Teologia Da Substituição Numa Visão Histórica

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TEOLOGIA DA SUBSTITUIÇÃO NUMA VISÃO HISTÓRICA Como teólogo e mestre em teologia sistemática, eu gostaria de contribuir com a intensa reformulação de uma teologia que dominou a maior parte da história da Igreja Cristã. Estou falando da teologia da substituição. Falarei mais neste texto numa visão histórica critica, sem ser muito aprofundado na biblicidade do tema. Apesar disto citarei alguns pontos bíblicos. Esta teologia que foi fundamentada no pensamento agostiniano e posteriormente reformador, forjado na inabilidade de evangelizar os judeus. Quando digo inabilidade é porque sendo também um professor na área de história, percebi e constatei que as estruturas que a Igreja formou, foram se contextualizando as culturas não judaicas, e foram rejeitando a cultura judaica, até a demonizando. Apesar de boa parte da liturgia e tradição cristã ter suas bases na cultura e expressão litúrgica judaica, as estruturas cristãs criaram formas de rejeitar a origem judaica. Como os judeus não queriam se converter para as formas de cultura não judaica, pois queriam manter sua expressão judaica, como acontece com praticamente todos os povos, a missiologia que dominou boa parte da história da igreja cristã, obrigava aos povos “convertidos” a aculturação a uma cultura européia. Graças ao Senhor, hoje a Igreja aprendeu a respeitar culturas e não obrigar totalmente a aceitação da cultura européia, e agora americana. Infelizmente ainda temos “terno e gravata” em terras tropicais, mas isto é tolerável, apesar de ser extremamente cansativo. A teologia da substituição foi forjada dentro de dois contextos: A Rejeição dos judeus a instituição ou instituições cristãs e ao principio de dominação com a imposição cultural. Não consigo ver a teologia se baseando na Bíblia, como deveria ser. Não vejo a motivação histórica provinda de um intenso desejo de descobrir a verdade, mas provinda do desejo intenso de impor uma dominação católica e européia. Pois biblicamente é muito forçoso dizer que Israel foi rejeitado, e que Deus escolheu outro povo para ficar no lugar de Israel. Sabemos que Deus nunca muda, e que Ele não deixa de cumprir sua palavra. A promessa feita por Deus a Abraão foi clara, foi feita para filhos carnais, mas também foi feita a filhos espirituais. Vemos a promessa dupla, e o cumprimento duplo na história. Deus nunca deixou de abençoar, os filhos de Abraão, pois os judeus sempre foram cabeça em todos os tempos. Isto é histórico, apesar de alguns historiadores quererem esconder a história de Israel. Paulo claramente diz que todos os povos que crêem em Jesus, o messias, são enxertados em Israel. Ser enxertado não é substituição, é inclusão. A doutrina da substituição não é bíblica, é fundamentada em lógica, ou seja, se os “judeus não convertem então a culpa é que eles foram rejeitados por Deus”. Não seria mais a inabilidade da Igreja de ter uma metodologia missiológica especifica para judeus? Mas quem disse que Deus rejeitou Israel, não foi Paulo quem disse isto? O problema é que os Judeus rejeitavam as estruturas eclesiásticas formadas pelas igrejas influenciadas por culturas não judaicas. Os Judeus não rejeitavam a mensagem do Evangelho, milhares, talvez milhões de Judeus ou de seus descendentes se converteram a Jesus, em toda história, somente Deus sabe deste numero. O que os judeus rejeitavam era a estrutura cheia de ritos, normas e cultura que eles consideravam abomináveis ou não aceitáveis no contexto e pensamento judaico. Hoje a Igreja tem buscado até a cultura judaica, o que questiono em parte, pois não precisamos de nos judaizar para ficar mais perto de Deus, Deus não é judeu, apesar de ter se expressado na terra como um judeu. Podemos em cada cultura manifestar nossas diferenças criando uma multiforme expressão de amor por Deus.

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TEOLOGIA DA SUBSTITUIÇÃO NUMA VISÃO HISTÓRICA

Como teólogo e mestre em teologia sistemática, eu gostaria de contribuir com a intensa

reformulação de uma teologia que dominou a maior parte da história da Igreja Cristã.

Estou falando da teologia da substituição. Falarei mais neste texto numa visão histórica

critica, sem ser muito aprofundado na biblicidade do tema. Apesar disto citarei alguns

pontos bíblicos. Esta teologia que foi fundamentada no pensamento agostiniano e

posteriormente reformador, forjado na inabilidade de evangelizar os judeus. Quando

digo inabilidade é porque sendo também um professor na área de história, percebi e

constatei que as estruturas que a Igreja formou, foram se contextualizando as culturas

não judaicas, e foram rejeitando a cultura judaica, até a demonizando. Apesar de boa

parte da liturgia e tradição cristã ter suas bases na cultura e expressão litúrgica judaica,

as estruturas cristãs criaram formas de rejeitar a origem judaica. Como os judeus não

queriam se converter para as formas de cultura não judaica, pois queriam manter sua

expressão judaica, como acontece com praticamente todos os povos, a missiologia que

dominou boa parte da história da igreja cristã, obrigava aos povos “convertidos” a

aculturação a uma cultura européia. Graças ao Senhor, hoje a Igreja aprendeu a respeitar

culturas e não obrigar totalmente a aceitação da cultura européia, e agora americana.

Infelizmente ainda temos “terno e gravata” em terras tropicais, mas isto é tolerável,

apesar de ser extremamente cansativo.

A teologia da substituição foi forjada dentro de dois contextos: A Rejeição dos judeus a

instituição ou instituições cristãs e ao principio de dominação com a imposição cultural.

Não consigo ver a teologia se baseando na Bíblia, como deveria ser. Não vejo a

motivação histórica provinda de um intenso desejo de descobrir a verdade, mas

provinda do desejo intenso de impor uma dominação católica e européia. Pois

biblicamente é muito forçoso dizer que Israel foi rejeitado, e que Deus escolheu outro

povo para ficar no lugar de Israel. Sabemos que Deus nunca muda, e que Ele não deixa

de cumprir sua palavra. A promessa feita por Deus a Abraão foi clara, foi feita para

filhos carnais, mas também foi feita a filhos espirituais. Vemos a promessa dupla, e o

cumprimento duplo na história. Deus nunca deixou de abençoar, os filhos de Abraão,

pois os judeus sempre foram cabeça em todos os tempos. Isto é histórico, apesar de

alguns historiadores quererem esconder a história de Israel. Paulo claramente diz que

todos os povos que crêem em Jesus, o messias, são enxertados em Israel. Ser enxertado

não é substituição, é inclusão. A doutrina da substituição não é bíblica, é fundamentada

em lógica, ou seja, se os “judeus não convertem então a culpa é que eles foram

rejeitados por Deus”. Não seria mais a inabilidade da Igreja de ter uma metodologia

missiológica especifica para judeus? Mas quem disse que Deus rejeitou Israel, não foi

Paulo quem disse isto? O problema é que os Judeus rejeitavam as estruturas

eclesiásticas formadas pelas igrejas influenciadas por culturas não judaicas. Os Judeus

não rejeitavam a mensagem do Evangelho, milhares, talvez milhões de Judeus ou de

seus descendentes se converteram a Jesus, em toda história, somente Deus sabe deste

numero. O que os judeus rejeitavam era a estrutura cheia de ritos, normas e cultura que

eles consideravam abomináveis ou não aceitáveis no contexto e pensamento judaico.

Hoje a Igreja tem buscado até a cultura judaica, o que questiono em parte, pois não

precisamos de nos judaizar para ficar mais perto de Deus, Deus não é judeu, apesar de

ter se expressado na terra como um judeu. Podemos em cada cultura manifestar nossas

diferenças criando uma multiforme expressão de amor por Deus.

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Não quis ser muito teológico com textos, mas quis chamar a atenção que esta teologia

pouco se baseou na Bíblia, foi mais baseada em ódio e rejeição. Quando Lutero não

conseguiu convencer os Judeus, e no começo de sua reforma, ele era animadíssimo em

converter judeus, ele iniciou sua teologia substitutiva. Porque antes ele não cria na

substituição? Porque somente foi crer, quando não conseguia converter judeus? Qual foi

o ponto de partida para criar a substituição? Não foi o fracasso na evangelização de

Judeus? É certo que respeito Lutero, mas ele não é Deus, nem é totalmente perfeito, foi

como nós, homem e imperfeito. Lutero, irmão querido, e grande ministro da palavra de

Deus, mas influenciado pela doutrina agostiniana que reinava na estrutura cristã, que ele

saiu. Porque Agostinho formou sua doutrina substitutiva, veja a história e como a igreja

ficou furiosa com os judeus que não aceitavam a doutrina católica. Naquela época era

obrigatório aceitar, quem não aceitava era herege, era digno até de morte. Quantos

judeus foram assassinados e torturados, porque não queriam aceitar a “doutrina

católica”. Mas eles não estavam errados totalmente, muito da doutrina católica, hoje

sabemos que era doutrina de homens, era cultura grego romana, era sincretismo

religioso, era heresia catolicista. E o que formou nos judeus esta agressividade contra

judeus, nos países que dominavam os chamados “Cristâos”. O que poderíamos esperar

como reação de judeus, se os chamados “cristãos”, não permitiam que eles

expressassem sua cultura e sua fé? É óbvio que os judeus passaram muito de sua

rejeição para Jesus, como se Jesus fosse o culpado do erro dos chamados “cristãos”.

Louvo ao Senhor, que Ele é superior aos erros da Igreja, e Ele se revela acima de nossa

imperfeição. Ele tem feito isto aos outros filhos de Abraão, que enganados pelo ensino

islâmico, não aceitam a Jesus como o Deus encarnado, mas somente como um profeta.

Mesmo que a Igreja não fale, as pedras falam. Mas Deus quer falar por meio da Igreja.

E a Igreja não é de Judeus ou de “Gentios”, a Igreja é de Cristãos, como fomos

chamados nos dias de Antioquia. Somos todos “pequenos cristos”, todos nós que

aceitamos a Jesus como Senhor e Salvador, por meio do novo nascimento. Somos todos

o Israel de Deus, o povo de Deus, a Igreja de Cristo.

Hoje espero que meus irmãos judeus, e posso dizer isto sendo um descendente anusim,

possam aceitar o evangelho de Jesus Cristo, não que formem uma nova igreja ebionista

e fundamentalista judaica. Creio que podemos ser Judeus e “Gentios” (usando o termo

bíblico) com manifestações culturais diferentes, mas com a mesma fé no Salvador Jesus

Cristo, o Messias.

A FARSA DA TEOLOGIA DA SUBSTITUIÇÃO

Introdução:

A Teologia da Substituição é um enfoque sistemático enganoso que se utiliza da Bíblia para fomentar ódio e desprezo ao povo do Eterno, que não apenas tem desviado milhões de gentios ao longo dos anos, mas tem também originado o mal nas mais terríveis proporções. Essa teologia teve sua participação na perseguição aos Judeus pela igreja cristã através dos séculos, incluindo o Holocausto, e foi também o pensamento teológico que pairava por trás do pesadelo do apartheid.

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Objetivos:

* Desmascarar a farsa teológica desta teoria cristã-greco-romana.

* Expor as terríveis consequências na vida do povo judeu.

* Provar como o Eterno nunca e jamais abandonou ou abandonará o seu povo que antes o elegeu.

* Desfazer as ideias anti-semitas oriundas desta teologia.

* Mostrar a verdadeira relação de amor fraternal entre judeus e gentios crentes no Messias.

O que é a teologia da substituição:

A Teologia da Substituição declara que Yisrael, tendo falhado com D’us, foi substituída pela igreja cristã. O cristianismo é agora o verdadeiro Yisrael de D’us e o destino nacional de Yisrael está para sempre perdido. A restauração do moderno Estado de Yisrael é, assim, um acidente, sem nenhuma credencial bíblica. Os cristãos que creem que tal restauração é um ato de D’us, em fidelidade à sua aliança estabelecida com Abraão cerca de 4000 anos atrás são considerados enganados e muitas vezes taxados de dispensacionalistas. Esta é a posição básica dos adeptos dessa teologia.

Erros teológicos e escriturísticos:

Veremos agora como esta farsa se desenvolve teologicamente e os erros escriturísticos utilizados para lhe dar respaldo, é válido ressaltar que o contexto usado pelos defensores desta teologia é o contexto greco-romano.

a) O método de interpretação alegórico: a Teologia da Substituição efetivamente mina a autoridade da Palavra de D’us pelo fato de que ela repousa sobre o método alegórico de interpretação, isto é, o leitor da Palavra de D’us decide espiritualizar o texto mesmo que o seu contexto seja puramente literal, isto efetivamente rouba a Palavra de D’us de sua própria autoridade e o significado do texto fica inteiramente dependente do leitor. A Palavra de D’us pode

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assim ser manipulada para dizer qualquer coisa! Assim, a Teologia da Substituição apoia-se na falsa base da interpretação bíblica.

b) Entendimento equivocado da Aliança do Eterno: a Teologia da Substituição é apenas sustentada por aqueles que não entenderam apropriadamente a natureza da Aliança abraâmica, esta Aliança é primeiramente mencionada em Gênesis 12:1-4 e depois disso repetidamente asseverada e confirmada aos patriarcas. Essa Aliança é a Aliança da Chesed-Misericórdia pois ela inclui a intenção de D’us de redimir o mundo todo. D’us diz a Abraão: "Em ti todas as nações do mundo serão benditas." A Aliança Abraâmica é uma Aliança com três elementos vitais:

1- Ela declara a estratégia de alcançar o mundo através da nação de Yisrael. 2- Ela lega uma terra(Êretz) como uma possessão eterna à Yisrael. 3- Ela promete abençoar aqueles que abençoarem a Yisrael, e amaldiçoar aqueles que o amaldiçoarem.

É importante que notemos aqui que se um elemento da aliança falhar então todos os elementos também falharão. Assim, se as promessas de D’us para Yisrael já tiverem falhado, então igualmente devem ter falhado as promessas dEle de abençoar o mundo. Se o destino nacional de Yisrael foi perdido através de sua desobediência, então a dita igreja cristã também está arruinada! A desobediência da igreja tem sido tão grande quanto a de Yisrael nos últimos 2000 anos. Ninguém pode negar isto! O autor do livro de Hebreus enfatiza este mesmo ponto quando ele escreve:

"E digo isto: Uma aliança já anteriormente confirmada por D’us, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa. Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de promessa; mas foi pela promessa que D’us a concedeu gratuitamente a Abraão." (Gálatas 3:17-18)

De acordo com alguns teólogos da substituição esta Aliança foi “anulada”, outros porém, afirmam que todas as promessas de Restauração para Yisrael e a manutenção da Aliança eram “condicionais”, ou seja, caso Yisrael cumprisse sua parte na Aliança, ele seria o povo eleito para sempre, mas como Yisrael

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falhou por diversas vezes, a promessa de Restauração também falhou, pois estava subordinada condicionalmente a fidelidade de Yisrael. Somente uma compreensão equivocada e superficial da Aliança pode levar à tal conclusão enganosa e falaciosa.

As promessas à Yisrael nacional são constantemente reafirmadas pelo Eterno aos profetas. Desta forma, Ele enfatiza a natureza de seu caráter e confirma a Aliança abraâmica. Um exemplo disto é Jeremias 31:35-37 que declara em alto e bom som: "Assim diz o Adonai, que dá o sol para a luz do dia, e as Leis Fixas da lua e das estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; Adonai dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas Leis Fixas diante de Mim, diz o Eterno, então deixará também a descendência de Yisrael de ser uma nação diante de Mim PARA SEMPRE. Assim diz o Eterno: Se puderem ser medidos os céus lá em cima, e sondados os fundamentos da terra cá em baixo, então também eu rejeitarei toda a descendência de Yisrael, por tudo quanto fizeram, diz o Adonai"

Assim, novamente, o fato de que o sol, a lua e as estrelas ainda estejam conosco, só isto confirma a contínua validade da Aliança abraâmica e, como resultado, o destino nacional de Yisrael. Para que a teologia da substituição seja válida, o sol e a lua devem também ser apagados ou deixar de existir, palavras do Eterno. Desta maneira, percebemos que a teologia da substituição ZOMBA do caráter do Eterno pois ela repousa sobre a premissa de que se você falhar com D’us de qualquer maneira, Ele irá te descartar… mesmo que inicialmente Ele tenha te asseverado que a Sua Aliança com você é eterna. Isto soa como uma resposta tipicamente humana e perversa, e não como a de um D’us amoroso e misericordioso, o D’us das Escrituras.

Histórico da teologia da substituição:

Veremos agora como se originou esta perversa teologia, os chamados “pais da igreja” na tentativa de apagar as raízes judaicas da fé cristã, desenvolveram uma feroz perseguição intelectual aos povo judeu, esta animosidade é visivelmente refletida nos escritos destes primeiros pais da Igreja cristã. Vejamos:

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Justino Martir (160 E.C.) falando a um Judeu disse: "As escrituras não pertencem a vocês, mas a nós." Se Justino Martir tivesse lido as carta aos romanos, não teria feito esta afirmação, veja o que Paulo diz em Romanos 3:1 e 2 “Que vantagem, pois, tem o Judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em todos os sentidos; primeiramente, porque aos judeus foram confiados os Oráculos do Eterno” Ou seja, TODA as Escrituras Sagradas.

Irineu bispo de Lyon (177 E.C.) declarou: "Os Judeus foram deserdados da graça de Deus."

Tertuliano (160-230 E.C.), em seu tratado "contra os Judeus", anunciou que D’us havia rejeitado os Judeus em favor dos Cristãos.

Eusébio, nos primórdios do 4º século escreveu: que as promessas das Escrituras hebraicas eram para os Cristãos e não para os Judeus, e as maldições para os Judeus, ele afirmou que a igreja cristã era a continuação do “Velho Testamento”, apenas lembrando que não existe este termo: “velho testamento” nos originais da Bíblia, o termo correto é Tanach se referindo à 1ª Aliança, e assim, desta forma substituía o Judaísmo. A igreja cristã declarava ser a verdadeira Yisrael, ou "Yisrael Espiritual", herdeira das promessas divinas. Eles achavam essencial desacreditar o "Yisrael segundo a carne" para provar que Adonai havia rejeitado Seu povo e transferido Seu amor para os cristãos.

Desta forma, encontramos o princípio da TEOLOGIA DA SUBSTITUIÇÃO, a qual colocou a igreja triunfante sobre Yisrael e o vencido Judaísmo. Esta teoria se tornou uma das principais fundações sobre as quais o anti-semitismo cristão se baseou, até mesmo nos dias de hoje.

A B’rit Chadashá fala do relacionamento dos gentios convertidos com Yisrael e suas alianças como sendo "enxertados" (ver Romanos 11:17-24), "aproximados" (ver Efésios 2:13), "descendência de Abraão pela fé" (ver Romanos 4:16), e "participantes" (ver Romanos. 15:27), e nunca usurpadores da Aliança ou substitutos do Yisrael físico, pois, os crentes gentios, são UNIDOS ao que Adonai tinha estado fazendo em Yisrael e Adonai

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JAMAIS quebrou Suas promessas com Yisrael (ver Romanos. 11:29).

Dentre vários textos existentes, basta um texto das Escrituras para provar que essa teologia é falsa, se essas pessoas, que fizeram estas declarações tivessem um pequeno conhecimento da Palavra do Eterno não teriam feito tais declarações, porém não são somente eles, nos nossos dias existem várias pessoas que creem na teologia da substituição e a mesma ainda é ensinada em alguns cursos teológicos cristãos. Vejamos o texto: Jeremias 31: 35 a 37 assim declara:

"Assim diz o Eterno, que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; Adonai dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas LEIS FIXAS de diante de Mim, diz o Eterno, também deixará a descendência de Yisrael de ser a Minha nação para sempre. Assim diz o Eterno: Se puderem ser medidos os céus lá em cima, e sondados os fundamentos da terra cá em baixo, então também eu rejeitarei toda a linhagem de Yisrael, por tudo quanto eles têm feito, diz o Adonai”

Pergunta: o sol continua iluminando o dia e a lua e as estrelas iluminando a noite? Já é possível medir os céus ou sondar os fundamentos da terra? Portanto, a linhagem de Yisrael não foi rejeitada por D’us ou substituída. Vejamos mais uma vez esta declaração de Shaul haShaliach(Paulo) em Romanos 11: 17 e 18:

“E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro bravo, foste enxertado no meio deles e feito participante da Raiz e da Seiva da Oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a Raiz, mas a Raiz a ti.”

Paulo está falando aos gentios crentes que estavam começando a idealizar a teologia da substituição, lembrando a eles que eles são ramos enxertados e que não são eles que sustentam a Raiz que é Yisrael, mas sim a Raiz(Yisrael) que os sustenta. Mas alguém pode argumentar que a Oliveira citada por Paulo não seja Yisrael mas o

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Messias Yeshua, neste caso deixemos a própria Bíblia responder a estes equivocados:

“O Eterno te chamou de Oliveira verde, formosa por seus deliciosos frutos, mas agora à voz de um grande tumulto acendeu fogo ao redor dela e alguns ramos foram quebrados.....Porque Adonai dos Exércitos que te plantou......casa de Yisrael e da casa de Judá....” (Jeremias 11:16-17)

Notamos que o apóstolo Paulo usou a mesma representação e a mesma situação que o Eterno usou, isto é, chamou Yisrael de Oliveira Santa e ainda cita que alguns dos seus ramos foram cortados, simbolizando que o endurecimento de uma parte de Yisrael não pode ser responsável pela rejeição de sua totalidade, Paulo chama para os ramos que foram poupados e permaneceram em sua própria árvore de Remanescentes eleitos segundo a Graça.(ver Romanos 11:5)

Há alguma base bíblica para a tal teologia da substituição?

Os modernos adeptos da teologia da substituição pretendem apoiar-se em apenas um único verso mal interpretado de Paulo em Gálatas 6:16, então vamos ao texto grego para tirarmos todas as dúvidas:

και οσοι τω κανονι τουτω στοιχησουσιν ειρηνη επ αυτους και ελεος και επι τον ισραηλ του θεου - Gálatas 6:16

kai osoi to kanoni touto stoichisousin eirini ep aftous kai eleos kaiepi ton israil tou theou – Gálatas 6:16

“E a todos os que pautam sua conduta por esta norma, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Yisrael de D’us”(Gálatas 6:16)

Acima está o texto em 3 versões, no grego original, sua transliteração e sua tradução pela Bíblia de Jerusalém, o texto é simples e claro. A primeira parte do versículo 16: "E a todos os que pautam sua conduta por esta norma", refere-se à norma recém mencionada por Paulo no versículo 15: "Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura". Esta é uma categoria espiritual que engloba todos os gentios crentes, para

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os quais Paulo pronuncia uma bênção: "paz e misericórdia sejam sobre eles(os gentios crentes)". A ela segue-se seu comentário adicional: "e sobre o Yisrael de D’us". O estudioso S. Lewis Johnson examina as diferentes sugestões para a tradução da palavra grega "kai" em Gálatas 6.16 (normalmente traduzida por "e"). Johnson afirma: "Na ausência de fortes razões de ordem exegética e teológica, deveríamos evitar as estruturas gramaticais mais raras quando a comum faz bom sentido". Ele demonstra que não há razão exegética ou teológica para não entender o "e" em seu sentido normal nessa passagem. Johnson conclui:

Se a intenção de Paulo fosse identificar "eles" como "o Yisrael de D’us", então, por que não eliminou simplesmente o "e" ("kai") após o "eles"? O resultado seria muito mais apropriado, caso Paulo estivesse identificando o pronome "eles", ou seja, a igreja cristã, com o termo "Yisrael". Nesse caso, o versículo seria traduzido da seguinte forma: "E a todos os que pautam sua conduta por esta norma, paz e misericórdia sejam sobre eles, o Yisrael de D’us"... Entretanto, Paulo não eliminou o "kai", “e”.

Johnson está dizendo que não há base textual ou exegética para a crença da teologia da substituição, de acordo com a qual Gálatas 6.16 ensinaria que "o Yisrael de D’us" inclui a Igreja cristã ou os gentios crentes. A "teologia da substituição" que evoca um “israel espiritual” não tem base neste texto bíblico de Gálatas. Quem crer assim deve estar tão cego por causa das exigências da falsa teologia, a ponto de continuar insistindo em tal interpretação da Bíblia e na teologia desnorteada que daí resulta. Juntamente com o estudioso Lewis Johnson, eu me pergunto por que, "apesar da assombrosa evidência em contrário, continua a haver persistente apoio à concepção de que o termo Yisrael de D’us pode referir-se com propriedade a um “israel espiritual” formado unicamente de crentes dentre os povos gentios na época presente".

A conclusão lógica é, a epístola de Gálatas refere-se a gentios crentes que procuravam alcançar a salvação por meio da circuncisão. Eles estavam sendo enganados pelo segmento farisaico que havia crido no Messias(ver Atos 15:5), eram eles que exigiam a adesão à circuncisão. Para estes, um gentio tinha de converter-se primeiro ao judaísmo da época a fim de ser qualificado para a salvação por meio do Messias. No versículo 15, Paulo afirma que o importante para a salvação é a Emunah-Fé, que tem como

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conseqüência o ser nova criatura. A seguir, ele pronuncia uma bênção sobre dois grupos de pessoas que deveriam seguir essa regra da salvação unicamente pela Fé. O primeiro grupo, referido na passagem pelo pronome "eles", é o grupo dos gentios crentes no Messias, a quem ele havia dedicado a maior parte da epístola. O segundo grupo é denominado de "o Yisrael de D’us". Nesse caso, trata-se dos judeus nazarenos que, em contraste com os judeus não crentes, seguiam a regra da salvação unicamente pela Fé, os quais Paulo declarou serem os Remanescentes eleitos segundo a Graça.(ver Romanos 11:5 e Isaías 10:22)

Consequências da teologia da substituição:

A falta de conhecimento bíblico aliada a uma aceitação cega das afirmações dos pais da igreja cristã, levaram as mais desastrosas ideias sobre o povo judeu, por conta disso, os cristãos vêm perseguindo barbaramente o povo de Yisrael, homens como Marcião, Crisóstomo, Agostinho, Justino mártir, Cipriano, Jerônimo entre outros foram os mais cruéis perseguidores dos judeus, e não importava se eram judeus comuns ou nazarenos(judeus crentes), bastava ser judeu para ser considerado digno de morte, observem o que estes "homens de Deus" deixaram escrito:

* Marcião (144 e.c.), pregava que qualquer cristão que usasse algum símbolo judaico ou mesmo, nomes, ou celebrasse alguma festa Bíblica, seria julgado cúmplice da morte do Jesus. * João Crisóstomo(344 e.c.), disse que as sinagogas eram "lugar de blasfêmia, asilo do diabo e castelo de Satanás", "zona de meretrício", também considerava todo judeu culpado de "deicídio"(crime de ter assassinado o próprio Deus)

* Agostinho(354 e.c.), dizia "deixem os judeus viverem em nosso meio mas os façam sofrer e serem humilhados continuamente"

* Justino mártir(160 e.c.), condenou os judeus como "filhos de meretrizes".

* Cipriano(250e.c.), escreveu: "O diabo é o pai dos judeus".

* Agostinho de Hipona(415 e.c.), escreveu que os judeus carregam eternamente a culpa pela morte do Jesus, em decorrência, o monge

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Barzauma instigou uma perseguição aos judeus em Yisrael, quando inúmeras sinagogas foram destruídas.

* São Jerônimo(418 e.c.), que criou a tradução Vulgata da Bíblia escreveu sobre as sinagogas: "se você chamar a sinagoga de bordel, um antro de vício, o refúgio do diabo, fortaleza de satanás, um lugar de depravação da alma, um abismo de todo desastre concebível, ou qualquer outra coisa mais que você disser, você ainda estará dizendo menos do que do que ela merece".

E foi com estes "homens de Deus" que a religião cristã cresceu e se desenvolveu, mais tarde na idade média o grande fundador do protestantismo evangélico, o ex padre Martinho Lutero também escreveu as mesmas coisas a respeito dos judeus.

* Martinho Lutero(1543 e.c.), "Em primeiro lugar, suas sinagogas deveriam ser queimadas... Em segundo lugar, suas casas também deveriam ser demolidas e arrasadas... Em terceiro, seus livros de oração, suas Bíblias e Talmudes deveriam ser confiscados... Em quarto, os rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte... Em quinto lugar, os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser absolutamente vetados aos judeus... Em sexto, eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem... Em sétimo lugar, os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão na debulhadeira, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu pão no suor do seu rosto... Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa sociedade ... Portanto, fora com eles...Resumindo, caros príncipes e nobres que têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável carga infernal".

Ficamos nós a perguntar, por que a religião cristã fez tanta questão de se separar do povo de Yisrael chegando a propor a sua extinção total do planeta??? Será que os verdadeiros seguidores do Messias de Yisrael agiam assim??? O conselho de Yeshua foi o seguinte: "Nisto conhecerão que sois meus discípulos se tiverdes AMOR uns para com os outros" (João 13:35) Será que os judeus não teriam reconhecido Yeshua em maior número se os cristãos seguissem realmente ao que o verdadeiro Messias judeu lhes ensinou??? As declarações anti-semitas dos

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pais da igreja cristã originou a terrível “santa inquisição”, centenas de judeus foram mortos queimados vivos, decapitados, enforcados, expulsos de suas propriedades, tiveram seus bens confiscados e seus filhos vendidos como escravos. Sem falar no genocídio que foi o holocausto nazista.

Conclusão:

Se a igreja cristã, veio substituir ou tomar o lugar do povo de Yisrael, como o “israel espiritual”, ou o “israel de Deus” espalhado pela terra, então por que Paulo afirma em Romanos 9:1-8 o seguinte:

“No Messias digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo): Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema do Messias, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; Pois são israelitas, dos quais pertence-lhes a adoção de Filhos, e a Glória, e as Alianças, e a Torah, e o Culto, e as Promessas; Deles são os Patriarcas, e também deles descendo o Messias segundo a carne, o qual é sobre todos. Bendito seja D’us eternamente. Amém. Não que a palavra de D’us haja falhado, porque nem todos os que são de Yisrael são israelitas; Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de D’us, mas os filhos da Promessa são contados como descendência.”

Ora, se a igreja cristã tivesse substituído Yisrael, Paulo estaria completamente consolado, não estaria tendo grande tristeza e contínua dor no seu coração pelo povo de Yisrael, que em parte, endureceu seu coração ao Messias. E Paulo é enfático em declarar: “pertence-lhes a adoção de Filhos...”, o verbo está no presente “pertence-lhes” significando que ainda pertence e não no passado: “pertenceu-lhes” simplesmente porque os Dons e a Vocação de D’us são IRREVOGÁVEIS (ver Romanos 11:29). Todavia, a promessa a Yisrael permanece, isto é, ao Remanescente profetizado em Isaías 10:22:

“Porque ainda que o teu povo, ó Yisrael, seja tão numeroso como a areia do mar, o Remanescente desse povo se

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Converterá; uma destruição está determinada, transbordando em justiça.”

E, ao final do Grande Tempo de angústia de Jacó, Yisrael em sua totalidade reconhecerá Yeshua como o Messias verdadeiro:

“Mas sobre a casa de David, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de Graça e de súplicas; e olharão para aquele a quem traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito.” (Zacarias 12:10)

Bendito seja o nosso grande D'us Adonai Eterno que jamais falhou e nunca falhará em todas as suas preciosas promessas.