Tecnologia contribui para melhorar gestão de ônibus ... · Ano III, número 15 MAI / JUN 2015...

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ANO III, NÚMERO 15 MAI / JUN 2015 NTU.ORG.BR ISSN: 2317-1960 Tecnologia contribui para melhorar gestão de ônibus urbanos no Brasil 21 COM NOVAS TECNOLOGIAS, OPERADORES PODEM OFERECER MAIS QUALIDADE AO USUÁRIO, REDUZIR CUSTOS E ATÉ MESMO CONTRIBUIR PARA O MEIO AMBIENTE ENTREVISTA: DIRETORA DA METRA CONTA COMO A EMPRESA VIROU UM MODELO A SER SEGUIDO 8 ANTP PROMOVE CONGRESSO PARA MIL PESSOAS EM SANTOS 25 EMPRESAS INVESTEM EM PREVENÇÃO DE ACIDENTES E COLHEM RESULTADOS 34

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Ano III, número 15MAI / JUN 2015

ntu.org.br

ISSN: 2317-1960

Tecnologia contribui para melhorar gestão de ônibus urbanos no Brasil

21Com novas teCnologias, operadores podem ofereCer mais qualidade ao usuário, reduzir Custos e até mesmo Contribuir para o meio ambiente

entrevIstA:

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Editorial

Biênio 2015-2017Conselho Diretor

Membros titulares e suplentes

Região CentRo-oeste

edmundo de Carvalho pinheiro (GO) titular

ricardo Caixeta ribeiro (MT) suplente

Região noRDeste

dimas Humberto silva barreira (CE) titular

mário Jatahy de albuquerque Júnior (CE) suplente

luiz fernando bandeira de mello (PE) titular

paulo fernando Chaves Júnior (PE) suplente

Região suDeste

roberto José Carvalho (MG) titular

rubens lessa Carvalho (MG) suplente

eurico divon galhardi (RJ) titular - presidente do Conselho Diretor

narciso gonçalves dos santos (RJ) suplente

lélis marcos teixeira (RJ) titular

francisco José gavinho geraldo (RJ) suplente

João antonio setti braga (SP) titular - vice-presidente do Conselho Diretor

mauro artur Herszkowicz (SP) suplente

Júlio luiz marques (SP) titular

paulo eduardo zampol pavani (SP) suplente

Região sul

ilso pedro menta (RS) titular

enio roberto dias dos reis (RS) suplente

Conselho FiscalMembros titulares e suplentes

Heloísio lopes (BA) titular

paulo fernandes gomes (PA) titular

simone Chieppe moura (ES) titular

dante José gulin (PR) suplente

ana Carolina dias medeiros de souza (MA) suplente

fernando manuel mendes nogueira (SP) suplente

Os congestionamentos de trânsito são uma das principais causas da per-da de tempo, do desper-

dício de combustível e o aumento do estresse nas grandes cidades. A União Europeia estima que 1% do PIB seja perdido em congestionamentos. Estudos já apontam o trânsito como uma das principais causas da perda da qualidade de vida nas cidades.

A média nos grandes centros é de 2 horas e 40 minutos no trânsito dia-riamente. Levantamento da Funda-ção Getúlio Vargas (FGV) estima que os paulistanos desperdiçaram cerca de R$ 40 bilhões com tempo impro-dutivo e queima de combustível nos congestionamentos durante o ano de 2012.

A solução para esse caos é a priori-dade ao transporte público, claro. E, junto a ele, há outro grande aliado do século 21 que pode colaborar em muito na melhoria da qualidade de vida na mobilidade: a tecnologia, no conceito mais amplo do termo.

Sistemas inteligentes de transpor-tes, softwares de gestão e operação, aplicativos para usuários, ônibus

Tecnologia em favor da qualidade de vida

menos poluentes, enfim, uma gama de inovações tecnológicas permite mudar e melhorar diariamente o transporte público que é oferecido nas cidades.

A combinação dessas tecnologias garante mais eficiência ao transporte público, reduz custos e traz mais sa-tisfação ao usuário, que bem informa-do e atualizado pode se programar melhor e viver mais tranquilamente.

Na edição do Seminário Nacional NTU no ano passado, a associação abriu o debate para explorar mais os sistemas inteligentes de transportes. Uma oficina sobre o tema foi minis-trada ao longo do segundo dia do evento com debates sobre a gestão operacional, informação ao usuário, controle de gratuidades e perspecti-vas para o futuro.

Em 2015, o espaço de tecnologia será voltado aos veículos do trans-porte público. A NTU convida a indústria de chassis, carrocerias e sistemas de propulsão a explanar so-bre como as inovações tecnológicas podem beneficiar a sociedade com ganhos ambientais, de energia e qualidade. Não perca esse debate!

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DiRetoRia exeCutiva

otávio vieira da Cunha Filho

Presidente

Marcos Bicalho dos santos

Diretor Administrativo e Institucional

andré Dantas

Diretor Técnico

SAUS Q. 1, Bloco J, Ed. CNT 9º andar, Ala A

Brasília (DF) CEP 70070-944

Tel.: (61) 2103-9293

Fax: (61) 2103-9260

E-mail: [email protected]

Site: www.ntu.org.br

Editora responsável

Bárbara Renault (DF 7048 JP)

Editora assistente

Hellen tôrres (DF 9553 JP)

Colaborou nesta edição

evelin Campos

Flávio neponucena

laisse nonato

Diagramação

Duo Design

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ExpEdiEntESUMÁrio

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6 OPINIÃO DA NTU OtávIO CuNha

O prejuízo é de todos

ENTREVISTA BeatrIz Braga

Confira a entrevista com a empresária e diretora da empresa Metra de São Paulo

PARADA OBRIGATÓRIANotinhas para você se agendar, se informar e se atualizar

DIÁLOGO TÉCNICO aNdré daNtaS

Estamos tentando resolver o problema errado?

QUALIDADEBRT TransOeste tem 74% de aprovação no aniversário de 3 anos

NTU EM AÇÃOEventos internacionais debatem transporte coletivo urbano

CAPATecnologia contribui para melhorar gestão de ônibus urbanos no Brasil

CONGRESSO ANTPANTP reúne mais de mil pessoas em evento sobre mobilidade urbana

EMBARQUE NESSA IDEIA LuIS aNtONIO LINdau

A importância dos dados para salvar vidas no trânsito

PELO MUNDOConheça as novidades e soluções de mobilidade adotadas mundo afora

PONTO DE ÔNIBUS adamO BazaNI

Sentir e viver a cidade pelo transporte público

ACONTECE NAS EMPRESASEmpresas investem em prevenção de acidentes e colhem resultados

#NTURECOMENDADicas de livros, sites, aplicativos e vídeos sobre transporte

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O prejuízo é de todos

opinião da ntU

Autor: otávio Cunha (*)

*otávio CunHa é presidente da

Associação Nacional das Empresas

de Transportes Urbanos (NTU).

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O debate sobre a desone-ração da folha de paga-mentos das empresas de ônibus urbano tem sido

intenso, entre governo e empresá-rios, cada um de um lado. Cálculos do Executivo mostram que o Esta-do terá um ganho de R$ 5,3 bilhões, em 2015, e mais R$ 12,8 bi em 2016 ao retomar a cobrança de impostos de setores que antes eram beneficiados pela desoneração. O que não está sendo levado em conta é o impacto direto e indireto desse retrocesso no bolso do cidadão brasileiro, espe-cialmente aquele que depende do transporte público por ônibus.

Neste caso, o prejuízo recai não ape-nas sobre os 40 milhões de passa-geiros transportados por dia, mas também sobre os mais de 500 mil fun-cionários diretos que o segmento em-prega, além dos indiretos. Na ânsia de adotar medidas severas para reanimar a economia do país, o governo ignora aquele que vai pagar mais para se lo-comover de ônibus urbano. De acordo com a Associação Nacional das Em-presas de Transportes Urbanos (NTU), a decisão do poder público de aumen-tar a alíquota da folha de pagamento das empresas de transporte coletivo de 2% para 4,5% gera, de forma geral, um impacto equivalente a mais quize centavos nas tarifas.

Há ainda o impacto das demissões, a outra face dessa questão, talvez a mais dramática. Ninguém está ques-tionando a necessidade de ajustes na economia brasileira, ante o quadro que se apresenta diante de todos

nós. No entanto, é preciso que haja bom senso e discernimento sobre os procedimentos adotados para cada segmento. No caso do transporte urbano, um aumento de tarifa gera reflexos em cadeia, que, por fim, pe-naliza usuários, empresários, indús-tria e tem o efeito bumerangue, ao retornar aos cofres públicos.

Levantamento da NTU, dos impac-tos diretos e indiretos no setor com a política de aumento da alíquota, em função do ajuste da tarifa do transporte público, mostrou que a elevação causará uma queda na demanda por transporte público equivalente a 14 milhões de viagens/mês. O reflexo imediato - tendo por referência cálculo feito com base em nove regiões metropolitanas do país - é a queda no faturamento das em-presas. Em consequência, esse efei-to fará com que o governo deixe de arrecadar R$ 55 milhões por ano, com impostos sobre o setor, mesmo tendo aumentado a alíquota dos im-postos. Isso sem mencionar os quase 40 mil postos de trabalhos, diretos e indiretos, que serão afetados.

É importante que se registre que essa situação, decorrente da aprova-ção do Projeto de Lei 863/2015, que

volta a onerar o setor de transporte público urbano, pode levar a mais desgastes e perdas para toda a cadeia produtiva. O setor não vem a público, expor esse cenário de crise, pelo preju-ízo que quinze centavos a mais devem causar aos empresários e à população, mas principalmente pelos danos da política que privilegia sempre resulta-dos de curto prazo em vez de procurar soluções de médio e longo prazos, com efeitos menos danosos àquele que pre-cisa do sistema público de transporte urbano para exercer o direito constitu-cional de ir e vir. 

Nessa hora, quando é necessário agir da forma mais simples e eficaz, pensando em soluções para esse im-bróglio, o poder público precisa res-ponder à população por que, até hoje, não evoluiu no atendimento da mais elementar e vital demanda do setor, que é priorizar a oferta do transporte público por ônibus e  garantir que ele seja, de fato, um direito social. E quando falamos em direito social não temos por base uma equação matemática, de perdas e ganhos, mas sim o número de pessoas, de famílias e de empregos que estão em jogo, ou melhor, em extrema desvantagem nesse “jogo” que só favorece o lado de quem tem o poder de legislar.

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Um sistema de transporte público co-letivo inteligente e inovador para o estado brasileiro com a maior popula-ção do país. Assim é a Metra, primeira

concessionária de transporte do governo de São Paulo. Responsável por um universo de oito milhões de passageiros por mês, a empresa atua no corredor Metropolitano São Mateus-Ja-baquara e na extensão Diadema-Brooklin.

Atualmente, são 260 veículos que circulam em 13 linhas distribuídas em 33 km do primeiro

Um modelo a ser seguido

PRIMEIRA CONCESSIONáRIA DE TRANSPORTE DO GOVERNO DE SãO PAULO, A METRA ATENDE CERCA DE OITO MILHõES DE PASSAGEIROS

POR MêS EM CORREDORES ExCLUSIVOS. PARA A DIRETORA DA EMPRESA, MARIA BEATRIz BRAGA, A PARCERIA PúBLICO-PRIVADA É A SOLUçãO PARA OS PROBLEMAS DO TRANSPORTE PúBLICO NO PAíS

MaRia BeatRiz BRaga

corredor e 12 km do segundo, em um total de 45 km, somam juntas 111.473 viagens por mês. Na lista de cidades atendidas, estão São Paulo, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema. Com velocidade de 21km/h nos cor-redores exclusivos, a Metra é um exemplo de transporte coletivo urbano de qualidade.

Entre os diferenciais da empresa, segundo a diretora Maria Beatriz Braga, está a respon-sabilidade por todos os componentes que envolvem o transporte, desde a manutenção

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ÔNIBUS URBANO DO CONSóRCIO

METRA DE SãO PAULO.

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e a conservação de vias, terminais, sinalizações e semáforos aos ser-viços de iluminação, limpeza e de paisagismo. “A vantagem desse tipo de negócio para os passageiros de ônibus é a indiscutível qualidade”, destaca, em entrevista exclusiva à Revista NTU Urbano.

Referência em outros países pela eficiência do transporte com o mo-delo semelhante ao BRT (Bus Rapid Transit), a Metra iniciou em 1997 a prestação de serviços em São Paulo e, desde então, não parou de inves-tir em inovações tecnológicas que, além de dar mais conforto ao usuá-rio, reduzem o tráfego de veículos e a poluição do meio ambiente.

Para a diretora do grupo, o modelo de corredores exclusivos é um bom caminho para solucionar os graves problemas do transporte público coletivo no país, como os ônibus lo-tados e congestionamentos que já ultrapassam as fronteiras das gran-des metrópoles. “Se houver um bom projeto, com incentivos dos órgãos financiadores, é possível desenvol-ver um excelente modelo de trans-porte sustentável em todo o país”, aposta Beatriz.

CONfIRA A ENTREVISTA:

COMO fUNCIONA O MODELO DE CONCESSÃO ADOTADO PELA METRA?A Metra é uma empresa de capital privado, detentora da concessão de prestação de serviços públicos de transporte coletivo de passageiros no Corredor ABD, via segregada de ônibus que interliga vários municí-pios da Região Metropolitana de São Paulo. Isso inclui São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema. Nosso contrato de con-

cessão foi celebrado com a Empresa Metropolitana de Transportes Urba-nos de São Paulo S.A. (EMTU), que representa o Estado de São Paulo na condição de gestora e fiscalizadora dos serviços prestados. Assinamos em 12 de maio de 1997, com dura-ção de 20 anos. A receita da Metra consiste na tarifa paga diretamente pelos usuários, estabelecida pelo poder concedente, mediante regras contratuais próprias.

QUAL É A ÁREA DE COBERTURA DA METRA?Atualmente, operamos com 260 veículos na Região Metropolitana de São Paulo, por meio de 13 Linhas. Realizamos o transporte intermu-nicipal de cerca de 320 mil passa-geiros por dia. Não somos apenas uma empresa, mas um sistema de transporte que segue o modelo BRT (Bus Rapid Transit), com bi-lhetagem eletrônica. Dessa forma, respondemos de maneira integral por todos os componentes desse transporte: manutenção da frota, da sinalização horizontal, vertical e semafórica; manutenção, conser-vação e limpeza de nove terminais metropolitanos; manutenção da infraestrutura do Corredor Metro-

politano ABD com serviços como jardinagem, iluminação e limpeza das paradas; e manutenção de 30 km de vias de pavimento rígido e 3 km de pavimento asfáltico.

QUAIS SÃO AS VANTAGENS DESSE TIPO DE CONCESSÃO PARA OS PASSAGEIROS DE ÔNIBUS? E PARA O EMPRESÁRIO?A vantagem desse tipo de negócio para os passageiros de ônibus é a indiscutível qualidade. Isso porque o poder concedente, como gerencia-dor, impõe regras, e como fiscaliza-dor, exige o cumprimento. Prova dis-so é que, na mais recente pesquisa de qualidade e satisfação realizada pela Associação Nacional de Trans-portes Públicos (ANTP), a Metra ob-teve nota 75. Ou seja, de cada 10 pes-soas que utilizam o sistema, apenas 2,5 não o aprovam integralmente. Lembrando que transportamos um universo de quase oito milhões de passageiros por mês.

Aos empresários, esse modelo de negócio representa vantagens no que se refere à melhoria contínua da qualidade do transporte, com inovações tecnológicas e moder-nização de frota. Sempre visando

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OS TRóLEBUS TAMBÉM FAzEM PARTE DOS CORREDORES

ExCLUSIVOS COMANDADOS PELO CONSóRCIO. ELES FUNCIONAM

à ELETRICIDADE E EMITEM 0% DE POLUENTES NA ATMOSFERA.

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oferecer um sistema de transporte de passageiros com mais conforto e qualidade. Esse tipo de operação de um corredor segregado garante velocidade e um tempo menor de viagem. Com isso, novos passagei-ros aderem ao transporte coletivo e, consequentemente, há redução dos veículos particulares nas vias. Isso se reflete na diminuição do tráfego nas cidades e da emissão de poluentes na atmosfera, melhorando as condi-ções de vida da população, inclusive no que diz respeito à saúde pública.

QUAIS OS DESAfIOS DA METRA E DAS EMPRESAS DE ÔNIBUS PARA A MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DOS CORREDORES?A melhoria contínua do serviço, que vai desde a modernização da frota e qualificação da mão de obra até a manutenção e conservação do corredor para a efetividade do padrão de qualidade que os passa-geiros desejam e merecem. A Metra administra os 33 km do Corredor São Mateus-Jabaquara, respon-dendo pela limpeza, infraestrutura das paradas, pavimentação e mais de 5.200 focos semafóricos. Os tra-balhos são constantes, pois nosso objetivo é proporcionar à popula-

ção um serviço diferenciado, com muito conforto, segurança e qua-lidade. Cabe destacar as interven-ções de paisagismo e jardinagem, um serviço diário de manutenção e enfrentamento das adversidades do espaço público para a criação de um corredor verde.

QUAL O DIfERENCIAL DOS CORREDORES DE ÔNIBUS DO CONSÓRCIO METRA DOS DEMAIS ExISTENTES EM SÃO PAULO E EM OUTRAS CIDADES DO BRASIL?Um dos grandes diferenciais do nosso sistema é a agilidade. A Metra opera em um corredor exclusivo com 33 km de extensão, e os benefícios são sentidos diretamente pela po-pulação. Se uma pessoa vai de carro de São Bernardo até Piraporinha, em Diadema, leva, em média, 25 minu-tos para percorrer os 4,4 km de dis-tância. Por outro lado, se opta pelo transporte da Metra, realiza o mes-mo trajeto em cerca de 12 minutos. Ou seja, o tempo é reduzido em 48%, praticamente a metade.

Além disso, há a diminuição do im-pacto ambiental. Em um percurso de 24 km, entre Diadema e Morumbi, um único automóvel lança, por ano,

1,8 tonelada de gás carbônico no meio ambiente. Já um ônibus da Me-tra emite, no mesmo trajeto, um total de 229 kg do gás, por passageiro. Isso representa menos 1,5 tonelada de poluentes no ar por cada pessoa que transportamos em um ano.

ExISTE ALGUMA INTERfERêNCIA DA PREfEITURA DE SÃO PAULO NA OPERAÇÃO? A Metra não tem relação direta com a prefeitura de São Paulo para a ope-ração do serviço de transporte, pois é concessionária do Governo do Es-tado. Naturalmente, na condição de prestadora de serviços de transporte, a empresa utiliza o espaço público na localidade e mantém um relaciona-mento com o ente público. Operamos no Corredor São Mateus-Jabaquara, com passagem pelos municípios de São Paulo, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema.

EM SUA VISÃO, É POSSíVEL REALIzAR ESSE MODELO DE OPERAÇÃO EM TODAS AS CIDADES DO BRASIL? DE QUE fORMA?Atualmente, a estruturação do espa-ço urbano baseada na implantação do modelo de BRTs contribui direta-

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mente para um novo padrão de mo-bilidade urbana nas cidades brasilei-ras. A viabilidade econômica desse modelo é competitiva, permitindo a implantação de outros modais, que interagem entre si. Portanto, se hou-ver um bom projeto, com incentivos dos órgãos financiadores, é possível desenvolver um excelente modelo de transporte sustentável em todo o país. Com isso, a população é que sairia ganhando, com a oferta de um serviço de transporte coletivo efi-ciente e de alta qualidade.

QUAIS SÃO OS MAIORES PROBLEMAS DO TRANSPORTE PúBLICO COLETIVO NO PAíS?As principais críticas feitas pelo usuário são os ônibus lotados e os grandes congestionamentos causa-dos pela disputa com o transporte individual. No caso dos corredores, oferecemos ao passageiro um aten-dimento que respeita mais o direito a um transporte inclusivo e de qualida-de. Aquele trânsito insuportável, que antes era exclusividade das grandes metrópoles, hoje está se espalhan-do para cidades médias, tornando a qualidade do transporte coletivo ainda mais vulnerável. Essa baixa no serviço de transporte público acaba levando mais carros às ruas, e esse grande número de veículos nas vias polui muito o meio ambiente, mais até do que o transporte público. Esse também é um problema grave.

A PARCERIA ENTRE OS PODERES PúBLICO E PRIVADO É O CAMINhO PARA UM TRANSPORTE DE QUALIDADE? POR QUê?Sim, sem dúvida. O poder público é o ente dotado de responsabilidades sobre a governança urbana e o esta-belecimento das políticas públicas

PERfIL

Maria Beatriz Braga

Nascida em São Bernardo do Campo

(SP), Maria Beatriz Setti Braga é em-

presária e, atualmente, exerce o cargo

de diretora da empresa Metra, primeira

concessionária de transporte do go-

verno de São Paulo.

que transformam a cidade em um lu-gar de convivência, onde o acesso ao direito de ir e vir ocorre com liberda-de e menos estresse possível para os trabalhadores e cidadãos em geral. Quem define a forma como as polí-ticas setoriais e, nesse caso especí-fico, as de transporte coletivo serão estruturadas é o poder público. Para isso, os governantes dispõem do apoio e da possibilidade de parcerias com empresas privadas. Quando o poder público realiza boas parcerias, alcança grandes vantagens para proporcionar à população um trans-porte de qualidade.

ALÉM DO SISTEMA DIfERENCIADO, COM OPERAÇÃO DE ÔNIBUS COLETIVO DE fORMA INTELIGENTE E MANUTENÇÃO DE TODOS OS COMPONENTES DO TRANSPORTE, A METRA SE PREOCUPA COM A SUSTENTABILIDADE?Sempre. A Metra já plantou mais de cinco mil árvores ao longo dos 33 km do corredor São Mateus-Jabaquara, o que nos deu o título de Corredor Verde. Além do plantio de árvores, a empresa também mantém um tra-balho de reciclagem de resíduos nos terminais e na garagem, destinando corretamente cada material. A poda das árvores realizada pela equipe de jardinagem é destinada a uma instituição e retorna para o nosso corredor como adubo orgânico para as mesmas plantas. São mais de 200 sacos de adubo utilizados por dia.

Na garagem, a nossa frota operacio-nal é lavada diariamente. Toda a água usada passa por processos químicos em nossa estação de tratamento e reuso para, em seguida, ser reutiliza-da. Diariamente, a Metra economiza cerca de 30 mil litros de água.

QUAIS SÃO OS PROJETOS E PERSPECTIVAS DA METRA PARA O fUTURO? A Metra tem como perspectiva futu-ra desenvolver uma matriz energé-tica alternativa para a operação do transporte coletivo. Nosso objetivo é reafirmar nossa preocupação com o meio ambiente e o transporte sustentável. Tanto que, em 2013, a empresa adquiriu 50 novos ônibus: 30 veículos modelo BRT, com 23 me-tros de comprimento; e 20 trólebus articulados modelo BRT, que são veículos elétricos com emissão zero de poluentes. A Metra consolidou um modelo de transporte que é re-ferência para vários países. É impor-tante mostrar a todos que o sistema funciona com corredores exclusivos, tecnologias limpas, sustentabilidade e o trabalho coletivo.

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capaparada oBriGatÓria

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ÔNIBUS A hIDROGêNIO EM TESTES NO BRASIL

São Paulo começa a testar a primeira frota brasi-leira de ônibus a hidrogênio para transporte urba-no. Os veículos têm tecnologia de propulsão, ou seja, não emitem poluentes, apenas vapor d’água que é eliminado pelo escapamento dos ônibus. Os coletivos também oferecem mais espaço aos passageiros, aperfeiçoamento dos sistemas de controle e integração a bordo e nacionalização de todo o sistema de tração.

Os ônibus apresentam 45% de energia renovável – contra 14% do resto do mundo -, colocando o País em uma posição de destaque mundial. Além do Brasil, os únicos países capazes de desenvolver e operar ônibus com tal tecnologia são Alemanha, Canadá e Estados Unidos.

O projeto foi coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Empresa Metropolitana de Transportes Urba-nos (EMTU),  Agência Brasileira de Cooperação (ABC), direção do Ministério de Minas e Energia (MME),  e recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e da Agência Brasileira de Inova-ção (Finep).

CURSO GESTÃO DE MOBILIDADE URBANA

A Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) está oferecendo um curso à distância sobre a Lei de Mobilidade Urbana nº 12.587/2012 com conteúdos de-senvolvidos por seus especialistas. Em parceria com o Senac-SP, o curso oferece ao aluno textos, animações, vídeos e entrevistas com especialistas, além de contato virtual com os professores para sanar dúvidas.

O curso exige 20 horas de dedicação do aluno, que poderá ser realizada livremente, em qualquer horário e em qualquer dia, dentro da programação dos módulos e das lições preestabelecidas no prazo máximo de 45 dias. Para o aluno receber o certificado de participa-ção, é necessário cumprir a carga horária de todos os módulos/lições e obter um nível mínimo de participa-ção nas discussões e entregar no prazo o trabalho de conclusão exigido. 

Para mais informações, acesse www.antp.org.br.

QUEDA DE 35% NAS VENDAS DE ÔNIBUS URBANOS

A crise econômica que assola o país também atinge a indústria de transportes. A produção de chassi de ônibus e de miniôni-bus vendidos integralmente no Brasil registrou um dos piores semestres da história recente, segundo balanço divulgado pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Au-tomotores). Entre janeiro e junho deste ano, foram produzidos 13.865 ônibus - número 27,8% menor em relação ao mesmo perí-odo do ano passado.

De acordo com a associação, o segmento de ônibus urbanos é o que apresenta a situação mais delicada. A queda acumu-lada foi de 34,7% com 10.564 urbanos produzidos entre ja-neiro e junho deste ano ante 16.189 dos seis primeiros meses do ano passado.

Considere a frase de Albert Einstein: “...Se eu tivesse 1 hora para salvar o Planeta, eu gastaria 59 minutos

definindo o problema e 1 minuto re-solvendo-o...”. Vale à pena discutir e reavaliar se estamos aplicando essas palavras sábias à realidade do transporte público urbano no Brasil. Especificamente, muitos apontam que o problema da poluição am-biental tem que ser resolvido por meio da substituição dos ônibus movidos a diesel. Argumentam que a adoção das “tecnologias verdes” resolverá o “problema”.

Todavia, estudos e pesquisas revelam que a poluição ambiental é a somató-ria de várias fontes emissoras e que o transporte público é responsável por uma pequena parcela dos poluentes. Fundamentalmente, é importante destacar que o setor de transportes, como um todo, responde por 20% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2) (Carvalho, 2011). Ademais, automóveis e caminhões são responsáveis pela produção de 80% do total de CO2 produzido pelo setor de transportes (MMA, 2011). Esse resultado é magnificado pela ineficiência do transporte motori-zado individual (automóvel), que emite quase oito vezes mais CO2 que o usuário de um ônibus. Por outro lado, a emissão de poluentes locais é

andré Dantas, PhD, diretor técnico da NTU

Estamos tentando resolver o problema

errado?

também dominada pelos automóveis e motocicletas. Por exemplo, estudos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para a Região Metropolitana de São Paulo indicam que esses modos respondem por cerca de 90% das emissões de monó-xido de carbono e 70% das emissões de hidrocarbonetos.

Tendo em vista a realidade desses fa-tos, que apontam para um problema muito maior e mais complexo, não é muito inteligente a simples substitui-ção do ônibus a diesel por uma outra tecnologia qualquer que prometa não poluir e assim salvar o planeta! Mesmo que isso ocorresse, sem con-siderar os impactos diretos nos usuá-rios do transporte coletivo por ônibus que arcariam com todos os custos dessa substituição tecnológica, ape-nas uma parte insignificativa do pro-blema ambiental seria resolvido.

Identificar o problema certo é o pri-meiro passo para evitar o desperdício dos limitados recursos existentes. É muito importante evitar que a discus-são seja realizada sob o entendimen-to equivocado e utópico de que tudo se resolve com uma solução mágica, ou seja, a adoção da chamada “tec-nologia verde”. Uma vez superada essa barreira, o desafio é propor so-luções que considerem o sistema urbano como um todo e que sejam

inseridas em um plano multianual de financiamento e desenvolvimento.

Especificamente, isso significa a rees-truturação do espaço e das atividades urbanas para que os recursos sejam racionalizados. Um exemplo clássico é observado em Curitiba-PR, que des-de a década de 60 tem atuado inten-samente na utilização inteligente dos instrumentos de planejamento para direcionar o desenvolvimento urba-no ao longo dos eixos de transporte coletivo. Esse tipo de medida gera re-sultados muito mais eficientes do que a adoção isolada das “tecnologias verdes”. Obviamente, é importante incorporar os avanços tecnológicos como parte de uma política de longo prazo, que permita o estabelecimento de regras estáveis de financiamento e que esteja associada ao desenvol-vimento da indústria nacional e da manutenção e geração de empregos em território brasileiro.

Tudo isso não será alcançado facil-mente, pois serão necessárias muitas mudanças estruturais e a sociedade terá que estabelecer o caminho de acordo com o contexto socioeconô-mico. Tendo em vista as evidentes dificuldades, outra frase de Einstein também pode afastar os pessimistas e motivar os possibilistas: “...Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe por provar o contrário...”.

diÁloGo técnico

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BRT Transoeste tem 74% de aprovação no

aniversário de 3 anos PESQUISA DE SATISFAçãO REVELA QUE BRT É O MEIO DE TRANSPORTE MAIS BEM AVALIADO NO RIO DE JANEIRO.

FEDERAçãO DAS EMPRESAS GANHA PRêMIO INTERNACIONAL EM RECONHECIMENTO à INOVAçãO NO TRANSPORTE CARIOCA

O sistema BRT Transoeste completou em maio deste ano três anos de opera-ção com índice de 74% de

aprovação dos usuários. É o que indica uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, que entrevistou mais de três mil usuários dos sistemas BRT do Rio de Janeiro. Desse percentual, 25% das pessoas disseram que estavam muito satisfeitas e 49% satisfeitas com os serviços operacionais do BRT.

A pesquisa de satisfação ainda demonstra que o BRT é o meio de transporte mais bem avaliado entre os entrevistados (ver gráfico). Das pessoas que participaram das entre-vistas, 70% utilizam o BRT durante cinco ou mais dias por semana e 73% declararam que optam pelo sistema para ir e voltar do trabalho.

Um dos pontos fortes do sistema, identificados na pesquisa, é o tempo

de viagem dos usuários. Essa é consi-derada a principal vantagem do BRT para 86% dos entrevistados. Segun-do o Datafolha, 26% afirmam que o tempo é 15 minutos e 33% dizem que é de 15 a 30 minutos. Outro ponto positivo é que 80% dos usuários afir-maram que nunca tiveram problemas nas estações ou nos veículos BRT.

Apesar do bom desempenho do sistema de forma geral, as linhas

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BRT É O MEIO DE TRANSPORTE MAIS

BEM AVALIADO NO RIO DE JANEIRO.

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alimentadoras ainda deixam a de-sejar na expectativa dos usuários. A nota média desses ônibus entre os usuários do Transoeste e do Trans-carioca ficou em 5,9. Apesar disso, 58% pontuaram o serviço de 6 a 10. “As alimentadoras operam mais ou menos como o sistema de ônibus convencional. A eficiência poderia melhorar com a implantação de BRS por onde passam essas linhas, já que o usuário ganha tempo no eixo do BRT, mas ainda perde para chegar à via troncal”, avalia Suzy Balloussier, diretora de Relações Institucionais do Consórcio BRT.

BRT RIO RECEBE PRêMIO INTERNACIONAL

Além da boa avaliação dos passa-geiros do Rio de Janeiro, o consórcio BRT Rio confirma a importância do seu desempenho operacional com a conquista de um prêmio em

Milão, na Itália, entregue pela União Internacional do Transporte Público (UITP). Em 10 de junho, a Federação das Empresas de Transporte de Pas-sageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) recebeu o prêmio “UITP Awards 2015”, na categoria “Estraté-gia do Transporte Público”. O BRT Rio foi o único projeto da América Latina entre 25 finalistas de seis catego-rias. A federação concorreu com um trabalho intitulado “Reformulando a demanda do Rio de Janeiro com uma rede de BRTs”, desenvolvido em parceria com a área técnica do Rio Ônibus e do Consórcio BRT.

Segundo a diretora de Mobilidade da Fetranspor, Richele Cabral, a federa-ção apresentou, além do projeto dos corredores Transoeste e Transcario-ca, o plano de construção de mais dois novos corredores: o Transbrasil, que terá uma parte inaugurada em 2016 e será finalizado em 2017, e o

Transolímpica, com inauguração prevista para o início de 2016. Os quatro corredores juntos somarão aproximadamente 160 km de exten-são para transportar até um milhão de passageiros diariamente — atu-almente, o BRT Rio transporta cerca de 400 mil pessoas por dia, segundo dados do Consórcio BRT.

O “UITP Awards”, prêmio que reco-nhece iniciativas inovadoras para o transporte público desenvolvidas nos últimos dois anos, recebeu mais de 200 projetos de todo o mundo. “Essa premiação tem um significado importante tanto para a Fetranspor quanto para a popu-lação do Rio. Receber esse prêmio mostra como o BRT transforma a vida das pessoas e demonstra tam-bém que o Rio de Janeiro está no caminho certo para continuar me-lhorando a mobilidade urbana da cidade”, ressalta Richele Cabral.

74% dos passageiros dos sistemas BRT Transoeste e Transcarioca estão satisfeitos com o serviço de transporte.

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ntU EM aÇão

Os efeitos da priorização do transpor-te urbano no mundo foram temas de dois importantes eventos internacio-nais sobre o setor no primeiro semes-

tre de 2015 na Cidade do México, no México, em abril, e em Milão, na Itália, no mês de junho. Entre os principais temas discutidos nos dois congres-sos, a sustentabilidade se destacou como pre-missa para uma mobilidade urbana mais eficaz nas cidades. A NTU contribuiu para esses deba-tes com exemplos de mobilidade sustentável e a evolução do transporte coletivo no Brasil.

Eventos internacionais debatem transporte

coletivo urbanoNTU APRESENTOU A EVOLUçãO DO TRANSPORTE URBANO NO PAíS E DEU ExEMPLOS DE MOBILIDADE SUSTENTáVEL EM

DOIS GRANDES EVENTOS DO SETOR DE TRANSPORTE

MÉxICO

“Uma mobilidade urbana sustentável depen-de de quatro fatores principais: instituições, vontade política, planejamento e recursos. Se houver a combinação desses quatro ele-mentos, o resultado será eficaz”, destacou o diretor técnico da NTU, André Dantas, em sua apresentação no 7º Congresso Internacional de Transporte 2015, realizado pela Associa-ção Mexicana de Transportes e Mobilidade (AMTM), na Cidade do México.

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DIRETOR ExECUTIVO, MARCOS BICALHO, PALESTRA

EM EVENTO INTERNACIONAL DA UITP, EM MILãO.

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ntU EM aÇão

De acordo com Dantas, as faixas exclusivas, corredores, BRS e BRT (Bus Rapid Transit) estão tendo um aumento considerável no Brasil e se apresentam de forma sus-tentável. “Essas intervenções são sustentáveis porque permitem que a qualidade de vida das pessoas seja melhor”, pontua.

Os investimentos em faixas exclusi-vas, como têm acontecido na capital São Paulo, aumentaram a velocidade média dos veículos em 68,7% e estão permitindo uma melhora no serviço e racionalização dos custos. A cida-de já possui 490 km de vias dedica-das aos coletivos.

O diretor ainda explica que, na me-dida em que o sistema obtém um conforto melhor com o tempo de viagem menor, atrai outros usuários que tenderiam a utilizar um auto-móvel, evitando-se assim os con-gestionamentos nas vias públicas, que levam a um nível de poluição maior e a uma ineficiência na pro-dutividade, diminuindo a qualidade de vida do cidadão. “O serviço de

transporte é um instrumento nesse processo de transformação, e em longo prazo, à medida que se con-cretiza, gera benefícios para gera-ções futuras”, enfatiza.

MILÃO

Sustentabilidade, mobilidade, ino-vação e economia foram palavras -chaves usadas para definir o tema do 61ª congresso e exibição realiza-do pela Advancing Public Transport (UITP – Associação Internacional do Transporte Público). O evento Smile in the City conferiu a especialistas, empresários e líderes do setor de transporte a oportunidade de co-nhecer como os outros países estão enfrentando os desafios de mobili-dade urbana.

O diretor da NTU Marcos Bicalho foi um dos palestrantes no evento e fez um panorama geral sobre a evolução do transporte público coletivo no Brasil. Segundo Bicalho, nos últimos anos o país se desenvolveu muito no âmbito do serviço por ônibus, com a Lei das concessões, a Lei da Mobi-

lidade Urbana e o Estatuto das Me-trópoles. “São legislações recentes que estão trazendo uma evolução muito grande para a mobilidade e, por consequência, para os serviços de ônibus no país”, disse.

No campo da qualidade dos servi-ços, as evoluções mais atuais são as implantações de várias medidas de prioridade ao ônibus, como as faixas exclusivas e sistemas BRT. "As vanta-gens dessas melhorias englobam o aumento da velocidade operacional, a redução nos tempos de viagem, baixo custo e curto prazo para im-plantação”, pontua o diretor.

Bicalho também destacou a evo-lução tecnológica que o setor está vivenciado, como o aumento sig-nificativo dos ITS (Sistemas Inteli-gentes de Transporte) nos serviços de ônibus por meio da bilhetagem eletrônica, Centros de Controle Operacional e informações aos usu-ários. Além disso, falou da evolução tecnológica dos veículos com mo-tores menos poluentes e melhores condições de acessibilidade.

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(DIREITA PARA ESQUERDA) ANDRÉ DANTAS, DIRETOR TÉCNICO

DA NTU DURANTE SUA PARTICIPAçãO NO MÉxICO.

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A ciência voltada para o transporte coletivo urbano avança cada vez mais e aprimora os meios de lo-comoção pelas cidades. Em 1662,

quando surgiu o transporte de passageiros na cidade de Paris, na França, o meio utilizado para realizar as viagens eram as carruagens. Após séculos de muitos estudos, várias tecno-logias surgiram e hoje vão desde a estrutura dos veículos e motores a softwares que admi-nistram a operação do transporte coletivo ur-bano. Todas buscam um denominador comum: melhorar a qualidade do serviço, com mais conforto aos passageiros, economia para as empresas e sustentabilidade para as cidades.

Avanço tecnológico contribui para melhorar

gestão e serviço de empresas de ônibus

urbanos no BrasilCOM NOVAS TECNOLOGIAS, OPERADORES PODEM OFERECER MAIS QUALIDADE AO

USUáRIO, REDUzIR CUSTOS E ATÉ MESMO CONTRIBUIR PARA O MEIO AMBIENTE

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Os sistemas de bilhetagem eletrôni-ca, serviços pelos quais os usuários conseguem efetuar o pagamento da passagem por meio de cartões magnéticos e validadores instalados nos ônibus, têm se tornado cada dia mais usual pelas empresas. Tanto que existem cidades em que 100% das tarifas são pagas com o cartão, como exemplo a cidade de Campo Grande (MS).

Para o presidente executivo da NTU, Otávio Cunha, além de permitirem aos usuários uma viagem mais segu-ra, essas soluções contribuem para o monitoramento do veículo e também para o controle de passageiros trans-portados. “A bilhetagem eletrônica ajuda a reduzir o número de assaltos, já que os ônibus passam a circular sem dinheiro e ajuda no controle dos usuá-rios do serviço, principalmente os que utilizam benefícios tarifários, como estudantes”, pontua.

As empresas que fornecem softwa-res e equipamentos com esse tipo de serviço têm como premissa a ino-vação. Além da utilização de cartão, alguns validadores conseguem fazer a leitura por biometria digital e facial, o que dificulta as fraudes. Atualmen-te, a Rede Ponto Certo, empresa de recarga do Bilhete único de São Pau-lo, vem trabalhando com uma solu-ção de bilhetagem utilizando um re-lógio de pulso que permitirá efetuar pagamento das passagens com um único gesto: encostar o dispositivo no leitor do validador na hora do em-barque. Essa tecnologia, chamada Watch2Pay, já é utilizada como meio de pagamento em países como Tur-quia, Rússia, Polônia e Reino Unido. 

“Esse dispositivo pode no futuro comportar outras carteiras do inte-resse da prefeitura, voltados para os

usuários do sistema, pois conta, por exemplo, com aprovação mundial para uso também como cartão de dé-bito. É usado ainda para entrada em estádios de futebol e outros grandes eventos”, diz Nelson Martins, presi-dente da Rede Ponto Certo.

O Watch2Pay já está em teste desde 2014 em São Paulo, Recife e Ribeirão Preto. A comercialização está pre-vista para agosto de 2015. O equipa-mento poderá ser recarregado em qualquer ponto da Rede Ponto Certo na capital paulista, além de outras re-des credenciadas. Inicialmente, será vendido em lojas virtuais com preço sugerido de R$ 230.

Em 2013, essa tecnologia, deno-minada NFC (em inglês, Near Field Communication), que consiste na aproximação de dois dispositivos ele-trônicos compatíveis para a realização de transações, começou a ser testada em São Paulo e no Rio de Janeiro com aparelhos celulares. Ou seja, além do relógio, o aparelho móvel ao ser apro-ximado do validador debita os crédi-tos da passagem, liberando a catraca do ônibus para o usuário.

INTERAÇÃO COM O USUÁRIO

O validador é um equipamento essen-cial na bilhetagem eletrônica já que por meio de comunicação direta, com o uso da internet, o sistema faz a libe-ração da catraca para o passageiro. Normalmente, os aparelhos oferecem no visor o valor total de créditos que os usuários ainda possuem no cartão.

No entanto, uma nova proposta de validador chega ao mercado. Além da função básica de liberação do pas-sageiro, o aparelho CCIT 4.0, fabrica-do pela empresa Tacom, possui um sistema de mídia direcionada para o usuário. O custo pode variar de acor-do com o tamanho da empresa.

Com um visor de sete polegadas e touch screen (sensível ao to-que), é possível inserir conteúdos publicitários voltados para públicos-alvo, região e horário, oferecendo a possibilidade de realização de pesquisas de opinião em horários determinados, como explica o di-retor comercial da empresa, Marco Antônio Tonussi.

“É uma alternativa importante para a manutenção de custos das empre-sas, que pode ser usada por diversas marcas e instituições para se comu-nicar ativamente, da mesma forma que acontece no ambiente online”, anuncia o diretor.

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ÔNIBUS ELÉTRICO QUE EMITE zERO

DE POLUENTES NA ATMOSFERA.

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GESTÃO EM NUVEM

A computação em nuvem, outro avanço da tecnologia, permite a utilização da memória e das capa-cidades de armazenamento e cál-culo de computadores e servidores compartilhados e interligados por meio da Internet. Ou seja, é possível acessar, via internet, arquivos e soft-wares que dão acesso a sistemas das empresas.

O gerenciamento das empresas de transportes coletivos com armaze-namento em nuvem é uma das no-vidades que surgiram no mercado. Com o software Globus Cloud, da BGM Rodotec, é possível as empre-sas terem o controle administrativo acessando de qualquer lugar. Além disso, permite a redução de investi-mentos em servidores, que podem custar, em média, R$ 10 mil.

O ERP Globus, principal possui 45 módulos e tem como objetivo con-trolar toda a parte administrativa e operacional da empresa. É um sof-tware desenvolvido especificamente para o sistema de transporte, explica o gerente comercial da empresa, Valter Silva. “O Globus centraliza to-das as informações da empresa em um único sistema. Isso torna a ges-tão mais dinâmica, tanto do ponto de vista financeiro quanto na toma-da de decisão”, enfatiza.

A política de preço para aquisição do Globus é definida em função da quan-tidade de usuários e dos módulos que serão utilizados permitindo que empresas de pequeno porte também consigam utilizar o sistema.

ÔNIBUS SUSTENTÁVEIS

Os ônibus coletivos, que hoje são responsáveis por mais de 80% das viagens do transporte público no Brasil, já passaram por muitas mo-dificações. A história conta que no século xIx surgiu o motor elétrico e que, em 1910, já circulavam no Rio de Janeiro ônibus com esse tipo de motor. A principal vantagem do avanço dessas tecnologias veicula-res é a sustentabilidade, já que redu-zem a emissão de poluentes no ar.

Um ônibus totalmente elétrico não emite poluentes. Já um veículo híbri-do – que combina duas ou mais fon-

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NOVAS CONDIÇÕES DE fINANCIAMENTO

Em fevereiro de 2015, o Banco Nacional de De-senvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou novas condições para a aquisição de ônibus via financiamento. Pelas novas regras do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), não será mais possível financiar 100% do bem, como ocorria anteriormente.

O percentual financiado para a compra de veí-culos a diesel passou a ser de 50% para grandes empresas e de 70% para médias e pequenas. Já para ônibus elétricos e híbridos, o BNDES pas-sou a ter participação de 70% para todos os por-tes de empresa. Essa participação pode chegar a 90%, porém, com taxas de juros mais altas.

DEBATE SOBRE TECNOLOGIAS

No dia 3 de setembro o Seminário Nacional NTU 2015 irá debater na “Oficina de Tecnologia Veicular” soluções para o transporte coletivo por ôn ibus . Na ocas ião espec ia l i s tas , operadores e representantes da indústria vão apresentar e discutir os cenários e tendências relacionados a diversos temas de interesse do setor, como alternativas energéticas e inovações tecnológicas em motores, chassis e carrocerias. Saiba mais acessando: www.eventosdantu.com.br/seminario2015/.

tes de energias e que proporciona potência de propulsão direta ou in-diretamente – emite 90% a menos de material particulado e 60% a menos de outros poluentes, informa José Antônio do Nascimento, da fabrican-te brasileira Eletra.

Para José Antônio, além dos bene-fícios de sustentabilidade, o custo operacional e o de manutenção por quilômetro também é mais baixo. “Até mesmo os ônibus híbridos, que possuem motor gerador, têm um custo de operação menor, já que é possível recargar a energia das bate-rias durante a frenagem”, explica.

O ônibus híbrido-elétrico, que está sendo fabricado pela Volvo e chega ao Brasil em 2016, pode fazer de 28% a 35% de economia de diesel e acima de 50% de economia de poluentes na atmosfera. Se o modo elétrico for maximizado, o ônibus consome até 70% a menos de diesel, mas pode chegar a 100% caso as recargas se-jam feitas nos pontos certos poden-do nunca acionar o motor a diesel.

A bateria pesa 200 quilos e pode ser recarregada nos terminais enquanto os passageiros fazem o embarque e desembarque e também na frena-gem do veículo.

BARREIRAS NA AQUISIÇÃO

Essas tecno log ias ve icu la res são mais caras e, no Brasil, ainda são poucos os incentivos para a aquisição desses veículos, alerta o presidente executivo da NTU, Otá-vio Cunha. “Além de terem o custo elevado de compra, são poucas as ci-dades que possuem estrutura viária com prioridade ao transporte cole-tivo, e para se fazer um investimento desse, é preciso ter, no mínimo, vias exclusivas”, alerta.

Outro ponto preocupante na aquisi-ção de um ônibus mais sustentável é a falta de segurança em relação ao transporte coletivo de passageiros. Na opinião do presidente da Volvo Bus Latin America, Carlos Pimenta, atualmente o problema do transporte público no Brasil não é o equipamen-

to, mas sim uma crise monumental que se iniciou pelas revoltas em 2013.

“A partir desse episódio a conse-quência foi uma desestruturação do transporte porque a reação dos prefeitos imediatamente baixar os preços das passagens sem olhar as consequências. Isso desestruturou todas as cidades brasileiras, não permitindo nem a simples renovação de frota, quanto mais a adoção de novas tecnologias que são mais ca-ras e que exigem mais infraestrutura, mais treinamento”, argumenta Pi-menta cita ainda a onda de queimas de ônibus. “Quem é que vai querer comprar um ônibus novinho, bonito, cheiroso e caro e ver alguém botar fogo ali na esquina”, completa.

É importante destacar que em cada tipo de linha haverá um tipo de trans-porte indicado. Sendo assim, por ser uma tecnologia mais cara não há ne-cessidade de utilização desse tipo de veículo em cidades de pequeno porte, com um número reduzido de habitan-tes e sem trânsito carregado.

A mobilidade urbana não é formada por um ou dois meios de transporte, mas sim pela interligação de

toda a cidade, envolvendo a infraes-trutura urbana, o trânsito, os diver-sos modais de transporte público e as ciclovias. Pensar na locomoção ordenada e eficiente das cidades passa, inclusive, pela organização dos transportes de cargas, adoção de novas tecnologias e capacitação de pessoal.

Para Ailton Brasiliense, presidente da Associação Nacional de Trans-portes Públicos (ANTP), esses pontos são indispensáveis para planejar a mobilidade urbana. Em sua opinião, o principal papel da

ANTP reúne mais de mil pessoas em evento sobre

mobilidade urbanaCONGRESSO NACIONAL DEBATEU PROBLEMAS E SOLUçõES PARA

TRâNSITO, TRANSPORTE E QUALIDADE DE VIDA NAS CIDADES

conGrESSo antp

ANTP é provocar as entidades pú-blicas e privadas na busca de uma melhor qualidade de vida. “Nós entendemos que essa qualidade de vida fica muito dependente de uma interação em três grandes focos, obviamente o transporte público, o planejamento urbano nas cidades e o trânsito. Evidentemente, tem que agregar o meio ambiente e a ques-tão energética também, mas esses três primeiros pontos são funda-mentais”, defende Ailton.

A discussão em torno da mobilidade urbana em seus diversos conceitos ocorreu durante os dias 23, 24 e 25 de junho no 20º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito da ANTP. O evento reuniu, em Santos (SP), auto-

ridades públicas, especialistas e téc-nicos de várias partes do Brasil e do Mundo para debaterem problemas e soluções enfrentadas pelas cidades no âmbito do trânsito e transporte. A NTU também participou do Con-gresso com palestras e estande na feira Ix INTRANS.

A abertura foi marcada pela presen-ça do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, dos prefeitos de Santos e Campinas, Paulo Alexandre Barbosa e Jonas Donizette, respectivamente, e do secretário de Transporte e Trânsito de São Paulo, Jil-mar Tatto. O presidente executivo da NTU, Otávio Cunha, também compôs a mesa de abertura do evento.

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Cerca de seis anos atrás a NTU inovou ao reintro-duzir os sistemas BRT na pauta da mobilidade ur-

bana. Hoje, projetos voltados para os serviços de transporte rápido por ônibus se multiplicam pelo Brasil. Já são 18 sistemas BRT operando em cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, São Paulo, Goiânia, Uberlândia, Uberaba e Recife. Como garantir e manter bons padrões de qualidade desse modal são desafios que go-vernantes e operadores têm cons-tantemente e foi tema de uns dos principais debates apresentados no Congresso da ANTP.

Na discussão, estavam presentes o diretor da NTU Marcos Bicalho, a diretora executiva do ITDP, Clarisse Cunha Linke, o gerente de infraestru-tura do Consórcio Operacional BRT do Rio de Janeiro, Alexandre Castro, e o presidente da BHTrans, Ramon Vic-tor Cesar. Para moderar o debate foi convidado o jornalista da CBN e espe-cialista em transportes Adamo Bazani.

Durante a sua apresentação, Cla-risse Linke falou da necessidade de repensar as cidades e trans-formá-las em um modelo policên-trico, onde as pessoas consigam ter trabalho, casa e transporte de fácil acesso. Linke alertou sobre o ciclo vicioso do transporte, no qual a demanda da infraestrutura das cidades está sempre voltada para o carro. Ela também mostrou problemas atuais que envolvem

Especialistas discutem como manter bons padrões

de qualidade nos BRT

os sistemas BRT e que acabam denegrindo a imagem do modelo. “O que percebemos é que muitos atributos do BRT não estão sendo respeitados nos projetos e sendo executados”, alerta.

Em relação à qualidade dos siste-mas BRT, Clarisse Linke mostrou o trabalho desenvolvido pelo ITDP na identificação de bons projetos e sis-temas. Para ela, existe a necessidade dos contratos terem indicadores so-bre os sistemas para que sejam exe-cutados de forma correta e passem a ter qualidade. “O sistema precisa ser atrativo para as pessoas deixarem o carro em casa”, pontua Clarisse.

Mostrando a visão do operador, o diretor executivo da NTU, Marcos Bicalho, relatou os desafios dos empresários de ônibus na operação dos novos sistemas. Bicalho explica que os investimentos em BRT se tornaram uma alternativa ao me-trô e ao trem metropolitano, o que exige das empresas uma gestão diferenciada.

“Identificamos no sistema BRT a oportunidade de melhorar os servi-ços de transporte coletivo, mas isso tem demandado das empresas in-vestimento em veículos, tecnologia, pessoal, treinamentos e mais. Só que para tudo funcionar bem é preciso termos projetos bem elaborados, além de uma boa manutenção. Pre-cisamos avançar nas soluções para a cobertura dos custos desses novos sistemas e na unificação da gestão da operação e manutenção", defende.

CASES AVALIADOS

O gerente do Consórcio BRT Rio, Ale-xandre Castro, fez um panorama da rede de sistemas BRT que está sendo implantada no Rio de Janeiro (RJ). Atualmente a cidade já possui 90 km de vias segregadas, que fazem parte dos corredores Transoeste e Trans-carioca. Em três anos de operação do Transoeste, já foram atendidos 75 milhões de passageiros. Castro aler-tou que para a garantia dos sistemas é preciso bastantes investimentos em equipe de engenharia e que buscar o

BRT MOVE, EM BELO HORIzONTE, TRANSPORTOU

500 MIL PASSAGEIROS EM 1 ANO DE OPERAçãO.

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Marketing nos tempos de crise no transporte

coletivo urbano

“Marketing em tempo de crise: a história do triângulo amo-roso e sua evolução

para um quadrilátero fantástico”. Esse foi o tema do painel da área de comunicação discutido no 20º

Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito da ANTP. A brincadeira no nome remete a algo sério rela-cionado a todos os atores que são essenciais para a mobilidade nas cidades: os usuários, operadores e gestores do transporte público for-

mam um triângulo amoroso, cada um tendo que ceder um pouco para que o relacionamento funcione, e a sociedade em geral, que completa o quadrilátero, afinal, ela também existe na mobilidade.

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BáRBARA RENAULT FALA DAS CAMPANHAS

QUE A NTU REALIzA NAS REDES SOCIAIS.

equilíbrio econômico é muito difícil devido ao investimento.

O projeto BRT Move, de Belo Hori-zonte (MG), deriva de um plano de mobilidade urbana, o qual inclui outros projetos. No momento atual, existem dois grandes corredores que somam 23 km de vias exclu-sivas no sistema BRT. Em um ano, foram transportados 500 mil pas-

sageiros, segundo o presidente da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), Ra-mon Victor Cesar.

O representante do órgão gestor falou que uma das preocupações de manter a qualidade é cuidar da infraestrutura, já que é muito cara. “É um sistema de gestão e infraes-trutura que tem um custo muito ele-

vado. Só com o vandalismo temos um custo de R$ 1 milhão por mês”, detalha Ramon Victor. Para tentar combater as depredações, o órgão fez a contratação de 192 vigilantes privados que atuam 24h por dia. Outros custos são relacionados à manutenção das estações de in-tegração, algo em torno de R$ 9,5 milhões e também às estações de transferência, R$ 19,5 milhões.

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Presente no debate mediado pelo diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Sér-gio Carvalho, a coordenadora de Comunicação e Marketing da NTU, Bárbara Renault, apresentou cam-panhas da entidade voltadas para o esclarecimento da população sobre as obrigações, deveres e responsabi-lidades de governantes, empresários e usuários no que se refere ao trans-porte coletivo urbano.

“As atribuições e discussões sobre o transporte público urbano, que hoje são condicionadas apenas aos usuários, governo e empresários, devem ser ampliadas para um diá-logo com toda a sociedade, já que o transporte público é de todos”, defende Renault.

As partes citadas (governo, empre-sário e usuário) têm interesses dife-rentes, cada um com suas particula-ridades e por isso, na visão do publi-citário e diretor da Debrito, Rodrigo Magalhães, é necessário considerar que essa relação do triângulo preci-

sa deixar de ser bilateral [empresário – usuário; governo – usuário; ou go-verno – empresário].

“Não adianta, esse triângulo não se sustenta. É preciso deixar de pensar em benefícios próprios. Do ponto de vista do marketing, essa ges-tão é perversa. O ciclo acaba não se sustentando”, argumenta. Para ele, o cidadão que não é usuário do transporte coletivo também precisa ser incorporado nessa relação. “O cidadão também ajuda a construir marcas”, finaliza.

Para Paulo Fraga, diretor de MKT da Federação das Empresas de Trans-portes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), é neces-sário o planejamento do transporte coletivo para o ciclo virtuoso e não o ciclo vicioso que se tem vivido. Em relação à mídia, ele alerta que os de-safios são intensos.

“Precisamos ter a iniciativa de pro-mover um equilíbrio entre a agenda positiva e a agenda negativa. Infe-

NOVO CÁLCULO DE CUSTOS

Durante o Congresso da ANTP, foi apresentado o estudo sobre a nova planilha de cálculos dos custos do trans-porte público urbano, que está sendo desenvolvida por especialistas que integram um Grupo de Trabalho coor-denado pela Associação Nacional de Transportes Públi-cos (ANTP), com o apoio da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), do Fórum de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana e da Associação Nacional das Em-presas de Transportes Urbanos (NTU).

Atualmente, a planilha do Grupo Executivo de Inte-gração da Política de Transportes (Geipot), criada na década de 80, ainda é referência para diversos gestores públicos no planejamento de transporte público urbano municipal. No entanto, o docu-

mento é defasado e não inclui uma série de custos que foram incorporados ao setor nos últimos anos, como custos ambientais, bilhetagem eletrônica e outras tecnologias.

O presidente executivo da NTU, Otávio Cunha, reforça que o documento técnico traz o cálculo do custo do serviço e não indica a definição do valor da tarifa, pois essa dependerá da política tarifária do governo local. “O objetivo é atualizar a metodologia de cálculo dos custos operacionais com critérios técnicos. A planilha permiti-rá às prefeituras saber exatamente quanto custa operar o serviço e a partir daí definir o valor das passagens. A nova planilha também ajuda a esclarecer à população como se chega a esses valores”, pontua.

lizmente a grande mídia não traz as contribuições mais contundentes e necessárias, e a evolução digital tor-nou o nosso mundo mais complexo, já que o consumidor passou a ser o protagonista das pautas na grande mídia”, pontua.

Profissionais que trabalhem de forma eficiente, mas que se preo-cupem com o emocional do ser hu-mano é a proposta do publicitário e diretor do Grupo Mesa, Lula Vieira, para o transporte público por ôni-bus. Ele defende que não adianta ser racional, pois o público desse segmento vai reagir sempre de for-ma emocional.

“Precisamos chamar profissionais-que entendam de comunicação, entendam de ser humano, entendam de fazer anúncio, mas entendam também que quando vão para as re-des sociais saibam que do outro lado tem um ser humano que se move por motivos que nós temos que lutar muito para saber quais são e respon-der de forma adequada”, alerta.

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conGrESSo antp

Os Sistemas Inteligentes de Transportes (ITS) têm avançado significativa-mente e contribuído para

a melhoria da mobilidade urbana de forma geral. Em debate sobre o tema no 20º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito da ANTP, o co-ordenador do Núcleo de Transportes da NTU, Matteus Freitas, alertou so-bre a necessidade dos investimentos e prioridade no transporte coletivo para uma melhor eficiência e apro-veitamento das novas tecnologias.

“A prioridade do transporte coletivo nas vias urbanas vai potencializar o uso das ferramentas de ITS e a ado-ção de novas tecnologias. Se esses pontos estiverem alinhados, elas se-rão melhores aproveitadas e em to-das as fases do projeto, desde a sua concepção, planejamento, operação e avaliação”, argumenta.

Uma dessas tecnologias recentes são os aplicativos para smartphones e tablets que, por meio do sistema de geolocalização e da colaboração dos usuários, podem informar com maior precisão o tempo de viagem e espera dos ônibus. Durante o painel “Os impactos das novas tecnologias nas organizações e na sociedade”, foram apresentados com maior de-talhe os apps “Coletivo” e “Busbus-ters”, ambos apresentados por Ju-lian Monteiro, diretor da Scipopulis.

O “Coletivo” informa o tempo de es-pera por um ônibus, quanto duram as viagens, os melhores e os piores dias da semana, horários alternativos para

Novas tecnologias em favor da mobilidade urbana

sair de casa, e alertas personalizados sobre o estado da malha de transpor-tes da cidade. Atualmente, funciona apenas na cidade de São Paulo.

Já no jogo “Busbusters” é possível localizar os ônibus na cidade para ganhar créditos e controlar pontos de ônibus e ao jogar e combater inimigos é possível fornecer, por ge-olocalização, informações a outros passageiros. Entretanto, o app ainda está em fase de projeto, mas em bre-ve será lançado.

Os táxis também têm se beneficiado com o avanço da tecnologia e com os aplicativos de celulares. Com o 99Tá-xis, apresentado pelo diretor de ope-rações Pedro Somma, o passageiro faz o pedido do táxi e os 5 táxis livres mais próximos recebem a chamada. Dos que aceitarem, ganha a corrida o que estiver mais próximo do local do pedido. Assim, o tempo do passagei-ro e do taxista é economizado.

O consultor e ex-diretor de Plane-jamento do Metrô de São Paulo

Arnaldo Luís Pereira ressaltou a necessidade de investimentos em sistemas ITS nos ônibus, já que eles atendem o maior número de pessoas e, na opinião dele, têm o pior meio ambiente. “O ônibus tem o pior meio ambiente em relação ao seu entorno. Ele concorre com o automóvel, com a cidade, com as enchentes, com as manifestações. Os metrôs estão enterrados, têm um sistema isolado e não são obrigados a trabalhar com tudo isso”, argumenta.

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MATTEUS FREITAS, DA NTU,

PALESTRA SOBRE TECNOLOGIA

NO TRANSPORTE PúBLICO.

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luis antonio lindau, PhD, presidente da EMBARQ Brasil

A importância dos dados para salvar vidas no trânsito

Nenhum problema é solu-cionado quando as causas são desconhecidas, muito menos o trânsito brasileiro,

quarto mais fatal do mundo confor-me a Organização Mundial da Saúde [1]. Embora o número de vítimas seja contabilizado, faltam processos cla-ros e eficazes de apuração para iden-tificar o que leva a esta verdadeira epidemia no país.

O Código de Trânsito Brasileiro [2] determina a unificação da coleta de informações dos acidentes, prática ainda não adotada nas cidades brasi-leiras. Atualmente, os registros feitos nas delegacias de polícia, por meio do Boletim de Ocorrência (BO), ou no local do acidente, têm foco na busca por culpados, não contendo todas as informações necessárias à compre-ensão dos acidentes.

Para lançar luz aos dados de um trân-sito que ceifou a vida de 44,8 mil pes-soas em 2012 [3] e vitimou 1,1 milhão por invalidez permanente de 2010 a 2013 [4], foi criado o “Método para Análise de Acidentes de Trânsito com a Identificação de Fatores Causais”, que propõe um diagnóstico preciso dos acidentes. Ele inclui o Formulário de vistoria de acidentes de trânsi-to – Fvat [5], cuja finalidade é fazer uma apuração abrangente e in loco.

As questões para explicar o que leva condutores a cometer falhas e

imprudências vão além de ‘quem, como e onde’. É preciso analisar o perfil dos envolvidos, características dos veículos e do ambiente viário, como condições de pavimento, si-nalização, condutas que induzem a erros humanos, como manobras e ultrapassagens, entre outros. Es-ses fatores, imprescindíveis para compreender as ocorrências, são apurados pelo FVAT, que combina aspectos quantitativos e qualitativos e está alinhado às melhores práticas internacionais em segurança viária.

Com o diagnóstico, é possível recriar o cenário do acidente em detalhes. O registro é rápido, leva 18 minutos em média, com questões de simples escolha. O banco de dados criado a partir dessas informações ajuda a entender as causas dos acidentes de trânsito e, a partir dessa análise, a embasar a formulação de estraté-gias para evitar sua reincidência.

A partir da aplicação piloto do FVAT, em Belo Horizonte, foi possível des-cobrir elementos e aspectos que de outra forma permaneceriam ocultos. Por exemplo, acidentes envolvendo motocicletas revelaram distrações e falhas de percepção do ambiente ur-bano por parte dos condutores, dis-tâncias incompatíveis entre veículos e velocidades inadequadas.

Com o FVAT, técnicos e tomadores de decisão têm uma ferramenta em

que suposições são substituídas por informações precisas. A propósito, o Rio está planejando aplicar uma adaptação do método, específica para registrar os acidentes envol-vendo sistemas de ônibus de alta capacidade. Essa versão engloba o levantamento de características como proximidade de pontos de em-barque e desembarque ou estações, interior de terminais, entre outras. No transporte coletivo por ônibus, evitar acidentes significa também prevenir atrasos, interrupções da operação e aumentar a qualidade do serviço ofertado.

Em plena metade da Década de Ação pela Segurança no Trânsito da ONU [6], que se estende até 2020, ferra-mentas como essas podem contribuir para que o Brasil decaia da incômoda quarta posição na lista dos países que mais matam no trânsito.

NOTAS

[1] Hold Health Organization

[2] Código de Trânsito Brasileiro

(Lei n. ° 9.503/1997)

[3] DATASUS (Portal da Saúde)

[4] Seguradora Líder

[5] Handle. Net

[6] Organização das Nações Unidas (ONU)

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pElo MUndo

ÔNIBUS 100% ELÉTRICOS PASSAM A CIRCULAR EM LONG BEACh

A Califórnia está investindo em tecnologia sustentável para

garantir mais qualidade de vida aos cidadãos. A cidade de Long

Beach, que já conta com ônibus elétricos híbridos - que alternam

o uso de combustível e energia-, acaba de adquirir 60 novos

ônibus totalmente elétricos, fabricados pela BYD. Os modelos

da fabricante da China possuem baterias de fosfato de ferro com

garantia de 12 anos. Há um sistema nas rodas que também capta

a energia gerada quando os ônibus freiam chamado de frena-

gem regenerativa. Além de não emitir gases poluentes, outra

vantagem dos ônibus é o baixo nível de ruído. “Como passageira,

eu adorei como os ônibus elétricos são mais silenciosos. Nossos

ônibus híbridos são ótimos, mas agora temos uma melhor tecno-

logia, eu espero que a minha cidade volte a ser líder em questões

ambientais“, disse Weeks Gabrielle, presidente da empresa ope-

radora do serviço.

ITÁLIA

JAPÃO

IR À AULA DE BICICLETA GARANTE BÔNUS NA NOTA

O projeto Bike Control está atraindo cada vez mais a atenção dos mo-

radores da cidade Aprilia, a 30 km de Roma, na Itália. Com o objetivo de

melhorar a nota dos alunos e incentivar a utilização da bicicleta como

meio de transporte, o programa conta com um dispositivo que é fixado à

bicicleta dos alunos e registra a data, horário e a distância do percurso re-

alizado. Assim, o aluno que utiliza a bicicleta de 3 a 4 vezes para ir a escola

ganha pontos para o Crédito de Formação, uma pontuação obtida em

atividades extracurriculares para integrar a nota final necessária para su-

perar o Exame do Estado, indispensável para cursar o ensino superior. O

projeto é uma iniciativa da escola de ensino médio Liceu Antonio Meucci.

TÓQUIO CRIA hORTAS ORGÂNICAS NAS SUPERfíCIES DO METRÔ

O conceito de qualidade de vida associada à mobilidade urbana pode

ir muito além da simples locomoção das pessoas. É o que projeto Sora-

dofarms, implementado em Tóquio, no Japão, quer explorar ao utilizar

a superfície de metrôs e outros espaços em desuso para criar hortas

orgânicas. Para cultivar alimentos, é preciso pagar uma taxa mensal de

5.400 ienes por mês, o equivalente a R$ 138. A mensalidade dá direito a

5m², assistência técnica para o cultivo, sementes e até as ferramentas ne-

cessárias para manuseio. Para solicitar um lote de horta, basta preencher

um formulário online.

ESTADOS UNIDOS

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Sentir e viver a cidade pelo transporte público

ponto dE ôniBUS

Em meio a tanta poluição, congestionamentos, cons-truções cada vez mais pró-ximas umas das outras, é

importante pensar na sensação de bem-estar das pessoas. Uma cidade oferece bem-estar quando propicia à sociedade daquele local seguran-ça, saúde, iluminação, saneamento básico, equipamentos de educação, transporte de qualidade, vias transi-táveis, entre outros aspectos. Sem eles, é impossível sentir-se bem. No entanto, nem sempre esses elemen-tos são suficientes e, nesse aspecto, algo que não é muito levado em consideração pelas políticas públi-cas é a busca pela beleza e conforto nas cidades. Isso mesmo, elas preci-sam ser bonitas, vividas e sentidas pelos cidadãos.

Estudos realizados em cidades com alto grau de desenvolvimento na Europa e na ásia mostram que por mais que tenham equipamentos e serviços de qualidade à disposição, nem sempre as pessoas se sentem completas onde vivem e citam a necessidade de ambientes urbanos mais acolhedores. E, quando alguém pensa em cidade, deve levar em consideração não apenas praças, calçadões e parques, mas todos os elementos que fazem parte da pai-sagem urbana. Entre eles, estão os ônibus, que passam quase desper-cebidos. A imagem distorcida que se

tem dos ônibus é de que são veículos grandes, que ocupam áreas nas ruas, poluem, fazem barulho e servem apenas para levar pessoas de um lado para o outro de qualquer jeito.

Mas imagine, agora, uma cidade sem ônibus e com mais carros nas ruas? A cidade pode ter os mais belos parques e avenidas, mas tudo será marcado por congestionamentos e pessoas estressadas presas no trân-sito. Como fazem parte da paisagem urbana, os ônibus precisam ter um visual qualificado e integrado ao ambiente em que atuam. O ônibus é parte da cidade e se ele está mal con-servado, ou não tem um padrão visual condizente, dá impressão que a cida-de trata com desleixo quem está nela.

Há grandes erros cometidos no que se refere ao padrão visual dos ôni-bus. Especialistas de comunicação afirmam que as padronizações das pinturas tiraram a identidade que as pessoas tinham com as empresas prestadoras de serviços de trans-portes, dificultando a identificação de linhas, igualando o mau operador

com o bom e tirando o direito do passageiro, que é um consumidor, de saber quem está “vendendo” a ele o serviço.

A infraestrutura dada ao transporte coletivo também é outro elemen-to importante para a sensação de bem-estar nas cidades. Neste pon-to, os corredores de ônibus BRT, se vierem com projeto paisagístico de qualidade, podem contribuir muito. Um corredor de ônibus pode abrigar área jardinada, ciclovia, espaço de descanso e convivência ao longo de seu percurso.

Assim, investir em espaços de qua-lidade para o transporte público é também aplicar recursos para as cidades serem mais agradáveis. Fazer com que as cidades ofereçam sensação de bem-estar não é ven-der ilusões. Os serviços devem fun-cionar de fato, não apenas o ônibus e a cidade serem bonitos. Mas sen-sação não pode ser confundida com ilusão, está mais para sentimento. Somos seres humanos, temos que nos sentir bem.

adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

A SOCIEDADE NEM SEMPRE SE Dá CONTA, MAS A SENSAçãO DE BEM-ESTAR NUMA CIDADE TAMBÉM SE DEVE àS CONDIçõES

VISUAIS DA FROTA E PINTURAS CONDIzENTES

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A frota brasileira de veículos nas ruas saltou de 24 milhões em 2001 para incríveis 50 milhões em 2012, se-gundo dados do Departamento Na-

cional de Trânsito. Com tantos carros dividindo o mesmo espaço e a tendência de que esse número continue a crescer, aumenta a necessi-dade de ações de prevenção a acidentes.

acontEcE naS EMprESaS

Empresas investem em prevenção de

acidentes e colhem resultados

COM CURSOS SOBRE TEMAS COMO DIREçãO DEFENSIVA, LEGISLAçãO DE TRâNSITO E ATENDIMENTO AO USUáRIO, EMPRESAS DE TRANSPORTE INTENSIFICAM A

CAPACITAçãO DE MOTORISTAS E GARANTEM MAIS SEGURANçA AOS PASSAGEIROS

Pensando nisso, empresas de transporte co-letivo urbano estão capacitando motoristas de ônibus para garantir a segurança de pas-sageiros e dos próprios funcionários, além de contribuir para a paz no trânsito. Entre essas empresas, está a SBCTrans, que opera na ci-dade de São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo.

CuRsos

DiReção DeFensiva

legislação De tRânsito

atenDiMento ao usuáRio

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Com um projeto de reciclagem anual, a empresa promove cursos que abor-dam temas como prevenção a aci-dentes, direção defensiva, legislação de trânsito e atendimento ao usuário. A aposta já tem gerado resultados. De 2013 a 2015, houve redução de 45% no número de acidentes envol-vendo condutores da companhia.

Para a gerente de Gestão de Pessoas da SBCTrans, Thereza Christina, os benefícios vão além das estatísticas. “Conseguimos melhorar a comuni-cação entre os departamentos e a interação dos colaboradores com a empresa e da empresa com o cliente. Hoje, temos funcionários mais cons-cientes sobre um dos nossos princi-pais pilares, que é transportar com segurança”, comemora.

A capacitação varia de 4 a 8 horas, e o conteúdo é repassado por meio de palestras, debates, dinâmicas de grupo e até mesmo apresentações teatrais. Informações internas sobre os acidentes ocorridos ajudam a identificar os pontos que precisam ser trabalhados. Em agosto deste ano, a empresa vai implantar um trei-namento específico sobre direção defensiva na integração de novos motoristas. “Assim, teremos a inser-ção do profissional já atualizado com as melhores práticas de prevenção a acidentes”, afirma Thereza.

INVESTIMENTO QUE VALE A PENA

Na Empresa São Gonçalo, localizada em Contagem (MG), a preocupação em evitar os acidentes de trânsito é antiga. Há mais de uma década, a admissão de um novo motorista só ocorre depois que ele conclui o Cur-so de Condução Inteligente. Na gra-de curricular, estão assuntos como

regras de trânsito, direção defensiva, condução inteligente e análise de acidentes anteriores.

Os motoristas aprendem, inclusive, a economizar combustível e preser-var a manutenção dos veículos. Os treinamentos ocorrem uma vez por ano e, a cada bimestre, o setor de Re-cursos Humanos recebe dos setores envolvidos demandas de inclusão de novos tópicos nos cursos. Os con-dutores são avaliados mensalmente e aqueles que alcançam as metas estabelecidas são premiados con-forme o desempenho.

Segundo o gerente de Recursos Humanos da Empresa São Gonça-lo, Antônio Geraldo, tanto a em-presa quanto o passageiro saem ganhando com a ação. “Investimos na qualificação profissional dos nossos colaboradores porque a di-retoria tem consciência de que os resultados têm melhorado nossa

eficiência e a confiança dos nossos clientes”, garante.

E isso se reflete em números. Na com-paração entre o primeiro quadrimes-tre de 2014 e de 2015, as ocorrências de atropelamento, colisão, quedas de passageiros dentro e fora do veículo e

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GERENTE DE GESTãO DE PESSOAS

DA SBCTRANS, THEREzA CHRISTINA.

MOTORISTA DA EMPRESA SãO GONçALO FICA EM PRIMEIRO

LUGAR APóS ALCANçAR AS METAS ESTABELECIDAS.

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acontEcE naS EMprESaS

lesão de usuários caíram de 360 para 306. A meta é melhorar ainda mais. “Nosso objetivo é manter uma equipe que lute pela redução de acidentes no trânsito para que possamos ofere-cer uma viagem confortável e segura ao usuário”, finaliza Antônio.

Outra empresa que investe nessa área é a Flores. Situada no município de São João de Meriti (RJ), a compa-nhia realiza treinamentos ao longo da carreira do motorista. Os recém-con-tratados aprendem sobre legislação de trânsito, direção defensiva e as-pectos do acidente. Ao longo da car-reira, mantém-se a capacitação com cursos sobre cidadania e relaciona-mento interpessoal. Para incentivar a prevenção de acidentes, a empresa realiza há nove anos o programa “Mo-torista zero Acidente”, que premia os condutores que não se envolvem em ocorrências no trânsito.

REfLExOS NO DIA A DIA

“Já evitei acidentes em rodovias por me antecipar à ação do outro mo-torista. às vezes, um carro entra em minha frente numa velocidade muito abaixo da via ou sem sinalizar. Mas, hoje, consigo perceber antes e redu-zir com antecedência”. O relato é de Valmir Marques, 52 anos, motorista de ônibus da SBCTrans há 15 anos.

Com o curso oferecido pela empresa, ele conta que evoluiu não apenas pro-fissionalmente, mas também como ser humano. Além da direção defen-siva, ele destaca as aulas de cidada-nia. “Tem que andar devagar, olhar o trânsito ao redor e prestar atenção quando o passageiro for embarcar ou desembarcar, especialmente idosos e pessoas com deficiência”, ensina Valmir. “A atitude do motorista pode mudar o trânsito”, acrescenta.

Aos 43 anos - dos quais 10 como motorista da Empresa São Gonça-lo -, Vilmar Lima também nota os efeitos positivos das ações de pre-venção a acidentes. Segundo ele, existem duas versões dele mesmo: a de antes e após as capacitações. “A tendência, no trânsito, é agirmos por impulso e acharmos que esta-mos sempre certos. Mas, com os cursos, percebemos que o trânsito é de todos, e não de uma pessoa só”, explica.

Na opinião do condutor, é impossível eliminar a exposição aos riscos, mas dá para evitá-los. “Passamos o dia todo evitando acidentes e sabemos que, se ignorar o que aprendeu, entra para a estatística. Hoje em dia a quantidade de carros e ônibus é maior, então precisamos redobrar a atenção e colaborar para um trânsito melhor”, pondera.

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MOTORISTAS DE ÔNIBUS FAzEM RECICLAGEM

ANUAL NA EMPRESA SBCTRANS.

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BYD Ad Brasil 0429-01 Paper.pdf 1 20/07/2015 16:16:06

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livro

#ntUrEcoMEnda

MELhOR MOBILIDADE, MENOS TRÁfEGO

Na fanpage “Melhor Mobilidade, Menos Tráfe-

go”, você encontra informações e algumas di-

cas para melhorar a mobilidade de sua cidade,

além de conhecer as ações que já foram reali-

zadas e outras que estão sendo aplicadas e que

contribuem para o desenvolvimento do país. A

página foi criada para promover a mobilidade

sustentável e conscientizar que as cidades de-

vem funcionar, acima de tudo, para as pessoas.

BRASIL NÃO MOTORIzADO

O livro Brasil não motorizado é uma coletânea

de artigos escrita por 18 profissionais de dife-

rentes áreas de mobilidade urbana. Uma publi-

cação voltada para pessoas com deficiências,

pedestres e ciclistas. O livro apresenta vários

projetos criados que foram implementados e

outros que estão em fase de implantação. Além

disso, ele fala de alguns projetos que estão sen-

do estudados e que poderão ser implementa-

dos por gestores públicos, regionais e privados

para melhorar a mobilidade urbana no país.

A publicação conta com 200 páginas, escrita

com o objetivo de motivar estudantes e cida-

dãos a buscar em novas perspectivas para suas

necessidades e despertar a população também

para a melhoria dos meios ativos de transporte,

de modo que o pensamento não poluidor se

espalhe na educação dos leitores de hoje e nas

futuras gerações de usurários.

Organizado pelo arquiteto e urbanista Anto-

nio Carlos M. Miranda e editado pela Labmol

Editora, o livro está à venda na Livraria Cultura

(www.livrariacultura.com.br).

NOSSO TRANSPORTE

Criado para contribuir com o desenvolvimento

sustentável, Nosso transporte foi criado para

conscientizar as pessoas do uso consciente

do transporte. O app traz dicas de transporte,

economia, saúde e meio ambiente.

Com sua calculadora Transporte consciente,

o usuário pode comparar os gastos financei-

ros entre o preço do combustível, o valor do

transporte público e seu endereço de destino.

Assim ele pode escolher o meio que vai causar

maior impacto negativo para o meio ambiente

e mais vantajoso para sua saúde e seu bolso.

Lançado pela Federação Brasileira de Bancos

(Febraban) em parceria com o Instituto Akatu.

O aplicativo móvel Nosso Transporte está dis-

ponível na versão Android nos smartphones.

BIkE É LEGAL

Navegando pela página na rede social Bike-

ELegal, encontra-se matérias, fotos, vídeos

e artes sobre a bicicleta como ferramenta de

cidadania, esporte, transporte e lazer. O conte-

údo é atualizado diariamente para informar aos

visitantes sobre tudo que acontece no mundo

da bicicleta.

WIGO

O aplicativo Wigo que reúne informações sobre

as opções de transporte coletivo é um guia

para quem usa o transporte público de Porto

Alegre. A ferramenta indica o ponto mais pró-

ximo, as opções de integração e os meios mais

fáceis para se chegar ao local desejado. Basta

digitar no campo de busca e o app indicará, a

partir da geolocalização, a melhor opção. O

aplicativo ainda permite que os usuários com-

partilhem em tempo real informações sobre o

transporte, engarrafamentos, horários e tam-

bém interajam entre si. O app está disponível

para plataformas Android e OIS.

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M A R Q U E N A A G E N D A

1 - 3 / S E T E M B R O / 2 0 1 5T R A N S A M É R I C A E X P O C E N T E R , S Ã O P A U L O ( S P )

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( 6 1 ) 2 1 0 3 - 9 2 9 3S E M I N A R I O @ N T U . O R G . B RW W W . N T U . O R G . B R

I N F O R M A Ç Õ E S :

APOIO INSTITUCIONAL

REALIZAÇÃO ORGANIZAÇÃO APOIO EDITORIAL PATROCÍNIO