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Seminário Coberturas de Madeira, P.B. Lourenço e J.M. Branco (eds.), 2012 27 Telhados da cidade antiga: da expectativa ao desempenho J. Mendes da Silva CICC, Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade de Coimbra [email protected] SUMÁRIO No presente trabalho recordam-se e sistematizam-se as expectativas gerais em relação ao desempenho das coberturas tradicionais de telha cerâmica e estrutura de madeira (numa perspetiva qualitativa) e identificam-se os principais erros e anomalias observados, tentando estabelecer as causas principais para a sua degradação. Apresentam-se também os principais resultados de uma caracterização sumária de várias centenas de coberturas (e do seu estado de conservação) na Baixa de Coimbra. Por fim, e com o intuito de contribuir para a redescoberta das coberturas de madeira com revestimentos de telha cerâmica, na sua complexidade, mas também na sua “genialidade”, apresentam-se 50 comentários/observações divididos em 5 temas/preocupações, que se ilustram com outras tantas fotografias destes telhados e dos seus pormenores. PALAVRAS-CHAVE: TELHADOS CERÂMICOS, REABILITAÇÃO URBANA, DESEMPENHO DE TELHADOS 1. ENQUADRAMENTO Os núcleos urbanos antigos em particular, e outras zonas consolidadas das cidades do Sul da Europa, são caracterizados por edifícios com coberturas de telha cerâmica suportada por estruturas de madeira, numa enorme diversidade de formas, mas sempre baseados em filosofias semelhantes, que lhes permitem fazer parte de uma grande “família” em termos de tecnologia, no que respeita à conceção, execução e materiais utilizados. Nesta diversidade, são mais os elementos identitários comuns do que aqueles que evidenciam a sua heterogeneidade. Estas coberturas e telhados pressupõem uma manutenção regular sem a qual, não só deixam de cumprir as suas funções essenciais (nomeadamente a proteção das habitações contra a chuva, o sol e o vento), como passam a constituir um fator de perigo e ameaça, pela sua possível ruína e pelo contributo para a degradação de outros elementos construtivos (paredes, pavimentos, etc.). Conhecemos de facto o estado destas coberturas, ou temos meras intuições sobre o assunto? Sabemos como reabilitá-las? Temos a experiência para o fazer, e esta é suficiente para garantir um esforço contido nas situações correntes e o sentido crítico e discernimento necessários para lidar com os casos mais difíceis ou singulares? Compreendemos a complexidade de um sistema (telhado/cobertura) que se foi refinando ao longo de gerações e cuja memória foi violentamente interrompida no último meio século? Este texto – que segue de perto trabalhos anteriores de equipas que o autor integrou - pretende dar um contributo sereno para esta discussão que, apesar de nunca acabada, tem que evoluir antes que as nossas cidades, em particular os seus núcleos mais antigos, entrem em completa ruína. Não fora a fragilidade económica e social de habitantes e proprietários e este seria sem dúvida um nicho de mercado de grande interesse para a pequena indústria local de construção (e projeto), capaz de resolver, sem recurso excessivo a mini subcontratações minúsculas, todas as tarefas de reabilitação de um telhado com custos razoáveis. O património construído sairia a ganhar. Nós também.

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Seminário Coberturas de Madeira, P.B. Lourenço e J.M. Branco (eds.), 2012 27

Telhados da cidade antiga: da expectativa ao desempenho

J. Mendes da Silva

CICC, Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade de Coimbra [email protected]

SUMÁRIO

No presente trabalho recordam-se e sistematizam-se as expectativas gerais em relação ao desempenho das coberturas tradicionais de telha cerâmica e estrutura de madeira (numa perspetiva qualitativa) e identificam-se os principais erros e anomalias observados, tentando estabelecer as causas principais para a sua degradação. Apresentam-se também os principais resultados de uma caracterização sumária de várias centenas de coberturas (e do seu estado de conservação) na Baixa de Coimbra. Por fim, e com o intuito de contribuir para a redescoberta das coberturas de madeira com revestimentos de telha cerâmica, na sua complexidade, mas também na sua “genialidade”, apresentam-se 50 comentários/observações divididos em 5 temas/preocupações, que se ilustram com outras tantas fotografias destes telhados e dos seus pormenores.

PALAVRAS-CHAVE: TELHADOS CERÂMICOS, REABILITAÇÃO UR BANA, DESEMPENHO DE TELHADOS

1. ENQUADRAMENTO

Os núcleos urbanos antigos em particular, e outras zonas consolidadas das cidades do Sul da Europa, são caracterizados por edifícios com coberturas de telha cerâmica suportada por estruturas de madeira, numa enorme diversidade de formas, mas sempre baseados em filosofias semelhantes, que lhes permitem fazer parte de uma grande “família” em termos de tecnologia, no que respeita à conceção, execução e materiais utilizados. Nesta diversidade, são mais os elementos identitários comuns do que aqueles que evidenciam a sua heterogeneidade. Estas coberturas e telhados pressupõem uma manutenção regular sem a qual, não só deixam de cumprir as suas funções essenciais (nomeadamente a proteção das habitações contra a chuva, o sol e o vento), como passam a constituir um fator de perigo e ameaça, pela sua possível ruína e pelo contributo para a degradação de outros elementos construtivos (paredes, pavimentos, etc.). Conhecemos de facto o estado destas coberturas, ou temos meras intuições sobre o assunto? Sabemos como reabilitá-las? Temos a experiência para o fazer, e esta é suficiente para garantir um esforço contido nas situações correntes e o sentido crítico e discernimento necessários para lidar com os casos mais difíceis ou singulares? Compreendemos a complexidade de um sistema (telhado/cobertura) que se foi refinando ao longo de gerações e cuja memória foi violentamente interrompida no último meio século? Este texto – que segue de perto trabalhos anteriores de equipas que o autor integrou - pretende dar um contributo sereno para esta discussão que, apesar de nunca acabada, tem que evoluir antes que as nossas cidades, em particular os seus núcleos mais antigos, entrem em completa ruína. Não fora a fragilidade económica e social de habitantes e proprietários e este seria sem dúvida um nicho de mercado de grande interesse para a pequena indústria local de construção (e projeto), capaz de resolver, sem recurso excessivo a mini subcontratações minúsculas, todas as tarefas de reabilitação de um telhado com custos razoáveis. O património construído sairia a ganhar. Nós também.

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2. EXPECTATIVA E DESEMPENHO DAS COBERTURAS TRADICIONAI S

2.1. Exigências funcionais

Para o adequado funcionamento da cobertura no seu conjunto, as principais exigências funcionais são sobejamente conhecidas, pelo menos do ponto de vista teórico, mas nem sempre recordadas de modo formal no processo de projeto e de execução, seja em obra nova, seja em ação de reabilitação. Importa pois recordar quais os domínios em que deve ser definida uma expectativa de desempenho para as coberturas:

- Estanquidade água; - Suscetibilidade de condensações; - Comportamento sob ação do gelo; - Permeabilidade ao ar; - Isolamento Térmico; - Comportamento mecânico; - Comportamento sob ação do vento; - Estanquidade aos materiais em suspensão no ar; - Isolamento sonoro; - Exigências geométricas e de estabilidade dimensional; - Uniformidade de aspeto; - Reação ao fogo; - Resistência aos agentes químicos; - Economia, durabilidade e facilidade de manutenção e reparação.

Apesar de não ser fácil estabelecer uma hierarquia entre elas, é geralmente aceite que a estabilidade estrutural (comportamento mecânico), a estanquidade à água, o comportamento térmico e a durabilidade estão na linha da frente para um adequado desempenho [1]. Para avaliar o desempenho – ou a qualidade - em cada um destes aspetos seria necessário, antes de mais, estabelecer quais os critérios de caracterização, quais os parâmetros que os representam e como se quantificam e, ainda, estabelecer níveis de exigência para cada um deles. Por fim, seria necessário definir o método de verificação do cumprimento desses níveis de exigência, de forma direta ou indireta, quer no final da construção, quer em fases anteriores - no projeto e na execução - de modo a permitir eventuais correções no decurso do processo. Nas coberturas, como nas paredes ou nas caixilharias, quando a solução construtiva é muito conhecida, digamos mesmo “tradicional” (no sentido de algo que foi testado, refinado e transmitido ao longo dos tempos e não o que apenas é repetido por inércia ou conservadorismo), os processos de projeto e execução não passam por um filtro em que é verificado o nível de cumprimento de todas as exigências funcionais. Tal fica a dever-se, naturalmente, ao conhecimento prévio do funcionamento de algumas soluções, à reduzida margem de erro que lhes está associada e ao cumprimento obrigatório de um conjunto de regulamentos que, direta ou indiretamente, garantem o desempenho mínimo em diversos domínios. Acresce a crescente confiança na uniformidade e qualidade dos materiais, sempre que eles passam, como é exigido, por um processo de certificação. Ora, este raciocínio, que parece estar correto e ser justificação suficiente para uma racionalização importante do esforço de projeto, conduz muitas vezes a más soluções porque parte de pressupostos difíceis de verificar: a homogeneidade das construções, da sua geometria e materiais, o conhecimento das técnicas de construção tradicionais, a disponibilidade de mão-de-obra e materiais adequados a essas soluções, a compatibilidade entre as novas exigências regulamentares de carácter transversal (térmica, acústica, incêndios etc.) e o funcionamento global dos elementos construtivos em análise. Assim, e apesar do esforço que isso representa, importa que o projetista possa revisitar a lista de exigências funcionais, os níveis de desempenho desejados e a forma de os atingir e verificar, sobretudo na reconstrução ou reabilitação de coberturas com estrutura de madeira e telhados de telha cerâmica em edifícios antigos.

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2.2. Erros e anomalias

As consequências imediatas mais temíveis das anomalias em telhados de telha cerâmica, quer individualmente, quer associadas entre si, são as seguintes:

- Infiltrações (perda de estanquidade à água); - Arrancamento sob ação do vento; - Deslizamento e queda; - Degradação do aspeto; - Degradação precoce do material.

As infiltrações são sempre consequência e causa, uma vez que alimentam inevitavelmente uma outra cadeia de anomalias onde não pode deixar de ser sublinhada, no caso das coberturas de madeira, a degradação dos elementos de suporte aos seus vários níveis, desde a simples ripa às estruturas mais complexas, como é o caso das asnas. Na sequência de um vastíssimo trabalho de inspeção de cerca de 700 edifícios na Baixa de Coimbra (que em conjunto com os cerca de 500 edifícios da Alta constituem o núcleo mais antigo da cidade, por algumas fontes designado como “centro histórico”), no âmbito dum protocolo entre a Câmara Municipal e a Universidade de Coimbra (2004-2006), Romeu Vicente [2] compilou e tratou a informação sobre diversos elementos construtivos e o seu estado de conservação. Na Figura 1, identificam-se os defeitos e anomalias registadas nas coberturas que, em cerca de 90% dos casos, têm estrutura de madeira, suportando, na sua esmagadora maioria, revestimentos de telha cerâmica. A partir da observação do gráfico (Fig. 1) é fácil verificar que mais de um terço das coberturas observadas apresenta pelo menos um dos seguintes problemas:

- Musgos e bolores; - Rufagem deficiente ou inexistente; - Degradação e envelhecimento dos materiais; - Infiltrações.

Ainda em número muito significativo (mais de 20%) há desalinhamentos do revestimento, deficiências de encaixe, excesso de argamassa nas ligações e deformação dos elementos de suporte. Desta breve leitura resulta a evidência de que o quadro geral é de abandono e degradação, não das habitações, mas das coberturas, cuja visibilidade e acessibilidade é inversamente proporcional à sua importância na preservação do edifício e da qualidade de vida. Aliás, como se pode verificar pelo gráfico da Figura 2 [2], estes defeitos principais estão interligados numa cadeia de causas e consequências recíprocas, em que as infiltrações são sempre o exemplo mais imediato. Apesar de não estarmos a fazer uma abordagem na perspetiva estrutural (ou até talvez por esse motivo) importa uma palavra sobre o significado da deformação dos elementos de suporte, que diz respeito, aqui, sobretudo, à deformação da ripa e da vara, mas que pode também resultar ou ser agravada pela deformação das madres ou vigas de cumeeira e, mais raramente, das próprias asnas. Uma vez que em ações de reabilitação sem carácter estrutural a mudança da ripa é uma tarefa corrente e sem grande hesitação, é preciso avaliar, em cada caso, criteriosamente, se a deformação das varas implica ou não a sua substituição, isto é, se estas se podem manter, aplicando sobre calços de nivelamento para as ripas, de modo a obter planos de telhado (águas) desempenados, menos suscetíveis de infiltrações e, naturalmente, mais duráveis.

2.3. Causas e responsabilidades

Na Tabela 1 [1], publicada um ano antes do início do estudo da Baixa de Coimbra, faz-se um exercício académico de identificação dos principais erros e defeitos nas coberturas de telha cerâmica e dos seus principais responsáveis: o projeto, a execução, os materiais ou utilização em serviço. Este quadro baseia-se na experiência dos autores e na observação de muitos defeitos e anomalias nos telhados mas não tem qualquer carácter estatístico. Numa leitura elementar do mesmo quadro, verifica-se que as responsabilidades do projeto e da execução têm um peso equivalente e bastante superior ao dos materiais e da utilização. No entanto, essa leitura pode ser enganosa, uma vez que a falta de manutenção (associada ao uso) conduz às mais graves situações de degradação generalizada da cobertura.

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Figura 1 – Anomalias em coberturas registadas na inspeção a 700 edifícios na Baixa de Coimbra entre 2004 e 2006 [2].

Figura 2 – Fatores que determinaram ou influenciaram as infiltrações verificadas em mais de um terço dos edifícios da Baixa de Coimbra [2].

Anomalias em coberturas

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450

Musgos e bolores

Rufagem deficiente ou inexistente

Degradação e envelhecimento dos materiais

Infiltrações

Vegetação pioneira

Deformação dos elementos de suporte

Encaixe deficiente do revestimento

Condensações interiores (manchado)

Desalinhamento do revestimento

Uso argamassa excessiva

Pontos singulares e remates mal concebidos

Sobreposição do revestimento

Problemas de pendente

Fractura por acção humana

Corrosão em elementos metálicos

Descolagem do revestimento

Fractura por acção témica

Fissuração/esmagamento em asnas de madeira

Geometria Inadequada

Fragilização da ligação da estrutura à parede

Frequência de occorrências

Potenciais origens das infiltrações

0

10

20

30

40

50

60

% c

asos

Potenciais origens 25.0 43.0 47.2 47.6 50.2 57.2

Problemas de pendentePontos singulares e

remates mal concebidos

Uso excessivo de argamassa

Desalinhamento e deficiente encaixe

Problemas de rufagemDeformação dos

elementos de suporte

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Tabela 1 – Principais defeitos das coberturas de telha cerâmica e sua origem [1].

DEFEITOS ORIGEM

conceção execução materiais uso

Geometria incompatível com o sistema (cobertura de telha cerâmica)

(1) - - -

Falta de pormenorização de pontos singulares (1) - - -

Falta de especificações técnicas para materiais e execução

(1) - - -

Falta de resistência, contraventamento ou rigidez do suporte

(1) (2) (3) -

Inclinação excessiva ou insuficiente da cobertura (1) - - -

Remates inadequados contra elementos construtivos emergentes

(2) (1) - -

Remates ou fixações inadequadas em bordos livres (2) (1) - -

Incumprimento do projeto - (2) - -

Encaixe incorreto das telhas - (1) (2) -

Sobreposição das telhas por excesso ou por defeito - (1) - -

Utilização inadequada de acessórios cerâmicos (2) (1) - -

Uso inadequado ou falta de qualidade de acessórios não cerâmicos

- (1) - -

Desalinhamento das fiadas de telhas - (1) - -

Aplicação de argamassa em excesso (cumeeiras e rincões)

- (1) - -

Fraturas da telha, na capa, no canal, e nas nervuras, rebordos e encaixes

- (3) (2) (1)

Acumulação de musgos e detritos - - - (1)

Drenagem insuficiente (fraca inclinação e secção de caleiras)

(1) - - -

Descasque por ação do gelo - (2) (1) -

Deslocamento ou escorregamento das telhas (1) (2) - -

Falta de ventilação da face inferior das telhas (2) (1) - -

Colocação incorreta ou ausência da barreira pára-vapor (1) (2) - -

Colocação incorreta do isolamento térmico (2) (1) - -

Degradação precoce dos materiais - - (1) (2)

Diferenças de tonalidade - - (1) -

(1), (2), (3) - Ordenação da maior para a menor probabilidade de origem do defeito.

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3. EM BUSCA DE UMA ESTRATÉGIA DE REABILITAÇÃO DE COBER TURAS

Uma vez identificados os erros e defeitos das coberturas de madeira com revestimento em telha cerâmica, incluindo algum conhecimento estatístico da situação em núcleos urbanos antigos, que representam uma parcela significativa do universo de coberturas a reabilitar, importa revisitar, sistematizar e dar a conhecer as técnicas de reabilitação. Tal tarefa não pode, no entanto, ignorar uma abordagem prévia sobre o funcionamento, o projeto e a execução de coberturas novas do mesmo tipo, uma vez que, por um lado, a reabilitação destas coberturas e telhados implica, em muitos casos, a sua renovação quase total (isto é, a sua reconstrução) e, por outro, porque a compreensão do sistema é essencial para distinguir o “trigo do joio” (isto é, distinguir as coberturas que, apesar de antigas, foram concebidas e executadas sem rigor, nem qualidade e que devem ser reformuladas, das que, também antigas e degradadas, correspondem a modelos que devem ser seguidos e, portanto, podem e devem ser objeto de uma intervenção em que a filosofia se aproxima do “restauro”). O conhecimento detalhado dos princípios de funcionamento destas coberturas também é essencial para suporte das decisões de mitigação de danos em coberturas muito degradadas ou muito condicionadas por elementos confinantes, em que a solução ideal de reabilitação seja manifestamente impossível ou incomportável. Felizmente, existem há muito publicações que cumprem sobretudo a função de divulgação do funcionamento e execução das coberturas de madeira e dos telhados de telha cerâmica [3][4] e há um número crescente de ferramentas de apoio à sua reabilitação, como se ilustra na Figura 3, com fichas que resultam do já referido estudo da Baixa de Coimbra [2][5].

Figura 3 – Exemplo de regras técnicas sobre anomalias em coberturas, com identificação de causas, mecanismos, consequências e estratégias de intervenção [2][5].

E a cidade? A cidade antiga não sobrevive com ações pontuais e fortuitas de reabilitação dos telhados dos edifícios que vão sendo, a um ritmo sempre lento, objeto de intervenções globais. Os mais pessimistas dirão que a cidade cai antes disso. Nas nossas cidades antigas, em zonas com atividade sísmica relevante, paredes de pedra irregular argamassadas com barro e materiais afins e onde se verifica uma elevada pluviosidade, há três ações essenciais para sua “sobrevivência” a longo prazo e que exigem políticas e estratégias globais de intervenção: o reforço estrutural, nomeadamente o atirantamento, o incentivo à reabilitação de coberturas e, sobretudo - peça imprescindível - um projeto sustentável de recuperação social e económica.

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4. NOVOS E VELHOS OLHARES SOBRE OS TELHADOS: 50 INTERPELAÇÕES

4.1. (In)formação contínua

A facilidade com que temos acesso a bibliografia técnica, a normas e regulamentos de todos os cantos do mundo, a bases de dados de materiais e pormenores construtivos e a muitas publicações científicas, é uma ajuda que não podemos nem devemos ignorar no domínio da construção e, em particular, da reabilitação. Torna-se, aliás, evidente que a enorme quantidade de informação disponível a torna por vezes inútil porque requer uma capacidade de seleção e hierarquização para as quais não fomos treinados e que urge contemplar nas competências a desenvolver pelos currículos académicos. A informação tem, hoje, uma multiplicidade de formas e de suportes que podem e devem complementar-se para atingir públicos variados e cumprir desígnios também diversos. Assim, as ferramentas de sensibilização podem ser as mais variadas (por ex. Itunes-U [6]) e exercem um papel fundamental no processo. Nas páginas seguintes, e sem querer substituir qualquer abordagem técnica e sistemática, apresenta-se um contributo para esta construção de um quadro mental de referências essenciais no domínio das coberturas de madeira e dos telhados de telha cerâmica com cinco abordagens, ou melhor, cinco perspetivas distintas:

- As coberturas e o seu papel na imagem e proteção da cidade antiga; - Funções de suporte e características do desvão do telhado; - O telhado (exigências e problemas de fixação, ventilação e drenagem); - Ligações, remates e outros pontos singulares dos telhados; - O papel fundamental da manutenção e reabilitação das coberturas.

Para cada uma delas foram selecionadas dez imagens e dez legendas ou comentários que podem conduzir um percurso pelos nossos telhados, como se fosse possível, de repente, que a rua onde caminhamos estivesse 10 metros acima da sua cota habitual e nos permitisse ver os telhados com calma e atenção, descobrindo outra cidade.

4.2. As coberturas e o seu papel na imagem e proteção da cidade antiga

Apesar de não haver uma geometria imposta e normalizada, a telha cerâmica e o seu modo de funcionamento na constituição de telhados (em geral sobre estrutura de madeira) marcam, de forma inconfundível, a imagem dos núcleos urbanos antigos. A descoberta ou redescoberta destes telhados obriga a que se junte à teoria e à literatura técnica o que a história nos ensinou, nesta enorme diversidade de situações. A Figura 4 apoia este ponto de vista e apresenta dez fotografias que se reportam aos seguintes comentários:

a.1. Os telhados de telha cerâmica marcam e definem a imagem e a identidade da cidade antiga.

a.2. Os telhados são a primeira e principal proteção dos edifícios e, por isso, também são muitas vezes o princípio de ruína.

a.3. A geometria é diversa mas há grandes marcas comuns: - 2 águas nos lotes estreitos e em banda; - 4 águas ou mais em grandes edifícios ou plantas singulares; - casos singulares de geometria muito complexa.

a.4. A inclinação original é semelhante em cada zona ou quarteirão. a.5. Há casos singulares de geometria complexa. a.6. As mansardas são frequentes nos sótãos “habitáveis”. a.7. A telha mais antiga (e ainda frequente) é a “telha canudo”, mas coexistem a telha de

aba e canudo e a Marselha. a.8. A recolha de águas é diversa (e complexa) mas quase sempre com caleiras exteriores

ou interiores. a.9. A manutenção é escassa, quase inexistente. a.10. O estado de degradação é, infelizmente, acentuado.

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J. Mendes da Silva

a.1

a.3

a.5

a.7

a.9

Figura 4 – As coberturas e o seu papel na imagem e proteção da cidade (

a.2

a.4

a.6

a.8

a.10

As coberturas e o seu papel na imagem e proteção da cidade (ver secção 4.2)

35

secção 4.2).

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4.3. Funções de suporte e características do desvão do telhado

As estruturas de madeira dos telhados de alguma dimensão e em edifícios de qualidade média/alta seguem, em grande parte, os cânones da estrutura hierarquizada, com asnas, madres, varas e ripas e ainda com peças de contraventamento. Nalguns núcleos urbanos antigos essas são, no entanto, as exceções, como é o caso da Baixa de Coimbra [2], em que apenas 20% das coberturas cuja estrutura foi possível observar (cerca de 350 edifícios) incluíam asnas. Todas as outras se baseavam em vigas e varas, com consequências bem conhecidas em termos de deformação de longo prazo e impulsos sobre as paredes. A Figura 5 apresenta dez fotografias que se reportam aos seguintes comentários:

b.1. A estrutura típica do telhado e de assentamento da telha é a asna | madre | vara | ripa. b.2. Nos pequenos vãos nas construções mais “pobres” as asnas não existem e as madres,

frequentemente, também não; b.3. Assim, a solução mais elementar tem uma viga de cumeeira, varas da cumeeira à

parede e ripas. b.4. A madeira usada para as varas pode ter secção regular (e ser desempenada) ou … b.5. … ser usada sob a forma de troncos irregulares, que exigem maior cuidado para

alinhamento da ripa (por exemplo calços). b.6. O apoio das varas na parede deveria ser feito através de um frechal de madeira para

melhor distribuir cargas. b.7. Nos centros urbanos antigos o desvão pode ser habitado (com introdução de um

forro de madeira) … b.8. … ou não habitado, mantendo a telha à vista, com ou sem soalho (servindo nestes

casos muitas vezes como arrumo). b.9. Caso haja forro é conveniente usar uma contra-ripa para aumentar a caixa-de-ar

entre a ripa e o forro. b.10. Esta técnica deve ser aplicada em ações de reabilitação quando há colocação de

forro contínuo (por exemplo painéis sandwich) com isolamento.

4.4. O telhado (exigências e problemas de fixação, ventilação e drenagem)

A fixação das telhas, muitas vezes menorizada ou mal executada, é a maior garantia do seu correto posicionamento e durabilidade. Ao escorregarem pelo seu peso próprio ou ao serem deslocadas pela ação do vento está aberta a porta às infiltrações e à degradação irreversível. Também a ventilação da telha é um mecanismo essencial ao funcionamento dos telhados e da sua durabilidade, particularmente em condições climáticas mais adversas. A Figura 6 apresenta dez fotografias que se reportam aos seguintes comentários:

c.1. A fixação típica da telha é feita pelo dente sobre a ripa; o encaixe não deve ser excessivamente apertado por causa da entrada de água por capilaridade.

c.2. A telha canudo apresenta um enorme risco de escorregamento. c.3. A telha canudo exige fixação com grampos resistentes à corrosão. c.4. A fixação com argamassa é indesejável mas pode ser necessária em telhados muito

inclinados. c.5. Além do peso excessivo e dos movimentos diferenciais com a humidade, a

argamassa impede a ventilação. c.6. A micro-ventilação (ou ventilação sob a telha) é essencial para a estanquidade do

telhado, a secagem da telha e a sua durabilidade. c.7. As cumeeiras são essenciais no processo de ventilação e os beirais ventilados são um

excelente contributo. c.8. As caleiras e os beirais exigem (e merecem) uma manutenção atenta. c.9. Devem seguir-se as soluções originais de caleiras exteriores, em detrimento de

soluções dissonantes. c.10. Os tubos de queda podem deteriorar gravemente as paredes quando perdem a

estanquidade (risco estrutural) e só devem ser embebidos ou protegidos junto à rua.

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Telhados da cidade antiga: da expectativa ao desempenho

b.1

b.3

b.5

b.7

b.9

Figura 5 – Aspetos da estrutura tradicional

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b.2

b.4

b.6

b.8

b.10

spetos da estrutura tradicional de suporte e do desvão (ver secção 4.3

38

secção 4.3).

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c.1 c.2

c.3 c.4

c.5 c.6

c.7 c.8

c.9 c.10

Figura 6 – Aspetos da fixação, ventilação e drenagem dos telhados (ver secção 4.4).

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4.5. Ligações, remates e outros pontos singulares dos telhados

Os telhados são sistemas relativamente complexos que funcionam com um todo e em que as zonas de ligação e remate, não só são os pontos de maior vulnerabilidade, como os que representam um maior perigo quando são mal concebidos ou deixam de funcionar corretamente. Deste modo, mesmo quando bem executados inicialmente, são em geral os primeiros a exigir reparação, que é feita muitas vezes com o maior empirismo e desconhecimento, com soluções precárias de durabilidade e eficácia reduzidas. As limitações financeiras dos habitantes ou proprietários, bem como as eventuais implicações no restante telhado (e estrutura) duma reparação mais cuidada, não podem deixar de constituir fatores que influenciam fortemente esta situação. A Figura 7 apresenta dez fotografias que se reportam aos seguintes comentários:

d.1. As cumeeiras são o ponto singular comum a todos os telhados e exigem desempeno, estanquidade e ventilação.

d.2. Há acessórios e sistemas para fixação das cumeeiras sem argamassa, embora essa solução seja típica nalguns locais.

d.3. Os rincões têm as mesmas exigências das cumeeiras. Quando fixados com argamassa, esta deve ser usada em pequenas quantidades e pelo interior.

d.4. Os larós ou guieiras, canais côncavos do telhado, exigem rufos metálicos adequados devidamente prolongados e com proteção contra o ressalto da água.

d.5. Os sistemas de remate de chaminés exigem um particular cuidado na linha de ataque da água (a montante).

d.6. As mansardas exigem remates periféricos adequados. d.7. As ligações rígidas (argamassa) a edifícios vizinhos não são duráveis. d.8. O uso de telas e outro tipo de materiais é dissonante e também não é durável. d.9. Em alguns tipos de telhas, é possível usar telhas especiais para maior ventilação e,

em alguns modelos, apoio à circulação para manutenção. d.10. A colocação de antenas ou painéis publicitários (ou painéis solares) exige avaliação

da estanquidade e, quando mais pesados, a avaliação da estrutural do suporte.

4.6. O papel fundamental da manutenção e reabilitação das coberturas

As coberturas com estrutura de madeira e telha cerâmica constituem uma solução complexa, coerente e integrada, respondendo com facilidade a uma multiplicidade de exigências para um grande grupo de edifícios. A hierarquização da estrutura em peças mais fortes, mais espaçadas e mais duráveis (asnas), até à ripa (vulnerável, barata e fácil de substituir) demonstram a inteligência do sistema. A colocação das telhas em escama, com determinada inclinação, permitindo obter a estanquidade à água e uma adequada ventilação, sem ligações rígidas nem estanques e usando materiais porosos (barro vermelho) são outra evidência desta otimização. Todavia, o sistema tem subjacente a possibilidade de uma atenção frequente, de uma manutenção periódica natural, difíceis nos dias de hoje e na condição a que os telhados chegaram. Esse elo da cadeia, há muito quebrado, é a sua maior ameaça. A Figura 8 apresenta dez fotografias que se reportam aos seguintes comentários:

e.1. Ameaças: perda de planeza, deslocamento e quebra das telhas, vegetação, degradação dos remates e da drenagem.

e.2. Manutenção necessária: levantamento da telha, limpeza e recolocação. e.3. Substituição da ripa, incluindo realinhamento. e.4. Eventual substituição da telha e/ou sua fixação adequada. e.5. Substituição da vara e da ripa. e.6. Complementos de estanquidade: sub-telha ou telas micro-perfuradas. e.7. Isolamento térmico preferencial sobre a esteira com desvão ventilado… e.8. … ou na vertente, com desvão habitável, mantendo ventilação da telha. e.9. Limpeza, alinhamento e reparação de caleiras e tubos de queda. e.10. É fundamental a criação de rotina anual de inspeção e limpeza.

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Telhados da cidade antiga: da expectativa ao desempenho

d.1

d.3

d.5

d.7

d.9

Figura 7 – Ligações, remates e outros pontos singulares dos telhados (

Telhados da cidade antiga: da expectativa ao desempenho

d.2

d.4

d.6

d.8

d.10

Ligações, remates e outros pontos singulares dos telhados (ver secção 4.5d.3, d.4, d.5, d.8 a partir de [4])).

42

secção 4.5 com d.2,

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e.1 e.2

e.3 e.4

e.5 e.6

e.7 e.8

e.9 e.10

Figura 8 – O papel fundamental da manutenção e reabilitação das coberturas (ver secção 4.6).

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5. NOTA FINAL

Nos núcleos urbanos antigos os telhados constituem, em muitos casos, uma enorme ameaça porque deixaram (ou vão deixar a curto prazo) de cumprir a sua função essencial de proteção dos edifícios e dos seus habitantes. São muitos os casos em que, os sintomas se fazem notar modestamente ao nível das condições de vida dos habitantes mas estão já a afetar gravemente as estruturas de suporte e a destruir, de forma progressiva e invisível, as paredes, elemento estrutural essencial destes edifícios. Verifica-se com facilidade que não temos alternativa para estas coberturas. Desistir destes telhados, é desistir destes edifícios, é desistir da cidade antiga. O conhecimento existe e precisa de ser revisitado e, em alguns casos, atualizado. Urge um plano estratégico de intervenção que inclua toda a cadeia de valor e de decisão neste domínio, uma vez que as ações pontuais, ainda que louváveis e muitas vezes de grande qualidade, não conseguem, só por si, inverter o panorama geral de degradação e ameaça. Definida a estratégia e adquirido o conhecimento, é preciso praticar: fazer projeto, discuti-lo e executá-lo, criando ou recriando uma cultura própria de mercado, que inclua projetistas e construtores e seja compreendida e acolhida por moradores, proprietários, investidores e decisores.

6. AGRADECIMENTOS

A presente reflexão tem suporte em diversos trabalhos, na maioria dos quais colaboraram, de forma determinante, o Prof. Vitor Abrantes da Universidade do Porto e o Prof. Romeu Vicente da Universidade de Aveiro. É-lhes devido um empenhado agradecimento, extensivo às equipas de levantamento e inspeção que realizaram toda a recolha e tratamento de base da informação no projeto de regeneração urbana e social da Baixa de Coimbra.

7. REFERÊNCIAS

[1] Silva J. Mendes, Abrantes V., Vicente R., Defeitos de concepção execução de coberturas de telha cerâmica - casos de estudo. 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação de Edifícios (PATORREB-2003), FEUP, Porto, 18-19 Março 2003.

[2] Vicente Romeu, Estratégias e metodologias para intervenções de reabilitação urbana. Avaliação da vulnerabilidade e do risco sísmico do edificado da Baixa de Coimbra. Tese de Doutoramento, Universidade de Aveiro, Aveiro, 2008.

[3] LNEC, Coberturas de edifícios. Curso de Formação Profissional - CPP 516 – Lisboa, LNEC, 1976.

[4] APPIC; CTCV; IC (FEUP), Manual de Aplicação de Telhas Cerâmicas. Associação Portuguesa de Industriais de Cerâmica de Construção, Coimbra, 1998.

[5] Silva J. Mendes, et al, Anomalias em coberturas. Cadernos de apoio ao ensino da Tecnologia da Construção e da Reabilitação de Patologias Não-Estruturais, nº 10, Dep. Engenharia Civil, Universidade de Coimbra, Coimbra, 2009.

[6] Silva J. Mendes, Coberturas de edifícios (video online “itunes-I-u) – Episódio 3 da coleção “Cidade antiga: conhecer e agir”, Realização e produção da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2011. (disponível em http://itunesu-repository.uc.pt/itunesu/pages_collections/101101-1.html)