em aulas de História). A não‑linearidade se manifesta quando o narrador resolve contar osacontecimentos fora da ordem em que ocorreram, conta o final antes do início, o meio antes doinício e assim por diante, ou, no meio do discurso, faz uma volta no tempo para contar algoque havia esquecido. A linha de tempo é quebrada pelo narrador fazendo com que ele recorra avoltas ( flack‑backs ou analepses, segundo a narratologia) ou adiantamentos ( flack‑forwards ouprolepses, na narratologia) e, dessa forma, faz com que a narrativa seja não‑linear. Um exemplo

 bem claro de não‑linearidade é o filme Pulp‑fiction (Tempo de violência) ou o filme Amnésia.

1.4 O ESPAÇO

A espacialidade narrativa deve ser compreendida nos âmbitos de espaço e ambientação. Aambientação da história poderá trazer informações adicionais sobre as personagens comoclasse social, faixa etária, preferências, modo de vida, estado interior. É característico de algunstextos literários fazer combinar a ambientação de uma cena de acordo com o estado interior daspersonagens; sujeitos tristes em ambientes sombrios – céu nublado, árvores secas –, por

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exemplo, ou, então, com as ações; ambiente mórbido em locais de assassinatos – no conto Obarril de Amontilhado , de Edgar Allan Poe, Montresor empareda Fortunato em uma adega feitanuma catacumba em que existem ossos humanos empilhados na parede. O espaço deve sercompreendido como espaço físico, como um mapa em que ocorre a ação.

É no mapeamento do espaço físico com todas as suas minúcias que chegamos à ambientação,reunindo fatores indiciais. Estes passam a indicar emoções de personagens e produzem, com

sua relação com a ação, estados emotivos variados sobre a percepção estética do leitor,fabricando estados emocionais diversos que dependerão, sobretudo, do nível de leitura eenvolvimento do leitor com o texto literário.

2 O DISCURSO

Se a história corresponde ao que é narrado, ou seja, aos acontecimentos que, por uma relaçãode causa e conseqüência, formam um determinado enredo que se passa em um tempo‑espaçodefinido em que as personagens agem; o discurso é definido pelo como a narrativa éestruturada. Ele define ao modo em que a narrativa é construída através de uma linguagem

própria a ela. Enquanto a história define o enunciado; o discurso constrói o plano daenunciação, ou seja, da estruturação da mensagem narrativa. A mensagem narrativapressupõe, como toda mensagem, alguém que a enuncia e outro que a recebe; um locutor(emissor) e um alocutário (receptor). Na narrativa literária, o locutor é o narrador; o alocutário, onarratário.

2.1 ACOMUNICAÇÃO NARRATIVA

A literatura é um ato de enunciação ficcional. Tanto as ações que formam a história, quanto aformulação do ato discursivo se dão por seres ficcionais. A formação do ato discursivo ecomunicacional se dá pela inter‑relação narrador‑narratário. O primeiro formula suaenunciação (seu ato de fala) em função de seu parceiro – narratário – que escuta a história.Ambos são seres fictícios. O narrador não pode ser confundido com o autor, nem o narratáriocom o leitor. O narrador está no plano ficcional e tem por tarefa narrar a história; o autor estáno plano real e seu papel é escrever a obra literária através de imagens que cria e, como nãopode criar a sua imagem, não pode ser o narrador de sua obra. O narratário é o ouvinte donarrador e, como este está no mundo da ficção e não pode comunicar‑se com um ser real, nãopode ser confundido com o leitor. O leitor possui sua imagem fixa no mundo real, portanto nãopode ter sua imagem representada numa obra de ficção. Em suma, existe uma diferença básica

entre as duplas narrador‑narratário e autor‑leitor, a última pertence à existência real e aprimeira à existência ficcional. Isto é exemplificado por histórias, como A verdadeira história dostrês porquinhos , em que um animal conta a outro uma história; o autor e leitor continuamhumanos, mas narrador e narratário não.

2.1.1 Narrador

O narrador é responsável pela estruturação do discurso. Ele é responsável pelo estabelecimentodo tempo e do espaço em que a narrativa ocorrerá e pela instauração das personagens na ação.Saraiva (2001) expõe duas funções para o narrador; a função comunicativa e a funçãoavaliativa. A primeira ocorre quando ele se dirige ao ouvinte, acolhendo intervenções deste,produzindo um processo de comunicação que interliga emissor‑mensagem‑receptor. Asegunda pode estar expressa de forma explícita ou implícita, nas avaliações que o narrador fazatravés do seu discurso, em que podemos perceber o posicionamento ideológico do texto.

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As funções representadas pelo narrador estão, intimamente, ligadas ao duplo papel que podeexercer: emissor do discurso e agente das ações. O narrador pode se limitar a narrar os fatos(emissor do discurso) como pode também ser uma personagem (agente das ações). Decorredessa dupla articulação do papel do narrador a sua classificação em três instâncias:heterodiegética, autodiegética e homodiegética. A primeira corresponde ao narrador que seposiciona só como emissor do discurso, não sendo agente das ações, ou seja, o narrador selimita a narrar e não se constitui em personagem da história (hetero = diferente; diegético =

referente à história). As duas outras instâncias se fazem quando o narrador cumpre o duplopapel de emissor do discurso e agente das ações. A diferença reside no papel que elesdesempenham como personagens. O narrador autodiegético (auto = próprio, própria) é aqueleque conta a sua própria história, ou seja, é a personagem principal da história. O narradorhomodiegético (homo = igual) é aquele que se caracteriza por ser um personagem secundáriaque conta a história do protagonista. Vejamos alguns exemplos:

Instância heterodiegética:

“O Sr. Western afeiçoava‑se cada vez mais a Sophia, de tal sorte que até seus queridoscachorros quase cederam o lugar em suas afeições; mas, como ele não conseguia abrir mãodestes últimos, astuciou uma forma de gozar da companhia deles e da filha ao mesmo tempo,instalando com ela a que os acompanhasse em suas caçadas” (FIELDING, Henry. Tom Jones.São Paulo: Círculo do Livro, s.d., p. 190).

Instância autodiegética:

“É pensei, “é rapaz eis a tua oportunidade de se livrar dela” (coisa que vinha tramando hásemanas) mas quando isso bateu dentro do meu próprio ouvido achei tremendamente falso, eu

não acreditava mais nisso, mais em mim” (KEROUAC, Jack. Os Subterrâneos. São Paulo:Brasiliense, 1984, p. 106).

Instância homodiegética:

“Quanto mais eu pensava no assunto, mais extraordinária me parecia a hipótese de Holmes, deque aquele homem fora envenenado. Lembrei‑me de como meu amigo cheirou os lábios davítima, e não tive dúvida de que ele detectou algo que lhe sugeriu a idéia. E, mais uma vez, oque causou a morte desse homem, se não o veneno? Não havia ferimentos ou marcas deestrangulamento. Mas, por outro lado, de quem era o sangue no chão? Não havia indícios de

luta, e a vítima não possuía qualquer arma com a qual pudesse ter ferido o assassino. Senti que,enquanto essas perguntas não fossem respondidas, nem eu nem Holmes conseguiríamosdormir com facilidade. Contudo, sua atitude autoconfiante e tranqüila convenceu‑me de queele já formulara alguma teoria que explicava todos os fatos, embora eu não conseguisse sequerimaginá‑la” (DOYLE, Arthur Conan. Um estudo em vermelho. São Paulo: Melhoramentos,1999, p. 41).

2.1.2 Narratário

O narratário se constitui no parceiro direto do narrador. Sua importância é muito significavapara a compreensão da narrativa literária. É ele quem dialoga com o narrador. Apesar de estaranônimo em muitos textos, ele sempre aparece ou é denunciado por marcas no discurso:“Suportei o melhor que pude as injurias de Fortunato; mas, quando ousou insultar‑me, jureivingança. Vós , que tão bem conheceis a natureza do meu caráter, não haveis de supor, no

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entanto, que eu tenha proferido qualquer ameaça” (POE, 1981. p. 31, grifo nosso). Suapresença, todavia, pode ser sempre notada, muitas vezes de maneira explicita, sendo invocadopelo nome ou algum termo que o substitua, como em Lucíola , de José de Alencar, em que onarrador Paulo conta seu envolvimento com Lúcia para uma senhora a quem invoca, algumasvezes, ao longo da narrativa (AGUIAR, 2002).

O narratário é, geralmente, identificado como mencionado ou não mencionado. O primeiro é

chamado, diretamente, pelo narrador, este deixa clara a presença daquele; o nome doalocutário ou um termo que o substitua serve como invocação daquele que fala para comaquele que o escuta. O segundo tipo se constitui naquele em que só podemos provar suaexistência através de marcas no discurso, ele não é invocado, diretamente, pelo narrador – écaso do trecho de O barril de Amontillado , de Poe, citado no parágrafo acima.

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Rafael Hofmeister de Aguiar. Por uma tipologia para o narratário. Entrelinhas , SãoLeopoldo, v. 2, p. 37‑39, 2002.

DOYLE, Arthur Conan. Um estudo em vermelho. São Paulo: Melhoramentos, 1999.

FIELDING, Henry. Tom Jones. São Paulo: Círculo do Livro, s.d.

FORSTER, Edward Morgan. Aspectos do romance. 2. ed. Porto Alegre: Globo, 1974.

KEROUAC, Jack. Os Subterrâneos. São Paulo: Brasiliense, 1984.

LEFEBVRE, M‑J. Estrutura do discurso da poesia e da narrativa. Coimbra: Almedina, 1975.

REIS, Carlos, LOPES, Ana Cristina M. Dicionário de Narratologia. 7. ed. Coimbra: Almedina,2002.

SARAIVA, Juracy Assmann. Narrativa literária: aspectos composicionais e significação. In:SARAIVA, Juracy Assmann (org.). Literatura e alfabetização: do plano do choro ao plano daação. Porto Alegre: Artmed, 2001.

[1](/Users/Willian/Desktop/Teoria%20da%20narrativa_com%20corre%C3%A7%C3%B5es.doc#_ftn

O termo entre parênteses é um designação diferente para a mesma parte denominada foradeles.

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em 10 de novembro de 2012 às 15:19 | Responder

Publicado em Teoria da Narrativa | Etiquetado teoria da narrativa | 1 comentário

Uma resposta

Antônio VillasUma pergunta: No subtitulo: “Instância heterodiegética”: Na ultima parte se le“instalando”, não será, porém, “instando”?

“O Sr. Western afeiçoava‑se cada vez mais a Sophia, de tal sorte que até seus queridoscachorros quase cederam o lugar em suas afeições; mas, como ele não conseguia abrir mão

destes últimos, astuciou uma forma de gozar da companhia deles e da filha ao mesmotempo, instalando com ela a que os acompanhasse em suas caçadas”

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