(TENS) no trabalho de parto

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Carla Maria de Abreu Pereira ANALGESIA COM ELETROESTIMULAÇÃO NERVOSA TRANSCUTÂNEA (TENS) NO TRABALHO DE PARTO Dissertação apresentada ao Curso de Pós - Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde. São Paulo 2013

Transcript of (TENS) no trabalho de parto

Carla Maria de Abreu Pereira

ANALGESIA COM ELETROESTIMULAÇÃO

NERVOSA TRANSCUTÂNEA (TENS)

NO TRABALHO DE PARTO

Dissertação apresentada ao Curso de Pós -

Graduação da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo para

obtenção do título de Mestre em Ciências da

Saúde.

São Paulo

2013

Carla Maria de Abreu Pereira

ANALGESIA COM ELETROESTIMULAÇÃO

NERVOSA TRANSCUTÂNEA (TENS)

NO TRABALHO DE PARTO

Dissertação apresentada ao Curso de Pós -

Graduação da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo para

obtenção do título de Mestre em Ciências da

Saúde.

Área de Concentração: Ciências da Saúde

Orientador: Profo. Dr. Tsutomu Aoki

Co-Orientadora: Profa. Dra. Silvia da Silva Carramão

São Paulo

2013

FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Pereira, Carla Maria de Abreu Analgesia com Eletroestimulação Nervosa Transcutânea (TENS) no trabalho de parto./ Carla Maria de Abreu Pereira. São Paulo, 2013.

Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.

Área de Concentração: Ciências da Saúde Orientador: Tsutomu Aoki Co-Orientadora: Silvia da Silva Carramão 1. Parto 2. Dor 3. Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea 4. Fisioterapia

BC-FCMSCSP/24-13

DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais Mara Celeste† e

Gabriel Guilherme†, pelo exemplo de vida,

caráter e bondade!

Ao meu irmão Victor Jorge†, pela garra e

vontade de viver e aprender, porém diante dos

olhos humanos, nos deixou muito cedo!

Ás mães e futuras mamães, pela coragem

de gestarem e de trazerem outras vidas para

este mundo!

“... o espírito lúcido e ligado ao seu novo corpo; não pertence mais ao mundo

espiritual, a ansiedade toma conta de seu ser, tudo que ele deseja é que o parto seja

breve e que tudo saia bem, ele escuta a voz de sua Mãe e seu Pai, sente o amor

que vem dos dois, em sua mente já sabe que vai nascer para o mundo; um novo

começo se abre em seu horizonte; será um bebê com a inocência divina, a doçura e

a fragilidade que despertam os instintos e os cuidados de Mãe.

Esta é a contribuição de Deus, para o mundo um dia ficar melhor!

A cada momento nasce um anjo novo - uma nova vida”.

Texto adaptado - Livro dos Espíritos (Allan Kardec)

AGRADECIMENTOS

À energia chamada DEUS, por emanar em minha alma e corpo, luz e muita força

para perseguir e concluir os meus objetivos!

À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP pela

oportunidade e incentivo à pesquisa.

À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – ISCMSP, a qual nos

encanta e nos apaixona a cada dia!

Especialmente ao meu Orientador Professor Doutor Tsutomu Aoki, o qual é um

amante da Medicina, espírito de LUZ , exemplo de SER HUMANO e de VIDA!

Á minha Co-Orientadora Professora Doutora Silvia da Silva Carramão, pela qual

tenho profundo respeito e admiração, por todo apoio e incentivo nos momentos mais

difíceis nestes dois últimos anos; e por toda sua disponibilidade e competência na

co-orientação deste estudo.

Ao Professor Doutor Antonio Pedro F. Auge, pela oportunidade e

receptividade que sempre me ofereceu no grupo de Uroginecologia. Exemplo de

ética e competência! Ser Humano pelo qual tenho profundo respeito e carinho!

À minha querida chefe, amiga, Professora Doutora Mara de Abreu Etienne,

pela qual tenho profundo respeito, admiração e carinho. Agradeço por acreditar no

meu potencial, pela receptividade e por todas as oportunidades na minha vida, afinal

a “culpada” por este mestrado é ela. SER HUMANO que me ensina dia a dia a ser

uma profissional e pessoa melhor!

Às minhas queridas amigas e companheiras do Setor de Fisioterapia do

Assoalho Pélvico, Mariane Castiglione, Luciane Marin e Regiane Migliorini, as quais

me receberam de braços abertos, construindo uma amizade de alma!

Aos integrantes da Banca Examinadora de Qualificação pela disponibilidade,

atenção e contribuição que ofereceram a este trabalho:

Profo Dr. Mário Macoto Kondo - FMUSP

Profa Dra. Lilian de Paiva Rodrigues - HSU-FCMSCSP

Profa Dra. Mara de Abreu Etienne - ISCMSP

Prof.ª Dra. Dra. Silvia Regina Piza - FCMSCSP

À Banca Examinadora de Defesa, meus sinceros agradecimentos pela

disponibilidade e atenção e minha profunda admiração pelo profissionalismo e ética.

Ao Professor Doutor José Mendes Aldrighi – Chefe do DOGI – FCMSCP;

Diretor do DOGI – ISCMSP, Professor Titular da FCMSCSP,

pela oportunidade e incentivo à pesquisa.

À equipe de apoio do DOGI: Gislaine e Simone e à equipe de apoio do CEAN:

Tatiana, Ivy e Daniela, pela disponibilidade e atenção.

À equipe da secretaria da pós-graduação: Sonia, Mirtes, Daniel e Rodrigo,

pela dedicação e assistência em todos os momentos.

À Bernardete Balbino e sua equipe da CEP e à Doutora Lia Mara Rossi e sua

equipe do NAP, por me ajudarem nos primeiros passos deste trabalho.

Aos Doutores João Marcelo – Chefe da Ginecologia e Obstetrícia do Hospital

Municipal São Luiz Gonzaga (HMSLG), Guilherme Seppe – Gerente de apoio

médico do HMSLG e Norberto Kodi, por permitirem o desenvolvimento deste estudo

no Centro Obstétrico do HMSLG.

A toda equipe do Centro Obstétrico do HMSLG, residentes, chefes e

especialmente a equipe de enfermagem, a qual me recebeu e me auxiliou com muito

carinho.

A todos os funcionários da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa e do Hospital Municipal São Luiz

Gonzaga, por fazerem a diferença nestes serviços.

Ao estatístico Jimmy Adams pelo profissionalismo e ética no desenvolvimento

do seu trabalho.

Agradeço especialmente e com muito carinho a todas as parturientes, as quais

colaboraram e viabilizaram a conclusão e o sucesso deste estudo.

Agradeço a toda minha família, na pessoa dos meus filhos, Michelle e Bruno, irmãos

Luis Filipe, Rui e cunhadas, e principalmente ao meu marido Claudio, companheiro

há mais de 20 anos, que faz toda a diferença na minha vida.

LISTA DE ABREVIATURAS

cm Centímetros

cm/h Centímetros por hora

EVA Escala Visual Analógica

FC Frequência Cardíaca

Fig. Figura

Hz Hertz

IASP Associação Internacional de Estudos da Dor

mmHg Milímetros de mercúrio

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Periférico

TENS Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation /

Eletroestimulação Nervosa Transcutânea

us Mícrosegundo

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Períodos do trabalho de parto 5

FIGURA 2 Primeiro Período - Dilatação 6

FIGURA 3 Via de projeção ascendente da sensibilidade dolorosa 11

FIGURA 4 Via de projeção ascendente da sensibilidade dolorosa 12

FIGURA 5 Inibição da transmissão da dor 17

FIGURA 6 Aferentes mecanossensitivos 18

FIGURA 7 Teoria da comporta 19

FIGURA 8 Posicionamento dos eletrodos 22

FIGURA 9 TENS, eletrodos de silicone, fios transmissores e gel condutor 28

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Comparação da variável Idade entre os Grupos Controle

e Intervenção 30

GRÁFICO 2 Comparação da variável dilatação (cm) entre os Grupos

Controle e Intervenção 31

GRÁFICO 3 Comparação da variável tempo de parto entre os Grupos

Controle e Intervenção 32

GRÁFICO 4 Comparação da variável Escala Visual Analógica aplicada

às parturientes entre os Grupos Controle e Intervenção 33

GRÁFICO 5 Comparação da Escala Visual Analógica aplicada às

mulheres multíparas e primíparas do Grupo Controle 34

GRÁFICO 6 Comparação da Escala Visual Analógica aplicada

às mulheres multíparas e primíparas do Grupo Intervenção 35

GRÁFICO 7 Comparação da Escala Visual Analógica aplicada às

mulheres primíparas dos Grupos Controle e Intervenção 36

GRÁFICO 8 - Comparação da Escala Visual Analógica aplicada

às mulheres multíparas dos Grupos Controle e Intervenção 37

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO 1

1.1 REVISÃO DE LITERATURA 4

1.1.1 Trabalho de parto 4

1.1.2 Primeiro período - dilatação 6

1.1.3 Segundo período - expulsão 7

1.1.4 Terceiro período - dequitação 7

1.1.5 Quarto período - pós-dequitação 7

1.2 Fisiologia das Contrações 8

1.2.1 Primeiro estágio da contração 9

1.2.2 Segundo estágio da contração 9

1.2.3 Terceiro estágio da contração 9

1.3 Fisiologia da dor 10

1.3.1 Classificação da dor 13

1.3.2 Avaliação da dor 13

1.3.3 A dor durante o trabalho de parto 13

1.4 Modulação da dor 16

1.5. Tratamento Fisioterápico para a dor durante o trabalho de parto 20

1.5.1 Eletroestimulação Nervosa Transcutânea (TENS) 20

1.5.1.1. TENS – Dermátomos 21

2 – OBJETIVOS 23

3 – CASUÍSTICA E MÉTODO 25

4 – RESULTADOS 29

5 – DISCUSSÃO 38

6 – CONCLUSÕES 45

7 – ANEXOS 47

ANEXO I 48

ANEXO II 55

ANEXO III 58

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 65

RESUMO 71

ABSTRACT 73

APÊNDICE I 75

APÊNDICE II 78

APÊNDICE III 84

1. INTRODUÇÃO

___________________________________________________

2

Em todos os sistemas do corpo da mulher ocorrem numerosas alterações

fisiológicas no decorrer da sua vida. As alterações mais frequentes acontecem

durante e imediatamente após a gestação (Stephenson, Connor, 2004).

O nascimento de um filho é um momento único, um acontecimento físico,

espiritual e social; proporciona felicidade para o casal e à família (Kondo, 2007).

Porém, mesmo sendo um processo fisiológico, o trabalho de parto pode resultar em

dor intensa para muitas mulheres.

A dor do trabalho de parto sempre foi motivo de apreensão para as

parturientes, podendo às vezes, dificultar o trabalho dos obstetras; com o objetivo de

amenizar a dor e melhorar a progressão do trabalho de parto, alguns recursos

analgésicos são utilizados. (Gentz, 2001; Orange et al, 2003; Mazzali, 2008).

O trabalho de parto é dividido em quatro períodos. O primeiro período é a

dilatação do colo do útero, o tempo que transcorre desde o início das contrações

uterinas regulares até a dilatação completa. O segundo período é o expulsivo que

compreende o tempo entre a dilatação completa do colo uterino e a expulsão fetal. O

terceiro período, também chamado de dequitação, é o que se processa após o

desprendimento do feto e se caracteriza pelo descolamento, descida e expulsão da

placenta e de suas membranas. A primeira hora após a dequitação placentária

constitui o quarto período (Braz, 2002; Briquet e Guariento, 2011; Francisco et al,

2012).

A eletroestimulação nervosa transcutânea, (TENS - sigla que é utilizada do

termo em inglês Transcutaneous electrical nerve stimulation), é um método não

farmacológico utilizado para a diminuição da dor. Para tal, é utilizado um aparelho

de corrente de baixa frequência que pode variar de 9Hz a 160Hz, que não provoca

nenhum tipo de ionização, sendo contra-indicada apenas para pacientes portadoras

de marcapasso (Abreu et al, 2010; Mello et al, 2011).

3

É um recurso de simples aplicabilidade e de baixo custo, não apresenta

nenhum tipo de complicação no trabalho de parto à parturiente e tampouco ao feto;

é utilizada há cerca de 20 anos no alívio de dores agudas e crônicas. A TENS é um

método não invasivo baseado na fisiologia da dor a partir da teoria do controle das

comportas, a qual permite ou impede a transmissão da dor para o Sistema Nervoso

Central (SNC) (Melzack, Wall, 1965; Shealy, 1974; Abreu et al, 2010; Mello et al,

2011).

Os primeiros relatos da aplicação da TENS para analgesia inspiraram

estudos sobre sua atuação em dores agudas e que causam muito sofrimento. As

dores do parto são inexoravelmente uma experiência muito desagradável para

muitas mulheres, principalmente por precipitar uma série de respostas fisiológicas

que podem ser danosas ao binômio materno-fetal (Augustinsson, 1977; Orange et

al, 2003; Telles, Amaral, 2007).

A aplicação da TENS como método coadjuvante de analgesia no trabalho de

parto não elimina a dor, mas diminui a sua intensidade, postergando o uso de

drogas analgésicas e anestésicas, o que decresce o tempo de exposição da mãe e

do feto aos efeitos dos fármacos utilizados para aliviar a dor (Van der Spank et al,

2000; Bio et al, 2005; Dowswel et al, 2009; Simkin et al, 2012).

O uso da TENS durante o trabalho de parto é um recurso de simples

aplicação e baixo custo, podendo representar uma alternativa como método

coadjuvante de analgesia (Ferreira, Payno, 2002).

.

4

1.1 Revisão de Literatura __________________________________________________________

1.1.1 Trabalho de Parto

O parto é uma seqüência de fenômenos que permite a saída do feto do

corpo materno, podendo ocorrer entre 37 a 42 semanas de gestação (Molina, 1999;

Bio et al, 2005).

O trabalho de parto é um processo fisiológico no qual o útero expulsa o feto.

É caracterizado por meio da atividade uterina expressa pela intensidade e

frequência de contrações em 10 minutos, cuja unidade é denominada Unidade

Montevidéu (mmHg/10 minutos), que resultam em dilatação do cérvix uterino e a

descida da apresentação fetal (Gentz, 2001; Germain, 2005; Francisco et al, 2012).

O parto é dividido em quatro períodos. O primeiro período inicia-se com as

primeiras contrações dolorosas, cuja principal ação é a modificação do cérvix; este

período termina com a dilatação completa do colo uterino (10 cm) de modo a permitir

a passagem fetal (Fig. 1A, B e C). O segundo período ocorre desde a dilatação total

até o nascimento do feto (Fig. 1B, C e D e E). O terceiro vai do nascimento fetal até

a liberação da placenta. A primeira hora após a dequitação placentária constitui o

quarto período (Germain, 2005; Briquet, Guariento, 2011; Zugaib 2012).

5

FIGURA 1. Períodos do Trabalho de parto. A) posição fetal no começo do trabalho de parto,

com dilatação e esvaecimento cervical discretos. B) próximo ao final da fase de dilatação, o

colo está esvaecido e quase todo dilatado. C) período expulsivo, forma-se o canal de parto.

D) desprendimento da apresentação fetal. E) nascimento fetal.

Fonte: Zugaib, 2012.

6

1.1.2 Primeiro período – D i la tação

Este período compreende desde o diagnóstico de trabalho do parto,

caracterizado pela presença de contrações uterinas com gradiente descedente e

rítmicas até a total dilatação cervical de 10 cm, o qual permite a passagem da

cabeça do feto até a vagina. Durante este período ocorre o esvaecimento e a

dilatação cervical, os quais são fenômenos distintos. Nas primíparas ocorre primeiro

o esvaecimento, de cima para baixo, e depois a dilatação do orifício externo; já nas

multíparas são simultâneos (Fig. 2) (Fernandes, Andrade, 2009; Briquet, Guariento,

2011Zugaib, 2012).

Primíparas Multíparas

FIGURA 2. A) Dilatação em primípara, esvaecimento da porção superior do canal cervical.

OI: orifício interno; OE: orifício externo. B) Início da dilatação em multípara. C) Esvaecimento

da porção inferior do canal cervical. O colo está esvaecido. OE fechado. D) Esvaecimento

da metade superior do canal cervical e dilatação simultânea do orifício externo. E) Colo

esvaecido. OE dilatado, cervicodilatação completa. E) Esvaecimento completo do canal

cervical. OE dilatado, cervicodilatação completa.

Fonte: Briquet, Guariento, 2011.

7

1.1.3 Segundo período - Expulsão

Este período ocorre a partir da dilatação completa do cérvix até o parto.

Neste período haverá uma mudança no tempo de intervalo entre as contrações,

sendo que este intervalo fica menor e o tempo de duração da contração fica maior e

a dor mais intensa (May, Elton, 1998; Polden, 2000; Briquet, Guariento, 2011).

1.1.4 Terceiro período - Dequitação

Este é o período que ocorre com o desprendimento do feto e se caracteriza

pelo descolamento, descida e expulsão da placenta e de suas membranas, com

duração de cerca de 15 minutos. Esta fase geralmente é mais curta, quando não há

complicações (Impey, 2007; Briquet, Guariento, 2011).

1.1.5 Quarto período – Pós-dequitação

Este período compõem a primeira hora após a dequitação placentária

(Impey, 2007; Briquet, Guariento, 2011).

8

1.2 Fisiologia das Contrações __________________________________________________________

A contração é definida como o encurtamento da fibra muscular provocada

por vários estímulos. Com relação à gestação o útero apresenta contratilidade

durante toda a gestação. Essas contrações são de dois tipos: de alta frequência e de

baixa amplitude, com intensidade de 2mmHg a 4mmHg; e de alta amplitude,

conhecidas como contrações de Braxton Hicks, cuja intensidade varia de 10 a

20mmHg e que se difundem de forma parcial ou total pelo útero. Quando ocorrem

contrações a cada 10 minutos, com intensidade de 20mmHg a 40 mmHg, inicia-se o

trabalho de parto (Quadro 1) (Polden, 2000; Giordano et al., 2007;Cabral, 2009;

Francisco et al, 2012 ).

A atividade uterina, durante o trabalho de parto, também pode ser avaliada

pelo produto entre a intensidade e a frequência de contrações em 10 minutos, cuja

unidade de medida é denominada Unidade Montevidéu (UM) (Quadro 1). Todavia,

as contrações no trabalho de parto apresentam-se em três estágios (Polden, 2000;

Giordano et al., 2007;Cabral, 2009; Francisco et al, 2012 ).

Quadro 1: Características da contratilidade uterina no trabalho de parto

Momento do parto

Frequência

Intensidade

Duração

Unidade

Montevideo

Dilatação

Inicio do trabalho

de parto

2/10 min.

20 mmHg

25 a 30s

80 UM

2 a 3 cm

Primeiro período -

3-4/ 10 min.

20-50 mmHg

30 a 50s

160 UM

>4 cm

Segundo período 4/ 10 min.

50 mmHg

60 a 70s

250 UM

completa

Fonte: Giordano et al., 2007; Cabral, 2009

9

1.2.1 Primeiro Estágio da Contração

Este estágio caracteriza-se pelo inicio das contrações uterinas, elevando o

cérvix e pressionando a cabeça do feto. Inicialmente a duração da contração é de

aproximadamente 45 segundos com intervalos de 10 a 20 minutos entre cada uma.

Com a evolução do trabalho de parto as contrações tornam-se mais fortes e mais

intensas, fazendo com que o feto seja direcionado até a pelve (Polden, 2000;

Fernandes, Andrade, 2009).

Ao fim deste estágio o cérvix está praticamente na sua máxima dilatação e

as contrações duram aproximadamente 1min e 45seg, com intervalos de

aproximadamente 2 minutos (Polden, 2000; Fernandes, Andrade, 2009).

1.2.2 Segundo Estágio da Contração

Neste estágio as contrações podem ser mais longas do que no primeiro

estágio, sendo de 1 minuto a 1 minuto e 15 segundos de contração intensa, com

intervalos mais amplos, de 2 a 3 minutos. O feto atinge o assoalho pélvico que

começa a se distender e a edemaciá-lo. A vagina estira-se e abre-se, à medida que

a cabeça do feto emerge. Nasce a cabeça do feto, seguida pelos ombros e corpo

(Polden, 2000).

1.2.3 Terceiro Estágio da Contração

O útero se contrai gradualmente ou rapidamente se for ativamente controlado

pelo obstetra; ocorrendo o período de dequitação (expulsão da placenta). Esse

período pode levar de 5 a 30 minuto. (Polden, 2000; Francisco et al, 2012).

10

1.3 Fisiologia da Dor __________________________________________________________

O conceito de dor segundo, a Associação Internacional de Estudos da Dor

(IASP), é uma “experiência sensorial e emocional desagradável, associada ao dano

real ou potencial, ou como se um dano tecidual já existisse”; é uma experiência que

é compartilhada em todo nível de civilização, e tem sido mencionada desde o início

da história da humanidade (Arantes, Maciel, 2008; Briquet, Guariento, 2011).

A dor é um mecanismo de defesa que alerta os indivíduos de que houve

uma lesão e evita que se agrave, além de impor limites para uma recuperação

natural do organismo e/ou para manter a integridade física (Lianza, 2005).

A dor rápida, aguda e específica é provocada por estímulos mecânicos e

térmicos e suas vias de condução são de Fibras A Delta; já a dor lenta, crônica e

inespecífica é provocada por estímulos químicos e suas vias de condução são de

Fibras C (Lianza, 2005).

A dor é um fenômeno multidimensional, de informação nociceptiva, com

componentes sensoriais, emocionais e cognitivos, de dimensões psicológicas,

acompanhada de correlatos orgânicos, lesão real ou potencial do tecido, sendo

objeto de estudo de diferentes áreas de conhecimento (Frutuoso, Cruz, 2004).

A informação nociceptiva é transmitida por fibras do tipo C e A Delta,

localizadas na pele, vísceras, vasos sanguíneos, peritônio, pleura, periósteo, tendão,

fáscia, cápsula articular e fibras músculo esqueléticas (Messlinger,1997; Lamont,

Traquilli, 2000).

O termo nocicepção está relacionado ao reconhecimento de quaisquer sinais

dolorosos pelo sistema nervoso; é o componente fisiológico da dor e compreende os

processos de transdução, transmissão e modulação do estímulo nociceptivo.

Quando instalado o estímulo nociceptivo, diversas alterações neuroendócrinas

acontecem, promovendo um estado de hiperexcitabilidade dos sistemas nervoso

central e periférico (Figs. 3 e 4) (Messlinger,1997; Lamont, Traquilli, 2000).

11

A dor é compreendida pelos diferentes mecanismos, pelos tipos de

neurotransmissores e pelo conhecimento das estruturas do Sistema Nervoso Central

(SNC) e do Sistema Nervoso Periférico (SNP), os quais são responsáveis pelas

estimulações nociceptivas que provocam a sensação da dor (Lianza, 2005).

A dor pode resultar da ativação das vias nociceptivas (dor por nocicepção),

da lesão do sistema nervoso discriminativo (dor por desaferentação), ou ambos os

mecanismos (Lianza, 2005).

FIGURA 3. Via de projeção ascendente da sensibilidade dolorosa. Por meio de um estímulo

nociceptivo a sensação da dor é conduzida por via aferente (SNP), através dos tratos

espinotâlamico, espinorreticular e espinomesencefálico para o SNC.

Fonte: Kande l , 2003 .

12

FIGURA 4 - Via de projeção ascendente da sensibilidade dolorosa. Por meio de um

estímulo nociceptivo a sensação da dor é conduzida por via aferente (corno dorsal da

medula - SNP) para os centros superiores.

Fon t e : J ohnson , 2003 ; S luk a , 2010

13

1.3.1 Classificação da Dor

A dor é classificada em:

Nociceptiva: estimulada através de nociceptores presentes no SNC.

Somática: estimulada através de receptores da pele e sistema

músculo esquelético.

Visceral: estimulada através de receptores localizados em

vísceras.

Neuropática: estimulada através de lesões ou compressões em

estruturas do Sistema Nervoso Central ou Periférico.

(Arantes, Maciel, 2008)

1.3.2 Avaliação da Dor

Para a avaliação da dor, que sempre é referida pelo paciente, utiliza-se a

Escala Visual Analógica (EVA), que consiste em mensurar a intensidade dolorosa

dos pacientes monitorando-a do inicio ao final do tratamento (Agnes, 2004; Lukacz

et al, 2004)

1.3.3 A dor durante o trabalho de parto

A dor do parto é frequentemente a mais intensa experimentada durante a

vida da mulher, a qual depende de múltiplos fatores, tais como os afetivos,

emocionais e culturais. A sensação dolorosa do parto tem origem em diferentes

vias, dependendo do período do trabalho de parto. (Palmiro, 2007; Briquet,

Guariento, 2011).

Primeiro período ou período de dilatação: a dor origina-se por estímulos

nociceptivos aos receptores químicos e mecânicos que se encontram no colo uterino

e no miométrio. Essa dor é do tipo visceral, sob forma de cólicas, percebida de forma

difusa e sua via aferente alcança o Sistema Nervoso Central (SNC) por meio dos

14

níveis de T10-L1. Quando a dilatação alcança 3 a 4 cm, a dor torna-se mais intensa,

atingindo também as fibras sacrais S2 a S4 (Francisco et al, 2012).

Segundo período, ou período expulsivo: predomínio da dor de origem

somática, pela tração e distensão do assoalho pélvico e do períneo. Os estímulos

aferentes são conduzidos pelo nervo pudendo até os níveis de S2-S4 da medula,

além de outros nervos, como o ilioinguinal. Essa dor é de característica aguda e bem

localizada (Francisco et al, 2012).

“Assim que o parto progride e a intensidade e a

freqüência das contrações aumentam, as zonas de

dor se expandem e se tornam mais difusas. No fim

do primeiro período algumas mulheres vivenciam

uma dor, similar a queimação e desconforto de

cãimbra. Isto é devido ao estiramento e pressão em

estruturas sensíveis à dor (fáscia e ligamentos

uterinos e pélvicos, bexiga, uretra e reto) e pressão

nas raízes dos nervos da coluna lombar e sacral.

Uma vez que o cérvix uterino esteja totalmente

dilatado, a natureza e a distribuição da dor mudam.

No segundo estágio e durante o parto a dor será

sentida principalmente nos tecidos moles da região

perineal (S2-S4), assim que eles se estirem,

distendam ou até mesmo se rompam; além disso, a

dor pode ser experimentada assim que a saída

pélvica é empurrada pelo feto para abrir, afetando a

sínfise pubiana, articulações sacro ilíacas e

sacrococcígea.” (Polden, 2000, p. 53-56).

15

A experiência dolorosa do parto pode ser diversa, não apenas pelos fatores

biológicos envolvidos, mas também por fatores culturais, sócio-econômicos,

psicológicos e emocionais. A dor do parto aumenta a ansiedade e o estresse

materno, aumentando os níveis de catecolaminas, as quais estão associadas a

diminuição do fluxo sanguíneo uterino, incoordenação contrátil e alterações

cardiotocográficas (Palmiro, 2007; Bavaresco et al, 2011).

O alívio satisfatório da dor do trabalho de parto pode ser por métodos

farmacológicos e / ou não farmacológicos. Com relação aos farmacológicos, são

utilizadas substâncias sistêmicas, sendo que a grande maioria pode interferir na

depressão do sistema nervoso central do feto e na mãe depressão respiratória,

hipotensão arterial, náusea e vômitos da mãe (Palmiro, 2007).

Os recursos não farmacológicos apresentados para alívio da dor durante o

trabalho de parto, por Habananda (2004) são massagem, reflexologia, acupuntura,

aromaterapia e a TENS, os quais têm um bom efeito na diminuição da intensidade

da dor durante o trabalho de parto.

A redução da dor diminui o estresse materno, minimizando sua interferência

na dinâmica do parto e suas consequências deletérias para o binômino mãe-feto

(Bavaresco et al, 2011; Briquet, Guariento, 2011; Francisco et al, 2012).

16

1.4 Modulação da dor __________________________________________________________

A dor é modulada por meio da medula espinhal, onde ocorre a transmissão

das informações nociceptivas para os centros superiores por meio das conexões das

vias aferentes nociceptivas com as células T (células de transmissão), presentes no

corno dorsal da medula espinhal. No corno dorsal também há células da substância

gelatinosa (células SG), as quais têm influência inibitória nas células T. Isso se

consegue em função da inibição pré-sináptica dos terminais aferentes nociceptivos

no ponto onde fazem sinapse com as células de transmissão. Contudo, as células

SG são inibidas quando os aferentes nociceptivos são ativados, reduzindo a inibição

pré-sináptica no terminal aferente nociceptor e assim permitindo que a informação

nociceptiva seja passada para os centros superiores (Johnson, 2003; Sluka, 2010).

As células SG são também influenciadas por outros impulsos. A ativação de

aferentes mecanossensitivos de diâmetro largo e baixo limiar estimula as células SG

através de uma sinapse excitatória aumentando a quantidade de inibição pré-

sináptica e agindo nos terminais aferentes nociceptivos, desta forma impedindo a

transmissão de informações nociceptivas para os centros superiores (Johnson,

2003; Sluka, 2010).

Além dos impulsos para as células SG provenientes dos aferentes

periféricos, os impulsos descendentes provenientes dos centros superiores também

têm conexões excitatórias com as células SG permitindo desse modo um controle

descendente sobre a excitabilidade geral das células T. O ponto importante a ser

observado é que a ativação de células SG inibirá a transmissão de dor para os

centros superiores. O equilíbrio geral entre excitação e inibição impingindo sobre as

células T é, portanto, de grande importância para determinar se a informação

nociceptiva será ou não transmitida para os centros cognitivos mais altos do cérebro.

Alterando o equilíbrio em favor da inibição por meio dos interneurônios inibitórios

SG, a transmissão de informações nociceptivas para os centros superiores pode ser

reduzida ou abolida (Fig. 5) (Johnson, 2003; Sluka, 2010).

17

FIGURA 5 - A inibição da transmissão da dor é conseguida alterando o equilíbrio dos

impulsos para as células de transmissão de modo a favorecer os aferentes

mecanossensitivos de diâmetro largo ou provenientes de impulsos descendentes. Quando

isso acontece, a quantidade maior de impulsos inibitórios (seta larga preta) sobrepuja o

impulso excitatório gerado pelos aferentes nociceptivos (seta branca) (T = célula de

transmissão.)

Fonte: Johnson, 2003.

Essa modulação da transmissão da dor alterando as influências de

diferentes impulsos para as células de transmissão é conhecida como teoria da

comporta, proposta por Melzack, Wall em 1965. Em sua forma mais simples, esse

mecanismo pode ser considerado um sistema no qual a "comporta" é aberta,

permitindo que a informação nociceptiva passe para os centros superiores ou

fechada, impedindo que essa informação seja transmitida. Em termos de promover

analgesia, é a meta do terapeuta assegurar que o equilíbrio dos impulsos seja

sempre a favor do fechamento da comporta (Johnson, 2003; Sluka, 2010).

18

Como as células SG recebem impulsos de aferentes mecanossensitivos de

diâmetro largo assim como impulsos descendentes, a ativação desses impulsos

fornece um mecanismo através do qual a transmissão da dor pode ser modulada. Os

aferentes mecanossensitivos de diâmetro largo podem ser ativados por inúmeros

meios, incluindo a estimulação mecânica simples dos receptores na pele, músculos

e articulações, assim como sendo ativados artificialmente por estimulação elétrica

(Fig.6) (Johnson, 2003; Sluka, 2010).

FIGURA 6 - Aferentes mecanossensitivos.

Fonte: Johnson, 2003.

Qualquer técnica que ative esses aferentes tem o potencial de modular a

transmissão da dor na medula espinhal. Técnicas fisioterápicas como massagem,

manipulação articular, estimulação térmica e eletroterapia têm a capacidade de

produzir impulsos sensoriais a partir de aferentes de baixo limiar que podem por fim

inibir a transmissão da dor na medula espinhal através do "fechamento da comporta"

(Fig. 7), ou seja, inibindo a atividade das células T através das células SG (Johnson,

2003; Sluka, 2010).

19

A TENS pode ser usada para estimular os aferentes de diâmetro largo

diretamente na pele e quando administrados em uma área apropriada e com uma

voltagem apropriada, pode influenciar a transmissão da dor nos segmentos

espinhais correspondentes, através dos dermátomos (Fig. 8) (Johnson, 2003; Sluka,

2010; Baracho et al., 2012).

FIGURA 7 - A: Em circunstâncias fisiológicas normais, o cerébro gera sensações por meio

de processos de informações nocivas que estão chegando provenientes de estímulos, tais

como dano tissular. Para que a informação nociva atinja o cérebro, ela precisa passar por

uma “comporta” metafórica localizada nos níveis inferiores do sistema nervoso central. Em

termos fisiológicos, a comporta é formada por sinapses excitatórias e inibitórias que regulam

o fluxo das informações neurais, através do SNC. Essa “comporta da dor” é aberta por

eventos nocivos na periferia. B: A “comporta da dor” pode ser fechada pela ativação

mecanorreceptores quando se “esfrega a pele”. Isso gera atividade nos aferentes de

diâmetro largo, o que inibe a transmissão da informação nociva em curso. Esse fechamento

da “comporta da dor” resulta na diminuição da informação nociva atingindo o cérebro e

redução na sensação de dor.

Fonte: Johnson, 2003.

20

1.5 Tratamento fisioterápico para a dor durante o trabalho de parto

__________________________________________________________

1.5.1 Eletroestimulação Nervosa Transcutânea (TENS)

A TENS é um método não farmacológico utilizado para a diminuição da dor.

É aplicada por um aparelho de corrente de baixa frequência, variando de 9Hz a

160Hz, não provoca nenhum tipo de ionização, sendo contraindicada apenas para

pacientes portadores de marcapasso (Ferreira, Payno, 2002; Abreu et al, 2010,

Mello et al, 2011).

A TENS é utilizada há cerca de 40 anos no alívio de dores agudas e

crônicas; na obstetrícia foi introduzida em uma maternidade na Escandinávia em

1970, sendo atualmente utilizada e avaliada por usuários no Reino Unido,

Escandinávia e Canadá (Simkin, e Bolding, 2004). É recurso de simples

aplicabilidade e de baixo custo, não apresentando nenhum tipo de complicação para

o parto nem à parturiente, tampouco ao feto; (Ferreira, Payno, 2002; Abreu et al,

1994, Mello et al, 2011).

O estudo de Kaplan et al, (1998) desenvolvido em Israel com 104

parturientes, que tiveram sua pressão arterial monitorada, assim como a frequência

cardíaca (FC) do feto, afirma que o uso da TENS não provoca nenhum efeito nocivo

à parturiente e ao feto, uma vez que não houve alteração da pressão arterial da

mãe, FC, APGAR e do pH do sangue do cordão umbilical entre o grupo de estudo e

o grupo controle.

Os primeiros relatos do uso da TENS na obstetrícia, foram de Augustinsson

et al, (1977), com 147 mulheres que receberam TENS durante o trabalho de parto,

sendo que 44% dessas classificaram o alívio da dor pela TENS como bom ou muito

bom. Outros 44% experimentaram um efeito moderado e 12% consideraram que o

tratamento não teve sucesso. Em 1979, Robson et al, utilizaram a TENS em 35

parturientes, sendo 13 primíparas e 22 multíparas; destas 35, 19 permaneceram

21

com a TENS ligada até atingirem a dilatação máxima, e não precisarem de outro

recurso de analgesia.

A TENS tem como principal efeito a analgesia. Existem duas explicações

cabíveis quanto ao uso da TENS no trabalho de parto: segundo uma delas, os

impulsos elétricos emitidos através da pele inibem as transmissões dos impulsos

dolorosos através da medula espinhal (modulação da dor), e segundo a outra, a

TENS faz com que o organismo libere opióides endógenos, como endorfina, através

das sinapses neuronais do sistema nervoso central (Fig. 6) (Low, 2001; Johnson,

2003; Gallo et al, 2011; Baracho et al., 2012).

1.5.1.1 TENS – Dermátomos

A inervação do útero, principalmente do cervíx, origina-se na coluna

vertebral entre as vértebras T10 a L1 e a inervação do canal vaginal e do assoalho

pélvico entre S2 a S4; por isso, os eletrodos devem ser posicionados na coluna da

parturiente sobre estes dermátomos. A TENS deve ser utilizada desde o primeiro

estágio do trabalho de parto, sem uso de analgésicos ou anestésicos, até o fim do

segundo período. O estímulo é realizado através da colocação de quatro eletrodos,

sendo dois na região T10 – L1 (dor visceral) e dois na região S2 – S4 (dor somática)

(Fig.8) e os parâmetros utilizados são: frequência de 100Hz, largura de pulso de

250us em modo convencional, e a intensidade de acordo com a sensibilidade da

parturiente (Van der Spank et al , 2000; Ferreira e Payno, 2002; Gallo et al, 2011).

O posicionamento dos eletrodos nos dermátomos T10-L1 e S2-S4 e os

parâmetros de frequência, largura de pulso e intensidade são descritos por alguns

estudos. Gallo et al, 2011, relatam que aplicação da TENS inicia-se quando

começa a fase ativa do trabalho de parto, sendo finalizada quando o cérvix atinge a

dilatação total; Simkin et al, 2012, realizaram uma revisão sistemática de ensaios

clínicos que utilizaram a TENS para diminuir a dor durante o trabalho de parto.

Encontraram 19 estudos randomizados, aplicados em 1671 mulheres, e incluíram 15

ensaios onde a TENS foi aplicada nas regiões dos paravertebrais na altura de T10-

L1 e S2-S4.

22

Mendoza et al, 2000, avaliaram o uso da TENS ajustado à frequência de

80Hz, para o alívio da dor no trabalho de parto. Estudaram 48 parturientes com

gestação a termo sem complicações, na fase ativa de trabalho de parto, estando

com 4 a 5cm de dilatação; foram utilizados eletrodos de silicone nas regiões de T10-

L1 e S2-S4, sendo que a TENS foi mantida ao longo de todo o trabalho de parto.

Estes estudos corroboram com Knobel e Radünz e Carraro, 2005, que

realizaram um ensaio controlado aleatório, com 60 parturientes participantes, as

quais foram distribuídas em dois grupos: grupo A - intervenção e grupo B - controle,

utilizando os eletrodos nas regiões de T10-L1 e S2-S4.

FIGURA 8 - Posicionamento dos Eletrodos

Fonte: Riccio, 2001; Johnson, 2003; Simkin, 2012

Após a revisão da literatura, devido a TENS ser um tratamento com

resultados positivos na diminuição da intensidade da dor; e muito valorizado na

literatura, porém pouco utilizado nos serviços de obstetrícia, propusemo-nos a

realizar este estudo com a finalidade de avaliar a efetividade da TENS em

proporcionar um trabalho de parto menos doloroso à mulher.

23

2. OBJETIVOS

___________________________________________________

24

Ob je t ivo Gera l

1. Avaliar a aplicação da TENS na diminuição da intensidade da dor durante

o trabalho de parto.

Obje t ivos Especí f icos

2. Comparar a aplicação da TENS entre primíparas e multíparas.

3. Avaliar o tempo de trabalho de parto sob a influência da TENS.

25

3. CASUÍSTICA E MÉTODO

___________________________________________________

26

Este estudo foi desenvolvido na Maternidade do Hospital Municipal São Luiz

Gonzaga, pertencente à Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. O

projeto de pesquisa - número 395/09, foi aprovado e autorizado pelos Comitês de

Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

e da Secretaria Municipal de Saúde da Cidade de São Paulo - Anexo 1.

Foram utilizadas as bases de dados Medline e PUB MED, com as palavras-

chave: dor, trabalho de parto, TENS, fisioterapia e o cruzamento entre elas; foi dada

preferência para artigos datados nos últimos 40 anos, com ênfase nos últimos 10

anos.

A pesquisa foi realizada no período de janeiro/2012 a junho/2012, sendo sua

casuística composta por 60 gestantes em trabalho de parto, divididas em Grupo

Controle e Grupo Intervenção, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão

descritos a seguir; todas as gestantes concordaram em participar do estudo,

assinando o termo de consentimento livre e esclarecido – Apêndices 1 e 2.

As gestantes foram avaliadas, por uma anamnese inicial – Anexo 2, e todas

elas foram acompanhadas diretamente pela autora durante todo o processo do

trabalho de parto.

Para avaliar a intensidade da dor do trabalho de parto foi aplicada a escala

visual analógica de dor (EVA), a qual é mensurada de 0 a 10, sendo que quanto

mais alta a nota, maior a intensidade da dor e quanto mais baixa, menor a

intensidade da dor. A EVA também classifica a intensidade da dor em leve de 0 a 2,

moderada de 2 a 7 e intensa de 8 a 10 – Anexo 2.

A EVA foi aplicada nos Grupos Controle e Intervenção a cada 20 minutos,

após o inicio do trabalho de parto até o final do 2º estágio do trabalho de parto.

(Lukacz et al, 2004; Agnes, 2004).

27

As parturientes foram divididas aleatoriamente em dois grupos:

Grupo Controle: 30 gestantes não foram submetidas à TENS

Grupo Intervenção: 30 gestantes foram submetidas à TENS

Critérios:

• Critérios de Inclusão:

- Gestantes a termo, no primeiro período do trabalho de parto, estando com 3

a 4 cm de dilatação do cérvix uterino, sem uso de medicamentos

analgésicos e/ou anestésicos.

Critérios de Exclusão:

- Gestantes com indicação de cesárea eletiva

- Gestantes portadoras de marcapasso

- Gestantes portadoras de hipertensão arterial ou pré-eclâmpsia

- Gestantes com déficit cognitivo

Para o alívio da dor, no grupo Intervenção, foi aplicada a TENS nos

dermátomos T10 a L1 e S2 a S4 (Fig. 8), modo contínuo, com frequência de 100Hz,

largura de pulso 250us e a intensidade foi regulada de acordo com a sensibilidade

da parturiente, durante o primeiro e o segundo períodos do trabalho de parto. A

TENS se manteve ligada até o final do 2º estágio do trabalho de parto.

Foi utilizado o aparelho TENSMED II - Tens Digital - 02 canais e Eletrodos de

Silicone, ambos da marca *Carci (Fig. 9).

28

Para a análise estatística dos resultados, foram utilizados testes paramétricos

para dados quantitativos e contínuos, fixando-se o risco alfa em 5%. Os testes

utilizados foram o Analysis of Variance - ANOVA, para comparar a média do escore

da EVA entre os grupos em cada um dos tempos. Os dados foram processados

pelos softwares SPSS v16, Minitab 15 e MS Excel 2007 (Apêndice 3).

FIGURA 9 – TENS, Eletrodos de silicone, fios transmissores e gel condutor.

* Estimulador Elétrico Transcutâneo Tensmed II 4044 – Carci S/A – São Paulo – SP.

29

4. RESULTADOS

___________________________________________________

30

A partir dos dados estatísticos analisados e comparados obtiveram-se os

seguintes resultados:

GRÁFICO 1 - Comparação da variável Idade entre os Grupos Controle e

Intervenção

Observa-se no Gráfico 1 que os grupos são homogêneos quanto a idade.

31

GRÁFICO 2 - Comparação da variável dilatação (cm) entre os Grupos Controle

e Intervenção

Observa-se no Gráfico 2 que há diferença significante (p=0,033) entre os

grupos para a dilatação. Nota-se que o Grupo Controle teve uma dilatação média de

5,7 cm e o Grupo Intervenção 6,3 cm.

32

GRÁFICO 3 - Comparação da variável tempo de parto entre os Grupos

Controle e Intervenção

Observa-se no Gráfico 3 que não houve diferença significante no tempo de

parto, p=0.17.

33

GRÁFICO 4 - Comparação da variável Escala Visual Analógica (EVA) aplicada

às parturientes entre os Grupos Controle e Intervenção

Observa-se no Gráfico 4 que há diferença estatisticamente significante entre

os grupos para os escores da EVA nos tempos de 1 ao final. Em todos os tempos,

nota-se que a média do Grupo Intervenção foi sempre menor do que as médias do

Grupo Controle.

34

GRÁFICO 5 - Comparação da Escala Visual Analógica aplicada às mulheres

multíparas e primíparas do Grupo Controle

Observa-se no Gráfico 5 que não há diferença estatisticamente significante,

p>0,05, dos escores da EVA, entre as mulheres multíparas e primíparas do Grupo

Controle.

35

GRÁFICO 6 - Comparação da Escala Visual Analógica aplicada às mulheres

multíparas e primíparas do Grupo Intervenção

Observa-se no Gráfico 6 que não há diferença estatisticamente significante,

p>0,05, dos escores da EVA, entre as mulheres multíparas e primíparas do Grupo

Intervenção; porém no T7 há uma diferença significativa (p=0,058) e após esse

tempo ocorre novamente uma equiparação entre os tempos.

36

GRÁFICO 7 - Comparação da Escala Visual Analógica aplicada às mulheres

primíparas dos Grupos Controle e Intervenção

Observa-se no Gráfico 7 que há diferença estatisticamente significante,

p<0,05, dos escores da EVA entre as mulheres primíparas dos Grupos Controle e

Intervenção em todos os tempos da avaliação.

37

GRÁFICO 8 - Comparação da Escala Visual Analógica aplicada às mulheres

multíparas dos Grupos Controle e Intervenção

Observa-se no Gráfico 8 que há diferença estatisticamente significante,

p<0,05, dos escores da EVA entre as mulheres multíparas dos Grupos Controle e

Intervenção nos tempos T2, 73, T4 e final. No tempo T7 o escore é igual entre os

grupos, porém nos momentos seguintes, passa a ser significativo e no final

significante.

38

5. DISCUSSÃO

___________________________________________________

39

A dor é vivenciada por cada individuo com intensidade e de formas

diferentes, porém é sempre uma sensação temida por todos, a qual leva ao

sofrimento e, em muitos casos, angústia e até mesmo fadiga muscular. Com relação

ao momento do parto, sempre é uma incógnita para a parturiente a evolução do

trabalho de parto, principalmente no que se refere à dor (Sartori, 2011). Em função

disso, ações voltadas à humanização do parto e nascimento nos levam a uma

reflexão sobre a assistência obstétrica adotada no passado, quando um menor

número de intervenções era realizado (Mazzali, 2008).

A dor nãosomente representa uma sensação desagradável que afeta o bem

estar, mas desencadeia importantes respostas endócrino-metabólicas que interferem

na homeostasia materno-fetal. Associada ao estresse do trabalho de parto, a dor

ativa o sistema simpático causando liberação de adrenalina e de noradrenalina

aumentando a resistência vascular uterina e diminuindo o fluxo sanguíneo. Na mãe,

a dor pode levar a modificações no aparelho respiratório e no sistema

cardiovascular. A analgesia com agentes farmacológicos é utilizada em vários

serviços, porém alguns destes agentes cruzam facilmente a barreira placentária,

podendo levar à hipocontratibilidade uterina, depressão do sistema nervoso central

no feto e na mãe, depressão respiratória, hipotensão arterial, náusea e vômito

(Palmiro, 2007); Todas estas possibilidades justificaram o desenvolvimento desta

pesquisa com o objetivo de diminuir estes efeitos indesejáveis.

Em vista disso, levando-se em conta todos estes aspectos, o nosso estudo

foi realizado em uma unidade hospitalar, cujos serviços não preveem a aplicação da

analgesia e/ou anestesia durante o trabalho de parto.

Para o alívio, ou até mesmo em alguns casos, para a eliminação da dor, a

TENS, recurso eletroterapêutico da fisioterapia, tem demonstrado resultados

excelentes. Na obstetrícia é utilizada desde a década de 1970, confirmando durante

todos estes anos, a sua eficácia na diminuição da intensidade da dor e a diminuição

do uso de analgésicos, durante o trabalho de parto.

40

O controle da dor no trabalho de parto, assim como a prevenção do

sofrimento do binomino mãe-feto, é um dos objetivos da equipe obstétrica, a qual

deve trabalhar para garantir à mulher um parto seguro e satisfatório; a TENS é

recurso seguro utilizado pelo fisioterapeuta, enquanto membro da equipe obstétrica,

proporcionando conforto e alívio da dor à parturiente durante o trabalho de parto

(Bavaresco et al, 2011).

No nosso estudo, ficou evidente a eficácia da TENS na diminuição da

intensidade da dor, durante o trabalho de parto. De acordo com a Tab. 2 (Anexo

III) e o Gráfico 4 observou-se redução significante da intensidade da dor durante o

trabalho de parto no Grupo submetido a TENS, ao inverso do que ocorreu com o

Grupo Controle que apresentou aumento da intensidade da dor durante todo o

trabalho de parto, refletindo o poder de analgesia da TENS, o que concordou com os

estudos de Mendoza et al, 2000; Abreu et al, 2010; Sartori et al, 2011.

A colocação e o posicionamento dos eletrodos nos dermátomos T10-L1 e

S2-S4, e os parâmetros utilizados no nosso estudo vão ao encontro de vários

estudos como, por exemplo, Gallo et al, 2011, Bavaresco et al, 2011 e Orange et al

2003. A aplicação da TENS inicia-se quando começa a fase ativa do trabalho de

parto, sendo finalizada quando a parturiente atinge a dilatação total. A avaliação da

intensidade da dor foi realizada através da EVA, com um intervalo de 20 a 30

minutos, estando de acordo com estes mesmos estudos.

A diminuição da intensidade da dor é observada a partir dos primeiros 20

minutos de aplicação da TENS (Tab. 2 – Anexo III e gráfico 4); isso ocorre em

função da neuromodulação da dor através dos dermátomos e de acordo com a

teoria das comportas. Essa neuromodulação é observada durante todos os tempos

avaliados no trabalho de parto, havendo significância estatística (p<0,05) na

diminuição da intensidade da dor, quando se compara o Grupo Intervenção e o

Grupo Controle (Gráfico 4).

41

A aplicação da TENS nos dermátomos T10-L1 e S2-S4, corrobora com a

diminuição do tempo de dilatação (Tab.1 – Anexo III) obtida no Grupo Intervenção;

isso se deu provavelmente em função desses demátomos que também contem as

fibras nervosas do cérvix uterino, envolvidas na distensão do segmento uterino,

canal vaginal, períneo e assoalho pélvico. Por outro lado, não houve diferença no

tempo de trabalho de parto entre o Grupo Intervenção e o Controle, indo ao encontro

dos estudos de Orange et al, 2003 e Abreu et al, 2010.

Com relação ao uso de analgésicos e a aplicação da TENS, Orange et al,

2003, realizaram um ensaio clínico com os objetivos de avaliarem a intensidade da

dor pela escala visual analógica (EVA), o tempo transcorrido entre a avaliação inicial,

a necessidade do uso de analgesia e a duração do trabalho de parto.

Randomizaram 22 parturientes em dois grupos, sendo 11 do Grupo A (Intervenção,

aplicação da TENS antes da administração da anestesia) e 11 do Grupo B (Controle,

sem aplicação da TENS antes da administração da anestesia). O tempo decorrido

entre a avaliação da dor da parturiente e a necessidade do uso de analgésicos foi

significativamente maior no Grupo A - Intervenção (mediana de 90 minutos) quando

comparado ao do Grupo B - Controle (mediana de 30 minutos). O estudo de Orange

et al, 2003, e o nosso estudo ratificam que a aplicação da TENS é eficiente na

diminuição da intensidade da dor e na diminuição do uso de analgésicos, sendo

também um ótimo recurso em serviços que não dispõem de analgesia, e em

parturientes com contra-indicação de uso de fármacos.

Em nosso estudo optamos por comparação com Grupo Controle, nos

apoiando na literatura, que apresenta estudos comparando a TENS com Grupos

Controle ou Placebo, mostrando que a diminuição da dor independe do grupo ser

Placebo ou Controle, mas sim, pelo efeito da TENS. Isto é ratificado pelos resultados

de Knobel e Radünz e Carraro, 2005, e Abreu et al, 2010, os quais realizaram os

seus estudos com Grupo Intervenção e Placebo, e verificaram que com a aplicação

da TENS houve alívio de moderado a muito bom em 80% dos casos e nenhum caso

de alívio no Grupo Placebo. No estudo de Orange et al, 2003, e no nosso estudo, os

quais tiveram Grupos Controle e não Placebo, também ocorreu diminuição

significante da dor no grupo intervenção.

42

Simkin et al, 2012, observaram na revisão sistemática realizada, que no geral,

não houve diferença significante entre TENS e grupos de controle nas avaliações de

dor, embora as mulheres que receberam a TENS tenham sido menos propensas a

relatar dor forte; relataram também que não houve evidência consistente de que

TENS tenha qualquer impacto sobre as intervenções do trabalho de parto.

Estes dados contrapõe-se ao nosso estudo, uma vez que houve diferença

significante (p<0,0001) entre os dois grupos, na diminuição da intensidade da dor

(Tab. 2 – Anexo III) e também ao estudo de Van der Spank et al, 2000, o qual

revelou que o grau de satisfação das parturientes foi de 96%, ou seja, os escores

de dor foram significantemente menores (p <0,0001).

Simkin et al, 2012, também relatam que não foram observados eventos

adversos e que a maioria das mulheres submetidas à TENS ficaram satisfeitas e a

usariam novamente em um próximo trabalho de parto. Esta conclusão dos autores é

contraditória, porque se as pacientes ficaram satisfeitas após a aplicação da TENS,

provavelmente, se deve ao alivio da dor, o que foi demonstrado pelos nossos

resultados quando empregamos a EVA (Gráfico 4). Provavelmente os resultados da

revisão de Simkim et al, 2012, ocorreram porque os estudos não apresentavam

metodologia adequada, o que foi relatado pelos próprios autores da revisão, citando

que os grupos comparados não eram homogêneos.

O presente estudo tem como um dos objetivos verificar a aplicabilidade da

TENS em primíparas e multíparas, uma vez que na clínica médica tem-se como voz

corrente que as mulheres multíparas apresentam um limiar maior de dor; para tanto

os grupos do nosso estudo foram compostos por 50% de primíparas e 50% de

multíparas cada um. Quando compara-se a EVA entre as mulheres multíparas e

primíparas do Grupo Controle (Tab. 3 – Anexo III e gráfico 5), não há diferença

significante; isso também ocorre com o Grupo Intervenção (Tab. 4 – Anexo III e

gráfico 6). Todavia, comparando-se as primíparas do Grupo Controle com as do

Grupo Intervenção, há uma diferença estatisticamente significante com relação a

EVA em todos os tempos da avaliação (Tab. 5 – Anexo 3 e gráfico 7), e quando

compara-se as multíparas do Grupo Controle com as do Grupo Intervenção (Tab. 6 –

Anexo 3 e gráfico 8), também há diferença estatisticamente significante da EVA nos

43

tempos T2, T3, T4 e final, o que sugere que a intensidade da dor independe do

número de gestações da mulher; estes resultados vão ao encontro do estudo de

Kaplan et al, 1988, os quais verificaram que a TENS foi considerada eficaz para o

alívio da dor durante o parto por 72% das primíparas e 69% das multíparas. Quando

questionadas se repetiriam o tratamento num próximo parto, 67% das primíparas e

60% das multíparas responderam positivamente quanto ao uso da TENS em partos

futuros.

Sartori et al., 2011, relataram que no Brasil, no ano de 2000, o Ministério da

Saúde elaborou um Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento para

incentivar a prática do parto normal sem intervenção, garantindo atendimento

humanizado e adequado para as gestantes durante os períodos pré-natal, peri-parto

e pós-parto, promovendo desta forma, um processo menos traumático e

desagradável. Todavia, durante o desenvolvimento prático do estudo aqui

apresentado, ficou evidente que este Programa de Humanização do Pré-Natal e

Nascimento não está totalmente implantado, porque existem muitas maternidades

que ainda não oferecem terapêuticas para o alivio da dor das parturiente, como foi

observado na maternidade na qual realizamos este estudo. Provavelmente, a falta

de recursos financeiros inviabiliza a formação de equipes multidisciplinares e mesmo

a presença de anestesistas suficientes para atender a demanda de gestantes.

Sendo assim, na ausência de analgesia por medicação e/ou na contraindicação da

mesma, a TENS demonstrou ser um bom recurso na diminuição da intensidade da

dor durante o trabalho de parto, proporcionando melhor custo benefício para o

sistema público de saúde.

Ao revisar a literatura observamos muitos estudos que não apresentam

metodologia adequada, porque muitas vezes são relatos de casos e não estudos

randomizados, além do fato de que alguns não comparam grupos homogêneos. Em

nosso estudo, empregamos a metodologia com grupos homogêneos, justificando os

melhores resultados observados na melhora da dor com o uso da TENS.

44

Finalizando, o presente estudo mostra que a TENS é um tratamento efetivo

e seguro para a redução da dor durante o trabalho de parto, levando em conta todos

os aspectos e conclusões dos diversos estudos. Podemos sumarizar esta discussão

afirmando que a atuação da fisioterapia no trabalho de parto ainda é uma prática

pouco empregada nas maternidades.

45

6. CONCLUSÕES

___________________________________________________

46

1. A utilização da TENS mostra-se efetiva no processo da diminuição da dor

durante o trabalho de parto demonstrado pelos resultados da EVA.

2. Não há diferença nos resultados da EVA após a aplicação da TENS entre

mulheres primíparas e multíparas.

3. A TENS não interfere no tempo do trabalho de parto.

47

7. ANEXOS

___________________________________________________

48

ANEXO 1

___________________________________________________

49

ANEXO 1 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

50

ANEXO 1 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

51

ANEXO 1

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

52

ANEXO 1

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

53

ANEXO 1 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

54

ANEXO 1 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

55

ANEXO 2

___________________________________________________

56

ANEXO 2 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

ANAMNESE:

Data da avaliação: ___/___/______. Tel : ________________

Nome_______________________________________________________________

________________________________________________________________

Data de Nascimento: ___/___/______. Idade: __________________

Nº de semanas da gestação atual: ____________

Cor: _________________ Peso: _____________

1ª menstruação: __________________________

Antecedentes Obstétricos:

Nº de gestações: _________

Nº de partos: ________ Normais: ________ Cesáreas:_______ Abortos: _______

Idade da 1ª. Gestação: _____________ Peso do bebe: _____________________

Sexo do bebe ( ) Feminino ( ) Masculino

Apresentou Incontinência Urinária durante a gestação? ( ) Sim ( ) Não

Aumentou quantos quilos durante a gestação? _______________

Faz uso de medicamento: ( ) Sim ( ) Não

Quais:_________________________________________________________

57

ANEXO 2 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Aplicação da TENS

data inicio corrente Tempo de aplicação

Escala de dor:

Fonte: Lukacz et al, 2004.

Avaliada a cada 20min.

___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( )

___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( )

___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( )

___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( )

___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( )

___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( )

___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( ) ___:___ ( )

Duração do parto: __________ horas Cesária ( ) Vaginal ( )

58

ANEXO 3

___________________________________________________

59

ANEXO 3 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

TABELA 1: Comparação entre os Grupos Controle (C) e Intervenção (I) das

variáveis Idade, Dilatação e Tempo de Parto

Idade P

valor Dilatação

P

valor Tempo parto

P

valor

Grupo

(C)

Grupo

(I)

Grupo

(C)

Grupo

(I)

Grupo

(C)

Grupo

(I)

Média 27,4 25,8 5,7 6,3 02:42 02:11

Mediana 27 24 5 6 02:20 01:50

Desvio

Padrão 6,9 6,7

1,1 1,3

01:30 01:26

Min 17 16 4 3 00:20 00:20

Max 42 43 8 8 05:50 06:00

N 30 30 30 30 30 30

IC 2,5 2,4 0,4 0,5 00:32 00:30

0,365

0,033

0,170

Min: mínimo. Max: máximo. N:- amostra. IC: intervalo de confiança

Na tabela 1 observa-se que há diferença média estatisticamente significante

entre os grupos para a dilatação. Nota-se que o grupo Controle teve uma dilatação

média de 5,7 cm e o Grupo Intervenção 6,3 cm, porém sem significância no tempo

de parto.

60

ANEXO 3 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

TABELA 2: Comparação entre os Grupos Controle e Intervenção da variável

EVA

EVA Média Mediana Desvio

Padrão Min Max N IC

p-

valor

Inicial Controle 8,50 9 1,59 5 10 30 0,57

0,818 Intervenção 8,60 9,5 1,75 5 10 30 0,63

Final Controle 9,77 10 0,68 7 10 30 0,24

0,001 Intervenção 7,87 8 1,76 5 10 30 0,63

T1 Controle 9,00 9,5 1,36 5 10 30 0,49

0,005 Intervenção 7,63 8 2,17 2 10 30 0,78

T2 Controle 9,07 10 1,22 6 10 29 0,45

0,001 Intervenção 7,25 7 2,50 0 10 28 0,93

T3 Controle 9,21 10 1,26 6 10 29 0,46

<0,001 Intervenção 7,33 7 2,13 1 10 27 0,80

T4 Controle 9,41 10 1,15 6 10 27 0,43

<0,001 Intervenção 7,33 8 2,24 0 10 21 0,96

T5 Controle 9,17 10 1,37 5 10 23 0,56

0,001 Intervenção 7,24 8 2,19 0 10 17 1,04

T6 Controle 9,32 10 0,95 7 10 19 0,43

0,004 Intervenção 7,85 8 1,68 4 10 13 0,91

T7 Controle 9,35 10 1,22 6 10 17 0,58

0,009 Intervenção 7,82 8 1,66 4 10 11 0,98

T8 Controle 9,57 10 0,94 7 10 14 0,49

0,001 Intervenção 7,70 8 1,57 4 10 10 0,97

EVA: Escala Visual Analógica. Min: mínimo. Max:- máximo. N: amostra. IC: intervalo de confiança. T:

tempo.

Observa-se que há existe diferença média estatisticamente significante entre os grupos para a EVA nos tempos de 1 a 8. Em todos os tempos, nota-se que a média

do Grupo Intervenção foi sempre menor do que as médias do Grupo Controle.

61

ANEXO 3 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

TABELA 3: Comparação da EVA entre mulheres multíparas e primíparas do

Grupo Controle

Controle Média Mediana Desvio

Padrão Min Max N IC

p-

valor

Inicial Primípara 8,87 9 1,36 6 10 15 0,69

0,213 Multípara 8,13 8 1,77 5 10 15 0,89

Final Primípara 9,73 10 0,59 8 10 15 0,30

0,793 Multípara 9,80 10 0,77 7 10 15 0,39

T1 Primípara 9,20 10 1,37 5 10 15 0,69

0,432 Multípara 8,80 9 1,37 6 10 15 0,69

T2 Primípara 9,14 9,5 1,17 6 10 14 0,61

0,759 Multípara 9,00 10 1,31 6 10 15 0,66

T3 Primípara 9,07 9,5 1,14 7 10 14 0,60

0,587 Multípara 9,33 10 1,40 6 10 15 0,71

T4 Primípara 9,21 10 1,31 6 10 14 0,69

0,376 Multípara 9,62 10 0,96 7 10 13 0,52

T5 Primípara 9,23 10 1,17 7 10 13 0,63

0,827 Multípara 9,10 10 1,66 5 10 10 1,03

T6 Primípara 9,33 10 0,98 7 10 12 0,56

0,919 Multípara 9,29 10 0,95 8 10 7 0,70

T7 Primípara 9,36 10 1,29 6 10 11 0,76

0,963 Multípara 9,33 10 1,21 7 10 6 0,97

T8 Primípara 9,67 10 0,71 8 10 9 0,46

0,630 Multípara 9,40 10 1,34 7 10 5 1,18

62

ANEXO 3 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

TABELA 4: Comparação da EVA entre mulheres multíparas e primíparas do

Grupo Intervenção

Intervenção Média Mediana Desvio

Padrão Min Max N IC

p-

valor

Inicial Primípara 9,00 10 1,81 5 10 15 0,92

0,217 Multípara 8,20 8 1,66 5 10 15 0,84

Final Primípara 8,07 8 1,58 5 10 15 0,80

0,542 Multípara 7,67 8 1,95 5 10 15 0,99

T1 Primípara 7,47 8 2,26 2 10 15 1,15

0,692 Multípara 7,80 8 2,14 2 10 15 1,09

T2 Primípara 7,71 8 1,82 4 10 14 0,95

0,336 Multípara 6,79 7 3,04 0 10 14 1,59

T3 Primípara 7,36 7,5 1,98 2 10 14 1,04

0,953 Multípara 7,31 7 2,36 1 10 13 1,28

T4 Primípara 7,08 7,5 2,64 0 10 12 1,50

0,569 Multípara 7,67 8 1,66 5 10 9 1,08

T5 Primípara 6,44 7 2,60 0 9 9 1,70

0,118 Multípara 8,13 8 1,25 6 10 8 0,86

T6 Primípara 7,44 7 1,67 4 10 9 1,09

0,208 Multípara 8,75 9 1,50 7 10 4 1,47

T7 Primípara 7,25 7,5 1,49 4 9 8 1,03

0,058 Multípara 9,33 10 1,15 8 10 3 1,31

T8 Primípara 7,29 8 1,60 4 9 7 1,19

0,220 Multípara 8,67 8 1,15 8 10 3 1,31

Observa-se nas tabelas 3 e 4 que não há diferença da EVA média

estatisticamente entre primíparas e multíparas, isso tanto no Grupo Controle quanto

no Grupo Intervenção.

63

ANEXO 3 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

TABELA 5: Comparação da EVA entre mulheres primíparas dos grupos

Controle e do Intervenção

Primípara Média Mediana Desvio

Padrão Min Max N IC

p-

valor

Inicial Controle 8,87 9 1,36 6 10 15 0,69

0,821 Intervenção 9,00 10 1,81 5 10 15 0,92

Final Controle 9,73 10 0,59 8 10 15 0,30

0,001 Intervenção 8,07 8 1,58 5 10 15 0,80

T1 Controle 9,20 10 1,37 5 10 15 0,69

0,017 Intervenção 7,47 8 2,26 2 10 15 1,15

T2 Controle 9,14 9,5 1,17 6 10 14 0,61

0,020 Intervenção 7,71 8 1,82 4 10 14 0,95

T3 Controle 9,07 9,5 1,14 7 10 14 0,60

0,009 Intervenção 7,36 7,5 1,98 2 10 14 1,04

T4 Controle 9,21 10 1,31 6 10 14 0,69

0,014 Intervenção 7,08 7,5 2,64 0 10 12 1,50

T5 Controle 9,23 10 1,17 7 10 13 0,63

0,003 Intervenção 6,44 7 2,60 0 9 9 1,70

T6 Controle 9,33 10 0,98 7 10 12 0,56

0,004 Intervenção 7,44 7 1,67 4 10 9 1,09

T7 Controle 9,36 10 1,29 6 10 11 0,76

0,004 Intervenção 7,25 7,5 1,49 4 9 8 1,03

T8 Controle 9,67 10 0,71 8 10 9 0,46

0,001 Intervenção 7,29 8 1,60 4 9 7 1,19

Observa-se nesta tabela que há diferença estatística significante da EVA

entre as prímiparas dos Grupos Controle e Intervenção, em todos os tempos da

avaliação.

64

ANEXO 3 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

TABELA 6: Comparação da EVA entre mulheres multíparas dos grupos

Controle e do Intervenção

Multípara Média Mediana Desvio

Padrão Min Max N IC

p-

valor

Inicial Controle 8,13 8 1,77 5 10 15 0,89

0,916 Intervenção 8,20 8 1,66 5 10 15 0,84

Final Controle 9,80 10 0,77 7 10 15 0,39

0,001 Intervenção 7,67 8 1,95 5 10 15 0,99

T1 Controle 8,80 9 1,37 6 10 15 0,69

0,140 Intervenção 7,80 8 2,14 2 10 15 1,09

T2 Controle 9,00 10 1,31 6 10 15 0,66

0,016 Intervenção 6,79 7 3,04 0 10 14 1,59

T3 Controle 9,33 10 1,40 6 10 15 0,71

0,009 Intervenção 7,31 7 2,36 1 10 13 1,28

T4 Controle 9,62 10 0,96 7 10 13 0,52

0,002 Intervenção 7,67 8 1,66 5 10 9 1,08

T5 Controle 9,10 10 1,66 5 10 10 1,03

0,188 Intervenção 8,13 8 1,25 6 10 8 0,86

T6 Controle 9,29 10 0,95 8 10 7 0,70

0,481 Intervenção 8,75 9 1,50 7 10 4 1,47

T7 Controle 9,33 10 1,21 7 10 6 0,97

0,545 Intervenção 9,33 10 1,15 8 10 3 1,31

T8 Controle 9,40 10 1,34 7 10 5 1,18

0,516 Intervenção 8,67 8 1,15 8 10 3 1,31

Observa-se nesta tabela que há diferença estatística significante da EVA

entre as multíparas dos Grupos Controle e Intervenção, nos tempos T2, T3, T4 e

final.

65

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

__________________________________________ _________

66

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70

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Simkin PT, Klein MC, Lockwood CJ, Barss VA. Literature review current through:

Jan 2012. | This topic last updated: Jan 24, 2012.

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São Paulo: Manole, 2004.

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Zugaib M. Zugaib Obstetrícia. São Paulo: Manole, 2012. p. 323-527.

71

RESUMO

__________________________________________ _________

72

PEREIRA CMA. Analgesia com Eletroestimulação Nervosa Transcutânea (TENS) no

trabalho de parto. Dissertação [Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo; 2013.

Apesar de ser um processo fisiológico, o trabalho de parto resulta em dor

intensa para muitas mulheres, causando apreensão para as parturientes, podendo,

às vezes, até dificultar o trabalho dos obstetras. A Eletroestimulação Nervosa

Transcutânea (TENS) vem sendo utilizada há cerca de 40 anos no alívio de dores

agudas e crônicas. É um método não farmacológico e não invasivo baseado na

fisiologia da dor a partir da teoria do controle das comportas. A aplicação da TENS

como método de analgesia no trabalho de parto diminui a intensidade da dor,

postergando ou mesmo eliminando o uso de drogas analgésicas e anestésicas, o

que diminui o tempo de exposição da mãe e do feto aos efeitos fármacos utilizados

para aliviar a dor. Objetivos: Avaliar a aplicação da TENS na diminuição da

intensidade da dor durante o trabalho de parto, comparando a aplicação da TENS

entre primíparas e multíparas e, ainda, o tempo de trabalho de parto sob a influência

da TENS. Metodologia: Foi realizado um estudo com 60 parturientes que, após

terem concordado em participar do mesmo, assinando o termo de consentimento

livre e esclarecido aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa da Maternidade da

Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, do Hospital Municipal São

Luiz e da Secretaria Municipal de Saúde da Cidade de São Paulo, no período de

janeiro/2012 a julho/2012, foram divididas aleatoriamente em dois grupos: Grupo

Controle, com 30 parturientes sem a aplicação da TENS e Grupo Intervenção, com

30 parturientes submetidas à TENS. Todas as pacientes responderam a Anamnese,

e a Escala Visual Analógica (EVA) de dor no início e durante o trabalho de parto.

Para a análise estatística foi utilizado o teste ANOVA com Medidas Repetidas e o

software SPSS v16, Minitab 15 e MS Excel 2007, com risco de 5%. Resultados:

Observou-se diminuição significante da intensidade da dor no Grupo Intervenção em

comparação ao Grupo Controle; porém não houve significância estatística entre

primíparas e multíparas, e tampouco no tempo de conclusão do trabalho de parto.

Conclusão: A utilização da TENS mostra-se efetiva no processo da diminuição da

dor durante o trabalho de parto demonstrado pelos resultados da EVA. Não há

diferença nos resultados da EVA obtidos após a aplicação da TENS entre mulheres

primíparas e multíparas e também conclui-se que a TENS não interfere no tempo

total do trabalho de parto.

Palavras chave: Parto, Dor, Eletroestimulação Nervosa Transcutânea, Fisioterapia.

73

ABSTRACT

__________________________________________ _________

74

PEREIRA CMA. Analgesia with Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation (TENS)

during labor. Thesis [Master’s Degree]. Sao Paulo: Medical Sciences University of

the Holy House of Sao Paulo; 2013.

Even though it is a physiological process, labor results in an intense pain for

many women, what makes them concerned and, sometimes, even turn the

obstetricians work harder. The Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation (TENS)

has been being used for about 40 years, in order to relieve acute and chronic pain. It

is a non pharmacological and non invasive method, which is based on the pain

physiology, according to the pain control theory. The TENS application, as an

analgesic method during the labor, reduces the pain intensity, what postpone or even

eliminates the use of analgesic and anesthetic drugs. As a consequence, the mother

and the fetus exposition time to the medication effects (which are used to relieve

pain) is shorter. Objectives: Evaluate the TENS application in the pain intensity

reduction during labor, making comparisons of the TENS application between

primiparous and multiparous women, besides evaluating the labor time when women

are under the TENS application. Methodology: It was realized a study with 60

pregnant women, after they had agreed to participate in it. They signed the term of

informed consent approved by the Ethics in Research Committees of the Maternity of

Santa Casa de Misericordia de Sao Paulo, of São Luiz Municipal Hospital and of the

Municipal Health Department of Sao Paulo city, during the period from January/2012

to July/2012. They were divided randomly in two groups: The Control Group was

composed by 30 pregnant women, who did not receive the TENS application. The

Intervention Group was composed by 30 pregnant women, who underwent the TENS

application. All the patients answered the Anamnese and the Visual Analogue Scale

(VAS) of pain at the beginning and during labor. For the statistical analysis it was

used the ANOVA test, with Repeated Measures and the following software tools:

SPSS v16, Minitab 15 and MS Excel 2007, risk of 5%. Results: It was observed a

significant pain intensity reduction in the Intervention Group in comparison to the

Control Group. However, there was no statistical significance between primiparous

and multiparous women, as well as on the labor conclusion time. Conclusion: The

TENS application is effective at the pain reduction process during labor, what was

proved by the VAS results. There is no difference in the VAS results after the TENS

application between primiparous and multiparous women. It was also concluded that

TENS does not interfere in the total labor time.

Keywords: Labor, Pain, Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation, Physiotherapy.

75

APÊNDICE 1 ___________________________________________

76

APÊNDICE 1

______________________ _____________________ _________

IRMANDADE SANTA CASA DE MISERICORDIA DE SÃO PAULO

Rua Santa Isabel, 305 – Santa Cecília Telefone: 3224 0122

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, Carla Maria de Abreu Pereira, fisioterapeuta, convido a Senhora

_______________________________________________________a participar do

meu projeto o qual tem como título UTILIZAÇÃO DA ELETROESTIMULAÇÃO

NERVOSA TRANSCUTÂNEA (TENS) EM GESTANTES DURANTE O TRABALHO DE

PARTO, sendo que o mesmo não oferece nenhum risco ao seu bem estar, tanto físico

como psíquico. Este projeto está de acordo com a Resolução Conselho Nacional de

Saúde 196/96, de 10 de outubro de 1996, e tem como objetivo: verificar se a aplicação

da TENS diminui a dor durante o trabalho de parto.

O procedimento constará de uma ficha de avaliação com a sua história clínica e a

senhora responderá a questionário de qualidade de vida e escala analógica de dor,

antes e após a TENS. Serão colocados 4 eletrodos na região das costas, fixados com

fita crepe, os quais estarão conectados através de um fio ao aparelho. Quando ligado o

aparelho, irá sentir sensação de formigamento nesta região. O qual ficará ligado por

todo tempo do trabalho de parto. No caso da não diminuição da dor, através da TENS,

o obstetra indicará os medicamentos adequados para a redução da dor. Este trabalho

não acarretará riscos e também não é oferecido como parte deste trabalho qualquer

outro tipo de tratamento não citado. Esclareço que:

77

1. Você terá acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos,

riscos e benefícios relacionados à pesquisa, inclusive para tirar eventuais

dúvidas.

2. Você terá a liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de

deixar de participar do estudo, sem que isto traga prejuízo à continuidade da

assistência.

3. Você terá salvaguarda da confidencialidade, sigilo e privacidade de todas as

informações.

4. Se você tiver alguma consideração, dúvida ou denúncia sobre a ética da

pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da

Secretaria Municipal da Saúde – São Paulo – SP, pelo telefone: 3397 2464,

e-mail: [email protected] ou no endereço Rua General Jardim, 36 – 1º

andar – Vila Buarque – São Paulo – SP.

Caso precise entrar em contato com a pesquisadora, favor telefonar para Dra. Carla

Maria de Abreu Pereira, telefone 11 995778100, e-mail: [email protected]

Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o

que me foi explicado, consinto em participar da presente Pesquisa.

_________________________________ ____________________________ assinatura do sujeito da pesquisa assinatura do pesquisador ou responsável legal

São Paulo, de de 20____.

78

APÊNDICE 2

___________________________________________

79

APÊNDICE 2

______________________ _________________________________

IRMANDADE SANTA CASA DE MISERICORDIA DE SÃO PAULO

Rua Santa Isabel, 305 – Santa Cecília Telefone: 3224 0122

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1.NOME DA PACIENTE:.........................................................................................................

DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ........................................

DATA NASCIMENTO: ......../......../......

ENDEREÇO ........................................................................................Nº........ APTO: ...........

BAIRRO:..............................................................CIDADE....................................................

CEP:....................................TELEFONE: DDD (............).........................................................

II - DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA

1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA

UTILIZAÇÃO DA ELETROESTIMULAÇÃO NERVOSA TRANSCUTÂNEA (TENS) EM

GESTANTES DURANTE O TRABALHO DE PARTO

2. PESQUISADOR : Carla Maria de Abreu Pereira

CARGO/FUNÇÃO:..Fisioterapeuta...

INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL : CREFITO-3 Nº 63531-F

DEPARTAMENTO: I.S.C.M.S.P. ou F.C.M.S.C.S.P.: Depto. Obstetricia e Ginecologia.

3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:

SEM RISCO X RISCO BAIXO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR

(probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como consequência imediata ou tardia do estudo)

80

4.DURAÇÃO DA PESQUISA: 18 meses

III - REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA, CONSIGNANDO:TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Resolução Conselho Nacional de Saúde 196/96, de 10 de outubro de 1996.

1. Objetivo do estudo:

Este protocolo de pesquisa se propõe a verificar se a aplicação da TENS para a

diminuição da dor durante o trabalho de parto. Também está entre nossos objetivos

avaliar a função da TENS no trabalho de parto. É importante frisar que esse estudo se

baseia em vários estudos e que esperamos que o procedimento seja benéfico à

gestante, com a redução da dor do trabalho de parto.

Procedimento:

1) A paciente participante do estudo será submetida à história clínica e responderá a

questionários de qualidade de vida e escala analógica de dor, antes e após a TENS.

2) Serão colocados 4 eletrodos na região das costas (figura 1), fixados com fita crepe,

os quais estarão conectados através de um fio ao aparelho. Quando ligado o aparelho, irá

sentir sensação de formigamento nesta região. O qual ficará ligado por todo tempo do

trabalho de parto.

Figura 1

81

3) No caso da não diminuição da dor, através da TENS, o obstetra indicará os

medicamentos adequados para a redução da dor.

4) Riscos e desconfortos:

Não foram descritos riscos do procedimento nos estudos da literatura médica, revisados.

5) Benefícios: diminuição da dor

A Eletroestimulação Transcutânea Nervosa (TENS), é um aparelho da fisioterapia que é

utilizado para diminuir a dor em geral. (Figura 2)

Figura 2

4. Custos: A participação nesse estudo não envolve alteração da rotina no

atendimento ao trabalho de parto, portanto, não modifica seus custos.

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA: 1. acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos, riscos e benefícios

relacionados à pesquisa, inclusive para dirimir eventuais dúvidas.

2. liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar do

estudo, sem que isto traga prejuízo à continuidade da assistência.

3. salvaguarda da confidencialidade, sigilo e privacidade.

4. disponibilidade de assistência na Santa Casa, por eventuais danos à saúde, decorrentes

da pesquisa.

5.viabilidade de indenização por eventuais danos à saúde decorrentes da pesquisa.

82

V. INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS RESPONSÁVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS E REAÇÕES ADVERSA

Pesquisador Responsável:. Carla Maria de Abreu Pereira

Orientador: Progo Dr. Tsutomu Aoki

Co-orientador: Profa. Dra. Silvia da Silva Carramão

Fone para contato: (11) 99577 8100 (Carla Pereira) (11) 3171 2108 ( Dra. Silvia Carramão) Local da pesquisa: I.M.S.C.S.P. / HOSPITAL MUNICIPAL SÃO LUIZ GONZAGA

VI - CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Por este termo de consentimento livre e esclarecido, declaro que fui informada de forma

clara e detalhada dos motivos desse trabalho e da forma como será feita a participação

no estudo. Fui igualmente informada:

- da garantia de receber resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a qualquer

dúvida que possa ter.

- da liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de

participar do estudo, sem que isso traga prejuízo à continuação do tratamento.

- do compromisso de dar informações atualizadas durante o estudo.

Os registros médicos do paciente permanecerão confidenciais. No caso de qualquer

dúvida com relação a este estudo, a equipe médica poderá ser contactada através da

secretária da ginecologia, pelo telefone (11) 2176-7385, ou por intermédio da emergência

à noite e nos finais de semana.

Esse documento foi revisado e aprovado pelo Comitê de Ética Científica da

F.C.M.S.C.S.P.em 12 de julho de 2007, sob o nº 273/07.

83

VII - CONSENTIMENTO

Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me

foi explicado, consinto em participar da presente Pesquisa.

__________________________________ __________________________________ assinatura do sujeito da pesquisa assinatura do pesquisador ou responsável legal

São Paulo, de de 20__.

84

APÊNDICE 3

___________________________________________

85

APÊNDICE 3

______________________________________________________

TÍTULO: Utilização da eletroestimulação nervosa transcutânea (tens) em gestantes

durante o trabalho de parto

PESQUISADOR(A): Carla Maria de Abreu Pereira

ESTATÍSTICO: Jimmy Adans Costa Palandi (CONRE 8250-A)

86

1. Testes Estatísticos

1.1 Teste de ANOVA

A ANOVA – Analysis of variance é um teste paramétrico bastante usual, ele

faz uma comparação de médias utilizando a variância. No entanto devemos nos

atentar ao fato de que para a realização deste teste, algumas suposições a priori

devem ser satisfeitas. Por ser um teste paramétrico, supomos que ),0(~ 2 Nij , em

linguagem de leigos, isso quer dizer que os erros para cada observação tem que tem

uma distribuição normal com média zero e variância constante.

Para a utilização da técnica da ANOVA os dados têm de estar dispostos da

seguinte maneira:

Tratamentos

x

Elemento

da

Amostra

1 2 3 K

in

2

1

kknnnn

k

k

xxxx

xxxx

xxxx

321 321

2322212

1312111

ix

87

Assim, iremos realizar o seguinte teste nos dados amostrados:

diferente uma menos pelo :H

:H

1

A0 NCB

Onde:

A = média da variável A;

B = média da variável B;

C = média da variável C;

N = média da n-ésima (última) variável.

Com os dados dispostos da maneira anterior, devemos calcular e montar a

tabela abaixo que expressa de forma resumida e sucinta o teste realizado.

Tabela ANOVA

Fonte de

Variação

Soma de

Quadrados

Graus de

Liberdade

Quadrados

Médios Teste F

Entre Grupos eQ 1k 1

2

k

QS e

e

2

2

r

e

calS

SF

Dentro dos

Grupos etr QQQ kn

kn

QQS et

r

2

Total tQ 1n

Onde:

88

Cn

x

Qi i

j

ij

e

2

K

i

n

j

ijt

i

CxQ1 1

2 n

x

C

K

i

n

j

ij

i

2

1 1

Assim se knkcal FF ,1 , concluímos pela hipótese nula, ou seja, a igualdade

entre os grupos, caso contrario concluímos pela hipótese alternativa ( 1H ).

1.2 Teste de Igualdade de Duas Proporções

O Teste de Igualdade de duas Proporções é um teste não paramétrico que

compara se a proporção de respostas de duas determinadas variáveis e/ou seus

níveis é estatisticamente significantes. Assim trabalhamos com as seguintes

hipóteses:

211

210

p :

p :

pH

pH

Para realizarmos este teste devemos calcular 1

11

n

xf ,

2

22

n

xf e

21

21ˆnn

xxp

.

Com isso podemos agora calcular a estatística teste.

21

21

11)ˆ1(ˆ

nnpp

ffZ cal

89

Conclusões

- Se 22

ZZZ cal , não se pode rejeitar 0H , isto é, a um determinado risco ,

dizemos que não existe diferença entre as proporções.

- Se 2

ZZcal ou 2

ZZcal , rejeita-se 0H , concluindo-se, com risco , que há

diferença entre as proporções.

1.3 Teste de Qui-Quadrado para Independência

O Teste Qui-Quadrado para Independência é um teste não paramétrico

utilizado para se verificar se duas variáveis e seus níveis possuem ou não uma

dependência (associação) estatística. O teste é definido nas seguintes hipóteses:

.associadas estão variáveis as ou s,dependente são variáveis as H

.associadas estão não variáveis as ou tes,independen são variáveis as H

1

0

:

:

Temos que calcular o valor do Teste Qui-Quadrado, que é definido pela

seguinte fórmula:

L

i

C

j ij

ijij

calFe

FeFo

1 1

2

2 , definindo

sobservaçõe de total

j coluna da somai linha da somaijFe

Onde:

ijFe : freqüência esperada.

ijFo : freqüência observada.

Assim, comparamos o valor do 2

cal com o 2

)1)(1( CL (tabelado), onde L é o

número de linha da tabela e C é o número de colunas da mesma.

90

Da mesma maneira devemos concluir que:

- Se 2

)1)(1(

2

CLcal , não se pode rejeitar 0H , isto é, não se pode dizer que as

variáveis sejam dependentes, logo, elas serão independentes.

- Se 2

)1)(1(

2

CLcal , rejeita-se 0H , concluindo-se com risco , que as variáveis

são dependentes, ou estão associadas.

1.4 Intervalo de Confiança para Média

O intervalo de confiança para a Média é uma técnica utilizada quando

queremos ver o quanto a média pode variar numa determinada probabilidade de

confiança. Essa técnica é descrita da seguinte maneira:

1

22 nZx

nZxP

Onde:

x = média amostral;

2Z

= percentil da distribuição normal;

= variância amostral (estatística não viciada da variância populacional);

= média populacional;

= nível de significância.

91

1.5 P-valor

Lembramos que o resultado de cada comparação possui uma estatística

chamada de p-valor. Esta estatística é que nos ajuda a concluir sobre o teste

realizado. Caso esse valor seja maior que o nível de significância adotado (erro ou

), concluímos portanto que a 0H (a hipótese nula) é a hipótese verdadeira, caso

contrário ficamos com 1H , a hipótese alternativa.

2. Resultados

Antes de iniciarmos com os resultados, vamos definir para este trabalho um

nível de significância (quanto admitimos errar nas conclusões estatísticas, ou seja, o

erro estatístico que estamos cometendo nas analises) de 0,05 (5%). Lembramos

também que todos os intervalos de confiança construídos ao longo do trabalho,

foram construídos com 95% de confiança estatística.

Lembramos que estamos utilizando testes estatísticos paramétricos, pois os

dados são quantitativos e contínuos. Alem disso temos uma amostragem superior a

25 sujeitos, o que pelo Teorema do Limite Central, garante que a distribuição tende

a uma distribuição Normal. Também foi testada a normalidade dos resíduos deste

modelo estatístico (teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov) e verificou-se que

os mesmo possuem normalidade, o que garante o uso de teste paramétrico. Os

testes paramétricos são mais poderosos que os testes não paramétricos.

3. Legenda

p-valores considerados estatisticamente significativos perante o nível de significância

adotado.

p-valores que por estarem próximos do limite de aceitação, são considerados que

tendem a ser significativos (até 5 pontos percentuais acima do valor do alfa

adotado).

92

- x -, quando não foi possível utilizar a estatística, nós colocamos estes símbolos.

Se quiser, alem da cor pode usar os seguinte símbolos mostrados acima após o

valor do p-valor.

4. Softwares

Nesta analise estatística foram utilizados os softwares: SPSS V16, Minitab 15 e

Excel Office 2007.

5. Bibliografia

JAIRO, SIMON DA FONSECA & GILBERTO DE ANDRADE MARTINS, Curso

de Estatística, 6ª Edição, Editora Atlas – São Paulo 1996, 320 págs.

MURRAY, R. SPIEGEL, Estatística Coleção Schaum, 3ª Edição, Editora

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Vieira, Sônia, Bio Estatística Tópicos Avançados, 2ª Edição, Editora Campus,

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VIEIRA, Sônia. (1991). Introdução à Bioestatística. Rio de Janeiro: Campus.

MAROCO, João, Análise Estatística com utilização do SPSS, 2ª Edição,

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CONOVER, W. U. Pratical Nonparametric Statistics, 1º edição, New York,

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