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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO ENGENHARIA CIVIL Marcelo Franciscon R.A. 3250173 – 10º Semestre TECNOLOGIA DA ARGAMASSA Itatiba SP, Brasil Dezembro de 2007

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO ENGENHARIA CIVIL

Marcelo Franciscon

R.A. 3250173 – 10º Semestre

TECNOLOGIA DA ARGAMASSA

Itatiba SP, Brasil

Dezembro de 2007

Marcelo Franciscon

R.A. 3250173 – 10º Semestre

TECNOLOGIA DA ARGAMASSA

Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de curso, do Curso de Engenheira Civil da Universidade São Francisco, sob a orientação do Prof. Dr. Adilson Franco Penteado como exigência parcial para conclusão do curso de graduação.

Itatiba SP, Brasil

Novembro 2007

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FRANCISCON, Marcelo. A “Tecnologia da Argamassa”. Monografia defendida e aprovada

na Universidade São Francisco em 10 de Dezembro de 2007 pela banca examinadora

constituída pelos professores e engenheiro.

---------------------------------------- Prof. Dr. Adilson Franco Penteado USF – orientador ----------------------------------------- Prof. André Franco Penteado USF - examinador ------------------------------------ Eng. Omar Iver Jimenez Ayala Empresa - examinador

iii

AGRADECIMENTOS

Sendo este trabalho mais uma etapa importante do meu percurso acadêmico e pessoal não

quero deixar de agradecer a todos aqueles que direta ou indiretamente deram o seu contributo

para a concretização do mesmo.

Primeiramente a Deus, fonte de toda sabedoria, pela força e pela coragem que me concedeu,

permanecendo ao meu lado em todo o percurso desta caminhada.

Ao Professor, Doutor Adilson Franco Penteado por toda ajuda e orientação que me

disponibilizou durante o decorrer deste trabalho.

Aos Professores da Universidade São Francisco pelo apoio dado durante todo o curso de

engenharia civil.

A todos os Engenheiros, Gerentes e amigos da empresa onde trabalho que me passaram

algumas de suas experiências e conhecimentos.

Aos meus pais, Mauricio e Maria Madalena, pelo apoio incondicional, incentivo e confiança

que sempre me depositaram em mim .

E finalmente, a minha namorada Nádia, cujo apoio e dedicação extremos foram a base de

motivação para chegar ao fim.

A todos muito obrigado.

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“O coração do homem traça seu caminho, mas o senhor lhe dirige os passos” Provérbio – 16,9

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RESUMO

O revestimento de argamassa pode ser uma das partes integrantes das vedações do

edifício, que deve apresentar um conjunto de propriedades que permitam o cumprimento das

suas funções, definições e execução, auxiliando a obtenção do adequado comportamento das

vedações e conseqüentemente, do edifício considerado como um todo.

O revestimento de um edifício sendo uma das partes mais visíveis, normalmente serve

como referência para avaliar a qualidade ou padrão de todas as fases da obra. No entanto as

alvenarias e os revestimentos argamassados são tecnologias construtivas que, na sua essência

remontam seu uso desde a idade média.

Com o surgimento do Concreto Armado o sistema de construção mudou, pois as

alvenarias deixaram de exercer sua função como estrutura e sendo utilizadas somente para

elementos de vedação, pois, os problemas de fissuração e destacamento de argamassa, tiveram

inicio e na maioria das vezes, opta-se por uma solução empírica com resultados imprevistos,

com grande probabilidade de desenvolvimento e manifestações patológicas futuras.

Palavras-Chaves: Revestimento externo, Execução, Patologia.

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ABSTRACT

The mortar covering can be one of the integral parts of the vedações of the building, that

should present a group of properties that you/they allow the execution of their functions,

definitions and execution, aiding the obtaining of the appropriate behavior of the vedações

and consequently, of the building considered as a whole.

The covering of a building being one of the most visible parts, it usually serves as

reference to evaluate the quality or pattern of all of the phases of the work. However the

masonries and the cemented coverings are constructive technologies that, in his/her essence

they raise his/her use from the medium age.

With the appearance of the Armed Concrete the construction system changed, therefore

the masonries stopped exercising his/her function as structure and being only used for

vedação elements, because, the fissuração problems and mortar military detachment, they had

begin and most of the time, she opt for an empiric solution with unexpected results, with great

development probability and future pathological manifestations.

Word-key: External covering, Execution, Pathology.

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1. 1.1 2. 2.1 2.2 2.2.1 2.2.2 2.2.3 2.2.4 3. 3.1 3.1.1 3.1.2 3.2 3.3 3.3.1 3.3.2 3.3.3

SUMÁRIO RESUMO................................................................................................................ ABSTRACT............................................................................................................ LISTA DE SIMBOLOS E ABREVIATURAS...................................................... LISTA DE FIGURAS............................................................................................. LISTA DE TABELAS............................................................................................ INTRODUÇÃO...................................................................................................... Objetivo.................................................................................................................... ARGAMASSA DE REVESTIMENTO................................................................. Definições............................................................................................................... Funções do Revestimento de Argamassa................................................................ Argamassa de Cimento........................................................................................... Argamassa de Cal................................................................................................... Argamassa Mista..................................................................................................... Dosagem da Argamassa.......................................................................................... CARACTERIZAÇÃO CONSTITUINTES DOS MATERIAIS............................. Aglomerantes........................................................................................................... Cimento.................................................................................................................... Cal............................................................................................................................ Agregados................................................................................................................ Propriedade do Revestimento da Argamassa........................................................... Trabalhabilidade....................................................................................................... Plasticidade.............................................................................................................. Retenção de Água....................................................................................................

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3.3.4 3.3.5 3.3.6 3.3.7 3.3.8 3.3.9 3.4 3.5 3.6 4. 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 5. 5.1 5.2 5.3 6. 7.

Aderência Inicial...................................................................................................... Retração na Secagem............................................................................................... Aderência no Estado Endurecido............................................................................. Permeabilidade......................................................................................................... Durabilidade............................................................................................................. Elasticidade.............................................................................................................. Espessuras Recomendadas....................................................................................... Classificação do Revestimento................................................................................ Tipos de argamassa.................................................................................................. TECNOLOGIA DE EXECUÇÃO DOS REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA........................................................................................................ Equipamento e Ferramentas..................................................................................... Procedimento de Execução...................................................................................... Base.......................................................................................................................... Substrato.................................................................................................................. Chapisco................................................................................................................... Emboço.................................................................................................................... Reboco..................................................................................................................... Camada Única.......................................................................................................... PATOLOGIAS DAS ARGAMASSAS................................................................... Perda de Aderência ou Desagregação...................................................................... Trincas, Gretamento e Fissura................................................................................. Precaução quanto à fissuras..................................................................................... CONCLUSÃO......................................................................................................... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS Símbolos:

fck: resistência característica do concreto à compressão

% - Porcentagem

ºC - Graus Celsius

Kg - Quilograma

Kg/m³ - Quilograma por Metro Cúbico

MPa - Mega Pascal

mm - Milímetros

cm - Centímetros

m - Metros

m² - Metros Quadrados

CaO - Óxido De Cálcio

CSH - Silicato De Cálcio Hidratado

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Abreviaturas:

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

A/C - Relação Água/Cimento

ABAI - Associação Brasileira de Argamassas Industrializadas

ABCP - Associação Brasileira De Cimentos Portland

ABPC - Associação Brasileira De Produtores De Cal

CPIII – Cimento Portland alto-forno

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LISTA DE FIGURAS

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10 11 12

Exemplo de Pingadeiras................................................................................ Zona utilizável inferior – Módulo de finura que varia de 1,55 à 2,20.......... Zona ótima – Módulo de finura que varia de 2,20 à 2,90............................. Zona utilizável superior – Módulo de finura que varia de 2,90 à 3,50......... Descidas dos balancins nas fachadas............................................................ Chapisco Convencional................................................................................. Chapisco Industrializado............................................................................... Chapisco Rolado........................................................................................... Fissuração...................................................................................................... Fissuras devido execução.............................................................................. Fissuras na Forma de Mapas......................................................................... Utilização de Tela..........................................................................................

05 13 13 14 22 27 27 27 36 37 40 41

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LISTA DE TABELAS

1. 2. 3. 4. 5.

Limites de resistências da aderência a tração (ABNT, 1996).................... Espessuras admissíveis para o revestimento de argamassa (ABNT,1996) Espessuras mínimas nos pontos críticos (USP, 1995)................................ Critério de classificação conforme (ABNT, 1995).................................... Características dos Chapiscos....................................................................

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1. INTRODUÇÃO

O revestimento de um edifício sendo uma das partes mais visíveis, normalmente serve

como referência para avaliar a qualidade ou padrão de todas as fases da obra. No entanto as

alvenarias e os revestimentos argamassados são tecnologias construtivas que, na sua essência

remontam seu uso desde a idade média.

Inicialmente as alvenarias eram utilizadas simultaneamente como vedações, como

estrutura e constituídas, na sua grande maioria, por tijolos de origem cerâmicos assentados e

revestidos com argamassa proveniente da mistura de cal e areia. Com a utilização do cimento

portland as argamassas sofreram uma evolução. Com a adição desse produto, conseguiram ter

uma resistência aumentada e a aderência às bases onde eram aplicadas muito melhorada, já

nas primeiras idades (NAKAKURA, 2005).

Com o surgimento do Concreto Armado o sistema de construção mudou, pois as

alvenarias deixaram de exercer sua função como estrutura e sendo utilizadas somente para

elementos de vedação, pois, os problemas de fissuração e destacamento de argamassa, tiveram

inicio, embora não tenham sido percebidos na ocasião.

Mas devido ao uso de estruturas de concreto armado às cargas eram distribuídas

uniformemente nas paredes e transferidas para as vigas que conduziam aos pilares e

repassavam para solo.

Com isso as tensões de compressão deixaram de preponderem, a tração de

cisalhamentos passando a dominar devido a grande capacidade de resistência que alvenaria

tem e pouca compressão na tensão de cisalhamento.

Foi necessário o aumento da resistência a compressão do concreto de 15MPa a 18MPa

para a atual 30MPa e 35MPa, devido a situação de conseguirem grandes vãos e estruturas

altas que quanto mais resistente o concreto menor sua porosidade.

Apesar do revestimento ser bastante utilizado em obras, ainda existe uma considerável

incidência de falhas e problemas patológicos, desperdícios de materiais e tempo, com a

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obtenção da qualidade, produtividade, reduzindo-se desperdícios e conseqüentemente

diminuindo-se os custos

1.1 Objetivo

Este trabalho tem a finalidade de avaliar o estudo da tecnologia do uso da argamassa em

revestimento externo de edifício, que é um dos mais importantes serviços não só no aspecto

visual da obra, mas também porque ele protege como um todo, aumentando a durabilidade do

edifício e assim analisando os problemas patológicos de sua aplicação.

Como não é só de uso acadêmico de conclusão do curso de engenharia, mas, servir para

ser utilizado por pesquisadores, construtores e profissionais da área de engenharia civil, que

atuam na construção de edifícios.

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2 ARGAMASSA DE REVESTIMENTO

O revestimento de argamassa pode ser uma das partes integrantes das vedações do

edifício, que deve apresentar um conjunto de propriedades que permitam o cumprimento das

suas funções, auxiliando a obtenção do adequado comportamento das vedações e,

conseqüentemente, do edifício considerado como um todo.

O edifício pode ser considerado um conjunto de elementos básicos: os que formam a

estrutura, os que compõem a vedação exterior, os que subdividem o espaço interno e os que

fazem parte dos sistemas prediais. Cada um desses elementos cumpre funções específicas e

contribui para o comportamento final do conjunto BAIA & SABBATINI (2001).

2.1 Definição

Bauer (S/D), a complexidade do revestimento de fachada quanto à composição,

funções, desempenho, materiais e metodologias construtivas, contrapostas à significativa

deficiência normativa e técnico-científica, tornam a atividade de especificação, projeto e

controle de qualidade dos revestimentos, uma atividade de grande especificidade, a qual foge

muitas vezes ao escopo da formação básica e atuação do engenheiro civil e do arquiteto. Os

parâmetros de definição, avaliação e controle, no estágio atual, são ainda muito incipientes e,

muitas vezes, insuficientes para as necessidades do dia-a-dia na execução dos revestimentos.

Exemplificando tal fato, pode-se ilustrar a questão das definições das juntas nos

revestimentos. Qual o modelo de cálculo para definir os espaçamentos entre juntas? As

referências de norma são extremamente genéricas e pouco específicas, resultando em

situações não particularizadas aos materiais a empregar. Outro ponto questionável seria de

como dimensionar a estruturação obrigatória tela soldada galvanizada para revestimentos de

grande espessura nestes simples exemplos, evidenciam-se dúvidas difíceis de serem

tecnicamente sanadas, sendo que, na maioria das vezes, opta-se por uma solução empírica

com resultados imprevistos, com grandes probabilidades de desenvolvimento de

manifestações patológicas futuras.

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Os revestimentos à base de argamassa têm sofrido modificações significativas nos

últimos anos. Essas modificações advêm de novos materiais básicos (novos cimentos,

agregados artificiais), novos materiais finais, como o caso das argamassas industrializadas, e

novos processos executivos, como por exemplo, as argamassas de revestimento projetadas

mecanicamente. Esses novos materiais e técnicas implicam em mudança dos parâmetros de

referência consagrados às argamassas, sendo que grande parte dos problemas atualmente

observados têm origem na inobservância de especificações de uso destes materiais (teor de

água e tempo de mistura nas argamassas industrializadas), e pior ainda, no desconhecimento

do próprio fabricante de como deve se proceder para utilizar o seu material. Vê-se, portanto,

que o julgamento normalmente efetuado pelos mestres de obra, em muitos casos a única

avaliação feita sobre determinada argamassa, carece de mais informações técnicas que devem

fazer parte do panorama de definição, execução e controle quanto aos revestimentos de

paredes.

Outro ponto importante diz respeito à qualidade de mão-de-obra. Uma vez que temos

materiais e processos mais específicos, o cuidado e respeito às recomendações deve ser regra

geral. Freqüentemente, observam-se situações em que são empregados materiais de bom

desempenho, a custos mais significativos, e o resultado final deixa a desejar. Tanto as

operações de execução como de controle devem ser atuantes no sentido de se ter uma mão-

de- obra mais capacitada, capaz de executar as tarefas a contento.

O revestimento pode ser entendido como um conjunto de subsistemas. As funções de

um revestimento vão desde a proteção à alvenaria, regularização das superfícies,

estanqueidade, até funções de natureza estéticas, uma vez que se constitui do elemento de

acabamento final das vedações. Normalmente, o revestimento atua em suas funções e

propriedades em conjunto com o substrato. Assim é que não se pode falar, por exemplo, da

aderência da argamassa, mas sim da aderência argamassa-substrato. As funções atribuídas à

utilização do revestimento variam enormemente de edifício para edifício, ou seja, dependem

em grande parte da concepção do edifício, suas fachadas e paredes e, obviamente, do

revestimento selecionado.

As diversidades quanto às opções a empregar, são muito grandes. Podem-se utilizar

peças cerâmicas e assente sobre emboço argamassado, empregar pintura consorciada à

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argamassa (em uma, duas ou várias camadas), utilizar sistemas com o emprego de placas de

rocha (por exemplo, placas de granito, mármore), dentre vários.

A definição da natureza do revestimento normalmente é um dado de natureza projetual,

contemplado por escolhas de estética e funcionalidade. O detalhamento se preocupa com

processos projetuais e construtivos, assumindo preocupações quanto à natureza e tipos de

materiais e técnicas a empregar. A especificação leva em conta a definição objetiva e

adequada dos materiais, traços, juntas, técnicas executivas. A especificação correntemente é

chamada, no meio técnico, de projeto de fachadas. Na verdade, o projeto vai mais além e deve

contemplar a funcionalidade da fachada inserindo elementos fundamentais ao bom

desempenho da mesma, como por exemplo, as pingadeiras.

Figura 1 exemplo de pingadeira

Quanto à constituição de um revestimento em argamassa, observa-se a tendência de

empregar procedimentos em camada única, diminuindo os custos da mão-de-obra pertinentes.

Todavia, as peculiaridades de diferentes situações freqüentemente exigem soluções mais

especifica para cada caso.

2.2 Funções do Revestimento de Argamassa

Segundo BAIA & SABBATINI (2001), o revestimento de argamassa apresenta

importantes funções que são genericamente:

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· proteger os elementos de vedação dos edifícios da ação direta dos agentes agressivos;

· auxiliar as vedações no cumprimento das suas funções como, por exemplo, o isolamento

termo-acústico e a estanqueidade à água e aos gases;

· regularizar a superfície dos elementos de vedação, servindo de base regular e adequada ao

recebimento de outros revestimentos ou constituir-se no acabamento final;

· contribuir para a estética da fachada.

É importante ressaltar que não é função do revestimento dissimular imperfeições

grosseiras da base. Na prática, essa situação ocorre com muita freqüência, devido à falta de

cuidado no momento da execução da estrutura e da alvenaria, que ficam desaprumadas e

desalinhadas. Com isso é necessário “esconder na massa” as imperfeições, o que compromete

o cumprimento adequado das reais funções do revestimento.

2.2.1 Argamassa de Cimento

As argamassas de cimento são utilizadas em alvenarias de alicerces pela resistência

exigível e especialmente pela condição favorável de endurecimento, também usada para

chapisco pela sua resistência em curto prazo, nos revestimentos onde as condições de

impermeabilidade são exigíveis e, porém de mais difícil trabalhabilidade por isso adicionamos

a cal para torná-la mais plásticas e fácil acabamento.

2.2.2 Argamassa de Cal

Esse tipo de argamassa é utilizada para emboço e reboco, devido a sua plasticidade,

elasticidade e as condições favoráveis de endurecimento e proporciona o acabamento

esmerado, plano e regular.

2.2.3 Argamassa Mista

As argamassas mista de cimento e cal são utilizadas nas alvenarias estruturais ou não, de

tijolos ou blocos, nos contra pisos, no assentamento e revestimento.

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2.3 Dosagem das Argamassas O adequado desempenho das argamassas depende fundamentalmente da correta escolha

dos materiais e de seu proporcionamento, cujas operações são denominadas de dosagem

(LARA et al., 1995).

Segundo CARNEIRO (1999), usualmente a composição e a dosagem das argamassas

adotadas no Brasil são feitas com base em traços (massa ou volume) descritos ou

especificados em normas internacionais ou nacionais, como Associação Brasileira de Normas

Técnica (ABNT) e Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) e cadernos de

encargos. De acordo com o mesmo autor, para argamassas de revestimentos tem-se adotado

com mais freqüência os traços de dosagem 1: 1: 6 (cimento: cal: areia) e 1: 2: 9, em volume,

numa proporção aglomerante: agregado de 1: 3 ou 1: 4.

A escolha de um desses traços está de acordo com o desempenho esperado da

argamassa ao longo do tempo, ou seja, sua durabilidade. No entanto, na prática identifica-se o

emprego de traços mais pobres, como 1: 4 a 1: 9 (aglomerante: agregado), como constataram

CAMPITELI et al. (1995), não dando qualidade ao revestimento.

Embora na presente década os textos normativos sobre revestimentos de argamassa

tenham passado por uma grande evolução, constata-se que a NBR 7200 (ABNT, 1998)

suprimiu toda e qualquer indicação de traços ou consumos empíricos para a produção de

argamassas de revestimentos (MIRANDA, 2000).

As perspectivas são de mudança quanto aos procedimentos para a dosagem de

argamassas e as publicações nacionais são ainda divergentes, como se constata pela análise

dos trabalhos de SABBATINI et al. (1988), MARTINELLI (1989), SELMO (1989),

CAMPITELI et al. (1995), LARA et al. (1995), entre outros.

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3. CARACTERIZAÇÃO CONSTITUINTE DAS ARGAMASSAS

O processo dos materiais constituintes das argamassas de revestimentos justifica-se por

vários fatores. Um deles é a falta de regras claras para especificação dos materiais, sendo que

na maioria das vezes são definidos a partir de critérios empíricos por experiências baseadas e

isoladas de profissionais da construção civil.

Outro fato que merece certa parcela de atenção na produção de argamassa. Por exemplo,

cal (hidratadas, aditivadas e pré-misturada com cimento), aditivos para produção das

argamassas industrializadas ou para produção em canteiro de obras (incorporadores de ar,

retentores de água e aditivos poliméricos), com dimensões e granulométricas especificas dos

agregados para cada aplicação.

3.1 Aglomerantes

Os aglomerantes mais utilizados na produção das argamassas e revestimentos são o

cimento e a cal, com decisivas contribuições nas propriedades no estado fresco e no estado

endurecido.

3.1.1 Cimento

De acordo com os aglomerantes hidráulicos os cimentos Portland são os mais

empregados na produção das argamassas de revestimento. Todos os cimentos necessitam da

água para que se processem as reações de hidratação (resultando no endurecimento) e também

após este processo, se tornam produtos resistentes à água.

Como descrito na NBR 5735 (ABNT, 1991), o cimento Portland de alto-forno

determina os aglomerantes hidráulicos obtido pela mistura homogênea de clínquer Portland e

escória granulada de alto-forno em conjunto ou em separado.

Durante a moagem é permitido uma ou mais formas de sulfato de cálcio e materiais

carbonáticos no teor especificado.

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O conteúdo de escória granulada de alto-forno deve estar compreendido entre 35% e

70% da massa total de aglomerante.

3.1.2 Cal

A cal é um aglomerante que desenvolve seu endurecimento através da transformação da

cal em carbonato de cálcio, por fixação do gás carbônico existente no ar (processo de

carbonatação).

Os tipos de cales empregados na produção das argamassas podem ser:

• cal virgem, sob a forma de óxido de cálcio ou óxidos cálcio e magnésio, extinto em obra;

• cal hidratada, sob a forma de hidróxido de cálcio ou hidróxido de cálcio e magnésio e das

matérias-primas encontradas no Brasil.

Para a obtenção da cal hidratada como produto final, após a seleção da jazida e extração

da matéria-prima, duas outras etapas interferem na sua qualidade:

• calcinação da matéria-prima (transformação térmica do carbonato em cal virgem)

• hidratação do produto calcinado.

As equações representativas das reações químicas, ocorridas na produção da cal

hidratada, estão representadas em seguida.

Calcinação do carbonato

CaCO3 ----------------------- CaO + CO2 Calcário pura (900 – 1000 oC) Óxido de cálcio + anidrido carbônico CaCO3 MgCO3 ------------------------ CaO + MgO + CO2 Calcário pura (900 – 1000 oC) Óxido de cálcio + Óxido de magnésio + anidrido

carbônico Hidratação da cal virgem

CaO + H2O -- --------------------- Ca(OH)2 Óxido de cálcio - água Hidróxido de cálcio

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CaO.MgO + H2O --------------------- Ca (OH)2 + Mg(OH)2 Óxido de cálcio e de Magnésio Hidróxido de cálcio + Hidróxido de magnésio

Quando a cal virgem entra em contato com a água, ocorre hidratação do produto, cuja

reação é fortemente exotérmica.

O calor liberado na hidratação gera forças de expansão na cal virgem, o que causa a

desintegração completa da mesma, que se transforma em um pó. Esta reação tem como

produtos formados os hidróxidos de cálcio e de magnésio.

Como descrito na NBR 7175 (ABNT, 1992), a cal hidratada é um pó seco obtido pela

hidratação de cal virgem, constituída essencialmente de hidróxido de cálcio ou de uma

mistura de hidróxido de cálcio e hidróxido de magnésio, ou ainda de uma mistura de

hidróxido de cálcio hidróxido de magnésio e óxido de magnésio.

A cal hidratada deve ser designada conforme os teores de óxidos não hidratados e de

carbonatos indicados, pelos seguintes tipos e siglas;

a) CH-I – cal hidratada especial;

b) CH-II – cal hidratada comum;

c) CH-III – cal hidratada comum com carbonatos.

Segundo RAGO & CINCOTTO (1999), sempre se utilizou cal como um dos

constituintes das argamassas. Atualmente, com o uso de aditivos cada vez mais difundidos, a

cal tem sido abandonada em muitos casos. No entanto, sabe-se que essa prática afeta a

durabilidade do revestimento, como já observado em alguns países da Europa, como por

exemplo, a França, que tem a cal como um dos vários constituintes das argamassas.

Associação Brasileira de Produtores de Cal – ABPC, programou o plano de qualidade,

sendo a Garantia da Qualidade da Cal para a Construção Civil foi implementado em

Novembro de 1995, motivado pela falta de qualidade do grande número de cales que abastece

o mercado consumidor, o que vinha abalando a isonomia competitiva do setor e prejudicando

a imagem do produto junto aos usuários. O consumidor estava deixando de acreditar na cal

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como aglomerante e principalmente como bactericida e, com isso, estava colocando-o em

descrença, tendo em vista as inúmeras patologias verificadas quando da sua aplicação.

3.2 Agregados

O agregado é parte integrante das argamassas, sendo em alguns casos definido como o

“esqueleto” dos sistemas de revestimento argamassados, com influência direta em

propriedades como retração, resistência mecânica, módulo de deformação, dentre outras.

BAUER (S/D) pode-se dizer que a análise granulométrica do agregado é o principal

método de ensaio utilizado para se avaliar os diferentes tipos de agregados que compõem as

argamassas de revestimento. Este consiste na determinação das dimensões das partículas e das

proporções relativas em que elas se encontram na composição, como:

Agregado Miúdo: São materiais granulares, com pelo menos 95% (em massa), passando na

peneira 4,8 mm.

Agregado Graúdo: São materiais granulares, com pelo menos 95% (em massa), retido na

peneira 4,8 mm.

Os agregados são classificados quanto a origem:

Naturais: É um processo de extração encontrados na natureza, sobe a forma definitiva de

utilização, como é o caso das areias de rios e minas que são mais comuns e o pedregulho e

proveniente de roxas e os seixos rolados de rios.

Artificiais: É um trabalho industrializado, que para chegar as condições de processo são mais

comuns a pedra britada e areia artificial, proveniente de roxas estáveis e argilas expandidas.

A composição granulométrica do agregado é a proporção relativa expressa em

porcentagem, em que se encontram os tamanhos dos grãos de um determinado agregado, pelo

qual o material fica retido e acumulado em cada peneira.

Para classificar os agregados existem duas series de peneiras normalizadas pela ABNT,

as peneiras da serie normal e as peneiras da serie intermediária, que são usadas em conjuntos.

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A granulométrica tem influencia diretamente no desempenho da argamassa, e tem

importância na compacidade e resistência aos esforços aos mecânicos, na trabalhabilidade, no

consumo de água e aglomerantes no estado fresco do revestimento acabado.

Segundo TRISTÃO (1995), na produção de argamassas pode ser utilizado areias

naturais (provenientes de leitos de rios e de cava) e artificiais (provenientes da britagem de

rochas), sendo este último mais utilizado na produção das argamassas industrializadas.

Sugere-se que a escolha de uma areia deva ser baseada em uma granulométrica

contínua, com uma dimensão máxima característica adequada aos tipos de revestimento no

qual será utilizado.

CARNEIRO et. al. (1997), a areia de granulométria muito uniforme, independentemente

do formato dos grãos, compromete a trabalhabilidade da argamassa. Há um conseqüente

enrijecimento, impedindo o deslizamento dos grãos da areia entre si, com demanda de um

maior consumo de pasta utilizaram em seu trabalho a massa unitária da areia, definida como

sendo a quantidade de massa capaz de ser acomodada em um recipiente de volume unitário.

Salientam os autores ser um importante instrumento na seleção da granulométria das areias.

Neste trabalho concluiu-se que a massa unitária da areia é um parâmetro relevante no estudo

do desempenho da argamassa. Porém, sugerem os autores que estudos mais aprofundados das

curvas granulométricas da areia sejam realizados, a fim de se estabelecerem melhores

correlações com as propriedades das argamassas.

É importante ressaltar que o módulo de finura, a distribuição granulométrica e o

coeficiente de uniformidade desconsideram a forma dos grãos que, evidentemente, tem grande

influência no empacotamento dos grãos CARNEIRO et al. (1997).

A norma NBR 7211 (ABNT, 2005) – Agregados para concreto –Especificações, que

passou a vigorar a partir de 29/04/2005, criou novos limites de utilização para agregados

miúdos. Anteriormente esta norma classificava o agregado miúdo em muito fino (zona 1),

fino (zona 2), médio (zona 3) e grosso (zona 4). Agora, conforme o módulo de finura (MF)

classifica em zona utilizável inferior (MF varia de 1,55 a 2,20), zona ótima (MF varia de 2,20

a 2,90) e zona utilizável superior (MF varia de 2,90 a 3,50). Nas Figuras 2, 3 e 4 estão

13

apresentados os limites inferior e superior para a zona utilizável inferior, zona ótima e zona

utilizável superior, respectivamente.

14

3.3 Propriedades do Revestimento de Argamassa

Para que os revestimentos de argamassa possam cumprir adequadamente as suas

funções, eles precisam apresentar um conjunto de propriedades específicas, que são relativas à

argamassa e o entendimento dessas propriedades e dos fatores que influenciam a obtenção

permite prever o comportamento do revestimento nas diferentes situações de uso.

3.3.1 Trabalhabilidade

Segundo MACIEL, BARROS e SABBATINI (1998) é uma propriedade de avaliação

qualitativa. Uma argamassa é considerada trabalhável quando:

· deixa penetrar facilmente a colher de pedreiro, sem ser fluida;

· mantém-se coesa ao ser transportada, mas não adere à colher ao ser lançada;

· distribui-se facilmente e preenche todas as reentrâncias da base;

· não endurece rapidamente quando aplicada.

Alguns aspectos interferem nessa propriedade como as características dos materiais

constituintes da argamassa e o seu proporcionamento. A presença da cal e de aditivos

incorporadores de ar, por exemplo, melhoram essa propriedade até um determinado limite.

15

3.3.2 Plasticidade

É a propriedade pela qual a argamassa no estado fresco tende a conservar-se deformada

após a redução das tensões de deformação. De acordo com CINCOTTO et al. (1995), a

plasticidade e a consistência são as propriedades que efetivamente caracterizam a

trabalhabilidade, e são influenciadas pelo teor de ar aprisionado, natureza e teor de

aglomerantes e pela intensidade de mistura das argamassas.

Segundo CASCUDO et al. (2005), a plasticidade adequada para cada mistura, de acordo

com a finalidade e forma de aplicação da argamassa, demanda uma quantidade ótima de água

a qual significa uma consistência ótima, sendo esta função do proporcionamento e natureza

dos materiais.

3.3.3 Retenção de Água

Representa a capacidade da argamassa reter a água de amassamento contra a sucção da

base ou contra a evaporação. A retenção permite que as reações de endurecimento da

argamassa se tornem mais gradativas, promovendo a adequada hidratação do cimento e

conseqüente ganho de resistência.

A rápida perda de água compromete a aderência, a capacidade de absorver deformações,

a resistência mecânica e, com isso, a durabilidade e a estanqueidade do revestimento e da

vedação ficam comprometidas. Da mesma forma que a trabalhabilidade, os fatores influentes

na retenção de água são as características e proporcionamento dos materiais constituintes da

argamassa. A presença da cal e de aditivos pode melhorar essa propriedade, MACIEL,

BARROS e SABBATINI (1998).

3.3.4 Aderência Inicial

MACIEL, BARROS e SABBATINI (1998), a aderência inicial depende: das outras

propriedades da argamassa no estado fresco; das características da base de aplicação, como a

16

porosidade, rugosidade, condições de limpeza; da superfície de contato efetivo entre a

argamassa e a base. Para se obter uma adequada aderência inicial, a argamassa deve

apresentar a trabalhabilidade e retenção de água adequada à sucção da base e às condições de

exposição. Deve, também, ser comprimida após a sua aplicação, para promover o maior

contato com a base. Além disso, a base deve estar limpa, com rugosidade adequada e sem

oleosidade. Caso essas condições não sejam atendidas, pode haver problema com a aderência,

como a perda de aderência em função da entrada rápida da pasta nos poros da base, por

exemplo. Isso acontece devido à sucção da base ser maior que a retenção de água da

argamassa, causando a descontinuidade da camada de argamassa sobre a base.

Propriedade relacionada ao fenômeno mecânico que ocorre em superfícies porosas, pela

ancoragem da argamassa na base, através da entrada da pasta nos poros, reentrâncias e

saliências seguidos do endurecimento progressivo da pasta.

3.3.5 Retração na Secagem

Ocorre em função da evaporação da água de amassamento da argamassa e, também,

pelas reações de hidratação e carbonatação dos aglomerantes. A retração pode acabar

causando a formação de fissuras no revestimento.

De acordo com MACIEL, BARROS e SABBATINI (1998), as fissuras podem ser

prejudiciais ou não prejudiciais (micro fissuras). As fissuras prejudiciais permitem a

percolação da água pelo revestimento já no estado endurecido, comprometendo a sua

estanqueidade à água. Os fatores que influenciam essa propriedade são: as características e o

proporcionamento dos materiais constituintes da argamassa; a espessura e o intervalo de

aplicação das camadas; o respeito ao tempo de sarrafeamento e desempeno.

As argamassas com um alto teor de cimento, denominadas “fortes”, são mais sujeitas às

tensões que causarão o aparecimento de fissuras prejudiciais durante a secagem, além das

trincas e possíveis descolamentos da argamassa já no estado endurecido. Já as argamassas

mais “fracas”, são menos sujeitas ao aparecimento das fissuras prejudiciais.

17

Com relação à espessura, as camadas de argamassa que são aplicadas em espessuras

maiores, superiores a 25 mm, estão mais sujeitas a sofrerem retração na secagem e

apresentarem fissuras. No caso do intervalo de aplicação entre duas camadas do revestimento

de argamassa, é recomendado que sejam aguardados dias, no mínimo, pois nesse período a

retração da argamassa já é grande, da ordem de 60% a 80% do valor total. O tempo de

sarrafeamento e desempeno significam o período de tempo necessário para a argamassa

perder parte da água de amassamento e chegar a uma umidade adequada para iniciar essas

operações de acabamento superficial da camada de argamassa. Caso essas operações sejam

feitas com a argamassa muito úmida podem ser formadas as fissuras e até mesmo ocorrer o

descolamento da argamassa em regiões da superfície já revestida MACIEL, BARROS e

SABBATINI (1998).

3.3.6 Aderência no Estado Endurecido

MACIEL, BARROS e SABBATINI (1998), é a propriedade do revestimento manter-se

fixo ao substrato, através da resistência às tensões normais e tangenciais que surgem na

interface base-revestimento. É resultante da resistência de aderência à tração, da resistência de

aderência ao cisalhamento e da extensão de aderência da argamassa.

A aderência depende: das propriedades da argamassa no estado fresco; dos

procedimentos de execução do revestimento; da natureza e características da base e da sua

limpeza superficial. A resistência de aderência à tração do revestimento pode ser medida

através do ensaio de arrancamento por tração.

De acordo com a norma NBR 13749 (ABNT, 1996), o limite de resistência de aderência

à tração (Ra) para o revestimento de argamassa (emboço e massa única) varia de acordo com

o local de aplicação e tipo de acabamento, conforme a Tabela 1.

18

Tabela 1 Limites da resistência de aderência à tração (ABNT, 1996)

Local Acabamento

Ra (Mpa)

Interna Pintura ou base para reboco > 0,20

Parede Parede Cerâmica ou Laminado > 0,30

Externa Pintura ou base para reboco > 0,30 Cerâmica > 0,30 Teto > 0,20 3.3.7 Permeabilidade A permeabilidade está relacionada à passagem de água pela camada de revestimento,

constituída de argamassa, que é um material poroso e permite a percolação da água tanto no

estado líquido como de vapor. É uma propriedade bastante relacionada ao conjunto base-

revestimento.

Segundo MACIEL, BARROS e SABBATINI (1998), o revestimento deve ser estanque

à água, impedindo a sua percolação. Mas, é recomendável que o revestimento seja permeável

ao vapor para favorecer a secagem de umidade de infiltração (como a água da chuva, por

exemplo) ou decorrente da ação direta do vapor de água, principalmente nos banheiros.

Quando existem fissuras no revestimento, o caminho para percolação da água é direto até a

base e, com isso, a estanqueidade da vedação fica comprometida. Essa propriedade depende:

da natureza da base; da composição e dosagem da argamassa; da técnica de execução; da

espessura da camada de revestimento e do acabamento final.

3.3.8 Durabilidade

É uma propriedade do período de uso do revestimento, resultante das propriedades do

revestimento no estado endurecido e que reflete o desempenho do revestimento frente as

ações do meio externo ao longo do tempo. Alguns fatores prejudicam a durabilidade do

revestimento, tais como: a fissuração do revestimento; a espessura excessiva; a cultura e

19

proliferação de microorganismos; a qualidade das argamassas; a falta de manutenção

MACIEL, BARROS e SABBATINI (1998).

3.3.9 Elasticidade

Segundo SABBATINI (1984), elasticidade é a capacidade que a argamassa no estado

endurecido apresenta em se deformar sem apresentar ruptura quando sujeita a solicitações

diversas, e de retornar à dimensão original inicial quando cessam estas solicitações. De acordo

com CINCOTTO et al. (1995), a elasticidade é, portanto, uma propriedade que determina a

ocorrência de fissuras no revestimento e, dessa forma, influi decisivamente sobre o grau de

aderência da argamassa à base e, conseqüentemente, sobre a estanqueidade da superfície e sua

durabilidade.

A capacidade do revestimento de absorver deformações pode ser avaliada através do

módulo de elasticidade, que pode ser obtido através do método estático ou dinâmico. Quanto

menor o valor do módulo, maior será a capacidade do revestimento de absorver deformações.

3.4 Espessuras Recomendadas

As espessuras admissíveis para os revestimentos de argamassa estão apresentadas na

Tabela 2, de acordo com a norma NBR 13749 (ABNT, 1996).

Tabela 2 Espessuras admissíveis para o revestimento de argamassa (ABNT, 1996)

Revestimento Espessura (mm)

Parede interna 5 < e < 20 mm

Parede externa 20 < e < 30 mm

Tetos internos e externos e < 20 mm

20

No caso do revestimento do tipo emboço e reboco, a camada de reboco deve ter, no

máximo, 5 mm, sendo o restante da espessura referente à camada de emboço. No

revestimento do tipo massa única, a espessura admissível é relativa a essa camada.

Caso não seja possível atender às espessuras admissíveis, devem ser tomados cuidados

especiais. Se a espessura do revestimento for maior, devem ser adotadas soluções que

garantam a sua aderência.

No caso da espessura do revestimento estar entre 3 e 5 cm, a aplicação da argamassa

deve ser feita em duas demãos, respeitando um intervalo de 16 horas entre elas, no mínimo.

Se a espessura for de 5 a 8 cm, a aplicação deve ser feita em três demãos, sendo as duas

primeiras encasquilhadas. Nesses casos também podem ser previstos o uso de telas metálicas

no revestimento.

Se a espessura for menor, não deve ultrapassar alguns limites, para que a proteção do

revestimento à base não seja prejudicada. A Tabela 3 apresenta as espessuras mínimas nos

pontos críticos do revestimento de argamassa de fachada, conforme a CPqDCC-EPUSP (USP,

1995).

Tabela 3 Espessuras mínimas nos pontos críticos (USP, 1995)

Tipo de base Espessura mínima (mm) estrutura de concreto em pontos localizados 10 alvenaria em pontos localizados 15 vigas e pilares em regiões extensas 15 alvenarias em regiões extensas 20 3.5 Classificação dos Revestimentos

Segundo a NBR 13530 (ABNT, 1995), os revestimentos são aplicados sobre paredes e

tetos, objetivando uma aparência desejada. Em casos específicos, atendem às exigências de

conforto térmico e de proteção contra radiação e umidade consideradas como sistemas

21

constituídos de uma ou mais camadas de argamassa podendo cada uma ter uma função

característica e classificadas de acordo com a tabela 4

Tabela 4 Critério de Classificação conforme ( ABNT, 1995 )

Tipo Critério de Classificação revestimento de camada única

quanto ao número de camadas de aplicação

revestimento de duas camadas revestimentos de paredes internas revestimentos de paredes externas quanto ao ambiente de exposição revestimento com contato com o solo revestimento comum revestimento de permeabilidade reduzida quanto ao comportamento à umidade revestimento hidrófugo revestimento de proteção radiológica quanto ao comportamento à radiação revestimento termoisolante quanto ao comportamento ao calor camurçado chapiscado desempenado sarrafeado quanto ao acabamento de superfície imitação travertino lavado raspado

22

3.6 Tipos de argamassa Quanto à forma de produção a argamassa pode ser preparada em obra, industrializada

fornecida em sacos e fornecida em silos, cada um desses tipos de argamassa interfere nas

atividades de produção e no seu seqüenciamento, na escolha das ferramentas e equipamentos

necessários para produção, bem como na organização adequada do próprio canteiro de obras

conforme descrito abaixo.

Preparada em obra

Central de produção, número de equipamentos de mistura adequado ao volume diário de

consumo e próxima ao estoque dos materiais e ao equipamento de transporte vertical

estocagem individual de cada material maior área de estocagem interferência com o transporte

vertical de outros materiais.

Industrializada fornecida em sacos

Central de produção caso não seja produzida nos próprios pavimentos do edifício

possibilidade de redução da ocupação do canteiro e interferência com o transporte vertical dos

outros materiais produção nos pavimentos diminuição das áreas de estocagem dos sacos de

argamassa maior facilidade de controle e estocagem do material.

Industrializada fornecida em silos

Dispensa a organização de uma central de produção local para instalação do silo diminuição

das áreas de estocagem todos os materiais constituintes da argamassa ficam armazenados no

próprio silo maior facilidade de controle e estocagem do material mistura feita no

equipamento acoplado no próprio silo pode existir interferências ou não com o transporte dos

outros materiais mistura no pavimento elimina-se a interferência do transporte dessa

argamassa com outros materiais, otimizando a execução do revestimento.

23

4. TECNOLOGIA DE EXECUÇÃO DOS REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA 4.1 Equipamentos e ferramentas

Os equipamentos e ferramentas comumente empregados para a execução do

revestimento são: colher e linha de pedreiro fio de prumo, broxa, régua de alumínio,

desempenadeira, nível de mangueira, caixas para argamassa, gabarito de junta, frisador, entre

outros.

Segundo MACIEL, BARROS e SABBATINI (1998), para a execução dos

revestimentos das paredes internas e tetos são empregados os andaimes como equipamento de

suporte provisório. Para a execução dos revestimentos de fachada é empregado o balancim,

movimentado manualmente ou através de motor, ou o andaime tubular. O tipo de

equipamento interfere na definição do seqüenciamento das atividades de execução do

revestimento de fachada conforme figura 5.

Figura 5 Descida dos balancins nas fachadas.

24

No caso do balancim movimentado manualmente, verifica-se que, na prática, existe a

busca pela diminuição ao máximo do número de subidas e descidas, em função da maior

dificuldade de movimentação e também do custo do aluguel do equipamento. Essa situação

pode comprometer o desempenho dos revestimentos, por não serem observadas importantes

etapas de execução e respeitados os intervalos entre atividades.

O balancim motorizado facilita e agiliza a movimentação desse equipamento ao longo

da fachada. Assim, não se justifica eliminar algumas etapas da execução do revestimento por

causa da restrição de equipamento. A adoção do balancim motorizado torna-se mais atraente

quando se opta pelo emprego da argamassa aplicada por projeção mecânica, uma vez que se

torna compatível à velocidade de execução do revestimento com a movimentação do

balancim MACIEL, BARROS e SABBATINI (1998).

Com relação à utilização do andaime, existe uma maior facilidade na observação das

etapas de execução e dos intervalos entre as atividades. O emprego do andaime facilita a

introdução das etapas de mapeamento e taliscamento da fachada, pois não é preciso haver

deslocamentos adicionais do equipamento, o que despenderia maior esforço e tempo.

4.2 Procedimentos de execução

A execução dos revestimentos de argamassa envolve uma série de etapas, com

atividades próprias e procedimentos específicos, que devem estar bem definidos para que seja

alcançado um maior nível de racionalização das atividades de execução.

As etapas gerais da execução do revestimento de argamassa são: a preparação da base; a

definição do substrato; a aplicação da argamassa; o acabamento das camadas.

Essa etapa da execução do revestimento de argamassa será descritas, resumidamente, na

seqüência, destacando-se as atividades principais pertinentes a cada uma delas.

25

4.3 Base

No caso de edificação com estrutura convencional, a base é composta de alvenaria de

blocos cerâmicos ou de concreto, e pelos elementos da estrutura de concreto (pilares, vigas,

etc.). As características que podem trazer influência ao desempenho dos revestimentos de

fachada são a rugosidade e a capacidade de absorção de água. Devem ser citadas também as

presenças de materiais contaminantes e a planicidade da superfície.

A capacidade de absorção de água é importante, pois quando da execução da argamassa

de emboço, parte da água da sua composição será perdida para o próprio ambiente e outra

parte para a base, SABBATINI (1988) e em relação à rugosidade, quanto maior a rugosidade,

maior será a resistência à aderência.

4.4 Substrato

O substrato é a superfície que receberá as camadas que constituem o revestimento

propriamente dito. Podendo ser executado com diferentes materiais e técnicas construtivas,

desde que atenda às solicitações previstas em projeto e apresente características de resistência

mecânica, deformabilidade, estanqueidade, resistência ao fogo e de textura superficial,

compatíveis com o revestimento a ser utilizado, tendo em vista a necessária compatibilização

das superfícies em contato para um adequado desempenho e durabilidade do conjunto.

(FLAIN, 1995) Ainda segundo a autora, a influência do substrato na resistência de aderência

com as demais camadas que constituem a vedação vertical está ligada, principalmente, às

características superficiais dos componentes da alvenaria ou do concreto e às condições de

exposição do substrato. Em substratos com condições não adequadas de aderência para a

próxima camada, recomenda-se a execução de uma camada que melhore esta aderência, o

chapisco ou apicoamento do substrato.

A norma NBR 7200 (1992), por ocasião da aplicação da camada de argamassa, o substrato

deverá apresentar-se isento de partículas soltas, até mesmo de resíduos de argamassas

provenientes de outras atividades, que quando presentes poderão ser removidos, empregando-

se lixas ou escovas. Além disso, a norma recomenda a remoção de manchas de óleos, graxas

26

ou outras substâncias gordurosas através de lavagem com solução de soda cáustica de baixa

concentração, sendo que a superfície deverá ser posteriormente, lavada com água limpa. As

manchas de bolor podem ser removidas com uma solução de hipoclorito de sódio (água

sanitária ou de lavadeira).

FLAIN (1995), a planicidade e prumo, estão diretamente relacionados à integridade do

revestimento. Para que o revestimento desempenhe suas funções e para manter a estética das

fachadas, é necessária a observação das tolerâncias em relação ás características geométricas

do substrato, para que se evitem grandes desperdícios de material e mão de obra. Quando

constatados desvios significativos em relação às especificações de projeto, recomenda-se a

adoção de algumas medidas como a análise e estudo do projeto de revestimento, redefinindo-

o conforme condições da obra e verificando-se as interfaces com os demais subsistemas do

edifício, tais como com as esquadrias.

4.5 Chapisco

Além da textura, o chapisco tem função de regular à capacidade de sucção por parte do

substrato. Assim, substratos de altíssima sucção (como por exemplo, as alvenarias de concreto

celular) têm no chapisco um elemento que diminui a intensidade do transporte de água das

argamassas para o substrato. Em contraposição, substratos com sucção muito baixa (como é o

caso dos elementos estruturais em concreto), necessitam do chapisco como elemento

incrementador da sucção de água da argamassa, com o intuito do desenvolvimento adequado

da aderência argamassa-substrato. Este fato é exemplificado na rotina de obras pela

obrigatoriedade do chapisco sobre elementos estruturais. O chapisco, como um dos elementos

de preparação de base, tem as suas peculiaridades. Primeiramente ele deve ter aderência ao

substrato. Isso se consegue pela formulação de dosagem do chapisco, onde se emprega uma

argamassa de significativo consumo de cimento (traço 1:3 em volume, usualmente). Essa

dosagem rotineiramente costuma nos dar valores aceitáveis de aderência, embora o resultado

não dependa somente da argamassa de chapisco, mas de outros fatores como a natureza do

substrato BAUER (S/D).

Segundo BAUER (S/D) é necessário mencionar a necessidade de cura do chapisco,

obrigatoriamente em climas quentes e secos. A cura por aspersão de água deve se iniciar

27

imediatamente assim que não houver lavagem do chapisco pela água de cura. Resultados

muito bons são relatados pelo emprego de névoa sobre o chapisco. A duração da cura (ou

seja, manter o chapisco molhado) deve ser no mínimo de 24 horas, recomendando-se estendê-

la para 48 horas em condições de clima quente e seco. Falhas de cura, geralmente são:

pulverulência, fissuração intensa e desagregação.

O chapisco é um procedimento de preparação de base e não se constitui de uma camada

do revestimento. A espessura média deste tratamento situa-se próxima a 5 mm, dependendo

das características granulométricas da areia empregada. Não se recomenda usar espessuras

muito maiores do que a mencionada, nem promover uma textura excessivamente rugosa .

Existem diferentes tipos de chapisco: o tradicional; o industrializado; e o rolado. As

características de cada um deles são apresentadas na Tabela 5.

Tabela 5 Características dos Chapiscos

___________________________________________________________________________

CHAPISCO TRADICIONAL Argamassa de cimento, areia e água, adequadamente dosada resulta em uma película rugosa,

aderente e resistente apresenta um elevado índice de desperdício, em função da reflexão do

material pode ser aplicado sobre alvenaria e estrutura.

___________________________________________________________________________ CHAPISCO INDUSTRIALIZADO

Argamassa industrializada semelhante à argamassa colante só é necessário acrescentar a água

no momento da mistura na proporção definida é aplicado com desempenadeira dentada

somente sobre a estrutura de concreto apresenta uma elevada produtividade e rendimento.

___________________________________________________________________________

CHAPISCO ROLADO Obtido da mistura de cimento e areia, com adição de água e resina acrílica argamassa bastante

plástica, aplicada com um rolo para textura acrílica em demãos pode ser aplicado na fachada,

tanto na estrutura como na alvenaria proporciona uma elevada produtividade e um maior

rendimento do material necessita do controle rigoroso da produção da argamassa e da sua

aplicação sobre a base.

28

CONVENCIONAL

Aplicado com colher de pedreiro

(Ceotto, Banduk e Nakakura, 2005)

Figura 6 – Chapisco Convencional

INDUSTRIALIZADO

Aplicado com desempenadeira

denteada. Usualmente aplicado sobre a

estrutura de concreto (Ceotto, Banduk

e Nakakura, 2005).

Figura 7 – Chapisco Industrializado

ROLADO Aplicado com rolo de espuma.

Pode ser aplicado tanto na estrutura

como na alvenaria (Ceotto, Banduk e

Nakakura,2005).

Figura 8 – Chapisco Rolado

29

4.6 Emboço

O papel do emboço (muitas vezes confundido com o reboco) consiste em cobrir e

regularizar a superfície do substrato ou chapisco, propiciando uma superfície que permita

receber outra camada, de reboco, de revestimento cerâmico, ou outro procedimento ou

tratamento decorativo (que se constitua no acabamento final).

Portanto, o emboço constitui-se de uma camada de argamassa aplicada (geralmente a

mais espessa do sistema de revestimento) que 12 consiste no corpo do revestimento,

possuindo aderência ao substrato, e apresentando textura adequada à aplicação de outra

camada subseqüente (CÂNDIA, 1997). Assim é que o emboço normalmente emprega

granulométria um pouco mais grossa do que as demais argamassas (camada única, reboco, por

exemplo), e o acabamento são somente o sarrafeado (deve se deixar textura áspera para

melhorar a aderência quando da aplicação dos outros materiais, como é o caso da argamassa

colante no assentamento de peças cerâmicas, por exemplo).

4.7 Reboco

O reboco é a camada de revestimento utilizada para cobrir o emboço, propiciando uma

superfície que permite receber o revestimento decorativo ou se constitua no acabamento final.

Sua espessura é apenas o necessário para constituir uma superfície lisa, contínua e íntegra.

4.8 Camada Única

O revestimento de camada única é executado diretamente sobre os substratos, sem a

necessidade da aplicação anterior do emboço. Neste caso, a camada única tem função dupla,

ou seja, deve atender as exigências do emboço e da camada de acabamento (reboco). Assim,

são necessárias operações específicas de execução, como corte, sarrafeamento e acabamento,

realizadas momentos após a aplicação. Na verdade, a argamassa para ser sarrafeada deve

perder a plasticidade inicial (necessária à operação de aplicação), o que ocorre pela sucção de

água pelo substrato e por evaporação. Ao se executar o sarrafeamento, a argamassa deve

30

“esfarelar” pelo corte da régua. O momento para execução do sarrafeamento é feito por

avaliação tátil do oficial pedreiro

Sarrafeamento precoce induz ao surgimento de fissuração, e sarrafeamento retardado

exige grande esforço para o corte da argamassa. Portanto, deve-se cuidar quando da definição

da extensão dos panos a revestir, dimensionando equipes com produtividade adequada à

execução do revestimento. As operações de acabamento (desempeno, camurça, outras)

ocorrem em momentos subseqüentes, e dependem das características que se desejam para o

revestimento final.

31

5. PATOLOGIA DA ARGAMASSA

Barros & Sabbatini (1997) os problemas patológicos são manifestados nas edificações

devidos a uma série de razões. Isto não é de se estranhar, pois diversos materiais, diferentes

técnicas de execução e condições ambientais adversas estão sempre concorrendo para a

realização dos empreendimentos.

Considerando-se todas as etapas do processo de produção de edifícios, pode-se dizer que

a maior parte dos problemas patológicos que ocorrem ao longo de sua vida útil, tem origem

principal nas fases de elaboração do projeto e de execução dos serviços propriamente ditos.

Os problemas originados na fase de projeto ocorrem, de modo geral, por dois motivos:

ou pela inexistência de um projeto específico em que sejam definidas as características do

revestimento como um todo, ou seja, da camada de regularização, de fixação e de acabamento

ou ainda por erros de concepção durante a elaboração do projeto, pois quando este existe, está

limitado aos efeitos arquitetônicos, em que muitas vezes suas diretrizes são dadas

independentemente das condições reais de exposição e dos requisitos básicos à sua

construção.

A não elaboração de um projeto ou mesmo os erros decorrentes de sua concepção são

fatos gerados, entre outros motivos, pela ausência de conhecimento tecnológico acerca do

assunto; falta de orientação específica para elaboração de projeto e falta de informações

acerca do comportamento de obras já construídas. Esses entraves, porém, devem ser vencidos

buscando-se o domínio tecnológico desta área, a fim de que os problemas não sejam

preconcebidos na fase de projeto.

No que se refere à fase de execução dos serviços de revestimento é imprescindível que

os técnicos envolvidos com a produção dos mesmos tenham o domínio das corretas técnicas,

necessitando conhecerem ainda as possíveis patologias originadas por problemas decorrentes

desta fase.

Embora se reconheça a dificuldade em se dominar a tecnologia de projeto e de execução

dos revestimentos, principalmente em função da falta de disponibilidade de profissionais com

32

formação adequada para enfrentar tal situação, é extremamente necessário que se busque

adotar uma metodologia de desenvolvimento do projeto que contemple todos os detalhes

executivos; a especificação de materiais compatíveis com as condições de uso; a interação do

revestimento com as demais partes do edifício tais como esquadrias, pisos, instalações e a

própria vedação, fornecendo assim, os subsídios necessários para um adequado

desenvolvimento dos serviços em obra, buscando minimizar ou mesmo eliminar as

improvisações e as decisões no momento da execução, diminuindo sensivelmente a

probabilidade de ocorrência de problemas futuros.

Durante muito tempo, admitia-se que o edifício era previsto para durar indefinidamente,

sem qualquer tipo de reparo. A ocorrência cada vez maior de problemas patológicos mostrou

que, de fato, essa idéia não correspondia à realidade. O problema patológico acontece quando

o desempenho do produto ultrapassa o seu limite mínimo de desempenho desejado.

No caso dos revestimentos de argamassa, as patologias mais freqüentes são:

· a fissuração e o descolamento da pintura;

· a formação de manchas de umidade, com desenvolvimento de bolor;

· o descolamento da argamassa de revestimento da alvenaria;

· a fissuração da superfície do revestimento;

· a formação de vesículas na superfície do revestimento, causando o descolamento da pintura;

· o descolamento entre o reboco e o emboço.

Dentre esses, é destacada a importância do problema das trincas nos edifícios, que

podem ser sinais do comprometimento da segurança da estrutura e do desempenho da vedação

quanto à estanqueidade, durabilidade e isolação acústica, além de causar um constrangimento

psicológico dos usuários.

De acordo com a norma NBR 13749 (ABNT, 1996) descreve os seguintes tipos de patologias

em revestimentos:

a) fissuras mapeadas: podem se formar por retração da argamassa, por excesso de finos no

traço, quer sejam de aglomerantes, quer sejam de finos no agregado, ou por excesso de

desempenamento. Em geral, apresentam-se em forma de mapa;

33

b) fissuras geométricas: quando acompanham o contorno do componente da base, podem ser

devidas à retração da argamassa de assentamento. Fissuras na vertical podem ser devidas à

retração higrotérmica do componente, interfaces da base constituída de materiais diferentes,

locais onde deveriam ter sido previstas juntas de dilatação;

c) vesículas: as principais causas do surgimento de vesículas são:

− hidratação retardada do óxido de cálcio não hidratado, presente na cal (o interior da vesícula

é branco);

− presença de concreções ferruginosas no agregado miúdo (o interior da vesícula é vermelho);

− presença de matéria orgânica ou pirita no agregado miúdo (o interior da vesícula é preto).

d) pulverulência: pode ser causada por:

− excesso de finos no agregado miúdo;

− traço pobre em aglomerantes;

− carbonatação insuficiente da cal, em argamassa de cal, dificultada por clima seco e

temperatura elevada ou por ação do vento.

e) empolas pequenas: oxidação da pirita presente como impureza no agregado, resultando na

formação de gipsita, acompanhada de expansão (o agregado apresenta pontos pretos).

5.1 Perda de Aderência ou Desagregação

A perda de aderência pode ser entendida como um processo em que ocorrem falhas ou

ruptura na interface das camadas que constituem o revestimento ou na interface com a base ou

substrato, devido às tensões surgidas ultrapassarem a capacidade de aderência das ligações.

Segundo BAUER (1997) os descolamentos podem apresentar extensão variável, sendo

que a perda de aderência pode ocorrer de diversas maneiras: por empolamento, em placas, ou

com pulverulência. No caso de descolamentos por empolamento, esse autor explica que o

fenômeno ocorre devido às expansões na argamassa em função da hidratação posterior de

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óxidos; enquanto o descolamento em placas ocorre quando há deficiência de aderência entre

camadas do revestimento ou das mesmas com a base. No caso do descolamento por

pulverulência, observam-se desagregação e conseqüente esfarelamento da argamassa ao ser

pressionada pelas mãos e a película de tinta destaca-se juntamente com a argamassa que se

desagrega com facilidade.

CINCOTTO (1986) descreve outros problemas que se desenvolvem na base ao longo do

tempo e que também podem afetar o revestimento. É o caso da corrosão da armadura de

concreto, a fissuração e expansão do concreto, o acúmulo do produto de corrosão na interface

que podem provocar o descolamento do revestimento.

As causas mais comuns para o descolamento por empolamento seriam: a cal parcialmente

hidratada que, ao se extinguir depois de aplicada, aumenta de volume e pode produzir a

expansão, ou cal contendo óxido de magnésio, pois a hidratação desse óxido é muito lenta e

caso não tenham sido tomados os devidos cuidados, poderá ocorrer meses após a execução do

revestimento, produzindo expansão e empolando o mesmo BAUER, (1997).

No caso de argamassas mistas (de cimento e cal), o fenômeno da expansão aumenta

consideravelmente, sendo devido a causas mecânicas, pois as argamassas contendo cimento

Portland são muito mais rígidas e nesse caso a expansão causa desagregação da argamassa;

enquanto que em argamassas menos rígidas parte da expansão é passível de acomodação

BAUER (1996).

No caso de descolamento em placas, as causas mais prováveis, segundo BAUER (1997),

seriam:

· preparação inadequada da base;

· molhagem deficiente da base, comprometendo a hidratação do cimento da argamassa;

· ausência de chapisco em certos casos;

· chapisco preparado com areia fina;

· argamassa com espessura excessiva;

· argamassas ricas em cimento;

· acabamento superficial inadequado de camada intermediária;

· aplicação de camadas de argamassas com resistências inadequadas interpostas.

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BAUER (1996) afirma que as espessuras excessivas da argamassa, superiores a 2 cm,

podem gerar, por retração natural, tensões elevadas de tração entre a base e o chapisco,

podendo provocar o seu descolamento. Outro fator gerador de tensões corresponde às grandes

variações de temperatura, que podem gerar tensões de cisalhamento na interface argamassa-

base, capazes de provocar o descolamento do revestimento. De acordo com esse mesmo autor,

nos descolamentos com pulverulência, os sinais mais observados são a desagregação e

conseqüente esfarelamento da argamassa ao ser pressionada manualmente. A argamassa

torna-se friável, ocorrendo descolamento com pulverulência.

BAUER (1997) identifica como causa das argamassas friáveis o “proporcionamento

inadequado de aglomerante agregado e o excesso de materiais pulverulentos e ou torrões de

argila na areia empregada no preparo da argamassa”. Outras causas para o descolamento com

pulverulência seriam segundo esse mesmo autor:

· “pintura executada antes de ocorrer a carbonatação da cal da argamassa”;

· emprego de adições substitutas da cal hidratada, sem propriedades de aglomerante;

· hidratação inadequada da fração cimento da argamassa;

· argamassa mal proporcionada (pobre em aglomerantes);

· argamassa utilizada após prazo de utilização (tempo de pega do cimento);

· tempo de estocagem ou estocagem inadequada comprometendo a qualidade da

argamassa;

· emprego de argamassa contendo cimento e adição de gesso, o que ocasiona uma reação

expansiva pela formação de etringita.

CINCOTTO (1986) identifica ainda outras causas para a desagregação do revestimento:

camada muito espessa; excesso de cal; excesso de finos; aplicação da argamassa em períodos

de temperatura elevada; umidade relativa baixa; pintura impermeável aplicada

prematuramente.

Para esses tipos de patologia, a proposta de tratamento de BAUER (1996) consiste na

saturação da argamassa friável com produto líquido que irá penetrar por absorção e

capilaridade na argamassa melhorando sua coesão e, conseqüentemente, sua resistência de

aderência. Para haver eficiência no tratamento, devem ocorrer concomitantemente as

condições:

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· o produto deve penetrar em toda a espessura da argamassa friável;

· o produto deve melhorar a resistência de aderência da argamassa;

· a eficiência do tratamento deve ser avaliada através de ensaios normalizados.

BAUER (1997) salienta que estão sendo avaliados para este tratamento adesivos à base

de resinas acrílicas, diluídos em água.

Para CINCOTTO (1983), no caso de descolamento devido a empolamento e também

devido à pulverulência, a recomendação é de renovar a camada que apresenta problemas;

enquanto que para o caso de descolamento em placas, essa autora recomenda a renovação do

revestimento, através dos seguintes procedimentos:

· apicoamento da base;

· eliminação da base hidrófuga;

· aplicação de chapisco ou outro artifício para melhoria de aderência.

Tratando de argamassas exclusivamente à base de cal e no intuito de obter um

revestimento com resistência mecânica e aderência satisfatória, MOLINARI (1958)

recomenda alguns cuidados. Segundo esse autor, para se evitar a carbonatação incompleta da

cal extintas, é preciso que a superfície do emboço que receberá o reboco esteja plana. Esta

operação é de extrema importância, pois a superfície de emboço com zonas salientes e

reentrantes dará espessuras variáveis para o reboco e, rebocos com espessuras maiores que 3

mm tem maior probabilidade de descolamento.

BAUER (1996) salienta que o substrato deve fornecer condições para que ocorra a

ligação mecânica com o revestimento, de maneira a se garantir adequada aderência,

minimizando problemas de descolamento. Conseqüentemente, os aspectos relacionados à

limpeza da base devem ser observados, como a eliminação de pó e resíduos e a presença de

desmoldantes em substratos de concreto.

5.2 Trincas, Gretamento e Fissuras.

Entre vários trabalhos realizados no período de 1983 a 1986 investigou-se na França os

problemas patológicos com o objetivo de determinar as manifestações que ocorriam com

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maior freqüência em fachadas (LOGEAIS, 1989). Analisou-se 5.832 casos, onde 2.486 casos

relacionavam-se às fissuras “não-passantes”, ou seja, que não atravessam toda a espessura da

parede e 3.346 casos corresponderam às fissuras “passantes”.

A partir do trabalho de IOSHIMOTO (1988), a respeito de incidência de manifestações

patológicas em edificações, tem-se que as causas prováveis de fissuras e trincas são: recalque

(acomodação do solo, da fundação ou do aterro); retração (fissuração da argamassa de

revestimento ou de piso cimentado); movimentação (da estrutura de concreto, do

madeiramento do telhado ou da laje mista); amarração (falta de amarração nos cantos de

paredes ou no encontro da laje com as paredes); diversos (concentração de esforças, impacto

de portas, etc.).

De acordo com BAUER (1996), a incidência de fissuras em revestimentos sem que haja

movimentação e ou fissuração do substrato ocorre devido a fatores relativos à execução do

revestimento argamassado, solicitações higrotérmicas e também por retração hidráulica da

argamassa. Observa-se, então, que vários fatores intrínsecos à argamassa podem ser

responsáveis pela fissuração do revestimento, dentre os quais citam-se: consumo de cimento,

teor de finos e quantidade de água do amassamento de acordo com a figura 9 e 10.

Figura 9 - Fissuração – (Sabbatini, 2003)

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Figura 10 – Fissuras devido execução (Sabbatini, 2003)

No caso de argamassa composta por alto teor de finos, há um maior consumo de água de

amassamento, o que ocasiona maior retração por secagem e, se o revestimento não for

executado corretamente, podem aparecer fissuras na forma de “mapas” por todo o

revestimento. Outro fator que influencia no surgimento de fissuras é a umidade relativa do ar.

Segundo BAUER (1996), em regiões onde a umidade relativa do ar é baixa, a

temperatura é alta e há a presença de ventos, deve-se dar preferência à utilização de SULPHU

apropriado, aplicado à base, do que realizar molhagem abundantemente. As fissuras por

retração hidráulica, de modo geral, não são visíveis, a não ser que sejam molhadas e que a

água, penetrando por capilaridade, assinale sua trajetória. No caso de umedecimentos

sucessivos pode-se gerar mudanças na tonalidade, permitindo a visualização das fissuras,

inclusive com o paramento seco. Tal fenômeno ocorre porque a água contendo cal livre sai

pelas micro fissuras, formando carbonato de cálcio quando em contato com o ar, ficando com

cor esbranquiçada, ou então, as fissuras podem ficar escurecidas devido à deposição de

fuligem.

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Normalmente as fissuras induzidas por movimentações térmicas no revestimento são

regularmente distribuídas e com aberturas reduzidas. Fissuras com aberturas maiores poderão

aparecer nos encontros entre paredes ou outras junções (THOMAZ, 1989).

As fissuras macroscópicas ocorrem em argamassas ricas em aglomerantes, pois essa

possui maior limite de resistência, as tensões se acumulam e a ruptura ocorre com

aparecimento de fissuras macroscópicas. Assim, a incidência de fissuras será tanto maior

quanto maiores forem à resistência à tração e o módulo de deformação da argamassa.

BAUER (1996) aponta como uma das causas comuns de fissuração nos revestimentos,

por exemplo, o fato de esse revestimento ser, muitas vezes, executado de maneira contínua

sobre juntas de dilatação da estrutura, podendo ocasionar o desprendimento da argamassa

nessa região.

Além disso, esse autor aponta, ainda, algumas outras causas que podem ser responsáveis

pelas fissuras nos revestimentos de argamassas, destacando entre elas: consumo elevado de

cimento; teor de finos elevado; consumo elevado de água de amassamento; número e

espessura das camadas; argamassa com baixa retenção de água e cura deficiente.

Um outro problema destacado por BAUER (1996) refere-se à ocorrência de fissuras

quando a deformação da laje de piso do subsolo é inferior à deformação da laje e viga

superiores; nesse caso, as paredes existentes entre as mesmas poderão se comportar como

uma viga, podendo ocorrer fissuras verticais e inclinadas nas extremidades superiores dos

panos de alvenaria.

Além desses problemas, em edifícios altos, os últimos pavimentos ficam sujeitos a uma

maior movimentação por dilatação dos elementos de concreto, mais expostos aos raios

solares. Nesse caso, é comum o aparecimento de fissuras no encontro alvenaria-estrutura.

CINCOTTO (1983) descreve um caso particular de fissuras de revestimento, resultantes

da expansão da argamassa de assentamento. A expansão ocorre predominantemente no

sentido vertical e pode ser identificada por fissuras horizontais no revestimento. Tal expansão

pode ser provocada por reações químicas entre os constituintes dessa argamassa ou entre

compostos do cimento e dos tijolos ou blocos que compõem a alvenaria.

40

Além desse tipo de manifestação, CINCOTTO (1986) registra, ainda, que no caso de

não ocorrer tempo suficiente para a secagem, entre a aplicação de duas camadas de

revestimento sucessivas, a retração na secagem da camada inferior poderá provocar fissuras

com configuração de mapa na camada superior.

THOMAZ (1989) descreve que as fissuras em argamassa de revestimento, provocadas

por movimentações térmicas das paredes irão depender, sobretudo, do módulo de deformação

da argamassa, sendo sempre desejável que a capacidade de deformação do revestimento

supere com boa folga a capacidade de deformação da base.

Variações de temperatura também podem provocar o aparecimento de fissuras nos

revestimentos, devidas às movimentações diferenciais que ocorrem entre esses e as bases

(THOMAZ, 1989).

O emprego de técnica de execução incorreta também pode provocar o aparecimento de

fissuras no revestimento. Essa situação é comum quando o desempeno é realizado antes do

tempo adequado, ou seja, quando a maior parte da água presente na argamassa tenha sido

consumida, seja pelo processo de hidratação do cimento, seja pela absorção da base ou ainda

por evaporação para o meio ambiente.

Não só o despreparo da mão-de-obra pode ocasionar esse problema, como também, um

consumo excessivo de água na argamassa, em decorrência da presença elevada de finos.

Quando o teor de finos é elevado, o tempo para o desempeno pode ser maior, pois há um

maior consumo de água. Nesse caso, muitas vezes a mão-de-obra, em função das condições

de trabalho, não tem como esperar o tempo correto para proceder ao acabamento superficial.

Por conseqüência, o revestimento endurecido apresentará um elevado volume de vazios,

levando à ocorrência de fissuras na forma de mapas, decorrentes da retração da argamassa na

secagem conforme mostra no painel abaixo.

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Figura 11 – Fissuras na forma de mapas.

O ato do desempeno com força suficiente e no tempo correto é importante, pois nessa

fase é possível comprimir a pasta e aproximar os grãos, reduzindo o potencial de fissuração da

argamassa.

Segundo BAUER (1996), as micro fissuras geradas por retração hidráulica podem ser

cobertas pela película de tinta, ou seja, através de pintura. Essa alternativa também é proposta

por THOMAZ (1989) que recomenda, para esses casos, utilizar pintura elástica encorpada

com três ou quatro demãos de tinta à base de resina acrílica com reforço com telas de náilon

nos locais mais danificados.

CINCOTTO (1983), por sua vez, recomenda a substituição do reboco e ou emboço, no

caso de grande incidência de fissuras de retração; enquanto para as paredes internas

THOMAZ (1989) sugere a utilização de papel de parede sobre o revestimento fissurado em

substituição à argamassa de revestimento.

Para evitar a incidência de macro fissuras no revestimento devido ao acúmulo de

tensões, BAUER (1996) recomenda a utilização de argamassas de revestimentos com alto teor

de cal. Dessa forma, as ligações internas serão menos resistentes e as tensões podem ser

dissipadas na forma de micro fissuras.

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Esse mesmo procedimento é recomendado por THOMAZ (1989). Para esse autor, as

fissuras intrínsecas à argamassa de revestimento, sem fissuração da base, manifestam-se por

retração da argamassa e em conseqüência de solicitações higrotérmicas. A incidência dessas

fissuras será tanto maior, quanto maiores forem a resistência à tração e o módulo de

deformação da argamassa. Assim, para que se evite o aparecimento de fissuras esse autor

recomenda que as argamassas de revestimento contenham consideráveis teores de cal.

CINCOTTO (1983) destaca que as argamassas de revestimento devem apresentar

módulos de deformação inferiores àqueles apresentados pela base, permitindo a absorção de

pequenas movimentações ocorridas na base onde o revestimento foi aplicado. Essa

pesquisadora também alerta para a qualidade dos materiais como fator preponderante para a

obtenção de uma boa argamassa de revestimento. Recomenda, ainda, que a argamassa deve

ser aplicada sobre base rústica.

THOMAZ (1989) afirma que a espessura da camada do revestimento de argamassa não

deve ser muito fina, resultando na “impermeabilização” da superfície do revestimento pela

grande concentração de finos, mas nem muito espessa o que dificultaria a penetração do

anidrido carbônico através da argamassa, devendo estar compreendida entre 1 e 2 cm.

No caso de revestimento com várias camadas, BAUER (1996) recomenda a utilização

de diferentes traços para que o módulo de deformação da argamassa de cada camada diminua

gradativamente de dentro para fora.

Figura 12 – Utilização de tela (Ceotto, Banduk e Nakakura, 2005)

43

Para as regiões altas dos edifícios, BAUER (1996) sugere para as junções entre a

estrutura e a alvenaria, a utilização de uma tela em toda a extensão, inserida no revestimento

dos últimos andares, visando minimizar a fissuração de acordo com mostra na figura 11

acima.

5.3 Precaução quanto às fissuras Vários fatores que provocam o surgimento de patologias no revestimento de argamassa,

quanto as fissuras, alguns agindo isoladamente e outros através de combinações de fatores.

Porém, a grande maioria das patologias é devida à falta de aderência da argamassa ao

substrato e/ou devido aos efeitos da retração.

Para que não á fissuras numa edificação devemos tomar o cuidado quanto a sua espessura e

devido ao material que está utilizando, para que obtemos um bom resultado seria interessante

utilizar uma argamassa mais grossa como a de assentamento na primeira demão e após as 16

horas entra com a camada de argamassa para o acabamento final.

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6. CONCLUSÃO

A partir do estudo cientifico realizado, objetivando a tecnologia da argamassa

evidenciando a necessidade dos aspectos envolvidos na execução e das patologias do

revestimento externo em edifícios, foi pesquisado de forma prática buscando-se aproximar da

realidade. Nesse estudo foram incluídas a definição da argamassa e a sua forma de execução,

propriedades, os equipamentos e ferramentas empregados e os problemas patológicos do

revestimento externo.

Todos esses aspectos precisam ser considerados de forma coordenada, tomando as

decisões fundamentais relativas ao revestimento argamassado e antes do inicio da sua

execução elaborar o projeto para que obtenha efetivamente a maior racionalização e melhores

resultados de desempenho do revestimento e do edifício como um todo.

Por fim, salienta-se que o uso da argamassa de revestimento para construção passa pelo

incentivo à adoção de tecnologias construtivas mais sustentáveis. O aumento na qualidade dos

produtos obtidos na construção, a necessidade de uma manutenção adequada e a diminuição

dos custos são algumas das metas a serem alcançadas, entretanto, isso não deve ocorrer de

forma indiscriminada e com isso diminuirá a patologia. São interessantes que sejam

elaboradas normas rígidas de controle de qualidade desse material, bem como disseminar a

adoção de novas tecnologias de interesse comum, com o objetivo de melhorar a execução.

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7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7175: Cal hidratada para argamassas – requisitos. Rio de Janeiro, 1992. ______. NBR 7200: Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – procedimentos. Rio de Janeiro, 1998. ______. NBR 7211: Agregados para concreto - especificação. Rio de Janeiro, 2005. ______. NBR 5735: Cimento Portland de alto - forno - especificação. Rio de Janeiro, 1991. ______. NBR 13530: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – procedimentos. Rio de Janeiro, 1995. ______. NBR 13749: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – especificação. Rio de Janeiro, 1995. BAÍA, L. L. M; SABBATINI F. H. Projeto e Execução de Revestimento de Argamassa. 2 ed. São Paulo, O nome da Rosa. 2001. 82 p BARROS, M.M.S.B; MACIEL, L.L.; SABBATINI, F.H. Recomendações para execução de revestimento de argamassa para paredes de vedação internas e exteriores e tetos. São Paulo 1998. BAUER, E. Revestimentos de argamassa: Características e Peculiaridades, livro s/d. 56p. BAUER, Roberto José Falcão. Falhas em Revestimentos, suas causas e sua prevenção. Centro Tecnológico Falcão Bauer, 1996. BAUER, Roberto José Falcão. Patologia em revestimentos de argamassa inorgânica. In: II SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS, Salvador, 1997. Anais. p.321-33. CANDIA, M. C. Contribuição ao estudo das técnicas de preparo da base no desempenho dos revestimentos de argamassa, Tese de Doutorado, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998,198p.

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