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Revista Geográfica de América Central
Número Especial EGAL, 2011- Costa Rica
II Semestre 2011
pp. 1-16
TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DA CIDADE DE CÂNDIDO MOTA/SP A
PARTIR DA IMAGEM DE SATÉLITE LANDSAT 7
Profª Esp. Gislene Figueiredo Ortiz1
Profª Drª Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim2
RESUMO
Os problemas ambientais urbanos se agravaram nas últimas décadas devido ao
crescimento das cidades sem ou com inadequado planejamento urbano. Assim, a preocupação
com a qualidade ambiental urbana ganha foco e suas técnicas de análise também. Desta
forma, entre os diferentes problemas relacionados a essa questão destaca-se o clima urbano,
gerado a partir de mudanças realizadas na cobertura da superfície urbana, resultando em
mudanças na atmosfera local, percebidas principalmente na temperatura do ar. Esta pesquisa
teve como objetivo analisar as diferenças nas temperaturas da superfície intraurbana na cidade
de Cândido Mota/SP e compará-las com a temperatura da superfície do ambiente rural
próximo. Para a realização deste estudo, foi utilizada imagem de satélite – canal termal do
satélite LandSat 7, banda 6, com resolução espacial de 60 metros – tratada no software
IDRISI (marca registrada da Clark University) transformando os valores digitais para
temperatura em graus Celsius (ºC). Este procedimento possibilitou uma análise das
temperaturas das diferentes coberturas das estruturas da cidade e também da densidade de
cobertura vegetal. A área de estudo selecionada foi a cidade de Cândido Mota/SP, e verificou-
se que mesmo sendo de pequeno porte, apresenta diferenças significativas na temperatura da
superfície quando se compara com o ambiente rural.
Palavras chave: carta de temperatura de superfície; clima urbano, Landsat 7; Cândido
Mota.
1 Mestranda em Geografia, Programa de Pós-graduação em Geografia da FCT/UNESP/Presidente Prudente, Brasil. E-mail: [email protected] 2 Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT/UNESP/Presidente Prudente, Brasil. E-mail: [email protected]
Presentado en el XIII Encuentro de Geógrafos de América Latina, 25 al 29 de Julio del 2011
Universidad de Costa Rica - Universidad Nacional, Costa Rica
Temperatura da superfície da Cidade de Cândido Mota/SP a partir da imagem de satélite Landsat 7
Profª Esp. Gislene Figueiredo Ortiz
Profª Drª Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim
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2 Geográfica de América Central, Número Especial EGAL, Año 2011 ISSN-2115-2563
1 INTRODUÇÃO
O crescimento das cidades durante as últimas décadas tem resultado em problemas
ambientais urbanos devido à falta ou inadequado planejamento urbano. Dentre os diferentes
problemas enfrentados pelos citadinos pode-se destacar o clima urbano, gerado a partir de
mudanças realizadas na cobertura da superfície urbana, ocasionando transformações na
atmosfera local, como: ilhas de calor, aumento da temperatura, das precipitações, da poluição
do ar e queda na umidade relativa do ar.
O clima urbano se forma a partir da interação entre a atmosfera urbana e sua
superfície. De acordo com Amorim (2000, p. 25) “o clima da cidade é produzido a partir de
um jogo integrado entre o ar atmosférico e o ambiente urbano edificado pelo homem. Assim,
a estrutura da cidade deve ser acompanhada de suas funções, a fim de compreender esse
ambiente complexo”.
A preocupação com a qualidade ambiental urbana ganha cada vez mais foco no meio
científico, e as técnicas de análise são aperfeiçoadas para auxiliar na compreensão e na
amenização dos problemas ambientais urbanos.
Uma das técnicas utilizadas no estudo do clima urbano é o sensoriamento remoto no
infravermelho termal. Jensen (2009, p. 251) afirma que “objetos que tem temperatura acima
do zero absoluto emitem energia eletromagnética. Portanto, todas as feições que encontramos
cotidianamente na paisagem [...] e pessoas emitem energia eletromagnética infravermelha
termal”. Essa energia pode ser captada em forma de imagens por sensores instalados em
aviões ou em satélites, que posteriormente são passadas para computadores e tratadas por
softwares específicos para sua visualização de acordo com o objetivo do pesquisador.
Jensen (op. cit) demonstra estudos que avaliaram o clima de diversas cidades
utilizando-se de sistemas de sensoriamento remoto infravermelhos termais de alta resolução
para detectar o efeito da ilha de calor urbana. Durante o dia de modo geral, observaram-se que
as altas temperaturas se concentravam nas zonas comercias, seguidas pelas de serviços,
transporte e industrial. As menores temperaturas diurnas foram encontradas nos corpos
d‟água, vegetação e terras agrícolas. Com temperatura intermediária foram observadas as
zonas de uso residencial, devido à mistura de diferentes elementos, como: casas, gramas e
coberturas arbóreas. No período noturno, as áreas comerciais, de serviços, de transporte e de
indústrias, se esfriaram relativamente rápido. Entretanto, ao amanhecer continuaram mais
quentes que as áreas com vegetação e agrícolas.
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Essas diferenças de temperatura na superfície urbana configuram o clima urbano e em
consequência as ilhas de calor, que “são causadas pelo desflorestamento e substituição da
superfície do solo por materiais não evaporativos e não porosos, como asfalto e concreto”
(JENSEN, 2009, p. 288).
As ilhas de calor mudam a circulação atmosférica da cidade fazendo com que ocorra
maior concentração de poluentes em seu interior, conforme destaca Nucci (2001, p. 13)
Uma das conseqüências da ilha de calor é a formação da circulação do
ar característica, onde a região central se aquece e sobe, e o ar da
periferia converge para o centro da cidade, onde se encontra o pico da
ilha de calor, formando-se, assim, um „domo‟ de poluição sobre a
cidade.
Como exemplifica o autor, o ar proveniente da periferia ao se deslocar pela cidade vai
adquirindo poluentes e perdendo umidade, devido à ausência de áreas verdes e intenso
trânsito, chegando ao centro urbano carregado de poluentes. Desta maneira, o centro da
cidade fica tomado de partículas poluidoras que acaba por agravar a saúde da população
urbana, principalmente com problemas respiratórios. Essa situação é potencializada durante o
inverno, devido o aumento de inversões térmicas.
Diante do exposto, pode-se afirmar que os estudos direcionados para a qualidade
ambiental urbana, são de extrema importância, não só para melhoria da estrutura urbana, mas
também para a melhoria da qualidade de vida das pessoas atingidas por tais efeitos do clima
urbano.
De acordo com Lima e Amorim (2010, não paginado) “a classe de análise do clima
pode contribuir substancialmente nas análises de qualidade ambiental, através das variáveis
ilhas de calor, conforto térmico, temperatura da superfície, qualidade do ar e precipitação”.
Ainda conforme as autoras, “a temperatura da superfície é uma excelente variável ao ser
sobreposta às informações de uso e ocupação do solo entre outras, configurando-se em um
elemento importante para a qualidade ambiental urbana” (op. cit). A partir da elaboração de
carta de temperatura de superfície, pode-se analisar e indicar quais são os pontos da cidade
que merecem atenção por parte do poder público e mesmo pelos seus moradores.
Para o presente trabalho, elaborou-se uma carta de temperatura de superfície da
cidade de Cândido Mota, localizada no oeste do estado de São Paulo – Brasil - (Figura 1),
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com população de 29.911 habitantes (Censo IBGE - 2010), com o objetivo de analisar as
diferenças nas temperaturas da superfície intraurbana na cidade e compará-las com a
temperatura da superfície do ambiente rural próximo.
Figura 1 – Mapa de localização de Cândido Mota/SP.
Para a elaboração da carta de temperatura da superfície deste estudo, transformou-se
os valores digitais para temperatura em graus Celsius da imagem do satélite Landsat 7, da
banda 6 do infravermelho termal, com resolução espacial de 60 metros, obtidas no site da
United States Geological Survey (USGS: <http://www.usgs.gov/>) do dia 04 de março de
2003.
Assim, foi possível verificar que as diferentes coberturas das estruturas da cidade já
apresentam uma variação na temperatura significativa, especialmente se comparada com o
ambiente rural.
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2 O SATÉLITE LANDSAT 7
O satélite Landsat 7 (Figura 2) foi lançado em 15 de abril de 1999, da Base Aérea de
Vandenburg, CA – Estados Unidos, numa órbita síncrona com o Sol. A responsabilidade pelo
projeto, desenvolvimento, lançamento, verificação da órbita, instalação e operação do sistema
de solo coube a NASA (National Aeronautics and Space Administration). O processamento e
distribuição dos dados, gerenciamento da missão e manutenção do arquivo de dados do
Landsat 7 ficou a cargo do Serviço Geológico americano (United States Geological Survey –
USGS).
Figura 2 – Ilustração do satélite Landsat 7
Fonte: http://science.hq.nasa.gov/kids/imagers/teachersite/l7scan.gif
O satélite foi projetado para trabalhar juntamente com os satélites EOS Terra e Aqua
da NASA, para se atingir três objetivos:
Manter a continuidade dos dados, fornecendo dados que são consistentes com dados
Landsat prévios em termos de geometria, resolução espacial, calibração, características de cobertura e
características espectrais;
Gerar e periodicamente atualizar um arquivo global de imagens substancialmente
livres de cobertura de nuvens e com boas condições de iluminação;
Continuar a tornar os dados do tipo Landsat disponíveis para os Estados Unidos e para
usuários internacionais a custos satisfatórios e expandir o uso desses dados para pesquisas de
mudanças climáticas globais e propósitos comerciais. (JENSEN, 2009, p. 207).
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De acordo com Jensen (2009, p. 207) “o Landsat 7 é uma plataforma estabalizada em
três eixos portando um instrumento apontando para o nadir, o ETM+”. O sensor ETM
+ é um
subproduto dos sensores Thermatic Mapper dos Landsats 4 e 5, que tem como base
tecnologia a varredura mecânica.
O Landsat 7 é composto por oito bandas (Tabela 1), sendo as de 1 a 5 e 7 do ETM+,
com resolução espacial de 30 x 30 m. A banda 6 do infravermelho termal tem resolução
espacial de 60 x 60 m (Banda utilizada neste trabalho). E por fim, a banda 8 pancromática de
resolução espacial de 15 x 15 m.
Tabela 1 - Landsat 7 Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM+)
Banda Resolução Espectral (µm) Resolução Espacial (m) no Nadir
1 0,450 – 0.515 30 x 30
2 0,525 – 0,605 30 x 30
3 0,630 – 0,690 30 x 30
4 0,750 – 0,900 30 x 30
5 1,55 – 1,75 30 x 30
6 10,40 – 12,50 60 x 60
7 2,08 – 2,35 30 x 30
8 (pancromática) 0,52 – 0,90 15 x 15
Organização. ORTIZ, G. F. Fonte: Jensen (2009, p. 213)
Conforme Jensen (2009, p. 208) “o Landsat 7 está numa órbita de 705 km acima da
Terra, coleta dados em uma faixa de 185 km e não pode observar fora do nadir. Seu intervalo
de revista é de 16 dias”.
Em 31 de maio de 2003, o Scan Line Corrector (SLC) do ETM+
parou de funcionar,
ocasionando uma perca de dados nas imagens obtidas a partir daquela data, pois o defeito não
pode ser consertado. Esse defeito dificulta o encontro de dados e imagens posterior a essa
data, por esse motivo, a imagem deste trabalho é referente ao ano de 2003.
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A carta de temperatura de superfície de Cândido Mota/SP foi elaborada a partir do
tratamento da imagem do satélite Landsat 7 do dia 04 de março de 2003, da banda 6 do
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infravermelho termal, com resolução espacial de 60 metros e resolução espectral de 10,4 a
12,5 μm - micrômetro (Tabela 1). As imagens desse satélite podem ser obtidas gratuitamente
junto ao site da United States Geological Survey (USGS: <http://www.usgs.gov/>).
O tratamento da imagem consistiu em transformar os valores digitais da mesma para
temperatura em graus Celsius (ºC) no programa IDRISI Andes 15.0, “[...] com a utilização de
parâmetros fixos de conversão de níveis de cinza da imagem (NC) para radiância, depois para
temperatura Kelvin e finalmente para graus Celsius (°C) obtidos no site3 do satélite Landsat
(NASA)” (LIMA; AMORIM, 2010, sem paginação).
Conforme aponta Dumke (2007, p. 246) o cálculo para se obter as temperaturas de
superfície, de modo geral, deve cumprir a sequência:
Os valores de níveis de cinza (NC) da imagem são primeiro convertidos para
radiância espectral, por meio dos parâmetros de radiância calibração absoluta de pós-
lançamento do sensor TM. Os valores de radiância espectral obtidos são, então, transformados
em refletância aparente;
A estimativa das temperaturas da superfície terrestre, em graus Kelvin, por
radiometria, baseia-se nas Leis de Stefan-Boltzman e Lei de Plank. Com base nos valores
estimados de emissividade obtêm-se a temperatura da superfície mediante a inversão da
equação de Plank para corpos radiadores seletivos; e,
Gera-se a grade de temperatura da superfície mediante a transformação de
graus Kelvin para graus Celsius (°C), subtraindo os valores de T de 273,16.
Desta forma, primeiramente no programa IDRISI criou-se um novo projeto para
importar a imagem do infravermelho termal – banda 6, convetendo-se os níveis de cinza para
informações de radiância a partir da seguinte fórmula:
L λ = ((lmax λ - λ Lmin) / (QCALMAX QCALMIN)) * (QCALMIN-QCAL) + Lmin
λ
3Disponível em:< http://landsathandbook.gsfc.nasa.gov/handbook/handbook_htmls/chapter11/chapter11.html>.
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Os significados da fórmula podem ser observados na Tabela 2:
Tabela 2 – Elementos da fórmula de conversão para radiância
L λ Radiância espectral em sensor de abertura de em Watts
QCAL Valor quantizado calibrado pixel em DN
Lmin λ Radiância espectral, que é dimensionado para QCALMIN em Watts = 0.000
LMax λ Radiância espectral, que é dimensionado para QCALMAX = 17.040
QCALMIN O mínimo valor quantizado calibrado pixel (correspondente a Lmin λ), em DN
= 1
QCALMAX Máximo valor quantizado calibrado pixel (correspondente a LMax λ) no DN =
255
Organização: LIMA, V., 2010, sem paginação. Fonte: http://landsathandbook.gsfc.nasa.gov
De acordo com Dumke (2007, p. 411), “os valores de Li,max e Li,min podem se
alterar em função da data de imageamento e do tipo de sensor”. Os parâmetros que devem ser
utilizados em imagens ETM+ encontram-se na Tabela 3.
Tabela 3 – ETM + Faixa de radiância espectral
Número
de
Bandas
Processada antes de 01 de julho de
2000
Processada depois de 01 de julho de
2000
Baixo
ganho
Alto
Ganho
Baixo
ganho
Alto
ganho
Lmin Lmax Lmin Lmax Lmin Lmax Lmin Lmax
1 - 6,2 297,5 - 6,2 194,3 - 6,2 293,7 - 6,2 191,6
2 - 6,0 303,4 - 6,0 202,4 - 6,4 300,9 - 6,4 196,5
3 - 4,5 235,5 - 4,5 158,6 - 5,0 234,4 - 5,0 152,9
4 - 4,5 235,0 - 4,5 157,5 - 5,1 241,1 - 5,1 157,4
5 - 1,0 47,70 - 1,0 31,76 - 1,0 47,57 - 1,0 31,06
6 0,0 17,04 3,2 12,65 0,0 17,04 3,2 12,64
7 0,35 16,60 0,35 10,932 0,35 16,54 0,35 10,80
8 - 5,0 244,00 - 5,0 158,40 - 4,7 243,1 - 4,7 158,3
Fonte: http://landsathandbook.gsfc.nasa.gov
Em seguida, aplicou-se a fórmula a seguir para converter os valores digitais em
tempertura Kelvin:
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Onde:
T = temperutura efetiva no satélite em Kelvin;
K2 = constante de calibração 2, valores na tabela 4;
K1 = constante de calibração 1, valores na tabela 4
L = radiância espectral em Watts / (metros quadrado *ster* μm)
Tabela 4 – ETM + Constantes de calibração da banda termal
Constant 1 - K1 Watts / (metros quadrado ster * *
mm)
Constant 2 - K2
Kelvin
Landsat
7
666.09 1282.71
Fonte: <http://landsathandbook.gsfc.nasa.gov>
Posteriormente, aplicou-se a fórmula para converter os graus Kelvin em graus Celsius
(Cº), ainda no programa IDRISI. Assim, subtraiu-se 273,15 dos valores de temperatura
gerando a grade da temperatura de superfície.
Para finalizar, foi dado um zoom para selecionar a área onde a cidade se encontra e
salvá-la em formato BMP. A malha urbana foi inserida na imagem no programa SURFER (é
marca registrada da Golden Software).
4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os resultados apresentados neste trabalho são provenientes da análise da carta de
temperatura da superfície de Cândido Mota/SP, relacionando as informações contidas no
mapa de uso e ocupação do solo urbano (Figura 3), que considera a cobertura vegetal,
densidade de construções e tamanho de lotes.
O mapa de uso e ocupação do solo urbano de Cândido Mota foi elaborado com base
em observações de trabalho de campo e imagem de satélite. Foram selecionados seis setores
que destacam as principais diferenças de cobertura da superfície urbanizada, são eles:
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Setor I – área densamente construída com vegetação arbórea (área cor de rosa -
Figura 3), em alguns pontos se encontram áreas verdes e também praças;
Setor II – área densamente construída com vegetação arbórea esparsa e
presença de praças (cor vermelha - Figura 3), encontram-se o comércio, residências, algumas
escolas e praças dotadas de vegetação arbórea significativas;
Setor III – área densamente construída com vegetação arbórea esparsa e
terrenos menores (cor laranja - Figura 3), formada por conjuntos habitacionais;
Setor IV – área densamente construída com vegetação arbórea esparsa e
presença de áreas verdes (cor verde - Figura 3). São dois bairros distantes, com
aproximadamente 20 anos, onde a população foi construindo suas residências e ainda falta
arborização;
Setor V – área com construção esparsa e vegetação arbórea, terrenos grandes e
presença de áreas verdes (cor amarela - Figura 3). Os terrenos que compõem esse setor são
grandes, muitos com piscinas, dotados de gramados, com construções grandes e esparsas, por
se tratar de um bairro de classe média alta.
Setor VI – área industrial (cor marrom - Figura 3), composta por uma grande
indústria de bebidas e pequenas indústrias de móveis, cerâmicas e lages.
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Figura 3 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo Urbano de Cândido Mota/SP
As informações do terreno sobrepostas a carta de temperatura de superfície auxiliam
no diagnóstico do clima urbano, pois, as diferentes coberturas da cidade absorvem e refletem
radiação solar dependendo do seu grau de emissividade, influeciando a temperatura do ar.
Conforme Jensen (2009, p. 258) “a emissividade do mundo real deve ficar em algum
lugar entre 0 e 1 mas nunca igualar-se a 1”. A emissividade (Tabela 5) de um objeto pode ser
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influenciada por diversos fatores, como: cor, composição química, rugosidade superficial, teor
de umidade, compactação, campo de visada, comprimento de onda e ângulo de visada. Desta
forma, se a refletividade aumentar, a emissividade tende a diminuir. Um exemplo que pode
ser dado, é o da cor, pois objetos de cor escura são melhores absorvedores e emissores, do que
os objetos de cor clara, que reflem mais a energia incidente.
Tabela 5 – Emissividade de 8 - 14 μm para materiais selecionados
Material Emissividade, Ɛ
Água 0,92 – 0,98
Alumínio (folha) 0,05
Asfalto 0,95
Cimento/pedra 0,97
Concreto 0,71 – 0,90
Florestas (decídua/coníferas) 0,97 – 0,99
Tijolo vermelho e áspero 0,93
Vegetação 0,96 – 0,98
Fonte: McDonnell Douglas, D. 1982; Sabins, 1997; Lillesand and Keifer, 2003; in Jensen
(2009, p. 260)
Com base em tais informações, pode-se analisar a temperatura da superfície da cidade
de Cândido Mota, a partir da carta de temperatura de superfície elaborada para este trabalho
(Figura 4). A variação de temperatura da superfície da cidade estudada de acordo com a figura
4, foi de aproximadamente 11,5 ºC, sendo a mínima de 23ºC e a máxima de 35ºC.
Determinadas áreas foram destacadas na figura 5, para melhorar a visualização dos
resultados. A foto 1 da figura 5, destaca a alta temperatura, aproximandamente 33ºC, da
cobertura de zinco da indústria de bebidas, localizado no setor V do mapa de uso e ocupação
do solo (Figura 3). Esse tipo de cobertura, reflete grande quantidade de energia solar e
também a retém, mantendo a superfície superaquecida e provavelmente aumentando a
temperatura do ar da região próxima.
Outra área destacada na figura 5 é a praça do Fórum Municipal (Foto 2), que
apresentou temperatura próxima de 25ºC, sendo esta bem menor do que a área apresentada
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anteriormente. Essa temperatura da superfície mais amena, se deve a grande quantidade de
cobertura árborea, que absorve a radiação solar e tem baixa refletividade.
A foto 3 da figura 5 aponta uma área coberta por vegetação árborea, localizada na
porção nordeste da malha urbana. Essa área apresentou também baixa temperatura de
superfície, 25ºC aproximadamente, se comparada com as demais áreas da cidade.
Figura 4 - Carta de temperatura da superfície de Cândido Mota/SP. Elabora a partir da
imagem do infravermelho termal, banda 6 do satélite Landsat 7, resolução espacial de 60
metros, do dia 04 de março de 2003. Fonte da imagem: United States Geological Survey
(USGS: <http://www.usgs.gov/>). Organização: ORITZ, G. F. (2010)
Em destaque na figura 5, outra área com baixa temperatura de superfície, também com
aproximadamente 25ºC, apresentada pela foto 4 localizada na porção sudeste da cidade. Essa
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área também conta com uma quantidade razoável de vegetação árborea, que ameniza a
temperatura dos alvos como, provavelmente, a do ar.
O centro da cidade foi destacado na figura 5 com a foto 5, demonstrando um aumento
significativo da temperatura da superfície, devido a grande densidade construtiva e pouca
vegetação árborea. As temperaturas nessa área variaram entre 29 e 33ºC.
Foto 1 - Indústria de bebidas Casa DiContiFonte: Google Earth
Foto 2 - Praça do Fórum MunicipalFonte: Google Earth
Foto 5 - Área Central da cidade de Cândido MotaFonte: Google Earth
Foto 3 - Área coberta por vegetação (zona nordeste). Fonte: Google Earth
Foto 4 - Área coberta por vegetação (zona sudeste). Fonte: Google Earth
Figura 5 – Áreas de análise destacadas. Fonte da imagem: United States Geological Survey
(USGS: <http://www.usgs.gov/>). Fonte das fotos: Google Earth. Organização: ORTIZ, G. F.
As áreas destacadas na figura 5 apontam as maiores disparidades dentro da malha
urbana, ou seja, áreas densamente construídas e/ou com coberturas que potencializam o
aumento da temperatura, e outras com temperaturas mais baixas como: áreas cobertas com
vegetação árborea. A zona rural no entorno da cidade apresenta áreas com temperaturas
intermediárias e mais baixas, representadas pela cor amarela e verde, respectivamente. As
áreas em vermelho localizadas no sudeste e noroeste da carta são formadas por solo exposto,
por isso apresentam temperaturas mais elevadas devido seu alto nível de refletividade. Mesmo
sendo de pequeno porte, a cidade já apresenta diferenças na temperatura do ar, devido à
influência da urbanização, tanto no que diz respeito ao ambiente rural como intraurbana.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Perante o avanço da urbanização e suas consequências, pode-se afirmar que os
esforços científicos para melhorar a qualidade ambiental urbana vêm crescendo nos últimos
anos. A técnica empregada neste trabalho pode contribuir para o estudo do clima urbano,
podendo ser utilizada com outros métodos.
Sabe-se que o clima urbano é resultante da modificação da superfície urbana, então,
conhecer o comportamento térmico dos diferentes materiais construtivos é essencial para se
trabalhar em prol de uma cidade mais agradável para os citadinos.
Como foi demonstrado neste texto, através do tratamento de imagem do satélite
Landsat 7 no canal termal, observou-se que a cidade de Cândido Mota já possui diferenças
significativas em relação à temperatura de sua superfície, o que provavelmente influencia no
clima urbano da mesma. Destaca-se que a zona industrial e o centro da cidade se
apresentaram mais aquecidos que as demais áreas. Vale ressaltar que áreas cobertas por
vegetação arbórea apresentaram temperaturas mais baixas e devem influenciar a temperatura
do ar, deixando as proximidades mais agradável. Observa-se que o rural próximo apresenta de
forma geral temperaturas mais baixas se comparada com a da cidade, excluído-se as áreas de
solo exposto.
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Profª Drª Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim
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16 Geográfica de América Central, Número Especial EGAL, Año 2011 ISSN-2115-2563
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