Tendências de mercado para automação industrial

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Tendências de Mercado para Automação Industrial Outubro/2013 Relatório preparado pela Cysneiros Consultores Associados para a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de

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Tendências de Mercado para Automação Industrial

Outubro/2013

Relatório preparado pela Cysneiros Consultores Associados para a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco.

Pesquisador ResponsávelEletroeletrônica: Eduardo Peixoto

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Sumário

1 Introdução........................................................................................................................4

2 Análise das Tendências de Mercado em Eletroeletrônica.............................................5

2.1 Panorama da Automação Indústrial....................................................................................82.1.1 A Automação Industrial em Pernambuco........................................................................................132.1.2 A Automação Industrial no Brasil...................................................................................................142.1.3 A Automação Industrial no Mundo.................................................................................................152.1.4 Análise SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) para a Automação Industrial em Pernambuco..................................................................................................................................................16

2.2 Macrotendências da Automação Industrial.......................................................................17

2.3 Recomendações às Empresas de Eletroeletrônica de Pernambuco.................................20

3 Conclusão.......................................................................................................................22

4 Referências.....................................................................................................................23

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Índice de Figuras

Figura 1 – Sea Change Index para despesas totais de p&d....................................................................................6

Figura 2 – Exemplo de aplicação de CLP...............................................................................................................9

Figura 3 – Automação na produção de hortaliças................................................................................................11

Figura 4 – Automação na limpeza de chão............................................................................................................12

Figura 5 – Automação de centros de distribuição.................................................................................................13

Figura 6 – Forças e Fraquezas da indústria de PE...............................................................................................16

Figura 7 – Oportunidades e ameaças para a indústria de PE..............................................................................16

Figura 8 – Crescimento da frota de veículos no Brasil.........................................................................................17

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1 Introdução

Este relatório foi produzido no âmbito no projeto CICTEC - Centro de Inteligência

Competitiva para Parques Tecnológicos. O documento apresenta um panorama do setor de

Eletroeletrônica, em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, suas principais características, as

tendências competitivas e de mercado, e os desafios e oportunidades decorrentes destes

cenários para as empresas pernambucanas do setor. Neste relatório abordamos em maior

detalhe as oportunidades em Automação Industrial, no setor de Eletroeletrônica.

A abordagem das oportunidades de mercado na área de Automação Industrial,

apontam para a importância deste segmento de atuação, o qual pode vir a propiciar melhoria

de eficiência e controle de qualidade fabril que melhore a posição competitiva das empresas

nacionais e locais frente à forte concorrência estrangeira, em particular da China. A

automação se mostra como um dos melhores investimentos que fabricantes de várias

indústrias podem fazer, apresentando uma dinâmica de mercado extremamente competitiva e

correlacionada a investimentos em indústrias pesadas, como a petroquímica e automotiva.

Ênfase é dada a Controladores Lógicos Programáveis (CLP), por ser uma área da

eletroeletrônica com oportunidades relevantes, tanto para negócios, como para aumento de

eficiência da indústria de Pernambuco e no Brasil.

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2 Análise das Tendências de Mercado em Eletroeletrônica

A indústria de eletroeletrônicos surgiu no século XX e tornou-se uma indústria global

de bilhões de dólares. A sociedade contemporânea usa todos os tipos e em diferentes formas

dispositivos eletrônicos, construídos em fábricas automatizadas ou semiautomatizadas e

operadas pela indústria também cada vez mais dependente da automação.

Com o advento da energia elétrica no século XIX deu-se a sequencia de inúmeros

inventos. Ao gramofone, seguiram-se os radiotransmissores, receptores e televisores, com

desenvolvimentos e aumento de capacidade que dobram a cada 18 meses (lei de Moore,

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Moore). Mais pra perto dos tempos atuais, os

computadores pessoais começaram a se tornar popular na década de 90 do século XX,

atingindo em na primeira década do século XXI volumes de venda que beiraram 1M de

milhões de unidades dia em 2010 (Intel), de forma que uma grande parte da indústria de

eletroeletrônica hoje esta envolvida, de uma forma ou de outra, com tecnologia digital.

A indústria emprega hoje um grande número de engenheiros e técnicos no desenho,

desenvolvimento, teste e manufatura, instalação e manutenção de equipamentos elétricos e

eletrônicos, tais como equipamentos médicos, dispositivos de comunicação, dispositivos de

navegação, equipamentos de geração e transmissão de energia, entre outros.

No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Eletroeletrônica (Abinee), o setor de

eletroeletrônica, de forma geral, é composto por empresas que fabricam de pen-drive,

geladeiras a torres e pórticos. A lista completa de produtos do setor, e seus respectivos

códigos Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), podem ser encontrados no site da

Abinee (Abinee, 2013).

Em virtude da grande diversidade de linhas de produtos, a Abinee distribui as

indústrias em dez áreas diferentes: Automação Industrial; Componentes Elétricos e

Eletrônicos; Equipamentos Industriais; Geração, Transmissão e Distribuição de Energia

Elétrica; Informática; Material Elétrico de Instalação; Serviço de Manufatura em Eletrônica;

Sistemas Eletroeletrônicos Prediais; Telecomunicações; Utilidades Domésticas.

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A indústria, de uma forma geral, é fortemente dependente de pesquisa e

desenvolvimento (p&d). A dinâmica de mudanças, em alguns setores, é tão veloz e brusca

que empresas com mais de 50 anos de história e bem estabelecidas à 5 anos, como a

Motorola, hoje praticamente não existem mais. O Industrial Research Institute (IRI)

(Industrial Research Institute, 2012), o seu panorama de previsão de tendências, na análise

para investimentos em p&d 2013, sugere que os líderes de P&D tem uma expectativa de

crescimento fraco, porém estável, dos investimentos no setor 2013.

Figura 1 – Sea Change Index para despesas totais de p&d1

No Brasil, a indústria de eletroeletrônica se caracteriza mais pela fabricação,

dependendo da propriedade intelectual e desenvolvimentos externos. Embora os laboratórios

estejam em sua grande maioria no exterior, a indústria, mesmo na fabricação, tem pouca

competitividade e encontra-se fortemente pressionada pelos importados. O resultado da

balança comercial do setor amargou um déficit de US$ 32 bilhões em 2012, praticamente o

mesmo resultado de 2011. É da China que importamos a grande maioria dos itens, cerca de

37,3%. E é para Argentina, que mais exportamos, cerca de 24,3% (Abinee - Decon, 2013).

1 Adaptado de (Industrial Research Institute, 2012)

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Neste cenário, a automação industrial, como forma de aumento de eficiência e

capacidade de competitividade global, torna-se ainda mais importante, vital. Enquanto a

automação ainda é um dos melhores investimentos que fabricantes de várias indústrias podem

fazer, a dinâmica do mercado para os fornecedores de automação permanece extremamente

competitiva e correlacionada a investimentos em indústrias pesadas, como a petroquímica e

automotiva.

Neste relatório, iremos abordar o mercado para Automação Industrial, com maior

ênfase a Controladores Lógicos Programáveis (CLP), por acreditarmos ser uma área da

eletroeletrônica com oportunidades relevantes, tanto para negócios, como para aumento de

eficiência da indústria de Pernambuco e no Brasil.

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2.1 Panorama da Automação Indústrial

Automação industrial  é a aplicação de técnicas, softwares e/ou equipamentos

específicos em uma determinada máquina ou processo industrial, com o objetivo de aumentar

a sua eficiência, maximizar a produção com o menor consumo de energia e/ou matérias

primas, menor emissão de resíduos de qualquer espécie, melhores condições de segurança,

seja material, humana ou das informações referentes a esse processo, ou ainda, de reduzir o

esforço ou a interferência humana sobre esse processo ou máquina. É um passo além da

mecanização, onde operadores humanos são providos de maquinaria para auxiliá-los em seus

trabalhos (Wikipédia, 2013).

Duzentos anos atrás 70%, a força de trabalho americana encontrava-se nas fazendas.

A automação eliminou 99% dos empregos rural, substituindo pessoas e seus animais por

máquinas. Hoje, a automação é largamente aplicada nas mais variadas indústrias e ainda de

uma forma geral, a automação industrial tem sido fundamental para o aumento de

competitividade manufatureira. Dentre as indústrias que mais investem em automação quais

podemos citar:

Agricultura;

Automobilística;

Petróleo e Gás;

Mineração;

Química e Fármacos e;

Alimentos e bebidas.

Entre os dispositivos eletroeletrônicos mais aplicados na automação estão

os computadores ou outros dispositivos capazes de efetuar operações lógicas,

como controladores lógicos programáveis (CPL), microcontroladores, sistema digital de

controle distribuído (SDCD) ou controle numérico computadorizado (CNC) e mais

recentemente, começa-se a observar o emprego de robôs.

A automação industrial é projetada normalmente com controladores lógicos

programáveis de arquitetura microcontrolada e uso específico voltado ao controle de

processos industriais ou máquinas. Estes sistemas são capazes de executar funções avançadas

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como monitoração analógica, controle e controle de movimento de alta velocidade, além de

compartilhar dados em redes de comunicação, permitindo a distribuição de controle e ou a

geração de informes administrativos.

A Automação industrial visa, principalmente, a produtividade, qualidade e segurança

em um processo. Em um sistema típico toda a informação dos sensores é concentrada em um

controlador programável o qual de acordo com o programa em memória define o estado dos

atuadores.

Figura 2 – Exemplo de aplicação de CLP

Uma contribuição adicional importante dos sistemas de Automação Industrial é a

conexão do sistema de supervisão e controle com sistemas corporativos de administração das

empresas. Esta conectividade permite o compartilhamento de dados importantes da operação

diária dos processos, contribuindo para uma maior agilidade do processo decisório e maior

confiabilidade dos dados que suportam as decisões dentro da empresa para assim melhorar a

produtividade.

Um dos elementos mais utilizados em automação industrial é o Controlador Lógico

Programável (CLP). O CLP é um computador de propósito específico, utilizado em

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manufatura discreta, para controlar linhas de montagem, máquinas no chão de fábrica, além

de outros equipamentos mecânicos, elétricos ou eletrônicos na planta. Tipicamente baseado

numa arquitetura RISC e programado em linguagem IEC 61131, o CLP é desenhado para

controle de processos em tempo real, em ambientes industriais. Conectado a sensores e

atuadores, os CLP são classificados de acordo com o número e tipo, e velocidade de

varredura de suas entradas/saídas (E/S).

O CPL é também conhecido com CP ou PLC, da sigla em inglês para Programable

Logic Controller. Foram idealizados pela necessidade de se alterar uma linha de montagem

com poucas modificações elétricas e mecânicas. E utilizados pela primeira vez no final da

década de 60, do século passado, em substituição a redes de relés e temporizadores na linha

de produção da indústria automobilística. A programabilidade do CLP, em contraste com a

inflexibilidade da rede anterior, permitiu que mudanças na linha fossem feitas de forma

consideravelmente mais rápida, agregando flexibilidade e qualidade ao processo produtivo.

Os CPL estão hoje muito difundidos nas áreas de controle de processo e automação

industrial. Em controle de processos, o CLP é utilizado em indústrias do tipo contínuo,

produtoras de líquidos e materiais gasosos e outros produtos como alimentos. Na fabricação

discreta, a aplicação se dá em áreas relacionadas com linhas de montagem, como na indústria

automobilística.

As características principais dos CLP, desde a sua concepção, buscam atender as

seguintes necessidades típicas para orquestração de linhas de produção:

Facilidade de programação;

Facilidade de manutenção (conceito plug-in);

Alta confiabilidade;

Dimensões reduzidas, quando comparadas aos painéis de relês;

Envio de dados para processamento centralizado;

Baixo custo e;

Expansível modularmente.

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As oportunidades de automação não se limitam ao aumento de eficiência em

indústrias de produção discreta ou contínua em áreas urbanizadas. A robotização é uma nova

tendência e também tem se mostrado uma grande oportunidade e forte arma no aumento da

eficiência de várias outras indústrias. Por exemplo, a indústria multibilionária de

fornecimento de plantas ornamentais para empreiteiras civis, um negócio de US$ 11.7 bilhões

de acordo com a USDA, espera por automação faz décadas. A horticultura também, de

acordo com (SMALLEY, 2011) atraiu a atenção de veteranos da indústria de robótica.

Figura 3 – Automação na produção de hortaliças2

As oportunidades na automação com robôs são inúmeras. A indústria hoteleira, por

exemplo, já pode se beneficiar de pequenos autômatos que substituem trabalhadores braçais

na limpeza dos quartos, vidros e fachadas. Já na agricultura, em breve, será possível vermos

máquinas capazes de substituir pessoas até na colheita de frutas.

2 Adaptado de (SMALLEY, 2011)

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Figura 4 – Automação na limpeza de chão3

Uma recente aplicação de robôs deu-se também na automação de centros de

distribuição. Há cerca de um ano, A Amazon (http://www.amazon.com/), uma das maiores

empresas de varejo online, adquiriu a Kiva Systems

(http://www.kivasystems.com/solutions/), uma empresa especializada na automação de

manuseio de materiais em centros de distribuição. A Amazon irá utilizar a tecnologia de

automação de centros de distribuição para aumentar a produtividade fazendo com que robôs

tragam o material até os empregados, para um despacho mais rápido (Amazon.com, Inc.,

2012). Até então, o processo de coletar materiais nas dispensas era coordenado por

computadores e executado por seres humanos. No centro de distribuição da Amazon na

Inglaterra, os funcionários chegavam a percorrer em média 24 Km por dia na coleta de

produtos (O'CONNOR, 2013). Os robôs da Kiva podem ser adicionados à infraestrutura dos

centros existentes com praticamente nenhum custo adicional. A aquisição da Kiva Systems

custou a Amazon aproximadamente US$ 775 milhões em dinheiro.

3 Adaptado de http://www.irobot.com/us/

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Figura 5 – Automação de centros de distribuição4

Tudo indica que o uso de robôs em automação está apenas nos seus primórdios. De

acordo com (KELLY, 2012), os robôs continuarão gradativamente substituindo funções

humanas, sempre quando e onde possível. Um importante passo nessa direção foi dado pela

Rething Robotics (http://www.rethinkrobotics.com), com o lançamento de Baxter (ver).

Baxter é um robô de aparências humanas, fácil de programar e capaz de realizar o movimento

de pinça. É de baixo custo (cerca de US$ 20 mil), quando comparado com outros capazes das

mesmas funções, e ideal para utilizações que requerem tarefas manuais repetitivas.

2.1.1 A Automação Industrial em Pernambuco

Em Pernambuco, temos, no Parqtel, a TRON (http://www.tron-ce.com.br/) fabrica e

distribui dosadores e diluidores para a indústria de alimentos e bebidas. A TRON também

fabrica em Pernambuco equipamentos de automação de menor sofisticação, como

temporizadores, contadores e relês.

4 Adaptado de http://www.kivasystems.com/solutions/system-overview/

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Na linha de automação com robôs, vale a pena destacar a iniciativa Robô Livre

(http://robolivre.org/), que realiza programas de inclusão tecnológica com a robótica em

escolas da cidade.

2.1.2 A Automação Industrial no Brasil

No Brasil, o mercado de automação anda movimentado. A líder nacional em

fabricação de CPL, a Altus Sistemas de Automação S.A. (www.altus.com.br) anunciou em

abril de 2013 a venda 15% de suas participações para o grupo sueco Beijer Electronics

(Beijer Electronics, 2013). As duas empresas já mantinham relações comerciais desde 2004 e

segundo o mesmo comunicado, a Beijer (http://www.beijergroup.com/) tem a opção de elevar

sua participação para até 49%.

Localizada em São Leopoldo-RS, a Altus conta com 300 colaboradores e faturou

cerca de US$ 52 milhões em 2012. Ainda, a Altus conta com uma carteira bastante

diversificada de clientes em diferentes indústrias, como a Petrobrás, Ipiranga (óleo e gás), a

Usiminas, Gerdau (mineração), Marcopolo (automotiva), Light, Cosan, Areva (energia

elétrica) e Infraero (aeroportuária).

Os interesses da Beijer na Altus são claros e foram escritos no press release sobre a

aquisição:

Acesso ao estado da arte de sistemas de controle de alto desempenho;

Experiência industrial em setores estratégicos como o de óleo e gás e produção de

energia;

Criar uma plataforma de vendas dos produtos da Beijer na América Latina;

Oportunidade para direcionar o desenvolvimento de novos produtos de controle para

o mercado global.

O mercado no Brasil é promissor, não se restringindo a indústria de petróleo e gás e

mineração. Outras indústrias características do país, como as de açúcar, etanol e biodiesel tem

cada vez mais utilizados técnicas e equipamentos de automação.

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2.1.3 A Automação Industrial no Mundo

Segundo previsão de analistas da TechNavio o mercado global de automação crescerá

a uma taxa média anual de 9.1% entre os anos de 2011 e 2015 (TechNavio, 2012). Um dos

fatores chave que contribuem para o crescimento contínuo deste mercado são as políticas e

regulações governamentais, como exigências de uso mais efetivo da eletricidade e redução de

perdas.

Desde seus dias iniciais, a automação está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento

de controladores lógicos programáveis e estes tem evoluído significativamente desde a

concepção original. Os principais fabricantes são capazes de oferecer hoje soluções

integradas que podem ser usadas em diversas indústrias e diferentes ambientes. O mercado

em si tem presenciado uma demanda crescente por CLP mais flexíveis e com maior grau

integração. Enquanto a integração reduz significativamente os custos de fabricação e permite

a adoção de CLP por um maior número de indústrias, o alto custo envolvido na mudança de

tecnologia pode limitar as novas concepções apenas a novas instalações industriais.

A despeito da demanda por CLP em plantas industriais, o suporte contínuo de

serviços de engenharia pode limitar o crescimento desta indústria em países em

desenvolvimento, onde a escassez de mão de obra qualificada é notória.

Outra pesquisa da TechNavio (TechNavio, 2012), sobre o mercado de controladores

lógicos programáveis, prevê ainda que este mercado irá atingir a cifra e US$ 11,45 bilhões

em 2014, sendo um dos fatores chave, a necessidade continua das indústrias por maior

eficiência pela da redução do tempo de parada de máquinas.

Os entre os principais fornecedores globais podemos listar Mistsubishi Electric Corp.,

Shneider Electric SA, Siemens AG e Rockwell Automating Inc.

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2.1.4 Análise SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) para a Automação

Industrial em Pernambuco

Figura 6 – Forças e Fraquezas da indústria de PE

Figura 7 – Oportunidades e ameaças para a indústria de PE

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2.2 Macrotendências da Automação Industrial

Praticamente nenhuma empresa escapou da crise econômica iniciada em 2008. A

surpresa neste cenário foi a rapidez com que as empresas fornecedoras de automação

industrial se recuperaram. O crédito, no entanto, vai para a manufatura, que a níveis globais,

continuou desempenhando bem. Enquanto o ocidente e as economias desenvolvidas

amargavam desaceleração, o oriente e os países emergentes continuaram crescendo.

No Brasil, um exemplo vivo é a indústria automobilística. A redução do imposto

sobre produtos industrializados (IPI), somado ao aumento de crédito, fez com que o

crescimento desta indústria passasse incólume pelas crises econômicas recentes. Atualmente,

a indústria automotiva representa mais de 5% do PIB do Brasil e mais de 22% do PIB

industrial (Brasil, 2010).

Figura 8 – Crescimento da frota de veículos no Brasil5

Do ponto de vista dos fornecedores de automação, houve um deslocamento de

demanda, porém a nível global, a necessidade da indústria, permaneceu praticamente

constante.

5 Adaptado de (Moreira, 2012)

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Mais para perto, em Pernambuco, três grandes complexos industriais constituem

oportunidade ímpar para a venda de equipamentos e serviços de automação industrial. E para

onde apontar os investimentos nestes complexos, apontarão os investimentos em automação:

Complexo de Suape

Os números de Suape são de ordem de magnitude gigantescos. Com 32 anos de

existência, o Complexo Industrial de Suape, vive seu melhor momento, consolidando-se

como o maior e melhor polo de investimentos do Brasil. Suape contribuiu decisivamente para

o crescimento do PIB do Estado e para a geração de 46,7 mil novos empregos (Valor

Economico, 2010).

O local é um grande canteiro de obras, com mais de 100 empresas instaladas e outras

46 em vias de instalação. Até 2006, o total de investimentos privados somava cerca de US$

2,18 bilhões, e 6 mil novos postos de trabalho. Em três anos, este número deu um salto e

atingiram US$ 17 bilhões, gerando 30 mil novos empregos. Os investimentos públicos

somaram até o final de 2010 US$ 1,4 bilhão, para a construção de, entre outras, novos cais,

píeres e estradas para dar suporte a este crescimento.

A maré continua favorável ao desenvolvimento do polo. Após a instalação do

Estaleiro Atlântico Sul em Suape, novos investidores do setor naval decidiram implantar

unidades no porto. Serão cinco novos estaleiros: Construcap, Alusa/Galvão Engenharia,

Tomé/Schahin, MPG Shipyards e STX Europe que somam mais US$ 1,2 bilhão em

investimentos e geração de mais 20 mil novos empregos.

Refinaria de Abreu e Lima

As obras da refinaria iniciaram em setembro de 2007 com a operação de

terraplenagem. Há 27 anos sem construir uma nova refinaria, o projeto é para a Petrobrás um

marco na retomada dos investimentos na indústria de refino no país. O foco da unidade

deverá ser a produção de óleo diesel, para suprir a necessidade de crescimento da região. Mas

Page 19: Tendências de mercado para automação industrial

a nafta petroquímica, gás liquefeito de petróleo (GLP) e coque de petróleo também serão

produtos processados em Abreu e Lima (Saraiva, 2010).

Em dezembro de 2010, já haviam sido assinados contratos somando um total de R$

8,9 bilhões para os serviços necessários à construção da refinaria.

Fábrica de Automóveis da FIAT

A terraplanagem nem terminou, e a futura fábrica da Fiat, prevista para 2015, já muda

a rotina de Goiana, cidade da zona da mata de Pernambuco sustentada pela cultura de cana-

de-açúcar.

As obras começaram em setembro. Quando pronta, a fábrica deverá empregar 7000

trabalhadores (FIAT, 2012).

A Fiat está investindo R$ 5,1 bilhões na unidade, onde serão produzidos até 250 mil

veículos por ano. A área tem 1.400 hectares e é cercada de canaviais. As operações só devem

começar em 2015.

Além da Fiat, outras 14 fábricas fornecedoras devem formar um polo automotivo em

Goiana, composto ainda por centro de treinamento, centro de pesquisa, pista de testes e

campo de provas.

Page 20: Tendências de mercado para automação industrial

2.3 Recomendações às Empresas de Eletroeletrônica de Pernambuco

Os investimentos em indústrias de manufatura pesada em Pernambuco são um

excelente indicador do potencial de mercado para a indústria de automação. A experiência e

capacidade existente no ParqTel na fabricação de computadores (Elcoma), painéis elétricos

(Neivas) e Dosadores (TRON), habilitam as empresas do parque a pleitearem um espaço

maior no fornecimento de equipamentos e dispositivos para as indústrias que irão popular os

três polos industriais do estado (Complexo de Suape, Refinaria de Abreu e Lima e Complexo

de Goiana).

A Elcoma possui os canais, acesso a fornecedores, na Ásia para encomendar

Completely Knock-Down (CKD) ou Semi Knock-Down (SKD) partes, montar e entregar

CLP para os polos de desenvolvimento industrial de Pernambuco. Os dosadores da TRON já

são uma espécie de CLP, especifico em seu propósito, mas potencialmente generalizáveis

para outras aplicações de automação de menor complexidade. A Neivas tem o potencial de

incluir em seu conjunto de produtos, a gestão dos processos de automação com CPLs,

ampliando sua participação, através dos parceiros, num mercado no qual só atua com

gabinetes.

Uma potencial oportunidade é o uso de hardwares de fonte aberta, como o Arduíno

(http://www.arduino.cc/), ou Libelium (http://www.libelium.com/), para prototipação e

desenvolvimento de aplicações de automação em mercados ou nichos menos exigentes ou

sofisticados. Equipamentos de baixo custo, menos sofisticados, que os atuais podem

popularizar a automação em áreas nunca antes pesadas de empresas e complexos comerciais

e ou industriais.

No médio prazo, para que as empresas não se tornem apenas fornecedoras de

hardware, serem copiadas ou substituídas por similares fabricados na Ásia, e possam atuar

em elos da cadeia de automação com maior margem, é necessário que invistam em

capacitação e treinamento de projeto e programação de controladores lógicos programáveis.

Os CLPs são controladores genéricos, exigem o entendimento do propósito da automação ao

qual irão servir e uma programação, um projeto. As empresas que almejarem entrar neste

Page 21: Tendências de mercado para automação industrial

mercado, e se diferenciar, deverão capacitar-se para prestar o serviço, de recomendação de

equipamento, a programação e manutenção do mesmo.

A outra forte tendência em automação, em vários setores, aponta na direção do uso

cada vez maior de robôs. Diferente da automação de processos industriais com CLP, o uso de

robôs na automação é muito mais recente. Neste aspecto há uma oportunidade muito maior

para inovações radicais, como os homebots da iRobot (http://www.irobot.com/us/) ou o

Baxter (http://www.rethinkrobotics.com/). As empresas que se interessarem por esta área de

automação, deveriam se associar, ou ao menos acompanhar mais de perto, iniciativas como o

Robô Livre (http://robolivre.org/), a fim de se preparação para o médio e longo prazo.

Sugerimos ainda, as seguintes questões para futuros trabalhos e acompanhamento das

empresas do Parqtel:

Qual o tamanho do mercado de automação industrial em Pernambuco e como crescerá

nos próximos anos?

Como explorar as oportunidades existentes?

Como e onde é feita a escolha dos fornecedores de automação nos principais polos

industriais?

O que a proximidade física com estes polos trás de vantagem competitiva real para as

empresas do ParqTel?

Faz sentido a criação de uma empresa de propósito específico das empresas

embarcadas no ParqTel interessadas em explorar este mercado?

Como suprir a necessidade de mão de obra especializada? A Universidade de

Pernambuco (UPE) é um potencial parceiro?

Page 22: Tendências de mercado para automação industrial

3 Conclusão

Neste relatório, abordamos o mercado para Automação Industrial, com maior ênfase a

Controladores Lógicos Programáveis (CLP), por acreditarmos ser uma área da

eletroeletrônica com oportunidades relevantes, tanto para negócios, como para aumento de

eficiência da indústria de Pernambuco e no Brasil.

Uma vez que automação industrial é  a aplicação de técnicas, softwares e/ou

equipamentos específicos em uma determinada máquina ou processo industrial, com o

objetivo de aumentar a sua eficiência e maximizar a produção, e considerando que a

automação industrial é um mercado potencial, no médio prazo, as empresas que não se

adequarem e forem apenas fornecedoras de hardware ou que não invistirem em capacitação e

treinamento de projeto e programação de controladores lógico (CPL), deverão ser copiadas

ou substituídas por similares fabricados na Ásia. Assim, as empresas que almejarem entrar

neste mercado, e se diferenciar, deverão capacitar-se para prestar o serviço, de recomendação

de equipamento, a programação e manutenção do mesmo.

Neste contexto, consideramos que a experiência e capacidade existente no ParqTel na

fabricação de computadores, painéis elétricos e Dosadores, habilita as empresas do parque a

pleitearem um espaço maior no fornecimento de equipamentos e dispositivos para as

indústrias que irão popular os três polos industriais do estado: Complexo de Suape, Refinaria

de Abreu e Lima e Complexo de Goiana.

Page 23: Tendências de mercado para automação industrial

4 Referências

Abinee - Decon. (Março de 2013). Desempenho Setorial. Acesso em 04 de Abril de

2013, disponível em Abinee - Decon: http://www.abinee.org.br/abinee/decon/decon15.htm

Abinee. (15 de Janeiro de 2013). Lista de Produtos do Setor Eletroeletronico. Acesso

em 28 de Abril de 2013, disponível em Abinee:

www.abinee.org.br/informac/arquivos/lprod.pdf

Amazon.com, Inc. (19 de Março de 2012). Amazon.com to Acquire Kiva Systems, Inc.

Acesso em 11 de Maio de 2013, disponível em Amazon.com:

http://phx.corporate-ir.net/phoenix.zhtml?c=176060&p=RssLanding&cat=news&id=1674133

Beijer Electronics. (04 de Abril de 2013). Beijer Electronics has today acquired a

minority stake in Altus Sistemas de Automação S.A. from Brazil. Acesso em 10 de Maio de

2013, disponível em Beijer Electronics:

http://www.beijergroup.com/web/web_en_corp_com.nsf/docsbycodename/

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