Tempo Presente de 02-06-2014

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OPINIÃO SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 2/6/2014 A2 opiniao @grupoatarde.com.br Os artigos assinados publicados nas páginas A2 e A3 não expressam necessariamente a opinião de A TARDE. Participe desta página: e-mail: [email protected] Cartas: Redação de A TARDE/Opinião - R. Professor Milton Cayres de Brito, 204, Caminho das Árvores, Salvador-BA, CEP 41822-900 ESPAÇO DO LEITOR Ladeiras do Calabar Não é de hoje que as ladeiras que cruzam e cortam os dois mundos, Calabar e Jardim Api- pema (ladeiras das ruas Nita Costa e Ranulfo Oliveira/Manoel Espinheira), precisam de uma intervenção eficiente da engenharia de trânsito. Acontece que, hoje, com a explosão completamente acéfala do mercado imobi- liário, tais intervenções são absolutamente urgentes e essenciais para que os seres hu- manos que ali habitam possam continuar transitando. E não me refiro aos seres hu- manos montados em seus carros imensos e celulares em punho, pois esses passam por cima e nem veem. Me refiro aos seres hu- manos que andam a pé, os moradores do Calabar, que diariamente são expostos a imensos riscos, já que não existe calçada em ambas as ladeiras e as pessoas são literal- mente jogadas e imprensadas no muro de contenção pelos carros a subir e descer in- cessantemente. MARIA BEATRIZ, MARIABEA- [email protected] Ciclovia X sinaleira em Piatã Próximo à sinaleira em frente ao Habbibs, está localizada a transição da ciclovia (passeio-as- falto) onde têm acontecido várias colisões de veículos com a proteção da mesma. Sugiro deslocar o trecho da ciclovia sobre o passeio até a barraca de coco, onde seria localizada a transição com a devida proteção, e aumen- tando-se a faixa sinalizada em mais 60 me- tros. NEWTON SOUZA, [email protected] Meios-fios Estão sendo colocados meios-fios no trecho que vai do Centro de Treinamento de Líderes até a entrada do hotel Catussaba, em uma rua de mão dupla, em Stella Maris, mas não dei- xam acostamento. Não seria bom prever este espaço para alguma eventualidade? PAULO CRUZ, [email protected] Projeto politico Diz o ex-presidente Lula que o projeto de governo do PT é de vinte anos. Agora entendo o porquê! Saquear os cofres públicos por vinte anos é mais do que o bastante para que os petistas se tornem as novas elites ou "zelites" do Brasil. Mas por que vinte anos? Agora en- tendo. Se o PT ficar mais quatro anos, com- plementa os vinte anos precisos para tal. Por- que o PT vai nomear mais cinco ministros do STF. A lógica petista é nomear ministros novos em idade e fiéis ao petismo. Ficaremos mais ou menos trinta anos com a maior corte da justiça nacional totalmente dominada. Eles já têm um representante com esse perfil lá. So- mando-se aos mais cinco, formam-se seis. Resultado: maioria. Ou seja, todos os mal- feitos petistas jamais serão apurados e con- denados. É a garantia da impunidade. Garante a segurança de seus filhos, netos, bisnetos e por outras gerações. CARLOS ALBERTO RI- BEIRO, [email protected] Greve A greve é o momento agudo da relação capital X trabalho, onde a classe trabalhadora usa deste método para rever o valor da sua força de trabalho. Usada na transformação da ma- téria-prima caracterizada no meio de pro- dução, lembrando que historicamente o tra- balhador não é proprietário do resultado final da produção. Já o capital pertence em todo caso a um determinado grupo que investe na aquisição de matéria-prima e pagamento do salário como forma de comprar o tempo e a força de trabalho do operário . EDMILSON SALES SANTOS, [email protected] Brasil em perigo Referente à nota constante na edição de 25-05-14, o tema levantado pelo Sr. Ricardo Pereira de Miranda (em 1.989, a 76ª Confe- rência Internacional do Trabalho adotou a Convenção nº 169, que altera a denominação de população indígena para a de povos in- dígenas) é realmente de muita importância para o pais. Portanto, é necessário que os governantes tomem conhecimento. Sugere ele, ainda mais, que seja tomada uma posição pelo Congresso Nacional ou Judiciário, antes do prazo de 24 de julho próximo. FRANCISCO CELSO, [email protected] Vergonha nacional Se os políticos se envergonhassem para não envergonhar o país, certamente teríamos uma justiça com mais equidade, sendo eles os pri- meiros a apurar os delitos praticados por seus pares, o pessoal do colarinho branco e a gama de espertalhões instalados por este Brasil afora. Instalaram uma Comissão Parlamentar de In- quérito que está provocando um espetáculo (circense), convocando para depor, em um ple- nário vazio, presumíveis responsáveis que se desdizem desavergonhadamente, para nada apurar, nada esclarecer, tampouco condenar, seguindo à risca os ditames do Executivo e seus próprios interesses. A indiferença e o desapreço contaminam outros poderes, onde ministros libertam delinquentes perigosos que maculam a justiça e causam danos à sociedade. Gover- nador que não se intimida e não se sente cons- trangido ao ser preso; outro em escolha espúria para cargos importantes e vitalícios, despre- zando requisitos essenciais: contábeis, econô- micos, financeiros, jurídicos ou de adminis- tração pública, em prol de políticos em marcha acelerada para o ostracismo. Pobre República! Completamente contaminada. JOSÉ HOLLY MENDES VIEIRA [email protected] Emiliano José Jornalista e escritor [email protected] H á campos de conhecimento que se estranham, como se o diálogo entre eles fosse impossível. A As- sociação de Psicanálise da Bahia parece disposta a quebrar essas barreiras ima- ginárias, e por isso acabei convidado a fazer uma palestra sobre “Psicanálise e política”. Meu amigo, o psicanalista Cláu- dio Carvalho, um dos dirigentes da en- tidade, presidida pela psicanalista e psi- copedagoga Anabel Guillén, foi o autor primeiro do convite, referendado pela associação. O encontro aconteceu no dia 26 de maio, à noite, e foi uma expe- riência única. Era muito escassa a possibilidade de que eu pudesse fazer uma discussão teórica em torno do enlace entre psicanálise e política. Reclamaria um conhecimento especializa- do, do que obviamen- te me ressinto, espe- cialmente quanto à psicanálise. Adiantei um ponto de vista: não há ninguém no mundo sem posição política. Parece uma obviedade, e é, mas necessária de ser lem- brada, sempre. Nin- guém escapa da con- dição de ser político, em sentido amplo, mesmo o psicanalista, embora aqui e ali ouça que este não deva ter posição política. Lembro-me de psicanalistas argentinos obrigados a sair da Argentina às pressas quando a ditadura se abateu sobre o país. Certamente, isso não ocorreu apenas pela estrita prática psicanalítica deles, mas por- que tinham posições políticas claras, o que não os impedia de tratar da singularidade de cada um de seus pacientes, das dores da alma de cada um, tivessem tais pacientes a posição política que tivessem. Não foi isso principalmente que norteou a minha fala e o debate naquela noite. Meu lugar de fala era o da política, e política nas condições concretas do Brasil. Recordei minha condição de sobrevi- vente. De quem não pode desconhecer as dores de uma experiência-limite da exis- tência, aquela em que o ser humano é colocado diante de torturas brutais. Não escondi, não escondo: as feridas persis- tem abertas, que uma ditadura deixa marcas para sempre, não apenas no cor- po, já desaparecidas, mas, sobretudo, na alma. Mas, disse: a política me mantém de pé, me mantém cheio de esperança, me mantém na luta para mudar o mun- do. A ditadura me feriu. Não me destruiu. E o bálsamo para seguir de pé foi e é a política. E passei a falar de nossas contradições. Evidenciei o que a política foi capaz de fazer nestes últimos quase 12 anos, ine- gavelmente a maior transformação so- cial que o Brasil já experimentou. Mi- lhões de pessoas, antes na invisibilidade quase completa, coisa de 50 milhões que vivem hoje do Bolsa Família, tornaram-se visíveis, ganharam a condição cidadã. Houve um conjunto de políticas que fa- voreceu, sobretudo, os mais pobres. O país tem a oportunidade de fazer um grande encontro entre classes sociais di- versas, sem que isso elimine os conflitos entre elas, mediados pela política, sem- pre civilizatória. O assustador, simultaneamente a esse milagre da política, e Hannah Arendt fala no milagre da ação humana através da política, é assistir ao afloramento osten- sivo, pelas redes sociais e pela prática nas ruas, de um impressionante ódio aos po- bres, aos negros, às mulheres, aos ho- mossexuais, aos imi- grantes. Lembrei de Pepe Mujica, presi- dente do Uruguai, di- zendo que o essen- cial nesta fase de luta por mudanças no mundo é a luta cul- tural, e cada vez mais creio nessa sabedo- ria, nessa visão tipi- camente gramsciana. Não basta a modifi- cação nas condições materiais de existên- cia, embora isso seja ponto de partida. De onde vem tanto ódio? Uma boa pista seriam os nossos quase 400 anos de escravidão. Ainda são poderosas as mar- cas daqueles quatro séculos. Ainda há os saudosos da Casa-Grande, há os que cul- tivam o espírito senhorial. Os que ado- rariam ter pobres à disposição, perma- necer na zona de conforto em que sem- pre estiveram. Não ter que dividir espaço com intrusos, como recentemente tem ocorrido em aviões, shoppings, restau- rantes, antes espaços reservados a al- guns. Ter empregadas domésticas como se escravas fossem. Esse tempo não volta mais. Mas o ódio, com sua carga explo- siva, às vezes assassina, perigosamente tem mostrado a cara. Resta contê-lo. Pela política, pelo encontro fraterno de di- ferentes. EMILIANO JOSÉ ESCREVE 2ª-FEIRA, QUINZENALMENTE A política me mantém de pé, me mantém cheio de esperança, me mantém na luta para mudar o mundo. A ditadura me feriu. Não me destruiu Comprou mas não levou O projeto de construção de uma nova sede para o Sebrae, que deixaria o prédio na Ave- nida Carlos Gomes e mudaria para a Avenida Tancredo Neves, vai ter que esperar pela solução de problemas relacionados ao ter- reno. A área comprada por R$ 10 milhões deveria medir 2,5 mil metros, porém mede apenas 1,8 mil. O restante é área pública. Segundo o presidente do Sebrae, Edival Pas- sos, o problema existe e está sendo traba- lhado. – Nós estamos finalizando o projeto e bus- cando que o proprietário complemente de um terreno vizinho a área que falta – diz. O processo está na justiça desde o ano pas- sado. Definição no Solidariedade Hoje é dia de definição na executiva estadual do Solidariedade, que está dividido entre o apoio ao pré-candidato governista Rui Costa (PT), defendido pelo deputado Marcos Me- drado, ou ao oposicionista Paulo Souto (DEM), que conta com o apoio do deputado Arthur Maia. Na quarta é a vez da executiva nacional bater o martelo. Já que os dois lados acreditam ter o controle do partido na Bahia, o jeito será esperar para ver em que direção a balança vai pender. Resposta sensata Interessante a posição do petista Carlos Mar- tins, coordenador da campanha de Rui Costa (PT) ao governo do estado em relação à pes- quisa do Ibope na semana passada. Ele parece ter sido o único na primeira linha a tratar do assunto sem questionar a seriedade da pesquisa. Martins resistiu à resposta rápida, dada por Rui no twitter, e à insinuação do vice-go- vernador Otto Alencar em relação à contra- tação do levantamento pelo grupo de comu- nicação que tem ligações com o prefeito ACM Neto (DEM). – Reflete apenas um momento – disse. Lembrete Durante a cerimônia de entrega de cisternas e barreiros em Serrinha, um dos agricultores discursou e agradeceu emocionado o bene- fício. O governador Jaques Wagner, que ouvia atentamente as palavras, correu e cochichou algo no ouvido do orador, que em seguida retomou o discurso: – Eu ia esquecendo, mas o governador me ajudou a lembrar. Não posso deixar de agra- decer à presidente Dilma, que fez isso pela gente. Herança maldita A Prefeitura de Amargosa foi acionada pelo Ministério Público do Trabalho para pagar uma conta de quase R$ 10 milhões por su- postas irregularidades em contratos e pela ausência de prestação de contas em convê- nios. De acordo com as denúncias ao MPT, feitas por um grupo de vereadores, os problemas teriam acontecido na gestão do ex-prefeito Valmir Sampaio (PT), que chegou a ter as contas de 2011 reprovadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios e outras aprovadas com ressalvas. Entre as denúncias estão de trabalhadores sem processos seletivos e de serviços sem licitação. O ex-prefeito não foi localizado para comentar o assunto. Vai para o chão A Ebal decidiu mesmo demolir a loja da Cesta do Povo de Cajazeiras X, uma das que foram saqueadas e depredadas durante a última pa- ralisação da Polícia Militar. O serviço será tocado pela Infinity Cons- trutora, que foi contratada por R$ 148 mil, com dispensa de licitação, para colocar o prédio no chão e limpar a área. Surpresa Pelo menos para alguns trabalhadores da Bar- ramar o anúncio de problemas financeiros era novidade. Na última sexta-feira, um cobrador dizia a passageiros que os salários estavam em dia e que a garagem da empresa recebeu na última semana 12 veículos novos. . O Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), em parceria com a Multipla Difusão do Conhecimento, realiza hoje, das 8 às 19 ho- ras, no Bahia Othon Palace, o seminário Fundamentos Jurídicos do IPTU. A abertura do evento será feita pelo ministro do Su- premo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. O prefeito ACM Neto (DEM) participa de um painel. COLABORARAM ADILSON BORGES E FERNANDO DUARTE Donaldson Gomes Jornalista [email protected] TEMPO PRESENTE Psicanálise e política Editor Jary Cardoso www.atarde.com.br/politica/noticias www.atarde.com.br/copa/galeria DESTAQUES DO PORTAL A TARDE Seleção Brasileira treina para a Copa do Mundo. Veja imagens Dilma diz que torcedores serão recebidos sem violência Marcelo Regua / Reuters Neymar agarra Bruna Marquezine no treino

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OPINIÃOSALVADOR SEGUNDA-FEIRA 2/6/2014A2

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Os artigos assinados publicados nas páginas A2 e A3 não expressam necessariamente a opinião de A TARDE.Participe desta página: e-mail: [email protected]: Redação de A TARDE/Opinião - R. Professor Milton Cayres de Brito, 204, Caminho das Árvores, Salvador-BA, CEP 41822-900

ESPAÇO DO LEITORLadeiras do Calabar

Não é de hoje que as ladeiras que cruzam ecortam os dois mundos, Calabar e Jardim Api-pema (ladeiras das ruas Nita Costa e RanulfoOliveira/Manoel Espinheira), precisam deuma intervenção eficiente da engenharia detrânsito. Acontece que, hoje, com a explosãocompletamente acéfala do mercado imobi-liário, tais intervenções são absolutamenteurgentes e essenciais para que os seres hu-manos que ali habitam possam continuartransitando. E não me refiro aos seres hu-manos montados em seus carros imensos ecelulares em punho, pois esses passam porcima e nem veem. Me refiro aos seres hu-manos que andam a pé, os moradores doCalabar, que diariamente são expostos aimensos riscos, já que não existe calçada emambas as ladeiras e as pessoas são literal-mente jogadas e imprensadas no muro decontenção pelos carros a subir e descer in-cessantemente. MARIA BEATRIZ, [email protected]

Ciclovia X sinaleira em PiatãPróximoàsinaleiraemfrenteaoHabbibs,estálocalizada a transição da ciclovia (passeio-as-falto) onde têm acontecido várias colisões deveículos com a proteção da mesma. Sugirodeslocar o trecho da ciclovia sobre o passeioaté a barraca de coco, onde seria localizada atransição com a devida proteção, e aumen-tando-se a faixa sinalizada em mais 60 me-tros. NEWTON SOUZA, [email protected]

Meios-fiosEstão sendo colocados meios-fios no trechoque vai do Centro de Treinamento de Líderesaté a entrada do hotel Catussaba, em uma ruade mão dupla, em Stella Maris, mas não dei-xam acostamento. Não seria bom prever esteespaço para alguma eventualidade? PAULOCRUZ, [email protected]

Projeto politicoDiz o ex-presidente Lula que o projeto degoverno do PT é de vinte anos. Agora entendoo porquê! Saquear os cofres públicos por vinteanos é mais do que o bastante para que ospetistas se tornem as novas elites ou "zelites"do Brasil. Mas por que vinte anos? Agora en-tendo. Se o PT ficar mais quatro anos, com-plementa os vinte anos precisos para tal. Por-que o PT vai nomear mais cinco ministros doSTF. A lógica petista é nomear ministros novosem idade e fiéis ao petismo. Ficaremos maisou menos trinta anos com a maior corte dajustiça nacional totalmente dominada. Eles játêm um representante com esse perfil lá. So-mando-se aos mais cinco, formam-se seis.Resultado: maioria. Ou seja, todos os mal-feitos petistas jamais serão apurados e con-denados. É a garantia da impunidade. Garantea segurança de seus filhos, netos, bisnetose por outras gerações. CARLOS ALBERTO RI-BEIRO, [email protected]

GreveA greve é o momento agudo da relação capitalX trabalho, onde a classe trabalhadora usadeste método para rever o valor da sua forçade trabalho. Usada na transformação da ma-téria-prima caracterizada no meio de pro-dução, lembrando que historicamente o tra-balhador não é proprietário do resultado finalda produção. Já o capital pertence em todocaso a um determinado grupo que investe naaquisição de matéria-prima e pagamento dosalário como forma de comprar o tempo e aforça de trabalho do operário . EDMILSONSALES SANTOS, [email protected]

Brasil em perigoReferente à nota constante na edição de25-05-14, o tema levantado pelo Sr. RicardoPereira de Miranda (em 1.989, a 76ª Confe-rência Internacional do Trabalho adotou aConvenção nº 169, que altera a denominaçãode população indígena para a de povos in-dígenas) é realmente de muita importânciapara o pais. Portanto, é necessário que osgovernantes tomem conhecimento. Sugereele, ainda mais, que seja tomada uma posiçãopelo Congresso Nacional ou Judiciário, antesdo prazo de 24 de julho próximo. FRANCISCOCELSO, [email protected]

Vergonha nacionalSe os políticos se envergonhassem para nãoenvergonhar o país, certamente teríamos umajustiça com mais equidade, sendo eles os pri-meiros a apurar os delitos praticados por seuspares, o pessoal do colarinho branco e a gamade espertalhões instalados por este Brasil afora.Instalaram uma Comissão Parlamentar de In-quérito que está provocando um espetáculo(circense), convocando para depor, em um ple-nário vazio, presumíveis responsáveis que sedesdizem desavergonhadamente, para nadaapurar, nada esclarecer, tampouco condenar,seguindo à risca os ditames do Executivo e seuspróprios interesses. A indiferença e o desapreçocontaminam outros poderes, onde ministroslibertam delinquentes perigosos que maculama justiça e causam danos à sociedade. Gover-nador que não se intimida e não se sente cons-trangido ao ser preso; outro em escolha espúriapara cargos importantes e vitalícios, despre-zando requisitos essenciais: contábeis, econô-micos, financeiros, jurídicos ou de adminis-tração pública, em prol de políticos em marchaacelerada para o ostracismo. Pobre República!Completamente contaminada. JOSÉ HOLLYMENDES VIEIRA [email protected]

Emiliano JoséJornalista e escritor

[email protected]

H á campos de conhecimento quese estranham, como se o diálogoentre eles fosse impossível. A As-

sociação de Psicanálise da Bahia parecedisposta a quebrar essas barreiras ima-ginárias, e por isso acabei convidado afazer uma palestra sobre “Psicanálise epolítica”. Meu amigo, o psicanalista Cláu-dio Carvalho, um dos dirigentes da en-tidade, presidida pela psicanalista e psi-copedagoga Anabel Guillén, foi o autorprimeiro do convite, referendado pelaassociação. O encontro aconteceu no dia26 de maio, à noite, e foi uma expe-riência única.

Era muito escassa a possibilidade de queeu pudesse fazer uma discussão teórica emtorno do enlace entre psicanálise e política.Reclamaria um conhecimento especializa-do, do que obviamen-te me ressinto, espe-cialmente quanto àpsicanálise. Adianteium ponto de vista:não há ninguém nomundo sem posiçãopolítica. Parece umaobviedade, e é, masnecessária de ser lem-brada, sempre. Nin-guém escapa da con-dição de ser político,em sentido amplo,mesmo o psicanalista,embora aqui e ali ouçaque este não deva terposição política.

Lembro-me de psicanalistas argentinosobrigados a sair da Argentina às pressasquando a ditadura se abateu sobre o país.Certamente, isso não ocorreu apenas pelaestrita prática psicanalítica deles, mas por-que tinham posições políticas claras, o quenão os impedia de tratar da singularidadede cada um de seus pacientes, das dores daalma de cada um, tivessem tais pacientesa posição política que tivessem. Não foi issoprincipalmente que norteou a minha falae o debate naquela noite. Meu lugar de falaera o da política, e política nas condiçõesconcretas do Brasil.

Recordei minha condição de sobrevi-vente. De quem não pode desconhecer asdores de uma experiência-limite da exis-tência, aquela em que o ser humano écolocado diante de torturas brutais. Nãoescondi, não escondo: as feridas persis-tem abertas, que uma ditadura deixamarcas para sempre, não apenas no cor-

po, já desaparecidas, mas, sobretudo, naalma. Mas, disse: a política me mantémde pé, me mantém cheio de esperança,me mantém na luta para mudar o mun-do. A ditadura me feriu. Não me destruiu.E o bálsamo para seguir de pé foi e é apolítica.

E passei a falar de nossas contradições.Evidenciei o que a política foi capaz defazer nestes últimos quase 12 anos, ine-gavelmente a maior transformação so-cial que o Brasil já experimentou. Mi-lhões de pessoas, antes na invisibilidadequase completa, coisa de 50 milhões quevivem hoje do Bolsa Família, tornaram-sevisíveis, ganharam a condição cidadã.Houve um conjunto de políticas que fa-voreceu, sobretudo, os mais pobres. Opaís tem a oportunidade de fazer umgrande encontro entre classes sociais di-versas, sem que isso elimine os conflitosentre elas, mediados pela política, sem-pre civilizatória.

O assustador, simultaneamente a essemilagre da política, e Hannah Arendt falano milagre da ação humana através dapolítica, é assistir ao afloramento osten-sivo, pelas redes sociais e pela prática nasruas, de um impressionante ódio aos po-

bres, aos negros, àsmulheres, aos ho-mossexuais, aos imi-grantes. Lembrei dePepe Mujica, presi-dente do Uruguai, di-zendo que o essen-cial nesta fase de lutapor mudanças nomundo é a luta cul-tural, e cada vez maiscreio nessa sabedo-ria, nessa visão tipi-camente gramsciana.Não basta a modifi-cação nas condiçõesmateriais de existên-cia, embora isso seja

ponto de partida.De onde vem tanto ódio? Uma boa

pista seriam os nossos quase 400 anos deescravidão. Ainda são poderosas as mar-cas daqueles quatro séculos. Ainda há ossaudosos da Casa-Grande, há os que cul-tivam o espírito senhorial. Os que ado-rariam ter pobres à disposição, perma-necer na zona de conforto em que sem-pre estiveram. Não ter que dividir espaçocom intrusos, como recentemente temocorrido em aviões, shoppings, restau-rantes, antes espaços reservados a al-guns. Ter empregadas domésticas comose escravas fossem. Esse tempo não voltamais. Mas o ódio, com sua carga explo-siva, às vezes assassina, perigosamentetem mostrado a cara. Resta contê-lo. Pelapolítica, pelo encontro fraterno de di-ferentes.

EMILIANO JOSÉ ESCREVE 2ª-FEIRA, QUINZENALMENTE

A política memantém de pé,me mantém cheiode esperança,me mantémna luta paramudar o mundo.A ditadura me feriu.Não me destruiu

Comprou mas não levouO projeto de construção de uma nova sedepara o Sebrae, que deixaria o prédio na Ave-nida Carlos Gomes e mudaria para a AvenidaTancredo Neves, vai ter que esperar pelasolução de problemas relacionados ao ter-reno.

A área comprada por R$ 10 milhões deveriamedir 2,5 mil metros, porém mede apenas 1,8mil.

O restante é área pública.Segundo o presidente do Sebrae, Edival Pas-

sos, o problema existe e está sendo traba-lhado.

– Nós estamos finalizando o projeto e bus-cando que o proprietário complemente de umterreno vizinho a área que falta – diz.

O processo está na justiça desde o ano pas-sado.

Definição no SolidariedadeHoje é dia de definição na executiva estadualdo Solidariedade, que está dividido entre oapoio ao pré-candidato governista Rui Costa(PT), defendido pelo deputado Marcos Me-drado, ou ao oposicionista Paulo Souto (DEM),que conta com o apoio do deputado ArthurMaia.

Na quarta é a vez da executiva nacionalbater o martelo.

Já que os dois lados acreditam ter o controledo partido na Bahia, o jeito será esperar paraver em que direção a balança vai pender.

Resposta sensataInteressante a posição do petista Carlos Mar-tins, coordenador da campanha de Rui Costa(PT) ao governo do estado em relação à pes-quisa do Ibope na semana passada.

Ele parece ter sido o único na primeira linhaa tratar do assunto sem questionar a seriedadeda pesquisa.

Martins resistiu à resposta rápida, dada porRui no twitter, e à insinuação do vice-go-vernador Otto Alencar em relação à contra-tação do levantamento pelo grupo de comu-nicação que tem ligações com o prefeito ACMNeto (DEM).

– Reflete apenas um momento – disse.

LembreteDurante a cerimônia de entrega de cisternase barreiros em Serrinha, um dos agricultoresdiscursou e agradeceu emocionado o bene-fício.

O governador Jaques Wagner, que ouviaatentamente as palavras, correu e cochichoualgo no ouvido do orador, que em seguidaretomou o discurso:

– Eu ia esquecendo, mas o governador meajudou a lembrar. Não posso deixar de agra-decer à presidente Dilma, que fez isso pelagente.

Herança malditaA Prefeitura de Amargosa foi acionada peloMinistério Público do Trabalho para pagaruma conta de quase R$ 10 milhões por su-postas irregularidades em contratos e pelaausência de prestação de contas em convê-nios.

De acordo com as denúncias ao MPT, feitaspor um grupo de vereadores, os problemasteriam acontecido na gestão do ex-prefeitoValmir Sampaio (PT), que chegou a ter ascontas de 2011 reprovadas pelo Tribunal deContas dos Municípios e outras aprovadascom ressalvas.

Entre as denúncias estão de trabalhadoressem processos seletivos e de serviços semlicitação. O ex-prefeito não foi localizado paracomentar o assunto.

Vai para o chãoA Ebal decidiu mesmo demolir a loja da Cestado Povo de Cajazeiras X, uma das que foramsaqueadas e depredadas durante a última pa-ralisação da Polícia Militar.

O serviço será tocado pela Infinity Cons-trutora, que foi contratada por R$ 148 mil, comdispensa de licitação, para colocar o prédio nochão e limpar a área.

SurpresaPelo menos para alguns trabalhadores da Bar-ramaroanúnciodeproblemasfinanceiroseranovidade.

Na última sexta-feira, um cobrador dizia apassageiros que os salários estavam em dia eque a garagem da empresa recebeu na últimasemana 12 veículos novos.

. O Instituto Brasiliense de Direito Público(IDP), em parceria com a Multipla Difusão doConhecimento, realiza hoje, das 8 às 19 ho-ras, no Bahia Othon Palace, o seminárioFundamentos Jurídicos do IPTU. A aberturado evento será feita pelo ministro do Su-premo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Oprefeito ACM Neto (DEM) participa de umpainel.

COLABORARAM ADILSON BORGES E FERNANDO DUARTE

Donaldson GomesJornalista

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TEMPO PRESENTE Psicanálisee política

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