Tens razão. - Do alto do cume - escreves-me - em tudo o que se divisa (e é um raio de muitos...

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Tens razão. - Do alto do cume - escreves-me - em tudo o que se divisa (e é um raio de muitos quilómetros), não se vê uma só planície; por detrás de cada montanha, outra ainda. Se nalgum sítio a paisagem parece suavizar-se, ao levantar-se o nevoeiro aparece uma serra que estava oculta. Assim é, assim tem de ser o horizonte do teu apostolado; é preciso atravessar o mundo - Mas não há caminhos feitos para vós... Fá-los-eis, através das montanhas, à força das vossas passadas

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Tens razão. - Do alto do cume - escreves-me - em tudo o que se divisa (e é um raio de muitos quilómetros), não se vê uma só planície; por detrás de cada montanha, outra ainda. Se nalgum sítio a paisagem parece suavizar-se, ao

levantar-se o nevoeiro aparece uma serra que estava oculta.

Assim é, assim tem de ser o horizonte do teu apostolado; é preciso atravessar o mundo - Mas não há caminhos feitos para vós... Fá-los-eis, através das

montanhas, à força das vossas passadas

Pontos de “CAMINHO” (São Josemaria Escrivá)

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Serenidade. - Por que te zangas, se zangando-te ofendes a Deus,

incomodas os outros, passas tu mesmo um mau bocado... e por fim tens de te acalmar?

Que a tua vida não seja uma vida estéril. - Sê útil. - Deixa rasto. - Ilumina, com o resplendor da tua fé e do teu amor.

Apaga, com a tua vida de apóstolo, o rasto viscoso e sujo que deixaram os semeadores impuros do ódio. - E incendeia todos os caminhos da Terra com o fogo de Cristo que levas no coração

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Não repreendas quando sentes a indignação pela falta cometida. - Espera pelo dia seguinte, ou mais tempo ainda. - E depois,

tranquilo e com a intenção purificada, não deixes de repreender. - Conseguirás mais com uma palavra afectuosa, do que ralhando

três horas. - Modera o teu génio

Isso mesmo que disseste, di-lo noutro tom, sem ira, e ganhará força o teu raciocínio e, sobretudo não ofenderás a Deus

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Pretextos. - Nunca te faltarão para deixares de cumprir os teus deveres. Que abundância de razões... sem razão!

Não pares a considerá-las. - Repele-as e cumpre a tua obrigação

Que modo tão transcendente de viver patetices vazias, e que maneira de chegar a ser alguém na vida - subindo, subindo à força de "pesar pouco", de não ter nada, nem no cérebro nem no coração!

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Não sejas tão... susceptível. - Magoas-te por qualquer coisa. - É preciso medir as palavras para falar contigo do assunto mais insignificante.

Não te ofendas se te digo que és... insuportável. - Enquanto não te corrigires, nunca serás útil.

Por que te doem esses erróneos comentários que de ti fazem? - A mais baixo chegarias, se Deus te abandonasse. - Encolhe os ombros e persevera no bem.

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És curioso e coscuvilheiro, bisbilhoteiro e intrometido. Não tens vergonha de ser, até nos defeitos, tão pouco masculino? Sê homem. - E esses desejos de saber da vida dos outros, troca-os por desejos e realidades de conhecimento próprio.Chanakya Pandita 275 a.C India

Pouco firme é o teu carácter: que ânsia de te meteres em tudo! - Obstinas-te em ser o sal de todos os pratos... e - não te aborreças se te falo claro - tens pouca graça para ser sal; não és capaz de te desfazeres e passares inadvertido à vista, como esse condimento.

Falta-te espírito de sacrifício. E sobeja-te espírito de curiosidade e de exibição.

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Contemporizar? É palavra que só se encontra ("há que contemporizar!") no léxico dos que não têm vontade de lutar - comodistas, manhosos ou cobardes - porque de antemão se sabem vencidos

Dás-me a impressão de que levas o coração na mão, como quem oferece uma mercadoria: Quem o quer? - Se não agradar a nenhuma criatura, virás entregá-lo a Deus

Achas que assim fizeram os Santos?

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Porquê debruçares-te a beber nos charcos dos gozos mundanos, se podes saciar a tua sede em águas que

brotam para a vida eterna?

Jesus não se satisfaz

"compartilhando; quer tudo

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Se o teu olho direito te escandaliza..., arranca-o e atira-o para longe! - Pobre coração, que é ele que te escandaliza!

Aperta-o, amarfanha-o entre as mãos; não Ihe dês consolações. - E, cheio de uma nobre compaixão, quando tas pedir, segreda-lhe como em confidência: - "Coração: coração na Cruz, coração na Cruz!".

O coração, de lado. Primeiro, o dever. - Mas, aocumprires o dever, põe nesse cumprimento o coração,que é suavidade.

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Não digas: essa pessoa aborrece-me. - Pensa: essa pessoa santifica-me.

Tu..., que por um pobre amor da terra passaste por tantas baixezas, crês a sério que amas a Cristo, e não passas - por Ele! - essa humilhação?

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Procura mortificações que não mortifiquem os outros.

Onde não há mortificação, não há virtude.

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O mundo só admira o sacrifício com espectáculo, porque ignora o valor do sacrifício escondido e silencioso.

Paradoxo: para Viver é preciso morrer.

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Vence-te em cada dia desde o primeiro momento, levantando-te pontualmente a uma hora fixa, sem conceder um só minuto à preguiça.

Se, com a ajuda de Deus, te venceres, muito terás adiantado para o resto do dia.

Desmoraliza tanto sentir-se vencido na primeira escaramuça!

Não sejas frouxo, mole. - Já é tempo de repelires essa estranha compaixão que sentes por ti mesmo.

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Ao corpo, é preciso dar-lhe um pouco menos que o necessário. Se não, atraiçoa.

Acertou quem disse que a alma e o corpo são dois inimigos que não se podem separar, e dois amigos que não se podem ver

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Estes são os saborosos frutos da alma mortificada: compreensão e transigência para as misérias alheias; intransigência para as próprias.

Quantos, que se deixariam cravar numa Cruz, perante o olhar atónito de milhares de espectadores, não sabem sofrer cristãmente as alfinetadas de cada dia! - Pensa então no que será mais heróico.

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Enterra com a penitência, no fosso profundo que a tua humildade abrir, as tuas negligências, ofensas e pecados. - Assim enterra o lavrador, ao pé da árvore

que os produziu, frutos apodrecidos, ramos secos e folhas caducas. - E o que era estéril, melhor, o que era prejudicial, contribui eficazmente para uma nova

fecundidade. Aprende a tirar das quedas, impulso; da morte, Vida.

Que belo é perder a vida pela Vida!